INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRÁS TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÔNICO COMO MEIO AUXILIAR NO PLANEJAMENTO DE MINI IMPLANTES NO TRATAMENTO ORTODÔNTICO DEBORA DUARTE MOREIRA Monografia apresentada ao Programa de Especialização em Ortodontia do CEREO – FUNORTE/SOEBRÁS NÚCLEO CAMPINAS, como parte dos requisitos para obtenção do titulo de Especialista. ORIENTADORA: Prof. Ms. Irene Moreira Serafim Campinas, 2014 AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Aos meus pais, MANUEL e LOURDES, pelo apoio incondicional, incentivo e exemplo de força, determinação e sabedoria. Aos meus irmãos DANIELA e ANDRÉ, que mesmo de longe me apoiaram em todos os momentos dessa jornada. A meus amigos MÁRCIA, HELLEN, IVAN, STÉPHANIE e TENILE pelo apoio, por serem sempre presentes nas minhas conquistas e por acreditarem em mim. AGRADECIMENTOS À Prof. Ms. Irene Serafim, minha orientadora, pela confiança, amizade, e dedicação. Ao Prof. Cláudio Rodrigues Azenha, pelos valiosos conhecimentos transmitidos. Ao Prof. Eduardo Macluf Filho, pela competência e contribuição para uma excelente formação profissional. À Prof. Ms. Patrícia Marsolla, por todo o conhecimento clínico transmitido, além do carinho e amizade. À Prof. Ms. Reinildes Pascoal, pela dedicação em ensinar, disponibilidade, carinho e amizade. À Prof. Ms. Raquel Mozaquatro, pelos ensinamentos transmitidos. À Prof. Carmem Lúcia Andrade Marion, pelo apoio. Aos demais professores do Cereo por cada ensinamento transmitido. A todos os colegas de turma, pela troca de experiência e pelos momentos que passamos juntos. Às funcionárias, em especial à Kelly Aleixo, pela assistência solícita e atenciosa. Aos pacientes pela colaboração no aprendizado. “Os que se encantam com a prática sem a ciência são como os timoneiros que entram no navio sem timão nem bússola, nunca tendo certeza do seu destino.” Leonardo da Vinci. SUMÁRIO RESUMO...................................................................................................................... x ABSTRACT..................................................................................................................xi 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 1 2. PROPOSIÇÃO......................................................................................................... 3 3. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................... 4 4. DISCUSSÃO........................................................................................................... 24 5. CONCLUSÃO........................................................................................................ 27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 28 MOREIRA, D.D. Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico como meio auxiliar no planejamento de mini implantes no tratamento ortodôntico. 2014, f. Monografia de Especialização (Especialização em Ortodontia) - FUNORTE / SOEBRÁS Núcleo Campinas, Campinas 2014. RESUMO Os mini implantes tem se tornado cada vez mais populares como uma alternativa para ancoragem esquelética ortodôntica estacionária, como por exemplo, no tratamento de biprotrusão alveolar e preservação de ancoragem durante a retração anterior para fechamento de espaços após extração de pré molares. E para garantir o sucesso desses mini implantes sem que haja a perda precoce ou algum dano radicular de dentes próximos aos mini implantes, existe a necessidade de um conhecimento da área que irá receber o aparato. Frente a isso, a proposta do presente trabalho foi realizar uma revisão de literatura, apresentando diferentes pesquisas que visaram determinar o melhor local para inserção de mini implantes de acordo com a espessura e qualidade óssea e a proximidade com as raízes dos dentes adjacentes, e ainda, revisar estudos que propuseram a utilização de guias cirúrgicos para serem utilizados durante o procedimento clínico da colocação dos mini implantes. E de acordo com a presente revisão pode-se concluir que o uso da tomografia computadorizada de feixe cônico no estudo do melhor sítio de colocação dos mini implantes, é de grande importância, favorecendo o sucesso e a estabilidade de tais aparatos. PALAVRAS-CHAVE: mini implante, tomografia computadorizada de feixe cônico, TCFC, planejamento, ortodontia. x MOREIRA, D.D. Cone Beam Computed Tomography as an aid in planning of orthodontic mini implants. 2014, f. Monografia de Especialização (Especialização em Ortodontia) - FUNORTE / SOEBRÁS Núcleo Campinas, Campinas 2014. ABSTRACT The mini implants have been used as an alternative for stationary orthodontic anchorage, for example in the treatment of bialveolar protrusion, anchorage preservation during retraction to closing spaces after extraction of premolars. And to ensure the success of the mini implants without early loss or root damage of the adjacent tooth of mini implants, it is necessary a knowledge of the area that will receive the apparatus. Faced with this, the purpose of this study was to review the literature, with different studies that aimed to determine the best location for mini implants according to bone quality and thickness and proximity to the roots of adjacent teeth, and yet, reviewing studies have proposed the use of surgical guides for use during the clinical procedure of placement of the mini implants. And according to this review it can be concluded that the use of cone beam computed tomography in the planning of the best site for placement of mini implants is of great importance, favoring the success and stability of such devices. KEY WORDS: mini-implants, cone beam computed tomography, CBCT, planning, orthodontics. xi 1 1. INTRODUÇÃO Atualmente os mini implantes tem sido usados e se tornado populares como uma alternativa para ancoragem esquelética ortodôntica estacionária.3,4,7,14 Os mini implantes são bastante utilizados para o tratamento de biprotrusão alveolar e preservação de ancoragem durante a retração anterior para fechamento de espaços após extração de pré-molares.8,19 Trata-se de uma ancoragem esquelética temporária e são freqüentemente colocados na região vestibular da maxila ou da mandíbula ou na região palatina para alcançar muitos tipos de movimento como, por exemplo, aumentar o componente horizontal de forças aplicadas durante o fechamento de espaços e para intrusão posterior em pacientes com mordida aberta.4,16 Além disso, mini implantes também tem sido colocados na região da crista infrazigomática para fechamento de espaços, intrusão posterior e distalização.4 Os mini implantes possuem como vantagens a sua pequena dimensão, a facilidade na colocação em vários locais da cavidade oral, fácil remoção, possibilidade de aplicação de carga imediata, excelente ancoragem esquelética e baixo custo. Porém, apesar dessas vantagens, ocasionalmente, podem ocorrer perdas dos mini implantes e eventual falha da ancoragem.14 Muitas vezes os mini implantes são colocados sem informações tridimensionais (3D) de espessura óssea e espaço interradicular da região de escolha e os dois maiores problemas da falta de investigação 3D são: a possibilidade de dano radicular e o risco de perda precoce do mini implante.14 O conhecimento da espessura óssea cortical de diversos sítios é de grande importância para o clínico, durante a seleção do local de colocação do mini implante, já que quanto mais espesso for o osso cortical, maior é a estabilidade primária do mini implante.3,13 Outro fator que deve ser bem avaliado é o espaço interradicular, já que se a quantidade de osso interproximal e a proximidade das raízes forem incorretamente avaliadas, há risco de perfuração radicular, que tem sido considerado o maior fator de insucesso dos mini implantes.12 De acordo com esses problemas relacionados à colocação dos mini implantes de ancoragem esquelética, recentemente a tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC), que oferece imagens em 3D com um pequeno voxel, tem sido amplamente utilizada em diagnósticos de cabeça e pescoço, na ortodontia, na implantodontia e por fim, como auxiliar 2 na confecção de guias precisos utilizados durante a cirurgia de colocação dos mini implantes.7,12 Visto que a colocação de mini implantes é uma técnica sensível devido a complexidades anatômicas como seios expandidos, perda de assoalho alveolar e regiões interradiculares, muitos autores têm desenvolvido e sugerido novos guias cirúrgicos para uma precisa colocação dos mini implantes em espaços críticos.1,5,6,10,18,20 Esses guias são freqüentemente fabricados utilizando dados de TCFC que por ser uma imagem tridimensional, apresenta maior precisão em relação às radiografias bidimensionais.5,6 Frente a essas considerações, o objetivo do presente trabalho foi realizar uma revisão de literatura para esclarecer o relacionamento entre a colocação de mini implantes ortodônticos com o uso do exame de tomografia computadorizada de feixe cônico, e a importância de tal exame. 3 2. PROPOSIÇÃO O objetivo do presente trabalho foi realizar uma revisão de literatura para esclarecer o relacionamento entre a colocação de mini implantes ortodônticos com o uso do exame de tomografia computadorizada de feixe cônico na etapa de planejamento, e a importância de tal exame em relação ao local de seleção para a inserção do mini implante, proximidade com estruturas adjacentes, espessura e qualidade óssea do local selecionado, entre outros fatores. 4 3. REVISÃO DE LITERATURA KIM et al., em 20075 ilustraram um novo sistema de guia cirúrgico que utilizou imagens de tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) para replicar modelos odontológicos e a partir destes, criar guias cirúrgicos para o adequado posicionamento de mini-implantes ortodônticos. Foram recrutados pacientes com indicação de colocação de mini-implantes. Esses pacientes foram submetidos a um exame tomográfico da região da maxila posterior, com cortes de 0.1 a 0.15 mm de espessura. Foi então realizada a prototipagem rápida 3D usando o sistema stereo-lithography apparatus (SLA) que usa diferentes intensidades de laser para segmentação dos dentes e alvéolos em modelos de resina, onde foi criado o guia cirúrgico que possuí dois buracos, sendo um para perfuração piloto do osso cortical e outro para a colocação do implante. O implante utilizado foi o implante C que é constituído de duas partes, sendo uma a cabeça e outra o parafuso. Para a perfuração piloto, a broca foi encaixada no guia de resina removível e rodou a uma baixa velocidade de 800 rpm para perfuração do osso cortical. Posteriormente a parte do parafuso do implante C foi cuidadosamente inserida, sendo então removido o guia e inserida e fixada à cabeça do implante C no parafuso. Uma força de 100 gramas foi imediatamente aplicada. Os benefícios da TCFC são menor dose de radiação e maior resolução em 3 dimensões com cortes mais finos em comparação à tomografia médica e a reprodução virtual de réplicas de modelos que permitiu um planejamento preciso para posicionamento de mini-implantes em locais de anatomia complexa como por exemplo seios maxilares, raízes dilaceradas ou superfícies ósseas alteradas devido à perda óssea alveolar. SUZUKI e SUZUKI20, realizaram um estudo em 2008 com o objetivo de avaliar a acurácia da colocação dos mini implantes no osso alveolar, auxiliado por guias cirúrgicos em 3 dimensões. A amostra desse estudo foi constituída de 220 mini implantes que foram sistematicamente implantados no osso dento alveolar sempre pelo mesmo ortodontista com o auxílio de um guia cirúrgico 3D, um guia cirúrgico com fio ou sem guia cirúrgico. E então esses mini implantes foram examinados com relação à sua acurácia de colocação. O Guia 3D consiste em um guia pré fabricado de 5, 7 ou 9 mm com um braço vertical que é conectado no fio do aparelho e que na outra extremidade possui um tubo de 5mm de comprimento e 3mm de diâmetro que é usado para localizar o melhor local para o implante durante os exames radiográficos de diagnóstico, para orientar a perfuração piloto e subseqüente colocação do mini implante. O guia convencional utilizado no estudo foi realizado utilizando fios de metal 5 com marcadores. Após a colocação dos mini implantes, foram realizadas mensurações com o auxílio de um software para determinar a acurácia destes. Esse software gerou automaticamente uma bissetriz virtual da seguinte maneira: Usando a junção cemento esmalte como referência , foi traçada uma tangente do ponto de maior convexidade da superfície proximal da raiz do dente adjacente ao local do implante. Essas linhas foram estendidas coronalmente até formar um ângulo. A bissetriz virtual então formada foi usada como referência para o planejamento do adequado posicionamento do mini implante. Após a realização dos experimentos, a posição do mini implantes colocados utilizando os diferentes métodos de guias cirúrgicos foram comparados com o seu planejamento pré operatório correspondente (bissetriz virtual), e a acurácia da colocação foi analisada e os autores concluíram que o guia cirúrgico 3D fornece um método preciso para colocação de mini implantes no osso alveolar e que a precisa inserção dos mini implantes utilizando o guia cirúrgico 3D permite aos ortodontistas uma precisa transferência da informação radiográfica obtida com o planejamento pré operatório para o sítio cirúrgico na cavidade oral, diminuindo, então os riscos de danos radiculares. MATZENBACHER et al.,12 realizaram em 2008 estudo com o objetivo de avaliar a efetividade de métodos de diagnóstico por imagem utilizados na localização vertical de sítios eleitos para inserção de mini implantes. Para esse estudo, foram selecionados quatro indivíduos do gênero feminino, na faixa etária de 25 a 28 anos, baseando-se nos seguintes critérios de inclusão: dentadura permanente completa até os primeiros molares, ausência de apinhamento posterior e necessidade de tomografia computadorizada para planejamento de instalação de mini implantes para ancoragem. Para a realização das radiografias e das tomografias, foi utilizada moldeira de acetato, onde os sítios eleitos para instalação de mini implantes foram representados por orifícios preenchidos com guta percha. Os locais selecionados para inserção do mini implantes foram nos espaços inter-radiculares entre o primeiro pré-molar e o segundo pré molar e entre o segundo pré-molar e primeiro molar de todos os hemiarcos, totalizando 32 sítios. O ponto de inserção dos mini implantes foi marcado levando-se em consideração uma linha imaginária vertical que passava pelo ponto de contato e a zona de transição entre mucosa ceratinizada e mucosa livre. Esses pontos foram primeiramente definidos clinicamente e posteriormente transferidos para a moldeira de acetato, que foi perfurada para a colocação de um marcador de guta percha. Com as moldeiras de acetato posicionadas na boca, os pacientes foram submetidos a um exame de radiografias interproximais e periapicais das regiões posteriores da maxila e da mandíbula e a um exame 6 de tomografia computadorizada de feixe cônico. Para avaliação foram utilizados cinco pontos: PCg – ponto de contato das coroas dentárias na moldeira de acetato, preenchido com guta percha; PIg – ponto de inserção do mini implannte na moldeira de acetato, preenchido com guta percha; PC – imagem radiopaca do ponto PCg nas radiografias e na tomografia computadorizada; PI – imagem radiopaca do ponto PIg nas radiografias e na tomografia computadorizada; PCx – ponto de contato entre as coroas dentárias, determinado sobre a radiografia pelo examinador. Sendo que para esse estudo, foram obtidas duas medidas lineares nas imagens radiográficas, onde a medida 1 foi do ponto PC ao ponto PI e a medida 2 do ponto PCx ao ponto PI. O padrão ouro considerado, foram as medidas realizadas com paquímetro digital sobre a moldeira de acetato, e posteriormente as medidas foram realizadas sobre as radiografias interproximais e periapicais e as medidas na tomografia computadorizada foram realizadas com auxílio do software XoranCat. Os dados foram submetidos a análise estatística e os resultados encontrados mostraram para a medida 1 diferença estatisticamente significativa em relação ao padrão ouro nas tomografias computadorizadas de feixe cônico (4,1%), nas radiografias interproximais (25%) e nas radiografias periapicais (100%). Para a medida 2 foi observada diferença significativa em relação ao padrão ouro nas tomografias computadorizadas de feixe cônico (4,1%), nas radiografias interproximais (56,2%) e nas radiografias periapicais (100%). Frente aos resultados obtidos, os autores concluíram que a tomografia computadorizada de feixe cônico foi o exame mais preciso e efetivo para avaliar a posição vertical dos sítios eleitos para instalação de mini implantes, com diferenças em relação ao padrão ouro inferiores a 0,5 mm, que as radiografias interproximais podem ser utilizadas com cautela e as radiografias periapicais apresentaram resultados insatisfatórios. ZHAO et al.,21 em 2009 realizaram estudo cujo objetivo foi avaliar através de imagens de microCT e de testes de remoção do implante a influência de diferentes tempos de cicatrização antes da aplicação de carga na estabilidade de mini implantes de titânio, determinando assim o momento apropriado de iniciar a carga. Os beagles foram divididos em 5 grupos, para que cada um representasse um tempo de aplicação de força nos mini implantes. Foram implantados 40 mini implantes bilateralmente na maxila de 10 beagles, sendo colocados entre as raízes mesial e distal do segundo pré molar e do primeiro molar. Esses mini implantes foram submetidos à carga de 0.98 N em 5 diferentes tempos (Dia 0, 1 semana, 3 semanas, 5 semanas e 7 semanas) e permaneceram ativos durante 8 semanas, quando então os beagles foram sacrificados e tiverem a maxila seccionada em blocos cada um contendo um 7 mini implante com pelo menos 5 mm de osso circundante que foi analisado pelo sistema de imagens microCT através do software CT-An. Os seguintes parâmetros morfométricos foram medidos no trabeculado ósseo perimplantar: densidade de volume ósseo, espessura do trabeculado, número de densidade trabecular e superfície de intersecção; e ainda a ósseo integração foi calculada como a razão entre a superfície de intersecção e a superfície intraóssea do mini implante. Ainda, depois das análises em microCT, foi realizado o teste biomecânico de remoção do mini implante onde a carga necessária para a sua remoção foi monitorada. Os pesquisadores obtiveram como resultados pela análise da microCT que ambas as densidades tanto de ósseo integração como de trabeculado ósseo perimplantar foram marcadamente aumentadas com o prolongamento do tempo de cicatrização antes da carga. Sendo assim, conclui-se que a carga imediata nos mini implantes podem causar danos para a estabilidade de fixação osso-implante e, portanto um atraso na carga é melhor do que a carga imediata. Além disso concluíram que após 3 semanas de cicatrização a fixação osso-implante pode ser forte o bastante para suportar a carga, sendo esse o tempo de cicatrização recomendado. LEE et al.9 em 2009 realizaram estudo utilizando exames de tomografia computadorizada para investigar o espaço interradicular de vários níveis verticais a partir da junção cemento esmalte em pacientes com oclusão normal e com isso, fornecer um guia prático para colocação dos mini implantes em toda a região de osso circundante dos dentes. Foram selecionados 49 pacientes para o estudo (24 homens e 25 mulheres) que se enquadraram nos critérios de inclusão e a partir daí foram selecionadas 30 maxilas e 30 mandíbulas para análise e esses pacientes foram submetidos a um exame de tomografia computadorizada. Nos exames de tomografia, foram realizadas medidas lineares nas profundidades 2, 4, 6 e 8 mm levando em consideração a junção cemento-esmalte como ponto de referência. A distância mesio-distal entre as raízes foi mensurada paralela à linha média do arco. A distância vestíbulo-lingual foi mensurada perpendicular à linha média do arco. Na região posterior da maxila as dimensões foram medidas no lado palatino, bem como: 1. Distância interradicular (dimensão mesio-distal): menor distância entre as superfícies radiculares adjacentes; 2. Espessura óssea (dimensão vestíbulo-lingual): menor profundidade da superfície do osso alveolar até a superfície radicular; 3. Profundidade segura (dimensão vestíbulo-lingual): profundidade da área interradicular mais estreita medida da superfície do osso alveolar em cada região interproximal. Após as mensurações, os autores encontraram como resultados que o espaço mesio-distal maior que 3 mm estava disponível no nível de 8 8 mm na região anterior da maxila, entre os pré molares. E entre o segundo pré molar e o primeiro molar no nível de 4 mm. Na mandíbula, o espaço suficiente mésio-distal foi encontrado entre os pré molares, entre os molares e entre o segundo pré molar e o primeiro molar no nível de 4 mm. A profundidade segura maior que 4 mm foi encontrada nas regiões intermolares e entre o segundo pré molar e o primeiro molar na maxila e na mandíbula. De acordo com os resultados encontrados, os autores concluíram que a colocação de mini implantes na região subapical é defendida no segmento anterior. Nas regiões de pré molares, a colocação de mini implantes é confiável em ambos os arcos. E ainda, na região intermolar foi sugerido a colocação angulada dos mini implantes para conseguir alcançar a profundidade segura adequada. KIM et al.,7 em 2009 realizaram um estudo para determinar o espaço interradicular entre segundo pré molar e primeiro molar superiores usando imagens de tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) em 3D, para assim, determinar o melhor posicionamento, melhor direção e melhor angulação na colocação dos mini implantes, além de sugerirem simples diretrizes para uma colocação segura dos mini implantes. Foram selecionados 35 pacientes sob tratamento ortodôntico que necessitavam de mini implantes na região vestibular da maxila que foram submetidos à um exame tomográfico com os parâmetros de aquisição de 80 kVp, tempo de escaneamento de 30 segundos e espessura de corte de 0.15 mm. A partir dessas imagens, a distância interradicular mais estreita foi medida, bem como a distância entre essa região interradicular mais estreita e a superfície da cortical óssea vestibular. Como resultados, eles obtiveram que o espaço interradicular tornou-se maior em direção apical e que a distância média da superfície do osso cortical para a área mais próxima ao espaço interradicular foi superior a 5 mm na maioria da seções. De acordo com os resultados, os autores concluíram que o padrão para segura colocação de mini implantes é afetado pelo comprimento e ângulo de colocação dos mini implantes além da distância da junção cemento-esmalte. Eles apóiam as diretrizes para a colocação segura de mini implantes com menos de 1,8 mm de diâmetro e cerca de 6 mm dentro do osso cortical sendo que a colocação inicial deve ser próxima a junção muco gengival, onde se inicia a gengiva inserida (2-4 mm da junção cemento-esmalte) e angulação menor do que 45º em relação ao longo eixo do dente. Além disso, os autores afirmaram que maior angulação na colocação do mini implante poderia aumentar o seu contato com a cortical óssea, entretanto, isso dificultaria a aplicação de forças de tração e poderia aumentar o risco de perfuração do seio maxilar. 9 BAUMGAERTEL e HANS3, em 2009 investigaram a espessura óssea cortical vestibular de todas as áreas interdentais em ambas as arcadas para fornecer um guia para seleção do local de colocação do mini implante. A amostra consistiu de 30 crânios secos de adultos que foram escaneados em máxima intercuspidação usando a tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC), de onde foram extraídos cortes em duas dimensões de 0,28 mm de espessura de cada espaço interdental. A demarcação entre as duas qualidades ósseas foi desenhada manualmente pela discriminação visual entre cinza e branco; cinza foi considerado osso esponjoso e branco, osso cortical. Três pontos de medidas foram então definidos em 2, 4 e 6 mm a partir da crista alveolar, onde foram realizadas as medidas de espessura da cortical óssea. Os autores encontraram um interessante padrão de variação na espessura do osso cortical vestibular. Em geral, a mandíbula fornece mais osso cortical vestibular do que a maxila, e tanto na maxila como na mandíbula, no sextante anterior a espessura do osso cortical aumenta conforme os pontos de medida se distanciam da crista óssea alveolar em direção apical. Isso mostrou que para maximizar a ancoragem óssea cortical vestibular na maxila, o mini implante deve ser colocado mais do que 4 mm apicalmente em relação à crista óssea alveolar. Isso significa que os mini implantes colocados na região anterior da maxila, devem ser colocados o mais próximo da junção muco gengival ou até mesmo na mucosa. Outro achado interessante foi que o osso cortical vestibular é mais fino de ambas as arcadas e aumenta progressivamente para a região posterior, exceto na região distal do segundo molar superior onde é menos espesso. Os autores concluíram que a espessura óssea cortical interdental vestibular varia entre as arcadas de acordo com um padrão, sendo que o conhecimento desse padrão pode ajudar os clínicos na escolha do local de colocação adequado do mini implante. SANTIAGO et al.,17 realizaram um estudo em 2009 com objetivo de correlacionar a estabilidade clínica e radiográfica dos mini implantes de titânio usados para ancoragem ortodôntica durante a distalização de caninos superiores, mensurando a densidade óssea de cada região de interesse determinada com auxílio de imagens de tomografia computadorizada multi slice. A amostra foi constituída inicialmente de 15 pacientes selecionados de acordo com os seguintes critérios de inclusão: 1. Boa saúde oral; 2. Indicação de extração do pré molar e distalização do canino; 3. Que não tivessem doença renal crônica e desordens hormonais; 4. Que não fizessem uso de drogas como por exemplo esteróides, barbitúrios, anticonvulsionantes, e reposição de hormônios da tireóide e 5. Não fossem fumantes ou fizessem uso regular de bebidas alcoólicas. Um total de 30 mini implantes foram colocados 10 nesses pacientes como ancoragem ortodôntica e as cargas foram aplicadas imediatamente após a colocação dos mini implantes (T1) com o auxílio de uma mola de fechamento de níquel-titânio. A carga inicialmente aplicada foi de 200 g. Após a colocação e carga sobre os mini implantes, os pacientes foram submetidos a um exame de tomografia computadorizada multi slice da região da maxila. Através do corte paraxial, o local de colocação do mini implante foi identificado e a maior área de interesse possível do osso cortical e medular foi delimitada. A densidade óssea mineral por área (cm2), em unidades de Hounsfield (HU) foi calculada utilizando o software, sendo os valores obtidos, a média da densidade da área estudada. A estabilidade clínica foi primeiramente determinada pela sua permanência no local colocado e pela falta de mobilidade durante os primeiros 90 dias de carga ortodôntica. Depois de 30 dias, 2 mini implantes do mesmo paciente com severa inflamação gengival tiveram que ser removidos, e por isso a amostra foi diminuída para 14 pacientes. Depois de realizadas as análises, os autores obtiveram como resultados que os valores de densidade óssea mineral variaram de 167 HU a 660.80 HU. As regiões específicas tiveram médias próximas aos valores máximos previstos anteriormente por escalas da região posterior da maxila (0-500 HU). O teste t pareado mostrou diferença estatística significativa quando foram comparadas as médias das diferenças entre os lados direito e esquerdo. Doze dos 15 pacientes tiveram maior densidade óssea mineral significativa do lado direito da maxila. Clinicamente os índices de sucesso foram de 100% já que nenhum dos mini implantes avaliados mostrou qualquer mobilidade após 90 dias (T2). A comparação entre T1 e T2 não mostrou diferença estatística significativa. A partir dos resultados obtidos, os autores concluíram que as regiões entre primeiro pré molar e segundo pré molar da maxila e mesial do segundo pré molar superior, são locais seguros e com boa qualidade óssea para colocação dos mini implantes durante os 90 primeiros dias de distalização do canino. Concluíram também que boa técnica cirúrgica, apropriado plano de tratamento da colocação dos mini implantes, controle de inflamação, e adequada higiene oral são fundamentais para o sucesso desse novo sistema de ancoragem durante a distalização do canino superior. PARK e CHO14 realizaram estudo retrospectivo em 2009 para mensurar o espaço interradicular, a espessura do osso cortical e a largura do processo alveolar em locais de escolha para colocação de mini implantes e assim analisar os fatores relacionados com a segurança e estabilidade da colocação dos mini implantes, utilizando imagens de tomografia computadorizada de feixe cônico. Para a realização do estudo, foram selecionadas 60 imagens 3D. Para avaliar a segurança da colocação dos mini implantes entre os dentes posteriores, a 11 distância mesio-distal interradicular e largura do processo alveolar foram mensuradas. Para avaliação da estabilidade inicial a espessura do osso cortical foi mensurada. As medidas foram realizadas nas regiões mais comumente utilizadas para colocação dos mini implantes, são elas: osso alveolar vestibular posterior, palato e área de almofada retromolar. O espaço interradicular, espessura da cortical óssea e largura do processo alveolar foram obtidas no processo alveolar do canino ao segundo molar em 3 níveis verticais diferentes a partir da junção cemento esmalte. A espessura óssea palatina foi mensurada ao longo da linha média palatina em 5 diferentes distâncias da borda distal do forame incisivo. A espessura óssea palatina periférica foi também mensurada nas mesmas localizações, e a espessura óssea cortical da região de almofada retromolar foi mensurada. Como resultados os pesquisadores relataram que as distâncias interradiculares da maxila variaram de 1.6 a 3.46 mm e apresentaram a tendência de aumentar da junção cemento esmalte em direção ao ápice, sendo que essas medidas obtidas, foram maiores entre o segundo pré molar e o primeiro molar. Já na mandíbula, os valores para distâncias interradiculares variaram de 1.99 a 4.25 mm, tendendo a serem maiores que os espaços encontrados na maxila. A espessura do osso cortical vestibular na maxila e na mandíbula foram de 1.12 a 1.33 mm e 1.25 a 2.98 mm, respectivamente, e tanto na maxila como na mandíbula, houve tendência do aumento da espessura do osso cortical da junção cemento esmalte em direção ao ápice. Para largura do processo alveolar, os valores encontrados foram 3.74 a 5.78 mm na maxila e 3.11 a 7.84 mm na mandíbula. Ao longo da linha média palatina, o osso palatino encontrado no ponto de 20 mm e 25 mm do forame incisivo apresentou espessura de 7.04 mm e 6.99 mm, respectivamente, e por fim, a espessura do osso cortical na região de almofada retromolar apresentou valores de 1.96 a 2.06 mm. De acordo com os resultados encontrados, os autores puderam concluir que os locais seguros para colocação dos mini implantes com espaço interradicular adequado são entre segundo pré molar e primeiro molar no osso alveolar vestibular da maxila, entre os molares no osso alveolar palatino e nos espaços interradiculares do primeiro pré molar e do segundo molar na cortical óssea vestibular da mandíbula. Também concluíram que a região palatina mediana e a região de almofada retromolar também são excelentes localizações para colocação de mini implantes. Ainda foi relatado que devido à limitação do espaço interradicular, o diâmetro recomendado dos mini implantes é de 1.2 a 1.6 mm quando é realizada a colocação no osso alveolar e o ideal é que esses mini implantes tenham comprimento de 6 a 7 mm. 12 PARK et al.,15 relataram em 2010 dois casos de extrusão ortodôntica dos terceiros molares inferiores que estavam muito próximos ao nervo alveolar inferior (NAI) utilizando um simples tratamento ortodôntico, e avaliaram essa técnica como uma opção de alternativa de tratamento para gerenciamento de terceiros molares inferiores profundamente impactados. No primeiro caso, uma mulher de 32 anos de idade apresentou um terceiro molar inferior parcialmente erupcionado em ambos os lados e a radiografia panorâmica revelou terceiros molares inferiores impactados verticalmente em ambos os lados. O NAI atravessava a raiz do terceiro molar inferior esquerdo e a área superior apresentava uma diferente radiodensidade. Foi então realizada uma tomografia computadorizada (TC) com intervalos de cortes de 2 mm que mostrou que o terceiro molar esquerdo tinha duas raízes sendo a vestibular maior e a outra mais estreita e curvada para a lingual. O NAI foi localizado entre as raízes vestibular e lingual e de acordo com a reconstrução 3D, encontrava-se preso entre as duas raízes. Foi então utilizado um mini implante ortodôntico entre o segundo pré molar esquerdo e o primeiro molar, colagem passiva dos braquetes em ambos os dentes e cimentação de banda ortodôntica no segundo molar inferior. Esses dentes foram todos unidos por um fio até o braquete colado no terceiro molar inferior esquerdo e a máxima ancoragem foi alcança com a fixação do segundo pré molar e do primeiro molar ao mini implante ortodôntico com ajuda de um fio e resina, e com uma mola de extrusão feita no fio, o terceiro molar extruiu o suficiente para ser extraído após 6 semanas. Foi relatado que durante a extração, o NAI foi visualizado, porém não lesionado. No segundo caso, uma mulher de 31 anos apresentou no exame oral, terceiros molares parcialmente erupcionados em ambos os lados. A radiografia panorâmica revelou terceiros molares inferiores de ambos os lados impactados verticalmente. O NAI apresentava-se sobreposto à raiz do terceiro molar inferior esquerdo e o canal deslocado inferiormente. As imagens de tomografia computadorizada mostraram que o terceiro molar inferior esquerdo tinha 4 raízes e o NAI passava no centro entre as raízes linguais e vestibulares. Foi então inserido um mini implante no córtex vestibular entre o primeiro e o segundo pré molar e realizada uma colagem passiva de braquetes de primeiro pré molar a 2 molar inferior esquerdo e então foi realizado o mesmo procedimento que no primeiro caso, com extrusão e exposição do terceiro molar e posterior extração do dente, sem causar nenhum tipo de lesão ao NAI que também foi observado intacto durante o procedimento cirúrgico através do alvéolo. LIU et al.10 em 2010 realizaram um estudo com o objetivo de permitir uma acurada colocação de mini implantes depois de uma simulação pré operatória a partir do 13 desenvolvimento de um novo guia de colocação do mini implante e então avaliar a sua acurácia. Para a realização desse estudo, foram selecionados 11 pacientes com biprotrusão maxilar e que necessitariam de extração de 4 pré molares. Foram planejados 34 mini implantes para fornecer absoluta ancoragem que foram colocados na área interradicular entre o segundo pré molar e o primeiro molar. Esses pacientes foram submetidos a um exame de tomografia computadorizada de feixe cônico e a partir dessas imagens foram criados modelos de gesso onde foram feitas placas a vácuo com extensão vestibular e lingual até o fundo de sulco e marcadores radiopacos. O espaço interradicular disponível para os mini implantes foi mensurado nas imagens em 3D e transferido para os modelos, gerando assim um guia cirúrgico. Foram realizadas imagens pós operatórias que foram comparadas com as imagens pré operatórias para calcular o desvio entre o que havia sido planejado e a colocação realizada. A zona interradicular segura para os mini implantes foi de 3.7 a 4.5 mm, portanto o desvio permitido variou de 0.65 a 1.05 mm. Os guias cirúrgicos foram adaptados nos pacientes de uma maneira estável e satisfatória e todos os mini implantes foram colocados sem problemas, e a acurácia de perfuração, o desvio da posição e a angulação dos mini implantes foram avaliados em três direções: Mésio-distal, vertical e vestíbulo-palatina. E de acordo com isso, foi constatado que todos os desvios ocorridos foram em zonas seguras, e cada desvio ocorrido foi menor do que o desvio permitido, e com isso os autores concluíram que o guia proposto teve alta acurácia e pode ser especialmente utilizado em pacientes que necessitam de uma precisa colocação do mini implante. SUNG et al,19 em 2010 realizaram um estudo utilizando a análise por elementos finitos para avaliar a efetividade da retração anterior em massa utilizado ancoragem de mini implantes ortodôntico, além de identificar a melhor combinação entre os fatores altura do mini implante, altura do gancho de retração anterior e curva de compensação. Para realizar esse estudo, foram construídos modelos base a partir de modelos dentais de estudo e também foram construídos modelos com inclinação dos incisivos para lingual e vestibular. O gancho de retração anterior foi colocado entre os braquetes do incisivo lateral e do canino em ambos os lados, no meio do fio. Para determinação do centro de resistência, foi levada em consideração a força aplicada que resultou em movimento de corpo dos 6 dentes anteriores e foi encontrado que o centro de resistência encontrava-se 9 mm superiormente e 13.5 mm posteriormente ao ponto médio do splint vestibular do fio. As deformações dos dentes foram estudadas baseadas nos planos y-z. Os eixos dos dentes 11, 12 e 13 foram construídos conectando-se as coordenadas y e z aos pontos dos ápices radiculares e da coroa (meio da 14 borda do incisivo e cúspide do canino). Foi então aplicada uma força ao dente que produziu uma movimentação inicial. Como resultados, os autores obtiveram que os movimentos foram similares nos 3 modelos. A altura do gancho de retração anterior e a colocação da curva de compensação tiveram efeitos limitadores no torque vestibular da coroa do incisivo central para a retração em massa. Quando utilizada a tração baixa com o fio de aço 0.016 x 0.022, ocorreu uma tendência à inclinação lingual, dos modelos com inclinação vestibular, que foi similar à ocorrida quando utilizado o fio de aço 0.019 x 0.025. E nas condições de gancho de retração anterior com 2 mm e 0 mm de curva de compensação, houve mais inclinação vestibular do dente 12 e mais inclinação distal do dente 13, pelo fato do fio 0.016 x 0.022 ser mais flexível que o fio 0.019 x 0.025. Já com 3 mm de curva de compensação no fio 0.016 x 0.022 não houve redução da inclinação distal do dente 13 maior do que quando utilizado o fio 0.019 x 0.025. Quando utilizada tração alta no modelo base, foi reduzida a inclinação distal do dente 13 e lingual do dente 12 se comparadas com a tração baixa do mini implante ortodôntico. Observando esses resultados, os autores concluíram que quando utilizado o arco de aço 0.016 x 0.022 foi observada maior inclinação dos dentes se comparado quando utilizado o fio de aço 0.019 x 0.025. Quando utilizada tração alta com o mini implante à 8 mm do gancho de retração anterior, o vetor força da retração foi aplicado acima do centro de resistência dos 6 dentes anteriores, mas nesse caso, não ocorreu retração de corpo dos 6 dentes anteriores. Para tração alta com o mini implante à 2 mm do gancho de retração anterior e 100 g de tração vertical da linha mediana, os 6 dentes anteriores foram intruídos e levemente inclinados para a vestibular. BAUMGAERTEL2, em 2010 realizou revisão de literatura com o intuito de responder à seguinte questão: Se a pré-perfuração do local de colocação dos mini implantes é útil sob certas circunstâncias e se sim, quais são as diretrizes para preparação dos locais que receberão os mini implantes. Os parâmetros importantes utilizados para responder a essas questões foram: 1. Torque de inserção, que é a quantidade de torque utilizado durante colocação de um implante que reflete a resistência que o mini implante encontra quando avança para o interior do osso, sendo que essa resistência é proporcional à quantidade de compressão óssea, que aumenta com o aumento da espessura da cortical óssea. O torque de inserção serve para determinar a estabilidade primária do mini implante. 2. Estabilidade primária. A estabilidade primária é um fator importante para o sucesso do mini implante, principalmente durante o processo de cicatrização e período de remodelação e quando o mini implante sofre carga imediata. 3. Estabilidade secundária. A estabilidade secundária é a estabilidade do implante 15 depois da cicatrização e conseqüente neoformação óssea no local aonde foi colocado e é o fator responsável pelo sucesso do implante durante o período de aplicação de carga. O autor relatou que o principal objetivo de respeitar os parâmetros para colocação de mini implantes é a sua taxa de sucesso clínico que depende diretamente das estabilidades primária e secundária. Sendo que a estabilidade primária é determinada pelo torque de inserção, que quanto maior, proporciona maior estabilidade primária, porém é desfavorável frente à estabilidade secundária, já que esta depende da resposta do hospedeiro e grandes torques de inserção podem provocar dano aos tecidos peri-implantares e ainda morte celular devido à excessiva compressão óssea no local de inserção, o que pode causar reabsorção óssea e falha na ósseo integração do implante. Frente à isso, o ideal seria alcançar um torque específico que fosse alto o suficiente para garantir a estabilidade primária e baixo o suficiente para manter a vitalidade dos tecidos circundantes e com isso gerar uma resposta favorável do hospedeiro e garantir a estabilidade secundária. A pré perfuração do osso é um método eficaz para diminuir a resistência encontrada durante a colocação do mini implante e conseqüentemente diminuir o torque de inserção. Portanto em áreas de alta espessura da cortical óssea, a pré perfuração pode ser recomendada para que o torque específico seja alcançado, sendo que o método mais preciso de determinar a espessura da cortical óssea é através de mensurações realizadas em tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC). De acordo com essa revisão de literatura, o autor pôde concluir que muitos fatores podem influenciar nas taxas de sucesso dos mini implantes, porém, segundo estudos atuais existe um torque específico ideal que deve ser alcançado durante a inserção do mini implante de acordo com cada espessura de cortical óssea, e também tem sido relatado que a pré perfuração óssea pode diminuir o torque necessário para inserção do mini implante em corticais ósseas excessivamente espessas, favorecendo, portanto a estabilidade secundária. KIM et al.,6 em 2010 propuseram determinar os fatores que favorecem o sucesso da colocação de mini-implantes e avaliaram a proximidade com a raiz como um possível fator de risco para falha na ósseo-integração da base dos mini implantes durante o tratamento ortodôntico. Foram selecionados 25 pacientes (7 homens e 18 mulheres com média de idade de 26 anos) em busca de tratamento ortodôntico com necessidade de mini implantes maxilares. Todos esses pacientes tinham um mini implante colocado entre o segundo prémolar e o primeiro molar superior com o planejamento realizado com a utilização de uma radiografia panorâmica e uma tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) realizada depois da colocação do mini implante. Os mini implantes utilizados possuíam 1,8 mm de 16 diâmetro e 8,5 mm de comprimento, sendo que funcionaram como aparelho independente para retração anterior e não envolveram dentes posteriores para ancoragem adicional. A máxima distância interradicular foi medida na radiografia panorâmica usando uma sonda exploradora e a gengiva inserida do local de colocação foi perfurada com um perfurador de tecido sob anestesia local. Uma TCFC pós-cirúrgica foi realizada para avaliação da proximidade com as raízes ou penetração no seio maxilar, sendo que para isso os miniimplantes foram divididos em quatro grupos: grupo 1: o parafuso apresentou proximidade em apenas 1 lado com a raiz; grupo 2: o parafusou apresentou proximidade em ambos os lados com a raiz; grupo 3: o parafuso não apresentou contato com a raiz, porém penetrou no seio maxilar e grupo 4: o parafuso apresentou proximidade com ambas as raízes e penetração no seio maxilar. Além disso, quando os mini-implantes foram removidos depois do tratamento, o valor do torque de remoção foi medido por dois clínicos experientes utilizando o sensor preciso de torque. Nesse estudo foi observado que a angulação vertical tem uma variabilidade muito maior do que a angulação horizontal, sendo maior no lado esquerdo para clínicos destros e no lado direito para clínicos canhotos. A proximidade com um lado da raiz na base de ósseo-integração do mini-implante e perfuração do seio maxilar com estabilidade inicial pode não ser o principal fator de risco para a falha dos mini-implantes. Muitos contatos do mini-implante com a raiz combinado com a perfuração do seio sem estabilidade inicial foi definido como o maior fator de risco para a falha do parafuso. A quantidade de áreas de contato do mini-implante é mais importante para sua estabilidade. FARNSWORTH et al.,4 em 2011 realizaram um estudo para avaliar a idade, sexo e diferenças regionais na espessura do osso cortical em locais que são comumente usados para a colocação de mini implantes. Foram selecionados 52 pacientes, sendo 26 adolescentes (sendo 13 meninas de 11 a 13 anos de idade e 13 meninos de 14 a 16 anos) e 26 adultos (13 homens e 13 mulheres de 20 a 45 anos) que foram submetidos a uma tomografia computadorizada de feixe cônico antes do início do tratamento utilizando um voxel de 0.39 mm. A espessura das placas de osso cortical da maxila e da mandíbula foram medidas nas áreas interradiculares entre (1) incisivo lateral e canino (2-3), (2) primeiro e segundo pré molar (4-5), (3) segundo pré molar e primeiro molar (5-6), e (4) primeiro e segundo molar (6-7). A placa cortical vestibular lingual na mandíbula não foi mensurada, pois o uso de mini implantes nesse local é limitado. As medidas interradiculares foram feitas 4 mm apical da crista alveolar, que é aproximadamente no nível da junção muco gengival. A crista infra zigomática da maxila também foi medida. A região paramediana do palato foi medida 3, 6 e 9 mm dorsal e 3 mm 17 lateral ao forame incisivo. Não houve diferença significativa entre as espessuras encontradas nos gêneros feminino e masculino. Foi encontrada diferença significativa entre os adolescentes e adultos, sendo que nos adultos o osso cortical foi significativamente mais espesso em todas as áreas, exceto na crista infra zigomática, no córtex vestibular inferior entre o primeiro e o segundo molar, e na região posterior (9 mm) da região paramediana do palato. Na região interradicular a diferença entre adolescentes e adultos mostrou uma tendência a aumentar de anterior para posterior. As diferenças encontradas na espessura entre o osso vestibular da maxila, lingual da maxila e da região palatina foram menores. Frente a esses resultados os autores concluíram que o osso cortical, que é comumente usado para a colocação de mini implantes na maxila e na mandíbula, é significativamente mais espesso em adultos do que em adolescentes. Não houve diferença significativa da espessura óssea entre os gêneros nos locais que são comumente utilizados para colocação de mini implantes. Concluíram também que existe diferença na espessura do osso cortical entre e dentro das regiões da maxila e da mandíbula. MCMANUS et al.,13 em 2011 realizaram um estudo ex-vivo com o objetivo de explorar mais a fundo a relação entre o torque máximo de colocação dos mini implantes com a sua resistência ao movimento quando aplicada uma carga. Foram selecionadas 24 hemimaxilas e 24 hemi-mandíbulas de cadáveres que preenchiam os critérios de inclusão. O local de colocação dos mini implantes foi entre o primeiro e o segundo pré molar tanto na maxila como na mandíbula. Um total de 96 mini implantes de titânio foram colocados nas 48 maxilas e mandíbulas, sendo que em cada uma delas foram colocados dois mini implantes com profundidade de 6 mm, um mais próximo à região coronal (4 mm apicalmente à altura máxima da crista óssea interproximal) e outro mais próximo à região apical (5.5 mm apical em relação ao mini implante coronal). Foi utilizado um instrumento para medir a força máxima de colocação do mini implante em Ncm (Newton-centimentro) Após a verificação da qualidade da colocação dos mini implantes, foi aplicada uma força tangencial orientada perpendicularmente à colocação do mini implante e paralela ao plano oclusal. Essa força aplicada permitiu mensurar a deflexão do mini implante que estava ligado a um computador. A diferença média de resistência ao movimento entre os grupos de torque máximo de colocação dos mini implantes nos grupos ˂5 Ncm, 5 a 10 Ncm e ˃10 Ncm, aumentou no intervalo de deflexão entre 0.0 a 0.6 mm. Com o aumento da deflexão de 0.12 para 0.33 mm, a resistência média ao movimento dos mini implantes com máximo torque de colocação de 5 a 10 Ncm foi estatisticamente maior do que para mini implantes com máximo torque de 18 colocação ˂5 Ncm. Com o aumento da deflexão de 0.34 para 0.60 mm, a resistência média ao movimento dos mini implantes com um torque máximo de colocação de 5 para 10 Ncm e ˃10 Ncm foi significativamente maior do que mini implantes com torque máximo de colocação ˂5 Ncm. Em nenhuma deflexão houve diferença significativa na resistência ao movimento entre os dois grupos de mini implantes com maiores valores de torque de colocação de 5 a 10 Ncm e ˃10 Ncm. Frente a esses resultados os autores concluíram que em ex vivo, a média de resistência ao movimento dos mini implantes com alto torque máximo de colocação foi maior do que a resistência ao movimento daqueles colocados com baixo torque máximo. SHYAGALI et al.,18 confeccionaram em 2012 um guia para auxiliar no correto posicionamento tanto horizontal como vertical dos mini implantes, auxiliando portanto na sua colocação. Esse guia foi chamado TNA (Tarulatha, Nitin e Amit) e também serviria como guia para direcionamento preciso do feixe de raios X durante o exame radiográfico. Para a confecção desse guia foram usados fios de aço 0.018” x 0.025” ou 0.021” x 0.025” em slots 0.018” ou 0.022 respectivamente e foram seguidos os seguintes passos: Passo 1: O fio de aço foi inserido no tubo auxiliar do molar e marcado na mesial do tubo. Passo 2: Foi realizada uma dobra em ângulo reto no sentido gengival e usando o alicate Tweed, foram feitos 3 loops que deveriam respeitar a profundidade vestibular e altura da colocação do implante sendo que a quantidade de loops poderiam variar de paciente para paciente. Esses loops serviram como guia vertical para colocação do mini implante. Passo 3: 1 mm acima do último loop foi feita uma dobra em ângulo reto para a mesial, levando o fio à posição horizontal. Utilizando o alicate Tweed, foram confeccionados mais 3 loops no sentido horizontal que atuaram como guia horizontal para colocação do mini implante. Passo 4: Foi realizada uma dobra em ângulo reto para baixo, no sentido oclusal. Passo 5: Foi realizada uma dobra em ângulo reto para a distal, na altura da margem cervical dos pré molares. Mais uma dobra em ângulo reto foi realizada no sentido oclusal, na região interproximal entre o segundo pré molar e o primeiro molar e então foi realizada uma dobra no sentido horizontal em direção ao palato passando através da superfície interdental oclusal do primeiro molar e segundo pré molar. Esse componente do fio foi utilizado para determinar a direção dos feixes de raios X. Após a preparação dos guias, eles foram posicionados bilateralmente e radiografias periapicais foram realizadas com auxílio do componente para direcionamento dos feixes de raios X para verificar o posicionamento vertical e horizontal. Depois de estudar as radiografias periapicais, o local em que havia osso suficiente e que fosse longe das raízes dos dentes foi escolhido. O guia foi então levado à boca e o ponto de incisão foi marcado na região pré definida 19 horizontal e verticalmente de acordo com as guias geradas pelos loops, sendo que nesse paciente específico a região escolhida foi a junção entre o segundo e o terceiro loop do braço horizontal no sentido mesial, e na dobra acima do terceiro loop do braço vertical do guia. Depois da marcação do ponto de incisão o mini implante foi colocado mantendo-se em mente a direção do guia oclusal e o posicionamento final foi checado com uma radiografia periapical. Os autores concluíram que o componente horizontal do presente guia ajuda na seleção do local seguro para colocação do mini implante. MASSEY et al.11 em 2012 realizaram estudo com dois objetivos, sendo que o primeiro foi avaliar com o auxílio da microtomografia computadorizada (microCT) os efeitos da força e a quantidade de força da adaptação óssea ao redor dos mini implantes, e o segundo foi determinar se o osso ao redor dos mini implantes, submetido a cargas de compressão, se adaptava de forma diferente ao osso ao redor do mini implantes em regiões onde não existia carga. Para a realização desse estudo, foram selecionados 6 cachorros machos de raça que foram submetidos à colocação de 5 mini implantes, sendo que 4 deles foram submetidos à carga, e 1 não. Os mini implantes foram colocados na região interdental e interradicular do primeiro e segundo molar inferior, aleatoriamente, os implantes de um dos lados, foram submetidos à uma carga de 200 g, e os mini implantes do outro lado, foram submetidos à uma carga de 600 g. O mini implante que não sofreu carga também foi selecionado aleatoriamente de um lado ou do outro. Nove semanas após a colocação dos mini implantes, os animais foram sacrificados e as mandíbulas foram seccionadas em blocos e estocadas em álcool 70% para posterior realização do exame de microCT. Depois de realizado o exame de microCT, a reconstrução de cada espécie foi dividida em região de osso cortical, que incluiu apenas o osso cortical e em região não-cortical, que incluiu a maioria do osso trabecular e quantidades limitadas de osso cortical. Para a comparação das áreas de compressão e não-compressão, as áreas de interesse calculadas incluíram as camadas de 6 a 24 µm e de 24 a 42 µm. Quatro zonas tridimensionais ao redor de cada mini implante foram avaliadas para determinar se e como a direção de força aplicada influenciou o osso. Como resultados, os autores obtiveram que na camada de 6 a 24 µm houve volume ósseo significativamente menor do que na camada de 24 a 42 µm e na camada de 42 a 60 µm, onde não houve diferença estatística significativa. A fração de volume ósseo de osso cortical ao redor da região apical dos mini implantes que não sofreram carga, foi significativamente maior do que o volume ósseo cortical ao redor dos mini implantes que sofreram carga. Em contraste, o volume ósseo na região de osso nãocortical ao redor dos mini implantes que sofreram carga foi significativamente maior do que o 20 volume ósseo ao redor dos mini implantes que não sofreram carga. Os mini implantes que receberam carga de 200 g, apresentaram significativamente maior quantidade de volume ósseo não-cortical do que os mini implantes que receberam carga de 600 g. Em ambos os casos, tanto nos mini implantes que receberam carga de 200 g como nos que receberam carga de 600 g, as zonas sob compressão apresentaram maior volume ósseo do que nas regiões de não-compressão. De acordo com os resultados, os autores concluíram que a aplicação de força, a quantidade de força aplicada e a direção de força têm efeitos significativos na quantidade de osso produzido ao redor do mini implante. KOJIMA et al.,8 realizaram em 2012 um estudo onde através da análise por elementos finitos, puderam esclarecer a relação entre a direção de força e os padrões de movimento quando utilizada a mecânica de deslizamento com mini implantes para fechamento de espaços de extrações. Para isso foi construído um modelo estereolitográfico a partir de imagens seccionais da tomografia computadorizada que foi convertido em um modelo de elementos finitos, utilizando um software de malhas. O slot do braquete utilizado foi 0.018, do mesmo tamanho do fio. Nos braquetes dos dentes anteriores, o fio foi fortemente amarrado para garantir o movimento como uma unidade de corpo. Já nos dentes posteriores, os braquetes foram frouxamente amarrados ao fio para que eles pudessem deslizar no fio. Foi então produzida uma fricção cinética nos dentes posteriores que permitiu o deslizamento dos dentes posteriores no sentido distal. Os mini implantes foram colocados entre o segundo pré molar e o primeiro molar em posição baixa (4 mm) ou em posição alta (8 mm) do fio em direção gengival. Os braços de força foram fixados no arco entre o incisivo lateral e o canino e as forças ortodônticas foram aplicadas desse braço até o mini implante, sendo essa linha de união, a linha de ação de força. Para mudar a direção de força, a altura do braço de força foi variada em 1, 4 e 8 mm. O movimento ortodôntico foi alcançado por 3 passos. Primeiro: as forças e momentos que atuaram nos dentem foram calculados usando o modelo de elementos finitos. Segundo: a quantidade e direção do movimento para cada dente foi calculada baseada no stress induzido no ligamento periodontal. Terceiro: de acordo com essas quantidades e direções o dente moveu. E quando esses três passos foram repetidos, o dente moveu passo a passo. Os resultados obtidos foram diferentes para as 3 alturas do braço de força e quando utilizados os mini implantes em baixa e posição alta. Portanto, quando foi utilizado o mini implante em baixa posição, em todas as alturas do braço de força (1, 4 e 8 mm) houve rotação da dentição porque as linhas de ação de força passaram abaixo de ambos os centro de resistência, porém quanto maior foi o braço de força, menor foi o índice de rotação e intrusão 21 dos dentes. Já quando foi utilizado o mini implante em alta posição, em todas as alturas do braço de força (1, 4 e 8 mm), foi observado que houve menor rotação da dentição no geral quando comparado com os implantes utilizados em baixa posição, sendo que os dentes anteriores moveram-se quase que de corpo porque as linhas de ação de força mudaram para mais perto dos centros de resistência dos dentes anteriores, e passaram acima dos centros de resistência dos dentes posteriores. E também, da mesma maneira que quando utilizado o mini implante em baixa posição, quanto maior o braço de força, menores foram os índices de rotação e intrusão de todos os dentes. De acordo com os resultados obtidos, os autores concluíram que quando o braço de força foi alongado, a rotação total da dentição diminuiu e que os dentes posteriores foram efetivos para prevenir a rotação dos dentes anteriores. Também concluíram que em casos de alta posição dos mini implantes, o movimento de corpo foi quase alcançado. E ainda que o componente de força produziu intrusão ou extrusão total da dentição. RYU et al.,16 realizaram estudo em 2012 para comparar a espessura óssea de várias regiões do palato entre pacientes com dentição mista precoce e tardia e dentição permanente usando imagens de tomografia computadoriza de feixe cônico para guiar clínicos na seleção do local mais apropriado de colocação de aparelhos para ancoragem esquelética temporária no palato em adolescentes. A amostra foi constituída de 118 pacientes selecionados aleatoriamente e separados em grupos, sendo o grupo 1 constituído de 13 meninas e 25 meninos com média de idade de 8.03 anos; o grupo 2 de 21 meninas e 19 meninos com média de idade de 11.51 e o grupo 3 de 20 mulheres e 20 homens com média de idade de 20.92 anos. A separação dos grupos em dentição mista precoce e tardia foi baseada no estágio de desenvolvimento dentário relatado por Björk et al. A espessura óssea palatina foi mensurada nos pontos 0, 2, 4 e 6 mm lateral à sutura medial palatina no plano coronal e de 0 a 24 mm em intervalos de 4 mm posterior ao nível da margem posterior do forame incisivo no plano sagital mediano. Na vista sagital a espessura de corte foi definida em 0.5 mm e a espessura do osso palatino foi medido perpendicular ao plano horizontal de cada ponto designado. Como resultados os pesquisadores obtiveram que a espessura óssea foi significativamente menor no grupo de dentição mista precoce do que nos dois outros grupos. No entanto, não foram observadas diferenças significativas entre os grupos de dentição mista tardia e dentição permanente. Não houve diferença significativa entre os gêneros e houve diferença significativa na espessura óssea do palato entre as 3 regiões, sendo que os maiores valores foram na região anterior e os menores na região posterior, exceto na área da linha média. 22 Ainda, a região total lateral apresentou uma diminuição da espessura óssea maior do que a região média e linha mediana. De acordo com esses resultados, os autores concluíram que o grupo de dentição mista precoce apresentou espessura significativamente menor se comparado com os grupos de dentição mista tardia e dentição permanente. Também concluíram que a espessura óssea diminuiu lateralmente exceto na região anterior e exceto na região da sutura palatina média posterior em todos os 3 grupos. BAE et al.1 realizaram um estudo em 2013 com o objetivo de avaliar a acurácia da colocação dos mini implantes quando utilizado um guia cirúrgico criado com o auxílio de um computador e que depois foi realizado o planejamento do local apropriado de inserção com imagens 3D criadas a partir da fusão das imagens de tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) e imagens de modelos digitais. E a partir disso, a estabilidade de colocação dos mini implantes, independente do nível de habilidade do operador quando utilizado o guia cirúrgico, também foi investigado. Para a realização desse estudo, foram colocados 45 mini implantes (sendo 25 do grupo que foi utilizado o guia cirúrgico, e 20 do grupo controle) em 12 maxilares de cadáveres com boa qualidade dos tecidos ósseos e moles. Os maxilares dos cadáveres foram moldados e os modelos de gesso foram escaneados para gerar um modelo digital que foi fusionado com as imagens de TCFC. Depois disso, as distâncias interradiculares foram mensuradas e a colocação de um mini implante virtual foi planejada levando em consideração a relação entre as raízes, e a profundidade de inserção foi avaliada através do corte axial. O planejamento de colocação dos mini implantes foi enviado ao laboratório que confeccionou um guia cirúrgico com a determinada posição dos mini implantes. No grupo controle, a posição dos mini implantes foi determinada usando radiografias periapicais 2D que foram reconstruídas a partir das imagens de tomografia computadorizada de feixe cônico. Após a colocação dos mini implante nos dois grupos foi utilizado um programa de análise em 3D para determinar o desvio e a localização entre o que havia sido planejado e o posicionamento final dos mini implantes, através da sobreposição de imagens realizadas antes e após o posicionamento dos mini implantes. Após o posicionamento, os mini implantes foram categorizados em 3 classificações: posição média (com os mini implantes colocados entre as raízes dos dentes), contato radicular (quando os mini implantes tocavam as raízes dos dentes, invadindo o espaço do ligamento periodontal) e dano radicular (quando os mini implantes colocados provocaram dano radicular) e a freqüência dessas classificações foram comparadas entre os grupos. Como resultados os pesquisadores obtiveram que no grupo do guia cirúrgico a média de desvio angular foi de 23 3.14º, e o desvio mesiodistal na região coronal e apical teve uma média de 0.29 mm e 0.21 mm respectivamente. Os desvios diferiram significativamente entre os operadores do grupo controle, mas não no grupo do guia cirúrgico. No grupo guia cirúrgico não houve dano radicular na colocação dos mini implantes e 84% dos mini implantes foram colocados sem contato adjacente com estruturas anatômicas. No grupo controle, 50% dos mini implantes foram colocados entre as raízes. De acordo com os resultados obtidos, os autores concluíram que a acurácia dos guias cirúrgicos foi aumentada quando os modelos digitais foram utilizados e, além disso, houve maior acurácia na colocação dos mini implantes quando utilizado o guia cirúrgico, em comparação quando foi utilizado o método direto. 24 4. DISCUSSÃO Os mini implantes tem sido cada vez mais utilizados pelos ortodontistas como forma de ancoragem esquelética por possuírem como características: fácil colocação, baixo custo, a possibilidade de realizar retração anterior sem causar reação não desejada, possibilidade de realizar intrusão posterior em pacientes com mordida aberta anterior e uma ótima ancoragem em caso de retração para fechamento de espaços de extração. Porém, existem riscos durante a colocação dos mini implantes que podem levar desde danos radiculares até a perda dos mini implantes e esses riscos estão intimamente relacionados ao planejamento e à técnica da colocação. Frente a essas considerações, estudos têm sido realizados com o intuito de auxiliar a colocação dos mini implantes e dar mais segurança a tal procedimento como, por exemplo, a criação de guias cirúrgicos, como em diversos estudos realizados1,5,10,18,20, onde os autores confeccionaram guias para auxiliar a colocação dos mini implantes, evitando a inserção em locais inadequados como por exemplo em íntimo contato com as raízes ou em locais com pouca espessura de cortical óssea. Cada trabalho confeccionou um tipo de guia diferente, porém sempre visando o mesmo objetivo, sendo que Suzuki e Suzuki20 e Shyagali et al.18 utilizaram guias confeccionados com fios de aço, e a partir de imagens obtidas de radiografias periapicais com o guia posicionado, foi determinado o melhor local para a inserção dos mini implantes. E por outro lado, Kim et al.5 confeccionaram um guia cirúrgico a partir de imagens de TCFC e uma prototipagem, gerando portanto, guias em resina, com os orifícios de colocação dos mini implantes. Outra frente de pesquisa bastante explorada é a utilização de métodos de imagem para um correto planejamento do local de inserção dos mini implantes visando estudar e determinar corretamente a melhor espessura óssea do local que irá receber o mini implante.3,4,6,7,9,14,16 Baumgaertel e Hans2 realizaram estudo para investigar a espessura óssea cortical vestibular de todas as áreas interdentais em ambas as arcadas e com isso determinar o local com espessura mais adequada para a colocação dos mini implantes, e concluíram que a espessura óssea cortical varia de acordo com um padrão, sendo que em geral a mandíbula fornece mais osso cortical vestibular do que a maxila e em ambas as arcadas a espessura óssea aumenta em direção apical, além de aumentar quando em direção à região posterior tanto da 25 maxila como da mandíbula, com exceção da distal do segundo molar, onde o osso é consideravelmente menos espesso. Farnsworth et al.4 além de mensurarem as espessuras interradiculares, também mensuraram a espessura óssea em diferentes regiões do palato e ainda relacionaram tais medidas com o sexo e a idade dos pacientes. No entanto, não foi encontrada diferença significativa de espessura entre os sexos masculino e feminino, porém foi encontrada diferença significativa entre adultos e adolescentes, sendo que nos adultos o osso cortical foi consideravelmente mais espesso na maioria das áreas examinadas. E, ainda, concordando com os resultados obtidos no estudo de Baumgartel e Hans2, foi observado também que a espessura óssea interradicular em adultos tende a aumentar de anterior para posterior. Por outro lado, Ryu et al.16, também mensuraram a espessura óssea em diferentes regiões do palato, porém consideraram o estágio de desenvolvimento dentário dos pacientes. Concluíram que pacientes com dentição mista precoce apresentaram espessura óssea significativamente menor do que os pacientes com dentição mista tardia ou dentição permanente, que apresentaram resultados semelhantes. Além disso, concluíram que a espessura óssea diminuiu lateralmente à sutura palatina mediana. Todos os autores citados2,4,16 utilizaram exames de tomografia computadorizada de feixe cônico para realizar as mensurações de espessura óssea. Outro ponto que merece bastante atenção durante a prática de colocação dos mini implantes é a sua proximidade com as raízes adjacentes ao local escolhido para a inserção, por isso estudos vêm sendo realizados com o objetivo de determinar o espaço interradicular existente em diferentes regiões e com isso possibilitar a escolha de locais mais seguros e com maior probabilidade de sucesso dos mini implantes, e mais uma vez a ferramenta utilizada para essas mensurações, é a tomografia computadorizada de feixe cônico.6,7,14 Kim et al.7 mediram o espaço interradicular entre o segundo pré molar e o primeiro molar superiores e com isso determinaram o melhor posicionamento, melhor direção e melhor angulação na colocação dos mini implantes. Observou-se que o espaço interradicular tornouse maior em direção apical e que a distância média da superfície do osso cortical para a área mais próxima ao espaço interradicular foi superior a 5 mm na maioria das seções. A partir desses resultados os autores apoiaram as diretrizes para a colocação segura de mini implantes com menos de 1,8 mm de diâmetro e cerca de 6 mm dentro do osso cortical, e colocado onde 26 se inicia a gengiva inserida, e ainda com uma angulação menor do que 45º em relação ao longo eixo do dente. Corroborando com os resultados encontrados por Kim et al.7, Baumgaertel e Hans3 e Park e Cho14, concluíram que existe uma tendência das distâncias interrradiculares aumentarem em direção apical tanto na maxila como na mandíbula, e que essas distâncias foram maiores entre o segundo pré molar e o primeiro molar. Além disso, Park e Cho14 também consideram mini implantes de 1.2 a 1.6 mm de diâmetro e com comprimento de 6 a 7 mm os mais adequados. Como citado anteriormente, o tipo de exame mais utilizado nas pesquisas para o planejamento da colocação dos mini implantes é a tomografia computadorizada de feixe cônico, porém, nas práticas rotineiras dos consultórios, muitos clínicos utilizam imagens de radiografias periapicais como principal meio de diagnóstico e planejamento. Matzenbacher et al.12 realizaram um estudo com o objetivo de avaliar a efetividade de métodos de diagnóstico por imagem utilizados na localização vertical de sítios eleitos para inserção de mini implantes e concluíram que a tomografia computadorizada de feixe cônico foi o exame mais preciso e efetivo, que as radiografias interproximais podem ser utilizadas com cautela e que as radiografias periapicais apresentaram resultados insatisfatórios. De acordo com os pontos destacados, fica clara a importância de um bom planejamento utilizando bons exames de diagnóstico por imagem e por vezes a confecção de guias que podem auxiliar bastante na colocação e no sucesso dos mini implantes ortodônticos. 27 5. CONCLUSÃO De acordo com a revisão de literatura realizada, pode se concluir que é de suma importância a realização de um bom planejamento para a inserção dos mini implantes utilizados como ancoragem ortodôntica. Esse planejamento pode ser realizado com o auxílio de imagens radiográficas convencionais ou imagens de tomografia computadorizada. Sendo que as imagens de tomografia computadorizada apresentaram maior acurácia quando da determinação do local de inserção sem prejudicar estruturas adjacentes e favorecendo então, um maior sucesso dos mini implantes, ou seja, quando alcançada estabilidade do aparato após tempo determinado da colocação e após o recebimento de carga. As imagens de tomografia também se mostraram bastante acuradas no sentido da determinação de espessura e qualidade óssea para assim, determinar o melhor local para receber os mini implantes. 28 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1) BAE M.J.; KIM J.Y.; PARK J.T.; CHA J.Y; KIM H.J.; YU H.S.; HWANG C.J. Accuracy of miniscrew surgical guides assessed from cone-beam computed tomography and digital models. Am J Orthod Dentofacial Orthop. Seoul, South Korea v.143, p.893-901, 2013. 2) BAUMGAERTEL S. Predrilling of the implant site: It is necessary for orthodontic mini-implants? Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop. Cleveland, Ohio. v.137, p.825-9, 2010. 3) BAUMGAERTEL S; HANS M.G. Buccal cortical bone thickness for mini-implant placement. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop. Cleveland, Ohio. v.136, p.230-5, 2009. 4) FARNSWORTH D; ROSSOUW P. E.; CEEN R. F.; BUSCHANG P.H. Cortical bone thickness at common miniscrew implant placement sites. Am. J. Orthod. Dentofacial Orthop. 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