O País
O Estado do Maranhão - São Luís, 8 de outubro de 2013 - terça-feira
Conversa com
a presidenta
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Caro leitor, você também pode fazer uma pergunta para a presidenta
Dilma Rousseff. Basta enviá-la para o e-mail: [email protected], com nome completo, idade, ocupação e cidade de moradia.
Dilma Rousseff
Presidenta da República
Presidenta, ouvi falar que o Pronatec está completando dois
anos neste mês. As pessoas estão demonstrando interesse em
fazer esses cursos técnicos? E as escolas técnicas receberam algum investimento pra aumentar suas vagas? (*)
Sim, o Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego tem atraído um enorme interesse e é um marco
na história do ensino técnico e da qualificação profissional do
nosso país. Até 2014, os investimentos federais no programa somarão R$ 14 bilhões, e já temos 4,6 milhões de pessoas que fizeram ou estão fazendo um dos cursos oferecidos pelo Pronatec
em mais de 3.200 municípios de todo o Brasil. Um terço das matrículas foram feitas no Nordeste. E estamos trabalhando firme
para cumprir nossa meta de matricular 8 milhões de alunos até
o final de 2014. Um aspecto fundamental é que no Pronatec o
aluno não paga nada, pois todos os custos são cobertos pelo governo federal - matrícula, livros, uniforme, material para usar nas
aulas práticas e até um auxílio para alimentação e transporte.
Pagamos os professores, construímos novos laboratórios, modernizamos e ampliamos os existentes, fazemos apostilas e criamos todos aqueles instrumentos necessários para tornar o curso, de fato, muito mais dinâmico.
Nós firmamos parcerias estratégicas com o Sistema S, colocando cerca de R$ 4 bilhões, para a oferta de cursos no Senai, na
área da indústria; no Senac, na área do comércio; no Senar, na
área da agricultura; e no Senat, na área do transporte. Os cursos
também são dados por universidades federais, por exemplo, nas
escolas de enfermagem; pelos institutos tecnológicos federais; e
pelas escolas técnicas estaduais, que receberam do governo federal quase R$ 1 bilhão para se modernizar e ampliar a oferta de
vagas. Só na expansão da rede federal de ensino técnico, já investimos R$ 2,7 bilhões. A meta do meu governo é criar 208 novas escolas técnicas, das quais 92 já estão em funcionamento.
Estamos interiorizando os cursos, para atendermos às demandas regionais. No Amazonas, por exemplo, o curso mais procurado é o de técnico em informática, por conta da Zona Franca;
nas áreas rurais, mais de 65 mil pessoas tiveram acesso a cursos
como os de operador de grandes máquinas agrícolas e de sistemas de irrigação, de viveirista de plantas e flores e de agricultura orgânica. Está surgindo uma nova geração de profissionais,
que foi chamada de "Geração Pronatequiana" por um aluno do
Rio Grande do Norte. Quase 70% desses alunos são jovens com
até 29 anos, e 60% deles são mulheres.
Com o Pronatec, trabalhamos em três eixos: primeiro, oferecendo ensino técnico para quem está cursando o Ensino Médio.
Segundo, oferecendo mais e melhores oportunidades de qualificação profissional para o jovem ou o adulto que deseja uma
melhor formação profissional. E, terceiro, oferecendo cursos para
as pessoas que estão no programa Brasil sem Miséria, para que
elas tenham melhores chances de conseguir um trabalho com
melhor remuneração. Os cursos se dividem em dois tipos. O
Dilma diz que vai cobrar
explicações do Canadá sobre
espionagem a ministério
Por meio de sua conta no Twitter, a presidente disse que a denúncia de espionagem no
Ministério de Minas e Energia confirma razões econômicas e estratégicas em tais atos
Fotos/Agência Brasil
B
RASÍLIA - A presidente
Dilma Rousseff afirmou
ontem, em sua conta
no Twitter, que as novas suspeitas de espionagem, praticadas
desta vez pelo governo canadense, reveladas no domingo
pelo Fantástico, da TV Globo,
confirmam "razões econômicas e estratégicas" dessas práticas. Ela disse que o Itamaraty
irá exigir explicações do Canadá. Segundo o programa, a
Agência Canadense de Segurança em Comunicação (CSEC,
em inglês) teria espionado telefonemas e e-mails do Ministério de Minas e Energia.
Reportagem do programa
Fantástico, da TV Globo, exibiu
uma apresentação sobre uma
ferramenta da Agência Canadense de Segurança de Comunicação (CSEC, na sigla em inglês) feita durante um encontro
de analistas de espionagem de
cinco países (EUA, Reino Unido,
Canadá, Austrália e Nova Zelândia) em junho de 2012. O caso do
mapeamento sobre o ministério
foi usado como exemplo da aplicação da ferramenta.
O documento foi obtido pelo
ex-técnico da americana NSA
(Agência de Segurança Nacional)
Edward Snowden, que revelou
um amplo esquema de espionagem dos EUA neste ano. Snowden, que hoje está asilado na
Rússia, esteve no encontro de
2012 e entregou os papeis revelados ontem ao jornalista americano Glenn Greenwald em
Hong Kong em maio.
"A denúncia de que Ministério Minas e Energia foi alvo de
espionagem confirma as razões
econômicas e estratégicas por
trás de tais atos", disse Dilma.
"Embora o ministério tenha
bom sistema proteção de dados,
determinei ao ministro [Edson]
Lobão rigorosa avaliação e reforço da segurança desses sistemas", completou. "A reportagem
aponta para interesses canadenses na área de mineração. O Itamaraty vai exigir explicações do
Canadá. A espionagem atenta
contra a soberania das nações e
a privacidade das pessoas e das
empresas”.
Segundo Dilma, tudo indica
que os dados da NSA são acessados pelos cinco governos citados na denúncia - Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, Austrália e Nova Zelândia - e pelas milhares de empresas prestadoras
de serviço com acesso a eles. "É
urgente que os EUA e seus aliados encerrem suas ações de espionagem de uma vez por todas", escreveu a presidenta. "Isso é inadmissível entre países
que pretendem ser parceiros. Repudiamos a guerra cibernética".
Ontem, em entrevista, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, considerou "lastimável" o novo episódio de espionagem afirmando que a inteligên-
A presidente Dilma Rousseff disse ontem que a espionagem atenta contra a soberania das nações
O ministro Edison Lobão disse que o Canadá tem interesse no Brasil, sobretudo no setor mineral
cia canadense teria tido acesso
a telefonemas e emails da pasta.
Em nota divulgada à imprensa, ele disse que irá determinar
"rigorosa avaliação e reforço"
dos sistemas de proteção de dados do ministério, assim como a
análise do que possa ter sido objeto de espionagem.
Lastimável- "É lastimável que
isso tenha acontecido e que continue se passando. O país está tomando as providências", disse
ontem o ministro.
"O nosso sistema é bom e
confiável, mas temos de melhorá-lo ainda mais para que evitar
bisbilhoteiros continuem mexendo", afirmou ainda Lobão.
Questionado por jornalistas,
o ministro evitou comentar
quais motivos teriam motivado
a espionagem. "Isso está sendo
avaliado, há um processo de exame da situação, para ver qual é a
profundidade", concluiu.
Também não disse qual pode ser a perda financeira desses
acessos para o país e empresas
“
A reportagem aponta para
interesses canadenses na
área de mineração. O Itamaraty
vai exigir explicações do
Canadá. A espionagem atenta
contra a soberania das
nações e a privacidade das
pessoas e das empresas"
Dilma Rousseff, presidente do Brasil
brasileiras.
Ao Fantástico, o ministro afirmou que o Canadá tem "interesse no Brasil, sobretudo nesse setor mineral". "Há muitas empresas canadenses que manifestam
interesse no país. Se daí vai o interesse em espionagem pra ser-
vir empresarialmente a determinados grupos, eu não posso dizer", afirmou. Uma das preocupações é a comunicação do
MME com a Agência Nacional
do Petróleo, responsável pelos
leilões para exploração de petróleo no país.
primeiro, são os cursos técnicos de maior duração, de um ano e
meio a dois anos, que já tiveram mais de 1,5 milhão de matrículas. São os cursos complementares ao Ensino Médio, feitos durante o curso regular ou depois do seu encerramento. O segundo tipo são os cursos de qualificação profissional de curta duração, que vão de dois a seis meses, e nos quais já se matricularam mais de 3,1 milhões alunos. Dentre esses cursos de qualificação, os mais procurados são os de operador de computador,
eletricista, instalador predial, costureiro, pintor, pedreiro, mecânico, desenhista, soldador, torneiro mecânico, ferramentista, auxiliar administrativo, recepcionista, funcionário de hotelaria, balconista, modelista, operador de caixa, costureira industrial. Para
a parceria do Pronatec com o programa Brasil sem Miséria temos
um milhão de vagas reservadas, e mais de 750 mil matrículas já
foram realizadas. São pessoas que já aprenderam ou estão aprendendo uma profissão, e com ela passam a ter melhores chances
de conquistar sua autonomia financeira. Os resultados mostram
que o brasileiro tem uma enorme vontade de aprender, de conquistar o seu próprio futuro. O Pronatec está dando para as pessoas essa oportunidade. Quem estiver interessado em mais informações ou quiser se inscrever em algum curso, basta acessar o site http://pronatec.mec.gov.br.
(*) Esta pergunta, que precede a Mensagem, foi formulada pela
Secretaria de Imprensa para melhor entendimento do conteúdo.
Denúncias de tráfico
de mulheres tiveram
aumento de 1.547%
São 263 casos no
primeiro semestre de
2013 e 17 no mesmo
período no ano passado
BRASÍLIA - O número de denúncias de tráfico de mulheres
feitas para o Ligue 180 - central de
atendimento à mulher do Governo Federal - aumentou 1.547%
no primeiro semestre de 2013 em
comparação com o mesmo período do ano passado. O dado faz
parte de um balanço das ligações
recebidas pela central divulgado
ontem pela ministra da Secretaria de Política para Mulheres,
Eleonora Menicucci.
O Ligue 180 funciona desde
2006 como um canal em que a
população pode denunciar casos de violência cometida contra
a mulher e pedir informações.
Segundo a secretaria, desde então o serviço já realizou 3.364.633
atendimentos. Os relatos de violência recebidos pela central são
repassados para investigação da
polícia.
De janeiro a junho deste ano, a
central registrou 263 denúncias de
tráfico de mulheres, sendo 173 casos de tráfico internacional e 90
dentro do Brasil. Em 34% das de-
núncias, foi relatado que havia risco de morte da vítima. No primeiro semestre do ano passado, foram 17 casos de denúncia de tráfico. De janeiro a junho de 2013,
de acordo com o balanço divulgado ontem, foram realizados
306.210 atendimentos.
Segundo a ministra, esse aumento se deve principalmente a
uma maior veiculação pela mídia
dos casos de tráfico de mulheres.
Menicucci citou a divulgação de
notícias sobre o desbaratamento
de duas quadrilhas na Espanha,
uma em junho de 2012, em Ibiza,
e a outra em janeiro de 2013, em
Salamanca.
"A mídia veiculou bastante o
desbaratamento das duas quadrilhas na Espanha pela Polícia
Federal e isso ajudou a muitas
pessoas ligarem no Ligue 180 e
fazerem denúncias", afirmou a
ministra.
Das 90 denúncias de tráfico
interno, 64 relatavam exploração
sexual, 25 eram sobre exploração
de trabalho e uma foi sobre adoção irregular. Em relação ao tráfico internacional, 129 casos foram referentes à exploração sexual, 42 à exploração do trabalho
e dois para a remoção de órgãos,
segundo a secretaria.
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