EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL: QUESTÕES
DE POLÍTICAS PÚBLICAS, TECNOLOGIAS E
INTERATIVIDADE
Simone Regina de Oliveira Ribeiro 1
1 - INTRODUÇÃO
A Educação a Distância (EaD) é uma modalidade que passou por significativa expansão nos
últimos anos, tanto no que se refere à oferta de cursos – de diferentes níveis e formas de formação –
quanto na quantidade de alunos e formandos. É interessante notar que este crescimento conduz às
vezes à falsa ideia de educação a distância como algo recente, uma novidade ocasionada pelo que
alguns autores e reportagens têm denominado de “Revolução Digital”. Dois fatores são apontados
com frequência como característicos desta revolução: a internet e o intenso emprego das tecnologias
digitais (inclusive em termos de dispositivos portáteis) em diferentes práticas sociais.
No cenário de ampliação do uso da internet e dos dispositivos digitais portáteis com acesso a
internet (smartphones, tablets, notebooks, por exemplo), fica fácil compreender o fortalecimento de
práticas educacionais- presenciais ou a distância- mediadas ou beneficiadas por estas tecnologias.
Neste sentido, expressões como educação digital, educação online, e-learning, blended learning,
entre outras, são empregadas com grande frequência, por vezes com sentidos bem polissêmicos, o
que leva em alguns casos à imprecisão.
Maia e Mattar (2007, p.5) apontam a questão terminológica sobre a EaD exemplificando
algumas denominações diferentes empregadas em alguns países:
como estudo ou educação por correspondência (Reino Unido); estudo em casa e
estudo independente (Estados Unidos); estudos externos (Austrália); telensino ou
ensino a distância (França); estudo ou ensino a distância (Alemanha); educação a
distância (Espanha); Teleducação (Portugal) etc.
Em essência, a EaD é caracterizada como uma modalidade educacional no qual professores
e alunos não participam do mesmo espaço físico (MAIA e MATTAR, 2007), logo encontram-se
fisicamente distantes. A diferença ou separação física é também acompanhada geralmente pela
separação temporal. Em outras palavras, participam do processo educacional em locais e tempos
diferentes, embora as tecnologias permitam participações sincrônicas (como em conferências por
1
Mestre em Letras e Ciências Humanas – UNIGRANRIO; Técnico em Assuntos Educacionais – CEFET/RJ; Tutora a
distância CEDERJ.
VIII Seminário Internacional As Redes Educativas e as Tecnologias: Movimentos Sociais e Educação • (Junho/2015)
vídeo ou internet).
Esta flexibilidade proporcionada pela participação em locais e tempos diferentes é muitas
vezes apontadas como umas das principais características – em geral apontada como vantagem – da
educação a distância se comparada à educação presencial. Afinal, conforme apontado por Maia e
Mattar (2007, p. 7), “a EaD possibilita a manipulação do espaço e do tempo em favor da educação”.
O crescimento da EaD é beneficiado pelos avanços tecnológicos, que possibilitam formas
diferentes de lidar com as questões de espaço e tempo. Por este motivo, é comum encontrar autores
que dividem a história da EaD de acordo com os tipos de tecnologia empregadas. Logo, a internet e
as tecnologias digitais possibilitaram recursos, instrumentos, ferramentas e formas de interação e
elaboração de conteúdos que não eram possíveis, por exemplo, na educação por correspondência,
rádio ou TV. Hoje instituições, professores e alunos podem fazer uso de uma enorme gama de
recursos que permitem enriquecer as práticas pedagógicas e o acesso aos conteúdos.
No entanto, não devemos esquecer que a expansão da EaD também se deve em grande parte
à sua regulação, reconhecimento e a políticas públicas. Desta forma, se considerarmos os dois
fatores (tecnológicos e legais), podemos ter uma visão mais abrangente da Educação a Distância,
permitindo entender melhor questões que possibilitaram a elevação da oferta de cursos,
principalmente por universidades. Neste artigo, trabalharemos fazendo dialogar estes dois fatores:
tecnológico e legais.
Trataremos na segunda seção de algumas mudanças na EaD a partir dos avanços legais em
especial com a Lei 9394/96 e, tecnológico percorrendo as possibilidades da Web 2.0; na seção três
apresentamos a Política Pública que criou a Universidade Aberta do Brasil (UAB) com o intuito de
formar e qualificar professores de Educação Básica a distancia; na quarta seção destacaremos o
Centro de Educação a Distancia do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ). Na quinta seção
recorreremos brevemente à pesquisa2 desenvolvida entre 2013 e 2014 na disciplina Prática de
Ensino 2 das Licenciaturas da UERJ/CEDERJ.
Essa pesquisa investigou a possibilidade de interatividade em fóruns pedagógicos no
ambiente virtual de aprendizagem (AVA) ancorado na plataforma Moodle. Nela o conceito de
interatividade baseou-se nos pressupostos de Silva (2012). Para tratar dos fundamentos da
interatividade o autor destaca três binômios, mas sem estandardizar seus conteúdos porque não são
independentes,
são
aspectos
distintos
que
se
combinam:
Participação-intervenção,
Bidirecionalidade-hibridação e Permutabilidade-potencialidade. Destacaremos neste artigo
2
Dissertação de mestrado em Letras e Ciências Humanas, intitulada “O gênero digital fórum: interatividade e
construção de sentido na educação realizada por Simone Regina de Oliveira Ribeiro. Sob orientação de Márcio Luiz
Corrêa Vilaça.
VIII Seminário Internacional As Redes Educativas e as Tecnologias: Movimentos Sociais e Educação • (Junho/2015)
aspectos tecnológicos que potencializam o diálogo e a interatividade entre alunos e professorestutores tornando o processo de aprendizagem a distancia menos isolado e mais dinâmico.
2- POLÍTICAS PÚBLICAS, TECNOLOGIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Ao considerar o contexto brasileiro, podemos entender as mudanças na EaD e o amplo
investimento de políticas públicas nessa modalidade, pelo menos por alguns aspectos: a) O primeiro
refere-se ao aspecto legal. A LDB em vigor – Lei Nº 9394/96 legitimou a modalidade de ensino a
distância, ora desprestigiada e pouco confiável pelas fragilidades que a modalidade apresentava até
então, como ensino individualizado, por correspondência e, principalmente, devido às críticas aos
aspectos e instrumentos avaliativos; b) O segundo aspecto que impulsionou tais medidas políticas
está relacionado aos avanços das TICs, que trouxeram mudanças não apenas na vida social e
cultural, como também no contexto educacional.
A “Revolução Digital”, sem precedentes na história da humanidade, gerou impactos
diferentes de qualquer evolução tecnológica do passado, “com uma modificação acentuada da
velocidade da informação e desenvolvimento tecnológico, acelerando o ritmo vertiginoso o
ambiente em que vivemos.” (GABRIEL, 2013, p. 03).
A essa condição, vinculamos as tecnologias de comunicação apoiadas na Internet,
principalmente no período de expansão mundial da Web 2.0, que mudou a relação de linguagem,
espaço e tempo entre os homens, pois fez real a possibilidade de interatividade a distância através
das interfaces da Internet.
De acordo com Ribeiro (2014), até o final do século XX, a Web 1.0 predominava. Por ser
estática não permitia ações além de navegar e consumir as informações disponíveis na Internet. O
uso da internet estava mais diretamente ao consumo de conteúdo, uso de e-mails, leitura de notícias
e sites com poucos recursos para a participação ativa dos usuários.
No começo do século XXI, surge um movimento que vem a ser chamado de Web 2.0. A
Web 2.0 não deve ser confundida com as tecnologias de acesso à internet, mas as conexões em
banda larga contribuíram para as mudanças nas formas de participação na internet. Afinal, os
usuários passam a ficar mais tempo conectados e a maior velocidade de conexão possibilita
atividades que não eram simples nas conexões discadas (dial-up). Os sites passam a oferecer
recursos dinâmicos e possibilitam formas diversas de participação do usuário, criação de redes de
relacionamento, compartilhamento de conteúdo, publicação pelos usuários.
Isto possibilita novas oportunidades de interação e participação. A Web 2.0 permite,
portanto, que o usuário passe a ser produtor de conteúdos. É a Web da participação e, para Gabriel
VIII Seminário Internacional As Redes Educativas e as Tecnologias: Movimentos Sociais e Educação • (Junho/2015)
(2013, p.22), “funciona como uma plataforma participativa de serviços”, porque nela não apenas é
possível consumir conteúdos, mas, e, principalmente produzir conteúdos com base em diferentes
tipos de interações como blogs, redes sociais (Twitter, Facebook, etc.), vídeo e fotos (You Tube).
A partir das ferramentas de comunicação síncronas (chat, videoconferência, etc.) e
assíncronas (fórum, Wiki, por exemplo), disponíveis nos ambientes virtuais de aprendizagem e de
outros recursos nas plataformas da Internet, os participantes podem trocar e construir novos
conhecimentos estando em tempos e lugares diferentes, sendo possível estabelecer uma relação
interativa estando fisicamente distantes.
A interação entre os participantes é uma característica da Web 2.0. Essa Web, auxiliada pela
expansão da banda larga para usuários domésticos por volta do ano 2000, fez surgir uma
necessidade inicialmente de “estar” conectado e agora a de “ser” conectado. Gabriel (2013) pondera
que “ser” conectado significa que parte de você está na rede – “você vive em simbiose com ela”
(2013, p.15) e não somente “estar” conectado eventualmente à rede da Internet.
O acesso à rede e a velocidade dela de processar dados potencializou o uso de diferentes
tipos de linguagens nas plataformas da Internet que, em geral, permitem o uso de texto escrito,
vídeo, música, gráficos interativos, tabelas, entre outros, que podem ser construídos,
compartilhados, comentados, distribuídos pelos usuários na rede mundial com acesso livre, a
qualquer pessoa ou entre os próprios usuários de forma mais restrita, como num Wiki privado ou no
caso das redes sociais, por exemplo.
Outro aspecto seria a possibilidade de expandir o ensino superior, com menor investimento
financeiro, àqueles que não poderiam frequentar uma instituição ou curso presencial, uma vez que
criar novos campus universitários traria custos mais altos que a abertura de polos presenciais.
Diante desse cenário favorável, importantes iniciativas começaram a surgir com o intuito de
expandir ações de políticas públicas no campo educacional em todo território brasileiro. Com a
finalidade inicial de formar professores para educação básica em nível de graduação, foram criadas,
por exemplo, instituições como o Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro CEDERJ (2002) no Rio de Janeiro e a Universidade Aberta do Brasil (2005) de abrangência
nacional.
Assim, aqueles que antes não poderiam cursar uma instituição pública passam a ter acesso a
elas independente da localidade geográfica. Em contrapartida, contribuiria para sanar uma parcela
da carência de professores neste nível de ensino.
Para tanto, fez-se necessária uma implementação de políticas públicas que não apenas
garantissem o acesso daqueles excluídos, mas que propusesse uma formação sólida a distância.
Apoiada pelos meios midiáticos da tecnologia digital, cresce a educação on-line, com o pressuposto
VIII Seminário Internacional As Redes Educativas e as Tecnologias: Movimentos Sociais e Educação • (Junho/2015)
de mesmo distante não deixar o estudante sentir-se sozinho.
Neste sentido, torna-se necessário um novo olhar para o planejamento, a implementação e a
gestão de tais cursos, necessidade de reorganizar a utilização das tecnologias de comunicação, em
especial, as tecnologias digitais, dos gêneros digitais de comunicação síncronas e assíncronas, da
organização do currículo, das metodologias de ensino e aprendizagem e de interatividade nesse
processo.
3 - A UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL (UAB)
A proposta das universidades abertas é levar a qualquer pessoa a aquisição de
conhecimentos, habilidades e atitudes exigidos pelo mundo globalizado. A qualificação profissional
e o acesso ao ensino superior já deixaram de ser privilégio de poucos e tornou-se necessidade para o
ingresso no mercado de trabalho em muitos setores. Essa proposta é considerada como uma ação
com princípio de igualdade, pois grande parcela da população passa a ter oportunidade de inclusão.
Tal modelo de educação superior já é considerado uma tendência global (OLIVEIRA, 2002)
e seu avanço deve muito aos recursos tecnológicos das TICs que tem fornecido suporte para
diversas práticas de EaD na atualidade. Com as Políticas Públicas de expansão ao acesso superior
através da criação das universidades abertas, os países que as implementam passam a oferecer
formação universitária a um maior número de pessoas a custo bem menor, desafogando as
instituições públicas presenciais à medida que forma um grande percentual de estudantes,
aumentando as possibilidades de acesso a melhores postos de trabalho, aos bens culturais e sociais.
O Projeto UAB foi lançado pelo Ministério da Educação (MEC) em 2005 e instituído pelo
Decreto 5.800 de 08 de junho de 2006 (BRASIL, 2006), para atender a crescente demanda da
educação superior no Brasil com prioridade para formação de professores para a educação básica.
Tornou-se a Política Pública que possibilitou o aperfeiçoamento de tecnologias de informação e
comunicação, materiais didáticos e redução de tempo, recursos e distâncias geográficas
fortalecendo cada vez mais a EaD (COSTA, 2007). A partir de então as instituições de ensino
superior têm ampliado a oferta de cursos dessa modalidade.
4 – O CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DO ESTADO DO RIO DE
JANEIRO - CEDERJ
A experiência do Centro de Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ) é
um exemplo de EaD na formação inicial de professores que foi criado em 2002 pela Lei
Complementar 103/02 (RIO DE JANEIRO, 2002) com o objetivo de levar educação superior
VIII Seminário Internacional As Redes Educativas e as Tecnologias: Movimentos Sociais e Educação • (Junho/2015)
gratuita a todo Estado do Rio de Janeiro, o Consórcio CEDERJ é formado atualmente por sete
universidades públicas: CEFET, UENF, UERJ, UFF, UFRJ, UFRRJ (Rural) e UNIRIO. Esse
consórcio possibilita a inclusão daqueles que antes não teriam acesso a uma formação superior,
devido à distância geográfica, falta de tempo, condições econômicas, sociais e culturais. O CEDERJ
possui polos regionais organizados em diversos municípios distribuídos de norte a sul do Estado,
democratizando o acesso aos alunos que antes não podiam sonhar com a formação em nível
superior muito menos em uma instituição pública.
Os cursos oferecidos pelo CEDERJ são ministrados a distância com uso do computador e da
internet. Os estudantes organizam seus estudos através do material didático de apoio ao estudante
(impresso e/ou on-line) e do ambiente virtual de apoio à aprendizagem. No espaço virtual as
ferramentas estão disponíveis no site para livre acesso dos alunos, independente da hora, local,
distância e interesse pessoal. Além desses recursos todos os estudantes estão vinculados a um polo
de apoio presencial que atende os alunos com as tutorias presenciais, em algumas práticas de
laboratório e nas avaliações presenciais. Cumprindo com os aspectos legais da legislação em vigor
da educação a distância3.
Além do material didático impresso, das avaliações, de pesquisas e material complementar
disponibilizados no AVA, a tutoria (presencial ou a distância) é considerada um dos eixos que
sustenta a dinâmica dos cursos. Portanto, mais do que apenas transmitir uma informação,
comunicado ou lançar um conteúdo, é preciso transformar os encontros presenciais ou os espaços
de aprendizagem virtuais em espaço de interatividade e construção de conhecimento coletivo de
forma dialógica.
O professor-tutor, presencial ou a distância, precisa empenhar-se para mediar um processo
de conhecimento individual que seja socializado e reconstruído com os demais usuários e apresentar
atividades que levem a reflexão, a colaboração, a interatividade, investindo no processo de
aprendizagem autônomo do aluno. Indo de encontro à proposta de aprendizagem construtivista em
EaD. Bairral (2007, p. 43) diz que,
as tarefas constituem apenas uma peça da atividade formativa. No processo interativo,
são relevantes as contribuições de cada espaço comunicativo e suas especificidades.
Não se trata de valorizar um instrumento em detrimento do outro, pois é na utilização
3
Embora o termo Educação a Distância seja utilizado na Lei Complementar nº 103 de 2002, que criou o CEDERJ,
salientamos que esse modelo educacional pode ser considerado uma prática de educação semipresencial, pois exige que
a maior parte das avaliações aconteça de forma presencial, incluindo algumas práticas obrigatórias de laboratório. No
entanto, não é objetivo desse trabalho investir nesse debate. Desse modo, faremos referência aos cursos do Consórcio
CEDERJ como graduações na modalidade de educação a distância.
VIII Seminário Internacional As Redes Educativas e as Tecnologias: Movimentos Sociais e Educação • (Junho/2015)
diferenciada dos mesmos que o processo comunicativo se enriquece e,
consequentemente, o formador tem mais elementos sobre o aprendizado.
Para este autor, e para outros como Neto (2003), Silva (2012), não será apenas na
disponibilização das atividades comunicativas on-line a garantia do estabelecimento de um rico
processo interativo. É na qualidade da comunicação e das trocas nos variados espaços de
interatividade que se confirmará, ou não, o desenvolvimento do conhecimento entre os sujeitos
envolvidos através da prática pedagógica dialógica na EaD.
5- FÓRUM E INTERATIVIDADE
Na perspectiva de Silva (2012) os aspectos de interatividade dão início a um novo panorama
de educação. Mudanças estas que estão diretamente ligadas aos avanços tecnológicos e da Internet,
em especial na EaD, que encontra nos recursos da Web 2.0 um potencial impulso para trocas
intensas entre os sujeitos, tornando-os coautores do processo. Nesse contexto, o fórum pode ser
considerado uma ferramenta com possibilidades para promover a interatividade na EaD. O fórum
de discussões não foi desenvolvido para fins didáticos, mas passou a ser uma das principais
ferramentas na EaD, como espaço para participação de alunos e professores para diferentes
finalidades.
O fórum com objetivo pedagógico apresenta algumas características marcantes que o
diferencia de fóruns abertos da internet. Uma delas, ou a principal delas para nós é o nãoanonimato, uma vez que no AVA do CEDERJ todos são identificados pelo nome e sobrenome,
curso, polo, sem possibilidade de codinome. A identificação torna-se interessante por permitir a
aproximação entre os participantes que passam a se dirigir uns aos outros pelo nome, situação
recorrente nos fóruns.
Por ser assíncrono, o fórum permitiu a participação de um grande número de alunos em dias
e horários diversificados, sempre atendendo às necessidades e disponibilidades de cada um.
Embora a centralidade na escrita fosse predominante nas postagens, foi possível identificar a
inserção de hiperlink para outras páginas da internet fora, imagens nos corpos das mensagens,
sugestões e citações bibliográficas, que demonstra a polissemia de vozes dialogando no fórum,
potencializadas pelas tecnologias digitais da Web 2.0 no fórum.
Compreendemos que os binômios de Silva (2012) demandam ações mais ativas dos alunos
na construção do conhecimento. Trata-se de superar respostas como “sim” ou “não”, ou mesmo
escolher uma opção dada, porque espera-se que possa interferir na mensagem e entender que o
VIII Seminário Internacional As Redes Educativas e as Tecnologias: Movimentos Sociais e Educação • (Junho/2015)
conhecimento está em constante processo de construção, e envolve os outros atores como professortutor, demais alunos (Participação-intervenção), possibilitando ainda a coautoria, entre autor e
leitor, emissor e receptor (Bidirecionalidade-hibridação); além da capacidade de armazenamento de
dados com combinações possíveis ligados aos avanços tecnológicos (Permutabilidadepotencialidade).
Na pesquisa observamos que o Moodle torna possível trocas, armazenamento e
compartilhamento de dados. Portanto, o AVA usado pelo CEDERJ é plenamente capaz de viabilizar
combinações distintas. No gênero fórum, portanto, é possível fazer links diversos, anexar arquivos,
colar imagens, entre outras possibilidades. Sendo assim, o fórum apresentou-se como ferramenta de
grande potencial na promoção de interatividade.
6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reconhecemos que iniciativas de EaD a partir da LDB 9394/96 atreladas aos avanços
tecnológicos muito contribuem para a ampliação dos cursos na modalidade a distancia.
Concordamos que grande parte dessas iniciativas são válidas, mas a EaD ainda tem se apresentado
como uma área de estudos a ser investigada, a fim de evitar possíveis equívocos epistemológicos,
metodológicos, curriculares, tecnológicos e conceituais.
Muito já se tem pesquisado na área da EaD. No entanto, para que possamos construir uma
educação a distância menos polissêmica e de qualidade ainda há muito a esclarecer. É preciso
aprofundar as reflexões e questionamentos acerca das práticas educacionais usadas no espaço da
EaD que fazem uso dos recursos tecnológicos. Em especial no sentido atribuído à relação ensinoaprendizagem ao longo do processo educacional, entender o espaço e como se estabelece na prática
virtual a relação de interatividade e de diálogo entre os estudantes e formadores durante o curso ou
programa, entender como os alunos da EaD-CEDERJ costumam organizar seus ritmos de estudo quanto tempo destinado ao estudo do material impresso, à tutoria presencial, à tutoria a distância, à
pesquisa na internet e atividades no AVA.
Quanto mais profundamente conhecermos os alunos, melhor será a qualidade da interação
pedagógica e, consequentemente, melhores podem ser os resultados e a construção de
conhecimento nas formações. Esperamos com esse trabalho termos explicitado a relevância da
modalidade no contexto brasileiro, sobretudo a partir da criação da UAB e do CEDERJ, associado à
potencialidade que os recursos tecnológicos podem trazer para potencializar a interatividade na
EaD.
VIII Seminário Internacional As Redes Educativas e as Tecnologias: Movimentos Sociais e Educação • (Junho/2015)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABED. Relatório analítico da aprendizagem a distância no Brasil 2011. – São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2012. Disponível em: <http://www.abed.org.br/censoead/censo2012.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2013.
AZEVEDO, Wilson. Muito além do Jardim de Infância: temas de Educação Online. Rio de Janeiro, armazém Digital,
2005.
BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. 5ª ed. Campinas, SP: Editora Autores Associados, 2009.
BLIKSTEIN, Paulo, ZUFFO, Marcelo Knorich. As sereias do ensino eletrônico. In: SILVA, Marcos (Org). Educação
online. São Paulo: Edição Loyola, 2003. p. 23-38.
BRAGA, Denise Bértoli. Ambientes digitais: reflexões teóricas e práticas. 1ª ed., São Paulo: Cortez, 2013.
BRASIL. Decreto n° 5.800/2006. Dispõe sobre o Sistema Universidade Aberta do Brasil - UAB. Diário oficial da
união.
Brasília,
2006b.
Disponível
em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2006/decreto/d5800.htm>. Acesso em: 07 jun. 2012.
______. Lei 5.692/71, fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1º e 2º graus, e dá outras providências (revogada pela Lei
9394/96). Diário oficial da união. Brasília. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5692.htm>.
Acesso em: 10 out. 2012.
______. Lei 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário oficial da união. Brasília, 1996.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 15 nov. 2012.
CAMPOS, Fernanda C. A. (et al.). Fundamentos da educação a distância, mídias e ambientes virtuais. Juiz de Fora:
Editar, 2007.
GABRIEL, Martha. Educ@ar a (r)evolução digital na educação. 1ª Ed, São Paulo: Saraiva, 2013.
MAIA, Carmem e MATTAR, João. ABC da EaD. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007.
MORAN, José Manuel. Contribuições para uma pedagogia da educação online. In: SILVA, Marcos (Org). Educação
online. São Paulo: Edição Loyola, 2003. p. 39-50.
NETO, Francisco José da Silveira Lobo. Regulamentação da educação a distância: caminhos e descaminhos. In:
SILVA, Marcos (Org). Educação online. São Paulo: Edição Loyola, 2003. p. 397-414.
OLIVEIRA, Maria Eliane Barbosa. Educação a distância: perspectiva educacional emergente na UEMA. Florianópolis:
Insular, 2002.
RIBEIRO, Simone Regina de Oliveira. O gênero digital fórum: a interatividade e a construção de sentido na educação.
2014. Dissertação de mestrado)
RIO DE JANEIRO. Lei Complementar nº 103/2002, transforma o Centro de Ciências do Estado do Rio de Janeiro na
Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro - FUNDAÇÃO CECIERJ.
Disponível em: <http://www.cederj.edu.br/fundacao/>. Acesso em: 20 jun. 2012.
SILVA, Marco. Sala de aula interativa. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Quatet. 2003.
______. ______. 6ª Ed. São Paulo: Edições Loyola, 2012.
VIII Seminário Internacional As Redes Educativas e as Tecnologias: Movimentos Sociais e Educação • (Junho/2015)
Download

HEADING 1 - VIII Seminário Internacional As Redes Educativas e as