Sistema UNIMAC12– Comparação de produtividade entre duas cultivares de tomate de mesa na colheita com auxílio mecânico. Augusto Cesar Sanchez 2; Marcos David Ferreira3; Oscar Antonio Braunbeck3 ;Nelson Bryan2. 2 UNICAMP -Colégio Técnico de Campinas, caixa postal 6088, CEP 13083-970, e-mail: 3 [email protected]; UNICAMP-FEAGRI, C. Postal: 6011, CEP: 13083-970, Campinas -SP RESUMO Atualmente a colheita do tomate de mesa ocorre sem equipamentos de auxílio. O sistema UNIMAC, aonde o colhedor trabalha em uma plataforma móvel que seleciona, classifica e embala o produto no campo, está sendo estudado para implementação. O presente trabalho tem como objetivo analisar a produtividade da colheita do tomate com auxílio mecânico em duas diferentes cultivares de tomate ‘Débora’ e ‘Romana’. Avaliou-se o processo de colheita através de um dispositivo de auxílio à colheita e comparou-se a produtividade da colheita em diferentes velocidades de deslocamento. Observou-se que os ensaios com a cultivar ‘Romana’ apresentaram maior rendimento de colheita do que os ensaios realizados com a cv. ‘Débora’. Palavras-chave: Lycopersicon esculentum, qualidade, auxílio-mecânico, colheita. ABSTRACT UNIMAC System –Tomato harvesting evaluation in two different cultivars using mechanical aids. Fresh Market tomatoes in Brazil are mainly manually harvest without the use of harvesting aid equipments. The main goal of this research was to evaluate the performance of fresh market tomato harvest using a harvesting aid. Therefore, it was developed an equipment, named UPDC. The harvest process was evaluated using this equipment and comparing that to the traditional system in different velocities ranges in two different cultivars ‘Débora’ e ‘Romana’. Tomato harvesting using a harvesting aid showed to be possible and viable. Trials with cv. ‘Romana’ showed better performance than the ones with cv ‘Débora’. Keywords: Lycopersicon esculentum, quality, harvest, harvesting -aids. 1 O presente trabalho faz parte do projeto UNIMAC, Unidade Móvel de Auxílio à Colheita financiado pela FAPESP. A produção brasileira de tomate situa-se hoje em cerca de 3.048.193 toneladas anuais, distribuídos em uma área de 56.223 hectares (AGRIANUAL, 2002). Apesar de pesquisas recentes na área de colheita mecanizada de tomate mostrarem a tendência para a mecanização tota l do processo, com emprego de equipamentos robotizados dotados de laser e sensores óticos (MONTA et al.,1998; KONDO et al., 1996; SUBRATA et al., 1997), este alto grau de tecnologia não se enquadra na realidade sócio-econômica brasileira, devido ao custo elevado e ao desemprego gerado pela sua utilização. A maior parte da pesquisa sobre colheita e classificação de tomates está relacionados ao tomate para indústria (O’BRIEN & GARRET, 1984; STUDER et al., 1981; PRUSSIA & O’BRIEN, 1981; GODDARD et al., 1975; NAUGLE & O’BRIEN, 1976; O’BRIEN & WEST, 1976). Introduzir um sistema de auxílio mecânico à colheita de tomate de mesa no Brasil é um desafio, pois é necessário reduzir as perdas e danos físicos causados aos frutos, e não desempregar o trabalhador que colhe o produto. O objetivo deste trabalho foi de avaliar um equipamento de auxílio à colheita para tomate de mesa em duas diferentes cultivares. MATERIAL E MÉTODOS Os ensaios foram realizados na fazenda Santa Luzia, Brotas, Estado de São Paulo, pois o espaçamento entre linhas (1,60 m), com ruas satisfatoriamente niveladas (inclinações máximas de 5%) e o espaçamento uniforme entre plantas (0,50 m) são favoráveis ao trânsito de um pequeno veículo na plantação. Neste sistema todo o cultivo é coberto com tela e as plantas conduzidas em fios verticais. Após estudo preliminar das dimensões das plantas e linhas de plantio, de dados antropométricos e biomecânicos pertinentes, construiu-se um dispositivo de auxílio à colheita para simular a operação a ser realizada pela UNIMAC. Este é constituído de um assento acoplado em estrutura metálica dotada de rodas, com espaço para um colhedor, sendo acoplado a um microtrator. Este dispositivo permite regulagens no posicionamento do colhedor em relação à linha de plantio (altura, ângulo). Os testes foram realizados em cultivo de tomate destinado para mesa, cultivar ‘Débora Plus’ (Sakata Seeds Co) e cultivar ‘Romana’ (Western Seed). O sistema de colheita auxiliado consistiu em colocar o colhedor sentado sobre o dispositivo, com ajuste da altura para que fosse possível alcançar a faixa de colheita escolhida. Para realização dos ensaios foram consideradas distâncias de 50m, nas quais eram contadas as plantas de tomate existentes, em um total de 150 m (3 repetições). A avaliação do uso deste dispositivo nas duas cultivares mencionadas consistiu em obter-se rendimento médio dos colhedores (kg/hora), através do peso dos frutos colhidos, para cada velocidade testada. Para determinação das velocidades utilizadas neste ensaio, primeiramente foram realizadas medições para determinação do tempo gasto para colheita no sistema tradicional, utilizando os valores obtidos como parâmetro base para os ensaios auxiliados, e assim aumentando gradativamente as velocidades. Foram realizados ensaios nas velocidades de 8,5; 11; 12,5; 15 e 18 m/min. RESULTADOS E DISCUSSÃO Apesar de a quantidade de frutos por planta nos ensaios não ser uniforme, foi possível observar que o aumento da velocidade incrementa o rendimento dos sistemas, e que o cultivar ‘Romana’ apresentou maior rendimento para colheita (kg/h) que o cultivar ‘Débora’. O gráfico abaixo mostra como o rendimento médio em cada sistema (média dos ensaios, expressa em kg/h) varia com a cultura e com a velocidade. Rendimento [kg/h] 300,0 250,0 200,0 débora 150,0 romana 100,0 50,0 0,0 7 12 17 22 Velocidade [m/min] Gráfico 1. Rendimento médio das cultivares em diferentes velocidades. A colheita de tomate em um sistema com auxílio mecânico mostrou-se viável do ponto de vista produtivo. Incrementar a velocidade de colheita é interessante para obtenção de grande quantidade de frutos colhidos. O sistema de auxílio mecânico no cultivar ‘Romana’ apresenta maior capacidade de colheita se comparado ao cultivar ‘Débora’, demonstrando um potencial para utilização de equipamento de auxílio a colheita. Ensaios em diferentes culturas de tomate estão em andamento aonde os resultados encontrados incrementarão esta pesquisa. LITERATURA CITADA GODDARD, W. B.; O’BRIEN, M. O.; LORENZEN, C.; WILLIANS, D. W. Development of criteria for mechanization of grading processing tomatoes. Transactions of the ASAE, 18(1): 190-193, 1975. KONDO, N.; NISHITSUJI, Y.; LING, P. P.; TING, K.C. Visual feedback guided robotic cherry tomato harvesting. Transactions of the ASAE, 39(6): 2331-2338, 1996. MONTA, M., KONDO, N.; TING, K. C. End -Effectors of tomato harvesting robot. Artificial Intelligence review, 12:(1-3) 11-25, 1998. NAUGLE, R. E.; O’BRIEN, M. Engineering analysis of a mechanized fruit grading table. Transactions of the ASAE. 19(2): 396-399, 1976. O’BRIEN, M.; GARRET, R. E. Development of a mechanical and electronic assisted tomato grading station. Transactions of the ASAE, 27(05): 1614-1618, 1984. O’BRIEN, M.; WEST, C. L. Design an automated cycle commercial bulk load sampler. Transactions of the ASAE, 19(1): 7 -10, 1976. PRUSSIA, S. E.; O’BRIEN, M. O. Design of a weighing system for tomato grading. Transactions of the ASAE, 24(06): 1404-1407, 1981. STUDER, H. E. A rotary shaker for harvesting tomatoes. Transactions of the ASAE, 24(3): 545-548, 1981. STUDER, H. E.; CHEN, P.; KADER, A. A. Damage evaluation of machine harvested fresh market tomatoes. Transactions of the ASAE, 24(02): 284-287, 1981. SUBRATA, I.D.M.; FUJIURA, T.; NAKAO, S.; YAMADA, H.; HIDA, M.; YUKAWA,T.3 -D vision sensor for cherry tomato harvesting robot. Japan agricultural reserch quartely, 31(4):257- 264,1997. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo apoio financeiro ao trabalho e aos funcionários da fazenda Santa Luzia, Brotas-SP, pela total cooperação com os ensaios realizados.