Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
EXPEDIENTE
Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza
Presidente do Conselho Deliberativo
Yolanda Silvestre
Diretora Superintendente
Laura Laganá
Vice-Diretor Superintendente
César Silva
Chefe de Gabinete da Superintendência
Elenice Belmonte R. de Castro
Coordenador de Ensino Médio e Técnico
Almério Melquíades de Araújo
Assessora de Comunicação
Gleise Santa Clara
Realização
André Muller de Mello
Carmem Bassi Barbosa
Elaine Regina Piccino Oliveira
Hilton Koiti Sato
Suely Betanho Campana
Colaboração
Denise Batista Mazzini Almeida Ferreira
Elaine Isa Fiorotto
Sandra Manoel Guirau Rodrigues da Silva
Projeto Gráfico, Diagramação e Edição de Arte
André Müller de Mello
Carolina Marielli
Hilton Koiti Sato
Fotos
Hilton Koiti Sato
Logo 1º. Simpósio do Ensino Médio
Martha Almeida
Organização dos Anais
Carmem Bassi Barbosa
Observação: A adequação técnico-linguística dos textos é de responsabilidade dos autores.
ISBN 978-85-99697-05-4
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Sumário
Apresentação ............................................................................................................................ 8
Ensino Médio - Novos Desafios na Sociedade Pós Industrial.................................................. 13
Filosofia e Transversalidade ................................................................................................... 19
Reflexões e Práticas
Imagem corporal e sua relação na construção da identidade do Adolescente ...................... 25
Estratégias de resolução de conflitos na adolescência ........................................................... 30
Organizações Civis pela Mudança Social ................................................................................. 39
Educação Especial: Inclusão de alunos com deficiência ......................................................... 41
Gestão Escolar ............................................................................................................................. 51
Projeto Competências em Ação ............................................................................................. 52
Produção de Mídias Audiovisuais como apoio as aulas .......................................................... 54
Um modelo de gestão democrático -participativa: estudo de caso sobre a Etec Pedro
D’Arcádia Neto – Centro Paula Souza. .................................................................................... 56
“Estágios para alunos de ensino médio: análise da relação entre uma escola pública e uma
ONG na cidade de São Paulo” ................................................................................................. 58
Práticas Interdisciplinares ........................................................................................................... 60
21 e 22 de Julho de 2010
Etec Vasco Antonio Venchiarutti
Jundiaí – São Paulo
Projeto: Conhecer a cidade para exercer a cidadania ............................................................ 61
Gincana Cultural e Esportiva ................................................................................................... 63
Metodologia Diferenciada no Estudo de Literatura: .............................................................. 65
Poesia no Modernismo e Vanguarda ...................................................................................... 65
Feira do Conhecimento ........................................................................................................... 67
Pesquisando Origens ............................................................................................................... 69
Ensino por Projetos – Do ideal ao real na comunidade escolar.............................................. 71
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Clube do Agricolino - Uma experiência de aprendizado na Etec de Votuporanga. .............. 73
Projeto Interdisciplinar Global de Meio Ambiente: o papel da Etec Pedro D’Arcádia Neto no
contexto local. ....................................................................................................................... 116
Dia de Campo na Etec - A escola abre as portas à comunidade. ......................................... 75
Construção da Molécula de DNA com Material Pet ............................................................. 118
Luz, Câmera ... ACTION! .......................................................................................................... 77
Controle e Avaliação da Qualidade das Águas do Córrego Furninhas, em Ourinhos, SP..... 120
“Nordestidade: o Nordeste e aspectos de sua identidade”.................................................... 79
Projeto Pedagógico Interdisciplinar – Biologia, Geografia e História - “Apresentando Nossa
Comunidade” .......................................................................................................................... 81
A Importância da Engenharia Genética na Identificação de Pessoas e no Aconselhamento
Genético ................................................................................................................................ 121
Educação Física.......................................................................................................................... 122
Disciplinas Projeto ....................................................................................................................... 83
Empreendedorismo e Cooperativismo: Características de um profissional do futuro ........... 84
A influência da imagem corporal na adolescência .................................................................. 86
Espalhafato .............................................................................................................................. 88
Stop Drogas: Tecnologia compartilhando Informações .......................................................... 90
Avaliação da Aprendizagem em Educação Física: O que estamos ensinando aos nossos
alunos? .................................................................................................................................. 123
Os Estereótipos e as Relações de Gênero nas Práticas Educativas da Educação Física do
Ensino Médio de Etecs. ......................................................................................................... 125
A Utilização do Seminário como Ferramenta de Ensino-Aprendizagem nas Aulas de Educação
Física. ..................................................................................................................................... 127
A transversalidade em projetos: uma contribuição para a formação global do aluno........... 92
Hábitos alimentares de estudantes do Ensino Médio do Centro Paula Souza ..................... 129
Projeto- Econscientização ....................................................................................................... 94
Sarau Cultural .......................................................................................................................... 96
Física .......................................................................................................................................... 131
Senta que lá vem História ...................................................................................................... 98
Ensinar Física fazendo Física: O relato de uma atividade experimental qualitativa ............. 132
Filosofia e Sociologia ................................................................................................................. 100
Laboratório Aberto - Desenvolvendo Competências a Partir de Atividades Experimentais de
Física no Ensino Médio .......................................................................................................... 134
Cidadão 21 - Projeto institucional Ações de Cidadania......................................................... 101
Física do dia-a-dia .................................................................................................................. 136
Filosofia da Humanidade....................................................................................................... 103
Estudo de Astronomia no Ensino Médio............................................................................... 138
Educar para a Sustentabilidade................................................................................................. 105
História ...................................................................................................................................... 140
Gestão Ambiental.................................................................................................................. 106
Aprendendo, Ensinando, Semeando o Futuro ...................................................................... 110
Centro de Memória: A construção e (re) construção dos sonhos e dos valores ético-morais
na trajetória de vida de ex-alunos e atuais docentes matriculados em 1950 e 2001 e as
interfaces na trajetória de vida de ex-alunos atuantes no mercado de trabalho matriculado
entre 2002 e 2008 na Etec Júlio de Mesquita em Santo André. ........................................... 141
Olhos D’Água ........................................................................................................................ 112
As Imagens sobre a África Hoje e o Ensino de História: Esquecimento e Dominação ......... 143
Desenvolvimento de Aulas Práticas de Química para o Ensino Médio................................. 114
Grupo de Estudos Históricos - GEH ....................................................................................... 145
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Meio Ambiente e Sustentabilidade – Uma Aula Diferente ................................................... 108
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Reconstruindo o passado: “Calabar- O elogio a traição” ..................................................... 147
Projeto Padim Ciço ................................................................................................................ 149
Língua Portuguesa e Literatura ................................................................................................. 151
Álvares de Azevedo e o fascínio de suas narrativas de terror exercido sobre alunos do Ensino
Médio. ................................................................................................................................... 152
Análise comparativa entre o livro Dom Casmurro (Machado de Assis) e o filme Dom, do
diretor Moacyr Góes ............................................................................................................. 154
Sarau...................................................................................................................................... 156
SARAU: “Sensações poéticas” ............................................................................................... 158
Literatura e História: Os Movimentos sociais e a produção literária das três primeiras
décadas do Século XX ............................................................................................................ 160
Café Literário ......................................................................................................................... 162
“Projeto Leitura e Literatura em Quatro Mãos.” .................................................................. 164
Literatura no Ensino Médio: entre a fruição e a produção ................................................... 166
Apresentação
Nos dias 21 e 22 de julho de 2010, na Etec Vasco Antonio Venchiarutti, em Jundiaí, por
iniciativa dos Professores Responsáveis por Disciplinas do Ensino Médio e com o
incentivo e apoio do Coordenador de Ensino Médio e Técnico do Centro Paula Souza,
realizou-se o 1º Simpósio do Ensino Médio: Reflexões e Práticas.
O evento contou com a participação de 308 professores representantes de 112
Unidades da rede de ensino, o que evidenciou o alcance dos resultados propostos pela
Equipe Organizadora, sua dedicação, durante dois anos, à formação de professores e –
tão importante quanto isso – a resposta dos mesmos aos estímulos recebidos,
participando como expositores, comunicadores, debatedores e de muitas outras
formas.
O evento se revestiu de grande importância, dentre os realizados nesta primeira
década do século XXI, referentes à evolução da elaboração, implantação e solidificação
da Proposta Pedagógica para o Ensino Médio do Centro Paula Souza.
Tal proposta resultou da Reforma implantada pela Lei de Diretrizes e Bases de
Educação Nº 9394/96, da publicação dos paradigmas estabelecidos pelas Diretrizes e
pelos Parâmetros e Curriculares Nacionais do Ensino Médio, em 1999, e da política
educacional do Centro Paula Souza, desenvolvida pela Coordenadoria do Ensino
Médio e Técnico (CETEC) desde o início da década de 1990, culminando com os
trabalhos realizados pelo Laboratório de Currículo do Ensino Médio.
Esse e os outros Laboratórios de Currículo – para o ensino técnico e médio integrado
ao técnico – tiveram como objetivo reunir diretores, coordenadores de curso ou de
área e professores especialistas e implementar reflexões, discussões e ações
orientadas para a adequação dos cursos oferecidos pelo Centro Paula Souza aos
princípios da Reforma da Educação, focados no desenvolvimento de competências.
A proposta curricular do Ensino Médio em vigor, apresentada e implantada em 2006,
é obra desse trabalho coletivo, iniciado em 2001 por um grupo de quatro Professores
Responsáveis por Projetos na Coordenadoria de Ensino Técnico (CETEC) e sete
docentes representando seis das nossas escolas, o qual foi amadurecido, aprimorado e
completado ao longo de três anos, por meio de cursos desenvolvidos pela CETEC e de
experiências resultantes de mudanças na matriz curricular do curso.
A primeira Matriz Curricular do Ensino Médio, depois da Reforma, foi implantada em
1998 e trouxe grande mudança ao introduzir, na Parte Diversidade, além o Inglês
(obrigatória) as disciplinas Informática, Estatística, Leitura e Produção de Texto,
Tecnologia e Meio Ambiente, Ética e Cidadania, Gestão e Qualidade – propostas para
serem desenvolvidas de tal modo que problemas políticos, econômicos e
socioculturais fossem abordados sob múltiplos olhares: da filosofia, sociologia,
antropologia, economia, política, literatura, arte etc. Além dessas, compunham o novo
currículo também outras, de áreas profissionalizantes relacionadas com habilitações
oferecidas em cada escola.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Em 1999 e 2000, a CETEC promoveu cursos para Diretores, Coordenadores de Área ou
de Curso e Professores, durante os quais foram amplamente discutidos a Lei de
Diretrizes e Bases, os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio
(PCNEM), as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM), as
experiências trazidas por palestrantes de fora, pelos participantes da CETEC e pelos
representantes das Unidades Escolares.
Os projetos das diferentes linhas serviriam como um meio de contextualizar e integrar
conhecimentos desenvolvidos no currículo da Base Nacional Comum, orientando-os
para serem aplicados: na observação atenta e sistemática do cotidiano, no
diagnóstico de problemas, no levantamento de soluções, em intervenções na
realidade, objetivando possibilitar aos alunos, aos professores e à escola oferecer
produtos e/ou serviços à comunidade para a melhoria de sua qualidade de vida.
Por meio de palestras, debates, relatos de experiências e pesquisas, conhecimentos
foram desenvolvidos e compartilhados coletivamente, o que abriu caminho para uma
nova mudança na matriz curricular, implantada em 2001 e em vigência até 2005.
A criação das disciplinas-projeto foi uma iniciativa didático-política-pedagógica para
orientar as escolas em um primeiro momento. Logo se percebeu que, em cada uma
dessas linhas propostas, seria possível trabalhar com uma, duas ou mesmo com as três
áreas de conhecimento do Ensino Médio e também com algumas áreas do Ensino
Técnico, possibilitando uma interdisciplinaridade ainda mais ampla: entre cursos.
Ao lado das disciplinas criadas para a parte diversificada da matriz de 1998, foram
acrescentadas as disciplinas-projeto e dada autonomia para que as UEs
selecionassem, entre umas e outras, aquelas que considerassem mais adequadas para
a realidade do público alvo, a estrutura da escola, a comunidade escolar e a
comunidade do entorno.
As disciplinas-projeto foram sugeridas com foco em seis linhas de desenvolvimento,
previstas de modo a contemplar as três Áreas de Conhecimento do Ensino Médio: 1)
Ações de Cidadania; 2) Intervenções Ambientais; 3) Produções Culturais e Artísticas; 4)
Organização e Gestão Empresarial; 5) Projetos Técnico-Científicos; 6) Serviços de
Informação/Comunicação.
O empenho da CETEC em estimular o desenvolvimento de Projetos em suas Escolas
Técnicas já vinha desde o início da década de 1990 e vários projetos foram
desenvolvidos, por sua iniciativa ou das próprias escolas, inclusive em parceria com a
FAPESP, a VITAE ou outras Instituições de renome.
A idéia foi de que a introdução das disciplinas-projeto possibilitaria a percepção de que
trabalhar em educação significa trabalhar cotidianamente o projeto de educar, ou seja:
que a prática de projetar e planejar, com base em objetivos a serem atingidos e metas
a serem superadas, fosse aplicada durante todo o processo de ensino-aprendizagem,
tanto para o desenvolvimento do aluno quanto do professor.
Enfim, baseava-se na percepção de que a elaboração, organização, execução e
controle de um curso dado pelo professor é um grande projeto a ser demorada e
cuidadosamente planejado; cada aula desse curso também um projeto, porém menor
mas que pode exigir muitas horas de planejamento e preparação (médio projeto); e
cada atividade que compõe um aula, seja ela desenvolvida em classe ou a distância, é
um micro-projeto que, embora possa ser desenvolvido em tempo reduzido, nem
sempre pode ser planejado em poucas horas.
Dessa forma, esperava-se que o projeto passasse a ser integrado à prática educativa
durante todo o processo e não eventualmente, apenas como atividade extracurricular
ou de caráter especial, como costumava acontecer até então.
Daí a criação de disciplinas-projeto como componentes curriculares a serem
trabalhados com todos os alunos da classe e durante o horário regular das aulas e a
perspectiva de que, com o tempo, essa forma de trabalhar se incorporasse a todos os
demais componentes.
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Dessa forma, os projetos ofereceriam novas possibilidades de ações e produções que
promovessem reflexos ou interviessem nas comunidades (escolares ou externas), com
foco no desenvolvimento e preservação de valores éticos – pessoais e sociais. Além do
preparo para a continuidade de estudos e para o mundo do trabalho, preparava-se o
aluno para a vida no sentido mais amplo, ou seja, para o saber ser e saber conviver
humanisticamente, foco esse que tem caracterizado a educação técnica e o ensino
médio oferecidos pelo Centro Paula Souza desde muito tempo.
No mesmo ano da implantação da nova organização curricular (2001), a CETEC
promoveu dois cursos: Projetos de Trabalho: Instrumento de Desenvolvimento de
Competências e de Intervenção na Realidade Social, para os professores, e Gestão de
Currículo por Projetos: Elaboração, Acompanhamento e Avaliação, para os
coordenadores de área – cada um deles com carga horária de 100 horas, sendo 30
presenciais, 50 não presenciais e 20 para elaboração do Trabalho de Conclusão de
Curso. Ambos foram oferecidos a representantes de todas as unidades de ensino.
A partir de 2001, as Escolas Técnicas passaram a contar com três opções para
desenvolverem a Parte Diversificada do Currículo: 1ª) trabalhar com as disciplinas
propostas em 1998, que não tivessem vínculo exclusivo com alguma profissão (como
Informática, Estatística, Ética e Cidadania, Tecnologia e Meio Ambiente, Leitura e
Produção de Texto, Gestão de Qualidade); 2ª) inserir as disciplinas-projeto propostas
nesse ano; 3ª) mesclarem as duas formas.
De 2001 a 2005, a matriz curricular foi objeto de reflexão, discussão, estudos,
pesquisas por parte de Professores Responsáveis por Projetos na CETEC e especialistas
em disciplinas do Ensino Médio. Todo esse trabalho culminou com a elaboração de
uma Proposta de Currículo para o Ensino Médio, que foi muito além da apresentação
de uma matriz de disciplinas, ao propor princípios pedagógicos, metodologias de
ensino-aprendizagem, perfis de competências por série e competências a serem
trabalhadas no conjunto e em conjunto por todos os componentes curriculares.
Embora fossem resguardadas as suas especificidades, ressaltava-se a possibilidade da
interdisciplinaridade.
Dessa forma, a proposta curricular de 2005, tal como foi elaborada, mostrou-se
coerente com:
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
- os objetivos definidos pela LDB para o Ensino Médio: construção da identidade dos
alunos; preparação para a vida; preparação para a continuidade dos estudos;
preparação para o mundo do trabalho; exercício da cidadania ativa;
docentes e discentes e como trabalhar as novas (“velhas”) disciplinas – Filosofia e
Sociologia – além daquelas conhecidas como tradicionais, componentes das matrizes
curriculares de “quase” todos os tempos;
- os princípios pedagógicos da LDB, das Diretrizes Curriculares Nacionais e dos
Parâmetros Curriculares Nacionais;
- exercício da cidadania ativa, inclusão, exclusão e mudanças sociais;
- os perfis de conclusão e as competências a serem desenvolvidas nas três séries do
curso.
Em 2005, a Proposta foi discutida com 87 Coordenadores de Ensino Médio,
representando 81 Unidades Escolares, os quais se responsabilizaram pela capacitação
de seus colegas coordenados, para implantação da mesma em suas respectivas UEs.
Em 2006 ela foi implantada e permanece em vigor até hoje.
Em 2008, a CETEC constituiu uma Equipe de dez professores – um de cada disciplina da
Parte Comum e um de Inglês – os quais, sob orientação da então Coordenadora do
Ensino Médio e por meio de reuniões semanais e atividades a distância,
desenvolveram competências para assumirem a função de Professores Responsáveis
por Disciplinas do Ensino Médio.
Durante todo o ano de 2009 e primeiro semestre de 2010, essa equipe organizou
cursos de formação para os professores das ETECs, propiciando, além de encontros por
disciplina, sempre que possível e pertinente também encontros interdisciplinares e,
várias vezes, até mesmo com foco na transdisciplinaridade.
Finalmente, em julho de 2010, a organização e realização do 1º Simpósio do Ensino
Médio: Reflexões e Práticas, pela Equipe de Professores Responsáveis por Disciplinas
do Ensino Médio, propiciou aos participantes o compartilhamento de práticas de
ensino-aprendizagem bem sucedidas, debates sobre metodologias de
desenvolvimento de competências, relatos de experiências e de resultados do trabalho
com projetos e atividades culturais diversas, o que, seguramente, contribuirá muito
para o aprimoramento do trabalho dos docentes, para os bons resultados de
desempenho dos alunos e para a formação de novas gerações verdadeiramente
cidadãs.
Durante esse evento, as atividades programadas contemplaram: todos os objetivos
estabelecidos para o Ensino Médio, a aplicação das diretrizes e dos parâmetros
curriculares nacionais e questões relativas ao desenvolvimento dos perfis de
competências estabelecidos para as três séries do curso.
- gestão escolar, democracia participativa, relação da escola com a comunidade e com
organizações parceiras;
- práticas pedagógicas bem sucedidas, metodologias de trabalho inovadoras,
interdisciplinaridade, trabalho com projetos e projetos de trabalho.
Ao todo, foram feitas 89 comunicações por professores, que representaram, em seu
conjunto, 56 ETECs.
Haveria evidência maior da qualidade já amplamente reconhecida do nosso Ensino
Médio?
O 1º Simpósio do Ensino Médio: Reflexões e Práticas, tanto pela sua concepção e
realização pela Equipe de Responsáveis por Disciplina da CETEC quanto pela
participação dos professores das ETECs, deve ser considerado um marco importante
na evolução histórica da educação oferecida aos alunos do Ensino Médio pela rede do
Centro Paula Souza.
Agora é “arregaçar as mangas” e prepararmo-nos para o 2º Simpósio!
E para o 3º, o 4º, o 5º... enfim, para o que der e vier, pois, pelo sucesso do primeiro,
com certeza, sempre virá coisa muito boa.
Parabéns aos responsáveis pela realização do 1º Simpósio. Parabéns aos professores
que dele participaram.
Todos contribuíram para o início de mais uma etapa importante para o
desenvolvimento com qualidade do nosso Ensino Médio.
Júlia Falivene Alves.
Professora Responsável por Projetos
CETEC
Isso porque as palestras, as mesas, as comunicações dos profissionais do Ensino Médio
do Centro Paula Souza, os mini-cursos e outras atividades trataram de questões
fundamentais, como:
- formação pessoal e formação profissional dos adolescentes e jovens: seus conflitos,
dilemas, contradições, a construção de suas identidades sociais, seu encaminhamento
para o mundo do trabalho etc;
- adequação do currículo ao contexto contemporâneo, considerando os desafios
propostos pela sociedade pós-industrial, as práticas pedagógicas para o
desenvolvimento de competências, o impacto produzido pelo ENEM nas atividades
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
adaptar a mudanças contínuas são condições necessárias para atividades profissionais
e para inúmeras outras práticas do cotidiano pessoal. Dessa forma, é preciso repensar
a escola para suprir tal formação, assim como para desenvolver convívio solidário em
oposição ao individualismo crescente.
Ensino Médio - Novos Desafios na Sociedade Pós Industrial
Luis Carlos de Menezes*
Entre os desafios que se apresentam para a educação do país, em decorrência tanto de
rápidas modificações sociais e econômicas quanto da evolução no acesso e na
progressão escolar devem ser especialmente considerados os que envolvem o ensino
médio, que é a etapa conclusiva da educação de base no Brasil. Ao completá-la, os
jovens se defrontam com um mundo em rápida transformação o que torna mais
complexa tanto a definição de encaminhamento profissional imediato, quanto a
escolha de prosseguimento nos estudos. É preciso compreender as mudanças vividas
pela escola e pela sociedade brasileira para uma melhor apreciação da situação do
ensino médio.
Ao lado da urbanização da população brasileira, a escolaridade básica foi ampliada na
segunda metade século 20 de tal forma que, hoje, quase todas as crianças chegam à
escola fundamental, tendo aumentado também a fração dos que chegam ao ensino
médio e a proporção menor dos que alcançam o superior. Essa distribuição piramidal
também corresponde a uma distribuição de competências: parte dos alunos é
simplesmente alfabetizada, uma fração menor obtém melhor domínio de diferentes
linguagens e alguma cultura geral, e um grupo bem menor alcança autonomia
intelectual com capacidade de concepção, como mostram exames gerais que têm sido
aplicados ao longo da última década.
Essa pirâmide servia à estrutura produtiva dominante no século 20, em cuja base
estavam inúmeros trabalhadores braçais no campo e na indústria, tendo logo acima os
que ocupavam postos de controle desses trabalhadores, como capatazes e
encarregados, seguidos dos quadros técnicos ou administrativos intermediários, e no
topo estavam de concepção e coordenação da produção e dos serviços. Nas últimas
três ou quatro décadas, as atividades braçais ou rotineiras passaram a ser feitas por
autômatos e por sistemas informáticos, levando ao deslocamento de postos de
trabalho do setor de produção para o setor de serviços e provocando o crescimento de
atividades informais ou mesmo marginais.
Nesse mesmo período se ampliou a globalização da produção e do comércio, o que
também desarticulou a parte mais atrasada do sistema produtivo, que era mais
intensa de mão de obra, pois menos mecanizada e informatizada, e contribuindo
também para o crescimento da competição por oportunidades de trabalho na base
social. Enfim, para o trabalho e para a vida social ativa nessa sociedade pós-industrial –
também chamada de sociedade da informação – tornou-se necessário saber fazer o
que máquinas e sistemas não fazem: o trabalho intelectual coletivo, o emprego de
critérios éticos e estéticos, a utilização de diversos recursos de comunicação e
informação; a capacidade de contínuo aprendizado. Por isso, o domínio de múltiplas
linguagens, a capacidade para conceber, argumentar, julgar, propor, intervir e se
*
Físico e educador na Universidade de São Paulo
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Mesmo considerando a ampliação de acesso ao ensino superior, parte do qual
profissionalizante, ao menos nas próximas décadas, parcela significativa da juventude
partirá diretamente do ensino médio para o mundo do trabalho e para a participação
social autônoma. E lembrando que a rapidez das mudanças que não permite aos
jovens esperar perspectivas de emprego bem estabelecidas, é também seria preciso
capacitá-los para buscar rumos novos para si mesmo e para sua comunidade, em uma
condição social e econômica cambiante. Também por isso, tanto quanto o
desenvolvimento de qualidades culturais e técnicas, a educação deve promover o
aperfeiçoamento dos valores humanos e das relações pessoais e comunitárias.
O ritmo em que precisam ser estabelecidas essas mudanças na educação de base e em
especial no ensino médio não permite que se possa esperar a preparação de uma nova
geração de educadores, prontos para fazer face às transformações necessárias.
Portanto, em pleno processo e numa ação coletiva, um novo programa orientará a
escola para formar continuamente seus professores e estabelecer novos vínculos com
seu entorno social, de forma a garantir um aprendizado dos alunos que os prepare
para uma vida social e profissional ativa sem prejuízo de sua formação geral. Essa
reorientação não pode se realizar unicamente em termos de conteúdos instrucionais,
mas deve igualmente envolver procedimentos e métodos e também um novo
relacionamento com a comunidade e com os sistemas de produção e de serviços.
Novos conteúdos e procedimentos de instrução e formação
Entre os conteúdos a serem revistos em cada uma das áreas de conhecimento e na
articulação entre elas, alguns exemplos podem ser facilmente apresentados. Nas
ciências humanas, por exemplo, a economia tem sido confinada a um dos aspectos da
geografia humana, já que a história se concentra na história política, enquanto a
sociologia, ainda incipiente e pouco representativa, tende a seguir rumo semelhante.
Uma combinação dos temas dessas disciplinas poderia garantir uma compreensão da
economia e de sua evolução. Nas ciências da natureza, os aspectos práticos e
econômicos são ainda insuficientemente explorados e mais concentrados em aspectos
da energética. Uma maior ênfase em materiais e processos de caráter físico, químico e
biológico, tratados tanto de uma perspectiva disciplinar quanto interdisciplinar, pode
re-equilibrar a presença de aspectos tecnológicos nessas ciências. Isso combinado com
a rearticulação entre as disciplinas de humanas, por exemplo, com uma discussão das
revoluções científicas nos séculos 18, 19 e 20 completaria permitiria aos jovens um
melhor posicionamento pessoal numa sociedade em transformação.
Nas linguagens e na matemática também tem sido insuficiente a presença da
necessária formação prática que, aliás, proveria de mais contexto e interesse o
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
aprendizado. Chama a atenção a limitada participação no ensino da matemática de seu
uso como linguagem para expressar processos naturais, sociais e técnicos, assim como
escalas representativas. Raramente, por exemplo, funções exponenciais são associadas
a processos em que o crescimento tem esse caráter, como a variação de populações
humanas ou de microorganismos, a proporção de íons numa solução, a intensidade de
ruídos ou terremotos, e correspondentemente não é mostrada a utilidade da função
logarítmica, digamos, com o pH da química, os decibéis da acústica e a escala Richter
de abalos sísmicos.
ações mais coletivas e mais significativas. Um cenário imediato para atividades
formativas dessa natureza, fundadas no trabalho, seria a própria escola, seus
equipamentos como a secretaria, a portaria, a cozinha, o refeitório e demais serviços
como contabilidade, segurança e limpeza. Em cada uma delas, profissionais
responsáveis por esses setores, ao lado dos professores, orientariam a ação de alunos
que seriam co-responsáveis por sua execução. Particularmente na gestão ou governo
escolar, a participação estudantil deve ser colegiada e resultante de processos
coletivos de tomada de posição e de atribuição compartilhada de responsabilidades.
Nessas atividades, os métodos empregados não se separam dos fins a serem
alcançados, pois elas envolvem a efetiva preparação para o convívio social e
profissional.
Da mesma forma, nos textos trabalhados em português e inglês, tem sido muito
limitado o esforço de situá-los em contexto significativo e verossímil, seja pessoal,
artístico ou comercial, por exemplo, na interpretação ou produção de uma mensagem
afetiva, de um manual de equipamento técnico ou de um relatório coletivo de
atividade de investigação social. Não se trata, evidentemente, de concentrar essas
linguagens em qualquer pragmatismo tecnicista, e já vale acrescentar que, na escola, a
concepção, a escrita e a apresentação, individual ou coletiva, de peças de teatro ou
poemas é tão ou mais importante que a preparação de cartazes de divulgação de
eventos ou de informações de interesse comunitário
Tais mudanças no conteúdo de instrução não bastariam e nem se sustentariam sem
mudanças correspondentes em procedimentos e métodos. Por exemplo, a preparação
pelos alunos daquele relatório de investigação social perderia sentido se não fosse
resultado de observação efetivamente realizada. Ou ainda se as linguagens
aprendidas, como a escala logarítmica do pH, não fossem de fato decorrentes da
determinação do caráter ácido ou alcalino de bebidas e outras soluções aquosas, ou na
comparação de noticiários contando abalos 4 e 8 na escala Richter. Noutras palavras, o
aprendizado participativo e investigativo contribuirá não somente para a motivação,
mas especialmente para outra atitude na construção do conhecimento.
Outras temáticas gerais poderiam envolver as relações socioambientais, de saúde a
problemas urbanos, ou estar associadas a artes e esportes coletivos, assim como à
construção de uma visão do macrocosmo e do microcosmo, sendo que a compreensão
deste último tem resultado na base quântica da terceira revolução industrial. Tão ou
mais central quanto o desenvolvimento dessas temáticas gerais, como já se disse, será
a atitude de envolvimento participativo e inventivo de alunos e professores. Essa
abordagem ao aprendizado não se estabeleceria somente em função dos
conhecimentos a serem adquiridos nessas ações, mas igualmente em função de
desenvolvimentos sócio-afetivos e ético-estéticos, ou seja, envolvendo valores e
demais capacidades para a vida social e o trabalho.
A escola e seu entorno social como espaço para aprender pelo trabalho
De certa forma, tudo o que se disse acima pode ser desenvolvido nas aulas, no âmbito
de cada disciplina ou área de conhecimento, mas seria preciso promover ações em um
domínio mais amplo, que comportasse diagnósticos e projetos, que convidassem a
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Ao lado do desenvolvimento, em aulas regulares, de conhecimentos disciplinares e
competências gerais, a escola média que completa a educação básica e capacita para o
trabalho deveria garantir a todos o que poderia se denominar “currículo de cidadania”,
a ser cumprido no convívio escolar. A serviço de todos os demais alunos e coordenadas
por grupos de alunos, preferencialmente no contra-turno do período de aulas que
freqüentam, com apoio supervisão de professores e coordenadores pedagógicos da
escola, as atividades desse “currículo” poderiam envolver, por exemplo, o
desenvolvimento de:
a) consciência da identidade civil, política ou fiscal de cada jovem cidadão, como a
obtenção e a compreensão de sua documentação pessoal, RG, CPF, título de eleitor,
certificado de reservista ou passaporte, com o entendimento da vida comunitária e
política, compreensão dos poderes, leis e impostos, exercícios de debate de idéias e de
participação política e oportunidades de serviço social voluntário;
b) preparo prático para o uso dos meios de comunicação e informação
contemporâneos, como os correios, a telefonia e o fax, os computadores pessoais,
com seus sistemas editores, redes informáticas e de correio eletrônico, obtenção de
endereço próprio nas diferentes modalidades;
c) capacidade de se situar e de se locomover nas cidades e entre elas, utilizando mapas
e guias, escolhendo trajetos mais convenientes, rápidos ou baratos, avaliando tempo e
custo ao optar por diferentes meios de transporte, como ônibus, trens urbanos e
interurbanos ou metrôs em algumas capitais, conhecendo regras e tendo orientação
para obter se capacitar para conduzir veículos;
s) instrução para cuidados com sua saúde e de seus familiares, com o conhecimento
dos serviços públicos ou privados de acompanhamento, prevenção e tratamento, dos
prazos e intervalos para exames de rotina, de acordo com a idade e condições, a
exemplo da gravidez ou de problemas crônicos, com informações sobre custos e
formas de se participar de sistemas de seguros ou planos de saúde;
e) condução das finanças pessoais, sabendo organizar orçamento familiar, relacionarse com os sistemas bancário e financeiro, conhecendo formas e riscos na obtenção de
créditos, por cartão, cheques especiais e outros meios, sabendo avaliar seus limites
pessoais de endividamento, relacionando receita familiar e despesas fixas;
16
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
f) conhecimento de condições e acesso aos equipamentos culturais e desportivos da
região, centros culturais, bibliotecas, museus, teatros, cinemas, parques e praças de
esportes, treinamentos e campeonatos esportivos, cursos de música, teatro e artes
plásticas, assim como horários, locais e custos de espetáculos;
engajamento nessas atividades de parte do corpo docente, ou de todo ele, deveria ser
regularmente remunerado, da mesma forma que as horas-aula, com a vantagem de
ampliar a permanência do professor na escola, fazendo parte do seu processo de
formação continuada e aprofundando sua identificação com o projeto pedagógico.
g) condições para desenvolver bem estar emocional e afetivo, com oportunidades para
partilhar experiências e problemas do convívio amistoso, familiar, amoroso ou sexual,
com seus aspectos psicológicos, éticos e físicos, propiciando comportamento lúcido e
solidário nos relacionamentos sociais e pessoais;
Um compromisso de trabalho entre escola alunos e suas famílias
h) compreensão do mundo do trabalho, com suas leis e sistemas, como o sindical, o
previdenciário e o securitário, com o acesso a seus dispositivos e documentações,
como carteira de trabalho, com conhecimento de direitos e deveres como férias
regulares, licenças especiais, seguro-desemprego e aviso-prévio, anúncios de
oportunidades de trabalho ou de estágio de treinamento.
i) conhecimento sobre o mundo do empreendimento, das suas leis e formas
operativas, dos procedimentos e da documentação para abrir e conduzir uma pequena
empresa, da sua condução contábil, como livro-caixa, e fiscal, como o recolhimento de
impostos, das obrigações sociais, trabalhistas e ambientais;
j) acesso a programas de preparo para acesso ao ensino superior e ou profissional,
com seus prazos e desafios, e informações sobre carreiras, com suas características,
problemas e vantagens, contando com depoimentos de profissionais atuando em
diferentes áreas.
Atendendo a características de cada escola, cada uma dessas dimensões sugeridas
seria sinalizada em um painel, com informações fixas e outras continuamente
renovadas, sob responsabilidade de um grupo de alunos, com apoio da escola, com
reuniões de pauta dos responsáveis e reuniões de esclarecimento dos interessados.
Alguns aspectos poderiam contar com participação de professores, familiares de
alunos e da comunidade extra-escolar. A condução e avaliação poderiam ser pessoais,
por registros individuais em cadernos parcialmente pré-elaborados, que seriam
analisados periodicamente pelos grupos responsáveis e registrados pela escola.
Os outros cenários privilegiados para a formação pelo trabalho estarão localizados na
região e no entrono comunitário da escola. Entre os espaços mais diretamente
apropriados estão os equipamentos públicos, culturais e sociais da região, como
câmaras, fóruns, centros culturais, clubes e associações de moradores, e até
especialmente as empresas comerciais, culturais, industriais, agrícolas e de serviços
que aceitarem participar e também se beneficiar do programas de cooperação
formativa com as escolas. O relacionamento com essas instituições ou empresas pode
envolver um conselho consultivo, no qual elas tenham participação, tanto para
apresentar sua disponibilidade para receber estagiários ou apresentar palestras, como
para sinalizar demandas de competências específicas que a escola, eventualmente,
poderia enfatizar na formação geral ou em treinamentos especiais. Todas as
dimensões da vida comunitária, da energia ao saneamento, dos trans portes á
habitação, do nível de emprego ao IDH, seriam potenciais objetos de diagnósticos e
projetos escolares. Vale lembrar que muitos aspectos daquele “currículo da cidadania”
se beneficiariam bastante com esse recíproco envolvimento escola-comunidade. O
17
Certamente não se fará espontaneamente, sem um programa concertado, a transição
para essa nova concepção de educação, a partir de uma escola que só se relacione
com sua “clientela” como mera prestadora de serviços, que recebe e processa alunos
sem maior envolvimento das famílias e sem nenhuma participação comunitária. A
concepção no novo projeto pedagógico demandará um período de discussão e
preparação, envolvendo todos os interessados, professores, alunos e familiares, sob
coordenação da direção escolar e com o apoio da Secretaria de Educação. O convite
para seminários que precedam uma espécie de congresso escolar poderia uma
hipótese a ser considerada.
Uma vez delineado o projeto pedagógico, o momento mais importante será o início do
novo ano letivo, em que haveria, pelo menos, uma semana de trabalho de recepção.
Nesse período, seria feito o estabelecimento de metas formativas anuais, semestrais e
bimestrais, a partilha de responsabilidades, assim como a definição de regras de
convívio, de instâncias de decisão e de resolução de eventuais contradições ou
conflitos de interesses.
Essa é uma proposta, entre outras possíveis, para se enfrentar o grande desafio de se
transformar a escola de nível médio na etapa efetivamente conclusiva da educação de
base, que prepare os jovens para a vida social e para o trabalho. Colocá-la em prática
não seria coisa fácil, já que implicaria uma convergência de vontades e um
compromisso coletivo de trabalho. Há mais de uma iniciativa, atualmente, de se
repensar o ensino médio, a exemplo de propostas oficiais, como as denominadas de
Ensino Médio Inovador e Ensino Médio Integrado, além de uma atualmente sendo
elaborada por iniciativa da UNESCO, cuja ênfase é também a educação pelo trabalho.
Todas são formas de tentar superar a grave crise de sentido e identidade do atual
ensino médio. É bom encontrar a que mais se preste a cada situação para se engajar
ou para adaptar à situação vivida, o que não vale a pena é postergar.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
observados por meio de relações de causa e efeito. Já as artes produzem perceptos e
afectos, que seriam formas de compreensão do mundo em uma perspectiva estética.
As filosofias por sua vez produzem conceitos, que são uma forma racional de
equacionamento dos problemas vividos no mundo.
Filosofia e Transversalidade
Renata Lima Aspis1
Recentemente a filosofia reconquistou um lugar garantido dentro da escola como uma
disciplina obrigatória para alunos do Ensino Médio. Essa obrigatoriedade assegurada
pela lei federal nos leva à certeza de que a filosofia é considerada importante dentro
da escola como capaz de colaborar com a formação dos jovens.
Sendo assim podemos perguntar: para quê ensinar filosofia no Ensino Médio? Qual a
contribuição específica da filosofia enquanto disciplina educativa?
Há uma ideia geral de que o ensino da filosofia seja importante porque a filosofia é
crítica e reflexiva. Ora, afirmamos aqui que não é só a filosofia que é crítica e reflexiva.
As artes podem ser críticas, as ciências podem ser reflexivas, por exemplo. Não é a
crítica que caracteriza as filosofias, embora elas possam ser também críticas. O que
caracteriza as filosofias é que elas são criadoras, elas criam conceitos e só elas fazem
isso.
Deleuze e Guattari afirmam que
“(...) Criticar é somente constatar que um conceito se esvanece, perde seus
componentes ou adquire outros novos que o transformam, quando é mergulhado em
um novo meio. Mas aqueles que criticam sem criar, aqueles que se contentam em
defender o que se esvaneceu sem saber dar-lhe forças para retornar à vida, eles são a
chaga da filosofia. São animados pelo ressentimento, todos esses discutidores, esses
comunicadores. Eles não falam senão deles mesmos, confrontando generalidades
vazias. A filosofia tem horror a discussões. Ela tem mais que fazer.” (DELEUZE e
GUATTARI, 2000:42)
Ora, e o que mais a filosofia tem de fazer? Criar. Criar o homem e o mundo de forma a
estarem sempre vivos. Entendemos pensamento crítico como pensamento criterioso,
responsável, capaz de análise e síntese rigorosas, pensamento livre, devedor somente
à sua intenção de profundidade, abrangência e clareza. Mesmo tomando a crítica
assim, filosofia não é só isso. A tarefa de criticar é apenas uma parte da coisa toda. A
filosofia é, para ser filosofia, criação. A crítica é desejável e necessária. Mas a filosofia é
criadora e recriadora constante de si mesma, do mundo e do homem. As filosofias são
desestabilizadoras da ordem normal, pois recriam e fazem os homens lembrar-se de si
como buscadores de compreensão do mundo por meio de questionamento e criação
de conceitos. Segundo o que os filósofos franceses contemporâneos Gilles Deleuze e
Félix Guattari desenvolveram em O que é a filosofia? (DELEUZE/GUATTARI, 2000), as
ciências, na sua relação com o mundo, produzem funções, que organizam os fatos
1
Grupo Diferenças e Subjetividades em Educação – F.E.UNICAMP – São Paulo – Brasil, Bolsista FAPESP,
[email protected]
19
Seguindo o que propuseram Deleuze e Guattari, podemos afirmar que artes, ciências e
filosofias sendo distintas formas de abordagem e criação do mundo, são, portanto
complementares. Uma forma não pode substituir as outras, assim como cada homem
não pode prescindir delas todas para não correr o risco de ficar restrito a uma única
forma de ver o construir o mundo. Por esse motivo é que acreditamos que seja
essencial a presença das filosofias na formação dos jovens na escola. Minimamente as
artes já estão lá, as ciências estão lá. Para completar as possibilidades de disciplinas no
pensamento dos jovens estudantes temos que defender que também com as filosofias
eles tenham experiência. Segundo o filósofo contemporâneo Tassin:
“(...) o ensino filosófico não se contenta em desempenhar um papel no conjunto da
função docente, mas que se confunde com a própria função. ‘Sem sua presença os
adolescentes ficam privados, não de um elemento de cultura que um outro poderia , a
rigor, substituir: ficam privados daquilo que transforma todo e qualquer ensino em
educação.’ (1019). A filosofia, a formalização racional do pensamento confere-lhe o
valor formador, o qual ultrapassa o simples exercício rigoroso do pensamento ou do
julgamento, posto que opera a síntese conceitual da cultura, dando-lhe sentido e
sendo, para determinada época, a sua verdade. Ao abolir, como fazia a problemática
hegeliana, a estéril oposição entre instrução e educação, o ensino filosófico torna-se o
princípio de toda formação.” (TASSIN, 1986:149)2
Não ensinamos filosofia para determinar a direção da formação de um ser humano
jovem, mas, ao contrário, para permitir-lhe a liberdade de poder construir-se a si
mesmo por si mesmo. Filosofias não são respostas a nada e tampouco fôrma ou
projeto de homem. São as filosofias que propõem, em cada tempo, o que é certo ou
errado, o que é justo, o que é tolerável, o que são os homens, o mundo.
O sentido de colocar a filosofia na escola, portanto é o de proporcionar aos jovens a
experiência filosófica, a experiência de ensaiar a criação de conceitos para criar
equações próprias para os problemas humanos.
A lei que garante hoje a obrigatoriedade da filosofia na escola não diz o que entende
por filosofia e nem como deve ser esse ensino. Antes disso, na década dos anos 90 a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação afirmava que o estudante deveria dominar “os
conhecimentos de filosofia necessários ao exercício da cidadania”. Ora, aqui tampouco
fica claro o que seria a filosofia na escola. Quais são os conhecimentos necessários
2“ (...) l’enseignement philosophique ne se contente pas de jouer un rôle dans l’ensemble de la fonction
enseignante, mais qu’il se confond avec cette fonction. ‘ Sans lui, les adolescents sont privés non d’un
élément de culture qu’un autre pourrait à la rigueur remplacer: ils sont privés de ce qui transforme tout
enseignement en éducation’ (1019). La mise en forme rationnelle de la pensée confère à la philosophie
sa valeur formatrice qui excède le simple exercice rigoureux de la pensée au du jugement, puisqu’elle
opère une synthèse conceptuelle de la culture qui lui donne un sens et qui, pour une époque, en est la
vérité. Abolissant, comme le faisait la problématique hégélienne, la stérile opposition entre instruction
et éducation, l’enseignement philosophique est le principe de toute formation.”
20
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
para o exercício da cidadania? O que é cidadania? O que é ser necessário? Qual a
relação entre ter conhecimentos e exercitá-los? Essas e tantas outras perguntas
podemos fazer. A afirmação da importância da filosofia na formação dos jovens aliada
à total imprecisão do seu o quê e como, deu ensejo a muitas distintas interpretações e
práticas da filosofia na escola desde lá até os dias atuais.
vão se ramificando cada vez mais, mas que não tem ligação entre si a não ser pela
mútua origem no tronco.
Somada à referida imprecisão, temos um agravante para o ensino de filosofia na forma
que acreditamos, a transversal. Vejamos isso: vivemos na escola uma organização do
ensino do conhecimento humano de forma compartimentalizada. A organização
curricular das disciplinas coloca-as como realidades estanques, sem interconexão. Uma
visão ampla e relacional da realidade fica interditada pela forma como organizamos o
ensino dos saberes humanos em disciplinas independentes.
A tarefa – ingrata, porque impossível- dada à filosofia de fazer a conexão entre as
diversas disciplinas pelo viés da cidadania é uma das formas encontradas e tentadas
por muitas escolas para sanar esse problema da não interrelação entre os saberes e da
não-relação desses com a vida dos jovens. A idéia da filosofia como “tema transversal”,
também é uma dessas tentativas, porém, por princípio, impossível de realizar. Por
quê? Porque a filosofia não é um tema, a filosofia é a atividade de criação de
conceitos. Porque os professores das outras disciplinas das ciências e das artes não
têm condições de, além de ensinar os conteúdos específicos de suas disciplinas,
tratarem temas filosóficos em suas aulas. O que seria isso? Não seria pedir demais?
Não parece injusto deixar sob a responsabilidade de professores, eles mesmos com
sua formação tão especializada, a tarefa de tornar o aprendizado dos alunos nãofragmentado, a despeito a estrutura totalmente compartimentada do currículo por
disciplinas? Não soa irreal estruturar a escola a partir de disciplinas independentes
entre si, levadas por professores formados nesse mesmo contexto de especialização e
pedir que eles – por meio da “visão totalizante” da filosofia – tornem esses diversos e
separados saberes uma única coisa?
Analisemos historicamente essa situação.
Na atividade de interpretação da realidade, através dos tempos, depois da fala, com a
invenção da escrita, os homens criaram essa enorme quantidade de conhecimento que
temos hoje. Essa atividade de criação de conhecimento estava inicialmente
circunscrita ao campo da filosofia, e foi crescendo e ramificando-se, dando origem a
novos campos de conhecimento com distintos métodos e objetos. Essa especialização
deu-se através de uma disciplinarização, ou seja, da delimitação de campos específicos
para cada forma de abordar um determinado aspecto da realidade, cada um deles
constituindo-se numa disciplina específica e independente. A racionalidade operativa
analítica que suscita o surgimento da ciência moderna é o contexto dessa
disciplinarização. Essa compartimentalização do saber humano por um lado
proporciona um maior conhecimento de cada parte na especialização, porém bloqueia
a conexão natural entre as diversas partes.
Tradicionalmente se entendeu o conhecimento humano metaforicamente como uma
árvore. A partir de raízes extensas e firmes representando as premissas verdadeiras, se
ergueria o tronco, que é a filosofia - já que originalmente reunia em seu seio a
totalidade do conhecimento, e a partir da qual se desenvolvem diversos galhos que
21
Ora, podemos perguntar: seria mesmo assim que se geram os conhecimentos? Seria
mesmo assim que se dá a realidade ou seria essa uma forma de representar os
conhecimentos e hierarquizá-los e classificá-los, organizando-os de forma a poder
controlá-los? Não será esse modelo da árvore uma fôrma inventada posteriormente à
invenção dos saberes e colocada sobreposta a eles, como forma de abarcá-los
classificando e hierarquizando para facilitar o acesso a eles, para dominá-los e até
mesmo tornar possível a determinação da estrutura de criação de novos saberes?
Não poderíamos supor que o pensamento pode ser muito mais caótico, mais
imprevisível, mais sensível e intuitivo, muito mais caótico do que esse modelo da
árvore?
Deleuze e Guattari em Mil Platôs, capitalismo e esquizofrenia, vão propor, para
subverter a imagem do pensamento como árvore, o rizoma. Grama é rizoma, por
exemplo. Crescem na superfície, para os lados, não há hierarquia, não há o que está
mais ao alto, como mais importante. São “desorganizadas” as imprevisíveis conexões
entre as partes, são múltiplas e heterogêneas as imediatas conexões entre as partes.
Múltiplas possibilidades de criação de conexões entre heterogeneidades, no mesmo
plano.
Prestemos atenção nisso: a defesa de um paradigma rizomático para o funcionamento
do pensamento na criação de conhecimento leva a uma brusca mudança no
entendimento das relações intrínsecas entre as diversas áreas do saber, ali
representadas pelas inúmeras e poliformes linhas do rizoma, que, de forma
insuspeitada, se entrelaçam formando um conjunto complexo no qual os elementos se
remetem necessariamente uns aos outros e mesmo para fora do próprio conjunto,
tornando impossível reduzir tudo a uma unidade. Não há uma só possível maneira de
pensar. Não há só um único mundo possível. E são as filosofias que podem descobrir
isso, descortinar, desmascarar. O rizoma abre para a perspectiva de possibilidades de
conexões inimagináveis na árvore. O paradigma rizomático rompe com a
hierarquização, descarta as prioridades na circulação, descarta as importâncias
preestabelecidas entre os saberes e seus passos e isso pede uma nova forma de
trânsito possível entre suas infinitas possibilidades. A essa outra forma de circulação
entre os pensamentos e entre os conhecimentos podemos dar o nome de
TRANSVERSALIDADE. A despeito das horizontalidades e verticalidades temos agora a
permissão de pensar em trânsito criativo transversal no pensamento, e transversal
aqui não é nem uma direção preestabelecida, todo e qualquer atalho é um caminho
possível, não há a estrada principal.
Portanto, defender que a filosofia seja a atividade de criação de conceitos é
propriamente afirmar que a filosofia tem como característica intrínseca a
transversalidade. Pois, ainda conforme Deleuze e Guattari, o conceito não é
paradigmático, não é um modelo, não é uma fôrma, mas sim é sintagmático, ou seja,
está em composição, em combinação. O conceito não é transcendental e abstrato, não
se refere a uma realidade que está além dos próprios problemas vividos, da busca de
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
criar uma equação para eles, o conceito é, portanto, imanente. Não é projetivo, mas
conectivo, não é hierárquico, mas vicinal.
DELEUZE G. Conversações. Rio de Janeiro: Ed.34, 1992
Para a educação, supormos o pensamento e os conhecimentos humanos como rizoma
tem implicações profundas.
------------------------------------- Mil Platôs; capitalismo e esquizofrenia. Rio de Janeiro: Ed.
34, 1997
Cito Silvio Gallo:
FAVARETTO, C. F. Notas sobre o ensino da filosofia in Muchail, ST(org.) A filosofia e seu
ensino. Petrópolis: Vozes/ São Paulo: Educ
“A transversalidade rizomática (...) aponta para o reconhecimento da pulverização, da
multiplicização, para o respeito às diferenças, construindo possíveis trânsitos pela
multiplicidade dos saberes, sem procurar integrá-los artificialmente, mas
estabelecendo policompreensões infinitas” (GALLO, ufrrj: 11)
Como seria a escola se aplicássemos o paradigma do rizoma na organização curricular?
Ao invés do acesso do tipo pastas de arquivo separadas e estanques ao conhecimento,
um acesso transversal que elevaria ao infinito as possibilidades de conexões entre os
conhecimentos. O fim da compartimentalização dos saberes significa o
reconhecimento da multiplicidade de cada um deles assim como significa tornar
possível toda e qualquer conexão e trânsito entre eles. Como seria uma escola assim?
Há muito que se sonhar sobre isso.
Permitir a cada aluno um acesso próprio aos diversos conhecimentos, entrando por
onde tivesse mais interesse e permitir que seguisse por onde esse interesse e as
construções a partir dele possibilitassem é a proposta do fim da escola como a
praticamos hoje, mas com certeza seria uma escola mais condizente com as exigências
do dias atuais. Dias de redes. A web é ima imensa “rede”, é um rizoma.
DELEUZE G. e GUATTARI F. O Que é a Filosofia?. Rio de Janeiro: Ed.34, 3a ed., 2000
GALLO S. [a] O ensino de filosofia no contexto de uma “educação menor” in ROLLA
A.B.M. e NETO A.S. e QUEIROZ I. P. (org) Filosofia e Ensino: possibilidades e desafios
Ijuí: UNIJUÍ, 2003
___________ [b] Deleuze e a educação. Belo Horizonte: Autêntica editora, 2003
GALLO S. e CORNELLI G. e DANELON M. (org.). Filosofia do ensino de filosofia.
Petrópolis: Editora Vozes, 2003
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999
OBIOLS G. Uma introdução ao ensino da filosofia. Ijuí: Editora Unijuí, 2002
RANCIÈRE J. O Mestre Ignorante, cinco lições sobre a emancipação intelectual .Belo
Horizonte: Autêntica Editora, 2002
SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Educação. Coordenadoria de Normas e Estudos
Pedagógicos. Proposta curricular para o ensino de filosofia no 2o grau. 2a versão
preliminar. São Paulo, SE/CENP, 1992
TASSIN É. La “valeur formatrice” de la philosophie in: DERRIDA J. et alii. La grève des
philosophes. Paris: Éditions Osiris, 1986.
Cito Pierre Lévy:
“Na web, tudo se encontra no mesmo plano. E, no entanto tudo é diferenciado. Não
há hierarquia absoluta, mas cada site é um agente de seleção, de bifurcação, ou de
hierarquização parcial. Longe de ser uma massa amorfa, a web articula uma
multiplicidade aberta de pontos de vista, mas essa articulação é feita
transversalmente, em rizoma, sem o ponto de vista de Deus, sem uma unificação
sobrejacente.” (LÉVY, 1999:170)
SITES:
GALLO, Silvio. Conhecimento, transversalidade e currículo.
http://www.ia.ufrrj.br/ppgea/conteudo/T2-4SF/Akiko/13-Transversalidade.doc
Em tempos de realidade virtual, em tempos de capitalismo em rede, em tempos de
pós -divisão política bipolar, parece bastante animador pensar a estrutura de uma
escola rizomática, consonante com esses tempos.
Fica aqui o convite de sonhar com essa escola. Fica aqui o convite de um sonho que já
pode ser uma prática de cada um, cada um como um rizoma, que sem esperar
decisões dos poderes centrais da hierarquia verticalizada, rizomeie. A partir de já,
rizomear a escola! Como? Criemos. Temos de inventar. Temos de inventar o mundo,
inventar as infinitas conexões possíveis, inventar esses possíveis. Na ação.
BIBLIOGRAFIA
CERLETTI A.A. e KOHAN W.O. A filosofia no ensino médio: caminhos para pensar seu
sentido. Brasília: UNB, 1999
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Imagem corporal e sua relação na construção da identidade do
Adolescente
Maria Aparecida Conti
A adolescência refere-se a um período de vida do indivíduo, entre a infância e a idade
adulta. Dentre os critérios usados para sua definição, o cronológico é o mais aceito e
aplicado. Para a Organização Mundial as Saúde (WHO, 1995) a adolescência pode ser
dividida em três estágios de desenvolvimento baseada nas mudanças físicas,
psicológicas e sociais, a saber: adolescência inicial – 10/13 - 14/15 anos; adolescência
intermediária – 14/15 – 17 anos e adolescência final – 17 -21 anos. A população
mundial de adolescentes representa 19% da população total (WHO, 2003). Já no Brasil
tem-se 20,8% de jovens nestas faixas etárias e para o Estado de São Paulo este valor é
de 17,7% (IBGE, 2004; Fundação Seade, 2004).
Esta fase caracteriza-se como um período particular da vida, devido às intensas
mudanças. Em relação ao aspecto físico, o adolescente ganha 50% do seu peso de
adulto, mais que 20% de sua altura e 50% da massa óssea de adulto (WHO, 2003). Em
relação aos demais aspectos é esperado, igualmente, neste período, todo
amadurecimento psicossocial do indivíduo (Pfromm Neto, 1976).
Desta forma, a adolescência representa um momento crucial do desenvolvimento do
indivíduo, aquele que marca não só a aquisição da imagem corporal definitiva, como
também, a estruturação final de sua personalidade (Osório, 1992).
A imagem corporal pode ser entendida pela imagem do corpo formada na mente do
indivíduo, ou seja, o modo como o corpo apresenta-se para o indivíduo, envolvido
pelas sensações e experiências imediatas (Schilder, 1981). Para Cash & Pruzinsky
(2005) é impossível falar de uma única “imagem corporal” em função de sua
complexidade. Conceituam-na como um constructo multidimensional, envolvendo no
mínimo duas modalidades independentes: a perceptiva, relacionada à estimação do
tamanho corporal e a atitudinal, relacionada ao afeto e cognição.
Interessante observar na cultura contemporânea brasileira o quanto nosso jovem está
cada vez mais insatisfeito com seu corpo (Conti, Frutuoso, Gambardella, 2005; Pinheiro
& Giugliani, 2006). Este fenômeno vem sendo pontuado em outras realidades sócioculturais. Levine & Smolak (2004) inferem que nos países desenvolvidos,
aproximadamente de 40-70% das meninas estão insatisfeitas com seus corpos, com
mais de 50% destas aspirando a magreza. Para os meninos não há dados tão precisos,
mas sabe-se da existência da insatisfação, no entanto, as aspirações dividem-se entre
o emagrecimento e o aumento da massa muscular (McCabe & Ricciardelli, 2004;
McCabe, Ricciardelli & Holt, 2005 ).
Svedjehall, 2000). A tendência atual é atribuir a este jovem a responsabilidade pela
plasticidade do seu corpo (Villaça & Goes, 1998), induzindo-o à prática de mudança
corporal, persuadido-a assim a alcançar uma suposta aparência desejável. Vale
destacar o crescimento significativo na última década do número de intervenções em
cirurgias plásticas, como lipoaspiração e colocação de prótese de silicone, com um
crescimento anual de 8 a 10% até o ano de 2004 (Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica, 2004). O Brasil representa o segundo mercado, em nível mundial, perdendo
apenas para os Estados Unidos. O estado de São Paulo concentra 34,4% das
intervenções cirúrgicas em relação ao território nacional, com os jovens representando
14% deste público (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, 2004).
Além do modelo cultural dominante de corpo ideal, descrito anteriormente, alguns
fatores influenciam e podem determinar a qualidade da relação do adolescente com a
sua imagem corporal. Podemos citar três de maior destaque: a mídia, o tipo de relação
estabelecida pelo jovem com os membros de sua família e a interferência do grupo de
amigos.
A mídia televisiva e escrita atinge, indiscriminadamente, grande parte da população.
Para Serra & Santos (2003), seu poder caracteriza-se como forma de produzir sentidos,
projetando-os e legitimando-os, dando visibilidade aos fenômenos escolhidos por seus
profissionais, no caso, os repórteres e os profissionais de marketing. Pesquisas com
jovens norte-americanas confirmam estas idéias. Sherwood & Neumark-Sztainer
(2001) constataram que 75% das meninas pesquisadas revelaram consciência da
interferência da mídia na imagem pessoal reportando que anúncios influenciavam
pensamentos e comportamentos. Polce-Lynch, Myers, Kliewer & Kilmartin (2001)
registraram que para as meninas, a influência da mídia aparece como meio de pressão
para o ideal de corpo e aparência.
O ponto seguinte refere-se à qualidade da relação vivida pelo jovem em seu núcleo
familiar. Jovem que se percebe vivendo uma relação familiar positiva tende a
apresentar-se mais protegidos quanto ao desenvolvimento de insatisfações corporais.
Archibald, Graber & Brooks-Gunn (1999) constataram que relacionamentos frios e
conflituosos são preditores de alterações comportamentais no que se refere à
percepção corporal e inversamente, relacionamentos familiares saudáveis estão
associados a um padrão de desenvolvimento mais positivo de imagem corporal. Byely,
Archibald, Graber & Brooks-Gunn (2000), em estudo longitudinal com jovens norteamericanos, constataram que quanto mais negativa a percepção do jovem acerca do
relacionamento familiar, mais comprometida sua percepção da imagem corporal.
Referiram, também, que as atitudes maternas e suas percepções em relação ao peso e
aparência das filhas exerciam uma pressão direta na imagem corporal destas jovens,
sugerindo que fatores familiares influenciam e afetam a consolidação de problemas na
adolescência e pré-adolescência.
Neste cenário alguns dados merecem a nossa atenção. O enfoque dado pela sociedade
contemporânea ao padrão feminino corporal refere-se à magreza, transformando o
corpo em um objeto de manipulação e projeção de desejos e, para meninos, em
contraponto, os apelos induzem ao tamanho e força corporais (Bergstrom, Stenlund &
A interferência dos grupos de amigos constitui outro fator determinante na forma
como o jovem se relaciona com sua imagem corporal. Dunkley, Wertheim & Paxton
(2001) registraram como de maior interferência, o grupo de amigos, em especial na
pressão de ser magra para meninas com sobrepeso e obesidade. Também citaram que
a influência de outros fatores, como família, amigos e mídia, conjuntamente, agem
25
26
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
mais positivamente que quando isolados. O’Koon (1997) refere, igualmente, a
influência de amigos na relação do adolescente, tanto para meninos quanto meninas,
com sua imagem corporal.
Dunkley, T.L., Wertheim, E.H., Paxton, S. (2001). Examination of a model of multiple
sociocultural influences on adolescent girl’s body dissatisfaction and dietary restraint.
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Tendo como referencia que a imagem corporal na adolescência é intensamente
influenciada por modelos sócio-culturais e padrão ideal corporal é possível prevenir,
ou ao menos diminuir a vivencia negativa da imagem corporal deste jovem (Levine &
Smolak, 2005), reduzindo assim os impactos afetivos e sociais. Neste sentido são
necessários programas educacionais de intervenção, abordando os conhecimentos
relativos aos determinantes culturais, bem como em relação às atitudes e
comportamentos alimentares saudáveis.
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Estratégias de resolução de conflitos na adolescência
Vanessa Fagionatto Vicentin3
As pessoas adotam diferentes formas de enfrentar um conflito interpessoal.
Estudiosos da área apontam três principais estilos de resolução de conflito: agressivo,
submisso e assertivo. O estilo de solução agressivo inclui estratégias de coerção para o
enfrentamento do conflito, enquanto o estilo submisso caracteriza-se pelo não
enfrentamento da situação. Apenas o estilo assertivo envolve comportamento
explícito de defesa, sem utilizar estratégias coercitivas. Apresentaremos um estudo
que teve como objetivo verificar os estilos de resolução de conflito de 84 adolescentes,
estudantes de uma escola pública. Intencionamos também comparar a expressão de
sentimentos dos participantes e as estratégias de solução de conflito indicadas por
eles. Os adolescentes apresentaram predominantemente respostas submissas,
seguidas de respostas agressivas. Grande parte dos participantes não se pronunciou
com relação aos sentimentos provocados pelas situações descritas pelo questionário,
seguida dos que expressaram sentimentos negativos ou pouco definidos. Com relação
à expressão de sentimentos, muitos conflitos apresentaram associações positivamente
significativas entre as respostas agressivas e ausência de manifestação sobre o afeto
despertado pela situação. Pretendemos também neste momento refletir sobre o papel
dos conflitos interpessoais no âmbito escolar em uma visão construtivista e as
atuações dos educadores que favorecem a formação de pessoas autônomas. Para tal,
vemos como necessária a atuação imediata dos educadores frente a situações de
conflitos entre os alunos e focada nos envolvidos no desacordo. Também sustentamos
a necessidade de ações planejadas com todo o grupo de alunos, a fim de favorecer a
construção de recursos cognitivos e afetivos necessários para uma solução mais justa e
harmônica.
Introdução
Um relatório realizado pelo IBGE diz que a população brasileira saiu mais violenta dos
anos 90 do que entrou (WAISELFISZ 2002). De acordo com o IBGE entre 92 e 99 a
média nacional de mortalidade por homicídios aumentou em 37% visto que neste
período não houve redução de homicídios em nenhum ano. Já as taxas de homicídio
juvenil aumentaram 77% nos anos de 1991 a 2000 entre jovens de 15 a 24 anos.
Abramovay e Rua (2004) apresentam estudos sobre a violência nas escolas das
principais capitais brasileiras. Constataram que de 21 a 40% dos estudantes afirmam
ter conhecimento de situações de ameaça contra pais, equipe técnica, alunos e
3
29
Universidade de Franca, [email protected]
30
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
funcionários. Neste mesmo estudo, 1/5 das pessoas entrevistadas disseram ter
conhecimento sobre pessoas que foram agredidas ou espancadas no âmbito escolar.
quando aquele que foi agredido estiver numa posição de autoridade, ou mesmo de
igualdade, mas buscando sentir-se mais forte, tenderá a utilizar estratégias agressivas.
Violência, agressividade, maus-tratos, desrespeito, intimidação e ameaças, são
situações que envolvem cada vez mais os adolescentes em cenas cotidianas. Algumas
situações que incluem danos de diferentes áreas, como a moral, física ou ao
patrimônio, deixam a população indignada e confusa, por envolver pessoas cada vez
mais jovens e com estrutura familiar e social que não justificam suas ações. Esta
tendência a resolver conflitos interpessoais é uma das possibilidades para aqueles que
não sabem ou não querem resolver os desacordos interpessoais de forma mais justa e
equilibrada.
Outros estudiosos relacionam o comportamento agressivo à dimensão moral. Uma
pesquisa realizada por Astor (1994) teve como objetivo investigar o raciocínio moral de
crianças consideradas agressivas e 54 consideradas não agressivas em situações que
incluíam agressão física na família e entre pares. Constatou-se que ambos os grupos
identificavam e condenavam atos de violência quando não ocorria provocação, porém
grande parte do grupo considerado agressivo aprovava tais atos na ocasião de
provocação, considerando a reação como defesa. Tognetta (2005), ao discutir esse
estudo, afirma que nesse caso as crianças não diferem na forma como julgam as
situações agressivas, mas sim a legitimidade do emprego da agressividade.
Deluty (1979) considera que existem três tipos de tendências ou estratégias de
resolução de conflitos interpessoais: agressivo, submisso e assertivo. O
comportamento agressivo caracteriza-se pelo enfrentamento da situação de conflito
interpessoal, apelando para formas de coerção, como violência ou desrespeito ao
direito e à opinião alheia. O comportamento assertivo também envolve
enfrentamento da situação de conflito, porém sem qualquer tipo de coerção. Envolve
comportamentos explícitos de defesa dos próprios direitos, mas levando em conta os
sentimentos e direitos dos outros (DELUTY, 1981). Logo o comportamento submisso
caracteriza-se pelo não enfrentamento de uma situação, por meio de fuga ou esquiva,
e considera os direitos e sentimentos dos outros em detrimento dos próprios.
Parece óbvio que a forma assertiva de resolver desacordos interpessoais é a mais
apropriada já que, envolve o menor dano possível a todos os envolvidos. Na base do
conceito de assertividade encontra-se a noção de igualdade de direitos e deveres, de
legitimidade dos comportamentos voltados para reivindicação e defesa desses
direitos, de respeito e dignidade da pessoa humana. Contudo, reivindicar e defender
os próprios direitos, típico da estratégia assertiva de solução de conflitos, não significa
deixar de ponderar sobre os sentimentos e motivos dos outros envolvidos no conflito.
Leme (2004a) alerta para o fato de que os conflitos interpessoais são situações que
mobilizam conjuntamente recursos cognitivos e afetivos. Entende-se que seja possível
que a pessoa tenha condições cognitivas para resolver um conflito de forma pacífica,
mas não o faz em função de dificuldades afetivas.
Sastre e Moreno (2002) concordam com essa colocação ao afirmar que a razão e a
emoção são as bases em que nos apoiamos para compartilhar relações pessoais
equilibradas e satisfatórias.
Diante de tais considerações, quais as motivações para que as pessoas adotem
diferentes estratégias de resolução de conflitos interpessoais? Reppord, Pacheco e
Hutz (2005) afirmam que os pais ao agirem de forma agressiva para modificar as
condutas indesejadas dos filhos estariam inadvertidamente apresentando um
protótipo de comportamento que demonstra aos filhos a efetividade dos atos
agressivos na obtenção de resultados desejados. Ou seja, a agressividade, que é uma
conduta coercitiva, realmente costuma produzir resultados no controle do
comportamento do filho, já que a agressão por parte dos pais gera medo nos filhos por
advir da autoridade do mais forte, daquele do qual a criança depende. No entanto,
31
Concluímos a partir desse estudo que, em muitos casos, reagir agressivamente por se
sentir prejudicado é a única forma de resgatar o próprio valor. Tognetta (2005) reflete
que em inúmeros casos de agressividade e violência a criança ou o adolescente
necessita: “orgulhar-se por agir de forma violenta, por ter um poder que o outro não
dispõe, para, quem sabe, sentir-se um pouco melhor e ter, enfim, uma “boa imagem”
diante dos outros”. Na perspectiva moral, a agressividade advém de uma inversão de
valores.
Com relação ao estilo de resolução de conflito submisso, Leme (2004) afirma que,
assim como no estilo agressivo de resolução de conflitos, as ações de pais e
educadores podem favorecer tal forma de resolução de desentendimentos
interpessoais. A autora lembra que muitas vezes o comportamento submisso é
motivado simplesmente pelo medo do confronto. A autora ao discutir possíveis
motivos do estilo submisso afirma que tanto a criança agressiva como a submissa
sabem que seu comportamento é inadequado na solução de conflito, mas têm
dificuldade em considerar respostas não agressivas e não submissas para resolver esse
tipo de problema, como se as soluções possíveis se resumissem à luta ou à fuga, sem
alternativa intermediária. Nessa visão, a pessoa não aprendeu a expressar-se
adequadamente ou aprendeu a não se expressar. Outros estudos apontam para a
relação entre o estilo passivo e o desenvolvimento moral. Vinha (2003) pesquisou se o
ambiente escolar influencia a maneira como os alunos se relacionam e lidam com seus
conflitos interpessoais, bem como o modo como interpretam e resolvem conflitos
hipotéticos. Participaram do estudo duas classes de escolas públicas: uma
caracterizada por relações autocráticas e a outra por relações democráticas. São
denominadas relações autocráticas aquelas em que o professor centraliza as decisões,
determina o que pode ou não ser feito, resolve os problemas e impõe as normas. Já
nas classes caracterizadas por relações democráticas, a elaboração de regras é
realizada pelo grupo e o professor possui o papel de mediador. A autora verificou que
as crianças da classe autocrática emitiam respostas caracterizadas por obediência
submissa a situações de conflito interpessoal hipotético, enquanto as crianças da
classe cooperativa utilizavam-se mais de estratégias de persuasão e de explicação e da
coordenação dos atos com os sentimentos. Da mesma forma que no estilo agressivo, o
submisso parece nesse caso estar relacionado ao respeito unilateral do professor para
os alunos: o professor impõe regras, pune no caso de transgressão e funciona como
juiz nos conflitos entre as crianças. O estudo constatou que as ações do educador
32
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
estavam impedindo que as crianças do ambiente autocrático evoluíssem no
entendimento interpessoal quando comparadas às crianças da classe cooperativa, em
que a educadora minimizava sua autoridade e compreendia os conflitos como
oportunidades para que as crianças construíssem formas mais apropriadas de se
relacionar mutuamente. O estudo da autora leva à conclusão de que o
comportamento submisso pode ser uma das conseqüências para a criança que convive
com figuras de autoridade que restringem às interações entre pares e que constroem
um ambiente coercitivo.
interpessoais fictícios com conteúdo de provocações, perda, frustração etc.. Em cada
circunstância de conflito apresentada o participante é convidado a relatar o que faria
se estivesse nessa situação. Assim como Leme (2004), além das três tendências citadas
de resolução de conflitos, encontramos nesta investigação respostas mistas de
assertividade e submissão, assertividade e agressividade e agressividade e submissão.
Também estávamos interessados em compreender os tipos de sentimento apontados
pelos participantes diante de conflitos com diferentes conteúdos. Em função do nosso
interesse em pesquisar o sentimento como um possível componente motivador da
ação do sujeito, acrescentamos logo após o relato de cada situação de conflito a
pergunta: o que você sentiria nessa situação.
Ao tratar de problemas e conflitos, Sastre e Moreno (2002) chamam a atenção para o
fato de que, mesmo que eles façam parte de situações naturais da vida, em todas as
etapas da nossa história, as gerações tiveram de solucionar problemas sem ter o
conhecimento claro de suas fontes. Tampouco dispondo de repertórios de atitudes
que possibilitassem sair dignamente de uma situação. Em outras palavras, os espaços
educacionais raramente incluem trabalhos concretos com os alunos com a finalidade
de ensinar a resolver conflitos de forma justa e pacífica. As autoras alertam para o fato
de que as atuais matérias curriculares ensinadas no ensino fundamental e médio
pouco ou nada contribuem para a resolução de conflitos interpessoais. Estudos
descritos por Sastre e Moreno (2002) evidenciam que em situações de conflito poucas
pessoas acreditam que a aprendizagem na escola tenha sido útil para ajudá-las na sua
resolução. Segundo Sastre e Moreno (2002), violações, suicídios, crimes e agressões
não têm comumente como causa a ignorância de matérias curriculares, mas estão
associados freqüentemente às incapacidades para resolver problemas interpessoais e
sociais de maneira inteligente.
O estudo4
Postas tais considerações, realizamos um estudo5 que teve entre seus objetivos
analisar o estilo de resolução de conflitos de adolescentes, estudantes de uma escola
pública. Intencionamos também comparar a expressão de sentimentos dos
participantes e as estratégias de solução de conflito indicadas por eles. Participaram da
investigação 84 adolescentes com idades entre 12 e 16 anos e nível socioeconômico
baixo.
Foi utilizado o questionário aberto derivado da escala Children’s Action Tendency Scale
(DELUTY, 1981). É um instrumento que avalia concomitantemente e
comparativamente três tipos de tendências de resolução de conflitos interpessoais:
agressivo, submisso e assertivo. A avaliação se dá por meio de descrição de conflitos
4
Os dados apresentados fazem parte da tese de doutorado intitulada “Condições de vida e estilos de
resolução de conflitos entre adolescentes” que foi orientada pela Dra Maria Isabel da Silva Leme e
apresentada em 2009 ao Programa de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano da
Universidade de São Paulo.
5
Este trabalho foi publicado em 2009 no Anais Eletrônicos do I Congresso de Pesquisas em Psicologia e
Educação Moral-Crise de Valores ou Valores em Crise com o título “Conflitos interpessoais entre
adolescentes”.
33
Os resultados relativos as respostas dos participantes deste estudo nas 10 situações de
conflito propostas pelo instrumento evidenciou que 39,29% do grupo de adolescentes
apresentaram respostas categorizadas como submissas, seguidos por 28,57% dos
participantes que indicaram respostas agressivas. Dos sujeitos que responderam ao
material, 19,05% não apresentaram predominância de respostas e apenas 5,95% dos
sujeitos tinham uma predominância de respostas assertivas. Os sujeitos com respostas
categorizadas como mistas formam a minoria, já que 4,76% dos adolescentes tiveram
respostas predominantemente submissa-agressiva e 2,38% respostas agressivaassertiva. Não houve participantes que tendessem predominantemente para a
categoria submissa-assertiva. Leme (2004), em seu estudo que utilizou o Questionário
CATS sem alternativas de solução de conflito, encontrou as tendências predominantes
na seguinte ordem: submissas, agressivas, mistas e assertivas.
Em outros termos, os estudos coincidem quanto às estratégias mais adotadas de
resolução de conflito: as submissas e as agressivas, sendo a forma assertiva a
estratégia menos utilizada entre as resoluções dos participantes. Uma análise
qualitativa das respostas dos participantes indicou que eles não reconhecem formas
alternativas de resolver o problema sem ser “calar” ou brigar”.Exemplos de respostas
comuns diante de um conflito que envolve ser empurrado para fora da fila da cantina
reforçam esta concepção: “nada... para não arrumar confusão” ou “xingava... porque
ele me empurrou da fila”. Compreendemos que falta oportunidade de construir
estratégia mais equilibradas de solução de conflitos e conseqüentemente, relações de
respeito mútuo.
Os resultados sobre a expressão de sentimentos não são mais promissores. Das 10
situações de conflitos fictícios apresentados aos adolescentes, em 7 destas
encontraram-se respostas que evidenciam a categoria 6 de sentimentos, que se refere
a não pronunciar-se sobre os sentimentos. Nas outras 3 situações de conflitos
propostas pelo instrumento, os participantes expressam predominantemente
sentimentos da categoria 2, que envolve sentimentos negativos e que normalmente
envolve pouco definido pelo participante do estudo, como mal, nada bem e ruim. Em
outros termos, o sujeito não se expressa sobre esse aspecto afetivo, mesmo se
questionado sobre tal dimensão, ou o expressa de forma pouco definida.
Em virtude de constatarmos na transcrição das respostas dos sujeitos que muitos não
se expressavam quanto aos sentimentos realizamos um estudo a fim de verificar se
essa condição estava associada às tendências de solução de conflito. Os resultados
34
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
relativos à expressão de sentimentos dos participantes e os estilos de resolução de
conflito mostram algumas associações que se repetem em várias situações de conflito.
No conflito 2, 7, 8, 9 e 10 as respostas agressivas estão significantemente mais
associadas (p<0,05) à não expressão de sentimentos quando comparadas às outras
estratégias de resolução dos conflitos. A dificuldade de coordenar os aspectos
cognitivos e afetivos certamente está relacionada à associação das estratégias
agressivas e ausência de expressão de sentimentos. Como exemplo destacamos
diversas respostas de participantes que foram categorizadas como resoluções de
conflito agressivas e não expressam sentimentos ou justificativa: “batia nele e iria
embora” (conflito 1), “eu xingava e se a pessoa ratiasse batia nela” (conflito 3), “faço
ele pagar outro” (conflito 4), “mando engolir o jogo e procuro algo melhor para fazer”
(conflito 6), “falava para ele que tomara que dê uma dor de barriga” (conflito 8),
“falava que ele é muito metido” (conflito 9) e “falava que perdi porque quis” (conflito
10). Este resultado endossa a concepção de outros teóricos que mostram que
conhecer os próprios investimentos afetivos é condição essencial para o autodomínio
(SASTRE; MORENO, 2002; TOGNETTA, 2003, LA TAILLE, 2006) e, conseqüentemente,
para uma solução equilibrada de conflitos interpessoais.
Tarefa nada fácil no cotidiano escolar considerando as diferenças formas de pensar e
agir das crianças e adolescentes e a infinidade de conflitos vivenciados por estes. Os
outros dois princípios citados por DeVries e Zan (1998) afirmam que o educador deve:
reconhecer que o conflito pertence à criança ou ao adolescente e acreditar na
capacidade destes para a solução dos seus conflitos. As autoras verificam que muitos
educadores assumem a resolução de conflitos dos alunos, e os privam da
oportunidade de buscar o autocontrole afetivo e a reflexão de soluções alternativas
para o desacordo entre si.
Possibilidades de ações diante dos conflitos na escola
Nosso contato com docentes de vários níveis de educação mostram que eles
reconhecem a dificuldade de suas crianças e adolescentes têm de resolver conflitos de
forma justa e equilibrada, contudo os professores carecem de conhecimento sobre
formas de ajudar os seus alunos. Muitas preferem adotar atitudes autoritárias
pensando que assim conseguem garantir relativamente a justiça e outros transferem o
problema para pais e coordenadores. Lastimar-se pela dificuldade que os pais têm de
colocar limites em seus filhos é um procedimento bastante comum. Ora, não estamos
afirmando que os pais não têm um papel importante na formação de seus filhos e que
os resultados de tendências submissas e agressivas encontrados em nossos e outros
estudos sejam responsabilidade apenas da escola. A visão interacionista que nos guia
propõe que a formação das pessoas se dá na interação entre o sujeito e o ambiente.
Isto significa que a escola não tem um papel determinante, mas como ambiente, tem
papel muito importante.
Destacamos ainda que qualquer ação do educador em uma situação de conflito
interpessoal transmite algum tipo de valor: moral ou não moral. Acrescido a este fato,
aquele educador que não tem qualquer ação em situações de conflito entre os
educandos, também transmite uma mensagem indireta sobre a própria concepção de
conflitos interpessoais e os valores que os norteiam. Dada esta condição consideramos
que nós educadores, que buscamos formar crianças e adolescentes equilibrados agora
e no futuro, só temos uma opção: buscar instrumentos para trabalhar com os conflitos
interpessoais no âmbito escolar, em virtude de nossa inegável responsabilidade para
com a formação social, moral e afetiva dos alunos, além da cognitiva.
DeVries e Zan (1998) afirmam que existem três princípios básicos para que o educador
conduza os conflitos na escola.. O primeiro deles é: seja calmo e controle suas reações.
35
Em outros momentos o educador verá que existe a necessidade de agir como
mediador nos conflitos entre os adolescentes. Diferentemente do negociador, que
entende um conflito como tendo um ganhador, o mediador é aquela pessoa que
entende que ambas as partes envolvidas no conflito têm as suas razões (VINYAMATA,
2005) e colabora para a que as pessoas troquem os significados de forma respeitosa, a
fim de encontrar uma solução satisfatória para ambos. As estratégias utilizadas pelo
mediador são: certificar-se de que as pessoas estão calmas antes que elas possam se
confrontar, espelhar os sentimentos dos envolvidos (especialmente quando estes têm
dificuldade de expressá-lo de forma adequada), incentivar os envolvidos a ouvirem a
outra parte e contra-argumentar sobre a expressão do outro, sempre mantendo ofoco
no problema. Ginott (1974) afirma que as palavras que descrevem a situação e o que
aconteceu, sem a emissão de julgamento sobre a personalidade das pessoas
colaboram para relacionamentos interpessoais mais harmônicos. Podemos dizer que a
linguagem descritiva inside sobre a “ação” e não sobre o “ser”.
Por outro lado, alguns educadores se queixam que este tipo de intervenção e
mediação exige tempo para que ele possa conduzi-los e que por mais esforço que
façam, muitos conflitos mereciam uma discussão mais aprofundada. Concordando
com estes educadores e estando certos de que as discussões mais aprofundadas sobre
aspectos que se referem a relacionamentos interpessoais são fundamentais à
formação de pessoas mais assertivas e autônomas, propomos que as escolas tenham
espaços destinados exclusivamente para este fim.
Sastre e Moreno (2002) são algumas das autoras pioneiras ao falar de um trabalho que
se destine à aprendizagem de resolução de conflitos e a emocional. As autoras
afirmam que realizar exercícios com grupos de crianças e jovens não significa passar
fórmulas para resolver conflitos. A proposta das autoras é que ao apresentar exercícios
que suscitem a discussão de conflitos interpessoais para pessoas daquela faixa etária,
os educadores favorecem o reconhecimento e expressão de sentimentos, a reflexão
dos direitos e deveres , além da discussão sobre as possíveis soluções e suas
implicações imediatas e em longo prazo.
Inspiradas nestas e outras obras, com o foco na adolescência, propomos atividades
programas para o trabalho com conflitos interpessoais na escola e para o
favorecimento do estilo assertivo de resolução de conflitos interpessoais e a
construção da autonomia moral (VICENTIN, 2009).
Diversos outros trabalhos que destinam a colaborar para a formação pessoal e
interpessoal destes alunos como o trabalho com os sentimentos (TOGNETTA 2003), as
Narrativas Morais (BOUCHARD 2000) e as assembleias escolares (PUIG et al 2000,
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
ARAÚJO 2004; TOGNETTA e VINHA 2007). Assim como estes autores acreditamos que
estas propostas propiciam as crianças e adolescentes um rico exercício cognitivo,
afetivo e moral.
_______(2005). “Violência na escola:os sinais de bullying e o olhar necessário aos
sentimentos”, in:PONTES, A. e LIMA, V.L.Construindo saberes em educação. Porto
Alegre: Zouk.
Acreditamos, ainda, que o ambiente escolar seja um meio de construção e
reconstrução social. Em nossa concepção, é preciso que as escolas e seus profissionais
reconheçam seu papel formador e transformador de realidades pouco satisfatórias.
Tarefa nada fácil diante do nosso panorama sócio-econômico e os valores emergentes
em nossa sociedade. Entretanto não vislumbramos caminho mais propício.
TOGNETTA, L.R.P. e VINHA, T. Quando a escola é democrática: um olhar sobre as
regras e assembleias na escola. Campinas, S.P., Mercado de Letras, 2007.
VICENTIN, V.F. (2009). E quando chega a adolescência...uma reflexão sobre o papel do
educador na resolução de conflitos entre adolescentes. Campinas, SP: Mercado de
Letras.
VINHA, T. P. Os conflitos interpessoais na relação educativa. 2003. Tese de doutorado.
Faculdade de Educação. Unicamp, Campinas, 2003.
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Paulo.
TOGNETTA, L.P. (2003). A construção da solidariedade e a educação dos sentimentos
na escola. Coleção Educação e Psicologia em Debate. São Paulo: Mercado de letras.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Desde 1999 a Instituição já atendeu cerca de 5.000 crianças, adolescentes e jovens.
Organizações Civis pela Mudança Social
Angela Bernardes6
Vulnerabilidade Social
Fundação Gol de Letra
A Fundação Gol de Letra é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos,
instituída em 1998 pelos ex-jogadores de futebol Raí de Oliveira e Leonardo
Nascimento de Araújo. Sua atuação para Educação Integral busca explorar outros
espaços de aprendizagem para cerca de 1.200 crianças, adolescentes e jovens, prestar
assistência às famílias, fortalecer a comunidade e atuar em rede em São Paulo Comunidade da Vila Albertina e Rio de Janeiro – Comunidade do Caju.
Reconhecida pela UNESCO como modelo mundial no apoio a crianças em situação de
vulnerabilidade social, a Instituição tem como missão “contribuir para a formação
educacional e cultural de crianças e jovens para que possam atuar com autonomia na
transformação de suas realidades”.
Proposta Pedagógica e Social
A proposta pedagógica da Fundação Gol de Letra fundamenta-se na proteção integral
da criança e do adolescente (prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA),
com foco no direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer. A proposta de
Educação Integral utilizada nos Programas da Fundação Gol de Letra é amparada pela
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB).
Segundo dados do Observatório de Políticas Sociais da Coordenadoria de Assistência
Social – Norte, em São Paulo, a Vila Albertina faz parte de um dos 14 setores do
Distrito do Tremembé com IPVS - Índice Paulista de Vulnerabilidade Social da
Fundação SEADE – igual a 6, ou seja, apresenta vulnerabilidade muito alta. São
características desses setores um dos dois piores grupos em termos de dimensão
socioeconômica (baixa), grande concentração de famílias jovens, uma combinação de
chefes jovens com baixos níveis de renda e de escolaridade e presença significativa de
crianças pequenas, sendo este o grupo de maior vulnerabilidade à pobreza. As famílias
com maior vulnerabilidade neste Distrito são aquelas mais jovens, com maior número
de crianças e adolescentes, totalizando, nos setores censitários com IPVS 6, 11.220
pessoas, segundo o Censo IBGE 2000.
Desde sua implantação no bairro, a Fundação Gol de Letra procura estabelecer um
vínculo de confiança com seus moradores e instituições, para conhecer as
necessidades, capacidades e potencialidades da comunidade. O objetivo é empoderar
os moradores da comunidade para que eles possam reverter suas condições de vida e
transformar dificuldades em oportunidades.
O Trabalho das Organizações Civis
As regiões socialmente vulneráveis apresentam fragilidades e estão desprovidas de
rede social, exigindo uma articulação entre poder público, iniciativa privada e
sociedade civil.
A proposta de ação social da Instituição tem como referência a Política Nacional de
Assistência Social, a Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), o Programa Nacional de
Assistência Social (PNAS) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), com foco na
família e em ações com o objetivo de desenvolver contextos de proteção social,
familiar, escolar e comunitária.
O processo de desarticulação das redes públicas de educação e assistência social
evidencia a necessidade de um trabalho de mobilização em rede de parcerias da
sociedade civil como um todo. Mais do que isso requer intervenções diretas no
sentido de fortalecer a centralidade do poder público no processo educacional e social,
e nunca na tentativa de substituí-lo.
Princípios Educacionais
Por isso, os Programas da Fundação Gol de Letra desenvolvem sempre uma atuação
com as famílias, as escolas, parceiros locais e comunidade, incentivando o
desenvolvimento de habilidades e competências individuais e coletivas.
I - Aprender – Ampliação do repertório cultural e educacional
II - Conviver – Desenvolvimento de valores e regras de convivência
III - Multiplicar – Formação de multiplicadores de conhecimentos e atitudes
6
Psicóloga, com especialização em psicodrama e sociodrama educação / teatro espontâneo, ex-atleta
profissional de voleibol, coordenadora do programa Jogo Aberto, da Fundação Gol de Letra e membro
do conselho representante da Rede Esporte Pela Mudança Social – REMS, também pela Fundação.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimento de natureza física,
intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir
sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas.
Educação Especial: Inclusão de alunos com deficiência
Mateus Betanho Campana
O Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) de 2000 trás a
seguinte tabela:
Na Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde da
Organização Mundial da Saúde Conceitos, Usos e Perspectivas (CIF), promulgada na
cidade de Lisboa/Portugal em 2004, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu
que:
Tabela 1: Dados das Deficiências no Brasil
A deficiência é “um problema nas funções ou na estrutura do corpo, tais como, um
desvio importante ou uma perda”:
As deficiências de estrutura podem consistir numa anormalidade, defeito, perda ou
outro desvio importante relativamente a um padrão das estruturas do corpo;
As deficiências podem ser temporárias ou permanentes; progressivas, regressivas ou
estáveis; intermitentes ou contínuas;
O desvio em relação ao modelo baseado na população, e geralmente aceito como
normal, pode ser leve ou grave e pode variar ao longo do tempo;
As deficiências não têm uma relação causal com a etiologia ou com a forma como se
desenvolveram. Por exemplo, a perda da visão ou de um membro pode resultar de
uma anormalidade genética ou de uma lesão. A presença de uma deficiência implica
necessariamente uma causa, no entanto a causa pode não ser suficiente para explicar
a deficiência resultante;
As deficiências podem ser parte ou uma expressão de uma condição de saúde, mas
não indicam, necessariamente, a presença de uma doença ou que o indivíduo deva ser
considerado doente;
As deficiências podem originar outras deficiências, por exemplo, a diminuição da força
muscular pode prejudicar as funções do movimento.
Fonte: IBGE, 2000.
Nos últimos anos a expressão “pessoa portadora de deficiência” (que trás uma
conotação de que a deficiência poderia ser deixada de lado) começou a ser trocada
pela expressão “pessoa com deficiência” e a própria Secretaria dos Direitos das
Pessoas com Deficiência do Estado de São Paulo e o Governo Federal utilizam em seus
documentos a expressão pessoa com deficiência.
Tipo de Deficiências segundo os Decretos 3.298/99 e 5.296/04
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, promulgada em março de
2007 na cidade de Nova York/EUA, que foi incorporada a legislação brasileira através
do Decreto 6.949/09, definiu em seu Artigo 1º que:
Deficiência Física – alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo
humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a
forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia,
triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de
membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou
adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para
o desempenho de funções.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Deficiência Intelectual – funcionamento intelectual significativamente inferior à média,
com manifestação antes dos 18 (dezoito) anos e limitações associadas a duas ou mais
áreas de habilidades adaptativas, tais como:
Pré-natais – Causas genéticas, infecções (como a rubéola), o contato com a radiação
durante a gestação, o alcoolismo e o uso de drogas na gestação, a desnutrição (quando
ocorre na gestação) e a mielomeningocele entre outras;
Perinatais – Uso indevido do fórceps, prematuridade e infecção hospitalar;
Pós-natais – Paralisia infantil, doenças degenerativas, doenças autoimunes, acidente
vascular encefálico (AVE), amputações decorrentes de diabetes, hanseníase e câncer,
acidentes domésticos, acidentes de trânsito, acidentes de trabalho, violência
doméstica e violência urbana (lesões causadas por armas de fogo e faca entre outras).
a) comunicação;
b) cuidado pessoal;
c) habilidades sociais;
d) utilização da comunidade;
e) utilização dos recursos da comunidade;
Deficiência Intelectual
f) saúde e segurança;
g) habilidades acadêmicas;
No caso das deficiências intelectuais, o trabalho de Momino, Sanseverino e Schüler–
Faccini (2008) demonstra que o alcoolismo durante a gestação é um grande fator de
risco para o surgimento de algum tipo dessa deficiência.
h) lazer;
i) trabalho.
Para Martins (2005) e Sousa (2009) as causas das deficiências intelectuais podem ser:
Deficiência Auditiva – perda bilateral, parcial ou total, de 41dB (quarenta e um
decibéis) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz
e 3.000Hz.
Deficiência Visual – cegueira, na qual a acuidade visual seja igual ou menor do que 0,05
no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade
visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos
quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor
do que 60º; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores.
Deficiência Múltipla – associação de duas ou mais deficiências.
Pré-natais – Descontrole diabético, má nutrição intra-utetina, prolápso do cordão
umbilical, desordem genética e baixo peso ao nascer;
Neonatais – Sofrimento fetal prolongado por anóxia, asfixia e aplicação inadequada do
fórceps;
Pós-natais – Encefalite induzida pela bilirrubina, traumatismos encefálicos e infecções
virais comoa meningite;
Sociais – um ambiente pobre de estímulos pode prejudicar a formação intelectual da
pessoa na infância;
Etiologia das Deficiências
Deficiência Auditiva
Deficiência Física
As deficiências auditivas podem ser congênitas ou adquiridas e suas principais causas
são (SECRETARIA DE SAÍDE DO PARANÁ; LIMA, SALLES, BARRETO, 2000; ARAUJO et al.,
2002):
Segundo os achados do Governo do Estado do Paraná, as principais causas das
deficiências físicas podem ser divididas em pré-natais, perinatias e pós-natais, sendo:
Pré-natais – Desordens genéticas ou hereditárias; incompatibilidade do Fator Rh;
doenças como a rubéola, sífilis, herpes e toxoplasmose; o uso de drogas e o alcoolismo
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
na gestação, a desnutrição, subnutrição e as carências alimentares; a hipertensão
arterial, a diabetes e a exposição à radiação.
Circuito Loterias Caixa Brasil Paraolímpico, a inclusão de modalidades paraolímpicas
nos Jogos Regionais e Abertos, entre outras.
Peri-natais – Prematuridade; posmaturidade; anóxia e hipóxina no parto; uso indevido
do fórceps e as infecções hospitalares.
Pós-natais – Infecções como a meningite e o sarampo; o uso de medicamentos
ototoxicos, a sífilis adquirida; os traumatismos cranianos e a exposição contínua a
ruídos ou sons muito altos.
Deficiência Visual
As principais causas das deficiências visuais, encontradas pela Secretaria Estadual de
Saúde do Paraná e nos trabalhos de Brito e Veitzman (2000) e Castro et al. (2008) são:
Pré-natais – Fatores genéticos, síndromes, malformações, glaucoma e catarata
congênitos e infecções como a toxoplasmose, a rubéola e a sífilis;
Noenatais – Fibroplasia Retiniana em prematuros devido ao excesso de O2 nas
incubadoras (Obs.: com a diminuição do O2 nas incubadoras, houve uma diminuição
dos casos de Fibroplasia Retiniana e um aumento dos casos de Paralisia Cerebral e de
deficiências intelectuais);
Pós-natais – Traumas oculares e doenças degenerativas como a degradação da mácula,
o glaucoma, a catarata, as alterações da retina devido à hipertensão arterial, o
diabetes e a atrofia do nervo óptico entre outras.
No caso específico dos esportes Paraolímpicos, o Brasil vem demonstrado uma grande
evolução. Nas Paraolimpíadas de Sydney 2000, o Brasil obteve a 24ª colocação geral;
em Atenas 2004, o Brasil foi o 14º colocado no quadro de medalhas e nos Jogos
Paraolímpicos de Pequim 2008 o país teve sua melhor colocação geral, obtendo o 9º
lugar, com um total de 47 medalhas, sendo 16 medalhas de ouro, 14 de prata e 17 de
bronze (IPC, 2010).
Para se ter uma ideia, nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000, o Brasil obteve a 53º
colocação geral com 12 medalhas (6 de prata e 6 de bronze); em Atenas 2000 o país foi
o 16º colocado com 10 medalhas (5 de ouro, 2 de prata e 3 de bronze) e em Pequim
2008 o Brasil obteve a 23ª colocação com 15 medalhas (3 de ouro, 4 de prata e 8 de
bronze) (COB, 2010).
As modalidades paraolímpicas são: basquete em cadeira de rodas, bocha, ciclismo,
esgrima, futebol de 5, futebol de 7, goalball, halterofilismo, hipismo, judô, natação,
remo, rúgbi em cadeira de rodas, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, tiro, tiro
com arco, vela e vôlei sentado. Dentre as modalidades paraolímpicas, o Brasil se
destaca no futebol de 5 (bicampeões paraolímpicos), bocha, judô (Tenório tetra
campeão paraolímpico) e natação (Daniel Dias, André Brasil e Clodoaldo).
No caso específico do esporte como meio de inclusão, podemos falar de nossas
vivências com o Rúgbi em Cadeira de Rodas (RCR) e com o Futebol de 5 (Fut. 5). Além
dessas duas modalidades paraolímpicas, falaremos também do Handebol em Cadeira
de Rodas (HCR), uma modalidade nova que está se expandindo pelo mundo e que em
um futuro próximo deve figurar entre as modalidades paraolímpicas.
Com o RCR pudemos viajar para competições no país e também no exterior e vivenciar
de perto as dificuldades, as alegrias e as tristezas que cercam os praticantes dessa
modalidade. Com o Fut. 5 pudemos conviver com os atletas durante algumas
avaliações físicas realizadas pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Atividade Motora
Adaptada (GEPAMA) da Faculdade de Educação Física (FEF) da UNICAMP. No caso do
HCR, tivemos um contato muito forte no início da modalidade na FEF por fazermos
parte como os primeiros treinadores da modalidade.
Nos últimos anos, com a política de inclusão, várias medidas foram tomadas, como por
exemplo as reservas de vagas de emprego em empresas e em concursos públicos para
as pessoas com deficiência. Nesse cenário o esporte vem desempenhando um papel
importante para que a inclusão de pessoas com necessidades especiais, entre elas as
pessoas com deficiência e os idosos.
O RCR é praticado por pessoas com tetraplegia ou com algum quadro equivalente a
tetraplegia, como amputações múltiplas. Essas pessoas têm limitações maiores do que
as que praticam o Fut. 5 (deficientes visuais) e o HCR (paraplégicos, amputados e
quadros equivalentes). Mas não é por isso que a alegria de conviver deixa de existir. É
inclusive nessa convivência com outras pessoas em condições parecidas que ocorre o
crescimento pessoal, com a troca de dicas e de experiências entre eles. E é durante
essa convivência que pudemos ter uma noção parcial do que é ser um atleta
paraolímpico porque para saber realmente como é ser um atleta paraolímpico,
teríamos que estar nas mesmas condições.
Podemos destacar os programas esportivos para a Terceira Idade promovidos por
entidades como o SESC e os programas esportivos para pessoas com deficiência
promovidos pelos Governos Federal, Estadual e Municipais, como por exemplo o
Durante nossa convivência com esses atletas pudemos acompanhar e vivenciar
algumas de suas dificuldades no dia-a-dia e aprender como podemos ajudá-los para
tornar as diferenças menores. Pudemos também acompanhar de perto todo o esforço
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O Esporte como Meio de Inclusão
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
e dedicação aos esportes (que é predominantemente amador) e a dedicação das
pessoas da comissão técnica.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Reflexões e Práticas
Platéia composta por diretores, supervisores, coordenadores pedagógicos e do ensino médio,
professores e colaboradores do Centro Paula Souza no primeiro dia de atividades do simpósio.
Trabalhos dos profissionais do
Centro Paula Souza
Práticas Pedagógicas para o desenvolvimento de
competências
Apresentação do Prof. Luis Carlos Menezes
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Projeto Competências em Ação
Maria Ângela Teoro7 e Lilian Pereira Baraviera
Escola Técnica Estadual Profª Helcy Moreira Martins Aguiar - Cafelândia
Palavras-Chave: Planejamento, Execução e Controle de Ações/ Aprendizagem
Significativa/ Projetos de Trabalho
Nos anos letivos de 2007 e 2008 a Equipe de Gestão Escolar da Escola técnica
Professora Helcy Moreira Martins Aguiar organizou e aplicou junto aos docentes,
estudos e capacitações sobre várias técnicas e metodologias de ensino, explorando
algumas estratégias pedagógicas e entre elas, a Organização dos Currículos por
Projetos de Trabalho. Estes estudos levaram à constatação que os conteúdos
desenvolvidos em forma de projetos permitem a construção de competências e o
desenvolvimento de habilidades, ensejando também a vivência de valores, em especial
da autonomia na tomada de decisões e do trabalho em equipe, percebendo-se, nesta
prática, a possibilidade de formação dos professores no próprio trabalho, incentivando
a pesquisa e a busca constante por novos conhecimentos a fim de mediar o
aprendizado dos alunos, orientando-se para orientá-los. Desta constatação nasceu o
Projeto Competências em Ação, com o objetivo geral de estimular por meio de ações
centradas na metodologia de projetos, processos de Ensino-aprendizagem capazes de
transpor os limites da atuação em sala de aula, explorando o ensino contextualizado e
envolvendo toda a Equipe Escolar neste esforço, e objetivo específico de sistematizar
procedimentos para a organização de práticas educativas a serem realizadas com
ênfase em três fases: PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E CONTROLE de ações. No segundo
semestre de 2008 realizou-se a primeira experiência prática que teve seus
procedimentos sistematizados e possíveis de ser evidenciados através de registros e
documentação, denominado Projeto Piloto e que tornou-se modelo para os demais
trabalhos que foram realizados a partir de então. Alguns resultados já foram obtidos
com a implantação do Projeto Competências em Ação: No ano letivo de 2009, foram
organizadas 33 (trinta e três) ações neste formato, cujos resultados foram
surpreendentes em matéria de aprendizado tanto para os alunos como para os
professores envolvidos, podendo ser observado, além do desenvolvimento de
competências técnicas outras, de ordem pessoal como: autonomia, capacidade de
auto-avaliação, capacidade de planejamento, determinação, racionalização,
cooperação, empatia, integração, liderança, diálogo, objetividade na argumentação,
participação, receptividade, capacidade de pesquisa, capacidade de solução de
problemas, capacidade de transferência, expressão oral e escrita, leitura e
interpretação de texto, consciência de qualidade, disciplina, envolvimento, iniciativa,
julgamento, atenção, capacidade de concentração, flexibilidade, perseverança,
Gestão Escolar
7
51
[email protected]
52
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
prontidão para ouvir, entre outros. Não se pode dizer que este é o resultado final do
Projeto, pois o mesmo deve se prolongar até 2013, quando se pretende que estas
ações já estejam incorporadas às práticas docentes da Unidade, evoluindo para
trabalhos interdisciplinares e para outros, objetivando atingir a comunidade escolar,
agindo em função do entorno Escolar.
Produção de Mídias Audiovisuais como apoio as aulas
Prof. Alzira de Barros/ Prof. Carlos Eduardo da Silva/ Prof. Samia Mansur Silva
ETEC Doutor Demétrio Azevedo Júnior
O presente estudo tem a pretensão de examinar as mudanças que a educação
formal vem sofrendo com o advento das transformações tecnológicas e por
conseqüência a incorporação de novas práticas no processo ensino-aprendizagem,
devido a introdução de tecnologias em sala de aula. Numa época em que as reflexões
pós-modernas trazem à tona o questionamento dos limites e das certezas universais o
conceito ambíguo de modernização pode ser observado em grau de evolução por meio
dos procedimentos didáticos aplicados ao ensino. A educação vem produzindo novas
formas de repassar o saber criando assim uma identidade vinculada à tecnologia. A
mídia cria um novo discurso sobre as práticas pedagógicas, já que não fala apenas
sobre educação, mas também assume uma postura educativa que regula e ao mesmo
tempo desperta o modo das pessoas pensarem e agirem dentro e fora da escola. A
produção de material de apoio aos estudos trouxe à tona a necessidade de
digitalização deste, aliando o currículo à prática pedagógica pró-ativa a partir da
humanização de mídias educacionais e implantação ao acervo atual da Biblioteca.
Trata-se de um estudo setorial agregador para a comunidade acadêmica de recursos
para o uso em práticas diversas destacando linguagens de comunicação mais
adequadas aos processos de ensino-aprendizagem, bem como incorporando à grade a
tecnologia como currículo básico. Não obstante, afirma na instituição seu caráter
técnico que se desenvolve em estratégias que por etapas enfoca a seleção, autoria e
desenvolvimento técnico/formador de leitores críticos nas diferentes mídias. Estudos
recentes sobre como o processo de inovação tecnológica incidiu sobre relações de
emprego e mercado de trabalho mostra como os estudantes que tiveram na sua
formação a tecnologia são aproveitados de forma positiva. Dentro dessa perspectiva
de análise, este trabalho prima pelo ensino prático, por levar oportunidades a
diferentes classes sociais. Constata-se um sólido movimento nas instituições de ensino
que promovem atualmente a humanização dos conteúdos por meio de blogs, criação
de sites, bibliotecas virtuais e portais, sempre utilizando como referência as propostas
apresentadas no Decreto 2494, de 10 de fevereiro de 1998, que regulamenta aspectos
da LDB relativas a educação a distância e uso de novas ferramentas aliadas ao
currículo. Com os resultados já alcançados, a ETEC Doutor Demétrio Azevedo Junior
aproveita da era digital e caminha junto com as atuais políticas promovendo uma
solução econômica e humana para o acesso a obras e conteúdos antes prejudicado
pelo fator financeiro. Em parceria com editoras que disponibilizam em formato digital
suas publicações em diferentes ramos, consultamos suas obras em formato digital,
passamos aos estudantes os links dos centros de pesquisa e disponibilizamos o acesso
rápido, econômico e seguro em nossos laboratórios de informática. Após averiguarmos
por meio de avaliação diagnóstica o crescente consumo de informação digital pelos
estudantes desta unidade, levamos a proposta para os mesmos de apresentarem suas
atividades no formato digital, já que a comunidade necessita de mídias portáteis
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
seguras para serem utilizadas como complemento às suas atividades acadêmicas. O
trabalho proporcionou aos estudantes um olhar humano para as diferenças, além de
uma vivência escolar ativa dinamizadora do ambiente escolar, despertando por meio
do propósito pedagógico um desenvolvimento direcionado, necessário e
transformador do espaço da ETEC Doutor Demétrio Azevedo Junior, com maior
interação com o mundo da informação de forma crítica e ativa. Estas mudanças vieram
de encontro com a nova fase que a educação brasileira passou nos últimos anos. Fase
esta que contribui com o maior acesso das classes sociais diversas a um currículo de
qualidade e atualizado. A produção, catalogação e disponibilização de conteúdos
digitais em mídias vêm atendendo estudantes que necessitam de informação técnica
possibilitando o direcionamento das atividades extraclasse por parte do corpo
docente. A partir de ações aparentemente isoladas, com características próprias, mas
sinergéticas constituiremos não só uma midiateca, mas um espaço que no contexto
escolar reunirá experiências de todos. O trabalho apresentado ampliou e fixou os
conteúdos ministrados em sala de aula onde os estudantes desenvolveram suas
produções, antes restritas a linguagem escrita, trazendo diferentes tecnologias.
Inicialmente as produções foram socializadas em nossa comunidade escolar e,
posteriormente estaremos ampliando para outras comunidades escolares de nosso
município, por conta da credibilidade de nossa instituição e da criatividade de nossos
estudantes.
Unitermos: Modernização, Currículo, Didática, Interação, Comunidade.
Um modelo de gestão democrático -participativa: estudo de caso
sobre a Etec Pedro D’Arcádia Neto – Centro Paula Souza.
Elizabeth Correia Soares Sasso8
ETEC Pedro D’Arcádia Neto
Palavras-chave: Gestão democrático-participativa. Instituições auxiliares. Indicadores
de Avaliação. Papel do diretor. Planejamento.
Evidenciar que o modelo de gestão democrático-participativo é uma realidade dentro
de uma instituição escolar foi a tônica deste trabalho. Buscamos, a partir desse
pressuposto, mostrar que o gestor, dentro deste modelo de gestão, trabalha em
equipe como mediador das práticas possibilitando, dessa forma, que todos os atores
que a compõe sejam comprometidos com o projeto político-pedagógico da instituição
e com a excelência na qualidade de ensino, missão essa da escola aqui analisada. A
utilização de indicadores oficiais (SAI – Sistema de Avaliação Institucional -,
Observatório Escolar e ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio) no Planejamento
Escolar, pelo gestor e sua equipe, torna evidente que um planejamento fundamentado
em resultados claros e precisos possibilita a organização de ações de cunho gerencial e
pedagógico, pois, esses indicadores são importantes para o planejamento e gestão dos
conflitos decorrentes, bem como de ações específicas de cada professor na sua prática
docente. Outro ponto que ressaltamos nesse trabalho foi a participação da
comunidade escolar e as instituições auxiliares (Conselho Gestor, Grêmio,
Representantes de sala, Conselho de Escola, APM – Associação de Pais e Mestres) nas
ações da escola aqui analisada como decorrência da forma de gestão democráticoparticipativa. Nesse sentido, fizemos um estudo de caso de uma escola pública, aqui
denominada ETEC Pedro D’Arcádia Neto, unidade do Centro Paula Souza, que tem se
destacado nesse modelo de gestão. É uma escola pública que vem se destacando pelo
trabalho realizado, comprovado pelos indicadores de avaliação, pela colocação de
seus alunos no mercado de trabalho e pelo considerado número de alunos
ingressantes em universidades públicas e particulares respeitáveis. É uma instituição
respeitada e valorizada na comunidade local e regional, pelas suas ações realizadas,
pela missão cumprida e pelos resultados apresentados. Sendo assim, apresentamos,
de forma breve, as características que embasam os conceitos e as idéias de gestão
democrática, de instituições auxiliares, de indicadores utilizados somados a
observação da realidade escolar vivenciada pela autora. Finalizando, entendemos que
mudar comportamento e valores demanda tempo, empenho e envolvimento da
equipe e que sendo a escola um “espaço social marcado pela manifestação de práticas
contraditórias que apontam para a luta e/ou acomodação de todos os envolvidos na
organização do trabalho pedagógico” (VEIGA, 1998), esta instituição deve ser a
vanguarda dessas transformações pois é aqui que se pretende sujeitos críticos, éticos,
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
políticos na sua formação profissional e humanística. No entanto, devemos deixar
registrado que na instituição aqui analisada há, também, ações que devem ser
pensadas e repensadas para que a mesma continue no caminho do aprimoramento da
qualidade do ensino e da gestão democrático-participativa. Daí as ações estratégicas
que caracterizam o papel do gestor no sentido de sensibilizar seus atores no
envolvimento e realização das práticas educacionais.
“Estágios para alunos de ensino médio: análise da relação entre
uma escola pública e uma ONG na cidade de São Paulo”
Moisés Carlos Ferreira9∗
ETEC Guaracy Silveira – São Paulo – SP.
Palavras Chaves: Ensino Médio, Estágios Curriculares, Relação escola pública - ONG
A pesquisa aqui relatada investiga a relação entre uma ETEC (Escola Técnica Estadual)
de São Paulo e uma ONG (Organização Não governamental) no que se refere ao
encaminhamento de alunos do Ensino Médio para estagiar no mercado de trabalho. O
ponto inicial de tal pesquisa remete à LDBEN 9394/96 e ao Parecer CNE/CEB (Conselho
Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica) n. 15/98, que enfatizam a
preparação ao mundo do trabalho para a educação de nível médio e ao Parecer
CNE/CEB n. 35/2003, que regulamentou a realização de estágios para alunos
vinculados ao Ensino Médio. Em face desta demanda específica para o ensino médio –
a de preparar para o mundo do trabalho – desenvolve-se, no interior das instituições
escolares desse nível de ensino, o uso de um repertório empresarial, bem como
observa-se a criação de um novo paradigma para se referir à educação escolar, com a
mesma carga do discurso empresarial pouco crítico em relação à crise do desemprego
que abala o mundo contemporâneo. Ou seja, o convênio em tela apresenta-se como
porta voz desse novo paradigma educacional, o empresarial. A pesquisa consiste em
um estudo analítico-descritivo da visão de alunos do Ensino Médio sobre a oferta e
possibilidade de estágios, no âmbito do convênio ETE-ONG. Foi realizada entre os anos
de 2006/2007, por meio de: aplicação de questionários a 15 (quinze) alunos do Ensino
Médio que se utilizam do expediente estágio e das observações de Oficinas de
Capacitação que “formam” os estagiários, organizadas pela ONG. Fornecem referencial
de análise para a pesquisa, autores como: Ferretti, Kuenzer, Lopes e Zibas, que fazem
critica a este modelo educacional. A pesquisa permite inferir que esta modalidade de
estágio representa certa flexibilização da CLT (Consolidação das leis do Trabalho), ao
mesmo tempo em que leva os alunos envolvidos a se utilizarem desta possibilidade,
não para desenvolverem habilidades curriculares, conforme designam os documentos
legais, mas para inserção, ainda que precária, no mercado de trabalho, como podemos
notar pelas respostas abaixo, decorrentes das perguntas que guiaram esta pesquisa:-
9 [email protected]
∗ Graduado em História pelas Faculdades Salesianas de Lins – Sp, professor de História junto a ETEC
Guaracy Silveira, na cidade de São Paulo e Mestre em Educação pelo Programa de Estudos PósGraduados em Educação: História, Política e Sociedade da PUC-SP, com a dissertação apresentada em
defesa pública em Agosto de 2007.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
1- As atividades da ONG em questão, ao fornecer todo um aparato de cursos para os
alunos, que se traduz na aplicação das oficinas de capacitação, propondo-se a
transmitir inúmeras maneiras deste aluno se adaptar ao mercado de trabalho,
transmitem, assim, a possibilidade da “empregabilidade” de que o aluno deve munirse, sob diversas formas, para se ajustar ao mercado e suas exigências. Essa
constatação responde à primeira das quatro perguntas que nortearam esta pesquisa,
qual seja: “Quais são as expectativas e exigências desta ONG em relação aos
estudantes de Ensino Médio da escola pública, ao realizar essas ações – (oficinas de
capacitação para estudantes) ?”.
2- “Como a ONG articula as necessidades dos alunos às exigências das empresas?”,
pode-se verificar como possível resposta a necessidade dos alunos ingressarem no
mercado de trabalho, já utilizando-se da fase escolar em que estão inseridos. Isso é
possível verificar, uma vez que se pode constatar que os alunos se candidatam às
vagas como estagiários e que, para isso, um dos caminhos a seguir é realizar tais
cursos, na tentativa de melhor preparar-se para o mercado, atendendo suas
expectativas de passar da condição de estagiários para a condição de trabalhadores.
3 – “Como o relacionamento entre escola e ONG colabora com a transformação da
imagem da escola pública junto aos alunos?” – os resultados aqui apresentados
permitiram constatar que os alunos vêem a escola também como uma “porta de
acesso ao mercado de trabalho” e não apenas como possibilidade de formação. Sobre
este aspecto, no entanto, observa-se a necessidade de novas investigações.
4 - “Como a escola em questão organiza e administra seu departamento de estágios?”.
Contudo, foi constatado que a instituição escolar possui pouca autonomia para a
realização e aplicabilidade deste expediente de acordo com os marcos legais,
principalmente no que diz respeito ao estágio curricular como complemento às
atividades pedagógicas. Deve-se a isto a inexistência de uma jornada de trabalho fixa
para o profissional responsável pela coordenação desses estágios. Constatou-se, por
exemplo, que seus vencimentos relacionam-se ao número de alunos encaminhados
para o estágio, isto é, esse profissional recebe “por produção”. Esse fato denota ainda
que o poder público estimula uma espécie de “terceirização” dessa atividade,
transferindo para os agentes de integração as funções que deveriam ser da escola,
quais sejam: fiscalizar e orientar devidamente os alunos na realização da atividade de
estágio. Sendo assim, nota-se que, para a instituição escolar, o estágio curricular fica
em segundo plano, uma vez que o departamento de estágio revela dificuldades em
articular o currículo com a demanda de estágios.
Práticas Interdisciplinares
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Projeto: Conhecer a cidade para exercer a cidadania
Wanir Pereira da Silva Betanho10
ETEC Rubens de Faria e Souza-Sorocaba- SP
Palavras-chave: Cidadania, tecnologias da informação e comunicação, interação
Com a tecnologia, o homem melhorou suas condições de vida, alcançou conforto,
facilidades... Mas esses bens estão igualmente distribuídos? Quais são os critérios de
distribuição? Qual é a atuação do poder público nessa distribuição? Como o cidadão
pode intervir para que essa distribuição atenda prioridades, seja justa e transparente?
Estando às vésperas de importantes eleições, é necessário refletir sobre a importância
de participar conscientemente da construção de um país melhor. Os jovens precisam
de subsídios da educação para entender, analisar, perceber os implícitos dos discursos
políticos, escolhendo pessoas, examinando prioridades, programas... Essa meta só é
possível educando o olhar, contribuindo para a formação do cidadão! Materializar tal
objetivo é a questão! Ora, cidadão é quem participa da vida da cidade, se envolve,
intervém... Portanto, nada melhor que a observação da organização social mais
próxima: a cidade, o bairro. Como na disciplina-projeto de SIC (Serviços de Informação
e Comunicação) é desenvolvida a aprendizagem das técnicas de textos jornalísticos
(notícia, entrevista, reportagem, resenha, editorial) e sua formatação (com uso do
word, excel, power point), nasceu este projeto, com o propósito de direcionar o olhar
dos jovens para a organização da vida na cidade, pondo em prática as técnicas da
entrevista e da reportagem. Para isso, a proposta é seguir etapas preparatórias: a)
Pesquisar e aprender sobre as quatro áreas prioritárias para viver com dignidade:
educação, saúde, segurança, infraestrutura. Nessa fase, é importante o uso das TICs
(Tecnologias da Informação e Comunicação). b) Observar os bairros da cidade, para
quantificar e qualificar o atendimento nessas áreas. Para a etapa a), serão realizadas
pesquisas nas diversas mídias, resumos e debates para entender, discutir as idéias e
assimilá-las (trabalho individual e em grupo). Posteriormente, os alunos (grupos de
três) usarão a técnica da entrevista, entrando em contato com especialistas dessas
áreas, para obterem mais conhecimentos, aumentando sua vivência da cidade.
Deverão atender a requisitos de formatação na elaboração da entrevista:
diagramação, foto com legenda e crédito, olho, título, subtítulo, edição de texto, três
páginas. Finalizando, apresentarão os resultados para a(s) classe(s), usando a técnica
da apresentação oral com recurso audiovisual (power point), compartilhando
conhecimentos e desenvolvendo a competência da expressão oral. Na etapa b), serão
realizadas reportagens sobre os bairros da cidade, observando os pontos fortes e
fracos de cada um, em relação às quatro áreas prioritárias já estudadas. Os grupos
serão de 05 ou 06 pessoas, pois o trabalho é de maior fôlego, exigindo pesquisa da
história do bairro, o exame de sua situação em cada uma das áreas, demandando
10
entrevistas com diretores ou coordenadores de escolas, autoridades responsáveis por
unidades locais de saúde, segurança, infraestrutura e entidades de bairro; pesquisas
de campo para verificação de atendimento de necessidades, grau de consciência dos
moradores, participação, e satisfação quanto aos serviços prestados. Requisitos de
formatação da reportagem: título, subtítulo, fotos, legendas, créditos, boxes com
trechos de entrevistas, com uso do Excel na produção de gráficos resultantes da
tabulação dos dados obtidos nas pesquisas de campo, resumos de obras consultadas,
etc. Finalizando o projeto, haverá exposição das reportagens escritas, apresentação
em vídeo; e, oralmente, serão apresentados os conteúdos mais importantes, com
auxílio do Power Point. Também é meta do projeto a criação de blog e site para
divulgação e troca de informações.
[email protected]
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
e Esportiva, e de acordo com as especificações constantes no Regulamento. No inicio
do ano letivo, pedimos aos alunos sugestões para as provas da Gincana, e as mesmas
são selecionadas de acordo com os Projetos elaborados pela Escola. Enfim,
trabalhando com gincana, teremos o desenvolvimento das seguintes Competências e
Habilidades: senso ético, espírito negociador, habilidade para trabalhar em equipe,
flexibilidade, organização, desenvolvimento de estratégias, capacidade de diálogo,
percepção, paciência, atualização cultural, responsabilidade social e solidariedade e
vocação para o improviso.
Gincana Cultural e Esportiva
Profª Regina Aparecida Leite11
Etec Prof. Luiz Pires Barbosa
Palavras-chave: Cultura, esporte, cooperação, desafio e criatividade.
A Gincana Cultural e Esportiva da Etec “Prof. Luiz Pires Barbosa” é um evento presente
no Plano Escolar há vários anos por ser um instrumento com grande capacidade de
motivação e mobilização dos alunos. No decorrer da organização, que é feita pelos
alunos, a atividade promove experiências temáticas educativas e divertidas. Integra
pedagogias inovadoras através da viabilização de vivências e permite a
interdisciplinaridade, promovendo, assim, o aperfeiçoamento do processo de ensinoaprendizagem e até mesmo a transformação da Unidade Escolar. O projeto tem por
objetivo promover a integração da comunidade escolar através de atividades culturais
e recreativas, valorizando quesitos como a cooperação, a organização, o
desenvolvimento das inteligências múltiplas, da cidadania, do trabalho em equipe e da
qualidade de vida. Utiliza-se, em termos de metodologia, uma certa diversidade das
provas realizadas na Gincana, onde as equipes são formadas pelas salas na sua
integridade e cada uma cria uma espécie de identidade por meio de uniformes. Os
espaços da escola: pátio, quadras, bibliotecas, salas de aula, laboratórios, jardins,
refeitório, enfim, são transformados em um espaço vivo onde cada equipe busca a
resolução para cada prova. Cada prova tem definido, previamente, o seu tempo de
duração, o número de alunos participantes, a pontuação pela realização da prova e, se
a prova necessitar de material a ser entregue antecipadamente (como relatórios,
fichas, produções, etc.) é definida uma data limite. A Gincana Cultural é dividida em
várias partes: perguntas e respostas envolvendo todos os componentes curriculares,
através da dança, teatro (com tema a ser escolhido anualmente de acordo com os
projetos interdisciplinares), música, arrecadação de produtos utilizados nos cursos da
unidade escolar, apresentação de mini palestras com convidados dos alunos com
temas voltados para os projetos da escola e competições que envolvem o raciocínio
lógico. Na Gincana Esportiva, existem alguns desafios físicos, como jogos desportivos,
circuitos, competições que envolvem criatividade, agilidade, flexibilidade, resistência e
força. No princípio, é feita a apresentação das regras gerais, durante a Gincana, a
pontuação e, no final, apura-se o ganhador. A Gincana Cultural acontece em um dia e a
Esportiva em outro dia, ambas no período da manhã. O julgamento das provas será
realizado por uma comissão formada por convidados indicados pelos professores e
alunos, que podem ser profissionais, pais, funcionários e professores. Serão
consideradas vencedoras as equipes que conseguirem atingir o maior número de
pontos provenientes da soma da pontuação alcançada nas provas da Gincana Cultural
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Metodologia Diferenciada no Estudo de Literatura:
Poesia no Modernismo e Vanguarda
Maria Angela Piovezan Ferreira12,
Mariza Passos dos Santos
Etec Monsenhor Antonio Magliano – Garça-SP
Palavras Chave: Poesia. Leitura. Metodologia. Pesquisa. Tecnologia Educacional.
A poesia revela sentimentos, desperta emoções e são inúmeras as vantagens de
trabalhá-la na área educacional. Estudar poesia é uma forma de manusear a linguagem
em todo o seu encantamento, principalmente em se tratando da fase modernista e de
vanguarda em que as opções são infinitas. Não basta apenas o fato de ensinar, é
preciso deixar transparecer a sensibilidade do educador para atrair a atenção dos
jovens alunos do Ensino Médio sobre o assunto tratado. Com esta metodologia,
pretendeu-se encaminhar o educando para o mundo da palavra conotativa com o
intuito de despertar-lhe o gosto pelo texto literário e conhecer os poetas de maior
destaque nessa fase, como representantes do nosso patrimônio cultural, além de visar
à motivação para produzir textos com linguagem mais expressiva. Esta prática docente
atendeu às necessidades dos discentes quanto à participação no ENEM (Exame
Nacional do Ensino Médio), bem como nos Vestibulares, que requerem domínio de
conhecimentos específicos da área, além de desenvolver nos alunos o prazer pela
leitura de tais textos com a proposta de futuramente socializar esses conteúdos para
as outras turmas da Unidade e até da comunidade. Não se pode esquecer também que
a reflexão advinda do contato com textos poéticos enriquece a filosofia de vida da
pessoa e favorece as tomadas de decisão nos mais diversos momentos da vida. O
projeto “Poesia no Modernismo e Vanguarda” foi desenvolvido com as terceiras séries
do Ensino Médio, no componente curricular, Língua Portuguesa e Literatura, da Escola
Técnica Estadual “Monsenhor Antônio Magliano” – Garça, São Paulo, com a utilização
do Portal Educacional Aprende Brasil como ferramenta básica para o estudo de textos
poéticos do modernismo e vanguarda. O ponto de partida foi uma pesquisa elaborada
através de bibliografia sugerida, sites da WEB e utilização da solução de tecnologia
educacional Portal Educacional sobre os grandes autores da Língua Portuguesa em
diferentes fases da literatura do século XX. Os alunos criaram slides, utilizando a
ferramenta Microsoft Office PowerPoint no Laboratório de Informática sob a
supervisão da professora do componente curricular, Serviços de Informação e
Comunicação (S.I.C.). Concluída essa etapa, iniciou-se a socialização do Projeto com
apresentação em data show dos trabalhos produzidos pelos alunos no Salão de
Conferências. Após o término das apresentações, os alunos criaram Home Pages
referentes aos temas propostos, através da utilização do construtor de páginas,
ferramenta oferecida pelo Portal, as quais ficaram disponíveis para pesquisas de todos
12
os usuários do Portal na WEB. As aulas com utilização do Portal Educacional suscitaram
grande interesse nas equipes para a continuidade do projeto. O uso da tecnologia
educacional disponível produziu frutos que subsidiaram outras experiências dos
alunos, principalmente quanto à interdisciplinaridade, fortalecendo o exercício de sua
cidadania. O resultado dos trabalhos desenvolvidos no ambiente proporcionado pelo
Portal surpreendeu a todos na Escola. Esta metodologia foi agraciada com o prêmio
“Talento Positivo de Tecnologia Educacional”, promovido pela Empresa Positivo
Informática, conquistando o terceiro (3º) lugar na categoria 2 (Ensino
Fundamental/Ensino Médio), concorrendo com mais de mil (1000) inscrições advindas
das mais diversas partes do Brasil e do mundo. O prêmio é um reconhecimento ao
trabalho de educadores, principalmente aqueles que inovaram em seu ofício, trazendo
recursos tecnológicos para desenvolver projetos motivadores e estimulantes,
preparando jovens para enfrentar novos desafios. Os projetos foram julgados pela
equipe pedagógica da Positivo Informática, em conjunto com Educadores Doutores em
Educação, seguindo rígidos critérios. O Centro Paula Souza participou com quarenta
(40) escolas e esta Unidade foi a única que conquistou o prêmio. A premiação
aconteceu na cidade de Curitiba, Paraná, com a presença da Diretora da Escola,
Professora e Representante do CPS.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Ao término das visitações o público recebe agradecimentos e muitas vezes amostras
ou lembranças com a identificação da Etec. O projeto descrito colabora também para a
divulgação dos trabalhos realizados por alunos e professores, o que contribui
significativamente para a divulgação da Escola e dos cursos por ela oferecidos. Os
resultados podem ser observados durante a realização do evento, através do
empenho, da organização, da dedicação e da qualidade dos trabalhos e explicações
apresentadas aos visitantes.
Feira do Conhecimento
Eliana Clemente Leal Carnielli13 e
Lucia Helena Biazoli Alves dos Santos Pacheco
Etec Manoel dos Reis Araújo
Palavras chave: conhecimentos, competências, criatividade e potencialidade.
A feira do conhecimento, realizada no início de outubro (início de inscrições do
vestibulinho), tem por objetivo fazer com que o aluno desenvolva atividades práticas,
que auxiliam na sólida aquisição de conhecimentos e no desenvolvimento de
competências, além de estimular a criatividade, a potencialidade e um maior
entrosamento entre alunos e professores, tanto do ensino médio quanto do técnico.
Acreditamos que a melhor maneira de se aprender alguma coisa é praticando, mesmo
que algo saia errado. Ler bons livros, revistas, assistir sempre as aulas de ciências com
atenção, participar de eventos e palestras nos fornecem um vasto conhecimento, mas
só conseguimos aprender, verdadeiramente, quando colocamos em prática os
conhecimentos adquiridos. Todos os alunos participam do evento observando os
temas propostos nas áreas de matemática, física, química, biologia, história, geografia
artes, língua portuguesa e disciplinas-projetos. Cada grupo possui um professor como
orientador. O Projeto começa a ser traçado durante o planejamento no mês de
fevereiro, momento em que os professores colocam sugestões de temas a serem
trabalhados durante o ano letivo, afim de que os trabalhos sejam desenvolvidos de
maneira interdisciplinar. A partir destas definições os alunos são orientados para que
selecionem experimentos ou atividades pertinentes ao tema. No caso de
experimentos, os selecionados são realizados de acordo com um roteiro em que estão
descritos os materiais necessários, os procedimentos e as conclusões. Os alunos são
orientados quanto à organização da apresentação do painel/trabalho/experimento
que deve fazer sentido para os visitantes que nunca viram seu projeto e, muitas das
vezes, desconhecem o assunto.O título do trabalho deve ser bem curto, simples mas
que prenda a atenção dizendo diretamente do que se trata , deve constar nome do
autor ou autores do trabalho, resumo da pesquisa/ experimento, explicação das
hipóteses, métodos utilizados e dados obtidos, conclusões clara para que todos
compreendam. Ilustrações devem estar embutidas no trabalho à medida que se vai
dissertando, procurando colocar cores fortes para chamar atenção dos visitantes.
Elaboramos e encaminhamos convites às outras escolas e instituições, alertando-as da
necessidade de agendamento das visitas para garantir maior organização e conforto a
todos. A recepção dos visitantes é realizada pelos próprios alunos que atuam como
monitores, dividindo-os em grupos que são direcionados para diferentes ambientes da
escola utilizados para a exposição dos trabalhos, o que evita aglomerações e bagunça.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
referido período. A pesquisa foi realizada com a ajuda de alunos voluntários. Os
resultados nos mostraram que grande parte dos alunos da época eram filhos de
imigrantes italianos, portugueses, espanhóis e sírios. Comparando com os dados
obtidos pela pesquisa em sala com a do Centro de Memória, percebemos que as
nacionalidades dos antepassados dos alunos do Ensino Médio, coincidem com as dos
pais dos ex-alunos até a década de 70.
Pesquisando Origens
Joana Célia de Oliveira Borini14
Etec. Doutor Júlio Cardoso
Palavras Chave: Naturalidade, nacionalidade, movimentos migratórios
A prática pedagógica que pretendemos apresentar foi iniciada em 1995, em todas as
primeiras séries do Ensino Médio, na Etec. Dr. Júlio Cardoso, Franca-SP, no
componente curricular Geografia. Através do projeto “Pesquisando Origens”,
trabalhamos com o desenvolvimento de várias competências, a primeira: pesquisar,
selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações com representações
de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações problemas; a
segunda: relacionar informações, representadas de diferentes formas, e
conhecimentos disponíveis em situações concretas. Quanto às habilidades destacamos
a seguinte: pesquisar e sistematizar informações relevantes para a compreensão e
resolução de problemas; tabular dados; construir gráficos, tabelas e textos; localizar
cidades e países em mapas regionais, estaduais, Brasil e mundo. Trabalhamos com a
base tecnológica: movimentos migratórios. Inicialmente apresentamos as atividades
com as etapas a serem desenvolvidas, na primeira etapa, pedimos para que os alunos
levassem por escrito os seguintes dados: a naturalidade deles e a naturalidade de seus
pais. A segunda etapa consistia em entrevistar avós, bisavós ou outros parentes sobre
a origem de seus antepassados, ou seja, de que países vieram seus ancestrais, quando,
porque e como vieram. A terceira etapa foi a tabulação de todos os dados
apresentados, atividade essa realizada em sala de aula. Os resultados obtidos foram
copiados por todos os alunos. Na quarta etapa, individualmente cada aluno
transformou todos os dados da pesquisa em três tabelas e três diferentes gráficos.
Com as tabelas e gráficos em mãos, cada um localizou todas as cidades e países que
apareceram na pesquisa, de onde nasceram todos os alunos da classe, bem como as
cidades onde nasceram seus pais, em mapas locais, estaduais, regionais, Brasil e
mundo. Após as etapas de tabulação e construção de tabelas, gráficos e localização
em mapas, passamos para análise dos mesmos, o que gerou posteriormente, a
produção de textos individuais que foram apresentados em uma roda de discussão. Os
produtos do trabalho foram expostos para que conhecessem os resultados de todas as
classes que realizaram a atividade. Paralelamente, trabalhamos os movimentos
migratórios no Brasil e mundo, e na medida em que a pesquisa ia avançando os alunos
conseguiam relacionar os movimentos de seus familiares com os dados oficiais.
Prosseguindo o projeto, em 2008, iniciamos uma pesquisa no Centro de Memória de
nossa Etec, sobre as nacionalidades e profissões dos pais dos ex-alunos de 1924 até
1970, conseguimos os dados através dos livros de matrículas de todos os cursos do
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Ensino por Projetos – Do ideal ao real na comunidade escolar
Etec de Fernandópolis
Tiago Ribeiro Carneiro15 – Professor no Ensino Médio do “Projeto de Produções
Artísticas” e em Cursos Técnicos do Eixo Tecnológico Informática e Comunicação.
Juliana Cristina Ortolan Buosi –Professora do Componente Curricular de Língua
Portuguesa e Literatura e Coordenadora do Ensino Médio
Midian Nikel Alves de Souza – Professora no Ensino Médio do Componente Curricular
Biologia e do Projeto “Ações de Defesa e Proteção ao Meio Ambiente” e professora
nos Eixos de Gestão e Negócios e Açúcar e Álcool.
Suzimara Regina Batista – Professora do Componente Curricular Artes e do Projeto
Comunicação pelas Artes.
Palavras-Chave: Contextualização, interdisciplinaridade, protagonismo.
A equipe do Ensino Médio da Etec de Fernandópolis atribui a seu trabalho por projetos
parte dos pressupostos para a realização de um ensino de qualidade. Observa-se o
quanto as ações propostas pelos projetos têm provocado transformações positivas na
construção de valores e atitudes, competências e habilidades inerentes a cada
componente curricular. Além disso, é indiscutível a maneira como os educandos vêm
consolidando práticas interdisciplinares e contextualizadas, as quais os tornam capazes
de atuar com sucesso no mundo do trabalho e agir como cidadãos cientes de seus
deveres e direitos em sociedade. Aprender e ensinar por projetos, para a Etec de
Fernandópolis, permite ao aluno entender os princípios das tecnologias de
planejamento, organização, gestão e trabalho de equipe para conhecimento do
indivíduo, da sociedade, da cultura e dos problemas que se deseja resolver, além de
compreender e usar a Língua Portuguesa como geradora significação e integradora da
percepção, organização e representação do mundo e da própria identidade. Ao
protagonizar ações de aquisição e divulgação de informações, os alunos podem
reconhecer e avaliar o caráter ético do conhecimento científico e tecnológico e utilizar
esses conhecimentos no exercício da cidadania. A metodologia adotada no
desenvolvimento do ensino por projetos baseia-se na construção em ação, de modo
que os alunos desenvolvam seus conhecimentos a partir do uso do protagonismo
didático, voltado ao aprender a aprender. Para tanto, os professores fornecem
subsídios teóricos a partir dos quais os alunos exploram temas, de diferentes formas,
sobre diferentes aspectos e propõem opiniões diversas, defendendo-as por meio de
argumentações coerentes. A título de ilustração, citam-se os seguintes trabalhos
realizados pelos alunos: projeto de pesquisa sob o estímulo gerador “Livro versus
Google”, em que os mesmos realizaram pesquisas na Internet e em livros,
15
conscientizando-se da importância do uso da biblioteca; campanha denominada
“Quanto vale o seu vício, mais que sua vida?”, referente à conscientização quanto ao
consumo de Drogas; campanha “Viva e deixe viver”, a qual tematizou a questão da
doação de órgãos; campanha “Aborte essa ideia”, que esclareceu à comunidade
escolar acerca do aborto; campanha “Onde você guarda seu racismo?”, referente ao
preconceito e à discriminação. A partir dos temas, os alunos pesquisaram e
organizaram palestras, cartazes, murais, músicas e teatros, por meio das novas
tecnologias da informação e comunicação. No ano de 2009, em que Fernandópolis
completava setenta anos, os alunos elaboraram uma revista retratando a realidade
atual da cidade, em comparação com a Primeira Revista publicada sobre a cidade e o
evento que comemora seu aniversário, a “Exposição Agropecuária, Industrial e
Comercial”, hoje chamada de “Planeta Expô”. Realizou-se ainda uma exposição de
quadros confeccionados pelos alunos, no Shopping de Fernandópolis, denominada
“Namorados da Literatura”, a fim de ilustrar alguns casais de personagens de livros
lidos por eles. A contextualização, meta almejada pela equipe do Ensino Médio, no ano
de 2010, obteve seu auge na realização da Feira Científica e Cultural, em que foram
expostas produções artísticas como as Poesias Concretistas, Curtas Metragens,
Fotonovelas e vídeos em Língua Inglesa e Portuguesa referentes à Consciência
Ambiental além de atividades práticas que ilustraram as aulas de todos os
componentes curriculares. A questão ambiental presente nos Planos de Trabalho
Docentes da unidade escolar e no Plano Plurianual de Gestão parte de pressupostos,
os quais fazem parte do “Agenda 21”, projeto cujo objetivo central consiste em
conscientizar a comunidade escolar acerca do consumo material e do destino correto
dos resíduos dentro da própria escola, para extensão às práticas na comunidade local.
Ensinar por projetos, portanto, para o Ensino Médio da Etec de Fernandópolis, sugere
a toda comunidade escolar quão possível é realizar o idealizado.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Giane da Silva Conhalato16
projetos, como: compostagem e mini canteiro agrostológico que estão sendo
elaborados nos horários extra classe. Os projetos realizados pelo Clube consolidam o
aprendizado adquirido em sala de aula, bem como agregam valores de ética,
cidadania, responsabilidade e cooperação aos alunos que participam do Clube do
Agricolino.
Etec “Frei Arnaldo Maria de Itaporanga”.
Palavras-chave: agropecuária, agricultura, ensino médio, clube de estudo
Clube do Agricolino - Uma experiência de aprendizado na Etec de
Votuporanga.
Ensinar é promover no aluno a construção do conhecimento através de atividades que
visam consolidar o aprendizado adquirido em aulas teóricas, aplicando os conteúdos
das diversas áreas do conhecimento, como: biologia, química e áreas técnicas de
agropecuária e agricultura em atividades práticas que resultem em um aprendizado
efetivo. Os objetivos deste trabalho foram: desenvolver o aprendizado acadêmico
sobre técnicas e conceitos em agropecuária e agricultura; exercitar a extensão rural
interagindo a escola com a comunidade agrária; elaborar projetos técnicos na área de
agropecuária e agricultura; e divulgar o nome da escola junto à comunidade escolar e
empresas do agronegócio, promovendo assim o desenvolvimento das competências e
exercitando as habilidades em cada aluno participante do clube. Para isto, foi fundado
o Clube do Agricolino em 16/03/2010, inicialmente com 21 alunos do 2° ano do Ensino
Médio integrado ao técnico de agropecuária. Atualmente o clube é composto por 51
alunos do 1° e 3° anos do Ensino Médio que realizam reuniões semanais nos horários
extra classe das aulas para discutir, pesquisar, organizar e elaborar projetos de
interesse da escola e que estão diretamente ligados aos conteúdos curriculares da área
de agropecuária, agricultura, biologia e química. No dia 08/04/2010 como atividade
inicial do Clube, a Etec de Votuporanga promoveu uma integração entre os alunos da
unidade urbana com os alunos da unidade rural para que os mesmos visitassem e
aprendessem sobre as atividades desenvolvidas nos projetos produtivos e na
cooperativa escola. Os alunos do Clube organizaram e orientaram as visitas aos
projetos, praticando as habilidades de trabalho em equipe, planejamento e elaboração
das atividades e na oportunidade orientaram os visitantes da unidade urbana durante
a visita aos projetos. No dia 07/05/2010 o Clube realizou, juntamente com a
professora orientadora do clube, professores e funcionários da Etec, um dia de campo
na escola. Neste evento, diversas empresas do ramo agrário apresentaram suas
tecnologias para um total de 250 participantes, entre alunos e produtores rurais.
Coube ao Clube do Agricolino as tarefas de: divulgação do evento; elaboração e
execução do cronograma das atividades realizadas durante a feira; e promoção e
venda dos produtos fabricados pela escola no estande da cooperativa escola. Assim,
neste evento o clube foi capaz de exercitar os conceitos de cooperação e ética. Como
futuras atividades, o Clube do Agricolino realizará no mês de junho as seguintes
atividades: nos dias 07 e 14 o Clube do Agricolino promoverá um passeio ecológico
para os alunos da Etec buscando promover a conscientização ambiental nos alunos;
nos dias 12 e 13 será realizada a Feira do Verde, evento que promoverá a difusão de
atividades ligadas ao meio ambiente, o Clube desenvolverá para essa feira alguns
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Dia de Campo na Etec - A escola abre as portas à comunidade.
produtores rurais, além de revelar potenciais humanos, definir novos horizontes e
valorizar o ensino técnico.
Giane da Silva Conhalato17
Palavras-chave: agricultura, agropecuária, dia de campo, ensino técnico
Etec “Frei Arnaldo Maria de Itaporanga”.
O conhecimento teórico de conteúdos curriculares como: biologia, química e das áreas
técnicas de agropecuária e agricultura não devem estar restritos apenas as salas de
aula, pois suas aplicabilidades são infinitas na prática. Essas aplicabilidades podem ser
traduzidas sob forma de planejamentos em projetos de gestão do agronegócio e na
elaboração e organização de eventos. Permite ainda que cada aluno expresse suas
potencialidades de comunicação, proatividade e cooperação ao relacionar com outras
pessoas do mercado de trabalho. Portanto, visando expandir o conhecimento técnico
da sala de aula para a comunidade e empresas do ramo do agronegócio, elaborou-se o
projeto Dia de Campo na Etec “Frei Arnaldo Maria de Itaporanga” de Votuporanga. O
objetivo deste projeto foi aliar o conhecimento teórico com o prático, consolidando o
que se aprende em sala de aula e aplicando na prática sob forma de pesquisas,
eventos e projetos. O projeto contribui também para a inclusão dos alunos dos cursos
técnicos no mercado de trabalho através da divulgação de suas competências e
habilidades para a comunidade produtiva da região. Para isso, realizou-se no dia
07/05/2010, no período das 8:00 as 14:00 horas, na unidade rural da Etec de
Votuporanga uma feira do setor agrário, denominada de Dia de Campo, com a
participação de diversas empresas de expressão regional ligadas ao ramo de
agropecuária e agricultura, produtores rurais e alunos, totalizando cerca de 250
participantes. A organização e o perfeito sincronismo das atividades durante o
decorrer do evento foi resultado do esforço e dedicação de cerca de 50 alunos dos 1°,
2° e 3° anos do Ensino Médio integrado ao curso técnico de agropecuária, juntamente
com o Clube do Agricolino, professores e funcionários da Etec de Votuporanga. Os
alunos participaram como monitores, orientando produtores e palestrantes para
realizarem suas atividades dentro do prazo estipulado visando alcançar a qualidade
técnica do evento. Os monitores também serviram como elo de integração entre a
escola e as empresas presentes no evento, pois os mesmos planejaram e elaboraram
os cronogramas das seguintes atividades: palestras, aulas demonstrativas no campo,
visita aos estandes das empresas, promoção e vendas dos produtos fabricados pelos
alunos e comercializados pela cooperativa escola. Esse contato dos alunos com as
empresas propiciou aos mesmos acompanhar as novas tecnológicas praticadas pelo
setor agrário e troca de conhecimento, contribuindo assim para o enriquecimento
teórico e prático. A atividade Dia de Campo além de permitir que os alunos de nossa
escola ampliassem seus horizontes de conhecimentos e expressassem suas
habilidades, permitiu divulgar o nome da escola junto à comunidade regional. Também
estreitou as parcerias entre escola e empresas, consolidando a tarefa de abrir as
portas da escola para a comunidade, difundindo nossa tecnologia a empresas e
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
recepção da platéia, o programa e os agradecimentos. Alunos de outras séries, alguns
parentes e funcionários da unidade estavam presentes. Momentos inesquecíveis
foram compartilhados. Por isso, motivados pelos resultados positivos e pela
participação entusiasmada dos alunos, decidimos dar continuidade ao Projeto em
2010.
Luz, Câmera ... ACTION!
Eliane Orlando Fais e Laís Míriam Sachs Zulmires de Campos18
Etec: “Professora Anna de Oliveira Ferraz”
Palavras-chave: cinema – musical – filosofia – sociologia
O projeto “Luz, câmera... action” envolveu os alunos das segundas séries e os
professores do Ensino Médio A partir de indicações e projeção de filmes, além de
pesquisas relacionadas ao mundo cinematográfico, pretendemos despertar no aluno a
sensibilidade, o espírito crítico e o gosto pela arte. Conhecer a linguagem do cinema,
observar características culturais de outras nacionalidades, refletir sobre o
comportamento humano e analisar a atuação das personagens em sua diversidade
cultural foram os principais objetivos deste projeto. Temas associados à Filosofia e à
Sociologia foram abordados à medida em que a análise sobre os filmes permitia, como
por exemplo: “Viver em sociedade”, “Identidade”, “Ética”, “Relacionamento humano”
e outros. A primeira etapa do projeto envolveu um trabalho de pesquisa sobre: “A
história do cinema”, “Gêneros cinematográficos”, “Características dos cinemas
europeu, americano e brasileiro”, “Principais festivais de cinema”, “Diretores de
cinema” e “O retorno dos grandes musicais”. Os alunos apresentaram os temas
oralmente, por meio de seminários, para a classe. Novas tecnologias como projeções
de vídeos, utilização de programas de informática e outros recursos serviram de apoio
para a ampliação do conhecimento. Na segunda parte do trabalho, os alunos
restringiram a pesquisa aos filmes musicais, analisaram o áudio em inglês e
organizaram a produção dos musicais indicando os grupos de trabalho que
envolveram: direção, composição de figurinos e cenários, elaboração da coreografia,
cronograma de ensaios, escolha das músicas e das personagens. Durante os ensaios,
os próprios alunos fizeram as adaptações dos roteiros e a seleção dos “atores”. Alguns
clássicos para a produção como “Grease”, Dirty Dance”, “Mamma Mia”, “Embalos de
sábado à noite”, “Moulin Rouge” e outros foram selecionados pelos alunos para as
adaptações. Nessa fase, além da aplicação dos conteúdos de Língua Portuguesa e
Inglês, surgiu a oportunidade de interação entre alunos, professores de outras
disciplinas e, em algumas ocasiões, os pais, principalmente pelo fato de os musicais
não serem atuais. A apresentação dos “Musicais” aconteceu no Salão de Eventos da
escola e os grupos também apresentaram os trabalhos em DVD para ficarem
arquivados na escola. Houve a participação dos professores de Artes, Educação Física,
História e Geografia. Os detalhes inerentes à apresentação foram tratados por toda a
comunidade escolar (direção, funcionários, professores, alunos e familiares). Dessa
forma, além dos musicais propriamente ditos, foram preparados, em conjunto, os
cenários, os cartazes de divulgação, os textos para apresentação e encerramento, a
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
“Nordestidade: o Nordeste e aspectos de sua identidade”
José Luciano de Melo19, Carlos Diego Moreno, Luciana Regina Basilio e Viviane
Carvalho de Oliveira
procedimento de registros das entrevistas, criam um elo entre as disciplinas envolvidas
neste projeto (Língua Portuguesa e Literatura, História, Geografia, Sociologia e
Biologia), uma vez que ao tratar da questão da linguagem, também há de se tratar do
tempo, do movimento, do espaço, do ambiente, que são partes integrantes da
consolidação da identidade social, cultural e histórica.
Etec de Cidade Tiradentes
Palavras-chaves: identidade, processo migratório, historicidade, nordestidade,
linguagem.
O projeto visa proporcionar, por meio de atividades intra e extraclasse, o contato dos
alunos com a identidade sócio-cultural da região nordeste do país. Esta relação se
pautará por elementos que integram a construção do homem nordestino como tal,
seja por aspectos históricos, geográficos ou sociais. O universo nordestino está
arraigado no cotidiano dos alunos da “ETEC Cidade Tiradentes” em duas vertentes
principais: ascendência familiar e/ou predominância migratória no bairro. Tais fatores
proporcionam um rico e abrangente estudo de vínculo entre atividades pedagógicas e
aspectos pessoais desta comunidade estudantil, proporcionando novos conceitos e
olhares à convivência social herdada pelo berço cultural da região Nordeste. Dessa
forma, visa promover o diálogo sócio-cultural entre a historicidade nordestina da
Cidade Tiradentes e o cotidiano vivenciado pelo aluno, relacionando o processo
migratório nordestino na constituição e identidade do próprio bairro, bem como
identificar o legado social nordestino nas diversas manifestações artísticas oferecidas
no cotidiano do aluno, como música, literatura, cinema, dança, teatro etc. É
importante ressaltar que este projeto apresenta um cronograma extenso tendo em
vista os aspectos literários, geográficos, histórico, biológicos e sociológicos que
pretende levantar e analisar. Dessa forma, visa aproximar as circunstâncias migratórias
da comunidade nordestina relacionada ao aluno com o contexto social da obra Vidas
Secas (1938), de Graciliano Ramos; Realização de visitações e entrevistas com
moradores da Cidade Tiradentes e/ou familiares de estirpe nordestina; Confecção de
portfólios com o material das visitações citadas acima; Aproximar as circunstâncias
migratórias da comunidade nordestina relacionada ao aluno com o contexto social da
obra Morte e Vida Severina (1956), de João Cabral de Melo Neto; Visitar o Memorial
do Imigrante, a fim de estabelecer vínculos históricos acerca do processo itinerário de
determinados grupos sociais; Relacionar aspectos sócio-econômicos entre as periferias
de capitais nordestina e paulistana, a partir da obra Capitães da Areia (1937), de Jorge
Amado; Elaborar oficinas culturais de estudo e/ou de produção de manifestações artísticas,
como música, literatura, cinema, dança, teatro etc.; Expor as atividades e os trabalhos
desenvolvidos ao longo do projeto. O estudo das obras literárias sugeridas, leitura
dramatizada de textos teatrais, poemas e cordéis, análise de canções, resenha de
filmes, investigação de elementos fonológicos da variante regional nordestina e
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Projeto Pedagógico Interdisciplinar – Biologia, Geografia e História
- “Apresentando Nossa Comunidade”
para pensar sua existência de forma contextualizada, verídica e atualizada, para assim
promover ações cidadãs de melhoria e reconhecimento sociocultural.
Michele de Mattos Cardoso Pinto20, Juliano Ricardo Marques e Ulisses Rodrigues
Nogueira
ETEC de Campo Limpo Paulista
Palavras - chaves: interdisciplinar, socioeconômico, biologia, geografia e história.
Atualmente as práticas pedagógicas interdisciplinares desenvolvidas a partir de
projetos, abrem tanto para os alunos como para os professores um novo mundo de
conteúdos a serem explorados por diversas áreas. Como todo projeto, este também
requer planejamento, dedicação e organização da prática ensino aprendizagem, visto
que será possível proporcionar aos alunos uma visão bem detalhada da comunidade
ao seu redor de diferentes ângulos, diga-se de passagem, muitas vezes nunca
percebida, pois todos serão estimulados a se tornarem agentes do conhecimento
relacionando assim suas vivências, com as dos vizinhos da esquerda, da direita e assim
por diante. Conhecer a realidade histórica, geográfica e biológica da sua comunidade é
sem dúvida uma das formas mais simples, no entanto de grande importância para
mostra ao aluno, que uma pequenina comunidade faz diferença em um mundo tão
grande, afinal todos temos história para contar. O Projeto “Apresentando Nossa
Comunidade” será aplicado na ETEC de Campo Limpo Paulista – Bairro do Botujuru,
entre os meses de fevereiro a dezembro do ano de 2010, tem como objeto
proporcionar aos alunos a capacidade de observar e registrar informações, analisar
transformações geográficas, históricas e ambientais, perceber a interação homem X
natureza, interpretar cartografia, realizar levantamentos ambientais entre outros.
Porém é muito importante ressaltar que outros itens tão importantes como os acima
citados serão muito bem explorados, tais como trabalho em grupo e sentido de equipe
tornando-se assim este projeto também um meio de realizar a interação e convivência
entre os próprios alunos. A biologia, geografia e história são ciências que estudam as
relações entre Homem e a Natureza, que por meio desta constrói-se o Meio Ambiente
e uma das formas de compreender a organização ambiental e entender como funciona
o Espaço Cotidiano é vivenciá-lo. O projeto será realizado nas suas diferentes áreas,
através de cronogramas pré-estabelecidos, ficando assim a cargo da Biologia, realizar
levantamentos atualizados de fauna e flora na região e seu entorno e possíveis áreas
de preservação, para a Geografia levantar dados socioeconômicos, migração,
urbanização, posicionamento histórico da região e localização espaço geográfico. Para
a história cabe realizar um levantamento histórico da comunidade a partir dos
depoimentos que serão coletados com moradores antigos da região de Botujuru.
Como resultado desse projeto será construído uma web site sobre o bairro do
Botujuru, onde a comunidade terá mais uma ferramenta de informação e comunicação
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Empreendedorismo e Cooperativismo: Características de um
profissional do futuro
Gustavo Santos Miranda21 e Joana Célia de Oliveira Borini
ETEC Dr. Júlio Cardoso – Franca/SP
Palavras Chaves: Aprendizagem - Gestão – Empreendedorismo – Cooperativismo –
Criação
Desde 2003, trabalhamos com o componente curricular Gestão Empresarial (GE) no
Ensino Médio, cujo objetivo é, na segunda série, desenvolver uma idéia e aprender a
transformá-la num plano de negócio e promover o treinamento pessoal, a fim de que
se possa criar e desenvolver uma nova empresa, bem como estimular o espírito
empreendedor nos alunos. Já nas terceiras séries, procuramos dentro do
cooperativismo desenvolver uma idéia e transformá-la em uma forma de organização
democrática que congrega pessoas para a realização de um empreendimento de
geração de trabalho e renda, promovendo capacitação, para que se que possa criar e
desenvolver uma cooperativa, e que a simulação esteja dentro do que é exigido nos
princípios do cooperativismo, objetivando o desenvolvimento do espírito de
solidariedade, através do conhecimento das características básicas, das necessidades,
das habilidades, dos valores e experiências do cooperativismo. Assim, procuramos unir
a teoria à prática com a criação de duas empresas por classes nas segundas séries e
também duas cooperativas por classe nas terceiras séries, totalizando 16. Criação de:
logotipos, organogramas, fluxogramas, contratos sociais, estatutos sociais,
planejamentos estratégicos, projetos sociais, planejamento de custos, registros em
livros de atas, etc. são algumas atividades realizadas durante o ano letivo. As empresas
e cooperativas funcionam o ano todo e comercializam seus produtos e serviços na
escola e fora dela, que no final do ano rende a eles uma receita que é repartida de
acordo com o contrato social e estatuto. Temos dois eventos que são esperados por
todos. O primeiro é em abril quando há a apresentação das empresas e cooperativas
para a comunidade escolar; o segundo é realizado no segundo semestre, durante três
dias, na quadra da escola, cada empresa recebe um stand, na medida de 3x3 metros,
assim, comercializam seus produtos e serviços para a cidade de Franca e região. Em
2009, recebemos mais de quatro mil visitantes, contando, inclusive, com apoio de
patrocinadores. Além dessas atividades, realizamos o Projeto Coração Solidário, em
que as empresas criadas pelos alunos, arrecadam produtos de higiene pessoal, limpeza
e alimentos que são doados nas creches, asilos e outras entidades filantrópicas. Esse
Projeto concorreu em 2005 ao prêmio “Escola Solidária”, patrocinado pela Fundação
Itaú e Rede Bandeirantes de Rádio, sendo o mesmo escolhido e premiado em 1º lugar
no Brasil. Atualmente, os desafios, tendências e exigências para os profissionais são
muito grandes. O perfil do administrador na atualidade apresenta uma série de
características que vão determinar o seu sucesso ou não. Entre elas estão: equilibrar
Disciplinas Projeto
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
criatividade com a perspicácia, visão globalizada, construir credibilidade, ter poder de
persuasão e convencimento, rapidez para adaptar-se às mudanças e reagir
positivamente a elas, senso de responsabilidade social, estar atento às oportunidades
de mercado e tomar conhecimento do que acontece a sua volta. Acreditamos que o
componente curricular GE faz a diferença para nossos alunos, tornando-os mais
capazes e aptos à competição no mercado de trabalho, ao concluir o Ensino Médio.
A influência da imagem corporal na adolescência
Prof. Rogério Tadeu Francisco Gonçalves22
Etec Prof. Horácio Augusto da Silveira
Palavras-chave: Imagem corporal, adolescência e comportamentos sociais;
Vivenciamos em todo momento a aprovação ou reprovação social de nossas condutas.
Somos classificados, estigmatizados, formados e deformados na visão que temos de
nós mesmos e sob a influência desses aspectos deparamo-nos com verdadeiras
batalhas contra nossos corpos e a maneira como ajustá-los segundo nossas vontades.
Deficiências na formação de uma identidade corporal adequada, falta de informações
e critérios para escolhas conscientes e fundamentadas fazem-nos deparar com
preconceitos de múltiplas origens, “verdades” baseadas em conceitos sociais e
deformações comportamentais determinadas por escolhas baseadas em padrões préestabelecidos ou pela revolta, natural da adolescência, contra os mesmos. O projeto
visou apresentar ao adolescente, como ser que sofre mudanças físicas rápidas e
intensas, que é muito difícil permanecer indiferente a elas e que, através delas,
vivenciamos emoções decorrentes das transformações na imagem que temos de nós
mesmos. A formação de conceitos e opiniões sobre “como sou”, “o que quero ser” e
“o que esperam que eu seja”, passou incondicionalmente por discussões claras e
objetivas, por exemplificações e análises de diferentes pontos de vista, buscando
abordar diversas formas de pensar e agir para que as escolhas passassem a ser
fundamentadas por argumentações elaboradas e não retransmissoras da ação e
pensamento alheio. Temas como transtornos alimentares (obesidade, anorexia,
bulimia) transtornos compulsivos (vigorexia), uso de anabolizantes, uso de drogas
sociais e alcoolismo, preconceitos sociais éticos e morais, sexualidade (papéis
masculinos e femininos, relações, gravidez e aborto, etc.) não foram tratados como
relatos técnicos, fechados e esgotados, mas discutidos como comportamentos
culturalmente desenvolvidos, ocultos ou observáveis, acolhidos ou refutados,
transmitidos ou transformados, seja como for, o objetivo foi mostrar que a
importância reside na reflexão, no pensar antes da escolha e da ação. A metodologia
adotada foi a exploração de pesquisas com pais, amigos e parentes, imagens, músicas,
vídeos e depoimentos disponíveis na internet, que mostravam comportamentos
existentes em nossa sociedade, e a partir deles provocar a análise e discussão dos
aspectos que os influenciavam e quais as atitudes deveriam transformar, ou não, as
ações que cada um tomaria quando estivesse diante de situações semelhantes. Foram
produzidos diversos materiais de exposição como desenhos e vídeos usando como
atores os próprios alunos, defendendo seus argumentos contra ou a favor dos temas
abordados, proporcionando diversas situações de debate e demonstrações de atitudes
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
diante das vivências exploradas. Vivenciamos discussões acirradas, depoimentos
pessoais emocionantes ou engraçados, e pudemos experimentar o poder da reflexão
na tomada de atitudes e estabelecimento de valores que tanto se mostram
necessários diante dos padrões, preconceitos e conflitos tão trágica e constantemente
expostos em nossa sociedade. Relatos retirados das avaliações finais do projeto
solicitaram a necessidade da continuidade não somente para os próximos alunos dos
próximos anos, mas também na sequência das séries seguintes. Alunos escreveram
sobre mudanças de atitudes na relação com os pais e grupos sociais e na forma de
escolher suas ações e opiniões. Redações objetivas aprovaram em sua maioria, a
execução do projeto; redações alegres demonstraram o prazer no debate dos temas e
na forma como foram abordados; assim como relatos emocionantes deixaram
ensinamentos para todos nós. Fechamos com a escolha de uma frase, pelos alunos,
que demonstrasse o resultado das nossas discussões, e a frase escolhida foi: “Fale ou
faça o que pensa, mas... PENSE”.
Espalhafato
José Francisco Sobrinho23
ETEC Prof. Horácio Augusto da Silveira
Palavras chave: SIC – REDAÇÃO – JORNAL – MURAL - PORTUGUÊS
O projeto SIC – Sistemas de Comunicação e Informação – tem com um de seus
principais objetivos fazer um levantamento do poder que a mídia exerce sobre as
pessoas, sobretudo os adolescentes, colocando-os em contato com a dinâmica dos
meios de comunicação de massa. Para tanto, eles são orientados a desenvolver a
leitura crítica de jornais e a produção de textos. Assim, criamos o Espalhafato, um
jornal mural, de periodicidade semanal, que aborda temas de interesse geral,
principalmente do universo jovem, e também de interesse da comunidade escolar. O
nome do jornal foi sugerido e escolhido pelos próprios alunos, por meio de votação.
Eles também são responsáveis pela definição das editorias, temas abordados e visual.
Procuramos nos aproximar, o máximo possível, da dinâmica de uma redação,
treinando os alunos na redação de textos jornalísticos, técnicas de entrevista,
diagramação e fotografia. A cada edição são escolhidos, por meio de votação, dois
editores-chefes e um líder para cada editoria, que, em conjunto, coordenam o trabalho
dos repórteres. O professor revisa os textos e orienta sua elaboração. Os resultados
alcançados foram excelentes. O jornal tornou-se o principal veículo de comunicação da
escola. Abriu-se uma oportunidade de discussão, reflexão e interação, fazendo o
trabalho extrapolar os limites da sala de aula, que passou a servir apenas como um
espaço de planejamento. Tanto a elaboração quanto a montagem do jornal é feita fora
do horário de aula e seu sucesso se traduz no envolvimento de todos. É uma cena
comum os alunos ficarem – por vontade própria – do meio-dia até o período noturno,
montando o jornal e buscando sempre o melhor resultado. Professores, funcionários,
visitantes, alunos dos cursos técnicos, e principalmente os do ensino médio, formaram
um público leitor assíduo e interessado, que, a cada semana, espera pela publicação
de uma nova edição. Entre os executores do projeto – alunos da 2ª série – criou-se a
cultura da melhoria contínua. Além de um certo espírito de competição entre as 7
turmas, há sempre o desejo de fazer uma edição melhor que a anterior. É comum
alunos de uma turma publicarem seus textos também na edição de outra, o que
reforça o espírito de colaboração e a ideia de que o jornal é um só, elaborado por
todos. Em termos pedagógicos, houve uma tremenda melhora nas habilidades com a
linguagem escrita, bem como uma maior consistência dos textos e mais criticidade na
hora de redigi-los, algo que aconteceu também na definição da pauta de cada edição.
Assuntos como drogas, DST, meio ambiente, problemas da escola e da educação em
geral, comportamento, cultura, economia e política foram abordados de forma cada
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
vez mais inteligente, além de ótimas entrevistas, inclusive com pessoas de bastante
destaque, como o ministro do meio ambiente, Carlos Minc, o humorista Bruno Mazzeo
e o piloto Rubinho Barichello. Enfim, nossos alunos, além de melhorarem seu texto,
aprimoraram seu senso crítico e sua capaciadade de reflexão e comunicação.
Stop Drogas: Tecnologia compartilhando Informações
Luciana Denise Leite Beteto24 e Maria Angela Piovezan Ferreira
Etec Monsenhor Antonio Magliano – Garça-SP
Palavras Chave: Projeto. Drogas. Conhecimento. Tecnologia. Metodologia BIE.
O aluno do Ensino Médio encontra-se na faixa de 14 a 17 anos, período em que entra
na adolescência, que é tradicionalmente considerada como a transição para o mundo
adulto. É uma fase de grande mudança onde permeiam o medo e a ansiedade; a
incerteza na escolha da profissão e o conflito entre suas aspirações e as possibilidades
oferecidas pela sociedade; muitas vezes os caminhos vislumbrados para a realização
pessoal se contrapõem a valores coletivamente construídos. Aos fatores de transição
pessoal surgem as grandes e rápidas mudanças do mundo globalizado cheio de
influências culturais e muita informação. A rapidez das informações requer dos
educandos a transformação em conhecimento e a escola necessita de desenvolver
metodologias capazes de atender aos anseios dos jovens frente a esta nova realidade.
O projeto “Stop Drogas: Tecnologia compartilhando informações” foi desenvolvido na
Unidade de Ensino Escola Técnica Estadual Monsenhor Antônio Magliano, da cidade de
Garça-SP, no período de 17 de agosto de 2009 a 02 de outubro de 2009, através de
atividades com caráter transdisciplinar envolvendo os alunos do 2º Ensino Médio “B”,
no componente curricular Serviços de Informação e Comunicação (S.I.C.). Neste
componente, foram trabalhados os conhecimentos: aplicação de técnica de operação
do software MovieMaker; operação no software aplicativo PowerPoint e utilização da
internet para pesquisas. Também participaram do projeto os alunos do curso técnico
de Web Design, no componente curricular Projeto de Aplicações Web (P.A.W.),
trabalhando as bases tecnológicas: desenvolvimento de sites utilizando o software
DreamWeaver e operar aplicativos de imagens, utilizando o software Fireworks. A
ideia do projeto surgiu da participação das professoras no curso de Aprendizagem
Baseada em Projetos – uma nova estratégia de ensino para desenvolvimento de
projetos (A.B.P.), ministrado pela professora Doroti Toyohara (CETEC), no ano de 2009,
com o objetivo de conscientização e prevenção. “Droga” é uma questão social do meio
em que vivemos. Conscientizar a comunidade ETEC MAM foi uma forma de esclarecer
os efeitos prejudiciais que seu consumo acarreta no ser humano (organismo).
Portanto, uma forma jovem e moderna de divulgação foi a utilização de diferentes
mídias, que deu origem a questão norteadora: “Como as diferentes mídias podem
contribuir para conscientizar a comunidade ETEC MAM quanto aos malefícios causados
pelo uso de drogas?”. A execução do projeto visou o desenvolvimento de hábitos
mentais: criação, imaginação e inovação; interesse pelas ações que promovam as
mudanças de comportamento e trabalho em grupo de modo efetivo, com cooperação,
respeito e ética. As habilidades desenvolvidas foram: pesquisa na internet,
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classificação e organização de informações; trabalho em equipe e apropriação de
conhecimentos da área de informática para interpretar, avaliar ou planejar
intervenções tecnológicas. Desta forma, o resultado final do projeto provocou na
comunidade escolar ETEC MAM impactos visando à contribuição na formação do
estudante para o exercício de sua cidadania com competência como agente
transformador da realidade, utilizando-se de criação de slides, filmes, homepages,
datashow e depoimentos, compartilhando assim as informações pesquisadas e
transformadas em produto como meio de minimizar o consumo/uso das drogas. Tal
projeto foi apresentado, utilizando-se da metodologia BIE, além das ferramentas de
apoio já citadas, para todos os alunos do Ensino Médio (nove salas) e do Ensino
Técnico, curso de Web Design e Informática (três salas), direção, professores e
funcionários da unidade de ensino. Observando os depoimentos dos alunos envolvidos
no projeto, constatamos que através da utilização de diferentes multimídias o
conhecimento foi eficazmente disseminado.
A transversalidade em projetos: uma contribuição para a formação
global do aluno
Diego dos Santos Leon25, Karina Bonato Scarelli da Silva e Maria Conceição Pereira
Olivato
ETEC Pedro Badran – São Joaquim da Barra / SP
Palavras-chave: interdisciplinaridade; transversalidade; projetos; processo reflexivo;
tecnologias na educação
A proposta curricular do Ensino Médio do Centro Paula Souza contem além das
disciplinas do currículo oficial um conjunto de disciplinas transversais que realçam a
preocupação da instituição com a formação de um aluno global, crítico, reflexivo, que
esteja preocupado com as novas realidades do mundo. Percebemos que a estrutura
curricular revela práticas e ações que fogem do ensino decorativo ou do apenas
“aprender por aprender”. Esta concepção curricular deve estar ligada às nossas
práticas pedagógicas: o ensino deve promover a mudança. É importante contextualizar
a prática docente na sociedade tecnocrática que anuncia o advento de uma
cibercultura e que o aluno seja capaz de utilizar estas tecnologias de forma crítica e
consciente, relacionando tecnologia com a sociedade. Desta forma, torna-se
necessário que a escola prepare estes novos cidadãos para que consigam analisar
criticamente a inserção das tecnologias na sociedade. Além disso, a formação para
essas tecnologias é uma das tarefas mais ambiciosas da escola, já que saber utilizar e
manipular estas tecnologias constitui-se um dos fatores de exclusão social. É
impensável pensar hoje a escola sem que haja um diálogo com a tecnologia: pensar
dessa forma seria condenar a escola ao imobilismo, a inércia e descartá-la como um
objeto de antiquário. A escola deve se apropriar dessas tecnologias e reinventar seus
domínios, repensar sua função social, fazendo com que os alunos sejam capazes de
refletir criticamente os multimeios, tais como a internet, as redes de relacionamento, a
televisão, o mundo da propaganda, entre outros exemplos... Refletimos que o nosso
trabalho desenvolvido durante o ano letivo de 2009 revela nossa visão a respeito do
currículo: um trabalho interdisciplinar e dialógico. Utilizamos da disciplina Projeto
Técnico Científico como um elemento articulador com as outras disciplinas das ciências
humanas e possibilitou ao aluno que escrevesse e refletisse sobre seus conhecimentos
em blogs online e diários reflexivos. Nossa preocupação era criar com o aluno um
espaço de discussão, de envolvimento e pesquisa, fazer com que o conhecimento
pudesse realmente ser sentido e experimentado pelo aluno no seu cotidiano.
Entendemos que trabalhar com projetos envolve abertura para o novo visando
transformar a realidade que permite dar sentido ao conhecimento, levando-o à
reflexão de que estes saberes não são quebrados, mas constituem-se de um todo. A
metodologia adotada durante o desenvolvimento foi buscar questões e perguntas que
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
refletissem diretamente o cotidiano do aluno, propiciando a reflexão sobre si próprio e
o seu meio. Todas as questões foram desenvolvidas usando aporte teórico das ciências
humanas e em trabalho interdisciplinar. Durante o curso desenvolvemos debates e os
registros foram armazenados em relatos reflexivos, diários de bordo e blogs. Ao final,
com todo o conhecimento acumulado, os alunos deveriam investigar a própria
sociedade onde agiram como “sociólogos”, utilizando os métodos das pesquisas
sociológicas quantitativas e qualitativas. O projeto retrata uma quebra da linearidade
no estudo das ciências humanas, ao desenvolver o estudo através de temas geradores:
os conhecimentos não se apresentam distantes e inalcançáveis, ao contrário, o aporte
teórico apreendido por eles fazem com que eles reflitam e tornem-se agentes de sua
própria história. Nosso objetivo com a proposta dos projetos era oferecer uma nova
visão aos alunos a respeito de como aprender: o ensino hoje não pode estar mais
apenas confinado na sala de aula. Era promover a reflexão e a criticidade em seus atos
e utilizar os conhecimentos adquiridos para compreender-se e realizar mudanças.
Acreditamos que a educação não tem significado se não promover mudanças. Como
produto final do processo temos os relatos, os diários e as pesquisas, que se
constituem em ferramentas de auto-avaliação do aluno e também oferecem a
possibilidade de crítica social, da voz ativa do jovem e de transformações.
Projeto- Econscientização
Wanir Pereira da Silva Betanho26
ETEC Rubens de Faria e Souza- Sorocaba- SP
Palavras-chave: Educação ambiental, cidadania e mensagem publicitária
A educação é a chave da inclusão social, é o caminho seguro para inserir um país no
círculo virtuoso do crescimento social e econômico. No entanto, diante do cenário
preocupante da falta de qualidade do ensino no Brasil, ainda há o desafio de conseguir
despertar o educando para a aventura do mundo do conhecimento. Nosso sistema
compartimentado da organização curricular não atrai os estudantes pela carência de
significação para a sua vida. Um meio de descompartimentar o ensino é a
aprendizagem por projeto. “Econscientização: você é o reflexo do meio em que vive” é
um projeto cujo objetivo principal é a conscientização quanto à responsabilidade de
cada um para preservar o planeta. Seu desenvolvimento baseou-se na metodologia da
pesquisa-ação, que, para El Andaloussi (2004), possibilita abordar fenômenos da
sociedade em sua complexidade, permitindo ainda a intervenção do pesquisador
dentro de uma problemática social, em que os interessados tornam-se atores que,
participando do desenvolvimento da ação, contribuem para produzir novos saberes.
No caso concreto deste projeto, a produção de saberes a respeito do meio ambiente.
Tal método torna os educandos protagonistas, num processo de intervenção na
realidade social, com cidadania e autonomia. Após pesquisas para construir o
referencial teórico a respeito do lixo e sua destinação, as ações foram planejadas,
levando em conta a hipótese de que, havendo divulgação de conhecimentos, discussão
sobre o assunto, novos valores, atitudes e comportamentos seriam desenvolvidos na
comunidade escolar. Como um dos conteúdos da disciplina de AC (Ações de
Cidadania) é o estudo da mensagem publicitária (para refletir sobre o consumo e a
observação de seus apelos e implícitos, para não se tornar refém do consumismo), foi
feita a proposta de criar uma campanha publicitária, com a finalidade de conscientizar
a comunidade em relação à responsabilidade de cada um quanto à preservação do
meio. Aceito o desafio, foram realizados estudos sobre a mensagem publicitária e a
problemática do lixo, necessidade da prática da coleta seletiva e reciclagem. Após essa
etapa, foi preciso planejar a campanha: mídias, peças, material, etc. Para isso, as
equipes aprenderam a elaborar projetos de campanha que, embora simples,
apresentaram etapas como objetivos, público-alvo, tipo de mídia, material, execução e
cronograma. Houve três semanas de prazo para o início da campanha, com produtos
como outdoor, murais, pequenas palestras com uso do power point, merchandising,
oficina, instalação, estabelecimento de parceria, etc. No entanto, é necessário lembrar
que os conhecimentos fragmentados precisam ser reorganizados para que a sua
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significação seja apreendida e assimilada. Assim, no segundo semestre, os alunos se
dedicaram à elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), uma última etapa
do projeto. Com uma postura reflexiva, aprofundaram-se conhecimentos com
pesquisas, organizadas em portfólios, analisando-se os resultados da campanha
publicitária e as atitudes e comportamentos no desenvolvimento das atividades do
primeiro semestre. Os resultados alcançados com o uso das técnicas da mensagem
publicitária (como ferramenta) permitiram avaliar o comprometimento dos envolvidos,
eles próprios modificados por nova visão de defesa do ambiente, assumindo a posição
de multiplicadores dessa perspectiva junto à comunidade escolar e suas famílias.
Sarau Cultural
Cláudio Betzler27 e Thalita Benigno
ETEC Presidente Vargas
Palavras chaves: arte; cidadania; percepção; vivência.
O Painel apresenta de forma sucinta a trajetória do Sarau Cultural da ETEc “Presidente
Vargas”, institucionalizado em 2009, por iniciativa dos docentes das disciplinas de
Artes e Ações e Cidadania do Ensino Médio. Sarau é toda aquela reunião festiva entre
amigos, ligado à arte e cultura. Ouve-se música, filosofa, lêem-se trechos de livros, fazse poesia, etc. Somamos conhecimentos e vivência. E o projeto Sarau Cultural tem
como ponto de partida a aproximação da escola com a comunidade por meio da
difusão de atividades culturais, com enfoque na cidadania, visando cultivar as
produções artísticas e o gosto pela poesia, música e outras formas de arte entre os
discentes, docentes e comunidade, proporcionando a estes a oportunidade de se
expressar de forma lúdica; valorizar e estimular os talentos; resgatar e divulgar formas
culturais, artísticas e sociais; trocar idéias, assim como também a apreciação e
reflexão. A arte tem como função primordial a humanização do indivíduo e o Sarau
tem a intenção de despertar um olhar, mediado pelas relações artístico-culturais
existentes na sociedade, resgatando assim, seus valores como protagonista no seu
meio. A escola exerce um papel importante na construção da cidadania dos
adolescentes, adultos, professores e seus quadros técnicos. Visando colaborar neste
sentido, o Sarau oferece um momento (vários) para que todos possam exercer o
exercício de cooperação, protagonismo, participação qualificada nas ações educativas
do projeto, constituindo, juntamente, uma interface nas distribuições de tarefas,
potencializando assim seus conhecimentos e habilidades, como por exemplo:
organização do espaço, som, equipamentos, divulgação, programação, apresentação,
etc. Com este propósito, o primeiro Sarau foi realizado em junho de 2009, com a
temática: “Projetando ideias para um mundo melhor”. E com o sucesso do primeiro,
foi desenvolvido o II Sarau Cultural, no mês de novembro de 2009, com a temática:
“Por um Mundo Melhor... em busca de Igualdade de Direitos”. Foram realizados
cartazes para a divulgação e um período e programação para a realização das
inscrições, aos interessados. Os alunos do curso técnico de Design de Interiores
criaram um cenário para a realização da reunião festiva, assim como a realização das
tarefas distribuídas em grupos, formados por alunos e professores. Nos dois eventos,
tiveram mais de 50 participações artísticas, além de mais de 400 espectadoresapreciadores presentes. A escola, então, passou a ser um local privilegiado, também,
para a convivência de gerações, proporcionada pela oportunidade do encontro no
ambiente escolar, incentivando a prática de atitudes solidárias, artísticas; visando uma
melhoria entre as relações intra e inter pessoais na escola; fomentando a convivência e
sociabilidade, valorizando suas habilidades e formas expressivas e artísticas de
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dizerem, mostrarem suas reflexões, questionamentos, sobre seus olhares diante dos
temas apresentados e discutidos, permitindo, então, um novo olhar e percepção sobre
a dimensão ética e desenvolvimento de conhecimentos e atitudes, que serão recriados
pela sua vivência.
Senta que lá vem História
Valéria Amaral Costa Bertani28
ETEC : Dr. Domingos Minicucci Filho
Palavras-Chave : histórias, crianças, livros, cidadania, teatro
Contação de histórias :O projeto consistiu em três fases distintas. Na primeira, os
alunos criaram ou adaptaram histórias infantis já existentes. Na segunda, os mesmos
confeccionaram livros com elas. Na última fase as histórias foram contadas e
interpretadas para crianças carentes de creches municipais. O objetivo do projeto
dentro do conceito de Ação e Cidadania, foi mostrar aos alunos como o trabalho
voluntário pode ajudar a modificar realidades diferentes das quais eles estão inseridos.
A natureza do projeto foi inspirada na data comemorativa do livro didático, propondo
aos alunos que criassem histórias ou adaptassem contos infantis já conhecidos. Cada
grupo, organizado entre os alunos do terceiro ano do ensino médio, pode escolher se
criava sua própria história ou adaptava as histórias já existentes. Na primeira fase,
cada turma arrecadou material doado e usado para ser usado na confecção dos livros
infantis, como lápis de cor, lantejoulas, canutilhos, botões, fitas coloridas, caixas de
leite, garrafas pet, coadores de café usados, tecidos, sacos de estopa e tintas coloridas.
A confecção dos livros durou um mês e meio e foi toda feita em sala de aula. Na última
fase os alunos encenaram as histórias na forma de teatros e rodas infantis. As peças
foram apresentadas primeiramente aos alunos e professores da própria escola e,
posteriormente, às crianças das creches convidadas a vir à apresentação. Foi servido
um café da manhã antes das apresentações. Após as apresentações, as crianças
receberam em doação os livros confeccionados. O projeto, caracterizado por suas
diferentes fases, mostrou um rico repertório de resultados. O estímulo à criatividade
na fase de criação resultou num surpreendente leque de histórias e releituras, que
demonstraram a enorme capacidade criativa dos grupos, onde cada membro pode
participar dar idéias e determinar o enredo das histórias. Na segunda fase também
houve o estímulo criativo na confecção dos livros com os mais diferentes materiais,
que, além disso, eram reciclados, usados ou doados, o que já leva ao objetivo de ação
e cidadania, sob os conceitos de reciclagem e pedidos de doações. E a terceira fase,
que também exigiu criatividade dos alunos na encenação e contação das histórias,
trouxe para mais perto o conceito de ação e cidadania, com a oportunidade de
interagir com as crianças carentes e oferecer a elas momentos de alegria e lazer, e a
posterior doação dos livros, conseguimos demonstrar o conceito do trabalho
voluntário, e de como este é uma via de mão dupla, onde o tempo despendido, o
esforço e a dedicação para a execução das atividades são “pagos” com a satisfação de
observar a alegria das crianças, de oferecer uma oportunidade de acesso à cultura, e
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inclusive de mostrar aos alunos a sua própria capacidade criativa. Demonstramos que
um trabalho para der bem feito e atingir bons resultados não precisa necessariamente
de remuneração financeira.
Filosofia e Sociologia
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Cidadão 21 - Projeto institucional Ações de Cidadania
Izabel Castanha Gil29 e Maria Emília Furtado de Luccas
ETEC Prof. Eudécio Luiz Vicente - Adamantina/SP
Palavras-chave: Projeto interdisciplinar – Sociologia e Filosofia – Inovação teóricometodológica
O trabalho relata uma experiência em andamento desde fevereiro de 2010. Atendendo
a Lei nº 11.684/2008, que torna obrigatória a introdução das disciplinas Sociologia e
Filosofia no Ensino Médio, a escola optou por desenvolve-las de modo integrado nas
segundas séries, na disciplina Projetos. Com a participação de todos os professores, o
tema foi amplamente debatido, inspirando a elaboração do Projeto Cidadão 21. Duas
professoras ficaram responsáveis, num total de cinco aulas semanais. Uma delas é
formada em Geografia e História e a outra é formada em Pedagogia e Ciências
Contábeis. Esse fato atesta a realidade das escolas em relação à implantação das duas
disciplinas: a falta de profissionais com formação específica. Compreendendo as
dificuldades próprias da fase inicial de implantação das referidas disciplinas e a
responsabilidade diante de áreas tão significativas do conhecimento para a formação
do educando, dedicou-se especial atenção na elaboração do projeto, considerando os
pressupostos metodológicos e os temas a serem abordados. Para identificação dos
mesmos, valeram-se das observações feitas pelos alunos disponibilizadas no relatório
do SAI 2009 (Sistema de Avaliação Interna). Para nortear as ações, definiram-se três
princípios balizadores: espírito científico – comprometimento – mobilização. A
estrutura do projeto assenta-se em quatro grandes temas, sendo desenvolvido um por
bimestre. Cada tema é subdividido em três subtemas, diversificando as possibilidades
de abordagem. Todos estão relacionados ao cotidiano e à contemporaneidade dos
jovens, contemplando a formação individual e a cidadania, a continuidade dos
estudos, e a preparação para o mundo do trabalho. Os alunos, divididos em grupos,
definem o recorte e o objeto de estudo a ser trabalhado. Os grandes temas são: 1- Eu,
tu, nós. Uma convivência pacífica? (subtemas: Convivendo com as diferenças: a- A
esquisitice está na moda?; b- Sexo: prazer e responsabilidade. Como?; c- Eu e as
finanças: $ tem limite? 2- Além dos muros da escola: como enxergar de olhos
fechados? (subtemas: a- A vida é um desafio. O que é ser jovem hoje?; b- Mercado de
trabalho: o sucesso é minha meta?; c- Copa do mundo e Olimpíadas: o Brasil será um
bom anfitrião?). 3- A natureza está em risco. E eu com isso? (subtemas: a- Consumo
consciente: dá para praticar?; b- Boas práticas ambientais no cotidiano: agir sozinho
resolve?; c- Sustentabilidade ambiental: utopia?). 4- Pensar, agir e registrar: existe
uma forma ideal? (subtemas: a- Pensar, agir e escrever: uma aventura possível?; bEditoração eletrônica: vamos fazer um vídeo?; c- Manifestações artísticas: o mundo é
um circo? Para cada tema selecionaram-se bases teóricas, que dão suporte às
investigações. Também foram selecionadas competências do ENEM (Exame Nacional
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do Ensino Médio/MEC) para balizar as atividades propostas. As investigações são
realizadas com ênfase no estabelecimento de problematização, hipóteses e objetivos.
O produto final bimestral constitui-se na elaboração de material virtual (apresentações
orais ilustradas e animadas com performances pré-estabelecidas) e na redação de um
breve artigo cientifico (texto dissertativo). Para isso, recebem orientação quanto às
regras da ABNT, tais como citações, formatação, referências bibliográficas etc. Orientase para a produção original e criativa, evitando-se o plágio. A socialização dos
resultados bimestrais é feita em sala de aula e, em algumas situações, promove-se um
intercâmbio entre as salas. Para as apresentações, priorizou-se também a orientação
sobre técnicas de comunicação oral. No quarto bimestre toda a produção será
sistematizada e socializada no site da escola. Será também adaptada para publicação
no jornal da mesma. As fontes bibliográficas constituem-se em mídias eletrônicas,
publicações editoriais, fontes orais e outras. Para o desenvolvimento dos trabalhos, os
alunos podem recorrer aos professores das demais disciplinas, de acordo com a
temática em estudo.
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sala, os trabalhos foram expostos no pátio para observação dos alunos, familiares e
comunidade presente na Exposição Cultural realizada na unidade escolar ao final do
primeiro semestre de 2009. Durante o segundo semestre, continuamos abrindo
espaços para debates, análise de charges e textos ligados aos assuntos abordados para
que os alunos pudessem dar continuidade ao projeto iniciado no primeiro semestre.
Filosofia da Humanidade
Beatriz Freddi Motta30, Ivete Soares Pires e Sandra Valéria Valchhutter.
Etec Jorge Street. – São Caetano do Sul - SP
O Projeto “Filosofia da Humanidade” foi desenvolvido nas disciplinas de História,
Português, Artes e Filosofia, em 2009, na Etec Jorge Street em São Caetano do Sul. O
objetivo do projeto foi integrar as várias áreas de conhecimento, envolvendo Arte e
estética como elemento de representação, expressão e comunicação; Língua
Portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da
organização do mundo e da própria identidade; História como construção da
identidade pessoal e social a partir do reconhecimento do papel do indivíduo no
processo de elaboração social; Filosofia com a obra “O Mundo de Sofia” do autor
Jostein Gaarder (Cia. Da Letras), na qual realizaram a investigação crítica e racional dos
princípios fundamentais relacionados ao mundo e ao homem (origem, cultura...). O
Projeto envolveu apenas as salas de primeiros anos do Ensino Médio, possuindo várias
etapas: primeiro iniciando com a leitura extraclasse do livro “O Mundo de Sofia”, tanto
nas aulas de Língua Portuguesa e História, onde promovemos orientações e
esclarecimentos sobre o contexto abordado (interpretações e contextualizações
presentes no livro); para completar tais esclarecimentos, depois realizamos debates
em sala, leitura de textos extras (complementares) e até mesmo a inscrição e
participação das turmas no Projeto de Filosofia do Portal Aprende Brasil ao longo do
ano, onde os alunos de forma paralela desenvolveram discussões durante os fóruns,
produziram fábulas (abordando valores filosóficos, morais, sociais...), tendo sido
essencial para amadurecer conceitos e opiniões dos alunos. Em Artes, os alunos
(divididos em grupos) foram orientados para elaboração dos desenhos e montagens
das charges, além da produção dos cartazes e das dramatizações das fábulas. Tanto as
charges como os cartazes tinham a temática central da observação social brasileira e
mundial, sobre os problemas que estavam ocorrendo, bem como a falta de consciência
presente na maior parte dos cidadãos. O referencial adotado pelo Projeto para se
pensar e refletir “Filosofia” no nível médio buscou ao mesmo tempo garantir a
especificidade da disciplina de filosofia (no sentido de refletir no campo de
conhecimento culturalmente reconhecido) e trabalhar no sentido de uma adequação
dos temas e da linguagem filosófica à realidade vivida pelos alunos em meio à
sociedade atual. Os temas selecionados para serem os eixos do projeto foram: “O que
é filosofia?”; “Introdução à lógica”; “O papel do ser humano em seu meio”; “A moral”;
“A mídia e suas diferentes formas de manipulação e dominação”; “A diversidade
cultural existente na sociedade” e “Ética e política”. Inicialmente as apresentações das
charges foram feitas em sala, desencadeando um novo debate, buscando explicar cada
charge e cartazes elaborados por eles mediante aos diferentes temas abordados pelos
grupos. Tanto os temas para as charges como para os cartazes foram escolhidos pelos
grupos de forma livre, onde cada um buscou manifestar através de imagens, parte do
que tinha sido absorvido durante a realização do projeto. Após as apresentações em
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Palavras-chave: Filosofia; Charge; Homem; Sociedade; Manipulação.
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Gestão Ambiental
A Implantação da Coleta Seletiva na ETEC Waldyr Duron Junior
Sérgio Aparecido Donique31
ETEC Waldyr Duron Junior
Palavras-chave: gestão ambiental, coleta seletiva, descartes
A gestão ambiental e o respeito ao meio ambiente são assuntos essenciais que devem
ser analisados no âmbito global e local. Os efeitos provenientes da agressão a natureza
são diariamente perceptíveis, como deslizamentos, enchentes e acumulo de lixo.
Atualmente são desenvolvidos diversos programas e projetos, referente a
conscientização ambiental. Em virtude do fenômeno da globalização, ocorreu um
aumento no consumo e fabricação de produtos, resultando assim, num acumulo de
sobras, provenientes da produção e utilização dos mesmos, ocasionando na maioria
dos casos, o descarte incorreto. O meio ambiente, em virtude destes descartes, vem
sendo constantemente impactado, haja vista, que os rios, lagos e mares, são utilizados
como receptores finais destas sobras, que agridem não só a fauna e a flora, mas
colocam em risco a saúde e a vida de todos os seres vivos. A responsabilidade
referente aos assuntos ambientais não se restringe apenas aos órgãos
governamentais, mas cada indivíduo deve ter consciência sobre seus atos e atitudes
com o meio ambiente. A Etec Waldyr Duron Junior é uma escola técnica situada na
zona rural no município de Piraju/SP, inaugurada em dois mil e seis. Nesta fase de
implantação a instituição totalizava quarenta alunos, sendo que hoje no ano de dois
mil e dez a totaliza aproximadamente seiscentas pessoas entre docentes, discentes e
colaboradores. Devido ao aumento na demanda de pessoas, elevou-se também o
consumo de produtos alimentícios, como lanches, salgados, doces, refrigerantes e
refeições, que infelizmente são descartados incorretamente ao redor da escola.
Ressaltando que a Etec Piraju possui uma belíssima área verde e priorizando o cuidado
e sua gestão ambiental, iniciou-se com os alunos do terceiro ano do ensino médio o
projeto “A Implantação da coleta seletiva”, que teve como objetivo a implantação de
lixeiras coloridas para o descarte correto dos materiais e a conscientização da
comunidade escolar sobre o correto descarte do lixo, sendo este fator, de fundamental
importância para o meio ambiente e contribuindo ainda, para limpeza da escola e
educação de nossos discentes. Para a realização do projeto foi estabelecidos grupos de
estudos entre os alunos do 3º termo de ensino médio, abordando os temas; o que é
coleta seletiva, coleta seletiva na cidade de Piraju, cores e descartes, os impactos do
lixo no meio ambiente, coleta de evidências sobre o descarte incorreto na ETEC Piraju,
conscientização ambiental e gestão ambiental, sendo também estabelecido parceria
Educar para a Sustentabilidade
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
com a Indústria de calçados Ki-Pé, Prefeitura Municipal e Departamento do Meio
Ambiente de Piraju. Após o levantamento bibliográfico dos tópicos disposto, os alunos
do terceiro ensino médio realizaram uma palestra aos demais alunos, professores e
colaboradores da escola, nos dias dez e onze de maio de dois mil e dez. Em
continuidade ao projeto foi organizado uma “Limpeza Geral” ao redor da escola, sendo
que através da doação de “sacos de lixo reciclável” pelo departamento do meio
ambiente de Piraju/SP, todos os alunos, professores e colaboradores da instituição, se
uniram para retirar do meio ambiente os lixos existentes. Este projeto não será único,
pois continuamente será aplicado aos próximos termos, ressaltando assim, a
importância na preservação e respeito ao meio ambiente. A metodologia utilizada para
a realização deste trabalho foi a pesquisa bibliográfica, sites específicos como o
clickideia e estudo de campo, através da coleta de evidências. O projeto foi essencial
para a conscientização ambiental, destacando que nossos alunos tornaram-se
promotores e defensores do meio ambiente, divulgando para amigos e familiares
sobre a importância do projeto executado.
Meio Ambiente e Sustentabilidade – Uma Aula Diferente
Marta dos Santos32
Etec Dr Geraldo José Rodrigues Alckmin
Palavras Chaves: Sustentabilidade, Energia, Educação Ambiental, Poluição
A atual problemática ambiental, nos leva a necessidade de convivermos e atuarmos
cada vez mais no desenvolvimento de atitudes que estejam fundamentadas nos
conceitos de sustentabilidade, portanto o objetivo principal deste tipo de metodologia
de ensino foi proporcionar aos envolvidos um direcionamento ou orientação sobre as
consequências da atuação do homem em relação aos recursos naturais, fauna, flora, as
formas de energia utilizadas pelo homem e principalmente a preservação e o uso de
critérios de desenvolvimento sustentável, portanto, esse trabalho é o produto da
investigação sobre metodologia de projetos, viabilizando uma aprendizagem
significativa dos conceitos inerentes às Ciências no contexto da Educação Ambiental,
utilizando como temas catalisadores a História da Poluição, o Meio Ambiente, Fontes
de Energia e Fontes Alternativas de Energia. Participaram do projeto 120 alunos da 2ª
Série do Ensino Médio, dentro das disciplinas de Química e Impactos Ambientais (PTC
II). Possuindo duas aulas de Química e duas aulas de Impactos Ambientais, os alunos,
além de receberem os conhecimentos teóricos ligados ao conteúdo previamente
traçado, foram estimulados a pesquisar, discutir, elaborar seminários e propostas de
soluções sustentáveis com os temas catalisadores. Os resultados demonstram que os
alunos envolvidos não só modificaram seu comportamento em relação ao meio
ambiente em que estão inseridos, bem como se conscientizaram para a tomada de
decisões futuras baseadas no uso sustentável dos vários tipos de energia em nosso
país. Pode-se perceber também, que os alunos se tornaram muito mais independentes
na aquisição de conhecimento através do envolvimento com as pesquisas e discussões
em grupo e que o professor deixou de seguir um currículo “engessado” e passou a ter
mais autonomia na transmissão do conhecimento, ou seja, trabalhar com projetos
rompe com o tradicionalismo do ensino, apontando para um professor mais reflexivo,
com uma postura pedagógica que reflete uma concepção de conhecimento como
produção coletiva. Essa concepção de ensino permite ao aluno “testar” seu
aprendizado ao longo do projeto, ele mesmo reconstrói seus conceitos a cada etapa,
relacionando o novo com idéias preexistentes na sua estrutura cognitiva e
transformando os conceitos em proposições. Essa experiência piloto demonstrou que
a abordagem do tema Educação ambiental em projetos foi eficiente para que
ocorresse aprendizagem significativa nos alunos e para formar educandos capazes de
trabalhar em seu meio questões ambientais relevantes. Para que nossos objetivos
fossem atingidos, contamos com a parceria e apoio de alguns professores da
Universidade Estadual Paulista – Campus de Guaratinguetá (Prof. Dr Teófilo Miguel de
Souza e Prof. Fábio Esteves da Silva, ambos da área de Energia). Os resultados foram
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
apresentados na forma de seminários, maquetes e pesquisas, elaborados pelos alunos
e a apresentação final foi realizada na Etec com a organização de uma Mostra
Cientifica de todos os dados obtidos, aberta à comunidade, bem como de um Show de
Energia, patrocinado pela Unesp de Guaratinguetá.
Aprendendo, Ensinando, Semeando o Futuro
Patrícia Poloni Capelatto Freire33, Sônia Maria Pereira Vieira e Juliana Tavares Cardoso
Etec Professora Marines Teodoro de Freitas Almeida
Tema: O uso sustentável dos recursos hídricos enquanto fator de sobrevivência do
planeta e dos organismos vivos.
O abastecimento de água potável à população é uma realidade preocupante e, em
algumas regiões do planeta, está irremediavelmente comprometido em virtude de
poluição/contaminação, mudanças climáticas, desmatamentos e da falta de proteção
às nascentes, dentre outros. A necessidade do uso sustentável dos recursos hídricos
deve nortear as ações públicas e de cada cidadão, como forma de sobrevivência das
espécies e do planeta. Neste sentido, a Etec de Novo Horizonte busca, através deste
projeto, conhecer o processo de coleta e tratamento da água, enquanto fator de
sustentabilidade dos recursos hídricos. O Objetivo central deste estudo é sensibilizar
os alunos para a necessidade/importância do uso sustentável dos recursos hídricos e,
especificamente, identificar o local de coleta da água a ser enviada para análise
bacteriológica, físico-química; conhecer as etapas do processo de tratamento da água
para abastecimento público. A Hipótese a ser observada é a
construção/apoderamento do conhecimento teórico-prático da captação, análise e
tratamento da água para abastecimento público enquanto fator que contribui para o
uso sustentável dos recursos hídricos. O estudo se deu através de pesquisa no
Clickidéia sobre tratamento de água e posteriormente os alunos saíram da escola para
um estudo de meio acompanhados pela Direção e professores, monitorados por
policial militar ambiental e funcionário da SABESP para o local onde é feita a coleta
para análise da água superficial utilizada para o abastecimento público; observou-se a
inserção ambiental do ponto de coleta, bem como, na SABESP para acompanhamento
das etapas do tratamento da água captada e, ainda, consulta em relatórios, mapas e
demais documentos relacionados ao abastecimento público de água. Finalmente, foi
desenvolvido o procedimento de tratamento de água na escola, com a utilização de
processo artesanal. O resultado deste trabalho é o conhecimento do local da coleta e
captação de água para abastecimento público, identificação da presença ou não de
mata ciliar, observação de eventual sujeira visível no rio e no entorno, cor e cheiro da
água e outros, conheceram as etapas de tratamento de água (desinfecção, floculação,
filtragem, ph, transformações químicas e outros) e, com esta percepção refletiram
sobre a necessidade do uso sustentável dos recursos hídricos, enquanto fator de
sobrevivência do planeta e dos seres vivos.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Palavras - chave: água, sustentabilidade, meio ambiente.
Olhos D’Água
Jussara da Silva Tavares, Erika Lara Caetano e Maira Cristina Quirino de Souza34
Etec Professora Marines Teodoro de Freitas Almeida
Tema: A importância das nascentes para a preservação e conservação dos recursos
hídricos.
As questões relacionadas ao meio ambiente ocupam, atualmente, um importante
espaço político e acadêmico, sendo amplamente abordadas pela mídia, o que tem
contribuído para popularizar e ampliar a repercussão e o interesse sobre esta
temática. As discussões envolvendo a preservação dos recursos naturais assumem um
caráter global, frente à eminência de colapsos no abastecimento de água, mudanças
climáticas e outros inúmeros agravos ambientais com repercussão para toda a vida no
planeta. Os agravos ambientais têm reflexos e conseqüências para toda humanidade e
a sociedade civil deve tomar conhecimento do meio ambiente em que vive e agir
através de todos os meios de participação da vida pública para questionar e propor
soluções na defesa dos recursos naturais e da manutenção da vida, em benefício de
toda coletividade, seja individualmente, seja através de organismos legalmente
constituídos. Quando falamos em recursos hídricos uma das lembranças mais
marcantes que nos vêm à mente é a imagem de rios caudalosos de espessa e
deslumbrante mata ciliar, situação esta cada vez mais distante da nossa realidade em
virtude de desmatamentos e da falta de proteção às nascentes, dentre outros,
havendo a necessidade de colocarmos em pauta ações direcionadas ao uso sustentável
dos recursos hídricos, como forma de sobrevivência das espécies e do planeta. Neste
sentido, a Etec de Novo Horizonte busca através deste projeto mobilizar a comunidade
escolar para conhecer 2 nascestes de Novo Horizonte: a nascente do Córrego da Estiva
e a Nascente do Pau d”alho. O Objetivo central deste estudo é sensibilizar os alunos
para a importância da proteção/preservação das nascentes e, especificamente,
identificar o local destas nascentes em Novo Horizonte, bem como constatar a
presença ou ausência de mata ciliar. A Hipótese é a diminuição de mata ciliar enquanto
fator de degradação ambiental das nascentes. O estudo se deu através de pesquisa no
Clickidéia sobre Nascentes: O que é nascente, Ciclo hidrológico, cobertura vegetal em
torno das nascentes e Legislação relacionada às nascentes e aos outros recursos
hídricos, posteriormente realizou-se o estudo de meio junto às nascentes
selecionadas, quando os alunos e professores foram até as nascentes sendo
monitorados por policial militar ambiental, neste local observou-se as características
das nascentes, quanto a eventual sujeira visível no rio e no entorno, cor e cheiro da
água e presença de mata ciliar. O resultado deste projeto aponta uma situação
preocupante com relação às nascentes estudadas, não só pela ausência de mata ciliar,
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
mas também pela constatação de atividades agropecuárias na APP e a conseqüente
poluição do curso d’água. Com esta percepção refletiu-se sobre a importância das
nascentes para a preservação dos recursos hídricos e a necessidade do
compartilhamento deste conhecimento com a comunidade para sensibilização da
importância da proteção/preservação das nascentes, enquanto fator de sobrevivência
do planeta e dos seres vivos.
Desenvolvimento de Aulas Práticas de Química para o Ensino Médio
Edilberto Felix da Silva35
Etec Alberto Santos Dumont
Palavras-chave: nascentes, preservação, meio ambiente.
Palavras chaves: conteúdos de química; atividades práticas; aprendizagem
significativa; habilidades; competências.
O presente trabalho relata algumas possibilidades didáticas para o aprendizado de
conteúdos de química e o desenvolvimento de competências e habilidades através de
atividades práticas, proporcionando ao educador uma alternativa a ser utilizada em
suas aulas. Acreditando que “o papel do professor desponta como sendo o de
facilitador da aprendizagem de seus alunos. Seu papel não é ensinar, mas ajudar o
aluno a aprender; não transmitir informações, mas criar condições para que o aluno
adquira informações; não é fazer brilhantes preleções para divulgar a cultura, mas
organizar estratégias para que o aluno conheça a cultura e crie cultura” (Abreu;
Masetto, 1990). As atividades foram elaboradas de maneira a proporcionar uma
aprendizagem significativa, onde as informações e conceitos interajam com a estrutura
cognitiva do aluno. Várias ferramentas são utilizadas para que os estudantes possam
se apropriar do conhecimento que está sendo proposto, tais como, construção de
modelos, experimentação, dinâmicas de leitura de textos, músicas, softwares,
resolução de problemas, projetos. Desta maneira espera-se incentivar nos alunos as
habilidades necessárias ao estudo e desenvolver competências em consonância com
os temas e conteúdos do ensino. Para elaborar atividades que estivessem de acordo
com os conteúdos previstos no plano de curso, foram feitas pesquisas em livros,
periódicos e na internet. Levou-se em consideração a necessidade de trabalhos
lúdicos, de caráter interdisciplinar onde o conhecimento seja construído pelo aluno
por processos de investigação e procura, proporcionando um aprendizado mais
significativo e eficaz, construído através da interpretação do mundo e de problemas
reais. As atividades foram testadas e adaptadas para execução em sala de aula em
escolas que não possuem um laboratório de química, fazendo uso de materiais
alternativos e/ou de baixo custo, com a função pedagógica de auxiliar os alunos na
compreensão dos fenômenos e conceitos químicos, além de aumentar a sua
motivação e o envolvimento com a matéria, proporcionando ao aluno uma
participação ativa nas aulas, favorecendo sua formação e possibilitando interagir de
forma mais consciente e ética com o mundo em que vivem. Foram elaborados
protocolos das atividades, com orientações para o aluno e para o professor que queira
fazer uso das mesmas, sendo possíveis novas adaptações e inferências de acordo com
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
a situação vivenciada pelo professor. Dessa maneira buscou-se utilização das
atividades por professores de química e outras áreas, promovendo assim uma
discussão sobre a construção do conhecimento, incentivando nos professores a busca
por novas metodologias de ensino, que visem um aprendizado significativo e o
desenvolvimento de competências e habilidades cognitivas, fazendo com que as salas
de aula sejam um espaço constante de investigação e que nos leve a uma contínua
reflexão e revisão de nosso trabalho. As atividades foram aplicadas em séries
diferentes do ensino médio, de acordo com as programações do plano de curso.
Relatos dos estudantes mostram que o aprendizado torna-se muito mais divertido e
prazeroso quando se utiliza atividades práticas, nas observações diretas durante o
desenvolvimento das tarefas nota-se uma participação e uma motivação muito maior
do que nas aulas tradicionais e, nas avaliações é verificada uma melhora de
desempenho no aprendizado de conceitos e na aplicação dos mesmos.
Projeto Interdisciplinar Global de Meio Ambiente: o papel da Etec
Pedro D’Arcádia Neto no contexto local.
Thiago Hernandes de Souza Lima36, Gizely Fernanda Zana Marques e Elizabeth Correia
Soares Sasso
Etec: 095 - Pedro D’Arcádia Neto - Assis
Caracterizado como um dos ambientes mais alterados pelas ações antrópicas, as
cidades ao longo da história assumiram diferentes estruturas e funções, refletindo
sempre o contexto social, político, espacial, cultural e econômico vigente. Mediante a
este fato, por muito tempo poucas foram as ações que estimulavam a organização e o
planejamento destes espaços, sendo que em muitos casos eles se tornaram
verdadeiros sinônimos do caos, o que influenciou diretamente na qualidade de vida
dos que ali residiam. Vale ressaltar que após a Revolução Industrial o processo de
urbanização foi intensificado em todos os países que atravessavam por estas
transformações. Remetendo este contexto a realidade brasileira, é importante
relembrar que estes acontecimentos não diferiram muito, uma vez que as
adversidades se apresentaram igualmente. Dentre os principais problemas
decorrentes da ocupação desordenadas das cidades, destaca-se: impermeabilização do
solo, falta de áreas verdes, ocupação em área irregulares, falta de áreas livres e de
lazer além de tantos outros que juntos influenciam negativamente na perda da
qualidade de vida da população. Quanto ao contexto assisense, é importante
relembrar que estas adversidades não diferem muito, uma vez que a cidade de Assis
por em razão de sua história de crescimento ao longo dos tempos passou por vários
ciclos econômicos, políticos, estruturais dentre outros, o que refletiu sempre na
ocupação do espaço urbano, seja no traçado, na infra-estrutura e até nos cuidados
ambientais. Antes aos vários desafios ambientais que permeiam o foco deste projeto e
merecem intervenções, podemos destacar a arborização, a gestão dos resíduos
residenciais, o uso inapropriado e a má conservação dos espaços públicos como as
praças e as calçadas além de várias outras inconsistências detectadas em uma análise
primária. E é nesta perspectiva que surge a relevância deste projeto, uma vez que se
propõe a apresentar às autoridades o fruto do trabalho produzido pelos discentes da
unidade. Como procedimento metodológico, este está caracterizado pela delimitação
das frentes de trabalho, da formação dos grupos, da distribuição das atividades, da
coleta, tabulação e análise dos dados e informações coletados bem como da produção
do relatório final. Por se tratar de uma atividade ainda em fase inicial de
desenvolvimento, não existem resultados conclusivos, contudo, após sondagens
iniciais, debates e primeiras ações práticas, pode-se concluir o grande interesse dos
alunos quanto à problemática proposta. Deste modo, como resultado final dos
trabalhos desenvolvidos, espera-se que além de um documento de poderá servir de
parâmetro e apoio aos gestores público em suas ações, este trabalho visa estimular o
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senso crítico dos alunos fazendo com estes atuem cada vez mais de maneira cidadã
responsável no meio em que estão inseridos. Vale ressaltar o pleno apoio do corpo
gestor da unidade e que toda a comunidade escolar, do Ensino Médio ao Técnico,
estará envolvida nestas atividades, sendo que cada uma estará realizando uma
determinada contribuição mediante as competências pertinentes a cada grupo.
Etec: Dr Geraldo José Rodrigues Alckmin
Palavras chave: espaço urbano, impacto ambiental, responsabilidade, intervenção.
Palavras Chaves: Darwin, DNA, Evolução, Pet, Ligação
Construção da Molécula de DNA com Material Pet
Marta dos Santos37
A comemoração dos 200 anos do nascimento de Charles Darwin (12 de fevereiro de
1809, Inglaterra) deu início ao Ano Darwin da Biologia, conforme batizado pela
UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization).
Consequentemente o tema “evolução” tornou-se manchete nos principais jornais e
revistas de todo o mundo. Darwin, como sabemos, é o autor da Teoria da Evolução e
estudando essa teoria podemos verificar que os problemas ambientais são
consequências das adaptações genéticas e culturais, isto é, podem beneficiar alguns
grupos durante um determinado tempo e causar danos generalizados para a maioria.
O processo evolutivo da humanidade tem sido eficiente em levar extinção a habitats e
a muitas espécies do bioma terrestre. Foi pensando no exposto, que decidimos
realizar o estudo da molécula de DNA (Ácido Desoxirribonucléico), com objetivo de
compreender e verificar na prática que as análises quantitativas indicavam que a
adenina e a timina dos DNAs ou a guanina e a citosina estão sempre presentes na
proporção molar 1:1. Significando que a soma das bases purínicas do DNA é sempre
igual à soma das bases pirimidínicas. A interpretação destes dados (e mais dados
obtidos através de analises com raios-x) levou ao desenvolvimento de um modelo de
estrutura secundária, conhecido como dupla hélice. Fato este que não se verificava no
RNA (Ácido Ribonucleico) e é a diferença básica entre o DNA e o RNA, o DNA é dupla
fita enquanto que o RNA é constituído de apensas um filamento. No DNA os dois
filamentos apresentam sequência complementar de bases, ou seja, as sequências de
dois filamentos estão arranjadas de tal forma que uma adenina sempre pode ter
interação com uma timina e uma guanina com citosina, esta interação dos pares,
chamados de bases complementares se dá por formação de pontes de hidrogênio.
Contorcendo o filamento e formando a estrutura secundária compacta da alfa-hélice.
Participaram desse projeto 120 alunos da 2ª Série do Ensino Médio, que coletaram
material pet de um mesmo formato e nas aulas de química, realizaram, após os cortes
e junções necessárias, a construção das quatro bases fundamentais de uma dupla
hélice de DNA, podendo verificar a importância das ligações fosfato e das ligações
pontes de hidrogênio. Foram também estudados temas com mutações, radiação solar
e a importância dos protetores solares, que estão intimamente ligados às
interferências do homem no Meio Ambiente. Pode-se perceber que após os estudos
realizados os alunos, consolidaram na prática os conhecimentos adquiridos nas aulas
de Biologia e de Química, alcançando a integração entre essas disciplinas, além de
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
verificarem que materiais como o pet podem dar origem à criação de instrumentos
pedagógicos, quando utilizamos a nossa imaginação. Esse projeto despertou em
muitos alunos o interesse na utilização de outros materiais descartáveis e seus
projetos de construção de maquetes, dentro do Projeto Meio Ambiente e
Sustentabilidade: Uma aula diferente, também desenvolvido nas aulas de Química e
Impactos Ambientais. O resultado final do projeto foi apresentado na Mostra
Cientifica da escola, aberta à comunidade.
Controle e Avaliação da Qualidade das Águas do Córrego
Furninhas, em Ourinhos, SP
Elizeth Maria Andrade Besse38 e Andréia Archangelo, Roberto Petrelli Junior, Amanda
Ferreira e Amabili Danieli Burgo (acadêmicos da 2ª série do Ensino Médio) Etec
“Jacinto Ferreira de Sá.
PALAVRAS-CHAVE: Córrego Furninhas, poluição, canalização e qualidade das águas.
O projeto foi realizado no Córrego Furninhas, no município de Ourinhos o curso d”água
é classificado como sendo de classe 2 (Portaria do Ministério da Saúde 518 de
25/03/2004), percorre um trecho de 5,0 km dentro de uma área urbana e recebe
contribuições de efluentes domésticos e pluviais. O córrego vem passando por vários
processos: conseqüências de expansão urbana, diminuição da quantidade de água ao
longo de seu curso, desmatamentos nas áreas de preservação, destruição das
nascentes, poluição, contaminação e falta de comprometimento das comunidades
ribeirinhas com a limpeza das margens. Para início do projeto, houve a integração com
alunos da região próxima ao estudo em questão, buscando desenvolver parceria com a
comunidade local, levando-a a participação de debates na escola do bairro. Foram
desenvolvidas, entrevistas com os moradores com objetivo de conhecer a utilidade da
água do córrego, respeito às ações de: sustentabilidade e a canalização do referido
córrego. Foram demarcados três pontos de amostragem ao longo do Córrego
Furninhas. Ponto 1, área que recebe carga de efluente doméstico e visível área erosiva.
Ponto 2, localizado em “poço”, algumas crianças usam para lazer, por ter uma
tubulação de esgoto que serve de “trampolim’ e Ponto 3, próximo a mina, considerado
pelos moradores, como potável. As amostras foram coletadas pelos alunos durante
um ano (12 meses), com auxílio de Kits (conjunto de química), encaminhadas ao
laboratório da Etec, para a verificação laboratorial das seguintes análises físicoquímicas das águas. Os resultados e demais dados foram disponibilizados em fichas de
acompanhamento de coleta. Portanto, os resultados apresentados sugerem uma
situação pouco crítica para o Córrego Furninhas conforme os parâmetros. A Avaliação
Ambiental constituiu numa etapa fundamental do planejamento, da gestão dos
recursos hídricos constituindo num conjunto de levantamentos sobre a situação da
população ribeirinha, despertando-as a importância na manutenção ambiental da área
e o impacto da canalização dos córregos de Ourinhos.
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A Importância da Engenharia Genética na Identificação de Pessoas
e no Aconselhamento Genético
Marilza de Cássia Nucci Pigatin39
ETEC de São José dos Campos
Este trabalho tem por objetivo demonstrar a importância da engenharia genética na
identificação de pessoas e no aconselhamento genético através do estudo da molécula
de DNA em três dimensões, da análise macroscópica de material hereditário e do uso
do teste de paternidade. Numa primeira etapa verificou-se que nos livros didáticos a
molécula de DNA encontra-se demonstrada em perspectiva e que a montagem da
mesma em três dimensões proporciona uma aprendizagem mais eficaz. Para isso, foi
montada uma duplicação do DNA com material reciclável (garrafas pet, papelão e
madeira), formando um grande quebra-cabeças para explicar o nucleotídeo. Também
foram identificados leucócitos, utilizados no teste de DNA, através de um microscópio
com lâmina de sangue humano. Numa segunda etapa, com o objetivo de despertar o
interessse pela Biologia de forma lúcida, material hereditário extraído de Pisum
sativum (ervilhas de Mendel) foi analisado através de observação visual, pela ruptura
das células para liberação dos núcleos, desmembramento dos cromossomos em seus
componentes básicos e a separação do DNA dos demais componentes celulares. A
terceira etapa teve como importância prática a compreensão sobre a Engenharia
Genética na identificação de pessoas, a aplicação dos princípios da eletroforese e
demonstração do uso do teste de paternidade em estudos de casos hipotéticos e reais.
Foram utilizadas folhas com segmentos de DNA de pessoas e tesouras como enzimas
de restrição. Os segmentos foram organizados para análise do padrão eletroforético
de cada pessoa. A finalização foi publicada em um blog, utilizando o folheto em
homenagem aos 200 anos de Darwin. O estudo propiciou uma abordagem lúdica e
fascinante do tema Engenharia Genética, levando o estudante a perceber que ao
investigar experimentalmente o assunto compreende sua relevância e aplicabilidade.
Palavras-chave: DNA, enzimas de restrição, eletroforese, teste de paternidade.
Educação Física
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Avaliação da Aprendizagem em Educação Física: O que estamos
ensinando aos nossos alunos?
Eduardo Mendes Severino40
ETEC Carlos de Campos – São Paulo
Palavras-chave: Avaliação da aprendizagem; Estratégias de avaliação; Práticas
Pedagógicas
O objetivo deste estudo concentra-se em analisar e discutir as estratégias de avaliação
do aprendizado em educação física no ensino médio verificados durante as aulas de
Educação Física na ETE Carlos de Campos e teve como objeto de pesquisa 40 alunos do
terceiro ano. Os alunos foram submetidos às seguintes avaliações: Questionamento ao
final da atividade sobre a relevância da aula; desempenho motor e prova escrita. Estas
estratégias foram comparadas ao que dizem os especialistas em avaliação em
educação física escolar, com os parâmetros curriculares nacionais e as orientações
gerais para o ensino médio. A relevância acadêmica deste trabalho está no
fornecimento de informações e análise de resultados das experiências vividas na ETE
Carlos de Campos acerca do alcance dos objetivos propostos no plano de trabalho
docente por meio da avaliação. Além disso, a relevância social está na análise das
implicações desta avaliação como real medição do grau de contribuição na formação
geral do aluno para a busca constante pela qualidade de vida por meio da atividade
física. A proposta deste estudo é promover ampla discussão sobre a prática
pedagógica responsável pela formação do cidadão crítico e autônomo em suas
relações corporais. A produção científica acerca do tema avaliação em educação física
tem crescido consideravelmente nas últimas décadas. É visível a preocupação com a
necessidade de a educação física firmar-se como uma área de conhecimento que
realmente tenha algo a contribuir aos alunos da rede de ensino. Bracht (1999) diz que
“A tradição racionalista ocidental tornou possível falar confortavelmente da
possibilidade de uma educação intelectual, por um lado, e de uma educação física
corporal, por outro, quando não de uma terceira educação, a moral”. Hoje em
educação física há a necessidade de analisar o aluno como um todo e não por
compartimentos isolados corpo e mente. Desde a LDB 9394/96 novos elementos
foram “incorporados” à educação física escolar com o objetivo de promover o
desenvolvimento da autonomia do aluno por meio de uma diversidade de conteúdos
que antes era limitada aos esportes de quadra. Além disso, os temas transversais
propostos pelas orientações curriculares para o ensino médio do MEC possibilitam a
aplicação da abordagem sistêmica nos conteúdos de educação física, pois promovem a
interdisciplinaridade e contribuem para a formação do cidadão crítico e emancipado
corporalmente. A escola pedagógica da linha critica propõe que as novas estratégias
avaliativas do ensino médio direcionam suas questões a uma avaliação global por
40
dimensões de conteúdos (BARROS, 2006). Nesta proposta a Educação Física deve
repensar sua prática pedagógica ampliando o leque de possibilidades críticas acerca do
seu conteúdo, ou seja, o aluno ao final de uma série de aulas sobre futebol, por
exemplo, deverá ser capaz de analisar tanto uma partida de copa do mundo, em todos
os seus aspectos, quanto uma partida com seus amigos em um final de semana a fim
de que, efetivamente, se aproprie deste conhecimento. Durante dois meses os alunos
foram submetidos a um critério de avaliação isoladamente aula a aula que medisse a
real contribuição da atividade na afirmação ou aquisição de novos conhecimentos nas
dimensões atitudinal, conceitual e procedimental. Os resultados mostraram que os
objetivos foram amplamente atingidos quando o planejamento da aula se deu a partir
do que os alunos deveriam aprender ao final da aula. A participação da sala foi maior
quando os temas abordados foram aqueles cujo teor principal era cercado por
questionamentos que envolvessem a mídia, a questão do gênero e o mercado de
trabalho. Diante das estratégias apresentadas aos alunos, a conclusão foi que há maior
participação e interesse por parte dos alunos quando as atividades apresentam relação
com o contexto social que desencadeiam discussões e promovam a construção do
conhecimento por meio de debates e diálogos que mostrem o além da atividade física.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Os Estereótipos e as Relações de Gênero nas Práticas Educativas da
Educação Física do Ensino Médio de Etecs.41
Narciso Mauricio dos Santos42
ETEC “Adolpho Berezin” – Mongaguá/SP.
Palavras-chave: Educação Física escolar. Práticas educativas. Gênero. Estereótipos.
As práticas educativas direcionadas para o ensino médio e os desafios enfrentados
pelos professores (as) de Educação Física em relação a adotar uma postura que
contemple o trabalho com turmas heterogêneas constituem-se em um processo de
construção social e histórico amparado por legislação, mas, que também vem sendo
tratado e discutido por alguns pesquisadores da área. No âmbito deste contexto, os
objetivos desta pesquisa tiveram como ênfase (a) pensar sobre o corpo e as práticas
educativas da Educação Física escolar direcionadas por professores e suas possíveis
relações na construção dos estereótipos masculinos e femininos, (b) averiguar e
apontar qual o posicionamento dos alunos (as) em relação às turmas mistas nas
práticas da Educação Física escolar e (c) investigar se as relações de gênero imbricadas
nas práticas educativas da Educação Física direcionadas aos alunos do 10ano do ensino
médio tem relevância na discriminação ou criação de estereótipos entre homens e
mulheres e ou meninos e meninas tendo em vista através de dados teóricos que a área
possui uma forte tendência a direcionar suas práticas ao público masculino. Nesta
perspectiva, a pesquisa teve como eixo metodológico, um estudo descritivo de análise
qualitativa com técnicas de entrevistas estruturadas para a obtenção de dados
empíricos, cabe lembrar que o estudo descritivo procura observar, registrar, analisar,
classificar e interpretar os fatos ou fenômenos (variáveis), sem que os dados tenham
interferência direta ou indiretamente do pesquisador e os resultados possam ser
manipulados. Este tipo de estudo tem como objetivo fundamental a descrição das
características de determinada população ou fenômeno. Assim, os entrevistados se
apropriaram das ferramentas da computação e internet para encaminhar ao
pesquisador os dados, neste caso específico priorizou-se somente aos alunos do 10
ano do ensino médio de três instituições do Centro Paula Souza, a saber: ETEC Adolpho
Berezin - Mongaguá, ETEC de Itanhaém - Itanhaém e ETEC Dra. Ruth Cardoso – São
Vicente. Junto ao arquivo de perguntas, também foi encaminhado o termo de
consentimento livre e esclarecido. O foco dos questionamentos nestas entrevistas
emergiu das temáticas sobre estereótipos, relações de gênero e discriminação, onde
tiveram como direcionamento: – Qual o posicionamento em relação às turmas mistas
nas práticas da Educação Física escolar?– Como são observadas as relações de gênero
(masculino e feminino) nas práticas da Educação Física na ETEC que estuda?– As
práticas educativas da Educação Física na escola contribuem para reforçar a
construção de estereótipos? Pensando nestas problemáticas destacadas, o referencial
teórico se valeu dos escritos sobre gênero, da crítica teórica feminista e das atuais
publicações na área da Educação Física escolar para justificar os possíveis
apontamentos investigados. As contribuições da pesquisa pautaram-se na
apresentação de dados sustentáveis que reforçam a importância da discussão sobre as
relações de gênero e as possíveis construções de estereótipos no espaço escolar. Na
ETEC de Mongaguá, independente do sexo, descobriu-se que 66,6% dos alunos, vieram
de escolas públicas estaduais, na questão referente às turmas mistas, 90% aceita bem
e não tem nenhum problema com esse procedimento. A questão que trata das
relações de gênero durante as práticas, 66,67% diz ser normal, ou seja, meninos e
meninas participam igualmente nas práticas. Já a questão que trata sobre
discriminação e estereótipos nas práticas educativas, 56,67% apontam que não
sofreram tais procedimentos. Na ETEC de São Vicente, 60% vieram de escolas públicas
municipais, 93,33% aceita bem o formato de turmas mistas, 83,33% diz que as relações
de gênero na escola são normais e 63,33% diz que não foi discriminado ou
estereotipado. Na ETEC de Itanhaém, infelizmente não foi possível obter os dados, pois
os mesmos não foram encaminhados através do e-mail disponibilizado. Os resultados
alcançados apontam que é necessário rever os conceitos em relação ao masculino e
feminino durante a estruturação e elaboração das práticas educativas direcionadas
para alunos (as) do ensino médio.
41
- Colaboraram com a pesquisa, na seleção dos dados, os alunos do 3M1A - Filipe Conceição Santos,
Rene Marcel Chacon de Souza, Filipe Orlando Bataglia Abi Rached e o estagiário da FUNDAP – Raphael
Piegaia Spreafico na montagem, cálculos e estruturação dos dados e gráficos demonstrativos.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
A Utilização do Seminário como Ferramenta de EnsinoAprendizagem nas Aulas de Educação Física.
Narciso Mauricio dos Santos43.
ETEC: “Adolpho Berezin” – Mongaguá / SP.
Palavras – chave: Educação Física. Seminário. Conteúdos. Ensino-aprendizagem.
Sabe-se que ao longo da história, a Educação Física priorizou conteúdos em uma
dimensão quase exclusivamente procedimental. Pensando nos conteúdos da Educação
Física, não se pode deixar de considerar que a disciplina também pode tratá-los de
forma atitudinais e conceituais. Coll et al.(2000), definem os conteúdos como uma
organização selecionada de formas e saberes culturais que podem ser caracterizados
como: conceitos, explicações detalhadas, habilidades apropriadas, diversos tipos de
linguagens, valores éticos e morais entre outros.Também é importante sublinhar que
os conteúdos escolares, destacados para essa discussão possuem vastos resquícios
históricos e socialmente construídos, sendo elaborados e reestruturados conforme as
diversas realidades nas quais os docentes enfrentam e até mesmo perpassam em suas
experiências diárias e formativas. Diante destas considerações, observa-se também em
alguns cursos de formação profissional da área, que os currículos priorizam tratar dos
assuntos ligados à disciplina, apenas na perspectiva do que se deve saber fazer (dimensão procedimental), e desta forma, os professores acabam por apresentar
dificuldades em trabalhar os conteúdos na forma conceitual, ou seja, o que se deve
saber. Neste caso, os conteúdos estão diretamente ligados a conhecimentos,
habilidades, hábitos, valores e atitudes, organizados pedagógica e didaticamente.
Assim, percebeu-se no cotidiano da escola em evidência, após observações de anos
anteriores, que os alunos apresentavam resistências a iniciativas que incluíssem
discussões sistematizadas sobre a dimensão conceitual e atitudinal nas aulas de
Educação Física, tendo em vista a cultura construída historicamente ao longo dos
tempos. Assim sendo, adotou-se no planejamento da disciplina de Educação Física da
Etec Adolpho Berezin – Mongaguá, desde o ano de 2006, tratarmos alguns assuntos
considerados emergentes, utilizando como estratégia o seminário. Pensando nas
problemáticas apontadas, mais do que ensinar a fazer, os objetivos que permeiam esta
prática pedagógica estão diretamente ligados aos contextos nos quais são esperados
que os alunos atinjam e se classificam em: obter uma contextualização das
informações, aprender relacionar-se com os colegas respeitando o processo de ensinoaprendizagem e a diversidade de cada um, aproximar o aluno do processo de pesquisa
e saber apropriar-se dos meios tecnológicos para facilitar o ensino. A justificativa para
o desenvolvimento de seminário, vem ao encontro e contribui com o processo de
reflexão, exigindo dos alunos disciplina, rigor, metodicidade e sistematização, fazendo
43
avançar o saber. Também, é interessante verificar que o significado etimológico da
palavra Seminário – “origina-se do latim seminariu, que significa viveiro de plantas
onde se fazem sementeiras”. (FERREIRA, 1997). Por sua vez, sementeira dá a idéia de
proliferação daquilo que se semeia, levando essa técnica, significar a ocasião de
semear ideias ou de favorecer sua germinação. A metodologia para essa proposta está
centrada nos estudos de Veiga (1991), pois considera característica essencial do
seminário, promover a oportunidade dos alunos desenvolverem requisitos que se
referem à investigação, crítica e independência intelectual. O conhecimento a ser
assimilado e reelaborado é estudado e investigado pelo próprio aluno, como sujeito de
seu processo de aprendizagem. O professor assume o papel de coordenador, o grupo
da classe, debatedores. Enquanto técnica de ensino envolve elementos da aula
expositiva e dinâmica de grupo. Nesse contexto, empregar seminário como estratégia
de ensino-aprendizagem implica três etapas: preparação, apresentação e avaliação.
(VEIGA, 1991). Como resultado desta proposta, aponta-se alguns trabalhos
significativos que obtiveram repercussão na região, onde os alunos, após conclusão da
proposta disciplinar, apresentam a comunidade escolar e em outras unidades
estaduais, principalmente na ocasião da divulgação do vestibulinho.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Hábitos alimentares de estudantes do Ensino Médio do Centro
Paula Souza
Érika da Silva Bronzi44; Maria Lúcia Mendes de Carvalho; Ana Cristina G. de Azevedo;
Ana Claudia C. Canotilho; Ana Cristina M. da Silva; Sandra A F Oliveira; Silvana R.
Atayde.
ETEC José Martimiano da Silva
Palavras-chaves: Hábito alimentar, nutrição, adolescente.
O presente trabalho é parte dos resultados obtidos através de um estudo científico
longitudinal realizado em seis Escolas Técnicas Estaduais (ETECs) do Centro Paula
Souza, três dessas localizadas na capital do estado de São Paulo e três no interior do
estado, no período de 2007 a 2009 com estudantes do ensino médio e do ensino
técnico do curso de Nutrição e Dietética. Os objetivos do referente estudo foram:
identificar o estado nutricional dos adolescentes e seus hábitos alimentares para a
realização de intervenção de educação alimentar e nutricional; capacitar os alunos do
curso técnico de Nutrição e Dietética a realizar avaliação do estado nutricional de
grupos populacionais, utilizar softwares específicos de nutrição, realizar práticas
educativas de alimentação e nutrição, desenvolver relatórios de pesquisa científicas,
apresentar trabalhos em eventos científicos. Contudo, os objetivos do presente
trabalho será apresentar os resultados dessa pesquisa longitudinal que identificaram
os hábitos alimentares dos estudantes do ensino médio do Centro Paula Souza
participantes do estudo. Para a realização do estudo foram utilizados em todas as
ETECs os mesmos protocolos de avaliação do estado nutricional, sendo realizada
avaliação antropométrica com aferição de peso, estatura, circunferências de cintura,
quadril e braço, pregas cutâneas (para determinação de percentual de gordura
corporal), avaliação dietética utilizando inquérito de freqüência alimentar e
recordatório alimentar de 24 horas, além disso, cada ETEC poderia desenvolver um
projeto de educação alimentar com seus alunos do ensino médio, utilizando os
recursos didáticos que julgasse melhor dentro da realidade local, os resultados
preliminares foram apresentados em eventos científicos no Centro Paula Souza e em
congressos em âmbito nacional e internacional. Em março de 2010, foi iniciada a
análise dos dados obtidos em todas as ETECs em relação ao estado nutricional e
freqüência de consumo alimentar dos alunos participantes a fim de descrever o perfil
alimentar e nutricional desses alunos. Os resultados dessa análise revelam: dentre as
ETECs situadas no interior do estado em uma delas 64% dos estudantes julgavam
possuir uma alimentação saudável, apenas 28% apresentam ingestão de água
adequada, 47% freqüenta de 1 a 6 vezes por semana Fast Foods, 18% deles revelam
que o alimento que mais detestam são legumes em geral, 62% consomem leite
diariamente, 75% refere ser consumidor de refrigerantes, 67% substitui as refeições
principais por lanches, 87% consome verduras diariamente e 82% frutas, contudo 42%
refere não consumir legumes, as meninas apresentam uma melhor adequação no
44
consumo de água que os meninos. Em outra escola do interior do estado de São Paulo
51,3% dos adolescentes refere não ter alimentação saudável, 23,1% apresentam
ingestão de água adequada, 38,5% revelam freqüentar Fast Foods de 1 a 6 vezes na
semana, o alimento que mais detestam é o jiló 28,2%, 61,5% consomem leite
diariamente, 64,1% não substitui as refeições principais por lanches, 74,6% consomem
frutas diariamente, 76,90%consome legumes diariamente e 87,2% consome verduras
diariamente. Já em uma escola situada na capital do estado 54% dos alunos afirmaram
não ter uma alimentação saudável, 31% apresentam ingestão adequada de água, 54%
deles revelam que o alimento que mais detestam são legumes e verduras em geral,
74% substituem as refeições principais por lanches, o tipo de leite mais consumido é o
integral (93% meninos e 83% meninas). A partir dos resultados observa-se um grande
consumo de alimentos Fast Food, em sua maioria os adolescentes consideram sua
alimentação saudável, consomem frutas e verduras diariamente e substituem as
refeições principais por lanches. Estudos como estes são importantes para o
desenvolvimento de novas práticas pedagógicas do ensino médio que visem o ensino
de hábitos alimentares saudáveis e de vida. Além de capacitar alunos do ensino
técnico profissionalizante através de atividades práticas e de pesquisa científica.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Ensinar Física fazendo Física: O relato de uma atividade
experimental qualitativa
Sérgio Luis Corrêa da Luz45 e Cibele Schmidtke Silva
ETEC Doutora Ruth Cardoso
Constata-se freqüentemente uma grande insatisfação de professores de Física com sua
prática de ensino e, paralelamente, a maioria dos alunos mostra-se desmotivada e
desinteressada desse componente curricular. Sabe-se que a maioria dos alunos
concluintes do ensino básico não dará continuidade em seus estudos em ciências
exatas na universidade, incluindo a Física. Apesar disso, acreditamos que todos
poderão fazer bom uso dos conhecimentos de Física em sua vida pessoal, social e
profissional. Desse modo, consideramos importante identificar recursos didáticos que
possam ser desenvolvidos no processo de ensino-aprendizagem que sejam essenciais
para a totalidade dos alunos. O desenvolvimento de diferentes competências
oportunizado aos alunos implica retirá-los da condição de espectador e armazenador
de informação e transformá-los em construtor de seu próprio conhecimento. Para isso,
a sala de aula precisa ser transformada num ambiente que possa atender o aluno, não
apenas na dimensão cognitiva, mas também nos aspectos afetivos. A partir dessa
concepção é importante desenhar novos cenários educacionais como a realização de
atividades experimentais que objetivam instrumentalizar os alunos, para raciocinar,
para compreender as causas e as razões das coisas, para participar de discussões em
que estão envolvidos seus destinos, para atuar, para transformar, enfim, para realizarse, para viver e, assim, envolvê-los no ensino-aprendizagem dos conteúdos da
disciplina de Física e, conseqüentemente potencializar a participação ativa dos
mesmos na construção dos equipamentos didáticos a partir de materiais de uso
cotidiano. As atividades se desenvolveram a partir de uma prática qualitativa dos
conceitos da mecânica por meio da realização de experimentos que abordassem as leis
de Newton com alunos do primeiro ano do Ensino Médio. A metodologia utilizada nas
atividades foi centrada na experimentação e, principalmente, com a participação ativa
dos alunos ancorada no treinamento da ferramenta power point para confeccionar um
painel a ser mostrado, em conjunto com a demonstração do experimento, aos demais
colegas por meio da realização de seminários. Escolhemos a metodologia de
seminários por ser um importante meio para se estimular a pesquisar o conteúdo
proposto e despertar o interesse pela disciplina, assim como, pela procura de
significados a sua demonstração experimental e, assim, potencializá-lo a aprender
conceitos formais das ciências. Ao questionar informalmente o resultado da
intervenção junto aos alunos, constatamos que a atividade produziu um novo conceito
em relação a disciplina. A avaliação que fazemos dessa intervenção nos aponta, apesar
das dificuldades manifestadas pelos alunos na confecção e demonstração dos
experimentos, o desenvolvimento de atitudes motivadoras que interferiu
positivamente nas opiniões que possuíam em relação à disciplina e, principalmente, na
Física
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
relação professor-aluno. Portanto a atividade experimental proposta permitiu acenar
para a possibilidade de que esse instrumento possa representar uma alternativa
metodológica na busca em transformar a aprendizagem em ciências mais significativa,
como também permitiu identificar que tais atividades ultrapassem as questões
especificas do saber científico e atinjam objetivos vinculados à dimensão afetiva,
através da motivação para apreender conhecimento de ciências.
Palavra chave: Ensino de Física, atividade experimental, ensino-aprendizagem,
motivação.
Laboratório Aberto - Desenvolvendo Competências a Partir de
Atividades Experimentais de Física no Ensino Médio
José Carlos dos Santos46
Etec Prof. José Sant´Ana de Castro – Cruzeiro
Palavras chave: ensino – física – experimento
O Ensino de Física em nossas escolas tem se limitado a explicação da teoria, sem
atividades práticas. Faz-se necessário a mudança dessa atitude, introduzindo
atividades experimentais nas aulas de Física, mesmo com materiais alternativos. Este
projeto vem propor uma metodologia diferenciada para as aulas de Física, baseada em
atividades experimentais. O professor prepara as atividades experimentais a serem
realizadas – pesquisa, seleciona a atividade, produz material escrito para orientação
dos alunos, denominados roteiros experimentais, realiza os experimentos com
monitores e depois aplica aos alunos do Ensino Médio. As atividades experimentais
são marcadas fora do horário normal de aulas, preferencialmente às quintas e/ou
sextas-feiras à tarde, ou sábados pela manhã, e são aplicadas para turmas de
aproximadamente 20 alunos, divididos em duplas e/ou trios. Verifica-se a presença
maciça dos alunos a essas atividades. Durante a atividade experimental, o professor
discute com os alunos a teoria referente ao experimento, bem como o experimento a
ser feito. Os grupos são então convidados a realizar o experimento sob a orientação
do professor e dos monitores. Após a execução do experimento os grupos são
orientados a preencher o relatório e entregá-lo. Dois alunos são escolhidos para fazer
o diário de bordo, que deve ser entregue ao professor na semana seguinte. Neste
diário de bordo, os alunos foram orientados a escrever sobre a atividade desenvolvida
no laboratório, bem como as impressões pessoais sobre a atividade (o que agradou, o
que não agradou, as facilidades, as dificuldades, sugestões para a melhoria). Após a
correção dos relatórios, o professor faz os respectivos comentários e discussões com
os alunos. Essas atividades experimentais fazem parte da avaliação do aluno durante
todo o período, e têm ajudado a melhorar o aproveitamento no componente
curricular. Com base na experiência adquirida nestes quatro anos, observa-se que as
atividades experimentais contribuem para a melhoria da aprendizagem, os alunos
gostam dessas atividades experimentais, mesmo os que não se identificam muito com
a área de exatas; os alunos que têm certa facilidade, identificam-se com o componente
curricular e têm disponibilidade de tempo, podem se aperfeiçoar e aprender mais,
auxiliando o professor na aplicação das atividades, ou seja, atuam como monitores; as
aulas experimentais são planejadas para o número adequado de alunos, não sendo
viável com turmas de mais de 20 alunos; as aulas experimentais têm duração variável,
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
dependendo do experimento a ser feito; os alunos estão habituados às aulas de
laboratório, tanto que há hoje uma cobrança por parte dos alunos com relação a essas
aulas. Em 2008, os alunos que não mostravam muita facilidade com o componente
curricular, mas apresentavam certa habilidade com equipamentos experimentais, bem
como facilidade de comunicação e interação e dispunham de tempo, puderam atuar
como monitores. Este fato fez com que esses alunos se interessassem mais e
melhorassem seu rendimento em Física.
Física do dia-a-dia
Prof.André Diniz Rosa da Silva47
ETEC. Manoel dos Reis Araújo – Santa Rita do Passa Quatro
Palavras chave – Experimentos do cotidiano, idéias pré-concebidas, divulgação da
Ciência
A atuação do professor deve ser direcionada ao estudo de métodos de aprendizagem,
que enfatizem a resolução das dificuldades apresentadas pelos alunos em relação a
conceitos já estudados, com a finalidade e interesse em saber de onde vêm os erros e
os acertos. Desse modo, poderemos então diagnosticar as falhas em seu aprendizado e
atenção. Estes conceitos serão mais bem assimilados se estiverem contidos em uma
relação feita entre a teoria e a prática. Tendo isso em vista, os objetivos deste trabalho
são: relacionar o conteúdo dado em sala de aula com experimentos de fácil criação,
acesso e baixo custo; melhoria no ensino-aprendizado de Física para os alunos do
ensino médio; enfatizar meios de estudo para formação de alunos que necessitam de
atenção especial. Este projeto permite o estudo do comportamento, da vida escolar do
aluno, bem como de seu desempenho. Espera-se sempre que grande parte dos alunos
se interesse em participar na sequência que será dada no ano seguinte. Para o início
do desenvolvimento do projeto em 2009, foi realizada uma seleção prévia dos alunos
interessados em participar. Para avaliação das atividades desenvolvidas pelos alunos,
foram realizados apresentações em feiras de ciência (mostra dos trabalhos) em nossa
Unidade Escolar. Foram utilizadas as seguintes variáveis de estudo: idéias préconcebidas ou idéias prévias de conceitos da Física; experimentos de Física de baixo
custo; alunos com dificuldades de aprendizagem e desempenho escolar baixo. O grupo
de alunos foi previamente selecionado para possibilitar o êxito através de um
aprendizado diferenciado, e assim a otimização em sua inserção em sala de aula e uma
melhor relação com o conteúdo ministrado. Os experimentos selecionados para este
trabalho são de fontes diversas. Temos em nossa Unidade Escolar uma série de kits de
experimentos que podem ser explorados. É enfatizada, principalmente, a elaboração
de novos experimentos a partir da criatividade dos alunos. Através deste trabalho
devemos ressaltar que a realização de experimentos em sala de aula proporciona
melhor contato entre professor e alunos. Isso os motiva a ter sempre uma maior
atuação em sala de aula e observação científica do cotidiano. Nesse projeto,
construímos e relacionamos o conhecimento teórico do aluno ao cotidiano através dos
experimentos mostrados, modificando em boa parte dos alunos o interesse pela Física,
criando e catalogando todos aqueles experimentos que acharmos adequados para
aplicação didática e para descobrir a Física na prática. Foi percebido que a interação
entre o aluno, os colegas de turma e o professor tem aumentado tanto no laboratório
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
quanto fora da sala de aula, permitindo melhor dinâmica durante as aulas e realização
dos experimentos. É sempre importante lembrar que a divulgação da Ciência faz parte
de nosso trabalho. Nesse sentido, fomos convidados a apresentar essa dinâmica na
Etec de Bebedouro, na qual estiveram presentes 240 alunos e professores. Além disso,
participamos da 1ª Mostra de Metodologias de Divulgação Científica que ocorreu em
setembro de 2009 na UFSCar. Neste ano, contamos com a ajuda de alunos que
participaram no ano de 2009 e agora atuam como alunos monitores. Estamos
trabalhando com mapas conceituais. Fazemos antes de uma explicação prévia da
matéria uma análise diagnóstica através de uma prova escrita a qual contém testes
que foram aplicados na IV Olimpíada de Matemática, Química e Física, organizada pela
equipe de difusão do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais
Cerâmicos. Logo após essa análise, trabalharemos com as idéias pré-concebidas
através de experimentos e analisaremos no final o quanto de conhecimento foi
adquirido com essa metodologia e sempre tentando buscar não somente maneiras
novas de ensinar, mas, maneiras novas em que os alunos sintam-se melhores em
aprender.
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Estudo de Astronomia no Ensino Médio
ALESSANDRA FERRACINI BALBINO
ETEC JOÃO MARIA STEVANATTO - ITAPIRA
Muitas vezes por falta de tempo, os professores acabam delimitando os conteúdos e
assim dificultando a interpretação dos fenômenos naturais e a compreensão histórica
dos fatos. Ao apresentar este trabalho a idéia é trazer a experimentação, a imaginação,
a pesquisa de volta às aulas de Física, visando conhecimento empírico da disciplina.
Pretende-se oferecer aos alunos a oportunidade de tornar-se pesquisador,
aprendendo e aplicando conceitos das várias áreas do conhecimento na compreensão
dos fenômenos naturais, sociais, processos históricos e da produção tecnológica, que
compõem o mundo real. Participando em 2009 e 2010 da OBA – Olimpíada Brasileira
de Astronomia e Astronáutica, coordenada pelo Professor Doutor João Batista Canalle,
cujo o objetivo era fomentar o interesse dos jovens pela Astronomia e ciências afins.
Com elaboração do foguete proposto pela organização das OBA OBFOG- Olimpíada
Brasileira de Foguetes, começou na ETEC João Maria Stevanatto a interação dos
diversos professores para o estudo da Astronomia. A participação de outras áreas do
conhecimento foi muito satisfatória e segue uma breve descrição do que foi realizado:
1) Disciplina: Física - Origem e evolução do universo; Modelos de Ptolomeu e
Copérnico; O estudo do sistema solar; As Leis de Kepler; As Leis de Newton. 2)
Disciplina: Química – Introdução ao estudo da Física Moderna - A emissão de luz pelos
astros e identificando os elementos químicos que compõem a matéria; O
conhecimento e desenvolvimento de novos materiais, que fizeram e ainda fazem parte
de expedições e explorações do universo. 3) Disciplina: História - A contextualização do
momento histórico vivido pelos cientistas na época das primeiras descobertas; A
evolução das pesquisas na história da humanidade. 4) Disciplina: Matemática Cálculos de proporções, regra de três, cálculos de tempo, distância, formas de
equacionar as descobertas. 5) Disciplina: Filosofia - Compreender como os filósofos
gregos do século IV a.C. também contribuíram com suas observações no estudo das
constelações. 6) Disciplina: Língua Portuguesa - Leitura de textos e artigos de jornais;
Produção de relatórios. 7) Disciplina: Artes -Na apresentação cultural, músicas e
poesias, que ressaltem a influência da Astronomia; 8) Disciplina: Geografia - No estudo
do relevo dos planetas, indícios de leitos de rios e mares, que poderiam significar a
existência de água. 9) Disciplina: Biologia - O estudo da Astrobiologia, onde a procura
de água constitui-se sinônimo de vida em astros do sistema solar; A proposta é que
com auxílio de todas as áreas e através da utilização de instrumentos simples, como: a
vivência do aluno, a montagem e o lançamento do foguete, a participação na OBA; o
uso do software Observatório Astronômico e do portal Clickidéia, foi possível
demonstrar e pesquisar fenômenos astronômicos que influenciaram a história e a
qualidade de vida que temos hoje, tendo como objetivo principal resgatar o interesse
pela ciência gerando o prazer de aprender. Espera-se que este trabalho seja capaz de:
ampliar valor e o sentido dos conteúdos da sala de aula; - Estabelecer conexões das
disciplinas do Ensino Médio com a Física, para entender os desafios da sociedade
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
moderna; - Motivar o aluno pesquisador, estimulando sua imaginação, a
matematização, a experimentação, a leitura e a real compreensão dos fenômenos do
Universo. O trabalho em andamento já proporcionou os primeiros resultados obtidos
através das excelentes notas na OBA e nas apresentações de seminários. Os alunos
ficaram bastante motivados o que foi demonstrado através das leituras nas diversas
disciplinas que os mesmos trouxeram para discussão em sala de aula. O trabalho
continuará durante o segundo semestre para que possamos apresentar um resultado a
toda comunidade durante a feira da escola.
REFERÊNCIAS
CANALLE, J.B. www.oba.org.br
KANTOR, C.A.; MENEZES, L. C. de. Os astros e o cosmo. São Paulo: Escolas Associadas
Pueri Domus, 2004.
SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Proposta Curricular do Estado de São
Paulo: Física. São Paulo:SEE,2008.
História
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Centro de Memória: A construção e (re) construção dos sonhos e
dos valores ético-morais na trajetória de vida de ex-alunos e atuais
docentes matriculados em 1950 e 2001 e as interfaces na trajetória
de vida de ex-alunos atuantes no mercado de trabalho matriculado
entre 2002 e 2008 na Etec Júlio de Mesquita em Santo André.
Olesio Junho48 e Edlucia Passos Carvalho
ETEC Júlio de Mesquita
Palavras-chave: construção, ética, moral, trabalho, valores
O presente trabalho teve por finalidade investigar a construção e (re) construção dos
sonhos e dos valores ético-morais na trajetória de vida de ex-alunos e atuais docentes
matriculados em 1958 e em 2001 e as interfaces na trajetória de vida de ex-alunos
atuantes no mercado de trabalho matriculado entre 2002 e 2008 na Etec Júlio de
Mesquita em Santo André. O objetivo principal da pesquisa foi desenvolver ações que
colaborasse para desmistificar os valores éticos, de consciência da realidade, de
escolhas, de reconhecimento, de liberdade e de responsabilidades que permeiam o
passado e elucidam o presente das práticas profissionais dos professores e ex-alunos.
Propusemos também resgatar a história da Etec Júlio de Mesquita e os valores éticomorais que foram construídos ou (re) construídos durante a passagem dos sujeitos
pela escola e mercado de trabalho, e que interferiram decisivamente no desempenho
da atual função de docente e de trabalhadores do setor produtivo em um mercado
cada vez mais competitivo. O referencial teórico e metodológico referendou-se no
materialismo histórico e dialético. Esta perspectiva preconiza o trabalho como a
essência para a existência humana e aponta-nos decisivamente para o cotidiano da
prática do trabalho onde existem as condições necessárias para a construção e (re)
construção de valores éticos e de sonhos, que na nossa visão, constituí em mais um
instrumento fundamental de valorização dos resultados concretos da instituição na
formação tecnológica, cidadã e inserção sócio-econômica de jovens e adultos na região
do ABC. Para atingirmos as metas foi desenvolvida uma pesquisa de campo junto aos
participantes: dois ex-alunos e atuais docentes, um da área de Mecânica e matriculado
em 1958, e, outra da área de Nutrição e Dietética, matriculada em 2001; um case de
sucesso no mercado de um ex-aluno e oito ex-alunos atuantes no mercado de trabalho
do Grande ABC. Os alunos do Ensino Médio foram envolvidos a partir de pesquisas
documentais sobre a “reestruturação produtiva na região do ABC” e de história oral
com ex-alunos e ex-funcionários da escola. O resultado até o momento é uma
monografia dotada de muitos registros através da história oral e grupo focal; a
articulação de mais de dez horas de áudio; fotografias de época e o levantamento de
diversos ex-alunos, funcionários e cases de sucesso. A pesquisa superou as
expectativas preliminares e vêm efetivar a possibilidade concreta de estruturação e
48
divulgação do Centro de Memória. No contexto enunciado pela pesquisa, é essencial
considerar, em princípio que a ETEC Júlio de Mesquita representou um momento
ímpar nas vidas de todos os entrevistados. Ela afirma-se na história, portanto, como
um espaço de práticas democráticas que dá a sustentação aos processos de
sociabilidade, de amizades, de profissionalização e de vivência sócio-histórica que
permite o respeito ao indivíduo e ao coletivo contribuindo categoricamente com a (re)
construção de valores ético-morais na direção da humanização. Concluímos que os
sujeitos das entrevistas são vítimas de uma opção histórica de política econômica
desenvolvida no país, que privilegia o capital internacional e a manutenção severa e
interventiva sobre a economia nacional, bem como, na proposição de políticas públicas
na maioria das vezes estanques, “minimalistas” e com um viés de programas voltados
para serem executados descontinuamente. A profissionalização na ETEC responde às
expectativas imediatas dos seus usuários, que não têm condições de fazer uma análise
profunda de conjuntura sócio-político-econômica das transformações que estão
ocorrendo no mundo do trabalho. De contrapartida, os entrevistados designam à ETEC
a responsabilidade pelo seu crescimento pessoal, profissional, social, econômico e de
ampliação da consciência cidadã.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
As Imagens sobre a África Hoje e o Ensino de História:
Esquecimento e Dominação
Cosme Lima de Oliveira49
Escola: ETEC. “Guaracy Silveira”
palavras chave: África no Ensino de História, Cinema e História, Livro Didático, a
Sociedade de Linhagem na África
A presente Comunicação visa mostrar uma Experiência realizada em sala de aula em
2009 com a temática da África, na EMEF “Leonardo Villas Boas” (6as Séries A, B e C) e
na ETEC “Guaracy Silveira” (1o A, B, C, D, e E), seguindo as orientações da Lei Federal
no 11.645 de 10/03/08 que altera a LDB e a Lei 10.639/2003 para Incluir no Currículo
Oficial da Rede de Ensino a Obrigatoriedade da Temática “História e Cultura AfroBrasileira e Indígena”. A Experiência teve como objetivo organizar uma reflexão sobre
o conhecimento produzido a respeito da África após a Lei 10.639/2003 e foi dividida
em quatro partes:
Livro Didático de História: Mario Schimidt, Nova História Crítica, 2007 e Nelson &
Claudino Piletti, História e Vida Integrada, 2007. Estes livros constroem uma imagem
positiva sobre a África Antiga, criando assim, um debate entre duas visões: a visão do
Cinema e a visão do Livro Didático de História. Estas obras visam apresentar uma
África no passado, rica economicamente (com rotas comerciais), politicamente
(construção de grandes Impérios), e culturalmente (arquitetura, escultura, biblioteca
etc.) Assim, a “produção didática” combate e troca a visão negativa, por outra
positiva, próxima dos Impérios e Cidades-Estados da Antiguidade Oriental e da
Antiguidade Ocidental.
4- Por fim, elaboramos uma proposta para sairmos deste embate: estudar a “África
Antiga” no Ensino Fundamental e no Ensino Médio a partir do conceito de “sociedade
de linhagem” existente na África e a sua posterior destruição com a introdução do
comércio de escravo a partir do século XVI. Esta proposta possibilita dialogar com as
duas imagens acima: a visão negativa veiculada pelo Cinema e a visão positiva dos
Livros Didáticos. Este caminho, possibilita também destacar as contradições existentes
no interior das sociedades africanas e a sua posterior apropriação tanto pelo Cinema,
quanto pelo Livro Didático de História.
1- Elaboração e tabulação de uma Pesquisa realizada com os alunos sobre a “África
Hoje”. Esta Pesquisa solicitou para os alunos a primeira imagem que lhe vem à mente
quando se fala em África, em seguida realizou-se a tabulação da Pesquisa o que
colocou em evidência uma Imagem dominante: em primeiro lugar, a África é associada
à “miséria/pobreza/fome” e, em segundo lugar, a África é associada à “imagens da
natureza: deserto/seca”. A partir daí, destacam dois problemas: 1- a pobreza/miséria
da África e 2- a África como algo natural. O que explicaria estas imagens comuns tanto
a alunos do Ensino Fundamental como a alunos do Ensino Médio?
2- Em busca de uma explicação para os problemas supracitados, optou-se por uma
análise da produção recente de filmes com a temática da África. Os filmes selecionados
foram: Filme 1: Falcão Negro em Perigo, de Ridley Scott, EUA, 2001; Filme 2: Hotel
Ruanda, de Terry George, Inglaterra/ Itália/ África do Sul, 2004; Filme 3: O Jardineiro
Fiel, de Fernando Meirelles, Inglaterra/EUA, 2005; Filme 4: Diamante de Sangue, de
Edward Zwick, EUA, 2006 e Filme 5: Redenção (introdução à 7a Temporada da Série
“24 Horas”), EUA, 2008. Estes filmes, num primeiro momento parecem romper com a
imagem dominante — pois, trazem na sua divulgação a proposta de “filme-denúncia”
visando conscientizar o espectador sobre as mazelas da África, — mas após a análise, o
espectador percebe que os filmes acabam difundindo e confirmando a mesma imagem
negativa sobre a África. Isto porque eles mostram uma África incapaz de resolver os
seus problemas e necessitando de intervenções das potências mundiais.
3- Nesta parte, procedeu-se à análise da produção didática da África Antiga.
Recentemente surgiram obras com capítulos específicos sobre a “África Antiga” no
49
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Grupo de Estudos Históricos - GEH
Mara Cristina Gonçalves da Silva50
Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar
Palavras chaves: Estudos históricos, museus, leituras, debates e reuniões.
Desde 2008 desenvolvemos o GEH – Grupo de Estudos Históricos e realizamos o CD:
“Povos da Antiguidade – o começo das sociedades”. Em 2009 demos continuidade ao
GEH, e realizamos o CD: “Raízes do Brasil e as Civilizações da Idade Média”, no ano de
2009 tivemos três edições do periódico “O Pergaminho” onde desenvolvemos a
divulgação das atividades do GEH. Desenvolvemos palestras com o Profº Ms. Reinaldo
Toso Junior palestrando sobre o “Feudalismo na Inglaterra, Alemanha e França”; e o
Profº Dr. Eduardo Góes Neves palestrando “A selva não é só da natureza: 10.000 anos
de ocupação humana na Amazônia”. Visitamos o MAE/USP. E também realizamos a
entrevista com o Profº Titular de Biologia Evolutiva do IB USP – Walter A. Neves; autor
da obra: “O povo de Luzia: em busca dos primeiros americanos”. Obra lida e
apresentada pelos alunos nas reuniões semanais do núcleo do primeiro ano do EM.
Fruto de nossa entrevista ao Profº Tit. Walter A. Neves - fomos convidados a estagiar
no LEEH – Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos. Estagio de 11/01 até
11/02/2010. Totalizamos 51 horas em que alguns alunos aprenderam a manipular
fósseis humanos de aproximadamente seis mil anos do sítio arqueológico de
Buritizeiros – MG e fosseis de megafauna e fauna ainda existente e de artefatos líticos.
As apresentações das pesquisas presentes no CD 2009 foram realizadas nos dias 09 a
11/02/2010, aos alunos dos primeiros e segundos anos do EM. E a viagem ao litoral de
São Paulo foi realizada em 13/03/2010 com o arqueólogo Dr. Manoel Gonzalez do
Nupec/CERPA – Centro Regional de Pesquisas Arqueológicas. Todas estas atividades
permitiram demonstrar aos alunos como a reflexão e o ensino de história podem ser
enriquecidos com o uso de imagens e as visitas técnicas. A leitura destes documentos
históricos pode ser feito a partir do resgate da inserção social da produção e
divulgação da imagem e do que é monumentalizado nas visitas técnicas examinando
quem são os autores, quais as suas vinculações sociais no momento em que este
documento histórico (a imagem/o objeto) foi produzido. Neste ano o GEH tem o
objetivo da pesquisa iconográfica, incluindo mapas e bibliografia para fundamentar a
confecção de um CD, onde os alunos desenvolverão artigos, resenhas, fotografias,
entrevistas. E visitas a museus, a exposições referentes aos períodos históricos citados
e entrevistas com pesquisadores arqueólogos e historiadores especialistas no Brasil
paleoíndio e nas populações indígenas remanescentes ou não destes povos. O objetivo
é que os alunos estabeleçam as relações entre a presença dos povos do período
paleoíndio e suas populações descendentes e a manutenção das manifestações
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culturais no território que hoje é o Brasil e a valorização do patrimônio cultural
arqueológico nacional. E também compreendam as transformações ocorridas no
período Moderno – com o início da economia em escala planetária e os conflitos
militares e suas conseqüências para os povos envolvidos direta e indiretamente. A
partir de reuniões semanais com os alunos interessados acompanharemos os
momentos de leituras comuns, debates e troca de experiências sobre o
desenvolvimento das pesquisas realizadas aberto a participação de alunos do EM
Técnico que desejem aprofundar seus conhecimentos históricos. A confecção do
terceiro volume do CD do GEH com os temas Brasil Paleoíndio II; Modernidade e
Guerras e Revoluções. Poderá contribuir para um bom desempenho no Enem.
Contribuir para a formação de jovens cidadãos críticos e participativos. Continuar a
publicação do periódico “O Pergaminho” como um jornal que divulgue as atividades do
GEH, permitindo uma circulação maior de informações e troca de conhecimentos
entre o EM e os cursos técnicos, servindo como veículo de aproximação entre o
público estudantil a comunidade de pais e da cidade como um todo.
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
estava respaldado por um determinado momento e discurso. Minha intenção foi levar
os estudantes a perceberem que o presente reconstrói, continuamente, o passado.
Reconstruindo o passado: “Calabar- O elogio a traição”
O resultado dessa atividade foi bastante positivo, tendo em vista que no início da
discussão, durante a sondagem dos conhecimentos prévios sobre o tema, muitos
alunos afirmavam que o livro era um documento do século XVII, por tratar da invasão
holandesa. Até então, eles entendiam a obra como uma verdade absoluta. No
processo de discussão e posterior análise, ficou claro que existem diferentes versões
sobre um mesmo fato histórico. Afinal existem histórias, não a História.
Emilene Ceará Barboza51
ETECAP- Escola Técnica Estadual “Conselheiro Antonio Prado”
Palavras Chaves: Invasão Holandesa, Chico Buarque, Ensino de História.
No ano passado, ao trabalhar o sub-tema “Permanência e influência de elementos
culturais originários de comunidades indígenas, africanas e européias protagonistas do
Brasil colônia”, que faz parte do tema quatro do Eixo Temático Trabalho, Cultura e
Cidadania,, com os segundos anos da Etec onde leciono, optei por analisarmos o livro
“Calabar-elogio a traição” de Chico Buarque de Holanda e Ruy Guerra. Com isso, a
minha intenção era desenvolver algumas habilidades e competências, pensadas para
essa série, através do contato com diferentes tipos de fontes e materiais relacionados
ao livro, visto que tal material procura problematizar as ações do personagem Calabar
durante a invasão holandesa no século XVII, na América portuguesa, além de
apresentar ao leitor uma série de personagens com origens, profissões, valores etc os
mais variados, que compunham a sociedade da época.
A escolha de uma obra literária na disciplina de História se deu porque considero que
este tipo de abordagem possibilita ao aluno a compreensão da obra enquanto um
documento histórico, visto que sua produção é fruto de um determinado tempo e da
subjetividade dos autores envolvidos em sua elaboração.
A análise desse livro partiu do contato com textos de autores diversos, tanto da área
literária quanto histórica, possibilitando discussão e comparação entre as diversas
abordagens. Para viabilizar o confronto de idéias e/ou convergência de pontos de
vista, organizei resumos de autores que tratam do tema, os quais foram apresentados
aos alunos.
Graças à leitura e análise desses materiais os alunos conseguiram desenvolver algumas
competências e habilidades propostas para os segundos anos, quais sejam: confrontar
opiniões e pontos de vista expressos em diferentes linguagens e suas manifestações
específicas e suas respectivas habilidades; articular as redes de diferenças e
semelhanças entre as linguagens e seus códigos; compreender a sociedade, sua
gênese, sua transformação e os múltiplos fatores que nela intervêm como produtos da
ação humana; sistematizar informações relevantes para a compreensão da situação
problema.
Buscando aferir a apreensão de tais competências, assim como o desenvolvimento das
respectivas habilidades, propus aos estudantes uma atividade avaliativa, a qual
esperava dos alunos a compreensão de que o livro era um documento histórico e
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Projeto Padim Ciço
Prof. Paulo Henrique Máximo52
Etec Dep. Salim Sedeh
Palavras chaves: migração, religiosidade, cultura nordestina e preconceito.
A entronização de uma pequena estátua do Padre Cícero gerou polêmica no município,
trazendo à tona preconceitos adormecidos. Devido ao processo de migração,
decorrente da necessidade de mão-de-obra para a economia agrícola, aumentou
expressivamente entre os cidadãos locais o número de nordestinos, crescendo em
igual proporção o preconceito em relação a estes migrantes. A polêmica foi reacendida
com a estátua do padre. Como a crença em Padre Cícero é comum entre tais
migrantes, a administração pública os “presenteou” com a estátua do “santo”. Diante
desse quadro surgiu a idéia de desenvolver o Projeto Padim Ciço nas aulas de História
e Ações de Cidadania com os alunos da 2ª. série do Ensino Médio. A discussão do
assunto começou com um texto jornalístico que tratava da entronização da estatueta
do padre numa praça no Bairro Saulo, reduto de migrantes nordestinos. Nas aulas de
Geografia trabalhou-se os aspectos naturais e econômicos do Nordeste. Já nas aulas de
História desenvolveu-se o conteúdo sobre a história do “santo”. Discutiu-se com a
classe os propósitos da realização da Festa das Tradições Nordestinas, evento realizado
pelo poder público municipal. Até o momento os objetivos eram: discutir o
preconceito ao nordestino, os aspectos naturais e econômicos da região nordeste,
analisar os motivos que conduz o nordestino a migrar, compreender o processo de
consolidação da República e as revoltas político-sociais (coronelismo e messianismo). A
etapa seguinte foi a pesquisa de campo através de entrevistas com moradores do
Centro e do Bairro Saulo. As entrevistas tinham a finalidade de verificar a crença dos
migrantes no padre milagreiro e a opinião dos moradores locais em relação à
homenagem. Nesse momento os alunos ouviram histórias recheadas de fé, outras,
carregadas de preconceito ao nordestino e à estátua de Padre Cícero. Após as
entrevistas e antes da tabulação das informações recolhidas, resolvemos fazer uma
viagem (pela internet) para conhecer a cidade de Juazeiro (CE), onde viveu o
personagem. O objetivo era obter dados da cidade cearense e visualizar os lugares
sagrados para os fiéis, como a estátua do Padre Cícero. Ótimo! Munidos de tanta
informação e conhecimento, voltamos a visitar o Bairro Saulo para conhecermos a
praça Padre Cícero onde está a estátua e a capela em homenagem ao clérigo. Os
alunos ficaram indignados com a situação que se encontrava a redoma que envolve a
estatueta do “santo”. Estava quebrada devido às pedras atiradas. O passo final foi
organizar a palestra para apresentar os resultados das atividades. A palestra,
conduzida pelos próprios alunos, foi realizada para a comunidade e o corpo discente
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da escola. Ficou nítido o preconceito ao nordestino e, principalmente, à estátua de
Padre Cícero. Nas entrevistas colhidas, as pessoas não entendiam como um “santo”
nordestino pode ser entronizado em uma praça pública de uma cidade paulista, tão
longe do estado do Ceará. Outros afirmaram com categoria: ele não é considerado
santo pela Igreja Católica. Apesar do preconceito ao nordestino e a intolerância à
estátua, os ouvintes tomaram consciência que a cultura nordestina já faz parte do
cotidiano local. Outro ponto que causou surpresa na platéia foi a informação da
reabertura do processo de reabilitação do padre. Devido à propagação de Igrejas
Evangélicas pela região Nordeste, o Vaticano vê na figura do padinho, que é
considerado santo pelo povo da região, uma alternativa para conter o avanço dos
evangélicos. Mas o senso comum continua fazendo afirmações do tipo: Por que não
chove em Leme? A resposta agora é muito simples: A estátua do santo trouxe a seca
do sertão nordestino para cá. O que será do senso comum, quando o Vaticano iniciar o
processo de canonização do padre? Perdoe-nos Santo Cícero!
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Álvares de Azevedo e o fascínio de suas narrativas de terror
exercido sobre alunos do Ensino Médio.
Fernanda Cassiolato Marti Sguassábia53
Etec Dr. Francisco Nogueira de Lima – 059
Palavras-chave: Álvares de Azevedo, contos de terror, ensino médio, releitura
Um dos conteúdos que compõem a grade curricular de literatura da segunda série do
Ensino Médio é o Romantismo e, trabalhando com os alunos, dentro da segunda
geração romântica, o poeta Álvares de Azevedo e sua única obra em prosa publicada,
Noite na Taverna, foi possível perceber grande curiosidade por parte dos alunos das
cinco turmas em conhecer melhor tais contos de terror que retratavam a metade do
século XIX. Então, com o intuito de despertar a criatividade e o interesse por literatura
nos alunos da segunda série do Ensino Médio, foi a eles proposta uma atividade em
grupo, tendo como temática o livro de contos de horror citado acima. Foi selecionado
um conto para cada sala, totalizando cinco: Solfieri, Bertram, Gennaro, Claudius
Hermann e Johann. Antes da produção dos trabalhos, cada narrativa foi lida e discutida
em sala de aula pela professora para que os alunos pudessem tirar dúvidas em relação
à estrutura, vocabulário e características dos textos. A partir disso, cada grupo de cada
sala se responsabilizou por produzir ou um cartaz ou um pequeno vídeo de no máximo
cinco minutos de duração recontando a narrativa de terror lida por eles, com a
finalidade de mostrar sua interpretação acerca da mesma. Foram estabelecidos como
critérios de produção e avaliação, o uso de imagens criadas por eles ou tiradas da
internet, através de pesquisa temática, e a seleção de uma trilha sonora que
explorasse os momentos mais importantes de cada narrativa e aproveitasse as
nuanças dos acontecimentos. Havendo o perigo de as turmas, influenciadas pela
televisão, tomarem as novelas ou programas afins como base para seus trabalhos, foilhes restringido o uso de dramaticidade ou encenação das narrativas. Portanto, os
estudantes deveriam apresentar sua interpretação sem falas ou diálogos entre as
personagens criadas por Álvares de Azevedo; seu papel era, sim, entrelaçar imagens
coerentes aos acontecimentos narrados e som que corroborasse a interpretação dos
mesmos à narrativa recontada ou com suas palavras ou utilizando-se apenas de alguns
trechos dos contos. Aos trabalhos entregues em forma de cartaz, foi subtraída a
possibilidade de som, por razões óbvias. Cada grupo teve em média um mês para ler
seu conto correspondente, discutir os pontos principais e características, selecionar
imagens e trilha sonora, repensar a narrativa e construir o trabalho completo. Depois
de entregues e analisados pela professora, os trabalhos foram exibidos para todos os
grupos de cada turma e os próprios alunos selecionaram os melhores para que
pudessem ser apresentados na Feira de Produtos e Serviços – FESP, da ETEC Dr.
Francisco Nogueira de Lima, no segundo semestre de 2009, evento que ocorre
anualmente e abre as portas da escola para os moradores do município e região. As
Língua Portuguesa e Literatura
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
apresentações foram feitas em sessões com horário marcado, em sala decorada pelos
próprios estudantes, seguindo a temática “terror”. Eles se mostraram tão envolvidos
com o projeto que prepararam maquiagens carregadas de cores escuras e se vestiram
de preto, o que auxiliou na composição do contexto próprio ao tema e na repercussão
muito positiva gerada por parte dos visitantes da feira e da própria comunidade
escolar.
Análise comparativa entre o livro Dom Casmurro (Machado de
Assis) e o filme Dom, do diretor Moacyr Góes
Fernando de Oliveira Souza54
ETEC DE RIBEIRÃO PIRES
Palavras-chave: literatura; cinema; cotidiano.
Este trabalho teve como alvo o 2º ano do Ensino Médio, no componente curricular de
Língua Portuguesa, Literatura e Redação. A proposta era estabelecer comparações
entre a vida amorosa dos alunos, o livro Dom Casmurro (Machado de Assis) e o filme
Dom, do diretor Moacyr Góes. Paralelo a isso, tive como pretensão propor uma sutil
interdisciplinaridade com Matemática, Artes e Sociologia. Para tanto, escrevi uma
unidade didática baseada nos meus conhecimentos sobre os PCNs, as Capacitações de
LPL de 2009 (promovidas pelo CENTRO PAULA SOUZA) e minha prática docente.
Apliquei esta unidade didática em dois segundos anos do Ensino Médio, na ETEC DE
RIBEIRÃO PIRES, unidade em que amplio aulas, pois minha sede é na ETEC JORGE
STREET. O tempo de duração foi de, aproximadamente, quatro aulas. Inicialmente,
propus questões pessoais sobre relacionamentos amorosos dos alunos, pedindo que
escrevessem as respostas e as lessem, caso ficassem à vontade. Felizmente, muitos
expuseram suas idéias oralmente e foram surgindo grandes questionamentos e
reflexões construtivas (nesta parte, trabalhamos indiretamente com Sociologia), até
porque envolviam o tópico da Traição. Dentre elas, por exemplo, surgiram algumas
que envolviam bissexualidade entre adolescentes. Para minha surpresa, todos os
alunos respeitaram com muita naturalidade a escolha de determinada aluna. Isso
ilustra muito a nova realidade social que vivemos. Depois disso, continuei com
questões de interpretação textual sobre dois capítulos (XIV- A inscrição e XCIV- Idéias
aritméticas) do livro Dom Casmurro, que tinham relação com Matemática e Artes.
Nesta parte, alguns alunos demonstraram surpresa e bastante interesse pela ligação
direta com as áreas citadas, a ponto de determinados diálogos entre eles evidenciarem
que, a partir de então, valorizariam mais estes componentes curriculares. Finalizada
esta parte, os alunos tiveram que responder dez questões sobre cenas do filme Dom,
durante a sua apreciação. Dentre estas questões, existiam algumas que comparavam
diretamente cenas do filme com capítulos do livro (A LXXVI-A explicação e CXXXVIIICapitu que entra), lidos durante a elaboração das respostas. Após a correção das
questões, os alunos ficaram muito motivados a lerem o livro ou a relerem a fim de
desvendar o famoso mistério da possível traição ocorrida. Como proposta final, sugeri
a produção de um texto dissertativo-argumentativo com o tema: “Quem foi o
responsável pelo fim do relacionamento entre Bentinho e Capitu?”. O texto deveria ser
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
formal e impessoal, com o mínimo de 300 palavras e no máximo, 400, aproveitando o
fato dos alunos terem estudado e analisado este tipo de texto nas aulas anteriores.
Sendo assim, por estarem motivados pelo tema da narrativa, os alunos procuraram ler
análises sobre o livro, depois que fizemos um debate crítico sobre este, durante a
sugestão da produção textual. O processo e o fim deste trabalho foram extremamente
prazerosos para mim, como Professor, e aos Alunos, porque eles relacionaram as
problemáticas da narrativa com o cotidiano deles. Para completar, escreveram textos
extremamente criativos e densos.
Sarau
Juliana Nardon Sbaraini e Antônio Onofre Bufo55
Etec Pedro Ferreira Alves
palavras-chave: sarau – poesia –literatura
O SARAU é uma apresentação de poesias feita por adesão espontânea de alunos das
três séries do ensino médio; inclui também canções da música popular brasileira,
apresentadas também por nossos alunos e música instrumental: erudita, popular,
folclórica. Surgiu da necessidade de motivar os alunos das três séries para a poesia.
Nos primeiros anos, há a introdução da linguagem poética: os versos, as estrofes,
rimas etc. Os alunos constroem, lêem, são levados a participar de apresentações de
poesias na classe, com a motivação suplementar de participar do sarau no final do ano,
em produção própria de poesia ou de escolha própria de poetas do período clássico,
como Camões. Os alunos das segundas séries continuam esse trabalho, agora voltado
para o século XIX, sem restrição à poesia estrangeira e à produção própria; os do
terceiro trabalham a poesia modernista, em que fazem apresentações de Carlos
Drummond de Andrade, Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Manuel de Barros,
Mário Quintana, Vinícius, João Cabral de Melo Neto e poetas contemporâneos,
incluída aí a rica produção da música popular brasileira. Isso inclui, dado o farto
material acumulado em vídeo proporcionado pelos recursos de mídia do século XX,
conhecer mais de perto as produções em que esses poetas mostram a própria poesia.
Durante o ano há um programa a ser seguido que envolve o aprendizado da literatura.
A produção em prosa envolve os alunos em apresentações pessoais e principalmente
em grupos de obras lidas, com a utilização dos recursos da informática e outros,
construindo o conhecimento através de pesquisas, debates em classe e nos próprios
grupos. A poesia também permite trabalhos, debates, interpretações, mas é
importante que ela não perca o seu encanto natural, artístico, único. Durante o ano
letivo, o sarau vai sendo preparado na sala de aula, com a apresentação de poesias
para colegas de classe, o que é aproveitado para discussões, interpretação,
compreensão das características da escola literária, linguagem poética etc. Os alunos
que se motivam ao longo dos bimestres com essas apresentações são convidados a
participar do SARAU no final do ano, geralmente no dia ou dias seguintes às avaliações
de final de ano, sem que se esqueça de incluir esse trabalho como instrumento de
avaliação. O SARAU é preparado por um grupo de alunos que desenvolve um projeto
que inclui preparação do local, horários, ensaios, ordem de participação e todos os
demais itens necessários. As poesias são intercaladas com canções e músicas
instrumentais e alguma apresentação artística rápida como o stand up. Os professores
responsáveis ficam encarregados de desenvolver o programa de conhecimento: a
linguagem poética, o valor cultural, o aspecto crítico, as escolas literárias. Disso resulta
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
a escolha de cada um pelos poemas a serem apresentados, inclusive a produção dos
próprios alunos, incentivados a criar poesias que seguem desde os padrões clássicos
até a forma modernista. o grupo responsável pela organização do evento recebe todas
as orientações sobre o projeto, produz um regulamento, torna-se o contato entre
professores, direção, coordenação e alunos participantes; responsabiliza-se pelos
agendamentos, ensaios, produção do cenário e material necessário para a
apresentação. Esses grupos organizadores, em todos os anos, têm demonstrado uma
grande motivação e geralmente continua nos anos seguintes, como o grupo
encarregado de 2010. Como o SARAU despertou grande interesse de muitos alunos
para apresentações artísticas mais demoradas, como o teatro, desmembrou-se dele
uma MANHÃ CULTURAL, em que os alunos do Ensino Médio preparam e apresentam
peças teatrais e shows musicais mais livres. Todo esse processo desenvolve as
competências relativas ao aprendizado da língua culta e literária; ensina a resolver os
problemas de logística, de sociabilidade; envolve o aprendizado de conhecimentos
literários, culturais. Desenvolve as habilidades relativas à apresentação em geral e de
eventos em particular.
SARAU: “Sensações poéticas”
Adriana Moreira da Cunha56
ETEC: Presidente Venceslau
Palavras-chave:” Sentir, interpretar: saborear as palavras”
Estimular o conhecimento dos mais variados tipos de poemas e o despertar
encantador da arte literária que envolve a poesia é o tema deste projeto. O poema
traduz em palavras um universo desconhecido, carregado de emoções, sentimentos e
permite criar possibilidades de compor pensamentos. O processo de criação de um
poema leva em conta sonoridades, pulsações, interpretações e ritmos que podem ser
saboreados pelos leitores. Em todas as camadas da sociedade a poesia transforma
interiormente a visão que se tem das questões relativas às diversas realidades e
permite que cada leitor interprete um poema-texto de forma ímpar e subjetiva,
respeitando-se a cultura, a vivência e as características de cada pessoa. Em cada verso
lido descobrem-se os mais subjetivos significados do que está escrito e, portanto, cada
verso serve como instrumento de reflexão dos diversos assuntos e verdades
abordados nas entrelinhas das estrofes. Questões culturais e afetivas são sentidas a
cada leitura e interpretação, uma arte que precisa ser reconhecida e percebida como
capaz de realizar associações, favorecendo a extrapolação de idéias de maneira criativa
e surpreendente. Vários objetivos são alcançados através da realização de um SARAU
LITERÁRIO: Aperfeiçoamento da oralidade e valorização e entonação de voz, fluência,
ritmo e desenvoltura na maneira de se articular; Aprender a se expressar em grupo,
desenvolvendo a criatividade através de debates e criação poética; Promover
interações significativas entre os adolescentes nas atividades de leitura e apreciar
diversos poemas e valorizar a leitura como fonte de prazer; Reunir a comunidade
escolar para apreciar e declamar poesias e representar poesias por meio de teatro,
interagindo com o público ouvinte; Conhecer a prática social e tudo que envolve um
Sarau. Para estimular o gosto pela leitura foram utilizados livros variados, de autores
como: Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Fernando
Pessoa, Mário Quintana, Cora Coralina e o poeta contemporâneo Luciano Esposto
(Poeta venceslauense e colaborador no desenvolvimento do Sarau) e outros. Os alunos
da Etec “Presidente Venceslau” conheceram, recitaram, produziram e realizaram
atividades de análise lingüística de diversos poemas do escritor Luciano Esposto, este
visitou a ETEC várias vezes e conversou com os alunos sobre os poemas escritos por
ele: sua intenção, tonalidade de voz, postura para declamação e apresentação para o
público e outros assuntos pertinentes ao Sarau.. Para despertar o interesse dos alunos
para a poesia entra a tecnologia em cena como ferramenta de aprendizagem:
pesquisas, vídeos assistidos, transportando o sarau para o plano virtual com o uso da
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
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informática; O Sarau “Sensações Poéticas” despertou nos alunos o desejo de ler,
interpretar e vivenciar os poemas lidos. Pesquisar e interpretar vários tipos de poemas
(literatura Indígena, Africana, Brasileira e Européia) é importante para a sensibilização
dos alunos. Como resultados a apresentação para 381 pessoas em um clube da cidade.
Na platéia: diretor da Etec, prefeito municipal, diretora de Educação e Cultura, pais,
autores de livros de toda região, artistas da comunidade, professores de várias escolas
e da faculdade Uniesp entre outros. Os alunos declamaram os poemas “degustados e
saboreados,”e principalmente sentidos e interpretados e para cada poema criaram
uma cena correspondente. Toda a comunidade presente ficou emocionada diante de
tanta dedicação, encanto e sentimentalismo passado pelos alunos a cada declamação.
Na produção final criou-se um Blog com alguns dos poemas declamados e
interpretados e que serviu de inspiração para o trabalho de homenagem ao dia da
“Consciência Negra”.
Literatura e História: Os Movimentos sociais e a produção literária
das três primeiras décadas do Século XX
Milton Inácio57
ETEC. “Guaracy Silveira”
palavras chaves: Produção literária, República Velha, movimento modernista, semana
de Arte de 22, PCN, desenvolvimento de competências/habilidades
A presente comunicação visa mostrar a experiência realizada no ano de 2008 com as
Terceiras Séries do Ensino Médio, da ETEC “Guaracy Silveira”, numa proposta
interdisciplinar entre Língua Portuguesa e Literatura e História. Esta integração teve
como objetivo maior dialogar com os PCN que defendem a existência da “Área de
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias” propondo o trabalho por competências e
habilidades. Outro objetivo era fugir dos tradicionais trabalhos interdisciplinares que
defendem a integração por temas (conteúdos), pois a nossa proposta possibilitava a
integração a partir das competências e habilidades, daí a ideia de um produto final ser
uma Avaliação. Nesta direção, foram classificadas as seguintes competências comuns a
História e Língua Portuguesa e Literatura a serem trabalhadas com os alunos e alunas
nas duas disciplinas:
1-Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas
manifestações específicas; 2-Analisar, interpretar e aplicar os recursos expressivos das
linguagens, relacionando textos com seus contextos,mediante a natureza, função,
organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de
produção/recepção( intenção, época, local, interlocutores participantes da criação e
propagação de idéias e escolhas, tecnologias disponíveis etc); 3-Recuperar, pelo
estudo, as formas instituídas de construção do imaginário coletivo,o patrimônio
representativo da cultura e as classificações preservadas e divulgadas, no eixo
temporal e espacial;4-Respeitar e preservar as manifestações da linguagem, utilizadas
por diferentes grupos sociais, em suas esferas de socialização; usufruir do patrimônio
nacional e internacional, com as suas diferentes visões de mundo; e construir
categorias de diferenciação, apreciação e criação.
O trabalho interdisciplinar teve como época de estudo as três primeiras décadas do
século XX. Neste contexto, foram selecionadas as temáticas do período denominado
de República Velha (1889-1930): imigração européia; movimento operário; formação
da classe trabalhadora; surgimento do partido comunista; as revoltas tenentistas e
finalmente a Semana de Arte Moderna de 22.
Como fonte comum às duas disciplinas optou-se
por uma fonte
“cinematográfica/fílmica”, no caso uma montagem da série “Um Só Coração”,
produzida pela Rede Globo em 2004, elaborada em homenagem aos 450 anos da
cidade de São Paulo. Tal opção justificou-se pelo fato de integrar as diversas
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
linguagens e possibilitar aos alunos perceberem as relações entre os conteúdos
historiográficos e os movimentos culturais e de produção literária.
Em Língua Portuguesa e Literatura, trabalhou-se as fontes literárias do período, já em
História, abordou-se as fontes historiográficas. As fontes literárias selecionadas foram
trechos extraídos das seguintes obras: Ruy Espinheira Filho, Tumulto de amor e outros
tumultos, capítulo 2, ano de 2001; William Roberto Cereja e Thereza Cochar
Magalhães, Literatura Brasileira, Capítulo 29, ano de 2003; A Série Um só coração,
Editora Globo, ano de 2004; Lucia Helena, Modernismo Brasileiro e Vanguarda, ano
2000. Foi aplicada a seguinte metodologia:
1- a execução da Série com elaboração de Relatórios (anotações de pontos
importantes durante a execução); 2- em Sala de Aula, elaboração de perguntas e
analogias entre a “série” e os textos literários trabalhados anteriormente; 3- aulas
dialogadas e discussão para responder às perguntas dos alunos e estabelecimento do
diálogo entre a “série” e os textos estudados; 4- aplicação da Avaliação integrando
Língua Portuguesa e Literatura e História.
A realização do trabalho acima, possibilitou a elaboração da uma Avaliação em dois
níveis: produção de Relatórios durante a execução da “série” — que desenvolve
determinadas competências como disciplina intelectual, organização lógica,
concentração etc — e uma Avaliação (prova com consulta) que sistematizou a
integração entre as duas disciplinas e explicitava as relações entre Língua Portuguesa e
Literatura/História.
Café Literário
Gabriela Cristina Engler Marques58
Etec Doutor Júlio Cardoso.
Palavras-chave: teatro, literatura, educação e prática.
A arte é parte integrante da evolução da civilização desde seus primórdios: nas
cavernas, nas edificações, nos templos, nas pinturas, nas esculturas, haveria sempre de
se representar arte numa linguagem universal, catalogando períodos, culturas e
manifestações. Por outro lado, as histórias também estão presentes em nossa cultura
há muito tempo e o hábito de lê-las, contá-las e ouvi-las pode adquirir inúmeros
significados. Tal hábito aproxima o ser humano do universo letrado e colabora para a
democratização de um de nossos mais valiosos patrimônios culturais: a
escrita. Acreditamos que a leitura e a arte constantemente abrem portas para um
caminho onde o impossível não existe. Trabalhar leitura e arte dá possibilidades de
improvisar, transformar, ir além da superficialidade, entrelaçar os conhecimentos, em
suma, entrar no terreno criativo da condição humana. Esta manifestação dinâmica
confere a arte uma importância que vai além de disciplina no currículo escolar, pois é
produto íntimo da formação humana. O sujeito percebe a sensibilidade da
humanidade quando tem a arte como algo significativo em sua educação. A união
destas vertentes - leitura, arte e educação - proporcionam a prática verdadeira do que
é declarado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no seu artigo 3º, dos
princípios e fins da educação nacional: respeitar, valorizar e garantir ao educando uma
formação completa de conteúdos práticos em sua existência. A leitura e a arte
humanizam, e se elas humanizam, precisamos mais do que nunca, da sua utilização no
meio educacional e mais ainda na sociedade de modo em geral. Assim se constitui a
proposta fundamental do PROJETO CAFÉ LITERÁRIO que existe em nossa unidade
desde 2008 e tem alcançado resultados muito significativos. Toda essa movimentação
pelo trabalho com a arte também esteve envolvida com o esforço da unidade para
aprimorar a qualidade da infra-estrutura do Teatro. Holofotes de luz foram comprados
e instalados. Além disso, 400 cadeiras novas foram compradas pelo Centro Paula
Souza. Como conseqüência, nosso teatro esteve melhor equipado para receber um
grande público. O projeto acontece semanalmente fora do período de aulas e não é de
participação obrigatória. Atualmente, envolve cerca de 300 alunos de nossa unidade
escolar. Nosso objetivo central é despertar nossos alunos de Ensino Médio para a
leitura. A metodologia se dá através de encontros com rodas de histórias, estudos
sobre a teoria da literatura e do drama, palestras e formação de grupos de teatro.
Atualmente, são 8 grupos com cerca de 20 alunos cada atuando no projeto Café
Literário e em festivais de nossa região. Roteiros, fantasias, cenários, sonoplastia,
enfim, toda a montagem do espetáculo faz parte da realidade de nosso projeto, dando
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
asas à imaginação de nossos aprendizes/atores e abrindo portas para uma nova
concepção da educação.
“Projeto Leitura e Literatura em Quatro Mãos.”
Professor Felipe Roberto Martins59
Escola Técnica Estadual – ETEC de Suzano.
Palavras-chaves: Autonomia Intelectual - Formação Humana - Leitura - Literatura Senso Crítico.
O “Projeto Leitura e Literatura em Quatro Mãos” denominou-se assim ao pensar que o
Eu (físico) e o Eu-lírico “estariam” lendo uma obra literária ficcional “juntos”,
interligando conceitos interdisciplinares da Arte, Filosofia, Língua Portuguesa e
Literatura, Psicologia e Sociologia. As atividades aconteceram no ano letivo de 2009,
no Componente Curricular da Base Nacional Comum para o Ensino Médio de Língua
Portuguesa e Literatura – LPL da ETEC de Suzano, ministrado pelo professor Felipe
Roberto Martins e desenvolvido em duas classes do 1º ano, com 40 integrantes cada
uma. O Projeto aproximou os estudantes do extraordinário e fantástico universo da
leitura/ literatura, diagnosticou-se em tais classes, a falta do hábito de leitura no
cotidiano e também de aproximação com mundo mágico da cultura literária em si;
através do Projeto visou-se a realização de um exercício de cidadania/ lazer e
formação humana da Literatura como Arte Consistente da palavra e escrita, com a
apuração do Senso Crítico. O Projeto aconteceu no segundo bimestre, os alunos
escolheram os livros que leriam, sem intervenção do professor; houve liberdade à
autonomia intelectual, isto é, os discentes tiveram a oportunidade de optar no que e
sobre o que leriam, qual “tipo” de leitura/ literatura; ocorreram momentos específicos
de leitura em casa e dentro da sala de aula; os dados principais do livro (autor/
elementos da narrativa/ contextualização, etc.) foram levantados e organizados a fim
de que os alunos ordenassem seu raciocínio, interpretação objetiva e subjetiva; no
final da etapa, os estudantes trouxeram os livros, e relataram a fascinante experiência
da leitura, com foco nos pontos coletados, não “mecanicamente” (as anotações
geraram apenas um simples roteiro, não “engessado” de expressão escrita/ oral);
então foi realizado um debate da relevância da leitura/ literatura na vida dos
brasileiros e porque não para todos os seres humanos. Depois do Projeto observou-se
que os alunos passaram a ler mais, vários tipos de leitura, com maior atenção; a
diversidade maravilhosa da leitura em sala de aula cresceu e os estudantes liam desde
Literatura Brasileira, Chilena, Espanhola, Inglesa, entre outras, numa múltipla
dimensão de gêneros textuais: artigos, contos, crônicas, manchetes, manual de
instruções, novelas, notícias, poemas e poesias; os horários dedicados à leitura em
casa/ aula ampliaram, alguns passaram a ler até no intervalo e no período da “troca”
dos professores interclasses; as competências, as habilidades e os níveis de leitura
expandiram; as redações tornaram-se mais abrangentes nos aspectos gramaticais
(Norma Padrão Culta da Língua Portuguesa) e exemplificações. A partir do Projeto
criou-se a “Ficha Leitura Legal” que nada mais é que um “mapa” do aluno, das obras
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
que lê, criou-se também a “Ficha de Horas de Estudo”, onde coordenam as suas
aproximações sobre temas (livre escolha) da Língua Portuguesa e Literatura; as fichas
não “aprisionam” em hipótese alguma a inteligência deles; são sugestões; as dúvidas
tanto na leitura/ literatura quanto em outros pontos da disciplina são sanadas em sala
de aula pelo docente e via e-mail também, tendo caráter de motivação, mediação e
motivação, com a finalidade de que os estudantes organizem suas ideias em
construções próprias dos pensamentos e sentidos dos tópicos de aprendizagem vistos
dentro e fora da unidade escolar, compreendendo a vida – cada segundo – como
aprendizagem significativa diária antenada e não “acorrentada” com os inúmeros
temas escolares; entretanto que perceba a complementação e a conexão dos
conteúdos da educação formal e não formal.
Literatura no Ensino Médio: entre a fruição e a produção
Robson Batista dos Santos Hasmann60
ETEC Prof. Alfredo de Barros Santos
Palavras-chave: ensino; literatura; conto.
Em A rainha dos cárceres da Grécia, Osman Lins narra a história de um professor de
Ciências Naturais que decide escrever um ensaio sobre um romance deixado pela
amada. Durante a narrativa, o leitor conhece a história do professor com sua amada, a
relação dele com os livros e com a docência. O narrador reproduz as palavras de A.B.,
professor universitário a quem contara seu interesse. Diz A.B.: “Quando, no intento de
harmonizar trabalho e festa, os que encontram nos livros motivo de prazer cedem à
tentação de ensinar o que, neles, leitor, é menos um saber que uma vivência, estão
perdidos.” (LINS, 1978, p. 71). O narrador conclui que essa inquietação se deve ao fato
de o magistério implicar “o estabelecimento de sistemas”, condenar “o vago e o
intuitivo”; a frequentação aos textos literários, por sua vez, tem algo de errante. (LINS,
1976, p. 72). Com efeito, este trabalho nasceu ao querermos “inocular em espíritos
quase sempre voltados para outras direções o que há de menos transmissível: uma
paixão” (LINS, 1976, p. 72) pela literatura, mas com uma abordagem metódica e
sistemática. Assim, passamos a perguntar: Qual o lugar do ensino da literatura no
Ensino Médio? Seu objetivo principal é ajudar a desenvolver a competência linguísticocomunicativa ou pode ter outros que ultrapassem os limites da praticidade? Essas
foram as questões para as quais buscamos algumas respostas em nossa atuação como
docente de LPL. As Orientações Curriculares para o Ensino Médio (OCEM) afirmam que
apesar de a Literatura ser um modo discursivo entre vários, o discurso literário é
menos pragmático, o que pode garantir um exercício de liberdade que pode levar a
extremos as possibilidades da língua (2006, p. 49). Por seu “modo discursivo menos
pragmático” é que vislumbramos a existência de, se não um descaso com a literatura,
um ostracismo que impede que, no ensino, o contato com ela seja mais intenso. A
restrição a qual nos referimos é aquela que transforma o ensino da literatura em um
momento de memorização de autores, obras, contextos históricos para resolução da
prova Vestibular. Além disso, há que ser destacada a metodologia histórica como
aspecto, senão negativo, dificultoso da criação de um “exercício de liberdade”. Se a
divisão e a proposição do ensino da literatura (entendida como compreensão das
transformações em diferentes momentos históricos) colaboram para criar a imagem
da literatura como algo “difícil”, “chato”, “sem finalidade”, o que dizer do ensino da
produção artística literária? Ela é possível na escola? Frente a essas questões e
seguindo os procedimentos metodológicos propostos por Lopes-Rossi (2006), Kaufman
e Rodríguez (2005) e Dolz y Schewly (2004), em 2009, nos propusemos a estudar e
produzir literatura nas aulas de LPL para um 2º ano do Ensino Médio. O grupo de
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Anais do 1º Simpósio do Ensino Médio
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alunos selecionados, com o qual tínhamos contato desde o primeiro ano, sempre se
mostrou motivado e disposto a discutir questões sociais, artísticas e literárias. Assim,
ao contrário de grande parte dos trabalhos pedagógicos (os quais muitas se
estruturam sobre as dificuldades dos aprendizes), este pretendeu ampliar os
horizontes estéticos por meio da criação literária. A opção pela escrita de literatura, e
não apenas a leitura, parte da hipótese de que por meio do texto escrito o contato
com arte literária se torna mais visceral. Esse contato foi percebido durante as
constantes conversas, em sala e por e-mail, com os educandos. Percebemos que a
produção de texto literário, além de contribuir para o desenvolvimento de habilidades
leitora e escritora, ganha contornos que ultrapassam a mera seleção e organização de
argumentos para a defesa de uma tese, pois a literatura possibilita criar outro mundo,
com argumentos ou metáforas. Esse aspecto se tornou visível na construção dos textos
e no produto final. Identificamos, ainda, em aulas posteriores que os alunos
conseguiam reconhecer recursos e procedimentos que tornam o texto mais rico.
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