COMO PASSARINHO NO NINHO
Maria, sentada na praça, lia um jornal mogiano. Quatro letras dançavam
diante de seus olhos e o que se seguia à sigla OMEC era Organização
Mogiana de Educação e Cultura. Mantendo o olhar, um convite: “Venha fazer
parte dessa família. Estude na Universidade Mogi das Cruzes”.
Para a moça, recém-formada no Magistério, a chamada era como uma
brisa que batia em sua face naquela tarde de calor. Dias depois, prestou o
vestibular e soube da classificação. Descobertas estavam por vir. O grande dia
chegou.
Numa noite linda, a entrada da Universidade lembrava um palco
iluminado. Uma multidão seguia na mesma direção. Burburinho, risadas e
palmadinhas nas costas. Os olhos de Maria não davam conta do espetáculo.
Via em cada janela acesa um facho de esperança. Parou por um momento,
registrou o que havia em seu redor. A sensação era de que estavam a sua
espera. Numa árvore, bem na entrada, à altura de suas mãos havia um ninho
com um passarinho assustado como ela, mas, por motivos diferentes e não tão
distantes: ele ansiava por sua mãe; ela pressentia o novo.
Queria logo saber onde estariam o professor e seus colegas de classe.
Os prédios a aguardavam perfilados enquanto que por eles passava tímida e a
passos curtos.
Primeiro lance de escada. Sentou-se para reunir sentimentos e
informações. Veio à sua mente a breve história que lera sobre a mantenedora
da UMC. Entre o concreto, esforços humanos. A OMEC tomara decisões
corajosas já nos seus primeiros anos de existência. “Em 1962, criou os cursos
relacionados ao ginásio e ao colegial. Em 1973, a UMC foi reconhecida”. Como
um farol que brilha à noite, assim uma luz iluminou a mente de Maria que vira,
então, por que a história da fundação da OMEC se confunde com a da UMC.
Elas nutrem relações que se fundem.
A UMC foi para a moça um divisor de águas, um marcador de páginas
entre o passado e o futuro. De origem humilde, trabalhou muito para pagar a
faculdade de Letras. Obstinada, tornou-se uma profissional de competências e
habilidades, mulher segura e capaz.
Os leitores podem pensar: mas a Universidade não tem o poder de
transformar o que há de mais íntimo em uma pessoa.
Só oferece novos
saberes que complementam suas experiências de vida!
Não é assim. Não foi assim.
A Universidade fê-la viver um turbilhão de sensações ao mesmo tempo.
Vivia enamorada pelos conhecimentos que seus professores entregavam de
bocado em bocado como aquela mamãe passarinho havia de fazer com o seu
filhote esperando-a no ninho.
O que ela experienciava e aprendia foi remodelando seu estilo de vida. A
graduação trouxe mais dinheiro e constatou que ser professora de ensino
superior estava escrito nas estrelas: sonho, hoje, concretizado.
Centena e meia de pessoas. Chega o professor. Enquanto o ouvia,
transportou-se em seus pensamentos até o ninho na entrada da Universidade.
Tornou a observar a natureza em sua porção humanizada e viu que a mãe
daquele passarinho encorajou o filhote para seu primeiro voo, mesmo que não
soubesse o que o esperava no porvir. Viver é assim... É ter o infinito preso nas
mãos prestes a se libertar diante de uma oportunidade e de um encorajamento.
Nos anos 90, Maria, entre tantas Marias, frequentava a UMC como um
passarinho no ninho em busca de alçar voos livres e de descobertas.
Já a OMEC, desde antes dessa década, alimentou sonhos e buscou
intensificar cuidados. Não perdeu de vista o Conhecimento que instrui a
humanidade no labor da vida, o cardápio especial de cada dia em suas
instituições.
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3º Colocado - GISELIA OLIVEIRA