Simulado Unicamp – 2ª Fase
Português – 12 Questões
Gabarito
01
a) O professor usou rapariga como sinônimo de “moça”,
“mulher jovem” enquanto os habitantes locais entenderam
rapariga como “prostituta” .O erro tem origem no
desconhecimento, pelo professor, das variantes locais do
idioma.
b) “O adjetivo “grosso” gera o efeito publicitário pretendido.
Explique como isso acontece.”
O efeito publicitário está na ambiguidade provocada pelos
dois sentidos do adjetivo “grosso”: um é referente ao tipo de
intestino (intestino grosso) e o outro referente ao mau
funcionamento do mesmo (grosso no sentido de rude).
“Pode-se dizer que a confusão causada pelo uso de
“rapariga” no relato e o efeito provocado por “grosso” na
propaganda têm as mesmas causas linguísticas? Por quê?”
Não. A confusão no relato foi provocada por variação
linguística regional ou local, já o efeito publicitário foi gerado
pela ambiguidade provocada pela palavra “grosso”.
02
b) Pelo contexto, entende-se que a ocorrência do
significante “Kia” em “Kia zero”, na verdade, trata-se de uma
metonímia (sinédoque, mais especificamente) que passa a
ideia de um carro da empresa Kia, ao invés da empresa
propriamente (troca a parte pelo todo). Dessa forma,
morfologicamente vemo-lo como um substantivo (como se
fosse “carro”). Já em “a linha Kia”, vemos “Kia” como
adjetivo, que, na verdade, seria o equivalente à locução “da
Kia”. Neste caso, Kia passa a ideia de algo pertencente à
empresa Kia.
04
a) Alguns elementos do texto que o aproximam de um texto
de divulgação científica são, por exemplo:
1.
2.
a) A expressão “Quem tem pão não tem dentes” utilizada
pela personagem Mafalada trata-se de uma expressão
popular, expressando a indignação da personagem pelo fato
de seu amigo ter televisão e não aproveitá-la, enquanto ela
tem vontade de tê-la (metaforizado pão) e não tem
(metaforizado no fato de não ter dentes). Essa frase,
contudo, é mal entendida por seu amigo Filipe, que entende
que a amiga estava zombando de seus dentes
proeminentes.
OBS.: o ditado também pode ser interpretado como se o
amigo que tinha a televisão (metaforizada pelo pão) não
tivesse interesse (metaforizado pela ausência de dentes).
b) Pela tirinha, observa-se que os dentes de Filipe são
bastante proeminentes, o que é destacado no segundo
quadrinho, quando ele apoia o indicador nos dentes
justamente após Mafalda enunciar a expressão que causa
divergência. E é somente com a presença desse elemento
(a imagem dos dentes grandes) é que se torna possível
entender o motivo de ele não entender a frase como
Mafalda (pois sem os dentes, não seria possível entender
que ele se sentira ofendido pelo comentário).
3.
4.
b) Alguns elementos do texto que o fazem ser voltado para
leigos são, por exemplo:
1.
03
2.
a) Pelo contexto, entende-se que o significante “zero” em
“Kia zero” está no lugar de “zerado” (equivalente a “novo”,
“que nunca foi usado”), ou seja, se trata de um adjetivo, por
estar caracterizando o carro a ser vendido. Trata-se de uma
derivação imprópria do numeral “zero”. Já em “taxa zero”, o
significante zero assume sua classe morfológica original um
numeral, pois se subentende que a taxa é igual a zero (o
que é reforçado pelo texto “zero% de juros” logo ao lado).
3.
1
o uso de termos técnicos, como é observado em “A
madeira, como toda matéria natural reflete e refrata
luz” ou “o volume de luz refletido ou refratado depende
de como as ondas eletromagnéticas da luz interagem
com as partículas – por exemplo, elétrons”;
o uso frequente de frases explicativas, apostos,
explicitando o significado de termos e eventos, como
pode ser observado em “Em outras palavras,
diferentemente da matéria natural, o comportamento
dos
metamateriais
depende
não
só
das
propriedades...”
o uso de referências a pesquisas ou pesquisadores,
como pode ser visto em “David Smith, da Universidade
de Duke, propõe o seguinte paralelo”.
escrita impessoal, com discurso indireto, visando
informar, como pode ser observado em várias partes
do texto, por exemplo, em “No caso dos metamateriais,
é a soma das partes, e não as partes por si sós, que
determina a maneira pela qual o material...”
o uso de exemplos mais voltados para o cotidiano da
maioria das pessoas, visando facilitar a explicação,
como é observado em “Para simplificar a explicação,
(...) o seguinte paralelo: imagine um tecido formado de
fios”;
interlocução, diálogo com o leitor, como pode ser
observado em “caso você faça um buraco no tecido”;
o uso de perguntas como em “Assim, como os
metamateriais poderiam fazer com que um objeto
parecesse invisível?”
Simulado Unicamp
CASD Vestibulares
05
08
a) O rigoroso ascetismo diz respeito ao modo como João
Romão, no seu delírio de enriquecer , enfrentam com ardor
e resignação, o trabalho duro, a vida austera e as maiores
privações, abdicando do mínimo conforto. As formas de
exploração vão desde a edificação das casas do cortiço
(com o roubo dos materiais de construção), o modo como
explora os moradores e os trabalhadores da pedreira,
obrigando-os a comprar na sua venda, onde são
extorquidos, até o roubo direto, como no episódio do
incêndio, em que se apodera à força das garrafas cheias de
dinheiro que Libório avaramente guardou por toda a vida.
Isso sem falar na exploração de Bertoleza, referida no
próximo item.
a) O protagonista da obra é Fabiano e a descrição contida
no fragmento acentua a rudeza do personagem, em nível
físico.
b) A ” mulher-escrava” é Bertoleza, que acompanha a
ascensão de João Romão como amante e como escrava (
no “papel tríplice de caixeiro, de criada e de amante”),
ajudando-o a enriquecer às custas dos rendimentos obtidos
com a sua quitanda. É enganada por ele, pois entrega-lhe
os lucros de seu trabalho para comprar a carta de alforria do
antigo senhor. Romão se apropria do dinheiro, apresenta-lhe
uma carta de alforria falsa e, quando ela se torna um
empecilho a suas pretensões de se casar com Zulmira, ele a
denuncia como escrava foragida. Quando Romão tenta
entregá-la ao antigo dono ,forçando seu retorno à
escravidão, Bertoleza foge pelo suicídio.
b) Fabiano, o protagonista, chega a afirmar que se sente
resistente como um bicho, por sobreviver à seca, do mesmo
modo que Baleia; ele também tem enorme dificuldade para
se expressar, fazendo-o por meio de gestos e de sons
guturais como “Hum!”, “An!”, o que poderia ser comparados
aos latidos de Baleia.
Além disso, Fabiano também tem dificuldades para elaborar
ideias mais complexas; quase sempre fica confuso, o que
pode se relacionar à irracionalidade de Baleia.
09
a) A visão dada pela narrativa do primeiro encontro amoroso
de Leonardo e Maria demonstra uma oposição ao
tratamento idealizante e sentimental das relações amorosas,
dominante do Romantismo.
b) Condição.
10
06
a) A 1º frase, ao usar “a cerveja”, afirma que kaiser é a única
que é realmente cerveja, enquanto as outras seriam apenas
algo “parecido com” cerveja
Já a 2º frase, ao usar “uma grande cerveja”, admite que
haja outras cervejas que também são grandes.
b) A classe gramatical responsável pela diferença de sentido
entre as frase é o artigo .A frase mais adequada para fins
publicitários é primeira frase, por particularizar a cerveja
Kaiser, ante a concorrência .
07
a) O “fino mel” que a condessa de Trèves distribuía se refere
aos elogios falsos (bajulações) que ela fazia. Observa-se no
texto que, devido a seu comportamento de bajular as
pessoas, a condessa de Trèves era uma pessoa falsa, que
vivia uma vida de aparências para manter o apreço que
tinha de seus amigos.
b) Na última frase do trecho, observa-se que, na verdade, a
condessa de Trèves não tinha conhecimento algum dos
objetos que Jacinto lhe estava apresentando, ou seja, ela
mal estava prestando atenção ao que o protagonista estava
apresentando. Logo, sua única preocupação era se mostrar
interessada no que ele falava e, depois, fazer mais um
elogio e, assim, bajulá-lo. Logo, nessa última frase fica
evidente, novamente, que a condessa era uma bajuladora e
falsa, como já havia sido identificado nos itens a e b.
2
a) A letra da música, em suma, diz que ninguém consegue
viver sozinho; que as pessoas sempre precisarão umas das
outras, trazendo uma noção de comunidade. Segundo a
norma culta, o adjetivo formado corretamente por meio de
sufixação a partir de “comunidade” seria “comunitária”; no
entanto, observa-se que a raiz da palavra “comunidade” se
altera para a construção da palavra “comunitária”, mudando
o “d” para o “t”. A lógica que o autor utiliza é manter a raiz da
palavra no sufixação formando a palavra “comunidária”.
b) As construções frasais citadas no enunciado são
inusitadas pelo fato de elas não serem coerentes, coesas.
Na primeira frase (“Eu sei e você sabe ele, sim, sabe
também”) quando o autor diz “ele, sim, sabe”, passa a
impressão de que tal terceira pessoa, “ele”, possui um
conhecimento que outros ditos anteriormente não possuem.
Ou seja, o “sim” passa uma ideia de destaque a essa
pessoa em relação às demais no quesito sabedoria sobre
algo. No entanto, o restante da frase mostra que, na
verdade, “ele” sabe tanto quanto “eu” e “você” (como vemos
em “ele sabe também”). Dessa forma, as duas ideias
acabam se opondo, causando uma incoerência.
Na segunda frase (“Quem não sabe não mamou nem
mamou”) quando o autor introduz a oração coordenada
“nem mamou”, esperava-se que ele adicionasse uma nova
ação não feita por “quem não sabe”. No entanto, ele repete
a mesma ação “mamou”, que já havia sido dita, quebrando a
expectativa introduzida pelo “nem” (de uma nova ação).
Dessa forma, a frase se torna incoerente.
Simulado Unicamp
CASD Vestibulares
11
a) No texto 1, observa-se que a conclusão da vida de Brás
Cubas é marcada por pessimismo, mostrando que sua
contribuição para a humanidade foi basicamente não deixar
um herdeiro para ter uma vida tão desgraçada quanto a sua.
O que fica dessa personagem são as coisas que não fez, de
tal forma que ele parece não ter sido útil para ninguém (se
focando em si próprio).
Já no texto 2, observa-se o contrário. A conclusão da vida
de Berta é marcada por felicidade, mostrando sua
contribuição (como visto em “a alma de Berta fora criada
para perfumar os abismos” e “era a flor da caridade”), como
havia marcado positivamente a vida das pessoas. O que fica
dessa personagem é a amabilidade e como havia sido útil.
Essa interpretação pode ser confirmada pelo
seguinte raciocínio: na primeira estrofe, o eu-lírico cita
mudanças ocorrendo no estilo de vida das pessoas (vai-se
Deus, vai-se o amor, vai-se a emoção) e a partir da
segunda, ele começa a fazer uma interlocução, com uma
segunda pessoa, em forma de crítica. Isso nos leva a crer
que a continuação da terceira estrofe, “As guerras, as
fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas
que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda”, é
uma crítica a essas pessoas a quem ele já dirigia sua crítica.
b) A diferença exposta no item a certamente está
relacionada com o pensamento dos respectivos períodos
literários: Realismo para o texto 1 e Romantismo para o
texto 2. A proposta do romance romântico era se voltar para
a idealização das personagens, sendo os protagonistas
verdadeiros heróis, por sua moral impecável (que é o que se
percebe de Berta). Enquanto isso, a proposta do romance
realista era mostrar, de forma real, defeitos da sociedade
(principalmente a burguesa), com o jogo de interesses, a
falsidade, entre outros, o que leva a finais tristes, niilistas,
que é justamente o que se vê em Brás Cubas (que vive um
vida tentando se dar bem e termina a vida sem conseguir
algo que lhe traga felicidade ou que o faça importante, útil a
alguém).
12
a) A crítica do autor se volta para o Romantismo. De fato, o
eu-lírico diz na primeira estrofe que, após certo tempo, o
amor se torna inútil, as pessoas não choram e têm o
coração seco, ou seja, o autor destaca a quase ausência de
sentimentos por parte das pessoas da sociedade em que
convive, o que vai de encontro ao sentimentalismo
romântico. Essa ideia é reforçada na última estrofe em que
se percebe que o eu-lírico se refere ao escapismo romântico
(“Alguns, achando bárbaro o espetáculo, preferiram (os
delicados) morrer”), criticando-o, afirmando que tal filosofia
não é mais condizente com o contexto.
b) Exemplo de resposta 1: O eu-lírico afirma na terceira
estrofe que a ausência de liberdade é evidenciada pela
existência de guerras, fome e discussões em edifícios (o
que provavelmente se refere a pessoas discutindo formas
de promover tal liberdade sugerida). Logo, uma conclusão
sugestiva é que as pessoas que não estão libertas são
aquelas que são prejudicas pelas guerras e pela fome e que
são o foco da preocupação das discussões. Dessa forma, a
libertação seria o evento de essas pessoas deixarem de
viver uma vida miserável e alcançar a justiça social.
Exemplo de resposta 2: Pela análise do poema, entendese que o eu-lírico considera que as pessoas que não se
libertaram ainda aquelas que ainda estão presas àquele
estilo de vida por ele criticado. Ou seja, o eu-lírico considera
que aquelas pessoas que se cegam para os problemas ao
redor, ao cotidiano e se voltam para si mesmas estão presas
nesse vício, nesse estilo de vida. Então, a liberdade que ele
diz é no sentido de se ver livre dessas máscaras que as
próprias pessoas colocam e que se impedem de enxergar o
mundo e a sociedade.
3
Simulado Unicamp
CASD Vestibulares
Download

Simulado Unicamp – 2ª Fase Português