COMUNICAÇÃO VISUAL NOS
ANÚNCIOS DAS REVISTAS
TRIBO SKATE E 100% SKATE
Felipe Daniel Martins
Cristiano Max Pereira Pinheiro
Novo Hamburgo, junho de 2006
FELIPE DANIEL MARTINS
COMUNICAÇÃO VISUAL NOS ANÚNCIOS DAS REVISTAS
TRIBO SKATE E 100% SKATE
Centro Universitário Feevale
Instituto de Ciências Sociais Aplicadas
Curso de Publicidade e Propaganda
Trabalho de conclusão de curso
Professor orientador: Cristiano Max Pereira Pinheiro
Novo Hamburgo, junho de 2006.
Monografia submetida ao corpo docente do Centro Universitário Feevale, como parte
necessária para a obtenção do grau de Bacharel em Comunicação Social –
Habilitação em Publicidade e Propaganda.
Aprovada em: ___/___/___ por:
_______________________
Prof. Ms. Cristiano Max Pereira Pinho
Orientador
_______________________
Prof.ª Ms. Vera Lucia Dones
Banca Examinadora
_______________________
Prof. Ms.Marsal Ávila Alves Branco
Banca Examinadora
Novo Hamburgo, junho de 2006.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha amada, Aline Inês
Lottermann, pelo amor, carinho e auxílio dado nos
momentos mais difíceis. Dedico também a todos os
professores e colegas que demonstraram acreditar no
meu potencial, estimulando-me.
AGRADECIMENTO
A Deus, que com seu amor, seu poder, sua
bondade e sabedoria deu-me força e inspiração para
chegar ao final desta jornada, tornando tudo possível.
Ao
meu
orientador,
Cristiano
Max
Pereira
Pinheiro, pela ajuda neste trabalho e pela dedicação,
demonstrando paciência e carinho.
Aos meus amigos, que não ficaram longe de mim,
mesmo nos momentos de mau humor, demonstrando que
estavam prontos para me ajudar.
RESUMO
O presente trabalho versa sobre a comunicação visual e sua utilização nos
anúncios veiculados nas revistas de skate. Neste trabalho, faz-se um comentário
sobre a comunicação, o anúncio, a comunicação visual e os veículos de
comunicação de massa, em especial a revista; aborda-se os esportes radicais, o
skate e as revistas de skate existentes; comenta-se a respeito das revistas Tribo
Skate e 100% Skate e analisa-se, quanto à comunicação visual, alguns anúncios
dessas revistas. Este trabalho tem como objetivo verificar a eficácia da linguagem
visual em cinco anúncios da revista Tribo Skate e cinco da 100% Skate, ambas do
mês de dezembro de 2005.
Palavras-chave: Comunicação, Anúncio, Comunicação Visual, Veículos de
Comunicação de Massa – Revista, Esportes Radicais, Skate, Revistas de Skate e
Revistas Tribo Skate e 100% Skate.
ABSTRACT
This work deals with visual communication and its use in advertisements
published in skateboarding magazines. Here, comments are made about
communication itself, the advertisements, visual communication, and the mass
media, specially magazines. Focus is placed on radical sports, skateboarding, and
skateboarding magazines. The Tribo Skate and 100% Skate magazines are
reviewed, and some of the advertisements published in them are analyzed as far as
visual communication in concerned. The purpose of this work is to check the
effectiveness of visual communication in five advertisements of the Tribo Skate
magazine and five of the 100% Skate magazine, both issues of December 2005.
Key words: Communication, Advertisements, Visual Communication, Mass
Media - Magazines, Radical Sports, Skateboard, Skateboard Magazines and the
Tribo Skate and 100% Skate magazines.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................
08
1 COMUNICAÇÃO ................................................................................
1.1 Anúncio (Definições e Funções) ..............................................
1.2 Comunicação Visual ..................................................................
1.3 Veículos de Comunicação de Massa – Revista.......................
11
14
18
29
2 ESPORTES RADICAIS ......................................................................
2.1 O Skate.........................................................................................
2.1.1 Revistas de Skate...............................................................
33
38
51
3 REVISTAS TRIBO SKATE E 100% SKATE ......................................
3.1 Análise, Quanto à Comunicação Visual, de Alguns
Anúncios das Revistas Tribo Skate e 100% Skate do Mês de
Dezembro 2005..................................................................................
53
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................
98
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................
101
56
INTRODUÇÃO
Percebe-se que há uma grande diferença entre os anúncios das revistas de
skate e os anúncios das revistas de assuntos gerais, como, por exemplo, Veja, Isto
É, Superinteressante, entre outras. As revistas de skate, geralmente, apresentam um
destaque maior nos atletas e nas manobras praticadas por eles, deixando o produto
anunciado em segundo plano. Já os anúncios das revistas de assuntos gerais, em
geral, possuem um destaque mais intenso no produto anunciado, ficando os outros
fatores em segundo plano. Acredita-se que isso ocorra porque o público das revistas
de skate, na maioria das vezes, é o skatista, que se interessa primeiro pelas
manobras e pelos atletas que as executam e apenas depois quer conhecer o
produto anunciado. Por outro lado, o público das revistas de assuntos gerais é mais
diversificado e se interessa por matérias variadas. Por isso, há uma necessidade de
realçar o produto anunciado, para que ele atraia a atenção do leitor.
O trabalho em questão constitui-se de três capítulos. No primeiro capítulo,
cita-se alguns conceitos de comunicação e expõe-se a importância da comunicação
interpessoal e da comunicação de massa; faz-se um comentário geral a respeito do
anúncio; mostra-se alguns aspectos relevantes sobre a comunicação visual, a qual
permite que o ser humano descubra diversos itens importantes e necessários. Por
esses fatores ela deve ser atraente, interessante e informativa. Além disso, aborda-
9
se os veículos de comunicação de massa, em especial a revista, já que serão,
posteriormente, analisados anúncios desse meio de comunicação.
No segundo capítulo, menciona-se a definição de esporte radical e alguns
esportes dessa modalidade; apresenta-se a história do skate, os principais atletas,
modalidades e manobras; e cita-se algumas revistas de skate existentes. No terceiro
capítulo, comenta-se a respeito das revistas Tribo Skate e 100% Skate e analisa-se,
quanto á comunicação visual, alguns anúncios dessas revistas.
Escolheu-se o tema da comunicação visual nas revistas de skate devido à
constatação de que há, atualmente, um grande número de revistas de skate no
Brasil e que algumas delas possuem anúncios que não se adequam aos conceitos
de uma comunicação visual ideal, ou seja, não agradam os leitores, são de difícil
compreensão, entre outros fatores. A partir disso, resolveu-se analisar cinco
anúncios da revista Tribo Skate e cinco da 100% Skate, ambas do mês de dezembro
de 2005. Optou-se pela revista Tribo Skate por ela apresentar nessa edição uma
matéria com Paulo Galera, skatista gaúcho da nova geração e muito admirado por
todos skatistas e simpatizantes do esporte. Já a 100% Skate foi escolhida porque
possui a matéria do desafio de rua de 2005, evento realizado, todos os anos, pelos
editores da revista. As revistas citadas são direcionadas a anunciantes e a leitores.
Esses leitores possuem uma cultura específica, pois falam através de gírias, usam
roupas largas, etc. Os anunciantes e leitores têm em comum a convivência e o
trabalho com o skate, alguns praticam por diversão, outros por profissionalismo ou
almejam o profissionalismo, outros ainda trabalham produzindo artigos específicos,
como, por exemplo, roupas, acessórios, tênis, etc. A escolha das revistas de skate
se deve ao fato do skate, esporte radical, estar em constante desenvolvimento no
10
mundo inteiro. Surgem, diariamente, novos adeptos desse esporte considerado
perigoso, difícil e que exige do atleta atenção e agilidade.
Este trabalho tem como objetivo verificar a eficácia da linguagem visual em
alguns anúncios das revistas Tribo Skate e 100% Skate do mês de dezembro de
2005.
1 COMUNICAÇÃO
Armando Sant’Anna (2002), em seu livro Propaganda: teoria, técnica e
prática, explica que comunicação é um processo fundamental e vital de transmitir
idéias entre indivíduos. É fundamental na medida em que toda sociedade humana,
da primitiva à moderna, baseia-se na capacidade do homem de transmitir seus
desejos, seus sentimentos, seus conhecimentos, suas intenções e suas experiências
de pessoa para pessoa. É vital na medida em que a habilidade de comunicar-se
aumenta as chances de sobrevivência do indivíduo, enquanto sua falta é geralmente
considerada uma séria forma de patologia.
Já Carlos Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (1998), no Dicionário de
comunicação, informam que a palavra comunicação deriva do latim communicare,
cujo significado seria tornar comum, partilhar, repartir, associar, trocar opiniões,
conferenciar. Comunicar implica participação, interação, em troca de mensagens,
em emissão ou recebimento de informações novas.
A comunicação está presente no dia-a-dia do ser humano, em todas as suas
ações, ou seja, no trabalho, na escola, na reunião com os amigos, nas festas, na
leitura de um livro, de uma revista, de um jornal, no cinema, entre outros fatores, há
comunicação. O ser humano, através da fala, da escrita, de gestos e de expressões
12
faciais, se comunica com outras pessoas, transmite suas angústias, sofrimentos,
alegrias, tristezas, dúvidas, etc.
João Benedito Pinho (1990), em seu livro Propaganda institucional: usos e
funções da propaganda em relações públicas, salienta que a comunicação
desempenha um papel de grande importância na sociedade. Além disso, ele
apresenta um pensamento do autor Teobaldo, o qual afirma que nenhuma criatura,
no exercício de qualquer atividade humana, poderá deixar de falar, escrever ou
adotar alguma forma de comunicação para dar aos seus semelhantes a idéia do que
está fazendo ou da sua predisposição para agir.
Armando Sant’Anna (2002) comenta que os estudos que vêm sendo
realizados abordam a comunicação de massa e a comunicação interpessoal: da
palavra falada, do sinal, do gesto, da imagem, da exibição, da impressão, da
radiodifusão, do cinema, ou seja, de todos os signos e símbolos por meio dos quais
os humanos tratam de transmitir significados e valores a outros humanos. O
processo é o mesmo, independente dos tipos de sinais transmitidos em uma onda
de televisão ou ditos por um jovem ao ouvido da amada. O meio de comunicação
coletivo é um comunicador que tem relação de entradas e saídas. Em sua forma
mais simples, o processo de comunicação consiste em um transmissor, uma
mensagem e um receptor. Para o autor, deve-se lembrar que um dos princípios
básicos da teoria geral da comunicação é que os sinais emitidos só tem significado
se o receptor souber interpretá-los.
Pedro Gilberto Gomes (1997), no livro Tópicos de teoria da comunicação,
informa que o processo de comunicação foi criado pelos engenheiros Shannon e
Weaver, por volta de 1948, e é chamado de Teoria Matemática da Comunicação. O
13
autor afirma que, de acordo com o modelo apresentado por Shannon e Weaver, uma
fonte de informação seleciona uma determinada mensagem. O transmissor converte
tal mensagem em sinal, o qual é enviado ao receptor através do canal de
comunicação. O receptor converte o sinal novamente em mensagem e encaminha
essa última a seu destino.
Os meios de comunicação são grandes transmissores de mensagens, uma
vez que trazem notícias do mundo todo. O ser humano tem a oportunidade de
adquirir conhecimentos através do rádio, da televisão, das revistas, dos jornais, etc.
Os meios de comunicação, além de informar, apresentam propagandas de produtos
de diferentes marcas e modelos, com o objetivo de instigar o público a comprá-los,
mas existe uma enorme concorrência entre as marcas dos produtos anunciados e
cabe ao consumidor a tarefa de escolher o produto que lhe agrada mais.
Pinho (1990) explica que numa conversa pessoal podem ocorrer distorções,
ou seja, um determinado fato, ao ser transmitido em cadeia para outras pessoas,
sofre modificações como, por exemplo, a redução do número de palavras e de
detalhes. Para o autor, nas relações públicas apenas uma versão deve ser
transmitida, evitando os possíveis desencontros na informação prestada por fontes
diferentes, às vezes antagônicas. Outro elemento relevante é a credibilidade de
informação, que influencia grandemente na confiança que será dada aos fatos.
Donis A. Dondis (1997), em seu livro Sintaxe da linguagem visual, salienta
que, em sentido moderno, o conceito de comunicação está associado à idéia de
audiência em massa. Em termos estritos, qualquer portador de mensagens, uma
pintura mural, um discurso, uma carta pessoal, pode ser chamado de meio de
comunicação. Essa referência seria válida por definição, mas, para o autor, hoje,
14
quando falamos em meios de comunicação, a idéia implícita é um grande, e
possivelmente impessoal, grupo de pessoas. É em termos de grupo ou de muitos
grupos que as mensagens de massa, com a intenção de obter uma resposta ou uma
cooperação por parte do público, são concebidas.
1.1 Anúncio (Definições e Funções)
Carlos Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (1998) descrevem a palavra
anúncio como o ato de informar ao público qualquer assunto, através de notícias
jornalísticas, comunicados oficiais, mensagens publicitárias, avisos, etc. Para os
autores, o anúncio é uma mensagem de propaganda elaborada e veiculada com
finalidades comercias, institucionais, políticas, etc, é uma informação publicitária de
uma marca, de um produto, de um serviço ou de uma instituição, apresentada por
meio de palavras, imagens, músicas, recursos audiovisuais, efeitos luminosos e
outros, através dos veículos de comunicação. A forma e o conteúdo do anúncio, bem
como sua característica de informação e de persuasão, variam de acordo com os
objetivos da propaganda, o público visado e o veículo que irá transmiti-la.
Armando Sant’Anna (2002) comenta que antigamente era comum existir
anúncios que mostravam o produto, a fábrica e o próprio dono da fábrica. Esses
tipos de anúncios eram típicos de uma concepção de propaganda que era geral: o
anunciante dizia ao consumidor aquilo de que ele, consumidor, deveria gostar.
Nenhum esforço era feito para saber quais eram as necessidades e as preferências
dos consumidores. Hoje em dia, tudo mudou, pois, naquela época, o consumo
também era importante, mas ocorreu uma inversão de quem dita o que quer. Em
conseqüência disso, é o consumidor que se encontra no ponto central, absoluto do
15
universo comercial, uma vez que são as companhias que giram em torno do
consumidor e não o inverso.
Para o autor, o anúncio não é uma peça literária que tem por fim deleitar,
distrair ou dar uma sensação de beleza, mas é a grande peça do imenso tabuleiro
publicitário e o meio publicitário por excelência para comunicar algo com o propósito
de vender serviços ou produtos, criar uma disposição, estimular um desejo de posse,
divulgar e tornar conhecido algo novo e interessar a massa ou um de seus setores.
Anunciar consiste em tornar interessante, apetecível um produto: criar, na maioria
dos casos, um valor subjetivo psicológico que lhe exceda o valor intrínseco ou real.
De acordo com Sant’Anna (2002), o anúncio deve basear-se no
conhecimento da natureza humana. Para atrair a atenção é imprescindível saber
como captá-la. O tamanho do anúncio é um dos fatores materiais da atenção.
Quanto maior é o anúncio mais se destaca, mais se impõe à vista, independente de
sua aparência e de seu conteúdo. Para interessar é necessário conhecer cada uma
das reações do ser humano, seus instintos e sentimentos. O publicitário deve ter
algo de psicólogo, precisa ter uma sólida base técnica, tem que conhecer os
princípios da comunicação e saber as limitações que impõe os diferentes meios de
comunicação com a massa. Além disso, o publicitário deve possuir um amplo
conhecimento da estrutura e dos fatores do anúncio, para que esse seja potente,
atrativo e alcance seu objetivo prático que é o de vender o produto anunciado. Bons
anúncios têm efeito nulo em virtude de uma construção deficiente ou por algum
defeito que reduz sua eficiência.
Segundo o autor, os cínicos sustentam que um bom anúncio é aquele que o
cliente aprovou. Outros dizem que o bom anúncio é aquele que tem força de
16
persuasão e é lembrado, tanto pelo público como pelo mundo publicitário, como um
trabalho admirável. Há aqueles que acham que um bom anúncio é o que vende o
produto sem chamar a atenção para si mesmo. Os homens de criação devem
conhecer a experiência dos anunciantes de vendas pelo reembolso postal, pois eles
sabem mais do que ninguém a respeito da realidade da propaganda, devem
conhecer a experiência das lojas de departamentos e, além disso, precisam
conhecer as experiências das campanhas de sucesso. Para o autor, aprende-se
muito estudando as campanhas vitoriosas.
Sant’Anna (2002) informa que o anúncio para ser eficiente precisa preencher
os requisitos abaixo:
1. Ser original
Destaca-se. No apelo, na forma, na ilustração, no layout, na apresentação,
etc.
2. Ser oportuno
Deve ser atual, atingir o leitor no momento mais adequado, da forma mais
conveniente.
3. Ser persuasivo
Ele deve ter credibilidade. O leitor tem que acreditar na mensagem.
4. Ser persistente
Em publicidade não adiantam esforços isolados. Ele deve ir sedimentandose na mentalidade do público, ir incutindo o hábito.
5. Ter motivação
Os seus apelos devem atender às necessidades e desejos, responder aos
anseios, mostrar que o sonho pode se transformar em realidade.
(SANT’ANNA, 2002, p. 153-154).
José Benedito Pinho (1991), em seu livro Comunicação em marketing:
princípios da comunicação mercadológica, afirma que o anúncio impresso, escrito
com o propósito de convencer pessoas a usarem um produto ou serviço e a
aceitarem uma idéia ou filosofia, provavelmente teve sua origem em épocas
remotas. O homem civilizado, precisando trocar seus produtos com aqueles
produzidos por outros, tinha que veicular os bens e induzir as pessoas à sua
aceitação. Inicialmente, anunciar era simplesmente divulgar uma oferta. O anúncio
17
tinha um caráter apenas informativo, dando a conhecer aos interessados a
existência do produto e os locais onde poderia ser comprado. Atualmente, o anúncio
publicitário precisa atingir, convencer e levar à ação uma audiência, em princípio,
desinteressada.
Para o autor, os componentes principais do anúncio impresso são o título, o
texto e a ilustração. A função básica do título de um anúncio é fixar a atenção,
despertá-la e induzir a leitura do texto, que é uma extensão do título. O corpo do
texto convence, persuade e diz ao leitor como responder, que comportamento deve
adotar. A ilustração é a imagem utilizada com o propósito de expressar uma
mensagem e tem de servir para reforçar a atenção, a compreensão e a credibilidade
do texto. No anúncio, além das partes principais, é acrescentada a identificação do
anunciante (através de sua assinatura, contendo o nome de fantasia, a razão social,
o endereço e o número do telefone); o slogan1; e os elementos decorativos
(molduras e tarjas) que dão um toque diferenciador ou servem para separar o
anúncio das demais peças. Todo anúncio bem construído é um arranjo de
harmonias e contrastes entre suas partes.
Pinho (1990) comenta que o anúncio pode ter preços diferenciados para a
veiculação, em função do uso de cores, da inserção nas capas internas ou na última
capa da revista e da localização da peça em página determinada ou indeterminada.
Para o autor, os encartes, material produzido pelo anunciante e distribuído junto com
as revistas, também são uma opção que pode ser utilizada. Algumas publicações
1
De acordo com Carlos Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (1998), slogan é uma frase concisa,
marcante, geralmente incisiva, atraente, de fácil percepção e memorização, que apregoa as
qualidades e a superioridade de um produto, serviço ou idéia. Para os autores, embora o slogan não
seja um elemento indispensável na propaganda, a maior parte das mensagens publicitárias faz uso
desse recurso, como forma de sintetizar a imagem que se pretende “vender” para o público e de fixar
os princípios atribuídos do que é anunciado.
18
abrem a possibilidade de veiculação em cadernos regionais com custos mais
acessíveis para as empresas.
1.2 Comunicação Visual
Carlos Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (1998) descrevem o termo
comunicação visual como um conjunto de técnicas, conhecimentos e procedimentos
que buscam maior eficácia na transmissão visual de mensagens verbais ou não
verbais através dos diversos meios de comunicação.
Já Chaim Samuel Katz, Francisco Antonio Doria e Luis Costa Lima (1975),
no Dicionário básico de comunicação, informam que a expressão comunicação
visual é parte do desenho industrial que trata da imagem visível de uma empresa ou
entidade: marcas, papéis de carta, padronizações no aspecto dos serviços ligados a
ela (veículos de transporte, serviços de atendimento, veículos de comunicação
interna), e similares. Num sentido amplo: a produção, em regime semi-industrial, de
imagens e formas com alta pregnância e fácil divulgação.
Joaquim da Fonseca (1990), em seu livro Comunicação visual: glossário,
comenta que comunicação visual é o termo que designa a totalidade dos meios
visuais, tais como fotografia, cinema, televisão, imprensa, moda, publicidade, etc.
Praticamente tudo o que vemos é comunicação visual. O autor salienta que, para
Bruno Munari, a comunicação visual pode ser casual ou intencional. Casual porque
pode ser livremente interpretada por quem a recebe e intencional porque deve ser
recebida na totalidade do significado pretendido pela intenção do emissor e pode ser
examinada sob dois aspectos: o da informação estética e o da informação prática.
19
Rafael Souza Silva (1985), em seu livro Diagramação: o planejamento visual
gráfico na comunicação impressa, explica que tudo aquilo que podemos captar
através da visão acaba constituindo uma comunicação visual. Um cartaz, um
edifício, um jornal, uma flor, ou seja, vários elementos visuais, inseridos numa
paisagem onde o fenômeno espaço-tempo completa essa significação, a qual se
desenvolve num processo de comunicação visual onde a mensagem é intencional e
atende a fundamentos teóricos, culturais e operacionais.
(...) numa comunicação visual a mensagem pode ser interpretada livremente
pelo receptor, numa comunicação intencional o receptor deve captar a
mensagem no exato significado que lhe atribui o emissor. Para que isso
ocorra sistematicamente é necessário ter em conta o processo de produção
da comunicação visual. (SILVA, 1985, p. 26).
Acredita-se que a comunicação visual seja um fator de extrema relevância,
pois através dela o ser humano tem a oportunidade de conhecer e descobrir vários
itens importantes. A comunicação visual deve ser atraente, interessante e
informativa.
Silva (1985) afirma que com o aparecimento dos veículos de comunicação de
massa
eletrônicos,
revolucionando
a
comunicação
humana
através
da
instantaneidade da informação provocada pelo som e o movimento da imagem,
alterou-se radicalmente o comportamento da apresentação visual e editorial na
veiculação impressa.
Para o autor, quando nos propomos a analisar a comunicação por meio de
qualquer tipo de manifestação estética que utiliza a palavra ou elementos de
linguagem não verbal, vamos nos deparar com uma dúvida: o leitor ou o ouvinte
entende o que é realmente transmitido.
20
Pensa-se da mesma forma que Rafael Souza Silva, quando ele comenta que
ao analisarmos a comunicação podemos nos deparar com a dúvida citada acima,
pois percebe-se que nem sempre as pessoas entendem a mensagem que lhes é
transmitida.
Lucia Santaella e Winfried Nöth (1998), no livro Imagem: cognição,
semiótica, mídia, informam que, no campo visual, as figuras são percebidas, em sua
totalidade, como formas. As totalidades aparecem como algo que é mais do que o
somatório de suas partes. A percepção ocorre, não de maneira reprodutiva, mas
sim, como um processo construtivo da nova organização do campo visual.
Donis A. Dondis (1997) comenta que qualquer acontecimento visual é uma
forma com conteúdo, o qual é influenciado pela importância das partes constitutivas,
como a cor, o tom, a textura, a dimensão, a proporção e suas relações compositivas
com o significado.
O conteúdo e a forma são os componentes básicos, irredutíveis, de todos os
meios (a música, a poesia, a prosa, a dança, e, como é nossa principal
preocupação aqui, das artes e ofícios visuais). O conteúdo é
fundamentalmente o que está sendo direta ou indiretamente expresso; é o
caráter da informação, a mensagem. (DONDIS, 1997, p. 131).
Para o autor, na comunicação visual, o conteúdo nunca está dissociado da
forma. Muda de um meio a outro e de um formato a outro, adaptando-se as
circunstâncias de cada um. Vai desde o design2 de um pôster, jornal ou qualquer
outro formato impresso, com sua dependência específica de palavras e símbolos,
até uma foto, com suas típicas observações realistas dos dados ambientais, ou uma
2
Conforme Carlos Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (1998), a palavra design significa desenho
industrial, ou seja, disciplina voltada para o projeto e desenvolvimento de produtos manufaturados,
com ênfase nas características de uso e/ou perceptivas dos objetos.
21
pintura abstrata, com sua utilização de elementos visuais puros no interior de uma
estrutura.
Para Silva (1985), conteúdo e forma devem caminhar juntos, onde a peça
arquitetônica final deve traduzir a consciência do seu valor informacional e estético.
O artista diagramador, para transmitir visualmente a mensagem da página, utiliza as
letras, as imagens, os brancos da página, os fios tipográficos e a vinhetas.
Tem-se a mesma opinião do autor Rafael Souza Silva, quando ele afirma
que conteúdo e forma devem caminhar juntas, pois acredita-se que um completa o
outro na transmissão das mensagens.
O autor cita em seu livro um pensamento da diagramadora Clara Conti, a
qual define que a diagramação é uma arquitetura de forma. É uma arte artesanal
cujo resultado, a página globalmente diagramada, nos dará a mensagem de
comunicação visual, qualitativamente distinta da mensagem específica de cada
componente da mesma página. É a comunicação linear consagrando o dinamismo
pela associação de imagens.
O autor salienta que, em termos de programação visual, a diagramação é o
projeto, a configuração gráfica de uma mensagem colocada em determinado campo,
ou seja, na página de um livro, de um jornal, de uma revista ou de um cartaz. A
preocupação do programador visual e sua tarefa específica é dar a tais mensagens
a devida estrutura visual, a fim de que o leitor possa discernir, rápida e
confortavelmente, aquilo que para ele representa algum interesse.
Para Celso Kelly, a arte gráfica começa pela diagramação; desdobra-se na
escolha dos tipos; complementa-se na confecção das manchetes.
Estabelecem-se as relações do gráfico com o assunto. Segundo ele as
ilustrações aquecem o texto; dão visualidade pronta, antes da leitura. Fotos,
22
caricaturas, anúncios, enxertam-se em meio aos textos, quebram-lhe a
monotonia, imprimem movimento ao todo. Eis o grande arranjo estético, a
orquestração gráfica do jornalismo. As artes gráficas e plásticas se põem a
serviço de atração e sugestão, em complemento da arte da palavra. (SILVA,
1985, p. 28).
Allen Hurlburt (1999), no livro Layout: o design da página impressa, comenta
que um diagrama é uma solução planejada para determinados problemas, sem,
contudo, se basear num conjunto preestabelecido de proporções. O diagrama de um
design organiza um conteúdo específico em relação ao espaço que ele irá ocupar.
Quando funciona, o diagrama permite ao design criar diferentes layouts3 contendo
uma variedade de elementos, sem, todavia, fugir da estrutura predeterminada.
Segundo Silva (1995), cabe ao diagramador a tarefa de escolher de modo
eficaz o tipo de letra para o título, fazendo com que realce não apenas o que o seu
conteúdo transmite, mas também o seu valor visual dentro de um contexto gráfico.
Para isso, é extremamente importante que o planejador gráfico domine
perfeitamente a manipulação dos seus caracteres, saiba utilizar eficientemente os
valores estéticos, definindo com o máximo rigor o tipo de letra adequado, e, além
disso, calcule corretamente o seu espaço dentro de um arranjo gráfico.
Pensa-se da mesma maneira que o autor, quando ele afirma que o
diagramador precisa escolher para o título um tipo de letra que realce o conteúdo e o
valor visual dentro de um contexto gráfico, pois acredita-se que o título seja um
elemento importante que faz com que o ser humano se sinta atraído pela mensagem
a ser transmitida.
3
Segundo Carlos Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (1998), layouts são esboços de anúncios
apresentados aos clientes (anunciantes) e posteriormente arte-finalizado e impresso. Nos layouts são
apresentados (não de forma definitiva, mas aproximada) todos os elementos visuais básicos da peça
publicitária.
23
Para o autor, os anúncios de publicidade são diagramados obedecendo
normas técnicas de paginação, as quais mudam de uma página para a outra. Há um
consenso de que a publicidade deve ser programada na parte inferior da página, em
forma de escada, avançando na parte esquerda, nas páginas pares, e na direita, nas
páginas ímpares. Isso nem sempre acontece, o que acaba prejudicando ainda mais
no arranjo gráfico final da página impressa. É fundamental que redação e
publicidade entrem num acordo de normatização técnica, evitando, dessa forma, que
a comunicação impressa venha a ser prejudicada.
Conforme o autor, com o avanço tecnológico, a partir da primeira guerra
mundial e intensificado pela segunda guerra mundial, a comunicação impressa teve
que adaptar-se à nova realidade sócio-industrial, encontrando no discurso gráfico a
resposta para as suas preocupações, por meio de um planejamento racional de
produção gráfica e a consciência de que hoje tudo tem significação, mesmo num
discurso gráfico. Para Rafael Souza Silva (1985), com o discurso gráfico ficamos
condicionados à dupla leitura: uma textual e outra gráfica. Com a utilização de novos
recursos editoriais e formais, a diagramação tem como finalidade principal levar-nos,
de maneira inconsciente, a esse processo de dupla leitura.
Lucia Santaella e Winfried Nöth (1998) apresentam, de acordo com o autor
Mitchell, os seguintes tipos de imagens: imagens gráficas (imagens desenhadas ou
pintadas, esculturas); imagens óticas (espelhos, projeções); imagens perceptíveis
(dados de idéias, fenômenos); imagens mentais (sonhos, lembranças, idéias,
fantasias) e imagens verbais (metáforas, descrições). Para os autores, de um ponto
de vista semântico, uma imagem verdadeira deve ser aquela que corresponde aos
fatos que representa. De um ponto de vista sintático, deve ser aquela que
24
representa um objeto e transmite um predicado sobre esse. Do ponto de vista
pragmático, deve haver uma interação de iludir por parte do emissor da mensagem
pictórica.
Já Donis A. Dondis (1997) comenta que expandir nossa capacidade de ver
significa expandir nossa capacidade de entender uma mensagem visual, e, o que é
ainda mais importante, de criar uma mensagem visual. A visão envolve algo mais do
que o mero fato de ver ou de que algo nos seja mostrado. É parte integrante do
processo de comunicação, que abrange todas as considerações relativas às belasartes, às artes aplicadas, à expressão subjetiva e à resposta a um objetivo funcional.
Para o autor, a sintaxe visual existe, pois há linhas gerais para a criação de
composições e há elementos básicos que podem ser aprendidos e compreendidos
por todos os estudiosos dos meios de comunicação visual, sejam eles artistas ou
não, e que podem ser usados, em conjunto com técnicas manipulativas, para a
criação de mensagens visuais claras. O conhecimento de todos esses fatores pode
levar a uma melhor compreensão das mensagens visuais.
(...), há um sistema visual, perceptivo e básico, que é comum a todos os
seres humanos; o sistema, porém, está sujeito a variações nos temas
estruturais básicos. A sintaxe visual existe, e sua característica dominante é
a complexidade. A complexidade, porém, não se põe à definição. (DONDIS,
1997, p. 19).
Dondis (1997) salienta que expressamos e recebemos mensagens visuais
em três níveis: o representacional, aquilo que vemos e identificamos com base no
meio ambiente e na experiência; o abstrato, a qualidade cinestésica de um fato
visual reduzido a seus componentes visuais básicos e elementares; e o simbólico, o
vasto universo de sistemas de símbolos que o homem criou e ao qual atribui
significados.
25
O processo de criação de uma mensagem visual pode ser descrito como
uma série de passos que vão de alguns esboços iniciais em busca de uma
solução até uma escolha e decisão definitivas, passando por versões cada
vez mais sofisticadas. A interação entre propósito e composição, e entre
estrutura sintática e substância visual, deve ser mutuamente reforçada para
que se atinja uma maior eficácia em termos visuais. Constituem, em
conjunto, a força mais importante de toda comunicação visual, a anatomia
da mensagem visual. (DONDIS, 1997, p. 105).
Lúcia Santaella e Winfried Nöth (1998) comentam que o mundo das imagens
se divide em dois domínios. O primeiro é o domínio das imagens como
representações
visuais:
desenhos,
pinturas,
gravuras,
fotografias,
imagens
cinematográficas, televisivas e infográficas. Imagens, nesse sentido, são objetos
materiais, signos que representam o nosso meio ambiente visual. O segundo é o
domínio imaterial das imagens, na nossa mente, que aparecem como visões,
fantasias, imaginações, esquemas, modelos ou, em geral, como representações
mentais. Ambos os domínios não existem separados, pois estão ligados já na sua
gênese.
O autor afirma que a tendência a associar a estrutura verbal e a visual é
perfeitamente compreensível, pois os dados visuais possuem três níveis distintos e
individuais, os quais segundo Donis A. Dondis são: o input4 visual, que consiste de
miríades de sistemas de símbolos; o material visual representacional, que
identificamos no meio ambiente e podemos reproduzir através do desenho, da
pintura, da escultura e do cinema; e a estrutura abstrata, a forma de tudo aquilo que
vemos, seja natural ou resultado de uma composição para efeitos intencionais. Para
o autor, o caráter dos meios visuais é muito diferente do da linguagem, sobretudo no
que diz respeito a sua natureza direta. Não se faz necessária a intervenção de
4
De acordo com Carlos Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (1998), input significa qualquer sinal
ou informação externa, introduzida em um determinado sistema; qualquer mudança de origem
externa em um determinado sistema; uma operação pela qual se introduzem informações num
computador.
26
nenhuma decodificação que retarde o entendimento. Ás vezes, basta ver um
processo para compreender como ele funciona. Em outras situações, ver um objeto
já nos proporciona um conhecimento suficiente para que possamos avaliá-lo e
compreendê-lo.
Lucia Santaella e Winfried Nöth (1998) explicam que a relação entre a
imagem e seu contexto verbal é íntima e variada, já que a imagem pode ilustrar um
texto verbal ou o texto pode esclarecer a imagem na forma de um comentário. Nos
dois casos, a imagem parece não ser suficiente sem o texto. A concepção defendida
de que a mensagem imagética depende do comentário textual tem sua
fundamentação na abertura semiótica peculiar à mensagem visual. Para os autores,
a abertura interpretativa da imagem é modificada pelas mensagens do contexto
imagético. O contexto mais importante da imagem é a linguagem verbal, mas outras
imagens e mídias são também contextos que podem modificar a mensagem da
imagem.
Os autores informam que, de acordo com Kibédi Varga (1989), são três os
tipos de relações entre a palavra e a imagem, os quais aparecem abaixo:
1 – Coexistência: palavra e escritura aparecem numa moldura comum, pois
a palavra está inscrita na imagem.
2 – Interferência: a palavra escrita e a imagem estão separadas uma da
outra espacialmente, mas aparecem na mesma página.
3 – Co-referência: palavra e imagem aparecem na mesma página, mas se
referem ao mundo uma independente da outra.
27
Os autores também afirmam que com o crescimento e a satisfação da
imprensa e da publicidade, a partir do início do século, novos campos de
possibilidades, no tamanho e na variação dos tipos gráficos e no uso substantivo do
espaço, foram se abrindo rumo à exploração da natureza plástica, imagética, do
código alfabético. Esse código híbrido, com a nova geração de designers5 gráficos
que se deliciam na manipulação das letras, das palavras, das configurações e dos
desenhos nas telas informatizadas movidas a luz e cores que se multiplicam ao
infinito, já preenche todas as condições para se tornar dominante.
Allen Hurlburt (1999) destaca que a tipografia sempre foi o principal
elemento da página impressa. Hoje em dia, sob o peso crescente de uma saturação
visual e conseqüente ênfase em relação aos conceitos verbais, a tipografia atinge o
seu ponto de mais alta prioridade no mundo do design. Isso não impede, todavia,
que um surpreendente número de designers gráficos encare a tipografia como um
mal necessário, havendo mesmo muitos layouts onde as palavras ocupam
claramente um segundo plano.
Donis (1997) salienta o seguinte:
Em textos impressos, a palavra é o elemento fundamental, enquanto os
fatores visuais, como o cenário físico, o formato e a ilustração, são
secundários ou necessários apenas como apoio. Nos modernos meios de
comunicação acontece exatamente o contrário. O visual predomina, o verbal
tem a função de acréscimo. (DONDIS, 1997, p. 12).
Pensa-se da mesma forma que o autor, pois percebe-se que realmente nos
modernos meios de comunicação o visual predomina e o verbal tem a função de
5
Segundo Carlos Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (1998), designers são desenhistas, técnicos
em desenho gráfico ou industrial.
28
acréscimo. Nota-se que a maioria das pessoas prefere anúncios com elementos
visuais destacados, pois entende com maior facilidade anúncios desse tipo.
1.3 Veículos de Comunicação de Massa - Revista
José Benedito Pinho (1990) salienta que os veículos de comunicação de
massa empregados pela propaganda recebem, segundo a terminologia corrente de
mídia, a designação de mídia e são representados pelo rádio, televisão, cinema
(mídias eletrônicas), revista e outdoor6 (mídias impressas). Essas mídias,
diferentemente de outros meios conhecidos (como os papéis, os cartazes, os
luminosos, a mala-direta), permitem atingir o público de forma massiva.
O autor também informa que a comunicação de massa se diferencia da
comunicação humana e interpessoal por se dirigir a uma grande audiência,
heterogênea e anônima. Os veículos se estruturam em organizações complexas
com profissionais altamente especializados que desempenham, por conseguinte,
funções muito bem remuneradas.
Armando Sant’Anna (2002) afirma que o veículo de comunicação de massa
é todo o meio, forma ou recurso capaz de levar ao conhecimento do grupo
consumidor a mensagem publicitária. As palavras mídia (de médium – meio), veículo
e meio designam o elemento material que divulga a mensagem. Os veículos
dividem-se em: revistas, jornais, outdoors, rádio, televisão, publicidade direta e mídia
suplementar, que engloba o resto.
6
Conforme Carlos Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (1998), outdoor é uma designação
genérica da propaganda feita ao ar livre. Literalmente, designa qualquer propaganda feita fora,
exposta em via pública.
29
Para o autor, os veículos de comunicação são classificados em:
a) Veículos visuais (para serem lidos ou vistos): Imprensa: jornais, revistas e
periódicos especializados; Outdoor: cartazes, painéis e luminosos; Publicidade
direta: prospectos, folhetos, cartas, catálogos e congêneres; Exibições: displays7,
vitrinas e exposições.
b) Veículos auditivos (para serem ouvidos): Rádio e alto-falantes.
c) Veículos audiovisuais (para serem ouvidos e vistos): Televisão, cinema e
audiovisual (slides8 ou VT).
d) Veículos funcionais (para desempenhar uma dada função): Amostras,
brindes e concursos.
Segundo o autor, todos os veículos apresentam vantagens e limitações.
Para que possamos aproveitar integralmente as vantagens é preciso conhecer bem
as suas características e saber selecionar os que se adaptam à natureza da
mensagem e fazem uma boa cobertura do grupo consumidor visado. Para o autor, o
melhor veículo para uma dada campanha é aquele que atinge maior número de
consumidores, do modo mais impressivo, mais rapidamente e ao menor preço por
cabeça.
Para o autor, os fatores que devem influenciar na escolha dos veículos, ao
fazer um anúncio publicitário, são: o público visado, o âmbito da campanha (nacional
7
De acordo com Carlos Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (1998), displays são peças de
propaganda ou promoção de vendas usadas para exibir determinados produtos e atrair a atenção do
comprador.
8
Segundo Carlos Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (1998), slides são diapositivos fotográficos,
fotos positivas e transparentes com base em acetato de celulose e elementos dispostos
horizontalmente.
30
ou local), a natureza do produto (caráter sazonal de seu consumo, ritmo de compra,
qualidades que devem ser demonstradas, restrições jurídicas), atividade publicitária
dos concorrentes, a natureza da mensagem (mídia e mensagem não podem ser
disassociadas), a oportunidade, o prestígio do veículo, a verba disponível, o tipo de
distribuição e a necessidade de influenciar revendedores.
Como, no último capítulo deste trabalho, tratar-se-á de anúncios de revistas,
resolveu-se, nesta parte do trabalho, fazer um apanhado desse veículo de
comunicação.
Carlos Alberto Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (1998) comentam que
a revista é uma publicação periódica que trata de assuntos de interesse geral ou
relacionados a uma determinada atividade ou ramo do conhecimento (literatura,
ciência, comércio, política, etc). Produzida em forma de brochura, a revista
apresenta-se, geralmente, em formato menor do que o jornal, com maior número de
páginas e capa colorida, em papel mais encorpado. Para os autores, a revista é um
veículo de comunicação e propaganda, quase sempre ilustrado, que atinge a um
público determinado de acordo com suas características específicas e sua linha
editorial: há revistas de informação, de entretenimento, de propaganda institucional
ou doutrinária, artísticas, literárias, educativas, culturais, científicas, de humor, etc.
Os gêneros mais comuns de revistas dirigidas ao grande público são: as noticiosas,
as de interesse geral, as masculinas, as femininas, as de moda, as de fotonovela, as
infanto-juvenis, as de histórias em quadrinhos, as de esportes, as de automobilismo,
etc.
Para Pinho (1991), a imprensa periódica nasceu, no Brasil, com o século XX.
A primeira revista, Revista da Semana, foi lançada em 1900, vindo a seguir: O Malho
31
(1902); Fon-Fon e A Carreta, logo depois; Vida Paulista e Arara (1904). A estratégia
atual adotada no mercado editorial é a da segmentação dos títulos. A multiplicação
das revistas especializadas, entretanto, é um fenômeno que surge a exemplo do
ocorrido nos Estados Unidos e alguns países da Europa.
José Benedito Pinho (1991) afirma que a revista é um veículo de
comunicação que permite melhor seletividade de mercado na cuponagem, pois,
além da seletividade, esse veículo apresenta cores que dão maior impacto e
aumentam a atenção e a memorização do leitor. A revista, por não ter uma vida útil
curta, possui uma exposição mais prolongada.
Sant’Anna (2002) salienta que a revista apresenta melhor reprodução e
aparência dos anúncios, tem vida mais longa, é lida com mais vagar, o que permite
textos mais longos, tem maior percentagem de leitores por número, o que faz ser a
circulação bem maior do que a tiragem, é mais seletiva. Porém, a revista possui as
seguintes limitações: não tem a maleabilidade dos jornais, representa grave
desperdício nas campanhas estritamente locais.
O mercado editorial tem praticado ultimamente a estratégia da segmentação
dos títulos, com o conseqüente aumento no número de revistas técnicas ou
especializadas em um determinado assunto, vendidas em bancas e
destinadas a parcelas da população definidas e numericamente pequenas.
A segmentação traz como resultado positivo permitir uma melhor
caracterização dos seus público-alvo. No entanto, o perfil geral do leitor das
revistas continua mostrando sua maior penetração nas camadas mais altas
da população brasileira, para o que muito influi o alto preço de venda,
conseqüência também da excelente qualidade editorial e da apurada
técnica de produção que muitas revistas brasileiras atingiram. (PINHO,
1990, p. 143).
Júlio Ribeiro (1989), em seu livro Tudo que você queria saber sobre
propaganda e ninguém teve paciência para explicar, comenta que a revista é
indispensável para a potencialização da comunicação e complementa cobertura e
32
freqüência nos segmentos poucos expostos à TV e/ou públicos secundários
(utilização de encartes). O autor afirma que, quanto à cobertura geográfica, a revista
apresenta informações dos principais títulos, os quais são autodidatas (Instituto
verificador de circulação); cobertura nacional, porém, de acordo com a concentração
de renda, típica de centros urbanos; cobertura geográfica por título, variável em
função do tipo de distribuição, gênero da revista e público leitor. Além disso, a revista
é limitada pelo baixo nível de alfabetização e hábito de leitura, porém com forte
penetração nas classes altas.
Neste capítulo, resgatou-se conceitos sobre comunicação, anúncio e
comunicação visual, apresentou-se aspectos relevantes sobre os veículos de
comunicação de massa e, em especial, sobre a revista. No próximo capítulo, serão
abordados os esportes radicais, entre eles o skate9 e mencionadas algumas revistas
de skate existentes.
9
Esporte radical.
2 ESPORTES RADICAIS
Os esportes radicais são considerados esportes perigosos e que colocam a
vida do ser humano em risco. As pessoas que praticam esse tipo de esporte gostam
de grandes emoções.
Segundo a reportagem da revista Veja, Adrenalina – Por que corremos
riscos?, a descarga de emoção é uma reação bioquímica que envolve a liberação no
cérebro da adrenalina, da endorfina e da dopamina. Quando uma pessoa se prepara
para uma aventura, ela recebe uma descarga de adrenalina, o mediador químico
que, desde que o mundo é mundo, prepara o corpo para duas reações primordiais à
vida: a fuga e a luta. É dessa descarga que vem a boca seca, o aumento da
freqüência cardíaca, a dilatação das pupilas e a redistribuição do fluxo sanguíneo.
Durante a prática da atividade, entra em ação a endorfina, outro mediador químico,
que tem a capacidade de amortecer a dor e o desconforto provocados por eventuais
lesões. Por fim, entra em cena a dopamina, que atua no centro de prazer do sistema
nervoso e é responsável pela sensação de satisfação no final da prova.
De acordo com a reportagem, a seqüência de emoções é típica das
situações de alto risco, que encantam e atraem um número cada vez maior de
adeptos no Brasil e no resto do mundo. Algumas pessoas mergulham no meio de
34
tubarões, outras preferem andar em montanha-russa, vencer corredeiras em um
bote inflável, subir e descer paredões de montanhas. Trata-se de uma tendência
mundial, que tem sua maior comprovação no crescimento do número de praticantes
de esportes radicais. Entre as várias formas de exercícios, essa é a modalidade que
mais ganha adeptos no planeta. Nem todos os radicais têm problemas psicológicos
e nem todos os problemas são radicais. O que empurra um esportista para o perigo,
muitas vezes, é o simples fato de o pai, a mãe ou o irmão mais velho já praticarem
uma modalidade perigosa, mas, no fundo, a prática do risco intenso, com
possibilidade de um desfecho fatal, tem raízes complexas e, na maioria dos casos,
está atrelada a um fascínio pela morte que a pessoa nem sabe que possui.
Mary Jane P. Spink, Sérgio Seiji Aragaki e Marina Pigozzi Alves (2005), em
seu texto chamado Da exacerbação dos sentidos no encontro com a natureza:
contrastando esportes radicais e turismo de aventura, comentam que, nos esportes
radicais, o risco é exacerbado, ou seja, são altas as probabilidades de ocorrência de
eventos indesejáveis, tais como acidentes ou até mesmo a morte do praticante.
Intensifica-se assim a emoção/adrenalina, isto é, ao praticar uma atividade marcada
pela
imponderabilidade
e
pela
imprevisibilidade
dos
riscos,
obtém-se
emoção/adrenalina diretamente proporcional. Os riscos constituem elementos
importantes. O esportista, ao invés de evitar os riscos, vai em busca deles e usa-os
para o desenvolvimento de manobras complexas e arriscadas.
Para os autores, a segurança emerge da experiência e do treinamento do
praticante, assim como da checagem cuidadosa do equipamento e do exame das
condições atmosféricas, ou seja, a dimensão treinamento/experiência se faz
35
presente de forma muito contundente, sendo enfatizada a responsabilidade
individual e havendo pouca dependência em agentes externos.
Já Ricardo Ricci Uvinha (2001), em seu livro Juventude, lazer e esportes,
salienta que os esportes radicais parecem ter começado a ganhar expressão no
Brasil na década de 1980. Desde essa época, vem sendo notado um considerável
número de adeptos. Os esportes radicais têm em comum o gosto pelo risco e pela
aventura e costumam ser classificados conforme o ambiente em que são praticados,
tanto aqui no Brasil como em outros países, como aéreos, aquáticos e terrestres.
Tais esportes variam também quanto ao custo de seus equipamentos, atingindo um
público diferenciado de acordo com o seu potencial econômico. O não uso de
equipamentos nos esportes radicais, em especial no skate, parece ser um
ingrediente a mais para tornar a modalidade excitante, não convencional, radical,
evocando os sentimentos de aventura e emoção. O autor também afirma que esse
tipo de esporte é praticado por pessoas de todas as idades, movidas por um certo
espírito ou sentimento de jovialidade que essa modalidade pode vir a proporcionar.
A reportagem da revista Veja, o texto dos autores Mary Jane P. Spink,
Sérgio Seiji Aragaki e Marina Pigozzi Alves e o livro de Ricardo Ricci Uvinha
apresentam alguns esportes radicais existentes. Resolveu-se citar, nesta parte do
trabalho, apenas aqueles presentes no livro de Ricardo, já que esse autor menciona
um número maior de esportes radicais e a definição de alguns deles.
Conforme Ricardo (2001), os esportes radicais existentes são:
Aéreos:
- Asa delta ou Vôo livre;
36
- Balonismo;
- Base jump (salto de prédios, antenas ou pontes utilizando-se de páraquedas e procurando retardar o máximo possível a abertura do mesmo);
- Bungy jump ou Bungee jump (salto de uma ponte ou guindaste,
geralmente, de no mínimo 40 metros, preso a uma corda elástica);
- Paraglide ou Parapente (salto de montanhas, sentado numa cadeira
improvisada presa a um pára-quedas);
- Pára-quedismo;
- Rope swing (salto, geralmente, de uma ponte com corda de ancoragem
pendular);
- Sky surf (saltos como no pára-quedismo, o praticante vai com uma prancha
presa aos pés e surfa no céu enquanto não abre o pára-quedas);
- Treck (asa delta motorizada).
Aquáticos:
- Bóia cross, River board ou Aquaraid (descida de corredeiras de rios com
bóias, geralmente, feitas com câmaras de pneus de caminhões ou pranchas
adaptadas);
- Bodyboard (semelhante ao surf, o praticante desce as ondas com o peito
apoiado numa prancha menor que as dos surfistas);
- Canoagem (caiaques, em corredeiras de rios ou ondas do mar);
- Dive cave (mergulho em cavernas);
- Esqui na água;
- Jetski;
- Mergulho;
37
- Rafting (descida de corredeiras de rios em botes grandes e coletivos, no
qual vão de seis a dez pessoas);
- Skyder parasail (cadeira especial puxada por lancha e acoplada a um páraquedas);
- Surf;
- Windsurf (semelhante ao surf, o praticante desce ondas utilizando
pranchas maiores que as dos surfistas);
- Wakeboard (o praticante realiza manobras numa superfície ovalada sobre
as ondas produzidas pela lancha em que o praticante está ancorado).
Terrestres:
- Alpinismo ou Escalada;
- Bicicross ou Bike;
- Cascade (descida de cachoeiras por uma corda, valendo-se de técnicas
verticais);
- Canyoning (exploração de cursos de rios, geralmente, inclui o cascade);
- Espeleologia (estudo sobre cavernas);
- Esqui na neve;
- Motocross;
- Mountain bike;
- Rapel arborizado (descida de árvores altas em cordas, técnica rapel);
- Rapel urbano (descida de viadutos altos em cidades, por meio de cordas,
mediante a técnica de rapel);
- Off road ou Jeep cross;
- Roller ou Skate in-line;
38
- Sandboard (semelhante ao skate, superfície alongada, como a do sky,
usada na areia);
- Skate ou Skateboard;
- Snakeboard (semelhante ao skate, é praticado numa superfície dividida ao
meio, presa por um pequeno engate, com eixos independentes);
- Snowboard (semelhante ao skate, superfície alongada, como a do sky,
usada na neve);
- Trekking (caminhada em trilhas).
2.1 O Skate
Conforme os sites10 da internet11, as modalidades do skate são as seguintes:
Vertical - É praticado em half pipes12 ou em pistas. Essa modalidade é
considerada de elite do skate, já que requer pistas especiais e muita experiência,
pois as paredes do “U” chegam a 90º e as manobras aéreas são as de maior
destaque.
Street - É uma das modalidades que mais cresce no mundo todo, devido a
facilidade de acesso ao terreno, que são: ruas, escadas, corrimãos, bancos e vários
outros obstáculos urbanos. Em competições, ela sofre algumas modificações nos
obstáculos, que não são mais naturais, mas sim construídos. Tudo, com a finalidade
de se proporcionar um local mais adequado para as manobras. Nessas novas
10
Páginas com endereços na internet.
Redes de computadores ligadas entre si.
12
Rampas em formatos de “U”.
11
39
condições, ela passa a se chamar street style13. Hoje em dia, alguns obstáculos são
quase que obrigatórios nos campeonatos.
Down Hill - Foi criado para os que gostam de fortes emoções e muita
adrenalina. Essa modalidade é perfeita para quem gosta de muita velocidade, vento
na cara e, acima de tudo, de ver suas rodinhas queimando o asfalto. Ele é praticado
em ladeiras íngremes, com skates do tipo longboard14 e com rodinhas macias. A
cada dia que passa, ele ganha mais adeptos e mais popularidade. Muitos dos seus
praticantes são praticantes de surf e snowboard15.
Long Board - Nessa modalidade, as rodinhas se mantêm no chão e a
velocidade pode ser sentida nos pés. Em suma, o prazer de sentir o skate deslizar
pelo asfalto. O Long Board é feito com madeira longa, rodas macias e eixos largos.
É extremamente fácil de andar. Portanto, se você é novato e quer aprender a andar,
essa modalidade é a ideal.
Pool Riding - É uma das modalidades mais loucas do skate, pois é praticada
em piscinas vazias de fundo de quintal, que, com suas paredes arredondadas, são
verdadeiras pistas de skate. Na década de 70, alguns skatistas da Califórnia, mais
precisamente de Santa Mônica, se aventuraram a andar em piscinas vazias,
surgindo assim, o pool riding que, por enquanto, é uma modalidade underground16
praticada por alguns skatistas que gostam de transições rápidas.
Mini Rampas - São populares em todo o mundo, pois, devido a pouca altura
que elas possuem, as manobras são executadas com uma maior facilidade. Nessa
13
Nome novo dado à modalidade street.
Skate com madeira longa.
15
Esporte radical.
16
Segundo Antonio Olinto, underground significa subterrâneo.
14
40
modalidade, há uma mistura de street com vertical. Na realidade, as mini rampas
são um mini half pipe, no qual as paredes não chegam ao vertical. Elas variam de
um a dois metros e dez centímetros de altura. Essas pistas são facilmente
construídas. O risco de se machucar em uma manobra é bem pequeno e é uma
prática necessária para a evolução de qualquer skatista.
Segundo os sites da internet, as manobras do skate são:
Flip - Consiste em fazer, com os pés, o skate sair do chão, rodando em
parafuso.
Grinds - Consiste em fazer o skate deslizar com os eixos sobre uma
superfície, uma borda metálica ou de concreto.
Board Slide - Consiste em fazer o skate deslizar com um pedaço da prancha
sobre uma superfície, uma borda metálica ou de concreto.
Ollie - Consiste em bater o tail17 e pular para frente mantendo o pé dianteiro
colado no shape18. Para mandar ollies cada vez mais altos, é necessário força e
agilidade, sincronizando os movimentos. Uma variação do ollie, o nollie19, consiste
nos mesmos movimentos, só que pressionando o nose20 do skate.
Olie-Flip - Também conhecido como kick-flip pelos americanos, consiste em
dar um ollie usando a ponta do pé e virando o skate no seu eixo logitudinal. Na
maioria das vezes, é a primeira manobra que um skatista iniciante aprende.
17
Parte traseira do skate.
Tábua de madeira.
19
Manobra do skate.
20
Parte dianteira do skate.
18
41
Fakie Hardflip - Após dar uma acelerada no skate, vir de costas e mandar
um ollie flip. Nesse momento, deve-se ficar atento porque, enquanto o skate precisa
girar o flip em 180º para trás, o corpo gira para frente.
360º Kick Flip - Consiste em posicionar o pé de trás inteiro no tail e o da
frente um pouco atrás dos parafusos como se fosse dar um flip. Deve-se atingir uma
certa velocidade para se aproximar do obstáculo, pressionar o tail como se fosse dar
um shove-it21 360 e, ao mesmo tempo, dar um toque no pé da frente para girar o flip.
Espere o skate fazer a volta completa para encaixar nos pés, volte na base.
Frontside Ollie 180º - Consiste em alcançar uma velocidade razoável e
posicionar os pés como no ollie normal. O seu corpo é a grande ferramenta para
executar a rotação. Portanto, quando bater o ollie, vire o corpo para frente. Como no
ollie, mantenha o corpo equilibrado e vire o corpo acompanhando o movimento de
180º do skate. Seu tronco, auxiliado pelo movimento dos braços, vai ser o giro para
inverter a base. O seu pé de trás carrega o tail para frente, quase com o calcanhar.
Quando estiver no chão, equilibre-se na perna de apoio da frente.
Tail Drop - Não é uma manobra. Na verdade, é uma forma de iniciar a
session22 em rampas, bowls23, banks24, quarters25, etc, para se alcançar velocidade
na descida da transição. É fundamental quando se trata de dropar uma transição.
Posicionado na plataforma da pista ou rampa, segure firme o skate pelo nose e
encaixe o tail na borda ou sobre o coping26. Em seguida, ajuste o seu pé de trás no
21
Manobra do skate.
Encontro de atletas para treino.
23
Rampa em formato de círculo.
24
Rampa em formato de “U” em menores proporções.
25
Rampa em formato de meio “U”.
22
26
Cano galvanizado colocado nas bordas das rampas.
42
tail e pressione para segurar o skate na posição de drop27, mantenha a pressão
nesse pé. Tire o outro pé da plataforma, o da frente, e o posicione na altura dos
parafusos do eixo dianteiro. Mantenha seu peso no pé de trás, para que ainda fique
com o skate encaixado na borda. A idéia é transferir o peso do pé traseiro para o pé
da frente, pisando na parte dianteira. Flexione os joelhos para ter maior equilíbrio no
drop, mantenha o seu corpo acompanhando a trajetória do skate, fique atento para
que seu corpo não caia nem para frente e nem para trás, mantendo o equilíbrio ao
acompanhar a velocidade do seu skate.
50/50 - Dependendo do tamanho do obstáculo, é preciso dar um ollie e
encaixar com os trucks28, arrastando-os sobre o obstáculo, que pode ser uma caixa,
um ferro, um corrimão, etc. É uma manobra fácil de aprender, mas é preciso muita
prática.
Conforme os sites da internet, o skate é composto basicamente por quatro
partes: shape, truck, rolamento e roda. O shape é a tábua de madeira, na qual o
skatista apóia os pés. Geralmente, os shapes são iguais dos dois lados,
aumentando a variedade de manobras. A lixa é colocada sobre a parte superior e
prende o pé do skatista. O truck é preso ao shape, tem grande importância e
funciona como um elo de ligação entre o shape e as rodas. Os melhores são os que
apresentam grande resistência e flexibilidade. O rolamento é essencial para um bom
desempenho do skate e é quem determina a velocidade que o mesmo irá ter. Um
rolamento mais resistente é utilizado para o street e os mais rápidos para o half pipe.
Por último, vêm as rodas, que tem todo o contato com o chão e proporcionam a
27
28
Descer uma rampa.
Eixos do skate.
43
estabilidade, além de dar velocidade ao atleta. Uma boa qualidade de rodas faz
muita diferença na hora de andar.
De acordo com Ricardo Ricci Uvinha (2001), o skate pode simbolizar, como
prática vivenciada pelo adolescente, uma busca da identidade pessoal e uma forma
de evidenciar sua cultura perante a sociedade. Para o autor, identifica-se o skatista
perante a sociedade através da linguagem, da vestimenta, do gosto musical e outros
fatores manifestados no interior dos grupos. Os skatistas utilizam gírias para se
comunicarem uns com os outros. O skate é uma modalidade esportiva em que o
jovem pode encontrar os seus pares, descobrindo sua personalidade e, ao mesmo
tempo, se engajando num espírito comunitário.
Segundo os sites da internet, o skate surgiu no início dos anos 60, mais
precisamente na Califórnia, Estados Unidos. No auge do rock'n roll, os surfistas da
época inventaram uma brincadeira para os dias em que o mar estava sem ondas.
Juntando as rodinhas dos patins com um shape, estava sendo criado o skate.
Apesar da precariedade do equipamento, o esporte fez a cabeça dos jovens, que
logo se tornaram os primeiros skatistas.
Os sites da internet informam que, no ano de 1965, foram fabricados os
primeiros skates, juntamente com a organização dos primeiros campeonatos. Em
todo território americano, as equipes viajavam divulgando o esporte. Num período de
três anos, foram vendidos cinqüenta mil skates e após um curto espaço de tempo,
em outubro de 1965, o skate simplesmente desapareceu. Foi constatado que a
queda nas vendas de skate ocorreu devido à baixa qualidade dos materiais
utilizados. A indústria do skate se preocupou tanto em atender a demanda que
esqueceu de realizar aprimoramento tecnológico. As principais marcas enfrentaram
44
sérios problemas financeiros. A Clae Wheels era a marca de rodas mais barata,
entretanto extremamente escorregadia. Marcas como Vita Pakt e Makaha perderam
enormes somas de dinheiro com os pedidos do Natal de 1965 que foram
cancelados. As modalidades da época eram downhill, barrel jumping, high jumping,
slalon e freestyle. Em 1966, o primeiro filme sobre o skate chamado Skater Dater
ganhou um Oscar.
Os sites da internet também explicam que, em meados dos anos 70, a
revista Skateboarder, que era uma das mais importantes do skate, anunciou que
passaria a cobrir assuntos sobre competições de biker's29. Foi quando se deu a
morte do skate, uma vez que muitas pistas fecharam e muitos abandonaram o
esporte, apenas ficaram os que realmente gostavam do carrinho. As principais
modalidades dessa época eram: o freestyle, o slalom, o downhill e o vertical. Esses
skatistas, que perderam suas pistas, suas revistas e tudo que estava relacionado
com eles, resolveram andar nas ruas, aplicando as técnicas aprendidas nas pistas,
para criar novas manobras em guias, bancos e outros obstáculos urbanos. A partir
disso, surgiu o street skate. Segundo os sites, também nos anos 70, houve o
racionamento de água nos E.U.A, as pessoas esvaziaram suas piscinas. Os
skatistas perceberam que essas piscinas vazias poderiam ser ótimos obstáculos e
com isso surgiu o skate vertical. Ao mesmo tempo, os amantes do bowlriding30
começaram a construir rampas tipo half pipe, que mantiveram viva a modalidade
outrora praticada nos skateparks31 ou então em piscinas de fundo de quintal. Com o
desenvolvimento das modalidades, street e vertical, os campeonatos passaram a ser
29
Esporte radical.
Andar em pistas com formato de círculo.
31
Pistas de skate.
30
45
realizados dentro de grandes estádios, com arenas especialmente construídas para
esses mega eventos.
Conforme os sites da internet, na mesma época, um surfista chamado Frank
Nastworthy, em visita a um amigo em uma fábrica de plásticos em Purceville,
Virginia, mudou a história do skate. Essa fábrica produzia rodas de uretano32 para
uma empresa chamada Roller Sports, uma rede de pistas de patinação. Frank
percebeu que as rodas eram melhores que as suas e que poderiam ser adaptadas
facilmente em seu skate. Frank decidiu desenvolver uma roda de uretano
especialmente para o skate. Para isso, foi a Califórnia para divulgar o novo produto,
o qual sofreu, inicialmente, certa rejeição. Entretanto, as rodas de uretano, em pouco
tempo, haviam dominado o mundo. A criação da roda de uretano foi considerada um
marco na história do skate. Em 1973, Frank criou a Cadillac Wheels, marca que
impulsionou novamente o skate e motivou marcas de trucks para patins, como
Benett e Tracker a fabricar trucks especificamente para skate.
De acordo com os sites da internet, no Brasil, o primeiro campeonato de
skate aconteceu no Clube Federal (RJ), no final de 1974. Em outubro de 1975, foi
realizado, na Quinta da Boa Vista (RJ), o primeiro grande campeonato. Em
dezembro do mesmo ano foi inaugurada, em Nova Iguaçu, a primeira pista de skate
da América Latina. Outras tantas foram construídas e mais campeonatos surgiram.
Em 1975, uma marca chamada Road Rider lançou os primeiros rolamentos para
skate. Era o fim da caixa de esferas, popularmente conhecido como bilhas. A revista
Skateboarder retornou com força total, Bruce Logan, Russ Howell, Stacy Peralta,
32
Material usado para fabricar as rodas de skate.
46
Tom Sims e Gregg Weaver eram as estrelas do momento e suas fotos eram
estampadas em todas as revistas.
Segundo os sites da internet, a primeira skatepark coberta foi construída em
1978 e rapidamente surgiram skateparks cobertas por todo lugar. Os skates
aumentaram a sua dimensão de seis para nove polegadas. Os skatistas Tony Alva,
Jay Adams e Tom “Wally” Inoyoue, Wes Humpston e Jim Muir criaram a Dogtown, a
primeira marca que tinha os seus shapes estampados. Em 1978, Alan Gelfand
inventou o ollie air ou como era chamado na época no hands aerial, manobra que
revolucionou o jeito de andar de skate, mas também trouxe novas críticas contra o
esporte, porque, junto com outras manobras mais agressivas, causou muitas lesões
e até mortes. Vários skateparks foram fechados e destruídos, e, novamente, o
esporte caiu em declínio.
Os sites da internet explicam que, nos anos 80, o skate voltou ao seu auge
com a inovação dos skates, a utilização das pistas em "U", os half pipes, as
manobras muito mais radicais e com o aparecimento de vários nomes do skate
mundial: Steve Caballero, Tony Alva, Tom Sims, entre outros. Nesse mesmo ano,
surgiu um garoto de apenas doze anos, Tony Hawk, que mesmo com pouca idade já
deixava os skatistas mais velhos e experientes impressionados. Outro fator muito
importante para o skate da época foi o vídeo da Bones Brigade, no qual Steve
Caballero teve um papel bastante forte na sua existência. A partir disso, o skate
nunca mais teve seu declínio.
Os sites da internet também informam que, em 1981, a cultura punk era
predominante e os gráficos dos shapes tinham como tema muitas caveiras. Em
1982, Tonny Hawk ganhou o seu primeiro campeonato em Del Mar Skate Ranch.
47
Uma nova fase se iniciou. Em 1984, o skate vertical, freestyle e as rampas de saltos
se tornaram populares. A Powell Peralta criou o primeiro vídeo da Bones Brigade,
levando o skate para todo o mundo. O skate vertical começou a mostrar as primeiras
estrelas, Tony Hawk, Lance Mountain, Cristiam Hosoi, Mike McGill e Neil Blender.
No street, nomes como Tommy Guerrero, Mark Gonzales, Natas Kaupas elevaram o
ollie e o street skate a um patamar superior. Marc Gonzáles é um dos parênteses no
mundo do skate, inventor de dezenas de manobras, entre elas o rockslide e o fiftyfifty grind. No freestyle, a hegemonia ficou a cargo de Rodney Mullem, que está na
lista dos skatistas mais importantes, pois é o inventor de dezenas de manobras,
entre elas o 360 kickflip.
Conforme os sites da internet, no meio da década de 80, as marcas Powell
Peralta, Vision, Santa Cruz dominaram o mercado. Os royalties33 dos shapes e a
premiação de alguns campeonatos elevaram o salário de alguns skatistas a dezenas
de milhares de dólares. Marcas de tênis como Vans, Airwalk e Vision se tornaram
extremamente conhecidas e o jeito de vestir do skatista atingiu o público em geral.
No final da década de 80, o skate vertical perdeu espaço para o street, que cada vez
mais conquistou novos adeptos. Um grande número de profissionais decidiu
abandonar os seus patrocinadores e iniciar suas próprias empresas. É o caso de
Steve Rocco, que fundou a World Industries.
Segundo os sites da internet, no começo dos anos 90, o street começou a
ficar mais conhecido e o vertical ficou um pouco de lado. Foi a era de Mark
Gonzáles, Natas Kaupas e Mike Vallely. Em 1992, com o advento da crise
econômica mundial, o mundo do skate foi seriamente afetado. Obrigado a se
33
Porcentagem que o atleta ganha na venda dos shapes.
48
adequar à nova realidade, as marcas passaram a investir em vídeos com pouco
orçamento e o skate voltou a crescer, mas lentamente. O street era a principal
modalidade praticada e as manobras eram totalmente técnicas. Foi um período de
mudanças radicais no skate. O freestyle desapareceu, seus praticantes passaram a
praticar o street e incorporaram as suas manobras a essa modalidade. Em
1993/1994, o skate continuou a crescer e a se difundir pelo mundo. As manobras
ficaram mais altas e perfeitas. O vertical começou a renascer com a incorporação do
estilo e da técnica do street.
De acordo com os sites, em 1995, o skate ganhou espaço fundamental com
a criação dos Extreme Games34, que são transmitidos pela rede de TV ESPN para
todo o mundo. Até o final da década de 90, o skate se manteve como um esporte
predominantemente de street. Marcas de Tênis como Etnies e Vans começaram a
vender enormes quantidades de produtos com a ajuda de capital externo do skate.
De atividade discriminada, o skate se tornou moda. Também nos anos 90, o punk35
rock continuou popular no skate, mas o hip hop36 ganhou espaço no meio dos
skatistas. As roupas largas dos skatistas acabaram virando influência na moda até
hoje. Os skatistas ganharam as ruas e essa tendência ainda não mudou. A atitude
mais hard-core37 e o estilo cada vez mais agressivo equilibram-se com a
comercialização do estilo de vida skate, que aparece em propagandas de chocolate
e nos salários milionários de campeões nos Estados Unidos. No Brasil, muito bem
representado por campeões mundiais em várias categorias, como Ferrugem,
Mineirinho, e tendo como ídolo Bob Burnquist, a situação para os esportistas tem
melhorado ano a ano.
34
Campeonato mundial.
Estilo de música.
36
Estilo de música.
37
Estilo de música.
35
49
Os sites da internet explicam que, atualmente, o skate é um dos esportes
radicais mais conhecidos. Isso se deve aos grandes ídolos do esporte e a grande
cobertura da imprensa. Nos últimos anos, o crescimento do skate trouxe um grande
número de patrocinadores e os campeonatos são cada vez mais disputados. O skate
deixou de ser apenas um esporte e, hoje, é um estilo de vida. Os principais skatistas
vivem desse esporte, que movimenta milhões de dólares todos os anos e sua
indústria é uma das mais prósperas indústrias do esporte no mundo. Os skatistas
norte-americanos e brasileiros são os melhores do mundo e os que, geralmente,
ganham a maioria dos campeonatos. Infelizmente, os principais atletas brasileiros
ainda têm que competir no exterior para poder ganhar mais dinheiro.
Os sites da internet informam que, o skate, nos dias de hoje, se encontra em
franco desenvolvimento, com muitas pistas sendo construídas no mundo todo, com
uma enorme variedade de manobras e terrenos, escadas, calçadas, meios-fios,
bancos, hidrantes, rampas de madeiras, piscinas abandonadas, que são apenas
alguns dos locais possíveis de presenciar toda a energia do skate. Hoje em dia, o
skate competitivo se divide basicamente em duas modalidades, street e vertical, com
a grande maioria dos campeonatos sendo disputados nessas duas modalidades,
mas ainda existem outras amplamente praticadas como o downhil slide, speed, minirampa e pool riding.
Conforme os sites da internet, o circuito brasileiro de skate profissional
realizado pela UBS (União Brasileira de Skate) conta com provas passando por
estados com São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e
Brasilia, realizadas pela CBSK (Confederação Brasileira de Skate). O Circuito
Mundial, WCS (World Cup of Skateboarding), conta com um calendário com provas
50
passando por países como Canadá, Inglaterra, Alemanha, Suíça, Estados Unidos e
Brasil. Com um cálculo de 10 milhões de participantes no mundo (6.2 milhões só no
E.U.A.), o skate entra em sua quarta onda de popularidade.
Eduardo Britto (2000), em seu livro A onda dura: 3 décadas de skate no
Brasil, comenta que vários skatistas brasileiros estão nas posições de cima do
ranking38 mundial e que o skate ocupa, hoje, um lugar de destaque no cenário
(jovem, esportivo, cultural) brasileiro, com uma indústria própria que inclui vídeos,
revistas e programas de TV especializados com direito até a transmissão ao vivo de
alguns dos principais eventos nacionais e internacionais.
De acordo com os sites da internet, o atleta mais conhecido do skate
mundial é, atualmente, o brasileiro Bob Burnquist. O nome, apesar de ser diferente,
é explicado pela descendência norte-americana que herdou do pai. O skatista
começou a andar de skate aos nove anos e chamou a atenção pela facilidade em
andar com os pés de posição invertida (o pé da frente vai para trás e o de trás vem
para frente), switchstance.
Em 1994, quatro anos após começar a andar de skate, decidiu se mudar
para os Estados Unidos e se tornar um profissional na modalidade. Um ano depois,
conquistou o título do Slam City Jam39 em Vancouver (Canadá). A partir daí, ele
passou a despertar a atenção do mundo do skate. Em 1997, 1998 e 1999, foi eleito
o skatista do ano pelos principais veículos do esporte. Porém, seu apogeu foi em
2000, quando conquistou o Münster Monster Mastership40 e o mundial. Outros
atletas que vem ganhando muito destaque no mundo do skate são: Sandro Dias, o
38
Soma da pontuação dos atletas.
Campeonato realizado no Canadá.
40
Campeonato realizado na Alemanha e considerado o de maior importância no esporte.
39
51
Mineirinho, atual campeão mundial, Lincon Ueda, o japonês voador, Cara de Sapo,
entre outros. A safra brasileira de skatistas nunca foi tão boa e, hoje em dia, nossos
skatistas são melhores que os outros.
Segundo os sites da internet, as competições de skate são divididas em
duas categorias. A street, na qual o competidor atravessa um circuito com
obstáculos e o half pipe, que consiste em uma rampa com um formato de "U". Nas
duas modalidades, o que determina o vencedor são os juízes que dão as notas de
acordo com a dificuldade e a maneira como foram executadas as manobras.
Geralmente, as competições são realizadas em dois dias. No primeiro dia, os
melhores se classificam para a final. Já na final, os melhores skatistas têm duas
oportunidades de mostrar a sua volta. Aquele que somar a maior nota em uma volta
é considerado o campeão.
2.1.1 Revistas de Skate
As revistas de skate são direcionadas a anunciantes e leitores. Elas, em
geral, apresentam propagandas de artigos específicos, (destinados a skatistas ou
adeptos do skate), como, por exemplo, acessórios, roupas, tênis, entre outros;
entrevistas com skatistas; matérias de campeonatos e eventos; dicas de músicas e
do esporte; além de muitas fotos de manobras.
Existe uma variedade infinita de revistas de skate, mas resolveu-se
apresentar apenas as mais importantes e conhecidas pelos skatistas.
Eduardo Britto (2000) menciona em seu livro as seguintes revistas de skate:
52
- Quartely Skateborder (surgiu em 1965)
- Thrasher (surgiu em 1981)
- Transworld Skateboarding (surgiu em 1983)
- Tribo Skate (surgiu em 1991)
- 100% Skate (surgiu em 1995)
Já os sites da internet citam as revistas abaixo:
- Brasil Skate (surgiu em 1978)
- Yeah (surgiu em 1986)
- Skatin (surgiu em 1988)
Neste capítulo, foram abordados os esportes radicais, entre eles o skate e
citadas algumas revistas de skate. Já no último capítulo, comentar-se-á a respeito
das revistas Tribo Skate e 100% Skate e analisar-se-á alguns anúncios dessas
revistas.
3. REVISTAS TRIBO SKATE E 100% SKATE
As revistas Tribo Skate e 100% Skate são bastante conhecidas e lidas pelos
skatistas. Ambas estão sendo vendidas a um custo acessível de R$ 4,90. Pôde-se
perceber que alguns anúncios presentes na revista Tribo Skate acabam se repetindo
na 100% Skate e vice-versa.
A revista Tribo Skate surgiu em setembro de 1991. César Gyrão, editor
chefe da revista e uma das pessoas que criou a mesma, comentou, em entrevista
informal através de e-mail41, que, no início, ele e seus companheiros que trabalham
na revista enfrentaram um período de hiperinflação causado pelo Plano Collor, do
presidente Fernando Collor de Mello. Para César Gyrão, o confisco do dinheiro de
pessoas físicas e jurídicas foi um golpe duro para muitos indivíduos e foi uma fase
de reordenamento estrutural do país. Ele afirmou que foi presidente da UBS (União
Brasileira de Skate) e que enfrentou com a revista as mesmas dificuldades que a
UBS enfrentou para realizar os eventos, ou seja, recursos escassos. Os
empresários, numa reunião da ABESK (Associação Brasileira dos Empresários do
Skate), fizeram cheques pré-datados para pagar seus anúncios, para que a primeira
edição pudesse ser impressa. Após quatro meses, a primeira edição saiu com cinco
41
Correio eletrônico
54
mil exemplares e com vinte e oito páginas, sendo apenas o caderno de capa em
quatro cores.
César Gyrão salientou que, aos poucos, a equipe foi crescendo,
departamentos foram sendo criados e novas edições foram surgindo. O Reinaldo
Zap foi responsável pela arte da revista, por um longo tempo, e introduziu o
computador para a diagramação. A edição número oito, de 1993, veio com a
cobertura das etapas do Circuito Mundial na Europa. Antes disso, a revista Tribo
Skate teve outras coberturas internacionais, com participação de colaboradores. Por
volta de 1993, a Tribo Skate já estava registrada como Sociedade Civil, mas os
processos foram lentos e graduais para a formação da empresa. Após várias
dificuldades, em 2001, a revista completou dez anos de estrada, os quais foram
comemorados com uma sólida edição de 132 páginas. Para isso, foi utilizada uma
quinta cor na capa e feito um editorial marcante para a ocasião, além de promover
uma grande festa em São Paulo.
De acordo com César Gyrão, ao longo do tempo, a revista Tribo Skate
desenvolveu eventos através de seus colaboradores, como, por exemplo,
campeonatos brasileiros profissionais e o primeiro campeonato mundial de skate no
país. Na verdade, uma experiência ímpar de trazer a WCS (World Cup
Skatebording), pela primeira vez, ao Brasil. A Tribo Skate continua em franca
evolução rumo ao décimo-quinto ano, que serão completados no mês de setembro
de 2006. Em 1996, foi criado um dos primeiros sites especializados em skate, o
www.triboskate.com.br. Em 2005, foi firmada uma parceria com o Terra, maior
provedor de Internet do país, para ganhar maior visibilidade. O contato com a
distribuidora, Fernando Chinaglia, foi mantido, para que a revista tenha sempre boa
55
exposição na banca. Além disso, a revista fechou permuta com a rádio Ipanema FM,
de Porto Alegre, procurando sempre estar em evidência.
César Gyrão comentou que, antes de 1997, a periodicidade era bimestral,
mas a partir desse ano e da edição número vinte e sete ela se tornou mensal. Essa
transformação foi possível através da duplicação da tiragem da época e do
barateamento do custo gráfico, pois a administração da revista Tribo Skate optou por
um papel mais barato e por um sistema de impressão diferente, já que a impressão
era feita em máquinas planas e passou a ser feita em máquinas rotativas. Esses
fatores permitiram a baixa de custo. A tiragem atual da Tribo Skate é de quarenta mil
exemplares por mês e a circulação é nacional através da Fernando Chinaglia S.A,
uma das maiores distribuidoras de publicações do país. Essa revista também
apresenta uma pequena distribuição para a Argentina, para o Chile e para Portugal.
Conforme César Gyrão, a editora SNV LTDA tem dois editores, ele, César
Gyrão, e Fábio Bolota. Atualmente, o último comanda o administrativo e o primeiro o
editorial, mas ambos participam do controle de todas as áreas. Os outros
colaboradores da editora são:
Financeiro: Tatiana e Karen
Distribuição: Vanessa
Estoque: Édio e Samuel
Recepção: Karina
Comercial: Ana Flávia, Jorge Costa, Marcos Fornabaio e Mauro
Redação: Rodrigo “K-b-ça”, Cecília, Marcos ET, Kiko
Arte: Edílson e Mari
Fotografia: Shin, Otávio, Rafael e Heverton.
56
A revista 100% Skate42 está no mercado a onze anos. Ela possui uma
edição mensal, sendo doze revistas por ano. O editor chefe da 100% Skate é o
Alexandre Viana.
3.1 Análise, Quanto à Comunicação Visual, de Alguns Anúncios das
Revistas Tribo Skate e 100% Skate do Mês de Dezembro de 2005
Nesta etapa do trabalho, realizar-se-á uma análise, quanto à comunicação
visual, de cinco anúncios da revista Tribo Skate e cinco da 100% Skate, ambas do
mês de dezembro de 2005, para verificar sua adequação aos conceitos de uma
comunicação visual ideal, ou seja, que agrada os leitores, que é de fácil
compreensão, entre outros fatores.
Na análise, serão verificadas as leis da Gestalt e as categorias conceituais,
as quais são divididas em duas classes: fundamentais e técnicas visuais aplicadas.
Esses itens estão presentes no livro Gestalt do objeto: sistema de leitura visual da
forma de João Gomes Filho.
Joaquim da Fonseca (1990) afirma que a forma é a relação das partes com
o todo na imagem visual, é a disposição, a distribuição ou a ordem que recebem os
elementos de uma obra de arte. É o sistema ou o método de apresentação das
idéias. As formas podem ser imitativas, sugeridas, simbólicas, de associação, ou de
exposição. As formas visuais estabelecem relações polarizadoras exclusivas, como
anguloso-arredondado ou aberto-fechado, além das três direções pregnantes
fundamentais (altura, comprimento e profundidade) e dos chamados fenômenos
42
Não foi possível acrescentar mais informações sobre essa revista, pois tentou-se entrar em contato
inúmeras vezes com o editor da mesma, mas não se teve nenhum retorno.
57
pregnantes (linha reta, ângulo reto, curva contínua, fenômeno figura-fundo,
fenômeno da constância, fenômeno da cor, etc).
Por outro lado, João Gomes Filho (2003) salienta o seguinte:
A forma pode ser definida como a figura ou a imagem visível do conteúdo. A
forma nos informa sobre a natureza da aparência externa do objeto. Tudo
que se vê possui forma. A percepção da forma é o resultado de uma
interação entre o objeto físico e o meio de luz agindo como transmissor de
informação, e as condições e as imagens que prevalecem no sistema
nervoso do observador, que é, em parte, determinada pela própria
experiência visual. Para se perceber uma forma, é necessário que existam
variações, ou seja, diferenças no campo visual. As diferenças acontecem
por variações de estímulos visuais, em função dos contrastes, que podem
ser de diferentes tipos, dos elementos que configuram um determinado
objeto ou coisa. (GOMES FILHO, 2003, p. 41).
De acordo com João Gomes Filho (2003), as leis da Gestalt são:
- Unidade: Conforme o autor, uma unidade pode ser ligada a um único
elemento ou pode ser entendida como o conjunto de mais de um elemento. Uma ou
mais unidades formais podem ser segregadas ou percebidas dentro de um todo
através dos seguintes elementos: pontos, linhas, planos, volumes, cores, sombras,
brilhos, textura e outros, isolados ou combinados entre si.
- Segregação: Segundo o autor, segregação significa a capacidade
perceptiva de separar, identificar, evidenciar unidades formais em um todo
compositivo ou em partes desse todo. Uma ou mais unidades podem ser
segregadas. A segregação pode ser feita através dos elementos citados no item
anterior.
- Unificação: Para o autor, a unificação da forma consiste na igualdade dos
estímulos produzidos pelo campo visual, pelo objeto. A unificação se verifica quando
os fatores de harmonia, equilíbrio, ordenação visual, coerência da linguagem ou
58
estilo formal das partes ou do todo estão presentes no objeto ou composição. A
unificação varia em função de uma melhor ou pior organização formal.
- Fechamento: De acordo com João Gomes Filho (2003), o fechamento é
relevante para a formação de unidades. As forças de organização da forma dirigemse espontaneamente para uma ordem espacial que tende para a formação de
unidades em todos fechados, ou seja, obtém-se a sensação de fechamento visual
da forma pela continuidade numa ordem estrutural definida.
- Continuidade: Para o autor, a boa continuidade é a impressão visual de
como as partes se sucedem através da organização perceptiva da forma de modo
coerente, sem quebras ou interrupções na sua trajetória ou na sua rigidez. A boa
continuidade atua, geralmente, no sentido de se alcançar a melhor forma possível do
objeto, a forma mais estável estruturalmente.
- Proximidade: Conforme o autor, elementos ópticos próximos uns dos
outros tendem a ser vistos juntos e a constituírem um todo ou unidades dentro do
todo. Os estímulos mais próximos entre si, seja por forma, cor, tamanho, textura,
brilho, peso, direção e outros, terão maior tendência a serem agrupados e a
constituírem unidades.
- Semelhança: Segundo o autor, a igualdade de forma e de cor desperta a
tendência de se construir unidades, ou seja, de estabelecer agrupamentos de partes
semelhantes. Os estímulos mais semelhantes entre si, seja por forma, cor, tamanho,
peso, direção e outros, terão maior tendência a serem agrupados, a constituírem
partes ou unidades. Em condições iguais, os estímulos originados por semelhança e
59
em maior proximidade terão também maior tendência a serem agrupados e a
constituírem unidades.
- Pregnância da forma: João Gomes Filho (2003) comenta que a pregnância
é a lei básica da percepção visual da Gestalt. Para ele, uma boa pregnância
pressupõe que a organização formal do objeto, no sentido psicológico, tenderá a ser
sempre a melhor possível do ponto de vista estrutural. Assim, para efeito desse
sistema, o autor afirma e estabelece o seguinte critério de qualificação ou julgamento
organizacional da forma:
1. Quanto melhor for a organização visual da forma do objeto, em termos
de facilidade de compreensão e rapidez de leitura, maior será o seu grau
de pregnância.
2. Naturalmente, quanto pior ou mais confusa for a organização visual da
forma do objeto menor será o seu grau de pregnância. Para facilitar o
julgamento da pregnância, pode-se estabelecer um grau ou um índice de
pontuação como, por exemplo: baixo, médio, alto ou uma nota de 1 a 10,
respectivamente, no sentido da melhor para a pior qualificação. (GOMES
FILHO, 2003, p. 37).
Gomes Filho (2003) explica que a Gestalt é uma escola de psicologia
experimental e que o movimento gestaltista atuou no campo da teoria da forma com
contribuição aos estudos da percepção, linguagem, inteligência, aprendizagem,
memória, motivação, conduta exploratória e dinâmica de grupos sociais. Os
gestaltistas formularam, através de estudos e pesquisas, suas teorias acerca dos
campos mencionados. A teoria da Gestalt sugere uma resposta ao porquê de umas
formas agradarem mais e outras não. Essa maneira de abordar o assunto vem oporse ao subjetivismo, pois a psicologia da forma se apóia na fisiologia do sistema
nervoso, quando procura explicar a relação sujeito-objeto no campo da percepção.
O autor também informa que o termo Gestalt significa uma integração de partes em
oposição à soma do todo. É, geralmente, traduzido em inglês, espanhol e português
60
como estrutura, figura, forma. Em termos de design industrial, o termo se vulgarizou
significando boa forma.
Allen Hurlburt (1999) salienta que a palavra alemã Gestalt não é facilmente
traduzível para o português. Imagem e forma são as expressões que mais se
aproximam do significado original, que todavia constitui uma combinação de vários
elementos para formar um todo, como acontece no design ou na criação de um
layout. O autor comenta que os psicólogos da corrente Gestalt, do estudo dos
efeitos visuais de um determinado objeto submetido a diferentes intensidades de luz,
descobriram e explicaram o fenômeno do contraste de valor, ou seja, um mesmo
objeto parecerá mais escuro quando tiver um fundo claro e mais claro sobre um
fundo escuro. A Gestalt também se deve a explicação do fato de percebermos
movimento numa imagem ou objeto fixo, como, por exemplo, a lua que se move
através das nuvens, quando, na realidade, essas é que se movimentam.
Para Hurlburt (1999), os psicólogos da Gestalt ainda confirmaram que as
palavras e a disposição ou o arranjo das palavras são mais importantes para a
legibilidade tipográfica do que a forma e as características individuais das letras.
Com base nos estudos da criança e do processo de aprendizagem, é que
concluíram que a percepção do espaço tridimensional, para a criança, é mais
imediato e mais fácil do que a compreensão do plano bidimensional e da ilusão da
terceira dimensão.
A Gestalt continua ainda hoje a ser a principal fonte de informação
científica sobre percepção e reação. A capacidade do olho e da mente
humana de reunir e ajustar elementos e de entender seu significado
constitui a base do processo de design e proporciona o princípio que torna
possível o layout de uma página. (HURLBURT, 1999, p. 137).
61
João Gomes Filho (2003) informa que as categorias conceituais
fundamentais têm como finalidade, além de dar embasamento e consistência às leis
da Gestalt, concorrer também como poderosas forças de organização formal nas
estratégias compositivas, que suportam o sistema em termos dos rebatimentos
levados a efeito nas diversificadas manifestações visuais dos objetos. Já as
categorias conceituais/técnicas visuais aplicadas possuem a finalidade de, além de
funcionar para a leitura visual da forma, fornecer subsídios valiosos para
procedimentos criativos com relação à concepção de trabalhos e desenvolvimento
de projetos de qualquer natureza. Devido ao fato de ser muito grande o número de
categorias conceituais, serão explicadas, na análise dos anúncios, apenas as
categorias conceituais presentes nos anúncios analisados.
Para Fonseca (1990), a comunicação visual acontece por meio de
mensagens visuais, as quais são constituídas de dois componentes: a informação
transportada pela mensagem e o suporte visual. O ponto, a linha, a forma, a cor, a
textura, a estrutura, o módulo, a luz e o movimento são elementos que não se
manifestam isoladamente, se apresentam todos juntos. A combinação desses
elementos possibilita organizações, estabelecendo condições de harmonia, simetria,
ritmo, equilíbrio, etc, que, somadas às associações contextuais psicossociais e
cuturais, são as formas de expressão da comunicação visual.
Lucia Santaella e Winfried Nöth (1998) afirmam que, segundo Bertin (1967),
as imagens se compõem de seis unidades elementares: tamanho, grau de claridade,
padrão, cor, direção e forma. Os autores destacam que, apesar de Bertin
caracterizar essas unidades como portadoras de significado, os semioticistas
posteriores como Cossette (1983) e Saint-Martin (1987) interpretam as imagens
62
como unidades do segundo plano de articulação. Saint-Martin chama suas unidades
elementares pictóricas de coloremas. Trata-se de um complexo de variáveis visuais
compostas por fatores perceptíveis como cor, textura, tamanho, orientação ou
contorno. De acordo com os autores, Thürlemann (1990) distingue duas formas de
unidades de expressão mínimas: categorias eidéticas (contornos, cantos, côncavo/
convexo, simetria, compacticidade, direção e dimensão) e categorias cromáticas
(tonalidade e saturação).
Donis A. Dondis (1997) explica que o ato de ver envolve uma resposta à luz,
ou seja, o elemento mais importante e necessário da experiência visual é de
natureza tonal. Todos os outros elementos visuais nos são revelados através da luz,
mas são secundários em relação ao elemento tonal, que é, de fato, a luz ou a
ausência dela. Para o autor, o que a luz nos revela e oferece é a substância através
da qual o homem configura e imagina aquilo que reconhece e identifica no meio
ambiente. Sempre que alguma coisa é projetada e feita, esboçada e pintada,
desenhada, rabiscada, construída, esculpida ou gesticulada, a substância visual da
obra é composta a partir de uma lista básica de elementos. Não se devem confundir
os elementos visuais com os materiais ou o meio de expressão, a madeira ou a
argila, a tinta ou o filme. Os elementos visuais constituem a substância básica
daquilo que vemos e seu número é reduzido: o ponto, a linha, a forma, a direção, o
tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento.
(...): o ponto, a unidade visual mínima, o indicador e marcador de espaço; a
linha, o articulador fluido e incansável da forma, (...); a forma, as formas
básicas, (...); a direção, o impulso de movimento que incorpora e reflete o
caráter das formas básicas, (...); o tom, a presença ou a ausência de luz,
(...); a cor, a contraparte do tom com o acréscimo do componente cromático,
(...); a textura, óptica ou tátil, o caráter de superfície dos materiais visuais; a
escala ou proporção, a medida e o tamanho relativos; a dimensão e o
movimento, ambos implícitos e expressos com a mesma freqüência.
(DONDIS, 1997, p. 23).
63
Para o autor, esses são os elementos visuais, pois a partir deles se obtém
matéria-prima para todos os níveis de inteligência visual e se planejam e expressam
todas as variedades de manifestações visuais, objetos, ambientes e experiências.
De acordo com o autor, os elementos visuais constituem os ingredientes
básicos com os quais contamos para o desenvolvimento do pensamento e da
comunicação visual. Além disso, apresentam o dramático potencial de transmitir
informações de forma fácil e direta, mensagens que podem ser apreendidas com
naturalidade por qualquer pessoa capaz de ver. Essa capacidade de transmitir um
significado universal tem sido universalmente reconhecida, mas não buscada com a
determinação que a situação exige. A linguagem separa, nacionaliza; o visual
unifica. A linguagem é complexa e difícil; o visual tem a velocidade da luz e pode
expressar instantaneamente um grande número de idéias.
Como a percepção da cor é o mais emocional dos elementos específicos do
processo visual, ela tem grande força e pode ser usada com muito proveito
para expressar e intensificar a informação visual. A cor não apenas tem um
significado universalmente compartilhado através da experiência, como
também um valor informativo específico, que se dá através dos significados
simbólicos a ela vinculados. Além do significado cromático extremamente
permutável da cor, cada um de nós tem suas preferências pessoais por
cores específicas. (DONDIS, 1997, p. 69-70).
Armando Sant’Anna (2002) comenta que a cor tem uma ação estimulante
sobre os indivíduos e eficiência em reter a sua atenção. Quando bem escolhidas e
harmonizadas, as cores tornam mais aprazível, mais bela e, portanto, mais atrativa a
peça publicitária, e, com isso, prendem mais a vista do leitor no anúncio e dão
prestígio à coisa anunciada. Por outro lado, as cores, desde que bem adequadas,
formam uma atmosfera agradável e apropriada ao espírito da mensagem ou ao
próprio produto, pois elas têm o poder de evocar sentimentos e sensações.
64
O autor cita, de acordo com Hepner, diferentes associações de idéias ou
estados de espíritos provocados pelas seguintes cores:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
vermelho lembra fogo, calor, excitação, força
rosa, suavidade, frescor, fragrância
laranja, calor, ação, força, sabor
marrom, riqueza, solidez, luxúria, desenvoltura
amarelo, claridade, esportividade, desenvoltura
azul-marinho, frio, formalismo, meditação
azul-claro, frescor, fragilidade, juventude
verde-escuro, doentio, barato
verde-claro, refrescante, novo, arejado
púrpura, realeza, imponência, opulência
cinza, maciez, docilidade, cautela
branco, pureza, limpeza, castidade
preto, força, mistério, suspense, frieza. (SANT’ANNA, 2002, p. 182)
Lucia Santaella e Winfried Nöth (1998) explicam que os elementos da
imagem se combinam em um todo através de regularidades como simetria,
harmonia, tensão, contraste, oposição, forma geométrica ou complementaridade
cromática. De acordo com os autores, a escolha das cores não segue uma
inspiração espontânea do artista, mas sim regularidades da doutrina das cores. Para
eles, a escolha das formas está sujeita às leis da geometria. Ponto, linha e superfície
são selecionados na sua forma de acordo com uma morfologia e sintaxe visual
próprias e os elementos da composição são coordenados uns em relação aos
outros.
Sant’Anna (2002) salienta que os elementos visuais são manipulados pelas
técnicas de comunicação visual. Ele cita essas técnicas e informa que a mais
dinâmica e importante delas é o contraste, que se manifesta numa relação de
polaridade com a técnica oposta, a harmonia. As técnicas são os agentes no
processo de comunicação visual e é através de sua energia que o caráter de uma
solução visual adquire forma. O autor também comenta que o contraste, no processo
de articulação visual, é uma força vital para a criação de um todo coerente. Em todas
65
as artes, o contraste é um poderoso instrumento de expressão, o meio para
intensificar o significado e simplificar a comunicação. Além disso, o contraste
desequilibra, choca, estimula, chama a atenção. Sem ele, a mente tenderia a
erradicar todas as sensações, criando um clima de morte e de ausência do ser.
Donis A. Dondis (1997) afirma que o contraste, no nível básico de
construção e decodificação, pode ser utilizado com todos os elementos visuais, ou
seja, linha, tom, cor, direção, forma, movimento, proporção e escala. Todas essas
forças são valiosas para a ordenação do input e do output43 visual, enfatizando a
importância fundamental do contraste no controle do significado.
Como estratégia visual para aguçar o significado, o contraste não só é
capaz de estimular e atrair a atenção do observador, mas pode também
dramatizar esse significado, para torná-lo mais importante e mais dinâmico.
Se, por exemplo, quisermos que alguma coisa pareça claramente grande,
basta colocarmos outra coisa pequena perto dela. Isso é o contraste, uma
organização dos estímulos visuais que tem por objetivo a obtenção de um
efeito intenso. (DONDIS, 1997, p. 118-119).
Tem-se a mesma opinião do autor, quando ele explica que o contraste, além
de outros fatores, atrãe a atenção do observador, que, na maioria das vezes,
demonstra gostar daquilo que é diferente e ousado.
Allen Hurlburt (1999) comenta que o contraste se verifica entre as cores
neutras e as cores de alta intensidade; entre cores frias (azul e verde) e cores
quentes (vermelho e amarelo); e na justaposição de cores complementares (que não
combinam). Para o autor, o contraste de escalas, ou seja, imagens amplas ao lado
43
De acordo com Carlos Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (1998), output significa qualquer
sinal ou informação que sai de um determinado sistema, qualquer mudança introduzida por um
sistema num ambiente que lhe é exterior, ou ainda, uma operação que consiste em transferir
informações da memória interna de um computador a uma memória externa ou a suportes externos
de informação.
66
de imagens reduzidas, pode reproduzir efeitos até mesmo mais dinâmicos do que o
relacionamento de tonalidades.
Já Armando Sant’Anna (2002) explica que o anúncio, pelo princípio do
contraste, adquire uma relevância particular em relação aos anúncios concorrentes.
Uma forma similar de contraste pode conseguir-se de vários modos: escolha de uma
ilustração adequada, de caracteres tipográficos ou de cores, etc. O layoutman44
aplica o contraste, inconscientemente, quando trata de evitar a monotonia,
recorrendo a formas geométricas insólitas, a jogos de cores e combinações originais
e ao uso original desses e de outros elementos.
Conforme Dondis (1997), o equilíbrio é, depois do contraste, o elemento
mais importante das técnicas visuais. O oposto do equilíbrio é a instabilidade. O
primeiro é uma estratégia de design em que existe um centro de suspensão a meio
caminho entre dois pesos. O segundo é a ausência de equilíbrio e uma formulação
visual extremamente inquietante e provocadora.
Para o autor, o equilíbrio é a referência visual mais forte e firme do homem,
sua base consciente e inconsciente para fazer avaliações visuais. Tanto para o
emissor como para o receptor da informação visual, a falta de equilíbrio e
regularidade é o meio mais eficaz para criar um efeito em resposta ao objetivo direto
e econômico de transmitir a informação visual.
Silva (1985) salienta que há dois estilos básicos de planejamento gráfico,
que dará a publicação um aspecto harmônico em suas formas, com unidade, ritmo e
equilíbrio marcantes:
44
De acordo com Carlos Alberto Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (1998), layoutman é a
pessoa que executa o layout.
67
No estilo simétrico, a diagramação pode se firmar em blocos quadrados de
composição, utilizando a horizontalidade nos arranjos tipográficos, enquanto
que a verticalização desses arranjos é mais recomendada, pois provoca
melhor nível de aproveitamento e racionalidade da leitura.
No estilo assimétrico, a diagramação pode se firmar em outros conceitos
estruturais de página. Fugindo das limitações da simetria, o diagramador
tem a liberdade de criação, podendo para isso deslocar os elementos
gráficos tradicionalmente utilizados juntos (títulos – texto – ilustração), e
dispô-los de outra forma gráfica, provocando no leitor maior interesse na
leitura e dando à página maior leveza e realce estético. (SILVA, 1985, p.
51).
Armando Sant’Anna (2002) explica que o equilíbrio pode ser formal e
informal. O formal se baseia na simetria e o informal na assimetria. Um anúncio
possui equilíbrio formal quando, partindo-se em sentido vertical, se obtém duas
partes simétricas, uma parecendo o espelho da outra. O equilíbrio formal é usado
quando o anúncio deve refletir dignidade, estabilidade, espírito conservador, apego à
tradição, etc. No anúncio informal ocorre o contrário, o equilíbrio não se baseia nas
leis elementares da simetria. O equilíbrio informal permite maior liberdade no layout,
tornando-o muito mais atrativo sob o ponto de vista estético, mas de solução mais
difícil de ser encontrada. O anúncio informal é indicado nos casos em que a
velocidade da vida atual obriga um maior dinamismo nos anúncios para captar a
atenção dos leitores. Há casos em que o anúncio possui características que
assimilam tanto o equilíbrio formal como o informal, sendo que, quando isso ocorre,
a eficiência do anúncio pode ser muito maior do que aqueles que refletem
exatamente um ou outro tipo de equilíbrio.
Já Allen Hurlburt (1999) informa que o equilíbrio é o elemento-chave do
sucesso de um design, tanto simétrico quanto assimétrico. No estilo simétrico, é fácil
entender o equilíbrio formal de um layout, com o centro da página servindo de fulcro
e a área dividida uniformemente dos dois lados, é relativamente simples criar. Já no
68
design assimétrico, as múltiplas opções e tensões provocadas pela inexistência de
um centro definido requerem considerável habilidade.
O autor comenta que as antigas culturas mediterrâneas dos egípcios, gregos
e romanos criaram estilos fortemente baseados no equilíbrio da forma, ou seja, se
dedicavam à simetria clássica. Somente no século XX é que a assimetria começou a
ser apreciada como uma força alternativa no design gráfico e arquitetônico. Isso,
todavia, não diminuiu a importância da simetria.
Segundo Dondis (1997), em todo esforço compositivo, as técnicas visuais se
sobrepõe ao significado, o reforçam e, em conjunto, oferecem ao artista e ao leigo os
meios mais eficazes de criar e compreender a comunicação visual expressiva, na
busca de uma linguagem visual universal. No universo dos meios de comunicação
visual, inclusive nas formas mais causais e secundárias, algum tipo de informação
está presente, tenha ela recebido uma configuração artística ou seja ela resultado de
uma produção casual. Para o autor, cada um dos meios de comunicação visual tem
seus próprios elementos estruturados, uma metodologia única para a aplicação das
decisões compositivas e a utilização de técnicas em sua conceitualização e
formulação.
As opções visuais da televisão são profundamente influenciadas pelas
pequenas dimensões da tela e pelas perturbações do ambiente. Essas
limitações tornam prioritária uma formulação visual clara e enfática. O
criador de um programa deve ter um grande domínio das forças capazes de
neutralizar as perturbações provocadas por crianças que choram, pessoas
que andam pela casa e tefefones que tocam, e para fazê-lo deve recorrer a
técnicas visuais fortes e dominantes, que vão do contraste ao exagero, à
ênfase, à ousadia, à agudeza e a outras que possam reforçar os efeitos
obtidos. (DONDIS, 1997, p. 223).
Como os itens a serem analisados nos anúncios já foram abordados e como
já foi feito um comentário sobre alguns elementos e algumas técnicas visuais
69
existentes, iniciar-se-á, logo abaixo, a análise dos anúncios. Primeiramente, serão
analisados os cinco anúncios da revista Tribo Skate e, posteriormente, os cinco
anúncios da revista 100% Skate.
Revista Tribo Skate:
Anúncio: Black Sheep – Figura 1
Quanto às leis da Gestalt, o anúncio segrega-se em seis unidades distintas,
as quais são: o atleta executando a manobra; o obstáculo, na qual a manobra está
sendo executada; a marca do anunciante; o efeito utilizado juntamente com o nome
do atleta e o nome da manobra; o telhado sustentado pela coluna; e a paisagem do
ambiente urbano, ao fundo da fotografia. O anúncio apresenta um fechamento
sustentável, pois o efeito utilizado envolve a ação do atleta, captura a atenção do
leitor para o movimento da manobra executada e, além disso, remete para a marca
do anunciante. O anúncio possui média pregnância da forma, devido à disposição
informal dos elementos gráficos diagramados sobre a fotografia, na qual o
movimento do skatista foi capturado.
Com relação às categorias conceituais fundamentais, pode-se salientar que
o anúncio possui desarmonia, que, segundo João Gomes Filho (2003), é o resultado
de uma desarticulação na integração das unidades ou partes constitutivas do objeto.
No anúncio, a desarmonia está presente na ordenação das unidades em um padrão
informal, devido ao ângulo apresentado pela fotografia. O equilíbrio assimétrico,
que, de acordo com o autor, ocorre quando nenhum dos lados opostos são iguais,
ou mesmo semelhantes, em nenhum dos eixos de referência: horizontal, vertical ou
diagonal. No anúncio, encontra-se essa categoria no movimento da manobra que é
70
executada e no restante das unidades inseridas dispostamente em relação a esse
movimento. O contraste, que, para o autor, é a força que torna visível as estratégias
da comunicação visual, aparece no anúncio através do contraste em movimento e
do contraste em dinamismo por apresentar a ação da manobra. Além desses, há o
contraste de cores entre os tons da foto com o tom do efeito e o contraste de
proporção, pois o efeito sobre o plano de fundo se fecha envolvendo o atleta.
Quanto às categorias conceituais/técnicas visuais aplicadas, pôde-se
perceber que o anúncio possui a complexidade, que, para João Gomes Filho (2003),
é a existência de numerosas unidades formais na organização do objeto. Essa
categoria está presente através do número de unidades que o compõe. Outras
categorias que aparecem no anúncio são: a espontaneidade e a aleatoriedade. A
primeira, segundo o autor, é uma técnica visual que se caracteriza por uma falta
aparente de planejamento visual. Já a segunda, conforme o autor, é a aleatoriedade,
que se caracteriza por elementos colocados numa composição ou num objeto de
maneira a obedecer a um esquema rítmico, de modo seqüencial. Para o autor, a
técnica aleatória dá uma sensação de falta de planejamento prévio, de uma
desorganização ou apresentação acidental da informação visual. Essas duas
categorias aparecem no anúncio através da disposição das unidades. O logotipo e o
efeito foram simplesmente inseridos sobre a fotografia, destacando o movimento do
atleta.
Pôde-se notar também, com relação às categorias conceituais/técnicas
visuais aplicadas, no anúncio analisado a presença da profundidade, que, conforme
João Gomes Filho (2003), se sustenta principalmente nas variações de imagens
retilíneas. Essa categoria aparece através do efeito, que nos dá a sensação de
71
profundidade e movimento. Além disso, o anúncio apresenta a sobreposição, que,
segundo o autor, é a organização dos elementos uns em cima dos outros. Para o
autor, a técnica da sobreposição expressa a interação de estímulos visuais, situando
pelo menos duas figuras e ativando a composição relacionada. Essa categoria
aparece no anúncio através do efeito que está se sobrepondo ao plano de fundo da
fotografia. Outra categoria presente nesse anúncio é o ruído visual, que, para o
autor, diz respeito a interferências ou distorções que perturbam a harmonia ou a
ordem num objeto ou composição, geralmente de maneira parcial, seja em formas
orgânicas ou inorgânicas, bi ou tridimensionais. Há um ruído visual nas pichações
que perturbam a harmonia do objeto.
72
Figura 1: Anúncio Black Sheep – Revista Tribo Skate.
73
Anúncio: Qix – Figura 2
Quanto às leis da Gestalt, o anúncio segrega-se em duas grandes unidades
distintas, sendo a unidade principal aquela localizada no lado direito da página, na
qual se visualiza cinco subunidades que formam o anúncio do produto. Essas
subunidades são: o produto tênis em destaque; o nome do tênis, na parte superior
da página; os textos especificando as características do produto; a imagem de
fundo; e o logotipo da marca. A segunda grande unidade está no lado esquerdo da
página, no qual há outras sete subunidades que formam o destaque ao atleta
patrocinado pela marca. Essas subunidades são: o atleta executando uma manobra
de extrema radicalidade e técnica; o nome do atleta e da manobra; a rampa e a
grade que foram utilizadas como obstáculo; o emblema do evento que a marca
realiza; o logotipo da associação mundial de skate que homologa o evento; o plano
de fundo com o prédio ao lado e o prédio ao fundo; e os carimbos do logotipo
espalhados em volta da imagem. Acredita-se que a unidade principal seja a da
direita porque, geralmente, ao se olhar uma revista, fixa-se a visão primeiro no lado
direito da página e depois no lado esquerdo. Outro fator importante de salientar é
que a página direita apresenta a cor vermelha que atrãe atenção do leitor.
Na unidade principal, na parte direita da página, o anúncio apresenta a
unificação através dos dois tênis que, mesmo em posições diferentes, possuem a
unificação por estarem sobre o fundo com o logotipo, o nome do tênis e a assinatura
do anúncio. Devido a isso, considera-se que o anúncio possui também fechamento e
proximidade. Em contrapartida, no lado esquerdo da página, encontra-se um
fechamento sustentável por tratar-se de um ambiente urbano, uma vez que o atleta
executa a sua manobra num obstáculo totalmente natural ao convívio urbano. Nessa
74
unidade do anúncio, verifica-se que o mesmo apresenta proximidade e continuidade
entre os prédios aglomerados no mesmo ambiente acima.
O anúncio possui alta pregnância da forma na unidade principal, pois o tênis
anunciado contém as subunidades organizadas e bem distribuídas na página. Na
segunda unidade, pode-se dizer que o anúncio apresenta média pregnância da
forma, uma vez que possui a complexidade do ambiente urbano, representado pelos
edifícios, pela casa, pela rampa e pela grade utilizada pelo atleta para executar a
manobra.
Quanto às categorias conceituais fundamentais, o anúncio possui, na
unidade principal, harmonia e equilíbrio assimétrico com relação a organização e a
disposição do par de tênis sobre o anúncio. Para João Gomes Filho (2003), a
harmonia é o resultado de uma perfeita articulação visual na integração e na
coerência formal das unidades ou partes daquilo que é apresentado. Além disso, há
um desequilíbrio do logotipo que está sob o par de tênis. Segundo o autor,
desequilíbrio é o estado no qual as forças não conseguem equilibrar-se
mutuamente. Essa unidade possui contraste de cores entre o branco, o vermelho e
o preto. A segunda unidade contém uma certa desarmonia por apresentar os objetos
do ambiente urbano e o atleta em movimento, o qual também demonstra ter
equilíbrio assimétrico justamente devido ao movimento. Essa segunda unidade
possui um contraste de tons claros e escuros e um jogo de luzes que forma esses
tons. Isso acontece devido à iluminação do dia e a iluminação artificial utilizada para
a captura da fotografia.
Com relação às categorias conceituais/técnicas visuais aplicadas, a unidade
principal apresenta simplicidade, pois há um número pequeno de elementos
75
inseridos nessa unidade. Para João Gomes Filho (2003), a simplicidade é livre de
complicações e elaborações secundárias, uma vez que, normalmente, tende a ter
baixo número de informações ou unidades visuais. A clareza e a coerência são
outros itens presentes nessa unidade principal, já que o par de tênis possui
harmonia em seu posicionamento no anúncio. De acordo com o autor, a clareza é
uma técnica muito funcional que exige facilidade de leitura e rapidez na
decodificação e/ou compreensão imediata do objeto. Já a coerência, para o autor, se
caracteriza por uma organização visual do objeto em que o resultado formal se
apresenta absolutamente integrado e harmonioso em relação ao seu todo. Percebese também a presença da sobreposição, uma vez que o par de tênis está
sobreposto ao logotipo.
A segunda unidade possui, com relação às categorias conceituais/técnicas
visuais aplicadas, complexidade e incoerência, pois existe um grande número de
elementos desarmônicos inseridos nessa unidade, como os edifícios, a casa ao
fundo, a rampa e a grade através do qual o atleta executa a manobra e o próprio
atleta. A seqüencialidade aparece através das grades, das divisões presentes nas
paredes externas dos edifícios, através de traços contínuos. Segundo João Gomes
Filho (2003), a seqüencialidade é uma técnica que se refere à ordenação das
unidades ou de elementos organizados de modo contínuo e lógico, em qualquer tipo
de disposição visual. A espontaneidade e a aleatoriedade estão igualmente
presentes, uma vez que o atleta está em destaque já que usa a marca de tênis
anunciada. Os outros elementos foram dispostos sem planejamento prévio, pois se
trata de um ambiente urbano comum.
76
Figura 2: Anúncio Qix – Revista Tribo Skate.
77
Anúncio: Lost – Figura 3
Quanto às leis da Gestalt, o anúncio segrega-se em seis unidades, as quais
são: o carro em chamas que o atleta utilizou como obstáculo; o próprio atleta
executando a manobra; o logotipo do anunciante, no canto superior esquerdo; o
texto com o nome do atleta e o desenho de uma ovelha; o plano de fundo que está
bem escuro e sem foco; e a marca do anunciante, no canto inferior direito do
anúncio. A disposição das unidades forma um fechamento adequado mesmo o
anúncio apresentando ruídos de comunicação. A continuidade pode ser notada na
posição estabelecida pelas unidades que formam uma leitura dinâmica do anúncio, o
qual também possui média pregnância da forma, pois todos os espaços da página
foram utilizados para compor o anúncio.
Com relação às categorias conceituais fundamentais, o anúncio possui
harmonia por apresentar as unidades ordenadas em posição de prática leitura e com
um equilíbrio assimétrico. O contraste pode ser notado entre o branco dos logotipos
e o escuro proporcionado pela ausência de luz no fundo da imagem, entre a
intensidade de luz provocada pela chama do fogo colocado sobre o carro e o fundo
escuro.
Quanto às categorias conceituais/técnicas visuais aplicadas, o anúncio
apresenta a transparência física que é obtida através dos vidros do carro. Para João
Gomes Filho (2003), a transparência física é utilizada para permitir a visualização de
objetos ou de coisas sobrepostas, de modo que o que está atrás possa ser
percebido pelo olhar. Há uma difusidade que, para o autor, é uma técnica que dá
uma sensação de diluição, não se associa à precisão, mas cria ambiente, calor,
78
sonho, ilusão e outros sentimentos. É possível observar essa categoria no rapaz que
está próximo ao carro e nas placas presas no poste atrás do carro.
Pôde-se notar também, com relação às categorias conceituais/técnicas
visuais aplicadas, que a exageração aparece através do tamanho da parte frontal do
carro que é extremamente grande em relação aos outros elementos. Segundo o
autor, a exageração trata-se de uma técnica que recorre a configurações
extravagantes, visando a uma expressão visual intensa e amplificada, no todo ou em
partes definidas do objeto. O arredondamento que, para o autor, tem como
característica marcante a suavidade e a maciez que as formas orgânicas geralmente
transmitem. Essa categoria pode ser verificada na parte frontal do carro que é
arredondada. O anúncio apresenta a espontaneidade e a aleatoriedade, pois o fogo
presente no carro aparece de forma aleatória e espontânea, obedecendo um
esquema rítmico. Além desses elementos, há um ruído visual, o qual é provocado
pela cor amarela do fogo que causa uma sensação de desordem no anúncio.
79
Figura 3: Anúncio Lost – Revista Tribo Skate.
80
Anúncio: Urgh – Figura 4
Quanto às leis da Gestalt, o anúncio segrega-se em oito unidades. Uma
delas é a caixa de texto “URGH! INT. que possui duas subunidades: a placa de
trânsito que num primeiro momento aparenta estar compondo o plano de fundo, mas
está ligada a essa caixa de texto; e a seta, posicionada no lado direito do texto. As
outras unidades são: o fundo do anúncio que é a unidade que mais chama a
atenção, devido às cores e ao estilo de grafia utilizado; a caricatura do atleta, que
veste camiseta preta, com o seu respectivo nome; a caricatura do atleta, que está de
óculos, com o seu nome; a caricatura do atleta, que usa boné, com o seu nome; o
logotipo que está sendo apontado pela seta; o texto com o crédito para a criação e a
arte do anúncio; e a tarja, localizada na parte inferior da página, com o logotipo, no
lado esquerdo, o endereço eletrônico e os números de telefone, no lado direito. O
fechamento encontra-se isoladamente em todas as unidades, pois em um contexto
geral não está bem definido. A pregnância da forma é baixa pelo ruído apresentado
no fundo e as inúmeras unidades que transmitem uma impressão de poluição visual
no anúncio.
Com relação às categorias conceituais fundamentais, nota-se também uma
desarmonia e um desequilíbrio, pois os elementos estão dispostos de modo irregular
e desequilibrados, eles não possuem uma ordem seqüencial. Há também, no
anúncio, um contraste de cores quentes, o vermelho e o amarelo/laranja e cores
frias, preto e branco.
O anúncio, quanto às categorias conceituais/técnicas visuais aplicadas,
possui complexidade e profusão, já que há várias unidades que dificultam a leitura
do anúncio. Para João Gomes Filho (2003), a profusão é uma técnica visual que
81
contém o fator de complexidade em termos de apresentação de numerosas
unidades informacionais na elaboração de um objeto ou de uma composição. A
incoerência aparece através da forma desordenada dos elementos inseridos no
anúncio. A transparência sensorial está presente na barra que apresenta o logotipo
e nas caricaturas, nas quais transparece partes do fundo do anúncio. Para o autor,
a percepção da transparência, que passa uma sensação muito próxima de realidade
dos objetos, é produzida pelo uso de técnicas pictóricas tradicionais e/ou
computacionais.
Com relação às categorias conceituais/técnicas visuais aplicadas, o anúncio
apresenta a fragmentação que, segundo o autor, é uma técnica de organização
formal que geralmente está associada à decomposição dos elementos ou de
unidades em peças separadas que se relacionam entre si, porém, conservando seu
caráter individual. Essa categoria aparece através de fragmentos de vários objetos
dispostos no fundo do anúncio. Há uma sobreposição da faixa que contém o logotipo
sobre uma das caricaturas e o fundo do anúncio, da caixa de texto sobre outra
caricatura e o fundo do anúncio. O ruído visual é causado pela ordem irregular dos
objetos do fundo e das unidades. Além disso, o anúncio possui a aleatoriedade e a
espontaneidade.
82
Figura 4: Anúncio URGH – Revista Tribo Skate.
83
Anúncio: Volcom – Figura 5
Quanto às leis da Gestalt, o anúncio segrega-se em seis unidades. Uma
delas é o nome da marca e o slogan que está dividido em quatro subunidades: o “V”
que está sobre uma tarja preta; o primeiro “O” que possui o mesmo estilo da primeira
letra, mas com outras cores; o restante do nome da marca que está pintado em uma
parede de uma pista de skate; e o slogan logo abaixo do nome da marca. As outras
unidades são: a tarja, posicionada no lado esquerdo do anúncio; a mão segurando o
logotipo; o texto com o endereço do site na internet; o grupo de atletas, posicionados
um ao lado do outro e encostados na parede; e a caixa de texto com o nome dos
atletas.
Pôde-se notar também, no anúncio, a presença da unificação e da
proximidade através do posicionamento dos atletas, os quais estão parados, num
mesmo lugar, um ao lado do outro, mas com uma postura diferente. O fechamento,
em geral, ficou um pouco comprometido no nome da marca, pois foi utilizado o
logotipo pintado no fundo da parede e complementado com as subunidades “V” e
“O” para formar o nome da marca. Em relação a cada unidade, o fechamento existe
distintamente. A pregnância da forma é alta por causa da organização formal das
unidades.
Quanto às categorias conceituais fundamentais, o anúncio apresenta
harmonia devido à disposição coerente dos objetos sobre a página. Existe um
equilíbrio entre a unidade do grupo de atletas que está posicionado mais a direita do
anúncio e a faixa preta que está mais a esquerda, o que compensa esse
deslocamento. Há um contraste entre o preto da faixa da esquerda e o branco da
84
parede e do nome da marca. Além disso, há um contraste entre os tons de verde no
logotipo da marca do anunciante e os tons de verde das roupas dos atletas.
Com relação às categorias conceituais/técnicas visuais aplicadas, o anúncio
apresenta clareza e simplicidade somente na parte em que os atletas estão
posicionados. Há coerência na organização das unidades com exceção das
subunidades “V” e “O” que parecem estar fora do restante do anúncio. A exageração
está presente no tamanho das letras, que formam o nome da marca, pintadas na
parede. A seqüencialidade está representada por meio dos atletas, os quais estão
dispostos um ao lado do outro. A sobreposição pode ser vista através do
posicionamento dos atletas sobre o slogan e da faixa preta sobre a parede ao fundo.
O nome da marca apresenta ruído visual através do logotipo que está pintado na
parede e que é completado com as subunidades “V” e “O” em outro estilo.
85
Figura 5 Anúncio Volcom – Revista Tribo Skate.
86
Revista 100% Skate:
Anúncio: Venom – Figura 6
Quanto às leis da Gestalt, o anúncio possui oito unidades segregadas, as
quais são: o destaque do atleta, no lado esquerdo da página; a caixa de texto com o
nome do esportista e outros elementos; a mesma caixa de texto só que escrita de
outra cor, na parte superior do anúncio, em tamanho maior e com uma faixa
vermelha logo abaixo; o atleta realizando a manobra; o muro e a escada que são
utilizados pelo esportista para fazer a manobra; a faixa vermelha que contém o nome
da manobra que o atleta está executando e separa a foto da parte inferior do
anúncio; o logotipo com o número de telefone; e a seguinte frase em inglês: “The art
of movement /// summer 2006”. O fator de fechamento está presente através do
destaque de cada uma das unidades que estão fechadas entre si e com o todo do
anúncio. O fechamento se dá mais na frase incompleta, na parte superior da página,
pois nossos olhos conseguem ler apesar de faltar partes na composição das letras.
Há semelhança nas faixas vermelhas, uma na borda superior e outra na borda
inferior da página, e na camiseta que o atleta está usando, que aparece na parte
direita e na parte esquerda da página. O anúncio apresenta média pregnância, pois
existem unidades que acabam dificultando a leitura completa do anúncio.
Quanto às categorias conceituais fundamentais, o anúncio possui
desarmonia e equilíbrio assimétrico. Há um contraste entre o branco, o vermelho e o
preto. Além disso, há um contraste entre o tamanho do atleta que é apresentado em
ambos os lados da página de forma diferente e as caixas de texto que também
possuem tamanhos distintos.
87
Quanto às categorias conceituais/técnicas visuais aplicadas, o anúncio
contém uma certa complexidade e incoerência, uma vez que existem aspectos
desarticulados e desarmônicos, como, por exemplo, as faixas em vermelho. A
exageração está presente através da foto que destaca o skatista, no lado esquerdo
da página. Há espontaneidade e aleatoriedade na apresentação do atleta suado, no
lado esquerdo da página, e do atleta realizando a manobra, no lado direito da
mesma. A seqüencialidade aparece através das escadas. Existe sobreposição das
faixas vermelhas e da faixa preta em cima do esportista e do resto da foto. As faixas
vermelhas são elementos que provocam ruído visual.
88
Figura 6: Anúncio Venon – Revista 100% Skate.
89
Anúncio: Snoway – Figura 7
Com relação às leis da Gestalt, o anúncio apresenta nove unidades. Uma
delas é a fotografia, no lado direito da página, que possui três subunidades: o
skatista realizando a manobra, a escadaria utilizada como obstáculo, e o prédio ao
fundo. As outras unidades são: o nome da manobra; o endereço do site na internet;
os shapes, no lado esquerdo da página; o logotipo; as faixas vermelhas; a caixa de
texto, na parte superior da página esquerda, que contém o apelido do atleta que está
na fotografia; o fundo do anúncio que representa a lateral ampliada dos shapes; e o
nome da empresa e o número de telefone, na faixa branca. Esse local remete a um
ambiente de escola, com o prédio, a escadaria e a quadra esportiva ao fundo,
ofuscando a imagem do atleta. O anúncio possui média pregnância da forma, uma
vez que contém um grande número de unidades.
Quanto às categorias conceituais fundamentais, o anúncio apresenta
desarmonia através da disposição dos elementos na página, uma vez que de um
lado há uma foto e do outro um elemento totalmente diferente. O equilíbrio
assimétrico pode ser observado entre a foto, na parte direita da página, e os
elementos da parte esquerda da página. Há um desequilíbrio no movimento do
atleta e da foto sobre o fundo do anúncio. O contraste está presente nos jogos de
cores, como, por exemplo, o azul claro e o azul escuro do prédio, o vermelho e o
branco que aparece na parte superior e na parte inferior da página, o amarelo da
camiseta do skatista com o escuro da calça usada por ele e o amarelo das letras no
skate com a cor escura que também está presente no skate.
Com relação às categorias conceituais/técnicas visuais aplicadas, o anúncio
possui complexidade e incoerência, as quais existem por causa do número de
90
unidades que o anúncio contém, o que acaba dificultando um pouco a leitura do
mesmo. A aleatoriedade e a espontaneidade estão presentes através da maneira
como as unidades foram dispostas nas duas páginas, sem planejamento prévio, pois
a foto simplesmente demonstra ter sido colocada sobre a página. Existe
seqüencialidade nas escadas e na lateral ampliada dos shapes que aparece ao
fundo e com mais intensidade na parte esquerda da página. Há sobreposição da foto
que está sobre o fundo e a faixa vermelha; do endereço do site na internet, da faixa
vermelha e do nome da manobra sobre a foto, na parte inferior da página direita; e
dos shapes sobre o fundo e a faixa vermelha. O ruído visual existe na fotografia,
devido ao aspecto do prédio, o qual apresenta uma péssima pintura e pichações na
escada que dão a impressão de ser um ambiente sujo e mal conservado. Apesar
disso, o anúncio, em geral, é bem limpo.
91
Figura 7: Anúncio Snoway – Revista 100% Skate.
92
Anúncio: Hocks – Figura 8
Quanto às leis da Gestalt, o anúncio possui as seguintes unidades: o
skatista; a faixa vermelha com duas subunidades: o nome do atleta, o endereço do
site e o número de telefone. As outras unidades são: o nome da marca anunciada; e
o fundo do anúncio. O fechamento ocorre através da atração visual provocada pelo
anúncio. Há alta pregnância da forma, uma vez que o anúncio contém clareza e
simplicidade.
Com relação às categorias conceituais fundamentais, o anúncio apresenta
harmonia através da disposição dos elementos. Há um equilíbrio assimétrico na
posição do atleta em relação ao resto da página. O contraste aparece entre o
vermelho e o branco e entre o preto e o branco.
Quanto às categorias conceituais/técnicas visuais aplicadas, o anúncio
possui clareza, simplicidade e coerência devido à presença de poucas unidades. A
aleatoriedade e a espontaneidade podem ser vistas no fundo do anúncio e na
posição do skatista. A sutileza está presente na apresentação da marca e a
sobreposição aparece através do atleta que está sobre a faixa vermelha e o fundo.
93
Figura 8: Anúncio Hochs – Revista 100% Skate.
94
Anúncio: Globe – Figura 9
Com relação às leis da Gestalt, o anúncio segrega-se em nove unidades, as
quais são: o skatista; um dos pés do tênis levitando; as faixas preta e cinza; o nome
da marca do fabricante; o outro pé do tênis; o texto escrito, na parte esquerda da
página; a assinatura do atleta; o nome do tênis, na parte superior esquerda da
página; e o mesmo nome do tênis, só que na parte inferior esquerda da página. O
anúncio possui fechamento pela clareza e pela organização formal de suas
unidades. O fechamento também pode ser visto no momento em que o atleta parece
estar fazendo o tênis levitar. A pregnância da forma é alta, uma vez que é fácil
compreender o anúncio.
Quanto às categorias conceituais fundamentais, o anúncio apresenta
harmonia e equilíbrio. Há um desequilíbrio que pode ser percebido no pé de tênis
que o atleta está olhando, já que o tênis parece estar levitando. Existe um contraste
das cores laranja, branco, cinza e preto.
Com relação às categorias conceituais/técnicas visuais aplicadas, o anúncio
apresenta clareza e coerência, pois é possível compreender imediatamente qual é o
objeto que é anunciado. Há uma certa exageração no tamanho da foto em que o
skatista aparece. A aleatoriedade e a espontaneidade podem ser percebidas no
gesto do atleta que aparenta estar fazendo o tênis levitar. Há sutiliza na expressão
do rosto do skatista e na parte gráfica que reveste a foto. A sobreposição aparece
nas faixas preta e cinza sobre o atleta e de um dos pés do tênis sobre essas duas
mesmas faixas.
95
Figura 9: Anúncio Globe – Revista 100% Skate.
96
Anúncio: Dekton – Figura 10
Quanto às leis da Gestalt, o anúncio segrega-se em quatro unidades, as
quais são: o logotipo da marca; os produtos anunciados que podem ser divididos em
sete subunidades: a camiseta, a regata, a bermuda, o calção, o shape, o boné e o
banner45. As outras duas unidades são: o enunciado, o endereço de e-mail e o
número de telefone sobre a faixa preta; e o fundo que possui um brasão com o
nome da marca. A pregnância da forma é baixa mesmo o anúncio apresentando
poucas unidades, as quais estão sobrepostas umas as outras confundindo a
visualização do anúncio.
Com relação às categorias conceituais fundamentais, o anúncio contém
desarmonia devido à organização dos objetos no anúncio. Há um contraste entre o
preto do logotipo com o amarelo e o branco, que estão no fundo do anúncio, e entre
o branco e o preto, que estão na parte inferior da página.
Quanto às categorias conceituais/técnicas visuais aplicadas, o anúncio
possui complexidade e incoerência, já que as unidades apresentam muita
informação e um ruído visual, representado pelo brasão, no fundo do anúncio. Há
uma exageração no tamanho do brasão, no fundo do anúncio. Existe sobreposição
nos produtos anunciados, uma vez que uns estão sobre os outros, como, por
exemplo, o shape está sobre a regata e o calção. Esses mesmos produtos e o
logotipo estão sobre o brasão ao fundo, o enunciado está sobre parte do brasão. O
ruído visual está presente nos produtos anunciados devido à disposição dos
mesmos e no logotipo e no brasão, os quais aparentam estar riscados. A parte
45
De acordo com Carlos Rabaça e Gustavo Guimarães Barbosa (1998), banner é uma pequena
bandeira de papel, plástico ou tecido, de diversos formatos, nos quais são impressas, de um de ou de
ambos os lados, mensagens promocionais.
97
inferior
do
brasão
provoca
um
ruído
visual
no
Figura 10: Anúncio Dekton – Revista 100% Skate.
enunciado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a aplicação das técnicas na análise dos anúncios, pôde-se perceber
que realmente a comunicação visual é um fator de extrema relevância para a
compreensão dos anúncios publicitários, presentes em qualquer veículo de
comunicação, já que é através dela que o leitor conhece o produto anunciado, a
mensagem transmitida, entre outros fatores. Justamente por isso que a comunicação
visual precisa ser clara, objetiva, etc. Observou-se, através da realização deste
trabalho, que há uma vasta bibliografia a respeito da comunicação visual que pode
ser utilizada, ao produzir um anúncio publicitário, pelos diretores de arte. Com essa
bibliografia existente, eles terão como recorrer a variadas técnicas na criação e na
produção dos anúncios, fazendo com que esses tentem atrair o interesse e induzir o
público leitor a comprar o produto anunciado.
Conclui-se também que o skate, considerado um esporte radical, é um
esporte que faz com que seus praticantes, além de terem emoção, adrenalina,
prazer e divertimento, alcancem o profissionalismo, uma vez que há, atualmente,
vários atletas que vivem do skate, pois, através de patrocínios, conseguem ter uma
vida digna, sustentar suas famílias e ainda praticar esporte. Infelizmente, muitas
pessoas ainda não reconhecem o skate como esporte. Acredita-se que isso ocorra
devido à continuação de um pensamento de épocas anteriores, nas quais os
99
skatistas eram considerados vândalos, bagunceiros, arruaceiros, etc. Sabe-se que,
hoje em dia, ainda há skatistas que realizam pichações, depredam prédios, etc, mas
isso ocorre em um número bem menor, quase mínimo em relação a épocas
passadas.
Além do que foi dito anteriormente, é importante salientar que existe de fato
um diferencial nos anúncios das revistas de skate, entre elas a Tribo Skate e a 100%
Skate, que foram objeto de estudo neste trabalho, já que os anúncios desse tipo de
revista privilegiam os interesses dos leitores, geralmente skatistas, que procuram
conhecer as manobras e os atletas que as realizam. A apresentação do produto
anunciado é transferida para um segundo plano.
Pôde-se perceber, através da análise dos anúncios das revistas Tribo Skate
e 100% Skate, que, quanto às leis da Gestalt, a maioria dos anúncios apresenta
fechamento e média ou alta pregnância da forma. Essa alta pregnância pode ser
considerada através da cultura dos skatistas, que admiram um visual mais dinâmico
e diferenciado. Com relação às categorias conceituais fundamentais, grande parte
dos anúncios possui desarmonia, equilíbrio assimétrico e contraste. Quanto às
categorias conceituais/técnicas visuais aplicadas, a maioria dos anúncios tem
complexidade,
espontaneidade,
aleatoriedade,
sobreposição,
ruído
visual,
incoerência e exageração.
Os anúncios analisados e, em geral, a comunicação visual, aplicada em
veículos de comunicação direcionado ao público skatista, exigem ousadia e
criatividade na utilização das categorias conceituais, para que o público alvo sinta-se
atraído pela peça publicitária. Os nomes das categorias fundamentais, desarmonia e
contraste, podem ser relacionados com a linguagem utilizada pelos skatistas, que é
100
informal e completa de gírias que contrastam e são desarmônicas com a linguagem
formal. Além disso, há uma relação desses dois nomes com a imagem que se faz do
skate como esporte, que é considerado pela sociedade como uma prática
desarmônica e contrastante.
Para finalizar, pode-se dizer que realizar este trabalho foi de grande
relevância, pois teve-se a oportunidade de conhecer vários esportes radicais e o
pensamento de diversos autores sobre comunicação, anúncio, comunicação de
massa, em especial a revista. Além disso, obteve-se a chance de descobrir como
são os anúncios das revistas Tribo Skate e 100% Skate, quanto à comunicação
visual. Espera-se ter contribuído para ampliar o tema da comunicação visual nessa
área específica. Não se pretende esgotar o assunto, já que é uma temática ampla da
área de publicidade e propaganda.
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103
SKT
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Felipe Daniel Martins