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FACULDADE DE EDUCAÇÃO DE PORTO VELHO
ARIANE CAVALCANTE DOS SANTOS
O LUTO NO AMBIENTE ESCOLAR DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Porto Velho
2013
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ARIANE CAVALCANTE DOS SANTOS
O LUTO NO AMBIENTE ESCOLAR DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Artigo Científico apresentado em cumprimento às
exigências para a obtenção do titulo de graduada em
Licenciatura Plena de Pedagogia Series Iniciais e
Gestão Escolar, da Faculdade de Educação de
Porto Velho – UNIRON.
Professora – Orientadora: Soeli de Freitas Cabral Amaral
Porto Velho
2013
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O LUTO NO AMBIENTE ESCOLAR DA EDUCAÇAO INFANTIL
Ariane Cavalcante dos Santos 1
Soeli de Freitas Cabral Amara2l
RESUMO
O presente artigo apresenta a pesquisa que tem como objetivo investigar como é
trabalhado o “luto” pelos coordenadores pedagógicos nas Instituições Escolares de
Educação Infantil, buscando saber também como as crianças reagem diante deste
processo. A pesquisa foi realizada em quatro Escolas de Educação Infantil, no
Município de Porto Velho – RO, sendo classificada como pesquisa de campo e de
cunho qualitativo; descritiva e exploratória, com fonte de pesquisa bibliográfica. Para
coleta de dados foram aplicados questionários para os professores, coordenadores
pedagógicos e foi feita observação em loco. A análise foi realizada com base nos
livros sobre Morte. Os resultados mostram que os professores trabalham o luto com
as crianças, buscando uma metodologia de acordo com as necessidades das
mesmas, pois as escolas não têm nenhum tipo de projeto ou metodologia para
trabalhar o assunto; e que cada criança tem reações distintas. Portanto, verificou-se
que, por mais que os professores trabalhem o luto, o envolvimento é muito pouco, é
necessário que as escolas comecem a refletir e abra um leque de opção
pedagógica, com projetos sobre a questão em si.
Palavras-chave: Criança. Escola. Morte. Educadores.
ABSTRACT
This article presents research that aims to investigate how it worked the "mourning"
by the coordinators in the School of Early Childhood Education Institutions, seeking
also know how children react to this process. The survey was conducted in four
daycare centers in the city of Porto Velho-RO, classified as field research and
qualitative nature, descriptive and exploratory, with source literature. For data
collection were questionnaires for teachers, pedagogic coordinators and observation
was made in situ. The analysis was based on the books about Death. The results
show that teachers work with grieving children, seeking a methodology in accordance
with the needs of the same, because the schools do not have any kind of design or
methodology to work it, and that each child has different reactions. Therefore, it was
found that, for most teachers work of mourning, the involvement is very little, it is
necessary that schools begin to reflect and open up a range of pedagogical option,
with projects on the issue itself.
Keywords : Child. School. Death. Educators.
1
Graduanda do Curso de Pedagogia nas Séries Iniciais e Gestão Escolar, UNIRON, 2013. E-mail:
[email protected]
2
Professora Orientadora: Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente: Desenvolvimento da
competência Gestora na Educação Infantil. [email protected]
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INTRODUÇÃO
Falar sobre morte ainda é um grande tabu na sociedade, principalmente
dentro das escolas de educação infantil, não se ouve falar, neste assunto. As
pessoas tendem a ignorar, pensando que não é assunto pra se tratar com as
crianças. Para alguns autores é necessário falar da morte de maneira clara e
objetiva, e assim perguntamos para nós mesmos como futuros professores, como
falar para essas crianças sobre a morte?
O tema deste artigo é o “luto no ambiente escolar da educação infantil”
motivado pela curiosidade e dúvida de saber como o professor lida com o assunto
do luto dentro da sala de aula e, qual a postura dos gestores diante desse
problema?
Tendo como justificativa a questão de abordar o tema do luto na escola e
verificar, como a escola trabalha a temática relacionada á morte, pois o que se sabe
quando morre alguém das relações familiares de algum funcionário ou mesmo de
alguma criança, simplesmente não tem aula; não se trabalha a questão dessa morte.
As mortes estão sempre relacionadas com a imprudência, consequências,
doenças ou mesmo morte natural, e podem-se trabalhar conceitos que permeiam o
conhecimento, através dessas mortes, fazendo uma intervenção. Os professores
precisam estar preparados, destacando que o papel do professor não é
simplesmente conteúdos, mas também trabalhar o lado emocional dos alunos.
A pesquisa tem como objetivo geral investigar a importância de trabalhar o
luto com as crianças na escola e verificar como elas reagem diante deste processo.
O estudo consistiu em uma pesquisa de cunho qualitativa com base nos livros sobre
a morte, com abordagem dedutiva e a classificação da pesquisa exploratória,
descritiva e com levantamento de dados, que será relatado nesse trabalho
acadêmico com fonte de pesquisa bibliográfica e de campo. Os autores principais
que embasaram a pesquisa foram Paiva, 2011, Hennezel, 1999 e outros com
abordagem sobre a morte, desenvolvendo conhecimentos sobre o luto.
Todo o trabalho tem o intuito de verificar a ciência da morte, e se a escola
contribui para o desenvolvimento dos alunos, fazendo com que os mesmos tenham
um olhar diferenciado em relação à vida.
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CONCEPÇÃO SOBRE A MORTE
Sabe-se que um dia o homem tem que morrer e, a morte não anuncia
quando chegará, ela simplesmente acontece. Às vezes por imprudência, violência,
consequências, doenças ou mesmo morte natural.
Historicamente no inicio dos tempos, a morte era um símbolo de libertação
da alma, do espírito. Algumas tribos ou comunidades a morte é um processo de
libertação; diante dessas crenças, os enlutados dançam, cantam em momentos de
grande alegria.
Na tradição judeu-cristã, a morte é considerada como uma passagem.
Segundo Hennezel (2000, p.13), cita que “a sabedoria dos budistas que aceitam a
morte como parte integrante da vida parece ser algo exótico. O mesmo se pode
dizer da sabedoria dos índios [...]”.
Em relação à morte, no cristianismo eles não rejeitam o sofrimento, isto é,
nunca consideram como uma ilusão. É uma realidade acolhida com o coração,
embora nos faça sofrer.
Na sociedade brasileira o assunto ainda é um grande tabu até mesmo para
os profissionais da saúde que convivem diariamente com esse tipo de situação. E,
mais ainda, quando a morte chega aos lares brasileiros, no ambiente escolar, ou
quando algum parente está no hospital desenganado pelos médicos, é muito difícil à
família aceitar a morte desses parentes, pois não adianta tentar negar para si
mesmo, tentado fugir desse sofrimento, devemos encará-lo e reagir, porque em
algum momento de nossa vida isso acontecerá. E por que não encará-la?
A morte não é o fim da vida, mas o fim de uma ilusão, uma
libertação, libertação do sofrimento, do encadeamento de causas e
efeito. É a razão pela qual a morte é um momento abençoado, o
momento mais sagrado da existência porque é, finalmente, a ocasião
de entrar em um espaço ilimitado. É o momento em que a realidade
é, por fim, revelada (HENNEZEL; LELOUP, 2000, p. 34).
De acordo com o texto citado, a morte faz parte do ciclo de vida, não sabese aceitar o fato de perder alguém ou não há uma conformação natural com a dor da
perda, pois raramente no cotidiano o assunto foi tratado. Para muitos filósofos e
autores, o tema morte é soberano. As atitudes em negar a morte faz querer ser
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imortal, muitos vivem pensando na imortalidade e não se pergunta qual o propósito
da vida.
E, por que não refletir com tantas mortes que cercam a sociedade. Diante
disto, ao se olhar sem preconceitos ou receios, perceber-se-á que estão explícitos
fatos de morte, nos desenhos, novelas, jornal, filmes e na literatura e principalmente
em nosso cotidiano.
A FAMÍLIA, CRIANÇA X CONCEPÇÃO DE MORTE
Para muitas famílias, falar sobre a morte é algo muito delicado, pois
imaginam que as crianças não são capazes de entender o que está acontecendo ao
seu redor. Observar-se que algumas crianças, têm em sua criação, o hábito de não
participar de velórios, podendo este velório, ser de seus pais, avós, qualquer outro
membro da família ou mesmo de amigos.
Segundo Paiva (2011, p.41), fez um estudo sobre a aquisição do conceito
morte pelas crianças, de acordo com os estágios estabelecidos por Piaget
(1987,1996).
Aponta as seguintes diferenças para cada estágio:
1º Período Sensório-motor: criança de 0 a 2 anos (ante da aquisição
da linguagem)
 O conceito de morte não existe.
 A morte é percebida como ausência e falta.
 A morte corresponde á experiência do dormir e acordar:
percepção do ser e não ser.
2º Período Pré-operacional: criança de 3 a 5 anos
 As crianças compreendem a morte como um fenômeno
temporário e reversível. Não entendem como uma ausência sem
retorno.
 Atribuem vida á morte, ou seja, não separam a vida da morte. Não
distinguem os seres animados dos inanimados. Entende a morte
ligada á imobilidade.
 Apresentam
pensamento
mágico
e
egocêntrico.
São
autorreferentes, e, para elas, tudo é possível.
 Compreendem a linguagem de modo literal/concreto.
3º Período Operacional: crianças de 6 a 9 anos
 Apresentam uma organização em relação a espaço e tempo.
 Distinguem melhor os seres animados dos inanimados.
 Entendem a posição entre a vida e a morte, compreendendo a
morte como um processo definitivo e permanente. Compreendem a
irreversibilidade da morte.
 Há uma diminuição do pensamento mágico, predominando o
pensamento concreto.
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 Ainda não são capazes de explicar adequadamente as causa da
morte.
 Conseguem apreender o conceito de morte em sua totalidade em
relação á não funcionalidade, á irreversibilidade e á inevitabilidade da
morte.
4º Período de Operações Formais: crianças de 10 anos até a
adolescência.
 O conceito de morte, devido ao pensamento formal, torna-se mais
abstrato. Já compreendem a morte como inevitável e universal,
irreversível e pessoal.
 As explicações são de ordem natural, fisiológica e teológica
(TORRES, 1999 apud PAIVA, 2011, p.41).
De acordo com os estágios do texto citado percebe-se que a cada idade a
criança começa aguçar a sua curiosidade do mundo, compreendendo a vida,
adquirindo novos conhecimentos por mais que seja um assunto complicado e que
eles nunca ouviram. E porque não explicar para a criança o que é a morte?
Diante de tantas mortes na sociedade, este é o grande momento de explicar
para elas o porquê de tanta morte, e porque ela vem sem avisar, de maneira
repentina deixando marcas e angústia.
É importante ressaltar que, quando alguém da família morre, a notícia deve
ser dada pela pessoa em que a criança confie, e jamais tentar esconder isso dela.
Paiva (2011, p.37) ressalta que: “atualmente, a criança não participa do processo de
morte e seus rituais. A meu ver, subestima-se a criança alegando-se protegê-la.
Para que a criança não sofra, nós impedimos de olhar a realidade da vida e suas
perdas [...]”. De acordo com o texto citado, é necessário mudar o pensamento de
muitos em relação à morte, pois cada vez mais está ocupando espaço na sociedade.
Definir a morte como algo complexo, fazendo repensar a formação do sujeito
como um todo, a morte de um individuo, implica em várias mudanças desde
psicológica, quanto social e educacional.
Falar da morte com as crianças não significa entrar em altas
especulações ideológicas, abstratas e metafísicas nem em detalhes
assustadores e macabros. Refiro-me a colocar o assunto em pauta.
Que ele esteja presente, através de textos e imagens,
simbolicamente, na vida da criança. Que não seja mais ignorado.
Isso nada tem a ver com depressão, morbidez ou falta de esperança.
Ao contrário, a morte pode ser vista, e é isso o que ela é como uma
referência concreta e fundamental para a construção do significado
da vida. (AZEVEDO 2013, Apud PAIVA, p. 29.).
Quando o assunto é a morte, o que se ver e observa é a relutância que
muitos têm em tratar o assunto como se fosse algo proibido ou até mesmo macabro,
10
porém deve ser tratado de forma natural. Nossa preocupação deve ser no cuidado
com a forma do falar, de expressar o assunto. Por isso, a maneira de falar com as
crianças sobre a morte, é reflexo da maneira como as pessoas adultas lidam com a
morte. Que cada um reage conforme suas crenças e seus sentimentos.
A CRIANÇA E O LUTO
Desde cedo, a criança observa situações relacionadas à morte, pois a partir
do momento em que os pais colocam seus filhos na frente da televisão assistindo
desenhos, filmes e ouvindo músicas infantis ou mesmo, nos contos de fadas que
tenham a morte em seu contexto, a criança passa a ter uma noção do luto.
Por isso não devemos esconder delas um assunto que é tão pertinente na
vida. Deve-se explicar de forma lúdica, pois ainda não existe tecnologia suficiente
para quebrar este tabu. Segundo Paiva (2011, p.40)
A criança é criativa, imaginativa e tem uma curiosidade natural que a
faz descobrir o mundo, a vida e seus mistérios. Para tudo busca um
por quê? Não havendo diferença em relação à morte. Dessa forma,
conforme cresce, ela adquire novos conhecimentos e aprende
através da exploração de seu mundo.
Diante disso, fica clara a análise, de que as crianças são investigadoras e
curiosas, elas sabem o que está acontecendo ao seu redor, sabe quando os pais
estão passando pelo processo de luto, e observa quando alguém morre. O que
revela que as crianças também ficam de luto, quando alguém morre elas observam
o comportamento dos pais, e esse sofrimento acaba passando para as crianças e
muitas vezes elas se sentem culpadas de alguma forma, por isso é importante que
participem do funeral e que conversem com elas, mesmo que os pais não queiram
leva-las. Mas que perguntem se a mesma gostaria de ir para o velório, para que não
tenham o sentimento e serem excluída.
Paiva (2011 p.48) aponta quatro pontos importantes também relacionados á
situação de luto, são as reações da criança diante de situações de crise ao longo da
vida. Dia que para ajudar a criança no processo de luto é necessário:
1-Promover comunicação aberta e segura dentro da família,
informando a criança sobre o que aconteceu.
2-Garantir que terá o tempo necessário para elaborar o luto.
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3-Disponibilizar um ouvinte compreensivo toda vez que sentir
saudade, tristeza, culpa e raiva.
4-Assegurar que continuará tendo proteção (TORRES, 1999, apud.
PAIVA, 2011, p.48).
Diante desse contexto pode-se ressaltar que quando uma criança fica
enlutada pode gerar consequência gravíssima, suas emoções ficam mais expostas e
muitas vezes não sabem com se expressar.
Segundo Bowlby (1998 apud PAIVA 2011, p.50) descreveu alguma reação
das crianças, relacionada à morte de um dos pais, que podem manifestar-se como:
 Angústia persistente – medo de sofrer outras perdas e medo de
morrer também.
 Desejo de morrer com a esperança de se encontrar com o morto.
 Hiperatividade expressa através de explosões agressivas e
destrutivas.
 Compulsão por cuidar e autoconfiança compulsiva.
 Euforia e despersonalização.
 Sintomas identificadores. (2011, p.50)
É importante ressaltar, o cuidado em relação às crianças e, o amparo da
família, corresponde um dos primeiros passos fundamentais neste momento de luto,
pois os adultos com o tempo, conseguem esquecer, já a criança por mais que
pareça que esqueceu, mas na vida adulta isso pode refletir.
O PAPEL EDUCACIONAL DIANTE DO LUTO
Sabe-se que o papel da escola é a construção de conhecimento de mundo
de sua imaginação, um lugar onde a criança passa a maior parte do tempo. Para
muitas crianças a escola é onde ela busca refúgio para suas emoções é ai onde o
professor dever intervir e procurar solucionar tais problemas. Segundo Paiva (2011,
p.55),
Se a escola é um espaço onde se discutem tanto as questões
cotidianas da ética e cidadania, questionando a violência... Não seria
esse um espaço também para se falar da morte? Porque manter o
silêncio diante da morte se ela está presente em nosso dia a dia?
A criança quando está passando pelo luto, geralmente se sente frustrada
não sabe como mostrar essas emoções, sendo agressiva ou tímida, cada uma com
algum tipo de emoção. Os professores, gestores devem buscar soluções dentro da
literatura ou outro tipo para solucionar.
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Segundo Kovács (2012, p.23). A frequência nas escolas, equivale a mais de
vinte anos da existência de uma pessoa no preparo para a vida social; da mesma
forma, deveríamos também nos preparar, pelo mesmo “vinte anos”, para o fim da
existência, em algum tipo de “escola”. Para a autora, a educação poderia ir além de
tentar explicar somente o desenvolvimento, mais uma educação voltada para
religião fazendo-nos refletir sobre a morte.
Hennezel; Leloup (1999, p.17) instiga a pensar que:
O mundo que nos rodeia não nos ensina a morrer, tudo é feito para
esconder a morte, para incitar-nos a viver sem pensar nela, em
termos de um projeto, como se estivéssemos voltados para o
objetivo a serem alcançados e apoiados em valores de efetividade,
tão pouco nos ensina a viver.
Torna-se necessária uma reflexão, um novo olhar para o desenvolvimento e
crescimento dos alunos – crianças -, pois se não trabalhar sobre a morte, na
infância, a própria sociedade mostrará de uma forma cruel. Segundo Hennezel,
(2000, p.10), “a reflexão sobre a morte, a outra face do nascimento, deveria fazer
parte de nossos programas educacionais [...]”.
Refletir sobre o outro lado, deve ocorrer no dia a dia e acaba acontecendo e
refletindo no cotidiano escolar das crianças, e uma pergunta se faz: Será que o
professor está preparado para responder para sua criança sobre a morte? Querendo
ou não o professor, para muitas crianças, é visto como deus ou uma segunda mãe.
METODOLOGIA
A pesquisa foi realizada em duas Escolas municipais, “Lar de Nazaré” e
“Creche Tia Sonia” e duas Escolas particulares “SESI” e “Centro Batista Moriá”, na
cidade de Porto Velho-RO, pesquisa do tipo qualitativo, exploratória, descritiva,
dedutiva e pesquisa de campo, tendo como instrumento para coleta de dados:
questionários com perguntas fechadas para professores e para a coordenação
pedagógica. Em relação com as crianças foram feitas apenas observações para
verificar como elas reagem diante do processo do luto. A pesquisa foi direcionada
para três professores de cada turma, creche II, pré I, pré II da Educação Infantil,
oportunizando vivenciar a prática dos gestores, professor e aluno, tendo assim o
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entendimento sobre como o professor lida com o assunto do luto dentro da sala de
aula e qual a postura dos gestores.
RESULTADOS
QUESTIONAMENTOS PARA PROFESSORES
Gráfico 1 - As crianças percebem o que está acontecendo ao seu redor em relação
à morte de seus familiares, amigos ou funcionários da escola?
Percepção do professor
9%
8%
Sim
Não
Talvez
83%
Fonte: Coleta de dados com os professores, 2013.
Em resposta à pergunta feita sobre se as crianças percebem o que está
acontecendo ao seu redor em relação à morte de seus familiares, amigos ou
funcionários da escola, 83% os professores entrevistados responderam que sim, 8%
responderam que talvez, 9% responderam que não.
Pode-se verificar que as crianças percebem quando alguém morre. Em
conversa, as professoras relataram que as crianças desde muito cedo já têm um
olhar diferente para mundo, observam coisas que nem mesmo o adulto imagina.
Gráfico 2 - Você utiliza o tema luto para desenvolver algum “projeto didático” dentro
da escola?
Utiliza o tema luto para desenvolver algum
"projeto didático".
8% 0%
Sim
Não
92%
Fonte: Coleta de dados com os professores, 2013.
Às vezes
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Pesquisou-se sobre os professores, se utilizam o tema luto para desenvolver
algum projeto didático dentro da escola. Dos entrevistados, 92% disseram que não,
8% responderam que às vezes. Os docentes que responderam, às vezes, disseram
que os projetos didáticos que eles trabalham não são expostos na escola como os
outros. Os mesmos relatam por ser um tema muito delicado, acaba ficando somente
para ser trabalhado em sala com as crianças mediante autorização dos pais e
coordenadores.
A necessidade de se abarcar o tema no currículo da educação desde
as séries iniciais, uma vez que esse assunto – vida e morte na
educação – é considerado polêmico, tanto na escola como na
família. É uma tarefa difícil porque nos deparamos com nossa
finitude. (MÜLLER 2005, apud PAIVA 2011, p.60) discorre sobre.
A citação acima demonstra a importância de se trabalhar o assunto,
enquanto na escola, a pesquisa demonstrou que os professores não trabalham com
um projeto didático.
Gráfico 3 - Durante esse processo do luto você professor conversa com as
crianças? De que forma?
92%
100%
80%
Sim
60%
40%
8%
Não
20%
0%
Professores
Fonte: Coleta de dados com os professores, 2013.
Dos entrevistados 92% responderam que conversam com as crianças, 8%
responderam que não. Em relatos, os professores falaram da importância de
conversar com as crianças, diante de tantas mortes que ocorrem na sociedade.
Essas mortes não devem ser escondidas, precisam ser explicadas de maneira que
os alunos possam entender. Lembrando que cada professor tem sua maneira de
explicar, para um melhor entendimento, pois conhecem seus alunos.
15
Rosemberg, 1985, apud Paiva 2011, p.59, fala da importância de se
conversar sobre a morte com as crianças, já que se trata da única situação que não
se tem como evitar na vida [...].
É importante que o professor converse com seus alunos de maneira clara
para uma compreensão eficaz. Através dos diálogos a criança começa a mostrar
suas emoções e até mesmo se expressar. Na pergunta seguinte relatam a forma
desta conversa.
Tabela 1 - De que forma?
Resposta dos professores
Rodas de conversa
Porcentagem
24%
Através de relatos
8%
Através da literatura
16%
Através de desenho
8%
Através de Literatura e desenho
16%
Não conversa
8%
Outros
8%
Fonte: Entrevista com os professores, 2013.
Entre os professores pesquisados, aqueles que conversam com as crianças
sobre o luto utilizam das seguintes formas: 24% através de rodas de conversas, 8%
através de relatos, 16% através da literatura, 8% através de desenho, 16% através
da literatura e desenho, 8% não conversam e 8% outros. Os professores relataram
que as formas utilizadas por eles, são compreendidas pelas crianças.
Explanaram também sobre o cuidado que deve-se ter quando falar com a
criança, pois tudo que se conversa na sala de aula a criança conta para os pais, não
de forma que seja de fofoca, mas de uma forma de tentar imitar o professor.
Paiva 2011, p.49 cita que: “em relação ás indagações da criança a respeito
da morte, é importante deixá-la fazer perguntas ou manifestar-se por meio de gestos
ou brincadeiras”.
De acordo com a pesquisa, observou-se que as crianças são curiosas e
investigativas, essa curiosidade que elas têm é uma forma de que o assunto
interessa a elas (es).
16
QUESTIONAMENTOS PARA COORDENADORES
Gráfico 4 - A escola realiza algum tipo de projeto coletivo ou metodologia para
trabalhar o luto?
Existe Projeto ou Metodologia para
trabalhar o luto
150%
100%
100%
50%
0%
0%
Sim
Não
Fonte: Coleta de dados com Coordenação Pedagógica, 2013.
Dos entrevistados, 100% responderam que não existe projeto nem
metodologia para trabalhar o luto e ainda não foi pensado nada sobre o assunto.
Paiva 2011, p.236 cita que: “se a escola evitar abordar o assunto abertamente
acabará incutindo nos aluno a ideia de que este é um assunto proibido, sobre o qual
não se deve falar [...]”. Observa-se que as escolas não estão preparadas para tais
situações e nem mesmo pensou em trabalhar a questão do luto com as crianças,
que a escola só se preocupa com conhecimento da criança e o lado emocional das
crianças muitas vezes não é trabalhado, ou por insegurança por parte dos
coordenadores.
Gráfico 5 - Em caso de morte na escola na qual a criança estuda qual a postura da
escola em relação ao luto?
Posturas e medidas da Escola
50%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
37%
13%
0%
Trabalha a
questão do
luto
Planeja
Não é
Não se
conversa assunto para trabalha a
sobre a se tratar na questão da
morte
escola
morte
Fonte: Coleta de dados com Coordenação Pedagógica, 2013.
17
Em referência à pergunta em caso de morte, na escola na qual a criança
estuda; qual a postura da escola em relação ao luto dos coordenadores
entrevistados: 13% trabalha a questão do luto, 50% planeja conversa sobre a morte,
37% não se trabalha a questão da morte. Em conversa com alguns coordenadores
relatam que muitas vezes é preciso planejar e conversar com seus professores para
dar orientação sobre o assunto.
Analisado os dados, verificam-se algumas escolas planejam conversa sobre
a morte com as crianças, alguns coordenadores eles trabalham dando orientações
para os professores para que os mesmo tenham uma melhor forma de se trabalhar
com essas crianças e que busquem não só as orientações deles mais que procure
outras fontes.
Observa-se que os coordenadores pedagógicos estão preocupados com o
futuro das crianças num mundo onde a morte esta tão presente entre nós, e que não
fique só no planejamento.
DISCUSSÃO
Através dos resultados obtidos após a conclusão da pesquisa, verifica-se
que as crianças percebem o que está acontecendo ao seu redor em relação à morte,
desde muito cedo, já tem um olhar diferente para o mundo, que fazem indagações
sobre a morte, pois cada criança reage de maneira diferente, umas ficam tímidas,
outras agitadas.
Os coordenadores pouco sabem lidar com o luto, não sabem como trabalhar
essa temática. Mas diante de tantas mortes seria o momento para se pensar sobre
um projeto voltado para o luto que envolvesse outros temas.
Percebe que a literatura é um instrumento de grande valor que pode ajudar
uma criança no processo do luto e até mesmo para tratar sobre a morte.
Foi verificado na pesquisa que os professores e coordenadores não tem
projeto para se trabalhar o luto, no entanto, trabalham o luto de acordo com seus
conhecimentos, conversando com seus alunos sobre a morte e utilizando literatura
para dar ênfase no seu trabalho. Duas escolas envolvidas na pesquisa vivenciaram
o luto. A primeira com a morte do pai de um aluno e na outra, um aluno que sofria
com a morte de seu irmão.
Pelo exposto, se espera que este estudo possa contribuir com as instituições
de ensinos que queiram esclarecer entre seus alunos o assunto em questão.
18
REFERÊNCIAS
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revisão Margarida Maria C. Oliva. São Paulo: Martins Fontes, 1980.
DIAS, Maria Luiza. Vivendo em família: Relações de afeto e conflito/ Maria Luiza Dias.
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FURASTÉ, Pedro Augusto. Norma Técnica para o Trabalho Cientifico: Elaboração e
Formatação. Explicitação das Normas da ABNT. 14ª editora. Porto Alegre: S.N. 2006.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa – 4ª Ed. São Paulo: Atlas, 2012.
HENNEZEL, Marie de A arte de morrer: tradições religiosas e espiritualidade humanista
diante da morte na atualidade / Marie de Hennezel, Jean-Yves Leloup; tradução de
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KOVÁCS, Maria Júlia. Educação para a morte: temas e reflexões /Maria Júlia Kovács.
São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012.
KUBLER-ROSSE. Elisabeth, 1926. Sobre a morte e o morrer: o que os doentes terminais
têm para ensinar a médico, enfermeira, religiosos, e aos seus próprios parentes /Elisabeth
Kubler - Ross: tradução de Paulo Menezes- 8ªed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
MEHREN, Elizabeth. O sol voltará a bilhar [...]: guia para pais lidarem com a perda de um
filho/Elizabeth Mehrn; [tradução Cacilda Rainho Ferrante]. São Paulo: Paulinas, 2001.
(coleção psicologia familiar).
PAIVA, Lucélia Elizabeth. A arte de fala da morte para crianças: a literatura infantil como
recurso para abordar a morte com crianças e educadores / Lucélia Elizabeth Paiva.
Aparecida, SP: Ideias & Letras, 2011.
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o luto no ambiente escolar da educação infantil