12º SICONBIOL, Simpósio de Controle Biológico - 18 a 21 de julho de 2011
“Mudanças climáticas e sustentabilidade: quebra de paradigmas”
PT.02.59
O USO DO INGÁ EM CAFEEIROS SOB SISTEMAS AGROFLORESTAIS PODE BENEFICIAR
O CONTROLE DE PRAGAS?
Rezende MQ1; Perez AL1; Janssen A2; Venzon M3 - 1Universidade Federal de Viçosa - Programa de PósGraduação em Entomologia; 2Universidade Federal de Viçosa - Departamento de Biologia
Animal; 3Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG - UREZM)
Uma prática utilizada no controle biológico conservativo, visando suprimir a população das pragas, é a
diversificação da vegetação. Na Zona da Mata Mineira, agricultores cultivam café em sistemas
agroflorestais (SAFs) que possuem ingá (Inga sp., Leguminosae) em sua composição. O ingá possui
nectários extraflorais (NEFs) que podem fornecer alimento alternativo e manter inimigos naturais nos
agroecossistemas. Objetivou-se avaliar se inimigos naturais das pragas-chave do café, Leucoptera
coffeella e Hypothenemus hampei, se utilizam do recurso oferecido pelos NEFs dos ingás. Em Araponga
(MG), cinco SAFs foram amostrados duas vezes, sendo, em cada um, cinco árvores selecionadas. Trinta
folhas foram amostradas por árvore, a cada duas horas, no período de seis às dezoito horas. Os artrópodes
foram coletados e enviados para identificação. Foram coletados 747 visitantes, distribuídos em 165
morfoespécies. Dentre os inimigos naturais amostrados, os parasitoides (Hymenoptera) foram os mais
diversos (54 morfoespécies), correspondendo a 15,13% dos artrópodes. Os predadores constituíram o
grupo mais abundante (53,68%), distribuídos em 27 morfoespécies. As formigas compreenderam 90%
dos predadores amostrados. Dentre os parasitoides, a família Eulophidae, que abriga o maior número de
espécies parasitoides de L. coffeella, foi a mais representativa. Dois gêneros, Horismenus Walker e
Galeopsomyia Girault, cujas espécies parasitam L. coffeella, foram coletados. Predadores generalistas
como aranhas, trips, crisopídeos, joaninhas e vespas foram amostrados nos NEFs dos ingás, mas as
formigas se destacaram pela abundância. Formigas são um dos poucos predadores conhecidos de H.
hampei e parecem desempenhar também um importante papel no controle de L. coffeella. Dentre os
gêneros amostrados, Camponotus, Cephalotes e Pseudomyrmex predam L. coffeella; Brachymyrmex e
Pheidole predam H. hampei; e, Crematogaster e Solenopsis predam ambas. A abundância desses grupos
variou ao longo das horas, sendo as formigas e demais predadores mais abundantes ao meio dia e
parasitoides ao final da tarde. Isso pode estar relacionado à variação na viscosidade do néctar. Pode-se
concluir que potenciais inimigos naturais das pragas-chave do café se utilizam dos NEFs do ingá.
Agradecimentos a CAPES e FAPEMIG.
Palavras-chaves: Bicho-mineiro do cafeeiro, broca-do-café, controle biológico conservativo.
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