EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA Caroline Gomes Denise Barbosa Laiane Almeida Manuela Indiara dos Santos Pedrita Maria Freire *Universidade Federal da Bahia Faculdade de Comunicação Curso: Comunicação Social – Produção Cultural Disciplina: Comunicação e Tecnologia Professor: André Lemos Salvador 2012.2 RESUMO: A educação e a tecnologia levam em conta um traço característico da sociedade desde suas revoluções e ascensões, favorecendo a formação de diferenças, sua aceitação ou sua exclusão e atualmente vem trazendo discussões paralelas a cerca do tema. Diante das características, podemos observar que vários fatores socioeconômicos e históricos contribuem para sua aceitação e exclusão. O processo de inclusão digital, não foi uma fácil tarefa, em meio às características mencionadas, este processo sofreu inicialmente um preconceito, visto que o mesmo poderia inibir o ensino, mas foi aceito logo após em razão dos desenvolvimentos tecnológicos, econômicos e sociais que o proporcionou. Tempos depois, com a inserção do ensino a distancia, o mesmo foi precipitadamente julgado pela sociedade como um método a substituir o ensino regular, por ser mais dinâmico, interativo, e de certa forma cômodo. Porém, estudos comprovaram que o ensino a distância vem agregar conhecimentos e contribuir para uma formação mais interativa do indivíduo, através dos seus instrumentos, tendo em vista suas pesquisas e referências sobre o assunto, no Brasil já podemos contar com uma legislação (a legislação vigente, em seu artigo 1º, do Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005), que acalenta esta modalidade e a caracteriza como um processo de ensino e aprendizagem. * PALAVRAS-CHAVES: Educação, Tecnologia, Comunicação, Informação, Inclusão, EAD. ABSTRACT: Education and technology take into account a characteristic of society since their revolutions and rises, favoring the formation of differences, acceptance or exclusion and currently is bringing parallel discussions about the topic. Due to the features, we can see that various historical and socioeconomic factors contribute to its acceptance and exclusion. The process of digital inclusion, was not an easy task amid the features mentioned, this process initially suffered a prejudice, since that could inhibit learning, but soon after was accepted because of technological developments, the economic and social provided. Later, with the inclusion of distance learning, it was hastily dismissed by society as a method to replace the regular education because it is more dynamic, interactive, and somewhat comfortable. However, studies have shown that distance learning will add knowledge and contribute to a more interactive training of the individual, through their instruments in view its research and references on the subject, in Brazil we can count on legislation (the legislation in its Article 1 of Decree No. 5622 of 19 December 2005), who cherishes this manner and characterized as a process of teaching and learning. * KEYWORDS: Education, Technology, Communication, Information, Inclusion, EAD. 1. INTRODUÇÃO A educação, através dos seus processos de aprendizagem e de ensino, envolve uma troca constante de informações, características e instrumentos acerca do desenvolvimento da sociedade. No intuito de apresentar algumas considerações sobre educação e tecnologia foi produzido este artigo, com a tentativa de realizar uma pequena narrativa sobre o assunto, desde a revolução da informação, passando pela inclusão digital, a consolidação dos novos instrumentos do ambiente de ensino e por fim a expansão do ensino a distancia. Apresenta também a dimensão da história como um elo importante para nos aproximar das técnicas, ressaltando as relações da educação com a tecnologia e seus novos paradigmas. É indiscutível valor da educação em uma sociedade, com a modernização das técnicas a possibilidade de inserção do ensino na tecnologia e nos seus suportes, respectivamente, vem se consolidando e adquirindo um grande espaço na medida em que as instituições passam a conhecer suas características e peculiaridades. Mas, mesmo em meio a todos os avanços este novo método de ensino da atual sociedade, perpassa por discussões como a de credibilidade, comodidade, acessibilidade e tradição. Outra questão a ser considerada, é que neste novo sistema do mundo tecnológico é se o professor deixou definitivamente de ser o detentor de todo o saber, para se afirmar como um orientador, um intermediário entre o aluno e os conhecimentos que a Internet pode fornecer, deste modo, educar no mundo de hoje é uma tarefa não só das escolas e universidades, mas também da rede mundial de computadores. As novas tecnologias da informação e da comunicação têm vindo a provocar uma enorme mudança na educação, originando novos modos de difusão do conhecimento, de aprendizagem, e, particularmente, novas relações entre professores e alunos. Segundo alguns estudiosos, os primeiros indícios de educação à distância surgiram no final do século XVIII, através das primeiras ofertas de tutoria por correspondência. A partir de então, pouco a pouco, percebe-se uma silenciosa proliferação dessa modalidade de educação/ensino, que tomou considerável impulso por todo o mundo. ."O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele." (Immanuel Kant) 2. REVOLUÇÃO DA INFORMAÇÃO E SEU AVANÇO TECNOLÓGICO Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), metade do século XX, o mundo passou por diversas transformações tecnológicas. A partir da Terceira Revolução Industrial, também chamada de Revolução Tecno-cientifica, onde iniciou nos meados dos anos 70 e se torna mais densa no começo século XXI, possibilitou a modificação no âmbito do conhecimento cientifico e da produção industrial. As duas primeiras etapas da revolução industrial foram de grande importância para o que estava por acontecer, juntas fazem parte de um marco na era da tecnologia por englobarem uma sequencias de acontecimentos. As transformações ocorrem de forma periódica e ela ainda está em andamento, com a Primeira Revolução Industrial (1760 a 1860), ocorre à substituição da mão pela ferramenta, nesta fase o homem está alienado do mundo e aprisionado pela cultura (expulsou o homem da natureza), a Segunda Revolução Industrial (1860 a 1900), a ferramenta é substituída pela máquina, que são mais rápidas, o homem terá sua existência totalmente modificada. As fábricas são como um manicômio (expulsou o homem de sua cultura). Com base nesses dados, que vão agregar a Terceira e, por assim dizer, a Revolução mais importante, a Tecnológica, dar-se em meados dos anos 70 até os dias de hoje, onde acontece a substituição da máquina pelos aparelhos eletrônicos. “Se considerarmos então a história da humanidade como uma história da fabricação, e tudo mais como meros comentários adicionais, torna-se possível distinguir, grosso modo, os seguintes períodos: o das mãos, o das ferramentas, o das máquinas e o dos aparelhos eletrônicos (apparate).” (FLUSSER, Vilém ; 2007) Destarte, principia-se a Era da Tecnologia, uma nova fase onde foco não é somente a produção como nas Revoluções anteriores, mas o conhecimento como uma peça chave e seus os principais gastos são destinados a estudos e pesquisas. A produção de tecnologia é o setor mais próspero na esfera global. Com os devidos investimentos, a tecnologia aprimorasse, estabelece novas conexões, entre os seguimentos mais inusitados da ciência. A informática fábrica computadores e softwares; a microeletrônica, chips, transistores e abundantes produtos eletrônicos. As telecomunicações, utilizando os satélites, proporcionam transmissões de rádio e televisão em tempo real. A telefonia fixa e móvel, conjugada à Internet, transmuta a comunicação em um processo instantâneo. A indústria aeroespacial fabrica satélites e leva homens e robôs a novas fronteiras no espaço. Medicamentos, plantas e animais são transformados pela biotecnologia. Com a educação não é diferente, a revolução originada pela internet possibilita que a informação produzida possa ser disponibilizada em qualquer lugar esteja e que esta seja rapidamente disponível em todo o mundo, originando uma mudança nas práticas de comunicação e educação, em vários aspectos tais como na leitura, na forma de escrever, na pesquisa e até nos instrumento complementar na sala de aula. Com essa dimensão global cada vez mais enraizada, a tecnologia é algo de extrema necessidade na vida social. Em consequência dessa condição surge uma exigência de um domínio cada vez maior de conhecimentos e habilidades. Os avanços tecnológicos em suas inúmeras áreas de abordagem nos colocam a mercê dessas novas tecnologias, num clico de global da mais-valia (lucro). A Globalização não é apenas um fator econômico, nem de longe é um termo desconhecido para a sociedade, Giddnes (1997: pg. 4) ela se relaciona com os avanços tecnológicos e principalmente com o surgimento de meios de comunicação que transportam dados e informação para todo o planeta. “O que importa é que a fábrica do futuro deverá ser o lugar em que o Homo faber se converterá em Homo sapiens sapiens, porque reconhecerá que fabricar significa o mesmo que aprender, Isto é, adquirir informações, produzi-las e divulgá-las.” (FLUSSER, Vilém ; 2007). 3. INCLUSÃO DIGITAL NAS ESCOLAS Falar de inclusão digital virou algo bastante comum nos últimos tempos. No Brasil, ela é relacionada a democratizar o acesso às tecnologias, facilitando o acesso a computadores. Porém, o termo implica bem mais do que isso. A expressão surgiu do termo “digital divide”, que em inglês significa algo parecido com “divisória digital”, significa as melhorias de uma determinada comunidade através da ajuda das tecnologias. Essa melhoria se torna mais difícil com os diversos problemas existentes na nossa sociedade, como a educação pública precária, burocracia e elevados impostos. O papel da inclusão digital é antes de tudo, ensinar as pessoas a usarem o computador, não só a internet e o Word, como todos os programas que possam dar um retorno financeiro a elas depois, ou seja, a inclusão digital significa dar estrutura para se ganhar dinheiro usando as novas tecnologias. “Somente colocar um computador na mão das pessoas ou vendê–lo a um preço menor não é, definitivamente, inclusão digital. É preciso ensiná–las a utilizá–lo em benefício próprio e coletivo.” (Reportagem de Paulo Rebêlo, pág.02, 2005). Com o uso demasiado do termo, hoje já surgiram novas expressões como democratização da informação, universalização da tecnologia e outras variantes parecidas que tem o mesmo significado. Manuel Castells, pensador ícone em estudos sociais a partir das novas tecnologias, acredita que a sociedade está vivendo uma revolução informacional, considerando um dos grandes saltos da história. Para ele, uma inclusão digital de verdade é mesclada por uma economia, cultura e informação. As mudanças tantos sociais como econômicas, ocorrem em ritmo muito acelerado, principalmente no que se refere aos avanços tecnológicos, dentre eles o avanço da internet, da comunicação de dados, das novas Tecnologias de Informação (TI), mudando o estilo e as características do mundo como conhecemos, mostrando novas significações. O que se imaginam é que em países pobres e subdesenvolvidos não deveria nem se pensar em inclusão digital quando existem problemas maiores a serem resolvidos, como a fome e o desemprego, porém os países pobres são os que costumam se beneficiar melhor com ações de inclusão, como essa. André Lemos, professor da Faculdade de comunicação da UFBA, fala sobre os projetos de inclusão digital na cidade de Salvador, que para ele é pensado apenas na dimensão tecnológica, não colocando em valor os capitais intelectual, social e cultural: “Os projetos de inclusão digital deveriam ser pensados não só por analistas de sistemas, administradores e cientistas sociais, mas também por arquitetos e urbanistas, no planejamento urbano e na gestão dos espaços das cidades. Os projetos de inclusão digital devem contribuir para a instauração de uma nova dinâmica na cidade, para uma maior interseção dos espaços eletrônicos e físicos nas cibercidades contemporâneas.” (Lemos, 2004, 2005). “Nas atuais metrópoles deve-se buscar lutar contra a exclusão social, regenerar o espaço público e promover a apropriação social das novas tecnologias” (Lemos, 2001:16). Podemos tomar várias ações que unindo o acesso as tecnologias e uma pitada de boa vontade deram certo em países pobres. Em Honduras, por exemplo, uma ONG instalou estações de trabalho em comunidades rurais, em que os computadores funcionavam por energia solar, já que não havia energia elétrica naquela área. Também não havia telefones ou conexões à internet, então começaram a usar conexão via satélite, cujo valor ainda é bem alto. O que aconteceu é que por ser auto–sustentável, a própria comunidade poderia arquear os custos de manutenção. Ensinando as pessoas a usar as ferramentas e a tirar proveito delas, os agricultores e artesões começaram a vender seus trabalhos pela internet e os jovens da comunidade ainda conseguem usar salas de bate–papo para dar aula de espanhol a europeus. Para que exemplo melhor do que a Índia, país–ícone quando se fala de tecnologia, porém representa uma nação com terríveis índices de pobreza e desigualdade. Atualmente, é um país que exporta software e exímios especialistas em tecnologia, procurados por países ricos e contratados a peso de ouro. É incrível como os números sociais da Índia são piores do que no Brasil. De acordo com dados divulgados pelo governo, apenas 0,5% da Índia está conectada à web. Com uma população beirando um bilhão de pessoas, parece muita gente, mas em termos relativos está longe de chegar aos 11% que existe no Brasil, segundo o Ibope/ Netratings. 3.1 Inclusões: Dentro e Fora da escola Na sociedade brasileira, em que mais de 95% da população em idade escolar, esta hoje na escola, é de esperar que a Inclusão Digital se faça predominantemente dentro da escola e através dela. Isso faz com o que todo projeto de inclusão digital extra-escolares se torne desnecessário. Ao concentrar o trabalho de Inclusão Digital nas escolas, evita que a escolaridade básica seja considerada digitalmente excluída. Assim, todo programa de Inclusão Digital através da escola deve explorar as formas em que a tecnologia pode ajudar os alunos a aprender melhor. Aprender no sentido de se tornar capaz de fazer aquilo que, antes, não se era capaz de fazer e ainda dá foco aos aprenderes realmente importantes para a vida. Já a Inclusão Digital fora da escola é importante para aqueles que continuam excluídos da tecnologia digital apesar de já terem passado da idade escolar. Neste caso, o processo de inclusão precisará ser feito nos chamados tele-centros comunitários ou em alguma instituição equivalente, que pode até mesmo ser os laboratórios de informática de escolas em seus períodos de ociosidade (fim de semana ou à noite). O professor e doutor em Ciências da comunicação Nelson Pretto, fala sobre os novos desafios do aprender dentro de espaços educativos reinventados pela internet, para ele é necessário modificar a metodologia de ensino para inserir computadores em sala de aula, pois a educação não é a mesma. “É um conjunto de desafios que demanda formação de professores e outras educações, ou seja, uma participação dos alunos com a comunidade.” (Pretto, 2013 ; Jornal da Facom ) Ele fala também, das novas formas de comunicação sem fio que estão modificando o uso dos espaços e as maneiras como as pessoas se comunicam, que a partir do momento que introduz essas tecnologias, uma vez que o individuo passa a ficar em comunicação com o mundo, começa a ter redes sociais e a se constituir no ecossistema pedagógico. E finaliza dizendo que, o ambiente escolar vai estar plenamente inserido nesse universo de comunicação e informação que compõe a chamada “cultura digital”. 4. EAD: O QUE É E COMO SURGIU EAD: Educação à distância. Define-se como o ensino/aprendizagem onde professores e alunos não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados ou interligados por tecnologias, como a Internet. Podendo ser utilizados também o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes. A expressão "ensino à distância" dá ênfase ao papel do professor, como alguém que ensina a distância. Porém, o termo mais indicado para se falar atualmente é falar a palavra "educação" no lugar de “ensino” que é mais abrangente, embora nenhuma das expressões seja perfeitamente adequada. A educação à distância pode ser feita, nos mesmos níveis que o ensino regular, no ensino fundamental, médio, superior e também na pós-graduação, porém, ela é mais adequada para a educação de adultos pelo fato de já terem experiência consolidada de aprendizagem individual e de pesquisa. Existem modelos exclusivos de instituições de educação a distância, que só oferecem programas nessa modalidade, como a Open University da Inglaterra ou a Universidade Nacional a Distância da Espanha. No entanto, a maior parte também o faz no ensino presencial. Esse é o modelo atual predominante no Brasil. As tecnologias interativas vêm evidenciando, na educação à distância, o que deveria ser o cerne de qualquer processo de educação: a interação e a interlocução entre todos os que estão envolvidos nesse processo. Na medida em que avançam as tecnologias de comunicação, o conceito de presencialidade também se altera. Poderemos ter professores externos compartilhando determinadas aulas, um professor de fora "entrando" com sua imagem e voz, na aula de outro professor, havendo desta forma um intercâmbio maior de saberes, possibilitando que cada professor colabore, com seus conhecimentos específicos, no processo de construção do conhecimento, muitas vezes a distância. Muda- se também o conceito de aula. Hoje, ainda entendemos por aula um espaço e um tempo determinado. Mas, esse tempo e esse espaço, cada vez mais, serão flexíveis. “Em uma sala de aula convencional, imagens e sons são usados durante esta troca: os estudantes vêem e ouvem o professor, o professor vê e ouve os seus alunos e os estudantes vêem e ouvem uns aos outros. A comunicação ocorre diretamente entre professor e estudantes ou combinada com várias mídias, tais como um projetor de transparências, áudio e vídeo, projetor ligado ao monitor do computador e assim por diante.” (CARNEIRO, MARASCHIN e TAROUCO, 2001, p. 511-515). O fato é que, o professor continuará "dando aula", e enriquecerá esse processo com as possibilidades que as tecnologias interativas proporcionam: para receber e responder mensagens dos alunos, criar listas de discussão e alimentar continuamente os debates e pesquisas com textos, páginas da Internet, até mesmo fora do horário específico da aula. Hoje em dia, temos uma possibilidade cada vez mais acentuada de estarmos presentes em muitos tempos e espaços diferentes. Assim, tanto professores quanto alunos estarão motivados, entendendo "aula" como pesquisa e intercâmbio. Nesse processo, o papel do professor vem sendo redimensionado e cada vez mais ele se torna um supervisor, um animador, um incentivador e mediador dos alunos na instigante aventura do conhecimento. 5. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL É evidente a importância do ensino à distância no país, pois o mesmo vem sendo utilizado e bem aceito em todo o mundo. No Brasil, vem sendo utilizado para as atualizações, capacitações, nivelamento e formação do profissional do século XXI, na necessidade de busca pelo conhecimento. A relevância desta modalidade de ensino torna-se maior à medida que novas camadas da população buscam educar-se ou atualizar-se profissionalmente devido as rápidas mudanças e transformações em todos os campos do saber e da vida humana de maneira cada vez mais, competitiva, imposta pelo mercado. Segundo Tâmara Benakouche (Professora Titular da Universidade Federal de Santa Catarina), os principais motivos da atual expansão da Educação à Distância, não só no país, mas em todo mundo, são basicamente três: o aumento da demanda por formação ou qualificação; a multiplicação de meios técnicos capazes de garantir materialmente a efetivação desse tipo de educação e a emergência de uma cultura que já não vê como novidade o estabelecimento de situações de interação envolvendo pessoas situadas em contextos locais distintos. “Responder à questão sobre os efeitos de uma determinada tecnologia sobre a sociedade exige que se tenha uma boa teoria de como a sociedade funciona.” (MacKenzie e Wajcman, 1985, p. 6). O Ensino à Distância no Brasil sofreu no início um preconceito de que poderia ser uma ameaça ao ensino regular e foi subjulgado como uma iniciativa de remediar a falta de acesso a este ensino tradicional. Inicialmente, o foco nos primeiros anos do EAD era a capacitação dos professores em serviço, depois as licenciaturas, em geral. Agora os cursos que mais crescem são os de especialização e extensão, que encontram um aluno mais maduro, motivado e preparado. Hoje em dia, a legislação vigente, em seu artigo 1º, do Decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005 conceitua Educação à Distância como: “... modalidade educacional, na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino-aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempo diversas.”. Este decreto representa um grande avanço no entendimento, que se refere ao ensino EAD. Conforme dados do Anuário Brasileiro de Estatística de Educação Aberta e a Distância: Mais de 2,5 milhões de brasileiros estudaram em cursos com metodologias a distância no ano de 2007, segundo levantamento realizado em sua edição 2008. 5.1 Um breve histórico Em 1904, escolas internacionais que eram instituições privadas ofereciam cursos pagos, por correspondência. Essa modalidade não se difere dos dias de hoje, ela mantém a "idéia" de ensino à distância, porém a nova tecnologia imposta pela sociedade, fez com que essa interação acontecesse de maneira mais prática e até mesmo mais dinâmica. Em 1934, Edgard Roquette-Pinto instalou a Rádio-Escola Municipal no Rio de Janeiro no projeto para a então Secretaria Municipal de Educação do Distrito Federal dirigida por Anísio Teixeira, onde integrava o rádio com o cinema educativo (Humberto Mauro), a biblioteca e o museu escolar numa pioneira proposta de educação à distância. Já em 1939 surgiu em São Paulo, o Instituto Monitor, na época ainda com o nome Instituto Rádio Técnico Monitor. Dois anos mais tarde surge à primeira Universidade do Ar, que durou até 1944, entretanto, em 1947 surge à Nova Universidade do Ar, patrocinada pelo SENAC, SESC e emissoras associadas. Durante a década de 1960, com o Movimento de Educação de Base (MEB), a igreja católica e Governo Federal utilizavam um sistema radio-educativo: educação, conscientização, politização e educação sindicalista. Em 1970, os Ministérios das Comunicações e da Educação e Cultura regulamentaram o uso gratuito do rádio para programas educativos, que ocupavam cinco horas semanais, posteriormente surge o Projeto Minerva, um convênio entre Fundação Padre Landell de Moura e a Fundação Padre Anchieta para produção de textos e programas. Dois anos mais tarde, o Governo Federal enviou à Inglaterra um grupo de educadores, tendo à frente o conselheiro Newton Sucupira. O relatório final, produzido após a viagem marcou uma posição contraditória às mudanças no sistema educacional brasileiro, colocando um grande obstáculo à implantação da Universidade Aberta e a Distância no Brasil. Posteriormente varias iniciativas foram realizadas para esta implantação, porém frustradas. Em 1972, é criado o Programa Nacional de Telecomunincações (Prontel), ligado diretamente à Secretaria Geral do Ministério da Educação e Cultura, com a finalidade de coordenar experiências e formular uma política nacional para o setor. O Prontel apresentou também, o Plano Nacional de Tecnologias Educacionais, que se constituiu num instrumento de coordenação, integração e desenvolvimento de tecnologias educacionais, relacionadas com os meios ou sistemas de comunicação, como: rádio, televisão, cinema, computador, ensino por correspondência e outros meios utilizados para todos os tipos, graus e áreas de ensino. Na década de 80, a Universidade de Brasília criou um centro para desenvolver cursos de extensão sob a modalidade à distância, o que representou um grande avanço estava à frente dessa iniciativa o então pró-reitor de extensão Valnei Garrafa, Maria Rosa de Magalhães e o reitor Cristovão Buarque. Na época, eram usados o correio, encontros presenciais e material impresso. Nesta perspectiva, a Fundação Roberto Marinho, implantou em 1980, um ensino a distância, chamado tele curso 2000, mesmo sem a existência, ativa, na época da internet, vários profissionais concluíram seu ensino fundamental e ensino médio à distância. Ao final da década de oitenta, o Ministério da Educação passou a desencadear novas iniciativas, onde constituiu uma nova portaria (A Portaria n.° 511, de 27 de setembro de 1988), a um grupo de trabalho que se iniciou em 1989, apresentando ao ministério uma Proposta de Política Nacional de Educação à Distância, que tinha como principal objetivo fomentar estudos, pesquisas e programas na área. Na década de 1990, a Universidade Federal da Bahia iniciou timidamente algumas experiências de ensino à distância em várias de suas unidades de ensino. Poucas resistiram até a presente data, embora tenham sido consideradas bem sucedidas. Sendo assim, a Faculdade de Educação da UFBA, incluiu em sua grade curricular uma disciplina, ainda que optativa, sobre educação à distância. Esta foi uma iniciativa de Fernando Floriano e Katia Siqueira de Freitas (Professores da Universidade). A terceira geração do EAD teve início com a internet e com o surgimento dos ambientes interativos, como chats, fóruns e e-mails, entre outros instrumentos. Em dez anos, entre 2001 e 2011, o Brasil passou de pouco mais de 5 mil estudantes matriculados em cursos a distância para um contingente superior a 930 mil alunos que estão se graduando ou pós-graduando nesta modalidade de ensino. Os números demonstram que a Educação à Distância chegou para ficar e que se consolida como alternativa para muitos brasileiros que não contam com universidades em seus municípios ou em localidades próximas assim como para muita gente que não tem tempo disponível para frequentar aulas presenciais. 6. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NA BAHIA Com base em pesquisas ficou evidente o quanto ensino a distância facilita o acesso da população à educação e ajuda no preparo cultural, profissional e acadêmico. Baseando-se nas tendências para junção de educação e tecnologia, cada dia mais as Universidades vêm se adaptando ao novo modelo de alunado existente. Buscando essa adaptação, a uma nova maneira de ensino, os cursos a distância ganharam força e devido a suas experiências positivas. Atualmente as Universidades passaram a investir e acreditar nessa modalidade de ensino desafiadora e que exige além de comprometimento a autogestão do aluno para cumprimento de suas atividades. Para falarmos do crescimento da modalidade de ensino à distância, resolvemos citar como exemplo a Universidade do Estado da Bahia que além de oferecer cursos tradicionais pelo método presencial, foi além e hoje conta com uma estrutura sólida também no quesito EAD, onde a mesma visa capacitar pessoas que não contam com muito tempo disponível para estudar, mas que precisam se profissionalizar no concorrido mercado de trabalho. Atualmente são oferecidos os seguintes cursos: Graduação – Licenciaturas, Especialização, Graduação – Bacharelado e Aperfeiçoamento, que contam com o acompanhamento via web da coordenação de graduação a distância (GEAD). A Universidade Federal da Bahia também oferece curso EAD, promovido pelo Centro de processamento de Dados (CPD), o curso é conhecido como Moodle. O curso tem carga horária de 60 horas, e conta com dois encontros presenciais. São oferecidas 200 vagas sendo 90% para a comunidade UFBA (docentes, técnicos, pesquisadores e colaboradores) e 10% para parceiros externos. O Curso Moodle tem por objetivo a formação para a utilização do ambiente virtual de aprendizagem em atividades na modalidade a distância e/ou como apoio à educação presencial, além de promover discussões teóricas sobre temas relacionados à EAD e ao uso de tecnologias na educação. Além da Universidade Federal da Bahia ( UFBA), outras instituições públicas e privadas, tais como: Unijorge, FTC, Unifacs, IFBA, Uneb, Senai, Senac, entre outras, utilizam a modalidade do ensino à distancia em sua metodologia. 7. NOVOS INSTRUMENTOS TECNOLÓGICOS DE ENSINO A educação à distância (EAD) pode e tem sido realizada por diversos meios, seja rádio, correio, telefone, televisão, dentre outros. No entanto, o sucesso dos cursos não depende unicamente da tecnologia empregada, assim como, muitas experiências atuais não obtêm o êxito esperado devido a diversos fatores alheios ao meio tecnológico utilizado. Entretanto, não se pode negar que o surgimento de novas tecnologias de informação e comunicação (NTIC), originadas na década de 60 e consolidadas nos anos 90, têm colaborado sensivelmente para o crescimento do ensino à distância. Para melhor entender as tecnologias de EAD e compreender suas características, serão apresentadas a seguir algumas tecnologias utilizadas atualmente. Serão primariamente enfocados os mecanismos de comunicação e informação disponíveis na Internet. 7.1. Internet A Internet tem se mostrado como um meio natural para a difusão da EAD em todo o mundo. O motivo principal é a diversidade de ferramentas de interação que possui. Ademais, seu baixo custo e a popularização alcançada desde a década de noventa, fez com que aos poucos fosse se tornando parte indispensável na vida das pessoas. É claro que há muito que evoluir não somente no aspecto tecnológico, mas, sobretudo no que diz respeito à sua democratização, permitindo o acesso de camadas da população de baixa renda. 7.2 HTML A HTML se apresenta como um dos principais mecanismos de apoio a EAD na Internet, visto que sua utilização permite a disponibilização do material didático necessário para o desenvolvimento das aulas, criando apostilas on-line que podem ser utilizadas pelos alunos. Entretanto, suas possibilidades vão muito além da simples apresentação de documentos, que em conjunto com outras linguagens como Java, VBscript, PHP, JavaScript, dentre outras, permite o acesso a diversas outras ferramentas que surgiram originalmente independentes e hoje se encontram integradas a uma página HTML. 7.3. Email Na EAD, o e-mail exerce um papel fundamental, pois é responsável pela interface entre alunos-professores, alunos-alunos e professores-professores, ou seja, de um modo geral, engloba todos que estão envolvidos com o curso ou com a administração do ambiente virtual, fazendo questionamentos, comentários ou sugestões. Entretanto, sua utilização deve ser exercida com cuidado, pois pode se tornar em um instrumento de desmotivação do aluno caso não sejam observados certos aspectos como: tempo de resposta; sobrecarga do professor; sistematização de questões; e sistematização de respostas. 7.4. Fórum Os fóruns representam discussões assíncronas realizadas por meio de um quadro de mensagens, que dispõe de diversos assuntos e temas sobre os quais o usuário pode emitir sua opinião, sendo possível ainda, contra argumentar opiniões emitidas por outros usuários formando uma cadeia dinâmica de debates. Um fórum pode ser classificado por assuntos e as mensagens relacionadas em ordem cronológica, mantendo uma organização hierárquica das mensagens, podendo identificar a sequência da discussão e a que assunto está relacionado (Fischer, 2000). Ao estabelecer uma gama variada de temas que podem ser acessadas a qualquer momento, os fóruns se tornam uma ferramenta importante para o desenvolvimento da EAD. Além de emitir opinião, o aluno pode utilizá-los para o esclarecimento de dúvidas, mediante a leitura do que já tenha sido abordados pelos demais membros do grupo. Este mecanismo é apenas um exemplo de como podem ser criadas alternativas para a melhoria da motivação e participação do aluno. Novas formas e modelos podem ser criados ou adaptados para a solução deste problema. É claro que não depende apenas de ferramentas tecnológicas. A metodologia utilizada pelo professor será fundamental para que se alcance sucesso na utilização do fórum na EAD. 7.5 Chat O Chat, mais conhecido no Brasil como bate-papo, é outra ferramenta que pode ser aplicada a EAD, tendo como objetivo principal o estabelecimento de discussões síncronas por via textual. Os participantes do Chat, identificados por pseudônimos, podem enviar e ler mensagens, estabelecendo uma discussão em grupo e, ainda, trocar mensagens de forma reservada e particular. Esta possibilidade de “conversar on-line” pode ser utilizada com diversos objetivos na EAD: esclarecimento de dúvidas, discussões ou debates, dentre outros. No entanto, existe grande possibilidade de apresentar desmotivação e/ou desvio do objetivo pretendido. Como o mecanismo é aberto, ou seja, não existe controle de software sobre o que será discutido, ou mesmo na ordem da discussão, muitos alunos podem perder o estímulo em participar da discussão ou desviar o papo para um assunto adverso à finalidade do encontro. Muitos alunos podem, ainda sentir-se inibidos a emitir opiniões, seja por receio de expor suas ideias ao grupo e ser repreendido, simplesmente pela falta de experiência com o ambiente utilizado, ou por não conseguir acompanhar o ritmo ágil e de certa forma desordenado de uma seção de Chat. Assim, o professor exerce um papel fundamental para o bom aproveitamento deste instrumento. Ele deve estar atento para identificar os alunos que não estão participando e instigá-los a se expressar, com o cuidado de não parecer uma obrigatoriedade, o que poderia provocar maior retração por parte do aluno. É preciso ainda, que o professor esteja atento a desvios na discussão, emitindo considerações que levem o grupo a retomar o objetivo pretendido. Outro aspecto importante é a possibilidade de armazenar toda a discussão realizada e disponibilizar o conteúdo para que um aluno que não participou do evento possa se inteirar do que foi discutido, ou para que algum membro do grupo possa examinar com mais cuidado a discussão realizada. É importante ainda para que o professor analise o andamento e qualidade da discussão e o comportamento dos alunos, podendo, assim, traçar novas metodologias a serem utilizadas nestes encontros, além de observar o nível de conhecimento exposto pelos alunos, identificando fatores positivos e negativos que podem ou devem ser explorados durante a realização do curso. Uma opção muito comum é a utilização dos Chats no próprio navegador de Internet, desenvolvidos em linguagens como o JAVA, PHP, ASP e outras, possibilitando assim uma interface de maior familiaridade aos usuários. Dessa forma, é possível a integração de sistemas de Chat no próprio ambiente virtual no qual o curso será desenvolvido, restringindo a utilização a participantes do curso ou convidados. 7.6. Lista de Discussão As listas de discussão são particularmente interessantes para a realização de cursos à distância, pois possibilitam o envio de correspondências eletrônicas a um único endereço, sendo repassadas a um grupo de endereços previamente cadastrados em um Servidor de Listas. Assim, reduz-se sensivelmente o esforço no envio de mensagens para o grupo e possibilita que qualquer membro do grupo possa enviar dúvidas ou comentários que deseja compartilhar com todos os integrantes. As listas de discussão podem ser livres ou moderadas, ou seja, as mensagens enviadas podem estar sujeitas à aprovação de uma pessoa, chamada de moderador, que irá decidir se o conteúdo da mensagem deve ou não ser repassado para o grupo. Dessa forma, evita-se que circule na lista informações que não dizem respeito a seu objetivo, pois sem controle a lista seja sobrecarregada com mensagens diversas, fazendo com que os usuários tenham suas caixas de mensagens lotadas com grande número de correspondências, causando-lhe transtorno no recebimento e tempo leitura de tais mensagens. Entretanto, a moderação reserva um trabalho extra ao professor, que pode preferir uma alternativa mais simples, deixando a lista sem restrições, apenas estabelecendo normas de conduta na utilização da lista. 7.7. Realidade Virtual Esta interface possibilita que, por meio de movimentos naturais e tridimensionais do corpo, o usuário manipule e visualize objetos e dados em tempo real com a utilização de dispositivos como capacete de visualização e controle, luva, dentre outros. Na Internet, vem sendo implementada basicamente pela Virtual Reality Modeling Language (VRML), ou Linguagem para Modelagem em Realidade Virtual, que permite que um desenvolvedor distribua ambientes virtuais na WEB, possibilitando a manipulação de objetos tridimensionais. Sua principal restrição para a Internet é ainda a largura de banda, além do custo de acessórios e equipamentos, caso pretenda reproduzir sensações não visuais. Logo, a utilização da realidade virtual na EAD ainda é mais uma promessa que uma realidade. Porém, não se pode negar as perspectivas que esta tecnologia irá introduzir no ensino a distância, como também seu potencial para aplicação no ensino presencial. 7.8. Vídeo Conferência Na Internet, a videoconferência traz ao modelo de EAD alguns avanços relacionados à tão criticada impessoalidade existente nas demais ferramentas. Ela permite estabelecer um contato visual entre os alunos e professores, deixando este de ser um mero referencial simbólico que faz contato por cartas eletrônicas para desenvolver a personificação dos indivíduos envolvidos na interação. É claro, existem limitações tecnológicas e estruturais para um bom funcionamento da videoconferência. Se não forem tomados os cuidados necessários, pode se tornar em um instrumento de desmotivação do aluno, visto que tentará falar com o professor e apenas verá uma imagem intercalada por uma sequência de outras imagens que apenas sugerem a ocorrência de algum movimento e sons que de tão interrompidos se torna impossível produzir um significado compreensível. Diante do exposto, é possível perceber que as tecnologias para a EAD são diversas, algumas são simples e estão disponíveis para utilização pelo professor de acordo com suas necessidades de ensino. Outras são incipientes e/ ou extremamente complexas, necessitando de muitos estudos e desenvolvimento para se constituírem como uma alternativa real diante dos recursos tecnológicos de informação e comunicação disponíveis. Contudo, o desenvolvimento da educação à distância não é carente apenas de tecnologias ou fórmulas miraculosas. É preciso que os profissionais de educação tenham maior contato com estas tecnologias e conheçam suas possibilidades e perspectivas, podendo assim perceber como integrá-las no seu cotidiano de ensino. 8. ENSINO À DISTÂNCIA: PRÓS E CONTRAS A Educação à Distância, é um termo muito utilizado atualmente e esta popularização deve-se mais ao fato da maior acessibilidade proporcionada pelas conexões em rede (tanto na Intranet quanto na Internet), do que pela novidade do tema. O EAD foi inicialmente definido muito mais pelas diferenças em relação à educação presencial do que pelas características que a determinam ou pelos elementos que a constituem. Segundo Aretío (2001), os principais fatores que propiciaram o surgimento e o posterior desenvolvimento da EAD são: a necessidade de adaptação às constantes modificações no mundo em todos os setores; a crescente demanda por educação/ensino; grande percentual da população sem condições de atendimento pelo sistema formal; os elevados custos da educação formal; a necessidade de flexibilizar a rigidez do sistema convencional; notável avanço das ciências da educação e as transformações tecnológicas que colocaram à disposição da educação um verdadeiro arsenal de instrumentos/aparelhos, possibilitando a diminuição das distâncias, através de condições para comunicação mais rápida e segura. “O ensino a distância vem evidenciando o que deveria ser o essencial de qualquer processo educativo: a interação e a interlocução entre todos os que estão envolvidos nesse processo. Com a introdução do EAD a na medida em que avançam as tecnologias de comunicação virtual alguns conceitos mudam.” (LANDIM, 1997). Como todas essas características, o modelo EAD apresenta vantagens e desvantagens. Pode-se apontar a comodidade, a mobilidade, o fácil acesso a mídia como vantagens interessantes trazidas por esse novo modelo. Por outro lado a ausência, total ou parcial de contato direto com o educador, pode dificultar o aprendizado de algumas pessoas e tornar inviável o ensino de algumas disciplinas. É importante lembrar que o EAD é uma modalidade versátil, mas não é aplicável para todas as áreas de conhecimentos. Diversos autores (ARETIO, 2001; NUNES, 1991; PETERS, 2000) apresentam uma série de aspectos que caracterizam a educação à distância: • separação espacial (geográfica) e temporal (possibilidades de encontros não simultâneos) entre professor e aluno, que impede o contato face a face, condição essencial do ensino presencial; • utilização de meios técnicos de comunicação, como materiais impressos, áudio, vídeo, troca de mensagens (por telefone, fax, correio, correio eletrônico, videoconferência, etc.) eliminam ou reduzem significativamente os obstáculos geográficos, econômicos, familiares e outros que possam dificultar o acesso do aluno à educação; • aprendizagem independente e flexível: os sistemas de EAD não se prendem à acumulação de conhecimentos, mas sim à capacidade do estudante em aprender a fazer de forma flexível, forjando sua autonomia em relação ao espaço, tempo, estilo, ritmo e método de aprendizagem, ao permitir a tomada de consciência de suas próprias capacidades e possibilidades para sua autoformação; • previsão de um novo modelo de comunicação, onde os estudantes beneficiam-se de um diálogo e da possibilidade de sair da posição de mero ouvinte receptor para assumir o papel de questionador e debatedor; • influência da organização educacional (planejamento e sistematização), necessária para apoio ao estudante; • comunicação massiva graças aos modernos meios de comunicação e as novas tecnologias da informação, eliminando as fronteiras espaço-temporais e permitindo o aproveitamento das mensagens educativas por grande número de estudantes dispersos geograficamente; • procedimentos industriais: o nível de industrialização (aplicação de procedimentos para a racionalização do processo, a divisão do trabalho e a produção em massa) tem uma relação direta com o número de estudantes a serem atendidos, já que a EAD exige sempre um maior grau de planejamento que o ensino presencial. • participação em coletivos de aprendizagem: os participantes não trabalham mais sozinhos, mas apoiam-se uns aos outros, construindo verdadeiras comunidades de aprendizagem. Em relação à presencialidade, podemos ter professores externos compartilhando determinadas aulas, um professor de fora “entrando” com sua imagem e voz na aula de outro professor. Haverá assim, um intercâmbio maior de saberes, possibilitando que cada professor colabore com seus pensamentos específicos. Ocorrerá também que algumas instituições oferecerão tecnologias avançadas dentro de uma visão conservadora (só visando o lucro, multiplicando o número de alunos com poucos professores). Assim, cabe às entidades regulamentadoras do ensino a fiscalização de como o EAD é empregado no Brasil. O processo de mudança na educação à distância não é uniforme, tampouco fácil. A mudança ocorre aos poucos, em todos os níveis e modalidades educacionais. Existe uma grande desigualdade econômica, de acesso, de maturidade, de motivação das pessoas. Alguns estão preparados para a mudança, outros muitos não. É difícil mudar os padrões adquiridos das organizações, governos, dos profissionais e da sociedade. E a maioria não tem acesso a esses recursos tecnológicos, que podem democratizar o acesso à informação. Por isso, é da maior relevância possibilitar a todos o acesso as tecnologias, à informação significativa e à mediação de professores efetivamente preparados para a sua utilização inovadora. Portanto o EAD, apesar de contrariar o pensamento dos conservadores, tem um grande potencial na disseminação do conhecimento. Isso pelo fato de que, com a evolução tecnológica, o processo de ensino tende a desvirtuar do paradigma do ensino clássico de hoje. A educação se torna mais democrática à medida que rompemos barreiras, tanto demográfica, quanto temporal, cultural e social. 9. CONCLUSÃO Em suma, podemos constatar que nas diversas áreas de atuação, ressaltando para a educação, ensinar a distância é democratizar o saber, é permitir que todos tenham acesso à educação e informação fazendo com que a sociedade desenvolva um maior nível de escolaridade, mesmo em meio a todos os obstáculos encontrados ao longo do tempo. Destarte, a evolução tecnológica propiciou uma alteração significativa nos recursos de comunicação disponíveis enquanto a reformulação e revisão das teorias de aprendizagem tradicionais trouxeram uma nova visão de educação. Estes dois fatores afetaram diretamente o sistema de educação à distância, que passou a se valorizar na interação do processo educacional. A introdução deste aparato tecnológico no dia a dia do professor é hoje uma realidade, a passagem do papel do professor de veículo transportador de informação para o de condutor desse mesmo veículo reforça-lhe a importância, se reconhecermos a Internet como uma espécie de “território livre”, onde tudo pode ser publicado. Atualmente, falar em educação e tecnologia, não é mais a mesma coisa do que há 50 anos, hoje em dia a possibilidade de informação que chega a qualquer tipo de individuo agrega um determinado valor na sua formação e vida social. No século XXI, o EAD tornou-se uma massificação entre todos os campos de ensino. “entramos na era do estudo interativo de verdade, onde já não bastam cinqüenta minutos de queixos sustentados pelos cúbitos e rádios, que apoiados sobre a carteira, aguardam a campainha do fim de uma aula enfadonha, para determinar se o aluno é ou não participativo. Agora é imperativo a participação de todos, sem limites de tempo ou de espaço. ... A educação a distância vem deixando de ser apenas uma alternativa para compensar a longitude física entre educador e treinando. Não é, simplesmente, essa distância que está com os dias contados, mas, principalmente, o velho distanciamento entre o professor autocrático e o pendular vai-e-vem consentido das cabeças passivas dos treinandos. Agora interagir é um imperativo, seja qual for a distância entre o professor e o aluno. Talvez, o correto fosse, mesmo, denominá-la de educação sem distância” (PARDAL, 2002). 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