XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Observação de visitantes florais do quiabeiro Abelmoschus
esculentus (L.) Moench. e qualidade dos frutos e sementes
Lucas Albuquerque Silva1, Gilmara Mabel Santos2, Cibele Cardoso de Castro3.
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Introdução
O quiabo (Abelmoschus esculentus) é originário da África. Porém, encontra no Brasil ótimas
condições de cultivo. Possui características desejáveis como: ciclo rápido, fácil cultivo e alta
rentabilidade, baixo custo de produção, resistência a pragas, alto valor alimentício e nutritivo
(SILVA 2004 apud CARNELOSSI et al., 2005).
Purewal e Rhandhawa (1947) constataram que a ocorrência de fecundação cruzada no
quiabeiro varia de 4,8 a 18,75% e, de acordo com eles, embora a flor do quiabeiro seja
potencialmente auto-compatível, pelo fato de suas flores serem hermafroditas, não se deve
descartar a ocorrência de polinização cruzada, já que sua flor é comumente visitada por insetos.
Segundo esses autores, as abelhas (Apis mellifera) foi observada em grande freqüência na flor
do quiabeiro.
Nogueira (1982) observou somente uma vez a abelha Apis mellifera, retirando néctar da
externa da flor. Além dessa abelha, foi observada a presença de algumas formigas (Formicidae),
com pólen em suas mandíbulas e pêlos, abelhas da família Anthophoridae coletando néctar e
pólen, tripés (Thysanoptera), até 6 em uma mesma flor, comendo pólen, Drosophila (Diptera)
em grande número e coleópteros comendo pétalas, pólen e estigmas. Em relação à produção de
frutos, não foram encontradas diferenças estatísticas quanto ao peso, largura, comprimento e
número de sementes nos frutos obtidos de flores cobertas e descobertas.
Neste trabalho objetivou-se estudar os polinizadores do quiabeiro (A. esculentus) e sua
influência na formação de fruto e sementes.
Material e métodos
O presente trabalho foi desenvolvido na horta da Comunidade Quilombola do Castaínho, no
município de Garanhuns.
Para determinação dos polinizadores foram feitas 11 horas de observação focal em campo
para cada espécie, distribuídas das 7:00h às 17:00h, em períodos de 15 minutos de observação
para cada intervalo de hora, quando os visitantes florais foram registrados, bem como seu
comportamento nas flores (se há contato com elementos sexuais, tipo de recurso coletado e a
interação com outros animais).
Para avaliar a influência da ação dos polinizadores sobre a formação de frutos e sementes do
quiabo, 70 flores foram ensacadas com sacos de organza de nylon, a fim de impedir seu acesso
por visitantes florais (tratamento), e outras 70 flores foram apenas marcadas e mantidas abertas,
com livre acesso aos visitantes florais (controle). Foram comparados entre os grupos tratamento
e controle o número de frutos formados, largura, comprimento e peso dos frutos, número e peso
total de sementes. Esses dados foram comparados entre os grupos tratamento e controle usandose o teste Kruskal Wallis, tendo em vista que os dados não apresentaram distribuição normal
após teste de Liliefors (Zar 1996).
Resultados e Discussão
Não foi observado nenhum visitante floral no quiabo (A. esculentus), todos os animais que
Primeiro Autor é aluno do curso de agronomia na Universidade Federal Rural de Pernambuco – Unidade Acadêmica de
Garanhuns e Bolsista do PET Conexões e Voluntário no PIC. E-mail: [email protected]
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Segundo Autor a é Professor a Adjunta do Departamento de Agronomia, e tutora do PET conexões na Universidade Federal
Rural de Pernambuco – Unidade Acadêmica de Garanhuns.
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Terceiro Autor a é Professor a Adjunta do Departamento de Agronomia,e Orientadora do PIC na Universidade Federal Rural de
Pernambuco – Unidade Acadêmica de Garanhuns, e Orientadora do PIC
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visitam a planta não entram em contato com as flores, ficando apenas nos frutos. Apesar de não
terem sido observados polinizadores durante as observações focais, é possível que tenha havido
visitas, uma vez que estas foram observadas em outros estudos relacionados à polinização do
quiabo. Malerbo-Souza (2001) afirma que na cultura do quiabeiro a coleta de néctar é feita pelos
insetos Hymenoptera (Melipona sp.) e Lepidoptera. Na coleta de pólen, os insetos com maior
frequências foram Thysanoptera, Formicidae, Coleoptera e Hymenoptera (Melipona sp. e Apis
mellifera). Portanto, é necessário aumentar o número de horas de observação para que se tenha
dados mais conclusivos, no entanto após a apresentação do relatório parcial os agricultores não
plantaram mais essa espécie, e estamos aguardando que isso aconteça para que as observações
sejam feitas.
Todas as flores tratamento e controle do quiabo produziram frutos, indicando que a formação
de frutos independe da presença do polinizador. Este fato pode ser explicado pelo fato da cultura
ser considerada auto-compatível, não precisando de agentes polinizadores para produzir frutos;
entretanto, flores visitadas por insetos podem apresentar frutos mais pesados, mais largos e mais
longos (Malerbo-Souza 2001). Nossos resultados não corroboram essa tendência, tendo em vista
que flores tratamento produziram frutos maiores e mais pesados (Tabela 1). No entanto, flores
controle produziram maior número de sementes, e estas apresentaram maior peso total (Tabela
1). O menor peso das sementes das flores tratamento é uma característica associada à reserva
nutricional mais baixa e menor oportunidade de germinar (Primack 1987), o que pode diminuir
a probabilidade de estabelecimento das plântulas (Kidson & Westoby 2000; Baraloto et al.
2005).
Referências
Baraloto, C., Forget, P.M. & Goldberg, D.E. (2005) Seed mass, seedling size and neotropical
tree seedling establishment. Journal of Ecology, 93, 1156–1166.
Mélo, D. de B. M.; Lima, T. J.;, Parizio, F. A. S.; Lima, L. P. ; Paulino, A.da S.; Silva, J. R. da.;
Aspectos sobre a polinização do quiabo (Abelmoschus esculentus L. Moench): biologia e
visitantes florais. In: Congresso Norte e Nordeste de Pesquisa e Inovação, 19 à 21 de outubro de
2012,
Palmas,
Tocantins.
Disponível
em:
http://propi.ifto.edu.br/ocs/index.php/connepi/vii/paper/viewFile/2164/1322
acessado
em
23/10/2013
Malerbo-Souza, D. T., Toledo, V. de A. A. de, Stuchi, A. C., e Toledo, J.de O. A. de., Estudo
sobre a polinização do quiabeiro, Abelmoschus esculentus (L.) Moench. In: Acta Scientiarum
Maringá, v. 23, n. 5, p. 1281-1285, 2001.
NOGUEIRA, R.H.F. Estudos preliminares sobre a polinização em Hibiscus esculentus. Ciênc.
Cult., São Paulo, v.34, n.7, p.774, 1982.
Primack, R.B. (1987) Relationship among flowers, fruits and seeds. Annual Review of
Ecology and Systematics, 18, 409–430.
Kidson, R. & Westoby, M. (2000) Seed mass and seedling dimensions in relation to seedling
establishment. Oecologia, 125, 11–17.
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Tabela 1. Comparação de características de frutos e sementes de quiabo (Abelmoschus
esculentus) resultantes de flores ensacadas e não ensacadas em uma comunidade quilombola
do Estado de Pernambuco
VARIÁVEL
COM SACO
SEM SACO
H
p
Fruto
Comprimento
78,38 (10,49)
65,42 (9,12)
22,57
< 0,05
Largura
17,38 (2,60)
17,30 (1,06)
0,47
0,49
Peso
8,15 (2,84)
6,99 (1,30)
7,70
< 0,05
Número
69,18 (8,48)
74,74 (6,36)
9,53
< 0,05
Peso
3,26 (0,41)
1,06 (0,29)
7,95
< 0,05
Semente
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