Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio EXPEDIENTE Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza Presidente do Conselho Deliberativo Yolanda Silvestre Diretora Superintendente Laura Laganá Vice-Diretor Superintendente César Silva Chefe de Gabinete da Superintendência Elenice Belmonte R. de Castro Coordenador de Ensino Médio e Técnico Almério Melquíades de Araújo Assessora de Comunicação Gleise Santa Clara Realização André Muller de Mello Carmem Bassi Barbosa Elaine Regina Piccino Oliveira Hilton Koiti Sato Suely Betanho Campana Colaboração Denise Batista Mazzini Almeida Ferreira Elaine Isa Fiorotto Sandra Manoel Guirau Rodrigues da Silva Projeto Gráfico, Diagramação e Edição de Arte André Müller de Mello Carolina Marielli Hilton Koiti Sato Fotos Hilton Koiti Sato Logo 1º. Simpósio do Ensino Médio Martha Almeida Organização dos Anais Carmem Bassi Barbosa Observação: A adequação técnico-linguística dos textos é de responsabilidade dos autores. ISBN 978-85-99697-05-4 1 2 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Sumário Apresentação ............................................................................................................................ 8 Ensino Médio - Novos Desafios na Sociedade Pós Industrial.................................................. 13 Filosofia e Transversalidade ................................................................................................... 19 Reflexões e Práticas Imagem corporal e sua relação na construção da identidade do Adolescente ...................... 25 Estratégias de resolução de conflitos na adolescência ........................................................... 30 Organizações Civis pela Mudança Social ................................................................................. 39 Educação Especial: Inclusão de alunos com deficiência ......................................................... 41 Gestão Escolar ............................................................................................................................. 51 Projeto Competências em Ação ............................................................................................. 52 Produção de Mídias Audiovisuais como apoio as aulas .......................................................... 54 Um modelo de gestão democrático -participativa: estudo de caso sobre a Etec Pedro D’Arcádia Neto – Centro Paula Souza. .................................................................................... 56 “Estágios para alunos de ensino médio: análise da relação entre uma escola pública e uma ONG na cidade de São Paulo” ................................................................................................. 58 Práticas Interdisciplinares ........................................................................................................... 60 21 e 22 de Julho de 2010 Etec Vasco Antonio Venchiarutti Jundiaí – São Paulo Projeto: Conhecer a cidade para exercer a cidadania ............................................................ 61 Gincana Cultural e Esportiva ................................................................................................... 63 Metodologia Diferenciada no Estudo de Literatura: .............................................................. 65 Poesia no Modernismo e Vanguarda ...................................................................................... 65 Feira do Conhecimento ........................................................................................................... 67 Pesquisando Origens ............................................................................................................... 69 Ensino por Projetos – Do ideal ao real na comunidade escolar.............................................. 71 3 4 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Clube do Agricolino - Uma experiência de aprendizado na Etec de Votuporanga. .............. 73 Projeto Interdisciplinar Global de Meio Ambiente: o papel da Etec Pedro D’Arcádia Neto no contexto local. ....................................................................................................................... 116 Dia de Campo na Etec - A escola abre as portas à comunidade. ......................................... 75 Construção da Molécula de DNA com Material Pet ............................................................. 118 Luz, Câmera ... ACTION! .......................................................................................................... 77 Controle e Avaliação da Qualidade das Águas do Córrego Furninhas, em Ourinhos, SP..... 120 “Nordestidade: o Nordeste e aspectos de sua identidade”.................................................... 79 Projeto Pedagógico Interdisciplinar – Biologia, Geografia e História - “Apresentando Nossa Comunidade” .......................................................................................................................... 81 A Importância da Engenharia Genética na Identificação de Pessoas e no Aconselhamento Genético ................................................................................................................................ 121 Educação Física.......................................................................................................................... 122 Disciplinas Projeto ....................................................................................................................... 83 Empreendedorismo e Cooperativismo: Características de um profissional do futuro ........... 84 A influência da imagem corporal na adolescência .................................................................. 86 Espalhafato .............................................................................................................................. 88 Stop Drogas: Tecnologia compartilhando Informações .......................................................... 90 Avaliação da Aprendizagem em Educação Física: O que estamos ensinando aos nossos alunos? .................................................................................................................................. 123 Os Estereótipos e as Relações de Gênero nas Práticas Educativas da Educação Física do Ensino Médio de Etecs. ......................................................................................................... 125 A Utilização do Seminário como Ferramenta de Ensino-Aprendizagem nas Aulas de Educação Física. ..................................................................................................................................... 127 A transversalidade em projetos: uma contribuição para a formação global do aluno........... 92 Hábitos alimentares de estudantes do Ensino Médio do Centro Paula Souza ..................... 129 Projeto- Econscientização ....................................................................................................... 94 Sarau Cultural .......................................................................................................................... 96 Física .......................................................................................................................................... 131 Senta que lá vem História ...................................................................................................... 98 Ensinar Física fazendo Física: O relato de uma atividade experimental qualitativa ............. 132 Filosofia e Sociologia ................................................................................................................. 100 Laboratório Aberto - Desenvolvendo Competências a Partir de Atividades Experimentais de Física no Ensino Médio .......................................................................................................... 134 Cidadão 21 - Projeto institucional Ações de Cidadania......................................................... 101 Física do dia-a-dia .................................................................................................................. 136 Filosofia da Humanidade....................................................................................................... 103 Estudo de Astronomia no Ensino Médio............................................................................... 138 Educar para a Sustentabilidade................................................................................................. 105 História ...................................................................................................................................... 140 Gestão Ambiental.................................................................................................................. 106 Aprendendo, Ensinando, Semeando o Futuro ...................................................................... 110 Centro de Memória: A construção e (re) construção dos sonhos e dos valores ético-morais na trajetória de vida de ex-alunos e atuais docentes matriculados em 1950 e 2001 e as interfaces na trajetória de vida de ex-alunos atuantes no mercado de trabalho matriculado entre 2002 e 2008 na Etec Júlio de Mesquita em Santo André. ........................................... 141 Olhos D’Água ........................................................................................................................ 112 As Imagens sobre a África Hoje e o Ensino de História: Esquecimento e Dominação ......... 143 Desenvolvimento de Aulas Práticas de Química para o Ensino Médio................................. 114 Grupo de Estudos Históricos - GEH ....................................................................................... 145 5 6 Meio Ambiente e Sustentabilidade – Uma Aula Diferente ................................................... 108 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Reconstruindo o passado: “Calabar- O elogio a traição” ..................................................... 147 Projeto Padim Ciço ................................................................................................................ 149 Língua Portuguesa e Literatura ................................................................................................. 151 Álvares de Azevedo e o fascínio de suas narrativas de terror exercido sobre alunos do Ensino Médio. ................................................................................................................................... 152 Análise comparativa entre o livro Dom Casmurro (Machado de Assis) e o filme Dom, do diretor Moacyr Góes ............................................................................................................. 154 Sarau...................................................................................................................................... 156 SARAU: “Sensações poéticas” ............................................................................................... 158 Literatura e História: Os Movimentos sociais e a produção literária das três primeiras décadas do Século XX ............................................................................................................ 160 Café Literário ......................................................................................................................... 162 “Projeto Leitura e Literatura em Quatro Mãos.” .................................................................. 164 Literatura no Ensino Médio: entre a fruição e a produção ................................................... 166 Apresentação Nos dias 21 e 22 de julho de 2010, na Etec Vasco Antonio Venchiarutti, em Jundiaí, por iniciativa dos Professores Responsáveis por Disciplinas do Ensino Médio e com o incentivo e apoio do Coordenador de Ensino Médio e Técnico do Centro Paula Souza, realizou-se o 1º Simpósio do Ensino Médio: Reflexões e Práticas. O evento contou com a participação de 308 professores representantes de 112 Unidades da rede de ensino, o que evidenciou o alcance dos resultados propostos pela Equipe Organizadora, sua dedicação, durante dois anos, à formação de professores e – tão importante quanto isso – a resposta dos mesmos aos estímulos recebidos, participando como expositores, comunicadores, debatedores e de muitas outras formas. O evento se revestiu de grande importância, dentre os realizados nesta primeira década do século XXI, referentes à evolução da elaboração, implantação e solidificação da Proposta Pedagógica para o Ensino Médio do Centro Paula Souza. Tal proposta resultou da Reforma implantada pela Lei de Diretrizes e Bases de Educação Nº 9394/96, da publicação dos paradigmas estabelecidos pelas Diretrizes e pelos Parâmetros e Curriculares Nacionais do Ensino Médio, em 1999, e da política educacional do Centro Paula Souza, desenvolvida pela Coordenadoria do Ensino Médio e Técnico (CETEC) desde o início da década de 1990, culminando com os trabalhos realizados pelo Laboratório de Currículo do Ensino Médio. Esse e os outros Laboratórios de Currículo – para o ensino técnico e médio integrado ao técnico – tiveram como objetivo reunir diretores, coordenadores de curso ou de área e professores especialistas e implementar reflexões, discussões e ações orientadas para a adequação dos cursos oferecidos pelo Centro Paula Souza aos princípios da Reforma da Educação, focados no desenvolvimento de competências. A proposta curricular do Ensino Médio em vigor, apresentada e implantada em 2006, é obra desse trabalho coletivo, iniciado em 2001 por um grupo de quatro Professores Responsáveis por Projetos na Coordenadoria de Ensino Técnico (CETEC) e sete docentes representando seis das nossas escolas, o qual foi amadurecido, aprimorado e completado ao longo de três anos, por meio de cursos desenvolvidos pela CETEC e de experiências resultantes de mudanças na matriz curricular do curso. A primeira Matriz Curricular do Ensino Médio, depois da Reforma, foi implantada em 1998 e trouxe grande mudança ao introduzir, na Parte Diversidade, além o Inglês (obrigatória) as disciplinas Informática, Estatística, Leitura e Produção de Texto, Tecnologia e Meio Ambiente, Ética e Cidadania, Gestão e Qualidade – propostas para serem desenvolvidas de tal modo que problemas políticos, econômicos e socioculturais fossem abordados sob múltiplos olhares: da filosofia, sociologia, antropologia, economia, política, literatura, arte etc. Além dessas, compunham o novo currículo também outras, de áreas profissionalizantes relacionadas com habilitações oferecidas em cada escola. 7 8 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Em 1999 e 2000, a CETEC promoveu cursos para Diretores, Coordenadores de Área ou de Curso e Professores, durante os quais foram amplamente discutidos a Lei de Diretrizes e Bases, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), as experiências trazidas por palestrantes de fora, pelos participantes da CETEC e pelos representantes das Unidades Escolares. Os projetos das diferentes linhas serviriam como um meio de contextualizar e integrar conhecimentos desenvolvidos no currículo da Base Nacional Comum, orientando-os para serem aplicados: na observação atenta e sistemática do cotidiano, no diagnóstico de problemas, no levantamento de soluções, em intervenções na realidade, objetivando possibilitar aos alunos, aos professores e à escola oferecer produtos e/ou serviços à comunidade para a melhoria de sua qualidade de vida. Por meio de palestras, debates, relatos de experiências e pesquisas, conhecimentos foram desenvolvidos e compartilhados coletivamente, o que abriu caminho para uma nova mudança na matriz curricular, implantada em 2001 e em vigência até 2005. A criação das disciplinas-projeto foi uma iniciativa didático-política-pedagógica para orientar as escolas em um primeiro momento. Logo se percebeu que, em cada uma dessas linhas propostas, seria possível trabalhar com uma, duas ou mesmo com as três áreas de conhecimento do Ensino Médio e também com algumas áreas do Ensino Técnico, possibilitando uma interdisciplinaridade ainda mais ampla: entre cursos. Ao lado das disciplinas criadas para a parte diversificada da matriz de 1998, foram acrescentadas as disciplinas-projeto e dada autonomia para que as UEs selecionassem, entre umas e outras, aquelas que considerassem mais adequadas para a realidade do público alvo, a estrutura da escola, a comunidade escolar e a comunidade do entorno. As disciplinas-projeto foram sugeridas com foco em seis linhas de desenvolvimento, previstas de modo a contemplar as três Áreas de Conhecimento do Ensino Médio: 1) Ações de Cidadania; 2) Intervenções Ambientais; 3) Produções Culturais e Artísticas; 4) Organização e Gestão Empresarial; 5) Projetos Técnico-Científicos; 6) Serviços de Informação/Comunicação. O empenho da CETEC em estimular o desenvolvimento de Projetos em suas Escolas Técnicas já vinha desde o início da década de 1990 e vários projetos foram desenvolvidos, por sua iniciativa ou das próprias escolas, inclusive em parceria com a FAPESP, a VITAE ou outras Instituições de renome. A idéia foi de que a introdução das disciplinas-projeto possibilitaria a percepção de que trabalhar em educação significa trabalhar cotidianamente o projeto de educar, ou seja: que a prática de projetar e planejar, com base em objetivos a serem atingidos e metas a serem superadas, fosse aplicada durante todo o processo de ensino-aprendizagem, tanto para o desenvolvimento do aluno quanto do professor. Enfim, baseava-se na percepção de que a elaboração, organização, execução e controle de um curso dado pelo professor é um grande projeto a ser demorada e cuidadosamente planejado; cada aula desse curso também um projeto, porém menor mas que pode exigir muitas horas de planejamento e preparação (médio projeto); e cada atividade que compõe um aula, seja ela desenvolvida em classe ou a distância, é um micro-projeto que, embora possa ser desenvolvido em tempo reduzido, nem sempre pode ser planejado em poucas horas. Dessa forma, esperava-se que o projeto passasse a ser integrado à prática educativa durante todo o processo e não eventualmente, apenas como atividade extracurricular ou de caráter especial, como costumava acontecer até então. Daí a criação de disciplinas-projeto como componentes curriculares a serem trabalhados com todos os alunos da classe e durante o horário regular das aulas e a perspectiva de que, com o tempo, essa forma de trabalhar se incorporasse a todos os demais componentes. 9 Dessa forma, os projetos ofereceriam novas possibilidades de ações e produções que promovessem reflexos ou interviessem nas comunidades (escolares ou externas), com foco no desenvolvimento e preservação de valores éticos – pessoais e sociais. Além do preparo para a continuidade de estudos e para o mundo do trabalho, preparava-se o aluno para a vida no sentido mais amplo, ou seja, para o saber ser e saber conviver humanisticamente, foco esse que tem caracterizado a educação técnica e o ensino médio oferecidos pelo Centro Paula Souza desde muito tempo. No mesmo ano da implantação da nova organização curricular (2001), a CETEC promoveu dois cursos: Projetos de Trabalho: Instrumento de Desenvolvimento de Competências e de Intervenção na Realidade Social, para os professores, e Gestão de Currículo por Projetos: Elaboração, Acompanhamento e Avaliação, para os coordenadores de área – cada um deles com carga horária de 100 horas, sendo 30 presenciais, 50 não presenciais e 20 para elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso. Ambos foram oferecidos a representantes de todas as unidades de ensino. A partir de 2001, as Escolas Técnicas passaram a contar com três opções para desenvolverem a Parte Diversificada do Currículo: 1ª) trabalhar com as disciplinas propostas em 1998, que não tivessem vínculo exclusivo com alguma profissão (como Informática, Estatística, Ética e Cidadania, Tecnologia e Meio Ambiente, Leitura e Produção de Texto, Gestão de Qualidade); 2ª) inserir as disciplinas-projeto propostas nesse ano; 3ª) mesclarem as duas formas. De 2001 a 2005, a matriz curricular foi objeto de reflexão, discussão, estudos, pesquisas por parte de Professores Responsáveis por Projetos na CETEC e especialistas em disciplinas do Ensino Médio. Todo esse trabalho culminou com a elaboração de uma Proposta de Currículo para o Ensino Médio, que foi muito além da apresentação de uma matriz de disciplinas, ao propor princípios pedagógicos, metodologias de ensino-aprendizagem, perfis de competências por série e competências a serem trabalhadas no conjunto e em conjunto por todos os componentes curriculares. Embora fossem resguardadas as suas especificidades, ressaltava-se a possibilidade da interdisciplinaridade. Dessa forma, a proposta curricular de 2005, tal como foi elaborada, mostrou-se coerente com: 10 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio - os objetivos definidos pela LDB para o Ensino Médio: construção da identidade dos alunos; preparação para a vida; preparação para a continuidade dos estudos; preparação para o mundo do trabalho; exercício da cidadania ativa; docentes e discentes e como trabalhar as novas (“velhas”) disciplinas – Filosofia e Sociologia – além daquelas conhecidas como tradicionais, componentes das matrizes curriculares de “quase” todos os tempos; - os princípios pedagógicos da LDB, das Diretrizes Curriculares Nacionais e dos Parâmetros Curriculares Nacionais; - exercício da cidadania ativa, inclusão, exclusão e mudanças sociais; - os perfis de conclusão e as competências a serem desenvolvidas nas três séries do curso. Em 2005, a Proposta foi discutida com 87 Coordenadores de Ensino Médio, representando 81 Unidades Escolares, os quais se responsabilizaram pela capacitação de seus colegas coordenados, para implantação da mesma em suas respectivas UEs. Em 2006 ela foi implantada e permanece em vigor até hoje. Em 2008, a CETEC constituiu uma Equipe de dez professores – um de cada disciplina da Parte Comum e um de Inglês – os quais, sob orientação da então Coordenadora do Ensino Médio e por meio de reuniões semanais e atividades a distância, desenvolveram competências para assumirem a função de Professores Responsáveis por Disciplinas do Ensino Médio. Durante todo o ano de 2009 e primeiro semestre de 2010, essa equipe organizou cursos de formação para os professores das ETECs, propiciando, além de encontros por disciplina, sempre que possível e pertinente também encontros interdisciplinares e, várias vezes, até mesmo com foco na transdisciplinaridade. Finalmente, em julho de 2010, a organização e realização do 1º Simpósio do Ensino Médio: Reflexões e Práticas, pela Equipe de Professores Responsáveis por Disciplinas do Ensino Médio, propiciou aos participantes o compartilhamento de práticas de ensino-aprendizagem bem sucedidas, debates sobre metodologias de desenvolvimento de competências, relatos de experiências e de resultados do trabalho com projetos e atividades culturais diversas, o que, seguramente, contribuirá muito para o aprimoramento do trabalho dos docentes, para os bons resultados de desempenho dos alunos e para a formação de novas gerações verdadeiramente cidadãs. Durante esse evento, as atividades programadas contemplaram: todos os objetivos estabelecidos para o Ensino Médio, a aplicação das diretrizes e dos parâmetros curriculares nacionais e questões relativas ao desenvolvimento dos perfis de competências estabelecidos para as três séries do curso. - gestão escolar, democracia participativa, relação da escola com a comunidade e com organizações parceiras; - práticas pedagógicas bem sucedidas, metodologias de trabalho inovadoras, interdisciplinaridade, trabalho com projetos e projetos de trabalho. Ao todo, foram feitas 89 comunicações por professores, que representaram, em seu conjunto, 56 ETECs. Haveria evidência maior da qualidade já amplamente reconhecida do nosso Ensino Médio? O 1º Simpósio do Ensino Médio: Reflexões e Práticas, tanto pela sua concepção e realização pela Equipe de Responsáveis por Disciplina da CETEC quanto pela participação dos professores das ETECs, deve ser considerado um marco importante na evolução histórica da educação oferecida aos alunos do Ensino Médio pela rede do Centro Paula Souza. Agora é “arregaçar as mangas” e prepararmo-nos para o 2º Simpósio! E para o 3º, o 4º, o 5º... enfim, para o que der e vier, pois, pelo sucesso do primeiro, com certeza, sempre virá coisa muito boa. Parabéns aos responsáveis pela realização do 1º Simpósio. Parabéns aos professores que dele participaram. Todos contribuíram para o início de mais uma etapa importante para o desenvolvimento com qualidade do nosso Ensino Médio. Júlia Falivene Alves. Professora Responsável por Projetos CETEC Isso porque as palestras, as mesas, as comunicações dos profissionais do Ensino Médio do Centro Paula Souza, os mini-cursos e outras atividades trataram de questões fundamentais, como: - formação pessoal e formação profissional dos adolescentes e jovens: seus conflitos, dilemas, contradições, a construção de suas identidades sociais, seu encaminhamento para o mundo do trabalho etc; - adequação do currículo ao contexto contemporâneo, considerando os desafios propostos pela sociedade pós-industrial, as práticas pedagógicas para o desenvolvimento de competências, o impacto produzido pelo ENEM nas atividades 11 12 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio adaptar a mudanças contínuas são condições necessárias para atividades profissionais e para inúmeras outras práticas do cotidiano pessoal. Dessa forma, é preciso repensar a escola para suprir tal formação, assim como para desenvolver convívio solidário em oposição ao individualismo crescente. Ensino Médio - Novos Desafios na Sociedade Pós Industrial Luis Carlos de Menezes* Entre os desafios que se apresentam para a educação do país, em decorrência tanto de rápidas modificações sociais e econômicas quanto da evolução no acesso e na progressão escolar devem ser especialmente considerados os que envolvem o ensino médio, que é a etapa conclusiva da educação de base no Brasil. Ao completá-la, os jovens se defrontam com um mundo em rápida transformação o que torna mais complexa tanto a definição de encaminhamento profissional imediato, quanto a escolha de prosseguimento nos estudos. É preciso compreender as mudanças vividas pela escola e pela sociedade brasileira para uma melhor apreciação da situação do ensino médio. Ao lado da urbanização da população brasileira, a escolaridade básica foi ampliada na segunda metade século 20 de tal forma que, hoje, quase todas as crianças chegam à escola fundamental, tendo aumentado também a fração dos que chegam ao ensino médio e a proporção menor dos que alcançam o superior. Essa distribuição piramidal também corresponde a uma distribuição de competências: parte dos alunos é simplesmente alfabetizada, uma fração menor obtém melhor domínio de diferentes linguagens e alguma cultura geral, e um grupo bem menor alcança autonomia intelectual com capacidade de concepção, como mostram exames gerais que têm sido aplicados ao longo da última década. Essa pirâmide servia à estrutura produtiva dominante no século 20, em cuja base estavam inúmeros trabalhadores braçais no campo e na indústria, tendo logo acima os que ocupavam postos de controle desses trabalhadores, como capatazes e encarregados, seguidos dos quadros técnicos ou administrativos intermediários, e no topo estavam de concepção e coordenação da produção e dos serviços. Nas últimas três ou quatro décadas, as atividades braçais ou rotineiras passaram a ser feitas por autômatos e por sistemas informáticos, levando ao deslocamento de postos de trabalho do setor de produção para o setor de serviços e provocando o crescimento de atividades informais ou mesmo marginais. Nesse mesmo período se ampliou a globalização da produção e do comércio, o que também desarticulou a parte mais atrasada do sistema produtivo, que era mais intensa de mão de obra, pois menos mecanizada e informatizada, e contribuindo também para o crescimento da competição por oportunidades de trabalho na base social. Enfim, para o trabalho e para a vida social ativa nessa sociedade pós-industrial – também chamada de sociedade da informação – tornou-se necessário saber fazer o que máquinas e sistemas não fazem: o trabalho intelectual coletivo, o emprego de critérios éticos e estéticos, a utilização de diversos recursos de comunicação e informação; a capacidade de contínuo aprendizado. Por isso, o domínio de múltiplas linguagens, a capacidade para conceber, argumentar, julgar, propor, intervir e se * Físico e educador na Universidade de São Paulo 13 Mesmo considerando a ampliação de acesso ao ensino superior, parte do qual profissionalizante, ao menos nas próximas décadas, parcela significativa da juventude partirá diretamente do ensino médio para o mundo do trabalho e para a participação social autônoma. E lembrando que a rapidez das mudanças que não permite aos jovens esperar perspectivas de emprego bem estabelecidas, é também seria preciso capacitá-los para buscar rumos novos para si mesmo e para sua comunidade, em uma condição social e econômica cambiante. Também por isso, tanto quanto o desenvolvimento de qualidades culturais e técnicas, a educação deve promover o aperfeiçoamento dos valores humanos e das relações pessoais e comunitárias. O ritmo em que precisam ser estabelecidas essas mudanças na educação de base e em especial no ensino médio não permite que se possa esperar a preparação de uma nova geração de educadores, prontos para fazer face às transformações necessárias. Portanto, em pleno processo e numa ação coletiva, um novo programa orientará a escola para formar continuamente seus professores e estabelecer novos vínculos com seu entorno social, de forma a garantir um aprendizado dos alunos que os prepare para uma vida social e profissional ativa sem prejuízo de sua formação geral. Essa reorientação não pode se realizar unicamente em termos de conteúdos instrucionais, mas deve igualmente envolver procedimentos e métodos e também um novo relacionamento com a comunidade e com os sistemas de produção e de serviços. Novos conteúdos e procedimentos de instrução e formação Entre os conteúdos a serem revistos em cada uma das áreas de conhecimento e na articulação entre elas, alguns exemplos podem ser facilmente apresentados. Nas ciências humanas, por exemplo, a economia tem sido confinada a um dos aspectos da geografia humana, já que a história se concentra na história política, enquanto a sociologia, ainda incipiente e pouco representativa, tende a seguir rumo semelhante. Uma combinação dos temas dessas disciplinas poderia garantir uma compreensão da economia e de sua evolução. Nas ciências da natureza, os aspectos práticos e econômicos são ainda insuficientemente explorados e mais concentrados em aspectos da energética. Uma maior ênfase em materiais e processos de caráter físico, químico e biológico, tratados tanto de uma perspectiva disciplinar quanto interdisciplinar, pode re-equilibrar a presença de aspectos tecnológicos nessas ciências. Isso combinado com a rearticulação entre as disciplinas de humanas, por exemplo, com uma discussão das revoluções científicas nos séculos 18, 19 e 20 completaria permitiria aos jovens um melhor posicionamento pessoal numa sociedade em transformação. Nas linguagens e na matemática também tem sido insuficiente a presença da necessária formação prática que, aliás, proveria de mais contexto e interesse o 14 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio aprendizado. Chama a atenção a limitada participação no ensino da matemática de seu uso como linguagem para expressar processos naturais, sociais e técnicos, assim como escalas representativas. Raramente, por exemplo, funções exponenciais são associadas a processos em que o crescimento tem esse caráter, como a variação de populações humanas ou de microorganismos, a proporção de íons numa solução, a intensidade de ruídos ou terremotos, e correspondentemente não é mostrada a utilidade da função logarítmica, digamos, com o pH da química, os decibéis da acústica e a escala Richter de abalos sísmicos. ações mais coletivas e mais significativas. Um cenário imediato para atividades formativas dessa natureza, fundadas no trabalho, seria a própria escola, seus equipamentos como a secretaria, a portaria, a cozinha, o refeitório e demais serviços como contabilidade, segurança e limpeza. Em cada uma delas, profissionais responsáveis por esses setores, ao lado dos professores, orientariam a ação de alunos que seriam co-responsáveis por sua execução. Particularmente na gestão ou governo escolar, a participação estudantil deve ser colegiada e resultante de processos coletivos de tomada de posição e de atribuição compartilhada de responsabilidades. Nessas atividades, os métodos empregados não se separam dos fins a serem alcançados, pois elas envolvem a efetiva preparação para o convívio social e profissional. Da mesma forma, nos textos trabalhados em português e inglês, tem sido muito limitado o esforço de situá-los em contexto significativo e verossímil, seja pessoal, artístico ou comercial, por exemplo, na interpretação ou produção de uma mensagem afetiva, de um manual de equipamento técnico ou de um relatório coletivo de atividade de investigação social. Não se trata, evidentemente, de concentrar essas linguagens em qualquer pragmatismo tecnicista, e já vale acrescentar que, na escola, a concepção, a escrita e a apresentação, individual ou coletiva, de peças de teatro ou poemas é tão ou mais importante que a preparação de cartazes de divulgação de eventos ou de informações de interesse comunitário Tais mudanças no conteúdo de instrução não bastariam e nem se sustentariam sem mudanças correspondentes em procedimentos e métodos. Por exemplo, a preparação pelos alunos daquele relatório de investigação social perderia sentido se não fosse resultado de observação efetivamente realizada. Ou ainda se as linguagens aprendidas, como a escala logarítmica do pH, não fossem de fato decorrentes da determinação do caráter ácido ou alcalino de bebidas e outras soluções aquosas, ou na comparação de noticiários contando abalos 4 e 8 na escala Richter. Noutras palavras, o aprendizado participativo e investigativo contribuirá não somente para a motivação, mas especialmente para outra atitude na construção do conhecimento. Outras temáticas gerais poderiam envolver as relações socioambientais, de saúde a problemas urbanos, ou estar associadas a artes e esportes coletivos, assim como à construção de uma visão do macrocosmo e do microcosmo, sendo que a compreensão deste último tem resultado na base quântica da terceira revolução industrial. Tão ou mais central quanto o desenvolvimento dessas temáticas gerais, como já se disse, será a atitude de envolvimento participativo e inventivo de alunos e professores. Essa abordagem ao aprendizado não se estabeleceria somente em função dos conhecimentos a serem adquiridos nessas ações, mas igualmente em função de desenvolvimentos sócio-afetivos e ético-estéticos, ou seja, envolvendo valores e demais capacidades para a vida social e o trabalho. A escola e seu entorno social como espaço para aprender pelo trabalho De certa forma, tudo o que se disse acima pode ser desenvolvido nas aulas, no âmbito de cada disciplina ou área de conhecimento, mas seria preciso promover ações em um domínio mais amplo, que comportasse diagnósticos e projetos, que convidassem a 15 Ao lado do desenvolvimento, em aulas regulares, de conhecimentos disciplinares e competências gerais, a escola média que completa a educação básica e capacita para o trabalho deveria garantir a todos o que poderia se denominar “currículo de cidadania”, a ser cumprido no convívio escolar. A serviço de todos os demais alunos e coordenadas por grupos de alunos, preferencialmente no contra-turno do período de aulas que freqüentam, com apoio supervisão de professores e coordenadores pedagógicos da escola, as atividades desse “currículo” poderiam envolver, por exemplo, o desenvolvimento de: a) consciência da identidade civil, política ou fiscal de cada jovem cidadão, como a obtenção e a compreensão de sua documentação pessoal, RG, CPF, título de eleitor, certificado de reservista ou passaporte, com o entendimento da vida comunitária e política, compreensão dos poderes, leis e impostos, exercícios de debate de idéias e de participação política e oportunidades de serviço social voluntário; b) preparo prático para o uso dos meios de comunicação e informação contemporâneos, como os correios, a telefonia e o fax, os computadores pessoais, com seus sistemas editores, redes informáticas e de correio eletrônico, obtenção de endereço próprio nas diferentes modalidades; c) capacidade de se situar e de se locomover nas cidades e entre elas, utilizando mapas e guias, escolhendo trajetos mais convenientes, rápidos ou baratos, avaliando tempo e custo ao optar por diferentes meios de transporte, como ônibus, trens urbanos e interurbanos ou metrôs em algumas capitais, conhecendo regras e tendo orientação para obter se capacitar para conduzir veículos; s) instrução para cuidados com sua saúde e de seus familiares, com o conhecimento dos serviços públicos ou privados de acompanhamento, prevenção e tratamento, dos prazos e intervalos para exames de rotina, de acordo com a idade e condições, a exemplo da gravidez ou de problemas crônicos, com informações sobre custos e formas de se participar de sistemas de seguros ou planos de saúde; e) condução das finanças pessoais, sabendo organizar orçamento familiar, relacionarse com os sistemas bancário e financeiro, conhecendo formas e riscos na obtenção de créditos, por cartão, cheques especiais e outros meios, sabendo avaliar seus limites pessoais de endividamento, relacionando receita familiar e despesas fixas; 16 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio f) conhecimento de condições e acesso aos equipamentos culturais e desportivos da região, centros culturais, bibliotecas, museus, teatros, cinemas, parques e praças de esportes, treinamentos e campeonatos esportivos, cursos de música, teatro e artes plásticas, assim como horários, locais e custos de espetáculos; engajamento nessas atividades de parte do corpo docente, ou de todo ele, deveria ser regularmente remunerado, da mesma forma que as horas-aula, com a vantagem de ampliar a permanência do professor na escola, fazendo parte do seu processo de formação continuada e aprofundando sua identificação com o projeto pedagógico. g) condições para desenvolver bem estar emocional e afetivo, com oportunidades para partilhar experiências e problemas do convívio amistoso, familiar, amoroso ou sexual, com seus aspectos psicológicos, éticos e físicos, propiciando comportamento lúcido e solidário nos relacionamentos sociais e pessoais; Um compromisso de trabalho entre escola alunos e suas famílias h) compreensão do mundo do trabalho, com suas leis e sistemas, como o sindical, o previdenciário e o securitário, com o acesso a seus dispositivos e documentações, como carteira de trabalho, com conhecimento de direitos e deveres como férias regulares, licenças especiais, seguro-desemprego e aviso-prévio, anúncios de oportunidades de trabalho ou de estágio de treinamento. i) conhecimento sobre o mundo do empreendimento, das suas leis e formas operativas, dos procedimentos e da documentação para abrir e conduzir uma pequena empresa, da sua condução contábil, como livro-caixa, e fiscal, como o recolhimento de impostos, das obrigações sociais, trabalhistas e ambientais; j) acesso a programas de preparo para acesso ao ensino superior e ou profissional, com seus prazos e desafios, e informações sobre carreiras, com suas características, problemas e vantagens, contando com depoimentos de profissionais atuando em diferentes áreas. Atendendo a características de cada escola, cada uma dessas dimensões sugeridas seria sinalizada em um painel, com informações fixas e outras continuamente renovadas, sob responsabilidade de um grupo de alunos, com apoio da escola, com reuniões de pauta dos responsáveis e reuniões de esclarecimento dos interessados. Alguns aspectos poderiam contar com participação de professores, familiares de alunos e da comunidade extra-escolar. A condução e avaliação poderiam ser pessoais, por registros individuais em cadernos parcialmente pré-elaborados, que seriam analisados periodicamente pelos grupos responsáveis e registrados pela escola. Os outros cenários privilegiados para a formação pelo trabalho estarão localizados na região e no entrono comunitário da escola. Entre os espaços mais diretamente apropriados estão os equipamentos públicos, culturais e sociais da região, como câmaras, fóruns, centros culturais, clubes e associações de moradores, e até especialmente as empresas comerciais, culturais, industriais, agrícolas e de serviços que aceitarem participar e também se beneficiar do programas de cooperação formativa com as escolas. O relacionamento com essas instituições ou empresas pode envolver um conselho consultivo, no qual elas tenham participação, tanto para apresentar sua disponibilidade para receber estagiários ou apresentar palestras, como para sinalizar demandas de competências específicas que a escola, eventualmente, poderia enfatizar na formação geral ou em treinamentos especiais. Todas as dimensões da vida comunitária, da energia ao saneamento, dos trans portes á habitação, do nível de emprego ao IDH, seriam potenciais objetos de diagnósticos e projetos escolares. Vale lembrar que muitos aspectos daquele “currículo da cidadania” se beneficiariam bastante com esse recíproco envolvimento escola-comunidade. O 17 Certamente não se fará espontaneamente, sem um programa concertado, a transição para essa nova concepção de educação, a partir de uma escola que só se relacione com sua “clientela” como mera prestadora de serviços, que recebe e processa alunos sem maior envolvimento das famílias e sem nenhuma participação comunitária. A concepção no novo projeto pedagógico demandará um período de discussão e preparação, envolvendo todos os interessados, professores, alunos e familiares, sob coordenação da direção escolar e com o apoio da Secretaria de Educação. O convite para seminários que precedam uma espécie de congresso escolar poderia uma hipótese a ser considerada. Uma vez delineado o projeto pedagógico, o momento mais importante será o início do novo ano letivo, em que haveria, pelo menos, uma semana de trabalho de recepção. Nesse período, seria feito o estabelecimento de metas formativas anuais, semestrais e bimestrais, a partilha de responsabilidades, assim como a definição de regras de convívio, de instâncias de decisão e de resolução de eventuais contradições ou conflitos de interesses. Essa é uma proposta, entre outras possíveis, para se enfrentar o grande desafio de se transformar a escola de nível médio na etapa efetivamente conclusiva da educação de base, que prepare os jovens para a vida social e para o trabalho. Colocá-la em prática não seria coisa fácil, já que implicaria uma convergência de vontades e um compromisso coletivo de trabalho. Há mais de uma iniciativa, atualmente, de se repensar o ensino médio, a exemplo de propostas oficiais, como as denominadas de Ensino Médio Inovador e Ensino Médio Integrado, além de uma atualmente sendo elaborada por iniciativa da UNESCO, cuja ênfase é também a educação pelo trabalho. Todas são formas de tentar superar a grave crise de sentido e identidade do atual ensino médio. É bom encontrar a que mais se preste a cada situação para se engajar ou para adaptar à situação vivida, o que não vale a pena é postergar. 18 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio observados por meio de relações de causa e efeito. Já as artes produzem perceptos e afectos, que seriam formas de compreensão do mundo em uma perspectiva estética. As filosofias por sua vez produzem conceitos, que são uma forma racional de equacionamento dos problemas vividos no mundo. Filosofia e Transversalidade Renata Lima Aspis1 Recentemente a filosofia reconquistou um lugar garantido dentro da escola como uma disciplina obrigatória para alunos do Ensino Médio. Essa obrigatoriedade assegurada pela lei federal nos leva à certeza de que a filosofia é considerada importante dentro da escola como capaz de colaborar com a formação dos jovens. Sendo assim podemos perguntar: para quê ensinar filosofia no Ensino Médio? Qual a contribuição específica da filosofia enquanto disciplina educativa? Há uma ideia geral de que o ensino da filosofia seja importante porque a filosofia é crítica e reflexiva. Ora, afirmamos aqui que não é só a filosofia que é crítica e reflexiva. As artes podem ser críticas, as ciências podem ser reflexivas, por exemplo. Não é a crítica que caracteriza as filosofias, embora elas possam ser também críticas. O que caracteriza as filosofias é que elas são criadoras, elas criam conceitos e só elas fazem isso. Deleuze e Guattari afirmam que “(...) Criticar é somente constatar que um conceito se esvanece, perde seus componentes ou adquire outros novos que o transformam, quando é mergulhado em um novo meio. Mas aqueles que criticam sem criar, aqueles que se contentam em defender o que se esvaneceu sem saber dar-lhe forças para retornar à vida, eles são a chaga da filosofia. São animados pelo ressentimento, todos esses discutidores, esses comunicadores. Eles não falam senão deles mesmos, confrontando generalidades vazias. A filosofia tem horror a discussões. Ela tem mais que fazer.” (DELEUZE e GUATTARI, 2000:42) Ora, e o que mais a filosofia tem de fazer? Criar. Criar o homem e o mundo de forma a estarem sempre vivos. Entendemos pensamento crítico como pensamento criterioso, responsável, capaz de análise e síntese rigorosas, pensamento livre, devedor somente à sua intenção de profundidade, abrangência e clareza. Mesmo tomando a crítica assim, filosofia não é só isso. A tarefa de criticar é apenas uma parte da coisa toda. A filosofia é, para ser filosofia, criação. A crítica é desejável e necessária. Mas a filosofia é criadora e recriadora constante de si mesma, do mundo e do homem. As filosofias são desestabilizadoras da ordem normal, pois recriam e fazem os homens lembrar-se de si como buscadores de compreensão do mundo por meio de questionamento e criação de conceitos. Segundo o que os filósofos franceses contemporâneos Gilles Deleuze e Félix Guattari desenvolveram em O que é a filosofia? (DELEUZE/GUATTARI, 2000), as ciências, na sua relação com o mundo, produzem funções, que organizam os fatos 1 Grupo Diferenças e Subjetividades em Educação – F.E.UNICAMP – São Paulo – Brasil, Bolsista FAPESP, [email protected] 19 Seguindo o que propuseram Deleuze e Guattari, podemos afirmar que artes, ciências e filosofias sendo distintas formas de abordagem e criação do mundo, são, portanto complementares. Uma forma não pode substituir as outras, assim como cada homem não pode prescindir delas todas para não correr o risco de ficar restrito a uma única forma de ver o construir o mundo. Por esse motivo é que acreditamos que seja essencial a presença das filosofias na formação dos jovens na escola. Minimamente as artes já estão lá, as ciências estão lá. Para completar as possibilidades de disciplinas no pensamento dos jovens estudantes temos que defender que também com as filosofias eles tenham experiência. Segundo o filósofo contemporâneo Tassin: “(...) o ensino filosófico não se contenta em desempenhar um papel no conjunto da função docente, mas que se confunde com a própria função. ‘Sem sua presença os adolescentes ficam privados, não de um elemento de cultura que um outro poderia , a rigor, substituir: ficam privados daquilo que transforma todo e qualquer ensino em educação.’ (1019). A filosofia, a formalização racional do pensamento confere-lhe o valor formador, o qual ultrapassa o simples exercício rigoroso do pensamento ou do julgamento, posto que opera a síntese conceitual da cultura, dando-lhe sentido e sendo, para determinada época, a sua verdade. Ao abolir, como fazia a problemática hegeliana, a estéril oposição entre instrução e educação, o ensino filosófico torna-se o princípio de toda formação.” (TASSIN, 1986:149)2 Não ensinamos filosofia para determinar a direção da formação de um ser humano jovem, mas, ao contrário, para permitir-lhe a liberdade de poder construir-se a si mesmo por si mesmo. Filosofias não são respostas a nada e tampouco fôrma ou projeto de homem. São as filosofias que propõem, em cada tempo, o que é certo ou errado, o que é justo, o que é tolerável, o que são os homens, o mundo. O sentido de colocar a filosofia na escola, portanto é o de proporcionar aos jovens a experiência filosófica, a experiência de ensaiar a criação de conceitos para criar equações próprias para os problemas humanos. A lei que garante hoje a obrigatoriedade da filosofia na escola não diz o que entende por filosofia e nem como deve ser esse ensino. Antes disso, na década dos anos 90 a Lei de Diretrizes e Bases da Educação afirmava que o estudante deveria dominar “os conhecimentos de filosofia necessários ao exercício da cidadania”. Ora, aqui tampouco fica claro o que seria a filosofia na escola. Quais são os conhecimentos necessários 2“ (...) l’enseignement philosophique ne se contente pas de jouer un rôle dans l’ensemble de la fonction enseignante, mais qu’il se confond avec cette fonction. ‘ Sans lui, les adolescents sont privés non d’un élément de culture qu’un autre pourrait à la rigueur remplacer: ils sont privés de ce qui transforme tout enseignement en éducation’ (1019). La mise en forme rationnelle de la pensée confère à la philosophie sa valeur formatrice qui excède le simple exercice rigoureux de la pensée au du jugement, puisqu’elle opère une synthèse conceptuelle de la culture qui lui donne un sens et qui, pour une époque, en est la vérité. Abolissant, comme le faisait la problématique hégélienne, la stérile opposition entre instruction et éducation, l’enseignement philosophique est le principe de toute formation.” 20 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio para o exercício da cidadania? O que é cidadania? O que é ser necessário? Qual a relação entre ter conhecimentos e exercitá-los? Essas e tantas outras perguntas podemos fazer. A afirmação da importância da filosofia na formação dos jovens aliada à total imprecisão do seu o quê e como, deu ensejo a muitas distintas interpretações e práticas da filosofia na escola desde lá até os dias atuais. vão se ramificando cada vez mais, mas que não tem ligação entre si a não ser pela mútua origem no tronco. Somada à referida imprecisão, temos um agravante para o ensino de filosofia na forma que acreditamos, a transversal. Vejamos isso: vivemos na escola uma organização do ensino do conhecimento humano de forma compartimentalizada. A organização curricular das disciplinas coloca-as como realidades estanques, sem interconexão. Uma visão ampla e relacional da realidade fica interditada pela forma como organizamos o ensino dos saberes humanos em disciplinas independentes. A tarefa – ingrata, porque impossível- dada à filosofia de fazer a conexão entre as diversas disciplinas pelo viés da cidadania é uma das formas encontradas e tentadas por muitas escolas para sanar esse problema da não interrelação entre os saberes e da não-relação desses com a vida dos jovens. A idéia da filosofia como “tema transversal”, também é uma dessas tentativas, porém, por princípio, impossível de realizar. Por quê? Porque a filosofia não é um tema, a filosofia é a atividade de criação de conceitos. Porque os professores das outras disciplinas das ciências e das artes não têm condições de, além de ensinar os conteúdos específicos de suas disciplinas, tratarem temas filosóficos em suas aulas. O que seria isso? Não seria pedir demais? Não parece injusto deixar sob a responsabilidade de professores, eles mesmos com sua formação tão especializada, a tarefa de tornar o aprendizado dos alunos nãofragmentado, a despeito a estrutura totalmente compartimentada do currículo por disciplinas? Não soa irreal estruturar a escola a partir de disciplinas independentes entre si, levadas por professores formados nesse mesmo contexto de especialização e pedir que eles – por meio da “visão totalizante” da filosofia – tornem esses diversos e separados saberes uma única coisa? Analisemos historicamente essa situação. Na atividade de interpretação da realidade, através dos tempos, depois da fala, com a invenção da escrita, os homens criaram essa enorme quantidade de conhecimento que temos hoje. Essa atividade de criação de conhecimento estava inicialmente circunscrita ao campo da filosofia, e foi crescendo e ramificando-se, dando origem a novos campos de conhecimento com distintos métodos e objetos. Essa especialização deu-se através de uma disciplinarização, ou seja, da delimitação de campos específicos para cada forma de abordar um determinado aspecto da realidade, cada um deles constituindo-se numa disciplina específica e independente. A racionalidade operativa analítica que suscita o surgimento da ciência moderna é o contexto dessa disciplinarização. Essa compartimentalização do saber humano por um lado proporciona um maior conhecimento de cada parte na especialização, porém bloqueia a conexão natural entre as diversas partes. Tradicionalmente se entendeu o conhecimento humano metaforicamente como uma árvore. A partir de raízes extensas e firmes representando as premissas verdadeiras, se ergueria o tronco, que é a filosofia - já que originalmente reunia em seu seio a totalidade do conhecimento, e a partir da qual se desenvolvem diversos galhos que 21 Ora, podemos perguntar: seria mesmo assim que se geram os conhecimentos? Seria mesmo assim que se dá a realidade ou seria essa uma forma de representar os conhecimentos e hierarquizá-los e classificá-los, organizando-os de forma a poder controlá-los? Não será esse modelo da árvore uma fôrma inventada posteriormente à invenção dos saberes e colocada sobreposta a eles, como forma de abarcá-los classificando e hierarquizando para facilitar o acesso a eles, para dominá-los e até mesmo tornar possível a determinação da estrutura de criação de novos saberes? Não poderíamos supor que o pensamento pode ser muito mais caótico, mais imprevisível, mais sensível e intuitivo, muito mais caótico do que esse modelo da árvore? Deleuze e Guattari em Mil Platôs, capitalismo e esquizofrenia, vão propor, para subverter a imagem do pensamento como árvore, o rizoma. Grama é rizoma, por exemplo. Crescem na superfície, para os lados, não há hierarquia, não há o que está mais ao alto, como mais importante. São “desorganizadas” as imprevisíveis conexões entre as partes, são múltiplas e heterogêneas as imediatas conexões entre as partes. Múltiplas possibilidades de criação de conexões entre heterogeneidades, no mesmo plano. Prestemos atenção nisso: a defesa de um paradigma rizomático para o funcionamento do pensamento na criação de conhecimento leva a uma brusca mudança no entendimento das relações intrínsecas entre as diversas áreas do saber, ali representadas pelas inúmeras e poliformes linhas do rizoma, que, de forma insuspeitada, se entrelaçam formando um conjunto complexo no qual os elementos se remetem necessariamente uns aos outros e mesmo para fora do próprio conjunto, tornando impossível reduzir tudo a uma unidade. Não há uma só possível maneira de pensar. Não há só um único mundo possível. E são as filosofias que podem descobrir isso, descortinar, desmascarar. O rizoma abre para a perspectiva de possibilidades de conexões inimagináveis na árvore. O paradigma rizomático rompe com a hierarquização, descarta as prioridades na circulação, descarta as importâncias preestabelecidas entre os saberes e seus passos e isso pede uma nova forma de trânsito possível entre suas infinitas possibilidades. A essa outra forma de circulação entre os pensamentos e entre os conhecimentos podemos dar o nome de TRANSVERSALIDADE. A despeito das horizontalidades e verticalidades temos agora a permissão de pensar em trânsito criativo transversal no pensamento, e transversal aqui não é nem uma direção preestabelecida, todo e qualquer atalho é um caminho possível, não há a estrada principal. Portanto, defender que a filosofia seja a atividade de criação de conceitos é propriamente afirmar que a filosofia tem como característica intrínseca a transversalidade. Pois, ainda conforme Deleuze e Guattari, o conceito não é paradigmático, não é um modelo, não é uma fôrma, mas sim é sintagmático, ou seja, está em composição, em combinação. O conceito não é transcendental e abstrato, não se refere a uma realidade que está além dos próprios problemas vividos, da busca de 22 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio criar uma equação para eles, o conceito é, portanto, imanente. Não é projetivo, mas conectivo, não é hierárquico, mas vicinal. DELEUZE G. Conversações. Rio de Janeiro: Ed.34, 1992 Para a educação, supormos o pensamento e os conhecimentos humanos como rizoma tem implicações profundas. ------------------------------------- Mil Platôs; capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1997 Cito Silvio Gallo: FAVARETTO, C. F. Notas sobre o ensino da filosofia in Muchail, ST(org.) A filosofia e seu ensino. Petrópolis: Vozes/ São Paulo: Educ “A transversalidade rizomática (...) aponta para o reconhecimento da pulverização, da multiplicização, para o respeito às diferenças, construindo possíveis trânsitos pela multiplicidade dos saberes, sem procurar integrá-los artificialmente, mas estabelecendo policompreensões infinitas” (GALLO, ufrrj: 11) Como seria a escola se aplicássemos o paradigma do rizoma na organização curricular? Ao invés do acesso do tipo pastas de arquivo separadas e estanques ao conhecimento, um acesso transversal que elevaria ao infinito as possibilidades de conexões entre os conhecimentos. O fim da compartimentalização dos saberes significa o reconhecimento da multiplicidade de cada um deles assim como significa tornar possível toda e qualquer conexão e trânsito entre eles. Como seria uma escola assim? Há muito que se sonhar sobre isso. Permitir a cada aluno um acesso próprio aos diversos conhecimentos, entrando por onde tivesse mais interesse e permitir que seguisse por onde esse interesse e as construções a partir dele possibilitassem é a proposta do fim da escola como a praticamos hoje, mas com certeza seria uma escola mais condizente com as exigências do dias atuais. Dias de redes. A web é ima imensa “rede”, é um rizoma. DELEUZE G. e GUATTARI F. O Que é a Filosofia?. Rio de Janeiro: Ed.34, 3a ed., 2000 GALLO S. [a] O ensino de filosofia no contexto de uma “educação menor” in ROLLA A.B.M. e NETO A.S. e QUEIROZ I. P. (org) Filosofia e Ensino: possibilidades e desafios Ijuí: UNIJUÍ, 2003 ___________ [b] Deleuze e a educação. Belo Horizonte: Autêntica editora, 2003 GALLO S. e CORNELLI G. e DANELON M. (org.). Filosofia do ensino de filosofia. Petrópolis: Editora Vozes, 2003 LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999 OBIOLS G. Uma introdução ao ensino da filosofia. Ijuí: Editora Unijuí, 2002 RANCIÈRE J. O Mestre Ignorante, cinco lições sobre a emancipação intelectual .Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2002 SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Educação. Coordenadoria de Normas e Estudos Pedagógicos. Proposta curricular para o ensino de filosofia no 2o grau. 2a versão preliminar. São Paulo, SE/CENP, 1992 TASSIN É. La “valeur formatrice” de la philosophie in: DERRIDA J. et alii. La grève des philosophes. Paris: Éditions Osiris, 1986. Cito Pierre Lévy: “Na web, tudo se encontra no mesmo plano. E, no entanto tudo é diferenciado. Não há hierarquia absoluta, mas cada site é um agente de seleção, de bifurcação, ou de hierarquização parcial. Longe de ser uma massa amorfa, a web articula uma multiplicidade aberta de pontos de vista, mas essa articulação é feita transversalmente, em rizoma, sem o ponto de vista de Deus, sem uma unificação sobrejacente.” (LÉVY, 1999:170) SITES: GALLO, Silvio. Conhecimento, transversalidade e currículo. http://www.ia.ufrrj.br/ppgea/conteudo/T2-4SF/Akiko/13-Transversalidade.doc Em tempos de realidade virtual, em tempos de capitalismo em rede, em tempos de pós -divisão política bipolar, parece bastante animador pensar a estrutura de uma escola rizomática, consonante com esses tempos. Fica aqui o convite de sonhar com essa escola. Fica aqui o convite de um sonho que já pode ser uma prática de cada um, cada um como um rizoma, que sem esperar decisões dos poderes centrais da hierarquia verticalizada, rizomeie. A partir de já, rizomear a escola! Como? Criemos. Temos de inventar. Temos de inventar o mundo, inventar as infinitas conexões possíveis, inventar esses possíveis. Na ação. BIBLIOGRAFIA CERLETTI A.A. e KOHAN W.O. A filosofia no ensino médio: caminhos para pensar seu sentido. Brasília: UNB, 1999 23 24 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Imagem corporal e sua relação na construção da identidade do Adolescente Maria Aparecida Conti A adolescência refere-se a um período de vida do indivíduo, entre a infância e a idade adulta. Dentre os critérios usados para sua definição, o cronológico é o mais aceito e aplicado. Para a Organização Mundial as Saúde (WHO, 1995) a adolescência pode ser dividida em três estágios de desenvolvimento baseada nas mudanças físicas, psicológicas e sociais, a saber: adolescência inicial – 10/13 - 14/15 anos; adolescência intermediária – 14/15 – 17 anos e adolescência final – 17 -21 anos. A população mundial de adolescentes representa 19% da população total (WHO, 2003). Já no Brasil tem-se 20,8% de jovens nestas faixas etárias e para o Estado de São Paulo este valor é de 17,7% (IBGE, 2004; Fundação Seade, 2004). Esta fase caracteriza-se como um período particular da vida, devido às intensas mudanças. Em relação ao aspecto físico, o adolescente ganha 50% do seu peso de adulto, mais que 20% de sua altura e 50% da massa óssea de adulto (WHO, 2003). Em relação aos demais aspectos é esperado, igualmente, neste período, todo amadurecimento psicossocial do indivíduo (Pfromm Neto, 1976). Desta forma, a adolescência representa um momento crucial do desenvolvimento do indivíduo, aquele que marca não só a aquisição da imagem corporal definitiva, como também, a estruturação final de sua personalidade (Osório, 1992). A imagem corporal pode ser entendida pela imagem do corpo formada na mente do indivíduo, ou seja, o modo como o corpo apresenta-se para o indivíduo, envolvido pelas sensações e experiências imediatas (Schilder, 1981). Para Cash & Pruzinsky (2005) é impossível falar de uma única “imagem corporal” em função de sua complexidade. Conceituam-na como um constructo multidimensional, envolvendo no mínimo duas modalidades independentes: a perceptiva, relacionada à estimação do tamanho corporal e a atitudinal, relacionada ao afeto e cognição. Interessante observar na cultura contemporânea brasileira o quanto nosso jovem está cada vez mais insatisfeito com seu corpo (Conti, Frutuoso, Gambardella, 2005; Pinheiro & Giugliani, 2006). Este fenômeno vem sendo pontuado em outras realidades sócioculturais. Levine & Smolak (2004) inferem que nos países desenvolvidos, aproximadamente de 40-70% das meninas estão insatisfeitas com seus corpos, com mais de 50% destas aspirando a magreza. Para os meninos não há dados tão precisos, mas sabe-se da existência da insatisfação, no entanto, as aspirações dividem-se entre o emagrecimento e o aumento da massa muscular (McCabe & Ricciardelli, 2004; McCabe, Ricciardelli & Holt, 2005 ). Svedjehall, 2000). A tendência atual é atribuir a este jovem a responsabilidade pela plasticidade do seu corpo (Villaça & Goes, 1998), induzindo-o à prática de mudança corporal, persuadido-a assim a alcançar uma suposta aparência desejável. Vale destacar o crescimento significativo na última década do número de intervenções em cirurgias plásticas, como lipoaspiração e colocação de prótese de silicone, com um crescimento anual de 8 a 10% até o ano de 2004 (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, 2004). O Brasil representa o segundo mercado, em nível mundial, perdendo apenas para os Estados Unidos. O estado de São Paulo concentra 34,4% das intervenções cirúrgicas em relação ao território nacional, com os jovens representando 14% deste público (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, 2004). Além do modelo cultural dominante de corpo ideal, descrito anteriormente, alguns fatores influenciam e podem determinar a qualidade da relação do adolescente com a sua imagem corporal. Podemos citar três de maior destaque: a mídia, o tipo de relação estabelecida pelo jovem com os membros de sua família e a interferência do grupo de amigos. A mídia televisiva e escrita atinge, indiscriminadamente, grande parte da população. Para Serra & Santos (2003), seu poder caracteriza-se como forma de produzir sentidos, projetando-os e legitimando-os, dando visibilidade aos fenômenos escolhidos por seus profissionais, no caso, os repórteres e os profissionais de marketing. Pesquisas com jovens norte-americanas confirmam estas idéias. Sherwood & Neumark-Sztainer (2001) constataram que 75% das meninas pesquisadas revelaram consciência da interferência da mídia na imagem pessoal reportando que anúncios influenciavam pensamentos e comportamentos. Polce-Lynch, Myers, Kliewer & Kilmartin (2001) registraram que para as meninas, a influência da mídia aparece como meio de pressão para o ideal de corpo e aparência. O ponto seguinte refere-se à qualidade da relação vivida pelo jovem em seu núcleo familiar. Jovem que se percebe vivendo uma relação familiar positiva tende a apresentar-se mais protegidos quanto ao desenvolvimento de insatisfações corporais. Archibald, Graber & Brooks-Gunn (1999) constataram que relacionamentos frios e conflituosos são preditores de alterações comportamentais no que se refere à percepção corporal e inversamente, relacionamentos familiares saudáveis estão associados a um padrão de desenvolvimento mais positivo de imagem corporal. Byely, Archibald, Graber & Brooks-Gunn (2000), em estudo longitudinal com jovens norteamericanos, constataram que quanto mais negativa a percepção do jovem acerca do relacionamento familiar, mais comprometida sua percepção da imagem corporal. Referiram, também, que as atitudes maternas e suas percepções em relação ao peso e aparência das filhas exerciam uma pressão direta na imagem corporal destas jovens, sugerindo que fatores familiares influenciam e afetam a consolidação de problemas na adolescência e pré-adolescência. Neste cenário alguns dados merecem a nossa atenção. O enfoque dado pela sociedade contemporânea ao padrão feminino corporal refere-se à magreza, transformando o corpo em um objeto de manipulação e projeção de desejos e, para meninos, em contraponto, os apelos induzem ao tamanho e força corporais (Bergstrom, Stenlund & A interferência dos grupos de amigos constitui outro fator determinante na forma como o jovem se relaciona com sua imagem corporal. Dunkley, Wertheim & Paxton (2001) registraram como de maior interferência, o grupo de amigos, em especial na pressão de ser magra para meninas com sobrepeso e obesidade. Também citaram que a influência de outros fatores, como família, amigos e mídia, conjuntamente, agem 25 26 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio mais positivamente que quando isolados. O’Koon (1997) refere, igualmente, a influência de amigos na relação do adolescente, tanto para meninos quanto meninas, com sua imagem corporal. Dunkley, T.L., Wertheim, E.H., Paxton, S. (2001). Examination of a model of multiple sociocultural influences on adolescent girl’s body dissatisfaction and dietary restraint. Adolescence, 36(142):265-279. Tendo como referencia que a imagem corporal na adolescência é intensamente influenciada por modelos sócio-culturais e padrão ideal corporal é possível prevenir, ou ao menos diminuir a vivencia negativa da imagem corporal deste jovem (Levine & Smolak, 2005), reduzindo assim os impactos afetivos e sociais. Neste sentido são necessários programas educacionais de intervenção, abordando os conhecimentos relativos aos determinantes culturais, bem como em relação às atitudes e comportamentos alimentares saudáveis. Freitas, S., Gorenstein, C. & Appolinario, J.C. (2002). Instrumentos para avaliação dos transtornos alimentares. Revista Brasileira de Psiquiatria, 24 (Supl III):34-8. Referências: Archibald, A.B., Graber, J.A. & Brooks-Gunn J. (1999). Association among parentadolescent relationship, pubertal growth, dieting, and body image in young adolescent girls: a short-term longitudinal study. Journal of Research on Adolescence, 9(4):395415. Assunção, S.S.M. (2002). Dismorfia muscular. Revista Brasileira de Psiquiatria, 24(Supl III):80-84. Barros, D.D. (2005). Imagem corporal: a descoberta de si mesmo. História, Ciência, Saúde, 12(2):547-554 Fundação SEADE. Produtos: Análise Demográfica – 2002. 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(2003). Controling the global obesity epidemic. Genova: WHO. Estratégias de resolução de conflitos na adolescência Vanessa Fagionatto Vicentin3 As pessoas adotam diferentes formas de enfrentar um conflito interpessoal. Estudiosos da área apontam três principais estilos de resolução de conflito: agressivo, submisso e assertivo. O estilo de solução agressivo inclui estratégias de coerção para o enfrentamento do conflito, enquanto o estilo submisso caracteriza-se pelo não enfrentamento da situação. Apenas o estilo assertivo envolve comportamento explícito de defesa, sem utilizar estratégias coercitivas. Apresentaremos um estudo que teve como objetivo verificar os estilos de resolução de conflito de 84 adolescentes, estudantes de uma escola pública. Intencionamos também comparar a expressão de sentimentos dos participantes e as estratégias de solução de conflito indicadas por eles. Os adolescentes apresentaram predominantemente respostas submissas, seguidas de respostas agressivas. Grande parte dos participantes não se pronunciou com relação aos sentimentos provocados pelas situações descritas pelo questionário, seguida dos que expressaram sentimentos negativos ou pouco definidos. Com relação à expressão de sentimentos, muitos conflitos apresentaram associações positivamente significativas entre as respostas agressivas e ausência de manifestação sobre o afeto despertado pela situação. Pretendemos também neste momento refletir sobre o papel dos conflitos interpessoais no âmbito escolar em uma visão construtivista e as atuações dos educadores que favorecem a formação de pessoas autônomas. Para tal, vemos como necessária a atuação imediata dos educadores frente a situações de conflitos entre os alunos e focada nos envolvidos no desacordo. Também sustentamos a necessidade de ações planejadas com todo o grupo de alunos, a fim de favorecer a construção de recursos cognitivos e afetivos necessários para uma solução mais justa e harmônica. Introdução Um relatório realizado pelo IBGE diz que a população brasileira saiu mais violenta dos anos 90 do que entrou (WAISELFISZ 2002). De acordo com o IBGE entre 92 e 99 a média nacional de mortalidade por homicídios aumentou em 37% visto que neste período não houve redução de homicídios em nenhum ano. Já as taxas de homicídio juvenil aumentaram 77% nos anos de 1991 a 2000 entre jovens de 15 a 24 anos. Abramovay e Rua (2004) apresentam estudos sobre a violência nas escolas das principais capitais brasileiras. Constataram que de 21 a 40% dos estudantes afirmam ter conhecimento de situações de ameaça contra pais, equipe técnica, alunos e 3 29 Universidade de Franca, [email protected] 30 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio funcionários. Neste mesmo estudo, 1/5 das pessoas entrevistadas disseram ter conhecimento sobre pessoas que foram agredidas ou espancadas no âmbito escolar. quando aquele que foi agredido estiver numa posição de autoridade, ou mesmo de igualdade, mas buscando sentir-se mais forte, tenderá a utilizar estratégias agressivas. Violência, agressividade, maus-tratos, desrespeito, intimidação e ameaças, são situações que envolvem cada vez mais os adolescentes em cenas cotidianas. Algumas situações que incluem danos de diferentes áreas, como a moral, física ou ao patrimônio, deixam a população indignada e confusa, por envolver pessoas cada vez mais jovens e com estrutura familiar e social que não justificam suas ações. Esta tendência a resolver conflitos interpessoais é uma das possibilidades para aqueles que não sabem ou não querem resolver os desacordos interpessoais de forma mais justa e equilibrada. Outros estudiosos relacionam o comportamento agressivo à dimensão moral. Uma pesquisa realizada por Astor (1994) teve como objetivo investigar o raciocínio moral de crianças consideradas agressivas e 54 consideradas não agressivas em situações que incluíam agressão física na família e entre pares. Constatou-se que ambos os grupos identificavam e condenavam atos de violência quando não ocorria provocação, porém grande parte do grupo considerado agressivo aprovava tais atos na ocasião de provocação, considerando a reação como defesa. Tognetta (2005), ao discutir esse estudo, afirma que nesse caso as crianças não diferem na forma como julgam as situações agressivas, mas sim a legitimidade do emprego da agressividade. Deluty (1979) considera que existem três tipos de tendências ou estratégias de resolução de conflitos interpessoais: agressivo, submisso e assertivo. O comportamento agressivo caracteriza-se pelo enfrentamento da situação de conflito interpessoal, apelando para formas de coerção, como violência ou desrespeito ao direito e à opinião alheia. O comportamento assertivo também envolve enfrentamento da situação de conflito, porém sem qualquer tipo de coerção. Envolve comportamentos explícitos de defesa dos próprios direitos, mas levando em conta os sentimentos e direitos dos outros (DELUTY, 1981). Logo o comportamento submisso caracteriza-se pelo não enfrentamento de uma situação, por meio de fuga ou esquiva, e considera os direitos e sentimentos dos outros em detrimento dos próprios. Parece óbvio que a forma assertiva de resolver desacordos interpessoais é a mais apropriada já que, envolve o menor dano possível a todos os envolvidos. Na base do conceito de assertividade encontra-se a noção de igualdade de direitos e deveres, de legitimidade dos comportamentos voltados para reivindicação e defesa desses direitos, de respeito e dignidade da pessoa humana. Contudo, reivindicar e defender os próprios direitos, típico da estratégia assertiva de solução de conflitos, não significa deixar de ponderar sobre os sentimentos e motivos dos outros envolvidos no conflito. Leme (2004a) alerta para o fato de que os conflitos interpessoais são situações que mobilizam conjuntamente recursos cognitivos e afetivos. Entende-se que seja possível que a pessoa tenha condições cognitivas para resolver um conflito de forma pacífica, mas não o faz em função de dificuldades afetivas. Sastre e Moreno (2002) concordam com essa colocação ao afirmar que a razão e a emoção são as bases em que nos apoiamos para compartilhar relações pessoais equilibradas e satisfatórias. Diante de tais considerações, quais as motivações para que as pessoas adotem diferentes estratégias de resolução de conflitos interpessoais? Reppord, Pacheco e Hutz (2005) afirmam que os pais ao agirem de forma agressiva para modificar as condutas indesejadas dos filhos estariam inadvertidamente apresentando um protótipo de comportamento que demonstra aos filhos a efetividade dos atos agressivos na obtenção de resultados desejados. Ou seja, a agressividade, que é uma conduta coercitiva, realmente costuma produzir resultados no controle do comportamento do filho, já que a agressão por parte dos pais gera medo nos filhos por advir da autoridade do mais forte, daquele do qual a criança depende. No entanto, 31 Concluímos a partir desse estudo que, em muitos casos, reagir agressivamente por se sentir prejudicado é a única forma de resgatar o próprio valor. Tognetta (2005) reflete que em inúmeros casos de agressividade e violência a criança ou o adolescente necessita: “orgulhar-se por agir de forma violenta, por ter um poder que o outro não dispõe, para, quem sabe, sentir-se um pouco melhor e ter, enfim, uma “boa imagem” diante dos outros”. Na perspectiva moral, a agressividade advém de uma inversão de valores. Com relação ao estilo de resolução de conflito submisso, Leme (2004) afirma que, assim como no estilo agressivo de resolução de conflitos, as ações de pais e educadores podem favorecer tal forma de resolução de desentendimentos interpessoais. A autora lembra que muitas vezes o comportamento submisso é motivado simplesmente pelo medo do confronto. A autora ao discutir possíveis motivos do estilo submisso afirma que tanto a criança agressiva como a submissa sabem que seu comportamento é inadequado na solução de conflito, mas têm dificuldade em considerar respostas não agressivas e não submissas para resolver esse tipo de problema, como se as soluções possíveis se resumissem à luta ou à fuga, sem alternativa intermediária. Nessa visão, a pessoa não aprendeu a expressar-se adequadamente ou aprendeu a não se expressar. Outros estudos apontam para a relação entre o estilo passivo e o desenvolvimento moral. Vinha (2003) pesquisou se o ambiente escolar influencia a maneira como os alunos se relacionam e lidam com seus conflitos interpessoais, bem como o modo como interpretam e resolvem conflitos hipotéticos. Participaram do estudo duas classes de escolas públicas: uma caracterizada por relações autocráticas e a outra por relações democráticas. São denominadas relações autocráticas aquelas em que o professor centraliza as decisões, determina o que pode ou não ser feito, resolve os problemas e impõe as normas. Já nas classes caracterizadas por relações democráticas, a elaboração de regras é realizada pelo grupo e o professor possui o papel de mediador. A autora verificou que as crianças da classe autocrática emitiam respostas caracterizadas por obediência submissa a situações de conflito interpessoal hipotético, enquanto as crianças da classe cooperativa utilizavam-se mais de estratégias de persuasão e de explicação e da coordenação dos atos com os sentimentos. Da mesma forma que no estilo agressivo, o submisso parece nesse caso estar relacionado ao respeito unilateral do professor para os alunos: o professor impõe regras, pune no caso de transgressão e funciona como juiz nos conflitos entre as crianças. O estudo constatou que as ações do educador 32 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio estavam impedindo que as crianças do ambiente autocrático evoluíssem no entendimento interpessoal quando comparadas às crianças da classe cooperativa, em que a educadora minimizava sua autoridade e compreendia os conflitos como oportunidades para que as crianças construíssem formas mais apropriadas de se relacionar mutuamente. O estudo da autora leva à conclusão de que o comportamento submisso pode ser uma das conseqüências para a criança que convive com figuras de autoridade que restringem às interações entre pares e que constroem um ambiente coercitivo. interpessoais fictícios com conteúdo de provocações, perda, frustração etc.. Em cada circunstância de conflito apresentada o participante é convidado a relatar o que faria se estivesse nessa situação. Assim como Leme (2004), além das três tendências citadas de resolução de conflitos, encontramos nesta investigação respostas mistas de assertividade e submissão, assertividade e agressividade e agressividade e submissão. Também estávamos interessados em compreender os tipos de sentimento apontados pelos participantes diante de conflitos com diferentes conteúdos. Em função do nosso interesse em pesquisar o sentimento como um possível componente motivador da ação do sujeito, acrescentamos logo após o relato de cada situação de conflito a pergunta: o que você sentiria nessa situação. Ao tratar de problemas e conflitos, Sastre e Moreno (2002) chamam a atenção para o fato de que, mesmo que eles façam parte de situações naturais da vida, em todas as etapas da nossa história, as gerações tiveram de solucionar problemas sem ter o conhecimento claro de suas fontes. Tampouco dispondo de repertórios de atitudes que possibilitassem sair dignamente de uma situação. Em outras palavras, os espaços educacionais raramente incluem trabalhos concretos com os alunos com a finalidade de ensinar a resolver conflitos de forma justa e pacífica. As autoras alertam para o fato de que as atuais matérias curriculares ensinadas no ensino fundamental e médio pouco ou nada contribuem para a resolução de conflitos interpessoais. Estudos descritos por Sastre e Moreno (2002) evidenciam que em situações de conflito poucas pessoas acreditam que a aprendizagem na escola tenha sido útil para ajudá-las na sua resolução. Segundo Sastre e Moreno (2002), violações, suicídios, crimes e agressões não têm comumente como causa a ignorância de matérias curriculares, mas estão associados freqüentemente às incapacidades para resolver problemas interpessoais e sociais de maneira inteligente. O estudo4 Postas tais considerações, realizamos um estudo5 que teve entre seus objetivos analisar o estilo de resolução de conflitos de adolescentes, estudantes de uma escola pública. Intencionamos também comparar a expressão de sentimentos dos participantes e as estratégias de solução de conflito indicadas por eles. Participaram da investigação 84 adolescentes com idades entre 12 e 16 anos e nível socioeconômico baixo. Foi utilizado o questionário aberto derivado da escala Children’s Action Tendency Scale (DELUTY, 1981). É um instrumento que avalia concomitantemente e comparativamente três tipos de tendências de resolução de conflitos interpessoais: agressivo, submisso e assertivo. A avaliação se dá por meio de descrição de conflitos 4 Os dados apresentados fazem parte da tese de doutorado intitulada “Condições de vida e estilos de resolução de conflitos entre adolescentes” que foi orientada pela Dra Maria Isabel da Silva Leme e apresentada em 2009 ao Programa de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano da Universidade de São Paulo. 5 Este trabalho foi publicado em 2009 no Anais Eletrônicos do I Congresso de Pesquisas em Psicologia e Educação Moral-Crise de Valores ou Valores em Crise com o título “Conflitos interpessoais entre adolescentes”. 33 Os resultados relativos as respostas dos participantes deste estudo nas 10 situações de conflito propostas pelo instrumento evidenciou que 39,29% do grupo de adolescentes apresentaram respostas categorizadas como submissas, seguidos por 28,57% dos participantes que indicaram respostas agressivas. Dos sujeitos que responderam ao material, 19,05% não apresentaram predominância de respostas e apenas 5,95% dos sujeitos tinham uma predominância de respostas assertivas. Os sujeitos com respostas categorizadas como mistas formam a minoria, já que 4,76% dos adolescentes tiveram respostas predominantemente submissa-agressiva e 2,38% respostas agressivaassertiva. Não houve participantes que tendessem predominantemente para a categoria submissa-assertiva. Leme (2004), em seu estudo que utilizou o Questionário CATS sem alternativas de solução de conflito, encontrou as tendências predominantes na seguinte ordem: submissas, agressivas, mistas e assertivas. Em outros termos, os estudos coincidem quanto às estratégias mais adotadas de resolução de conflito: as submissas e as agressivas, sendo a forma assertiva a estratégia menos utilizada entre as resoluções dos participantes. Uma análise qualitativa das respostas dos participantes indicou que eles não reconhecem formas alternativas de resolver o problema sem ser “calar” ou brigar”.Exemplos de respostas comuns diante de um conflito que envolve ser empurrado para fora da fila da cantina reforçam esta concepção: “nada... para não arrumar confusão” ou “xingava... porque ele me empurrou da fila”. Compreendemos que falta oportunidade de construir estratégia mais equilibradas de solução de conflitos e conseqüentemente, relações de respeito mútuo. Os resultados sobre a expressão de sentimentos não são mais promissores. Das 10 situações de conflitos fictícios apresentados aos adolescentes, em 7 destas encontraram-se respostas que evidenciam a categoria 6 de sentimentos, que se refere a não pronunciar-se sobre os sentimentos. Nas outras 3 situações de conflitos propostas pelo instrumento, os participantes expressam predominantemente sentimentos da categoria 2, que envolve sentimentos negativos e que normalmente envolve pouco definido pelo participante do estudo, como mal, nada bem e ruim. Em outros termos, o sujeito não se expressa sobre esse aspecto afetivo, mesmo se questionado sobre tal dimensão, ou o expressa de forma pouco definida. Em virtude de constatarmos na transcrição das respostas dos sujeitos que muitos não se expressavam quanto aos sentimentos realizamos um estudo a fim de verificar se essa condição estava associada às tendências de solução de conflito. Os resultados 34 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio relativos à expressão de sentimentos dos participantes e os estilos de resolução de conflito mostram algumas associações que se repetem em várias situações de conflito. No conflito 2, 7, 8, 9 e 10 as respostas agressivas estão significantemente mais associadas (p<0,05) à não expressão de sentimentos quando comparadas às outras estratégias de resolução dos conflitos. A dificuldade de coordenar os aspectos cognitivos e afetivos certamente está relacionada à associação das estratégias agressivas e ausência de expressão de sentimentos. Como exemplo destacamos diversas respostas de participantes que foram categorizadas como resoluções de conflito agressivas e não expressam sentimentos ou justificativa: “batia nele e iria embora” (conflito 1), “eu xingava e se a pessoa ratiasse batia nela” (conflito 3), “faço ele pagar outro” (conflito 4), “mando engolir o jogo e procuro algo melhor para fazer” (conflito 6), “falava para ele que tomara que dê uma dor de barriga” (conflito 8), “falava que ele é muito metido” (conflito 9) e “falava que perdi porque quis” (conflito 10). Este resultado endossa a concepção de outros teóricos que mostram que conhecer os próprios investimentos afetivos é condição essencial para o autodomínio (SASTRE; MORENO, 2002; TOGNETTA, 2003, LA TAILLE, 2006) e, conseqüentemente, para uma solução equilibrada de conflitos interpessoais. Tarefa nada fácil no cotidiano escolar considerando as diferenças formas de pensar e agir das crianças e adolescentes e a infinidade de conflitos vivenciados por estes. Os outros dois princípios citados por DeVries e Zan (1998) afirmam que o educador deve: reconhecer que o conflito pertence à criança ou ao adolescente e acreditar na capacidade destes para a solução dos seus conflitos. As autoras verificam que muitos educadores assumem a resolução de conflitos dos alunos, e os privam da oportunidade de buscar o autocontrole afetivo e a reflexão de soluções alternativas para o desacordo entre si. Possibilidades de ações diante dos conflitos na escola Nosso contato com docentes de vários níveis de educação mostram que eles reconhecem a dificuldade de suas crianças e adolescentes têm de resolver conflitos de forma justa e equilibrada, contudo os professores carecem de conhecimento sobre formas de ajudar os seus alunos. Muitas preferem adotar atitudes autoritárias pensando que assim conseguem garantir relativamente a justiça e outros transferem o problema para pais e coordenadores. Lastimar-se pela dificuldade que os pais têm de colocar limites em seus filhos é um procedimento bastante comum. Ora, não estamos afirmando que os pais não têm um papel importante na formação de seus filhos e que os resultados de tendências submissas e agressivas encontrados em nossos e outros estudos sejam responsabilidade apenas da escola. A visão interacionista que nos guia propõe que a formação das pessoas se dá na interação entre o sujeito e o ambiente. Isto significa que a escola não tem um papel determinante, mas como ambiente, tem papel muito importante. Destacamos ainda que qualquer ação do educador em uma situação de conflito interpessoal transmite algum tipo de valor: moral ou não moral. Acrescido a este fato, aquele educador que não tem qualquer ação em situações de conflito entre os educandos, também transmite uma mensagem indireta sobre a própria concepção de conflitos interpessoais e os valores que os norteiam. Dada esta condição consideramos que nós educadores, que buscamos formar crianças e adolescentes equilibrados agora e no futuro, só temos uma opção: buscar instrumentos para trabalhar com os conflitos interpessoais no âmbito escolar, em virtude de nossa inegável responsabilidade para com a formação social, moral e afetiva dos alunos, além da cognitiva. DeVries e Zan (1998) afirmam que existem três princípios básicos para que o educador conduza os conflitos na escola.. O primeiro deles é: seja calmo e controle suas reações. 35 Em outros momentos o educador verá que existe a necessidade de agir como mediador nos conflitos entre os adolescentes. Diferentemente do negociador, que entende um conflito como tendo um ganhador, o mediador é aquela pessoa que entende que ambas as partes envolvidas no conflito têm as suas razões (VINYAMATA, 2005) e colabora para a que as pessoas troquem os significados de forma respeitosa, a fim de encontrar uma solução satisfatória para ambos. As estratégias utilizadas pelo mediador são: certificar-se de que as pessoas estão calmas antes que elas possam se confrontar, espelhar os sentimentos dos envolvidos (especialmente quando estes têm dificuldade de expressá-lo de forma adequada), incentivar os envolvidos a ouvirem a outra parte e contra-argumentar sobre a expressão do outro, sempre mantendo ofoco no problema. Ginott (1974) afirma que as palavras que descrevem a situação e o que aconteceu, sem a emissão de julgamento sobre a personalidade das pessoas colaboram para relacionamentos interpessoais mais harmônicos. Podemos dizer que a linguagem descritiva inside sobre a “ação” e não sobre o “ser”. Por outro lado, alguns educadores se queixam que este tipo de intervenção e mediação exige tempo para que ele possa conduzi-los e que por mais esforço que façam, muitos conflitos mereciam uma discussão mais aprofundada. Concordando com estes educadores e estando certos de que as discussões mais aprofundadas sobre aspectos que se referem a relacionamentos interpessoais são fundamentais à formação de pessoas mais assertivas e autônomas, propomos que as escolas tenham espaços destinados exclusivamente para este fim. Sastre e Moreno (2002) são algumas das autoras pioneiras ao falar de um trabalho que se destine à aprendizagem de resolução de conflitos e a emocional. As autoras afirmam que realizar exercícios com grupos de crianças e jovens não significa passar fórmulas para resolver conflitos. A proposta das autoras é que ao apresentar exercícios que suscitem a discussão de conflitos interpessoais para pessoas daquela faixa etária, os educadores favorecem o reconhecimento e expressão de sentimentos, a reflexão dos direitos e deveres , além da discussão sobre as possíveis soluções e suas implicações imediatas e em longo prazo. Inspiradas nestas e outras obras, com o foco na adolescência, propomos atividades programas para o trabalho com conflitos interpessoais na escola e para o favorecimento do estilo assertivo de resolução de conflitos interpessoais e a construção da autonomia moral (VICENTIN, 2009). Diversos outros trabalhos que destinam a colaborar para a formação pessoal e interpessoal destes alunos como o trabalho com os sentimentos (TOGNETTA 2003), as Narrativas Morais (BOUCHARD 2000) e as assembleias escolares (PUIG et al 2000, 36 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio ARAÚJO 2004; TOGNETTA e VINHA 2007). Assim como estes autores acreditamos que estas propostas propiciam as crianças e adolescentes um rico exercício cognitivo, afetivo e moral. _______(2005). “Violência na escola:os sinais de bullying e o olhar necessário aos sentimentos”, in:PONTES, A. e LIMA, V.L.Construindo saberes em educação. Porto Alegre: Zouk. Acreditamos, ainda, que o ambiente escolar seja um meio de construção e reconstrução social. Em nossa concepção, é preciso que as escolas e seus profissionais reconheçam seu papel formador e transformador de realidades pouco satisfatórias. Tarefa nada fácil diante do nosso panorama sócio-econômico e os valores emergentes em nossa sociedade. Entretanto não vislumbramos caminho mais propício. TOGNETTA, L.R.P. e VINHA, T. Quando a escola é democrática: um olhar sobre as regras e assembleias na escola. Campinas, S.P., Mercado de Letras, 2007. VICENTIN, V.F. (2009). E quando chega a adolescência...uma reflexão sobre o papel do educador na resolução de conflitos entre adolescentes. Campinas, SP: Mercado de Letras. VINHA, T. P. Os conflitos interpessoais na relação educativa. 2003. Tese de doutorado. Faculdade de Educação. Unicamp, Campinas, 2003. REFERÊNCIAS VINYAMATA, E. (2005).“Compreender o conflito e agir educativamente”, in: VINYAMATA, E. e col. (org) Aprender a partir do Conflito: conflitologia e educação. Porto Alegre: Artmed. ABRAMOVAY, M. E RUA, M.G. (2004). Violência nas escolas. Brasília: UNESCO, Instituto Airton Sena, UNAIDS, Banco Mundial, USAID, Fundação For, CONSED, UNDIME. WAISELFISZ, J. 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São Paulo: Mercado de letras. 37 38 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Desde 1999 a Instituição já atendeu cerca de 5.000 crianças, adolescentes e jovens. Organizações Civis pela Mudança Social Angela Bernardes6 Vulnerabilidade Social Fundação Gol de Letra A Fundação Gol de Letra é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, instituída em 1998 pelos ex-jogadores de futebol Raí de Oliveira e Leonardo Nascimento de Araújo. Sua atuação para Educação Integral busca explorar outros espaços de aprendizagem para cerca de 1.200 crianças, adolescentes e jovens, prestar assistência às famílias, fortalecer a comunidade e atuar em rede em São Paulo Comunidade da Vila Albertina e Rio de Janeiro – Comunidade do Caju. Reconhecida pela UNESCO como modelo mundial no apoio a crianças em situação de vulnerabilidade social, a Instituição tem como missão “contribuir para a formação educacional e cultural de crianças e jovens para que possam atuar com autonomia na transformação de suas realidades”. Proposta Pedagógica e Social A proposta pedagógica da Fundação Gol de Letra fundamenta-se na proteção integral da criança e do adolescente (prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA), com foco no direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer. A proposta de Educação Integral utilizada nos Programas da Fundação Gol de Letra é amparada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Segundo dados do Observatório de Políticas Sociais da Coordenadoria de Assistência Social – Norte, em São Paulo, a Vila Albertina faz parte de um dos 14 setores do Distrito do Tremembé com IPVS - Índice Paulista de Vulnerabilidade Social da Fundação SEADE – igual a 6, ou seja, apresenta vulnerabilidade muito alta. São características desses setores um dos dois piores grupos em termos de dimensão socioeconômica (baixa), grande concentração de famílias jovens, uma combinação de chefes jovens com baixos níveis de renda e de escolaridade e presença significativa de crianças pequenas, sendo este o grupo de maior vulnerabilidade à pobreza. As famílias com maior vulnerabilidade neste Distrito são aquelas mais jovens, com maior número de crianças e adolescentes, totalizando, nos setores censitários com IPVS 6, 11.220 pessoas, segundo o Censo IBGE 2000. Desde sua implantação no bairro, a Fundação Gol de Letra procura estabelecer um vínculo de confiança com seus moradores e instituições, para conhecer as necessidades, capacidades e potencialidades da comunidade. O objetivo é empoderar os moradores da comunidade para que eles possam reverter suas condições de vida e transformar dificuldades em oportunidades. O Trabalho das Organizações Civis As regiões socialmente vulneráveis apresentam fragilidades e estão desprovidas de rede social, exigindo uma articulação entre poder público, iniciativa privada e sociedade civil. A proposta de ação social da Instituição tem como referência a Política Nacional de Assistência Social, a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), o Programa Nacional de Assistência Social (PNAS) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), com foco na família e em ações com o objetivo de desenvolver contextos de proteção social, familiar, escolar e comunitária. O processo de desarticulação das redes públicas de educação e assistência social evidencia a necessidade de um trabalho de mobilização em rede de parcerias da sociedade civil como um todo. Mais do que isso requer intervenções diretas no sentido de fortalecer a centralidade do poder público no processo educacional e social, e nunca na tentativa de substituí-lo. Princípios Educacionais Por isso, os Programas da Fundação Gol de Letra desenvolvem sempre uma atuação com as famílias, as escolas, parceiros locais e comunidade, incentivando o desenvolvimento de habilidades e competências individuais e coletivas. I - Aprender – Ampliação do repertório cultural e educacional II - Conviver – Desenvolvimento de valores e regras de convivência III - Multiplicar – Formação de multiplicadores de conhecimentos e atitudes 6 Psicóloga, com especialização em psicodrama e sociodrama educação / teatro espontâneo, ex-atleta profissional de voleibol, coordenadora do programa Jogo Aberto, da Fundação Gol de Letra e membro do conselho representante da Rede Esporte Pela Mudança Social – REMS, também pela Fundação. 39 40 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimento de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas. Educação Especial: Inclusão de alunos com deficiência Mateus Betanho Campana O Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) de 2000 trás a seguinte tabela: Na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da Organização Mundial da Saúde Conceitos, Usos e Perspectivas (CIF), promulgada na cidade de Lisboa/Portugal em 2004, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que: Tabela 1: Dados das Deficiências no Brasil A deficiência é “um problema nas funções ou na estrutura do corpo, tais como, um desvio importante ou uma perda”: As deficiências de estrutura podem consistir numa anormalidade, defeito, perda ou outro desvio importante relativamente a um padrão das estruturas do corpo; As deficiências podem ser temporárias ou permanentes; progressivas, regressivas ou estáveis; intermitentes ou contínuas; O desvio em relação ao modelo baseado na população, e geralmente aceito como normal, pode ser leve ou grave e pode variar ao longo do tempo; As deficiências não têm uma relação causal com a etiologia ou com a forma como se desenvolveram. Por exemplo, a perda da visão ou de um membro pode resultar de uma anormalidade genética ou de uma lesão. A presença de uma deficiência implica necessariamente uma causa, no entanto a causa pode não ser suficiente para explicar a deficiência resultante; As deficiências podem ser parte ou uma expressão de uma condição de saúde, mas não indicam, necessariamente, a presença de uma doença ou que o indivíduo deva ser considerado doente; As deficiências podem originar outras deficiências, por exemplo, a diminuição da força muscular pode prejudicar as funções do movimento. Fonte: IBGE, 2000. Nos últimos anos a expressão “pessoa portadora de deficiência” (que trás uma conotação de que a deficiência poderia ser deixada de lado) começou a ser trocada pela expressão “pessoa com deficiência” e a própria Secretaria dos Direitos das Pessoas com Deficiência do Estado de São Paulo e o Governo Federal utilizam em seus documentos a expressão pessoa com deficiência. Tipo de Deficiências segundo os Decretos 3.298/99 e 5.296/04 A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, promulgada em março de 2007 na cidade de Nova York/EUA, que foi incorporada a legislação brasileira através do Decreto 6.949/09, definiu em seu Artigo 1º que: Deficiência Física – alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções. 41 42 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Deficiência Intelectual – funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos 18 (dezoito) anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: Pré-natais – Causas genéticas, infecções (como a rubéola), o contato com a radiação durante a gestação, o alcoolismo e o uso de drogas na gestação, a desnutrição (quando ocorre na gestação) e a mielomeningocele entre outras; Perinatais – Uso indevido do fórceps, prematuridade e infecção hospitalar; Pós-natais – Paralisia infantil, doenças degenerativas, doenças autoimunes, acidente vascular encefálico (AVE), amputações decorrentes de diabetes, hanseníase e câncer, acidentes domésticos, acidentes de trânsito, acidentes de trabalho, violência doméstica e violência urbana (lesões causadas por armas de fogo e faca entre outras). a) comunicação; b) cuidado pessoal; c) habilidades sociais; d) utilização da comunidade; e) utilização dos recursos da comunidade; Deficiência Intelectual f) saúde e segurança; g) habilidades acadêmicas; No caso das deficiências intelectuais, o trabalho de Momino, Sanseverino e Schüler– Faccini (2008) demonstra que o alcoolismo durante a gestação é um grande fator de risco para o surgimento de algum tipo dessa deficiência. h) lazer; i) trabalho. Para Martins (2005) e Sousa (2009) as causas das deficiências intelectuais podem ser: Deficiência Auditiva – perda bilateral, parcial ou total, de 41dB (quarenta e um decibéis) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. Deficiência Visual – cegueira, na qual a acuidade visual seja igual ou menor do que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor do que 60º; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores. Deficiência Múltipla – associação de duas ou mais deficiências. Pré-natais – Descontrole diabético, má nutrição intra-utetina, prolápso do cordão umbilical, desordem genética e baixo peso ao nascer; Neonatais – Sofrimento fetal prolongado por anóxia, asfixia e aplicação inadequada do fórceps; Pós-natais – Encefalite induzida pela bilirrubina, traumatismos encefálicos e infecções virais comoa meningite; Sociais – um ambiente pobre de estímulos pode prejudicar a formação intelectual da pessoa na infância; Etiologia das Deficiências Deficiência Auditiva Deficiência Física As deficiências auditivas podem ser congênitas ou adquiridas e suas principais causas são (SECRETARIA DE SAÍDE DO PARANÁ; LIMA, SALLES, BARRETO, 2000; ARAUJO et al., 2002): Segundo os achados do Governo do Estado do Paraná, as principais causas das deficiências físicas podem ser divididas em pré-natais, perinatias e pós-natais, sendo: Pré-natais – Desordens genéticas ou hereditárias; incompatibilidade do Fator Rh; doenças como a rubéola, sífilis, herpes e toxoplasmose; o uso de drogas e o alcoolismo 43 44 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio na gestação, a desnutrição, subnutrição e as carências alimentares; a hipertensão arterial, a diabetes e a exposição à radiação. Circuito Loterias Caixa Brasil Paraolímpico, a inclusão de modalidades paraolímpicas nos Jogos Regionais e Abertos, entre outras. Peri-natais – Prematuridade; posmaturidade; anóxia e hipóxina no parto; uso indevido do fórceps e as infecções hospitalares. Pós-natais – Infecções como a meningite e o sarampo; o uso de medicamentos ototoxicos, a sífilis adquirida; os traumatismos cranianos e a exposição contínua a ruídos ou sons muito altos. Deficiência Visual As principais causas das deficiências visuais, encontradas pela Secretaria Estadual de Saúde do Paraná e nos trabalhos de Brito e Veitzman (2000) e Castro et al. (2008) são: Pré-natais – Fatores genéticos, síndromes, malformações, glaucoma e catarata congênitos e infecções como a toxoplasmose, a rubéola e a sífilis; Noenatais – Fibroplasia Retiniana em prematuros devido ao excesso de O2 nas incubadoras (Obs.: com a diminuição do O2 nas incubadoras, houve uma diminuição dos casos de Fibroplasia Retiniana e um aumento dos casos de Paralisia Cerebral e de deficiências intelectuais); Pós-natais – Traumas oculares e doenças degenerativas como a degradação da mácula, o glaucoma, a catarata, as alterações da retina devido à hipertensão arterial, o diabetes e a atrofia do nervo óptico entre outras. No caso específico dos esportes Paraolímpicos, o Brasil vem demonstrado uma grande evolução. Nas Paraolimpíadas de Sydney 2000, o Brasil obteve a 24ª colocação geral; em Atenas 2004, o Brasil foi o 14º colocado no quadro de medalhas e nos Jogos Paraolímpicos de Pequim 2008 o país teve sua melhor colocação geral, obtendo o 9º lugar, com um total de 47 medalhas, sendo 16 medalhas de ouro, 14 de prata e 17 de bronze (IPC, 2010). Para se ter uma ideia, nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000, o Brasil obteve a 53º colocação geral com 12 medalhas (6 de prata e 6 de bronze); em Atenas 2000 o país foi o 16º colocado com 10 medalhas (5 de ouro, 2 de prata e 3 de bronze) e em Pequim 2008 o Brasil obteve a 23ª colocação com 15 medalhas (3 de ouro, 4 de prata e 8 de bronze) (COB, 2010). As modalidades paraolímpicas são: basquete em cadeira de rodas, bocha, ciclismo, esgrima, futebol de 5, futebol de 7, goalball, halterofilismo, hipismo, judô, natação, remo, rúgbi em cadeira de rodas, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, tiro, tiro com arco, vela e vôlei sentado. Dentre as modalidades paraolímpicas, o Brasil se destaca no futebol de 5 (bicampeões paraolímpicos), bocha, judô (Tenório tetra campeão paraolímpico) e natação (Daniel Dias, André Brasil e Clodoaldo). No caso específico do esporte como meio de inclusão, podemos falar de nossas vivências com o Rúgbi em Cadeira de Rodas (RCR) e com o Futebol de 5 (Fut. 5). Além dessas duas modalidades paraolímpicas, falaremos também do Handebol em Cadeira de Rodas (HCR), uma modalidade nova que está se expandindo pelo mundo e que em um futuro próximo deve figurar entre as modalidades paraolímpicas. Com o RCR pudemos viajar para competições no país e também no exterior e vivenciar de perto as dificuldades, as alegrias e as tristezas que cercam os praticantes dessa modalidade. Com o Fut. 5 pudemos conviver com os atletas durante algumas avaliações físicas realizadas pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Atividade Motora Adaptada (GEPAMA) da Faculdade de Educação Física (FEF) da UNICAMP. No caso do HCR, tivemos um contato muito forte no início da modalidade na FEF por fazermos parte como os primeiros treinadores da modalidade. Nos últimos anos, com a política de inclusão, várias medidas foram tomadas, como por exemplo as reservas de vagas de emprego em empresas e em concursos públicos para as pessoas com deficiência. Nesse cenário o esporte vem desempenhando um papel importante para que a inclusão de pessoas com necessidades especiais, entre elas as pessoas com deficiência e os idosos. O RCR é praticado por pessoas com tetraplegia ou com algum quadro equivalente a tetraplegia, como amputações múltiplas. Essas pessoas têm limitações maiores do que as que praticam o Fut. 5 (deficientes visuais) e o HCR (paraplégicos, amputados e quadros equivalentes). Mas não é por isso que a alegria de conviver deixa de existir. É inclusive nessa convivência com outras pessoas em condições parecidas que ocorre o crescimento pessoal, com a troca de dicas e de experiências entre eles. E é durante essa convivência que pudemos ter uma noção parcial do que é ser um atleta paraolímpico porque para saber realmente como é ser um atleta paraolímpico, teríamos que estar nas mesmas condições. Podemos destacar os programas esportivos para a Terceira Idade promovidos por entidades como o SESC e os programas esportivos para pessoas com deficiência promovidos pelos Governos Federal, Estadual e Municipais, como por exemplo o Durante nossa convivência com esses atletas pudemos acompanhar e vivenciar algumas de suas dificuldades no dia-a-dia e aprender como podemos ajudá-los para tornar as diferenças menores. Pudemos também acompanhar de perto todo o esforço 45 46 O Esporte como Meio de Inclusão Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio e dedicação aos esportes (que é predominantemente amador) e a dedicação das pessoas da comissão técnica. Secretaria dos Direitos das Pessoas com Deficiência do Estado de São Paulo. Disponível em www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/portal.php.terminologia. Acessado em 04/07/2010. Referências ARAUJO, S. A.; MOURA, J. R.; CAMARGO, L. A.; ALVES, W. Avaliação Auditiva em Escolares. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v.68, n.2, p.263-266, 2002. COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO – COB. Disponível http://www.cob.org.br/jogos_olimpicos/home.asp. Acessado em 13/07/10. SOUSA, A. R. M. Preferência Lateral e Assimetria Motora Funcional. Estudo em Indivíduos com Deficiência Intelectual, Síndrome de Down e Desenvolvimento Atípico. 2009 (214 f). Dissertação de Mestrado. Dissertação de Mestrado em Ciências do Desporto – Área de Especialização em Atividade Física Adaptada – Faculdade de Desporto – Universidade do Porto. Porto, Portugal, 2009. em Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Nova York, março de 2007. Disponível em http://www.un.org/disabilities/default.asp?id=150. Acessado em 04/07/10. INTERNATIONAL PARALYMPIC COMMITTEE – IPC. 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A exposição pré–natal ao álcool como fator de risco para comportamentos disfuncionais: o papel do pediatra. Jornal de Pediatria, v.84 n.4 suppl.0. Porto Alegre, 2008. Secretaria de Saúde do Estado do Paraná. Disponível em http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/SPP_Arquivos/PessoascomDeficiencia/ FatoresetiologicosdaDeficienciaFisica.pdf. Acessado em 04/07/10. Secretaria de Saúde do Estado do Paraná. Disponível em http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/SPP_Arquivos/PessoascomDeficiencia/ FatoresetiologicosdaDeficienciaAuditiva.pdf. Acessado em 04/07/2010. Secretaria de Saúde do Estado do Paraná. Disponível em http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/SPP_Arquivos/PessoascomDeficiencia/ FatoresetiologicosdaDeficienciaVisual.pdf. Acessado em 04/07/2010. 47 48 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Reflexões e Práticas Platéia composta por diretores, supervisores, coordenadores pedagógicos e do ensino médio, professores e colaboradores do Centro Paula Souza no primeiro dia de atividades do simpósio. Trabalhos dos profissionais do Centro Paula Souza Práticas Pedagógicas para o desenvolvimento de competências Apresentação do Prof. Luis Carlos Menezes 49 50 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Projeto Competências em Ação Maria Ângela Teoro7 e Lilian Pereira Baraviera Escola Técnica Estadual Profª Helcy Moreira Martins Aguiar - Cafelândia Palavras-Chave: Planejamento, Execução e Controle de Ações/ Aprendizagem Significativa/ Projetos de Trabalho Nos anos letivos de 2007 e 2008 a Equipe de Gestão Escolar da Escola técnica Professora Helcy Moreira Martins Aguiar organizou e aplicou junto aos docentes, estudos e capacitações sobre várias técnicas e metodologias de ensino, explorando algumas estratégias pedagógicas e entre elas, a Organização dos Currículos por Projetos de Trabalho. Estes estudos levaram à constatação que os conteúdos desenvolvidos em forma de projetos permitem a construção de competências e o desenvolvimento de habilidades, ensejando também a vivência de valores, em especial da autonomia na tomada de decisões e do trabalho em equipe, percebendo-se, nesta prática, a possibilidade de formação dos professores no próprio trabalho, incentivando a pesquisa e a busca constante por novos conhecimentos a fim de mediar o aprendizado dos alunos, orientando-se para orientá-los. Desta constatação nasceu o Projeto Competências em Ação, com o objetivo geral de estimular por meio de ações centradas na metodologia de projetos, processos de Ensino-aprendizagem capazes de transpor os limites da atuação em sala de aula, explorando o ensino contextualizado e envolvendo toda a Equipe Escolar neste esforço, e objetivo específico de sistematizar procedimentos para a organização de práticas educativas a serem realizadas com ênfase em três fases: PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E CONTROLE de ações. No segundo semestre de 2008 realizou-se a primeira experiência prática que teve seus procedimentos sistematizados e possíveis de ser evidenciados através de registros e documentação, denominado Projeto Piloto e que tornou-se modelo para os demais trabalhos que foram realizados a partir de então. Alguns resultados já foram obtidos com a implantação do Projeto Competências em Ação: No ano letivo de 2009, foram organizadas 33 (trinta e três) ações neste formato, cujos resultados foram surpreendentes em matéria de aprendizado tanto para os alunos como para os professores envolvidos, podendo ser observado, além do desenvolvimento de competências técnicas outras, de ordem pessoal como: autonomia, capacidade de auto-avaliação, capacidade de planejamento, determinação, racionalização, cooperação, empatia, integração, liderança, diálogo, objetividade na argumentação, participação, receptividade, capacidade de pesquisa, capacidade de solução de problemas, capacidade de transferência, expressão oral e escrita, leitura e interpretação de texto, consciência de qualidade, disciplina, envolvimento, iniciativa, julgamento, atenção, capacidade de concentração, flexibilidade, perseverança, Gestão Escolar 7 51 [email protected] 52 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio prontidão para ouvir, entre outros. Não se pode dizer que este é o resultado final do Projeto, pois o mesmo deve se prolongar até 2013, quando se pretende que estas ações já estejam incorporadas às práticas docentes da Unidade, evoluindo para trabalhos interdisciplinares e para outros, objetivando atingir a comunidade escolar, agindo em função do entorno Escolar. Produção de Mídias Audiovisuais como apoio as aulas Prof. Alzira de Barros/ Prof. Carlos Eduardo da Silva/ Prof. Samia Mansur Silva ETEC Doutor Demétrio Azevedo Júnior O presente estudo tem a pretensão de examinar as mudanças que a educação formal vem sofrendo com o advento das transformações tecnológicas e por conseqüência a incorporação de novas práticas no processo ensino-aprendizagem, devido a introdução de tecnologias em sala de aula. Numa época em que as reflexões pós-modernas trazem à tona o questionamento dos limites e das certezas universais o conceito ambíguo de modernização pode ser observado em grau de evolução por meio dos procedimentos didáticos aplicados ao ensino. A educação vem produzindo novas formas de repassar o saber criando assim uma identidade vinculada à tecnologia. A mídia cria um novo discurso sobre as práticas pedagógicas, já que não fala apenas sobre educação, mas também assume uma postura educativa que regula e ao mesmo tempo desperta o modo das pessoas pensarem e agirem dentro e fora da escola. A produção de material de apoio aos estudos trouxe à tona a necessidade de digitalização deste, aliando o currículo à prática pedagógica pró-ativa a partir da humanização de mídias educacionais e implantação ao acervo atual da Biblioteca. Trata-se de um estudo setorial agregador para a comunidade acadêmica de recursos para o uso em práticas diversas destacando linguagens de comunicação mais adequadas aos processos de ensino-aprendizagem, bem como incorporando à grade a tecnologia como currículo básico. Não obstante, afirma na instituição seu caráter técnico que se desenvolve em estratégias que por etapas enfoca a seleção, autoria e desenvolvimento técnico/formador de leitores críticos nas diferentes mídias. Estudos recentes sobre como o processo de inovação tecnológica incidiu sobre relações de emprego e mercado de trabalho mostra como os estudantes que tiveram na sua formação a tecnologia são aproveitados de forma positiva. Dentro dessa perspectiva de análise, este trabalho prima pelo ensino prático, por levar oportunidades a diferentes classes sociais. Constata-se um sólido movimento nas instituições de ensino que promovem atualmente a humanização dos conteúdos por meio de blogs, criação de sites, bibliotecas virtuais e portais, sempre utilizando como referência as propostas apresentadas no Decreto 2494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta aspectos da LDB relativas a educação a distância e uso de novas ferramentas aliadas ao currículo. Com os resultados já alcançados, a ETEC Doutor Demétrio Azevedo Junior aproveita da era digital e caminha junto com as atuais políticas promovendo uma solução econômica e humana para o acesso a obras e conteúdos antes prejudicado pelo fator financeiro. Em parceria com editoras que disponibilizam em formato digital suas publicações em diferentes ramos, consultamos suas obras em formato digital, passamos aos estudantes os links dos centros de pesquisa e disponibilizamos o acesso rápido, econômico e seguro em nossos laboratórios de informática. Após averiguarmos por meio de avaliação diagnóstica o crescente consumo de informação digital pelos estudantes desta unidade, levamos a proposta para os mesmos de apresentarem suas atividades no formato digital, já que a comunidade necessita de mídias portáteis 53 54 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio seguras para serem utilizadas como complemento às suas atividades acadêmicas. O trabalho proporcionou aos estudantes um olhar humano para as diferenças, além de uma vivência escolar ativa dinamizadora do ambiente escolar, despertando por meio do propósito pedagógico um desenvolvimento direcionado, necessário e transformador do espaço da ETEC Doutor Demétrio Azevedo Junior, com maior interação com o mundo da informação de forma crítica e ativa. Estas mudanças vieram de encontro com a nova fase que a educação brasileira passou nos últimos anos. Fase esta que contribui com o maior acesso das classes sociais diversas a um currículo de qualidade e atualizado. A produção, catalogação e disponibilização de conteúdos digitais em mídias vêm atendendo estudantes que necessitam de informação técnica possibilitando o direcionamento das atividades extraclasse por parte do corpo docente. A partir de ações aparentemente isoladas, com características próprias, mas sinergéticas constituiremos não só uma midiateca, mas um espaço que no contexto escolar reunirá experiências de todos. O trabalho apresentado ampliou e fixou os conteúdos ministrados em sala de aula onde os estudantes desenvolveram suas produções, antes restritas a linguagem escrita, trazendo diferentes tecnologias. Inicialmente as produções foram socializadas em nossa comunidade escolar e, posteriormente estaremos ampliando para outras comunidades escolares de nosso município, por conta da credibilidade de nossa instituição e da criatividade de nossos estudantes. Unitermos: Modernização, Currículo, Didática, Interação, Comunidade. Um modelo de gestão democrático -participativa: estudo de caso sobre a Etec Pedro D’Arcádia Neto – Centro Paula Souza. Elizabeth Correia Soares Sasso8 ETEC Pedro D’Arcádia Neto Palavras-chave: Gestão democrático-participativa. Instituições auxiliares. Indicadores de Avaliação. Papel do diretor. Planejamento. Evidenciar que o modelo de gestão democrático-participativo é uma realidade dentro de uma instituição escolar foi a tônica deste trabalho. Buscamos, a partir desse pressuposto, mostrar que o gestor, dentro deste modelo de gestão, trabalha em equipe como mediador das práticas possibilitando, dessa forma, que todos os atores que a compõe sejam comprometidos com o projeto político-pedagógico da instituição e com a excelência na qualidade de ensino, missão essa da escola aqui analisada. A utilização de indicadores oficiais (SAI – Sistema de Avaliação Institucional -, Observatório Escolar e ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio) no Planejamento Escolar, pelo gestor e sua equipe, torna evidente que um planejamento fundamentado em resultados claros e precisos possibilita a organização de ações de cunho gerencial e pedagógico, pois, esses indicadores são importantes para o planejamento e gestão dos conflitos decorrentes, bem como de ações específicas de cada professor na sua prática docente. Outro ponto que ressaltamos nesse trabalho foi a participação da comunidade escolar e as instituições auxiliares (Conselho Gestor, Grêmio, Representantes de sala, Conselho de Escola, APM – Associação de Pais e Mestres) nas ações da escola aqui analisada como decorrência da forma de gestão democráticoparticipativa. Nesse sentido, fizemos um estudo de caso de uma escola pública, aqui denominada ETEC Pedro D’Arcádia Neto, unidade do Centro Paula Souza, que tem se destacado nesse modelo de gestão. É uma escola pública que vem se destacando pelo trabalho realizado, comprovado pelos indicadores de avaliação, pela colocação de seus alunos no mercado de trabalho e pelo considerado número de alunos ingressantes em universidades públicas e particulares respeitáveis. É uma instituição respeitada e valorizada na comunidade local e regional, pelas suas ações realizadas, pela missão cumprida e pelos resultados apresentados. Sendo assim, apresentamos, de forma breve, as características que embasam os conceitos e as idéias de gestão democrática, de instituições auxiliares, de indicadores utilizados somados a observação da realidade escolar vivenciada pela autora. Finalizando, entendemos que mudar comportamento e valores demanda tempo, empenho e envolvimento da equipe e que sendo a escola um “espaço social marcado pela manifestação de práticas contraditórias que apontam para a luta e/ou acomodação de todos os envolvidos na organização do trabalho pedagógico” (VEIGA, 1998), esta instituição deve ser a vanguarda dessas transformações pois é aqui que se pretende sujeitos críticos, éticos, 8 55 [email protected] 56 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio políticos na sua formação profissional e humanística. No entanto, devemos deixar registrado que na instituição aqui analisada há, também, ações que devem ser pensadas e repensadas para que a mesma continue no caminho do aprimoramento da qualidade do ensino e da gestão democrático-participativa. Daí as ações estratégicas que caracterizam o papel do gestor no sentido de sensibilizar seus atores no envolvimento e realização das práticas educacionais. “Estágios para alunos de ensino médio: análise da relação entre uma escola pública e uma ONG na cidade de São Paulo” Moisés Carlos Ferreira9∗ ETEC Guaracy Silveira – São Paulo – SP. Palavras Chaves: Ensino Médio, Estágios Curriculares, Relação escola pública - ONG A pesquisa aqui relatada investiga a relação entre uma ETEC (Escola Técnica Estadual) de São Paulo e uma ONG (Organização Não governamental) no que se refere ao encaminhamento de alunos do Ensino Médio para estagiar no mercado de trabalho. O ponto inicial de tal pesquisa remete à LDBEN 9394/96 e ao Parecer CNE/CEB (Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica) n. 15/98, que enfatizam a preparação ao mundo do trabalho para a educação de nível médio e ao Parecer CNE/CEB n. 35/2003, que regulamentou a realização de estágios para alunos vinculados ao Ensino Médio. Em face desta demanda específica para o ensino médio – a de preparar para o mundo do trabalho – desenvolve-se, no interior das instituições escolares desse nível de ensino, o uso de um repertório empresarial, bem como observa-se a criação de um novo paradigma para se referir à educação escolar, com a mesma carga do discurso empresarial pouco crítico em relação à crise do desemprego que abala o mundo contemporâneo. Ou seja, o convênio em tela apresenta-se como porta voz desse novo paradigma educacional, o empresarial. A pesquisa consiste em um estudo analítico-descritivo da visão de alunos do Ensino Médio sobre a oferta e possibilidade de estágios, no âmbito do convênio ETE-ONG. Foi realizada entre os anos de 2006/2007, por meio de: aplicação de questionários a 15 (quinze) alunos do Ensino Médio que se utilizam do expediente estágio e das observações de Oficinas de Capacitação que “formam” os estagiários, organizadas pela ONG. Fornecem referencial de análise para a pesquisa, autores como: Ferretti, Kuenzer, Lopes e Zibas, que fazem critica a este modelo educacional. A pesquisa permite inferir que esta modalidade de estágio representa certa flexibilização da CLT (Consolidação das leis do Trabalho), ao mesmo tempo em que leva os alunos envolvidos a se utilizarem desta possibilidade, não para desenvolverem habilidades curriculares, conforme designam os documentos legais, mas para inserção, ainda que precária, no mercado de trabalho, como podemos notar pelas respostas abaixo, decorrentes das perguntas que guiaram esta pesquisa:- 9 [email protected] ∗ Graduado em História pelas Faculdades Salesianas de Lins – Sp, professor de História junto a ETEC Guaracy Silveira, na cidade de São Paulo e Mestre em Educação pelo Programa de Estudos PósGraduados em Educação: História, Política e Sociedade da PUC-SP, com a dissertação apresentada em defesa pública em Agosto de 2007. 57 58 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio 1- As atividades da ONG em questão, ao fornecer todo um aparato de cursos para os alunos, que se traduz na aplicação das oficinas de capacitação, propondo-se a transmitir inúmeras maneiras deste aluno se adaptar ao mercado de trabalho, transmitem, assim, a possibilidade da “empregabilidade” de que o aluno deve munirse, sob diversas formas, para se ajustar ao mercado e suas exigências. Essa constatação responde à primeira das quatro perguntas que nortearam esta pesquisa, qual seja: “Quais são as expectativas e exigências desta ONG em relação aos estudantes de Ensino Médio da escola pública, ao realizar essas ações – (oficinas de capacitação para estudantes) ?”. 2- “Como a ONG articula as necessidades dos alunos às exigências das empresas?”, pode-se verificar como possível resposta a necessidade dos alunos ingressarem no mercado de trabalho, já utilizando-se da fase escolar em que estão inseridos. Isso é possível verificar, uma vez que se pode constatar que os alunos se candidatam às vagas como estagiários e que, para isso, um dos caminhos a seguir é realizar tais cursos, na tentativa de melhor preparar-se para o mercado, atendendo suas expectativas de passar da condição de estagiários para a condição de trabalhadores. 3 – “Como o relacionamento entre escola e ONG colabora com a transformação da imagem da escola pública junto aos alunos?” – os resultados aqui apresentados permitiram constatar que os alunos vêem a escola também como uma “porta de acesso ao mercado de trabalho” e não apenas como possibilidade de formação. Sobre este aspecto, no entanto, observa-se a necessidade de novas investigações. 4 - “Como a escola em questão organiza e administra seu departamento de estágios?”. Contudo, foi constatado que a instituição escolar possui pouca autonomia para a realização e aplicabilidade deste expediente de acordo com os marcos legais, principalmente no que diz respeito ao estágio curricular como complemento às atividades pedagógicas. Deve-se a isto a inexistência de uma jornada de trabalho fixa para o profissional responsável pela coordenação desses estágios. Constatou-se, por exemplo, que seus vencimentos relacionam-se ao número de alunos encaminhados para o estágio, isto é, esse profissional recebe “por produção”. Esse fato denota ainda que o poder público estimula uma espécie de “terceirização” dessa atividade, transferindo para os agentes de integração as funções que deveriam ser da escola, quais sejam: fiscalizar e orientar devidamente os alunos na realização da atividade de estágio. Sendo assim, nota-se que, para a instituição escolar, o estágio curricular fica em segundo plano, uma vez que o departamento de estágio revela dificuldades em articular o currículo com a demanda de estágios. Práticas Interdisciplinares 59 60 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Projeto: Conhecer a cidade para exercer a cidadania Wanir Pereira da Silva Betanho10 ETEC Rubens de Faria e Souza-Sorocaba- SP Palavras-chave: Cidadania, tecnologias da informação e comunicação, interação Com a tecnologia, o homem melhorou suas condições de vida, alcançou conforto, facilidades... Mas esses bens estão igualmente distribuídos? Quais são os critérios de distribuição? Qual é a atuação do poder público nessa distribuição? Como o cidadão pode intervir para que essa distribuição atenda prioridades, seja justa e transparente? Estando às vésperas de importantes eleições, é necessário refletir sobre a importância de participar conscientemente da construção de um país melhor. Os jovens precisam de subsídios da educação para entender, analisar, perceber os implícitos dos discursos políticos, escolhendo pessoas, examinando prioridades, programas... Essa meta só é possível educando o olhar, contribuindo para a formação do cidadão! Materializar tal objetivo é a questão! Ora, cidadão é quem participa da vida da cidade, se envolve, intervém... Portanto, nada melhor que a observação da organização social mais próxima: a cidade, o bairro. Como na disciplina-projeto de SIC (Serviços de Informação e Comunicação) é desenvolvida a aprendizagem das técnicas de textos jornalísticos (notícia, entrevista, reportagem, resenha, editorial) e sua formatação (com uso do word, excel, power point), nasceu este projeto, com o propósito de direcionar o olhar dos jovens para a organização da vida na cidade, pondo em prática as técnicas da entrevista e da reportagem. Para isso, a proposta é seguir etapas preparatórias: a) Pesquisar e aprender sobre as quatro áreas prioritárias para viver com dignidade: educação, saúde, segurança, infraestrutura. Nessa fase, é importante o uso das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação). b) Observar os bairros da cidade, para quantificar e qualificar o atendimento nessas áreas. Para a etapa a), serão realizadas pesquisas nas diversas mídias, resumos e debates para entender, discutir as idéias e assimilá-las (trabalho individual e em grupo). Posteriormente, os alunos (grupos de três) usarão a técnica da entrevista, entrando em contato com especialistas dessas áreas, para obterem mais conhecimentos, aumentando sua vivência da cidade. Deverão atender a requisitos de formatação na elaboração da entrevista: diagramação, foto com legenda e crédito, olho, título, subtítulo, edição de texto, três páginas. Finalizando, apresentarão os resultados para a(s) classe(s), usando a técnica da apresentação oral com recurso audiovisual (power point), compartilhando conhecimentos e desenvolvendo a competência da expressão oral. Na etapa b), serão realizadas reportagens sobre os bairros da cidade, observando os pontos fortes e fracos de cada um, em relação às quatro áreas prioritárias já estudadas. Os grupos serão de 05 ou 06 pessoas, pois o trabalho é de maior fôlego, exigindo pesquisa da história do bairro, o exame de sua situação em cada uma das áreas, demandando 10 entrevistas com diretores ou coordenadores de escolas, autoridades responsáveis por unidades locais de saúde, segurança, infraestrutura e entidades de bairro; pesquisas de campo para verificação de atendimento de necessidades, grau de consciência dos moradores, participação, e satisfação quanto aos serviços prestados. Requisitos de formatação da reportagem: título, subtítulo, fotos, legendas, créditos, boxes com trechos de entrevistas, com uso do Excel na produção de gráficos resultantes da tabulação dos dados obtidos nas pesquisas de campo, resumos de obras consultadas, etc. Finalizando o projeto, haverá exposição das reportagens escritas, apresentação em vídeo; e, oralmente, serão apresentados os conteúdos mais importantes, com auxílio do Power Point. Também é meta do projeto a criação de blog e site para divulgação e troca de informações. [email protected] 61 62 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio e Esportiva, e de acordo com as especificações constantes no Regulamento. No inicio do ano letivo, pedimos aos alunos sugestões para as provas da Gincana, e as mesmas são selecionadas de acordo com os Projetos elaborados pela Escola. Enfim, trabalhando com gincana, teremos o desenvolvimento das seguintes Competências e Habilidades: senso ético, espírito negociador, habilidade para trabalhar em equipe, flexibilidade, organização, desenvolvimento de estratégias, capacidade de diálogo, percepção, paciência, atualização cultural, responsabilidade social e solidariedade e vocação para o improviso. Gincana Cultural e Esportiva Profª Regina Aparecida Leite11 Etec Prof. Luiz Pires Barbosa Palavras-chave: Cultura, esporte, cooperação, desafio e criatividade. A Gincana Cultural e Esportiva da Etec “Prof. Luiz Pires Barbosa” é um evento presente no Plano Escolar há vários anos por ser um instrumento com grande capacidade de motivação e mobilização dos alunos. No decorrer da organização, que é feita pelos alunos, a atividade promove experiências temáticas educativas e divertidas. Integra pedagogias inovadoras através da viabilização de vivências e permite a interdisciplinaridade, promovendo, assim, o aperfeiçoamento do processo de ensinoaprendizagem e até mesmo a transformação da Unidade Escolar. O projeto tem por objetivo promover a integração da comunidade escolar através de atividades culturais e recreativas, valorizando quesitos como a cooperação, a organização, o desenvolvimento das inteligências múltiplas, da cidadania, do trabalho em equipe e da qualidade de vida. Utiliza-se, em termos de metodologia, uma certa diversidade das provas realizadas na Gincana, onde as equipes são formadas pelas salas na sua integridade e cada uma cria uma espécie de identidade por meio de uniformes. Os espaços da escola: pátio, quadras, bibliotecas, salas de aula, laboratórios, jardins, refeitório, enfim, são transformados em um espaço vivo onde cada equipe busca a resolução para cada prova. Cada prova tem definido, previamente, o seu tempo de duração, o número de alunos participantes, a pontuação pela realização da prova e, se a prova necessitar de material a ser entregue antecipadamente (como relatórios, fichas, produções, etc.) é definida uma data limite. A Gincana Cultural é dividida em várias partes: perguntas e respostas envolvendo todos os componentes curriculares, através da dança, teatro (com tema a ser escolhido anualmente de acordo com os projetos interdisciplinares), música, arrecadação de produtos utilizados nos cursos da unidade escolar, apresentação de mini palestras com convidados dos alunos com temas voltados para os projetos da escola e competições que envolvem o raciocínio lógico. Na Gincana Esportiva, existem alguns desafios físicos, como jogos desportivos, circuitos, competições que envolvem criatividade, agilidade, flexibilidade, resistência e força. No princípio, é feita a apresentação das regras gerais, durante a Gincana, a pontuação e, no final, apura-se o ganhador. A Gincana Cultural acontece em um dia e a Esportiva em outro dia, ambas no período da manhã. O julgamento das provas será realizado por uma comissão formada por convidados indicados pelos professores e alunos, que podem ser profissionais, pais, funcionários e professores. Serão consideradas vencedoras as equipes que conseguirem atingir o maior número de pontos provenientes da soma da pontuação alcançada nas provas da Gincana Cultural 11 [email protected] 63 64 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Metodologia Diferenciada no Estudo de Literatura: Poesia no Modernismo e Vanguarda Maria Angela Piovezan Ferreira12, Mariza Passos dos Santos Etec Monsenhor Antonio Magliano – Garça-SP Palavras Chave: Poesia. Leitura. Metodologia. Pesquisa. Tecnologia Educacional. A poesia revela sentimentos, desperta emoções e são inúmeras as vantagens de trabalhá-la na área educacional. Estudar poesia é uma forma de manusear a linguagem em todo o seu encantamento, principalmente em se tratando da fase modernista e de vanguarda em que as opções são infinitas. Não basta apenas o fato de ensinar, é preciso deixar transparecer a sensibilidade do educador para atrair a atenção dos jovens alunos do Ensino Médio sobre o assunto tratado. Com esta metodologia, pretendeu-se encaminhar o educando para o mundo da palavra conotativa com o intuito de despertar-lhe o gosto pelo texto literário e conhecer os poetas de maior destaque nessa fase, como representantes do nosso patrimônio cultural, além de visar à motivação para produzir textos com linguagem mais expressiva. Esta prática docente atendeu às necessidades dos discentes quanto à participação no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), bem como nos Vestibulares, que requerem domínio de conhecimentos específicos da área, além de desenvolver nos alunos o prazer pela leitura de tais textos com a proposta de futuramente socializar esses conteúdos para as outras turmas da Unidade e até da comunidade. Não se pode esquecer também que a reflexão advinda do contato com textos poéticos enriquece a filosofia de vida da pessoa e favorece as tomadas de decisão nos mais diversos momentos da vida. O projeto “Poesia no Modernismo e Vanguarda” foi desenvolvido com as terceiras séries do Ensino Médio, no componente curricular, Língua Portuguesa e Literatura, da Escola Técnica Estadual “Monsenhor Antônio Magliano” – Garça, São Paulo, com a utilização do Portal Educacional Aprende Brasil como ferramenta básica para o estudo de textos poéticos do modernismo e vanguarda. O ponto de partida foi uma pesquisa elaborada através de bibliografia sugerida, sites da WEB e utilização da solução de tecnologia educacional Portal Educacional sobre os grandes autores da Língua Portuguesa em diferentes fases da literatura do século XX. Os alunos criaram slides, utilizando a ferramenta Microsoft Office PowerPoint no Laboratório de Informática sob a supervisão da professora do componente curricular, Serviços de Informação e Comunicação (S.I.C.). Concluída essa etapa, iniciou-se a socialização do Projeto com apresentação em data show dos trabalhos produzidos pelos alunos no Salão de Conferências. Após o término das apresentações, os alunos criaram Home Pages referentes aos temas propostos, através da utilização do construtor de páginas, ferramenta oferecida pelo Portal, as quais ficaram disponíveis para pesquisas de todos 12 os usuários do Portal na WEB. As aulas com utilização do Portal Educacional suscitaram grande interesse nas equipes para a continuidade do projeto. O uso da tecnologia educacional disponível produziu frutos que subsidiaram outras experiências dos alunos, principalmente quanto à interdisciplinaridade, fortalecendo o exercício de sua cidadania. O resultado dos trabalhos desenvolvidos no ambiente proporcionado pelo Portal surpreendeu a todos na Escola. Esta metodologia foi agraciada com o prêmio “Talento Positivo de Tecnologia Educacional”, promovido pela Empresa Positivo Informática, conquistando o terceiro (3º) lugar na categoria 2 (Ensino Fundamental/Ensino Médio), concorrendo com mais de mil (1000) inscrições advindas das mais diversas partes do Brasil e do mundo. O prêmio é um reconhecimento ao trabalho de educadores, principalmente aqueles que inovaram em seu ofício, trazendo recursos tecnológicos para desenvolver projetos motivadores e estimulantes, preparando jovens para enfrentar novos desafios. Os projetos foram julgados pela equipe pedagógica da Positivo Informática, em conjunto com Educadores Doutores em Educação, seguindo rígidos critérios. O Centro Paula Souza participou com quarenta (40) escolas e esta Unidade foi a única que conquistou o prêmio. A premiação aconteceu na cidade de Curitiba, Paraná, com a presença da Diretora da Escola, Professora e Representante do CPS. [email protected] 65 66 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Ao término das visitações o público recebe agradecimentos e muitas vezes amostras ou lembranças com a identificação da Etec. O projeto descrito colabora também para a divulgação dos trabalhos realizados por alunos e professores, o que contribui significativamente para a divulgação da Escola e dos cursos por ela oferecidos. Os resultados podem ser observados durante a realização do evento, através do empenho, da organização, da dedicação e da qualidade dos trabalhos e explicações apresentadas aos visitantes. Feira do Conhecimento Eliana Clemente Leal Carnielli13 e Lucia Helena Biazoli Alves dos Santos Pacheco Etec Manoel dos Reis Araújo Palavras chave: conhecimentos, competências, criatividade e potencialidade. A feira do conhecimento, realizada no início de outubro (início de inscrições do vestibulinho), tem por objetivo fazer com que o aluno desenvolva atividades práticas, que auxiliam na sólida aquisição de conhecimentos e no desenvolvimento de competências, além de estimular a criatividade, a potencialidade e um maior entrosamento entre alunos e professores, tanto do ensino médio quanto do técnico. Acreditamos que a melhor maneira de se aprender alguma coisa é praticando, mesmo que algo saia errado. Ler bons livros, revistas, assistir sempre as aulas de ciências com atenção, participar de eventos e palestras nos fornecem um vasto conhecimento, mas só conseguimos aprender, verdadeiramente, quando colocamos em prática os conhecimentos adquiridos. Todos os alunos participam do evento observando os temas propostos nas áreas de matemática, física, química, biologia, história, geografia artes, língua portuguesa e disciplinas-projetos. Cada grupo possui um professor como orientador. O Projeto começa a ser traçado durante o planejamento no mês de fevereiro, momento em que os professores colocam sugestões de temas a serem trabalhados durante o ano letivo, afim de que os trabalhos sejam desenvolvidos de maneira interdisciplinar. A partir destas definições os alunos são orientados para que selecionem experimentos ou atividades pertinentes ao tema. No caso de experimentos, os selecionados são realizados de acordo com um roteiro em que estão descritos os materiais necessários, os procedimentos e as conclusões. Os alunos são orientados quanto à organização da apresentação do painel/trabalho/experimento que deve fazer sentido para os visitantes que nunca viram seu projeto e, muitas das vezes, desconhecem o assunto.O título do trabalho deve ser bem curto, simples mas que prenda a atenção dizendo diretamente do que se trata , deve constar nome do autor ou autores do trabalho, resumo da pesquisa/ experimento, explicação das hipóteses, métodos utilizados e dados obtidos, conclusões clara para que todos compreendam. Ilustrações devem estar embutidas no trabalho à medida que se vai dissertando, procurando colocar cores fortes para chamar atenção dos visitantes. Elaboramos e encaminhamos convites às outras escolas e instituições, alertando-as da necessidade de agendamento das visitas para garantir maior organização e conforto a todos. A recepção dos visitantes é realizada pelos próprios alunos que atuam como monitores, dividindo-os em grupos que são direcionados para diferentes ambientes da escola utilizados para a exposição dos trabalhos, o que evita aglomerações e bagunça. 13 [email protected] 67 68 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio referido período. A pesquisa foi realizada com a ajuda de alunos voluntários. Os resultados nos mostraram que grande parte dos alunos da época eram filhos de imigrantes italianos, portugueses, espanhóis e sírios. Comparando com os dados obtidos pela pesquisa em sala com a do Centro de Memória, percebemos que as nacionalidades dos antepassados dos alunos do Ensino Médio, coincidem com as dos pais dos ex-alunos até a década de 70. Pesquisando Origens Joana Célia de Oliveira Borini14 Etec. Doutor Júlio Cardoso Palavras Chave: Naturalidade, nacionalidade, movimentos migratórios A prática pedagógica que pretendemos apresentar foi iniciada em 1995, em todas as primeiras séries do Ensino Médio, na Etec. Dr. Júlio Cardoso, Franca-SP, no componente curricular Geografia. Através do projeto “Pesquisando Origens”, trabalhamos com o desenvolvimento de várias competências, a primeira: pesquisar, selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações com representações de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações problemas; a segunda: relacionar informações, representadas de diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas. Quanto às habilidades destacamos a seguinte: pesquisar e sistematizar informações relevantes para a compreensão e resolução de problemas; tabular dados; construir gráficos, tabelas e textos; localizar cidades e países em mapas regionais, estaduais, Brasil e mundo. Trabalhamos com a base tecnológica: movimentos migratórios. Inicialmente apresentamos as atividades com as etapas a serem desenvolvidas, na primeira etapa, pedimos para que os alunos levassem por escrito os seguintes dados: a naturalidade deles e a naturalidade de seus pais. A segunda etapa consistia em entrevistar avós, bisavós ou outros parentes sobre a origem de seus antepassados, ou seja, de que países vieram seus ancestrais, quando, porque e como vieram. A terceira etapa foi a tabulação de todos os dados apresentados, atividade essa realizada em sala de aula. Os resultados obtidos foram copiados por todos os alunos. Na quarta etapa, individualmente cada aluno transformou todos os dados da pesquisa em três tabelas e três diferentes gráficos. Com as tabelas e gráficos em mãos, cada um localizou todas as cidades e países que apareceram na pesquisa, de onde nasceram todos os alunos da classe, bem como as cidades onde nasceram seus pais, em mapas locais, estaduais, regionais, Brasil e mundo. Após as etapas de tabulação e construção de tabelas, gráficos e localização em mapas, passamos para análise dos mesmos, o que gerou posteriormente, a produção de textos individuais que foram apresentados em uma roda de discussão. Os produtos do trabalho foram expostos para que conhecessem os resultados de todas as classes que realizaram a atividade. Paralelamente, trabalhamos os movimentos migratórios no Brasil e mundo, e na medida em que a pesquisa ia avançando os alunos conseguiam relacionar os movimentos de seus familiares com os dados oficiais. Prosseguindo o projeto, em 2008, iniciamos uma pesquisa no Centro de Memória de nossa Etec, sobre as nacionalidades e profissões dos pais dos ex-alunos de 1924 até 1970, conseguimos os dados através dos livros de matrículas de todos os cursos do 14 [email protected] 69 70 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Ensino por Projetos – Do ideal ao real na comunidade escolar Etec de Fernandópolis Tiago Ribeiro Carneiro15 – Professor no Ensino Médio do “Projeto de Produções Artísticas” e em Cursos Técnicos do Eixo Tecnológico Informática e Comunicação. Juliana Cristina Ortolan Buosi –Professora do Componente Curricular de Língua Portuguesa e Literatura e Coordenadora do Ensino Médio Midian Nikel Alves de Souza – Professora no Ensino Médio do Componente Curricular Biologia e do Projeto “Ações de Defesa e Proteção ao Meio Ambiente” e professora nos Eixos de Gestão e Negócios e Açúcar e Álcool. Suzimara Regina Batista – Professora do Componente Curricular Artes e do Projeto Comunicação pelas Artes. Palavras-Chave: Contextualização, interdisciplinaridade, protagonismo. A equipe do Ensino Médio da Etec de Fernandópolis atribui a seu trabalho por projetos parte dos pressupostos para a realização de um ensino de qualidade. Observa-se o quanto as ações propostas pelos projetos têm provocado transformações positivas na construção de valores e atitudes, competências e habilidades inerentes a cada componente curricular. Além disso, é indiscutível a maneira como os educandos vêm consolidando práticas interdisciplinares e contextualizadas, as quais os tornam capazes de atuar com sucesso no mundo do trabalho e agir como cidadãos cientes de seus deveres e direitos em sociedade. Aprender e ensinar por projetos, para a Etec de Fernandópolis, permite ao aluno entender os princípios das tecnologias de planejamento, organização, gestão e trabalho de equipe para conhecimento do indivíduo, da sociedade, da cultura e dos problemas que se deseja resolver, além de compreender e usar a Língua Portuguesa como geradora significação e integradora da percepção, organização e representação do mundo e da própria identidade. Ao protagonizar ações de aquisição e divulgação de informações, os alunos podem reconhecer e avaliar o caráter ético do conhecimento científico e tecnológico e utilizar esses conhecimentos no exercício da cidadania. A metodologia adotada no desenvolvimento do ensino por projetos baseia-se na construção em ação, de modo que os alunos desenvolvam seus conhecimentos a partir do uso do protagonismo didático, voltado ao aprender a aprender. Para tanto, os professores fornecem subsídios teóricos a partir dos quais os alunos exploram temas, de diferentes formas, sobre diferentes aspectos e propõem opiniões diversas, defendendo-as por meio de argumentações coerentes. A título de ilustração, citam-se os seguintes trabalhos realizados pelos alunos: projeto de pesquisa sob o estímulo gerador “Livro versus Google”, em que os mesmos realizaram pesquisas na Internet e em livros, 15 conscientizando-se da importância do uso da biblioteca; campanha denominada “Quanto vale o seu vício, mais que sua vida?”, referente à conscientização quanto ao consumo de Drogas; campanha “Viva e deixe viver”, a qual tematizou a questão da doação de órgãos; campanha “Aborte essa ideia”, que esclareceu à comunidade escolar acerca do aborto; campanha “Onde você guarda seu racismo?”, referente ao preconceito e à discriminação. A partir dos temas, os alunos pesquisaram e organizaram palestras, cartazes, murais, músicas e teatros, por meio das novas tecnologias da informação e comunicação. No ano de 2009, em que Fernandópolis completava setenta anos, os alunos elaboraram uma revista retratando a realidade atual da cidade, em comparação com a Primeira Revista publicada sobre a cidade e o evento que comemora seu aniversário, a “Exposição Agropecuária, Industrial e Comercial”, hoje chamada de “Planeta Expô”. Realizou-se ainda uma exposição de quadros confeccionados pelos alunos, no Shopping de Fernandópolis, denominada “Namorados da Literatura”, a fim de ilustrar alguns casais de personagens de livros lidos por eles. A contextualização, meta almejada pela equipe do Ensino Médio, no ano de 2010, obteve seu auge na realização da Feira Científica e Cultural, em que foram expostas produções artísticas como as Poesias Concretistas, Curtas Metragens, Fotonovelas e vídeos em Língua Inglesa e Portuguesa referentes à Consciência Ambiental além de atividades práticas que ilustraram as aulas de todos os componentes curriculares. A questão ambiental presente nos Planos de Trabalho Docentes da unidade escolar e no Plano Plurianual de Gestão parte de pressupostos, os quais fazem parte do “Agenda 21”, projeto cujo objetivo central consiste em conscientizar a comunidade escolar acerca do consumo material e do destino correto dos resíduos dentro da própria escola, para extensão às práticas na comunidade local. Ensinar por projetos, portanto, para o Ensino Médio da Etec de Fernandópolis, sugere a toda comunidade escolar quão possível é realizar o idealizado. Email:[email protected] 71 72 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Giane da Silva Conhalato16 projetos, como: compostagem e mini canteiro agrostológico que estão sendo elaborados nos horários extra classe. Os projetos realizados pelo Clube consolidam o aprendizado adquirido em sala de aula, bem como agregam valores de ética, cidadania, responsabilidade e cooperação aos alunos que participam do Clube do Agricolino. Etec “Frei Arnaldo Maria de Itaporanga”. Palavras-chave: agropecuária, agricultura, ensino médio, clube de estudo Clube do Agricolino - Uma experiência de aprendizado na Etec de Votuporanga. Ensinar é promover no aluno a construção do conhecimento através de atividades que visam consolidar o aprendizado adquirido em aulas teóricas, aplicando os conteúdos das diversas áreas do conhecimento, como: biologia, química e áreas técnicas de agropecuária e agricultura em atividades práticas que resultem em um aprendizado efetivo. Os objetivos deste trabalho foram: desenvolver o aprendizado acadêmico sobre técnicas e conceitos em agropecuária e agricultura; exercitar a extensão rural interagindo a escola com a comunidade agrária; elaborar projetos técnicos na área de agropecuária e agricultura; e divulgar o nome da escola junto à comunidade escolar e empresas do agronegócio, promovendo assim o desenvolvimento das competências e exercitando as habilidades em cada aluno participante do clube. Para isto, foi fundado o Clube do Agricolino em 16/03/2010, inicialmente com 21 alunos do 2° ano do Ensino Médio integrado ao técnico de agropecuária. Atualmente o clube é composto por 51 alunos do 1° e 3° anos do Ensino Médio que realizam reuniões semanais nos horários extra classe das aulas para discutir, pesquisar, organizar e elaborar projetos de interesse da escola e que estão diretamente ligados aos conteúdos curriculares da área de agropecuária, agricultura, biologia e química. No dia 08/04/2010 como atividade inicial do Clube, a Etec de Votuporanga promoveu uma integração entre os alunos da unidade urbana com os alunos da unidade rural para que os mesmos visitassem e aprendessem sobre as atividades desenvolvidas nos projetos produtivos e na cooperativa escola. Os alunos do Clube organizaram e orientaram as visitas aos projetos, praticando as habilidades de trabalho em equipe, planejamento e elaboração das atividades e na oportunidade orientaram os visitantes da unidade urbana durante a visita aos projetos. No dia 07/05/2010 o Clube realizou, juntamente com a professora orientadora do clube, professores e funcionários da Etec, um dia de campo na escola. Neste evento, diversas empresas do ramo agrário apresentaram suas tecnologias para um total de 250 participantes, entre alunos e produtores rurais. Coube ao Clube do Agricolino as tarefas de: divulgação do evento; elaboração e execução do cronograma das atividades realizadas durante a feira; e promoção e venda dos produtos fabricados pela escola no estande da cooperativa escola. Assim, neste evento o clube foi capaz de exercitar os conceitos de cooperação e ética. Como futuras atividades, o Clube do Agricolino realizará no mês de junho as seguintes atividades: nos dias 07 e 14 o Clube do Agricolino promoverá um passeio ecológico para os alunos da Etec buscando promover a conscientização ambiental nos alunos; nos dias 12 e 13 será realizada a Feira do Verde, evento que promoverá a difusão de atividades ligadas ao meio ambiente, o Clube desenvolverá para essa feira alguns 16 [email protected] 73 74 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Dia de Campo na Etec - A escola abre as portas à comunidade. produtores rurais, além de revelar potenciais humanos, definir novos horizontes e valorizar o ensino técnico. Giane da Silva Conhalato17 Palavras-chave: agricultura, agropecuária, dia de campo, ensino técnico Etec “Frei Arnaldo Maria de Itaporanga”. O conhecimento teórico de conteúdos curriculares como: biologia, química e das áreas técnicas de agropecuária e agricultura não devem estar restritos apenas as salas de aula, pois suas aplicabilidades são infinitas na prática. Essas aplicabilidades podem ser traduzidas sob forma de planejamentos em projetos de gestão do agronegócio e na elaboração e organização de eventos. Permite ainda que cada aluno expresse suas potencialidades de comunicação, proatividade e cooperação ao relacionar com outras pessoas do mercado de trabalho. Portanto, visando expandir o conhecimento técnico da sala de aula para a comunidade e empresas do ramo do agronegócio, elaborou-se o projeto Dia de Campo na Etec “Frei Arnaldo Maria de Itaporanga” de Votuporanga. O objetivo deste projeto foi aliar o conhecimento teórico com o prático, consolidando o que se aprende em sala de aula e aplicando na prática sob forma de pesquisas, eventos e projetos. O projeto contribui também para a inclusão dos alunos dos cursos técnicos no mercado de trabalho através da divulgação de suas competências e habilidades para a comunidade produtiva da região. Para isso, realizou-se no dia 07/05/2010, no período das 8:00 as 14:00 horas, na unidade rural da Etec de Votuporanga uma feira do setor agrário, denominada de Dia de Campo, com a participação de diversas empresas de expressão regional ligadas ao ramo de agropecuária e agricultura, produtores rurais e alunos, totalizando cerca de 250 participantes. A organização e o perfeito sincronismo das atividades durante o decorrer do evento foi resultado do esforço e dedicação de cerca de 50 alunos dos 1°, 2° e 3° anos do Ensino Médio integrado ao curso técnico de agropecuária, juntamente com o Clube do Agricolino, professores e funcionários da Etec de Votuporanga. Os alunos participaram como monitores, orientando produtores e palestrantes para realizarem suas atividades dentro do prazo estipulado visando alcançar a qualidade técnica do evento. Os monitores também serviram como elo de integração entre a escola e as empresas presentes no evento, pois os mesmos planejaram e elaboraram os cronogramas das seguintes atividades: palestras, aulas demonstrativas no campo, visita aos estandes das empresas, promoção e vendas dos produtos fabricados pelos alunos e comercializados pela cooperativa escola. Esse contato dos alunos com as empresas propiciou aos mesmos acompanhar as novas tecnológicas praticadas pelo setor agrário e troca de conhecimento, contribuindo assim para o enriquecimento teórico e prático. A atividade Dia de Campo além de permitir que os alunos de nossa escola ampliassem seus horizontes de conhecimentos e expressassem suas habilidades, permitiu divulgar o nome da escola junto à comunidade regional. Também estreitou as parcerias entre escola e empresas, consolidando a tarefa de abrir as portas da escola para a comunidade, difundindo nossa tecnologia a empresas e 17 [email protected] 75 76 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio recepção da platéia, o programa e os agradecimentos. Alunos de outras séries, alguns parentes e funcionários da unidade estavam presentes. Momentos inesquecíveis foram compartilhados. Por isso, motivados pelos resultados positivos e pela participação entusiasmada dos alunos, decidimos dar continuidade ao Projeto em 2010. Luz, Câmera ... ACTION! Eliane Orlando Fais e Laís Míriam Sachs Zulmires de Campos18 Etec: “Professora Anna de Oliveira Ferraz” Palavras-chave: cinema – musical – filosofia – sociologia O projeto “Luz, câmera... action” envolveu os alunos das segundas séries e os professores do Ensino Médio A partir de indicações e projeção de filmes, além de pesquisas relacionadas ao mundo cinematográfico, pretendemos despertar no aluno a sensibilidade, o espírito crítico e o gosto pela arte. Conhecer a linguagem do cinema, observar características culturais de outras nacionalidades, refletir sobre o comportamento humano e analisar a atuação das personagens em sua diversidade cultural foram os principais objetivos deste projeto. Temas associados à Filosofia e à Sociologia foram abordados à medida em que a análise sobre os filmes permitia, como por exemplo: “Viver em sociedade”, “Identidade”, “Ética”, “Relacionamento humano” e outros. A primeira etapa do projeto envolveu um trabalho de pesquisa sobre: “A história do cinema”, “Gêneros cinematográficos”, “Características dos cinemas europeu, americano e brasileiro”, “Principais festivais de cinema”, “Diretores de cinema” e “O retorno dos grandes musicais”. Os alunos apresentaram os temas oralmente, por meio de seminários, para a classe. Novas tecnologias como projeções de vídeos, utilização de programas de informática e outros recursos serviram de apoio para a ampliação do conhecimento. Na segunda parte do trabalho, os alunos restringiram a pesquisa aos filmes musicais, analisaram o áudio em inglês e organizaram a produção dos musicais indicando os grupos de trabalho que envolveram: direção, composição de figurinos e cenários, elaboração da coreografia, cronograma de ensaios, escolha das músicas e das personagens. Durante os ensaios, os próprios alunos fizeram as adaptações dos roteiros e a seleção dos “atores”. Alguns clássicos para a produção como “Grease”, Dirty Dance”, “Mamma Mia”, “Embalos de sábado à noite”, “Moulin Rouge” e outros foram selecionados pelos alunos para as adaptações. Nessa fase, além da aplicação dos conteúdos de Língua Portuguesa e Inglês, surgiu a oportunidade de interação entre alunos, professores de outras disciplinas e, em algumas ocasiões, os pais, principalmente pelo fato de os musicais não serem atuais. A apresentação dos “Musicais” aconteceu no Salão de Eventos da escola e os grupos também apresentaram os trabalhos em DVD para ficarem arquivados na escola. Houve a participação dos professores de Artes, Educação Física, História e Geografia. Os detalhes inerentes à apresentação foram tratados por toda a comunidade escolar (direção, funcionários, professores, alunos e familiares). Dessa forma, além dos musicais propriamente ditos, foram preparados, em conjunto, os cenários, os cartazes de divulgação, os textos para apresentação e encerramento, a 18 [email protected] 77 78 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio “Nordestidade: o Nordeste e aspectos de sua identidade” José Luciano de Melo19, Carlos Diego Moreno, Luciana Regina Basilio e Viviane Carvalho de Oliveira procedimento de registros das entrevistas, criam um elo entre as disciplinas envolvidas neste projeto (Língua Portuguesa e Literatura, História, Geografia, Sociologia e Biologia), uma vez que ao tratar da questão da linguagem, também há de se tratar do tempo, do movimento, do espaço, do ambiente, que são partes integrantes da consolidação da identidade social, cultural e histórica. Etec de Cidade Tiradentes Palavras-chaves: identidade, processo migratório, historicidade, nordestidade, linguagem. O projeto visa proporcionar, por meio de atividades intra e extraclasse, o contato dos alunos com a identidade sócio-cultural da região nordeste do país. Esta relação se pautará por elementos que integram a construção do homem nordestino como tal, seja por aspectos históricos, geográficos ou sociais. O universo nordestino está arraigado no cotidiano dos alunos da “ETEC Cidade Tiradentes” em duas vertentes principais: ascendência familiar e/ou predominância migratória no bairro. Tais fatores proporcionam um rico e abrangente estudo de vínculo entre atividades pedagógicas e aspectos pessoais desta comunidade estudantil, proporcionando novos conceitos e olhares à convivência social herdada pelo berço cultural da região Nordeste. Dessa forma, visa promover o diálogo sócio-cultural entre a historicidade nordestina da Cidade Tiradentes e o cotidiano vivenciado pelo aluno, relacionando o processo migratório nordestino na constituição e identidade do próprio bairro, bem como identificar o legado social nordestino nas diversas manifestações artísticas oferecidas no cotidiano do aluno, como música, literatura, cinema, dança, teatro etc. É importante ressaltar que este projeto apresenta um cronograma extenso tendo em vista os aspectos literários, geográficos, histórico, biológicos e sociológicos que pretende levantar e analisar. Dessa forma, visa aproximar as circunstâncias migratórias da comunidade nordestina relacionada ao aluno com o contexto social da obra Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos; Realização de visitações e entrevistas com moradores da Cidade Tiradentes e/ou familiares de estirpe nordestina; Confecção de portfólios com o material das visitações citadas acima; Aproximar as circunstâncias migratórias da comunidade nordestina relacionada ao aluno com o contexto social da obra Morte e Vida Severina (1956), de João Cabral de Melo Neto; Visitar o Memorial do Imigrante, a fim de estabelecer vínculos históricos acerca do processo itinerário de determinados grupos sociais; Relacionar aspectos sócio-econômicos entre as periferias de capitais nordestina e paulistana, a partir da obra Capitães da Areia (1937), de Jorge Amado; Elaborar oficinas culturais de estudo e/ou de produção de manifestações artísticas, como música, literatura, cinema, dança, teatro etc.; Expor as atividades e os trabalhos desenvolvidos ao longo do projeto. O estudo das obras literárias sugeridas, leitura dramatizada de textos teatrais, poemas e cordéis, análise de canções, resenha de filmes, investigação de elementos fonológicos da variante regional nordestina e 19 [email protected] 79 80 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Projeto Pedagógico Interdisciplinar – Biologia, Geografia e História - “Apresentando Nossa Comunidade” para pensar sua existência de forma contextualizada, verídica e atualizada, para assim promover ações cidadãs de melhoria e reconhecimento sociocultural. Michele de Mattos Cardoso Pinto20, Juliano Ricardo Marques e Ulisses Rodrigues Nogueira ETEC de Campo Limpo Paulista Palavras - chaves: interdisciplinar, socioeconômico, biologia, geografia e história. Atualmente as práticas pedagógicas interdisciplinares desenvolvidas a partir de projetos, abrem tanto para os alunos como para os professores um novo mundo de conteúdos a serem explorados por diversas áreas. Como todo projeto, este também requer planejamento, dedicação e organização da prática ensino aprendizagem, visto que será possível proporcionar aos alunos uma visão bem detalhada da comunidade ao seu redor de diferentes ângulos, diga-se de passagem, muitas vezes nunca percebida, pois todos serão estimulados a se tornarem agentes do conhecimento relacionando assim suas vivências, com as dos vizinhos da esquerda, da direita e assim por diante. Conhecer a realidade histórica, geográfica e biológica da sua comunidade é sem dúvida uma das formas mais simples, no entanto de grande importância para mostra ao aluno, que uma pequenina comunidade faz diferença em um mundo tão grande, afinal todos temos história para contar. O Projeto “Apresentando Nossa Comunidade” será aplicado na ETEC de Campo Limpo Paulista – Bairro do Botujuru, entre os meses de fevereiro a dezembro do ano de 2010, tem como objeto proporcionar aos alunos a capacidade de observar e registrar informações, analisar transformações geográficas, históricas e ambientais, perceber a interação homem X natureza, interpretar cartografia, realizar levantamentos ambientais entre outros. Porém é muito importante ressaltar que outros itens tão importantes como os acima citados serão muito bem explorados, tais como trabalho em grupo e sentido de equipe tornando-se assim este projeto também um meio de realizar a interação e convivência entre os próprios alunos. A biologia, geografia e história são ciências que estudam as relações entre Homem e a Natureza, que por meio desta constrói-se o Meio Ambiente e uma das formas de compreender a organização ambiental e entender como funciona o Espaço Cotidiano é vivenciá-lo. O projeto será realizado nas suas diferentes áreas, através de cronogramas pré-estabelecidos, ficando assim a cargo da Biologia, realizar levantamentos atualizados de fauna e flora na região e seu entorno e possíveis áreas de preservação, para a Geografia levantar dados socioeconômicos, migração, urbanização, posicionamento histórico da região e localização espaço geográfico. Para a história cabe realizar um levantamento histórico da comunidade a partir dos depoimentos que serão coletados com moradores antigos da região de Botujuru. Como resultado desse projeto será construído uma web site sobre o bairro do Botujuru, onde a comunidade terá mais uma ferramenta de informação e comunicação 20 [email protected] 81 82 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Empreendedorismo e Cooperativismo: Características de um profissional do futuro Gustavo Santos Miranda21 e Joana Célia de Oliveira Borini ETEC Dr. Júlio Cardoso – Franca/SP Palavras Chaves: Aprendizagem - Gestão – Empreendedorismo – Cooperativismo – Criação Desde 2003, trabalhamos com o componente curricular Gestão Empresarial (GE) no Ensino Médio, cujo objetivo é, na segunda série, desenvolver uma idéia e aprender a transformá-la num plano de negócio e promover o treinamento pessoal, a fim de que se possa criar e desenvolver uma nova empresa, bem como estimular o espírito empreendedor nos alunos. Já nas terceiras séries, procuramos dentro do cooperativismo desenvolver uma idéia e transformá-la em uma forma de organização democrática que congrega pessoas para a realização de um empreendimento de geração de trabalho e renda, promovendo capacitação, para que se que possa criar e desenvolver uma cooperativa, e que a simulação esteja dentro do que é exigido nos princípios do cooperativismo, objetivando o desenvolvimento do espírito de solidariedade, através do conhecimento das características básicas, das necessidades, das habilidades, dos valores e experiências do cooperativismo. Assim, procuramos unir a teoria à prática com a criação de duas empresas por classes nas segundas séries e também duas cooperativas por classe nas terceiras séries, totalizando 16. Criação de: logotipos, organogramas, fluxogramas, contratos sociais, estatutos sociais, planejamentos estratégicos, projetos sociais, planejamento de custos, registros em livros de atas, etc. são algumas atividades realizadas durante o ano letivo. As empresas e cooperativas funcionam o ano todo e comercializam seus produtos e serviços na escola e fora dela, que no final do ano rende a eles uma receita que é repartida de acordo com o contrato social e estatuto. Temos dois eventos que são esperados por todos. O primeiro é em abril quando há a apresentação das empresas e cooperativas para a comunidade escolar; o segundo é realizado no segundo semestre, durante três dias, na quadra da escola, cada empresa recebe um stand, na medida de 3x3 metros, assim, comercializam seus produtos e serviços para a cidade de Franca e região. Em 2009, recebemos mais de quatro mil visitantes, contando, inclusive, com apoio de patrocinadores. Além dessas atividades, realizamos o Projeto Coração Solidário, em que as empresas criadas pelos alunos, arrecadam produtos de higiene pessoal, limpeza e alimentos que são doados nas creches, asilos e outras entidades filantrópicas. Esse Projeto concorreu em 2005 ao prêmio “Escola Solidária”, patrocinado pela Fundação Itaú e Rede Bandeirantes de Rádio, sendo o mesmo escolhido e premiado em 1º lugar no Brasil. Atualmente, os desafios, tendências e exigências para os profissionais são muito grandes. O perfil do administrador na atualidade apresenta uma série de características que vão determinar o seu sucesso ou não. Entre elas estão: equilibrar Disciplinas Projeto 21 83 [email protected] 84 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio criatividade com a perspicácia, visão globalizada, construir credibilidade, ter poder de persuasão e convencimento, rapidez para adaptar-se às mudanças e reagir positivamente a elas, senso de responsabilidade social, estar atento às oportunidades de mercado e tomar conhecimento do que acontece a sua volta. Acreditamos que o componente curricular GE faz a diferença para nossos alunos, tornando-os mais capazes e aptos à competição no mercado de trabalho, ao concluir o Ensino Médio. A influência da imagem corporal na adolescência Prof. Rogério Tadeu Francisco Gonçalves22 Etec Prof. Horácio Augusto da Silveira Palavras-chave: Imagem corporal, adolescência e comportamentos sociais; Vivenciamos em todo momento a aprovação ou reprovação social de nossas condutas. Somos classificados, estigmatizados, formados e deformados na visão que temos de nós mesmos e sob a influência desses aspectos deparamo-nos com verdadeiras batalhas contra nossos corpos e a maneira como ajustá-los segundo nossas vontades. Deficiências na formação de uma identidade corporal adequada, falta de informações e critérios para escolhas conscientes e fundamentadas fazem-nos deparar com preconceitos de múltiplas origens, “verdades” baseadas em conceitos sociais e deformações comportamentais determinadas por escolhas baseadas em padrões préestabelecidos ou pela revolta, natural da adolescência, contra os mesmos. O projeto visou apresentar ao adolescente, como ser que sofre mudanças físicas rápidas e intensas, que é muito difícil permanecer indiferente a elas e que, através delas, vivenciamos emoções decorrentes das transformações na imagem que temos de nós mesmos. A formação de conceitos e opiniões sobre “como sou”, “o que quero ser” e “o que esperam que eu seja”, passou incondicionalmente por discussões claras e objetivas, por exemplificações e análises de diferentes pontos de vista, buscando abordar diversas formas de pensar e agir para que as escolhas passassem a ser fundamentadas por argumentações elaboradas e não retransmissoras da ação e pensamento alheio. Temas como transtornos alimentares (obesidade, anorexia, bulimia) transtornos compulsivos (vigorexia), uso de anabolizantes, uso de drogas sociais e alcoolismo, preconceitos sociais éticos e morais, sexualidade (papéis masculinos e femininos, relações, gravidez e aborto, etc.) não foram tratados como relatos técnicos, fechados e esgotados, mas discutidos como comportamentos culturalmente desenvolvidos, ocultos ou observáveis, acolhidos ou refutados, transmitidos ou transformados, seja como for, o objetivo foi mostrar que a importância reside na reflexão, no pensar antes da escolha e da ação. A metodologia adotada foi a exploração de pesquisas com pais, amigos e parentes, imagens, músicas, vídeos e depoimentos disponíveis na internet, que mostravam comportamentos existentes em nossa sociedade, e a partir deles provocar a análise e discussão dos aspectos que os influenciavam e quais as atitudes deveriam transformar, ou não, as ações que cada um tomaria quando estivesse diante de situações semelhantes. Foram produzidos diversos materiais de exposição como desenhos e vídeos usando como atores os próprios alunos, defendendo seus argumentos contra ou a favor dos temas abordados, proporcionando diversas situações de debate e demonstrações de atitudes 22 85 [email protected] 86 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio diante das vivências exploradas. Vivenciamos discussões acirradas, depoimentos pessoais emocionantes ou engraçados, e pudemos experimentar o poder da reflexão na tomada de atitudes e estabelecimento de valores que tanto se mostram necessários diante dos padrões, preconceitos e conflitos tão trágica e constantemente expostos em nossa sociedade. Relatos retirados das avaliações finais do projeto solicitaram a necessidade da continuidade não somente para os próximos alunos dos próximos anos, mas também na sequência das séries seguintes. Alunos escreveram sobre mudanças de atitudes na relação com os pais e grupos sociais e na forma de escolher suas ações e opiniões. Redações objetivas aprovaram em sua maioria, a execução do projeto; redações alegres demonstraram o prazer no debate dos temas e na forma como foram abordados; assim como relatos emocionantes deixaram ensinamentos para todos nós. Fechamos com a escolha de uma frase, pelos alunos, que demonstrasse o resultado das nossas discussões, e a frase escolhida foi: “Fale ou faça o que pensa, mas... PENSE”. Espalhafato José Francisco Sobrinho23 ETEC Prof. Horácio Augusto da Silveira Palavras chave: SIC – REDAÇÃO – JORNAL – MURAL - PORTUGUÊS O projeto SIC – Sistemas de Comunicação e Informação – tem com um de seus principais objetivos fazer um levantamento do poder que a mídia exerce sobre as pessoas, sobretudo os adolescentes, colocando-os em contato com a dinâmica dos meios de comunicação de massa. Para tanto, eles são orientados a desenvolver a leitura crítica de jornais e a produção de textos. Assim, criamos o Espalhafato, um jornal mural, de periodicidade semanal, que aborda temas de interesse geral, principalmente do universo jovem, e também de interesse da comunidade escolar. O nome do jornal foi sugerido e escolhido pelos próprios alunos, por meio de votação. Eles também são responsáveis pela definição das editorias, temas abordados e visual. Procuramos nos aproximar, o máximo possível, da dinâmica de uma redação, treinando os alunos na redação de textos jornalísticos, técnicas de entrevista, diagramação e fotografia. A cada edição são escolhidos, por meio de votação, dois editores-chefes e um líder para cada editoria, que, em conjunto, coordenam o trabalho dos repórteres. O professor revisa os textos e orienta sua elaboração. Os resultados alcançados foram excelentes. O jornal tornou-se o principal veículo de comunicação da escola. Abriu-se uma oportunidade de discussão, reflexão e interação, fazendo o trabalho extrapolar os limites da sala de aula, que passou a servir apenas como um espaço de planejamento. Tanto a elaboração quanto a montagem do jornal é feita fora do horário de aula e seu sucesso se traduz no envolvimento de todos. É uma cena comum os alunos ficarem – por vontade própria – do meio-dia até o período noturno, montando o jornal e buscando sempre o melhor resultado. Professores, funcionários, visitantes, alunos dos cursos técnicos, e principalmente os do ensino médio, formaram um público leitor assíduo e interessado, que, a cada semana, espera pela publicação de uma nova edição. Entre os executores do projeto – alunos da 2ª série – criou-se a cultura da melhoria contínua. Além de um certo espírito de competição entre as 7 turmas, há sempre o desejo de fazer uma edição melhor que a anterior. É comum alunos de uma turma publicarem seus textos também na edição de outra, o que reforça o espírito de colaboração e a ideia de que o jornal é um só, elaborado por todos. Em termos pedagógicos, houve uma tremenda melhora nas habilidades com a linguagem escrita, bem como uma maior consistência dos textos e mais criticidade na hora de redigi-los, algo que aconteceu também na definição da pauta de cada edição. Assuntos como drogas, DST, meio ambiente, problemas da escola e da educação em geral, comportamento, cultura, economia e política foram abordados de forma cada 23 87 [email protected] 88 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio vez mais inteligente, além de ótimas entrevistas, inclusive com pessoas de bastante destaque, como o ministro do meio ambiente, Carlos Minc, o humorista Bruno Mazzeo e o piloto Rubinho Barichello. Enfim, nossos alunos, além de melhorarem seu texto, aprimoraram seu senso crítico e sua capaciadade de reflexão e comunicação. Stop Drogas: Tecnologia compartilhando Informações Luciana Denise Leite Beteto24 e Maria Angela Piovezan Ferreira Etec Monsenhor Antonio Magliano – Garça-SP Palavras Chave: Projeto. Drogas. Conhecimento. Tecnologia. Metodologia BIE. O aluno do Ensino Médio encontra-se na faixa de 14 a 17 anos, período em que entra na adolescência, que é tradicionalmente considerada como a transição para o mundo adulto. É uma fase de grande mudança onde permeiam o medo e a ansiedade; a incerteza na escolha da profissão e o conflito entre suas aspirações e as possibilidades oferecidas pela sociedade; muitas vezes os caminhos vislumbrados para a realização pessoal se contrapõem a valores coletivamente construídos. Aos fatores de transição pessoal surgem as grandes e rápidas mudanças do mundo globalizado cheio de influências culturais e muita informação. A rapidez das informações requer dos educandos a transformação em conhecimento e a escola necessita de desenvolver metodologias capazes de atender aos anseios dos jovens frente a esta nova realidade. O projeto “Stop Drogas: Tecnologia compartilhando informações” foi desenvolvido na Unidade de Ensino Escola Técnica Estadual Monsenhor Antônio Magliano, da cidade de Garça-SP, no período de 17 de agosto de 2009 a 02 de outubro de 2009, através de atividades com caráter transdisciplinar envolvendo os alunos do 2º Ensino Médio “B”, no componente curricular Serviços de Informação e Comunicação (S.I.C.). Neste componente, foram trabalhados os conhecimentos: aplicação de técnica de operação do software MovieMaker; operação no software aplicativo PowerPoint e utilização da internet para pesquisas. Também participaram do projeto os alunos do curso técnico de Web Design, no componente curricular Projeto de Aplicações Web (P.A.W.), trabalhando as bases tecnológicas: desenvolvimento de sites utilizando o software DreamWeaver e operar aplicativos de imagens, utilizando o software Fireworks. A ideia do projeto surgiu da participação das professoras no curso de Aprendizagem Baseada em Projetos – uma nova estratégia de ensino para desenvolvimento de projetos (A.B.P.), ministrado pela professora Doroti Toyohara (CETEC), no ano de 2009, com o objetivo de conscientização e prevenção. “Droga” é uma questão social do meio em que vivemos. Conscientizar a comunidade ETEC MAM foi uma forma de esclarecer os efeitos prejudiciais que seu consumo acarreta no ser humano (organismo). Portanto, uma forma jovem e moderna de divulgação foi a utilização de diferentes mídias, que deu origem a questão norteadora: “Como as diferentes mídias podem contribuir para conscientizar a comunidade ETEC MAM quanto aos malefícios causados pelo uso de drogas?”. A execução do projeto visou o desenvolvimento de hábitos mentais: criação, imaginação e inovação; interesse pelas ações que promovam as mudanças de comportamento e trabalho em grupo de modo efetivo, com cooperação, respeito e ética. As habilidades desenvolvidas foram: pesquisa na internet, 24 89 [email protected] 90 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio classificação e organização de informações; trabalho em equipe e apropriação de conhecimentos da área de informática para interpretar, avaliar ou planejar intervenções tecnológicas. Desta forma, o resultado final do projeto provocou na comunidade escolar ETEC MAM impactos visando à contribuição na formação do estudante para o exercício de sua cidadania com competência como agente transformador da realidade, utilizando-se de criação de slides, filmes, homepages, datashow e depoimentos, compartilhando assim as informações pesquisadas e transformadas em produto como meio de minimizar o consumo/uso das drogas. Tal projeto foi apresentado, utilizando-se da metodologia BIE, além das ferramentas de apoio já citadas, para todos os alunos do Ensino Médio (nove salas) e do Ensino Técnico, curso de Web Design e Informática (três salas), direção, professores e funcionários da unidade de ensino. Observando os depoimentos dos alunos envolvidos no projeto, constatamos que através da utilização de diferentes multimídias o conhecimento foi eficazmente disseminado. A transversalidade em projetos: uma contribuição para a formação global do aluno Diego dos Santos Leon25, Karina Bonato Scarelli da Silva e Maria Conceição Pereira Olivato ETEC Pedro Badran – São Joaquim da Barra / SP Palavras-chave: interdisciplinaridade; transversalidade; projetos; processo reflexivo; tecnologias na educação A proposta curricular do Ensino Médio do Centro Paula Souza contem além das disciplinas do currículo oficial um conjunto de disciplinas transversais que realçam a preocupação da instituição com a formação de um aluno global, crítico, reflexivo, que esteja preocupado com as novas realidades do mundo. Percebemos que a estrutura curricular revela práticas e ações que fogem do ensino decorativo ou do apenas “aprender por aprender”. Esta concepção curricular deve estar ligada às nossas práticas pedagógicas: o ensino deve promover a mudança. É importante contextualizar a prática docente na sociedade tecnocrática que anuncia o advento de uma cibercultura e que o aluno seja capaz de utilizar estas tecnologias de forma crítica e consciente, relacionando tecnologia com a sociedade. Desta forma, torna-se necessário que a escola prepare estes novos cidadãos para que consigam analisar criticamente a inserção das tecnologias na sociedade. Além disso, a formação para essas tecnologias é uma das tarefas mais ambiciosas da escola, já que saber utilizar e manipular estas tecnologias constitui-se um dos fatores de exclusão social. É impensável pensar hoje a escola sem que haja um diálogo com a tecnologia: pensar dessa forma seria condenar a escola ao imobilismo, a inércia e descartá-la como um objeto de antiquário. A escola deve se apropriar dessas tecnologias e reinventar seus domínios, repensar sua função social, fazendo com que os alunos sejam capazes de refletir criticamente os multimeios, tais como a internet, as redes de relacionamento, a televisão, o mundo da propaganda, entre outros exemplos... Refletimos que o nosso trabalho desenvolvido durante o ano letivo de 2009 revela nossa visão a respeito do currículo: um trabalho interdisciplinar e dialógico. Utilizamos da disciplina Projeto Técnico Científico como um elemento articulador com as outras disciplinas das ciências humanas e possibilitou ao aluno que escrevesse e refletisse sobre seus conhecimentos em blogs online e diários reflexivos. Nossa preocupação era criar com o aluno um espaço de discussão, de envolvimento e pesquisa, fazer com que o conhecimento pudesse realmente ser sentido e experimentado pelo aluno no seu cotidiano. Entendemos que trabalhar com projetos envolve abertura para o novo visando transformar a realidade que permite dar sentido ao conhecimento, levando-o à reflexão de que estes saberes não são quebrados, mas constituem-se de um todo. A metodologia adotada durante o desenvolvimento foi buscar questões e perguntas que 25 91 [email protected] 92 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio refletissem diretamente o cotidiano do aluno, propiciando a reflexão sobre si próprio e o seu meio. Todas as questões foram desenvolvidas usando aporte teórico das ciências humanas e em trabalho interdisciplinar. Durante o curso desenvolvemos debates e os registros foram armazenados em relatos reflexivos, diários de bordo e blogs. Ao final, com todo o conhecimento acumulado, os alunos deveriam investigar a própria sociedade onde agiram como “sociólogos”, utilizando os métodos das pesquisas sociológicas quantitativas e qualitativas. O projeto retrata uma quebra da linearidade no estudo das ciências humanas, ao desenvolver o estudo através de temas geradores: os conhecimentos não se apresentam distantes e inalcançáveis, ao contrário, o aporte teórico apreendido por eles fazem com que eles reflitam e tornem-se agentes de sua própria história. Nosso objetivo com a proposta dos projetos era oferecer uma nova visão aos alunos a respeito de como aprender: o ensino hoje não pode estar mais apenas confinado na sala de aula. Era promover a reflexão e a criticidade em seus atos e utilizar os conhecimentos adquiridos para compreender-se e realizar mudanças. Acreditamos que a educação não tem significado se não promover mudanças. Como produto final do processo temos os relatos, os diários e as pesquisas, que se constituem em ferramentas de auto-avaliação do aluno e também oferecem a possibilidade de crítica social, da voz ativa do jovem e de transformações. Projeto- Econscientização Wanir Pereira da Silva Betanho26 ETEC Rubens de Faria e Souza- Sorocaba- SP Palavras-chave: Educação ambiental, cidadania e mensagem publicitária A educação é a chave da inclusão social, é o caminho seguro para inserir um país no círculo virtuoso do crescimento social e econômico. No entanto, diante do cenário preocupante da falta de qualidade do ensino no Brasil, ainda há o desafio de conseguir despertar o educando para a aventura do mundo do conhecimento. Nosso sistema compartimentado da organização curricular não atrai os estudantes pela carência de significação para a sua vida. Um meio de descompartimentar o ensino é a aprendizagem por projeto. “Econscientização: você é o reflexo do meio em que vive” é um projeto cujo objetivo principal é a conscientização quanto à responsabilidade de cada um para preservar o planeta. Seu desenvolvimento baseou-se na metodologia da pesquisa-ação, que, para El Andaloussi (2004), possibilita abordar fenômenos da sociedade em sua complexidade, permitindo ainda a intervenção do pesquisador dentro de uma problemática social, em que os interessados tornam-se atores que, participando do desenvolvimento da ação, contribuem para produzir novos saberes. No caso concreto deste projeto, a produção de saberes a respeito do meio ambiente. Tal método torna os educandos protagonistas, num processo de intervenção na realidade social, com cidadania e autonomia. Após pesquisas para construir o referencial teórico a respeito do lixo e sua destinação, as ações foram planejadas, levando em conta a hipótese de que, havendo divulgação de conhecimentos, discussão sobre o assunto, novos valores, atitudes e comportamentos seriam desenvolvidos na comunidade escolar. Como um dos conteúdos da disciplina de AC (Ações de Cidadania) é o estudo da mensagem publicitária (para refletir sobre o consumo e a observação de seus apelos e implícitos, para não se tornar refém do consumismo), foi feita a proposta de criar uma campanha publicitária, com a finalidade de conscientizar a comunidade em relação à responsabilidade de cada um quanto à preservação do meio. Aceito o desafio, foram realizados estudos sobre a mensagem publicitária e a problemática do lixo, necessidade da prática da coleta seletiva e reciclagem. Após essa etapa, foi preciso planejar a campanha: mídias, peças, material, etc. Para isso, as equipes aprenderam a elaborar projetos de campanha que, embora simples, apresentaram etapas como objetivos, público-alvo, tipo de mídia, material, execução e cronograma. Houve três semanas de prazo para o início da campanha, com produtos como outdoor, murais, pequenas palestras com uso do power point, merchandising, oficina, instalação, estabelecimento de parceria, etc. No entanto, é necessário lembrar que os conhecimentos fragmentados precisam ser reorganizados para que a sua 26 93 [email protected] 94 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio significação seja apreendida e assimilada. Assim, no segundo semestre, os alunos se dedicaram à elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), uma última etapa do projeto. Com uma postura reflexiva, aprofundaram-se conhecimentos com pesquisas, organizadas em portfólios, analisando-se os resultados da campanha publicitária e as atitudes e comportamentos no desenvolvimento das atividades do primeiro semestre. Os resultados alcançados com o uso das técnicas da mensagem publicitária (como ferramenta) permitiram avaliar o comprometimento dos envolvidos, eles próprios modificados por nova visão de defesa do ambiente, assumindo a posição de multiplicadores dessa perspectiva junto à comunidade escolar e suas famílias. Sarau Cultural Cláudio Betzler27 e Thalita Benigno ETEC Presidente Vargas Palavras chaves: arte; cidadania; percepção; vivência. O Painel apresenta de forma sucinta a trajetória do Sarau Cultural da ETEc “Presidente Vargas”, institucionalizado em 2009, por iniciativa dos docentes das disciplinas de Artes e Ações e Cidadania do Ensino Médio. Sarau é toda aquela reunião festiva entre amigos, ligado à arte e cultura. Ouve-se música, filosofa, lêem-se trechos de livros, fazse poesia, etc. Somamos conhecimentos e vivência. E o projeto Sarau Cultural tem como ponto de partida a aproximação da escola com a comunidade por meio da difusão de atividades culturais, com enfoque na cidadania, visando cultivar as produções artísticas e o gosto pela poesia, música e outras formas de arte entre os discentes, docentes e comunidade, proporcionando a estes a oportunidade de se expressar de forma lúdica; valorizar e estimular os talentos; resgatar e divulgar formas culturais, artísticas e sociais; trocar idéias, assim como também a apreciação e reflexão. A arte tem como função primordial a humanização do indivíduo e o Sarau tem a intenção de despertar um olhar, mediado pelas relações artístico-culturais existentes na sociedade, resgatando assim, seus valores como protagonista no seu meio. A escola exerce um papel importante na construção da cidadania dos adolescentes, adultos, professores e seus quadros técnicos. Visando colaborar neste sentido, o Sarau oferece um momento (vários) para que todos possam exercer o exercício de cooperação, protagonismo, participação qualificada nas ações educativas do projeto, constituindo, juntamente, uma interface nas distribuições de tarefas, potencializando assim seus conhecimentos e habilidades, como por exemplo: organização do espaço, som, equipamentos, divulgação, programação, apresentação, etc. Com este propósito, o primeiro Sarau foi realizado em junho de 2009, com a temática: “Projetando ideias para um mundo melhor”. E com o sucesso do primeiro, foi desenvolvido o II Sarau Cultural, no mês de novembro de 2009, com a temática: “Por um Mundo Melhor... em busca de Igualdade de Direitos”. Foram realizados cartazes para a divulgação e um período e programação para a realização das inscrições, aos interessados. Os alunos do curso técnico de Design de Interiores criaram um cenário para a realização da reunião festiva, assim como a realização das tarefas distribuídas em grupos, formados por alunos e professores. Nos dois eventos, tiveram mais de 50 participações artísticas, além de mais de 400 espectadoresapreciadores presentes. A escola, então, passou a ser um local privilegiado, também, para a convivência de gerações, proporcionada pela oportunidade do encontro no ambiente escolar, incentivando a prática de atitudes solidárias, artísticas; visando uma melhoria entre as relações intra e inter pessoais na escola; fomentando a convivência e sociabilidade, valorizando suas habilidades e formas expressivas e artísticas de 27 95 [email protected] 96 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio dizerem, mostrarem suas reflexões, questionamentos, sobre seus olhares diante dos temas apresentados e discutidos, permitindo, então, um novo olhar e percepção sobre a dimensão ética e desenvolvimento de conhecimentos e atitudes, que serão recriados pela sua vivência. Senta que lá vem História Valéria Amaral Costa Bertani28 ETEC : Dr. Domingos Minicucci Filho Palavras-Chave : histórias, crianças, livros, cidadania, teatro Contação de histórias :O projeto consistiu em três fases distintas. Na primeira, os alunos criaram ou adaptaram histórias infantis já existentes. Na segunda, os mesmos confeccionaram livros com elas. Na última fase as histórias foram contadas e interpretadas para crianças carentes de creches municipais. O objetivo do projeto dentro do conceito de Ação e Cidadania, foi mostrar aos alunos como o trabalho voluntário pode ajudar a modificar realidades diferentes das quais eles estão inseridos. A natureza do projeto foi inspirada na data comemorativa do livro didático, propondo aos alunos que criassem histórias ou adaptassem contos infantis já conhecidos. Cada grupo, organizado entre os alunos do terceiro ano do ensino médio, pode escolher se criava sua própria história ou adaptava as histórias já existentes. Na primeira fase, cada turma arrecadou material doado e usado para ser usado na confecção dos livros infantis, como lápis de cor, lantejoulas, canutilhos, botões, fitas coloridas, caixas de leite, garrafas pet, coadores de café usados, tecidos, sacos de estopa e tintas coloridas. A confecção dos livros durou um mês e meio e foi toda feita em sala de aula. Na última fase os alunos encenaram as histórias na forma de teatros e rodas infantis. As peças foram apresentadas primeiramente aos alunos e professores da própria escola e, posteriormente, às crianças das creches convidadas a vir à apresentação. Foi servido um café da manhã antes das apresentações. Após as apresentações, as crianças receberam em doação os livros confeccionados. O projeto, caracterizado por suas diferentes fases, mostrou um rico repertório de resultados. O estímulo à criatividade na fase de criação resultou num surpreendente leque de histórias e releituras, que demonstraram a enorme capacidade criativa dos grupos, onde cada membro pode participar dar idéias e determinar o enredo das histórias. Na segunda fase também houve o estímulo criativo na confecção dos livros com os mais diferentes materiais, que, além disso, eram reciclados, usados ou doados, o que já leva ao objetivo de ação e cidadania, sob os conceitos de reciclagem e pedidos de doações. E a terceira fase, que também exigiu criatividade dos alunos na encenação e contação das histórias, trouxe para mais perto o conceito de ação e cidadania, com a oportunidade de interagir com as crianças carentes e oferecer a elas momentos de alegria e lazer, e a posterior doação dos livros, conseguimos demonstrar o conceito do trabalho voluntário, e de como este é uma via de mão dupla, onde o tempo despendido, o esforço e a dedicação para a execução das atividades são “pagos” com a satisfação de observar a alegria das crianças, de oferecer uma oportunidade de acesso à cultura, e 28 97 [email protected] 98 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio inclusive de mostrar aos alunos a sua própria capacidade criativa. Demonstramos que um trabalho para der bem feito e atingir bons resultados não precisa necessariamente de remuneração financeira. Filosofia e Sociologia 99 100 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Cidadão 21 - Projeto institucional Ações de Cidadania Izabel Castanha Gil29 e Maria Emília Furtado de Luccas ETEC Prof. Eudécio Luiz Vicente - Adamantina/SP Palavras-chave: Projeto interdisciplinar – Sociologia e Filosofia – Inovação teóricometodológica O trabalho relata uma experiência em andamento desde fevereiro de 2010. Atendendo a Lei nº 11.684/2008, que torna obrigatória a introdução das disciplinas Sociologia e Filosofia no Ensino Médio, a escola optou por desenvolve-las de modo integrado nas segundas séries, na disciplina Projetos. Com a participação de todos os professores, o tema foi amplamente debatido, inspirando a elaboração do Projeto Cidadão 21. Duas professoras ficaram responsáveis, num total de cinco aulas semanais. Uma delas é formada em Geografia e História e a outra é formada em Pedagogia e Ciências Contábeis. Esse fato atesta a realidade das escolas em relação à implantação das duas disciplinas: a falta de profissionais com formação específica. Compreendendo as dificuldades próprias da fase inicial de implantação das referidas disciplinas e a responsabilidade diante de áreas tão significativas do conhecimento para a formação do educando, dedicou-se especial atenção na elaboração do projeto, considerando os pressupostos metodológicos e os temas a serem abordados. Para identificação dos mesmos, valeram-se das observações feitas pelos alunos disponibilizadas no relatório do SAI 2009 (Sistema de Avaliação Interna). Para nortear as ações, definiram-se três princípios balizadores: espírito científico – comprometimento – mobilização. A estrutura do projeto assenta-se em quatro grandes temas, sendo desenvolvido um por bimestre. Cada tema é subdividido em três subtemas, diversificando as possibilidades de abordagem. Todos estão relacionados ao cotidiano e à contemporaneidade dos jovens, contemplando a formação individual e a cidadania, a continuidade dos estudos, e a preparação para o mundo do trabalho. Os alunos, divididos em grupos, definem o recorte e o objeto de estudo a ser trabalhado. Os grandes temas são: 1- Eu, tu, nós. Uma convivência pacífica? (subtemas: Convivendo com as diferenças: a- A esquisitice está na moda?; b- Sexo: prazer e responsabilidade. Como?; c- Eu e as finanças: $ tem limite? 2- Além dos muros da escola: como enxergar de olhos fechados? (subtemas: a- A vida é um desafio. O que é ser jovem hoje?; b- Mercado de trabalho: o sucesso é minha meta?; c- Copa do mundo e Olimpíadas: o Brasil será um bom anfitrião?). 3- A natureza está em risco. E eu com isso? (subtemas: a- Consumo consciente: dá para praticar?; b- Boas práticas ambientais no cotidiano: agir sozinho resolve?; c- Sustentabilidade ambiental: utopia?). 4- Pensar, agir e registrar: existe uma forma ideal? (subtemas: a- Pensar, agir e escrever: uma aventura possível?; bEditoração eletrônica: vamos fazer um vídeo?; c- Manifestações artísticas: o mundo é um circo? Para cada tema selecionaram-se bases teóricas, que dão suporte às investigações. Também foram selecionadas competências do ENEM (Exame Nacional 29 do Ensino Médio/MEC) para balizar as atividades propostas. As investigações são realizadas com ênfase no estabelecimento de problematização, hipóteses e objetivos. O produto final bimestral constitui-se na elaboração de material virtual (apresentações orais ilustradas e animadas com performances pré-estabelecidas) e na redação de um breve artigo cientifico (texto dissertativo). Para isso, recebem orientação quanto às regras da ABNT, tais como citações, formatação, referências bibliográficas etc. Orientase para a produção original e criativa, evitando-se o plágio. A socialização dos resultados bimestrais é feita em sala de aula e, em algumas situações, promove-se um intercâmbio entre as salas. Para as apresentações, priorizou-se também a orientação sobre técnicas de comunicação oral. No quarto bimestre toda a produção será sistematizada e socializada no site da escola. Será também adaptada para publicação no jornal da mesma. As fontes bibliográficas constituem-se em mídias eletrônicas, publicações editoriais, fontes orais e outras. Para o desenvolvimento dos trabalhos, os alunos podem recorrer aos professores das demais disciplinas, de acordo com a temática em estudo. [email protected] 101 102 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio sala, os trabalhos foram expostos no pátio para observação dos alunos, familiares e comunidade presente na Exposição Cultural realizada na unidade escolar ao final do primeiro semestre de 2009. Durante o segundo semestre, continuamos abrindo espaços para debates, análise de charges e textos ligados aos assuntos abordados para que os alunos pudessem dar continuidade ao projeto iniciado no primeiro semestre. Filosofia da Humanidade Beatriz Freddi Motta30, Ivete Soares Pires e Sandra Valéria Valchhutter. Etec Jorge Street. – São Caetano do Sul - SP O Projeto “Filosofia da Humanidade” foi desenvolvido nas disciplinas de História, Português, Artes e Filosofia, em 2009, na Etec Jorge Street em São Caetano do Sul. O objetivo do projeto foi integrar as várias áreas de conhecimento, envolvendo Arte e estética como elemento de representação, expressão e comunicação; Língua Portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade; História como construção da identidade pessoal e social a partir do reconhecimento do papel do indivíduo no processo de elaboração social; Filosofia com a obra “O Mundo de Sofia” do autor Jostein Gaarder (Cia. Da Letras), na qual realizaram a investigação crítica e racional dos princípios fundamentais relacionados ao mundo e ao homem (origem, cultura...). O Projeto envolveu apenas as salas de primeiros anos do Ensino Médio, possuindo várias etapas: primeiro iniciando com a leitura extraclasse do livro “O Mundo de Sofia”, tanto nas aulas de Língua Portuguesa e História, onde promovemos orientações e esclarecimentos sobre o contexto abordado (interpretações e contextualizações presentes no livro); para completar tais esclarecimentos, depois realizamos debates em sala, leitura de textos extras (complementares) e até mesmo a inscrição e participação das turmas no Projeto de Filosofia do Portal Aprende Brasil ao longo do ano, onde os alunos de forma paralela desenvolveram discussões durante os fóruns, produziram fábulas (abordando valores filosóficos, morais, sociais...), tendo sido essencial para amadurecer conceitos e opiniões dos alunos. Em Artes, os alunos (divididos em grupos) foram orientados para elaboração dos desenhos e montagens das charges, além da produção dos cartazes e das dramatizações das fábulas. Tanto as charges como os cartazes tinham a temática central da observação social brasileira e mundial, sobre os problemas que estavam ocorrendo, bem como a falta de consciência presente na maior parte dos cidadãos. O referencial adotado pelo Projeto para se pensar e refletir “Filosofia” no nível médio buscou ao mesmo tempo garantir a especificidade da disciplina de filosofia (no sentido de refletir no campo de conhecimento culturalmente reconhecido) e trabalhar no sentido de uma adequação dos temas e da linguagem filosófica à realidade vivida pelos alunos em meio à sociedade atual. Os temas selecionados para serem os eixos do projeto foram: “O que é filosofia?”; “Introdução à lógica”; “O papel do ser humano em seu meio”; “A moral”; “A mídia e suas diferentes formas de manipulação e dominação”; “A diversidade cultural existente na sociedade” e “Ética e política”. Inicialmente as apresentações das charges foram feitas em sala, desencadeando um novo debate, buscando explicar cada charge e cartazes elaborados por eles mediante aos diferentes temas abordados pelos grupos. Tanto os temas para as charges como para os cartazes foram escolhidos pelos grupos de forma livre, onde cada um buscou manifestar através de imagens, parte do que tinha sido absorvido durante a realização do projeto. Após as apresentações em 30 Palavras-chave: Filosofia; Charge; Homem; Sociedade; Manipulação. [email protected] 103 104 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Gestão Ambiental A Implantação da Coleta Seletiva na ETEC Waldyr Duron Junior Sérgio Aparecido Donique31 ETEC Waldyr Duron Junior Palavras-chave: gestão ambiental, coleta seletiva, descartes A gestão ambiental e o respeito ao meio ambiente são assuntos essenciais que devem ser analisados no âmbito global e local. Os efeitos provenientes da agressão a natureza são diariamente perceptíveis, como deslizamentos, enchentes e acumulo de lixo. Atualmente são desenvolvidos diversos programas e projetos, referente a conscientização ambiental. Em virtude do fenômeno da globalização, ocorreu um aumento no consumo e fabricação de produtos, resultando assim, num acumulo de sobras, provenientes da produção e utilização dos mesmos, ocasionando na maioria dos casos, o descarte incorreto. O meio ambiente, em virtude destes descartes, vem sendo constantemente impactado, haja vista, que os rios, lagos e mares, são utilizados como receptores finais destas sobras, que agridem não só a fauna e a flora, mas colocam em risco a saúde e a vida de todos os seres vivos. A responsabilidade referente aos assuntos ambientais não se restringe apenas aos órgãos governamentais, mas cada indivíduo deve ter consciência sobre seus atos e atitudes com o meio ambiente. A Etec Waldyr Duron Junior é uma escola técnica situada na zona rural no município de Piraju/SP, inaugurada em dois mil e seis. Nesta fase de implantação a instituição totalizava quarenta alunos, sendo que hoje no ano de dois mil e dez a totaliza aproximadamente seiscentas pessoas entre docentes, discentes e colaboradores. Devido ao aumento na demanda de pessoas, elevou-se também o consumo de produtos alimentícios, como lanches, salgados, doces, refrigerantes e refeições, que infelizmente são descartados incorretamente ao redor da escola. Ressaltando que a Etec Piraju possui uma belíssima área verde e priorizando o cuidado e sua gestão ambiental, iniciou-se com os alunos do terceiro ano do ensino médio o projeto “A Implantação da coleta seletiva”, que teve como objetivo a implantação de lixeiras coloridas para o descarte correto dos materiais e a conscientização da comunidade escolar sobre o correto descarte do lixo, sendo este fator, de fundamental importância para o meio ambiente e contribuindo ainda, para limpeza da escola e educação de nossos discentes. Para a realização do projeto foi estabelecidos grupos de estudos entre os alunos do 3º termo de ensino médio, abordando os temas; o que é coleta seletiva, coleta seletiva na cidade de Piraju, cores e descartes, os impactos do lixo no meio ambiente, coleta de evidências sobre o descarte incorreto na ETEC Piraju, conscientização ambiental e gestão ambiental, sendo também estabelecido parceria Educar para a Sustentabilidade 31 105 [email protected] 106 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio com a Indústria de calçados Ki-Pé, Prefeitura Municipal e Departamento do Meio Ambiente de Piraju. Após o levantamento bibliográfico dos tópicos disposto, os alunos do terceiro ensino médio realizaram uma palestra aos demais alunos, professores e colaboradores da escola, nos dias dez e onze de maio de dois mil e dez. Em continuidade ao projeto foi organizado uma “Limpeza Geral” ao redor da escola, sendo que através da doação de “sacos de lixo reciclável” pelo departamento do meio ambiente de Piraju/SP, todos os alunos, professores e colaboradores da instituição, se uniram para retirar do meio ambiente os lixos existentes. Este projeto não será único, pois continuamente será aplicado aos próximos termos, ressaltando assim, a importância na preservação e respeito ao meio ambiente. A metodologia utilizada para a realização deste trabalho foi a pesquisa bibliográfica, sites específicos como o clickideia e estudo de campo, através da coleta de evidências. O projeto foi essencial para a conscientização ambiental, destacando que nossos alunos tornaram-se promotores e defensores do meio ambiente, divulgando para amigos e familiares sobre a importância do projeto executado. Meio Ambiente e Sustentabilidade – Uma Aula Diferente Marta dos Santos32 Etec Dr Geraldo José Rodrigues Alckmin Palavras Chaves: Sustentabilidade, Energia, Educação Ambiental, Poluição A atual problemática ambiental, nos leva a necessidade de convivermos e atuarmos cada vez mais no desenvolvimento de atitudes que estejam fundamentadas nos conceitos de sustentabilidade, portanto o objetivo principal deste tipo de metodologia de ensino foi proporcionar aos envolvidos um direcionamento ou orientação sobre as consequências da atuação do homem em relação aos recursos naturais, fauna, flora, as formas de energia utilizadas pelo homem e principalmente a preservação e o uso de critérios de desenvolvimento sustentável, portanto, esse trabalho é o produto da investigação sobre metodologia de projetos, viabilizando uma aprendizagem significativa dos conceitos inerentes às Ciências no contexto da Educação Ambiental, utilizando como temas catalisadores a História da Poluição, o Meio Ambiente, Fontes de Energia e Fontes Alternativas de Energia. Participaram do projeto 120 alunos da 2ª Série do Ensino Médio, dentro das disciplinas de Química e Impactos Ambientais (PTC II). Possuindo duas aulas de Química e duas aulas de Impactos Ambientais, os alunos, além de receberem os conhecimentos teóricos ligados ao conteúdo previamente traçado, foram estimulados a pesquisar, discutir, elaborar seminários e propostas de soluções sustentáveis com os temas catalisadores. Os resultados demonstram que os alunos envolvidos não só modificaram seu comportamento em relação ao meio ambiente em que estão inseridos, bem como se conscientizaram para a tomada de decisões futuras baseadas no uso sustentável dos vários tipos de energia em nosso país. Pode-se perceber também, que os alunos se tornaram muito mais independentes na aquisição de conhecimento através do envolvimento com as pesquisas e discussões em grupo e que o professor deixou de seguir um currículo “engessado” e passou a ter mais autonomia na transmissão do conhecimento, ou seja, trabalhar com projetos rompe com o tradicionalismo do ensino, apontando para um professor mais reflexivo, com uma postura pedagógica que reflete uma concepção de conhecimento como produção coletiva. Essa concepção de ensino permite ao aluno “testar” seu aprendizado ao longo do projeto, ele mesmo reconstrói seus conceitos a cada etapa, relacionando o novo com idéias preexistentes na sua estrutura cognitiva e transformando os conceitos em proposições. Essa experiência piloto demonstrou que a abordagem do tema Educação ambiental em projetos foi eficiente para que ocorresse aprendizagem significativa nos alunos e para formar educandos capazes de trabalhar em seu meio questões ambientais relevantes. Para que nossos objetivos fossem atingidos, contamos com a parceria e apoio de alguns professores da Universidade Estadual Paulista – Campus de Guaratinguetá (Prof. Dr Teófilo Miguel de Souza e Prof. Fábio Esteves da Silva, ambos da área de Energia). Os resultados foram 32 107 [email protected] 108 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio apresentados na forma de seminários, maquetes e pesquisas, elaborados pelos alunos e a apresentação final foi realizada na Etec com a organização de uma Mostra Cientifica de todos os dados obtidos, aberta à comunidade, bem como de um Show de Energia, patrocinado pela Unesp de Guaratinguetá. Aprendendo, Ensinando, Semeando o Futuro Patrícia Poloni Capelatto Freire33, Sônia Maria Pereira Vieira e Juliana Tavares Cardoso Etec Professora Marines Teodoro de Freitas Almeida Tema: O uso sustentável dos recursos hídricos enquanto fator de sobrevivência do planeta e dos organismos vivos. O abastecimento de água potável à população é uma realidade preocupante e, em algumas regiões do planeta, está irremediavelmente comprometido em virtude de poluição/contaminação, mudanças climáticas, desmatamentos e da falta de proteção às nascentes, dentre outros. A necessidade do uso sustentável dos recursos hídricos deve nortear as ações públicas e de cada cidadão, como forma de sobrevivência das espécies e do planeta. Neste sentido, a Etec de Novo Horizonte busca, através deste projeto, conhecer o processo de coleta e tratamento da água, enquanto fator de sustentabilidade dos recursos hídricos. O Objetivo central deste estudo é sensibilizar os alunos para a necessidade/importância do uso sustentável dos recursos hídricos e, especificamente, identificar o local de coleta da água a ser enviada para análise bacteriológica, físico-química; conhecer as etapas do processo de tratamento da água para abastecimento público. A Hipótese a ser observada é a construção/apoderamento do conhecimento teórico-prático da captação, análise e tratamento da água para abastecimento público enquanto fator que contribui para o uso sustentável dos recursos hídricos. O estudo se deu através de pesquisa no Clickidéia sobre tratamento de água e posteriormente os alunos saíram da escola para um estudo de meio acompanhados pela Direção e professores, monitorados por policial militar ambiental e funcionário da SABESP para o local onde é feita a coleta para análise da água superficial utilizada para o abastecimento público; observou-se a inserção ambiental do ponto de coleta, bem como, na SABESP para acompanhamento das etapas do tratamento da água captada e, ainda, consulta em relatórios, mapas e demais documentos relacionados ao abastecimento público de água. Finalmente, foi desenvolvido o procedimento de tratamento de água na escola, com a utilização de processo artesanal. O resultado deste trabalho é o conhecimento do local da coleta e captação de água para abastecimento público, identificação da presença ou não de mata ciliar, observação de eventual sujeira visível no rio e no entorno, cor e cheiro da água e outros, conheceram as etapas de tratamento de água (desinfecção, floculação, filtragem, ph, transformações químicas e outros) e, com esta percepção refletiram sobre a necessidade do uso sustentável dos recursos hídricos, enquanto fator de sobrevivência do planeta e dos seres vivos. 33 109 [email protected] 110 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Palavras - chave: água, sustentabilidade, meio ambiente. Olhos D’Água Jussara da Silva Tavares, Erika Lara Caetano e Maira Cristina Quirino de Souza34 Etec Professora Marines Teodoro de Freitas Almeida Tema: A importância das nascentes para a preservação e conservação dos recursos hídricos. As questões relacionadas ao meio ambiente ocupam, atualmente, um importante espaço político e acadêmico, sendo amplamente abordadas pela mídia, o que tem contribuído para popularizar e ampliar a repercussão e o interesse sobre esta temática. As discussões envolvendo a preservação dos recursos naturais assumem um caráter global, frente à eminência de colapsos no abastecimento de água, mudanças climáticas e outros inúmeros agravos ambientais com repercussão para toda a vida no planeta. Os agravos ambientais têm reflexos e conseqüências para toda humanidade e a sociedade civil deve tomar conhecimento do meio ambiente em que vive e agir através de todos os meios de participação da vida pública para questionar e propor soluções na defesa dos recursos naturais e da manutenção da vida, em benefício de toda coletividade, seja individualmente, seja através de organismos legalmente constituídos. Quando falamos em recursos hídricos uma das lembranças mais marcantes que nos vêm à mente é a imagem de rios caudalosos de espessa e deslumbrante mata ciliar, situação esta cada vez mais distante da nossa realidade em virtude de desmatamentos e da falta de proteção às nascentes, dentre outros, havendo a necessidade de colocarmos em pauta ações direcionadas ao uso sustentável dos recursos hídricos, como forma de sobrevivência das espécies e do planeta. Neste sentido, a Etec de Novo Horizonte busca através deste projeto mobilizar a comunidade escolar para conhecer 2 nascestes de Novo Horizonte: a nascente do Córrego da Estiva e a Nascente do Pau d”alho. O Objetivo central deste estudo é sensibilizar os alunos para a importância da proteção/preservação das nascentes e, especificamente, identificar o local destas nascentes em Novo Horizonte, bem como constatar a presença ou ausência de mata ciliar. A Hipótese é a diminuição de mata ciliar enquanto fator de degradação ambiental das nascentes. O estudo se deu através de pesquisa no Clickidéia sobre Nascentes: O que é nascente, Ciclo hidrológico, cobertura vegetal em torno das nascentes e Legislação relacionada às nascentes e aos outros recursos hídricos, posteriormente realizou-se o estudo de meio junto às nascentes selecionadas, quando os alunos e professores foram até as nascentes sendo monitorados por policial militar ambiental, neste local observou-se as características das nascentes, quanto a eventual sujeira visível no rio e no entorno, cor e cheiro da água e presença de mata ciliar. O resultado deste projeto aponta uma situação preocupante com relação às nascentes estudadas, não só pela ausência de mata ciliar, 34 111 [email protected] 112 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio mas também pela constatação de atividades agropecuárias na APP e a conseqüente poluição do curso d’água. Com esta percepção refletiu-se sobre a importância das nascentes para a preservação dos recursos hídricos e a necessidade do compartilhamento deste conhecimento com a comunidade para sensibilização da importância da proteção/preservação das nascentes, enquanto fator de sobrevivência do planeta e dos seres vivos. Desenvolvimento de Aulas Práticas de Química para o Ensino Médio Edilberto Felix da Silva35 Etec Alberto Santos Dumont Palavras-chave: nascentes, preservação, meio ambiente. Palavras chaves: conteúdos de química; atividades práticas; aprendizagem significativa; habilidades; competências. O presente trabalho relata algumas possibilidades didáticas para o aprendizado de conteúdos de química e o desenvolvimento de competências e habilidades através de atividades práticas, proporcionando ao educador uma alternativa a ser utilizada em suas aulas. Acreditando que “o papel do professor desponta como sendo o de facilitador da aprendizagem de seus alunos. Seu papel não é ensinar, mas ajudar o aluno a aprender; não transmitir informações, mas criar condições para que o aluno adquira informações; não é fazer brilhantes preleções para divulgar a cultura, mas organizar estratégias para que o aluno conheça a cultura e crie cultura” (Abreu; Masetto, 1990). As atividades foram elaboradas de maneira a proporcionar uma aprendizagem significativa, onde as informações e conceitos interajam com a estrutura cognitiva do aluno. Várias ferramentas são utilizadas para que os estudantes possam se apropriar do conhecimento que está sendo proposto, tais como, construção de modelos, experimentação, dinâmicas de leitura de textos, músicas, softwares, resolução de problemas, projetos. Desta maneira espera-se incentivar nos alunos as habilidades necessárias ao estudo e desenvolver competências em consonância com os temas e conteúdos do ensino. Para elaborar atividades que estivessem de acordo com os conteúdos previstos no plano de curso, foram feitas pesquisas em livros, periódicos e na internet. Levou-se em consideração a necessidade de trabalhos lúdicos, de caráter interdisciplinar onde o conhecimento seja construído pelo aluno por processos de investigação e procura, proporcionando um aprendizado mais significativo e eficaz, construído através da interpretação do mundo e de problemas reais. As atividades foram testadas e adaptadas para execução em sala de aula em escolas que não possuem um laboratório de química, fazendo uso de materiais alternativos e/ou de baixo custo, com a função pedagógica de auxiliar os alunos na compreensão dos fenômenos e conceitos químicos, além de aumentar a sua motivação e o envolvimento com a matéria, proporcionando ao aluno uma participação ativa nas aulas, favorecendo sua formação e possibilitando interagir de forma mais consciente e ética com o mundo em que vivem. Foram elaborados protocolos das atividades, com orientações para o aluno e para o professor que queira fazer uso das mesmas, sendo possíveis novas adaptações e inferências de acordo com 35 113 [email protected] 114 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio a situação vivenciada pelo professor. Dessa maneira buscou-se utilização das atividades por professores de química e outras áreas, promovendo assim uma discussão sobre a construção do conhecimento, incentivando nos professores a busca por novas metodologias de ensino, que visem um aprendizado significativo e o desenvolvimento de competências e habilidades cognitivas, fazendo com que as salas de aula sejam um espaço constante de investigação e que nos leve a uma contínua reflexão e revisão de nosso trabalho. As atividades foram aplicadas em séries diferentes do ensino médio, de acordo com as programações do plano de curso. Relatos dos estudantes mostram que o aprendizado torna-se muito mais divertido e prazeroso quando se utiliza atividades práticas, nas observações diretas durante o desenvolvimento das tarefas nota-se uma participação e uma motivação muito maior do que nas aulas tradicionais e, nas avaliações é verificada uma melhora de desempenho no aprendizado de conceitos e na aplicação dos mesmos. Projeto Interdisciplinar Global de Meio Ambiente: o papel da Etec Pedro D’Arcádia Neto no contexto local. Thiago Hernandes de Souza Lima36, Gizely Fernanda Zana Marques e Elizabeth Correia Soares Sasso Etec: 095 - Pedro D’Arcádia Neto - Assis Caracterizado como um dos ambientes mais alterados pelas ações antrópicas, as cidades ao longo da história assumiram diferentes estruturas e funções, refletindo sempre o contexto social, político, espacial, cultural e econômico vigente. Mediante a este fato, por muito tempo poucas foram as ações que estimulavam a organização e o planejamento destes espaços, sendo que em muitos casos eles se tornaram verdadeiros sinônimos do caos, o que influenciou diretamente na qualidade de vida dos que ali residiam. Vale ressaltar que após a Revolução Industrial o processo de urbanização foi intensificado em todos os países que atravessavam por estas transformações. Remetendo este contexto a realidade brasileira, é importante relembrar que estes acontecimentos não diferiram muito, uma vez que as adversidades se apresentaram igualmente. Dentre os principais problemas decorrentes da ocupação desordenadas das cidades, destaca-se: impermeabilização do solo, falta de áreas verdes, ocupação em área irregulares, falta de áreas livres e de lazer além de tantos outros que juntos influenciam negativamente na perda da qualidade de vida da população. Quanto ao contexto assisense, é importante relembrar que estas adversidades não diferem muito, uma vez que a cidade de Assis por em razão de sua história de crescimento ao longo dos tempos passou por vários ciclos econômicos, políticos, estruturais dentre outros, o que refletiu sempre na ocupação do espaço urbano, seja no traçado, na infra-estrutura e até nos cuidados ambientais. Antes aos vários desafios ambientais que permeiam o foco deste projeto e merecem intervenções, podemos destacar a arborização, a gestão dos resíduos residenciais, o uso inapropriado e a má conservação dos espaços públicos como as praças e as calçadas além de várias outras inconsistências detectadas em uma análise primária. E é nesta perspectiva que surge a relevância deste projeto, uma vez que se propõe a apresentar às autoridades o fruto do trabalho produzido pelos discentes da unidade. Como procedimento metodológico, este está caracterizado pela delimitação das frentes de trabalho, da formação dos grupos, da distribuição das atividades, da coleta, tabulação e análise dos dados e informações coletados bem como da produção do relatório final. Por se tratar de uma atividade ainda em fase inicial de desenvolvimento, não existem resultados conclusivos, contudo, após sondagens iniciais, debates e primeiras ações práticas, pode-se concluir o grande interesse dos alunos quanto à problemática proposta. Deste modo, como resultado final dos trabalhos desenvolvidos, espera-se que além de um documento de poderá servir de parâmetro e apoio aos gestores público em suas ações, este trabalho visa estimular o 36 115 [email protected] 116 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio senso crítico dos alunos fazendo com estes atuem cada vez mais de maneira cidadã responsável no meio em que estão inseridos. Vale ressaltar o pleno apoio do corpo gestor da unidade e que toda a comunidade escolar, do Ensino Médio ao Técnico, estará envolvida nestas atividades, sendo que cada uma estará realizando uma determinada contribuição mediante as competências pertinentes a cada grupo. Etec: Dr Geraldo José Rodrigues Alckmin Palavras chave: espaço urbano, impacto ambiental, responsabilidade, intervenção. Palavras Chaves: Darwin, DNA, Evolução, Pet, Ligação Construção da Molécula de DNA com Material Pet Marta dos Santos37 A comemoração dos 200 anos do nascimento de Charles Darwin (12 de fevereiro de 1809, Inglaterra) deu início ao Ano Darwin da Biologia, conforme batizado pela UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization). Consequentemente o tema “evolução” tornou-se manchete nos principais jornais e revistas de todo o mundo. Darwin, como sabemos, é o autor da Teoria da Evolução e estudando essa teoria podemos verificar que os problemas ambientais são consequências das adaptações genéticas e culturais, isto é, podem beneficiar alguns grupos durante um determinado tempo e causar danos generalizados para a maioria. O processo evolutivo da humanidade tem sido eficiente em levar extinção a habitats e a muitas espécies do bioma terrestre. Foi pensando no exposto, que decidimos realizar o estudo da molécula de DNA (Ácido Desoxirribonucléico), com objetivo de compreender e verificar na prática que as análises quantitativas indicavam que a adenina e a timina dos DNAs ou a guanina e a citosina estão sempre presentes na proporção molar 1:1. Significando que a soma das bases purínicas do DNA é sempre igual à soma das bases pirimidínicas. A interpretação destes dados (e mais dados obtidos através de analises com raios-x) levou ao desenvolvimento de um modelo de estrutura secundária, conhecido como dupla hélice. Fato este que não se verificava no RNA (Ácido Ribonucleico) e é a diferença básica entre o DNA e o RNA, o DNA é dupla fita enquanto que o RNA é constituído de apensas um filamento. No DNA os dois filamentos apresentam sequência complementar de bases, ou seja, as sequências de dois filamentos estão arranjadas de tal forma que uma adenina sempre pode ter interação com uma timina e uma guanina com citosina, esta interação dos pares, chamados de bases complementares se dá por formação de pontes de hidrogênio. Contorcendo o filamento e formando a estrutura secundária compacta da alfa-hélice. Participaram desse projeto 120 alunos da 2ª Série do Ensino Médio, que coletaram material pet de um mesmo formato e nas aulas de química, realizaram, após os cortes e junções necessárias, a construção das quatro bases fundamentais de uma dupla hélice de DNA, podendo verificar a importância das ligações fosfato e das ligações pontes de hidrogênio. Foram também estudados temas com mutações, radiação solar e a importância dos protetores solares, que estão intimamente ligados às interferências do homem no Meio Ambiente. Pode-se perceber que após os estudos realizados os alunos, consolidaram na prática os conhecimentos adquiridos nas aulas de Biologia e de Química, alcançando a integração entre essas disciplinas, além de 37 117 [email protected] 118 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio verificarem que materiais como o pet podem dar origem à criação de instrumentos pedagógicos, quando utilizamos a nossa imaginação. Esse projeto despertou em muitos alunos o interesse na utilização de outros materiais descartáveis e seus projetos de construção de maquetes, dentro do Projeto Meio Ambiente e Sustentabilidade: Uma aula diferente, também desenvolvido nas aulas de Química e Impactos Ambientais. O resultado final do projeto foi apresentado na Mostra Cientifica da escola, aberta à comunidade. Controle e Avaliação da Qualidade das Águas do Córrego Furninhas, em Ourinhos, SP Elizeth Maria Andrade Besse38 e Andréia Archangelo, Roberto Petrelli Junior, Amanda Ferreira e Amabili Danieli Burgo (acadêmicos da 2ª série do Ensino Médio) Etec “Jacinto Ferreira de Sá. PALAVRAS-CHAVE: Córrego Furninhas, poluição, canalização e qualidade das águas. O projeto foi realizado no Córrego Furninhas, no município de Ourinhos o curso d”água é classificado como sendo de classe 2 (Portaria do Ministério da Saúde 518 de 25/03/2004), percorre um trecho de 5,0 km dentro de uma área urbana e recebe contribuições de efluentes domésticos e pluviais. O córrego vem passando por vários processos: conseqüências de expansão urbana, diminuição da quantidade de água ao longo de seu curso, desmatamentos nas áreas de preservação, destruição das nascentes, poluição, contaminação e falta de comprometimento das comunidades ribeirinhas com a limpeza das margens. Para início do projeto, houve a integração com alunos da região próxima ao estudo em questão, buscando desenvolver parceria com a comunidade local, levando-a a participação de debates na escola do bairro. Foram desenvolvidas, entrevistas com os moradores com objetivo de conhecer a utilidade da água do córrego, respeito às ações de: sustentabilidade e a canalização do referido córrego. Foram demarcados três pontos de amostragem ao longo do Córrego Furninhas. Ponto 1, área que recebe carga de efluente doméstico e visível área erosiva. Ponto 2, localizado em “poço”, algumas crianças usam para lazer, por ter uma tubulação de esgoto que serve de “trampolim’ e Ponto 3, próximo a mina, considerado pelos moradores, como potável. As amostras foram coletadas pelos alunos durante um ano (12 meses), com auxílio de Kits (conjunto de química), encaminhadas ao laboratório da Etec, para a verificação laboratorial das seguintes análises físicoquímicas das águas. Os resultados e demais dados foram disponibilizados em fichas de acompanhamento de coleta. Portanto, os resultados apresentados sugerem uma situação pouco crítica para o Córrego Furninhas conforme os parâmetros. A Avaliação Ambiental constituiu numa etapa fundamental do planejamento, da gestão dos recursos hídricos constituindo num conjunto de levantamentos sobre a situação da população ribeirinha, despertando-as a importância na manutenção ambiental da área e o impacto da canalização dos córregos de Ourinhos. 38 119 [email protected] 120 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio A Importância da Engenharia Genética na Identificação de Pessoas e no Aconselhamento Genético Marilza de Cássia Nucci Pigatin39 ETEC de São José dos Campos Este trabalho tem por objetivo demonstrar a importância da engenharia genética na identificação de pessoas e no aconselhamento genético através do estudo da molécula de DNA em três dimensões, da análise macroscópica de material hereditário e do uso do teste de paternidade. Numa primeira etapa verificou-se que nos livros didáticos a molécula de DNA encontra-se demonstrada em perspectiva e que a montagem da mesma em três dimensões proporciona uma aprendizagem mais eficaz. Para isso, foi montada uma duplicação do DNA com material reciclável (garrafas pet, papelão e madeira), formando um grande quebra-cabeças para explicar o nucleotídeo. Também foram identificados leucócitos, utilizados no teste de DNA, através de um microscópio com lâmina de sangue humano. Numa segunda etapa, com o objetivo de despertar o interessse pela Biologia de forma lúcida, material hereditário extraído de Pisum sativum (ervilhas de Mendel) foi analisado através de observação visual, pela ruptura das células para liberação dos núcleos, desmembramento dos cromossomos em seus componentes básicos e a separação do DNA dos demais componentes celulares. A terceira etapa teve como importância prática a compreensão sobre a Engenharia Genética na identificação de pessoas, a aplicação dos princípios da eletroforese e demonstração do uso do teste de paternidade em estudos de casos hipotéticos e reais. Foram utilizadas folhas com segmentos de DNA de pessoas e tesouras como enzimas de restrição. Os segmentos foram organizados para análise do padrão eletroforético de cada pessoa. A finalização foi publicada em um blog, utilizando o folheto em homenagem aos 200 anos de Darwin. O estudo propiciou uma abordagem lúdica e fascinante do tema Engenharia Genética, levando o estudante a perceber que ao investigar experimentalmente o assunto compreende sua relevância e aplicabilidade. Palavras-chave: DNA, enzimas de restrição, eletroforese, teste de paternidade. Educação Física 39 [email protected] 121 122 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Avaliação da Aprendizagem em Educação Física: O que estamos ensinando aos nossos alunos? Eduardo Mendes Severino40 ETEC Carlos de Campos – São Paulo Palavras-chave: Avaliação da aprendizagem; Estratégias de avaliação; Práticas Pedagógicas O objetivo deste estudo concentra-se em analisar e discutir as estratégias de avaliação do aprendizado em educação física no ensino médio verificados durante as aulas de Educação Física na ETE Carlos de Campos e teve como objeto de pesquisa 40 alunos do terceiro ano. Os alunos foram submetidos às seguintes avaliações: Questionamento ao final da atividade sobre a relevância da aula; desempenho motor e prova escrita. Estas estratégias foram comparadas ao que dizem os especialistas em avaliação em educação física escolar, com os parâmetros curriculares nacionais e as orientações gerais para o ensino médio. A relevância acadêmica deste trabalho está no fornecimento de informações e análise de resultados das experiências vividas na ETE Carlos de Campos acerca do alcance dos objetivos propostos no plano de trabalho docente por meio da avaliação. Além disso, a relevância social está na análise das implicações desta avaliação como real medição do grau de contribuição na formação geral do aluno para a busca constante pela qualidade de vida por meio da atividade física. A proposta deste estudo é promover ampla discussão sobre a prática pedagógica responsável pela formação do cidadão crítico e autônomo em suas relações corporais. A produção científica acerca do tema avaliação em educação física tem crescido consideravelmente nas últimas décadas. É visível a preocupação com a necessidade de a educação física firmar-se como uma área de conhecimento que realmente tenha algo a contribuir aos alunos da rede de ensino. Bracht (1999) diz que “A tradição racionalista ocidental tornou possível falar confortavelmente da possibilidade de uma educação intelectual, por um lado, e de uma educação física corporal, por outro, quando não de uma terceira educação, a moral”. Hoje em educação física há a necessidade de analisar o aluno como um todo e não por compartimentos isolados corpo e mente. Desde a LDB 9394/96 novos elementos foram “incorporados” à educação física escolar com o objetivo de promover o desenvolvimento da autonomia do aluno por meio de uma diversidade de conteúdos que antes era limitada aos esportes de quadra. Além disso, os temas transversais propostos pelas orientações curriculares para o ensino médio do MEC possibilitam a aplicação da abordagem sistêmica nos conteúdos de educação física, pois promovem a interdisciplinaridade e contribuem para a formação do cidadão crítico e emancipado corporalmente. A escola pedagógica da linha critica propõe que as novas estratégias avaliativas do ensino médio direcionam suas questões a uma avaliação global por 40 dimensões de conteúdos (BARROS, 2006). Nesta proposta a Educação Física deve repensar sua prática pedagógica ampliando o leque de possibilidades críticas acerca do seu conteúdo, ou seja, o aluno ao final de uma série de aulas sobre futebol, por exemplo, deverá ser capaz de analisar tanto uma partida de copa do mundo, em todos os seus aspectos, quanto uma partida com seus amigos em um final de semana a fim de que, efetivamente, se aproprie deste conhecimento. Durante dois meses os alunos foram submetidos a um critério de avaliação isoladamente aula a aula que medisse a real contribuição da atividade na afirmação ou aquisição de novos conhecimentos nas dimensões atitudinal, conceitual e procedimental. Os resultados mostraram que os objetivos foram amplamente atingidos quando o planejamento da aula se deu a partir do que os alunos deveriam aprender ao final da aula. A participação da sala foi maior quando os temas abordados foram aqueles cujo teor principal era cercado por questionamentos que envolvessem a mídia, a questão do gênero e o mercado de trabalho. Diante das estratégias apresentadas aos alunos, a conclusão foi que há maior participação e interesse por parte dos alunos quando as atividades apresentam relação com o contexto social que desencadeiam discussões e promovam a construção do conhecimento por meio de debates e diálogos que mostrem o além da atividade física. [email protected] 123 124 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Os Estereótipos e as Relações de Gênero nas Práticas Educativas da Educação Física do Ensino Médio de Etecs.41 Narciso Mauricio dos Santos42 ETEC “Adolpho Berezin” – Mongaguá/SP. Palavras-chave: Educação Física escolar. Práticas educativas. Gênero. Estereótipos. As práticas educativas direcionadas para o ensino médio e os desafios enfrentados pelos professores (as) de Educação Física em relação a adotar uma postura que contemple o trabalho com turmas heterogêneas constituem-se em um processo de construção social e histórico amparado por legislação, mas, que também vem sendo tratado e discutido por alguns pesquisadores da área. No âmbito deste contexto, os objetivos desta pesquisa tiveram como ênfase (a) pensar sobre o corpo e as práticas educativas da Educação Física escolar direcionadas por professores e suas possíveis relações na construção dos estereótipos masculinos e femininos, (b) averiguar e apontar qual o posicionamento dos alunos (as) em relação às turmas mistas nas práticas da Educação Física escolar e (c) investigar se as relações de gênero imbricadas nas práticas educativas da Educação Física direcionadas aos alunos do 10ano do ensino médio tem relevância na discriminação ou criação de estereótipos entre homens e mulheres e ou meninos e meninas tendo em vista através de dados teóricos que a área possui uma forte tendência a direcionar suas práticas ao público masculino. Nesta perspectiva, a pesquisa teve como eixo metodológico, um estudo descritivo de análise qualitativa com técnicas de entrevistas estruturadas para a obtenção de dados empíricos, cabe lembrar que o estudo descritivo procura observar, registrar, analisar, classificar e interpretar os fatos ou fenômenos (variáveis), sem que os dados tenham interferência direta ou indiretamente do pesquisador e os resultados possam ser manipulados. Este tipo de estudo tem como objetivo fundamental a descrição das características de determinada população ou fenômeno. Assim, os entrevistados se apropriaram das ferramentas da computação e internet para encaminhar ao pesquisador os dados, neste caso específico priorizou-se somente aos alunos do 10 ano do ensino médio de três instituições do Centro Paula Souza, a saber: ETEC Adolpho Berezin - Mongaguá, ETEC de Itanhaém - Itanhaém e ETEC Dra. Ruth Cardoso – São Vicente. Junto ao arquivo de perguntas, também foi encaminhado o termo de consentimento livre e esclarecido. O foco dos questionamentos nestas entrevistas emergiu das temáticas sobre estereótipos, relações de gênero e discriminação, onde tiveram como direcionamento: – Qual o posicionamento em relação às turmas mistas nas práticas da Educação Física escolar?– Como são observadas as relações de gênero (masculino e feminino) nas práticas da Educação Física na ETEC que estuda?– As práticas educativas da Educação Física na escola contribuem para reforçar a construção de estereótipos? Pensando nestas problemáticas destacadas, o referencial teórico se valeu dos escritos sobre gênero, da crítica teórica feminista e das atuais publicações na área da Educação Física escolar para justificar os possíveis apontamentos investigados. As contribuições da pesquisa pautaram-se na apresentação de dados sustentáveis que reforçam a importância da discussão sobre as relações de gênero e as possíveis construções de estereótipos no espaço escolar. Na ETEC de Mongaguá, independente do sexo, descobriu-se que 66,6% dos alunos, vieram de escolas públicas estaduais, na questão referente às turmas mistas, 90% aceita bem e não tem nenhum problema com esse procedimento. A questão que trata das relações de gênero durante as práticas, 66,67% diz ser normal, ou seja, meninos e meninas participam igualmente nas práticas. Já a questão que trata sobre discriminação e estereótipos nas práticas educativas, 56,67% apontam que não sofreram tais procedimentos. Na ETEC de São Vicente, 60% vieram de escolas públicas municipais, 93,33% aceita bem o formato de turmas mistas, 83,33% diz que as relações de gênero na escola são normais e 63,33% diz que não foi discriminado ou estereotipado. Na ETEC de Itanhaém, infelizmente não foi possível obter os dados, pois os mesmos não foram encaminhados através do e-mail disponibilizado. Os resultados alcançados apontam que é necessário rever os conceitos em relação ao masculino e feminino durante a estruturação e elaboração das práticas educativas direcionadas para alunos (as) do ensino médio. 41 - Colaboraram com a pesquisa, na seleção dos dados, os alunos do 3M1A - Filipe Conceição Santos, Rene Marcel Chacon de Souza, Filipe Orlando Bataglia Abi Rached e o estagiário da FUNDAP – Raphael Piegaia Spreafico na montagem, cálculos e estruturação dos dados e gráficos demonstrativos. 42 [email protected] 125 126 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio A Utilização do Seminário como Ferramenta de EnsinoAprendizagem nas Aulas de Educação Física. Narciso Mauricio dos Santos43. ETEC: “Adolpho Berezin” – Mongaguá / SP. Palavras – chave: Educação Física. Seminário. Conteúdos. Ensino-aprendizagem. Sabe-se que ao longo da história, a Educação Física priorizou conteúdos em uma dimensão quase exclusivamente procedimental. Pensando nos conteúdos da Educação Física, não se pode deixar de considerar que a disciplina também pode tratá-los de forma atitudinais e conceituais. Coll et al.(2000), definem os conteúdos como uma organização selecionada de formas e saberes culturais que podem ser caracterizados como: conceitos, explicações detalhadas, habilidades apropriadas, diversos tipos de linguagens, valores éticos e morais entre outros.Também é importante sublinhar que os conteúdos escolares, destacados para essa discussão possuem vastos resquícios históricos e socialmente construídos, sendo elaborados e reestruturados conforme as diversas realidades nas quais os docentes enfrentam e até mesmo perpassam em suas experiências diárias e formativas. Diante destas considerações, observa-se também em alguns cursos de formação profissional da área, que os currículos priorizam tratar dos assuntos ligados à disciplina, apenas na perspectiva do que se deve saber fazer (dimensão procedimental), e desta forma, os professores acabam por apresentar dificuldades em trabalhar os conteúdos na forma conceitual, ou seja, o que se deve saber. Neste caso, os conteúdos estão diretamente ligados a conhecimentos, habilidades, hábitos, valores e atitudes, organizados pedagógica e didaticamente. Assim, percebeu-se no cotidiano da escola em evidência, após observações de anos anteriores, que os alunos apresentavam resistências a iniciativas que incluíssem discussões sistematizadas sobre a dimensão conceitual e atitudinal nas aulas de Educação Física, tendo em vista a cultura construída historicamente ao longo dos tempos. Assim sendo, adotou-se no planejamento da disciplina de Educação Física da Etec Adolpho Berezin – Mongaguá, desde o ano de 2006, tratarmos alguns assuntos considerados emergentes, utilizando como estratégia o seminário. Pensando nas problemáticas apontadas, mais do que ensinar a fazer, os objetivos que permeiam esta prática pedagógica estão diretamente ligados aos contextos nos quais são esperados que os alunos atinjam e se classificam em: obter uma contextualização das informações, aprender relacionar-se com os colegas respeitando o processo de ensinoaprendizagem e a diversidade de cada um, aproximar o aluno do processo de pesquisa e saber apropriar-se dos meios tecnológicos para facilitar o ensino. A justificativa para o desenvolvimento de seminário, vem ao encontro e contribui com o processo de reflexão, exigindo dos alunos disciplina, rigor, metodicidade e sistematização, fazendo 43 avançar o saber. Também, é interessante verificar que o significado etimológico da palavra Seminário – “origina-se do latim seminariu, que significa viveiro de plantas onde se fazem sementeiras”. (FERREIRA, 1997). Por sua vez, sementeira dá a idéia de proliferação daquilo que se semeia, levando essa técnica, significar a ocasião de semear ideias ou de favorecer sua germinação. A metodologia para essa proposta está centrada nos estudos de Veiga (1991), pois considera característica essencial do seminário, promover a oportunidade dos alunos desenvolverem requisitos que se referem à investigação, crítica e independência intelectual. O conhecimento a ser assimilado e reelaborado é estudado e investigado pelo próprio aluno, como sujeito de seu processo de aprendizagem. O professor assume o papel de coordenador, o grupo da classe, debatedores. Enquanto técnica de ensino envolve elementos da aula expositiva e dinâmica de grupo. Nesse contexto, empregar seminário como estratégia de ensino-aprendizagem implica três etapas: preparação, apresentação e avaliação. (VEIGA, 1991). Como resultado desta proposta, aponta-se alguns trabalhos significativos que obtiveram repercussão na região, onde os alunos, após conclusão da proposta disciplinar, apresentam a comunidade escolar e em outras unidades estaduais, principalmente na ocasião da divulgação do vestibulinho. [email protected] 127 128 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Hábitos alimentares de estudantes do Ensino Médio do Centro Paula Souza Érika da Silva Bronzi44; Maria Lúcia Mendes de Carvalho; Ana Cristina G. de Azevedo; Ana Claudia C. Canotilho; Ana Cristina M. da Silva; Sandra A F Oliveira; Silvana R. Atayde. ETEC José Martimiano da Silva Palavras-chaves: Hábito alimentar, nutrição, adolescente. O presente trabalho é parte dos resultados obtidos através de um estudo científico longitudinal realizado em seis Escolas Técnicas Estaduais (ETECs) do Centro Paula Souza, três dessas localizadas na capital do estado de São Paulo e três no interior do estado, no período de 2007 a 2009 com estudantes do ensino médio e do ensino técnico do curso de Nutrição e Dietética. Os objetivos do referente estudo foram: identificar o estado nutricional dos adolescentes e seus hábitos alimentares para a realização de intervenção de educação alimentar e nutricional; capacitar os alunos do curso técnico de Nutrição e Dietética a realizar avaliação do estado nutricional de grupos populacionais, utilizar softwares específicos de nutrição, realizar práticas educativas de alimentação e nutrição, desenvolver relatórios de pesquisa científicas, apresentar trabalhos em eventos científicos. Contudo, os objetivos do presente trabalho será apresentar os resultados dessa pesquisa longitudinal que identificaram os hábitos alimentares dos estudantes do ensino médio do Centro Paula Souza participantes do estudo. Para a realização do estudo foram utilizados em todas as ETECs os mesmos protocolos de avaliação do estado nutricional, sendo realizada avaliação antropométrica com aferição de peso, estatura, circunferências de cintura, quadril e braço, pregas cutâneas (para determinação de percentual de gordura corporal), avaliação dietética utilizando inquérito de freqüência alimentar e recordatório alimentar de 24 horas, além disso, cada ETEC poderia desenvolver um projeto de educação alimentar com seus alunos do ensino médio, utilizando os recursos didáticos que julgasse melhor dentro da realidade local, os resultados preliminares foram apresentados em eventos científicos no Centro Paula Souza e em congressos em âmbito nacional e internacional. Em março de 2010, foi iniciada a análise dos dados obtidos em todas as ETECs em relação ao estado nutricional e freqüência de consumo alimentar dos alunos participantes a fim de descrever o perfil alimentar e nutricional desses alunos. Os resultados dessa análise revelam: dentre as ETECs situadas no interior do estado em uma delas 64% dos estudantes julgavam possuir uma alimentação saudável, apenas 28% apresentam ingestão de água adequada, 47% freqüenta de 1 a 6 vezes por semana Fast Foods, 18% deles revelam que o alimento que mais detestam são legumes em geral, 62% consomem leite diariamente, 75% refere ser consumidor de refrigerantes, 67% substitui as refeições principais por lanches, 87% consome verduras diariamente e 82% frutas, contudo 42% refere não consumir legumes, as meninas apresentam uma melhor adequação no 44 consumo de água que os meninos. Em outra escola do interior do estado de São Paulo 51,3% dos adolescentes refere não ter alimentação saudável, 23,1% apresentam ingestão de água adequada, 38,5% revelam freqüentar Fast Foods de 1 a 6 vezes na semana, o alimento que mais detestam é o jiló 28,2%, 61,5% consomem leite diariamente, 64,1% não substitui as refeições principais por lanches, 74,6% consomem frutas diariamente, 76,90%consome legumes diariamente e 87,2% consome verduras diariamente. Já em uma escola situada na capital do estado 54% dos alunos afirmaram não ter uma alimentação saudável, 31% apresentam ingestão adequada de água, 54% deles revelam que o alimento que mais detestam são legumes e verduras em geral, 74% substituem as refeições principais por lanches, o tipo de leite mais consumido é o integral (93% meninos e 83% meninas). A partir dos resultados observa-se um grande consumo de alimentos Fast Food, em sua maioria os adolescentes consideram sua alimentação saudável, consomem frutas e verduras diariamente e substituem as refeições principais por lanches. Estudos como estes são importantes para o desenvolvimento de novas práticas pedagógicas do ensino médio que visem o ensino de hábitos alimentares saudáveis e de vida. Além de capacitar alunos do ensino técnico profissionalizante através de atividades práticas e de pesquisa científica. [email protected] 129 130 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Ensinar Física fazendo Física: O relato de uma atividade experimental qualitativa Sérgio Luis Corrêa da Luz45 e Cibele Schmidtke Silva ETEC Doutora Ruth Cardoso Constata-se freqüentemente uma grande insatisfação de professores de Física com sua prática de ensino e, paralelamente, a maioria dos alunos mostra-se desmotivada e desinteressada desse componente curricular. Sabe-se que a maioria dos alunos concluintes do ensino básico não dará continuidade em seus estudos em ciências exatas na universidade, incluindo a Física. Apesar disso, acreditamos que todos poderão fazer bom uso dos conhecimentos de Física em sua vida pessoal, social e profissional. Desse modo, consideramos importante identificar recursos didáticos que possam ser desenvolvidos no processo de ensino-aprendizagem que sejam essenciais para a totalidade dos alunos. O desenvolvimento de diferentes competências oportunizado aos alunos implica retirá-los da condição de espectador e armazenador de informação e transformá-los em construtor de seu próprio conhecimento. Para isso, a sala de aula precisa ser transformada num ambiente que possa atender o aluno, não apenas na dimensão cognitiva, mas também nos aspectos afetivos. A partir dessa concepção é importante desenhar novos cenários educacionais como a realização de atividades experimentais que objetivam instrumentalizar os alunos, para raciocinar, para compreender as causas e as razões das coisas, para participar de discussões em que estão envolvidos seus destinos, para atuar, para transformar, enfim, para realizarse, para viver e, assim, envolvê-los no ensino-aprendizagem dos conteúdos da disciplina de Física e, conseqüentemente potencializar a participação ativa dos mesmos na construção dos equipamentos didáticos a partir de materiais de uso cotidiano. As atividades se desenvolveram a partir de uma prática qualitativa dos conceitos da mecânica por meio da realização de experimentos que abordassem as leis de Newton com alunos do primeiro ano do Ensino Médio. A metodologia utilizada nas atividades foi centrada na experimentação e, principalmente, com a participação ativa dos alunos ancorada no treinamento da ferramenta power point para confeccionar um painel a ser mostrado, em conjunto com a demonstração do experimento, aos demais colegas por meio da realização de seminários. Escolhemos a metodologia de seminários por ser um importante meio para se estimular a pesquisar o conteúdo proposto e despertar o interesse pela disciplina, assim como, pela procura de significados a sua demonstração experimental e, assim, potencializá-lo a aprender conceitos formais das ciências. Ao questionar informalmente o resultado da intervenção junto aos alunos, constatamos que a atividade produziu um novo conceito em relação a disciplina. A avaliação que fazemos dessa intervenção nos aponta, apesar das dificuldades manifestadas pelos alunos na confecção e demonstração dos experimentos, o desenvolvimento de atitudes motivadoras que interferiu positivamente nas opiniões que possuíam em relação à disciplina e, principalmente, na Física 45 131 [email protected] 132 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio relação professor-aluno. Portanto a atividade experimental proposta permitiu acenar para a possibilidade de que esse instrumento possa representar uma alternativa metodológica na busca em transformar a aprendizagem em ciências mais significativa, como também permitiu identificar que tais atividades ultrapassem as questões especificas do saber científico e atinjam objetivos vinculados à dimensão afetiva, através da motivação para apreender conhecimento de ciências. Palavra chave: Ensino de Física, atividade experimental, ensino-aprendizagem, motivação. Laboratório Aberto - Desenvolvendo Competências a Partir de Atividades Experimentais de Física no Ensino Médio José Carlos dos Santos46 Etec Prof. José Sant´Ana de Castro – Cruzeiro Palavras chave: ensino – física – experimento O Ensino de Física em nossas escolas tem se limitado a explicação da teoria, sem atividades práticas. Faz-se necessário a mudança dessa atitude, introduzindo atividades experimentais nas aulas de Física, mesmo com materiais alternativos. Este projeto vem propor uma metodologia diferenciada para as aulas de Física, baseada em atividades experimentais. O professor prepara as atividades experimentais a serem realizadas – pesquisa, seleciona a atividade, produz material escrito para orientação dos alunos, denominados roteiros experimentais, realiza os experimentos com monitores e depois aplica aos alunos do Ensino Médio. As atividades experimentais são marcadas fora do horário normal de aulas, preferencialmente às quintas e/ou sextas-feiras à tarde, ou sábados pela manhã, e são aplicadas para turmas de aproximadamente 20 alunos, divididos em duplas e/ou trios. Verifica-se a presença maciça dos alunos a essas atividades. Durante a atividade experimental, o professor discute com os alunos a teoria referente ao experimento, bem como o experimento a ser feito. Os grupos são então convidados a realizar o experimento sob a orientação do professor e dos monitores. Após a execução do experimento os grupos são orientados a preencher o relatório e entregá-lo. Dois alunos são escolhidos para fazer o diário de bordo, que deve ser entregue ao professor na semana seguinte. Neste diário de bordo, os alunos foram orientados a escrever sobre a atividade desenvolvida no laboratório, bem como as impressões pessoais sobre a atividade (o que agradou, o que não agradou, as facilidades, as dificuldades, sugestões para a melhoria). Após a correção dos relatórios, o professor faz os respectivos comentários e discussões com os alunos. Essas atividades experimentais fazem parte da avaliação do aluno durante todo o período, e têm ajudado a melhorar o aproveitamento no componente curricular. Com base na experiência adquirida nestes quatro anos, observa-se que as atividades experimentais contribuem para a melhoria da aprendizagem, os alunos gostam dessas atividades experimentais, mesmo os que não se identificam muito com a área de exatas; os alunos que têm certa facilidade, identificam-se com o componente curricular e têm disponibilidade de tempo, podem se aperfeiçoar e aprender mais, auxiliando o professor na aplicação das atividades, ou seja, atuam como monitores; as aulas experimentais são planejadas para o número adequado de alunos, não sendo viável com turmas de mais de 20 alunos; as aulas experimentais têm duração variável, 46 133 [email protected] 134 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio dependendo do experimento a ser feito; os alunos estão habituados às aulas de laboratório, tanto que há hoje uma cobrança por parte dos alunos com relação a essas aulas. Em 2008, os alunos que não mostravam muita facilidade com o componente curricular, mas apresentavam certa habilidade com equipamentos experimentais, bem como facilidade de comunicação e interação e dispunham de tempo, puderam atuar como monitores. Este fato fez com que esses alunos se interessassem mais e melhorassem seu rendimento em Física. Física do dia-a-dia Prof.André Diniz Rosa da Silva47 ETEC. Manoel dos Reis Araújo – Santa Rita do Passa Quatro Palavras chave – Experimentos do cotidiano, idéias pré-concebidas, divulgação da Ciência A atuação do professor deve ser direcionada ao estudo de métodos de aprendizagem, que enfatizem a resolução das dificuldades apresentadas pelos alunos em relação a conceitos já estudados, com a finalidade e interesse em saber de onde vêm os erros e os acertos. Desse modo, poderemos então diagnosticar as falhas em seu aprendizado e atenção. Estes conceitos serão mais bem assimilados se estiverem contidos em uma relação feita entre a teoria e a prática. Tendo isso em vista, os objetivos deste trabalho são: relacionar o conteúdo dado em sala de aula com experimentos de fácil criação, acesso e baixo custo; melhoria no ensino-aprendizado de Física para os alunos do ensino médio; enfatizar meios de estudo para formação de alunos que necessitam de atenção especial. Este projeto permite o estudo do comportamento, da vida escolar do aluno, bem como de seu desempenho. Espera-se sempre que grande parte dos alunos se interesse em participar na sequência que será dada no ano seguinte. Para o início do desenvolvimento do projeto em 2009, foi realizada uma seleção prévia dos alunos interessados em participar. Para avaliação das atividades desenvolvidas pelos alunos, foram realizados apresentações em feiras de ciência (mostra dos trabalhos) em nossa Unidade Escolar. Foram utilizadas as seguintes variáveis de estudo: idéias préconcebidas ou idéias prévias de conceitos da Física; experimentos de Física de baixo custo; alunos com dificuldades de aprendizagem e desempenho escolar baixo. O grupo de alunos foi previamente selecionado para possibilitar o êxito através de um aprendizado diferenciado, e assim a otimização em sua inserção em sala de aula e uma melhor relação com o conteúdo ministrado. Os experimentos selecionados para este trabalho são de fontes diversas. Temos em nossa Unidade Escolar uma série de kits de experimentos que podem ser explorados. É enfatizada, principalmente, a elaboração de novos experimentos a partir da criatividade dos alunos. Através deste trabalho devemos ressaltar que a realização de experimentos em sala de aula proporciona melhor contato entre professor e alunos. Isso os motiva a ter sempre uma maior atuação em sala de aula e observação científica do cotidiano. Nesse projeto, construímos e relacionamos o conhecimento teórico do aluno ao cotidiano através dos experimentos mostrados, modificando em boa parte dos alunos o interesse pela Física, criando e catalogando todos aqueles experimentos que acharmos adequados para aplicação didática e para descobrir a Física na prática. Foi percebido que a interação entre o aluno, os colegas de turma e o professor tem aumentado tanto no laboratório 47 135 [email protected] / [email protected] 136 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio quanto fora da sala de aula, permitindo melhor dinâmica durante as aulas e realização dos experimentos. É sempre importante lembrar que a divulgação da Ciência faz parte de nosso trabalho. Nesse sentido, fomos convidados a apresentar essa dinâmica na Etec de Bebedouro, na qual estiveram presentes 240 alunos e professores. Além disso, participamos da 1ª Mostra de Metodologias de Divulgação Científica que ocorreu em setembro de 2009 na UFSCar. Neste ano, contamos com a ajuda de alunos que participaram no ano de 2009 e agora atuam como alunos monitores. Estamos trabalhando com mapas conceituais. Fazemos antes de uma explicação prévia da matéria uma análise diagnóstica através de uma prova escrita a qual contém testes que foram aplicados na IV Olimpíada de Matemática, Química e Física, organizada pela equipe de difusão do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos. Logo após essa análise, trabalharemos com as idéias pré-concebidas através de experimentos e analisaremos no final o quanto de conhecimento foi adquirido com essa metodologia e sempre tentando buscar não somente maneiras novas de ensinar, mas, maneiras novas em que os alunos sintam-se melhores em aprender. 137 Estudo de Astronomia no Ensino Médio ALESSANDRA FERRACINI BALBINO ETEC JOÃO MARIA STEVANATTO - ITAPIRA Muitas vezes por falta de tempo, os professores acabam delimitando os conteúdos e assim dificultando a interpretação dos fenômenos naturais e a compreensão histórica dos fatos. Ao apresentar este trabalho a idéia é trazer a experimentação, a imaginação, a pesquisa de volta às aulas de Física, visando conhecimento empírico da disciplina. Pretende-se oferecer aos alunos a oportunidade de tornar-se pesquisador, aprendendo e aplicando conceitos das várias áreas do conhecimento na compreensão dos fenômenos naturais, sociais, processos históricos e da produção tecnológica, que compõem o mundo real. Participando em 2009 e 2010 da OBA – Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, coordenada pelo Professor Doutor João Batista Canalle, cujo o objetivo era fomentar o interesse dos jovens pela Astronomia e ciências afins. Com elaboração do foguete proposto pela organização das OBA OBFOG- Olimpíada Brasileira de Foguetes, começou na ETEC João Maria Stevanatto a interação dos diversos professores para o estudo da Astronomia. A participação de outras áreas do conhecimento foi muito satisfatória e segue uma breve descrição do que foi realizado: 1) Disciplina: Física - Origem e evolução do universo; Modelos de Ptolomeu e Copérnico; O estudo do sistema solar; As Leis de Kepler; As Leis de Newton. 2) Disciplina: Química – Introdução ao estudo da Física Moderna - A emissão de luz pelos astros e identificando os elementos químicos que compõem a matéria; O conhecimento e desenvolvimento de novos materiais, que fizeram e ainda fazem parte de expedições e explorações do universo. 3) Disciplina: História - A contextualização do momento histórico vivido pelos cientistas na época das primeiras descobertas; A evolução das pesquisas na história da humanidade. 4) Disciplina: Matemática Cálculos de proporções, regra de três, cálculos de tempo, distância, formas de equacionar as descobertas. 5) Disciplina: Filosofia - Compreender como os filósofos gregos do século IV a.C. também contribuíram com suas observações no estudo das constelações. 6) Disciplina: Língua Portuguesa - Leitura de textos e artigos de jornais; Produção de relatórios. 7) Disciplina: Artes -Na apresentação cultural, músicas e poesias, que ressaltem a influência da Astronomia; 8) Disciplina: Geografia - No estudo do relevo dos planetas, indícios de leitos de rios e mares, que poderiam significar a existência de água. 9) Disciplina: Biologia - O estudo da Astrobiologia, onde a procura de água constitui-se sinônimo de vida em astros do sistema solar; A proposta é que com auxílio de todas as áreas e através da utilização de instrumentos simples, como: a vivência do aluno, a montagem e o lançamento do foguete, a participação na OBA; o uso do software Observatório Astronômico e do portal Clickidéia, foi possível demonstrar e pesquisar fenômenos astronômicos que influenciaram a história e a qualidade de vida que temos hoje, tendo como objetivo principal resgatar o interesse pela ciência gerando o prazer de aprender. Espera-se que este trabalho seja capaz de: ampliar valor e o sentido dos conteúdos da sala de aula; - Estabelecer conexões das disciplinas do Ensino Médio com a Física, para entender os desafios da sociedade 138 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio moderna; - Motivar o aluno pesquisador, estimulando sua imaginação, a matematização, a experimentação, a leitura e a real compreensão dos fenômenos do Universo. O trabalho em andamento já proporcionou os primeiros resultados obtidos através das excelentes notas na OBA e nas apresentações de seminários. Os alunos ficaram bastante motivados o que foi demonstrado através das leituras nas diversas disciplinas que os mesmos trouxeram para discussão em sala de aula. O trabalho continuará durante o segundo semestre para que possamos apresentar um resultado a toda comunidade durante a feira da escola. REFERÊNCIAS CANALLE, J.B. www.oba.org.br KANTOR, C.A.; MENEZES, L. C. de. Os astros e o cosmo. São Paulo: Escolas Associadas Pueri Domus, 2004. SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Proposta Curricular do Estado de São Paulo: Física. São Paulo:SEE,2008. História 139 140 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Centro de Memória: A construção e (re) construção dos sonhos e dos valores ético-morais na trajetória de vida de ex-alunos e atuais docentes matriculados em 1950 e 2001 e as interfaces na trajetória de vida de ex-alunos atuantes no mercado de trabalho matriculado entre 2002 e 2008 na Etec Júlio de Mesquita em Santo André. Olesio Junho48 e Edlucia Passos Carvalho ETEC Júlio de Mesquita Palavras-chave: construção, ética, moral, trabalho, valores O presente trabalho teve por finalidade investigar a construção e (re) construção dos sonhos e dos valores ético-morais na trajetória de vida de ex-alunos e atuais docentes matriculados em 1958 e em 2001 e as interfaces na trajetória de vida de ex-alunos atuantes no mercado de trabalho matriculado entre 2002 e 2008 na Etec Júlio de Mesquita em Santo André. O objetivo principal da pesquisa foi desenvolver ações que colaborasse para desmistificar os valores éticos, de consciência da realidade, de escolhas, de reconhecimento, de liberdade e de responsabilidades que permeiam o passado e elucidam o presente das práticas profissionais dos professores e ex-alunos. Propusemos também resgatar a história da Etec Júlio de Mesquita e os valores éticomorais que foram construídos ou (re) construídos durante a passagem dos sujeitos pela escola e mercado de trabalho, e que interferiram decisivamente no desempenho da atual função de docente e de trabalhadores do setor produtivo em um mercado cada vez mais competitivo. O referencial teórico e metodológico referendou-se no materialismo histórico e dialético. Esta perspectiva preconiza o trabalho como a essência para a existência humana e aponta-nos decisivamente para o cotidiano da prática do trabalho onde existem as condições necessárias para a construção e (re) construção de valores éticos e de sonhos, que na nossa visão, constituí em mais um instrumento fundamental de valorização dos resultados concretos da instituição na formação tecnológica, cidadã e inserção sócio-econômica de jovens e adultos na região do ABC. Para atingirmos as metas foi desenvolvida uma pesquisa de campo junto aos participantes: dois ex-alunos e atuais docentes, um da área de Mecânica e matriculado em 1958, e, outra da área de Nutrição e Dietética, matriculada em 2001; um case de sucesso no mercado de um ex-aluno e oito ex-alunos atuantes no mercado de trabalho do Grande ABC. Os alunos do Ensino Médio foram envolvidos a partir de pesquisas documentais sobre a “reestruturação produtiva na região do ABC” e de história oral com ex-alunos e ex-funcionários da escola. O resultado até o momento é uma monografia dotada de muitos registros através da história oral e grupo focal; a articulação de mais de dez horas de áudio; fotografias de época e o levantamento de diversos ex-alunos, funcionários e cases de sucesso. A pesquisa superou as expectativas preliminares e vêm efetivar a possibilidade concreta de estruturação e 48 divulgação do Centro de Memória. No contexto enunciado pela pesquisa, é essencial considerar, em princípio que a ETEC Júlio de Mesquita representou um momento ímpar nas vidas de todos os entrevistados. Ela afirma-se na história, portanto, como um espaço de práticas democráticas que dá a sustentação aos processos de sociabilidade, de amizades, de profissionalização e de vivência sócio-histórica que permite o respeito ao indivíduo e ao coletivo contribuindo categoricamente com a (re) construção de valores ético-morais na direção da humanização. Concluímos que os sujeitos das entrevistas são vítimas de uma opção histórica de política econômica desenvolvida no país, que privilegia o capital internacional e a manutenção severa e interventiva sobre a economia nacional, bem como, na proposição de políticas públicas na maioria das vezes estanques, “minimalistas” e com um viés de programas voltados para serem executados descontinuamente. A profissionalização na ETEC responde às expectativas imediatas dos seus usuários, que não têm condições de fazer uma análise profunda de conjuntura sócio-político-econômica das transformações que estão ocorrendo no mundo do trabalho. De contrapartida, os entrevistados designam à ETEC a responsabilidade pelo seu crescimento pessoal, profissional, social, econômico e de ampliação da consciência cidadã. [email protected] 141 142 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio As Imagens sobre a África Hoje e o Ensino de História: Esquecimento e Dominação Cosme Lima de Oliveira49 Escola: ETEC. “Guaracy Silveira” palavras chave: África no Ensino de História, Cinema e História, Livro Didático, a Sociedade de Linhagem na África A presente Comunicação visa mostrar uma Experiência realizada em sala de aula em 2009 com a temática da África, na EMEF “Leonardo Villas Boas” (6as Séries A, B e C) e na ETEC “Guaracy Silveira” (1o A, B, C, D, e E), seguindo as orientações da Lei Federal no 11.645 de 10/03/08 que altera a LDB e a Lei 10.639/2003 para Incluir no Currículo Oficial da Rede de Ensino a Obrigatoriedade da Temática “História e Cultura AfroBrasileira e Indígena”. A Experiência teve como objetivo organizar uma reflexão sobre o conhecimento produzido a respeito da África após a Lei 10.639/2003 e foi dividida em quatro partes: Livro Didático de História: Mario Schimidt, Nova História Crítica, 2007 e Nelson & Claudino Piletti, História e Vida Integrada, 2007. Estes livros constroem uma imagem positiva sobre a África Antiga, criando assim, um debate entre duas visões: a visão do Cinema e a visão do Livro Didático de História. Estas obras visam apresentar uma África no passado, rica economicamente (com rotas comerciais), politicamente (construção de grandes Impérios), e culturalmente (arquitetura, escultura, biblioteca etc.) Assim, a “produção didática” combate e troca a visão negativa, por outra positiva, próxima dos Impérios e Cidades-Estados da Antiguidade Oriental e da Antiguidade Ocidental. 4- Por fim, elaboramos uma proposta para sairmos deste embate: estudar a “África Antiga” no Ensino Fundamental e no Ensino Médio a partir do conceito de “sociedade de linhagem” existente na África e a sua posterior destruição com a introdução do comércio de escravo a partir do século XVI. Esta proposta possibilita dialogar com as duas imagens acima: a visão negativa veiculada pelo Cinema e a visão positiva dos Livros Didáticos. Este caminho, possibilita também destacar as contradições existentes no interior das sociedades africanas e a sua posterior apropriação tanto pelo Cinema, quanto pelo Livro Didático de História. 1- Elaboração e tabulação de uma Pesquisa realizada com os alunos sobre a “África Hoje”. Esta Pesquisa solicitou para os alunos a primeira imagem que lhe vem à mente quando se fala em África, em seguida realizou-se a tabulação da Pesquisa o que colocou em evidência uma Imagem dominante: em primeiro lugar, a África é associada à “miséria/pobreza/fome” e, em segundo lugar, a África é associada à “imagens da natureza: deserto/seca”. A partir daí, destacam dois problemas: 1- a pobreza/miséria da África e 2- a África como algo natural. O que explicaria estas imagens comuns tanto a alunos do Ensino Fundamental como a alunos do Ensino Médio? 2- Em busca de uma explicação para os problemas supracitados, optou-se por uma análise da produção recente de filmes com a temática da África. Os filmes selecionados foram: Filme 1: Falcão Negro em Perigo, de Ridley Scott, EUA, 2001; Filme 2: Hotel Ruanda, de Terry George, Inglaterra/ Itália/ África do Sul, 2004; Filme 3: O Jardineiro Fiel, de Fernando Meirelles, Inglaterra/EUA, 2005; Filme 4: Diamante de Sangue, de Edward Zwick, EUA, 2006 e Filme 5: Redenção (introdução à 7a Temporada da Série “24 Horas”), EUA, 2008. Estes filmes, num primeiro momento parecem romper com a imagem dominante — pois, trazem na sua divulgação a proposta de “filme-denúncia” visando conscientizar o espectador sobre as mazelas da África, — mas após a análise, o espectador percebe que os filmes acabam difundindo e confirmando a mesma imagem negativa sobre a África. Isto porque eles mostram uma África incapaz de resolver os seus problemas e necessitando de intervenções das potências mundiais. 3- Nesta parte, procedeu-se à análise da produção didática da África Antiga. Recentemente surgiram obras com capítulos específicos sobre a “África Antiga” no 49 [email protected] 143 144 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Grupo de Estudos Históricos - GEH Mara Cristina Gonçalves da Silva50 Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar Palavras chaves: Estudos históricos, museus, leituras, debates e reuniões. Desde 2008 desenvolvemos o GEH – Grupo de Estudos Históricos e realizamos o CD: “Povos da Antiguidade – o começo das sociedades”. Em 2009 demos continuidade ao GEH, e realizamos o CD: “Raízes do Brasil e as Civilizações da Idade Média”, no ano de 2009 tivemos três edições do periódico “O Pergaminho” onde desenvolvemos a divulgação das atividades do GEH. Desenvolvemos palestras com o Profº Ms. Reinaldo Toso Junior palestrando sobre o “Feudalismo na Inglaterra, Alemanha e França”; e o Profº Dr. Eduardo Góes Neves palestrando “A selva não é só da natureza: 10.000 anos de ocupação humana na Amazônia”. Visitamos o MAE/USP. E também realizamos a entrevista com o Profº Titular de Biologia Evolutiva do IB USP – Walter A. Neves; autor da obra: “O povo de Luzia: em busca dos primeiros americanos”. Obra lida e apresentada pelos alunos nas reuniões semanais do núcleo do primeiro ano do EM. Fruto de nossa entrevista ao Profº Tit. Walter A. Neves - fomos convidados a estagiar no LEEH – Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos. Estagio de 11/01 até 11/02/2010. Totalizamos 51 horas em que alguns alunos aprenderam a manipular fósseis humanos de aproximadamente seis mil anos do sítio arqueológico de Buritizeiros – MG e fosseis de megafauna e fauna ainda existente e de artefatos líticos. As apresentações das pesquisas presentes no CD 2009 foram realizadas nos dias 09 a 11/02/2010, aos alunos dos primeiros e segundos anos do EM. E a viagem ao litoral de São Paulo foi realizada em 13/03/2010 com o arqueólogo Dr. Manoel Gonzalez do Nupec/CERPA – Centro Regional de Pesquisas Arqueológicas. Todas estas atividades permitiram demonstrar aos alunos como a reflexão e o ensino de história podem ser enriquecidos com o uso de imagens e as visitas técnicas. A leitura destes documentos históricos pode ser feito a partir do resgate da inserção social da produção e divulgação da imagem e do que é monumentalizado nas visitas técnicas examinando quem são os autores, quais as suas vinculações sociais no momento em que este documento histórico (a imagem/o objeto) foi produzido. Neste ano o GEH tem o objetivo da pesquisa iconográfica, incluindo mapas e bibliografia para fundamentar a confecção de um CD, onde os alunos desenvolverão artigos, resenhas, fotografias, entrevistas. E visitas a museus, a exposições referentes aos períodos históricos citados e entrevistas com pesquisadores arqueólogos e historiadores especialistas no Brasil paleoíndio e nas populações indígenas remanescentes ou não destes povos. O objetivo é que os alunos estabeleçam as relações entre a presença dos povos do período paleoíndio e suas populações descendentes e a manutenção das manifestações 50 culturais no território que hoje é o Brasil e a valorização do patrimônio cultural arqueológico nacional. E também compreendam as transformações ocorridas no período Moderno – com o início da economia em escala planetária e os conflitos militares e suas conseqüências para os povos envolvidos direta e indiretamente. A partir de reuniões semanais com os alunos interessados acompanharemos os momentos de leituras comuns, debates e troca de experiências sobre o desenvolvimento das pesquisas realizadas aberto a participação de alunos do EM Técnico que desejem aprofundar seus conhecimentos históricos. A confecção do terceiro volume do CD do GEH com os temas Brasil Paleoíndio II; Modernidade e Guerras e Revoluções. Poderá contribuir para um bom desempenho no Enem. Contribuir para a formação de jovens cidadãos críticos e participativos. Continuar a publicação do periódico “O Pergaminho” como um jornal que divulgue as atividades do GEH, permitindo uma circulação maior de informações e troca de conhecimentos entre o EM e os cursos técnicos, servindo como veículo de aproximação entre o público estudantil a comunidade de pais e da cidade como um todo. [email protected] 145 146 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio estava respaldado por um determinado momento e discurso. Minha intenção foi levar os estudantes a perceberem que o presente reconstrói, continuamente, o passado. Reconstruindo o passado: “Calabar- O elogio a traição” O resultado dessa atividade foi bastante positivo, tendo em vista que no início da discussão, durante a sondagem dos conhecimentos prévios sobre o tema, muitos alunos afirmavam que o livro era um documento do século XVII, por tratar da invasão holandesa. Até então, eles entendiam a obra como uma verdade absoluta. No processo de discussão e posterior análise, ficou claro que existem diferentes versões sobre um mesmo fato histórico. Afinal existem histórias, não a História. Emilene Ceará Barboza51 ETECAP- Escola Técnica Estadual “Conselheiro Antonio Prado” Palavras Chaves: Invasão Holandesa, Chico Buarque, Ensino de História. No ano passado, ao trabalhar o sub-tema “Permanência e influência de elementos culturais originários de comunidades indígenas, africanas e européias protagonistas do Brasil colônia”, que faz parte do tema quatro do Eixo Temático Trabalho, Cultura e Cidadania,, com os segundos anos da Etec onde leciono, optei por analisarmos o livro “Calabar-elogio a traição” de Chico Buarque de Holanda e Ruy Guerra. Com isso, a minha intenção era desenvolver algumas habilidades e competências, pensadas para essa série, através do contato com diferentes tipos de fontes e materiais relacionados ao livro, visto que tal material procura problematizar as ações do personagem Calabar durante a invasão holandesa no século XVII, na América portuguesa, além de apresentar ao leitor uma série de personagens com origens, profissões, valores etc os mais variados, que compunham a sociedade da época. A escolha de uma obra literária na disciplina de História se deu porque considero que este tipo de abordagem possibilita ao aluno a compreensão da obra enquanto um documento histórico, visto que sua produção é fruto de um determinado tempo e da subjetividade dos autores envolvidos em sua elaboração. A análise desse livro partiu do contato com textos de autores diversos, tanto da área literária quanto histórica, possibilitando discussão e comparação entre as diversas abordagens. Para viabilizar o confronto de idéias e/ou convergência de pontos de vista, organizei resumos de autores que tratam do tema, os quais foram apresentados aos alunos. Graças à leitura e análise desses materiais os alunos conseguiram desenvolver algumas competências e habilidades propostas para os segundos anos, quais sejam: confrontar opiniões e pontos de vista expressos em diferentes linguagens e suas manifestações específicas e suas respectivas habilidades; articular as redes de diferenças e semelhanças entre as linguagens e seus códigos; compreender a sociedade, sua gênese, sua transformação e os múltiplos fatores que nela intervêm como produtos da ação humana; sistematizar informações relevantes para a compreensão da situação problema. Buscando aferir a apreensão de tais competências, assim como o desenvolvimento das respectivas habilidades, propus aos estudantes uma atividade avaliativa, a qual esperava dos alunos a compreensão de que o livro era um documento histórico e 51 [email protected] 147 148 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Projeto Padim Ciço Prof. Paulo Henrique Máximo52 Etec Dep. Salim Sedeh Palavras chaves: migração, religiosidade, cultura nordestina e preconceito. A entronização de uma pequena estátua do Padre Cícero gerou polêmica no município, trazendo à tona preconceitos adormecidos. Devido ao processo de migração, decorrente da necessidade de mão-de-obra para a economia agrícola, aumentou expressivamente entre os cidadãos locais o número de nordestinos, crescendo em igual proporção o preconceito em relação a estes migrantes. A polêmica foi reacendida com a estátua do padre. Como a crença em Padre Cícero é comum entre tais migrantes, a administração pública os “presenteou” com a estátua do “santo”. Diante desse quadro surgiu a idéia de desenvolver o Projeto Padim Ciço nas aulas de História e Ações de Cidadania com os alunos da 2ª. série do Ensino Médio. A discussão do assunto começou com um texto jornalístico que tratava da entronização da estatueta do padre numa praça no Bairro Saulo, reduto de migrantes nordestinos. Nas aulas de Geografia trabalhou-se os aspectos naturais e econômicos do Nordeste. Já nas aulas de História desenvolveu-se o conteúdo sobre a história do “santo”. Discutiu-se com a classe os propósitos da realização da Festa das Tradições Nordestinas, evento realizado pelo poder público municipal. Até o momento os objetivos eram: discutir o preconceito ao nordestino, os aspectos naturais e econômicos da região nordeste, analisar os motivos que conduz o nordestino a migrar, compreender o processo de consolidação da República e as revoltas político-sociais (coronelismo e messianismo). A etapa seguinte foi a pesquisa de campo através de entrevistas com moradores do Centro e do Bairro Saulo. As entrevistas tinham a finalidade de verificar a crença dos migrantes no padre milagreiro e a opinião dos moradores locais em relação à homenagem. Nesse momento os alunos ouviram histórias recheadas de fé, outras, carregadas de preconceito ao nordestino e à estátua de Padre Cícero. Após as entrevistas e antes da tabulação das informações recolhidas, resolvemos fazer uma viagem (pela internet) para conhecer a cidade de Juazeiro (CE), onde viveu o personagem. O objetivo era obter dados da cidade cearense e visualizar os lugares sagrados para os fiéis, como a estátua do Padre Cícero. Ótimo! Munidos de tanta informação e conhecimento, voltamos a visitar o Bairro Saulo para conhecermos a praça Padre Cícero onde está a estátua e a capela em homenagem ao clérigo. Os alunos ficaram indignados com a situação que se encontrava a redoma que envolve a estatueta do “santo”. Estava quebrada devido às pedras atiradas. O passo final foi organizar a palestra para apresentar os resultados das atividades. A palestra, conduzida pelos próprios alunos, foi realizada para a comunidade e o corpo discente 52 da escola. Ficou nítido o preconceito ao nordestino e, principalmente, à estátua de Padre Cícero. Nas entrevistas colhidas, as pessoas não entendiam como um “santo” nordestino pode ser entronizado em uma praça pública de uma cidade paulista, tão longe do estado do Ceará. Outros afirmaram com categoria: ele não é considerado santo pela Igreja Católica. Apesar do preconceito ao nordestino e a intolerância à estátua, os ouvintes tomaram consciência que a cultura nordestina já faz parte do cotidiano local. Outro ponto que causou surpresa na platéia foi a informação da reabertura do processo de reabilitação do padre. Devido à propagação de Igrejas Evangélicas pela região Nordeste, o Vaticano vê na figura do padinho, que é considerado santo pelo povo da região, uma alternativa para conter o avanço dos evangélicos. Mas o senso comum continua fazendo afirmações do tipo: Por que não chove em Leme? A resposta agora é muito simples: A estátua do santo trouxe a seca do sertão nordestino para cá. O que será do senso comum, quando o Vaticano iniciar o processo de canonização do padre? Perdoe-nos Santo Cícero! [email protected] 149 150 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Álvares de Azevedo e o fascínio de suas narrativas de terror exercido sobre alunos do Ensino Médio. Fernanda Cassiolato Marti Sguassábia53 Etec Dr. Francisco Nogueira de Lima – 059 Palavras-chave: Álvares de Azevedo, contos de terror, ensino médio, releitura Um dos conteúdos que compõem a grade curricular de literatura da segunda série do Ensino Médio é o Romantismo e, trabalhando com os alunos, dentro da segunda geração romântica, o poeta Álvares de Azevedo e sua única obra em prosa publicada, Noite na Taverna, foi possível perceber grande curiosidade por parte dos alunos das cinco turmas em conhecer melhor tais contos de terror que retratavam a metade do século XIX. Então, com o intuito de despertar a criatividade e o interesse por literatura nos alunos da segunda série do Ensino Médio, foi a eles proposta uma atividade em grupo, tendo como temática o livro de contos de horror citado acima. Foi selecionado um conto para cada sala, totalizando cinco: Solfieri, Bertram, Gennaro, Claudius Hermann e Johann. Antes da produção dos trabalhos, cada narrativa foi lida e discutida em sala de aula pela professora para que os alunos pudessem tirar dúvidas em relação à estrutura, vocabulário e características dos textos. A partir disso, cada grupo de cada sala se responsabilizou por produzir ou um cartaz ou um pequeno vídeo de no máximo cinco minutos de duração recontando a narrativa de terror lida por eles, com a finalidade de mostrar sua interpretação acerca da mesma. Foram estabelecidos como critérios de produção e avaliação, o uso de imagens criadas por eles ou tiradas da internet, através de pesquisa temática, e a seleção de uma trilha sonora que explorasse os momentos mais importantes de cada narrativa e aproveitasse as nuanças dos acontecimentos. Havendo o perigo de as turmas, influenciadas pela televisão, tomarem as novelas ou programas afins como base para seus trabalhos, foilhes restringido o uso de dramaticidade ou encenação das narrativas. Portanto, os estudantes deveriam apresentar sua interpretação sem falas ou diálogos entre as personagens criadas por Álvares de Azevedo; seu papel era, sim, entrelaçar imagens coerentes aos acontecimentos narrados e som que corroborasse a interpretação dos mesmos à narrativa recontada ou com suas palavras ou utilizando-se apenas de alguns trechos dos contos. Aos trabalhos entregues em forma de cartaz, foi subtraída a possibilidade de som, por razões óbvias. Cada grupo teve em média um mês para ler seu conto correspondente, discutir os pontos principais e características, selecionar imagens e trilha sonora, repensar a narrativa e construir o trabalho completo. Depois de entregues e analisados pela professora, os trabalhos foram exibidos para todos os grupos de cada turma e os próprios alunos selecionaram os melhores para que pudessem ser apresentados na Feira de Produtos e Serviços – FESP, da ETEC Dr. Francisco Nogueira de Lima, no segundo semestre de 2009, evento que ocorre anualmente e abre as portas da escola para os moradores do município e região. As Língua Portuguesa e Literatura 53 151 [email protected] 152 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio apresentações foram feitas em sessões com horário marcado, em sala decorada pelos próprios estudantes, seguindo a temática “terror”. Eles se mostraram tão envolvidos com o projeto que prepararam maquiagens carregadas de cores escuras e se vestiram de preto, o que auxiliou na composição do contexto próprio ao tema e na repercussão muito positiva gerada por parte dos visitantes da feira e da própria comunidade escolar. Análise comparativa entre o livro Dom Casmurro (Machado de Assis) e o filme Dom, do diretor Moacyr Góes Fernando de Oliveira Souza54 ETEC DE RIBEIRÃO PIRES Palavras-chave: literatura; cinema; cotidiano. Este trabalho teve como alvo o 2º ano do Ensino Médio, no componente curricular de Língua Portuguesa, Literatura e Redação. A proposta era estabelecer comparações entre a vida amorosa dos alunos, o livro Dom Casmurro (Machado de Assis) e o filme Dom, do diretor Moacyr Góes. Paralelo a isso, tive como pretensão propor uma sutil interdisciplinaridade com Matemática, Artes e Sociologia. Para tanto, escrevi uma unidade didática baseada nos meus conhecimentos sobre os PCNs, as Capacitações de LPL de 2009 (promovidas pelo CENTRO PAULA SOUZA) e minha prática docente. Apliquei esta unidade didática em dois segundos anos do Ensino Médio, na ETEC DE RIBEIRÃO PIRES, unidade em que amplio aulas, pois minha sede é na ETEC JORGE STREET. O tempo de duração foi de, aproximadamente, quatro aulas. Inicialmente, propus questões pessoais sobre relacionamentos amorosos dos alunos, pedindo que escrevessem as respostas e as lessem, caso ficassem à vontade. Felizmente, muitos expuseram suas idéias oralmente e foram surgindo grandes questionamentos e reflexões construtivas (nesta parte, trabalhamos indiretamente com Sociologia), até porque envolviam o tópico da Traição. Dentre elas, por exemplo, surgiram algumas que envolviam bissexualidade entre adolescentes. Para minha surpresa, todos os alunos respeitaram com muita naturalidade a escolha de determinada aluna. Isso ilustra muito a nova realidade social que vivemos. Depois disso, continuei com questões de interpretação textual sobre dois capítulos (XIV- A inscrição e XCIV- Idéias aritméticas) do livro Dom Casmurro, que tinham relação com Matemática e Artes. Nesta parte, alguns alunos demonstraram surpresa e bastante interesse pela ligação direta com as áreas citadas, a ponto de determinados diálogos entre eles evidenciarem que, a partir de então, valorizariam mais estes componentes curriculares. Finalizada esta parte, os alunos tiveram que responder dez questões sobre cenas do filme Dom, durante a sua apreciação. Dentre estas questões, existiam algumas que comparavam diretamente cenas do filme com capítulos do livro (A LXXVI-A explicação e CXXXVIIICapitu que entra), lidos durante a elaboração das respostas. Após a correção das questões, os alunos ficaram muito motivados a lerem o livro ou a relerem a fim de desvendar o famoso mistério da possível traição ocorrida. Como proposta final, sugeri a produção de um texto dissertativo-argumentativo com o tema: “Quem foi o responsável pelo fim do relacionamento entre Bentinho e Capitu?”. O texto deveria ser 54 153 [email protected] 154 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio formal e impessoal, com o mínimo de 300 palavras e no máximo, 400, aproveitando o fato dos alunos terem estudado e analisado este tipo de texto nas aulas anteriores. Sendo assim, por estarem motivados pelo tema da narrativa, os alunos procuraram ler análises sobre o livro, depois que fizemos um debate crítico sobre este, durante a sugestão da produção textual. O processo e o fim deste trabalho foram extremamente prazerosos para mim, como Professor, e aos Alunos, porque eles relacionaram as problemáticas da narrativa com o cotidiano deles. Para completar, escreveram textos extremamente criativos e densos. Sarau Juliana Nardon Sbaraini e Antônio Onofre Bufo55 Etec Pedro Ferreira Alves palavras-chave: sarau – poesia –literatura O SARAU é uma apresentação de poesias feita por adesão espontânea de alunos das três séries do ensino médio; inclui também canções da música popular brasileira, apresentadas também por nossos alunos e música instrumental: erudita, popular, folclórica. Surgiu da necessidade de motivar os alunos das três séries para a poesia. Nos primeiros anos, há a introdução da linguagem poética: os versos, as estrofes, rimas etc. Os alunos constroem, lêem, são levados a participar de apresentações de poesias na classe, com a motivação suplementar de participar do sarau no final do ano, em produção própria de poesia ou de escolha própria de poetas do período clássico, como Camões. Os alunos das segundas séries continuam esse trabalho, agora voltado para o século XIX, sem restrição à poesia estrangeira e à produção própria; os do terceiro trabalham a poesia modernista, em que fazem apresentações de Carlos Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Manuel de Barros, Mário Quintana, Vinícius, João Cabral de Melo Neto e poetas contemporâneos, incluída aí a rica produção da música popular brasileira. Isso inclui, dado o farto material acumulado em vídeo proporcionado pelos recursos de mídia do século XX, conhecer mais de perto as produções em que esses poetas mostram a própria poesia. Durante o ano há um programa a ser seguido que envolve o aprendizado da literatura. A produção em prosa envolve os alunos em apresentações pessoais e principalmente em grupos de obras lidas, com a utilização dos recursos da informática e outros, construindo o conhecimento através de pesquisas, debates em classe e nos próprios grupos. A poesia também permite trabalhos, debates, interpretações, mas é importante que ela não perca o seu encanto natural, artístico, único. Durante o ano letivo, o sarau vai sendo preparado na sala de aula, com a apresentação de poesias para colegas de classe, o que é aproveitado para discussões, interpretação, compreensão das características da escola literária, linguagem poética etc. Os alunos que se motivam ao longo dos bimestres com essas apresentações são convidados a participar do SARAU no final do ano, geralmente no dia ou dias seguintes às avaliações de final de ano, sem que se esqueça de incluir esse trabalho como instrumento de avaliação. O SARAU é preparado por um grupo de alunos que desenvolve um projeto que inclui preparação do local, horários, ensaios, ordem de participação e todos os demais itens necessários. As poesias são intercaladas com canções e músicas instrumentais e alguma apresentação artística rápida como o stand up. Os professores responsáveis ficam encarregados de desenvolver o programa de conhecimento: a linguagem poética, o valor cultural, o aspecto crítico, as escolas literárias. Disso resulta 55 155 [email protected] 156 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio a escolha de cada um pelos poemas a serem apresentados, inclusive a produção dos próprios alunos, incentivados a criar poesias que seguem desde os padrões clássicos até a forma modernista. o grupo responsável pela organização do evento recebe todas as orientações sobre o projeto, produz um regulamento, torna-se o contato entre professores, direção, coordenação e alunos participantes; responsabiliza-se pelos agendamentos, ensaios, produção do cenário e material necessário para a apresentação. Esses grupos organizadores, em todos os anos, têm demonstrado uma grande motivação e geralmente continua nos anos seguintes, como o grupo encarregado de 2010. Como o SARAU despertou grande interesse de muitos alunos para apresentações artísticas mais demoradas, como o teatro, desmembrou-se dele uma MANHà CULTURAL, em que os alunos do Ensino Médio preparam e apresentam peças teatrais e shows musicais mais livres. Todo esse processo desenvolve as competências relativas ao aprendizado da língua culta e literária; ensina a resolver os problemas de logística, de sociabilidade; envolve o aprendizado de conhecimentos literários, culturais. Desenvolve as habilidades relativas à apresentação em geral e de eventos em particular. SARAU: “Sensações poéticas” Adriana Moreira da Cunha56 ETEC: Presidente Venceslau Palavras-chave:” Sentir, interpretar: saborear as palavras” Estimular o conhecimento dos mais variados tipos de poemas e o despertar encantador da arte literária que envolve a poesia é o tema deste projeto. O poema traduz em palavras um universo desconhecido, carregado de emoções, sentimentos e permite criar possibilidades de compor pensamentos. O processo de criação de um poema leva em conta sonoridades, pulsações, interpretações e ritmos que podem ser saboreados pelos leitores. Em todas as camadas da sociedade a poesia transforma interiormente a visão que se tem das questões relativas às diversas realidades e permite que cada leitor interprete um poema-texto de forma ímpar e subjetiva, respeitando-se a cultura, a vivência e as características de cada pessoa. Em cada verso lido descobrem-se os mais subjetivos significados do que está escrito e, portanto, cada verso serve como instrumento de reflexão dos diversos assuntos e verdades abordados nas entrelinhas das estrofes. Questões culturais e afetivas são sentidas a cada leitura e interpretação, uma arte que precisa ser reconhecida e percebida como capaz de realizar associações, favorecendo a extrapolação de idéias de maneira criativa e surpreendente. Vários objetivos são alcançados através da realização de um SARAU LITERÁRIO: Aperfeiçoamento da oralidade e valorização e entonação de voz, fluência, ritmo e desenvoltura na maneira de se articular; Aprender a se expressar em grupo, desenvolvendo a criatividade através de debates e criação poética; Promover interações significativas entre os adolescentes nas atividades de leitura e apreciar diversos poemas e valorizar a leitura como fonte de prazer; Reunir a comunidade escolar para apreciar e declamar poesias e representar poesias por meio de teatro, interagindo com o público ouvinte; Conhecer a prática social e tudo que envolve um Sarau. Para estimular o gosto pela leitura foram utilizados livros variados, de autores como: Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Fernando Pessoa, Mário Quintana, Cora Coralina e o poeta contemporâneo Luciano Esposto (Poeta venceslauense e colaborador no desenvolvimento do Sarau) e outros. Os alunos da Etec “Presidente Venceslau” conheceram, recitaram, produziram e realizaram atividades de análise lingüística de diversos poemas do escritor Luciano Esposto, este visitou a ETEC várias vezes e conversou com os alunos sobre os poemas escritos por ele: sua intenção, tonalidade de voz, postura para declamação e apresentação para o público e outros assuntos pertinentes ao Sarau.. Para despertar o interesse dos alunos para a poesia entra a tecnologia em cena como ferramenta de aprendizagem: pesquisas, vídeos assistidos, transportando o sarau para o plano virtual com o uso da 56 157 [email protected] 158 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio informática; O Sarau “Sensações Poéticas” despertou nos alunos o desejo de ler, interpretar e vivenciar os poemas lidos. Pesquisar e interpretar vários tipos de poemas (literatura Indígena, Africana, Brasileira e Européia) é importante para a sensibilização dos alunos. Como resultados a apresentação para 381 pessoas em um clube da cidade. Na platéia: diretor da Etec, prefeito municipal, diretora de Educação e Cultura, pais, autores de livros de toda região, artistas da comunidade, professores de várias escolas e da faculdade Uniesp entre outros. Os alunos declamaram os poemas “degustados e saboreados,”e principalmente sentidos e interpretados e para cada poema criaram uma cena correspondente. Toda a comunidade presente ficou emocionada diante de tanta dedicação, encanto e sentimentalismo passado pelos alunos a cada declamação. Na produção final criou-se um Blog com alguns dos poemas declamados e interpretados e que serviu de inspiração para o trabalho de homenagem ao dia da “Consciência Negra”. Literatura e História: Os Movimentos sociais e a produção literária das três primeiras décadas do Século XX Milton Inácio57 ETEC. “Guaracy Silveira” palavras chaves: Produção literária, República Velha, movimento modernista, semana de Arte de 22, PCN, desenvolvimento de competências/habilidades A presente comunicação visa mostrar a experiência realizada no ano de 2008 com as Terceiras Séries do Ensino Médio, da ETEC “Guaracy Silveira”, numa proposta interdisciplinar entre Língua Portuguesa e Literatura e História. Esta integração teve como objetivo maior dialogar com os PCN que defendem a existência da “Área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias” propondo o trabalho por competências e habilidades. Outro objetivo era fugir dos tradicionais trabalhos interdisciplinares que defendem a integração por temas (conteúdos), pois a nossa proposta possibilitava a integração a partir das competências e habilidades, daí a ideia de um produto final ser uma Avaliação. Nesta direção, foram classificadas as seguintes competências comuns a História e Língua Portuguesa e Literatura a serem trabalhadas com os alunos e alunas nas duas disciplinas: 1-Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas; 2-Analisar, interpretar e aplicar os recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos,mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção/recepção( intenção, época, local, interlocutores participantes da criação e propagação de idéias e escolhas, tecnologias disponíveis etc); 3-Recuperar, pelo estudo, as formas instituídas de construção do imaginário coletivo,o patrimônio representativo da cultura e as classificações preservadas e divulgadas, no eixo temporal e espacial;4-Respeitar e preservar as manifestações da linguagem, utilizadas por diferentes grupos sociais, em suas esferas de socialização; usufruir do patrimônio nacional e internacional, com as suas diferentes visões de mundo; e construir categorias de diferenciação, apreciação e criação. O trabalho interdisciplinar teve como época de estudo as três primeiras décadas do século XX. Neste contexto, foram selecionadas as temáticas do período denominado de República Velha (1889-1930): imigração européia; movimento operário; formação da classe trabalhadora; surgimento do partido comunista; as revoltas tenentistas e finalmente a Semana de Arte Moderna de 22. Como fonte comum às duas disciplinas optou-se por uma fonte “cinematográfica/fílmica”, no caso uma montagem da série “Um Só Coração”, produzida pela Rede Globo em 2004, elaborada em homenagem aos 450 anos da cidade de São Paulo. Tal opção justificou-se pelo fato de integrar as diversas 57 159 [email protected] 160 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio linguagens e possibilitar aos alunos perceberem as relações entre os conteúdos historiográficos e os movimentos culturais e de produção literária. Em Língua Portuguesa e Literatura, trabalhou-se as fontes literárias do período, já em História, abordou-se as fontes historiográficas. As fontes literárias selecionadas foram trechos extraídos das seguintes obras: Ruy Espinheira Filho, Tumulto de amor e outros tumultos, capítulo 2, ano de 2001; William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães, Literatura Brasileira, Capítulo 29, ano de 2003; A Série Um só coração, Editora Globo, ano de 2004; Lucia Helena, Modernismo Brasileiro e Vanguarda, ano 2000. Foi aplicada a seguinte metodologia: 1- a execução da Série com elaboração de Relatórios (anotações de pontos importantes durante a execução); 2- em Sala de Aula, elaboração de perguntas e analogias entre a “série” e os textos literários trabalhados anteriormente; 3- aulas dialogadas e discussão para responder às perguntas dos alunos e estabelecimento do diálogo entre a “série” e os textos estudados; 4- aplicação da Avaliação integrando Língua Portuguesa e Literatura e História. A realização do trabalho acima, possibilitou a elaboração da uma Avaliação em dois níveis: produção de Relatórios durante a execução da “série” — que desenvolve determinadas competências como disciplina intelectual, organização lógica, concentração etc — e uma Avaliação (prova com consulta) que sistematizou a integração entre as duas disciplinas e explicitava as relações entre Língua Portuguesa e Literatura/História. Café Literário Gabriela Cristina Engler Marques58 Etec Doutor Júlio Cardoso. Palavras-chave: teatro, literatura, educação e prática. A arte é parte integrante da evolução da civilização desde seus primórdios: nas cavernas, nas edificações, nos templos, nas pinturas, nas esculturas, haveria sempre de se representar arte numa linguagem universal, catalogando períodos, culturas e manifestações. Por outro lado, as histórias também estão presentes em nossa cultura há muito tempo e o hábito de lê-las, contá-las e ouvi-las pode adquirir inúmeros significados. Tal hábito aproxima o ser humano do universo letrado e colabora para a democratização de um de nossos mais valiosos patrimônios culturais: a escrita. Acreditamos que a leitura e a arte constantemente abrem portas para um caminho onde o impossível não existe. Trabalhar leitura e arte dá possibilidades de improvisar, transformar, ir além da superficialidade, entrelaçar os conhecimentos, em suma, entrar no terreno criativo da condição humana. Esta manifestação dinâmica confere a arte uma importância que vai além de disciplina no currículo escolar, pois é produto íntimo da formação humana. O sujeito percebe a sensibilidade da humanidade quando tem a arte como algo significativo em sua educação. A união destas vertentes - leitura, arte e educação - proporcionam a prática verdadeira do que é declarado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no seu artigo 3º, dos princípios e fins da educação nacional: respeitar, valorizar e garantir ao educando uma formação completa de conteúdos práticos em sua existência. A leitura e a arte humanizam, e se elas humanizam, precisamos mais do que nunca, da sua utilização no meio educacional e mais ainda na sociedade de modo em geral. Assim se constitui a proposta fundamental do PROJETO CAFÉ LITERÁRIO que existe em nossa unidade desde 2008 e tem alcançado resultados muito significativos. Toda essa movimentação pelo trabalho com a arte também esteve envolvida com o esforço da unidade para aprimorar a qualidade da infra-estrutura do Teatro. Holofotes de luz foram comprados e instalados. Além disso, 400 cadeiras novas foram compradas pelo Centro Paula Souza. Como conseqüência, nosso teatro esteve melhor equipado para receber um grande público. O projeto acontece semanalmente fora do período de aulas e não é de participação obrigatória. Atualmente, envolve cerca de 300 alunos de nossa unidade escolar. Nosso objetivo central é despertar nossos alunos de Ensino Médio para a leitura. A metodologia se dá através de encontros com rodas de histórias, estudos sobre a teoria da literatura e do drama, palestras e formação de grupos de teatro. Atualmente, são 8 grupos com cerca de 20 alunos cada atuando no projeto Café Literário e em festivais de nossa região. Roteiros, fantasias, cenários, sonoplastia, enfim, toda a montagem do espetáculo faz parte da realidade de nosso projeto, dando 58 161 [email protected] 162 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio asas à imaginação de nossos aprendizes/atores e abrindo portas para uma nova concepção da educação. “Projeto Leitura e Literatura em Quatro Mãos.” Professor Felipe Roberto Martins59 Escola Técnica Estadual – ETEC de Suzano. Palavras-chaves: Autonomia Intelectual - Formação Humana - Leitura - Literatura Senso Crítico. O “Projeto Leitura e Literatura em Quatro Mãos” denominou-se assim ao pensar que o Eu (físico) e o Eu-lírico “estariam” lendo uma obra literária ficcional “juntos”, interligando conceitos interdisciplinares da Arte, Filosofia, Língua Portuguesa e Literatura, Psicologia e Sociologia. As atividades aconteceram no ano letivo de 2009, no Componente Curricular da Base Nacional Comum para o Ensino Médio de Língua Portuguesa e Literatura – LPL da ETEC de Suzano, ministrado pelo professor Felipe Roberto Martins e desenvolvido em duas classes do 1º ano, com 40 integrantes cada uma. O Projeto aproximou os estudantes do extraordinário e fantástico universo da leitura/ literatura, diagnosticou-se em tais classes, a falta do hábito de leitura no cotidiano e também de aproximação com mundo mágico da cultura literária em si; através do Projeto visou-se a realização de um exercício de cidadania/ lazer e formação humana da Literatura como Arte Consistente da palavra e escrita, com a apuração do Senso Crítico. O Projeto aconteceu no segundo bimestre, os alunos escolheram os livros que leriam, sem intervenção do professor; houve liberdade à autonomia intelectual, isto é, os discentes tiveram a oportunidade de optar no que e sobre o que leriam, qual “tipo” de leitura/ literatura; ocorreram momentos específicos de leitura em casa e dentro da sala de aula; os dados principais do livro (autor/ elementos da narrativa/ contextualização, etc.) foram levantados e organizados a fim de que os alunos ordenassem seu raciocínio, interpretação objetiva e subjetiva; no final da etapa, os estudantes trouxeram os livros, e relataram a fascinante experiência da leitura, com foco nos pontos coletados, não “mecanicamente” (as anotações geraram apenas um simples roteiro, não “engessado” de expressão escrita/ oral); então foi realizado um debate da relevância da leitura/ literatura na vida dos brasileiros e porque não para todos os seres humanos. Depois do Projeto observou-se que os alunos passaram a ler mais, vários tipos de leitura, com maior atenção; a diversidade maravilhosa da leitura em sala de aula cresceu e os estudantes liam desde Literatura Brasileira, Chilena, Espanhola, Inglesa, entre outras, numa múltipla dimensão de gêneros textuais: artigos, contos, crônicas, manchetes, manual de instruções, novelas, notícias, poemas e poesias; os horários dedicados à leitura em casa/ aula ampliaram, alguns passaram a ler até no intervalo e no período da “troca” dos professores interclasses; as competências, as habilidades e os níveis de leitura expandiram; as redações tornaram-se mais abrangentes nos aspectos gramaticais (Norma Padrão Culta da Língua Portuguesa) e exemplificações. A partir do Projeto criou-se a “Ficha Leitura Legal” que nada mais é que um “mapa” do aluno, das obras 59 163 [email protected] / [email protected] 164 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio que lê, criou-se também a “Ficha de Horas de Estudo”, onde coordenam as suas aproximações sobre temas (livre escolha) da Língua Portuguesa e Literatura; as fichas não “aprisionam” em hipótese alguma a inteligência deles; são sugestões; as dúvidas tanto na leitura/ literatura quanto em outros pontos da disciplina são sanadas em sala de aula pelo docente e via e-mail também, tendo caráter de motivação, mediação e motivação, com a finalidade de que os estudantes organizem suas ideias em construções próprias dos pensamentos e sentidos dos tópicos de aprendizagem vistos dentro e fora da unidade escolar, compreendendo a vida – cada segundo – como aprendizagem significativa diária antenada e não “acorrentada” com os inúmeros temas escolares; entretanto que perceba a complementação e a conexão dos conteúdos da educação formal e não formal. Literatura no Ensino Médio: entre a fruição e a produção Robson Batista dos Santos Hasmann60 ETEC Prof. Alfredo de Barros Santos Palavras-chave: ensino; literatura; conto. Em A rainha dos cárceres da Grécia, Osman Lins narra a história de um professor de Ciências Naturais que decide escrever um ensaio sobre um romance deixado pela amada. Durante a narrativa, o leitor conhece a história do professor com sua amada, a relação dele com os livros e com a docência. O narrador reproduz as palavras de A.B., professor universitário a quem contara seu interesse. Diz A.B.: “Quando, no intento de harmonizar trabalho e festa, os que encontram nos livros motivo de prazer cedem à tentação de ensinar o que, neles, leitor, é menos um saber que uma vivência, estão perdidos.” (LINS, 1978, p. 71). O narrador conclui que essa inquietação se deve ao fato de o magistério implicar “o estabelecimento de sistemas”, condenar “o vago e o intuitivo”; a frequentação aos textos literários, por sua vez, tem algo de errante. (LINS, 1976, p. 72). Com efeito, este trabalho nasceu ao querermos “inocular em espíritos quase sempre voltados para outras direções o que há de menos transmissível: uma paixão” (LINS, 1976, p. 72) pela literatura, mas com uma abordagem metódica e sistemática. Assim, passamos a perguntar: Qual o lugar do ensino da literatura no Ensino Médio? Seu objetivo principal é ajudar a desenvolver a competência linguísticocomunicativa ou pode ter outros que ultrapassem os limites da praticidade? Essas foram as questões para as quais buscamos algumas respostas em nossa atuação como docente de LPL. As Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM) afirmam que apesar de a Literatura ser um modo discursivo entre vários, o discurso literário é menos pragmático, o que pode garantir um exercício de liberdade que pode levar a extremos as possibilidades da língua (2006, p. 49). Por seu “modo discursivo menos pragmático” é que vislumbramos a existência de, se não um descaso com a literatura, um ostracismo que impede que, no ensino, o contato com ela seja mais intenso. A restrição a qual nos referimos é aquela que transforma o ensino da literatura em um momento de memorização de autores, obras, contextos históricos para resolução da prova Vestibular. Além disso, há que ser destacada a metodologia histórica como aspecto, senão negativo, dificultoso da criação de um “exercício de liberdade”. Se a divisão e a proposição do ensino da literatura (entendida como compreensão das transformações em diferentes momentos históricos) colaboram para criar a imagem da literatura como algo “difícil”, “chato”, “sem finalidade”, o que dizer do ensino da produção artística literária? Ela é possível na escola? Frente a essas questões e seguindo os procedimentos metodológicos propostos por Lopes-Rossi (2006), Kaufman e Rodríguez (2005) e Dolz y Schewly (2004), em 2009, nos propusemos a estudar e produzir literatura nas aulas de LPL para um 2º ano do Ensino Médio. O grupo de 60 165 [email protected] 166 Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio alunos selecionados, com o qual tínhamos contato desde o primeiro ano, sempre se mostrou motivado e disposto a discutir questões sociais, artísticas e literárias. Assim, ao contrário de grande parte dos trabalhos pedagógicos (os quais muitas se estruturam sobre as dificuldades dos aprendizes), este pretendeu ampliar os horizontes estéticos por meio da criação literária. A opção pela escrita de literatura, e não apenas a leitura, parte da hipótese de que por meio do texto escrito o contato com arte literária se torna mais visceral. Esse contato foi percebido durante as constantes conversas, em sala e por e-mail, com os educandos. Percebemos que a produção de texto literário, além de contribuir para o desenvolvimento de habilidades leitora e escritora, ganha contornos que ultrapassam a mera seleção e organização de argumentos para a defesa de uma tese, pois a literatura possibilita criar outro mundo, com argumentos ou metáforas. Esse aspecto se tornou visível na construção dos textos e no produto final. Identificamos, ainda, em aulas posteriores que os alunos conseguiam reconhecer recursos e procedimentos que tornam o texto mais rico. 167 168