PRÁTICAS DE PSICOLOGIA NO ENSINO BÁSICO: EXPERIÊNCIA DE ESTÁGIO
DE FORMAÇÃO
Elisandra Polon Panplona1
Raquel Da Cruz Costa2
Daiana Priscila de Souza3
Elisangela Cristina Salles4
Tífany Rafaela M. De Sousa5
Luiz Bosco Sardinha Machado Júnior6
RESUMO EXPANDIDO
O presente texto é fruto das discussões e práticas em andamento realizadas pelas
alunas do estágio de formação intitulado “Intervenções psicopedagógicas em
instituições”. Nosso trabalho se concentra em escolas estaduais de três municípios
de pequeno porte do Oeste Paulista, envolvendo Ensino Fundamental e Médio.
Optamos pelo diálogo entre a psicopedagogia institucional e a psicologia escolar e
educacional; tal se deve à proximidade entre suas áreas de atuação e à
possibilidade de melhor compreensão e maior número de recursos e técnicas à
disposição do profissional estagiário.
Podemos definir psicopedagogia institucional como a prática na qual o profissional
poderá contribuir no esclarecimento de dificuldades de aprendizagem que não tem
causa apenas em problemas individuais do aluno, mas que são consequências de
1
Graduanda em Psicologia, FADAP-FAP, Tupã. Email: [email protected]
Graduanda em Psicologia, FADAP- FAP Tupã. Email:[email protected]
3
Graduanda em Psicologia, FADAP- FAP Tupã. Email:[email protected]
4
Graduanda em Psicologia, FADAP- FAP Tupã. Email:[email protected]
5
Graduanda em Psicologia, FADAP- FAP Tupã. Email:[email protected]
6
Docente do curso de Psicologia da FADAP-FAP, Tupã, e dos cursos de Psicologia e de Artes Visuais da FIOOurinhos. E-mail: [email protected]
2
problemas escolares. Seu papel é analisar os fatores que favorecem, intervêm ou
prejudicam uma boa aprendizagem em uma instituição. Propõem e auxilia no
desenvolvimento de projetos favoráveis às mudanças educacionais, visando evitar
processos que conduzam as dificuldades da construção do conhecimento. O
trabalho do psicopedagogo deve auxiliar o professor, orientar os pais e colaborar
para um bom entrosamento, independente da causa (BOSSA, 1994).
Quanto à psicologia escolar e educacional, suas práticas podem abarcar ampla
gama de ações, não se limitando a problemas de aprendizagem, mas buscando a
compreensão de toda dinâmica escolar. Envolve as políticas públicas em Educação;
a dinâmica institucional; as relações entre os atores institucionais; as condições de
trabalho dos educadores; o processo ensino-aprendizagem (MARTINEZ, 2010).
Baseamos, ainda, nosso trabalho no documento de referências para atuação básica
elaborado pelo Conselho Federal de Psicologia (2013, p. 32):
“... almejamos um projeto educacional que vise coletivizar práticas de
formação e de qualidade para todos; que lute pela valorização do trabalho do
professor e constitua relações escolares democráticas, que enfrente os
processos de medicalização, patologização e judicialização da vida de
educadores e estudantes; que lute por políticas públicas que possibilitem o
desenvolvimento de todos e todas, trabalhando na direção da superação dos
processos de exclusão e estigmatização social.”
Do diálogo entre esses campos de atuação da Psicologia depreendemos que não
podemos nos ater às questões relacionadas a comportamento e aprendizagem dos
alunos, como se todos os problemas que a instituição escolar enfrenta se limitassem
a esses. A instituição escolar apresenta dinâmica complexa e deve ser cuidada em
seus diversos aspectos, o que vai para muito além da perspectiva de “tratamento” a
desvios dos padrões disciplinares da escola tradicional.
Convém salientar que esses “desvios” não devem ser encarados como problemas
em si, advindos da psique do aluno ou, como tem sido mais frequente, de disfunções
ou
alterações
biológicas,
que
devam
ser
sanadas
mediante
tratamento
medicamentoso. Problemas e dificuldades que a escola enfrente, sejam relativos a
alunos que “não aprendem” e são “indisciplinados”, sejam a educadores
“deprimidos” ou “ansiosos”, devem ser compreendidos no contexto em que se dão e
nos levarem a problematizar como estão às práticas dentro da instituição escolar e
como se situam tais “desvios” histórica e socialmente. Patologizar ou mesmo
culpabilizar tais situações mascaram as condições concretas em que o ensino formal
tem sido construído na realidade brasileira, além de contribuir com maior
contundência à construção de corpos dóceis, submetidos e silenciados sob o poder
disciplinar (FOUCAULT, 1987).
Nossa atuação concentrou-se em estudo da dinâmica institucional; formação de
grupos de escuta e orientação com educadores; oficinas semanais com alunos;
participação em eventos escolares; promoção de palestras educativas.
Podemos afirmar sobre os grupos que trazem uma riqueza enorme, porque ensinam
aos seus integrantes trabalhar em equipe, observar, a ouvir e relacionar as próprias
opiniões.
O trabalho em grupo constrói o conhecimento e desenvolve a
sociabilidade.
No trabalho com os alunos empregamos jogos que, em sua maioria, foram feitos
pelos próprios alunos, como dama e dominó, e durante este trabalho tiveram que
aprender a compartilhar materiais e ideias, de forma a ajudar um ao outro. Como
também tiveram que se organizar para confeccionar o jogo, evitando erros, e
buscando maneiras de fazê-lo de forma mais rápida possível.
O que pudemos trabalhar com os educadores nas instituições foi participar das
Atividades de Trabalho Pedagógico Coletivo e das reuniões de conselhos; em
alguns desses ATPC’s fizemos uma roda com os professores, sem diretores e
coordenadores, para que assim pudessem se sentir a vontade de falar o que quiser.
Nosso trabalho encontra-se em andamento; o que podemos apresentar por hora é a
precariedade em que se encontra o trabalho nessas instituições, tanto para
educadores quanto para alunos, produzindo dificuldades relacionais e de
aprendizagem. As atividades oferecidas contribuem para amenizar tal situação e
favorecem o trabalho desenvolvido dentro das instituições. Contudo, é necessário
salientarmos que, por mais eficaz que seja, é incipiente diante da necessidade de
que se repense os rumos das políticas públicas em educação e que se lute pela real
democratização do Ensino.
Palavras – chaves: psicologia escolar – psicopedagogia institucional – práticas em
psicologia.
Referências Bibliográficas:
AQUINO, Júlio Groppa. “Alunos-problema” versus alunos diferentes: avesso e direito
da escola democrática. Pro-posições, v. 12, n. 2-3 (35-36), jul.-nov.2001
BOSSA, Nádia A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1994.
COLLARES, Cecília Azevedo Lima; MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso. A
Transformação do Espaço Pedagógico em Espaço Clínico (A Patologização da
Educação) disponível em http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_23_p025031_c.pdf
Conselho
Federal
de
Psicologia.
Referências
técnicas
para
Atuação
de
Psicólogas(os) na Educação Básica. Conselho Federal de Psicologia. - Brasília:
CFP, 2013.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão; tradução de Raquel
Ramalhete. Petrópolis, Vozes, 1987.
MACEDO, Lino de; PETTY, Ana Lúcia S.; PASSOS, Norimar C.; Pega-varetas:
fatores que interferem na aprendizagem. Os Jogos e o Lúdico na Aprendizagem
Escolar. 2005.
MACEDO, Rosa Maria. A família diante das dificuldades escolares dos filhos.
Petrópolis. Vozes, 2012.
MACUCH, Regiane da Silva. Dinâmicas Relacionais de Jovens em uma Escola
Secundária Profissional- Estudos de Casos. 2009.
MARTINEZ, Albertina. O que pode fazer o psicólogo na escola? Em Aberto, Brasília,
v. 23, n. 83, p. 39-56, mar. 2010
VERCELLI, Ligia de Carvalho Abões. O trabalho do psicopedagogo institucional.
Revista espaço acadêmico- N° 139. Dezembro de 2012.
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