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28-03-2012
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Carla Lopes ganha prpmio internacional ao fornecer novas
pistas sobre ciliopatias
?efantistico ter este reconhecimento do JCS!?
2012-03-28
Por Susana Lage
Carla Lopes ganhou o prpmio do Journal of
Cell Science (JCS) 2011 pelo trabalho
intitulado µCentriolar satellites are assembly
points for proteins implicated in human
ciliopathies, including oral-facial-digital
syndrome 1¶.
A distinomo, no valor de mil dylares
americanos, resulta do estudo desenvolvido
pela investigadora de Aveiro ao longo dos
quatro anos do seu doutoramento. ³Foi um
trabalho que me deu imenso prazer e onde
tive a oportunidade de estudar estruturas
celulares fascinantes como os ctlios
primirios. epor isso fantistico ter este
reconhecimento do JCS!", revela ao
Cirncia Hoje.
Carla Lopes
Na investigaomo premiada, Carla Lopes
estudou a funomo da protetna associada a
uma ciliopatia, o stndrome oral-facial-digital
tipo 1 (OFD1), uma doenoa que p
caracterizada por malformao}es da face, da
cavidade oral e dos dedos e,
frequentemente, pelo desenvolvimento de
quistos nos rins que, com o tempo, provocam
insuficirncia renal.
³Quase todas as cplulas do corpo
humano podem formar uma pequena projecomo que se estende para o exterior
da cplula. Esta estrutura, conhecida como ctlio primirio, pimyvel e funciona
como uma antena, detectando sinais do meio exterior e transmitindo essa
informaomo ao interior da cplula, contribuindo assim para a coordenaomo de
numerosos eventos celulares como a prolifera omo e diferencia omo celulares.
Nos ~ltimos anos, virios trabalhos demonstraram que a disfunomo desta
pequena estrutura est ina base de v irias doenoas humanas conhecidas por
ciliopatias e que afectam diferentes sistemas de yrgmos´, explica a cientista do
Grupo de Estudos do Esyfago de Barrett do Instituto Portugurs de Oncologia de Lisboa
(IPOLFG).
Este trabalho agora publicado descreve, pela primeira vez, a localizaomo da protetna
OFD1 nmo syno centrossoma, estrutura com papel importante na formaomo dos ctlios
primirios e na divismo celular, mas tambpm em pequenas estruturas que orbitam em
torno destes, os satplites centriolares, estruturas que estmo envolvidas no transporte de
virias protetnas.
³Surpreendentemente, a prote tna OFD1 coexiste nestes satplites com outras
duas protetnas que se sabe estarem associadas a ciliopatias distintas. At
funcionam como um complexo e qualquer defeito numa destas trrs subunidades
pode afectar a sua integridade com um todo´, afirma Cala Lopes.
LQYHVWLJDomo da jovem cientista traz novos conceitos ao conhecimento da maquinaria que
comp}e e regula o funcionamento dos ctlios primirios. Prop}e um modelo em que os
satplites centriolares funcionam como um complexo que re~ne diferentes protetnas
associadas a ciliopatias, cujo funcionamento depende da integridade de cada uma destas
protetnas que o comp}e. Assim, este modelo fornece novas pistas para a compreensmo
do desenvolvimento das ciliopatias.
Os pryximos passos na investigaomo pressup}em a identificaomo de outras protetnas
associadas a ciliopatias envolvidas neste ou noutros complexos semelhantes a este. Isto
³ajudar-nos-ia perceber os mecanismos que estmo na base destas
aparentemente distintas ciliopatias´, afirma Carla Lopes.
Descobrir mais sobre cancro
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Descobrir mais sobre cancro
Actualmente a trabalhar no IPOLFG, Carla Lopes procura perceber como pque certas
alterao}es celulares estmo associadas jtumorigpnese. ³Muitas das alterao}es
observadas em cplulas cancertgenas smo controladas pelo centrossoma, uma
das estruturas especializadas da c plula. Pensa-se, por isso, que os
centrossomas tenham um papel de relevo nos mecanismos de cancerig pnese ´,
explica.
No entanto, apesar de jiterem sido demonstradas alterao}es dos centrossomas em
diversos tumores, a causa destas anomalias e as suas consequrncias permanecem
desconhecidas. Por isso, a jovem cientista juntou-se a um consyrcio multidisciplinar que
re~ne biylogos, patologistas, oncologistas e bioinformiticos do IPOLFG, do Instituto
Gulbenkian de Cirncia em Oeiras e da Harvard Medical School nos EUA, para ligar a
investigaomo bisica do laboratyrio jinvestigaomo cltnica. ³Com este projecto espero
poder contribuir para a melhor compreens mo do processo de cancerig pnese e,
consequentemente, ter impacto no diagn ystico e tratamento do cancro´, afirma.
Sobre a investigadora
Carla Lopes nasceu em Viseu a 5 de Janeiro de 1983. Tirou a licenciatura em Biologia na
Universidade de Aveiro. Desde cedo revelou entusiasmo pela investigaomo laboratorial e no
quarto ano teve oportunidade de integrar a equipa de investigaomo de Edgar da Cruz e Silva num
projecto de um ano. ³Esta experirncia foi muito positiva e encorajadora, aguoando a minha
curiosidade pela biologia celular´, partilha. No quinto ano opcional do curso resolveu fazer o
estigio no laboratyrio de Andrew Fry na Universidade de Leicester, Reino Unido, com uma
bolsa de mobilidade Leonardo da Vinci do Programa da Comissmo Europeia. Foi durante este
tempo que desenvolveu um ³fasc tnio´pelo funcionamento do centrossoma e, em particular,
pelos ctlios prim irios e o conjunto de doenoas associadas jsua disfun omo. Entretanto
candidatou-se jbolsa de doutoramento da Funda omo para a Cirncia e Tecnologia para poder
continuar o estudo da protetna OFD1 que tinha iniciado durante o estigio. Em Outubro de 2006,
comeoou entmo o doutoramento com Andrew Fry. Esta foi ³uma das experirncias que mais me
enriqueceu, nmo a ntvel de conhecimento cienttfico, mas sobretudo a ntvel pessoal´, revela.
Em Janeiro de 2011 integrou o Grupo de Estudos do Esyfago de Barrett no Instituto Portugurs
de Oncologia de Lisboa, onde se encontra actualmente a trabalhar. Como hobbies principais
tem a fotografia, ediomo de imagem, p ys-produomo, design. Tambpm gosta de ler a obra de
Fernando Pessoa e heterynimos. A m~sica que ouve varia conforme o estado de esptrito e
ambiente onde se encontra.
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