Com a devida vénia transcrevemos artigo publicado na edição do Jornal de Negócios
Reservas portuguesas de ouro desvalorizam 1,7 mil milhões em dois dias
André Veríssimo | [email protected]
Banco de Portugal não vende ouro desde 2006.
O valor das reservas de ouro portuguesas diminuiu em 1,7 mil milhões de euros em apenas dois dias,
fruto da forte depreciação do metal nos mercados internacionais. Mesmo com a queda, o Banco de
Portugal tem nos seus cofres uma "fortuna" avaliada em 12,4 mil milhões.
Portugal é o 12.° país com as maiores reservas de ouro do mundo, de acordo com os dados do
World Gold Council, relativos a Dezembro de 2012. No Banco de Portugal estão depositadas 382.540
toneladas do metal precioso, acumuladas durante o Estado Novo. Este montante não sofreu alterações
desde 2006, último ano em que foram realizadas vendas.
No final da sessão de quinta-feira as reservas portuguesas estavam avaliadas em 14,18 milhões de
euros, de acordo com o câmbio no final daquela sessão. A forte queda na cotação do ouro na sexta e
segunda-feira fez baixar este valor em 1,71 mil milhões. Em Setembro de 2011, quando o preço atingiu o
recorde de 1.921 dólares por onça, o metal precioso à guarda do Banco de Portugal, valia 16,3 mil
milhões de euros.
Esta desvalorização surge numa altura em que a utilização das reservas de ouro foi admitida pelo
Banco Central Europeu (BCE) no caso de Chipre. No âmbito do Euros sistema, os bancos centrais não
têm, em princípio, autonomia para dispor do seu ouro. A Reuters noticiou a semana passada que o
banco central cipriota iria vender as suas reservas para ajudar a diminuir o montante da assistência
internacional. O próprio Banco Central de Chipre desmentiu a informação. No entanto, o presidente do
BCE, Mário Draghi, já afirmou que os lucros de uma venda de ouro por parte do país deverão ser
utilizados para pagar eventuais perdas nos empréstimos de emergência concedidos pela autoridade
monetária aos bancos cipriotas.
A troika deixou a decisão de vender parte das reservas nas mãos do Banco Central de Chipre. Os
lucros seriam canalizados para o acionista, que neste caso é o Estado. Mas Mário Draghi deixou claro
que "o que é importante é que o dinheiro transferido para o Orçamento de Estado a partir dos lucros da
venda de ouro seja usado, prioritariamente, para cobrir potenciais perdas que o banco central possa ter
do ELA [liquidez de emergência]". Aviso também que o Governo cipriota na poderá interferir na
decisão do bar co central.
Chipre tem 13,9 toneladas métricas de ouro, de acordo com Bloomberg. O valor atual das reservas
de ouro portuguesas equivalem a 16% dos 78 mil milhões que o Estado recebeu no âmbito da
assistência financeira da tróica. AV
2013-04-16
Download

Reservas portuguesas de ouro desvalorizam 1,7 mil milhões em