CAPÍTULO 3
CRIAÇÃO DOS MUNICÍPIOS E PROCESSOS
EMANCIPATÓRIOS
Mariângela Alice Pieruccini1
Olga da C. P. Tschá2
Shiguero Iwake3
1
Docente. do Curso de Ciências Econômicas da UNIOESTE-Campus de Cascavel.
Acadêmico do 5º Ano de Ciências Econômicas da UNIOESTE-Campus de Cascavel.
3
Acadêmico do curso de Ciências Econômicas da UNIOESTE-Campus de Cascavel.
2
77
3.1 INTRODUÇÃO
Na questão inicialmente proposta neste estudo, ou seja, a caracterização dos processos
emancipatórios da região Oeste do Paraná o que se procura realizar é uma “radiografia” ao
longo do período 1914/2000, especificamente as datas de emancipação do primeiro e do
último município aprovadas em lei nesta região. O que pode ser encontrado no processo de
formação sócio-econômica da região Oeste do Paraná em seus 50 municípios, enfatizando a
dinâmica de criação de novos municípios?
A discussão sobre a importância da municipalização refere-se, principalmente às
condições que possuem os municípios em atender às demandas sociais e também infraestruturais de suas comunidades. Assim, dado um conjunto de indicadores, como os
municípios vêm atendendo à estas demandas? Variáveis relacionadas à saúde, educação,
meio ambiente, infra-estrutura de transportes e telecomunicações, produção econômica, e,
neste contexto, a articulação com a dinâmica do sistema econômico na atualidade
(globalização), caracterizam o modo de inserção dos diferentes municípios da região Oeste do
Paraná frente às novas estruturas econômicas e políticas que configuram estes novos espaços.
BENKO (1999, p.25), observa que: “É difícil para os pesquisadores e os dirigentes
interessados no desenvolvimento regional, medir a evolução do sistema produtivo neste novo
século. As bases do processo de desenvolvimento econômico regional mudaram
profundamente e um novo ponto de partida se delineou nos anos 1990”.
Na região, observa-se, em parte, ausência de articulação entre os pequenos municípios
e o movimento de transnacionalização da produção. As economias de subsistência, o
comércio restrito, os limites na infra-estrutura dos municípios, dificultam a inserção destes
nesta nova ótica do sistema produtivo, e, em alguns casos, exclui as comunidades de um
possível crescimento econômico, em função, principalmente da ainda incipiente dimensão
tecnológica.
O Oeste do Paraná caracteriza seu processo de formação econômica mercantilizada em
período bastante recente. Neste sentido, para a caracterização de um panorama municipal,
78
considera-se
a
necessidade
de
formação
de
um
quadro
que
correlacione
a
evolução/desdobramento dos 50 municípios, possibilitando-se tecer alguns comentários
específicos. A estruturação e análise dos municípios da região Oeste do Paraná, caracteriza-se
em uma dimensão temporal, procurando observar os principais fatores que influenciaram na
criação dos novos municípios.
Portanto, pode-se afirmar que esta região evolui com características diferenciadas ao
longo de seu processo de ocupação, o que lhe confere uma dinâmica de crescimento e
desenvolvimento bastante especiais que inicialmente encontrava-se pouco atrelada à dinâmica
econômica do Estado do Paraná.
3.2 COLONIZAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E O PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS
NA REGIÃO OESTE DO PARANÁ.
O Oeste do Paraná possui seu processo de formação em período bastante recente.
Inicialmente, pode-se afirmar que a região evolui com características diferenciadas ao longo
de seu processo de ocupação4, o que lhe confere uma dinâmica de crescimento e
desenvolvimento bastante especiais. Em parte, esta dinâmica é construída de forma
desatrelada à formação econômica do Estado do Paraná.
Cabe acrescentar, segundo o IBGE (1959, p.98) que: “Até o ano de 1881, quando
Pedro Martins da Silva e o espanhol Manoel Gonzales se estabeleceram ali, toda a região [que
constituía inicialmente] os territórios dos municípios de Foz do Iguaçu, Cascavel, Toledo,
Guaraniaçu e Laranjeiras do Sul era habitado exclusivamente pelos índios caingangues, que
foram os primeiros senhores da terra”.
Desde o início do século XX até a década de 1950, a principal atividade econômica da
microrregião, esteve basicamente alicerçada na extração da madeira. Quase que a totalidade
deste território estava coberto por imensas reservas florestais: mata de araucária nas terras
mais altas e mata tropical ao longo dos vales fluviais. A ausência de um sistema adequado de
transporte rodoviário determinou que, durante os primeiros anos, a vida econômica desta
4
Esta questão foi abordada no capítulo 1 deste trabalho. COLODEL (1999).
79
região girasse em torno do eixo fluvial representado pelo rio Paraná. Em suas margens, tanto
do lado brasileiro como do lado paraguaio, passaram a localizar-se os centros comerciais mais
importantes. Era por este rio que se escoava toda a madeira cortada, destinando-se aos
mercados consumidores localizados em território argentino, principalmente Rosário ou para
São Paulo – via Porto Epitácio. (COLODEL, 1992).
Esta atividade extrativa logo atraiu grandes investimentos. Um número elevado de
firmas de grande e médio porte possuía instalações para serrar, armazenar e emboscar madeira
em vários pontos ao longo do rio Paraná. Completava esse sistema fluvial, uma estrada de
ferro de bitola estreita que circundava o trecho não navegável entre Porto Mendes e Guaíra.
Pelas suas características, esse eixo econômico era quase inteiramente desvinculado do
restante do universo econômico paranaense e explica em parte a criação do efêmero Território
do Iguaçu (1943-1946), cujo centro econômico era exatamente esta região.
Ainda na década de 1940, com a economia madeireira prosseguindo em sua expansão,
iniciou-se a colonização gaúcha. Esta era fruto da pressão do excedente demográfico sobre a
estrutura de pequenas propriedades agrícolas das zonas coloniais do Rio Grande do Sul e em
escala bem mais reduzida em Santa Catarina, na sua porção mais ocidental. Essa colonização
procurava recriar em terras do Extremo-Oeste paranaense um padrão agrícola semelhante ao
encontrado em suas regiões de origem.
Esse fluxo migratório, cuja intensidade cresce continuamente a partir da década de
1950, acelera o desmatamento que já vinha ocorrendo. Isso se devia à venda das toras
retiradas das propriedades recém-adquiridas à indústria madeireira – o trabalho desenvolvido
pela colonizadora Maripá na região de Toledo é marcante nesse sentido – e ao
desenvolvimento de uma agricultura de subsistência baseada no cultivo do milho e do feijão e
na criação de suínos, mesmo que em caráter esporádico em seu início.
A fertilidade natural dos solos existentes no Extremo-Oeste, com suas “terras roxas”, e
a crescente ocupação agrícola, logo fez surgir excedentes comercializáveis, principalmente de
suínos vivos e de milho. Este novo fluxo comercial passou a orientar-se para o transporte
80
terrestre por caminhão – desmandando o mercado nacional via Ponta Grossa. (COLODEL,
1992)
Ao iniciar-se a década de 1960, mesmo com o crescimento da indústria madeireira, a
base agrícola passaria a ser dominante na região. Esta assumiria, ao longo da década de 1960,
o primeiro lugar na produção de milho e criação de suínos no Paraná, diversificando sua
produção com a introdução de outras culturas, tais como a mandioca, feijão, trigo, soja e
mesmo o café, ainda que em escala bem menos significativa para o contexto microrregional.
Por ocasião do censo de 1950, existia no Extremo-Oeste paranaense apenas o
município de Foz do Iguaçu – do qual faziam parte os núcleos urbanos de Cascavel,
Catanduvas, Guaíra, Santa Helena, Toledo, Medianeira e Matelândia. Já em 1960 à exceção
de Catanduvas e Santa Helena, estes, somados a Guaraniaçu haviam assumido a condição de
município. Entretanto, existiam as vilas de Céu Azul, Corbélia, Marechal Cândido Rondon,
Matelândia, Medianeira, Palotina, São Miguel do Iguaçu e Terra Roxa que, no decorrer da
década iriam, juntamente com Catanduvas e Santa Helena adquirir autonomia municipal. Os
centros urbanos de Formosa do Oeste, Capitão Leônidas Marques, Assis Chateaubriand e
Nova Aurora surgiram depois de 1960 e passaram à categoria de sedes municípios,
respectivamente em 1961,1964,1966 e 1967.
Foi na área mais setentrional da microrregião onde, por volta de 1960, ocorreu o
encontro das frentes de colonização provenientes da expansão das fronteiras agrícolas de São
Paulo e do Rio Grande do Sul, fazendo com que surgissem os centros urbanos de Assis
Chateaubriand, Formosa do Oeste e Nova Aurora.
Também durante a década de 1960 ocorreu, ao longo do eixo rodoviário Cascavel –
Foz do Iguaçu, um processo de intensa urbanização, com o rápido crescimento de Céu Azul,
Matelândia, Medianeira e São Miguel do Iguaçu. Finalmente, verificou-se na área da “Gleba
Andrada”, situada junto ao rio Iguaçu, e cuja ocupação iniciou-se em 1958, o aparecimento de
vários núcleos urbanos, entre os quais Capitão Leônidas Marques que, em 1964, apenas
iniciado, já assumia a posição de sede municipal. (COLODEL,1992).
Posteriormente, ao longo das décadas de setenta, oitenta e noventa no século XX,
completam-se os processos emancipatórios na Mesorregião Geográfica Oeste do Paraná.
81
Especificamente, treze municípios emancipam-se na década de oitenta e, quatorze na
década de noventa. Atenção especial deve ser dada às emancipações que derivam do
município de Marechal Cândido Rondon, cujas estruturas pautam-se no recebimento de
royalties pertinentes ao lago de Itaipu, bem como Itaipulândia, desmembrado do município de
São Miguel do Iguaçu. Além destes, estes recursos financeiros são também recebidos pelos
municípios de Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu, Medianeira, Missal, Diamante
d’Oeste, Santa Helena, São José das Palmeiras Terra Roxa, Guaíra.5
Neste sentido, para a caracterização de um panorama municipal, considera-se a
formação de um quadro que correlacione a evolução/desmembramento dos 50 municípios,
possibilitando-se tecer alguns comentários específicos. A estruturação e análise dos
municípios da Mesorregião Oeste do Paraná, caracteriza-se em uma dimensão temporal,
procurando observar os principais fatores que influenciaram na criação dos novos municípios.
Apresenta-se na seqüência o Quadro Emancipatório dos municípios inseridos na
Mesorregião Geográfica Oeste do Paraná.
5
A discussão sobre a dinâmica destes municípios, a estrutura pertinente aos royalties recebidos bem
como a administração dos municípios é considerada um item extremamente importante para o entendimento das
questões infra-estruturais e de demandas sociais destes municípios.
82
83
84
3.3 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE FOZ DO IGUAÇU – (1914)
Mesmo considerando-se os “5 Séculos de História”, o panorama que se pretende traçar
se inicia com o povoamento regular e efetivo pelos brasileiros a partir de 1888 [objetivando a
posse da região lindeira que, das Sete Quedas vai até Foz do Iguaçu, até então, sob o domínio
das vizinhas Repúblicas do Paraguai e Argentina6] A partir da fundação da Colônia Militar,
em 23 de novembro de 1889, sob a direção do engenheiro militar José Joaquim Firmino.
De acordo com o IBGE (1959, p.215), “Em 1912 foi extinta a Colônia Militar de Foz
do Iguaçu, passando a região a integrar o território de Guarapuava.” A criação do município
de Foz do Iguaçu ocorre em 1914, pela lei n. 383 onde anteriormente existia a referida
Colônia Militar. Esta configurava-se, de acordo com COLODEL (1999), como abrigo de um
núcleo urbano, núcleo este, considerado como ponto inicial ao povoamento e colonização
recente da região7. Destaca-se, também, que todos os núcleos de povoamento que pertenciam
ao então recém-criado município de Foz do Iguaçu ficavam à margem do rio Paraná. Outros
aglomerados urbanos podem ser citados: Vilas de Gaúcha, Matelândia e Medianeira,
contando, respectivamente com 300, 350 e 400 habitantes.
Observa-se que, em 1950 a população somava 12.010 habitantes, incluindo os então
distritos de Cruzeiro do Oeste, Guaíra e Toledo, naquela época como simples povoados.
(IBGE, p.217) Apenas o município de Foz do Iguaçu contava, de acordo com o
Recenseamento Geral do Brasil de 1950, com 3.000 habitantes.
Neste período, destaca-se como atividade econômica principal, a atividade extrativa,
principalmente a exploração da erva-mate. Nas reservas florestais, predominavam o cedro, o
ipê, a cabriúva, o louro e o pinheiro, propiciando, já naquele período, a exploração industrial.
Cerca de 70% dos estabelecimentos industriais situavam-se na chamada “indústria
madeireira”; os demais atuavam na indústria “ extrativa mineral” e “alimentar” . A produção
rural, agregava, na década de 1950 o milho, feijão, arroz, batata inglesa, trigo, tomate e a uva.
6
De acordo com o IBGE (1959, p.215), relaciona-se, em 1888, a seguinte população por nacionalidade,
encontrada na região de Foz do Iguaçu: 188 paraguaios, 93 brasileiros, 33 argentinos, 5 franceses, 2 uruguaios, 2
espanhóis, 1 inglês, perfazendo ao total, 324 pessoas.
7
No território de Foz do Iguaçu menciona-se a existência de 3 núcleos de povoamento: Sol de Maio e Porto
Santa Helena, onde encontravam-se 500 descendentes de venezianos e Colônia Inglesa, com descendentes de
italianos, alemães e ingleses
85
O abastecimento dos demais gêneros necessários à comunidade não produzidos
regionalmente, eram obtidos em Ponta Grossa, Curitiba e São Paulo.
Outro aspecto a ser mencionado quando se observa a questão econômica no município
de Foz do Iguaçu, refere-se à atividade turística. Em 1939 foi criado o Parque Nacional do
Iguaçu, da região das Cataratas. Já na década de 1950 afluíam “[...] dezenas de turistas, em
sua maioria estrangeiros, a fim de conhecerem as famosas e deslumbrantes cataratas do
Iguaçu, consideradas pela sua beleza, seus contrastes, [...] distantes apenas 27 quilômetros da
cidade.
Para ROLIM (1995, p.84), este município “sempre foi uma espécie de enclave no
território paranaense, papel acentuado depois da construção de Itaipu. Atualmente, possui
uma dinâmica própria baseada no turismo de massa com características nacionais, no
comércio de abastecimento do Paraguai e na própria Itaipu Binacional, além de ser um grande
centro financeiro onde simultaneamente circulam quatro moedas”.
Atualmente, Foz do Iguaçu conta com aproximadamente 258.368 habitantes,
localizados, quase que exclusivamente na área urbana do município. (IBGE, 2000), ou seja,
no distrito sede. O distrito de Alvorada do Iguaçu possuía, em 1996 aproximadamente 144
habitantes. A Tabela 1 apresenta as variações populacionais no município de Foz do Iguaçu.
TABELA 3.1: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
FOZ DO IGUAÇU – 1950/2000
DE
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
População
12.010
28.212
33.966
136.231
190.123
231.627
258.368
Variação %
-
134,91
20,40
301,35
39,47
21,84
11,54
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960,1970,1980,1991,1996 e 2000
A Figura 3.1 mostra a divisão política administrativa do Paraná no ano de 1940,
destacando a área territorial pertinente ao município de Foz do Iguaçu.(CIGOLINI, 1999).
86
FIGURA 3.1 – DIVISÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVA NO ANO DE 1940
Muito embora a região permanecesse quase que totalmente isolada do território
brasileiro, verificava-se intensa atividade econômica, baseada na exploração da erva-mate e
da madeira. Para COLODEL (1999) a presença estrangeira no Oeste Paranaense ocorre tanto
pela impotência das autoridades brasileiras, como pela adoção de uma política de colonização
equivocada.
Desde a criação do município de Foz do Iguaçu, e, considerando-se a existência de
inúmeros núcleos de povoamento, as emancipações destes mesmos núcleos somente se
iniciam em meados da década de 1940. Ou seja, quase quatro décadas transcorreram para que
se vislumbrasse a possibilidade de desmembramento dos novos municípios, a saber, Cascavel,
Guaíra e Toledo no ano de 1951. Desvinculados de Foz do Iguaçu, detinham extensa área
territorial, caminhos mal traçados, comunicações deficitárias e acessos precários a outros
centros políticos, gerando, consequentemente certo isolamento com as demais regiões do
87
Estado do Paraná. Mesmo assim, os desmembramentos caracterizam-se como um processo
rápido, pautado, principalmente, no dinamismo dos ciclos econômicos regionais.
Neste processo de ocupação e colonização, as frentes migratórias com descendentes de
imigrantes italianos, alemães e poloneses, além da frente migratória de paulistas “nortistas”,
conferem uma nova dinâmica à região, iniciando-se a mercantilização da produção agrícola
viabilizadas, principalmente pelas Companhias Colonizadoras.
Na seqüência, são estabelecidas de forma específica, as diferentes caracterizações
encontradas em cada um dos municípios emancipados na década de 1950.
3.4 O PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DA DÉCADA DE CINQÜENTA
No início da década de 50, a região Oeste do Paraná experimenta um surto de
crescimento que por si só justifica as emancipações ocorridas naquele momento. Além do
município de Foz do Iguaçu, a região passa a integrar outros três novos municípios, a saber
Guaíra, Toledo, Cascavel e Guaraniaçu. Dentre as principais características destes novos
municípios ressaltam-se a extensa área territorial, os caminhos mal traçados, que
configuravam uma quase inexistente estrutura viária, as comunicações deficitárias e,
consequentemente, o acesso precário aos outros centros políticos.
3.4.1 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE GUAIRÁ (1951)
Segundo o IBGE (1956), a região de Guaíra, apesar de pertencer inicialmente ao
território do Paraguai, era habitada exclusivamente por selvagens, distribuídos em numerosas
tribos. O “pueblo” de Ontiveiros fundado a uma légua do Salto das Sete Quedas, justificavase pelos legítimos direitos de conquista dos espanhóis. Após a fundação deste primeiro
povoado, o Governo paraguaio funda, próximo à Ontiveiros, Ciudad Real del Guairá, na
confluência do Rio Piquiri, objetivando a escravização de cerca de 40 mil famílias indígenas.
Surge, posteriormente, um novo estabelecimento espanhol denominado Vila Rica do Espírito
Santo, configurando-se assim a região denominada Guaíra.
88
Esta região foi definitivamente anexada ao território brasileiro em virtude dos
constantes ataques dos bandeirantes aos pueblos e reduções jesuíticas, que acabaram por
afastar, definitivamente, a pretensão do Governo do Paraguai de prolongar nesse rumo, o seu
domínio até o Atlântico. (IBGE, 1956).
A cidade de Guaíra propriamente dita surgiu na primeira metade do século XX,
pertencendo, durante 50 anos, aproximadamente, à Companhia Matte Laranjeiras
S.A.(encampada pelo então Serviço de Navegação da Bacia do Prata em 1944), dando-lhe
impulso de que necessitava para seu progresso e evolução já que foi, na década de 1940,
adquirida, enquanto região, pelo Governo do Estado do Paraná. A sua população, em 1950,
foi recenseada juntamente com a do município de Foz do Iguaçu, de cujo território fazia parte
como simples povoado.
O município, propriamente dito, constituiu-se, através da Lei nº 790, de 14 11 1951.A
população do município de Guaíra era estimada, em 1959, em 2.400 habitantes e contava com
3 aglomerados urbanos: Vilas de Nova Maripá, Palotina
e Terra Roxa do Oeste, com
respectivamente, 200, 100 e 200 habitantes. (Localizava-se, de acordo com o critério de
regionalização fisiográfico na região denominada Sertão do Rio Paraná).
O dinamismo do município foi, historicamente atrelado à questão do turismo voltado
às "Sete Quedas". Com a construção da Hidroelétrica de Itaipu, e o desaparecimento dos
saltos do Rio Paraná, o município, altera seu dinamismo econômico.
Em 2000, o município de Guaíra contava com aproximadamente 28.663 habitantes
distribuídos entre a sede do município e o distrito de Doutor Oliveira Castro (1.774
habitantes).
TABELA 3.2: DADOS POPULACIONAIS
GUAÍRA – 1950/1996
E
VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
DE
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
População
-
21.486
32.875
29.169
30.000
29.282
28.663
53,00
11,28
2,85
2,40
-2,11
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
89
3.4.2 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TOLEDO (1951)
Toledo tornou-se município sem antes ser distrito, desmembrando-se de Foz do Iguaçu
pela Lei Estadual nº 790, de 14/11/1951, sancionada pelo então governador Bento Munhoz da
Rocha Neto e instalado oficialmente em 14/12/1952.A compreensão do processo de
emancipação de Toledo encontra-se fundamentalmente atrelada à colonização desencadeada
pela MARIPÁ (Industrial Madeireira Colonizadora Rio Paraná S.A.). De acordo com
COLODEL (p.239): “A Maripá é considerada a mais importante imobiliária do Oeste
Paranaense”. O objetivo deste grupo de industriais e comerciantes gaúchos era o de comprar
uma gleba de terras, no município de Foz do Iguaçu, às margens do rio Paraná, conhecida pela
denominação de Fazenda Britânica
8
(obrage de propriedade de uma companhia imobiliária
inglesa). Segundo o IBGE (1956, p.508), "(...) ao atingir a região, os dirigentes da MARIPÁ,
a encontraram coberta de densas matas virgens e cerrada de vegetação própria de clima
tropical. Não existiam estradas e não havia habitantes."
Ainda de acordo com o IBGE (1956, p.508): "Nos primeiros dias de abril de 1946, um
caminhão procedente do Rio Grande do Sul, partia de Cascavel. Depois de trinta dias de
viagem pelas selvas desconhecidas e agrestes, foram construídas três palhoças junto a um
arroio, assinalado num velho mapa dos ingleses como sendo o arroio Toledo, e, nesse local foi
iniciada a construção da serraria nº 1." Mais especificamente, foi em 27 de março de 1946,
que as primeiras famílias de colonizadores chegaram e lançaram os acampamentos. A
identificação oficial de "Toledo" deu-se posteriormente, numa opção entre "Toledo - Cristo
Rei - Brasiléia". A opção recaiu sobre os registros de 1905 e 1906 que atribuem ao nome de
"Pouso Toledo", um recanto de descanso de tropeiros ao longo de uma picada utilizada para
transporte de produtos, especialmente de erva-mate, comercializados por estrangeiros que
possuíam glebas na região Oeste do Estado do Paraná. (CÂMARA MUNICIPAL DE
TOLEDO, 2000) (http://www.toledonet.com.br/~camara/historico.htm)
Este trabalho pioneiro que se confunde com a própria história de Toledo durou dois
anos. A população existente no município na década de 1960 totalizava 24.959 habitantes,
8
A antiga Fazenda Britânica localizava-se ao longo do Rio Paraná, com a extensão de 43 km, de norte a sul,
indo da foz do Rio Iguaçu até a embocadura do Rio São Francisco Falso. Suas divisas, ao norte e ao sul são
linhas secas, correm de leste à oeste, medindo 78 km de extensão, e, formando, assim, um triângulo quase
perfeito.
90
distribuídos entre os sete distritos e a sede do município, com predominância da população na
área rural.
Caracteriza-se assim a extração vegetal como primeira atividade econômica
desenvolvida, dadas as reservas existentes de pinho, cedro e outras madeiras e a exploração da
agricultura como importante elemento dinamizador da economia municipal.
A estruturação da MARIPÁ, e, consequentemente a estruturação viabilizada para a
ocupação das terras ali loteadas orientou-se em função do controle acionário que era,
inicialmente dividido em dois grupos distintos: O grupo Ruaro-Dalcanale (origem italiana),
que descobriu e realizou o negócio da Fazenda Britânia, ficou com 33%
do controle
acionário. O restante das ações ficou com o chamado grupo alemão. É interessante ressaltar
que, embora ambos os grupos fossem oriundos do Rio Grande do Sul, instituiu-se certa
dicotomia italiana – alemã, católica – protestante. A condução do processo de colonização foi
imprimida nos primeiros anos pelo chamado “grupo italiano”, entretanto, com a ascensão do
chamado “grupo alemão” à chefia da MARIPÁ, houve, segundo COLODEL (1992) mudança
substancial na política de recrutamento.
A conseqüência natural desta política de recrutamento foi a distinta formação étnica
nos municípios de Toledo e Marechal Cândido Rondon. Esta ocupada predominantemente por
alemães e aquela, uma mistura entre italianos e alemães. Porém, mesmo existindo colonos de
origem alemã e italiana, na região de Toledo, mais especificamente, configurou-se certa
diferenciação espacial entre estas comunidades visto que, “(...) as comunidades deveriam
aglutinar pessoas da mesma origem étnica e religiosa. Elas deveriam conviver pacificamente,
com respeito mútuo, porém viver isoladamente.” Neste sentido, Willy Barth, um dos
principais acionistas da colonizadora, elegeu o núcleo de Marechal Cândido Rondon, para
“rivalizar e concorrer” com Toledo. Assim, Marechal Cândido Rondon, deveria tornar-se um
núcleo de origem alemã, com características religiosas luteranas. COLODEL (1992) observa
que, formou-se, indiscutivelmente, uma visão etno-cêntrica, na sociedade do Oeste
paranaense.
Em 1949, foram iniciados os trabalhos de topografia e levantamento, efetuando-se o
traçado da pequena vila de Toledo. O quadro rural da vila foi formado por chácaras de 25
hectares, colônias e sítios demarcados com área de 10 "alqueires", levando-se em conta que
cada colônia deveria ser alcançada por água corrente de vertente natural ou arroio. Em 1951,
91
iniciou-se a colonização. A agricultura e a produção de suínos começa a se desenvolver sendo
que grande parte já assumia características de exportação.
A penetração na mata pelos engenheiros e agrimensores e a construção de estradas
permitiram fundar vilas, como as de General Rondon, Novo Sarandi, Quatro Pontes, Dez de
Maio, Nova Santa Rosa e outras. O desenvolvimento destas localidades, caracterizando a
formação do município de Toledo ocorre, fundamentalmente pela convergência em torno das
comunidades agrícolas. Destaca-se, desta forma, a importância do processo de colonização ali
consolidado. A base agrícola e o grande rebanho de suínos (justificando a presença da
empresa agroindustrial SADIA) no município são aspectos que foram fortalecidos ao longo
do tempo.
De acordo com o IBGE (2000), o município de Toledo possuía uma população de
98.189 habitantes, distribuídos entre sua sede, seis distritos. Destaca-se uma variação
populacional positiva considerando-se a contagem parcial de 1996 frente aos números do
último censo.
Os distritos deste município podem ser caracterizados atualmente:
•
Dez de Maio
•
Dois Irmãos
•
Novo Sarandi
•
São Miguel
•
Vila Nova
•
Novo Sobradinho
TABELA 3.3: DADOS POPULACIONAIS
TOLEDO – 1950/2000
E
VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
DE
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
População
-
24.959
68.885
81.282
94.879
90.417
98.189
175,99
17,99
16,73
-4,71
8,60
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
92
3.4.3 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CASCAVEL (1951).
O município foi criado através da Lei Estadual nº 790 de 14/11/1951, tendo seu
território desmembrado de Foz do Iguaçu. “Em virtude do Decreto estadual nº 1.542, de 14 de
dezembro de 1953, foi criada a comarca de Cascavel, cuja instalação se deu a 9 de junho de
1954. A população recenseada em 1950 perfazia um total de 4.411 habitantes, com cerca de
90% desta população residente na zona rural. Já em 1956, estimava-se uma população de
2.000 habitantes, apenas na aglomeração urbana. A articulação com as atividades terciárias no
município de Cascavel é verificada já nos primeiros anos de sua emancipação, permitindo
assim caracterizá-lo como um importante centro fornecedor de bens e serviços. “(...) é
detentora de um bom comércio e ponto obrigatório para todas as comunicações do extremo
oeste do Paraná.”(IBGE, 1956, p.100).
O censo demográfico de 1960 apontava uma população de 37.346 habitantes ainda
com a população rural predominante na área do município. Em 1956 funcionavam 30
unidades de ensino primário fundamental comum.
Embora tenha sido elevado à categoria de município na década de 50, o povoamento
da localidade inicia-se ainda em 1930. Formou-se assim, um povoado no meio do sertão e às
margens do caminho entre Guarapuava e Foz do Iguaçu. (IBGE, 1959). Soma-se a este fato, a
característica da localização geográfica em um ponto formado pelo entroncamento de várias
trilhas abertas pelos ervateiros (então denominada "Encruzilhada"). Neste local, em 1928
surge o primeiro armazém. A expansão da localidade é viabilizada mediante a facilidade para
a aquisição de terras (devolutas, de propriedade do Estado, o qual reconhecia o direito de
domínio de determinada área, mediante a comprovação de posse feita pelo interessado.)
(IBGE, 1956, p.99)
A economia do então recém criado município, assentava-se na agricultura e pecuária
(milho, feijão, arroz, trigo, centeio, batata inglesa, além da criação de suínos), destacando-se
“a grande quantidade de pinhais existentes no município (representava) a sua principal
riqueza natural”. (IBGE, 1956, p.99). a atividade industrial inicialmente desenvolvida
atrelava-se ao extrativismo e à produção alimentar. Segundo o IBGE (1956) previa-se para o
início da década de 1960 um acentuado desenvolvimento na indústria madeireira. Isto
93
configurou a expansão do segundo grande ciclo econômico vivenciado pela região Oeste e
que permitiu, ainda em meados da década de 1960, aliado ao processo de modernização da
agricultura, a inserção da região e, em especial do município de Cascavel, na dinamização da
agricultura de exportação, pautada no binômio soja-trigo.
Reafirmando sua condição de município “cabeça de zona” na região Oeste do Paraná,
os dados demográficos vem apresentando variações positivas, conforme quadro na seqüência.
TABELA 3.4 - DADOS POPULACIONAIS
CASCAVEL – 1950/2000
E
VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
DE
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
População
4.411
39.598
89.921
163.459
192.990
219.652
245.066
797,72
127,09
81,79
18,07
13,82
11,57
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.4.4 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE GUARANIAÇU (1951)
O município de Guaraniaçu foi criado em 14 de novembro de 1951, através da Lei
Estadual nº 790, instalado em 14 de dezembro de 1952 e elevado à Comarca em 15 de julho
de 1968, pela Lei Estadual nº 5809.
Para a maior compreensão sobre a formação do município, são apresentadas algumas
características deste processo.
O município foi desmembrado de Laranjeiras do Sul e elevado à categoria de distrito
em 1934. Entretanto, sua história confunde-se com a formação histórica do Estado do Paraná,
por originar-se através das expedições que exploravam o Terceiro Planalto Paranaense no
século XIX. Posteriormente, com a criação da Colônia Militar de Foz do Iguaçu9, acelera-se o
desbravamento da região Oeste do Paraná. Em 1917, a estrada ligando Guarapuava à Colônia
Militar, formou o primeiro povoado de Guaraniaçu, denominado Rocinha e, posteriormente, o
núcleo de Mato Queimado.
9
Ver item 2.1 A emancipação do município de Foz do Iguaçu.
94
Essa região foi, também, palco de inúmeros combates entre as tropas legais e os
revolucionários que formavam a Coluna Prestes na década de 1920. Essa região foi palco
durante o período compreendido entre 1922 a 1925 de acontecimentos revolucionários. Na
região onde hoje está instalado município de Guaraniaçu foram registrados inúmeros
combates entre as tropas legais e os revolucionários cujos sinais permanecem até os dias de
hoje.
Posteriormente, a chegada de imigrantes oriundos dos Estados do Rio Grande do Sul e
Santa Catarina vem somar-se aos habitantes dos primeiros núcleos da região, dinamizando o
processo de formação do município.
Dado o grande surto de progresso no Oeste do Paraná, foi traçada uma estrada de
Guarapuava até Foz do Iguaçu. A área de terras onde foi iniciada a colonização de Guaraniaçu
pertencia à família Virmond de Guarapuava e por volta de 1925 os núcleos conhecidos por
Rocinha e Mato Queimado destacavam-se graças aos trabalhos de seus primeiros moradores
que construíram a primeira capela, na qual eram realizadas missas de seis em seis meses
devido a dificuldade de locomoção. O patrimônio Rocinha desenvolvia graças ao trabalho
incansável de seus moradores que irmanados conseguiam vencer todos os obstáculos que o
ambiente hostil oferecia. Em 1926 foi instalado o primeiro estabelecimento comercial, que foi
seguido por outros que confiantes no progresso atraiam novos moradores.
Em 1934 foi construída a primeira escola. Nesse mesmo ano, dada às inúmeras
solicitações e um profundo trabalho desenvolvido por seus abnegados moradores e com apoio
direto do prefeito de Laranjeiras do Sul, a localidade foi elevada a Distrito Judiciário de
Laranjeiras do Sul, com o nome de Guaraniaçu. A denominação Guaraniaçu segundo algumas
versões significa em língua guarani – índio grande.
Em 1947 o Distrito apresentava diversos melhoramentos: posto de saúde, hotel e
diversas outras benfeitorias conseguidas com o esforço de todos. O primeiro prefeito do
município passou por grandes dificuldades, mas conseguiu boas realizações, transmitindo a
todos otimismo e esperança de dias melhores.
95
No ano de 1952 os senhores João Badoti e Eudoxio Antonio Badoti adquiriam uma
área de 3.500 alqueires e iniciaram um grande loteamento nessa área onde hoje se localiza a
cidade de Guaraniaçu. Dotados de espírito empreendedor e pioneirismo conseguiram a vinda
de grande número de moradores.
Instalado na região denominada Extremo Oeste Paranaense, o Município de
Guaraniaçu na década de 1970 surpreendeu, dada sua expansão econômica e demográfica,
principalmente até a década de oitenta, quando se observa declínio populacional somados a
dificuldades de ordem econômica.
A economia do município é destacada pela produção de milho desde o início de sua
colonização, destacando-se também, as culturas diversificadas como soja, trigo, arroz, feijão e
em menor escala o café, além da pecuária e suinocultura. (PREFEITURA MUNICIPAL DE
GUARANIAÇU – 1978).
TABELA 3.5: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
GUARANIAÇU – 1950/2000
DE
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
População
6.006
21.422
28.649
34.468
26.012
19.609
17.133
256,68
33,74
20,32
-24,54
-24,62
-12,63
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
A Figura 3.2 apresenta o recorte territorial verificado após as emancipações ocorridas
na década de cinqüenta. De acordo com CIGOLINI (1999, p.39) “Comparando-se com o
mapa anterior da divisão político – administrativo do ano de 1940 percebe-se uma grande
ampliação do número de municípios [ênfase dada para os municípios inseridos na região
Oeste do Paraná]. Já eram 119 municípios no Paraná, setenta dos quais criados entre os anos
de 1940 e 1951, ou seja, em apenas 11 anos.”
96
FIGURA 3.2 – PARANÁ: DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA NO ANO DE A951
3.5 O PROCESSO
DE
EMANCIPAÇÃO
DOS
MUNICÍPIOS
DA
REGIÃO OESTE
NA
DÉCADA
DE
SESSENTA
As emancipações que ocorreram durante a década de 1960, obedeceram
principalmente à critérios políticos. Dezesseis municípios são emancipados neste período. A
análise destes processos pauta-se na dinâmica dos então distritos emancipados dos municípios
criados a partir da emancipação de Foz do Iguaçu. Neste momento, o surto de crescimento
vivenciado pela região permite que algumas inferências políticas sejam realizadas para a
continuidade deste crescimento. A dinâmica inerente ao ciclo madeireiro, as primeiras
respostas do processo de mercantilização da produção agrícola definem uma nova inserção da
região perante o próprio Estado do Paraná. Pode-se afirmar também que as políticas de
desenvolvimento inseridas nos planos de governo contribuem de forma positiva para a
expansão da região.
97
3.5.1 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CORBÉLIA (1961).
Desmembrado de Cascavel, o município foi criado em 10 de junho de 1961, através da
Lei Estadual nº 4382, e instalado em 8 de dezembro do mesmo ano. “Na década de 40
chegaram as primeiras famílias dos pioneiros vindos de diversas localidades do País”.
(PARANACIDADE, 1998). Em 1953 formava-se um povoado às margens da estrada que liga
Cascavel à região norte do Estado, com ocupação predominante de pioneiros gaúchos e
catarinenses.
No período inicial de ocupação, as terras eram devolutas, configurando-se um estado
de “posse”. “Esta ação de tomada de terra preocupou o Estado que por sua vez procurou
legalizar a situação de muitos posseiros da região. Foi acionada a Fundação Paranaense de
Colonização e Imigração, que efetuou vistorias nas terras ocupadas a fim de legalizá-las [...].”
(FERREIRA, 1999, p.232)
A população perfazia 15.795 habitantes, distribuídos no meio urbano 12.221 e rural
3.747. O distrito de Ouro Verde do Piquiri possuía um total de 1644 habitantes. Distritos:
Sede, Nossa Senhora da Penha, Ouro Verde do Piquiri. (IBGE, 2000)
TABELA 3.6 : DADOS POPULACIONAIS
CORBÉLIA – 1950/2000
E
VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
DE
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
População
-
-
39.672
35.901
22.813
15.968
15.795
-9,51
-36,46
-30,00
-1,08
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.5.2 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE FORMOSA DO OESTE (1961).
“Em 6 de janeiro de 1961, pela Lei Estadual nº 4.311, o núcleo de Formosa foi elevado
à categoria de Distrito Administrativo, com território pertencente ao município de Cascavel”.
(FERREIRA, 1999, p.263).
98
O município de Formosa foi criado através da Lei Estadual nº 4382 de 10 de junho de
1961 e instalado oficialmente em 8 de dezembro de 1961, desmembrado do município de
Cascavel. A alteração da denominação do município ocorreu em 18 de novembro de 1977 O
processo de colonização ocorre através da Colonizadora Sociedade Imobiliária Noroeste do
Paraná – SINOP, conforme escritura pública lavrada em 26 de março de 1960.
(PARANÁCIDADE, 1998).
O processo de formação do município iniciou-se ainda em 1958, e as ligações
necessárias ao então povoado, segundo os seus pioneiros passavam pela construção de uma
balsa no Rio Piquiri, para a travessia de pessoas e veículos, exatamente no lugar denominado
Ponto 4. (FERREIRA, 1999). Observa-se que as ligações na parte setentrional da região hoje
denominada Oeste do Paraná eram especificamente com o Noroeste do Estado do Paraná.
A população do município, de acordo com FERREIRA (1999, p.263), soma 9.741
habitantes, assim distribuídos: 5.097 - área urbana e 4.644 – área rural.
TABELA 3.7: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
FORMOSA DO OESTE – 1950/2000
DE
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
População
-
-
44.278
36.000
15.196
9.741
8.747
-18,70
-57,79
-35,90
-10,20
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.5.3 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CAPITÃO LEÔNIDAS MARQUES (1964).
O município de Capitão Leônidas Marques foi criado através da Lei Estadual nº 4 859
de 28 de abril de 1964 e instalado oficialmente em 14 de dezembro de 1964, desmembrado
de Cascavel. Interessa observar que o município não passa pela condição de distrito para
emancipar-se. Existia apenas o povoado e este, eleva-se à condição de município em um
período relativamente breve.
A origem do município atrela-se ao povoado de Aparecida do Oeste [pertencente à
Cascavel] o qual estava inserido no projeto de colonização conhecido por “Gleba Andrada”.
99
A formação do município atrela-se, em grande parte, ao incentivo dado, por parte do
Governo do Estado através das companhias imobiliárias, o que dinamizava o fluxo migratório
para a região. “Um dos pioneiros a iniciar o povoamento teria se estabelecido por volta de
1957 com uma ‘safra de porcos’ – como eram chamadas as criações de suínos – em terras que
correspondem hoje à sede urbana de Capitão Leônidas Marques.” (PARANÁCIDADE, 1998).
Mais especificamente: “A região do baixo Iguaçu, na qual está inserido o município [...] foi
colonizada basicamente por famílias de Santa Catarina e Rio Grande do Sul”. (FERREIRA,
1999).
“O lugar cresceu, a população aumentou, com muita disputa pela terra. Em 1963,
como os problemas fundiários e as dificuldades não eram resolvidas por Cascavel, foi criada
uma comissão pró-município. [...] Através de acordo de parlamentares foi criado o novo
município.” (PREFEITURA MUNICIPAL DE CAPITÃO LEÔNIDAS MARQUES, 1998).
Este município possui uma população de 14.387 habitantes, sendo: urbana: 9.764 e
rural: 4.623. Possui, ainda, o distrito sede e também Alto Alegre do Iguaçu. Neste distrito
somam-se aproximadamente 2.100 habitantes – (IBGE, 1996). Especificamente na questão
demográfica, houve diminuição da população em função dos desmembramentos de Boa Vista
da Aparecida (1981) e Santa Lúcia (1990). Em 1970, a população do município perfazia
23.256 habitantes, com 85,2% da população encontrando-se no meio rural. Em 1980, a
população total do município de Capitão Leônidas Marques alcançava 40.823 habitantes10
com 74,7% da população no meio rural.
A partir dos desmembramentos, a população reduz-se, em 1991 para 17.825,
mantendo apenas 43% da população no município. Em 2000, em relação à população
existente na década de 1980, apenas 35,2% da população ainda se encontra no município.
TABELA 3.8: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
CAPITÃO LEÔNIDAS MARQUES – 1950/2000
DE
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
População
-
-
23.256
40.823
17.843
15.753
14.387
75,54
-56,30
-11,72
-8,67
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
10
Este aumento populacional deve-se, em grande parte, a chegada de imigrantes vindos do Sudeste e Nordeste
do Brasil. (PREFEITURA MUNICIPAL DE CAPITÃO LEÔNIDAS MARQUES, 1998).
100
3.5.4 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ASSIS CHATEAUBRIAND (1966).
O município foi criado através da Lei Estadual nº 5.389 de 27 de agosto de 1966 e
instalado oficialmente em 07 de abril de 1967, sendo desmembrado dos municípios de
Cascavel, Palotina e Toledo.
“Os primeiros grupos étnicos que chegaram na região foram formados por italianos,
alemães, portugueses e japoneses vindos do norte do Estado do Paraná, Rio Grande do Sul,
São Paulo, Minas Gerais e do nordeste. A venda de terras iniciou-se em 1959 e a economia do
município baseou-se nesta época no extrativismo da madeira nativa.” (PARANACIDADE,
1998) A colonizadora responsável pelo processo de desbravamento foi a Colonizadora Norte
do Paraná S/A, sob o comando de Oscar Martinez, caracterizando a ocupação e colonização
do Vale do Piquiri. Segundo FERREIRA (1999), ali foram encontradas terras muito férteis, o
que contribui para o dinamismo da agricultura nesta região.
Vale ressaltar que houve planejamento do processo urbanístico para posterior
ocupação da cidade, que, de acordo com FERREIRA (1999), inicialmente a cidade tinha a
denominação de Tupãssi, palavra de origem tupi e que significa “Mãe de Deus”.
“O patrimônio foi iniciado oficialmente em 15 de janeiro de 1960 com território
pertencente ao município de Guaíra, posteriormente passou a Distrito Judiciário no município
de Toledo, através da Lei Estadual nº 4.343 de 21 de março de 1961.
O município de Assis Chateaubriand possui 33.276 habitantes, distribuídos entre a
sede, 29.240 habitantes e os distritos de Bragantina e Encantado do Oeste, com
respectivamente, 2.918 e 3.500 habitantes.
TABELA 3.9: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
ASSIS CHATEAUBRIAND – 1950/2000
DE
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
População
-
-
78.600
54.631
39.737
35.658
33.276
-30,50
-27,27
-10,27
-6,68
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000.
101
3.5.5 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE NOVA AURORA (1967).
O governador da época Paulo Pimentel em data de 25 de setembro de 1967 expediu a
Lei Estadual nº 5.643, que criava o município de Nova Aurora. sendo instalado oficialmente,
em 11 de dezembro de 1968, desmembrado de Cascavel e Formosa do Oeste.
Na segunda metade do Séc. XIX, ainda eram os índios caingangues e camés, os
senhores das extensas terras onde, mais tarde, seria localizado o município de Nova Aurora11.
Com
o
povoamento,
a
expansão
econômica/cultural
e
a
expectativa
de
desenvolvimento e progresso da região, os proprietários das extensas áreas de terra que
compreendiam o vale do Piquiri e do Melissa , começaram a ocupar ou mesmo lotear e vender
suas propriedades até então praticamente esquecida. Com isso, enquanto não se processavam
a correta legalização das terras, violentos conflitos foram travados entre os posseiros e os
legítimos tituladores das áreas ocupadas.(BAZANELLA, 1984).
Com a intervenção judicial, que veio somente muitos anos mais tarde, quando dezenas
de vidas inocentes já haviam sido ceifadas, os ânimos foram acalmados e os posseiros se
tornaram legítimos proprietários com a autorização de suas escrituras definitivas.
Posteriormente, quando os posseiros passaram a ser proprietários a então denominada
“Encruzilhada Tapejara” já era povoado consolidado, tinha casas comerciais, hotel, sendo
planejada também a construção de uma capela e uma escola. Despreocupados com as
questões da terra e conflitos armados, os colonizadores começaram a expandir suas atividades
agrícolas em todos os setores.
Os colonizadores utilizando machados, foices e outros, começaram a derrubar imensas
áreas de matas virgens para o cultivo do café, feijão e milho, que florescia largamente na terra
recém desbravada, transformando-a de solo inóspito em terras ricas. Riquezas estas que iam
se alastrando e se solidificando com a intensificação do plantio do café. (BAZANELLA,
1984).
11
O município passou por diferentes denominações como Alto Iguaçuzinho, Encruzilhada Tapejara e Fazenda
Roda de Carro.
102
Em 1960 formula-se um requerimento na câmara de Cascavel, pois Nova Aurora
pertencia a Cascavel, solicitando a criação de um distrito administrativo na localidade de
Nova Aurora (antiga encruzilhada Tapejara). O requerimento foi aprovado em 25.09.61.
Iniciaram-se as demarcações de ruas e avenidas. A esta altura, várias estradas já
haviam sido abertas, a comunicação com os centros civilizados tornou-se mais fácil,
também tornou-se mais fácil o escoamento das safras colhidas, as dificuldades de
transporte de alimentos e provisões já não eram tantas, até um ônibus de propriedade
de um possuidor de grande área de terras em Nova Aurora fazia diariamente a linha
Formosa/Nova Aurora/Cascavel e vice-versa. Os próprios habitantes da localidade de
Nova Aurora mesmo com seus afazeres pessoais, trabalhavam pelo desenvolvimento
do lugar. (BAZANELLA, 1984 p.16)12
De acordo com as pesquisas da época, no ano de 1967, Nova Aurora já contava com
aproximadamente 30 mil habitantes nas áreas rural e urbana. O povo conclamava a uma só
voz, exigindo a criação do município. O município de Nova Aurora caracterizava-se em sua
grande parte por áreas minifundiárias, com a exploração da agropecuária e pecuária. Isto
deve-se ao fato de que com a colonização da região por grupos étnicos oriundos do sul do
Brasil, e também por outros vindos da região Sudeste e Nordeste, havendo uma diversificação
nas explorações. (BAZANELLA, 1984, p.62).
Alguns aspectos econômicos podem ser ressaltados neste contexto: O café entre altos e
baixos, por diversos momentos foi a cultura principal de Nova Aurora. O cultivo da hortelã,
depois do café, apresentou-se como uma das primeiras opções que acompanhavam o
desbravamento da região. A soja é hoje a primeira cultura em importância econômica do
município.
O plantio de soja foi tão aceito por parte dos agricultores que cobre 60% do território
agrícola de Nova Aurora. (BAZANELLA –1984, p.75-78) Significativa é também, a
participação da cooperativa no município.
12
O autor observa ainda que povoado crescia vertiginosamente, e, com isso fazia por merecer em nome
condizente com a sua realidade. Numa certa manhã o padre Bernardo Lube de Corbélia, foi celebrar uma missa
campal, cujo altar estava instalado sob uma frondosa árvore, durante o sermão, olhando para o céu que se
apresentava muito claro e radiante disse: “ Uma Nova Aurora há de surgir na vida de vocês.” No dia seguinte
estava oficializado o nome, já não era mais “ Encruzilhada Tapejara”, mas sim , NOVA AURORA. (
BAZANELLA, 1984, p.18)
103
Nova Aurora possui como distrito a localidade de Palmitópolis. ( BAZANELLA,
1984, p.19). A partir de seu processo emancipatório o município vem perdendo população
conforme se observa na Tabela 3.10.
TABELA 3.10: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
NOVA AURORA – 1950/2000
DE
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
População
-
-
30.588
18.389
15.494
14.420
13.639
-39,89
-15,75
-6,94
-5,42
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.5.6 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO MIGUEL DO IGUAÇU (1961).
O município de São Miguel do Iguaçu desmembra-se de Foz do Iguaçu e Medianeira.
Foi elevado à categoria de Distrito Administrativo de Gaúcha em 6 de fevereiro de 1952.
Criado pela Lei Estadual nº4.338.
A origem do município é anterior. Segundo FERREIRA (1999, p.462): “Em 1948 a
Colonizadora Gaúcha Ltda. iniciou a execução de projetos para a fundação de uma nova
cidade no extremo oeste paranaense. Foi providenciada a medição e demarcação dos terrenos
no perímetro urbano, sendo fundado o povoado em 1951, com a denominação de Gaúcha.
Possui os distritos de Aurora do Iguaçu, São José do Iguaçu e São José do Itavó13.
TABELA 3.11 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
SÃO MIGUEL DO IGUAÇU – 1950/2000
Ano/Censo
População
Variação %
1950
1960
DE
1970
1980
1991
1996
2000
25.747
34.247
24.721
23.169
24.314
33,02
-27,82
-6,28
4,94
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
13
Existem discussões sobre a extinção do distrito de São José de Itavo, mencionando a incorporação de sua área
junto ao Parque Nacional do Iguaçu. A criação de Aparecidinha do Oeste, distrito de São Miguel do Iguaçu,
origina, posteriormente, o município de Itaipulândia.
104
3.5.7 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MARECHAL CÂNDIDO RONDON (1960).
O município de Marechal Cândido Rondon foi criado pela Lei Estadual nº4.245 de 25
de julho de 1960 e instalado oficialmente em 02 de dezembro de 1961 foi desmembrado de
Toledo.
A discussão voltada à formação do município de Marechal Cândido Rondon é
correlata à formação do município de Toledo, em função do trabalho desenvolvido pela
Colonizadora Maripá, que na sistemática da colonização procede de maneira distinta para os
municípios de Toledo e Marechal Cândido Rondon. Os primeiros moradores chegaram à
localidade em 07 de março de 1950. A população do município de Marechal Cândido Rondon
pode ser assim caracterizada:
TABELA 3.12: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
MARECHAL CÂNDIDO RONDON – 1950/2000
DE
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
População
-
-
43.776
56.210
49.430
37.608
41.014
28,41
-12,07
-23,92
9,06
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
Com significativas percas populacionais na década de 1990, percebe-se na última
contagem populacional uma variação positiva no ano de 2000. Os ganhos relativos ao
segmento agroindustrial no município podem ter contribuído para este incremento
populacional.
3.5.8 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE PALOTINA (1960).
O município de Palotina foi criado em 25 de julho de 1960 através da Lei Estadual nº
4.245, desmembrando-se de Guaíra e Toledo.
Para o entendimento de como ocorreu a colonização e a história do município reportase às décadas de cinqüenta e sessenta.
105
O avanço para o Oeste paranaense foi realização de brasileiros vindos do Sul e do
Norte brasileiro. Deve-se lembrar que os marcos fundamentais foram definidos pelas Colônias
militares que se estabeleceram em Foz do Iguaçu, Chopim e Guaíra.
Pelo norte paranaense avançavam os fazendeiros paulistas em busca de novas terras
para o plantio do café. Várias companhias de colonização se habilitaram a medir e vender
terras, colonizando em direção ao Centro Oeste.
A primeira proprietária de terras no Oeste do Paraná foi a Companhia “Estrada de
Ferro São Paulo – Rio Grande do Sul”, que recebeu esta terra, em troca da construção daquela
ferrovia. Substituiu-a na posse, outra firma com o nome “BRAVIACO” (Companhia
Brasileira de Viação e Comércio)”.
Os trabalhadores assalariados dessas firmas eram paraguaios e brasileiros que não
tinham posses de espécies alguma, nem havia lei que os amparasse. Na época, já estavam
deslocando-se muitos agricultores do Rio Grande do Sul em direção a Santa Catarina e Sul do
Paraná.A maioria destes descendentes, italianos e alemães, entravam pelo sertão com a
esperança de um futuro melhor.
Em 1950 o Grupo Dalcanalle e Alfredo Ruaro criam a Empresa Pinho e Terra. Ltda., e
começam a colonizar vários municípios entre eles Palotina. Os mesmo fundadores desta
companhia, já haviam fundado S. Miguel do Oeste e Concórdia, em Santa Catarina.
Em um jornal de grande aceitação no interior gaúcho, o Correio Riograndense de 1º de
setembro de 1954, se publicava uma página de propaganda a respeito de Palotina:
CIDADE DE PALOTINA [...] realmente as terras do Piquiri são as melhores, as mais
férteis e as mais completas do Brasil e entre as melhores do mundo, que conforme
cientistas americanos, somente pelas terras da Ucrânia, país da Europa... um dos
núcleos de maior e mais rápido progresso do Oeste paranaense, e mesmo porque é de
propriedade da poderosa e conhecida firma PINHO E TERRAS LTDA. .No final da
propaganda, acrescentava o artigo, a garantia:
“possui Certidão de Registro de Escritura Pública no Registro Geral de Imóveis da
Comarca de Foz do Iguaçu, Estado do Paraná, às folhas 45 do Livro 3 – D sob nº
3028...”.
106
Com estas credenciais, os colonos que precisavam buscar novos lugares para colocar
suas famílias, dadas as más condições de seus minifúndios quase improdutivos,
encarrapitados nas serranias da Serra São Martinho, abrangendo os municípios de Santa
Maria, Cachoeira do Sul e Júlio de Castilhos e depois, toda a encosta do Alto Uruguai,
aceitaram com toda confiança o desafio da nova colonização. Entretanto, ninguém sabia das
brigas entre Estado e Federação, companhias contra Companhias, posseiros contra grileiros.
Esta região era faixa de fronteira, e uns diziam que estaria totalmente subordinada à
Federação. As questões jurídicas, nem os próprios tribunais não conseguiram “destrinchar”
sobre quem teria direito de posse líquida e certa.
Começou em 1958 a questão litigiosa das terras de Palotina. A firma colonizadora
alegava títulos legítimos sobre o que ela era apenas procuradora, mas autenticamente
autorizada a colonizar, e o Estado, por seu Governador passou a negar a legitimidade à
colonizadora, pelas desapropriações decretadas em 1940 e 5014.
Por volta de 1957/58, a paz de Palotina foi quebrada. Nessa época, em fase negra de
sua vida administrativa, o Governo de estado do Paraná resolveu – sem respeitar a legítima
propriedade de Ruy de Castro e centenas de famílias de agricultores de Palotina, - expedir
títulos de domínio pleno sobre terras de Palotina, em favor de terceiros, chamados de
“agricultores do asfalto”.
Os novos titulados que nunca tinham tido posse nas terras e nem haviam nelas
plantado resolveram importunar os colonos ocupantes das terras, ameaçando-os de expulsão.
Em 1963 o juiz da 1º vara dos feitos da fazenda estadual de Curitiba, em ato “ilegal”
determinou o cancelamento de todos os títulos de Ruy de Castro e dos colonos que dele
adquiriram terras.
Então, para conseguir uma solução para o problema, de forma imediata e objetiva, o
Estado do Paraná, sendo o Governador Ney Braga, desapropriou as terras de Palotina,
transferindo, o litígio das terras para a esfera judicial, possibilitando aos colonos de Palotina
107
trabalharem em paz e sossego. Lamentavelmente, os títulos dos colonos de Palotina não foram
restabelecidos com a vitória, colhida.
A entrada dos gaúchos e catarinenses na região foi motivada pela busca de terras
ideais à agricultura. Uns deixam seus minifúndios quase improdutivos, outros abandonando
terras montanhosas, desejavam estabelecer-se num chão mais promissor, e em espaço vital
adequado para si e suas famílias. Quem anda perto do Alto Uruguai e pelo centro
riograndense, entende as dificuldades do agricultor. Quem o orientou para essas terras,
entendeu realizar uma grande obra social humanitária, patriótica.
Os agricultores, conseguindo, na força do braço, com machado e enxada, plantar e
colher boas roçadas de milho e feijão, muitas vezes não podiam vender os produtos, ou
vendiam a preços baixos, por falta de condução ou falta de boas estradas. (REGINATTO,
1979).
Após alguns anos aconteceu a migração, e cinco mil famílias estando colocadas em
regime de pequena e média propriedade, outras mil, ou mais, que aqui aportaram, não
acharam colocação. Vinham de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Ceará, Baía, etc.,
sem previsão de trabalho, trazido por “gatos”, em pau de arara, sem orientação nenhuma,
formavam magotes de gente precisada de tudo, pareciam fugitivos de alguma calamidade.
Muitos deles conseguiram colocação temporária, no forte da derrubada das matas e no
plantio de hortelã. Mas esta cultura era feita num sistema mais primitivo, nem sempre com
clima favorável, e quando produzia bem, baixava sua cotação, entregue aos caprichos dos
exploradores internacionais, que pagavam o que queriam. Deste modo, a ilusão da cultura do
hortelã se apagou depressa em todo a região Oeste. (REGINATTO, 1979).
Estas primeiras inferências no solo da região possibilitaram a inserção de diferentes
ciclos econômicos, responsáveis, em grande parte pelo dinamismo do município. Estes ciclos
podem ser assim caracterizados pelo fato do território palotinense, ser coberto por uma densa
mata tropical. Esta riqueza em madeiras e fertilidade de solo condenou a floresta à sua quase
14
O povo que comprou de boa fé ficou assustado e ameaçado de ficar na rua.O Governador Moisés Lupion em
passagem por Palotina, convocou o povo para participar de uma assembléia no cine Real, e disse, que o colono
108
extinção. Com a devastação, a mata dava lugar a uma agricultura rotineira, trazida pelos
agricultores originários do sul brasileiro. Praticavam-se culturas anuais do milho, feijão, trigo
e soja, e a criação de suínos.
O aumento da população deu-se de forma rápida, e com o incremento demográfico,
aumentaram também as áreas plantadas. O alto rendimento observado nas lavouras justificava
o entusiasmo dos primeiros moradores, criando um clima de pioneirismo que caracterizou a
região.
Com a devastação desordenada das matas e o aproveitamento da fertilidade do solo,
sem preocupação de restituir com adubos químicos os nutrientes, que as colheitas retiravam
do solo, viriam problemas futuros.
De acordo com as origens dos povoadores, a agropecuária passava a desenvolver-se,
conforme a tradição do povo. As principais culturas desenvolvidas eram voltadas à
alimentação animal e de subsistência familiar.
O milho era o alimento básico para os suínos foi plantado em toda a parte em que era
tirado o mato. O suíno se constituía na principal fonte de renda do município, por este
motivo, a agricultura tinha como referência a produção dos alimentos necessários ao normal
desenvolvimento desta atividade básica. Com este objetivo, a cultura do milho foi a mais
importante na década dos anos 1960.
A soja foi trazida pelos agricultores vindos do Rio Grande do Sul e alcançava destaque
desde os primórdios. Por serem utilizadas variedades de baixa produtividade, e pelas
condições de plantio manual, as colheitas eram pouco expressivas. A exemplo do milho, a
soja tinha como finalidade principal, a alimentação dos suínos. Porém, como a soja pura
causava desequilíbrio nos animais, utilizavam-na como forma de forragem verde, que cortada
na fase do crescimento vegetativo, era dada “in natura” aos suínos, constituindo-se num
alimento de grande valor nutritivo.
de boa fé, não seria prejudicado e que os seus contratos seriam respeitados.
109
A mandioca tinha origem desconhecida pelos agricultores e recebiam denominações
várias. A busca de abundante fonte de alimentos para esses rebanhos existentes, a facilidade
no plantio e a sua alta produtividade, junto com sua qualidade alimentícia, fizeram com que
chegasse a ter uma área de 8.000 ha. plantados. Toda a produção era consumida na nutrição
humana, em parte, o mais com bovinos e suínos, sendo utilizada a rama para as vacas de leite.
A porosidade do solo e o clima quente, provocando intensa evaporação, não permitiu
um desenvolvimento satisfatório do arroz, sem uma adição de água por irrigação. Por este
motivo a cultura do arroz se limitou à áreas mais baixas, favoreciam a contenção de água. Por
esta razão o arroz até hoje, apresenta apenas um interesse de subsistência do agricultor.
O feijão tinha nas terras férteis e ricas em matéria orgânicas, o substrato ideal para o
seu desenvolvimento. Como se tratava de um produto básico na alimentação do brasileiro, era
de se esperar um crescimento considerável de sua cultura. Devido aos fatores de rentabilidade,
esta leguminosa não passou de cultura de subsistência.
O fumo apresentou certa importância econômica, pelo fato de que alguns agricultores,
conhecendo o seu cultivo, tiravam boa parte de sua renda com a produção do fumo em folhas,
e vendiam para a CIA. SOUZA CRUZ. Com o surgimento da mecanização agrícola, bem
como os critérios de classificação, fizeram com que muitos abandonassem o fumo.
O trigo até os anos 1968, não alcançara grande importância, e fora sempre tratado
manualmente. Por ser cultura de inverno, acompanhava o colonizador. A falta de variedades
adaptadas à região, e o cultivo primitivo, não permitiam conseguir-se mais que o suficiente ao
consumo familiar.
O café estava no plano inicial após as primeiras derrubadas das matas. Houve,
também, financiamento por parte do Banco do Brasil – Agência de Foz do Iguaçu. No entanto
as fortes geadas ocorridas logo depois, e em anos subseqüentes, puseram por terra as ilusões
no plantio do café. Por esta causa foram surgindo outras lavouras de milho, feijão e com
pastagens.
110
A hortelã apresentou-se como uma das opções que acompanharam o desbravamento
regional, sendo exploração exigente, requer um solo rico em matéria orgânica e necessita de
muita mão de obra. Esta encontrou na terra de Palotina, as condições adequadas para o seu
rápido crescimento. O agricultor, que se dedicava a esta cultura, era na sua maioria de origem
nordestina.
A cultura da menta acelerou o desbravamento da mata. Firmas compradoras instalaram
postos de compra, mas colocavam o produtor numa dependência total do comprador. Logo
decresceu, para desaparecer em cinco anos. Este ciclo acompanhou a suinocultura e foi
paralelo à corrida da mecanização agrícola, para logo se extinguir.
O algodão, embora este município seja dotado de ótimas terras, cujas características
físicas e químicas serviriam para o cultivo do algodão, este, nunca pode firmar-se como
cultura de importância econômica. Isto se deve a falta de tradição por parte dos agricultores
ali fixados, com relação a esta cultura.
A soja e o trigo, num segundo período, provocou uma autêntica revolução-verde, e que
levou o nome de Palotina para além de suas fronteiras. E que com o decorrer do tempo, veio a
tornar-se a principal cultura do município, a tal ponto, que Palotina passou a denominar-se, de
“Capital da Soja”.
Nos anos 1960 a principal fonte de renda do município era a suinocultura e, em 1967,
o rebanho suíno de Palotina era um dos maiores da região.O rebanho suíno cresceu até o ano
de 1968/69, para decair rapidamente e ceder seu lugar de destaque no binômio trigo/soja.
Na sua época áurea, a suinocultura era o imperativo normal, pois, a divisão fundiária
muito subdividida, limitava outra cultura de expansão, e a grande produção de milho e outras
matérias primas voltadas para a alimentação de suínos não dava outra chance. Firmou-se,
também, essa cultura suinicola como herança tradicionalista trazida pelas famílias, que vieram
por primeiro, do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
111
TABELA 3.13: DADOS POPULACIONAIS
PALOTINA – 1950/2000
E
VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
DE
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
População
-
-
43.005
28.248
30.705
24.783
25.765
-34,32
8,70
-19,29
3,96
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.5.9 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TERRA ROXA D’OESTE (1960).
A criação do Distrito Administrativo ocorre em 1956, com território desmembrado do
município de Guaíra, com a denominação de Terra Roxa d’Oeste. O município de Terra Roxa
do Oeste foi criado através da Lei Estadual nº 220 de 14 de dezembro de 1961, e instalado em
27 de outubro de 1962, desmembrando-se de Guaíra (PARANACIDADE, 1998). Em agosto
de 1955, a CODAL, Companhia de Colonização e Desenvolvimento Rural15, adquiriu área
onde se localiza atualmente o município, dividindo a área em lotes rurais e delimitando a área
urbana.
TABELA 3.14: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
TERRA ROXA – 1950/2000
Ano/Censo
População
Variação %
1950
1960
DE
1970
1980
1991
1996
2000
38.237
25.215
19.820
16.885
16.291
-34,06
-21,40
-14,81
-3,52
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.5.10 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MATELÂNDIA (1960).
Segundo FERREIRA (1999), pela Lei Estadual nº 99 de 21 de julho de 1952, foi
criado o distrito Administrativo com território pertencente ao município de Foz do Iguaçu. O
município foi criado em 25 de julho de 1960, pela Lei nº 4.245, desmembrado de Foz do
Iguaçu.
15
esta área pertencia inicialmente à antiga Fundação Paranaense de Colonização e Imigração.
112
Diferentemente do que haviam realizado quando da constituição de Maripá, os sócios
da Colonizadora MARIPÁ, procuraram dividir este patrimônio e revendê-lo a colonizadoras
menores, que se incubiam de demarcar as áreas e repassá-las em lotes aos colonos
interessados. Assim cada colonizadora menor era independente.
A formação dessas colonizadoras seguiu basicamente uma orientação de natureza
geográfica, sendo que todas tinhas seus elementos dirigentes provenientes do Rio Grande do
Sul e de Santa Catarina.
Na realidade, seriam essas colonizadoras menores que dariam o tom da ocupação e
povoamento do setor Cascavel – Foz do Iguaçu, com cada uma seguindo seus próprios passos,
adotando suas linhas de conduta e definindo os locais de onde sairiam as maiores levas de
colonos para as áreas sob a sua jurisdição. (COLODEL, 1992)
A empresa PINHO E TERRAS LTDA dividiu-se em várias pequenas empresas de
colonização, entre elas a Colonizadora Matelândia, que foi a responsável pelo
desenvolvimento deste município.
A colonização de Matelândia, iniciou-se formalmente em 1950 e esteve diretamente
ligada ao processo de colonização a Colonizadora PINHO E TERRAS LTDA.
No dia 26 de maio de 1950 saía de Flores da Cunha, estado do Rio Grande do Sul, a
primeira leva de moradores que iriam se fixar no futuro município de Matelândia.
Vieram acompanhados de boa quantidade de ferramentas para a agricultura e de
carpintaria. Elas se faziam indispensáveis para que se pudessem abrir estradas, derrubar as
mata e construir suas primeiras moradias.
Dos municípios mais antigos da zona de colonização italiana, Caxias do Sul impôs-se
como o centro de onde se originou o número mais representativo de famílias de colonos que
se deslocaram para Matelândia nos primeiros anos de sua existência.
113
Para os colonos que chegavam a Matelândia no início dos anos cinqüenta, não havia
maiores problemas no que se refere à obtenção da alimentação. Quando vinham de mudança,
procuravam trazer consigo diversas variedades de mantimentos necessários. Quando estes
necessitavam, a própria colonizadora fornecia aos colonos quantidades suficientes de
alimentação, que eram buscadas em Cascavel, na época o centro comercial mais próximo de
Matelândia.
Os colonos procuravam cultivar os seus próprios alimentos. Cultivavam hortas e
plantaram pomares, pois quando chegaram a Matelândia, poucas eram as variedades de frutas
nativas que logravam encontrar. Destacavam-se a banana e mamão, encontrados em grande
quantidade. Portanto para inicial o plantio de outras variedades de frutas, os colonos tiveram
que ir buscar mudas em outros lugares.
A entrada de posseiros em Matelândia foi sintomática, e emergiu como uma
conseqüência da própria conjuntura histórica de ocupação da terra no território paranaense. A
região norte do Estado do Paraná, durante a década de 1960, apresentar-se-ia como um foco
de repulsão, bastante representativo, de indivíduos para as áreas de colonização que estavam
sendo preenchidas no Oeste deste território. Naquela região, o processo de ocupação da terra
encontrava-se nesse período bastante adiantado, motivado pela expansão da atividade
cafeeira. A facilidade inicial para a compra de áreas destinadas a essa cultura, e para a
absorção de mão-de-obra, havia atraído enormes contingentes populacionais provenientes dos
estados de São Paulo, Minas Gerais e, em escala mais reduzida do nordeste brasileiro.
O sistema de colonização determinava que a compra de uma área deveria ser em torno
de 10 alqueires. Não tendo recursos financeiros para a aquisição, pensavam empregar-se nas
frentes de trabalho. Porém como as pequenas propriedades famílias dedicavam-se
inicialmente a uma produção de subsistência, não tinham condições de empregar essa mão-deobra excedente.
Em Matelândia, o início do cultivo do café, por volta de 1953/1954, serviu de forte
estímulo para a chegada de centenas de famílias oriundos do Norte do Paraná, ávidos por
trabalharem naquela atividade que conheciam tão bem. Aqui chegando procuraram se
114
empregar nas grandes propriedades que haviam optado pela cafeicultura e que necessitavam
urgentemente de mão-de-obra para dar impulso aos seus negócios.
Muitos incorporaram esses patrimônios e outros optaram por invadir áreas que
possuíam a sua situação jurídica pendente. As conseqüências destas invasões foram
inevitáveis e violentas.
Se num primeiro momento, os chamados “nortistas” tiveram acesso à compra de
propriedades dificultado, não foram afastados completamente. Para alguns dirigentes das
colonizadoras, o afastamento dos elementos “nortistas” também se ligava ao fato de que eles
não estavam familiarizados com o tipo de agricultura de subsistência normalmente praticada
pelos “sulistas”, em regime de pequena propriedade e de clima predominantemente
temperado. Estavam, isto sim, mais afeitos às culturas de clima tropical, notadamente
relacionadas com o plantio do café.
Para os colonos residentes em Matelândia, uma propriedade rural sem animais
domésticos era uma exceção. Além da vaca leiteira e de alguns cachorros, havia um animal
para cavalgar, uma novilha de boa raça e uma junta de bois para puxar a carroça e fazer
trabalhos de tração. (COLODEL, 1992).
O consumo da carne de porco sempre foi largamente disseminado em toda região sul
do Brasil e a sua criação era uma atividade comercial em expansão desde as primeiras décadas
do século XX. Como o mercado para o consumo de banha e outros derivados da carne de
porco aumentava consideravelmente, a criação desses animais consolidou-se nas frentes de
ocupação e colonização.
O colono sulista, principalmente aquele vindo do Rio Grande do Sul, desconhecia
completamente esse sistema de venda de porcos, criados muitas vezes de forma selvagem, no
meio do mato e sem qualquer tipo de cuidados. No Rio Grande do Sul, os porcos eram, via de
regra, criados em chiqueiros, e quando eram vendidos era para açougues ou frigoríficos,
transportados em carroças. Por outro lado o colono sulista repudiava a prática adotada pelos
caboclos na criação e no transporte de porcos. Muitos foram os confrontos entre colonos
sulistas e caboclos, pelos estragos causados por porcos soltos em plantações.
115
Para as famílias de colonos sulistas que fixaram residência em Matelândia, a criação
de porcos tinha o seu lugar garantido. Inicialmente para consumo, mais tarde foi se
desenvolvendo e angariando um caráter comercial cada vez mais relevante, principalmente
após a construção do frigorífico “Frimesa” em Medianeira.
Quando se iniciou a derrubada, e depois a queimada dos matos, os colonos procediam
ao plantio do trigo, que após a sua colheita ficava pronto para futuras plantações, geralmente o
milho, feijão e a hortelã, mais tarde a soja em pequeníssimas quantidades.
A soja apareceria somente nos primeiros anos da década de 1970, com a mecanização,
e quando a procura de óleos comestíveis feitos à base desse grão acentuou-se no mercado
consumidor nacional.
Ao iniciar-se a década de 1960, mesmo com o crescimento da indústria madeireira, a
base agrícola passaria a ser dominante na região. Esta assumiria, ao longo da década de 1960,
o primeiro lugar na produção de milho e criação de suínos no Paraná, diversificando sua
produção com a introdução de outras culturas, tais como a mandioca, feijão, trigo, soja e
mesmo o café, ainda que em escala bem menos significativa para o contexto microrregional.
(COLODEL, 1992)
As décadas de 1950 e 1960 marcaram para o incipiente núcleo urbano de Matelândia a
estruturação inicial da sua rede de estabelecimentos comerciais. No final da década de 1960 e
início das décadas de 1970 e 1980 surgiram as agências bancárias. O ano de 1982 é marcado
pela vinda da SUDCOOP, e em 1987 é aberto o entreposto da COTREFAL.
Ao final da década de 1960, novas forças começaram a agir sobre essa base. De um
lado a crescente demanda nacional por óleos vegetais e, do outro, por carne suína. A primeira
é respondida através da ampliação da produção de soja, em parte associada à cultura do trigo.
A segunda leva à instalação de frigoríficos na região e à tecnificação da criação suína. Tanto
esta tecnificação quanto à crescente capitalização do cultivo da soja e do trigo, tornada
possível pelos preços favoráveis no mercado internacional, levam ao rompimento da base
agrícola de semi-subsistência e ao desenvolvimento de uma nova base; de agricultura ou
criação especializada de mercado. Tendência esta que foi reforçada pelo fato de que, a partir
116
do final da década de 1960, a região passou a contar com as primeiras vias adequadas de
transporte em direção aos seus mercados. A principal dessas vias de integração foi o
asfaltamento da antiga estrada federal. A BR 34, em 1967, passando a denominar-se BR-277.
Com o asfaltamento dessa importantíssima via de comunicação, a região integrou-se com
maior agilidade com o restante da economia paranaense. A tabela 15 apresenta a variações
populacionais pertinentes ao município de Matelândia.
TABELA 3.15: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
MATELÂNDIA – 1950/2000
Ano/Censo
População
1950
1960
DE
1970
1980
1991
1996
2000
24.561
33.426
17.329
13.828
14.344
36,09
-48,16
-20,21
3,73
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.5.11 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MEDIANEIRA (1960).
O município de Medianeira foi criado pela Lei Estadual nº 4245, de 25 de julho de
1960, publicada no Diário Oficial do Estado nº 119, de 28 de julho de 1960, sendo
desmembrado do território pertencente a Foz do Iguaçu.
O município foi oficialmente instalado em data de 28 de novembro de 1960, sendo
criado os distritos do município de Medianeira: Santa Helena, Flor da Serra, Missal e
Jardinópolis.
Em 27 de maio de 1949, partia rumo ao oeste paranaense uma caravana de 20 homens,
interessados na venda de uma gleba de terras localizadas entre Matelândia e São Miguel do
Iguaçu. Os componentes da caravana vinham de vários municípios do Rio Grande do Sul,
como Bento Gonçalves, Guaporé e Veranópolis.
Em 29 de setembro do mesmo ano, foi realizada uma reunião para a Formulação dos
Estatutos da Assembléia e organização de uma sociedade por quotas limitadas. A sociedade
teria como denominação social: Industrial e Agrícola Bento Gonçalves Ltda. e sua finalidade
seria:
117
a) Explorar o ramo de colonização e loteamento de terras;
b) Extração, industrialização e comércio de madeira em geral;
c) Iniciativas agrícolas de qualquer natureza, bem como tudo quanto mais possa interessar.
Determinada a localização de Medianeira, foi procedida a primeira derrubada e
localizados os piquetes da então BR 37. Escolheu-se o local da avenida central,
estabelecendo-se que a futura cidade teria 2 km ao correr da Estrada Federal e 2 Km rumo ao
sul, havendo um pequeno aumento de área pela inclinação da estrada na passagem pelo
perímetro urbano.
Segundo Soccol, ”quase um ano depois da constituição da sociedade, conhecemos de
passagem, a área que idealizamos colonizar, onde fundaríamos a cidade de Medianeira, a Vila
Flor da Serra e o núcleo Espigão do Norte”.
“Enfim, Medianeira tomava forma, pronta para receber novas etapas de sua evolução,
com um povo apto a realizá-las. Demos plena liberdade de crescimento, livre de opressões e,
enquanto foi nossa tarefa, atendemos com toda dignidade. A propaganda foi intensa na arte da
divulgação do oeste do paranaense.
Como norma a Colonizadora deu ênfase à proteção humana, partindo da premissa do
melhor bem-estar, que era a formação de um núcleo central que oferecesse condições
mínimas de habitação e convivência entre os diferentes elementos que formavam Medianeira,
no intuito de congregá-los e dar-lhes homogeneidade, partindo daí para a colonização da área
rural.
Pedro Soccol
16
entregou sua pretensão ao agrimensor Paim, traçando um “Xis” no
projeto e indicando as demais avenidas, todas com 30 m de largura e as ruas com 20 m. Com
isso pensou que o plano urbano estaria perfeito para as condições de tráfego e as quadras
obedeceriam ao padrão de 100 x 100 m, menos nas diagonais, com corte nos cantos e na
frente da Federal com aludida inclinação. Assim, o ponto zero foi estabelecido no encontro do
16
Todas as entrevistas realizadas, além desta específica de Pedro Soccol, são apresentadas pela Associação dos
professores aposentados de Medianeira, organização de ROHDE e BIESDORF, 1996.
118
centro da hoje Av. Brasília, com o centro da BR 277 e lançadas linhas de 1 Km nos rumos
leste e oeste.
De acordo com Pedro Soccol, “Mais tarde, com a penetração na mataria, formamos a
vila de Flor da Serra e a sub-sede Espigão Norte, com a finalidade de facilitar a vida das
famílias da zona rural”.
A cultura básica da época foram o milho, trigo, arroz, feijão, com ensaios no algodão e
café, estas desconhecidas do pessoal do sul.
Formavam-se pequenos “potreiros”, com grama jesuíta mais tarde ampliadas com
outras espécies.
Segundo José Calegari, a colonizadora reduziu o ritmo de construir por falta de licença
Federal e Estadual, pela indefinição do traçado da BR 277, não queríamos que acontecessem
erros. Assim, esperamos mais tempo para que se tornasse uma cidade verdadeira e livre, de
acordo com o plano de ordem e progresso.
Edmundo Carlos Biesdorf, relatou que: “No meio de muitas chegadas de migrantes a
Medianeira, houve um tempo em que a cidade parou. De 1954 a 1957, praticamente ninguém
chegou aqui, só houve saídas. A crise deveu-se a conflitos de terras – “grilos”. Com as
noticias do que acorria por aqui, o povo do Sul, receoso, deixou de migrar. Na área da
Colonizadora, não houve problemas, mas nas proximidades sim. Em Jardinópolis e na divisa
do Rio Ocoy, principalmente, ocorreram vários conflitos. Muitas mortes em tocaias
aconteceram até que o INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária)
regularizasse a situação. “
Segundo Isaias Berta: ”A nossa fonte de renda eram as plantações de milho e feijão, a
criação de suínos. No segundo ano plantamos café. Os mantimentos eram tirados da própria
agricultura. Só a carne era de caça”.
Com a aprovação do governo em 1954 iniciou-se a construção da R25 estrada
Medianeira-Capanema.
119
Quando foi alcançado o Rio Iguaçu viu-se a necessidade das barcas para a travessia,
foram construídas duas barcas pela carpintaria da firma colonizadora. São aproximadamente
17 Km existente entre o município de Capanema e o Município de Medianeira.
A rodovia, de revestimento primário, foi usada por várias décadas ininterruptamente.
Foi denominada “Estrada do Colono”, por ser de uso de inúmeros colonos residentes às suas
margens e imediações, em sua totalidade minifundiários que por ali transitavam com destino
à sede dos municípios de Medianeira e Capanema, para colocação e escoamento de seus
produtos.
TABELA 3.16: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
MEDIANEIRA – 1950/2000
Ano/Censo
População
Variação %
1950
1960
DE
1970
1980
1991
1996
2000
31.142
49.361
38.665
35.610*
37.800
58,51
-21,67
3,84
6,15
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000.
*Exclusive a população do município de Serranópolis do Iguaçu. (40.147)
3.5.12 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CÉU AZUL (1966).
Pela Lei nº 230, de 29 de outubro de 1959, o povoado de Céu Azul foi elevado à
categoria de distrito administrativo, com território pertencendo ao município de Foz do
Iguaçu. Porém, em 25 de julho de 1960, através da Lei nº 4.245, que criou o município de
Matelândia, o núcleo de povoação passou a jurisdição do município recém-criado. O
município de Céu Azul foi criado através da Lei Estadual nº 5.407 de 7 de outubro de 1966 e
instalado em 22 de dezembro de 1968 (Lei nº 5.882), desmembrado do município de
Matelândia .
Segundo FERREIRA (1999, p.223) a colonização de Céu Azul foi realizada pela
empresa Pinho e Terras, organizada em 1946, ainda no Rio Grande do Sul.17 “Toda esta área
colonizada foi realizada em cima de área que pertencia à família Matte, detentora de grande
gleba, conseguida através da concessão governamental no ano de 1918”. (FERREIRA, 1999,
17
As famílias Dalcanale e Ruaro, responsáveis pela colonização, já havia realizado processo de colonização em
outras cidades, (Medianeira, Matelândia e São Miguel do Iguaçu). inclusive no Estado de Santa Catarina.
120
p.223). Portanto, o território Céu-Azulense foi movimentado também por conta do ciclo
ervateiro, quando inúmeras companhias argentinas, que exploravam a erva mate em solo
brasileiro, vagueavam por esta região, sem que, no entanto, nada de substancial, a título de
efetivo povoamento deixasse18. De acordo com HACKERMAN (1999, p.23), dados os acertos
governamentais estabelecidos para a Colonizadora Pinho e Terras, referente ao terreno “gleba
guairacá e gleba esperia”, optou-se pela instalação deste novo núcleo urbano.
A colonização foi iniciada pelas etnias italiana e alemã, de procedência dos estados do
Sul do Brasil. Em 1960, ficou evidente uma corrente migratória do norte do Estado e do País,
os quais se estabeleceram na parte norte do município, atualmente município de Vera Cruz do
Oeste. Enquanto distrito, Céu azul pertenceu ao território Federal do Iguaçu, fundado em
1943 e extinto em 1946, cuja capital foi Laranjeiras do Sul. Este fato fez com que o
movimento migratório, por parte de famílias sulistas fosse incrementado.
Em outubro de 1964, numerosas famílias de origem alemã, luteranas, procedentes de
Piratuba, Santa Catarina instalaram-se em Céu Azul.
Na parte Sul do município está o Parque Nacional do Iguaçu, o qual encontra-se com o
Rio Iguaçu, o que confere ao município, riquezas em mananciais hídricos.
Há em frente da Sede, uma área de lazer, dentro do Parque Nacional do Iguaçu, o que
privilegia o município, já que são raros os municípios que obtém semelhante autorização
junto ao IBAMA.
A economia do município destaca-se no setor primário com a agricultura; no setor
secundário a indústria e no terciário com o comércio. (FERREIRA, 1999, p.232 e Prefeitura
Municipal de Céu Azul 1999).
Possui apenas o distrito sede. A população soma, segundo FERREIRA (1999), 10.440
habitantes, com 6.834 habitantes na população urbana e 3.606 habitantes na área rural.
18
As discussões referentes ao ciclo ervateiro são tratadas na primeira parte deste estudo. De acordo com a
PREFEITURA MUNCIPAL DE CÉU AZUL (1999), o processo desencadeado pela Pinho e Terra, data de 1952.
121
TABELA 3.17: DADOS POPULACIONAIS
CÉU AZUL – 1950/2000
Ano/Censo
1950
População
1960
E
VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
DE
1970
1980
1991
1996
2000
23.219
25.444
10.586
10.440
10.442
9,59
-58,40
-1,31
0,02
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.5.13 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SANTA HELENA (1967).
Pela Lei nº 026/62 de 20 de julho de 1962, Santa Helena é elevada a distrito do
município de Medianeira e Distrito Judiciário de Foz do Iguaçu.
O franco desenvolvimento da região culminou na emancipação política administrativa
do Município em 26.05.67 pela Lei nº 5.548/67. Foi o município que mais cresceu no Brasil,
conforme dados do IBGE, nos anos 70, chegando a atingir mais de 60 mil habitantes naquela
década.
O território do atual município de Santa Helena foi objeto da presença de grupos
populacionais muito antes de sua povoação definitiva, a partir da segunda metade do século
XX. Nesta região habitavam inúmeros grupos indígenas, dentre os quais Mimos, Chiques,
Cheripas e Chiringuanás.
A ocupação inicial da área do atual município de Santa Helena, desde meados do
século passado, deve-se principalmente à extração da erva-mate e da madeira realizada de
forma predatória pelas obrages, especialmente aquela encabeçada por Domingos Barthe. Essa
obrage instalou-se em terras do Oeste do Paraná a partir de 1858.
A passagem da Coluna Prestes contribuiu decisivamente para a desarticulação
econômica da Companhia Domingos Barthe, coincidindo com a falência da Companhia
Meyer e Annes, que havia se instalado em Santa Helena naquele período. Transferida a massa
falida Meyer e Annes para Allegretti e Companhia, esta foi finalmente adquirida pela firma
Imobiliária Agrícola Madalozzo Ltda., em 1952.
122
A presença de colonos migrantes em Santa Helena, em números mais elevado, dá-se a
partir de 1920, quando famílias de origem preferencialmente italiana, vindas do Rio Grande
do Sul, instalaram-se próximas à margem do Rio Paraná, constituindo um incipiente
aglomerado populacional hoje conhecido como Santa Helena Velha. Naquele local essas
famílias estruturaram-se em pequenas propriedades produtivas, em caráter de subsistência e
praticando o extrativismo.
Santa Helena Velha comandaria a vida econômica e social até meados da década de
1950, quando a Imobiliária Agrícola Madalozzo Ltda., delibera pela constituição de um novo
núcleo colonial, tendo como sede a atual cidade de Santa Helena.
A cidade de Santa Helena se originou ao norte devido os proprietários das terras de
Santa Helena Velha não quiseram vender à Imobiliária Madalozzo uma área suficiente para a
implantação de seu projeto urbano.
A exploração da madeira de lei, da erva-mate, a fertilidade do solo vermelho e o baixo
preço das terras atraiu à região grandes levas de famílias, notadamente agricultores vindos dos
estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
A presença desse fluxo populacional sulista, mais intenso a partir do início da década
de 1960, pode ser claramente observada no arrolamento realizado em 1994, cuja participação
do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina atingem o patamar significativo de cerca de 75%.
O anúncio da construção da Barragem da Hidrelétrica de Itaipu e a possível inundação
de grande parte do município, inclusive da própria sede, o que não se concretizou, gerou certa
estagnação econômica, que veio a culminar com a desapropriação de 26.718 hectares de terras
férteis (aproximadamente 31% da área total do município) e a migração de milhares de
colonos desalojados e outros desestimulados pelo desalento e falta de perspectivas.
O incentivo à agroindústria também se constitui em opção de desenvolvimento sócioeconômico considerando-se a abundância dos produtos agrícolas industrializáveis e a
disponibilidade de mão de obra.
123
A participação do contingente populacional proveniente da Região Sudeste e Nordeste
deixou de ser significativa a partir da década de 1970, quando a mecanização da agricultura
provoca um esvaziamento populacional em Santa Helena, ocasionando o deslocamento desses
migrantes para outras regiões.
A diminuição populacional deu-se em razão da mecanização intensiva da agricultura,
do surgimento do lago de Itaipu e da emancipação política de São José das Palmeiras, que
reduziu a área física do município de 1.620,63 Km². Esses condicionantes promoveram uma
significativa evasão populacional e ocasionando um prejuízo econômico de vulto para a
economia municipal.
O aproveitamento do potencial hidrelétrico do Rio Paraná, em seu trecho
internacional, era uma antiga aspiração dos Governos do Brasil e do Paraguai. Em 22 de
junho de 1966 foi firmada entre os dois países a declaração conjunta que se denominou Ata
do Iguaçu ou Ata das Cataratas, pela qual o Brasil e o Paraguai se dispuseram a proceder, de
comum acordo, ao estudo e levantamento hidráulico e seus recursos pertencentes em
condomínio, às duas nações.
Os levantamentos topográficos de Itaipu Binacional causaram desalojamento de 1.655
proprietários rurais e 65 proprietários urbanos no Município de Santa Helena, envolvendo
aproximadamente 26.376 hectares, fazendo com que a área municipal ficasse margeada por
um lado de 1.043.736 milhões de metros cúbicos de água, volume este que representa 69% do
deflúvio anual do Rio Paraná.
Em 1982 foi aprovado pela Itaipu Binacional o Plano de utilização da Área do
reservatório, onde ficou estabelecida e regulamentada a política da entidade, com respeito à
continuidade das providências de caráter ecológico, quanto à implantação dos usos múltiplos
que as águas do reservatório proporcionaram: pesca, turismo, lazer, abastecimento urbano e
industrial, irrigação e outros.
O município de Santa Helena, após 1979, previu a possibilidade de aproveitar a
navegabilidade do rio Paraná utilizando-se do lago para criar uma ligação fluvial desde o
quadro urbano de Santa Helena até o Porto Presidente Epitácio, no Estado de São Paulo, e que
124
serviria para o escoamento de toda a produção agrícola da região do Extremo-Oeste,
desafogando em parte o intenso tráfego na BR 277.
Durante as décadas de 1920 a 1960, os colonos aqui estabelecidos trabalhavam em
suas propriedades produzindo num regime de subsistência. Os poucos produtos agrícolas que
eram cultivados, notadamente a mandioca, o arroz, o feijão, o milho e o trigo garantiam as
necessidades familiares e o pouco excedente tinha como destino o comércio local, sendo uma
pequena parcela comercializada como alguns municípios vizinhos, destacando-se Foz do
Iguaçu.
A agricultura no Município de Santa Helena inicia seu processo de intensa
mecanização a partir da década de 1970. Mecanização essa capitaneada pelo sistema
financeiro, que tinha interesse na expansão dos seus negócios no meio rural brasileiro. Com
esta mecanização, os produtos agrícolas (trigo, soja e milho) ganham o mercado nacional e
internacional, via porto de Paranaguá.
Atualmente o município que é essencialmente agrícola, explora as seguintes culturas:
soja, feijão, milho, algodão, mandioca, arroz, fumo e outros produtos de menor relevância.
Esses produtos que apresentam maior quantidade de produção são comercializados por
cooperativas e cerealistas do município. Através destas firmas o trigo, em sua maior parte, vai
para os grandes moinhos de São Paulo, voltando como farinha que passa a ser comercializada
pelos supermercados e mercearias do município.
Até o aparecimento do lago de Itaipu, com suas praias artificiais e áreas de
preservação permanente, em 1982, os pontos turísticos existentes em Santa Helena podem ser
resumidos ao Saltinho sobre o rio São Francisco e ao próprio rio Paraná, muito procurado pela
variedade de peixes e beleza natural inconfundíveis, que ficaram encobertas pelas águas do
reservatório de Itaipu.
A partir de 1982 pode-se destacar os seguintes pontos turísticos: - Praia de Santa
Helena (parque de lazer e turismo; Lago de Itaipu; Porto de Santa Helena; Refúgio Biológico;
Marinas Clube; Ponte Queimada; Memorial Coluna Prestes; Base Náutica de Santa Helena;
Praça Antônio Thomé,
125
TABELA 3.18: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
SANTA HELENA – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
População
DE
1970
1980
1991
1996
2000
26.834
34.884
18.861
19.486
20.487
29,99
-45,94
3,31
5,14
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.5.14 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CATANDUVAS (1960).
O Distrito Judiciário de Catanduvas foi criado em 14 de março de 1914 através da Lei
Estadual nº 1.383. Em março de 1938 o núcleo foi elevado à categoria de Distrito
Administrativo19, com território pertencente ao município de Guarapuava. Pela Lei Estadual
nº 790, em 1951, o distrito de Catanduvas passa a integrar o município de Guaraniaçu. Criado
através da Lei Estadual nº 4.245, de 25 de julho de 1960 e instalado em 08 de dezembro de
1961, desmembrado de Guaraniaçu. (FERREIRA, 1999, p.220).
Este município, embora emancipado na década de 1960, origina-se ainda no início do
século XX, ou seja, “Catanduvas teve sua instalação como distrito em 1902, na ocasião em
que a Comissão Militar comandada pelo General Mariano da Silva Rondon estendeu até
aquela localidade os fios da linha telegráfica, inaugurando também a Estação Telegráfica de
Catanduvas. Em Catanduvas verificaram-se de 1923 até 1925, encontros entre as tropas
legalistas e revolucionárias.
Embora seja um município que tenha uma base histórica associada às origens da
região Oeste do Paraná, os dados populacionais demonstraram violento declínio populacional
sendo, aos poucos retomado o crescimento demográfico na década de 1990.
TABELA 3.19: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
CATANDUVAS – 1950/2000
Ano/Censo
População
Variação %
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
25.726
36.331
9.821
10.201
10.380
41,23
-72,97
3,85
1,75
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
19
DE
Naquela ocasião o distrito denominava-se Rocinha, voltando, posteriormente a chamar-se Catanduvas
126
A
Figura
3.3
apresenta
a
divisão
política
administrativa
no
ano
de
1970.(CIGOLINI,1999).
FIGURA 3.3 - PARANÁ: DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA NO ANO DE 1970
3.6 O PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS NA DÉCADA DE SETENTA
3.6.1 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CAFELÂNDIA (1979).
Com a Lei Estadual nº 4.668, de 31 de dezembro de 1962, criou-se o Distrito
Judiciário. Em 29 de setembro de 1979, pela Lei Estadual nº 7.292, foi criado o município de
Cafelândia com território desmembrando-se de Cascavel. A instalação oficial ocorreu em 01
de fevereiro de 1983. Não possui distritos além da sede.
Sua denominação inicial era Caixão, até 1948, as margens do Rio Caixão eram
habitadas por “safreiros”, descendentes de caboclos e índios. No início da década de 1950
127
começou a se formar um povoado, e os colonizadores que chegaram para consolidar a
formação do povoado vinham do Sul do país, e se misturando aos habitantes primitivos
formaram um lugarejo e resolveram modificar a sua denominação para Cafelândia, devido as
grandes plantações de café existentes. (FERREIRA, 1999)
TABELA 3.20: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
CAFELÂNDIA – 1950/200020
DE
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
População
-
-
-
-
8.093
10.334
11.138
27,70
7,78
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.6.2 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TUPÃSSI (1979).
Em 30 de janeiro de 1967 o patrimônio de Tupãssi passou a categoria de Distrito
Administrativo e judiciário no município de Toledo. A Lei Estadual nº 7.270, de 27 de
dezembro de 1979, criou o município de Tupãssi, com território desmembrado do município
de Assis Chateaubriand. A instalação ocorreu no dia 01 de fevereiro de 1983. DISTRITOS:
Sede, Memória.
A exploração da erva-mate nativa era praticada em toda esta região, e apesar deste
chão ser batido” pelos ervateiros, em sua grande maioria paraguaios, jamais chegou a ser
efetivamente habitado. O patrimônio de Tupãssi foi iniciado em 1966, planificado pelas
empresas Colonizadoras Norte do Paraná S/A e Imobiliária Paraná Ltda. Seu crescimento
deu-se pela colonização ordenada e como fator preponderante a fixação de colonos afeitos à
terra, que encontraram um lugar onde puderam estabelecer-se como proprietários rurais.
Muito embora a emancipação seja recente, os dados populacionais apontam para a
queda da população, sendo preocupante a ausência de dinamismo econômico no município.
20
Os dados coletados pelo IBGE são pertinentes à instalação do município.
128
TABELA :3.21 DADOS POPULACIONAIS
TUPÃSSI – 1950/2000
E
VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
População
-
-
-
-
8.829
8.363
8.017
-5,28
-4,14
Variação %
DE
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.6.3 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE NOVA SANTA ROSA (1973).
A fase mais intensa de colonização, em terras do atual município deu-se a partir de
1954. Em 1962 foi criado o Distrito Administrativo e pela Lei nº 5.082, de 12 de abril de
1965, tornou-se Distrito Judiciário. Em 20 de junho de 1973, pela Lei nº 09, torna-se
município emancipado, com território desmembrado dos municípios de Marechal Cândido
Rondon, Palotina, Terra Roxa e Toledo. A instalação oficial ocorreu no dia 31 de janeiro de
1977. Os distritos são: Sede, Alto Santa Fé, Cristal.
TABELA 3.22: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
NOVA SANTA ROSA – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
População
-
-
-
6.900
7.042
7.069
7.121
2,06
0,39
0,74
Variação %
DE
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.6.4. A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE VERA CRUZ DO OESTE (1979).
Em 1967 foi criado o Distrito Administrativo. Pela Lei Estadual nº 7.629, de 27 de
dezembro de 1979, foi criado o município de Vera Cruz do Oeste, com território
desmembrado de Céu Azul. A instalação oficial deu-se em 01 de fevereiro de 1983.
Em 1964 iniciou-se o levantamento topográfico e foi traçado o loteamento da Gleba
Rio Quarto. Antônio Villas Boas teve a iniciativa de fundar um povoado objetivando oferecer
melhores condições de vida aos moradores da localidade, trabalhou incansavelmente para
conseguir o registro legal do patrimônio, fato consumado em 22 de setembro de 1966. A
129
situação demográfica de Vera Cruz do Oeste demonstra involução populacional e deve-se, em
parte, às dificuldades de retomada de nova dinâmica produtiva após o esgotamento dos ciclos
produtivos anteriores, como a hortelã. Distritos: Sede
TABELA 3.23: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
VERA CRUZ DO OESTE – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
População
1991
1996
2000
11.370
10.313
9.650
-9,30
-6,43
Variação %
DE
Fonte: IBGE – Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.7 O PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS NA DÉCADA DE OITENTA
3.7.1 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SANTA TEREZA DO OESTE (1989).
Ao pioneirismo do oeste do Paraná, nas múltiplas etapas de sua evolução, juntou-se,
por vezes, enorme onda de “aventurismo”. A notícia da fertilidade do solo, do extraordinário
progresso e dinheiro que corria a rodo, atraiu muita gente à região do atual município. O
rápido povoamento deveu-se a interesses despertados pela localização estratégica e facilidade
de aquisição de terras. Santa Tereza foi elevada à categoria de Distrito Administrativo e
Judiciário, através da Lei nº 5.263, de 13 de janeiro de 1966, jurisdicionada ao município de
Cascavel. Pela Lei Estadual nº 9.008, de 12 de junho de 1989, foi criado o município de
Santa Tereza do Oeste. O território foi desmembrado dos municípios de Cascavel e Toledo,
sendo que a instalação oficial ocorreu no dia 01 de janeiro de 1990. Distrito: Sede
TABELA 3.24: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
SANTA TEREZA DO OESTE – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
População
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
DE
1991
1996
2000
6.118
10.406
10.734
70,09
3,15
130
3.7.2 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO JOSÉ DAS PALMEIRAS (1980)
Foi o espírito aventureiro e desbravador de alguns modernos bandeirantes que deu
começo ao povoamento do território da faixa de fronteira, abrindo caminhos e penetrando no
seio da mata virgem para criar povoados, estabelecer contato com o caboclo humilde e
pacífico que habitava este imenso sertão. Pela Lei nº 7.159, de 17 de junho de 1979, o núcleo
foi elevado à categoria de Distrito Administrativo, e em 17 de agosto de 1980, através da Lei
Estadual nº 875, foi criado o município de São José das Palmeiras, com território
desmembrado do município de Santa Helena. A instalação oficial ocorreu no dia 01 de janeiro
de 1986. Distrito: Sede
TABELA 3.25: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
SÃO JOSÉ DAS PALMEIRAS – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
População
1980
1991
1996
2000
5.596
4.452
4.109
-20,44
-7,70
Variação %
DE
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.7.3 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE BOA VISTA DA APARECIDA (1980).
Em 1967, o núcleo foi elevado à categoria de Distrito Administrativo. A 22 de
dezembro de 1981, pela Lei Estadual nº 7.551, foi criado o município, com território
desmembrado do município de Capitão Leônidas Marques e instalado a 01 de fevereiro de
1983. Possui apenas o distrito sede.
A partir da década de 50, correntes migratórias oriundas das áreas cafeeiras do norte
do Estado e de São Paulo, assim como catarinenses e gaúchos em busca de novas terras,
trouxeram a região características econômicas e de urbanização típicas. (FERREIRA, 1999)
Deve-se destacar também que parte do município, em sua área rural sofre alterações em
função da construção da usina de Salto Caxias, havendo modificações na paisagem rural e
diminuindo parcela da produção rural do município.
131
A produção agrícola foi expressiva no algodão [com percas relacionadas com mão de
obra] Também a suinocultura teve período de expansão ao longo da década de oitenta,
transformando-se, em função da alteração fundiária, em área com atividades pautadas na
pecuária.
TABELA 3.26: DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
BOA VISTA DA APARECIDA– 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
População
DE
1991
1996
2000
10.370
10.213
8.407
-1,52
-17,68
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.7.4 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE BRAGANEY (1982).
Em 02 de setembro de 1977, através da Lei Estadual nº 6.918, foi criado o Distrito
Administrativo com a denominação alterada para Braganey.
Na década de 50, atraídos pela fertilidade da terra, emigrantes, principalmente de
Santa Catarina, chegam nesta região. Os pioneiros inicialmente instalaram-se às margens do
rio Tigre, começando o desmatamento para ocupação da localidade e plantação de culturas de
subsistência como milho, trigo, arroz, feijão e outros. Após a realização de um plebiscito com
a população da conveniência em elevar o distrito a condição de município autônomo, onde a
resposta foi positiva, desta forma atendendo aos anseios populacionais em 03 de maio de
1982, através da Lei Estadual nº 01, Braganey foi elevado à categoria de município, com
território desmembrado do município de Corbélia, e a instalação ocorreu em 01 de fevereiro
de 1983. Distrito: Sede. (FERREIRA, 1999).
TABELA 3.27 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
BRAGANEY – 1950/2000
Ano/Censo
População
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
8.069
6.631
6.191
-17,83
-6,64
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
DE
132
3.7.5 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CAMPO BONITO (1986)
Pela Lei Estadual nº 4.852 de 20 de março de 1964, foi criado o Distrito
Administrativo de Campo Bonito. Em 31 de outubro de 1986, pela Lei Estadual nº 8.403, foi
criado o município, com território desmembrado de Guaraniaçu. A instalação oficial deu-se
no dia 01 de janeiro de 1989.
Campo Bonito teve seu território movimentado a partir da construção da estrada que
ligou a Colônia Militar Marechal Mallet a Colonia Iguaçu, quando toda a região não passava
de grande sertão. No período de 1923 a 1925, a região foi alvo de combates pela Coluna
Prestes, foi neste período, mais precisamente em 1924, que chegaram a Campo Bonito os
primeiros desbravadores integrantes da tropa de soldados que vinham do Rio Grande do Sul,
com destino a Foz do Iguaçu. Só a partir da década de 50, com colonização, é que a região se
desenvolveu com a chegada de gaúchos, catarinenses e paranaenses da região de Irati que
vieram desenvolver a cultura do café.Distritos: Sede, Sertãozinho.
TABELA 3.28 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
CAMPO BONITO – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
População
1991
1996
2000
5.059
4.933
5.119
-2,50
3,77
Variação %
DE
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.7.6 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TRÊS BARRAS DO PARANÁ (1980)
Em 1966, através da Lei Municipal foi criado o Distrito Administrativo de Três
Barras. Pela Lei Estadual nº 7.305, de 13 de maio de 1980, foi criado o município com seu
território desmembrado de Catanduvas e denominação alterada para Três Barras do Paraná. A
instalação oficial deu-se no dia 01 de fevereiro de 1983.
A povoação da qual originou-se o município de Três Barras do Paraná denominava-se
Encruzo. A história da povoação de Três Barras está intimamente ligada à de Catanduvas. A
partir da década de quarenta ocorreu forte fluxo migratório para a região Oeste, notadamente
133
de famílias riograndenses e catarinenses. Isto contribuiu para que os espaços vazios fossem
preenchidos e a agricultura desenvolvida, pautada, principalmente durante as décadas de
setenta e oitenta na produção de feijão e fumo. Possui como distritos: Sede, Santo Isidoro.
TABELA 3.29 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
TRÊS BARRAS DO PARANÁ – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
População
DE
1991
1996
2000
14.982
13.057
11.822
-12,85
-9,46
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.7.7 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SANTA TEREZINHA DE ITAIPU (1982).
O município de Santa Terezinha de Itaipu foi criado em 03 de março de 1982, através
da Lei Estadual nº 7.572 e instalado em 01 de fevereiro de 1983, sendo desmembrado de Foz
do Iguaçu.
Para melhor compreensão da formação do município são apresentadas algumas das
principais características deste processo:
Em meados da década de 50 a colonização do município deu-se através de migrações
provenientes de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Norte do Paraná. Posteriormente
instalou-se também na sede do município população remanescente da construção da Usina
Hidrelétrica de Itaipu, de origem Nordestina e Mineira.
O meio rural do município é composto basicamente por descendente de italianos e
alemães (80%). Em menor escala encontramos também descendentes de poloneses,
ucranianos, portugueses e negros.
A economia do município de Santa Terezinha do Itaipu se destaca na região pelo
Terminal Turístico Alvorada de Itaipu; onde consta uma praia artificial tranqüila e adequada
para o lazer, pois possuiu grandes espaços para a prática de esportes e outros. (PREFEITURA
MUNICIPAL DE SANTA TEREZINHA DE ITAIPU, 1999.)
134
TABELA 3.30 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
SANTA TEREZINHA DE ITAIPU – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
População
DE
1991
1996
2000
14.149
16.690
18.361
17,96
10,01
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000.
3.7.8 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MISSAL (1981)
Missal originou-se da colonização de terras doadas pelo governador Moisés Lupion às
Dioceses de Palmas, Jacarezinho, Toledo, Maringá e Londrina, em 29 de Abril de 1960. Por
esta razão, inicialmente era chamada de Terra dos Bispos ou Gleba dos Bispos. Por sugestão
dos próprios Bispos, adotou-se o nome de Missal, em razão de sua ligação com a Igreja
Católica. Missal é denomina o livro utilizado pelos padres para celebração da Santa Missa.
A colonizadora Sipal efetuou as demarcações das terras e, em 25 de julho de 1963 foi
derrubada oficialmente a primeira árvore.
A colonização do município deu-se através de migrações provenientes de Santa
Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Norte do Paraná. Da população de
Missal 80% são descendentes de alemães e o restante são italianos, portugueses e brasileiros.
Em 20 de janeiro de 1966 foi elevada a Distrito Administrativo e Judiciário de
Medianeira, pela Lei 5.404. Em 1º de fevereiro de 1983 foi oficialmente instalado o município
de Missal e empossados, o Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores, para um mandato de seis
anos.
O município de Missal situa-se na região Oeste do Estado do Paraná, possui território
com 380,759 Km², sendo 43,370 Km² banhados pelo Lago de Itaipu. Da área pertencente ao
lago de Itaipu, 25,54 Km² são de área inundada e 17,83 Km² são área de reserva (mata ciliar).
A renda da população é predominantemente originária da agricultura. As principais
atividades produtivas peculiares de nosso Município são as culturas de: Soja, Milho, Trigo,
135
Mandioca,
Fumo,
ovinocultura,
apicultura,
olericultura,
fruticultura,
piscicultura,
suinocultura.
O município dispõe também de um Centro de Comercialização do Pequeno Produtor,
que foi concretizado pela secretaria Municipal de Agricultura juntamente com a Emater e com
a participação das Associações de Produtores. com o objetivo de proporcionar uma melhoria
na qualidade de vida dos produtores associados e o fortalecimento econômico, caracterizandose através de uma atuação firme no fomento à produtividade, qualidade, produção e
comercialização dos produtos, no sentido de oportunizar a comercialização da produção de
origem animal e vegetal, transformados pelo produtor através da agroindustrialização.
O Centro do Pequeno Produtor é um mecanismo capaz de gerar recursos para os
produtores associados, pois é um meio seguro através do qual o produtor pode gerar receitas
adicionais pela venda de seus produtos, e o consumidor por sua vez pode adquirir estes
produtos com preços reduzidos. (Missal: Dados Históricos e Estatísticos – 1999).
TABELA 3.31 DADOS POPULACIONAIS
MISSAL – 1950/2000
Ano/Censo
População
1950
1960
E
VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
1970
1980
DE
1991
1996
2000
10.372
9.998
10.435
-3,61
4,37
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.7.9 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE DIAMANTE DO OESTE ( 1987 )
Uma das medidas efetivas de colonização e povoamento desta faixa de fronteira foi a
criação do Território Federal do Iguaçu, em 1943, extinto 03 anos após. A partir de sua
implantação houve exacerbado fluxo migratório sulino. Neste contexto surgiu o povoamento
que deu origem ao atual município. Pela Lei Estadual nº 7.186, de 16 de julho de 1979, foi
criado o Distrito Administrativo de Diamante do Oeste, com território pertencente ao
município de Matelândia. Em 21 de dezembro de 1987, através da Lei Estadual nº 8.674, foi
criado o município , com território desmembrado de Matelândia. A instalação oficial ocorreu
no dia 01 de janeiro de 1989. Demograficamente há um significativo decréscimo populacional
136
após o processo emancipatório. Os dados do Censo de 2000 sinalizam para a manutenção do
número de habitantes no município. Deve-se ressaltar que esta condição, passa,
necessariamente pela dinamização das atividades agrícolas ali inseridas.
Distrito: Sede
TABELA 3.32 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
DIAMANTE D’OESTE – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
População
1991
1996
2000
9.253
4.840
4.878
-47,70
0,79
Variação %
DE
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.7.10 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE IBEMA - ( 1989 )
A efetiva colonização de Ibema ocorreu quando foi instalada uma indústria madeireira
às margens da BR-277. Esta empresa denominada Indústria Brasileira de Madeiras S/A,
IBEMA, devido ao seu porte empresarial dispunha de sólido quadro de funcionários, tanto no
setor de produção, quanto na derrubada das matas. A companhia madeireira realizou um
espetacular núcleo de povoação. Devido a sua posição estratégica, muitos dos migrantes se
“arranchavam” no lugar, uns dedicando-se ao incipiente comércio e outros à agricultura.
Neste contexto surgiu Ibema. Pela Lei nº 5.358, de 24 de junho de 1966, foi criado o
Distrito Administrativo de Ibema. No dia 12 de junho de 1989, através da Lei Estadual nº
9.007, foi criado o município Ibema, com território desmembrado do município de
Catanduvas. A instalação ocorreu no dia 01 de janeiro de 1990. Distrito: Sede
TABELA 3.33. DADOS POPULACIONAIS
IBEMA – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
E
VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
1970
1980
População
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
DE
1991
1996
2000
6.106
6.756
5.879
10,65
-12,98
137
3.7.11 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE JESUÍTAS (1980).
A chamada Marcha para o Oeste muito contribuiu para que famílias ali se
estabelecessem e dotassem a região de infra estrutura necessária. O nome dado à cidade é
homenagem aos padres jesuítas espanhóis, que a partir do final do século XVI, iniciaram
épico trabalho de catequização em mais de cem mil índios em terras paranaense. Em 31 de
dezembro de 1962, pela Lei nº 4.668, foi criado o Distrito Judiciário no município de
Formosa do Oeste. Pela Lei nº 7.304 de 13 de maio de 1980, foi criado o município de
Jesuítas, com território desmembrado de Formosa do Oeste, e instalado a 1º de fevereiro de
1983. Os dados da tabela 34 apontam para percas populacionais no município. Distrito: Sede
TABELA 3.34 DADOS POPULACIONAIS
JESUÍTAS – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
E
VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
1970
1980
População
DE
1991
1996
2000
12.841
10.426
9.825
-18,81
-5,76
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.7.12 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE LINDOESTE (1989)
O município foi colonizado em função da exploração da madeira existente na sua
região. Em 1964 estabeleceu-se uma vila na Colônia São Francisco e que se denominou
Alvorada do Oeste. Tinha por objetivo assentar os trabalhadores dessas madeireiras que eram
originárias do Norte do Paraná e do Rio Grande do Sul. Em 1983 foi criado o Distrito
Administrativo, e em 1988 o Distrito Judiciário, em território do município de Cascavel. Pela
Lei Estadual nº 9.006, de 12 de junho de 1989, foi criado o município de Lindoeste, com
território desmembrado de Cascavel, cuja instalação oficial ocorreu no dia 01 de janeiro de
1990. Distrito: Sede
TABELA 3.35 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
LINDOESTE – 1950/2000
DE
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
1996
2000
População
-
-
-
-
6.877
6.996
6.217
1,74
-11,13
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
138
3.7.13 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE OURO VERDE DO OESTE (1989)
Criado pela lei estadual 5.078 de 12 de abril de 1965, Ouro Verde se reveste da forma
de distrito administrativo e Judiciário, composto de sedes, glebas e linhas. Criado através da
lei estadual nº 9.009 em 12 de junho 1989, e instalado em 01 de janeiro de 1990, Ouro Verde
do Oeste foi desmembrado de Toledo.
Em 1º de abril de 1960, chegam as primeiras famílias na região, vindas de diferentes
localidades do país, paulistas, mineiros e nordestinos que fundaram o distrito, a população
ouro-verdense ainda tem hoje como principal grupo étnico os brasileiros das regiões Centro e
Nordeste. Já existiam, entretanto, pronunciados vestígios dos grupos teuto-germânico,
alemães , italianos, poloneses e japoneses Deve-se ao grupo étnico paulista, mineiro e
nordestino a inicial diversificação da produção agrícola.
Na época cultivava-se o café e o nome “Ouro Verde” originou-se da primeira
impressão dos pioneiros quanto a qualidade da terra e sua apropriação para a cultura cafeeira,
pois esta cultura como se sabe, é denominada o “Ouro Verde” do Brasil. Se o ouro verdejante
do café esta desaparecendo, resta a imponência da soja ou do trigo, que forma o grande manto
verde característico da riqueza econômica da região.
A principal fonte de grande econômica do distrito reside principalmente na
agropecuária. A agricultura do município, que durante a primeira década residiu no plantio do
café, milho e feijão, atualmente se estabiliza na grande produção de algodão, soja, trigo e
milho. (PREFEITURA MUNICIPAL DE TOLEDO, 1986)
TABELA 3.36 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
OURO VERDE DO OESTE – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
População
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
1991
1996
2000
6.330
5.950
5.472
-6,00
-8,03
DE
139
3.8 O PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO DOS MUNICÍPIOS NA DÉCADA DE NOVENTA
3.8.1 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MARIPÁ. (1990)
O município de Maripá foi criado através da Lei Estadual nº 9.226 de 17 de abril de
1990, e desmembrado do município de Palotina.
O ato oficial da então chamada Vila Maripá originou-se em 4 de junho de 1953. A
origem do nome do município confunde-se com o seu processo de colonização, realizado pela
Industrial Madeireira Colonizadora Rio Paraná Ltda. - MARIPÁ. As primeiras residências
dos pioneiros eram barracões coletivos de madeira, de propriedade da empresa colonizadora.
Os colonizadores, de origem e tradição alemã21 construíram as igrejas protestantes e, junto à
estas, as escolas particulares. De acordo com PARANÁ CIDADE (1998), a primeira escola
de Maripá foi fundada em março de 1953. Observa-se que, embora o processo de
emancipação seja bastante recente, a estrutura pertinente ao então distrito, refere-se ao início
da colonização propriamente dita.
TABELA 3.37 DADOS POPULACIONAIS
MARIPÁ – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
E
VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
1970
1980
1991
População
Variação %
1996
2000
6.188
5.886
DE
-4,88
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.8.2 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SÃO PEDRO DO IGUAÇU ( 1990)
De acordo com FERREIRA (1999, p.463): “São Pedro do Iguaçu originou-se a partir
da comercialização de terras feitas pela Colonizadora Bentem, contratada pelo Banco do
Estado do Paraná no início da década de sessenta.
21
O processo de colonização realizado pela MARIPÁ é descrito no item 2.2.2.
140
O povoamento de São Pedro ocorreu em 1963, quando foram derrubados seis
alqueires para a construção do povoado. A instalação do distrito ocorreu em 08 de novembro
de 1970.
Os grupos étnicos foram formados inicialmente pelos mineiros e nordestinos que
fundaram o distrito, a população são-pedrense ainda tem hoje como principal grupo étnico os
brasileiros das regiões Centro e Nordeste.
A economia do município que durante a primeira década residiu na plantação de milho
e arroz, na extração de madeira e palmito, atualmente se estabiliza na grande produção de
soja, milho e algodão e na criação de suínos. (PREFEITURA MUNICIPAL DE TOLEDO,
1986)
TABELA 3.38 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
SÃO PEDRO DO IGUAÇU – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
População
Variação %
1991
1996
2000
7.322
7.275
DE
-0,64
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.8.3 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ANAHY (1990).
Os primeiros pioneiros chegaram na região por volta de 1950, através da colonizadora
COBRIMCO - Companhia Brasileira de Imigração e Colonização, buscando as férteis terras
existentes nesta localidade. A primeira denominação foi Rio dos Porcos. Mais tarde por volta
de 1959, sua denominação foi mudada para Pingo de Ouro e finalmente por sugestão da filha
do gerente da Colonizadora, se denominar Anahy. Pela Lei Estadual nº 7.917 de 02 de
setembro de 1977, foi criado o distrito administrativo. Em 11 de junho de 1990, através da
Lei Estadual nº 9.292, o núcleo foi elevado à categoria de município, com território
desmembrado de Corbélia. A instalação oficial deu-se no dia 01 de janeiro de 1993. Distritos:
Sede, Apiaí.
141
TABELA 3.39 DADOS POPULACIONAIS
ANAHY – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
E
VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
1970
1980
1991
População
1996
2000
3.125
2.989
DE
-4,35
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.8.4 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE DIAMANTE DO SUL (1990)
As primeiras movimentações, no território do atual município de Diamante do Sul,
deram-se ao tempo do ciclo ervateiro, quando empresas de capital argentino dominavam o
mercado de erva-mate na região. Em 1924 chega a primeira família e em 1949 começa a ser
povoada por imigrantes em sua maioria italianos, vindos do sul. A principal atividade era a
criação de suínos e, posteriormente, a cultura do milho aliada a outras culturas de
subsistência. Pela Lei Estadual nº 4.394, de 31 de janeiro de 1967, o povoado foi elevado à
categoria no dia 11 de julho de 1990, através da Lei Estadual nº 9.316, foi criado o município
de Diamante. O território foi desmembrado do município de Guaraniaçu, a instalação oficial
deu-se no dia 01 de janeiro de 1993. Distritos: Sede, Faxinal
TABELA 3.40 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
DIAMANTE DO SUL – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
População
Variação %
1996
2000
3.568
3.517
DE
-1,43
Fonte: IBGE - Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.8.5 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ENTRE RIOS DO OESTE (1990)
Ao tempo de sua colonização, o território do núcleo que hoje constitui o município de
Entre Rios do Oeste, era área de influência da Colonizadora Industrial Madeireira Rio Paraná.
Em 1956, o Sr. Hentges adquiriu no mapa, uma área de terras da companhia colonizadora,
numa região conhecida por Gleba Entre Rios. Sendo um dos primeiros moradores dedicavamse à agricultura e a criação de suínos. Pela Lei municipal nº 31 , de 31 de julho de 1962, foi
142
criado o Distrito Administrativo de Entre Rios. Em 18 de junho de 1990, através da Lei
Estadual nº 9.301, foi criado o município, com território desmembrado do município de
Marechal Cândido Rondon. A instalação deu-se no dia 01 de janeiro de 1993. Distrito: Sede
TABELA 3.41 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
ENTRE RIOS DO OESTE – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
População
1996
2000
3.068
3.330
DE
8,54
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.8.6 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE IGUATU (1990)
Iguatu tem as primeiras referências que datam de 1958, que no início se denominava
Jaborandi. Os primeiros moradores foram os sulistas descendentes de europeus e também do
Norte Paranaense, dedicavam-se inicialmente à exploração de madeira, posteriormente ao
café e lavoura de subsistência. Pela Lei Estadual nº 1.074, de 23 de março de 1974, foi criado
o Distrito Administrativo de Iguatu. Em 28 de maio de 1990, através da Lei Estadual nº 9.276,
foi criado o município com território desmembrado de Corbélia e instalado a 01 de janeiro de
1993. Distrito: Sede.
TABELA 3.42 DADOS POPULACIONAIS
IGUATU – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
E
VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
1970
1980
1991
População
Variação %
1996
2000
2.416
2.252
DE
-6,79
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.8.7 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE IRACEMA DO OESTE (1990).
No início dos anos 50 começaram a chegar a esta região os primeiros colonizadores,
vindos de regiões como Minas Gerais, São Paulo e interior do Paraná. A cultura mais
representativa no início foi o café seguido de outras de subsistência. Através da Lei nº 42 de
26 de novembro de 1973 o povoado foi elevado a Distrito Administrativo. Pela Lei Estadual
143
nº 9.310, de 04 de julho de 1990, foi criado o município de Iracema do Oeste, que teve sua
denominação alterada para diferenciá-la de cidade homônima, no Estado do Ceará. A
instalação oficial ocorreu no dia 01 de janeiro de 1993, sendo desmembrada de Formosa do
Oeste. Distrito: Sede
TABELA 3.43 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
IRACEMA DO OESTE – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
População
1996
2000
2.970
2.945
DE
-0,84
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.8.8 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ITAIPULÂNDIA (1992).
O início da colonização aconteceu em 1961 quando os pioneiros adquiriram direito da
posse de cerca de 800 alqueires da gleba Guairaçá. As principais culturas desenvolvidas
foram, fumo, feijão, milho e a mandioca e também a criação de bovinos e suínos. Pela Lei
Estadual nº 7.438, de 29 de dezembro de 1980, com a denominação de Aparecida do Oeste,
foi criado o Distrito Administrativo. Em 19 de março de 1922, através da Lei Estadual nº
9.908, foi criado o município com denominação de Itaipulândia e território desmembrado de
São Miguel do Iguaçu.
A instalação ocorreu no dia 01 de janeiro de 1993. Distritos: Sede, Lobo. A tabela 44
demonstra a significativa evolução populacional experimentada pelo município ao longo da
década de 1990.
TABELA 3.44 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
ITAIPULÂNDIA – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
População
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
1991
1996
2000
4.673
6.831
46,18
DE
144
3.8.9 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE MERCEDES (1990)
Segundo FERREIRA (1999) no dia 11 de novembro de 1952, um fiscal da Empresa
Colonizadora fincou um marco de madeira no cruzamento de duas picadas e escreveu no
marco: "aqui é Mercedes". Logo após, os cambistas comerciantes se fixaram no local dando
início ao povoado. No início da ocupação do lugarejo, a colonizadora deu apoio aos pioneiros
instalando escola, hotel, casa de comércio, etc. Pela Lei nº 142 de 23 de março de 1958, foi
criado o distrito de Vila Mercedes. Em 13 de setembro de 1990, pela Lei Estadual nº 9.370,
foi criado o município, com território desmembrado de Marechal Cândido Rondon. A
instalação ocorreu em 01 de janeiro de 1993. Distrito: Sede.
TABELA 3.45 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
MERCEDES – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
População
1996
2000
4.478
4.605
DE
2,84
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.8.10 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE PATO BRAGADO (1990)
A localidade de Pato Bragado foi basicamente fundada por teuto-gaúchos. Pela Lei nº
52, de 29 de dezembro de 1962, foi criado o distrito administrativo e judiciário, com
denominação de Pato Bragado. Em 1989 criou-se um conselho comunitário, visando a
emancipação do distrito. Em 18 de julho de 1990, pela Lei nº 9.299 foi criado o município de
Pato Bragado, com território desmembrado de Marechal Cândido Rondon. A instalação
ocorreu no dia 01 de janeiro de 1993. Distrito: Sede.
TABELA 3.46 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
PATO BRAGADO – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
População
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
1991
1996
2000
3.611
4051
12,18
DE
145
3.8.11 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE QUATRO PONTES (1990)
A colonização de Quatro Pontes com predomínio dos descendentes de teutos e ítalosgaúcho foi idealizada pela Industrial Madeireira e Colonizadora do Rio Paraná S/A MARIPÁ. Em 18 de fevereiro de 1946, partiu da localidade São Marcos no município de
Caxias do Sul, no Estado Rio Grande do Sul, a primeira caravana de desbravadores para esta
região. Em 1951 foi instalada a primeira empresa na povoação. Pela Lei Municipal nº 31 de
julho de 1962, foi criado o Distrito Judiciário. Em 13 de setembro de 1990, pela Lei nº 9.368,
foi criado o município, com território desmembrado de Marechal Cândido Rondon. A
instalação deu-se a 01 de janeiro de 1993. Distritos: Sede, Três Passos
TABELA 3.47 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
QUATRO PONTES – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
População
Variação %
1996
2000
3.599
3.646
DE
1,31
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.8.12 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE RAMILÂNDIA (1991).
Os primeiros colonizadores, a sua maioria nordestinos e mineiros, chegaram à esta
região na década de 60. Após realizarem a derrubada da mata virgem, iniciaram suas
plantações de milho, rami e café. Inicialmente a região era composta por grandes fazendas,
algumas abrigavam centenas de famílias. A primeira denominação do município foi Mina,
por existir uma nascente nesta localidade, mais tarde a denominaram de Ramilândia devido a
uma grande fazenda chamada Rami. Pela Lei Estadual nº 172, de 01 de outubro de 1972, o
núcleo foi elevado à categoria de Distrito Administrativo, com território pertencente a
Medianeira. Em 30 de janeiro de 1991, através da Lei Estadual nº 9.562, foi criado o
município de Ramilândia, com território desmembrado de Matelândia. A instalação oficial
deu-se no dia 01 de janeiro de 1993.
Parte da população do município, devido à falta de qualificação profissional e
oportunidades de trabalho limitadas, vem trabalhando como “bóia-fria”, trabalhando
146
principalmente nas culturas de verão e, prestando serviços nas fazendas da região. Possui
apenas o distrito sede.
TABELA 3.48 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
RAMILÂNDIA – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
População
1996
2000
3.032
3.872
DE
27,70
Variação %
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.8.13 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SERRANÓPOLIS DO IGUAÇU. (1995)
O município originou-se do movimento mútuo e espontâneo das comunidades de Flôr
da Serra e Jardinópolis, distritos de Medianeira. Foi aprovada em 09 de dezembro de 1993,
pela Resolução nº 04/94, do Legislativo Estadual. Fruto da fusão de duas comunidades, o
município teve movimentação com fins de colonização em períodos alternados. Flôr da Serra,
na parte norte, pertencia até 1939, a Miguel Matte. Em 1955 a Colonizadora Bento Gonçalves
preparou o perímetro urbano de Flôr da Serra. Jardinópolis, mais ao sul, foi ocupado a partir
do início do século XX, por posseiros. Através da Lei Estadual nº 11.218 de 07 de dezembro
de 1995, foi criado o município de Serranópolis com território desmembrado de Medianeira.
A instalação oficial deu-se no dia 01 de janeiro de 1997. Distrito: Sede
TABELA 3.49 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
SERRANÓPOLIS DO IGUAÇU – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
População
Variação %
1991
DE
1996
2000
4.537
4.735
4,36
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
3.8.14 A EMANCIPAÇÃO DO MUNICÍPIO DE SANTA LÚCIA (1990)
Em 26 de dezembro de 1960, o catarinense Dinarte Tibes, viu e gostou do sudoeste do
Paraná. Estava lançada a semente da povoação em Santa Lúcia, que se ocupou no início com
147
o desmatamento e plantio de palmito nas áreas desbastadas e posteriormente dedicaram-se à
agricultura. Através da Lei nº 5.650, de 03 de outubro de 1967, foi criado o Distrito
Administrativo. Em 09 de maio de 1990, pela Lei Estadual nº 9.243, foi criado o município de
Santa Lúcia desmembrando-se do município de Capitão Leônidas Marques, sendo instalado a
01 de janeiro de 1993 . Distrito: Sede. (FERREIRA, 1999)
TABELA 3.50 DADOS POPULACIONAIS E VARIAÇÕES PERCENTUAIS (VAR%) – MUNICÍPIO
SANTA LÚCIA – 1950/2000
Ano/Censo
1950
1960
1970
1980
1991
População
Variação %
1996
2000
4.433
4.127
DE
-6,90
Fonte: IBGE – Censos Demográficos 1960, 1970, 1980, 1991, 1996 e 2000
A Figura 3.4 apresenta a localização dos novos municípios e dos municípios-mãe na
década de 90. (CIGOLINI, 1999). Nesta figura, encontra-se a atual estrutura territorial da
Mesorregião Geográfica do Oeste do Paraná, que contempla os cinqüenta municípios,
inseridos nas três microrregiões.
Deve-se ressaltar que, embora estes municípios façam parte de uma mesma região,
suas dinâmicas são distintas e as respostas dadas ao sistema produtivo atual são diferenciadas.
Os processos de formação de cada município são importantes fontes para o entendimento da
inserção destes cinqüenta municípios neste novo paradigma produtivo.
149
FIGURA 3.4 – PARANÁ: LOCALIZAÇÃO DOS NOVOS MUNICÍPIOS E DOS MUNICÍPIOS-MÃE
149
A evolução demonstra a rapidez com que ocorreu o crescimento populacional
na região Oeste do Paraná. Inicialmente, apenas com o município de Foz do Iguaçu [bem
como os inúmeros distritos e povoados], com 22.427 habitantes (IBGE, 1960), para uma
população superior à 1.083.121 habitantes (IBGE, 1996).
Embora um surto dinâmico de crescimento possa ser visualizado para a Mesorregião
como um todo, o crescimento populacional nas microrregiões de Foz do Iguaçu e Cascavel,
deve-se, principalmente, aos municípios de Foz do Iguaçu e Cascavel, considerados “cabeças
de zona” nestas microrregiões.
Desta forma, considerando-se estritamente a questão demográfica, pode-se observar
uma dinâmica mais acentuada de crescimento populacional nos maiores municípios da região.
Outras informações atreladas às condições econômicas e de infra-estrutura dos mesmos,
tratadas nos próximos capítulos desta análise podem auxiliar nas reflexões sobre a
movimentação populacional em cada município.
150
4 CONCLUSÃO
A questão dos processos emancipatórios na região Oeste do Paraná, inserida nas
discussões propostas neste capítulo possibilitou a identificação de algumas características de
formação dos municípios da região. Possibilitou, também, a construção de subsídios para o
diagnóstico proposto para esta região atentando-se para suas reais potencialidades.
As emancipações ocorridas, especialmente na década de 1960, refletem o impulso
econômico proporcionado pela modernização da agricultura na região, bem como as
interferências políticas inerentes a estes processos. Posteriormente, verificam-se processos
emancipatórios com percas contínuas de população pós-desmembramentos, configurando uma
fragmentação territorial pouco dinâmica e dependente de repasses governamentais.
CIGOLINI (1999) observa que, quanto aos aspectos jurídicos, a legislação não é restritiva aos
desmembramentos e, em muitos casos, financeiramente as emancipações constituem-se em
vantagens para as áreas desmembradas.
Considerando-se inicialmente o crescimento populacional como justificativa para os
desmembramentos ocorridos, percebe-se que parte dos municípios menores perde população,
não se justificando, emancipações ocorridas na região, ou seja, criam-se municípios com
dinâmica populacional negativa [Serranópolis do Iguaçu, Santa Lúcia, Ramilândia, São Pedro
do Iguaçu, Pato Bragado e Entre Rios do Oeste].
Inúmeras foram as dificuldades encontradas para a elaboração da análise proposta
neste capítulo. Em parte estas voltavam-se à recência de muitos desmembramentos ocorridos
na região Oeste [27 emancipações verificadas após a década de oitenta]. A ausência de séries
históricas, ausência de relatos históricos ou breves relatos acerca da formação dos distritos e
posteriores emancipações, podem ser considerados como fatores limitadores
para uma
discussão mais aprofundada do panorama municipal encontrado na região.
Mesmo considerando-se tais limitações, a elaboração específica do quadro de
emancipações permite que algumas inferências iniciais possam ser realizadas, sobretudo nas
relações que se estabelecem entre os municípios-mães frente aos municípios recém-criados
nas décadas em que os desmembramentos ocorreram. A dinâmica econômica, pautada nas
151
relações de fornecimento das matérias primas produzidas regionalmente, a aquisição de bens e
serviços nos municípios de maior porte, tendências de fluxos migratórios dos pequenos
municípios para
os municípios de maior porte, considerados “cabeça de zona” a nível
regional, relação entre área territorial, populações dos distritos e demandas sociais são
algumas, das inúmeras variáveis que podem ser analisadas nas relações históricas, sociais e
econômicas destes municípios. Esta é a principal função do quadro de emancipação
sistematizado para a região Oeste do Paraná.
A análise das leis estaduais pertinentes aos desmembramentos ocorridos, de forma
individualizada permite também o conhecimento da questão emancipatória de maneira mais
aprofundada, sendo uma das tarefas necessárias para a continuidade da análise [os
documentos e informações específicos aos desmembramentos foram sistematizados
parcialmente].
A proposta deste capítulo contempla ainda a verificação da viabilidade destes
processos emancipatórios destacando-se os movimentos populacionais nos distritos e
municípios nesta região bem como as possíveis críticas voltadas à municipalização no
contexto da nova dinâmica regional. Estas são, portanto, as etapas que devem ser cumpridas
para uma adequada discussão do panorama municipal relativo à região Oeste do Paraná.
Neste sentido, faz-se necessária a continuidade da análise sobre o comportamento dos
municípios, em especial dos municípios lindeiros, tanto em sua formação anterior ao lago de
Itaipu, quanto posterior a este, em função do significativo aporte de recursos recebidos por
alguns municípios em especial. A referência específica recai sobre os municípios que recebem
royalties pertinentes ao Lago de Itaipu, ICMS ecológico [município de Céu Azul], presença
de reservas indígenas no recorte territorial do município [municípios de São Miguel do Iguaçu
e Diamante do Oeste].
Outros aspectos que devem ser considerados na seqüência da análise proposta neste
capítulo, referem-se à dinâmica dos desmembramentos ocorridos nas décadas de oitenta e
noventa, com ênfase especial na análise dos movimentos migratórios ocorridos nos distritos
posteriormente emancipados.
152
Para CIGOLINI (1999): “A idéia de que as emancipações poderiam ser justificadas
pelo aumento populacional dos distritos não poderia ser utilizada como explicação para as
emancipações onde houve acréscimo da população no município-mãe em detrimento dos
distritos, assim como não pode ser utilizada como explicação para casos em que houve
decréscimo populacional tanto para o município-mãe quanto para os distritos que se
emanciparam.”
É relevante, portanto, o estudo sobre as relações entre os distritos e as sedes
municipais, e a viabilidade das emancipações [custo/benefício] ocorridas como atributos para
a configuração territorial verificada na região Oeste do Paraná.
153
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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capítulo 3 criação dos municípios e processos