Assistência de enfermagem na prevenção de silicose enquanto doença profissional 1
Nursing care in the prevention of silicosis as an occupational disease 1
Cuidados de enfermería en la prevención de la silicosis como enfermedad profesional 1
Assis Jocielly, Bolentini Dalila, Kill Patrícia2, Brasileiro Marislei Espíndula3. Assistência de
Enfermagem na prevenção de silicose enquanto doença profissional. Revista Eletrônica de
Enfermagem do Centro de Estudos de Enfermagem e Nutrição [serial on-line] 2011 ago-dez
21(2) 1-16. Available from: <http://www.ceen.com.br/revistaeletronica>.
Resumo
Objetivo: analisar a importância da assistência de enfermagem na prevenção a silicose, na
implantação dos equipamentos de proteção individuais necessários, e capacitação dos
trabalhadores quanto ao uso correto dos mesmos. Materiais e Métodos: levantamento
bibliográfico descritivo da literatura atual. Resultados: a equipe de enfermagem do trabalho
deve estar apta para intervenções educativas e preventivas não só nas indústrias, mas nas
instituições de saúde, evidenciando assim o bem-estar dos trabalhadores. Conclusão:
constatou-se que não existe tratamento curativo para a silicose, tornando fundamental a
atuação da enfermagem ocupacional para certificar as condições adequadas aos trabalhadores,
instruindo-os em situações de risco e planejando treinamentos e normas para evitar danos à
saúde do trabalhador.
Descritores: Silicose, equipamento de proteção individual, enfermagem do trabalho.
Summary
Objective: To analyse the importance of nursing care in preventing silicosis, in deploying the
necessary personal protective equipment, and traing of workers about the correct use of them.
Mateials and Methods: A descriptive bibliography of current literature. Results: The nursing
staff of the paper should be able to educational and preventive interventios not only in industry
but in health institutions, thus revealing the well-being of workes. Conclusion: it was found
that there is no curative treatment for silicosis, making it essential occupational nursing
activities to ensure the right conditions for workers, instructing them in risky situations and
planning training and standards to prevent damage to workers' health.
1
Artigo apresentado ao Curso de Pós-Graduação em Enfermagem do Trabalho, do Centro de Estudos de Enfermagem
e Nutrição/Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
2
Enfermeiras, especialistas em enfermagem do trabalho, e-mail: [email protected],
[email protected], [email protected].
3
Doutora – PUC-Go, doutoranda em Ciências da Saúde – UFG, Mestre em Enfermagem, docente do CEEN, e-mail:
[email protected]
4
Enfermeira Dalila Lopes Bolentini, Jocielly Eugênio de Assis e Patrícia Aparecida Cândida Kill.
1
Descriptors: Silicosis, personal protective equipment, occupational nursing.
Resumen
Objetivo: Analizar la importancia de los cuidados de enfermeria en la prevención de la silicosis,
en el despliegue de los equipos necesarios de protección personal y capacitación de los
trabajadores sobre el uso correcto de ellos. Material y métodos: una bibliografia descriptiva de
la literatura actual. Resultados: El personal de enfermeria del trabajo debe ser capaz de
intervenciones educativas y preventivas, so sólo en la industria, sino en las instituciones de
salud, revelando así el bienestar de los trabajadores. Conclusión: se encontró que no existe un
tratamiento curativo para la silicosis, por lo que las actividades esenciales de enfermeria del
trabajo para asegurar las condiciones adecuadas para los trabajadores, dándoles instrucciones
en situaciones de riesgo y planificación de la formación y las normas para evitar daños a la
salud de los trabajadores.
Descriptores: Silicosis, equipo de protección personal, enfermeria del trabajo.
1 Introdução
O interesse ao estudo da assistência de enfermagem do trabalhador evidencia o uso de
equipamento de proteção individual (EPI) como sendo o principal atuante na prevenção da
silicose, sendo que os mesmos são de grande relevância, com propósito de melhoria na saúde
ocupacional, visando a redução do absenteísmo dos trabalhadores.
Para isso, deve-se evidenciar a sistematização da assistência de enfermagem, que
constitui um meio para que o enfermeiro possa aplicar seus conhecimentos técnico-científicos,
caracterizando sua prática profissional na área de enfermagem do trabalho.
Sabe-se que a sílica é o principal constituinte da areia, formado por dois elementos
químicos abundantes na crosta terrestre, o oxigênio e o silício, portanto, a exposição a essa
substância é comum entre os trabalhadores de diversas áreas, entre elas a mineração, os
cortadores de arenito e de granito, os operários de fundições e os ceramistas.
O termo silicose, empregado pela primeira vez por Visconti, em 1870, é o nome dado à
fibrose pulmonar causada pela inalação de poeira contendo sílica cristalina, sendo a mais
freqüente das pneumoconioses8
A silicose é uma doença ocupacional que permanece como um sério problema de saúde
pública, especialmente em países subdesenvolvidos. É considerada como a doença ocupacional
mais antiga e mais grave que existe, além de ser progressiva e irreversível.
2
Classicamente, a silicose pode apresentar-se de três fases distintas: fase aguda, ou
inicial; fase subaguda ou intermediária, fase crônica ou avançada.
A silicose é a principal pneumoconiose no Brasil. Não há números exatos sobre a
doença, nem uma estimativa de população em risco, mas a exposição ocupacional a poeiras
com sílica certamente envolve alguns milhões de trabalhadores, nas mais variadas atividades
produtivas. (Doenças do parênquima pulmonar e pleura.)
Além disso, a exposição à sílica sem doença estabelecida, associa-se a risco aumentado
de desenvolvimento de diversas co-morbidades, tanto pulmonares como sistêmicas, onde são
prevalentes a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), tuberculose, câncer de pulmão,
insuficiência renal e outras doenças auto-imunes.
O diagnóstico da silicose é definido a partir de uma história de exposição à sílica
associada a um quadro clínico-radiológico compatível. Basicamente, o diagnóstico baseia-se no
raio x de tórax.
São ambientes com maior risco ocupacional: extração e beneficiamento de rochas;
mineração de ouro e pedras preciosas; perfuração de poços; jateamento de areia; indústria de
cerâmica e vidro; e fundição de ferro.
Para prevenir a silicose, o equipamento de proteção individual, pode ser considerado
como a última barreira entre a condição perigosa e o trabalhador. Segundo a norma
regulamentadora número 06 (NR-6) o EPI é todo o dispositivo ou produto utilizado
individualmente pelo trabalhador, cujo sua função é proteger o mesmo contra riscos capazes
de ameaçar sua segurança e sua saúde. Por isso a grande importância da avaliação dos riscos
de cada empresa. A escolha e o rigor das especificações do EPI são essenciais, devendo
atender a legislação brasileira e proteger o usuário.
Até o momento não existe tratamento específico para a silicose que seja eficaz e
fundamentado em ensaios clínicos. Pesquisas em países orientais mostraram melhora da
função pulmonar e retardo na progressão da doença com o uso da tetrandrina, um alcalóide
derivado da planta Stephania tetrandra com propriedades antioxidantes, antifibrogênicas,
antiinflamatórias e imunomoduladoras. Também foram testados corticosteróides e lavado
boncoalveolar (LBA) terapêutico, ambos com resultados pouco promissores1.
Com aplicação de princípios de proteção respiratória e controles de medicina do
trabalho podem reduzir esses riscos. É importante que haja avaliação do serviço de
engenharia, segurança e medicina do trabalho (SESMT), determinado o grau de risco e os
tipos de equipamentos de proteção individual (EPI) que o trabalhador necessita para cada local
3
e função que ele venha exercer. É importante também fazer o controle periódico da saúde do
trabalhador, para realizar o remanejamento do mesmo se houver necessidade7.
No controle da saúde do trabalhador está o enfermeiro do trabalho. O uso da
Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) do trabalhador está
voltada à
conscientização, prevenção e promoção da saúde, visando o bem estar físico e mental e
contribui diretamente para a melhoria das condições de trabalho, pois a silicose é a principal
causa de aposentadoria por doenças respiratórias ocupacionais.
Em vista do que foi observado, pode se dizer que a pesquisa aqui descrita tem o intuito
de aprimorar e contribuir em estudos posteriores. Evidencia-se também a melhoria da
assistência de enfermagem, no atendimento prestado aos trabalhadores expostos a poeiras
minerais.
Sendo assim, a enfermagem do trabalho deve estar apta a promover educação
continuada com seus trabalhadores, evitando danos futuros. Salientando sua importância
essas ações seguramente requerem um trabalho multidisciplinar com intenso envolvimento do
Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho, para obter êxito operacional.
Observando que as doenças profissionais tem relação direta de causa e efeito entre os fatores
de riscos no ambiente de trabalho as empresas devem estar atentas aos riscos que seus
trabalhadores são submetidos.
2 Objetivos
Identificar e analisar a importância da assistência de enfermagem na prevenção da
silicose.
2.1 Objetivos Específicos
Verificar, na literatura a importância do equipamento de proteção individual na
prevenção à silicose.
Compreender a relação entre silicose e adoecimento do trabalhador.
3 Materiais e Métodos
Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, com abordagem qualitativa e descritiva,
sendo que o estudo descritivo propõe-se a prevenção dos trabalhadores em industrias de
mineração expostos a sílica livre observando todos os aspectos relacionados a segurança e
saúde dos mesmos.
4
Foram utilizados livros, revistas e artigos científicos, que abordam o tema e viabilizam
todo o relato da doença.
O estudo descritivo tem a “necessidade de se explorar uma situação não conhecida, da
qual se tem necessidade de maiores informações”.
4 Resultados e Discussão
Nos últimos dez anos ao se buscar as Bases de Dados Virtuais em Saúde, tais como a
LILACS, MEDLINE e SCIELO, utilizando-se as palavras-chave: silicose, equipamento de
proteção individual, enfermagem do trabalho, encontrou-se 13 artigos publicados entre 2003 e
2011. Após a leitura exploratória dos mesmos, foi possível identificar a visão de diversos
autores a respeito da assistência de enfermagem na prevenção de silicose.
4.1 Existe relação entre silicose e adoecimento do trabalhador.
A silicose é a principal causa de invalidez entre as doenças respiratórias ocupacionais.
Nos EUA foi responsável por 14.824 óbitos entre 1968 e 1994, 207 deles em indivíduos com
idades entre 15 e 44 anos8.
O termo sílica refere-se aos compostos de dióxido de silício, SiO2, nas suas várias
formas incluindo sílicas cristalinas sílicas vítreas e sílicas amorfas. O dióxido de silício, SiO2, é
o composto binário de oxigênio e silício mais comum, sendo inclusive composto dos dois
elementos mais abundantes na crosta da Terra. A sílica e seus compostos constituem cerca de
60% em peso de toda a crosta terrestre7.
Conforme descreve Hunter, já em 1556 o médico alemão George Bauer, mais conhecido
pelo seu nome latino de Georgius Agrícola, tinha descrito no seu livro “De Re Metallica” o fato
de que os mineiros que trabalhavam em minas de ouro e de prata na região de Joachimstahl
apresentavam alta mortalidade causada por uma doença pulmonar por eles chamada de “tísica
dos mineiros” que, indiscutivelmente, eram casos de silicose11.
No Brasil, a Silicose é a mais antiga e grave doença profissional. É de origem
ocupacional sendo provocada por inúmeras substâncias e produtos no local de trabalho.
Uma vez inaladas, as partículas de sílica depositam-se principalmente nos bronquíolos
respiratórios e alvéolos. Se o clearance mucociliar ascendente e linfático não for capaz de
remover as partículas, elas acabam por induzir um processo inflamatório, caracterizado
inicialmente como uma alveolite, podendo evoluir para a fase de fibrose8.
Quando essas partículas são inaladas, lesões nodulares são produzidas ao longo dos
pulmões, os nódulos aumentam e se agrupam formando massas densas nos pulmões, que
5
resultam na perda do volume pulmonar, impedindo os pulmões de se expandirem
completamente.
A silicose se apresenta em três formas clínicas:
Fase
aguda
habitualmente
em
ou
até
inicial
2
deve-se
anos
da
a
grande
exposição
exposição
inicial.
de
sílica
Desenvolve
e
manifesta-se
principalmente
em
trabalhadores jovens, expostos à altas concentrações de pequenas partículas de poeira.
Fase subaguda ou intermediária corresponde a uma fase clínica, que inicialmente
apresentam dispneia de esforço e tosse seca.
Fase crônica ou avançada é caracterizada pelo agravamento do quadro clínico, onde a
dispneia intensa, sinais esteto-acústicos de bronquite catarral, dores torácicas continuadas,
fadiga e anorexia são predominantes, podendo evoluir para a tuberculose pulmonar.
Desenvolve-se mais de 10 anos após a exposição e costuma ser oligossintomática, podendo
evoluir com dispnéia aos esforços, de caráter progressivo. É a forma mais freqüente
encontrada.
Entre os sintomas, o mais comum é a dispnéia. A silicose é praticamente assintomática
em sua fase inicial. A medida que a doença progride, os sintomas começam a aparecer. Na
fase inicial os mais comuns são, dispnéia de esforço, astenia, tosse constante, expectoração
constante, dor torácica, geralmente quando ocorre a inspiração profunda. Na fase avançada
ocorre insuficiência respiratória, dor torácica, dispnéia, comprometimento cardíaco e astenia.
O diagnóstico é baseado na história profissional, onde a anamnese fornece elementos
relacionados à natureza do trabalho.
A radiografia é a base do diagnóstico, pois sendo os nódulos fibróticos opacos aos raios
podem ser observadas imagens características que são comparadas com gotas de chuva ou
tempestade de neve.(SILICOSE, et.)
Se o diagnóstico for precoce, e a interrupção da exposição à sílica imediata, o
prognóstico do paciente é melhor.
Diversos tratamentos, utilizando corticoesteróides, tetandrina e inalação de pó de
alumínio, estão sendo testados, mas ainda sem sucesso reconhecido8.
Como não há tratamento curativo, algumas medidas de prevenção podem ser usadas,
como, substituir o material nocivo se possível, evidenciar quanto aos hábitos de higiene
pessoal e conscientizar os trabalhadores a usarem o equipamento de proteção individual (EPI),
6
conforme NR22, sobretudo a utilização de máscaras filtrantes, nos locais com densidade
elevada de poeiras silicóticas.
Figura 1
Pulmão saudável.
Figura 2
Este pulmão apresenta extenso acometimento por silicose, resultante de uma
prolongada exposição ocupacional ao pó de sílica.
4.2 O Equipamento de Proteção Individual é essencial na prevenção de Silicose.
7
Dos 23 artigos analisados, 16 estão em consenso quanto ao fato de que os
Equipamentos de Proteção Individual são indispensáveis na prevenção de silicose. Para
garantir
êxito
operacional
o
SESMT
deve
se
envolver
intensamente
proporcionando
treinamento quanto ao uso de EPI e salientar sua importância.
Atitudes voltadas para a própria segurança e à daqueles à sua volta são imprescindíveis
por parte dos trabalhadores, em todo e qualquer ambiente de trabalho. Entre outros
procedimentos, o uso dos Equipamentos de Proteção Individual adequados a cada ocupação, e
em perfeito estado de conservação, representa grande diminuição dos riscos de contrair
doenças como a silicose.
A Norma Regulamentadora 6 da Portaria 3214/78 recomenda a utilização de máscaras
ou respiradores, sendo que a mesma, considera como Equipamento de Proteção Individual,
todo dispositivo ou produto de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção
de condições perigosas suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho2.
Apesar dos riscos conhecidos, a exposição à sílica persiste elevada, mesmo em países
desenvolvidos, devido a falta de orientação e despreparo dos profissionais responsáveis pela
parte de prevenção e promoção da saúde dos colaboradores da empresa, lembrando que a
maioria dos empregados desconhecem quanto ao uso correto do EPI.
Visando a prevenção da inalação de substâncias indesejáveis e prover uma fonte de ar
respirável em ambientes com baixas concentrações de oxigênio, o respirador deve possuir
filtro mecânico capaz de reter a fração respirável.
Apesar de amplamente difundido, o emprego de respiradores não tem se mostrado
eficaz para impedir o desenvolvimento da silicose8.
Existem históricos registrados, a cerca de dois mil anos, do uso de máscaras por
trabalhadores que buscavam proteção contra as poeiras de sílicas consideradas perigosas, foi
observado que a mistura da poeira com o ar ocasionava um comprometimento pulmonar 7.
É importante que haja controle do Serviço de Engenharia de Segurança e Medicina do
Trabalho (SESMT), evidenciando o grau de risco e os tipos de Equipamentos de Proteção
Individual (EPI) de acordo com as necessidades de cada trabalhador, observando o controle
periódico da saúde do mesmo, para realizar o remanejamento se necessário.
É de extrema importância nesse contexto que seja garantido ao trabalhador um
ambiente adequado para a execução de suas tarefas e, conseqüentemente, uma boa saúde,
mais produtividade, menos absenteísmo e aposentadorias por invalidez.
8
Todo equipamento de proteção deve ter gravado as letras CA seguidas de um número,
que representa o Certificado de Aprovação do equipamento pelo Ministério do Trabalho.
As considerações sobre os equipamentos de proteção individuais não se limitam a
proteger, ou não o trabalhador. O uso impróprio do EPI pode comprometer o desempenho, a
segurança, o conforto físico-emocional e a comunicação dos trabalhadores11.
O processo de prevenção da silicose está, em primeiro lugar, ligado ao controle do nível
de concentração de sílica livre no ambiente de trabalho (poeira respirável) através da
umidificação e exaustão e, em segundo, à substituição de produtos geradores de poeira rica
em sílica por outros menos nocivos. Podemos tomar como exemplo o jateamento de areia. A
substituição da areia já ocorreu nos grandes estaleiros da Europa, Estados Unidos da América
e até no Brasil. O objetivo da aplicação dessas medidas é o de reduzir a concentração de sílica
livre cristalina a níveis abaixo dos de tolerância permitidos pela legislação de cada país.
(silicose em cavadores de poços da região de Ibiapaba...)
Os autores citados concordam que o uso do EPI é essencial na prevenção à silicose pois
representa grande diminuição dos riscos de contrair doenças como a silicose, quando os
mesmos estiverem em perfeito estado, e forem utilizados corretamente. Para isso, os
profissionais devem estar capacitados para orientar os trabalhadores. A máscara e o respirador
são os equipamentos mais utilizados para prevenir a silicose, entretanto, o respirador deve
possuir filtro mecânico. Sendo que, um dos autores pesquisados evidencia que o respirador
não tem se mostrado eficaz. Além disso, o equipamento de proteção individual deve ter
gravado as letras CA seguido de uma numeração.
Desta forma, a importância do equipamento de proteção individual na prevenção à
silicose associado à outras medidas preventivas são indispensáveis à manutenção da saúde do
trabalhador.
4.3 Atuação do enfermeiro na prevenção da sílica enquanto doença ocupacional
Dos 13 artigos analisados, todos estão em consenso quanto ao fato de que o papel do
profissional enfermeiro, é de grande importância na conscientização, prevenção e promoção
da saúde visando com isso o bem estar mental e físico do profissional.
Os enfermeiros são profissionais da área da saúde, que não mais se limitam ao trabalho
em ambientes hospitalares. Atualmente se preparam para a atuação efetiva, segundo seus
próprios recursos pessoais e profissionais para procederem a intervenções dentro e fora do
hospital, em funções administrativas, assistenciais e educativas, entre muitas outras. Por ter
contato direto com os clientes, podem oferecer com precisão orientações visando não apenas a
saúde, mas também a higiene e a segurança daqueles a quem assiste.
9
Nas indústrias em que há a presença de substâncias como a sílica, é alto o risco de os
trabalhadores adoecerem seriamente, por não executarem suas tarefas de modo preventivo e
consciente. Este trabalho pretende alertar os profissionais ligados à saúde em ambientes de
risco, especialmente os da Enfermagem do Trabalho, sobre a importância de uma atuação
efetiva para a diminuição dos índices elevados de silicose ocupacional 12.
O enfermeiro do trabalho elabora e executa planos e programas de proteção à saúde
dos empregados, estudam as causas de absenteísmo, fazem levantamentos de doenças
profissionais, procedem a estudos epidemiológicos, coletam dados estatísticos de morbidade e
mortalidade de trabalhadores, investigando possíveis relações com as atividades funcionais,
para obter a continuidade operacional e aumento da produtividade;
Executa e avalia programas de prevenções de acidentes e de doenças profissionais ou
não-profissionais, fazendo análise da fadiga, dos fatores de insalubridade, dos riscos e das
condições de trabalho do menor e da mulher, para propiciar a preservação de integridade física
e mental do trabalhador;
Presta primeiros socorros no local de trabalho, em caso de acidente ou doença, fazendo
curativos
ou
imobilizações
especiais,
administrando
medicamentos
e
tratamentos
e
providenciando o posterior atendimento médico adequado, para atenuar consequências e
proporcionar apoio e conforto ao paciente;
Elabora e executa ou supervisiona e avalia as atividades de assistência de enfermagem
aos trabalhadores, proporcionando-lhes atendimento ambulatorial, no local de trabalho,
controlando sinais vitais, aplicando medicamentos prescritos, curativos, instalações e teses,
coletando material para exame laboratorial, vacinações e outros tratamentos, para reduzir o
absenteísmo profissional; organiza e administra o setor de enfermagem da empresa, provendo
pessoal e material necessários, treinando e supervisionando auxiliares de enfermagem do
trabalho, atendentes e outros, para promover o atendimento adequado às necessidades de
saúde do trabalhador;
Treina trabalhadores, instruindo-os sobre o uso de roupas e material adequado ao tipo
de trabalho, para reduzir a incidência de acidentes;
Planeja e executa programas de educação sanitária, divulgando conhecimentos e
estimulando a aquisição de hábitos sadios, para prevenir doenças profissionais, mantendo
cadastros atualizados, a fim de preparar informes para subsídios processuais nos pedidos de
indenização e orientar em problemas de prevenção de doenças profissionais.
Os autores citados são de acordo que a atuação do enfermeiro na prevenção da sílica
enquanto doença ocupacional é indispensável, pois o mesmo é responsável pelo bem estar
físico e mental do profissional, tendo funções administrativas, assistenciais e principalmente
educativas, onde deve se capacitar os trabalhadores quanto ao grau de risco e ao uso dos
equipamentos de proteção individuais necessários para cada função.
Sendo assim, a atuação do profissional enfermeiro do trabalho, juntamente com a
equipe de saúde do trabalhador é de grande relevância referente à silicose, pois como a
10
mesma não tem cura, é indispensável que se evidencie a prevenção e promoção da saúde
ocupacional.
5 Considerações Finais
Em vista do que foi observado e pesquisado, constatou-se, através de pesquisa
bibliográfica que não existe tratamento curativo para a silicose, entretanto, é de grande
relevância que as medidas de prevenção sejam executadas, conscientizando os empregados
expostos a sílica livre, a usarem obrigatoriamente os equipamentos de proteção individuais,
conforme a NR 22.17 que refere proteção contra poeira mineral.
A silicose é uma doença pulmonar ocasionada pelo trabalho onde a sílica esteja
presente. É uma fibrose pulmonar nodular causada pela inalação de poeiras contendo
partículas finas de sílica cristalina, que se depositam nos alvéolos e que pode levar décadas
para se manifestar. É uma doença incurável, com uma evolução progressiva e irreversível que
pode determinar dificuldade para realizar o trabalho, invalidez, aumento da suscetibilidade à
tuberculose, podendo levar o trabalhador a óbito.
A ocorrência, prevalência ou incidência de silicose em nosso país não é amplamente
difundida, nem tampouco a atuação dos profissionais da Enfermagem do Trabalho, junto a
trabalhadores das áreas industriais expostas à sílica. Assim, este trabalho objetivou obter mais
informações sobre questões relevantes na prevenção desse mal, procurando contribuir para a
elaboração de programas mais eficazes de conscientização de trabalhadores sobre a
importância de comportamentos e atitudes precisas, que os afastem da silicose. A formação de
profissionais de enfermagem habilitados para intervenções não somente práticas, mas
educativas e preventivas, nas instituições de saúde e nas indústrias, é fundamental para o
bem-estar dos clientes e a valorização da profissão.
Desta forma, é necessário criar uma forma centralizada de atualização dos dados e da
metodologia de seleção de equipamento de proteção individual, pode se utilizar de ferramentas
como a internet para que os profissionais e trabalhadores acessem os conteúdos sobre EPI e
seu uso correto, de maneira simples, organizada e de fácil entendimento, visando a
qualificação e prevenção de acidentes e doenças dos mesmos.
6 Referências
1 Barboza, C E G. Winter, D H. Seiscento, M. Santos, U P. Filho, M T. Tuberculose e silicose:
epidemiologia, diagnóstico e quimioprofilaxia. J Bras Pneumol. 2008; 34(11):959-966.
11
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alteração do limite de exposição ocupacional à sílica cristalina no processo de seleção de
respiradores. Rem: R, Esc. Minas, Ouro Preto, 63(4): 621-625, out. dez. 2010.
3 Caldas, A C. Silicose doença pulmonar ocupacional. Instituto de pós graduação – IPOG.
2010; 1-20.
4 Capitani, E M. A silicose (ainda) entre nós. J Bras Pneumol. 2006; 32(6): xxxiii-xxxv.
5 Carneiro, A P S. Santos, M A M. Maia, P V. Barreto, S M. Câncer de pulmão em trabalhadores
expostos à sílica. J Pneumol 28(4) – jul-ago de 2002.
6 Carneiro, A P S. Índice de exposição à sílica na atividade de mineração de ouro. Rev Saúde
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7 Fagundes, G. Zanellato, M A. Silicose doença pulmonar ocupacional no trabalhador de
mineração. Esp. Enfermagem do trabalho pela UNIVALI.
8 Filho, M T. Santos, U P. Silicose. J Bras Pneumol. 2006;32(Supl 1):S41-S7.
9 Leopardi MT. Metodologia de pesquisa na saúde. Santa Maria: Pallotti, 2001.
10 Mendes, R. Patologia do Trabalho. Atheneu.
11 Nogueira, D P. Certain, D. Brólio, R. Garrafa, N M. Shibata, H. Ocorrência de silicose entre
trabalhadores da indústria cerâmica da cidade de Jundiaí, SP (Brasil). Rev. Saúde públ., S.
Paulo. 15:263-71, 1981.
12 Secati, F. A importância do enfermeiro do trabalho na prevenção de silicose industrial.
Centro Universitário Hermínio Ometto – Uniararas. 2009; 1-8.
13 Sounis, E. Manual de higiene e medicina do trabalho. 3ª edição. Ícone Nativa, 1991.
12
Goiânia, 15 de Outubro de 2010
Vimos por meio deste, encaminhar nosso artigo cujo título é Assistência de Enfermagem
na prevenção de silicose enquanto doença profissional, a fim de ser avaliado e publicado pela
Comissão Editorial.
Eu, Marislei Espíndula Brasileiro, Enfermeira, residente na Rua T-37 nº 3832, Edifício
Capitólio, apto 404, Setor Bueno – Goiânia/GO, e-mail: [email protected], fone: (62)
3255 4747, assino autorizando sua publicação.
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Eu, Dalila Lopes Bolentini, Enfermeira, residente na Rua F, Vila São João, Crixás/GO, email: [email protected], fone: (62) 8153 9428, assino autorizando sua publicação.
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Eu, Jocielly Eugênio de Assis, Enfermeira, residente na Rua Duque de Caxias, Jardim
Vila Boa – Goiânia/GO, e-mail: [email protected], fone: (62) 9613 3500, assino
autorizando sua publicação.
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Eu, Patrícia Aparecida Cândida Kill, Enfermeira, residente na Avenida Sete de Setembro,
Bairro Maria dos Anjos – Itarumã/GO, e-mail: [email protected], fone: (64) 9259
5480, assino autorizando sua publicação.
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