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Terça-feira, 18 de junho de 2013
SOCIEDADE
Compadres Júlio Couto e Campos Oliveira: simbolizam a
simpatia e boa disposição presentes neste Jantar-Camoniano
Joaõ Paulo Correia , Tiago Braga e Marta Santos
Jorge Filipe, Patrocínio Azevedo
e Albino Almeida
Arménio Costa e esposa
EDUARDO VÍTOR RODRIGUES DEU LIÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS
NO JANTAR-CAMONIANO DA ACADEMIA DO BACALHAU DO PORTO
Uma das mais animadas
tertúlias de sempre
Um Presidente feliz porque
Campos Oliveira recebe o
Diploma de Compadre do seu
padrinho Cancela Moura
O jantar do mês de junho da Academia do Bacalhau
do Porto foi duplamente especial. Primeiro, porque
serviu para assinalar a fundação, a 10 de junho de
1968, na África do Sul, do movimento filantrópico e
universal, hoje com mais de 80 mil associados, e,
depois, porque marcou uma das mais animadas
tertúlias realizadas pela academia portuense. Se a
data era histórica para as academias do bacalhau,
que se fundaram no Dia de Portugal, de Camões e
das Comunidades Portuguesas, festejado, pela
primeira vez, há 45 anos, em Joanesburgo, a
autêntica aula de políticas públicas dada pelo
sociólogo Eduardo Vítor Rodrigues teve o condão de
transformar o convívio camoniano naquela que terá
sido “a mais extraordinária tertúlia” em 24 anos de
existência da Academia do Bacalhau do Porto.
Com aplausos e ovações. De pé.
César de
Pina e Zi
Dias
Inês Rocha , distinta aluna da Universidade
Católica do Porto feliz contemplada com o
Prémio Camoniano 2013
Por Jorge Carvalho
A Academia do Bacalhau do Porto assinalou, dia 14, na Quinta da
Boucinha, em Gaia, o Dia de Portugal, de Camões e das
Comunidades Portuguesas, o qual coincide com a mais importante
data para o movimento genuinamente português nascido em
Joanesburgo, na África do Sul. Todos os meses, a academia
portuense reúne compadres e convidados, num convívio a que
dá o nome de jantares-tertúlia. A exceção tem lugar no mês de
junho, quando a mesma iniciativa passa a chamar-se jantarcamoniano.
A celebração do Dia de Camões é, assim, um dos momentos altos
do calendário anual das atividades tertulianas organizadas pela
Academia do Bacalhau do Porto, só comparado com o aniversário
da própria Academia do Porto, a primeira a ser fundada depois da
academia-mãe sul-africana. A importância simbólica e histórica
dada à criação do movimento filantrópico traduz-se não apenas
no diferente nome da tertúlia do mês de junho, mas também na
atribuição de prémios de mérito a individualidades e instituições
dos mais diversos domínios da sociedade.
Para além de ser um momento para homenagear e apoiar
organizações e cidadãos mais ou menos anónimos, o jantarcamoniano fica também marcado pela realização de um debate
relacionado com as comemorações do Dia de Portugal, de Camões
e das Comunidades Portuguesas. O deste ano não foi mais
participado do que outros – cerca de 200 pessoas estiveram
presentes –, nem teve mais simbolismo do que outros. Ainda
assim, corre o risco de ficar na história da Academia do Bacalhau
do Porto. Por causa de um nome: Eduardo Vítor Rodrigues. E de
um tema, anunciado no convite: “As políticas sociais num tempo
de desigualdades estruturais”.
Sociólogo de formação e professor universitário de profissão,
Eduardo Vítor Rodrigues não deixou ninguém indiferente. Quando
terminou a reflexão em torno das políticas públicas – e não sociais,
como fez questão de sublinhar –, arrancou aplausos. De pé. Mas
também suscitou debate. Acesso, democrático e tertuliano.
Das políticas públicas à(s) mentalidade(s)
Quando considerou Camões “o português da globalização, aquele
que deu novos mundos ao Mundo”, e defendeu que “a
desesperança em Portugal é, hoje, um problema cultural”, Eduardo
Vítor Rodrigues quase disse ao que vinha: a crise, afinal, não é
apenas económica e financeira, mas também de mentalidade(s).
Para chegar onde queria – ao problema cultural –, o sociólogo da
Universidade do Porto começou pelo material. E garantiu: “O
materialismo sempre esteve associado a um processo de
individualização, de valorização do ‘eu’ em detrimento do ‘nós’. E,
assim, fomos construindo um Mundo acreditando que a soma dos
cidadãos pudesse dar uma sociedade. Mas a sociedade não é
apenas a soma dos cidadãos, como uma equipa de futebol não é
apenas a soma dos jogadores”.
Há dois séculos, enquanto no norte da Europa as políticas públicas
postas em prática “individualizaram a relação social”, em Portugal,
“tudo era bem diferente”, ou seja, “todos contribuíam para a
associação”, sublinhou Eduardo Vítor Rodrigues, acrescentando:
“Era a lógica da solidariedade oposta à do individualismo. Nós
construímos o Estado Previdência a partir de um objetivo de ajuda
aos mais pobres e aos mais desfavorecidos. Mas esse não pode
ser o objetivo de uma sociedade. O objetivo de uma sociedade é
criar coesão social”.
Não por acaso, continuou o professor universitário, “a Europa do
pós-Segunda Guerra iniciou o processo de reconstrução,
nomeadamente a Alemanha e a França, com uma dupla
componente: construção de infraestruras e de uma sociedade
tendencialmente coesa”. E mais: “Se, no séc. XIX, o objetivo foi
responder aos pobres e aos desfavorecidos, já no pós-Segunda
Guerra foi dar condições para o aparecimento de uma vasta
classe média europeia, criando-se mecanismos – aquilo a que os
sociólogos chamam de elevadores sociais – para as franjas mais
desfavorecidas e também para aqueles que não eram detentores
de grande capital económico”.
“A coesão social sempre implicou critérios de universalidade no
acesso aos serviços públicos”, assumiu ainda, no jantarcamoniano da Academia do Bacalhau do Porto, Eduardo Vítor
Rodrigues, para quem “a Europa, e Portugal, está hoje numa
rotunda, à procura da melhor saída”, a qual tanto pode ser uma
espécie de “’chinezação’ da vida ocidental como o reforço da
cidadania”.
Inequivocamente ao lado daqueles que são a favor do reforço da
cidadania, Eduardo Vítor Rodrigues também contrariou a ideia
segundo a qual “as políticas públicas são políticas de países
grandes”, ou seja, “só é possível ter um bom serviço público de
Rosário e Delfim Sousa
O presidente
César de Pina
eo
Comendador
Ferreira
Machado
entregam o
Prémio
Camoniano ao
poeta e
Compadre
Duarte Klut
Dois bons
amigos e
compadres
que a
Academia
forjou :
Eduardo Vítor
Rodrigues e
César Gomes
de Pina
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Uma das mais animadas tertúlias de sempre