A Engenharia Agronômica além de seus olhos...
Publicado em 21 de Março de 2010
Para quem ainda não sabe, o Engenheiro Agrônomo pode atuar em quase
todos os processos agrícolas e industriais que envolvam a produção do campo. Como,
por exemplo, na pesquisa agropecuária, na administração do empreendimento
agrícola, na eletrificação e construções rurais, no crédito agrícola, na mecânica de
máquinas agrícolas, na economia agrícola, na produção de sementes, no plantio, assim
como nos processos produtivos compreendidos nestas etapas (adubação, controle de
pragas e doenças, colheita, produção de mudas, etc), no armazenamento e na
distribuição dos produtos agropecuários (frutos, legumes, animais, flores, tubérculos,
etc), nas inspeções sanitárias de produtos agropecuários, e também no processamento
agroindustrial de todo e qualquer produto de origem animal, vegetal ou mesmo outros
como os cogumelos (veja o que são em www.aeal.com.br em artigos técnicos).
Para facilitar a compreensão da complexidade de uma cadeia produtiva
agropecuária na qual o Engenheiro Agrônomo está presente em quase todas as etapas
de produção e processamento, analisaremos a seguir o principal cereal produzido e
consumido pelo homem nos dia atuais: o milho.
A origem do milho foi possivelmente na América Central, com uma gramínea
que nada lembra o nosso milho atual, chamado Teosinto. Esta planta existe até hoje e
suas sementes são muito pequenas, além de possuirem um perfilhamento
abundantemente (muitos brotos), pode atingir até 3 (três) metros de altura,
lembrando mais um capim ou gramínea, família a qual pertence também o milho. Ao
longo dos séculos acredita-se que o milho foi melhorado até chegar ao milho que
conhecemos hoje, e continua a ser melhorado geneticamente pelo homem a tal ponto,
que caso os seres humanos desapareçam da face da terra o milho que atual muito
provavelmente também desaparecerá.
AEAL - Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Limeira
(19) 3441.4940 - (19) 3701-4940
Av. Antônio Ometto, 475 - Vila Cláudia - Cep 13480-470 - Limeira SP
Atualmente o maior produtor mundial de milho são os EUA com mais de 40%
da produção mundial e em plena expansão, com programas de melhoramento para
produção de variedades hibridas e transgênicas. E porque produzir tanto milho?
Existem diversos motivos, um deles é a alimentação animal que consome praticamente
70% da produção mundial de milho (milho dentado ou o milho comum que
conhecemos). Uma boa parte deste milho irá alimentar aves e suínos, que por sua vez
fornecerão com o abate destes animais proteína para a população humana de baixo
custo e em um curto espaço de tempo, quando comparado aos bovinos.
Aproximadamente 1% da produção de milho dentado irá ser destinado para milho
verde em conserva ou venda “in natura” e por volta de 2% de todo o milho plantado
são variedades de milho para pipoca, mas o que é feito com o restante da produção do
milho?
Com o advento dos bio-combustíveis como fonte renovável de energia,
destinados a reduzir a emissão de carbono atmosférico, uma grande parte da
produção mundial de milho, em países não produtores de cana de açúcar
especialmente os EUA, tem sido destinada à produção de álcool. Os americanos
também desenvolvem pesquisas para o uso da biomassa das plantas de milho para a
produção celulósica de etanol, aumentando assim tremendamente o rendimento da
produção de etanol a partir do milho, (o mesmo tem sido feito no Brasil para a canade-açúcar).
O milho pode ainda ser utilizado na produção de óleo vegetal para consumo
humano, indústria alimentícia ou ainda para a produção de bio-diesel. O bagaço ou
farelo dos processamentos industriais do milho são ricos em proteínas e juntamente
com o sabugo e palhas do milho restantes podem ser utilizados no preparo de ração
animal.
Entretanto, a fração mais conhecida do milho pela maioria das pessoas é o
amido ou o produto conhecido comercialmente por “Maisena”, bem como, a farinha
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de milho que são utilizadas na culinária no preparo de pratos bastante conhecidos
como: mingau, polenta, cuscuz, empanados, salgadinhos a base de milho, batatas
processadas, além dos conhecidos nuggets entre outros. Além disto, o amido de milho
também é empregado na produção de salsichas, blanquetes (peru, frango,e outras),
molhos, sopas prontas, mortadela, pães, bolos, doces, bem como diversos outros
produtos alimentícios que fica difícil listar todos aqui.
A partir do amido de milho é obtida a glucose de milho, que é utilizada no
preparo de: doces, balas, confeitos, pães, biscoitos, catchup, molho para saladas,
maionese, leite em pó, composição isca para matar ratos, sorvetes, refrigerantes, uso
culinário em receitas com aves e carnes (reação de Maillard, açúcar + proteínas que
confere aromas e sabores especiais aos assados), fabricação de cervejas, bebidas
destiladas, assim como o álcool de cereais: este último que é empregado no preparo
industrial de doces, chocolates, além de outras aplicações na indústria alimentícia e
até mesmo cosmética.
Como se não bastassem todas estas aplicações para o milho, existe uma outra
praticamente desconhecida, que é a produção de plásticos biodegradáveis de alta
performance a partir do milho. A sua produção começa a partir com a separação das
frações, gordura, proteína e amido do milho, com a fração do amido obtém-se a
dextrose (um açúcar simples) que é submetido à fermentação com leveduras (vide
artigo o que são fungos www.aeal.com.br) especialmente selecionadas para produzir
ácido lático como subproduto da fermentação. Em seguida este ácido lático é retirado
da dorna de fermentação e sofre um processo de remoção de água (processo
patenteado) produzindo um bio-polímero conhecido como “PLA” o qual irá dar origem
a plásticos biodegradáveis utilizados nos mais diversos modelos de embalagens de
alimentos, em especial para bandejas de alimentos (fast-food) ou bandejas de frutas e
legumes, além de outros tipos de embalagens plásticas e sacolas biodegradáveis. Este
material plástico degrada em um período aproximado de 90 (noventa) a 120 (cento e
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vinte) dias, bem diferente do plástico obtido de hidrocarbonetos que tem o início de
seu processo de degradação com aproximadamente 400 (quatrocentos) anos.
Isto tudo são apenas aplicações advindas do cultivo de milho, o que reforça a
tese de que na ausência da agricultura provavelmente não teríamos a civilização que
conhecemos hoje, bem como a inexistência de profissionais da área da Engenharia
Agronômica capacitados causariam colapsos em nossa demanda por produtos que
conferem não apenas a sobrevivência do homem, mas também o seu conforto.
E para quem ainda não sabe o que um Engenheiro Agrônomo faz, ele
simplesmente está envolvido diretamente na sua alimentação e sobrevivência diária,
na sua educação, pois sem papel ainda não podemos ficar, além de contribuir
ativamente ao seu prazer gastronômico, incluindo a sua cerveja, vinho, whisky entre
outras bebidas para os seus momentos de lazer e descontração. E ainda está envolvido
na produção de bio-combustíveis, que além de manter o seu conforto e levá-lo ao
trabalho e ao lazer, pode contribuir tremendamente com a redução de emissão de
carbono e reduzir substancialmente os efeitos do aquecimento global. Isto tudo é só
um pouco do que faz um Engenheiro Agrônomo, quer mais?
Everaldo Piccinin Engenheiro Agrônomo Doutor em Agronomia
Presidente da AEAL – Associação de Engenheiros e Arquitetos de Limeira
Inspetor Chefe-CAF (Comissão Auxiliar de Fiscalização) Limeira CREA/SP
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