1 Virtude Organizacional X Virtude Social: Um Dilema dos Recursos Humanos ou dos Homens? “Toda razão é universal; toda coragem singular. Toda razão é anônima; toda coragem pessoal. É por isso, aliás, que é preciso coragem para pensar, às vezes, como é preciso para sofrer ou lutar, porque ninguém pode pensar em nosso lugar, e porque, a razão não basta, porque a verdade não basta, porque é necessário ainda superar em si tudo o que estremece ou resiste, tudo o que preferiria, uma ilusão tranqüilizadora ou uma mentira confortável”. André Comte-Sponville 1. RESUMO Este ensaio tem por princípio comparar as virtudes consideradas satisfatórias aos indivíduos enquanto membros de uma organização com aquelas difundidas como regras de comportamento pela sociedade. O que se propõe é não só verificar o caráter autoritário da organização, que cerceia as liberdades individuais, bem como verificar a diferenciação entre conceitos próximos e até considerados "iguais" para o indivíduo e a organização, mas que tornam-se discrepantes e mesmo contraditórios no dia-a-dia organizacional. A partir da análise destas virtudes pretende-se, basicamente e de maneira geral, desenvolver um questionamento sobre o caráter social da organização, enquanto formadora de pessoas com melhores níveis de cidadania e de conhecimento de si mesmas e de seus propósitos pessoais, pois, o comportamento organizacional esperado daqueles que nela inclusos tem sido contraditório em parte, se não completamente, àquele exigido e contemplado na sociedade. 2. INTRODUÇÃO Ao se determinar à sociedade capitalista novas formas de viver e de comportar-se diante da necessidade do homem em ser um "homo tecnicus"1 torna-se preponderante que ele consiga distinguir e se adaptar às necessidades da organização e a partir desta mutabilidade considerar, também, a sua vida individual, particular. A comparação entre as virtudes consideradas satisfatórias aos indivíduos enquanto membros de uma organização com aquelas difundidas como regras de comportamento pela sociedade tem sido colocadas muitas vezes de forma similar ou mesmo identificadas umas nas outras, entretanto o que se propõe aqui é, não só verificar o caráter autoritário da organização, que cerceia as liberdades individuais, mas também verificar a diferenciação entre conceitos próximos e até considerados "iguais" para o indivíduo e a organização, mas que tornam-se completamente contraditórios no dia-a-dia organizacional. As virtudes estudadas foram escolhidas a partir do livro "Pequeno Tratado das Grandes Virtudes" de André Comte-Sponville, e são elas: a polidez, a fidelidade, a prudência, a temperança, a coragem, a justiça, a generosidade, a compaixão, a misericórdia, a gratidão, a humildade, a simplicidade, a tolerância, a pureza, a doçura, a boa-fé, o humor e o AMOR. 1 "homo tecnicus" é uma expressão inventada pelo autor para denominar o indivíduo definido pelo Dr. Eugène Enriquez no trabalho "Os Desafios Éticos nas Organizações Modernas" que caracteriza a transformação dos indivíduos de seres "humanos" em seres "técnicos" cuja principal característica encontra-se em produzir e consumir, transformando, assim, as relações sociais em relações entre mercadorias, nas quais o próprio homem seria a "mercadoria" de ligação entre as organizações capitalistas e a sociedade. 2 A partir dos conceitos desenhados, e condensados, na combinação de algumas destas virtudes, pretende-se questionar o caráter social da organização, enquanto formadora de pessoas com melhores níveis de auto-desenvolvimento e cidadania, pois o comportamento esperado daqueles que fazem parte da organização torna-se, se não completamente, em grande parte, antagônico às exigências morais que a sociedade lhes impõe. 3. O DUELO DAS VIRTUDES 3.1. Fidelidade, Polidez e Tolerância X Identidade, Normatização e Padronização A fidelidade pode ser encontrada nas atitudes que são desenvolvidas a partir da relação exclusiva entre duas pessoas, mas também encerra a nossa capacidade em ser fiel não só ao momento presente, como também às atitudes passadas e ao comportamento perante as necessidades. A disciplina do indivíduo no que se refere ao comportamento e atitudes pessoais está voltada para um auto-conhecimento, voltado para a sociabilidade do indivíduo aumentando-se assim a sua capacidade de agregação e de realização e satisfação social pode ser denominada polidez. A busca por um código de conduta ético passa pela capacidade do indivíduo em adaptar-se, e acima de tudo escolher quais comportamentos são pertinentes à sua formação pessoal e social. Já a tolerância consiste na capacidade dos indivíduos em assentir quanto aos sentimentos com relação às atitudes e opiniões controversas ou opostas. Esta prática tem sido pouco realizada, e mesmo descartada na realidade do "homo tecnicus". Os valores presentes no ambiente organizacional não permitem a variedade de opiniões e a diversidade complexa de idéias e propostas, mas apenas restringe-as àquelas que estejam de acordo com os pressupostos organizacionais. Assim, permite-se apenas um consenso em torno daquilo que seja satisfatório para o ambiente organizacional, e para seus objetivos e lhe traga resultados satisfatórios. A necessidade de divergências de opiniões apenas aparece como fator definidor de identificação dos indivíduos mais comprometidos com os objetivos organizacionais entenda-se aqueles que compartilhem das mesmas idéias e ideais organizacionais. Onde está a democratização das idéias ou tolerância às divergências ou diversidades de pensamentos? Dentre as características organizacionais relevantes situa-se a padronização que encontrase contraditória em relação a outros princípios, como, participação, iniciativa e desenvolvimento pessoal, principalmente quando limitada à “padronização do trabalho”, relacionando-se, então, ao modelo taylorista-fordista. O trabalho, por sua vez, tem assumido uma postura de ”participação” e “identidade” que se confundem com uma atuação do trabalhador em auto-gerenciar-se em relação às tarefas executadas e objetivos organizacionais. Em relação ao posto de trabalho, a forma crítica que vem sendo adotada tem visado a proposição de soluções aos problemas que se lhe apresentarem, além de possibilitar um processo educativo que procura conscientizar o trabalhador quanto á identificação e ao 3 comprometimento organizacionais. e à dedicação e ao consentimento em relação aos objetivos Além disso, a padronização está relacionada ao gerenciamento da rotina do trabalho diário, com uma definição consensual de um procedimento padrão, modelo de eficiência e qualidade, e regulador das ações do indivíduo no contexto organizacional através do princípio da responsabilidade coletiva e da auto-organização dos trabalhadores. Com isso, a reorganização produtiva que se propõe com vistas à participação, iniciativa e desenvolvimento pessoal desenvolve conceitos antagônicos à proposta, tais como, previsibilidade e estabilidade, padronização de procedimentos e normalização do trabalho. (Lima, 1995). Já a normatização do comportamento, que ocorre na organização, está voltada para o "disciplinar do indivíduo" através do poder de polícia e da coerção através de processos de punição e recompensas, e, a polidez advém de uma disciplina pessoal e de ordenação própria de comportamentos aos quais o indivíduo se submete segundo suas próprias convicções. Assim, a iniciativa e colaboração do trabalhador passam por uma delegação de poderes que o tornam vulnerável em relação à organização, ao contrário do conceito de trabalho criativo, no qual a formalização e padronização dão lugar à versatilidade, à indeterminação, à variabilidade e à imprevisibilidade de ações, possibilitando a recriação de regras e normas de execução das atividades. A organização exige nesta ordem dos indivíduos não só uma fidelidade às normas e aos regulamentos organizacionais, mas também à capacidade destes em se entregarem à organização num gesto de quase-total identificação com relação à organização sob a qual são determinados comportamentos e atitudes. Assim, consegue-se dos indivíduos um comprometimento tal que suscite a obediência às determinações organizacionais, a fim de que se garanta os resultados e a capacidade de se atingir metas organizacionais superiores contínuas. 3.2. Humildade, Prudência e Temperança X Hierarquia, Obediência e Submissão O ambiente organizacional não permite ao indivíduo ser humilde, ou seja, não lhe permite assumir suas fragilidades ou reconhecer seus limites. Os indivíduos organizacionais devem, acima de tudo saber superar barreiras, mas também, superar a si mesmos. Como se torna isso possível? Como superar a si mesmo? Como ser alguém que não se é? A prudência corresponde à capacidade do indivíduo em estar sempre atento às suas atitudes e comportamentos, sendo que estes determinam-lhe responsabilidades que devem ser seguidas em função de seus atos e das conseqüências deles advindas. A capacidade do indivíduo em assumir estas responsabilidade garante, assim, que as pessoas tenham uma idéia prévia das conseqüências por elas assumidas, fazendo de antemão uma reflexão acerca dos possíveis riscos e conseqüências que lhe possam ser atribuídos. A temperança corresponde a capacidade do indivíduo em garantir para si aquilo que ele deseja, sem que sejam necessárias concessões tais que o tornem escravo de seus desejos. Esta capacidade em desfrutar de seus desejos e vontades, atingindo objetivos pessoais, passa no ambiente organizacional, pela capacidade do indivíduo em se entregar à 4 organização em tal ordem que consiga apresentar para esta resultados considerados, por ela, satisfatórios. Estes resultados, com freqüência, exigem uma certa dose de doação e entrega pessoal que é determinada pelo afastamento do convívio social e pela exacerbação da individualidade pessoal. A organização lhes exige uma capacidade de inovação, criatividade superação de expectativas e resultados que podem se tornar barreiras para o desenvolvimento pessoal e profissional se não correspondidas. O assumir riscos e responsabilidades muitas vezes torna-se um jogo traiçoeiro, pois as respostas apresentadas por uns podem se tornar soluções de outros que por sua vez apresentam-se para a organização como aqueles detentores de capacidades superiores e de possibilidades de desenvolvimento profissional inigualáveis. A verdadeira face daqueles que apresentam soluções inovadoras e mesmo apresentam resultados inesperados, de forma positiva, muitas vezes é mascarada por outros indivíduos que detêm ou 'louros da vitória". Esta capacidade de transferência do sucesso profissional e, mesmo, pessoal torna os vínculos hierárquicos dos indivíduos barreiras consideráveis para que se consiga o verdadeiro reconhecimento enquanto indivíduo produtor de soluções e idéias, assim como um “ser criativo” tão exaltado pelas organizações. Assim como a criatividade, a capacidade em assumir os riscos vem para a organização atrelada à capacidade do indivíduo em assumir, também um comportamento de obediência quanto às normas e comportamentos que lhes são impostos ela organização, fazendo com que ele tenha que assumir, mesmo que de forma prudente, os riscos determinados pela organização, e não por si mesmo. O indivíduo encontra-se, desta forma, determinado para assumir riscos e responsabilidades que poderão determinar-lhe perdas e ganhos conforme os resultados apresentados. A prudência em determinar quais etapas devem ser seguidas para que se possa minimizar estas responsabilidades está restrita à área de atuação do indivíduo na organização e requer um amplo conhecimento de todo o processo, que na maioria das vezes, apresenta-se impossível. Esta entrega do indivíduo à organização passa a ser constante e duradoura, sendo que os mecanismos de punição e recompensas utilizados determinam uma certa volatilidade dos indivíduos, principalmente em cargos de gestão, pois a estabilização ou declínio de resultados, constitui motivo para sua dispensa ou afastamento das atividades exercidas. 3.3. Coragem, Gratidão e Misericórdia X Desafios, Determinação e Recompensas A capacidade do indivíduo em decidir entre determinadas alternativas, e a partir desta decisão assumir seus atos definem de certa forma o que se chama coragem. As pessoas cada vez mais estão associando esta capacidade, do indivíduo em determinar seus atos e a partir deles tomar partido de opiniões e pressupostos aos quais irá seguir, à superação de metas e objetivos que nem sempre são definidos por eles próprios, mas por outros. Esta definição de objetivos e pressupostos no meio organizacional está cada vez mais voltada para a superação de metas e a garantia de obtenção de fatias do mercado segundo a capacidade das pessoas que dela fazem parte em determinarem para si mesmos níveis cada 5 vez maiores de metas e resultados que, em alguns casos, superam suas próprias capacidades. Os indivíduos devem ser capazes de determinarem para si mesmos níveis consecutivos de superação, mas devem distinguir a coragem como aquela possibilidade em atingir, ou não, os resultados que se espera e assumir os riscos deles advindos, ou seguir a determinação de objetivos a eles extrínsecos determinados pela organização, mas que em caso de ocorrerem falácias, que sejam os indivíduos que assumiram estas responsabilidades os únicos culpados. A capacidade dos indivíduos em perdoar ou aceitar os erros do outro sem aplicar-lhe nenhum tipo de punição de recriminação por seus atos ou resultados apresentados pode ser chamada de misericó rdia. A necessidade de reconhecer o erro e reconhecer o porquê do erro é essencial para aqueles indivíduos que tem misericórdia. Para as organizações, esta capacidade de aceitação de erros ou de resultados insatisfatórios tem-se mostrado mínima. A avaliação daqueles que erram ou que apresentam níveis inferiores de resultados à organização tem como resposta o desligamento, o afastamento ou simplesmente a inviabilidade de crescimento no ambiente organizacional. A lembrança de atitudes ou de comportamentos passados torna a gratidão um sentimento presente de acontecimentos passados. A capacidade do homem em lembrar de fatos e acontecimentos já ocorridos com a finalidade de agradecer por eles terem acontecido constitui prática pouco usual nos ambientes organizacionais. O indivíduo na maioria das vezes apenas lembra-se de fatos anteriores se estes tiverem dado algum tipo de retorno palpável, não para si, mas na maioria das vezes para a organização. A capacidade em reconhecer o indivíduo como parte integrante da organização sem que se faça uma conexão apenas com o presente ou o futuro torna imprescindível a existência da memória organizacional que quase na totalidade apresentase volátil. Os desafios enfrentados estão sempre relacionados a resultados positivos e ao desenvolvimento organizacional, assim como a capacidade em se mostrar comprometido com a organização. Desta forma, os indivíduos são enquadrados no modelo de “homo tecnicus” que tem suas virtudes apregoadas pela organização. Para a organização, a preocupação central para com os indivíduos tem sido a capacidade em apresentar resultados presentes, na maioria das vezes para solução de problemas presentes e futuros, e quase nunca se preocupa em garantir oportunidades para aqueles que fracassam. As recompensas levam em consideração não o indivíduo, mas sim os resultados por ele apresentados, não as suas expectativas, mas o que ele poderia trazer de novo, de inovador, de criativo, para os objetivos organizacionais. 3.4. Compaixão, Generosidade, Justiça e Simplicidade X Cooperação, Competitividade, Comprometimento e Privilégios A compaixão tem sido uma virtude esquecida, ou rejeitada, pelos indivíduos por ser vista como aquela que determina sentimentos de alegria com fracassos e derrotas do outro. Entretanto, o que ela realmente representa é a capacidade do indivíduo em estar ao lado de, 6 ou simplesmente estar com alguém, não por causa de seus fracassos ou derrotas, mas pelo fato de participar os momentos da vida de outro sem interferência direta, mas de modo ativo e não passivo. A generosidade consiste na capacidade do indivíduo em se doar sem esperar recompensa. Será possível isso na organização? A própria relação entre indivíduo-organização já pressupõe alguma forma de pagamento, sem estar aqui julgando se se dá de forma satisfatória ou não. A justiça, numa ordem superior, procura garantir aos indivíduos a equivalência de direitos. Esta capacidade de avaliar de forma absoluta e sem nenhum tipo de "pré-conceito" é possível dentro da sociedade, e mesmo nos ambientes organizacionais? Os indivíduos avaliam de forma diferente e com diferentes critérios aqueles que fazem parte de um mesmo processo, quer queira ou não. Os métodos e instrumentos utilizados para avaliar os indivíduos no ambiente organizacional são de tal forma deturpados que determinam apenas para alguns o direito de ascensão e garantem, à maioria, níveis apenas razoáveis de satisfação pessoal e profissional. Como então garantir a igualdade de direitos neste ambiente? O sentimento de simplicidade pressupõe ao indivíduo que dele partilha a capacidade de esquecer de si, por alguns instantes, durante os quais há uma entrega total ao prazer de doar-se. A simplicidade está presente acima de tudo nos momentos em que os indivíduos apresentam-se disponíveis e capazes de realizar tarefas ou desenvolver idéias e objetivos em favor de outros. A necessidade de se garantir a igualdade de condições, direitos, deveres e compromissos organizacionais passam por méritos discutíveis e por fatores de avaliação complexos que de certa forma deixam passar algumas lacunas para análise de sua integridade e nulidade de favorecimentos. As organizações hoje se apresentam como instituições capazes de garantir ao indivíduo um futuro com segurança e com garantia de satisfação de todos os fatores considerados essenciais para sua sobrevivência. As relações comerciais e capitalistas que gerem a vida social, e principalmente urbana, definem um comportamento individual voltado para ações mercantilistas, onde a doação e a entrega do indivíduo, por livre e espontânea vontade, sem recompensas ou retornos concretos são cada vez mais escassas. Entretanto, a organização tem apresentado níveis de exigência quanto ao comprometimento e entrega dos indivíduos que as recompensas a ele apresentadas não lhes garante a valorização do trabalho. Muitas vezes estes indivíduos apresentam graus de "escravização moderna" também definida como ”cooperação” tais, que o emprego, ou o estar empregado, é mais importante que a satisfação das necessidades e desejos pessoais. A organização desenvolve nos indivíduos não a capacidade de solidariedade, mas de competição e mesmo de destruição do outro, a partir das propostas por uns apresentadas até os resultados e conseqüências destes. Muitas vezes os indivíduos se vêem diante da necessidade de "passar por cima" de outros na organização, e mesmo trapacear para que se consiga algo mais. 7 A preocupação com o outro organizacional atinge apenas os níveis de competição, de como ser melhor, de como superá-lo, e não de crescimento e compartilhamento de ideais. Talvez de idéias e objetivos comuns, mas a necessidade de cada um é única. A organização por sua vez não possibilita o desenvolvimento desta virtudes dentre aqueles que dela fazem parte. O ambiente de competitividade e de superação individualista daqueles que dela fazem parte apresenta-se em níveis superiores ao da simplicidade. A principal virtude organizacional para aqueles indivíduos nela inseridos é o narcisismo, ou seja, a capacidade de ver em si mesmo uma superioridade e um diferença de potenciais que devem ser desenvolvidos de forma individual, sem compartilhamento. A devoção ao culto pessoal e de autodesenvolvimento simples u puramente como fator de vantagem em relação aos pares, passa a ser um diferencial positivo em relação aos outros, e não deve ser compartilhado, pois a democratização do conhecimento de determinadas idéias ou técnicas pressupõe a divisão de recompensas e reconhecimentos, o que por ora é considerado perniciosa pelos indivíduos organizacionais engajados. 3.5. Boa-Fé, Doçura, Humor e Pureza X Participação, Motivação, Desconfiança e Dissimulação O reconhecimento de participação não pressupõe a aceitação das idéias de forma ampla e irrestrita, mas garante a possibilidade de expressão por si só. Os indivíduos devem desvincular participação com punição por falta de propostas. O simples fato de participar e apresentar idéias e opiniões que fazem parte das convicções de cada um constitui-se em ato de boa-fé e de aceitação do outro. Assim como o humor representa o sentimento humano que melhor exprime a conformação do indivíduo consigo mesmo, assim, como suas expressões - a felicidade ou o sorriso -, e seu oposto a tristeza, expressa pelas lágrimas. Já a doçura torna os homens capazes de compartilhar idéias, propostas argumentos sem agredirem-se mutuamente. A democratização de opiniões, e mesmo divergências, transcorre em momentos de entendimento e de compreensão do outro. Complementar a ela está a pureza que constitui uma virtude praticamente inexistente no ambiente organizacional, quiçá nas relações mercantis e capitalistas. O homem puro detém a capacidade de aceitação do outro, de suas idéias e propostas, de seu livre pensar e de suas convicções apenas por determinar para si que aqueles ideais a ele apresentados compartilham com os seus. Entretanto, a organização determina ao homem uma personalidade permissiva a qual constitui-se de todos os tipos de transgressões e desconfianças em relação ao outro. Prova se desde o princípio que todo homem têm as chamadas "segundas intenções" por trás de suas atitudes e desejos, até que se prove o contrário. Assim, o homem já determinado e estereotipado como "homo tecnicus" tem arraigado em sua personalidade o instinto de ação individualizada e defensiva enquanto prevalecerem ações que dependam de outros para sua realização. O pensamento dos indivíduos deve sim ser compartilhado entre todos na organização, mas não como forma de sobrepujar alguns ou de conseguir recompensas e resultados melhores a partir da avaliação, não muito subjetiva e impessoal. 8 A aceitação do outro, de suas idéias e propostas, e a verificação destas para aceitação do grupo e implementação geral, passa pelo reconhecimento de que a participação apenas se dá como forma de garantir as relações interpessoais. A organização torna o homem apenas um representante de parte de suas convicções, pois não lhe permite expressar todos os seus sentimentos no ambiente organizacional. Apenas aqueles que estejam de acordo com os objetivos da organização são interessantes para ela. A dissimulação de sentimentos faz parte do comportamento diário do "homo tecnicus". Ele é capaz de mostrar-se indiferente perante diversas situações inclusive aquelas que afetam diretamente seus pares no local de trabalho, e em alguns momentos até aquelas atitudes ou respostas organizacionais que lhe afetam diretamente, fazendo assim, com que seja sempre um “recurso humano” participativo e comprometido com os objetivos organizacionais. A incapacidade em apresentar seus sentimentos e apresentá-los ao ambiente organizacional torna dos indivíduos apenas parte de uma grande máquina, sendo que sua capacidade em emocionar-se deve ser limitado ao mundo exterior ao da organização. 3.6 Amor X Individualismo O amor acima de tudo supõe a superação de si mesmo para que se possa entregar ao outro sem nada receber em troca. Ele existe na presença ou ausência do outro pelo simples fato de estarmos sempre abertos ao que ele nos fala, como nos observa ou simplesmente por sua presença, gestos ou expressões. O fato de estar junto ao outro e dele exigir apenas a sua existência já explica por si mesmo o que significa amar. Portanto o amor está presente em nós somente quando compartilhamos tudo aquilo que temos e também o que não temos, quando contamos com o outro em todas as situações da vida e vice-versa. É a necessidade de sentir-se presente mesmo na ausência, é a necessidade do ser humano em se completar e aceitar o outro sem restrições. Entretanto, o "homo tecnicus" tem apresentado em suas relações organizações uma necessidade cada vez mais premente em desenvolver laços que privilegiem o individualismo ou a individuação. Esta necessidade em tratar de suas necessidades organizacionais de forma individual tem contribuído para a construção de um clima não muito favorável ao desenvolvimento pessoal, profissional e mesmo organizacional. O crescente avanço do individualismo tem provocado uma interiorização individualista para resolução de problemas pessoais e organizacionais, contribuindo assim, para uma preocupação cada vez maior referentes ao presente em função da imediaticidade e do curto-prazo vivenciados nos ambientes organizacionais - e ao futuro. (Enriquez, 1997). 4. REFLEXÕES E ANÁLISE FINAL As demandas organizacionais tem determinado aos indivíduos a virtude de dela fazer parte segundo uma série de comportamentos definidores da forma de ser do "homo tecnicus". Estes comportamentos perpassam uma série de atitudes e condutas que levam o indivíduo a se adequar à organização sob pena de ser excluído desta e de todo o processo de formação e desenvolvimento organizacional. 9 O importante papel para o desenvolvimento das organizações tem sido designado aos indivíduos que dela fazem parte, pois para solucionar problemas e desenvolver situações consideradas "problemas" as pessoas são o "grande instrumento" de auxílio organizacional . Para tal e com o princípio de conseguir o equilíbrio organizacional, tem-se considerado e transformado as virtudes sociais em virtudes organizacionais, conforme colocado acima e com um resumo apresentado na FIGURA 1. FIGURA 1 Comparativo entre Virtudes Sociais e Virtudes Organizacionais VIRTUDES SOCIAIS Fidelidade Polidez Tolerância Humildade Prudência Temperança Coragem Gratidão Misericórdia Compaixão Generosidade Justiça Simplicidade Doçura Pureza Boa-fé Humor Amor VIRTUDES ORGANIZACIONAIS Identidade Normatização Padronização Hierarquia Obediência Submissão Desafios Determinação Recompensa Cooperação Competitividade Comprometimento Privilégios Participação Motivação Desconfiança Dissimulação Individualismo As habilidades, hoje exigidas para os indivíduos que fazem parte do todo organizacional, podem ser apresentadas segundo um perfil que compreenda habilidades específicas, dentre elas: ü a visão conceitual do negócio organizacional que permite uma visão do aspecto cognitivo-teórico dos princípios organizacionais e uma visão diferenciada dos problemas; ü a visão analítica do comportamento humano que transpõe a teoria e as vivências, pessoais e grupais, para a realidade e individualidade organizacionais; ü a visão humana da organização que determina as ações em função dos aspectos psicossociais dos indivíduos envolvidos na organização; e, ü a antevisão dos objetivos organizacionais que orienta as ações a serem tomadas em função dos recursos organizacionais que se tem, para se definir linhas de atuação. Estas características permitem à organização, através daqueles que dela fazem parte, determinar os indivíduos que melhor se adaptem às suas necessidades, delimitando o campo de ação de cada um, centrado nas necessidades organizacionais, mas também no ser humano. Neste último caso, os indivíduos que fazem parte da organização, tem definidos os pontos favoráveis, ou não, de mudanças que porventura venham a ocorrer e satisfazer à organização. A habilidade humana, necessária ao envolvimento do ser humano com a organização deve, portanto, transcender a cognição, ocupando-se não só do campo profissional e organizacional, mas também do campo comportamental donde vêem as preocupações em definir, dentre os indivíduos da organização, aqueles que apresentem conceitos pessoais e comportamentais 10 considerados chaves para que se possa atuar de forma a conseguir os resultados organizacionais desejados. Os sistemas individuais transpostos para a organização tem sido inseridos em conceitos-chave que definem claramente os sistemas individuais de cada um na organização e como eles devem se apresentar se não congruentes, pelo menos complementares. Dentre eles estão as percepções, os valores e os motivos que determinaram aqueles indivíduos escolhidos a se identificarem com os resultados, objetivos e necessidades organizacionais. As percepções tratam as informações recebidas por cada indivíduo e a forma como ele as considera e codifica para si próprio, em função de sua atividade e em relação aos resultados alcançados no ambiente organizacional; os valores constituem as crenças dos indivíduos dentro de seus padrões de certo e errado, importante e fútil, e que tudo aquilo que é, por ele, considerado ou não, de forma consciente e que estão em congruência com as exigências e objetivos organizacionais; e, os motivos são os impulsos e necessidades que se desenvolvem inconscientemente no indivíduo à medida em que ele experimenta um êxito ou um fracasso no ambiente organizacional. (Lawrence & Lorsch, 1972). A organização consegue, através de sua habilidade "humana", entender os sistemas individuais de cada membro a fim de proporcionar uma maior interação de cada um com a organização e entre si, definindo atividades de forma que se consiga de cada um, um maior comprometimento. As mudanças organizacionais que deveriam priorizar o "ser humano", identificando os comportamentos a eles requeridos para que desempenhassem mais eficazmente as suas atividades, determinam características individuais que são mais freqüentemente associadas ao comportamento dentro da organização, que aqueles necessários ao convívio social. O que se tem observado na realidade organizacional, no que se refere à gestão do trabalho e do papel dos indivíduos nela inseridos, frente a nova ordem mundial são comportamentos de combate baseadas na fragilização das relações do trabalho que incluem um comportamento mais individualista e de individuação, que exigem a adoção de posturas mais profissionais e racionais do que posicionamentos pessoais e comportamentais. As necessidades de se ter nas organizações "recursos humanos" capazes de desenvolver trabalhos cada vez mais complexos e diferenciados, torna-os responsáveis diretos pelo sucesso ou fracasso organizacional, sendo as outras variáveis influenciadoras organizacionais colocadas em segundo plano. Assim obtém-se um referencial humano capaz de garantir o êxito econômico e "pessoal" da organização, enquanto que aqueles que não estiverem inseridos nela serão considerados ineptos de virtudes e pertencerão a uma parte da população considerada desqualificada pelas organizações, e mesmo, pela sociedade. (Enriquez, 1997). As organizações têm encorajado seus integrantes, principalmente aqueles mais jovens e com carreira promissora em níveis de gestão, a aceitarem posicionamentos que lhes exigem um maior comprometimento e compartilhamento de ideais organizacionais que determinam, de sobremaneira, os objetivos pessoais e profissionais. As garantias de emprego e de formalização do contrato de trabalho, hoje tratadas de forma diferenciada e quase exclusivista e individual, passa pela definição de condições de 11 trabalho e salários oferecidos juntamente a outras vantagens que tem acelerado a massa de desempregados, dificilmente reintegrada economicamente no mercado, pois a ampliação intensiva de tecnologia ultrapassa o seu limite se saturação, e a crise financeira do pseudocrescimento à base de endividamento rebate diretamente na conjuntura mundial e portanto na ocupação de mão-de-obra. Desta forma, reforça-se a manutenção da hegemonia de estruturas organizacionais que através do poder político-ideológico de sua função capitalista, estendendo suas influências a um conjunto de pessoas e também à sociedade, instituindo-se por meio de um processo definido - a globalização e o neoliberalismo -, como práticas de um modelo de relações capitalistas na medida em que institui como universal uma ordem que lhes é fundamentalmente particular. (Luz, 1979). As organizações que determinam todo este processo de socialização organizacional do indivíduo procuram, desta forma, estabelecer um conjunto articulado de saberes (ideologias) e práticas (formas de intervenção normatizadora) que permeabilizam grande parte das atividades humanas na sociedade. Esta rede de comportamento e estabelecimento de condutas viabiliza a hegemonia das organizações e garante a manutenção de toda uma infra-estrutura já pré-determinada, fazendo com que o capitalismo, através das organizações sobreviva às transformações ocorridas neste final de século e se apresentem como determinadoras de uma nova ordem social e organizacional. Os processos de flexibilização funcional e polivalência com vistas à maior qualidade e produtividade apresentam dimensões sociais, organizacionais, culturais e educativas que são peculiares às características organizacionais daquelas empresas que as aplica, mas geralmente levam a individualização da mão-de-obra no sentido de disciplinarização e interiorização de objetivos globais e organizacionais. As dimensões pedagógicas estão relacionadas à indução do coletivo devido ao processo de multifuncionalidade e polivalência da força de trabalho que procuram desenvolver conhecimento e habilidades dentro de uma valorização das dimensões psicossociais e de um controle social maior, por intermédio do sistema just-in-time, que alia a criatividade e capacidade humana à padronização de condutas e ao incremento de produtividade com participação e comprometimento que são constituídos por uma vigilância a si mesmo e pelo grupo. Além destes, deve-se levar em consideração, também, que o corte de níveis hierárquicos provoca uma intensificação do trabalho, e a busca pela qualidade leva a uma maior padronização do processo produtivo e garante a repetitividade das operações. Considera-se, ainda, que o conhecimento compartilhado proporciona uma maior coesão, integração, solidariedade à política da empresa. A pedagogia fabril, portanto, pauta-se por um aumento de produtividade, aliado a uma formação técnica diversificada que esteja em conformação normativa de comportamentos, atitudes e valores organizacionais. (Machado, 1995). As relações desenvolvidas entre indivíduos e organização tendem a possuir uma estreita ligação de dependência que passa pela difusibilidade, pela imediaticidade e pela substituibilidade, sendo a primeira relacionada ao alcance dos efeitos de uma ruptura no processo em relação aos diversos atores envolvidos; a segunda à rapidez coma qual a ruptura e seus efeitos são sentidos, e a terceira à capacidade de substituição dos recursos que contribuem para o processo. 12 Para que as possibilidades de uma ruptura do processo devido ao alto grau de dependência das diversas partes envolvidas sejam contornadas adotam-se três estratégias: a harmonia entre interesses de trabalhadores, fornecedores e empresa, a redução dos conflitos inerentes à organização, e, a utilização de formas de controle mais sutis que permitem um poder compensatório à gerência. Assim, tem-se conseguido uma relação única e coerente entre as diversas partes da organização, contrabalança aspectos contraditórios (consentimento e coerção) de forma satisfatória, e, a formulação de relações de dependência em termos gerais. A adoção destes princípios apenas tem acirrado a preocupação para a obtenção de uma satisfação plena em relação "homo tecnicus" e a organização em que está inserido, uma vez que estão baseados apenas no aumento de produtividade, sem retornos satisfatórios aos indivíduos na maioria dos casos. A flexibilidade funcional está voltada para a exploração do trabalhador, para a intensificação do trabalho e a desqualificação daqueles contrários às técnicas impostas. O aumento da produtividade para obter maior capacidade de concorrência e sobrevivência no mercado está relacionada apenas à gerência sem se reverter em ganhos para o trabalhador. O comprometimento do trabalhador tem sido conseguido através do fantasma da demissão e do desemprego em virtude da recessão vivida e do desemprego atual. A capacidade da gerência e trabalhadores de lidarem com novos métodos de produção e com novas formas de organização do trabalho passam pela maior cumplicidade e confiança mútuas entre as diversas classes envolvidas. A implementação do sistema japonês esbarra também na relação com sindicatos que têm um papel preponderante e definitivo no controle junto aos operários. Assim o relacionamento indivíduo-organização tem se resumido apenas a atuações pontuais, tais como, uma reorganização produtiva sem envolvimento pessoal, capaz de aumentar os níveis de controle e supervisão, e a implementação de controles automáticos que não exigem uma qualificação determinada do trabalhador, mas garantem a manutenção de estoques “reserva” que permitam às organizações definir tarefas de forma mais clara, sem preocupar-se com um comprometimento do trabalhador. (Humphrey, 1993). A evolução das organizações no que tange ao aproveitamento do tempo cronológico para execução das tarefas, aparece como prática sistemática e num ritmo considerado ótimo, onde a contrapartida em desenvolver atividades de maneira a reduzir os tempos “mortos” a baixos níveis tem recebido uma certa resistência das categorias operárias por racionalizar postos de trabalho, não fornecer contrapartidas na remuneração, inclusive no salário. Assim, os operários desenvolvem ‘políticas de lentidão’ capazes de ditar o ritmo de trabalho. A direção científica implica numa combinação entre variáveis a fim de tornar o trabalho competitivo, sendo necessário saber: o que fazer, como, quando e em quanto tempo. As ferramentas tayloristas - estandardização e uniformização -, tornaram-se essenciais para a evolução das práticas capitalistas, que passaram por processos de renovação e inovação tecnológicos e de gestão do trabalho. Portanto, a técnica e o capital sempre estiveram aliados no desenvolvimento de ferramentas - desde a estandardização do produto e sua produção em série à flexibilização 13 e produção sob encomenda -, que pudessem maximizar o tempo e formas de produção, através da redução, ou mesmo eliminação, dos tempos mortos. (Coriat, 1995). Entretanto, a organização ao procurar, através das mudanças propostas, alterar as atividades dos indivíduos, deve proporcionar-lhes uma maior expectativa de realização e elevada satisfação de suas necessidades. Determina um problema psicológico para a organização que é como desenvolver nas pessoas diversos tipos de flexibilidade e adaptabilidade que sejam necessários à organização para que esta sobreviva num mercado em constantes transformações. (Schein, 1965). A atuação organizacional frente às pessoas nela inseridas deve considerar variáveis que estejam relacionadas às preocupações pessoais e individuais, de reconhecimento pessoal e social, enfim a organização deve procurar desenvolver sua "habilidade humana", pois "a nova ética humanística ... enfatiza que uma pessoa só despersonaliza outras pessoas à custa de seu próprio humanismo. O relacionamento humano é precioso demais em suas potencialidades para ser reduzido ao nível de funcionamento de uma má quina...". Ou seja, a organização não pode ser vista de forma reduzida às necessidades de manutenção e desenvolvimento no mercado, de sustentabilidade burocrática ou conservação capitalista, deve sim, preocupar-se com as habilidades e necessidades humanas, pois "a dimensão interpessoal transcende os estreitos limites da avançada tecnologia e também pode e deve desenvolver-se com intuição e criatividade no ambiente organizacional." (Moscovici, 1989). Portanto, a necessidade em se comparar as virtudes individuais, pessoais e sociais enquanto regras de comportamento e de inserção social com aquelas difundidas e privilegiadas pelo ambiente organizacional vem de encontro à necessidade de se desenvolver mecanismos de valorização àqueles que hoje se encontram à margem do mundo globalizado. O que se propõe é uma nova orientação para as funções sociais das organizações, que cerceiam as liberdades individuais, cujos conceitos de “homem”, “indivíduo” e “ser humano” está desenvolvido apenas na ordem da funcionalidade e excelência de resultados como “recursos humanos”. 5. BIBILIOGRAFIA COMTE-SPONVILLE, André. Pequeno tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 1995. CORIAT, Benjamin. Ciencia, tecnica y capital. Madrid: H Blume, 1976, pp. 87-107. ENRIQUEZ, Eugène. Os desafios éticos das organizações modernas. IN: RAE. São Paulo: v.37, nº 2, abr./jun. 1997, pp. 6-17. HUMPHREY, John. Adaptando o “modelo japonês” ao Brasil. IN: HIRATA, H. (Org.) Sobre o modelo japonês: automatização, novas formas de organização e de relações de trabalho. São Paulo: EDUSP, 1993, pp. 49-91. LAWRENCE, Paul R. & LORSCH, Jay W. O desenvolvimento de organizações: diagnóstico e ação. Rio de Janeiro: Edgard Blücher, 1972. 14 LIMA, Francisco P.A. Medida e desmedida: padronização do trabalho ou livre organização do trabalho vivo? IN: FIDALGO, Fernando S. (Org.). Gestão do trabalho e formação do trabalhador. Belo Horizonte: Editora Marxista, 1996, pp. 109-130. LUZ, Madel T.. As instituições médicas no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1979, pp. 23-45. MACHADO, Lucília R.S. Racionalização produtiva e formação no trabalho. IN: Trabalho & Educação. Belo Horizonte: Revista do NETE. FAE/UFMG, 1995. MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento organizacional. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 1993. SCHEIN, Edgar H. A psicologia na organização. São Paulo: Clássica LCE Editora, 1968.