O RELACIONAMENTO INTERPESSOAL NA FORMAÇÃO DOS ENFERMEIROS DOUTORAMENTO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO Manuela Maria da Conceição Ferreira Provas concluídas em 31 de Maio de 2004 RESUMO Na nossa dissertação estudámos as competências relacionais de ajuda dos estudantes de Enfermagem e a sua relação com algumas variáveis como as competências sociais e interpessoais, idade, sexo, e outras consideradas de relevo. Pretendíamos saber se existe suporte empírico para uma estrutura multidimensional das competências relacionais de ajuda e, em caso afirmativo, que relação existia entre essas dimensões. Queríamos identificar a dimensão em que os estudantes manifestavam melhor nível de competências e ainda averiguar se as competências sociais e interpessoais são preditoras das competências relacionais de ajuda. Desenvolvemos o nosso trabalho em duas partes: a primeira, referente à abordagem teórica, centrou-se no processo ensino/aprendizagem, no conhecimento em Enfermagem e na relação de ajuda no cuidar em Enfermagem. Na segunda, denominada de investigação empírica, delineámos a metodologia, formulámos questões de investigação e hipóteses, fizemos a apresentação, análise e discussão dos resultados obtidos, terminámos mencionando as principais conclusões e referindo algumas sugestões. Para concretização da pesquisa recorremos a uma amostra populacional constituída pelos estudantes das Escolas Superiores de Enfermagem Públicas da zona centro do país, sendo critério de inclusão ter realizado, pelo menos, um ensino clínico em contexto hospitalar (1º grupo) ou ter realizado ou estar a realizar o último ensino clínico do Curso Superior de Enfermagem (2º grupo) ou estar a frequentar o Curso de Complemento de Formação em Enfermagem (3º grupo). Trata-se de um estudo exploratório transversal do tipo correlacional em que os dados obtidos foram tratados por métodos de análise quantitativos. Os resultados indicam a existência de uma estrutura multidimensional das competências relacionais de ajuda com correlações positivas entre si. Estas dimensões correlacionamse de algum modo com as dimensões das competências sociais e interpessoais, tendo a dimensão consideração com os outros sido preditora das dimensões competência empática, competências genéricas e competências de comunicação. A dimensão retraimento social foi preditora da dimensão competências genéricas, a dimensão liderança foi preditora da dimensão competências genéricas e competências de contacto. A experiência clínica que entrou no modelo de regressão como variável muda revelouse preditora do desenvolvimento de competências genéricas, competência empática e competência de comunicação. Constatámos que a dimensão em que, em termos globais, os estudantes obtiveram melhores resultados foi a dimensão de competências genéricas. Uma outra evidência a realçar é o facto da experiência clínica influenciar as competências relacionais de ajuda, sendo os valores médios obtidos superiores após a primeira experiência clínica, quando comparados com os valores obtidos após a última experiência clínica da formação inicial e com os valores obtidos pelo grupo de estudantes do curso de complemento. Os resultados apontam para a necessidade de considerar algumas das variáveis acima referidas para intervir de forma intencional no processo de formação dos enfermeiros.