Daniele Batista Rufino
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO RENDIMENTO ESCOLAR
Pindamonhangaba-SP
2014
Daniele Batista Rufino
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO RENDIMENTO ESCOLAR
Monografia apresentada como parte dos requisitos
para obtenção do Diploma de Licenciatura em
Pedagogia pelo curso de Pedagogia da Faculdade de
Pindamonhangaba.
Orientadora: Profa. MSc. Marina Buselli
Pindamonhangaba-SP
2014
DANIELE BATISTA RUFINO
INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO RENDIMENTO ESCOLAR
Monografia apresentada como parte dos requisitos
para obtenção do Diploma de Licenciatura em
Pedagogia pelo curso de Pedagogia da Faculdade de
Pindamonhangaba.
Data: ___________________
Resultado: _______________
BANCA EXAMINADORA
Prof .____________________________ Faculdade de Pindamonhangaba
Assinatura__________________________
Prof .____________________________ Faculdade de Pindamonhangaba
Assinatura__________________________
Prof .____________________________ Faculdade de Pindamonhangaba
Assinatura__________________________
Dedico a Deus tudo o que tenho e tudo o que sou.
Dedico este trabalho à minha querida filha e ao meu marido.
AGRADECIMENTOS
Agradeço imensamente a Deus pela oportunidade, por me capacitar e me fortalecer a realizar
este sonho.
Agradeço a minha família por seu apoio incondicional.
Agradeço a minha orientadora, Profa. MSc. Marina Buselli, pelo auxilio e convivência.
Agradeço as minhas amigas, que participaram direta e indiretamente, para a conclusão deste
trabalho.
“Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre
o seu galardão.”
Salmos 127:3
RESUMO
Neste trabalho serão abordadas questões referentes à família e sua importância na educação
escolar, visto que é nesse ambiente que se constituirão os primeiros grupos sociais e a mediação
das aprendizagens infantis. A família desempenha um papel decisivo na educação, é em seu
espaço que são absorvidos os valores éticos e morais, e onde se
aprofundam os laços de solidariedade. O estudo partiu das questões: a) Qual o papel da família
na vida escolar do aluno? b) Como o meio ambiente familiar interfere no processo de
aprendizagem do ser humano? Buscando responder a essas questões, esta pesquisa teve por
objetivo apontar, por meio de revisão da literatura, a importância da família para a
aprendizagem e para o sucesso escolar e assinalar, de modo positivo, o valor do seu
envolvimento com a escola. Após análise e reflexão sobre os autores estudados, reafirmam-se
a grande importância de haver interação entre a família e a escola para que o desenvolvimento
dos alunos seja mais eficaz. Também a união entre professores, alunos e familiares no processo
educacional é fator de enriquecimento para o aproveitamento escolar do aluno.
Palavras-chave: Escola. Família. Aprendizagem.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................
2 MÉTODO......................................................................................................................
3 REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................
3.1 A criança e a família..................................................................................................
3.2 A escola e a família.....................................................................................................
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................
REFERÊNCIAS...............................................................................................................
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1 INTRODUÇÃO
Neste trabalho serão abordadas questões referentes à família e sua importância na
educação escolar, pois é na escola que se constituirão os primeiros grupos sociais e ocorrerá
mediação das aprendizagens infantis. Será também abordado o quão positivo pode ser a
interação família/escola no desenvolvimento da criança.
Justifica-se este tema pelo fato de ser cada vez mais comum nós, educadores, nos
depararmos com alunos que apresentam dificuldades na aprendizagem e a família está
estritamente ligada e é responsável por este aspecto, pois nela são baseados os comportamentos
e formação de personalidade, por isso sua influência é tão demarcada nesta pesquisa. A família
tem perdido sua característica por diversos fatores, entre eles estão a emancipação feminina, a
separação dos pais e até mesmo a falta de preparo dos mesmos. Considera-se também
importante apresentar que a família deve servir de apoio não só presencial, mas afetivo e
intelectual, auxiliando e dando suporte e segurança para que as crianças possam ser motivadas
a aprender e adquirir conhecimento de forma natural e prazerosa.
A Constituição Federal (BRASIL, 1988) determina que a Educação é um direito e
dever de todos e que o Estado juntamente à família deverá fazer esse direito ser efetivado,
incentivando e colaborando para o desenvolvimento e cidadania desta pessoa e futuro cidadão.
Reforçando essa legislação, Scoz (2000) afirma ser imprescindível a presença da família na
educação escolar do aluno. Crianças que têm pais ausentes sentem-se inferiores nos aspectos
funcionais e socioafetivos e transferem aos professores a representação dos pais, sendo isso é
refletido diretamente em seu rendimento escolar.
Percebendo-se assim a importância crucial da família em todos os momentos da vida
de seus filhos, algumas questões foram levantadas e nortearam este trabalho: a) Qual o papel
da família na vida escolar do aluno? b) Como o meio ambiente familiar interfere no processo
de aprendizagem do ser humano?
Buscando responder a essas questões, esta pesquisa teve por objetivo apontar, por
meio de revisão da literatura, a importância da família para a aprendizagem e para o sucesso
escolar e assinalar, de modo positivo, o valor do seu envolvimento com a escola.
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2 MÉTODO
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, partindo das palavras-chave escola, família
e aprendizagem, por meio de livros e artigos científicos consultados na biblioteca da Instituição
e na internet, em especial no site Scielo.
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3 REVISÃO DA LITERATURA
Nesta seção, apresenta-se um breve histórico da constituição familiar e a presença da
criança, ao longo dos anos. A seguir, estuda-se a entrada da criança na escola, analisando-se
como deve ser o relacionamento entre família e escola, tendo como foco o desenvolvimento
global da criança.
3.1 A criança e a família
Compreende-se família a partir de múltiplas e variadas conceituações e interpretações
em sentidos complexos e plurais. Essas concepções encontram-se associadas à inserção e
transmissão de valores entre as gerações, aos sentimentos compartilhados através da
convivência e às permanentes transformações que vão surgindo ao longo do tempo. Essas
representações familiares se sustentam a partir da infância e são refletidas na adolescência até
a vida adulta. Sabe-se por estudos sociológicos que, outrora, a intimidade familiar era
desfavorecida, as crianças eram cuidadas por estranhos, a vida emocional não era centrada nos
pais, mas em figuras parentais e similares, ampliando assim, o significado de família. O
processo de intimidade que conhecemos hoje só assumiu forma depois do surgimento do
modelo de família nuclear no fim da Idade Média. A partir desse período, a criança começou a
ser vista na sua totalidade (RIBEIRO; CRUZ, 2013).
Szymanski (2004) define família como um grupo de pessoas que convivem,
reconhecendo-se e propondo-se a ter entre si uma ligação afetiva duradoura, incluindo o
compromisso de uma relação de cuidado contínuo entre os adultos e deles com as crianças,
jovens e idosos. É na família que a criança aprende que existe o outro e assim aprende a viver
e a conviver. As experiências são referenciais de uma identidade e de uma personalidade.
Costa (2008) ressalta que desde os primeiros sinais de vida na gravidez é importante
que a mãe faça as avaliações diagnósticas médicas, e também se prepare não só fisicamente
mas também emocionalmente, e depois do nascimento oferecer segurança, carinhos e cuidados
cercando a criança de afeto e suporte, independente da classe social, depois desta fase de
latência cabe aos pais a “Arte de educar”. O lar sempre será o local principal responsável pela
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boa aprendizagem onde a criança se descobre, descobrem os outros, as regras, os problemas, e
os pais devem dar abrigo seguro para que a criança possa crescer confiante, não existe um
“manual de instruções” é algo que exige dos pais investimento de tempo, dinheiro, dedicação,
amor e cuidados.
Vemos que há uma preocupação com essa instituição tão preciosa que é a família, em
vários artigos e livros, e que não há relatos que comprovem a existência de outra célula social
que consiga preencher o valor da educação familiar. Ela é a base para a formação do caráter, a
criança precisa do apoio, da presença e da participação ativa dos pais em suas conquistas e
descobertas. Ainda que essa criança estude na escola mais conceituada que se conheça, esta
nunca vai substituir a carência que os pais ou o parente que tem a responsabilidade sobre o
mesmo possa oferecer. Já se tentou pelos nazistas e até mesmo pelos comunistas implantar um
meio social de convivência espelhado na família, porém o mesmo não obteve sucesso. Os pais
devem procurar passar aos filhos valores bons para formação de pessoas de bem, dando
exemplos no cotidiano de cumplicidade e honestidade, não espelhando nos filhos uma
adolescência corrompida nem cruel, mas de mudanças em prol de uma família forte para
enfrentar os problemas da sociedade (CHALITA, 2001).
A estrutura familiar precisa ser forte, para proporcionar ao indivíduo que chega a essa
célula, sentimentos de proteção, orientando e favorecendo o seu desenvolvimento. A família
proporciona a criação dos laços afetivos e o suprimento de carências emocionais. Uma educação
bem sucedida corresponde a pessoas de caráter e personalidade, bem preparadas para lidarem
com frustrações. Desde a infância é necessário que os pais apoiem as crianças, supram suas
necessidades emocionais e afetivas, se façam presentes, sejam exemplo e mantenham a
comunicação (CASARIN; RAMOS, 2007).
Silva (2007) afirma que o ambiente familiar desestruturado pode afetar o aprendizado
de modo negativo, pois as crianças podem se sentir desvalorizados e não verem motivo para
serem bons alunos e, assim, aprender. Essa desestrutura pode ser causada pela falta de algum
componente da família, por separação ou por morte, porém pode ocorrer também em uma
família com todos os componentes, que não cumpram o seu papel ou até mesmo o pai ou a mãe
que não conviva com os filhos por causa do trabalho exaustivo, ou outros problemas, e isso
pode dificultar o desenvolvimento natural da criança.
Para Gokhale (1980 apud MELO, 2012), qualquer que seja a composição da família
(formada por pais e filhos, por um dos pais e seus filhos, ou ter como responsável pela criança
outro membro familiar), ela não tem somente a função de passar a cultura para os filhos, mas
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também o dever de apoiá-los e instruí-los para torná-los cidadãos de bem, críticos e ativos na
sociedade. Para isso é necessário que a instituição familiar se faça presente e seja exemplo. É
nela que a criança vivencia experiências que contribuirão para a construção de seus valores
éticos e morais.
Assim, é nessa relação com a família que a criança, em seu desenvolvimento cognitivo,
afetivo e moral, constrói um repertório de habilidades e aptidões, conceitos e significados que
a situam e a orientam em sua inserção nas práticas cotidianas (RIBEIRO; CRUZ, 2013).
Melo (2012) afirma que, com tantas inovações do modelo da família, como: a saída da
mulher para o trabalho fora, o homem na divisão das tarefas, os métodos contraceptivos para
diminuição de filhos, entre outros, a atenção dos pais para a vida dos filhos se tornou falha, e
passou-se o papel de educar para a escola. O autor aponta também outro problema nessa troca
de papéis. Ele afirma que alguns pais não se preparam adequadamente para a grande
responsabilidade de criar um ser humano e delegam essa tarefa à escola. Apesar de caber à
escola a formação integral do indivíduo, a base dessa formação ainda deve ser a família. A
função primordial da escola é com o ensino, que poderá ser prejudicado, caso desviem a atenção
para cuidados que cabem à família.
É na convivência familiar que acontecerão as oportunidades de contato com hábitos e
inserção de conteúdos que serão de grande valia para interagir com o mundo, para se
posicionarem e agirem. Nesse ambiente, a criança age de acordo com o que vê, pois, além de
aprender o que ouve ela assimila muito mais através da experiência vivida em casa.
(SZYMANSKI, 2004).
As figuras parentais exercem grande influência na vida das crianças, seja qual for a
formação social. A família não é vista apenas como uma instituição de relações isoladas, todo
comportamento e atitude individual e coletiva influenciam seus membros. É nela que as
crianças se inspiram, é onde se desencadeiam aspectos na personalidade e no enfrentamento
das ações cotidianas. As condições físicas e materiais de uma casa podem ser de excelente
qualidade, todavia, é na qualidade das relações afetivas que se favorecem o desenvolvimento
das habilidades e competências sociais. Além das interações, a família também é responsável
por passar as tradições e modelos de vida aos seus descendentes. Esses e outros aspectos podem
ser desencadeadores de um desenvolvimento saudável e permitem à criança enfrentar as
situações cotidianas (POLONIA; DESSEN, 2007).
Ferreira e Barreira (2010) acreditam que influência da família trata-se de algo além da
convivência e dos cuidados. Ela resulta de ações muitas vezes não planejadas e sem intenção,
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mas que simbolizam uma importante configuração na vida da criança. É certo que existem
muitos fatores influenciadores na aprendizagem da criança, dentre eles os vários segmentos da
escola, a vida pessoal da criança e a família, porém o envolvimento parental é o aspecto mais
predominante. Os laços formados entre família, quando positivos, favorecem o indivíduo na
socialização, autoestima e autoconceito.
3.2 A escola e a família
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) dividiu a responsabilidade pelas
crianças e adolescentes brasileiros entre a família, o Estado e a sociedade, colocando como
dever assegurar os direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao
lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência
familiar e comunitária (BRASIL, 1990).
Costa (2008) corrobora com essa determinação, acrescentando que a escola é um
ambiente de continuidade do lar e não um substituto desse. A harmonia entre pais-alunosprofessores trará benefícios e sucesso a todos, como melhor aprendizagem do aluno,
desenvolvimento intelectual e social, melhor relação pais-professores, além do crescimento do
profissional professor.
Segundo Scoz (2000), a escola deve envolver os pais, sendo um local feito da
participação de todos, a fim de contribuir com o desenvolvimento do aluno. A escola deve
trabalhar a partir dos conhecimentos previamente adquiridos pela criança, para a aquisição dos
novos, oferecendo experiências de trabalhos com a comunidade, pontuando os seus deveres e
responsabilidades, auxiliando na formação de um cidadão preparado para o mercado de
trabalho. O professor tem papel primordialmente de mediador nessa boa relação dos pais com
a escola, mostrando e aproximando os pais deste ambiente tão importante na vida do filho e
que, além de transformar a vida do educando, contribui para a socialização, a aprendizagem e
a cidadania.
À escola, cabe complementar a educação dada pela família, ensinando à criança
conceitos básicos de ética e cidadania, não podendo assumir responsabilidade integral na
formação do caráter e de convicções que devem ser familiares (MARQUES, 1993 apud MELO,
2012).
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Na idade escolar, os pais devem escolher uma escola cujo ensinamento seja a
continuidade do aplicado em casa. Dessa forma, a escola não só se limita em ensinar conteúdos
escolares, mas auxilia na formação do indivíduo integral e no desenvolvimento de seu senso
crítico. O início da escolaridade, por se dar num ambiente diferente do habitual, pode ser
encarado com um pouco de dificuldade. Porém, com o apoio da família este momento pode ser
mais tranquilo. Os pais devem estar sempre em contínuo contato com o andamento da
aprendizagem dos filhos e com os professores, dialogando sobre o que aprendem e participando
ativamente na vida escolar da criança, promovendo o interesse natural em aprender. A escola
não pode e nem deve assumir um papel que pertence à família, que foi quem escolheu e optou
por ter o filho, onde inevitavelmente entra a obrigação de oferecer ao filho tudo o que ele
necessita para viver e se desenvolver saudavelmente (COSTA, 2008).
Embora família e escola sejam ambientes diferentes, é importante a relação de
colaboração entre eles para auxiliar no desenvolvimento e na aprendizagem do aluno. A escola
tem responsabilidade na formação do aluno, e os pais na formação do filho, e não o contrário
pois a escola tem uma responsabilidade educacional por uma certa quantidade de crianças e aos
pais cabe participar da vida educacional complementando em casa os conteúdos abordados na
escola contribuindo para a formação integral da criança (OLIVEIRA, 2000).
Estudos de Maimoni e Bortone (2003) comprovam o quanto pode ser produtiva a
parceria escola-família e o envolvimento de pais na vida escolar dos filhos. A pesquisa teve por
objetivo utilizar o procedimento de “leitura conjunta” com colaboração dos pais e alunos de
séries iniciais de uma escola mantida pela Universidade de Uberaba. Houve melhora no
desempenho da leitura e os dados mostraram a melhora da leitura do filho com a participação
dos pais. Essa parceria é um grande exemplo aos profissionais da área educacional e a família,
instituições tão importantes que exercem grande influência positiva na vida da criança até a sua
maior idade.
Outra pesquisa, envolvendo alunos do Ensino Fundamental e suas famílias, foi
realizada por Macêdo e Monteiro (2006), em uma escola de Fortaleza - CE. O estudo, tendo
como foco a saúde mental das crianças, constou de oito encontros na escola entre abril e outubro
de 2003, com a interação e troca de experiências entre os pais. Os resultados foram considerados
satisfatórios pelos autores, visto que houve grande interação entre os pais e nos relacionamentos
das famílias envolvidas, criando-se uma base para novos trabalhos nessa área. Esse estudo é um
exemplo de que, se profissionais de uma área trabalharem com a escola e a família ao mesmo
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tempo, o nível de envolvimento familiar pode aumentar e, com isso, minimizar as dificuldades
escolares.
Os professores percebem se os pais são envolvidos com a escola, pela sua participação
nas atividades da escola e pelo comportamento dos alunos. Esses pais, participativos,
influenciam as crianças a darem importância ao aprendizado e ao desenvolvimento escolar e se
envolvem nas conquistas do filho. Esses alunos, por sua vez, refletem em suas atividades e
comportamentos sociais, aquilo que vivenciam em casa, se são bem tratados, atendidos e
cuidados. A escola deve observar esses comportamentos e sempre comunicar aos pais não só
possíveis alterações relacionadas à disciplina e nível de conhecimento, mas também os avanços
das crianças, suas conquistas e mudanças (GROLNICK; SLOWAIACZECK, 1994 apud
MAIMONI; BORTONE, 2003).
Araújo e Oliveira (2013, p. 29) reforçam o quanto é significativa a parceria entre escola
e família, afirmando que,
A família não é o único contexto em que a criança tem oportunidade de
experienciar e ampliar seu repertório como sujeito de aprendizagem e
desenvolvimento. A escola também tem sua parcela de contribuição no
desenvolvimento do indivíduo, mais especificamente na aquisição do saber
culturalmente organizado em suas distintas áreas de conhecimento.
A família é apontada como uma das principais responsáveis pelo fracasso escolar do
aluno e, portanto, a sua contribuição para o desenvolvimento e aprendizagem humana é
inegável. (CARVALHO, 2000 apud POLONIA; DESSEN, 2005)
De acordo com Marturano (1998, p. 80 apud FERREIRA; BARREIRA, 2010, p. 463),
[…] os alunos melhoram o desempenho quando os adultos em casa são mais
unidos, cooperativos e cordiais. E algo muito importante é que as crenças e
expectativas dos pais sobre as capacidades da criança podem, quando
desfavoráveis, diminuir a motivação para aprender, o que terá um efeito
negativo sobre o desempenho escolar.
Ferreira e Barreira (2010) afirmam ainda que a escola é um local que auxilia para que
o aluno se desenvolva na sua integridade, pois é formada por indivíduos de diferentes
características e culturas e trabalha a construção de laços afetivos e a inserção na sociedade. É
uma instituição que não trata apenas da transmissão do conhecimento, mas da preparação do
aluno para ser cidadão, e do aprendiz para viver a vida. A escola propicia meios e condições
para que o indivíduo crie autonomia e recursos para ser valorizado e reconhecido não
simplesmente pelo que faz, mas pelo que ele é. Os conhecimentos aprendidos na infância são
responsáveis pela formação da personalidade da pessoa. Esse é um aspecto de extrema
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importância, e quando esta fase é falha, ela reflete na vida adulta de maneira problemática. Por
isso se dá tanta ênfase a esta fase da vida, pois ela dará base para todas as demais.
Segundo Alarcão (2001), não obstante a suprema importância da escola como
ambiente promotor de conhecimento e formação integral, duas situações constrangedoras e às
vezes vexatórias são presenciadas. Uma, é o desinteresse de algumas crianças e jovens pelos
estudos, que causa uma situação de tristeza, já que além do desinteresse em aprender, os alunos
também não se empenham em fazer o melhor, o que por sua vez desanima os professores.
Assim, a educação se concretiza pela união do desenvolvimento humano, nos aspectos social,
econômico e político. Os espaços escolares não devem se fazer apenas de locais onde se
executem as atividades, mas onde a cultura, o trabalho em equipe, a autonomia e a
aprendizagem cooperativa se evidenciem. Outra situação percebida são as dificuldades que os
professores enfrentam no exercício de sua função; dificuldades essas relacionadas a diversos
fatores, entre eles o excesso de horas trabalhadas, estresse emocional, problemas físicos, mas a
indisciplina dos alunos tem sido o fator de maior insatisfação por parte dos profissionais. Isso
resulta em aulas de menor qualidade, diminuindo as potencialidades de aprendizagem do aluno
e além das consequências negativas para ambas as partes.
Para Scoz (2000), na escola pública encontra-se uma realidade contraditória e cheia de
dificuldades. Os professores têm encontrado algumas dificuldades no desenvolvimento do
aluno, afirmando que as famílias não dão oportunidades aos filhos e nem interagem com os
conteúdos escolares. Fica então sobre a escola a responsabilidade de suprir esta defasagem. A
ausência dos pais nas reuniões escolares, a indiferença pelo desenvolvimento escolar do filho e
a falta de cuidados básicos de higiene, são algumas das principais dificuldades que a escola
enfrenta.
Araújo e Oliveira (2013) desenvolveram, na Escola Estadual São Miguel, no
município de Pontal do Araguaia – Mato Grosso, um projeto denominado: “Leitura e Família:
desenvolvendo o prazer de ler”, com o desafio de formar leitores e escritores mais competentes
e conscientes da importância de ler e escrever com envolvimento de pais e educandos da escola.
O projeto se fez de frequência à biblioteca, leitura de livros de literatura, contação de histórias
de pais para filhos em um ambiente apropriado para os pequenos compreenderem melhor a
leitura. Todas essas atitudes permitiram aos educandos, uma maior intimidade com o universo
da literatura, ampliando o seu universo linguístico e literário. Além disso, o envolvimento entre
pais e educandos contribuiu para a formação de sujeitos críticos e reflexivos, pois, os laços
afetivos estruturados e consolidados tanto na escola como na família permitem que os
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indivíduos lidem com conflitos, aprendendo a resolver os problemas de maneira conjunta ou
separada.
Costa (2008), como educadora, trabalhou com crianças especiais e com dificuldades
de aprendizagem, contando com a presença dos pais e declara ter conseguido muitas conquistas
e realizações. Ela afirma que o trabalho não foi fácil, mas que alcançou excelentes resultados.
Percebe-se que isso é possível, desde que os pais possam reconhecer nos professores,
profissionais dedicados e que merecem seu respeito e apoio. O trabalho conjunto entre família
e escola possui uma importância tão fundamental quanto a educação dada pelos pais, por isso
sua relevância desde a infância.
Piaget (2000) declara que o trabalho conjunto e a ligação entre pais e professores
contribuem de diversas maneiras para ambas as partes, resultando em muito mais do que
conhecimento. Ao acontecer essa aproximação, os pais ficam mais tranquilos em sua vida
profissional e se sentem motivados a se dedicar à vida escolar e social dos filhos. A escola pode
se dedicar com mais afinco à sua responsabilidade fundamental de ensino e formação global do
ser humano. Com isso, as dificuldades diárias poderão ser minimizadas. As lacunas deixadas
no indivíduo, causadas pela falta de uma educação escolar e familiar consistentes, são
consequências que permanecem para o resto da vida, resultando em famílias ainda mais
problemáticas.
19
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho procurou-se refletir sobre as relações entre a escola e a família, com o
intuito de procurar investigar como essa relação interfere no desenvolvimento global das
crianças.
Percebe-se, pelos estudos apresentados, que a família deve propor entre si uma ligação
que ofereça à criança a base para que ela possa suprir suas carências emocionais, a fim de se
desenvolver de forma segura e natural, pronta para lidar com problemas, adversidades e
frustrações. Essa ligação se trata de algo além da convivência e dos cuidados. A formação do
caráter se dá desde a infância, por isso é necessário que os pais se façam presentes, apoiem e se
comuniquem com os filhos, o que por sua vez inspira as crianças e desencadeiam aspectos
positivos na personalidade e no enfrentamento das ações cotidianas. (COSTA, 2008;
FERREIRA; BARREIRA, 2010; POLONIA; DESSEN, 2007; SZYMANSKI, 2004)
Também foi possível refletir que tem surgido um modelo de família que desfavorece
o emocional, o afetivo e o cognitivo das crianças. Elas se sentem desvalorizadas e
desmotivadas, podendo ocasionar um baixo desenvolvimento da personalidade e da
aprendizagem, além de se refletir no comportamento e relações da criança na escola. Essa
realidade interfere também na reação dos professores, que ficam com a responsabilidade de
suprir essa defasagem, como a ausência dos pais em reuniões escolares, a indiferença pelo
desenvolvimento escolar dos filhos e a falta aos cuidados básicos. (GROLNICK;
SLOWAIAZECK, 1994 apud MAIMONI; BORTONE, 2003); SCOZ, 2000; SILVA, 2007).
Envolver a família na educação escolar dos filhos pode minimizar possíveis
dificuldades e para isso é necessário que os professores conheçam melhor os pais, para
poderem realizar um trabalho conjunto com eles para criar, entre outros fatores, uma ligação
que fortaleça o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças, ela pode e deve fornecer meios
para melhorar a relação família/escola. E quando a escola oferece meios para a aproximação de
pais e filhos os resultados são a melhora da interação familiar, do desempenho escolar, da
redução das dificuldades escolares e estreitamento dos laços afetivos. E com aproximação
destas instituições mais importantes os alunos também se desenvolvem e aprendem melhor os
conteúdos escolares, os professores trabalham com o apoio e ajuda dos pais. Os pais trabalham
mais tranquilos, enfim tanto a escola quanto a família são beneficiadas nesta relação de parceria,
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visando o crescimento do aluno (ARAÚJO; OLIVEIRA, 2013; MACÊDO; MONTEIRO, 2006;
MAIMONI; BORTONE, 2003; PIAGET, 2000; RIBEIRO; CRUZ, 2013).
Os estudos apresentados fazem perceber que os pais devem estar sempre presentes e
em contínuo contato com o andamento da aprendizagem dos filhos e com os professores,
dialogando sobre o que aprendem e participando ativamente na vida escolar da criança,
promovendo o interesse natural em aprender, cumprindo com a obrigação de oferecer ao filho
tudo o que ele necessita para viver e se desenvolver saudavelmente (BRASIL, 1990; COSTA,
2008).
Pode-se então inferir que os conhecimentos aprendidos na infância são responsáveis
pela formação da personalidade da pessoa. Esse é um aspecto de extrema importância, e quando
nessa fase ocorrem falhas, isso se reflete na vida adulta de maneira problemática. O lar sempre
será a base responsável pela boa aprendizagem, pois é onde a criança se descobre, descobre os
outros, as regras, os problemas, e os pais devem dar abrigo seguro para que a criança possa
crescer confiante. A criança precisa do apoio, da presença e da participação ativa dos pais em
suas conquistas e descobertas. Ainda que essa criança estude na escola mais conceituada que
se conheça, esta nunca vai substituir a carência que os pais ou o parente que tem a
responsabilidade sobre o mesmo possa oferecer. É na convivência familiar que acontecerão as
oportunidades de contato com hábitos e inserção de conteúdos que serão de grande valia para
interagir com o mundo, para se posicionarem e agirem.
Os alunos melhoram o desempenho quando os adultos em casa são mais unidos,
cooperativos e cordiais. É necessário que a instituição familiar se faça presente e seja exemplo.
É nela que a criança vivencia experiências que contribuirão para a construção de seus valores
éticos e morais. Assim, influenciam as crianças a darem importância ao aprendizado e ao
desenvolvimento escolar, envolvendo a família nas conquistas do filho. As crianças refletem
em suas atividades e comportamentos sociais o que vivenciam em casa se são bem tratados,
atendidos e cuidados.
A instituição familiar é indiscutivelmente a instituição mais importante na vida de
qualquer pessoa, é ela quem proporciona o suporte afetivo e, sobretudo tudo o que é necessário
para o desenvolvimento e bem estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo
na educação, é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e morais, e onde se
aprofundam os laços de solidariedade. As crianças são as que mais necessitam desta base para
sua sobrevivência e socialização. As experiências vivenciadas no lar são o suporte para a
formação de uma pessoa mais bem preparada para lidar com os conflitos da vida.
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Realizar este estudo possibilitou-me aprender um pouco mais sobre a responsabilidade
de um profissional da educação e me fez refletir sobre qual educação devemos dar às crianças
de hoje, que serão o nosso futuro. É um tema envolvente e não o considero esgotado, ao
contrário, é apenas o início de uma busca que deverá ser reforçada por novos estudos, novos
questionamentos, que certamente me acompanharão no transcorrer da carreira docente.
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REFERÊNCIAS
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p. 15-19.
ARAÚJO, S. M.; OLIVEIRA, J. M. Formação de leitores: um desafio aos pais e educadores
dos anos iniciais do ensino fundamental. Revista facisa on-line, Barra do Garças, v. 2, n. 1, p.
37-44, jan./jul. 2013. Disponível em: <http://www.faculdadescathedral.com.br/revista/index>.
Acesso em: 11 nov. 2013.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,
DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.
BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente: Lei federal nº 8069, de 13 de julho de 1990.
Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2002.
CASARIN, N. E. F.; RAMOS, M. B. J. Família e aprendizagem escolar: relato de
experiência. Rev. Psicopedagogia. v. 24, n. 74, p. 182-201, 2007. Disponível em:
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Acesso em: 01 abr. 2014.
CHALITA, G. Educação: a solução está no afeto. São Paulo: Gente, 2001. cap. 1, p. 17-21.
COSTA, Z. Se pais e professores derem-se as mãos. Rio de Janeiro: T.mais.oito, 2008. cap.
1, p.13-80.
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INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NO RENDIMENTO ESCOLAR