IV ENCONTRO INTERNACIONAL DE
ECOMUSEUS E MUSEUS
COMUNITÁRIOS
APRESENTAÇÃO
PROGRAMAÇÃO
CONFERÊNCIA
PALESTRAS
MESAS REDONDAS
DOCUMENTOS APRESENTADOS ÀS PLENÁRIAS
DOCUMENTOS DE BASE
NARRATIVAS POPULARES
OFICINAS
PÔSTERES
CONCLUSÕES
CARTA DE CARATATEUA
Ecomuseu da Amazônia
Belém, PA - BRASIL
12 a 16 de junho de 2012
1
E56a
Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus Comunitários (4.: Belém)
Atas do IV EIEMC/4 Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus
Comunitários, 12-16, junho 2012, Belém, Brasil; Coordenação Geral:
Maria Terezinha Resende Martins. – Belém : Ecomuseu da Amazônia,
2012.
329 p. ; 30cm.
Texto em português, inglês, francês e espanhol
Inclui textos de vários autores
1. Museus
comunitários.
2. Ecomuseus-Desenvolvimento
sustentável. 3.
O texto
desta publicação
obedece às normas do
Práticas sustentáveis. I. Martins, Maria Terezinha Resende, Coord. II.
Título.
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
CDD: 069
2
APRESENTAÇÃO
Pronunciamento da professora Therezinha Moraes Gueiros
Secretária Municipal de Educação, Belém-PA
Que minhas primeiras palavras sejam de boas vindas.
Estamos alegres com a realização deste IV Encontro Internacional de
Ecomuseus e Museus Comunitários. Alegre e honrados com a presença de
todos.
Iniciativa pioneira da Secretaria Municipal de Educação em 2007, o Ecomuseu
da Amazônia irradia seus projetos e ações a partir de outra proposta inovadora
à época, 1996, o Centro de Referência em Educação Ambiental, Escola
Bosque Professor Eidorfe Moreira, situada na parte insular de Belém, ilha de
Caratateua.
Nossa intenção é aproximar os princípios e ações que informam e conformam
os ecomuseus das pretensões educativas e culturais da Coordenadoria de
desenvolvimento comunitário dessa Fundação, cuja criação se deu justamente
quando o termo “eco desenvolvimento”,que se seguiu aos intensos debates
então em curso sobre os rumos do desenvolvimento das nações, dos quais
resultaria a expressão “desenvolvimento sustentável”, como aquele capaz de
satisfazer “as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das
futuras gerações de satisfazerem suas próprias necessidades”, conforme se lê
textualmente no relatório “Nosso Futuro Comum”, de 1987.
Por quê a menção? Para lembrar que, em Belém do Pará, essa ordem de
preocupação esteve presente nos anos noventa do século passado, inspirando
iniciativas como a proposta de criação de um Subsistema de Educação e
Cultura para o desenvolvimento sustentável no Município, na gestão do
prefeito, Hélio Gueiros, já falecido.
Ensaiamos algumas experiências educacionais centradas na realidade dos
meios cultural, ambiental, social e econômico das respectivas comunidades:
Escola Bosque, Caratateua. Escola Parque Amazônia, Terra Firme, Liceu
Escola Mestre Raimundo Cardoso, Icoaraci. Além da base pedagógica,
considerou-se, em alguns projetos, a premência de se levar em conta a
geração de renda na comunidade. (Ex. Parque Amazônia).
3
Grosso modo, visava-se a implantação de microssistemas sócio-econômicoculturais, apoiados em educação ambiental e patrimonial, no âmbito da
Educação ambiental e patrimonial, no âmbito da Educação Básica e
profissionalizante, preconizando o surgimento de produção cultural significativa,
uma profissionalização em serviços – Liceu de Artes e Ofícios Rui Meira- e
uma
organização
social
condizente
com
o
perfil
das
microrregiões
beneficiadas.
A intenção era romper com uma certa inércia nas propostas educacionais, ao
apostarmos na possibilidade de contribuir para um pensar mais amplo,
necessariamente
coletivo
e
institucionalmente,
atentos
às
dimensões
ecológica, social, educacional, cultural, alcançando possivelmente por esta via,
o econômico e o político.
A reflexão sobre esse nosso passado leva-me a acreditar que faz todo sentido
abraçarmos a causa dos ecomuseus e museus comunitários, como constitutiva
daquelas iniciativas fecundas, em tempo de questionamentos e transformação
de padrões de comportamento e da afirmação de novos valores, no fundo
destinadas, através de metodologias adequadas, a envolver comunidades num
processo de descoberta de objetivos próprios, de engajamento coletivo até as
grandes questões pertinentes ao mundo atual.
No caso do Ecomuseu da Amazônia, um museu território, busca-se, neste
primeiro momento, estimular o descortínio de estratégias capazes de contribuir
com sugestões que gerem condições de desenvolvimento humano sustentável
e articulado: comunidade/escola/comunidade, através de educação formal, se
ausente, e da capacitação dos atores sociais envolvidos, segundo suas
necessidades de sobrevivência e crescimento humano.
Viktor Frankl, psiquiatra e psicólogo austríaco, dissidente da psicanálise
freudiana aponta, dentre as vias que alguém pode seguir, na busca de um
sentido para a vida, “a criação de um trabalho pelo qual se sinta responsável,
por depender fundamentalmente de seus conhecimentos e de sua ação, a
experiência do “novo”, a que atribua grande relevância”. Assim era Laïs
Aderne.
Do nosso encontro, quase casual, pelos idos de 1995, resultou um projeto
ousado, que Laïs chamou de Neo-Liceu de Artes e Ofícios”, pois buscava
retomar o papel impulsionador do eco-desenvolvimento de uma microrregião,
4
trabalhando no campo da educação vocacional e profissionalizante formal,
informal e comunitária. Para ela, os neos-liceus, desse tipo, deveriam ser
“apoiados por uma política de desenvolvimento, com base em educação
alicerçada na cultura , na ecologia e na ética. No caso específico da Amazônia,
essa política deverá integrar um Programa de Turismo que venha a atender ao
perfil da região e propiciar, a seus habitantes, os recursos advindos dessa
atividade humana, tão requisitada pela sociedade contemporânea,bem como
promover a geração de renda às diferentes camadas sociais,especialmente às
menos favorecidas”.
E mais:”Essa proposta de educação não poderá prescindir das descobertas da
ciência moderna e deverá ser apoiada na teoria sistêmica, que preconizava a
valorização das partes de um todo e a preservação de suas característica, em
interação com outras partes, levando o homem a respeitar, portanto, a
biodiversidade e pluriculturalidade, imprescindíveis à manutenção da vida no
planeta.
Com tais fundamentos, nasceu o Liceu Escola Mestre Raimundo Cardoso, em
Icoaraci, a partir do envolvimento da comunidade de ceramistas tradicionais do
lugar, servindo de inspiração para a Escola Parque Amazônia, na Terra Firme,
e a todo um trabalho que começou a se desenhar em Cotijuba, àquela época,
como já referido.
Capra, ao pensar na ascenção e queda das civilizações, retoma sobretudo
Toynbee e a afirmação,que lhes parece hipótese muito plausível, de que as
mudanças mais profundas numa sociedade advêm das “minorias criativas”, ao
contrário do que possa parecer.
Se assim for, guardadas as devidas proporções, não há porque desanimar se
iniciativas como as dos ecomuseus ainda sejam contadas como ação de
minorias, quando se trata de perceber e acompanhar a flagrante desintegração
das instituições sociais neste momento histórico.
Laïs sempre pertenceu a essas “minorias criativas”. Ela se esforçava, desde
2005, quando voltei à Secretaria de Educação, por uma espécie de
revitalização do Liceu Escola, na esperança da retomada de caminhos
porventura esquecidos. Sonhava, contudo, avançar. É hora de mais um passo,
dizia-me, de retomar ideias ainda valiosas e avançar para a criação de um
Ecomuseu da Amazônia, dados os rumos descortinados pela nova museologia
5
e à ideia, que se firma, de planejamento biorregional, nos moldes do que já
vem acontecendo com o Ecomuseu do Cerrado, desde 1998, um museu
território do entorno do Distrito Federal,Goiás à época, em fase avançada de
implantação.
E cá estamos nós. Por mais rudimentares que possam ter sido os primeiros
passos do Ecomuseu da Amazônia, este Encontro de alguma maneira
concretiza o sonho de Laïs, em especial por conta de uma preciosa herança –
a presença criativa, atuante e incansável da professora Maria Terezinha
Resende Martins, coordenadora do Ecomuseu da Amazônia desde o seu início.
A ela, meus agradecimentos com efusivos cumprimentos.
Obrigada também a Hugues de Varine, nosso consultor, presença valiosa e
indispensável, com suas avaliações e orientações, à Odalice Priosti, sempre
disponível, competente, ajudadora no que concerne às questões com que nos
confrontamos na criação deste Ecomuseu da Amazônia, bem como à Maria
Emília Medeiros de Souza, presidente da ABREMC. Registro aqui, igualmente,
um agradecimento muito especial às comunidades das áreas de atuação do
nosso Ecomuseu, enfim, a todos-pessoas e instituições-que direta ou
indiretamente contribuíram para a realização deste evento.
6
1938-2007
A Laïs Fontoura Aderne, Idealizadora do Ecomuseu da
Amazônia, para quem sonhar tinha a grandeza de alargar as
fronteiras e levar aos povos da Amazônia o alento de sua
escuta e solidariedade.
In Memoriam
7
COMISSÃO ORGANIZADORA
Therezinha Moraes Gueiros.
Secretaria Municipal de Educação/Prefeitura de Belém-PMB.
Elton de Barros Braga.
Presidente da Fundação Centro de Referência em Educação Ambiental Escola
Bosque Professor Eidorfe Moreira-FUNBOSQUE.
Maria Terezinha Resende Martins.
Coordenadora do Ecomuseu da Amazônia.
Hugues de Varine-Bohan.
Consultor Internacional/Patrimônio e Desenvolvimento Local.
Maria Emília Medeiros de Souza.
Presidente da Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus ComunitáriosABREMC.
Walter Vieira Priosti.
Coordenador Geral do Núcleo
NOPH/Ecomuseu de Santa Cruz.
de
Orientação
e
Patrimônio
Histórico-
Luiz Tadeu Costa.
Coordenador do Curso de Museologia da Universidade Federal do Pará-UFPA.
Equipe Técnica do Ecomuseu da Amazônia
Bruna Gondim Lopes - Assistente Administrativo
Ellen Thaís Silva Azevedo - Turismóloga
Gerson Barbosa Lage - Turismólogo
Lecinda Maria das Chagas Moraes - Psicóloga
Luana Chagas Fortuna - Engenheira Agronôma
Luís Antonio Silva de Lima - Pedagogo
Maria Faustina Monteiro da Costa - Cerâmista
Renato Cordeiro Gomes - Engenheiro Florestal
Renato Miranda de Souza - Técnico em Meio Ambiente
Vinicius de Araújo Pacheco - Arte Educador
Colaboradores
Durval França - Engenheiro de Pesca
Elton Ataíde - Motorista
Éraclito Pereira - Museológo
Wildinei Lima - Artista plástico
COMISSÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA
Therezinha Moraes Gueiros - Secretaria Municipal de Educação-Belém-PA.
Hugues de Varine-Bohan - Consultor Internacional-França.
Maria Terezinha Resende Martins - ABREMC/Ecomuseu da Amazônia-PA.
Odalice Miranda Priosti - ABREMC/NOPH-Ecomuseu de Santa Cruz-RJ.
Teresa Morales - Unión de Museos Comunitarios de Oaxaca-México.
Yara Mattos - UFOP/Ecomuseu da Serra de Ouro Preto-MG.
Giane Vargas Escobar - Museu Treze de Maio-Santa Maria-RS.
Cláudia Feijó - Museu Comunitário da Lomba do Pinheiro-Porto Alegre-RS.
8
AGRADECIMENTOS
O
Ecomuseu
da
Amazônia
agradece
a
todos
os
participantes do IV Encontro Internacional de Ecomuseus e
Museus
Comunitários
-
IV
EIEMC:
comunidades,
palestrantes, oficineiros, relatores, mediadores, grupos
culturais, voluntários, e em especial a Fundação Centro de
Referência
em
Educação
Ambiental
Escola
Bosque
Professor Eidorfe Moreira em nome do seu presidente
Elton de Barros Braga e a Secretária Municipal de
Educação, professora Therezinha Moraes Gueiros que de
maneira admirável, possibilitaram a realização deste
evento.
Que os saberes e fazeres amazônicos possam contribuir
significativamente para os que participaram do IV EIEMC
marcando uma nova etapa na construção coletiva de
projetos de desenvolvimento humano sustentável.
Equipe Técnica e Colaboradores do Ecomuseu da Amazônia
Maria Terezinha Resende Martins
Coordenadora do Ecomuseu da Amazônia/Coordenadora Geral do IV EIEMC
9
IV EIEMC
IV Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus Comunitários
12 A 16 DE JUNHO DE 2012.
Belém – Pará – Brasil
PARTICIPANTES
BELÉM - BRASIL
Nº
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
Nome
Maria Terezinha Resende Martins
Bruna Gonçalves Gondim Lopes
Ellen Thaís Silva Azevedo
Lecinda Maria das Chagas Moraes
Vinicius de Araujo Pacheco
Renato Miranda de Souza
Gerson Luiz Barbosa Lage
Renato Cordeiro Gomes
Nauro Luis Pereira Chaves
Durval Costa França
Wildinei José de Jesus Assunção Lima
Luana Chagas Fortuna
Luis Antonio Silva de Lima
Maria Faustina Monteiro da Costa
Elton Costa Ataíde
Helena do Socorro Alves Quadros
Leonel Rodrigues Ferreira
18.
Renata Emin-Lima
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.
31.
32.
33.
34.
35.
36.
37.
38.
39.
40.
41.
42.
43.
44.
45.
46.
Roberto de Mendonça França Junior
Taires Magno Pacheco
Débora Hellem Souza Barros
Talison Lima de Oliveira
Patrick Souza de Almeida
Lucas Sousa Santos
Ana Carolina Coelho
Douglas Zidane da Silva
Luiza Paula Machado
Thalia Santos dos Santos
Carolina Inácio da Silva
Lohana Alice Morais da Silva
Yago de Jesus Barbosa de Lima
Evelin de Alencar Sales
Jaqueline de Vasconcelos Nunes
Rubens Rafael Santa Brígida
Arthur Afonso
Fábio dos Santos Cardoso
Rinoldo Alves
Gabriel dos Santos
Marlon Pereira
Luan da Conceição
Fagner Pantoja Gravo
Adilson dos Santos
Roseane Alves Mota
Marta Cardoso Rodrigues
Shirleny F. da Conceição
Edi Santos de Souza
Instituição
ABREMC/Ecomuseu da Amazônia
Ecomuseu da Amazônia
Ecomuseu da Amazônia
Ecomuseu da Amazônia
Ecomuseu da Amazônia
Ecomuseu da Amazônia
Ecomuseu da Amazônia
Ecomuseu da Amazônia
FUNBOSQUE/Ecomuseu da Amazônia
FUNBOSQUE/Ecomuseu da Amazônia
Ecomuseu da Amazônia
Ecomuseu da Amazônia
Ecomuseu da Amazônia
Ecomuseu da Amazônia
Ecomuseu da Amazônia
Museu Paraense Emilio Goeldi - MPEG
Projeto Bicho D’água: conservação socioambiental.
GMAM - MPEG
Projeto Bicho D’água: conservação socioambiental.
GMAM - MPEG
---------------------------Grupo de Teatro Monthuro
Grupo de Teatro Monthuro
Grupo de Teatro Monthuro
Grupo de Teatro Monthuro
Grupo de Teatro Monthuro
Grupo de Teatro Monthuro
Grupo de Teatro Monthuro
Grupo de Teatro Monthuro
Grupo de Teatro Monthuro
Grupo de Teatro Monthuro
Grupo de Teatro Monthuro
Grupo de Teatro Monthuro
Cia Contemporânea AMA
Cia Contemporânea AMA
Cia Contemporânea AMA
Cia Contemporânea AMA
Grupo Parafolclórico Tucuxi
Grupo Parafolclórico Tucuxi
Grupo Parafolclórico Tucuxi
Grupo Parafolclórico Tucuxi
Grupo Parafolclórico Tucuxi
Grupo Parafolclórico Tucuxi
Grupo Parafolclórico Tucuxi
Grupo Parafolclórico Tucuxi
Grupo Parafolclórico Tucuxi
Grupo Parafolclórico Tucuxi
Grupo Parafolclórico Tucuxi
10
47.
48.
49.
50.
51.
52.
53.
54.
55.
56.
57.
58.
59.
60.
61.
62.
63.
64.
65.
66.
67.
68.
69.
70.
71.
72.
73.
74.
75.
76.
77.
78.
79.
80.
81.
82.
83.
84.
85.
86.
87.
88.
89.
90.
91.
92.
93.
94.
95.
96.
97.
98.
99.
100.
101.
102.
103.
104.
105.
106.
Nelma Marta da Conceição
Vanuse dos Santos Magno
Mônica Patrícia Evelin
José Rodolfo B. Freitas
Claudio Costa de Farias
Maria Renildes dos Santos
José Wilson Cardoso Machado
Nilma Maria da Silva
Ednéia de Sampaio Marques
João Batista Costa dos Anjos
Paulo Roberto Almeida de Oliveira
Gleidson Everton dos Santos Carréra
Adriana da Silva Ribeiro
Débora Beatriz Gonçalves Coelho
Marinete Boulhosa
Cleber Silva de Oliveira
Eber Paulo dos Santos Cardoso
Sissa Aneleh Batista de Assis
Maria Mirilande dos Santos Lima
Fabíola Silva Pena
Edi Carlos Costa Santos
Diogo Jorge de Melo
Maria do Socorro Reis Lima
Maria do Socorro de Carvalho Ribeiro
Luiz Tadeu da Costa
Eliézer Miranda da Silva Junior
Denize Genuína da Silva Adrião
Lucimery Ribeiro de Souza
Emanoel Fernandes de Oliveira Junior
Mônica Gouveia dos Santos
Rosangela Marques de Britto
Laura Arlene Saré Ximenes Pontes
Eliana Benassuly Bogéa
Luiza Nayara Mendes Costa
Bernardo Baia dos Santos Conceição
Carla Marinete de Sousa Gemaque
Bruna Caroline Castor da Silva
Flavia Suammy Santana de Souza
Lidiane Baia de Matos
Luciana Christina de Oliveira Azulai
Luis Alberto Freire dos Santos Filho
Taynara Soares do Nascimento Sales
Lorena Saem Pinheiro Magalhães
Daniely de Oliveira Palheta
Marília Tavares dos Santos
Alissa Stael de Maria Pinheiro Magalhães
Jéssica Luíza dos Santos Gusmão
Nilma Maria da Silva
Iraneide Holanda
Maria Claudia Demetrio Gaia
Rafael da Silva Miranda
Maria Dorotéa de Lima
Nazaré Pereira
Maria de Nazaré do Ó Ribeiro
Carla Viviane de Freitas
Sandro do Espírito Santo Gonçalves
Heleno Everton de Moraes Lima
Jessica Monique dos S. da Conceição
Nilvani Dantas Nascimento
Edna Santos
Grupo Parafolclórico Tucuxi
Grupo Parafolclórico Tucuxi
---------------------------------------------------------------------------------Universidade Lusófona
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Espaço Cultural Coisas de Negro
Espaço Cultural Coisas de Negro
Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG
IFPA
Escola de Teatro e Dança da UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
Universidade Federal do Pará - UFPA
EEETe - PA Francisco das Chagas Azevedo
EEETe - PA Francisco das Chagas Azevedo
Instituto Lupa Marajó
Faculdade Ipiranga
Ponto de Memória da Terra Firme
------------------------------------------------------------------------------------------------------------IPHAN - PA
---------------------------Grupo Parafolclórico Vaiangá e Águia Negra
Grupo Parafolclórico Vaiangá e Águia Negra
Grupo Parafolclórico Vaiangá e Águia Negra
Grupo Parafolclórico Vaiangá e Águia Negra
Grupo Parafolclórico Vaiangá e Águia Negra
Grupo Parafolclórico Vaiangá e Águia Negra
Grupo Parafolclórico Vaiangá e Águia Negra
11
107.
108.
109.
110.
111.
112.
113.
114.
115.
116.
117.
118.
119.
120.
121.
122.
123.
124.
125.
126.
127.
128.
129.
130.
131.
132.
133.
134.
135.
136.
137.
138.
139.
140.
141.
142.
143.
144.
145.
146.
147.
148.
149.
150.
151.
152.
153.
154.
155.
156.
157.
158.
159.
160.
161.
162.
163.
164.
165.
Maria Luiza do Ó Ribeiro
Renan Silva
Carlos André Cardoso Teixeira
Maria Goret do Ó Ribeiro
Tarcisio Santos
João Ribeiro
Luiz Fernando Corrêa
Fernando dos Santos
Alexandre Lauro dos Santos
Bruno da Silva Ferreira
Carlos Renan Pereira Cavalcanti
Marcus Vinicius Pinheiro Lima
José Maciel Melo
Cássia Alexandra Pinheiro
Sandy Cristiane da Silva
Dawana Silva da Silva
Sandson Paula da Silva
David Jhones Ó Silva
Karla Adriane da Silva
Maria do Carmo da Silva
Jose Macielle Silva da Silva
Sandro Paulo da Silva
Sabrina Paulo da Silva
Constantino Pedro de Alcântara Neto
Juliene Rodrigues Abreu
Renan Sanches
Waldenar Almeida
Arthur Afonso
Brenda A. Coelho
Edson Jhony do Amaral Siqueira
Leonel das Chagas Oliveira
Jhordan Kleber T. do Nascimento
Lucas Patrick Amaral da Silva
David Ataíde Moraes
Anderson Aguiar da Silva
Reginaldo Nunes Aleixo Coelho
Rosivaldo Vasconcelos Batista
Rosivan Vasconcelos Batista
Larissa Vasconcelos Batista
Yuon Wesley Silva
Rafael Nascimento da Silva
Laureane Ataíde
Jessica Brenda
Marilia Teixeira
Laiz Vasconcelos Batista
Joyce Coelho Marinho
Thayná de Nazaré Araujo de Brito
Jaqueline Cristina Brito da Cunha
Crislana Karolaine Brito da Cunha
Débora Cristina de Amorim Melo
Joyce Nayara Ferreira Pereira
Ana Carolina de Souza Ferreira
Nayara Uhly Mourão
Kurline Silva Tavares
Daniele Aguiar da Silva
Reginaldo A. Coelho
Tedi Marques
Antonio Geraldo
Rodolpho Zahluth Bastos
Grupo Parafolclórico Vaiangá e Águia Negra
Grupo Parafolclórico Vaiangá e Águia Negra
Grupo Parafolclórico Vaiangá e Águia Negra
Grupo Parafolclórico Vaiangá e Águia Negra
Grupo Parafolclórico Vaiangá e Águia Negra
Grupo Parafolclórico Vaiangá e Águia Negra
Grupo Parafolclórico Vaiangá e Águia Negra
Grupo Parafolclórico Vaiangá e Águia Negra
Grupo Parafolclórico Vaiangá e Águia Negra
Grupo de Dança Enigma
Grupo de Dança Enigma
Grupo de Dança Enigma
Folia de Reis do Menino Jesus
Folia de Reis do Menino Jesus
Folia de Reis do Menino Jesus
Folia de Reis do Menino Jesus
Folia de Reis do Menino Jesus
Folia de Reis do Menino Jesus
Folia de Reis do Menino Jesus
Folia de Reis do Menino Jesus
Folia de Reis do Menino Jesus
Folia de Reis do Menino Jesus
Folia de Reis do Menino Jesus
Faculdade da Amazônia – FAMAZ
Associação dos Angoleiros dos Quilombos
Power Step Dance
Power Step Dance
Power Step Dance
Power Step Dance
Power Step Dance
Ponto de Memória da Terra Firme/ Cutiboia
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Pássaro Junino Colibri
Secretaria Municipal de Meio Ambiente
Prefeitura Municipal de Ananindeua
12
166.
167.
168.
169.
170.
171.
172.
173.
174.
175.
176.
177.
178.
179.
180.
181.
182.
183.
184.
185.
186.
187.
188.
189.
190.
191.
192.
193.
194.
195.
196.
197.
198.
199.
200.
201.
202.
203.
204.
205.
206.
207.
208.
209.
210.
211.
212.
213.
214.
215.
216.
217.
218.
219.
220.
221.
222.
223.
224.
225.
Monica Goreth Costa ribeiro
Aldenora Pena da Silva
Madson Oliveira Lima
Bianca de Oliveira Gomes Aguiar
Margareth Calandrini A. carvalho
Fernanda Lima de Almeida
Rosana Chermont Mesquita
Diana Claudia Portal Pereira
Maria Berenice Dias e Dias
Ednéia de Sampaio Marques
Rosivaldo Batista
Valdemar da Silva Dias
Edilzane Almeida Corrêa
Sandra Regina Gomes Trindade
Walmira de Nazaré Ferreira Paschoal
Leandro Augusto Ferreira dos Santos
Heliane Monteiro da Costa
Leila Maria Rego do Santos
Antonio Marcos Machado Borges
Aline Chagas Aarão
Elton Braga
Otavio Pereira de Souza Junior
Marcus Vinicius de Oliveira Raiol
Milena de Jesus Carvalho dos Santos
Maria de Nazaré Gama Oliveira
Manoela Franco da Silva
Evelin de Alencar Sales
Waldinézia de Avelar Pamplona Martins
Welligson das Chagas Lameira
Wanny Marceli Costa Góes Dias
Roberta da Trindade Pantoja Hage
Rubens Rafael Santa Brígida
Ricardo Cesar Silva Torres
Natália Paixão Teixeira
Natália Passos Fernandes
Polyana Marcela dos Anjos Sousa
Carlos Eduardo de Souza Silveira
Luã Gabriel dos Santos
Valber Santos de Araujo
Nilma Maria da Silva
Silvane Lopes Chaves
Mauricio Ferreira Torres
Misleny Araujo da Silva
Monica Patrícia Monteiro Lisboa
Maria de Nazaré Reis e Silva Kauffman
Marcilio Benedito Caldas Costa
Lizia Brito da Trindade
Ricardo Cesar da Silva Torres
Mary Fernandes da Silva
Maria Ainda de Jesus Delise Pereira
Marcio Alex Tavares Magalhães
Katia Fernandes do Amorim
Yasmin Navarro Tuji
Mauricio dos Santos Macedo
Renise Xavier Tavares
Fidélis Junior Martins Paixão
Fernanda de Fatima Madeira Ramos Monteiro
Francisca Nescylene Fontenele
Francis Mary Moraes Rodrigues
Fabíola Natalie Coelho Brandão Lacerda
Museu Parque Seringal
Museu Parque Seringal
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
Centro Cultural João Fona
Museu do Marajó
CRAS Outeiro/ FUNPAPA
Secretaria Municipal de Educação – SEMEC
Secretaria Municipal de Educação – SEMEC
Secretaria Municipal de Educação – SEMEC
Secretaria Municipal de Educação – SEMEC
Casa Escola de Pesca – CEPE
Casa Escola de Pesca – CEPE
Casa Escola de Pesca – CEPE
Casa Escola de Pesca – CEPE
Casa Escola de Pesca – CEPE
Casa Escola de Pesca – CEPE
Casa Escola de Pesca – CEPE
Casa Escola de Pesca – CEPE
Casa Escola de Pesca – CEPE
Casa Escola de Pesca – CEPE
FUNBOSQUE
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248.
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256.
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272.
273.
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276.
277.
278.
279.
280.
281.
282.
283.
284.
285.
Helen Marisa de Oliveira Cardoso
Helane Cibele do Nascimento Campos
Igor Teixeira Amaral
Isabela Sena Simões
Iolanda Ferreira Gonçalves
Itala Cristine Castro dos Santos
Aline Duarte Silva
Angela Maria Bastos de Melo
Adriane de Fátima Rayol da Cruz
Andréa Cristina Genú Paes Barreto
Amilcar de Souza Martins Sobrinho
Adilton Pereira Ribeiro
Andresson Carlos Elias Barbosa
José Maria Andrade Filho
Alickson Sergio Lopes de Souza
Auriode Regina Martins Morais
Arlinda Maria Amaral Gonçalves
Joana Maria Farias Ferreira
José Rafael Bezerra Freitas
Laurenice Nogueira da Conceição
Lizia Britto da Trindade
Darlene Bezerra Lemos Monteiro
Dayse do Socorro Borges Fonseca
Camila Marreira Pacífico
Patrícia de Oliveira Ribeiro
Ana Paula Miranda Gomes
Heloiza de Oliveira Benjamin
Nara Cerli Alves Moraes
Paula Cristina Reale Bastos Rosa
Cristina Maria Raiol da Silva Valente
Carolina Monica Gouvea de Souza
Claudionor Ferreira Araujo
Carla Patricia Rayol da Cruz
Alcione Socorro Souza Gomes
Cristina Bessa
Elias Gomes dos Santos
Ivana de Paula Paes
Amélia Ferreira Rodrigues
Sabrina Santos
Emylla Karoline Thayan de Almeida Farias
Cintya da Silva Aguiar
Jean Pereira Marinho
Samira Pereira Barbosa
Arthur Afonso Paes de Freitas
Karina do Espírito Santo Souza
Almira do Socorro Oliveira Santos
Anderson Upton de Brito
Waldenor Almeida dos Santos
Ana Claudia Rocha Ribeiro
Suellen Alves Almeida
Débora Vitória Silva de Jesus
Cledyely da Rosa Pompeu
Jeferson Fonseca Pereira
Marcela Mendonça Trindade
Wellyton Santos da Silva
Waldenise Meireles de Freitas
Rafael Dutra Fonseca
Williane Safira dos Santos Souza
Marcos Vinicius Pinheiro Lima
Bruno da Silva Ferreira
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295.
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341.
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343.
344.
345.
Adrielle Teixeira
Carmem Alana da Silva Aguiar
Antonio Gabriel R. Marques
Jonathan William Matos Almeida
Valeria Romana Palheta dos santos
Mariana Correa Jardim
Leandro Rodrigues Nogueira
Samuel da Silva dos Reis
Alberto de Brito Mota Junior
Mônica Goreth Costa Ribeiro
Anna Paula Coutinho de Lima
Ana Ocenil Lira Sousa
Carlos Henrique Rodrigues da Silva
Cleviane Cardoso da Costa
Helena do Socorro B. Silva
João Ricardo da Silva Viana
Selma Suely Botelho de Souza
Pedro Pinheiro Damasceno
Maria José Alves dos Santos
Regyane Dias
Adilson Silva Assunção
Natalia Cristina Brito
David Lobo de Souza
Germina Brito
Neuziane Duarte do Nascimento
Simone Coutinho da Silva
José Martins Ferreira da Silva
Rosineide Brito da Silva
Hilario Ferreira do Nascimento
Rosilene Mesquita Lima
José de Souza Mesquita
Cintia da Silva
Elen Cristina Mesquita da Silva
Rosilene Carneiro Pereira
Maria do Socorro Mesquita da Silva
Antônia Maria Mesquita
Mirian Ribeiro
Maria Odete
Raimundo Ozario Coutinho
Raquel Ozario Coutinho
Mônica da Silva
Lucas Constantino Correa da Silva
Luciene Almeida Farias
Carlos Henrique R. da Silva
Maria Lidia L. dos Santos
Telma Lucia Pinheiro
Rita de Cassia M. de Oliveira
Rufina Neves Duarte
Clissia Fadia da Silva Ribeiro
José Lobato Lima
Angela Alves Lima
Manoel Janio Serra Delgado
Flavia Carla da Silva Ribeiro
Maria de Nazaré dos Santos
Marlene da Costa Croelhas
Liliane Cristiane Palheta Guimarães
Rosa Neves
Elza Sales
Ilson Raimundo Sodré Martins
Aline Cristina Serrão Silva
FUNBOSQUE
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Comunitários – Ilha de Mosqueiro
Comunitários – Ilha de Mosqueiro
Comunitários – Ilha de Mosqueiro
Comunitários – Ilha de Mosqueiro
Comunitários – Ilha de Mosqueiro
Comunitários – Ilha de Mosqueiro
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Comunitários – Ilha de Mosqueiro
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Comunitários – Ilha de Cotijuba
Comunitários – Ilha de Cotijuba
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Comunitários – Ilha de Cotijuba
Comunitários – Ilha de Cotijuba
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Comunitários – Ilha de Cotijuba
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Comunitários – Ilha de Cotijuba
Comunitários – Ilha de Cotijuba
Comunitários – Ilha de Cotijuba
Comunitários – Ilha de Cotijuba
Comunitários – Ilha de Cotijuba
Comunitários – Ilha de Cotijuba
Comunitários – Ilha de Cotijuba
Comunitários – Ilha de Cotijuba
Comunitários – Ilha de Cotijuba
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Comunitários – Ilha de Cotijuba
Comunitários – Distrito de Icoaraci
Comunitários – Distrito de Icoaraci
Comunitários – Distrito de Icoaraci
Comunitários – Distrito de Icoaraci
Comunitários – Distrito de Icoaraci
Comunitários – Distrito de Icoaraci
Comunitários – Distrito de Icoaraci
Comunitários – Distrito de Icoaraci
Comunitários – Distrito de Icoaraci
Comunitários – Distrito de Icoaraci
Comunitários – Distrito de Icoaraci
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Comunitários – Distrito de Icoaraci
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
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Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Comunitários – Ilha de Caratateua
Grupo Ambiental Natureza Viva-GANV
Karem Jullyem N. dos Santos
Leonildes Soares da Silva
Ângela Antonia da Silva Carvalho
Sonia Suelly Boares
Ana Cléia Cardoso Neves
Ana Maria Araújo de brito
Carlos Alberto Silva Meguy
Maria de Lourdes Sousa
Maria Dulcirene A. de Lima
Maria Lúcia Tobias
Maria das Graças Figueiredo
Maria das Graças A. Silva
Maria de Nazaré Lima
Maria de Nazaré G. Lima
Maria de Lourdes Saldanha
Soraya Gorett Pinheiro
Searina Raiol Bello
Raimunda da Silva Ferreira
Rosangela Monteiro Santa Brígida
Lizete Lima de Souza
Sandra da Costa Ferreira
Maria José de Assunção Lima
Pedro de Jesus Dutra
Samara Bezerra
Paulo Oliveira
MARANHÃO – BRASIL
Nº
1.
Nome
Instituição
Museu Casa Histórica de Alcântara/IBRAM
Liz Renata Lima Dias
SANTA CATARINA – BRASIL
Nº
01
02
Nome
Rafael Muniz de Moura
Rosane Luchtenberg
03
Valda de Oliveira Fagundes
Instituição
IBRAM/Museu Victor Meireles
Museu Comunitario Engenho do Sertão
Instituto Boimamão Preservação e Fomento da Cultura
Ecomuseu Dr. Agobar Fagundes
CEARÁ – BRASIL
Nº
1.
Nome
Francisco Fábio Santiago
2.
3.
Jorge Araujo de Abrunhosa
Nadia Helena Oliveira Almeida
Instituição
Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de
Chorozinho
Ecomuseu de Maranguape/Fundação Terra
Ecomuseu de Maranguape/Fundação Terra
PIAUÍ – BRASIL
Nº
1.
Nome
Marlene dos Santos Costa
Nº
1.
2.
Nome
Karla Adriana Nascimento Cunico
Maria Emília Medeiros de Souza
Nº
1.
Nome
Instituição
CICIL-FUNDHAM
PARANÁ – BRASIL
Instituição
Universidade Federal do Paraná – UFPR
Ecomuseu de Itaipu
MATO GROSSO DO SUL – BRASIL
Instituição
Projeto Anima
Izabel Brunzician
SÃO PAULO – BRASIL
Nº
1.
Nome
Luisa Helena Thesin
2.
Maria Angela Piovesan Savastano
Instituição
Produtora Cultural Independente Instituto de Artes da
UNESP Universidade Estadual Paulista
Museu do Folclore – Centro de Estudos da Cultura
Popular
16
3.
Centro de Estudos da Cultura Popular – CECP
Nivea Cristina Lopes Oliveira
ESPÍRITO SANTO – BRASIL
Nº
1.
Nome
Paula Nunes Costa
Nº
1.
2.
3.
Nome
Adirleide Greice Carmo de Souza
Cleide Martins dos Santos
Ivan Andrade dos Santos
Nº
1.
Nome
Lucinete Aparecida de Morais
2.
Manuelina Maria Duarte Cândido
Nº
1.
Nome
Maiara Roberta de Melo Bezerra
2.
Paulo André Roque Lopes Magalhães
Nº
1.
2.
Nome
Rosilene Maria de Cassia Maciel
Suane Ferreira Santos de Oliveira
3.
Vicente de Paulo Oliveira Faustino
Nº
1.
2.
Nome
Instituição
Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo
SECULT/ES
AMAPÁ – BRASIL
Instituição
Museu Histórico do Amapá Joaquim Caetano da Silva
Secretaria de Cultura do Amapá- SECULT/AP
Museu Histórico do Amapá Joaquim Caetano da Silva
GOIÁS – BRASIL
Instituição
Centro de Educação Profissional em Artes Basileu
França
Universidade Federal de Goiás – UFG
RONDÔNIA – BRASIL
Instituição
Sociedade Amigos do Xadrez
Ecomuseu Comunitário de Rondônia
Ponto de cultura Associação Beneficente dos
Enxadristas e Damistas de Rondônia
TOCANTINS – BRASIL
Instituição
Instituto Natureza do Tocatins – Naturatins
Secretaria de Cultura do Estado de Tocatins –
SECULT/TO
Monumento Natural das Arvores FossilizadasNaturatins
DISTRITO FEDERAL – BRASIL
Instituição
---------------------------Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM
Cibele Boaventura Gomide
Marcelle Regina Nogueira Pereira
PERNAMBUCO – BRASIL
Nº
1.
2.
3.
Nome
Instituição
Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes
Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes
UNESCO
Eliane Sotério da Silva
Elinildo Marinho de Lima
Vânia Brayner Rangel
RIO DE JANEIRO – BRASIL
Nº
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
Nome
Ana Paula Corrêa de Carvalho
Aurelina de Jesus Cruz Carias
Bianca de Moura Wild
Bruno Cruz de Almeida
Daisy Aderne Mercer Carneiro
Diogo da Silva Cardoso
Fernando Ermiro da Silva
Helena Maria Marques Araújo
Jose Carlos Barros da Rocha
Julyanna Elena Ferreira da Costa
Leonardo Boff
Marcia Maria Monteiro de Miranda
Lucienne Figueiredo dos Santos
Lúcio Teixeira
Marlucia Santos de Souza
Manoel Ribeiro da Costa França
Marcia Cristina de Souza e Silva
Marcelly Marques Pereira
Instituição
NOPH / Ecomuseu de Santa Cruz
------------------------Movimento Ecomuseu de Sepetiba
Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica – NOPH
---------------------NOPH/Ecomuseu de Santa Cruz
Museu da Rocinha – Sankofa Memória e História
UERJ – PUC – RIO
Ecomuseu Nega Vilma
Ecomuseu Nega Vilma
-----------------------------------------------------------------SIM
NOPH/ Ecomuseu – SME/10ª CRE PET JCCB
Museu Vivo de São Bento
NOPH/Ecomuseu de Santa Cruz
Museu de Favela – MUF
Museu da Maré
17
19.
20.
21.
22.
23.
24.
25.
26.
27.
28.
29.
30.
31.
32.
Maria Elizabeth Souza
Maria Aparecida Ó. Padua
Maria de Lourdes Parreira Horta
Mario de Souza Chagas
Nelson Crisóstomo dos Santos Filho
Odalice Miranda Priosti
Pablo Ramos Camilo
Regina Celia dos Santos Gonçalves França
Ricardo da Costa
Rondelly Soares Cavulla
Sinvaldo do Nascimento Souza
Tereza Cristina Moletta Scheiner
Tiago de Oliveira Rodrigues
Walter Priosti
Nº
1.
2.
Nome
Adenildes Santana Vargas Leal
Ana Arita Souza de Araujo
3.
4.
Luísa Mahin Araújo Lima do Nascimento
Renata Freitas Machado
5.
Rita de Cassia Oliveira Pedreira
NOPH/Ecomuseu de Santa Cruz
Ecomuseu Nega Vilma
Instituto Cravo Albin
IPHAN/MINOM
Trama Afroindígena
NOPH/Ecomuseu de Santa Cruz
NOPH/Ecomuseu de Santa Cruz
NOPH/Ecomuseu de Santa Cruz
Ecomuseu Nega Vilma
UNIRIO
NOPH/Ecomuseu de Santa Cruz
ICOM Internacional
NOPH/Ecomuseu de Santa Cruz
NOPH/Ecomuseu de Santa Cruz
BAHIA – BRASIL
Instituição
Ponto de Memória de Matarandiba/ASCOMAT
Associação Beneficente Cultural OyáNí/Museu Afro
Cultural
Ponto de Memória de Matarandiba/ASCOMAT
Museu Comunitário de Matarandiba
Projeto Dedinho de Prosa/cadinho de memória – UFBA
MINAS GERAIS – BRASIL
Nº
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Nome
Adriana Piva
Andressa Iza Gonçalves
Barbara Maria Costa de Paula
Cauê Donato Silva Araujo
Carina Prata Borges
Dayana Francisco Leopoldo
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
Gabriela de Lima Gomes
Guilherme Goretti Rodrigues
Jose Marcio Barros
Leonardo de Oliveira Carneiro
Luana Caroline Damião
Marcelo José de Marques Lima
Margareth Veisac Marton
Maria Stela Ferreira dos Santos
Michele Louise Guimarães da Silva
Rosalba Lopes
Silvia de Souza Lima
Vitor de Castro Morais
Yára Mattos
Instituição
Associação Gruta Lapinha Viva
Viraminas Associação Cultural
Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP
Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP
Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF
Universidade Federal de Juiz de Fora
Laboratório de Territorialidades Urbanas (LATUR)
Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP
Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF
Observatório da Diversidade Cultural
Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF
Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP
Espaço Cultural Nhá Rita - Memorial da Fazenda Cipó
Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP
Espaço Cultural Nhá Rita- Memorial da Fazenda Cipó
Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP
Instituto Inhotim
Espaço Cultural Nhá Rita - Memorial da Fazenda Cipó
Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF
Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP
RIO GRANDE DO SUL – BRASIL
Nº
1.
2.
Nome
Angela Tereza Sperb
Célia Maria Pereira
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
12.
13.
Claudia Feijó da Silva
Dulce Helena Mendonça dos Santos
Eráclito Pereira
Fabiano Venturotti
Giane Vargas Escobar
Heron Moreira
Izolina Elísia de Anhaia
Luana Gonzales Bassa
Maria Carolina Vieira
Maria Suzana Loureiro dos Santos
14.
Patrícia Berg
Instituição
Tempus Consultoria Planejamento Ltda
Centro de produção, promoção e formação em artes e
cultura – Ponto de cultura ArtEstação.
Museu Comunitário Lomba do Pinheiro
Ecomuseu de Picada Café
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM
Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM
Museu Treze de Maio
Universidade Federal de Pelotas – UFPEL
Museu Comunitário Lomba do Pinheiro
Universidade Federal de Pelotas – UFPEL
---------------------------Centro de produção, promoção e formação em artes e
cultura – Ponto de cultura ArtEstação.
ABREMC
18
15.
16.
Patricia Rosina Stoffel Hansen
Teresinha Beatriz Medeiros
Ecomuseu de Picada Café
Museu Comunitário Lomba do Pinheiro
ARGENTINA
Nº
1.
2.
Nome
Silvia Durá
Gabriela Alonso
3.
4.
Maria Alejandra Korstanje
Sebastian Carrera
Instituição
Museos de Quilmes/ Provincia de Buenos Aires
Curaduría de Museus em Quilmes/ Provincia de
Buenos Aires
Instituto de Arqueologia y Museo (UNT)
Grupo AmplioSalvatablas
ESPANHA
Nº
1.
Nome
Instituição
Universidade de Nebrija
Oscar Navajas Corral
FRANÇA
Nº
1.
2.
Nome
Instituição
---------------------------Communauté et Développement Local
Beatrice de Varine
Hugues de Varine-Bohan
ITÁLIA
Nº
1.
2.
3.
Nome
Instituição
Ecomuseo delle Acque del Gemonese
Ecomuseo d’Argenta
Ecomuseu del Paisaggio - Comune di Parabiago
Etelca Ridolfo
Nerina Baldi
Raul dal Santo
MÉXICO
Nº
1.
2.
Nome
Instituição
Museo Comunitario Tepatlaxco
UMCO
Oscar Rodriguez Rios
Teresa Morales Lersch
PARAGUAI
Nº
1.
2.
3.
Nome
Alda Carreras
Derlis Reinaldo Ramoa Alcaraz
Miguel Angel Mendonza Alfonzo
Nº
1.
2.
3.
Nome
Ana Mercedes Stoffel Fernandes
Graça Filipe
Sonia Filipa da Silva Gaspar
Instituição
SNC
Itaipu Binacional MD
Itaipu Binacional MD
PORTUGAL
Instituição
Museu da Batalha
Ecomuseu de Seixal
Projecto Tesouros da Ameixoeira/SCML/Programa
K’cidade
19
PROGRAMAÇÃO
DIA 12 de JUNHO – TERÇA-FEIRA
CENTRO DE EVENTOS BENEDITO NUNES - UFPA
09h00 - Abertura Solene.
Homenagem a Secretária Municipal de Educação – Therezinha Gueiros.
10h30 – Conferência: A Sustentabilidade e a Responsabilidade do Homem com a
Preservação do Patrimônio – Leonardo Boff-Brasil-BR
Mediador: Mário Chagas – MINOM-Brasil-BR
11h30 – Apresentação especial: 40 anos da Mesa de Santiago do Chile – Hugues de
Varine-Bohan – França-FR
Mediadora: Maria de Lourdes Parreira Horta – Instituto Cravo Albin-RJ.
12h00 – Coquetel/Lançamento de livros:
VARINE, Hugues de. Raízes do futuro – França-FR
MATTOS, Yára; Mattos, Yone. Abracaldabra: uma aventura afetivo-cognitiva na
relação museu-educação – Brasil-BR
12h00 – Apresentações Culturais: Balé Folclórico ParAmazon, Tupiniquim,
Ansoripará, Diego Carneiro.
14h00 – Palestra: Capacitação dos Atores do Desenvolvimento Local – Teresa
Morales – UMCO – México-MX
Mediadora: Maria Emilia Medeiros de Souza – Ecomuseu de Itaipu-PR-BR.
Apresentação de relatos de experiências das comunidades das áreas de atuação
do Ecomuseu da Amazônia.
14h40 – Eixo Cultura.
15h10 – Eixo Meio Ambiente.
15h40 – Intervalo.
16h00 – Eixo Turismo.
16h30 – Eixo Cidadania.
17h30 – Apresentação Cultural: Grupo Portal da Melhor Idade, grupo de carimbó de
Castanhal do Mari-Mari.
DIA 13/JUNHO – QUARTA-FEIRA
AUDITÓRIO MARIANO KLAUTAU - FUNBOSQUE
08h30 – Mesa Redonda I: Inventário Participativo e Responsabilidade
Socioambiental.
Maria Terezinha Resende Martins – Ecomuseu da Amazônia-BR; Maria Emília
Medeiros de Souza – Ecomuseu de Itaipu-BR; Raul dal Santo – Ecomuseu del
Paesaggio-Itália-IT; Maria de Lurdes Parreira Horta – Instituto Cravo Albin-BR;
Mediador: Diogo Jorge de Melo – Universidade Federal do Pará-UFPA-BR; Relator:
Nerina Baldi – Sistema Ecomuseale di Argenta-IT.
10h30 – Oficinas relacionadas à Mesa Redonda I.
1. Inventário Participativo do Ponto de Memória da Terra Firme – Helena QuadrosMuseu Goeldi-Pará-BR;2.Nossas práticas e Atitudes Frente a Carta das
Responsabilidades Humanas e ao Tratado de Educação Ambiental para Sociedades
Sustentáveis e Responsabilidade Global – Maria Claudia Demetrio Gaia-FAMAZ-PABR;3.Identificando Memórias – Diogo Jorge de Melo e Socorro Lima-UFPA-PABR;4.Sucos da Horta: Escola Bosque e Estrelado – Mary Fernandes e Maria Aida de
Jesus Delise Pereira-FUNBOSQUE-PA-BR;5.Ecomuseu de Maranguape e Educação
Integral no Desenvolvimento Local Sustentável – Nadia Helena Oliveira AlmeidaCeará-BR;6.Viveiro de Mudas: Semear e Plantar para uma Educação Sustentável –
20
Elias Gomes e Monica Lisboa-FUNBOSQUE-Pará-BR;7.Agenda 21 – Fidélis PaixãoPA-BR.
12h00 – Apresentação Cultural: Grupo de Teatro Monturo-PA-BR.
14h00 – Mesa Redonda II: A Relação das Organizações Sociais e os Ecomuseus
e Museus Comunitários.
Odalice Priosti – Ecomuseu de Santa Cruz-BR; Oscar Navajas Corral – Universidade
de Nebrija-Espanha-ES; Alejandra Korstanje – Instituto de Arqueologia y MuseoArgentina-AR; Hugues de Varine-Bohan – FR;
Mediadora: Maria Dorotéa de Lima – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional-IPHAN-Pará-BR; Relatora: Valda Oliveira Fagundes – Ecomuseu Dr. Agobar
Fagundes-Santa Catarina-SC-BR.
16h00 – Oficinas relacionadas à Mesa Redonda II
1.Biscoitos da horta: jerimum e cascas de legumes – Mary Fernandes e Maria Aida de
Jesus Delise Pereira-FUNBOSQUE-Pará-BR;2.Danças típicas regionais com enfoque
no carimbó – Maria de Nazaré do Ó Ribeiro-Grupo Parafolclórico Vaiangá-PABR;3.Registro de passagem – Roberto França-PA-BR;4.Canto popular: Cuidados com
a voz – Claúdio Samura-PA-BR.
17h30 – Apresentações Culturais: Grupo Parafolclórico Vaiangá; Grupo de Carimbó
Águia Negra-PA-BR.
DIA 14/JUNHO – QUINTA-FEIRA
AUDITÓRIO MARIANO KLAUTAU - FUNBOSQUE
08h30 – Mesa Redonda III: Produção e Criatividade nos Ecomuseus e Museus
Comunitários.
Etelca Ridolfo – Ecomuseu delle Acque del Gemonese-IT; Laura Ximenes – Museu do
Açaí/MAÇAÍ-UFPA-PA-BR; Yára Mattos-Ecomuseu da Serra de Ouro Preto-MG-BR;
Diogo Jorge de Melo-UFPA-PA-BR;
Mediador: Luiz Tadeu da Costa – UFPA-PA; Relator: Marcelly Marques Pereira –
Museu da Maré-RJ-Brasil.
10h30 – Oficinas relacionadas à Mesa Redonda III.
1.Hidroponia I – Lúcio Teixeira-E.M.João Gualberto Jorge do Amaral e PET Jornalista
C.Castelo Branco-RJ-BR; 2.Experiência do Museu Goeldi com Alimentação Saudável
Helena Quadros – Museu Goeldi-Pará-BR 3.BiomapasComunitário – Vinicius
Pacheco-Ecomuseu da Amazônia-PA-BR; 4.VerdeFoto – Gabriela de Lima GomesUFOP-BR ;O Desafio da Educação Museal e os Museus sem Paredes – Valda
Fagundes de Oliveira-Ecomuseu Dr. Agobar Fagundes-SC-BR ;5.Danças Regionais –
Fábio Cardoso-PA-BR.
12h00 – Apresentações Culturais: Folia de Reis Menino Jesus-PA-BR, Grupo
Enigma-FUNBOSQUE, Grupo de hip hop PSD-FUNBOSQUE-PA-BR.
14h00 – Mesa Redonda IV: Relação do Turismo de Base Comunitária e o
Desenvolvimento Local.
Ana Mercedes Stoffel Fernandes Museu da Batalha – Portugal-PO; Marlucia Santos
de Souza – Museu Vivo de São Bento-RJ-BR; Marcia Souza – Museu de Favela-RJBR;Marinete Silva Boulhosa-Instituto Federal do Pará-IFPA-BR;
21
Mediadora: Claudia Feijó – Museu Comunitário Lomba do Pinheiro-RS-BR; Relatoras:
Denise Adrião – Museu Emilio Goeldi-PA-BR; Giane Vargas Escobar – Museu Treze
de Maio-RS-BR.
16h00 – Oficinas relacionados à Mesa Redonda IV.
1.Hidroponia II – Lúcio Teixeira - E.M.João Gualberto Jorge do Amaral e PET
Jornalista C.Castelo Branco-RJ-BR; 2.O Turismo de Base Comunitária como Indutor
do Ecodesenvolvimento Local – Constatino Alcântara-FAMAZ-PA-BR;3.Homem,
Natureza e a utilização dos Recursos Naturais – Wildinei Lima-Ecomuseu da
Amazônia-PA-BR;4.Patrimônio e Capacitação dos Atores Sociais Para o
Desenvolvimento Local no Ecomuseu de Santa Cruz – Equipe do NOPH/Ecomuseu de
Santa Cruz e Movimento Ecomuseu de Sepetiba-RJ-BR; Danças Regionais – Fábio
Cardoso-Grupo Folclórico Tucuxi-PA-BR
17h30 – Apresentação Cultural: Grupo Musical Tupiniquim, Ansoripará, Grupo
Folclórico Tucuxí, Grupo de Carimbó Juruparí, Cordão de Pássaro Junino Colibri.
DIA 15/JUNHO – SEXTA-FEIRA
AUDITÓRIO MARIANO KLAUTAU - FUNBOSQUE.
08h30 – Mesa Redonda 5: Cidadania e Protagonismo Comunitário.
Giane Vargas Escoba – Museu Treze de Maio-RS-BR; Claudia Feijó – Museu
Comunitário Lomba do Pinheiro-RS-BR; Teresa Scheiner – UNIRIO-RJ-BR; Graça
Filipe – Ecomuseu Seixal-PO; Socorro Lima – Universidade Federal do Pará-PA-BR;
Mediadora: Marcelle Regina Nogueira Pereira – Instituto Brasileiro de Museus-IBRAM;
Relatora: Yára Mattos – Ecomuseu da Serra de Ouro Preto-MG- BR.
09h00 – Sistematização dos documentos construídos IV EIEMC.
10h00 – Fórum: Marcelle Regina Nogueira Pereira – IBRAM; Mário Chagas – MINOM.
11h00 – Reunião das Redes e Propostas ICOM/2013 (IBRAM-ICOM Brasil).
11h30 – Apresentação Cultural: Grupo de Performance Agentes e Monitores
Ambientais - AMA.
14h00 – Plenária final: Apresentação das Diretrizes/conclusões dos GT’s para
construção e aprovação da Carta de Caratateua.
16h00 – Pôr-do-sol Cultural: 5º aniversário do Ecomuseu da Amazônia.
Manifestações Culturais: Grupo Coreográfico Sociedade São Vicente de Paulo, Grupo
Musical Tupiniquim e Ansoripará, Grupo Parafolclórico Vaiangá e Cantora Nazaré
Pereira.
DIA 16/JUNHO – SÁBADO
Visita nas áreas do Ecomuseu da Amazônia: Ilha de Mosqueiro - Comunidades: Vila,
Caruaru, Castanhal do Mari-Mari e Assentamento Paulo Fonteles.
Obs¹: Após cada mesa redonda, os participantes optaram por uma oficina.
Obs²: No dia de campo, os participantes optaram por um roteiro.
22
SUMÁRIO
O Projeto do IV EIEMC..................................................................................................30
I. TEXTO PROVOCATIVO
MARTINS, Maria Terezinha Resende-BRASIL; VARINE-BOHAN, Hugues de-FRANÇA
A CAPACITAÇÃO - práticas e tentativas de teorização................................................45
II. CONFERÊNCIA
BOFF, Leonardo - BRASIL
Desafios atuais para a construção da sustentabilidade................................................66
III. PALESTRAS
MORALES, Teresa - Oaxaca - MÉXICO
Capacitación de los Actores de los Museos Comunitarios…………..………………….71
VARINE-BOHAN, Hugues de - FRANÇA
Où en sommes-nous après 40 ans?.............................................................................75
IV. DOCUMENTOS APRESENTADOS ÀS PLENÁRIAS
BINETTE, René - CANADÁ
Un musée citoyen et ses liens avec la communauté: le cas de l’Écomusée du Fier
Monde............................................................................................................................78
BOULHOSA, Marinete - PA-BRASIL
MUSEU DO MARAJÓ: A importância do museu para o resgate, conservação e
divulgação da cultura.....................................................................................................83
ESCOBAR, Giane Vargas - RS-BRASIL; VARINE-BOHAN, Hugues de - FRANÇA
Patrimônio Comunitário e Novos Museus: a face afro-brasileira da museologia
comunitária....................................................................................................................87
FILIPE, Graça - PORTUGAL
Cidadania e Protagonismo Comunitário: refletindo sobre os museus e a gestão
patrimonial………………………………………..……………………………………………92
KORSTANJE, Alejandra; CARRERA, Sebastián - ARGENTINA
La construcción de un museo rural comunitario:comunidad, turismo y proyección social
en el Valle de El Bolson (Catamarca, Argentina)………………………………………….98
LIMA, Maria do Socorro - PA-BRAS IL
Projeto Além dos Muros: musealização e memória coletiva.......................................103
LUGO, Raúl Andrés Méndez - MÉXICO
El ecomuseo como comunidad educadora…………..……………………………….….109
MARTINS, Maria Terezinha Resende - PA-BRASIL
Ecomuseu da Amazônia: a prática da partilha do patrimônio.....................................118
MATTOS, Yára - MG-BRASIL
Diálogo, Sentido e Significado no Ecomuseu da Serra de Ouro Preto/MG................126
23
NAVAJAS, Óscar - ESPANHA
Ecomuseos y Museología Social en España……………..…………………………...…130
OHARA, Kazuoki - JAPÃO
Reforming local Activities into one Community - Making local identity by
Ecomuseum in Miura Peninsula………............……………….............................….....137
PRIOSTI, Odalice; PRIOSTI, Walter - RJ-BRASIL
Os Ecomuseus e o patrimônio da liberdade da ação comunitária..............................140
PRIOSTI, Walter Vieira; PRIOSTI, Odalice Miranda - RJ-BRASIL
Ressonâncias das I Jornadas Formação em MC/2009...............................................149
RIDOLFO, Etelca – ITÁLIA
PAN DI SORC – histoire d’ un projet………….......……………..…………………….…155
SANTO, Raul dal – ITÁLIA
Can parish maps inspire future?..................................................................................167
SCHEINER, Tereza
Museologia e Protagonismo Comunitário: mitos e realidades....................................171
SILVA, Cláudia Feijó da - RS-BRASIL
Museus Comunitários: protagonismo e práticas cidadãs............................................172
SOUZA, Márcia - RJ-BRASIL
Modos e desafios de visitação do Museu de Favela-RJ.............................................176
SOUZA, Maria Emília Medeiros de; SANTOS RIBEIRO, Tatiara Damas - PR-BRASIL
Ecomuseu de Itaipu e a Rede Regional de Museus, Memória e Patrimônio Natural e
Cultural: instrumentos de gestão patrimonial comunitária...........................................179
STOFFEL, Ana Mercedes - PORTUGAL
MCCB - Museu da Comunidade Concelhia da Batalha, o museu de todos................187
V. DOCUMENTOS DE BASE
ALMEIDA, NÁDIA - CE - BRASIL
Ecomuseu de Maranguape: um povo, sua cultura e seu território na educação integral
da comunidade local....................................................................................................195
BASSA, Luana G; MOREIRA, Heron; CRUZ, Matheus - RS - BRASIL
Políticas Públicas Patrimoniais voltadas aos museus comunitários...........................196
BASTOS, Rodolpho; BOGÉA, Eliana Benassuly; SILVA, Aldenora P. da; RIBEIRO,
Mônica C; RIBEIRO, Maria do Socorro - PA-BRASIL
Museu Parque Seringal, patrimônio natural e cultural.................................................200
BITENCOURT, Heliana Rodrigues de - PA - BRASIL
A Ilha de Caratateua na memória de seus moradores................................................203
CÂNDIDO, Manuelina M.Duarte - GO-BRASIL
A gestão e o planejamento só dizem respeito aos museus tradicionais?...................206
CARDOSO, Diogo da Silva - RJ - BRASIL
24
Repensando os conceitos geográficos e sua aplicabilidade nos ecomuseus e museus
comunitários brasileiros: uma introdução....................................................................210
FRANÇA JÚNIOR, Roberto de Mendonça - PA - BRASIL
Ações do Ecomuseu da Amazônia na Ilha de Cotijuba: possibilidades de interpretação
do patrimônio natural e cultural local.......................................................................... 219
MOREIRA, Heron; CRUZ, Matheus; BASSA, Luana Gonzalez; LEAL, Noris M.P. M RS - BRASIL
Sistema de Formação Integrado no Programa de Preservação do Patrimônio Cultural
da Região do Anglo – Pelotas-RS...............................................................................228
PEDREIRA, Rita; CARDOSO, Cristiano; ALMEIDA, Ana Claúdia Borges de - BA BRASIL
Disseminação da Informação Patrimonial...................................................................231
SAVASTANO, Ângela - São José dos Campos - SP - BRASIL
Patrimônio
e
Capacitação:
uma
reflexão,
uma
caminhada.
Ecomuseu Campos de São José................................................................................235
SILVA, Daniel; SILVA, Enilson; NOGUEIRA, Daniel - PA - BRASIL
Transferência de Tecnologia: uma ferramenta para a promoção da segurança
alimentar e do desenvolvimento local da Região Insular de Belém............................238
SILVA, Cláudia Feijó da - RS - BRASIL
O Museu Comunitário Lomba do Pinheiro pela narrativa de seus atores sociais...... 243
SPERB, Ângela Teresa; HANSEN, Patrícia - RS - BRASIL
Patrimônio Histórico e comunidade – Ações que geram reações...............................246
SOUZA, Antônio Carlos Ferreira; PAGLIARINI, Flávia Cristina - PA - BRASIL
Turismo de Base Comunitária, Cultura e Ecomuseu: uma alternativa para o
desenvolvimento socioeconômico em comunidades quilombolas no Estado do
Pará.............................................................................................................................250
SOUZA, Sinvaldo do Nascimento - RJ - BRASIL
Ecomuseu de Santa cruz, ansiedade comunitária pelo desenvolvimento local..........254
WILD, Bianca; ALMEIDA, Bruno Cruz - RJ - BRASIL
Espelho onde se revê e se descobre a própria imagem - O movimento Ecomuseu
Sepetiba - Desafios e Perspectivas.............................................................................256
VI. NARRATIVAS POPULARES
ANDRADE FILHO, José Maria
Centro de Referência em Educação Ambiental Professor Eidorfe Moreira................262
ANJOS, Margarida Maria Barboza dos
Memórias de Vida - Depoimento ao Ecomuseu da Serra de Ouro Preto....................262
BONINI, Doris
Narrativas do Grupo Piraquara - São José dos Campos – SP...................................263
BRUM, Dalvina de Almeida
A parteira da ilha - Entrevista concedida para a Tese de doutorado de Maria T. R.
Martins ........................................................................................................................265
25
DONA JANDIRA
Memórias de Vida - Depoimento ao Ecomuseu da Serra de Ouro Preto....................266
FERREIRA, Célio de Oliveira
Rua Felipe Cardoso - Ecomuseu de Santa Cruz........................................................267
FRANÇA, Durval
Poesia para o Ecomuseu - Ecomuseu da Amazônia..................................................268
FRANÇA, Jorge
Confeiteiro de D. Pedro II faz 100 anos e fala do passado.........................................268
FRANÇA, Regina Célia dos S. Gonçalves
Perfis de Outrora - Ecomuseu de Santa Cruz.............................................................270
KUHN, Fabíola Inês
Limpeza com dificuldade ............................................................................................271
LIMA, Wildinei
NATURARTT “a natureza em evidência”....................................................................271
LIOI, Teresinha
As Sempre-Vivas (Ecomuseu de Santa Cruz)............................................................272
MESQUITA, Antônia de Maria
Uma cearense na ilha de Cotijuba- Entrevista concedida para a Tese de doutorado de
Maria T. R. Martins......................................................................................................273
METZ, Rosalina
Cotidiano.....................................................................................................................274
MELO, Silvia Regina L.C. Cunha
Recordações Sedutoras da Terra de Santa Cruz.......................................................274
MORAES, Lecinda Maria das Chagas
Cultura Popular: memórias do Paracuri......................................................................277
PACHECO, Vinicius
Verde Memória sobre as Pedras.................................................................................279
PEREIRA, OTONIEL
Morar em Cotijuba- Entrevista concedida para a Tese de doutorado de Maria T. R.
Martins.........................................................................................................................280
PETRÓ, Camila Albani
Parada Seis, Sentido Bairro/Centro [e vice-verso] MC Lomba do Pinheiro................282
ROZA, Adílio S. da; BELO, Cristiano dos S; ALEXANDRE,Thiago de L. e THEODORO,
Bruno F.A
De Piracema à Indústria, uma viagem a Santa Cruz..................................................283
SILVA, Dilméia Oliveira
Santa Cruz agradece...................................................................................................284
SILVA, Vicente de Paula da
Depoimento ao Ecomuseu da Serra de Ouro Preto....................................................286
26
THOMAS, Aldair José; KUNZ, Édio; JANNKE, Paulo André; BULLEGON, Luiz João;
WELTER, Eduardo
Primeira usina hidrelétrica de Picada Café.................................................................285
VICENTE, José Pedro
Velho Pinheiro - MC Lomba do Pinheiro.....................................................................286
WEBER, Lucila
A volta da escola - Museu de Picada Café..................................................................286
WERLE, Sussana Maria Mallmann
Brincadeiras e brinquedos em tempos passados - Museu de Picada Café................287
WILD, Bianca
Narrativas dos moradores de Sepetiba.......................................................................287
Diversos: Depoimentos colhidos nas Oficinas (Serra de Ouro Preto).....................289
VII. OFICINAS
ALCÂNTARA, Constantino
Nossas práticas e atitudes frente à carta das responsabilidades humanas e ao Tratado
de educação ambiental para sociedades sustentáveis e responsabilidade global
(FAMAZ - Faculdade Metropolitana da Amazônia).....................................................291
ALCÂNTARA, Constantino
O Turismo de base comunitária como indutor do ecodesenvolvimento local
(FAMAZ - Faculdade Metropolitana da Amazônia).....................................................291
ALMEIDA, Bruno C; CAMILO, Pablo R; FRANÇA, Regina Célia dos S. G. SOUZA;
Sinvaldo do N; RODRIGUES, Tiago de O. e WILD, Bianca
Patrimônio e Capacitação dos Atores sociais para o desenvolvimento local no
Ecomuseu de Santa Cruz............................................................................................292
ALMEIDA, Nádia
Ecomuseu de Maranguape: um povo, sua cultura e seu território na educação integral
da comunidade local....................................................................................................292
CARDOSO, Fabio
Danças regionais.........................................................................................................293
GOMES, Gabriela de Lima
VERdeFOTO - Ver para descobrir e fotografar. O projeto VERdeFOTO é integrante do
programa de Implantação do Ecomuseu da Serra de Ouro Preto..............................294
FAGUNDES, Valda
O desafio da Educação Museal nos Museus Sem Paredes.......................................294
FARIAS, Claudio Costa de
Canto popular - cuidados com a voz...........................................................................295
FRANÇA, Roberto
Registros de passagem...............................................................................................295
LIMA, Wildinei
Homem, Natureza e a utilização dos recursos naturais..............................................296
MELO, Diogo; LIMA, Maria do Socorro
27
Identificando memórias...............................................................................................296
NOPH e Movimento Ecomuseu de Sepetiba
Patrimônio e capacitação dos atores sociais para o desenvolvimento local no
Ecomuseu de Santa Cruz ...........................................................................................296
Ó, Maria de Nazaré do
Danças Típicas Regionais com enfoque no carimbó..................................................297
OLIVEIRA, Paulo Alberto
A contribuição das organizações sociais para o empoderamento das comunidades.297
PACHECO, Vinicius
Biomapas: elaboração participativa.............................................................................298
PAIXÃO, Fidélis
Desenvolvimento Local na Amazônia: conhecendo metodologias, identificando limites
e possibilidades...........................................................................................................298
PEREIRA, Rosemiro Pinheiro
Cerâmica e o desenvolvimento local...........................................................................298
PONTO DE MEMÓRIA TERRA FIRME
O inventário participativo do Ponto de Memória da Terra Firme.................................300
PROJETO AMA
Viveiros de mudas: semear e plantar para uma educação sustentável......................300
PRIOSTI, Odalice; ESCOBAR, Giane
Relatório das I e II Jornadas Formação em Museologia Comunitária.........................300
QUADROS, Helena
A exposição do Museu Goeldi com Alimentação Saudável........................................301
SILVA, Mary Fernandes; PEREIRA, Maria Aida de Jesus Delise
Projeto horta do conhecimento: uma teia de conhecimento: uma teia de múltiplos
saberes e sabores - Biscoitos; suco escola bosque e estrelado e pratos alternativos da
horta: espernegados e tortas de cascas.....................................................................301
TEIXEIRA, Lúcio
Hidroponia I e II (PET JC Castelo Branco/Ecomuseu de Santa Cruz)........................301
VIII. PÔSTERES
ABREMC – NOPH/ ECOMUSEU DE SANTA CRUZ
I Jornadas Formação em Museologia Comunitária.....................................................304
ABREMC-MUSEU TREZE DE MAIO
II Jornadas Formação em Museologia Comunitária....................................................304
ALMEIDA, Bruno Cruz; CAMILO, Pablo Ramos; FRANÇA, Regina C. dos S. G;
MADEIRA, Paulo Henrique; MELO, Silvia R. L.C.C; PEREIRA, Ramiro Miranda;
PRIOSTI, Walter; PRIOSTI, Odalice; RODRIGUES, Tiago de Oliveira; SOUZA,
Sinvaldo do N.
NOPH-ECOMUSEU DE SANTA CRUZ: História e Memórias feitas por nós..............304
28
ALMEIDA, Bruno Cruz; CAMILO, Pablo Ramos; FRANÇA, Regina C. dos S. G;
MADEIRA, Paulo Henrique; MELO, Silvia R. L.C.C; PEREIRA, Ramiro Miranda;
PRIOSTI, Walter; PRIOSTI, Odalice; RODRIGUES, Tiago de Oliveira; SOUZA,
Sinvaldo do N.
NOPH-ECOMUSEU/MUSEU COMUNITÁRIO: o museu como escola de libertação,
protagonismo, cidadania e resistência........................................................................305
ARAÚJO, Cauê Donato Silva; MATTOS, Yara
Oficinas como método de capacitação no Programa Ecomuseu da Serra de Ouro
Preto............................................................................................................................306
BASTOS, Rodolpho Z; BOGÉA, Eliana B; SILVA, Aldenora; RIBEIRO, Mônica C;
RIBEIRO, Maria do Socorro C.
Museu Parque Seringal...............................................................................................306
DAMIÃO, Luana Caroline; GOMES, Gabriela de Lima
Projeto VERdeFOTO – A criação de uma linha do tempo para a apresentação do
desenvolvimento dos processos fotográficos..............................................................307
ECOMUSEU DA AMAZÔNIA
Eixo Cultura.................................................................................................................307
ECOMUSEU DA AMAZÔNIA
Eixo Ambiental.............................................................................................................308
ECOMUSEU DA AMAZÔNIA
Eixo Turismo................................................................................................................308
ECOMUSEU DA AMAZÔNIA
Eixo Cidadania............................................................................................................309
ECOMUSEU DA AMAZÔNIA
Biomapas: elaboração e produção..............................................................................309
LIMA, Wildinei
NATURARTT “a natureza em evidência”....................................................................310
LOBATO, Alessandra da Silva.
Turismo de base comunitária e patrimônio Cultural na Vila do PesqueiroSoure/Brasil.................................................................................................................310
MENEZES, M.L.P; MORAIS, V.C; LEOPOLDO, D.F; RODRIGUES, G.G; BORGES,
C.P; GABRIEL, R.A; GUELBER, V.T; NASCIMENTO, F.C.
Ecomuseu da Comunidade Quilombola de São Pedro de Cima.................................311
PEREIRA, Célia Maria; SANTOS, Maria Suzana Loureiro dos
Memória Sociocultural e Histórica da Comunidade do Povo Novo.............................312
SILVA, Michelle Louise G. da; MARTON, Margareth Veisac; MATTOS, Yara
Projeto Memória de vida - Ecomuseu da Serra de Ouro Preto...................................312
SOUZA, Adirleide Greice Carmo de
Museu Histórico do Amapá Joaquim Caetano da Silva: desafios e perspectivas da
preservação do meio ambiente cultural do Amapá.....................................................313
29
SPERB, Ângela; HANSEN, Patrícia
Patrimônio Histórico e Educação: Ações que geram reações....................................314
WILD, BIANCA.
Movimento Ecomuseu de Sepetiba - espelho onde se “revê” e se descobre a própria
imagem........................................................................................................................314
XI. CONCLUSÕES DO IV EIEMC
CARTA DE CARATATEUA.........................................................................................316
TESTIMONIOS CONVIDADOS EXTRANJEROS.......................................................319
MOÇÃO.......................................................................................................................322
MES CONCLUSIONS PERSONNELLES SUR LE IV EIEMC - H. de Varine………...323
Lembranças e reflexões sobre o IV Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus
Comunitários em Belém - Pará - Dayse Aderne Carneiro...........................................326
30
IV Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus Comunitários
IV EIEMC
Belém , Pará, 12 - 16 de junho 2012
Tema central: Patrimônio e Capacitação dos Atores do Desenvolvimento Local
1ª CIRCULAR - 01/12/2011
A Prefeitura Municipal de Belém, PMB, através da Secretaria Municipal de Educação,
da Fundação Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira e do Ecomuseu da Amazônia,
a Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários – ABREMC e o
Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica- NOPH / Ecomuseu de Santa Cruz e
demais parceiros anunciam a toda a comunidade museal mundial a realização do IV
ENCONTRO INTERNACIONAL DE ECOMUSEUS E MUSEUS COMUNITÁRIOS no
período de 12 a 16 de junho de 2012, em Belém , Pará, sede do Ecomuseu da
Amazônia.
Seguem em anexo o convite, o texto provocativo, a ficha de pré- inscrição, o folder
com a base do programa e outras informações para facilitar a adesão de
simpatizantes e interessados no tema central, tais como histórico da cidade de Belém,
lista de Hotéis próximos à sede do evento e respectivas tarifas, restaurantes,
facilidades de deslocamentos, entre outras, que poderão ser também encontrados em:
www.abremc.com.br
http://ecomuseuamazonia.blogspot.com
Os potenciais participantes que necessitarem de apoio de suas instituições para a
viagem deverão solicitar carta – convite à Coordenação do IV EIEMC o mais breve
possível.
Na expectativa de contar com representações dos países e estados brasileiros onde
os ecomuseus, museus comunitários, museus de território, museus de percurso,
museus vivos, museus de periferia, museus de rua e outros processos se multiplicam
ou iniciam experiências, subscrevemo-nos, aguardando sua adesão.
Maria Terezinha Resende Martins
Coordenação Geral do IV EIEMC/Ecomuseu da Amazônia
E-mail: [email protected]
Fone: (91) 3267-3055
31
IV Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus Comunitários
IV EIEMC
Patrimônio e Capacitação dos Atores do
Desenvolvimento Local
Ecomuseu da Amazônia
Belém, Pará - 12 - 16 de junho 2012
Realização:
Prefeitura Municipal de Belém-PMB,
Secretaria Municipal de Educação-SEMEC
Fundação Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira
Ecomuseu da Amazônia
Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários- ABREMC
NOPH - Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica
Período: 12 a 16/ 06/2012
Belém – Estado do Pará - Brasil
Contatos: [email protected]
www.abremc.com.br
[email protected]
32
IV Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus Comunitários
IV EIEMC
APRESENTAÇÃO
O tema do Dia Internacional dos Museus de 2012 decidido pelo ICOM foi «Os museus
num mundo em movimento - novos desafios, novas inspirações». Nesse espírito, a
Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários (ABREMC) e o
Ecomuseu da Amazônia, em cooperação com o NOPH (Núcleo de Orientação e
Pesquisa Histórica) e outros parceiros, organizam o IV Encontro Internacional de
Ecomuseus e Museus Comunitários (IV EIEMC) que acontecerá em Belém, de 12 a
16 de junho.Este encontro continua a sequência dos três encontros precedentes que
aconteceram no Rio de Janeiro em 1992, 2000 e 2004. Tem por finalidade sensibilizar
a comunidade museal para os processos museológicos saídos das comunidades, por
uma partilha de experiências entre profissionais, voluntários, pesquisadores,
estudantes, observadores. O encontro se dirige principalmente aos museus
comunitários, aos ecomuseus, museus de territórios, museus vivos, museus de
percurso, etc, que contribuem para o enraizamento das populações no seu
meio/ambiente de vida, para o fortalecimento do sentido de pertencimento a um lugar
e a uma comunidade, para a coesão e para a harmonia social.
As sessões (plenária, mesas redondas, oficinas, fóruns) apresentarão, analisarão e
avaliarão essas experiências, seus métodos e seus resultados.
O TEMA: Patrimônio e capacitação dos atores
O termo «capacitação», que equivale ao inglês "empowerment", designa o conjunto de
ações implementadas numa comunidade para levar seus membros a valorizar,
desenvolver e/ou adquirir os saberes, os fazeres, as práticas, as técnicas que lhes
permitirão tomar nas mãos seu próprio desenvolvimento, quer dizer, a melhoria de
suas condições de vida, de modo sustentável e responsável.
O Encontro de Belém se destinará a mostrar, a partir das experiências concretas dos
participantes e de análises críticas, como o patrimônio pode e deve constituir um
recurso maior para essa iniciativa: as riquezas da natureza, as tradições, os saberes
técnicos, e mesmo o contexto da vida são ao mesmo tempo matéria-prima a
inventariar e a utilizar, para tirar deles o melhor, a partir da iniciativa, do trabalho e da
criatividade dos membros da comunidade. Agricultura e pesca, produtos artesanais,
programas turísticos serão os principais domínios abordados. Também serão
igualmente tratadas as condições desse desenvolvimento endógeno: organização
social, criação de estruturas de cooperação, técnicas de gestão. O contexto escolar,
que associa pais, professores e alunos será, em Belém, um quadro privilegiado, por
estar o Ecomuseu da Amazônia abrigado pela Fundação Escola Bosque, que faz parte
da Secretaria Municipal de Educação de Belém e que será o espaço de trabalho das
sessões do Encontro.
33
IVth International Meeting of Ecomuseums and Community Museums
IV EIEMC
Belém, Pará, 12 - 16 June 2012
Central Theme: Heritage and Empowerment of the Actors of Local Development
1st CIRCULAR - 01/12/2011
The Ecomuseum of Amazonia and the Brazilian Association of Ecomuseums and
Community Museums (ABREMC) are pleased to announce to the whole Museum
Community, the organization of the IVth Encounter of Ecomuseums and Community
Museums to be held on 12-16 June 2012 in Belém (Para), at the Headquarters of the
Ecomuseum of Amazonia.
This meeting is addressed mostly to the professionals, volunteers, students and
researchers of ecomuseums, community museums, museums of territory, living
museums, suburban museums, street museums, in all countries. Please find enclosed
a presentation of the meeting and its theme, a provisional programme and a preinscription bulletin which should be sent to:
[email protected]
Updated information on the meeting and on material conditions for travel and
accommodation will be found at the following websites:
www.abremc.com.br or http://ecomuseuamazonia.blogspot.com
A second circular will be sent in February 2012, with a final programme and the official
registration form. The persons who want to attend the meeting and who need support
from their institutions or governments for travel and visas may ask the Coordination of
the IVth EIEMC for a formal letter of invitation.
We hope to welcome many colleagues in Belém and the communities of the
Ecomuseum of Amazonia in June.
Maria Terezinha Resende Martins
General coordination of IVth EIEMC/Ecomuseu da Amazônia
Phone: (+55) (91) 3267 3055
34
IV International Meeting of Ecomuseums and Community Museums
IV EIEMC
Heritage and Empowerment
of the Actors of Local Development
Ecomuseu da Amazônia
Belém, Pará – 12/16 June 2012
Realização:
Prefeitura Municipal de Belém-PMB,
Secretaria Municipal de Educação-SEMEC
Fundação Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira
Ecomuseu da Amazônia
Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários- ABREMC
NOPH - Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica
Período: 12 a 16/ 06/2012
Belém – Estado do Pará - Brasil
Contatos: [email protected]
www.abremc.com.br
[email protected]
35
IV International Meeting of Ecomuseums and Community Museums
IV EIEMC
PRESENTATION
The 2012 International Museum Day has been dedicated by ICOM to "Museums in a Changing
World. New challenges, New inspirations". Following this lead, the Brazilian Association of
Ecomuseums and Community Museums (ABREMC) and the Amazonia Ecomuseum, in
th
partnership with NOPH and others, are organizing the 4 International Meeting of Ecomuseums
and Community Museums, in Belém, on June 12-16, 2012.
This meeting follows three previous encounters held in Rio de Janeiro, in 1992, 2000 and 2004.
It aims at making the museum community aware of community based museological processes,
through experiences shared between professionals, volunteers, students, researchers,
observers. The meeting is addressed mostly to community museums, ecomuseums, living
museums, territory museums, open space museums, etc. which contribute to rooting the
population in their milieu, to reinforcing the sense of belonging to a place or to a community, to
social cohesion and quality of life.The working sessions (plenary, round tables, workshops,
forums) will present, analyze and evaluate field cases, their methods and their results.
THE CONFERENCE THEME: Local Development :Heritage and Empowerment
In Portuguese, the selected theme is called "Patrimônio e Capacitação", the latter word being
more or less equivalent to the English "Empowerment". We intend to discuss the various actions
undertaken in a given community, in order to help its members to develop and/or acquire the
know-how, the practices, the techniques which will enable them to be actors of their own
development, i.e. for the improvement of their living conditions, in a way both sustainable and
responsible.The Belém meeting will demonstrate, from concrete experiences brought by the
participants and critical analyses, how heritage can and should be a major asset for this
process: natural resources, traditions, technical knowledge, the environment of the daily life
itself are raw materials to be indentified and utilized, to obtain the best possible cultural, social
and economic returns, thanks to the initiative, the labour and the creativity of community
members, either as individuals or collectively, in the interest and for the profit of the community
as a whole. Agriculture and fisheries, crafts, tourism will be the main domains studied.The
meeting will also deal with the basic conditions of such an endogenous development: social
organization, co-operative structures, management techniques. The school system, which
aggregates parents, teachers and students will be, in Belém a privileged environment, due to
the Amazonia Ecomuseum being part of the Escola Bosque Foundation, which itself is a
division of the Department of Education of the City of Belém, and where the working sessions
will be held.
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Local Development: Heritage and Empowerment
Belém, Pará - June 12 - 16 2012
Draft Programme
Sunday June 10 – Optional visit to historic Belém
Monday June 11 – Optional visit to historic Belém
Tuesday June 12 – Auditorium, Federal University of Para
08h00 – Registration of participants
08h30 – Meeting of keynote speakers
09h30 – Welcome and coffee
10h00 – Introductory show (music, theatre, dance…)
10h30 – Opening Lecture: “Heritage and empowerment of Loc al Development
Actors"
11h30 – Cocktail
12h00 – Press Conference
14h00 – Presentation of the territory of the Ecomuseu da Amazônia
14h00 – Report on field experience (Communities of Cotijuba Island).
14h40 – Report on field experience (Communities of Mosqueiro Island)
15h50 – Report on field experience (Communities of Caratateua Island).
16h30 – Report on field experience (Communities of Icoaraci District).
Wednesday June 13 – Headquarters of Escola Bosque Foundation and Ecomuseum
09h00 – Round Table 1: Participatory Inventory of demand and potentials
10h15 – Coffee break
10h45 – Workshops (discussion of cases on the theme of Round-Table 1)
12h00 – Lunch
14h00 – Round-Table 2: Social organization in Communities
15h15 – Coffee break
16h15 – Workshops (discussion of cases on the theme of Round-Table 2)
17h15 – End of 2d day
Thursday June 14 – Headquarters of Escola Bosque Foundation and Ecomuseum
09h00 – Round Table 3: Production and creativity in Communities
10h15 – Coffee Break
10h45 – Workshops (discussion of cases on the theme of Round-Table 3)
12h00 – Lunch
14h00 – Round Table 4: Community-based Tourism and Local Development
15h15 – Coffee break
15h15 – Workshops (discussion of cases on the theme of Round-Table 4)
17h15 – End of 3rd day
Friday June 15 - Headquarters of Escola Bosque Foundation and Ecomuseum
09h00 – Drafting sessions' conclusions
11h00 – Coffee break
10h30 – Networks meeting : ABREMC, ICOM Portugal, ICOM Brazil, Mondi Locali,
Union de los Museos Comunitarios de America Latina, FEMS, etc.
11h00 – Preparation of ICOM/2013 – IBRAM – ICOM Brasil,
12h30 – Lunch
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15h00 – Final Plenary meeting: Presentation of conclusions and proposals,
discussion and adoption.
17h30 – 5th Anniversary of the Ecomuseu da Amazônia; presentation of a documentary
film and of various books
18h00 – Cocktail
Saturday June 16
Visit to Mosqueiro Island (Urban centre, Mary-Mary and Caruaru communities)
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IV° Rencontre Internationale des Ecomusées et Musées Communautaires
IV EIEMC
Belém, Pará, 12 – 16 juin 2012
Thème central: Patrimoine et capacitation des acteurs du développement local
1° CIRCULAIRE - 01/12/2011
L'Ecomusée d'Amazonie et l'Association Brésilienne des Ecomusées et Musées
Communautaires (ABREMC) annoncent à toute la communauté muséale l'organisation
de la 4° Rencontre Internationale des Ecomusées et Musées Communautaires, du 12
au 16 juin 2012 à Belém (Para), siège de l'Ecomusée d'Amazonie.
Cette rencontre s'adresse tout particulièrement aux praticiens, aux étudiants et aux
chercheurs des écomusées, musées communautaires, musées de territoire, musées
de parcours, musées vivants, musées de banlieue, musées de rue, dans tous les pays.
On trouvera ci-joint une présentation de la rencontre et de son thème, un programme
provisoire et un bulletin de pré-inscription qui devra être renvoyé à:
[email protected]
Une seconde circulaire sera diffusée en février 2012, avec un programme plus
développé et un formulaire d'inscription définitive.
Des informations plus détaillées sur la rencontre et sur les conditions matérielles de
voyage et de séjour pourront être trouvées sur les sites suivants:
www.abremc.com.br
et
http://ecomuseuamazonia.blogspot.com
Les personnes qui souhaiteraient participer à la rencontre et qui auraient besoin de
l'aide de leurs institutions ou de leur gouvernement pour le voyage ou pour l'obtention
d'un visa peuvent demander dès maintenant une lettre d'invitation à la coordination du
IV° EIEMC.
Nous espérons vous accueillir nombreux à Belém et dans les communautés de
l'Ecomusée d'Amazonie.
Maria Terezinha Resende Martins
Coordination Générale du IV EIEMC
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IV Rencontre Internationale des Ecomusées et Musées communautaires
IV EIEMC
Développement local:
patrimoine et capacitation des acteurs sociaux
Ecomuseu da Amazônia
Belém, Pará
12 au 16 juin 2012
Realização:
Prefeitura Municipal de Belém-PMB,
Secretaria Municipal de Educação-SEMEC
Fundação Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira
Ecomuseu da Amazônia
Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários- ABREMC
NOPH - Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica
Período: 12 a 16/ 06/2012
Belém – Estado do Pará - Brasil
Contatos: [email protected]
www.abremc.com.br
[email protected]
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IV Rencontre Internationaledes Ecomusées et Musées communautaires
IV EIEMC
PRESENTATION
La Journée internationale des Musées de 2012 est dédiée par l'ICOM au thème "Les
musées dans un monde en mouvement – nouveaux défis, nouvelles inspirations".
Dans cet esprit, l'Association Brésilienne des écomusées et musées communautaires
(ABREMC) et l'Ecomusée d'Amazonie, en coopération avec le NOPH et d'autres
partenaires, organisent la 4° rencontre internationale des écomusées et musées
communautaires qui se tiendra à Belém, du 12 au 16 juin.
Cette rencontre fait suite aux trois rencontres précédentes qui se sont tenues à Rio de
Janeiro en 1992, 2000 et 2004. Elle a pour but de sensibiliser la communauté muséale
aux processus muséologiques issus des communautés, par un partage d'expériences
entre professionnels, volontaires, étudiants, chercheurs, observateurs.
La rencontre s'adresse principalement aux musées communautaires, aux écomusées,
musées de territoires, musées vivants, musées de parcours, etc., qui contribuent à
l'enracinement des populations dans leur milieu de vie, au renforcement du sentiment
d'appartenance à un lieu et à une communauté, à la cohésion et à l'harmonie sociale.
Les séances (plénière, tables rondes, ateliers, forums) présenteront, analyseront et
évalueront ces expériences, leurs méthodes et leurs résultats.
LE THEME : Patrimoine et capacitation des acteurs
Le terme "capacitation", qui est équivalent à l'anglais "empowerment", désigne
l'ensemble des actions menées dans une communauté pour amener ses membres à
valoriser, développer et/ou acquérir les savoir-faire, les pratiques, les techniques qui
leur permettront de prendre en mains leur propre développement, c'est à dire
l'amélioration de leurs conditions de vie, de manière soutenable et responsable.
Le rencontre de Belém s'attachera à montrer, à partir des expériences concrètes des
participants et d'analyses critiques, comment le patrimoine peut et doit constituer une
ressource majeure pour cette démarche : les richesses de la nature, les traditions, les
savoirs techniques, le cadre de vie lui-même sont autant de matériaux à inventorier et
à utiliser, pour en tirer le meilleur rendement à partir de l'initiative, du travail et de la
créativité des membres de la communauté, individuellement et collectivement, dans
l'intérêt et au bénéfice de la communauté. Agriculture et pêche, produits artisanaux,
programmes touristiques seront les principaux domaines abordés.
On s'intéressera également aux conditions de ce développement endogène :
organisation sociale, création de structures de coopération, techniques de gestion. Le
cadre scolaire, qui associe parents, enseignants et élèves, sera, à Belém, un cadre
privilégié, en raison de l'appartenance de l'Ecomusée d'Amazonie à la Fundação
Escola Bosque, qui fait partie du Secrétariat de l'Education de la Ville de Belém et qui
sera le cadre des sessions de la rencontre.
41
IV Encuentro Internacional de Ecomuseos y Museos Comunitarios
IV EIEMC
Belém , Pará, 12 – 16 de junio 2012
Tema central: Patrimonio y la Formación de los Actores en el Desarrollo Local
1ª CIRCULAR - 01/12/2011
El Ayuntamiento da ciudad de Belém, a través de la Secretaría Municipal
de Educación, de la Fundación Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira y del
Ecomuseu da Amazônia, la Associação Brasileira
de Ecomuseus e Museus
Comunitários – ABREMC y el Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica – NOPH /
Ecomuseu de Santa Cruz y otros anuncián toda la comunidad museística la
realización del IV ENCUENTRO INTERNACIONAL DE ECOMUSEOS Y MUSEOS
COMUNITARIOS de 12 – 16 de junio de 2012, en Belém, Pará, en la sede del
Ecomuseu da Amazônia.
Sigue en anexo la invitación, el texto provocativo, el formulario de preinscripción, el
programa de base y otro tipo de información para facilitar la adhesión de los
seguidores e interesados en el tema, la historia de la ciudad de Belém, la lista de
hoteles junto a la sede del evento y sus tarifas, restaurantes, facilidad de
desplazamientos, entre otros, que también se puede encontrar en:
www.abremc.com.br
http://ecomuseuamazonia.blogspot.com
Las personas interesadas que necesitan el apoyo de sus instituciones ou de su
gobierno para el viaje o para la obtención de una visa pueden solicitar una carta de
invitación al Coordinación del IV EIEMC lo antes posible.
Esperamos contar con muchas representaciones de los países y otros estados
brasileños donde los ecomuseos, museos comunitarios, museos de território, los
museos vivos, museos de periferia, museos de calle y otros procesos multiplican o
inician experiencias, subscrevemo nosotros, esperando su afiliación.
Maria Terezinha Resende Martins
Coordinación General del IV EIEMC/Ecomuseu da Amazônia
E-mail: [email protected]
Teléfono: (+55) (91) 3267 3055
42
IV Encuentro Internacional de Ecomuseos y Museos Comunitarios
IV EIEMC
Patrimonio y la Formación de los Actores en el Desarrollo Local
Ecomuseu da Amazônia
Belém, Pará - 12 - 16 de junio 2012
Realización:
Prefeitura Municipal de Belém-PMB,
Secretaria Municipal de Educação-SEMEC
Fundação Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira
Ecomuseu da Amazônia
Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários- ABREMC
NOPH - Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica
Período: 12 a 16/ 06/2012
Belém - Estado do Pará - Brasil
Contactos: [email protected]
www.abremc.com.br
[email protected]
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IV Encuentro Internacional de Ecomuseos y Museos Comunitarios - IV EIEMC
PRESENTACIÓN
El ICOM dedicará el Día Internacional de los Museos de 2012 a : «Los Museos en un
mundo en movimiento - nuevos desafíos, nuevas inspiraciones». Con ese espíritu, la
Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários (ABREMC) y Ecomuseu
da Amazônia, en cooperación con el NOPH (Núcleo de Orientação e Pesquisa
Histórica) y otros asociados, organizáran el IV Encuentro Internacional de Ecomuseos
y Museos de la Comunidad (IV EIEMC), en Belém, del 12 al 16 de junio.
Este encuentro sigue la secuencia de las tres reuniones anteriores que tuvieron
lugar en Río de Janeiro en 1992, 2000 y 2004. Su objetivo es sensibilizar a
la comunidad museística de los procesos emergentes en el seno de la comunidad,
un intercambio de experiencias entre profesionales, voluntarios, investigadores,
estudiantes, observadores.
El encuentro está destinado principalmente a los museos de
comunidad, los
ecomuseos, los museos de territorio, los museos vivos etc, que contribuyen al arraigo
de la población a su entorno y condiciones de vida, fortaleciendo el sentido de
pertenencia a un lugar y una cohesión de la comunidad y la armonía social.
Las sesiones (plenarias, mesas redondas, talleres) tienen como objetivo de presentar,
analizar y evaluar experiencias, métodos y resultados.
TEMA: Patrimonio y capacitación de los actores
El término «capacitación»,( = formación para los otros países de lengua espagnola)
que es equivalente al Inglés "empowerment", es el conjunto de acciones llevadas a
cabo en una comunidad para llevar a sus miembros a mejorar, desarrollar y/o adquirir
los conocimientos, las acciones, prácticas y técnicas que les permitan hacerse cargo
de su propio desarrollo, es decir, la mejora de sus condiciones de vida, de una forma
sostenible y responsable.
El encuentro de Belém se destina a presentar, a partir de las experiencias concretas
de los participantes y del análisis crítico, cómo el patrimonio puede y debe ser un
recurso fundamental para esta iniciativa: las riquezas de la naturaleza, las tradiciones,
conocimientos técnicos, y incluso el contexto mismo de la vida son materiales a
inventariar y utilizar para el trabajo, la iniciativa y la creatividad de los miembros de la
comunidad, individual y colectivamente. La agricultura y la pesca, la artesanía, los
programas de turismo serán los temas principales a abordar.
También serán discutidas las condiciones del desarrollo endógeno: organización
social, creación de estructuras cooperativas, técnicas de gestión. El contexto de la
escuela que asocia
padres, profesores y estudiantes, será, en Belém,
un
marco privilegiado, gracias a la Fundação Escola Bosque, que forma parte de
la Secretaría de Educación Municipal de Belém, abrigarse el Ecomuseu da Amazônia,
y que es el espacio de trabajo de las sesiones del encuentro.
44
TEXTO
PROVOCATIVO
45
I. TEXTO PROVOCATIVO
A CAPACITAÇÃO: PRÁTICAS E TENTATIVAS DE TEORIZAÇÃO
Maria Terezinha Resende Martins – PA – Brasil – Ecomuseu da Amazônia
Hugues de Varine – França**
INTRODUÇÃO
O IV Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus Comunitários-IV EIEMC
representam uma sequência de encontros das comunidades vinculadas aos museus
que compartilham desses princípios, os quais pela terceira vez se reúnem em torno do
tema denominado Patrimônio e Comunidade. Nesse contexto em 2000, o II EIE em
Santa Cruz, Rio de Janeiro foi enfatizado o tema “Comunidade, Patrimônio e
Desenvolvimento Sustentável”, em 2004, III EIEMC, também em Santa Cruz, foi
apresentado o tema “Comunidade, Patrimônio Compartilhado e Educação”,
novamente a preocupação com a partilha do patrimônio envolveu os profissionais da
educação, pois se percebia impossível dissociar uma ação da outra. Desta forma,
após três anos de existência em 2010, o Ecomuseu da Amazônia que já vinha
realizando ações de capacitação com as comunidades de sua área de atuação, efetiva
para o biênio 2011/2012 um programa denominado “Patrimônio e Capacitação dos
Atores do Desenvolvimento Local”, iniciativa inovadora no mundo da museologia
comunitária, a criação e execução de um programa voltado para as comunidades,
destinado a colocá-las num patamar de acesso ao conhecimento , a valorização e
qualificação dos saberes e fazeres com o objetivo de organização comunitária ,
qualificando o cidadão e gerando rendas, portanto contemplando o desenvolvimento
local responsável. Esta iniciativa deu origem ao IV EIEMC. Algumas, entre outras
tantas questões, se levantam a partir desses encontros:
1.
Como as comunidades compreendem e usam seu patrimônio?
2.
De que modo o patrimônio pode ser para elas um gerador de rendas?
3.
Como capacitar uma comunidade para o desenvolvimento local, usando o
patrimônio como recurso?
4.
Como tornar essa comunidade gestora de seu patrimônio e se manter
autosustentável?
Algumas das respostas a estes questionamentos podem ser encontradas nas diversas
experiências apresentadas no IV EIEMC a ser sediado no Ecomuseu da Amazônia.
O Ecomuseu da Amazônia, criado em 2007, é um Projeto tutelado pela Prefeitura
Municipal de Belém-PMB, sob a gestão da Secretaria Municipal de Educação –
SEMEC e da Fundação Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira – FUNBOSQUE, um
serviço original e inovador da Prefeitura Municipal de Belém, onde se encontra sua
sede. Atua em quatro áreas: Distrito de Icoaraci (bairro do Paracuri e orla), Ilhas de:
Caratateua (Tucumaeira, Fama, São João de Outeiro e Fundação Escola Bosque
Professor Eidorfe Moreira); Cotijuba (comunidades do Poção, Seringal, Piri e Faveira)
e Mosqueiro (Vila, Caruaru, Castanhal do Mari Mari e assentamento Paulo Fonteles).
Tem suas bases assentadas na participação popular para a construção de um projeto
de desenvolvimento humano sustentável que garanta a integração de todos e que seja
representativo das necessidades e interesses das comunidades envolvidas, a partir da

Maria Terezinha Resende Martins, coordenadora do Ecomuseu da Amazônia, e equipe, Belém-PA/BR,
[email protected], [email protected]
**
Hugues de Varine, consultor em desenvolvimento local, França
46
valorização dos “saberes e fazeres” e da memória coletiva, referencial básico para o
entendimento e a transformação da realidade presente na região.
A SITUAÇÃO ATUAL
Os territórios de ação do Ecomuseu da Amazônia são distritos relativamente
desfavorecidos da cidade de Belém, uma forte razão que levou a SEMEC e a
FUNBOSQUE a referendarem em sentido mais amplo, o desenvolvimento de ações
nessas áreas que tem como principal aporte a educação. Na lógica da fórmula
ecomuseal, criaram um programa baseado nos três pilares de todo ecomuseu:
- o território - adaptando-se estreitamente às características de cada território, terra
firme ou ilha, urbana, periurbana ou rural, para fazer dele o contexto físico e o suporte
de sua pedagogia, após um diagnóstico participativo das forças e das fragilidades, e
também das perspectivas de desenvolvimento de cada um;
- a comunidade - dirigindo-se às pessoas, adultos, jovens e crianças, que estavam
suscetíveis a representar os papéis de animador, de formador, de agente de
desenvolvimento nas suas respectivas comunidades e dirigindo-se a elas na
linguagem de sua cultura viva;
- o patrimônio - servindo-se dos elementos materiais e imateriais da herança de cada
comunidade, reconhecidos por um inventário participativo permanente, como materiais
pedagógicos.
Sua base de sustentação encontra-se fundamentalmente em três princípios:
sustentabilidade, subsidiariedade e responsabilidade, os quais vêm sendo
desenvolvidos a partir de um método que associa três tempos:
- a informação teórica, em oficinas ou mini-cursos, em cada território, «aprende-se a
fazer e por que fazer»;
- o trabalho prático, pela realização concreta de projetos associados à vida cotidiana
das comunidades, «aprende-se fazendo»;
- o saber-estar, por uma participação convivial nos eventos sociais, culturais,
religiosos, com vistas a uma melhor coesão social entre as comunidades e uma
abertura ao exterior.
O PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO
Um documento fundamental de programação para 2011/2012 foi estabelecido pelo
ecomuseu sob o título: Patrimônio e Capacitação dos Atores do Desenvolvimento
Local. O termo «capacitação», que equivale ao inglês "empowerment", designa o
conjunto de ações implementadas em uma comunidade para levar seus membros a
valorizar, desenvolver e/ou adquirir os saberes, os fazeres, as práticas, as técnicas
que lhes permitirão tomar nas mãos seu próprio desenvolvimento, quer dizer, a
melhoria de suas condições de vida, de modo sustentável e responsável.
Capacitação, Patrimônio e Museus
A capacitação como meio de desenvolvimento dos territórios e de melhoria do nível de
vida das populações, se apóia naturalmente sobre os dois principais recursos desses
territórios: um recurso humano, quer dizer os habitantes mesmos, com seus saberes,
sua energia, sua cultura e um recurso patrimonial que engloba o patrimônio natural,
cultural, material e imaterial.
Este patrimônio é uma matéria-prima que os habitantes devem aprender a conhecer, a
controlar e a utilizar, mas respeitando-o (sustentabilidade). Trata-se de produção
agrícola, hortícola ou da pesca, de atividades artesanais, de gastronomia, de acolhida
turística, de espetáculos de música ou de dança tradicionais, é esse patrimônio que é
preciso saber identificar, valorizar, transformar, por conta de um consumo interno e de
uma comercialização, cujas retomadas irão essencialmente para a população mesma
ou para alguns de seus membros.
47
O museu e mais particularmente o ecomuseu ou o museu comunitário é um
instrumento bem adaptado à concepção e à ação dessa capacitação, ao menos na
medida onde ele está efetivamente em estreita relação com seu território, à escuta e
ao serviço de sua comunidade. Seu conhecimento do patrimônio e da população lhe
permite representar um papel de mobilização e de organização anterior à capacitação
e depois então tornar-se seu próprio gestor. Desta forma o Programa é desenvolvido
tendo como referência os seguintes eixos temáticos:
OS EIXOS
As ações do Programa de Capacitação vêm sendo desenvolvidas através de quatro
eixos, as quais têm como principais protagonistas a comunidade com o aporte de uma
equipe interdisciplinar do Ecomuseu da Amazônia, a saber:
- EIXO CULTURA: criando ferramentas para pensar a memória social-uma iniciativa
do Ecomuseu da Amazônia a partir da valorização do patrimônio cultural, tendo como
enfoque os conceitos de museus, ecomuseus e similares; o conceito de cultura e subculturas, identidade e diversidade cultural, o homem como produtor de cultura, o
desenvolvimento de atividades paralelas por meio de oficinas e cursos de valorização
de “saberes e fazeres” das comunidades. E ainda, noções sobre legislações que
regem a proteção do patrimônio cultural;
- EIXO AMBIENTAL: Sistematização do contexto ambiental nas áreas de atuação do
Ecomuseu da Amazônia através de ações de Educação e informação Ambiental,
como: sementinhas do amanhã-atividades sócio-ambientais para crianças e préadolescentes; agricultura alternativa para pequenos produtores: “roça sem queimada”
com cultivo de culturas alimentares; plantio de frutíferas na comunidade; cultivo de
hortas; aquicultura sustentável: aproveitamento das áreas de várzea da região insular
da baia do Guajará para o cultivo e/ou manejo de peixes e camarões amazônicos, o
Ecomuseu da Amazônia na escola: a educação ambiental como um caminho para o
desenvolvimento comunitário sustentável na região insular do município de Belém-Pa.
E ainda, o Projeto Escola Ambiental: transferência de tecnologia para segurança
alimentar e a valorização da agricultura urbana nas escolas, Projeto em parceria com
a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária-EMBRAPA;
- EIXO TURISMO: Turismo Sustentável de base comunitária - é desenvolvido através
de subtemas: desenvolvimento local e sustentabilidade utilizando para esse fim,
conceitos para a valorização e o desenvolvimento do patrimônio sócio-cultural e
econômico em áreas de atuação do Ecomuseu da Amazônia, assim como, noções de
legislação aplicáveis a atividade turística, segmentos e cidadania, processo educativo
não formal por meio de experiências ecoturísticas (análise dos efeitos na população
local). E ainda, noções de inglês instrumental (atendimento de serviços turísticos
diferenciados);
- EIXO CIDADANIA: reúne comunidades das áreas de atuação do Ecomuseu da
Amazônia de forma interativa, relacionando a memória aos saberes e fazeres locais e
suas implicações a fim de possibilitar a construção de comunidades sustentáveis, visa
assim, a união de interesses coletivos de forma harmônica, a partir da valorização do
patrimônio local e demais interesses sociais. Neste sentido tem como enfoque
pesquisas sócio-econômicas, ambientais e culturais, capacitação das comunidades
com apoio de outras instituições e ou organizações não governamentais, criação e
fortalecimento de organizações sociais, participação em eventos, etc.
Os eixos citados culminam teoria e prática através da realização de oficinas e cursos
diversos, como: paisagismo e ajardinamento, sanduíches de peixe, marcenaria com
arte, viveiros florestais e frutíferos, implementação do minhocário, compostagem,
cesta de garrafa pet, traçados em palmeira, arranjos natalinos, coleta de sementes,
workshops, etc.
48
A EXPERIÊNCIA DO ECOMUSEU DA AMAZÔNIA
Após vários anos, este ecomuseu fez da capacitação dos habitantes e das
comunidades dos territórios que lhe foram confiados (três ilhas e um distrito da cidade
de Belém, capital do Estado do Pará) o coração de sua política.
Nessas comunidades relativamente marginalizadas ou isoladas, com dominância rural
ou peri-urbana, trata-se às vezes de adquirir uma forte confiança em si (auto- estima)
e de se apoiar de modo voluntário e criativo sobre os recursos locais (patrimoniais)
afim de chegar a uma real autonomia sócio-econômica, atingindo progressivamente a
um nível de vida próximo das populações urbanas vizinhas.
Decidiu-se então, segundo Hugues de Varine (2011) consultor do Ecomuseu da
Amazônia, ratificando as ações que vêm sendo executadas nas áreas, colocar em
ação um programa de capacitação segundo quatro eixos prioritários:
 capital cultural: o homem como criador de cultura e detentor de patrimônio
 capital natural: preservação e potencial econômico do meio natural
 turismo: acolhida de visitantes pela comunidade e em prol de seus membros
 capital social: organização da sociedade, cooperação e solidariedade.
Este programa, que comporta muitas vezes sessões coletivas e trabalhos práticos, se estende
por todo o ano e cobre uma grande diversidade de temas, por exemplo a horticultura familiar, a
criação de camarões, a gestão da floresta, a produção cerâmica, a dança tradicional
«carimbó», a criação de trilhas de observação, as feiras de produtos locais, a organização de
festas e festivais das aldeias, a constituição de
agrupamentos econômicos ou de
cooperativas, etc.
A METODOLOGIA
A metodologia do Ecomuseu da Amazônia está pautada nos seguintes princípios:
- Museologia Social: reconhecimento de identidades e culturas de todos os grupos
humanos; desenvolvimento de ações museológicas, considerando como ponto de
partida a prática social e não apenas os acervos materiais ou coleções..;
- Planejamento e gestão biorregional - “processo organizacional que capacita as
pessoas a trabalharem juntas, a adquirir informações, a refletir cuidadosamente sobre
o potencial e problemas de sua região, a estabelecer metas e objetivos, a definir
atividades, a implementar projetos e ações acordados pela comunidade, a avaliar
progressos e a ajustar sua própria abordagem”. Miller (1997)
- Conceito de sustentabilidade com base na cultura, tecnologias, saberes populares
dos mestres de ofícios de cada comunidade, na utilização e preservação dos recursos
naturais da região. Aderne (2005);
- No museu como agente de desenvolvimento: instrumento polivalente de ação
territorial; levantamento e mobilização das forças vivas da comunidade; ativação das
competências, das energias e das idéias oriundas da comunidade; exploração do
patrimônio e da memória coletiva; promoção da autoestima e de dinâmicas de
cooperação; intermediação com o exterior: imagem de si, atração econômica. Hugues
de Varine (2009).
Após a citação de referidos princípios é pertinente afirmar que estes representam o
suporte de desenvolvimento dos eixos temáticos, os quais vêm sendo executados a
partir de atividades diversas, como: diagnóstico rápido participativo-drp, ou Inventário
Participativo, seguido de cursos, oficinas, encontros, workshops, reuniões e afins,
além de tarefas complementares direcionadas e atividades de campo que visem a
sensibilização para as questões prioritárias das comunidades. Referidos elementos
culminam com a realização de ações de um museu como agente de desenvolvimento
que possibilite a capacitação das pessoas para o trabalho coletivo e a sustentabilidade
das comunidades com ênfase na cultura, tecnologias, saberes populares, etc.
Assim, durante as atividades do curso são produzidos materiais específicos
correspondentes a cada eixo, além da utilização dos materiais básicos que já fazem
parte do acervo pedagógico do programa. No processo de execução das atividades é
49
pertinente promover avaliações, as quais podem direcionar a necessidade de
continuidade, assim como da inserção de outras ações que visem afirmar e fomentar o
plano de desenvolvimento local. A avaliação é compreendida como um instrumento
pedagógico de acompanhamento constante e não apenas como elemento de
finalização.
As atividades deste programa de capacitação utiliza como referência a investigaçãoação, de acordo com Engel (2000) “pesquisa-ação conforme o nome, procura unir a
pesquisa à ação ou prática, isto é, desenvolve o conhecimento e a compreensão como
parte da prática”, logo possibilita uma maior integração dos envolvidos na aquisição de
um conhecimento mais profundo acerca da situação vivenciada, já que o participante
neste estudo é produtor da sua própria história, portanto sujeito dessa produção.
Neste contexto a metodologia integra peculiares instrumentos avaliativos que podem
ser utilizados como avaliação contínua ou como registros de atividades que incluem
modos qualitativos relevantes e diferenciados, são eles: os depoimentos, os
encontros, relatos de experiências, isto é, o cotidiano das comunidades contempladas.
A questão quantitativa será expressa por números e levantamentos estatísticos
coletados ao longo de visitas técnicas e pesquisas desenvolvidas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As ações desenvolvidas pelo Ecomuseu da Amazônia envolveram direta ou
indiretamente no ano de 2011, cerca de 4.651 (quatro mil seiscentos e cinquenta e
uma pessoas), das quais é importante destacar um acompanhamento direto de
aproximadamente 140 (cento e quarenta famílias). O objetivo principal é o fomento de
atividades locais, logo, de ações que valorizem as populações das áreas de atuação
da CDC/Ecomuseu da Amazônia, as quais são pautadas na valorização do patrimônio
por meio das ecologias humana, ambiental e social, permeando todo o curso de
desenvolvimento do Programa. E ainda, torna exequível por meio da interrelação meio
natural, social e cultural, capacitar gestores, lideranças comunitárias e demais
cidadãos interessados, os quais deverão tornar-se disseminadores do processo
construtivo de caráter coletivo. A metodologia do Ecomuseu da Amazônia considera o
patrimônio das comunidades como uma matéria prima endógena, colocação ratificada
por Hugues de Varine “O patrimônio define a imagem do território e a identidade da
comunidade (conservação, transformação, criação), o respeito ao patrimônio é uma
condição de sustentabilidade e do desenvolvimento”. Neste contexto os resultados das
ações desenvolvidas pelas comunidades das áreas de atuação do Ecomuseu já
começam a mostrar que essa metodologia vem provocando reflexões e mudanças de
atitudes das pessoas, contribuindo para a mobilização popular da região, no sentido
de reafirmar processos históricos e culturais, promovendo com isso o desenvolvimento
de práticas sustentáveis. Desta forma, as ações desenvolvidas atuam como processos
organizacionais que capacitam as pessoas a trabalharem juntas, a adquirirem
informações e a refletirem sobre o potencial de sua região para a implementação de
projetos necessários à melhoria das condições de vida das populações.
Finalmente, o Ecomuseu da Amazônia objetiva estimular a criação de estratégias que
possam garantir a execução de ações através de parcerias interinstitucionais e
comunitárias que visem gerar condições de desenvolvimento humano sustentável e
articulado (Comunidade/Escola/Comunidade).
THE CAPACITATION: PRACTICES AND ATTEMPTS OF THEORIZING
Maria Terezinha Resende Martins – PA – Brasil – Ecomuseu da Amazônia
Hugues de Varine – França**

Maria Terezinha Resende Martins, Coordinator of the Amazon Ecomuseum and team,
[email protected], [email protected], Belém, Brazil
50
INTRODUCTION
The fourth International Meeting of Ecomuseums and Community Museums – IV
EIEMC represents a sequence of the communities linked to the museums that share
these prinnciples, which, for the third time gether around the theme named Patrimony
and Community.
In this context in 2000, the II (second) EIE in Santa Cruz, Rio de Janeiro, the theme
“Community, Patrimony and Sustainable Development” was enphasized, in 2004, III EIEMC,
also in Santa Cruz, the theme presented was “Community Shared Patrimony and Education”,
again the concern with the patrimony sharing involved education professionals, because it was
seen that it was impossible to dissociate one action from the other.So, after three years of
existence in 2010, the Ecomuseum of Amazonia that had already been doing actions of
capacitation with the communities of its own area of operation, realized to the biennium
2011/2012 a program called “Patrimony and Capacitation of Actors of Local Development”,
innovative initiative in the world of community museology, the creation and execution of a
program oriented to communities, destined to put them on a baseline of access to the
knowledge, the appreciation and qualification of the knowledge and doings with the objective of
communitary organization, qualifying the citizens and generating income, so, looking on the
responsible local development.
This initiative gave origin to the IV EIEMC. Some, among so many other questions
were raised from these meetings:
1.
How do communities understand and use their patrimony?
2.
How can the patrimony be an income generator to them?
3.
How can a community be capacitated to local development, using the patrimony
as a resource?
4.
How can this community become manager of its own patrimony and keep itself
sustainable?
Some of the answers to these questions can be found in the several experiences
presented on IV EIEMC to be based by Ecomuseum of Amazonia.
The Ecomuseum of Amazonia, created in 2007, is a project administered by Municipal
Prefecture of Belem – PMB, under the management of the Municipal Secretariat of
Education – SEMEC and of the Foundation Bosque School Professor Eidorfe Moreira –
FUNBOSQUE, an original and innovator service of Municipal Prefecture of Belem,
where its headquarter is found. It operates in four areas: District of Icoaraci
(neighborhood of Paracuri and Orla), Islands of: Caratateua (Tucumaeira, Fama, São
João de Outeiro e Fundação Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira); Cotijuba
(comunidades do Poção, Seringal, Piri e Faveira) e Mosqueiro (Vila, Caruaru,
Castanhal do Mari Mari e assentamento Paulo Fonteles). It has its bases settled on
popular participation to the building of a project of sustainable human development that
ensures the integration of all members of communities and that it can be representative
of the necessities and interests of the involved communities, from the valorization of
“knowledge and doings” and of collective memory, basic reference to the
understanding and to the transformation of the present reality in the region.
THE PRESENT SITUATION
The territories of action of the Ecomuseum of Amazonia are districts relatively
disadvantaged of the city of Belem, a strong reason that led SEMEC and
FUNBOSQUE to corroborate, in a broad sense, the development of actions in these
areas that have the education as the main contribution.
In the logic of the ecomuseal formula, they created a program based on the three
pillars of every Ecomuseum:
**
Hugues de Varine, Consultant on Local Development, France
51
The territory – closely adapting to the characteristics of each territory, mainland
or island, urban, per urban or rural, in order to make of it the physical context and the
stand of its pedagogy, after a participatory diagnosis of forces and weaknesses, and
also of the prospects of development of each one;
The community – addressing itself to people, adults, teenagers and children,
that were susceptible to play the roles of animator, educator, development agent in
their own communities and addressing itself to them in the language of their living
culture.
The patrimony – using the tangible and intangible elements of the heritage of
each community, acknowledged by a permanent participatory inventory, as pedagogical
materials.
Its base support is found in three principles: sustainability, subsidiarity and
responsibility, which has been developed from a method that associates three times:
theoretical information in workshops or mini-courses in each territory, “learn to
do and why do”;
practical work, through concrete realization of projects associated to everyday
life of the communities, “learn doing”;
the know how to stay, through a friendly participation in social, cultural, religious
events, with a view to a better social cohesion between the communities and an
opening to the exterior environment.
THE CAPACITATION PROGRAM
A fundamental programming document punctually started with the name of “Training
Program of Human Resources” from 2009 on. Effectively settled for the biennium
2010/2012 by Ecomuseum under the title: Patrimony and Capacitation of Agents of
Local Development. The word <<capacitation>>, that, in English is equivalent to
"empowerment", means the set of implemented actions in a community in order to take
its members to valorize, develop and or obtain the knowledge, the doings, the
practices, the techniques that will allow them to take in hand their own development, in
other words, the improvement of their living conditions in a sustainable and responsible
way.
Capacitation, Patrimony and Museums
Capacitation, as a means of development of territories and of improvement of quality of
life of populations, is based on two principal resources of these terrritories: a human
resource, that means, the inhabitants themselves, with their knowledge, their energy,
their cultureand a patrimonial resource that includes the natural, cultural, material and
immaterial patrimony.
This patrimony is a raw material that the inhabitants must learn to know, to control, and
to use but, with respect (sustainability). It has to do with agricultural, horticultural
production or fishery, workmanship, gastronomy, tourist welcome, performance of
music or of trditional dancing. This is the patrimony that needs to be identified,
valorizated, transformed, because of a domestical consumption and commercialization,
whose resumption will be essencially directed to the population itself or to some of its
members.
The museum and more particularly the ecomuseum or the comunitary museum is a
well adapted instrument to the conception and to the action of this capacitation, at least
at the point where it is efectively in close relationship with its territory, listening and
serving its community. Its knowledge of the patrimony and of the population allows it to
play a role of mobilization and of organization before capacitation and after becomes its
own manager. Thus, the program is developed having as a reference, the following
thematic axes:
THE AXES
52
The actions of the Program of Capacitation have been developed through four axes,
which have as main protagonists the community with the contribution of an
interdisciplinary team of the Ecomuseum of Amazonia, namely:
- CULTURAL AXIS: creating tools to think the social memory – an initiative of the
Ecomuseum of Amazonia from the valorization of the cultural patrimony, having as
approach the concepts of museums, ecomuseums, and suchlike; the concept of culture
and subcultures, identity and cultural diversity, the man as culture producer, the
development of parallel activities by means of workshops and courses of valorization of
“knowledge and doings” of the communities. And also, notions about legislation that
rules the protection of cultural patrimony;
- ENVIRONMENTAL AXIS: Systematization of the environmental context in the areas
of operation of Ecomuseum of Amazonia by means of actions of Education and
Environmental information, as: Sementinhas do Amanhã (little seeds of tomorrow) –
socio environmental activities to children and pre-teens; alternative agriculture to small
farmers: :farming without fire” with growth of food crops; plantation of fruit trees in the
community area; growth of kitchen gardens; sustainable aquaculture: use of areas of
lowlands of the region of islands of Guajara bay to growth and or handling of fishes and
shrimp of amazonia, Ecomuseum of Amazonia at school: environmental education as a
way to sustainable communitarian development in the region of islands of Belem Para.
And also, the project Environmental School:transference of technology to food security
and to valorization of urban agriculture at schools, project in partnership with the
Brasilian Enterprise of Agricultural Research – EMBRAPA;
- TOURISM AXIS: Sustainable Tourism of communitariam base – It’s developed by
means of sub-themes: local development and sustainability using for this purpose,
concepts to valorization and development of socio-cultural and economic patrimony in
areas of operation of the Ecomuseum of Amazonia, as well as, notions of applicable
legislation to touristic activity, segments and citizenship, non-formal educational
process by means of ecotourism experiences (analysis of the effects on the local
population). And also, notions of instrumental English (differentiated tourism services);
- CITIZENSHIP AXIS: It gathers communities of areas of operation of the Ecomuseum
of Amazonia in an interactive way, relating memory to knowledge and local doings to
their implications in order to enable the construction of sustainable communities, it aims
this way, the junction of collective interests harmonically, from the valorization of local
patrimony and other social interests. In this sense, it has as approach socio-economic,
environmental and cultuaral researches, capacitation of communities with support of
other institutions and or non governamental organizations, creation and strengthening
of social organizations, participation in events, etc.
The mentioned axes culminate theory and practice by means of implementation of workshops
and several courses like: landscaping, gardening, sandwiches of fish, woodwork with art, forest
and fructiferous nurseries, implementation of earthworm growth, composting, baskets of plastic
bottles, tracing in palm leaves, christmas arrangements, gathering of seeds, workshops, etc.
THE EXPERIENCE OF THE ECOMUSEUM OF AMAZONIA
After several years, this ecomuseum made of the capacitation of inhabitants and of the
comunities of the territories that were entrusted to it (three islands and one district of
the city of Belém, capital of the State of Pará) the kernel of its policy.
In these communities relatively marginalized or isolated, with rural or periurban
dominance, the process is, sometimes, of acquiring a strong self confidence (selfesteem) and of upholding in a volunteer and creative way about local resources
53
(patrimonial) in order to reach a real socio-economic autonomy, reaching progressively
a quality of life next to nearby urban populations.
So, according to Hugues de Varine (2011) consultant of Ecomuseum of Amazonia,
ratifying the actions that have been performed in these areas, it was decided to put into
action a program of capacitation according to four prior axes:
 Cultural capital: man as creator of culture and holder of patrimony;
 Natural capital: conservation and economical potential of environment;
 Tourism : welcome of visitors by community and in favor of its members;
 Social capital: organization of society, cooperation and solidarity.
This program, that, many times, contains collective sessions and practical works
exteds for all year long and covers a great diversity of of themes, for instance: family
horticulture, shrimp growing, forest managing, production of pottery, traditional dance
«carimbó», creation of observation tracks, fairs of local products, organization of
parties and festival of villages, constitution of economical groups or of cooperatives,
etc.
THE METHODOLOGY
The methodology of the Ecomuseum of Amazonia is based on the following principles:
- Social Methodology: recognition of identities and culture of all human groups;
development of museological actions, regarding as a starting point the social practice
and not only material collections;
- Bioregional planning and managing – “ organizational process that enables people to
work together, to obtain information, to consider carefully about the potential and
problems of the region, to determine goals and objectives, to determine activities, to
implement projects and actions dealt within the community, to evaluate progress and to
adjust its own approach”. Miller (1997).
- Concept of sustainability based in culture, technology, popular knowledge of masters
of crafts of each community, in using and conservation of natural resources of region.
Aderne (2005).
- In the Museum as development agent: polyvalent instrument of territorial action;
research and mobilization of living forces of the community; activation of skills and of
ideas from the community; exploitation of patrimony and of collective memory;
promotion of self-esteem and of dynamic of cooperation; intermediation with abroad:
self-image, economical atraction. Huges de Varine (2009).
After the citation of the related principles, it’s relevant to say that these ones represent
the base of development of thematic axes, which have been performed from several
activities as: participatory rapid diagnosis – drp or Participatory Inventory, followed by
courses, workshops, meetings and related ones, besides directed complementary
tasks and field activities that aim at the awareness to priority issues of communities.
Thos elements culminate with the performance of actions of a museum as
development agent that enables the capacitation of people for collective work as well
as for the sustainability of of communities with emphasis on culture, technology,
popular knowledge.
Thus, during the activities of the course specific material corresponding to each axis will be
produced, besides the usage of basic material that already make part of the pedagogical
collection of the program. In the process of performance of activities it’s pertinent to make
evaluations, which can direct the necessity of continuity, as well as of insertion of other actions
that aim assert and foment the plan of local development. The evaluation is understood as a
pedagogical tool of constant monitoring, not only as a tool of conclusion.
The activities of this program of capacitation uses asa reference the action-research,
according to Engel (2000) “action-research as the name, intends to link the research to
action or practice, that means, it develops knowledge and comprehension as part of
the practice”, this way it promotes a bigger integration of the ones involved in obtaining
54
a deeper knowledge about the experienced situation, once the participant in this study
is the producer of its own history, so it is the subject of this production. In this context
the methodology integrates peculiar evaluative instruments that can be used as
continuous evaluation or as records of activities that include relevant and differentiated
qualitative modes, as follows: testimonies, meetings, reports of experiences, that is, the
everyday of the contemplated communties. The quantitative issue will be expressed by
numbers and statistical surveys collected along techinical visits and research
developed.
FINAL CONSIDERATIONS
The actions developed by Ecomuseum of amazonia involved direct or indirectly in the
year of 2011, more or less 4.651 (four thousand, six hundred and fifity-one) people,
from which it’s important to highlight a direct follow up of about 140 (one hundred)
families. The main objective is the promotion of local activities, so, of actions that
valorizes the populations of the areas of performance of CDC/Ecomuseum of
Amazonia, which ones are guided on the valorization of the patrimony by means of
human, environmental and social ecologies, permeate all the course of development of
the Program. And still, it makes it practicable by means of interrelation of natural, social
and cultural environment, capacitate managers, communitarian leaders and other
interested citizens, which should be disseminators of the constructive process of
collective feature.The methodology of Ecomuseum of Amazonia considers the
patrimony of communities as an endugenous raw material,statement ratified by Hugues
de Varine “ The patrimony defines the image of the territory and the identity of the
community (conservation, transformation, creation), the respect to the patrimony is a
condition of sustainnability an of development”. In this context the results of the
developed actions by communities of the areas of action of Ecomuseum already start
to show that this methodology has caused reflexions and attitudes of people,
contributing to popular mobilization of the region, in the sense of reaffirming historical
and cultural processes, promoting, this way, the development of sustainable practices.
This way, the developed actions act as organizational processes that capacitate the
people to work together, to obtain information and to reflect on the potential of their
region to the implementation of projects that are necessary to the improvement of life
conditions of the populations. Finally, the ecomuseum of Amazonia objectifies to
stimulate the creation of strategies that can ensure the performance of actions by
means of interinstitutional and communitarian partnerships that aims to create
conditions
of
human
sustainable
and
articulated
development
(Community/School/Community).
LA CAPACITACION: PRACTICAS Y TENTATIVAS DE TEORIZACIÓN
Maria Terezinha Resende Martins – PA – Brasil – Ecomuseu da Amazônia
Hugues de Varine – França**
INTRODUCCIÓN:
El IV Encuentro Internacional de Ecomuseos y Museos Comunitarios-IV EIEMC
representa una secuencia de encuentros de las comunidades vinculadas a los museos
que comparten estos principios, los cuales por la tercera vez se reunen en torno al
tema denominado Patrimonio y Comunidad. En este texto en 2000, el II EIE en Santa
Cruz, Rio de Janeiro, fue enfatizado el tema “ Comunidad, Patrimonio y Desaarrollo

Maria Terezinha Resende Martins, coordinadora del Ecomuseo del Amazonia, y equipo, Belém, Brasil,
[email protected], [email protected]
**
Hugues de Varine, consultor en desarollo local, Francia
55
Sostenible”, en 2004, III EIEMC, tambien en Santa Cruz, fue presentado el tema
“Comunidad, Patrimonio Compartido y Educación” nuevamente la preocupación
compartida del patrionio involucró a los profesionales de la educación, porque se
percibía imposible disociar una acción diferente. De esta manera, depues de tres años
de existencia, en 2010, el Ecomuseo de Amazonia que ya venia realizando acciones
de capacitación con las comundades de su area de actuación, efectiva para el
2011/2012 un programa denominado “Patrimonio y Capacitación de los Actores de
Desarrollo Local”, iniciativa inovadora en el mund de la museologia comunitaria, la
creación y ejecución de un programa hacia las comunidades, destinado a colocarlas
en una plataforma de acceso al conocimiento, la valorizacion y cualificación de los
saberes y que haceres con un objetivo de organización comunitaria, cualificando al
ciudadano y generando rentas, portanto contemplando el desarrollo local responsable.
Esta iniciativa dio origen al IV EIEMC. Algunas, entre otras tantas cuestiones, se
levantan a partir de estos encuentros:
 Como las comunidades comprenden y usan su patrimonio?
 De que modo el patrimonio puede ser para ellos un generador de rentas?
 Como capacitar una comunidad para el desarrollo local, usando el patrimonio
como rucurso?
 Como transformar esa comunidad en gestora de su patrimonio y mantenerla auto
sostenible?
Algunas de las respuestas a estos cuestionamientos pueden ser encontrados en las
diversas experiencias presentadas en IV EIEMC a ser basados em Ecomuseo de
Amazonas.
El Ecomuseo de Amazônia, creado en 2007, en un Projecto titulado por la Prefectura
Municipal de Belen, PMB, sobre la gestion de la Secretaria Municipal de EducaciónSEMEC y la Fundación Escuela Bosque Profesor Eidorfe Moreira-FUNBOSQUE, un
servicio original e innovador de la Prefectua Municipal de Belen, donde se encuentra
su sede. Actuan en cuatro areas: Distrito de Icoaraci (barrio de Paracuri y
alrededores), Islas de: Caratateura (Tucumaeira, Fama, Sao Joao de Outeiro y
Fundacion Escuela Bosque Profesor Eidorfe Moreira); Cotijuba (couminidades de
Pocao, Seringal , Piri y Faveira) y Mosqueiro( Vila, Caruaru, Castanhal do Mari Mari y
asentamientos Paulo Fonteles). Tienen sus bases asentadas en la participación
popular para la construccion de un projecto de desarrollo humano sostenible que
garantiza la integración de todos y que sea representativa de las necesidades e
intereses de las comunidades involucradas, a partir de las valorizaciones de “saberes
y quehaceres” y de la memoria colectiva, referencial basico para el ententimiento y la
transformación de la realidad presente en la region.
LA SITUACION ACTUAL
Los territorios de acción del Ecomuseo de Amazonas son distritos relativamente
desfavorecidos de la ciudad de Belen, una fuerte razon que llevó a SEMEC y a la
FUNBOSQUE a refrendar en un sentido mas amplio , el desarrollo de las acciones en
esas áreas que tienen como principal aporte la educación. En la lógica de la fórmula
ecomuseo, se creo un programa basado em los tres pilares de todo ecomuseo:
- el territorio : adaptandolo extrictamente a las caracteristicas de cada territorio, tierra
firme o isla, urbana, periurbana o rural, para hacer de el el contexto fisico y el soporte
de su pedagogia, despues de un diagnostico participativo de las fortalezas y de las
debilidades, y tambien de las perspectivas de desarrollo en cada una;
- la comnidad : dirigiendose a las personas adultas y jovenes y niños que estaban
susceptibles de representar los papeles de animador, formador, agente de desarrollo
em sus respectivas comunidades y dirigiendose em las lenguas de su cultura viva;
- el patrimonio : sirviendose de los elementos materiales e inmateriales de herencia de
56
cada comunidad, reconocidos por un inventario participativo permanente, como
materias pedagogicas.
Su base de sustento se encuentra fundamentalmente em tres principios:
sustentabilidad, subsidiariedad y responsabilidad, los cuales vienen siendo
desarrollados a partir de un método que asocia los tres tiempos:
- la informacion teorica, en oficinas o minicursos, en cada territorio,”se aprende a hacer
y por que hacer”;
- el trabajo practico, por la realización concreta de projectos asociados a la vida
cotidiana de las comunidades, “aprender haciendo”;
- el saber-estar, por una participación de convivencia en los eventos sociales,
culturales, religiosos, con vistas a una mejor cohesion social entre las comunidades y
una apertura al exterior.
EL PROGRAMA DE CAPACITACION
Un documento fundamental de programación para 2011/2012 fue estabelecido por el
ecomuseo sobre el titulo: Patrimonio y Capacitacion de los Actores del Desarrollo
Local. El término “capacitación”, que equivale em inglés “empowerment”, designa un
conjunto de acciones implementadas em una comunidad para levantar sus miembros y
valorizar, desarrollar y /o adquirir los saberes, los quehaceres, las práctias, las
técnicas que les permitirán tomar en sus manos su próprio desarrollo, quiere decir, la
mejora de sus condiciones de vida, de modo sostenible y responsable.
Capacitación, Patrimonio y Museos
La capacitación, como medio de desarrollo de los territorios y de la mejoria del nivel de
vida de las poblaciones, se apoya naturalmente sobre los dos principales recursos de
esos territorios: un recurso humano, quiere decir los habitantes mismos, con sus
saberes , su energia, su cultura y un recurso patrimonial, que engloba el patrimonio
natural, cultural, material e inmaterial.
Este patrimonio es una materia prima que los habitantes deben aprender a conocer, a
controlar y a utilizar , pero respetandolo (sostenimiento). Se trata de la producción
agrícola, hortícola, y de la pesca, de las actividades artesanales, de gastronomia, de
acojida turística, de espectáculos de música o danzas tradicionales, y ese patrimonio
que es preciso saber identificar, valorizar, transformar, por cuenta de un consumo
interno y de una comercialización, cuyas retomadas iran esencialmente a la población
misma o para algunos de sus miembros.
El museo y mas particularmente el ecomuseo o museo comunitario es un instrumento
bien adaptado a la concepción y la acción de esta capacitación, al menos en la medida
donde el esta efectivamente en estrecha relación con su territorio, a la escucha y al
servicio de su comunidad. Su conocimiento del patrimonio y de la población le permite
represntar un papel de movilización y de organización anterior a la capacitación y
despues convertirse entonces en su propio gestor. De esta manera el Programa y el
desarrollo teniendo como referencia los siguientes ejes temáticos:
Los EJES
Las acciones del Programa de Capacitación vienen siendo desarrollados atravez de
cuatro ejes, los cuales tienen como principales protagonistas a las comunidades con
aporte de un equipo interdisciplinario de Ecomuseo de Amazonia, a saber:
- EJE CULTURA: creando herramientas para pensar la memoria social -una inciativa
de Ecomuseo Amazonia, a partir de la valorización del patrimonio cultural, teniendo en
cuenta como enfoque los conceptos de museos, ecomuseos, y similares;el concepto
de cultura y sub-culturas,identidad y diversidad cultural, el hombre como productor de
57
cultura, el desarrollo de las actividades paralelas por medio de oficinas y cursos de
valorizaciones de “saberes y quehaceres” de las comundiades. Y es más, nociones
sobre legislacion que rigen la protección del patrimonio cultural;
- EJE AMBIENTAL: Sistematización del contexto ambiental en las áreas de actuación
del Ecomuseo de la Amazonia atravez de acciones de Educación y la Información
Ambiental, como: semillas de mañana-actividades socio-ambientales para niños y pre
adolescentes;agricultura alternativa para pequeños productores: “rosa sin quemada”
con cultivos de culturas alimentares; plantaciones fructífers en la comunidad; cultivo de
hortalizas;agriculturas sostenibles: aprovechamiento de las áreas de tierras bajas de la
region insular de la bahia de Guajará para el cultivo y /o el manejo de peces y
camarones amazonicos, el Ecomuseo de Amazonia en la escuela: la educación
ambiental como un camino para el desarrollo comunitario sostenible en la region
insular del municipio de Belen-Pa. Y más aún, el Projecto Escuela Ambiental:
transferencia de tecnologia para asegurar la alimentacion y la valoración de la
agricultura urbana en las escuelas, Projecto en asociación con la Empresa Brasilera
de Búsqueda Agropecuaria-EMBRAPA;
- EJE TURISMO: Turismo Sostenible de base comunitaria- es desarrollado atravez de
su-temas:desarrollo local y sostenible utilizando para este fin, conceptos para la
valoración y el desarrollo del patrimonio socio-cultural y economico en areas de
actuación del Ecomuseo de Amazonia, asi como, nociones de legislación aplicables a
las actividades turisticas, segmentos y ciudadania, proceso educativo no formal por
medio de experiencias ecoturisticas ( analisis de los efectos en la población local). Y
aun mas, nociones de ingles insturmental ( atencion de servicios turisticos
diferenciados);
- EJE CIDADANIA: reune comunidades en las areas de actuación de Ecomuseo de
Amazonia de forma interactiva,relacionando la memoria a los saberes y quehaceres
locales y sus implicancias a fin de posiblitar la construcción de las comunidades
sostenibles, tiene como objetivo asi, la unión de intereses colectivos de forma
armónica, a partir de la valoración del patrimonio local y demas intereses sociales. En
este sentido tiene como enfoque las búsquedas socio-economicas, ambientales y
culturales, capacitando a las comunidades con apoyo de otras instituciones y /o
organizaciones no gubernamentales, creación y fortalecimiento de las organizaciones
sociales, participación en eventos, etc.
Los éxitos citados culminan la teoria y la práctica atravez de la realización de oficinas y
cursos diversos como:paisajismo y jardineria, sandwiches de peces, carpinteria como
arte, viveros forestales y frutales, implementación de lombriz, compos, cestas de
botellas pet, trazados en palmeras, arreglos navideños, recolección de semillas,
workshops, etc.
LA EXPERIENCIA DEL ECOMUSEO DE AMAZÔNIA
Despues de varios años, este ecomuseo hace capacitacion de los habitantes y las
comunidades de los territorios que le fueran confiados ( tres islas en un distrito de
Belen, capital del Estado de Pará) el corazón de su politica.
En estas comundadees relativamente marginalizadas y aisladas, con dominancia rural
o peri-urbana, se trata a veces de adquirir una fuerte confianza en si (auto-estima) y de
apoyar de modo voluntario y creativo sobre los recursos locales ( patrimoniales) a fin
de llegar a una real autonomia socio-economica, atendiendo progresivamente a un
nivel de vida proximo a las poblaciones urbanas vecinas.
Se decidió entonces, segun Hugues de Varine (2011) consultor de Ecomuseo de
Amazonia,ratificando las acciones que vienen siendo ejecutadas en el área, colocar en
acción un programa de capacitación segun cuatro ejes prioritarios:
 El capital cultural: el hombre como creador de cultura y defensor del patrimonnio
58



El capital natural: preservación y potencial economico del medio natural
El turismo: acojida de visitantes por la comunidad y en pro de sus miembros
El capital social: organización de la sociedad, cooperación y solidaridad.
Este programa, que compone muchas veces sesiones colectivas y trabajos prácticos, se
extiende por todo el año y cubre una gran diversidad de temas , por ejemplo la horticultura
familiar, la cria de camarones, la gestacion de flores, la producción cerámica, la danza
tradicional “carimbó”, la creación de caminos de observación, las ferias de productos locales,
la organización de fiestas y festividades de aldeas, la constitución de agrupaciones economicas
o de las cooperativas, etc.
LA METODOLOGIA
La metodologia del Ecomuseo de la Amazônia está pautada en los siguientes
principios:
- Museologia Social: reconocimiento de identidades y culturas de todos los grupos
humanos; desarrollos de acciones museologicos, considerando como punto de partida
la practica social y no solo los acervos materiales o las colecciones;
- Planeamiento y gestion bioregional- “proceso organizacional que capacita a las
personas a trabajar juntas, a adquirir informaciones, a refleccionar cuidadosamente
sobre el potencial y los problemas de su region, a establecer metas y objetivos, a
definir activiades , a implementar projectos y acciones acordados por la comunidad, a
avalar los progresos y reajustar su propio abordaje”.Miller (1997)
- Concepto de sostenimiento con base en la cultura, tecnologias, sabers populares de
los maestros de oficios de cada comunidad, en la utilizacion y preservación de los
recursos naturales de la región. Aderne (2005);
- En el museo como agente de desarrollo:instrumento polivalente de acción
territorial;levantamiento y movilización de las fuerzas vivas de la comunidad;
activaciión de las competencias, de las energias,y de las ideas oriundas de
comunidad; exploración de patrimonio y de memoria colectiva; promoción de auto
estima y de las dinamicas de cooperación;intermediación con el exterior: imagen de si,
atracción economica. Hugues de Varine (2009)
Despues de la citación a los referidos principios es pertinente afirmar que estos
representan el soporte de desarrollo de los ejes temáticos, los cuales vienen siendo
ejecutados a partir de las actividades diversas, cmo:diagnostico rápido participativodrp, o Inventarios Participativo, seguido de cursos, oficinas, encuentros, workshops,
reuniones y afines, mas allá de las tareas complementarios direccinados y activiades
de campo que esten relacionados a la sensibilizacion para las cuestiones prioritarias
de las comunidades. Referidos elementos culminan con la realización de acciones de
un museo como agente de desarrollo que posibilite la capacitación de las personas
para el trabajo colectivo y el sostenimiento de las comunidades con enfasis en la
cultura, tecnologias, saberes populares,etc.
Asi, durante las actividads del curso, son producidos los materiales especificos
correspondientes a cada eje, ademas de la utilización de los materiales basicos que ya
hacen parte del acervo pedagogico del programa. En el proceso de ejecución de las
actividades es pertinente promover las evaluaciones, las cuales pueden direccionar la
necesidad de continuidad, asi como la inserción de otras acciones que puedan ser un
instrumento pedagogico de acompañamiento constante y no solo como elemento de
finalización.
Las actividades de este programa de capacitación utiliza como referencia la
investigación-acción de acuerdo a Engel (2000) “busqueda-accion conforme al
nombre, busca unir la búsqueda a la acción o la práctica, esto es, desarrolla el
conocimiento y la comprensión como parte de la práctica”, luego posibilita una mayor
integración de los involucrados en la adquisicion de un conocimiento mas profundo
acerca de la situación vivenciada, ya que el participante en este estudio es el
productor de su propia historia, portanto esta sujeto a esa producción. En este
contexto la metodologia integra peculiares instumentos evaluativos que pueden ser
59
utilizados como evaluación continua o como registros de actividades que incluyen
modos cualitativos relevantes y diferenciados, son ellos: las declaraciones,los
encuentros, relatos de experiencias, esto es, lo cotidiano de las comunidades
contempladas. La cuestion cuantitativa sera expresada en números y levantamientos
estadisticos a lo largo de las visitas tecnicas y búsquedas desarrolladas.
CONSIDERACIONES FINALES
Las acciones a ser desarrolladas por el Ecomuseo del Amazonas involucraran directa
o indirectamente el año 2011, cerca de 4.651( cuatro mil seicientos cincuenta y una
personas), de las cuales es importante destacar un acompañamiento directo de
aproximadamente 140 ( ciento cuarenta familias)- El objetivo principal es el fomentar
las actividades locales, luego, las acciones que valoren las poblaciones de las aread
de actuación de CDC/Ecomuseo de Amazonas, las cuales son pautadas en la
valoracion del patrimonio por medio de las ecologias humanas, ambiental y social ,
permeando todo el curso del desarrollo del Programa. Y aun más, se vuelve accecible
por medio de la interrelacion del medio natural, social y cultural, capacitar a los
gestores, lideres comunitarios y demas ciudadanos interesados, los cuales deberan
volverse diseminadores del proceso construsctivo de caracter colectivo. La
metodologia de Ecomuseo de Amazonas considera el patrimonio de las comunidades
como una materia prima endogena, colocacion ratificada por Hugues de Varine “el
patrimonio define la imagen de territorio, y la identidad de comunidad ( conservacion,
transformacion, creación) el respeto al patrimonio es una condicion de sustentabilidad
y desarrollo”. En este contexto los resultados de las acciones desarrolladas por las
comunidades de las areas de actuación del Ecomuseo ya comenzaron a mostrar que
esas metodologias vienen provocando reflexines y cambios de actitudes de las
personas, contribuyendo para la movilizacion popular de la region, en sentido de
reafirmar los procesos historicos y culturales, promoviendo con eso el desarrollo de
las practicas sostenibles. De esta manera, las acciones desarrolladas actuan como
procesos organizacionales que capacitan a las personas a trabajar juntas, a adquirir
informaciones y a refleccionar sobre el potencial de su region para la implementacion
de los projectos necesarios para la mejoria de las condiciones de vida de las
poblaciones.
Finalmente, el Ecomuseo de la Amazonia, tiene como objetivo estimular la creación de
las estrategias que puedan garantizar la ejecución de las accciones atravez de socios
interinstitucionales y comunitarias que puedan generar condiciones de desarrollo
humano sostenible y articulado (Comunidad/ Escuela/ Comunidad).
LA CAPACITATION : PRATIQUES ET TENTATIVES DE THEORISATION
Maria Terezinha Resende Martins – PA – Brasil – Ecomuseu da Amazônia
**
Hugues de Varine – França
INTRODUCTION
La 4° Rencontre internationale des écomusées et musées communautaires (IV
EIEMC) se situe à la suite d'une série de réunions entre ces musées qui partagent des
principes communs. Elle se réunit pour la troisième fois sur le thème "Patrimoine et
Communauté". En 2000, la 2° rencontre, à Santa Cruz (Rio de Janeiro) a traité du
thème "Patrimoine, Communauté et Développement soutenable" ; en 2004, la
troisième, toujours à Santa Cruz, étudia le thème "Communauté, Patrimoine partagé et
Éducation". On y marqua le souci d'impliquer les professionnels de l'éducation dans le
partage du patrimoine, tant il est évident que ces deux approches sont indissociables.

Maria Terezinha Resende Martins, coordinadora del Ecomuseo del Amazonia, y equipo, Belém, Brasil,
[email protected], [email protected]
**
Hugues de Varine, consultor en desarollo local, Francia
60
C'est ainsi qu'après trois années d'existence, en 2010, l'Ecomusée d'Amazonie, qui
avait déjà réalisé des actions de capacitation dans les communautés de son territoire,
a mis en œuvre pour la période 2011-2012, un projet biennal dénommé "Patrimoine et
Capacitation des acteurs du développement local", une initiative innovante dans le
monde de la muséologie communautaire. Il comporte la conception et l'exécution d'un
programme au profit des communautés, pour leur permettre d'accéder à la
reconnaissance, à la valorisation et à la qualification des savoir-faire, dans un but
d'organisation communautaire, de qualification du citoyen et de génération de
ressources économiques, en cohérence avec un développement local soutenable.
Cette initiative a été à l'origine de la 4° rencontre internationale. Citons quatre
questions, parmi bien d'autres, qui découlent des réunions précédentes et qui seront
débattues lors de de celle-ci :
1.
Comment les communautés comprennent-elles et utilisent-elles leur
patrimoine ?
2.
Comment ce patrimoine peut-il être pour elles une source de revenus ?
3.
Comment peut-on rendre une communauté capable d'agir pour le
développement local, en utilisant le patrimoine comme ressource ?
4.
Comment faire de cette communauté un gestionnaire de son patrimoine et la
rendre acteur de son propre avenir ?
Des réponses à ces questions pourront être trouvées dans les diverses expériences
qui seront présentées lors de la 4° rencontre, qui se tiendra au siège même de
l'Ecomusée d'Amazonie.
L'Ecomusée d'Amazonie, créé en 2007, est un projet de la Direction de l'Education de
la Mairie de Belém, dans le cadre de la Fondation Escola Bosque (FUNBOSQUE), un
service municipal particulièrement original et innovant. L'écomusée y a son siège. Il
travaille sur quatre territoires de la ville de Belém : le District de Icoaraci (quartiers de
Paracuri et des berges), Iles de Caratateua (communautés de Tucumaeira, Fama, São
João do Outeiro et la Fondation Escola Bosque proprement dite), Cotijuba
(communautés de Poção, Seringal, Piri et Faveira) et Mosqueiro (centre urbain,
communautés de Caruaru, Mari-Mari et Paulo Fonteles). Il s'appuie sur la participation
populaire pour la construction d'un projet de développement humain soutenable qui
garantisse l'intégration de tous et qui soit représentatif des besoins et des intérêts des
populations concernées, à partir de la valorisation des savoir-faire et de la mémoire
collective, qui constituent ensemble le référentiel de base pour la compréhension et la
transformation de la réalité actuelle dans la région.
LA SITUATION ACTUELLE
Les territoires où agit l'écomusée sont des zones relativement défavorisées de la ville
de Belém, ce qui a amené la direction municipale de l'éducation et Funbosque a
renforcer le contenu éducatif des actions qui ciblent ces quartiers. Dans la logique
écomuséale, elles ont ainsi adopté un programme soutenu par trois piliers :
- le territoire – en s'adaptant aux caractéristiques de chaque quartier, terre ferme ou ile,
urbain, périurbain ou rural, pour en faire le contexte physique et la base de sa
pédagogie, après un diagnostic participatif des forces et des faiblesses, et aussi des
perspectives de développement de chacun ;
- la communauté – en s'adressant aux personnes, adultes, jeunes et enfants,
susceptibles de jouer les rôles d'animateurs, de formateurs, d'agents de
développement dans leurs communautés respectives et en communiquant avec eux
dans le langage de leur culture vivante ;
- le patrimoine – en utilisant dans la pédagogie les éléments matériels et immatériels
hérités par chaque communauté, identifiés et reconnus par un inventaire participatif
permanent.
61
Cet écomusée est fondé essentiellement sur trois principes : soutenabilité, subsidiarité
et responsabilité, qui sont appliqués à l'action selon trois temps :
- une information théorique, sous la forme d'ateliers ou de mini-leçons, sur chaque
territoire, "on apprend à faire et pourquoi le faire" ;
- un travail pratique, pour la réalisation concrète de projets liés à la vie quotidienne des
communautés, "on apprend en faisant" ;
- le savoir-être, par une participation conviviale aux évènements sociaux, culturels,
religieux, pour atteindre une meilleure cohésion sociale entre les communautés et une
ouverture sur l'extérieur.
LE PROGRAMME DE CAPACITATION
L'Ecomusée d'Amazonie a adopté un document fondamental de programmation pour
les années 2011-2012, sous le titre "Patrimoine et capacitation des acteurs du
développement local". Le terme "capacitation", qui correspond à peu près à l'anglais
"empowerment", désigne l'ensemble des actions menées dans une communauté pour
amener ses membres à valoriser, développer et/ou acquérir les savoir-faire, les
pratiques, les techniques qui leur permettront de prendre en mains leur propre
développement, c'est à dire l'amélioration de leurs conditions de vie, de manière
soutenable et responsable.
Capacitation, Patrimoine et Musées
La capacitation, comme moyen de développement des territoires et d'amélioration du
niveau de vie des populations, s'appuie naturellement sur les deux principales
ressources de ces territoires, une ressource humaine, c'est à dire les habitants euxmêmes, avec leurs savoirs, leur énergie, leur culture, et une ressource patrimoniale qui
comprend le patrimoine naturel, culturel, matériel et immatériel.
Ce patrimoine est une matière première que les habitants doivent apprendre à
connaître, à contrôler et à utiliser, tout en la respectant (soutenabilité). Il s'agit de la
production agricole, horticole ou de la pêche, d'activités artisanales, de gastronomie,
d'accueil touristique, de spectacles de musique ou de danse traditionnels. C'est ce
patrimoine qu'il faut savoir identifier, valoriser, transformer, tant pour la consommation
interne que pour une commercialisation dont les profits iront essentiellement à la
population elle-même ou à certains de ses membres.
Le musée, et plus particulièrement l'écomusée ou le musée communautaire, est un
instrument bien adapté à la conception et à la mise en œuvre de cette capacitation, du
moins dans la mesure où le musée est effectivement en étroite relation avec son
territoire, à l'écoute et au service de sa communauté. Sa connaissance du patrimoine
et de la population lui permet de jouer un rôle de mobilisation et d'organisation
antérieur à la capacitation, pour devenir ensuite gestionnaire du programme. Ainsi le
Programme de Capacitation de l'écomusée se réfère aux axes thématiques suivants.
LES AXES
Les actions du programme de capacitation se développent selon quatre axes, dont les
principaux acteurs sont la communauté et ses membres, avec l'aide d'une équipe
interdisciplinaire de l'écomusée.
- AXE CULTUREL: il crée des outils pour penser la mémoire sociale – une initiative de
l'écomusée d'Amazonie à partir de la valorisation du patrimoine culturel ; on aborde les
concepts de musées, d'écomusées, de culture et de sub-cultures, d'identité et de
diversité culturelle, l'homme comme producteur de culture, la valorisation des savoirfaire des communautés par l’intermédiaire d'ateliers et de mini-cours. On acquiert aussi
des notions sur les législations qui régissent la protection du patrimoine culturel.
- AXE ENVIRONNEMENTAL: il systématise le contexte environnemental dans les
territoires de l'écomusée, par des actions d'éducation et d'information
62
environnementales, comme préparation pour l'avenir – activités socioenvironnementales pour les enfants et les pré-adolescents, agriculture alternative pour
les petits producteurs comme "l'essartage sans brûlis" pour des cultures alimentaires,
la plantation d'arbres fruitiers dans la communauté, la création de jardins potagers,
l'aquaculture soutenable, l'utilisation d'espaces abandonnés de la baie de Guajara pour
la culture et/ou la reproduction de poissons et de crevettes amazoniens, l'écomusée
dans l'école... L'éducation environnementale est une voie pour le développement local
soutenable de la région insulaire de la ville de Belém. Et aussi le projet d’École
Environnementale, pour un transfert de technologies en vue de la sécurité alimentaire
et de la valorisation de l'agriculture urbaine dans les écoles. Ce dernier projet se
réalise en partenariat avec l'entreprise brésilienne de recherche en agriculture et
élevage (EMBRAPA).
- AXE TOURISTIQUE: un tourisme soutenable de base communautaire – il est promu
à travers des sous-thèmes : développement local et soutenabilité, en utilisant à cette
fin des concepts pour la valorisation du patrimoine socio-culturel et économique des
territoires de l'écomusée ; également des notions de législation applicables à l'activité
touristique, de citoyenneté ; un parcours éducatif non-formel à travers des expériences
éco-touristiques (analyse de l'impact sur la population locale). Et aussi des notions
d'anglais fonctionnel, pour la fourniture de services touristiques adaptés aux clients.
- AXE CITOYENNETÉ: il associe les communautés des territoires de l'écomusée de
manière interactive, en mettant en relation la mémoire et les savoir-faire locaux, avec
leurs atouts pour la construction de communautés soutenables. On veut par là faciliter
l'union des intérêts collectifs de manière harmonieuse, par la valorisation du patrimoine
local et des besoins sociaux. On s'appuie sur des recherches socio-économiques,
environnementales et culturelles, sur la capacitation des communautés avec le soutien
d'autres institutions ou ONG, sur la création et le renforcement des structures de la
société (associations par exemple), la participation à des évènements, etc.
Les axes cités ci-dessus combinent théorie et pratique, sous forme d'ateliers et de
cours variés, comme l'entretien du paysage, le jardinage, la fabrication de sandwiches
de poisson, la menuiserie, les pépinières d'arbres forestiers ou fruitiers, la
lombriculture, le compostage, les paniers en plastique recyclé, les décors en feuilles de
palmier, les décorations de Noël, le recueil de semences, etc.
L'EXPERIENCE DE L'ECOMUSEE D'AMAZONIE
Depuis plusieurs années, l'Ecomusée d'Amazonie fait de la capacitation des habitants
et des communautés des territoires qui lui ont été confiés (trois îles et un district de la
ville de Belém, capitale de l'Etat de Para) le cœur de sa politique.
Dans ces communautés relativement marginalisées, à dominante rurale ou périurbaine, il s'agit surtout d'acquérir une forte confiance en soi (auto-estime) et de
s'appuyer de façon volontaire et créative sur les ressources locales (patrimoniales) afin
de parvenir à une réelle autonomie socio-économique, pour atteindre progressivement
un niveau de vie proche de celui des populations urbaines voisines.
Il a ainsi été décidé, selon Hugues de Varine (2011), consultant auprès de l'Ecomusée
d'Amazonie, qui a examiné et approuvé les actions déjà menées dans ces territoires,
de mettre en œuvre un programme de capacitation suivant quatre axes prioritaires :
 le capital culture : l'homme comme créateur et détenteur du patrimoine,
 le capital naturel : préservation et potentiel économique du milieu naturel,
 le tourisme : accueil de visiteurs par la communauté et au bénéfice de ses
membres,
 le capital social : organisation de la société, coopération et solidarité.
Ce programme, qui comporte beaucoup de séances collectives et de travaux
pratiques, durera toute l'année et couvrira une grande variété de thèmes, comme
63
l'horticulture familiale, l'élevage de crevettes, la gestion de la forêt, la production
céramique, la danse traditionnelle «carimbó», la création de sentiers d'observation, les
marchés de produits locaux, l'organisation de fêtes et de festivals dans les villages, la
constitution de groupements économiques ou de coopératives, etc.
LA METHODOLOGIE
La méthodologie de l'Ecomusée d'Amazonie s'appuie sur les principes suivants :
la muséologie sociale : reconnaissance des identités et des cultures de tous les
groupes humains, développement d'actions muséologiques, considérant comme point
de départ la pratique sociale et pas seulement les collections ;
la planification et la gestion bio-régionale : "un processus organisationnel qui rend
les personnes capables de travailler ensemble, d'acquérir des informations, de réfléchir
de façon équilibrée aux problèmes de leur région, de se fixer des buts et des objectifs,
de définir des activités, de mettre en œuvre des projets et des actions approuvés par la
communauté, d'évaluer les progrès et d'adapter leur propre approche." (Miller 1997) ;
le concept de soutenabilité comme base de la culture, des technologies, des
savoirs populaires des maîtres-artisans de chaque communauté, pour l'utilisation et la
préservation des ressources naturelles de la région (Aderne, 2005) ;
le musée comme agent de développement : instrument polyvalent de l'action
territoriale, de l'inventaire et de la mobilisation des forces vives de la communauté ;
activation des compétences, des énergies et des idées émanant de la communauté,
exploitation du patrimoine et de la mémoire collective, promotion de l'auto-estime et
des dynamiques de coopération, intermédiation avec l'extérieur, construction de
l'image de soi, de l'attractivité économique.
A la lecture de ces principes, il est pertinent d'affirmer qu'ils représentent le cadre du
développement des axes thématiques, qui seront atteints par des activités variées
telles que le diagnostic rapide participatif (DRP) ou l'inventaire participatif, suivis de
cours, d'ateliers, de rencontres, de workshops, de réunions, auxquels succèdent des
travaux complémentaires dirigés et des activités de terrain qui visent à une
sensibilisation aux questions importantes pour les communautés. Tout cela représente
l'ensemble des actions d'un musée qui est un agent de développement, qui recherche
la capacitation des personnes en vue d'un travail collectif et de la soutenabilité des
communautés, avec une attention particulière sur la culture, les technologies, les
savoirs populaires, etc.
Ainsi, pendant le programme, on produit des matériaux spécifiques correspondant à
chaque axe, qui s'ajoutent aux matériaux pédagogiques de base qui sont déjà partie
disponibles. Pendant les activités elles-mêmes, il est utile de promouvoir des
évaluations, qui peuvent justifier la continuation du travail ou bien provoquer le
lancement d'autres actions nécessaires au développement local. Nous considérons
l'évaluation comme un instrument pédagogique d'accompagnement constant du
processus, et non pas comme une conclusion du travail.
On utilise comme référence la "recherche-action" qui, selon Engel (2000), "comme le
nom l'indique, tend à unir la recherche à l'action, ou à la pratique, c'est à dire
développer la connaissance et la compréhension comme une partie de la pratique".
Elle rend donc possible une plus grande participation des personnes concernées à
l'acquisition d'une connaissance plus profonde de la situation vécue, dès lors que le
participant à l'étude est producteur de sa propre histoire, tout en étant sujet de cette
production. Dans ce contexte, la méthodologie intègre des outils d'évaluation
spécifiques qui peuvent être utilisés pour une évaluation en continu ou comme une
analyse de l'activité. Elle comprend des approches qualitatives différenciées telles que
les entretiens, les rencontres, les rapports d'expériences, qui reflètent le quotidien des
communautés étudiées. L'approche quantitative est exprimée par des données
chiffrées et des relevés statistiques collectés lors de visites techniques et de
recherches ciblées.
64
CONCLUSION
Les actions menées par l'Ecomusée d'Amazonie, en 2011, ont impliqué près de 4.700
personnes et environ 140 familles ont été accompagnées directement ou
indirectement. L'objectif principal est d'encourager les activités locales, c'est à dire des
actions qui valorisent les populations des quartiers confiés à l'écomusée en leur faisant
utiliser leur patrimoine dans le respect des écologies humaine, environnementale et
sociale, qui constituent la trame du programme de capacitation. Celui-ci est exécuté
par une interrelation entre milieux naturel, social et culturel, par la capacitation des
animateurs, des leaders communautaires et de tous les citoyens intéressés, qui
devront ensuite devenir les diffuseurs du processus de construction collective.
La méthodologie de l'Ecomusée d'Amazonie considère le patrimoine des
communautés comme une matière première endogène ainsi que le constate Hugues
de Varine : "le patrimoine définit l'image du territoire et l'identité de la communauté
(conservation, transformation, création) et le respect du patrimoine est une condition
de la soutenabilité et du développement." Dans ce contexte, le résultat des actions
réalisées par les communautés du territoire de l'écomusée commencent déjà à montrer
que cette méthodologie provoque des réflexions et des changements d'attitude de la
part des personnes, contribuant à la mobilisation populaire de la région, pour réaffirmer
des processus historiques et culturels, et promouvoir la mise en œuvre de pratiques
soutenables.
Ainsi, les actions menées agissent comme des processus structurants qui amènent les
personnes à travailler ensemble, à assimiler des informations et à réfléchir sur le
potentiel de leur région en matière d'implantation de projets nécessaire à l'amélioration
des conditions de vie des habitants.
En somme, l'Ecomusée d'Amazonie cherche à stimuler la formulation de stratégies
susceptibles de garantir la réalisation d'actions à travers des partenariats interinstitutionnels et communautaires qui permettent de créer les conditions d'un
développement humain soutenable et articulé entre la communauté et l'école avec
retour vers la communauté.
65
CONFERÊNCIA
66
II. CONFERÊNCIA
Desafios atuais para a construção da sustentabilidade
Leonardo Boff*, Brasil
“Estamos diante de um momento crítico da história da Terra, numa
época em que a humanidade deve escolher o seu futuro (...). A
escolha é nossa e deve ser: ou formar uma aliança global para cuidar
da Terra e cuidar uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição e a
destruição da diversidade da vida” Preâmbulo Carta da Terra
Como organizar uma aliança de cuidado para com a Terra, a vida humana e toda a
comunidade de vida e assim superar os riscos referidos? A resposta só poderá ser:
mediante a sustentabilidade real, verdadeira, efetiva e global, conjugada com o
princípio do cuidado e da prevenção.
Mesmo antes de definirmos melhor o que seja sustentabilidade, podemos avançar que
ela fundamentalmente significa: o conjunto dos processos e ações que se destinam a
manter a vitalidade e a integridade da Mãe Terra, a preservação de seus ecossistemas
com todos os elementos físicos, químicos e ecológicos que possibilitam a existência e
a reprodução da vida, o atendimento das necessidades da presente e das futuras
gerações, e a continuidade, a expansão e a realização das potencialidades da
civilização humana em suas várias expressões.
Pelas palavras da Carta da Terra, a sustentabilidade comparece com uma questão de
vida ou morte. Nunca antes da história conhecida da civilização humana, corremos os
riscos que atualmente ameaçam nosso futuro comum. Estes riscos não diminuem pelo
fato de que muitíssimas pessoas, de todos os níveis de saber, dêem de ombros a esta
máxima questão. O que não podemos é, por descuido e ignorância, chegar tarde
demais. Mais vale o princípio de precaução e de prevenção do que a indiferença, o
cinismo e a despreocupação irresponsável. Se dermos centralidade à aliança de
cuidado, seguramente chegaremos a um estágio de sustentabilidade geral que nos
propiciará desafogo, alegria de viver e esperança de mais história a construir rumo a
um futuro mais promissor.
Nossas reflexões se orientarão por estas sábias palavras do final da Carta da Terra:
“Como nunca antes na história, o destino comum nos clama a buscar um novo
começo. Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer, outrossim, um
novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos
desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos
níveis local, nacional, regional e global” (final).
Recolhendo o essencial desta conclamação, importa reter os seguintes pontos:
1)
Possuímos um destino comum – Terra e humanidade – pois, na perspectiva da
evolução ou quando contemplamos a Terra de fora da Terra, formamos uma única
entidade.
2)
A situação atual se encontra, social e ecologicamente, tão degradada que a
continuidade da forma de habitar a Terra, de produzir, de distribuir e de consumir,
desenvolvida nos últimos séculos, não nos oferece condições de salvar a nossa
civilização e, talvez até, a própria espécie humana; daí que imperiosamente se impõe
um novo começo, com novos conceitos, novas visões e novos sonhos, não excluídos
os instrumentos científicos e técnicos indispensáveis; trata-se, sem mais nem menos,
de refundar o pacto social entre os humanos e o pacto natural com a natureza e a Mãe
Terra.

Leonardo Boff, pseudônimo de Genézio Darci Boff, teólogo brasileiro, escritor e professor universitário,
expoente da Teologia da Libertação no Brasil. É respeitado pela sua história de defesa pelas causas
sociais e atualmente debate também questões ambientais.
67
3)
Para essa momentosa tarefa se faz urgente uma transformação da mente, vale
dizer, um novo software mental ou um design diferente na nossa forma de pensar e de
ler a realidade com clarividência de que o pensamento que criou esta situação
calamitosa, como advertia Albert Einstein, não pode ser o mesmo que nos vai tirar
dela; para mudar temos, portanto, que pensar diferente; fundamentalmente também é
a mudança de coração; não bastam a ciência e a técnica, por indispensáveis que
sejam, fruto da razão intelectual e instrumental-analítica; precisamos igualmente da
inteligência emocional e, com mais intensidade, da inteligência cordial, pois é ela que
nos faz sentir parte de um todo maior, que nos dá a percepção da nossa conexão com
os demais seres, nos impulsiona com coragem para as mudanças necessárias e
suscita em nós a imaginação para visões e sonhos carregados de promessas.
4)
Somos urgidos a desenvolver um sentimento de interdependência global; é um
fato incontestável que todos globalmente dependemos de todos, que laços nos ligam e
religam por todos os lados, que ninguém é uma estrela solitária e que no universo e
natureza tudo tem a ver com tudo em todos os momentos e em todas as
circunstâncias (Bohr e Heisenberg); tão importante quanto a interdependência é a
relevância da responsabilidade universal; isto significa que importa tomar em alta
consideração as conseqüências benéficas ou maléficas de nossos atos, de nossas
políticas e das intervenções que fazemos na natureza, que podem destruir o frágil
equilíbrio da Terra e, caso usarmos armas de destruição em massa, fatalmente
faríamos desaparecer a espécie humana. Isto significaria, por milhares de anos, um
retrocesso evolutivo da Mãe Terra, arruinada e coberta de cadáveres;
5)
Valorizar a imaginação. Já Albert Einsten observava que, quando a ciência não
encontra mais caminhos, é a imaginação que entra em ação e sugere pistas
inusitadas. Hoje precisamos de imaginação para projetar não apenas um outro mundo
possível, mas um outro mundo necessário no qual todos possam caber, hospedar uns
a outros e incluir toda a comunidade de vida sem a qual nós mesmos não existiríamos.
Para música nova, novos ouvidos, e para agir diferente devemos sonhar diferente.
6)
O grande propósito se resume nisso: criar um modo sustentável de vida. A
concepção de sustentabilidade não pode ser reducionista e aplicar-se apenas ao
crescimento/desenvolvimento, como é predominantemente nos tempos atuais. Ela
deve cobrir todos territórios da realidade que vão das pessoas, tomadas
individualmente, às comunidades, à cultura, à política, à indústria, às cidades e
principalmente ao Planeta Terra com seus ecossistemas. Sustentabilidade é um modo
de ser e de viver que exige alinhar as práticas humanas às potencialidades limitadas
de cada bioma e às necessidades das presentes e das futuras gerações;
7)
Em todos os níveis: local, regional, nacional e global. Esta perspectiva enfatiza
a anterior para contrabalançar a tendência dominante de aplicar a sustentabilidade
apenas às macrorrealidades, descurando as singularidades locais e ecorregionais,
próprias de cada país com sua cultura, seus hábitos e suas formas de se organizar na
terra. Por fim, a sustentabilidade deve ser pensada numa perspectiva global,
envolvendo todo o planeta, com equidade, fazendo que o bem de uma parte não se
faça à custa do prejuízo da outra. Os custos e os benefícios devem ser proporcional e
solidariamente repartidos. Não é possível garantir a sustentabilidade de uma porção
do planeta deixando de elevar, na medida do possível, as outras partes ao mesmo
nível ou próximo a ele. (...)
Trecho do livro Sustentabilidade: O que é – O que não é, Ed. Vozes, 2012
Los retos actuales para la construcción de la sostenibilidad
Leonard
Boff*
"Nos enfrentamos a un momento crítico en la historia de la
Tierra, un momento en que la humanidad debe elegir su futuro
68
(...). La elección es nuestra y debe ser. Formar una sociedad
global para cuidar la Tierra y el cuidado de unos a otros o
arriesgarnos a la destrucción de nosotros mismos y la
destrucción de la diversidad de la vida. "Preámbulo de la Carta
Tierra”.
*Leonardo Boff, seudónimo Darci Boff Genézio, teólogo brasileño, escritor y profesor
universitario, un exponente de la Teología de la Liberación en Brasil. Es respetado por
su historia de la defensa de causas sociales y las cuestiones ambientales también se
está discutiendo.
¿Cómo organizar una alianza de cuidado de la tierra, la vida humana y toda la
comunidad de vida y así superar estos riesgos? La respuesta sólo puede ser: la
sostenibilidad real, eficaz y completa, junto con el principio de atención y prevención.
Incluso antes de definir mejor qué es la sostenibilidad, podemos avanzar que,
básicamente, significa: el conjunto de procesos y acciones que están destinadas a
mantener la vitalidad y la integridad de la Madre Tierra, la preservación de sus
ecosistemas con todos los agentes físicos, químicos y ecológicos que permite la
existencia y la reproducción de la vida, satisfacer las necesidades de las generaciones
presentes y futuras, y de continuar, ampliar y desarrollar el potencial de la civilización
humana en sus diversas expresiones.
Los fundamentos de la Carta de la Tierra, la sostenibilidad aparece con una cuestión
de vida o muerte. Nunca antes en la historia conocida de la civilización humana,
corremos los riesgos que actualmente amenazan nuestro futuro común. Estos riesgos
no disminuyen el hecho de que muchas personas de todos los niveles de
conocimiento, lo ignoren a este punto máximo. Lo que no puede, por descuido e
ignorancia, es dejar de llegar a tomar decisiones muy tarde . Mejor es el principio de
precaución y la prevención de que la indiferencia, el cinismo y despreocupación
irresponsable. Si le damos la importancia de la alianza de atención, seguramente
vamos a llegar a una etapa de la sostenibilidad, en general, proporcionará un alivio, la
alegría de la vida y la esperanza de construir una historia hacia un futuro mejor.
Nuestros pensamientos se verá impulsado por estas sabias palabras al final de la
Carta de la Tierra: "Como nunca antes en la historia, el destino común nos llama a
buscar un nuevo comienzo. Esto requiere un cambio de mente y corazón. Se requiere,
además, un nuevo sentido de interdependencia global y responsabilidad universal.
Imaginativamente desarrollar y aplicar la visión de un modo de vida sostenible a nivel
local,
nacional,
regional
y
mundial
La recopilación de esta esencial, es importante recordar los siguientes puntos:
1) Tenemos un destino común - la Tierra y la humanidad -, porque desde el punto de
vista de la evolución o cuando contemplamos la Tierra desde fuera de la Tierra,
forman una sola entidad.
2) La situación actual es social y ecológicamente, tan degradada que la continuidad en
la forma de habitar la tierra, producción, distribución y consumo, desarrollado a lo largo
de los siglos, no ofrece una posición para salvar a nuestra civilización y tal vez incluso
la especie humana en sí misma, por lo tanto, es imperativo, un nuevo comienzo con
nuevos conceptos, nuevas visiones y nuevos sueños, sin excluir los instrumentos
técnicos y científicos necesarios, es para restablecer el pacto social entre los seres
humanos y el pacto natural con la naturaleza y la Madre Tierra.
3) Para esta trascendental tarea, es urgente la transformación de la mente, es decir,
un nuevo programa mental o un diseño diferente en nuestra forma de pensar y de leer
la realidad con la clarividencia de pensamiento que creó esta situación extrema, como
advirtió Albert Einstein, no puede ser el mismo que vamos a conseguirlo, tenemos que
cambiar, por lo tanto, pensar de manera diferente, también está cambiando
69
fundamentalmente el corazón, no la ciencia y la tecnología suficiente, ya que son
indispensables, el fruto de la razón instrumental intelectual y analítica, también
tenemos la inteligencia emocional, y con más intensidad, la inteligencia amable,
porque es lo que nos hace sentir parte de un todo más grande, que nos da la
percepción de nuestra relación con otros seres, nos impulsa con el coraje para
cambiar y nos sugiere la imaginación a las visiones y los sueños llenos de promesas.
4) Se nos insta a desarrollar un sentido de interdependencia global, es un hecho
indiscutible que todo depende de que todos el mundo, que el enlace y la revinculación
de todas partes, nadie es una estrella y que el universo y la naturaleza todo tiene que
ver con todo lo que en todo momento y bajo todas las circunstancias (Bohr y
Heisenberg) tan importantes como la interdependencia es la importancia de la
responsabilidad universal, lo que significa que deben ser entrelazados, que nadie
puede sentirse como una estrella solitaria, tener en cuenta las consecuencias
beneficiosas o perjudiciales de nuestras acciones, nuestras políticas y las
intervenciones que hacemos en la naturaleza, que pueden destruir el frágil equilibrio
de la Tierra y si usamos las armas de destrucción masiva, que inevitablemente
desaparecerán, la especie humana. Esto significaría que, durante miles de años, una
evolución inversa de la Madre Tierra quedará en ruinas y cubierto de cadáveres;
5) Mejorar la imaginación. Desde que Albert Einstein observó que cuando la ciencia no
encuentra más formas, es la imaginación la que entra en acción y sugiere pistas
inusuales. Hoy en día necesitamos imaginación para diseñar, otro mundo es posible,
otro mundo en el que todo el mundo puede entrar, una serie de otros e incluir a toda la
comunidad de la vida sin que nosotros mismos no existen. Para la nueva música,
nuevos oídos, y para actuar de manera diferente tenemos que soñar diferente.
6) El gran propósito de que se resume: crear un modo de vida sostenible. El concepto
de sostenibilidad no puede ser reduccionista y se aplican únicamente para el
crecimiento y desarrollo, como es aplicable en la actualidad. Debe cubrir todos los
ámbitos de la realidad de las personas, como individuos, comunidades, cultura,
política, industria, ciudades y especialmente a la Tierra del planeta con sus
ecosistemas. La sostenibilidad es una forma de ser y de vivir que requieren las
prácticas humanas para alinear las capacidades limitadas de cada bioma y las
necesidades de las generaciones presentes y futuras;
7) En todos los niveles: local, regional, nacional y mundial. Esta perspectiva hace
hincapié en la anterior para contrarrestar la tendencia predominante de aplicar sólo la
sostenibilidad dentro de la macrorealidad, dejando de lado las singularidades locales y
eco-regional, de cada país con su cultura, sus costumbres y sus formas de
organización de la tierra. Por último, la sostenibilidad debe ser considerada desde una
perspectiva global, involucrando a todo el planeta, con equidad, por lo que es una
buena fiesta no se hace por la lesión de otro. Los costos y beneficios debe ser
proporcionada y compartida de manera conjunta.(...)
Extracto del libro de la Sostenibilidad: ¿Qué es - lo que no, las voces de Ed 2012
70
PALESTRAS
71
III.
PALESTRAS
CAPACITACION DE LOS ACTORES DE LOS MUSEOS COMUNITARIOS
Teresa Morales y Cuauhtémoc Camarena* – Oaxaca – México, Unión de Museos
Comunitarios de Oaxaca
RESÚMEN
La capacitación en un museo comunitario lo podemos entender como un proceso de
construcción que contribuye a que las comunidades se constituyan en sujetos
colectivos con el poder de reflexionar, de hacer crítica, de ser consciente de la
historicidad, de optar, de crear y transformar la realidad. No puede estar desvinculada
de los procesos de toma de decisiones a través de los cuales los miembros de las
comunidades expresan su voz y su visión colectiva. Los actores de la capacitación
son las mismas instancias comunitarias que se van involucrando en el proceso de
toma de decisiones; la asamblea o instancias de representación; el comité o grupo
coordinador; y los múltiples grupos de jóvenes, señoras, señores y ancianos que
intervienen en todas las actividades y proyectos del museo comunitario. En este
proceso, en vez de maestros se requiere el apoyo de facilitadores, quienes brinden
métodos que facilitan el proceso de creación y apropiación colectiva de compromisos.
La capacitación se realiza en la práctica, enfocada a desarrollar los procesos de
descripción, reflexión, interpretación y decisión, y se potencia a través del intercambio
y la organización de redes de comunidades que expanden los alcances de la
apropiación comunitaria.
ABSTRACT
TRAINING OF THE ACTORS IN COMMUNITY MUSEUMS
Teresa Morales y Cuauhtémoc Camarena – Oaxaca – México, Union of Community
Museums of Oaxaca*
In community museums, the concept of training is linked to the idea of empowerment,
and can be understood as a horizontal process of collective construction rather than a
vertical process of transmission of knowledge from a teacher to a student. This
horizontal process fosters the constitution of the collective subject of communities with
the capacity to reflect, develop critical thinking, become conscious of their history, and
to create and transform their own reality. It cannot be divorced from the process of
decision making, through which community members express their voice and collective
vision. In community museums, the actors of this process of empowerment are the
same community bodies that become involved in the decision making process; the
community assembly, the museum committee and the diverse groups of youth, men,
women and elders who participate in all the activities and projects of the community
museum. This process, instead of teachers, requires facilitators, who offer methods to
facilitate the creation and fulfillment of community commitments. This training is carried
out by practical application of methods; is focused on the processes of description,
reflection, interpretation and decision making; and is expanded through peer exchange
and the organization of networks of communities which broaden the reach of
community ownership.
*
Teresa Morales Lersch y Cuauhtémoc Camarena Ocampo, asesores de la Unión de Museos
Comunitarios de Oaxaca, profesores-investigadores Delegación INAH Oaxaca. [email protected],
[email protected]
72
CAPACITACION DE LOS ACTORES DE LOS MUSEOS COMUNITARIOS
En el contexto del tema general del este IV Encuentro Internacional de Ecomuseos y
Museos Comunitarios, “Patrimonio y capacitación de los actores del desarrollo local”,
abordaremos en esta conferencia la capacitación de los actores de los museos
comunitarios. Intentaremos presentar brevemente qué entendemos por capacitación;
cuál es su objetivo; a quiénes se capacita; quiénes realizan la capacitación y cómo se
lleva a cabo.
En primer lugar es importante señalar que la capacitación en el contexto del desarrollo
de un museo comunitario es muy distinta a la capacitación realizada en un museo
tradicional. Aquí nos podemos referir a la crítica tan acertada del modelo bancario de
educación desarrollada por Paolo Freire. En un museo comunitario, el aprendizaje no
se entiende como la entrega de información o habilidades de uno que sabe a otro que
no sabe. No es una relación entre un experto y otro que es ignorante. Tampoco los
contenidos involucrados no son objetos estáticos que se transmiten de una persona a
otra. En el museo comunitario los sujetos se relacionan en un ámbito en el que todos
son considerados portadores de experiencias y vivencias valiosas. Los procesos no
son verticales, de un maestro que imparte contenidos a alumnos, sino horizontales,
donde todos los participantes generan conocimiento y reflexiones de manera colectiva.
Entonces la capacitación en un museo comunitario lo podemos entender como un
proceso entre sujetos que comparten experiencias y generan conocimientos para la
construcción colectiva de una auto-interpretación de su patrimonio y su memoria.
¿Cuál es el objetivo de la capacitación? Aquí es interesante referirnos a un término
que se señala en los documentos preparatorios del encuentro, que es “empowerment”,
a veces traducido como “empoderamiento”. En esta propuesta, el objetivo de la
capacitación es que los miembros de las comunidades accedan a mayor poder, no
como individuos que se impongan a otros individuos, sino como integrantes de un
colectivo que de manera conjunta adquiera mayor poder en el contexto de la sociedad.
Es el poder de ser sujetos plenos. El objetivo de la capacitación es contribuir a que la
comunidad se constituya en un sujeto colectivo con el poder de reflexionar, de hacer
crítica, de ser consciente de la historicidad, de optar, de crear y transformar la realidad.
Esto nos lleva a una reflexión fundamental acerca de la naturaleza de la capacitación.
Al estar inscrito en procesos de generación del poder del sujeto colectivo de la
comunidad, la capacitación no puede desvincularse de los procesos de toma de
decisiones. Si la capacitación implica el ejercicio del poder del capacitador, quien es el
que toma las decisiones sobre lo que harán los capacitados, estaríamos hablando del
concepto tradicional, vertical del aprendizaje. La capacitación y fortalecimiento de los
sujetos colectivos debe desarrollarse como la construcción de un camino conjunto a
través de decisiones colectivas, definiendo el rumbo a tomar entre múltiples
posibilidades.
En este sentido, la capacitación para los actores de los museos comunitarios se va
desarrollando en el mismo proceso de creación del museo, que se genera a través de
una serie de iniciativas y decisiones de la comunidad. Por lo tanto, consideramos que
es fundamental que la comunidad ejerza su poder de decisión en torno a cuestiones
básicas, tales como si quiere establecer un museo comunitario o no; quiénes
representarán a la comunidad en la coordinación del proyecto del museo; qué temas
serán investigados y representados en el museo; y en qué edificio o propiedad se
ubicará el museo. Si el museo comunitario se crea a través de la iniciativa de un
agente externo, con criterios tales como la evaluación a partir de un diagnóstico
institucional, si la coordinación y dirección del proyecto está en manos de instancias
que no son representativas de la comunidad, la cual toma decisiones con respecto a
las temáticas a abordar y otros asuntos, no estaríamos ante un proceso de
construcción comunitaria y fortalecimiento del sujeto colectivo de la comunidad.
El proceso de toma de decisiones se desarrolla de acuerdo al contexto de cada
comunidad, ya sea a través de procedimientos establecidos de generación de
acuerdos comunitarios que ya son reconocidos como legítimos, o a través de procesos
73
innovadores de consulta que van construyendo consensos a través del
involucramiento de una serie de grupos organizados o informales de la comunidad.
De tal manera que los actores de la capacitación son las mismas instancias
comunitarias que se van involucrando en el proceso de toma de decisiones. Aquí
podemos distinguir una gran variedad de niveles. En los casos en donde existe una
asamblea comunitaria que toma decisiones acerca del museo comunitario (así como
muchos otros asuntos) la misma asamblea se capacita al analizar los argumentos a
favor o en contra de la creación del museo, al deliberar sobre los temas y ser
consultada en todo el proceso de su funcionamiento. Se capacita al extender los
alcances de los asuntos sobre los cuales desarrolla una voz y despliega iniciativas.
El comité o grupo de representantes comunitarios que es nombrado para hacerse
cargo del proyecto del museo también es uno de los actores fundamentales que se
capacita en el proceso de construcción colectiva, puesto que asume un papel de
coordinación. Por lo tanto debe desarrollar un plan de trabajo para llevar a cabo su
cometido. Se capacita en planeación, en gestión de recursos, en el trabajo de invitar
continuamente a la participación de otros actores comunitarios. En este sentido, uno
de las primeras tareas del comité es ubicar las distintas instancias de su comunidad y
diseñar una estrategia para involucrarlas. Hace un análisis de las instancias de
organización comunal, de los grupos y asociaciones comunitarias, de los jóvenes y
niños estudiantes.
Una gran tarea de los representantes comunitarios es invitar, de la manera más amplia
y creativa, a la mayor cantidad de actores comunitarios a integrarse al proceso de
creación del museo y posteriormente a los proyectos que desarrolla. En particular, la
construcción de la narrativa de las exposiciones que exprese la visión y las vivencias
de múltiples actores comunitarios es fundamental para que el museo cumpla con su
papel. Entonces el comité trabaja para involucrar a jóvenes, ancianos, señores y
señoras. Por ejemplo, en la comunidad de San Juan Bosco Chuxnabán, Oaxaca, al
trabajar el tema seleccionado por la asamblea de la lucha agraria, los jóvenes
entrevistaron a señores y señoras de cada una de las familias fundadoras, a las
autoridades agrarias y municipales y los ancianos. Este proceso implica la
capacitación de los grupos que realicen la investigación, nuevamente con el concepto
que se comentó arriba: una capacitación basada en la construcción colectiva, en
donde los guiones de investigación se construyan en grupo, los resultados se revisan y
se critican el grupo, y se van complementando.
De igual manera, el diseño de las exposiciones se va construyendo de manera grupal,
en donde la capacitación está orientada a explicar los recursos que se pueden
emplear para la representación museográfica y los grupos de trabajo van formulando
propuestas. Las propuestas asimismo se van re-elaborando hasta que queden los
acuerdos. Por ejemplo, en el tema de la lucha agraria de Chuxnabán, varios equipos
elaboraron propuestas para mostrar los árboles genealógicos de las familias
fundadoras, se fueron criticando y re-elaborando hasta quedar con la imagen del Rey
Condoy, héroe cultural de la cultura mixe, abrazando a los árboles genealógicos de las
trece familias fundadoras representados por un símbolo de casa y los datos de la
primera pareja.
¿Quiénes realizan la capacitación? Como el proceso de capacitación es distinto al
proceso tradicional de entrega de conocimientos de maestro a alumno, el que dirige la
capacitación necesita formarse en métodos no tradicionales. El papel de maestro, con
su enorme carga de prestigio y autoridad, buscamos transformarlo al papel de
facilitador. Este es una figura que no es el experto en conocimientos, sino conocedor
de métodos de trabajo de grupo que facilitan llegar a acuerdos y consensos. No es el
que sabe hacer las cosas sino que facilita el camino para que el grupo las haga.
Existe una amplia cantidad de propuestas, métodos y técnicas en el campo de la
facilitación. Algunos definen la facilitación como un arte. Implica el manejo de algunas
técnicas, que pueden incluir la lluvia de ideas, organización y elaboración de las ideas
en grupo; e implica ciertos estilos de animación e invitación a la creatividad. Pero tal
vez de manera más fundamental implica el manejo de ciertas actitudes; la de escucha
74
respetuosa a todos los participantes, optimismo realista, interés genuino, flexibilidad y
sensibilidad. Más que madre o padre, el facilitador asume el papel de partera o
partero. Es decir, en vez de proyectarse como dueño del proceso se proyecta como
una presencia que facilita el proceso de creación y apropiación colectiva de
compromisos.
¿Como se realiza la capacitación? La capacitación se realiza en la práctica. En el
desarrollo del proceso de creación, se explican los métodos y se practican. No se
imparte un curso de historia explicando teorías y hechos sino talleres de historia oral
donde se lleva a cabo el mismo proceso de investigación. Entonces el enfoque está en
dar herramientas, ayudar al grupo a utilizar las herramientas, impulsar el análisis,
acompañar y orientar el proceso colectivo. Se aprende haciendo. Como hablamos de
procesos creativos, se aprende haciendo propuestas, reflexionando y concretizando
múltiples decisiones. Recordando lo señalado arriba, la toma de decisiones en todos
los niveles implica el desarrollo de capacidades y de poder.
La capacitación no está orientada a lograr un producto determinado sino a desarrollar
un proceso. Claro está que no se trata de estancarse en ciertas etapas sin concretizar
resultados: pero no se valora el resultado en sí sino el proceso que está detrás. Existe
un mural en un museo, pero su importancia no estriba en sus características
intrínsecas como objeto sino quién decidió elaborarlo, quién lo elaboró y a través de
qué proceso. Es muy distinto un mural comisionado por el director del museo a un
artista que un mural propuesto por un grupo comunitario como parte del diseño de su
museo y ejecutado por un grupo de jóvenes de la población.
La capacitación comprende procesos de descripción, reflexión, interpretación y acción.
Las preguntas de investigación llevan a la descripción pero también a la interpretación
y análisis, así como la consideración de las alternativas de acción en torno a cualquier
asunto. En las distintas actividades se busca que los grupos comunitarios tengan
oportunidad de analizar el significado de lo que están realizando, ya sea una consulta
en asamblea, una planeación en el comité o un montaje de un objeto. En este proceso,
el papel del facilitador no es dar las respuestas sino ayudar a formular buenas
preguntas.
La capacitación se potencia vinculando diversas comunidades. No estamos hablando
del intercambio entre técnicos y especialistas, sino de los órganos de base comunitaria
que son los actores de los museos comunitarios. El aprendizaje se enriquece cuando
los grupos comunitarios tienen la oportunidad de contrastar sus experiencias, nutrirse
de ejemplos motivadores y desarrollar el apoyo mutuo. En este sentido, el desarrollo
de redes de museos comunitarios es una estrategia que expande el impacto de la
capacitación. Con el tiempo se construyen objetivos comunes y relaciones de
compromiso que hacen posible la creación de proyectos conjuntos. La gestión se
desarrolla en términos más favorables, y es posible transitar de la petición por apoyos
al planteamiento de proyectos propios cada vez más sofisticados y sostenibles. Estos
proyectos permiten responder a necesidades sentidas por todas las comunidades en
su conjunto, las cuales desarrollan una capacidad para abordar estas necesidades
desde sus propios recursos como colectivo. Generan un campo de acción más amplio
y mayor autonomía.
En resumen, la capacitación en un museo comunitario lo podemos entender como un
proceso de construcción que contribuye a que las comunidades se constituyan en
sujetos colectivos con el poder de reflexionar, de hacer crítica, de ser consciente de la
historicidad, de optar, de crear y transformar la realidad. No puede estar desvinculada
de los procesos de toma de decisiones a través de los cuales los miembros de las
comunidades expresan su voz y su visión colectiva. Los actores de la capacitación
son las mismas instancias comunitarias que se van involucrando en el proceso de
toma de decisiones; la asamblea o instancias de representación; el comité o grupo
coordinador; y los múltiples grupos de jóvenes, señoras, señores y ancianos que
intervienen en todas las actividades y proyectos del museo comunitario. En este
proceso, en vez de maestros se requiere el apoyo de facilitadores, quienes brinden
métodos que facilitan el proceso de creación y apropiación colectiva de compromisos.
75
La capacitación se realiza en la práctica, enfocada a desarrollar los procesos de
descripción, reflexión, interpretación y decisión, y se potencia a través del intercambio
y la organización de redes de comunidades que expanden los alcances de la
apropiación comunitaria.
MESA REDONDA DE SANTIAGO DO CHILE – 40 ANOS
SANTIAGO DU CHILI - 1972 - LA MUSEOLOGIE RENCONTRE LE MONDE
MODERNE: OU EN SOMMES-NOUS APRES QUARANTE ANS?
Hugues de Varine, France*
Dès la fin des années 50, l'UNESCO avait entrepris d'organiser irrégulièrement des
"tables rondes" de muséologie dans les différentes régions du monde: Rio (1958), Jos
(1964), New-Delhi (1966), Bagdad (1967), etc. En 1971, cette agence des Nations
Unies demanda à l'Icom d'assurer la préparation d'une nouvelle rencontre, cette fois à
Santiago du Chili, pour les muséologues d'Amérique Latine. La réunion devait avoir
lieu en mai 1972, durer une dizaine de jours et s'adresser à une douzaine de
responsables de musées d'autant de pays, choisis parmi les plus dynamiques et
ouverts au changement. Le thème était le rôle des musées dans le monde
contemporain. Le Chili, en pleine expérience démocratique sous l'Unité Populaire de
Salvador Allende, semblait un cadre particulièrement favorable.
La principale mission de l'Icom était de construire un programme et de choisir des
intervenants. Volontairement, on décida, avec l'accord de l'Unesco, de changer les
règles du jeu et de demander à des non-muséologues de parler aux muséologues du
monde contemporain, du développement. En principe, l'ensemble de la rencontre
aurait dû être animé, ou "modéré", par Paulo Freire, le pédagogue brésilien célèbre
pour sa théorie et sa méthode de l'alphabétisation conscientisante. Il avait d'ailleurs
promis de réfléchir spécialement à une nouvelle conception du musée comme
instrument au service de la libération de l'homme et du développement,
Malheureusement, le régime militaire brésilien, qui avait expulsé Paulo Freire en 1954
après l'avoir mis en prison, mit son veto à une participation de ce personnage
"subversif" dans une réunion de l'UNESCO...
En concertation avec les responsables de différents secteurs de l'UNESCO, nous
choisîmes quatre experts pour traiter les sujets suivants : l'urbanisme, l'agriculture, la
technologie et l'éducation, quatre thèmes qui pouvaient résumer les aspects majeurs
du développement de l'Amérique Latine. Et il se trouva que la personne choisie pour
l'urbanisme fut Jorge Henrique Hardoy, alors professeur à l'Institut Torquato di Tella de
Buenos Aires, que personne à l'Icom ne connaissait, mais qui s'avéra le choix le plus
utile et qui joua le rôle qui avait été prévu au départ pour Paulo Freire.
Remarquons d'abord que, pour la première fois sans doute dans une de ces
rencontres périodiques de l'UNESCO, les experts invités étaient originaires de la
région elle-même : habituellement, ils étaient choisis uniformément en Europe ou en
Amérique du Nord et ne connaissaient même pas toujours la région qu'ils devaient
''évangéliser" muséologiquement. A Santiago, les experts, comme les participants,
étaient des latino-américains, dévoués au développement de leur pays et de leur
région. Les "étrangers", représentant l'UNESCO (Raymonde FRIN) et l'Icom (moimême), n'étaient que des internationaux observateurs, sans mot à dire dans les ébats.
De plus l'unique langue de travail de la réunion était l'espagnol, que nous ne parlions ni
l'un ni l'autre.
J. Hardoy, qui était une sorte de génie de la communication, en plus de sa compétence
professionnelle, mit un jour et demi à expliquer aux muséologues leurs propres villes,
les problèmes de leur développement, de leur croissance, de leur avenir, etc. Ce qui
*
Hugues de Varine, Consultant International pour le Patrimoine, Communauté et Développement Local
76
prouva que des spécialistes de sciences humaines, vivant et travaillant dans des
capitales comme responsables d'institutions majeures culturelles et scientifiques,
souvent avec un engagement politique et social fort, pouvaient ne rien connaître de
leur propre environnement communautaire et social. Le choc psychologique et
intellectuel fut tel que les participants, après le départ de J. Hardoy, se formèrent
spontanément en comité de rédaction d'une déclaration, laquelle donna naissance à la
notion du "museo integral".
En Amérique Latine même, la rencontre de Santiago n'eut pas beaucoup de résultats
concrets immédiats pour les musées : le conservatisme du milieu y mit bon ordre.
Cependant au Mexique les expériences de la "casa del museo", des musées locaux,
scolaires et plus récemment communautaires, durent beaucoup au concept du musée
intégral. Et il est certain que de nombreux muséologues, en Amérique Latine et
ailleurs, ont réfléchi et continuent de réfléchir selon les mêmes lignes directrices.
En 1992, l'Unesco, dont le directeur général adjoint, Hernan Crespo Toral, était un
ancien de Santiago, organisa à Caracas une rencontre du vingtième anniversaire, Les
principes du museo integral y furent rappelés et développés, avec un grand
enthousiasme, dans une nouvelle déclaration. On notera que cette même année a vu
le sommet de la Terre à Rio de Janeiro et la première rencontre internationale des
écomusées. C'est en effet de cette période que date le début de l'expansion des
écomusées et des musées communautaires, non seulement en Amérique latine, mais
aussi dans de nombreux pays du monde. Nous sommes maintenant quarante ans
après Santiago, vingt ans après Caracas. Le chemin parcouru est considérable. En
témoignent la création du MINOM en 1984, suivie de nombreux ateliers internationaux
pour les "nouveaux muséologues", plus récemment les quatre rencontres
internationales des écomusées et des musées communautaires organisées au Brésil,
la création et l'activité de l'Union des musées communautaires au Mexique puis dans
toute l'Amérique latine, l'essor d'écomusées souvent regroupés en réseaux au Brésil
même (avec l'ABREMC), en Norvège, au Canada, au Japon, en Chine, et surtout en
Italie (Mondi Locali).
Il existe maintenant une importante littérature, des thèses, des livres théoriques, des
monographies de cas, des articles, des sites web. Le monde des écomusées est
installé aux côtés des autres grands réseaux culturels des musées, des bibliothèques
et des archives. Il a acquis une légitimité et il fait un pont entre le patrimoine et le
développement économique et social des territoires.Observateur extérieur de ces
quarante ans, j'en retire quelques enseignements, qui découlent directement de
l'intuition de Santiago:
- nous pouvons dire que l'écomusée a, dans de nombreux pays, repris et approfondi
par la pratique l'esprit de Santiago;
- le meilleur musée est celui qui est au service de son territoire, de sa communauté,
de son "milieu" naturel et social; c'est celui qui est élaboré, animé, géré par les
intéressés eux-mêmes;
- la muséologie, en tant que discipline professionnelle, implique de très nombreuses
autres disciplines, relevant aussi bien des sciences humaines, naturelles et exactes,
que des technologies modernes de la communication;
- l'écomusée est maintenant un terme qui, avec celui de musée communautaire,
définit la diversité des formes que prend cette nouvelle muséologie de développement;
il a atteint en quelque sorte une maturité institutionnelle, même s'il prend des formes
très différentes selon les contextes et les objectifs qu'il se donne;
- pour ses praticiens, il y a encore beaucoup à lutter et à conquérir: l'écomusée n'est
pas reconnu par beaucoup de lois et de systèmes nationaux, ses professionnels ne
sont pas encore réellement admis dans le milieu des spécialistes du musée et du
patrimoine, le développement soutenable ne prend pas encore suffisamment en
compte le patrimoine comme une ressource du futur.
77
DOCUMENTOS
APRESENTADOS
ÀS
PLENÁRIAS
78
IV. DOCUMENTOS APRESENTADOS ÀS PLENÁRIAS
UN MUSÉE CITOYEN ET SES LIENS AVEC LA COMMUNAUTÉ: LE CAS DE L’
ÉCOMUSÉE DU FIER MONDE
René Binette* - Montréal - CANADÁ
Ecomusée du Fier Monde
RÉSUMÉ
Depuis sa création au début des années 1980, l’Écomusée du fier monde (Montréal,
Canada) a développé de nombreux liens avec des partenaires de son milieu. Créé
dans la mouvance des groupes communautaires, il se situe dans un quartier populaire
en pleine mutation urbaine. Son développement coïncide aussi avec une période
marquée par les idées de la nouvelle muséologie. Au fil des années, il s’est
institutionnalisé, mais a conservé plusieurs de ses caractéristiques d’« écomusée
communautaire ». Notre présentation permettra de décrire les aspects les plus
originaux de l’approche muséale de l’Écomusée du fier monde. Nous aborderons :
- La philosophie participative de l’Écomusée;
- Quelques exemples concrets de projets et de partenariats développés avec des
organismes du milieu;
- La notion de collection à l’Écomusée du fier monde : le concept de « collection
écomuséale ».
RESUMO
Desde a sua criação no início dos anos 1980, o Ecomuseu du Fier Monde (Montréal,
Canadá) desenvolveu numerosoas ligações com parceiros de seu meio. Criado como
parte de um movimento de grupos comunitários, ele se situa num quarteirão popular
em plena mutação urbana. Seu desenvolvimento coincide assim com um período
marcado por ideias da nova museologia. Ao longo dos anos, ele se institucionalizou,
mas conservou várias de suas características de “ecomuseu comunitário”. Nossa
apresentação permitirá descrever os aspectos mais originais de abordagem museal do
Ecomuseu do Fier Monde. Abordaremos:
- A filosofia participativa do ecomuseu
- Alguns exemplos concretos de projetos e parcerias desenvolvidas com os
organismos do meio;
- A noção de “coleção ecomuseal”.
UN MUSÉE CITOYEN ET SES LIENS AVEC LA COMMUNAUTÉ: LE CAS DE L’
ÉCOMUSÉE DU FIER MONDE
La création de l’Écomusée du fier monde, dans le quartier Centre-Sud de Montréal
(Canada), remonte au début des années 1980. L’idée de ce musée a germé à
l’intérieur d’un organisme communautaire local, les Habitations communautaires
Centre-Sud. La mission première de cet organisme était la mise en place de
coopératives d’habitation et la revendication de logements sociaux. Il se préoccupait
aussi d’aménagement et d’amélioration des services dans le quartier, comme la
création de mini-parcs, ou encore un projet de centre sportif local.
Avec le temps, l’Écomusée du fier monde est devenu une institution. Il est reconnu
comme musée, appuyé financièrement par le ministère de la Culture, des
Communications et de la Condition féminine et reçoit aussi l’appui de nombreux
bailleurs de fonds publics comme privés. Cela ne l’a pas empêché de rester fidèle à
ses origines: il a toujours maintenu des liens étroits avec son milieu et les divers
*
Directeur de l” Ecomusée du Fier Monde, Montreal, Canadá
79
groupes communautaires qui l’animent. Se définissant comme un musée d’histoire et
un musée citoyen, il occupe une place spécifique dans le paysage muséal montréalais
par les thèmes qu’il développe, son approche s’appuyant sur l’éducation populaire, sa
volonté de contribuer au développement local et sa vision originale de la notion de
collection. Mais pour comprendre l’Écomusée du fier monde, il faut connaître le milieu
où il se trouve : le quartier Centre-Sud de Montréal.
Un vieux quartier industriel et ouvrier
Bien que fondée en 1642, Montréal connaît un développement relativement lent et
conserve une superficie restreinte pendant une longue période. Situé juste à l’est de la
ville, le quartier Centre-Sud se résume au début du 19e siècle à quelques maisons
dans un territoire surtout agricole. Ce portrait change rapidement avec la révolution
industrielle, à compter des années 1860. Le quartier profite de sa situation
géographique avantageuse en bordure du fleuve. Des installations portuaires se
développent, des entrepôts et des manufactures s’installent, la population s’accroît.
Les secteurs d’activités sont variés. Le quartier est un bastion industriel pendant un
siècle et la courbe démographique progresse de façon constante pendant toute cette
période, pour atteindre 100 000 habitants au recensement de 1951. Les chiffres
récents indiquent que la population a chuté à environ 35 000. Le quartier a vécu un
phénomène de désindustrialisation au cours du dernier demi-siècle. Parallèlement, la
proximité du centre-ville amène des projets de réaménagement urbain dans les années
1950, 1960 et 1970. On démolit certains pans du quartier pour faire place à de larges
boulevards qui facilitent la circulation ou à des projets de développement qui entraînent
parfois la disparition de centaines de logements. La prospérité d’après-guerre et les
facilités de transport permettent aux ouvriers œuvrant dans des secteurs en croissance
de s’établir dans des quartiers plus récents et en banlieue. La population qui reste est
vieillissante et formée de sans-emploi et de travailleurs à revenus faibles.
Ces mutations créent parfois du mécontentement et des heurts. Les années 1960 et
1970 sont marquées par l’émergence d’un important mouvement de groupes
communautaires et populaires. Ils offrent des services ou de l’entraide aux plus
démunis. Ils défendent les droits de certaines catégories de la population et travaillent
à l’amélioration de la qualité de vie par la formule coopérative ou par des
revendications politiques. C’est le cas des Habitations communautaires Centre-Sud
selon qui il est important pour la collectivité de connaître son passé afin de comprendre
le présent et de savoir où elle va. Il faut valoriser la culture locale et le patrimoine
(méconnu, dévalorisé) et en être fier si on souhaite un avenir meilleur. Le secteur est
trop souvent étiqueté de façon négative: « zone grise », « quartier de pauvres en bas
de la côte » - car c’est ainsi qu’il est géographiquement localisé. Des membres des
Habitations communautaires affirment: « On nous traite comme le tiers-monde, mais
nous sommes du fier monde! » D’où le nom de l’Écomusée.
La participation citoyenne à l’Écomusée du fier monde
La création de cet écomusée au début des années 1980 se produit dans le contexte où
le mouvement de la nouvelle muséologie est en plein essor un peu partout dans le
monde. Le concept d’écomusée passe de la France vers le Québec, en bonne partie
grâce aux liens privilégiés entre ces États francophones. L’Écomusée du fier monde
sera particulièrement influencé par les idées d’Hugues de Varine : « L’écomusée est
d’abord une communauté et un objectif, le développement de cette communauté. »
Les promoteurs du projet sont principalement des animateurs sociaux, des membres
des coopératives d’habitation et des personnes engagées dans les groupes populaires.
Dès le départ, il est clair pour eux que cet écomusée sera participatif. Cela s’explique
par les influences de la nouvelle muséologie, mais aussi par la tradition des pratiques
d’éducation populaire des Habitations communautaires. Les enjeux sont de savoir
comment organiser la participation et déterminer les outils nécessaires dans un tel
projet. La pratique des années d’implantation de l’Écomusée a permis d’identifier des
80
niveaux de participation des citoyens, qui se sont définis à partir des expérimentations
faites lors de divers projets.
Le premier niveau identifié est celui de spectateur ou de visiteur. Cela peut sembler
contradictoire avec l’idée de participation, mais la population visée (personnes peu
scolarisées et à faibles revenus) fréquente peu les musées et ne consomme pas
beaucoup de produits culturels, pour parler en termes de marketing. La décision de
visiter une exposition constitue donc un niveau participatif de base.
Mais il faut faire plus. Dans le but de présenter une histoire près de la vie quotidienne,
il faut mettre à contribution les gens qui ont vécu dans le quartier et qui y ont travaillé.
Les individus sont des sources (mémoire, savoir-faire, traditions) et ils possèdent des
sources (des photos, des documents, des objets). Au-delà du parti pris idéologique,
l’idée de participation est aussi une nécessité pour faire une histoire de la réalité
quotidienne et de la vie de travail dans un quartier ouvrier. Cela définit un deuxième
niveau: participer en tant que source. Un projet sur l’histoire des femmes en quartier
ouvrier, Entre l’usine et la cuisine, illustre bien ce niveau. Dans le cadre de ce projet,
les femmes constituent les sources. Une quarantaine d’entre elles accordent des
entrevues, individuelles ou en groupes. Elles sont mises à contribution pour une
cueillette de photos et d’objets (prêt ou parfois don). Les résultats du projet sont
diffusés au moyen d’une publication et d’une exposition, s’appuyant toutes deux sur les
récits de vie des femmes.
L’Écomusée du fier monde souhaite par la suite atteindre un autre niveau : amener les
gens à devenir des acteurs dans la recherche et la réalisation d’une exposition.
S’inspirant du travail du Suédois Sven Lindqvist, l’Écomusée du fier monde met au
point la méthode Exposer son histoire, qui permet à des groupes ou des individus de
faire de la recherche et de présenter les résultats au moyen d’une exposition.
Liens et projets dans la communauté
Si les projets de l’Écomusée du fier monde sont participatifs, ils sont aussi pour la
plupart conçus et réalisés en partenariat avec des organismes de la communauté.
Alphabétisation
Par exemple, l’Écomusée du fier monde a développé depuis 1999 un programme
spécifique dans le domaine de l’alphabétisation. En collaboration avec un organisme
en alphabétisation populaire du quartier, l’Atelier des lettres, l’Écomusée a réalisé au
cours des douze dernières années cinq expositions majeures ainsi qu’une publication,
et mis au point un guide de formation qui décrit la démarche. L’étape la plus récente de
ce programme a consisté à intégrer la production des analphabètes à l’exposition
permanente de l’Écomusée et à former ces personnes afin qu’elles y animent des
visites guidées.
Cette décennie a montré de façon on ne peut plus concrète comment le musée peut
être une ressource utile en alphabétisation. Les titres des expositions sont évocateurs
en soit: Citoyens à part entière ou encore La parole est à nous! Dans le cadre de ces
projets, les analphabètes acquièrent :
- Des savoirs: ils découvrent des institutions comme le musée ou la bibliothèque,
apprennent ce que sont des sources et enrichissent leur bagage de connaissances
factuelles sur différents sujets. Ils arrivent à faire des liens entre leur vie et ce qu’on
appelle l’Histoire. Ils suivent une formation et effectuent de la recherche.
- Des savoir-faire: ils s’initient au processus d’un projet, apprennent à communiquer,
développent leur capacité de synthèse, d’expression et de travail en équipe. Ils
apprennent les étapes d’une exposition.
- Des savoir-être: ils développent leur confiance en eux, leur fierté, leur estime de soi.
Symboliquement, leur culture obtient une reconnaissance puisqu’ils exposent dans un
musée.
Habiter une ville durable
81
L’Écomusée du fier monde a aussi travaillé ces dernières années à un projet sur le
développement durable en milieu urbain: Habiter une ville durable. Cette exposition
s’inscrit dans une démarche citoyenne (les Rendez-vous du développement durable)
réunissant divers partenaires locaux: groupes communautaires et écologistes,
corporation de développement économique et communautaire, municipalités et
commission scolaire.
L’Écomusée a présenté une exposition portant sur trois thèmes : se loger, se déplacer
et consommer. Cette exposition était évolutive, elle a donc été présentée en trois
moments:
- Constater le présent, présentait des informations factuelles sur le sujet.
- Se donner des outils, proposait des exemples stimulants de ce qui se fait de mieux en
développement durable ici et ailleurs.
- Rêver le possible, intégrait la parole des citoyens qui partageaient leur vision, mais
aussi leur engagement en vue de changements de comportements individuels et
collectifs.
Le projet a été un tel succès qu’il sera repris dans 4 villes québécoises en 2012 et
2013. Dans chacune de ces villes, une démarche d’animation permettra aux citoyens
d’identifier les enjeux et les solutions possibles pour une ville plus durable: les résultats
seront présentés dans autant d’expositions.
L’Îlot Saint-Pierre Apôtre: un héritage pour la communauté
L’Ilot Saint-Pierre est un quadrilatère du quartier qui possède le statut de site
patrimonial classé par l’État. On y trouve divers bâtiments de grand intérêt dont une
église, un presbytère et une ancienne école devenue un important centre d’éducation
populaire depuis les années 1970: le Centre St-Pierre. La pratique religieuse étant en
forte baisse dans un quartier dont la population est en décroissance, il faut trouver une
nouvelle vocation à ce quadrilatère.
Le Centre St-Pierre veut acquérir l’ensemble du site, le protéger, le réaménager et le
redynamiser dans le cadre d’un projet d’économie sociale, tout en lui conservant une
vocation communautaire. Il s’est associé à l’Écomusée afin de que le redéveloppement
de cet ensemble, se fasse non seulement en respectant l’histoire et la mémoire du site,
mais en considérant également qu’il s’agit d’une formidable opportunité de mettre en
valeur et de faire connaître le site lui-même, ainsi que son histoire.
Le titre du projet L’Îlot Saint-Pierre Apôtre: un héritage pour la communauté,
traduit assez bien les intentions du projet. Il s’agit de permettre à la communauté
d’entrer en contact avec l’histoire du site, de se l’approprier et d’une certaine façon de
participer au projet de redéveloppement de l’Îlot, de devenir des acteurs de cette
démarche. Un programme d’action culturelle amorcé en septembre 2010 et prenant fin
à l’été 2013 permettra, d’atteindre ces objectifs.
La viabilité économique du projet est un enjeu de premier ordre. Il faudra conjuguer
avec la nécessité d’assurer la pérennité du patrimoine matériel, mais aussi immatériel
de l’Îlot Saint-Pierre Apôtre. Il ne s’agira pas de créer un centre d’interprétation, mais
plutôt de faire en sorte de maintenir et de diffuser cette mémoire au sein même d’un
lieu vivant, d’un milieu en évolution.
Citoyens: hier, aujourd’hui, demain
L’Écomusée prépare aussi avec divers partenaires de la communauté pour l’automne
2012 une exposition qui mettra en valeur l’engagement de certains citoyens depuis un
siècle à Montréal, en mettant l’accent sur les pionniers du mouvement communautaire
des années 1970 dans le quartier. L’idée de départ de ce projet vient d’un besoin
exprimé par le milieu : conserver une trace du rôle les fondateurs de nombreux
organismes communautaires locaux avant qu’ils ne disparaissent et la transmettre aux
plus jeunes qui ignorent parfois les origines des organismes dans lesquels ils sont
engagés. Ce projet de collecte de mémoire et d’exposition est aussi un projet de
82
réflexion sur l’importance de l’engagement citoyen en vue d’une mobilisation du plus
grand nombre.
Vision de la collection: concept de collection écomuséale.
Dans les musées qui possèdent d’importantes collections, la programmation des
expositions reflète tout naturellement ces dernières, mais aussi les récentes
acquisitions et les recherches en cours. Ce n’est pas le cas de l’Écomusée du fier
monde. Il a effectué certaines acquisitions au fil des projets, mais ne se définit pas
d’abord en fonction de sa collection, ou pour être plus précis, ne définit pas celle-ci
uniquement comme les objets qu’il possède. Dans cette optique, il a développé le
concept de « collection écomuséale », et s’est doté d’une politique à cet égard.
Cette politique définit d’abord les champs d’intervention de l’Écomusée :
-
le territoire de référence (le quartier Centre-Sud)
-
la thématique (le travail)
-
le cadre social (les enjeux contemporains reliés au quartier et au travail).
La collection écomuséale se caractérise ainsi :
Elle est constituée d’éléments patrimoniaux matériels ou immatériels qui
témoignent de la culture de la communauté ou d’un ou plusieurs des champs
d’intervention de l’Écomusée.
Il s’agit d’un ensemble d’éléments patrimoniaux considérés représentatifs,
exceptionnels ou à caractère identitaire.
Ces éléments sont la cible d’un processus de désignation qui les fait entrer
dans la collection écomuséale, au même titre que l’acquisition fait entrer un objet dans
la collection muséale.
Ce sont des éléments sur lesquels l’Écomusée intervient de diverses façons,
sans toutefois qu’il en ait la propriété.
La collection écomuséale est soumise aux conditions d’inventaire, de
catalogage et de documentation, telle que l’est la collection muséale.
Les acteurs locaux (individus, organismes, intervenants du milieu, etc.)
participent activement au processus de désignation des éléments de la collection
écomuséale.
L’Écomusée du fier monde reconnait sa responsabilité patrimoniale envers les
éléments désignés et il partage cette responsabilité avec les acteurs locaux. À cet
égard, l’Écomusée s’engage à assurer leur transmission en collaboration avec ces
acteurs locaux, qui obtiennent ainsi le statut de répondants.
L’Écomusée du fier monde entend développer cette collection écomuséale par un
processus de participation citoyenne. C’est donc à un vaste chantier mobilisateur
autour de son patrimoine que l’Écomusée convie les acteurs locaux au cours des
prochaines années. Il vise ainsi la préservation, la documentation, la mise en valeur, la
restitution, la diffusion et la transmission du patrimoine.
Les actions sur la collection écomuséale permettront une prise de conscience des
richesses et du potentiel patrimonial local et contribueront à développer une plus
grande fierté dans le milieu. Cette mobilisation autour du patrimoine peut devenir un
facteur de cohésion sociale en plus de contribuer à un milieu de vie d’une plus grande
qualité. C’est une façon de faire du patrimoine un outil de développement pour la
communauté.
Conclusion
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L’Écomusée du fier monde se définit comme un musée d’histoire et un musée citoyen.
Par tradition, mais aussi pour être en mesure de remplir son mandat adéquatement, il
doit travailler en étroite collaboration avec les partenaires locaux: l’Écomusée entend
d’ailleurs se doter bientôt d’une politique de partenariat pour réaffirmer sa volonté de
travailler de cette façon.
Le muséologue Jean Davallon identifie trois grandes approches dans les expositions:
La muséologie d’objet avec une approche esthétique;
La muséologie de savoir avec une approche communicationnelle;
La muséologie de point de vue avec une approche spectaculaire.
Pour sa part, l’Écomusée du fier monde veut proposer une muséologie citoyenne.
Sans nier l’importance de l’expérience esthétique, du rôle éducatif et de l’aspect
ludique de l’exposition, il souhaite établir un rapport avec le public qui dépasse celui de
« visiteur », et tente d’être un outil au service de citoyens agissants.
MUSEU DO MARAJO : A IMPORTANCIA DO MUSEU PARA O RESGATE,
CONSERVAÇÃO E DIVULGAÇÃO DA CULTURA MARAJOARA
Marinete Silva Boulhosa*
RESUMO
O Museu do Marajó Padre Giovanne Gallo (MMPGG) foi inaugurado em 1987, na
cidade de Cachoeira do Arari, na Ilha do Marajó. O MMPGG é diferente e único por
duas particularidades: a) a técnica de comunicação: um museu interativo; b) o objetivo
fundamental: o homem, não o objeto. Sua técnica de comunicação, feita com recursos
simples e rústicos, mas resultado de muita pesquisa e dedicação, atinge todas as
camadas de visitantes e dá a esses a liberdade de ir até onde lhes interessa. Tendo
como objetivo revelar o homem como produtor da cultura, e não o objeto exposto, o
museu comunica a vida e a faina do homem marajoara, revelando a cosmologia do
caboclo amazônico que vive na grande ilha e ajudando a compreender parte do
universo marajoara.
ABSTRACT
The Father Giovanne Gallo Marajó Museum (FGGMM) was inaugurated in 1987 at
Cachoeira do Arari in Marajó Island. The FGGMM is different and unique for two
particularities: a) the communication technique: an interactive museum, b) the
fundamental objective: the man, not the object. His communication technique, made
with simple and rustic resources, but the result of much research and dedication,
affects all layers of visitors and gives them freedom to go until where they care. Aiming
to reveal the man as a producer of culture, not the exposed object, the museum
communicates the life and labors of marajoara man, revealing the cosmology of
Amazonian caboclo who lives on the big island and helping to understand part of the
marajoara universe.
1. Ilha do Marajó: seu ambiente e sua gente
Seu ambiente
A ilha do Marajó é a maior fluvio-marinha do mundo, localizada ao norte do Brasil,
nordeste do Estado do Pará, na desembocadura do rio Amazonas, com uma área de
49.606 Km2, formada por 12 municípios, que com outras ilhas, em destaque as ilhas
de Caviana, Mexiana e Gurupá, formam o arquipélago do Marajó.
* .
Antropóloga, pós-graduada pelo núcleo de filosofia da UFPA, professora efetiva do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Pará – IFPA (Campus Belém), Área de Hospitalidade e Lazer.
[email protected]
84
Marajó está dividida naturalmente em dois grandes ecossistemas. A leste têm-se as
regiões dos campos naturais, onde a pecuária foi desenvolvida desde o período
colonial; e na parte oeste da Ilha, denominada de região dos furos, estão os terrenos
mais baixos e também a densa floresta que se estende até sudoeste da ilha,
ocupando a maior parte da mesma.
Na ilha os períodos de chuvas intensas e estiagem transformam a paisagem. O
período de chuvas, de fevereiro a maio, ocasiona a cheia, que inunda 2/3 da Ilha. O
período de estiagem, que ocorre entre agosto e dezembro, sendo também rigoroso,
seca lagos e rios e impossibilita a navegação em determinados cursos.
Outro aspecto interessante da Ilha é sua hidrografia. A região é marcada pela
presença de inúmeros rios, igarapés, lagos e furos que a entrecortam em todas as
direções e representam importante papel na alimentação e transporte das populações.
Em sua hidrografia possui destaque o lago Arari, o maior e mais importante lago da
Ilha. Localizado entre os municípios de Cachoeira do Arari e Santa Cruz do Arari, o
lago apresenta grande importância para a pesca e para a arqueologia um destaque
especial, pois em suas margens habitaram os índios da fase marajoara, responsáveis,
pela cerâmica considerada a mais elaborada do arquipélago.
Sua gente
A população nativa da ilha do Marajó, identificada como caboclo marajoara,
influenciada pelas características naturais do ambiente, pela predominância da
identidade indígena, somada as influências das culturas dos negros e dos brancos,
moldou uma cultura singular, de uma riqueza de elementos representativos que
empregaram à cultura cabocla um valor que ultrapassa o valor da própria natureza que
a circunda.
Longe dos centros urbanos, das facilidades, da tecnologia, das prerrogativas que
marcam a vida nas cidades, o caboclo marajoara, ora no interior da floresta, ora nos
campos, ora às margens dos rios, ora na terra firme, exerce seu trabalho aproveitando
os recursos naturais e o movimento da natureza, e assim vai, ora se adaptando a esse
meio, ora transformando-o para assegurar sua sobrevivência, através de sua
compreensão, sua criatividade e imaginação.
O caboclo (caá-boc, tirado do mato) define-se, assim, como aquele que vive no interior
da Amazônia, que assimilou e absorveu certo conhecimento empírico da floresta, que
criou processos alternativos de relação com a natureza, e que se adaptou ao mundo
amazônico. Os traços da cultura cabocla são percebidos nos hábitos alimentares, na
crença, na mitificação da natureza, nos costumes, no trabalho, enfim, na forma de
relação, adaptação e manipulação da natureza, estabelecida por ele.
O homem marajoara, através de sua capacidade de humanizar e colocar a natureza à
medida de sua necessidade difundiu sua grandeza, sobrepondo-se às dificuldades que
enfrenta no interior da grande ilha, muitas vezes desprovido de tantos recursos
fundamentais, como assistência médica, sanitária, educacional; recebendo pouca ou
às vezes nenhuma atenção dos governos locais, tendo que apelar para seu senso de
sobrevivência, através de práticas consideradas não tão ortodoxas, como a pajelança,
a fé carnavalesca, a medicina popular, práticas muitas vezes ignoradas e mal
interpretadas.
Todavia, mesmo diante das limitações, ora impostas pela natureza, ora impostas pelas
estruturas excludentes que o ignoram dos processos de desenvolvimento regional, o
caboclo construiu, a partir do saber acumulado sobre o habitat natural e da
persistência ante as outras influências, uma cultura de tamanha singularidade.
É esse homem marajoara que o Museu do Marajó pretendeu mostrar. “Para conhecer
o Marajó, não basta correr atrás das marés, precisa descobrir o homem marajoara. Só
ele conhece este mundo (Gallo, 1980).
85
2. O Museu do Marajó Padre Giovanne Gallo†
Resolver o problema da comida, em outras palavras, da
sobrevivência, não é tudo. Para conseguir um verdadeiro
desenvolvimento é necessário que o homem também cresça, daí a
necessidade de dar impulso à cultura (Gallo, 1996).
Dentro desta filosofia, o Padre Giovanne Gallo criou o Museu do Marajó, projeto que
nasceu a “tiracolo” da Cooperativa de Pesca, como elemento canalizador das
atividades promocionais desta Cooperativa. A Cooperativa, nem nasceu, abortou, mas
o Museu do Marajó tornou-se um importante centro de pesquisa, conservação e
divulgação da cultura marajoara.
O museu do Marajó nasceu em 1972, na cidade de Santa Cruz do Arari, uma pequena
cidade às margens do lago Arari, quando Giovanni Gallo começou a estudar a cultura
marajoara e a colecionar peças arqueológicas da cerâmica marajoara que eram
facilmente encontradas pelos quintais e margens do lago, uma vez que a região de
Santa Cruz corresponde a uma importante área de sítios arquiológico, no Marajó.
Assim, de modo informal nasce o “Nosso Museu de Santa Cruz do Arari”.
Posteriormente, Gallo foi obrigado a mudar-se para Cachoeira do Arari, cidade visinha
à Santa Cruz e lá, em uma antiga fábrica de óleo falida, o museu foi instalado. Em 12
de dezembro de 1987 o Museu do Marajó foi inaugurado, contendo uma área de
20km², às margens do rio Arari.
Sobre a instalação do museu em Cachoeira, seu próprio fundador destacava : “Está
geograficamente no lugar certo, mas politicamente não”, porque a cidade, à época,
não dispunha de infraestrutura para hospedar um museu. Mas, Gallo explica que a
escolha foi proposital, no objetivo de que o museu contribuísse para o
desenvolvimento da Cidade, pois qualquer obra para possibilitar à visita ao Museu,
impulsionaria o turismo e resultaria em benefícios para Cachoeira do Arari.
Assim, apropriando-se dos conhecimentos adquiridos da cultura marajoara em sua
convivência com o povo da ilha, diante dos poucos recursos disponíveis, mas
apelando para a criatividade, o Museu do Marajó foi erguido e impressiona os
visitantes através de sua técnica de visitação e de seu principal objeto de estudo.
2.1- Um museu diferente
Duas particularidades fazem do Museu do Marajó um museu diferente e único : a) a
técnica de comunicação: um museu interativo; b) o objetivo fundamental: o homem,
não o objeto.
a) Técnica de comunicação: um museu interativo
Diante da preocupação de apresentar o material do museu de forma dinâmica e
manter uma comunicação com o público, o museu apresenta uma técnica de
comunicação diferenciada. Gallo criou uma resposta personalizada, que oscila de
acordo com o interesse do visitante, permitindo vários níveis de visita.
A técnica de visitação parte da idéia que o brasileiro tem os “olhos nas pontas dos
dedos”, ou seja, para ver ou compreender algo, precisa tocá-lo. Assim, em lugar de
coibir o visitante, o museu incentiva-o a tocar em quase tudo. Para seu idealizador o
ideal foi incentivar o visitante a seguir este estilo nacional. Assim, o Museu é um
grande brinquedo. Quanto mais o visitante mexe com os painéis, mais novidades ele
descobre (Gallo, 1986).
†
Giovanne Gallo era padre Jesuíta e foi enviado ao Brasil na década de 70. Em 1972 foi para o Marajó e
lá, paralelo as atividades missionárias, desenvolveu inúmeros trabalhos junto à comunidade, tendo
destaque a criação do Museu do Marajó. Após o falecimento de Giovanne Gallo em 7 de março de 2003,
o museu passou a ter seu nome, em sua homenagem. A pedido de Gallo, quando doente, ele também foi
sepultado na área do museu.
86
A técnica de visitação foi chamada de “computador caipira”. Assim, com recursos de
barbantes, tábuas, placas de madeiras móveis, desenhos, fotografias, outros artefatos,
e muita pesquisa e dedicação o museu vai revelando seus segredos.
Abaixo, um exemplo para ilustrar.
- O painel das lendas: Um grande painel recoberto por tabuletas com a identificação
das lendas amazônica. Para um visitante, basta olhar, ler os nomes e seguir em frente.
Para outro mais curioso ou interessado, pode-se levantar as tabuletas e observar uma
representação plástica da lenda, com bonequinhos de barro. Para quem deseja saber
um pouco mais, na parte interna da tabuleta, um texto narrando a lenda amazônica.
Com esta técnica é possível atingir todas as camadas de visitantes que se
transformam em participantes, pois são eles que escolhem a dimensão do diálogo,
indo até onde lhes interessa.
b) o objetivo fundamental: o homem, não o objeto.
Outra particularidade do Museu é que seu objetivo principal não é mostrar o objeto,
mas o homem que está por trás do objeto, que é o produtor da cultura. “O homem é a
nossa peça mais importante”, declara Gallo (1996).
Tendo como referência o homem, e nesse caso o homem marajoara, o Museu tem a
preocupação de comunicar a vida, a lida, o mundo desse homem que vive nos
campos, nas margens dos rios, nas floretas da grande ilha. É o próprio Gallo que
afirma que fora as peças arqueológicas (cerâmicas originais), o resto são “coisinhas
banais’’, porém atrás delas está o homem marajoara com sua forma de ver o mundo.
Ao tratar da fauna e flora marajoara, das atividades econômicas, da saúde, da
religiosidade, das crenças, entre outros, o museu o faz partindo da relação do homem
marajoara com esse ambinte, partindo da cosmologia desse caboclo.
Assim, ao visitar o Museu do Marajó, o visitante tem a oportunidade de entrar em
contato com o mundo do homem marajoara, e compreender parte desse universo.
Como museu interativo e construído na linha de um ecomuseu, onde o homem não
mais participa como paciente, mas como autor mesmo de suas exposições e a
comunidade é atingida com suas ações, o Museu do Marajó, além da exposição
permanente, dá ênfase a comunidade.
Exemplos dessas ações são :
- A casa do Artesanato: trabalho de bordadeiras que reproduzem os motivos
arqueológicos marajoaras em camisas.
- Escola-oficina: Oficinas de cerâmica e grafismo com jovens da periferia.
- Arquivo cultural: (projeto) coleção de lembranças do passado, as estórias, as lendas,
as toadas, recolhidas dos idosos da cidade.
Assim, o Museu do Marajó, no contexto da nova museologia, foi idealizado e se
mantém com a preocupação de estabelecer uma comunicação com o visitante, pois
como salienta Clara Corrêa (1990), uma exposição transcende ao simples
agrupamento de objetos. Ela é um meio de comunicação que permite ao publico
aprender e vivenciar experiências, no nível intelectual e emocional. E quem visita o
Museu do Marajó comprova essa experiência
“Este é o mais importante museu do mundo por resgatar e reunir com
tanta eficiência a cultura popular”.
“Uma obra fantástica, humana e despreconceituosa e corajosa ”.
(Depoimentos registrados nos livros de visitas do Museu do Marajó)
O Museu do Marajó foi criado como sociedade civil sem fins lucrativos, que visa o
desenvolvimento da comunidade marajoara através da cultura. Está legalizada em
todos os níveis: no Conselho Nacional de Serviço Social, no Conselho Nacional de
Museus e no Cadastro do Ministério da Cultura. Tem Inscrição Estadual, CNPJ,
Atestado de Utilidade Pública Municipal e Estadual.
Atualmente o Museu do Marajó Padre Giovanne Gallo enfrenta graves problemas
administrativos e financeiros e suas ações, em função desta situação, está restrita à
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visitação pública, mas matém-se como principal atração turística cultural da cidade de
Cachoeira do Arari.
Referências
BOULHOSA, Marinete da Silva. Museu do Marajó: resgatando, preservando e
divulgando a cultura marajoara. Belém - PA, 1997 (Monografia – graduação em
turismo – UFPA).
BOULHOSA, Marinete da Silva. Ecoturismo e identidade cultural: a natureza sob o
prisma do caboclo marajoara. Belém-PA, 2002 (Monografia – Especialização em
Ecoturismo NUMA/UFPA).
DERBY, Orville Albert. A ilha de Marajó. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi
de História Natural e ethnographia. Belém, n.2, 1898.
GALLO, Giovanni. Marajó a ditadura da água. Belém: Secult, 1980.
GALLO, Giovanni. O homem que implodiu. Belém: Secult, 1996.
LOUREIRO, João de Jesus Paes. Cultura Amazônica: Uma poética do imaginário.
Belém PA: CEJUP, 1995.
SUANO, MARLENE. O que é museu. São Paulo: Brasiliense, 1986.
D´ALAMBERT, C. C.; MONTEIRO, M. G. Exposição: materiais e técnicas de
montagem. São Paulo: Secretaria de Estado de Cultura, 1990.
PATRIMÔNIO COMUNITÁRIO E NOVOS MUSEUS: A FACE AFROBRASILEIRA DA MUSEOLOGIA COMUNITÁRIA‡
Giane Vargas Escobar – RS – Brasil**
Museu Treze de Maio
Hugues de Varine – França***
RESUMO
O artigo apresenta o processo de organização das II Jornadas Formação em
Museologia Comunitária realizado em Santa Maria-RS, no Ano Internacional dos
Povos Afrodescendentes (2011). O Museu Treze de Maio foi palco deste evento,
articulado com diversos parceiros locais, nacionais, internacionais e a experiência de
duas redes de museus comunitários, a União dos Museus Comunitários de Oaxaca –
UMCO, do México e a ABREMC - Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus
Comunitários, que trouxeram ao sul do país uma formação especializada na área de
ecomuseus e museus comunitários. O reconhecimento e a valorização dos espaços
de construção e afirmação da memória e identidade negra foram objetivos das
Jornadas, o que foi motivo de elevação da autoestima por parte dos dinamizadores do
Treze e comunidade local, que atuaram como protagonistas de sua própria história. As
**Giane Vargas Escobar é Mestre em Patrimônio Cultural/PPGPPC/UFSM (2010), Especialista em
Museologia/Unifra (2002), licenciada em Letras-Português-Inglês/FIC (1988). É colaboradora e Diretoria
Técnica do Museu Treze de Maio de Santa Maria-RS. Gestora do Portal dos Clubes Sociais Negros do
Brasil. Coordenadora Geral das II Jornadas Formação em Museologia Comunitária, realizada em Santa
Maria-RS (2011). E-mail: [email protected]
*** Hugues de Varine é cunhador do termo e do conceito de ecomuseu com George-Henri Rivière, exDiretor do ICOM, membro fundador do MINOM - Movimento Internacional para uma Nova Museologia e
consultor internacional em Comunidades, Patrimônio e Desenvolvimento Local.
88
Jornadas apontaram novas demandas que certamente suscitarão novas discussões e
ações, com espaço para debater, compartilhar e aprofundar conhecimentos em
próximos encontros que se aproximam, como o IV EIEMC (2012) e a III Jornadas
Formação em Museologia Comunitária (2013), cujos participantes a cada encontro se
fortalecem e se revigoram.
Palavras-Chave: Ecomuseu - Museus Comunitários - Povos afrodescendentes Reconhecimento - Empoderamento - Sustentabilidade
COMMUNITY HERITAGE AND NEW MUSEUMS: THE FACE OF AFRO-BRAZILIAN
COMMUNITY MUSEOLOGY
ABSTRACT
The objective of this work is to present the organization of the II Days Trainings
Formation in Community Museology in Santa Maria-RS, in the International Africandescendants People(2011). The 13 de Maio Museum was the scene of this event, with
several local, national international partners, and the experience of two networks of
community museums, The Oaxaca Union of Community Museum (UMCO), Mexico and
the ABREMC – Brazilian Association of Community Ecomuseums and Museums that
brought to the south of Brazil a specialized formation to the community museums and
eco-museums area. Reorganization and appreciation of the space construction and
affirmation of the black identity and memory were objectives of the journeys. This was
the aim of elevation of self-esteem of the facilitators and local community of The 13 de
Maio Museum, that acted as protagonist of their own history. The journeys indicated
new demands that, certainly, will stir new discussions and actions, where there will be
space to discuss, share and deepen knowledge in new meetings to come as the IV
EIEMC(2012) and the III Journeys of the Community Museology Formation(2013),
whose participants will strengthen and re-energize.
Key-words: Eco-museum – Community Museums – African – descendant’s people –
Recognition – Empowerment – Sustainability.
PATRIMÔNIO COMUNITÁRIO E NOVOS MUSEUS: A FACE AFRO-BRASILEIRA
DA MUSEOLOGIA COMUNITÁRIA
Giane Vargas Escobar - Museu Treze de Maio - RS - BRASIL
Hugues de Varine - FRANÇA
Ecos da II Jornadas Formaçâo em MC (Santa Maria - RS - 2011)
As II Jornadas Formação em Museologia Comunitária realizaram-se em Santa Maria –
RS, no Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes (2011) * no período de 30 de
outubro a 3 de novembro, por iniciativa do Museu Treze de Maio. Pode-se perguntar:
de que se trata? Todo mundo sabe o que é um museu: um prédio mais ou menos
importante que expõe objetos de arte, de história ou de ciências. Os alunos das
escolas ali vão em grupos, os turistas os visitam para conhecer a região, os amantes
das Artes, da História ou das Ciências ali vão buscar informações e emoções.
Entretanto, o que se discutiu durante essas II Jornadas foi outra coisa: como construir
com e na comunidade, quer dizer, todos nós, habitantes de Santa Maria ou de outros
lugares, um projeto que inventarie, estude e valorize todo o patrimônio antigo ou
recente da comunidade: a paisagem, urbana e rural, as casas, as igrejas, os pontos
*
Para dar mais visibilidade às demandas da população negra no mundo, a ONU, a Organização das
Nações Unidas instituiu 2011 como o Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, propiciando uma
série de eventos, palestras e concertos ao redor do mundo. Com o sucesso da iniciativa na promoção e
fortalecimento da cultura negra, as entidades envolvidas com a causa solicitaram e a ONU aprovou, a
partir de 2012, a década dos afrodescendentes. Fonte: www.palmares.gov.br. Acesso em 30abril2012.
89
históricos locais, as memórias das pessoas, os saberes artesanais, as atividades
artesanais ou artísticas etc.
O Museu Treze de Maio faz isso há muito tempo. Ele adquiriu uma experiência que
compartilhou com outros museus semelhantes do RS, de outros Estados do Brasil e
do exterior. Para ir ainda mais além, ele convidou especialistas dos museus
comunitários do México, os antropólogos Tereza Morales e Cuauhtémoc Camarena
para dinamizar oficinas de formação mútua. Além disso, contou com o apoio da Itaipu
Binacional/Ecomuseu de Itaipu, de Foz do Iguaçu – PR, da ABREMC, bem como uma
rede de parceiros locais e do poder público, para concretizar seus objetivos e metas
de um encontro que pudesse contemplar os mais diferentes anseios.
É a nova museologia: inventar métodos de apropriação de seu patrimônio pela
comunidade, para dele se servir em prol do seu próprio desenvolvimento, para elevar
cada vez mais sua autoestima, para lançar ações baseadas sobre as ideias e
capacidades de cada um e respondendo às necessidades coletivas.
Isso se refere naturalmente às escolas e geralmente à educação tanto de jovens como
de adultos, mas também a todos os movimentos locais e ainda os atores do
desenvolvimento, políticos, econômicos, sociais, culturais. Pois esse patrimônio é uma
riqueza, um capital que pertence a todos e que deve servir ao bem comum.
Em sua segunda edição, o evento teve como tema “Povos Afrodescendentes e
Iniciativas Museológicas Comunitárias do Novo Milênio”, com foco na metodologia de
trabalho nos ecomuseus, museus comunitários e espaços de origem africana e afrobrasileira em seus aspectos comuns e aspectos singulares.
A Oficina de Formação de Facilitadores de Museus Comunitários realizada pelos
antropólogos Mexicanos seguiu as diretrizes apontadas pela organização e um dos
pontos altos se deu através da sensibilização dos participantes para execução de
tarefas coletivas que abordassem a temática dos povos afrodescendentes,
constituindo-se em verdadeiro desafio para os educadores, pois
Ser sujeito implica auto-conhecimento e o museu comunitário é uma
ferramenta para que a comunidade construa um auto-conhecimento coletivo.
Cada pessoa que participa selecionando os temas a estudar, capacitando-se,
realizando uma entrevista ou sendo entrevistado, reunindo objetos, tomando
fotografias, fazendo desenhos, está conhecendo mais a si mesmo e ao
mesmo tempo está conhecendo a comunidade à qual pertence. Está
elaborando uma interpretação coletiva de sua realidade e de sua história
(MORALES e CAMARENA, 2004).
Sendo assim, conhecer o outro e a si mesmos foi o ponto de partida para que as
oficinas tivessem o resultado positivo e agregador. Com plateia formada por pessoas
de diversos lugares do país e também do exterior, Morales começou as atividades
com a seguinte pergunta “Por que criar consenso?” Trouxe para discussão pontos
como capacidade de decisão, iniciativa e reflexão. Além disso, os facilitadores
definiram o que é criar consenso, na perspectiva de escutar os outros e compartilhar
pensamentos. Abordaram também assuntos como o combate à exclusão, a
manipulação e a autoridade irracional.
As Jornadas também estavam inseridas na programação alusiva à 23ª Semana
Municipal da Consciência Negra de Santa Maria, promovida por diversas entidades do
Movimento Negro local, instituições educacionais, culturais e Prefeitura Municipal, por
meio da Secretaria de Cultura e da Coordenadoria de Igualdade Étnico-Racial.
As atividades desenvolvidas durante um mês inteiro de reflexões, o “Novembro
Ébano”, buscaram refletir e evidenciar a luta constante do povo negro pelo fim da
discriminação e qualquer forma de intolerância, proporcionando a valorização dessa
identidade e do seu verdadeiro papel frente a uma sociedade que ainda precisa
melhorar o seu olhar ao tratar com a diversidade.
Vários foram os objetivos das II Jornadas, dentre eles destacaram-se o de fortalecer
iniciativas criativas e organizadoras dos povos afrodescendentes como potenciais
incubadoras de processos museológicos comunitários, valorizando as questões étnico90
raciais e de gênero que estimulassem o debate acerca da superação dos entraves ao
reconhecimento do patrimônio material e imaterial da população negra, estimulando o
protagonismo, o empoderamento e ações afirmativas em prol do respeito à
diversidade e aos valores civilizatórios africanos e afro-brasileiros; reunir comunidades
e profissionais envolvidos em processos museológicos de ecomuseus, museus
comunitários e outros para a reflexão sobre suas metodologias e abordagens
específicas e a contribuição que esses museus pudessem dar pela participação
comunitária; capacitar membros das comunidades como facilitadores que transmitam
técnicas e métodos participativos para a criação e desenvolvimento de museus
comunitários, catalisando processos de organização locais específicos; reconhecer,
apoiar e divulgar novas experiências e metodologias próprias da museologia
comunitária e, por fim estabelecer redes de intercâmbio continuado entre
protagonistas, estudiosos e simpatizantes dos ecomuseus, museus comunitários e
similares.
Assim, durante os cinco dias de debates, as práticas e vivências extrapolaram as
paredes do Museu Treze de Maio, pois aconteceram nos mais diversos locais, sendo
que muitos participantes pela primeira vez entraram em contato com pessoas e
lugares que só tinham visto nos livros, muitas vezes de maneira estereotipada e sem
qualquer ligação com a realidade, como o que se viu no protagonismo, riqueza
imaterial e ao mesmo tempo na falta de políticas públicas presentes no Quilombo de
Santo Inácio, de Nova Palma-RS, um “ecomuseu nato”, nas palavras da museóloga
Odalice Priosti (2012), necessitando apenas de apoio da sociedade museal para
ajudar na organização da memória que constroem.
Destacaram-se ainda, nas II Jornadas, as matrizes da religiosidade africana
imaterializadas na circularidade, na comida, no cheiro, no colorido das roupas e
acessórios e nas cantigas em língua yorubá ao som dos atabaques do Ilê Axé
Ossanha Águé do Pai Ricardo e do Nei do Ogum; os tambores da percussão da Cia
de Dança Afro Euwá Dandaras e a energia de seus integrantes que contagiaram os
participantes do evento ao se renderem à grande roda da dança para os orixás,
comprovando que “a sedução do ecomuseu repousa na atração dos encontros que ele
permite” (SOARES apud MATTOS, 2010, p. 19); a mostra de arte Africana do
senegalês Abdoulaye Dit Goumb Sow que trouxe esculturas e máscaras de vários
lugares da África, despertando a atenção dos moradores do entorno que vieram
prestigiar a exposição e ao final o artista presenteou o Museu Treze de Maio com
cinco exemplares de sua arte milenar.
Importante também destacar a sabedoria na oralidade do Mestre Prudêncio, Griô do
Museu do Umbu-RS; a vitalidade dos jovens organizadores/dinamizadores das II
Jornadas que se motivaram a “Pintar o Treze”, deixando o Museu Comunitário Treze
de Maio ainda mais aconchegante para receber os visitantes dos mais distantes
lugares e, por fim, a experiência de Dona Maria Angela Savastano, do Museu do
Folclore de São José dos Campos - SP, que ao longo dos seus oitenta anos deu uma
verdadeira lição de vida ao trazer para si a responsabilidade de organizar com
parcerias a III Jornadas Formação em Museologia Comunitária no ano de 2013, o que
foi aprovado por unanimidade pelos participantes das II Jornadas.
As II Jornadas vieram ao encontro das expectativas do seu público alvo, os
trabalhadores militantes do patrimônio e da museologia comunitária, pois permitiram e
suscitaram o debate sobre temas que são tão caros a esta especificidade de museu,
que só alcançará sua plenitude, quando conseguir fazer com que sua comunidade
tenha “legitimidade, credibilidade e sustentabilidade” ou então poderão se reinventar
transformando-se não exatamente em museus comunitários, mas naquilo que a
comunidade definir como o melhor para si e para o seu momento histórico. Quem sabe
até retornando a ser, nas suas práticas, museus tradicionais/clássicos, conforme
palavras de Varine (2011).
Durante as II Jornadas Formação em Museologia Comunitária foi também destacado o
potencial e a dimensão pedagógica do Museu Comunitário Treze de Maio e o que as
novas gerações poderiam prever ou querer para aquele lugar de identidade negra.
91
Será que o Museu Treze de Maio viria a se reinventar em uma Universidade para
negros? Um Clube Social Negro que se reinventou enquanto Museu Comunitário; um
Museu Comunitário que se transformaria em uma Universidade para negros? Só o
tempo, o futuro e a comunidade dirão.
Santa Maria é referência nacional e internacional na área de museologia comunitária,
pois com a criação do Museu Treze de Maio em 2003, passou a figurar no mapa da
ABREMC, a Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários, além de
ser também referencial no que diz respeito à construção de uma rede nacional de
Clubes Sociais Negros§, pois foi a cidade que sediou, em novembro de 2006, o 1°
Encontro Nacional de Clubes e Sociedades Negras, que reuniu mais de trezentos
participantes e 53 representações de gestores clubistas dos mais diferentes Estados
do país.
Participaram das II Jornadas Formação em Museologia Comunitária em 2011 os
estados de São Paulo, Santa Catarina, Ceará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Sul, além de países como Paraguai, França e México. O encontro reuniu, ainda,
acadêmicos da UFSM, UFRGS, UFPel, FURG e os seguintes museus comunitários:
Museu do Percurso do Negro – Porto Alegre/RS; Museu Comunitário Treze de Maio –
Santa Maria/RS; Museu do Umbu – Alvorada-RS, Museu Comunitário da Lomba do
Pinheiro – Porto Alegre-RS, Museu da Picada – Picada Café/RS; Ecomuseu de Itaipu
– Foz do Iguaçu-PR; Ecomuseu de Maranguape – Ceará; Museu do Folclore - SP e
Ecomuseu de Santa Cruz - Santa Cruz -RJ.
Há 40 anos, um movimento se desenvolveu em vários países, sob o nome de « nova
museologia », que reconhecia nesses museus de um gênero particular uma função
social e um papel no desenvolvimento dos territórios. O Brasil, como o México, é um
dos países mais avançados nesse domínio, tanto na prática quanto na reflexão. O
Museu Treze de Maio reuniu as forças e a experiência de duas redes, a União dos
Museus Comunitários de Oaxaca - UMCO, no México e a Associação Brasileira de
Ecomuseus e Museus Comunitários - ABREMC - em cinco dias que trouxeram um
novo espírito de inovação a esse movimento de museologia comunitária.
Referências Bibliográficas
ESCOBAR, Giane Vargas. Clubes Sociais Negros: lugares de memória, resistência
negra, patrimônio e potencial. Dissertação (Mestrado Profissionalizante em Patrimônio
Cultural). Santa Maria: UFSM, 2010.
MATTOS, Yara; MATTOS, Ione. Abracaldabra: uma aventura afetivo-cognitiva na
relação museu-educação. Ouro Preto: UFOP, 2010.
MORALES, Tereza; CAMARENA, Cuauhtémoc. "El concepto del museo
comunitario: ¿historia viviente o memoria para transformar la historia?" presentada en
la mesa redonda "Museos: nuestra historia viviente", en la Conferencia Nacional de la
Asociación Nacional de Artes y Cultura Latinas, Kansas City, Missouri, 6-10 octubre,
2004. Fonte: http://www.abremc.com.br/artigos1.asp?id=5 Acesso em 30abril2012.
PRIOSTI, Odalice. Ficha de Avaliação das II Jornadas Formação em Museologia
Comunitária 2011. Museu Treze de Maio. Santa Maria, 2012.
Outras fontes:
Blog Museu Treze de Maio. Teresa Morales e Cuauhtémoc Camarena ministram
oficina.
Fonte:http://museutrezedemaio.blogspot.com.br/2011/11/teresa-morales-e
cuauhtemoc-camarena.html Acesso em 30abril2012.
§
ESCOBAR, 2010.
92
Blog Museu Treze de Maio. II Jornadas Formação em Museologia Comunitária
destaca Hugues de Varine. Fonte:http://museutrezedemaio.blogspot.com.br/2011/11/iijornadas-formacao-em-museologia_02.html Acesso em 30abril2012.
CIDADANIA E PROTAGONISMO COMUNITÁRIO: REFLETINDO SOBRE OS
MUSEUS E A GESTÃO PATRIMONIAL
Graça Filipe* - PORTUGAL
Ecomuseu Municipal do Seixal
RESUMO
A reflexão e as ideias com que tentarei contribuir para a Mesa Redonda 5 do IV
Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus Comunitários, sobre Patrimônio e
Capacitação dos Atores do Desenvolvimento Local ligam-se a um tema de pesquisa e
ao envolvimento profissional na realidade museológica em Portugal ao longo de mais
de duas décadas, principalmente através da experiência no Ecomuseu Municipal do
Seixal (EMS), como projeto de valorização e gestão de património reportado a um
território e às suas comunidades, com o enquadramento de uma tutela municipal.
Começando pela compreensão da génese do museu e da tentativa de aplicação de
uma ideia de ecomuseu e de uma museologia comunitária, uma sucinta análise de três
décadas de crescimento, consolidação e reperspetivação do EMS dá-nos a
oportunidade de colocar questões sobre a transformação dos museus, no tempo e em
espaços em mudança: o exercício da cidadania e a dinâmica das comunidades em
relação à memória e ao património natural e cultural; o lugar da cultura, do património
e dos museus nas políticas públicas; o protagonismo das comunidades em sociedades
sob-regimes políticos democráticos; o papel dos profissionais e a função social dos
museus.
Por mais diversificados que sejam os contextos e as abordagens conceptuais a partir das quais
tentamos fazer uma leitura de cada realidade, por exemplo em Portugal e no Brasil, o diálogo
sobre diferentes experiências e a pesquisa de ferramentas para uma análise comparativa
certamente nos trarão mais-valias. Assumindo a transformação dos museus à luz de mudanças
transversais às nossas sociedades e ao mundo global, precisamos de identificar de forma
muito específica as respostas criativas para a salvaguarda e a valorização do património, em
lugares e circunstâncias temporais particulares, que traduzam as necessidades das
comunidades.
O protagonismo comunitário será um dos nossos paradigmas, pretendendo que através da
participação das comunidades se operacionalize também a integração dos museus em
políticas públicas intersectoriais e que, em ciclo progressivo e aberto, os museus sirvam para
promover a cidadania crítica e o desenvolvimento da sociedade.
Palavras-chave: cidadania - museus comunitário - Ecomuseu Municipal do Seixal –
museus - gestão patrimonial.
CITIZENSHIP AND COMMUNITY PROACTIVENESS: REFLECTING ON MUSEUMS
AND HERITAGE MANAGEMENT
SUMMARY
The reflection and the ideas I seek to contribute towards the Round Table No. 5 of the
4th International Meeting of Ecomuseums and Community Museums, on Heritage and
Empowering Local Development Actors are bound up with both the research theme
and my professional involvement in the museological reality in Portugal throughout
*
Graça Filipe-Técnica superior do Ecomuseu Municipal do Seixal; Assistente convidada da FCSH/UNL;
Museóloga; Mestre em Museologia e Património pela FCSH/UNL; Pós-graduada em Museologia Social
pela UAL; [email protected]
93
over two decades, especially through my experience at the Seixal Municipal
Ecomuseum (SME), as a project enhancing the value and management of heritage
reporting to a territory and its communities, within the framework of municipal
supervision and authority.
Beginning with an outline of the origins of the museum and efforts to put into practice
the idea of an ecomuseum and community museology, I provide a brief analysis of how
three decades of growth, consolidation and re-definition of the SME provide us with the
opportunity to pose questions about the transformation of museums, over the course of
time and spaces themselves undergoing change: the exercise of citizenship and the
dynamics of communities in relation to memory and natural and cultural heritage; the
role of culture, heritage and museums in public policies; the role of communities in
society under democratic political regimes; the role of professionals and the social
function of museums.
However diversified the contexts and the conceptual approaches based upon which we
attempt to read each respective reality, for example in Portugal or in Brazil, the
dialogue on the different experiences and the research tools for comparative analysis
will certainly leverage benefits. Assuming the ongoing transformation of museums in
accordance with the transversal changes in our societies and the globalised world, we
need to identify very specifically the creative responses necessary to safeguarding and
enhancing our shared heritages, in particular places and temporal circumstances, and
in turn reflecting the prevailing community needs.
Community empowerment and involvement represents one of our paradigms, seeking
to ensure that community participation also puts into practice the integration of
museums in cross-sector public policies and within the scope of which, throughout
progressive and openly expanding cycles, museums serve for the promotion of critical
citizens and the development of society.
Key-words: citizenship, community museums,
museums, heritage management
Seixal
Municipal
Ecomuseum,
CIDADANIA E PROTAGONISMO COMUNITÁRIO: REFLETINDO SOBRE OS
MUSEUS E A GESTÃO PATRIMONIAL
A dinâmica de criação ou de renovação de museus e, de forma mais geral, a realidade
museológica em Portugal ao longo das últimas três décadas proporcionam um
interessante campo de pesquisa e análise de experiências marcadas, na sua génese
ou em ciclos da sua existência, por manifestações de cidadania ou por iniciativas
comunitárias, a par de outras essencialmente institucionais ou resultantes de vontade
política, tanto a nível nacional, como local.
O significado e a expressão que as práticas de cidadania e a participação de
comunidades tiveram ou mantêm nalguns museus devem ser objeto de investigação
com o necessário rigor científico, mas é também necessário que os próprios
protagonistas ou agentes envolvidos nos processos tomem parte voluntária na sua
análise e discussão (Varine, 2000). Os dados daí resultantes podem ajudar não só a
elaborar estratégias concertadas entre todos os que se propõem utilizar os museus
enquanto instrumentos de mudança e de desenvolvimento (Varine, 2002), como a
construir melhores políticas públicas, ainda mais exigíveis na atual conjuntura em que
a pressão económica é particularmente incidente nos sectores da cultura e do
património cultural.
Procurarei sintetizar e apresentar algumas questões e aspetos decorrentes quer da
minha experiência prática, quer da minha investigação sobre o Ecomuseu Municipal
do Seixal (EMS), mas que se relacionam com reflexões mais abrangentes sobre
museus comunitários e ecomuseus e com o debate sobre os mecanismos e fatores de
transformação dos museus.
94
Entendido como projeto de reconhecimento, valorização e gestão de património
natural e cultural, o EMS é «claramente definido pelo seu território, o concelho do
Seixal, num processo simultaneamente tradicional (municipal) e inovador
(comunitário)» (Varine, 2005). Designou-se e evoluiu associado à ideia de ecomuseu a
partir de 1983, mas a sua génese remonta ao período entre 1979 e 1981, em que
decorreu um levantamento ‘histórico e cultural’ de âmbito concelhio, por iniciativa
municipal e com uma expressiva adesão e participação da comunidade local. Foi esse
processo, consubstanciado no primeiro inventário de património cultural no território e
na primeira exposição, no Seixal, sobre história e património locais, que conduziu à
institucionalização de uma entidade museal, o Museu Municipal do Seixal, em 1982.
Do estudo académico que efetuei há alguns anos sobre o EMS e da análise do
processo de crescimento e consolidação decorrido desde a sua génese até 1999,
recordo a conclusão (Filipe, 2000) sobre a necessidade – e até urgência, atendendo a
razões conjunturais que seguidamente também referirei - de repensar o programa
museológico e o modelo de gestão do Ecomuseu e de elaborar um plano estratégico
de modo a abarcar o património em processo de reconhecimento, comunicá-lo (Varine
2005) e estimular a participação da comunidade, em conjugação com o
desenvolvimento do trabalho científico dinamizado pelo museu. A necessidade de
reprogramação advinha de um ciclo de crescimento e consolidação da experiência
museológica municipal, em cujos expressivos resultados fora determinante a
componente participativa da comunidade em relação à salvaguarda e valorização de
património, o que potenciava um novo ciclo de vida do EMS. A conjuntura de urgência
prendia-se, por um lado, com dois fatores externos. O primeiro era a criação da
estrutura de projeto da Rede Portuguesa de Museus, ligado ao então Instituto
Português de Museus e a pretensão de o Ecomuseu vir a integrar essa rede nacional.
O segundo era a possibilidade de candidatura, por parte da tutela, a um programa
nacional com financiamento europeu (Programa Operacional da Cultura),
apresentando um projeto de qualificação do EMS.
Por outro lado, era necessário definir a configuração (descentralização territorial e
centralização funcional) do EMS e ordenar o território musealizado (Filipe, 2009;
Varine, 2009), de forma a abarcar sob sua gestão novos sítios patrimonializados,
principalmente devido à reconversão de espaços industriais, que o poder político
municipal, reconhecendo o interesse histórico e o valor cultural que a comunidade
local lhes atribuía, pretendera subtrair parcialmente à intervenção de promotores
imobiliários.
Na prática e no âmbito do serviço municipal correspondente ao museu (inserido na
orgânica municipal) foram realmente definidos novos objetivos e metas que se deviam
levar à prática a partir de 2000, mediante conjugação de medidas de ordenamento do
território e de valorização e gestão de património cultural, através do Programa de
Qualificação e de Desenvolvimento (PQD) do EMS, aprovado pela tutela em 2001.
Internamente, com a equipa técnica e a tutela, e externamente, com vários parceiros e
instituições com as quais o EMS trabalhava, aquele programa serviu para repensar o
papel do museu e os processos de patrimonialização, no território em mudança e
consubstanciou uma base propositiva, em que se pretendia integrar a interação com a
comunidade e estimular a sua participação cívica. No terreno, porém, não se
concretizou a discussão do PQD, nem a pretendida participação, inviabilizando-se o
percurso de negociação e de compromisso público sobre o plano e objetivos
propostos, apesar de o documento ter sido implicitamente adotado pela tutela como
marco programático do EMS e de, sob vários títulos e nos dois eixos de atuação
preconizados (1. qualificação dos ‘núcleos’ e musealização da Mundet; 2. circuito
museológico industrial), ter constituído uma ferramenta indispensável à transformação
do museu e ao seu funcionamento até aos dias de hoje (Filipe 2008). Tomando como
base essa mesma ferramenta, foram elaborados os instrumentos de adesão do EMS,
em 2001, à Rede Portuguesa de Museus (RPM) e realizou-se o programa de
qualificação museológica do Moinho de Maré de Corroios. Em 2007, a equipa técnica
95
do museu redigiu quer as propostas de Regulamento e de Política de Incorporações,
que, inerentemente à regulamentação da Lei-Quadro dos Museus Portugueses (2004),
eram instrumentos necessários para a credenciação e inclusão na referida Rede
Portuguesa de Museus. Não levando a efeito a discussão pública da proposta de
Regulamento do EMS (requisito juridicamente incontornável para a sua aprovação), a
tutela (CMS) também não o adotou formalmente até hoje, o que, aliás, já implicaria
uma atualização.
Pergunta-se, então, sob que perspetivas é dada relevância ao património cultural na
estratégia municipal de desenvolvimento, que espaço de discussão e de participação a
CMS atribui à comunidade, qual o modelo de gestão patrimonial e, neste contexto, que
papel é destinado ao EMS.
O que foi entendido como componente de um protagonismo comunitário no projeto de
criação do Museu Municipal do Seixal, se recuarmos ao início da década de 1980,
expressou-se, sem dúvida, na respetiva definição da missão, vocação, perfil temático
e propósitos de construção identitária. Ao longo das seguintes décadas e sempre que
o EMS, cumprindo a sua missão, atualizou ou aprofundou, com a(s) comunidade(s), o
(re) conhecimento do seu património (Varine, 1991) e impulsionou o seu inventário,
restabeleceu-se uma dinâmica participativa em torno do Ecomuseu. Este
correspondeu-lhe incrementando o trabalho de campo, facultados por meios e
recursos municipais, através de uma equipa reforçada multidisciplinarmente até 2010.
Nunca se pretendeu, nem tal seria possível, integrar no sistema do EMS todo o
património cultural identificado ou em vias de reconhecimento, quer a nível da
comunidade local, quer mediante proposta de proteção legal, para a qual se
delinearam parcerias entre a CMS e outras instituições e empresas.
Não identificamos, contudo, uma dinâmica de iniciativa comunitária que em ritmo
constante ou por vontade independente, suplante os desafios dos profissionais e da
equipa do museu. Portanto, num território em mudança, renovaram-se algumas
comunidades apoiantes dos projetos do EMS, sem verdadeiramente desencadearem
ou exigirem novas ações, sempre depositando a responsabilidade (e confiança) no
órgão do poder local que assumiu a orientação política e a definição da matriz de
desenvolvimento do território municipal, onde se proclama inscrita a missão do
Ecomuseu.
Até que ponto ainda perdura, da parte da tutela municipal, a abertura à
experimentação e à inovação, que cremos ter fundamentado a aceitação da ideia de
ecomuseu e o interesse em conhecer e adotar os princípios da ecomuseologia (e da
nova museologia)? A designação de ecomuseu mantém-se por genuína vontade e
determinação em implicar uma cidadania ativa na gestão do património e do EMS em
particular? «Conquanto possa ter proporcionado alguma clarificação teórica das linhas
de orientação preconizadas desde a criação do museu, mais do que influído
diretamente na sua evolução, a nova denominação teve, sobretudo efeitos no meio
museológico e profissional e na forma de mediatização, associada à novidade que a
utilização do vocábulo constituía no nosso país e que a tutela até certo ponto
aproveitou para transmitir a ideia de pioneirismo e de inovação da iniciativa
museológica do município» (Filipe, 2004: 7).
Apesar de mantida a prevalência da mesma matriz política na entidade de tutela, à
medida das mudanças registadas no país e no território, também mudaram os perfis
de competência (e decisão) na administração municipal e multiplicou-se o número de
pessoas e de órgãos ou instâncias de gestão. Em maior número e mais dispersos,
tornou-se cada vez mais difícil partilhar com eles a empatia pelas ideias renovadoras
das práticas museológicas. Tornou-se também mais difícil implementar uma
participação crítica em relação às questões do património cultural, no que concerne os
próprios técnicos que nele intervêm (stakeholders), a par dos cidadãos interessados e
comunidades detentoras do património natural e cultural, faltando igualmente meios de
ativação dos processos de produção social e de construção e transmissão de
memórias coletivas.
96
Realço, neste contexto, o problema da aceitação e do manuseamento de conceitos
novos (ou diferentes dos que têm imediato enquadramento legal) e da maior ou menor
abertura à inovação e experimentação, por exemplo, pressupondo a
transdisciplinaridade ou a responsabilidade (e mesmo liderança, em certos projetos)
assumida fora das cadeias hierárquicas (incluindo elementos exteriores à
administração pública), aspetos que influenciam e frequentemente dificultam os
circuitos de comunicação e pesam nas relações de poder. Nota-se ainda a pouca
relevância que na prática tem sido conferida aos instrumentos de gestão do EMS
(plano estratégico, programa museológico, planos de atividade) ou a dificuldade em
reconhecer a transversalidade de atuação que é requerida em termos de uma gestão
patrimonial sustentável e a importância e papel do museu, desde logo na capacitação
da comunidade para tomar parte nesse processo dinâmico.
A tendência de compartimentação de eixos de atuação e, consequentemente, a
dissociação de vertentes que impedem a compreensão holística e a concretização de
estratégias sobre uma mesma realidade, constituem outro problema em vários campos
ligados ao EMS. Por exemplo, no que toca o turismo, seria lógico estabelecer uma
ligação operacional e estimular a conceção de estratégicas convergentes, se não
mesmo intersectoriais, uma vez que o património natural e cultural é reconhecido
como a principal âncora dos programas de desenvolvimento turístico no concelho do
Seixal.
O caso do património marítimo-fluvial merece particular referência e as boas práticas
do EMS justificariam um esforço de continuidade. O Ecomuseu conseguiu estabelecer
parcerias importantes desde a década de 1980 e consolidou-as, particularmente na
década de 2000, tornando-as tão diversas quanto a representatividade temática,
geográfica e cultural exigia neste domínio de interpretação e de salvaguarda de
património, comum ao estuário do Tejo e às suas comunidades e não apenas do
território concelhio. Creio que esta seria uma área do Ecomuseu a avaliar
criteriosamente e a incentivar, no que diz respeito tanto à dinâmica comunitária, como
à articulação de programas e de colaborações institucionais e associativas, que
deveriam participar nessa avaliação em conjunto com a equipa técnica. «É ao preço
dessa constante e voluntária discussão dos ecomuseus por seus próprios agentes e
seus animadores que o processo criador favorável ao progresso da instituição como
instrumento de desenvolvimento comunitário será desencadeado e perpetuado»
(Varine, 2000: 77).
É indubitável que o Ecomuseu construiu fortes laços com sectores diversos da
população e contribuiu para a criação de raízes por parte de comunidades em torno do
património, mas a superação da falta de iniciativa passa por atribuir àquelas um papel
e uma responsabilidade, se necessário juridicamente consignada, na gestão
patrimonial.
A constituição de um grande acervo e a dificuldade de controlo das incorporações,
principalmente devido a critérios demasiado amplos ou, como no caso do EMS, pela
tentativa de dar resposta às expectativas das próprias comunidades em relação à
patrimonialização de uma significativa diversidade de testemunhos materiais, pode
tornar-se também um constrangimento para a renovação do museu e uma limitação à
adoção de uma programação na perspetiva de inovação e de transformação das
relações sociais (Desvallées e Mairesse, 2011: 552-553).
O debate sobre a patrimonialização e os problemas da gestão patrimonial, fazendo o
balanço de três décadas do museu municipal/EMS, parecem-me aspetos cruciais não
só para compreender as mudanças no território e avaliar ou repensar as políticas
públicas (e municipal), como também, comparando o Seixal com outras experiências,
para indagarmos a validade e pertinência de alguns conceitos e princípios ideológicos
– como os da função social dos museus e da iniciativa e protagonismo comunitário
para o património - quando limitadamente aplicados.
Por mais diversificados que sejam os contextos e as abordagens conceptuais a partir
das quais tentamos fazer uma leitura de cada realidade, por exemplo, em Portugal e
no Brasil, o diálogo sobre diferentes experiências e a pesquisa de ferramentas para
97
uma análise comparativa certamente nos trarão mais-valias. Assumindo a
transformação dos museus à luz de mudanças transversais às nossas sociedades e
ao mundo global, precisamos de identificar de forma muito específica as respostas
criativas para a salvaguarda e a valorização do património, em lugares e
circunstâncias temporais particulares, que traduzam as necessidades das
comunidades e que contribuam para as estruturar e reforçar (Watson, 2008).
Quarenta anos depois da Declaração de Santiago, vale a pena recordar como
emergiram alguns novos paradigmas que hoje continuam a mudar o mundo dos
museus e, com estes, o universo patrimonial. Hugues de Varine, nossa constante
fonte de inspiração, pelo pensamento crítico, renovação conceptual e orientação
prática para a museologia comunitária, defendeu recentemente, no que diz respeito
aos museus locais, a realização de um diagnóstico participado, convocando pessoas
capazes e interessadas em participar em novos modelos futuros de gestão do
património, mediante um plano de reordenamento e organização, à escala de cada
território, envolvendo outras organizações, os cidadãos e os poderes públicos»
(Varine, 2011).
Num contexto em que seja operacionalizada a participação das comunidades e em
que os museus se integrem em políticas públicas intersectoriais à escala dos
territórios, sublinho a importância do modelo de gestão da instituição museal, ligada,
como no caso do EMS, a uma reprogramação evolutiva e a um plano de salvaguarda
do património, enquanto recurso de desenvolvimento local.
Para além de assumir a transformação do museu, em ciclos dinâmicos de interação
com as necessidades expressas pelos cidadãos, é imprescindível traçar linhas
definidoras e identificar os fatores importantes de renovação, em caso algum
aceitando o determinismo da carência económica.
Até que ponto precisará a museologia comunitária (e os ecomuseus) de um
enquadramento legal específico e distinto em relação aos museus comuns, com fins
de estudo, de educação e de deleite?
A gestão patrimonial, que tem estado frequentemente associada aos museus
municipais, principalmente desde a década de 1980, como exemplifica a experiência
do EMS e de tantos outros museus em Portugal, requerendo meios técnicos e
humanos específicos e exigindo políticas intersectoriais, não pode pois estar confinada
aos modos tradicionais de gestão dos museus locais. Tem de compreender as tarefas
ligadas aos aspetos financeiros e jurídicos do património, às equipas técnicas
multidisciplinares, assim como processos estratégicos e de planificação das atividades
que valorizem os recursos patrimoniais.
Não basta proclamar os museus como lugares de produção social (Chaumier, 2011) e
pretender que a iniciativa comunitária seja génese de mudança. A cidadania e a
participação comunitária não podem ficar simplesmente implícitas na missão dos
museus, precisam de estar claramente inscritas no modelo de gestão e fazer parte de
um compromisso que ligue todos os parceiros, sempre que possível inscrita na
planificação estratégica do museu, visando definir e pôr em prática a sua missão como
organização e adotando os objetivos em função de uma certa duração e de meios
específicos, prevendo e assegurando a avaliação dos resultados, acompanhando as
mudanças.
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LA CONSTRUCCION DE UN MUSEO RURAL COMUNITARIO: COMUNIDAD,
TURISMO Y PROYECCION SOCIAL EN EL VALLE DE EL BOLSON
Alejandra Korstanje y equipo*- Catamarca - Argentina
Sebastián Carrera**
RESÚMEN
La propuesta tiene por objeto coordinar actividades de investigación y conocimiento
popular en un espacio llamado "museo" pero que se proyecta más allá de ese
concepto, donde la población rural pueda fortalecer sus capacidades e identidad. El
proyecto se enfoca especialmente en la formación de los jóvenes, trabajando con ellos
y desde ellos para organizar la memoria social de la comunidad. Los objetivos de este
espacio son a la vez en el mantenimiento del patrimonio y la memoria, la educación y
el desarrollo local como el turismo, la producción artesanal y la recreación social.
ABSTRACT
The proposal seeks to coordinate activities and popular knowledge in a space,
incidentally called "museum", where rural people can strengthen their capacities. It
specially focuses on young people training, trying to work with them to organize the
social memory of the community. The objectives of this space are both on heritage and
memory maintenance, educational, and local development such as tourism, artisan
production and social recreation.
*
Instituto de Arqueología y Museo (UNT)/Instituto Superior de Estudios Sociales (CONICET/UNT),
Tucumán/Coordinadora
Museo
Rural
Comunitario
(El
Bolsón,
Catamarca).
Argentina
[email protected]
**
Grupo Amplio Salvatablas. Universidad Popular Madres de Plaza de Mayo/Relator Oficina de Probation,
Poder Judicial. Buenos Aires, Argentina. [email protected]
99
Introducción:
El Museo Rural Comunitario se creó en el año 2010, como parte de una iniciativa
conjunta entre vecinos, municipio y equipo de arqueólogos/as que trabajaban en la
zona desde hace casi 20 años. En realidad lo que ya se inauguró es una muestra que
explica cómo trabajaremos en estos años para conformar un espacio de encuentro
cultural y educativo (que llamamos “museo” sólo porque así se originó). En esta etapa
estamos completando la concreción de este como espacio comunitario de
comunicación, memoria y producción de nuevos proyectos educativos y productivos,
generando un ámbito de interacción social que promueva el fortalecimiento identitario
y de las capacidades de la población del Valle del Bolsón en dialogo con los equipos
universitarios que colaboran en el mismo.
La utilidad social de los museos rurales es una función de la cantidad y calidad de
vínculos que éste pueda establecer entre el presente y el pasado. Esta situación cobra
valor cuando el museo tiene en cuenta a la comunidad local desde su conformación y
administración desde el comienzo, asumiendo un rol protagónico en la toma de
decisiones. El trabajo con el grupo social conlleva a crear lazos fuertes de pertenencia
y apropiación cultural, intentando impulsar un proceso identitario desde la propia
comunidad, no solo en la génesis permanente, en la significación y resignificación de
su pasado, sino en la apropiación del espacio físico y como promovedor de nuevas
interpretaciones del conocimiento. Por ello, en este museo todas las actividades de
investigación, registro audiovisual, histórico y patrimonial, así como las de promoción y
museología son realizadas siempre en conjunto con los jóvenes de la región, para los
cuales los mismos cuentan con capacitaciones previas.
Presentamos aquí los fundamentos de este planteo, los avances del mismo en torno a
las capacitaciones, y algunas ideas iniciales sobre cómo lograr una plena participación
de la comunidad en la toma de decisiones. En tanto hay una gran mayoría de adultos
que, al no haber sido escolarizada, generalmente se autoexcluyen de actividades y
espacios donde lo verbal más academizado o lo escrito sea el vehiculo de
comunicación. Es por ello que apelando a técnicas de improvisación grupal, donde lo
que se expresa son sentimientos -contenidos y liberados- y se prioriza el buen
entendimiento apelando a distintas expresividades, se puede llegar a las sensaciones
primarias, opiniones pero orgánicas, autenticas, genuinas de la comunidad con
respecto a lo que quieren representar y mostrar en este espacio cultural que es el
“museo”.
La situación actual:
El Valle de El Bolsón (municipio de Villa Vil, Departamento Belén, Provincia de
Catamarca, Republica Argentina) es un valle de altura considerado un área de tránsito
entre dos regiones más importantes (la Puna y los Valles Bajos). La cría de ganado
menor (cabras y ovejas) y el trabajo artesanal en lana y cuero es la actividad principal
en el área rural. La mayoría de las familias cuentan con huertas que les sirve para el
autoabastecimiento (principalmente maíz, habas, papas, zapallo). Si bien hay una
tradición de realización de artesanías textiles, la comercialización es un limitante
importante en el proceso de desarrollo de la zona. En general se comercializa en
forma individual ya que los productores no están organizados.
Los núcleos poblacionales son pequeños y no suman, en ningún caso, más de
20 familias. En general, las familias de los núcleos urbanos tienen ingresos
extraprediales tales como empleos públicos, planes sociales, jubilaciones y pensiones.
El resto de la población está dispersa y viven en puestos que se asientan en lugares
donde existen fuentes de agua. La organización social y productiva es incipiente. Se
cuenta con un gran potencial ya que la población está muy motivada a partir de la
participación en ferias, talleres y otros eventos. Las familias están organizadas en
100
comisiones de capillas, de clubes y otros, dedicándose a promover actividades
culturales, sociales y deportivas.
Una característica particular que distingue la población de esta zona consiste en el
mantenimiento de sus costumbres ancestrales, respetando profundamente sus
tradiciones que forman parte de la memoria viva y cotidiana de la comunidad. Sólo la
población de Los Morteritos está constituida como comunidad indígena de pueblos
originarios, pero en todos los casos es una población campesina de raíces andinas.
Dentro de las necesidades detectadas para el Valle del Bolsón se encuentran
problemas que el fortalecimiento de la memoria local podría ayudar a comenzar a
revertir, tales como: fragmentación y desarticulación social, migración de jóvenes hacia
las ciudades, etc. La investigación arqueológica está desarrollada y hay equipos
interdisciplinarios trabajando en estos valles desde hace casi veinte años, pero no así
la experiencia museológica, que es reciente en el lugar. En ese sentido, el Museo
Rural Comunitario pretende aportar al mantenimiento de la continuidad histórica, ser
un estímulo a la producción y creatividad local, y potenciar las capacidades locales en
la incipiente actividad turística a través del desarrollo de distintas actividades
investigadas, organizadas y realizadas por los mismos jóvenes del lugar.
Los proyectos en curso:
El museo se enlaza con proyectos preexistentes de investigación científica,
museológica, histórica y de extensión comunitaria, y pretende coordinar las diversas
iniciativas que se nuclean en la promoción turística de esta zona, que constituye una
posta de parada casi obligada en el circuito a la Puna. Así, desde el museo y para el
museo se están llevando a cabo en este momento distintas acciones organizadas
desde tres proyectos bajo a dirección de una de los autores (Korstanje)** y
acompañadas por el Municipio y la Red Villa Vil††, que ya tienen a su vez otras
iniciativas de tipo productivo y turístico para la zona.
Entre las actividades específicas, pretendemos realizar un guión museográfico que
sea no sólo consensuado con la comunidad, sino realizado con la participación activa
de la misma. En ese sentido, toda la investigación necesaria para el mismo
(entrevistas, historia oral, material audiovisual, material científico, inventarios, diseño
museográfico, de material educativo y folletería) se realiza en conjunto con los jóvenes
de la comunidad, que son capacitados en las diferentes habilidades y técnicas y que
cobran un pequeño estipendio por su trabajo en el mismo. La parte innovadora se
centrará en la producción audiovisual, de maquetería y recursos expositivos
aprendiendo y adaptando la experiencia del Museu Rural de L’Espluga de Francoli
(Catalunya, España), con el que trabajamos en convenio de cooperación a través del
proyecto “Conversaciones” de Ibermuseos. Esto tanto de la muestra principal como en
lo necesario para habilitar los circuitos turísticos y educativos relacionados.
A su vez, se fortalecerá la comunicación local con la instalación de una Radio FM
Comunitaria, donde la programación será exclusivamente realizada en la zona, y se
capacitará en la logística para la obtención de permisos, generación de consensos y
**
Los citados proyectos en curso son: 1) Hacia el fortalecimiento de la memoria desde un museo rural
comunitario. IBERMUSEOS (O.E.I) “Conversaciones” (2011-2012); 2) Una posta cultural en el camino a la
Puna: Centro turístico-cultural comunitario en El Bolsón, Municipio de VillaVil, Catamarca. Apoyo
Tecnológico al Sector Turismo (ASETUR) MINCyT. (2012-2013); 3) Paisaje agrario, cultivos andinos e
identidad. Interacción entre saberes científicos y redes de promoción social. PICT bicentenario. ANCyPT
(2012-2014).
††
La Red Villa Vil de Apoyo al Desarrollo Territorial para el Distrito de Villa Vil, está formada por el
Municipio de Villa Vil, el INTA, la Fac. de Cs Exactas y Naturales de la Universidad de Catamarca, el
Instituto de Arqueología y Museo de la Universidad Nacional de Tucumán, la Dirección de Ganadería de
la Provincia de Catamarca y otras agencias para la producción, la Subsecretaría del Ambiente, la
Comisión de Aborígenes, Escuelas, Comisiones de clubes deportivos, Comisiones de la capilla y Grupos
de vecinos.
101
acuerdos duraderos sobre el uso del territorio y los recursos que se quieren poner a
disposición de la visita turística.
Además de concretar y fortalecer materialmente las tres líneas turístico-culturales ya
en marcha (Museo, Circuitos de interpretación y Biblioteca), otros objetivos están
diseñados para desarrollar una Yuyería y apoyar con logística y promoción a las ferias
y fiestas ya existentes (tales como la Feria El Cambalacho y la Navidad de los Cerros),
con el objetivo de articular a todas en un proyecto logísticamente solidario que
empodere a la población local en el manejo de sus recursos y en la posibilidad de
ampliar sus perspectivas económicas, laborales y educativas. Es importante para
nuestro equipo el promueve el fortalecimiento identitario y de las capacidades de la
población del Valle de El Bolsón a los efectos no sólo de acompañar con actividades
innovadoras al incipiente pero importante flujo turístico a esta zona, sino y sobre todo
para que puedan ser los actores principales en el negocio turístico mismo, que de lo
contrario después es cooptado por agencias transnacionales o provinciales, que sólo
ocupan a los lugareños en tareas menores, favoreciendo aún más el éxodo hacia las
ciudades que tratamos de evitar.
Es necesario aclarar que todas las actividades aquí incluidas han sido las solicitadas
por la población local a través de las distintas instancias de talleres, reuniones y
participación que se ha realizado a lo largo de los años de trabajo del grupo de
arqueólogos/as y últimos tres años de trabajo en conjunto con la red Villa Vil. Esto
constituye una de sus mayores fortalezas, conjuntamente con toda la investigación
académica previa que se tiene para el área gracias a los proyectos ya desarrollados, y
al aporte en la investigación especifica para los temas patrimoniales.
Los ejes de las capacitaciones:
Si bien los proyectos intentan acortar las distancias existentes entre la comunidad
científica y la comunidad local, así como también de poner en valor el patrimonio
desde un punto de vista integrado y a largo plazo, uno de los problemas identificados
es la dificultad de consensuar con grandes grupos y con adultos rurales, no
escolarizados. Por ello, la decisión de trabajar con los jóvenes se basa en que son
considerados como “agentes sociales” promotores de cambio, siendo un estrato etario
receptivo a las innovaciones que se planteen. Se trabaja con ellos para crear este
centro comunitario, como un espacio polisémico, que adquiera diversas
funcionalidades atendiendo a los intereses locales. Todo esto es tomado en cuenta
con una doble misión: por un lado la de conformar un museo adaptado a dichos
requerimientos y por otro para el cumplimiento de su función educativa desde una
percepción participativa, apelando a una actitud activa (nivel cognoscitivo, intelectual y
emotivo), a una perspectiva explicativa, haciendo énfasis en la preservación del
patrimonio como configurador de la identidad local. Es así que se lo plantea como un
espacio de reflexión, de apropiación y de reconocimiento por parte de la población
local.
Actualmente, la preservación y uso creativo del patrimonio cultural conforman
elementos dentro del desarrollo económico y social de carácter trascendental en el
desarrollo humano sostenible y deben utilizarse para mejorar la calidad de la vida de
las comunidades, particularmente de los grupos desfavorecidos y sensibilizar a los
jóvenes a través de la educación. Se plantean entonces diferentes líneas de
capacitación para sostener esta proyección social (algunos de los cuales ya han sido
llevados a cabo):
1. INVESTIGACIÓN EN HISTORIA ORAL: Rescatar las tradiciones orales y prácticas
comunitarias, de manejo del ganado, el agua, las fiestas, los relatos, etc., que no solo
son de importancia local sino que empiezan a cobrar un sentido más universal en la
medida en que se van perdiendo en otras regiones del mundo por el avance de la
globalización. (ya realizada)
2. ELABORACIÓN DE GUION MUSEOGRAFICO: Desarrollar el proyecto de guión
museográfico de acuerdo a los temas consensuados ya en dialogo con la comunidad
102
con una adecuación al espacio y posibilidades del medio, pero buscando la excelencia
discursiva y técnica.
3. PREPARACIÓN DE MUESTRAS Y EXPOSICIONES: Dar a conocer el patrimonio
de la comunidad de El Bolsón con vistas a valorizarlo, democratizarlo y generar interés
turístico por el lugar.
4. RECURSOS AUDIOVISUALES: Aprender a realizar entrevistas audiovisuales que
relacionen a la comunidad con su historia y paisaje.(ya realizada)
5. INVESTIGACIÓN Y ELABORACIÓN DEL PROYECTO DE CIRCUITOS
EDUCATIVOS: Plantear las bases y guión científico y técnico para los diferentes
centros de interpretación propuestos por las comunidades locales (naturales,
paleontológicas y arqueológicas). (ya realizada)
6. INVESTIGACIÓN Y ELABORACIÓN DEL PROYECTO DE BIBLIOTECA
COMUNITARIA: Presentar un proyecto institucional de Biblioteca Popular como
institución comunal activa en lo educativo para el de fortalecimiento de la juventud.
7. INVESTIGACIÓN Y ELABORACIÓN DEL PROYECTO DE YUYERÍA: Investigar la
oferta de plantas medicinales locales, su producción sin quita y su comercialización,
desde una perspectiva que apunte a recuperar y proteger el patrimonio natural y
cultural, tangible e intangible.
8. COMUNICACIÓN Y DIVULGACION: Elaboración de la cartera de comunicación y
divulgación específica para las exposiciones fija e itinerante iniciales y la Radio
Comunitaria
Consideraciones Finales:
Crear un museo comunitario es generarlo por y desde la comunidad en un espacio
común donde se integren y vinculen intereses colectivos que apelen al fortalecimiento
de la identidad y puedan generar nuevas alternativas para el desarrollo social. A su
vez, los museos como instituciones de educación permanente no formal, contribuyen
con su acción al redescubrimiento y a la comprensión de un pasado natural y cultural,
utilizan valores de identidad para confrontar a la persona con percepciones e
informaciones sobre sí misma, sobre su pasado, su presente: sobre su proyección en
el tiempo y espacio. La función del museo debe centrarse en poner a la población local
en contacto con su propia historia, sus tradiciones y valores. La propuesta busca
responder a inquietudes en torno a la preservación de la memoria y espacios
comunitarios, surgidos de la interacción entre las comunidades científica y local en el
Valle de El Bolsón.
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PROJETO ALÉM DOS MUROS: MUSEALIZAÇÂO E MEMÓRIA COLETIVA
Maria do Socorro Reis Lima‡‡
UFPA/UNIRIO - Brasil
RESUMO
O projeto Além dos muros dos museus UFPA & UNIRIO desenvolve um processo de
sensibilização para a valorização do patrimônio cultural tentando apreender a
compreensão e uso do patrimônio pelas comunidades em estudo. Propondo
educação patrimonial como "um processo permanente e sistemático de trabalho
educacional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de conhecimento e
enriquecimento individual e coletivo" segundo Horta
(2003) . Os processos de
musealização in situ são recentes na Amazônia e alvo de polêmica por não
considerarem a sociedade em seu entorno, uma prática superada na teoria
museológica e que provocou uma renovação na museologia, nos termos de Soares
“As idéias advindas da prática da Ecomuseologia no mundo permitiram uma
verdadeira transformação nas ações com o patrimônio mundial. Considerando os
contextos locais, nasce uma nova ética que conjuga as pessoas e o meio de forma
holista, enxergando a construção patrimonial num âmbito relacional” (Soares,
2008:90). Nosso estudo objetiva os processos de musealização considerando sua
inserção e participação social das comunidades foco das áreas de estudo. Atuamos e
atuaremos nas escolas das comunidades, e nos movimentos sociais que atuam nesta
e demais moradores. A capacitação para geração de renda e uso do patrimônio como
recurso para sua auto-sustentabilidadade são construídos de forma dialógica com a
comunidade. Atuamos num museu de território e na área e experiências com
potencial de musealização (Scheiner, 2011).O aporte teórico-metodológico da
museologia e antropologia serão empregados para o desenvolvimento dos estudos,
configurando uma perspectiva interdisciplinar imprescindível na abordagem de
processos de musealização contemporâneos.
Empregaremos a metodologia
qualitativa com trabalho de campo realizando observação participante, entrevistas,
registros visuais, história oral. Os resultados alcançados contribuem para a autoestima das comunidades envolvidas e assim para valorização de sua identidade
cultural. Os dados retornam a comunidade na forma de comunicações orais, folders,
vídeo documentários, exposições museográficas, oficinas de memória e patrimônio,
‡‡
Profª Msc. Da Universidade Federal do Pará com mestrado em Antropologia Social pela Universidade
de São Paulo, estudando coleções etnográficas nos Museus Goeldi e Museu de Arqueologia e Etnologia
da USP e atualmente doutoranda em Museologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.
104
oficinas de capacitação e relatórios escritos. Além da formação teórico-prática dos
discentes de museologia e artes visuais.
Palavras-chave: Educação Patrimonial, memória coletiva, patrimônio cultural,
inventário participativo.
ABSTRACT
Beyond the walls: Museum and collective memory
Maria do Socorro Reis Lima - UFPA/UNIRIO
The project Beyond the walls of museums UFPAUNIRIO develops a process to raise
awareness of the valorisation of cultural heritage trying to grasp the understanding and
use of the asset by the communities under study. Thus proposing the heritage
education as a continuous and systematic process of educational work centered on
Cultural heritage as a primary source of knowledge and individual and collective
enrichment according to Horta (2003). The musealisation processes in situ are recent
in the Amazon and target of controversy by not considering the surrounding society, a
museum theory and practice overcome that caused a renovation in museology, under
Soares "the ideas stemming from the practice of Ecomuseologia in the world has a real
transformation in the actions with the world heritage. Considering the local conditions,
rises a new ethics that unites people and middle terms form, seeing the construction
sheet in a relational context "(Soares, 2008: 90). Our study aims at the Museum
considering its social integration and participation of communities focus of study areas.
We work and we in schools, communities and social movements who operate this and
other residents. The training for income generation and use of resource to its heritage
as auto-sustentabilidadade are so constructed Dialogic dynamics with the community.
We operate a Museum of territory and on and experiences with potential for
musealisation (Scheiner, 2011).The theoretical contribution of methodological and
Museology will be employed for development anthropology studies, configuring an
interdisciplinary perspective is essential in addressing contemporary musealisation
processes. We employ qualitative methodology with fieldwork conducted participant
observation, interviews, Visual records, oral history. The results contribute to the selfesteem of the communities involved and thus for recovery of their cultural identity. Data
return the community in the form of oral presentations, folders, video documentaries,
exhibitions, museográficas and memory workshops, heritage workshops and written
reports. In addition to theoretical training-practice learners of museology and the Visual
Arts.
Keywords: heritage education, collective memory, cultural heritage, participatory
inventory.
RESUMEN
Más allá de los muros del : Museo y memoria colectiva
Maria do Socorro Reis Lima UFPA/UNIRIO
El proyecto más allá de las paredes de los museos y UNIRIO UFPA se desarrolla un
proceso de mejora de la conciencia del patrimonio cultural tratando de captar la
comprensión y el uso de los activos de las comunidades en estudio. Así, propone una
educación sobre el patrimonio como "un trabajo educativo permanente y sistemático
105
centrado en el patrimonio cultural como fuente principal de enriquecimiento del
conocimiento individual y colectivo", según Horta (2003). Los procesos de
musealización in situ en la Amazonia y están sujetos reciente controversia por no
considerar la sociedad que les rodea, una práctica superada en la teoría museológica
y provocó una renovación en la museología, según Smith, "Las ideas de la práctica de
la ecomuseología mundial llevó a un cambio real en las acciones con el patrimonio de
la humanidad.Teniendo en cuenta el contexto local, surge una nueva ética que
combina personas y el enfoque holístico es así, ver la equidad de la construcción en
un contexto relacional " (Smith, 2008:90). Nuestro estudio tiene como objetivo la
musealización procesos teniendo en cuenta su integración y participación social de la
atención de la comunidad de las áreas de estudio. Hemos actuado y actuará en las
comunidades escolares y movimientos sociales que trabajan en este y otros
residentes. La capacitación para la generación de ingresos y uso del patrimonio como
recurso para la auto-sustentabilidadade se construyen diálogo con la
comunidad. Operamos en un museo y el área de territorio y las experiencias con la
musealización potencial (Scheiner, 2011). La museología teórica y metodológica y la
antropología se utilizará para el desarrollo de estudios, el establecimiento de un
enfoque interdisciplinario a los procesos contemporáneos esenciales musealización.
Emplear una metodología cualitativa, con el trabajo de campo la realización de la
observación participante, entrevistas, registros visuales, la historia oral. Los resultados
contribuyen a la autoestima de las comunidades involucradas y por lo tanto a la mejora
de su identidad cultural. Dos datos vuelven a la comunidad en forma de
presentaciones orales, folletos, videos documentales, talleres exposiciones
museográficas, la memoria y el patrimonio, talleres de capacitación y informes por
escrito.Además de la formación teórica y práctica de los estudiantes de la museología
y artes visuales.
Palabras clave: educación sobre el patrimonio, la memoria colectiva, el patrimonio
cultural, el inventario participativo.
Além dos muros: musealização participativa
Os processos de musealização in situ são recentes na Amazônia e alvo de polêmica
por não considerarem a sociedade em seu entorno, uma prática superada na teoria
museológica e que provocou uma renovação na museologia. As idéias advindas da
prática da Ecomuseologia no mundo permitiram uma verdadeira transformação nas
relações e consequentemente nas ações com o patrimônio mundial. Considerando os
contextos locais, nasce uma nova ética que conjuga as pessoas e o meio de forma
holista, enxergando a construção patrimonial num âmbito relacional (Soares, 2008:90).
O estudo foca-se em áreas e experiências com potencial de musealização,
ressaltando, sobretudo sua inserção social, conforme categoria de análise
desenvolvida de prática museológica e patrimonial (Scheiner, 2011). As atividades
serão realizadas com as escolas das comunidades em estudo e dos movimentos
sociais que atuam nesta e demais moradores com ações para o desenvolvimento da
educação patrimonial. Inicialmente a sensibilização na valorização do patrimônio
cultural é fundamental nos processos de musealização considerando o inventário
participativo na sua inserção social. O aporte teórico-metodológico da museologia e
antropologia são empregados para o desenvolvimento dos estudos, configurando uma
perspectiva interdisciplinar imprescindível na abordagem de processos de
musealização e patrimonialização contemporâneos.
106
Os museus paulatinamente distancia-se do seu público o que é constatado pela
discussão no Seminário regional da UNESCO no Rio em 1958 sobre a função
educativa dos museus uma tentativa de redemocratização dos museus. O mesmo
encontro, retoma o estudo da finalidade e organização dos museus no intuito de
atender diferentes públicos adequando o discurso expositivo a comunicação nos
museus.
Maria Célia Santos acentua isso com base numa extensa revisão
bibliográfica sobre a política cultural e preservacionista brasileira como tendo
abandonado “toda a produção cultural de âmbito antropológico e social e a
participação efetiva das comunidades na tentativa conjunta de preservar todos os
signos culturais”. (Santos, 1996: 13)
Do patrimônio tangível ao intangível: a noção de patrimônio como fato social
total
A noção de patrimônio§§ é retomada no contexto francês de constituição do Estado
Moderno escolhendo o que seria preservado para representar a nação francesa
(Choay, 2001). Contudo, a categoria patrimônio pensada em termos etnográficos
enquanto “fatos sociais totais” noção que remete a Mauss (2003), como fenômeno de
caráter social e cultural. Pensar assim a noção de patrimônio como fato social total é
uma tentativa de buscar desnaturalizar e tornar menos onipotente os discursos e
políticas de patrimônio cultural, segundo Gonçalves (2005). Nesse sentido, a noção de
patrimônio poderia ser usada em termos comparativos considerando as categorias de
ressonância, materialidade e subjetividade presentes nesta noção. Ressaltando seu
caráter múltiplo em suas dimensões sociais e simbólicas. No caso da ressonância o
autor refere-se a Greenblatt (1991) ao acentuar o poder de um objeto em atingir um
universo mais amplo, de evocar no expectador as forças culturais complexas e
dinâmicas das quais ele emergiu e na quais ele é, para o expectador representante.
As categorias sensíveis (cheiro, paladar, tato, audição) mesmo eliminadas no
processo de construção da memória e história para assim representarem memórias e
identidades, se apresentam autonomamente à nossa revelia. A materialidade do
patrimônio está presente nas relações sociais ou simbólicas, categoria ambígua que
transita entre o material e o imaterial, reunindo em si as duas dimensões o tangível e o
intangível.
Cotijuba e Denpasa: Amazônia entre o tradicional e o moderno
Realizamos o registro da memória social, além de ações de educação patrimonial
retornando os dados a comunidade operária vinculada a um projeto
desenvolvimentista da agro-indústria da dendeicultura, surgida no âmbito da SUDAM
em 1965, depois licitado para DENPAL e comprada pela DENPASA situada na grande
Belém em Santa Bárbara. A empresa DENPASA administrava não só o trabalho, como
o lazer, a educação, a saúde dos operários. No entanto tratando-se de monocultura
provoca a vulnerabilidade a pragas como o Amarelecimento Fatal que dizimou 1.500
hectares da plantação com isso os operários ficaram órfãos da empresa que
administrava diversos setores de sua vida cotidiana como saúde, educação e trabalho.
Buscam algo que substitua o papel da empresa no passado. O registro da memória
suscitou a reflexão destes sobre o presente em que vivem (Relatório Proex/UFPA
2010, 2011 projeto Além dos Muros e relatório dos bolsistas).
O estudo comparativo de uma área de agroindústria, a dendeicultura conhecida como
Denpasa com outra comunidade com avanços na área ambiental como é o caso da
107
ilha de Cotijuba*** visa contribuir tanto para consolidar o Ecomuseu da Amazônia
instalado em 2007, quanto para mostrar a força da organização civil para a
comunidade da Denpasa e trocar experiências com os avanços das comunidades de
Cotijuba. O Ecomuseu da Amazônia pretende ser um laboratório para outros museus
de território (Varine, 2010). O que corrobora a Carta de Belém (2007) cujo direito à
diferença, à singularidade, à pluralidade, à autodeterminação. Os habitantes de uma
comunidade herdeiros e defensores da cultura,compreendidas como bem comum que
integram as comunidades ao seu patrimônio e ao seu território, são legítimos
detentores e proprietários desses bens. Desta forma, em comum nestas comunidades
a questão da especulação imobiliária, desmatamento, poluição ambiental. Os hábitos
e costumes tradicionais aos poucos vão sendo substituídos pela demanda do mercado
no caso de Cotijuba a agricultura e a pesca dão lugar a atividades de diaristas,
comércio para atender os novos moradores da cidade. Os trabalhadores da
dendeicultura deixaram a dendeicultura também para trabalhar em outras atividades,
poucos continuaram no ramo. A propriedade não é uma categoria ecológica, mas uma
relação culturalmente criada que ocasiona não somente conexões entre pessoas e
coisas mas além disso conexões sociais entre as pessoas. O que nos leva a Marx,
para quem a propriedade e a divisão social do trabalho são expressões idênticas
(Wolf, 2003).
Ecomuseu na visão de Priosti (2000) constitui uma ação ou um conjunto de ações e
um processo museológico promovido por uma comunidade num espaço vivido que
assume a preservação consciente e responsável do patrimônio natural e cultural, ou
seja, um instrumento usado pela comunidade criado para o seu desenvolvimento
sustentável. No contexto da reformulação do papel social dos museus a partir da
renovação na museologia se deu a implantação do Ecomuseu da Amazônia no Distrito
de Icoaraci (Belém, Pará), durante um Seminário promovido pela Prefeitura Municipal
de Belém, através da Secretaria Municipal de Educação (SEMEC), realizado no
período de 08 a 10 de junho de 2007 (Oliveira, 2009). As atividades do ecomuseu da
Amazônia tem sido direcionadas para fomentar o desenvolvimento sustentável a partir
do conhecimento tradicional das comunidades intercambiando com outras Novas
tecnologias que respeitem o conhecimento tradicional e o meio ambiente são
sugeridas para as comunidades assistidas pelo ecomuseu ao mesmo tempo em que
atividades de educação patrimonial são desenvolvidas até o momento de atuação do
ecomuseu como o IV Encontro de Ecomuseus e museus comunitários com o tema da
Capacitação de Atores Locais.
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***
Cotijuba é uma das ilhas do município de Belém contemplada pelas ações do Ecomuseu da Amazônia,
a 18 milhas deste está rodeada de 20 Km de praias. Essa proximidade com a capital favorece a
especulação imobiliária, poluição ambiental tanto pelo turismo desordenado, a falta de esgoto sanitário e
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EL ECOMUSEO COMO COMUNIDAD EDUCADORA: UNA ALTERNANTIVA DE
DESARROLLO SUSTENTABLE PARA EL PATRIMONIO NATURAL Y CULTURAL
DE MEXICO CON BASE EN LA EDUCACIÓN-ACCIÓN
*
Raúl Méndez Lugo , Centro INAH, MEXICO
RESÙMEN
El concepto de “Ecomuseo como Comunidad Educadora” constituye una nueva
experiencia de la nueva museología mexicana, que tiene como fundamento la relación
tricategorial de Territorio-Patrimonio-Comunidad. Actualmente se está instrumentando
en la ciudad de Ixtlán del Río, en el estado de Nayarit, México, rescatando la
experiencia de 30 años del movimiento de creación y operación de museos
comunitarios en la república mexicana.
El Ecomuseo como Comunidad Educadora surge a partir de un diagnóstico nacional
elaborado a solicitud de la oficina de la UNESCO en México, donde se hace un
análisis detallado de las fortalezas y debilidades, así como de la tipología de los
museos comunitarios existentes en las principales regiones de México. En este
diagnóstico nacional se destaca como conclusión principal, que la mayoría de los
museos comunitarios mexicanos reproducen en mayor o menor medida las
características esenciales de la museología tradicional, cuyo “modus operandi” se
sustenta en la relación Edificio-Colección-Público.
Ante esta situación, algunos militantes de la nueva museología en Nayarit, coincidimos
en la necesidad de elaborar una nueva propuesta teórico-metodológica para fortalecer
y consolidar la vigencia de la museología social comunitaria en nuestra región. Para
ello, fue importante reconocer con un verdadero espíritu autocrítico que la nueva
museología mexicana había tomado distintas direcciones, las cuales iban desde la
conformación de un museo comunitario de corte “institucional”, con fuerte presencia de
las instancias gubernamentales en detrimento de la participación comunitaria, hasta os
museos comunitarios sustentados en la participación comunitaria pero padeciendo la
marginación de apoyo de las políticas gubernamentales.
En consecuencia, El Ecomuseo como Comunidad Educadora o Museo Comunitario
Territorial, se propone fundamentalmente ser una alternativa que garantice la
organización y participación comunitaria, es decir, consolidar el proceso de
autogestión social en la investigación, conservación, valoración, difusión y puesta en
valor del patrimonio natural y cultural de las comunidades, al mismo tiempo tener la
convicción que es necesario aprovechar al máximo los apoyos existentes en materia
*
Raúl Andrés Méndez Lugo - Centro INAH Nayarit, México, [email protected],
www.minommex.galeon.com. Proyecto Especial Ixtlán del Rio Jala – TEPIC – San Blas-Santiago Ixcuintla
– Acaponeta – Nayarit , México - 2011-2017
110
de política cultural a nivel federal, estatal y municipal, de esta forma, trabajar en
mejores condiciones y lograr con mayor éxito los objetivos de la museología social que
hemos decidido impulsar y promover en la región, con la perspectiva de contribuir con
nuestra experiencia en el resurgimiento de la nueva museología nacional e
internacional.
ABSTRACT
THE ECOMUSEUM AS A COMMUNITY EDUCATOR- A SUSTAINABLE
DEVELOPMENT ALTERNANTIVA FOR THE HERITAGE OF MEXICO BASED IN
EDUCATION-ACTION*
The concept of “Ecomuseum as a Community Educator” is a new experience of the
new mexican museology, which has as its foundation the relationship tricategorial of
Land-Heritage-Community. Currently being implemented in the town of Ixtlan del Rio in
the state of Nayarit, Mexico, capturing the experience of 30 years of the movement of
creation and operation of community museums in the Mexican Republic.
The Ecomuseum as a Community Educator arises from a national study prepared at
the request of the UNESCO office in Mexico, where a detailed analysis of the strengths
and weaknesses as well as the type of existing community museums in the major
regions Mexico. In this national study stands out as a main conclusion, that most
Mexican community museums play a greater or lesser extent the essential features of
the traditional museum, whose "modus operandi" is based on the relation BuildingCollection-Public.
In this situation, some members of the new museology in Nayarit, agreed on the need
to develop a new theoretical-methodological proposal to strengthen and consolidate
the social life of the museum community in our region. This was important to
acknowledge a true self-criticism that the New Mexican museology had taken different
directions, which ranged from the creation of a community museum cutting
"institutional", with strong presence of government agencies to the detriment of
community participation to community museums supported by community participation
but
suffer
marginalization
of
support
from
government
policies.
Consequently, as a Community Educator The Ecomuseum or Territorial Community
Museum, aims primarily be an alternative to ensure the organization and community
participation, ie to strengthen the process of social self-management in research,
conservation, evaluation, dissemination and appreciation of natural and cultural
heritage of communities, while having the conviction that it is necessary to maximize
existing support in cultural policy at the federal, state and municipal levels, thus work
better and achieve more successful social objectives of the museum we decided to
develop and promote in the region, with a view to contributing our experience in the
resurgence of the new museum and abroad.
EL ECOMUSEO COMO COMUNIDAD EDUCADORA: UNA ALTERNANTIVA DE
DESARROLLO SUSTENTABLE PARA EL PATRIMONIO NATURAL Y CULTURAL
DE MEXICO CON BASE EN LA EDUCACIÓN-ACCIÓN
I. INTRODUCCIÓN
México es una nación pluricultural, multiétnica y plurilingüe, su patrimonio
arqueológico, histórico, artístico y etnológico constituye un elemento fundamental de
*
Special Project Ixtlan del Rio – Tepic- San Blas- Santiago Ixcuintla-Acaponeta – 2011-2017 – Nayarit México
111
su identidad, sin embargo, las acciones que desarrolla el Gobierno de la República
para su investigación, conservación y difusión son importantes pero insuficientes, lo
cual ha generado una legítima preocupación cada vez mayor de los gobiernos de los
estados y de los municipios en asumir su responsabilidad en proteger, conservar y
dignificar el extenso y rico patrimonio cultural que poseen.
México también se ha distinguido a nivel internacional, por ser un país que ha
respondido oportunamente a los acuerdos y disposiciones que en materia de
investigación y conservación del patrimonio natural y cultural se han logrado suscribir
en diversas reuniones convocadas por los organismos rectores que existen a nivel
mundial, como la ONU y la UNESCO, ejemplos importantes sobre lo anterior han sido
las reuniones de Atenas en 1931, de Venecia en 1964, Roma en 1968, Estocolmo y
París en 1972 y de México en 1976. *
Hoy más que nunca, el patrimonio natural y cultural de México debe protegerse y
conservarse ante los procesos de globalización económica y cultural que, día con día,
se profundizan más y ocupan un lugar importante e insoslayable en la agenda para el
desarrollo de las naciones. Investigar, conservar y difundir el patrimonio natural y
cultural de México es y debe seguir siendo un asunto de interés público y nacional, el
papel rector de Estado es básico y no se discute, considerando que las nuevas
estrategias que instrumenta para su desarrollo deben contemplar la participación
activa y comprometida de los gobiernos de los estados y los municipios, de la iniciativa
privada local y nacional, de las instituciones de educación superior y, por supuesto, de
la sociedad civil en sus diversas formas de organización tradicional y/o legalmente
constituidas.
Participar todos en esta estratégica y noble tarea de proteger y dignificar el patrimonio
natural y cultural, no ha sido una tarea fácil, ya que los recursos económicos con que
se cuenta para ello no han sido suficientes, en el contexto de un país que tiene como
prioridad atender el rezago histórico que padece en materia de bienestar social. Sin
embargo, lo anterior no debe constituir un pretexto para detener la construcción del
camino abierto que durante años el gobierno y sus instituciones han desarrollado en
este ámbito de la política cultural.
Con base en lo anterior, se propone un concepto teórico-metodológico y de ejecución
práctica que puede coadyuvar directamente en el desarrollo sustentable en la
investigación, conservación, restauración y difusión del patrimonio cultural de México.
En este caso, cuando se habla de desarrollo sustentable, debe entenderse, en primer
lugar, como un proceso que reúne un conjunto de acciones que garantizan que las
ideas se concreticen en hechos consumados; en segundo lugar, que se establezca
una relación armónica entre las tareas de conservación del patrimonio cultural, la
protección del medio ambiente y el desarrollo económico-social de la población
objetivo poseedora de dicho patrimonio y, en tercer lugar, tomando en cuenta los
resultados exitosos obtenidos en diversos países, principalmente europeos, de la
relación fructífera que ha tenido la actividad educativa y turística con el patrimonio
natural y cultural, el desarrollo sustentable también debe entenderse como sinónimo
de autosuficiencia, en este caso, se tiene la convicción de que la relación patrimonioeducación-turismo constituye una acción autofinanciable.
Conservar por conservar no tiene sentido, es por ello que las tendencias actuales que
promueven la dignificación del patrimonio natural y cultural, proponen que toda acción
de toma de conciencia debe llevar implícita una acción de sustentabilidad, sin ello la
investigación, conservación y difusión del patrimonio sería una tarea infructuosa, una
inversión que nadie conscientemente está dispuesto a realizar.
El concepto teórico-metodológico y de ejecución práctica que se propone se conoce
con los nombres de Ecomuseo, Museo Territorio o Museo Comunitario Territorial, que
112
a fin de cuentas es lo mismo en su objetivo fundamental. Este concepto nace y se
profundiza en el ámbito del quehacer museológico internacional, siendo los
museólogos Georges Henri Riviére y Hugues de Varine dos importantes fundadores
de la ecomuseología a nivel mundial. En México, desde los años setentas, los
museógrafos Mario Vázquez e Iker Larrauri inician proyectos experimentales de
museología social, surgiendo a partir de ello un gran movimiento que configura el
ahora conocido MUSEO COMUNITARIO TERRITORIAL en todo nuestro país. Se
puede afirmar de manera simbólica que, Francia aportó la dimensión espacial y
México la dimensión social que nutre la praxis actual del movimiento de la nueva
museología que representan los Ecomuseos y Museos Comunitarios.
II. TEORÍA Y MÉTODO DEL ECOMUSEO O MUSEO COMUNITARIO TERRITORIAL
El Ecomuseo o Museo Comunitario Territorial como una comunidad educadora para la
acción, está constituido por tres esferas íntimamente relacionadas que forman una
intersección básica, de donde se deriva toda la concepción teórica y metodológica. Las
tres esferas son: 1. El Territorio. 2. El Patrimonio Natural y Cultural y, 3. La Comunidad
Organizada.
El Museo Comunitario Territorial o Ecomuseo va entender a la CULTURA como el
conjunto de formas singulares que presentan los fenómenos económicos, políticos y
sociales, tangibles e intangibles, de un grupo social, pueblo, comunidad, región o
nación en un tiempo y espacio determinado. Se puede afirmar que el patrimonio
constituye la herencia, el legado que una generación proporciona a las siguientes, ese
conjunto de creencias, costumbres, formas de pensar, idioma, edificios,
manifestaciones artísticas, tecnologías, conocimientos científicos, productos
artesanales e industriales y, en general, los modos de vida que se derivan de la
relación dialéctica existente entre la base económica y las formas de pensar
(ideologías) de un pueblo históricamente determinado.
Con los planteamientos más o menos recientes en torno a la educación y su relación
con el patrimonio natural y cultural de los pueblos, la UNESCO ha generado un nuevo
concepto conocido como “Ciudad Educadora” (*), el cual ha sido adoptado e integrado
inmediatamente en el contexto del marco teórico de la museología social que hemos
venido desarrollando desde hace veinte años en el estado de Nayarit, sin embargo,
por cuestiones estrictamente metodológicas preferimos llamarle “Comunidad
Educadora”, lo cual implicó algunos cambios conceptuales mínimos pero necesarios
para llevarlo a la práctica en cualquier asentamiento humano sea o no con las
características de una ciudad, de esta manera nos serviría para trabajarlo en
pequeñas y medianas poblaciones como son las comunidades indígenas, los ejidos,
pueblos, villas y ciudades del estado de Nayarit y, por supuesto, en cualquier parte de
México y del mundo.
Con esta concepción del ecomuseo como “comunidad educadora”, también se ha
considerado importante buscar un punto de partida para iniciar el proceso promocional
que nos debe llevar a la creación de un museo comunitario territorial, identificando a la
escuela o escuelas de educación básica existentes en la comunidad-objetivo, de esta
forma estaríamos fortaleciendo simultáneamente el ordenamiento constitucional de
que la educación que imparta el estado mexicano debe ser una “educación integral”,
cuestión que sólo se puede lograr uniendo los preceptos de la educación formal con la
educación no formal, es decir, en este caso, lo que aporta la escuela más lo que
aportaría el ecomuseo o museo comunitario territorial.
En consecuencia, podríamos decir que el proceso de creación del ecomuseo o museo
comunitario territorial iniciaría con la organización de un primer grupo de trabajo
constituido por alumnos, maestros y padres de familia de las escuelas de educación
básica (preescolar. primaria y secundaria), de ahí estaría partiendo la ampliación
113
paulatina pero progresiva del radio de influencia y acción del proceso promocional
para la organización comunitaria en torno a la creación del ecomuseo, como un recinto
educativo y cultural cuyo propósito central es contribuir en los procesos de enseñanzaaprendizaje sobre los contenidos que inciden en el fortalecimiento de la identidad
histórico-cultural de los pueblos o de una región determinada, dicho proceso de
enseñanza-aprendizaje como parte de un contexto mayor cuya columna vertebral sea
la promoción, organización y concientización comunitaria, tendríamos como resultado
un conjunto de acciones orientadas al mejoramiento de la calidad de vida de la
población en general, entendiendo a la educación como un ejercicio de reflexión
colectiva sobre el pasado, presente y futuro de la comunidad.
III. APUNTES METODOLÓGICOS PARA LA CREACIÓN DE UN ECOMUSEO
COMO COMUNIDAD EDUCADORA
La creación del ecomuseo tiene como columna vertebral un concepto que, sin duda,
es el más importante y de él dependerá el éxito de nuestro trabajo en la comunidad,
me refiero al concepto de Promoción Social.
¿ Pero que debemos entender por Promoción Social ? Por promoción social debemos
entender el proceso de sensibilización y organización comunitaria que permite detectar
a las personas, familias y grupos clave que conformarán el grupo, comité o junta
vecinal que impulsará la creación del ecomuseo, así como establecer las estrategias
de organización para la planeación y ejecución de todas y cada una de las actividades
que hacen posible la creación y funcionamiento del mismo, es decir, la promoción
social es el proceso teórico y metodológico que investiga, valora, organiza, planea e
impulsa las actividades necesarias para imaginar y hacer realidad la existencia del
ecomuseo.
El Encuentro de Ecomuseos, celebrado en Biella (Italia) en octubre de 2003, país que
se ha destacado por el impulso de este tipo de espacios museísticos, logró
exitosamente que se analizara ampliamente la situación y las perspectivas de los
ecomuseos italianos, como una forma alternativa de investigar, conservar, valorar,
dignificar y difundir el patrimonio natural y cultural de los pueblos y regiones, llegando
a las conclusiones siguientes:
 El ecomuseo es “una realidad que nace y crece por deseo de la comunidad”. Lo cual
implica la no imposición por parte de agentes externos, que solo deben prestar apoyo
profesional para organizarlo.
 La participación de la población que habita el territorio donde se desarrolla el
ecomuseo es fundamental para la toma cotidiana de decisiones que eviten situaciones
conflictivas.
 Un territorio determinado, convertido en ecomuseo, debe prever una actividad de
investigación (en su dimensión cultural, ambiental y económica) para mantener el
control sobre la evolución del mismo.
 Los ecomuseos no solo deben resaltar la cultura material, sino que tienen que jugar
un rol destacado tanto el aspecto etnográfico como el antropológico.
 Los ecomuseos no solo rescatan la memoria, sino que por su relación con el
territorio, se constituyen en un vínculo entre pasado, presente y futuro, intentando ser
una especie de barrera contra el avance de la globalización.
 Los proyectos de ecomuseos implican la puesta en marcha de un proceso
participativo de aprendizaje.
 Por otra parte, los ecomuseos deben evitar la “mercantilización” del patrimonio,
programando el desarrollo económico sustentable del territorio, identificando nuevas
profesiones y propuestas turísticas (educativas), siempre teniendo como eje central la
calidad de vida de la población.
114
A hora bien, si estamos de acuerdo que el ecomuseo es un instrumento de educación
para la acción, además de ser un espacio cultural que se construye con la
participación comunitaria, es decir, desde abajo, entonces debemos entender que para
lograrlo va ser necesario conocer y aplicar los conceptos teórico-metodológicos que se
definen a continuación:
1. Investigación Participativa, que no es otra cosa que una metodología específica
que permite que la comunidad misma investigue los temas y problemas que considera
importante rescatar, discutir y exponer como función primordial del ecomuseo, para
ello se utilizarán todas las fuentes de información que tenga a su alcance, como son
las de tipo biblográficas, hemerográficas, de archivos públicos y particulares,
fotográficas y, sobre todo, las de tradición oral, siendo esta última, la más utilizada en
la museología social, pues la memoria de los abuelos y nuestros padres, es
fundamental para reconstruir el pasado reciente, así como conocer diversas opiniones
sobre problemáticas del presente, sin descartar que toda la población, ya sean niños,
jóvenes, adultos y ancianos, somos capaces de imaginar y dar nuestro punto de vista
sobre el futuro que queremos, con esto queremos decir, que el ecomuseo debe
contemplar como sus contenidos, tanto el pasado como el presente y futuro de la
comunidad.
2. Cultura Popular o Subalterna, que a diferencia de la cultura de los sectores
sociales dominantes y de la cultura de masas que crean y difunden los medios
masivos de comunicación, la cultura popular se define como el conjunto de testimonios
o manifestaciones singulares, tanto materiales como espirituales, que caracteriza a los
individuos y grupos sociales del campo y la ciudad, como es el caso de indígenas,
campesinos, artesanos, pescadores, colonos, obreros, entre otros. Por eso dicen
algunos autores, que la cultura popular o subalterna es la cultura de los de abajo, de
los sectores sociales mayoritarios en una formación económica-social cuya naturaleza
genera desigualdad, pobreza y marginación, dicho en otras palabras, la cultura popular
es la cultura del pueblo.
3. Formación Regional, este concepto nos servirá para ubicar y entender hasta
donde somos una comunidad, tomando en consideración aspectos como territorio,
idioma, cultura e historia común, pero sobre todo, por el tipo de relaciones sociales,
económicas y políticas que se establecen en un tiempo y espacio determinado.
4. Educación Popular, concepto que se puede definir como el proceso de enseñanzaaprendizaje que promueve y genera el pueblo de manera informal, proceso que tiene
como finalidad rescatar, valorar, conocer, preservar y difundir su propia forma de
concebir el mundo, y en su caso, transformarlo. En ese sentido, afirmamos que el
ecomuseo es un poderoso instrumento de educación popular para que con base en la
cultura incida o coadyuve en mejorar las condiciones de vida de la población y su
desarrollo.
5.Comunitaria, es una disciplina de las ciencias sociales y de la educación cuya
misión es diseñar y producir un ecomuseo o museo territorial con base en los recursos
materiales, financieros y humanos con que cuenta la comunidad, pero sobre todo, el
uso de su creatividad colectiva y el aprovechamiento de los recursos naturales y
culturales que posee.
Tomando en consideración lo que hemos expuesto sobre la concepción teórica del
ecomuseo. el museólogo Pierre Mayrand, después de muchos años de trabajar la
museología social en Quebec, Canadá y fungir como unos de los ideólogos más
importantes del Movimiento Internacional para una Nueva Museología -MINOM-,
115
organismo afiliado al Consejo Internacional de Museos de la UNESCO, establece con
una claridad sorprendente, lo siguiente:
El ecomuseo, lo que no es:
-
no es el estado de la comunidad en un instante dado;
no es reconstruir de manera estática el pasado;
no es un museo etnológico o etnográfico;
no es una decisión impuesta a una comunidad;
no es un simple recurso turístico;
no es tampoco un jardín zoológico de seres humanos;
no pertenece al campo de la museología convencional;
no es el resultado de una moda.
El ecomuseo, lo que puede ser:
- se construye con la población;
- se construye a partir de un territorio de pertenencia;
- se construye a partir de un patrimonio vivo;
- incluye los nuevos legados al patrimonio de pertenencia;
- integra sus contribuciones culturales a la cultura de origen;
- su presencia, cuando avanza un determinado tiempo, es inmediatamente perceptible
por las energías que emanan;
- encomienda el respeto por parte del visitante, provocando un sentimiento de afecto
para el otro;
- es una puerta grande abierta en lo que se refiere al imaginario colectivo que solo
pide revelarse;
- sus funciones de conservación y reconstrucción de la memoria son fuertemente
impulsadas por la creación;
- El ecomuseo como la seta, se reconoce según sus características;
- El ecomuseo venenoso: es un patrimonio puesto debajo de una campana de vidrio.
Líneas de trabajo:
1. Documentar los principales hechos o sucesos históricos de cada municipio o
territorio a considerar, desde la época prehispánica hasta nuestros días, generando
una cronología básica, breve pero sustanciosa sobre dichos acontecimientos
históricos, al mismo tiempo que ello derive en la elaboración de un texto sobre las
principales efemérides de los respectivos lugares a trabajar.
2. Identificar y documentar lo mejor posible sobre las principales edificaciones
existentes en dichos territorios, las cuales tengan una relación directa con los hechos y
sucesos históricos antes mencionados.
3. Identificar y documentar la vida y obra de los principales personajes de la historia
local y regional, especialmente aquellos que nacieron y que hayan destacado con sus
acciones y obras a nivel municipal. Es muy importante contemplar aquí a los
personajes que en la actualidad desempeñan una actividad significativa en el ámbito
económico, social, político, cultural y artístico.
4. Identificar y documentar las principales manifestaciones de tipo cultural y artísticas
en el territorio propuesto para el ecomuseo, tanto las ya desaparecidas como las hoy
vigentes, como pueden ser las fiestas tradicionales, costumbres y creencias,
anécdotas y leyendas, oficios, profesiones, talleres artesanales, actividades
productivas mayores, fenómenos o catástrofes naturales, creaciones o presencias
artísticas de cualquier tipo, gastronomía local, establecimientos comerciales, inventos
populares, lugares de reunión formales e informales, acontecimientos que se dieron
116
por primera vez en la localidad (como puede ser la introducción eléctrica, la primera
clínica de salud, la primera escuela, el primer automóvil, la primera televisión, el primer
maestro y médico, el primer teléfono, el primer molino, etc.), ubicación de caminos
reales o antiguos, etc.
5. Identificar y proponer los lugares donde deberá instalarse una placa o palmeta
informativa con respecto a los hechos y sucesos históricos más importantes,
edificaciones antiguas y contemporáneas, fiestas y tradiciones, talleres artesanales,
oficios, monumentos, anécdotas curiosas pero que ilustran un suceso interesante o
simbólico, lugares de nacimientos y fallecimientos de personajes ilustres o
significativos de la comunidad, nombres antiguos de las calles y establecimientos de
cualquier tipo.
6. Identificar y proponer los lugares donde se pueden instalar o fabricar pinturas
murales al fresco o en bastidores en la vía pública o en interiores de edificios públicos,
así como también crónicas, poemas o cualquier texto literario. cuya temática sea sobre
la historia, manifestaciones culturales o cualquier tema que sea significativo para la
comunidad.
7. Identificar y documentar escenarios o paisajes naturales, así como la flora y fauna
de la localidad, ya sea originaria o típica de la región o en su caso, proveniente de
otras regiones del estado, del país o del extranjero, como es el caso de las aves
migratorias, cultivos exóticos, granjas o criaderos de animales, etc.
8. Identificar y proponer proyectos complementarios en torno al mejoramiento de la
imagen urbana, para enfrentar y erradicar problemas sociales, cursos y talleres de
formación artística individual y grupal, de oficios y actividades diversas que se
consideren necesarios para un mejor funcionamiento integral del Museo Comunitario
Territorial o Ecomuseo.
9. Identificar y proponer los elementos que le darán identidad propia (imagen
corporativa o institucional) al proyecto del Ecomuseo, imagen que se incorporará a la
señalética de orientación vial, placas, palmetas y porta cedularios que documentarán
el patrimonio natural y cultural de la localidad, así como a todas las publicaciones y
documentos relativos al proyecto en su conjunto.
10. Identificar y proponer los puntos de entrada y salida del Ecomuseo o Museo
Comunitario Territorial, así como los puntos de inicio y término de las rutas internas del
mismo, con el objeto de proponer los elementos que contribuyan a identificar la
existencia de dichas rutas, así como sustentar la explicación didáctica de los acervos
patrimoniales que expondrá el Ecomuseo de la localidad a través de cada una de sus
rutas propuestas.
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ECOMUSEU DA AMAZÔNIA: A PRÁTICA DA PARTILHA DO PATRIMÔNIO
*
Maria Terezinha Resende Martins
Ecomuseu da Amazônia - Belém - PA – BRASIL
Fundação Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira
*
Maria Terezinha Resende Martins - Coordenadora do Ecomuseu da Amazônia e Coordenadoria de
Desenvolvimento Comunitário - Fundação Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira; membro da Diretoria
da ABREMC-2010/2012 (Diretora de Comunicação e Divulgação), [email protected];
[email protected].
119
ABREMC-Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários-2010/2012
RESUMO
O Ecomuseu da Amazônia é um Programa chancelado pela Prefeitura Municipal de
Belém-PMB e Secretaria Municipal de Educação–SEMEC, com abrangência em
quatro microrregiões distintas, sob a gestão da Fundação Escola Bosque Professor
Eidorfe Moreira-FUNBOSQUE, localizado no municipio de Belém, Estado do Pará. É
pautado em interesses e aspirações das comunidades urbanas, rurais e ribeirinhas
que as constituem, vem realizando e motivando a implementação de políticas de
desenvolvimento que respeitem e preservem as características de cada região. Neste
sentido, as ações são desenvolvidas a partir dos diagnósticos participativos efetivados
com as comunidades, instrumento em que a população identifica seu patrimônio de
forma participativa, permitindo coletar dados de maneira ágil e oportuna diferenciandose de formulários pré-estabelecidos. “Patrimônio e Capacitação dos Atores do
Desenvolvimento Local”, em desenvolvimento pelas comunidades com apoio dos
técnicos do Ecomuseu da Amazônia, é uma das atividades elencadas pelos
comunitários, a qual oficializou o início de uma proposta de capacitação de recursos
humanos, biênio 2011/2012, permeia as ações implementadas no território, faculta os
envolvidos no processo, a valorizar, desenvolver e/ou adquirir os saberes, os fazeres,
as práticas e as técnicas que lhes permitirão tomar nas mãos seu próprio
desenvolvimento, quer dizer, a melhoria de suas condições de vida, de modo
sustentável e responsável. Assim, o campo de estudo do termo patrimônio a partir da
interpretação de cada contexto tem como referência o ambiente na sua totalidade. A
metodología do Ecomuseu da Amazônia é referenciada por eixos temáticos, prioriza
desde as suas primeiras inserções no território um método de apropriação e partilha
do patrimônio coletivo, assim como na pesquisa-ação. Desta forma, as ações deste
Programa já sinalizam para resultados satisfatórios, quando instigam o fortalecimento
de ações de base comunitária, suas respectivas lideranças e demais profissionais
envolvidos por meio da capacitação de atores sociais e de uma cultura de participação
ativa, cooperação e diálogo entre os diversos atores sociais, a partir da valorização do
patrimônio cultural.
Palavras-chave: Ecomuseu da Amazônia, programa de capacitação, desenvolvimento
local, patrimônio cultural, comunidade.
ABSTRACT
The Ecomuseum of the Amazon region is a Program sealed by the Municipal Town hall
of Belém-PMB and Municipal General office of Educação-SEMEC, with range in four
microrregiões different, under the management of the Foundation School Wood
Teacher Eidorfe Moreira-FUNBOSQUE, located in Belém, State of the Pará. It is ruled
in interests and aspirations of the urbane, rural and riverside communities that appoint
them, it is carrying out and causes the implementation of politics of development that
respect and preserve the characteristics of each region. In this sense the actions are
developed from the diagnoses participativos brought into effect with the communities,
instrument in which the population identifies his inheritance of form participativa,
allowing to collect data of agile and opportune way when established-daily pay is
differentiated of forms. “Inheritance and Capacitação of the Actors of the Local
Development ”, in development for the communities with support of the technicians of
the Ecomuseum of the Amazon region, is one of the activities elencadas for the
communitarian ones, which made the beginning of a proposal official of capacitação of
human resources, biennium 2011/2012, permeate the actions implemented in the
territory, allow the wrapped ones in the process, valuing, developing and / or acquiring
to know them, to do them, the practices and the techniques that will allow them to take
in the hands his development itself, it means, the improvement of his conditions of life,
120
of sustainable and responsible way. So the field of study of the term inheritance from
the interpretation of each context takes the environment as a reference in his totality.
The metodología of the Ecomuseum of the Amazon region is referenciada for thematic
axles, prioriza from his first insertions in the territory a method of appropriation and
share of the collective inheritance, as well as in the inquiry-action. In this way, the
actions of this Program signal already for satisfactory results, when there incite the
strengthening of actions of communitarian base, his respective leadership and too
many professionals wrapped through the capacitação of social actors and of a culture
of active participation, cooperation and dialog between several social actors, from the
increase in value of the cultural inheritance.
Keywords: Ecomuseum of the Amazon region, program of capacitacion, local
development, cultural inheritance, community.
APRESENTAÇÃO
O Ecomuseu da Amazônia, constituído em 2007, é um Programa chancelado
Prefeitura Municipal de Belém-PMB e Secretaria Municipal de Educação–SEMEC, sob
a gestão da Fundação Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira-FUNBOSQUE, está
pautado em interesses e aspirações das comunidades urbanas, rurais e ribeirinhas
que as constituem, considera a memória colativa como um referencial básico para o
entendimiento e a transformada da realidade presente na região. Faz parte de
iniciativas cada vez mais fecundas, vivenciadas pela sociedade contemporânea, que
passa por momentos de profunda transformada, causando mudança nos padrões de
comportamentos e valores vigentes.
Surgiu em decorrência da crise ambiental planetária e da necessidade de construir,
junto com as populações de sua área de atuação – Distrito de Icoarací: bairro do
Paracuri (Sociedade dos Amigos de Icoaraci-SOAMI e Orla/Cruzeiro); Ilhas de:
Caratateua (Tucumaeira, Fama, São João de Outeiro e Fundação Escola Bosque
Professor Eidorfe Moreira); Cotijuba (comunidades do Poção, Seringal, Piri e Faveira)
e Mosqueiro (Vila, Caruaru, Castanhal do Mari Mari e Assentamento Paulo Fonteles),
localizadas no município de Belém, Pará. Neste sentido vem motivando a
implementação de políticas de desenvolvimento que respeitem e preservem as
características de cada região, e que desenvolvam iniciativas que integrem o homem
ao seu meio ambiente. Medidas evidentes na metodologia utilizada pelos ecomuseus
e museus comunitários, que apresentam-se pautadas em uma educação que conduz,
a população envolvida ao processo de descoberta de seus próprios objetivos, e de
engajamento nas questões sociais pertinentes ao mundo contemporáneo. Colocação
ratificada por Aderne* (2004) “a ausência de políticas preservacionistas e a falta de
percepção da condição humana de parte do sistema, dentre outras causas, levaram a
uma situação em que somente a ameaça de destruição de ecossistemas possibilitou a
compreensão de que sem meio ambiente não há vida”.
O inventário
As comunidades das áreas de atuação do Ecomuseu possuem características e
especificidades próprias, e de um modo geral demonstram interesse em melhorar suas
vidas, pessoal e sócio-econômica, bem como, sinalizam para a valorização de seus
espaços, elementos motivadores que conduziram os envolvidos nesse processo,
técnicos do Ecomuseu da Amazônia e populações do território a promoverem
inúmeras possibilidades de identificar os patrimônios vivenciados nessas
microrregiões, em busca de melhoria de vida. Neste contexto vem sendo realizadas
visitas técnicas, desenvolvimento de experiências e pesquisas no Território do
*
Aderne, L. A origem e estruturação do Projeto Ecomuseu do Cerrado, “não paginado”. Entrevista
concedida a então mestranda Terezinha Resende. Corumbá de Goiás, Goiás, 2004.
121
Ecomuseu da Amazônia, inicialmente pesquisa sócio-econômica, para obtenção do
perfil dos comunitários. As atividades acontecem a partir de diagnósticos, da
realização de oficinas de produção, pesquisas na área do patrimônio, memória social,
formação de organizações sociais, geração de renda, exposições, etc. Os dados são
coletados por meio do relato de atores sociais envolvidos nessas microrregiões,
pesquisas realizadas por meio de outras instituições e disponibilidade de informações
de instituições públicas atuantes nas áreas desse Museu Território.
Assim as ações enfatizam o Diagnóstico Rápido Participativo-DRP, instrumento em
que a população identifica seu patrimônio de forma participativa, permite coletar dados
de maneira ágil e oportuna diferenciando-se de formulários pré-estabelecidos que
possam ser utilizados tendenciosamente. Esta proposta é desenvolvida inicialmente
por meio de uma oficina com os habitantes representativos da comunidade trabalhada;
e para que o processo tenha fidedignidade e valor estatístico é necessário à
participação de um mínimo de 10% de moradores da localidade. É desenvolvido em
três fases: pré-diagnóstico, realizado por meio de contatos institucionais e da própria
comunidade objetivando informações a respeito da realidade a ser estudada; o
diagnóstico propriamente dito que envolve os aspectos a serem identificados; e o
planejamento de ações, definindo estratégias e metas para a potencialização dos
dados identificados. Neste sentido o DRP possibilita aos interessados desenvolverem
o processo de coleta de dados, com base nos próprios conceitos e critérios de
explicações dos participantes. Para finalizar é inserida uma parte mais técnica através
do Ecomuseu da Amazônia com a construção de biomapas que tem como base as
diversas etapas do DRP.
Exposição Estivas foi outra ferramenta utilizada na identificação do patrimônio das
áreas de atuação do Ecomuseu da Amazônia, uma vez que, retratou o cotidiano das
comunidades através de paisagens, ações, gestos, instrumentos, ofícios, rostos e
vidas, elementos reconhecidos pelos próprios comunitários e fonte motivadora de
inúmeras interpretações.
É pertinente enfatizar que as ações do Ecomuseu da Amazônia são pautadas a partir
dos diagnósticos participativos efetivados com as comunidades. Como exemplo foi
realizada uma palestra sobre “Turismo de base comunitária e Desenvolvimento local”
proferida pelo Consultor Internacional Hugues de Varine-Bohan, uma das atividades
que vem sendo priorizada pelos comunitários, a qual oficializou o início de uma
proposta de capacitação de recursos humanos das áreas de abrangência do
Ecomuseu (2009), ação também ressaltada pelas populações dessas microrregiões,
denominada posteriormente “Patrimônio e Capacitação dos Atores do
Desenvolvimento Local”. Programa em desenvolvimento, de forma pontual nos anos
de 2009/2010. Entretanto oficializado para o biênio 2011/2012, pelas comunidades
com apoio dos técnicos do Ecomuseu da Amazônia, este permeia as ações
implementadas no território, faculta os envolvidos no processo a valorizar, desenvolver
e/ou adquirir os saberes, os fazeres, as práticas, as técnicas que lhes permitirão tomar
nas mãos seu próprio desenvolvimento, quer dizer, a melhoria de suas condições de
vida, de modo sustentável e responsável. Os benefícios proporcionados às
comunidades pelo Programa são as relações de autonomia, empoderamento e
pertencimento que incorporam os museus abertos, isto é, a interação da comunidade
com o seu próprio ambiente, em que os serviços oferecidos consideram a reafirmação
e preservação da memória de um povo com seu maior acervo e sua biodiversidade. E
também, onde o patrimônio é à base do desenvolvimento e as vantagens advêm dos
cuidados e preservações das expressões culturais e ambientais de cada território.
O desenvolvimento das ações - a partir da valorização do patrimônio
A palavra patrimônio segundo Carvalho & Funari (2006, p.32) deriva do latim
patrimonium e faz alusão à "propriedade herdada do pai ou dos antepassados" ou
122
"aos monumentos herdados das gerações anteriores". Desta forma, é pertinente
afirmar que, nesta experiência patrimônio significa a preservação e compreensão da
memória social de um povo, a garantia de que, a idéia, o conhecimento, os valores
culturais de uma determinada época, deverão ser protegidos e difundidos através das
gerações. Assim o campo de estudo do termo patrimônio a partir da interpretação de
cada contexto recebe ressignificações diferentes, aglutinando os mais diversos
conceitos em um único termo, tendo como referência o ambiente na sua totalidade.
Desta forma, as comunidades das áreas de atuação do Ecomuseu possuem
características e especificidades próprias, logo, as adversidades enriquecem e
projetam as ações desenvolvidas nessas comunidades contribuindo para a valorização
dos patrimônios que as constituem. A esse respeito, Chagas4 esclarece que:
O interesse no patrimônio não se justifica pelo vínculo com o passado seja ele qual for,
mas sim pela sua conexão com os problemas fragmentados da atualidade, a vida dos
seres humanos em relação com outros seres, coisas, palavras, sentimentos e idéias.
Assim, é no pólo população, com suas múltiplas identidades, que se encontra, ao meu
ver, o desafio básico do museu.
Desta forma, O Ecomuseu da Amazônia, dando continuidade ao desenvolvimento de
suas ações com as comunidades, a partir das diversidades e da valorização do
patrimônio local, viabiliza o programa de capacitação de recursos humanos, que
integra a reafirmação dos processos históricos, culturais e ambientais, assim como o
desenvolvimento das práticas sustentáveis da região, neste sentido vem
desenvolvendo, com base no Planejamento 2011/2012 as seguintes ações:
Ecomuseu da Amazônia - biênio 2011/2012
1. Eixo Cultura:
• Artesanato em cerâmica com aplicação de grafismo simbólico local: Ilha de Cotijuba
(Comunidade do Poção);
• Pesquisa e registro gráfico de estruturas das embarcações: Ilha de Cotijuba
(Comunidade do Poção) e Ilha de Mosqueiro (Comunidade do Caruaru);
• Pesquisa e registro gráfico da varinha do amor para aplicação em embarcações: Ilha
de Mosqueiro (Comunidade do Caruaru e Comunidade Castanhal do Mari- Mari);
• Aula de musicalização aplicada ao carimbó: Ilha de Mosqueiro (Comunidade
Castanhal do Mari-Mari);
• Aula de musicalização para crianças e adolescentes: Distrito de Icoaraci (Sociedade
São Vicente de Paulo-Bairro do Paracuri);
• Aulas sobre a cultura para a valorização da identidade local: Ilha de Mosqueiro
(Comunidade do Caruaru e Comunidade Castanhal do Mari-Mari);
• Atividade de dança e terapia de grupo com o Portal da Melhor Idade: Ilha de
Caratateua (Comunidades de São João do Outeiro-FUNBOSQUE);
• Construção de biomapas com a comunidade: Distrito de Icoaraci (Paracuri e
Cruzeiro-Orla), Ilha de Cotijuba (Comunidades do Poção, Piri e Faveira), Ilha de
Mosqueiro (Assentamento Paulo Fonteles, Comunidade do Caruaru e Comunidade
Castanhal do Mari-Mari) e Ilha de Caratateua (Comunidades de São João do OuteiroFUNBOSQUE);
• Pesquisa e registro de patrimônio material e imaterial em todas as áreas de atuação
do Ecomuseu da Amazônia;
123
• Evento “Pôr do sol cultural”: Feira de Artesanato do Paracuri - Orla do CruzeiroDistrito de Icoaraci .
2. Eixo Ambiental:
• Horta: Distrito de Icoaraci (Sociedade São Vicente de Paulo-Paracuri), Ilha de
Cotijuba (Comunidade do Poção), Ilha de Mosqueiro (Assentamento Paulo Fonteles,
Comunidade do Caruaru e Comunidade Castanhal do Mari-Mari) e Ilha de Caratateua
(Comunidade de Tucumaeira);
• Culturas Alimentares: Ilha de Cotijuba (Comunidade do Poção), Ilha de Mosqueiro
(Assentamento Paulo Fonteles) e Ilha de Caratateua (Comunidade de Tucumaeira);
• Plantas Medicinais: Ilha de Mosqueiro (Assentamento Paulo Fonteles);
• Frutíferas: Ilha de Cotijuba (Comunidade do Poção) e Ilha de Mosqueiro
(Assentamento Paulo Fonteles);
• Viveiro de mudas florestais: Ilha de Cotijuba (Comunidade do Poção), Ilha de
Mosqueiro (Assentamento Paulo Fonteles e Comunidade do Caruaru) e Ilha de
Caratateua (Comunidade de Tucumaeira);
• Aquicultura sustentável – peixe e camarão: Ilha de Cotijuba (Comunidade do Poção),
Ilha de Mosqueiro (Assentamento Paulo Fonteles e Comunidade do Caruaru);
• Educação ambiental: Ilha de Mosqueiro (Comunidade da Vila, Comunidade do
Caruaru e Comunidade Castanhal do Mari -Mari).
3. Eixo Turismo: Turismo de Base Comunitária
• Cursos de: Inglês Instrumental-Distrito de Icoaraci (Sociedade de Artesões dos
Amigos de Icoaraci-SOAMI) e Ilha de Mosqueiro (Comunidade da Vila), Libras-Ilha de
Mosqueiro (Comunidade da Vila) e Ilha de Cotijuba (Comunidade da Faveira), e
Hospitalidade-Ilha de Mosqueiro (Comunidade da Vila);
• Sinalização de trilhas para o fomento do turismo ecológico: Ilha de Mosqueiro
(Assentamento Paulo Fonteles, Comunidade do Caruaru e Comunidade Castanhal do
Mari-Mari).
4. Eixo Cidadania:
• Oficina de culinária agregando valores regionais como geração de trabalho e renda:
Distrito de Icoaraci (Sociedade São Vicente de Paulo-Paracuri),Ilha de Cotijuba
(Comunidades do Poção e Piri),Ilha de Mosqueiro (Assentamento Paulo Fonteles,
Comunidades da Vila, Caruaru e Castanhal do Mari-Mari) e Ilha de Caratateua
(Comunidades São João do Outeiro e Fama);
• Exposições para escoamento das produções artesanais e gastronômicas das
comunidades-Frutal FlorPará, experiências-Ilha de Caratateua (FUNBOSQUE), Ilha de
Cotijuba (Comunidade da Faveira), Distrito de Icoaraci (Liceu Escola);
• Workshops e palestras para as comunidades abordando temas ligados a cidadania
(todas as áreas de atuação do Ecomuseu da Amazônia);
124
• Encontros entre as comunidades para troca de experiências-Ilha de Caratateua
(FUNBOSQUE), Ilha de Cotijuba (Comunidade da Faveira);
• Apoio a formação de organizações sociais;
• Participação em Conselhos Municipais de: Turismo, Meio Ambiente, Parque
Ecológico de Belém, Conselho Consultivo da Fundação Escola Bosque Professor
Eidorfe Moreira, Fórum Sustentável das Ilhas, etc.
As diversas ações desenvolvidas pelas comunidades com o apoio técnico do
Ecomuseu da Amazônia ratificam a importância dos inventários para a execução das
ações nas microrregiões, colocação reiterada por Hugues de Varine (2009) em seu
Relatório de Missão sobre às áreas de atuação do Ecomuseu da Amazônia,
ressaltando que não há dois ecomuseus semelhantes e o Ecomuseu da Amazônia
prova esse princípio, pois é único pela combinação de várias características:
É um museu de territórios plurais, mais que um museu sobre um território único e
homogêneo; É um museu que privilegia a formação profissional e a atividade
econômica, apoiadas sobre o patrimônio, sobretudo imaterial, das comunidades
locais†††.
Neste sentido as ações são acordadas com base no apoio a organizações sociais, à
construção da memória coletiva e a valorização dos saberes e fazeres de cada
comunidade visando o bem estar das populações, a partir de prioridades
estabelecidas pelos envolvidos.
Quadro: ações do Ecomuseu da Amazônia - 2011
AÇÕES
1. REALIZAÇÃO DE OFICINAS;
2. REALIZAÇÃO DE MINI-CURSOS;
3. REALIZAÇÃO DE PALESTRAS;
4. REALIZAÇÃO DE CURSOS;
5. PROMOÇÃO DE EVENTOS;
6. PARTICIPAÇÃO EM REUNIÕES E EVENTOS;
7. APOIO A FORMAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES SOCIAIS;
8. DESENVOLVIMENTO DE SUBPROJETOS
9. PARTICIPAÇÃO EM ASSOCIAÇÃO E CONSELHOS
10. REALIZAÇÃO DE EXPOSIÇÕES
11. CONSULTORIAS TÉCNICAS NAS ÁREAS DO ECOMUSEU
12. VISITAS MONITORADAS PELO ECOMUSEU/CDC
SUB-TOTAL DE PARTICIPANTES
VISITAS AO BLOG DO ECOMUSEU DA AMAZÔNIA
TOTAL GERAL
Fonte: Ecomuseu de Amazônia
QUANTIDADE
22
04
08
04
15
08
04
08
05
05
01
01
01
INDICADORES
523
86
406
86
3.537
3.650
60
334
100
297
26
22
9.105
6.338
15.443
A metodologia
Os espaços do Ecomuseu da Amazônia foram propostos e delimitados pelas
comunidades de sua área de atuação, as ações são realizadas por meio de eixos
temáticos: cultura, meio ambiente, turismo e cidadania. Prioriza desde as suas
primeiras inserções no território atividades estabelecidas em acordo com as
comunidades, ao experimentar uma nova metodologia de apropriação e partilha do
patrimônio coletivo, ou seja, possibilita as comunidades a realizarem o inventário de
†††
Hugues de Varine, Consultor Internacional em Desenvolvimento Comunitário, sobre o Ecomuseu da
Amazônia, em visita realizada no ano de 2009.
125
seu próprio patrimônio, sejam eles de natureza cultural ou natural. Neste contexto as
ações deste Ecomuseu estão pautadas no desenvolvimento humano sustentável e
tem como base metodológica os princípios da museologia social, quando reconhece a
identidade e a cultura de todos os grupos humanos, (1992); no planejamento e gestão
biorregional, (MILLER,1997), uma vez que abrangem e ordenam um extenso território,
composto de vários núcleos de proteção da natureza, bem como propiciam o uso
sustentável desses recursos e estabelecem por meio dos processos sociais, culturais
e ambientais uma melhor qualidade de vida as populações envolvidas; e no conceito
de sustentabilidade, com base na cultura, tecnologias locais, os fazeres e saberes
populares dos mestres de ofícios de cada comunidade, (ADERNE, 1998).
Assim as ações do Ecomuseu da Amazônia e consequentemente do Programa de
Capacitação vêm sendo desenvolvidas por meio de quatro eixos: cultura, meio
ambiente, turismo e cidadania, os quais têm como principais protagonistas a
comunidade e o aporte técnico de uma equipe interdisciplinar do Ecomuseu da
Amazônia. As atividades do Ecomuseu da Amazônia estão ainda referenciadas na
investigação denominada pesquisa-ação, pois segundo Hernández-Sampieri, Batista e
Lucio (2008, p. 709) “Investigación-acción participativa o cooperativa en esta, los
miembros del grupo, organización o comunidad fungen como coinvestigadores”.
Complementa Thiollent (2000, p.63), “é uma pesquisa social de base empírica,
concebida e realizada em estreita associação com as ações ou soluções de problemas
coletivos com envolvimento dos participantes representativos da situação de modo
cooperativo ou participativo”.
Considerações finais
Finalmente, conclui-se que ações desta natureza, com base na metodología de
diagnósticos participativos, eixos temáticos e na pesquisa-ação começam a sinalizar
para resultados satisfatórios, quando instigam o fortalecimento de ações de base
comunitária, suas respectivas lideranças e demais profissionais envolvidos por meio
da capacitação de atores sociais e de uma cultura de participação ativa, cooperação e
diálogo entre os diversos atores sociais (comunidade, organizações civis e poder
público) na região, para que os interessados possam manter e multiplicar as ações
que se façam necessárias na execução de atividades que integrem responsabilidades
sócio-ambientais, culturais e econômicas, a partir da valorização do patrimônio cultural
no Território Ecomuseu da Amazônia.
Agradecimento especial
A Prefeitura Municipal de Belém, Secretaria Municipal de Educação de Belém,
Fundação Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira, Comunidades das áreas de
atuação do Ecomuseu da Amazônia, Equipe técnica, colaboradores e voluntários
deste programa, principais partícipes deste processo.
Referências
ADERNE, L. A origem e estruturação do Projeto Ecomuseu do Cerrado, “não
paginado”. Entrevista concedida a mestranda Maria Terezinha R. Martins em agosto
de 2004. Corumbá de Goiás, Goiás: 2004.
BOHAN, H do Varine, Relatório de Missão: visitas realizas nas áreas de atuação
do Ecomuseu da Amazônia (Ilhas de Caratateua e Cotijuba e Distrito de Icoaraci).
Belém,Pa/Brasil, 2009, 18p.
CARVALHO, A.V; Funari, P.P. (outubro/2010). O Direito à Diversidade: patrimônio e
quilombo de palmares - Patrimônio como construção: do ideal nacional à
126
questão da diversidade. Revista Internacional Direito e Cidadania. Santa Catarina,
vol.8.
CHAGAS, M. de S. (2009). A Imaginação Museal: museu, memória e poder em
Gustavo Barroso, Gilberto Freyre e Darcy Ribeiro. Rio de Janeiro: MinC/IBRAM,
258p. (Coleção Museu, memória e cidadania).
ECOMUSEU DA AMAZÔNIA: Relatórios de Missão Nº 1, 2 e 3 - Visita Técnica
Consultor Hugues de Varine-Bohan, áreas de atuação do Ecomuseu da Amazônia,
Belém, Pará, 2009,2010, 2011.
MARTINS, M.T.R.; Aderne L. Projeto Ecomuseu da Amazônia. Belém, Pará: 55p.
MARTINS, M.T.R. Proposta de um Turismo Sustentável para a Comunidade da
Ilha de Cotijuba, município de Belém, Estado do Pará - Brasil, a partir da
Valorização do Patrimônio Cultural, 260 f. Tese de Doutorado (Gestão Integrada de
Recursos Naturais), 2012.
MILLER, K.R. Em Busca de um Novo Equilíbrio: diretrizes para aumentar as
oportunidades de conservação da biodiversidade por meio do manejo
biorregional. Brasília: IBAMA / MMA, 1997. 94p.
PREFEITURA MUNICIPAL DE BELÉM: Planejamento Ecomuseu da Amazônia.
Org. Martins et al, Ilha de Caratateua, Belém, Pará: 2011/2012, 72p.
DIÁLOGO, SENTIDO E SIGNIFICADO NO ECOMUSEU DA SERRA DE OURO
PRETO /MG
Yára Mattos*
UFOP - PROEX/UFOP – Ecomuseu da Serra de Ouro Preto-MG – BRASIL
ABREMC – Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários 2010/2012
RESUMO
Diálogo, sentido e significado são as palavras-chave que compõem o pano de fundo
dessas reflexões sobre produção e criatividade nos Ecomuseus e Museus
Comunitários, tendo como referência o Ecomuseu da Serra de Ouro Preto, Minas
Gerais, Brasil. Para localizá-lo geograficamente e historicamente (Séc. XVIII), o texto
aborda as características presentes e passadas da Serra de Ouro Preto e menciona a
criação do Parque Arqueológico do Morro da Queimada (2008). Em seguida, reflete
sobre sentido e significado no contexto museológico, patrimonial e educacional,
procurando transitar no terreno das perguntas e das dúvidas, assim como, sugerir que
as respostas estão nas ações conduzidas pelos atores sociais e devem ser buscadas
através do diálogo e da criação coletiva.
Palavras-chave: ecomuseu – patrimônio – comunidade – sentido – significado
ABSTRACT
*
Professora Adjunta do Departamento de Museologia/UFOP; coordenadora do Programa Ecomuseu da
Serra de Ouro Preto/MG (PROEX/UFOP); membro da diretoria da ABREMC – 2010/12,
[email protected]
127
Dialogue, meaning and significance are the keywords that make up the backdrop of
these reflections on production and creativity in Community Museums and
Ecomuseums, with reference to the Ecomuseum of the Sierra de Ouro Preto, Minas
Gerais, Brazil. To locate it geographically and historically (séc. XVIII), the text covers
the past and present characteristics of the Sierra de Ouro Preto and mentions the
creation of the Archaeological Park of the Morro da Queimada (2008). Then reflects on
meaning and significance in the context of museological, educational and heritage,
seeking to use on the ground of the questions and doubts, as well as, suggest that the
answers are on the actions conducted by the social actors and should be sought
through dialogue and collective creation.
Keywords: ecomuseums – heritage – community – sense – significance
DIÁLOGO, SENTIDO E SIGNIFICADO NO ECOMUSEU DA SERRA DE OURO
PRETO/MG
“O filósofo Kiekkegaard me ensinou que cultura é o caminho que o
homem percorre para se conhecer. Sócrates fez o seu caminho de
cultura e ao fim falou que só sabia que não sabia nada. Não tinha as
certezas científicas. (...) Estudara nos livros demais. Porém aprendia
melhor no ver, no ouvir, no pegar, no provar e no cheirar. Chegou por
vezes de alcançar o sotaque das suas origens”.
Manoel de Barros, Aprendimentos, 2006
1.Uma Perspectiva Histórico-Geográfica
O subsolo das áreas onde se localizam, atualmente, os bairros envolvidos com a
implantação do programa Ecomuseu da Serra de Ouro Preto – morros da Queimada,
São João, Santana e São Sebastião – em outros tempos uma jazida arqueológica, é
hoje testemunho do período da exploração do ouro nas minas gerais. Mas não só o
subsolo. Em todos os bairros estão à mostra resquícios da ocupação urbanística do
próspero arraial minerador do início do século XVIII – o Arraial do Ouro Podre ou
Arraial do Pascoal - comerciante português Pascoal da Silva Guimarães - o qual, em
1708, possuía grande contingente de escravos para trabalhar nas minas. O lugar foi
tomando grande impulso e, no auge da exploração do ouro, contava com
aproximadamente três mil moradores.
Por volta de 1711, a Vila Rica de Albuquerque passava por mudança no traçado
urbanístico, com o início da construção de pontes, chafarizes, abertura de ruas,
surgimento de um comércio e uma certa ordem administrativa. É por essa época que o
rei D. João V institui a cobrança dos “quintos” – imposto de 20% sobre o total do ouro
extraído, criando tensões na relação entre mineradores e Coroa Portuguesa. As Casas
de Fundição, instaladas a partir de 1719, aumentam ainda mais essa pressão, pois
estava proibida a circulação do ouro em pó ou em pepitas. Esses deveriam ser
fundidos e marcados com o selo real. A situação tornou-se insustentável e, em 1720,
eclodiu a revolta conhecida como “sedição de Vila Rica”, sufocada por D. Pedro de
Almeida Portugal, Conde de Assumar. Vários revoltosos foram presos, entre eles o
próprio Pascoal, deportado para Lisboa. Seu arraial foi totalmente queimado e a
população se refugiou em outros locais da Vila. Conta a lenda que a “cidadela do Ouro
Podre” ardeu em chamas por toda a noite, para servir de exemplo a quem ousasse
desrespeitar a Coroa. A partir de então, o lugar ficou conhecido como “Morro da
Queimada”.
Com o declínio da produção aurífera, o local ficou em ruínas, por quase duzentos
anos. Uma nova ocupação vem se verificando há pouco mais de um século.
Paulatinamente, desde o final da década de 1940, começa a surgir novo povoamento,
desordenado, nos antigos territórios mineradores de Pascoal. Para se ter uma ideia,
em 2002, cerca de 68,2% dos 250 mil hectares que compreendem o Morro da
128
Queimada estavam ocupados por pessoas provenientes de áreas rurais vizinhas à
região, o que contribuiu, mais uma vez, para sua acelerada descaracterização.*
Atualmente, estima-se que a população que vive nos bairros conhecidos como “Serra
de Ouro Preto” alcança a casa dos 12.000 (doze mil) habitantes. No entanto, esses
não são dados precisos. Por motivos diversos, nossas pesquisas ainda não
conseguiram obter, junto aos órgãos competentes, informações detalhadas a respeito
dessas questões.
2.O Parque Arqueológico
A necessidade de criação do Parque Arqueológico do Morro da Queimada surgiu sob
a perspectiva de proteção de um patrimônio que foi sendo aos poucos dilapidado,
tanto pelo poder público local, quanto por parte da população que veio ocupando
novamente, ao longo do tempo, a região. O referido parque foi criado através do
Projeto de Lei Municipal nº 465 de 29 de dezembro de 2008 que, no Art.7º, estabelece
também a criação do Conselho Administrativo constituído por representantes da
Prefeitura Municipal, do IPHAN, da Universidade Federal de OP e da Associação de
Moradores do Morro da Queimada. Atualmente, este Conselho é presidido pelo
Secretário Municipal de Meio Ambiente e vem realizando reuniões periódicas para dar
andamento, entre outras providências, à elaboração e implantação do plano de
manejo do parque.
O que se percebe é que, pouco a pouco, o diálogo começa a se ampliar, integrando-se
cada vez mais às finalidades e objetivos desse empreendimento que irá se constituir,
na realidade, em um complexo museológico formado pelo espaço-testemunho advindo
das escavações e contenção das ruínas remanescentes do antigo arraial; pela
experiência contemporânea comunitária (espaço cultural vivido) e pelo lugar-ambiente,
potencializando uma rede de relações “sustentáveis” entre homem, natureza, cultura e
sobrevivência.
3.Diálogo, Sentido e Significado
Na dinâmica de criação de itinerários cotidianos estabelecidos pelos indivíduos, “a
aprendizagem como processo dialógico não comporta a “transferência” mecânica de
saberes, simplesmente porque sentido e significado não podem ser transferidos, uma
vez que são construções de nossa mente em atos cognitivos” (MATTOS, 2010).
Dessa forma, somos levados a discutir a informação e a formação dos patrimônios –
econômicos, sociais, históricos, científicos, culturais – como criação e apropriação
compartilhadas de meios, recursos, objetos e saberes. Nas questões levantadas pelo
texto provocativo que nos foi apresentado, constam as indagações: como as
comunidades compreendem e usam seu patrimônio? De que modo o patrimônio pode
ser para elas um gerador de rendas? Como capacitar uma comunidade para o
desenvolvimento local, usando o patrimônio como recurso? Como tornar essa
comunidade gestora de seu patrimônio e se manter autossustentável?
A pergunta é colocada como princípio de trabalho. Levar questionamentos e receber
perguntas que contribuam para uma aprendizagem comum. Citando novamente, Ione
Mattos (2010),
“Fazer sentido se refere a se a pessoa, tendo por base suas
memórias de informações e experiências anteriores, consegue
compreender o item de informação em questão. Ter significação, por
outro lado, refere-se ao reconhecimento, pela pessoa, da relevância
que o item de informação pode ter para si própria e para seus
*
Ver Marco Antônio Fonseca, Ocupação Desordenada Ameaça Patrimônio Mineiro de Ouro Preto, citado
na monografia de OSTANELLO, Mariana Cristina Pereira, “Parque Arqueológico, Ecomuseu e Turismo –
Contribuições Para a Preservação do Patrimônio e Desenvolvimento Social no Antigo Arraial do Ouro
Podre”. Ouro Preto: UFOP/DETUR, 2007. p. 22. O texto de M. A. Fonseca encontra-se disponível em:
http://www.radiobras.gov.br/ct/2002/materia_010302_5.htm Acesso em 18 jul 2007
129
propósitos de vida(...) portanto, a atribuição de sentido e significado é
tarefa transformadora daquele que aprende”.
Dessa forma, somos tentados a promover o patrimônio das dúvidas individuais e
coletivas e procurar respostas através de uma abordagem dialógica, buscando
questões, necessidades e problemas levantados coletivamente pelos indivíduos. Para
tanto, é necessário estabelecer atribuições de valor e relevância, perceber a
motivação, o interesse e a maneira como os atores sociais conduzem suas ações.
4.O Ecomuseu nas trilhas da Serra de Ouro Preto
A museologia, por extensão de seus pressupostos e abertura para a função social e
educacional de suas ações no contexto da comunidade onde se insere, abre uma
reflexão em busca de sentido e significado para as relações entre presente, passado e
futuro.
Essa nova perspectiva promove uma revisão dos conceitos de educação, memória,
patrimônio e identidade (individual, cultural e social) e das relações entre eles, na
dinâmica da criação de itinerários de formação e informação que produzam saber e
conhecimento, a partir da experiência e vivência do indivíduo, nas relações e nos
processos de interação e identificação com o seu mundo, em toda a sua dinâmica
espaço-temporal – seus contextos mais, ou menos, próximos: físico-ambientais,
econômicos, sociais, históricos, culturais.
A história nacional e regional contada através dos fragmentos de memória sob a
guarda dos diversos museus da cidade se completa através da história local sob a
guarda de uma população que detém, em forma de contos, lendas, manifestações
religiosas, festas e folguedos, culinária, música, objetos, a fórmula mágica e viva de
recriação dos primórdios da cidade.
São esses sentidos e significados que estamos buscando, através das ações em
curso no Ecomuseu da Serra – Projeto Memória de Vida – Inventário Participativo –
Oficinas de Educação e Patrimônio direcionadas à capacitação de jovens – Rodas de
Lembrança – Projeto VERdeFOTO – quando perguntamos: Quais seriam as relações
objetivas e subjetivas do nova população que habita os “lugares de memória” do Ciclo
do Ouro? Quais são seus valores de referência, suas raízes identitárias, seus laços
afetivos? A que tempo está relacionado o sentido de pertencimento, ao passado, ao
presente, ao futuro?
Dessa forma, destacamos que,
Os temas e as problemáticas historicamente fundamentadas vão ao
passado na medida em que esse passado desperta interesse para os
desafios contemporâneos. Implica em uma tomada de posição no
presente, que dialoga com o passado, não para resgatá-lo e sim para
questionar o rumo de nossos predecessores, aprofundando nosso
entendimento sobre as vias que se mostram na atualidade e o
compromisso com as escolhas que fazemos (RAMOS, 2004, p.131).
São muitas as pistas, os caminhos, percursos, trilhas, itinerários a percorrer na Serra
de Ouro Preto. Por isso, “Queremos que aconteça de nossas perguntas se
encontrarem, e que possamos encontrar, livremente, nossas próprias respostas”
(MATTOS, 2010).
Referências Bibliográficas:
LEBOURG. Elodia Honse. Vila Rica, 1720: história, sedição e arquitetura. Ouro Preto:
FAOP, 2006. Monografia de conclusão do curso de Restauração da Fundação de Arte
de Ouro Preto. Cópia digitalizada disponível na Biblioteca da FAOP.
MATTOS. Yara (com Ione Mattos). Abracaldabra: uma aventura afetivo-cognitiva na
relação museu-educação. Ouro Preto: EDUFOP, 2010.
130
RAMOS. Francisco Régis Lopes. A Danação do Objeto: o museu no ensino da
história. Chapecó: Argos, 2004.
ECOMUSEUS Y MUSEOLOGIA SOCIAL EM ESPAÑA
Óscar Navajas Corral
Nebrija Universidad - ESPAÑA
RESUMEN
Hace cuarenta y un años nacía un nuevo concepto, el ecomuseo. Una forma diferente
de entender el patrimonio, la relación del museo con la población y la utilidad de éstos
en el desarrollo de la comunidad y el territorio en el que se encuentran. Pero este año
se cumplen, también, cuarenta años de la Mesa Redonda de Santiago de Chile. Un
hito histórico en el cambio de mirada hacia los museos por parte de los profesionales e
instituciones; y un cambio en los procesos de patrimonialización pasando a cobrar
importancia la contribución y participación del conjunto de la población en la
construcción de una identidad cultural. Del museo, templo para especialistas y
almacén de reliquias del pasado, se pasaba al museo integral (al ecomuseo), espacio
democrático abierto y medio para comunicar un legado cultural.
Ecomuseo y museo integral hoy día no han quedado en dos experiencias prácticas y
teóricas de un momento determinado de la evolución del pensamiento museológico y
patrimonial, sino que siguen vivas, cambiando, evolucionando, adaptándose a nuevos
momentos y nuevas necesidades sociales. En estas líneas se presenta el panorama
de los ecomuseos españoles y se plantean reflexiones sobre su futuro en un contexto
socio-económico completamente distinto al momento de su creación conceptual en los
años setenta.
Planteamiento
En 1971 nació la palabra ecomuseo en un pequeño restaurante parisino donde se
dieron cita la avidez mental de Hugues de Varine y las enseñanzas y experiencias de
Georges Henri Rivière. El término se hizo oficial cuando el Ministro francés de
medioambiente, Robert Poujalde, lo pronunció por primera vez en la IX Conferencia
General del Consejo Internacional de Museo (ICOM) celebrada en Grenoble.
El ecomuseo se definía como una tipología de museo en el que el objetivo no se
encontraba en la conservación de unas colecciones sino en el uso de las funciones y
herramientas que proporciona el museo y su campo de conocimiento, la museología,
para contribuir social, cultural y económicamente a una determinada comunidad. El
museo, como templo, salía definitivamente de sus muros para convertirse en un medio
para el desarrollo integral de la sociedad con la que cohabita.
Esta noción conceptual con una clara visión holística no fue algo espontáneo ni aislado
del mundo francófono. Desde finales de siglo XIX los museos al aire libre
escandinavos, los museos de barrio estadounidenses de los años sesenta, los museos
comunitarios latinoamericanos o la disciplina de la Interpretación del Patrimonio nacida
en los Parques Nacionales estadounidenses de los años cincuenta; hicieron que el
concepto de patrimonio ampliase su tradicional visión reducida a lo histórico-estético, y
se alejase de su estructura vertical –del profesional a la sociedad– en su proceso de
patrimonialización, para alcanzar un enfoque cultural-antropológico del término y una
horizontal en su proceso de patrimonialización donde la sociedad tuviera mayor
protagonismo.
La Mesa Redonda de Santiago de Chile de 1972 organizada por el ICOM se considera
el punto de inflexión formal en el que la noción de Museo Integral (ecomuseo, museo
comunitario, etc.) y, por asociación, el Patrimonio Integral, son reconocidos a nivel
internacional. Al igual que desde los años setenta y ochenta el Turismo se considerará
una conquista social irrenunciable para el hombre, la Declaración de Santiago de Chile
reconocía el proceso de patrimonialización integral como una conquista irrenunciable
de las comunidades a la hora de conservar y poner en valor su patrimonio.
131
Durante las décadas que trascurrieron de los años sesenta a los noventa esta
evolución en lo patrimonial y en lo museal no estuvo exenta de polémicas y, como en
todo cambio de paradigma, se produjeron choques entre lo que se consideraba una
museología tradicional y la nueva museología. El desenlace en estas confrontaciones
se tradujo en la adaptación museográfica y pedagógica de la museología tradicional,
las nuevas museología; y la construcción de una museología social formalizada por el
Movimiento Internacional para la Nueva Museología (MINOM).
El ecomuseo, así como sus hermano, el museo comunitario, el museo integral, etc.,
ese arma arrojadiza contra los pilares conceptuales del museo tradicional, fue
multiplicándose y adaptándose a las necesidades de diferentes comunidades por todo
el mundo. En este camino de evolución de modelos ecomuseales las controversias por
el uso del apelativo ecomuseo, por el criterio de discernir qué es o no es un verdadero
ecomuseo, han llevado a muchos de sus padres, teóricos y prácticos, a dejar de usar
dicho apelativo y utilizar el ecomuseo más como una forma de trabajo, una filosofía, un
proceso de concienciación y desarrollo comunitario.
La situación de España
España es uno de los países en el que los ecomuseos han proliferado en las últimas
décadas. La historia de la construcción de una museología social en España y del
nacimiento, y desarrollo, de los ecomuseos no fue paralela a la de países vecinos y
pioneros en esta materia como Francia o Portugal.
La historia más reciente de España está marcada por una cruenta y dolorosa Guerra
Civil (1936-1939); por una dictadura que tuvo sumido al país en un paréntesis de las
corrientes –intelectuales, culturales, sociales, etc.– internacionales durante casi
cuarenta años (1939-1975); y por una democracia pactada y tranquila. La sociedad
española, desde la transición y la Constitución de 1978 entró en un proceso de cambio
copernicano caracterizado fundamentalmente por la descentralización del país y la
creación de un estado de Autonomías, la inserción en los procesos de globalización
cultural y económicos mundiales, la entrada en la sociedad de consumo, ocio y
bienestar, y el ingreso con pleno derecho en los órganos y organismos políticos a nivel
internacional. esto se puede traducir en:

Un régimen de Autonomías ávidas de recuperar la identidad cultural arrebatada
por el periodo dictatorial. Una carrera por revalorizar todo lo autóctono. Las
Autonomías otorgaron la libertad a que cada región, a cada individuo, para sentir su
identidad cultural dentro de una identidad nacional.
 La entrada en la Unión Europea ofrecía un panorama inmejorable de desarrollo para
todas aquellas regiones y localidades que se encontraban fuera de las políticas
turísticas de Sol y Playa. Los programas de Desarrollo Comunitario (LEADER,
PRODER, etc.) jugaran un papel decisivo en la creación de instituciones culturales a
escala local, entre las que se incluyen museos etnográficos, centros de interpretación
y, por supuesto, ecomuseos.
 Los años ochenta y principios de los noventa fueron los años del crecimiento
económico, del boom demográfico y de la conquista de la sociedad de bienestar y de
consumo.
España tuvo, en poco menos de quince años desde la muerte del dictador, que
empaparse de los años de incomunicación asimilando e implementando teorías y
prácticas foráneas ya consolidadas; así como construir líneas propias de
pensamientos y metodológicas en materia patrimonial y museística que, como en todo
adolescente democrático, jugase un papel esencial en la autorrealización.
Ecomuseos españoles
Los ecomuseos españoles han surgido fundamentalmente en dos espacios
temporales: entre los años 1990 – 1995; y 2000 – 2005. Ambos periodos coinciden
con un momento de desarrollo económico y social concreto de España. No obstante
hay que mencionar que algunas de las experiencias más emblemáticas de la
132
museología social (ecomuseología) española surgió de iniciativas prácticamente
minoritarias en los años ochenta como es el caso de Molinos, Valls d’Àneu o
Almedinilla.
En líneas generales se podría clasificar los ecomuseo españoles en cinco
categorías‡‡‡:
1. Existen ecomuseos territoriales en los que la concepción del espacio y tiempo
intenta estar íntimamente ligada a la relación de la comunidad con su entorno y su
historia. Es el caso del Ecomuseo Alma Serrana (Jaén) (www.almaserrana.com), una
experiencia que nace en los años noventa pero que se constituye como ecomuseo en
el año 2002 para recuperar y difundir las costumbres y tradiciones de la Sierra de
Segura, fomentar la participación comunitaria de un conjunto de poblaciones que
cohabitan en estas tierras jienenses y favorecer la formación de las generaciones más
jóvenes. Otros ejemplos son el Ecomuseo Saja-Nansa (Cantabria), el Ecomuseo Casa
Sola (Málaga) (http://ecomuseocasasola.wordpress.com), o el Ecomuseo-Farinera
Castelló d'Empúries (Gerona) (http://www.ecomuseu-farinera.org/index2.php).
2. Hasta la fecha los ecomuseos que priman son aquellos que se acercan a la
tipología de museo local o al Centro de Interpretación natural y/o cultural. Es el caso
del Ecomuseo castillo de Ainsa (Huesca), el Ecomuseo de Benalauria, el Ecomuseo
Fluviarium (Cantabria) (www.fnyh.org/fluviarium-lierganes/), Ecomuseo de la Minería
de la Montaña Coto Musel (Asturias), Ecomuseo de la Pizarra (Madrid), Ecomuseo
Larraul (Guipuzcoa), el Ecomuseo del Pastoreo (Guipúzcoa), el Ecomuseo de
Tordehumos (Valladolid) (www.tordehumos.com/ecomuseo.html), el Ecomuseo de
Tiriez (Albacete), el Ecomuseo de Pinilla (Albacete), el Ecomuseo de Román Gordo
(Extremadura), o el Ecomuseo Molino de Zubieta (Navarra).
3. Entre estas dos categorías podemos encontrar ecomuseos que se acercan más a
los Museos al Aire Libre. Ejemplos son el Ecomuseo de la Alcogida de Teifa en
Fuerteventura (www.majorero.com/laalcogida), o el Ecomuseo de Somiedo (Asturias)
(www.somiedo.es/ecomuseo-de-somiedo).
4.Otros ecomuseos son de iniciativa particular tienen un carácter más empresarial,
como
es
el
ecomuseo
de
la
Huerta
de
Valoria
en
Palencia
(www.lahuertadevaloria.com/), o el Ecomuseo de Fuentelcesped en Burgos.
5.Por último podemos encontrar experiencias que han nacido con la premisa de
trabajar con una metodología ecomuseal basada en participación comunitario
(democracia cultural), la concienciación y cohesión social, la pedagogía global, la
construcción identitaria y territorial por medio de la recuperación patrimonial, y el
desarrollo social, cultural y económico de forma sostenible. Es el caso del Ecomuseo
del Alma Serrana, mencionado más arriba, el Ecomuseo del Río Caicena (Córdoba)
(www.almedinillaturismo.es/ecomuseo.asp), las experiencias del Parque Cultural del
Maestrazgo (Teruel), o el Ecomuseo Valls d’Àneu (Lérida) (www.ecomuseu.com).
Debemos recordar que el “ecomuseo” no es una tipología reconocida por la normativa
museal española con lo que es complicado rastrear y clasificar las experiencias que
van surgiendo. Así mismo se pueden quedar fuera experiencias que usando
parámetros de la museología social no están dentro de su panorama, en ocasiones
simplemente por que sus promotores desconocen o están en los círculos profesionales
o académicos del patrimonio y la museología. Un caso podría ser la recuperación de
espacios de conflicto bélico del valle del Jarama (www.parquedidacticodeljarama.org).
‡‡‡
Actualmente existe más de 80 espacios que usan el término “ecomuseo” para denominarse. En estas
cinco tipologías se incluyen algunos de los más representativos.
133
Cuestiones y reflexiones para el debate
 Aunque como hemos mencionado la denominación de un lugar como un ecomuseo
no es condición sine qua non para el uso de una metodología de trabajo que prime la
participación comunitaria con el objetivo de su desarrollo. Y aunque a los profesionales
y académicos de la museología social no nos interese tanto que se use el término
ecomuseo como que se trabaje con un filosofía ecomuseal. Los datos indican lo
contrario. El número de espacios, territorios y/o edificios que utilizan el término
ecomuseo para autodenominarse está creciendo tanto en España como a nivel
mundial.
 En España se usa la palabra ecomuseo de forma arbitraria sin una justificación clara
del por qué se usa y en qué se diferencia, salvo excepciones, de otras tipologías
museales o de formas de musealización y patrimonialización.
 En este sentido, existe una clara ausencia normativa, desde el nivel regional hasta el
estatal; y una escaso consenso de sector profesional y académico por trazar unos
mínimos requisitos en los que se debería basar una experiencia ecomuseal –en
España–.
 Los momentos de crisis mundial que vivimos. Momentos controvertidos para el
mundo, difíciles para Europa, y nefastos para España, se están haciendo notar
especialmente en la creación e impulso de inactivas socio-culturales, en las partidas,
ayudas y subvenciones económicas, y en las políticas, cada vez más pasivas, de los
organismo públicos. Esto se traduce en: la interrupción o cancelación de proyectos
sociales y culturales por su “no rentabilidad”; el cierre o degradación de numerosas
infraestructuras culturales –entre las que están centros de Interpretación y
ecomuseos–; y en un virus que se extiende en forma de apatía social que está
mermando el ánima de los motores desinteresados que hacían realidad proyectos
“utópicos” de museología social.
El ecomuseo (museo comunitario, museo de barrio, etc.) es un proceso, una utopía, un
organismo vivo. En el momento histórico de su gestación fue una puerta entreabierta
por la que salir a buscar formas diferentes de relacionar el patrimonio, los museos y la
sociedad; fue la forma de construir, mediante la concienciación patrimonial y la
pedagogía global, futuros sostenibles. Vivimos un momento diferente, una realidad que
en ocasiones parece añorar situaciones pasadas mejores, pero la realidad es que nos
encontramos en el momento clave para volver a buscar la puerta entreabierta desde la
que abrir caminos.
ECOMUSEUS E MUSEOLOGIA SOCIAL NA ESPANHA
Óscar Navajas Corral
Nebrija Universidad - ESPANHA
PROPOSTA
Em 1971 nasceu à palavra “ecomuseu” em um pequeno restaurante parisiense onde
se encontrou a avidez mental do Hugues de Varine e os ensinamentos e experiências
do Georges Henri Rivière. O término foi oficializado quando o ministro francês do meio
ambiente, Robert Poujalde, o pronunciou pela primeira vez na IX Conferência Geral do
Conselho Internacional do Museu (ICOM) celebrada em Grenoble.
O “ecomuseu” era definido como uma tipologia do museu em que o objetivo não se
encontrava na conversação de algumas coleções, mas sim no uso das funções e
ferramentas que são proporcionadas pelo museu e pelo seu campo de conhecimento,
a museologia, para contribuição social, cultural e econômica a uma determinada
comunidade. O museu, como um templo, saia definitivamente de seus muros para
converter-se em um meio para desenvolvimento integral da sociedade coma que
coabita.
Esta noção conceitual com uma clara visão holística, não foi algo espontâneo nem
isolado do mundo francófono. Desde o final do século XIX os museus escandinavos ao
134
ar livre, os museus de bairros estadunidenses dos anos sessenta, os museus
comunitários latino-americanos ou a disciplina de Interpretação do Patrimônio nascida
nos Parques Nacionais estadunidenses dos anos cinqüenta; fizeram que o conceito de
patrimônio ampliasse sua tradicional visão reduzida ao histórico-estético, e se afasta
da sua estrutura vertical – do Profissional a sociedade – no seu processo de
patrimonialização, para alcançar um enfoque cultural-antropológico do término e uma
horizontal em seu processo de patrimonialização onde a sociedade tivesse maior
protagonismo.
A mesa redonda de Santiago do Chile de 1972 organizada pelo ICOM é considerada o
ponto de inflexão formal, em que a noção do Museu Integral (ecomuseu, museu
comunitário, etc.) e, por associação, o Patrimônio Integral é reconhecido a nível
internacional. Igual que desde os anos setenta e ostenta, o turismo será considerada
uma conquista social irrenunciável para o homem, a Declaração de Santiago do Chile
reconhecia o processo de patrimonialização integral como uma conquista irrenunciável
das comunidades na hora de conversar e pesar o valor de seu patrimônio.
Durante as décadas que transcorreram entre os anos sessenta e noventa esta
evolução patrimonial e no museu e não foi isenta de polêmicas, e como em toda troca
de paradigma, ocorreram choques entre o que se considerava como uma museologia
tradicional e a nova museologia. Os resultados destes confrontos levaram a uma
adaptação museográfica e pedagógica da museologia tradicional, as novas
museologias; e a construção de uma museologia social, formalizada pelo Movimento
Internacional para a Nova Museologia (MINOM).
O ecomuseu, assim como seus irmãos, o museu comunitário, o museu integral, etc.,
essa arma poderosa contra os pilares conceituais do museu tradicional, foi
multiplicando-se e adaptando-se às necessidades das diferentes comunidades pelo
mundo. Neste caminho de evolução de modelos de ecomuseus a controvérsia pelo
uso do apelativo ecomuseu, pelo critério de discernir o que é e não é um verdadeiro
ecomuseu, levou a muito de seus pais, teóricos e práticos, a deixar de usar o dito
apelativo e utilizar o ecomuseu mais como uma forma de trabalho, uma filosofia, um
processo de conscientização e desenvolvimento comunitário.
A situação da Espanha
A Espanha é um dos países em que os ecomuseus têm proliferado nas últimas
décadas. A história da construção de uma museologia social na Espanha e do
nascimento e desenvolvimento dos ecomuseus não foi paralela a dos países vizinhos
e pioneiros nesta matéria, como França ou Portugal.
A história mais recente da Espanha está marcada por uma cruel e dolorosa guerra civil
(1936-1939); por uma ditadura que manteve escondido do país as correntes intelectuais, culturais, sociais, etc. - internacionais durante quase quarenta anos (19391975); e por uma democracia pactuada e tranqüila. A sociedade espanhola, desde a
transição e a Constituição de 1978 entrou em um processo de troca copernicano,
caracterizado fundamentalmente pela descentralização do país e a criação de um
estado de Autonomias, a inserção nos processos de globalização cultural e
econômicos mundiais, a entrada na sociedade de consumo, ócio e bem-estar e o
ingresso com pleno direito nos órgãos e organizações políticos a nível internacional.
Isto pode ser traduzido em:
Um regime de Autonomias ávidas por recuperar a identidade cultural
arrebatada pelo período ditatorial. Uma corrida para revalorizar tudo o
que fosse autóctone. As Autonomias outorgaram a liberdade a cada
região, a cada indivíduo, para sentir sua identidade cultural dentro de
uma identidade nacional.
A entrada na União Européia oferecia um panorama imensurável de
desenvolvimento para todas aquelas regiões e localidades que se
135
encontravam fora das políticas turísticas de sol e praia. Os programas de
desenvolvimento comunitário (LEADER, PRODER, etc.)tiveram um papel
decisivo na criação de instituições culturais em escala local, entre as que
se incluem museus etnográficos, centros de interpretação e claro,
ecomuseus.
Os anos oitenta e princípios dos noventa foram os anos de crescimento
econômico, do boom demográfico e da conquista da sociedade de bemestar em consumo.
A Espanha teve, em pouco menos de quinze anos após a morte do ditador, que
recuperar os anos de falta de comunicação, assimilando e implementando teorias e
práticas estrangeiras já consolidadas; assim como construir linhas próprias de
pensamento e metodologias em matéria patrimonial e de museus que, como em todo
adolescente democrático, julga-se um papel essencial na auto-realização.
Ecomuseus espanhóis
Os ecomuseus espanhóis têm surgido fundamentalmente em dois espaços do tempo:
entre os anos 1990-1995; e 2000-2005. Ambos os períodos coincidem com um
momento de desenvolvimento econômico e social concreto da Espanha. Não obstante,
é preciso mencionar que algumas das experiências mais emblemáticas da museologia
social (ecomuseologia) Espanhola surgiu de iniciativas praticamente minoritárias nos
anos oitenta, como é o caso de Molinos, Valls d’Áneu ou Almedinilla.
Em linhas gerais, podemos classificar os ecomuseus espanhóis em cinco
categorias§§§:
1.Existem ecomuseus territoriaisem que a concepção do espaço e tempo tenta estar
intimamente ligada à relação da comunidade com seu meio e sua história. É o caso do
ecomuseu Alma Serrana (Jaén) (www.almaserrana.com), uma experiência que nasceu
nos anos noventa, mas que se constituiu como um ecomuseu no ano de 2002 para
recuperar e difundir os costumes e tradições da Serra de Segura, fomentar a
participação comunitária de um conjunto de povos que coabitam nestas terras
jienenses e favorecer a formação das gerações mais jovens. Outros exemplos são o
ecomuseu Saja-Nansa (Cantabria), o Ecomuseu Casa Sola (Málaga)
(http://ecomuseocasasola.wordpress.com, ou o Ecomuseu-Farinera Castelló
d'Empúries (Gerona) (http://www.ecomuseu-farinera.org/index2.php).
2.Até hoje, os ecomuseus que primam são aqueles que se aproximam da tipologia do
museu local ou ao Centro de Interpretação natural e/ou cultural. É o caso do
Ecomuseu castillo de Ainsa (Huesca), o Ecomuseu de Benalauria, o Ecomuseu
Fluviarium (Cantabria) (www.fnyh.org/fluviarium-lierganes/), Ecomuseu da Minería da
Montanha Coto Musel (Asturias), Ecomuseu da Pizarra (Madrid), Ecomuseu Larraul
(Guipuzcoa), o Ecomuseu do Pastoreo (Guipúzcoa), o Ecomuseu de Tordehumos
(Valladolid) (www.tordehumos.com/ecomuseo.html), o Ecomuseu de Tiriez (Albacete),
o Ecomuseu de Pinilla (Albacete), o Ecomuseu de Román Gordo (Extremadura), ou o
Ecomuseu Molino de Zubieta (Navarra).
3.Entre estas duas categorias podemos encontrar ecomuseus que se aproximam mais
aos museus ao ar livre. Como exemplo, temos o Ecomuseu da Alcogida de Teifa em
Fuerteventura (www.majorero.com/laalcogida), ou o Ecomuseu de Somiedo (Asturias)
(www.somiedo.es/ecomuseo-de-somiedo).
4.Outros ecomuseus são de iniciativa particular, têm um caráter mais empresarial,
como é o ecomuseu da Huerta de Valoria em Palencia (www.lahuertadevaloria.com/),
ou o Ecomuseu de Fuentelcesped em Burgos.
§§§
Atualmente existem mais de 80 espaços que usam o termo “ecomuseu” para denominar-lo. Nestas
cinco tipologias incluem-se alguns dos mais representativos.
136
5.Por último, podemos encontrar experiências que tem sido com a premisa de
trabalhar com uma metodologia de ecomuseu baseada na participação comunitária
(democracia cultural), a conscientização social, a pedagogia global, a construção da
identidade e territorial por meio da recuperação patrimonial, e o desenvolvimento
social, cultural e econômico de forma sustentável.
Devemos lembrar que o “ecomuseu” não é uma tipologia reconhecida pela normativa
espanhola de museus com o que é complicado rastrear e classificar as experiências
que vão surgindo. Mesmo assim, podem ficar fora experiências que usando
parâmetros da museologia social não estão dentro do seu panorama, em ocasiões
simplesmente porque seus promotores desconhecem ou estão nos círculos
profissionais ou acadêmicos do patrimônio e a museologia. Um caso poderia ser a
recuperação
de
espaços
de
conflito
bélico
do
vale
do
Jarama
(www.parquedidacticodeljarama.org).
Questões e Reflexões para o debate
* Como havíamos mencionado a denominação de um lugar como um ecomuseu não é
uma condição sine qua non para o uso de uma metodologia de trabalho que prima a
participação comunitária com o objetivo de seu desenvolvimento. E embora aos
profissionais e acadêmicos da museologia social não nos interessem tanto que se use
o término “ecomuseu” como que se trabalhe com uma filosofia de ecomuseus. Os
dados indicam o contrário. O numero de espaços, territórios e/ou edifícios que utilizam
o término ecomuseu para autodenominar se esta crescendo tanto na Espanha como a
nível mundial.
* Na Espanha usa-se a palavra ecomuseu de forma arbitrária sem uma justificativa
clara do porque se usa e em que se diferencia, exceto algumas exceções, de outras
tipologias de museus ou de formas de levantamento de bens dos museus e
patrimonialização.
* Neste sentido, existe uma clara ausência normativa, desde o nível regional até o
estatal; e um escasso consenso do setor profissional e acadêmico por traçar alguns
requisitos mínimos nos que se deveriam basear uma experiência do ecomuseu – Na
Espanha.
* Os momentos de crise mundial que vivemos. Momentos revertidos para o mundo,
difíceis para a Europa, e nefastos para a Espanha, estão se fazendo notar
especialmente na criação e impulso de iniciativas sócio-culturais, nas partidas, ajudas
e subvenções econômicas, e nas políticas, cada vez mais passivas, dos órgãos
públicos. Isto se traduz : na interrupção ou cancelamento de projetos sociais e
culturais pela sua “não rentabilidade”; no fechamento ou degradação de numerosas
infra-estruturas culturais – entre as que estão centros de Interpretação e ecomuseus-;
e em um vírus que se estende em forma de apatia social que está corroendo o
núcleo dos motores desinteressados que faziam projetos reais “utópicos” de
museologia social.
O ecomuseu (museu comunitário, museu de bairro, etc) é um processo, uma utopia,
um organismo vivo. No momento histórico da sua gestação foi uma porta entreaberta
para sair para buscar formas diferentes de relacionar o patrimônio, os museus e a
sociedade; foi à forma de construir, mediante o consentimento patrimonial e a
pedagogia global, futuros sustentáveis. Vivemos um momento difícil, uma realidade
que em certas ocasiões parece relembrar situações passadas melhores, mas a
realidade é que nos encontramos no momento chave para voltar a buscar a porta
entreaberta para abrirmos caminhos.
Oscar Navajas Corral
12 de Maio de 2012
137
REFORMING LOCAL ACTIVITIES INTO ONE COMMUNITY IDENTITY BY ECOMUSEUM IN MIURA PENINSULA
Kazuoki Ohara* - Yokohama - JAPAN *
Yokohama National University
MAKING LOCAL
ABSTRACT
This study is to make it clear how the ecomuseum concept becomes important
methodology for making a local identity among local actors towards sustainable
community.
Case study in Miura Peninsula Ecomuseum: The local peoples’ groups in Miura
Peninsula perform various activities. Ecomuseum project of whole Miura Peninsula
started in 2000, and after 5 years, the liaison council of Ecomuseum Miura Peninsula
started its activities aiming at realizing Ecomuseum in the peninsula as an attempt to
connect local peoples’ action groups.
Conclusion: The groups have grasped other group activities, communicated with other
groups and created acquaintance relationships beyond fields. Also, we can regard it as
one of Ecomuseum’s meanings that people learn how to perceive the region
comprehensively from various points of view beyond a field. Ecomuseum can be the
tool for reforming these "theme-oriented communities” into a “local community”.
Ecomuseum activities are never ending. They are constantly developed, reviewed and
altered. And it is the local people who set the directions for the region.
RESUMÉ
Cette étude vise à faire comprendre comment le concept de l'écomusée devient
importante méthodologie pour faire une identité locale entre les acteurs locaux à
l'égard de collectivités durables.
Étude de cas dans l'Ecomusée de la péninsule de Miura: Les groupes de populations
locales dans la péninsule de Miura effectuent de diverses activités. Projet Ecomusée
de toute la péninsule de Miura a débuté en 2000, le conseil de liaison de la péninsule
de Miura Ecomusée a commencé ses activités visant à réaliser un Ecomusée dans la
péninsule comme une tentative pour connecter des groupes d'action des populations
locales.
Conclusion: Les groupes ont saisi autres activités de groupe, ont communiqué avec
d'autres groupes et ont créé des relations au-delà de faire de nouvelles connaissances
champs. En outre, nous pouvons le considérer comme l'un des significations
Ecomusée que les gens apprennent la façon de percevoir la région complète de divers
points de vue au-delà d'un champ. L’ Ecomusée peut être l'outil pour la réforme de ces
«orientations thématiques des communautés » dans une "communauté locale". Les
activités ecomuséales sont sans fin. EIles sont constamment développées, revues et
modifiées. Et ce sont les populations locales qui fixent les orientations pour la région.
1. Purpose of study
This study is to make it clear how the ecomuseum concept becomes important
methodology for making a local identity among local actors towards sustainable
community.
2. Foundation of Ecomuseums in Miura Peninsula
*
Kazuoki Ohara - Professor, Department of Architecture, Yokohama National University, 79-5, Tokiwadai,
Hodogaya-ku, Yokohama, 240-8501, Japan ; Advisor of Miura Peninsula Ecomuseum ; member of Japan
Ecomuseological Society , e-mail: [email protected]
138
Miura Peninsula is located in the southwestern part of the Tokyo capital region,
surrounded on three sides by water (Tokyo Bay, Sagami Bay, Pacific Ocean). It has
rich environment of both natural and
Many activities are already underway in the resource-rich peninsula. Networking these
voluntarily initiated, grass root activities will form the ecomuseum. One characteristic of
the ecomuseum on Miura Peninsula is that it is created by bringing together these
activities and local heritages.
3. Maintaining facilities and local heritages on each Partners, and community
participation
As in the case with the running of the ecomuseum network, community participation in
the maintenance of buildings and facilities for regional heritage sites becomes
indispensable.
However, the majority of partner organizations running such sites do not exist for the
sake of the ecomuseum alone; they also engage in a variety of non-museum activities.
Suppose that there is a group whose main activity is the conservation of a cityscape.
Given its specialization, the role that the headquarters of the ecomuseum should
embark upon is to support the group with training, data collection, and research so that
they can carry out activities for the museum in a well-balanced manner.
4. Local Peoples’ Activities and Organization of MARUHAKU Liaison Council of
Ecomuseum Miura Peninsula
The local peoples’ groups in Miura Peninsula perform various activities. However, on
the other hand, according to our interview in 2004, some groups talked about the
communication with other groups quite differently. For example, they said, “We can’t
imagine how to communicate.” “Our activities are good enough on the current
conditions without the help from other groups.” Also, others said, “We think we can
conduct activities cooperating with other groups, but we are busy with our own
activities in fact. We don’t expect something specifically.” “We are afraid that it is
difficult to coordinate groups.”
In 2005, MARUHAKU liaison council of Ecomuseum Miura Peninsula (“MARU” means
“whole”, “HAKU” does “museum”, and we will call it just “MARUHAKU” below) started
its activities aiming at realizing Ecomuseum in the peninsula as an attempt to connect
these action groups. It consists of the members made up of municipalities (4 cities and
a town) and local peoples’ activity groups (20 groups), the advisors (2 scientists), and
the organizers (4 people) chosen among the member groups.
5. Meanings of Network
Member groups of MARUHAKU liaison council have their own objectives and themes
in their action regions and conduct research and study, conservation and preservation,
visit sessions and exhibitions and so on. To know their reality and opinions, we
conducted a questionnaire with 14 member groups (18 people) and interviewed 11
groups among them.
Below, we will summarize the meanings of network building found through the
interviews of local peoples’ groups and so on.
(1) Support Group Activities Indirectly and Potentially
The groups joining the liaison council have realized that they can (a) know and
understand other group activities, (b) understand the relationships between their own
group and other groups, (c) build interactive relationships with people, (d) ask for
support or advice from other groups, (e) learn know-how of activities from other groups,
and (f) connect it to various ideas.
Some said that they could ask for other group support or advice like (d) only when they
had a specific acquaintance in the group. Creating an “acquaintance” foundation is a
great meaning of the network building.
139
Moreover, others said, “A member of our group had an acquaintance in another group.
That was how the group asked for our support,” and so on. We can say that the
relationships among individuals are more important than those among groups.
And we could confirm gradual interactive progress. It is like this. (i) They know and
understand other group activities. (ii) They grasp the other group relationship with their
own group. (iii) They want to ask for support in a specific activity. And only then, such
an activity support request is made.
Many people said, “We could know other group activities and ideas” through
MARUHAKU-related activities. Just to “know other group activities” has a great
potential possibility leading to future activities.
(2) Offer “a Place” for an Individual to Study a Region Comprehensively
It is important that the individuals in local peoples’ groups, not the groups, join
MARUHAKU liaison council meetings or forums such as tours.
In an interview, they said, “I don’t know the region well yet. I don’t know the method or
measure to know it. Through the liaison council activities, I have met other group
activities and ideas and got the know-how to know the region.” This is the case in
which the activities offered by the liaison council provided an individual with
opportunities to meet other group activities and the person could get “a new point of
view to know the region” through them. We can say that the liaison council exists as “a
place to study a region comprehensively” for an individual.
(3) Build a Multidiscipline Network
In interviews, some said, “We have communicated and had relationships with other
groups since before.”
Considering how much they had grasped other group activities before MARUHAKU
liaison council started, there is a big difference depending on groups, but we could
perceive the trend below.
-Environment-oriented groups grasp the activities mainly of environment-oriented
groups and of relatively few groups in other fields including culture and history. They
have many acquaintances in the same environment-oriented groups.
-Culture or history-oriented groups know the activities of other groups in the same field,
but know almost nothing about the activities of environment-oriented groups. Also, they
have relatively many acquaintances in the same field and a few, in other fields.
people learn how to perceive the region comprehensively from various directions
beyond a field or a point of view.
Ecomuseum can be the tool for reforming these "theme-oriented communities” into a
“local community”. Ecomuseum activities are never ending. They are constantly
developed, reviewed and altered. And it is the local people who set the directions for
the region.
We consider it the next task to realize social inclusion by creating opportunities to We
can say that much of the network before the groups join the liaison council was the
exchanges limited to the inside of the same field.
What happened to this situation after they joined MARUHAKU liaison council? Joining
the council encouraged them to grasp the activities of the groups in other fields. And
we confirmed that they had built the acquaintance relationships with groups in other
fields. We can say that it is due to the creation of the liaison council.
On the other hand, they listed problems as future tasks. For example, they said, “It is
difficult to make MARUHAKU activities known to every member of our group.” “How we
will move in the future is the next problem.” “We can’t say that MARUHAKU has taken
off or become independent as an organization already while the foundation (KIF) and
the prefecture (Prefectural Administration Center) leads and plans.”
6. Result of survey
We have confirmed that the groups have grasped other group activities, communicated
with other groups and created acquaintance relationships beyond fields because
people’s communication was encouraged by the inauguration of MARUHAKU and
140
related activities. Also, it has become evident that this leads to the support for the
activities of the groups themselves in the current situation.
We have found a meaning of the council. An individual member who attends the
meetings or forums of the liaison council can meet other group activities and take in a
new point of view to know the region through the council activities. Also, we can regard
it as one of Ecomuseum’s meanings that meet the liaison council’s activities so that we
can provide a point of view toward the region of local people joining exhibitions or visit
sessions of each group and individuals who do not join the council in each group.
OS ECOMUSEUS E O PATRIMÔNIO DA LIBERDADE DE AÇÃO COMUNITÁRIA
Odalice Miranda Priosti* e Walter Vieira Priosti**
NOPH-Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica/Ecomuseu de Santa Cruz - Rio
de Janeiro-BRASIL
ABREMC-Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários2010/2012
RESUMO
Com o objetivo de revelar e confirmar as conquistas e inovações dos ecomuseus e
museus comunitários brasileiros, apresentamos ao tema do IV EIEMC a contribuição
do Ecomuseu de Santa Cruz com sua experiência de 29 anos (1983/2012) de uma
prática em comunhão com a teoria dos “novos museus” ou museus saídos das
comunidades. Da experiência vivida no bairro de Santa Cruz, Rio de Janeiro construiuse a noção de “museologia da libertação”: uma experiência que aceitou e cumpriu o
desafio lançado na Mesa de Santiago, há 40 anos. Debutava a América Latina na
criação de um outro patrimônio . Não só o conceito do patrimônio integral, mas, só
agora o reconhecemos, o patrimônio da liberdade de escolher a trilha da memória
a seguir e de agir segundo essa escolha Isso explica a capacitação da comunidade
para o exercício consciente e responsável da cidadania. Essa capacitação promovida
pelo ecomuseu apresenta resultados muito significativos que o fazem ratificar não só a
libertação das forças vivas das comunidades para agir - suas singularidades, sua
diferença, sua subjetividade, mas também com ela a produção de um processo
pedagógico de apropriação patrimonial e com o patrimônio construir, definir ou
orientar o próprio futuro. Em suma, a organização da comunidade para as parcerias
e a capacitação da cidadania política dos membros da comunidade como um
todo, usando o recurso do patrimônio para o desenvolvimento local e a força
política para exercitar a liberdade de escolhas e decisões.
Palavras-chave: Ecomuseu – Comunidade – Memória – Patrimônio – Museologia da
Libertação.
RÉSUMÉ
*
Educadora e Museóloga; Doutora em Memória Social pela UNIRIO/PPGMS 2010, Coordenadora de
Estudos e Projetos do NOPH / Ecomuseu de Santa Cruz, Coordenadora do II e do III Encontro
Internacional de Ecomuseus e Museus Comunitários, III EIEMC (Rio de Janeiro/ Santa Cruz, 2000 e
2004); Coordenadora da I Jornada Formação em Museologia Comunitária, Rio de Janeiro/ Santa Cruz,
2009; Vice-presidente da ABREMC – Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários
[email protected]
**
Economista, comunitário desde 1972, Coordenador geral do NOPH (2012/2013). Coordenador geral do
II e do III Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus Comunitários, III EIEMC (Rio de Janeiro/ Santa
Cruz, 2000 e 2004), Fundador da ABREMC – Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus
Comunitários, Rio de Janeiro, 2004; Coordenador geral da I Jornada Formação em Museologia
Comunitária, Rio de Janeiro/ Santa Cruz, 2009 - [email protected]
141
Nous présentons la contribution de l´écomusée de Santa Cruz au thème de la 4eme
Rencontre Internationale des Ecomusées et des Musées Communautaires
l´expérience de 29 ans (1983/2012) d´une pratique liée à la théorie des “nouveaux
musées”, c´est-à-dire, des musées issus des communautés. L´objectif de cette
présentation n´est que de révéler et confirmer les conquêtes et les innovations des
écomusées et des musées communautaires brésiliens. On part de l´expérience vécue
à Santa Cruz, une banlieue de Rio de Janeiro, pour construire la notion de
“Muséologie de la libération” : une expérience qui a accepté et qui a mis au jour le
défi lancé par la Table Ronde de Santiago, il y a 40 ans. L´Amérique Latine
commençait alors la création d´un autre patrimoine: non seulement le concept de
patrimoine intégral, mais, comme nous le reconnaissons seulement maintenant, le
patrimoine de la liberté de choisir le chemin de mémoire à suivre et d´agir selon ces
choix. Cela explique la capacitation de la communauté en vue d'un exercice conscient
et responsable de la citoyenneté. Cette capacitation promue par l´écomusée montre
des résultats très significatifs qui assurent non seulement la libération des forces vives
des communautés pour agir – leurs singularités, leur différence, leur subjectivité –
mais aussi la production d´un processus pédagogique d´appropriation patrimoniale et,
avec le patrimoine, construire, définir, ou orienter leur propre avenir.
Finalement, il s'agit de l´organisation de la communauté en vue des partenariats
et de la construction de la citoyenneté politique de ses membres, en utilisant le
patrimoine comme ressource pour le développement local et comme force
politique pour exercer la liberté des choix et des décisions.
Mots-clé : Ecomusée – Communauté – Memoire – Patrimoine – Muséologie de la
Libération
INTRODUÇÃO
O tema do IV Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus Comunitários –
Patrimônio e Capacitação dos Atores do Desenvolvimento Local nos apresenta como
uma oportunidade única de dar nosso testemunho após mais de 20 anos no seio da
experiência do Ecomuseu de Santa Cruz.
Ao longo de duas décadas ativamente no processo, a comunidade de Santa Cruz mais
uma vez vivenciou a influência do poder sobre suas ações ou pelos menos sobre sua
vontade de gerir o museu que foi por ela criado para construir memória e se fazer
sujeito de sua própria história.
No tempo da Colônia, a Fazenda se dobrava às ordens da Coroa e, na cerimônia do
beija-mão, afirmava festivamente o seu assujeitamento ao Rei, não sem considerar o
quanto a proximidade do poder trazia benefícios à longínqua Fazenda de Santa Cruz,
encarnada na presença do Rei e da Corte na sede campestre do governo: entre
despachos e festas religiosas, saraus e viagens de estudos de artistas e cientistas
integrantes da comitiva real, a Fazenda, que prosperou no tempo dos jesuítas,
encontrou momentos de apogeu com a presença de D. João VI e dos Imperadores D.
Pedro I e D. Pedro II. Marcas desse tempo se amalgamaram ao modo de vida e de
fazer cultura da gente herdeira dos tempos jesuítico, real e imperial. A intermitência
da presença do poder mostrou também o abandono e o esquecimento nos períodos
em que, sem a presença dos monarcas, ficava à deriva, abandonada à própria sorte.
A mudança de atitude se inicia como resposta à nova imposição quando, tradicional
reduto da agricultura na cidade do Rio de Janeiro, é forçada a mudar seu perfil
psicossocial de população agrícola para abrigar um grande polo industrial nessa
região. Motor da mudança, esse fato era justificado como a necessidade de criar
suporte econômico para o novo Estado da Guanabara, surgido em seguida à fundação
da nova capital do Brasil.
Nesse período, numa das poucas vezes em que a sociedade local se moveu por si só,
autônoma, se organizou e fundou em 1983 o que viria a ser não só um Núcleo de
142
Pesquisa Histórica ( NOPH), mas o início do primeiro ecomuseu comunitário do Brasil.
Ali começava uma das mais significativas experiências de uma comunidade,
afrouxando os laços do assujeitamento para se libertar de si mesma, de sua inércia e
acomodação.
Desde então o Ecomuseu de Santa Cruz desenvolveu na comunidade uma pedagogia
própria de estudos sobre si mesma, de apropriação de sua liberdade de agir, de
reflexão sobre seu patrimônio e sobre o território de sua ação.
Passados 20 anos da sua revelação como ecomuseu, percebe-se que a experiência
vivida no ecomuseu foi uma capacitação em tempo integral, onde os membros
dessa comunidade vivenciaram o aprendizado de si mesmos, reconhecendo-se
atores do desenvolvimento local.
Ao reacender os vínculos com o espaço vivido, os faróis se iluminaram novamente
sobre o bairro distante e, ainda que num processo lento, desordenado e complexo, o
desenvolvimento chegou, muitas vezes sem a escuta à comunidade afetada. Em uma
avaliação imparcial, pode-se ratificar que o maior patrimônio construído nessa
trajetória foi a libertação das próprias forças vivas da comunidade, o que
tínhamos de melhor culturalmente em nós mesmos, como comunidade, para
colocar a serviço do local, do bem comum e construir esse capital cultural
sedimentado com o cotidiano da gente na experiência do Ecomuseu de Santa
Cruz.
Durante a gestação e desenvolvimento do ecomuseu, algumas vezes Santa Cruz se
tornou observatório museal, onde muitos vieram buscar fundamentos e práticas
exitosas para novas iniciativas no Brasil. A realização de dois encontros internacionais
pela própria comunidade em 2000 e 2004 e de uma Jornada Formação em
Museologia Comunitária(2009) coloca o Rio de Janeiro e certamente Santa Cruz no
eixo da Museologia Social Brasileira, em cuja trilha seguem inúmeras outras
iniciativas, cultivando e refletindo sobre a “museologia que liberta e educa” e
acrescentamos, que organiza as comunidades e as capacita para serem
gestoras do próprio desenvolvimento local. Sociedade organizada em seus
diversos segmentos, Santa Cruz abraçou o conceito de ecomuseu e criou uma
metodologia própria- práticas simples como inventário participativo, rodas de
lembranças ou rodas de memória, publicação de informativo bimestral, projetos
educativos voltados para o patrimônio, entre outras.
É preciso então ressaltar que essa museologia inspirada nos princípios freireanos de
Educação Popular não é outra senão aquela que trouxe protagonistas e responsáveis
por experiências de vários países a Santa Cruz para discutir “Comunidade, Patrimônio
e Desenvolvimento sustentável “(2000) e “Comunidade, Patrimônio compartilhado e
Educação” (2004) e que, pensando o futuro dos ecomuseus e dos museus
comunitários concebeu e realizou as I Jornadas, priorizando a formação de
museólogos para museus comunitários e desse modo buscando a sustentabilidade
desses processos.
Por fim, o testemunho dos participantes do Ecomuseu de Santa Cruz ratifica uma
última e determinante afirmação: o Ecomuseu e o museu comunitário são formas
de organização social e capacitação da cidadania política dos seus membros e
da comunidade como um todo, não só através do recurso do patrimônio local
para o desenvolvimento como também para libertar a força política das
comunidades para fazer suas escolhas e com ela agir , definir ou pelo menos
buscar orientar seu futuro, sujeitos de sua história.
Museologia da Libertação: a pedagogia patrimonial libertadora dos processos
museológicos comunitários * - (Adaptação de fragmento da tese)
Para serem de fato sujeitos e não objetos passivos, pressupõe-se um mínimo de
autonomia para escolher, decidir, tomar iniciativas, portando, liberdade de agir. Assim,
desenvolvemos uma concepção que talvez possa, ao nosso ver, trazer contribuições
para o campo da museologia, principalmente no que diz respeito às iniciativas
museológicas comunitárias. Trata-se da noção de museologia da libertação.
143
Para construí-la, nos apoiamos na proposta de pedagogia da libertação de Paulo
Freire, aliada à experiência do Ecomuseu de Santa Cruz. Todavia, não pretendemos
simplesmente transpor uma ideia do campo pedagógico para o campo museológico.
Diversamente disso, pretendemos nesse deslocamento de um campo a outro, fazer a
noção sofrer alguns deslocamentos e enriquecê-la com novos desenvolvimentos.
Utilizamos a noção de Paulo Freire naquilo que ela é capaz de trazer para iluminar
algumas teorias e práticas museológicas, sem nenhuma pretensão de fidelidade ou
imitação absoluta.
Uma das modificações que gostaríamos de destacar na concepção museológica, em
relação à ideia de pedagogia da libertação proposta por Paulo Freire, diz respeito à
própria ideia de libertação: pretendemos pensar uma libertação que não resulte
apenas de relações de oposição – opressores e oprimidos, por exemplo - mas
que seja também uma libertação das subjetividades naquilo que elas possuem
de mais inventivo e singular.
Com o intuito justamente de diferenciar o que está em jogo na noção de museologia
da libertação, bem como o nosso próprio procedimento ao construir a noção,
concebemos que no ecomuseu estão em estreita relação os conceitos de imitação e
de criação.
Assim, pensamos que a ideia de práticas de liberdade e de “ações culturais
libertadoras”, propostas por Freire, podem ser utilizadas também para pensar a
libertação das subjetividades através de práticas criativas e inventivas, que se
disseminam rizomaticamente pelo campo social. Para esclarecer melhor esta
dimensão criativa da subjetividade e da memória que, ao invés de fortalecer-se pela
oposição, ganha força pelo contágio, utilizamos o pensamento do sociólogo francês
Gabriel Tarde. Um dos conceitos que fundamentam a ideia de libertação das
subjetividades, tal como é aqui pensada, é a diferença, conceito trabalhado por
Gabriel Tarde em sua obra de referência As Leis da Imitação (TARDE: s/d). Para
Tarde, a invenção humana se entrecruza sempre com a imitação. Tarde pensa a
constituição do campo social a partir das diferenças, e não das semelhanças.
Mudando o foco das semelhanças para a diferença, ele constata que a imitação e a
invenção se articulam e se sucedem: se, por um lado, cada invenção inaugura um
novo modo de imitação, uma nova série aberta, cada imitação é também uma nova
invenção, ou seja, a imitação anterior acrescida das marcas do seu tempo e espaço, e
não a repetição do mesmo. Pretende-se pensar a ideia de libertação, contida no
pensamento de Paulo Freire, em consonância com o pensamento de Gabriel Tarde e
sua concepção de criação, na qual “existir é diferenciar- se” (TARDE: s/d), ou seja,
imitar é repetir o anterior de forma diferenciada. É desse modo que se pode pensar
a estratégia pedagógica a ser adotada no museu comunitário, um museu que
pretende libertar-se de um modelo, libertar-se, a partir da redescoberta do local,
com outro olhar, após os nutrientes da informação sobre o local. Mas libertar-se
também independentemente do que ou de quem, construindo uma autonomia nos
modos de vida, nas maneiras de valorar os bens e de constituir a memória,
inventando, permanentemente segundo os problemas encontrados nas situações
cotidianas. Nesse sentido, o museu não difere de ninguém, mas vai diferindo de si
mesmo em seu exercício diário, levando em conta que diferenciar-se é a própria
criação de si, e que um museu, ao diferenciar-se permanentemente, cria sua forma
própria.
Obviamente, da mesma forma os museus instituídos podem ser repensados e ser
contaminados pelas formas, métodos e estratégias do museu comunitário, o que pode
ser demonstrado através das novas práticas de ações educativas que vêm buscando
uma aproximação ainda maior com as comunidades, fazendo-as participantes e até
curadoras de exposições ao ar livre, itinerantes, aproveitando a fala dos próprios
habitantes/ moradores da região. A realização de feiras culturais, saraus, oficinas
relâmpago de artesanato, exposições compartilhadas utilizando objetos cedidos pela
comunidade, exposições com roteiros externos à sede do museu, visitas aos
144
patrimônios da cidade orientadas ou dinamizadas por gente da comunidade mostra
que essas práticas tão comuns nos museus comunitários e ecomuseus têm
encontrado eco nos demais museus e mesmo sido incorporadas ao seu cotidiano.
Assim, escapando à rigidez de um modelo museológico herdado dos europeus, a
criação de processos museológicos comunitários aproveita ideias básicas de museu
instituído, mas as adapta ou recria segundo as próprias demandas das comunidades
que os criam nos seus específicos espaços vividos. Ao mesmo tempo, é importante,
nas práticas exercidas no ecomuseu, que suas conquistas possam ser “imitadas”
diferentemente, no sentido de Tarde, por outras comunidades, espraiando-se quase
como um contágio: é talvez a isso que se refere Paulo Freire, quando afirma que a
experiência da libertação precisa encontrar outros sujeitos com histórias similares,
sendo preciso difundir e internacionalizar a resposta local, a fim de partilhar o que deu
certo.
Museologia da libertação (Adaptação de Fragmento da tese )
É neste sentido que pretendemos pensar uma Museologia da Libertação* revelada à
luz da memória social, cujos fundamentos poderiam estar na base de um museu
educador- libertador que, ao adotar a libertação das forças culturais
simultaneamente pela oposição e pela afirmação, mesclando a imitação e a diferença,
produz memória.
Em outros termos, pretendemos pensar a possibilidade de libertação das forças vivas
de uma comunidade pela musealização do espaço vivido e por ações patrimoniais
que afirmam as subjetividades coletivas ao mesmo tempo em que se opõem às
políticas públicas impostas, e que afirmam sua singularidade museológica ao mesmo
tempo em que combatem os fundamentos da museologia convencional. A museologia
da libertação seria, a nosso ver, o processo pelo qual as comunidades – e
particularmente a de Santa Cruz – pode construir uma memória enquanto resistência,
uma memória que não se assujeita a um modelo que lhe foi imposto, mas que com ele
negocia, imitando-o e diferenciando-se dele de múltiplas maneiras.
Numa outra perspectiva, a própria criação de museus por iniciativa das comunidades
reforça a ideia de que a libertação de que tratamos aqui refere-se também à libertação
das forças vivas, endógenas da comunidade no seu exercício de subjetivação. A
museologia da libertação representa uma produção de processos museológicos
diferenciados, “os novos museus” – museus que colocam os sujeitos no centro de sua
preocupação, em vez dos objetos e das coleções que eles produziram. Ou seja, são
museus nos quais a intenção primeira não é a conservação ou a sobrevida dos bens
de uma coleção ou de uma coleção de patrimônios, mas, primordialmente, o
desenvolvimento de uma comunidade consciente e responsável para o agir e criar,
capacitada para a construção de sua memória e para o exercício da cidadania.
Portanto, estamos tratando aqui de criação onde os fatores essenciais e
determinantes são as singularidades de cada comunidade. É nesse sentido que o
exercício da “escuta” é adotado como o método próprio nos ecomuseus e museus
comunitários. Ouvindo as falas dos habitantes, estaremos libertando suas histórias de
vida, conhecendo o destino das memórias trazidas para esse espaço, vindas pela
imigração ou pela remoção das favelas do Rio e seu reassentamento em Santa Cruz.
Ao propormos a museologia da libertação, nossa ideia é trabalhar a memória como um
processo pedagógico de subjetivação e de libertação das forças vivas das
comunidades.
Sem o propósito de um aprofundamento na questão teológica e muito mais
interessados na aproximação à atmosfera de ruptura do fator principal do
*
Citada por Hugues de Varine no texto A Nova Museologia: Ficção ou realidade, In: SECRETARIA
MUNICIPAL DE CULTURA. Museologia Social. Porto Alegre, Unidade Editorial, 2000, pp. 24-25 e em seu
livro Les Racines du futur- Le patrimoine au service du développement local , 2002, p.183 , foi
apresentada por esta autora no III EIEMC – III Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus
Comunitários, Rio de Janeiro, 2004. In: CD ROM Atas do III EIEMC/ X Atelier Internacional do MINOM,
2004.
145
subdesenvolvimento: a dependência, trataremos aqui da passagem de uma
dependência cultural para uma libertação. Pois, se o modelo desenvolvimentista
acionou uma consciência nacionalista, é certo também que foi promovido com base
num capitalismo dependente, que distribuiu de forma desigual os benefícios para os
países já desenvolvidos e os malefícios aos países historicamente atrasados,
subdesenvolvidos e periféricos (BOFF: 2001 p.110), aprofundando o vácuo entre os
mais ricos e os mais desfavorecidos.
À dependência entre o centro e a periferia se deveria opor um
processo de ruptura e de libertação. Portanto, desfazia-se a base
para a Teologia do desenvolvimento e se criavam os fundamentos
teóricos para uma teologia da Libertação. (Idem)
Portanto, o que nos religa a essas questões é somente o contexto histórico da
efervescência político-social que antecedeu o sopro renovador na Igreja, provocando
nos anos 60 a emergência de diversos movimentos eclesiais e populares e o
reconhecimento de uma América Latina por ela mesma, ou seja, uma América Latina
que toma decisões e escolhe seus próprios caminhos, plantando as bases de uma
libertação sócio-política. A Nova Museologia, inspirada na educação libertadora de
Paulo Freire e norteada pela Declaração de Santiago, desmistificou a imperiosa
necessidade de copiar ou imitar os museus da Europa e aproximou os protagonistas
de diversas experiências de novos museus e assim
(...) os militantes da nova museologia se reconhecem e buscam uma
“museologia da libertação” (termo de Odalice Priosti) própria para
ajudar as comunidades a encontrar nelas mesmas e fora delas a
força e os meios para viver e agir como sujeitos e atores de seu
*
próprio futuro. (VARINE: 2005)
Podemos afirmar que as reflexões de Hugues de Varine e mesmo a provocação de
sua reverência/ reconhecimento da contribuição do pedagogo brasileiro aos
fundamentos da Nova Museologia, articuladas com as Freire, culminaram com a
apresentação do texto Museologia da Libertação e a construção democrática do
patrimônio do futuro (PRIOSTI, 2004), para as discussões preparatórias do III EIEMCIII Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus Comunitários, realizado no Rio de
Janeiro, em Santa Cruz, em 2004, em reunião conjunta com o X Atelier Internacional
do MINOM. O tema - Comunidade, Patrimônio compartilhado e Educação justificava a
expansão do conceito de museu educador –libertador para uma museologia
diferenciada capaz de reler a obra de Paulo Freire (Educação como prática de
liberdade) e aproximá-la da experiência dos ecomuseus e dos museus comunitários e
simultaneamente decodificar o sentido dos processos de libertação, tal qual a
interpretação de Leonardo Boff, na esteira da Teologia da Libertação, adaptando-a a
Nova Museologia.
Com relação a Paulo Freire, trabalhamos com as noções de pedagogia da libertação
(lidas por nós como processos pedagógicos que promovem e estimulam a produção
de subjetividades e através delas libertam as forças vivas da comunidade) e
pedagogia da autonomia (pela qual o homem toma a si a capacidade de escolhas e
tomada de decisões), conforme foram apresentadas no livro O Tempo Social, de H. de
Varine. Estas noções são revisitadas e transpostas por nós para os processos
museológicos como fundantes de uma museologia da libertação.Desde 1999, nos
preparativos para a realização do II Encontro Internacional de Ecomuseus (II EIE),
*
Tradução livre de OMP do original em francês: (...) les militants de la nouvelle muséologie se
reconnaissent entre eux et poursuivent leur recherche d´une “muséologie de la libération” ( mot d`Odalice
Priosti) propre à aider les communautés à trouver en elles-mêmes et em dehors d´elles la force et lês
moyens de vivre et d´agir en sujets et acteurs de leur propre avenir.( VARINE: 2005 ) Articles publiés
dans: Les Nouvelles de l'ICOM, Vol. 58, No. 3, 2005. ICOM -La décolonisation de la muséologie
146
proposto pelo Ecomuseu de Santa Cruz, junto ao qual se realizou também o IX
ICOFOM LAM- IX Reunião Anual do Comitê Internacional do ICOM para a Museologia
na América Latina e Caribe, em 2000, no Rio de Janeiro (Santa Cruz), mantivemos
com Hugues de Varine estreita correspondência via Internet. A comunidade local
preparou todo o Encontro, organizada em seis grupos de trabalho, que planejaram e
executaram todo o programa. Nessa época, nossas questões mais conflituosas
abordavam quase sempre as limitações impostas pelo poder público às ações
culturais comunitárias do ecomuseu, em nome de uma autonomia reivindicada. Essas
reflexões à distância engendraram o programa do II EIE e incluíram entre os ateliês
dos grupos de trabalho o tema: Museu educador-libertador: pedagogia, o qual foi
coordenado pela Profa. Dra. Maria Célia Moura Santos**que trazia sua própria
experiência na concepção e fundação do Museu Didático-comunitário de Itapuã***na
Bahia. Minha própria imersão nas obras de Paulo Freire também sedimentou o que
chegamos a conceber como “museologia da libertação”:
Pois trata-se não só da libertação da confiança em si, da criatividade,
da capacidade de iniciativa, mas também de uma libertação das
dependências culturais, da promoção de valores consagrados, do
poder do saber, etc A Mesa redonda de Santiago do Chile de 1972
enobreceu essa museologia, sugerindo o primado do homem e da
comunidade como autores e atores de uma instituição que não
deveria estar unicamente a serviço de suas coleções ou de seus
conservadores(técnicos), ou mesmo a públicos cultural e socialmente
****
minoritários. (VARINE, 2002, p. 183-184)
Aqui privilegiamos a interface com a educação, contemplando a “pedagogia da
libertação” de P. Freire. A nosso ver, trata-se de uma museologia protagonizada por
comunidades que, numa abordagem claramente política no sentido mais nobre da
palavra, criam processos museológicos, ou seja, musealizam seu espaço vivido, seu
patrimônio, as relações dinâmicas da vida em comunidade e os utilizam como meios e
caminhos para conscientizar os membros das comunidades sobre si mesmos, afirmar
suas especificidades, potencializar neles a autonomia e a iniciativa. A musealização
processual é um aprendizado lento e cumulativo onde a participação direta das
comunidades nas escolhas, tomada de decisões e consequentes iniciativas pode
contemplar uma libertação de subjetividades coletivas, as quais, sustentadas por um
conhecimento de si, emergem e se afirmam, resistindo a um contexto político-cultural
que desestimula a inovação.
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exclusão, segundo Leonardo Boff – Félis Concolor , publicado na Revista JB
Ecológico- Ano I nº 13, fev. 2003
**
A profa. e museóloga Maria Célia T. Moura Santos publicou um livro Repensando a Ação Cultural e
Educativa dos Museus, Salvador , Centro Editorial e Didático da UFBA: 1993, onde na página 43
questiona: Não é viável assumir o papel de museu educador, comprometido com uma nova prática
pedagógica para transformar?
***
Ver Santos, Maria Célia T. Moura. Processo Museológico e Educação: construindo um museu didáticocomunitário em Itapuã. Salvador: UFBA, Faculdade de Educação, 1995. Tese (Doutorado em Educação)
****
Tradução livre da autora do texto original: ... Car il s´ agit bien de la libération de la confiance en soi,
de la créativité, de la capacité d´initiative, mais aussi d´une libération des dépendances culturelles:
consommations, promotion des valeurs consacrées, pouvoir des savants, etc. La Table Ronde de Santigo
du Chili de 1792 a donné des lettres de noblesse à cette muséologie, en suggérant le primat de l´homme
et de la communauté comme auteurs et acteurs d´une institution qui ne devrait être au seul service de ses
collections ou de ses conservateurs, ou même de publics culturellement et socialement minoritaires.
(VARINE: 2002, p. 183-184)
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edição.
RESSONÂNCIAS
DAS I JORNADAS FORMAÇÃO EM MUSEOLOGIA
COMUNITÁRIA
Walter Vieira Priosti* /Odalice Miranda Priosti**
Santa Cruz - Rio de Janeiro – BRASIL
* NOPH/ Ecomuseu de Santa Cruz
** ABREMC – Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários 2010/2012
A preocupação com a formação de pessoas das comunidades, capacitando-as para
melhor entender e gerir os seus museus, há muito é tema das discussões na
Museologia Comunitária.
A idéia da realização das I Jornadas Formação em Museologia Comunitária surgiu
durante o Fórum Social Mundial- FSM-, em Belém, 2009, onde a ABREMCAssociação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários e seus parceiros, entre
eles o NOPH e o Ecomuseu de Santa Cruz, tinham uma atividade autogestionada –
Seminário e exposição “NATUREZA E CULTURA : MEMÓRIA COMO CAPITAL
CULTURAL – Gestão
e sustentabilidade de processos museológicos
comunitários” , integrando o eixo temático Memória, Ambiente e Cultura.
No desdobramento do FSM 2009, foi proposta e aceita a realização do IV EIEMC – IV
Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus Comunitários em Foz do Iguaçu, no
Paraná, sob a coordenação do Ecomuseu de Itaipu. Tinha-se como meta difundir o
encontro no sul do Brasil, já que as três edições anteriores haviam acontecido no Rio
de Janeiro: 1992 (Centro), 2000 (Santa Cruz) e 2004 (Santa Cruz). Assim planejou-se
que as I Jornadas aconteceriam na sequência do IV EIEMC. Entretanto, razões
diversas levaram a transferir o IV EIEMC, mas foram mantidas as I Jornadas em Santa
Cruz.
Tendo por tema Ecomuseus, Museus Comunitários e Patrimônio e o Turismo de
base comunitária - Estratégias de trocas, participação e desenvolvimento e por
Subtema: Metodologias de trabalho nos ecomuseus e museus comunitários: aspectos
comuns e aspectos singulares, a Jornada tinha por objetivos:
- reunir comunidades e profissionais envolvidos em processos museológicos de
ecomuseus, museus comunitários e outros para a reflexão sobre os efeitos do turismo
e a contribuição que esses museus podem dar ao turismo sustentável pela
participação comunitária
- capacitar membros das comunidades como facilitadores que transmitam técnicas e
métodos participativos para a criação e desenvolvimento de museus comunitários,
catalisando processos de organização locais
- reconhecer, apoiar e divulgar novas experiências e metodologias próprias da
museologia comunitária;
- estabelecer redes de intercâmbio continuado entre protagonistas, estudiosos e
simpatizantes dos ecomuseus, museus comunitários e similares
Numa avaliação global, a Jornada que aconteceu em dois módulos, o primeiro de 23 a
31 de outubro e o segundo, de 1º a 07 de novembro de 2009, foi uma experiência
exitosa, pois contou com a participação de responsáveis e protagonistas de
150
ecomuseus e museus comunitários brasileiros, estudantes, professores, artesãos e
membros da comunidade local, além de Hugues de Varine (França) como especialista
e observador e Teresa Morales (México) como ministrante do Taller de Facilitadores
de Museos Comunitarios, adaptado do que acontece anualmente em Oaxaca, no
México.
Os módulos I e II da Jornada superaram qualitativa e quantitativamente as
expectativas, tal a diversidade de experiências e iniciativas representadas, tendo
recebido adesões de diferentes estados brasileiros. Como iniciativa pioneira no Brasil
de formação em Museologia Comunitária, a I Jornada cumpriu sua missão, reunindo
especialistas, profissionais e responsáveis por processos museológicos comunitários
já consolidados, em formação, outros ainda em fase de concepção e estudantes
universitários que vinham em busca de conhecimento nesse campo específico da
Museologia.
Possibilitou, com as oficinas realizadas, a formação de uma rede de trocas e
solidariedade entre as experiências e a apresentação de diferentes técnicas, métodos
e estratégias próprias dos ecomuseus e dos museus comunitários.
Fortaleceu projetos ainda embrionários e cultivou com os exemplos apresentados a
potencialidade que têm as comunidades para a criação e a gestão de seus processos
de memória.
Ressaltem-se ainda a criatividade e o dinamismo das oficinas, oferecendo um
aprendizado lúdico e sensorial, incluindo dinâmicas variadas com a intervenção de
música, dança, poesia, literatura de cordel, reflexão, exposições diversificadas,
debates, concepção e montagem de exposição, visitas a museus (Museu da Maré,
Museu do Pontal, Museu Imperial), visitas a localidades com potencialidade para a
criação de museus comunitários ou ecomuseus como Arrozal, Distrito de Piraí, RJ e
Sepetiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Registramos ainda fragmentos da avaliação das I Jornadas, pelo seu observador
Hugues de Varine:
“(...) A intervenção de Teresa Morales, por seu rigor metodológico e a originalidade de
sua abordagem tem aberto, eu creio, novas perspectivas entre os participantes e
estabelecido uma passarela entre o Brasil e o México, dois países inovadores em
matéria de patrimônio e museus.”
“(...) A nova função de “facilitador” particularmente, parece-me, pode ser utilizado em
territórios onde a multiplicação de museus locais atinge proporções importantes: a
cidade do Rio com os museus de favelas em particular. A ABREMC e seus membros
mais experimentados poderiam assim oferecer um serviço às comunidades que
desejem se engajar na criação de museus, de centros de memória e de outras
políticas patrimoniais. Seria útil definir para o Brasil essa função de facilitação: catálise
de energias e de saberes, nascimento de projetos, acompanhamento de sua
execução.”
“(...) Como eu constatei no resto da viagem ao Brasil, todos os programas de
formação, nas universidades ou “no terreno”, não levam em conta suficientemente a
dimensão territorial do desenvolvimento, portanto do quadro físico, humano e político
dos projetos de patrimônio e de museu. Sempre seria preciso prever um “módulo”
sobre a análise do território, provavelmente confiado a um geógrafo e aplicado a
alguns casos precisos. Se se quer evitar que o museu seja uma instituição “ fora do
solo” como as culturas agrícolas “fora do solo”, é preciso ancorá-lo fortemente no seu
território, portanto conhecê-lo e acompanhá-lo nas mudanças que o afetarão. O
território permite também um aprendizado da complexidade e das dinâmicas de
151
desenvolvimento e de organização cuja tomada de consciência é necessária para que
o museu represente todo o seu papel.
- na apresentação de casos de museus ou de projetos, não se fala praticamente nunca
de planos e projetos de desenvolvimento global preparados ou adotados para o
território do museu. Os museólogos provavelmente não compreenderam que seu
projeto deve se inscrever nesses planos, com a finalidade de coerência e também de
sustentabilidade. Ao mesmo tempo os responsáveis políticos e administrativos que
tem o hábito de considerar os museus como pertencentes ao domínio da cultura não
os contemplam nas suas reflexões estratégicas e no planejamento econômico e social.
Esta questão poderia ser o objeto de formações ao mesmo título dessa análise dos
territórios.
- a noção de “subsidiaridade” que justifica a legitimidade do fazer nascer um museu
de sua comunidade e de seu território, para responder às suas necessidades:
O princípio de subsidiaridade é uma máxima política e social, segundo a qual a
responsabilidade de sua ação pública, enquanto ela for necessária, deve ser atribuiída
à menor entidade capaz de resolver o problema dela mesma...
É então o cuidado de vigiar para não fazer um nível mais elevado que pode ser com
mais eficácia, numa escala mais frágil, quer dizer, a busca do nível pertinente da ação
pública (Wickipédia)
- a adaptação da doutrina de Paulo Freire no caso dos museus: a museologia clássica,
aplicando os códigos da alta cultura e definida por profissionais saídos dela é uma
museologia bancária, que impõem escolhas e valores, enquanto a museologia
libertadora respeita a capacidade da comunidade e de seus membros de decidir por
eles mesmos escolhas a fazer e valores a transmitir. Odalice já tratou frequentemente
destes temas e deveria continuar a aprofundá-los (um relato a apresentar no encontro
de Itaipu, por exemplo).”
Fonte: QUARTEIRÃO 85 – Nov/Dez 2009 – p. 12
Também na visão de Teresa Morales, ministrante das Oficinas de Formação de
Facilitadores de Museus Comunitários, recolhemos algumas impressões:
“(…) o evento destacou-se ao reunir representantes e profissionais responsáveis por
ecomuseus e museus de todo o país, incluindo o Museu Treze de Maio, RS,
Ecomuseu da Amazônia, Museu Comunitário de Percurso/Museu de Rua/Picada Café,
RS, Ecomuseu de Itaipu, PR, Museu da Maré, RJ, Ecomuseu Dr. Agobar, SC,
Ecomuseu de Maranguape, CE, Museu do Folclore, SP, e o Ecomuseu da Serra de
Ouro Preto, MG. Cada museu expôs os antecedentes e as atividades atuais de seu
projeto, permitindo conhecer a extraordinária diversidade de iniciativas empreendidas
em torno da valorização da memória e do patrimonio cultural. Entre muitíssimos
exemplos me vem uma imagen inspiradora do Clube de Negros que fortaleceram o
tecido social de suas comunidades através de festas, música e baile e formaram a
base do projeto atual do Museu Treze de Maio. Também me pareceu exemplar o
trabalho do Museu Comunitário de Percurso ao vincular alunos, professores e
membros comunitarios nos Museus de Rua que documentaram e representaram nove
temas diversos, incluindo histórias familiares, jogos e religiosidade.
“(…) Foi um grande prazer conhecer a instituição anfitriã das I Jornadas- o Ecomuseu
de Santa Cruz, e ser testemunha de sua vinculação com grupos escolares, grupos de
atenção especial a pessoas com capacidades diferentes, grupos artesanais e o grupo
SOS Baía de Sepetiba. Desfrutamos da apresentação de crianças, pudemos
conhecer o trabalho dos artesãos através de uma exposição venda e escutamos
eloquentes testemunhos orais dos habitantes de Sepetiba, que lutam para corrigir os
terríveis danos ao meio ambiente de sua baía. Constatamos a dinâmica presença do
ecomuseu de Santa Cruz e o motor que tem em seus membros (...)”
152
“(…)O evento se destacou também pela presença de Hugues de Varine, que
compartilhou sua ampla visão do vínculo entre patrimônio e desenvolvimento com uma
modéstia que não se perturba com seu enorme prestígio e o impacto de suas
propostas no campo dos museus alternativos ao longo de 40 anos. Durante as I
Jornadas se constatou a permanência de seu compromisso de acompanhar
processos complexos de desenvolvimento de ecomuseus e museus comunitários em
múltiplos cenários, incluindo vários casos concretos do Brasil.”
“(…) As I Jornadas foram uma oportunidade para compartilhar alguns dos conceitos e
métodos de trabalho para a criação e desenvolvimento de museus comunitários que
Cuauhtémoc Camarena e eu temos reunido durante mais de 20 anos com a
participação de muitos colegas antropólogos, educadores e sobretudo, membros
comunitários do Estado de Oaxaca, de outros estados do México e de vários países
latinoamericanos. Foi possível oferecer alguns conteúdos do Taller de Facilitadores
de Museos Comunitarios de América que realizamos em quatro ocasiões em Oaxaca
entre 2004 e 2010, incluindo uma introdução ao marco histórico e conceitual de museu
comunitário, o conceito de facilitador, o consenso como a base social do museu,
alguns exercícios para a criação coletiva de exposições e a construção de redes de
museus comunitários.”
“(…)Foi assinalado que os profissionais enfrentam um desafio no repensar seu
papel nos museus comunitários de especialistas que tomam decisões e dirigem
projetos a facilitadores que organizam e tornam eficazes as decisões e a participação
da comunidade. Diversos grupos de discussão propuseram que características
fundamentais do facilitador incluíam a “humildade no seu papel na comunidade”,
“valorização do outro”, “respeito à cultura do outro”, “consciência e cuidado em sua
atuação”, “manejo de técnicas e dinámicas de participação“, “capacidade para
observar, abrir, problematizar, interagir e valorizar a comunidade”, além de mostrar
legitimidade, compromisso, criatividade, espírito democrático, flexibilidade e
capacidade de síntese (…)”
“(…) alguns participantes sinalizaram que foi de grande interesse as metodologias
sugeridas para trabalhar o consenso: a importância de trabalhar processos de
consenso continuamente; as sugestões para abrir processos comunitários e acercarse às que integram a comunidade; os exercícios para delimitar e desenvolver temas;
a apresentação das etapas de desenvolvimento de um museu comunitário; a reflexão
acerca do papel do facilitador e a integração de aprendizagens teóricas e práticas.
Uns participantes assinalaram como a forma de utilizar o aprendido: “incentivar a
formação de grupos de trabalho nas comunidades”, “facilitando a construção de redes
sociais participativas; e “escutar, escutar, escutar,…somente depois oferecer um
caminho juntos.”
“(…) sublinhar/ressaltar também a importância de, durante estes días, ter-se realizado
a assembleia geral ordinária da Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus
Comunitários (ABREMC), onde os museus participantes das I Jornadas deram um
passo a mais para fortalecer os vínculos que os unem e potencializar sua capacidade
para servir às suas respectivas comunidades.”
Finalizando, Teresa Morales convidou todos os participantes
“(…) a fortalecer cada vez mais os espaços de decisão e participação comunitária em
cada um de seus museus, para que cumpram de forma crescente seu propósito de
pensar e construir seus projetos de futuro com base em sua memória e em seu
patrimônio coletivo.”
Fonte: Quarteirão 86 – Março/Abril 2010 – p. 10
153
Dificuldades superadas, as I Jornadas, realizadas em Santa Cruz, demonstraram a
força política de uma comunidade, do seu desejo de reunir protagonistas,
responsáveis e gestores de ecomuseus e museus comunitários para capacitar novos
quadros para o futuro desses novos museus. A ABREMC, na sua missão de
promover as ações dos ecomuseus e museus comunitários, cumpriu as diretrizes do
seu Estatuto, iniciando uma rede de trocas de experiências, conceitos e métodos de
trabalho. As parcerias formalizadas para a realização do evento confirmaram a
existência de um vínculo entre os atores sociais, culturais e económicos, que se
aliaram localmente e até mesmo à distância, a exemplo de Itaipu Binacional/
Ecomuseu de Itaipu, Foz do Iguaçu, PR.
Uma única e significativa dificuldade: Santa Cruz se ressente ainda da inexistência de
hotéis. Já por três vezes, na realização dos Encontros Internacionais e recentemente
nas I Jornadas a organização do evento teve que recorrer a hotéis e pousadas em
municípios vizinhos, situados na Costa Verde do Rio de Janeiro, como Coroa Grande,
Itacuruçá e Itaguaí. Com a expansão do Distrito Industrial de Santa Cruz e com a
implantação de tantos projetos nessa região a demanda de hospedagem cresceu e
inexplicavelmente isso ainda não encontrou ressonância entre as poderosas empresas
locais.
Avaliação Global:
Conforme previsto, o módulo I das I Jornadas superou qualitativa e quantitativamente
as expectativas, tal a diversidade de projetos representados, tendo recebido adesões
de diferentes estados brasileiros. Como iniciativa pioneira no Brasil de formação em
Museologia Comunitária, as I Jornadas cumpriram sua missão, reunindo especialistas,
profissionais e responsáveis por processos museológicos comunitários já
consolidados, em fomação, outros ainda em fase de concepção e estudantes
universitários que vinham em busca de conhecimento nesse campo específico da
Museologia.
Possibilitou a formação de uma rede de trocas e solidariedade entre as experiências e
a apresentação de diferentes técnicas, métodos e estratégias
próprias dos
ecomuseus e dos museus comunitários.
Fortaleceu projetos ainda embrionários e cultivou com os exemplos apresentados a
potencialidade que têm as comunidades para a criação e a gestão de seus processos
de memória.
Aproveitando a metodologia da Oficina de “Elaboração de Projetos” por Giane
Escobar, Santa Maria/RS, sinalizamos nossas forças e dificuldades:
FORÇAS:
- a vontade de realizar as jornadas capitaneadas pela ABREMC- Associação Brasileira
de Ecomuseus e Museus Comunitários e pelo NOPH - Núcleo de Orientação e
Pesquisa Histórica / Ecomuseu de Santa Cruz;
- o apoio da Itaipu Binacional com o patrocínio das passagens de Hugues de Varine
(Paris- Rio de Janeiro- Paris) e Teresa Morales (México/ Oaxaca – Rio de Janeiro –
México/ Oaxaca);
- a transparência de nossas ações na concepção das jornadas, buscando integrar
todos os processos saídos das comunidades;
- a coesão da equipe (ABREMC) que concebeu as Jornadas e sua determinação em
fazê-la acontecer, mesmo após a transferência do IV EIEMC para 2010 pelo
154
Ecomuseu de Itaipu, em face de problemas de saúde na região do evento (gripe
Influeza A) e de administração interna da Itaipu Binacional;
- a parceria incondicional da Educação em Santa Cruz, representada pela 10ª. CRE
(apoio logístico, midiático e operacional: banner, concepção de layouts, coffee break,
apresentação das escolas na abertura da Jornada e na da Aula Magna de Hugues de
Varine na UNIRIO/ Escola de Museologia);
- o apoio da Prefeitura do Rio/ SMC- Coordenadoria de Museus (concessão de ônibus
para as oficinas itinerantes de 23 a 31/10);
- o apoio da BASC- Base Aérea de Santa Cruz e BESENG- Batalhão Escola de
Engenharia para a visitação dos dois patrimônios, respectivamente Sede da Fazenda
de Santa Cruz e Hangar do Zeppelin;
- o apoio da comunidade de Sepetiba e do GRES Acadêmicos de Santa Cruz para a
realização das RODAS DE LEMBRANÇAS;
- o apoio e o comprometimento dos participantes que coordenaram oficinas em Santa
Cruz, Sepetiba e Complexo da Maré / Museu da Maré;
- a realização da AGO (Assembleia Geral Ordinária) da ABREMC com discussão e
aprovação do Regimento Interno e eleição da Diretoria e Conselho Fiscal para a
gestão 2009/2012;
- a realização da Aula Magna de Hugues de Varine na UNIRIO/ Escola de Museologia;
- a criatividade e o dinamismo das oficinas, oferecendo um aprendizado lúdico e
sensorial, incluindo dinâmicas variadas com a intervenção de música, dança, poesia,
literatura de cordel, reflexão, exposições diversificadas, debates, concepção e
montagem de exposição, visitas a museus (Museu da Maré, Museu do Pontal, Museu
Imperial), visitas a localidades com potencialidade para a criação de museus
comunitários ou ecomuseus (Arrozal, Sepetiba);
- realização do Taller de Facilitadores de Museus Comunitários, dinamizado por
Teresa Morales (UMCO / Unión de Museos Comunitarios de Oaxaca) e Patrícia Berg
de Oliveira (ABREMC);
- o comprometimento e a boa vontade dos participantes;
FRAGILIDADES:
- pouca divulgação a nível nacional; apesar de termos enviado a diferentes órgãos
nacionais, somente o ICOM fez a divulgação, enviando e.mails aos seus membros;
- a distância entre os Aeroportos e Terminais Rodoviários do Rio de Janeiro e o bairro
de Santa Cruz, dificultando a acolhida, o que tentamos superar com os membros do
NOPH e do Ecomuseu, colocando seus veículos no circuito e com serviço de taxistas
conhecidos nossos;
- a inexistência de hotéis e pousadas em Santa Cruz, as mais próximas, em Coroa
Grande, enfrentando as obras da Rodovia Rio - Santos e as carências hoteleiras da
região de Santa Cruz;
- as mudanças não consensuais na programação, alterando irresponsavelmente a
ordem das oficinas, o que provocou desconforto e intranqüilidade organizacional,
tanto para a comissão organizadora quanto para os que deveriam se apresentar;
- a não previsão de dia livre para um tour pelo Rio de Janeiro;
155
- a desmobilização de alguns participantes que, após sua apresentação, se deixaram
seduzir pelo apelo turístico do Rio de Janeiro, ainda que sob o risco de perder partes
importantes da Jornada;
- a ausência do poder público a nível local (Subprefeitura e XIX Administração
Regional) na abertura de 23/10.
Módulo II – 1º a 07 de novembro de 2009
Pontos positivos:
- Participação expressiva dos estudantes de Museologia (UNIRIO, UFOP, UNIBAVE);
- Dinamismo da oficina de Bolinho Caipira pelo Museu Vivo do Folclore de S. J. dos
Campos;
- Concepção e realização da exposição “Santa Cruz: ecos do tempo” (discussão da
temática, busca do consenso);
- Seleção de textos e acervo para a exposição (no NOPH e na comunidade);
- Coleta de depoimentos e narrativas na comunidade( gravação de entrevistas );
- Preparação dos módulos da exposição, seleção de materiais;
- Visita à exposição cultural do Centro Educacional Pedro II; entre outros...
Finalmente, tendo iniciado com as I Jornadas um programa concreto de capacitação
mútua entre os membros dos ecomuseus e museus comunitários, a ABREMC trouxe
para si a responsabilidade de minimizar uma lacuna existente na maior parte dos
Cursos de Graduação em Museologia no Brasil: a ausência de uma disciplina
regular de Museologia Comunitária, necessária e urgente para atender à
demanda que se avoluma em todo o país.
ECOMUSEO DELLE ACQUE DEL GEMONESE: PAN DI SORC – l’histoire d’un
projet
Etelca Ridolfo*
Ecomuseo delle Acque del Gemonese – ITALIA
*Présidente de l’écomusée

le début
En 2006 le Groupe d’Action Locale (GAL) Euroleader de Tolmezzo a publié un avis
pour soutenir des initiatives visant à créer des opportunités de développement
économique.
Objectif central : développer la notion d’identité locale en identifiant un territoire avec
un produit de la tradition.
Depuis longtemps, l’Ecomuseo delle Acque del Gemonese était à la recherche de
financements favorisant le retour de certaines activités artisanales presque disparues
(le travail des feuilles de maïs, la vannerie) qui avaient déjà été l’objet de cours de
formation qui, entre autres, permettaient à des personnes âgées de transmettre leurs
savoirs et leurs habiletés manuelles. Pendant ces rencontres, les participants
pouvaient aussi se souvenir de leur jeunesse en parlant des travaux agricoles
d’autrefois, des rapports sociaux, du souci du territoire, de la nourriture… et du Pan di
Sorc, le seul gâteau des fêtes d’autrefois.
Deux importants collaborateurs de l’écomusée dès le début de son activité [en 2000]
étaient Le meunier Anedi Basaldella et le boulanger Domenico Calligaro, nés tous les
deux en 1926 (Le premier est décédé en 2010). Associés aux activités de l’écomusée
156
grâce à leurs connaissances techniques sur le fonctionnement des machines
meunières (Anedi) et sur la pêche en rivière (Domenico), ils gardaient une
connaissance directe du Pan di Sorc (le premier pour avoir préparé la farine, le second
pour avoir pétri et cuit le pain). C’est ainsi que l’idée du projet est née: le pain comme
produit de la tradition lié à un territoire.
Le projet aurait eu plusieurs implications :
a) environnementales - parce que on aurait cultivé des variétés différentes de
céréales, fruits et herbes
[pour le Pan di Sorc on employait trois farines (blé, maïs « cinquantino » ‐ prêt pour la
récolte après cinquante jours ‐, seigle), les noix, les figues et les graines de fenouil
sauvage]
b) paysagères - parce que la diversité culturale aurait permis de recréer de petits
coins de campagne traditionnelle, en mettant ainsi un frein à l’agriculture intensive
[une des missions principales de l’écomusée est celle d’endiguer la dégradation
environnementale et paysagère du territoire]
c) culturelles - parce que le retour sur le marché d’un produit traditionnel aurait
impliqué des activités de recherche (historique, agronomique, gastronomique) et la
diffusion de leurs résultats
[en permettant à la population de participer aux activités de l’écomusée, la recherche
sur le terrain favorise des actions réelles de animation locale]
d) sociales - parce que le projet, fondé sur la récupération de savoirs et
connaissances techniques que seulement la population âgée possède, aurait reconnu
à celle‐ci un rôle clé dans la transmission de la tradition et lui aurait aussi renouvelé
son rôle actif dans l’économie locale.
[la participation active des personnes âgées aux initiatives pour la valorisation du
territoire est un instrument de soutien des politiques sociales : une étude du Service
Socio‐sanitaire local (ASS 3 Alto Friuli) a montré que les personnes socialement
défavorisées, si associées à des activités culturelles,diminuent l’emploi de
psycholeptiques]
e) économiques - parce que la promotion d’un produit de la tradition aurait amorcé un
circuit commercial apparemment de niche [le soutien économiques des premières
phases d’un procès de commercialisation favorise les idées et les occasions
entrepreneuriales]
2. les contenus du projet
Le Plan de Développement Local de Euroleader prévoyait le financement
d’interventions en faveur des administrations locales, des associations et des
fondations pour soutenir des initiatives prenant le territoire et l’identité locale comme
occasions de développement économique. Il s’agissait de l’Action 4 Ecomusée
(Mesure 1.2, Action 1.2.2 du Programme Leader + Régional et du Complément de
Programmation). L’idée du projet devait montrer une connaissance précise des
principes de base menant à la création d’un écomusée. En partant de l’attention que
l’écomusée doit prêter aux besoins de la collectivité, on a proposé de réaliser une
petite filière agro‐alimentaire, courte et transparente, pour la production d’un pain
traditionnel, le Pan di Sorc, capable d’exprimer l’identité du territoire en expérimentant
un circuit commercial fermé au niveau local (production – transformation –
commercialisation). L’objectif était de transformer la filière en plus‐value pour le
territoire même, aussi pour donner de l'espace aux questions concernant le rôle de
l’agriculture dans la gestion et l'entretien du territoire et comme instrument de
réintégration et valorisation du paysage.
Les actions prévues par le Projet Pan di Sorc visaient à atteindre les objectifs suivants:
1. redécouverte, sauvegarde et promotion du territoire à travers un produit de la
tradition
2. conservation de la biodiversité agronomique
157
3. récupération du rôle de l’agriculture dans la gestion et l'entretien du territoire et
comme instrument de réintégration et valorisation du paysage.
Pour atteindre ces objectifs, on définissait les actions suivantes :
‐ recherche et localisation des agriculteurs cultivant encore des variétés locales de
céréales
‐ commencement des procédures de récupération et classification des variétés
céréalières locales encore cultivées à travers l’activation de conventions spécifiques
pour études et recherches (en associant des institutions et des organismes spécialisés,
des universités, des chercheurs individuels)
‐ préparation des activités pour la reproduction et l'expérimentation agraire
‐ organisation d’un réseau de « conservateurs » qui, même en amateurs, cultivaient les
espèces locales retrouvées
‐ organisation de groupes de travail pour les différentes catégories intéressées:
agriculteurs, meuniers, boulangers, restaurateurs (prévus: échanges et voyages
d’études, supports techniques, activités d’animation)
‐ préparation d'activités éducatives pour les écoles (activités didactiques et
d'animation, matériels didactiques, échanges et voyages d'études)
‐ organisation d'un événement culturel de grand intérêt (titre provisoire: «Le maïs des
origines à nos jours»)
‐ organisation de cours et ateliers pour les adultes (cuisine traditionnelle, souci et
gestion du paysage agraire, travail des feuilles de maïs)
‐ réalisation de supports d'information et de textes de vulgarisation.
L'association culturelle CEA Mulino Cocconi, qui gère l'Ecomuseo delle Acque, chef de
file du projet, commençait donc la filière pour la production du Pan di Sorc en faisant
fonction de point d'union entre producteurs, transformateurs et consommateurs, et en
collaborant avec:
a) AIAB (Association Italienne pour l'Agriculture Biologique), qui s'engageait à
donner un soutien méthodologique et technique aux agriculteurs à travers ses
agronomes
b) Forno Arcano qui, grâce à l'expérience de sa propriétaire, se servant depuis
longtemps de matières premières biologiques pour la production de pain et produits de
boulangerie, s'engageait à donner un support technique pour proposer la recette du
Pan di Sorc, en expérimentant directement les matières premières et les techniques
les plus appropriées pour réaliser un produit désirable et commercialement efficace du
point de vue organoleptique et nutritionnel
c) Groupe des boulangers de l'Association des Commerçants de la Province de
Udine qui s'engageait, à travers sa structure, à encourager la production du pain chez
ses associés une fois vérifiés les résultats de l'expérimentation
d) Moulin de Godo qui s'engageait à moudre les graines de céréales destinées à la
filière
e) Association Lady Chef de la Fédération Italienne des Cuisiniers qui s'engageait à
expérimenter des recettes avec le Pan di Sorc et à les faire connaître à travers ses
canaux de promotion
f) Ecomuseo del Casentino (Toscane), promoteur, depuis longtemps, d'initiatives
pour la récupération et la sauvegarde des productions locales en étroite collaboration
avec les producteurs du territoire; il s'engageait à organiser des échanges de formation
pour faire connaître les modalités opérationnelles des projets de filière (pomme de
terre de Cetica et farine de châtaignes)
g) Ecomuseo del Vanoi (Trento) qui, en expérimentant un projet similaire sur la
récupération des moulins de Ronco Cainari grâce à un groupe d'agriculteurs engagés
en actions de protection et réinterprétation de l'identité locale, aurait organisé des
échanges culturelles entre agriculteurs
h) Ecomuseo della Segale (Piémont), dédié à une céréale, le seigle, qui est un
ingrédient Du Pan di Sorc; cet écomusée a créé un parcours sur la conservation et
158
valorisation du patrimoine matériel et immatériel (il a promu un projet sur la
récupération des toits de paille) et, à travers le Parc National des Alpes Maritimes qui
le gère, il s'engageait à organiser un « jumelage » entre les classes et les opérateurs
de Gemona et Valdieri pour collaborer au programme didactique « Adopte un champ
de seigle »
i) Consulat Italien au Mexique qui se proposait de favoriser un échange culturel entre
les écoles de Gemona et des territoires de Milpa Alta et Xochimilco, en se servant des
Technologies du réseau internet, pour promouvoir la connaissance des traditions liées
au maïs
j) Municipalités de Gemona del Friuli, Montenars et Buja et l'Association pour les
Services Touristiques de l' « Alto Friuli », qui s'engageaient à diffuser et promouvoir
le projet à travers des initiatives pour la valorisation de la filière
k) Municipalité de Reana del Rojale, la capitale du travail des feuilles de maïs (scus'
di blave), qui étaient employées autrefois pour réaliser des sacs appréciés en Italie et à
l'étranger; la municipalité s'engageait à collaborer pour trouver des parcours valorisant
les produits artisanaux créés avec les feuilles de maïs.
3. ce que nous avons fait
En automne 2007, une fois le projet approuvé et financé par le GAL, l'écomusée a
mené une recherche préliminaire pour:
1. repérer les espèces de maïs traditionnel qui étaient encore cultivées dans le
territoire de l'écomusée et évaluer l'intérêt des catégories économiques impliquées
(agriculteurs et commerçants) sur la création d'une filière agroalimentaire liée à la
production du pain [conclusions présentées dans la relation de l'agronome Matteo
Paladini]
2. chercher, à travers un projet éducatif réalisé avec les écoles, des variétés végétales
anciennes et des recettes traditionnelles [les contenus de la recherche sont insérés
dans le site pandisorc.it, actuellement en révision] En même temps, on a commencé
une série d'interviews parmi la population: les collaborateurs âgés de l'écomusée ont
contacté d'autres personnes âgées qui, à leur tour, ont appelé les agriculteurs, les
meuniers, les boulangers... Les matériels ainsi réunis représentent une partie des
Archives de la Mémoire de l'écomusée, qui seront mis prochainement à la disposition
du public dans un site internet spécifique. [les témoins les plus significatifs ont été
photographiés par Ulderica Da Pozzo et ils ont été insérés dans le calendrier 2010 de
l'écomusée]
En novembre 2008, après avoir vérifié les résultats positifs des recherches sur le
terrain, on a commencé l'expérimentation agraire en cultivant une variété de blé
idéale pour La panification, déjà expérimentée par l'Université de Udine et Forno
Arcano, et des semences de seigle venant de l'Autriche (localement le seigle n'était
plus cultivé depuis des années). Au printemps 2009 on a semé des variétés locales de
maïs « cinquantino ». La production de la première récolte et la première panification,
dont on a diffusé la nouvelle lors des évènements publics auxquels l'écomusée a
participé (foires, marchés, initiatives populaires...), ont attiré beaucoup de personnes,
qui ont goûté le pain et reçu des graines à planter, même dans leurs potagers, pour
garder la diversité biologique des espèces agraires.
De cette façon l'intérêt pour le projet a augmenté, on a approché d'autres agriculteurs
et on a associé le Centre de Santé Mentale de Tolmezzo, avec lequel on a décidé
plusieurs initiatives qui ont permis à un groupe de patients de cultiver le maïs.
[non seulement la collaboration avec le Centre de Santé Mentale continue, mais en
plus elle s'est renforcée et le Service Socio‐sanitaire 3 Alto Friuli a signé un accord de
collaboration avec l'écomusée pour des initiatives communes de solidarité sociale]
Puisqu'on a visé à une filière de qualité, on a fait appel aux agriculteurs biologiques
qui, encore peu nombreux, sont actifs sur des surfaces petites et parfois ne
remplissent pas les conditions requises par la loi. La certification des cultures
biologiques prévoit une série d'opérations qui ont un certain coût économique et
nécessitent un engagement constant de la part des agriculteurs, qui doivent préparer
159
un dossier de l'entreprise avec tous les travaux faits: semis, fumages, traitements,
verdages, récoltes...
Pendant sa recherche de formes de soutien aux agriculteurs pour surmonter cet
obstacle à l'élargissement des cultures biologiques, l'écomusée a contacté l'Institut
Méditerranéen de Certification (IMC) et, ensemble, ils ont défini une nouvelle modalité
pour certifier les productions en autorisant un tiers organisme, dans ce cas l'écomusée,
à réaliser un seul dossier pour tous les agriculteurs faisant partie de la filière du Pan di
Sorc.
Cela a entraîné la rédaction d'un accord de filière qui a obligé, d'un côté, les
producteurs à respecter la réglementation et, de l'autre, l'écomusée à fournir aux
signataires un service agronomique et administratif pour les pratiques bureaucratiques.
Tous les deux sujets en ont bénéficié: les premiers ont reçu une aide économique et
technique, le second a obtenu les terrains nécessaires pour planifier les cultures en
guidant les agriculteurs et en les motivant à l'entretien du territoire. [en juillet 2009 la
demande de l'écomusée a été accepté: depuis lors le fonctionnaire s'occupant des
contrôles a un seul interlocuteurs, l'écomusée, alors que la certification est étendue à
tous les terrains appartenant à la filière]
Du moment que la production des agriculteurs biologiques est exiguë, on a décidé de
commencer une autre filière, cette fois‐ci conventionnelle, pour faire participer aussi
deux grandes entreprises spécialisées dans les productions céréalières. Même dans
ce cas on a rédigé un règlement pour définir les modalités de culture des terrains
destinés au maïs pour la panification: fumages organiques, désherbage seulement de
post‐émergence, traitements phytosanitaires seulement si nécessaires.
[puisqu'on n'a pas une quantité suffisante de graines de variétés locales, on a semé un
maïs hybride commercial à cycle végétatif court, qui ressemble à une des variétés
anciennes retrouvées]
La production céréalière de 2009 a été bonne, l'aide donnée aux agriculteurs a
augmenté l'intérêt pour le projet et la disponibilité à élargir les surfaces pour la
production pour la filière. En ce qui concerne la transformation, on a associé deux
moulins: un traditionnel, pour la mouture du maïs, et l'autre certifié, pour les
productions biologiques, qui transforme aussi le blé et le seigle. La panification a été
confiée au four Forno Arcano (jouissant de la certification pour les productions
biologiques) qui, avec le boulanger Domenico Calligaro, a élaboré la recette
traditionnelle, qui a été aussi employée pour le dépôt de la marque du produit. Aussi
deux restaurants et un gîte rural ont adhéré au projet: ils servent le pain et la polenta
de mais «cinquantino», en promouvant ainsi le projet. En 2010 c'était le tour d'un
atelier artisanal: il s'occupe de la production de la polenta, qui est vendue sous vide et
qui est en train d'avoir un grand succès.
[en 2009 on a commencé la procédure, dans le respect des lois nationales en vigueur,
pour enregistrer la marque qui défend le nom « Pan di Sorc »: elle est collective (elle
peut être employée par tous les participants à la filière) et territoriale (liée
géographiquement au territoire de production des matières premières); en 2010 on a
reçu le décret du Ministère des Activités productives pour l'enregistrement. Il s'agit d'un
moyen excellent pour protéger le produit et le projet: des boulangers ont essayé
d'employer le nom en éludant les accords de filière, mais ils ont dû y renoncer après
avoir reçu une sommation]
En 2010 d'autres organismes se sont intéressés au projet:
– l'Université de Udine: à travers le Département de Sciences agraires et
environnementales, qui gère la Banque de germoplasme régional, elle a commencé
une campagne pour la caractérisation et la conservation des graines de variétés
locales de mais [la Banque de germoplasme est prévue par la loi pour protéger le
160
patrimoine végétal de l'érosion génétique et elle remplit des fonctions de classification
et protection des plantes en voie d'extinction]
– l'Office Régional pour le Développement de l'Agriculture (ERSA): il s'est mis à la
disposition pour évaluer les espèces de maïs et commencer l'amélioration génétique
de la variété la plus appropriée. L'amélioration génétique, qui est réalisé au niveau
mécanique sur le terrain et pas dans le laboratoire, permettra d'avoir des graines à
enregistrer auprès de l'ENSE, l'organisme national qui contrôle les brevets des
semences commercialisables.
[si elles ne sont pas enregistrées à l'ENSE, les graines ne peuvent pas être l'objet des
échanges commerciales, en niant ainsi la conservation de la diversité biologique et en
empêchant les agriculteurs d'obtenir un revenu complémentaire des cultures de
qualité]
– l'Association Slow Food: elle a commencé la procédure pour donner le titre de
sentinelle au Pan di Sorc en avançant la possibilité d'une diffusion nationale du
produit.
[Slow Food est un mouvement international pour le droit à la nourriture saine, juste et
équitable. Les Sentinelles Slow Flood soutiennent les petites productions excellentes
qui risquent de disparaître, valorisent les territoires, récupèrent des métiers et des
techniques de travail traditionnels, sauvent de l'extinction des races autochtones et des
anciennes variétés de fruits et légumes]
En 2010 on a promu deux recherches historiques: une pour évaluer les aspects
historiques et paysagers de colonisation agraire de la plaine de Osoppo‐Gemona
[Londero‐Miniati], l'autre pour étudier les modalités culturales et les aspects
économiques qui ont favorisé la culture du maïs « cinquantino » au Frioul, en
particulier dans la zone de Gemona [Costantini].
En 2011 on a activé le Panier des produits liés au maïs « cinquantino » avec la
création d'une Association de producteurs [Association des Producteurs du Pan di
Sorc] qui s'occupera en autonomie, avec ses ressources, de la valorisation et de la
commercialisation des produits dérivés de la nouvelle culture de céréales mineures. De
cette façon, on pourra vérifier si a filière peut avancer toute seule ou si, dans le cas
contraire, il faut d'autres mesures pour qu'elle soit capable d'affronter le marché, en se
servant du soutien économique direct de l'écomusée seulement pour l'assistance
technique et le déroulement des activités sociales.
[les agriculteurs intéressés par l'expérimentation ont demandé d'élargir la production;
selon certains, leur choix repose sur la réflexion suivante: «il est mieux de produire
quelque chose de qualité pour les personnes que de réaliser une grande quantité de
produit pour les animaux»]
En août le Pan di Sorc est devenu une Sentinelle italienne Slow Food: c'est la
reconnaissance de la qualité du produit et des caractéristiques du projet, qui vise à
protéger la biodiversité et la production traditionnelle du territoire de Gemona et qui
s'engage à stimuler l'adoption de pratiques soutenables et propres de la part des
producteurs et à développer une approche éthique au marché.
4. ce que nous voudrions pour l'avenir
Pendant les quatre années de l'expérimentation, l'écomusée a assuré non seulement
les aspects promotionnels, mais aussi la couverture des frais pour la participation aux
foires, aux marchés, aux rencontres et aux dégustations et le soutien économique aux
agriculteurs; de plus, il a investi dans la recherche et l'assistance technique
agronomique.
161
[on a décidé d'intervenir sur le point faible de la filière avec une intégration qui a
couvert le manque de récolte des agriculteurs qui ont commencé la production du maïs
«cinquantino», moins productif que les hybrides commerciaux. L'intégration a été
calculée sur la base du prix de marché du maïs alimentaire]
Dans l'avenir on devra définir les rôles de l'écomusée et du groupe des producteurs en
élaborant une projection économique de la filière et en évaluant les coûts‐bénéfices à
travers le bilan social. On intensifiera les initiatives visant à associer les boulangers et
les restaurateurs pour qu'ils comprennent ce que signifie faire partie d'une filière
disposant d'une marque du produit et d'une reconnaissance nationale de qualité
[Sentinelle Slow Food]. On voudrait aussi associer la Chambre de Commerce de Udine
pour qu'elle aide la filière en trouvant des occasions et des canaux de financement
spécifiques pour les entreprises (innovation, qualité des produits, e‐commerce).
[en particulier, on devra résoudre le problème du stockage des graines de mouture et
trouver les terrains les plus appropriés pour la production de semence de maïs
«cinquantino»]
On devra aussi se consacrer à l'information pour faire connaître les potentialités de la
certification biologique liée à une filière. En insérant les amateurs qui cultivent des
petites pièces de terre (retraités, ménagères, travailleurs précaires) dans un procès de
filière, avec les avantages dérivant de la certification du produit, on pourra leur offrir un
revenu complémentaire. Ainsi on assurera une base solide pour la production de
matières premières de qualité [km 0] qui puissent satisfaire les besoins du marché
local et les exigences du tourisme rural.
[dans une période de récession, trouver des modalités nouvelles pour la promotion
d'économies de niche qui mettent en relation l'emploi, l'entretien du paysage, la
protection de l'environnement, la production de qualité, le tourisme et le bien‐être
social signifie revêtir un rôle important en faveur de la soutenabilité du développement
territorial].
PAN DI SORC - História de um projeto
Etelca Ridolfo
Ecomuseo delle Acque de Gemonese - ITÁLIA
Eu venho da uma região que situa-se no nordeste da Italia: o Friuli Venezia Giulia;
uma faixa de terra metade montanhosa e metade plana de apenas 7850 km
quadrados.
O Ecomuseo das Aguas do Gemonese situa-se num território que coincide com uma
área geográfica do Friuli Venezia Giulia, o Campo Osoppo Gemona, a primeira parte
da planície. Uma área de 156 quilômetros quadrados gerida por seis municípios
diferentes: Artegna, Buja, Gemona, Majano, Montenars e Osoppo e com uma
população de pouco mais de 30.000 habitantes.
O Campo de Osoppo Gemona é um vale aluvial cercado por relevos, montanhas ao
norte e colinas ao sul. É o resultado da ultima glaciaçao e dos aluviões do nosso
grande rio: O Tagliamento.
Um rio pequeno comparado com os vossos rios e que é de tipo torrencial pois enche
de água o seu leito só durante as estações particularmente chuvosas. Um rio que pela
sua naturalidade é considerado um dos mais bem preservados da Europa.
Mas o território do Campo de Osoppo Gemona tambem é particular por causa da
presença de diversos elementos naturais de grande importança para o estudo e a
conservação da biodiversidade: rios e exsurgências, pequenos lagos, pântanos e
brejos.
162
A idéia de propor um ecomuseu para preservar e valorizar tudo este património veio de
um pequeno grupo de ambientalistas, que já lutaram três décadas atrás para evitar
que o leito de um dos maiores rios da área fosse cimentado: o Ledra
E o Ledra ainda hoje é o simbolo de aquele compromisso civil que evitou a sua
destruiçao e que fez evoluir o protesto em proposta.
Proposta de restauração e valorização do território que nasceu para reagir à perda de
identidade devido ao terremoto catastrófico que atingiu em 1976 as comunidades do
nosso ecomuseu apagando uma boa parte do patrimonio arquitectónico.
O ecomuseu das Águas do Gemonese nasceu, portanto, pela vontade de um grupo de
pessoas envolvidas na defesa do seu território e da propria identidade que em 2000
tem encontrado na administração pública da cidade de Gemona del Friuli e no então
responsável pelos assuntos ambientais, hoje em dia prefeito, um aliado valioso para
iniciar esse processo de resgate cultural.
Hoje colaboram com o ecomuseu os seis municípios que governam o territorio do
Campo di Osoppo Gemona e as atividades são geridas por uma associação com
conselho, onde as entidades públicas (municípios) sentam-se com os representantes
das instituições privadas (associações, empresas, técnicos). O ecomuseu foi
reconhecido ser de interesse regional por uma lei regional aprovada em 2006 pela
Região Friuli Venezia Giulia.
A lei regional estabelece que o ecomuseu é um tipo de museu inovativo, um proceso
dinâmico através do qual as comunidades conservam, interpretam e valorizam o
proprio
patrimonio
em
função
de
um
desenvolvimento
sustentável.
Abrange um território homogêneo, estendendo seus limites para além das paredes dos
simples edifícios, incluindo paisagens, panoramas, aspectos físicos e biológicos, as
obras do homem, na prática, todos os elementos que existem no território,
caracterizando-o e qualificando-o.
O ecomuseu, alem de ser um meio ideal para conjugar as iniciativas de salvaguarda
da natureza com as de valorização e conservação do património cultural, favorece um
desenvolvimento territorial que atende as necessidades da população, visando a
preservar a memória coletiva e histórica do território e agindo como uma entidade em
evolução, que enriquece-se com as contribuições provenientes das iniciativas
implementadas.
O ecomuseu para nós é um pacto com as comunidades que cuidam de seu
território.
Este slogan foi criado pela comunidade “Mondi Locali”, uma rede de ecomuseus que
na Itália e na Europa busca o reconhecimento do seu proprio trabalho em favor de
uma nova museologia.
O Friuli Venezia Giulia com a lei sobre os ecomuseus introduziu requisitos específicos
para o seu reconhecimento. Os ecomuseus são obrigados a registrar e catalogar a
riqueza da comunidade, seguindo os mesmos procedimentos dos museus tradicionais
e devem mostrar terem um projeto válido que envolve a população nas actividades de
valorização do próprio patrimônio que devem respeitar os procedimentos da Agenda
21.
O nosso ecomuseu ocupa-se, portanto, pela catalogação e faz isso com a abordagem
participativa das comunidades, em colaboração com instituições e universidades e
com o serviço do catálogação da Região Friuli Venezia Giulia: o Centro Regional de
Catalogação e Restauração (http://www.sirpac-fvg.org).
Tambem ocupa-se da valorização do patrimônio cultrual através de projetos que
impactam positivamente nas actividades econômicas da população local. E aqui, hoje
eu gostaria de falar sobre um de essos projetos: o “Pan di Sorc”, um pão doce e
temperado feito com três tipos farinhas (milho, trigo e centeio), adoçados com figos
secos e temperados com canela. Um pão que era produzido para celebrar nas nossas
comunidades rurais que até os anos 60 do século XX vivam dos frutos da própria terra.
Um projeto que atingiu vários objectivos:
1) tem enriquecido os Arquivos da Memória do ecomuseu com a catalogação de todo
163
o patrimônio material e sobretudo imaterial relacionado principalmente à gastronomía,
ao trabalho da terra e aos conhecimentos técnicos para fabricar e usar das
ferramentas agrícolas
2a)tem invertido a tendência do cultivo intensivo de milho promovendo a diversificação
agrícola nas fazendas requalificando, assim, a paisagem agrícola
2b) tem facilitado a agregação dos pequenos produtores com pequenas parcelas que,
através do serviço agronômico do ecomuseu, tem obtido a certificação biológica das
próprias produções criando assim as condições para obter produtos competitivos
3a) a agregação dos pequenos produtores tem favorecido a criação de uma
associação para a proteção e a valorização dos produtos locais. Desta forma nasceu a
cadeia
de
produção
do
pão
que elaborou uma marca e um protocolo para proteger o produto e relacioná-lo com o
lugar de origem das materias com as quais è produzido acrescentando o valor das
empresas
3b) a associação tem favorecido a conscientização dos produtores os quais
organizaram-se para promover os proprios produtos partecipando juntos nos mercados
locais (nas praças) e favorecendo a criação de um site internet para a venda dos
próprios produtos (http://www.pandisorc.it/il-paniere)[*]
3c) a associação também facilitou a recuperação de algumas das actividades
artesanais já abandonadas as quais ajudaram algumas senhoras idosas para voltar a
ter uma vida gratificante e ativa. Eles trabalham por paixão e o ecomuseu beneficia-se,
porque tem artesanato original e identitario para oferecer aos turistas.
4a) a participação da população na catalogação e a formação de jovens e de adultos
tem
incentivado
os
intercâmbios
culturais
com
outros
ecomuseus.
Um exemplo é o emocionante projeto educativo entre as escolas do nosso ecomuseu
e os da área rural da Cidade do México (delegação de Milpa Alta e Xochimilco) que
permitiu um intercâmbio cultural entre os meninos sobre a herança ligada ao cultivo do
milho. Muito do material está disponível no site www.pandisorc.it/didattica
4b) a disponibilidade de produtos enogastronomicos e tradicionai de qualidade, atraiu
agências de turismo para promover pacotes organizados no território do ecomuseo, de
facto, promovendo uma economia ligada ao turismo rural
5a) um dos principais objectivos do projeto foi a formação do pessoal que continua até
hoje e é um dos pilares do ecomuseu para manter o interesse vivo e não dispersar o
património cultural ligada ao conhecimento tradicional da população. Todos os anos
em outono organizam-se cursos e reuniões para ampliar a participação da comunidade
cada vez mais
5b) as reuniões e os cursos para a educação dos consumidores têm objetivos
analogos. O objetivo é levar as pessoas a confiar nos seus próprios produtos e
preparações, introduzindo também conceitos de educação para uma alimentação
correcta
5c) a educação dos jovens tem um valor estratégico para qualquer projeto ecomuseal,
de facto aproximar os jovens ao próprio património cultural afeta positivamente na
identidade da comunidade e forma novas gerações mais conscientes e dispostas a
defender os valores e os recursos de seu território
6a) os intercâmbios culturais, os programas educacionais com os jovens e os cursos
para transmissão dos conhecimentos, também favoreceram a cooperação ativa dos
membros das comunidades imigrantes que foram capazes de expressar a sua
identidade e criaram um pequeno núcleo de integração. Sobre esta questão o
ecomuseu ainda terá muito trabalho porque o acolhimento deve ser praticada para ser
eficaz
6b) a colaboração inesperada com a autoridade de saúde local permitiu ao ecomuseu
trabalhar numa nova área, a da inclusão social. O Departamento de Saúde Mental
lançou um estudo em alguns pacientes que ainda estão envolvidos em atividades
educacionais, turisticas e agrícolas do ecomuseo demonstando, depois de dois anos
do começo da experimentação, benefícios consideráveis à saúde, tais como redução
do uso de drogas psicotrópicas e a redução nas hospitalizações. O ecomuseu tornou164
se um local de encontro para estas pessoas, onde as atividades são motivadoras e
nunca passivas
6c) o ecomuseo tem desenvolvido uma função analoga a favor dos idosos que
encontram nas lembranças, na transmissão do seu trabalho e seus conhecimentos, na
disponibilidade a doar o próprio tempo no volontariado, razões gratificantes para uma
vida ativa e culturalmente produtiva
Todos os esforços empreendidos por parte do ecomuseu para trazer de volta para a
mesa o pão de Sorc têm mostrado que é possível combinar o património local e a
cultura tradicional com o progresso económico, promovendo a participação cívica da
população e beneficiando diversas categorias produtivas
Os números
Descrição das atividades
Hectares de terras cultivadas com métodos orgânicos
Hectares de terra destinados ás culturas tradicionais
(milho, centeio, legumes locais)
Empresas participantes em actividades culturais
relacionadas com o projecto (educativo, animação
turística)
Empresas participantes na associação de produtores “pan
di sorc”
Empresas incluídas no “Cabaz dos produtos locais”
(venda direta dos próprios produtos)
Atividades relacionadas com o turismo rural (restaurantes,
artesãos, guias, agências de viagens)
Investimento inicial do ecomuseu em favor das atividades
relacionadas ao projecto pan di sorc
O pessoal do ecomuseu envolvido no projeto
no 2006(*)
hoje(**)
2
6
500 mq
7
1
4
zero
7
zero
15
1
10
30.000
euros/ano
3
10.000
euros/ano
3
Voluntários e participantes das atividades oferecidas pelo
projeto (classes, degustações, a recolha de informação / 26
entrevistas)
(*)
1280
o projeto começou no outono de 2006
Os dados referem-se a 31 de dezembro, 2011
(**)
[*] O CABAZ DE PRODUTOS LOCAIS (“PANIERE”)
O “Paniere” do “Ecomuseo delle acque” é o resultado da colaboração dos pequenos
agricultores locais, amadores e artesãos do território do Gemonese. Esta colaboração
surgiu com o objetivo de fortalecer e revitalizar o potencial produtivo da área e a
riqueza dos "conhecimentos" relacionados ao território. Queremos provar com fatos
que esta terra ainda pode oferecer, embora os processos de mecanização agrícola
sejam cada vez mais acentuados, uma produção diversificada de alta qualidade e
sustentável. Tudo isso para garantir o cuidado e a boa gestão dos terrenos agrícolas,
coisa indispensável para reduzir o risco hidrogeológico e para manter o carácter
distintivo dos lugares, a fim de promover o desenvolvimento de iniciativas de turismo
rural e educativo para complementar a receita agrícola. O Cabaz ofrece uma vasta
gama de produtos, de acordo com a tradição produtiva que ao longo dos séculos
nunca favoreceu a especialização de uma única cultura: demasiado arriscado para a
agricultura de subsistência que tinha de atender às diversas necessidades da vida de
cada dia. Fazem parte do cabaz: frutas e legumes, mel, sucos, xaropes e geléias,
queijos de vaca feitos com leite cru, manteiga, requeijão, iogurte, cereais e seus
derivados, pão, bolos, peixe, carne, enchidos, mas também produtos artesanais como
cerâmica, cestos e outros.
165
"Um pouco de tudo e de alta qualidade " é o princípio comum que distingue os
produtos do cabaz, e que ajuda a manter vivo o encanto da diversidade.
Os produtores do cabaz participão ao serviço “Cabaz a domicílio”, um serviço que
permite ás pessoas fazer as compras simplesmente com uma chamada (ou e-mail) e
depois ir a pegar as suas compras diretamente na sede do ecomuseo.
No futuro o ecomuseo gostaria que o no cabaz estivessem presentes produtos de
outros ecomuseus, sejam italianos que extrangeiros para promover a economia real e
fornecer oportunidades para o progresso econômico das pequenas comunidades
rurais.
166
CAN PARISH MAPS INSPIRE FUTURE?
Raul dal Santo*
Landscape Ecomuseum of Parabiago - ITÁLIA
SOMMARIO
L’Ecomuseo del paesaggio di Parabiago (città di 27.000 abitanti, vicino a Milano, Italia)
è un patto tra l’istituzione che lo gestisce (il Comune di Parabiago) e la comunità che
ha lo scopo di rendere il paesaggio chiaramente e pienamente leggibile in primo luogo
ai suoi abitanti e quindi anche ai visitatori in funzione dello sviluppo sostenibile. Il
Comune di Parabiago nel 2007 ha avviato, nell’ambito di Agenda 21 locale, un
percorso di partecipazione sul tema del paesaggio. Associazioni, istituzioni scolastiche
e cittadini sono stati invitati a informarsi, confrontarsi ed interagire per dare forma
all’idea dell’ecomuseo e attivare le proprie risorse, conoscenze e competenze per la
sperimentazione di azioni locali e la realizzazione di un piano di azione.
Tra gli strumenti utilizzati nel percorso di partecipazione vi è la mappa di comunità, una
mappatura partecipata del paesaggio, derivante da una lettura condivisa del patrimonio
culturale e naturale che si ispira al modello delle Parish Maps inglesi.
La mappa, costantemente aggiornata attraverso la versione interattiva su internet, non
si limita a descrivere lo stato di fatto del paesaggio, ma ha l’ambizione di costituire un
progetto per mezzo del quale la comunità disegna ed ispira il proprio futuro, utilizzando
il patrimonio culturale e naturale.
La mappa sin ora ha consentito di censire il patrimonio in modo partecipato e di
progredire nel difficile percorso di recupero del senso di appartenenza ai luoghi e della
responsabilità sociale ed ambientale dei cittadini. Inoltre essa si sta rivelando utile alla
redazione, tuttora in corso, di strumenti di pianificazione territoriale e ambientale e alla
realizzazione di progetti di sviluppo locale.
ABSTRACT
The landscape ecomuseum of Parabiago (a 27,000 inhabitants city near Milan, Italy) is
a pact between the City of Parabiago and the community. Its goals is to make the
landscape clearly and fully visible first of all to its inhabitants and therefore also to
visitors, according to sustainable development. in 2007, inside the local Agenda 21
path, the City of Parabiago launched a participatory process about the landscape.
Educational Institutions, associations and citizens were invited to learn, discuss and
interact to shape the idea of the ecomuseum and to activate their resources,
knowledge and skills to test some local actions and to design the ecomuseum action
plan.
To realize the ecomuseum action plan, a parish map was drawn. The parish map is a
participatory mapping of a landscape, resulting from a shared reading of the tangible
and intangible heritage, according to the model of english parish maps. An interactive
and multimedia map was carried out to make it easily upgradeable.
The map explain not only the state of a landscape; it can help to remember what made
the landscape and to explain how improving and enhancing it.The map is a
project whereby the community draws and inspires her future, using the cultural and
natural heritage.Parabiago’s parish maps allowed the ecomuseum to census the
cultural and natural heritage in a participatory way. It also allowed citizens to progress
in the hard path of recovery the sense of places and the social and environmental
responsibility.
167
Furthermore the map is playing a useful role to design urban and environmental plans
and to improve local development projects.
CAN PARISH MAPS INSPIRE FUTURE?
Raul Dal Santo – Parabiago* – Italy
Landscape Ecomuseum of Parabiago
Contents: 1. A sick landscape 2. A museum of the community 3. The parish map 4.
Parabiago’s parish map 5. Interactive map 6. From parish maps to community projects
1. A sick landscape
Parabiago is a town of 27,000 inhabitants, in the North West part of the suburban area
of Milan, Italy.
As in many urban contexts, Parabiago is characterized by citizens' widespread inability
to perceive the value of places, to recognize in the territory not only the space available
to build, produce and move, but also the landscape to preserve and improve.
Taking up the metaphor of landscape as a theatre, among the others dear to Eugenio
Turri, acting only as actors, while forgetting to act as spectators has, since the 1950s,
deeply wounded the landscape. The wounds of the landscape are the loss of biological
and cultural diversity, the imbalance and the physical separation between human and
natural habitat, the serious malfunctions of landscape systems whose the polluted river
Olona, unable to manage floods and support a complex biological community,
constitutes its emblem.
According to Maggi, those cited above are symptoms of the failure of the "invisible
landscape": social relations, customary use of places and common resources,
especially territorial, rules and practices of coexistence and reciprocity, communication
methods and intergenerational transmission of knowledge.
2. A museum of the community
The landscape ecomuseum of Parabiago was born to answer to the “placelessness” or
“loss of place” syndrome: citizens do not appreciate the “small scale” heritage that
characterize the landscape. Parabiago's ecomuseum is a cultural institution recognized
by the Lombardy Region in accordance with the law no. 13/2007. Its goals are to study,
conserve, enhance and show the landscape; it is a pact with the community to make
the landscape clearly and fully visible first of all to its inhabitants and therefore also to
visitors, according to sustainable development. It’s managed by the Municipality of
Parabiago that wanted to develop this cultural Institution in the local Agenda 21 path.
The ecomuseum is a museum of the community: it is legitimated by the participation of
the citizens. For this reason, the landscape ecomuseum of Parabiago was not
designed according to the conventional custom that sees the Institutions designing “for”
the community but not considering citizens as decision-maker. The design of this
ecomuseum was carried out "with" the community, according to the logic of the
participatory and inclusive planning.
Public and private educational Institutions, associations and citizens of different ages
were invited to learn, discuss and interact to shape the idea of the ecomuseum and to
activate their resources, knowledge and skills to test some local actions and to design
the ecomuseum action plan.
The participation path is important at least as much as the result of designed actions: in
fact the interaction of local actors and the creation of a sense of belonging to places
are required to achieve the designed goals.
3. Parish maps
*
Raul Dal Santo – city of Parabiago – Landscape Ecomuseum and local agenda 21 coordinator
168
To realize the ecomuseum action plan, a parish map was drawn. The parish map is a
participatory mapping of a landscape, resulting from a shared reading of the tangible
and intangible heritage, according to the model of english parish maps.
In Italy, ecomuseums made dozens of parish maps, in particular, thanks to the practice
community called “Local world”.
4. Parabiago’s parish map
Parabiago’s parish map, one of the first in Lombardy, was produced in about a year
and a half working with the financial contribution of European Union, Lombardy Region
and Parabiago’s Municipality.
The citizens’ forum, the ecomuseum partecipatory organism made up of associations,
municipal technicians, politicians and citizens of Parabiago and neighboring
communities, created a working group that met regularly to design the map.
The working group first compose a questionnaire that was submitted to the citizens.
Citizens were asked to indicate the heritage elements characterizing Parabiago’s
landscape and those that have higest value for them. Moreover people could suggest
the heritage elements that should be reclaimed and enhanced by the ecomuseum.
During the 2006/07 school year the ecomuseum involved about 250 students and their
families.
Led by the operators of the ecomuseum, children walked through the areas near to
their school to recognize, or discover the landscape salient features, as well as the
history that has determined them; They also filled out the questionnaire and
administered it to their parents and grandparents.
Thanks to some highly-motivated teachers, some classes created their parish maps.
Children drew and painted these maps that were instrumental to design the final map.
The mappers working group, according to the results of the survey and to the children
maps, identified those heritage items that characterize the community. The group
chose within this heritage inventory the items to be reproduced on the map and drew
up a draft of the parish map.
According to this draft, the local artist, Patrizio Croci, designed the map which was
submitted to the citizen forum. The artist, according to the forum comments drew the
final map.
Additional heritage informations, as well as some indications about history and
landscape, were published on the back of the map.
The printed map was submitted to the City Council and then distributed to each families
in Parabiago, enclosed to the municipal newspaper.
Early in 2009 the map was reprinted with an updated and corrected back in order to
provide visit information and ecomuseum services.
In the years 2010 and 2011, as technical partner and with the same methodology
above described, the ecomuseum contributed to realize the map of the Mills natural
Park, promoted by the municipalities of Parabiago, Nerviano, Legnano, St. Vittore
Olona, Canegrate.
Likewise to the parish map of Parabiago, also this map was aimed at realizing a
heritage inventory and an action plan.
5. The interactive map
The parish map does not end with its release. It is a participatory process, permanent
and upgradeable archives of tangible and intangible heritage. In fact, immediately after
the release of the map, the ecomuseum received proposals for adjustments and
integration. With the community participation the ecomuseum conducted several
researches about the heritage identified on the map.
An interactive and multimedia map was carried out to make it easily upgradeable. It
reports informations about the heritage of Parabiago’s and Mills Park’s communities,
identified on the maps.
The interactive map is made by web pages published within the ecomuseum web site.
169
Each heritage object, represented on the map, is connected by a hyperlink to a indepth web page containing texts, images, photographs, audio/video interviews and
anything else necessary to detail the contents.
As the printed map, also the interactive map requires the participation and cooperation
of everyone concerned: only in this way, it becomes a real parish map.
Besides the usual involvement of the citizens forum and the educational and cultural
institutions, which represent the local community, the interactive map is also based on
high quantity (and quality) of informations, produced by the web community through the
Wikipedia project, the online free encyclopedia.
The text, once validated by the ecomuseum, is uploaded on the website in the
interactive parish map section.
The informations are also uploaded on the interactive map thanks to the education
courses for the schools, to the partecipated walks that the ecomuseum organizes
periodically to read and interpret the landscape and, finally, to high schools and
universty students contributes.
6. From parish maps to community projects
The map explain not only the state of a landscape. It can help to remember what made
it and to explain how to improve and enhance it.
In the parish map of Parabiago the desires of the community can be detected: for
example the tower Cavalleri, now in ruins, was drawn as at the time of its peak, that is
how people would like as soon as possible. It is also clear that some monuments and
heritage items shown in the map are not currently accessible by the public, others are
little known or abandoned. This is the case of the church of S. Ambrogio della Vittoria,
closed to the public and remembered more as “the church of mads” (since was near a
psychiatric hospital), than the site of an important cistercian abbey. The remains of
Riale, a medieval watering ditch, active until 1928, at the designing map time were
hidden in the vegetation, ignored by most citizens as the river that feeds it, the Olona
that lot of people would like to erase from the landscape because it is synonymous of
pollution and flooding.
Ecomuseum, cultural associations and students have studied, reopened to the public,
even though temporarily, and promoted the knowledge of these heritage elements.
Some animals drawn on the map, still widespread, are also unknown by most people
who think they are even extinct. However they are not biologically extinct, but they are
culturally extinct. Example of this phenomenon, the beetle lampiridae commonly called
firefly: fewer children know its existence, much less name it, echo the chant to invite it
to fall and be caught, put it under a glass at night, to give a little light. So showing
animals like the firefly on the map means wanting somehow redeem their cultural
existence too.
The educational projects for children, the local actions and the participate walks or
workshops usually allows people to suggest for improvement and enhancement of the
places visited or studied; in this way, citizens and organizers on the one hand acquire a
deeper and shared understanding of places and of people who helped to shape them
and, on the other, they express desires useful to improve the landscape.
The actions identified by the citizens were included in the ecomuseum and mills park
action plans; with the help of the communities simple actions have already been
realized. Other proposals, related to the urban and the landscape planning, were
approched in the urban and the environmental plans whose updating are in progress.
The draft of urban plan of the City of Parabiago reveals, connects and protects the
heritage items listed on the parish map, including those currently little or hardly
accessible or poorly protected as the minor elements (individual trees or hedges of
historical and natural value, material heritage items associated with traditional
agricultural practices, devotional chapels, etc.). The goal is to protect, restore and give
new function to the heritage elements and connect them to each other and to the
surrounding environment system.
170
Before long we'll know if these maps have played a useful role in the local susteinable
development. We'll also know if they have been able to effectively deliver a project
through which the community draws and ispires her future.
Certainly, Parabiago’s parish maps allowed the ecomuseum to census the cultural and
natural heritage in a participated way and citizens to progress in the hard path of
recovery the sense of places and the social and environmental responsibility.
The urban district of local trade (DUC), started in 2012, is good news in this path. The
DUC is a project sponsored by the Municipality of Patabiago with the wide participation
of artisans, shopkeepers, local associations and cultural institutions including the
ecomuseum.
The goal of the DUC is the promotion of local manufactures, retail trade and agriculture
that are in serious trouble because of the economic crisis and the development of big
shopping centers. The action plan of the DUC aims to create a network of commercial,
cultural and environmental proposals. The community heritage, also the immaterial
one, is a resource for local development: this is the vision both of the DUC and the
ecomuseum.
Bibliography
Clifford S., King A.: From place to PLACE: maps and Parish Maps, Common Ground,
London, 1996.
Clifford S., Maggi M. D. Murtagh: Genius Loci. Perchè, quando e come realizzare una
mappa di comunità - StrumentIRES 10, 2006.
Dal Santo R., ed: "Verso l’Ecomuseo del Paesaggio", City of Parabiago, Parabiago,
2008.
Dal Santo R., Rossoni S., Puttin S., Gama I.: L’Ecomuseo del Paesaggio in "Sviluppo
sostenibile e risorse del territorio" Giappicchelli Editore, Torino, 2009.
EU: Convenzione Europea del paesaggio, Firenze, October 20, 2000.
Leslie, K.: A sense of place, West Sussex Parish Maps, Chichester, 2006.
P. Davis Ecomuseums a sense of place, Leicester University press, 1999, 2011
Turri, E.: Il paesaggio come teatro, Marsilio, Biblioteca Marsilio, Venezia, 1998.
Varine H.: Le radici del futuro, CLUEB Bologna, Bologna, 2005
Web site
About english parish maps visit the official website of Common Ground
www.commonground.org.uk and www.england-in-particular.info.
About Parabiago and Mills natural Park parish maps visit the ecomuseum of Parabiago
web site http://ecomuseo.comune.parabiago.mi.it/ link “Mappa di comunità”
About Italian parish maps visit the site http://www.mappadicomunita.it
MUSEOLOGIA E PROTAGONISMO COMUNITÁRIO: MITOS E REALIDADES
Prof. Dr. Tereza Scheiner
PPG-PMUS, UNIRIO/MAST - Rio de Janeiro - BRASIL
RESUMO
O texto aborda a importância do processo de emancipação de indivíduos e
comunidades através de experiências museológicas. A partir de um olhar sobre o
termo empoderamento, comenta os mitos e realidades do processo de
responsabilização em museus, atribuindo importância especial às relações entre
empoderamento e inclusão social, cultural e psicológica. Menciona o autoreconhecimento e o reconhecimento social como passos necessários ao
empoderamento, processo que se inicia com o sentimento pleno de autonomia. O
individuo autônomo é o que tem a capacidade de controlar seu próprio caminho, por
meio de um desempenho positivo; já a autonomia de um grupo vincula-se a uma
171
liderança aberta e democrática, que permita o compartilhamento da responsabilidade
e do poder. No plano da ação social, está ligada à construção da força coletiva pelo
desenvolvimento de conexões que evitem a marginalização social, cultural e
psicológica. O conceito de empoderamento é importante para o campo da Museologia
porque fundamenta a idéia de Museu Inclusivo. Com base em exemplos práticos, a
autora defende a importância do desenvolvimento de experiências museológicas
relacionadas à emancipação dos necessitados. Finalmente, lembra que apenas os que
são capazes de promover a mudança em si mesmos estarão aptos a promover
experiências de emancipação do Outro.
Palavras-chave: Museu. Museologia. Empoderamento. Inclusão. Comunidades.
Reconhecimento e respeito.
MUSEOLOGY AND COMMUNITY LEADERSHIP: MYTHS AND REALITIES
ABSTRACT
The paper approaches the relevance of the emancipation process of individuals and
communities through museum experiences. Starting with considerations on the term
'empowerment', it comments on myths and realities in the process of sharing of
responsibility in museums, giving special relevance to the relationships between
empowerment and social, cultural and psychological inclusion. Self-recognition and
social recognition are mentioned as necessary steps that lead to empowerment. The
autonomous individual has the capacity to control his/her own life, by means of a
positive performance; as for group autonomy, it depends on an open and democratic
leadership allowing the development of collective strength, trough connections that
prevent social, cultural and psychological marginalization. The concept of
empowerment is important to the field of Museology because it is the base of the idea
of Inclusive Museum. Based on practical examples, the author defends the importance
of developing museum experiences related to the emancipation of those who have
special needs. Finally, it is mentioned that only those who are capable of promoting
change within themselves will be apt to promote experiences of emancipation of the
Other.
Keywords: Museum. Museology. Empowerment. Inclusion. Communities. Recognition
and respect.
MUSEUS COMUNITÁRIOS: PROTAGONISMO E PRÁTICAS CIDADÃS
Cláudia Feijó da Silva *
Museu Comunitário Lomba do Pinheiro- Porto Alegre- BRASIL
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – PPGEdu
RESUMO:
Abordo aqui o protagonismo como ações de intervenção no contexto social de dada
comunidade a partir das práticas da Museologia Comunitária. Considero as práticas
desenvolvidas a partir da Museologia Comunitária como modalidade educativa que
reverbera para o desenvolvimento da cidadania. Proponho definir protagonismo como
atuação histórica no espaço geográfico, criando e recriando tempos e histórias que
definem as ações resultantes dos seres humanos, esses por sua vez representantes
da sociedade que se envolvem e se colocam como partícipes das relações sociais, em
processo que vai do local para o global. A partir de práticas inovadoras desenvolvidas
junto a determinadas comunidades, com a intenção de atacar os problemas locais é
*
Cláudia Feijó da Silva – Coordenadora do Museu Comunitário Lomba do Pinheiro – Porto Alegre/Rio
Grande do Sul; Mestranda do PPGEdu/UFRGS; Contato: [email protected]
172
que se constrói a possibilidade do protagonismo. Despertar reflexões quanto ao uso e
ao entendimento do patrimônio, podem ser consideradas como objetivos para uma
educação cidadã, para a qualificação e mesmo para o auto-entendimento do que é
desenvolver a cidadania. Envolver em projetos do museu, além de moradores do
território ou da região de atuação, é proporcionar a outras pessoas a possibilidade de
praticar sua cidadania enxergando o outro, enxergando os problemas históricos de
forma amplificada, proporcionando discussões que alargam soluções não apenas para
sua vida privada ou afetiva, mas que envolvem saídas para problemas relativos ao
bem comum. É desafio criar programas e projetos que coloque o patrimônio como
objeto central para o desenvolvimento de parcerias com diversas instâncias da
comunidade, além de desenvolver uma museologia que dialogue com diferentes
grupos de interesses diversos. Planejar as ações, participar da execução, da sua
avaliação e da apropriação dos resultados faz parte do exercício de protagonismo da
cidadania proposto pelos Museus Comunitários.
Palavras-Chave: Museu Comunitário, Protagonismo, Cidadania
MUSEOS COMUNITARIOS: PROTAGONISMO E PRACTICAS CIUDADANAS
RESÚMEN
Hablo aqui del protagonismo como acciones de intervención en el contexto social de
una determinada comunidad apartir de las prácticas de la museologia comunitaria.
Creo que las prácticas desarrolladas por la museologia comunitaria como modalidad
educativa repercute en el desarrollo de la ciudadanía. Propongo definir el
protagonismo como un papel histórico en el espacio geográfico, creando y recreando
los tiempos y las historias que definen las acciones resultantes de los seres humanos,
éstos por su vez son los representantes de la sociedad y se involucren y se ponen
como participantes en las relaciones sociales en el processo que ocurre del local a lo
global. De las prácticas innovadoras desarrolladas con las comunidades específicas,
con la intención de atacar los problemas locales es que se basa la posibilidad del
protagonismo. Despertar reflexiones sobre el uso de y la comprensión del patrimonio,
pueden ser considerados como objetivos de una educación para la ciudadanía, e
incluso para tener derecho a la comprensión de si mismo y de lo que es el
desarrollando la ciudadanía. Envolver en los proyectos del museo, así como los
residentes en el território o la región de actuación, es dar a otros la oportunidad de
practicar su ciudadania viendo al outro, ver los problemas históricos así aumentada,
disponer los debates que se alargam las soluciones no solo por su vida privado o
afectiva, pero la participación de soluciones a los problemas relacionados con el bién
común. El reto es crear programas y proyectos que ponen lo patrimonio como objeto
fundamental para el desarrollo de asociaciones con diversos foros de la comunidad,
además de practicar una museologia que provoca diálogos com los diferentes grupos
de intereses diversos. Planificar las acciones, participar en la ejecución de su
evaluación y la apropiación de los resultados es parte del ejercicio del protagonismo
de la ciudadanía propuesto por los museos comunitarios.
Palabras-clave: Museo Comunitario, Protagonismo, Ciudadanía.
PROTAGONISMO E PRÁTICAS CIDADÃS DESENVOLVIDOS NO CONTEXTO DA
MUSEOLOGIA COMUNITÁRIA
As práticas desenvolvidas no âmbito de comunidades populares, com o intuito de
valorizar, preservar e divulgar seus patrimônios são consideradas aqui como ações de
intervenção no contexto social. Considerando que até o advento da Nova Museologia,
o patrimônio considerado, difundido e valorizado foi aquele distante da realidade
brasileira, e que desconsiderou a diversidade étnica enquanto patrimônio, é que faz-se
necessário o fomento e o desenvolvimento de atividades que construam uma dinâmica
diferenciada e possibilidades de articulações, com a finalidade de fortalecer a memória
173
social popular e a história que se perpetuou apenas por meio da oralidade. Durante
muito tempo o Brasil relegou ao esquecimento as favelas, os bairros históricos, os
saberes e fazeres, assim como os demais bens imateriais, até muito pouco tempo o
patrimônio preservado foi somente a casa grande, as igrejas barrocas, os fortes
militares e os demais bens que guardam referências de uma história de opressão
sobre as pessoas ditas comuns.
Até 1984 o Brasil preservou basicamente os patrimônios da herança lusitana. O
primeiro patrimônio, com referências africanas a ser tombado no país, foi o terreiro de
candomblé Casa Branca em Salvador, Bahia. Cogito esse como o primeiro processo
de protagonismo pelo patrimônio popular brasileiro, pois houve uma atuação no
espaço geográfico e histórico. Tal desempenho colaborou para uma mudança social,
sendo os sujeitos envolvidos considerados como partícipes que criaram novas
possibilidades para a história. Segundo o antropólogo Gilberto Velho (2006), então
relator do processo de tombamento do terreiro, esse foi um momento de grande
embate social, mas que possibilitou uma mudança profunda na política patrimonial
brasileira. Para Gilberto Velho os momentos de conflito e de negociações colaboraram
também para a transformação do caráter da monumentalidade e do valor artístico até
então aplicados ao patrimônio. Velho relata o quanto é difícil lidar com determinados
setores da sociedade civil que podem ser atingidos pelas mudanças, como exemplo
podemos verificar a movimentação política e midiática que foi articulada por tais
setores, na intenção de continuar ditando a escolha do patrimônio:
Importantes veículos da imprensa da Bahia manifestaram-se contra o
tombamento que foi acusado, com maior ou menor sutileza, de
demagógico. É importante rememorar esses fatos, pois a vitória foi
muito difícil e encontrou fortíssima resistência. (VELHO, 2006, p. 3)
Nesse caso é possível visualizar claramente que há uma intenção de grupos em
manter o status quo, enquanto outros grupos lutam para exercer seu direito à
cidadania e pela discussão e reconhecimento de referências que sejam incorporadas
formalmente à identidade nacional, digo formalmente, pois na prática é indiscutível que
a identidade nacional é composta também por traços da cultura africana, assim como
pela cultura indígena em suas diversas etnias. Portanto considero que:
[...] o conhecimento e o reconhecimento de identidades plurais são
condições fundamentais para a construção da cidadania, através do
entendimento de que as pluralidades têm o mesmo lócus social
porque são igualmente, partes integrantes de um todo. (MELO;
SILVA, 2010, p. 8)
Propor inventários participativos e realizar diálogos ampliados através de seminários,
por exemplo, podem ser consideradas ações de intervenção para o desenvolvimento
da cidadania das populações envolvidas, contanto que as propostas discutam as
diferentes referências culturais presentes no território em questão. Para Varine (2004)
o patrimônio pode se tornar instrumento de desenvolvimento local, partindo do
princípio de que o museu educa e liberta as forças vivas de uma população para o
pleno exercício da cidadania.
Há a necessidade emergente de discutir os bens materiais, assim como o patrimônio
imaterial, enquanto portadores de referências culturais e identitárias. Tais discussões
se constituem em exercícios de cidadania, que permitem aos atores sociais se
reconhecerem como responsáveis pela sociedade que habitam e pelo
compartilhamento das decisões. Nesse sentido, é possível concretizar a ideia de que
os atores que sempre estiveram à margem dos processos que decisão e seleção do
patrimônio, agora atuam como protagonistas da ação social que desenvolve a
cidadania.
174
A participação nas deliberações, nas escolhas dos patrimônios a ser reconhecido,
difundido e preservado, decisões de uso do patrimônio para o crescimento sustentável
da comunidade pode ser considerado nesse caso, como:
[...] processo de mobilizações e práticas destinadas a promover e
impulsionar grupos ou comunidades – no sentido de seu crescimento,
autonomia, melhora gradual e progressiva de suas vidas, como diz
respeito a dimensões que reforçam o controle e regulação do social
com ações destinadas a promover a integração dos excluídos,
carentes e de mandatários de bens elementares de sobrevivência,
serviços públicos, atenção pessoal [...] (GOHN, 2004, p.23).
Conseqüentemente há também a necessidade de que os atores sociais se organizem
em entidades de sociedade civil, no intuito de promover negociações nas decisões
para as definições de políticas públicas para o patrimônio, para os museus e para o
desenvolvimento social, na intenção de se manterem enquanto protagonistas.
Envolver em projetos do museu além de moradores do território ou da região de
abrangência outros participantes é proporcionar a outros a possibilidade de praticar
sua cidadania enxergando os demais e os problemas históricos de forma mais ampla.
Envolver Universidades e promover a participação de projetos de extensão
Universitária em parceria com os Museus Comunitários é também alargar os
horizontes de futuros profissionais que poderão determinar as políticas públicas
patrimoniais e museais. Em seu trabalho de conclusão do curso de Museologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Minuzzo destaca:
A responsabilidade de um museu comunitário num território com
risco social é enorme, pois cabe também a instituição, trabalhar para
mudar tal circunstância. Comprometimento que também passa pelos
cursos de Museologia, para formar museólogos qualificados a
elaborar projetos que envolvam os atores sociais, a fim de que se
reconheçam como sujeitos de sua própria história, e caminhem em
direção à cidadania e a ascensão social. Para promover ações que
visem operar mudanças no quadro da vida cotidiana, das relações
culturais, humanas e familiares, sendo instrumentos para registrar a
memória social, educar para o patrimônio, pertencimento ao território,
aumento da autoestima e a inclusão sócio-cultural. (MINUZZO, 2010,
p. 69)
Contudo, cabe ressaltar que para os atores locais o mais importante é o destaque ao
protagonismo dos mesmos, portanto os projetos devem ser realizados conjuntamente,
para Waldisa Rússio [...] é tempo de fazer museu com a comunidade e não para a
comunidade (CHAGAS, 2002, p. 17 apud RUSSIO, 1984 p. 60). Portanto, mais que
profissionais preparados para elaborar projetos, a extensão universitária, programas
de estágios, cursos de Museologia entre outros, devem se preocupar em formar
profissionais que estejam qualificados para estabelecer projetos de conexões de
saberes, onde sejam respeitadas e valorizadas a autoria e ideias das comunidades.
Além disso, planejar as ações, participar da execução, da sua avaliação e da
apropriação dos resultados faz parte do exercício de protagonismo e da cidadania
proposto pelos Museus Comunitários, deste modo, não serão os profissionais
museólogos a definir quais projetos serão os mais adequados à comunidade, o que
deverá determinar as decisões são as necessidades locais inventariadas de forma
participativa pelos nativos.
REFERÊNCIAS:
CHAGAS, Mario. Cultura, patrimônio e memória. In: Ciências & Letras: patrimônio e
educação. nº 31. FAPA. Porto Alegre, 2002. p. 15 - 29
175
GOHN, MG. O protagonismo da sociedade civil. Movimentos sociais, ONGs e
redes solidárias. São Paulo, Cortez, Questões da nossa época. 2005.
MELO, K. M. R. S. E. ; SILVA, C. F.. Com Unidades na Lomba do Pinheiro:
Diversidades Étnicas e Culturais como Patrimônio. In: XVI Jornada de Ensino de
História e Educação e IX Seminário de Estudos Históricos: Políticas Públicas e
desafios para o ensino de História. Feevale. Novo Hamburgo, 2010.
MINUZZO, David K. . Lomba do Pinheiro, Memória, Informação e Cidadania:
vozes, olhares e expectativas de seus agentes e atores sociais. Porto Alegre,
UFRGS, Monografia. 2011.
VARINE, Hugues de. Notas e Fragmentos. In: III Encontro Internacional de
Ecomuseus e Museus Comunitários. X Atelier Internacional do MINOM, Rio de
Janeiro, 2004. Disponível em www.abremc.com.br
VELHO, G.. Patrimônio, negociação e conflito. Mana, Rio de Janeiro, v. 12, p. 1262, 2006.
MODOS E DESAFIOS DE VISITAÇÃO DO MUSEU DE FAVELA /RJ
Márcia Souza*
Museu de Favela - Cantagalo, Pavão e Pavãozinho - Rio de Janeiro - BRASIL
*Diretora Cultural do Colegiado de Diretores do MUF
RESUMO
O Museu de Favela - MUF é uma associação privada de interesse comunitário, sem
fins lucrativos, fundada em novembro 2008 por moradores das favelas de Cantagalo,
Pavão e Pavãozinho, situadas entre Ipanema e Copacabana, na cidade do Rio de
Janeiro, Brasil.
Desde então o MUF desenvolve um plano museológico inovador e que desafia,
permanentemente, a percepção e os modos de trabalho praticados pelo seu Colegiado
de Diretores. O principal acervo do MUF são os moradores e seus modos de vida,
suas memórias, a identidade coletiva.
A estratégia de musealização a céu aberto e a missão institucional do museu, trazem
abordagens de novo tipo e um forte caráter experimentalista e participativo. Não se faz
um museu a céu aberto, que expõe a cultura local e afirma o papel histórico e cultural
das favelas cariocas nas narrativas oficiais da Cidade Maravilhosa do Rio de Janeiro,
sem intensas pactuações dentro do território museal.
Na dinâmica e estratégias de visitação turística do Museu de Favela o atrativo principal
é a cultura local, os arranjos de vida e sobrevivência perante a segregação social. Há
que respeitar o morador e as famílias aí estabelecidas, instigar e surpreender o
visitante com novos olhares sobre a riqueza da cultura local.
A visitação dos caminhos do MUF é feita com mediação de moradores treinados para
narrar conteúdos de arte e memórias, a céu aberto. Cada caminho cultural ou roteiro
de visitação do MUF se transforma num caminho de luta por cidadania, de luta por
qualidade ambiental e urbana, por consideração social e inclusão de renda. Cada
caminho é um eixo potencial de arranjos produtivos locais de negócios criativos, que
tem como matéria prima as memórias e a cultura viva do lugar.
Palavras-chaves: gestão participativa - turismo cultural - arranjos produtivos locais rede de negócios criativos - liberdade e cidadania - identidade comunitária
ABSTRACT
176
MODES AND THE CHALLENGES OF VISITING THE MUSEUM OF FAVELA/RJ
Marcia Souza*
Museu de Favela - Cantagalo, Pavão e Pavãozinho - Rio de Janeiro - BRASIL
*Cultural Director, Board of Directors, MUF
The Favela Museum - MUF is a private not-for-profit association with, founded in
November 2008 by residents of the communities of Cantagalo,
Pavão, and
Pavãozinho located between Ipanema and Copacabana, in the city of Rio de Janeiro,
Brazil.
Since then MUF has been developing an innovative museum plan that permanently
challenges the perceptions and ways of work practiced by its board of directors. The
main archive of the MUF are the residents and their ways of life, their memories, and
their collective identity.The strategy of musealization under the open sky and the
institutional mission of the museum lead to a new form of approach with a strong
experimentalist and participatory character. It is not possible to create an open-air
museum that exposes the local culture and affirms the historical and cultural role of the
Cariocan favelas in official narratives of the Marvelous City of Rio de Janeiro without
causing
intense
impacts
on
the
territory
of
the
museum.
In the dynamics and strategies of touristic visitations to the Favela Museum the main
attraction is the local culture, the ways of life and survival in the presence of social
segregation. It is important to respect the local residents and families, and to move and
surprise the visitor with new insights about the richness of local culture.
The visitation of the open-air circuit of the MUF is realized with mediators from the
communities that are trained to point out and narrate content linked to arts and
memories. Each cultural circuit or visitation tour of the MUF becomes a circuit of
struggle for civil rights, for environmental and urban quality, for social consideration,
and the creation of income within the community. Each circuit is a potential axis for
setting up productive and creative local businesses using the memories and living
culture of the place as their raw material.
Keywords: participatory management - cultural tourism - local production clusters network of creative businesses - freedom and citizenship - community identity
Breve Histórico de nossa organização Museu de Favela, Justificativa do
cunho social da entidade
O Museu de Favela atua há 3,8 anos nas favelas Pavão, Pavãozinho e Cantagalo,
desde março de 2008, quando, num Fórum Popular promovido pelo PAC na favela,
com mais de 600 pessoas, um grupo de moradores lançou uma idéia de expressar os
modos de vida e a cultura desse território de favelas como uma fabulosa galeria de
arte e fazeres a céu aberto, afirmativa da identidade cultural coletiva e do papel desse
território peculiar na estrutura urbana da Cidade do Rio de Janeiro.
Os trabalhos iniciais do grupo de fundadores do Museu de favela cuidaram de
discussões sobre uma estratégia que somasse forças comunitárias, valorizasse
talentos e recuperasse as memórias locais para moldar, através de suas
peculiaridades culturais, uma visão de futuro para transformação da condição de vida
nesse complexo de favelas - que se situa numa das mais valorizadas centralidades
turísticas da Cidade do Rio de Janeiro – de forma que a comunidade pudesse estar à
frente de seu próprio desenvolvimento exercendo governança social efetiva e genuína
na defesa de seu passado, presente e futuro.
Em novembro de 2008, esse grupo de lideranças já amadurecera suas intenções
numa missão de trabalho, num plano estratégico e em projetos culturais de interesse
comunitário. Contudo, sem conseguir, à época, sensibilizar e conquistar apoio de
autoridades governamentais da área de cultura do município e do estado do Rio de
177
Janeiro, para a idéia de um museu a céu aberto, territorial e de cultura de favela, o
grupo decidiu se afirmar numa instituição própria, independente, constituindo uma
associação privada sem fins lucrativos, a ONG denominada Museu de Favela - MUF.
Dentre seus 16 sócios-fundadores, foram eleitos seus atuais diretores. O MUF
articulou com 37 entidades atuantes no território para formar um Conselho
Comunitário tendo por bandeira a cultura do território e a sua inclusão turística
beneficiando o morador. Com transparência e muito debate sobre o sentido de o MUF
ser uma espécie de “guarda-chuva” integrador de ações, sem competições no território
e ainda com a sistemática prestação de contas de seu trabalho, o MUF vem
desmanchando resistências ao seu formato inovador.
O MUF desde então trabalha para legitimar e realizar sua missão: estabelecer o
primeiro museu territorial de favela do país, como um monumento carioca e único no
mundo, patrimônio cultural territorial vivo, de memórias, saberes e fazeres das raízes
de sua matriz cultural carregada nos braços dos migrantes: a cultura negra, a cultura
do migrante nordestino, mineiro e do interior fluminense e a cultura indígena.
Durante o ano de 2008, 2009 e 2010 o MUF atuou com cinco enfoques fundamentais:
 Legitimar perante os moradores a idéia de transformar as 3 favelas contiguas no 1º.
Museu Territorial de Favelas do Brasil e buscar sua inclusão sócio-econômica através
do turismo liderado por moradores;
 Integrar, sob a bandeira das memórias e dos valores turístico-culturais locais, as
realidades então partidas das comunidades de Pavão, Pavãozinho e Cantagalo,
herança de um passado de disputas e violência. Tática: durante todo o ano de 2008
trabalhou-se para recuperar a história oral dos velhos mais ilustres, garimpados
indistintamente nas 3 comunidades, para recontar às gerações contemporâneas sobre
um tempo em que não havia divisão de territórios, havia liberdade de ir-e-vir e
solidariedade entre as famílias pioneiras e descendentes na formação quase
centenária dessa favela, entre negros, nordestinos, mineiros e cariocas e até índios.
 Elaborar o Plano Estratégico do Museu, escolher sua Missão Institucional, Criar sua
Marca,
 Legalizar a instituição.
 Instalar sua base-1 operacional
 Implementar seu Plano de Trabalho
 Estruturar em redes os saberes e fazeres da cultura local.
 Realizar experimentações criativas de estratégias de atuação.
Sem recursos para manutenção, o MUF já alcançou conquistas: seu lançamento
público em grande evento cultural em fev.09 em presença de autoridades dos
Ministérios da Cultura, Justiça e Turismo; instalação e 02 itinerâncias da exposição
Despertar de Almas e de Sonhos, com histórias de moradores antigos ilustres;
reconhecimento de seu trabalho como exemplar e pioneiro do Programa Pontos de
Memória do Instituto Brasileiro de Museus IBRAM; premiação de seu Projeto Apoio à
Estruturação do MUF, dentre mais de 500 concorrentes, no Edital Modernização de
Museus 2009/MinC, para aquisição de equipamentos, vencendo tradições e barreiras
pelo formato museal experimental, territorial integral, comunitário e, em favela e pela
meta de adquirir acervos in situ de cultura viva; realização de 2 Visitões Experimentais
trazendo mais de 100 pessoas ao MUF; produção de 02 jornais e 01 folhetim
INFORMUF; realização de 6 sessões de CINEMUF na comunidade, realização do 1º.
FESTIVAL DE LAJES CULTURAIS O FESTMUF 2010, realização do Projeto Arte na
Cabeça - tranças de cabelo de cultura negra, com patrocínio pioneiro de uma
instituição privada, o Metrô-Rio/Instituto Invepar.
O MUF já atrai graduandos, mestrandos, doutorandos e cientistas sociais do Rio, de
outros estados e internacionais interessados em experimentos de governança social.
As lideranças do MUF vem prospectando sistematicamente saberes e fazeres na
comunidade e iniciou sua organização em redes criativas de negócios, embora ainda
com grandes dificuldades de prosseguimento já desenvolve embriões de REDESMUF,
178
redes solidárias e complementares de negócios criativos e de conveniência para a
dinâmica local.
O MUF já montou um banco de mais de 25 projetos de interesse cultural comunitário,
para concorrer em editais diversos. E inaugurou o Grupo da Ponte do MUF, para atrair
doações financiadoras de despesas de manutenção de uma estrutura operacional
mínima e essencial para o alcance de suas metas institucionais, de diversos projetos
sócio-culturais de interesse comunitário.
A maioria desses resultados foi alcançada sem recursos financiadores da entidade,
apenas com parcerias e empreendedorismo comunitário voluntário.
ECOMUSEU DE ITAIPU E A REDE REGIONAL DE MUSEUS, MEMÓRIA E
PATRIMÔNIO NATURAL E CULTURAL: instrumentos de gestão patrimonial
comunitária*
Maria Emília Medeiros de Souza**
Ecomuseu de Itaipu, Foz do Iguaçu - PR - BRASIL
ABREMC - Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários 2010/2012
Tatiara Damas***
Ecomuseu de Itaipu, Foz do Iguaçu - PR - BRASIL
ABSTRACT
The Itaipu Ecomuseum and the Regional Network of Museums, Memory and Natural
and Cultural Heritage: instruments of community heritage management
The Itaipu Ecomuseum was conceived to operate in the 16 municipalities bordering the
Itaipu reservoir as a measure to mitigate social and environmental impacts resulting
from the construction of this hydroelectric power plant. Opened in 1987, the
Ecomuseum aims to insure the functions of collection, research, conservation and
interpretation of material and immaterial testimony of man and nature from this region,
keeping nowadays more than 80,000 pieces arranged in collections of archeology,
geology, ethnography, history, natural history, science and technology, arts, among
thers. With the expansion of Itaipu’s institutional mission, in 2003, the Ecomuseum
enlarged its coverage area and began to cover the 29 municipalities of Paraná 3 Basin,
with about one million inhabitants. This shift was mainly characterized by the creation
of the Valorization of Institutional and Regional Heritage Program, which has since then
been coordinated by Itaipu Ecomuseum, relying on a network of social actors in its
area of influence who were brought together by the Regional Network of Museums,
Memory and Natural and Cultural Heritage, which holds regular meetings with social
actors willing to talk about the situation and the heritage and cultural demands of the
region, consolidating and executing an agenda that is constructed collaboratively
towards the regional cultural strengthening. This article presents some actions of Itaipu
Ecomuseum and analyzes specifically the constitution of the Regional Network of
Museums, Memory and Natural and Cultural Heritage as an instrument of social
organization that aims to engage society in reflective, critical and emancipative
processes leveraging the notions of belonging and valorization of their land and culture,
thus strengthening the construction of a collective project of restoration, preservation,
valorization and interpretation of the region’s natural and cultural heritage. The purpose
is to demonstrate how this form of social organization constitutes a strong possibility of
action and community wealth management, meeting theoretical and practical aspects
of ecomuseology, or social museology, and moving away from traditional forms of
museology strongly linked to contexts of colonial and hegemonic discourses,
*
Adaptação livre para resumo do documento original proposto para o Ecomuseum 2012
Profissional do Ecomuseu de Itaipu, especialista em educação ambiental, gestora do Programa
Valorização do Patrimônio Institucional e Regional
***
Profissional do Ecomuseu de Itaipu, especialista em museologia, gestora do Programa Valorização do
Patrimônio Institucional e Regional
**
179
expanding the practices of museum institutions towards participative and popular
contexts.
Introdução
O Ecomuseu de Itaipu, primeiro no gênero no Brasil e na América do Sul, foi criado em
1987, pela Itaipu Binacional, como parte do seu Plano Diretor da Área do Reservatório,
nos aspectos relacionados ao meio ambiente social, decorrentes da construção da
Central Hidrelétrica Itaipu.
A Central Hidrelétrica Itaipu, localizada no rio Paraná, nas proximidades da fronteira
tripartite (Brasil, Paraguai e Argentina) é um empreendimento binacional brasileiroparaguaio, construído e operado pela Itaipu Binacional, entidade criada pelo governo
brasileiro e paraguaio em 1974.
O reservatório de água de Itaipu (Lago de Itaipu), formado em 1982, estende-se por
170 km, desde a região de Foz do Iguaçu até a de Guaíra (margem brasileira, na
região Oeste do Estado do Paraná), banhando 16 municípios brasileiros e 05
paraguaios.
A atuação socioambiental de Itaipu foi iniciada junto com suas atividades de
construção, sendo uma das primeiras hidrelétricas no Brasil a desenvolver um
programa amplo de mitigação de impactos socioambientais. Estudos realizados em
1973, juntamente com estudos anteriores realizados por Brasil e Paraguai na região,
serviram de base para o estabelecimento da política ambiental da Entidade por vários
anos.
O Ecomuseu de Itaipu e o programa Valorização do Patrimõnio Institucional e
Regional
Já em 1975 − bem antes, portanto, do enchimento do Reservatório − a Itaipu iniciou
uma série de programas ambientais envolvendo monitoramento e inventários dos
aspectos ambientais e início do reflorestamento, bem como a proposta de um museu
para salvaguarda e exposição do acervo resultante desses estudos, pesquisas e
inventários, que focavam temas como arqueologia, floresta, fauna, peixes, hidrologia,
arqueologia e história regional, entre outros.
A evolução constante nos conceitos relacionados à proteção ambiental fez com que a
ITAIPU reajustasse suas ações e reformulasse seu planejamento ambiental, tendo em
vista garantir a plena condição de uso do Reservatório para a operação normal da
Usina, bem como sua utilização racional em benefício do desenvolvimento
socioeconômico da região, segundo conceitos de interação regional e qualidade
socioambiental, envolvendo produtividade pesqueira, qualidade da água, conservação
do solo, usos múltiplos da água e a criação de um Ecomuseu, entre outras iniciativas.
A idéia inicial era um museu no sentido estrito corrente no período. A museóloga
Fernanda Moro, no entanto, ao ser contratada por Itaipu para a criação do Plano
Diretor do novo museu, trouxe o que estava acontecendo de mais avançado em
museologia na Europa e na América do Norte e que ia ao encontro das necessidades
mitigadoras de impacto socioambiental que a empresa vinha desenvolvendo: a
ecomuseologia. Segundo Fernanda Moro:
O potencial do diálogo entre o homem e o meio ambiente desta região de
Itaipu, a possibilidade de uma leitura profunda e em várias etapas da
história da região desde a história geológica, até a antropologia, a ciência, a
tecnologia, passando pela história biológica, pela interpretação arqueológica
e pela história industrial, bem como toda a história das diversas
comunidades que ali se radicaram, foram alinhadas a um programa de
preservação e educação informal, formal e não-formal no projeto proposto
para o Ecomuseu de Itaipu,primeiro no gênero no Brasil e América do
Sul.(MORO, Fernanda. Livro texto Ecomuseu de Itaipu,1987)
180
O Ecomuseu de Itaipu foi idealizado para atuar, segundo as palavras desta mesma
museológa (MORO, Fernanda, Plano Diretor Ecomuseu de Itapu, 1986), não com o
um museu tradicional, mas para se colocar como “um organismo suscetível e
predisposto a participar do desenvolvimento e organização cultural da região”.
(MORO, Fernanda. Plano Diretor Ecomuseu de Itaipu, p. III)
Pensando de forma sistêmica, então, o Ecomuseu foi inaugurado no ano de 1987 e
desde então passou a desenvolver trabalhos que vinculavam “a região (TERRITÓRIO)
com elementos representativos da natureza e do desenvolvimento cultural
(PATRIMÔNIO) e com a população local (COMUNIDADE).” (MORO, Fernanda. Plano
Diretor Ecomuseu de Itaipu, p. 3). Não se tratava de um museu comunitário que havia
sido idealizado e criado a partir da comunidade, mas, antes disso, se tratava de um
modelo museológico escolhido por Itaipu para servir de instrumento de mitigação de
impacto socioambiental, no sentido de garantir “um processo de preservação de um
meio ambiente integrando-o ao desenvolvimento cultural, social, econômico e
tecnológico – um ecomuseu.” (MORO, Fernanda. Plano Diretor Ecomuseu de Itaipu, p.
3) Sua idiossincrasia se instala, portanto, no fato de que não se trata de um ecomuseu
criado por uma comunidade, mas sim criado por uma empresa para uma comunidade.
Esta instituição, diferentemente da museologia corrente no período, foi concebida para
“ser o elemento coordenador do processo de preservação do momento que passou,
mas também da preservação do momento presente e de boa acolhida do momento
futuro” (MORO, Fernanda. Plano Diretor Ecomuseu de Itaipu, p. 4).
Em 2003, a Itaipu Binacional passou por um processo de revisão de sua missão, que
até então estava voltada apenas à questão da geração de energia a partir do
aproveitamento dos recursos hídricos do rio Paraná, que pertenciam em condomínio
ao Brasil e ao Paraguai. Em contraposição a esta anterior visão, instauraram-se
também como missão desta instituição questões como a “geração de energia de
qualidade, com responsabilidade social e ambiental, de modo a impulsionar o
desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil e no
Paraguai”.
A partir da ampliação da missão de Itaipu, em 2003, o cuidado socioambiental foi
consolidado com a implantação do programa "Cultivando Água Boa" que, em
sintonia com a nova missão da Itaipu, enfatizou a responsabilidade social e ambiental
da Entidade. Este programa complementou os projetos e ações socioambientais
anteriores e incluiu outros novos que, permeados pelos programas de educação
ambiental e de valorização do patrimônio, foca os municípios lindeiros e os da
bacia hidrográfica de contribuição direta ao Reservatório de Itaipu, denominada Bacia
Paraná 3, reunindo 29 municípios e quase 1 milhão de habitantes.
A partir da ampliação da missão institucional da Itaipu, em 2003, e da implantação do
Programa Cultivando Água Boa, em 2005 foi proposto no planejamento estratégico de
Itaipu a criação do Programa Valorização do Patrimônio Institucional e Regional,
coordenado e desenvolvido de forma participativa pelo Ecomuseu de Itaipu e
parceiros.
Nesse contexto, o Ecomuseu de Itaipu, entre outras funções, responde pela
coordenação e desenvolvimento do Programa Valorização do Patrimônio Institucional
e Regional, em parceria com os municípios, comunidades, sociedade civil organizada
e instituições governamentais e não governamentais dessa região. Este programa, por
meio das exposições temporárias e itinerantes e de sua articulação regional, promove
ações de recuperação, preservação, valorização e interpretação do patrimônio natural,
histórico-cultural, técnico-científico e socioambiental da empresa, da região de
influência do reservatório e da Bacia Paraná 3.
181
Atendendo o Programa, o Ecomuseu de Itaipu articula com órgãos federais (Ministério
da Cultura, Instituto Brasileiro de Museus, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional, etc), estaduais (Secretaria de Estado da Cultura, Coordenadoria do Sistema
Estadual de Museus, outros) e outros parceiros, projetos, iniciativas e políticas
públicas diversas relacionadas ao patrimônio cultural, material e imaterial, memória
regional e corporativa, com destaque para os aspectos de aperfeiçoamento e
qualificação dos profissionais que atuam em instituições museais e culturais da região.
Ainda em parcerias com os municípios integrantes da Rede Regional e o Centro de
Documentação da Itaipu, entre outras instituições, o Ecomuseu propõe o
estabelecimento do Centro Virtual de Memória Regional que já está em fase de
formação e recebe acervo desde 2009. Este centro de memória deverá possibilitar a
criação de um ambiente virtual capaz de arregimentar, apoiar tecnicamente e dar
visibilidade às ações de preservação e valorização do patrimônio natural e cultural da
Região da Bacia do Paraná 3, estabelecendo uma base de pesquisa e fomento à
produção científica e artística regional por meio da relação dinâmica e participativa da
população deste território com os diversos aspectos materiais e imateriais de sua
memória coletiva e de seu patrimônio como um todo.
Organiza e facilita também Ciclos de Memória Regional, que são encontros temáticos
de diálogo e socialização de memórias individuais e coletivas mediados por
profissionais do Ecomuseu, e incentiva que os municípios da BP3 utilizem essa
metodologia como instrumento de resgate, valorização e preservação da memória
dessa região.
A Rede Regional e Museus, Memória e Patrimônio Natural e Cultural
Os Ciclos de Memória Regional fortaleceram o relacionamento com os municípios
lindeiros e aproximou os demais municípios da BP3, novos atores regionais,
estimulando a participação de representantes dessa comunidade nos diálogos
referentes às demandas e idiossincrasias patrimoniais e culturais da região, de modo a
formatar coletivamente então uma metodologia de ação que respondesse às suas
necessidades.
No decorrer do processo foi entendido que era necessário ir além dos encontros
regionais temáticos e consolidá-los como encontros periódicos de um grupo que
tivesse missão e objetivos definidos, além de uma identidade facilmente reconhecível
pela própria região. Foi o momento de consolidar e criar um corpo de coesão e
identificação desses participantes com relação a esse novo movimento de gestão
patrimonial comunitária coletiva que se pronunciava e tomava forma nos diálogos e
ações conjuntas deste grupo.
Assim, em 2008 formalizou-se o grupo autodenominado Rede Regional de Museus,
Memória e Patrimônio Natural e Cultura. A constituição e denominação da Rede
Regional foram determinantes no sentido de criar uma identidade de grupo e de
explicitar, de modo afirmativo, os conceitos com os quais já desenvolviam ações,
contribuindo também para ampliar o entendimento e o auto reconhecimento do grupo
enquanto instrumento de gestão patrimonial comunitária da região. Ainda,
indiretamente, disseminou uma ideia de cultura e patrimônio afinada com conceitos
ecomuseológicos de patrimônio, ou seja, de uma visão ampla, múltipla e dinâmica de
cultura e de patrimônio.
Desde então, a Rede regional de Museus, Memória e Patrimônio Natural e Cultural se
caracteriza pela organização de encontros periódicos com atores sociais da Bacia
Paraná 3 dispostos a dialogar sobre a situação e as demandas patrimoniais e culturais
182
da região, propondo, consolidando e executando os encaminhamentos construídos
participativamente em busca do fortalecimento cultural regional.
São realizados encontros regulares trimestrais, descentralizados, em municípios que
integram os 04 núcleos regionais (média de 07 municípios por regional), que orientam
os encaminhamentos e ações a serem desenvolvidas nos municípios, individual ou
coletivamente.
Acontecem reuniões extraordinárias ou temáticas, a qualquer tempo, conforme
demanda institucional (Itaipu Binacional ou Ecomuseu) e/ou dos municípios
integrantes da Rede. Os projetos e assuntos específicos demandam a criação de
Grupos de Trabalhos constituídos por representações dos municípios com interesse
e/ou habilidade e expertise específica.
São realizadas também avaliações anuais, nas quais representantes do Ecomuseu de
Itaipu percorrem, junto com os demais programas constituintes do Programa
Cultivando Água Boa, os 29 municípios da BP3 com o objetivo de dialogar e avaliar
junto aos atores sociais envolvidos em cada município o desenvolvimento do
Programa Valorização do Patrimônio Institucional e Regional em cada município.
Nesses diálogos, são mapeadas as ações em andamento, os pontos que ainda
demandam fortalecimento e as perspectivas futuras para o programa.
Além disso, são realizados encontros anuais dentro do evento realizado por Itaipu,
Encontro Cultivando Água Boa, no qual são realizadas reuniões da Rede Regional e
processos de capacitação com relação a assuntos patrimoniais e culturais.
Em 2009, foi realizado também o Festival das Águas, com temática socioambiental,
com o objetivo de incentivar a expressão cultural e o surgimento de novos valores,
estimulando a composição e interpretação de músicas relacionadas a um novo modo
de ser/sentir, viver, produzir e consumir em nossa região.
O FESTIVAL DAS ÁGUAS é um festival de Composição e Interpretação que abrange
diversos estilos de música, como sertaneja e popular, seguindo a temática
socioambiental da região da BP3, fundamentada nos valores e princípios para uma
sociedade sustentável, UM NOVO JEITO DE SER/SENTIR, VIVER, PRODUZIR E
CONSUMIR em nossa região, conforme estabelecido em documentos planetários
como a Carta da Terra, Pacto Global/ Metas do Milênio, entre outros.
Seu diferencial dos demais Festivais está na inclusão dessa temática nas
manifestações artísticas e culturais das comunidades envolvidas, na inter-relação com
os demais programas socioambientais em desenvolvimento na região e na
participação exclusiva de talentos musicais da BP3. Além dos prêmios e troféus aos
melhores intérpretes e compositores, o Festival promove a gravação de um CD com
as composições vencedoras em cada edição.
O Festival é coordenado pela Rede, com facilitação do Ecomuseu de Itaipu, em
parceria com os municípios que sediarão as etapas do Festival , com apoio da Itaipu
Binacional, Conselho dos Municípios Lindeiros ao Reservatório de Itaipu/ Câmara
Técnica de Cultura, Associação dos Municípios do Oeste do Paraná – AMOP/
Associação Cultural do Extremo Oeste - ACEO, entre outras parcerias institucionais
governamentais e não governamentais, locais, regionais, estaduais e nacionais.
Em 2010, o Ecomuseu de Itaipu e o Programa Valorização do Patrimônio Institucional
e Regional iniciaram um processo de revitalização das condições estruturais e
conceituais de seu circuito expositivo, ampliando as possibilidades de construção
identitária e comunitária por meio do patrimônio.
183
Esse processo contou com a participação e mobilização da comunidade regional e
corporativa, envolvendo atores de desenvolvimento local, representados por gestores
de cultura dos municípios, lideranças e representações comunitárias, empregados da
Itaipu Binacional e de empresas prestadoras de serviços, profissionais convidados,
entre outras pessoas que contribuíram para a revisão e atualização de conteúdos,
depoimentos e inovações para o circuito museográfico do núcleo de exposições do
Ecomuseu de Itaipu em Foz do Iguaçu e também para algumas ações locais e
regionais previstas para as etapas seguintes à revitalização.
É importante destacar que, neste processo foi instalada uma maquete de piso com
uma representação da região de abrangência da Bacia Paraná 3, destacando os 29
municípios parceiros de Itaipu e suas ações socioambientais. Complementam ainda as
informações da maquete, telas sensíveis ao toque nas quais são disponibilizadas as
informações organizadas participativamente pelos municípios e os 87 depoimentos
sobre a memória regional de atores sociais da BP3, que dão voz a essa comunidade
no novo circuito museográfico do Ecomseu de Itaipu.
Nesse processo, em continuidade aos encaminhamentos do projeto de revitalização e
melhoria do circuito de exposições do Ecomuseu foram priorizadas as articulações
regionais, nacionais e internacionais, para fortalecimento das ações de memória e
patrimônio, com a participação do consultor de ecomuseologia e desenvolvimento
local, Hugues de Varine; parcerias para planejamento e realização de eventos
formativos com a ABREMC – Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus
Comunitários; encontros da Rede Regional de Museus, Memória e Patrimônio Natural
e Cultural, em vários municípios da região, de forma descentralizada e itinerante, e
reuniões técnicas com instituições parceiras, entre outras ações relacionadas.
Nesse sentido, foram realizadas visitas e reuniões com Gestores Públicos e
Educadores nos 29 municípios dessa região, para apresentação dos Programas e dos
planejamentos anuais previstos. Os resultados têm sido muito satisfatórios e ficou
claro que essa sensibilização tem trazido um fortalecimento considerável da
participação social nas ações conjuntas do programa em cada um dos municípios da
BP3.
Foram consolidados ainda, por meio da Rede Regional de Museus, Memória e
Patrimônio Natural e Cultural, três grupos de trabalho com representações dos
municípios para discutir e construir participativamente os seguintes projetos: a
Formação Continuada em Gestão de Cultura e Patrimônio; a exposição itinerante “Nas
correntezas da Memória” e a segunda edição do Festival das Águas.
O projeto de formação continuada corresponde à demandas levantadas no interior da
própria Rede Regional que, entre outras coisas, sempre destacou a percepção de que
era necessário estabelecer um processo continuado de capacitação e
aperfeiçoamento dos profissionais atuantes nas áreas culturais e patrimoniais da
região, que por questões geográficas e outras prioridades são praticamente alijados da
possibilidade de participarem dos processos formativos desenvolvidos pelas
administrações públicas estaduais e federais.
No sentido de superar esta demanda, a Rede Regional se propôs a construir um
projeto e articular com parceiros, universidades, governo estadual, federal e municipal,
dentre outras instituições, no sentido de viabilizar este processo, com o objetivo de
envolver a sociedade em processos reflexivos, críticos e emancipatórios que
potencializem suas noções de pertencimento e de valorização de seus territórios e de
sua cultura; fortalecer o entendimento de conceitos de cultura e patrimônio na região;
contribuir para a capacitação da comunidade para atuar como protagonistas da gestão
184
cultural e patrimonial da região, por meio da elaboração, gestão e captação de
recursos públicos e privados para projetos culturais, etc.
É importante destacar também que este projeto sempre teve a preocupação de
construir um processo que se adequasse à esta realidade regional e que levasse em
consideração as necessidades, os anseios e as idiossincrasias dos municípios da
BP3, contribuindo assim para o sucesso e a aplicabilidade desta formação.
O projeto Exposição Itinerante “Nas correntezas da memória”, corresponde à
necessidade de consolidação e valorização de uma identidade regional dos municípios
da BP3 levantada no decorrer das discussões da Rede Regional. Para tanto, foi
estabelecido um grupo de trabalho para construir um processo expositivo que
apresentasse a importância do rio Paraná como eixo de ligação regional e como parte
fundamental da identidade cultural da comunidade localizada em sua bacia
hidrográfica, exposição esta que deverá percorrer os 29 municípios da BP3.
Neste processo foi estabelecido um diálogo permanente com os municípios que
contribuíram com os conteúdos e fotografias representativas de suas cidades. Além
disso, a própria museografia e as idiossincrasias expositivas e de itinerância foram
definidas pelos atores sociais representantes dos municípios neste grupo de trabalho.
Por sua vez, o grupo de trabalho Festival das Águas tem como responsabilidade
avaliar a edição anterior e elaborar a nova proposta e regulamento a serem validados
pelos demais municípios que integram a Rede Regional e aprovados pelas instituições
parceiras.
Esse grupo de trabalho é facilitado por uma profissional do Ecomuseu e coordenado
por duas representações municipais, responsáveis pelas articulações e
encaminhamentos no seu município, com Itaipu e demais instituições parceiras.
Esses três projetos estão em fase de finalização e, assim que forem validadas pela
Rede Regional, serão realizados com apoio dos municípios da BP3 e demais
instituições da região. Essas inciativas coletivas da Rede Regional de Museus,
Memória e Patrimônio Natural e Cultural serão de grande importância para consolidar
ainda mais esta rede de atores sociais e consolidar um processo de gestão
comunitária do patrimônio regional amplo e participativo, envolvendo os mais variados
segmentos da sociedade.
Estes processos, do mesmo modo, deverão ser tanto estimulados como estimuladores
de novos desafios no interior da Rede Regional, sendo que as perspectivas futuras
que hoje temos possivelmente passarão por diversas revisões e reconstruções.
Por meio das avaliações que são feitas anualmente nos 29 municípios da BP3, nas
quais são identificados coletivamente pontos consolidados e pontos que ainda podem
ser fortalecidos no programa Valorização do Patrimônio, no entanto, já é possível ter
uma visão geral de como será a continuidade destes trabalhos regionais. Destacam-se
os pontos a seguir:
1.Garantir a realização e continuação dos processos formativos em Cultura e
Patrimônio para a região.
2.Viabilizar o intercâmbio de informações e experiências entre os atores sociais
envolvidos com ações de cultura nos 29 municípios da Bacia Paraná 3.
3.Apoiar a paulatina melhoria das estruturas de preservação e salvaguarda de acervos
museais dos 29 municípios da Bacia Paraná 3,
4.Incentivar e apoiar ações de resgate e divulgação da memória de cada município.
185
5.Apoiar a institucionalização da cultura nos municípios, por meio da implantação de
Sistemas Municipais de Cultura, Conselhos Municipais de Cultura, Secretarias de
Cultura ou Fundações.
6.Apoiar tecnicamente os estudos para implantação de políticas de preservação de
patrimônio no âmbito municipal da região, com leis de tombamento e políticas de
aquisição de bens patrimoniais imóveis e integrados, além de políticas de preservação
do patrimônio imaterial das comunidades.
7.Viabilizar a realização de conferências e seminários acerca de temas culturais,
patrimoniais e artísticos na região que sirvam como base para um trabalho sustentável
de consolidação do tema nos municípios da região da Bacia Paraná 3.
Considerações Finais
As mudanças sócio-culturais, o desenvolvimento econômico e, especialmente, a
presença da Usina de Itaipu nesses últimos trinta e oito anos têm forçado mudanças
importantes para a população local e regional e seus estilos de vida.
Estas alterações foram justificadas e justificaram para Itaipu a existência do Ecomuseu
nessa região, o que inclui a tentativa de integrar culturalmente e socialmente centenas
de milhares de novos moradores provenientes de outras partes do Brasil, que não
tinham (ou não têm) raízes no território ou sentimento de pertencimento.
O Ecomuseu de Itaipu, ao longo dos seus 25 anos de existência tem adquirido
habilidade e uma grande experiência de ensino e estabelecimento de redes de
cooperação com escolas e professores, porém limitada em acesso, seja por
segurança, distância ou dificuldade de transporte.
Assim, é necessário pensar soluções para aumentar a eficiência da educação
patrimonial, de forma quantitativa e qualitativa, por meio de pontos de transição
urbana, com a abertura de oficinas descentralizadas sobre temas do patrimônio;
criação de kits documentários, mini-exposições dirigidas à públicos específicos;
formação de professores na utilização do patrimônio no seu ensino; classes
comunitárias de integração no inventário de processos participativos, etc
Ainda, no campo da ação prática de memória, articular a continuidade e efetividade do
Centro de Memória Virtual, como um centro de recursos audiovisuais que conserve,
faça a gestão e disponibilize para os usuários em potencial a riqueza dos arquivos,
documentos e do acervo do Ecomuseu, de Itaipu e dos parceiros desse território,
tratando de sua terra, seu patrimônio material, suas paisagens, suas comunidades
humanas e culturas vivas.
E nos tópicos conceituais e de planejamento estratégico, torna-se essencial darmos
continuidade ao processo de avaliação da atuação do Ecomuseu de Itaipu, entendido
pela equipe e especialistas como instrumento útil e necessário depois desse tempo de
existência.
Esse tema foi consensado a partir de algumas reflexões provocativas de Hugues de
Varine em visita técnica ao Ecomuseu de Itaipu, ao final do ano de 2010, quando
iniciamos o processo de concepção do projeto de revitalização do Ecomuseu, a partir
da reestruturação do circuito museográfico do seu Núcleo de Exposições em Foz do
Iguaçu e do realinhamento de algumas ações comunitárias participativas no atual
território.
Nossas perspectivas de futuro embasam-se e fundamentam-se a partir das
contribuições do mestre Hugues, expressas em notas e sugestões, como provocações
ao pensamento, sobre a avaliação a ser feita nesse contexto. Muitos diálogos e
reflexões ainda são necessários, mas, algumas observações feitas por ele são nossas
metas de respostas e orientações para a avaliação e revitalização em curso:
 Promover a criação de um conselho representativo, com participação de todos os
intervenientes e parceiros, que contribua no planejamento e definição da agenda, uma
evolução aos processos da Rede Regional, em ação nessa região;
 Uma análise mais aprofundada do território, analisada a partir da perspectiva do
museu;
186
 Reunir e atualizar as informações para concluir o inventário participativo desse
patrimônio, com definição de uma metodologia pública de um inventário contínuo do
patrimônio comum e as modalidades de sua gestão.
 Propor um estudo interdisciplinar (cultura, assuntos sociais, economia, meio
ambiente, geografia...) e análise de ativos, com socialização dos resultados pelo
Ecomuseu em uma publicação sobre esse território comum.
Buscar uma atuação como instituição descentralizada, com mobilização de agentes e
partilha de recursos, funcionando com redes de cooperação.
MCCB – MUSEU DA COMUNIDADE CONCELHIA DA BATALHA, O MUSEU DE
TODOS
Ana Mercedes Stoffel **
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias - Lisboa - PORTUGAL
RESUMEN
La Sostenibilidad de los museos locales pasa, cada vez más, por la garantía de éxito
de sus iniciativas y por el reconocimiento de su utilidad como contribución al desarrollo
social por los poderes públicos, por las estructuras educativas y, sobre todo, por sus
usuarios - visitantes o vecinos.
El Turismo Cultural, cada vez más en Europa, un complemento o alternativa al turismo
de masas, puede ser una garantía de sostenibilidad, pero pide para tal, modelos de
comunicación interculturales, inclusivos y amables, dentro del rigor científico que se
exige a un trabajo de investigación y divulgación museológica.
Pero pide, sobre todo, el reparto de responsabilidades entre los principales elementos
que influencian la vida de los museos locales - políticos, técnicos, comunidad y
especialistas - desde el nacimiento de la idea del museo y su construcción hasta su
gestión y actividad regular, como un componente fundamental para garantizarles un
futuro sólido.
El MCCB – Museu da Comunidade Concelhia da Batalha fue construido a través de
una colaboración concertada entre los cuatro elementos citados y su actividad regular
y su gestión actual se mantienen actualmente en los mismos moldes.
Palavras-chave: Sociomuseologia – Evolução – Rigor – Partilha – Inclusão
1 – INTRODUÇÃO
Ser convidado para construir um museu de raiz é, provavelmente, o melhor desafio
que pode ser feito a um museólogo. E quando esse pedido é realizado por uma
autarquia em nome da população e o museólogo defende, como é o meu caso, os
valores e os princípios da Sociomuseologia, surge a rara oportunidade de interpretar e
concretizar, num espaço e num tempo reais, as reflexões teóricas sobre a participação
activa da população no desenvolvimento dos processos museais e realizar, na prática,
o sonho que durante anos constituiu apenas para nós objecto de leitura, debate ou
estudo de caso.
O convite do município da Batalha chegou pela mão do seu autarca, António Lucas.
Na conversa que desenvolvemos a seguir, falou-me dos desejos da população do
concelho, da vontade de afirmação da comunidade, do território e da história que
existiam para além do Mosteiro e da exiguidade do espólio existente. A seguir
perguntou-me como se deveria fazer um museu. Foi motivador falar da Função Social
*
Ana Mercedes Stoffel, Mestre em Museologia Social pela Universidade Lusófona, trabalha como docente
de Museologia e Gestão da Qualidade na Universidade Complutense de Madrid e ainda como
coordenadora de Programas Museológicos em actividade independente.
187
dos Museus, das três palavras-chave da Nova Museologia – Território, Património e
Comunidade, em oposição às da Museologia Tradicional – Edifício, Colecção e
Visitantes, explicar que um Museu de Comunidade seria, neste caso, a melhor escolha
e que isso significava, antes de mais, perguntar as pessoas do concelho como
gostariam que fosse o seu museu. A minha proposta foi aceite e o modelo explicado e
divulgado no Boletim Municipal que, a partir dessa data, passou a acompanhar e
difundir com regularidade o desenvolvimento do projecto. A iniciativa foi também
divulgada nos meios de comunicação, junto dos munícipes e as instituições locais e,
logo a seguir, iniciaram-se os trabalhos.
Da equipa de lançamento do projecto formavam parte, com a coordenadora do
Programa Museológico, as pessoas e entidades que tinham estado na base da criação
do Museu. Com elas preparou-se um Plano Inicial de Acção, descrevendo o processo
de desenvolvimento e a sequência em que deveriam ser implementadas as distintas
fases do projecto: consulta e envolvimento da população; organização de equipas de
trabalho pluridisciplinares; concretização do programa museológico; explicitação do
programa museográfico e arquitectónico e, finalmente, orçamentação geral e
programa de construção do Museu.
Para implementar o projecto, foi iniciado o levantamento sistemático da bibliografia
existente sobre a história, o património e a cultura do concelho. Foi assim mesmo
construída uma base de dados, com recurso ao sistema informático SIGNUD*, que foi
sendo preenchida de forma cronológica e organizada com os acontecimentos
considerados marcantes para história do território e da população.
Começaram em simultâneo os encontros e reuniões com Associações, Juntas de
Freguesia e personalidades ou instituições públicas e privadas, com o objectivo de
definir os conteúdos do programa museológico, as temáticas que deveriam ser
abordadas e o âmbito de intervenção do museu. De igual modo, foram realizados
numerosos passeios pelo concelho e programadas visitas para conversar com os
habitantes e avaliar e conhecer novos patrimónios.
Assim, pouco a pouco, o grupo inicial foi estendendo-se e crescendo com os futuros
técnicos do museu, o museógrafo, os engenheiros e arquitectos responsáveis pela
obra, a responsável pela área de inclusão do Museu, os funcionários e técnicos da
CMB, batalhenses de origem ou de afecto, especialistas das diversas áreas abordadas
no Museu e intelectuais e investigadores locais, regionais ou nacionais, que se
interessaram pelo projecto e um número cada vez maior de colaboradores e
voluntários.
Encontros, reuniões e trabalhos concretizaram-se na Missão e na Vocação do Museu
e nas grandes linhas orientadoras do projecto: visão territorial e multipolar da
preservação do património; garantia de envolvimento activo da população nos
processos; noção abrangente e integradora dos projectos culturais já existentes; e,
finalmente, uma estrutura conceitual fundamentada na história do concelho, nas
valências actuais dos seus habitantes e nas vontades de futuro de toda a comunidade
da Batalha.
Ao iniciar os trabalhos de concretização das distintas áreas, o espólio existente não
superava a dezena de peças. De modo que começamos a implementar o programa
expositivo livres da tirania que, por vezes, os objectos patrimoniais nos impõem.
Para reconstruir o passado e para contar a história, recorremos à base de dados
SIGNUD, que tinha sido entretanto enriquecida com numerosos contributos. Uma
votação alargada permitiu descobrir entre mais de 500 acontecimentos, os 50
momentos considerados fundamentais para a evolução da comunidade, desde os
seus primeiros tempos. Escolhemos então, com a ajuda da população e dos distintos
especialistas, os testemunhos que permitissem mostrar, através de peças artísticas,
de documentos e de obras evocadoras, uma história amável e próxima. Assim, a
maioria dos objectos e livros que se encontram no Museu, pertence à população da
*
Para conhecer o modelo SIGNUD consultar:
http://www.minom-icom.net/index.php?option=com_content&view=article&id=7&Itemid=5
188
Batalha ou a colegas e amigos do projecto que as disponibilizam para todos, numa
atitude de solidariedade cultural que merece ser destacada.
Para mostrar o presente, deliberadamente inserido no meio do percurso da história,
recorremos ao fenómeno multimédia: uma maqueta que recorta o pedaço da crosta
terrestre que constitui o concelho, rotas e destinos para o conhecer, vídeos e imagens
para conquistar amigos e visitantes.
Para preparar o futuro utilizamos o recurso informação/acção, as pessoas e os
computadores, três ferramentas fundamentais de trabalho, que juntas poderão mudar
para melhor o tempo que virá.
Da obra que conseguimos realizar, juntando em parceria os quatro elementos
fundamentais para sua concepção e existência – comunidade, políticos,
especialistas, e técnicos de museus fala hoje o MCCB, falam os habitantes da
Batalha e falarão seus visitantes e utilizadores. Do sucesso do seu trabalho falará o
futuro…se o Museu da Comunidade Concelhia da Batalha souber construir futuro.
2 - A IDEIA FUNDAMENTAL
O MCCB - Museu da Comunidade Concelhia da Batalha é um projecto cultural de
crescimento contínuo, inserido na linha da Sociomuseologia que se desenvolve com
base nos três conceitos fundamentais da Nova Museologia – Território, Património e
Comunidade, em alternativa aos da Museologia Tradicional – Edifício, Colecção e
Visitantes. Com estes pressupostos pretende contribuir para a valorização da história
e da identidade do concelho da Batalha e dos seus munícipes e, com a sua
intervenção presente, procura ajudar a garantir um futuro melhor para todos. Projectase assim como uma instituição cultural que assegura, desde o momento da sua
concepção, o envolvimento e a participação da população e do movimento associativo
local. Assume-se, enfim, como um centro de cultura vivo, reunindo as funções de
investigação, conservação, promoção e valorização do património cultural
representativo do território e do modo de vida das suas gentes.
O envolvimento dos munícipes e das instituições concelhias e regionais desde o
início é um contributo essencial para atingir os seus principais objectivos:
 Reforçar a preservação do legado cultural;
 Aproximar a população entre si e aumentar a consciência cívica;
 Facilitar a ligação entre a tradição e a sociedade actual, através da recuperação e da
valorização cultural e técnica da população concelhia;
 Rentabilizar estruturas existentes, valorizando e respeitando trabalhos anteriores;
 Projectar um futuro comum consistente e fundamentado na partilha cultural;
 Criar um corpo cultural de comunicação entre todas as forças vivas do concelho.
Uma visão territorial e multipolar da preservação do património, integradora dos
projectos culturais já existentes; uma vocação de partilha com a comunidade; e
uma estrutura conceitual fundamentada na investigação e no estudo da história,
das valências e das vontades de futuro da comunidade da Batalha, constituem, desde
início, as linhas permanentes de orientação para os intervenientes no processo de
definição, concepção, produção, lançamento e gestão do projecto.
Estas características fundamentais concretizam-se em quatro noções-chave, que o
qualificam e definem e que guiaram e guiam o museu no seu percurso.
3 - AS QUATRO NOÇÕES-CHAVE
EVOLUTIVO NAS PROPOSTAS
As áreas de intervenção que foram definidas em conjunto com a população, permitem
o crescimento permanente do MCCB e garantem o conhecimento e divulgação do
passado, caracterizar e desenvolver as virtualidades do presente e desenvolver e
perspectivar um melhor crescimento futuro.
Este vasto campo de intervenção do MCCB e seu conteúdo espácio-temporal estão
organizados em seis áreas temáticas de trabalho:
189
As áreas dedicadas ao Passado procuram conhecer e relembrar a história do
território e da população, investigando e divulgando os principais acontecimentos e
transformações ao longo dos tempos:
 As Origens estudam a evolução do território e da vida da região nos últimos 250
milhões de anos.
 Tempo e Memória recolhem e organiza os dados da história da Batalha desde o
início da construção do Mosteiro até a actualidade, caracterizando as fases que
permitiram à população conquistar a sua autonomia e identidade.
As áreas dedicadas ao Presente procuram desenvolver e promover as distintas
facetas sociais, culturais, naturais e económicas de vida actual do concelho e tentam,
ao mesmo tempo, contribuir para a auto-sensibilização da comunidade e dos visitantes
para a defesa de valores ambientais culturais e de cidadania:
 Viver na Biodiversidade pretende, através da utilização dos quatro elementos
primordiais da Natureza – AR, TERRA, ÁGUA e FOGO, sensibilizar todos os cidadãos,
para a preservação do meio ambiente necessário à existência do ser humano no
Planeta.
 Tudo sobre nós apresenta a Orografia e a Geografia Humana actual da Batalha,
mostrando rotas e destinos de conhecimento pelas distintas freguesias que permitem
explorar os mais interessantes espaços culturais e naturais da região aos autóctones e
aos visitantes.
As áreas de dedicadas ao Futuro são dedicadas a preparar os tempos que se
seguirão e querem ser facilitadoras do trabalho na melhoria da investigação, na
sensibilização para a pesquisa participativa, na disseminação do conhecimento e na
descoberta e promoção de novos valores culturais e sociais da comunidade.
 As Actividades Comunitárias elaboram programas de investigação específicos
realizados a pedido da população e desenvolvidos em equipa com a comunidade e
com especialistas convidados. Poderão constituir, no futuro, o ponto de partida para a
criação de novos pólos museológicos no Concelho.
 O Laboratório da Memória Futura desenvolve dois espaços de investigação e
informação diferentes: a disponibilização de todo o processo de investigação
desenvolvido desde o princípio da construção do Museu e o acesso a todos os roteiros
e programas culturais e sociais que decorrem na Batalha, bem como as publicações
de interesse cultural, turístico e histórico sobre esta região.
RIGOROSO NA MENSAGEM
Em todas as fases de desenvolvimento do MCCB, o rigor e a fiabilidade dos conteúdos
e das fontes vai sendo garantida pela existência de equipas aconselhadas por
especialistas das diversas áreas técnicas ou temáticas e, sobretudo, pela
permanente procura de melhoria na informação junto de entidades e visitantes que
possam contribuir para o seu enriquecimento e revisão, se necessário.
AMÁVEL NA COMUNICAÇÃO
Os conteúdos do programa museológico foram estudados e analisados pelas
equipas de especialistas com a coordenadora, de modo a tornar a informação fácil e
compreensível, sem perder, em momento algum, o rigor e a fidelidade necessárias ao
trabalho científico prévio.
O programa inclusivo teve em consideração, em todo momento, a necessidade de
tornar o MCCB acessível a todo o tipo de visitantes e utilizadores, mas sempre sem
tornar evidente a disparidade na comunicação e a diferenciação nos acessos.
Finalmente o programa museográfico garante a discrição e elegância das formas
que explicam os conteúdos e o sentido de continuidade dos espaços em exposição.
ACESSÍVEL A TODOS
190
Segundo as próprias palavras da colaboradora dos trabalhos de inclusão: ““… ao
assumir-se como Museu inclusivo, o MCCB oferece-se a todos os visitantes, através
de um programa museológico potenciador, desde o início, de experiências únicas e
personalizadas. Esta vontade de servir a “todos”, no respeito pela diferença, traduz-se
em pequenos gestos que, somados, tornam o espaço acessível, confortável e seguro.
Embora apresente soluções abertamente direccionadas para públicos com
necessidades especiais, é filosofia do MCCB uma integração discreta e efectiva,
permitindo que os mesmos recursos e serviços possam ser fruídos por pessoas com
ou sem deficiência. Só assim o museu poderá ser compreendido como “um Museu de
(e para) todos…”
Para além de eliminar barreiras físicas e potenciar o conforto e a autonomia, este
espaço cultural recorre a estratégias comunicacionais alternativas, para que cada
visitante possa utilizar os recursos que respondam aos seus interesses e que melhor
se adaptam às suas necessidades pessoais.
O Museu integra-se ainda, nos objectivos de desenvolvimento de um projecto que
possa tornar a Batalha num CONCELHO ACESSÍVEL.
4 - A VISÃO MULTIPOLAR
O projecto museológico MCCB assenta numa visão de presença cultural territorial e
multipolar, sendo o MCCB o elemento integrador e promotor de outros equipamentos e
apresentando-se como um centro de conhecimento e divulgação dos espaços e das
vidas circundantes. Constitui, assim, um ponto de partida para todo o território do
Concelho e da região, cujos caminhos são disponibilizados para a partilha cultural e
social, promovidos autonomamente ou em parceria com as distintas comunidades de
Batalha e percorridos através de espaços de pertença comum e privada.
Nesta linha de pensamento e acção, o MCCB relaciona-se com diversos espaços
culturais, próprios, de amizade e parceria ou de investigação participada,
estando os programas de colaboração conjunta com as diversas entidades em
distintas fases de desenvolvimento e implementação.
5 - O MODELO DE GESTÃO
Nos novos rumos da Museologia e do Património, é pedido ao gestor cultural ou ao
museólogo que implemente técnicas de Conservação Preventiva e de Comunicação,
que organize Serviços Educativos, que envolva as populações, que recupere
Memórias e que lidere projectos e pessoas. É-lhe exigido, portanto, um trabalho eficaz
e multifacetado com recursos humanos e financeiros quase sempre escassos. Mas
nas áreas de Humanidades, em geral, a formação com que os novos profissionais
chegam ao seu primeiro emprego, não os prepara para desempenhar com eficácia
esse trabalho. Aprende-se correctamente o que fazer. Muito poucas vezes se aprende
o como fazer.
Os Sistemas da Qualidade, enquanto metodologia de gestão são já de uso regular e
obrigatório na maioria das organizações económicas e, cada vez mais, em instituições
culturais, políticas e de serviço de sucesso, por todo o mundo. Matérias como
Planeamento Estratégico e Operacional, Organização e Métodos de trabalho,
Liderança, Trabalho em Equipa ou Análise e Resolução de Problemas, são
ferramentas fundamentais para aumentar o efeito do nosso esforço e melhorar as
relações humanas. Os Sistemas da Qualidade são, por isso, métodos facilitadores do
trabalho que definem e utilizam ferramentas de apoio baseadas na experimentação e
no bom senso, para serem aplicadas no planeamento e gestão das organizações.
O MCCB – Museu da Comunidade Concelhia da Batalha foi concebido e realizado por
uma equipa pluridisciplinar, cumprindo na ordem correcta os procedimentos
necessários à sua concretização. Estes procedimentos foram estruturados pelo
Sistema da Qualidade aplicado e pelo Plano Estratégico, com base em processos
previamente definidos para as duas fases fundamentais que garantem a sua correcta
programação e gestão no tempo:
 Na fase de concepção e construção - Definição/ Explicitação/Implementação
191
 Na fase de funcionamento regular - Gestão/Avaliação / Melhoria Permanente
Fase de Concepção e Construção
Nesta fase foi definida a Missão e a Vocação do Museu, realizado o Plano Estratégico,
que foi concluído em 2006, e explicitado o Plano Geral de Acção, apresentado no
mesmo ano. Durante todo o processo, o respeito pelas definições do Plano Estratégico
inicial permitiu conseguir, sem desvios, o propósito pretendido.
Fase de gestão, avaliação e melhoria contínua
Da equipa pluridisciplinar que trabalhou e colaborou na construção do Museu, está a
ser formado o Conselho Consultivo do MCCB, que permitirá dar apoio técnico e
científico aos dirigentes e técnicos responsáveis pela actividade diária do Museu, em
todos os processos da gestão museal, agora em curso.
O Manual da Qualidade recolhe a definição estratégica e os procedimentos de gestão,
avaliação e melhoria contínua, que estão sendo completados na medida das
prioridades e necessidades do próprio Museu. Este documento fundamental permite o
conhecimento por todos dos processos museais do MCCB, garante a continuidade no
rigor do trabalho a desenvolver e a humildade e capacidade de aprendizagem
necessárias ao aperfeiçoamento permanente que se procura.
O Manual da Qualidade confirma ainda o compromisso do MCCB com o Património, o
Território e as Pessoas que o habitam.
BIBLIOGRAFIA E DOCUMENTOS DE BASE PARA O PROJECTO
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Ballart J. y Treserras J (2001). – Gestión del patrimonio cultural. Ed. Ariel Patrimonio.
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Trea. Gijón.
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Entre la teoría y la praxis. Universidad del Pais Vasco. Graficas Berritz .Abadiño
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Muséologie. Savigny-le-Temple, 2002
DESVALLÉES, A. Coor. (2002). L’écomusée : Rêve ou réalité. Revista Publics et
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paradojas. Ed. Trea, Gijón
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Qualidade.
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Tecnologias. Lisboa. URL:
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DOCUMENTACIÓN DE APOYO EN LA NET
MODELO DE EXCELENCIA – EFQM
http://www.tqm.es/TQM/ModEur/ModeloEuropeo.htm
CAF – MARCO COMUM DE EVALUACIÓN
http://www.aeval.es/comun/pdf/Guia_CAF_2006.pdf
GESTIÓN POR PROCESOS
http://www.iat.es/excelencia/html/subidas/descarga/guiagestionprocesos.pdf
NORMA ISO 9001
http://www.utpl.edu.ec/iso9001/images/stories/NORMA_ISO_9001_2008.pdf
POLÍTICA DE MUSEOS DE BRASIL
http://www.museus.gov.br/sbm/politica_apresentacao.htm
193
DOCUMENTOS
DE
BASE
194
IV.
DOCUMENTOS DE BASE
ECOMUSEU DE MARANGUAPE: um povo, sua cultura e seu território na
educação integral da comunidade local
Nádia Almeida
Ecomuseu de Maranguape - Maranguape - Ceará - BRASIL
RESUMO
O projeto Ecomuseu de Maranguape é sediado na comunidade rural de Cachoeira,
localizada no município de Maranguape, estado do Ceará. Desde sua criação – no ano
de 2006 – o Ecomuseu de Maranguape tem como principal parceiro a Escola local –
Escola Municipal José de Moura. E desde então empreendemos esforços
metodológicos em desenvolver em conjunto com a Escola um programa em Educação
Patrimonial que favoreça o processo de qualificação da educação na escola e na
comunidade em geral. Tendo como base, a atuação em rede, o Ecomuseu de
Maranguape, em suas ações educativas, vem buscando incentivar, práticas
pedagógicas inovadoras e estratégias de organização e gestão compartilhadas,
objetivando melhorar os níveis de aprendizagem e dos processos de formação
humana com vistas a promoção do desenvolvimento local sustentável - alicerçados na
museologia comunitária, na práxis da educação popular e no fortalecimento das novas
territorialidades.
Desde o ano de 2011, o projeto Ecomuseu de Maranguape, por meio de parceria com
o Fundo Juntos pela Educação, vem desenvolvendo um projeto de educação integral
na Escola Municipal José de Moura, tendo como eixos principais a educação
patrimonial, o uso de tecnologias da informação e comunicação e a articulação de
comunidades de aprendizagem em rede e colaborativas. Estes eixos se articulam
sistemicamente em atividades de: Formação em Serviço (com os educadores da
Escola e Monitores Comunitários); Leitura e Produção Textual (Mini-biblioteca
itinerante nas casas dos alunos e o programa LUZ DO SABER); Convivência
sustentável com o semi-árido (Tecnologias Sociais, Matriz cultural brasileira) e com o
programa de formação do Ponto de Cultura do Ecomuseu de Maranguape –
AGENTES JOVENS DO PATRIMONIO CULTURAL.
Como resultado desde primeiro ano do projeto, neste ano letivo de 2012, a proposta
de educação integral do Ecomuseu de Maranguape, instalou na Escola José de Moura
04 (quatro) salas temáticas – cada sala com os seus respectivos conteúdos
pedagógicos, exigidos pela grade curricular do ensino formal, mas com o diferencial de
serem abordados, com a metodologia ‘imersão’ – facilitados por kit’s multimídias
compostos por notebook com acesso a internet, projetor multimídia, com amplificado e
lousa digital – facilitando também a inserção da educação patrimonial (tempo e espaço
contextualizados em audiovisual – o local e o global, ou seja, o global). Destacamos
ainda, a elaboração de um calendário conjunto de eventos socio-culturais da
comunidade, resultando numa agenda comum de toda a comunidade, que por sua
vez, e assim acreditamos, vem desenhando a nossa nova museologia.
RESUMEN
El proyecto de Ecomuseo Maranguape tiene su sede en la comunidad rural de
Cachoeira, ubicada en la ciudad de Marazion, estado de Ceará. Desde su creación en 2006 - el principal socio de la Maranguape Ecomuseo de la escuela local - Escola
Municipal de Moura, José. Y desde entonces llevado a cabo esfuerzos metodológicos
para desarrollar conjuntamente un programa de la Escuela de Equidad Educativa que
favorece el proceso de calificación de la educación en la escuela y la comunidad en
general. Sobre la base de la acción de la red, el Ecomuseo Maranguape en sus
actividades educativas, ha estado tratando de fomentar las prácticas de enseñanza
innovadoras y estrategias para organizar y administrar objetivo común de mejorar los
niveles de los procesos de aprendizaje y capacitación, con miras a promover los
derechos humanos desarrollo sostenible local - basada en la museología de la
195
comunidad, en la praxis de la educación popular y el fortalecimiento de los nuevos
territorios.
Desde el año 2011, el proyecto de Ecomuseo Maranguape, a través de una alianza
con Juntos para el Fondo de Educación, ha desarrollado un proyecto de educación
integral en la Escuela Municipal José de Moura, cuyos ejes principales de la educación
patrimonial, el uso de la tecnología información y la comunicación y la articulación de
comunidades de aprendizaje y trabajo colaborativo en red. Estos temas se articulan en
las actividades de forma sistémica: Capacitación en servicio (con los profesores de los
monitores de la Escuela y la Comunidad) Lectura y producción textual (mini biblioteca
móvil en los hogares de los estudiantes y el sable del programa LUZ), la convivencia
sostenible con el semiárido (Tecnologías Sociales, la matriz cultural de Brasil) y el
programa de capacitación de la Cultura de la Maranguape Ecomuseo - AGENTES DE
PATRIMONIO CULTURAL DE LA JUVENTUD.
Como resultado de ello desde el primer año del proyecto este año escolar de 2012, la
educación propuesta de la Maranguape Ecomuseo, instalado en la Escuela José de
Moura 04 (cuatro) salas temáticas - cada habitación con su contenido educativo
correspondiente, requeridos por el plan de estudios la educación formal, pero con la
diferencia está abordando, "inmersión" de la metodología - facilitado por la tecnología
multimedia portátil kit compuesto con acceso a Internet, proyector multimedia, con
amplificación y la pizarra digital - sino que también facilita la inserción de la educación
patrimonial (tiempo y contextualizado en el espacio audiovisual - local y global, es
decir, global). Destacamos también el desarrollo de un conjunto de calendario de
eventos socio-cultural de la comunidad, dando como resultado una agenda común de
toda la comunidad, que a su vez, y creemos, es el diseño de nuestra nueva
museología.
POLÍTICAS
PÚBLICAS
PATRIMONIAIS
VOLTADAS
COMUNITÁRIOS
Luana Gonzalez Bassa - RS Brasil*
Heron Moreira**
Matheus Cruz***Universidade Federal de Pelotas - RS - BRASIL
AOS
MUSEUS
ABSTRACT
The quest for understanding the social function of museums as instruments
of community development is rooted in the historical processes of thought and
contextual museum. The
ways of guiding functions
of museums should be
in
constant dialogue with issues involving not only the cultural preservation, but the actual
construction and recognition of diverse cultural events.
The museum is a place to exhibit, to safeguard, to democratize its collections,
its protagonists, its history, and must be provided for human rights, supported by public
policies that recognize and give support to actions aimed at equity, whatever their way
to be expressed. Public policies to support heritage activities developed around
the museum expressions,
give visibility
to
these institutions,
and prove
that museology is under construction to be addressed in its structure a thought aimed
at promoting social activities, in line with current movements, and this way, always
looking to upgrade, hence
the
importance of
these ideological movements are supported by public issues in order to give their
support and visibility
*
Luana Gonzalez Bassa – Acadêmica do Curso de Bacharelado em Museologia – Bolsista de Iniciação
Científica, FAPERGS, no projeto Políticas públicas de patrimônio: o caso de São Lourenço do Sul, RS,
Brasil, [email protected]
**
Heron Moreira – Acadêmico do Curso de Bacharelado em Museologia – Bolsista de extensão do
Programa de Preservação do Patrimônio Cultural do Anglo, [email protected]
***
Matheus Cruz – Museólogo na Universidade Federal de Pelotas, Mestrando em Memória Social e
Patrimônio Cultural – PPGMP/UFPel., [email protected]
196
The community
museum - museums and community projects are institutionalized
expressions of public politics to preserve assets and interests that border consolidation,
either by community or by an authority, who put such policies into practice. Thus, it is
understood that because it is something that involves the community side and sides of
the legislative, executive and judiciary is also applicable to the study and analysis of
the motivations for the establishment of such museums.
Keywords: Museum; Commuunity; Public Politics.
Introdução
A busca pela compreensão da função social dos museus como instrumentos de
desenvolvimento comunitário vem alicerçada nos processos históricos e contextuais
do pensamento museológico. Os caminhos norteadores das funções dos museus
devem estar em constante diálogo com questões que envolvam não só a preservação
cultural, mas a própria construção e reconhecimento das mais diversas manifestações
culturais. O museu é um local de expor, de salvaguardar, de democratizar seus
acervos, seus sujeitos protagonistas, sua história, e devem ser assegurados pelos
direitos humanos, sustentados por políticas públicas que reconheçam e dêem suporte
a ações voltadas ao patrimônio, seja qual for sua maneira de ser expressa.
As políticas públicas patrimoniais dão suporte às ações desenvolvidas em torno das
expressões museológicas, dão visibilidade a estas instituições, e comprovam que a
museologia está em plena construção por abordar em sua estrutura um pensamento
voltado a promoção de ações sociais, acompanhando movimentos atuais, e desta
forma, sempre buscando atualizar-se, daí a importância dessas movimentações
ideológicas serem amparadas por questões públicas a fim de dar seu suporte e
visibilidade.
Os museus comunitários – e projetos de museus comunitários são expressões
institucionalizadas das políticas públicas de preservação patrimonial e dos interesses
que margeiam a consolidação, seja ela por parte da comunidade, ou por um órgão
gestor, que coloquem em prática tais políticas públicas. Desta forma, entende-se que
por se tratar de algo que envolva tanto o lado comunitário quanto os lados dos
poderes legislativos, executivos e judiciários é também cabível o estudo e análise das
motivações para a criação de tais museus.
Museus e comunidade
Entende-se que a comunidade peça por um local onde possam discutir interesses
semelhantes e assim se construa uma identidade, desta forma fortalecendo o grito
pelos seus direitos, uma vez que é muitas vezes a partir de confluências de problemas
que a comunidade se organiza, não é diferente quando se pede por uma memória que
construa não só um acervo, mas um elemento de identificação, desta forma, o museu
comunitário possa ser um espaço que atue em consonância com a sociedade,
raduzindo seus anseios, ouvindo e participando de suas necessidades, contribuindo
para a formação da cidadania e corroborando os direitos humanos paralelamente a
construção de um patrimônio coletivo.
É desta forma que o museu torna-se um local onde são expostas não só em vitrines
suas vidas, mas que seus ideais se disseminem pela comunidade e faça parte de uma
história maior, e então que possam se sentir parte integrante da construção da cidade
como um todo, e não só de uma comunidade que por vezes se torna isolada, seja por
questões geológicas, econômicas ou sociais. Portanto, compreende-se o caso dos
museus comunitários como Jeudy (1980, p.31):
Do ponto de vista dos princípios, conclui-se que a Museologia Popular não está
dirigida aos objetos, a conservar ou a exibir a um público, mas sim aos sujeitos
sociais. São os modos de pensar, de fazer e de falar, além dos objetos e edifícios, que
se tornam objetos de uma investigação museológica. E a conservação só adquire seu
sentido pelo cumprimento de uma integração, de uma inserção no desenvolvimento
econômico e social. O museu perde então seu sentido habitual, tornando-se um centro
197
onde se exprime uma dinâmica social de grupos que trabalham sobre sua identidade,
filiação e legitimidade, utilizando a memória e o passado como “motores” de tal
reflexão.
Sendo assim, é pertinente que o Estado em sua condição de guardião da sociedade,
desenvolva políticas de reconhecimento do patrimônio de comunidades. De acordo
com Höfling (2001, p.35):
As ações empreendidas pelo Estado não se implementam automaticamente, têm
movimento, têm contradições e podem gerar resultados diferentes dos esperados.
Especialmente por se voltar para e dizer respeito a grupos diferentes, o impacto das
políticas sociais implementadas pelo Estado capitalista sofrem o efeito de interesses
diferentes expressos nas relações sociais de poder.
Desta forma, uma avaliação das ações empreendidas no tocante ao tema aqui
discutido é pertinente, e as políticas patrimoniais estão no centro das preocupações da
autora, uma vez que os grupos que devem ser atingidos por ela são os mais diversos.
E como afirma Chagas (2000), as questões patrimoniais estão permeadas pelas
questões de poder.
Política pública: apontamentos teóricos
Para Souza (2006), não existe uma única, nem melhor, definição sobre o que seja
política pública, e muitas delas circunscrevem as ações que se pretende estudar nesta
pesquisa. Por exemplo, para Lynn (1980), é um conjunto de ações, levadas a cabo por
um governo, que visam objetivos específicos para uma coletividade, e este é
corroborado por Peters (1986), quando o mesmo afirma que políticas públicas são a
soma das atividades de um governo que influenciam a vida do cidadão.
Para Fernandes (2007, p.1):
[...] costuma-se pensar o campo das políticas públicas unicamente caracterizado como
administrativo ou técnico, e assim livre, portanto do aspecto “político” propriamente
dito, que é mais evidenciado na atividade partidária eleitoral. Este é uma meia
verdade, dado que apesar de se tratar de uma área técnico-administrativa, a esfera
das políticas públicas também possui uma dimensão política uma vez que está
relacionado ao processo decisório.
De maneira geral, os museus se caracterizam pela sua dinamicidade, por serem
espaços de relações, fruição agregando a eles a sua qualidade de organizarem a
história, as memórias, as questões sociais, culturais. Os museus estão passando por
processos de desvelamento e se incorporando às questões sociais, estão
acompanhando os movimentos culturais e ditando palavras de ordem como
preservação, identidade, culturas, valorização. Por vezes são considerados
instrumento para o desenvolvimento social por abarcar junto ao acervo, questões
resultantes da interação com os anseios da sociedade.
O movimento da Nova Museologia recomendou ao mundo às questões sociais, na
mais vasta idéia, que uma instituição museológica possa vir a ter, ser e promover, as
relações humanas passam a fazer parte do acervo destas instituições chamadas de
museus comunitários, e em suas outras vertentes que surgem deste mesmo momento.
Documentos que fazem parte desta trajetória da museologia conferem os momentos
que algumas discussões vieram a tona e se fizeram marcantes e inovadoras,
embasam aqui, a importância de serem amparadas por políticas públicas, neste caso,
voltado ao patrimônio como um todo, uma vez que, ao se tratar de museus, patrimônio
coletivo, se torna algo de uma dimensão absoluta.
São documentos como as cartas patrimoniais, especificamente, neste desenrolar, a
Mesa Redonda de Santiago do Chile, de 1972 e o Atelier Internacional da Nova
Museologia, na cidade de Quebec, no Canadá, de 1984. Estes, tomados como
referências nos estudos de museus comunitários, e também estes, que fundamentam
o discurso para a construção de políticas públicas voltadas às questões culturais e
sociais que uma instituição museologica possa vir a ter, citando o Plano Setorial de
Museus e a Política Nacional de Museus como norteadores para a análise destas
bases que norteiam os rumos da museologia no Brasil, e sua importância para o
198
desenvolvimento social, político e econômico do país, uma vez que planejado em
conjunto aos órgãos gestores ligados a cultura.
Voltada para a discussão do papel do museu na sociedade, a Declaração de Santiago
(1972) resulta de uma reunião interdisciplinar pioneira e levanta a questão da
interdisciplinaridade no contexto museológico. Esse documento propõe que a
museologia passe a estudar a relação que o homem tem com o Patrimônio Cultural.
Introduz a idéia do museu-ação, instrumento de transformação social (PRIMO, 2002).
Desta forma, estes documentos se tornaram marco para a discussão da Nova
Museologia, trazendo à tona a preocupação por políticas que amparem estas
movimentações que discutam o patrimônio como meio de memórias, identidades, e
assegurem a cidadania, buscando através da cultural meios de dialogar com a história
e a sociedade. As políticas publicas patrimoniais voltadas as questões museológicas
se atualizam conforme as demandas discutidas.
A museologia deve procurar, num mundo contemporâneo que tenta integrar todos os
meios de desenvolvimento, estender suas atribuições e funções tradicionais de
identificação, de conservação e de educação, a práticas mais vastas que estes
objetivos, para melhor inserir sua ação naquelas ligadas ao meio humano e físico.
Para atingir este objetivo e integrar as populações na sua ação, a museologia utilizase cada vez mais da interdisciplinaridade, de métodos contemporâneos de
comunicação, comuns ao conjunto da ação cultural eigualmente dos meios de gestão
moderna que integram seus usuários. [...] Neste sentido, este movimento, que deseja
manifestar-se de uma forma global, tem preocupações de ordem científica, cultural,
social e econômica. (DECLARAÇÃO DE QUEBEC, 1984).
Tolentino (2007) ao abordar as políticas públicas de cultura e seus resultados no
tocante às disposições jurídicas que atenderam, chama atenção para a Política
Nacional de Museus, a qual desde 2003 coordena e incita ações no campo
museológico brasileiro, ressaltando a importância da sociedade civil na implantação e
difusão das ações desenvolvidas – via Sistema Brasileiro de Museus - e que o
envolvimento dos atores sociais, é a pedra basilar para a continuidade e estabilidade
das políticas. Este mesmo autor também afirma que é a institucionalização dessas
ações e instrumentos jurídicos que regulamentam a atuação do Estado, desenvolvem
consciência da posição estratégica do patrimônio para as questões de cidadania,
desta forma dando continuidade as políticas.
Bibliografia
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Janeiro. Caderno de textos e resumos. Rio de Janeiro: NOPH/MINOM/ICOFOM
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FERNANDES. Antonio Sergio Araujo. Políticas Públicas: Definição evolução e o caso
brasileiro na política social. IN DANTAS, Humberto e JUNIOR, José Paulo M. (orgs).
Introdução à política brasileira, São Paulo. Paulus. 2007
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LYNN, L. E. Designing Public Policy: A Casebook on the Role of Policy Analysis. Santa
Monica, Calif.: Goodyear. 1980
JEUDY, Henri-Pierre. Memórias do Social. Rio de Janeiro: Forense Universitária,
1990.
SOUZA, Celina Maria de. Políticas Públicas: uma revisão da literatura.
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199
PRIMO, Judite Santos. Pensar Contemporaneamente a Museologia. Cadernos de
Sociomuseologia. Lisboa: nº16, 1999. Disponível em <www.minom-icom.org>.
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TOLENTINO, Átila Bezerra. Políticas públicas para museus: o suporte legal no
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MUSEU PARQUE SERINGAL, PATRIMÔNIO CULTURAL E NATURAL
Rodolpho Z. Bastos *
Eliana Benassuly Bogéa**
Aldenora Pena da Silva ***
Mônica C. Ribeiro ****
Maria do Socorro C. Ribeiro *****
Museu Parque Seringal - Ananindeua, Pará - BRASIL
ABSTRACT
The Rubber Tree Grove Museum Park is a major socio-cultural and environmental
project of the city of Ananindeua, in the State of Para, that will take visitors on a trip
back to the heyday of the Amazon Rubber Boom, presenting a vision of life in a rubber
grove at that time. The Museum Park is 13 thousand square meters of environmental
reserve which contains hundreds of rubber trees (Hevea brasiliensis), dating from the
rubber-based economy period. The Museum Park is composed of an auditorium, a
restaurant, rubber trails, a playground, an outdoor gymnasium, and a greenhouse. The
facility includes a permanent multimedia exhibit that will present films, facts and trivia
about the history of rubber.
This history is retold by Rubber Tappers Memorial, a museum that portrays the lives of
workers and gathers together tools and techniques used by the rubber tappers to
perform their work extending from the extraction of latex to its transformation into
rubber. A historical reconstruction of a house of rubber tapping worker, of a commercial
establishment that recalls the dispensing system of advancing goods for the worker
under credit and a living room of a residence of a rubber lord are part of the museum's
collection, which is also composed of historical pictures, videos, objects produced from
the operation of the latex, as well as a small library. The building that holds the
museum is in colonial style and it is air conditioned. This is the first museum in the city
of Ananindeua.
Keywords: Museum; Park; Rubber Tree; Hevea brasiliensis; Ananindeua; Amazonia.
MUSEU PARQUE SERINGAL, PATRIMÔNIO CULTURAL E NATURAL
INTRODUÇÃO
O Município de Ananindeua não possuía parques ambientais urbanos até o ano de
2010. Visando mudar essa realidade surpreendente para uma cidade de cerca de
*
Rodolpho Z. Bastos - Advogado, Mestre e Doutor em Geopolítica pela Universidade de Paris VIII/IFG;
Diretor Geral da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMA) do Município de Ananindeua (PA),
[email protected]
**
Eliana B. Bogéa - Advogada, Mestranda em Gestão de Recursos Naturais e Desenvolvimento Local na
Amazônia pela Universidade Federal do Pará (NUMA/UFPA), [email protected]
***
Aldenora P. da Silva - Turismóloga, Especialista em Ecoturismo pela Universidade Federal do Pará
(UFPA); Diretora Cultural do Museu Parque Seringal (PA), [email protected]
****
Mônica C. Ribeiro - Geógrafa, Especialista em Gestão Ambiental pelo Instituto de Estudos Superiores
da
Amazônia
(IESAM);
Gerente
Cultural
do
Museu
Parque
Seringal
(PA),
[email protected]
*****
Maria S. C. Ribeiro - Pedagoga; Coordenadora Pedagógica do Museu Parque Seringal (PA), [email protected]
200
meio milhão de habitantes* - terceira maior cidade da Amazônia brasileira, em termos
populacionais -, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMA) iniciou
planejamento para criação de espaços públicos ambientais em 2008.
O projeto do Museu Parque Seringal remonta ao ano de 2008. Durante a fase de
planejamento, o objetivo era criar um centro de referência turístico-ambiental no
município de Ananindeua, inserido em uma lógica de preservar fragmentos verdes
ainda existentes no centro da cidade (ANANINDEUA, 2008). E, ao mesmo tempo, criar
um espaço que promovesse ações educativas voltadas ao meio ambiente, de
recreação em contato direto com a natureza, turismo ecológico sustentável, entre
outros. Com o tempo, percebeu-se o potencial cultural do espaço, que abriga uma
reserva de seringueiras, e daí nasceu a ideia de criar um Museu Parque.
O Museu Parque Seringal inaugurou em 04 de abril de 2012. Local que antes era feito
de espaço para descarte de lixo e apresentava insegurança aos moradores da Cidade
Nova VIII, tornou-se o mais novo espaço de conservação ambiental do município de
Ananindeua. Além de promover a temática ambiental, proporciona o resgate da
identidade patrimonial histórica e da cultura locais, com destaque à valorização do
Ciclo da Borracha na Amazônia.
O “Seringal**” não somente valoriza a história da região, como pretende aprofundar a
relação com o período áureo da borracha no Estado do Pará, cuja referência cultural e
histórica continua restrita ao Centro Histórico de Belém, visando, assim, integrar o
“roteiro histórico do Ciclo da Borracha no Pará”, de forma a demonstrar a importância
do ciclo em escala regional, situando o município de Ananindeua neste contexto.
O Museu Parque Seringal possui ainda vocação para se tornar um espaço de
convivência familiar, talvez favorecido pela instalação de uma academia ao ar livre e
de playground no espaço, e a equipe da SEMA municipal tem trabalhado no sentido
de estimular o sentimento de pertencimento da comunidade em relação ao Parque. O
espaço, portanto, além de aliar preservação e história e de garantir a integridade da
flora existente no local, busca proporcionar à população condições de exercer
atividades culturais, educativas, recreativas e de lazer em um ambiente natural
equilibrado. É o segundo parque ambiental do município em menos de dois anos,
partindo do zero.*** O Seringal, além de espaço de conservação ambiental, integra o
primeiro Museu de Ananindeua****.
Com efeito, o Museu Parque Seringal tem grande apelo, seja ambiental, turístico,
cultural, educacional ou recreativo. Busca, portanto, atender a um público muito
diverso, da região metropolitana de Belém (RMB) e mesmo de outros estados, mas,
sobretudo, a população de Ananindeua, que merecia o espaço, que se destaca não
somente como espaço de convivência, mas pelo resgate da história de um período
áureo de nossa região. O Parque recebe diariamente a visita de muitas famílias e de
muitos estudantes. A equipe desenvolve atualmente o projeto “Escola vai ao Parque”
que visa promover visita guiada nas trilhas interpretativas, assim como atividades ludopedagógicas e exibição de vídeos para estudantes e professores de instituições de
ensino (estaduais, municipais, inclusive de outros municípios; faculdades,
universidades) e comunidade em geral, mediante visita previamente agendada pela
coordenação pedagógica do Parque. Turistas de outros estados já visitaram o espaço
e o objetivo é que o órgão oficial de turismo do Pará (PARATUR) venha incluir, em seu
portfólio, o Museu Parque Seringal como destino turístico do Estado do Pará****.
*
População de 471.980 habitantes de acordo com o Censo IBGE 2010.
O Museu Parque Seringal foi criado pela Lei Municipal nº 2.560, de 29 de março de 2012. A
administração do espaço compete à Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Ananindeua.
***
O primeiro, o “Parque Ambiental Antônio Danúbio”, foi inaugurado em outubro de 2010 e é primeira
unidade de conservação municipal do Pará (21 UC’s Estaduais) reconhecida pelo Ministério do Meio
Ambiente (CNUC/MMA), além de recentemente filiada à Rede Brasileira de Jardins Botânicos (RBJB).
****
Cf. Portaria SEMA nº 17, de 23 de abril de 2012, que estabelece as normas do Museu Parque
Seringal
****
No primeiro sábado após a inauguração (7 de abril), só o museu recebeu mais de 500 visitantes.
**
201
ROTEIRO DAS TRILHAS INTERPRETATIVAS
A trilha interpretativa nos caminhos dos seringais possui um roteiro formado no estilo
circular por apresentar circuito completo de única direção com cinco paradas
sequenciais, considerando pontos panorâmicos de valor histórico cultural e interações
com o tema estudado para trilha monitorada ou autoguiada descritos no folheto
informativo, distribuído pela equipe pedagógica do Parque, e disponível aos visitantes
no Museu.
No roteiro das trilhas interpretativas são abordados a identificação botânica e
fenômenos naturais da seringueira, do gênero Hevea que, segundo GONÇALVES et
al. (1997), compreende 11 espécies reconhecidas no Brasil, tendo como maior centro
de origem a região amazônica††††. Outros fatores abordados nas trilhas são o processo
de manufatura a partir da sangria com demonstrações de corte e procedimentos
adequados para a extração do leite, assim como o processo de transformação do látex
em borracha, realizado no tapiri de defumação, espaço feito de madeira coberto com
palha, que também faz referência às condições de trabalho do seringueiro.
No Museu, o tema nos revela a partir da observação dos ambientes sociais e culturais
representativos do período histórico, a casa do seringueiro, a casa de aviamento e a
casa do senhor da borracha, de forma a ilustrar a contradição de uma sociedade
retratada nos costumes, alimentação, perigos, doenças, prazeres, luxo e exploração
comuns à época.
MEMORIAL DO SERINGUEIRO
O Museu, denominado Memorial do Seringueiro‡‡‡‡, retrata a vida dos trabalhadores e
reúne instrumentos e técnicas usados pelos seringueiros para realizar a extração do
látex até a criação da borracha. Integra o acervo do Museu a reconstituição histórica
de uma casa de seringueiro, de um estabelecimento comercial que rememora o
sistema de aviamento da borracha e de uma sala de estar do senhor da borracha. O
acervo é composto ainda por fotos de época, vídeos de exibição, objetos produzidos a
partir da exploração do látex, além de pequena biblioteca. A constituição do acervo
global teve o apoio da Fundação Amazônica Yoshio Yamada. O acervo da biblioteca
está em formação e encontra-se aberto a doações de pesquisadores e instituições. O
prédio que comporta o museu é em estilo colonial e o ambiente é refrigerado. A
entrada é gratuita.
PROGRAMAÇÕES CULTURAIS E ARTÍSTICAS
O Museu Parque Seringal busca fomentar atividades artísticas e a realização de
atividades culturais no local. Para tanto, o espaço conta com amplo anfiteatro com
estrutura de banheiro e camarim. Sendo assim, não por acaso o Parque possui seu
próprio departamento cultural, responsável pela programação, desenvolvida em
grande parte em parceria com a Secretaria Municipal de Cultura, que se tornou
parceira natural do espaço. Para dinamizar e democratizar o espaço, o departamento
cultural do Parque realiza cadastro de artistas e grupos culturais do município §§§§. A
ideia é promover aos finais de semana, programações que sejam voltadas para
crianças, adolescentes e a família.
A programação cultural do Parque tem sido intensa. Muitos eventos foram promovidos
já no primeiro mês após a inauguração: “Paixão de Cristo” encenada por crianças de
creche do município, teatro de bonecos “A Cobra Malvina e o Urubu Cheiroso”,
conhecido urubu ambientalista do município, encenado pela própria equipe do
††††
No Museu Parque Seringal a espécie predominante é hevea brasiliensis Muell.-Arg.
O objetivo é inscrever o Museu Parque Seringal junto ao Cadastro Nacional de Museus do Instituto
Brasileiro de Museus (IBRAM).
§§§§
O cadastro é simples. Basta que os interessados procurem a gerência cultural do Museu, com
proposta de apresentação que aborde temas relacionados à família, à história, à cultura do Pará e ao
meio ambiente. Também é interessante que eles encaminhem fotos e release com histórico do grupo ou
artista. Mais informações podem ser obtidas através do e-mail [email protected]
‡‡‡‡
202
Parque*****; atelier de pinturas faciais com temas ecológicos, apresentação de grupos
e danças folclóricas em parceria com os Centros de Referência de Assistência Social
(CRAS) do município. A equipe desenvolve atualmente o projeto “Cinema no Parque”,
para apresentação de filmes e documentários ao ar livre às sextas-feiras à noite. A
promoção da educação ambiental tem sido um ponto forte da programação cultural.
Um exemplo disso é a apresentação de grupo de mímicos (“Os Sombras”) que
encenam peças em pantomina (teatro gestual) e interagem com o público de forma
lúdica e com muito bom humor, apresentando aos visitantes as normas públicas do
Parque, como evitar pisar na grama, dar prioridade às crianças e idosos, não jogar lixo
nas trilhas e áreas de lazer comuns, entre outras†††††. Educação ambiental com
diversão, esse é o objetivo.
Referências Bibliográficas:
ANANINDEUA. Prefeitura Municipal. Parque Ambiental de Ananindeua: turismo
sustentável e desenvolvimento local: Centro de Referência Turístico-Ambiental.
Mimeo, 2008, 21 p.
ANANINDEUA. Prefeitura Municipal. Lei Municipal nº 2.560, de 29 de março de 2012,
que cria a Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) denominada “Museu Parque
Seringal” e dá outras providências. Diário Oficial do Município de Ananindeua, nº
1.438, de 09 de abril de 2012, p. 6.
ANANINDEUA. Prefeitura Municipal. Decreto Municipal nº 14.492, de 16 de abril de
2012, que dispõe sobre a criação do Conselho Consultivo da ARIE “Museu Parque
Seringal”, e dá outras providências. Diário Oficial do Município de Ananindeua, nº
1.444, de 17 de abril de 2012, p. 3.
ANANINDEUA. Prefeitura Municipal. Portaria SEMA nº 17, de 23 de abril de 2012, que
estabelece normas de uso público da ARIE “Museu Parque Seringal”, e dá outras
providências. Diário Oficial do Município de Ananindeua, nº 1.449, de 24 de abril de
2012, pp. 8-10.
GONÇALVES, P. de S.; ORTOLANI, A.A; CARDOSO, M. Melhoramento genético da
seringueira: uma revisão. Campinas: Instituto Agronômico, Documentos IAC 54, 1997,
55 p.
LOUREIRO, Violeta Refkalefsky. Amazônia: História e Análise de Problemas (do
período da borracha aos dias atuais). Belém: Editora CEJUP, 2002. v. 1. 128 p.
SARGES, Maria de Nazaré. Belém: Riquezas produzindo a belle époque (1870-1912).
3ª. ed. Belém: Paka-Tatu, 2010. v. 1. 230 p.
A ILHA DE CARATATEUA NA MEMÓRIA DE SEUS MORADORES
Heliana Rodrigues de Bitencourt *
Centro de Referência em Educação Ambiental Escola Bosque Professor Eidorfe
Moreira - Belém - PA BRASIL
*Professora de Língua Inglesa do Centro de Referência em Educação Ambiental pProfessor Eidorfe
Moreira. Especialista em Linguística Aplicada ao Ensino da língua Inglesa em Sala de Aula. Aluna do
Programa de Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura ofertado pela Universidade da Amazônia
– UNAMA.
RESUMO
*****
†††††
Mestre Cuité.
O espetáculo chama-se “Certoxerrado”, promovido pelo Núcleo de Artes do Palco Empresarial.
203
O presente trabalho aborda a História da Ilha de Caratateua, a qual se localiza em
próximo de Belém, no estado do Pará. É muito difícil juntarmos documentos oficiais à
respeito da Ilha, por isso, decidimos fazer entrevistas com pessoas antigas que moram
lá há mais de 30 anos ou nativos com mais de 30 anos de idade. Durante o processo
de entrevista nós descobrimos muitos elementos que pertencem a suas memórias
coletivas e individuais. Eles descreveram períodos difícieis enfrentados por eles como
a travessia do rio Maguary para vender frutas e vegetais que eles plantavam do outro
lado do rio, no distrito de Icoaraci, o período que viveram sem energia elétrica e sem
água potável, também foram descritos por estes moradores. Eles, também, relatam
momentos bons, os quais pertencem agora somente ao passado: a harmonia social,
pois eles conheciam uns aos outros e o lugar não tinha tanta violência.
Palavras-chave: Caratateua - Relatos - Memória
ABSTRACT
This search is about the History of Caratateua Island, which is localeted near Belém,
capital of Pará State. It is so hard for us to join many official documents about this
Island, because of this, we decided to make interviews with old people who have been
living there for more than 30 years or native people who are older than 30 . During the
interviews processes we discovered many elements that belong to their collative and
individual memories. They described difficult periods that they have faced as the way
they used to cross Maguary river to sell their fruit and vegetable plantations on the
other side of the river, at Icoaraci district, the period that they used to live without
neither energy or drinking water. They also described good moments which belong only
to their past as: the social harmony because they used to know everybody and the
place was not full of violence.
Keywords: Caratateua - Narratives - Memory
A ILHA DE CARATATEUA NA MEMÓRIA DE SEUS MORADORES
INTRODUÇÃO
Tudo que há de registro oficial sobre a História da Ilha de Outeiro não é o suficiente
para relatarmos sua trajetória. Por isso, se tornou necessário o recurso metodológico
da história oral para, através de relatos de nativos e antigos moradores, mostrarmos o
passado vivido na Ilha para que possamos não apenas relatá-lo, mas refletir sobre o
modo de vida das pessoas, sua história material e social de um tempo que atualmente
se faz presente na memória coletiva e individual daqueles que construíram e
constituem a Ilha, para pensarmos num futuro mais digno para toda aquela
comunidade que por algum motivo escolheu estabelecer lá residência fixa.
À medida que os depoimentos populares são gravados, transcritos e
publicados, torna-se possível conhecer a própria visão que os
segmentos populares têm das suas vidas e do mundo ao redor.
(MONTENEGRO, 2001, p.16)
A Ilha é descrita como um lugar, que no passado era muito bom de viver. Lá havia a
tranquilidade de se andar por toda a parte e não ser alvo de violência. As pessoas
dormiam de portas e janelas abertas porque não havia perigo contra suas vidas ou
seus bens materiais.
A memória coletiva ou individual, ao reelaborar o real, adquire uma
dimensão centrada em uma construção imaginária e nos efeitos que
essa representação provoca social e individualmente. Nesse sentido,
o tempo da memória se distingue da temporalidade histórica, haja
vista que sua construção está associada ao vivido, como dimensão
204
de uma elaboração da subjetividade coletiva e individual, associada a
toda uma dimensão do inconsciente. (MONTENEGRO. 2001, p.20)
A colonização começou no bairro de Itaiteua, no entanto, as pessoas moravam
basicamente onde hoje chamamos de Rua Manoel Barata no bairro São João do
Outeiro. O governo distribuiu, no final de 1890 para 1900, 12 lotes de terras, os quais
eram numerados de 1 a 12, medindo aproximadamente de 240 a 250m de frente por
800 a 1.000m de fundo para exatamente 12 famílias.
A Ilha de Caratateua era só um pequeno caminho. As pessoas plantavam batata,
macaxeira, batata doce, mamão, couve e vendiam aos sábados ou em tempo de
colheita no distrito de Icoaraci, conhecido antes como Pinheiro. Para chegar até
Icoaraci, elas iam de canoas ou pequenos barcos, atravessavam o igarapé conhecido
como Curuperé.
A população começou a crescer e outros locais surgiram ao longo da Ilha. No governo
de Alacid Nunes, sendo o supervisor de Icoaraci e Outeiro os Srs. Rubi e Evandro
Bonna foi construído o trapiche da Brasília, conhecido como porto da Balsa, localizado
no bairro da Brasília. O transporte passou a ser feito por uma balsa que atravessava o
Furo do Rio Maguary até a 7ª rua do outro lado em Icoaraci, a distância para a
população ficou bem mais perto.
A balsa circulava de 6:00h às 18:00h, sendo que sua saída se fazia a cada uma hora.
O Bajé (o ônibus) sempre ficava no porto a espera da próxima balsa. Atualmente esse
ponto da Ilha está representado de forma bastante diferente. Há pessoas que ainda
preferem atravessar por esta balsa para chegar até Icoaraci do que apanhar um
ônibus. A passagem atualmente custa R$ 1,00.
Estudar em Caratateua, não era tarefa tão dificultosa. Havia dois seguimentos da
Educação Infantil: jardim e alfabetização para as crianças e cursos profissionalizantes
de costura e de bordado para suas mães, os quais eram ofertados pela escola das
Freiras: Nossa Senhora Imaculada Conceição, localizada na Rua Manoel Barata, onde
atualmente é a casa do paroquial da Ilha. Tal Escola fornecia um caminhão grande e
verde chamado de pau-de-arara. Tal transporte era específico para fazer excursões
dos alunos em locais, naquela época, recentes como o Fama e Tucumaeira.
A atual Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio do Outeiro era a Escola Mista
do Outeiro, a qual foi construída no Lote de nº 08, depois passou a ser chamada de
Escola Reunida do Outeiro e Escola do Chile. Era no mesmo local, só mudou a
estrutura. Eram ofertadas, primeiramente, somente duas salas de aula e uma
secretaria. As aulas eram divididas nos turnos: manhã e tarde. O ensino funcionava
até a 4ª série do Ensino Fundamental I, ou seja, havia: 1ª, 2ª 3ª e 4ª séries. A partir da
5ª série, o aluno tinha que se dirigir até o distrito de Icoaraci ou a capital do Estado. Tal
instituição de ensino está presente na história da Ilha, pois quase todos os habitantes
passaram e ainda passam por lá.
Em 1970, a energia fornecida pela Rede CELPA chegou até a Ilha. Sua instalação
começou pelo CFAP (Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças) que
pertence a Polícia Militar do Pará, vinha de Icoaraci e passava pela rua principal
Manoel Barata, chegava à Beira Mar e alcançava as barracas e bares na Praia
Grande. Porém, nem todos os moradores obtiveram a energia em suas casas, pelo
que tudo indica o fato se deu por conta do preço dos materiais necessários como fios
e outros para a instalação da energia.
O lazer na Ilha era por muito tempo associado às praias, jogo de bola e,
posteriormente, às festas promovidas pelas barracas e casas de show localizadas na
Praia Grande. O jogo de bola ocorria na sede do “Outeirense” inaugurada em 06 de
janeiro de 1917, localiza-se na esquina das Ruas Manoel Barata e Nossa Senhora da
Conceição, no bairro São João do Outeiro.
As praias eram pouco exploradas até a construção do porto da Brasília. A Praia
Grande sempre foi a mais frequentada de todas as praias, por ser a qual abriga as
barracas, bares e casas de show como: o Veleiro que não funciona mais, o Lapinha
que foi construído muito depois, atualmente só funciona no período de julho ou por
205
alguma ocasião eventual; o Caldeirão do Alan que segundo a população foi a casa
que mais trouxe problemas relacionados à violência para a Ilha, o Brisas que era um
bar com músicas eletrônicas de rádio. Atualmente faz parte de seu funcionamento a
apresentação de músicas ao vivo, o Areião o qual funciona atualmente nos dias de
segunda-feira e aos domingos, esta é a casa de show mais presente nos relatos dos
moradores.
Os relatos dos entrevistados possuem como divisor dos tempos: presente e passado,
a construção da Ponte Enéas Pinheiro no governo do atual senador do estado do
Pará: Sr. Jader Barbalho. Sua inauguração se deu em 26 de Outubro de 1986. É
interessante percebermos, na fala dos moradores que tudo que ocorreu na Ilha, após
a sua construção, é tido como um passado que concorre com o presente. Até os
moradores que para lá mudaram-se, após a Ponte, não são considerados antigos
moradores.
A Ponte trouxe o progresso, a facilidade de locomoção, a proximidade com a capital e
as demais localidades, conseguiu aproximar o global com o local. Porém, trouxe
também, as ocupações desordenadas e uma enorme população flutuante que, durante
os fins de semana e feriados e principalmente no período de férias escolares, tira o
sossego da Ilha. Já para os comerciantes da praia, tudo isso é muito bem vindo.
Na narrativa de seus moradores, há a presença de fatos relacionados a violência, mas
podemos observar que há, principalmente, um sentimento de pertencimento à Ilha e a
caracterização de um local possuidor de uma memória material e social que precisa
ser valorizada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MEIHY, José Carlos Sebe B. e HOLANDA, Fabíola. História Oral Como fazer Como
Pensar. Editora Contexto, 2011.
MONTENEGRO, Antonio Torres. História oral e memória; a cultura popular
revisada. São Paulo: Contexto, 2001.
O LIBERAL, Belém, 11 de dezembro de 2010. Nº 9.654.
O LIBERAL, Belém, 16 de fevereiro de 2011. Nº 9.719.
O LIBERAL, Belém, 03 de junho de 2011. Nº 9.826.
O LIBERAL, Belém, 20 de janeiro de 2012. Nº 33.452.
O LIBERAL, Belém, 10 de outubro de 2012. Nº 9.955.
SILVA, Maria de Jesus. Caratateua: a Ilha e o subúrbio de Belém. São Paulo: 1995
(Dissertação de mestrado).
A GESTÃO E O PLANEJAMENTO SÓ DIZEM RESPEITO AOS MUSEUS DITOS
TRADICIONAIS?
Manuelina Maria Duarte Cândido*
Universidade Federal de Goiás - GO - BRASIL
RESUMO
Queremos com este texto refletir sobre a necessidade de avaliação e planejamento
para uma gestão qualificada dos museus e chamar a atenção para o fato de que estes
elementos não devem ser associados somente aos chamados museus tradicionais.
Pretendemos contribuir para aproximar a Museologia teórica da prática dos museus,
investigar se há um núcleo comum de preocupações que sejam pertinentes a todos os
tipos de museus e incluir a preocupação com a gestão de museus em fóruns como o
IV EIEMC, no que diz respeito à capacitação de atores para o desenvolvimento local.
*
Doutora em Museologia pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Mestre em
Arqueologia e especialista em Museologia pela Universidade de São Paulo, Licenciada em História pela
Universidade Estadual do Ceará. Professora de Museologia da Faculdade de Ciências Sociais da UFG,
Goiânia, Brasil. [email protected]
206
Palavras-chave: Gestão, Planejamento, Avaliação, Qualidade
ABSTRACT
We want with this text to reflect on the necessity of evaluation and planning for a
qualified management of the museums and to call the attention for the fact of that these
elements do not only have to be associates to the called traditional museums.
We intend to contribute to approach the theoretical Museology of the practices of the
museums, to investigate if there is a common nucleus of concerns that are pertinent to
all the types of museums and to include the reflection about the management of
museums in forums as the IV EIEMC, in what it says about the qualification of actors
for the local development.
Keywords: Management, Planning, Evaluation, Quality
A GESTÃO E O PLANEJAMENTO SÓ DIZEM RESPEITO AOS MUSEUS DITOS
TRADICIONAIS?
Na tese de doutorado “Gestão de museus e o desafio do método na diversidade:
diagnóstico museológico e planejamento” (Duarte Cândido, 2011) trabalhamos a idéia
de um descompasso entre a Museologia produzida na academia e os museus reais.
Defendemos a necessidade de avaliação e planejamento para uma gestão qualificada
dos museus e chamamos a atenção para um instrumento de gestão em especial, o
diagnóstico museológico. Na bibliografia, à exceção de alguns autores portugueses
como Isabel Victor (2005, 2006a, 2006b), localizamos em geral material produzido a
partir de experiências de gestão e revitalização dos chamados museus tradicionais ou
grandes museus, aqueles capazes de contratarem grandes empresas de consultoria e
se prepararem inclusive para certificações do tipo ISO 9000.
A questão que move este texto é clara: a gestão e o planejamento só dizem respeito
aos museus ditos tradicionais? Waldisa Rússio dizia que “Há, na realidade, uma
Museologia existente, real, que está aí fora, e há uma postulada, sonhada, desejada”
(Rússio, 1984). Imaginamos maneiras de romper estas distâncias e descompassos,
abreviar a entrada nos museus dos conhecimentos teóricos e metodológicos que a
Museologia produziu nas últimas décadas, e trazer das instituições e processos o
combustível para a Museologia acelerar ainda mais a sua produção. Mais que isto,
queremos pensar se há um núcleo comum de preocupações que sejam pertinentes a
todo e qualquer museu, que deva estar presente em pequenos museus, ecomuseus,
museus comunitários, e quantos outros modelos existam para além do convencional, e
como os atores do desenvolvimento local ancorado em patrimônio e processos de
musealização podem se preparar para os novos desafios.
Tenham consciência disto ou não, os museus estão em alguma medida concorrendo
entre si por públicos e por recursos. Com o acréscimo do número de museus, ainda
que existam grandes vazios museológicos, é inevitável que em um futuro ainda
distante – mas já certamente próximo em alguns grandes centros – se chegue a algum
grau de saturação. Daí a importância de fomentar desde já a difusão de uma cultura
de avaliação e planejamento na gestão de museus.
Os museus se acostumaram a uma situação bastante cômoda de que sua simples
existência é aceita como a realização de um papel social e, portanto, justificadamente
mantida pelo Estado (direta ou indiretamente). Ao mesmo tempo que evitam se
‘contaminar’ com discussões ou preocupações comezinhas a respeito de custos e
índices, consideram legítimo ou ‘natural’ queixar-se o tempo todo da falta de recursos
financeiros. É preciso analisar com coragem e transparência o custo-benefício da
manutenção e especialmente da criação de cada museu. Neste aspecto, há quem já
proponha uma moratória na criação de novos museus como medida para privilegiar e
socorrer os museus já existentes (Varine, 2011).
207
Estamos em uma época de bem-vinda valorização dos desejos de memória, mas ao
mesmo tempo muitas instituições museológicas são criadas com um vago propósito de
preservação da memória, sem maiores discussões sobre sua missão, planejamento,
sustentabilidade em longo prazo, entre outros fatores‡‡‡‡‡ e ainda confundindo
preservação com acúmulo de objetos. Não é à toa que Balerdi (2008) chega a atribuir
aos museus, ou ao menos a alguns deles, as características de mastodontes
longevos, prolíficos e bulímicos, capazes de ingerir a tudo indiscriminadamente para
depois se envergonhar destes excessos e escondê-los em reservas técnicas ou
mesmo provocar o vômito, leia-se, realizar descartes.
Museus orientados desta forma – ou seriam desorientados? – podem se tornar um
verdadeiro problema, pois o custo de manutenção não corresponde ao efetivo
desenvolvimento de uma função social. De acordo com Mairesse, critérios de
avaliação dos museus, especialmente aqueles implantados a partir dos anos 1980,
que tenderam a uma obsessão pela eficácia e pela performance especialmente no
aspecto econômico, carregam o risco de provocar indignação do setor museal, mas
resultam de uma lógica geral do financiamento pelos poderes públicos (Mairesse,
2010, p. 103), por sua vez onerosa e nunca avaliada ou otimizada (idem, p. 81).
Os museus estão tendo que lidar com demandas jamais imaginadas em suas origens
e de fato, se isto ainda causa espécie entre profissionais de museus, é mais
problemático nas realidades que envolvem iniciativas comunitárias, amadores e
especialmente governos de pequenas localidades. O pequeno porte dos museus não
deveria, entretanto, ser argumento para protelar o planejamento, pois
“En un mundo de cambios rápidos un museo pequeño podría
describirse como un pequeño bote de vela en un mar embravecido,
controlado en gran medida por fuerzas externas. En dicha situación,
es especialmente vital que el museo tenga un plan estratégico, un
mapa y ayudas para la navegación, para intentar navegar a través de
§§§§§
aguas tan procelosas.”
(Moore, in Lacasta & Peraile, 2006, p. 48)
Verificamos que a questão do planejamento ganhou papel central no universo dos
museus nas últimas décadas. A sociedade não é mais complacente com instituições
que justificam sua existência apenas com o vago propósito da preservação da
memória, e faz a crítica contundente aos museus que se excluíram dos processos de
participação e de mudança:
“São museus alheios ao desenvolvimento, sorvedouros de recursos
financeiros, fechados sobre as suas colecções que na maior parte
dos casos se deterioram ao ritmo dos anos.
Por isso, esses museus, reduzem geralmente a sua actividade à
manutenção de uma exposição permanente sem ideias, sem rumo,
de puro exibicionismo como diria Hugues de Varine e que por isso
mesmo, envelhecem ainda mais rapidamente.” (Moutinho, 2006, p.
66) (grifos do autor)
Os museus têm sido questionados, revolucionados, revolvidos. Isto se dá pelo
reconhecimento mais profundo do museu como instituição a serviço do público, como
quer Moutinho (Comunicação pessoal, aulas do Curso de Estudos Avançados de
‡‡‡‡‡
Como em qualquer outro empreendimento, há um custo de operação, quase nunca calculado e claro
para os gestores dos museus.
§§§§§
Tradução livre:
“Em um mundo de mudanças rápidas, um museu pequeno podia ser descrito como um pequeno barco a
vela em um mar embravecido, controlado na maior parte das vezes por forças externas. Nesta situação, é
especialmente vital que o museu tem um plano estratégico, um mapa e ajudas para a navegação, para
tentar navegar através de águas assim turbulentas”.
208
Museologia - CEAM, 2008)? Ou pela competição criada dentro de uma verdadeira
indústria dos museus, a partir dos anos 1980 (Fopp, 1997, p. 181)?
No quadro “Features of new museology in relation to postmodernism”, Davis (1999, p.
57) ressalta algumas mudanças na passagem do modernismo ao pós-modernismo e à
Nova Museologia que queremos pontuar, por terem relação com as preocupações já
mencionadas:
- Passagem da quantidade à qualidade e depois à avaliação de performances e aos
padrões museológicos;
- Dos direitos individuais a responsabilidades individuais e coletivas, depois à
declaração de missão e diretrizes éticas para profissionais de museus e instituições;
- Do curto-prazo ao longo-prazo e, em seguida, aos contextos de metas em longoprazo, declaração de missão e objetivos claros;
- Do volume de produção à qualidade entre input – insumos, e outputs – resultados, e
depois à questão do aperfeiçoamento de padrões curatoriais, incluindo políticas de
coleção e de exposições.
Sem pretender associar as novas demandas e diretrizes somente a um segmento das
instituições museológicas, propomos pensar, como Waldisa Rússio (1989), que “A
ação transformadora dos museus começa pela reflexão nova que eles fazem sobre si
mesmos”. E desta forma, que a capacitação dos atores do desenvolvimento local
envolvidos com o patrimônio como recurso e os processos de musealização como
método, devem considerar também aspectos da gestão e do planejamento.
Bibliografia:
BALERDI, Ignácio Díaz (2008). La memoria fragmentada: el museo e sus paradojas.
Gijón, Asturias: Ediciones Trea. (Biblioteconomía y Administración Cultural, 183)
DAVIS, Peter. (1999). Ecomuseums – A sense of place. London, New York: Leicester
University Press, 1999. (Leicester Museum Studies)
DUARTE CÂNDIDO, Manuelina Maria. Gestão de museus e o desafio do método na
diversidade: diagnóstico museológico e planejamento. Lisboa: Universidade Lusófona
de Humanidades e Tecnologias, 2011. (Tese de Doutorado)
FOPP, Michael A. (1997). Managing museums and galleries. London: Routledge.
Moore, Kevin. Tengo un sueño. Planificación estratégica como inspiración para los
museos. In Lacasta, Ana Azor & Peraile, Isabel Izquierdo (coords.). (2008). Actas de
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de futuro. Madrid: Ministerio de la Cultura, Secretaria General Tecnica. P. 39-50.
MOUTINHO, Mário. (2006). A qualidade em museus, nos museus em mudança. In XIII
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Estratégias de construção do patrimônio cultural. São Paulo: Brasiliense.
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VARINE, Hugues de. Les musées locaux du futur – réflexions. Pontebernardo, 22 de
maio de 2011. (digit)
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209
______________ (2006a). A qualidade em museus, problemática a esclarecer. In
Primo, Judite (coord.). XIII Encontro Nacional Museologia e Autarquias: a qualidade
em museus. (pp. 21-32). Lisboa: Universidade Lusófona de Humanidades e
Tecnologias. (Cadernos de Sociomuseologia, 25)
______________(2006b). O paradoxo do termo avaliação em museus: um problema
da maior relevância para a Museologia contemporânea. In Primo, Judite (coord.). XIII
Encontro Nacional Museologia e Autarquias: a qualidade em museus. (pp. 88-100).
REPENSANDO OS CONCEITOS GEOGRÁFICOS E SUA APLICABILIDADE NOS
ECOMUSEUS E MUSEUS COMUNITÁRIOS BRASILEIROS: UMA INTRODUÇÃO
Diogo da Silva Cardoso**
UFRJ - Observatório de Favelas - Rio de Janeiro - BRASIL
RESUMO
Este artigo apresenta a hipótese de que os ecomuseus e museus comunitários, ao
menos no contexto brasileiro, fazem uso equivocado dos conceitos geográficos
(território, região, paisagem, lugar e espaço) nas suas ações de planejamento e de
gestão dos acervos, bens culturais e do “território-patrimônio” como um todo. Com
isso, verifica-se um esvaziamento das teorias (eco)museológica e espacial, quando os
conceitos geográficos passam a ter seus significados alterados e confundidos um com
o outro. Por conseguinte, há o risco, embora latente, de se reificar, de engessar as
memórias, identidades, saberes, fazeres e artefatos locais, pois o discurso, que
deveria ser um elemento facilitador do agenciamento (eco)museológico, acaba se
transformando, muitas das vezes, em instrumento de controle do Estado e de disputa
de poder em outras arenas políticas.
Faremos uma breve revisão dessa tendência conservadora de análise do espaço
geográfico que não faz jus aos recentes debates da comunidade científica geográfica
e à própria condição heterogênea e pós-moderna das sociedades contemporâneas e
das ações museais “eco” e comunitária.
Palavras-chave: Geografia Humana, conceitos geográficos, ecomuseu, museu
comunitário.
ABSTRACT
This paper presents the hypothesis that ecomuseums and community museums, at
least within the Brazilian context, make a mistaken use of the geographical concepts
(territory, region, landscape, place and space) in their endeavor of planning and
management of collections, cultural heritage and of the “territory-heritage” as a whole.
Accordingly, it is possible to notice a depletion of (eco)museological and spatial
theories, when the geographical concepts have their meanings changed and mixed up
with one another. Therefore, there is a risk, yet apparent, of reifying, stifling memories,
identities, knowledge, works and local artifacts, because the speech, which should be a
facilitating factor in the (eco)museological mediation, often ends up becoming a State
control tool and of power struggles in other political arenas.
*
Doutorando em Geografia pela UFRJ e supervisor de campo do projeto “Solos Culturais” no território da
Cidade de Deus (Observatório de Favelas, Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro),
[email protected]
210
We will make a short review of this conservative trend for analyzing the geographical
space, which does not do any justice to the recent debates of the geographical
scientific community and to the very heterogeneous and post-modern condition of the
contemporary societies and the museal actions “eco” and communitarian.
Keywords: Human Geography, geographical concepts, ecomuseum, community
museum.
REPENSANDO OS CONCEITOS GEOGRÁFICOS E SUA APLICABILIDADE NOS
ECOMUSEUS E MUSEUS COMUNITÁRIOS BRASILEIROS: UMA INTRODUÇÃO
Introdução
Acredita-se, frequentemente, que o mundo tornou-se simultaneamente globalizado e
localizado em todas as esferas e contextos da vida. Em tal concepção, o processo gira
a partir de dois polos: 1) dos grandes empreendimentos econômico-financeiros e do
lastro de urbanização que promove, ao menos no domínio ocidental, sociedades com
perfil pós-industrial, pós-moderno e ciborgue; 2) das reações contra a intromissão e
espoliação de “Outros”, tudo em nome da preservação do lugar, do povo ou do grupo
que se sente alijado. Geralmente nesses últimos casos, a resultante é a formação de
aglomerados de exclusão (HAESBAERT, 1997), de comunidades localistas ou de
vagabundos globalizados (BAUMAN, 1999), de segregações residenciais (RIBEIRO,
s/d), de distinções territoriais (BARBOSA, 2010), de microespaços de poder
(FOUCAULT, 1979), de espaços biopolíticos de exceção (AGAMBEN, 2002), em
suma, de contenções territoriais (HAESBAERT, 2007) de todo tipo que acabam por
configurar territórios com sentimentos (extremamente) problemáticos de lugar. E uso
aqui o conceito território no sentido estrito da qual nunca deveria ter saído: o do
vínculo entre espaço e poder
Em todos os casos de localismo, há uma clara política de negação do caráter
relacional e dinâmico inseparáveis da constituição do lugar e da vida social. Sem
aqueles três aspectos da produção do espaço advogados pela geógrafa Doreen
Massey (2008), o espaço torna-se um mero recorte abstrato, ideológico e mecanicista
utilizado para fins que não o da satisfação plena das necessidades sociais, pois estas
se encontram em um plano prático de coisas, perícias e fazeres que foge a qualquer
esquematismo abstrato (racionalismo francês), enquadramento topológico (empirismo
inglês) ou fechamento ontológico (fenomenologia alemã).
Existe a necessidade, mais que urgente e já lançada pelos estudos pós-coloniais e
pela atualíssima corrente descolonial latino-americana (se bem que alguns dos seus
principais mentores estão hospedados em universidades norte-americanas...), de se
superar o eurocentrismo e todo o saber científico arrogante que insiste em emoldurar o
social dentro do científico. O que se precisa é do inverso: a Ciência sendo emoldurada
pelos grupos sociais a partir de suas expectativas, interesses e necessidade de
empoderamento e desenvolvimento.
O espaço geográfico e suas variantes (território, região, paisagem, lugar, ambiente)
devem ser entendidos, documentados, avaliados e agenciados tendo em vista todas
as facetas que fazem do humano um ser geográfico (SACK, 1997) por excelência:
memória, imaginação, cultura, relacionalidade, intertextualidade, negociação, conflito,
acordo... Consequentemente, a memória e a imaginação deveriam sempre ocupar um
“lugar” de destaque em nossos sistemas conceituais e representacionais de espaço,
porquanto é pela memória e imaginação que o agir tornar-se criativo, fluido e
empoderador, sem cair no erro fatal da modernidade ocidental que, até meados do
século passado – e em muitos casos, até os dias de hoje! –, reduziu culturas e mais
culturas não-ocidentais a bolas-de-bilhar (MASSEY, 2008), entidades essencializadas
211
(CLIFFORD, 2002) ou grupos espacialmente isolados****** (GUPTA & FERGUSON,
2002...).
O propósito maior deste artigo ensaístico, e, sobretudo, provisório, é instituir de
imediato o diálogo conceitual e agencial entre a Geografia e a Museologia. Colocar
geógrafos, museólogos e os demais atores museais em interação, eis um desafio que
só se concretizará quando se estabelecerem pontes entre os ramos, e quando o
espaço geográfico for plenamente destacado nos processos museológicos e
museográficos. Quanto uso o significante ponte, refiro-me ao estilo simmeliano de
pensar a vida social como uma constante troca que gera, em eventos específicos, a
consumação da unicidade (SIMMEL, 1996, p. 21). É na construção de pontes que se
realiza a paisagem, vista numa perspectiva simmel-raffestiniana†††††† como sendo a
stimmung‡‡‡‡‡‡ que medeia o humano e a exterioridade, o ecológico e o simbólico, o
corpóreo e o representacional. Em outras palavras, a paisagem, e já antecipando a
discussão do próximo tópico, é a “imagem-instrumental” que permite a intervenção
humana em uma “multiplicidade de domínios” da vida (RAFFESTIN, 2007, p. 5).
Nos tópicos seguintes, farei uma breve explanação dos principais conceitos
geográficos: paisagem, região, território e lugar; em alguns momentos, serão citados
exemplos de instituições ecomuseológicas que incorporam os conceitos geográficos
como recurso discursivo (FOUCAULT, 1979), estratégico (WERLEN, 1993) ou
existencial (TUAN, 1983) para granjear coisas, reconhecimento e status junto à
população local e em outros contextos, esferas e instituições políticas, culturais e
patrimoniais.
Paisagem
É pela paisagem que a sociedade e os indivíduos realizam-se, ou seja, a natureza
toma forma e concretiza-se na imagem/representação/discurso dos sujeitos sociais.
Utilizo o vocábulo “realização” não na acepção heideggeriana, mas como forma de
atenção para o papel central da representação na conformação daquilo que
chamamos paisagem. Afirma-se, comumente, que a representação é a outra ponta do
Real, uma forma simbólica que tem no seu cerne o mascaramento do Real através da
transmutação da percepção num arranjo difuso e ambivalente de formas de expressão
e de conteúdo (GUMBRECHT, 1998). Essas formas de expressão e formas de
conteúdo são a materialização de processos que transpõem o universo da memória,
da imaginação, da imagem e das significações em mundos de agenciamentos a partir
da linguagem, do posicionamento dos sujeitos, da utilização de materiais e meios etc.
Diante disso, a ideia de paisagem como “imagem instrumental” (RAFFESTIN, 2007) é
importante nos domínios museológico e museográfico por dois motivos: 1) fornece o
conteúdo imagético-discursivo que potencializa o espaço museal, levando o público ao
encontro e interação com as memórias e eventos do passado – e, em vários casos,
com o seu presente e com as projeções de futuro da comunidade local; 2) fornece as
bases para o fraturamento das imagens que ela mesma ajuda a criar, pois as imagens
******
Trata-se da configurou as representações antropológicas européias durante várias décadas. Tal visão
contextualizava as sociedades não-ocidentais (exóticas!) como grupos isolados, sem perspectivas de
avanço civilizacional.
††††††
Refiro a dois intelectuais acadêmicos de ofícios e temporalidades distintas: Simmel foi um sociólogo
alemão que viveu até o início do século passado e produziu excelentes diagnósticos sobre a condição
psicogeográfica das pessoas nas grandes cidades européias, fato este que se alastrou para outros
contextos urbanos ocidentais e coloca em relevo a generalização de determinados processos
configurados na urbe capitalista (monetarização da economia, impessoalidade das relações, atitude
blasé, privatização do religioso); Já Raffestin, é um geógrafo franco-suíço que ainda continua na ativa,
elaborando ótimas análises centradas nos conceitos de território/territorialidade e a implicação em
paisagem, isto é, a representação que as pessoas fazem do território percebido/concebido/vivido.
‡‡‡‡‡‡
São três os possíveis significados do termo para a língua portuguesa: “atmosfera”, “sensibilidade
objetivamente captada” ou “ambiência suscitada”. Todas as três evocam a espacialidade do fenômeno em
pauta e sua ambientação num respectivo período de tempo. As relações da stimmung com o conceito de
evento são muito produtivas, ainda mais se os geógrafos levassem adiante a teoria geográfica do evento
discretamente anunciada por Santos (1996).
212
são cultural e ambientalmente construídas e, como em todo processo que envolve o
ambiente cultural e a cultura ambiental, são passíveis de serem contestadas,
reelaboradas e ressemantizadas; assim sendo, a paisagem é integral e
sistematicamente ativada em praticamente todos os processos de comunicação
museológica (SANTANA, 2011), levando o público a experimentar a atmosfera do
período que o espaço museal pretende enfatizar. Os ecomuseus e museus
comunitários são as instâncias museais mais afeitas com o modo como os moradores
locais apresentam e representam o patrimônio local e as suas experiências e vivências
de lugar.
Em tal perspectiva paisagística, a imagem territorial fornecida paisagísticamente
estabelece o sistema de troca entre o mundo prático-sensível e o mundo simbólico. Na
ecomuseologia e museologia comunitária, a paisagem deve agir como método de
análise espacial das formas de se intervir na realidade empírica espraiada entre o
material e o simbólico, mas, sobretudo, sob o crivo das imagens e das representações.
A ideia da paisagem como resultado material-aparente das sociedades mais atrapalha
do que ajuda a esclarecer as condições reais de produção do lugar (MASSEY, 2008),
da consciência regional (BEZZI, 2004) e da territorialização dos grupos (HAESBAERT,
2004).
Infelizmente, pelas tendências hoje vistas na museologia mundial e nos exemplos de
museu da paisagem verificados na Europa e no Brasil§§§§§§, vê-se que a discussão
sociomuseológica da paisagem está apenas começando.
Região
O antropólogo-sociólogo Gilberto Freyre, em meados do século passado, lançou a
proposta do “museu regional” como instituição de conservação da memória popular.
Tal ideia, defendida em alguns setores museológicos e do terceiro setor, e aos poucos
vem sendo tratado com rigor em alguns processos de musealização nas quais o
fenômeno tem uma nítida “feição” regional. É o caso do Museu do Homem do
Nordeste*******, do Museu Regional de Olinda (PE) e do Museu Regional de São João
del Rei (MG).
Muitos autores significam região como espaço de domínio, controle e administração, a
exemplo da conotação dada no Império Romano (regio). Contudo, região pode ser lido
também com o sentido de direcionamento, de orientação espacial (HAESBAERT,
2010, p. 3)†††††††. Nesse ponto, região é processo contínuo de regionalização, e as
marcas do processo conduzem a uma questão regional que nunca se esvazia,
necessita sempre da identidade (BEZZI, 2004, 2002) para mobilizar os “sujeitos
regionais” e adquirir a sempre solicitada coesão e integração territorial.
Há vários exemplos de processos regionais com repercussão mundial, como na
Espanha (Basco, Catalunha), na Europa oriental e no sudeste asiático. Nesses casos,
trata-se de regionalismos, uma dimensão mais estrita da região onde a política
assume as rédeas, deixando a cultura de “igual para igual” ou em segundo plano.
Mas afinal de contas, o que é região? Meri Bezzi resume muito bem:
§§§§§§
Na cidade do Rio de Janeiro, há o projeto de revitalização do Largo do Boticário, no Cosme Velho,
Zona Sul, à qual incluiria a criação do museu da paisagem para coroar o design bucólico do bairro.
Disponível em: <http://solucoesurbanas.com.br/projetos-em-curso/museu-da-paisagem.html> - Acessado
em: 20 abr. 2010.
*******
Um exemplo é o Museu do Homem do Nordeste, localizado em Recife (PE), que, apesar de não
estar atrelado à perspectiva ecomuseológica comunitária, e descontados os equívocos de interpretação
que podem surgir ao se essencializar o fenômeno do “homem nordestino”, a instituição tem um papel
importante na divulgação dos saberes-fazeres dos grupos populares nordestinos. Mais detalhes, ver
Santana et al. (2011)
†††††††
Sentido também derivado do Império Romano, mas ao contrário da primeira acepção (que faz
menção aos chefes e burocratas do império), o sentido de “orientar-se”, “direcionar-se” está ligado aos
adivinhos romanos que tentavam prever os eventos através das “regiões” traçadas no céu.
213
(...) a região é definida como um conjunto específico de relacionamentos culturais entre um
grupo e um determinado lugar. A região é uma apropriação simbólica de uma porção do
espaço por um determinado grupo, o qual é também um elemento constitutivo da identidade
regional. A região, sob o enfoque da identidade cultural, passa novamente a ser entendida
como um produto real, é concreta, existe. Ela é apropriada e vivida por seus habitantes,
diferenciando-se das demais principalmente pela identidade que lhe confere o grupo social
(BEZZI, 2002, p. 17).
Na política e gestão museais, a dimensão ontológica e prática da região e da
identidade regional deveriam ser levadas em consideração na hora de se determinar o
raio de ação e as estratégias territoriais. Como ecomuseus e museus comunitários são
passíveis de serem criados tanto em ambientes urbanos como rurais, a diversidade de
táticas, planos e ações dependerá muito do contexto a ser territorializado pela
instituição museal. Não é a mesma coisa fomentar ecomuseus em cidades-regiões
globais (SCOTT et al., 2001) ou em áreas rurais, como no caso dos ecomuseus de
Maranguape (PE) e de Ribeirão da Ilha (SC).
Em todo caso, a região é o conceito geográfico por excelência de identificação e de
articulação dos grupos, dos lugares e dos processos político-econômicos que se
encontram reunidos em um mesmo. A região está sempre em processo: é sua
condição genérica; e por ser eminentemente cultural (HISSA, 2004), sua espacialidade
fatalmente envolverá a negociação, o conflito, a reprodução e a contestação de ideias
e práticas, tudo dentro das vibrações das redes de poder que engendram
ontologicamente a questão regional - seguido o fraseado de Oliveira [1977]).
Em geral, as instituições (eco)museais cumprem um papel importante na valorização
de uma região e/ou da identidade regional: sua missão é autenticar e divulgar as
memórias, acontecimentos e saberes-fazeres da sociedade regional. Todas as
dimensões da região podem ser objeto de musealização (política, economia, cultura,
arte, religião), basta que sejam reivindicados pelos grupos locais e sejam apoiados
pela gestão museal. O museu, bem como qualquer instituição cultural que tome para si
a tarefa, tem o potencial de reconhecer, açodar, investir e transmitir aquela atmosfera
de regionalidade que nutre e governa a sociedade regional. Em todo caso, nas
situações de musealização do “regional”, a cultura será sempre o baluarte geográfico.
Território
Território, hoje, é o conceito-mor da Geografia Humana brasileira, o grande acionador
dos discursos e ações acerca da dinâmica dos lugares e dos agenciamentos humanos
sempre determinados pelo trio des-re-territorialização (HAESBAERT, 2004), seguindo
os passos do pensamento deleuze-guattariano.
Uma hipótese para a preferência do conceito de território pelos geógrafos brasileiros,
pelos movimentos sociais e pelas iniciativas culturais nos é dada por Haesbaert:
Talvez a hegemonia do lugar revelada nos trabalhos de Doreen Massey [e na
geografia inglesa] se deva, em parte, à força da dimensão cultural-identitária no
contexto geográfico inglês, assim como a do “território” no nosso meio talvez se deva à
força das disputas territoriais num ambiente em que a “terra-território” ainda é um
recurso (e um abrigo, diria Milton Santos) a ser apropriado e usufruído por uma
parcela cada vez mais ampla da sociedade (HAESBAERT, 2008, p. 13).
Território é a esfera geográfica de manifestação do poder, a expressão concreta e
simbólica da apropriação e/ou possessão do espaço pelo grupo social. É pelo território
que a política se realiza mediante as condições materiais e os meios (e mediações)
instrumentais de aquisição patrimonial ou de ocupação solidária, de usufruição mútua
ou de controle rigoroso do espaço. Vejam que estou trabalhando em cima tanto dos
territórios que nascem da ação solidária quanto daqueles que são produto direto, por
exemplo, da ordem modernista ocidental que tudo racionaliza(ou) e demarca(ou) os
lugares “corretos” de atuação de cada sujeito social (crianças na escola, adultos na
empresa capitalista, idosos no asilo, paranoicos no internato, mulheres em lugares
não-prosaicos, ou seja, cada um no seu quadrado de mobilidade socioespacial). Na
geografia francesa, fala-se muito em técnicas de enquadramento (TAILLARD, 2004),
que é a definição e a técnica que mais esclarece o modo como o Ocidente capitalista
214
tem concebido o território e sua aplicabilidade nos processos de reprodução social e
de acumulação do capital.
Numa perspectiva materialista, Robert Sack (1986) entende que a territorialidade,
condição dinâmica de constituição e de adjetivação do território, estabelece uma
fronteira, uma classificação de área e uma forma de comunicação. Mas como o autor
esclarece, cada grupo/pessoa tem sua dinâmica territorial própria, e esta toma forma e
conteúdo a partir da história social, das condições geográficas e da política de
significação do grupo/pessoa. É a territorialidade que leva os grupos e pessoas a
adotarem uma política de posição (MARCUS, 1994) e de localização (HALL, 1992).
Só que o erro hoje das abordagens do território centram-se na banalização
do conceito a tal ponto que a sua operacionalidade é anfibológica, ou seja,
totalmente imprecisa no seu conteúdo político e de poder. O que era para
ser averiguado em termos de relações políticas, de negociações, de
avaliação as hierarquias e estruturas de poder, passou a ser adjudicado em
todos as facetas da vida, agindo assim como um elemento de esvaziamento
do sentido político e empoderador apresentado pelo conceito. Alguns
geógrafos defendem que o território deveria voltar à carga semântica
“original”, isto é, onde a ênfase recaia na tomada concreta e/ou simbólica do
espaço. Centrado nessa abordagem, o território emerge como dimensão
onde o conflito, a negociação, o interesse e as imposições física, simbólica
e visual formam o escopo analítico e definidor da existência social do
território.
A crítica desses geógrafos é que o conceito caiu em tamanha vulgaridade conceitual
que, independente do tema que esteja em pauta, o território virou sinônimo de todos
os outros conceitos geográficos: onde era para ser paisagem, fala-se em território;
onde seria uma região, define-se como território; nas situações de lugar, sobressai-se
a força vocabular do território; e na abordagem ambiental, o território é o suposto eixo
de (des)articulação dos elementos ambientados.
Seguindo esse raciocínio, como podemos definir então a territorialidade e o território
de um ecomuseu ou museu comunitário? Certamente não poderá ser nos moldes hoje
prescritos pelo “modismo” intelectual e pelos movimentos sociais, incluindo vários
ecomuseus brasileiros que tem confundido território com lugar, paisagem, região,
ambiente/ambiência...
Lugar
Lugar, frequentemente, é o conceito que desperta a atenção para o lado afetivo,
experiencial e vivido (ou mesmo lúdico) das relações sociais espacializadas. Lugar é o
espaço do encontro, da conexão de trajetórias sociais e naturais que perfazem um
espaço específico, único. Ao contrário das leituras feitas por alguns geógrafos
“territoriólogos” (SAHR, 2009), o conceito de lugar não ignora as relações de poder e
muito menos adelgaça o político, sendo este parte integrante dos processos de
reconhecimento, ordenação e reprodução dos lugares. Lugar está ligado à
conformação da identidade geográfica partilhada pelos sujeitos que usufruem daquele
espaço de encontro de estórias/trajetórias sociais e da natureza (MASSEY, 2008).
No entanto, lugar parece não ser um conceito tão requisitado pelos museólogos e
outros agentes culturais. Isso se deve ao feitio ingênuo, parcimonioso e lacunar que o
conceito carrega. Por isso, Anthony Giddens prefere o termo locale; na França, a
paisagem é o conceito mais utilizado tanto por geógrafos (Alain Roger, Roger Brunet,
Augustin Berque, Paul Claval) quanto por sociólogos e filósofos (Michel Maffesoli,
Gilles Lipovetsky, Pierre Sansot); na Grã-Bretanha e no sul dos EUA, a região está
sendo recolocada como conceito-matriz nas Geografias Humana e Cultural
(CARDOSO, 2011); já no Brasil, o território emergiu com força total nos últimos anos
(HAESBAERT, 2010, 2007, 2004), enquanto a região segue a sua linha de
protagonismo nas escalas intraurbana, interurbana e nacional.
215
A região, vista frequentemente como conceito situado no limbo entre o local e o
nacional, agora se depara com as exigências contemporâneas de valorização da
esfera do lugar, dos sentidos de lugar, do lugar praticado‡‡‡‡‡‡‡. E com essa
reapreciação do lugar, a museologia encontra terreno fértil para expandir suas ideias e
agenciamentos. Ver regiões nos interstícios das cidades e em outras instâncias
espaciais ainda é um caminho novo na Geografia brasileira.
A título de introdução, o lugar é a rede de relações instauradas num espaço-tempo
específico. É na (des)articulação e na integração ou fragmentação dos fenômenos
sociais numa matriz localizável de inter-relações que o lugar é produzido. Os
encaminhamentos do lugar são feitos na reprodução cotidiana das atividades materiais
e nas memórias, afetos e imaginações que geram aquele sentimento de pertencimento
que faz toda pessoa humana dizer “este é meu lugar”. Peter Davis (1999) assinala que
o sentido de lugar (sense of place) é um dos pilares básicos da ação ecomuseológica,
devendo ser potencializado em todos os sentidos e situações.
E realmente, nos últimos anos o foco principal dos ecomuseus tem sido a busca e
salvaguarda do sentido, ou melhor, do “espírito do lugar” (CORSANE, s/d). Do Oriente
ao Ocidente, a ação ecomuseológica tem se resumido a cadenciar da melhor forma
possível a equação “território + patrimônio + memória + população” (CORSANE, 2008,
p. 3), cujo resultado, para Davis, é que o ecomuseu, independentemente do contexto
sociopolítico, sirva “para conservar e interpretar todos os elementos do meio ambiente
de forma que se garanta a continuidade com o passado e um sentido de pertença”
(1999, apud PÉREZ, 2009, p. 194).
Um panorama geral dos ecomuseus e dos museus comunitários brasileiros nos faz
entender que o lugar é a dimensão que se faz subentendida nos desenvolvimentos
teóricos e laborais de cada uma dessas instituições. O lugar só não é elevado a
categoria de ação teórica primordial tanto pelas condições acima descritas (visão
simplória do conceito) quanto pelo fato de que é o território que tomou as rédeas no
discurso museal, sendo usado de modo indiscriminado e a-crítico. Resta saber se o
lugar seguirá seu percurso ou se novas perspectivas abrirão “espaço” para o debate
sobre o modo como o ecomuseu e o museu comunitário podem participar na produção
do lugar, usando a memória (conceito basilar da museologia) como elemento
ordenador dos afetos e imaginações que dá à coletividade local poderes para
compreender, apropriar-se, labutar e ressignificar o seu espaço-Mundo (SAHR, 2007)
como patrimônio cultural a ser usufruído de maneira consciente e solidária por todos.
Considerações finais e uma agenda de pesquisa
O museu é um sistema de (in)formação, uma estrutura espacial privilegiada onde se
trabalha a memória, o imaginário, as coleções e a formação dos sujeitos para agendar
compromisso com o patrimônio cultural. Na perspectiva do museu comunitário, isso
fica mais evidente, pois a sua finalidade é ser
(...) um centro de gestão cultural com encontros e diálogos, como um
dinamizador do entorno comunitário, sendo a instância onde convergem
os distintos atores culturais e fomenta a exploração, o descobrimento, as
trocas intelectuais e as renovações (SANTANA, 2011, p. 2).
Dotada de uma forma de comunicação específica, a comunicação museológica, o
museu ganha notoriedade quando o seu raio de atuação geográfica consegue abarcar
todas as formas e conteúdos dignos de serem apropriados, catalogados e
apresentados ao público. Nessas situações, a criação de ambiências é crucial para
afirmar o aspecto interativo do acervo e do patrimônio, convidando a população a criar
uma relação estética com o produto musealizado. Por estética, defino-a como “a
experiência da sensação pela potencialização da forma”, na qual “derivam o
importante fenômeno do encantamento dos sentidos” (YÁZIGI, 2006, p. 70).
‡‡‡‡‡‡‡
Para ter uma ideia da ambivalência dos dois conceitos, na Geografia britânica, região é quase
sempre sinônimo de lugar; nos EUA, também. Já em outros países, a discussão toma diferentes matizes.
216
Muitos dos dilemas geográficos ocorrentes na gestão museal brasileira derivam de
atitudes e posicionamentos ideológicos tomados já nas primeiras etapas de
musealização de um espaço. A fase de planejamento e de implantação do museu é
muito importante para saber que tipo de geograficidade/espacialidade se quer
musealizar. Dentre os erros, está a falta de critérios sobre a base ontológica espacial
que o museu almeja registrar, patrimonializar e conservar; as estratégias espaciais
que são, em geral, deixadas em segundo plano; e a falta de cuidado quanto às
tensões horizontais e verticais não condizentes com o núcleo duro de significado que o
conceito de território, por exemplo, apresenta. Falo em núcleo duro de significado
porque, em virtude da condição pós-moderna que solapou tudo o que se dizia estável,
autêntico e não-problematizável, as ciências, artes e outros saberes-fazeres estão
diante da armadilha, já alertada por inúmeros autores, de se estender os conceitos a
tal ponto que o sentido fica inteiramente comprometido. Fala-se de algo, quando na
verdade está se referindo o outro caso que, linguisticamente falando, já está
repertoriado em outro conceito. Em geografia, o território tem passado por esse
processo.
Por fim, devemos pensar se os ecomuseus e museus comunitários – e coloco aqui
também os “pontos de memória”, iniciativa recente do IBRAM (Instituto brasileiro de
Museus) que intenta estimular iniciativas comunitárias de registro das memórias
individuais e coletivas locais – são heterotopias, evocando a clássica acepção
foucaultiana (2006), ou se encerram outras naturezas topológicas. Agindo assim,
podemos pensar então em situações de endotopia (endo = interno + topia = espaço =
espaços de percepção e), ritotopia (rito = cerimonia + topia = espaço = espaços de
ritualização) ou “oligotopia” (oligos = poucos + topia = espaço = espaços de/para
poucos) presentes na dinâmica (eco)museológica comunitária. Enfim, trata-se de
questões e de dúvidas geográficas ainda em fase de germinação (ao menos no
contexto brasileiro), mas que precisam ser urgentemente discorridos à luz das novas
reflexões trazidas pelos geógrafos humanos.
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AÇÕES DO ECOMUSEU DA AMAZÔNIA NA ILHA DE COTIJUBA/PA:
POSSIBILIDADES DE INTERPRETAÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURAL E
CULTURAL LOCAL
219
Roberto de Mendonça França Junior*
Belém - Pará - BRASIL
RESUMO
Esta pesquisa tem como foco as ações do projeto Ecomuseu da Amazônia e os
fazeres de comunidades ribeirinhas. O Ecomuseu da Amazônia foi criado em 2007,
com base nos interesses e as aspirações das comunidades urbanas, rurais e
ribeirinhas que o constituem, partindo da memória coletiva como um referencial básico
para o entendimento e a transformação da realidade presente na região. Buscando
entender como essas comunidades participam do processo para a conservação do
acervo natural e cultural, de seus espaços de convivência com o ambiente, este
trabalho tem por objetivo analisar como se processam as ações do Ecomuseu
referentes à capacitação de recursos humanos e à reafirmação dos processos
históricos, culturais e ambientais pautados nas ações de entendimento do conceito de
patrimônio cultural. A pesquisa foi realizada nas comunidades do Poção e da Praia
Funda, ambas localizadas na Ilha de Cotijuba/Pará. Para fins da pesquisa foram
analisados documentos das Diretrizes internacionais para a criação de uma nova
museologia, voltadas principalmente para as questões relacionadas com o homem e o
meio ambiente, conceitos sobre ecomuseus e museus comunitários, além das
propostas definidas durante a implantação do Ecomuseu da Amazônia, em Julho de
2007, em Belém do Pará, onde, após análise das atividades desenvolvidas nas
comunidades em questão, realizadas através do preenchimento de fichas de
identificação dos fazeres da comunidade. Os resultados indicam a necessidade de
ações de valoração do conhecimento de comunidades que ainda utilizam os saberes
de forma sustentável, buscando recursos da floresta ou aqueles considerados menos
industrializados em suas produções. Percebeu-se que as propostas de Ecomuseus
coadunam com as práticas comunitárias, visando à valoração da comunidade local.
Palavras-chave:
patrimônio
cultural,
ecomuseu,
valoração
territorial.
ECOMUSEUM OF SHARES OF THE AMAZON ISLAND COTIJUBA / PA:
INTERPRETATION OF THE POSSIBILITY OF NATURAL AND CULTURAL
HERITAGE SITE
ABSTRACT
The purpose of this research focuses on the actions of the Amazon Ecomuseum
project and the activities of riverine communities. The aim is to examine how the
actions of the Ecomuseum happen on the training of human resources and the
reaffirmation of the historical, cultural and environmental processes ruled by actions of
understanding of the cultural heritage concept. The survey was conducted in Poção
and Praia Funda, both located on the island of Cotijuba/Pará. For purposes of this
study, documents of the International Guidelines for the creation of a new museology
were analyzed, focused mainly on issues related to man and the environment,
concepts of ecomuseums and community museums, besides the proposals set during
the implementation of the Eco-museum of the Amazon in July 2007, in Belem of Pará,
where after analysis of the activities made in the communities aforementioned, held by
the filling of identification form about the community activities, directed to results that
indicate the necessity of actions which can value the knowledge from communities that
still use the knowledge resources sustainably using the forest sources or the ones
considered less industrialized in their productions. It was perceived that the
*
Mestre em Ciências Ambientais pela Universidade de Taubaté, membro suplente da Associação
Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários – ABREMC desenvolveu atividades como técnico do
Ecomuseu da Amazônia. [email protected]
220
Ecomuseums purpose join with community practices, for appreciation of the local
community.
Key words: cultural heritage, Ecomuseum, land valuation.
Introdução
O conceito de museu tradicional sempre esteve guiado pelo sentido de sacralização
dos museus, entendido como instituição dedicada a buscar, conservar, estudar e
expor objetos de interesse duradouro visto antes como templos criados para a morada
das musas.
A necessidade de se criar um elo entre o território, as pessoas que nele habitam e as
políticas de desenvolvimento local, fez surgir na Europa em países como Itália, França
e Portugal, na década de 1970, seguido posteriormente pelos Estados Unidos, um
novo sistema museológico atrelado ao patrimônio cultural em comunidades
denominado de Ecomuseu (RIVIÈRE, 1983).
Tais experiências nascem, sobretudo, de socialização, de envolvimento das
populações ou comunidades implicadas em seu raio de ação e, neste cenário, o
conceito de patrimônio cultural tem proporcionado à valorização do acervo da
comunidade expandindo valores sociais e identificando os saberes e fazeres das
populações em questão (VARINE, 1987).
A presente pesquisa está relacionada às atividades culturais desenvolvidas no âmbito
das comunidades do Poção e da Praia Funda, ambos localizados na Ilha de
Cotijuba/Pará. Este trabalho tem como objetivo compreender como se processam as
ações de desenvolvimento local a partir da valoração do patrimônio cultural e das
metodologias de ecomuseus.
No município de Belém, a Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Educação
criou, em 2007, o Ecomuseu da Amazônia, que se configura como um museu
território, cujo desafio é integrar os diversos segmentos da comunidade, estes com o
meio ambiente, promovendo a conscientização e valorização de sua história, influência
da herança cultural e de seu patrimônio natural e cultural (BELÉM, 2007).
A proposta de criação do Ecomuseu da Amazônia surge a partir da implantação de
políticas de desenvolvimento que respeitem e preservem as características de cada
região, e que apresentem medidas de preservação e de reposição, que integrem o
homem ao seu meio ambiente. Medidas evidentes na metodologia utilizada pelos
ecomuseus e museus comunitários, e que se apresentam pautadas em uma proposta
de educação que conduz a população envolvida, ao processo de descoberta de seus
próprios objetivos, a engajar-se coletivamente nas questões sociais pertinentes ao
mundo contemporâneo e a vivenciar seu processo histórico (MARTINS, 2005).
Evidenciaram-se as diversas formas de interpretação do patrimônio, através da análise
das atividades desenvolvidas pelo Ecomuseu da Amazônia. O patrimônio enquanto
expressão significa não sinônimo de gabinetes de curiosidade, ou instituições
educativas e culturais em si. Desta forma, como a comunidade estaria compreendendo
a importância do seu patrimônio para o processo educativo participativo.
Definição e evolução conceitual de Ecomuseu
Riviére comenta que essencialmente ecomuseu é a fusão de dois museus, um, sendo
de espaço (a céu aberto) e outro, do tempo (museu coberto). O museu do espaço
comporta um conjunto controlado de terrenos contínuos ou descontínuos, unidades
ecológicas representativas do meio ambiente regional.
Um ecomuseu é um instrumento que um poder e uma população
fabricam e exploram juntos [...] Um espelho onde esta população se
olha, para se reconhecer, onde ela procura a explicação do território
onde vive, onde viveram as populações precedentes, na
descontinuidade ou continuidade das gerações [...] Uma expressão
221
do homem e da natureza. O homem interpretado em seu meio
natural. A natureza interpretada em seu estado selvagem, mas
também na medida em que a sociedade tradicional e a sociedade
industrial adaptaram-na à sua imagem (RIVIÉRE, 1983).
Segundo o autor, o ecomuseu pode ser entendido como uma ferramenta de
empoderamento cultural, desde que as comunidades participem do processo,
resignificando suas ações, seus espaços de convivência com o ambiente e o reflexo
de sua relação com o meio ambiente.
Na definição de Pereiro (2002) os primeiros autores a discutir o tema ecomuseu são:
Franz Boas, Pierre Mayrand, Paul Rivett, Mário Moutinho, Hugues de Varine-Bohan e
George Henri Riviére. Estes autores influenciaram a mudança da concepção de
museu, dando ênfase em localizar os objetos em seus contextos sociais, vivenciados
por uma população local.
Martins (2005) relaciona, como vemos a seguir, diversas experiências sobre
Ecomuseus em Seixal (Portugal), Molinos (Aragão, Espanha) principalmente no
Canadá e museus comunitários em diversas partes do mundo, incluindo no Brasil,
como o de Itaipú, no Paraná.
Declarações Internacionais
Segundo Oliveira (2009) a denominada “Nova Museologia, Museologia Comunitária,
Ecomuseologia”, surge em diferentes regiões do mundo a partir da década de 1970,
após a realização de Mesa-Redonda em Santiago do Chile, sob orientação da
UNESCO e coordenação do Conselho Internacional de Museus – ICOM.
É nesta perspectiva que começa a ser moldada uma museologia de caráter mais
social, mudando o foco da lógica, de constituição da “coleção”, pois os patrimônios
materiais e imateriais deveriam primeiramente fazer parte de vivências do presente e o
público usuário teria uma participação mais ativa, criadora, colaboradora, participativa
e não mais contemplativa, somente de espectador (VARINE, 1987).
Outra mudança importante na intensificação de seus esforços e na
recuperação do patrimônio material e imaterial é a modernização das técnicas
museográficas tradicionais, com o intuito de estabelecer uma melhor relação entre o
objeto e o visitante, tornando as suas coleções mais acessíveis a todos os públicos,
principalmente ações relacionadas à comunidade (STUDART, 2003) comenta que:
Segundo Studart (2003), a Declaração de Quebec (1984) pode ser interpretada como
a continuidade do movimento da nova museologia pois, no documento, torna-se
evidente que o mundo contemporâneo associe os meios de desenvolvimento por
intermédio de uma gestão democrática, comunicativa, que envolva os mais diversos
saberes e fazeres, reconhecendo-os como integrantes da museologia ativa, através
dos conhecimentos de gerações passadas, interligando-as com as presentes,
associando-as ainda aos projetos do futuro, o autor afirma ainda que:
a comunidade museal internacional seja convidada a reconhecer este
movimento, a adotar e a aceitar todas as formas de museologia ativa
na tipologia dos museus (STUART, 2003).
O Encontro de Caracas, ocorrido na Venezuela em 1992, por iniciativa da UNESCO,
tendo como tema “A missão do museu na América Latina hoje: novos desafios”,
congregou representantes de 10 países latino-americanos, com o objetivo de refletir
sobre o museu enquanto agente de desenvolvimento integral de uma região, tendo
como referência os princípios da Mesa-Redonda de Santiago, atualizando os
conceitos estabelecidos nessa conferência,
com o objetivo de renovar os
222
compromissos assumidos anteriormente, considerando sempre a situação latinoamericana daquele momento que passava por um acelerado processo de mudança.
Segundo Varine (1987), a Mesa Redonda de Santiago, reforçada pela Declaração de
Caracas, amplia-se até incorporar a utilização do patrimônio natural e cultural que, a
principio, estava fora do âmbito dos museus. A idéia do território enquanto museu faz
seu caminho, quer seja em Seixal (Portugal), Molinos (Aragão, Espanha) e Santa Cruz
(Rio de Janeiro).
Priosti, ao se referir sobre a dimensão político-cultural dos processos museológicos
oriundos de comunidades e populações autóctones, nos revela algumas experiências
inovadoras que surgiram no Brasil e conclui que por terem surgido nas comunidades,
desvelam e reafirmam seu potencial de interesse pelo patrimônio, segundo a autora:
A militância de seus atores, gestores e beneficiários, através de
animadores saídos do próprio meio, assegura a continuidade do
processo, mostrando o compromisso de um engajamento fiel, que se
dispõe a contaminar outros membros e, num plano mais global,
alcançar outras comunidades, em fóruns nacionais e internacionais,
referendando a sua prática comunitária de gestão do patrimônio para
a construção da democracia local e participativa (PRIOSTI 2007).
Valoração do patrimônio cultural da comunidade como forma de
reconhecimento de sua identidade
Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional - IPHAN (2007), a
trajetória do patrimônio é marcada por tensões, rupturas a continuidades no campo da
museologia. Assim como os museus, o patrimônio busca outros espaços e
abordagens na sociedade e dentre estes, não podemos excluir a comunidade local. A
partir de 1970, um grupo de estudiosos em Museologia começou a pensar nas
possibilidades de maior relação dos museus clássicos aliados a outros segmentos
como, por exemplo, as questões ambientais. Desta forma, surgem os ecomuseus, os
museus comunitários e os museus de território, que podem ser entendidos como
resultado desse pensamento. Esta nova proposta museológica se diferencia dos
museus tradicionais pela importância que dão ao território, ao patrimônio e à
comunidade, em relação à ênfase dada pelo museu tradicional aos prédios
institucionais, coleções e visitantes.
Rivière (1983), afirma que para se conhecer uma comunidade, uma população, um
povo, se faz necessário recorrer ao entendimento de seus hábitos, sua forma de viver,
suas expectativas e suas manifestações folclóricas, onde se refletem seus valores e
sua história, compondo o que hoje entendemos como cultura.
Definição de Patrimônio Cultural
Segundo definição do dicionário Aurélio, Patrimônio é a herança paterna, bens de
família, riqueza, patrimônio natural, moral, cultural, intelectual etc. Ampliando um
pouco mais essa visão, vê-se que é patrimônio cultural e ambiental, o conjunto dos
elementos históricos, arquitetônicos, ambientais, paleontológicos, arqueológicos,
ecológicos e científicos, para os quais se reconhecem valores que identificam e
perpetuam a memória e referenciais do modo de vida e identidade social.
No Art. 216, § 1º da Constituição Federal do Brasil de 1998 consta: “O Poder Público,
com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural
brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação,
e de outras formas de acautelamento e preservação.”
O IPHAN, define o patrimônio em 3 grandes categorias.
Tabela 1: Categoria de Patrimônio segundo o IPHAN
223
O Natural
O Material
O
Imaterial
São os elementos pertencentes à natureza, ao meio ambiente, Ex: as
cachoeiras, os rios, as matas, os animais etc.
São os bens móveis que podem ser transportados tais como objetos de
arte, documentação histórica escrita, fotografias, artefatos etc. e os bens
imóveis como os edifícios, núcleos urbanos, sítios arqueológicos e
paisagísticos e bens individuais.
É todo o conhecimento do homem aplicado no meio em que vive. É o
saber, o fazer, o expressar. Por ex: o polir a pedra, o cortar uma árvore,
o transformá-la em outro objeto.
Fonte: IPHAN, 2007, modificada pelo autor (2010).
O Ecomuseu da Amazônia como forma de desenvolvimento comunitário
A proposta está pautada no repensar os problemas das comunidades envolvidas: Ilha
de Caratateua, Ilha de Cotijuba, Ilha do Mosqueiro partindo do Distrito de Icoarací,
justifica-se esta área por fazer parte da região insular de Belém, porém não na sua
totalidade, uma vez que se configuram como experiências inéditas na região norte,
além de geograficamente serrem bastante extensas. A intenção da proposta inclui a
percepção e valorização dos aspectos sociais, políticos, econômicos, culturais e
educacionais de cada região, a partir da valorização da memória social, no
pensamento em relação às problemáticas ambientais na reafirmação dos fazeres
como forma de reconhecimento cultural e na participação coletiva como contribuição
para o desenvolvimento local. O Projeto reúne, em suas ações, objetivos ligados
diretamente aos interesses do Planeta, como a preservação do meio ambiente e a
sustentabilidade, é um museu que tem um conjunto de bens preservado e as portas
abertas ao público, possuindo um grande acervo, só que aberto, onde obras, artistas e
espectadores convivem naturalmente, muitas vezes sem saber que constituem os
elementos fundamentais desse contexto.
Miller (1997), afirma que o planejamento biorregional necessita do engajamento de
diversos segmentos da sociedade, sendo este um fator importante para garantir a
sustentabilidade e o processo de desenvolvimento de uma região.
A oficialização do Ecomuseu da Amazônia
A carta de Belém
A carta de Belém é um documento que aponta as diretrizes firmadas durante a
realização do Seminário de Implantação do Ecomuseu da Amazônia, realizado em
Belém, no período de 08 a 10 de junho de 2007, fundamentadas nas experiências
pioneiras nacionais e internacionais de museus comunitários e ecomuseus que
reforçaram e convalidam a militância da Nova Museologia (BELÉM 2007).
Segundo Martins (2005), desta forma a conservação e preservação do patrimônio se
efetiva, porém atrelada a ações de educação patrimonial, pois os conceitos são
relativos, pode-se achar que determinada construção como o Educandário Nogueira
de Faria, criado na década de 20, seja um bem patrimonial, fato este não aceito pela
comunidade pela memória negativa que este prédio consolidou nas pessoas da
comunidade, uma vez que serviu de cadeia e espaço de tortura. Registros orais de
moradores mais velhos da ilha afirmam as situações vividas pelos presidiários. No
entanto percebemos que o patrimônio natural da ilha, através de suas belas
paisagens, belas praias de rio, a quantidade de peixe e frutos encontrados na ilha,
indica a necessidade de estimular as instituições governamentais visando à melhoria
da qualidade de vida das populações.
Metodologia
O importante na aplicação desta metodologia é que ela se inicie a partir do bem
cultural e segue basicamente as seguintes etapas:
224
1.
Identificação do Bem Cultural
Observação e análise
2.
Registro do Bem Cultural
Atividades de registro da identificação
3.
Valorização e Resgate
Interpretação e comunicação do observado e registrado.
A primeira etapa na qual se denominou de Identificação desenvolveu-se atividades
ligadas à observação e análise de: materiais, dimensões, formas, elementos, cores,
texturas, organização, usos, funções, valores, relações.
A segunda etapa denominou-se de Registro, compreende as atividades de registro
das percepções realizadas, tais como: desenhos, fotografias, relação da peça com o
cotidiano das comunidades, além de atividades de pesquisa e coleta de dados;
A terceira etapa Valorização e Resgate é o resultado da apropriação da experiência
vivenciada, realizando-se nesta etapa a interpretação e comunicação de tudo que foi
percebido e registrado. É nesta etapa que se manifesta a capacidade de criação e de
que forma o Ecomuseu da Amazônia vem desenvolvendo ações para melhoria e
salvaguarda desses bens culturais.
Modelo de ficha de levantamento de bens produzidos pela comunidade
Roteiro para identificação e análise de produtos produzidos pelas
comunidades da Ilha de Cotijuba
Especificação da peça:..........................................................................................
Dimensões
da
peça:...............................................................................................
Desenho/forma:.....................................................................................................
Grupo:....................................................................................................................
Matéria prima:........................................................................................................
Utilizou recurso natural da ilha? Qual?.................................................................
Possui
material
industrial
na
composição?
Qual?..................................................
Valor/significado....................................................................................................
Comercialização:....................................................................................................
Tabela 2. Parâmetros utilizados a fim de identificar patrimônios existentes na
ilha
CATEGORIAS
Patrimônio
natural
ELEMENTOS DE AVALIAÇÃO
Paisagem natural e construída
TÉCNICAS
Observação
Patrimônio
cultural
Aspectos físicos, desenho, forma, matéria Ficha
prima, quantidade produzida e tempo de coleta
produção.
de
A partir dos dados coletados, percebeu-se o entendimento dos conceitos de
ecomuseus e a importância da participação da comunidade no processo de
construção e compreensão dos aspectos simbólicos relativos aos bens em questão.
A coleta de informações do levantamento da caracterização física dos bens culturais e
ambientais existentes na área, o estudo de natureza exploratória sobre a identidade e
o cotidiano de duas comunidades: Poção e Praia Funda, localizadas na Ilha de
Cotijuba, no estado do Pará, além das vivências com as comunidades em questão,
permitiram que se pontuasse a dinâmica das relações sociais e os diversos espaços
de produção de trabalhos, envolvendo os recursos da floresta e o grau de
225
entendimento que os envolvidos possuem ou não, em relação às questões ligadas ao
que se denomina patrimônio cultural e das ações implantadas e desenvolvidas pelo
projeto.
Resultados e discussões
A carta de Belém (2007) prevê a garantia ao acesso de programas de formação e
qualificação em ecomuseus, acesso ao conhecimento principalmente de referências
de bens culturais e naturais porém, o processo documental não se limita ao registro do
acervo. Busca-se, por meio da cultura qualificada, produzir conhecimento elaborado
no processo educativo, realizando ações de pesquisa. No entanto, o que deve ser
atrelado a este conhecimento adquirido é o da comunidade, conceitos de museologia,
sustentabilidade e valoração local, o que ainda é novo para esta população, uma vez
que a maioria das pessoas envolvidas no processo não conhece a realidade da capital
do estado e se recente por políticas públicas; no entanto, começam a se identificar
com as propostas apresentadas de outras experiências de organização social.
O trabalho desenvolvido pelo Ecomuseu da Amazônia relacionado a questões
ambientais está pautado na percepção do ambiente e a relação do espaço construído
pelo homem na ilha de Cotijuba, levando em consideração a ocupação desordenada,
a limpeza das praias, a valorização da paisagem natural como forma de qualidade de
vida da comunidade, além de entender o patrimônio natural como um grande território
de relações.
Segundo Varine (2007), palco das relações que os atores ou agentes realizam no
mundo vivido e que produzem o lugar e se desvela a relação homem e meio ambiente.
Destacaram-se algumas atividades produtivas, comerciais e culturais que envolvem as
comunidades, influenciando assim na construção e transformação do lugar com a
produção de peças em tecido, cerâmica, artesanatos em palha e sementes como
principais atividades diárias das famílias residentes na Ilha.
Considerações finais
A partir dos conceitos de Pereiro percebe-se que o Ecomuseu da Amazônia, do ponto
de vista internacional, segue princípios que são oriundos das variáveis que o
identificam como sendo um ecomuseu, como: Interpretação da paisagem, catalogação
dos bens culturais tendo como princípio o seu significado social, relação da população
com a idéia de habitarem um ecomuseu, porém o mais importante para este trabalho
está na interação da população com o ecomuseu (participação comunitária) e a
percepção e valorização do patrimônio cultural e natural.
Percebe-se que o resultado da pesquisa, realizada em uma de suas áreas de atuação,
denominada Ilha de Cotijuba, estado do Pará, tem se mostrado como uma ferramenta
da ação baseadas nas propostas na nova museologia, utilizada como metodologia,
visando à melhoria da qualidade de vidas das comunidades envolvidas no processo,
identificando os grupos existentes na ilha, potencializando o patrimônio local através
de ações de valorização, afirmação da identidade, valorizando os saberes e fazeres da
cultura local.
Além de promover encontros, visando o entendimento de temas relacionados a
políticas de proteção ambiental, de valorização patrimonial, valoração de áreas
protegidas e das possibilidades de criação de um ecomuseu baseados na sua
essência: partindo da vontade da própria comunidade, promovendo desta forma a
participação nas políticas públicas de grupo que produzem, transmitem e
salvaguardam manifestações culturais, bens matérias e naturais, resignificando assim,
a valorização de seu patrimônio de modo sustentável.
A partir do exposto é pertinente enfatizar que, mesmo com o desenvolvimento local, ao
colocar
o
território
como
centro
da
dinâmica produtiva e social, corrobora com a oportunidade de colocar todas as
potencialidades que a região oferece, mostrando como um recurso local,
pode
fornecer
uma
oportunidade
única
para
o
crescimento
e representa o identificador daquela comunidade.
226
Neste cenário, o conceito de patrimônio cultural tem sido apresentado como
ferramenta para analisar, enumerar, catalogar e definir os valores estéticos de uma
região e se expandiu para incluir os valores sociais, abarcando os campos intangíveis.
O território nada mais é do que o palco de ações e relações realizadas cotidianamente
no seio dessa comunidade, que por meio de suas vivências diárias constroem seu
mundo vivido ou “lugar-mundo-vivido”. Podemos entender que as iniciativas de
Ecomuseus traçam os caminhos para a salvaguarda das culturas de povos e que as
novas museologias, entendidas como um renascer das ações museais, a partir de
situações envolvendo as iniciativas comunitárias e intervenções participativas, se
reconhecem pelo engajamento às lutas sociais.
Pode-se afirmar que nas comunidades que habitam a Ilha de Cotijuba a interação e
co-participação são notadas, pois os indivíduos dos grupos buscam maior integração
entre si por meio das relações sociais realizadas no cotidiano. Tal realidade,
observadas a partir das relações sociais dentro da comunidade, são frutos das
vivências comunitárias locais, representações percebidas em vários aspectos, visando
à construção e (re) construção do lugar na Ilha de Cotijuba (PA).
Através da fundamentação de trabalhos de vários autores, chegamos à conclusão de
que a Ilha de Cotijuba é considerada como o lugar, em que a comunidade que lá
reside já aplica ações relacionadas aos processos de experiências de Ecomuseus,
uma vez que os moradores se reconhecem em seu lugar por meio do envolvimento
com outros sujeitos e ambos com o meio, (re) constroem seu lugar se reconstruindo
junto com ele diariamente.
Referências
BELÉM. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de Educação – SEMEC.
Ecomuseu da Amazônia. Belém, 2007. 16p.
BRASIL. Ministério da Cultura/IPHAN 10ª Superintendencia Regional do Paraná.
Preservação do patrimônio cultural (cartilha). Curitiba: 2007.
IPHAN, Cartilha de Preservação do patrimônio cultural, Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, 10ª Superintendência Regional/Paraná.
Curitiba, 2007.
MARTINS, Maria Terezinha Resende. Ações dos ecomuseus para a proteção
ambiental: o caso Ecomuseu do Cerrado. 2005. Dissertação (Mestrado em
Planejamento e Gestão Ambiental) – Programa de Pós-graduação em Planejamento e
Gestão Ambiental. Universidade Católica de Brasília, Distrito Federal, 2005.
MILLER, K. Planejamento Biorregional.: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos
Recursos Naturais Renováveis, Brasília,1997.
OLIVEIRA, Edinete Pinheiro de; Concepção e implantação do Ecomuseu da
Amazônia: o estudo de suas possibilidades a partir do Distrito de Icoaraci
(Paracuri e Orla)/ e Oliveira. – Belém: Universidade da Amazônia - Unama, 2009.
PEREIRO, Xerardo. Do Museu ao ecomuseu: os novos usos do patrimônio cultural.
Disponível
em:www.miranda.utad.pt/~xerardo/PUBLICA%C7%D5ES/MUSEUS%20DE%20ANTR
OPOLOGIA/DO%20MUSEU%20AO%20ECOMUSEU.doc>. Acesso em: 19 jun. 2008.
PRIOSTI, Odalice Miranda. A Dimensão político-cultural dos processos
museológicos gestados por comunidades e populações autóctones. Disponível
em: <http://www.abremc.com.br/artigos1.asp?id=8>. Acesso em: 03 FEV. 2009.
227
RlVIERE, Georges Henri. Definição Evolutiva do Ecomuseu. Informação e
comunidade de Creusot- Montceau- les Mines, n. 8, 1983.
VARINE, Hugues de e PRIOSTI, Odalice M. O Novo museu das gentes brasileiras:
criação, reconhecimento e sustentabilidade dos processos museológicos comunitários.
Disponível em: <http://www.abremc.com.br/artigos1.asp?id=10>. Acesso em: 29 nov.
2008.
_____________, O Tempo Social. Rio de Janeiro: Eça Editora, 1987.
STUDART, D. C (Org.). Conceitos que Transformam o Museu, suas Ações e
Relações, “não paginado”. Mimeo. México, 2003.
SISTEMA DE FORMAÇÃO INTEGRADO NO PROGRAMA DE PRESERVAÇÃO DO
PATRIMÔNIO CULTURAL DA REGIÃO DO ANGLO-PELOTAS/RS
Heron Moreira - RS - BRASIL*
Matheus Cruz**
Luana Gonzalez Bassa***
Noris Mara Pacheco Martins Leal***
Universidade Federal de Pelotas
ABSTRACT
Extension as one of the basic activities of the university is constantly discussed and the
target of several analyzes in many fields of knowledge. In the case of museums and
cultural heritage is no different, university museums are in that facet of their university
environment, are excellent places for extension, and thus seek funding and financing,
or human resources to manage their collections. The growing number of Museology
courses in Brazil has generated an explosion of university extension projects related to
museums and cultural heritage, and to understand this as a phenomenon, we
discuss the case of the Program for the Preservation of Cultural Heritage
of the Anglo Region, university extension Museology Course developed by the Federal
University of Pelotas, in the region known as "Anglo", which was established to be a
refrigerator, which boosted the economy of the region at the time of their
activities. This project was approved by PROEXT Program (University Extension) of
the Federal Government.
Keywords: University, Extension, Museums, Community
RESUMEN
El presente trabajo tiene como objetivo fomentar la creación de un sistema integrado
deformación de mediadores comunitarios que se aplica en el Programa para la
Preservación del Patrimonio Cultural de la región anglo, cuyo objetivo es la formación
de un Museo Comunitario. El interés de esta investigación se justifica por
la ineficienciade las estrategias en los programas de capacitación para los agentes de
*
Heron Moreira – Acadêmico do Curso de Bacharelado em Museologia – Bolsista de extensão do
Programa de Preservação do Patrimônio Cultural do Anglo.
**
Matheus Cruz – Museólogo na Universidade Federal de Pelotas, Mestrando em Memória Social e
Patrimônio Cultural – PPGMP/UFPEL.
***
Luana Gonzalez Bassa – Acadêmica do Curso de Bacharelado em Museologia – Bolsista de Iniciação
Científica, FAPERGS, no projeto Políticas públicas de patrimônio: o caso de São Lourenço do Sul, RS,
Brasil
****
Professora do Bacharel em Museologia, Coordenadora do curso e coordenadora do Programa
PROEXT “Preservação do Patrimônio Cultural da Região do Anglo” – ICH/UFPEL
228
los mediadores de la comunidad, ya que sólo hacen que las reuniones guiadas por la
imposición de normas y estándares, eliminando así los intereses reales de la
comunidad.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo a fomentação da criação de um sistema
integrado de formação e capacitação de mediadores comunitários para ser aplicado no
Programa de Preservação do Patrimônio Cultural da região do Anglo§§§§§§§, que visa a
formação de um Museu comunitário. O interesse desta pesquisa justifica-se pela
ineficiência de estratégias nos programas de formação de agentes mediadores das
comunidades, já que se tornam apenas encontros pautados pela imposição de regras
e normas, suprimindo assim os interesses reais da comunidade.
Segundo o Plano Nacional de Museus 2010, em uma de suas diretrizes referentes aos
Museus comunitários diz: “fortalecer sistema de formação e capacitação teórica e
técnica, das equipes e gestores dos museus comunitários, ecomuseus e pontos de
memória” ********, para tanto fica a indagação, como fortalecer este sistema de
formação sem sobrepor a comunidade e seus interesses? Ou ainda, como tornar essa
formação mais humana e duradoura? A partir destes questionamentos pode-se pensar
em metodologias que tornem esse processo real e inclusivo, onde as formas de
capacitar os agentes deve estar contextualizada a realidade da região do anglo.
Museus comunitários e a Região do Anglo††††††††
Os museus comunitários são uma reflexão sobre o presente. Essas organizações
surgem como propiciadores de senso crítico em momentos de crise e também como
forma de refletir atos importantes para a manutenção de culturas e suas diferenças.
Necessita-se que esse diálogo seja basilar á qualquer ação a ser empreendida junto á
sociedade e com a sociedade. O objetivo, como afirma SUANO é “criar consciência
cívica” ‡‡‡‡‡‡‡‡.
Neste contexto se insere a iniciativa do Museu Comunitário da região do Anglo, que vê
ao seu redor a transformação da sua paisagem e de sua realidade com a inserção do
campus universitário Anglo§§§§§§§§, reduto acadêmico que muda o cenário local,
afetando sua cultura e seu patrimônio, criando uma provável zona de conflito entre um
local dedicado a educação formal e uma população em situação de vulnerabilidade
social, descaracterizando a vivência destes bairros. Preservar o patrimônio desta
região se torna imprescindível para valorização das diversas comunidades ao redor do
campus, buscando tornar o desenvolvimento integral, sem que a instituição de ensino
desenvolva-se academicamente apenas apropriando-se desse território, mas levando
as ações em prol dessa população, de forma que sejam levados em conta a
identidade local, a perspectiva ecológica e a participação da comunidade.
A função social do museu assenta-se na relação entre homem/objeto/cenário*********,
ou seja, sem estas três competências não há dialogicidade, tornando o museu, neste
caso o objeto de estudo, apenas vitrine de itens e fazeres da comunidade e na maioria
das vezes representando o patrimônio sem preservar os agentes dessas memórias,
saberes e fazeres.
O projeto justifica-se na necessidade de tornar os conceitos museológicos e o
processo de formação do museu, passíveis de utilização de forma a contemplar os
§§§§§§§
Projeto aprovado pelo Edital 02/2012 – PROEXT, Ministério da Educação, proposta da Professora
Noris Leal, ICH/UFPEL.
********
Plano setorial de Museus, 2012, p. 115.
††††††††
A região do Anglo foi estabelecida geograficamente, pra fins metodológicos de atuação do Projeto,
sendo que compreende 5 bairros: Balsa, Navegantes I, II e III e Fátima, que são as comunidades que
cercam o Campus Anglo.
‡‡‡‡‡‡‡‡
SUANO, 1986, p.18.
§§§§§§§§
O Campus Anglo, da Universidade Federal de Pelotas, recebeu este nome por estar sediado no
Prédio onde funcionou até os anos 90, um frigorífico denominado com o nome supracitado, fechado por
falência e adquirido pela UFPEL.
*********
RUSSIO, W. p, 90;
229
interesses da comunidade e tornar a população partícipe desta ação, para que da
própria comunidade emane essa consciência coletiva do patrimônio e que dela se
nutra. Como afirma Cristina Bruno sobre as principais preocupações na aproximação
museu/sociedade,
1º identificar e analisar o comportamento individual e /ou coletivo do homem frente a
seu patrimônio; 2º) desenvolver processos técnicos e científicos para que a partir
dessa relação, o patrimônio seja transformado em herança e contribua para a
construção de identidades. †††††††††
Através do patrimônio material e imaterial da região do Anglo e da necessidade de
salvaguarda-lo, deve-se buscar o reconhecimento da comunidade e após aplicar
processos museológicos que tornem essa relação não apenas de pertencimento, mas
de protagonismo, almejando uma formação para que a própria população eleja as
diretrizes e que suas potencialidades humanas se tornem referenciais do processo de
musealização e que os agentes museais apenas sejam referenciais munidos das
ferramentas para este procedimento.
Consideramos o conceito de patrimônio, não nesta nomenclatura, mas o patrimônio
como um conjunto de ações e atividades, saberes e fazeres, memórias e identidades
intrínsecos aos moradores, já que a noção patrimonial é empírica e não obedece
conceitos formais, tem-se esses conceitos através da religiosidade, estrutura social,
economia, entre outras manifestações, considerando apenas a sua importância
individualizada e não de forma generalizada.
Sistema Integrado de formação e capacitação de agentes comunitários
A designação de sistema integrado de capacitação de agentes comunitários
compreende uma metodologia de atuação em relação ás ações museais, de formação
e capacitação a serem empregadas no Programa. Considera-se a questão da
integração por este processo se dar entre duas instâncias, 1) o projeto ligado a
UFPEL, que através dos métodos e instrumentos museológicos dará condições de
suporte e orientação, e por outro lado as 2) comunidades que tem interesse na
preservação de suas memórias.
Esta interação comunidade/Programa tem como propósito a formação de um Museu
Comunitário, sendo papel do projeto buscar extravasar tanto o patrimônio, como
também as dificuldades e problemas da região. A escolha por museu se dá a partir do
ideal de que este tipo de organização é potencializador da situação encontrada e fonte
de reflexão, ademais o objeto final a ser alcançado deve ser um espaço de reflexão
acerca da realidade e de salvaguarda do patrimônio, portanto não necessariamente
uma entidade museal. Este sistema será o emanador da vontade coletiva, que terá o
poder de decidir a melhor forma de trabalho almejada para esses procedimentos.
Com isso desejamos promover formas pedagógicas de instrumentalizar a comunidade
a se tornar formadora dela mesma, buscando a auto-suficiencia sem a presença direta
de meios externos para a criação do Museu, como é citado nos postulados Gerais em
relação a museus e comunidades do livro ICOM e o pensamento museológico
brasileiro em relação a atuação da museologia nestes processos:
[...] a implementação dos processos museológicos deve reconhecer
as diferentes comunidades a que se dirigem, procurando adequar de
ação e procedimentos metodológicos as diferentes peculiaridades
dos diferentes grupos sociais. Assim, com a ajuda dos métodos da
museologia e a participação da comunidade, “através da
transferência de seus conhecimentos específicos, de seu métodos e
‡‡‡‡‡‡‡‡‡
técnicas de atuação a grupos ‘não especializados
Considerações Finais
†††††††††
BRUNO, 1986. P. 111 -112
O ICOM e o pensamento museológico brasileiro, 2010, p. 84.
‡‡‡‡‡‡‡‡‡
230
O Sistema de formação integrado de mediadores da comunidade, no âmbito
museológico é uma proposta que vem de encontro á necessidade de tornar os
processos de formação e capacitação menos formalizados em seus conteúdos e não
impositivos, propiciando uma interação mais compreensiva e de fácil utilização pela
comunidade, sendo assim, é necessário que as comunidades internalizem este
sentimento e através de suas próprias competências, com o auxílio do projeto, os
agentes possam ser multiplicadores de ideias que são comuns aos moraadores.
Espera-se como impactos a apropriação da comunidade com o museu, multiplicação
dos conceitos museológicos de forma clara e empírica de maneira correta, porém
dentro da realidade local, através do sistema integrado de formação e capacitação e
seu agentes mediadores, com o intuito de reconhecimento do patrimônio material e
material e finalmente o envolvimento da comunidade com o museu, sendo assim seus
protagonistas e não apenas objetos de estudo.
Os riscos de falta de sucesso podem ser a falta de consciência da comunidade de que
o processo de formação do museu seja algo dado pronto pela universidade, principal
foco do problema apresentado e que esta como instituição tenha a obrigação de
agilizar o museu, já que ela esta causando o transtorno e trazendo possíveis prejuízos.
Além das dificuldades tem-se a falta de protagonismo social e/ou o distanciamento
com os conceitos de museus, que a primeira vista ainda se mantém como instituições
sacralizadas, e o patrimônio que se preserva é aquele físico e suntuoso, com valor
financeiro, como exemplo dos museus tradicionais, que mantém em suas políticas de
preservação baseados na história formalizada e física.
Bibliografia
BRUNO, Maria Cristina Oliveira.
Musealização da Arqueologia: um estudo de
modelos para o Projeto Paranapanema. São Paulo: FFLCH/USP, 1995. (Tese de
Doutorado).
Governo do Estado de São Paulo. O ICOM – Brasil e o Pensamento Museológico.
Org. Cristina de Oliveira Bruno. São Paulo, 2011.
Plano Nacional Setorial de Museus - 2010/2020 (2010: Brasília – DF) Ministério da
Cultura, Instituto Brasileiro de Museus. Brasília, DF: MinC/Ibram, 2010.
SUANO, Marlene. O que é museu. Coleção Primeiros Passos,. ed. Brasiliense. São
Paulo, 1986.
DISSEMINAÇÃO
DA
INFORMAÇÃO
PATRIMONIAL
INSTRUMENTALIZAÇÃO DE TERRITORIALIDADES
Rita de Cássia Oliveira Pedreira*
Cristiano Silva Cardoso**
Ana Cláudia Borges de Almeida*** - BA, BRASIL
MEDIANTE
A
RESUMO
A informação é emancipatória e é da sua competência, criar opções aos humanos,
guiando-os à educação patrimonial, alimentando usinas geradoras e gestoras de
*
Museóloga – UFBA; Especialista em Educação Ambiental para Sustentabilidade – UEFS; Egresso da
Universidade Federal da Bahia, em atividade na Faculdade de Comunicação - UFBA (realizando o
Inventário da Memória Social e dos Patrimônios de Acupe (Recôncavo baiano); integrante do grupo de
pesquisa RIZOMA – UEFS; [email protected]
**
Museólogo –UFBA; Especialista em Desenvolvimento Territorial Baiano (em curso) – UEFS;
Funcionário da Universidade Estadual de Feira de Santana; [email protected]
***
Gestora de Comunidades – Universidade Metropolitana de Londres; Presidente da ONG Animal Viva;
[email protected]
231
catalisadores das consciências dos bens patrimoniais. Apresentamos o patrimônio
como: originário no sentido de herança, aquilo que é deixado para outras gerações.
Bens que resultam em experimentações vividas por uma coletividade ou indivíduos, e
que se eternizam no tempo. Ou seja, uma sociedade atribui significação a algum
aspecto físico ou imaginário, implicando com isto uma significação histórico-cultural,
pressupondo uma gama de valor sobre o mesmo, ratificando a importância advinda
por gerações passadas que se prolongarão às presentes ou futuras. Já a ação de
preservar descrevemos como o ato de valorizar e resguardar o patrimônio por uma ou
diversas razões, imbricadas na significação do artefato, eleito, para tal representação,
em determinado espaço-temporal. Para tanto, instrumentalizar e expor como se dá a
disseminação da informação patrimonial e suas práxis diante de patrimônios é de
suma relevância no que se refere à sustentabilidade de territorialidades.
Palavras-chave: Patrimônios – Informação – Disseminação – Preservação Sustentabilidade.
ABSTRACT
Information is liberating and it is your responsibility to create options to humans,
leading them to heritage education, feeding power plants and management of catalysts
of the consciousnesses of the property. Here is the heritage as originating in the sense
of inheritance, what is left for other generations. Properties that result in experiments
experienced by an individual or collective, and that eternalize time. That is, a society
assigns significance to some aspect of physical or imaginary, implying that with a
historical and cultural significance, assuming a value range on it, confirming the
importance arising by past generations that will continue to present or future. Since the
action of preserving described as the act to enhance and protect the assets of one or
several reasons, intertwined in the meaning of the artifact, elected to such
representation, in particular space-time. To do so, equip and expose how is the
dissemination of information assets and their assets before practice is of paramount
importance as regards the sustainability of territoriality.
Keywords: Heritage, Information, Dissemination, Preservation, Sustainability
A informação constitui-se emancipatória – por tratar de atmosferas vivas – e desta
forma é da sua competência, como “ciência”, criar opções aos seres humanos, e,
portanto, guiá-los nos caminhos da educação e sustentabilidade, alimentando usinas
geradoras e gestoras de catalisadores das consciências dos bens patrimoniais. Pois
que, tem a marca de intervir em questões sociais, e, conseqüentemente lidam com o
ambiente como um todo, mas também, o fragmentando.
Esta ferramenta imaginária, mas estrutural e estruturada, possui a liga de unir redes
múltiplas, que se retroalimentam junto às suas unidades (epistemológica e empírica),
em investigar soluções, com o auxílio deste instrumento, às celeumas humanas e,
além disso, busque sedimentar técnicas, aliando-as as novas tecnologias,
desenvolvendo capacidades e alternativas para os seres humanos nos seus
cotidianos.
Segundo Robredo (2005, 01), “Só falta romper as barreiras da miséria e da ignorância
para que o acesso dos bens sociais decorrentes da informação sem fronteiras seja
aberto a todos os povos e camadas sociais”. Nestes contextos, fortalecer a
disseminação da informação patrimonial e suas práxis diante de patrimônios surge
como tema, instigante, no que se refere à sustentabilidade, pontuando que se estes,
“informados”, igualmente, causem nas territorialidades meso conforto ambiental.
Afinal, o que é patrimônio?
Patrimônio pode ser definido como: herança, legado, aquilo que é deixado para outras
gerações. Ou seja, uma determinada sociedade atribui significação a algum aspecto
232
físico ou imaginário, implicando com isto uma acepção histórico-cultural de um bem
patrimonial, e assim, pressupõe uma gama de valor sobre o mesmo, ratificando a
importância advinda por gerações passadas, que se prolongarão ás presentes ou
futuras (Iphan 1995, 283).
Mas, pensar os patrimônios da humanidade é realizar um mergulho, muito mais longo
por mar de calmarias e turbulências, e em dois níveis: o primeiro e mais profundo
remonta a consciência singular de indivíduo, enquanto que o segundo é submergir ao
plural e coletivo do contexto grupal, um reconhecimento do legado herdado por
gerações anteriores.
Desta monta, entende-se que estes elementos patrimoniais, tanto os do primeiro,
quanto os do segundo mergulho, trata-se dos bens de ordem naturais como os rios,
florestas, grutas, climas, etc.; Como também os de ordem material, inserindo-se aí os
sítios e achados arqueológicos; formações rurais e urbanas; agenciamentos
paisagísticos; bens móveis, como objetos de arte, documentos arquivísticos e
iconográficos; bens imóveis, e os bens imateriais como tradições e técnicas “do fazer”
e “do saber fazer” humanos, como esculpir, construir, cozinhar, tecer, etc.; as
expressões do sentimento individual ou coletivo, como as manifestações folclóricas e
religiosas, a literatura, a dança, o teatro, etc. Com isso remetemo-nos do passado, a
partir de um presente que, invariavelmente, influencia num futuro, tanto imediato,
quanto distante.
Como se dá a informação...
Estes arcabouços, de entendimento destes processos, implicam em entender a
utilização dos meios de comunicação, como fio condutor de posturas nos ambientes,
pois que, “a informação pertinente vária segundo os indivíduos, mas varia para cada
um, conforme as circunstâncias” (Bougnox 1994, 54).
Então, se se, para cada ser humano a informação é entendida de acordo suas
necessidades, então ela dá-se a partir de metodologias que visam suprir desejos
humanos. Ensejando que um grupo de pertencimento seja capaz de com informação
aderir a inovadoras condutas criativas de melhoria de um coletivo.
E, sabemos que ter este insrumento é imprescindivel para escolhas condizentes com o
todo, pois opção é “tudo”, que como seres humanos precisamos para concretizar um
“mundo melhor” para nós e, concomitantemente, para muitos!
Territorialidade: do que se trata?
A organização espacial constitui-se num desafio, tanto pela definição conceitual e
metodológica do território, quanto pelas demandas antrópicas, que sabemos colocam
em detrimento a sustentabilidade, humana, no planeta. “O território continua a ser
usado como palco de ações isoladas e no interesse conflitante dos seus atores”
(Santos 1993, 105). Daí, à urgência das comunidades epistemológicas, empresariais e
empíricas de preservarem os meios, conseqüentemente os patrimônios e as memórias
locais.
Compreendendo que territorialidade é este patrimônio que se encontra
reunindo em um espaço delimitado urbanística e socialmente, pois, há nele
constância existencial, sabe-se que ele está ali, tem uma história que o legitima
enquanto fator de reconhecimento, sendo característico tanto por ser imediato
ou moroso, quanto latente ou manifesto.
Sustentabilidade: cabe nas discussões!
Neste contexto, contemplar as necessidades, tanto atuais quanto futuras, seja nas
escalas locais, regionais como também nas nacionais e internacionais. Esse seria o
princípio básico da noção de sustentabilidade, um processo de mudança no qual as
explorações de recursos, dinâmicas de investimentos e orientações das inovações
tecnológicas e institucionais, sejam feitas de maneira consistente para o bem da
coletividade.
233
Acreditamos que o Patrimônio Territorial e o Desenvolvimento Local Sustentável
cabem como matérias de mobilização nas transformações da sociedade, indicando
com a informação, conduzida, condizentemente, á mudança de modelo, pela criação
de flancos que multiplicam a necessidade de uma sociedade mais igualitária e
participativa. Aliás, multiplicam-se, também, os que apostam numa mentalidade
educativa, norteada por discussões viabilizadas por núcleos de informações sobre as
vias de desenvolvimento possíveis e palpáveis na linha de planejamento e gestão de
localidades.
Preservação, acessível tecnologia!
Exatamente, no âmago dos aspectos e conceitos sobre os temas (informação,
patrimônio, preservação, desenvolvimento e sustentabilidade), congregamos a visão
do feito de informar para preservar. Entendendo, preservar algo, como o fato de se
agir ao eleger e valorizar, por uma ou várias conjunturas, aspectos relevantes a
determinada população em determinado espaço-temporal. Desta monta,
invariavelmente, no mundo contemporâneo estas ações devem conter várias
atmosferas do padrão social a que se refere.
Partindo de pressupostos, da preservação, ratifica-se que nas atividades de
informação, há espaço para contribuir com a institucionalização de identidades
culturais, tanto no aspecto micro (individual ou comunitário), quanto no aspecto macro
social, cabendo dentre as suas atribuições o fortalecimento de ícones de
sustentabilidade e desenvolvimento, estando por sua vez intrinsecamente conectada
ao patrimônio, a memória e ao seu exercício de preservação, como tecnologias sociais
viáveis.
Preservar é uma ótima chancela, tecnológica, para seguir os ensinamentos do mestre
Paulo Freire (2004), ao incitar o sujeito no seu cotidiano, reconhecido em sua riqueza
particular e no saber fazer, a uma postura critica e engajada de preservação dos
legados à procura de qualidade de vida no seu habitat.
Instrumentalização da disseminação patrimonial: Na prática.
Em consonância com as demandas socioambientais, patrimoniais, contemporâneas e
os desafios de convergir conhecimentos, tecnologias, métodos e técnicas emergentes
no seio da sociedade, que tenham o intuito de produzir novas linguagens de
convivência é que observamos a disseminação patrimonial como ferramenta que
possibilita a atores e agentes à legalidade de sedimentar procedimento de
pertencimento e memória do lugar.
O processo consiste em capacitar, com informações patrimoniais, estas lideranças
locais (professores do ensino médio e fundamental; líderes comunitários; formadores
de opnião do local; entre outros) no desenvolvimento de reflexões epistemológicas e
empíricas sobre Preservação e Identidade Sócio-artístico-histórico-ambiental, em
busca de sustentabilidade para o lugar, com recorte no campo patrimonial – seara de
caráter milenar, que vem se moldando desde o mundo clássico, passa pela Idade
Média, e chega à modernidade ocidental dotado de novos contornos semânticos,
absorvendo aplicações e consequentemente efeitos pensados e produzidos ao seu
respeito.
Contextualizando assim, as potencialidades da informação patrimonial local no
cotidiano de comunidades distintas, e sua preservação a partir das tecnologias da
informação e comunicação do lugar. Viabilizando o aprendizado advindo dos cidadãos
mais antigos aos mais jovens, em busca do alicerçar o pertencimento as suas
identidades, tanto quanto valorizar as suas heranças ambientais, buscando assim,
salvaguarda aos meios, através da educação socioambiental nas comunidades.
Estes procedimentos vêm ocorrendo em diversas comunidades da Bahia e são
referendadas por Universidades locais, a saber: UFBA (Universidade Federal da
Bahia) – Atividade Curricular em Comunidades: Com a formulação do Inventário da
Memória Social de uma localidade do Recôncavo Baiano, distrito de Acupe (piloto);
UNEB (Universidade Estadual da Bahia) – Curso de Instrumentalização de
234
Comunidades, no que se refere a auto-estima e conhecimento, para elaboração de
roteiros turísticos de bases comunitárias (em andamento); UEFS (Universidade
Estadual de Feira de Santana) – No Programa de Iniciação Docente, com a formação
patrimonial de professores na valorização do legado, diversificados, de escolas da
região (em fase de implementação).
Observações finais:
A Informação molda vidas e a modifica, através do exercício que é feito dos dados
compilados, para satisfação social sobre um determinado assunto, como também, e,
sobretudo, dissemina o entendimento dos planejamentos que ofereçam estruturas
funcionais para a salvaguarda dos bens patrimoniais das localidades. Motivando com
estes aspectos a sustentabilidade local mediante a compreensão e valorização dos
bens locais.
Para tanto, a “trilha” é disseminar quais e de que modo as informações são absorvidas
por agentes e atores, quanto ao valor dos bens patrimoniais de um lugar, enxergando
a memória, a sustentabilidade e o desenvolvimento, como um canal para melhoria
desta localidade. Ou seja, a instrumentalização de lideranças locais urge, no que diz
respeito aos motes, pois que,estes personagens com sua capacidade de envolvimento
com os personagens locais divulgando as informações patrimoniais, auxiliando na
solidificação dos contextos de pertencimento dos legados e na identidade do lugar,
causalmente alicerçando processos de sustentabilidade local.
Referimo-nos, as atuações das informações na concepção de “redes” através da
consolidação pela integração de diversas organizações, mediante a articulação das
diferentes contribuições ao estabelecimento de um capital baseado na autonomia da:
Informação/Comunicação;
Formação/Qualificação;
Parceria/Colaboração;
Criação/Inovação. E, no sentido da congregação destes elementos, ratificamos que a
liberdade de uma escolha, cuja transparência dos pensamentos é ampla, leva-se,
incomensuravelmente, o receptor a ter livre arbítrio de uma posição, digna, para sua
vida.
Referências:
BOUGNOUX, Daniel, ed. 1994. Introdução às Ciências da Informação e da
Comunicação: 50 - 59.
FREIRE, Paulo, ed. 1996. Pedagogia da Autonomia.
ROBREDO, Jaime, ed. 2005. Documentação de Hoje e de Amanhã: Uma abordagem
revisitada e contemporânea da ciência da informação e de suas aplicações,
biblioteconômicas, documentárias, arquivísticas e museológicas: 01- 06.
SANTOS, Milton, ed. 1993. O Espaço do Cidadão: 99 - 108.
TEIXEIRA, Elenaldo, ed. 2000. Sociedade Civil e Participação Cidadã no Poder Local.
PATRIMÔNIO E CAPACITAÇÃO: UMA REFLEXÃO, UMA CAMINHADA
Angela Savastano*
Centro de Estudos de Cultura Popular - CECP - S.J. dos Campos - SP - BRASIL
RESUMO
Abordamos o tema: Patrimônio e Capacitação dos atores do desenvolvimento local,
através do nosso estudo de caso, dando o depoimento sobre nossa caminhada, longa
e árdua, na busca da implementação de um Ecomuseu em São José dos Campos.
*
Angela Savastano – Cientista Social e Folclorista; Presidente do Centro de Estudos da Cultura Popular
(CECP) de São José dos Campos – São Paulo, [email protected]
235
Acreditamos que através do folclore poderíamos trabalhar as sabedorias, o patrimônio
cultural que cada um traz em si como herança e, através da conscientização e posse
desse patrimônio, o homem poderia exercer seu papel de cidadão. Ao se sentir forte e
capaz, exerceria uma cidadania consciente e plena. Sendo assim, foram criadas
diversas "ferramentas" com o objetivo de ajudar as pessoas a se conhecerem melhor.
Ao reconhecerem-se possuidores de tantos saberes, também viram-se capazes de
solucionar situações difíceis. Desta forma estavam capacitados para, com base nos
seus saberes vividos e experimentados, encontrar caminhos mais fáceis, soluções e
praticas mais justas e saudáveis para todos, não só para os mais próximos mas
também para aqueles mais distantes. Neste difícil exercício de "achar caminhos
certos" (isso não significa "caminhos mais fáceis e curtos") fomos aprendendo a (e
querendo) acertar ou errar menos. Isso nos deu mais segurança, mais confiança e
mais clareza para propormos essa segunda etapa - a criação do Ecomuseu Campos
de São José.
Palavras- Chave: Folclore, Sabedoria, Vivência e Cidadania.
ABSTRACT
"Equity and Empowerment of local development actors" is the theme we approach
using our case study, where we give testimony about our journey - a long and arduous
search for the implementation of an Ecomuseum in São José dos Campos.
We believe that the folklore could let us work the wisdom, the cultural heritage each
one brings with itself as a legacy. And having awareness and ownership of assets, the
man could play its role as a citizen. When you feel strong and capable, you exercise a
full and conscious citizenship. Thus, we created several "tools" in order to help people
become better acquainted with themselves. Recognizing they have so much
knowledge, allowed them resolve difficult situations. Thus they were able, based on
their knowledge lived and experienced, to find easier ways, solutions and practices
fairer and healthier for everyone, not only to the nearest one but also for those more
distant. In this difficult task of "finding proper ways" (this does not mean "easier ways
and shorter ones") we learned how to (and wanting) do it right or at least with less
mistakes. This gave us more confidence and more clarity for proposing this second
step - the creation of the Campos de São José Ecomuseum.
Key words: Folklore, Wisdom, Experience, Citizenship
PATRIMÔNIO E CAPACITAÇÃO: UMA REFLEXÃO, UMA CAMINHADA
Angela Savastano - SP - CECP - BRASIL
É nossa intenção aqui, explanar sobre nossa caminhada na direção da instalação de
um Ecomuseu em São José dos Campos.
A vida de todos nós pulsa e pulsa num ritmo que, às
vezes, não percebemos nem compreendemos bem. No
ritmo desse pulsar alguns momentos de nossas vidas
coincidem pulsar no mesmo ritmo e foi isso que
aconteceu.
Em 1986 foi criada em São José dos Campos uma Fundação Cultural que abrigava
em seu bojo 7 comissões, entre elas a Comissão Municipal de Folclore. Um grupo de
pessoas foi convidado a participar dessa Comissão. Eu e muitas outras mulheres
fazíamos parte deste grupo.
DESEJAR E ACREDITAR - tudo começou assim.
Acreditamos que poderíamos, de alguma forma, dar a nossa colaboração na proposta
cultural daquela Fundação na área do folclore. Logo percebemos que a missão não
236
seria tão fácil. Nos indagamos sobre a intenção da Fundação Cultural,
proporcionando meios e oportunidades para, através dos caminhos da arte (teatro,
música, dança, literatura etc), ajudar o homem a ser suficiente, capaz, elemento vital
e necessário e conscientemente fazer parte da comunidade. Sim, com certeza. Dar
oportunidade para o indivíduo crescer, usar toda sua potencialidade criadora,
proporcionar oportunidades para que esse homem disponibilize, divida seus dons
artísticos com seus próximos, só ajudará na riqueza coletiva. Mas continuando nossa
reflexão: e o homem que se considera comum, “sem esses dons artísticos”, esse
homem que não avalia nem é avaliado pelo muitos saberes que detém (seu
patrimônio), que não tem tempo nem oportunidade de mostrar esse saber, torná-lo
conhecido e avaliado, onde e como esse homem, portador desses saberes, pode fazer
parte dessa comunidade? Qual a importância e papel que ele representa no todo, na
sociedade? As perguntas inundaram nossas mentes. Foram muitas. Precisávamos de
respostas e foi o que fizemos.
ACREDITAR - Acreditamos que através do folclore poderíamos trabalhar essas
sabedorias, esse patrimônio cultural que cada um traz em si como herança e através
da conscientização e posse desse patrimônio, o homem possa exercer seu papel de
cidadão. Se sentirem fortes e necessários para tanto. Se sentirem também capazes.
Exercerem com consciência o papel de cidadão. Uma cidadania consciente e plena.
DESEJAR - também desejamos. Desejamos participar da criação de ferramentas que
ajudassem a todas as pessoas se conhecerem melhor. Reconhecerem que apenas
por possuírem aqueles saberes eram capazes de resolver tantos problemas, eram
capazes de solucionar tantas situações difíceis. Estavam capacitados para, com base
nos seus saberes vividos e experimentados, encontrar caminhos mais fáceis, soluções
e praticas mais justas e saudáveis para todos, não só para os mais próximos, mas
também para aqueles mais distantes. Práticas e soluções mais justas e saudáveis
para serem aplicadas em espaços maiores, em regiões, em estados, em paises, no
planeta. Por que não? Não só é possível como é desejável. Assim, acreditando e
desejando, demos o primeiro passo. Elegemos um lugar para juntos, comissão e quem
mais tivesse interesse, discutir e criar ações voltadas para esse fim. O Museu do
Folclore, lugar onde estariam objetos e documentação que mostrassem e
comprovassem a existência e a realidade desses saberes. Lugar onde pudessem ser
colocados conjuntos de artefatos, objetos e documentação visível para um público,
interessado ou não, específico ou não, espontâneo ou não, com a intenção de
começar ali um processo de “tomar posse” daquilo que me pertence, que é meu, me é
útil e me permite ser como sou. Estão sendo desenvolvidos neste espaço, no Museu
do Folclore, projetos e programas planejados para cumprir essa missão. Entre eles
está o projeto Museu Vivo onde a troca desses saberes e experiências são mostrados
ao vivo. Um momento rico e precioso para quem sabe e para quem quer saber. Este
mais enriquecido, com algo a mais, o aprendiz, aquele mais respeitado, mais
valorizado, o mestre. Outros projetos realizados no Museu do Folclore, buscando,
juntamente com o Museu Vivo o mesmo objetivo: conscientizar o homem do seu
patrimônio cultural e ajudá-lo a se apropriar desse patrimônio para possibilitar a
realizações de ações embasadas e fortalecidas nos valores desse mesmo patrimônio.
São os seguintes e principais projetos desenvolvidos no Museu do Folclore: Exposição
Patrimônio Imaterial - Folclore & Identidade Regional, Museu Vivo, Salvaguarda do
Folclore, Terças com Folclore, Dialogando com Folclore (Terças Especiais), Apoio a
grupos folclóricos, edição anual dos Cadernos de Folclore (já na 22 a. Edição), Ação
Sócio educativa - atendimento à rede escolar como "lugares de aprender" e ainda
atendimento na Biblioteca Maria Amália Gifonni especializada em folclore a público
voltado para a pesquisa.
Dentro dessa proposta, que é valorizar os saberes e a capacidade dos homens para
sua participação consciente e efetiva no processo de desenvolvimento e
transformação social é que, desde 1999, estamos acompanhando as experiências, as
237
ações e práticas, chamadas ecomuseológicas, onde entidades e grupos de pessoas
estudiosas de diversas áreas do conhecimento nos vem disponibilizando. Temos plena
consciência, adquirida nos ensinamentos e exemplos de experiências trocadas
durante esses encontros nos quais participamos que é fundamental para uma
comunidade desejar e querer alguma ação ecomuseológica no espaço que ocupa, ser
necessário que cada cidadão esteja consciente do seu papel e função na comunidade
e realmente ter condições de exercer o papel que a comunidade espera dele. Nesse
sentido estamos desde 2008 desenvolvendo ações de aproximação e valorização da
cultura popular local.
O Centro de Estudos da Cultura Popular – CECP faz parte de uma Rede Social,
apoiada pelo SENAC de São José dos Campos assim também fazem parte outras
entidades tais como Escolas, Igrejas, Secretarias, Sindicatos, Clubes de Serviços
(Lions), OAB, Empresas, Indústrias, e Clubes locais. O CECP em parceria com a
escola do bairro Campos de São José e em contato com outras entidades da mesma
região já iniciou, há alguns anos, um trabalho de aproximação local pondo para
reflexão e discussão temas como folclore, cultura popular, festas, alimentação e
durante um trabalho desenvolvido em parceria com a SIGNI, entidade que também faz
parte dessa Rede, foi trabalhado o tema LIDERANÇA. Tudo isso nos faz crer ser este
bairro um local acolhedor e interessado em desenvolver ações com fundamentos na
proposta da ecomuseologia.
Há 17 anos, em São José dos Campos, foi criada uma lei Municipal de incentivo à
cultura, a LIF (Lei de Incentivo Fiscal). Essa lei dá oportunidade de projetos serem
realizados com verbas de impostos (ISS) recolhidos em São José dos Campos. É
necessário que esses projetos sejam analisados e aprovados por 3 comissões
especiais da Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Este ano o CECP apresentou um
projeto de criação do ecomuseu em São José e o mesmo foi aprovado. Agora é partir
para a captação da verba. Mais do que nunca é DESEJAR E ACREDITAR.
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA: UMA FERRAMENTA PARA A PROMOÇÃO
DA SEGURANÇA ALIMENTAR E DO DESENVOLVIMENTO LOCAL DA REGIÃO
INSULAR DE BELÉM.
Daniel da Fonseca Silva§§§§§§§§§ - PA/Brasil
Enilson Solano Albuquerque Silva ********** - PA/Brasil
Daniel Pinheiro Nogueira ††††††††††
Embrapa Amazônia Oriental - PA - BRASIL
RESUMO
Este trabalho visa demonstrar como a promoção da Segurança Alimentar por meio de
ações e mecanismos de transferência de tecnologias (TT) contribui no
desenvolvimento local das comunidades da região insular de Belém. A Segurança
Alimentar foi viabilizada por meio de capacitação de agentes comunitários,
disseminação e demonstração de tecnologias agropecuárias para cultivo em áreas
peri-urbanas visando ao consumo de subsistência e a comercialização do excedente.
O desenvolvimento local foi alcançado, a partir do envolvimento da comunidade na
adoção de tecnologias geradas e transferidas por instituições de pesquisa e na
motivação da construção do capital social e empoderamento das famílias atendidas,
com a possibilidade de formação de políticas públicas para a promoção do direito à
§§§§§§§§§
Daniel da Fonseca Silva – Administrador, Mestrando em Gestão de recursos Naturais e
Desenvolvimento Local na Amazônia, Analista B da Embrapa Amazônia Oriental , Travessa Dr. Enéas
Pinheiro s/n. Belém,PA, Brasil, [email protected]
**********
Enilson Solano Albuquerque Silva – Eng. Agrônomo, Msc. Agronomia, Analista A da Embrapa
Amazônia Oriental , Travessa Dr. Enéas Pinheiro s/n. Belém,PA, Brasil, [email protected]
††††††††††
Daniel Pinheiro Nogueira – Administrador, Bolsista da Embrapa Amazônia Oriental , Travessa Dr.
Enéas Pinheiro s/n. Belém,PA, Brasil, [email protected]
238
cidadania. Ao final do processo de TT, os beneficiários finais das atividades tornam-se
co-participantes ativos no processo, gerando uma ampla divulgação e acesso das
informações tecnológicas, contribuindo assim para o desenvolvimento comunitário do
seu grupo e dos grupos do entorno.
Palavras-chave:Transferência
de
Desenvolvimento Local, Região insular
Tecnologias,
Segurança
alimentar,
ABSTRACT
This study demonstrates how the promotion of food security through actions and
mechanisms of technology transfer (TT) contributes to the development of local
communities in the insular region of Belem. The food security was ensured through
training of community workers, dissemination and demonstration of agricultural
technologies for cultivation in peri-urban areas aiming the subsistence consumption
and marketing of the surplus. The local development was achieved, from the
community involvement in the adoption of transferred and developed technologies by
research institutions and in motivation of building social capital and empowerment of
families served, with the possibility of formation of public policies for promoting the right
citizenship. At the end of the process of TT, the final beneficiaries of activities become
co-active participants in the process, generating a wide dissemination and access of
technological information, contributing to the community development of their group
and the groups around.
Index Terms: Technology transfers, food security, local development, insular region.
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA: UMA FERRAMENTA PARA A PROMOÇÃO
DA SEGURANÇA ALIMENTAR E DO DESENVOLVIMENTO LOCAL DA REGIÃO
INSULAR DE BELÉM.
Daniel da Fonseca Silva - PA – BRASIL
Enilson Solano Albuquerque Silva
Daniel Pinheiro Nogueira
Embrapa Amazônia Oriental
Introdução
Nos últimos 10 anos a população tem se defrontado com uma
situação paradoxal; por um lado, têm sido apresentados por
órgãos governamentais competentes os resultados das safras
agrícolas que alcançam patamares produtivos cada vez mais
elevados. Por outro lado, parcela significativa da população
convive diariamente com uma situação de insegurança
alimentar, ou seja, sem o acesso regular e permanente a
alimentação (IBGE, 2006).
Contudo, existem duas ferramentas que amenizariam o problema da segurança
alimentar no Brasil, são elas: i) A agricultura urbana e ii) A transferência de
tecnologias.
A agricultura urbana e periurbana é um conceito multidimensional que inclui a
produção, a transformação, a comercialização e a prestação serviços, de forma
segura, para gerar produtos agropecuários voltados ao autoconsumo ou
comercialização (re) aproveitando-se, de forma eficiente e sustentável os recursos e
insumos locais. Essas atividades podem estar vinculadas às dinâmicas urbanas ou
das regiões metropolitanas e articuladas com a gestão territorial e ambiental das
cidades (CPMO, 2009).
239
Por sua vez a transferência de tecnologias (TT) se constitui de um conjunto de ações
que se apóia no conceito de interdisciplinaridade para dentro e para fora da
comunidade e que tem essencialmente nos sistemas de produção, um reforço
metodológico para que as atividades de pesquisa sejam um instrumento de divulgação
de resultados (FRANCO, 2002). Daí por que se admitir que, dentre os fatores
limitantes à adoção das tecnologias geradas, está à forma de transferência das
mesmas. A maioria das tecnologias geradas são difíceis de serem entendidas e
aplicadas pelos produtores familiares. Muitas tecnologias recomendadas para
aumento da produtividade das culturas estão atreladas a adoção de insumos, como
adubos e defensivos, pouco utilizados pelos agricultores, principalmente os
descapitalizados (MODESTO JÚNIOR & ALVES, 2008), mas também há necessidade
de adaptação da linguagem e dos instrumentos adotados pelos técnicos no momento
do repasse aos agricultores familiares.
No contexto de agricultura urbana, desenvolvimento local e segurança alimentar, a
transferência de tecnologia constitui um papel fundamental para o sucesso de
qualquer iniciativa no sentido de dinamizar a cadeia produtiva e o desenvolvimento de
qualquer comunidade, seja ela urbana ou rural. Percebe-se que a agricultura urbana e
periurbana utilizada pela população da região insular de Belém, apresenta baixa
produtividade devido à falta de planejamento da utilização dos espaços, à falta de
fomento do poder público e ao baixo nível tecnológico empregado nas atividades
produtivas.
Este trabalho tem como objetivo apresentar as ações e processos de transferência de
tecnologia conduzidos pela Embrapa Amazônia Oriental e discutir a importância da
informação tecnológica como instrumento de promoção da seguranção alimentar e do
desenvolvimento local de região insular de Belém.
Sabe-se que o desenvolvimento local possui várias dimensões, contudo neste trabalho
assume-se o prisma do desenvolvimento comunitário.
Materiais e Métodos
O trabalho foi conduzido na ilha de Caratateua (figura 1), também conhecida como Ilha
de Outeiro, termo originado do latim “altariu” que significa local elevado. A ilha fica
cerca de 15 metros acima do nível do mar e pertence à Região Metropolitana de
Belém, distante 18 km da capital, ficando cercada pelo Rio Pará, ligada ao continente
pela ponte Enéas Martins Pinheiro construída em 1986. Destaca-se por possuir uma
paisagem natural e ser excelente ponto turístico devido à existência de seis praias,
assim denominadas: Praia do Amor, do Artista, da Brasília, da Ponta do Barro Branco
e Praia Grande. Para a execução das atividades de transferência de tecnologias foi
selecionada a comunidade de Vista Alegre, no bairro do Tucumaeira, com 16 famílias.
Atualmente a comunidade encontra-se em fase de desenvolvimento organizacional,
com a criação de sua Associação.
O processo de transferência de tecnologia em comunidades foi baseado no conceito
de tecnologia social e reúne tecnologias, serviços e produtos gerados pela Embrapa
Amazônia Oriental e parceiros, em um sistema produtivo e organizacional. O trabalho
é organizado pelo comitê gestor e pelos grupos de trabalho. As ações são executadas
a partir de três componentes: Capacitação Continuada, Unidade Demonstrativa
Comunitária e Economia Solidária. Com este arranjo, buscou-se uma produção para
consumo próprio e/ou comunitário, além da geração de receita, com a venda do
excedente in natura e processado.
Inicialmente foi realizado um diagnóstico de prospecção dos principais gargalos
tecnológicos no processo produtivo enfrentado pela comunidade, a principal função
desse estudo prévio foi indicar oportunidades e ameaças ao desenvolvimento
240
tecnológico, local e regional, apontando falhas, limitações, oportunidades e demandas
por tecnologias. Os dados foram obtidos por meio de questionários com entrevista
pessoal aos chefes das famílias, cujas informações obtidas evidenciaram uma forte
demanda para o cultivo de espécies frutíferas e criação de pequenos animais.
Com base nas demandas identificadas foram disseminadas na comunidade as
seguintes tecnologias desenvolvidas pela Embrapa: i) Pomares tecnológicos (cultivar
de açaizeiro BRS Pará recomendado para cultivo em terra firme; ii) Técnicas de
manejo de açaizais nativos; iii) Técnicas de preparo de área de Roça sem Fogo, Trio
da Produtividade da Mandioca e técnicas de cultivo de milho e feijão e iv) Criação de
pequenos animais (galinha caipira e pato).
Utilizaram-se como ferramentas de transferência de tecnologias a instalação de
unidades demonstrativas, realização de dois cursos, uma palestra, um dia de campo e
quatro visitas técnicas. Como o trabalho envolveu multiplicadores e agricultores
familiares, para facilitar a internalização e comunicar as recomendações técnicas em
linguagem e canais adequados, foram produzidos materiais de divulgação impressos,
ilustrados, dirigidos a esse público específico, associando ao texto algumas ilustrações
que sintetizam com poucas palavras as recomendações técnicas, pois é baixo o nível
de conhecimento técnico das comunidades sobre o cultivo de fruteiras, hortaliças e
outros. Nesse contexto foram produzidos materiais como: cartilha, folder, baneres e
cartazes.
Resultados e Discussão
Tendo como base o aumento da geração de renda da comunidade atendida,
procedeu-se a análise da produtividade por cultura implementada. No caso da
mandioca, foi cultivada uma área com 1.400 plantas da variedade Maranhense, cuja
produtividade média por planta aos 12 meses, situou-se em 2 quilos, o que renderá
2.800 kg de raiz. Deste plantio pode-se extrair vários produtos: raiz para venda in
natura para produção de farinha ou goma e folha para pequenas industrias de
embalagens de manivas visando a fabricação do prato de maniçoba. Como não
existem casas de farinha nas proximidades, optou-se pela estimativa de venda de
gomas no mercado de Belém. Com a produção de raiz será possível obter cerca de
uma tonelada de goma. Como o preço médio do produto no mercado de Belém e da
Ilha de Caratateua é de R$1,00, foi possível obter uma receita bruta anual de R$
1.000,00 (mil reais). Vale a pena frisar que na receita da mandioca não foi computada
a venda e o uso das folhas (1.500 quilos). No mercado de outeiro o quilo da folha está
sendo comercializado a R$ 1,00, contudo a maioria da produção foi destinada à
alimentação alternativa das galinhas caipiras.
O açaí BRS Pará está representado por 50 plantas que ao final de 3 (três) anos
produzirão 2 latas de 14 kilos por fruto (100 latas no total). As latas de açaí são
comercializadas a um valor médio de R$ 15,00, ou seja, os produtores terão uma
receita bruta com a comercialização dos frutos de açaí de R$ 1.500,00.
O preço médio da galinha caipira no mercado de Belém e da Ilha de Caratateua é de
R$ 25,00. Por sua vez, a Unidade Demonstrativa de frango caipira, com suas 50 aves,
após 90 dias originará uma receita líquida de R$ 400,00 (média de R$ 8,00 líquido por
frango).
O sistema produtivo foi implantado de modo a mesclar culturas de rápido retorno
(criação de pequenos animais, plantio de banana e mandioca) e culturas de médio
prazo de retorno (açaí BRS Pará). Realizando-se uma análise, pode-se auferir que no
241
primeiro ano de produção haverá uma receita bruta de R$ 2.600,00
(frango:R$1.600,00 – equivalente a quatro criações, mandioca: R$ 1.000,00).
Entretanto, após 3 anos, com o sistema totalmente ativo em termos de produção, a
renda auferida nesses pequenos módulos de produção urbanos é de R$ 4.100,00/ano
(frango:R$1.600,00, mandioca: R$ 1.000,00, banana: R$ e açaí R$ 1.500,00).
Com base nos resultados acima, pode-se inferir que a transferência de tecnologia que
promova a agricultura urbana, contribui sobremaneira para o aumento de renda, do
nível de segurança alimentar e do desenvolvimento local das comunidades. Nesse
contexto, a segurança alimentar e a geração de renda são fundamentais para o
desenvolvimento local.
Percebe-se, então, a grande necessidade da criação de políticas e estratégias de
produção, distribuição e consumo de alimentos, sendo primordial que se use para
esse fim TT que busquem modelos sustentáveis que promovam a produção de base
familiar, na aproximação da produção e do consumo de alimentos e na valorização da
diversidade de hábitos alimentares.
Então como aliar políticas públicas e desenvolvimento local?
Pode-se observar que os agricultores urbanos da ilha de Caratateua possuem
dificuldades de obtenção de informações e de organização, que se apresentam como
importante restrição a implementação de um processo de desenvolvimento local que
tenha como foco a agricultura urbana e transferência de tecnologias. Dessa forma, a
atuação do poder público, com políticas específicas voltadas a promover esse
processo junto a esse estrato socioeconômico de agricultores, é fundamental para que
o mesmo ocorra de forma mais ampla.
Esse apoio deve ocorrer, principalmente, mediante mecanismos de crédito agrícola
adaptados à realidade urbana, transferência de tecnologias, assistência técnica
capacitada em agricultura urbana, e a viabilização de canais de comercialização para
uma produção agrícola diversificada. Essas ações devem investir em fomento
agrícola, concertação e o capital social dessas comunidades.
O governo federal possui alguns programas que estão disponíveis para as
comunidades e que se aplicariam perfeitamente à realidade da coletividade de
Caratateua, tais como: i) Programa Brasil sem miséria (Ministério do Desenvolvimento
Social); ii) Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF
(Ministério do Desenvolvimento Social); iii) Programa de Apoio a Organização
Produtiva – PRODUZIR (Ministério da Integração); iv) Plano Nacional de Gestão
Ambiental e Rural (Ministério da Pesca e Aquicultura) entre outros. A intenção neste
trabalho não é listar todos os programas e políticas públicas, mas sim mostrar que eles
existem e podem ser concentrados em prol dessas comunidades.
Esses programas investem em fomento agrícola, porém não consideram a
concertação e o capital social (CS) dessas comunidades.
O grande desafio é criar uma ferramenta que fortaleça o CS das comunidades e que
promova a integração e concertação de todas as políticas existentes, de modo que se
forme uma rede integrada de promoção ao desenvolvimento local das ilhas.
Conclusões
 O processo de TT contribuir diretamente para promover a agricultura urbana com
aumento de renda e se apresenta como uma importante ferramenta para o incremento
da segurança alimentar e do desenvolvimento comunitário.
 O Estado ainda se faz pouco presente na comunidade em análise e os programas
que ele realiza não consideram elementos fundamentais na lógica do desenvolvimento
242
comunitário que vão além do aspecto produtivo e econômico, que dizem respeito ao
Capital Social, à Concertação e ao Empoderamento da comunidade.
 Dessa forma, o baixo nível de desenvolvimento local e de segurança alimentar na
comunidade de Vista Alegre é menos um problema de origem climática e tecnológica,
que problema de cunho político e econômico.
Referencias bibliográficas
Centro
de
pesquisa
Mokiti
Okada
(CPMO),
disponível
http://www.cpmo.org.br/agricultura_urbana.php. acessado em 25/09/2011.
em
IBGE. Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios – Segurança Alimentar 2004.
IBGE, 2006.
FRANCO, C.F. de O. Dinâmica da Difusão de Tecnologia no Sistema Produtivo da
Agricultura Brasileira. In: Simpósio Nacional sobre as Culturas do Inhame e do Taro.
II., 2002. João Pessoa, PB. Anais... João Pessoa, PB: Emepa-PB, 2002. vol.2, 224p.
MODESTO JÚNIOR, M. de S.; ALVES, R.N.B. Treino e visita como processo de
transferência de tecnologia para produção de mandioca em Moju, PA. IN: XIII
CONGRESSO BRASILEIRO DE MANDIOCA. Botucatu, SP, CERAT/NESP, 14 a 16
de julho, 2009.
O MUSEU COMUNITÁRIO LOMBA DO PINHEIRO PELA NARRATIVA DE SEUS
ATORES SOCIAIS
Cláudia Feijó da Silva*
Museu Comunitário Lomba do Pinheiro – Porto Alegre – RS – BRASIL
A concepção e a missão do Museu Comunitário Lomba do Pinheiro, localizado na
periferia de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, ancora-se na valorização das
histórias vividas pelos habitantes do bairro, assim como nas narrativas de seus
desbravadores e das pessoas que chegaram posteriormente e colaboraram para o
desenvolvimento desse território. Além da valorização daqueles que pensam no futuro
e no desenvolvimento sustentável do lugar escolhido para viver. Os saberes populares
ganham espaço e perpetuam-se através das falas dessas pessoas. Comunidades
resistem através dos saberes populares que ganham espaço e repercutem ao longo
do tempo, gerações transmitem saberes através da oralidade, e essa se mantém
como prática recorrente, também de grupos desfavorecidos socialmente.
É no espaço do Museu Comunitário Lomba do Pinheiro que as narrativas, de gente
considerada comum, inscrevem-se na história. As narrativas dessa gente é o que
transformará suas lutas e conquistas na história do bairro, narrativas que são
apresentadas aqui como os documentos mais bem salvaguardados, os arquivos das
gentes populares são seus corpos, suas marcas, suas mentes e seus descendentes.
Logo apresento trechos das narrativas orais relacionadas aos projetos desenvolvidos
no âmbito do museu, ao relacionamento que as pessoas estabelecem com o espaço e
com as práticas, mas também que passam a estabelecer entre si e com a comunidade
de forma geral.
[...] o valor informativo do museu é imenso. Contar a nossa história
contada por nós mesmos é muito importante. Cada vila narra a sua
*
Cláudia Feijó da Silva – Mestranda do PPGEdu/UFRGS; Coordenadora do Museu Comunitário Lomba
do Pinheiro – Porto Alegre/Rio Grande do Sul. Contato: [email protected]
243
existência, e ao juntarmos tudo, vemos o quanto somos importantes,
ao menos achamos. (Teresa Dutra, moradora em entrevista
concedida ao Museu em 2010).
A intenção ao propor as Rodas de Memórias no Museu Lomba do Pinheiro foi de
fortalecer laços com a comunidade, através de grupos focais, ou seja, diversas
pessoas com interesses e práticas populares comuns, criar um lugar de cumplicidade,
tornar as pessoas que foram cúmplices durante suas vidas por conta de um foco
comum, agora parceiros também pelo Museu, esse com a função de dinamizar,
refletir, comunicar, fortalecer e valorizar a cultura e patrimônios local.
O espaço do Museu transforma-se e constrói-se a partir de seus colaboradores, um
lugar de construção mais igualitária abrindo-se ao diálogo na intenção de construir um
processo diferenciado de participação social, sem que alguns obtenham o privilégio de
participação em detrimento de outros. Portanto, sem deixar de problematizar as
diferenças existentes entre os diversos grupos que compõem a vida do território onde
está inserido o Museu.
As narrativas orais registradas não são utilizadas apenas como acervo que vislumbra
o futuro das pesquisas de profissionais, mas também como momento de reflexão
sobre o presente e o futuro, como forma de compartilhar saberes e fazeres, como
valorização e registro da luta cotidiana empenhada por tantos moradores do bairro
onde o Museu atua. O registro das memórias é também o registro das relações
humanas de dada época, das questões históricas que são tão caras a essa população.
Esse registro permite contar sobre suas vidas, suas origens e suas conquistas
coletivamente, como é possível observar no depoimento abaixo:
O museu de rua veio para consolidar uma história, que serve tanto
para as pessoas que vivenciaram todo o processo, quanto as que não
conheciam, porque são mais novas ou chegaram aqui depois. Eu
sempre pensei em escrever essa história, só que no papel, para que
não fosse esquecida. (Zailde Freitas, moradora em entrevista
concedida ao Museu em de 2010)
Reunir as pessoas em Rodas de Memórias suscita outras lembranças, individualmente
também teríamos a memória coletiva, segundo Halbwachs‡‡‡‡‡‡‡‡‡‡ mesmo que a
memória individual não esteja inteiramente isolada ou fechada no vivido pelo narrador.
Contudo, nossa investigação é pela memória coletiva narrada oralmente no grupo e
não pelo indivíduo versus entrevistador. A interação da reunião das pessoas provoca
emoções que não são visíveis em entrevistas solitárias, em grupo existe o disparo das
lembranças ausentes, que desencadeiam memórias coletivas.
Para Maria de Lurdes Machado Lisboa, moradora do bairro e erveira (prática em ervas
medicinais), o museu permitiu o reconhecimento do seu saber além de colaborar para
o estabelecimento de novas relações:
As pessoas comentam: sabe onde eu te vi? Me viu? Sim, lá na 6 [parada 6/localização
do Museu]. Mas eu não fui na 6. Te vi nas fotos do Museu. Depois vieram me procurar
para perguntar sobre o uso de chás. (Entrevista concedida a David Kura Minuzzo em
2011) §§§§§§§§§§
Outra depoente Glaci Terezinha de Oliveira Rodrigues, moradora do Bairro há 45 anos
que participou das Rodas de Memória com a temática “Saber Popular: Ervas, Rezas e
Benzeduras”, declarou:
‡‡‡‡‡‡‡‡‡‡
HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Centauro, 2006. p. 54
MINUZZO, David Kura. Lomba do Pinheiro, Memória, Informação e Cidadania: vozes, olhares e
expectativas de seus agentes e atores sociais. Porto Alegre, UFRGS, Monografia. 2011. p. 96
§§§§§§§§§§
244
Achei muito interessante, para não deixar morrer essa crença que a
gente traz dos antepassados, que é uma coisa que está se perdendo.
Tem gente que sabia, mas foram 97 falecendo e isso não foi
repassado. Eu procuro passar para minhas filhas e netos. Hoje as
pessoas não me procuram para benzer tanto quanto antigamente,
mas ainda tem procurado. Pessoas que foram no Museu e me
disseram: vi tua fotografia lá, fui ver a exposição e achei muito bonita.
***********
(Entrevista concedida a David Kura Minuzzo em 2011)
É possível observar que as Rodas de Memórias para os depoentes são momentos que
vão além de lembrar momentos vividos e que agora transformam-se em registros. Os
entrevistados passam por momentos de emoção, de reencontros, de
redescobrimentos. Alguns com saúde debilitada, poucos dias depois surpreendem
com a melhora, passam a freqüentar o Museu e procurar-nos para contar as memórias
que permaneceram ocultas, junto com essas lembranças vem outros documentos
como, fotografias, objetos tridimensionais, receitas de chás e remédios, rezas escritas,
novas mudar de plantas para compor o jardim dos chás...
O depoimento de Alpheo Rodrigues, ex-jogador do Pinheirense Futebol Clube e
morador do bairro, demonstra a importância que o projeto possui para o registro da
história:
Joguei no Pinheirense entre 64 e 69, na época da Revolução. [A
Roda de Memória] foi a oportunidade de rever os amigos. O
Pinheirense começou a parar em 68 e em 72 acabou. Começaram a
acabar os campos de futebol de várzea. A gente perdeu o contato e
quando encontrava alguém do Pinheirense pensávamos em reunir
para fazer um churrasco. Aconteceu uma tentativa nos anos 80, um
movimento para tentar levantar, mas não deu certo. Para mim foi uma
alegria muito grande ver a exposição, coisas do Pinheirense,que nem
sabia que existiam, que alguém tinha guardado. Se não tivesse
acontecido a Roda de Memória no Museu, o Pinheirense tinha
entrado no anonimato, iria desaparecer. A história vai desaparecendo
com as pessoas que vão morrendo. É normal isso, como havia tantos
anos que ele parou, não tinha mais a história do Pinheirense. As
histórias que vem não são reais, vão mudando as coisas. A história
da Lomba, que contam hoje, não é a verdadeira, não a real que
aconteceu. Já mudou muita coisa, já se atualizou. Tornaram verídicas
algumas coisas que não é a história real. (depoimento concedido a
†††††††††††
David Kura Minuzzo em 2011)
As atividades desenvolvidas‡‡‡‡‡‡‡‡‡‡‡ pelo Museu Lomba do Pinheiro resultam em
exposições, geralmente seguidas de homenagens aos seus participantes, na guarda e
preservação dos acervos gerados, assim como em outras atividades educacionais
especialmente voltadas para escolas e grupos. Entendemos que as tantas atividades
desenvolvidas servem como forma de comunicar o trabalho desenvolvido, divulgar e
valorizar a cultural local, assim como reconhecer os atores sociais envolvidos no
processo de construção do bairro e das ações museais.
***********
Ibidem
Idem, p. 98
‡‡‡‡‡‡‡‡‡‡‡
Atualmente o Museu Comunitário Lomba do Pinheiro desenvolve 8 projetos em parceria com o
Programa Lomba do Pinheiro Memória, Informação e Cidadania PROEXT/UFRGS. Os projetos são
denominados: Educação para o Patrimônio, Formação de Professores e Educadores, Formação de
Multiplicadores, Exposições Temporárias, Museus de Rua, Política de Acervos, Rodas de Memória e
História Oral, Lomba Tur.
†††††††††††
245
Referências:
HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Centauro, 2006.
MINUZZO, David Kura. Lomba do Pinheiro, Memória, Informação e Cidadania:
vozes, olhares e expectativas de seus agentes e atores sociais. Porto Alegre,
UFRGS, Monografia. 2011.
PATRIMÔNIO HISTÓRICO E COMUNIDADE - Ações que geram reações
Angela Tereza Sperb** e Patricia Rosina Stoffel Hansen**
Museu Comunitário de Percurso de Picada Café-RS-BRASIL
RESUMO
Las acciones con patrimonio histórico, en Picada Café, se dan sobre un territorio – el
area del municipio – y con una comunidad – los habitantes. Están en marcha desde
2004. Iniciaron con actividades educativas en las escuelas y se ampliaron para el
Núcleo Histórico del Parque Histórico Municipal Jorge Kuhn, punto de partida para las
acciones en la comunidad. Las actividades educativas se presentan como prácticas
educativas formales – en la Escuela y en el Núcleo Histórico – que culminan con un
"Museu de Rua"; y como actividades informales, a través de eventos como "Roda de
Memória" y "Hausmusik" (Música en el hogar). El objetivo es que la comunidad asuma
su patrimonio material e inmaterial de forma colectiva y solidaria, y lo trate de modo
sustentable.
Palavras-chave: Patrimônio Histórico – Memória – Comunidade – Escola – Museu de
Rua – Museu – Solidariedade – Sustentabilidade.
PATRIMÔNIO HISTÓRICO E COMUNIDADE - Ações que geram reações
Angela Tereza Sperb* e Patricia Rosina Stoffel Hansen**
Museu Comunitário de Percurso de Picada Café- RS- BRASIL
O Programa de Educação Patrimonial, em Picada Café, nasceu como um projeto para
comemorar os 180 anos da Imigração e Colonização Alemã no Rio Grande do Sul”, em
2004. O objetivo foi pesquisar a história das famílias, através de atividades desenvolvidas
nas escolas, e culminou com uma exposição – que denominamos Museu de Rua – dos
trabalhos realizados pelos alunos orientados por seus professores e apoiados pela
comunidade. Essa exposição ocorreu por ocasião da 12ª Kaffeeschneis’fest.
O entusiasmo e a adesão dos professores, alunos, comunidade escolar e a
comunidade de Picada Café durante a execução das atividades, na organização do
Museu de Rua e na visitação ao mesmo, bem como os depoimentos que foram
registrados no livro de visitas, deixaram a certeza de que trabalhar com patrimônio
histórico era um campo fértil para uma proposta de educação significativa, fundada na
realidade das crianças, integrando escola e comunidade, possibilitando leituras do
presente, ancoradas no passado e com projeções para o futuro.
Essa percepção e as primeiras ações que ampliaram as atividades com o patrimônio
histórico, em Picada Café, foram registradas no livro: Na trilha dos lírios – escola e
* Angela Tereza Sperb é mestre em Histórica Ibero-Americana e consultora em Educação e Patrimônio
Histórico.
** Patrícia Rosina Stoffel Hansen é Pedagoga, educadora dos anos iniciais do Ensino Fundamental,
atualmente, curadora do Núcleo Histórico do Parque Histórico Municipal Jorge Kuhn.
246
comunidade traçam seu futuro através do passado, obra coletiva que reúne, entre
outros textos, relatos de professores, de professoras e trabalhos de alunos.
1 O ambiente
As ações com patrimônio histórico, em Picada Café, acontecem sobre um território – a
área do município – e com uma comunidade, os moradores.
Picada Café foi uma colônia de origem teuta, ocupada a partir de 1884, que ainda hoje se
caracteriza por uma significativa homogeneidade étnica. A população tradicional é bilingue
– falam português e o dialeto alemão Hunsrück – cultivam as mesmas tradições culturais
e religiosas. Os migrantes de outras regiões e outras etnias aos poucos se integram à
comunidade local. Atualmente, tem em torno de cinco mil habitantes.
Contudo, sabemos que mesmo as comunidades etnicamente homogêneas
(resguardando os limites desse conceito) recebem inúmeras influências na sua
interação com outros sujeitos de outras culturas, defrontando-se com diferentes
situações, além do contato com os meios de comunicação contemporâneos, que
fazem com que essa identidade cultural comum esteja permanentemente em
transformação, readaptação e busca de equilíbrio.
Portanto, o trabalho com o patrimônio histórico objetiva a continuidade de um ambiente
cultural, sem engessá-lo ou fossilizá-lo, mas garantindo sua vitalidade e capacidade de
renovação e inovação, ao mesmo tempo em que atrai para o processo os estranhos para
que se integrem e contribuam com suas histórias de vida e tradições. A vida na
comunidade – que, por sua vez, é constituída de inúmeras outras comunidades locais e
de interesses – é essencialmente dinâmica e está em permanente transformação.
2 O Programa de Educação Patrimonial
O Programa de Educação Patrimonial, em Picada Café, propõe-se a dar conta dessa
dinâmica, de forma que a história, a cultura e a tradição local sejam valorizadas e
preservadas, constituindo-se, junto às pessoas e ao patrimônio ambiental, no capital
de inestimável valor para o desenvolvimento local sustentável (VARINE, 2005)
O Programa desenvolve-se através de duas linhas de ação educacional, interligadas e
complementares: atividades de caráter formal, nas escolas e no museu, e ações de
caráter informal, com e na comunidade.
A educação formal reune professores e alunos, coordenadores ou orientadores e
interessados, num espaço mais ou menos delimitado, com objetivos claros, metodologias
específicas e uma margem razoável de controle. A educação informal dá-se de forma mais
difusa. Há a figura do coordenador ou organizador de atividades (um indivíduo ou uma
equipe), que propõe ações a partir do grupo organizador e/ou a partir de sugestões
externas, prepara o local, os equipamentos e materiais necessários. A adesão é voluntária
conforme os interesses dos diversos sujeitos e/ou grupos da comunidade. Há objetivos
comuns que reúnem as pessoas, mas os grupos que se reúnem não são necessariamente
os mesmos, durante um período de tempo ao longo de um ano, por exemplo, como é na
educação formal. Tampouco há o mesmo tipo de controle e podem ocorrer surpresas.
Contudo, tanto a educação formal, como a informal seguem metodologias próprias e é
fundamental que sejam sistemáticas e não esporádicas. Ambas passam por várias
etapas que podem ser sucessivas ou simultâneas: sensibilização, identificação,
reconhecimento, valorização, consciência e ação.
2.1 Educação na escola e no museu
O trabalho do patrimônio histórico na escola acontece como tema transversal,
conforme previsto nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Embora os PCNs não se
refiram de forma explicita ao patrimônio histórico, no Ensino Básico, sugerem
atividades que, através do conhecimento da história local, acabe por sensibilizar o
aluno em relação ao tema. Sugerem atividades que o integrem na comunidade como
247
parte de uma coletividade, que desenvolvam ações que o ponham em contato com os
mais velhos, com outras pessoas, com a história local. (BRASIL, 1997).
No Ensino Básico a educação patrimonial tem essencialmente a função de
sensibilizar. Já no Ensino Médio é a de desenvolver efetivamente uma consciência
política e de cidadania. Em ambos os momentos não se trata de atividades teóricas e
livrescas, mas antes, de atividades que implicam aprendizagem através da ação:
aprender fazendo; ou da vida: aprender vivendo (FREINET, 1995).
2.2 Atividades nas escolas
No início do ano, durante a Jornada Pedagógica, é definido com os professores o tema
referente ao patrimônio histórico que será desenvolvido nas escolas. Esse tema é tratado
nas diversas disciplinas de acordo com as abordagens possíveis e específicas de cada área
do conhecimento. A pergunta chave é: como posso trabalhar o assunto “X” a partir da
matemática, da língua portuguesa, da geografia, etc. Estimula-se, assim, um trabalho
interdisciplinar e a construção do conhecimento de um tema local desde várias perspectivas,
possibilitando uma visão e compreensão mais ampla e complexa. Dentro do possível, de
acordo com a temática, alunos e professores são desafiados a projetar ações de
sustentabilidade viável. Soma-se, portanto, de forma explícita, um aspecto de educação
para o trabalho e o empreendedorismo, que, vale lembrar, estão implícitos em todos os
outros momentos: atenção – que implica ver, ouvir, sentir, degustar, manipular;
responsabilidade: que incluiu cumprir tarefas, executá-las bem, cumprir horários, respeitar
estruturas organizativas combinadas previamente; integrar-se solidariamente ao grupo:
respeitar os colegas, apoiar os parceiros, ser gentil, assumir liderança quando o momento
exigir, etc. Como engajar-se no programa implica para o/a professor/a a disponibilidade para
desacomodar-se e o desejo de, efetivamente, construir o conhecimento com o aluno, ele/a é
convidado/a, motivado/a e desafiado/a a se integrar ao trabalho. O resultado tem sido,
sempre, de adesão da maioria.
Através de oficinas, os professores são orientados em como trabalhar. A partir de uma
fundamentação teórica referente ao patrimônio histórico material e imaterial, são
realizadas atividades práticas de como abordar e escolher, por exemplo, as pessoas da
comunidade que irão fornecer as informações; como elaborar as entrevistas; como
executá-las – através de visitas ao entrevistado ou trazendo-o à Escola; como elaborar os
relatórios das entrevistas; como observar, identificar e analisar objetos e paisagens; como
coletar objetos; como fichar os objetos coletados e/ou disponibilizados para a exposição;
como higienizar e conservar esse acervo. A essas oficinas, ao longo dos anos,
acrescentaram-se outras, entre elas oficinas de história oral, de conservação e limpeza de
objetos – técnicas específicas, curso de fotografia, entre outros.
2.3 O Museu de Rua
O Museu de Rua é o fator dinamizador imediato das atividades, é o que dá sentido, a
curto prazo, a todas as ações: constitui-se no resultado visível, concreto e partilhado
com a comunidade, não apenas como uma tarefa escolar, mas como uma ação de
construção de um conhecimento coletivo, de revelação e sistematização de uma
memória ainda viva, viabilizado através de trabalhos ao longo do semestre ou do ano
letivo e que terminam expostos na forma de Museu, em espaço fora da escola.
Desde o início (em 2004), trabalhar o Museu de Rua caracteriza-se como uma estratégia
em educação patrimonial. Em primeiro lugar, porque o município não tinha museu e
pretendia-se preparar e construir com a comunidade o seu museu vivo e dinâmico. Em
segundo, por questões metodológicas. Um museu para não ficar engessado na exposição
de um acervo permanente, precisa de exposições temporárias. Essas exposições
resultam de projetos.
Desse modo, metodologicamente, estamos trabalhando, na escola, com projetos. Um
projeto implica em definição e delimitação de tema; levantamento de hipóteses; busca
de informações – através de entrevistas, pesquisa bibliográfica, pesquisa em
documentos, pesquisa na internet; sistematização das informações; levantamento de
248
objetos pertinentes ao tema – com elaboração do inventário dos objetos, registro,
higienização e conservação dos mesmos; preparação da exposição – painéis,
banners, pastas com informações, folders, etc; organização da exposição –
organização do espaço, dos objetos, dos textos; e escala de professores e alunos
responsáveis pelo acompanhamento das visitas, durante a exposição.
Se subsidiamos o corpo docente com técnicas e metodologias de pesquisa, princípios
básicos de museologia e museografia, eles, juntos com seus alunos, e outros
voluntários da comunidade, podem tratar de manter o museu não só organizado, mas
com permanentes novidades por meio de exposições temporárias. Assim, além do
trabalho na escola ser desenvolvido com sentido e significado, porque parte da
realidade da criança, esse trabalho tem uma repercussão imediata na comunidade
através da ativação do museu local. (SPERB e WERLE, 2004).
Já foram realizados onze museus de rua com diversos temas que focam um aspecto
da vida e da história econômica, social, cultural e religiosa no município. A partir de
2010, as exposições foram montadas em diversos locais públicos – bancos, casas
comerciais, instituições, etc. – sempre bem acolhidos pelas casas e com animadores
comentários dos visitantes. Em 2012, estamos trabalhando com o XII Museu, cujo
tema é Nossos tesouros humanos.
3. Atividades no Museu
O Núcleo Histórico do Parque Histórico Jorge Kuhn constitui-se em espaço original onde, no
final do século XIX e na primeira metade do século XX, funcionou uma pequena
agroindústria. Embora parcialmente restaurado e musealizado, ainda está em fase de
organização e estruturação. Nesse sentido, as atividades de educação patrimonial não têm
apenas o objetivo de sensibilizar a criança para o patrimônio histórico, senão de, também,
motivá-la como possível colaborador voluntário do museu comunitário.
As atividades no Museu desenvolvem-se nas oficinas O Passado no Presente e
Encontros com Clio, através de projetos com temas diversos, conforme interesses e
demandas. A primeira oficina implica em buscar informações e aprender a fazer objetos
antigos: brinquedos e brincadeiras, sabão e sabonete, a pintar imagens sacras, etc. A
segunda oficina está mais afeta a museologia. Os alunos aprendem e realizam a
identificação, catalogação e registro de objetos do Museu e de propriedades que integram
o acervo municipal (tanto propriedades particulares, como públicas). Nesta oficina, o
trabalho de educação patrimonial no Museu vai além de atividades lúdicas, de motivação
e de sensibilização. Prepara futuros colaboradores voluntários. Apresenta às crianças um
museu que está voltado também para fora, para o entorno, para a comunidade e para o
patrimônio aí existente e vivo, porque é do Museu que partem as ações de orientação
para a preservação e conservação do patrimônio da comunidade.
4. Atividades na comunidade
As ações na comunidade têm como objetivo valorizar o patrimônio – edificado,
iconográfico e imaterial – no seu sítio original, sem deslocá-lo para o museu oficial ou
para uma aldeia construída especialmente para esse fim. Picada Café tem uma igreja
histórica, tombada pelo patrimônio histórico municipal, onde, em 2011, foi instalado o
Memorial da Fé; várias casas comerciais desativadas nas décadas de 1960 e 1970; uma
sapataria; e inúmeras propriedades rurais com todo seu equipamento, incluindo a antiga
casa de enxaimel. Esses espaços e esses bens são ocupados e fazem parte da vida
cotidiana dos seus proprietários e da comunidade. O trabalho que vem sendo realizado pelo
Museu tem sido de apoiar e orientar as pessoas e os proprietários na limpeza, na
conservação e no inventário do seu acervo.
5 . Associações de apoio
Qualquer proposta com patrimônio histórico, de um museu a monumentos e bairros
tombados, tem de pensar a sustentabilidade tanto dos bens, dos espaços e do ambiente,
como das populações que vivem e convivem nesses lugares e seus entornos. Buscando
249
uma forma de viabilizar essa sustentabilidade foram, até o momento, criadas duas
associações: a Associação de Amigos do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e
Ambiental – AAPHACA, e a Cooperativa de Artesanato e Manufatura – Fides Art.
Bibliografia
BRASIL. Parêmetros Curriculares Nacionais. História e Geografia. Secretaria de
Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEP, 1997.
FREINET, Célestin. Para uma escola do povo. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
HANSEN, Patrícia Rosina Stoffel. Memória viva e revivida. IN: BALDISSERA, Maria Janete
Soligo (org.). Experiências docentes: textos e contextos. Porto Alegre: IPSDB, 2011.
SPERB, Angela Tereza. Patrimônio histórico e educação: uma história a ser contada.
In: KRONBAUER, Selenir Corrêa Gonçalves; SIMIONATO, Margareth Fadanelli (orgs)
Articulando saberes na formação de professores. São Paulo: Paulinas, 2012.
SPERB, Angela Tereza; WERLE, Sussana Maria Mallmann (Coords.) Na trilha dos lírios:
Escola e comunidade traçam seu futuro através do passado. Picada Café: SMECDT, 2004.
VARINE, Hugues de. Les racines du futur: le patrimoine au service du développpement
local. Lusigny-sur-Ouche (França): ASDIC, 2005.
VARINE, Hugues de. La dynamique du développement local. Le choix du
Beaufortain. Lusigny-sur-Ouche (França): ASDIC, 2006.
TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA, CULTURA E ECOMUSEU: UMA
ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO EM
COMUNIDADES QUILOMBOLAS NO ESTADO DO PARÁ.
Antonio Carlos Ferreira Souza*
Flávia Cristina Pagliarini****
Universidade Federal do Pará - BRASIL
RESUMO
Este trabalho procura integrar os elementos de Turismo de Base Comunitária, Turismo
Cultural e ecomuseus, com o objetivo de criar novas possibilidades econômicas,
sociais e culturais para as comunidades remanescentes de Quilombolas no estado do
Pará.
Palavras-chave: Ecomuseu - Turismo de Base Comunitária - Comunidades
Quilombolas.
RESUMEN
En este trabajo se busca integrar los elementos del Turismo de base Comunitario,
Turismo Cultural y Ecomuseos con el objetivo de crear nuevas possibilidades a las
implicaciones económicas, culturales y sociales a las comunidades de remanente de
Quilomboas no estado de Pará.
Palabras-Claves: Ecomuseo - Turismo de Base Comunitario - Las Comunidades
Quilomboas.
*
Graduando do 8° semestre do curso de Bacharelado em Turismo – UFPA, Técnico em eventos – IFPA,
[email protected]
250
TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA, CULTURA E ECOMUSEU: UMA
ALTERNATIVA PARA O DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO EM
COMUNIDADES QUILOMBOLAS NO ESTADO DO PARÁ.
A globalização, a facilidade dos fluxos de capital, pessoas e informações tendem a
tornar homogênea a variedade cultural das sociedades, acarretando a fortificação da
indústria cultural. Esta indústria é capaz de persuadir os meios de comunicação
fazendo com que as massas populacionais não criem ou não se importem com o
caráter crítico, estabelecendo padrões culturais encenados de acordo com seus
interesses. Assim
[...] as danças, os ritmos musicais, as festas, as raves, os
espetáculos, a produção cinematográfica e televisiva, a moda, as
obras de arte, o artesanato, a gastronomia, os valores, os
comportamentos e gostos acabam virando mercadorias para serem
consumidas de forma rápida e massificadas como qualquer produto.
(BARRETO, 2010, p. 262).
São esses riscos que corre a diversidade cultural, de perda significativa dos elementos
que são permeados por ela. Segundo Santos (2005), antropólogo brasileiro, o homem
é produto do meio, um ser coletivo, ou seja, é influenciado por vivências externas,
reproduzindo em suas ações aspectos similares os do mesmo grupo em que esteja
habituado. Portanto, uma cultura é constituída por produções individuais que são
somadas junto das demais produções do grupo tornando-se a característica mais
peculiar de um povo.
Essa mesma cultura é repassada por gerações através da oralidade; dos mitos e
rituais; dos vestígios materiais, entre outras formas de expressão de um determinado
grupo social. Para tanto, uma das alternativas de salvaguardar a herança cultural e
fortalecer laços de uma sociedade comum, o conhecimento e a utilização do
patrimônio cultural é cabível.
Dentre diversos patrimônios culturais, é preciso delineá-los em materiais e imateriais.
Barreto (2010, p.239), descreve o patrimônio material composto por “[...] elementos
ergológicos produzidos pela sociedade, o que inclui todos os tipos de objetos móveis e
imóveis e também todas as modalidades de edificações arquitetônicas.”. No que diz
respeito ao patrimônio imaterial compreende-se
[...] elementos intangíveis da cultura e abarcam os conhecimentos
práticos, religiosos, tecnológicos, filosóficos, artísticos e científicos
compartilhados pela sociedade, bem como todas as manifestações
comportamentais e folclóricas que se expressam em hábitos,
costumes, valores, crenças, maneiras de viver, modos de falar,
tradições orais, mitos, ritos, festas, danças, músicas, superstições
etc.(BARRETO, 2010, p.239)
Neste contexto apresenta-se a atividade de turismo cultural para ser um agente que
possibilite uma alternativa financeira para determinada comunidade, sendo que a
propagação do turismo cultural é imprescindível com o propósito de afirmar a
identidade de uma determinada localidade. Para Dias (2009, p. 39), o turismo cultural
se enquadra como uma das principais vertentes do turismo, sendo visto como
[...] uma segmentação do mercado turístico que incorpora uma
variedade de formas culturais, em que se incluem museus, galerias,
eventos culturais, festivais, festas, arquitetura, sítios históricos,
apresentações artísticas e outras, que, identificadas como uma
cultura em particular faz parte de um conjunto que identifica uma
251
comunidade e que atraem os visitantes interessados em conhecer
características singulares de outros povos.
O contato direto com a comunidade de uma localidade e, por conseguinte, contato
com um conjunto de fatos ideológicos, se dá através da junção da cultura material e
imaterial, fazendo com que no turismo cultural, o turista anseie conhecer novos
costumes, novas produções culturais, diferentes daquelas que está acostumado a
presenciar. A procura por esse tipo de turismo ainda é pequena se comparada ao
chamado turismo de massa, portanto o turismo cultural é seletivo, na maioria das
vezes, quanto a seus adquirentes. Dias (2009, p.36) suplementa apontando esse
modelo de turismo como um “[...] contato direto do indivíduo com o seu interesse
particular, seja ele em um sítio arqueológico, um museu, um monumento histórico,
uma etnia, uma dança, um tipo de artesanato etc.”.
É importante salientar o envolvimento da comunidade nas praticas e projetos voltados
ao turismo cultural. Primeiramente, o empreendedor da atividade deve realizar a
sensibilização dos comunitários através da educação patrimonial, para que eles
possam entender e ter controle sobre a economia; o social; o meio ambiente; e o
manejo correto dos materiais culturais, fazendo com que a partir deste esclarecimento,
entendam como as implicações irão proceder na vida cotidiana. Dessa forma o
planejamento da atividade passa a ser participativo, realizando a equidade entre as
duas partes – comunidade e empreendedor - compondo uma gestão efetiva e benéfica
principalmente para a comunidade local. Esse planejamento irá proporcionar
condições de sustentabilidade à comunidade e atenderá o cuidado com o patrimônio
cultural. O fato da preocupação acerca da preservação com o patrimônio cultural
[...] é uma atitude que está relacionada com a construção e
significação de presente, ou seja, com aquilo que a sociedade
valoriza hoje como digno de ser conservado como parte de sua
memória [...] (BARRETO, 2010, p.239).
O Ecomuseu se elabora sobre a somatória do passado, desenrolado até o presente e
das ações conjuntas de uma comunidade, podendo esta fazer seu futuro. A vivência
da herança cultural, aplicada ao cotidiano e ao zelo pelo ambiente natural em que
vivem é aonde se abre a brecha de implementar a atividade de ecomuseu, salientando
que a autenticidade construída através de diversas experiências vividas no decorrer
dos anos são apontadas como importantes critérios a serem desenvolvidos no projeto
destes, aqui tratados como, empreendimentos.
Um dos mais importantes componentes dentre os princípios do ecomuseu é a sua
relação com o meio ambiente natural e cultural que o rodeia, devendo refletir o
desenvolvimento cultural e econômico de uma região, o que lhe dá o caráter regional.
(COELHO, 2007). O ecomuseu deve contar com a responsabilidade da própria
comunidade, visando antes de tudo o próprio interesse por seus antepassados e pela
história de formação do seu povo, assumindo posteriormente, a obrigação de
responder pelas ações futuras em conjunto. Desta forma, essa grande coleção de
cultura, vestígios predecessores e a junção das expressões de uma comunidade
podem utilizar do ecomuseu para fazer valer sua região, história e autenticidade.
Contudo, para que o ecomuseu seja mais uma viabilidade econômica para a
comunidade, valendo-se da prerrogativa que as assemelham, adapta-se o Turismo de
Base Comunitária (TBC) para atrair as pessoas a visitar o espaço. O TBC é aqui
aplicado às comunidades sendo um modelo de desenvolvimento turístico, orientado
pelos princípios da economia solidária, associativismo, valorização da cultural local, e,
principalmente protagonizado pelas comunidades locais (BARTHOLO; SANSOLO e
BURSZTYN, 2008), tendo preocupação em sua elaboração o manejo positivo de sua
natureza, analisando e adaptando a sua realidade quanto à capacidade de utilização
252
espacial. A importância maior sobre o fato é de que se faz necessário a educação
patrimonial dos moradores, para que haja um atendimento das adequações –
planejamento e execução - que cada comunidade necessita, como pode ser entendida
pela
[...] a form of ecotourism where the local community has substantial
control over and involvement in, its development and management,
and a major proportion of the benefits remain with in the
community[...] (WWF apud BARTHOLO; SANSOLO e BURSZTYN,
2008)
O foco do estudo é voltado para as comunidades quilombolas que se originaram dos
antigos quilombos instituídos no Brasil desde o período da escravização negra. Os
quilombos eram locais afastados objetivando manterem-se o mais distante possível
dos proprietários de terras e comerciantes. Logo, nesses espaços voltava a se
manifestar as produções culturais que em regime de escravidão eram impedidas. Nos
quilombos, os negros, assim como outros fugitivos mestiços, passaram a estabelecer
relações de sentimento com aquelas terras ocupadas por eles. Deste modo, passando
a reintegrar a religiosidade e aspectos culturais. Como toda sociedade é estruturada
de acordo com seus precedentes culturais, guardando histórias e tradições de um
povo repassadas de gerações em gerações e organizada também conforme padrões
estabelecidos por políticas distintas do local, a comunidade quilombola é descendente
do quilombo, só que rejuvenescida, pois ocorrem adaptações culturais e políticas no
decorrer dos anos. Desta forma, o que é proposto e posteriormente trabalhado nessas
comunidades será o que elas possuem de melhor e diferenciado a oferecer, seja de
cunho material ou imaterial. A possível ausência de políticas públicas “que promovam
alternativas econômicas compatíveis com a diversidade cultural e ambiental capazes
de proporcionar o desenvolvimento sustentável das comunidades e de seus territórios"
(VOLOCHKO; BATISTA, 2009, p. 53) são um dos principais entraves para o
desenvolvimento socioeconômico destas comunidades.
A situação dos remanescentes de quilombolas no estado do Pará é alarmante, visto a
possível ausência de apoio governamental (referindo-se às políticas públicas) que
estas comunidades vêm passando. Então, a integração de uma atividade turística que
apresente elementos que valorizem o aspecto cultural – o turismo cultural –, que
abranja também a participação efetiva no planejamento e gestão de um
empreendimento que pode ser um meio de melhoria para os moradores locais – o
turismo de base comunitária –, que divulgue determinados costumes, fazendo com
que haja o fortalecimento (entende-se como conservação) dos traços originais de um
povo é de extrema importância para as comunidades que são envolvidas no processo,
caracterizando-se como uma inovação que pode trazer melhorias significativas para
estas. No caso deste debate, as comunidades quilombolas, que aqui são o alvo
principal, podem se utilizar destes princípios apresentados pelo ecomuseu, pelo
turismo cultural, pelo TBC, com o intuito de fomentarem uma nova ação, uma atividade
voltada para os interesses que lhes forem entendidos como importantes (a economia,
a cultura, o social) que primem por conservar sua cultura, divulgar fatos e informações
pertinentes as suas origens, possibilitam que essas comunidades que passam por
necessidades possam estar recebendo esta importante alternativa para seu cotidiano.
BIBLIOGRAFIA
BARRETO, M. V. Abordando o passado: uma introdução à arqueologia. Belém: PakaTatu, 2010.
BARTHOLO, R.; SANSOLO, D. G; BURSZTYN, I. Turismo de base comunitária:
diversidades de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Universidade
Federal do Rio de Janeiro, 2008
253
COELHO, T. Dicionário crítico de política cultural: Cultura e imaginário. São Paulo:
Editora Iluminuras, 2007.
DIAS, R. Turismo e patrimônio cultural. São Paulo: Editora Saraiva, 2009.
SANTOS, R. J. dos. Antropologia para quem não vai ser antropólogo. São Paulo.
Editora: Tomo Editorial, 2005.
VOLOCHKO, A; BATISTA, L. E. Saúde nos Quilombos. São Paulo: Instituto de Saúde
– GTAE – SESSP, 2009.
ECOMUSEU
DE
SANTA
CRUZ,
ANSIEDADE
COMUNITÁRIA
DESENVOLVIMENTO LOCAL
Sinvaldo do Nascimento Souza*
NOPH – Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz
Ecomuseu de Santa Cruz - Rio de Janeiro - BRASIL
PELO
RÉSUMÉ
Deux images, deux moments de la vie de l´écomusée vu de loin. Nous présentons ici
nos impressions de ces deux moments: celui de son identification et révelation en
1992, le NOPH ayant déjà presque dix ans d’action communautaire vers le patrimoine,
la culture et l’ histoire de Santa Cruz, et l’autre, un image d’ aujourd’ hui que nous
pouvons envisager après ces vingt ans de mobilisation socioculturelle. Avec un
sentiment plein d’ expectatives et d’ espoir, voilà une Santa Cruz qui s’ inquiète de
son développement local. La vocation pédagogique du NOPH de la fondation en1983
jusqu’ à présent montre que l’éducation est la méthode naturelle de l’Écomusée de
Santa Cruz et nous pouvons sans doute affirmer qu’ il est né de cette cumplicité, ce
partenariat fidèle dont les résultats sont le sentiment d’ appartenance au territoire de
Santa Cruz , la responsabilité des habitants pour la défense, la permanence ou la
transformation du patrimoine et le désir de participer au développement local. C'est
cette manière innovante de muséalisation de la vie communautaire que nous
envisageons avec un sentiment d'attente et d'espoir pour l' Ecomusée de Santa
Cruz dans les vingt années prochaines.
ECOMUSEU
DE
SANTA
CRUZ,
ANSIEDADE
COMUNITÁRIA
DESENVOLVIMENTO LOCAL
Sinvaldo do Nascimento Souza*
NOPH – Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz
Ecomuseu de Santa Cruz - Rio de Janeiro - BRASIL
PELO
E nesta peleja já se foram vinte anos. Vinte, ou quarenta? Que pontos de vista
defendíamos em 1972 ou em 1992, que são iguais ou diferentes das nossas ideias e
ideais dos dias de hoje? Até onde os nossos olhares ecomuseológicos poderão
alcançar sentimentos de expectativas e de esperanças de uma comunidade
autossustentável?
No texto com o depoimento que serve como preâmbulo dos “Anais do 1º Encontro
Internacional de Ecomuseus”, o professor doutor em Museologia, Mário Moutinho,
*
Professor de História e Museólogo, Mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense;
Coordenador de Divulgação do Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz – Rio de
Janeiro. [email protected]
254
refere-se à Zona Oeste do Rio de Janeiro como “uma terra onde a ânsia frustrada do
direito à igualdade se sente a cada instante, em cada olhar e em cada coisa.” i
Mas adiante, Moutinho escreveu:
“Terra diferente e igual ao mesmo tempo no tardar do reencontro de
cada um com os seus, com a memória e com o dia de amanhã”.
“Mas, também, terra diferente e igual na luta e na vontade de
contrariar o abandono, e que obriga cada um ao seu jeito e no seu
ii
saber a tomar, a gritar e a provocar a mudança.”
Lembro-me muito bem, ainda no segundo dia do 1º Encontro Internacional de
Ecomuseus, em maio de 1992, da preocupação e interesse do Mário Moutinho em
conhecer de perto um dos conjuntos habitacionais de Santa Cruz e vivenciar as
experiências dentro de um CIEP (Centro Integrado de Educação Pública) idealizado
por Darcy Ribeiro e implantado no governo Leonel Brizola, aqui no Rio de Janeiro.
Visitamos o CIEP Papa João XXIII, e passamos rapidamente pelo Conjunto
Habitacional Manguariba, cuja entrada pode ser feita a partir da Avenida Brasil, no
percurso entre os bairros de Campo Grande e de Santa Cruz.
Penso que Mário Moutinho, a partir das visitas feitas à Santa Cruz e do contato com as
lideranças comunitárias da Zona Oeste, soube definir bem aquele momento histórico
do 1º Encontro Internacional de Ecomuseus quando, referindo-se a Georges- Henri
Rivière, a quem chama de “grande pai e grande mestre da ecomuseologia”, cita: “ele
(Rivière) dizia que o ecomuseu é um museu desejado pela população e por um poder,
pela população que tem implicações no seu próprio desenvolvimento, e pelo poder
que tem os meios que faltam por vezes a esta população.” iii
Eram esses os pontos de vista que defendíamos em 1972 e em 1992: Primeiro, a
expectativa de organizar as relações do Homem com o Meio Ambiente, tal como
proposição da Conferência de Estocolmo. Em segundo lugar, tendo como objetivo
fundamental a busca de meios visando conciliar o desenvolvimento socioeconômico, a
conservação e proteção dos ecossistemas da Terra.
Para a população de Santa Cruz, - cuja história começa a ser registrada em meados
do século XVI, muito embora haja indícios e evidências da ocupação humana, de pelo
menos quatro séculos antes da chegada dos portugueses, - tanto os objetivos da
Conferência de 1972, como os de 1992, faziam sentido em razão das transformações
que se verificavam no bairro, desde princípios da década de 1960, quando a região
deixava de ser o chamado “celeiro agrícola do Distrito Federal” e começa o processo
de implantação do complexo industrial.
Deixando de ser uma região eminentemente rural e transformando-se de forma
acelerada em bairro industrializado, Santa Cruz, que foi Fazenda Jesuítica e abrigou
uma das residências da Família Real no Rio de Janeiro, tem o seu patrimônio
histórico, artístico e arquitetônico dilapidado e sua cartografia urbanística
descaracterizada.
A partir do início dos anos 70, segmentos da comunidade local começam a se
mobilizar em defesa da preservação patrimonial, promovendo campanhas pela
restauração do prédio neoclássico conhecido como “Palacete Princesa Isabel”, da
Fonte Wallace, do Marco Onze, do Marco da Fazenda Imperial de Santa Cruz e
principalmente, da Ponte dos Jesuítas, monumento provido de comportas hidráulicas,
construído em 1752, para conter a impetuosidade das águas do Rio Guandu, evitar as
frequentes cheias na região e promover a drenagem dos canais e valas da Baixada de
Sepetiba.
Com base nas palavras de Aloísio Magalhães, diretor do IPHAN nos anos 1970,
quando afirma que “A comunidade é a melhor guardiã do seu patrimônio”, alguns
líderes do bairro de Santa Cruz resolveram fundar o Núcleo de Orientação e Pesquisa
Histórica, o NOPH, em 1983, demarcando a ansiedade da população pelo
desenvolvimento local, com a manutenção do que ainda restava do seu patrimônio
histórico, artístico e arquitetônico.
255
A criação do Ecomuseu Municipal de Santa Cruz, por decreto assinado pelo então
prefeito da Cidade do Rio de Janeiro, César Maia foi a efetivação do reconhecimento
das atividades desenvolvidas pelo Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica, o
NOPH de Santa Cruz, conforme palavras do secretário de Cultura, escritor Carlos
Eduardo Novaes, na apresentação dos Anais do 1º Encontro Internacional quando
afirma:
“Estes anais, portanto, não se limitam a teorizações em torno do
conceito de ecomuseu, mas enriqueceu nossos conhecimentos com o
relato de algumas experiências internacionais que estão inspirando a
criação do Ecomuseu Municipal de Santa Cruz, a área da Zona
Oeste, escolhida na sessão de encerramento para abrigar o projeto
iv
pioneiro.”
Mais adiante, escrevendo sobre as medidas práticas para a consolidação do
Ecomuseu de Santa Cruz, com a alocação de recursos financeiros e a assinatura do
decreto pelo prefeito, Carlos Eduardo Novaes refere-se explicitamente aos integrantes
do Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica, o NOPH, acrescentando: “... um
punhado de bravos de Santa Cruz já vinha trabalhando para encurtar as distâncias
entre a teoria e a prática. Espero que esta nova ideia contagie toda a comunidade
local – e se espraie por outras – porque somente com sua participação um ecomuseu
fará sentido.” v
Observando o desenho que ilustra a capa de um dos exemplares dos Anais do 1º
Encontro Internacional de Ecomuseus, onde vejo uma flor brotando do telhado com
frontão clássico daquele que seria o museu tradicional e hoje, neste ano 2012, tendo a
chance e oportunidade de estar participando do IV Encontro Internacional de
Ecomuseus e Museus Comunitários – IV EIEMC, que tem como tema “Patrimônio e
Capacitação dos Atores do Desenvolvimento Local”, vejo com sentimento de
expectativa e de esperança as amplas possibilidades do porvir, com a assinatura do
decreto pelo atual prefeito do Rio de Janeiro, demarcando a transferência do Centro
Cultural de Santa Cruz para a gestão da Secretaria Municipal de Educação.
Da mesma forma que o Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica nasceu a partir das
ações educativas, também o Ecomuseu de Santa Cruz, desde a sua implantação, vem
fomentando a sua vocação educacional mediante a realização de programas, projetos
e ações, envolvendo escolas, colégios, universidades, alunos, professores e
educadores, que participam de circuitos integrados, com visitação aos pontos
históricos do bairro, bem como de exposições, oficinas de educação patrimonial,
parcerias com associações e entidades e mobilização da comunidade em defesa do
patrimônio do bairro.
É esta forma inovadora de musealização da vida comunitária que vislumbramos com
sentimento de expectativa e de esperança para o Ecomuseu de Santa Cruz nos
próximos vinte anos.
_______________________
i
1º Encontro Internacional de Ecomuseus. Rio de Janeiro, 1992. Anais. Rio de Janeiro, Secretaria
Municipal de Cultura, Turismo e Esporte, 18-23 maio 1992.
ii
ibidem
iii ibidem
ESPELHO ONDE SE “REVÊ” E SE DESCOBRE A PRÓPRIA IMAGEM - O
MOVIMENTO ECOMUSEU SEPETIBA – DESAFIOS E PERSPECTIVAS
Bianca Wild*
Bruno Cruz de Almeida**
*
Bianca Wild – Cientista social/FEUC-FIC/RJ e Especialista em gênero e sexualidade UERJ/ PPGMS ;
Articuladora do movimento Ecomuseu Sepetiba - Rio de Janeiro / Diretora de Raça, gênero e etnia da
UNEGRO pólo I.A.O/ Sepetiba / Docente SEEDUC RJ - [email protected]
256
Movimento Ecomuseu de Sepetiba - Rio de Janeiro - BRASIL
RESUMO
O bairro de Sepetiba, localizado na cidade do Rio de Janeiro, vem ao longo de sua
história sofrendo mudanças que levaram a um processo de estagnação politica e
econômica, provocada, em especial, nos últimos anos, pela dagradação ambiental
sofrida, seja pela criação de um distrito industrial no bairro de Santa Cruz e /ou pela
criação de um porto na cidade de Itaguaí. O espelho é uma analogia que simboliza um
dos eixos de ação do Movimento Ecomuseu de Sepetiba, que é a recuperação da
autoestima dos moradores.
O ecomuseu surge assim, como um instumento que nos permite reconhecer e
redescobrir o que nos dá identidade, mesmo que no presente, o que nos configura não
é somente o belo do passado, mas o desejo de transformação, de mudança para um
futuro melhor. Nesse processo de três anos, o ecomuseu vem conquistando mais
espaço e mobilizando cada vez mais o bairro de Sepetiba.
Palavras- chave: Identidade - Memória - Patrimônio - Mobilização
RESUMEN:
El barrio de Sepetiba, ubicado em la ciudad de Río de Janeiro, tiene al largo de su
historia, pasado por cambios que llevaran a cabo un proceso de estagnación política y
económica, provocado, en particular, en los últimos años, por el daño ambiental que
ha sufrido, sea por la creación de un distrito industrial en el bairro de Santa Cruz y/o la
creación de un puerto en la ciudad de Itaguaí. El espejo es una analogía que simboliza
uno de los ejes de acción del movimiento ecomuseo de Sepetiba, que es la
recuperación de la autoestima de los residentes.
El ecomuseo aparece así como un procedimiento que nos permite reconocer y
redescubrir lo que nos da identidad, incluso en esto, que no sólo se encuentra en el
hermoso pasado, pero el deseo de transformación, el cambio hasta un futuro mejor.
En este proceso de 3 años, el ecomuseo está ganando más espacio y movilizando
cada vez más el barrio de Sepetiba.
Palabras clave: Identidad - Memoria - Patrimonio - Mobilización
ESPELHO ONDE SE “REVÊ” E SE DESCOBRE A PRÓPRIA IMAGEMO MOVIMENTO ECOMUSEU SEPETIBA – DESAFIOS E PERSPECTIVAS
Introdução
O discurso que prioriza o desenvolvimento social já é lugar comum em nossa
sociedade, contudo basta um olhar mais aguçado para constatarmos que na maioria
das grandes cidades do nosso colossal Brasil nunca há um planejamento adequado
de infraestrutura para a população. Desenvolvimento / crescimento não são análogos,
e em nosso caso a urbanização desenfreada, a febre industrial, o deslocamento de
populações inteiras, principalmente durante o governo Lacerda, dentre outros fatores
contribuíram e muito para atual situação da região aqui apresentada, Sepetiba, bairro
da cidade do Rio de Janeiro. Identificar esse fenômeno social exige um exame mais
aprofundado, entretanto faremos aqui uma breve análise das transformações sociais;
das relações de poder envolvidas na questão a ser avaliada.
O presente texto tem por escopo oferecer subsídios para a compreensão do fenômeno
social que tem sua visibilidade assegurada pelo processo de degradação e preterição
**
Bruno Cruz de Almeida – Historiador; Vice-coordenador de divulgação do Núcleo de Orientação e
Pesquisa Histórica de Santa Cruz - NOPH e Articulador do movimento Ecomuseu Sepetiba –
[email protected]
257
da memória do bairro carioca de Sepetiba, adotando uma postura reflexiva que prima,
sobretudo, pelo debate e pela valorização desta localidade. Prevê-se ainda, como
base preliminar o teste das teias discursivas nas quais se opera a negação da
identidade e dos símbolos dessa localidade que tudo teria para requerer o status de
um centro alternativo da cidade do Rio de Janeiro.
Um longo caminho a ser trilhado
O dia 25 de outubro de 2009 nunca mais será esquecido pelos precursores do
Movimento Ecomuseu Sepetiba, pois desencadeou um processo de reconhecimento,
uma “redescoberta”. Neste dia o bairro foi presenteado com a sua inclusão no roteiro
das I Jornadas de Formação em Museologia Comunitária realizada pela ABREMCAssociação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários, NOPH- Núcleo de
Orientação e Pesquisa Histórica/ Ecomuseu de Santa Cruz, e seus parceiros (SMC/
Coord. de Museus, UMCO- Unión de Museos Comunitarios de América, Itaipu
Binacional, Grupo Gerdau, 10ª. CRE, UNIRIO, entre outros, através da realização de
uma Roda de Lembranças no Centro Comunitário Santo Expedito (Sepetiba).
Iniciava-se então o “Movimento Ecomuseu Sepetiba”. O reconhecimento enquanto
processo ecomuseológico encaixou-se perfeitamente nas necessidades da
comunidade e do meio ambiente da região, pois o Ecomuseu vai além da ecologia,
seu conceito é muito mais complexo, o termo está ligado a numerosos outros
conceitos como o de território, espaço como objeto de interpretação, reserva ambiental
dentre outros, lugar de memória viva. Sepetiba é rica em histórias e memórias, e ainda
existem muitos moradores e moradoras interessados em perpetuá-las. Sabendo que o
ecomuseu é representativo, ele deve decorrer do território e de sua população, como
afirma Hugues de Varine é essencialmente cooperativo, e justamente nesta questão
encontra-se o nosso grande desafio, a participação e a mobilização dos habitantes.
(VARINE, 2006)
Devido a todo o processo de degradação ambiental ocorrido na localidade aqui
tratada, famílias inteiras viram-se desamparadas economicamente, pois viviam da
pesca, do turismo e de todo o resto de atividades econômicas relacionadas com o
meio ambiente, com a baía de Sepetiba. Com a degradação da baía o único meio de
subsistência dessas famílias foi-lhes tirado, já não podem viver exclusivamente da
pesca, toda a comunidade era voltada para atividades relacionadas ao turismo e a
pesca, conseqüentemente dependia das temporadas de veraneio. Há necessidade de
um trabalho intenso e ininterrupto para ajudar na recuperação da economia local, da
autoestima dos moradores e no desenvolvimento.
Nas palavras de Odalice Priosti, o Ecomuseu:
“é um espaço de relações entre uma comunidade e seu ambiente
natural e cultural, onde se desenvolve, através das ações de
iniciativa comunitária, um processo gradativamente consciente e
pedagógico de patrimonialização, apropriação e responsabilização
dessa comunidade com a transmissão, cuidado e transformação
do patrimônio comum e, consequentemente, com a criação do
patrimônio do futuro”. (apud: MAGALDI, 2006)
O Ecomuseu, ao labutar em favor do desenvolvimento da comunidade, deve levar em
conta os problemas e questões colocadas em seu âmago, tratando-os de maneira
crítica analítica e estimulando o processo de conscientização, mobilização e a
criatividade da população, para isso utilizando as informações do seu passado e
presente para que ela venha a pensar o futuro de forma questionadora e esperançosa.
Logo “(...) todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje (...). Temos de saber o
que fomos, para saber o que seremos”. (FREIRE, 1982, p. 33)
Sepetiba foi palco de importantes acontecimentos durante as três principais fases da
história do país: Brasil Colônia, Império e República; povoado pelos corajosos índios
Tamoios, foi aldeamento jesuítico, cenário da batalha naval contra os holandeses, sua
baía e praias serviram de local de desembarque para o quinto do ouro, tráfico do
258
mesmo, tráfico de escravos, de pau-brasil, cenário da luta dos corsários dentre outros
muitos acontecimentos. Personagens históricas passaram pelo bairro de Sepetiba e
navegaram pela baía reconhecendo sua beleza e tranqüilidade, como D. João VI, D.
Pedro I, D. Leopoldina, José Bonifácio, o Visconde de Sepetiba, Jean Baptiste Debret
dentre muitos outros; abrigou republicanos e anti-republicanos; foi cenário da tragédia
ocorrida durante o período de transição Império/República: o fuzilamento dos
marinheiros na Ilha da Pescaria (Ilha dos Marinheiros). Saraus, touradas eram
realizados constantemente, as cirandas características da população caiçara local,
dentre muitos outros eventos não disseminados ou com sua veracidade ainda não
comprovada.
A partir de uma série de movimentos, iniciativas individuais e de grupos locais a
situação de descaso, “esquecimento” e a consequente desvalorização por parte dos
moradores (as) vem se transformando, desde a década de 1990 com ações como os
“abraços” simbólicos na praia de Sepetiba, o enterro simbólico da praia etc.,realizados
por grupos como o S.O.S Baía de Sepetiba, CORES (Comissão de Revitalização de
Sepetiba) etc. Contudo, o descaso das autoridades competentes para com a região é
notório. No momento, estão sendo realizadas obras de reabilitação ambiental na praia
de Sepetiba, uma pequena extensão da praia de Sepetiba foi aterrada por mantas de
geotêxtil e areia, entretanto Sepetiba possui outras duas praias, a do Recôncavo ou
Dona Luíza e a praia do Cardo, onde nada está sendo realizado.
A roda de lembranças e a comemoração do aniversário do bairro que havia sido
esquecida desde o inicio da década de 1990, voltando a ser realizada no ano de 2008
despertaram de certa forma um orgulho que havia adormecido nos moradores (as) do
local, pois a partir deste ano foram expostas fotografias antigas, textos, livros sobre o
bairro, matérias de jornais antigos etc., que possibilitaram aos novos moradores a
“descoberta” do seu bairro e aos antigos a “redescoberta”.
Quando fazemos a analogia ao espelho, podemos ser mal compreendidos,
principalmente em uma localidade comprometida, com sua paisagem “desfigurada” e
degradada§§§§§§§§§§§ como Sepetiba, entretanto de forma alguma pretendemos
culpabilizar os moradores: o que ocorre neste local é conseqüência de todo um
sistema, de uma divisão da cidade que vem se configurando há muito tempo, desde a
primeira república, a divisão das regiões da cidade, dos bairros mostra os seus
objetivos- separar a população e priorizar determinadas regiões / localidades. Pouco
se sabe e pouco se deseja saber sobre as relações de poder que estão na base da
dialética da exclusão, como algumas localidades foram de fato excluídas e quais foram
as lutas, ainda longe de serem concluídas, que nos trouxeram até esse momento, no
qual, pelo menos tais lutas tornaram-se verdadeiras.
Como dito anteriormente, a realização de uma oficina durante a I Jornada de
Formação em Museologia Comunitária despertou nos moradores do bairro a
necessidade de organizar e orientar o seu desenvolvimento com participação
democrática, usando a “ferramenta” Ecomuseu.
Isso nos gera novas questões que remetem ao tema deste encontro. Como permitir
que quem deseja participar ativamente do processo do nosso Ecomuseu, realize essa
§§§§§§§§§§§
Para entendermos como as modificações na paisagem natural deste bairro, os reflexos desse
crescimento e “desenvolvimento” influenciaram na vida, na construção das identidades dos moradores
(as), na autoestima etc. precisamos entender a paisagem enquanto patrimônio e alguns conceitos básicos
como o de lugar enquanto espaço onde vivenciamos nossas experiências e o de paisagem, que pode
mostrar como se organizou uma sociedade em um determinado momento histórico, ao longo dos anos de
sua existência.
“A paisagem não é boa, nem má, e sim um reflexo, e faz parte do ambiente cultural (cultura vivapaisagem / gestão coerente da paisagem).” O objetivo de qualidade paisagística deve ser formulado pelas
autoridades competentes, não se deixando de levar em consideração a responsabilidade e a participação
da comunidade nesse procedimento. (...) a coletividade, a interação na gestão, criação e elaboração de
programas de desenvolvimento é imprescindível (indústria/empresa intervenções sobre os domínios para
o desenvolvimento a partir de uma ação conjunta). ”(Anotações pessoais da conferência: Comunidade,
Patrimônio, Paisagem e Desenvolvimento Local - ministrada por Hugues de Varine, no Colóquio:
Comunidade, Indústria e Desenvolvimento Local – O Diálogo Possível - Santa Cruz / Rio de Janeiro,
2011).
259
atividade da melhor maneira possível? A resposta mais assertiva é a Capacitação dos
Atores do Desenvolvimento Local em Sepetiba.
Nestes quase três anos, nos encontramos em um processo de envolvimento
comunitário, ou seja, tentando abranger a comunidade como um todo; o Movimento
Ecomuseu Sepetiba vem realizando uma série de atividades que, em primeiro
momento, motiva e reune um grupo de pessoas que buscam liderar, ou melhor,
facilitar esse processo ecomuseológico. Mas trata-se de um processo lento e difícil,
gradual, a população local é habituada com politicagem e espera imediatismo, o que
em um processo ecomuseal não é possível.
Nesse contexto, estamos estudando e adaptando à nossa realidade as técnicas
aprendidas aqui no Brasil e em outros países, em especial, com a experiência
mexicana, que nos permitem avançar mais no processo de sensibilizar e despertar nos
moradores o sentimento de pertencimento, elemento fundamental para uma
participação comunitária efetiva.
A nossa perspectiva para a capacitação de nossos atores está focada no diálogo com
as diversas instituições do bairro, onde nos preocupamos em aumentar a rede de
participantes e na elaboração de um plano de trabalho anual com a realização de
oficinas sobre museologia comunitária, participação e liderança comunitária,
aprofundamento nos conhecimentos do território e da história local, para que esse
grupo possa mobilizar de maneira dinâmica, a comunidade do bairro de sepetiba.
Referências bibliográficas:
FREIRE, Paulo. A Importância do Ato de Ler. São Paulo: Cortez Editora, 1982.
____________Educação como Prática de Liberdade. 14. ed. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1983.
_____________Pedagogia da Autonomia. Saberes Necessários a Prática Educativa.
33 ed. São Paulo. Paz e Terra, 1996.
MAGALDI, Monique Batista. O Ecomuseu do Quarteirão Cultural do Matadouro de
Santa
Cruz:
Estrutura
e
Propostas.
2006.
Disponível
em:<http://www.unirio.br/jovemmuseologia/documentos/1/entrevistamonique.pdf
VARINE, Hugues. O Museu Comunitário é Herético?. Trad. O.M.P. Quarteirão, Rio de
Janeiro, Abr, p.12, 2006.
260
NARRATIVAS
POPULARES
261
VI. NARRATIVAS POPULARES
ECOMUSEU DA AMAZÔNIA
José Maria Andrade Filho - O poeta da ilha
Ecomuseu da Amazônia
I
O Ecomuseu é uma ideia diferente.
O Ecomuseu chegou pra ficar.
Em 2012 Belém vai se transformar
em território do Ecomuseu no Pará.
II
O mundo está em movimento.
Onde tudo isso vai ficar?
É Preciso fazer um grande reflexão
vem pra Belém do Pará!
III
No IV Encontro de Ecomuseus
queremos contigo compartilhar.
O que estamos produzindo
Na capacitação popular.
IV
O Ecomuseu da Amazônia
Está querendo aparecer.
Mostrar ao mundo inteiro
o que tem pra oferecer.
V
Vem conhecer nosso trabalho.
O relato do nosso viver.
Povo de Cotijuba, Icoaraci, Caratateua e Mosqueiro:
O que nosso Ecomuseu vai dizer?
José Maria Andrade Filho
O poeta da ilha
23/03/2012
MEMÓRIAS DE VIDA - DEPOIMENTO AO ECOMUSEU DA SERRA DE OURO
PRETO
Margarida Maria Barboza dos Anjos
Ecomuseu da Serra de Ouro Preto - Minas Gerais - BRASIL
*Margarida Maria Barboza dos Anjos - graduada em Filosofia/UFOP - Equipe Comunitária, Morro de
Santana, OP, depoimento para a Revista de Extensão da Universidade Federal de Ouro Preto, em
9/9/2009.
Tendo em sua essência, uma nova definição de museu, qual seja, de um museu
aberto onde as “peças” são expostas em seu meio, em seu local de origem, o
Ecomuseu da Serra de Ouro Preto, vem nos propor a valorização da história e da vida
de nossas comunidades, resgatando o que temos de mais rico: nossa cultura local,
262
permeada de lendas, “causos”, pessoas e histórias. Desse modo, segue propondo um
repensar da história, valorizando não o que está em uma sala para visitação, mas sim
o que está na comunidade, “ecoando” onde quer que o povo esteja.
*Depoimento sobre as bonecas de Dona Maria Glicéria, sua mãe, 2009.
Grande pensador do desenvolvimento infantil, Vygotsky, nos legou a teoria de que é
brincando que se aprende, pois o brincar, torna possível à criança, transformar em ato
o conhecimento que ela tem potência. Acredito nessa teoria e na importância do
brincar para a formação da pessoa. Em minha infância, o que eu mais fazia era
brincar, correr pelo quintal entre as árvores com minhas irmãs, fazer “cozinhadinha”,
pular amarelinha e tantas outras brincadeiras que fizeram parte de uma infância feliz e
inesquecível. Entretanto não tínhamos brinquedos! Bem, falo dos brinquedos
industrializados, que nossos pais não podiam comprar, pois tínhamos brinquedos
maravilhosos: pé de lata (que minha irmã chamava de “theng-thong”), três Marias (ou
“belisca”), bolinhas de gude, bola de meia, corda de pular, etc. e as inesquecíveis
bonecas de pano feitas por mamãe. Essas lindas bonecas alegravam nossas vidas;
com elas inventávamos mil histórias; éramos mães atarefadas cuidando de seus filhos;
professoras dando aulas para sua turma; médicas cuidando de seus pacientes,
enfermeiras fazendo curativos, benzedeiras fazendo simpatias, enfim, com as bonecas
de pano a nossa imaginação viajava!
NARRATIVAS DO PIRAQUARA – SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP
Doris Bonini
1 - Mestre Paizinho
Ele é o Mestre da “Companhia de Moçambique Unidos a São Benedito do Parque
Bandeirantes de Taubaté”. Tradição herdada do avô há 65 anos e que era
descendente de escravos. Durante a entrevista ele conquistou a todos com seu jeito
simples e carismático e nos relatou os conselhos que recebeu de seu pai:
“Filho, esteja você onde estiver nunca deixe a vaidade ou a ambição falar acima
daquilo que você não é, porque se você deixar isso acontecer então todo aquele
ensinamento, a sua identidade, você vai estar jogando “pros lixos”. Então seja
você mesmo, tanto numa escola rica ou numa escola simples.”
Num determinado ano o pai lhe disse que ele seria o Mestre da Companhia de
Moçambique.
Mestre Paizinho disse ao pai que não daria certo ele cantar como Mestre porque iria
ficar nervoso e “gaguejar”. O pai lhe respondeu: “Filho, basta cantar com o
coração.” E então ele nunca mais parou de cantar como Mestre.
2 - O Sumiço das Assombrações
Em minhas pesquisas costumo perguntar para as pessoas se elas conhecem historias
de assombração, mula sem cabeça, lobisomem etc... Certa vez obtive esta resposta:
“antigamente tinha tudo isso aqui em São José dos Campos. Tinha corpo seco,
mula sem cabeça e lobisomen.... mas depois que a luz elétrica chegou eles
sumiram tudo” (relato de C.R.)
3 - Semana Santa
"Eu me lembro... para a gente que era pequena, em São José dos Campos, a
Semana Santa era uma eternidade.” (Fátima do Benê)
4 - D. Lili Figuereira
“Primavera vem só uma vez no ano... e o amor vem só uma vez na vida.”
5 - Somos Todos Piraquara
263
"Toda pessoa que chega em São José dos Campos, abre um chuveiro e toma
uma ducha, está sendo “batizada” com a água do “Rio Paraíba do Sul”... e neste
momento ela vira um “Piraquara.” (Elder Prata)
6 - O Mundo Mágico de Mara
Entrevistei Mara que é faxineira no Piraquara. O objetivo da entrevista era localizar um
antigo túnel da região, porem conforme a entrevista transcorreu descobri que o mundo
de Mara era mágico, repleto de seres especiais.
Abaixo trechos da entrevista.
“Em determinado momento da entrevista Mara nos pergunta: Com quem você
aprendeu Ciranda Cirandinha ? Ah ! Se você soubesse quem cantou pra mim
essa musica a primeira vez quando eu tinha 5 anos e que me ensinou a brincar
de roda....aqueles bichinhos que tem pé de cabrito, tem dois chifrinhos e são
peludinhos...juro! Quando eu tinha 5 anos eles iam na minha casa. Eles são
chamados de faunos. Quando eu vi passar aquelas coisas sobre “Nárnia” eu
disse: nossa ! Eu vi eles quando eu era pequena. Eu disse pros meus filhos: eles
brincavam comigo quando minha mãe ia pro serviço lá na Tecelagem e me
deixava sozinha. Eles apareciam... eu via eles, e eles brincavam comigo. E
precisa ver que belezinha que eles eram! Não tinha medo deles, mas depois que
eu fui crescendo e minha mãe brigava eu fiquei com medo. Eles brincavam
comigo e me ensinaram “Ciranda Cirandinha”. Eu conversava normalmente com
eles e sempre quando estava na hora da minha mãe voltar eles brincavam
comigo. Não é só no “Nárnia” que eles contam essa historia. Eu vi realmente os
“faunos” quando eu tinha 5 anos.”
“... O meu vô era escravo. Minha avó criou meu vô e casou com ele... Na senzala
era assim: ficavam todos os pretos no mesmo lugar e ai para eles não passarem
frio eles faziam uma fogueira no centro e dormia um assim abraçado com outro.
Dava dó do meu vô! Meu vô sempre contava.”
Se Existe Está Na Net
“Eu não sei... mas minha prima viu. Entra na NET... coisa de espiritismo! Meu
filho entrou... eu contei pra meu filho. Ai meu filho falou: mãe... se ela existe
esta na NET ...”
*Mara se refere a incredulidade do filho em relação a “Mãe do Ouro”.
“... quando você reza uma oração você tem de falar : Amém, Jesus, Graças a
Deus!
Esse é o segredo da oração, entendeu? Porque você esta oferecendo pra Deus.
Agora se você falar só “ Amém” você esta oferecendo para o mal, porque ele
também fala Amém. Agora se você fala “Amém Jesus, Graças a Deus” você esta
oferecendo pra Jesus, que derramou o sangue dele na cruz por nós, e a Deus, o
Pai dele que é o Criador de tudo.”
7 - Reza para Chover de Mansinho
“...quando tiver nuvem pesada, não é qualquer chuvinha não, para se proteger
reze o “Pai Nosso” primeiro e depois essa oração:
“Ao ver Jesus a tempestade cessa.
Ao ver Jesus as lagrimas se vão.
Ele transforma sua vida,
iluminando a negra escuridão”
Pode fazer e esperar com fé que as nuvens vão branqueando, vai subindo e subindo e
se espalham. Daí vem a chuva, mas chuva mansa”
264
(Altêmia - de São Luis do Paraitinga)
8 - Diversos
* “A tradição e o folclore estão no quintal da nossa casa e a gente não vê” (Benê)
* “Você sabe por que hoje em dia quase não tem mais lobisomem? É porque as
mulheres tem menos filhos...” (Benê)
* Segundo a lenda, o lobisomem é o 7o filho de uma família de 6 homens.
* “Amigos veem e se vão, inimigos se acumulam” Frase em um caminhão visto
abril 2012 (CYI 7793).
9 - Caipira Piraquara
“Sou caipira, Piraquara,
Das margens do Paraíba do Sul,
Sou de São José dos Campos,
Sou da América do Sul.
Terra de índios e peixes,
Imigrantes, tem também!
Os Paulistas e os Mineiros,
Se sentem aqui muito bem.
Danças, batuques, tradição,
Tem viola, tem sanfona e coração!
Se você quer ser feliz,
Vem pro Piraquara também!”
Dóris Bonini Pampanelli
A PARTEIRA DA ILHA
Dalvina de Almeida Brum*****
******Entrevista concedida para a Tese de Doutorado denominada “Proposta de um turismo sustentável
para a comunidade da Ilha de Cotijuba, município de Belém-Pará-BR, a partir da valorização do
patrimônio cultural”, defendida em fevereiro de 2012, por Maria Terezinha Resende Martins.
- Dona Dalvina fala um pouco da trajetória de sua vida, do seu tempo de infância, do
saudosismo do período em que chegou em Cotijuba:
A minha infância: eu morei com a minha avó eu e minha mãe, todos moramos com a
minha avó né?, que era a mãe dela, ai de lá eu fui quando foi com 10 anos né?, eu fui, a
minha avó, não me deu, me colocou lá na Casa Chama né? com a Dona Mariana, ai eu
morei lá muito tempo, com 15 anos eu vim pra cá ai depois fui pra Icoarací que eu tinha
que estudar aqui não tinha né?, ai fui pra Icoarací, passei uma parte da minha mocidade
lá né? ai com 18 anos pra 19 anos eu fui morar pra Cotijuba com a minha mãe né?, ai eu
vim pra morar, a gente...aqui a vida era pescar, era vender camarão, era juntar bacurí,
piquiá vender aqui com o pessoal, trocar por farinha por que a gente não tinha condição
né?, criar galinha, criar porco, trabalhar na roça, trabalhei muito na roça com a minha
avó e minha mãe, plantando arroz, cortando arroz, nesse tempo dizer corta arroz né?
cortando arroz, chegava de lá a gente ai socar o arroz no pilão, tirar pra fazer o mingau
ou pra comer (...) nesse tempo bem dizer não é como agora, tudo que a gente come é
com arroz né? A vida era também fazer a farinha, tirar tapioca, tirar tucupi, eu lá no meio
com eles ajudando também né?
- Neste novo endereço envolveu-se com várias atividades, dentre elas, ser parteira na
Ilha de Cotijuba:
265
…Fui vendo, outras parteira eu ia, ia por curiosidade né, ai eu digo, naquele tempo, a
gente esquentava a mulher, sentava na...virava a mulher de lado, sentava em cima,
que diziam que é pra fechar né? e foi, foi...assim a gente foi e as outra. Fui aprendendo
ai como era, ai tá, já era parteira comunitária, foi o tempo que veio essa inscrição pra
cá pra Unidade. Quanto ao parto em casa, a mãe nunca morreu, e nem a criança era
assim, era em casa mas...era na esteira, não tinha luva era o algodão né?, não tinha
que nem agora é...a vaselina, era a banha de galinha ou era amêndoas doce que a
gente usava, quando eu vim pra cá, já que fizeram a inscrição que eu fui chamada no
posto de Saúde, ai comecei a fazer parto, mas eu não fiz um parto por que não ia me
arriscar não tinha médico, mas a menina veio de pé, veio de pé a criança, quando ela
veio me chamar, eu tava em casa, vieram me chamar eu fui pra lá, ai digo “olha filha
quando dê a dor ai a gente coisa, (..)” ai veio só assim o calcanhar da criança, só o
calcanhar né? que veio, ai tornou a dar, ai veio só o pé, só uma banda do pé, a criança
tava de pé, ai eu fiquei me apavorei ai chamei a mãe dela, o marido dela e falei, que ali
não dava pra fazer nada tinha que levar pro outro lado, não tinha lancha, fomo num pôpô-pô mesmo né?... uma criança de pé?... ai quando a mulher teve um filho dentro de
um caminhão da polícia, fui buscar a mulher tava com dor, deu a dor no meio da
viagem, a mulher não dava mais pra andar, vieram me buscar, ai eu fui de novo pra lá,
cortei o imbigo do muleque tudo dentro do caminhão, ajeitei tudo lá depois carreguemo
pra casa do vizinho, o menino já ta rapaz;
- Dona Dalvina recebe menção honrosa da Prefeitura Municipal de Belém-PMB como
reconhecimento pela sua profissão de PARTEIRA:
“menção honrosa, prefeitura municipal de Belém, confere a Dona Dalvina de Almeida
Brum, menção honrosa, em reconhecimento a incansável dedicação no
desenvolvimento de sua missão, junto a cidade de Belém, em especial a ilha de
Cotijuba e áreas adjacentes, contribuindo de forma imperativa na construção da
metrópole da Amazônia”.
- A parteira acrescenta o seu pensamento sobre o turismo na ilha:
Olha a minha opinião é que aumentasse mais né? É por que quanto mais, mais
resolveria o problema de renda. É mais renda pra gente…
MEMÓRIAS DE VIDA - DEPOIMENTO AO ECOMUSEU DA SERRA DE OURO
PRETO
Dona Jandira
Ecomuseu da Serra de Ouro Preto - Minas Gerais - BRASIL
Trecho do depoimento da Srª Jandira, na época com 81 anos de idade, moradora do
Morro de Santana, ao Projeto Memória de Vida, em julho de 2007:
MV - A senhora pode contar um pouco pra gente a sua história? A senhora mora aqui
há quanto tempo?
Dona Jandira - Desde que nasci, tenho 81 anos. Minha família toda é daqui do Morro
do Santana. Meu pai é do Morro São Sebastião e minha mãe é daqui do Morro do
Santana, e sua família toda, todos os antepassados dela é daqui do Morro do
Santana. Só que naquela época quase não tinha casa. Aqui era assim, umas casas
salteadas, os vizinhos eram muito distantes, mas todo mundo era família, não tinha
ninguém estranho aqui nesse lugar não né. Mas, as casas todas eram feitas de
cangas, pau-a-pique. A da minha mãe mesmo foi feita de pau-a-pique forrada de
esteira de chão batido. A minha mãe era muito caprichosa, a gente ia lá pra fora, a
casa assim de chão, ela varria, ficava limpinho, e ela já dizia – “Aqui, vocês trata de
limpar o pé, porque eu já varri aqui e vocês não tem que sujar mais não!”. Quer dizer,
era de chão, de terra, mas era tudo limpinho. Ela era caprichosa mesmo. E a casa da
minha avó já era toda de pedra por fora, por dentro não, era de pau-a-pique. Tijolo era
muito difícil né? Conseguir fazer casa de tijolo naquela época.
266
RUA FELIPE CARDOSO
Célio de Oliveira Ferreira
Todo bairro tem sua via principal:
o meu também é igual.
“Me encontre na Felipe”
parece frase banal,
mas pra quem lá nasceu,
não é assim tão natural.
Sempre fui orgulhoso
da Felipe Cardoso.
Era moderna, com todo o trajeto asfaltado,
já possuindo mão e contramão
separadas por canteiros arborizados.
Da Estação à capela de Nossa Senhora da Glória
– uns três quilômetros mais um pedaço –
havia casas, escolas, um comércio escasso
que supria as pequenas necessidades, imaginava eu,
e o “Solar dos Araújo”, prédio repleto de história.
As procissões só engrossavam
quando por ela passavam.
E eu sorria vendo as moças indo e vindo,
se mostrando para os rapazes nas calçadas:
dali surgiram amores e casamentos.
As festividades e os acontecimentos
só na Felipe adquiriam porte de grande evento,
até mesmo a Parada de Sete de Setembro.
No carnaval, a sua festa maior,
ficava enfeitada de coretos e de fantasias.
De domingo à quarta-feira,
somente o Centro da cidade e Madureira
a ela se comparavam, em grandeza e em alegria.
Desfilavam tantos blocos e escolas de samba,
de Santa Cruz e suas cercanias,
que a premiação difícil se fazia.
Os assuntos se resolviam naquela rua,
desde negócios a namoricos,
debaixo de sol ou da lua.
Nela aprendi a perder, a ganhar
e num futuro melhor sonhar.
Sofisticada, agora,
pousa de senhorita
a charmosa senhora.
Será que a gratidão cai no esquecimento?
Não é o meu caso, tive infância feliz .
Hoje te reverencio
e me penitencio
pelos desencontros.
São teus estes nobres sentimentos:
saudade, agradecimento.
De repente, o telefone toca.
Alô! Tô com saudade de você!
A gente precisa se ver!
Tá legal, vou sim: “Me encontre na Felipe”.
FONTE: Quarteirão 94- 2011
267
POESIA PARA O ECOMUSEU DA AMAZÔNIA
Durval França, o Poeta do Acaso
Poesia para o Ecomuseu
Ecomuseu no Por-do-Sol
Ecoa o canto na Amazônia
Cores e alegria como girassol
Arte e encanto em harmonia
Canta o canto que vem do poema
Brame o vento e na tua face beija
Recebe o Sol como se fosse um lema
Respingo da baia na praça deita
Últimos suspiros do ano
Mar, baía, Sol, encanto
Vento que na face afaga
Energia, amor que não se apaga
Ecoa esse canto ambiental
Desliza pelo Mar como nau
Dissipa esta alegria ao vento
Ano sai e ano entra
Amaremos este encontro
Em cada doce momento
Durval França, o Poeta do Acaso
(em 30/12/2011).
CONFEITEIRO DE D. PEDRO II FAZ 100 ANOS E FALA DO PASSADO*
Jorge França
- Quando o Imperador Pedro II soube que a República havia sido proclamada, e que o
barão de Rio Claro, estando a par do que se passava na capital do Império, deixou de
avisá-lo porque o Doutor Mota Maia, médico da Corte, não permitiu, ficou indignado. Este fato foi relembrado, sábado, por Maneco Basílio, ao completar o seu centenário
de vida.
Manuel Basílio dos Santos, o Maneco Basílio, como é conhecido em Santa Cruz,
exerceu as funções até o último dia do Império, de confeiteiro oficial da Corte. D.
Pedro se deliciava com seus fios-de-ovos e - segundo afirma-ninguém fazia um melhor
pudim de laranjas que ele. Por isso, sempre acompanhava a família imperial, aonde
quer ela fosse.
Sábado, em companhia dos seus numerosos descendentes comemorou os seus cem
anos de vida. Maneco Basílio mostra-se ainda perfeitamente lúcido, caminha com
desenvoltura, freqüenta as rinhas de galos em Santa Cruz, é capaz até de pronunciar
um discurso, conforme demonstrou ao agradecer a homenagem prestada pela
esposa,seis filhos, 29 netos, 14 bisnetos e um trineto, além de numerosos amigos.
Reminiscências
Maneco Basílio vive hoje das reminiscências. É Capaz de contar com todos os
detalhes, fatos ocorridos desde meados do século passado. Quando o repórter pede
268
para que lhe relate as últimas 24 horas vividas por D. Pedro II, em Petrópolis, não
hesita:
- Quando o major do II Regimento de Infantaria comunicou ao Imperador que ele não
era mais o governante do Brasil, d. Pedro II nada disse, ouviu a comunicação calado.
Sua contrariedade só veio mais tarde, ao saber que o barão de Rio Claro havia ido a
Petrópolis para lhe dar conhecimento da conspiração na capital e não tinha podido lhe
falar porque o médico Mota Maia não permitiu.
- Aí, sim, o Imperador se aborreceu. Afirmava a todos que se tivesse sabido da
conspiração com antecedência teria prendido os subversivos.
Em seguida, Maneco Basílio fala da última vez que viu o imperador:
- Era exatamente 3h 50m da madrugada de 16 de novembro de 1889, quando o
imperador deixou o palácio e embarcou em sua “galeota”. Estava triste. Todas as
pessoas do palácio foram até a porta para se despedir de d. Pedro. Eu não imaginava
que aquela seria a última vez que o veria.
- Depois da partida da família imperial – é ainda Maneco Basílio quem diz – os
cadetes do II Regimento de Infantaria invadiram a despensa do palácio. Comeram
todos os doces e bolos, beberam o vinho da adega e quebraram o que puderam. E se
alguém tentava embargar-lhe os passos, gritavam: -“As coisas mudaram. Agora
mandamos nós”.
O confeiteiro do imperador lembra que os cadetes tinham muita mágoa, porque D.
Pedro mandava que só ele servisse doces e vinhos aos oficiais.
Quem é
O confeiteiro do imperador é descendente direto do conde de Itaguaí, nasceu em
Campos, Estado do Rio a 08 de outubro de 1866. Depois da Proclamação da
República, radicou-se em Santa Cruz, onde se casou pela primeira vez, não tendo
nenhum filho do primeiro matrimônio. Enviuvou e pela segunda vez, contraiu
matrimônio, tendo então um filho. Dona Dolores Santos é sua terceira esposa. Deste
casamento tem cinco filhos.
Maneco Basílio é filho natural de Manuel Basílio do Espírito Santo e de Florinda
Antônio dos Santos. Seu pai gozava de boa posição na sociedade da época.
Um mês após a República, Maneco Basílio desceu de Petrópolis para residir em Santa
Cruz, onde se empregou no matadouro. Até 1918, trabalhou no abatedouro municipal,
passando depois para a fiscalização da Prefeitura. Muitos acreditaram que no novo
cargo enriqueceria, pois poucos passaram por ele sem sair pelo menos remediados.
Maneco Basílio não. Aposentou-se em 1932, mais pobre que tinha entrado. Mora hoje
numa modesta casa alugada na Rua do Império, 62 (o nome é pura coincidência).
Passatempo
Até os 86 anos de idade, Maneco Basílio ainda caçava pelas serras próximas de
Santa Cruz e Itaguaí. Depois aposentou também a espingarda. O deputado Cesário de
Melo, que era o seu companheiro de caçadas, afirma que Maneco tinha uma pontaria
de fazer inveja a muitos jovens.
Aí então Maneco não gosta:
- Tinha, não, tenho. E lhe desafio para ver quem é melhor atirador.
Mas hoje Maneco Basílio não caça mais, seu passatempo preferido é criar galos de
briga. Segundo o deputado Cesário de Melo, Maneco Basílio foi, em sua época, um
dos melhores bailarinos de Santa Cruz. Não havia baile em que ele não estivesse
presente – de casaca e tudo- dando seus volteios.
- Além de dançarino- diz o deputado – Maneco era um dos maiores conquistadores da
região. Deve ter uns cem filhos perdidos por aí.
- Ora, Zé Antônio – ( Zé Antônio é como ele trata o parlamentar) – mulher não faz mal
a ninguém. Já as tive e muitas. Quanto aos filhos, fica por conta de você.
269
NOTA: Nem todo santacruzense sabe, mas aqui em nosso bairro morou o último
confeiteiro do Império. Chamava-se Manuel Basílio dos Santos, o Maneco Basílio, e
morou durante muitos anos até o fim de sua vida na Rua do Império, 62.
Reproduzimos a matéria transcrita do Jornal A Tribuna da Imprensa, de 10/10 / 1966,
de autoria de JORGE FRANÇA, pelo conteúdo histórico e pela referência em suas
memórias a uma Santa Cruz do século passado, página histórica trazida por um de
seus netos e atual Coordenador de Assuntos Financeiros do NOPH, Rubens dos
Santos Cardoso.
Fonte: Republicado no Jornal Quarteirão nº 77, 2008.
PERFIS DE OUTRORA
Regina Célia dos Santos Gonçalves França
D. Totinha, D.Dadinha, D. Neném, D. Senhora – Esses carinhosos e simpáticos
apelidos eram muito comuns na minha infância e nomeavam aquelas senhoras
gordinhas, normalmente baixinhas, porque assim era o biótipo da época. Portavam o
cabelo preso na nuca em forma de austeros coques e usavam vestido tubinho ou duas
peças, com discretas mangas ¾. Esse era, também, o perfil de vovó. Diferentemente
de outros apelidos, todos a chamavam assim: “D. Senhora”. Segundo ela, a
engrandecedora denominação tivera origem na infância, quando pedia colo aos
adultos: “- Dá colo a senhora.” E assim, ficou D. Senhora.
Se viva fosse, vovó estaria hoje com 122 anos. Saudades de D. Senhora! Com mais
de oitenta anos, não era raro chegar, altas horas da noite, um pratinho de siris, ainda
quentinhos, presente de D. Maria do Sr. Luís, para vovó degustar. E como apreciava
esses petiscos, inclusive jacaré! Na verdade, todos esses mimos com que os vizinhos
a afagavam não eram somente por sua avançada idade. Vovó era uma conselheira
para todos. Éramos muito pobres, mas muito felizes na nossa simplicidade. Era um
tempo em que ser era mais importante que ter.
Visitada como era regularmente, vovó também tinha seus percalços. Certa vez, fora
chamada de “velha alcoviteira” por uma vizinha, nova nas redondezas, ciumenta do
prestígio da velha matriarca. Usando daquele seu modo característico (sequer nunca
dissera um palavrão), ela só fez abanar a cabeça e comentar, usando seu bordão: Qual! Escutei e não respondi fu nem funé. Nem com a boca, nem com a b...”
Sábia, para tudo vovó tinha um ditado. Na verdade, era um poço de saber popular,
numa época em que as mulheres pouca ou nenhuma instrução possuíam. Não era
raro vê-la, ralhando com um neto, fazendo uso do seu “Gato ruivo do que usa
cuida”; sendo previdente em “Quem vai ao mar se avia em terra”; sábia no seu
“Bem tolo é quem cuida, mais tolo é quem cuidou quem pensou que me
enganava mais enganado ficou.”; determinante , ao me ver fazendo e refazendo
um trabalho de Artes em “O diabo tanto consertou o olho do filho que até acabou
escangalhando”; filosofando acerca da embriaguez em “Se vento não venta,se
mar não urra, que tanto me empurra?” ou ainda o seu “Viste fogo, lingüiça”,
reportando- se a coisas feitas sem cuidado ou atabalhoadamente, além das
historinhas que nos contava acerca dos ditados como por exemplo”Vivendo e
aprendendo”ou “Morrendo e aprendendo” para justificar que se aprende até a
morte ou o famoso “Toca o enterro”, uma desculpa esfarrapada à preguiça ou ao
ócio, conforme descrevo abaixo:
a)
Morrendo e aprendendo
Um homem estava moribundo e todos esperavam pelo momento final e era de praxe,
naquela época, colocar-se uma vela na mão das pessoas que partiam para a vida
espiritual, com o objetivo de iluminar seu caminho. Não tendo uma vela em casa,
descobriram uma acha de lenha, ainda acesa, no fogão e a colocaram rapidamente na
mão da criatura que expirava e dizia “Morrendo e aprendendo”.
270
b)
Toca o enterro
Um homem muito preguiçoso desfaleceu de fome em sua rede, porque não gostava
de trabalhar. Como achassem que houvesse morrido, as pessoas a sua volta
providenciaram o sepultamento. De repente, no velório, a criatura voltou a si e pediu
algo para comer. Como não tivessem nada para oferecer, deram-lhe uma banana.
Diante da dita cuja, a preguiça do infeliz falou mais alto: “Tem que descascar? Então,
toca o enterro.”
Todo esse aprendizado me foi passado pela minha avó, não aprendi em bancos
escolares. Durante todo o tempo em que com ela convivi, aprendi muito. Para cada
situação de vida, ela nos brindava com gotas de sabedoria popular. Lamento não ter
tido, na época, amadurecimento suficiente para amealhar todo aquele tesouro que
ficou perdido na memória do tempo. Obrigada por tudo, vovó!
Fonte: Quarteirão 58 – 2004
LIMPEZA COM DIFICULDADE
Fabíola Inês Kuhn
Museu Comunitário de Percurso
Picada Café – RS
Antigamente na colônia de Picada Café, como não havia bombril, era usada cinza para
dar brilho as panelas, talheres, etc... Molhava-se um paninho, colocava-se nas cinzas
e esfregava-se o objeto com todo capricho.
O sabão também era feito em casa, com soda, sebo e água, depois se mexia até
endurecer, deixava-se esfriar e cortava-se o sabão. Este era usado para lavar a roupa,
a louça e tomar banho.
Para a roupa ficar branca, ferviam sabão, água e cinzas. Geralmente não havia tanque
para lavar roupa, lavavam ou em rios e arroios ou pegavam água da fonte e lavavam
em bacias. Era uma dificuldade.
Em época de Kerb escovava-se o assoalho com soda e água até que ficasse branco.
Isso para que as visitas vissem que a família era caprichosa na limpeza. E a dona de
casa ficava muito orgulhosa do trabalho feito.
NATURARTT “a natureza em evidência”
Wildinei Lima ************
EXTRAÇÃO CONSCIENTE
Passo boa parte do tempo confeccionando produtos artesanais a partir de materiais
encontrados na natureza, este processo tem início no exato momento da captação do
material para que se possa começar a confecção artesanal, é o que chamamos de
(extração consciente), trata-se de material diverso que após sua retirada não cause
danos permanentes ao meio. Tal como, galhos cecos, talas, palhas e outros.
SELEÇÃO DE MATERIAL
Logo após a extração vem à seleção do que foi recolhido e retirando aqueles que já
estão fragilizados pela ação de decomposição. Os galhos e talas quebradiços, a palha
que estiver umedecida, são descartados, voltando para natureza.
CONFECÇÃO DE ARTESANATOS
************
Artista plástico, morador da Ilha de Caratateua e voluntário do Ecomuseu da Amazônia
desde o ano de 2010.
271
Particularmente tenho a preferência em produzir “casas tipo palafitas, em miniatura”
que individualmente, ganham o nome; (“Casa da Amazônia”) dando origem à objetos
com, variados modelos e tamanhos. Em conjunto, formão obras de complexidade
visual retratando cenários fictício do imaginário ou não, intitulado (“HABITAT”).
DIVULGAÇÃO E VENDA
As obras após serem finalizadas, ficam em exposição permanente no espaço físico da
sede do Ecomuseu, onde podem ser vistas diariamente por professores e alunos, e
visitante da comunidade ou de fora dela. Além de exposições de arte seguidas de
venda no “JIRAU” espaço de arte, no qual é possível encontrar mensalmente, artesãos
das localidades atendidas pelo Ecomuseu da Amazônia sendo assim, eu também
utilizo este espaço para expor e vender minha produção. Entre outros momentos e
eventos que através da instituição fui citado e pude participar para ministrar, expor, ou
vender minha produção artesanal.
Os objetos e obras mencionados anteriormente compõem o acervo artístico
NATURARTT “a natureza em evidencia” do qual sou autor. Com base na
preservação ambiental e conscientização humana, pôde então somar à minha maneira
com as propostas já difundidas pelo Ecomuseu da Amazônia órgão atuante nas
práticas sustentáveis.
AS SEMPRE-VIVAS
Teresinha Lioi
A mão do tempo estragou paredes
fazendo de um palacete ruínas
labaredas maldosas de um fogo insistente
abriu em chagas o centenário telhado
A chuva cheia de liberdade corria livre
causando dano quase que irreparáveis
E as paredes...
Ah! as paredes choravam lágrimas compridas
implorando socorro pra lá de urgente
Gazes e bandagens se enrolavam e se perdiam
em fraturas já expostas
Manchadas de tristeza e de vergonha portas e janelas
não se fechavam diante de um sonho maior
E a água que entrava sem cerimônia e sem culpa
inundava histórias de tantas vidas
Os vidros gritavam de horror a cada vendaval enfurecido
e se estilhaçavam de pena diante do quase impossível
e as mãos do tempo , às vezes postas em oração,
tentavam ser indulgentes
e imploravam aos homens clemência
E eis que um dia disparou o alarme e urrou a sirene
cortando passagem,fazendo alarde,correndo nos anos,
rasgando o chão,trazendo cuidados,buscando a origem,
reconstruindo verdades
iluminadas de vida
de vida de espera
de esperança de vida
de se estar sempre vivas
na memória ou na saudade
nas pedras de mão ou no tempo que vem
na ação ou no sentimento
Não importa. Aqui estão.
272
As sempre-vivas
As revividas dos escombros do esquecimento...
FONTE: QUARTEIRÃO 80 – 2008
Uma cearense na Ilha de Cotijuba
Antônia de Maria Mesquita**
**Entrevista concedida para a Tese de Doutorado denominada “Proposta de um turismo sustentável para
a comunidade da Ilha de Cotijuba, município de Belém-Pará-BR, a partir da valorização do patrimônio
cultural”, defendida em fevereiro de 2012, por Maria Terezinha Resende Martins.
- A líder comunitária da Comunidade do Póção declara:
Nasci no Ceará, me criei no Ceará e vim criar família no Pará, meus filhos são
cearenses, nasceram lá, mas eu criei aqui no Pará, elas são mais paraenses do que
cearenses, todas duas. Sai do Ceará por causo de falta de chuva, seca, tava com três
anos de seca quando nós viemos de lá pra cá, tava com três ano que não chovia, ai foi
a nossa vinda pra cá pro Pará, esse foi o motivo de nós vir, parar aqui no Pará por
causa disso;
- Srª Antônia expressa o motivo de sua vinda para o Estado do Pará:
Em busca de melhoria, por que tinham falado que pra cá era muito bom e aqui a gente
veio e aqui a gente está e é mesmo! a gente gostou bastante e ai eu não tenho assim
a vontade de sair daqui pra outro lugar mais, gosto muito, bastante daqui, aqui já
aprendi muitas coisas, coisa que eu já não sabia vim aprender aqui, tudo isso, ai então
eu acho que aqui para mim é muito bom, muito bom mesmo, aprendi já muitas coisas,
coisas que eu não sabia hoje eu sei, fazer e falar;
- A sua participação no Ecomuseu da Amazônia:
O único Projeto que participo na ilha é o Ecomuseu da Amazônia. Faço parte deste
projeto e me sinto feliz de participar dele, então eu gosto e eu amo, e eu gosto mesmo
e eu quero que a gente tenha mais um prodígio neste nosso trabalho. Olha está sendo
uma grande experiência pra minha própria vida tanto no Ecomuseu, como aqui no
espaço que agora a gente trabalha por que a gente se reúne, conversa, a gente tem
uma produção pra gente arruma alguma coisa que é pra nós começar colocar, pra nós
ter pra ajudar como agora precisou, para legalizar a associação que estamos criando,
já angareamos 300 reais foi uma grande ajuda então isso é da nossa associação e ai
eu me sinto feliz com a união do povo. Em nome de Jesus, nós vamo legalizar ela este
ano.
- E complementa sobre o Ecomuseu da Amazônia:
Há, já aprendi muita coisa e já fiz muita coisa ali no Ecomuseu, olha só aqueles cursos
que a gente fez com a...fez com a Silvana curso a gente fez, fez com o professor
Roberto, tudo a gente fez curso, quando nós comecemo oi! isso pra mim é muito
importante, quando nós comecemo trabalhar com o professor Roberto nós trabalhava
debaixo de uns pé de árvore, por que nós não tinha um espaço, nós não tinha aonde
nós se colocar, cansemo de se colocar debaixo de uns pé de arvora lá na casa da
Naide pra nós fazer os nossos cursos, pra que? Pra que a gente visse, meu esposo
dizia: “há! Para com isso, acaba com isso!” olha eu não vou nadar tanto pra mim
morrer no seco, então eu vou até o fim! e hoje ta aonde é que nós tamo? Já tamo
naquele espaço por causa de quê? Por que eu perseverei no meu trabalho, pois é
senão mas se eu tenho feito igual aos outros hoje não existia aquele ponto ali não não
existia não, tenho certeza que não existia,
- Srª. Antônia fala sobre a educação na Ilha de Cotijuba:
Srª. Antônia: Olha sobre a educação aqui na ilha eu acho assim que tem, ta tendo a
educação por que olha aqui era uma dificuldade de educar as criança do colégio,
essas criança iam de pé as vezes daqui pra a ponta de cima e iam e vinha ai eu ficava
273
pensando isso um dia tem que melhora então agora a gente já acha que já tem uma
melhoria grande, por que o bonde já vem pega, leva ai outros já vão pra li já vão de
bicicleta já tem uma bicicletinha pra levar a criança pra i... pra quê? Pra educar essas
criança, ai então já melhorou 100% são ótimos, ai mas isso aqui logo quando nos
chegamos pra cá era muito ruim mas agora não, agora ta melhor mesmo, bastante
mesmo,
- E a questão do meio ambiente na ilha de Cotijuba:
Mudou muito, a paisagem mudou muito, muito mesmo...
Ai então é tudo isso eu me sinto alegre, por que as vezes as meninas dizem assim:
“há mãe..eu acho que a gente... eu vou desistir”, minha filha não desiste por que olhe
repare nós já lutemo tanto que agora depois já ta bem adiantado...não! nós temo que
leva pra frente nos vamo leva, ai eu tenho conversado elas, essa daqui que aqui acolá
“há eu vou saí, há eu vou...” eu falo: nãaao! borá leva pra frente, a por que ficam
falando, por que falaram: “há mas é só ela mas a família”, sim é família sim mas a
minha família eu tenho que ensinar, ensinar o que eu sei, eu não to mais pra muitos
tempos eu digo pra elas, minha filha você tem que fica não tem que saí por que eu não
to pra muitos tempo, 62 ano vou faze 63, eu não sei se vou busca até 70 mais eu não
sei, elas ficam, né? Então é tudo isso.
COTIDIANO
Rosalina Metz
Museu Comunitário de Percurso
Picada Café – RS
Rosalina Metz era casada com Balduíno Metz já falecido. Desta união nasceram
quatorze filhos. Dona Rosalina conta que, naquela época, era comum as famílias
serem grandes.
Não havia energia elétrica como hoje em dia. Eram usadas velas ou lamparinas
que funcionavam a óleo.
Eles acordavam às quatro horas da manhã. O marido preparava o chimarrão e,
enquanto isso, ela aproveitava o tempo para costurar roupas novas e fazer
suas próprias roupas, não havia lojas como hoje em dia, onde se podia
comprar tudo pronto. Costureiros também eram caros, já que não havia uma
renda fixa para a família.
Quando o dia amanhecia, o pai e os filhos iam para a roça. Dona Rosalina
ficava em casa fazendo os serviços domésticos, dentre estes, tratar as
criações.
O leite sempre era fresco, tirado das próprias vacas. Estas tinham as pernas de trás e
o rabo amarrado para facilitar na hora da ordenha.
Lá pelas dez da manhã, ela encilhava o cavalo e ia levar o almoço para os outros na
roça. Enquanto andava, almoçava no lombo do cavalo.
Chegando na roça, o marido e os filhos almoçavam enquanto ela ia cortar o pasto para
a criação. Depois do almoço, todos descansavam um pouco naquele mesmo local.
Trabalhavam até o entardecer. Carregavam as carroças com o pasto e demais coisas
que colhiam e iam para casa.
Em casa cada um tinha suas tarefas para cumprir. Uns tratavam os animais, outros
tiravam o leite e assim por diante.
Após o banho, toda a família sentava à mesa e jantavam. Depois da janta, era lavada
a louça e todos iam dormir para, no outro dia, começar tudo de novo.
RECORDAÇÕES SEDUTORAS DA TERRA DE SANTA CRUZ
Sílvia Regina L. Costa Cunha Melo
274
Eu estava sentada numa confortável cadeira, recostada, me deliciando com a suave
brisa de outono que soprava levemente...Passando pela varanda onde me encontrava.
A minha imaginação me transportou aos idos do XVI, nessa época só havia floresta de
índios por estas paragens do Rio de Janeiro. Sabia que toda terra próxima ao mar os
silvícolas chamavam de Piracema? Pois é, este foi o primeiro nome de Santa Cruz e
queria dizer, na língua dos indígenas: Muitos peixes.
O Capitão-mor Cristóvão Monteiro auxiliou os portugueses na expulsão dos franceses
do Rio de Janeiro e, em agradecimento, recebeu do donatário Marins Afonso de
Souza, da capitania de São Vicente, essas terras abençoadas entre o mar e a
montanha. Após o término das hostilidades com os índios do litoral de Sepetiba e
Guaratiba, Cristóvão Monteiro construiu um engenho e capela em Curral Falso, na
suave colina onde se encontra hoje a Igreja Nossa Senhora da Glória. Depois da sua
morte, a viúva do capitão D. Marquesa Ferreira doou a sesmaria de quatro léguas para
os padres jesuítas em troca de missas semanais em sufrágio da alma de seu marido
e, após sua morte, pela sua própria. Coisas das pessoas daquele tempo...
Sabe como era chamada essa troca de favores? Não uma simples doação, mas o
nome era legado pio pela obrigação dos padres encomendar as almas dos falecidos.
Os seguidores de Inácio de Loyola denominaram as terras de Santa Cruz, já que a
cruz era o símbolo da Companhia de Jesus e ampliaram seus domínios, comprando
ou trocando por outras terras, numa sesmaria que ia do costão da Barra de Guaratiba
ao Rio Itaguaí e para o interior até a Serra de Marapicu (onde hoje é Nova Iguaçu). A
fazenda progrediu tanto, que se tornou a maior e mais próspera de todas as que os
Jesuítas possuíam no Brasil.
Os bondosos padres tratavam tão bem os seus escravos que aqui eles criaram a
primeira orquestra só com músicos negros, as mulheres compunham o coral, esses
trabalhadores não eram obrigados a ir para a roça, sua tarefa era na Escola de
Música. A orquestra de escravos da Fazenda de Santa Cruz era composta de
adolescentes masculinos como executantes, e femininos na arte do canto. Eles não
trabalhavam nos serviços gerais porém, estudavam e muito, desde as oito horas da
manha até o entardecer, com intervalos para as refeições principais e ligeiros
descansos. A escola de música foi dirigida e teve assistência permanente de maestros
notáveis, entre eles o incomparável José Maurício, os irmãos Portugal e etc. Um dos
primeiros professores de música que o Rio de Janeiro conheceu, o pardo Salvador
José, foi o primeiro mestre musical do inesquecível Padre José Maurício. Vale a pena
recordarmos da importância da obra deste notável maestro, talvez o maior compositor
de música erudita brasileiro, tão grande ou maior que Villa-Lobos, por ser filho de
escravos, não é tão conhecido e reverenciado apesar de seu grande talento. A Escola
de Música, mais tarde foi conhecida pelo merecido título de Conservatório de Santa
Cruz.
Os Jesuítas que vieram para a Fazenda de Santa Cruz eram cultos e instruídos, com
cursos feitos na Europa. A enorme fazenda, com dez léguas em quadro, onde férteis
terras, matas riquíssimas em madeira, abundantes quedas d’água, rios volumosos e
extensa testada frente ao mar, também apresentava problemas na temporada das
chuvas, os padres verificaram que nessa época havia muitas enchentes, o que
prejudicava as plantações e criação de gado, construíram então os canais paralelos ao
Rio Itaguaí, para evitar que toda a sua produção agrícola se perdesse nas enxurradas,
são os canais de São Francisco, São Fernando, da Goiaba, Cação Vermelho, etc.
Realizaram também, em 1752, uma grande obra: uma ponte represa para controlar as
águas do Rio Guandu. Esta maravilhosa ponte, com seu dístico barroco, é uma das
raras construções públicas feitas pelos jesuítas no período colonial. Que belas
paisagens possuíamos aqui!
Naquela época, os piratas aportavam em Sepetiba, onde hoje é a Ponta dos
Marinheiros. Os navios dos corsários passaram pela bela Bahia para vir a Santa Cruz
comprar gado, eles efetuavam o pagamento com ouro e também prata trazidos do
Peru. Os piratas driblavam a vigia dos comandantes das guarnições de Sepetiba e
275
portos vizinhos, seus navios ficavam nas ilhas próximas como: Madeira, Palmas, Ilha
Grande.
A sede da Fazenda de Santa Cruz era composta de um prédio simples com dois
pavimentos onde ficava o convento dos padres e também se abrigavam os hóspedes
que por aqui passavam (para comprar produtos agrícolas e gado), havia contíguo ao
convento a pequena Capela de Santa Bárbara. Algumas construções circundavam
este edifício e eram destinadas aos serviços de tecelagem, ourivesaria, ferraria entre
muitos outros, além da senzala. Há uma linda gravura de Debret, onde podemos ver
esta arquitetura.
Os serviçais mais inteligentes (os jesuítas não os consideravam escravos) eram
aproveitados em aprendizagem de maior habilidade como a ourivesaria (esse nome é
para o artesanato com ouro, prata lavrada e diamantes), pintura, santeiros (eles
fabricavam santos de madeira) e outros ofícios delicados. As meninas trabalhavam
fiando o grosso tecido para o vestuário do pessoal, incluídos os idosos, enfermos e as
gestantes. Os escravos da fazenda formavam uma multidão de homens, mulheres e
crianças disciplinada e obediente ao menor sinal dos padres, que os criaram e
educaram no sistema de suas missões. Aqui eram reconhecidos ao tratamento
recebido de seus protetores (e não senhores), tornaram-se pessoas de uma dedicação
e lealdade a toda prova. Não sendo rigidamente escravos, apenas a obediência e a
disciplina os prendiam aos seus dirigentes que benevolamente os denominavam
“servos”.
Na Fazenda de Santa Cruz era permitido ao escravo construir um lar e diferentemente
dos outros lugares onde não tinham sobrenome eram dados nomes da terra de origem
como: Henrique Congo, João Mina, etc. Quanto aos filhos, chegados à idade
apropriada, eram encaminhados às oficinas, onde aprendiam a fazer, além de outros
objetos, candelabros, cruzes e turíbulos em prata lavrada.
Como tudo que é bom e funciona para o bem de uma comunidade, do povo em geral,
já naquele tempo, os governantes interferiram neste paraíso que era a encantadora
Fazenda de Santa Cruz.
Em 1759, os jesuítas foram expulsos de Portugal e suas colônias por uma lei do
Marquês de Pombal, primeiro ministro da corte portuguesa, temendo pela soberania
do rei devido à grande riqueza e poder acumulados pelos seguidores de Inácio de
Loyola. As aprazíveis terras santacruzenses foram parte de um inventário com tudo o
que foi encontrado na Residência de Santa Cruz e ficou incorporada aos bens da
coroa portuguesa o volumoso e riquíssimo conjunto de móveis e adornos domésticos
como religiosos, encontrados na igreja, além de vasta prataria.
Tivemos um protetor, o Marques do Lavradio, que tendo recebido ordens da metrópole
para vender todas as propriedades confiscadas aos jesuítas, excluiu, unicamente, a
Fazenda de Santa Cruz.
Seguiram-se, então, cinqüenta anos de dificuldades passadas pelo antigo convento,
que pouco foi utilizado pelos vice-reis, deteriorando a grandiosa obra dos padres que,
abandonada à própria sorte, foi visitada por ladrões, saqueadores que por aqui
passaram pensando achar riquezas escondidas. Destruíram paredes, azulejos
portugueses, etc nada encontrando, pois o maior tesouro de Santa Cruz era a sua
produção agrícola, os outros bens já faziam parte do acervo da metrópole. Vale
ressaltar que os jesuítas foram os primeiros educadores brasileiros, autores dos
nossos primeiros currículos escolares, e sendo assim, a educação ficou também
paralisada pela mesma quantidade de tempo.
Oh! Minha Santa Cruz! Quanto abandono!...
Passou agora um supersônico da Base Aérea, hoje tem festa lá e me tirou dos meus
devaneios.
O que aconteceu depois é uma outra história e fica para uma outra vez. Que beleza ter
um passado glorioso como este!...
Vamos conhecer depois uma história cheia de reis, rainhas e princesas.
276
NOTA: Pesquisa feita nos livros “Santa Cruz, Fazenda Jesuítica, Real, Imperial” de
Benedicto de Freitas
Fonte: Quarteirão 58- 2004
CULTURA POPULAR: MEMÓRIAS DO PARACURI
Lecinda Maria das Chagas Moraes††††††††††††
Bairro do Paracuri, Distrito de Icoaraci - Belém-Pará, década de 70 - Território do
Ecomuseu da Amazônia.
Ao dobrar a esquina da 5ª Rua com a Travessa Soledade, esquina da antiga taberna
do seu Dudu e dona Raimunda “Caçuleta”, hoje com açougues e outras pequenas
vendas, recordo como era este trecho da Soledade, de terra batida, com o Igarapé do
Livramento a olhos vistos do lado direito da margem da travessa indo da 5ª para a 7ª
rua, uma casa aqui, outra acolá. As esperadas “águas grandes”, ou marés de lance
nos meses de março e setembro, ainda limpas, sem poluição, faziam a festa da
garotada no leito da rua e quintais, cujos prevenidos moradores construíam suas
casas de madeira bem altas para que as águas passassem por baixo, isentando-os de
qualquer dificuldade durante sua visita.
Do lado direito, logo ao dobrar a esquina está a loja de mestre Rosemiro, oleiro,
especialista dentre outras peças utilitárias na confecção de filtros, muito utilizados
pelos moradores naqueles tempos em que ainda não se comercializava a água
mineral. Sua olaria, onde era fabricada a cerâmica exposta em sua loja permanece no
mesmo local, mais adiante, na passagem Espírito Santo. Para chegar a sua olaria
passa-se em frente da sede da Sociedade de Artesãos e Amigos de Icoaraci – SOAMI,
parceira do Ecomuseu da Amazônia, inaugurada em 1995, para servir como base
social ao projeto de Educação para um Desenvolvimento Sustentável do Município de
Belém, cuja idealizadora, professora Laïs Aderne, viu no bairro do Paracuri uma fonte
de criação de cultura, pois para esta o fato de encontrar à época cerca de 500
ceramistas no local configurava um fenômeno social que necessitava de
reconhecimento não só das organizações governamentais como da própria
comunidade.
Do lado esquerdo em frente ao igarapé está a “casa da vovó”, presente quando se
pronuncia o endereço, pois nos deixou aos 100 anos em 2009, longa vida que viu o
bairro do Paracuri passar por transformações que fizeram de uma localidade rural uma
área urbana em pouco menos de 20 anos, com seus avanços e dificuldades que toda
grande cidade enfrenta. Lá, na década de 70, ainda criança, tive contato com o início
da cerâmica ornamental do Paracuri ou Icoaraci. Meus tios, contagiados pela febre da
cerâmica com grafismos montaram uma pequena loja onde fabricavam as peças que
aos poucos iam tomando cor nas mãos dos que ali se reuniam para pintar as peças
em preto, vermelho e branco, inspiradas na criatividade de Antonio Farias Vieira,
“mestre Cabeludo”, pintor letrista, o qual teve um dia a idéia de retratar na cerâmica
utilitária, já produzida no bairro desde o século XVIII, o grafismo de peças Marajoara
com as quais teve contato através de um livro intitulado: “Na Planície Amazônica”, de
Raymundo Moraes, livro este que tive a oportunidade de ver sendo passado das mãos
de Cabeludo para minha tia Graça a título de empréstimo para que, segundo o desejo
do mestre, esta pudesse conhecer a origem de sua inspiração.
Da movimentada olaria do mestre Cabeludo, mais adiante, do lado direito, às margens
do igarapé do Livramento saíam as novidades que aos poucos iam tomando conta do
bairro e se transformando pelas mãos dos inúmeros artesãos que surgiam
rapidamente por conta do efervescente comércio que se instaurou em torno da
cerâmica pela procura de compradores nacionais e internacionais. Bem como da olaria
do mestre saíram muitos dos ceramistas que hoje atuam no bairro. Como sua origem
era pintor letrista, a profissão não ficava esquecida. Na porta de sua residência podiam
ser lidas placas com mensagens geralmente aguçando a consciência dos moradores,
††††††††††††
Psicóloga,Técnica da Equipe do Ecomuseu da Amazônia
277
com relação ao cenário político brasileiro da época, além de ter permanentemente
uma outra placa em destaque na qual o mestre se intitulava “O Muiraquitã”. Se
ligarmos o amuleto a pessoa, podemos dizer que este trouxe muita sorte ao bairro por
meio de sua iniciativa com a cerâmica. A residência do mestre era bastante visitada
também pelo fato de sua esposa Cosma ser benzedeira e atender muitas crianças em
seu ofício.
Seguindo mais um pouco, do lado esquerdo, visualizava-se a olaria centenária de
José Croelhas, o “José Espanhol”, irmão de dona Cosma, esposa de Cabeludo. Nesta
olaria a qual hoje ainda guarda a tradição, eram produzidas peças utilitárias como
potes, jarras, bilhas, moringas, encontradas à época na maioria das casas do bairro, e
outros utensílios domésticos comprados pelos próprios moradores e por pessoas de
outros locais.
Um pouco a frente da olaria do seu “Espanhol”, encontrava-se a pequena capela de
Nossa Senhora do Livramento, hoje em maiores instalações, mas ainda chamada
carinhosamente de “igrejinha”, cuja padroeira foi escolhida para o bairro no ano de
1946 por um grupo de devotos tendo a frente o senhor Antonio Castanha, proprietário
da pequena imagem. A festividade da padroeira sempre muito bem festejada pelos
seus moradores no mês de dezembro, ganhava destaque devido o Distrito de Icoaraci
ser ainda de poucas atividades festivas e pelo ar pitoresco que o local despertava nos
visitantes que vinham de toda parte do distrito para o quinzenário de ladainhas
noturnas seguidas de leilões, que eram patrocinados a cada noite por uma família do
bairro, denominadas “noitários” as quais se desdobravam recolhendo donativos nos
comércios, somando ao final com suas próprias doações através de frutos colhidos em
seus quintais e criações como aves e suínos. Uma noite esperada era a da família
Sena, por ser esta composta por fogueteiros que se esmeravam em soltar jorrões e
pistolas coloridas durante a noite. Na última noite, “a noite dos moradores”, a
festividade atingia o seu ápice, com a procissão de encerramento e a derrubada do
mastro, seguida de ladainha e animada festa com o leilão mais concorrido do
quinzenário, onde todos se esforçavam para contribuir com a melhor doação.
Ao lado da capela encontravam-se: a casa de dona Maria, outra benzedeira muito
procurada, a Escola Comunitária Nossa Senhora Medianeira, onde hoje está
localizada a sede da Sociedade São Vicente de Paulo, outra parceira do Ecomuseu da
Amazônia, a olaria de Ana Pimentel, que criava brinquedos em cerâmica como apitos
que eram muito apreciados pelas crianças, bebedouros de passarinhos, animais e
outro utilitários, hoje sua família assim como a de José Espanhol mantém a tradição. O
Percurso termina na propriedade do senhor João Guimarães, conhecido como Janjão,
grande animador da festividade do Livramento nas décadas de 60 e 70, atualmente a
área abriga uma variedade de comércios.
Deste trecho em diante, a leste e a sul seguiam-se as grandes propriedades de
terrenos guardando a densa mata que cobria todo o resto do Paracuri até o Porto do
Uxi. Para os terrenos de mata acorriam também à tarde, após a chuva das duas, os
moradores de ruas mais distantes para colher os frutos que ficavam no chão em
grande quantidade: uxi, bacuri, cupuaçu, piquiá e outras tantas variedades dos
deliciosos frutos da região.
Segundo historiadores, o Porto do Uxi serviu de embarque e desembarque de
mercadorias entre Icoaraci e Belém, até o século XX inclusive a cerâmica, como tijolos
e telhas para construção de prédios na capital, produzida pela primeira olaria instalada
às margens do Igarapé do Paracuri, pelos Frades Carmelitas dos Pés Descalços no
início do povoamento do Distrito, no século XVIII, quando a imensa área de terra se
dividia em duas fazendas: São João do Pinheiro e Nossa Senhora do
Livramento².(JORNAL O Liberal.89)
O aspecto cultural era bem forte até os meados de 80, em cujo cenário encontravamse figuras como dona Joana e Altamira Melo que festejavam São Sebastião no mês de
Janeiro em suas respectivas residências, Pureza Santana, na “Casa Grande” com a
festividade do Divino Espírito Santo, seu José Silva, Perciliano Chagas e Vicente
Paiva com os festejos de Santo Antonio, São João e São Pedro, respectivamente no
278
mês de junho, além do lendário Manoel “casadinho”, famoso entre os moradores, pois
ao redor deste alimentava-se a idéia de que o mesmo era dotado do que se chamava
de “fado” o que o fazia transformar-se em animais durante determinadas noites, tal
descrição tornava este figura respeitada por todos no bairro, principalmente pelas
crianças.
Com o passar das décadas o bairro se transformou. Com o aumento das moradias, as
marés já não são mais as mesmas, o trecho em questão desde o início dos anos 2000
recebe o nome de bairro Ponta Grossa nos papéis de luz e água, e outras tantas
mudanças. As olarias e lojas de cerâmica continuam recriando a arte, a memória do
bairro ainda está presente nos descendentes de seus moradores de origem, que se
confundem com os novos habitantes travando um diálogo árduo com o presente,
porém muito possível através das ações do Ecomuseu da Amazônia com a SOAMI e
com a Sociedade São Vicente de Paulo, estas localizadas no bairro do Paracuri, numa
missão iniciada por Laïs Aderne em 95, quando reuniu em um só evento ceramistas
folcloristas, profissionais liberais, organizações governamentais e não governamentais
e junto com estes definiu uma linha de ação a seguir cuja essência posteriormente é
analisada como base para as ações do Ecomuseu da Amazônia: a participação
popular para a construção de um projeto sustentável que vem possibilitando condições
para uma população de conduzir-se utilizando como recurso o entrelaçamento de
novas tecnologias com sua identidade cultural.
REFERÊNCIA
JORNAL O Liberal, out./89.
VALENTE, José. Sinopse de Icoaraci
VERDE MEMÓRIA SOBRE AS PEDRAS
Vinicius Pacheco ‡‡‡‡‡‡‡‡‡‡‡‡
Estudar os aspectos sociais e culturais de treze comunidades localizadas em áreas
relativamente isoladas e preservadas, vivenciar seus saberes e fazeres, contribuir,
principalmente, com a tomada de consciência quanto à importância em preservar
esses espaços, sua identidade, para que num segundo momento, possam
compreender a relevância do que fazem, sustentando a si próprios e gerando renda a
partir de seu próprio conhecimento, sem que pra isso, tenha que esgotá-los. É essa,
em resumo, a atividade que desenvolvo junto ao programa intitulado Ecomuseu da
Amazônia que tem como principal “bandeira” o Programa de Capacitação, e que em
síntese, desenvolve-se a partir da proposta de Museu Território nas áreas de Icoaraci,
e na região das ilhas de Caratateua, Mosqueiro, e Cotijuba, direcionado por quatro
eixos ou áreas de conhecimento. Cultura; Meio Ambiente; Turismo e Cidadania. E é a
partir dessa experiência que vivencio a cada dia junto a essas comunidades que me
ocorreu à posse da memória, não da simples lembrança, mas da lembrança que
questiona e propõe uma reflexão, e que agora se sustenta em novas possibilidades,
em ações, em instrumentos. Memória onde guardo o esplendor de viver a vida, minha
querida infância, de onde emergem maravilhosas recordações, e que hoje, olhando
pela janela do meu quarto não consigo tê-las a vista além de concreto sobre concreto.
E junto a tudo isso, me veio também à lembrança de um comercial de televisão, onde
um grupo de pessoas em um escritório no centro da cidade ficava maravilhado com a
presença de uma pequena planta em um vaso na janela, observavam como algo
completamente inusitado, como se aquilo que viam, não fizesse mais parte da
realidade pela própria reação de surpresa que causava. Logo entendi a mensagem,
não por ser filho dessa imensa área amazônica, mas por ter testemunhado as
transformações do bairro onde nasci conhecido como umarizal, por apresentar uma
abundante concentração de pés de umari por toda sua extensão. Lembro também,
que quase todas as casas possuíam quintais de terra com muitas, muitas árvores.
Mangueiras, ameixeiras, jambeiros, bacurizeiros, ingazeiros e outros mais, todos
‡‡‡‡‡‡‡‡‡‡‡‡
Professor, Arte Educador, técnico do Ecomuseu da Amazônia .
279
agora já extintos. Ao contrário de hoje, a vida comunitária era bem mais prazerosa,
passava-se poucas horas do dia em casa, o restante do tempo, era todo vivido nesses
ambientes, respirávamos o vento com cheiro de mato, conversávamos a noite toda
com os vizinhos assim como faziam as antigas comunidades. Dormíamos sem
ventiladores ou centrais de ar. No mês de junho, fazíamos muitas fogueiras, quase
todas as casas tinham a sua, dançávamos quadrilha e tomávamos mingau quantas
vezes quiséssemos, e melhor, não precisávamos pagar. Tomar banho de chuva era
sinônimo de felicidade, talvez, pela dificuldade que tínhamos em conseguir permissão
de nossos pais, nesses momentos, nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro –
época da manga - corríamos em direção a Generalíssimo Deodoro que ficava com o
chão coberto de tanta fruta, comíamos até enjoar, hoje, o fruto é retirado antes mesmo
de seu amadurecimento. Todo dia tinha o horário da “bola”, escolhíamos o lugar,
existiam vários “campinhos”, à noite, contávamos estórias de mistério e brincávamos
de “pira se esconde”, era emocionante subir nas árvores. Na rua, Almirante
Vandenkolk, toda manhã nos deparávamos com várias gaiolas com alçapões nas
trilhas e margens das áreas verdes espalhadas pelo bairro, “pegava-se” patativa,
bigode, coleira, cigarra, entre outras espécies de pássaros que hoje não vemos mais.
Diante de tanta lembrança, entendi também - não lendo em livros de história e nem
assistindo a comerciais televisivos - que o tempo passa, e os ambientes se modificam
por intermédio do homem, seja pra melhor ou pra pior, mas a memória, esta sim, tem
o poder de preservar aquilo que um dia fez de nós o que somos, e que nessa imensa
reserva de experiências de alegrias e descobertas inesquecíveis, podemos ainda,
diante desse caos pré-urbano que nos cerca hoje, repensar a vida, não a “nossa”, mas
aquelas que ainda virão e que poderão viver a plenitude de interagir com o meio
natural e usufruir da generosidade de seus benefícios, agora, lógico, respeitando seus
limites.
Sempre achei importante falar ou escrever sobre esses maravilhosos e felizes
momentos que vivi durante toda minha infância, quando encontro velhos amigos, ou
vizinhos que vivenciaram comigo essas experiências das quais narrei uma pequena
parte. Hoje, tomo essa iniciativa por ter o privilégio de pertencer a esse cansativo,
porém, gratificante programa que hoje, após dez meses a seu serviço, considero de
maior relevância no que diz respeito à preservação do nosso maior patrimônio, além
da vida e da memória, que são nossos territórios, ou melhor, nossos “Museus
Territórios”, criado em 2007, pela Prefeitura Municipal de Belém-PMB, sob a gestão da
Secretaria Municipal de Educação-SEMEC e que hoje, possui sua sede na Fundação
Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira.
Nesse convívio semanal junto às comunidades não lhes nego essa fala que carrego
na memória, pelas próprias experimentações locais que me fazem voltar no tempo,
agora, porém, com a responsabilidade e a possibilidade de contribuir de forma
significativa com o desenvolvimento consciente desses grupos, de seus territórios,
orientando e sistematizando seus fazeres para que possam, um dia, assumir seus
próprios projetos, entendendo sua importância e o porquê de preservá-lo frente a essa
desenfreada “cultura de comércio”, descrevendo aquilo que é basicamente oral,
valorizando assim seus saberes, afirmando a si próprios como fazedores de cultura. É
essa uma de nossas filosofias de trabalho vinculadas ao Programa.
É nesses lugares, bem adversos as ilustrações dos livros escolares que nos mostram
um acervo raro de espécies da fauna e da flora amazônica, que ainda comemos frutas
debaixo das árvores, presenciamos o silêncio e o cheiro das matas e seus habitantes
quase extintos que ainda insistem em nos enriquecer a alma com suas inusitadas
aparições que nos agraciamos ainda mais com a beleza e a plenitude de viver.
280
MORAR EM COTIJUBA
Otoniel Pereira§§§§§§§§§§§§
Entrevista concedida para a Tese de Doutorado denominada “Proposta de um turismo sustentável para a
comunidade da Ilha de Cotijuba, município de Belém-Pará-BR, a partir da valorização do patrimônio
cultural”, defendida em fevereiro de 2012, por Maria Terezinha Resende Martins.
- O Diretor Geral da Agência Distrital de Icoaraci-ADIC relata a sua experiência, como
é morar na ilha de Cotijuba:
Morar em Cotijuba, é... lá no sul as pessoas dizem que quem mora em ilha é rico,
quando eu dizia lá em Brasília e em São Paulo que eu morava em uma ilha eles
pensavam que o Otoniel estava furtando os correios, por que só mora em ilha quem
tem muito dinheiro, mas a ilha de Cotijuba é um ambiente natural saudável, onde a
população ainda pode se alimentar de mariscos frescos, camarão a 2,50 o litro, 1
cambada de peixe a 5,00 reais na beira da praia e você alimenta-se basicamente de
frutas frescas, peixe, camarão e tudo isso é natural, e isso dá para que você possa
manter sua saúde agradável, com disposição, com vigor, como eu tenho aos 6.3!
- O Diretor Geral da ADIC faz referência ao transporte na ilha de Cotijuba:
Cotijuba só veio se desenvolver a partir de 94 com o prefeito Hélio Gueiros quando foi
feita uma, um sistema de viagens pra lá, ninguém sabia, ninguém ia pra Cotijuba por
que não havia transporte. Em 94 o prefeito Hélio Gueiros criou uma linha que fazia
Belém-Icoarací- Cotijuba/ Cotijuba-Icoarací-Belém, ai que foi a população descobrir
que existia uma pérola na natureza guardada lá, que deveria ser preservada, deve ser
preservada, com isso começou exatamente a ocupação da ilha, de 350 foram
comprando terreno se fixando e aquela altura não se tinha nenhum transporte e então
o prefeito Hélio Gueiros doou 6 charretes e 6 cavalos para o transporte urbano através
de charretes;
- O Diretor Geral da ADIC complementa suas informações, fazendo menção ao
turismo na ilha de Cotijuba:
Cotijuba é hoje um ponto turístico, um balneário voltado para a classe média pra baixo,
é mais ou menos assim: o povão, é esse turismo que ta sendo feito hoje em Cotijuba,
é o turismo de massa, que é altamente negativo, especialmente para a natureza, por
que as pessoas que vão, são classificadas mais ou menos como os “farofeiros” eles já
levam todo o sistema deles (é de comida, de água, de refrigerante, da bebida) e o
restante quando eles vão embora fica tudo lá, fica o copo descartável, fica o resto de
comida lá na Praia.. E essas pessoas como são na maioria das vezes não tem
conhecimento da natureza, de preservação e terminam trazendo muitos prejuízos ao
meio ambiente. Estamos recebendo hoje em Cotijuba cerca de 2 a 3.000 pessoas no
final de semana normal, no final de semana prolongado até 5.000 e nas férias cerca
de 10.000 pessoas semanais e essas pessoas, claro que tudo em Cotijuba depende
do turismo, agora só que não é um turismo programado, não é um turismo em que as
pessoas vão conhecer as trilhas, nós temos cerca de 7 km de trilhas, de um lado e de
outro da ilha nós temos as praias, algumas semi-virgens como a praia da Flexeira e a
praia Funda. E a praia da Saudade, ainda pouco explorada…
- Continua o Diretor Geral da ADIC fazendo referência a educação da ilha de Cotijuba:
§§§§§§§§§§§§
Ex Sub-Agente de Administração da ilha de Cotijuba, Sub-Distrito da Administração Regional de
Outeiro-AROUT, morador da ilha de Cotijuba, parte do Território Ecomuseu da Amazônia, Belém-Pará,
desde 1989, atual Diretor Geral da Agência Distrital de Icoaraci-ADIC, 2010. Depoimento extraído da
entrevista concedida a Maria Terezinha R. Martins, constituinte da Tese de Doutorado “Proposta de um
Turismo Sustentável para a Comunidade da Ilha de Cotijuba, município de Belém, Estado do Pará-Brasil,
a partir da Valorização do Patrimônio Cultural”, defendida em 2012.
281
Temos hoje na parte de educação uma contemplação muito boa em relação ao apoio
logística interesse da prefeitura através da profª Therezinha Gueiros que implantou a
escola Bosque, que estava totalmente esfacelada no tempo do governo anterior,
estava praticamente falida. Então profª Therezinha Gueiros investiu novamente,
organizou, reorganizou a Escola Bosque e implantou as escolas bosques das ilhas de
Paquetá, Jutuba e Cotijuba, são 3 unidades. Essas escolas deram uma ênfase muito
grande na educação, recentemente nos fizemos uma distribuição de cadernos e livros
através da prefeitura e nós nos surpreendemos com crianças de pouca idade já na 4°,
5°, 6°, 7° série. Isto representa um fato significativo, o maior empreendimento, e as
pessoas ainda dizem “não por que a prefeitura não faz nada aqui, não fez nenhum
prédio”. Entretanto a prefeitura tem feito nas ilhas um investimento altíssimo maior que
todos que é a educação, tem feito lá com a escola, com o transporte escolar de
bondinhos, com transporte de barcos e isso ai tem sortido um efeito positivo muito
grande na educação dos ribeirinhos, especialmente das pessoas, dos alunos e jovens
adolescentes que moram nas ilhas…
- O Diretor Geral finaliza, mencionando as histórias da ilha de Cotijuba:
A questão da ilha não sabe explicar realmente, do diabo, não sei, do ladrão, tem
muitas lendas. Eu fazia um programa de rádio e contava na sexta-feira, de 9 as 10, eu
contava as histórias das lendas de Cotijuba, das visagens, assombrações, fazia muito
sucesso, as pessoas inclusive ficavam com medo, me ligavam: “ Sr. Otoniel, o senhor
contou a história daquela visagem do cidadão morto e eu não consegui dormir, os
cachorros começaram a latir seu Otoniel!” ai um barqueiro uma vez: “seu Otoniel, pelo
amor de Deus o senhor contou a história do navio fantasma e eu estava tomando
conta dos barcos no trapiche e não consegui dormi de jeito nenhum”, então tem muitos
folclores, histórias, que eu sei, que me mandavam, estão armazenadas em casa sobre
assombrações, visagem, folclore, contos, histórias, tudo isso nos sabíamos que é mais
um capítulo que a gente pode gravar a parte sobre isso ai...
PARADA SEIS, SENTIDO BAIRRO/ CENTRO
[E VICE-VERSO]
Camila Albani Petró
Composição literária selecionada no Concurso Fragmentos Urbanos para compor os
170.000 postais literários que destacam diferentes pontos da cidade de Porto Alegre,
organizado pela Cia Carris Porto Alegrense, 2012.
Sofia pensava no seu bairro
Como mais uma periferia:
longe de tudo,
local onde apenas dormia.
Museus, no seu pensamento,
locais que contam histórias,
de uma grande minoria
com farsante trajetórias.
Porém, contudo, todavia,
entre-um-tanto
entrou no ônibus Pinheiro
parada vinte quatro,
para a lida de mais um dia,
e, pela janela, parada seis,
parou o olhar:
Avistou um Museu Comunitário.
282
Passou a frequentar.
Aprendeu que distante,
pode ser relativo.
Periférico:
depende do ponto de referência.
Que a História é feita no presente e,
alguns museus, na sua essência,
escutam diferentes histórias,
contados pela pequena maioria.
DE PIRACEMA À INDÚSTRIA, UMA VIAGEM A SANTA CRUZ
Adílio S. da Roza; Cristiano dos S. Belo; Thiago de L. Alexandre; Bruno F.A.Theodoro
ESCOLA DE SAMBA MIRIM UNIDOS DA RESISTÊNCIA CULTURAL(2001)
Samba-enredo:
DE PIRACEMA À INDÚSTRIA, UMA VIAGEM A SANTA CRUZ
LETRA E MÚSICA (Escola Municipal Chico Mendes): Adílio Santos da Roza,
Cristiano dos Santos Belo, Thiago de Lima Alexandre, Bruno Felipe Alves
Theodoro.
INTÉRPRETE: Flávio André Ferreira - COORDENAÇÃO: Prof. Pedro José de Assis
Levado por um sonho fascinante,
Eu toco a lira da imaginação.
E vou subindo o Morro do Mirante
Pra buscar a minha inspiração.
Vejo lá de cima a piracema e o lugar
Paz e Natureza toda forma de amar
Éramos índios, até Cristóvão chegar.
O branco então a tudo conquistou,
Erguendo na planície a Santa Cruz,
Fazenda, Igrejas, Residências,
Era a Companhia de Jesus.
Abram alas minha gente, o Rei chegou de Portugal (bis)
O Convento hoje é Palácio lá na Fazenda Real (bis)
Independência, tenha santa Paciência,
Nossa História é o caminho onde passa o Imperador.
A consciência viu chegar o matruquinho,
No brilho do Matadouro Santa Cruz se iluminou.
O tempo passa e o trenzinho não pára,
Logo chega a Guanabara e a Era Industrial.
Mas a História não mudou, o Eldorado fracassou,
Eu de teimoso grito neste carnaval.
Se a favela é a senzala, o negro nunca sorriu (bis)
Santa Cruz é o retrato da História do Brasil. (bis)
Fonte: Quarteirão - 2001
283
SANTA CRUZ AGRADECE...
Dilméia Oliveira Silva
A Ciência, como se sabe, trouxe muitos benefícios à humanidade. A modernidade
mostrou a todos tudo o que há de bom e ruim no mundo. A tecnologia aproximou os
cidadãos dos cantos mais remotos da Terra, tornando o planeta uma aldeia global.
Mas nem por isso se deve esquecer o passado, quando tudo era apenas um sonho
distante, de cuja realização muitos duvidavam.
Pensando nisso, a memória do povo não pode morrer, pois se a História se faz com os
fatos que perpassam as gerações, ficam eles cravados na lembrança daqueles que
ouviram alguém contar um caso ou acontecimento interessante.
Assim, reportemo-nos à época em que Santa Cruz possuía além do Hospital Pedro II,
cujo diretor era Dr.Ciraudo, dois médicos que iam às casas para atender seus
pacientes: Dr.Júlio e Dr.Lourenço (este último chamado carinhosamente de Dr.
Lourencinho), não sendo esquecidos até hoje. Outro dia ouvi de uma senhora relato
sobre Dr. Lourencinho como seu médico de fé, pois já bem idoso, continuava a
atender seus pacientes no consultório da Rua Lopes de Moura.
No entanto, além dos médicos, havia uma figura bastante conhecida por todos,
principalmente pelas grávidas: a parteira, cujo serviço era muito requisitado.
Quando as senhoras tinham confirmada a gravidez, imediatamente escolhiam quem
iria assisti-las na hora do parto e tratar com ela para que na época aprazada ficasse
de prontidão. A parteira acompanhava de perto as parturientes, verificando o
desenvolvimento da gestação. Isso não queria dizer que a gestante não se tratasse
com o médico. Elas iam aos Postos de Saúde fazer o pré-natal, mas o parto não seria
feito pelo médico e sim pela parteira contratada, a não ser que surgisse alguma
dificuldade que ela não pudesse sanar ou fugisse do seu controle. Nesse caso, o
médico era chamado, o Hospital enviava uma ambulância para levar ou não a
paciente, conforme o caso.
No momento em que surgiam as primeiras dores, a parteira logo era chamada para
acompanhar o parto e lá vinha ela com sua inseparável bolsa, onde trazia o que fosse
necessário. Vinha preparada, muitas vezes, para passar horas até o nascimento do
bebê. Era então um momento de regozijo, de alegria e de agradecimento a Deus e à
Nossa Senhora do Parto por mais aquela vitória, aquela vida que vinha para mais uma
batalha nesse mundo. A vida é uma batalha travada individualmente, dia-a dia a
caminho para Deus.
O neném era tratado, seu cordão umbilical cortado e a parteira ensinava às mães
como amamentar e cuidar do seu rebento: colocar e trocar fraldas, colocar o cinteiro
(faixas de gaze que envolviam a cintura do bebê para dar firmeza no segurar e para
evitar que ficasse umbigudo), já que o bebê chora bastante (hoje esses procedimentos
não são mais usados, considerados ultrapassados, cafonice...). No entanto, não se
conhece notícia de que os bebês da época, hoje homens e mulheres, tenham morrido
por causa do cinteiro.
Cuidavam da criança até que o umbigo caísse. Enquanto isso cuidavam também das
mães, ensinando tudo o que era preciso em relação ao recém-nascido.
Ao crescer, os bebês chamavam sua parteira de “avó” e , pasmem, tomavam a bênção
com todo o carinho e respeito. Hoje é tudo tão impessoal, que as crianças não sabem
o nome do médico que as trouxe ao mundo. Tristeza!
A maioria dos santa cruzenses com mais de cinquenta anos nasceu nas mãos de uma
parteira, pelas mãos valorosas de Dona Balança, Dona Tininha, Dona Beleza, Dona
Maria, Dona França, Dona Ester, Dona Baronesa. Com quem elas aprenderam o
ofício? Não se sabe. Deve ter sido como se dizia, com os mais velhos. Com certeza
não tinham noção da importância social que traziam em si, pois eram pessoas
humildes, do povo, que dedicavam sua vida a este ofício tão grandioso e solene e
abençoavam os muitos “netos” que a vida lhes deu.
284
A parteira em nossa região não existe mais. Uma pena! Mas rendemos a essas
mulheres que não tinham dia nem hora, muito menos cara feia, merecidas
homenagens. Recebiam de suas pacientes um “muito obrigada” ou um presentinho,
pois a vida era difícil para todos e o que importava era o serviço prestado e não a
recompensa. São essas pessoas anônimas que fazem a sua parte no progresso de
uma nação, de um povo, de uma cidade, de um bairro...
E Santa Cruz não poderia ser diferente: também agradece às nossas queridas
parteiras, valentes, corajosas, solidárias no momento mais sublime da mulher. Que
seus descendentes possam dizer com orgulho, de peito estufado de glória: Minha
família teve uma parteira de Santa Cruz! BRAVO!
Fonte: Jornal Quarteirão – 2006.
MEMÓRIAS DE VIDA- DEPOIMENTO AO ECOMUSEU DA SERRA DE OURO
PRETO
Vicente de Paula da Silva*
Ecomuseu da Serra de Ouro Preto – Minas Gerais -BRASIL
*Trecho do depoimento do Sr. Vicente de Paula da Silva (Vicente da Feira), na época com 76 anos de
idade, morador do Morro da Queimada, ao Projeto Memória de Vida, em 20/06/2007:
MV – Como era a região na época?
Senhor Vicente – Ali da curva pra cima não tinha nada, só mexerica, assa-peixe e
candeia. Isso era fechado de mata. Só tinha um caminho bobo de passar para o Morro
São Sebastião, um caminho de burro. Aí fui levando, comecei a trabalhar na prefeitura.
Agora já me aposentei.
MV – O senhor sabe que este bairro é um bairro histórico, não sabe?
Senhor Vicente – Sei, sei. Ali pra cima o governo do estado desapropriou umas casas
e indenizou as famílias, parece que é a área de um parque arqueológico. Ali perto das
ruínas parece tudo muito bonito. Se você entra naquelas minas sai lá em Antônio
Pereira. Eu aviso: não joguem lixo dentro das minas, nem dentro dos suspiros. Porque
toda mina tem um suspiro. A mina sede, mas dá pra sair pelo suspiro. È 15,20 m de
“fundura”. A senhora já foi lá em cima do Morro da Queimada, onde viviam os
escravos? Tem um monte de vela tocada a vento.
PRIMEIRA USINA HIDRELÉTRICA DE PICADA CAFÉ
Aldair José Thomas; Édio Kunz; Paulo André Jannke; Luiz João Buççegon; Eduardo
Welter.
Em 1938 Osvino Boetcher, pai de Freno Boetcher, teve uma ideia muito interessante:
construir uma usina hidrelétrica. O objetivo era fornecer energia elétrica para melhorar
a qualidade de vida dos moradores que moravam perto da propriedade de Osvino
Boetcher. Alfredo Nienow enviou uma correspondência á Alemanha com a finalidade
de comprar um dínamo (gerador de energia) e uma turbina que foram trazidos de
navio da Alemanha até o Porto de Estrela. O restante do material foi fornecido por
empresas do Rio Grande do Sul. O transporte foi feito de caminhão até a Igreja
Evangélica São João em Picada Café, na localidade de Canto Bütchen, onde a
hidrelétrica foi construída. O material foi levado de carroça puxado por uma junta de
bois.
Cerca de 15 pessoas trabalharam, diariamente, para agilizar a conclusão da obra que
foi construída com pedras de areia lapidadas a mão. Foi ainda instalado um cano feito
de madeira por onde passava a água para girar a turbina, que por sua vez, gerava a
energia.
Inicialmente, vinte e cinco famílias foram beneficiadas com luz elétrica.
As primeiras lâmpadas usadas foram trazidas de Porto Alegre a um custo de cinco
285
quilos de porco vivo. A cobrança da energia era feito pelo número de lâmpadas que
cada família usava em casa. O não pagamento da energia ocasionava o ‘’corte’’ da
mesma. Segundo palavras de Freno Boetcher... “era fim pra ti...’’
Na época de poucas chuvas, à tarde não era fornecido energia elétrica para poupar
água. Ao longo do tempo, aumentou o número de famílias que aderiram a energia
elétrica, portanto, houve a necessidade de instalar um motor a diesel para suprir a falta
de água.
A primeira Usina Hidrelétrica funcionou em Picada Café até meados de 1967, quando
foi ampliada a rede pública estadual, denominada CEEE.
VELHO PINHEIRO
Pedro José Vicente
Velho Pinheiro com teus galhos retorcidos
que o vento mais atrevido
procura espalhar tua sombra.
Velho Pinheiro com altura de um gigante
tendo as guias esvoaçantes
e que até o gigante tomba.
Não ficou de tuas pinhas
aquela que brotaria
e o tronco na terra fria
se desfez, virou adubo,
pelo tempo que transforma tudo
o Velho Pinheiro morria.
E hoje em teu lugar
outro Pinheiro vamos plantar
para quando crescer a ti substituir
ao pé da Lomba o símbolo se conservará.
Para quantos por aqui passar
do Velho com certeza irão lembrar
ao ver que novo começou a surgir.
Poema publicado em: Vicente, Pedro José. Pinheiro Poema e Prosa. Editora
Alcance, Porto Alegre, 1999.
A VOLTA DA ESCOLA
Lucila Weber
Museu Comunitário de Percurso
Picada Café – RS
Quando eu era criança, nem sempre era fácil voltar da escola para casa depois da
aula. De manhã eu podia ir com a minha irmã, que, com um cavalo, levava o leite para
a fábrica de queijo. Quando não eram muitas as latas a transportar, eu podia montar
no cavalo e ela ia a pé. Mas, depois da aula eu tinha que ir sozinha e, caminhando
depressa, eu levava meia hora para chegar em casa. Não havia moradias ao lado da
estrada. Eu sempre tive um certo medo e é lógico que eu procurava ir bem rápido para
chegar logo em casa.
Um dia, perto da curva da estrada, vinha um rapaz montado em um cavalo que tinha
um sininho pendurado no pescoço. Ele disse alguma coisa em português, mas eu só
falava em alemão e não entendia o que ele queria, fui adiante. Passando a curva, que
susto! Estive diante de uma tropa de bois do campo e dois ou três tropeiros. Era isto
que o rapaz queria me dizer, pois ele, com o sininho no pescoço do cavalo, era o guia
286
da tropa. Meu susto era tamanho, que num pulo só atravessei a capoeira ao lado da
estrada e fui correndo pela roça ao lado, sem olhar para trás. Só depois de bem longe,
voltei para a estrada, mas tremendo muito. Isto era uma quarta-feira. Por isso, eu não
gostava de ir à aula nas quartas-feiras. Ver essas tropas de bois era comum na época.
Pois esta era a maneira de levar o gado para o matadouro que ficava um pouco além
da escola.
BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS EM TEMPOS PASSADOS
Sussana Maria Mallmann Werle
Museu Comunitário de Percurso
Picada Café – RS
Olhando para os filhos, relembro da minha infância. Éramos em torno de 15 a 20 préadolescentes. Nossas brincadeiras giraram em torno do meio que habitávamos. As
matas, o rio, as estradas eram os recursos que tínhamos para nos divertir e o velho
salão paroquial, hoje Coopershoes – uma empresa de calçados.
Nas matas organizávamos o espaço durante a semana, com cabanas, cipós, nos
divertíamos um monte. No verão o rio Cadeia era o passatempo predileto.
Formávamos com cascalho poços mais fundos. Cipós das árvores para nos
aventurarmos rio adentro. Era divertidíssimo. Aos domingos montávamos nosso QG
para o almoço. E era só para o almoço, pois satisfeitos íamos para casa. As
brincadeiras haviam acontecido durante a semana, pois a brincadeira era montar,
adequar o espaço.
Ah, e o saudoso salão onde havia uma mesa de pingue-pongue, disputadíssima.
Éramos craques. Os teatros que montávamos e nos arriscávamos a apresentar em
localidades vizinhas e na própria comunidade. E o espiribol na escola? Atração e
tanta.
Percebo hoje, o quanto éramos felizes, descontraídos e todos buscavam prazer em
tudo que fazíamos. Éramos meninos e meninas que conseguiam resolver problemas
variados, brigas, intrigas. Claudete, Dolores, Salete, saudosa Neida, lembram como
tínhamos que aguentar as endiabradas brigas dos meninos: Jorge, Lui, Stanis, Max,
Miguel, Liz, Martim, Lique, Jacó, Vianei, Vicente, Jorge Utzig? E nas férias tínhamos
ainda o João e o Urbano, como mais velhos até que sabiam colocar ordem no tribunal.
Traziam novidades do seminário para nossos teatros, como a famosa banda dos
bigodudos.
E nossas mães como nos acompanhavam. Saudades marcam suas presenças em
nossos brinquedos, principalmente nossas idas ao rio. Levavam lanches e mais
lanches e como sempre quando satisfeitos. Depois de tana comilança, queríamos ir
para casa. Elas riam de nós e nos acompanhavam. Cada uma na sua casa preparava
delicias inúmeras. Cada um de nós sabia referenciar o doce, o salgado que elas
faziam com tanto carinho e dedicação.
O estudo de certa forma fez com que nossas brincadeiras, nossos encontros tivessem
que aguardar o final de semana. Uns foram para Gramado, a maioria para Novo
Hamburgo a procura de emprego e estudo. Segundo grau na época em Nova
Petrópolis. O custo era elevado, passagens, escola...
Mas como eram boas as festas ao final de semana. Festas simples, na casa de um ou
de outro, regadas de musicas, comida. Iniciaram os namoros, o grupo foi crescendo,
gente nova foi acompanhando nossa visão de mundo, nossos valores e nós fomos
também crescendo na formação de novos valores.
Hoje todos estão por aí, de certa forma perto um do outro.nossos filhos com certeza
vivem um momento diferente,mas ouvem constantemente nossas lembranças de uma
época tão preciosa, de mais ou menos uns trinta anos atrás.
NARRATIVAS DOS MORADORES DE SEPETIBA
WILD, Bianca
287
“Seu Salviano” – passeio de reconhecimento – ano de 2010 – Sepetiba/Brisa –
Praia de Sepetiba/ Recôncavo-Dona Luíza/ Cardo e APA das Brisas
“...Minha filha isso aqui era muito disputado, tinha muito peixe, a praia vivia cheia e o
povo adorava vir pra cá, tinha vez que a gente pegava camarão na mão, tinha até
Tatuí!
Mas depois dessa Ingá e de um monte de construção sem pensar em como fazer
tudo foi mudando... eu já lutei muito [...] você ouviu falar do S.O.S Sepetiba? A gente
protestou muito, tinha um comitê [...] mas tem muita gente com má intenção, gente
que não quer ver o lugar melhorar de verdade, que só se aproveita da gente [...]tô
cansado(/) [... ]”
Nilo – Ex Veranista – Visitando o bairro
“...Sepetiba ainda é um lugar tranqüilo, até bonito, mas ficou muito diferente de como
eu lembrava, quando eu era jovem tomei muito banho na praia (Sepetiba), na Dona
Luíza, sabia que o mar batia bem aqui? (Dona Luíza/ Recôncavo) (/) tinha ondas,
pequenas mas tinha, não era assim, tinha a lama (Sepetiba) [...] mas não era tanto, é
muito triste voltar aqui e encontrar esse lugar desse jeito (/) [...] triste mesmo...”
Eliane Roxo – Moradora – em entrevista para acervo do Movimento Ecomuseu
“...moro em Sepetiba desde o final do ano de 1999, mas quando criança vinha até
Sepetiba como veranista[...] lembro muito de um pé de Jamelão que ficava na praia de
Dona Luíza, lá tinha muitas árvores, esse pé de Jamelão ficava em frente a rua da
igreja de Santa Edwirges [...] agora não se reconhece mais, as árvores eram
saudáveis, muito antigas de troncos largos, não existem mais, a faixa de areia era bem
maior, a água era limpa, na época da “lama medicinal” muita gente vinha para cá se
tratar, inclusive algumas pessoas que tinham psoríase chegaram a se mudar[...]” (/) eu
ficava mais na praia de Dona Luíza, lembro que minha tia chegou a ser figurante,
participou das gravações da novela “O bem amado” (/)”
“... quando voltei para cá em 99 lembro que vim até o ponto final do ônibus na Praia do
Cardo, onde eu moro hoje, e fiquei chocada com o cheiro forte, com o mal cheiro, com
o esgoto, a viagem até aqui mudou muito desde que eu era criança, era tudo bonito,
lindo, tinham mais veranistas do que moradores, tinham muitos restaurantes, lembro
das “lambretas” na praia [...] na minha adolescência não vim mais, voltei adulta [...] (/)
da praia de Sepetiba lembro do sorvete de casquinha de banana, lembro que tinha
faixa de areia e lembro que era bem diferente, lembro que lá onde era o restaurante
“Tio João” (Praia do Cardo) tinha camarão pulando da água [...] pescavam muitas
arraias, lembro de ver uma mulher limpar uma e fiquei chocada porque sangrou[...](/)”
“...mesmo com todos os problemas, para mim Sepetiba ainda é um dos melhores
lugares, entre os que morei para se criar uma criança, é o mais seguro, não por conta
da segurança pública, da polícia, mas acredito que é porque os moradores hoje tem
baixo poder aquisit e isso não atrai muitos bandidos(/) Sepetiba é protegida por Deus,
nem delegacia tem[...]”
“...antigamente, quando vim para cá, tinha a Croácia e o posto de saúde Waldemar
Berardinelli, há pouco tempo inauguraram uma UPA(unidade de pronto atendimento),
mas a Croácia fechou(/)”
“...lembro uma vez, que a maioria dos moradores tinham fossas sépticas, pois não
tinha saneamento, chegou um ponto que não tinham como esvaziá-las, porque é caro,
aí fizeram um mutirão e fizeram uma “rede” clandestina levando todo o esgoto
sanitário para a praia(/) teve o acidente da Ingá Mercantil, que despejou na baía de
Sepetiba metais pesados como cádmio, mercúrio, bromo e outros, aí começou a piorar
a situação ambiental mais ainda(/) com o pólo industrial, depois de 2006 com a
implantação da CSA perdi as esperanças, lutamos muito contra isso, mas não
adiantou, entrei no conselho distrital, tiveram palestras, seminários, passeatas
,debates com ambientalistas sobre o problema(/) o problema, o impacto ambiental é
chocante, quando o porto entrar em funcionamento acredito que o impacto será o
288
mesmo, para Sepetiba e imediações que a para a região da praça XV, da antiga
região portuária, além do impacto ambiental também ocorrerá um social, acredito,
crescimento da criminalidade, prostituição, que já podemos ver aqui no conjunto
habitacional Nova Sepetiba, mas graças a denúncias acabou, eu acho[...]”
“... o clima, o ar, já mudou muito, plantas morrendo, o ar está pesado(/) há uma série
de discursos controversos sobre a situação (/) quando questionados os responsáveis
se desestabilizam, ficam sem argumentos(/) deveria haver uma fiscalização ambiental
séria, em vários horários, sem aviso prévio[...] tudo isso[..] nós moradores de Sepetiba
ficamos com o ônus, eles ficam com o capital e nós com o impacto ambiental[...]”
Sílvia – Moradora - em entrevista para acervo do Movimento Ecomuseu
“... Moro em Sepetiba desde que nasci, há 51 anos[...] é difícl responder o que eu mais
gosto em Sepetiba hoje, mas acho que é a tranqüilidade, apesar dos pesares aqui
ainda é um lugar calmo, mas mudou muito, na minha infância o que eu gostava mais
era o mar[...] eu adorava tomar banho de mar, meu filho de onze anos nunca tomou
banho aqui na praia, mas o meu filho de vinte e dois pode aproveitar um pouco [...]”
“... eu gostava muito da praia de Dona Luíza na minha adolescência, era muito boa,
efervescente (/) hoje não é mais como era naquela época [..] as cirandas era da época
do meu pai, lá pelos anos quarenta (1940) [...] Sepetiba era tipo um lugar de veraneio,
tinha muitos pescadores, muitas famílias caiçaras que vinham da ilha da madeira, a
vida era calma, tinha poucos moradores, na maioria pescadores, pequenos
agricultores, era boa, na década de sessenta a praia era boa, não tinha poluição[...]
tinha cinema na praia(/) os pescadores podiam viver só da pesca [...]”
“... as pessoas aqui não tem identidade, desconhecem a história do lugar (/) eu desejo
que em Sepetiba existam mais atividades culturais, principalmente para os jovens,
adolescentes, crianças (/) aqui não tem nada, também queria muito que as pessoas
pudessem saber como era Sepetiba, sua história, quero ver o Ecomuseu dar certo,
deveria ter aqui mais projetos para jovens, coisas boas[...]”
Diversos
Depoimentos colhidos nas Oficinas (Serra de Ouro Preto)
OFICINA COMUNICAÇÃO E CULTURA – Nossa Juventude em Ação Interativa
(Ecomuseu da Serra de Ouro Preto - Morro de Santana, julho de 2009)
As atividades que você realizou durante a oficina atingiram os objetivos desejados?
Sim,
- “Eu acho que o objetivo foi passar conhecimento sobre patrimônio”. (Wallace Araújo,
12 anos);
- “Porque eu aprendi a ver as coisas com outros olhos”. (Maria Luiza Fernandes, 12
anos);
- “Porque nós aprendemos a preservar o nosso patrimônio”. (Vinícius Porfírio, 13 anos);
- “Porque teve participação”. (Allef Araújo, 11 anos);
289
OFICINAS
290
VII. OFICINAS/RESUMOS
ALCÂNTARA, Constantino
O Turismo de base comunitária como indutor do eco desenvolvimento local
(FAMAZ – Faculdade Metropolitana da Amazônia)
O
TURISMO
DE
BASE
COMUNITÁRIA
COMO
ECODESENVOLVIMENTO LOCAL
*Constantino Alcântara
FAMAZ – Faculdade Metropolitana da Amazônia-PA-BRASIL
INDUTOR
DO
RESUMO
A Oficina tem como objetivos:
Refletir com os participantes sobre aspectos de relevância para o binômio turismo
comunitário X desenvolvimento local, com destaque para os aspectos:
- Importância do turismo;
- O turismo de base comunitária no contexto geral do turismo;
- Ecoturismo como indutor de sustentabilidade ecológica e socioeconômica;
- Crescimento, desenvolvimento, ecodesenvolvimento e desenvolvimento sustentável,
como base para o tipo de desenvolvimento de pretendemos para nossa comunidade;
- Produção de um texto com os encaminhamentos do grupo.
O processo de desenvolvimento será alvo de análise a partir da epistemologia do
crescimento, desenvolvimento, ecodesenvolvimento e desenvolvimento sustentável,
situando o turismo de base comunitária como ecodesenvolvimento local.
Palavras-chave: Turismo de base comunitária - Desenvolvimento local - Ecoturismo Desenvolvimento sustentável - Ecodesenvolvimento
ALCÂNTARA, Constantino
Nossas práticas e atitudes frente a carta das responsabilidades humanas e ao Tratado
de educação ambiental para sociedades sustentáveis e responsabilidade global
(FAMAZ – Faculdade Metropolitana da Amazônia)
NOSSAS PRÁTICAS E ATITUDES FRENTE A CARTA DAS RESPONSABILIDADES
HUMANAS E AO TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES
SUSTENTÁVEIS E RESPONSABILIDADE GLOBAL
*Constantino Alcântara
FAMAZ – Faculdade Metropolitana da Amazônia-PA-BRASIL
RESUMO
A oficina tem por objetivos refletir com os participantes sobre:
- Definição de responsabilidade social e ambiental;
- Avaliação da responsabilidade socioambiental do poder público, das instituições
públicas e privadas, da sociedade civil organizada e do cidadão;
- Discutir valores, atitudes, procedimentos, a fim de promover a formação de uma
consciência crítica, resgate e construção de novos valores, hábitos, comportamentos e
atitudes, voltados ao desenvolvimento de uma sociedade comprometida com a
solução de seus problemas ambientais, proporcionando condições adequadas de
sobrevivência para as atuais e futuras gerações;
- Produzir conhecimento e estimular atitudes práticas de racionalidade e respeito, de
defesa e proteção do meio ambiente, contribuindo com o processo interativo e crítico,
para o surgimento de uma nova ética social associada às mudanças de valores, de
atitudes e às práticas individuais e coletivas;
- Treinar e desenvolver habilidades no trato das questões ambientais; desenvolver a
capacidade de avaliação; fomentar a organização da sociedade para aumentar a
291
participação, estimulando a solidariedade, igualdade e o respeito aos direitos humanos
e ao meio ambiente.
- Produção de um texto com os encaminhamentos do grupo.
A falta ou fragilidade de responsabilidade social e ambiental têm originado diversas
problemáticas globais e locais, com consequências sobre a natureza e a sociedade. A
mitigação desses problemas depende, em grande parte, da formação de uma
consciência social crítica, do resgate e construção de novos valores, hábitos,
comportamentos e atitudes, voltados ao desenvolvimento de uma sociedade
comprometida com a solução de seus problemas ambientais, da produção de
conhecimentos e estímulos à atitudes práticas de racionalidade e respeito, de defesa e
proteção do meio ambiente, para o surgimento de uma nova ética social associada às
mudanças de valores, de atitudes e práticas individuais e coletivas, produtos da
organização da sociedade para aumentar a participação, estimulando a solidariedade,
igualdade e o respeito aos direitos humanos e ao meio ambiente.
Neste sentido, a oficina proporcionará o estabelecimento de novos paradigmas na
relação da sociedade e do cidadão com o meio ambiente.
Palavras-chave: Responsabilidade socioambiental
Desenvolvimento local - Sustentabilidade
-
Cidadania
-
Práticas
-
ALMEIDA*, Bruno C; CAMILO*, Pablo R; FRANÇA*, Regina Célia dos S. G; SOUZA*,
Sinvaldo do N; RODRIGUES*, Tiago de O; WILD**, Bianca
Patrimônio e Capacitação dos Atores sociais para o desenvolvimento local no
Ecomuseu de Santa Cruz
PATRIMÔNIO E CAPACITAÇÃO DOS ATORES SOCIAIS PARA O
DESENVOLVIMENTO LOCAL NO ECOMUSEU DE SANTA CRUZ E EM SEPETIBARJ
Bruno Cruz de Almeida*, Pablo Ramos Camilo*, Regina C. dos S. G. França*,
Sinvaldo do N. Souza*, Tiago de O. Rodrigues* e Bianca Wild**
*NOPH/Ecomuseu de Santa Cruz e **Movimento Ecomuseu de Sepetiba-RJ-BRASIL
RESUMO
Com base nos últimos projetos desenvolvidos pelo NOPH/Ecomuseu de Santa Cruz e
pelo Movimento Ecomuseu de Sepetiba, a oficina mostrará documentários, relatórios e
apresentações das seguintes ações: Santa Cruz Revisitada, Ciclo de Leituras
Dramatizadas, Exposição de maquetes - Rastros de História e Memória, Oficinas de
Canto Coral, Capoeira e Dança e o Colóquio "Patrimônio, Comunidade e Indústria - o
diálogo possível”, realizado em 2011 em Santa Cruz, além de documentário sobre a
Baía de Sepetiba e do Observatório de Gente (Meldro Produções/Roberto Melo),
seguidos de debate sobre a situação atual do bairro. O objetivo da oficina é mostrar
a metodologia usada em 2010 e 2011 para valorizar o patrimônio e capacitar os
membros da comunidade para participar ativamente da gestão da cultura, do
patrimônio e do ambiente na abrangência do Ecomuseu de Santa Cruz e do
Movimento Ecomuseu de Sepetiba, incluindo novas perspectivas de Economia
Criativa e Desenvolvimento Sustentável.
Palavras-chave: Patrimônio - Comunidade - Ecomuseu - Desenvolvimento Local Desenvolvimento sustentável - Cidadania - Economia Criativa
ALMEIDA, Nádia
Ecomuseu de Maranguape: um povo, sua cultura e seu território na educação integral
da comunidade local.
ECOMUSEU DE MARANGUAPE: UM POVO, SUA CULTURA E SEU TERRITÓRIO
NA EDUCAÇÃO INTEGRAL DA COMUNIDADE LOCAL.
292
*Nádia Helena Oliveira Almeida
*Coordenação Ecomuseu de Maranguape
RESUMO
O projeto Ecomuseu de Maranguape é sediado na comunidade rural de Cachoeira,
localizada no município de Maranguape, estado do Ceará. Desde sua criação – no ano
de 2006 – o Ecomuseu de Maranguape tem como principal parceiro a Escola local –
Escola Municipal José de Moura. E desde então empreendemos esforços
metodológicos em desenvolver em conjunto com a Escola um programa em Educação
Patrimonial que favoreça o processo de qualificação da educação na escola e na
comunidade em geral. Tendo como base, a atuação em rede, o Ecomuseu de
Maranguape, em suas ações educativas, vem buscando incentivar, práticas
pedagógicas inovadoras e estratégias de organização e gestão compartilhadas,
objetivando melhorar os níveis de aprendizagem e dos processos de formação
humana com vistas a promoção do desenvolvimento local sustentável - alicerçados na
museologia comunitária, na práxis da educação popular e no fortalecimento das novas
territorialidades.
Desde o ano de 2011, o projeto Ecomuseu de Maranguape, por meio de parceria com
o Fundo Juntos pela Educação, vem desenvolvendo um projeto de educação integral
na Escola Municipal José de Moura, tendo como eixos principais a educação
patrimonial, o uso de tecnologias da informação e comunicação e a articulação de
comunidades de aprendizagem em rede e colaborativas. Estes eixos se articulam
sistemicamente em atividades de: Formação em Serviço (com os educadores da
Escola e Monitores Comunitários); Leitura e Produção Textual (Mini-biblioteca
itinerante nas casas dos alunos e o programa LUZ DO SABER); Convivência
sustentável com o semiárido (Tecnologias Sociais, Matriz cultural brasileira) e com o
programa de formação do Ponto de Cultura do Ecomuseu de Maranguape –
AGENTES JOVENS DO PATRIMONIO CULTURAL.
Como resultado desde primeiro ano do projeto, neste ano letivo de 2012, a proposta
de educação integral do Ecomuseu de Maranguape, instalou na Escola José de Moura
04 (quatro) salas temáticas – cada sala com os seus respectivos conteúdos
pedagógicos, exigidos pela grade curricular do ensino formal, mas com o diferencial de
serem abordados, com a metodologia ‘imersão’ – facilitados por kit’s multimídias
compostos por notebook com acesso a internet, projetor multimídia, com amplificado e
lousa digital – facilitando também a inserção da educação patrimonial (tempo e espaço
contextualizados em audiovisual – o local e o global, ou seja, o global). Destacamos
ainda, a elaboração de um calendário conjunto de eventos socio-culturais da
comunidade, resultando numa agenda comum de toda a comunidade, que por sua
vez, e assim acreditamos, vem desenhando a nossa nova museologia.
Palavras-chave: Ecomuseu - Patrimônio - Educação patrimonial - Desenvolvimento
local - Museologia comunitária
CARDOSO, Fábio
Danças Típicas
DANÇAS REGIONAIS
Grupo Tucuxi – PA – BRASIL
RESUMO
Trata-se de uma oficina prática de aprendizagem de danças típicas regionais, com o
objetivo de expor as danças regionais e a cultura local assim como divulgar as ações
do grupo Tucuxi.
Palavras-chave: cultura - patrimônio - danças típicas
293
GOMES, Gabriela de Lima
VERdeFOTO - Ver para descobrir e fotografar.
O projeto VERdeFOTO é integrante do programa de Implantação do Ecomuseu da
Serra de Ouro Preto.
VERdeFOTO
*Gabriela de Lima Gomes – Ouro Preto/MG – Brasil
Departamento de Museologia – Universidade Federal de Ouro Preto-UFOP
RESUMO
Ver para descobrir e fotografar. O projeto VERdeFOTO, integrante do programa de
Implantação do Ecomuseu da Serra de Ouro Preto/MG tem como finalidade despertar
o olhar da criança para o reconhecimento do contexto de vida e do seu patrimônio.
A realização da oficina VERdeFOTO no IV Encontro Internacional de Ecomuseus e
Museus Comunitários justifica-se pelo compartilhamento de experiências já realizadas
em diversas comunidades tendo como foco a capacitação do olhar do pequeno
cidadão.
Propiciaremos ferramentas para cada participante desenvolver seu potencial criativo
através da produção fotográfica, apontando questões no âmbito da preservação,
alertando-os para a valorização do patrimônio cultural e ambiental e treinando-os e
qualificando-os para possíveis atuações profissionais futuras.
Palavras-chave: Fotografia - Ecomuseu - Patrimônio - Preservação - Qualificação
FAGUNDES, Valda
O desafio da Educação Museal nos Museus Sem Paredes
O DESAFIO DA EDUCAÇÃO MUSEAL NOS MUSEUS SEM PAREDES
Valda de Oliveira Fagundes*
Ecomuseu Dr. Agobar Fagundes – SC – BRASIL
*Profa. Dra. Valda de Oliveira Fagundes- Linguista Mestrado, Doutorado, Pós Doc-IEL
(Instituto de Estudos da Linguagem)-UNICAMP, diretora do Ecomuseu Dr. Agobar
Fagundes e membro do Comitê Gestor de Museologia do Estado de Santa Catarina.
RESUMO
Algumas reflexões sobre os conceitos de Ecomuseologia e Museologia Comunitária;
Ecomuseu e Parque Natural, uma Filosofia Ecológica de Regionalização;
Reflexões sobre Patrimônio e Ecomuseologia;
Museologia e interpretação da Paisagem;
Ecomuseu - um Instrumento de Animação Cultural concebido para as regiões dos
Parques Estaduais, Nacionais, Rurais dentre outras;
Relato de experiências do trabalho de Educação Museal no Ecomuseu Dr Agobar
Fagundes (2007-2012);
No ecomuseu desenvolvemos algumas linhas de investigação tais como:
Comunidades interpretativas, Produção de Sentido e Ideologias da visibilidade nos
Ecomuseus no Sul do Brasil;
-Comunidades interpretativas: destaca o trabalho dos Ecomuseus dentro das
comunidades e seu relacionamento com seus públicos;
-Produções de sentido: apresentamos alguns meios que os ecomuseus utilizam na
produção de sentidos e conhecimento, à luz de novas práticas e discussões na área;
-Ideologias da visibilidade: refletimos sobre a responsabilidade da conservação da
memória nesta tipologia de museus, abordando temáticas tais como, identidade e
memória individual e memória coletiva.
Apresentaremos resultados parciais da Pesquisa de Campo do Projeto de Estudos da
Fauna e Flora da Zona de Amortecimento do Parque Nacional da Serra do Itajaí
(PSNI) sede do Ecomuseu Dr. Agobar Fagundes.
294
Palavras-chave: Ecomuseu - Museu comunitário - Memória - Identidade Comunidade interpretativa
FARIAS, Claudio Costa de
Canto popular - cuidados com a voz
CANTO POPULAR - CUIDADOS COM A VOZ
Claudio Costa de Farias*
RESUMO
A proposta tem como fundamento mostrar a teoria de inicio ao canto ou teoria musical,
transmitir valores de que qualquer pessoa pode cantar como forma de expressão
autoestima, além de servir como forma de estabelecer contatos e laços sociais.
Palavras-chave: Canto - Música - Cultura - Saber popular - Expressão
FRANÇA, Roberto
Registros de passagem
REGISTROS DE PASSAGEM
Roberto França*
*Mestre em Ciências Ambientais pela Universidade de Taubaté, membro suplente da
ABREMC; desenvolveu atividades como técnico do Ecomuseu da Amazônia.
A oficina tem como objetivos:
-Desenvolver ação artística estética e ambiental, levando discussões sobre Arte, Arte
Popular, Cultura Visual, percepção ambiental e valorização dos recursos da floresta,
através da criação de estandartes de tecido de saca de açúcar.
-Discutir a importância da cultura e da Arte e da chamada Cultura Visual no campo da
museologia, tendo como referência os Estandartes produzidos pelo artista Arthur
Bispo do Rosário;
-Registrar a passagem das pessoas que participarão do encontro, por meio dos
estandartes.
Justifica-se esta proposta pela necessidade de educar o olhar para produções
contemporâneas; implica na compreensão de outras lógicas de relacionar, perceber,
representar e interagir com universos culturais, suas diversidades e manifestações.
RESUMO
A proposta tem como fundamento, discutir a produção de estandartes inseridos no
contexto histórico social de diversas sociedades, de algumas instituições e ainda nos
movimentos culturais de forma a explorar e transmitir valores procura-se ainda realizar
uma releitura das manifestações culturais que utilizam o estandarte e ao mesmo
tempo, constituir-se como forma de expressão e registro na passagem de diversas
pessoas por Belém, além de servir de objeto de percepção visual, ao imitar os tecidos
colocados em varais nos quintais Brasil afora.
Podemos entender a proposta pelos conceitos de arte e natureza de Bené Fonteles,
artista Paraense, ligado a multimídia e ecologia. Sua atuação neste estado onde
passa quase toda a década de 80, resulta na criação da Associação mato-grossense
de Ecologia, do Movimento Artistas pela Natureza, do Parque Nacional da Chapada
dos Guimarães e das campanhas em defesa do Pantanal e Pelo Respeito aos
Direitos Indígenas.
Utilizaremos recursos da floresta como folhas, sementes, cascas, flores e outros
encontrados no caminho, dialogam, contam as histórias como grandes livros que se
perpetuam na sabedoria popular de um povo, diante deste contexto, a valorização das
295
coisas do lugar e a arte popular, se comunicam pela visão do outro, onde cada qual
explora à sua maneira, está fundamentada nos conceitos de que Arte possibilita
desenvolver a percepção, a imaginação e a capacidade crítica, permitindo analisar e
resignificar à realidade em que está inserido, respeitando o local do outro.
Palavras-chave: Arte - Natureza - Cultura - Saber popular - Ambiente - Educação
LIMA, Wildinei
Homem, Natureza e a utilização dos recursos naturais
HOMEM, NATUREZA E A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS
Wildinei Lima
RESUMO
A proposta é demonstrar um resumo das experiências adquiridas através de ações e
participação voluntária no Ecomuseu da Amazônia e tem como objetivo apresentar as
inúmeras possibilidades de adequação dos materiais naturais de forma prática a fim
de incentivar a substituição de materiais industrializados, valorizando a cultura
(práticas artesanais), o homem (seu autor) e a conscientização ambiental (produção
biodegradável) como resultado do conhecimento adquirido durante as oficinas,
palestras e as capacitações promovidas pelo Ecomuseu da Amazônia tendo como
base os eixos trabalhados pelo programa.
Palavras-chave: Cidadão - Fortalecimento - História - Cultura - Sustentabilidade
MELO, Diogo e LIMA, Maria do Socorro
Identificando memórias
IDENTIFICANDO MEMÓRIAS
Diogo Melo*, Maria do Socorro Lima**
*Universidade Federal do Pará-UFPA e **UFPA/UNIRIO
RESUMO
A mesma busca um repensar crítico em relação a atividades de pesquisa e
desenvolvimento teórico, buscando uma reflexão em relação à construção de
identidades e reconhecimento de patrimônios locais. Além de buscar no método Paulo
Freire da “Palavra Geradora”, uma proposta de reconhecimento e aproximação entre o
exógeno e o local, conciliando diálogos construtivos e proposições positivas e
pertinentes aos contextos locais. Objetivando pensar na relação entre a teoria da
Memória Social e as práticas, pensando no desenvolvimento cooperativo entre
pesquisador e comunidade. Busca apresentar diversas ações que estão sendo
desenvolvida pelos projetos de extensão dos ministrantes da oficina, que atuam: com
professores da rede pública do Município de Belém e Estado do Pará e as
comunidades de Icoaraci, Santa Bárbara e Cotijuba no estado do Pará.
NOPH/ Ecomuseu de Santa Cruz e Movimento Ecomuseu de Sepetiba – RJ-BRASIL
Patrimônio e Capacitação dos Atores sociais para o desenvolvimento local no
Ecomuseu de Santa Cruz
PATRIMÔNIO E CAPACITAÇÃO DOS ATORES SOCIAIS PARA O
DESENVOLVIMENTO LOCAL NO ECOMUSEU DE SANTA CRUZ E EM SEPETIBA
-RJ
296
Bruno Cruz de Almeida*, Pablo Ramos Camilo*, Regina C.dos S. G. França*, Sinvaldo
do N. Souza*, Tiago de O. Rodrigues* e Bianca Wild**
*NOPH/ Ecomuseu de Santa Cruz e **Movimento Ecomuseu de Sepetiba – RJBRASIL
RESUMO
Com base nos últimos projetos desenvolvidos pelo NOPH/ Ecomuseu de Santa Cruz
e pelo Movimento Ecomuseu de Sepetiba, a oficina mostrará documentários, relatórios
e apresentações das seguintes ações: Santa Cruz Revisitada, Ciclo de Leituras
Dramatizadas, Exposição de maquetes - Rastros de História e Memória, Oficinas de
Canto Coral , Capoeira e Dança e o Colóquio "Patrimônio, Comunidade e Indústria o diálogo possível”, realizado em 2011 em Santa Cruz, além de documentário sobre a
Baía de Sepetiba e do Observatório de Gente (Meldro Produções/ Roberto Melo),
seguidos de debate sobre a situação atual do bairro. O objetivo da oficina é mostrar
a metodologia usada em 2010 e 2011 para valorizar o patrimônio e capacitar os
membros da comunidade para participar ativamente da gestão da cultura, do
patrimônio e do ambiente na abrangência do Ecomuseu de Santa Cruz e do
Movimento Ecomuseu de Sepetiba, incluindo novas perspectivas de Economia
Criativa e Desenvolvimento Sustentável.
Palavras-chave:
Patrimônio- Comunidade- Ecomuseu - Desenvolvimento Local – Desenvolvimento
sustentável - Cidadania – Economia Criativa
Ó, Maria de Nazaré do
Danças Típicas Regionais com enfoque no carimbo
DANÇAS TÍPICAS NO ENFOQUE DO CARIMBÓ
Maria de Nazaré do Ó
Grupo Vaiangá – PA – BRASIL
RESUMO
Possibilitar a ampliação da exposição de costumes e danças típica do Pará com
enfoque no patrimônio cultural e o carimbó a fim de maneira prática divulgar a cultura
do povo paraense.
Palavras-chave: Cultura - Patrimônio - Dança - Carimbó
OLIVEIRA, Paulo Alberto
A contribuição das organizações sociais para o empoderamento das comunidades
A CONTRIBUIÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES SOCIAIS PARA O EMPODERAMENTO
DAS COMUNIDADES
Paulo Alberto Oliveira*
*Grupo Ambiental Natureza Viva-GANV
RESUMO
Esta oficina aborda a participação efetiva da comunidade local. Enfatiza-se a
participação ativa no processo metodológico das mudanças sociais observadas
nas comunidades em que o Grupo Ambiental Natureza Viva-GANV atua com a
participação social, fortalecimento dos laços de solidariedade e confiança e
também do poder de expressão local do grupo quanto ao reconhecimento da
sua condição social e de seus direitos. Partimos do pressuposto que o alicerce
297
de processos de desenvolvimento onde a formação de capital social e o
empoderamento dos sujeitos.
PACHECO, Vínicius
BIOMAPAS: elaboração e produção.
BIOMAPAS : ELABORAÇÃO E PRODUÇÃO
Vinicius Pacheco*
*Ecomuseu da Amazônia-PA-BRASIL
RESUMO
Originalmente os biomapas eram produzidos pelos próprios comunitários das áreas de
atuação do programa a partir de suas próprias concepções espaciais e geográficas.
Nesses registros gráficos simplificados enfatizava-se o funcional como: o espaço
comunitário, vias de acesso, furos, trilhas, e pontos de referência.
Atualmente, a elaboração de biomapas, fundamenta-se num processo técnico de
produção essencialmente artístico, e sua principal finalidade é possibilitar o acesso
visual às comunidades atendidas pelo programa, definindo e identificando a
abrangência desses grupos em cada território especificamente, além de conter
informações sobre aspectos da cultura e do patrimônio local, modalidades da arte
popular, símbolos e serviços desenvolvidos em cada comunidade.
PAIXÃO, Fidélis
Desenvolvimento Local na Amazônia: conhecendo metodologias, identificando limites
e possibilidades
DESENVOLVIMENTO LOCAL NA AMAZÔNIA: CONHECENDO METODOLOGIAS,
IDENTIFICANDO LIMITES E POSSIBILIDADES
*Fidélis Paixão
*advogado ambientalista, bacharel em direito pela Universidade Federal do Pará,
consultor e especialista em Gestão do Desenvolvimento Local Integrado Sustentável
pela PUC-MG/AED/PNUD, MBA em Planejamento e Gestão Estratégica, pelo Grupo
UNINTER.
RESUMO
A Amazônia é cenário das maiores preocupações internacionais devido à riqueza da
biodiversidade e a complexidade de seus sistemas ecológicos, demandando a
necessidade do poder público, da sociedade e do mercado implementarem
mecanismos sustentáveis de utilização e transformação dos seus recursos naturais,
levando em consideração especialmente suas peculiaridades multiculturais e
multiétnicas. Daí a importância de pensar metodologias de promoção do
desenvolvimento local como instrumentos para empoderamento, protagonismo,
geração de renda, inclusão social e preservação cultural e ambiental, enfim para
coesão e harmonia social a partir do sentimento de pertencimento. Assim objetiva-se
apresentar a metodologia “DELA – Desenvolvimento Local Amazônico” e discutir os
limites e possibilidades do desenvolvimento sustentável local na Amazônia a partir de
experiências como a Agenda 21, o DLIS, os Museus Comunitários e outros processos
participativos de promoção do protagonismo local.
Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável - Protagonismo local - Agenda 21
PEREIRA, Rosemiro Pinheiro
Cerâmica e o desenvolvimento local
298
CERÂMICA E O DESENVOLVIMENTO LOCAL
*Rosemiro Pinheiro Pereira
*Conselho Superior de Artesanato do Pará-COSAPA.
A Oficina tem por objetivo mostrar como é possível usar os recursos da natureza - o
barro - para transformá-lo em obras de arte.
O bairro do Paracuri, pólo de artesanato de cerâmica, mantém a tradição de
transformar a argila em arte há décadas, obtendo, a partir de este fazer, o
desenvolvimento, local através do escoamento de sua produção para visitantes
nacionais e internacionais. Centenas de famílias mantêm suas casas criam e educam
seus filhos com os recursos obtidos desta atividade artesanal. Partindo deste contexto
sócio-econômico-cultural, observa-se a importância de apresentar o fazer desta
comunidade no IV EIEMC.
A cerâmica é ao mesmo tempo a mais simples e a mais difícil de todas as artes. A
mais simples, por ser a mais elementar; a mais difícil, por ser a mais abstrata.
Historicamente, encontra-se entre as artes mais primitivas. Os vasos mais antigos que
se conhecem eram modelados à mão em barro cru, tal qual era extraído da terra, e
secos ao sol e ao vento. Mesmo nesse grau do seu desenvolvimento, antes de possuir
escrita, literatura ou mesmo uma religião, o homem possuía já esta arte, e os vasos
que então produzia ainda são capazes de nos sensibilizar por suas formas
expressivas. Quando o homem descobriu o fogo e aprendeu a tornar seus vasos rijos
e duradouros, quando inventou a roda e como oleiro pôde acrescentar ritmo e
movimento ascensional ao seu conceito de forma, estavam presentes todos os
elementos essenciais da mais abstrata de todas as formas de arte. Esta foi evoluindo
desde as suas humildes origens até que, no século a.C., se tornou a arte
representativa da raça mais intelectual e sensitiva que o mundo conheceu. Um vaso
grego é o verdadeiro protótipo da harmonia clássica. Depois, para o Oriente, outra
grande civilização fez da cerâmica a sua arte mais típica e mais estimada, e levou-a a
requintes mais delicados que os próprios Gregos. Um vaso grego é harmonia, mas um
vaso chinês, uma vez liberto das influências impostas por outras culturas e outras
técnicas, alcança harmonia dinâmica: já não é só uma relação numérica, mas um
movimento vivo. Não é um cristal, é uma flor. Os tipos perfeitos de cerâmica,
representados nas artes da Grécia e da China, têm os seus equivalentes aproximados
noutras regiões: no Peru e no México, na Inglaterra e na Espanha medievais, na Itália
do Renascimento, na Alemanha do século XVIII – de fato, esta forma de arte é tão
fundamental, está tão intimamente ligada às necessidades mais elementares da
civilização, que o gênio nacional de um povo tem sempre de achar maneira de nela se
exprimir. Julga-se a arte de um país, julgue-se a sutileza da sua sensibilidade pela sua
cerâmica: é uma segura pedra de toque. Cerâmica é arte pura; arte liberta de
qualquer intenção imitativa. A escultura, com a qual está mais intimamente
relacionada, teve desde o início uma intenção imitativa, e nessa medida talvez tenha
sido menos livre que a cerâmica como meio de expressar o desejo de forma; a
cerâmica é a arte plástica na sua essência mais abstrata.
Hoje em dia, o mais importante pólo de resgate da cerâmica marajoara no estado do
Pará encontra-se em Icoaraci, localidade próxima à cidade de Belém.
Os artesãos usam o barro colhido nas margens dos igarapés da região, modelam, à
mão ou em tornos-de-pé, réplicas, peças utilitárias e decorativas, queimam em
rústicos fornos a lenha, decoram com engobes, e usam a técnica de brunir. Em
Icoaraci existem dezenas de ateliês confeccionando peças que são vendidas para o
mercado interno e externo. Um dos principais locais de comercialização é a COARTICooperativa dos Artesãos de Icoaraci, (localizada na rua Padre Júlio Maria, próximo à
Praça da Matriz; na SOAMI-Sociedade dos Artesãos e Amigos de Icoaraci, Passagem
Espírito Santo 20 A, tel 0xx91 2476599) e na COSAPA-Conselho Superior do Artesão
do Pará, (Travessa Soledade 700 tel 0xx91 2272905/2270127).
299
Palavras-chave: Arte - Natureza - Barro - Cerâmica - Tradição - COARTI - SOAMI
PONTO DE MEMÓRIA TERRA FIRME
O inventário participativo do Ponto de Memória da Terra Firme
O INVENTÁRIO PARTICIPATIVO DO PONTO DE MEMÓRIA DA TERRA FIRME
Ponto de Memória Terra Firme – PA – BRASIL
RESUMO
Por meio de depoimentos de conselheiros do Ponto de Memória, imagens e vídeos
serão apresentados a história do Bairro da Terra Firme, de Belém (PA).
Palavras-chave: História - Bairro - Terra Firme - Ponto de memória.
PROJETO AMA
Viveiros de mudas: semear e plantar para uma educação sustentável
VIVEIROS DE MUDAS: SEMEAR E PLANTAR PARA UMA EDUCAÇÃO
SUSTENTÁVEL
Projeto Ama/Centro de Referência em Educação Ambiental Fundação Escola Bosque
Professor Eidorfe Moreira-FUNBOSQUE.
RESUMO
Suscitar atitudes críticas que possibilite uma Educação Ambiental Sustentável,
evidenciando ações que evidencie a preservação e recuperação do patrimônio físico e
ambiental da escola. A oficina será ofertada com o intuito de ampliarmos a discussão
acerca de uma Educação Ambiental Sustentável, a partir de reflexões e atividades
práticas.
PRIOSTI, Odalice; ESCOBAR, Giane
Relatório das I e II Jornadas Formação em Museologia Comunitária
ECOS DAS JORNADAS DE FORMAÇÃO EM MUSEOLOGIA COMUNITÁRIA
Odalice Priosti*; Giane Vargas Escobar**
ABREMC/NOPH - Ecomuseu de Santa Cruz e parceiros
ABREMC/Museu Treze de Maio e parceiros
*I Jornadas Formação em Museologia Comunitária – Santa Cruz – RJ – 2009
**II Jornadas Formação em Museologia Comunitária – Santa Maria – RS – 2011
RESUMO
Ação pioneira realizada nos anos de 2009 e 2011, com o objetivo de capacitar
membros, responsáveis e protagonistas de ecomuseus e museus comunitários,
museus de percurso, museus de território, museus vivos, museus de favela e outros
sobre os conceitos e métodos por eles usados, as Jornadas Formação em Museologia
Comunitária foram concebidas pela ABREMC – Associação Brasileira de Ecomuseus
e Museus Comunitários e organizadas e coordenadas pelo NOPH/ Ecomuseu de
Santa Cruz, no Rio de Janeiro e pelo Museu Treze de Maio, em Santa Maria / RS,
respectivamente com seus inúmeros parceiros. A oficina apresenta os relatórios das
Jornadas e anuncia as III Jornadas em 2013 em São José dos Campos, SP, sob a
coordenação do CECP – Centro de Estudos de Cultura Popular e do Museu do
Folclore de São José dos Campos.
300
Palavras-chave: Ecomuseu - Museu comunitário - Protagonismo - Facilitador - Atores
do desenvolvimento - Parceria
QUADROS, Helena
A exposição do Museu Goeldi com Alimentação Saudável
A EXPOSIÇÃO DO MUSEU GOELDI COM ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Helena Quadros
Museu Paraense Emílio Goeldi-MPEG – PA – BRASIL
RESUMO
Possibilitar a ampliação da divulgação cientifica a um número maior de profissionais e
interessados sobre a temática da “alimentação saudável”, a fim de sensibilizá-los para
a melhoria da qualidade de vida da população. Após a parte teórica será realizada a
parte prática com o preparo da farofa enriquecida.
Palavras-chave: Alimentação - Saúde - Qualidade de vida.
SILVA, Mary F. e PEREIRA, Maria Aida de Jesus Delise
Projeto horta do conhecimento: uma teia de conhecimento: uma teia de múltiplos
saberes e sabores - Biscoitos de horta; Sucos da horta: suco escola bosque e
estrelado; e pratos alternativos da horta: espernegados e tortas de cascas
PROJETO HORTA DO CONHECIMENTO: UMA TEIA DE CONHECIMENTO: UMA
TEIA DE MÚLTIPLOS SABERES E SABORES - BISCOITOS DE HORTA; SUCOS
DA HORTA: SUCO ESCOLA BOSQUE E ESTRELADO; E PRATOS
ALTERNATIVOS DA HORTA: ESPERNEGADOS E TORTAS DE CASCAS
Mary Silva e Maria Aída de Jesus Delise
RESUMO
O projeto visa reverter o desperdício de alimentos, reaproveitando cascas, talos, folhas
e sementes em preparações de baixo custo, saborosas e nutritivas. É nesta arte entre
ensinante e aprendente junto as comunidades das ilhas, que a gastronomia
sustentável vem transformando o que antes ia para lixo em pratos de alto valor
nutritivo e baixo custo, empoderando esses autores comunitários a descobrirem,
produzirem e utilizarem hortaliças e frutas diversas em pequenas hortas nos seus
quintais a partir de sua cultura local. Resgatando o que as gerações passadas já
cultivavam em seus jiraus, pequenos canteiros suspensos, onde plantavam seus
temperos e ervas aromáticas, como forma de consumir um alimento saboroso e
nutritivo. É desta forma que vivenciamos a educação ambiental na escola.
Dia 13/06- Oficina de sucos da horta: suco escola bosque e suco estrelado.
Dia 14/06- Oficina biscoitos: biscoito de jurumum e biscoito de cascas de legumes.
Dia 15/06- Oficina de pratos alternativos: espernegado e torta de cascas.
TEIXEIRA, Lúcio
Hidroponia I e II (PET JC Castelo Branco/Ecomuseu de Santa Cruz)
OFICINA DE HIDROPONIA I e II
Lúcio Teixeira*
PET Jornalista Carlos Castelo Branco/Ecomuseu de Santa Cruz – RJ – BRASIL
*Professor da Rede Pública da SME - Rio de Janeiro/Ciências Agrícolas/UFRRJ;
Pesquisas e especializações em Cultura sem solo
301
RESUMO
Como o cultivo hidropônico é basicamente feito em água, justifica-se a necessidade de
intensificar conhecimentos acerca de uma técnica que dinamize outros meios de
produção, à exceção do solo, o qual amplie a qualidade de vida da comunidade. Com
o objetivo de
- Apresentar o cultivo hidropônico à comunidade;
- Estruturar uma horta hidropônica em todas as suas fases;
- Aplicar em teoria e prática a cultura hidropônica e seus benefícios.
a Oficina de Hidroponia I e II demonstrará a metodologia de produção hidropônica
realizada com alunos do PET 10.19.058.1 Jornalista Carlos Castelo Branco , situado
no bairro de Paciência e em outras unidades municipais da 10ª CRE, Rio de Janeiro,
como projeto itinerante . A oficina pretende apresentar o cultivo de vegetais sem o uso
de solo ou substrato. O cultivo basicamente será feito em calhas onde circulará uma
solução líquida com os elementos nutritivos necessários para o bom desenvolvimento
das plantas.
Palavras-chave: Hidroponia - Cultura - Água/meio ambiente - Cultura sem solo
302
PÔSTERES
303
VIII. PÔSTERES - RESUMOS
ABREMC – NOPH/ ECOMUSEU DE SANTA CRUZ
I Jornadas Formação em Museologia Comunitária
MEMÓRIA DAS I JORNADAS FORMAÇÃO EM MUSEOLOGIA COMUNITÁRIA
ABREMC – NOPH/Ecomuseu de Santa Cruz – RJ – BRASIL
RESUMO
Apresentam-se as ressonâncias e imagens das I Jornadas Formação em Museologia
Comunitária, ação pioneira da ABREMC e NOPH/Ecomuseu de Santa Cruz e seus
parceiros com a finalidade de reunir responsáveis e protagonistas dos ecomuseus,
museus comunitários, museus vivos, museus de percurso, museus de território,
museus de favela, entre outros; para troca de experiências, conceitos, métodos e
práticas, promovendo dessa forma uma mútua capacitação. Conferência, Mesas
Redondas, Aula Magna na UNIRIO, Oficinas de capacitação de facilitadores de
museus comunitários, oficinas itinerantes, visitas a comunidades e elaboração
conjunta de exposição de encerramento constou de um dinâmico e intenso programa
de duas semanas, de 23/10 a 07 /11 em 2009.
Palavras-chave: Museologia comunitária - Ecomuseologia
Protagonismo comunitário - Patrimônio - Cidadania.
-
Participação
-
ABREMC – MUSEU TREZE DE MAIO
II Jornadas Formação em Museologia Comunitária.
ECOS DAS II JORNADAS FORMAÇÃO EM MUSEOLOGIA COMUNITÁRIA
ABREMC – Museu Treze de Maio – Santa Maria – RS – BRASIL
RESUMO
No Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, de 28/10 a 03/11 de 2011, o
Museu Treze de Maio, com seus parceiros, abraçou a proposta da ABREMC para a
realização das II Jornadas Formação em Museologia Comunitária em Santa Maria,
coração do Rio Grande do Sul. O pôster apresenta as memórias dessa 2ª edição das
Jornadas: imagens, depoimentos, festividades, troca de saberes com mestres griôs,
visitas a espaços sagrados de religiões de matriz africana, registros de visita a
quilombos e a outras iniciativas comunitárias no RS, entre outras vivências, além da
profunda reflexão sobre as heranças e desafios da população afrodescendentes que
se orgulha de suas raízes e tradições.
Palavras-chave: Afrodescendentes - Clube de negros - Identidade - Inclusão Respeito à diferença - Cultura viva - Tradições.
ALMEIDA, Bruno Cruz; CAMILO, Pablo Ramos; FRANÇA, Regina C. dos S. G.;
MADEIRA, Paulo Henrique; MELO, Silvia R. L.C.C.; PEREIRA, Ramiro Miranda;
PRIOSTI, Walter; PRIOSTI, Odalice; RODRIGUES, Tiago de Oliveira; SOUZA,
Sinvaldo do N.
NOPH-ECOMUSEU DE SANTA CRUZ: História e Memórias feitas por nós.
NOPH-ECOMUSEU DE SANTA CRUZ: História e Memórias feitas por nós
Bruno Cruz Almeida; Pablo Ramos Camilo; Regina C. dos S. G. França; Paulo
Henrique Madeira; Silvia R. L.C.C. Melo; Ramiro Miranda Pereira; Walter Priosti;
Odalice Priosti; Tiago de Oliveira Rodrigues; Sinvaldo do N. Souza.
NOPH/Ecomuseu de Santa Cruz – Rio de Janeiro – RJ – BRASIL
RESUMO
304
Após 29 anos de ação sociocultural, movimento e ação ecomuseológica do NOPHNúcleo de Orientação e Pesquisa Histórica, e tendo sido reconhecida como ecomuseu
desde o seu nascedouro, em 1983, em Santa Cruz - Rio de Janeiro, mas apenas
identificado como o primeiro ecomuseu comunitário do Rio de Janeiro, em 1992, no I
Encontro Internacional de Ecomuseus, no Rio, reconhecemos e propagamos à
comunidade ecomuseal mundial que, embrião e núcleo de resistência, o NOPH
continua a ser para a comunidade o Ecomuseu de Santa Cruz. Suas práticas, seus
métodos inovadores, sua forma de participação e intervenção, sua abrangência nas
comunidades encontraram ressonância em diversos estados brasileiros, dando origem
a outras iniciativas e multiplicando em quase três décadas o número de experiências
nessa vertente museológica. Fundamentado nos conceitos de educação popular e na
prática da liberdade e na autonomia de ação freireanos e no tripé “patrimônio,
território/ espaço vivido e comunidade participante”, o Ecomuseu de Santa Cruz
consolidou sua pedagogia patrimonial e propaga que o ecomuseu é também uma
capacitação da comunidade para a responsabilização pelo patrimônio, usado por ela
para o desenvolvimento local e para sua cidadania política. O ecomuseu é, por isso,
uma escola comunitária de formação de atores do desenvolvimento local e de
cidadãos politicamente conscientes de sua força e de sua liberdade de escolhas e de
tomada de decisões.
Palavras-chave: Ecomuseu - História - Memória - Comunidade - Patrimônio Território - Desenvolvimento local.
ALMEIDA, Bruno Cruz; CAMILO, Pablo Ramos; FRANÇA, Regina C. dos S. G.;
MADEIRA, Paulo Henrique; MELO, Silvia R. L.C.C.; PEREIRA, Ramiro Miranda;
PRIOSTI, Walter; PRIOSTI, Odalice; RODRIGUES, Tiago de Oliveira; SOUZA,
Sinvaldo do N.
NOPH-ECOMUSEU/MUSEU COMUNITÁRIO: o museu como escola de libertação,
protagonismo, cidadania e resistência.
NOPH-ECOMUSEU/MUSEU COMUNITÁRIO: o museu como escola de libertação,
protagonismo, cidadania e resistência
Bruno Cruz de Almeida, Pablo Ramos Camilo, Paulo H. Madeira, Odalice Priosti,
Ramiro M. Pereira, Regina Célia Dos S. G. França, Sílvia Regina L.C.C.Melo, Sinvaldo
do Nascimento Souza, Tiago de Oliveira Rodrigues e Walter Priosti.
NOPH/Ecomuseu de Santa Cruz – Rio de Janeiro – RJ – BRASIL
RESUMO
A trajetória do NOPH - Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica como Ecomuseu de
Santa Cruz ratifica o protagonismo comunitário da comunidade do bairro histórico de
Santa Cruz de comunidade passiva, a objeto das decisões políticas a comunidade que
protagoniza reivindicações e negociações. Consolidaram-se conceituação e
metodologia próprias saídas das práticas patrimoniais como as visitas de
reconhecimento do espaço vivido, o diagnóstico do patrimônio ou inventário
participativo, as Rodas de Lembranças ou de Memórias, as oficinas de capacitação, os
programas educativos como Semana de Santa Cruz, Feira da Cultura Viva, Santa
Cruz Revisitada e suas exposições itinerantes, o Jornal Quarteirão, os saraus e as
gincanas culturais. Buscando interagir com os saberes e fazeres locais, muitos
cultivados nas famílias dos imigrantes, o NOPH/ Ecomuseu fomenta também a criação
de cooperativas, reunindo e organizando a comunidade em seus diferentes grupos de
lideranças locais, poetas e escritores, artistas e artesãos, costureiras e bordadeiras,
músicos e compositores, comerciantes e representantes da indústria para estimular a
geração de rendas e a formação de um Conselho Consultivo, fundamentais para a
construção do Desenvolvimento Local.
305
Palavras-chave: Ecomuseu - Comunidade - Participação - Patrimônio - Organização
comunitária - Resistência - Cidadania - Libertação
ARAÚJO, Cauê Donato Silva
Oficinas como método de capacitação no Programa Ecomuseu da Serra de Ouro
Preto.
OFICINAS COMO MÉTODO DE CAPACITAÇÃO NO PROGRAMA ECOMUSEU DA
SERRA DE OURO PRETO*
Cauê Donato Silva Araujo UFOP – UFOP – Ouro Preto – MG – BRASIL
*Orientação: Profª. Drª. Yára Mattos
PROEX/DEMUL/UFOP – Programa Ecomuseu da Serra de Ouro Preto/MG
RESUMO
A capacitação de agentes disseminadores de conhecimentos e tradições, que formam
o patrimônio de qualquer comunidade, é de vital importância. No caso deste trabalho,
irei analisar as práticas de capacitação realizadas pelo Programa Ecomuseu da Serra
de Ouro Preto/MG (PROEX/DEMUL/UFOP) sob o viés da prática de oficinas.
São os agentes sociais oriundos das comunidades que poderão garantir as ações e
iniciativas ecomuseológicas e de desenvolvimento sustentável em longo prazo. Nesse
sentido, pretendo reafirmar a importância da capacitação de indivíduos nas
comunidades para que, num estágio mais adiantado possamos alcançar o rumo
desejado assim como, criar vínculos ainda mais fortes entre todos os envolvidos nessa
inspiradora aventura que é a ecomuseologia.
Portanto, educar é na verdade, o reflexo das ações propostas e do consenso do que
seja importante para cada comunidade. Sendo assim, está intrinsecamente
relacionada com as tradições e o patrimônio da cada localidade.
Como processos metodológicos, foram realizadas oficinas participativas através de
leitura e textos, discussões e dinâmicas de grupo com intuito de contribuir para o
desenvolvimento da ação do sujeito social a partir de sua função no âmago da
comunidade. Ações vêm sendo realizadas com jovens dos diversos núcleos,
destacando-se os do São Sebastião, por exemplo: oficinas, exposições, projetos, que
possibilitam a esses jovens receber, na Semana de Museus de 2012 o “título” de
equipe jovem do Ecomuseu da Serra de Ouro Preto. A grande valia não está no título,
pelo contrário, os próprios jovens entendem que o papel que lhes cabe desempenhar
é levar adiante os conhecimentos sobre os patrimônios e tradições de suas
comunidades, ao mesmo tempo em que deixam suas marcas como atores da história
que se escreve ao longo de seus percursos.
Palavras-Chave: Ecomuseologia - Ativismo Social - Capacitação.
BASTOS, Rodolpho Z.; BOGÉA,Eliana B.; SILVA, Aldenora; RIBEIRO, Mônica C.;
RIBEIRO, Maria do Socorro C.
MUSEU PARQUE SERINGAL
MUSEU PARQUE SERINGAL
Rodolpho Zahluth Bastos, Eliana Benassuly Bogéa, Aldenora Pena da Silva, Mônica
C. Ribeiro, Maria do Socorro C. Ribeiro.
Museu Parque Seringal – Ananindeua – PA – BRASIL
RESUMO
O Museu Parque do Seringal, projeto cultural e turístico do município de Ananindeua,
PA, remete aos tempos áureos do Ciclo da Borracha. Formado pelo Museu do
Seringueiro, anfiteatro, restaurante, trilhas das Seringueiras, viveiros e espaços para
atividades físicas, oferece uma área de 1348 hectares e 513 metros assegurando a
proteção de aproximadamente 13500m² de vegetação nativa representada quase
306
exclusivamente por seringueiras. Proporciona o resgate da identidade patrimonial
histórica e cultura locais com destaque à valorização do Ciclo da Borracha. Contribui
na formação de noções de cidadania, identidade e educação patrimonial e histórica,
através de eventos, roteiros ecoturísticos e na preservação da flora existente.
Palavras-chave: Meio Ambiente - Educação Patrimonial e Histórica - Ciclo da
borracha - Turismo sustentável
DAMIÃO, Luana Caroline; GOMES, Gabriela de Lima
Projeto VERdeFOTO – A criação de uma linha do tempo para a apresentação do
desenvolvimento dos processos fotográficos.
PROJETO VERdeFOTO – A CRIAÇÃO DE UMA LINHA DO TEMPO PARA A
APRESENTAÇÃO
DO
DESENVOLVIMENTO
DOS
PROCESSOS
FOTOGRÁFICOS
Luana Caroline Damião*
* Departamento de Museologia – UFOP – Ouro Preto/MG – Brasil
Gabriela de Lima Gomes**
**Departamento de Museologia – UFOP – Ouro Preto/MG – Coordenadora do Projeto
VERdeFOTO
RESUMO
O presente pôster visa demonstrar a experiência de uma das práticas de ensino
realizadas durante o desenvolvimento das atividades do Projeto VERdeFOTO, braço
de atuação do Programa Ecomuseu da Serra de Ouro Preto/MG.
Pretendemos despertar o olhar das crianças, entre 7 e 13 anos, para o
reconhecimento do contexto de vida, para as possibilidades de integração com o
espaço e para a compreensão dos princípios da preservação cultural e ambiental.
As ações do projeto VERdeFOTO estão fundamentadas na prática interdisciplinar,
constituída por alunos representantes da museologia, da pedagogia, da física e da
química, responsáveis pela preparação de quatro aulas expositivas com assuntos
chaves da fotografia: 1 - história da fotografia; 2 - tipos de câmeras; 3 - formação da
imagem e 4 - processo de revelação, dedicados aos alunos acima respectivamente.
Serão aqui apresentadas as estratégias utilizadas para o ensino do desenvolvimento
da técnica fotográfica, tendo como apoio pedagógico a montagem de uma linha do
tempo com imagens ilustrativas das principais características da história da fotografia.
Palavras-chave: Fotografia; Patrimônio; Ecomuseu; Qualificação e Preservação.
ECOMUSEU DA AMAZÔNIA
Eixo Cultura
Eixo CULTURA
Ecomuseu da Amazônia – Fundação Centro de Referência em Educação Ambiental
Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira – Secretaria Municipal de Educação –
Prefeitura Municipal de Belém.
RESUMO
O presente Pôster é um resumo de atividades do eixo cultura desenvolvido pelo
Ecomuseu da Amazônia nas suas quatro áreas de atuação: Ilhas de Caratateua:
comunidades Fama, Tucumaeira e São João do Outeiro; Mosqueiro: comunidades
Assentamento Paulo Fonteles, Caruaru e Castanhal do Mari-Mari; Cotijuba:
comunidades Faveira, Piri e Poção e Distrito de Icoaraci; comunidades Paracuri e
Cruzeiro - orla. Este eixo tem como justificativa a necessidade da realização de ações
que viabilizem a capacitação das comunidades fundamentadas na memória social
individual e coletiva, ferramentas utilizadas para o reconhecimento da cultura como
307
patrimônio, assim como, a valorização e reafirmação de sua identidade enquanto
expressão simbólica e o enraizamento da população de um território por meio da
compreensão do seu importante papel enquanto ator do desenvolvimento local.
Palavras-chave: Comunidade - Cultura - Valorização - Patrimônio - Sustentabilidade.
ECOMUSEU DA AMAZÔNIA
Eixo Meio Ambiente
Eixo MEIO AMBIENTE
Ecomuseu da Amazônia – Fundação Centro de Referência em Educação Ambiental
Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira – Secretaria Municipal de Educação –
Prefeitura Municipal de Belém.
RESUMO
O banner apresenta uma síntese e imagens das experiências presenciadas nas áreas
de atuação do Ecomuseu.
A capital, também sofre com todos os problemas peculiares da maioria dos centros
urbanos, tais como: falta saneamento, ocupação de periferia e a substituição das
áreas verdes pelo cimento, concreto ou asfalto. A qualidade ambiental é um dos
fatores-chave na criação de uma imagem positiva da cidade.
A implantação dos viveiros de mudas nos locais de atuação do Ecomuseu da
Amazônia servirá para o reflorestamento das áreas degradadas. E para mostrar que
produzindo mudas, também é uma forma economicamente viável de angariar fundos,
sem devastar a floresta.
Nas áreas de atuação do ecomuseu são realizadas produções agrícolas orgânicos
sem a utilização de adubação química e inseticidas químicos contra pragas e doenças.
Para essas pragas e doenças é utilizado o inseticida orgânico para combaterem essas
moléstias. A produção também é obtida com o sistema de roça sem queima que é a
retirada da vegetação secundaria utilizando como cobertura morta contribuindo para o
enriquecimento devido o aumento da matéria orgânica no solo, ajudando a recuperar
as áreas degradadas.
Além disso, se desenvolverá nas comunidades como, por exemplo, nas ilhas de
Mosqueiro será implantado o manejo de camarão e de peixes lá existentes, ou seja,
estes organismos serão capturados e transferidos para viveiros de várzea (que
dependem do período da maré) já moldados pela natureza, mas que serão adaptados
com barramento natural para represamento da água. Já na Comunidade de Poção,
Ilha de Cotijuba, iniciou-se o projeto de piscicultura sustentável com a adaptação de
viveiro a um seio natural formado pela natureza. Neste, serão aclimatados alevinos de
tambaqui, alimentados inicialmente com ração comercial balanceada, mas
intencionamos formular uma ração alternativa na fase de terminação final, composta
de resíduos da agricultura, folhas e subprodutos animais descartados por matadouros,
indústrias e mercados.
Palavras-chave: reflorestamento - agrícola - orgânico - várzea - alevinos.
ECOMUSEU DA AMAZÔNIA
Eixo Turismo
Eixo TURISMO
Ecomuseu da Amazônia – Fundação Centro de Referência em Educação Ambiental
Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira – Secretaria Municipal de Educação –
Prefeitura Municipal de Belém.
RESUMO
308
O presente banner expõe uma síntese das experiências do eixo turismo nas áreas de
atuação do Ecomuseu da Amazônia através de ações que evidenciam os limites
geográficos, os territórios das áreas de atuação, o acervo natural e cultural a fim de
valorizar o patrimônio existente nas comunidades e fortalecer a identidade, agregando
valor aos atrativos para expô-los a própria comunidade, aos visitantes e turistas.
São ações fundamentadas no turismo de base comunitária na qual os protagonistas
são os comunitários/alunos que elaboram o inventário de oferta turística objetivando o
levantamento e identificação dos atrativos, serviços e infraestrutura de apoio a
atividade turística; a caracterização da oferta turística que vincula atratividade com a
ordenação do registro documental das áreas; as trilhas ecoturísticas que sensibilizam
turistas, visitantes e morador local sobre a questão ambiental e os cursos de
capacitação de hospitalidade e turismo sustentável que viabiliza uma relação mais
igualitária entre o hóspede e o anfitrião como uma troca de cultura, informações e
melhoria na aquisição de renda, viabilizando assim, qualidade de vida.
Palavras-chave: Turismo de base comunitária - Atrativos - Trilha - Hospitalidade Inventário.
ECOMUSEU DA AMAZÔNIA
Eixo Cidadania
Eixo CIDADANIA
Ecomuseu da Amazônia – Fundação Centro de Referência em Educação Ambiental
Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira – Secretaria Municipal de Educação –
Prefeitura Municipal de Belém.
RESUMO
O presente Banner demostra um resumo e fotos das experiências do eixo cidadania
do Ecomuseu da Amazônia nas quatro áreas de atuação: Distrito de Icoaraci
(Paracuri: Sociedade de São Vicente de Paulo - SSVP e Sociedade de Artesãos e
Amigos de Icoaraci - Soami) e Feira de Artesanato do Paracuri Cruzeiro - Orla; Ilha de
Cotijuba: Faveira, Piri e Poção; Ilha de Caratateua: Fama, Tucumaeira e São João de
Outeiro;e ilha de Mosqueiro: Paulo Fonteles, Caruaru e Castanhal do Mari Mari.
Este eixo tem como justificativa apresentar os resultados dos eixos cultura, meio
ambiente e turismo trabalhados, onde os atores contribuem de forma direta para o
fortalecimento da permanência da memória social de cada comunidade envolvida no
Programa Ecomuseu da Amazônia, buscando articular e fortalecer diferentes
iniciativas de valorização da história das pessoas, de seus fazeres. Estão aliadas as
diferentes práticas da moderna museologia e nas propostas de novos museus como:
Museus Comunitários, Ecomuseus, Museus de Território entre outros, são museus
concebidos e criados por membros de uma comunidade de origem ou de destino,
fundado em interesses coletivos, com o objetivo de preservar processualmente a sua
cultura viva, construir memória e usá-la para desenvolver harmônica e
sustentavelmente o seu espaço-vida.
Palavras-chave: Cidadão; Fortalecimento; História; Cultura e Sustentabilidade.
ECOMUSEU DA AMAZÔNIA
Biomapas: elaboração e produção.
BIOMAPAS: elaboração e produção
Ecomuseu da Amazônia – Fundação Centro de Referência em Educação Ambiental
Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira – Secretaria Municipal de Educação –
Prefeitura Municipal de Belém.
RESUMO
309
Originalmente os biomapas eram produzidos pelos próprios comunitários das áreas de
atuação do programa a partir de suas próprias concepções espaciais e geográficas.
Nesses registros gráficos simplificados enfatizava-se o funcional como: o espaço
comunitário, as vias de acesso, furos, trilhas, e pontos de referência.
Atualmente, a elaboração de biomapas, fundamenta-se num processo técnico de
produção essencialmente artístico, e sua principal finalidade é possibilitar o acesso
visual às comunidades atendidas pelo programa, definindo e identificando a
abrangência desses grupos em cada território especificamente, além de conter
informações sobre aspectos da cultura e do patrimônio local, modalidades da arte
popular, símbolos e serviços desenvolvidos em cada comunidade.
1. Experimentação/Histórico: Originalmente os biomapas eram produzidos por
comunitários das áreas de atuação do programa a partir de suas próprias concepções
espaciais por serem sabedores natos de sua geografia local. Sua solicitação era feita
pelos técnicos do Ecomuseu da Amazônia frente às necessidades de acessibilidade,
de esclarecimentos sobre essas áreas geralmente isoladas, como também, por sua
utilização
como
referência
visual
para
dar
acesso
a
todas
as
comunidades atendidas pelo programa. Nesses registros enfatizava-se o espaço
territorial da comunidade, vias de acesso, como furos e trilhas, e pontos de referência,
como pequenos comércios, igrejas, e outros.
Posteriormente tomamos como prioridade o processo artístico nessas produções,
priorizando, dessa forma, sua originalidade incluindo ilustrações pertinentes aos
aspectos específicos da cultura popular em cada uma dessas áreas inserindo cores e
formas geográficas para uma nova proposta visual. Para isso, fez-se necessário
mudar o referencial (território geográfico).
Entendemos os biomapas como representações inacabadas por uma série de fatores,
dentre eles estão ás mudanças estruturais como novas construções ou demolições,
origem de novas atividades comerciais ou culturais decorrentes do processo de
urbanização, assim como transferências ou abandono de estruturas administrativas.
2. Estilização: A elaboração de biomapas se fundamenta num processo
essencialmente artístico em base a referências visuais cotidianas, a partir de
informações das diferentes comunidades atendidas pelo programa, como também
recebendo apoio de (mapas) informações geográficas limitadas pelo fato dessas áreas
(comunidades) ainda não pertencerem ao campo visual de fotos aéreas ou de satélite
por estarem cobertas pela vegetação, mas que, de outro modo corrige
consideravelmente as imperfeições geográficas decorrentes das limitações humanas.
LIMA, Wildinei
NATURARTT “a natureza em evidência”
NATURARTT “A NATUREZA EM EVIDÊNCIA”
Wildinei Lima*
*Artista plástico/colaborador voluntário do Ecomuseu da Amazônia.
RESUMO
O presente pôster demonstra através de fotos um resumo das experiências adquiridas
através de ações e participação voluntária no Ecomuseu da Amazônia e tem como
objetivo apresentar as inúmeras possibilidades de adequação dos materiais naturais
de forma prática a fim de incentivar a substituição de materiais industrializados,
valorizando a cultura (práticas artesanais), o homem (seu autor) e a conscientização
ambiental (produção biodegradável) como resultado do conhecimento adquirido
durante as oficinas, palestras e as capacitações promovidas pelo Ecomuseu da
Amazônia tendo como base os eixos trabalhados pelo programa.
Palavras-chave: Cidadão - Fortalecimento - História - Cultura - Sustentabilidade.
LOBATO, Alessandra da Silva.
310
Turismo de base comunitária e patrimônio cultural na Vila do Pesqueiro – Soure/Brasil.
TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA E PATRIMÔNIO CULTURAL NA VILA DO
PESQUEIRO – SOURE/BRASIL
Alessandra da Silva Lobato*
*Geógrafa, Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia/UFPA.
RESUMO
A Vila do Pesqueiro é uma comunidade de pescadores que está localizada na porção
litorânea do município de Soure/Pará. Possui uma praia de mesmo nome que é
bastante visitada por turistas, assim o turismo de sol e praia é um dos mais
desenvolvidos nessa área, no entanto outra forma de turismo começa a conquistar
espaço na Vila é o Turismo de Base Comunitária (TBC). O presente trabalho tem
como objetivo compreender como o Turismo de Base Comunitária, que está sendo
desenvolvido com o Projeto Viagem Encontrando Marajó (VEM), pode contribuir com a
preservação do patrimônio cultural da Vila do Pesqueiro. Para a elaboração deste
trabalho foram realizados levantamentos e análises bibliográficas sobre o tema,
observações in loco, entrevistas semi-estruturadas com representantes do turismo do
município de Soure, representantes das associações e comunitários da Vila do
Pesqueiro e registros fotográficos. Com a pesquisa observou-se que o TBC é uma
forma de turismo que tem contribuído muito com a preservação do patrimônio cultural,
pois com o desenvolvimento do projeto VEM promoveu-se um “resgate” de algumas
manifestações como o grupo folclórico de Carimbó que existia na Vila e que
atualmente é realizado pelas crianças da Vila. Outra forma de contribuição com a
preservação do patrimônio foi observada durante a pesquisa através dos passeios que
são oferecidos aos turistas, pois os passeios são todos ligados a atividades que
normalmente são realizadas na comunidade, a exemplo da extração do óleo da
Andiroba, da coleta de Turú, da pesca nos igarapés.
Palavras-Chave: Vila do Pesqueiro - Turismo de Base Comunitária - Patrimônio
Cultural.
MENEZES, M.L.P.; MORAIS, V.C.; LEOPOLDO, D.F.; RODRIGUES, G.G.; BORGES,
C.P.; GABRIEL, R.A.; GUELBER, V.T.; NASCIMENTO, F.C.
Ecomuseu da Comunidade Quilombola de São Pedro de Cima.
ECOMUSEU DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE SÃO PEDRO DE CIMA
M.L.P Menezes, V.C. Morais, D.F. Leopoldo, G.G. Rodrigues, C.P.Borges,
Gabriel, V.T. Guelber, F.C. Nascimento. UFJF – Juiz de Fora – MG – BRASIL.
R.A.
RESUMO
O projeto ECOMUSEU da Comunidade Quilombola de São Pedro de Cima foi
pensado e organizado enquanto projeto de extensão universitária contando com
professores e estudantes do curso de Geografia da Universidade Federal de Juiz de
Fora. O contato com esta comunidade se deu a partir de um trabalho de campo
realizado no ano de 2007 na disciplina de Geografia Agrária, em que foi possível
conhecer um pouco da sua realidade e realizar um projeto extensionista com base nas
demandas apresentadas pelos seus membros, buscando refletir, os seus problemas e
suas necessidades. O principal objetivo deste projeto consiste na criação de um
ECOMUSEU na Comunidade Quilombola de São Pedro de Cima, visando construir
práticas de diálogo e ação para construção e consolidação da identidade comunitária.
Não se trata de um projeto diretamente baseado em metodologias de capacitação,
mas que vem se desenvolvendo, através do inventário do patrimônio local, tangível e
intangível e da divulgação e apreensão da educação patrimonial. Assim, temos
construído junto com a comunidade uma produção didático-pedagógica-cultural, como
por exemplo: o Atlas Geográfico Cultural e a Cartilha do “Nosso Lugar”, com a
311
proposta de registrar, representar, estimular e promover o desenvolvimento cultural da
comunidade e consolidar o saber histórico e geográfico local.
Assim, o projeto visa sensibilizar a comunidade para a questão do patrimônio
geográfico e cultural, de modo que os moradores se reconheçam enquanto sujeitos e
produtores do espaço, e também possam recuperar o histórico de constituição de sua
identidade, frente às inovações e novos hábitos introduzidos recentemente na
comunidade pelo modo de vida urbano.
Palavras-chave: Geografia Rural - Comunidade Quilombola - Territorialidade Ecomuseu - Educação Patrimonial.
PEREIRA, Célia Maria; SANTOS, Maria Suzana Loureiro dos
Memória Sociocultural e Histórica da Comunidade do Povo Novo
MEMÓRIA SOCIOCULTURAL E HISTÓRICA DA COMUNIDADE DO POVO NOVO*
Célia Maria Pereira, Maria Suzana Loureiro dos Santos
Ponto de Cultura ArtEstação – Rio Grande/RS – BRASIL
RESUMO
Esta ação está integrada ao Projeto Na Trilha de Memórias Vivas, iniciativa
contemplada no Prêmio Asas, Ministério da Cultura, Governo Federal. Contou com a
parceria da 18ª Coordenadoria Regional de Educação e Geribanda - Pontão de
Cultura da Universidade do Rio Grande/FURG. Sua intenção é “voar a locais e
histórias, ouvindo e recontando, pontuando detentores de saberes e compartilhando
conhecimentos”. Foi realizada no ano de 2011, no 4º Distrito do município do Rio
Grande denominado Povo Novo. Para a sua realização envolveu a comunidade, entre
estes, estudantes, antigos moradores, educadores e equipe do Ponto de Cultura
ArtEstação. Através deste coletivo, memórias e histórias foram compiladas em formato
de revista e de audiovisual. Os moradores da localidade foram os protagonistas da
ação e escolheram os temas por consenso, onde se destacaram: lendas,
personagens, os clubes de futebol Santo Antônio e Esperança, histórico da E. E. E. M.
Alfredo Ferreira Rodrigues e do surgimento da localidade, a música, a economia local
(a agricultura e as barraquinhas de verdura, frutas e legumes da estrada, a pesca), os
antigos cinemas e o trem de passageiros, os povos pré-coloniais habitantes de
morrinhos/cerritos, as festas de carnaval, crenças (Terno de Santinho e benzeduras) e
heranças culturais afrodescendente e portuguesa. O entrecruzamento de muitas vozes
desenhou fisionomias das comunidades que compõem o Povo Novo (Barra Falsa,
Pesqueiro, Barro Vermelho, Torotama, Arraial, Domingues Petroline e Capão Seco). O
objetivo do trabalho foi estimular o fortalecimento de laços identitários, valorizando e
difundindo traços culturais dessa localidade. A intenção não foi contar a História, de
dizer o que é a comunidade, pois ela está viva. As histórias vão sendo construídas no
dia a dia, estando presente nos afazeres, no jeito de ser das pessoas que ali moram,
em suas crenças e vivências. Um dos anseios do coletivo é se organizar num espaço
que possa reunir os documentos, fotografias, objetos, etc. coletados durante a
pesquisa e que possam compartilhá-los de forma democrática e dialógica,
organizando encontros, exposições, oficinas e que seja de fruição da cultura local e
fomentador de novas ações.
Palavras-chave: Memória - Identidade - Cultura.
SILVA, Michelle Louise G. da e MARTON, Margareth Veisac
Projeto Memória de vida - Ecomuseu da Serra de Ouro Preto
PROJETO MEMÓRIA DE VIDA – ECOMUSEU DA SERRA DE OURO PRETO
Michelle Louise Guimarães da Silva*
Margareth Veisac Marton*
312
*Ecomuseu da Serra de Ouro Preto – MG – BRASIL
Orientadora: Profª Drª Yara Mattos – Departamento de Museologia/UFOP
RESUMO
O projeto “Memória de Vida” faz parte do “Programa Ecomuseu da Serra de Ouro
Preto”. Os bairros envolvidos com a implantação do Ecomuseu são os morros da
Queimada, São João, Santana e São Sebastião. A partir do recolhimento de
depoimentos da população local, o projeto tem como objetivo a reconstrução das
memórias passadas e presentes das comunidades que habitam o território
compreendido pelo Programa. Nesta nova fase do projeto, o primeiro depoimento
recolhido no dia 06/12/2011 foi o de Maria Glicéria Gomes, moradora do Morro
Santana. A ação ocorreu a partir de uma entrevista registrada em vídeo na casa da
entrevistada. Por meio das questões formuladas pela equipe, foram recolhidas
informações sobre as vivências da moradora, suas origens, procedências, crenças,
costumes, objetos. O projeto “Memória de Vida” tem como alvo entrevistar
primeiramente a população local que tenha atingido a maturidade (a partir dos 50
anos), incentivando o papel de protagonista na comunidade. A partir da recuperação
de informações sobre as vivências das pessoas em referência ao território que
habitam, será produzido um documento histórico-científico, futuramente difundido à
comunidade da Serra de Ouro Preto. Estas informações sócio-culturais contribuem
para o levantamento do perfil dos moradores da região.
Palavras-chave: Memória - Ecomuseu - Serra de Ouro Preto - Território - Vivências Entrevistas.
SOUZA, Adirleide Greice Carmo de
Museu Histórico do Amapá Joaquim Caetano da Silva: desafios e perspectivas da
preservação do meio ambiente cultural do Amapá.
MUSEU HISTÓRICO DO AMAPÁ JOAQUIM CAETANO DA SILVA: DESAFIOS E
PERSPECTIVAS DA PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE CULTURAL DO
AMAPÁ
Adirleide Greice Carmo de Souza*
Museu Histórico do Amapá JCS – Macapá – AP – BRASIL
*Socióloga, graduanda em Direito, Mestranda em Direito Ambiental e Políticas
Públicas.
RESUMO
O Museu Histórico do Amapá Joaquim Caetano da Silva - MHAJCS é um Museu
Estadual que faz parte da Coordenação de Preservação do Patrimônio Histórico da
Secretaria de Cultura do Estado do Amapá, o qual exerce um importante papel na
preservação do Meio Ambiente Cultural. Assim, o presente estudo visa traçar os
principais desafios e perspectivas do MHAJCS como eficaz instrumento de
preservação do patrimônio histórico do Amapá. Para tanto, utilizou-se de uma
pesquisa descritiva - analítica, qualitativa, através de pesquisa bibliográfica,
entrevistas e registros fotográficos. Os resultados apontam que, embora o MHAJCS
receba constantes visitas, este precisa ser mais divulgado e sua importância
disseminada para a sociedade amapaense, haja vista, que atualmente o maior indicie
de visitação é de turistas de outros Estados, sendo assim, a educação patrimonial e
ambiental se apresentam como um desafio para disseminação da importância da
preservação do meio ambiente cultural do Amapá, que traduz a história de um povo, a
sua formação, cultura e, portanto, os próprios elementos identificadores de sua
cidadania, que constitui princípio fundamental norteador da República Federativa do
Brasil (FIORILLO, 2010). Sendo necessário o fortalecimento de seus mecanismos
administrativos e jurídicos, pois o MHAJCS não tem autonomia e enfrenta problemas
com sua manutenção, além da carência de corpo técnico.
313
Palavras-chave: Meio ambiente cultural - Museu - Educação - Patrimônio histórico –
Preservação.
SPERB, Ângela; HANSEN, Patrícia
Patrimônio Histórico e Educação: Ações que geram reações.
PATRIMÔNIO HISTÓRICO E EDUCAÇÃO: AÇÕES QUE GERAM REAÇÕES
Angela Teresa Sperb, Patrícia Rosina Hansen
Museu Comunitário de Percurso de Picada Café – RS – BRASIL
RESUMO
Com o objetivo de identificar e valorizar a cultura, a história, a arte, a memória e o
ambiente da comunidade de Picada Café, aproximando as gerações e integrando-as
amorosa e solidariamente no presente para projetar o futuro com sustentabilidade, as
ações educativas e ações diretamente relacionadas à comunidade (com a
comunidade, para a comunidade e da comunidade) geram reações que se
concretizam em parcerias e novas ações que se consolidam em museus, memoriais e
roteiros, cumprindo-se assim, a missão de preservar e valorizar a memória material e
imaterial com e através das pessoas e da comunidade, em ações traçadas entre o
material e o imaterial.
Palavras-chave: Museu de percurso - História - Memória - Solidariedade - Tradição Comunidade - Sustentabilidade.
WILD, Bianca
Movimento Ecomuseu de Sepetiba: espelho onde se ‘revê’ e se descobre a própria
imagem.
MOVIMENTO ECOMUSEU SEPETIBA: ESPELHO ONDE SE “REVÊ” E SE
DESCOBRE A PRÓPRIA IMAGEM.
Bianca Wild
Movimento Ecomuseu de Sepetiba – RJ – BRASIL
RESUMO
O pôster do qual este é o resumo tem por escopo oferecer subsídios para a
compreensão do fenômeno social que tem sua visibilidade assegurada pelas
transformações na paisagem natural do bairro de Sepetiba, Rio de janeiro (RJ). Para
atingir tal objetivo e para identificar esse fenômeno social, o pôster propõe o exame a
partir da observação de fotografias dispostas de forma quase cronológica, para que
assim seja despertada uma reflexão acerca de como a paisagem enquanto patrimônio
influencia no cotidiano de uma população e sofre influência dela.
Para tanto, utilizamos as falas elucidativas de Hugues de Varine durante a
Conferência “Comunidade, Patrimônio, Paisagem e Desenvolvimento Local - o diálogo
possível”, realizada durante o Colóquio Comunidade, Indústria e Desenvolvimento
Local - o diálogo possível. Rio de Janeiro, Santa Cruz, 2011.
Neste trabalho propomos compreender “lugar” enquanto espaço onde vivenciamos
nossas experiências e buscamos uma análise da paisagem enquanto elemento que
pode mostrar como se organizou uma sociedade em um determinado momento
histórico. O título bastante sugestivo corresponde à reflexão que pretendemos lançar,
inspirados em Georges-Henri Rivière propomos uma crítica da paisagem enquanto
nosso reflexo, representação fiel de uma sociedade, de uma comunidade de como ela
viveu, se transformou e principalmente como administrou as modificações ocorridas ao
longo dos anos e como o “diálogo possível” proposto na conferência citada acima foi
efetuado ou não nesta região específica.
Palavras-chave: Patrimônio - Paisagem - Desenvolvimento - Degradação.
314
CONCLUSÕES
IV
EIEMC
- Carta de Caratateua.
- Testimonios Convidados Extranjeros.
- Moção.
- Mês Conclusions Personnelles Sur Le IV EIEMC - H. de Varine.
- Lembranças e reflexões sobre o IV Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus
Comunitários em Belém - Pará - Dayse Aderne Carneiro.
315
IX. CONCLUSÕES DO IV EIEMC
CARTA DE CARATATEUA
BELÉM 2012
Considerando–se que
a) ao reunirmos para o IV EIEMC – IV Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus
Comunitários protagonistas, responsáveis, participantes, estudiosos e simpatizantes
de iniciativas brasileiras e estrangeiras consolidadas e/ ou embrionárias para discutir
“Patrimônio e Capacitação dos Atores do Desenvolvimento Local”, formalizamos
a reflexão sobre a ressignificação que damos a esse patrimônio e a sua apropriação;
b) as comunidades presentes ou representadas no IV EIEMC, ao liberarem suas
reivindicações e suas demandas, exercem seu direito de livre expressão e cidadania;
c) o encontro entre os praticantes e os pensadores da museologia comunitária suscita
a importância de uma responsabilização cada vez mais crítica de nossas ações
como comunidade;
d) a herança da Mesa de Santiago do Chile traçou, ao longo de 40 anos, uma trajetória
concreta da evolução do conceito de patrimônio, com marcas deixadas pelas
múltiplas iniciativasque se propagam em todos os quadrantes do mundo museal e que
por isso a sua gestão tem que ser por e para a comunidade;
e) o patrimônio é reconhecido política e culturalmentena sua diversidade e que a
paisagem é a síntese da interação entre as comunidades e esse patrimônio;
e) o patrimônio é vivido e interpretado pelas comunidades como um símbolo de
pertencimentoe um recurso para afirmar e desenvolver o local onde vivem, e pode
ser criativamente usado como gerador de trabalho e rendas, aproveitando e
valorizando saberes e fazeres como cultura endógena, seja considerada individual ou
cooperativamente, com direito à inovação (a capacidade da comunidade de inventar
seus projetos);
f) o fomento e o apoio às iniciativas museológicas comunitárias podem estimular a
participação e a organização das comunidades, desenvolverem talentos e
lideranças, sondar e aproveitar aptidões e, sobretudo favorecer a criação de
microempresas e cooperativas;
g) o turismo de base comunitária , quando enraizado na cultura viva local, valoriza o
patrimônio e promove o desenvolvimento local;
h) a capacitação dos atores do desenvolvimento localé tratada como estratégia de
empoderamento das comunidades para se reconhecer e se valorizar como atores do
desenvolvimento local e que não pode haver empoderamento sem a capacitação
desses atores;
j) o conceito de coleção ecomuseal1 entendido como o conjunto dos patrimônios
naturais e culturais, materiais e imateriais das comunidades contemplam e ampliam a
noção de museu que a priori pressupõe coleção de bens e assim elimina o
desconforto e a crítica aos ecomuseus/museus comunitários antes erroneamente
interpretados como museus sem coleções:
1 Expressão proposta por René Binette (Museu do Fier Monde, Montréal)
316
k) o “saber cuidar” é a mola mestra da capacitação dos atores com a qual se tornam
capazes de fazer escolhas e tomar decisões, ou seja, se capacitam também para a
ação, para serem sujeitos históricos;
l) o enraizamento das comunidades em seus espaços de vida se dá também com a
capacitação dos atores, favorecendo consequentemente a ação consciente, autônoma
e responsável;
m) a ética do cuidado exige em contrapartida a adoção de políticas do cuidado
voltadas para a educação e só com ela podemos garantir a sustentabilidadedo
planeta;
n)a participação popular na gestão ecomuseológica e comunitária contribui para a
afirmação de uma museologia cooperativa e libertadora, em que o poder decisório
necessita emanar da comunidade, a fim de provocar senso critico da própria realidade
e transformar os atores sociais, garantindo o empoderamento;
m) e que as capacitações das lideranças locais utilizam a museologia como
instrumento político e mantenedor de direitos;
Apresentamos a resposta coletiva às quatro questões propostas pelo IV EIEMC no
texto provocativo “A CAPACITAÇÃO: práticas e tentativas de teorização”, baseada
nos relatos das experiências dos participantes:

Como as comunidades compreendem e usam o seu patrimônio?
As comunidades se apropriam dos patrimônios quando reconhecem o seu valor, pois
sabem o que querem para eles mesmos, decidindo o que eles querem dentro da sua
própria comunidade. Para isso educam crianças e jovens de modo quereconheçam e
compreendam esse patrimônio e o utilizem para seu próprio benefício.

De que modo o patrimônio pode ser para a comunidade um gerador de
rendas?
A partir do trabalho que é realizado nas comunidades, na identificação do
patrimônio e valorização. O patrimônio é visto como gerador de renda quando é
originado do processo de construção do conhecimento, percepção e inclusão
no contexto social. Deve-se ter uma construção e consolidação da identidade, pois
havendo o mapeamento da história local, sendo determinadas quais as raízes e os
principais traços culturais, através dessa memória transversal pode-se identificar o
fazer para geração de renda. Nem sempre essa ação está relacionada ao
desenvolvimento econômico da comunidade e sim ao cuidar da qualidade de vida,
com a preservação do meio ambiente e do patrimônio cultural, valorizando a autoestima e identidade cultural, que acabam por se perder com a chegada de novas
comunidades. Mas quando esse patrimônio gera rendas, simultaneamente ocorre uma
maior valorização e visibilidade desse patrimônio. Lidar com o patrimônio da
comunidade provoca a construção de uma visão sistêmica de seu território, pois caso
não seja realizado desta maneira, ocorre a repetição dos processos contrários aos da
museologia comunitária: a geração de renda se torna comprometida e dependente do
mercado. Portanto, é possível trabalhar com a necessidade das comunidades na
esfera econômica, desde que se capacitemquanto aos valores tanto do local quanto
do global.

Como capacitar uma comunidade para o desenvolvimento local, usando o
patrimônio como recurso?
317
É necessária a afinidade com o trabalho, despertando a sensibilidade, a vivência do
dia-a-dia, aprendendo a exercitar a escuta do outro, avaliandoque contribuições
oferecer, mais ainda que escutar, reconhecer com humildade a riqueza que a troca de
saberes pode oferecer e fazer essa comunidade dialogar com o patrimônio de seus
conhecimentos. A própria necessidade de qualificação vem no decorrer da
capacitação, na busca de uma maior valorização do produto. Essa capacitação pode
ocorrer na forma de visitas a campo, em oficinas práticas, onde o saber popular e o
saber acadêmico têm oportunidades de interagir e se completar.

Como tornar essa comunidade gestora de seu patrimônio e a manter-se autosustentável?
A comunidade somente vai se tornar gestora de seu patrimônio, se esta estiver
identificada e tiver relação com a sua história ou memória, o que passa na questão da
capacitação e tem muito a ver com a autoestima e o reconhecimento do seu próprio
patrimônio: as pessoas se reconhecem dentro do grupo e são chamadas para expor
seus problemas, e, na sequência, discute-se sobre suas esperanças e sobre o
caminho a seguir, exercendo a cidadania, de entender-se e perceber-se como um
agente de mudança, seja na questão da renda seja na melhoria da qualidade de vida.
Essas capacitações devem envolver crianças, jovens e comunidade/lideranças
comunitárias, em reuniões abertas realizadas por eles, facilitando a liberdade de
comunicação, a tomada de decisões e após o consenso (definição das escolhas),
estas são anunciadas e levadas aos órgãos competentes para orientar a gestão.
Assim, a comunidade, através da participação organizada e democrática, pode
contribuir na gestão do patrimônio, auxiliada pela universidade. Porém, será preciso
garantir a autonomia das comunidades, o direito de cobrar dos poderes públicos a
participação das comunidades na gestão do patrimônio. A auto-sustentabilidade é uma
consequência do desenvolvimento comunitário.
Para refletir esse acúmulo derespostas na trajetória, discussão e da relação da prática
com a teoria e medidas que podem ser tomadas para quantificar estes impactos
efetivamente alcançados por nossas experiências, que medidas podem conseguir
necessariamente condensar de forma ampla social e economicamente em beneficio
das comunidades, elegemos resumidamente as ações realizadas pelo Ecomuseu da
Amazônia, como catalisador de práticas culturais e sustentáveis do Patrimônio
Comunitário, como principais eixos da CARTA DE CARATATEUA: as capacitações
exitosas em Cultura, Ambiente, Turismo e Cidadania que adotamos para toda a
Museologia Comunitária e Ecomuseologia, norteando os horizontes de nossas
experiências criadoras, participativas, pedagógicas e libertadoras
318
IV ENCUENTRO INTERNACIONAL DE ECOMUSEOS Y MUSEOS COMUNITARIOS
BELÉM – PARÁ – BRASIL
12 – 16 JUNIO 2012
Testimonios Convidados Extranjeros
Los convidados extranjeros al IV Encuentro Internacional de Ecomuseos y Museos
Comunitarios celebrado en Belém – Pará – Brasil (12-16 junio 2012) quieren dejar su
testimonio de agradecimiento y unas palabras de reflexión de cada país, como
contribución a los trabajos de los que han sido presentados en ese asamblea.
Testimonios
Portugal
As duas museólogas actuando em Portugal, presentes neste Encontro, salientam a
vitalidade da museologia comunitária brasileira, sua diversidade e adequação ao meio
e a competência e generosidade dos seus actores.
Quer os projectos consolidados, quer os que iniciam o seu caminho constituem um
significativo factor de aprofundamento da museologia, como processo de
desenvolvimento das sociedades.
Quarenta anos depois de Santiago, para além das dinâmicas próprias que ecomuseus
e museus comunitários têm gerado, sublinhamos a importância da mudança que estes
mesmos movimentos provocaram, tanto no mundo dos museus em geral, como em
todo o universo patrimonial.
É da interacção entre a reflexão teórica e a avaliação das experiências de intervenção
social em que actuam os museus e as suas comunidades, que acreditamos advir uma
sólida perspectiva de uso dos patrimónios como resposta aos problemas da sociedade
contemporânea.
Neste enquadramento e em função do seu contexto histórico, a museologia em
Portugal tem ganho um amplo espaço de intervenção social, especialmente no âmbito
local, graças à promoção da participação activa das comunidades nos museus,
impulsionada pelo esforço de organizações como o MINOM e pelo trabalho de
técnicos e de museólogos portugueses.
Testemunho: Ana Mercedes e Graça Filipe (Portugal)
México
El IV Encuentro de Ecomuseos y Museos Comunitarios ha sido una excelente
oportunidad para contrastar y aprender de la gran diversidad de experiencias en
ecomuseos y museos comunitarios en Brasil, Portugal, Italia, España y Argentina;
enriquecer ideas para la práctica de la apropiación comunitaria del museo, establecer
nuevos vínculos para colaboraciones en el futuro, esperando posteriormente enlazar
las mismas comunidades que desarrollan estas iniciativas en nuevas redes para la
acción colectiva.
Testimonio: Teresa Morales (México)
319
Italia
1.Privilegiare il metodo ai risultati. La partecipazione della comunità. Il coinvogimiento
di diverse generazioni e categorie sociali anche le minoranze (immigranti, persone con
disabilità o disagio sociale).
2.Privilegiare percorsi condividi di conoscenza e sviluppo sostenibile, duraturo e
solidale anziché la musealizzazione del patrimonio naturale e culturale.
3.Trovare spazi di collaborazione con programmi di progresso economico per
permettere start up di microimprese comunitarie.
4.Declinare l’esperienza turismo comunitario.
Testimoni: Raul dal Santo, Nerina Baldi, Estelca Ridolfo (Italia)
Argentina
La experiencia de ver funcionando de manera a veces provocativa, liberadora y
contestataria tantos museos comunitarios y ecomuseos fue impactante. Uno de los
puntos centrales que me pareció para destacar es la claridad ideológica de muchos de
los proyectos, basados en intereses de la gente organizada en algún tipo de
comunidad, y no sobre un tipo de patrimonio tangible en particular.
Pensar museos sin patrimonio tangible es aún imposible en Argentina, aún si los
museos se organizan en torno al relato de una comunidad y su memoria. Aún así, la
gente, el público, las autoridades, los decidores que otorgan subsidios y ayudas
esperan que en “algún momento” se muestre algo: objetos, paisajes, películas.
El objetivo central de un centro de generación, recuperación y conservación de la
memoria identitaria de un grupo me parece superador de muchas de las
contradicciones de la idea europea de “Museos” en tierras donde este concepto no
existía (América).
Testimonio: Alejandra Korstanje (Argentina)
El haber participado en este IV Encuentro Internacional de Ecomuseos y Museos
Comunitarios me ha consolidado la vital importancia de tomar como base fundamental
los intereses de los propios actores protagonistas de la acción comunitaria. A pesar de
no ser del área especifica-exclusiva, de mi trabajo, se repite que cuando el que pone
las ideas, el que gestiona y el que desarrolla es el propio interesado, la cosa, el
proyecto o el trabajo es exitoso, se siente propio y es estimulante para replicar.
Sea en micro-crédito, en acción social o en el área que sea, siempre es así, y cuando
es en RED se POTENCIA.
Testimonio: Sebastián Carrera (Argentina)
España
Para la mirada inquieta de la museología social (ecomuseología) española ser testigos
de la realidad de la acción museológica social desarrollada en las distintas partes de
Brasil ha supuesto la toma de conciencia y la reafirmación de que la función principal
de un museo puede recaer sobre “lo social” antes que sobre el bien patrimonial
coleccionable. Lo social, de esta manera, constituye el motor de desarrollo de una
320
concienciación pedagógica colectiva para la apropiación patrimonial (natural y
cultural), el desarrollo y la paliación de las necesidades de una comunidad, y para la
construcción de una identidad colectiva.
Así mismo, esta realidad museológica comunitaria de la que hemos sido partícipes
deja patente las distancias que aún existen a nivel mundial en la práctica y teoría
museológica; pero nos estimula para pensar en trazar puentes –necesarios– donde
intercambiar experiencias, metodologías y pensamientos para construir una renovada
alianza de reflexión sociomuseológica común (MINOM) con la que actuar en diversos
contextos y diversas comunidades.
Testimonio: Óscar Navajas Corral (España)
321
Proposta apresentada por: Marcelly Pereira do Museu da Maré; Marlucia de
Souza do Museu Vivo de São Bento e Márcia Souza do Museu da Favela, Rio de
Janeiro – RJ e aprovada em plenária por unanimidade.
MOÇÃO
A comunidade museológica reunida no IV Encontro Internacional de Ecomuseus e
Museus Comunitários orgulha-se das ações realizadas pelo Ecomuseu da Amazônia,
como catalisador de práticas culturais e sustentáveis do Patrimônio Comunitário.
Aprovamos a participação popular na gestão ecomuseológica, uma museologia
cooperativa e libertadora, em que o poder decisório necessita emanar da comunidade,
a fim de provocar senso crítico da própria realidade e transformar os atores sociais,
garantindo o empoderamento.
Elogiamos as capacitações promovidas por esta instituição, das lideranças locais,
utilizando a museologia como instrumento político e mantenedor de direitos.
Compreendemos que seja de vital importância a continuidade da gestão realizada, nos
dias de hoje. É necessária a permanência desta gestão para a sustentabilidade do
espaço democrático que respeita e valoriza as comunidades locais.
Pensamos que, com a garantia desta gestão no Ecomuseu da Amazônia, este local
permanecerá como espaço ímpar de educação ambiental e valorização de práticas
sustentáveis. Nós, agentes de trabalho dos Ecomuseus e Museus Comunitários do
Brasil e tantos lugares do mundo, afirmamos aqui nossa admiração, respeito e
reconhecimento pelo trabalho louvável que acontece aqui nas terras paraenses, nas
terras da Escola Bosque, nas terras do Ecomuseu da Amazônia.
Belém , PA, 15 de junho de 2012
322
MES CONCLUSIONS PERSONNELLES SUR LE IV EIEMC
Hugues de Varine
Une fois de plus, comme ce fut le cas pour les trois autres rencontres de 1992, 2000 et
2004, on remarque l’utilité de faire se rencontrer des praticiens de terrain de divers
pays et, pour le Brésil, de divers états. J’ai noté que plusieurs projets d’échanges et de
coopération s’étaient discutés et préparés à cette occasion.
L’isolement relatif et le cadre naturel exceptionnel de l’Escola Funbosque, le mélange
permanent entre les participants de la rencontre et les élèves et enseignants de l’école,
la possibilité de déjeuner sur place ont été, sans doute, des facteurs facilitateurs de
dépaysement et d’ouverture, et aussi d’efficacité des rapports humains..
Le thème de la capacitation (ou empowerment) a été traité de plusieurs façons et
selon plusieurs modes de pratique, mais toujours dans son sens d’acte politique. Il
s’allie bien aux principes de la muséologie de la libération, qui ont été souvent
évoqués. Je crois nécessaire de continuer à explorer, dans la théorie comme dans la
pratique, ces différents concepts, qui prolongent et approfondissent la déclaration de
Santiago.
L’une des conséquences de la capacitation est la création d’un sentiment d’autoestime, qui sera nécessaire pour la négociation, phase essentielle de la participation
communautaire au développement et notamment à la gestion collective du patrimoine.
Le concept économique de filière de production à partir d’éléments de patrimoine,
minéral, agricole ou artisanal, a été un apport novateur (expérience du Pan de Sorc,
Ecomuseo delle Acque, Gemona). Ce concept permet à la fois de faire revivre des
productions traditionnelles, de les rentabiliser en termes de revenus et d’emploi, et
aussi de les moderniser pour les adapter aux exigences, aux normes et aux habitudes
de consommation responsable de notre temps.
Le tourisme de base communautaire a été souvent évoqué. C’est une autre filière
économique qui implique de nombreux acteurs des communautés. Encore faut-il
préciser et connaître les cibles spécifiques d’un tel tourisme, en fonction à la fois de
l’offre et de la demande.
Les membres de la communauté qui ont fait l’objet des programmes de capacitation
deviennent aptes à prendre leur part des responsabilités du développement, aux
côtés des autres acteurs. Ils peuvent apporter et appliquer leurs compétences d’usage
et présenter leurs avis et leurs revendications de manière audible de la part des
responsables traditionnels (élus, administrateurs, experts). Ils ont aussi une part
dominante dans l’affirmation des dimensions culturelle et sociale de ce développement.
Du fait qu’il n’existe pas de "modèle" ou de norme pour les écomusées et musées
communautaires (chacun est unique), il n’y a pas non plus de statut recommandé.
Mais trop d’écomusées ne se préoccupent pas sérieusement de leur avenir, au delà de
la phase de construction du musée et du dynamisme des fondateurs. Toute écomusée
devrait en permanence se poser le problème de son avenir : c’est un autre aspect de la
soutenabilité.
Il faut, dans ce type de rencontres, tenir compte du nouvel ordre du monde et des
conséquences de la globalisation culturelle et économique sur les communautés de
base. Cela marque l’importance des initiatives comme les écomusées ou musées
323
communautaires, les agendas 21 locaux et d’une manière générale tout ce qui renforce
la capacité de prise de responsabilité de la part des citoyens dans la gestion de leurs
environnements, de leurs patrimoines et des spécificités de leurs cultures vivantes.
Hugues de Varine
MINHAS CONCLUSÕES PESSOAIS SOBRE O IV EIEMC
Hugues de Varine
Uma vez mais, como foi o caso dos três outros encontros de 1992, 2000 e 2004,
destaca-se a utilidade de fazer encontrar os praticantes de campo de diversos países
e, para o Brasil, de diversos estados. Notei que vários projetos de trocas e de
cooperação eram discutidos e preparados nessa ocasião.
O isolamento relativo e o contexto natural da Escola Bosque, a mistura permanente
entre os participantes do encontro e os alunos e professores da escola, a
possibilidade de almoçar
juntos foram, sem dúvida, fatores facilitadores de
dépaysement e de abertura e também da eficácia das relações humanas.
O tema da capacitação (ou empowerment) foi tratado de várias maneiras e segundo
diversos modos de práticas, mas sempre num sentido de ato político. Ele se alia bem
aos princípios da museologia da libertação que foram frequentemente evocados.
Creio ser necessário continuar a explorar, tanto na teoria como na prática, esses
diferentes conceitos, que prolongam e aprofundam a Declaração de Santiago
Uma das consequências da capacitação é a criação de um sentimento de autoestima,
que sera necessário para a negociação, fase essencial para a participação
comunitária no desenvolvimento e notadamente na gestão coletiva do patrimônio.
O conceito econômico de fileira de produção a partir de elementos de patrimônio,
mineral, agrícola ou artesanal, foi uma contribuição inovadora (experiência do Pan de
Sorc, Ecomuseo delle Acque, Gemona). Esse conceito permite simultaneamente fazer
reviver / recuperar / revitalizar as produções tradicionais, de torná-las rentáveis em
termos de geração de rendas e emprego e também de modernizá-las para adaptá-las
às exigências, às normas e aos hábitos de consumo de nosso tempo.
O turismo de base comunitária foi frequentemente evocado. É uma outra fileira
econômica que implica numerosos atores das comunidades. Ainda é preciso definir e
conhecer os alvos específicos de um tal turismo, simultaneamente em função da
oferta e da procura.
Os membros da comunidade que foram objeto dos programas de capacitação
tornaram-se aptos a tomar parte das responsabilidades do desenvolvimento, ao lado
de outros atores
Eles podem trazer e aplicar suas competências de uso e apresentar sua opinião e
suas reivindicações de maneira acessível por parte dos responsáveis tradicionais
(eleitos, administradores, expertos). Eles tiveram também uma parte dominante na
afirmação das dimensões cultural e social desse desenvolvimento.
Como não existe « modelo » ou norma para os ecomuseus ou museus comunitários
(cada um é único), não há também receita pronta). Mas muitos ecomuseus não se
324
preocupam seriamente com seu futuro, para além da fase de construção do museu e
do dinamismo de seus fundadores. Todo ecomuseu deveria permanentemente se
colocar o problema de seu futuro: é um outro aspecto da sustentabilidade.
É preciso, nesse tipo de encontros, ter em conta a nova ordem do mundo e as
consequências da globalização cultural e econômica sobre as comunidades de base.
Isso marca a importância de iniciativas como os ecomuseus ou museus comunitários,
as Agendas 21 locais e de uma maneira geral tudo o que reforça a capacidade de
tomada de responsabilidade por parte dos cidadãos na gestão de seus ambientes, de
seus patrimônios e das especificidades de suas culturas vivas.
Hugues de Varine
Trad. OMP
325
Ecomuseu da Amazônia
Lembranças e reflexões sobre o IV Encontro Internacional de
Ecomuseus e Museus Comunitários em Belém- Pará.
Daisy Aderne Carneiro
“O museu é um espelho onde a comunidade se olha para se reconhecer”
Hugues de Varine
Era meia noite de nove de junho deste ano de 2012.
Eu dormia tranquilamente aqui no Leme, onde moro há uns seis anos, telefones fixo e
celular bem à mão, a mala já pronta ao pé da cama, para a viagem.
Num sobressalto atendi à tão esperada chamada de Terezinha Resende, boa amiga
dos tempos de Laïs e atual Coordenadora do Ecomuseu da Amazônia, agora sediando
o IV Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus Comunitários, agendado para a
semana de 11 a 16 de junho deste ano.
Há alguns meses eu aceitara o convite para representar a família de Laïs Aderne na
homenagem que lhe seria prestada durante o evento, uma vez que o Ecomuseu foi
uma concepção sua. Confirmei por e-mail minha presença e aguardei, desde então,
pois a Comissão Organizadora providenciaria passagens e estadia aos seus
convidados.
Agora, só precisei me certificar de todos os detalhes no e-mail e realizar essa
empolgante aventura!
Ainda no avião, quase chegando ao Pará, fiquei assustada com a imensidão de água
da bacia amazônica! Não dá para imaginar que, pelo menos naquela região, a água
possa um dia acabar! Cheguei a pensar que devia estar chovendo muito por lá!
Fui então acumulando surpresas, sempre agradáveis!
A primeira delas foi minha conexão em Fortaleza, minha terra natal. Adorei!
No aeroporto de Belém, encontrei os participantes do evento e Terezinha Resende,
nossa anfitriã nos apresentou ao Eráclito, museólogo do Rio Grande do Sul que nos
ciceroneou e nos ofereceu sorvetes com sabores típicos, ali mesmo onde tudo me
pareceu grandioso e moderno. Aproveitamos para registrar nossa chegada com várias
fotos e assim, já íamos nos conhecendo.Todas as pessoas eram de uma amabilidade
espontânea e contagiante. Aliás, essa é a característica dos nortistas em geral. Eles
são alegres e nas danças típicas extravasam essa alegria toda.
No tradicional, simpático e confortável Hotel Vila Rica onde me hospedei, assim como
vários participantes do evento, tive a oportunidade e a satisfação de conhecer e
conviver com nomes relevantes da museologia internacional, como o francês Hugues
de Varine.
Hugues é membro do Conselho Internacional de Museus e fundador do Ecomuseu Le
Creusot-Montceau na França e atuou no Ministério da Cultura da França. Vindo com
alguma regularidade aos encontros de museologia no Brasil, Hugues fala português
com fluência e fundou o Osdic Consultores, empresa que atua em desenvolvimento de
comunidades, que foi uma referência para Laïs. Sua esposa, Beatrice foi minha
companheira de trilhas na floresta, a caminho da localidade de Caruaru. Nós nos
comunicávamos em português afrancesado e um pouco em inglês.
326
Por ocasião do IV Encontro em Belém, Hugues lançou seu livro “Raízes do Futuro” em
português, traduzido do francês por Maria de Lourdes Parreiras Horta, a Lourdinha,
museóloga a quem fiquei muito ligada, por nossa proximidade no hotel Vila Rica.
Lourdinha atuou na direção do Museu Nacional de Belas Artes e no Museu Imperial de
Petrópolis e contribuiu de forma importante na museologia nacional.
Tive a grata satisfação de estar ao lado do grande teólogo Leonardo Boff e sua
esposa, Márcia Miranda. O livro de Leonardo Boff, O Tao da Libertação, lançado em
2010 ganhou nos Estados Unidos a medalha de ouro na área de Nova Ciência e
Cosmologia. Sua participação na minha formação holística na primeira turma da
UNIPAZ de Curitiba foi muito importante, assim como as influências de Pierre Weill,
Jean Yves Leloup e outros.
Tivemos ainda a oportunidade de assistir a apresentações extraordinárias de
participantes brasileiros. A apresentação que mais gostei foi da Consciência Negra 13
de Maio, de Santa Maria, Rio Grande do Sul (clubessociaisnegros.com.br), feita pela
Giane.
No dia da abertura do encontro a Secretária Municipal de Educação professora
Therezinha Moraes Gueiros apresentou a biografia de Laïs Fontoura Aderne, que
concebeu a idéia e deu início ao movimento de desenvolvimento comunitário com
ênfase nos fazeres e saberes da memória coletiva. Neste momento, fiquei muito
emocionada.
Uma das diretrizes eficazes para o sucesso do Ecomuseu da Amazônia, além da
determinação e eficiência de sua Coordenadora professora Terezinha Resende, está
no apoio recebido pela Secretaria Municipal de Educação de Belém.
A parceria do Ecomuseu da Amazônia com a Fundação Centro de Referência em
Educação Ambiental, Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira, “FUNBOSQUE”,
através da Coordenadoria de Desenvolvimento Comunitário-CDC, possibilitou ao
Ecomuseu estabelecer sua sede na ilha de Caratateua, ou Outeiro, como é mais
conhecida, a 35 km de Belém, numa bela e rica área de floresta tropical secundária,
com 120 mil m2 (12 hectares). Por ali transitam centenas de alunos distribuídos, na
sede e nas outras sete unidades pedagógicas, do Jardim 1 ao ensino médio
profissionalizante – curso técnico em meio ambiente, e ainda o projeto AMA com ação
voluntária e participativa. Na sede do Ecomuseu vi a foto de Laïs em destaque. Uma
nova sede está sendo construída ali mesmo.
Todo o entorno da sede do Ecomuseu da Amazônia e da Funbosque pode ser
percorrido por caminhos impecavelmente limpos, perfeitamente sinalizados, por entre
árvores exuberantes; tais caminhos levam a incontáveis edificações destinadas às
atividades da Escola Bosque. Pude ver funcionários da FUNBOSQUE, uniformizados,
fazendo a manutenção dos espaços.
A área de abrangência do Ecomuseu compreende o Distrito de Icoaraci (bairros
Paracuri e Orla) estendendo-se até a região das Ilhas Caratateua (bairros São João do
Outeiro, Fama e Tucumaeira), Cotijuba (comunidades Poção Seringal e Faveira) e
Mosqueiro (Vila, Assentamento Paulo Fonteles e Circuito Castanhal do Mari-MariCaruaru).
Icoaraci é um distrito administrativo de Belém, distante cerca de 20 km da capital, com
aproximadamente 300 mil habitantes. Para alguns historiadores, Icoaraci significa “de
frente para o sol” ou “aonde o sol repousa”. O historiador José Valente diz que Icoara
significa águas e ci significa mãe. Portanto, o significado do nome seria mãe de todas
as águas. As principais atividades econômicas de Icoaraci são o turismo, a pesca, o
artesanato com ênfase na cerâmica, o comércio informal, indústrias e serviços
públicos e privados.
Tivemos a oportunidade de visitar a ilha fluvial de Mosqueiro, o nome Mosqueiro é
originário da antiga prática de moqueio do peixe, pelos índios Tupinambás que
327
habitavam a ilha. A ilha é localizada na costa oriental do Rio Pará, braço sul do rio
Amazonas, em frente à baía de Guajará, mais especificamente aLila (área urbana) e
as comunidades de Castanhal do Mari-Mari e Caruaru. A Ilha tem uma área de
aproximadamente 212 km2 e é ligada a Belém pela ponte Sebastião de Oliveira, com
1.485m de extensão, que atravessa o Furo das Marinhas, distante cerca de 80 km de
Belém.
Conhecemos os chalés e as belezas naturais da ilha. Um bom desafio para mim foi
percorrer a trilha Olhos D’Água, que se estende por 3.668m, terminando na
Comunidade Caruaru, onde almoçamos. Fizemos essa trilha em um grupo pequeno,
guiados pelo Renato, funcionário do Ecomuseu da Amazônia.
Assistimos apresentações de Carimbó (que adorei dançar) assim como uma
apresentação infantil, com temática ambiental, que emocionou a todos. Pude voltar no
tempo ouvindo relatos sobre Laïs, que percorria de barco, na companhia de cientistas,
historiadores, geógrafos e ecologistas nas ilhas, florestas e trilhas, levantando suas
potencialidades e inventariando as atividades das populações ribeirinhas. Quis ela
então que tudo aquilo fosse resgatado e hoje, cinco anos depois, se ela pudesse estar
lá, veria a valorização daqueles mestres em potencial.
Na verdade, ela ainda teve a oportunidade de participar da criação e inauguração do
magnífico “Liceu de Artes e Ofícios” e ali agregar um grande número de ceramistas,
com o apoio da Secretaria Municipal de Educação.
As ações desenvolvidas pelo Ecomuseu são pautadas em quatro eixos: ambiental,
cultural, turismo e cidadania.
Por ocasião do IV Encontro Internacional de Ecomuseus e Museus Comunitários, o
Ecomuseu da Amazônia pôde dispor de espaços adequados e confortáveis para o
grande número de participantes nacionais e internacionais. Pudemos usufruir não só
do bem montado anfiteatro para apresentações, como das modernas tecnologias que
permitem a tradução simultânea de palestras. Contamos ainda com espaços
aprazíveis para refeições ligeiras, onde eram servidos pratos típicos, assim como
assistimos com frequência grupos de danças e apresentações de teatro ao ar livre.
Na recepção oferecida após a abertura do IV Encontro, no Centro de Eventos
Benedito Nunes, na Universidade Federal do Pará, um imenso e caloroso ambiente,
onde delícias da culinária regional eram servidas, encontrei muitas pessoas que
conheceram Laïs e queriam contar suas lembranças; outras, que mesmo sem tê-la
conhecido desenvolveram tal afinidade que chegaram a montar peça de teatro com
Laïs de protagonista, improvisando seus trajes, etc... Esse era o Diogo, da
Universidade Federal do Pará/UFPA. Ele virá ao Rio conversar sobre ela, pois se não
me engano, quer fazer uma pesquisa sobre Laïs.
No encerramento do Encontro houve a homenagem do Ecomuseu à Laïs, que foi
muito emocionante, realizada justamente em Icoaraci, o reduto dos ceramistas
agregados num local especial, às margens do rio onde, mensalmente, se reúnem ao
lado de seus quiosques, com suas cerâmicas, para cultuar o pôr do sol cultural. Então,
junto à população dançam animadamente o Carimbó, ao som de músicas regionais.
Nesse ambiente apresentei e li a carta escrita por Laïs, poucos meses antes de sua
partida. A comoção foi geral! As pessoas viam em mim sua querida protetora e assim,
vinham me abraçar com muito carinho e dizer o quanto a amavam. Uma kardecista
presente dizia que Laïs estava ali também! Naquele momento foi gravado um pequeno
vídeo com meu depoimento.
Um gigante e delicioso bolo foi servido a todos, como de praxe nos aniversários e
terminamos a festa cantando os parabéns à Laïs e ao Ecomuseu da Amazonia que
fazia cinco anos.
328
Como todos os participantes, recebi uma bolsa com a logomarca do Ecomuseu,
contendo folders informativos da região, um cd com músicas do Carimbó e uma bela
mandala em cerâmica comemorativa do evento.
Por fim, ainda uma surpresa! Terezinha Resende nos proporcionou uma pequena
excursão de táxi a Belém. Éramos quatro pessoas: Béatrice, Lurdinha e Maria
Mirilande dos Santos, que nos acompanhou a pedido de nossa anfitriã. Conhecemos
as Docas, algo extraordinário após a reurbanização, onde almoçamos um delicioso
vatapá. Tudo é imensamente grande como são, aliás, todas as docas e águas a
perder de vista. Tiramos algumas fotos. Muito original é o espaço dos músicos que,
como um grande elevador horizontal, percorre todo o espaço dos restaurantes e lojas
de um lado para outro, todo o tempo. O Mercado Ver o Peso logo ao lado, é outra
atração, mas só o vimos por fora, pois o tempo era curto, considerando que a viagem
de volta seria de duas horas e muita água cobrindo a estrada. Visitamos a Catedral da
Sé e toda a região Central de Belém, com imensos edifícios e a parte antiga, com suas
belas construções. Na verdade, não houve tempo para assimilar tanta informação,
mas pudemos ter uma visão geral da capital do Pará.
E ainda, concluindo minha visita ao município de Belém, no último dia, fui informada
sobre outra homenagem importante realizada a professora Laïs através da Secretária
Municipal de Educação, a Eco Escola Municipal Laïs Fontoura Aderne, localizada no
bairro de Paracuri-Icoaraci, a qual tive a satisfação de conhecê-la, assim como pude
perceber que a professora Therezinha Gueiros não mede esforços no exercício de
suas funções para a realização de numerosas e grandes obras que tanto favorecem a
população de Belém.
FIM
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Capa de Livro Acom SEMEC