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março de 2013 | www.acil.com.br
EDITORIAL
O ideal do Arco Norte
Felizmente vivemos numa democracia.
E a democracia só existe com várias
liberdades: de opinião, de expressão,
de debate, de empreendimento. Numa
sociedade democrática, todos podem
se manifestar – dos defensores do
desenvolvimento aos partidários do
atraso. A única manifestação inaceitável
é aquela que bloqueia a mente e trava o
debate.
O Projeto Arco Norte, idealizado há
sete anos, vem sendo discutido por toda
a sociedade paranaense. Empresários,
pesquisadores, políticos, ambientalistas,
moradores – todos tiveram e continuam
tendo oportunidade de discutir o tema.
Todos sabem o que está em jogo: um novo
ciclo de desenvolvimento sustentável.
A realização do estudo de viabilidade
econômica e ambiental para o projeto é o
passo seguinte a ser dado. Não faz sentido
combater a realização do estudo, pelo
simples fato de que ninguém deve temer
a verdade, ninguém! Se o estudo concluir
que o Aeroporto Cidade não pode ser
instalado na região do Distrito de São
Luiz, outro espaço será procurado.
Alguns dizem que os ambientalistas
radicalmente contrários ao Arco Norte
são “idealistas”. Nada pode estar mais
longe da verdade. Os verdadeiros
idealistas são aqueles que acreditam no
desenvolvimento e empenham todas
as suas energias para transformá-lo em
realidade. Sem cair em descrédito. Sem
oportunismo. Sem sair gritando “Fogo na
floresta!”. Sempre andando na linha com
a cabeça centrada, não feita. Nós da ACIL
estamos convictos de que, no futuro, os
habitantes da ecometrópole Londrina
verão o Arco Norte como um divisor de
águas em nossa história.
Estamos às portas de uma nova era de
prosperidade e respeito ao ambiente.
Conseguiremos avançar? Depende de
nós.
Quem quiser conhecer melhor essa ideia,
é só chegar, pois a Casa do Empresário
está sempre aberta!
Flávio Montenegro Balan
Presidente da ACIL
DIRETORIA DA ACIL – GESTÃO 2012/2014
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TINTAS
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ALUGUEL DE MÁQUINAS E EQUI. PARA
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R. Thomaz Pereira Machado, 267
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO
Resolve Soluções em Comunicação
R. José das Neves, 93
ÍNDICE
FRANQUIAS
Se identificar com o negócio é fundamental .....................
INFRAESTRUTURA
Novo traçado para o Contorno Norte ..................................
8
11
12
2014
14
A Copa é aqui .......................................................................
EXPOLONDRINA
Polo gerador de Negócios ...................................................
18
16
26
ELEIÇÕES 2014
27
Biometria chega a Londrina ................................................
DICAS CULTURAIS
Três livros, um filme ............................................................
22
31
CURSO
33
ANÁLISE
34
Coaching eleva performance na vida e na carreira ............
2013 trará crescimento ......................................................
ELETROMETALCON 2013
Inovações tecnológicas geram negócios ...........................
38
HUMOR
40
ARTIGO
42
Jota .......................................................................................
Dom Geraldo Fernandes, centenário de nascimento ...........
ECONOMIA DE MERCADO
Empresariofobia, mal do nosso tempo
O MONITOR DA CÂMARA
Certificados: isso está certo? ..............................................
VISÃO DO FUTURO
A decolagem do Arco Norte
CAPACITAÇÃO E CRÉDITO
Um Bom Negócio para sua empresa ..................................
6
PEDÁGIO
A produção penalizada
28
HOMENAGEM
Retratos de uma luz
36
MÊS DA MULHER
Elas à frente dos negócios
Associação Comercial e Industrial de Londrina
5
VISÃO DO
FUTURO
A DECOLAGEM DO
ARCO NORTE
Visita de técnicos americanos pode ter sido o ‘Dia D’ para a
implantação de um novo ciclo de desenvolvimento sustentável
no Norte do Paraná
Por Paulo Briguet
6
“
Demos um passo
importante na
legitimação do
projeto, com um
olhar técnico e
crítico de
alto nível
“
“O pessimista vê uma dificuldade em
cada oportunidade. O otimista vê uma
oportunidade em cada dificuldade.” A
frase de Winston Churchill serve para
ilustrar as diferentes reações diante do
Projeto Arco Norte, que prevê um novo
ciclo de desenvolvimento para Londrina
e região. A ACIL, que faz parte da
Sociedade de Propósito Específico (SPE)
do Arco Norte, certamente se alinha
entre os otimistas. “É uma questão de
fidelidade aos princípios de trabalho e
desenvolvimento que existem desde os
tempos da colonização de Londrina”, diz
o presidente da ACIL, Flávio Montenegro
Balan.
Luiz Figueira,
idealizador do
Arco Norte
Anotem esta data: 28 de fevereiro de
2013. O último dia do mês foi o primeiro
dia de uma nova era. Com a visita dos
técnicos da Agência dos Estados Unidos
para o Comércio e Desenvolvimento
(USTDA), o Arco Norte começou a sair
do papel. Após sete anos de preparativos,
que incluíram intensos debates com todos
os setores da comunidade, o projeto
passou da concepção teórica para a ação
prática. Nesse dia, os representantes
da USTDA, Clarence Haynes e Ronald
Price, conheceram os detalhes do
projeto, entusiasmaram-se com a união
entre empresários e agentes públicos e
sobrevoaram a região onde poderá ser
instalado o Aeroporto Cidade, terminal
de cargas que é a âncora do Projeto Arco
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“PROXIMIDADE COM A MATA DOS GODOY DEVE SER VISTA COMO VANTAGEM”
Sobrevoo da possível área futura do Arco Norte
Norte. “Nossos países sempre tiveram
um ótimo relacionamento no campo da
aviação”, afirmou Price. “Nossa intenção é
participar do projeto para investimentos
em curto e médio prazo, de três a cinco
anos”, disse Haynes.
Como felizmente estamos numa
democracia, as pessoas contrárias ao
projeto também se manifestaram. Há 80
anos, quando a Companhia de Terras
Norte do Paraná decidiu desbravar a nossa
região, certamente havia muita gente
cética e pessimista que não acreditava no
empreendimento. Há 25 anos, quando se
pensou em instalar um shopping na zona
sul de Londrina, muitos acharam que era
uma loucura. Aos pessimistas de plantão,
seria o caso de olhar para os exemplos do
passado antes de recusar o futuro...
Durante a manhã do dia 28, os
representantes da USTDA assistiram
a apresentações sobre o Paraná e o
Projeto Arco Norte. O secretário
estadual de Infraestrutura e Logística,
José Richa Filho, disse que o Governo
do Estado acredita no Arco Norte e está
decidido a implantá-lo como política
pública. “Londrina ocupa hoje uma
posição estratégica, e a construção de
um aeroporto internacional de cargas
vai permitir a circulação de produtos
de alto valor adicionado”, comentou
Richa Filho. “Nada será feito, porém,
Associação Comercial e Industrial de Londrina
Apoiadores do projeto falam sobre a visita dos americanos
antes de um estudo de viabilidade
econômica e ambiental do projeto. A
visita dos representantes da USTDA abre
perspectivas para que isso aconteça.”
O consultor empresarial Marcelo Mafra
fez a apresentação do Arco Norte aos
americanos e mostrou o potencial da região
em atrair empresas de base tecnológica.
Um ponto salientado por Mafra foi a ideia
de combinar, na região de Londrina, os
conceitos de aerotrópole e ecometrópole.
“A proximidade com a Mata dos Godoy
deve ser vista com uma vantagem, e não um
impedimento, já que vamos aumentar em
cinco vezes a área de mata nativa atualmente
existente”, informou o consultor. Não custa
lembrar que o Aeroporto Internacional de
Foz encontra-se ao lado do Parque Nacional
do Iguaçu, uma das reservas ecológicas
mais importantes do País. Sem falar nos
aeroportos, centros tecnológicos e até
autódromos vizinhos a reservas florestais
na Europa.
O idealizador do Arco Norte, Luiz
Penteado Figueira de Mello, entende
que a visita dos americanos e o apoio
do Governo do Estado ao projeto
foram acontecimentos históricos. “Os
técnicos da USTDA ficaram muito bem
impressionados com o que viram. Sinto
que demos um passo importante na
legitimação do projeto, com um olhar
técnico e crítico de alto nível.”
Ronald Price: “Ótimo
relacionamento na aviação”
Clarence Haynes: “Buscamos
investimentos em curto e
médio prazos”
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FRANQUIAS
IDENTIFICAR-SE
COM O NEGÓCIO
É FUNDAMENTAL
Segmento facilita a vida de quem quer empreender;
saber onde está pisando é importante para evitar frustrações
Por Gisele Rech
Em pesquisa realizada em 2012 pela Global Entrepreneurship
Monitor (GEM), em 69 países, ficou comprovado que 88% dos
entrevistados acreditam que abrir um negócio é uma boa opção
de carreira e 43,5% deles querem ser empreendedores. Mas nem
sempre encarar o mercado é algo fácil. Por isso, enquanto muito
acabam optando por abrir o próprio negócio, outros tantos preferem
apostar nas franquias de empresas já consolidadas no mercado.
Cada vez mais popular, o setor de franquias é um dos que mais
8
crescem no Brasil. Segundo dados da Associação Brasileira de
Franchising, o volume de negócios envolvendo franquias, em 2011,
chegou a R$ 88,855 bilhões. Em 2001, havia sido R$ 25 bilhões.
Ou seja, o faturamento mais do que triplicou no período. Ainda
segundo a ABF, o Paraná o ocupa o terceiro lugar no ranking de
franqueadores e o quarto no número de franqueados.
A palavra franchising vem do inglês e está ligada a concessão. A
partir da tradução, fica fácil entender o que é uma franquia, o termo
adaptado à língua portuguesa. Nessa modalidade de negócio, um
empresário oferta uma marca e um know-how da própria empresa
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ASSUMIR ALGO JÁ TESTADO É UMA DAS VANTAGENS DA FRANQUIA
Simone Milan: “Tem gente que acha que vai comprar a
franquia e estará tudo pronto. Não é assim”
para que outros profissionais, geralmente em outras cidades,
multipliquem a marca. Segundo a consultora do Sebrae Simone
Milan, assumir algo que já foi testado é a maior vantagem que um
franqueado pode ter. “O empresário assume um negócio já com
o know-how adquirido pelo franqueador. Como já foi possível
determinar um modelo que funciona, a chance de errar é menor”,
explica. Outro aspecto importante é assumir a frente de uma empresa
que já possui uma marca consolidada. “Não é preciso sair do zero”.
Associação Comercial e Industrial de Londrina
Por isso, a consultora destaca a importância de escolher uma marca
consolidada e que, de fato, já possuí um nome no mercado.
No entanto, Simone pede aos interessados que fiquem atentos a
algumas questões importantes, antes de entrar no mercado de
franquias. “Para ser um franqueado, é preciso ter perfil para tanto.
Quem preza autonomia e liberdade criativa, pode se sentir preso
ao ter que seguir as normas do franqueador”, explica. Daí também
a importância de escolher um filão com o qual realmente se
identifique. Também é fundamental ter em mente que o franqueado
tem, sim, muito trabalho pela frente. “Tem gente que acha que vai
comprar a franquia e estará tudo pronto. Não é assim. Em geral a
empresa fornece a experiência técnica, cabendo ao franqueado
buscar a assistência administrativa e gerencial”.
Para quem vai começar, vale ainda evitar armadilhas na hora dos
cálculos de gastos iniciais, já que algumas empresas não incluem na
conta o capital de giro necessário para abrir o negócio. “Há vezes em
que só se fala no valor da franquia, deixando de fora um capital que
faz parte dos investimentos iniciais da empresa”.
De acordo com a consultora do Sebrae, em Londrina o setor está
aquecido especialmente em função do grande número de shoppings
que estão entrando em atividade. “É um estímulo ao setor de
franquias, inclusive daquelas de menor custo que têm, por exemplo,
unidades que podem funcionar em quiosques”, explica. Nesse filão,
entram franquias com preço de abertura que vão até R$ 50 mil,
9
criadas em função da Classe C, tanto como consumidora, quanto
como franqueada.
No topo da lista de franquias mais procuradas em Londrina está o
setor de serviços, incluindo trabalhos como jardinagem, consertos
em residências e reformas. “Mas as opções são muitas. Por isso, é
fundamental pesquisar no site da Associação Brasileira de Franquias”,
finaliza.
Doce aposta
O empresário Luciano Matsumoto decidiu encarar a franquia
da Brasil Cacau há três anos e não se arrepende. Inicialmente, ele
tinha o sonho de abrir uma empresa própria, mas depois de muita
pesquisa, acabou optando por uma franquia. “Apesar de eu possuir
as qualificações técnicas de gestão de empresas e pessoas, eu não
tinha todo o know-how necessário para iniciar um negócio do
zero”, explica. Foi então que o empresário percebeu o nascimento da
Chocolates Brasil Cacau, marca nova com um grupo consolidado na
retaguarda (Grupo CRM – dono da marca Kopenhagen). “Depois
de quatro meses de tratativas, inaugurei em sociedade com meus
irmãos a primeira loja em Maringá”, relembra. Três meses depois, foi
a vez de abrir a loja da Rua Maranhão, no centro de Londrina. Hoje,
são cinco pontos: três em Londrina e dois em Maringá. “A escolha
dos pontos de venda foi feita baseada em estudos de mercado. Em
Londrina, por exemplo, temos três lojas estrategicamente localizadas
para atender todas as classes sociais e geográficas (Centro, Gleba
Palhano e Zona Norte)”.
Satisfeito com a expansão do negócio, Matsumoto alerta para a
necessidade de dedicação para que a franquia dê certo. “Tem que
investir tempo para atingir os objetivos. Planejamento e flexibilidade
também são muito importantes para quem pretende seguir esse
caminho”, ensina.
Pionerismo
Quando se fala em dedicação no setor de franquias, é inevitável pensar
em uma das fraqueadas mais experientes de Londrina. A empresária
Célia Regina Assis Russo investiu no modelo de negócio em 1982,
Luciano Matsumoto: “Tem que investir tempo para atingir
os objetivos. Planejamento e flexibilidade também são muito
importantes para quem pretende seguir esse caminho”
quando a ideia de franquia ainda não estava bem formatada. “Dei
início às minhas atividades com O Boticário quando a empresa tinha
apenas cinco anos de existência e começava a expandir seus negócios
em um quiosque instalado no Aeroporto Afonso Pena”, recorda. A
estratégia da empresa fez com que muita gente que passava pelo
terminal se interessasse em representar a marca, o que mais tarde
deu início ao processo de franquia.
Para a empresária, a experiência pioneira foi tão boa que perdura até
hoje, nada menos que 30 anos depois do início da parceria. “Acho
que a seriedade do meu franqueador foi decisiva para o sucesso
da franquia. Há um trabalho constante com desenvolvimento de
produtos de alta tecnologia e qualidade, com preços adequados aos
tempos atuais”.
A experiência no setor faz com Célia reforce algumas dicas àqueles
que desejam encarar o mercado. “Há a necessidade de fazer um
estudo detalhado do mercado, analisar a gestão do franqueador
junto aos franqueados e o valor agregado à marca”. Afinal, para a
empresária, a confiança entre franqueado e franqueador é o principal
ingrediente para que a empresa persevere.
Mais informações:
www.portaldofranchising.com.br
COMO SE TORNAR UM FRANQUEADOR
A consultora do Sebrae, Simone Milan, dá algumas dicas para quem deseja se tornar um franqueado.
- O primeiro passo é pesquisar. Buscar informações no site da Associação Brasileira de Franchising pode ser um bom começo.
- Pesquisar entre os diversos tipos de franquia qual se encaixa melhor ao perfil do empresário.
- Fazer os cálculos de quanto será necessário como investimento inicial incluindo, de fato, todos os custos, já que muitas empresas
não colocam na conta o capital de giro.
- Fazer contato com outros franqueados da empresa e levar em conta o feedback deles.
- Verificar se realmente possui o perfil adequado para a atividade. O ideal é fazer um teste de perfil, disponível na página da ABF.
- Como nas empresas convencionais, fazer uma simulação de gastos, lembrando que no começo é normal vender menos do que o ideal.
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INFRAESTRUTURA
NOVO TRAÇADO
PARA O CONTORNO NORTE
Estudos realizados por entidades da sociedade civil organizada apontaram a necessidade da
alteração do projeto original que viabiliza o tráfego entre Londrina, Ibiporã e Cambé
Por Susan Naime
Um importante passo foi dado ao projeto
de viabilização do Contorno Norte entre
Londrina, Ibiporã e Cambé. Entidades da
sociedade civil organizada e poder público
se reuniram para discutir a necessidade da
atualização do empreendimento. Existe
uma reivindicação dos três municípios
para que o seu formato original seja
substituído em relação à posição do
contorno.
O projeto foi elaborado em 1993 e,
inicialmente, apontava a necessidade de
ser instalado ao sul do Vale do Jacutinga,
na Região Norte de Londrina. Passados 20
anos, as cidades se desenvolveram e o local
indicado inicialmente hoje já está urbanizado.
“No estudo original o projeto ele passa
dentro das áreas urbanas, principalmente
Ibiporã e Londrina, o que dificulta a
fluidez do trânsito. Agora chegamos a um
Associação Comercial e Industrial de Londrina
ponto comum, que é fazer com que haja
uma recolocação do projeto mais ao norte
dos municípios”, explica o presidente do
Sindicato da Indústria da Construção Civil
(Sinduscon), Gerson Guariente.
O novo estudo prevê aproximadamente 18
quilômetros de contorno ligando Ibiporã,
passando por Londrina e entrando por
Cambé. O objetivo é transferir o volume
de veículos pesados que passa pela
avenida Brasília para uma região com
menos tráfego. “Esse é um dos projetos
que têm prioridade para o Executivo, já
que começa a resolver os problemas do
desenvolvimento urbano de Londrina”,
afirma Guariente.
As reivindicações sobre a alteração do
Contorno Norte estão sendo feitas ao
Governo do Estado, através da Secretaria
Estadual de Infraestrutura e Logística e
do Departamento de Estradas e Rodagem
do Paraná.
O presidente do Sinduscon não soube
informar os valores do investimento,
mas explicou que um dos argumentos
utilizados pela equipe para a alteração do
projeto original diz respeito aos custos
das desapropriações. “A desapropriação
terá que ocorrer em qualquer uma das
situações. Mas caso o projeto passe por
dentro da cidade, os valores seriam
extremamente altos. Passando dentro
de áreas rurais, existiria uma melhor
aplicação dos recursos e os valores seriam
mais baixos.”
O diálogo sobre o Contorno Norte que
ligará Londrina, Ibiporã e Cambé deve ser
retomado, agora com o governo estadual,
nos próximos dias. “Vamos nos reunir
para verificar se as ideias são comuns. A
partir daí é muito provável que o Estado
tenha que negociar com a concessionária
Econorte, responsável por tocar as obras”,
coloca Gerson Guariente.
11
CAPACITAÇÃO
E CRÉDITO
UM BOM NEGÓCIO
PARA A SUA EMPRESA
Londrina foi a primeira
cidade do Paraná a
implantar o programa
que tem como objetivo
fortalecer as pequenas
empresas com crédito
a juros baixos e
qualificação
Empresários e empreendedores em busca de informação na 6ª turma do Bom Negócio
Por Karen Krinchev
Saber lidar com colaboradores e clientes,
gerenciar as finanças e criar estratégias
para o negócio, essas foram algumas
necessidades detectadas pelo empresário
Marcos José de Barros, que há 8 anos deixou
o serviço público para virar comerciante.
Desde fevereiro, ele participa da 6ª turma
do Programa Bom Negócio com a intenção
de ampliar os conhecimentos: “quero
aprender a ser comerciante, então preciso
fazer um planejamento, não pretendo mais
empurrar o negócio com a barriga”, reforça.
O empresário que tem uma lotérica (Três
Marias) e uma loja de roupas e artesanato
(Nhá Chica), por enquanto, não pensa
em fazer o empréstimo previsto no
programa. “Nesse primeiro momento
estou buscando a capacitação – gosto de
aprender, trocar experiência – e não quero
entrar em dívida”, conclui. Após o curso, o
empreendedor pretende elaborar um plano
de negócios para ver as reais necessidades
das empresas.
12
Voltado às micro e pequenas empresas
dos setores industrial, comercial e de
serviços, o programa Bom Negócio Paraná
- implantado em Londrina no final de 2011
-, disponibiliza capacitação gratuita aos
empreendedores. O objetivo é melhorar
a gestão das empresas e, para isso, várias
áreas são exploradas durante os 17 dias
de curso: empreendedorismo e projeto de
vida, gestão de negócios, gestão financeira,
gestão de pessoas, gestão comercial e
gestão estratégica.
Izabel Maria Freire, proprietária da Yang
Modeladores, participou do Bom Negócio
em 2012. Para a comerciante que tem três
funcionárias, o curso forneceu condições
para melhorar o gerenciamento da loja
que está no mercado há 11 anos. “O que
aprendemos na capacitação, repassamos às
nossas funcionárias. Hoje, direcionamos
o trabalho na loja, cada uma atua em
uma área”, relata. Essa primeira estratégia
adotada por Izabel já está trazendo
resultados, uma vez que cada funcionária
está mais focada no serviço.
Administrar a parte financeira era outra
preocupação da comerciante. “Às vezes,
não sabíamos o que estava entrando e
saindo. Pensávamos de forma errada:
entrou é meu, mas não é bem por aí”, expõe
Izabel. Depois de elaborar um plano de
negócios, a empresária fez um empréstimo
de R$15 mil. Com este valor, ela comprou
novos computadores para informatizar a
loja e máquinas de costura para fazer os
ajustes das peças (modeladores) para as
clientes.
Crédito consciente, esse é justamente um
dos pontos fortes do programa que oferece
por meio do Banco do Empreendedor da
Agência de Fomento linhas de crédito com
juros que variam de 0,55% a 0,61% ao mês,
isso desde que o empresário participe da
capacitação. Os empréstimos vão de R$1
mil a R$15 mil e de R$ 15 mil a R$300
mil. Para a segunda opção, é exigido o
tempo mínimo de faturamento de um ano
e a arrecadação anual igual ou superior a
R$360 mil.
Segundo a analista de negócios da ACIL,
Valéria Furlan Sitta, com o curso, o
empresário se organiza antes de fazer o
financiamento e aplica melhor o recurso.
“É um crédito orientado”, afirma. Desde
2011, 476 pessoas foram capacitadas. E
para esta 6ª turma, que teve início no dia
19 de fevereiro, a novidade é a consultoria
individual gratuita. “Não há pré-requisitos
março de 2013 | www.acil.com.br
O sucesso anda de mãos dadas
com o planejamento
Izabel Maria Freire: “Às vezes, não
sabíamos o que estava entrando e
saindo. Pensávamos de forma errada:
entrou é meu, mas não é bem por aí”
para participar do programa, basta ter
uma empresa formalizada ou que tenha a
intenção de se formalizar”, ressalta Valéria.
De acordo com a assessoria de imprensa
da Secretaria de Estado da Indústria e
Comércio, o Bom Negócio pretende atingir
60 mil micro e pequenos empreendimentos
formais e informais. A ACIL foi a primeira
entidade do Paraná a firmar um convênio
com o governo do estado e implantar o
programa.
Serviço:
Mais informações sobre o programa Bom
Negócio: 3374-3010 (Valéria Furlan Sitta).
Gizela Zanutto: “Com o Bom Negócio, aprendi
que precisamos calcular os riscos que vamos
correr. E foi isso que eu fiz: planejei, calculei e
recorri a um empréstimo de R$ 15 mil”
“Faltava planejamento na loja e no salão, a
começar pela parte financeira.” As palavras
de Gizela Zanutto, que tem uma loja de
cosméticos, revelam a realidade de muitas
empresas. Mas ela buscou na capacitação
a saída para se destacar no mercado. “Com
o Bom Negócio, aprendi que precisamos
calcular os riscos que vamos correr. E foi isso
que eu fiz: planejei, calculei e recorri a um
empréstimo de R$ 15 mil”, conta.
O valor foi usado como capital de giro para
a loja física e para a criação da loja virtual.
Gizela diz que sempre quis melhorar o
marketing da loja e o e-commerce para a
divulgação dos produtos, com isso, ampliou
as vendas.
Luiz Augusto Mendonça Pagliarini que
tem uma empresa de embalagens para gelo
Luiz Augusto Mendonça Pagliarini: “O espírito
empreendedor tem que se manter aceso e a
capacitação abre a visão”
(GeloPack), também fez um empréstimo de
R$15 mil pensando em divulgar a marca.
“Com os R$15 mil fiz banner, catálogo,
enfim, apliquei na parte gráfica, pois o nosso
negócio é novo (2009) e o produto ainda é
novidade no mercado.”
Pagliarini completa que, mais importante
que o financiamento, é a capacitação. “O
espírito empreendedor tem que se manter
aceso e a capacitação abre a visão. No nosso
caso, depois do curso, montamos um plano
de negócios e percebemos onde estava a
falha”, destaca.
O empresário não quer parar por aí, ele pensa
em fazer outro empréstimo para aplicar em
logística e ampliar o estoque da empresa que
importa as embalagens de gelo da Dinamarca
e revende para 16 estados do Brasil.
Capacitação gratuita
17 dias/ carga horária: 66 horas
Cinco áreas abordadas durante a capacitação: empreendedorismo e projeto de vida, gestão de negócios, gestão financeira, gestão de
pessoas, gestão comercial e gestão estratégica
Empréstimos
R$1 mil a R$300 mil* (Construção, ampliação, reforma ou modernização de empreendimentos, aquisição de softwares, máquinas e
equipamentos, além de treinamento, consultoria, pesquisa, estudos e projetos relacionados ao investimento)
*Empresas com faturamento bruto anual de até R$ 360 mil podem fazer financiamentos de R$ 1 mil a R$ 15 mil
*Empresas com faturamento bruto anual acima de R$ 360 mil e até R$3,6 milhões podem fazer financiamentos de R$ 15 mil a R$
300 mil
Taxa de juro a partir de 0,55% ao mês
Pagamento em até 60 meses, conforme o tipo de investimento (fixo, capital de giro)
Carência de até 3 meses
Fonte: Secretaria de Estado da Indústria e Comércio
Associação Comercial e Industrial de Londrina
13
2014
A COPA É AQUI
Faltando pouco tempo para o início da Copa do Mundo, iniciativa
privada e poder público correm para Londrina se tornar uma das
subsedes da competição
Por Rudolf Valentin
Há menos de um ano para a Copa do
Mundo da Fifa, Londrina começa a correr
contra o tempo e contra o pessimismo.
Tudo isso para conseguir um lugar ao sol
e ser umas das subsedes da competição
mais popular e bilionária do mundo. Além
das 12 cidades que irão sediar os jogos da
Copa de 2014, há outras 100 com potencial
para hospedar as equipes classificadas para
a copa. Dentre as exigências, os municípios
precisam oferecer centros de treinamento,
rede hoteleira apropriada e infraestrutura
para abrigar a seleção e torcedores antes
e durante o evento. Algumas capitais
brasileiras que concorreram, mas não
foram escolhidas para sediar os jogos, já se
movimentam para figurar nessa lista.
Porém, nada disso sairá do papel se o
poder público e, principalmente, o próprio
londrinense não acreditar que a cidade tem
culhões para receber uma seleção, seja ela
qual for. Esse é o principal argumento do
diretor executivo do Londrina Convention
& Visitors Bureau, Diego Menão. Para
ele, mesmo com todos os gargalos
encontrados na cidade, ainda sim, ela
seria uma das favoritas dentro do Paraná.
“Todos reclamam da cidade por aspectos
bem pontuais. O aeroporto é um exemplo
disso. Sabemos de toda a sua precariedade,
porém, essa comparação sempre a nível
nacional. Mas se a compararmos na esfera
estadual, como Londrina se posiciona?”,
14
argumenta.
A fala do executivo se justifica. Das
cidades escolhidas pela Fifa estão – não
necessariamente nessa ordem – Curitiba,
Cascavel, Maringá e Londrina. Por ter dois
centros de treinamento, e pelo fato de ser a
capital, Curitiba terá preferência e abrigará
duas seleções e suas respectivas comissões.
Das demais, Londrina é a única que possui
um centro de treinamento de ponta para
receber uma seleção de nível internacional.
O Centro de Treinamento da SM Sports,
além de ser credenciado pela Fifa, está
entre um dos melhores do país. E isso, de
certo modo, é uma das maiores vantagens
da cidade sobre as outras.
Sobre o andamento das negociações,
Menão explica que a primeira reunião,
convocada pelo Convention com
representantes da gestão pública e da
iniciativa privada para estruturar um plano
de ação, já foi realizada. De acordo com
ele, o próximo passo será o agendamento
de uma reunião com o secretário Especial
Sobre Assuntos da Copa do Mundo 2014,
Mário Celso Cunha. “As conversas já estão
acontecendo. A presença do secretário será
indispensável para traçarmos planos mais
pontuais para conseguirmos suprir todos
os requisitos necessários”, diz.
Outro aspecto a ser levado em
consideração
são
as
vantagens
econômicas. O vice-presidente da ACIL,
Luiz Carlos Adati, coloca que a chegada
de uma seleção resulta, automaticamente,
na vinda de torcedores, imprensa, além
das pessoas de outros municípios e da
própria Londrina. Ele reforça que isso
gera emprego, movimenta a economia e
divulga, em escala internacional, a cidade
como um todo. “Independente de qual
seleção ficará, temos que nos esforçar para
que isso aconteça. Londrina tem potencial
e conta com todo o apoio da iniciativa
privada. Não podemos nos deixar levar
pelo pessimismo. O poder público tem que
acordar. Precisamos que todos acreditem,
pois não se trata de algo distante, mas sim
de uma realidade possível”, afirma Adati.
Sobre as especulações de qual seleção irá se
março de 2013 | www.acil.com.br
Veja os locais do Paraná que
estão no catálogo de CTs da
Copa:
Curitiba: Clube Atlético Paranaense
e CT do Caju
Curitiba: Slaviero Rockefeller
Conceptual e Estádio Durival
de Britto e Silva
Cascavel: Deville Express Cascavel
e Estádio Arnaldo Busato
Maringá: Hotel Deville Maringá
e Estádio Regional Willie Davids
Londrina: Hotel Comfort
Suítes Londrina e CT SM
Sports
A ESCOLHA
hospedar em Londrina, ainda seria muito
cedo para qualquer tipo de afirmação.
Apenas no segundo semestre, com o
resultado das eliminatórias, é que deve ser
dado início às ações mais contundentes
de aproximação com as seleções. Seleções
como Alemanha e Japão já foram citadas.
Segundo o vice-presidente da ACIL, há
tempos a relação com o Japão vem se
estreitando. Para ele, esse é um país com
que Londrina tem uma relação histórica
e cultural mais próxima, e isso poderia
ajudar. Entretanto, o foco continua sendo a
cidade como vitrine para o mundo.
As apostas de Londrina devem ser feitas
em seleções menores, pela própria falta
de estrutura que apresenta. “Por não
haver ainda uma estrutura de primeiro
mundo, devemos voltar nossa atenção
para seleções como Jamaica ou Gana.
Sem desmerecimento, mas precisamos
olhar antes para a realidade da cidade”,
argumenta o presidente da Fundação de
Esportes de Londrina, Élber Giovane de
Souza.
Associação Comercial e Industrial de Londrina
Um pouco mais cético, o presidente
da FEL pondera que se faz necessário
repensar muitas questões na cidade.
Dentre as questões está o aeroporto e
a rede hoteleira. “Estou certo de que
Londrina tem potencial para receber uma
delegação, porém, não tem como olhar
para as circunstâncias e não se incomodar
com elas. As coisas no âmbito público são
demoradas. Precismos arrumar ruas e
aeroporto em menos de um ano e isso tem
que ser a toque de caixa”, pondera.
O Comitê Organizador da Copa do
Mundo da FIFA 2014 fez uma lista inicial
de 150 localidades que se ofereceram
para receber as equipes. No ano passado
foram concluídas as inspeções técnicas
das candidatas à vaga. A lista definitiva é
uma recomendação da FIFA, mas são as
confederações de cada país que
irão escolher onde ficar - o que, de certo
modo, também dependerá do sorteio dos
grupos. Várias delegações já estiveram
no Brasil visitando locais que podem ser
confirmados como subsede.
No começo de fevereiro, a Fifa divulgou o
catálogo oficial de centros de treinamentos
disponíveis para as seleções utilizarem
durante a Copa no Brasil. A lista tem 70
opções. Dentre as exigências para receber
uma seleção, o local precisa passar por uma
análise criteriosa da Fifa, que vem avaliando
candidatos por todo o país. Além disso, cada
opção tem que ter um hotel com padrão
internacional e um local de treinamento de
alto nível.
Londrina, com o Hotel Comfort Suítes e o
CT SM Sports, se une a Curitiba, Cascavel
e Maringá, que também haviam sido
lembradas pela Federação. Em sua versão
mais recente, a lista da Fifa recebeu 16 novas
opções. Nove são localizadas na região
sudeste, cinco na sul, uma na centro-oeste
e outra na nordeste. Apesar de não aparecer
agora entre as novidades, a região norte já
tinha representantes na primeira versão do
catálogo.
Geralmente são as próprias seleções que
fazem a escolha do local onde irão treinar.
Todavia, elas usam justamente esse catálogo,
já avaliado e aprovado pelos técnicos da
Fifa, para definir onde vão se concentrar
durante a Copa.
15
EXPOLONDRINA
Polo gerador de negócios
Feira agropecuária, que acontece em abril, tem reflexo sobre a economia regional ao
longo de todo o ano
Por Guto Rocha
Grandes negócios e muita diversão. É isso
que a Exposição Agropecuária e Industrial
de Londrina, que neste ano chega à sua 53ª
edição, consegue reunir em um mesmo
espaço. À primeira vista, a impressão que
se pode ter é de que, durante os 11 dias
do evento, todas as atenções se voltam
para o Parque Governador Ney Braga,
local que abriga a feira. Mas, na verdade, a
ExpoLondrina se consolidou em um polo
irradiador de negócios para Londrina e
região. “Durante a exposição, o volume
de negócios e de pessoas que visita o local
é tão grande que o movimento acaba
beneficiando toda a macrorregião”, analisa
o professor de Economia da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUCPR), em Londrina, Márcio Luis Massaro.
No ano passado, segundo o presidente da
Sociedade Rural do Paraná (SRP), Moacir
16
Sgarioni, a ExpoLondrina registrou uma
movimentação financeira global de R$
355,34 milhões. Volume 4,5% maior que
a feira realizada em 2011. Sgarioni prefere
não estimar índices de crescimento
para esta edição da ExpoLondrina, mas
acredita que o resultado será superior.
“O cenário na agropecuária é favorável,
se a movimentação crescer 5%, ficaremos
muito satisfeitos”, comenta.
Para mostrar a importância do evento
para a economia de Londrina, Massaro
faz uma comparação entre o volume
global movimentado durante a exposição
e o orçamento da administração direta
e indireta do município em 2012.
“Londrina teve para todo o ano passado
um orçamento de R$ 1,1 bilhão. E a
exposição gerou, em apenas 11 dias, quase
a metade deste montante”, afirma.
Neste ano, a ExpoLondrina acontece
entre 04 e 14 de abril. Mas, de acordo
março de 2013 | www.acil.com.br
MOVIMENTO DA FEIRA BENEFICIA TODA A REGIÃO, INCLUSIVE O COMÉRCIO
gente passa pela exposição para conhecer
os produtos e serviços expostos. “Muitos
negócios são iniciados durante a feira
para serem fechado depois. E mesmo que
o expositor não venda nada no evento, a
sua marca foi vista por mais de 470 mil
pessoas (número de visitantes do evento
em 2012, segundo a SRP)”, analisa o
economista.
O diretor de Produtos da ACIL,
Luigi Carrer Filho, que é empresário
do setor veterinário e expositor na
ExpoLondrina, confirma a análise
de Massaro. Segundo ele, o número
de novos clientes que ele agrega à sua
carteira e o contato com os que já são
seus clientes garante bom volume de
negócios no pós-feira. Carrer, que
também é diretor da SRP, observa
que o ganho que o município tem
em divulgação também é um capital
muito grande para toda a economia
regional. “Só com esta propaganda,
todos em Londrina acabam ganhando
muito. A ExpoLondrina é reconhecida
internacionalmente e é o maior evento
do gênero na América Latina”, diz.
Carrer ressalta ainda o caráter festivo do
evento e o poder que isso tem na geração
de renda. “A ExpoLondrina está no DNA
do londrinense, as pessoas esperam o
evento para se divertir, ver os shows,
rodeio”, comenta. O diretor acredita
que, no fim, todos saem ganhando
com a feira e defende que ACIL e SRP
deveriam se unir para aproveitar o
potencial do evento. “Poderia se criar
uma campanha baseada na temática do
evento, por exemplo, para incrementar
as vendas do comércio”, sugere.
com o economista, é preciso analisar
o evento em três momentos distintos.
“Na economia, os fatos não ocorrem de
maneira tão rápida”, observa. Massaro
afirma que cerca de três meses antes da
feira toda a economia, muitas vezes sem
que se perceba, já está sendo beneficiada
pela expectativa e preparação. “As pessoas
começam a se preparar, a procurar hotéis,
fazer reservas, marcar passagens aéreas,
a cidade começa a ser divulgada e o
comércio também é favorecido”, comenta.
Durante a realização do evento, há uma
concentração dos negócios na feira e
tudo o que gira no seu entorno para
que ela aconteça. Massaro observa que o
movimento ultrapassa os limites do Parque
Ney Braga. “Táxis, hotéis, restaurantes e
outros serviços acabam se beneficiando
do movimento das pessoas que vêm a
Londrina para visitar a exposição”, diz. O
presidente da SRP observa que durante a
exposição são gerados entre oito e 10 mil
empregos diretos e indiretos. “Este pessoal
que trabalha durante a feira vai gastar
no comércio depois”, comenta Sgarioni.
Para ele, se há alguma concorrência, ela
é momentânea. “Muitos empresários que
têm negócios na cidade também vêm para
cá e acabam se beneficiando depois com
a exposição de seus produtos”, acrescenta.
É este o terceiro momento da roda
da economia que a ExpoLondrina faz
girar durante todo o ano, na análise
do professor Massaro. “Os negócios
realizados antes e durante a feira acabam
remontando em novos negócios durante
todo o restante do ano e segue até o
início do novo ciclo pré-feira”, comenta.
Segundo ele, isso acontece porque muita
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1
2/27/13
Moacir Sgarioni: “Muitos empresários que
têm negócios na cidade também vêm para
cá e acabam se beneficiando depois com a
exposição de seus produtos”
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17
ECONOMIA DE
MERCADO
EMPRESARIOFOBIA,
MAL DO NOSSO TEMPO
Sem empresas, não existe desenvolvimento. Então, por que uma reduzida
minoria insiste em combater todas as formas de atividade empresarial?
Por Paulo Briguet
Um dos preconceitos que atormentam
e atrasam a sociedade brasileira ainda é
pouco discutido: o preconceito contra o
empresário. Há no País uma subcultura de
origem marxista que tende a ver em todo
empresário um bandido. Os inimigos da
atividade empresarial definem o mundo
como palco da luta de classes. Trata-se
de uma minoria, é verdade – mas uma
minoria muito falante. Eles ocupam
espaços no poder público, na mídia, na
universidade. Sua palavra de ordem é o
ódio a todo tipo de iniciativa empresarial.
Se é empresário, é explorador. Se é
empresário, é ganancioso. Se é empresário,
18
só quer saber de lucro. E lucro, na cartilha
dessa religião sem Deus, é pecado capital.
A empresariofobia é parecida com a
gripe: nunca deixa de existir, mas tem
seus surtos. Há quem se aproveite de
tragédias nacionais, como o incêndio em
Santa Maria, para tentar promover a caça
às bruxas. Em alguns casos, vemos um
festival de desrespeito e desconsideração
pelas pessoas. Se for para posar de herói
e aparecer na televisão, certas autoridades
contaminadas pela empresariofobia não
se importam em pisotear a lei e o Estado
de Direito. Em um país onde já houve
congelamento de preços e confisco de
poupança, existe o risco permanente
de que o livre comércio e a propriedade
sejam atacados, sobretudo em períodos
de crise.
Quais são as raízes profundas desse ódio
ao empresário? Para o cientista político
Mário Sérgio Lepre, o preconceito tem
origem na forma como o Brasil foi
colonizado. “Em 1808, quando a Coroa
portuguesa veio para cá, fugindo das
tropas de Napoleão, o Estado veio junto”,
lembra. “O Estado brasileiro chegou antes
da consolidação da própria sociedade.”
Dentro desse modelo, em que só tinha
condições de prosperar quem tivesse
alguma relação com o poder estatal, o
empreendedor independente era visto
com desconfiança. “Basta ver o caso do
Barão de Mauá, que tentou ser empresário
março de 2013 | www.acil.com.br
“NOSSAS ESCOLAS EM GERAL NÃO ENSINAM PARA A LIBERDADE DE EMPREENDER”
Mário Sérgio Lepre
no Brasil do século XIX. Suas iniciativas
acabavam encampadas pelo Estado ou
frustradas por interesses fisiológicos
de pessoas que queriam cargos ou
prebendas”, diz o cientista político.
A Independência política do Brasil
não acabou com a dependência dos
indivíduos em relação ao Estado. “Ainda
estamos mergulhados nesse modelo
cultural em que o governo deve ser
grande e a sociedade fica esperando o
Estado-Pai fazer alguma coisa”, analisa
Lepre. “No Brasil nós tendemos a ver
Associação Comercial e Industrial de Londrina
o interesse público como atribuição
do Estado, e não do indivíduo.” Parte
dos empresários acabou por se adaptar
ao esquema, exigindo benefícios e
privilégios do governo. Mas a grande
maioria – aqueles que efetivamente
geram riquezas e desenvolvimento para
o País – questiona o velho modelo do
Estado paternalista sustentado por uma
carga tributária absurda. “Não existe
sociedade desenvolvida sem empresário.
Ele é a pessoa disposta a correr riscos para
produzir riquezas”, comenta.
Problema começa
na educação
Para o professor e comunicador Alvaro
Ferreira, executivo de ensino a distância
da Unopar, o problema da aversão às
empresas e empresários começa na
educação. “Nossas escolas em geral não
ensinam para a liberdade de empreender.
Somos uma sociedade que demoniza
o lucro e tem uma ideia distorcida da
economia de mercado”, avalia Ferreira.
“Enquanto não educarmos nossas
crianças para serem livres, autônomas,
críticas, donas de seus próprios narizes –
vamos sofrer com esse tipo de problema.”
Certa vez perguntaram ao historiador
Thomas Skidmore qual é a principal
diferença entre o americano e o brasileiro.
Ele respondeu que o americano nasce
querendo conquistar o mundo, enquanto
o brasileiro quer passar em um concurso
público. “Por isso os Estados Unidos
são chamados de ‘land of opportunities’
(terra de oportunidades)”, nota Alvaro
Ferreira. “As oportunidades estão aí, mas
você precisa enxergá-las. Os brasileiros,
em geral, só enxergam problemas. Somos
mimados, ficamos esperando o Estado
paternalista, o grande provedor.”
Dentro dessa visão preconceituosa, o
empresário acaba ficando com o papel de
“explorador” que “só pensa em lucro”. Aí
mora um equívoco de efeitos perniciosos.
Pois o desenvolvimento depende da
19
responsável pelas suas atitudes. Não
adianta o Estado mandar o sujeito ser
bom; é preciso que as pessoas melhorem
e produzam por vontade própria, não por
imposição do poder.”
Alvaro Ferreira
geração de riquezas – e a geração de
riquezas depende do lucro. “As pessoas
precisam entender que o lucro não é um
fim, ele é um meio. O mais importante
para uma empresa não é ganhar dinheiro,
mas transformar-se numa instituição
para a sociedade”, diz Alvaro, citando
uma série de empresas que hoje se
confundem com a própria identidade
de Londrina. O raciocínio do gerente da
Unopar faz lembrar as palavras do célebre
economista liberal Ludwig Von Mises:
“A característica essencial do capitalismo
moderno é a produção em massa de
mercadorias destinadas ao consumo pelo
povo. O resultado é a tendência para uma
contínua melhoria do padrão médio de
vida, o enriquecimento progressivo de
muitos. O capitalismo desproletariza o
‘homem comum’ e o eleva à posição de
‘burguês’”.
Outra noção importante e vilipendiada
em nosso tempo é a do direito à
propriedade. “As pessoas não se dão conta
de que o direito à propriedade serve para
proteger, acima de tudo, os menores e os
mais fracos”, diz Ferreira. “Ele garante
que os frutos do nosso trabalho não serão
engolidos pelo Estado depois da nossa
partida.”
Se a propriedade é malvista desde o ensino
básico, também não encontra muitos
admiradores nas universidades. Alvaro
conta: “Sou formado em jornalismo
e nunca tive uma disciplina sobre
empreendedorismo. Nunca ouvi um
professor dizer que eu poderia me tornar
empresário... Nos Estados Unidos, quem
mais abre empresas são os universitários
– e fazem isso sem burocracia. Veja os
casos do YouTube e do Facebook: são
casos de empreendedorismo que deram
certo!” Ironicamente, os dois sites são
hoje largamente utilizados por inimigos
20
Cláudio Tedeschi
da sociedade aberta e da economia de
mercado. Sim, a turma da empresariofobia
odeia igualmente as iniciativas no mundo
real e virtual – mas utiliza as duas...
Oportunidade e
justiça para todos
os cidadãos
Na visão do empresário Cláudio Tedeschi,
presidente do Fórum Desenvolve
Londrina, o único regime que se provou
eficiente na história é a economia de
mercado.
Parafraseando
Churchill,
Tedeschi diz: “O capitalismo é o pior
sistema que existe, com a exceção de
todos os outros”.
Tedeschi vê no cumprimento de
contratos uma das principais bases do
capitalismo. “Em um país desenvolvido,
as pessoas precisam cumprir a palavra”,
define o empresário. “Se recorrermos
aos exemplos históricos, veremos que
o capitalismo é o único sistema que
realmente incorporou o conjunto da
população à vida econômica”, analisa. Ele
cita como exemplo a Inglaterra anterior
à Revolução Industrial, em que mais de
um terço da população era composta
por párias, numa condição social pior
que a de mendigos. Com o advento da
economia de mercado, essas pessoas
ganharam uma nova perspectiva de vida,
algo que era impossível na condição
historicamente anterior. “Capitalismo é
o regime que dá certo ao criar a mesma
linha de oportunidade e justiça para todos
os cidadãos”, diz o presidente do Fórum.
Cláudio Tedeschi faz uma analogia entre
a liberdade de produzir e o conceito
teológico do livre-arbítrio. “Nos dois
casos, temos que o homem precisa ser
A verdadeira
“ditadura” do
proletariado é o
capitalismo
O engenheiro agrônomo e pesquisador
Paulo Varela Sendin, membro do Núcleo
de Desenvolvimento Empresarial de
Londrina, afirma que muitas pessoas
ainda têm uma visão limitada do que é ser
empresário. “O pipoqueiro, a manicure,
o dono de um bazar são empresários
– mesmo quando não sabem disso.
Empresário, por definição, é a pessoa que
organiza fatores de produção e os coloca
à disposição da sociedade”, comenta
Sendin.
A economia de mercado já se provou o
instrumento mais eficaz para a produção
de riquezas; e o seu antípoda socialista
fracassou
miseravelmente.
Sendin
observa: “Os regimes socialistas não
deram certo porque desconsideraram
o funcionamento das leis de mercado.
Estas não são leis escritas, mas forças
que concorrem entre si. Substitui-las
por imposições do Estado fatalmente
criará escassez de produtos. Começase a produzir coisas que ninguém quer
comprar e que não atendem ao desejo
das pessoas. Se o Estado define que só irá
produzir o Fusca, o sujeito que quer ter
um carrinho melhor vai ficar frustrado.
E vai criar mecanismos para não ter
Fusca”.
Ironicamente, a verdadeira “ditadura
do proletariado” se dá na economia
capitalista, onde o cidadão consumidor é
a verdadeira autoridade que decide sobre
o futuro das empresas. “Socialismo,
na verdade, é uma ilusão. É o governo
do grupo que domina o partido, que
passa a ter todas as vantagens de uma
aristocracia”, diz Cláudio Tedeschi.
“Antigamente,
os
trabalhadores
produziam para os nobres. Com a
Revolução Industrial, os operários se
março de 2013 | www.acil.com.br
tornaram consumidores. Se o operário
não gosta do teu produto, meu amigo,
ele vai matar a tua empresa!”
Equilíbrio entre
desenvolvimento
e preservação
ambiental
Com a derrocada dos regimes socialistas,
os adversários da atividade empresarial
migraram para o ambientalismo. E aí
começa outra polêmica – que pode
ser vista, por exemplo, na questão
do Projeto Arco Norte. “Quem está
produzindo riquezas, está causando
algum impacto na natureza”, observa
Tedeschi. “Mas qual é o pior impacto
sobre o meio ambiente? A pobreza.
País miserável não consegue controlar
a poluição, a ocupação de fundos de
vales, o desmatamento. O importante
é chegarmos a um equilíbrio entre a
Associação Comercial e Industrial de Londrina
necessidade do desenvolvimento e a
proteção à natureza.”
Paulo Sendin, que trabalhou por vários
anos no Iapar e conhece bem a área,
acredita que é importante transformar
o homem do campo em empresário
rural. “Mas tem muita gente que
ainda vê o empresário rural como um
demônio... Há ambientalistas que falam
da agricultura de subsistência como se
fosse uma coisa boa! Mas não é por aí
que o desenvolvimento econômico e
ambiental do campo vai acontecer.”
O Estado mastodôntico brasileiro
é outro obstáculo à criação de uma
cultura empresarial no País. “As
grandes aristocracias no Brasil estão
no Executivo, Legislativo e Judiciário”,
aponta Cláudio Tedeschi. “Isso faz com
que existam dois tipos de cidadão no
Brasil: o de primeira e o de segunda
classe. Só para se ter uma ideia, o furo na
aposentadoria dos 900 mil funcionários
federais foi de R$ 62 bilhões. Isso em
um país que só tem R$ 47 bilhões para
investir em estrutura!”
Para manter essa estrutura imensa em
funcionamento, o Estado cobra uma
carga de impostos e acaba sendo um
“sócio não-solicitado” de qualquer
cidadão brasileiro – especialmente dos
empresários. Ainda assim, a pessoa
que tem a coragem de abrir uma
empresa no Brasil ainda é malvista e
sofre os preconceitos que analisamos
ao longo deste texto. Na verdade, a
empresariofobia é uma doença que
ataca o coração da sociedade livre. A
propósito, Cláudio Tedeschi ensina: “A
riqueza do capitalismo são as empresas.
Empresas significam comunidade sadia,
emprego bom, economia dinâmica,
oportunidades para todos. O empresário
tem uma responsabilidade enorme na
sociedade: ele é a pessoa disposta a
correr riscos para criar riquezas.”
Da próxima em que ouvir alguém
falando mal de empresários, lembre-se
disso...
21
RODOVIAS
PARANAENSES
PEDÁGIO, A PRODUÇÃO
PENALIZADA
A reclamação é a mesma em todas as regiões do Estado: a
privatização das rodovias, com tarifas de pedágio altas, onerou
a produção e não acarretou investimentos significativos em
duplicações e outras obras de melhorias; com baixo valor
agregado, agronegócio perde competitividade
Quando foi implantado, no final da década
de 90, o programa de concessão de rodovias
surgiu como solução para equacionar a
situação de abandono de parte da então
deteriorada malha viária do Paraná. Pelo
contrato, as seis empresas – Econorte,
Viapar, Ecocataratas, Caminhos do Paraná,
Rodonorte e Ecovia – que ganharam o
direito de explorar os 2,5 mil quilômetros
de estradas teriam que recuperar e ampliar
o número de faixas, além de construir
contornos e ramais com vistas a desatar os nós
de logística e infraestrutura que emperravam
o desenvolvimento do Estado. De fato,
passados quase 15 anos após a privatização,
as rodovias pedagiadas subiram de conceito
22
no quesito estado de conservação. Segundo a
pesquisa anual realizada pela Confederação
Nacional dos Transportes (CNT), que em
2012 chegou a 16ª edição, 78,3% dos trechos
privatizados no Paraná são considerados
bons ou ótimos, enquanto 79,6% da extensão
das estradas sob controle estatal ficam nas
categorias regular, ruim ou péssimo. Mas o
conforto, ainda que poderia ser maior, sai
caro, principalmente para quem transporta
cargas.
O preço das tarifas é reclamação recorrente
de quem roda pelas rodovias e apontado pela
classe produtiva como um dos entraves à
competitividade dos produtos paranaenses,
especialmente os agrícolas, em relação a
março de 2013 | www.acil.com.br
INTEGRADA DEIXOU R$ 1,5 MILHÃO NAS PRAÇAS DE PEDÁGIO EM 2012
concorrentes mundiais como Argentina e
Estados Unidos. Uma pesquisa feita pelo
Sistema Ocepar no ano passado apontou
ônus de até 34% no frete de grãos calculado
com base nos valores cobrados nas praças
de pedágios. “O transporte de grãos é
onerado em até 6,3% devido ao pedágio.
Em alguns casos, o custo chega a ser maior
que a lucratividade obtida com a venda do
produto”, afirma o presidente do Sistema
Ocepar, João Paulo Koslovski.
O comprometimento e redução do lucro
imposto ao setor agropecuário pelo pedágio
também preocupa o presidente da Federação
da Agricultura do Estado do Paraná (Faep),
Ágide Meneguette. “Pedágio caro, como o
do Paraná, tem incidência direta e perversa
na formação dos preços dos produtos
agropecuários. Cada centavo que é deixado
numa praça de pedágio, assim como cada
dia de espera para embarque no porto, é
dinheiro retirado da renda do produtor
rural. A competitividade internacional de
nossos produtos, que deveria ser incentivada,
tem sido prejudicada por interesses de
empresas privadas, que administram os
serviços logísticos públicos com pouca
orientação governamental”, lamenta o líder
agropecuário.
Grãos e insumos
mais caros
O caminhoneiro que percorre os cerca
de 500 quilômetros entre Maringá a
Paranaguá pelas BRs 376 e 277, rota pela
qual é escoada boa parte da safra de grãos
da Região Noroeste, no volante de um
caminhão de cinco eixos – com capacidade
para 27 toneladas de grãos – desembolsa
R$ 504 nas sete praças de pedágios ao
longo do trajeto, apenas em um sentido de
direção. O gasto representa quase 28% do
custo do frete.
O impacto do pedágio no transporte é
ainda maior em cargas provenientes da
Região Oeste. O pedágio chega a onerar
em mais de 34% o custo do transporte em
cargas provenientes de Foz do Iguaçu, que
paga R$ 644 em pedágio. E, mesmo no
caso de Ponta Grossa, mais próxima ao
porto, o efeito do preço do pedágio chega
a 21,4% do preço do frete. Os cálculos do
Associação Comercial e Industrial de Londrina
estudo da Ocepar consideraram as tarifas
de pedágio corrigidas em dezembro de
2012, os valores do frete atuais e preços
recebidos pelos produtores de soja e milho
– média mensal de setembro a novembro
de 2012 – quando a saca de 60 kg de milho
estava cotada a R$ 22,89 e a saca de 60 kg
de soja a R$ 57,85.
Conforme dados do Ministério do
Desenvolvimento, entre novembro de 2011
e outubro de 2012 foram transportadas
pelo Porto de Paranaguá 7,3 milhões
toneladas de soja em grãos, 4,7 milhões
de toneladas de farelo e 3,7 milhões de
toneladas de milho, num total de 15,7
milhões de toneladas de produto.
Considerando-se que 65% dessa produção
seja transportada por caminhões, são
necessários 378 mil caminhões de cinco
eixos para o transporte da produção até o
porto. Com uma tarifa de pedágio média
nos trechos acima mencionados de R$
419,52 por caminhão, obtêm-se um custo
total em pedágio para a produção de soja
e milho do Paraná de cerca de R$ 158
milhões.
Só a Cooperativa Integrada Agroindustrial,
entidade radicada em Londrina desde
1995, calcula ter deixado R$ 1,5 milhão
nas praças de pedágio no ano passado,
quantia equivalente a 15% do gasto total
com transporte. Em 2012, a cooperativa foi
responsável pela produção e distribuição
de 1,4 de milhão de toneladas de grãos,
além de 115 mil toneladas de fertilizantes
oriundas de Paranaguá.
Ganho baixo
Não menor é o prejuízo de donos
de transportadores e profissionais
autônomos. “Infelizmente o cenário é
pouco favorável ao ramo dos transportes.
Apesar do aumento do pedágio que
ocorreu em dezembro passado, os valores
de frete não foram reajustados”, reclama
o empresário Edson Merchi, de Curitiba.
O descontentamento dele é exemplificado
pela conta do frete entre os municípios
de Campo Largo a Londrina, cerca de
400 quilômetros distantes. A empresa
recebe R$ 2,4 mil pelo transporte de uma
carga de 30 toneladas, a um custo médio
de R$ 80 por tonelada. Do montante,
R$ 246 ficam nas praças de pedágio, ou
seja, 10% do gasto total com transporte.
O gasto corresponde a 60% dos R$ 406
desembolsados com óleo diesel.
Na viagem de volta, a perda é ainda maior,
uma vez que o valor médio pago por
tonelada é 12% menor. Para transportar
30 toneladas a um preço de R$ 70 cada,
o caminhoneiro receberá R$ 2,1 mil e
pagará R$ 334 de pedágio – equivalente
a 16% do frete – e R$ 512 de combustível.
No final, o ganho é próximo de R$ 1,2 mil.
Nas contas do empresário Paulo Orth,
proprietário de uma transportadora
em Guarapuava, o faturamento mensal
da empresa poderia ser até 15% maior
se não fosse o pedágio. Rodando por
quatro Estados para atender à clientela
23
espalhada por Paraná, Santa Catarina,
São Paulo e Mato Grosso, ele elege os
valores cobrados nas praças de pedágios
das estradas paranaenses como as “pedras
no sapato” da transportadora.
Desde o último reajuste, em 1º de
dezembro de 2012, os valores cobrados
para caminhões com cinco eixos variam
entre R$ 24 e R$ 61,5 nas praças de
pedágio do Paraná, sendo o menor preço
praticado pela Rodonorte em Jaguariaiva
e o maior pela Ecovia em São José dos
Pinhais. Nas rodovias de São Paulo, a
tarifa por eixo comercial não chega a R$
11 – com exceção de duas praças na Via
Anchieta e na Rodovia dos Imigrantes,
onde a cobrança é unidirecional. Mas
“economia” mesmo faz quem roda pelo
estado catarinense. Lá o caminhoneiro
desembolsa R$ 8,5 em cada praça de
pedágio.
“Apesar de caro, o problema maior não
é o pedágio em si, mas a falta de retorno
nas estradas. O gasto mensal com a
manutenção dos veículos praticamente
se equipara ao do pedágio. Essa conta é
parecida porque as estradas não estão em
boas condições, o que resulta em danos
frequentes e desgaste maior dos veículos”,
desabafa Orth.
Só ônus
À primeira vista, o encarecimento da
produção pode parecer a principal
desvantagem para o empresário e
proprietário de indústria – mas, segundo
o diretor-presidente da Cooperativa
Integrada, Carlos Murati, não é a única.
“Mesmo após 15 anos de concessão,
“Praticamente não
vimos nenhuma
duplicação de
pista ao longo de
15 anos. É como
se não houvesse
gerado benefício
nenhum”, reclama
o presidente
da Cooperativa
Integrada, Carlos
Murati
24
a estrutura das rodovias ainda deixa
muito a desejar. Praticamente não vimos
nenhuma duplicação de pista ao longo
desse período. É como se não houvesse
gerado benefício nenhum”, considera.
“Na rota de Londrina a Curitiba, por
exemplo, há cerca de 200 quilômetros
pedagiados, ao longo dos quais podese dizer que 50% é pista dupla e a outra
metade é pista simples”, acrescenta Fábio
Felício, gerente de logística da empresa
LPR, montadora de estandes instalada
em Londrina, que costuma gastar até
10% do valor do frete com os pedágios
para os clientes espalhados pelos quatro
cantos do país.
O presidente da Federação das
Associações Comerciais e Empresariais
do Paraná (Faciap), Rainer Zielasko,
reclama da falta de investimentos na
malha. “O traçado das nossas rodovias
vem da década de 60, mas o fluxo de
veículos aumentou muito. O suporte hoje
não é suficiente tendo em vista o valor
alto praticado nas praças de pedágio, e
isso causa a perda da competitividade
das empresas. O Paraná possui muitas
potencialidades em sua economia que
pedem pela melhoria da infraestrutura.
Um exemplo é a BR 277, na região oeste,
que, apesar do alto valor de pedágio,
ainda possui pista simples.”
Cláusula de
reajuste
Em novembro do ano passado, quando o
Governo do Estado aprovou o reajuste de
4,69% nas tarifas de pedágio, o aumento
chegou a ser alvo de uma ação judicial
do Fórum Nacional Contra o Pedágio.
No entanto, o diretor regional da
Associação Brasileira de Concessionárias
Rodoviárias (ABCR) no Paraná, João
Chiminazzo Neto, explica que o reajuste
anual da tarifa é amparado por uma
cláusula dos contratos de concessão,
que permite a revisão tarifária à
medida que os índices reguladores do
setor sofram inflação nesse período.
Segundo ele, um dos fatores que mais
têm impacto sobre as condições do
pavimento das rodovias paranaenses
é o excesso de peso dos veículos, que
não tem sido devidamente controlado
pelo Estado. “O governo não tem
nos fornecido efetivo policial para
estabelecer o devido controle sobre esta
situação. É o nosso maior problema
hoje nas rodovias do Paraná”, aponta.
A Concessionária Econorte tem sob
sua responsabilidade torno de 350
quilômetros das rodovias de todo o
Paraná. O contrato com o Governo do
Estado prevê a manutenção, restauração
e conservação de todo esse perímetro,
além de serviços operacionais como
guincho, inspeção, pré-hospitalar e bases
operacionais.
Embora não informe o percentual de
investimento em relação ao faturamento
do pedágio, a empresa garante ter
realizado em 2012 a restauração e
manutenção de 67 quilômetros de
rodovia. Para 2013, está prevista a
manutenção e restauração de mais 88
quilômetros.
Sobre a necessidade de duplicação
de vários trechos em pista simples, a
Econorte promete tomar medidas, mas
estas não devem se concretizar para
breve. “Está prevista a duplicação, mais
ao final da concessão (que expira em
2021), até Cornélio Procópio. Também
estamos elaborando projeto para
implantação de terceiras faixas no trecho
entre o KM 101 e o KM 95 da BR 369”,
afirma Cássia Romanow, assessora de
Comunicação da Econorte.
março de 2013 | www.acil.com.br
“Renovar os contratos é condenar
o Paraná à morte econômica”
Taxa interna de retorno (TIR) de 22%,
passivos judiciais próximos do impagável,
valores tarifários entre os mais altos do país
e um dos mais caros do mundo e quase
nenhum retorno de infraestrutura expressivo
em 15 anos de concessão. Esses são alguns
motivos numerados pelo engenheiro
agrônomo Álvaro Cabrini Júnior, expresidente do CREA-PR e atual assessor
parlamentar da entidade, uma das integrantes
da Comissão Tripartite do Pedágio, para
defender a extinção dos atuais contratos
com as seis empresas concessionárias das
rodovias do Anel de Integração. “Renovar
esses contratos nos moldes em que foram
feitos em 1997 é condenar o Paraná à morte
econômica, porque estamos com o nosso
desenvolvimento travado”, afirma.
Segundo Cabrini Júnior, as normas
contratuais “leoninas” firmadas entre o exgovernador Jaime Lerner, que buscava a
reeleição e por isso baixou a tarifa em 50%,
e as concessionárias, desobrigadas a investir
em infraestrutura pesada até 2014, fato
amplamente divulgado pela imprensa, foi a
sentença de morte da economia do Estado,
principalmente do interior.
Contratos que possibilitam retorno seguro
aos investidores privados e garantam
modicidade tarifária a ponto de promover
o desenvolvimento equitativo da região já
são realidade no Brasil. De acordo com o
assessor parlamentar do CREA-PR, os novos
editais de concessão rodoviária lançados pelo
DNIT exigem a duplicação antes do início de
cobrança do pedágio, taxa interna de retorno
no máximo a 5% e duração contratual de 30
anos, um modelo diferente do que está em
vigor no Paraná há quase 20 anos.
“Tudo depende do edital de licitação, por
isso defendo que os contratos que terminam
daqui a 10 anos devam acabar, e com eles
todo o passivo judicial. Seria um crime para
o Paraná a prorrogação dos mesmos. As
concessionárias poderiam participar de outro
processo licitatório, sob outras condições e
nova modelagem, e não sob essa que está aí e
já se mostrou ineficiente, que cobra e não faz”.
Em abril o CREA-PR deve lançar um livro
sobre os novos modelos contratuais que
servem do capital privado para concessionar
rodovias, ferrovias etc. O objetivo é apresentar
uma nova visão de captação de dinheiro
privado para investir em obras públicas
que permitem o retorno financeiro com
segurança jurídica, modicidade tarifária e
atuação regulada. “Hoje sabemos que há
desequilíbrio econômico-financeiro no
atual modelo de concessão em desfavor da
sociedade, que está pagando muito caro por
um retorno que não tem”, diz Cabrini Júnior.
Ele faz uma provocação ao comparar a malha
viária do Paraná com a de Portugal, país
com mais de 2 mil quilômetros de rodovias
duplicadas. Já o Paraná, que tem o dobro do
tamanho do país europeu, ainda não tem
mil quilômetros duplicados. “No começo
do século 21 nós sequer chegamos perto
daquela que é considerada a pior malha
viária da Europa. Como vamos pensar num
PIB gigante nesse país que quer ser essa
grande potência sem projetar algo melhor
e grandioso na nossa infraestrutura para
daqui 30 anos? Temos de pensar isso agora.
Projetos de engenharia não são feitos em uma
semana.”
Com a palavra,
o governo
O Governo do Paraná reconhece que o custo
do pedágio no Paraná precisa ser revisto, mas
defende que o debate seja fundamentado
em dados técnicos, econômicos e jurídicos,
e não em discursos políticos e brigas
judiciais. Segundo o secretário do Estado
de Infraestrutura e Logística, José Richa
Filho, a politização do assunto serviu
apenas para travar o cronograma de obras
e investimentos nas estradas por quase
15 anos. “A gestão passada preferiu brigar
com as concessionárias ao invés de cobrar
investimentos. O resultado é que obras
importantes ficaram paradas”, alega Richa
Filho.
Entre as ações adotadas pelo governo para
atender as reivindicações dos usuários por
tarefas menores e melhores condições nas
rodovias, o secretário destaca a criação
da Comissão Tripartite e da Agência
Reguladora de Serviços Públicos Delegados
de Infraestrutura do Paraná (Agepar), sendo
que à primeira cabe a fiscalização dos serviços
prestados pelas concessionárias, e à segunda
a negociação das atribuições e investimentos.
“A retomada dos investimentos é uma
preocupação do governo. Esse estudo
servirá para corrigir distorções e negociar
a ampliação de investimentos. O governo
já iniciou o diálogo com as concessionárias
e obteve avanços. O Departamento de
Estradas de Rodagem (DER) também está
cobrando a inclusão de obras, sem que haja
alta do valor do pedágio”.
Sobre o modelo de concessão vigente, Richa
Filho partilha da opinião do segmento
empresarial de que não é o mais adequado
para o cenário atual, porém observa: “Não
é fácil romper judicialmente os contratos.
Existe uma série de restrições que impedem
algumas modificações. A saída é o diálogo e
a negociação”.
Equipe de reportagem: Felipe Brandão,
Giovana Campanha, Janaine Stoco,
Jaqueline Ribeiro, Jean Paterno, Maristela
Moraes, Rosângela Gris e Thaís Helena
Ferreira Neto.
Associação Comercial e Industrial de Londrina
25
CERTIFICADOS: ISSO ESTÁ CERTO?
Metade dos 55 servidores efetivos da Câmara recebe salário igual do prefeito.
Pode até ser legal, mas é moral?
Por Susan Naime
Uma comissão criada pela Câmara
Municipal de Londrina está analisando
os reflexos causados pela lei aprovada
em 2004, que permite que servidores
apresentem certificados para conseguir
promoções e aumentos nos salários. Uma
carga mínima de 100 horas garante reajustes
que variam de 2,5% a 10,4%. Metade dos
55 servidores efetivos recebe o teto de R$
13 mil – mesmo salário que o prefeito
Alexandre Kireeff (PSD). No entanto, ainda
não se sabe quantos funcionários foram
beneficiados pelos certificados. A comissão
quer descobrir quem são essas pessoas e
revogar a resolução que permite o benefício.
Os vereadores reconhecem que a lei é
legal, mas imoral. Enquanto a investigação
estiver em curso, nenhuma promoção será
assinada pela Câmara. O presidente do
Legislativo, Rony Alves (PTB), não descarta
impetrar na Justiça uma solicitação para
que as promoções concedidas de forma
irregular no passado sejam canceladas.
O benefício também está sendo questionado
pelo Ministério Público.
Na mira da sociedade
O novo mandato da Câmara Municipal de
Vereadores reflete o recado da sociedade:
renovação no cenário político de Londrina.
Prova disso é a troca de 58% dos seus
representantes políticos em relação à
última legislatura. Dos 19 vereadores,
oito conseguiram se reeleger. Aqueles
que tiveram os seus nomes envolvidos
em escândalos não conquistaram uma
cadeira no plenário. Em meio à mudança
e continuidade, as desavenças partidárias
ainda não apareceram e o elo institucional
entre Executivo e Legislativo aparenta se
manter de forma harmoniosa. O discurso
26
em defesa da ética e transparência é unânime
entre os parlamentares. O desafio agora é
que ele persista – e se transforme em ações
efetivas.
Novatos x veteranos
A primeira vitória dos veteranos veio quando
Rony Alves conquistou a presidência da
Câmara. Gustavo Richa (PHS) assumiu
como vice. Porém, os novatos saíram na
frente e abocanharam 8 das 13 comissões
permanentes do Legislativo. Inclusive, as
duas mais importantes: Justiça e Finanças.
Zoneamento
Novos projetos ou velhos conhecidos da casa
já provocaram articulações nos bastidores. Os
que preveem alterações no zoneamento não
têm data para serem discutidos na Câmara.
Os autores retiraram os seus projetos de pauta
a pedido da líder do Executivo, a vereadora
Elza Correia (PMDB). Ela sugeriu que os
colegas aguardassem o envio do projeto de
uso e ocupação do solo, o que pode acontecer
em 90 dias. Em dezembro de 2012 a matéria
foi retirada de pauta definitivamente após
denúncias de modificações fraudulentas no
texto. Na remessa das matérias retiradas de
pauta está o projeto de autoria do vereador
Rony Alves, que altera o zoneamento
próximo a avenida Madre Leônia Milito para
a instalação do Hipermercado Angeloni.
Transparência
O poder público nunca esteve tão em
evidência. E o Observatório de Gestão
Pública de Londrina também está com
os olhos e ouvidos voltados aos novos
políticos de Londrina. A entidade quer
transparência total nos trabalhos realizados
pelos vereadores e informou que trabalhará
a mil por hora no projeto de fiscalização do
Legislativo.
Qualidade no transporte público
Outro ponto tocado em quase todas as
sessões desse mandato diz respeito ao reajuste
da tarifa do transporte coletivo, anunciado
pelo prefeito Alexandre Kireeff. O discurso
dos vereadores esteve sempre alinhado
à qualidade dos ônibus. A cada 15 dias o
Sinttrol, o Metrolon e o poder público vão se
reunir para tentar melhorar a qualidade do
transporte na cidade. O desafio se estende ao
Legislativo, que promete ficar de olho.
Falta de quórum
A Ação Integrada de Fiscalização Urbana
(Aifu) também repercutiu no plenário. A
promotora do Meio Ambiente, Solange
Vicentin, foi buscar apoio para a continuidade
do trabalho. Entidades como a ACIL, Abrasel
e Abrabar questionaram a forma como a
Aifu vinha sendo conduzida durante as
abordagens de bares e casas noturnas da
cidade. Segundo a promotora, alguns órgãos
já deixaram de participar da operação devido
à deficiência no quadro profissional. Ela
informou que irá pedir uma reavaliação do
Código de Posturas em relação ao comércio
que vende bebidas, além de audiências
públicas para discutir o assunto.
O presidente da
Câmara, Rony
Alves (PTB), não
descarta entrar
na Justiça para
reverter possíveis
promoções
irregulares
março de 2013 | www.acil.com.br
ELEIÇÕES 2014
BIOMETRIA CHEGA A LONDRINA
Recadastramento começou dia 4 e é obrigatório para todos os 370 mil eleitores da região
Por Fernanda Bressan
Quando as próximas eleições chegarem,
todos os eleitores de Londrina e Tamarana
terão obrigatoriamente que ter feito o
recadastramento biométrico. A nova
tecnologia – que vai reconhecer o eleitor
pela impressão digital – chegou à cidade e
vai trazer ainda mais segurança ao processo.
Desde o dia 4 de março o Fórum Eleitoral
já está fazendo o recadastramento. Em
Londrina, são 361 mil eleitores; outros 9 mil
eleitores de Tamarana também passarão pela
ação que segue até o dia 6 de setembro.
Mas para quem acha que terá bastante
tempo para ir atrás do recadastramento, o
juiz eleitoral Ademir Ribeiro Richter faz uma
Associação Comercial e Industrial de Londrina
conta simples que ilustra como o movimento
será grande: “teremos 130 dias úteis de
atendimento para os 370 mil eleitores. Isso
dá uma média de 2,9 mil pessoas por dia”,
alerta. Por isso o desembargador Rogério
Coelho, que é presidente do TRE, orienta que
as pessoas não deixem para a última hora:
“Quanto antes melhor! E peço aos eleitores
que façam o agendamento pela internet pois
eles terão atendimento preferencial”, orienta.
Quem não puder agendar, terá que ir ao
Fórum Eleitoral, retirar senha e aguardar
atendimento na fila.
O agendamento é feito pelo site do
TRE (www.tre-pr.jus.br). Na página,
do lado esquerdo, há um link chamado
“agendamento Londrina”. Segundo o
presidente do TRE, haverá estrutura para
atender uma média de 3 mil eleitores
por dia. O horário de funcionamento
será das 9 às 18 horas, ininterrupto. Para
se recadastrar é preciso levar o título
de eleitor, um documento com foto e
comprovante de endereço. “Quem não fizer
o recadastramento terá o título cancelado”,
alerta Rogério Coelho. E, com isso, ficará
impedido de realizar ações que exigem
regularização eleitoral, como participar de
concursos públicos e tirar passaporte para
viagens internacionais.
Segundo ele, a ação é uma modernização do
sistema, que teve início em 2008. “Esperamos
que até 2018 todos os eleitores estejam
cadastrados”, projeta.
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HOMENAGEM
RETRATOS
DE UMA
LUZ
Caximbo, um fotógrafo que resplandeceu lições de humanidade e brilhou sem ser estrela
Por Edson Vitoretti
O retrato do altruísmo perdeu
recentemente um dos seus mais perfeitos
enquadramentos: Airton Procópio dos
Santos, o “Caximbo”, aos 66 anos, foi
“enquadrar o infinito”, nas palavras do
jornalista Salvador Francisco. Nesta
homenagem, retrataremos o Caximbo
ser humano, que moldou o Caximbo
profissional, e conquistou o respeito dos
colegas de profissão.
Moldura de
generosidade
Em tempos em que o conhecimento faz
toda a diferença na vida das pessoas,
talvez a maior expressão de generosidade
seja uma vontade natural de ensinar
o que se sabe. Caximbo sabia muito e
transmitiu esse conhecimento a inúmeros
profissionais. Um deles, Eduardo Anizelli,
28
repórter fotográfico da Folha de São
Paulo. “Eu devo cem por cento da minha
carreira a ele. Quando comecei a estagiar
com o Caximbo, não sabia nem o que era
uma câmera”, diz Anizelli, que começou
a trabalhar com Caximbo aos 17 anos
de idade. No estágio, Caximbo apoiava
o discípulo, extrapolando as funções
de mestre: “Ele viu que eu estava em
dificuldade e pagava minha passagem de
ônibus pra eu aprender tudo de graça no
estúdio dele”, lembra Anizelli.
Quando Caximbo era editor de fotografia
do jornal Panorama, convidou José
Marques, o “Negativo”, então com 18 anos,
para trabalhar com ele. “Ele me ensinou
tudo de fotografia. Ele não era do tipo
que não ensina com medo de que o outro
fosse ficar melhor que ele. No estúdio dele
sempre tinha alguém aprendendo. Quando
a gente ia fazer casamentos, ele dava a
câmera dele pra gente treinar no momento
mais importante, na hora das alianças.
Hoje, ninguém faz isso”, diz Negativo.
março de 2013 | www.acil.com.br
REVISTA MERCADO EM FOCO | MARÇO DE 2013
WWW.ACIL.COM.BR
filho, e Caximbo lhe ensinou tudo o que
sabia. “Esse foi um trabalho muito lindo.
No dia que o menino estava apresentando
suas fotos num evento, o Caximbo se
emocionou muito. Ele tinha muito
orgulho de ter ajudado. E eu tive muito
orgulho de ser amiga do Caximbo”, conta
Elvira Alegre, repórter fotográfica.
Ângulo de
tomada: paciência
e tranquilidade
Caximbo não se contentava em chamar
pessoas para aprender de graça em seu
estúdio. Quando alugava o local para
outros profissionais, fazia questão de
ajudar no trabalho dos outros. “O cara
acabava de fazer um curso de fotografia
e vinha no nosso estúdio pra trabalhar. Só
que era meu pai quem se prontificava a
montar tudo, a iluminação, tudo. Aí o cara
vinha e só apertava o botão”, relata Fábio
Procópio dos Santos, filho de Caximbo.
O gosto por ensinar era autêntico em
Caximbo, uma disponibilidade inerente,
pela qual não esperava nada em troca.
Josoé de Carvalho, repórter fotográfico
desta revista, certa vez precisou de um
pedaço de filme num evento. Recorreu
ao Caximbo, que de pronto lhe doou o
filme. “Uma semana depois fui agradecêlo e entregar outro filme a ele, que me
disse surpreso: ‘você é um dos poucos que
devolvem’”, relata Carvalho.
Essa generosidade de Caximbo foi
presenciada várias vezes por Fábio dos
Santos. “Muitas pessoas tinham ido
ao velório e dito que meu pai as tinha
Associação Comercial e Industrial de Londrina
ajudado sem cobrar nada. Se eu for
cobrar todas as fotos de casamento que
meu pai fez de graça, passaria o ano só
fazendo isso.” Caximbo também não
cobrava a locação do estúdio para certos
trabalhos, como para eventos solidários
ou educativos, “mesmo que a gente
estivesse passando por dificuldade em
casa”, diz Fábio.
O dar de si de Caximbo acontecia até com
a concorrência. Eduardo Anizelli conta
que Caximbo perdera uma concorrência
para um outro fotógrafo que depois
resolveu locar o estúdio do Caximbo
para fazer o trabalho. Caximbo não só
o recebera como se ofereceu para ajudar
gratuitamente na produção da foto. “O
cara não sabia iluminar a foto direito, e
o Caximbo iluminava pra ele! As pessoas
ficavam espantadas, porque o Caximbo
tinha perdido a concorrência pro cara e
estava ajudando ele!”, comenta Anizelli.
Essa disposição para ajudar quem quer
que fosse era a marca de Caximbo. Certa
vez a mãe de um rapaz com síndrome de
Down lhe pediu para ensinar fotografia ao
Esse desapego de Caximbo com o
que tinha e com o que sabia é próprio
daqueles que também são desapegados
ao tempo, de hábitos pacientes, afeitos
à tranquilidade. Domingos Pellegrini
conta como era essa a peculiaridade de
Caximbo. “Ele não tinha pressa. Nunca.
Fotografando, estava sempre tão tranquilo
que um dia falei: ‘Caximbo, de ansiedade
você não morre, né?’. E ele, ajeitando tripé
com uma lenta meticulosidade, falou
sorrindo: ‘É. Por que vou fazer depressa o
que mais gosto de fazer?’”.
Eduardo Anizelli conta uma passagem de
quando Caximbo quase estagiou na Folha
de São Paulo. O jornalista que o recebera
disse que em São Paulo era muita correria,
que mal dava tempo de ver os filhos, e
então Caximbo decretou: “Ah, não quero
isso pra minha vida, não. Vou ficar em
Londrina mesmo”, relata Anizelli.
Fábio viu de perto o jeitão tranquilo do
pai, mesmo com relação a problemas
domésticos. “Todos os meses era um
estresse com minha mãe por causa da
conta de luz. Ele dizia com a maior calma:
‘Acho que tenho que pagar a luz’, e a luz já
tava cortada há tempos”, diz.
Foco de
solidariedade e
companheirismo
Se não se importava muito com seus
problemas, Caximbo se importava
bastante com os problemas dos colegas.
“Caximbo tinha uma preocupação
enquanto classe de se reunir, de se unir, de
conversar, coisa que não vejo nos novos,
29
que parecem autossuficientes, se vendo
como concorrentes”, conta Milton Dória,
fotógrafo.
A preocupação de Caximbo com a
formação de mão de obra londrinense era
visível. O jornal Panorama ficou famoso por
trazer jornalistas de outros lugares para cá.
Délio César conta que Caximbo era contra:
“Como editor de fotografia do Panorama,
o Caximbo fez o contrário. Em vez de
trazer grandes jornalistas de São Paulo, ele
foi formando todo mundo lá dentro. E o
Caximbo foi um mestre nisso”, diz.
O companheirismo de Caximbo vinha
quando mais se precisava dele. Quinze
dias antes de se casar, o jornal em que o
repórter fotográfico Negativo trabalhava, o
Panorama, acabou. Dias depois, Caximbo
chamou Negativo: “Ô meu, você marcou
esse casamento e agora tem que pagar seus
móveis. Vem trabalhar comigo”. O convite
era para trabalhar na recém-criada agência
de propaganda CGD, apelidada de “Central
Geral dos Desempregados”. Negativo,
grato, relata: “Ele deu um jeitinho de me
ajudar, porque no serviço que ele fazia lá
não precisava de ninguém pra ajudá-lo”,
conta. A competitividade exacerbada entre
os jornalistas era criticada por Caximbo.
“Naquele tempo, os fotógrafos nem se
cumprimentavam. O Caximbo fazia
questão de cumprimentar todos, até quem
ele não conhecia, pra tirar esse mito de que
nós somos adversários”, diz Negativo.
Ética e humildade
em profundidade
Segundo Paulo César Boni, professor de
fotojornalismo da UEL, Caximbo foi a
grande escola da fotografia de Londrina,
mas não alardeava isso. Josoé de Carvalho
tem uma boa definição sobre a humildade
de Caximbo: “Ele brilhava sem ser estrela.
Era uma pessoa acessível e atenciosa”.
30
No começo do estágio com Caximbo,
Eduardo Anizelli ficou feliz por ter feito uma
foto do ministro da Agricultura tocando
sanfona na Exposição Agropecuária de
Londrina. A foto teve grande repercussão.
No ano seguinte, um outro fotógrafo fez a
mesma foto, e Anizelli achou que o colega
havia lhe roubado a ideia. Caximbo chamou
Anizelli e disse: “Você fez uma boa foto ano
passado. Parabéns pra você. Esse ano, outro
fez uma boa foto. Parabéns pra ele. Se você
queria algo único, por que não pediu pro
ministro tocar guitarra?”. Caximbo disse
essas palavras com a maior tranquilidade,
mas Anizelli sentiu-as como se estivesse
“apanhando de cinta”. Ainda no campo
da ética profissional, Fábio dos Santos
conta que Caximbo “nunca foi desleal.
Nunca abaixou o preço pra ganhar uma
concorrência”.
Negativo e a
luz de Deus
Negativo relata que Caximbo, sempre
que possível, preferia fotografar com a luz
natural em vez da artificial. “Ele dizia que
queria usar a luz de Deus”, conta. Quando
aprendemos algo com alguém, esse
aprendizado fica estampado em nós, como
quando a luz incide num negativo. Abaixo,
relatos de pessoas que absorveram a luz de
Caximbo, num processo de impressão de
caráter e sabedoria de viver.
“Aprendi com o Caximbo a ser uma
profissional honesta, a não passar por cima
dos colegas pra ser importante. Aprendi
a fazer um trabalho verdadeiro, correto, a
estender a mão. Aprendi a não trabalhar
sozinha, a dividir o trabalho, como o
Caximbo fazia”, conta Elvira Alegre.
“Aprendi que quando você serve uma
pessoa, mesmo com uma pequena coisa,
aquilo é o suficiente pra deixar essa pessoa
feliz. Ele me serviu com um pedaço de
filme, e eu sou grato a ele até hoje”, diz Josoé
de Carvalho.
“Aprendi a ter paciência pra conversar, a ser
humilde, companheiro, prestativo, só coisas
de caráter. Na UEL, eu usei isso, e por isso as
pessoas gostam de mim lá”, afirma Negativo.
Sem os óculos, Caximbo via a vida de dois
planos. Por um olho, a visão ficava mais
acima, e pelo outro, mais abaixo. Essa
diferença ocular, adquirida numa batida
de carro, pode ser comparada às diferenças
que separam os homens, que os levam ao
egoísmo e ao individualismo. Para essas
diferenças, Caximbo não tinha olhos,
pois nunca as levou em consideração. Ao
contrário, ele contemplava o próximo com
o mais genuíno olhar da igualdade. Se uma
fotografia é boa quando nos atrai o olhar
como um imã, o mesmo acontece quando
um ser humano é bom. Numa época em que
a competição desfoca o companheirismo,
Caximbo atraiu olhares de todos por seu
comportamento ético, generoso, solidário
e humano.
Caminho
iluminado
Caximbo começa no jornalismo
como cinegrafista na TV Tibagi,
em 1969, a convite de Délio César.
No mesmo ano, entra na Folha de
Londrina, como colunista esportivo
e repórter fotográfico. No começo
dos anos 70 trabalha no Novo Jornal
e em 1974 assume a editoria de
fotografia do jornal Panorama. Em
75, entra no ramo da publicidade, e
cria as agências CGD, e em seguida,
a RAF Propaganda. No início
dos anos 90, constrói seu famoso
estúdio e intensifica atividades na
publicidade e na fotografia social.
março de 2013 | www.acil.com.br
DICAS
CULTURAIS
TRÊS LIVROS E UM FILME
A partir desta edição, a Revista Mercado em Foco oferece aos leitores esta coluna com
indicações de livros e filmes. Envie sugestões pelo e-mail [email protected]
O Físico, de Noah Gordon
O drama remete o leitor ao século XI, um
tempo marcado pela brutalidade. No entanto,
com extrema delicadeza, narra a vida de
um homem que dedica sua vida à cura e ao
exercício da medicina. Nascido na Inglaterra,
vai à Pérsia em busca do sonho de cursar
medicina. Com poderes místicos, pressente a
morte nos pacientes. Em um mundo brutalizado na Europa até os
encantamentos da Pérsia, uma viagem cheia de emoções e narrativas
repletas de detalhes. O livro trata de paixões, traição, riqueza e
miséria. O primeiro – e o melhor – de uma trilogia (O Xamã e A
Escolha da Dra. Cole ) de três gerações de médicos que ao longo
de dez séculos transmitiram aos seus descendentes esse poder
mediúnico de sentir a morte e promover a cura. (Obra indicada pelo
empresário David Dequêch Neto).
Serviço:
O Físico, de Noah Gordon. Tradução: Aulyde Soares Rodrigues
596 páginas. Editora: Rocco.
Cartas a um jovem empreendedor, de Ozires
Silva
Criador da Embraer, uma das maiores empresas
aeroespaciais do mundo, Ozires Silva conta
a história de sua vida neste livro de poucas
páginas, muita intensidade e conselhos preciosos
para as pessoas que desejam empreender
no Brasil. Com sua experiência de aviador,
Ozires divide o livro em cinco partes, que correspondem às fases de
qualquer empreendimento humano: 1) sonho de voar; 2) plano de
voo; 3) decolagem; 4) voo de cruzeiro; e 5) pouso. O pouso, contudo,
não significa o fim da viagem, apenas uma pausa para avaliar os
próximos passos e os novos destinos. Escrito em linguagem simples,
como se fosse uma tranquila conversa com o leitor, o livro faz
um diagnóstico das dificuldades que o empreendedor fatalmente
encontrará pelo caminho. Uma lição de otimismo em pouco mais de
100 páginas. Especialmente recomendado a todos que sonham com o
sucesso empresarial.
Serviço:
Cartas a um jovem empreendedor, de Ozires Silva. 130 páginas.
Editora Campus/Elsevier.
A mentalidade anticapitalista, de Ludwig von Mises
Maior nome da escola austríaca de economia, Ludwig Von Mises
(1881-1973) defendia a liberdade de empreendimento como
pressuposto básico da liberdade individual humana. Para Mises, o
Associação Comercial e Industrial de Londrina
livre mercado e o direito à propriedade
são os alicerces de uma sociedade justa
e democrática. Certa vez ele afirmou:
“Se a história pôde provar-nos e ensinarnos algo, é que a propriedade privada
dos meios de produção é um requisito
necessário à civilização e ao bem-estar material. Todas as civilizações
até hoje foram baseadas na propriedade privada. Apenas nações
comprometidas com o princípio da propriedade privada deixaram
para trás a penúria e produziram ciência, arte e literatura”. No livro
A mentalidade anticapitalista, Mises mostra por que a economia de
mercado, mesmo tendo levado o padrão de vida a um nível sem
precedentes nos países que a adotaram, sofre tantas críticas por parte
de intelectuais e setores da mídia. O autor busca as raízes históricas
do preconceito contra a liberdade econômica.
Serviço:
A mentalidade anticapitalista, de Ludwig von Mises. Tradução:
Carlos dos Santos Abreu. 84 páginas. Editora: Instituto Liberal.
Para obter versão gratuita em pdf, acesse o site mises.org.br
Lincoln, de Steven Spielberg
Em 19 de novembro de 1863, o
presidente americano Abraham
Lincoln fez o Discurso de
Gettysburg. Foram apenas 269
palavras, ditas em dois minutos,
mas que se tornaram uma das mais importantes peças de oratória
em todos os tempos. Meses antes, aquele local havia sido palco de
uma sangrenta e decisiva batalha da Guerra Civil Americana. ” O
filme Lincoln, de Steven Spielberg, não mostra a cena do discurso;
concentra-se nos últimos quatro meses de vida do presidente
americano, narrando as tentativas de paz entre o Sul e o Norte do
país e as complicadas lutas de bastidores para aprovar o fim da
escravidão no Congresso dos EUA. Daniel Day-Lewis, vencedor
do Oscar de melhor ator, personifica um Lincoln inesquecível,
repleto de angústias e contador de histórias. Embora o filme todo
seja interessante, há pelos menos três cenas antológicas: a visita a
um hospital de guerra, a conversa do presidente com dois jovens
telegrafistas e a tomada inicial, quando Lincoln fala com dois
soldados negros.
Ficha técnica:
Lincoln, EUA, 2012. Direção: Steven Spielberg. Roteiro: Tony
Kushner, John Logan e Paul Webb. Elenco: Daniel Day-Lewis,
Tommy Lee Jones, Sally Field, James Spader. Duração: 153
minutos.
31
Agenda abril 2013
ATENDIMENTO E VENDAS
FINANÇAS
Negociação de vendas
Sidney Kayamori
01 à 03 de abril
19h às 22h
• A venda competitiva no mercado
globalizado
• As qualidades do profissional de
vendas
• Estratégia de vendas e negociação
• Fechamento das vendas
• O reforço positivo do pós-venda
Não associados R$160,00
Associados R$80,00
Palestra: comunicação no
mercado de trabalho
Dra. Roseane Cristina Beleze
Martha
02 de abril
19h30 às 21h30
• O processo e a importância da
comunicação • O tipo de comunicador
• Ruídos da comunicação
• Imagem corporal x voz
• Regras da comunicação eficaz
Não Associados R$60,00
Associados R$30,00
Elabore o planejamento
estratégico de sua empresa
de forma prática e com foco
em resultados
Regina nakayama
15 a 17 de abril
19hs às 23h
MARKETING
GESTÃO DE RH
• Elaborar o plano de ação
• Avaliar os indicadores de resultados
Não associados R$160,00
Associados R$80,00
Uma vitrine que vende
Cristiani Basso
15 à 17 de abril
19h ás 23h
• O ponto de venda – Visual
Merchandising
• A estrutura da vitrina
• A exposição dos produtos
• Iluminação
• O uso da cor
• Dicas e sugestões para datas
comemorativas
Não associados R$160,00
Associados R$80,00
Vendendo o invisível – venda
de serviços
Natasha bacchi
22 e 23 de abril
19h às 22h
• Habilidades e técnicas de vendas:
etapas da venda
• Como investigar a necessidade do
cliente
• Apresentação do serviço
• O comportamento que vende
Não associados R$120,00
Associados R$60,00
WEB
DIVERSOS
Workshop
Comportamento do consumo
feminino
Sheila Dal Ry Issa
25 de abril
19h às 23h
• Novo perfil de consumo
• Como identificar o perfil do meu
segmento
• Plano de estratégias para desenvolver
minhas vendas
Não associados R$90,00
Associados R$45,00
A importância do feedback
no processo de gestão de
pessoas
Filomena R. Storti Mineto
26 e 27 de abril
Dia 26 – 19h às 22h
Dia 27 – 8h às 18h
• Comunicação interpessoal
• Conceito de feedback
• Como superar as dificuldades na troca
de feedback
• Dar e receber feedback
• Janela de johari
• Tabuleiro de assertividade
• Feedback em grupo
Não associados R$160,00
Associados R$80,00
• Definir missão e visão de futuro
• Analisar os ambientes internos e
externos
• Definir os objetivos, metas e
estratégias
Saiba mais:
3374.3000 | 3374.3011 com Barbara:
[email protected] ou
3374.3082 com Tatiane Goes:
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EM MARÇO
COACHING
ELEVA
PERFORMANCE
NA VIDA E NA
CARREIRA
ACIL realiza treinamento em coaching para empresários
e profissionais liberais
Por Fernanda Bressan
Em março, o Centro de Capacitação
da ACIL abre espaço para dois cursos
diferenciados, ambos voltados para o
empresário e profissionais liberais: Oratória
e Coaching. O primeiro acontece nos dias
15 e 16. Já o treinamento em Coaching
será realizado em 10 encontros, sempre às
terças-feiras. Para este último serão apenas
10 vagas.
Mas, o que é Coaching? Segundo a psicóloga
e Master Coach Gislene Isquierdo, que
ministrará o curso, trata-se de um processo
de desenvolvimento com foco no alcance
de resultados positivos. “O Coaching é o
processo que visa elevar a performance
de uma pessoa, grupo ou empresa,
aumentando os resultados positivos por
meio de metodologias, ferramentas e
técnicas cientificamente validadas. Um
trabalho direcionado à conquista de
objetivos específicos e na obtenção de
resultados planejados. É um processo
de aprendizagem e desenvolvimento
de
competências
comportamentais,
psicológicas e emocionais”, define.
Isso significa que a técnica traz benefícios
para a vida como um todo, não apenas para
o lado empresarial. Uma maneira de se
Associação Comercial e Industrial de Londrina
aperfeiçoar como pessoa, como profissional
e buscar o bem-estar em todas as situações.
Resumindo, uma forma de dar um upgrade
na forma como você vive e conquista
as coisas, uma ferramenta para ajudar a
realizar e alcançar melhores resultados.
“O Coaching não é terapia, pois seu foco
está no futuro; não é consultoria, pois o
coach não dá respostas; não é treinamento,
pois ele promove ações contínuas com
o acompanhamento dos resultados.
O Coaching leva a pessoa a descobrir
suas próprias respostas, a desenvolver
habilidades necessárias para conduzir com
responsabilidade e sucesso sua própria vida,
carreira e relacionamento”.
O trabalho pode ser feito em nível pessoal
e profissional. Este último tem como foco a
evolução da carreira, performance de times,
líderes e dos negócios. O desenvolvimento
das lideranças será o foco do treinamento
a ser realizado na ACIL. “No cenário atual,
em que o mundo dos negócios exige cada
vez mais eficiência, os líderes precisam
ampliar a visão para detectar tendências que
levem a organização ao sucesso. Por isso,
um plano de desenvolvimento focado na
melhoria do desempenho do líder aumenta
ainda mais a motivação e eficiência da
equipe. No Leadership Coaching o líder
Gislene Isquierdo: “O Coaching leva
a pessoa a descobrir suas próprias
respostas, a desenvolver habilidades
necessárias para conduzir com
responsabilidade e sucesso sua própria
vida, carreira e relacionamento”
irá identificar seus pontos fortes e áreas de
desenvolvimento; aprimorar habilidades
como, por exemplo, de dar e receber
feedback, delegar e acompanhar, identificar
e criar planos de ação colaborativa para o
futuro, entre outras”.
Segundo Gislene, o desenvolvimento
é ideal para quem quer mudar
comportamentos,
está
insatisfeito
com a carreira ou mesmo com a vida,
quer melhorar o desempenho e a
liderança. “O Coaching está entre 1
dos 10 mais importantes processos de
aperfeiçoamento humano, pois ele, além
de trazer resultados positivos, encurta o
tempo para o alcance desses. A função
do coach é manter você altamente focado,
motivado e organizado até que você
conquiste seu objetivo. É um profissional
que vai conduzindo você ao máximo
potencial
transferindo
importantes
conhecimentos e aprendizados que vão ser
fundamentais em todos os momentos de
sua vida. Você quer melhores resultados
na sua empresa? Para a sua equipe? Você
quer uma melhor performance nos seus
líderes? Conheça o Coaching”, finaliza.
Informações sobre o curso: 3374-3011.
Preço diferenciado para associados.
33
ANÁLISE
2013 TRARÁ
CRESCIMENTO
Economistas e empresários esperam ano positivo, refletindo
aquecimento de 2012, e defendem medidas econômicas para
longo prazo
Carlos Eduardo Boni,
economista
Por Alexandre Sanches
As incertezas sobre a economia mundial
e seus reflexos no Brasil têm levantado
dúvidas no meio empresarial de uma
forma geral. Principalmente com as
políticas aplicadas pelo governo federal,
ora para incentivar a produção e,
consequentemente, o consumo interno,
ora para controlar a inflação e manter o
câmbio em um patamar mais aceitável
para o empresariado. Basta lembrar
dos programas para reduzir o Imposto
sobre Produtos Industrializados (IPI) em
vários setores, como o automobilístico,
a construção civil e a linha branca
dos eletrodomésticos. Aliado a isso,
a redução nos juros e crescimento na
oferta de financiamentos também foram
incentivados, assim como a recente
redução da tarifa da energia elétrica.
Os especialistas, de uma forma geral, veem
com cautela essas medidas do governo e
os seus reflexos para a economia brasileira
em 2013, principalmente o intuito de
34
“
“
A preocupação deveria ser
de dar poder aquisitivo
ao consumidor e, ao
mesmo tempo, aumento
de produção, o que geraria
empregos e faria a economia
ser equilibrada
tentar barrar a inflação, considerando-as
de reflexo imediato e de curta duração. O
recente reajuste nos combustíveis é um dos
motivos de preocupação com relação ao
aumento generalizado dos preços, o que
deve elevar a inflação brasileira neste ano.
Apesar da análise de precaução,
economistas acreditam que o ano ainda
será de crescimento, tímido em certo
momento, mas superior ao registrado em
2012, por conta da economia refletir o
ano anterior.
Um grande crítico do ministro da
Economia, Guido Mantega, o economista
e professor da Universidade Estadual de
Londrina Renato Pianowski de Moraes
acredita que a medida não deve ser de
tentar incentivar o consumo no Brasil,
mas sim de incentivar a produção e
impor competitividade interna. “O
consumo está mais do que estimulado. A
propósito, está até endividando boa parte
da população essa oferta desenfreada de
facilidades. E faz tempo que vemos isso.
E as medidas adotadas pelo governo são
apenas paliativas”, comenta.
Para Pianowski, o governo tem é que
frear a inflação urgente com medidas que
não fiquem apenas na esfera imediatista
tomadas há anos. Ele alerta que a coisa
não está muito boa neste início do ano
– em parte provocada pelas tradicionais
contas como impostos e as dívidas
assumidas com as festas de final de 2012 –,
principalmente para o comércio, que está
registrando sinais de paradeira. “Acabou
o dinheiro do povo. Janeiro veio com
diversos impostos e contas e os gastos a
mais do final do ano. Para ajudar, tivemos
o carnaval e a Páscoa já está aí, fazendo
com que as pessoas queiram gastar com
mais presentes”, ressalta.
Ele diz que a situação da economia não
está tão grave por conta do agronegócio
e da construção civil, que continuam em
alta e estão salvando o setor. “Porém, nas
ruas, a gente está vendo que há empresas
fechando as portas, que quem estava
pensando em investir neste ano está com
mais cautela.
março de 2013 | www.acil.com.br
FALTA FAZER O QUE VEM SIDO DEBATIDO HÁ ANOS: A REFORMA TRIBUTÁRIA
Renato Pianowski: “As
medidas adotadas pelo governo
são apenas paliativas”
Crescimento tímido
De maneira semelhante, mas um pouco
mais otimista com 2013, o economista
e professor da Unopar Carlos Eduardo
Boni acredita no crescimento tímido
da economia este ano, uma vez que
este aumento em um país reflete o
ano anterior. “Em 2011 o crescimento
econômico foi restritivo. Em 2012
tivemos um aquecimento da economia. E
para este ano deveremos crescer em torno
de 3%, o que será superior ao registrado
no ano passado”, salienta, enfatizando
que a inflação esteve controlada e que
houve incentivo ao consumo e produção.
No entanto, ele vê com cautela as
medidas apresentadas pelo governo
federal de controle da inflação e de
crescimento no consumo, incentivando
principalmente as classes C, D e E. E
explica que essa questão está justificada
no fato de que o desenvolvimento gera
uma demanda que, consequentemente,
vai gerar uma inflação. “O governo
tem que tomar atitudes pontuais, mas
não a curtíssimo prazo, como vem
ocorrendo. As medidas estimulantes
ao consumo são lindas. Porém, a
longo prazo, não haverá produção
suficiente para quem quer comprar,
gerando a inflação, aumentando a taxa
de juros e assim por diante. O que os
nossos governantes estão adotando
são políticas de curtíssimo prazo. Às
vésperas de eleições, como ocorreu em
2011, geram política de crescimento.
Depois, a longo prazo, trazem de volta
a inflação”, ressalta, lembrando que a
política inflacionária é restritiva e gera
uma frenagem no crescimento.
“O governo tem que garantir o
crescimento da economia, dando
condições espontaneamente do mercado
crescer, sem artifícios como a redução
do IPI. A preocupação deveria ser de dar
poder aquisitivo ao consumidor e, ao
mesmo tempo, aumento de produção, o
que geraria empregos e faria a economia
ser equilibrada. Hoje o Brasil é muito
deficiente em infraestrutura”, enfatiza.
Na análise dos economistas, o que
o governo deve fazer é primeiro
incentivar a produção, fazendo
com que tenhamos produtos para,
posteriormente, de maneira ordenada,
incentivar o consumo que será natural.
Mas, principalmente, eles acreditam
que o governo deve colocar em prática
o que há décadas vem sendo debatido,
mas que nunca é colocado em prática: a
reforma tributária.
EMPRESÁRIO ACREDITA EM CRESCIMENTO ECONÔMICO EM 2013
Apesar das críticas dos economistas
às medidas econômicas adotadas pelo
governo federal, o empresariado de
Londrina está otimista, mas cauteloso,
com um possível aquecimento comercial
em 2013. O empresário e diretor comercial
da ACIL, Marcelo Ontivero, acredita que
o governo, diante do fraco desempenho
em 2012, deverá renovar os estímulos
fiscais em 2013, principalmente para o
primeiro trimestre, mantendo incentivos
para a linha branca, automóveis,
renovando os estímulos fiscais. E com a
política cambial aplicada atualmente, ele
crê que a indústria, principalmente, será
mais favorecida com as exportações.
No entanto, Ontivero vê com cautela
o incentivo ao crédito aplicado pelo
governo, o que está levando a um
quadro de inadimplência preocupante,
principalmente para o mercado varejista.
“O crédito pessoal vai continuar sendo
incentivado e em crescimento. Porém,
Associação Comercial e Industrial de Londrina
isso pode levar a uma inadimplência
que vai ser sentida na ponta do mercado
de consumo, ou seja, nas lojas. Por isso
o setor varejista tem que ter cuidado e
acompanhar o cliente para evitar este
endividamento. Temos que vender, mas
temos, principalmente, que ajudar o
cliente a não se endividar demais, senão
nós é que sentiremos os reflexos direto
disso”, comenta.
Para o empresário, hoje o mercado está
com uma competitividade muito grande,
principalmente o varejista, em que a
margem de lucro está cada vez menor
para poder concorrer com os grandes.
“É preciso trabalhar muito em cima de
números. Um erro na empresa, hoje, pode
ser fatal para a empresa. A competitividade
é fatal, pois hoje temos um mercado
muito acirrado. Apesar de crermos em
um crescimento, em um aquecimento nas
vendas, é preciso trabalhar com cautela,
sem sermos pessimistas”, salienta.
Marcelo Ontivero: “Temos que vender, mas
temos, principalmente, que ajudar o cliente
a não se endividar demais, senão nós é que
sentiremos os reflexos direto disso”
35
MÊS DA MULHER
ELAS À FRENTE
DOS NEGÓCIOS
Empreender deixou
de ser apenas
uma exclusividade
masculina, hoje são
elas quem assumem
os papéis e se
destacam no meio
empresarial
A cada dia as mulheres estão alçando altos
voos quando o assunto é desenvolvimento
no mercado de trabalho. O aumento
da escolaridade feminina, a redução do
número de filhos nas famílias e as mudanças
nos padrões culturais, contribuíram para
alavancar a visibilidade da mulher no âmbito
profissional.
Segundo dados do Censo Demográfico de
2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), divulgados no fim do ano
passado, a inserção da mulher no mercado
de trabalhou cresceu em 24% de 2000 a 2010.
Mas não só o ingresso da mulher no mercado
de trabalho que é um dado digno de ser
considerado. Hoje elas também assumem
comandos que antes eram prioritariamente
encabeçados por representantes do sexo
masculino. Mulheres estão cada vez mais
engajadas em abrirem os seus próprios
negócios e tornando-se empreendedoras
reconhecidas em todo âmbito empresarial.
Londrina tem o mercado emergente em se
36
tratando desta questão.
O talento empreendedor, a capacidade
administrativa e a educação gerencial são
atributos que engrenam os empreendimentos
femininos, cujo mercado é tão promissor.
A empresária e proprietária da empresa
Tacógrafos Londrina, Soraya Aparecida
Cerqueira Rodrigues, é um exemplo disso.
Depois de muitos anos como funcionária
de uma fábrica, Soraya encarou o desafio
de se tornar dona do próprio negócio.
A motivação de empreender veio da
necessidade de cuidar dos quatro filhos. Ela
largou o emprego para trabalhar em casa
e hoje colhe bons frutos desta decisão. “Eu
sempre tive muita vontade de montar o meu
próprio negócio, mas eu tinha muito medo.
É sempre imprevisível, a gente nunca sabe
exatamente se vai dar certo. Depois de alguns
problemas em casa e a necessidade de cuidar
dos meus filhos, resolvi arriscar e felizmente
acabou dando muito certo. Comecei dentro
da minha própria casa e hoje, com dois anos,
estou firmada neste mercado e muito perto
de ainda este ano avançar e deixar de ser uma
“
“Para a mulher
abrir mão da
profissão atual,
o investimento
deve ser seguro
e focado em
resultados em
longo prazo”
“
Por Thamiris Geraldini
Rosangela Khater,
da ACIL
março de 2013 | www.acil.com.br
CAPACITAÇÃO É PRIORIDADE PARA EMPRESÁRIAS DE SUCESSO
Soraya Rodrigues, vencedora de prêmio do Sebrae: “Resolvi arriscar e
felizmente acabou dando muito certo. Comecei trabalhando em casa”
microempreendedora”.
De acordo com a presidente do Conselho
da Mulher Empresária da ACIL, Rosangela
Khater, é fundamental ter organização e
planejamento financeiro. “Para abrir mão
da profissão atual, o investimento deve ser
seguro e focado em resultados em longo
prazo. Isso aumenta as chances de sucesso”,
recomenda.
A empresária Soraya também compartilha
desta opinião. Além disso, para ela, o
que hoje garante a consolidação de um
empresário no mercado é, sem dúvidas, a
capacitação. “Faço cerca de três a quatro
cursos por ano. Em Londrina temos
diversas entidades que oferecem boas
capacitações. Quem resolve se tornar
um empreendedor deve sempre estar
ligado a todas as novidades e cursos
que proporcionam o desenvolvimento
empresarial. Isso é extremamente
importante para não perder o espaço”,
acredita.
Recentemente a empresária venceu o
Prêmio Sebrae Mulher de Negócios na
Categoria Empreendedora Individual e vai
representar o Estado na etapa Nacional que
acontece no dia 7 de março, em Brasília.
Pesquisa da ACIL vai traçar o perfil
da mulher empresária em Londrina
Apesar da notável ascensão da mulher no
mercado de trabalho de uns tempos para
cá, ainda há uma divisão clara de atividades
que são prioritariamente masculinas e outras
femininas.
Segundo dados do Censo Demográfico de
2010 do IBGE, as mulheres estão mais à frente
de atividades tipicamente consideradas como
ocupações femininas, ligadas à educação
e aos cuidados pessoais, por exemplo. No
comércio, elas representam 41,7% do total de
empregados.
A fim de regionalizar estes dados e, assim,
conseguir traçar o perfil da mulher que
empreende em Londrina, a ACIL está
desenvolvendo uma pesquisa. Segundo
o professor Cláudio Chiusoli, do Instituto
Chiusoli, que será responsável por levantar as
informações, a ideia é realizar uma pesquisa
qualitativa e exploratória.
Associação Comercial e Industrial de Londrina
“A pesquisa nos dará a chance de descobrir
quais são os setores que hoje mais contam com
a presença feminina à frente dos negócios.
A ideia é mapear o perfil das mulheres
que empreendem em Londrina. Como a
pesquisa conta com questões discursivas,
conseguiremos entender quem são estas
mulheres que encabeças empreendimentos
de diversos setores da cidade”.
De acordo com a professora Sônia Mendes
França, que elaborou o questionário, o
objetivo da pesquisa é definir o perfil das
mulheres empresárias londrinenses. “A
pesquisa também visa verificar o duplo
desafio de ser mulher e empresária ao mesmo
tempo. Pois se por um lado a família exige
tempo e dedicação, o universo empresarial
também requer desafios constantes, já que ser
empreendedora de sucesso é de certa forma
abdicar-se de algumas coisas. São funções
distintas, mas requerem complementações e
adequações não somente de horários, mas em
saber lidar e conciliar trabalho e família”, diz.
Além disso, a ideia é avaliar o quanto as
empresárias de Londrina têm buscado se
aperfeiçoar. Apontamentos definem que
para cada ano de estudo há, em média,
um aumento de 15% nos rendimentos
do trabalhador brasileiro. Dessa forma, é
inegável que dar continuidade aos estudos
pode ser determinante para a manutenção e
avanços nos negócios.
“Ainda não sabemos qual o nível de
escolarização da mulher empresária
londrinense. A partir desta pesquisa será
possível pensarmos em estratégias que
possam contribuir para o desenvolvimento de
competências que certamente contribuirão
para o alcance dos objetivos da mulher
empresária”, acredita Sônia.
37
ELETROMETALCON
2013
INOVAÇÕES
TECNOLÓGICAS
GERAM
NEGÓCIOS
9ª edição da Feira Eletromecânica
será entre os dias 23 e 26 de abril
Por Aurélio Cardoso
Considerada uma das maiores feiras
nacionais de inovação tecnológica,
a EletroMetalCon 2013 - Feira
Eletromecânica e Construção Civil- terá
sua 9ª edição entre os dias 23 e 26 de abril,
no Senai. O evento é uma parceria do Senai
com o Sindimetal Londrina e o Sinduscon
Norte/PR, com apoio institucional de
entidades como a ACIL – Associação
Comercial e Industrial de Londrina; a FIEP
–Federação das Indústrias do Estado do
Paraná; a ABIMAQ – Associação Brasileira
da Indústria de Máquinas e Equipamentos;
o Sebrae – Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas; e o Londrina
Convention & Visitors Bureau.
De acordo com Alexandre Ferreira, gerente
executivo do Senai, a Feira contribui
com Londrina e região com aporte
tecnológico e de desenvolvimento. “Além da
expectativa da realização de bons negócios,
38
a EletroMetalCon contribui com mais
inovação tecnológica para as indústrias de
toda a região”.
A organização da Feira prevê aumento
de quase R$ 2 milhões nos negócios a
serem fechados durante o evento. Na
edição de 2012, a EletroMetalCon bateu
inúmeros recordes e movimentou R$
20.741.000,00. O evento reuniu 10.127
visitantes – entre empresários, profissionais
das áreas envolvidas com a mostra, além de
estudantes.
“Estamos projetando que aproximadamente
12 mil pessoas visitem a Feira. Serão 80
expositores, lembrando que no ano passado
foram 70. E esperamos que o montante em
negócios chegue a R$ 22 milhões”, comenta
o gerente executivo do Senai. “É um evento
em que o empresário encontra tudo aquilo
que precisa para o segmento industrial e da
construção civil”, completa Ferreira.
Com sede em Cambé, a MetalCam,
importante empresa do segmento industrial
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PRÊMIO FOMENTA INTEGRAÇÃO UNIVERSIDADE-EMPRESA
Projetos Inovadores
Alexandre Ferreira: “A
EletroMetalCon contribui com
mais inovação tecnológica para
as indústrias de toda a região”
do Norte do Paraná, estará novamente
na EletroMetalCon. O proprietário
Pedro Raab prioriza a aproximação com
os demais setores, possíveis clientes e
fornecedores, e, para isso, sua empresa
levará novidades para a Feira. “Para esta
edição da Feira, adquirimos um espaço
maior e mostraremos um sistema novo de
barras de ancoragem para construção, que
permite que o construtor utilize mais vezes,
com grande economia”, explica Raab.
As escoras metálicas substituem as feitas
com árvores – em especial o eucalipto -,
tendo ainda um cunho na sustentabilidade.
A novidade também pode ser usada para
diversas alturas e tipos de construção. O
empresário enfatiza o canal que a Feira
cria entre parceiros e clientes em potencial.
“Nossos produtos foram mostrados durante
a Feira no ano passado, conseguimos
novos fornecedores e ampliamos nosso
atendimento a clientes não só do Paraná,
como de São Paulo e Santa Catarina”.
Associação Comercial e Industrial de Londrina
Também com sede em Cambé, a empresa
de aquecedores Hidroconfort tem presença
garantida na 9ª edição da EletroMetalCon,
mostrando uma linha de produtos para o
setor da construção civil. De acordo com
gerente de vendas Angelo Pereira Guedes,
a Hidroconfort tem grande know-how em
aquecimento solar. “Este segmento está em
alta no país e no mundo, especialmente por
fatores como: aquecimento global, energias
alternativas e sustentáveis, meio ambiente,
entre outros. E vamos usar a visibilidade
que a Feira tem proporcionado aos seus
expositores para ampliar nosso leque de
ação e clientela”.
A empresa paranaense irá apresentar
inovações na Feira, como uma linha
de controladores eletrônicos para solar
(banho e piscina), além de aquecedor
para banheiras de hidromassagem com
painel de temperatura digital 100% à
prova d’água e toda linha de aquecedores
solares.
Outra grande atração da Feira este ano é
o V Prêmio Caixa de Projetos Inovadores,
promovido em âmbito nacional,
com a participação de estudantes e
pesquisadores dos principais centros
universitários. Os três melhores trabalhos
selecionados serão apresentados no
estande de Inovações Acadêmicas, e
julgados durante a EletroMetalCon.
Os vencedores receberão prêmios em
dinheiro: 1º colocado – R$ 10 mil;
2ºcolocado – R$ 5 mil; e o 3º colocado
– R$ 3 mil. O V Prêmio Caixa de
Projetos Inovadores é uma realização
do Sindimetal Londrina em parceria
com o Sinduscon Norte/PR e o Senai em
Londrina, e conta com o patrocínio da
Caixa Econômica Federal.
“O objetivo deste Prêmio é de fomentar
sempre a integração entre a universidade
e a empresa, expondo ao público projetos
com inovações técnicas e tecnológicas
para o desenvolvimento dos setores
metalmecânico, eletroeletrônico e da
construção civil”, afirma Valter Orsi,
presidente do Sindimetal Londrina.
Gerson Guariente, presidente do
Sinduscon Norte/PR, lembra que na
edição de 2012 o Prêmio Caixa de Projetos
Inovadores contou com trabalhos de
extrema relevância para os setores
envolvidos com a mostra. “Novamente
será uma ótima oportunidade de
promover o desenvolvimento e a
exposição de produtos de grande interesse
para os segmentos que participam da
Feira, principalmente para a nossa área da
construção civil”.
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HUMOR
A ordem dos fatores não altera o
produto, mas às vezes é preciso
uma ordem em voz alterada para
que o produto saia.
O problema de certas verdades
inabaláveis da nossa juventude é que
quando a gente fica velho abala muito
saber que era tudo mentira.
...
Sejamos francos, agir de um modo
honroso em qualquer situação hoje em
dia dá no máximo uma menção honrosa.
...
Nosso sistema fiscal é altamente
transparente: tudo o que você paga pode
ser conferido publicamente em cada
escândalo.
Um pessimista
diz: “Este copo
está meio vazio”.
Um otimista diz:
"Este copo está
meio cheio".
Já o governo diz:
“O imposto será
sobre as duas
partes”.
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ARTIGO
DOM GERALDO FERNANDES,
CENTENÁRIO DE NASCIMENTO
Celebramos, neste ano de 2013,
o Centenário de Nascimento
de Dom Geraldo Fernandes,
primeiro Bispo e Arcebispo de
Londrina. Nasceu em Contagem
(MG), de família pobre. Aos
nove anos, devido à morte do
pai, enfrenta a luta do trabalho
para colaborar no sustento da
família. Entrou no Seminário
dos padres claretianos, tornou-se
sacerdote, depois Arcebispo, sendo antes Vice-Provincial dos
claretianos e Reitor do Instituto Teológico de Curitiba.
Estudou em Roma e doutorou-se em Direito Civil e Direito
Canônico. Foi membro da Comissão de Juristas da CNBB,
professor na Faculdade de Direito da UEL em Londrina,
assessor dos Tribunais Eclesiásticos do Brasil. Homem que
pregou a sã doutrina com uma fé firme como o cedro do
Líbano. Era articulista da revista Eclesiástica Brasileira e da
revista dos Religiosos do Brasil. Escrevia artigos no jornal
Voz do Paraná e mantinha um programa televisivo diário na
TV Coroados cuja vinda para Londrina ele tanto apoiou.
Dom Geraldo foi membro da Comissão Preparatória do
Concílio Vaticano II da CNBB e participou das sessões do
Concílio em Roma. Esta experiência transformou sua vida,
confirmando seu ímpeto missionário. Foi fiel às mudanças
pastorais, litúrgicas, teológicas do Concílio, a ponto de se
tornar um “Bispo dos pobres”. Pediu ao Papa a licença para
deixar o cargo de Bispo de Londrina para ser missionário
na áfrica. O Papa não aceitou o pedido, pelo contrário,
nomeou-o assessor das Congregações Religiosas Femininas
no Brasil. Mesmo assim, escreveu no seu Testamento
Espiritual: “espero poder ir trabalhar na África”.
Em Londrina Dom Geraldo revelou-se um grande Estadista,
homem de relações públicas cuja palavra era respeitada.
Era ouvido e consultado pelos governadores, prefeitos,
professores
universitários e outras pessoas de influência. Muito colaborou
no âmbito da educação, saúde, administração da nossa
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cidade. Até a respeito do Lago Igapó ele se pronunciou. Toda
esta influência social de Dom Geraldo era para ajudar os
pobres. Foi um baluarte na criação da UEL – a Universidade
Estadual de Londrina. Cedeu os espaços da Catedral para
o início da Faculdade de Odontologia e tudo fez em favor
da criação da Faculdade de Direito e de Filosofia em nossa
cidade. Participou da fundação do Instituto de Agronômica
do Paraná - IAPAR. Incentivou a criação da Associação das
Damas da Caridade.
Com Madre Leônia Milito, Dom Geraldo foi o Fundador
das Irmãs Missionárias de Santo Antônio Maria Claret – as
nossas claretianas. A pequena semente se tornou uma grande
e frondosa árvore que deu muitos frutos. Hoje, elas estão em
17 Países do mundo e em 14 Estados do Brasil. Fortalecidas
com a Eucaristia e entregues ao Coração de Maria, elas levam
de “Londrina para o mundo” o seu carisma missionário de
“bondade e alegria”. As claretianas são a “pérola preciosa”
do coração de Dom Geraldo. Queira Deus que se apresse o
dia da beatificação de Madre Leônia Milito, co-fundadora,
cujo processo já está em Roma e Londrina terá uma santa
nos altares.
Como vemos, estamos recordando a vida de uma pessoa
singular, cujo lema episcopal era: “a misericórdia me
acompanhará”. No seu Testamento Espiritual ele reconhece
seus pecados e pede perdão escrevendo: “A todos aos quais
dei mau exemplo, peço perdão”. Londrina cidade, Londrina
Arquidiocese, tem em Dom Geraldo um grande benfeitor,
um pai exigente, mas amoroso. O amor é exigente. Os mais
beneficiados por ele foram os pobres. Diz o seu Testamento:
“Amo a Igreja na pessoa de todos os meus irmãos,
principalmente os mais pobres, pelos quais eu trabalhei nos
arrabaldes de Curitiba e Londrina, de um modo especial”.
As celebrações comemorativas ao Centenário de Nascimento
de nosso primeiro Bispo e Arcebispo querem ser um
hino de louvor e gratidão a Deus e uma oportunidade de
reafirmarmos nosso ardor missionário e a opção pelos
pobres. Viva Dom Geraldo, Viva Londrina.
Dom Orlando Brandes, arcebispo de Londrina
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REVISTA MERCADO EM FOCO | MARÇO DE 2013
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