ANO XL • Nº 167 • julho/agosto de 2013
uma viagem
pelas três
américas
ciências As descobertas arqueológicas
na área da Usina Santo Antônio
inovação as pessoas que inventam e
reinventam a braskem todos os dias
E D I T O R I A L
A necessária
viagem da renovação
O
debrecht Informa estreia neste
número seu novo projeto
editorial e gráfico. A revista está
mudando, mais uma vez, porque
a Odebrecht está mudando, como
sempre.
Na esfera editorial, a principal
novidade é a presença de uma grande
reportagem especial de abertura.
A ideia é de que o assunto dessa
reportagem – obras de engenharia,
operações industriais, negócios
e programas da Organização –
possibilite a você, leitor, conhecer o
que de mais encantador existe na área
de abrangência do trabalho das equipes
da Odebrecht. Uma história que
emocione e inspire.
Nesta edição de partida do novo
projeto de Odebrecht Informa, a
reportagem especial trata do tema
rodovias. Nossos repórteres e
fotógrafos percorreram estradas do
Brasil, do Peru, da Colômbia, do
Panamá, da República Dominicana e
dos Estados Unidos. O relato do que
eles viram, ouviram e sentiram está
na matéria Caminhos da América,
uma viagem de 38 páginas, para
a qual você está sendo convidado
agora. À sua espera está tudo aquilo
2
que emocionou e inspirou nossos
repórteres e fotógrafos e que, antes
disso, proporcionou a integrantes da
Organização Odebrecht experiências
transformadoras.
Outras novidades são a publicação
de anúncios institucionais de
empresas e projetos da Organização
Odebrecht, que conferem à revista
uma nova dinâmica editorial, e a seção
“Click”, que permeia a edição com
imagens especiais captadas por nossos
fotógrafos.
A revista traz também seções e
reportagens gerais, com notícias e
análises relevantes para os integrantes
da Odebrecht e para todos os que, de
uma ou outra forma, se relacionam
com a Organização.
Envolvendo tudo isso, um novo
e atraente projeto visual confere à
revista uma apresentação alinhada às
tendências do design contemporâneo
e proporciona ao leitor melhor
legibilidade e mais prazer em
percorrê-la.
Enfim, esta é a nova Odebrecht
Informa, que completa 40 anos de
existência em outubro próximo. Como
você poderá ver nas páginas a seguir,
ela está cada vez mais jovem. ]
Fernando Vivas
Odebrecht informa
3
d e s t a q u e s
capa
ciência
Rodovia Interoceânica Sul, no Peru. Foto de Márcio Lima.
56
06
Caminhos da América: acompanhe nossas equipes
em uma viagem por rodovias do Brasil, Peru, Colômbia,
República Dominicana, Panamá e Estados Unidos
Na área de execução da Usina
Hidrelétrica Santo Antônio, em
Rondônia, está em andamento
um amplo e referencial trabalho
de pesquisa arqueológica
logística
64
vida no canteiro
60
Canteiro de obras da Usina Teles Pires,
na divisa de Mato Grosso com Pará,
inova em ações voltadas a proporcionar
qualidade de vida aos trabalhadores
cidades
Dos canaviais aos postos de serviços,
um longo caminho é percorrido para
que o produto final da Odebrecht
Agroindustrial chegue ao consumidor
4
76
Veja de que forma uma solução
de transporte transformou-se em
elemento de integração de uma
comunidade à sua cidade
gente
entrevista
52
72
O pensamento e o cotidiano de José
Cláudio Daltro, Saionara Lewandovski,
Luiz Gordilho e Antônio Pinto
inventores
47
Saiba quem são os responsáveis
pela criação de produtos e processos
na Braskem e como é seu sempre
surpreendente dia a dia
Roberto Ramos, Líder Empresarial da
Odebrecht Óleo e Gás, fala do momento
da indústria petrolífera no Brasil e sobre a
contribuição da empresa nesse contexto
petroquímica
74
meio ambiente
Uma reflexão sobre as ações
necessárias para preservar o mais
essencial dos recursos naturais
68
protagonismo juvenil
84
Há 25 anos, o jovem tornava-se o centro
da atuação da Fundação Odebrecht,
decidida a fazer com que ele deixasse de
ser visto como “problema” e passasse a
ser tratado como solução
Em Paulínia e Mauá, no interior de
São Paulo, duas plantas que ajudaram a
construir a história da Braskem (e do setor
petroquímico brasileiro) fazem aniversário
Odebrecht informa
5
C A P A
ππHouston, no Texas: a quarta cidade mais populosa dos Estados Unidos
6
caminhos
da américa
acompanhe nossas equipes
em uma viagem por estradas
de seis países do continente
Odebrecht informa
7
C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
Nem todos eles leram Pé na Estrada,
EUA
obra mais celebrada do lendário
escritor norte-americano Jack Kerouac, mas
tiveram que incorporar um pouco do espírito
REPÚBLICA
DOMINICANA
beatnik para produzir os textos e as fotos da
reportagem especial que abre esta edição de Odebrecht
Informa. Nesta estreia do novo projeto gráfico e editorial da
PANAMÁ
COLÔMBIA
revista, queremos convidá-lo para juntar-se a nossos repórteres e
fotógrafos em uma aventura chamada Caminhos da América.
Ao longo de 38 páginas, você viajará por estradas do Brasil, da
Colômbia, do Peru, do Panamá, da República Dominicana e dos
Estados Unidos. O que você encontrará pelo caminho é a vida
(toda a vida) que pulsa em comunidades situadas no raio de
abrangência de sete rodovias construídas, ou em execução, com a
participação de equipes da Odebrecht. Aproveite a viagem.
Esperamos que ela seja capaz de emocionar e inspirar. A partir de
agora, você está on the road, en el camino, com o pé na estrada.
8
PERU
BRASIL
ππPraia do Forte: pérola de uma região paradisíaca, o Litoral Norte da Bahia
estrada do coco
Texto Ricardo Sangiovanni | Fotos Geraldo Pestalozzi
Escapar da agitação urbana de Salvador na hora do almoço para ir a um bom restaurante na Praia do Forte
e, em seguida, voltar para retomar o expediente, virou
coisa corriqueira. Os cerca de 55 km que separam a
capital e a praia mais famosa do Litoral Norte baiano
já não são obstáculo: a viagem pela Estrada do Coco,
hoje, chega a ser mais rápida que o deslocamento entre os bairros centrais da engarrafada Salvador.
Famoso destino turístico do paradisíaco Litoral Norte,
a vila de Praia do Forte transformou-se também em
polo gastronômico. A maior procura é pelas receitas
tradicionais da Bahia, herança ancestral das culturas
indígena e africana. Segredos que sobreviveram por
gerações e gerações de legítimos habitantes da região - como a cozinheira, ou melhor, a chef, Maria da
Natividade Teles do Nascimento, 57 anos.
Nati, como é conhecida, é a dona do restaurante Casa da Nati, um dos mais tradicionais da Praia
do Forte. Sua "comidinha simples, caseira" conta
com fregueses cativos há 18 anos, desde os tempos
em que o local ainda se parecia mais com a antiga
vilinha de pescadores que com o complexo turístico
de resorts e pousadas, serviços, cultura e lazer que
é hoje.
Nati não é um ícone da cultura do Litoral Norte
apenas por saber preparar moquecas à base de azeite
Odebrecht informa
9
C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
de São João (do qual a Praia do Forte é um distrito) e
Jandaíra, próximo à divisa com Sergipe, completando o eixo que transformou as praias do Litoral Norte
em destino turístico.
A segunda foi a recuperação e duplicação, pela CLN (Concessionária Litoral Norte, empresa da
qual a Odebrecht TransPort é acionista), em 2000,
dos 46,3 km da Estrada do Coco entre Salvador e a
Praia do Forte. Em 13 anos de concessão, o fluxo de
veículos pela Estrada do Coco/Linha Verde dobrou,
saltando de 360 mil/mês, em janeiro de 2001, para
721 mil/mês, em janeiro de 2013.
"Antigamente, ir a Salvador era uma dificuldade danada", conta Nati, que se lembra de, quando
criança, ter feito a viagem de caminhão, em meio a
uma carga de carvão. "Cheguei imunda!", diverte-se
ao recordar. Atualmente, duas vezes por semana, ela
dá "um pulinho" na cidade, para comprar camarão e
dendê. A viagem de carro, que antes da duplicação
durava mais de uma hora, hoje leva 25 minutos.
de dendê. Nem somente pelos deliciosos pratos especiais, como o peixe à moda da Nati, à base de leite de coco, tomate e camarão. Nascida e criada na
Praia do Forte, ela serve de exemplo à comunidade,
por mostrar que o empreendimento de um "nativo"
também pode ser muito bem-sucedido.
O restaurante leva esse nome porque surgiu e
funciona até hoje na casa onde Nati morou até os
anos 1990, a mesma casa onde ela viveu quando pequena. Tudo começou em 1995, quando ali, na porta da casa, servia-se comida caseira a surfistas. O
movimento foi crescendo, o espaço foi reformado,
a casa passou para o andar de cima, e o restaurante
seguiu funcionando no térreo. Hoje a Casa da Nati
serve cerca de 150 refeições por dia, a uma clientela
conquistada graças às parcerias com hotéis e locais
de visitação turística do Litoral Norte.
Um catalisador para o sucesso do empreendimento também foi, conta Nati, a melhoria das condições de acesso à Praia do Forte, tanto para quem
vem por Salvador, quanto pelo Litoral Norte, proporcionada por duas obras da Odebrecht.
A primeira foi a construção, em 1993, dos 137,6
km da Linha Verde, ligando os municípios de Mata
Turismo histórico
Antes de montar seu restaurante, Nati trabalhou
com o empresário paulista Klaus Peters, pioneiro
ESTRADA DO COCO/
LINHA VERDE
SE
Rio Real
R
Praia do Forte
Mangue
Seco
Esplanada
n
Siribinha
Sítio do Conde
É a principal praia do Lito
ral Norte da Bahia.
Os destaques são o cast
elo Garcia D'Ávila,
construído no século 16,
e a visita às
tartarugas marinhas, nas
instalações do
Projeto Tamar. Além, é clar
o, das praias.
Imbassaí
Lin
ha
Ve
rde
A antiga vila de pescadores
também tornou-se
um agradável polo turístico
. Destaque para o
encontro do Rio Imbassa
í com o mar, que
proporciona um cenário para
disíaco.
Alagoinhas
Subaúma
BAHIA
Sauípe
Catu
Diogo
Mata de
São João
do
Camaçari
Es
tra
da
Candeias
Co
co
Santo Amaro
Itacimirim
t
Guarajuba
ar
Arembepe
be
b
Abrantes
Lauro de Freitas
L
a
Praia do Forte
A vila (cujo nome homena
geia o navegador
português Diogo Álvares
Correia, o
Caramuru) ainda mantém
um aspecto
rústico, ideal para quem
gosta de acampar
e caminhar pelas dunas.
Sauípe
O Parque Sauípe, reserva
ecológica que
abriga um museu de hist
ória natural no
qual é contada a história
da regi
parada obrigatória. Destaqu ão, é
e também
para o complexo de hoté
is da
Costa do Sauípe.
Mangue Seco
Salvador
Oceano
Atlântico
10
Imbassaí
Diogo
As dunas e a vila de pescado
res são famosas
por terem sido cenário das
filmagens da novela
“Tieta”, baseado na obra
de Jorge Amado, em
1989. Chegar lá é uma aven
tura, que começa
quando se cruza o Rio Rea
l de balsa.
ππNati: início servindo comida a surfistas na porta de casa
do turismo no Litoral Norte. Em 1971, Peters comprou os cerca de 30 mil hectares da Fazenda Praia do
Forte, que incluía a vila de pescadores e o castelo de
Garcia D'Ávila, antiga sede da fazenda. Seu projeto
era erguer um grande hotel – o Ecoresort Praia do
Forte, inaugurado nos anos 1980 – e começar a explorar a potencialidade turística da região.
Além das belezas naturais, Peters enxergou potencial para o turismo histórico – afinal, o castelo
Garcia D'Ávila (ou Casa da Torre), construído em
1551, é um raro exemplar brasileiro de arquitetura
medieval, tombado como patrimônio histórico nacional.
A história do castelo é cercada de mistérios, o
que atrai turistas e pesquisadores. Para alguns historiadores, Garcia D'Ávila teria sido um filho bastardo do primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de
Sousa. Dele, recebeu doações de glebas de terra que,
estima-se, iam da Bahia ao Maranhão, somando entre 300 mil e 800 mil km2 – terras que pertenceram
a seus descendentes por mais de três séculos.
O castelo é administrado pela Fundação Garcia
D'Ávila, criada por Peters, e atrai cerca de 20 mil visitantes por ano, boa parte dos quais se torna clientela da Casa da Nati. Antes de abrir o próprio negócio, ela foi, por quase 10 anos, o braço-direito de
Peters no Ecoresort. "Fui de caixa a assistente de
Recursos Humanos. Ajudava na recepção, operava
Telex... fazia de tudo, aprendi muito com ele. Depois,
montei meu negócio."
O eterno faroleiro
O projeto do empresário, que faleceu em 2006,
ia além da exploração do turismo: seu plano era levar
desenvolvimento à vila, através da atração de novos
empreendimentos, que incluíssem e gerassem oportunidades de trabalho para a população local, descendente, em sua maioria, de ex-escravos da Casa da
Torre. O modelo da Praia do Forte tem servido de
inspiração a outras vilas da Linha Verde, como Barra
de Jacuípe, Imbassaí, Diogo, Sauípe, Conde e, mais
ao norte, Mangue Seco.
Aos 77 anos, José Pereira Nunes, o Cajueiro, figura folclórica da região, ainda se lembra como eram as
coisas "antes do tempo de Sr. Klaus". "Parecia com
o tempo da escravidão, sabe?", lembra-se Cajueiro,
apelido que carrega desde o berço, porque sua mãe,
na gravidez, escapulia de casa para comer cajus.
Nascido e criado na Praia do Forte, e desde sempre curioso, perspicaz e dinâmico (ele já foi mecânico, ferreiro, pescador, pedreiro, encanador, reparador
de barcos, perfurador de poços, líder comunitário,
capoeirista e, atualmente, ainda anda de bicicleta, joga dominó e toca pandeiro em serestas), Cajueiro batia de frente com o "atraso" da mentalidade senhorial dos antigos donos da Fazenda. "Não deixavam
Odebrecht informa
11
C a m i n h o s
12
d a
A m é r i c a
ππA partir do alto, no sentido horário, a vila da Praia do Forte, tartaruga
mantida pelo Projeto Tamar, o faroleiro Cajueiro, a Estrada do Coco e o
castelo de Garcia D´Ávila
Odebrecht informa
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C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
ππAdauto Poeta: nativo da região, vive em uma casa de madeira em meio à paz da Mata Atlântica
os moradores construírem nada, não podíamos ter
banheiro nem telhas nas casas. Quando os patrões
chegavam à vila e viam que estava tudo igual, parado,
aí era que eles gostavam", recorda.
Dono de prodigiosa memória, Cajueiro ilustra
com seus "causos" a tenacidade que, aos poucos, foi
fazendo dele um agente do desenvolvimento da comunidade. "Uma vez precisei construir uma mureta de tijolos ao lado da parede [de taipa] da casa de
meu pai, para barrar um veio d'água que fazia a parede apodrecer. Aí, a proprietária mandou me chamar.
Disse que não era para construir, porque o terreno
era dela, e ela não tinha autorizado. Respondi que o
terreno podia ser dela, mas a casa era de meu pai, e
eu só não construiria se Deus do céu descesse para
desfazer a ordem dele." E fez a mureta.
Reconhecido na vila por seus mil e um préstimos,
o bonachão Cajueiro é especialmente famoso por um
deles: é o eterno faroleiro (operador do farol) da Praia
do Forte, com direito a patente da Marinha. Foi ele,
14
aliás, quem recepcionou, nos anos 1980, os fundadores do Projeto Tamar, Guy e Neca Marcovaldi, quando
eles instalaram, na casa do Farol, a primeira sede do
então recém-criado projeto de preservação de tartarugas marinhas. Hoje, o Tamar recebe em média 600
mil visitantes por ano - ao todo, já recebeu mais de 15
milhões de pessoas. Muitas das quais, diga-se novamente de passagem, fregueses da Casa da Nati.
Cajueiro relata que, até meados do século 20,
quando a Estrada do Coco ainda não era pavimentada,
para ir a Salvador era preciso viajar a cavalo, por estradas de barro, até a cidade vizinha de Dias D’Ávila, e
de lá seguir de trem, ou ir de barco, margeando a costa, ou mesmo a pé, em uma caminhada de um dia. A
pavimentação da primeira Estrada do Coco, nos anos
1950, também teve participação da Odebrecht.
Da mata à tela
Mas há quem ache que a Praia do Forte cresceu demais e prefira o silêncio da Mata Atlântica.
ππCasal em frente à igreja no centro da vila: ritmo de vida que permite seu desfrute
É o caso de Adauto Nascimento - o Adauto Poeta,
54 anos, artista do Litoral Norte. Nativo da vila,
ele mudou-se de lá há 10 anos e hoje vive do outro lado da Estrada do Coco, em uma casa de madeira nas franjas da área de proteção ambiental de
Sapiranga, a 2 km da Praia do Forte.
Pescador de profissão, Adauto participa de saraus de poesia há 30 anos. Tem um grupo de reggae
e coordena o projeto Canto Eco na Mata, que convida bandas da região para apresentações mensais em
seu bar, o Recanto do Poeta, na entrada da reserva.
Os shows chegam a reunir mil pessoas.
Com área de 5,33 km2, a reserva de Sapiranga
também é administrada pela Fundação Garcia
D'Ávila. Ali, há dois anos, a Fundação criou o projeto Reserva Sustentável, que realiza ações educativas de capacitação das comunidades do entorno.
Mais de 900 moradores já aprenderam técnicas de
plantio, cuidados com animais e confecção de bijuterias de palha e coco. Mais de 180 mil mudas
nativas já foram plantadas na área da reserva.
Adauto é um dos parceiros do projeto, que recebe cerca de 20 mil visitantes por ano. Muitos
fazem uma parada no Recanto do Poeta, para provar os bolinhos de peixe de dona Caçula, esposa
do poeta. E assim, vai-se conseguindo sustentar a
casa, sem ter que buscar trabalho fora da reserva.
Conectado ao mundo, o Litoral Norte segue
atraindo turistas e profissionais de fora do país,
que se encantam e, em alguns casos se integram
à região, como aconteceu com o cineasta californiano Kaya Verruno, 27 anos, que desde os 3 anos
passa as férias na Praia do Forte. Ele escreveu e dirigiu, em 2010, o filme Na Sombra da Linha Verde,
que narra a história de um jovem que retorna ao
Litoral Norte para viver com o avô e recobrar suas raízes. O filme ganhou prêmio de revelação no
Festival do Filme Brasileiro de Los Angeles. O
elenco é formado por moradores da região. A estrela do filme é Adauto. E a narradora, Nati. ]
Odebrecht informa
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C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
rota das bandeiras
Texto Ricardo Sangiovanni | Fotos Geraldo Pestalozzi
O produtor de flores Fernando Avancine, 50 anos,
vive no interior de São Paulo, estado dono da maior
movimentação econômica do país, com um consumo de R$ 382 bilhões ao ano, segundo cálculos feitos a partir de dados de 2012 do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE). Fernando certamente
dá sua parcela de contribuição a essa cifra. Mas sua
maior colaboração para a vida na região é sem dúvida
outra: "A gente vende beleza".
Para "vender beleza", revela o agrônomo, é essencial poder produzir as flores em um local bem conectado com o centro distribuidor, onde as plantas serão
comercializadas. "Flor é um produto vivo, delicado.
Precisa chegar rapidamente e sem desgaste. A demora
faz a flor perder muito, e ninguém quer dar flor feia
à namorada. Só se quiser arrumar briga", diverte-se.
Fernando mora em Atibaia. Seu horto fica a 3 km
16
do centro da cidade, que tem cerca de 400 produtores e é o município com maior área de cultivo de flores em São Paulo. Com seu caminhão, ele percorre em
menos de uma hora, pela Rodovia D. Pedro I, o trecho
entre a Flora Avancine e a Central de Abastecimento
(Ceasa) de Campinas, que abriga o maior mercado
permanente de flores da América Latina, onde tem
um boxe.
O caminhão da flora é apenas um dos cerca de 125
mil veículos que passam por dia pela D. Pedro I, principal estrada do sistema operado pela concessionária
Rota das Bandeiras, empresa da Odebrecht TransPort.
Por ano, são mais de 85 milhões de veículos, em um
ritmo que vem crescendo ano a ano. Desde o início
da concessão, em 2009, a empresa já investiu R$ 786
milhões em obras de melhorias - e, em 30 anos, a previsão de investimentos é de R$ 2,6 bilhões.
ππPonte na D. Pedro I (na página ao lado) e Fernando Avancine com sua equipe: "A gente vende beleza"
Caminho de volta
Paulistano descendente de imigrantes italianos,
Fernando resolveu se mudar, com a esposa, Guaraci,
para Atibaia, em 1985, após os dois se formarem em
Agronomia. Nos primeiros anos, moraram no sítio
onde hoje funciona a flora. "Era o sítio do meu pai.
Passávamos lá as férias em família quando eu era pequeno. Decidi que queria montar algo novo, algum
negócio que fosse meu. E aquela era a terra que tínhamos para começar."
Após tentativas frustradas de criar cabras, que fugiam, e pepinos, que eram "um verdadeiro pepino",
Fernando seguiu o conselho de um amigo e investiu
no ramo de flores. Os livros, geralmente em holandês
e japonês, culturas em que é típico o cultivo de flores, foram, de cara, uma barreira. Mas Fernando perseverou: estudou como pôde e sujou muito as mãos
de terra até tornar-se expert. Logo viu que, se quisesse mexer com flor, a dedicação teria que ser total. "Jogava futebol todo fim de semana. Até o dia em
que deu um temporal inesperado. Saí correndo do jogo, mas não cheguei a tempo de salvar as mudas. Foi
quando abandonei o futebol. Foram anos sem fim de
semana."
ROTA DAS BANDEIRAS
Paulínia
Capital cultural da região,
com destaque
para o polo de cinema, ond
e já foram
rodadas grandes produçõ
es nacionais.
Mogi Guaçu
Rod.
R
d. General
Genera
Gen
erra Milton
Tavares de Souza
Conchal
C
Campinas
Mogi Mirim
M
Engenheiro Coelho
Artur
Nogueira
A
É o motor da economia
do interior de São
Paulo. Na beira da D. Ped
ro I localiza-se um
enorme mercado de frut
as e flores: a
Ceasa Campinas.
MG
Cosmópolis
Campinas
Paulínia
Itatiba
Jarinu
Valinhos
Louveira
Jundiaí
Atibaia
Cor
red
Bom Jesus dos Perdões utra
or D
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Jundiaí
SÃO PAULO
São Paulo
Nazaré
Paulista
nna
n Se
yrto
A
.
d
Ro
Jacareí
Vale a pena conhecer a
Serra do Japi,
cadeia de montanhas tom
bada pela
Unesco como reserva da
biosfera,
localizada nas proximid
ades da cidade.
Atibaia
Principal polo produtor de
flores, às
margens da Rodovia D.P
edro I, com destaque
para as orquídeas e plan
tas de jardim.
Nazaré Paulista
Dona das paisagens mai
s bonitas da
viagem pelo Corredor D.
Pedro I, graças à
represa que forma imenso
s lagos artificiais.
Odebrecht informa
17
C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
ππPropriedade típica da região e Salvador Brotto: exportações pelo Aeroporto Internacional de Cumbica
A flora começou com três tipos de mudas de forragem (para plantio em jardim). Hoje, produz mais de
110. Sálvia, minirrosa, impatiens e bela-emília são as
mais vendidas. A comercialização é feita nas Ceasas
de Campinas, São José dos Campos e São Paulo. No
início do negócio, eram só ele e a esposa. Hoje, além
de ter incorporado mais um sócio, dá oportunidade de trabalho a 40 pessoas. "Olhando para trás, não
sei como tivemos forças para chegar até aqui. Mas as
lembranças são ótimas", resume.
Figos tipo exportação
Além das flores, o chamado "circuito das frutas" também se destaca na economia do interior
paulista. Trata-se do cinturão verde, formado por
10 cidades, com tradição em cultura de frutas exóticas, todas próximas à D. Pedro I: Atibaia, Indaiatuba,
Itatiba, Itupeva, Jarinu, Jundiaí, Louveira, Morungaba,
18
Valinhos e Vinhedo, que somam mais da metade da
produção paulista de frutas.
Figo é a especialidade de Salvador Brotto, 50 anos,
outro descendente de italianos, que hoje planta a fruta na antiga fazenda onde o avô plantou café. "É uma
fruta delicada, que dá trabalho, mas tem boa aceitação
no mercado local e internacional", explica.
Brotto começou a trabalhar aos 10 anos. A plantar
figo, começou há mais de 30. Astuto, notou que teria
mais lucratividade se eliminasse da cadeia de comercialização a empresa que contratava para negociar as
exportações. "O importante era chegar lá fora. Corri
atrás, aprendi inglês, montei um site e, hoje, exporto
para toda a Europa", conta, orgulhoso. Em sua fazenda, 100 trabalhadores cuidam da produção, da embalagem e do transporte dos frutos.
Por ser delicado, o figo não pode ser transportado em grandes quantidades. Por isso, a exportação
é feita em aviões de passageiros, no compartimento de bagagem. Hoje, Brotto exporta principalmente pelo Aeroporto Internacional de Cumbica, em
Guarulhos (SP), de onde saem mais voos de passageiros. Porém, com o aumento do tráfego de passageiros
em Viracopos, em Campinas, após as obras de ampliação, a tendência é que esse aeroporto, por ser mais
próximo, torne-se a melhor opção. E como a Rota das
Bandeiras construirá os 10 km que faltam para completar o contorno sul do Rodoanel de Campinas, ligando a D. Pedro I à região do aeroporto, estrada boa
para levar os figos é o que não faltará. ]
ππDionisia Turco Quispe: "Agora, com a rodovia, vendemos mais"
Interoceânica sul
Texto Luiz Carlos Ramos | Fotos Márcio Lima
Peru e Brasil uniram seus tesouros em um magnífico exemplo de comunicação e intercâmbio. A evidente evolução da economia, do turismo e da qualidade de vida vai além da extensão e das extremidades da Interoceânica Sul, obra rodoviária que, desde
2010, permite a ligação entre os Oceanos Pacífico e
Atlântico e facilita a integração com o sistema viário sul-americano. Para o Peru, a estrada favorece
não apenas a exportação de produtos, mas também
a recepção de turistas brasileiros em busca de paisagens andinas, relíquias históricas e um rico folclore.
Os cidadãos peruanos, por sua vez, ganham acesso
às atrações do Brasil.
Ao longo da rodovia, já se observa o novo ciclo de desenvolvimento, como ocorre nos trechos
2 e 3, que somam 649 km, construídos pelo
Conirsa, consórcio liderado pela Odebrecht Peru
e formado ainda pelas peruanas Graña y Montero
e JJC Contratistas Generales. A Concessionária
IIRSA Sul, da qual fazem parte Odebrecht, JJC
e Ingenieros Civiles Contratistas Generales, é a
responsável pela manutenção, com mais 20 anos
de contrato pela frente. O trecho 2 sai da região
de Cuzco, 3.410 m acima do nível do mar, passa pelo ponto gelado de Pirhuayani, nos Andes,
a 4.725 m de altitude, o mais elevado da obra, e
vai descendo até Puente Iñambari, início do trecho 3, que segue pela quente planície da Floresta
Amazônica até a ponte sobre o Rio Acre, fronteira
com o Brasil.
Odebrecht informa
19
C a m i n h o s
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A m é r i c a
ππAlpacas em Ocongate e (na página ao lado) Zenobio Vargas: agradecimento aos deuses das montanhas
IIRSA é sigla da Iniciativa para a Integração da
Infraestrutura Regional Sul-Americana, ação assumida, em 2000, pelos 12 países da América do
Sul, para as áreas de transporte, telecomunicações e energia. No Peru, além da IIRSA Sul, surgiu a IIRSA Norte, também a cargo da Odebrecht,
ligando o porto litorâneo de Paita ao porto de Yurimaguas, na bacia do Amazonas. Já na
Interoceânica Sul, o Altiplano une-se, por três ramais, a portos do Pacífico: San Juan de Marcona,
Matarani e Ilo.
Por meio desse complexo e de outras rodovias, é possível viajar de automóvel, ônibus ou
caminhão de Lima a São Paulo por 5.917 km, via
Ica, Nazca, Cuzco, Urcos, Puerto Maldonado e as
cidades brasileiras de Rio Branco, Porto Velho e
Cuiabá. Uma linha de ônibus Ormeño faz esse trajeto até o Terminal do Tietê em quatro dias e quatro noites.
20
Odebrecht Informa percorreu a Interoceânica
Sul em junho. Nossa equipe visitou Cuzco que,
nesse mês, vive época especial pela Festa do
Solstício, a Inti Raymi, dedicada ao deus Sol – tradição anual dos tempos do Império Inca –, passou
pela placa de Urcos que indica o início do trecho
2 e mergulhou em um fantástico sobe e desce de
curvas e descobertas.
A vida no alto dos Andes
Primeira parada: Alto Cuyuni, 4.185 m de altitude, pouco acima do mirante em que o espetáculo é a vista para o pico nevado Ausangate, 6.384
m acima do nível do mar. O mirante está sendo
reconstruído e terá moderno restaurante de comida típica, que substituirá o antigo. É preparado para a chegada de visitantes peruanos e estrangeiros.
Zenobio Vargas, coordenador de turismo
regional, líder da comunidade, chega junto com
RODOVIA INTEROCEÂNICA SUL
BRASIL
Iñapari
Santa Rosa
Puerto Maldonado
Lima
Abancayy
Paracari
Santa Rosa
Cusco
Ica
Situada na área de altitude
s mais elevadas
da Interoceânica Sul, em
que a rodovia
chega a 4.725 m acima
do nível do mar,
está na região de criação
de alpacas.
Rodovia
Interoceânica
Sul
a
San Francisco
Puerto Maldonado
Urcos
Principal cidade da Amazô
nia peruana ao
longo da Interoceânica Sul,
ampliou sua
importância para a econom
ia do país nos
últimos dois anos.
Nasca
PERU
Juliaca
La
Puno
Ti
go
Puerto
San Juan
tic
a
c
a
Iñapari
Arequipa
Oceano
Pacífico
Moquegua
Puerto
Matarani
Ilo
Urcos
Localizada no Altiplano
e ligada à histórica
Cuzco, marca o início do
trecho da
Interoceânica Sul rumo
à fronteira
com o Brasil.
BOLÍVIA
Localizada no fim do trec
ho peruano da
Interoceânica Sul, perto
do Rio Acre, é o
ponto de conexão com
o sistema
rodoviário brasileiro.
amigos músicos, todos com roupas indígenas e
instrumentos do Altiplano – flauta, bombo, pututu, e avisa: “Vamos agradecer aos deuses destas
montanhas.” E passa a organizar um ritual, herança
inca. Dionisia Turco Quispe, de etnia quéchua, e
seus três filhos ficam junto à pista para vender artigos de artesanato que produzem – colares, braceletes, mantas. “Agora, com a rodovia pronta, já
vendemos mais”, afirma Dionisia.
As pequenas comunidades sucedem-se. Em
Ocongate, vila maior, a 3.800 m de altitude, há
motivos para comemorações: produtores de alpaca
da região planejam aumentar a produção de pelo
de alpaca, fibras vendidas para fabricar agasalhos
em Arequipa. A ambição: vender roupas diretamente ao mercado europeu. A exemplo da lhama,
a alpaca é um animal camelídeo sul-americano
doméstico, típico dos Andes. Já a vicunha e o huanaco, seus “primos”, são silvestres.
“A vicunha, parecida com a alpaca, está no escudo do Peru, como exemplo da riqueza da fauna,
ao lado de uma árvore e de uma cornucópia, recursos da flora e dos minérios”, explica Hamlet Aza,
coordenador do programa de incentivo aos alpaqueiros de Ocongate e Marcapata.
Em Tinke, Hamlet reúne-se com os produtores Wilmer Maza e José Apalza e com o veterinário Victor Pimentel, diante de dezenas de
alpacas, para planejar a tosquia. “A alpaca é útil por
Odebrecht informa
21
C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
suas fibras. Pode ser tosquiada anualmente por
seis anos. Também serve de alimento. Churrasco
de alpaca está entre as delícias do Peru”, comenta Pimentel. “A estrada trouxe benefícios, deixounos mais perto dos compradores.”
De repente, começa uma nova subida. Segura e
bem-sinalizada, a pista de asfalto da Interoceânica,
construída em quase cinco anos por heroicos trabalhadores, leva aos 4.725 m de Pirhuayani. Para a
nativa pastora de alpacas Marcusa Huamán, acostumada à rarefação do ar, é tudo natural. Ela dá a
mão ao filho Franklin, de 8 anos, atravessa a estrada e caminha rapidamente a um ponto mais alto.
“A estrada ficou bonita e facilitou nossa vida”, diz.
Marcapata é a parada seguinte. É uma vila de
costumes indígenas, a 2.900 m, onde a igreja de
San Francisco, de mais de 300 anos, recuperada
com ajuda financeira do Conirsa, reforça o interesse dos turistas.
Rumo à selva amazônica
O caminho, agora, é só descida. Conforme o
carro avança em direção a terras mais próximas do
nível do mar, os áridos Andes desaparecem, começam a surgir as planícies verdes, e então a região
de Puerto Maldonado, 40 mil habitantes, em plena
Amazônia, altitude de apenas 180 m. A paisagem
acompanha o viajante nos próximos quilômetros.
San Francisco é o nome do lugarejo caracterizado
pelo cultivo de cacau, logo após a ponte sobre o
Rio Madre de Diós, perto da agora movimentada
Puerto Maldonado, onde se multiplicaram os automóveis, as motos triciclos, os caminhões, as linhas áreas e os hotéis.
“Com a estrada, nossa vida mudou”, comenta
Estanislao Curinambe, Presidente da Associação
Técnica do Cultivo de Cacau no Departamento
de Madre de Diós, entidade integrada por mais de
300 produtores. Curinambe conta que a região já
aumentou a produção e pretende até lançar uma
fábrica para ter sua marca de chocolate. “No momento, vendemos o cacau para duas indústrias
peruanas, mas teremos nosso chocolate próprio,
nossa marca, para exportar para vários países. A
nova rodovia reforçou nossas ambições e melhorou a qualidade de vida da região.”
A 10 km dali, Victor Zambrano Diaz, 66 anos,
diz, orgulhoso, que nasceu em Puerto Maldonado.
Junto ao Rio Tambopata, afluente do Madre de
Diós, ele mantém uma propriedade rural, Refúgio
ππA Interoceânica Sul na fronteira do Brasil com o
Peru: elemento de integração binacional
22
ππEstanislao Curinambe: chocolate para exportação
Kerenda Homet, em que recompôs a Mata
Amazônica e agora produz plantas medicinais e
flores para serem comercializadas. Zambrano explica: “Vinte anos atrás, esta mata não existia.
Agora, somos um exemplo de ação de sustentabilidade. Minha esposa, Rosa, cuida da produção de
flores tropicais. Dos meus cinco filhos, é Kerenda,
a filha mais nova, de 16 anos, quem está sendo
preparada para assumir os negócios”.
A duas horas de estrada dali termina o Peru,
começa o Brasil. De um lado da ponte sobre o Rio
Acre, inaugurada em 2004, a peruana Iñapari, e,
do outro, Assis Brasil. Em território brasileiro, a
placa indica: “Rio Branco, 330 km”.
“Rio Branco? Já fui lá, pela Rodovia
Interoceânica. Maravilha de estrada. Vou outra vez, mas para conhecer algo mais do Brasil,
Rio de Janeiro, São Paulo”, conta, na Plaza de
Armas de Cuzco, a estudante de Enfermagem
Cleofe Medrano, 45 anos, ao lado da amiga Lilian
Bordagallego, estudante de Contabilidade, enquanto elas se preparam para os desfiles de junho.
Cuzco e a fantástica Machu Picchu têm aparecido em filmes americanos e telenovelas brasileiras. Turistas do Brasil, Estados Unidos, Europa
e Japão invadem as ruas da antiga capital pré-colombiana, que, há cinco séculos, era unida a Quito
pelo Caminho do Inca.
Em Lima, o engenheiro Jorge Barata, baiano de
Salvador, há 30 anos na Odebrecht, dos quais 25
passados entre Peru, Equador e Colômbia, hoje
Diretor Executivo da Odebrecht Latinvest (empresa da Organização criada para desenvolver novos
projetos na América do Sul), olha para o mapa da
Interoceânica Sul, cuja construção acompanhou
inteiramente. “Essa rodovia provocou efeito local
e regional em áreas antes isoladas do resto do país.
Tudo melhorou no percurso. As pessoas já circulam mais, agora que, além de tudo, a economia peruana está revitalizada. O turismo cresceu.” ]
Odebrecht informa
23
C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
rota do sol
Texto Luiz Carlos Ramos | Fotos Márcio Lima
Puerto Boyacá, município de cerca de 60 mil habitantes situado em uma planície quente, às margens
do Rio Magdalena, entre as Cordilheiras Central e
Oriental dos Andes, vive um período de paz e de
evolução econômica. As tensões políticas, que nos
anos 1970 e 1980 atingiram essa região da Colômbia,
deram lugar à prosperidade e à ambição de superar
problemas, com base na produção de petróleo, na
criação de gado e no turismo. E a atual esperança de
Puerto Boyacá tem tudo a ver com a certeza de que,
com a rodovia Rota do Sol concluída, em 2016, ficará muito mais rápida e segura a ligação da cidade com a capital, Bogotá, e com outros centros, como Medellín, Bucaramanga e os portos do Caribe:
Cartagena, Santa Marta e Barranquilla. Da histórica
Plaza Simón Bolivar, em Bogotá, 2.630 m acima do
nível do mar, a equipe de Odebrecht Informa seguiu
a Puerto Salgar, a apenas 177 m de altitude. Após
195 km em uma sinuosa descida por outra estrada,
chegamos à Ruta del Sol (Rota do Sol). Uma experiência que ficará para sempre em nossa memória.
A Colômbia, país de 47 milhões de habitantes,
tem 32 departamentos, correspondentes a estados ou
províncias. O município de Puerto Boyacá, parte do
Departamento de Boyacá, é atravessado pela futura
Rota do Sol, atual Rota 45, estrada em fase de modernização (da antiga pista) e de construção da segunda
pista ao longo de 1.071 km. O Trecho 2, o maior da
obra, com 528 km, entre Puerto Salgar e San Roque,
é desenvolvido pelo Consórcio Ruta del Sol, sob a liderança da Odebrecht, com as colombianas Episol
(Corficolombiana) e Construtora Carlos Solarte.
Mesas de debates entre a administração pública, empresários e representantes das comunidades
ππParticipantes de campanha de educação no trânsito e o tráfego pesado na Rota do Sol: segurança e
desenvolvimento
24
de Puerto Boyacá, com apoio do Prefeito Fernando
Rubio López, ajudam a solucionar questões de qualidade de vida e do meio ambiente. “Percebemos as
vantagens econômicas trazidas pela Rota do Sol.
Surgem novos hotéis e restaurantes. Mas pedimos
para o Ministério de Transporte incluir no projeto
um acesso de duas pistas da rodovia à cidade, para evitar acidentes e melhorar o turismo, já que temos belos recantos”, diz o vereador Héctor Eduardo
Lesmes Martinez, 44 anos, produtor de gado.
Com intenso movimento de caminhões de
transporte de petróleo e gasolina na pista única,
a viagem de carro de 282 km, de Puerto Boyacá a
Bogotá, é feita em seis horas. Para Cartagena, a 853
km, são 16 horas. Esse tempo cairá bastante, prevê
Lesmes Martinez, que incentiva campanhas da comunidade pela segurança na rodovia. Com ajuda da
Polícia Militar, um dos eventos transforma-se em
alegre sessão teatral, realizada por 20 jovens, de 14
a 28 anos, do grupo Comunidades Unidas, que distribuem folhetos e alertam para os sinais de trânsito. Jhonatas Mosquera, Diego Cabezas, Julika Ku e
Kelly Garzón vivem o caso do fictício motociclista
advertido pelo policial por não usar capacete.
O rio e a rodovia
O Rio Magdalena atravessa a Colômbia de sul a
norte e acompanha a rodovia. Placas de pequenos
restaurantes ao longo da estrada oferecem atrações
da gastronomia regional: sopa, carne ou peixe (bagre), arroz, feijão, patacón (banana-verde frita), salada de abacate e, claro, arepa – a típica broa de milho.
No bairro Km 25, a 10 km da cidade de Puerto
Boyacá, cerca de 300 pessoas participam da Jornada
de Integração Comunitária, em que o consórcio recebe a adesão do Exército Colombiano e da Polícia
Militar para oferecer explicações sobre a rodovia e
promover consultas com médicos e dentistas, além
de corte de cabelo e serviços de sapateiro. O sargento Abraham Rojas traz 10 soldados, uma médica e uma dentista do regimento: “Essa aproximação entre militares e civis tem sido saudável”, analisa Rojas. A médica Maria Quintero e a dentista
Caterine Sanchez atendem dezenas de pacientes.
No município de Puerto Salgar, havia uma
pequena escola pública do Departamento de
Cundinamarca no caminho das obras da estrada.
Havia. Não existe mais: o prédio foi demolido para
que fosse aberta a segunda pista. Mas já está pronta
uma escola ampla, construída pelo Consórcio Rota
do Sol, a 100 m da rodovia.
Beatriz Santos, Diretora dessa escola, o Instituto
de Educação Policarpa Salavarrieta, Sede Rural de
San Cayetano, está feliz. Ao visitar o prédio de salas
de aula com ar-condicionado, restaurante e quadra
de esportes, onde receberá os alunos, prevê: “Eles
Odebrecht informa
25
C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
ππO vereador Hector Lesmes: mais segurança e
turismo para Puerto Boyacá
vão gostar. Ficou tudo melhor. Vai dar até para ampliar o número de alunos, hoje em torno de 50, dos
4 aos 15 anos de idade. A rodovia já melhorou muito. A região também”.
Os estudantes moram em fazendas, de onde um
ônibus conduzido por Mary Luz Rondón os leva para as aulas. O filho de Mary, Jesus David, de 10 anos,
um dos alunos, quis conhecer o novo prédio. “Ele
adorou”, diz.
ROTA DO SOL
Santa Marta
Valledupar
San Roque
26
Puerto Boyacá
Localizada em uma região de
grande produção de petróleo
e gado, superou tensões
políticas e agora cresce com
a rodovia.
COLÔMBIA
Aguachica
Novos dias em La Fortuna,
Barrancabermeja e San Alberto
La Fortuna, vila situada perto do acesso à evoluída Bucaramanga, Departamento de Santander,
reúne histórias de gente que precisou trocar de
moradia por causa das obras. É o caso da família
Hernandez, hoje instalada em confortável casa de
quatro quartos. “Morávamos perto de onde está
sendo construída a ponte sobre o Rio Sogamoso”,
conta Robinson Hernandez, ao lado da esposa, Esmeralda, e dos filhos, Sérgio, de 6 anos, e
Esmeralda, de 10. “Lá, eu mantinha um bar e duas
mesas de bilhar, meu trabalho. Veio a desapropriação, recebi indenização, juntei com economias, construí a casa e comprei um caminhão
basculante.” A família reconhece estar em um
lugar melhor, enquanto Robinson busca serviços
em obras para usar o caminhão. Em construção, a
nova ponte sobre o Sogamoso terá 734 m.
Puerto Salgar
Próxima ao Rio Magdalena,
essa cidade está ligada a
Bogotá e marca o início do
trecho da Rota do Sol que vai
até o norte da Colômbia.
San Alberto
Rota
do Sol
San Alberto
Barrancabermeja
Situada ao lado da refinaria
de petróleo de
Barrancabermeja
e da pujante cidade de
Bucaramanga, conserva
hábitos e costumes históricos
da região, com destaque para
a culinária.
Aguachica
Puerto Boyacá
Puerto Salgar
Bogotá
No norte da Colômbia, faz
parte de uma região de
planície localizada entre duas
cadeias de montanhas dos
Andes, caminho para o litoral.
San Roque
Fim do trecho sob
responsabilidade do Consócio
Ruta del Sol, é a ligação com
as cidades de Santa Marta,
Barranquilla e Cartagena,
no Caribe.
ππEvangelista Arias em sua loja de doces:
"O movimento de crianças aumentou". Na foto
acima, integrantes da comunidade participam da
campanha de educação no trânsito
Barrancabermeja, cidade da maior refinaria de
petróleo do país, evidencia a evolução econômica. A
estrada facilitará a chegada dos caminhões com petróleo e a saída da gasolina para o resto do país. No
rumo norte, a paisagem ganha a adesão de palmeiras, outra riqueza com a produção de óleo de palma.
Evangelista Arias Jiménez, 60 anos, deficiente
físico, mora em San Alberto e não esconde a alegria
ao ver sua loja de doces e balas ser procurada por
crianças. “Aqui, está muito melhor”, diz, ao atender
Nicole Inara, de 8 anos, que chega com quatro primos menores. “Minha loja era menor, na beira da
rodovia. Pago aluguel neste imóvel, e o consórcio da
estrada forneceu balcões e armários. O movimento
de crianças aumentou”, explica.
Além da recuperação da antiga via e da construção da segunda pista, pontes e viadutos, obras
iniciadas em 2011, com conclusão prevista para 2016, o consórcio tem a missão de conservar seu trecho por um período de até 25 anos.
Diretor-Superintendente da Odebrecht Colômbia,
Eleuberto Martorelli, explica: “A Rota do Sol é o
corredor rodoviário mais importante do país, porque permite a ligação de Bogotá e das principais cidades aos portos de Cartagena, Barranquilla e Santa
Marta, cruzando uma região onde se concentram
cerca de 70% do PIB nacional. É por essa rodovia
que saem os principais produtos de exportação colombianos – petróleo, carvão, café. A obra alavancará a economia pela evolução da indústria, do comércio e do turismo, com a consequente geração de
oportunidades de trabalho.” A Concessionária Rota
do Sol, presidida por Eder Paolo Ferracuti, tem hoje em seus quadros quase 800 integrantes atuando na operação e na manutenção da rodovia. Já o
Consórcio Construtor Consol mantém duas frentes
de trabalho, Norte e Sul, lideradas, respectivamente, pelos Diretores de Contrato Ricardo Paredes e
Marcelo Piller, que contam com mais de 4 mil integrantes para a construção da segunda pista e a recuperação da pista existente.
O Trecho 2 da Rota do Sol termina em San
Roque e será unido ao Trecho 3 e a estradas que
correm próximas ao Pacífico e ao Atlântico. Junto ao
Caribe, a planície encontra a elevada Serra Nevada.
A estrada passa por Aracataca, cidade onde nasceu,
em 1927, Gabriel García Márquez, Prêmio Nobel de
Literatura, autor de algumas das maiores obras-primas da literatura latino-americana e mundial. Em
alguns momentos da viagem, a paisagem relembra cenários de realismo mágico da fictícia aldeia
de Macondo, retratada em Cem Anos de Solidão. E
emociona, tal qual o livro. ]
Odebrecht informa
27
C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
panamá-colón
Texto João Marcondes | Fotos Celso Doni
Em Colón sopra um vento úmido e quente. Caribe.
Nas ruas, todos usam vestes de gala, para a recepção
à jovem Rainha da Inglaterra, Elisabeth II. As mulheres, com elegantes chapéus de abas largas, e os homens, com ternos impecáveis, mesmo sob o calor que
ultrapassa os 30ºC. A visita real é especialmente
aguardada por súditos do Império Britânico, imigrantes vindos de ilhas próximas. Há um frisson pelas
ruas da bela cidade, com arquitetura colonial francesa (semelhante à de Nova Orleans, com suas mansões e balcões) e lugares dos mais distintos, como os
teatros Rex e Lido, que evocam as soirées parisienses.
Por causa de sua riqueza, Colón é conhecida como
Tacita de Oro (Tacinha de Ouro). É a ponta atlântica
do Canal do Panamá.
A visita da rainha foi em um longínquo 1953, há
60 anos. Aquela Colón não existe mais. Aquele mundo não existe mais. Ainda assim, a cidade, hoje com
280 mil habitantes, continua sendo importante. É a
porta do Atlântico para o Panamá (enquanto a capital,
Cidade do Panamá, é a porta do Pacífico) e um dos
entrepostos comerciais mais vibrantes do mundo.
Um dos grandes problemas que afetaram Colón
nas últimas seis décadas foi a falta de uma rodovia
segura e rápida até a Cidade do Panamá. No entanto,
agora Colón está a caminho de reviver seus tempos
de glória, com a inauguração da Autoestrada PanamáColón, batizada Dom Alberto Motta Cardoze, em
homenagem a um proeminente empresário local. A
rodovia, construída pela Odebrecht, é uma das mais
modernas da América Latina e corta uma paisagem
deslumbrante, paralela ao Canal do Panamá. Seu apelido já pegou no país: o “Canal Seco”.
Antes do “Canal Seco”, havia duas opções por terra: a antiga ferrovia, usada prioritariamente para carga,
e a Transístmica, uma estrada com apenas duas faixas
(mão dupla) sem acostamento e que sofre com constantes deslizamentos, alguns dos quais fecham o caminho por meses. Essa rodovia, além disso, tinha tráfego intenso de caminhões. Um desafio de peso, em
especial para quem cumpre o trajeto entre as duas cidades todos os dias.
É o caso da vendedora Marysabel Veliz Chanis,
51 anos. Ela trabalha em Colón, na Zona Livre de
Comércio (a segunda maior do mundo, uma verdadeira cidade murada, repleta de lojas tax free, dentro de
Colón), e mora na capital. Marysabel faz esse trajeto
há 23 anos, sempre pela Transístmica. Sua sensação
ao entrar pela primeira vez na Panamá-Colón? “Foi
uma felicidade, uma coisa maravilhosa”, afirma. Ela
costumava sair de casa todos os dias ainda de madrugada e só voltava à noite. Agora, não. Pode sentar-se,
ππMarysabel Veliz, que trabalha em Colón e mora na Cidade do Panamá: "Foi uma felicidade,
uma coisa maravilhosa"
28
ππRodovia Panamá-Colón, o "Canal Seco":
40 minutos entre o Pacífico e o Atlântico
abrir o jornal, tomar um café da manhã demorado
(seu prazer preferido), ver os primeiros raios do dia
entrarem pela janela do lar e conversar com a avó, de
97 anos, antes de sair de casa. Na volta, a luz do sol
ainda é sua. “Agora tenho vida”, diz, com um sorriso.
Com a Transístmica, a viagem era feita em duas
horas e meia. Hoje leva apenas quarenta minutos. A
Panamá-Colón fora iniciada por uma empresa mexicana, mas há tempos estava parada. A Odebrecht
construiu a rodovia a partir do km 13 e, em duas fases,
pavimentou mais 46 km, até a entrada de Colón. O
último trecho foi entregue há um ano.
Exuberância natural
O ambiente em torno da nova rodovia é deslumbrante, passa ao longo do Parque Nacional da
Soberania, um bosque úmido tropical. Um verde escuro, frondoso, permeia as modernas vias (duas para cada sentido, com amplo acostamento). Muitos
animais vivem naquela região e há túneis de 3 m de
altura sob as vias para que eles possam atravessar
tranquilamente. Cercas foram colocadas para que não
corram perigo ao cruzarem por cima. A fauna é rica e
inspiradora, típica de uma região entre dois oceanos:
pumas, iguanas, falcões, tucanos, bichos-preguiça, veados, crocodilos.
Como o “Canal Seco” passa por duas zonas de
proteção ambiental e pelo Lago Gatun, sua construção
desenvolveu-se seguindo os mais rígidos padrões de
observância ecológica. Por exemplo, foram controlados, todo o tempo, os índices de ruídos, vibrações e
qualidade do ar. Toda a área utilizada foi reflorestada
em dobro (500 hectares, de acordo com o conceito de
compensação ecológica). As áreas com vegetação invasiva, introduzida à época da construção do Canal do
Panamá, receberam replantio de mata nativa.
Hoje os temíveis engarrafamentos, que facilmente
Odebrecht informa
29
C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
ππManuel Vasquez e o filho Angel: mais tempo para o convívio familiar
prendiam carros até três horas por trecho, são coisa de
um passado que ninguém quer se lembrar. Pela nova autoestrada passam 500 mil carros por mês e 60
mil caminhões com contêineres de mercadorias, por
conta da Zona Livre. E passam tranquilamente, sem
pressa, com segurança. Ficou famosa a história de um
comerciante que trafegava com seu carro quando um
pneu estourou. Mal desceu do carro e começou a mexer nas complicadas ferramentas, uma equipe de socorro apareceu e concluiu o serviço em poucos minutos. Surpreso e feliz, ele sacou a carteira e perguntou:
“Quanto lhe devo, senhor?” A resposta: “Nada, estamos aqui para servir”. Virou campanha publicitária.
“Quem roda aqui tem o nível mais elevado de
segurança que se pode encontrar no mundo”, garante Jorge Salazar, Gerente de Operação e Manutenção
da Concessionária Madden Colón, empresa da
Odebrecht que administra a rodovia. São 45 câmeras no trecho construído pela empresa, ou seja, praticamente uma por quilômetro. A média de tempo de
resposta a um chamado para atendimento a usuário
(como mecânicos e ambulâncias) é inferior a 10 minutos.
“A construção dessa estrada era um sonho dos
panamenhos há mais de 20 anos. Estamos felizes em
realizá-lo”, comemora Ricardo Bisca, da Odebrecht,
AUTOESTRADA PANAMÁ-CO
LÓN
Colón
Colón
Mar do
Caribe
É a ponta Atlântica do Canal do
Panamá.
Possui bela arquitetura, de insp
iração francesa,
e ampla estrutura logística, com
um porto
movimentado. É o paraíso das
compras, pois
possui a segunda maior Zona
Livre de
Comércio do mundo.
olón
á-C
nam
Pa
da
tra
Rodovia Tra
nsís
tmi
ca
Auto
es
Canal do
Panamá
Cidade do Panamá
Capital do país e ponta do Ocea
no Pacífico do
Canal, tem um visual marcado
pelos prédios
altos, espelhados, de arquitetu
ra moderna.
Seus restaurantes e hotéis sofis
ticados estão
entre os principais atrativos, além
do Casco
Viejo, o Centro Histórico.
Cidade do
Panamá
Oceano Pacífico
30
Diretor de Contrato da terceira etapa da obra (o
Corredor Colón) e que participou das duas fases anteriores do projeto, já entregues. “Colón é muito forte
no setor de logística, por causa do porto e da Zona
Livre. E agora poderá explorar seu potencial turístico, a cidade vai ser recuperada. Há praias lindíssimas
ainda inexploradas pela falta de acesso”, revela.
Chegar até a entrada da cidade ficou fácil com
a rodovia, mas o acesso é estreito, espremido entre a Zona de Livre Comércio e a estrada de ferro. A
Odebrecht está ampliando esse acesso, construindo
vias maiores e alças viárias, em um total de 12 km de
obras de acessibilidade e urbanização na entrada da
cidade. É o Corredor Colón, a cereja do bolo, que será
entregue em 2014.
Mais felicidade em família
Como a essência da ligação umbilical entre essas duas cidades ainda é o comércio, os grandes beneficiados com a estrada, além dos moradores e dos
usuários da Zona Livre, foram os motoristas de caminhão, que arriscavam a vida todos os dias. Caso de
Manuel Vasquez, 43 anos, que hoje finalmente carrega a tranquilidade em seu semblante.
“Alívio” é o sentimento que descreve, agora que desliza pelo asfalto macio da Dom Alberto
Motta Cardoze. A alegria fica por conta da mulher,
Angélica Moraes, 32 anos, e dos niños, os filhos
Angel, 8 anos, e o já falante Anton, de 2.
Com seu próprio carro, ele trafega no fim de semana com a família. Vai à capital apenas para levar
as crianças aos cinemas multiplex e à Cinta Costera
(área de praças, instalações de lazer e quadras de
esportes construída pela Odebrecht na principal
avenida da orla da capital). Ou então almoçar no Pio
Pio, o restaurante preferido do pequeno Angel, que
serve frango à milanesa com batatas fritas. “Ficava
muito tempo sem ver parentes, que moram além da
Cidade do Panamá, no interior, pois era muito difícil antes da rodovia”, comenta Angélica.
O marido, Manuel, hoje pode buscar o filho
pequeno no colégio – que, aliás, fica à margem
de uma estradinha vicinal que se liga à PanamáColón. Dali até sua casa, às margens da rodovia no
modesto bairro Nova Itália, incrustado na floresta,
são apenas cinco minutos. Tudo mais fácil. A vida
agora, aos poucos, parece tomar rumo, encaixar-se
em Colón. ]
ππCidade do Panamá: porta do Pacífico, agora mais próxima de Colón, um dos entrepostos
comerciais mais vibrantes do mundo
Odebrecht informa
31
C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
corredor viário do leste
Texto João Marcondes | Fotos Celso Doni
Naquele tempo, não existiam os grandes muros
que hoje encobrem a vista para as praias paradisíacas da cidade de Bávaro. Ali, onde o sol aparece e
aquece 365 dias por ano (à exceção das pancadas de
chuva ocasionais e refrescantes), o garoto Leonardo
Castillo costumava correr e brincar no meio de
plantações. Havia folhas tão grandes, de um verde
brilhante, que o menino seria capaz de se esconder
atrás delas.
Eram campos de tabaco, tradicionais naquelas terras férteis que margeiam o mar caribenho.
Os charutos dominicanos já eram bons há 30 anos.
Hoje, porém, alguns ousam dizer que são melhores até mesmo que os cubanos. Não há mais plantações de tabaco por ali. Os muros são dos famosos
resorts all inclusive.
Entre as atrações, à beira da estrada está a fábrica de charutos artesanais de Leonardo Castillo,
hoje com 42 anos. “Um charuto só tem razão de
ser se for feito à mão”, diz o microempresário. Ele
não lamenta a ocupação das antigas plantações pelos resorts. Ao contrário. É essencial que os turistas venham a Bávaro e também a Punta Cana, principais destinos da República Dominicana. Castillo
aguarda ansiosamente pela conclusão do grande
Corredor Vial del Este (Corredor Viário do Leste),
para que essa parte do país seja integrada por modernas rodovias.
Um trecho importante do corredor, a Autopista
del Coral, de 70 km, foi inaugurada em 2012 e melhorou a vida de milhares de dominicanos, entre
eles, Castillo, que tem de buscar as folhas de fumo para seus elegantes charutos Charles Parker
no norte e noroeste do país, passando por Santo
Domingo. Reduziu o tempo de viagem em duas horas. O próximo passo para Castillo é transformar
sua loja em bar de degustação de puros, um ambiente mais sofisticado, estilo lounge.
O Corredor Vial del Este compreende cinco trechos, com execução sob responsabilidade da
Odebrecht. Quatro estão sendo construídos, um já
foi concluído. O primeiro trecho liga São Pedro de
Macorís (cidade situada pouco adiante da capital
Santo Domingo) a La Romana e tem 34 km. O segundo é o semianel viário de 14 km que passa ao
lado da cidade de La Romana, evitando seu trânsito
engarrafado. Logo em seguida vem a Autopista del
Coral, inaugurada em 2012 e saudada como a melhor rodovia do país. Tem 70 km de extensão.
32
A seguir, o Boulevard Turístico del Este (BTE)
liga as duas principais cidades turísticas do país, Bávaro e Punta Cana (mais 30 km). Todos esses
trechos devem ser inaugurados em novembro de
2013. E, depois, surge a Rodovia Miches, com 110
km, que vai de Bávaro até Sabana del Mar.
“O turismo é o nosso petróleo”, compara o Ministro das Obras Públicas e Comunicação,
Gonzalo Castillo. Atualmente, o país recebe cerca
de 4,5 milhões de turistas por ano. Ele quer aumentar esse número para 10 milhões. Talvez 12 milhões em 10 anos. O Corredor Vial del Este é essencial para isso, pois ligará as praias a Santo Domingo,
que possui rico patrimônio histórico, como a primeira casa de Cristóvão Colombo nas Américas,
mas que, por causa das dificuldades de trânsito, é
pouco explorado. Há uma República Dominicana de
tirar o fôlego que começa na capital Santo Domingo
e se revela pelas estradas até Bávaro e, mais adiante,
Sabana Del Mar. Ela precisa ser descoberta.
Sabores, aromas e arte
Na estrada, em São Pedro de Macorís, emanam
os primeiros sabores dominicanos. Os cheiros de
frutas doces, semelhantes às do Nordeste brasileiro,
como a graviola e a manga. A vendedora de beira de
estrada Minerva Gomes, 43 anos, salienta que a obra
que passa a seu lado e transformará uma estradinha mal ajambrada em uma potente highway de dois
sentidos é promessa de mais sustento. “Quando não
vendo, não como. Que venham os turistas!”, exclama
Minerva, lambuzando-se com um sapoti.
Logo adiante, na pequena comunidade de
Cumayaso, de 3 mil habitantes, o viajante pode ter uma experiência quase antropológica, da
“Dominicana profunda”. No vilarejo de casas sem
pintura, conhecerá a associação local de artesãs, que
expõe os delicados objetos criados por anciãs e jovens senhoritas.
Elas são capitaneadas pela vaidosa presidente da
associação, Maria Estela David, que sopra baixinho
no ouvido do repórter a sua idade, para que as outras
não ouçam em meio a olhares curiosos e gargalhadas. São 42 anos. Ela já foi enfermeira e professora escolar, mas agora gosta mesmo de liderar as 30
mulheres talentosas que usam todo tipo de material,
garrafas PET, vidro, palha, papel, conchas, pedras,
penas de pássaros, arame, tecidos, para criarem objetos de decoração, roupas, enfeites, bolsas.
ππLeonardo Castillo: "Um charuto não tem razão de ser se não for feito à mão"
Odebrecht informa
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C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
ππPraias de águas limpas e de uma coloração que
convida, encanta e inspira: cartão-postal da
República Dominicana
“Sou designer de interiores”, diz Estela. Ela projeta o movimento de turistas aumentando e sua
cooperativa atingindo voos internacionais. “Quero
exportar”, garante. A cooperativa existe há 10 anos
e reaproveitou uniformes de operários das obras de
rodovias para fabricar estilosas bolsas tiracolo.
A viagem prossegue. Arrozais, fazendas de gado, milharais, mangues e coqueiros, além das belas
praias caribenhas. Estamos próximos agora de Punta
Cana, pequena cidade que atrai a maioria dos milhões de turistas que visitam o país. Punta Cana é
marca forte da República Dominicana. Integrá-la
com Santo Domingo é o que falta para atingir a marca de visitantes pretendida pelo Ministro Castillo.
Os empresários agradecem. Gente como Luisa
Patrovita, uma italiana de 77 anos, nascida em
Turim, à beira dos Alpes, que hoje comanda a
cozinha típica da Bota mais concorrida da ilha, o
34
CORREDOR VIAL DEL ESTE
Santo Domingo
Capital do país, considerada a primeira cidade do
“Novo Mundo” descoberto por Cristóvão Colombo
em 1492. Destaca-se por sua Zona Colonial
preservada, com museus, restaurantes, lugares
para dançar e lojas de artesanato típico. Sua
população é de mais de 2,2 milhões de habitantes.
Sabana
de la Mar
San Pedro de Macorís
REPÚBLICA
DOMINICANA
Miches
Bávaro
Corredor Vial
del Este
La Romana
o
Santo
Domingo
San Pedro
de Macorís
Antiga vila de pescadores, é onde começa o trecho
do corredor viário construído pela Odebrecht. São
famosas as frutas de beira de estrada, como
sapoti, manga e graviola. Próximo a San Pedro
fica a pequena cidade de Cumayaso e sua
a
ais
oss mais
ddos
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ureiira
ure
osture
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Costureira
de Cost
ç o de
Associação
belos acervos do artesanato dominicano.
Punta Cana
Punta
Cana
Boca de
Yuma
Cidade praiana mais famosa da República
Dominicana, ao lado de Bávaro, distantes 30 km
uma da outra. Turistas de todo o mundo
aproveitam seus resorts all inclusive, suas águas
cristalinas, e atrações como a fábrica artesanal de
charutos de Leonardo Castillo (em Punta Cana) e a
comida italiana de Mama Luisa (em Bávaro).
Sabana de la Mar
Mar do
Caribe
Cidade situada no limite norte do corredor, possui
praias paradisíacas, pouco exploradas, e deve se
desenvolver com a chegada da rodovia.
Charmosa, foi fundada por habitantes das Ilhas
Canárias (Espanha).
Mudanças sociais
À medida que a estrada avança em direção a
Miches, percebe-se que essa grande via de conexão rodoviária do país traz mudanças sociais,
com o despertar da economia para novos cenários. O pescador Miguel Angel Mercedes, 49
anos, teve que se mudar de seu barraco de madeira para dar passagem à estrada. Ele é casado
com a dona de casa Nirza Pacce, 48 anos, com
quem tem três filhos. De início, ficaram desconfiados, mas a mudança para um novo lar mais estruturado, de alvenaria, com fossa séptica e espaço para desenvolver um viveiro de plantas, foi
o primeiro passo para um cotidiano melhor. “É a
primeira vez na vida que tenho um banheiro dentro de casa”, diz ela.
Miguel mora perto do mar, um lugar bonito,
mas ainda não está satisfeito. Aluga um arpão para
fisgar lagostas e meros, além de um bote de outro
cidadão. E é obrigado a vender todo o peixe para o
dono dos equipamentos a preços baixos. “Hoje, é
Mama Luisa. Ela foi casada com o filho do embaixador dominicano em Roma e aprendeu os ofícios
do bem-servir com o pai, que era conhecido como
Príncipe do Volcano, por comandar hotéis e restaurantes em um vilarejo cercado por um vulcão.
Mesmo separada do marido, mudou-se para Punta Cana com os filhos, entre eles, Joaquim
Salazar, que tem outros quatro restaurantes na
ilha. A vida deles mudou com a Autopista del
Coral. “Entramos no negócio há 17 anos. Naquele
tempo tínhamos que enfrentar tormentas em estradas de terra.” Atualmente, boa parte dos clientes
vem de cidades mais distantes, como La Romana.
“São passeios em que hoje é possível ir e voltar no
mesmo dia. Em pouco mais de uma hora. Antes
não era”, explica.
O trajeto para Santo Domingo (a partir de
Punta) já foi de quatro horas. Agora é de duas horas e meia. Com o anel viário de La Romana, a ser
inaugurado em novembro, cairá mais ainda, para
uma hora e meia. Os deliciosos risotos, massas e
doces italianos de Mama Luisa estarão mais acessíveis.
ππMaria Estela David: material reciclado é usado
para produção de objetos de decoração, enfeites,
roupas e acessórios
Odebrecht informa
35
C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
ππO restaurante Mama Luisa, em Punta Cana, e uma banca de frutas à beira da estrada: República Dominicana
é um país a ser descoberto com calma, em seus cantos e recantos
o único trabalho, o único mesmo, que existe por
aqui”, lamenta. “Meu ganho é reduzido, pois estou
na mão de uma pessoa”, queixa-se. Mas seus olhos
se mexem faceiros quando se fala na obra da estrada de Miches, que está movimentando a rotina daquelas pequenas comunidades, como La Vacama,
onde mora (fazendo parte de uma população estimada de mil pessoas) e Lagunas de Nissibon (logo ao lado, com 5 mil pessoas). “Há, sim, esperança
de que, com a autoestrada, tenhamos mais turistas nessas praias, mais hotéis. É aí que mora uma
oportunidade de trabalho”, anima-se.
Marco Cruz, Diretor-Superintendente da
Odebrecht na República Dominicana, afirma:
“O Corredor Vial del Este é uma obra aguardada
com muita expectativa pela população, há mais
de uma década. Houve tentativas anteriores, mas
não chegaram a ser realizadas”, explica. No total, somando-se todos esses trechos construídos
pela empresa, são 258 km de estradas seguras e
modernas, que facilitam o deslocamento por um
dos países mais belos e acolhedores do mundo.
Estradas que geraram mais de 3 mil oportunidades de trabalho na República Dominicana e ligam
algumas das mais belas praias do Caribe à capital
de estilo colonial preservado, do rum licoroso e
peixes e frutos cozidos no leite de coco. Que agora será também dos charutos Charles Parker, de
Leonardo Castillo. Das roupas de Maria Estela. E
das massas de Mama Luisa. ]
36
ππBruce Hillegeist: apoio ao desenvolvimento local
grand parkway
Texto Eliana Simonetti | Fotos Lia Lubambo/Lusco
Sexta-feira, 21 de junho de 2013. O verão começa
no Hemisfério Norte. Às 5 horas da tarde, em uma
pequena comunidade chamada Woodlands, que faz
parte da região metropolitana de Houston, no estado norte-americano do Texas mas que fica a 80 km
do centro da cidade, a temperatura atinge 35ºC, não
há vento, e o céu é de um azul límpido, quase transparente. Famílias inteiras começam a se instalar em
uma praça, a Market Street, com cadeiras, tapetes e caixas de isopor. Uma banda de garotos liga
o equipamento de som e garante o fundo musical
do evento. As pessoas comem, dançam, jogam bola. Enquanto o sol se põe e a lua quase cheia surge
no horizonte, o clima, em Market Street, é de congraçamento, entre crianças, jovens e idosos, entre
loiros, ruivos, morenos, afrodescendentes e asiáticos. Isso dura até as 9 horas da noite, quando o sol
se esconde, e as famílias recolhem suas coisas e rumam para suas casas.
Alguém mais desavisado poderia pensar que
se tratava de uma festa, de algo que foi realizado
para comemorar a chegada do verão. Mas não era
isso. Market Street é ponto de encontro de todos
os dias. Os moradores de Woodlands, como os
dos outros sete municípios que formam a Grande
Houston, vivem em bairros que se assemelham aos
condomínios privados que existem no Brasil. São
os subúrbios das cidades norte-americanas. Suas
casas são assobradadas, com jardins bem cuidados.
Nas ruas não se vê praticamente ninguém. Mas isso
Odebrecht informa
37
C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
ππPrédios no centro de Houston: cidade mais populosa do Texas, com 2 milhões de habitantes
não quer dizer que aqueles moradores não sejam
sociáveis. Ao contrário. Nos parques e nas praças, a
vida comunitária é cultivada com prazer.
Houston é a cidade mais populosa do estado do Texas e a quarta mais populosa dos Estados
Unidos, com 2 milhões de habitantes. A área metropolitana da Grande Houston é a sexta maior do
país, com cerca de 5 milhões de pessoas, cuja renda
per capita anual supera os US$ 20 mil.
A maioria das pessoas ocupa a faixa da classe
média e classe média alta ou está no topo da pirâmide da riqueza. A população valoriza a qualidade
de vida, a convivência em família, o contato com a
natureza, o tempo. ”Aqui costumamos dizer que as
celebridades que querem aparecer nas colunas sociais vivem em Dallas ou em Austin, duas outras
cidades importantes do Texas. Quem tem dinheiro
e quer viver bem, está em Houston”, revela Antonio
Merritt, administrador do aeroporto privado que
fica no município de Spring, também na Grande
Houston, o David Wayne Hooks Airport.
38
Fundado em 1963, o “Hooks” possui seis pistas para pequenos aviões (no máximo jatos para 60
passageiros), 200 hangares lotados de aviões e helicópteros e uma escola para pilotos. Quem usa este
aeroporto? O ator Harrison Ford e o investidor Jim
Robertson, por exemplo. Mas a informação circula
à boca pequena.
O estado da estrela solitária
Spring fica mais perto de Houston que
Woodlands: cerca de 32 km. Tem pouco mais de 50
mil habitantes. Há na cidade um recanto que merece atenção. É como um shopping a céu aberto, onde todas as lojas são réplicas das construções dos
tempos do faroeste. Em algumas dessas lojas é possível ter uma noção mais clara do que significa ser
texano. Há placas de boas-vindas aos visitantes –
emolduradas com arame farpado. E bandeiras, muitas, mas não dos Estados Unidos e sim do Texas,
com uma única estrela. O Texas é conhecido como
o estado da estrela solitária.
Por quê? Bem, isso é História. Espanhóis, franceses, ingleses e mexicanos, além dos indígenas nativos, ocuparam a região, que viveu em guerra por
cerca de dois séculos. Em 1839, o Texas tornou-se
uma república independente – cujo presidente,
Samuel Houston, foi um estrategista militar fundamental para a vitória nas lutas contra espanhóis,
mexicanos e franceses.
Sam Houston é uma figura antológica. Nascido
em uma família de comerciantes, ele perdeu os pais
muito cedo, abandonou a escola e recusou-se a
tocar o negócio de seu pai. Aparentemente, tinha
uma veia aventureira, pois foi viver nas cercanias
das terras dos índios Cherokees, que tendiam a fazer aliança com os mexicanos contra qualquer povo europeu que viesse se estabelecer perto de seu
território. Sam aprendeu o idioma indígena, seus
hábitos e costumes. Casou-se com uma índia nativa e passou a ser considerado como parte da tribo. Dessa forma, conseguiu o apoio dos Cherokees
quando lutou pela independência do Texas.
A capital da República do Texas, até 1840, foi
a cidade portuária de Houston. A economia da região desenvolveu-se, principalmente baseada na
pecuária. O estado foi cortado por uma ampla rede ferroviária, que facilitou o povoamento do oeste norte-americano. Em 1845, o Texas foi anexado aos Estados Unidos, tornando-se o 28º estado da União, com sua bandeira de uma só estrela.
Mantinha, por assim dizer, sua individualidade.
Foi mais ou menos nessa época que desembarcou em Houston um grupo de imigrantes alemães.
Entre eles, estava a família Hillegeist. O Governo do
Texas, naquele tempo, dava terras a colonos que se
dispusessem a produzir, e os Hillegeist não perderam tempo. Criando gado leiteiro, constituíram duas belas propriedades.
A primeira casa construída pela família está
preservada até hoje, mas os três descendentes dos
primeiros imigrantes já não se dedicam a atividades rurais. Recentemente, venderam suas terras
ao estado do Texas, em um movimento que visa
promover a expansão urbana e o desenvolvimento
econômico da região. “Considero que fizemos algo
importante ao abrir mão de nossa propriedade para dar espaço e apoiar o desenvolvimento local”, argumenta Bruce Hillegeist, Presidente da Câmara de
Comércio de Tomball, outro município da Grande
Houston.
Em 1901, com a descoberta de petróleo em terras texanas, a indústria floresceu, as rodovias multiplicaram-se, e os portos ganharam importância. A
capital do Texas, àquela altura, já era Austin. Mas
Houston permanecia rica e poderosa. Tomball nasceu em 1907 em torno de uma estação de trem e
hoje conta com pouco mais de 18 mil habitantes em
sua área central – a maior parte com renda média
anual entre US$ 35 mil e US$ 50 mil. É parte do
chamado “corredor de energia” do Texas, graças às
companhias de petróleo que se estabeleceram ali.
Atualmente, a Baker Hughes está instalando
um centro de treinamento para 66 mil trabalhadores, novinho em folha, em Tomball. Não muito longe, a ExxonMobil constrói uma planta que abrigará
GRAND PARKWAY
Grand Parkway
F–2
G
249B
Houston
É a cidade mais populos
a do estado do Texas
e a quarta mais populos
a dos Estados
Unidos, com 2 milhões
de habitantes. Ali fica
a maior concentração de
hospitais e centros
de pesquisa médica do
planeta, o Texas
Medical Center. Fica tam
bém o centro de
controle de missões esp
aciais da NASA, o
Lindon Johnson Space
Center.
69
H
45
F–1
Spring
Kingwood
59
249
290
I–1
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Katy
Houston
99
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45
6
8
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D
Richmond
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Bay
Pearland
35
288
A
6
C
Região metropolitana
10
90
B
Hitchcock
Galveston
Bay
A Grande Houston é a sext
a maior região
metropolitana do país, com
oito municípios e
cerca de 5 milhões de mor
adores, cuja renda
per capita anual supera os
US$ 20 mil.
Área pantanosa
A maior parte do territóri
o de Houston é
pantanoso, o que explica
o grande número de
viadutos na paisagem viár
ia da cidade. Nos
trechos da Grand Parkway
que serão
construídos pela joint-ven
ture ZachryOdebrecht Parkway Buil
ders (ZOPB) – F1, F2
e G, conforme indicado
no map
que ficam apenas 13 m acim a) –, há áreas
a do nível do mar.
Odebrecht informa
39
C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
ππMoradores reunidos na Market Street, ponto de encontro de jovens e idosos em Woodlands:
imagem de um estilo de vida
mais de 10 mil trabalhadores, principalmente engenheiros e pesquisadores de novas tecnologias.
O setor imobiliário está em plena expansão, pois
já estão encomendadas 2 mil casas, apenas para o
pessoal da ExxonMobil.
Além de um amplo parque industrial (o município só perde para Nova York em matéria de quantidade de sedes de grandes corporações), Houston
abriga o Texas Medical Center — o maior aglomerado de instituições médicas e de pesquisa do
mundo — e o Lyndon B. Johnson Space Center da
NASA, agência onde está o Centro de Controle de
Missões Espaciais. Em síntese, Houston transpira
inteligência e riqueza.
Um jeito muito próprio de viver
Mas aqui é o Texas e nem mesmo no centro
empresarial é comum encontrar gente de terno
40
e gravata. Esse traje fica pendurado em um canto do escritório, para caso de grande necessidade.
Se a temperatura na cidade for de 7ºC ou se bater
nos 35ºC, os homens estarão de botas, muitos deles com esporas, chapéu, camisa xadrez e cinturão
com grande fivela gravada com a estrela solitária. “Aqui conservamos as tradições. Ainda fechamos negócios com um aperto de mãos, no fio do
bigode. Os contratos são mera formalidade”, garante o
investidor Jim Robertson, que vive entre
Woodlands e Toronto, no Canadá.
São pessoas que têm origem rural e seguem gostando do contato com a terra, da sensação de liberdade e de grandes espaços livres. Daí que Houston
não cresce na vertical: só há edifícios no centro da
cidade. A expansão é horizontal, em círculos concêntricos de bairros com casas amplas. Espalhada
assim, de forma circular, a cidade possui vários
ππA família Jordan (o casal Heather e Stephen e os filhos Angsly e Anthony): certeza de uma vida
tranquila e cada vez mais fácil
Odebrecht informa
41
C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
centros comerciais e de lazer, para que as famílias tenham acesso fácil a tudo de que precisam. E por todo
lado há parques, jardins, campos de golfe, quadras de
tênis e de basquete – para uso público.
De maneira geral, os habitantes da Grande
Houston trabalham entre as 8 horas da manhã
e as 5 horas da tarde. Aí se encerra o expediente. É hora de ir para casa, conviver com a família.
Diferentemente de outros americanos, eles preparam o jantar, a refeição que reúne pais e filhos em torno da mesa. Não que em Houston não
exista todo o tipo de fast food. Mas não se come
hambúrger e batata frita todos os dias, o que talvez
seja uma explicação para o fato de que praticamente
não se veja gente obesa na cidade. E domingo é dia
de ir à igreja. Só um símbolo compete com a estrela
solitária em Houston: a cruz. Os texanos são, em
sua maioria, cristãos praticantes – 60% católicos e
30% protestantes.
Há outra máxima que se ouve com frequência
em Houston: que na cidade, as pessoas trocaram os
cavalos por automóveis. O meio de locomoção, ali,
é o carro. Não há metrô ou linhas regulares de ônibus no município. Até os táxis são raros. E os motoristas não suportam a ideia de parar em três semáforos no caminho entre o trabalho e suas casas.
Assim, as avenidas são largas, praticamente sem
cruzamentos, com viadutos sobre viadutos sobre
viadutos – o que confere à área urbana uma plástica muito particular, quase futurista. Vista do alto,
faz lembrar os anéis de Saturno.
Terceiro anel rodoviário vira realidade
É neste ambiente, para essas pessoas, que a
Odebrecht começou a trabalhar há três anos, pesquisando uma maneira de concretizar um projeto antigo, que estava engavetado: a construção do terceiro
anel rodoviário em torno de Houston, para desafogar
ππWoodlands: acesso a completa infraestrutura de lazer, comércio e serviços
42
ππÁrea de construção da Grand Parkway: ajuda a descongestionar o trânsito ao desviar da cidade os caminhões
o trânsito e desviar da cidade os caminhões, possibilitar a continuidade do crescimento horizontal e
propiciar mais desenvolvimento econômico.
A Odebrecht associou-se a uma empresa local com valores semelhantes aos da Organização,
a Zachry Construction Corporation, uma construtora de controle familiar, com 85 anos de existência. Assim nasceu a Zachry-Odebrecht Parkway
Builders (ZOPB), que, em setembro de 2012, venceu sete concorrentes, entre eles grandes empresas norte-americanas, israelenses e europeias, para
construir, operar e manter os três trechos que ficam mais ao norte da Grand Parkway, com infraestrutura elétrica e hidráulica e praças de pedágio.
Em princípio, a Zachry-Odebrecht operará a rodovia por cinco anos – prazo que poderá ser renovado. “Odebrecht e Zachry são duas companhias com
culturas consistentes, de primeira classe. Tem sido muito confortável trabalhar em conjunto”, revela
Jorge Laris, Vice-Presidente da Zachry.
Os trechos sob a responsabilidade da ZachryOdebrecht somam 61 km (dos quais 26 km são de
pontes) e deverão ser entregues em um prazo de 30
meses, ou 845 dias, contados a partir de 22 de março de 2013, data da assinatura do contrato com o
Departamento de Transportes do Texas. O trabalho
em campo teve início no dia 24 de junho, quando as
primeiras máquinas começaram a preparar o terreno para a obra.
Casados há 11 anos, Stephen e Heather Jordan
vivem em um local chamado Northcrest Village,
em Spring. Eles têm dois filhos: Angsly, de 8 anos,
e Anthony, de 3. Ela é enfermeira, e ele, administrador. A família vive em uma daquelas casas que
parecem de brinquedo, com tudo no lugar certo. Quando pronta, a Grand Parkway passará praticamente na porta deles. Problema? Nada disso.
“Temos certeza de que tudo aqui continuará tranquilo como sempre, e que teremos muito mais facilidades”, diz Heather. Pelos seus cálculos, os 30 minutos que gasta, hoje, para ir à clínica em que trabalha, serão reduzidos a 16 minutos. Ou seja, considerando o percurso de ida e volta, ela terá 28 minutos
a mais para ficar com as crianças. ]
Odebrecht informa
43
C a m i n h o s
d a
A m é r i c a
PRÊMIO
ODEBRECHT
DE PESQUISA
HISTÓRICA
CLARIVAL DO PRADO VALLADARES
44
10
anos
HÁ 10 ANOS ESTIMULANDO A DESCOBERTA E A
PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA BRASILEIRA
Desde 2003 o Prêmio Odebrecht de Pesquisa Histórica vem apoiando o trabalho de
pesquisadores que se dedicam a temas inéditos da História do Brasil.
A cada ano, um projeto de pesquisa é financiado, e seu resultado é colocado à disposição
do público em um livro de arte cuidadosamente editado e ricamente ilustrado.
Dessa forma, a Organização Odebrecht ajuda a valorizar o patrimônio cultural brasileiro e a
preservar a nossa memória para as futuras gerações.
/premioodebrechthistoria | www.odebrecht.com/pesquisahistorica
Odebrecht informa
45
A R G U M E N T O
Afetadas ou beneficiadas?
mauro
“É importante que se façam
estudos socioeconômicos
e ambientais prévios
ao início das obras“
Área de influência de obras rodoviárias: regiões afetadas
ou beneficiadas? No passado, dizia-se que determinada
região, ao receber uma obra rodoviária, seria afetada por
ela. No entanto, a partir da percepção de que se poderia
agregar as fortalezas das comunidades situadas nas áreas
de influência das obras, o rótulo foi substituído por região beneficiada.
Beneficiada não só pelo fato de que as rodovias garantem a presença do Estado ao longo de sua extensão,
mas também pelo desenvolvimento socioeconômico alavancado pela própria obra durante o período de construção. Entretanto, cuidados adicionais são indispensáveis.
O impacto socioambiental direto nas comunidades pode gerar problemas irreversíveis se não for cuidadosamente avaliado e mitigado. É importante que se façam
h ue b
estudos socioeconômicos e ambientais prévios ao início
das obras, tendo como parceiras estratégicas as entidades
de classe dessas regiões. O objetivo final é que, através
de um trabalho de cooperação entre obra e comunidade,
ambos possam obter o máximo de benefícios possíveis.
Experiências recentes têm demonstrado resultados bastante positivos. O Programa de Qualificação
Profissional Continuada Acreditar já é uma referência
consolidada. Trata-se de um programa de recrutamento e capacitação da população local para trabalhar nas
obras. O resultado desse programa é, além da geração de
valor econômico ao projeto, a promoção do desenvolvimento econômico e social das populações no entorno das
obras. No passado, a imigração em massa era inevitável.
Trabalhadores de outras regiões eram mobilizados para
trabalhar nas obras, o que gerava conflitos sociais.
Outra experiência de sucesso é o Programa Via Escola,
cujo foco é a capacitação das populações ao longo da rodovia, para que possam conviver, de forma harmônica e
segura, com a estrada em operação plena.
Enfim, as obras rodoviárias geram impactos diretos
nas populações. Antes eram impactos negativos – populações afetadas; hoje são positivos – populações beneficiadas. ]
Mauro Hueb é Líder da Comunidade de Conhecimento de Rodovias da Organização Odebrecht
46
i n v entore s
sempre bolando
alguma novidade
trabalho dos inventores da braskem resultou
no depósito de 47 pedidos de patente em 2012,
levando ao total de 650 documentos registrados
Texto Mayara Thomazini | Fotos Ricardo Chaves (RS), Almir Bindilatti (BA) e Edgar Ishikawa (SP)
ππBárbara Mano e Antonio Quental: atualização constante e criatividade
Odebrecht informa
47
Quando alguém desenvolve algo inovador que é
atrativo para o mercado logo pensa em proteger essa invenção para não correr o risco de ter sua produção (intelectual ou material) copiada e explorada
comercialmente. Legalmente, a solução para isso é
requerer um título temporário de propriedade que
concede direito exclusivo de exploração do desenvolvimento em questão, ou seja, a patente.
A Braskem dedica atenção especial à proteção de
seu capital intelectual, e uma demonstração disso
foi a criação, em 2002, do programa de Propriedade
Industrial (PI). “Além de criar, o inventor também tem
a missão de disseminar a cultura de proteção de propriedade industrial, dando o exemplo a outros integrantes, para que busquem o registro oficial de suas
invenções”, ressalta Eneida Elias Berbare, Responsável
por Gestão de Propriedade Intelectual, Informação e
Conhecimento, área encarregada do apoio às equipes
de Inovação e Tecnologia da Braskem.
Em 2012, a Braskem depositou 47 pedidos de
patente, dos quais 17 eram referentes a novas invenções e 30 correspondentes à extensão da proteção de invenções depositadas em anos anteriores.
Com isso, a empresa atingiu a marca de 650 documentos de patentes depositados no Brasil e no exterior. Na linha de frente desse crescimento, estão
26 integrantes, responsáveis pelas invenções depositadas em 2012. Como inventores, eles fazem parte do time que está contribuindo diretamente para
consolidar a Braskem como uma das empresas mais
inovadoras do país.
A inovação é uma das principais formas pelas
quais a Braskem consegue surpreender e satisfazer
seus clientes e, por consequência, levar benefícios
à vida das pessoas. Conheça a seguir alguns dos
inventores de 2012 da Braskem, profissionais que
inovaram e fizeram a diferença.
Inovação no trabalho e em casa
Antonio Morschbacker, Responsável por
Tecnologias Renováveis, está na Braskem há 21 anos
e é um dos 26 integrantes que depositaram patente em 2012. Com outros três integrantes – Avram
Slovic, Paulo Coutinho e Mateus Schreiner –, ele
desenvolveu um processo de fermentação para novos produtos.
Morschbacker lidera uma equipe de 31 pessoas, que trabalha concentrada em inovação nas áreas
de biotecnologia e processos renováveis. Além disso, parte do trabalho dessa equipe é ser a guardiã
da tecnologia da planta de eteno “verde” no Polo
Petroquímico de Triunfo (RS). “Desde que a planta entrou em operação, em 2010, temos introduzido
48
melhorias para que ela se torne cada vez mais competitiva”, comenta.
Não é só no trabalho que Morschbacker inova.
Seu principal hobbie é o cultivo de frutas nativas
raras, algumas das quais ele mantém no viveiro em
sua casa, além do trabalho em conjunto com jardins
botânicos, como o Plantarum, em Nova Odessa
(SP), perto de Campinas.
Sem rotina
Antonio Carlos Quental, Coordenador de
Projetos na equipe de Ciência de Polímeros do
Centro de Tecnologia e Inovação, em Triunfo, argumenta que a inovação é um dos pilares que
ππAntonio Morschbacker: introdução de melhorias
para aumento da competitividade
garantem a perpetuidade da empresa. “É a partir
dela que crescemos e nos diferenciamos de maneira sustentável. A necessidade de inovar mantém a
criatividade, a agilidade e a flexibilidade na cultura
da empresa.”
A inovação desenvolvida por Quental, em conjunto com Marcelo Farah e Ana Paula Azeredo,
foi concebida com o objetivo de melhorar as propriedades de uma família de produtos do portfólio Braskem conhecidos como copolímeros de
impacto. Químico com mestrado e doutorado em
Físico-química de Polímeros pela Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp) e há oito anos
na Braskem, Quental convive com pessoas e
ππRita Marinho: “Gostar do que se faz é essencial”
ambientes diferenciados com muita discussão
e argumentação. “Quando falamos em dia a dia,
pensamos em rotina, mas entendo que não vivo
isso, pois, em nossos projetos quebramos a rotina sempre”, explica Quental, que, quando não está
inovando, está em família, e a maior parte do tempo brincando com o filho Matheus, de 6 anos.
Desafio diário
Bárbara Mano, também da equipe de Ciência de
Polímeros de Triunfo, está na Braskem há mais de
três anos e atua na gestão técnica de projetos, em
busca de soluções inovadoras. Em 2012, Bárbara depositou patentes de duas invenções: uma que melhora as propriedades da família Symbios® (um terpolímero de propeno, eteno e buteno desenvolvido
para a camada de selagem em coextrusão de filmes)
e outra que melhora as propriedades de permeação
das poliolefinas. Essas inovações são frutos do trabalho desenvolvido em conjunto com outros integrantes: Adair Rangel, Adriane Simanke, Ana Paula
Azeredo, Cristóvão de Lemos, Fabiana Carvalho e
Márcia Pires.
Instigante e desafiador. Assim Bárbara define
seu trabalho. “Por integrar um time de inovação,
mantenho-me atualizada constantemente, lendo
artigos científicos, patentes e press releases divulgados pela mídia especializada. Isso auxilia o andamento do meu trabalho. Também planejo experimentos e realizo a análise crítica dos resultados
experimentais, para dar prosseguimento aos desenvolvimentos sob minha gestão”, ela relata.
Apaixonada pelo que faz
Rita Marinho, engenheira especialista de
Tecnologia de Processos de PVC, está há 23 anos na
Braskem. Sua invenção, desenvolvida em equipe com
Camilo Delfino, Mauro Oviedo, Lucas Polito e Lucas
Horiuchi e patenteada em 2012, altera as características mecânicas do PVC, o que possibilita novas
aplicações da resina. Seu trabalho é desenvolver novos grades, substituir aditivos, zelar pela qualidade
do produto e conceber novas tecnologias e processos
de aumento de produtividade das plantas.
Rita diz que seu dia a dia é bem dinâmico e interessante. Além da atuação na Braskem, ela mantém contato com universidades para o desenvolvimento de projetos e com licenciadores internacionais da Braskem. “Gostar do que se faz é essencial.
Sou muito antenada nas novidades da sociedade e
adoro achar novas formas de reaproveitar objetos
e encontrar a maneira mais prática de fazer as coisas em casa”, revela Rita. ]
Odebrecht informa
49
te c no l og i a
e
i no v a ç ã o
Os lugares
onde tudo começa
Centros de Tecnologia e Inovação da Braskem
são ambientes marcados pelo exercício da parceria
com clientes e pela busca de avanços tecnológicos
Texto Mayara Thomazini
Automóveis mais leves e menos poluentes, embalagens resistentes, sustentáveis e até mesmo
inteligentes, calçados mais confortáveis e com
maior qualidade. A lista já é grande, mas ainda
há muito para evoluir. Em 2012, a Braskem lançou 28 novos produtos, que resultaram de uma
estratégia de inovação baseada no desenvolvimento de novas tecnologias. Isso fez com que o
portfólio da empresa crescesse e permitiu a ampliação das vendas. Um exemplo: 18% do volume de vendas de poliolefinas vem dos produtos
lançados nos últimos três anos.
“Para que exemplos como esse se tornem cada vez mais comuns e contribuam para melhorar
a qualidade de vida de milhares de consumidores ao redor do mundo, a Braskem investe constantemente em inovação. Só em 2012, os investimentos em pesquisa alcançaram R$ 188 milhões”,
destaca Patrick Teyssonneyre, Responsável por
Inovação e Tecnologia da Unidade de Poliolefinas
da Braskem.
Para avançar cada vez mais nesse campo, a empresa conta com equipes no Brasil, nos
Estados Unidos e na Europa, que trabalham em
sintonia com os dois Centros de Tecnologia e
Inovação, em Triunfo (RS) e em Pittsburgh, no
estado norte-americano da Pensilvânia. Ao todo,
a Braskem dispõe de 24 laboratórios de inovação,
oito plantas-piloto (nas quais os novos produtos,
aplicações e processos são testados) e uma equipe de 330 profissionais.
Uma década de inovação
O Centro de Tecnologia e Inovação da
Braskem em Triunfo completou 10 anos em 2012,
consolidado como um dos mais modernos da
50
América Latina. “Nestes 10 anos, a Braskem agregou muita tecnologia aos seus produtos, fortaleceu seu portfólio com novos desenvolvimentos e
também com a incorporação de produtos e tecnologias decorrentes das aquisições de empresas
e ativos realizadas nesse tempo”, ressalta Patrick.
Formado por 11 laboratórios, onde atuam químicos e engenheiros químicos, de plásticos e de
materiais, o centro já foi visitado por mais de 5,3
mil pessoas de 22 países. São clientes, fornecedores, estudantes, representantes de órgãos governamentais e de instituições financeiras. Os
clientes representam cerca de 50% das 100 visitas mensais que o Centro recebe.
“Os clientes querem conhecer as técnicas
analíticas aplicáveis aos polímeros e muitas vezes solicitam apoio na execução de análises de
caracterização de materiais, testes de desenvolvimento e evidências de atendimento de normas
legais ou regulamentares”, conta Nércio Hexsel,
Responsável pelos Laboratórios do Centro de
Tecnologia e Inovação.
O desenvolvimento de produtos em conjunto com os clientes tem resultado em constante
inovação, soluções eficazes, avanços tecnológicos, aumento da competitividade e ampliação de
mercado, permitindo que o beneficiário final, a
sociedade, obtenha mais conforto e praticidade
em seu dia a dia. Nesta década de funcionamento, o centro passou por diversos momentos marcantes, entre eles o desenvolvimento, em escala
piloto, do primeiro propeno e do primeiro polipropileno “verdes” do mundo e a linha de produtos Maxio, fabricados com resinas de polipropileno e polietileno, que proporcionam aos clientes
ganhos como economia no consumo de energia,
Acervo Odebrecht
ππIntegrante da Braskem em ação no Centro de Tecnologia e Inovação de Triunfo: 10 anos de operação em 2012
redução de peso e maior produtividade.
Com equipamentos de última geração, operados com alto rigor metrológico, o centro participa de diversos programas interlaboratoriais realizados com órgãos de referência internacional.
“Nosso Centro de Tecnologia e Inovação é
um dos principais diferenciais da Braskem frente aos players do mercado de polímeros no Brasil
e na América Latina”, salienta Nércio Hexsel.
“Operamos com foco no desenvolvimento de
novos materiais e no suporte aos clientes, possibilitando o acesso a todas as 380 metodologias analíticas existentes. O objetivo, com isso,
é maximizar o uso das resinas produzidas pela
Braskem nos processos de transformação”, ele
acrescenta. ]
Odebrecht informa
51
E N T R E V I S T A
Líder de novos e
velhos marujos
roberto ramos, da Odebrecht óleo e gás
Texto Cláudio Lovato Filho | Foto Américo Vermelho
Roberto Ramos está sempre pensando no passado e no futuro. Mas isso não tem nada a
ver com nostalgia, tampouco com excesso de projeções ou ansiedade. O passado a que ele
dedica cotidiana atenção é aquele capaz de trazer lições e, portanto, qualificar o presente.
O futuro é aquele semeado hoje, por meio da disposição e da capacidade dos jovens de
aprenderem com seus companheiros de outras gerações. É justo, então, afirmar que, para
Roberto Ramos, a atuação de uma empresa é um permanente presente estendido. Como
a vida. Líder Empresarial da Odebrecht Óleo e Gás, o carioca Roberto Prisco Paraíso
Ramos, 66 anos, engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ), fala, nesta entrevista, sobre a mescla de experiência e qualificação dos
“velhos marujos” (como ele carinhosamente chama os integrantes mais maduros) com a
excelência da preparação acadêmica de jovens profissionais. Ele destaca os investimentos
realizados pela Odebrecht Óleo e Gás desde 2006 (ano de sua criação, ou recriação,
considerando-se a origem da empresa, em 1979, com a Odebrecht Perfurações Ltda., a
OPL) e oferece ao leitor um panorama da indústria de petróleo e gás no Brasil.
52
O Brasil tem a previsão de se tornar, ainda nesta
década, um grande player mundial, com a exploração
de petróleo na área do pré-sal. Como você descreve o
atual momento da indústria de petróleo no Brasil? O
que está mudando no país nesse setor?
O Brasil tem um plano muito ambicioso de aumento da
produção. O país quer chegar aos 4,2 milhões de barris
por ano em 2020. É um desafio enorme, cuja superação
a Presidente da Petrobras, Graça Foster, está conduzindo
de forma adequada à realidade. Os grandes campos
estão em queda, e a Petrobras precisa de novos projetos.
O Governo brasileiro vem estimulando a conquista de
metas ousadas, com forte participação da indústria
nacional. Os desafios são a escassez de força de trabalho qualificada e a dificuldade dos fornecedores de
suprir as demandas no ritmo necessário. A velocidade
do crescimento do setor no país é muito acelerada, e as
empresas, embora as que se relacionam com a Petrobras e com a Odebrecht sejam todas top de linha, ainda
buscam atingir metas de excelência. A superação do
desafio da qualificação de pessoas passa por programas
de capacitação. Aqui, na Odebrecht Óleo e Gás, temos o
Programa Embarcar, uma adaptação do Programa Acreditar [Programa de Qualificação Profissional Continuada
Acreditar] à realidade do nosso setor.
ππQuais são os destaques da contribuição da Odebrecht Óleo e Gás para que o Brasil consiga superar
seus desafios e conquistar o patamar pretendido?
De 2006 até o início de 2013, a Odebrecht Óleo e Gás
construiu sete plataformas de perfuração para águas
ultraprofundas, para atender à Petrobras. Nossa empresa
tem a quinta maior frota do mundo para águas ultraprofundas, incluindo o pré-sal [veja quadro que acompanha
esta entrevista]. Estamos operando mais um FPSO
[unidade flutuante de produção, armazenamento e descarregamento de petróleo], pela primeira vez no Brasil,
e construindo mais dois navios para o lançamento de
linhas flexíveis, PLSVs, como são conhecidos no mercado. Somos a única empresa brasileira que atua no segmento de construção submarina (subsea). Investimos,
no total, US$ 5,5 bilhões em seis anos.
ππE como o cliente Petrobras, com quem a Odebrecht
mantém uma relação histórica e prolífica, percebe
esses esforços?
Acho que um episódio bastante recente pode dar boa
ideia disso. Ontem [20 de junho], a Presidente da
Petrobras, Graça Foster, visitou o navio de perfuração
Norbe IX [capaz de operar até a profundidade máxima
de 3 mil m e perfurar poços de até 10 mil m], na Bacia
de Campos. Isso, por si só, já representou o reconhecimento de que estamos no caminho certo, pois foi
a única plataforma que ela visitou. A presidente fez
muitos elogios durante a permanência a bordo. Por
força de tudo o que ocorreu e continua ocorrendo nessa
longa relação empresarial, a Petrobras sabe que a Odebrecht entrega a obra para a qual foi contratada, sem
desistências, e que existe, de nossa parte, garantia de
performance. Sobretudo, a Petrobras percebe que existe
na Odebrecht uma cultura empresarial que a diferencia,
que faz as pessoas gostarem de trabalhar na empresa
e, consequentemente, estarem sempre motivadas a
atender bem a seus clientes.
“Hoje estamos na fronteira
da tecnologia. E o nosso
desafio, como fornecedores,
é atuar nessa fronteira”
ππMas ainda há as boas (na verdade, ótimas) notas
atribuídas às unidades pela Petrobras, correto?
Sim. Estamos muito felizes por isso também. A ODN II
[capaz de operar até a profundidade máxima de 3 mil m
e perfurar poços de até 10 mil m], recebeu duas vezes a
nota “10” e outras duas vezes nota “9,9” dos fiscais da
Petrobras, que avaliam tudo, desde a operação propriamente dita às acomodações dos trabalhadores, passando
pela comida servida a bordo e a limpeza da unidade. A
média das nossas avaliações é “9”. Para a Petrobras, um
cliente extremamente rigoroso e exigente, a nota “9”
significa que se chegou a um nível excelente. A nota
“10”, então, podemos entender que representa uma
operação perfeita. Isso nos orgulha e incentiva a buscar
resultados ainda melhores, sempre.
ππO desenvolvimento de tecnologia é uma prioridade
que se confirma no dia a dia de atuação das equipes
da Odebrecht Óleo e Gás. Em que medida o atendimento a clientes exigentes e as parcerias com grandes
empresas internacionais vêm contribuindo nesse
sentido?
A exploração offshore de petróleo começou nos anos
1960, com os Estados Unidos, no Golfo do México, e com
a Grã-Bretanha, no Mar do Norte. No Brasil, a busca de
petróleo no mar teve início no anos 1970, em águas rasas,
de até 300 m de lâmina d’água. Em 1979, a Odebrecht Perfurações Ltda. (OPL) tornou-se a primeira empresa privada
Odebrecht informa
53
brasileira a perfurar poços. Em meados dos anos 1980, o
país passou a explorar o que então se considerava águas
profundas, em lâminas d’água de 500 m. No fim dos anos
1980, foi a vez das lâminas d’água de mil metros. As plataformas ancoradas, que podiam operar em profundidades
de até 600 m, começaram a dar vez às semissubmersíveis, mais avançadas e capazes de explorar a mil metros,
com precisão muito maior. Na década de 1990, chegou-se
a 1.500 m, e, nos anos 2000, o país conheceu a exploração de petróleo realizada a profundidades de mais 2 mil
metros. Já eram águas consideradas ultraprofundas. Em
meados dessa mesma década, atingiu-se os 3 mil metros.
Foram saltos gigantescos! Passamos dos sistemas de
operação mecânicos e elétricos aos sistemas totalmente
informatizados. Hoje estamos na fronteira da tecnologia.
E o nosso desafio, como fornecedores, é atuar nessa fronteira. A Petrobras, naturalmente, sempre incentivou seus
parceiros a desenvolverem tecnologia. Não poderia ser
diferente, porque a cadeia produtiva do petróleo é longa
e baseada em tecnologia. Sem dúvida, atender a clientes
como a Petrobras e também como a Shell, a Statoil, a
Total, a ConocoPhillips, e ter parcerias com empresas
líderes mundiais de mercado e detentoras de grande
conhecimento tecnológico, como a Teekay e a Technip,
são fatores muito importantes para os nossos avanços.
ππDe que maneira a experiência acumulada pelas
equipes da Organização no setor, desde os tempos da
OPL, está sendo importante para o contínuo crescimento da Odebrecht Óleo e Gás? E como esse conhecimento e essa vivência dos integrantes mais maduros
estão sendo equilibrados com os novos conhecimentos
trazidos pelos jovens?
Na Odebrecht Óleo e Gás, temos integrantes experientes
que assumem o compromisso de se manterem atualizados.
O trabalho na indústria de petróleo e gás envolve riscos
altos. Não podemos prescindir da experiência. A segurança da operação vem antes de tudo. E, se a experiência
significa segurança, então é a experiência que vem antes
de tudo. Temos profissionais que estão conosco há muito
tempo, mas também há pessoas que, apesar de serem
experientes na profissão, são novas na Organização. Estas
precisam ser aculturadas. É um desafio nosso. De outro
lado, temos integrantes jovens, bem preparados em termos
acadêmicos, mas que precisam desenvolver o “sangue frio”
que a experiência traz, para estarem realmente aptos a
enfrentar todo tipo de situação que pode surgir durante
uma operação no mar. Por isso, nossa estratégia é mesclar
a experiência com os novos conhecimentos trazidos pelos
jovens. E, quando me refiro a “mesclar”, refiro-me a levar
isso à prática de cada dia. Aqui na empresa temos mentores, ou seja, um integrante maduro, um “velho marujo”
que tem a responsabilidade de formar jovens parceiros.
54
Isso faz parte do nosso Programa Embarcar. Dependendo
do programa que lidera, um profissional experiente acompanha, no dia a dia, de um a quatro jovens. Nossa ideia
é esta: unir a experiência atualizada dos profissionais
maduros à excelência de preparo dos jovens.]
Odebrecht Óleo e Gás
• A Odebrecht Óleo e Gás fornece soluções integradas para a
indústria de petróleo e gás upstream (parte da cadeia produtiva
que antecede o refino) no Brasil e, em atuação transversal com
outras empresas da Organização Odebrecht, em Angola, na
Venezuela, na Argentina e no México.
• A atuação da Odebrecht Óleo e Gás ocorre em seis frentes:
perfuração offshore, construção submarina (subsea), produção
e logística offshore, manutenção e serviços offshore, serviços
de gerenciamento para E&P (Exploração e Produção) e serviços
especializados a poços.
• A frota da Odebrecht Óleo e Gás é formada por três plataformas semissubmersíveis (Norbe VI, ODN Delba III e ODN Tay
IV), quatro navios de perfuração (Norbe VIII, Norbe IX, ODN I e
ODN II), dois FPSOs (North Sea Producer, em operação no Mar
do Norte) e Cidade de Itajaí (em operação na Bacia de Santos) e
ainda dois PLSVs, em construção, com início de operação previsto para 2014 e 2015.
• Em 2012, a Odebrecht Óleo e Gás associou-se à empresa
Sete Brasil para realizar o gerenciamento da construção de cinco
unidades de perfuração, entre as quais quatro navios-sondas
que serão construídos no Estaleiro Enseada do Paraguaçu (EEP),
empresa da Organização Odebrecht, e posteriormente operados
pela Odebrecht Óleo e Gás.
Odebrecht informa
click
ππAcessórios confeccionados com coco da piaçava em Nilo Peçanha (BA)
c i ê n c i a
fragmentos de
vida e trabalho
na área de construção da hidrelétrica
de santo antônio, uma equipe se dedica a
resgatar vestígios arqueológicos
Texto Francisco Ornellas | Fotos Ricardo de Sagebin
ππ Juliana Santi (no alto) e as instalações de trabalho no Departamento de Arqueologia da Unir: transferência de conhecimento
56
Os olhos brilham com a certeza de quem fez a
opção correta. Há quatro anos, em meio ao
doutorado em Arqueologia pela Universidade
de São Paulo (USP), após obter sua graduação em História pela Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, a
gaúcha Juliana Rossato Santi desembarcou em
Porto Velho. Na capital de Rondônia, ela integrou-se à equipe de 85 pessoas (das quais 20
são arqueólogos) encarregada de resgatar vestígios arqueológicos na área da Usina Hidrelétrica
Santo Antônio, empreendimento conduzido pela
Concessionária Santo Antônio Energia, da qual a
Odebrecht é acionista.
A missão está quase completa. A fase de prospecção permitiu à empresa brasileira Scientia
Consultoria Científica procurar em toda a área do
canteiro da obra e recolher fragmentos, que são,
segundo confirmou a datação científica, de 7 mil
anos antes de 1950 (convencionado como “ano zero” para isso).
O trabalho de garimpagem, que delimitou sítios em que se escavou até 1,20 m de profundidade, possibilitou o recolhimento de mais de 100
mil peças, que incluem material cerâmico, polimentos rochosos e gravuras rupestres. Até que se
chegou ao momento da técnica tradicional: coloca-se tecido, passa-se carbono para emoldurar o
registro e, por fim, entra em cena o uso das novas
técnicas, trazidas pela empresa Dryas Arqueologia,
de Portugal. Um scanner transmite 900 mil feixes/segundo de laser para permitir, em 360º, a fotogrametria com tamanha precisão que nenhum
detalhe do menor objeto escapa.
Integrante da Santo Antônio Energia há quatro
anos, o acreano Ricardo Ferreira, 54 anos, acompanha tudo com o olhar atento de um pai. Ele é o
coordenador de Preservação Ambiental nas áreas
de Arqueologia e Paleontologia e ouve o relato das
conquistas das jovens Juliana, 33 anos, e Suzana
Zuse, 29 anos (conterrânea de Juliana e, como ela,
graduada em História pela UFSM e mestranda em
Arqueologia na USP).
Ricardo chegou a Porto Velho há 33 anos. “Sem
dúvida, algo que entusiasma muito ‘os daqui’ é a
mudança gerada pela Usina Hidrelétrica Santo
Antônio”, conta ele. Mudanças criadas durante a
obra e perpetuadas por atividades como as que ele
coordena. Circulando com desenvoltura nos espaços entre laboratórios e gabinetes que os abrigaram, eles cuidam agora da transferência de todo o
acervo para a Universidade Federal de Rondônia
(Unir).
Odebrecht informa
57
ππObjetos encontrados nos sítios arqueológicos nas margens do Rio Madeira:
uso da técnica do Carbono-14 para definir idade dos fragmentos
Benefício para a academia
Tanto Juliana quanto Suzana têm motivos para comemorar: são docentes,
concursadas, no Departamento de
Arqueologia da Unir, implantado a
partir do trabalho que ajudaram a
desenvolver e ao qual será legado
todo o acervo. Na universidade,
elas poderão dar continuidade ao
programa, transferir experiência
e conhecimento, o que ajudará a
eternizar o patrimônio arqueológico.
Entre as prateleiras que se
sobrepõem nos laboratórios do
prédio que abrigou as equipes de
resgate arqueológico, o trabalho
agora é embalar milhares de fragmentos, telas de todos os tamanhos,
algumas vasilhas inteiras e dezenas de garrafas de
diferentes tamanhos.
Tudo isso é resultado da paciência que caracteriza profissionais como elas. Começou
nas margens do Rio Madeira, acessíveis apenas
no período de estiagem. Seguindo os padrões
de assentamento humano, delimitaram sítios
por amostragem e partiram para a prospecção.
Eram espaços distantes 20 m uns dos outros.
Escavaram a área, fizeram registros fotográficos e
o decalque em tecido e levaram tudo para o laboratório. Ali, lavaram, triaram e analisaram cada
pedaço. Com a técnica do Carbono-14, obtiveram
as datações científicas. Chegaram a determinar
peças com 7 mil, 4 mil, 2 mil e 500 anos (antes
58
de 1950). Conceito arqueológico desenvolvido na década de 1940, o Carbono-14 permite,
por análise química, identificar a idade de boa
parte de fragmentos e objetos encontrados no
planeta.
O caso das garrafas é especial.
Embora mais recentes (100 anos, segundo o Carbono-14), boa parte delas foi encontrada enterrada no sítio
de Santo Antônio, o núcleo urbano
pioneiro de Porto Velho e distante 7,5 km do atual centro. São garrafas de um quarto de litro, em sua
maioria esverdeadas e feitas em vidro
grosso. Há também outros vasilhames menores, com inscrições que os
identificam como portadores de cosméticos consumidos por trabalhadores
dos primeiros trilhos da Estrada de Ferro
Madeira-Mamoré.
Nesse ponto, a recuperação arqueológica encontra-se com a preservação histórica. O mineiro
Alexandre Queiroz é o guardião dos programas de
sustentabilidade da Madeira-Mamoré, responsável pela interação dessa área com a comunidade.
Coleciona registros de muitas conquistas, como
a urbanização do entorno da capela (onde os arqueólogos encontraram as garrafas) e a instalação do Centro Cultural Indígena no sítio de Santo
Antônio. Em Porto Velho, Queiroz vê com carinho
as obras de restauração do pátio da antiga estrada
de ferro. E vislumbra, para o futuro, a circulação
de trens turísticos nos primeiros quilômetros da
aventura que marcou a velha ferrovia. ]
ideias
Conectado à estrada
Texto Emanuella Sombra
Um chip instalado no veículo permite ao condutor passar pelo pedágio sem perder tempo
na cancela. A tecnologia já é conhecida, mas
os motoristas brasileiros agora podem tornar
suas viagens ainda mais práticas ao utilizarem
o ConectCar. O novo modelo de pagamento
eletrônico é mais vantajoso que seus principais
concorrentes. Por duas razões: porque funciona
pelo sistema pré-pago de recargas e, portanto,
não cobra mensalidade e porque o aparelho
pode ser comprado em qualquer Posto Ipiranga
e a um custo bem inferior aos similares.
O ConectCar, criado pela Odebrecht
TransPort em parceria com a Ipiranga, entrou
em operação em abril. Sua tecnologia possibilita a emissão de um aviso, por meio do
celular, no momento de fazer uma nova recarga
e permite trocar créditos por combustível.
“Para quem viaja pouco, é uma opção muito
mais econômica que as concorrentes”, explica
João Cumerlato, Diretor-Superintendente da
ConectCar. O sistema também funciona em
alguns estacionamentos de shoppings e de
centros comerciais da capital paulista. Até o
fim do ano, estará disponível em mais de 100
estabelecimentos. Na estrada, já são 20 as concessionárias que aderiram ao novo modelo.
Na lata
Em tempo real
Boas ideias podem surgir (e frequentemente surgem) de
dificuldades da vida prática. Uma proposta da Braskem, em
parceria com a Companhia Brasileira de Embalagens, resolve
o dilema habitual dos consumidores de cerveja: como evitar a
contaminação do líquido ao ocorrer o contato com a superfície
externa da lata? Aprovado em testes laboratoriais por
institutos no Brasil e na França, um lacre plástico veda a parte
superior da embalagem e mantém a superfície totalmente
limpa. O lacre é aplicado às latas depois de elas passarem pelo
processo de lavagem e secagem, e isso garante um produto
seguro, limpo e pronto para o consumo em qualquer ocasião.
A novidade – ecologicamente viável por utilizar matériaprima reciclável – chegou aos supermercados em junho.
A primeira marca a adotar o lacre foi a Cervejaria Colônia.
Painéis que emitem alertas em tempo real
e permitem a tomada rápida de decisões.
Para melhorar os processos de exportação,
a Odebrecht Logística e Exportação
(Olex) implantou o WMS (Warehouse
Management System), um sistema de
gestão de armazéns on-line que monitora
a logística desde o recebimento dos
pedidos de fornecedores até a entrega
das mercadorias nos portos de Santos
(SP) e do Rio de Janeiro e seu posterior
embarque. O monitoramento permite
a detecção de problemas e sua solução
imediata.
Odebrecht informa
59
v i d a no c ante i ro
para trabalhar
com alegria
Texto Luiz Carlos | Foto Edu Simões
canteiro de obras da hidrelétrica de
teles pires inova nas ações voltadas
ao bem-estar dos trabalhadores
60
Texto João Paulo Carvalho | Fotos Bruna Romaro
É um canteiro de obras, mas fique à vontade para
chamá-lo de cidade. A infraestrutura montada para abrigar os integrantes que atuam na construção
da Usina Hidrelétrica Teles Pires, realizada pela Odebrecht Infraestrutura na divisa dos estados
do Mato Grosso e Pará, não deixa nada a desejar se
comparada a de muitos municípios do interior do
Brasil. Atualmente, cerca de 5 mil pessoas usufruem
das instalações distribuídas por 55 mil m², tudo
pensado para proporcionar a maior integração possível entre seus habitantes.
A estrutura por si só já é de animar qualquer cidadão, mesmo se ele for hiperativo. Além dos 1.488
quartos – cada um com televisão a cabo e ar-condicionado –, não faltam locais para o entretenimento. A partir das 9 horas, os espaços já estão prontos
para receber os primeiros frequentadores em busca de diversão. O dia pode começar em um dos três
campos de futebol (um deles, em tamanho oficial,
possui grama natural, e os outros dois, grama sintética, estes os únicos da região no raio de 300 km).
Neles realizam-se campeonatos, com direito a prêmios para os vencedores. Para quem não curte uma
“pelada” ao ar livre, o que não falta é opção indoor.
No salão de jogos, há mesas de sinuca, pingue-pongue, dominó, dama e pebolim.
Para os mais ligados em tecnologia, são várias as
opções de jogos no Playstation, um videogame de
última geração. Uma sala de cinema para 150 pessoas, com direito a pipoqueiro na entrada, exibe filmes
todas as noites, a maioria deles pedidos pelos próprios trabalhadores. Ação e comédia são os gêneros
preferidos. Depois de um cineminha, que tal uma
parada na pizzaria ou na lanchonete com os amigos?
Depois, quem sabe para finalizar o dia, uma passadinha na lan house, para checar e-mail, ou umas
comprinhas rápidas nas lojinhas – que vendem
desde pilhas e chocolate até roupas e acessórios para celular. A escolha pode ser uma visita à capela
ecumênica, que abraça igualmente pessoas de todas
as religiões.
Para que toda essa estrutura funcione, além dos
responsáveis pela manutenção física dos espaços, os
voluntários têm participação indispensável. São oito no momento. Essa turma é liderada por Edvaldo
ππNoite de festa no canteiro de Teles Pires:
mais prazer no exigente e desafiador ambiente
de uma grande obra de engenharia
Odebrecht informa
61
ππEdvaldo Freire: trabalho começa com a chegada do integrante ao projeto
Freire, pernambucano de Serra Talhada, uma espécie de mestre de cerimônias e animador, que também faz as vezes de radialista e apresentador de TV.
É dele a voz que se ouve nas caixas de som espalhadas pelo canteiro e nos eventos realizados na concha
acústica, um espaço com palco, pista de dança e arquibancadas feito especialmente para ambientar as
festas realizadas no local.
Freire é responsável pelo Programa de Qualidade
de Vida do Trabalhador, e esta não é a primeira vez
que atua na função. Foi ele o responsável pela implantação de programas similares na Hidrelétrica
de Irapé, em Minas Gerais, em 2002, no canteiro da Odebrecht Engenharia Industrial, em São
Roque do Paraguaçu (BA), em 2005, e no Projeto
de Mineração Onça Puma, em Ourilândia do Norte
(PA), em 2007.
“O ser humano precisa ser conquistado”
“Aqui em Teles Pires, a grande novidade é a TV
Viva+. É a minha menina dos olhos. Estamos todos
aprendendo a fazer”, afirma Freire. A TV Viva+ é um
canal interno que transmite programas feitos, no
próprio canteiro, por voluntários. O conteúdo é variado: apresenta entrevistas sobre saúde e segurança
do trabalho e exibe atividades internas, como a festa
de São João que a equipe de Odebrecht Informa teve
a sorte de presenciar.
A TV possui estúdio, câmeras digitais e computadores equipados com programas profissionais de
edição. “Minha maior alegria é poder fazer um pouquinho de tudo que realizei em cada obra por onde passei, aprendendo e ensinando cada vez mais. O
62
que faço aqui é parte de um trabalho de conscientização que começa com a chegada do integrante. O
ser humano precisa ser conquistado, e se você trata
as pessoas de igual para igual, a relação começa diferente e permanece assim o tempo todo”, enfatiza
Freire.
O trabalho dele e de sua equipe é percebido na
prática por pessoas como Hélio Ferreira Lima, assistente técnico que atua na obra com dois filhos,
dois cunhados e um sobrinho. “Aqui temos boas
condições de trabalho e de desenvolvimento pessoal
e profissional. Quem tem vontade de crescer acha
sempre uma oportunidade”, diz ele, que participa de
obras da Odebrecht desde 1985.
De acordo com o Diretor do Contrato, Antônio
Augusto Castro Santos, oferecer uma estrutura como a de Teles Pires é um grande diferencial para
estimular a boa convivência e a produtividade das
pessoas. “O mais importante disso tudo, e que está explícito na nossa TEO [Tecnologia Empresarial
Odebrecht], é o respeito pelo ser humano. É preciso ter pessoas satisfeitas e motivadas. Por isso, investimos em qualidade de vida para o trabalhador”,
salienta. “Convidamos uma arquiteta para elaborar
o desenho deste lugar. O objetivo era trazer alguém
com outro olhar, que pudesse humanizar ainda mais
o nosso ambiente, onde conviveremos por muito
tempo até o fim da obra”, ele acrescenta.
Tanto bem-estar reflete-se no andamento do
projeto, que nunca viveu uma greve e alcançou no
dia 6 de junho um importante marco: o desvio do
Rio Teles Pires e a chegada a 49% de avanço da
obra, prevista para ser entregue em julho de 2015.]
Odebrecht informa
click
ππChristian Fuchs, praticante de caiaque, em Nazaré Paulista (SP), no entorno do Corredor D. Pedro I
l og í s t i c a
ππEquipe de Logística da Odebrecht Agroindustrial: a partir da esquerda, Evandro Pizeta, Luciano Pereira, Gabriel
Salgado, Cristiane Pereira, Felipe Vendramin, Guilherme Schwab, Luciana da Cruz, Ricardo Levy, Leonardo Finoti,
Kelli Kor Kamp, Edelson de Castro e Paulo Vivan
64
Do canavial ao
posto de serviços
para que o etanol e o açúcar produzidos pela
odebrecht agroindustrial cheguem aos seus destinos,
uma complexa operação é concebida e executada
Texto Guilherme Bourroul | Fotos Ricardo Teles
Com nove unidades localizadas em quatro estados, a Odebrecht Agroindustrial tem a maior parte da produção originada da região Centro-Oeste
do Brasil. Para o etanol e o açúcar chegarem aos
seus destinos, uma complexa operação logística
é necessária. O trabalho começa antes mesmo da
produção, no transporte das milhares de mudas de
cana-de-açúcar para o plantio. Em média, 18 meses depois, a cana está pronta para ser colhida e
será levada para a unidade de produção. Na empresa, a operação chamada de Corte, Carregamento e
Transporte (CCT) é objeto de forte investimento
em capacitação de pessoas e em equipamentos.
A cana colhida nas frentes agrícolas tem de ser
entregue na unidade para processamento e produção do etanol, do açúcar e da energia elétrica no
mesmo dia – de preferência, no mesmo período.
Como é um produto perecível, a cana colhida não
pode ser guardada. A operação de logística deve
ser ágil e precisa, pois impacta diretamente nos
resultados.
Para alcançar a excelência em servir e conseguir a otimização dos custos, todas as frentes
agrícolas da Odebrecht Agroindustrial utilizam
um software de dimensionamento logístico que
permite a minimização do impacto de eventual
falta de matéria-prima na indústria. “A automação possibilita a obtenção de dados dos processos agrícolas de forma confiável e em tempo real,
além da maior eficiência em controle de custos e
da tomada de decisão de maneira concomitante às
operações”, afirma Otávio Fonseca, do programa de
Logística Interna e Ativos Agrícolas da Odebrecht
Agroindustrial.
Todos os anos, durante a entressafra, que
acontece entre janeiro e março, os gerentes
agrícolas fazem uma projeção da produção e da
necessidade de matéria-prima para a safra seguinte. “Cada unidade pactua o plano de moagem que
será executado durante a safra. O objetivo é colher
a cana e abastecer a usina ininterruptamente, 24
horas por dia, enquanto houver disponibilidade
industrial e climática”, acrescenta Otávio.
Atualmente, a Odebrecht Agroindustrial dispõe de 281 colhedoras de cana envolvidas na operação de colheita e 562 veículos de transbordo –
trator e caminhão. No total, 77% dos equipamentos são próprios, e os 23% restantes, alugados. A
operação não para: durante todo o dia, cada caminhão canavieiro faz de quatro a oito viagens entre
o campo e a unidade. “É um processo bastante sincronizado”, conclui Otávio.
Equipe de infraestrutura
Como apoio para a operação logística, a
Odebrecht Agroindustrial tem uma equipe de infraestrutura que viabiliza a construção e a manutenção de estradas, pontes e outras benfeitorias,
fundamentais para garantir a viabilidade da operação e a segurança dos integrantes.
“Atendemos às necessidades de adaptação para escoar a matéria-prima. Nossos investimentos
são realizados a partir das demandas dos polos
produtivos da empresa, que fazem a interface com
a área agrícola para definir as obras prioritárias”,
explica Marcos Alves, Responsável por Engenharia
e Implantação nos Polos São Paulo e Goiás.
Somente na safra passada foram aplicados
quase R$ 75 milhões em benfeitorias. “À medida
que vamos expandindo as fronteiras dos canaviais e identificando oportunidades de melhoria
nas estradas que nos levam às nossas unidades,
Odebrecht informa
65
Acervo Odebrecht
precisamos investir um montante maior em infraestrutura”, observa Marcos.
Transporte de etanol e açúcar
De maneira a otimizar o mix de produção, a estocagem e as vendas dos produtos, a
Odebrecht Agroindustrial conta com uma equipe de Planejamento que, a partir das previsões
de produção das usinas, da previsão de preços do
Programa Comercial, da capacidade de estocagem
e do perfil de vendas (contrato e spot) e do custo
dos serviços, determina a melhor curva de venda
e expedição para cada mês.
Para transportar o etanol e o açúcar produzidos em cada unidade, os modais utilizados atualmente são o rodoviário e o ferroviário.
A Odebrecht Agroindustrial é hoje a principal
transportadora de etanol do país por ferrovias. O
cumprimento do compromisso assumido com os
clientes, de entregar o produto com segurança, no
prazo determinado e a um custo competitivo, é
assegurado pela atuação da equipe de Logística,
responsável pelo planejamento e pela operação
integrada de bases, terminais e modais logísticos.
De acordo com Ricardo Levy, Responsável por
Planejamento, Logística e Energia, um sistema
informatizado ajuda a definir qual unidade atenderá a cada contrato comercial firmado e em que
momento a empresa deve estocar ou vender no
66
mercado spot [entrega imediata e pagamento à
vista], que representa cerca de 40% das vendas.
“Temos um sistema que cruza a curva de preço
com a de frete. Tudo que reduzirmos de custo logístico é diferencial competitivo”, informa
Ricardo.
Expedição Segura
O desafio da Logística é entregar sempre no
prazo, com preço bom e de forma segura. A empresa atende a todas as normas de transporte e
desenvolve, no momento, o projeto Expedição
Segura, cujo objetivo é minimizar os riscos para a Odebrecht Agroindustrial, para o transportador e os demais envolvidos, além de garantir
significativo ganho de produtividade. Parte importante desse projeto é o sistema de automação
do carregamento de etanol, que será implementado inicialmente nas Unidades de Alto Taquari,
no Mato Grosso (Polo Taquari), e Santa Luzia, no
Mato Grosso do Sul (Polo Mato Grosso do Sul),
até setembro.
Com investimento de R$ 16 milhões, o sistema mede a vazão da unidade para o tanque,
que possui um radar por meio do qual é medido o volume na saída para o carregamento. “Tudo
que sai do sistema é mensurado. Existe perda por
evaporação, mas é pouco representativa”, destaca
Ricardo Levy.
Acervo Odebrecht
Acervo Odebrecht
ππCanavial, unidade industrial e ponto de carregamento
de etanol: a próxima parada é o posto de serviços
Em maio, a Odebrecht Agroindustrial inaugurou um terminal de etanol voltado ao mercado
spot em Paulínia (SP). “O terminal tem alta capacidade de recepção ferroviária e localização estratégica, no maior hub de combustível do Brasil,
próximo ao principal mercado consumidor do
país”, observa Ricardo.
Desde o ano passado, a empresa embarca etanol para os Estados Unidos. Nesse caso, o produto vai por rodovia até o porto de Santos (SP)
ou por linha férrea até o porto de Paranaguá (PR)
e, depois, por navios-tanques até seu destino final. No caso do açúcar, 90% da exportação ocorre por meio de uma operação multimodal (rodoviária e ferroviária) de Paranaguá para Ásia,
Oriente Médio e Europa, e 10% por rodovia, para
o Uruguai. ]
A Logum e o
“etanolduto”
Criada em 2011, a Logum Logística é mais um símbolo da
sinergia entre as empresas da Organização Odebrecht.
Responsável pela operação de um sistema logístico de
etanol que tem como grande diferencial o uso de dutos que
totalizarão 1,3 mil km de extensão e de uma hidrovia nos
rios Paraná e Tietê, a Logum possui seis sócios: Odebrecht
Transport, Petrobras, Copersucar, Raízen, Camargo Corrêa
e Uniduto, uma associação que congrega 52 usinas.
A implantação desse sistema, cuja conclusão está
prevista para 2016, permitirá que 100% das unidades da
Odebrecht Agroindustrial sejam atendidas, viabilizando
o escoamento de grande parte de seu etanol. “Na maturidade da nossa operação, a estimativa é gastar em torno
R$ 300 milhões por safra em logística. Com a Logum,
devemos reduzir consideravelmente nossos custos, o que
é fundamental para um negócio de commodity”, salienta
Ricardo Levy.
A Odebrecht Agroindustrial deverá expedir aproximadamente 2 bilhões de litros pela Logum. Na safra 2014/15,
a empresa usará o duto de maneira expressiva. Ricardo
avalia: “Teremos a condição de continuar competitivos,
crescer e, assim, perpetuar nosso negócio”.
Odebrecht informa
67
p etro q u í m i c a
ππPedro Boscolo e Amauri Silva: crescendo com a empresa
68
Duas histórias
de pioneirismo
plantas da braskem em paulínia e mauá completam,
respectivamente, 5 e 10 anos de operação, recebendo
investimentos em tecnologia para aumento da produção
Texto Fabiana Cabral | Fotos Holanda Cavalcanti
Há 15 anos, o engenheiro químico Maurício
Britto conquistou sua primeira oportunidade
de trabalho, no Polo Petroquímico de Triunfo
(RS). Dez anos mais tarde, em março de 2008,
mudou-se para o interior de São Paulo, para um
recomeço: atuar na partida da então nova planta de polipropileno da Braskem, em Paulínia, a
PP 3 PLN. “Foi um grande desafio”, lembra-se.
“Desafio” também é a palavra que define o início
da carreira de Mateus Bacochina, vivido por ele
na PP 3 PLN. “Tudo era novo para mim.”
O início do funcionamento do primeiro projeto greenfield da Braskem ocorreu no dia 23 de
abril de 2008, após 20 meses de obras executadas pela Odebrecht. “O local escolhido é estratégico, pois ficamos próximos à unidade da
Petrobras, que fornece, por meio de dutos, 80%
da nossa matéria-prima, e das fábricas dos
clientes, no ‘coração’ do estado de São Paulo”,
explica Maurício, Gerente de Produção.
O gaúcho Eduardo Konrath é um dos operadores transferidos de Triunfo para Paulínia.
Com 25 anos de Organização, ele destaca a rara oportunidade de acompanhar desde a construção da planta até sua partida: “Aprendi muito
convivendo com pessoas de diferentes áreas e
tive a chance de ‘tirar os equipamentos das caixas’ e inspecioná-los antes da instalação”.
Ao longo dos cinco anos, a produção da PP
3 PLN tem aumentado, acompanhando o mercado de polipropileno, cujo crescimento é de 6% a
8% ao ano. A resina termoplástica é utilizada na
fabricação de produtos como embalagens, peças
automotivas, brinquedos e eletrodomésticos.
Sua diversidade de aplicações possibilita redução de custos e vantagens competitivas.
De 90 mil t no primeiro ano, a produção
atingiu 330 mil t em 2012. Segundo Maurício
Britto, com investimentos em novas tecnologias
e equipamentos, a expectativa é chegar a 450
mil t/ano até 2015. “Quebrar recordes de produção só é possível com equipes qualificadas”, salienta.
Integrantes de três gerações atuam em
Paulínia. Da primeira geração, vinda de Triunfo,
há pessoas que somam mais de 25 anos de experiência. A segunda é formada por moradores da região, com 15 anos de carreira, em média, seguida pelos jovens talentos, com média
de idade de 25 anos, qualificados por meio do
Programa de Formação de Operadores, iniciativa
da Braskem em parceria com o Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial (Senai) voltada ao
desenvolvimento de profissionais da indústria
petroquímica. “Também elaboramos cursos para
que os mais experientes transferissem conhecimentos aos jovens recém-contratados”, relata
Maurício.
Mateus Bacochina é um dos capacitados no
programa. Ele viu na Braskem a oportunidade
para ingressar no mercado de trabalho após concluir o Ensino Técnico em Química. Passou por
uma longa jornada até a aprovação final, que incluiu aulas teóricas, avaliações, aulas práticas e
Odebrecht informa
69
ππA partir da esquerda, Eduardo Konrath, Mateus Bacochina e Maurício Britto,
em Paulínia: novidades, desafios e aprendizados
testes no Polo de Triunfo. “Participei da partida da planta e troquei a faculdade de Engenharia
Mecânica pela de Engenharia Química”, explica.
Mateus graduou-se em dezembro de 2012 e, em
março de 2013, assumiu a função de Analista de
Planejamento de Produção.
De Paulínia para Mauá
“Sou da época em que havia bancos de madeira na recepção. Era o início de tudo”, descreve
Amauri Silva, que completou 36 anos de trabalho na PP 4 ABC, em Mauá (SP). Em 1977, aos
21 anos, ele viu um anúncio de jornal que recrutava profissionais do setor de Usinagem. “Eu
disse ‘esse sou eu’ e hoje estou feliz com a oportunidade que abracei”, afirma. Técnico líder de
Manutenção, Amauri enfatiza: “Quando a empresa cresce, crescemos com ela”.
Ele acompanhou a partida da primeira fábrica de polipropileno da América Latina, em 19 de
maio de 1978. Com tecnologia Slurry – que utilizava solvente para produção –, sua capacidade
era de 60 mil t/ano. “Os meses que antecederam
à partida foram de muito trabalho e estudo, para
que o início da operação fosse tranquilo”, relembra o operador Luiz Antônio Martins, também
com 36 anos de PP 4 ABC.
Em 1985, o engenheiro químico Pedro
Boscolo chegava à planta com o objetivo de
70
reduzir custos e aumentar a produtividade. Com
a implantação de uma unidade de resfriamento
de propeno (matéria-prima para a produção de
polipropileno), a capacidade chegou a 130 mil t/
ano. “A PP 4 ABC precisou se modernizar para
atender ao crescimento do mercado e dos clientes”, ressalta.
Depois de um período em que atuou em outros programas, Pedro retornou à Mauá em 2006,
para participar dos esforços voltados à efetivação
da tecnologia que acabara de ser implantada, a
Sheripol – que transforma propeno em polipropileno por meio do processo de polimerização (também utilizado nas outras plantas de polipropileno
da Braskem). “Em 2003, a planta antiga foi demolida e uma nova e mais moderna, construída antes
da desativação da primeira, no terreno ao lado, começou a operar”, ele relembra.
A capacidade pulou de 130 mil t para 300
mil t/ano. Em 2006, atingiu 360 mil t/ano e, em
2008, chegou a 450 mil t/ano. “Tivemos grande
investimento e estamos quase no limite da nossa produção”, afirma Pedro, que conclui: “Nosso
desafio é manter o reconhecimento a essa
perfomance, interna e externamente, formando
uma nova geração de integrantes, com competência e criatividade, e aumentando os esforços
na escalada pela excelência nas operações. Tudo
isso com uma visão sustentável”. ]
Odebrecht informa
G E N T E
Texto Eliana Simonetti
FAMÍLIA
José Cláudio Daltro, nascido
na Bahia, é casado com Mara,
gaúcha. Catarina, a filha mais
velha do casal, é paulista e vive
em Caracas desde os 4 anos. José
Cláudio Filho, 14 anos, nasceu em
Pernambuco e desembarcou em
Caracas aos 6 meses. Responsável
por Administração, Finanças
e Planejamento na Odebrecht
Venezuela há 13 anos, José
Cláudio ja morou no Peru, na
Argentina e no Chile. Ensinou
desde cedo aos seus filhos que
a diversidade enriquece a vida.
“É preciso amar o lugar onde se
está e conhecer as pessoas e sua
cultura, pois o contato com elas
traz experiências que fortalecem
nossa família.”
Arquivo pessoal
Experiências que fortalecem
ππJosé Cláudio: "É preciso amar o lugar onde se está"
VIAGEM
Ed Araújo
Descobertas do caminho
ππSaionara: encantada com a beleza dos morros de Santos
72
Nascida em Quedas do Iguaçu (PR),
Saionara Lawandovski Porto estudou
Administração e está concluindo
pós-graduação em Projetos Sociais.
Morou em Tocantins, Mato Grosso e
Rondônia. Casada, mãe de dois filhos
adultos, integrante da Organização há
cinco anos, ela coordena os projetos
sociais da Odebrecht Realizações
Imobiliárias (OR) em Santos (SP) e está
encantada com a cidade, sobretudo
com a beleza e a diversidade dos
morros, que percorre a pé, conversando
com as pessoas. Seu lugar preferido
fica no alto do Morro Nova Cintra, na
Pedra da Campina, de onde se avista
o litoral de Santos e São Vicente. “Há
belezas preciosas que só conhecemos
quando nos dispomos a caminhar”, diz.
esporte
cultura
Aos 7 anos, Luiz Martins Catharino
Gordilho Neto jogava futebol no
time mirim do Vitória. Entre os
7 e os 13, participou de torneios
do circuito nacional de tênis.
Aos 13, começou a treinar boxe
e competiu em alguns torneios
amadores. Aos 18 resolveu lutar
jiu-jitsu, modalidade na qual foi três
vezes campeão baiano e campeão
interestadual. Ele também surfava.
“Em 2000, depois de perder na
primeira rodada do campeonato
mundial de jiu-jitsu, decidi me
dedicar 100% à Engenharia. Eu
já havia sido terceiro colocado no
mundial de 1998 e não conseguiria
conciliar o esporte de competição
com a carreira.” Na Odebrecht desde
2000, ele é hoje Responsável pelo
Projeto de Propósitos Múltiplos de
Xalapa, no estado de Veracruz, no
México. Joga tênis e futebol sempre
que pode e pratica natação com a
esposa, Louise, e as filhas, Maria
Luísa, 5 anos, e Liza, 3. Maria Luísa
já compete no Clube Mundet, na
Cidade do México.
Lia Lubambo/Lusco
O esporte no DNA
ππAntônio: celebração do talento e da
presença da arte brasileira no exterior
Carlos Ruiz
Salve a arte
ππLuiz com a esposa, Louise, e as filhas, Maria Luísa e Liza: amor ao esporte
transmitido à famíla
Arquiteto carioca, casado e pai
de quatro filhos, Antonio Carlos
Pinto ingressou na Odebrecht em
1978, aos 18 anos, como estagiário
na obra do shopping center Rio
Sul, no Rio de Janeiro. Nos anos
seguintes atuou no Brasil, nos
Emirados Árabes Unidos e na Líbia,
mas viveu a maior parte do tempo
nos Estados Unidos. Desde 2011,
desenvolve novos negócios no país.
Entusiasta da arte, ele liderou a
equipe responsável pelo êxito do
projeto de recuperação e instalação
de dois painéis do pintor Carybé no
Aeroporto Internacional de Miami.
Recentemente, o projeto recebeu
prêmio da Brazilian International
Press. “A premiação celebra e destaca
o talento e a presença da arte
brasileira no exterior”, diz Antonio,
satisfeito com o reconhecimento à
iniciativa da Odebrecht.
Odebrecht informa
73
me i o
am b i ente
patrimônio
líquido
empresas da odebrecht concebem e executam
projetos para a preservação dA água
Texto Zaccaria Junior | Foto Holanda Cavalcanti
“A cooperação pela água não é uma questão técnica ou científica. É uma questão de luta contra a
pobreza e de proteção do meio ambiente. É construir a fundação para o desenvolvimento sustentável e a paz duradoura.” A frase, extraída de mensagem divulgada por Irina Bokova, Diretora-Geral
da Unesco (Organização das Nações Unidas para
a Educação, a Ciência e a Cultura), por ocasião do
Dia Mundial da Água, em 22 de março, veio ao encontro de um momento especial. Declarado pela
Organização das Nações Unidas Ano Internacional
de Cooperação pela Água, 2013 foi adotado como
símbolo da importância de preservar esse que é o
mais importante de todos os recursos naturais. Em
sua mensagem, Irina conclama “pensamento inovador” e “cooperação ilimitada” da sociedade.
Cerca de 70% do nosso planeta é constituído
por água. Desse total, 97,5% da água é salgada, e
apenas 2,5%, doce, sendo que 77,2% da água doce encontra-se nas geleiras e calotas polares, 22,4%
ππInstalações da Aquapolo: maior projeto de produção de água de reúso para fins industriais do Hemisfério Sul
74
em aquíferos subterrâneos, 0,36% em rios e lagos e
0,04% na atmosfera. Sobra, portanto, uma pequena
quantidade de água doce em estado líquido para diversos tipos de uso.
“A quantidade seria suficiente para que a população mundial vivesse de forma digna, não
fosse o desperdício e a poluição”, observa Mário
Pino, Gestor Corporativo em Desenvolvimento
Sustentável da Braskem e autor da rápida conta da
distribuição hídrica que iniciou o parágrafo anterior. Pino ressalta que o consumo de água triplicou nos últimos 50 anos e que a previsão é de que
a população que vive em áreas de grande estresse hídrico passe de 2,4 bilhões (2002) para 3,5 bilhões (2032).
Responsabilidade das empresas
Na Braskem, a busca pela preservação da água
tem gerado oportunidades de desenvolvimento de
novos produtos e mercados e contribuído para o
surgimento de soluções, com foco em algumas premissas: otimização do consumo de água na agricultura, setor que mais consome o insumo hídrico no mundo; prevenção de doenças relacionadas a
consumo de água contaminada e de problemas de
saúde relacionados à infraestrutura de saneamento
básico; e acesso à água para as populações que habitam locais remotos.
“O plástico é usado na construção de soluções
sustentáveis. A irrigação é responsável por 70% do
consumo de toda a água no mundo. A Braskem tem
ajudado seus clientes a desenvolver soluções com o
plástico para minimizar o consumo da água na irrigação. Já temos alguns produtos desenvolvidos para
esse fim”, relata Mário Pino.
Emyr Costa, Diretor de Engenharia da Odebrecht
Ambiental, destaca a importância de três fatores primordiais para a eficiência e segurança hídricas, todos
eles contemplados na atuação da empresa: conservação dos mananciais das bacias hidrográficas, redução
de perdas e criação de projetos de reúso.
Em relação às bacias hidrográficas, Emyr ressalta a revitalização da sub-bacia do Ribeirão
Taquarussu Grande, em Tocantins, responsável pelo abastecimento de 66% da população de Palmas.
Com redução de 85% na vazão durante o período
de estiagem registrado nos últimos 17 anos, a sub-bacia é alvo de um trabalho árduo de recuperação
ambiental e de conservação de áreas naturais e de
sua biodiversidade, para redução desse estresse hídrico e garantia da sustentabilidade do manancial.
Quanto à redução de perdas, Limeira (SP) tornou-se, em 1995, o primeiro município brasileiro a
conceder os serviços de água e esgoto a uma empresa privada. A concessão da Foz, empresa do segmento de água e esgoto da Odebrecht Ambiental,
opera com índices de perdas totais (incluindo físicas e comerciais) de apenas 16%, enquanto a média
no Brasil é de 40%.
No que diz respeito ao reúso, a empresa
Aquapolo Ambiental – emblemática parceria entre
a Odebrecht Ambiental e a Sabesp (Companhia de
Saneamento Básico do Estado de São Paulo) – é resultado do maior projeto de produção de água de
reúso para fins industriais do Hemisfério Sul, tendo a Braskem como seu principal cliente. Instalado
no Polo Petroquímico do ABC Paulista, o projeto
permite economia de água potável equivalente ao
consumo de uma cidade de 500 mil habitantes, o
que o torna um dos 10 maiores empreendimentos
do gênero no mundo.
Além da atuação nessas três vertentes, Emyr
destaca outra frente de contribuição da Odebrecht:
o Conselho de Conservação para a América Latina,
formado por líderes empresariais e políticos da região que assumiram o compromisso de se debruçarem sobre os desafios ambientais latino-americanos. O conselho, coordenado pela organização
global de conservação The Nature Conservancy
(TNC), elencou grupos temáticos concentrados
em ameaças ambientais que constituem riscos para a população e para os ecossistemas naturais. No
que se refere à água, formou-se uma força-tarefa de
empresas e governos locais em torno do objetivo de
assegurar o fornecimento nas cidades com maior
risco. A Odebrecht faz parte desse grupo. Marcelo
Odebrecht, Diretor-Presidente da Odebrecht S.A.,
integra-o, representado por Emyr Costa.
Monica Queiroz, Responsável por Sustentabilidade na Odebrecht Ambiental, destaca uma peculiaridade da região. Segundo ela, o valor final da água
que chega à sociedade brasileira e latino-americana
em geral é ainda um valor considerado barato se
comparado ao de outros países. “Há muitas campanhas sobre desperdício e sobre o valor da água que
são trabalhadas com o consumidor final, mas não se
trata muito a questão da perda de água nos processos das empresas fornecedoras de água e a importância da responsabilidade que elas têm. E os impactos são enormes”, argumenta Monica.
Essas soluções oferecidas pela Odebrecht
Ambiental podem ser replicadas em várias regiões,
com resultados muito positivos para o meio ambiente. “O trabalho de redução de perdas e reúso
impacta muitos mananciais e, consequentemente, a
eficiência hídrica”, complementa Monica.]
Odebrecht informa
75
cidades
o alemão
nas alturas
solução de transporte para a comunidade,
teleférico passa a ser também vetor de
crescimento do turismo e da economia local
Texto Luiz Assumpção | Fotos Américo Vermelho
Era necessário acordar ainda de madrugada. Vânia
Maria Almeida, moradora do Morro da Baiana,
precisava pegar uma Kombi, pagar R$ 2,00 para
chegar ao "asfalto" e então tomar outra condução até a estação ferroviária de Bonsucesso, para, finalmente, dirigir-se ao seu local de trabalho.
Tempo e dinheiro nunca sobraram para a diarista,
que repetia o ritual todos os dias.
Vânia representa milhares de pessoas que, há
cerca de dois anos – mais especificamente em
7 de julho de 2011 – foram beneficiadas com a
inauguração do Teleférico do Alemão, que permitiu aos moradores do Complexo do Alemão cumprirem seu trajeto até o trabalho mais rapidamente e gastando menos dinheiro. Da primeira à última das seis estações, são 16 minutos, e a passagem é gratuita para os residentes na comunidade.
A história recente do Complexo do Alemão
remonta à década de 1920, quando o polonês
Leonard Kacsmarkiewiez, refugiado da Primeira
Guerra Mundial, desembarcou no Rio de Janeiro
e adquiriu terras na Serra da Misericórdia, até então região rural da cidade. Com o tipo físico característico do norte da Europa, logo ganhou dos
cariocas o apelido, que se estendeu à sua propriedade, conhecida como Morro do Alemão.
A construção da Avenida Brasil, em 1946,
permitiu que diversas indústrias se instalassem
próximas à fazenda de Seu Leonardo, o Alemão.
Ao longo das décadas seguintes, a região tornou-se o principal polo industrial do Rio. Leonard
Kacsmarkiewiez, ao perceber esse crescimento, decidiu dividir o terreno em lotes e os vendeu. O desenvolvimento do local gerou uma corrida por moradia. Familiares de operários, vindos
de diferentes pontos do país foram, aos poucos,
76
se estabelecendo nos morros adjuntos, formando assim o Complexo do Alemão, oficializado em
1993 como bairro da Zona Norte da cidade.
Hoje o bairro é composto de 12 comunidades,
que, somadas, abrigam cerca de 200 mil pessoas.
A vida nunca foi fácil para os moradores que, durante décadas, foram obrigados a conviver com a
violência e com a falta de serviços básicos, no então principal quartel-general do tráfico de drogas
da cidade.
Ainda longe de apresentar condições ideais de
moradia, a vida no Complexo começou a melhorar
sobretudo a partir da chegada do PAC Favelas, em
2008, iniciativa dos governos Federal e Estadual.
Formado pela Odebrecht Infraestrutura, Delta
Construções e OAS, o Consórcio Rio Melhor
construiu escolas, casas, UPAS (unidades de
pronto atendimento) e o Teleférico. No fim de
2010, uma megaoperação das polícias Civil e
Militar, com o apoio das Forças Armadas, expulsou os traficantes que dominavam as comunidades, nas quais foram instaladas Unidades de
Polícia Pacificadora (UPPs).
Solução de transporte e atração turística
Seis meses mais tarde, depois de três anos de
obras, ao custo de R$ 210 milhões, o Teleférico,
administrado e mantido pela concessionária
SuperVia, melhorou o deslocamento dos moradores e se tornou um dos principais pontos turísticos da cidade. Em média, 12 mil pessoas viajam
diariamente nas gôndolas. Nos fins de semana,
mais da metade é turista.
Segundo o Diretor de Operações do
Teleférico, Luiz de Souza, a população abraçou o projeto e ajuda a zelar pela preservação do
ππO Teleférico do Alemão, Vânia Almeida e Vera Oliveira com familiares: mais qualidade de vida
para os moradores e atração de visitantes
Odebrecht informa
77
ππWarner Umbelino: "Aqui vendo para o mundo todo"
patrimônio. “No início, éramos muito questionados sobre danos que o Teleférico poderia sofrer
por parte da população. Após dois anos e mais
de 6 milhões de passageiros transportados, estou
convicto de que é um projeto vitorioso em todos os sentidos e vibro ao ver famílias sorrindo
e contentes ao andar nas gôndolas.” O preço da
passagem, R$ 5 para não moradores, possibilita
grande número de visitantes. Além disso, a novela “Salve Jorge”, da Rede Globo, em que parte da
trama se passava nas comunidades do Complexo,
alavancou ainda mais as visitas. Na baixa temporada, o Teleférico ultrapassou alguns dos pontos
turísticos mais procurados do Brasil. Segundo a
SuperVia, a média é de 14 mil turistas aos sábados e domingos, enquanto no Pão de Açúcar fica
em 6 mil e no Cristo 9 mil.
Vera Luzia Oliveira aproveitou o preço baixo da passagem para levar toda a família. "Moro
em Nova Iguaçu, e muita gente de lá diz que tem
vontade de conhecer o Teleférico do Alemão. A
passagem é bem mais barata do que a do Cristo
Redentor ou do Pão de Açúcar. Além disso, a
gente pode ter outra visão da cidade que não a da
Zona Sul", comenta a bancária acompanhada de
78
seus filhos, todos com sorrisos largos, passeando
pela primeira vez nas alturas do Alemão.
A chegada dos visitantes movimentou o comércio da região. Ao sair na Estação Palmeiras,
última do Teleférico, é possível encontrar uma
gama de vendedores, comidas e bebidas e um povo receptivo e orgulhoso.
O artista plástico Warner Umbelino mudou-se há cinco meses para o Morro da Nova Brasília.
Ele vende seus desenhos em azulejos para turistas de países tão distintos quanto Dinamarca e
Irã. "Aqui eu vendo para o mundo todo. Anoto
no meu caderno a nacionalidade dos meus compradores. Tem muito ‘gringo’ vindo depois das
obras." O caderninho de Umbelino já tem quatro
páginas com nomes de países que importaram sua
arte.
Desde a venda das terras de “Seu Leonardo”,
o Complexo do Alemão não tinha experimentado mudanças tão drásticas. É verdade que ainda
há um longo caminho a ser percorrido para trazer mais conforto aos moradores, mas a velocidade com que essas transformações ocorreram deu
ânimo à população, que anseia por mais investimentos de qualidade.]
Odebrecht informa
Quando vamos
para o exterior,
não vamos sós.
O Vilson, o Salvador, o Leonardo, o Ricardo e
milhares de outros brasileiros vão com a gente.
A Odebrecht é uma das principais exportadoras brasileiras de serviços. Para construir em 25 países,
de cinco continentes, leva consigo suas equipes, sua tecnologia, sua capacidade de fazer acontecer e,
também, milhares de empresas brasileiras fornecedoras de bens e serviços.
Mais de 2.800 pequenas, médias e grandes empresas brasileiras exportaram bens e serviços para
obras da Odebrecht e geraram mais de US$ 1,4 bilhão em divisas para o Brasil em 2012.
VilsOn Pastre,
diretor comercial da Bompel –
calçados de segurança:
“A Odebrecht abriu novos
mercados para a empresa.
chegamos a exportar mil pares
por dia. A parceria com a Olex
nos fez também investir mais
em qualidade, e conquistamos
a iSO 9001:2008”.
salVadOr beneVides,
diretor-geral da Formaplan —
chapas compensadas e formas
para concreto: “A Odebrecht e a
Olex têm contribuído muito para o
nosso crescimento, estimulando
a melhoria da qualidade e abrindo
novos mercados”.
leOnardO ribeirO,
sócio-gerente da Ferant ind. e
com. de Roupas: “investimos
para atender às exigências de
qualidade da Odebrecht e, com
a experiência que ganhamos
exportando para Angola através
da Olex, conquistamos outros
clientes no país”.
ricardO Mitestainer,
diretor comercial da Medabil —
sistemas construtivos metálicos:
“A Olex centraliza as exportações
da Odebrecht e dá continuidade
à relação em diferentes países
e segmentos. Através dela,
consolidamos nossa marca em
mercados de grande potencial”.
A OLex é A eMPReSA qUe cUidA dAS exPORtAçõeS BRASiLeiRAS PARA AS OBRAS dA OdeBRecht.
Odebrecht informa
79
c i d a d e s
ππContribuição e significado: novos abrigos de pontos de ônibus trazem mais modernidade
para o sistema de transporte público de São Paulo
uma ideia com
a cara da cidade
Em São Paulo, novos abrigos de pontos de ônibus
integram-se melhor à paisagem urbana e tornam
mais agradável o visual da metrópole
Texto Elea Almeida | Fotos Murilo Mattos
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Uma ação específica com significado bem mais
profundo do que se pode imaginar inicialmente. Os abrigos de ônibus na cidade de São Paulo
estão mudando. Concebidas para se integrarem à
paisagem urbana, 500 novas paradas contribuem
para trazer modernidade ao sistema de transporte público e ajudam a tornar mais agradável o
visual da metrópole. A expectativa é de que, até
o fim de 2013, outros mil abrigos estejam instalados. Esse trabalho de renovação é de responsabilidade da empresa Otima Concessionária de
Exploração de Mobiliário Urbano, criada há apenas seis meses e que começa suas operações com
um desafio do tamanho de São Paulo.
O rápido processo de criação da empresa –
que é controlada pela Odebrecht TransPort e tem
como sócias a Rádio e Televisão Bandeirantes,
APMR Investimentos e Participações e Kalítera
Engenharia – não é o único marco da agilidade
da Otima. O primeiro abrigo foi instalado em
15 de fevereiro de 2013, um mês antes do prazo
acertado com o cliente, a Prefeitura de São Paulo.
Violeta Noya, Presidente da Otima, relata que a possibilidade de a Odebrecht entrar
na área de abrigos urbanos vinha sendo estudada desde 2011. Violeta, engenheira civil, era
ππPassageiro em um abrigo do modelo caos estruturado:
inspiração na heterogeneidade da metrópole
então integrante da Odebrecht Participações e
Investimentos. “Durante a avaliação de diversos
projetos, percebemos que a Otima possibilitava
sinergias dentro da Odebrecht e permitiria alavancar em outros ativos da Organização a exploração de mídia”, ela explica.
Em 2012, a ideia saiu do papel com a vitória
em um processo de licitação para a instalação e a
manutenção dos abrigos e totens de parada por
25 anos. Segundo Violeta, todo o projeto executivo foi desenvolvido durante o período de férias
coletivas, e uma fábrica foi mobilizada para realizar os protótipos dos novos abrigos em escala
industrial. Os esforços deram resultados, e, em
10 de janeiro, o primeiro protótipo estava pronto.
O desafio da Otima é grande: a empresa tem
até o fim de 2015 para concluir a troca dos 6.500
abrigos e 12.500 totens da capital paulista que,
diariamente, atendem a 6 milhões de usuários de
ônibus. Além disso, ao longo da concessão, mais
mil abrigos e 2.200 totens devem ser implantados.
As operações são complexas, por conta da diversidade de calçadas em São Paulo, o que exige
que cada ponto seja avaliado antes de receber o
novo abrigo. Feito isso, a instalação é realizada à
noite, para não prejudicar o trânsito e os passageiros. O abrigo antigo é retirado, e a fundação,
refeita. Depois, a parte estrutural e os vidros são
instalados, ilumina-se o ponto, e, por último,
chegam os totens e placas de publicidade.
Quatro modelos
Para que haja adequação à diversidade cultural
e arquitetônica e aos contrastes urbanos da capital
paulista, quatro modelos de abrigos foram criados
em parceria com o designer Guto Indio da Costa.
Inspirado na heterogeneidade, o modelo caos estruturado possui pilares verticais e assimétricos. O
brutalista, por sua vez, foi desenvolvido para locais
com processo de expansão irregular e avenidas de
grande fluxo. Nas áreas que possuem patrimônio
histórico, serão instalados abrigos minimalista com
ginga. O modelo hi-tech ocupará avenidas dos centros financeiros.
Todos eles respeitam as normas de acessibilidade para portadores de necessidades especiais
e favorecem o tráfego de gestantes, cadeirantes e
carrinhos de bebê. “Nossos abrigos foram criados inspirados na paisagem urbana de São Paulo
e no cidadão paulistano, com o intuito de embelezar a cidade em sintonia com a paisagem. Eles
são iluminados e protegem melhor da chuva e do
calor”, ressalta Violeta Noya.
Odebrecht informa
81
ππVioleta Noya: possibilidade de sinergias na Organização
Laminado e temperado, o vidro da cobertura
dos novos modelos tem espessura de 12 mm e
fechamento vertical de 10 mm. Com isso, a película não deixa o vidro estilhaçar, o que oferece
mais proteção ao usuário. O material também é
serigrafado e conta com uma película escurecedora anti-ultravioleta e anti-infravermelho. Isso
faz com que a radiação solar seja reduzida e a
sensação térmica fique até 5ºC mais baixa em relação à temperatura ambiente.
Os 6.500 novos abrigos terão, conforme a ideia
apresentada pela Otima, painéis de duas faces de 2
m² destinados à publicidade, representando uma
retomada da exploração de mídia exterior na cidade. Violeta Noya comemora que todos os espaços
já tenham sido comercializados. “Pouco depois de
assinarmos com a Prefeitura, iniciamos a venda de
contratos de longo prazo para grandes anunciantes
utilizarem os espaços disponíveis nos nossos modelos”, relata a líder da Otima.
Foram vendidas até o momento mais de 40 mil
faces para 22 anunciantes de 16 diferentes agências.
82
Entre as primeiras empresas que bateram martelo
para investir no projeto, estão Ambev, com as marcas Skol e Brahma, Telmex, com a marca Net, e Visa.
Outros anunciantes que terão campanhas negociadas são Vivo, Itaipava, Nivea, McDonald’s e Sky.
Com apenas 50 integrantes, sendo mais da
metade proveniente do mercado, a Otima realiza atualmente um trabalho de aculturação para
disseminar a Tecnologia Empresarial Odebrecht
(TEO) entre suas equipes. “Tudo o que conquistamos é fruto do trabalho em equipe e da confiança nas pessoas, sejam elas integrantes que
vieram da própria Organização ou profissionais
que chegaram de fora e já estão engajados na
missão de consolidar uma empresa de referência
e em melhorar São Paulo”, afirma Violeta.
A consequência desse esforço pode ser vista nas ruas, comprovada em pesquisas de satisfação feitas com os usuários finais. Segundo levantamento feito pelo Instituto Datafolha, 85%
dos paulistanos avaliaram os novos abrigos como
ótimos ou bons.]
s a b ere s
a batalha crucial
pelo "sim"
diretor de planejamento e desenvolvimento de oportunidades
da odebrecht properties dá seu depoimento nesta edição
Texto Alice Galeffi | Foto Ricardo Artner
mar c o s
Foi com dedicação, sagacidade e percepção das “pistas ao longo do caminho” que Marcos Lima fez história na Organização Odebrecht. Diretor-Superintendente
da Odebrecht Corretora de Seguros por 34 anos, hoje ele é Membro Efetivo do Conselho Fiscal da
Fundação Odebrecht, Membro Suplente do Conselho de
Administração da Braskem e Diretor de Planejamento
e Desenvolvimento de Oportunidades da Odebrecht
Properties, para citar apenas as principais funções que
exerce atualmente.
Os desafios de Marcos começaram cedo. Aos 9 anos,
seu pai lhe deu uma lição que jamais esqueceu: “Se eu
lhe pedisse para me comprar um saco de cimento ali
no Centro, e você não tivesse dinheiro, como o traria?”
Depois de muito pensar e não saber responder, seu pai
l i ma
lhe disse: “É simples. Peça para o rapaz trazer o saco até
aqui em casa e quando ele chegar eu pago a ele”. Marcos
ficou intrigado com a simplicidade daquela resposta, e logo percebeu que não há problema sem solução.
Ao entrar na Organização, recebeu do fundador
Norberto Odebrecht o desafio de criar uma corretora,
sem fins lucrativos, para cuidar do patrimônio da empresa. Marcos não sabia nada sobre o assunto. Nesse mesmo
dia, ao ler um jornal, viu o anúncio que dizia: “Primeiro
curso de corretor de seguros da Bahia”. Inscreveu-se e
apresentou sua proposta de política de seguros. A relação
com Norberto Odebrecht rendeu a Marcos muitos aprendizados. O maior deles foi entender que as regras de mercado são sempre “piso” e não “teto”. “O porquê do ‘não’ já
se sabe; o importante é batalhar pelo ‘sim’.” ]
Assista à íntegra da entrevista de Marcos Lima ao projeto Saberes acessando www.odebrechtonline.com.br
Odebrecht informa
83
p rotagon i s mo
j u v en i l
no centro de
uma filosofia
há 25 anos, a fundação odebrecht
elegia o jovem como o foco da sua atuação
Texto Gabriela Vasconcellos | Fotos FernandoVivas
O amor pela terra sempre acompanhou Edivan
Alcântara, 22 anos. Caçula de cinco irmãos, ele foi
o único a permanecer no campo, ao lado dos pais.
“Tinha o sonho de viver da agricultura”, diz o morador da comunidade Alto da Prata, município de
Presidente Tancredo Neves (BA). Ele não se arrependeu.
Edivan conta que o incentivo da família e a vocação para o trabalho na terra o motivaram a ingressar na Casa Familiar Rural de Presidente
Tancredo Neves (CFR-PTN) em 2008. Nessa unidade de ensino, ele cursou a habilitação técnica
em Agropecuária e, em três anos, aprendeu administração rural, cooperativismo, manejo de solos,
irrigação, drenagens e cultivos diversos. “Estudava
e colocava em prática o que aprendia. Na agricultura familiar somos donos do nosso negócio”, argumenta.
Durante o segundo ano de curso, Edivan implantou seu primeiro projeto educativo-produtivo:
0,4 hectare de banana na pequena propriedade da
família. A atividade integra a formação oferecida
pela Casa Familiar e conta com o programa Tributo
ao Futuro, que apoia iniciativas certificadas pela
Fundação Odebrecht por meio de destinações de
imposto de renda de integrantes da Organização
Odebrecht. “Meu segundo projeto produtivo foi
um dos 10 melhores da CFR-PTN. Com o lucro
ππEdivan Alcântara: "Na agricultura familiar somos donos do nosso negócio"
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ππA partir da esquerda, as irmãs Camila e Taisa e sua mãe, Paulina do Rosário:
"O futuro é o que estamos fazendo agora", diz Taisa
dessas plantações, consegui recursos para comprar
um pedaço de terra. Assim fui crescendo na agricultura.”
Edivan tornou-se assistente educador da
Cooperativa dos Produtores Rurais de Presidente
Tancredo Neves (Coopatan) e da CFR-PTN, instituições ligadas ao Programa de Desenvolvimento
e Crescimento Integrado com Sustentabilidade do
Mosaico de Áreas de Proteção Ambiental do Baixo
Sul da Bahia (PDCIS), fomentado pela Fundação
Odebrecht e parceiros da iniciativa pública e privada. “Apoio os jovens em formação e os cooperados
no desenvolvimento dos cultivos”, relata.
Apesar de todas as conquistas, o jovem ainda
precisava superar a escassez de terra de sua família, o que levou os irmãos a viver em centros urbanos. “Eles não encontraram oportunidades.” Para
Edivan, foi diferente. Em 2013, uma iniciativa da
CFR-PTN, em parceria com a Coopatan, da qual
também é associado, possibilitou a aquisição de
terra e ampliação dos seus cultivos. Por meio do
Fundo de Acesso à Terra, um projeto-piloto que
proporciona assistência financeira a pequenos produtores, ele e outros seis jovens recebem apoio na
execução de projetos agrícolas, para que possam
viver exclusiva e integralmente da renda gerada no
campo.
“Realizei o sonho de ampliar minha área para 20 hectares”, ressalta Edivan, empresário rural
que projeta dobrar sua renda em um ano. Hoje é de
R$ 1.300,00. Ele está convicto de que o trabalho ao
lado dos pais e em sua propriedade é o caminho.
“Chegar aonde quero só depende de mim.”
Protagonismo Juvenil
Histórias como a de Edivan reforçam o espírito
da missão da Fundação Odebrecht, que há 25 anos
elegeu esse público como foco de sua atuação. A
decisão de fazer com o jovem e não para o jovem,
entendendo-o como parte da solução e não como
Odebrecht informa
85
problema, foi posteriormente conceituada, sistematizada e denominada Protagonismo Juvenil, filosofia que hoje é um patrimônio do Terceiro Setor.
“Um dos nossos pilares está materializado na
consciência de que a família é a célula mater da
geração da riqueza moral e material da sociedade e de que, nela, os jovens desempenham o papel de agentes da transformação”, afirma Mauricio
Medeiros, Presidente Executivo da Fundação.
Taisa da Luz, 17 anos, compartilha dessa crença. Aluna da Casa Familiar Agroflorestal (Cfaf), onde está concluindo o curso técnico em florestas integrado ao Ensino Médio, ela encontrou uma alternativa para mudar sua realidade. “Transformamos
em trabalho e renda algo que a natureza nos dá”,
conta a moradora da comunidade quilombola de
Jatimane, localizada em Nilo Peçanha (BA). “O futuro é o que estamos fazendo agora”, acrescenta.
Ela está participando do projeto Joias do
Quilombo, apoiado pelo Instituto Oi Futuro, e seu
desafio é confeccionar peças como brincos, colares, anéis e braceletes a partir do coco da piaçava. As técnicas de artesanato foram ensinadas
por instrutores capacitados da Cooperativa
das Produtoras e Produtores Rurais da Área de
Proteção Ambiental do Pratigi (Cooprap), em
parceria com o Instituto Mauá. Cfaf e Cooprap
são instituições que também integram o PDCIS.
“Sempre podemos aprender coisas novas.
Oportunidades precisam ser criadas.”
Os exemplos de Edivan e Taisa são seguidos
por Davison Silva, 15 anos. Ele iniciou sua formação em 2013 na Casa Familiar Rural de Igrapiúna,
unidade de ensino que faz parte do PDCIS, em
busca de técnicas para aperfeiçoar os cultivos que
já realiza com o pai. “Eu me considero um agricultor e vou estudar para utilizar todo meu conhecimento”, enfatiza o morador da comunidade
Domingos Cruz, no município de Camamu.
Seu pai, Antonio da Silva, 38 anos, aposta nessa
parceria. “Tenho a prática, e ele, a técnica. Davison
está aprendendo e me ensinando bastante. Deixei
de usar o adubo químico por influência dele”, comenta. Davison sonha tornar-se, assim como
Edivan, uma referência em sua região. “Quero servir ao campo.” ]
ππDavison Silva e o pai, Antonio: juntos, aperfeiçoando técnicas e atingindo seus objetivos de vida
86
click
ππBeira de praia em Punta Cana, na República Dominicana
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UMA PESQUISA COM SEUS LEITORES.
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rápidas. Dê a sua opinião. Ela é muito
importante para que possamos
fazer uma revista cada
vez melhor.
Fazem parte da Organização Odebrecht:
Negócios
Odebrecht Engenharia Industrial
Odebrecht Infraestrutura – Brasil
Odebrecht Infraestrutura – África, Emirados Árabes e Portugal
Odebrecht Infraestrutura – América Latina
Odebrecht Infraestrutura – Venezuela
Odebrecht Realizações Imobiliárias
Odebrecht Ambiental
Odebrecht Latinvest
Odebrecht Óleo e Gás
Odebrecht Properties
Odebrecht TransPort
Braskem
Estaleiro Enseada do Paraguaçu
Odebrecht Agroindustrial
Odebrecht Defesa e Tecnologia
Investimentos
Odebrecht Energias Brasil
Africa Fund
Latin Fund
Empresas Auxiliares
Odebrecht Comercializadora de Energia
Odebrecht Corretora de Seguros
Odebrecht Previdência
Ação Social
Fundação Odebrecht
RESPONSáVEL POR COMuNICAçãO
na ODEBREChT S.A.
Márcio Polidoro
RESPONSáVEL POR PROGRAMAS
EDITORIAIS NA ODEBREChT S.A.
Karolina Gutiez
COORDENAçãO EDITORIAL
Versal Editores
Editor José Enrique Barreiro
Editor Executivo Cláudio Lovato Filho
Editora de Fotografia Holanda Cavalcanti
Arte e Produção Gráfica Rogério Nunes
Projeto Gráfico Eduardo Villas Boas,
Luciano Almeida e Rogério Escobar
Tiragem 4.447 exemplares • Pré-impressão e
Impressão Pancrom
Redação: Rio de Janeiro (55) 21 2239-4023
São Paulo (55) 11 3641-4743
e-mail: [email protected]
contribuição
Teleférico do Alemão. Equipamento urbano que aprimora a qualidade de vida de milhares de moradores de uma comunidade historicamente
carente na Zona Norte do Rio de Janeiro. Mais que isso: um elemento de integração à cidade. Local por muito tempo evitado por aqueles que
residem em outras regiões do Rio, o Alemão, agora, atrai turistas. E o Teleférico tem importante papel nessa transformação, que é social, mas
que é, sobretudo, emocional - porque tem seu ponto de partida e chegada na elevação da autoestima dos moradores da comunidade.
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uma viagem pelas três américas