13 - A VOLTA DO FILHO MAIS VELHO
“Mas o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu.
Mas era preciso que festejássemos e nos alegrássemos, pois esse teu irmão estava morto
e tornou a viver; ele estava perdido e foi reencontrado” (Lc. 15,31-32).
O pai não deseja somente a volta do filho mais jovem, mas também a do mais velho. Ambos precisam de
cura e perdão. O mais velho também precisa ser encontrado e conduzido de volta à casa da alegria.
Ao contemplar a face iluminada do filho mais velho e, em seguida, as suas mãos fechadas, sentimos não
somente sua sujeição, mas também a possibilidade de se libertar.
Esta não é uma parábola que separa os dois irmãos – o bom e o mau. Somente o pai é bom. Ele ama
ambos os filhos com as mesmas entranhas. Ele corre ao encontro de ambos.
Respeitando sua liberdade, sai ao encontro dos dois para conduzí-los à sua casa, para que vivam nela a
alegria da comunhão; ele quer que os dois se sentem à sua mesa e participem de sua felicidade.
O filho mais jovem se deixa abraçar num abraço de perdão.
O mais velho fica para trás, olha para o gesto compassivo do pai, e não pode ainda esquecer a sua raiva e
deixar que o pai o cure também.
Prisioneiro do seu passado e do passado do irmão, escravo do “dever” e da “observância”, é incapaz de
abrir-se ao amor gratuito e compassivo do pai que acolhe, perdoa, sara o filho perdido e o reintroduz na
comunhão; é incapaz de abrir-se à alegria da comunhão e da festa. Ensimesmado e roído pela inveja,
mostra-se totalmente insensível à “perdição” e à “morte” de seu irmão e ao sofrimento de seu pai.
Por ser incapaz de perdoar, é também incapaz de alegrar-se e de festejar.
Para o pai o valor de um filho não está nos “serviços prestados” a ele, no seu “rendimento”, na sua
“produção”, mas no “estar com ele”, na comunhão e na partilha
Na parábola o pai se dirige ao filho mais velho da mesma maneira que se dirigiu ao mais moço, convida-o
a entrar e diz: “Meu filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu”.
Esta abordagem afetuosa do pai fica ainda mais clara nas palavras que se seguem.
A recriminação áspera e amarga do filho não é recebida de modo a julgá-lo.
Não há recriminação ou denúncia. O pai não se defende ou sequer comenta o comportamento do filho
mais velho. O pai se coloca diretamente acima de todas as considerações para enfatizar sua ligação muito
íntima com o seu filho quando diz: “Tu estás sempre comigo”.
A declaração de amor irrestrito do pai elimina qualquer possibilidade de que o filho mais jovem seja mais
amado do que o mais velho. Este nunca deixou a casa. O pai dividiu tudo com ele. Fez dele parte da sua
rotina diária, nada dele escondendo. “Tudo o que tenho é teu”, diz ele.
Não pode haver pronunciamento mais claro do amor ilimitado do pai para com seu filho mais velho.
Assim, o amor sem reservas é oferecido inteiramente e igualmente a ambos os filhos. Não há nada que o
pai reserve para si mesmo. Ele se doa em profusão a seus filhos; ele se dá todo, sem reserva.
Ambos os filhos são tudo para ele. Ele deseja despejar sobre eles sua própria vida.
O pai não compara os dois filhos. Ama-os com um amor único e total e expressa esse amor de acordo
com os percursos de cada um. Conhece-os intimamente. Compreende suas qualidades e suas imperfeições. O pai responde a ambos de acordo com as suas peculiaridades.
A volta do filho mais jovem o faz convocar para uma comemoração cheia de alegria.
A volta do filho mais velho o faz estender um convite para a total participação nessa alegria.
Na oração: O amor do Pai não se impõe aos seus filhos. Embora ele deseje sanear todos os nossos cantos escuros, somos ainda livres para fazer nossa escolha – se queremos permanecer nas trevas ou penetrar
na luz do amor de Deus.
Deus está lá; a luz de Deus está lá; o perdão de Deus está lá; o amor de Deus sem limites está lá.
O que é claro é que Deus está sempre pronto a perdoar, não dependendo absolutamente de nossa resposta.
- O amor de Deus não depende de nosso arrependimento ou de nossas mudanças internas ou externas.
- Quer eu seja o filho mais jovem ou o mais velho, o único desejo de Deus é o de me fazer voltar para casa.
- Voltar à casa é cair na conta de que “dentro” temos tudo; estar em casa é viver intensamente, em contínua
festa, na comunhão e na acolhida.
Texto bíblico: Jo l4,1-7
“Na casa de meu pai há muitas moradas” - cada filho de Deus tem lá seu lugar reservado.
FONTE: CEI-JESUÍTAS - Centro de Espiritualidade Inaciana
Rua Bambina, 115 - Botafogo – RJ – 22251-050
[email protected] / www.ceijesuitas.org.br
Download

13 - A VOLTA DO FILHO MAIS VELHO O pai não deseja somente a