Anais do VIII ENIC
Encontro de Iniciação Científica
2
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9
Universidade Severino Sombra
VIII ENIC 2009
Vassouras - RJ
1
Anais do VIII ENIC
Encontro de Iniciação Científica
Vassouras - 3 a 5 de novembro de 2009
2
Universidade Severino Sombra
Reitor
Professor José Antônio da Silva
Vice-Reitora
Professora Therezinha Coelho de Souza
Pró-Reitoria de Ensino e Legislação
Professor Marco Antonio Soares de Souza
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Professor Felipe da Costa Brasil
Coordenadoria de Pesquisa
Professor Paulo Cesar Rodrigues Cassino
Organização do Evento
Felipe da Costa Brasil
Paulo Cesar Rodrigues Cassino
Carlos Vitor de Alencar Carvalho
Marise Maleck de Oliveira Cabral
Valéria Kelli de Almeida Costa
ISBN 978-85-88187-13-9
Edição: Universidade Severino Sombra
Vassouras
Todos os textos são de responsabilidades dos autores
3
Índice
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS, TECNOLÓGICAS E DA
NATUREZA
A PRODUÇÃO DE VINHOS TINTOS E A UTILIZAÇÃO DE ENZIMAS
COMERCIAIS
CAROLINA ROCHA LUIZ VIANNA, CARLOS EDUARDO CARDOSO
11
ANÁLISES QUÍMICAS DE SOLOS: UMA VISÃO CRÍTICA
MARIANA M. SOUTO, FERNANDO LUIS M. FILHO, DOUGLAS M. TORRES,
CARLOS EDUARDO CARDOSO
14
SISTEMA COMPUTACIONAL PARA A DETERMINAÇÃO DE
PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS DE FIGURAS PLANAS USANDO O
TEOREMA DE GREEN
SORAIA TEIXEIRA BARBOSA, LEANDRO LOURES, RICARDO AMAR DE
AGUIAR, CARLOS VITOR DE ALENCAR CARVALHO
17
O NÚMERO DE OURO NA SALA DE AULA
ELIZABETH MENDES DE OLIVEIRA, DAIANE GOMES BUENO
20
SUGESTÕES PARA O ESTUDO DO CONCEITO DE DERIVADA COM BASE
EM SUAS APLICACÕES DO COTIDIANO
ELIZABETH MENDES DE OLIVEIRA, WILLIAM BALTAR PONCIANO
28
POLÍGONOS ESTRELADOS E OS NÚMEROS PRIMOS
DOUGLAS DUARTE DE SOUZA, ALINE LEBRE X. DA ROSA, MARIA
EDUARDA GOMES E CASTILHO, ESTELA KAUFMAN FAINGUELERNT
33
SOFTWARE COMO APOIO AO ENSINO DA MATEMÁTICA
PAIVA, ANA MARIA SEVERIANO DE; SÁ, ILYDIO PEREIRA DE COSTA,
LUCIANO PECORARO; VILLELA, ALINE ALVES ; RIBEIRO, FRANCISCO DE
ASSIS
34
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES DO PROJETO “200 ANOS
DESVENDANDO DARWIN E A EVOLUÇÃO
PANZA, CLAUDIENE GONÇALVES DE OLIVEIRA, ALVIM, GILMARA
FERREIRA , FELIPPE, RAFAEL SANTOS ROSA, PEREIRA, SABRINA DE
BARROS, PARREIRA, WALQUIRIA DA SILVA PEDRA,CABRAL, MARISE
MALECK DE OLIVEIRA, MELO, DIOGO JORGE DE, GUIMARÃES, MARIA DAS
GRAÇAS,
37
BROMELIA ANTIACANTHA APRESENTA TOXIDADE PARA
ONCOPELTUS FASCIATUS
FERNANDA CRISTINA CARVALHO DOS SANTOS, ANA PAULA DE
ALMEIDA, MARISE MALECK DE OLIVEIRA CABRAL
40
SUBSTÂNCIA PICANTE DAS PIMENTAS INIBE A ECLOSÃO DE OVOS EM
INSETOS
4
BIANCA DA SILVA SOARES, MASSUO JORGE KATO, MARISE MALECK DE
OLIVEIRA CABRAL
42
PLANTA DA REGIÃO SUL FLUMINENSE INIBE A POSTURA E A ECLOSÃO
DOS OVOS DE INSETO FITÓFAGO
MICHELE TEIXEIRA SERDEIRO, ANA PAULA DE ALMEIDA, MARISE
MALECK DE OLIVEIRA CABRAL
44
INVESTIGAÇÃO DE LARVAS DE AEDES AEGYPTI NO MUNICÍPIO DE
VASSOURAS, REGIÃO SUL FLUMINENSE.
RENATA FRAGA PINHEIRO, SIMONE PEREIRA ALVES, MARIANA DE
OLIVEIRA CONSTÂNCIO, DIEGO TONE TELLES, SEBASTIÃO CLEBSON DE
MACEDO ANUNCIAÇÃO, MARISE MALECK DE OLIVEIRA CABRAL
46
DADOS PRELIMINARES DO ESTUDO DA BIOATIVIDADE DE
NAFTOQUINONAS SOBRE INSETOS VETORES
SUMARA MOREIRA LEAL LACERDA DE ARAUJO, JOSÉ MARIA BARBOSA
FILHO,
MARISE MALECK DE OLIVEIRA CABRAL
49
LEVANTAMENTO PRELIMINAR DA ENTOMOFAUNA COMO
BIOINDICADORES EM FRAGMENTO DE FLORESTA ATLÂNTICA NO
MUNICÍPIO DE MIGUEL PEREIRA, RJ.
RAMOS, P. T., ALMEIDA, S. E. E CASSINO, P. C. R.
51
PERCEPÇÃO SOBRE OS PROBLEMAS AMBIENTAIS ENTRE ESTUDANTES
DE UM ESTABELECIMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA DA REDE
PARTICULAR DE ENSINO DE PARATY, RJ – DADOS PRELIMINARES
TEREZA APARECIDA FERREIRA, FABIANA BILIO BARRETO, VÂNIA P. G. C.
PEREIRA, INGRID LARISSA ARAÚJO BATISTA, SUEYLA DA SILVA ALVES,
ROBERTA MEDEIROS MACEDO, PHILIPPE MACHADO PONTES DA SILVA,
JORGE LUIZ PASSOS SILVA FILHO
54
INVENTÁRIO DE CIRRIPEDIA (CRUSTACEA, MAXILLOPODA) DOS
COSTÕES ROCHOSOS DE DUAS ILHAS DA ESC TAMOIOS, RJ
AMANDA BRASIL COELHO, PHILIPPE MACHADO PONTES DA SILVA,
TEREZA APARECIDA FERREIRA, FABIANA BILIO BARRETO, VANIA FILIPPI
GOULART CARVALHO PEREIRA
57
INVENTÁRIO DE MOLUSCOS DOS COSTÕES ROCHOSOS DE DUAS ILHAS
DA ESEC TAMOIOS, RJ
KELLY ROCHA SIQUEIRA, INGRID LARISSA ARAÚJO, TEREZA APARECIDA
FERREIRA, FABIANA BILIO BARRETO, VANIA FILIPPI GOULART
CARVALHO PEREIRA
60
REGISTRO DA COMUNIDADE DE AMPHIPODA (CRUSTACEA) DOS
COSTÕES ROCHOSOS DE DUAS ILHAS DA ESEC TAMOIOS, RJ
ROBERTA MEDEIROS MACEDO, TEREZA APARECIDA FERREIRA, FABIANA
BILIO BARRETO, VANIA FILIPPI GOULART CARVALHO PEREIRA
61
5
MACROFAUNA ASSOCIADA AO FITAL DA ALGA CAULERPA
RACEMOSA (FORSSKAL), ILHA COMPRIDA, PARATY, RJ.
ALAN BEUTIN, SUEYLA DA SILVA ALVES, SAMARA MACEDO PINTO,
TEREZA APARECIDA FERREIRA, FABIANA BILIO BARRETO, VANIA FILIPPI
GOULART CARVALHO PEREIRA
64
SUSTENTABILIDADE EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: ESTAÇÃO
ECOLÓGICA DE TAMOIOS
PEDRO PAULO LEITE FRISONI, VANIA FILIPPI GOULART CARVALHO
PEREIRA, KATIA CRISTINA GARCIA
67
REGISTRO DA COMUNIDADE DE AMPHIPODA (CRUSTACEA) DAS
PRAIAS ARENOSAS DE DUAS ILHAS DA ESEC TAMOIOS, RJ
VIRGÍNIA PAOLA DE SOUZA ABREU MARQUES, GREICIANE FRANÇA
BRONZATO DE ALMEIDA, TEREZA APARECIDA FERREIRA, FABIANA BILIO
BARRETO, VANIA FILIPPI GOULART CARVALHO PEREIRA
70
COLEOPTEROFAUNA E HYMENOPTEROFAUNA EPÍGEA, COLETADA
ATRAVÉS DE ARMADILHAS DE SOLO EM FRAGMENTO DE FLORESTA
ATLÂNTICA
CAIO DIAS MARTINI ALVES NASCIMENTO, CAIO PALMEIRA TEIXEIRA,
ARTHUR MOREIRA CARDOZO & WILLIAM COSTA RODRIGUES
73
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CORRELAÇÃO ENTRE A PRESSÃO EXPIRATÓRIA MÁXIMA E O PICO DE
FLUXO EXPIRATÓRIO MÁXIMO EM INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS
NUNES, LIDIANE A. SANTANA, GONDIM, FERNANDA FRANCISQUINI,
GOMES, MARIANA DE SÁ, FIGUEIRA, LETÍCIA REIS, BRANDÃO, PAULO
VITOR C. NAGATO, AKINORI CARDOZO
76
COMPARAÇÃO DO PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO EM PACIENTES
ASMÁTICOS E NÃO ASMÁTICOS
GOMES, MARIANA DE SÁ, GONDIM, FERNANDA FRANCISQUINI, NUNES,
LIDIANE A. SANTANA, FIGUEIRA, LETÍCIA REIS, BRANDÃO, PAULO VITOR
C. NAGATO, AKINORI CARDOZO
78
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS INFECÇÕES ASSOCIADAS À
VENTILAÇÃO MECÂNICA
BERNARDO DE FRANÇA PAULA, AKINORI CARDOZO NAGATO, CRISTIAN
CREMONEZ VOGAS,
JAQUELINE TRAVASSOS DE MELO, FRANK DA SILVA BEZERRA, MARCO
AURÉLIO DOS SANTOS SILVA, ROSE BRANDÃO HONÓRIO
81
MATRICÍDIO: UM ESTUDO DE CASO DE PACIENTE COM TRANSTORNO
BIPOLAR
MARÍLIA JOLY, FLÁVIA OBANA,LUIS EUGÊNIO PRADO ROCHA, MARIANA
AMARAL REIS, ALEXANDRE VALENÇA
84
6
DOENÇA MENTAL E VIOLÊNCIA: UM ESTUDO DE SÉRIE DE CASOS DE
PSICÓTICAS HOMICIDAS
MARÍLIA JOLY, FLÁVIA OBANA,LUIS EUGÊNIO PRADO ROCHA, MARIANA
AMARAL REIS, ALEXANDRE VALENÇA
87
INCIDÊNCIA DE ERLIQUIOSE NO HOSPITAL VETERINÁRIO DE
CORRÊAS – PETRÓPOLIS, RJ.
VINÍCIUS MARINS CARRARO, RENATA SILVESTRE, BÁRBARA CRUZ
TAVARES DE MACEDO FERNANDES
90
LEVANTAMENTO DOS DIAGNÓSTICOS HISTOPATOLÓGICOS EM
BIÓPSIAS DE PELE EM UM LABORATÓRIO DE ANATOMIA
PATOLÓGICA NO ANO DE 2008
HENRIQUE MAGALHÃES DE SOUZA LIMA, GABRIELA CAUPER DE
CARVALHO PEREIRA, ELLENE PAPAZIS ALQUATI, NATÁLIA DE PAIVA
ABRAHÃO, LÍLIA TOMAZ GODOI, LUDMILLA SILVA OLIVEIRA, RENATO DE
OLIVEIRA FLORES, FERNANDA MIRANDA REZENDE, ANELISE DE SOUZA
SILVA, CARLOS HENRIQUE DE SOUZA LIMA
93
AUTORIDADE MÉDICA X RUA DO POVO: ENTRE A CRISE HUMANA E
SOCIAL
ÁDAMO KATSUHIRO DE ANDRADE YOSHIKI, FRANCISCO BURANELI,
GUSTAVO MARTTINS DE ALMEIDA, MARCELO CRISTIANO CORRÊA
CARDOSO , PEDRO VICTOR P. KEGEL, HEITOR MANSOR COLETI, HENRIQUE
JUNQUEIRA GARCIA G. MARQUES, PATRÍCIA SAYURI UENO, LORUAMA
NOGUEIRA, ELISA MARIA AMORIM DA COSTA
95
SAÚDE DO HOMEM: UM DESAFIO NECESSÁRIO
AMANDA THAÍS THOMÉ DE MORAIS, ANA AMÉLIA DAVID GERALDES,
MARIAH DE PAULA LEITE, JULIANA PORTELLA VEIGA DRUMOND,
FERNANDA CORREA CHAVES, MAGDALENE SALOMÃO DA FONSECA,
CLÁUDIA CORREARD DE LIMA, ELISA MARIA AMORIM DA COSTA
98
A SOLIDÃO DO JARDINEIRO
(AS DIFICULDADES DE CUIDAR DE QUEM CUIDA)
AMANDA THAÍS THOMÉ DE MORAIS, ANA AMÉLIA DAVID GERALDES,
MARIAH DE PAULA LEITE, JULIANA PORTELLA VEIGA DRUMOND,
FERNANDA CORREA CHAVES, MAGDALENE SALOMÃO DA FONSECA,
CLÁUDIA CORREARD DE LIMA, HEITOR MANSOR COLETI, HENRIQUE
JUNQUEIRA G.G.MARQUES;MARCELO CRISTIANO C. CARDOSO,PEDRO
VICTOR P. KEGEL, FRANCISCO BURANELI,GUSTAVO MARTTINS DE
ALMEIDA, PATRÍCIA SAYURI UENO, LORUAMA NOGUEIRA, ÁDAMO
KATSUHIRO DE ANDRADE YOSHIKI, ELISA MARIA AMORIM DA COSTA
101
ESTUDO COMPARATIVO DO IMC, ATIVIDADE FÍSICA E DIETA DE
ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO DE ESCOLAS PÚBLICAS DO
MUNICIPIO DE VASSOURAS-RJ (UMA ANÁLISE POR GÊNERO)
GISLAINE CALABAR SEVERINO, JULIA GRACIELA GAMA VALENTIM
RAMOS, PAOLA CRISTINA ORMINDO DE CASTRO, WALLACE SOARES DA
7
SILVA, WILLIAN RAIBOLT CABRAL, ELISA MARIA AMORIM DA COSTA,
MARCOS ANTONIO MENDONÇA, VIVIANE LOPES VACCARO
103
AVALIAÇÃO DA PROLIFERAÇÃO DE MICROORGANISMOS ORAIS EM
TRÊS TIPOS DE MATERIAIS REEMBASADORES DE PRÓTESE TOTAL
SUBMETIDOS À CICLAGEM DE PH-ESTUDO PILOTO
GALVÃO, YFS; BELLO, RF; RIBERTO, FC; GOYATÁ, FR.
106
AVALIAÇÃO DOS APARELHOS FOTOPOLIMERIZADORES DOS
CONSULTÓRIOS PARTICULARES DA CIDADE DE VASSOURAS/RJ:
ESTUDO PILOTO
RACHEL FERREIRA BELLO, THALYTA DOS REIS FURLANI ZOUAINFERREIRA,RODRIGO SIMÕES DE OLIVEIRA, FREDERICO DOS REIS GOYATÁ
108
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA FLEXURAL DE RESINAS COMPOSTA
REFORÇADAS POR FIBRA
GABRIELLA FRANCISCO MANTA, THALYTA DOS REIS FURLANI ZOUAIN
FERREIRA, RODRIGO SIMÕES DE OLIVEIRA, NADINE VIBIAN TAIRA,
TACIANA BARCELLOS CARVALHEIRA E FREDERICO DOS REIS GOYATÁ
111
AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE MICROORGANISMOS EM MATERIAIS
REEMBASADORES DE PRÓTESE TOTAL
PAULA APARECIDA MONFARDINI GONÇALVES, RACHEL FERREIRA BELO,
NATÁLIA GUEDES FERREIRA, THALES GUEDES FERREIRA, FREDERICO
DOS REIS GOYATÁ, LEONARDO GONÇALVES CUNHA, THALYTA DOS REIS
FURLANI ZOUAIN FERREIRA, SHANA DE MATTOS DE OLIVEIRA COELHO
114
RESISTÊNCIA À FRATURA DE RAÍZES FRAGILIZADAS E
RECONSTRUÍDAS COM DIFERENTES TÉCNICAS ADESIVAS
SANTOS, VRSS, MANTA, GF, TAIRA, NV, GOYATÁ, FR
117
PERCEPÇÃO DOS LÍDERES COMUNITÁRIOS SOBRE PARTICIPAÇAO
POPULAR NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
BERNARDO DE FRANÇA PAULA, MARGARIDA MARIA DONATO DOS
SANTOS
120
AVALIAÇÃO DA ADEQUAÇAO DA ROTULAGEM DE CREME DE LEITE
UHT COMERCIALIZADOS NO MUNICÍPIO DE TRÊS RIOS - RJ, BRASIL
TAINÁ SILVESTRE, SHEILA VENTURA, PEDRO H. N. RESENDE, MARCONE R.
S. MENDES, LUCAS C. FERES, MARJORIE TOLEDO DUARTE
123
AVALIAÇÃO DO FRESCOR DE CORVINA (MICROPOGONIAS FURNIERE)
E PEIXE-ESPADA (TRICHIURUS LEPTURUS) E SUAS CONDIÇÕES DE
ARMAZENAMENTO
SHEILA DE F. VENTURA, LUCAS C. FERES, TAINÁ SILVESTRE, MARCONE R.
S. MENDES, PEDRO HENRIQUE N. RESENDE, MARJORIE T. DUARTE
125
INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DO BEZERRO NO MOMENTO DA ORDENHA
SOBRE O DESEMPENHO PRODUTIVO DE VACAS MESTIÇAS HOLÂNDESZEBU
8
TAINÁ SILVESTRE, SHEYLA VENTURA, MARJORIE TOLEDO DUARTE,
MARCOS MACEDO JUNQUEIRA
128
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS NOS PACIENTES
ADMITIDOS COM DOR TORÁCICA
RAFAEL RICARDO DA SILVA MIRANDA ZAPATA, OCTÁVIO DRUMMOND
GUINA, MARLON M. VILAGRA,
130
AVALIAÇÃO EPIDEMIOLOGICA DOS CASOS DE TUBERCULOSE
PULMONAR NO MUNICÍPIO DE VASSOURAS-RJ
JANINE CAPOBIANGO MARTINS, PRISCILLA RODRIGUES MOREIRA, ALINE
DAMAZIO DO VALE, PRISCILA C. BARBOSA FERREIRA, WEVELIN S. DE
MATOS, DIEGO SANTA ROSA SANTOS, MARINA S. SONG, FERNANDA
COELHO, MARIANA FRIZZERA, PAULA PITTA DE RESENDE CÔRTES
132
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE DENGUE NA CIDADE DE
VASSOURAS NO ANO DE 2008
WEVELIN SANTOS DE MATOS, PRISCILLA RODRIGUES MOREIRA, ALINE
DAMAZIO DO VALE, PRISCILA C. BARBOSA FERREIRA, JANINE
CAPOBIANGO MARTINS, DIEGO SANTA ROSA SANTOS, MARINA S. SONG,
FERNANDA COELHO, MARIANA FRIZZERA, PAULA PITTA DE RESENDE
CÔRTES
135
UM ESTUDO DAS MORBIDADES ATENDIDAS NO PRONTO-SOCORRO DO
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO SUL FLUMINENSE (HUSF) NO ANO DE 2008
FÁBIO FARIAS FERREIRA
SEBASTIÃO JORGE DA CUNHA GONÇALVES
138
A SEXUALIDADE NA SENILIDADE: DIANTE À AIDS.
CERULI, CLEYDER DELGADO
GONÇALVES, SEBASTIÃO J.C.
141
ESTUDANDO A INCIDÊNCIA DO PAPILOMA VÍRUS HUMANO (HPV) NA
UNIDADE DA FAMÍLIA PEDRO CASIMIRO ALVES.
TEIXEIRA, RODRIGO DA SILVA, CÉSAR, THIAGO PONTES DE OLIVEIRA,
GONÇALVES, SEBASTIÃO JORGE DA CUNHA, COSTA, SILÉIA COELHO
144
ANÁLISE DA FREQUÊNCIA DE ATENDIMENTOS E DO TEMPO DE
ESTIRAMENTO NA FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA
GONDIM, FERNANDA FRANCISQUINI, GOMES, MARIANA DE SÁ, NUNES,
LIDIANE A. SANTANA, FIGUEIRA, LETÍCIA REIS, LACERDA, ADRIANA,
BRANDÃO, PAULO VITOR COSTA, RAMOS, SELIANE SILVA
147
LEVANTAMENTO DE PARASITOSES INTESTINAIS EM RESIDENTES DA
VILA DE CARAMONAS NO MUNICÍPIO DE DORES DO TURVO – MG
INGRID MARINHO MAROTTA MOREIRA, BÁRBARA CRUZ TAVARES DE
MACEDO FERNANDES E VINICIUS MARINS CARRARO
150
CENTRO DE LETRAS, CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E
HUMANAS
9
A ESCOLA COMO ESPAÇO PARA O RESGATE
DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E NATURAL DE MARICÁ
BERNADETE COLLARES BARROSO BENTO, HERMES FERREIRA DA SILVA
FILHO, ANA MARIA LEAL ALMEIDA
153
TURISMO ACESSÍVEL: UMA FERRAMENTA DE INCLUSÃO
LUCIANA OLIVEIRA HENRIQUES, MARCIO ROBERTO PALHARES NAMI
155
A CONTRIBUIÇÃO DA FESTA DE SÃO JORGE COMO INCREMENTO DA
ATIVIDADE TURÍSTICA NO VALE DO CAFÉ
ALINE APARECIDA PINA GOMES, MARIA ELISA CARVALHO BARTHOLO
158
10
A PRODUÇÃO DE VINHOS TINTOS E A UTILIZAÇÃO DE ENZIMAS COMERCIAIS
Carolina Rocha Luiz Vianna1, Carlos Eduardo Cardoso2
1
Universidade Severino Sombra, Curso de Química Industrial, [email protected]
2
Universidade Severino Sombra, Curso de Química Industrial, [email protected]
Resumo- Vinificação é um conjunto de operações que transformam a uva em vinho, que por sua vez é a
bebida da fermentação alcoólica do mosto de uva sã, fresca e madura. Fazem parte do processo de
vinificação: colheita, recepção e análise da uva; esmagamento e desengaçamento; correções do mosto;
sulfitagem do mosto; inoculação de leveduras; maceração; fermentações; sulfitagem do vinho; trasfegas;
atestos; estabilização física do vinho; clarificação; filtração; maturação e envelhecimento; corte;
engarrafamento e envelhecimento na garrafa. As enzimas mais utilizadas enologicamente são as celulases
e as pectinases produzidas por fungos. Estas enzimas são adicionadas à elaboração do vinho com o intuito
de retirar a pectina do mosto e otimizar o processo de extração dos compostos polifenólicos, que são os
grandes responsáveis pela qualidade do vinho, conferindo-lhe cor, corpo e adstringência. Assim, o objetivo
deste trabalho foi avaliar a utilização de combinações de enzimas comerciais na produção de vinho tinto,
demonstrando que as enzimas podem potencializar as características sensoriais inerentes a esta bebida.
Palavras-chave: Vinho tinto, Enzimas, Fermentação Alcoólica.
Área do Conhecimento: Ciências Agrárias; Ciência de Alimentos; Tecnologia das Bebidas.
Introdução
Segundo Hornsey (2007), o Homo sapiens
deve, provavelmente, ter encontrado Viti vinifera,
subespécie sylvestris, pela primeira vez há cerca
de dois milhões de anos, quando os primeiros
grupos de humanos migraram do leste da África. É
possível afirmar, entretanto, que o homem do
Paleolítico foi o primeiro a ter contato com o vinho,
puramente acidental, com uvas demasiadamente
maduras e mais provavelmente, com a
armazenagem mal sucedida de suco de uva, que
é, particularmente, uma bebida muito instável. Os
primeiros “vinhedos intencionais” de que se tem
notificação, foram cultivados no período Neolítico,
entre 8500 e 4000 a.C. (HORNSEY, 2007).
A viticultura no Brasil ocupa uma área de,
aproximadamente, 77 mil hectares, com vinhedos
desde o extremo sul do país até regiões situadas
muito próximas ao equador. A produção de uvas é
cerca de 1,2 milhões de toneladas/ano. Deste
volume, em torno de 45% é destinado ao
processamento, para a elaboração de vinhos,
sucos e outros derivados, e 55% comercializado
como uvas de mesa (IBRAVIN, 2009).
De acordo com Aquarone (2001), vinificação é
um conjunto de operações realizadas para
transformar a uva em vinho. Cada tipo de vinho se
utiliza de um conjunto de operações específicas à
ele, mas há também alguns passos do processo
que são comuns a todos os tipos de vinho tinto. .
Fazem parte do processo de vinificação: colheita,
recepção e análise da uva; esmagamento e
desengaçamento; correções do mosto; sulfitagem
do mosto; inoculação de leveduras; maceração;
fermentações; sulfitagem do vinho; trasfegas;
atestos; estabilização física do vinho; clarificação;
filtração; maturação e envelhecimento; corte;
engarrafamento e envelhecimento na garrafa.
Assim, o objetivo deste trabalho foi, a partir de
uma extensa revisão bibliográfica, avaliar a
utilização de combinações de enzimas comerciais
na produção de vinho tinto. Mais especificamente,
pretendeu-se demonstrar que as enzimas podem
potencializar
as
características
sensoriais
inerentes a esta bebida.
Materiais e Métodos
Além de uma ampla revisão da literatura sobre
o tema, buscou-se avaliar sensorialmente vinhos
tintos produzidos com e sem a utilização de
enzimas comerciais. Os requisitos tecnológicos
considerados neste trabalho, bem como os
padrões
de
identidade
foram
aqueles
regulamentados pelo Ministério da Agricultura e
pelo Ministério da Saúde, através da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Resolução
CNS/MS Nº. 04, DE 24 de novembro de 1988).
Discussão
O cacho de uva é constituído pelo engaço
(parte herbácea) e pelas bagas ou grãos
(VENTURINI FILHO, 2005). Conforme citado por
Aquarone (2001), o engaço é rico em água,
matéria lenhosa, resinas, minerais, tanino, e sua
composição em açúcares e ácidos orgânicos é
insignificante. A baga da uva é constituída de
casca (20 a 40% do peso), sementes (2 a 8% do
peso) e polpa (52 a 78% do peso).
11
A casca ou pele é um envoltório que, dada à
sua elasticidade, se afila à medida que a baga
cresce, quase não aumentando de peso durante
esse processo. A casca é recoberta por uma
camada fina de uma resina, chamada pruína, que
protege a casca contra ações do calor, umidade e
contra
a
penetração
de
microrganismos
causadores de doenças (AQUARONE, 2001). As
substâncias corantes, denominadas antocianinas,
podem estar presentes tanto na casca quanto na
polpa das uvas tintas. A casca apresenta, ainda,
uma concentração de taninos, com teor que varia
de 0,5 a 2%, dependendo da variedade da uva
(HORNSEY, 2007). Em seu trabalho, Hornsey
(2007) acrescenta que a estrutura da parede
celular das uvas é composta por polímeros de
ácido galacturônico e que a pele da uva deve
incluir a epiderme e sua “capa cerosa” (pruína) e a
hipoderme, em que a parede celular é engrossada
por celulose, sendo que as células da hipoderme
são separadas em duas regiões, o exterior (com
células de forma retangular) e o interior (com
células de forma poligonal).
Segundo Aquarone (2001), a polpa é
constituída de 650 a 850 g/L de água, 120 a 250
g/L de açúcares redutores, 6 a 14 g/L de ácidos
orgânicos, 2,5 a 3,5 de substâncias minerais e 0,5
a 1,0 g/L de compostos nitrogenados, além de
outros componentes em quantidades mínimas. Os
açúcares redutores da uva são constituídos
principalmente de glicose e frutose, em
proporções iguais no momento da maturação. Os
ácidos orgânicos encontrados são principalmente:
ácido tartárico e ácido málico, podendo ser
encontrado também o ácido cítrico em
concentrações menores. No momento da vidima
ou colheita, a acidez total da polpa da uva varia de
acordo com o clima e com a exposição do
vinhedo. A polpa da uva apresenta 0,3 a 1,0 g/L
de matérias nitrogenadas totais, sendo uma parte
nitrogênio amoniacal, assimilável pelas leveduras
(10 a 20 %) e outra parte na forma de nitrogênio
orgânico, que se precipita durante a fermentação
sob a ação de tanino e de álcool, na forma de
aminoácidos, aminas e proteínas. As matérias
minerais presentes na polpa das uvas são
principalmente potássio, cálcio, magnésio, sódio e
ferro; sendo que a principal delas é o potássio,
com concentração que varia de 0,7 a 2,0 g/L. A
polpa apresenta ainda uma concentração de
matérias pécticas no estado de suspensão coloidal
mais ou menos solúvel, e seu teor varia em função
da variedade e do grau de maturação da uva,
quanto mais madura a uva, maior a concentração
de substâncias pécticas (AQUARONE, 2001;
HORNSEY, 2007).
Hornsey (2007) reporta que a parede celular
das uvas é constituída basicamente de 30% de
pectina e a lamela média está impregnada de
celulose e hemicelulose e essas estruturas são
capazes de conferir rigidez e forma à célula. A
lamela celular é composta por substâncias
pécticas, derivadas do ácido poligalacturônico.
Para obter o suco a partir das bagas, a lamela
média precisa primeiro ser quebrada e as células
adjacentes liberadas, sendo que este é o principal
objetivo da maceração. As pectinas estão
presentes nas células vegetais, integrando um
grupo heterogêneo de polissacarídeos, capazes
de estabilizar em suspensão outros compostos
coloidais de sumos e mostos, além de reter água.
Com isso, contribuem para a turbidez e
viscosidade destes produtos, impedindo a
adequada filtração e clarificação dos mesmos.
Além disso, as pectinas retêm suco durante a
maceração das frutas, diminuindo, assim, o
rendimento da extração (UENOJO E PASTORE,
2007).
De acordo com Nelson e Cox (2002), enzimas
são substâncias complexas formadas no interior
de células vivas, que funcionam como
catalisadores de ação específica, e tem origem
biológica ou vegetal. Com exceção de um
pequeno grupo de moléculas catalíticas de RNA,
todas as enzimas são proteínas. Se uma enzima é
desnaturada
ou
desassociada
em
suas
subunidades,
sua
atividade
catalítica
é
freqüentemente perdida. Se uma enzima é
rompida em seu componente aminoácido, sua
atividade catalítica é destruída.
A catálise
enzimática das reações é essencial aos
organismos vivos.
Hornsey (2007) apresenta que as enzimas
mais comumente utilizadas enologicamente são as
pectinases,
hemicelulases,
glicosidases
e
glucanases, sendo que as mais importantes são
as pectinases, que ocorrem naturalmente nas
frutas, incluindo as uvas, e são parcialmente
responsáveis pelo processo de amadurecimento.
As pectinases das uvas são, entretanto, inativadas
pelos valores de pH e a concentração de SO2
prevalecentes durante a fabricação de vinho, por
isso, com as técnicas modernas de vinificação, é
preciso adicionar enzimas líticas ao processo,
para que a qualidade do produto seja assegurada.
Pectinases de origem fúngica, por exemplo, são
resistentes ás condições encontradas durante a
vinificação e por isso, em condições especiais, é
permitido adicionar preparações comerciais de
enzimas desses microrganismos.
Do ponto de vista da cor, um dos atributos mais
importantes dos vinhos, já que é a primeira
característica
observada
pelo
consumidor,
detectou-se que as tendências do mercado há
alguns anos se inclinam para vinhos tintos e
rosados de coloração intensa e de marcadas
tonalidades púrpuras. A mudança de cor durante o
envelhecimento do vinho deve-se entre outros
fatores, à composição fenólica do vinho, também
podendo ser controlado pela adição de enzimas
12
pectolíticas (GONZÁLEZ-SANJOSÉ, 2003). A
eliminação de polissacarídeos impede ou reduz a
possibilidade de combinação destes com
antocianos e taninos, reduzindo-se os riscos de
aparição de turbidez na garrafa e as mudanças de
cor associados a estes fenômenos.
Assim, o efeito sobre a extração de pigmentos
depende das atividades enzimáticas de cada
preparado comercial, da variedade da uva e de
seu amadurecimento e das condições em que se
realizam as macerações.
Conclusões
Na indústria de vinhos, as enzimas pectolíticas
removem os grupos metil das pectinas de alto teor
de grupos metoxílicos, tornando a pectina ácido
péctico, não havendo formação de gel e agem nas
pectinas com baixo teor de grupos metoxílicos
sobre as unidades não metiladas de ácido
galacturônico na cadeia, diminuindo assim a
viscosidade.
Muitos dos constituintes do flavor das uvas
estão concentrados na pele e serão liberados no
mosto após a ação enzimática. Enzimas de
contato devem extrair e proteger componentes
responsáveis pela coloração, bem como a
liberação de aromas, sendo que as uvas tintas
devem receber maior quantidade de enzimas, pois
os taninos se ligam às enzimas inativando-as
parcialmente. É extremamente importante que
essas enzimas não tenham nenhuma atividade
antocianogênica, pois as antocianases têm a
capacidade de remover as unidades de glicose e
provocar uma desestabilização da cor.
A mudança de cor durante o envelhecimento
do vinho deve-se entre outros fatores, à
composição fenólica do vinho, também podendo
ser controlado pela adição de enzimas
pectolíticas.
Resultados de estudos da adição das enzimas
com uvas tintas têm sido variáveis, com alguns
estudos mostrando uma ampliada extração da cor,
alguns não mostram aumento nenhum e outros
ainda, mostram uma decrescida extração da cor.
Tais resultados têm sido atribuídos a impurezas,
como
fenol
esterases
nas
preparações
enzimáticas, que degradam antocianinas e fenóis
ao invés de ajudar nas suas extrações.
Preparações de enzimas pectolíticas raramente
são homogêneas e geralmente contém traços de
outras enzimas, como celulases e hemicelulases a
fim de promover a quebra dos tecidos. Sendo que
alguns autores apresentam resultado que indicam
que o uso de enzimas de maceração de uvas
tintas tem mostrado que elas realmente aumentam
a estabilidade da cor, especialmente quando
utilizadas com variedades como a Pinot Noir, que
tem naturalmente um baixo conteúdo de fenol e
antocianinas. Esse aumento de estabilidade dos
pigmentos tem sido atribuído à extração
enzimática dos taninos, que tem um efeito protetor
nos pigmentos vermelhos.
Desta forma, conclui-se que o principal
inconveniente de se adicionar enzimas pectolíticas
ao vinho, é que estas podem acarretar em um
aumento do teor de metanol no vinho, quando há
a adição de pectinasmetilesterases, que liberam
os grupos metoxi das pectinas.
Mostrou-se, portanto, que o processo de
produção de vinhos tintos é bastante complexo e a
utilização de combinações de enzimas comerciais
é viável, desde que controlada adequadamente.
Além disso, percebe-se pelo comentário de vários
autores, que as enzimas podem potencializar as
características sensoriais inerentes ao vinho tinto.
Referências
AQUARONE, E. Biotecnologia industrial. Vol.4:
Biotecnologia na produção de alimentos. São
Paulo : Edgard Blucher, 2001.
GONZÁLES-SANJOSÉ,
M.L.;
IZCARA,
E.;
PÉREZ-MAGARIÑO, S.; REVILLA, I. Efecto del
uso de enzimas pectinolíticos sobre aspectos
tecnológicos y visuales de mostos y vinos. X
Congresso Brasileiro de Viticultura e Enologia.
Bento Gonçalves, 2003. [Anais]. Disponível em:
www.cnpuv.embrapa.br/publica/anais/cbve10/cbve
10-inicial.pdf. Acesso em 27 de abril de 2009.
HORNSEY, I. The Chemistry and Biology of
Winemaking. RSC Publishing. Cambridge, United
Kingdom, 2007.
IBRAVIN – Instituto Brasileiro do Vinho. A
vitivinícula brasileira. Disponível em: http://www.
ibravin.org.br/brasilvitivinicola.php. Acesso em 27
de abril de 2009.
NELSON, D. L.; COX, M. M. Lehninger –
Princípios de Bioquímica. Terceira edição. São
Paulo, 2002.
UENOJO, M.; PASTORE, G.M. Pectinases:
aplicações industriais e perspectivas. Química
Nova, v.30, n.2, p.388-394, 2007. Disponível em:
www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-4042200700
0 200028&script=sci_arttext-75k. Acesso em 01 de
maio de 2009.
VENTURINI FILHO, W. G. Tecnologia de bebidas:
matéria-prima,
processamento,
BPF/APPCC,
legislação e mercado. São Paulo: Edgard Blücher,
2005.
13
ANÁLISES QUÍMICAS DE SOLOS: UMA VISÃO CRÍTICA
Mariana M. Souto1, Fernando Luis M. Filho2, Douglas M. Torres3,
Carlos Eduardo Cardoso4
1
Universidade Severino Sombra, CECETEN, [email protected]
Universidade Severino Sombra, CECETEN, [email protected]
3
Universidade Severino Sombra, CECETEN, [email protected]
4
Universidade Severino Sombra, CECETEN, [email protected]
2
Resumo- Este trabalho teve como objetivo traçar o perfil de uma amostra de solo da fazenda Macuco
(Andrade Pinto, Vassouras, RJ). Mais especificamente, pretendeu-se avaliar criticamente os métodos
clássicos empregados na caracterização química de solos, incluindo métodos internacionais e nacionais
desenvolvidos e adaptados pela EMBRAPA para solos tropicais de carga variável. As determinações
analíticas foram feitas nas amostras secas ao ar e a os resultados foram expressos em conformidade com o
sistema internacional de unidades (SI). A metodologia de avaliação da qualidade baseou-se na análise dos
parâmetros pH (em água, KCl e CaCl2), cátions trocáveis, fósforo assimilável e matéria orgânica. Os
resultados indicaram que pequenas otimizações nas metodologias empregadas podem agilizar os trabalhos
e manter a confiabilidade.
Palavras-chave: solos; Solo; Análises Químicas.
Área do Conhecimento: Ciências Agrárias; Agronomia; Química do Solo.
Introdução
A análise química do solo é um dos métodos
mais utilizados na avaliação da fertilidade do solo
para fins de recomendação de adubação e
calagem.
Esse
método
teve
grande
desenvolvimento no Brasil a partir de 1965. Nessa
época, foi iniciado o programa denominado Soil
Testing, com o acordo de cooperação
internacional entre o Ministério da Agricultura,
representado pela antiga Equipe de Pedologia e
Fertilidade do Solo (atualmente Embrapa Solos) e
a Universidade Estadual da Carolina do Norte,
com o apoio da Agência Norte Americana para o
Desenvolvimento Internacional - USAID. Esse
programa visava, principalmente, os aspectos de
automação, uniformização, experimentação e
calibração de métodos para essas análises. A
utilização deste conjunto de metodologias ficou
conhecida como Método Embrapa (EMBRAPA,
1997), que compreende as extrações de P e K,
com a solução Mehlich-1, de Al, Ca e Mg com o
KCl, as determinações do pH em água e do
carbono ou da matéria orgânica por método
colorimétrico, calibrado com o método WalkeyBlack. Segundo Cantarella e colaboradores
(1994), este conjunto de metodologias era adotado
em mais de 50% dos laboratórios de análises de
solos no país. No entanto, os resultados de
análise de solo estão sujeitos a erros de diversas
naturezas.
Essas
discrepâncias
causam
descrédito das análises em si, e de todo sistema
de recomendação de adubação. A minimização
dos erros pode ser conseguida através de
programas interlaboratoriais que buscam a
uniformização de metodologias. Tais programas
atuam na troca de informações e análises das
mesmas amostras, pelos diferentes laboratórios.
Em geral, os programas vigentes no país têm o
objetivo de divulgar e uniformizar protocolos
analíticos
entre
laboratórios,
bem
como
diagnosticar e promover a melhoria da Qualidade
dos resultados por eles emitidos.
As modificações e adaptações no conjunto de
metodologias originais e a implantação de novos
procedimentos culminaram com surgimento dos
Programas de Controle de Qualidade regionais de
São Paulo (Instituto Agronômico de Campinas IAC), Rio Grande do Sul e Santa Catarina
(Programa de Avaliação da Qualidade de Análises
de Solo da Rede Oficial de Laboratórios de
Análise de Solo e de Tecido Vegetal –Rolas),
Minas Gerais (Profertil) e Paraná (Comissão
Estadual
de
Laboratórios
de
Análises
Agronômicas - Cela). O Programa de Análise de
Qualidade de Laboratórios de Fertilidade (PAQLF)
teve início em 1992, com a participação dos
laboratórios que utilizam o método EMBRAPA,
com objetivo de estimular laboratórios de outras
regiões não assistidas a participarem de um
sistema que pudesse avaliar
e corrigir, se
necessário, sua qualidade analítica. Desta forma,
esse trabalho teve como objetivo geral a
familiarização com os métodos EMBRAPA,
através da análise de uma amostra de solo do
distrito de Andrade Pinto (Vassouras/RJ). Mais
especificamente, pretendeu-se avaliar criticamente
as metodologias recomendadas pela EMBRAPA
Solos, adequando-as ao Laboratório de Química
Analítica da Universidade Severino Sombra.
14
Materiais e Métodos
Todos os compostos e reagentes utilizados
neste trabalho possuiam grau analítico e não
sofreram etapas prévias de purificação. A água
utilizada nos experimentos foi destilada.
Os valores de pH foram obtidos no medidor pHmetro DIGIMED (São Paulo, Brasil), acoplado a
um eletrodo combinado de vidro. Todas as
soluções empregadas neste trabalho foram
preparadas em solução aquosa e os solutos, em
todos os casos, foram pesados em uma balança
analítica GEHAKA AG 200 (São Paulo, Brasil). As
leituras de absorvância para a determinação de
fósforo assimilável foram feitas em um
espectrofotômetro Micronal B 342 (São Paulo,
Brasil). As determinações de cátions trocáveis se
deram em um Fotômetro de chama DIGIMED DM61 e por volumetria.
10 g de solo foram adicionadas a 2
erlenmeyers, seguido da adição de 25 mL das
-1
soluções extratoras de KCl 1,0 mol L , CaCl2
-1
0,01mol L e água destilada (uma em cada
frasco). As soluções foram agitadas e deixadas
em repouso por uma hora. Com auxilio de um pHmetro previamente calibrado, foram feitas as
determinações do pH das amostras.
+1
+1
Para determinação dos cátions K e Na , 10
g de solo foram pesados em um erlenmeyer,
seguindo-se a adição de 100 mL de HCl 0,05 mol
-1
L . A solução foi agitada e deixada em repouso
por uma semana, sendo uma alíquota analisada
em um Fotômetro de Chama DM-61 e em
+2
+2
ICPOES. Para determinação de Ca e Mg , 5 g
de solo foram adicionados a um erlenmeyer
-1
contendo 100 mL de KCl 1,0 mol L . A solução foi
agitada e deixada em repouso por uma semana,
sendo 2 alíquotas de 50,0 mL transferidas para
dois erlenmeyers. No primeiro frasco, procedeu+3
se a determinação inicial de Al por titulação com
-1
NaOH 0,025
mol L e azul de bromotimol como
indicador. No mesmo erlenmeyer, procedeu-se a
+2
+2
determinação de Ca e Mg , adicionando-se
previamente tampão pH 10 e negro de ericromo T.
-1
A solução foi titulada com EDTA 0,0125 mol L
Na segunda alíquota de 50,0 mL , procedeuse a adição de Trietanolamina 50%, KOH 10% e
murexida, titulando-se com uma solução de EDTA
-1
+2
0,0125 molL para a determinação de Ca .
Esses cátions foram determinados, também, por
+1
+1
+2
+2
ICPOES. Os cátions K , Na , Ca e Mg
extraidos com solução de acetato de amônio pH
7,0 foram determinados por ICPOES. A acidez
trocável (H + Al) liberada pela reação com solução
não tamponada de KCl foi utilizada para
determinar a capacidade de troca de cátions
(CTC) efetiva, que é definida como a soma das
+
3+
bases com os cátions H
e Al . Essa
determinação foi feita titulando-se uma alíquota do
-1
extrato com NaOH 0,025 mol L em presença de
fenolftaleína.
Para análise da matéria orgânica, cerca de 20
g de solo certificado foram finamente macerados.
Deste, 0,25 g foi pesado e colocado junto a 50,0
-1
mL de dicromato de potássio 0,4 mol L em um
erlenmeyer que foi levado a fervura branda
durante 5 minutos. Após o aquecimento, foram
adicionados 80 mL de água, 2 mL de H3PO4
concentrado e difenilamina. A solução resultante
foi titulada com sulfato ferroso amoniacal 0,1
-1
mol L
(Fe(NH4)(SO4)2.6H2O). Procedeu-se,
também, a determinação da MO por calcinação de
1,0 g de amostra de solo. Após secagem em
estufa a 120°C para remoção da água, a massa
de solo foi levada a 500°C em mufla.
Para a determinação do fósforo assimilável,
10,0 g de solo certificado 3 PAQLF da EMBRAPA
foi pesado em um erlenmeyer, ao qual adicionou-1
se 100 mL de solução HCl 0,05 mol L para
extração. A solução foi agitada e deixada em
repouso por uma semana. Uma alíquota de 5,0 mL
do extrato foi transferida para uma erlenmeyer
contendo 10 mL de solução ácida de molibdato de
-1
amônio
30 g L e 30 mg de ácido ascórbico. A
solução resultante permaneceu em repouso por
uma hora, para desenvolvimento da coloração
característica (azulada). As soluções padrão de
-1
0,5, 1,0 e 2,0 mg L foram preparadas pela
-1
diluição de uma solução padrão de P 50 mg L e
alíquotas de 5,0 mL desses padrões diluídos
foram transferidas para erlenmeyers, procedendose da mesma forma que para com a amostra.
Após o repouso, as soluções dos padrões e da
amostra tratadas com molibdato de amônio
tiveram sua absorvância determinada em um
Espectrofotômetro Micronal B 342 em um
comprimento de onda de 566 nm.
Resultados e Discussões
As técnicas mais comumente empregadas na
seleção de soluções extratoras consistem no
cultivo de plantas em diferentes solos com teores
variados de nutrientes, ou por meio da variação
artificial destes com aplicação de diferentes doses
dos elementos, correlacionando-os com o teor no
solo e com o teor foliar das amostras estudadas.
Na escolha do melhor é feito o cálculo de
correlação simples entre a matéria seca
produzida, o teor do elemento e o seu conteúdo na
planta com os teores do solo extraídos pelas
diferentes soluções (HAUSER, 1973). No caso do
pH, o diagnóstico informará sobre a facilidade ou a
dificuldade que terão as plantas para alcançar o
nutriente existente ou que será adicionado pela
adubação. Os resultados encontrados nesse
estudo mostram que não se faz necessário o
tempo de repouso de 60 minutos para medição do
15
pH, podendo o mesmo ser reduzido para 15
minutos.
A capacidade de troca de cátions (CTC) do
solo é definida como sendo a soma total dos
cátions que o solo pode reter na superfície coloidal
prontamente disponível à assimilação pelas
plantas. Neste trabalho, demonstrou-se ser viável
a substituição de alguns reagentes mascarantes
usados na volumetria de complexação, bem como
a correlação entre os resultados obtidos no
fotômetro de chama e na análise volumétrica.
A extração da matéria orgânica do solo nos
laboratórios de rotina de análise de solo
normalmente é realizada através da solução
sulfocrômica a qual contém dicromato de potássio
(ou sódio) e ácido sulfúrico. Esta solução tem sido
utilizada devido à propriedade dos seus reagentes
em oxidarem as frações orgânicas mais
prontamente oxidáveis do solo. Embora o método
da solução sulfocrômica apresente uma boa
exatidão e precisão, o uso desta solução contribui
para a presença do cromo (Cr) nos efluentes
laboratoriais, representando um risco à qualidade
ambiental e a saúde pública. Considerando os
inconvenientes ambientais e os riscos à saúde
associada ao uso do Cr, métodos alternativos ao
uso do dicromato foram utilizados, destacando-se
o método da perda de peso por ignição (PPI) e a
calcinação da amostra.
A análise do solo é o principal veículo de
transferência de informações geradas pela
pesquisa sobre adubação de culturas aos
produtores. No caso do fósforo (P), a situação é
bastante complexa, pela grande variedade de
métodos de extração do elemento em uso, o que,
de certa forma, é um indicativo da complexidade
do comportamento do elemento P no solo. Os
métodos de análise de solo mais utilizados
procuram, em geral, avaliar preferencialmente o
fator quantidade, que é o parâmetro do solo mais
importante para explicar a maior parte da variação
do efeito de P do solo sobre as culturas (DALAL;
HALLSWORTH, 1976).
Conclusões
Na amostra de solo testada, obteve-se uma
correlação significativa entre os valores de matéria
orgânica do solo obtido pelo método da solução
sulfocrômica (SSC) e o método da perda de peso
por calcinação (PPC). Estas variações podem ser
atribuídas, entre outros motivos, às diferenças
mineralógicas existentes entre as alíquotas da
amostra (ou da própria amostragem que, esperase, seja a mais uniforme possível). Enquanto a
deoxidrilação de muitos dos silicatos de argila
inicia entre 350 a 370ºC, para certos minerais,
como a vermiculita, gibbsita, goethita e brucita, a
perda de água estrutural geralmente ocorre entre
150 a 250ºC. Os resultado obtidos mostram que o
método da PPC superestimou os valores de C do
solo, o que pode ser atribuído à perda de água de
certos componentes minerais do solo, ou a
volatilização de compostos inorgânicos da fase
sólida do solo. Embora mais altos, estes
resultados indicam que o método da PPC
apresenta um potencial razoável para estimar o
teor de C do solo em substituição ao método da
solução
sulfocrômica.
Uma
característica
importante, na seleção de um método de análise
de P em solos, é a sua aplicabilidade em
diferentes tipos de solos, principalmente no que se
refere ao pH. Isto porque é difícil, em laboratórios
de rotina, adotar diferentes métodos para grupos
de solos com características variáveis.
A
confiabilidade, representatividade e exatidão do
método podem ser avaliadas pelos testes
estatísticos, através da técnica de intervalo de
2
confiança em relação à média de r , e, segundo
Da Silva e Raij (1999), admite-se como aceitável
coeficiente de variação da medida de 20% e o erro
permitido de 5% de probabilidade, no teste t de
Sstudent.
Em todos os casos, os dados obtidos neste
trabalho permitiram concluir que as adaptações
propostas são viáveis.
Referências
CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; MATTOS
JÚNIOR, D. A análise de solo no Brasil: 19821989. Boletim Informativo Sociedade Brasileira
Ciência do Solo, Campinas, v.19, n.3, p.96-112,
1994.
DALAL, R.C.; HALLSWORTH, E.G. Evaluation of
the parameters of soil phosphorus availability
factors in predicting yield response and
phosphorus uptake. Soil Science Society of
America. Journal, Madison, v.40, n.4, p.541-546,
July/Aug. 1976.
DA SILVA, F. C., RAIJ, B. van. DISPONIBILIDADE
DE FÓSFORO EM SOLOS AVALIADA POR
DIFERENTES EXTRATORES. Pesq. agropec.
bras., Brasília, v.34, n.2, p.267-288, fev. 1999
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisas do Solo
(Rio de Janeiro, RJ). Manual de métodos de
análise do solo. Rio de Janeiro, 1997. 212 p.
HAUSER, G. F. The calibration of soil tests for
fertilizer recommendations. Roma:FAO,1973. 71 p.
16
Sistema Computacional para a determinação de propriedades Geométricas de
Figuras Planas usando o Teorema de Green
Soraia Teixeira Barbosa1, Leandro Loures2, Ricardo Amar de Aguiar3, Carlos Vitor
de Alencar Carvalho4
1
Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas e da Natureza, Curso de
Sistemas de Informação, [email protected]
2
Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas e da Natureza, Curso de
Engenharia Elétrica, [email protected]
3
Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas e da Natureza, Curso de
Engenharia Elétrica e Ambiental, [email protected]
4
Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas e da Natureza, Curso de
Sistemas de Informação e Programa de Mestrado em Educação Matemática, [email protected]
Resumo-
Este artigo tem como objetivo apresentar o software PROPFIG2D, que pode ser utilizado
para a determinação de propriedades geométricas de figuras planas. Em figuras comuns, esses
cálculos podem ser bem simples, porém, a generalização do cálculo das propriedades geométricas
fica inviabilizada pela representação do domínio de integração, devido ao grau de particularidade
exigido para cada figura estudada. Para solucionar este problema, o software contará com uma
simplificação do domínio de integração através da aplicação do Teorema Integral de Green. Outra
aplicação do sistema desenvolvido é no apoio ao ensino da matemática pois possibilita a construção
de figuras planas permitindo aos alunos diversos estudos sobre geometria plana tais como: suas
características, formas, simetrias, áreas, perímetros.
Palavras-chave: Teorema de Green, geometria plana, propriedades geométricas
Área do Conhecimento: Matemática, Matemática Aplicada, Ciência da Computação, Processamento
Gráfico
Introdução
O cálculo das propriedades geométricas de
figuras planas (área, momentos de inércia,
momentos estáticos da área, produto de inércia,
etc) sempre foi uma tarefa básica necessária na
área da Engenharia. Matematicamente, tais
propriedades podem ser expressas por integrais
duplas avaliadas no domínio representativo da
figura analisada. Em figuras comuns, o cálculo é
bem simples e viável, entretanto, a generalização
do cálculo das propriedades geométricas fica
inviabilizada pela representação do domínio de
integração, devido a particularidade de cada figura
estudada.
Existem duas soluções para este problema,
uma delas é a simplificação do domínio de
integração, através do Teorema Integral de Green,
onde as propriedades geométricas da figura
podem ser calculadas através de integrais de
linhas ao longo de seu contorno. A segunda,
consiste em subdividir a figura plana em regiões
elementares (triângulos, retângulos, círculos, etc.),
cujas propriedades geométricas podem ser
facilmente tabeladas. Inicialmente, este trabalho
adotou como princípio o Teorema Integral de
Green,
visando
uma
implementação
computacional do mesmo utilizando a linguagem
de programação C.
Material e Métodos
O Teorema de Green é uma ferramenta da
Matemática utilizada para o cálculo de áreas de
figuras planas limitadas e fechada. Além disso,seu
princípio é utilizado para formulação de outros
teoremas, como por exemplo o teorema de Stokes
e Gauss, suas aplicações são extensas e
extremamente úteis nas áreas da física, química,
nas engenharias, geologia e etc. (BRAGA, 2005).
O Teorema de Green é expresso da seguinte
equação:
 ∂N
∫ M ( x, y)dx + N ( x, y )dy = ∫  ∂x
A
−
∂M
∂y

da

O teorema exprime uma integral dupla sobre
uma região plana D, em termos de uma integral de
linha em torno de uma curva que é fronteira de D,
Figura 1.
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
17
Figura 3 – Interface do PROPFIG2D.
Figura 1 – Região D analisada e suas
fronteiras. (Adaptado de LOURES, 2008)
Os passos para definição de uma propriedade
geométrica através do Teorema de Green são os
seguintes:
1. Aproximar a curva fechada R por
segmentos de retas (Figura 2);
2. Parametrização dos segmentos de retas;
3. Aplicação do Teorema.
Figura 2 - Aproximação da curva por segmentos
de retas. (Adaptado de LOURES, 2008)
O PROPFIG2D
O software PROPFIG2D apresenta ao usuário
uma interface gráfica na qual é possível desenhar
e editar uma figura composta por vários
segmentos de reta e em seguida calcular suas
propriedades. Atualmente ele se encontra na
versão 1.1, na qual já é possível calcular todas as
propriedades básicas de uma figura plana
utilizando os conceitos do Teorema de Green.
O objetivo da criação deste software é auxiliar
os estudantes da área de Engenharia em seus
estudos e ajudar a calcular as propriedades de
figuras planas independente do seu grau de
complexidade. A Figura 3 mostra a interface do
software desenvolvido.
A interface do software é dividida em três
partes. Do lado esquerdo da tela, está o modo de
edição, onde o usuário poderá selecionar as
opções para desenhar, alterar a figura, ajustar o
tamanho da mesma na tela e escolher o método
de desenho da figura, que pode ser feita através
do mouse ou do teclado. Se o usuário escolher a
opção de entrada pelo teclado, assim que o botão
de desenhar linha for acionado, o programa abre
uma janela onde vai recebendo as coordenadas
das linhas, uma de cada vez, até que a figura seja
fechada.
Na parte central está a área de desenho. Ela
possui uma malha onde cada ponto tem uma
coordenada para que o usuário possa se orientar
quando estiver desenhando a figura. A posição da
malha pode ser modificada na barra superior da
tela através do menu de opções onde se encontra
o item “Editar Malha”.
Do lado direito da tela estão as propriedades
da figura. Ao clicar em “Calcular”, o programa
calcula as propriedades da figura e exibe na tela.
Para a implementação do software foi
escolhida a linguagem C com o uso da biblioteca
gráfica OpenGL e da biblioteca IUP, ambas livres
e multiplataforma. A OpenGL foi escolhida devido
á sua portabilidade e grande quantidade de
documentação disponível. Esta biblioteca é
utilizada em muitas aplicações de Computação
Gráfica como jogos e sistemas de visualização. A
biblioteca IUP fornece opções para a criação da
interface gráfica junto com uma linguagem de
especificação de diálogos (LED) que torna este
processo bem mais simples, separando o sistema
de interface do sistema gráfico e permitindo que a
janela tenha a aparência nativa do sistema
operacional que estiver sendo usado.
Para calcular as propriedades da figuras, o
software precisa executar uma série de tarefas.
Primeiro é necessário ler as coordenadas dos
pontos de cada uma das retas. Essas
coordenadas são armazenadas pelo programa e
organizadas de forma que o cálculo seja feito no
sentido anti-horário, figura 4.
Depois de armazenar todas as retas na
sequência correta, o software começa a calcular
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
18
cada uma das propriedades. Para cada um dos
segmentos são calculados e armazenados os
valores da área, dos momentos estático (Qx e Qy)
e de inércia(Ixe Iy) e o produto de inércia(Ixy).
Com as propriedades de cada reta armazenadas,
o software calcula as propriedades da figura e as
exibe na tela para o usuário.
Resultados
Para a execução dos testes, foi utilizada uma
figura geométrica em forma de “T” e uma tabela
em excel com os seus valores previamente
calculados (Figura 4). Essa figura foi novamente
desenhada no PROPFIG2D (Figura 5). Os
resultados obtidos foram semelhantes aos
encontrados na Figura 5, validando desta forma a
metodologia de solução usada neste software.
adicionadas novas funcionalidades como calcular
figuras vazadas e novas ferramentas de desenho,
além da correção dos bugs encontrados em sua
fase inicial. Outra funcionalidade que está sendo
desenvolvida é a da segunda solução do problema
apresentado, isto é, a subdivisão da região em
pequenas regiões com formas conhecidas para
determinação das suas propriedades.
Referências
Cohen M., Manssour I. H. OpenGL Uma
Abordagem Prática e Objetiva. Novatec, 2006
Braga, A. S. Teorema de Green e Aplicação,
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação
em Licenciatura em Matemática) –
Universidade Católica de Brasília, 2005.
Levy, C. H. IUP/LED: Uma Ferramenta
Portátil de Interface com o Usuário,
Dissertação de Mestrado (Mestrado em
Informática: Ciência da Computação) –
Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, 1993.
Figura 4 - Modelo usado como base para
verificação dos valores
Figura 5 – Figura geométrica em forma de T no
PROPFIG2D
Discussão
O PROPFIG2D está em fase final de
desenvolvimento,
mas
pelos
resultados
alcançados e pela sua facilidade de utilização é
possível observar a sua potencialidade de uso
tanto na determinação das propriedades de figuras
planas nos cursos de engenharia bem como no
ensino de matemática. Futuramente serão
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
19
O NÚMERO DE OURO NA SALA DE AULA
Elizabeth Mendes de Oliveira
[email protected]
Universidade Severino Sombra
Daiane Gomes Bueno
[email protected]
Universidade Severino Sombra
Resumo: Pretende-se inicialmente com esse estudo fazer uma análise
histórica contextual da Geometria no que tange a Proporção Áurea até a
descoberta do Número de Ouro. Em seguida propor atividades
interdisciplinares e contextualizadas destinadas ao Ensino de Matemática no
Ensino Fundamental e Médio, sendo estas desenvolvidas em sala de aula, de
maneira que auxiliem a prática de docentes. Nesse sentido, este trabalho tem
por objetivo a busca pela significação para que assim as aplicações
matemáticas decorrentes do estudo deste número ainda pouco falado nas
escolas, tenham realmente compreensão e despertem o prazer dos alunos em
estudar os conteúdos matemáticos.
Palavras-chave: Número de Ouro, Desenho Geométrico, Interdisciplinaridade
e História.
1. Posicionamento do Trabalho
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, o ensino
contextualizado e interdisciplinado favorecem a construção do conhecimento,
visto que o ensino torna-se mais significativo para o discente quando se
estabelece relações entre o objeto do estudo e o meio no qual está inserido.
Com este trabalho será possível demonstrar que a Matemática está presente
em todo e qualquer ato que temos ou elemento formador.
Nesse sentido pretende-se com esta pesquisa sugerir propostas de
atividades que auxiliem a prática de docentes em sala de aula por meio do
Número de Ouro. Inicialmente esse estudo fará uma análise histórica
contextual da Geometria no que tange a Proporção Áurea até a descoberta do
Número de Ouro.
2. Aspectos Históricos sobre o Número de Ouro
20
A escola grega de Pitágoras estudou e observou muitas relações e
modelos numéricos que apareciam na natureza, beleza, estética, harmonia
musical e outros, mas provavelmente a mais importante é a razão áurea, razão
divina ou proporção divina. O número de ouro não é mais do que um valor
numérico cujo valor aproximado é 1,618.
Este número irracional é considerado por muitos o símbolo da harmonia.
Se quiséssemos dividir um segmento AB em duas partes, teríamos uma
infinidade de maneiras de fazer. Existe uma, no entanto, que parece ser mais
agradável à vista, como se traduzisse uma operação harmoniosa para os
nossos sentidos. Relativamente a esta divisão, o matemático alemão
(ZEIZING,1855), formulou o seguinte princípio: “Para que um todo dividido em
duas partes desiguais pareça belo do ponto de vista da forma, deve apresentar
a parte menor e a maior a mesma relação que entre esta e o todo."
2.1 Leonardo da Vinci
Leonardo da Vinci revela os seus conhecimentos matemáticos em seus
desenhos bem como a utilização da razão áurea como garantia de uma
perfeição, beleza e harmonia únicas. Representa bem o homem típico da
renascença que fazia de tudo um pouco sem se fixar em nada. Um exemplo
clássico é a tradicional representação do homem em forma de estrela de cinco
pontas, o qual foi inspirado no pentágono regular e estrelado inscrito na
circunferência, conforme pode ser observado na Figura 1.
Figura 1: Representação do homem
segundo Leonardo da Vinci.
21
A Mona Lisa apresenta o retângulo de Ouro em múltiplos locais, o
primeiro desenhando um retângulo à volta da face, o retângulo resultante é um
retângulo de Ouro; o segundo dividindo este retângulo por uma linha que passa
nos olhos, o novo retângulo obtido também é de Ouro e o terceiro, as
dimensões do quadro também representam a razão de Ouro. Isto pode ser
observado na Figura 2.
Figura 2: Mona Lisa de Leonardo da
Vinci.
2.2 Fibonacci
Leonardo de Pisa (Fibonacci = filius Bonacci) matemático e comerciante
da idade média nasceu na Itália por volta de 1175 e ficou conhecido como
Fibonacci (filho de Bonaccio). A partir da publicação do livro Líber Abacci , (livro
do Ábaco) em 1202, Fibonacci tornou-se famoso, principalmente devido aos
inúmeros temas desenvolvidos nesse trabalho. Nele aparecem estudos sobre o
clássico problema envolvendo populações de coelhos, o qual foi à base para o
estabelecimento da célebre seqüência (números) de Fibonacci.
A teoria contida no livro Liber Abacci é ilustrada com muitos problemas
que representam uma grande parte do livro. Um dos problemas que está nas
páginas 123 e 124 deste livro é o Problema dos pares de coelhos (paria
coniculorum): _Quantos pares de coelhos podem ser gerados de um par de
22
coelhos em um ano? Um homem tem um par de coelhos em um ambiente
inteiramente fechado. Desejamos saber quantos pares de coelhos podem ser
gerados deste par em um ano, se de um modo natural a cada mês ocorre a
produção de um par e um par começa a produzir coelhos quando completa
dois meses de vida.
Como o par adulto produz um par novo a cada 30 dias, no início do
segundo mês existirão dois pares de coelhos, sendo um par de adultos e outro
de coelhos jovens, assim no início do mês 1 existirão 2 pares: 1 par adulto + 1
par recém nascido. Esse problema aparece esquematizado na Figura 3.
23
Figura 3: Problema Esquematizado dos
Coelhos.
Tal processo continua através dos diversos meses até completar um
ano. Observa-se esta formação no gráfico com círculos, mas também se pode
perceber que a seqüência numérica, conhecida como a seqüência de
Fibonacci, indica o número de pares ao final de cada mês.
24
3. Como Determinar o Número de Ouro?
De uma forma mais simplificada podemos chegar ao número de ouro e
para isso vamos utilizar o seguinte processo: Considere o segmento de reta,
cujas duas extremidades se denominarão de A e C, e colocando um ponto B
entre A e C (neste caso o ponto B estará mais perto de A) de maneira que a
razão do segmento de reta menor (AB) para o maior (BC) seja igual à razão do
maior segmento (BC) para o segmento todo (AC):
A
razão
entre os comprimentos destes
habitualmente por seção áurea. Então, tem-se que
segmentos
designa-se
( AB ) = (BC ) .
(BC ) ( AC )
Pode-se
então definir o número de ouro se fizer: AB = y, BC = x e AC = x + y. Fazendo
as devidas substituições tem-se a equação do segundo grau x 2 − x − 1 = 0 ,
resolvendo a equação obtém as soluções x ′ =
(1 + 5 ) e x′′ = (1 − 5 ) .
2
2
Tendo em conta que o comprimento de um polígono, nunca poderá ser
negativo, será considerada apenas a solução positiva, com isso encontra-se o
número de ouro Φ =
(1 + 5 ) .
2
4. Onde Encontrar o Número de Ouro?
Para exemplificar a presença do Número de Ouro, nas mais diversas
áreas de estudo a seguir serão apresentadas algumas das aplicações do
número de ouro na natureza e na arquitetura.
Os números de Fibonacci podem ser usados para caracterizar diversas
propriedades na Natureza. O modo como as sementes estão dispostas no
centro de diversas flores é um desses exemplos. A Natureza "arrumou" as
sementes do girassol sem intervalos, na forma mais eficiente possível,
formando espirais logarítmicas que tanto curvam para a esquerda como para a
direita. O curioso é que os números de espirais em cada direção são (quase
25
sempre) números vizinhos na seqüência de Fibonacci. O raio destas espirais
varia de espécie para espécie de flor, conforme indicado na Figura 4.
Figura 4: Sementes do Girassol.
Pode-se encontrar retângulos de ouro associados a numerosas obras de
arquitetura tal como o Parthenon, em Atenas ou nas obras do arquiteto Lê
Corbusier. Uma das obras de Lê Corbusier aparece ilustrada na Figura 5 onde
se pode notar claramente a utilização de retângulos áureos.
Figura 5: Unidade de Habitação por Lê
Corbusier.
26
5. Conclusão
O número de ouro é considerado por muitos estudiosos um símbolo da
harmonia. Pode ser encontrado em nosso cotidiano, de forma real e em muitos
monumentos históricos. Aparece na natureza, na arte, arquitetura, música e
nos seres humanos. Surgiu da necessidade que os antigos tinham de utilizar a
contagem como forma matemática para aplicá-las em seus negócios. Fibonacci
deu uma grande contribuição à Geometria com a sua descoberta, a qual está
relacionada com a solução do problema dos coelhos. Grandes pintores como
Leonardo Da Vinci usaram a razão áurea em seus trabalhos. A próxima etapa
deste trabalho consiste em propor atividades relacionadas aos conceitos do
Número de Ouro baseados no estudo de noções de medida, razão, estimativa,
números irracionais, radicais e operações com radicais, tendo como objetivo
criar oportunidades para uma aprendizagem significativa.
6. Referências
CASTELAN, R et al. A geometria e a natureza. Anais do Graphica 96.
Florianópolis, 1996.
DOMINGUES, Ivan (Org.). Conhecimento e transdisciplinaridade II:
aspectos metodológicos. Belo Horizonte: EdUFMG, 2005.
FAZENDA, Ivani Catarina Arantes. Integração e Interdisciplinaridade no
ensino brasileiro: efetividade ou ideologia? São Paulo: Loyola, 1979.
KOPKE, Regina Coeli Moraes. Geometria e desenho na escola: uma visão
transdisciplinar. In: Anais do II Congresso Mundial de Transdisciplinaridade.
Vila Velha, Vitória, 2005.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Ensino fundamental. Brasília:
MEC, 1998.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. Ensino médio. Brasília: MEC,
2002.
27
SUGESTÕES PARA O ESTUDO DO CONCEITO DE DERIVADA COM BASE
EM SUAS APLICACÕES DO COTIDIANO
Elizabeth Mendes de Oliveira
[email protected]
Universidade Severino Sombra
William Baltar Ponciano
[email protected]
Universidade Severino Sombra
Resumo: O objetivo central desta pesquisa está diretamente relacionado com
o processo de ensino-aprendizagem da disciplina Cálculo Diferencial e Integral.
Sendo analisadas e avaliadas as principais dificuldades apresentadas pelos
estudantes na aprendizagem do conceito de derivada. Nesse sentido serão
estudadas as diversas aplicações da derivada sobre dois aspectos básicos, o
histórico e o geométrico. Além dos importantes papeis na matemática, na
física, química, engenharia, tecnologia, ciências, etc. Com o intuito de introduzir
essas diversas aplicações nas aulas de cálculo, identificando desta maneira os
principais elementos que devem ser levados em conta nas abordagens para a
melhoria do ensino desta disciplina.
Palavras - chave: Derivada, Cálculo Diferencial e Integral, Historia e
Aprendizagem.
1. Posicionamento do Trabalho
Tendo como alvo de pesquisa as diversas aplicações do Cálculo
Diferencial e Integral, o que se refere ao estudo de derivada foi abordada em
especial neste estudo, por entender, que este é um dos conceitos
fundamentais da disciplina. A versatilidade do cálculo fez com que ele fosse
aplicado a muitas áreas. Nesse sentido, esse trabalho pretende realizar uma
pesquisa histórica sobre o surgimento da derivada, em seguida sobre as
aplicabilidades do conceito de derivada encontradas nas diversas áreas do
conhecimento.
2. Breve Histórico sobre a Derivada
A origem da derivada está essencialmente nos problemas geométricos
clássicos de tangência, por exemplo, para determinar uma reta que intercepta
uma dada curva em apenas um ponto dado. Euclides (cerca de 300 a.C)
28
provou o familiar teorema que diz que a reta tangente a um círculo em qualquer
ponto P é perpendicular ao raio em P.
Já Arquimedes (cerca de 287-212 a. C) tinha um procedimento para
encontrar a tangente à sua espiral e Apolônio (cerca de 262-190 a.C.)
descreveu diversos métodos, para determinar tangentes a parábolas, elipses e
hipérboles. Mas estes eram apenas problemas geométricos que foram
estudados apenas por seus interesses particulares limitados; os gregos não
perceberam nenhuma linha em comum ou qualquer valor nestes teoremas.
Problemas de movimento e velocidade, também básicos para nosso
entendimento de derivadas hoje em dia, também surgiram com os gregos
antigos, embora estas questões tenham sido originalmente tratadas mais
filosoficamente do que matematicamente. Os quatro paradoxos de Zenon
(cerca de 450 a.C.) se apóiam sobre dificuldades para entender velocidade
instantânea sem ter uma noção de derivada. Na Física estudada por Aristóteles
(cerca de 384 -322 a.C.), os problemas de movimento estão associados
intimamente com noções de continuidade e do infinito (isto é, quantidades
infinitamente pequenas e infinitamente grandes).
O interesse em tangentes a curvas reapareceu no século 17 como uma
parte do desenvolvimento da geometria analítica. Pierre Fermat (1601-1665) foi
o primeiro a considerar a idéia de uma família inteira de curvas, desenvolveu
um procedimento algébrico para determinar os pontos mais altos (máximos) e
mais baixos (mínimos) sobre uma curva; geometricamente, ele estava
encontrando os pontos onde a tangente à curva tem inclinação zero.
Isaac Newton (1642-1727) começou a desenvolver o seu “Cálculo de
Flúxions” entre os seus primeiro esforços científicos em 1663. Para Newton,
movimento era a “base fundamental” para curvas, tangentes e fenômenos
relacionados de cálculo e ele desenvolveu seus flúxions a partir da versão de
Hudde do procedimento da dupla raiz. Newton estendeu esta técnica como um
método para encontrar a curvatura de uma curva, uma característica que agora
sabemos ser uma aplicação da derivada segunda.
Gottfried Leibniz (1646-1716) desenvolveu seu cálculo diferencial e
integral durante o período entre 1673 e 1676 onde aprendeu o método de
Sluse para encontrar retas tangentes a curvas algébricas. Leibniz tinha pouca
inclinação para desenvolver estas técnicas e interesse ainda menor em
29
fundamentações matemáticas (isto é, limites) necessárias, mas ele aperfeiçoou
as fórmulas modernas e a notação para derivada no seu famoso artigo em
1684 "New methods for maximums and minimums, as well as tangents, which
is neither impeded by fractional nor irrational quantities, and a remarkable
calculus for them". Aqui está o primeiro trabalho publicado em cálculo e de fato
a primeira vez que a palavra “cálculo” foi usada em termos modernos. Agora,
qualquer um poderia resolver problemas de tangentes sem ser especialista em
geometria, alguém poderia simplesmente usar as fórmulas de “cálculo” de
Leibniz.
No final do século 18, Lagrange (1736-1813) tentou reformar o cálculo e
torná-lo mais rigoroso no seu Theory of Analytic Functions, 1797. Lagrange
pretendia dar uma forma puramente algébrica para a derivada, sem recorrer à
intuição geométrica, a gráficos ou a diagramas e sem qualquer ajuda dos
limites de d'Alembert. Lagrange desenvolveu a principal notação que usamos
agora para derivadas e o desenvolvimento lógico de seu cálculo era admirável
em outros aspectos, mas seu esforço em prover uma base sólida para o
cálculo falhou porque sua concepção da derivada era baseada em certas
propriedades de series infinitas as quais, sabemos agora, não são verdadeiras.
Finalmente, no início do século 19, a definição moderna de derivada foi
dada por Augustin Louis Cauchy (1789-1857) em suas aulas para seus alunos
de engenharia. Em seu Résumé of Lessons given at l'Ecole Polytechnique in
the Infinitesimal Calculus, 1823, afirmou que a derivada é: “O limite de
f (x + h ) − f ( x )
quando h se aproxima de zero”. Cauchy prosseguiu para
h
encontrar derivadas de todas as funções elementares e dar a regra da cadeia.
De igual importância, Cauchy mostrou que o Teorema do Valor Médio para
derivadas, que tinha aparecido no trabalho de Lagrange, era realmente a pedra
fundamental para provar vários teoremas básicos do cálculo que foram
assumidos como verdadeiros, isto é, descrições de funções crescentes e
decrescentes. Derivadas e o cálculo diferencial estão agora estabelecidos
como uma parte rigorosa e moderna do cálculo
3. Algumas Aplicações do Conceito de Derivada
30
O conceito de derivada está intimamente relacionado à taxa de variação
instantânea de uma função, o qual está presente no cotidiano das pessoas,
através, por exemplo, da determinação da taxa de crescimento de uma certa
população, da taxa de crescimento econômico do país, da taxa de redução da
mortalidade infantil, da taxa de variação de temperaturas, da velocidade de
corpos ou objetos em movimento, enfim, poderíamos ilustrar inúmeros
exemplos que apresentam uma função variando e que a medida desta variação
se faz necessária em um determinado momento. Para entendermos como isso
se dá, inicialmente vejamos a definição matemática da derivada de uma função
em um ponto.
Definição: Se uma função
f
é definida em um intervalo aberto
contendo x0 , então a derivada de f em x0 , denotada por f ′( x0 ) , é dada por:
f ( x0 + ∆x ) − f ( x0 )
, se este limite existir, ∆x representa uma
∆x
f ′( x0 ) = Lim
∆x → 0
pequena variação em x, próximo de x0 .
Para exemplificar a presença do conceito de derivada, nas mais diversas
áreas de estudo a seguir serão apresentadas algumas dessas aplicações na
área de Ciências Biológicas e em Problemas de Resfriamento, na primeira,
temos que a derivada se aplica na pesquisa da taxa de crescimento de
bactérias de uma cultura, esta pode ser representada pela equação diferencial
dN
= kN ,
dt
onde N representa a quantidade de bactérias em dado tempo t e K
representa a constante de proporcionalidade. A figura 1 descreve esse
crescimento por meio de uma linha de tendência.
Em Problemas de Resfriamento onde a taxa de variação de
temperatura
T (t )
de um corpo em resfriamento é diretamente proporcional a
diferença entre a temperatura do corpo e a temperatura constante
ambiente, isto é,
dT
= k (T − Tm ) ,
dt
Tm
do meio
em que k é uma constante de proporcionalidade.
Um exemplo clássico para este problema seria quando um bolo é retirado de
um forno e deseja-se saber quanto tempo levará para sua temperatura chegar
a um valor aceitável para consumo.
31
4. Conclusão
Enfim, é possível perceber que as aplicações presentes representam
explicitamente a essência do conceito de derivada, que é a medida da taxa de
variação instantânea. Tudo isto possibilita a percepção de que a aplicabilidade
do Cálculo Diferencial está diretamente relacionada ao cotidiano, desta forma
esse trabalho se propõe a estudar os diferentes problemas encontrados no
cotidiano e utilizá-lo como ferramenta auxiliadora nas aulas de cálculo
Diferencial e Integral.
5. Referências
ANTON, Howard. Cálculo: um novo horizonte. v. 1. Trad. Cyro de Carvalho
Patarra, Márcia Tamanaha. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2000.
HOFMANN, Laurence D.; BRADLEY, Gerald L. Cálculo: um curso moderno e
suas aplicações. Trad. Ronaldo Sergio de Biasi. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC,
2002.
HIMONAS, Alex; HOWARD, Alan. Cálculo: Conceitos e aplicações. Trad.
Ronaldo Sergio de Biasi. Rio de Janeiro: LTC, 2005.
DAMM, R. F. Registros de Representação – Educação Matemática. EDUC
Editorada da PUC-SP. São Paulo, 1999.
FUSCO, C. A. S. Um estudo da transposição didática da Derivada. Anais IV
Encontro Paulista de Educação Matemática. São Paulo, 1996
GODOY, L. F. S. Registros de Representação da Noção de Derivada e o
Processo de Aprendizagem. São Paulo, 2004. Dissertação (Mestrado em
Educação Matemática) Departamento de Matemática. Pontifica Universidade
Católica de São Paulo.
PACHECO, E. R. Um estudo de Atitudes em Relação ao Cálculo
Diferencial e Integral, em Estudantes Universitários. São Paulo, 2000.
Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) Departamento de
Matemática. Universidade Estadual de Campinas.
PELCZAR Michael. Microbiologia: Conceitos e Aplicações. v.1. 2. ed. Rio
De Janeiro: Makrow Books, 1996.
32
POLÍGONOS ESTRELADOS E OS NÚMEROS PRIMOS
Douglas Duarte de Souza 1, Aline Lebre X. da Rosa 1, Maria Eduarda
Gomes de Castilho 1, Estela Kaufman Fainguelernt 2
1
Universidade Severino Sombra, Bolsistas do Projeto Jovens Talentos - FAPERJ,
Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas e da Natureza,
GPEMCC, [email protected]
2
Resumo: Este relato é uma das atividades realizadas com alunos do Ensino Básico que
participam do projeto “A Análise Matemática Visitando a Escola Básica”, que vem
sendo desenvolvido pelo Grupo de Pesquisa Educação Matemática, Cultura e Cidadania
(GPEMCC), por professores da Universidade Severino Sombra e agora por alunos do
Ensino Básico ligados ao Projeto Jovens Talentos, da FAPERJ, onde estamos
promovendo a reflexão sobre conceitos pertinentes à Análise Matemática que são
aplicados na Matemática desde a Educação Básica.
Palavras Chave: visualização, polígono estrelado; número primo, construções
Geométricas.
Área de conhecimento: Educação Matemática
Introdução: Um dos objetivos do
Grupo é refletir sobre os conceitos
pertinentes a Análise Matemática usada
no Ensino Básico, como por exemplo,
trabalhar com os números primos na
construção ou não de polígonos
regulares estrelados.
Materiais ou Métodos: Por meio das
construções geométricas dos polígonos
estrelados utilizando material de
desenho
auxiliando-os
no
desenvolvimento do raciocínio espacial
possibilitando a reconstrução de
conceitos matemáticos, como por
exemplo, as noções de polígono regular
estrelado, números primos e descobrir
que relações podem ser encontradas.
se aumentava indefinidamente o número
de lados na sua construção.
Resultados Parciais: Observamos que
os alunos participaram ativamente e
resolveram estas atividades com prazer,
descobrindo e recordando as noções de
múltiplo e divisor. Relacionaram os
polígonos regulares, cujo o número de
vértices era maior que quatro, com os
números primos.
Resultados e Discussão: As discussões
sobre a maneira de se construir os
polígonos estrelados levaram os alunos
a descobrirem que quando se aumentava
o número de lados dos polígonos
inscritos em uma circunferência eles
mais se aproximavam da circunferência
o que levou um dos alunos a perguntar
se a circunferência não era o Limite de
inscrição de polígonos regulares quando
33
34
SOFTWARE COMO APOIO AO ENSINO DA MATEMÁTICA
1
2
– orientação; SÁ, Ilydio Pereira de – orientação; COSTA, Luciano
3
4
5
Pecoraro ; VILLELA, Aline Alves ; RIBEIRO, Francisco de Assis
PAIVA, Ana Maria Severiano de
1
USS-RJ - [email protected]
USS - RJ – CECETEN – [email protected]
3
USS-RJ- [email protected]
4
USS-RJ- [email protected]
5
USS-RJ- [email protected]
2
Resumo. Apresentamos relato de experiência que teve como objetivo o ensino da matemática, com apoio
de software. O uso do computador no cotidiano permite ampliação e integração com o conhecimento. Nos
Parâmetros Curriculares Nacionais, em especial aqueles direcionados ao Ensino Médio, encontramos a
presença das tecnologias em cada uma das áreas do conhecimento, indicando a necessidade de
desenvolver habilidades identificadas com as diferentes linguagens em todos os campos do saber.
Tecnologias mediam a prática pedagógica oferecendo desafios importantes voltados à produção intelectual,
onde o aluno passa a ser produtor de conhecimento e a ação docente dá lugar a relação dialógica que
permite ao professor e ao aluno aprender a aprender, num processo coletivo para a produção do
conhecimento. Se a Tecnologia apresenta-se como possibilidade de intervir na relação que os sujeitos –
alunos e professores – desenvolvem durante o processo de ensino e de aprendizagem, também é verdade
que nos defrontamos com desafios e incertezas no processo de ensino-aprendizagem da Matemática.
Palavras-Chave: Ensino de matemática. Tecnologias. Universidade. Escola básica.
Introdução
Este estudo tem como objetivo apresentar
reflexões sobre ensino da matemática com apoio
de software. Muitos são os estudos que
interrogam sobre práticas pedagógicas que
valorizam a criatividade, a criticidade. Novos
conteúdos, novas metodologias, resignificação das
práticas pedagógicas são questões que alimentam
o debate sobre formação de professores e
tecnologia, dentre eles FREIRE, 1996; ARAÚJO,
2007; CURY, 2000; TARDIF, 2007, 2006;
D’AMBRÓSIO, 1986, 2002, 2005, 2006. Uma das
demandas que traz desafios aos espaços de
formação de professores é o tema das
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
Sobre este se fala em “mudança no modo de
pensar e conviver”, “mudança na forma e no
tempo de ensinar e de aprender”.
Material e Métodos: Software Régua e
Compasso
A
experiência
que
apresentamos
desenvolveu-se em uma escola do município de
Miguel Pereira. Os alunos da primeira turma
observada pertencem a uma escola da rede
particular de ensino. São em número de oito (8),
na faixa etária entre 13 e 15 anos. Ao se fazer
levantamento sobre a relação com tecnologia,
identificamos que dos oito alunos (8), sete (7)
tiveram seu primeiro contato com o computador e
internet, na própria casa. Ao se identificar a
periodicidade do contato observamos ser
diariamente para 50% dos entrevistados. Para
70% deles a utilização maior é para trabalhos
escolares e 60% para contatos pessoais.
Um outro bloco de perguntas identificou
como os alunos observam a relação entre o
ensino e a aprendizagem em matemática com a
utilização de softwares. Setenta por cento (70%)
consideram que “facilita a compreensão do
conteúdo”, “acrescenta conhecimento” e “melhora
a aprendizagem com uso do software”. Cinqüenta
por cento (50%) consideram “que facilita aprender
matemática porque descontrai a aula”; 20%
consideram que não há interferência.
Para abordarmos construções geométricas
dos triângulos, das bissetrizes, das retas paralelas
e perpendiculares decidimos utilizar o software
educativo Régua e Compasso.
A opção pela introdução do software se
apresentou como alternativa para oferecer aos
alunos oportunidade de contato com um programa
que envolvesse conteúdos geométricos de forma
diferenciada.
O programa Régua e Compasso é um
software livre que torna possível a construção de
pontos, retas paralelas, retas perpendiculares,
pontos sobre as retas, semi-retas, círculos,
ângulos, além de outros figuras geométricas
planas, sendo possível até a utilização de recursos
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
35
que envolvem movimentos de uma determinada
função. Também é possível mensurar os valores
de ângulos, medidas de comprimentos, áreas e
perímetros.
O professor pode estimular que seus
alunos façam conjecturas, experimentem com o
uso do software, confirmem, ou não, hipóteses e,
num momento seguinte, façam as demonstrações
formais exigidas pela matemática. Como todo
software educativo se bem utilizado pode
favorecer tanto alunos quanto professores.
A aula, utilizando o Régua e Compasso,
estimulou nos alunos perguntas como: “Onde e
por quem foi desenvolvido?”, “Para que serve?” ou
“Tenho condições de baixar o software em casa?”.
Discussão
Se a Tecnologia apresenta-se como
possibilidade de intervir na relação que os sujeitos
– alunos e professores – desenvolvem durante o
processo de ensino e de aprendizagem, também é
verdade que nos defrontamos com desafios e
incertezas no processo de ensino-aprendizagem
da Matemática:
a) Como aprender com tecnologias que vão se
tornando cada vez mais sofisticadas, mais
desafiadoras?;
b) Como não absolutizar ou mitificar as TIC no
processo de ensino e de aprendizagem?
c) Como formar professores nas Universidades e
como formá-los na educação básica, em serviço?
Resultados:
realizadas
apresentando
as
atividades
Uma das aulas observadas tinha como
objetivo verificar a aprendizagem do conceito de
base média de um triângulo qualquer,
considerando conteúdos anteriormente estudados
e o conhecimento prévio do software Régua e
Compasso.
A partir da ferramenta os alunos tinham
construído, verificado e comparado as medidas de
segmentos relacionadas ao Baricentro e às
medianas em um triângulo qualquer.
Uma semana antes desta aula, com o uso
do
software,
os
alunos
construíram,
individualmente, com os utensílios clássicos do
desenho geométrico, como régua, papel, lápis e
borracha, triângulos e trapézios à sua escolha.
No início da construção, cada aluno após
traçar e registrar as medidas dos lados do
triângulo, mediu seus lados utilizando a régua.
Após traçarem as medianas, inferiram que a base
média do triângulo é formada pela base do
triângulo original dividida por dois.
Tudo isso se tornou possível de comprovar
devido ao fato de utilizarem a régua como material
de verificação para tais comprovações.
Em um segundo momento, após traçarem
uma reta paralela a um dos lados e prolongando a
reta da base média do triângulo, os alunos
observaram a formação de um outro triângulo
adjacente ao já construído anteriormente.
Tendo como ponto de partida os desenhos
construídos, o professor apresentou desafio aos
alunos:
O triângulo adjacente ao triângulo
original é congruente ao triângulo
maior ou ao triângulo menor
(formado pela base média)?
Para responder a tais indagações, foi muito
mais fácil com a utilização do software “Régua e
Compasso”. A verificação se tornou muito mais
simples e os grupos puderam demonstrar as
propriedades da base média de um triângulo,
usando casos de congruência de triângulos.
Observamos
que
as
metodologias
utilizadas – construção com instrumentos
tradicionais do desenho geométrico e uso do
software
–
foram
importantes
para
a
sistematização do conceito em questão.
A utilização do software facilitou a
visualização e verificação das propriedades
envolvidas,
permitindo
a
revisão
de
conhecimentos
estudados
anteriormente
e
cumprindo fundamental papel na consolidação do
conhecimento.
A observação das atividades de sala de
aula, em que interagiam professor, alunos e
pesquisadores possibilitou observar que o uso do
software Régua e Compasso contribui para:
a) articulação teoria e prática
b) visualização do conhecimento
ensinado
c) intervenção no erro, nas hipóteses
formuladas pelos alunos sobre o
assunto em questão.
A partir do erro o aluno constrói hipóteses
sobre o mesmo, iniciando processo de busca do
“acerto”. Em relação ao protagonismo do professor
observamos que este interage como sujeito que
ensina e aprende como aborda Freire (1996).
Ao fazer reflexão sobre o uso do programa
podemos observar que, por meio do software, as
manipulações com materiais concretos, os
cálculos, as construções e aplicações contribuíram
para que os alunos fortalecessem seus conteúdos
no âmbito do conhecimento matemático e
computacional.
Realizamos diversas outras atividades com
o uso do software, explorando outras formas
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
36
geométricas como os quadriláteros e os resultados
foram semelhantes: interesse e participação dos
alunos; aulas de matemática dinâmicas; alunos
que conjecturavam, estimavam, acertavam,
erravam e aprendiam com o erro cometido.
.
REFERÊNCIAS
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Jussara
de
Loiola.
Educação
Matemática
Crítica.
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para o ensino médio. Brasília, DF:
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matemática e seu ensino. In: Revista Educação
e Pesquisa, São Paulo. V. 31, p. 99-120, 2005
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ser
aprendida
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hoje?
.
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2002.
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TARDIF,
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TARDIF, Maurice; MUKAMURERA, Joséphine. La
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comme
interactions,
communication
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de la communication et leur avenir em éducation.
1999,
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n.2.
Disponível
em
http://www.acelf.ca/c/revue/revulhtml. Capturado
em 27/02/2006.
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
VIII ENIC - USS 2009 –
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES DO PROJETO “200 ANOS DESVENDANDO
DARWIN E A EVOLUÇÃO”
PANZA, Claudiene Gonçalves de Oliveira1, ALVIM, Gilmara Ferreira , FELIPPE,
Rafael Santos Rosa, PEREIRA, Sabrina de Barros, PARREIRA, Walquiria da Silva
Pedra,CABRAL, Marise Maleck de Oliveira, MELO, Diogo Jorge de, GUIMARÃES,
Maria das Graças,
1
Universidade Severino Sombra, CECETEN, [email protected]
Resumo - Este trabalho pretende apresentar e divulgar o projeto “200 Anos Desvendando Darwin e a
Evolução”, buscando perceber as relações sociais existentes entre os discentes da Universidade Severino
Sombra e o Evolucionismo. O projeto iniciado em meados deste ano tem como metodologia a aplicação de
um questionário fechado e auto-aplicável em turmas de distintos períodos dos diversos cursos da
Universidade Severino Sombra. Foram escolhidos para pré-teste o quarto período de Ciências Biológicas e
o sexto período de Teologia. Além disto, este procura auxiliar a pratica docente, principalmente os que
lecionam disciplinas que possuem a evolução como paradigma, e divulgando e despertando o interesse
sobre o tema.
Palavras-chave: Charles Darwin, Neodarwinismo, Evolução, Pesquisa de Público, Educação.
Área do Conhecimento: Biologia Geral.
Introdução
Várias instituições nos últimos anos vêm
prestando homenagens a Charles Darwin, como
as exposições temporárias do American Museum
Natural History, que chegou ao Brasil via Instituto
Sangari e as comemorações do “Darwin Day” - 12
de fevereiro - dia do nascimento do naturalista
(Melo et all, 2008).
Essas homenagens se intensificaram neste ano
(2009), quando de duas datas importantes e
relacionadas a Darwin - os seus 200 anos de
nascimento e os 150 anos da publicação do livro
“A Origem das Espécies”.
Cabe destacar que as comemorações estão
sendo marcadas internacionalmente por intensas
e polêmicas discussões entre evolucionistas e
criacionistas, encontrando-se principal assunto de
conflito a teoria sobre o “Design Inteligente”.
Com todas as comemorações e polêmicas fazse notória a presença e o engajamento dos cursos
de Biologia e áreas afins em defesa do
Neodarwinismo, motivando ainda mais os eventos
comemorativos. Seguindo um pouco desse
caminho, os Cursos de Ciências Biológicas,
Biomedicina
e
Engenharia
Ambiental
da
Universidade Severino Sombra (USS), estão
iniciando um projeto de pesquisa a ser realizada
entre o corpo discente dos diferentes cursos de
graduação da USS.
Em princípio, a abordagem de qualquer
assunto sobre Evolução, principalmente o termo,
representa para muitos indivíduos, independente
da formação, um assunto controverso e de difícil
aceitação. A diversidade de cursos, a grande
representatividade dos municípios do entorno e a
representatividade de outras regiões do país
existentes na USS, proporciona uma amostra dos
conhecimentos e opiniões dos futuros profissionais
sobre a evolução biológica.
Dentre os objetivos deste projeto, encontra-se
a identificação da relação social dos discentes da
universidade com as teorias evolucionistas. Tal
estudo se propôs a conhecer, analisar e divulgar
os conhecimentos e idéias, daquele corpo
discente, a respeito de Charles Darwin, o
criacionismo e o darwinismo, enriquecendo os
debates junto à comunidade acadêmica, da qual
faz parte, e a divulgar aos pares e à sociedade os
avanços e o nível de conhecimentos evolucionistas considerado um dos suportes a maiores e
amplas percepções a toda e quaisquer áreas do
saber.
Conseqüentemente este trabalho, destina-se a
apresentar as ideologias iniciais do projeto “200
Anos Desvendando Darwin e a Evolução” e a
metodologia a ser aplicada.
Material e Métodos
A abordagem de qualquer assunto sobre
Evolução torna-se demasiadamente delicada por
permear limites éticos, que este projeto pretende
respeitar. Conseqüentemente, a metodologia
apresentada busca se adequar a essa questões,
pensando principalmente na aceitação da
pesquisa pelos discentes. Há de se ratificar ter
sido este projeto de pesquisa aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da USS.
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
37
Dentre os diversos cursos, escolheram-se para
um pré-teste os alunos do quarto período de
Ciências Biológicas e do sexto período de
Teologia, contando-se na participação da pesquisa
inicial com 31 (trinta e um) universitários. Depois
do pré-teste o questionário vai ser aplicado em
outros cursos e períodos, restringindo-se no Curso
de Ciências Biológicas a avaliação a alunos que
ainda não cursaram a disciplina de “Evolução”, a
acontecer no sétimo período daquele curso.
Contudo, como método avaliativo do projeto foi
escolhido o uso de um questionário fechado, autoaplicável, a ser entregue aos alunos em sala de
aula por monitores do projeto. O questionário
possui nove questões abordando conhecimentos
adquiridos durante a trajetória escolar sobre
Charles Darwin e idéias evolucionistas; de
pesquisa de opinião e conhecimentos sobre as
idéias evolucionistas; sobre a origem da
diversidade dos seres vivos; sobre a evolução do
homem; além da sondagem sobre a significância
da Teoria da Seleção Natural para os
conhecimentos específicos dos cursos que
realizam. O questionário/pesquisa contou com
duas opções de respostas; e, uma questão aberta
sobre os conhecimentos que possuem sobre a
Teoria da Seleção Natural e os trabalhos de
Darwin.
Resultados
Encontrou-se entre os 100% dos participantes
da pesquisa, tanto do curso de Ciências Biológicas
como do curso de Teologia, um conhecimento
prévio de Charles Darwin, adquirido ao longo da
trajetória escolar.
Entre os alunos de Ciências Biológicas, 82%. e
entre dos alunos de Teologia, 79%, responderam
“sim” para terem presenciado a mídia abordar
assuntos sobre Charles Darwin durante os anos
de 2008 e 2009.
Para o item “tem conhecimento sobre as idéias
evolucionistas”, 100% dos participantes dos dois
cursos pesquisados, responderam positivamente.
Os resultados obtidos para o “acreditar em
idéias evolucionistas” representam 92,8% dos
alunos do Curso de Teologia e 79,6 %, dos alunos
do Curso de Ciências Biológicas, que dizem
acreditar em tais idéias.
Os dados obtidos demonstram se considerarem “criacionistas” 59% dos participantes do
Curso de Ciências Biológicas e 21% dos alunos do
Curso de Teologia. Considerando-se “evolucionistas” encontramos 41% dos biólogos e 79% dos
teólogos, participantes da pesquisa.
Obteve-se, para a “origem da diversidade entre
os seres vivos”, entre os futuros biólogos, 53% se
dizendo evolucionista e, 47%, criacionista; entre os
futuros teólogos, foram encontrados 72% se
posicionando como evolucionistas, 21% como
criacionistas e 7% que se omitiram.
Para a significância da Teoria da Seleção
Natural nos conhecimentos dos cursos que
realizam, os graduandos dos Cursos de Ciências
Biológicas, 100%,e de Teologia, 86%, informaram
que “sim”; e, 14% dos alunos de Teologia não se
posicionaram.
Discussão
Em geral dos estudantes do Curso de
Ciências Biológicas se espera compreensão e
credibilidade para com a Teoria da Seleção
Natural e os demais conceitos evolucionistas, em
virtude de uma formação acadêmica que deve
sustentar-se nos avanços dos conhecimentos da
biologia evolutiva. Por outro lado, a formação dos
estudantes de Teologia, não se baseando em
pressupostos da biologia evolutiva, há de apoiarse na dialética do criacionismo, em virtude da
maior influência dos conceitos do cristianismo no
ocidente.
No pré-teste da pesquisa, realizada junto
aos dois cursos – Ciências Biológicas e Teologia -,
constituintes do grupo escolhido de vinte e um
(21), entre os vinte e sete (27) cursos oferecidos
pela Universidade Severino Sombra, foram obtidos
dados que diferem da visão do esperado, onde a
maioria dos futuros biólogos deveria ser
evolucionistas e a maioria dos futuros teólogos ser
criacionista.
O posicionamento dos estudantes sobre
conhecimentos e assuntos relacionados a Charles
Darwin se ratificou na atenção da divulgação pela
mídia, nos anos de 2008 e 2009, de assuntos
associados ao naturalista, como era esperado a
partir das comemorações veiculadas.
Nos cursos participantes deste estudo
preliminar constatou-se ter acontecido durante o
ano letivo de 2009, a abordagem de assuntos,
sobre o autor da teoria da origem das espécies, o
que evidencia a existência do debate sobre o
mesmo, aqui independente do tipo de credibilidade
ou significado que possa lhe ser atribuído.
Pode-se inferir, a partir dos resultados obtidos
para o item “tem conhecimento sobre as idéias
evolucionistas”, que a dicotomia evolucionismo/
criacionismo
tem
sido
apresentada
aos
estudantes. Não se pode identificar a discussão
em sala de aula como o fator determinante da
credibilidade às idéias evolucionistas, pois chama
a atenção os resultados obtidos diferirem do
esperado, onde a maioria dos alunos do Curso de
Teologia diz acreditar em idéias evolucionistas, em
um percentual maior do que entre os alunos do
Curso de Ciências Biológicas, que dizem acreditar
nas mesmas.
Ao longo da pesquisa, à medida que se
aprofundou e limitou os posicionamentos dos
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
38
alunos, verificou-se maior divergência ao
esperado, para a “origem da diversidade entre os
seres vivos”, por serem os futuros biólogos
equânimes entre ser evolucionista e ser
criacionista, enquanto entre os futuros teólogos, a
maioria, três vezes e meia a mais, se diz
evolucionista em contraposição aos criacionistas,
mesmo se registrando a omissão ocorrida.
A dicotomia evolucionista/criacionista, frente à
concepção da “evolução do homem”, apresentou
dessemelhança aprofundada ao ser constatado se
considerarem “criacionistas”, em frequência muito
maior, os alunos do Curso de Ciências Biológicas
do que entre os alunos do Curso de Teologia.
Estes se apresentando como portadores de
conceituações evolucionistas, tornam evidendentes, consequentemente, uma inversão nos
resultados, pois há o dobro de teólogos
evolucionistas em relação a biólogos “evolucionistas”. Se considerados os dois cursos
inicialmente pesquisados, em conjunto, constatase a maioria dos alunos se posicionando como
“evolucionistas” para a explicação sobre a
evolução do homem.
A significância da Teoria da Seleção Natural
para os Cursos de Ciências Biológicas e de
Teologia pelos representantes dos cursos
pesquisados foi reconhecida pela maioria dos
alunos participantes, indicando uma possível
abertura para outros questionamentos.
O projeto “200 Anos Desvendando Darwin e a
Evolução” ainda se encontra em sua fase de
gestação, pois se iniciou em meados de 2009,
pretendendo buscar mecanismos para a
sondagem do que pensa a sociedade sobre o
Evolucionismo. No primeiro corte de estudos
encontram-se os discentes da Universidade
Severino Sombra em Vassouras. Contudo, o
projeto busca contribuir para a prática em sala de
aula de docentes que atuem em disciplinas dos
cursos de graduação que possuam as teorias
evolutivas como paradigmas, destacando-se as
disciplinas de Evolução, Geologia e Paleontologia
e Geologia. O projeto inclui, durante o
desenvolvimento, a divulgação e o despertar de
interesses sobre a personalidade que foi o
Naturalista Charles Darwin e a influência das
teorias evolutivas nas diferentes áreas do
conhecimento.
GOULD, Stephen Jay. Darwin e os Grandes
Enigmas da Vida. São Paulo: Martins Fontes,
1999.
MELO, Diogo Jorge de, MORAIS, Silvilene de
Barros Ribeiro & MONÇÃO, Vinicius de Moraes.
Atividade pedagógica realizada a partir da
exposição "Darwin - O homem e a teoria
revolucionária que mudou o mundo", IV Jornada
Fluminense de Paleontologia, UNIRIO, 2008.
MEYER, Diogo & EL-HANI, Charbel. Evolução o
sentido da biologia, São Paulo: UNESP, 2005.
Referências
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redor do Mundo: África, Brasil e Terra do Fogo,
Porto Alegre: L&PM Pocket, v.1, 2009a.
_________ Viagem de um Naturalista ao redor do
Mundo: Andes, Ilhas Galápagos e Austrália, Porto
Alegre: L&PM Pocket, v.1, 2009b.
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
39
BROMELIA ANTIACANTHA APRESENTA TOXIDADE PARA ONCOPELTUS
FASCIATUS
1
2
FERNANDA CRISTINA CARVALHO DOS SANTOS , ANA PAULA DE ALMEIDA , MARISE MALECK DE
1
OLIVEIRA CABRAL
1
Laboratório de Insetos Vetores e Curso de Ciências Biológicas/CECETEN/Universidade Severino Sombra,
Vassouras, RJ, Brasil. [email protected]; [email protected].
2
Laboratório de Estudo Químico e Farmacológico de Produtos Naturais -LAEQUIFAR/Universidade Severino
Sombra, Av. Exp. Oswaldo de Almeida Ramos, 280, Vassouras, RJ e CEQOFFUP/CEQUIMED, Universidade
do Porto, Porto, Portugal. [email protected].
Resumo: As substâncias de plantas são consideradas grandes auxiliares na compreensão dos sistemas
ecológicos e o homem vem investigando a sua utilização na saúde e na agricultura, fazendo das plantas
fontes de produtos no controle de doenças e pragas. Bromelia antiacantha é uma espécie terrestre nativa
da Mata Atlântica, e sua utilização na medicina popular é descrita desde a década de 40, apresentando
propriedades antihelmínticas, antitussígenas e no tratamento de cálculos renais. No intuito de avaliar a
bioatividade desta bromeliácea, foram obtidos extratos e frações de suas folhas, e os bioensaios foram
realizados por tratamento oral nas ninfas de Oncopeltus fasciatus. O extrato bruto de B. antiacantha
apresentou atividade antimuda e as suas subfrações mostraram toxidade para o Hemiptera O. fasciatus,
indicando que o gravatá é uma planta com possível potencial inseticida.
Palavras-chave: Bromelia antiacantha, metabólitos secundários, Oncopeltus fasciatus, inseticidas naturais
de plantas, Mata Atlântica.
Área do Conhecimento: Grande área: Ciências Biológicas / Área: Parasitologia / Subárea: Entomologia e
Malacologia de Parasitos e Vetores
Introdução
As plantas, diferentemente dos animais, não
possuem sistemas imunológicos para enfrentar
certas situações adversas (HAMMOND-KOSACK
& JONES, 2000) e sua exposição a fatores
ambientais e agentes biológicos (fungos,
bactérias,
vírus,
nematóides,
insetos
e
herbívoros), faz com que possuam defesas de
natureza química (metabolismo secundário) que
se protejam de uma maneira geral (PINTO et al.,
2002). As substâncias produzidas por plantas
através de metabolismo secundário podem
apresentar atividades biológicas diversas. Os
enfoques explorados para o controle de insetos
são vários, destacando-se entre eles, as
atividades inseticida, repelentes, inibidora de
alimentação, e até atraente para os insetos.
O Brasil é o país com maior potencial para
pesquisa com espécies vegetais, pois detém a
maior e mais rica biodiversidade do planeta,
distribuída em seis biomas distintos. (NOLDIN et
al., 2006). Até o momento, ainda não se conhece
quase nada sobre a composição química de
99,6% das plantas de nossa flora, estimadas entre
40 mil a 55 mil espécies (MING, 1996). Além disso,
uma
grande
quantidade
de
compostos
secundários das plantas medicinais já isolados e
com estrutura química determinada ainda não foi
estudada quanto suas atividades biológicas (DI
STASI, 1996).
Da família Bromeliaceae com 60 gêneros e
mais de 1400 espécies, destaca-se Bromelia
antiacantha Bertol (Bromeliaceae), espécie
terrestre conhecida como gravatá, é uma planta
nativa da Mata Atlântica do Sul do Brasil
(CORREA, 1984). Esta bromeliácea é utilizada na
medicina popular no tratamento de tosses,
bronquites, aftas, e usada no tratamento de
cálculos renais (REITZ, 1983).
No intuito de verificar os efeitos dos extratos de
B. Antiacantha em insetos utilizou-se como modelo
experimental Oncopeltus fasciatus (Dallas, 1852)
(Hemiptera: Lygaidae). Como outros Hemípteros
que atacam folhas, os ligaidíneos nelas
determinam o aparecimento de pequenas
manchas cloróticas nas partes picadas pelo rostro
e, em conseqüência destas lesões, as folhas
secam e morrem (BEST, 1977). O. fasciatus são
insetos fitófagos freqüentemente vistos sugando
Asclepias curassavica (Leguminosidae) e outros
vegetais de importância agrícola.
A necessidade de novas moléculas para o
desenvolvimento
de
inseticidas
eficientes,
específicos e menos tóxicos, tem estimulado o
interesse às pesquisas das fontes vegetais com
métodos menos impactantes ao meio ambiente
para o controle de pragas.
40
Objetivo
O objetivo deste estudo foi avaliar a eficiência
dos extratos e frações obtidas de B. antiacantha
sobre o desenvolvimento de O. fasciatus, e no
controle populacional de insetos.
Material e Métodos
As folhas de B. antiacantha foram maceradas
com metanol originando o extrato bruto metanólico
(290 mg) originou a uma subfração solúvel (SC;
123 mg) e outra insolúvel (IC; 87,6 mg).
Os bioensaios foram realizados por uso oral em
ninfas de 5º estádio de O. fasciatus de uma
colônia mantida no Laboratório de insetos vetores/
USS. Foram utilizados grupos de 20 ninfas em
triplicatas e três repetições. O extrato bruto e a
subfração SC foram dissolvidos em acetona, e a
subfração insolúvel MEOH em etanol. Os controles
compreenderam grupos com e sem adição do
solvente de diluição. Posteriormente, o extrato
bruto e as subfrações foram diluídas em solução
salina (1:3), e adicionadas à água da dieta (ml)
dos insetos nas concentrações de 50, 100 e 200
µg/ml.
Após os tratamentos, os insetos foram
mantidos em câmara climatizada a 24º ± 1ºC e
75% ± 10 % UR, com dieta normal, sementes de
girassol e água, e observados durante 15 dias,
quanto ao desenvolvimento, mortalidade e durante
35 dias quanto à reprodução. Os dados foram
analisados pelo teste de Tukey.
Resultados
O tratamento oral com o extrato bruto
metanólico resultou em 50% (3 ± 0,6) (P < 0, 001)
de inibição da ecdise (200 µg/ml) e 60% de
mortalidade de ninfas. O mesmo tratamento com a
subfração de clorofórmio não apresentou inibição
da muda, mas estendeu o período de seu
desenvolvimento. A mesma subfração apresentou
57% de toxidade para as ninfas, 45% de
mortalidade de adultos e com a redução de sua
longevidade. A subfração metanólica também
apresentou toxidade de 47% para as ninfas de O.
fasciatus.
insetos
fitófagos.
(Fomento:
FUNADESP e FAPERJ).
FUSVE/USS,
Referências
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Flora
Ilustrada
Catarinense.
Herbário Barbosa Rodrigues, 856p. 1983.
Discussão
Os dados acima indicam que a atividade de
inibição da muda presente no extrato bruto de B.
antiacantha não se repete nas subfrações testadas
neste estudo, devendo ser necessárias testar
outras subfrações. A toxidade desta planta sobre
as ninfas do inseto está presente no seu extrato
bruto e nas suas subfrações (metanólica e
clorofórmio) possibilitando que o gravatá possa ser
uma fonte de substâncias ativas no controle de
41
SUBSTÂNCIA PICANTE DAS PIMENTAS INIBE A ECLOSÃO DE OVOS EM INSETOS
BIANCA DA SILVA SOARES1, MASSUO JORGE KATO2,
MARISE MALECK DE OLIVEIRA CABRAL3
1
Curso de Ciências Biológicas/CECETEN e Laboratório de Insetos Vetores/Universidade Severino Sombra,
Vassouras, RJ. [email protected]; [email protected]
Laboratório de Química, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP. [email protected].
2
Resumo: Amidas são substâncias responsáveis pelo princípio picante das pimentas e com propriedades
tóxicas sobre várias espécies de insetos. Este estudo buscou avaliar a bioatividade da amida P1 sobre o
inseto Hemiptera Oncopeltus fasciatus Dallas 1852, que demonstrou interferir sobre a reprodução dos
insetos. Estes dados incentivam o estudo mais específico de suas propriedades visando sua utilização no
controle de insetos.
Palavras-chave: Oncopeltus fasciatus, Piper scutifolium, Hemiptera, produtos naturais de plantas, amidas.
Área do Conhecimento: Grande área: Ciências Biológicas/Área: Parasitologia/Subárea: Entomologia e
Malacologia de Parasitos e Vetores
Introdução:
Amidas são substâncias que constituem o
principal grupo de metabólitos das Piperáceas.
Piper scutifolium Jack (Piperaceae) espécie
vegetal encontrada nas regiões tropicais e
subtropicais, com indicações fitoterápicas na
medicina popular (PARMAR et al., 1997). Estas
substâncias possuem considerável potencial
quanto a atividade biológica (NAVICKIENE et al.,
2000), como inseticidas sobre várias espécies de
insetos (PAULA et al., 2000; PARK et al., 2002;
ESTRELA et al., 2003).
Diante das perdas de produção provocadas
pelo ataque dos insetos, o produtor agrícola se
depara com a necessidade de recorrer a diversos
métodos de controle como o controle biológico,
genético
e
cultural,
além
das
táticas
convencionais. Todavia, a contínua utilização do
controle químico com praguicidas não seletivos,
sem a rotação de produtos, pode causar
desequilíbrios como a eliminação de insetos
benéficos, explosões populacionais de pragas, e
principalmente, a perda de eficácia e inseticidas
mediante a seleção de populações resistentes aos
compostos químicos (KAY & COLLINS, 1987;
GUEDES & FRAGOSO, 1999).
Oncopeltus fasciatus (Hemiptera: Lygaidae), é
considerado inseto experimental para o estudo de
bioatividade e da interação parasito-vetor (BEST,
1977; ANDRÈ, 1934) e são vistos sugando
vegetais de importância agrícola (ANDRÈ, 1934;
BEST, 1977). O inseto em estudo tem como
hospedeiros
naturais
Crithidia
acidophili,
Leptomonas oncopelti, L. walacei, e os
tripanossomatídeo
Phytomonas
elmassiani
responsável
pelos
prejuízos
em
culturas
importantes como café, coco e dendê (ALVES e
SILVA, 2007).
Material e Métodos
A amida P1 foi isolada das folhas de P.
scutifolium (MARQUES et al. 2007), dissolvida em
acetona e diluída em solução salina em diferentes
concentrações de 1, 10 e 100µg. Os bioensaios
foram realizados com 10 ninfas de 5º estádio de
O. fasciatus da colônia do laboratório de insetos
vetores/USS, utilizando tratamento tópico e oral,
em triplicatas e com três repetições, incluindo os
controles com e sem adição do solvente de
diluição. No tratamento tópico a substância foi
aplicada no abdômen (µg/µl), e no tratamento oral
(µg/ml) foi adicionada à água da dieta dos insetos.
Após os tratamentos, os insetos foram mantidos
em BOD a 27 ºC e 25% UR e observados durante
30 dias.
Resultados
Os tratamentos tópico e oral (100µg)
apresentaram baixa mortalidade (14 - 20%) de
ninfas e de (6 - 18%) de adultos. O tratamento
tópico resultou em 39,7 ± 14,2 de postura de ovos
quando comparados ao controle (97 ± 43), e com
100% de inibição da eclosão. O tratamento oral
mostrou 35,3 ± 30,6 de postura de ovos com
apenas 21 % de viabilidade quando comparados
ao grupo controle (56 ± 13,8).
Discussão
42
A baixa toxicidade da amida para o Hemiptera é
corroborada com os bioensaios com as moscas
Lucilia cuprina e Musca domestica (BARBIERI
JUNIOR et al., 2007) e com testes em formigas
cortadeiras (CASTRAL et al., 2001). Mas, em
contrapartida, as amidas apresentaram atividade
inseticida para Spodoptera frugiperda (MIYAKADO
et al.,1989). Diversos trabalhos afirmam o efeito
tóxico dos extratos de diferentes espécies de
Piper, como sobre o coleóptera bicudo – do algodoeiro com 98% de mortalidade de larvas
(MIRANDA et al., 2002). Estes resultados
necessitam de estudos mais aprofundados quanto
ao tipo de tratamento vs atividade da amida P1
sobre o Hemiptera principalmente sobre a inibição
da eclosão de ovos de O. fasciatus. (Fomento:
FUSVE/USS, FUNADESP,PIBIC/USS).
Referências
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atividade proteolítica celular e extracelular de
Phytomonas serpens contra proteínas de
glândulas salivares do inseto vetor Oncopeltus
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43
PLANTA DA REGIÃO SUL FLUMINENSE INIBE A POSTURA E A ECLOSÃO DOS
OVOS DE INSETO FITÓFAGO
1
2
MICHELE TEIXEIRA SERDEIRO , ANA PAULA DE ALMEIDA , MARISE MALECK DE OLIVEIRA CABRAL
1
Curso de Ciências Biológicas/CECETEN e Laboratório de Insetos Vetores, Universidade Severino Sombra,
Av. Expedicionário Oswaldo de Almeida Ramos, 280, 27700.000, Vassouras, RJ, Brasil.
[email protected]; [email protected].
2
Laboratório de Estudo Químico e Farmacológico de Produtos Naturais/LAEQUIFAR/USS, Av.
Expedicionário Oswaldo de Almeida Ramos, 280, 27700.000, Vassouras, RJ, e CEQOFFUP/CEQUIMED,
Universidade do Porto, Rua Aníbal Cunha 164, 4050-045 Porto, Portugal. [email protected].
Resumo: No intuito de avaliar atividade biológica de Cecropia catharinensis, da região sul fluminense,
sobre insetos fitófagos foi realizado bioensaios com a fração metanólica sobre as ninfas de Oncopeltus
fasciatus (Hemiptera: Lygaidae). Esta fração resultou na redução da ovipostura de fêmeas previamente
tratadas e na inibição da eclosão dos ovos de O. fasciatus. A fração metanólica apresentou toxidade para
ninfas e adultos do Hemiptera. Estes dados sugerem a necessidade da purificação desta fração na busca
da substância ativa de C. catharinensis no controle de insetos vetores.
Palavras-chave: Cecropia catharinensis, produtos naturais de plantas, Oncopeltus fasciatus, controle de
vetores, inseto fitófago.
Área do Conhecimento: Grande área: Ciências Biológicas/Área: Parasitologia/Subárea: Entomologia e
Malacologia de Parasitos e Vetores.
Introdução
O gênero Cecropia (Urticaceae) possui cerca
de 60 espécies descritas com ampla distribuição
na América Latina. No Brasil, onde são conhecidas
popularmente como embaúba, imbaúba ou
umbaúba, as espécies deste gênero pode ser
encontrado
nas
regiões
Norte
(Floresta
Amazônica), Centro-Oeste, bem como no Sudeste
e Sul (Mata Atlântica) (PIO CORRÊA, 1978; BERG
& ROSSELLI, 2005). A importância do gênero em
países como o Brasil, México, Argentina e
Paraguai não está relacionada somente na sua
amplitude de distribuição, mas também pelos seus
diversos usos na medicina popular.
Na busca de substâncias ativas de plantas, a
medicina popular pode ser fonte de importantes
informações. Dados da literatura revelam a
existência de uma maior probabilidade de se
encontrar atividade biológica em
plantas
orientadas pelo seu uso na medicina popular do
que em plantas escolhidas ao acaso (CECHINEL
FILHO & YUNES 1998). A Cecropia catharinensis
é utilizada popularmente no tratamento de
combate à asma, pressão alta e inflamação,
diurético e antiespasmódico, bronquite e
cardiotônica (SIMÕES et al., 1998; FENNER et al.,
2006).
Insetos normalmente são utilizados como
cobaias para expandir o conhecimento em
diversas áreas da ciência, como a genética,
histologia, fisiologia, morfologia e evolução (FEIR
1974). Assim como FEIR (1974), neste estudo
utilizou-se Oncopeltus fasciatus Dallas (Hemiptera:
Lygaidae) como modelo experimental, pois
apresenta ciclo curto, requer pouco espaço e é
grande o suficiente para ser observado facilmente
(BEST 1977). O. fasciatus é um inseto de hábito
migratório, que se distribui por uma ampla área
geográfica, a qual se estende da região central e
Sul dos Estados Unidos da América (EUA), passa
pelo México e chega ao Brasil (revisto por FEIR,
1974). Na natureza, diversas são as famílias de
plantas onde este inseto se alimenta. No entanto,
é visto com maior freqüência se alimentando em
plantas da família Asclepiadaceae (revisto por
FEIR, 1974).
Objetivo
O objetivo deste estudo foi avaliar o potencial
da fração metanólica obtida do extrato bruto
metanólico de C. catharinensis sobre o
desenvolvimento de O. fasciatus, na busca de
uma nova estratégia de controle populacional de
insetos.
Material e Métodos
C. catharinensis foi coletada no Hospital
Eufrásia Teixeira Leite no município de Vassouras
no Estado do Rio de Janeiro no ano de 2006. A
exsicata foi feita, classificada por CARAUTA, J. P.
e depositada no Jardim Botânico do Rio de
Janeiro. O material vegetal seco e pulverizado foi
extraído com metanol, em uma relação igual a 10
44
1
% no LAEQUIFAR/USS, a técnica utilizada para a
obtenção dos extratos foi a maceração exaustiva.
Os extratos foram filtrados em funis de vidro,
utilizando o algodão como barreiras físicas, e
secas em evaporador rotatório, ou ainda em placa
de aquecimento, com agitação provocada por
barra magnética, e sob temperatura controlada. O
extrato seco obtido foi codificado como extrato
bruto metanólico (EBM). Uma pequena amostra do
extrato seco foi tratada com clorofórmio. A porção
solúvel foi filtrada e seca e codificada como fração
solúvel de clorofórmio (77mg), e a parte insolúvel
foi filtrada com metanol e obtida a fração
metanólica (89mg). Os bioensaios foram
realizados por tratamento oral sobre ninfas de 5º
estádio de O. fasciatus de uma colônia do
Laboratório de insetos vetores/ USS. Os
tratamentos foram realizados adicionando a fração
metanólica na água da dieta das ninfas nas
concentrações de 10, 50 e 100µg/ml, e os
controles com e sem adição do solvente de
diluição. Todos os experimentos foram realizados
em triplicatas e três repetições. Após os
tratamentos, os insetos foram mantidos em
câmara climatizada a 24º ± 1ºC e 75% ± 10 % UR,
com dieta normal e observados durante 15 dias,
quanto ao desenvolvimento, mortalidade, e
durante 35 dias quanto à reprodução. Os dados
foram analisados pelo teste de Tukey.
Resultados
O tratamento oral com a fração metanólica de
C. catharinensis resultou em uma alteração no
período de desenvolvimento das ninfas (6,1 ± 2,3)
quando comparados ao controle (8,1 ± 2,2), na
mortalidade de 33% (P< 0,05) de ninfas e em 45%
(P< 0,05) de mortalidade de adultos, mas não
mostrou atividade antimuda. As fêmeas tratadas
previamente (5º st) tiveram a postura de ovos
reduzida (25,6 ± 3,5) (P< 0,01) quando
comparadas aos controles (146,6 ± 52,1 e 98,6 ±
49,2), e em nenhuma das concentrações testadas
neste estudo, apresentaram eclosão dos ovos.
catharinensis.
Estes
dados
confirmam
a
possibilidade da presença de uma substância que
esteja interferindo no sistema reprodutor das
fêmeas do Hemiptera, e possa no futuro ser
utilizada no controle da população de insetos.
(Fomento: FUSVE/USS, PIBIC/UUS,FUNADESP).
Referências
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Neotropica/The New York Botanical Garden,
New York, 2005.
BEST, R. L. The milkweed bug. Carolina Tips, 40:
13, 1977.
CECHINEL FILHO, V., YUNES, R. A. Estratégias
para
a
obtenção
de
compostos
farmacologicamente ativos a partir de plantas
medicinais. Conceitos sobre modificação
estrutural para a otimização da atividade.
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FEIR, D. Oncopeltus fasciatus: a research animal.
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da medicina popular do Rio Grande do Sul,
UFRGS, Porto Alegre, pp. 97, 1998.
FENNER, R., A. H. BETTI, L. A. MENTZ, S. M. K.
RATES. Rev. Bras. Ciênc. Farm. 42: 369-94,
2006.
Discussão
Estudos prévios com o extrato bruto metanólico de
C. catharinensis demonstrou 30% de mortalidade
de ninfas, redução da ovipostura e 100% de
inibição da eclosão dos ovos de O. fasciatus. A
sua partição na subfração metanólica e com o
mesmo tipo de tratamento, adicionando a
subfração na dieta dos insetos corroboram com a
atividade tóxica de 33% da planta sobre as ninfas,
e intensificam a toxidade, com a taxa de 45% de
mortalidade de adultos. Mas, a principal e eficiente
atividade cabe a inibição da ovipostura e na
inviabilidade dos ovos de O. fasciatus quando
suas ninfas são tratadas previamente com C.
45
INVESTIGAÇÃO DE LARVAS DE Aedes aegypti NO MUNICÍPIO DE VASSOURAS,
REGIÃO SUL FLUMINENSE.
1
1
1
RENATA FRAGA PINHEIRO , SIMONE PEREIRA ALVES , MARIANA DE OLIVEIRA CONSTÂNCIO ,
1
1
DIEGO TONE TELLES , SEBASTIÃO CLEBSON DE MACEDO ANUNCIAÇÃO , MARISE MALECK DE
1
OLIVEIRA CABRAL
1
Curso de Ciências Biológicas/CECETEN e Laboratório de Insetos Vetores/Universidade Severino Sombra,
Av.
Expedicionário
Oswaldo
de
Almeida
Ramos,
280,
27700.000,
Vassouras,
RJ.
[email protected].;
[email protected];
[email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected].
Resumo: Vassouras apresenta uma população de 32.495 habitantes. Entre junho de 2008 e maio de 2009
iniciou-se este estudo visando contribuir para o levantamento da presença de Aedes aegypti no município
de Vassouras, RJ. O Ae. aegypti é o mosquito transmissor da dengue e da febre amarela urbana. Com sua
alta capacidade de adaptação convive facilmente no ambiente urbano, demonstrando que os hábitos
humanos favorecem sua incidência. Este estudo levantou as formas imaturas do mosquito em oito pontos
determinados do limite da zona urbana em direção à zona rural. Os resultados mostraram positividade de
Ae. aegypti em todos os pontos analisados.
Palavras-chave: Aedes aegypti, Diptera, Levantamento populacional, Culicidae, Ecologia de mosquitos.
Área do Conhecimento: Grande área: Ciências Biológicas/Área: Zoologia/Subárea: controle populacional
de animais.
46
Introdução:
O número de municípios brasileiros nos quais tem sido assinalada a presença de Aedes aegypti L.
1762 (DIPTERA: CULICIDAE) (NEVES & SILVA, 1989; REY, 1992), vetor da dengue e da febre
amarela, tem aumentado rapidamente nos últimos anos. O mosquito Ae. aegypti é um mosquito
cosmopolita com hábito diurno, na natureza nutrem-se de néctar de flores e suco de frutos que são
essenciais para a sobrevida de muitas espécies. Contudo, o repasto sangüíneo feito pelas fêmeas
dos mosquitos autógenos é imprescindível para a maturação dos ovos. A fêmea faz sua postura após
cada repasto sangüíneo. Grande parte da dificuldade de controle deste vetor se deve a sua
extraordinária competência na busca e na escolha de locais preferenciais para oviposição. O Ae.
aegypti mostra capacidade de se propagar nos mais variados tipos de criadouros e, seguramente,
existe ligação entre os depósitos e os hábitos de armazenagem de água de cada população. A
atividade humana e seus hábitos propiciam a criação dos criadouros preferenciais para suas larvas
em recipientes como pneus, latas, vidros, vasos, lagos artificiais, piscinas e aquários abandonados
(CONSOLI & LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 1994). A pesquisa visou contribuir para o levantamento das
larvas de A. aegypti no município de Vassouras, onde se propõe atenção dos órgãos de saúde para
evitar o aumento do vetor e de uma possível epidemia da doença na região. Propondo um controle
mais efetivo dos depósitos e focos do vetor da dengue.
Material e Métodos
O estudo foi realizado no município de Vassouras, localizado na região do Médio Paraíba no Estado
2
º
do Rio de Janeiro. Este município possui 552 km e 32.495 habitantes (IBGE, 2009), a 22 24’14”S e
º
43 39’ 45’’W, 434m de altitude, clima mesotérmico úmido, associado à Floresta Temperada Úmida,
com temperatura média anual de 16ºC a 28ºC. Para este levantamento as áreas de estudo foram
selecionadas de acordo com os locais pré determinados pela Divisão de Vigilância Sanitária do
município, como o de maior incidência de larvas. Estes pontos foram monitorados com o uso de
armadilhas de pneus (com água e capim) e foram estabelecidos com a finalidade de implementar
medidas de vigilância e controle de Ae. aegypti. As coletas foram semanais nos oito pontos, entre o
período de junho/2008 a maio/2009. Após a coleta, as larvas foram acondicionadas em tubos de vidro
contendo álcool 70% para o Laboratório de Insetos Vetores/USS para a identificação e contagem. A
identificação dos espécimes foi realizada pela observação direta dos caracteres morfológicos
evidenciáveis ao estereoscópico e ao microscópio de luz transmitida utilizando a chave dicotômica
proposta por FORATTINI (2002). Dentre os espécimes coletados, apenas Ae. aegypti e o Ae.
albopictus foram notificados como foco positivo. Os dados foram analisados através de ANOVA.
Resultados
Os resultados identificaram 8021 larvas de insetos, sendo 2200 (27,4%) de Ae. aegypti. Dos pontos
positivos, uma área localizada no centro urbano apresentou 37% (68 ± 52), e outra situada na
periferia do município 24% de larvas (44 ± 46). A presença das formas imaturas foi mais significativa
nos meses de janeiro (56 ± 57) (21%), novembro (45 ± 44) (16%) e março (43 ± 48) (16%) indicando
a relação temperatura vs umidade.
Discussão
Os resultados encontrados apontam alguma relação direta da presença de larvas com os aspectos de
saneamento básico. Uma das conseqüências esperadas do presente estudo era a definição de
critérios para permitir a priorização das atividades de vigilância e controle do mosquito. O encontro de
maiores níveis de presença de larvas ocorridos em dois pontos (um urbano e um rural) mostra que
essas áreas deverão ser priorizadas. Estes pontos são espaços utilizados no armazenamento de
material de descarte e significativamente associados aos índices de positividade. A outra questão
seria investigar se há algum tipo de estrutura de dependência espacial na população de mosquitos,
como sugere GETIS et al. (2003) e MORRISON et al. (2004). Os estudos continuam em andamento
no nosso laboratório/USS, e espera-se que os resultados deste levantamento possam nortear fatores
na priorização das atividades de vigilância e controle das larvas em determinadas áreas urbanas do
município. (Fomento: FUSVE/USS, FUNADESP).
47
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48
DADOS PRELIMINARES DO ESTUDO DA BIOATIVIDADE DE NAFTOQUINONAS
SOBRE INSETOS VETORES
1
2
SUMARA MOREIRA LEAL LACERDA DE ARAUJO , JOSÉ MARIA BARBOSA FILHO ,
1
MARISE MALECK DE OLIVEIRA CABRAL
1
Curso de Ciências Biológicas/CECETEN e Laboratório de Insetos Vetores/Universidade Severino
Sombra/USS, Vassouras, RJ, Brasil. [email protected]; [email protected].
2
Laboratório de Tecnologia Farmacêutica, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil.
[email protected].
Resumo: Produtos naturais de plantas têm sido extensivamente usados como medicamentos desde os
tempos antigos. Naftoquinonas são substâncias do metabolismo secundário de plantas e conhecidas por
suas propriedades anticancerígenas dentre outras, e freqüentemente encontradas em várias espécies de
plantas da família Bignoniaceae. A substância teste foi isolada de Tabebuia aurea, ipê amarelo, da região
norte e nordeste do Brasil. Este estudo pretendeu avaliar a bioatividade da naftoquinona sobre o Hemiptera
Oncopeltus fasciatus, na busca de um produto natural de planta no controle de insetos vetores.
Palavras-chave: Produtos Naturais, Tabebuia aurea, Oncopeltus fasciatus, Naftoquinonas, insetos vetores.
Área do Conhecimento: Grande área: Ciências Biológicas/Área: Parasitologia/Subárea: Entomologia e
Malacologia de Parasitos e Vetores
Introdução
A planta Tabebuia aurea (Bignoniaceae), ipê
amarelo ou caraibeira, conhecida pelos índios,
pela ação febrífuga, diurética e antiinflamatória de
sua casca amarga (BRAGA 1960). Extratos de
suas folhas mostraram atividade inseticida contra
a largata Spodoptera frugiperda, praga do milho,
talvez pela presença do alcalóide carobina
(GARCEZ et al., 2008) Além dos alcalóides, as
naftoquinonas são descritas como principais
constituintes do gênero Tabebuia da família
Bignoniaceae por serem freqüentes e algumas
vezes abundantes em várias espécies deste
gênero (OLIVEIRA et al., 1990). Estas substâncias
vêm apresentando atividades anticancerígena,
antiinflamatória, analgésica, antimicrobiana, e
agindo contra os transmissores da dengue
esquissostomose e malária (BARBOSA-FILHO et
al., 2004, 2006; OLIVEIRA et al, 2005, VILLELA et
al., 2005). Plantas possuem substâncias especiais
(metabolismo secundário) que as protegem de
outras plantas, insetos fitófagos e herbívoros
predadores de uma maneira geral (PINTO et al.,
2002). A fim de verificar as atividades biológicas
das naftoquinonas em insetos, utilizou-se como
modelo experimental Oncopeltus fasciatus (Dallas,
1852) (Hemiptera: Lygaidae) que freqüentemente
são vistos sugando Asclepias curassavica
(Leguminosidae) (BEST, 1977).
Objetivo
O objetivo deste estudo foi avaliar a ação das
naftoquinonas isoladas de T. aurea sobre O.
fasciatus, inseto fitófago, na busca de um produto
natural no controle de insetos vetores.
Material e Métodos
A naftoquinona foi isolada de T. aurea
(BARBOSA-FILHO et al., 2004) e posteriormente
dissolvida em acetona: DMSO (1:3) em diferentes
concentrações. Os bioensaios foram realizados
com tratamento tópico com ninfas de 5º estádio de
O. fasciatus de uma colônia mantida no
Laboratório de insetos vetores/USS. O tratamento
tópico consistiu na aplicação da substância no
abdômen das ninfas nas concentrações de 10, 50
e 100µg/ninfa. Os testes foram realizados com
grupos de 10 ninfas em triplicatas e três
repetições, e os controles compreenderam grupos
sem adição dos solventes de diluição. Após os
tratamentos, os insetos foram mantidos em
câmara climatizada a 24º ± 1ºC e 75% ± 10 % UR,
com dieta normal, sementes de girassol e água, e
observados durante 15 dias, quanto ao
desenvolvimento e mortalidade, e durante 35 dias
quanto à reprodução e longevidade dos adultos.
Os dados foram analisados pelo teste de Tukey.
Resultados
Os resultados preliminares com o tratamento
tópico com a naftoquinona obtida de T. áurea
mostraram uma taxa de 30 a 40% de mortalidade
de ninfas, e de 10 a 14% de mortalidade de
adultos de O. fasciatus em todas as
concentrações testadas. Nestes primeiros ensaios
todos os insetos tiveram uma ecdise acima de
49
90% e uma quantidade de ovos próximo do grupo
controle (89 a 211 ovos).
Discussão
De acordo com os primeiros ensaios a
naftoquinona não mostrou atividade antimuda, e
também não inibiu a postura de ovos em fêmeas
tratadas previamente com a substância. Mas, a
atividade tóxica foi significativa, apresentando
percentuais próximos de 40% de mortalidade de
ninfas. Em testes com Staphylococcus aureus e
Enterococcus faecalis a naftoquinona já foi
descrita
como
apresentando
atividade
antimicrobiana (BARBOSA-FILHO et al., 2004). O
estudo da toxidade e da bioatividade da
naftoquinona sobre O. fasciatus continua em
andamento em nosso laboratório, a fim de avaliar
seus efeitos sobre o inseto fitófago. (Fomento:
FUSVE/USS, FUNADESP).
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50
Levantamento preliminar da Entomofauna como bioindicadores em Fragmento de Floresta
Atlântica no Município de Miguel Pereira, RJ.
RAMOS, P. T.¹, ALMEIDA, S. E.² e CASSINO, P. C. R.³
1 – Graduando em Ciências Biológicas, Universidade Severino Sombra, Vassouras – RJ, Bolsista
IC- FAPERJ. E-mail: [email protected].
2 – Engenheiro Agrônomo Especialista em Gestão e Auditoria Ambiental.
3 – Professor Titular Doutor da Universidade Severino Sombra, Vassouras – RJ. E-mail:
[email protected].
.
.
Área do conhecimento: Ecologia Aplicada.
Resumo
O estudo realizado no Fragmento de Floresta Atlântica, localizado no Município de Miguel
Pereira, RJ, objetiva registrar o levantamento da Entomofauna como bioindicadores, através de
“pitfall”, distribuídos em quatro pontos distantes 100 m entre eles. Após as coletas, foram separadas
e identificadas as seguintes ordens: Isoptera (0.3%), Orthoptera (4.4%), Hemiptera Heteroptera
(0.3%), Coleoptera (16.3%), Diptera (18.2%) e Hymenoptera (57.8%). Na ordem Coleoptera,
destacaram-se as famílias Staphylinidae (64%) e Scarabaeidae (33,3%), Lymexilidae (2%) e
Chrysomelidae (0.7%). Desta maneira possui um grau satisfatório de biodiversidade, caracterizando
que os insetos podem ser utilizados como instrumentos denominados bioindicadores.
1 – Introdução
As florestas tropicais são conhecidas
por sua alta biodiversidade, (Wilson 1992),
contudo estão crescentemente sujeitas a
perturbações antropogênicas (Fearnside 1999
e Skole & Tucker 1993).
O processo de perda de habitat e
fragmentação está intimamente ligado
(Laurence & Bierregaard 1997), podendo
afetar diretamente o número de espécies e o
tamanho das populações, pois interferem nas
interações bióticas (p. ex. competição e
predação) (Holt 1977).
Dentre vários grupos animais, os
insetos têm sido alvo de muitos estudos, com
o objetivo de inventariar e encontrar subsídios
para que não apenas se conheça a sua
diversidade, mas também sirva de apoio para
a avaliação de condições ambientais
(Humphrey et al. 1999). Muitos trabalhos
restringiram-se a estudar unicamente os
besouros, não apenas na busca de informações
sobre a diversidade, mas também na possível
utilização da ordem como indicadora
ambiental (Marinoni & Dutra 1997, Didhan et
al. 1998).
Segundo Lunz e Carvalho (2002) e
Gallo et al. (2002), os insetos são os agentes
biológicos mais abundantes e importantes na
natureza, onde nos ecossistemas de vegetação
utilizam várias fontes de alimento para suprir
suas energias.
Tendo isto em vista, este presente
estudo objetivou o levantamento e
inventariamento preliminar da população de
entomofauna presente em um pequeno
fragmento urbano de Mata Atlântica, que
sofrera e ainda sofre efeitos da ação antrópica
e ainda assim persiste apresentando graus de
recuperação.
2 – Materiais e Métodos
O estudo foi realizado num fragmento
de Floresta Atlântica, localizada próximo ao
centro do Município de Miguel Pereira,
estado do Rio de Janeiro, com cerca de 618m
do nível do mar, na propriedade do Summer
Garden, Bairro Summerville, cercada por
áreas habitadas e limítrofes à área rural. As
coletas de insetos foram realizadas, no
período compreendido de Julho a outubro de
2008, que abrangeu o final do outono, onde a
precipitação pluviométrica fora bem reduzida
51
e as temperaturas já estavam baixas; o período
de inverno, frio e com muito pouca umidade;
e até meados da primavera, quando começam
as chuvas e as temperaturas encontravam mais
elevadas.
O Município encontra-se na região
Serrana do Vale do Médio Paraíba, a uma
latitude próxima de 22°26’00’’ Sul e
longitude 43°28’00’’oeste, distante da capital,
Rio de Janeiro, aproximadamente 120 km por
rodovia (RJ-125 e BR 116), uma região
degradada pela ação do Homem, mas que
ainda existe uma cobertura vegetal
remanescente que ano a ano vem
recuperando-se.
Para a captura dos insetos foram
utilizadas armadilhas do tipo “Pitfall”,
distribuídas em quatro pontos no interior do
transecto, separadas aproximadamente 100m
entre elas, onde fora colocada uma armadilha
por ponto de coleta. Cada ‘pitfall’ era feito de
plástico, de formato cilíndrico, como altura de
15 cm e diâmetro de 10 cm, em seu interior,
colocada uma solução de água, detergente e
formol, para evitar a fuga do espécime
coletado e sua posterior conservação até o
recolhimento das armadilhas. Após serem
colocados os ‘Pitfalls’, uma bola de gaze era
embebida numa solução de fezes humanas
recentes e água, para simular o odor de fezes
mamíferas, como atrativo para o inseto. Esta
bola de fezes era pendurada numa haste de
vergalhão em forma de “L” invertido, a
aproximadamente 5 cm do solo. As
armadilhas permaneciam instaladas no
interior da mata por 48 horas ininterruptas.
Após este período, as armadilhas foram
recolhidas e levadas para o Laboratório de
Bionomia de
Insetos (LABIN), da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRuralRJ), onde o material biológico fora
triado, identificado e catalogado.
Foram realizadas quatro coletas por
ponto (uma a cada mês), totalizando 16
coletas durante todo o período.
3 – Resultados e Discussão
Realizado este estudo preliminar,
como resultado geral numérico para a
população da entomofauna do fragmento,
pode-se citar a presença das seguintes ordens:
Blattodea, com 2,7% de presença nas coletas;
Isoptera como 0,3%; Orthoptera com 4,4%,
valendo ressaltar que eram espécimes ainda
na sua forma jovem; Hemíptera Heteroptera
com 0,3%; Coleoptera com 16,3%; Díptera
com 18,2%; e Hymenoptera com 57,8%, onde
todos os representantes desta ordem eram
pertencentes
à
Família
Formicidae.
Totalizando, foram coletados 704 espécimes,
onde a primeira coleta foi a de maior
expressão, com 48,7% dos indivíduos,
seguida da quarta coleta, com 29,5%, terceira
coleta com 17% e por fim e com menor
expressão, a segunda coleta com participação
de 4,8% dos indivíduos.
Dando ênfase a Ordem Coleoptera,
alvo do estudo, estiveram presentes quatro
Famílias: Scarabaeidae, com freqüência
relativa de 33,3% da coleta; Staphylinidae,
com 64%; Lymexilidae, com 2% e
Chrysomelidae, com 0,7%.
Partindo
destes
resultados
preliminares, pode-se constatar que a presença
de
insetos
da
Ordem
Coleoptera,
principalmente das Famílias Staphylinidae
(64%) e Scarabaeidae (33,3%), caracteriza
uma biodiversidade satisfatória, levando-se
em consideração seus hábitos alimentares,
matéria orgânica em decomposição e fezes de
mamíferos. Cabe ressaltar que a identificação
das espécies coletadas ainda é necessária, para
podermos ter resultados satisfatórios para
qualificarmos a qual grupo de mamíferos são
pertencentes às fezes que subsidiam a
permanência dessa população de coprófagos
no fragmento e assim, termos um melhor
dimensionamento do grau de recuperação
deste ambiente.
Outro aspecto a ser levado em
consideração é a presença significativa da
Família Formicidae (representou 100% das
coletas da Ordem Hymenoptera). Partindo
desta análise, enquanto o número de insetos
capturados na primeira coleta (Julho/2008)
era baixo, ocorreu uma significativa presença
de formigas (Hymenoptera - Formicidae), o
que pode vir a deduzir ter ocorrido uma
correição durante o período de coleta no
ponto 1, pois dentre os demais pontos
amostrados, apenas foram coletadas formigas
neste referido ponto.
Todavia, excluindo-se o ponto 1, da
primeira coleta, a freqüência de formigas
52
acompanhou o numero de insetos capturados
nos demais meses, mostrando a existência de
uma interferência climática, onde em meses
de temperaturas baixas e ausência de chuvas e
umidade, a freqüência de insetos torna-se
menor e aumenta de forma gradual com a
elevação das mesmas taxas.
Desta maneira, o crescente número de
coleoptera necro/coprófagos está ligado ao
aumento de umidade do solo, que proporciona
uma
facilitação
dos
processos
de
decomposição da matéria orgânica disposta,
realizada em parte, também por estes agentes.
4 – Conclusão
Preliminarmente, conclui-se que o
ambiente avaliado apresenta um grau de
conservação e/ou recuperação devido à
presença da diversidade da entomofauna
apresentada, com uma ênfase à presença dos
coleopteros coprófagos, visto que, tal
presença pode indicar que o ambiente
estudado abriga ou, ao menos, é local de
passagem para grupos de mamíferos e para tal
mérito, o local precisa deter condições básicas
para a manutenção destes animais,
representando assim, um estado de
conservação, valendo ressaltar, é claro, que
ainda é necessária a identificação de quais
grupos seriam estes de passagem pelo
fragmento.
Desta maneira, o Fragmento de Mata
Atlântica estudado possui um grau de
destaque quanto a sua biodiversidade,
caracterizando que os insetos podem ser
utilizados como um dos instrumentos
denominados Bioindicadores na avaliação de
impactos para o estudo e gestão ambiental
sustentáveis, embora que para uma avaliação
mais precisa e obtenção de dados mais
consistentes, o período para a realização de
um levantamento desta entomofauna deve ser
ampliado para uma maior abrangência da
sazonalidade durante todo um ciclo, assim
obtendo-se dados mais confiáveis.
(Fomento: FUNADESP/USS)
5 – Referências Bibliográficas
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Norton and Company, New York, 1992.
53
PERCEPÇÃO SOBRE OS PROBLEMAS AMBIENTAIS ENTRE ESTUDANTES
DE UM ESTABELECIMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA DA REDE
PARTICULAR DE ENSINO DE PARATY, RJ – DADOS PRELIMINARES.
Tereza Aparecida Ferreira1, Fabiana Bilio Barreto1, Vânia P. G. C. Pereira1, Ingrid
Larissa Araújo Batista2, Sueyla da Silva Alves2, Roberta Medeiros Macedo2, Philippe
Machado Pontes da Silva2, Jorge Luiz Passos Silva Filho2.
1.
2.
Professoras orientadoras
Alunos de iniciação científica
RESUMO: A percepção, sobre os problemas e questões ambientais é essencial para o
planejamento de ações e medidas ligadas à prática de Educação Ambiental. O presente
estudo se constitui num instrumento para se detectar a percepção sobre os problemas
ambientais entre estudantes de um estabelecimento de educação básica da rede particular de
ensino de Paraty, RJ. Trata-se de um estudo descritivo de natureza prospectiva com
informações levantadas por intermédio de uma ficha-questionário. Das 43 fichas analisadas,
cerca de 48,84% pertenciam a estudantes que residiam no município de Angra dos Reis e
51,16% no município de Paraty, local sede do estabelecimento de ensino. Foi questionado
aos estudantes o que considerariam impacto ambiental em uma listagem de 15 itens; sendo
a poluição das águas e corte e queimada de árvores os mais votados com 95,34% do total.
Com relação à existência da Estação Ecológica de Tamoio, somente 39,54%, afirmaram
conhecer a unidade. Apesar de serem dados preliminares, estes apontam para a necessidade
de um trabalho maior de divulgação sobre a Estação Ecológica de Tamoios, tendo em vista
sua importância no contexto regional, por ser uma fonte inesgotável para atividades de
pesquisa e exemplo de preservação de recursos naturais. Pode-se também verificar que a
percepção sobre os impactos está presente, tendo em vista que na listagem dos 15 itens
todos de certa forma foram assinalados. Sendo os mais votados, os que normalmente são
relatados como impactos por outras populações em situações semelhantes.
1. Introdução
A percepção, sobre os problemas e
questões ambientais é essencial para o
planejamento de ações e medidas ligadas
à prática de Educação Ambiental. Tratase de um viés importante no delineamento
de ações que contribuam, para reduzir ou
prevenir impactos ambientais de natureza
antrópica. O presente estudo se constitui
num instrumento para se detectar a
percepção sobre os problemas ambientais
entre estudantes de um estabelecimento
de educação básica da rede particular de
ensino de Paraty, RJ. Trata-se de um das
etapas do projeto de pesquisa intitulado
PAE (Projeto de avaliação e educação
ambiental) desenvolvido em parceria com
a Estação Ecológica de Tamoios. A
Estação, criada pelo decreto federal
98.864/90 está localizada na Baia da Ilha
Grande, nos municípios de Angra dos
Reis e Paraty ( RJ ) e encontra-se sob a
responsabilidade do Instituto Chico
Mendes
de
Conservação
da
Biodiversidade. Estações ecológicas são
unidades de conservação de proteção
integral, ou seja, são áreas onde os
ecossistemas devem estar livres de
alterações causadas pelo homem, de
acordo com a Lei 9985/00.
54
Tamoios e 39,54% responderam que sim,
contra os 60,46% não. Finalmente, foi
2. Metodologia
Trata-se de um estudo descritivo
de natureza prospectiva com informações
levantadas por intermédio de uma fichaquestionário. A ficha continha questões
objetivas e foi aplicada entre estudantes
de um estabelecimento de educação
básica da rede particular de ensino de
Paraty, RJ. Para tal, cada estudante,
encaminhou
primeiramente,
ao
responsável o termo de consentimento
livre esclarecido, caso o estudante fosse
autorizado a participar o mesmo era
encaminhado à Coordenação do referido
estabelecimento.
Os
estudantes
autorizados, pelos responsáveis a
participarem da pesquisa, receberam a
ficha-questionário para ser respondida. O
questionário foi aplicado no decorrer da
primeira quinzena do mês de agosto de
2009 e foi recolhido no dia 26 de agosto
do mesmo ano. A pesquisa foi avaliada e
aprovada pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Severino
Sombra.
3. Resultados
Foram
analisadas
43
fichasquestionário, sendo 62,79% respondidas
por meninas e 37,21% por meninos, os
estudantes faziam parte de turmas dos 6º,
7º, 8º e 9º anos do ensino fundamental e
1º, 2º e 3º anos do ensino médio. 48,84%
dos alunos residiam no município de
Angra dos Reis e 51,16% no município
de Paraty, local sede do estabelecimento
de ensino. Foi perguntado aos alunos se
sabiam ou se já tinham ouvido falar em
Educação Ambiental, sendo que 37,21%
responderam não e 62,79% sim. Foi
perguntado também se sabiam da
existência de Estação Ecológica de
questionado aos estudantes o que
consideraria impacto ambiental em uma
listagem de 15 itens, sendo neste caso a
poluição das águas e corte e queimada de
árvores os mais votados com 95,34% do
total. A tabela I apresenta os percentuais
das respostas dadas pelos estudantes,
quando indagados sobre impactos
ambientais.
Tabela I. Registro de respostas sobre os
itens considerados impactos ambientais,
entre estudantes de um estabelecimento
de educação básica da rede particular de
ensino de Paraty, RJ.
Impacto
Falta de água
Aumento de pombos,
ratos e insetos
Poluição das águas
Poeira
Esgoto a céu aberto
Fumaça de cigarro
Lixo a céu aberto
Fumaça de chaminés
de indústrias
Enchentes
Faixas e cartazes nas
ruas
Fumaça de veículos
automotores
Contaminação do
solo
Trânsito intenso
Corte de árvores e
queimadas
Extinção e espécies
animais e vegetais
Considerações Finais
Percentual de
indicações
48,83
27,90
95,34
25,58
93,02
55,81
90,69
83,72
41,86
6,97
83,72
90,69
23,25
95,34
93,02
55
Pode-se também verificar que a
percepção sobre os impactos está
presente, tendo em vista que na listagem
dos 15 itens todos foram assinalados.
Sendo os mais votados, os que
normalmente são
relatados
como
impactos por outras populações em
situações semelhantes.
Apesar
de
serem
dados
preliminares, estes apontam para a
necessidade de um trabalho maior de
divulgação sobre a Estação Ecológica de
Tamoios, tendo em vista sua importância
no contexto regional, por ser uma fonte
inesgotável para atividades de pesquisa e
exemplo de preservação de recursos
naturais. Sendo portanto um exemplo em
relação à medidas mitigadoras que
mantenham a biota natural em condições
sustentáveis.
56
INVENTÁRIO DE CIRRIPEDIA (CRUSTACEA, MAXILLOPODA) DOS COSTÕES
ROCHOSOS DE DUAS ILHAS DA ESC TAMOIOS, RJ
1
2
3
Amanda Brasil Coelho , Philippe Machado Pontes da Silva , Tereza Aparecida Ferreira , Fabiana
3
4
Bilio Barreto , Vania Filippi Goulart Carvalho Pereira
1
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Aluna de Iniciação Científica, amanda [email protected]
2
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Aluno de Iniciação Científica
3
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Professoras
4
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Orientadora
Resumo – O costão rochoso é um ambiente costeiro formado por rochas localizado na transição entre os
meios terrestre e aquático e de suma importância ecológica e econômica. O presente trabalho foi
desenvolvido na Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios), RJ. Foi objetivo desta pesquisa registrar
e organizar um banco de dados das espécies da Subclasse Cirripedia das comunidades dos costões
rochosos das ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba). As coletas foram realizadas no mediolitoral dos costões
rochosos nos meses de março, maio, junho e julho de 2008 e fevereiro e abril de 2009. Foram retiradas três
2
amostras aleatórias com um amostrador de 20 cm , com ajuda de uma espátula, de cada costão das praias.
O material coletado foi triado no Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos, onde se encontra
conservado em álcool 80%. No presente estudo foram identificadas três espécies de Cirripedia; todas
comuns das costas brasileiras sendo uma, invasora.
Palavras-chave: Banco de dados, Cirripedia, costão rochoso, ESEC Tamoios.
Área do Conhecimento: Taxonomia de Grupos Recentes.
Introdução
O costão rochoso é um ambiente costeiro
formado por rochas localizado na transição entre
os meios terrestre e aquático e de suma
importância ecológica e econômica. Em função
do hidrodinamismo da onda um costão rochoso
pode ser definido como exposto e protegido
(CARVALHAL & BERCHEZ, 2005). Costão
exposto é aquele que recebe maior impacto de
ondas, freqüentemente apresentando-se na forma
de paredões lisos. Neste ambiente a diversidade
de organismo é menor e estes precisam
desenvolver estruturas eficientes de proteção e
fixação, pois o embate das ondas é um dos
principais responsáveis pela mortalidade. Um
costão protegido é encontrado em regiões de
baixo hidrodinamismo, bastante fragmentado,
resultando numa grande riqueza de espécies
associadas. Os costões rochosos podem ser
divididos em três zonas (infralitoral, mediolitoral e
supralitoral), zonas estas que se acham sujeitas a
diferentes condições físicas e são colonizadas por
diferentes organismos dispostos não apenas
como um reflexo do nível das marés e outros
fatores abióticos relacionados (temperatura,
umidade, luminosidade), mas também sofrendo
influência de fatores bióticos, como recrutamento
e de interações biológicas (herbivoria, predação e
competição). A combinação destes fatores faz
com que os costões rochosos sejam ambientes
dinâmicos e sujeitos a mudanças temporais
(sazonais) e espaciais (DUARTE & GUERRAZZI,
2004).
Neste habitat o Filo Mollusca inclui um dos
macroinvertebrados
mais
numerosos
e
diversificados
que
ocorrem
junto
aos
componentes das comunidades vágeis ou sésseis
de invertebrados marinhos e compõem uma
porção expressiva da biomassa em vários
ambientes constituindo um grupo ecologicamente
importante. Estes organismos vivem associados a
variados tipos de substratos em diferentes
ambientes, incluindo substratos naturais e
artificiais.
O presente trabalho foi desenvolvido na
Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios),
localizada na Baía da Ilha Grande, nos municípios
de Angra dos Reis e Paraty, Estado do Rio de
Janeiro, sob a responsabilidade do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade. A
ESEC Tamoios é uma área de proteção integral
composta de 29 ilhas (PLANO DE MANEJO,
2006). Esta pesquisa corresponde aos primeiros
resultados sobre um dos objetivos do “PROJETO
DE AVALIAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
(PAE)
DA
ESTAÇÃO
ECOLÓGICA
DE
TAMOIOS”,
desenvolvido
na
USS,
que
compreende o estudo da biodiversidade das ilhas
do Sandri e Comprida (Tarituba) - ESEC Tamoios.
Foi objetivo deste trabalho analisar os
aspectos taxonômicos e ecológicos dos
exemplares
da subclasse Cirripedia, da
comunidade dos costões rochosos das ilhas do
Sandri e Comprida (Tarituba), com a finalidade de
fazer um banco de dados dos macroinvertebrados
dos locais de estudo.
57
Material e métodos
As coletas foram realizadas no mediolitoral
dos costões rochosos dos dois extremos do arco
praial nas três praias da ilha do Sandri (latitude
Sul 23º 02’ 20’’ e longitude Oeste 44º 29’ 40’’) –
Praia do Coelho, Praia do Engenho e Praia do
Su, e na praia da ilha Comprida (latitude Sul 23º
03’ 17’’ e longitude Oeste 44º 35’ 51’’), ambas na
baía da Ilha Grande, RJ, que pertence à Unidade
de Conservação da Estação Ecológica de
Tamoios (ESEC de Tamoios). As amostragens
foram realizadas nos meses de março, maio,
junho e julho de 2008, e fevereiro e abril de 2009.
Do mediolitoral dos costões rochosos de cada
praia das duas ilhas, foram retiradas três
amostras aleatórias com um amostrador de 20
2
cm , com ajuda de uma espátula e, logo em
seguida, com auxílio de um pincel, foram
retirados organismos possivelmente ainda
aderidos à rocha. O material coletado foi
armazenado em sacos plásticos contendo água
do mar e solução anestésica de Cloreto de
Magnésio a 10%. As amostras foram
devidamente etiquetadas e transportadas para o
Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos,
CECETEN, da Universidade Severino Sombra.
No
laboratório,
as
amostras
foram
acondicionadas em formol 4%, onde foram triadas
e as espécies de Cirripedia foram identificados
sempre que possível até espécie. Todo o material
se encontra conservado em álcool 80% e acha-se
depositado na coleção do laboratório.
Resultados
Até a presente data, foram encontradas nos
locais de estudo desta pesquisa três espécies de
cirrípedes:
Filo Arthropoda
Subfilo Crustácea
Classe Maxillopoda
Subclasse Cirripedia
Ordem Sessilia
Subordem Balanomorpha
Família Chthamalidae
Chthamalus bisinuatus Pilsbrig, 1916
C. proteus Dando & Southward, 1980
Família Tetraclita
Tetraclita stalactifera (Lamark, 1818)
A zonação observada nas praias estudadas
parece obedecer aos padrões típicos esperados
em um costão relativamente exposto. A ação das
ondas no local (especialmente na praia do Su,
ilha do Sandri), aliada à relativa grande amplitude
de variação das marés, favorece a sobrevivência
dos organismos habitantes das faixas superiores,
como Chthamalus bisinuatus e Tetraclita
stalactifera, já que promove um umedecimento
dessa área fora da zona de arrebentação das
ondas.
Discussão
A maior abundância de C. bisinuatus na praia
do Su se deve provavelmente à maior lavagem
pelas ondas promovendo um microhabitat mais
benigno, com maior disponibilidade de oxigênio e
alimento. Provavelmente pelo mesmo motivo, a
espécie Tetraclita stalactifera também apresentou
maior abundância nesta praia.
Um fator biótico também parece ser
determinante na distribuição de C. bisinuatus em
faixas mais altas no costão: a intensa competição
com a espécie de mexilhão Brachidontes
solisianus, ambos animais filtradores. Paine (1966
apud NYBBAKEN,1982) demonstrou, em estudos
feitos em costões de regiões temperadas, a força
dessa interação interespecífica na zonação das
cracas Balanus balanoides e dos mexilhões
Mytilus edulis (espécies de craca e mexilhão
correspondentes, em zonas temperadas, às duas
espécies citadas acima, típicas de zonas
tropicais). B. balanoides compete com M. edulis
pela ocupação da região em que ocorre maior
abundância de alimento e oxigênio (regiões mais
próximas da linha d’água, com maior
periodicidade na renovação desses recursos).
Mas como B. balanoides é uma espécie
competidoramente mais fraca que M. edulis e
mais tolerante à exposição aérea, ela acaba
ocupando uma faixa mais alta no costão, que lhe
serve como um "refúgio" à essa competição
desvantajosa.
As cracas (C. bisinuatus) iniciam sua
atividade filtradora imediatamente após serem
borrifadas por água, e portanto necessitam de
condições mínimas de água para sobreviverem,
podendo ocupar as áreas mais altas do costão
(LEVINTON, 1982). Por outro lado, os mexilhões
(B. solisianus) devem ser mais capacitados à
minimizar os riscos de predação, e por isso lhes é
possível habitar a faixa mais próxima da zona de
contato com predadores.
Outro fator atuando sobre a distribuição de
Chthamalus poderia ser a predação por
Stramonita haemastoma. Assim, o recrutamento
seletivo de larvas de C. bisinuatus nesses
refúgios, situados mais distantes da zona de
contato com predadores, promoveria a maior
densidade de adultos nessa altura do costão.
A maior exposição aérea nas regiões mais
altas do costão também é um fator determinante
na zonação das espécies, já que promove
maiores taxas de dessecação corpórea, menores
períodos de trocas gasosas efetivas, e aumento
da temperatura basal à níveis muitas vezes
intoleráveis por certos organismos.
Como as zonas mais altas do costão
permanecem períodos mais longos expostas ao
58
ar, os organismos que dependem de correntes de
água para se alimentar a princípio obteriam
menores quantidades diárias de alimento, se
comparados com aqueles organismos habitantes
das regiões próximas à linha d’água.
C. proteus foi encontrada em pequena
abundância em todas as praias estudadas.
Conclusões
As espécies T. stalactifera e C. bissinuatus
são espécies comuns do litoral brasileiro, do Rio
Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. A espécie
C. proteus, por ser uma espécie invasora, pode
excluir competitivamente as espécies nativas de
cracas.
Agradecimentos : Agradecemos à FUNADESP
pelo apoio financeiro para o desenvolvimento do
Projeto PAE; à USS, pelo transporte terrestre
mensal; à ESEC Tamoios pelo transporte
marítimo mensal.
Referências
CARVALHAL, F. & BERCHEZ, F.A.S. Costão
Rochoso – a diversidade em microescala.
Projeto Ecossistemas Costeiros do Instituto
de Biociências da USP. 2005.
DUARTE, L.F.L. & GUERRAZZI, M.C. 16.
Zonação do Costão Rochoso da praia do Rio
Verde: padrões de distribuição e abundância, p.
179-188, 2004. In MARQUES, O.A.V. &
DULEBA, W. (eds.), Estação Ecológica JuréiaItatins. Ambiente Físico, Flora e Fauna.
Ribeirão Preto: Holos.
LEVINTON, J.T. 1982 Marine Ecology. PrenticeHall, Inc
NYBBAKEN, J.W. 1982. Marine Biology: an
ecological approach. Harper & Row,
Publishers, New York.
PLANO DE MANEJO DA ESTAÇÃO
ECOLÓGICA DE TAMOIOS (2006).
Coordenação Geral: AMORIM H.B. &
NUNES, W.H. 242 pp. 2006.
59
INVENTÁRIO DE MOLUSCOS DOS COSTÕES ROCHOSOS DE DUAS ILHAS DA
ESEC TAMOIOS, RJ
1
2
3
3
Kelly Rocha Siqueira , Ingrid Larissa Araújo , Tereza Aparecida Ferreira , Fabiana Bilio Barreto ,
4
Vania Filippi Goulart Carvalho Pereira
1
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Aluna de Iniciação Científica, [email protected]
2
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Aluna de Iniciação Científica
3
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Professoras
4
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Orientadora
Resumo – O costão rochoso é um ambiente costeiro formado por rochas localizado na transição entre os
meios terrestre e aquático e de suma importância ecológica e econômica. O presente trabalho foi
desenvolvido na Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios), RJ. Foi objetivo desta pesquisa registrar
e organizar um banco de dados das espécies do Filo Mollusca das comunidades dos costões rochosos das
ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba). As coletas foram realizadas no mediolitoral dos costões rochosos nos
meses de março, maio, junho e julho de 2008 e fevereiro e abril de 2009. Foram retiradas três amostras
2
aleatórias com um amostrador de 20 cm , com ajuda de uma espátula, de cada costão das praias. O
material coletado foi triado no Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos, onde se encontra
conservado em álcool 80%. No presente estudo foram identificadas 12 táxons do Filo Mollusca, sendo que
entre os táxons encontrados, destaca-se a primeira ocorrência da espécie invasora Isognomon bicolor, para
a Baía da Ilha Grande.
Palavras-chave: Banco de dados, costão rochoso, ESEC Tamoios, Mollusca.
Área do Conhecimento: Taxonomia de Grupos Recentes.
Introdução
O costão rochoso é um ambiente costeiro
formado por rochas localizado na transição entre
os meios terrestre e aquático e de suma
importância ecológica e econômica. Em função
do hidrodinamismo da onda um costão rochoso
pode ser definido como exposto e protegido
(CARVALHAL & BERCHEZ, 2005). Costão
exposto é aquele que recebe maior impacto de
ondas, freqüentemente apresentando-se na forma
de paredões lisos. Neste ambiente a diversidade
de organismo é menor e estes precisam
desenvolver estruturas eficientes de proteção e
fixação, pois o embate das ondas é um dos
principais responsáveis pela mortalidade. Um
costão protegido é encontrado em regiões de
baixo hidrodinamismo, bastante fragmentado,
resultando numa grande riqueza de espécies
associadas. Os costões rochosos podem ser
divididos em três zonas (infralitoral, mediolitoral e
supralitoral), zonas estas que se acham sujeitas a
diferentes condições físicas e são colonizadas por
diferentes organismos dispostos não apenas
como um reflexo do nível das marés e outros
fatores abióticos relacionados (temperatura,
umidade, luminosidade), mas também sofrendo
influência de fatores bióticos, como recrutamento
e de interações biológicas (herbivoria, predação e
competição). A combinação destes fatores faz
com que os costões rochosos sejam ambientes
dinâmicos e sujeitos a mudanças temporais
(sazonais) e espaciais (DUARTE & GUERRAZZI,
2004).
Neste habitat o Filo Mollusca inclui um dos
macroinvertebrados
mais
numerosos
e
diversificados
que
ocorrem
junto
aos
componentes das comunidades vágeis ou sésseis
de invertebrados marinhos e compõem uma
porção expressiva da biomassa em vários
ambientes constituindo um grupo ecologicamente
importante. Estes organismos vivem associados a
variados tipos de substratos em diferentes
ambientes, incluindo substratos naturais e
artificiais.
O presente trabalho foi desenvolvido na
Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios),
localizada na Baía da Ilha Grande, nos municípios
de Angra dos Reis e Paraty, Estado do Rio de
Janeiro, sob a responsabilidade do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade. A
ESEC Tamoios é uma área de proteção integral
composta de 29 ilhas (PLANO DE MANEJO,
2006). Esta pesquisa corresponde aos primeiros
resultados sobre um dos objetivos do “PROJETO
DE AVALIAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
(PAE)
DA
ESTAÇÃO
ECOLÓGICA
DE
TAMOIOS”,
desenvolvido
na
USS,
que
compreende o estudo da biodiversidade das ilhas
do Sandri e Comprida (Tarituba) - ESEC Tamoios.
Foi objetivo desta pesquisa analisar os
aspectos taxonômicos e ecológicos dos
exemplares do Filo Molusca, da comunidade dos
costões rochosos das ilhas do Sandri e Comprida
(Tarituba), com a finalidade de fazer um banco de
dados dos macroinvertebrados dos locais de
estudo.
60
Material e métodos
As coletas foram realizadas no mediolitoral
dos costões rochosos dos dois extremos do arco
praial nas três praias da ilha do Sandri (latitude
Sul 23º 02’ 20’’ e longitude Oeste 44º 29’ 40’’) –
Praia do Coelho, Praia do Engenho e Praia do
Su, e na praia da ilha Comprida (latitude Sul 23º
03’ 17’’ e longitude Oeste 44º 35’ 51’’), ambas na
baía da Ilha Grande, RJ, que pertence à Unidade
de Conservação da Estação Ecológica de
Tamoios (ESEC de Tamoios). As amostragens
foram realizadas nos meses de março, maio,
junho e julho de 2008, e fevereiro e abril de 2009.
Do mediolitoral dos costões rochosos de cada
praia das duas ilhas, foram retiradas três
amostras aleatórias com um amostrador de 20
2
cm , com ajuda de uma espátula e, logo em
seguida, com auxílio de um pincel, foram
retirados organismos possivelmente ainda
aderidos à rocha. O material coletado foi
armazenado em sacos plásticos contendo água
do mar e solução anestésica de Cloreto de
Magnésio a 10%. As amostras foram
devidamente etiquetadas e transportadas para o
Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos,
CECETEN, da Universidade Severino Sombra.
No
laboratório,
as
amostras
foram
acondicionadas em formol 4%, onde foram triadas
e os espécimes de Mollusca foram identificados
sempre que possível até espécie, sendo
considerados somente aqueles que continham
partes moles. Todo o material se encontra
conservado em álcool 80% e acha-se depositado
na coleção do laboratório. Alguns espécimes
foram enviados para especialistas para a devida
taxonomia.
Resultados
Neste
trabalho
foram
considerados
espécimes coletados com as partes moles, que
foram identificadas em 11 taxons do Filo
Mollusca, conforme abaixo discriminados:
Classe Gastropoda
Ordem Archeogastropoda
Superfamília Fissurellidea
Família Fissurellidae Fleming, 1822
Subfamília Fissurelinae
Fissurella clenchi (Farfante, 1943)
Subfamília Emarginulinae
Diadora sp.
Superfamília Patelloidea
Família Acmaeidae Carpenter, 1857
Subfamília Acmainae
Collisella subrugosa (Orbigny, 1846).
Superfamília Nacelloidea
Família Nacellidae Thiele, 1891
Nacella (Patinella) delicatissima Strebel, 1907
Ordem Mesogastropoda
Superfamília Littorinnoidea
Família Littorinidae (Gray, 1840)
Subfamília Littorinidae
Littorina flava (King & Broderip)
L. ziczac (Gmelin, 1791).
Ordem Neogastropoda
Superfamília Muricoidea
Família Thaididae (Jousseaume, 1888)
Stramonita haemastoma (Linneus, 1767)
Ordem Onchidiida
Superfamília Onchidioidea
Família Onchidiidae (Gray, 1824)
Onchidella indolens (Gould, 1852)
Superfamília Rissooidea
Familia Caecidae Gray, 1850
Classe Bivalvia (Pelecypoda)
Ordem Mytiloida
Superfamília Mytilidea
Família Mytilidae Rafinesque, 1815
Subfamília Mytilinae
Brachidontes solisianus (Orbigny, 1846)
Ordem Pterioidea
Família Isognomonidae Woodring, 1925
Isognomon bicolor (Adams, 1845)
Classe Polyplacophora
Discussão
Diversos autores (BERGALLO et al., 2000;
ABSALÃO et al., 2003; SANTOS et al., 2007)
inventariam espécies coletas sem (conchas
vazias) ou com partes moles. No presente estudo
não consideramos aqueles de conchas vazias na
caracterização desta comunidade malacológica,
devido a problemas que poderiam incluir
transporte pós-morte através da gravidade,
correntes ou por caranguejos hermitões.
O resultado taxonômico mostrou a presença
de espécies comuns no litoral brasileiro, porém,
revelou a ampliação da distribuição geográfica
conhecida da espécie invasora Isognomon
bicolor, que ainda não foi registrada para a Baía
da Ilha Grande.
A espécie, originária do Caribe, foi introduzida
no Brasil primeiramente no Atol das Rocas
(DOMANESCHI & MARTINS, 2002), a cerca de
três décadas. Foi registrada para grande parte
dos costões do litoral brasileiro, ocorrendo desde
o supralitoral até 7m de profundidade. Pó ser uma
espécie séssil, ela compete com a comunidade
nativa impedindo a fixação, o que causa a
erradicação dos bivalves nativos como Perna
perna e espécies dos gêneros Brachidontes,
Crassostrea,
Amphiroa
e
Jania.
(WWW.INSTITUTOHORUS.ORG.BR).
61
Conclusões
No presente estudo, registra-se a presença
de vários moluscos comuns na costa brasileira,
sendo que a espécie invasora Isognomon bicolor,
é o primeiro registro para a baia da Ilha Grande.
Devido aos conhecimentos sobre a grande
biodiversidade malacológica da Baía da Ilha
Grande (FRANKLIN et al., 2007), é importante
que se ampliem os estudos nas ilhas da ESEC
Tamoios.
Baía da Ilha Grande. V. 23, cap. 8 Mollusca.
Brasília. 2007.
WWW.INSTITUTOHORUS.ORG.BR).
em 02/10/2009, às 16:00h.
Acessado
Agradecimentos : Agradecemos à FUNADESP
pelo apoio financeiro para o desenvolvimento do
Projeto PAE; à USS, pelo transporte terrestre
mensal; à ESEC Tamoios pelo transporte
marítimo mensal.
Referências
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A.D. Novas ocorrências de gastrópodes e
vivalves marinhos no Brasil (Mollusca). Revista
Brasileira de Zoologia, V. 20, p. 323-328.
2003
BERGALLO, H.G.; ROCHA, C.F.D; ALVES,
M.A.S & SLUYS, M.V. A fauna ameaçada de
extinção no estado do Rio de Janeiro. Rio de
Janeiro: Ed. Universidade de Estado do Rio de
Janeiro – EDUERJ, 2000.
CARVALHAL, F. & BERCHEZ, F.A.S. Costão
Rochoso – a diversidade em microescala.
Projeto Ecossistemas Costeiros do Instituto
de Biociências da USP. 2005.
DOMANESCHI, O. & MARTINS, C.M. Isognomon
bicolor (C.B. Adams) (Bivalvia: Isognomonidae):
primeiro registro para o Brasil, redescrição da
espécie e considerações sobre a ocorrência e
distribuição de Isognomon na costa brasileira.
Revista Brasileira de Zoologia. V. 19, n. 2, p.
611-627. 2002.
DUARTE, L.F.L. & GUERRAZZI, M.C. 16.
Zonação do Costão Rochoso da praia do Rio
Verde: padrões de distribuição e abundância, p.
179-188, 2004. In MARQUES, O.A.V. &
DULEBA, W. (eds.), Estação Ecológica JuréiaItatins. Ambiente Físico, Flora e Fauna.
Ribeirão Preto: Holos.
PLANO DE MANEJO DA ESTAÇÃO
ECOLÓGICA DE TAMOIOS (2006).
Coordenação Geral: AMORIM H.B. &
NUNES, W.H. 242 pp. 2006.
SANTOS, F.N; CAETANO, C.H.S.; ABSALÃO,
R.S. & PAULA, T.S.Mollusca de substrato não
consolidado. In: Biodiversidade Marinha da
62
REGISTRO DA COMUNIDADE DE AMPHIPODA (CRUSTACEA) DOS COSTÕES
ROCHOSOS DE DUAS ILHAS DA ESEC TAMOIOS, RJ
1
2
2
Roberta Medeiros Macedo , Tereza Aparecida Ferreira , Fabiana Bilio Barreto , Vania Filippi Goulart
3
Carvalho Pereira
1
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Aluna de Iniciação Científica, [email protected]
2
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Professoras
3
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Orientadora
Resumo – O costão rochoso é um ambiente costeiro formado por rochas localizado na transição entre os
meios terrestre e aquático e de suma importância ecológica e econômica. O presente trabalho foi
desenvolvido na Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios), RJ. Foi objetivo desta pesquisa registrar
e organizar um banco de dados das espécies de Amphipoda das comunidades dos costões rochosos das
ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba). As coletas foram realizadas no mediolitoral dos costões rochosos nos
meses de março, maio, junho e julho de 2008 e fevereiro e abril de 2009. Foram retiradas três amostras
2
aleatórias com um amostrador de 20 cm , com ajuda de uma espátula, de cada costão das praias. O
material coletado foi triado no Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos, onde se encontra
conservado em álcool 80%. No presente estudo foram identificadas sete espécies pertencentes à ordem
Amphipoda: Amphitoe sp., Apohyale media, A. wakabare, Parhyale hawaiiensis, Parhyale sp., Elasmopus
brasiliensis e Elasmopus sp.
Palavras-chave: Amphipoda, banco de dados, costão rochoso, ESEC Tamoios.
Área do Conhecimento: Taxonomia de Grupos Recentes.
Introdução
O costão rochoso é um ambiente costeiro
formado por rochas localizado na transição entre
os meios terrestre e aquático e de suma
importância ecológica e econômica. Em função
do hidrodinamismo da onda um costão rochoso
pode ser definido como exposto e protegido
(CARVALHAL & BERCHEZ, 2005). Costão
exposto é aquele que recebe maior impacto de
ondas, freqüentemente apresentando-se na forma
de paredões lisos. Neste ambiente a diversidade
de organismo é menor e estes precisam
desenvolver estruturas eficientes de proteção e
fixação, pois o embate das ondas é um dos
principais responsáveis pela mortalidade. Um
costão protegido é encontrado em regiões de
baixo hidrodinamismo, bastante fragmentado,
resultando numa grande riqueza de espécies
associadas. Os costões rochosos podem ser
divididos em três zonas (infralitoral, mediolitoral e
supralitoral), zonas estas que se acham sujeitas a
diferentes condições físicas e são colonizadas por
diferentes organismos dispostos não apenas
como um reflexo do nível das marés e outros
fatores abióticos relacionados (temperatura,
umidade, luminosidade), mas também sofrendo
influência de fatores bióticos, como recrutamento
e de interações biológicas (herbivoria, predação e
competição). A combinação destes fatores faz
com que os costões rochosos sejam ambientes
dinâmicos e sujeitos a mudanças temporais
(sazonais) e espaciais (DUARTE & GUERRAZZI,
2004).
Neste habitat a Ordem Amphipoda inclui um
dos macroinvertebrados mais numerosos e
diversificados
que
ocorrem
junto
aos
componentes das comunidades vágeis de
invertebrados marinhos e compõem uma porção
expressiva da biomassa em vários ambientes
constituindo
um
grupo
ecologicamente
importante. Estes organismos vivem associados a
variados tipos de substratos em diferentes
ambientes, incluindo substratos naturais e
artificiais.
O presente trabalho foi desenvolvido na
Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios),
localizada na Baía da Ilha Grande, nos municípios
de Angra dos Reis e Paraty, Estado do Rio de
Janeiro, sob a responsabilidade do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade. A
ESEC Tamoios é uma área de proteção integral
composta de 29 ilhas (PLANO DE MANEJO,
2006). Esta pesquisa corresponde aos primeiros
resultados sobre um dos objetivos do “PROJETO
DE AVALIAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
(PAE)
DA
ESTAÇÃO
ECOLÓGICA
DE
TAMOIOS”,
desenvolvido
na
USS,
que
compreende o estudo da biodiversidade das ilhas
do Sandri e Comprida (Tarituba) - ESEC Tamoios.
Foi objetivo desta pesquisa analisar os
aspectos taxonômicos e ecológicos dos
exemplares
da
ordem
Amphipoda,
da
comunidade dos costões rochosos das ilhas do
Sandri e Comprida (Tarituba), com a finalidade de
fazer um banco de dados dos macroinvertebrados
dos locais de estudo.
61
Material e métodos
As coletas foram realizadas no mediolitoral
dos costões rochosos dos dois extremos do arco
praial nas três praias da ilha do Sandri (latitude
Sul 23º 02’ 20’’ e longitude Oeste 44º 29’ 40’’) –
Praia do Coelho, Praia do Engenho e Praia do
Su, e na praia da ilha Comprida (latitude Sul 23º
03’ 17’’ e longitude Oeste 44º 35’ 51’’), ambas na
baía da Ilha Grande, RJ, que pertence à Unidade
de Conservação da Estação Ecológica de
Tamoios (ESEC de Tamoios). As amostragens
foram realizadas nos meses de março, maio,
junho e julho de 2008, e fevereiro e abril de 2009.
Do mediolitoral dos costões rochosos de cada
praia das duas ilhas, foram retiradas três
amostras aleatórias com um amostrador de 20
2
cm , com ajuda de uma espátula e, logo em
seguida, com auxílio de um pincel, foram
retirados organismos possivelmente ainda
aderidos à rocha. O material coletado foi
armazenado em sacos plásticos contendo água
do mar e solução anestésica de Cloreto de
Magnésio a 10%. As amostras foram
devidamente etiquetadas e transportadas para o
Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos,
CECETEN, da Universidade Severino Sombra.
No
laboratório,
as
amostras
foram
acondicionadas em formol 4%, onde foram triadas
e os espécimes de Amphipoda foram
identificados sempre que possível até espécie.
Todo o material se encontra conservado em
álcool 80% e acha-se depositado na coleção do
laboratório. Alguns espécimes foram enviados
para especialistas para a devida taxonomia.
Resultados
No presente estudo foram identificados sete
taxons pertencentes à ordem Amphipoda.
Filo Arthropoda
Subfilo Crustacea
Classe Malacostraca
Subclasse Eumalacostraca
Superordem Peracarida
Ordem Amphipoda
Infraordem Gammarida
Família Amphitoidae Stebbing, 1899
Amphitoe sp
Família Hyalidae Bulycheva, 1957
Apohyale media (Dana, 1853)
Apohyale wakabare Serejo, 1999
Parhyale hawaiiensis (Dana, 1853)
Parhyale sp
Família Melitidae Bousfield, 1973
Elasmopus brasiliensis (Dana, 1853)
Elasmopus sp
O gênero Amphitoe Latreille, 1817, tem como
principais características: antena 1 mais longa
que a 2 ou quase igual; flagelo acessório ausente
ou muito pequeno; pedúnculo da antena 2
usualmente robusto; ramo interno do urópodo 3
com dois longos, recurvados e robustos espinhos.
A espécie A. media pode ser distinguida de
todas as espécies pela ausência de espinhos
marginais no ramo externo dos urópodos 1-2 em
ambos os sexos; urópodo 3 unirreme; pereópodos
5-6-7 com um espinho bem forte; olho bem
redondo (RUFFO, 1950; SEREJO, 1999). A.
wakabare caracteriza-se por possuir remiformes,
ovais e grandes; ausência de espinhos dísterolateral no urópodo 1, ramos do urópodo 3 com 1-2
espinhos marginais (SEREJO, 1999).
De acordo com SEREJO (1999), P.
hawaiensis tem como características principais a
antena 1 maior que o pedúnculo da antena 2, um
espinho distal no urópodo 1, escamas no urópodo
3 e pereópodos 6-7 com cerdas na margem
posterior do própodo.
Da família Melitidae, em Elasmopus
brasiliensis, o própodo do gnatópodo 2 do macho
e da fêmea apresenta-se com muitas cerdas
pectinadas, sendo que nas fêmeas, menos
numerosas que aquelas do macho (SEREJO,
1999).
Discussão
Todas as espécies aqui estudadas são
cosmopolitas de águas tropicais e subtropicais
(LINCOLN 1979, WAKABARA & SEREJO, 1998;
SEREJO, 1999, 2004; MARTÍN DÍAZ, 2003) e
apresentam registro para as regiões costeiras do
Estado do Rio de janeiro.
São espécies típicas de costões rochosos,
encontradas associadas a algas (TARARAM &
WAKABARA, 1981; LANCELLOTTI & TRUCCO,
1993), conforme o habitat em que foram
encontradas neste trabalho.
Parhyale sp. encontrada nos costões da praia
do Coelho, na ilha do Sandri, apresentava as
antenas bem cerdosas, e escamas e um espinho
distal na parte interna do urópodo 1. Estas
características são típicas da espécie Parhyale
plumulosus (Dana, 1853), que não tem registro de
ocorrência para o Brasil.
Conclusões
Os costões rochosos do Estado do Rio de
Janeiro ainda necessitam de muito estudo.
Porém, se por um lado faltam estudos, sobram
ameaças aos nossos costões. O conhecimento
adequado de nossa fauna e flora são necessários
e, ainda, um monitoramento de longa duração e
estudos que levem em conta processos e
interações
bióticas
(como
recrutamento,
competição, predação e herbivoria). Programas
de manejo sustentável em áreas de exploração
62
de espécies de interesse econômico, de
recuperação de áreas degradadas e de Educação
Ambiental, bem como o cumprimento da
legislação de proteção aos costões rochosos são
imprescindíveis para que áreas como a ESEC
Tamoios sejam adequadamente preservadas.
Mais estudos seriam importantes para
considerarmos Parhyale sp. encontrada nesta
pesquisa, ou uma espécie nova ou uma espécie
invasora, o que corresponderia ao primeiro
registro de Parhyale plumulosus para o Brasil.
Agradecimentos : Agradecemos à FUNADESP
pelo apoio financeiro para o desenvolvimento do
Projeto PAE; à Dra. Cristiana S. Serejo (UFRJ)
pela identificação de espécies de anfípodas; à
USS, pelo transporte terrestre mensal; à ESEC
Tamoios pelo transporte marítimo mensal.
Referências
CARVALHAL, F. & BERCHEZ, F.A.S. Costão
Rochoso – a diversidade em microescala.
Projeto Ecossistemas Costeiros do Instituto
de Biociências da USP. 2005.
SEREJO, C.S. Taxonomy and distribution of the
family Hyalidae (Amphipoda, Talitroidea) on the
Brazilian coast. In: F.R. Schram and J.C.von
Vaupel Klein, eds. Crustaceans and the
Biodiversity Crisis. Proceedings of the Fourth
International
Crustacean
Congress,
Amsterdam, The Netherlands, July 20-24,
1998, Volume 1, Brill, Boston, 1021 pp. 1999.
SEREJO, C. S. 2004. Talitridae (Amphipoda,
Gammaridea) from the Brazilian coastline.
Zootaxa. N. 646, p. 1-29. 2004.
TARARAM, A. S. & WAKABARA, Y. The mobile
fauna-specially Gammaridea of Sargassum
cymosum. Marine Ecology Progress Series.
N. 5, p. 157-163. 1981.
WAKABARA, Y. & SEREJO, C.S. Malacostraca Peracarida. Amphipoda. Gammaridea and
Caprellidea. In: Young PS (ed.) Catalogue of
Crustacea of Brazil. Rio de Janeiro: Museu
Nacional. (Série Livros n. 6), p. 561-594. 1998.
DUARTE, L.F.L. & GUERRAZZI, M.C. 16.
Zonação do Costão Rochoso da praia do Rio
Verde: padrões de distribuição e abundância, p.
179-188, 2004. In MARQUES, O.A.V. &
DULEBA, W. (eds.), Estação Ecológica JuréiaItatins. Ambiente Físico, Flora e Fauna.
Ribeirão Preto: Holos.
LANCELLOTTI, D. A. & TRUCCO, R. G.
Distribution patterns and coexistence of the
amphipod genus Hyale. Marine Ecology
Progress Series. N. 93, p. 131-141. 1993.
LINCOLN, R. J British Marine Amphipoda:
Grammarideo: 1 frontspiece + 1-658, British
Museum (Natural History) London ISBN 0565-00818-8. 1979.
MARTÍN, A. AND & DÍAZ, J. La fauna de
anfípodos (Crustacea: Amphipoda) de las
aguas costeras de la región oriental de
Venezuela. Boletín. Instituto Español de
Oceanografía.V. 19, n. 1-4, p. 327- 344. 2003.
PLANO DE MANEJO DA ESTAÇÃO
ECOLÓGICA DE TAMOIOS (2006).
Coordenação Geral: AMORIM H.B. &
NUNES, W.H. 242 pp. 2006.
RUFFO, S. Studi sui crostacei anfipodi XXII.
Anfipodi del Venezuela raccolti dal Dott. G.
Marcuzzi. Memorie del Museo Civico di Storia
Naturale di Verona. V. 2, p. 49-65. 1950.
63
MACROFAUNA ASSOCIADA AO FITAL DA ALGA Caulerpa racemosa (Forsskal),
ILHA COMPRIDA, PARATY, RJ.
1
2
3
4
Alan Beutin , Sueyla da Silva Alves , Samara Macedo Pinto Tereza Aparecida Ferreira , Fabiana
4
5
Bilio Barreto , Vania Filippi Goulart Carvalho Pereira
1,2,3
1
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Alunos de Iniciação Científica, [email protected]
4
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Professoras
5
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Orientadora
Resumo – O costão rochoso é um ambiente costeiro formado por rochas localizado na transição entre
os meios terrestre e aquático e de suma importância ecológica e econômica. O presente trabalho foi
desenvolvido na Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios), RJ. Foi objetivo desta pesquisa registrar
e organizar um banco de dados das da macrofauna do infralitoral associada a alga Caulerpa racemosa, dos
costões rochosos da ilha Comprida (Tarituba). As coletas foram realizadas no infralitoral dos costões
rochosos no mês agosto de 2009, com o uso de um quadract medindo 1m² contendo dezesseis
subquadrados de 25cm² escolhendo aleatoriamente um dos 16 quadrados. O material coletado foi triado no
Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos, onde se encontra conservado em álcool 80%. No presente
estudo foram identificados um total de 54 indivíduos representantes da classe Gastropoda (35,18%), classe
Polychaeta (20,37%) e do subfilo Crustacea (Decapoda e Amphipoda (44,44%). O grande número de
indivíduos da macrofauna associados a C. racemosa pode estar relacionado com a morfologia desta alga.
Palavras-chave: Banco de dados, costão rochoso, ESEC Tamoios, fital, infralitoral.
Área do Conhecimento: Taxonomia de Grupos Recentes.
Introdução
O costão rochoso é um ambiente costeiro
formado por rochas localizado na transição entre
os meios terrestre e aquático e de suma
importância ecológica e econômica. Em função
do hidrodinamismo da onda um costão rochoso
pode ser definido como exposto e protegido
(CARVALHAL & BERCHEZ, 2005). Os costões
rochosos podem ser divididos em três zonas
(infralitoral, mediolitoral e supralitoral), zonas
estas que se acham sujeitas a diferentes
condições físicas e são colonizadas por diferentes
organismos dispostos não apenas como um
reflexo do nível das marés e outros fatores
abióticos relacionados (temperatura, umidade,
luminosidade), mas também sofrendo influência
de fatores bióticos, como recrutamento e de
interações biológicas (herbivoria, predação e
competição). A combinação destes fatores faz
com que os costões rochosos sejam ambientes
dinâmicos e sujeitos a mudanças temporais
(sazonais) e espaciais (DUARTE & GUERRAZZI,
2004).
O fital é um habitat do ambiente marinho no
qual a composição e a distribuição das plantas e
animais diferem de qualquer outro. A planta
substrato pode ser uma alga marinha, uma grama
marinha ou um líquen que servem de morada ou
são locais de alimentação e abrigo. Um dos
aspectos mais importantes entre a relação do fital
com a macrófita é a complexidade estrutural do
habitat, e isto influencia a composição e
diversidade das espécies (NASCIMENTO, 2007).
O gênero Caulerpa pertence à família
Caulerpaceae (JOLY, 1967). Possui talo
prostrado, cenocítico, constituído de porção
rastejante e rizomatosa fixa ao substrato por tufos
de rizóides e por ramos eretos inteiros ou
dissecados por numerosos ramos curtos. Seus
ramos são semelhantes ao eixo ou disticamente
dispostos, em forma de pena ou globóides e,
neste caso, assemelhando-se a cachos de uvas.
Estes podem ser simples ou variadamente
ramificados, frequentemente se assemelhando
aos órgãos de plantas superiores.
O presente trabalho foi desenvolvido na
Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios),
localizada na Baía da Ilha Grande, nos municípios
de Angra dos Reis e Paraty, Estado do Rio de
Janeiro, sob a responsabilidade do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade. A
ESEC Tamoios é uma área de proteção integral
composta de 29 ilhas (PLANO DE MANEJO,
2006). Esta pesquisa corresponde aos primeiros
resultados sobre um dos objetivos do “PROJETO
DE AVALIAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
(PAE)
DA
ESTAÇÃO
ECOLÓGICA
DE
TAMOIOS”,
desenvolvido
na
USS,
que
compreende o estudo da biodiversidade das ilhas
do Sandri e Comprida (Tarituba) - ESEC Tamoios.
O objetivo desse trabalho foi conhecer a
macrofauna associada a alga Caulerpa racemosa
(Forsskal) da ilha Comprida, contribuindo assim
para caracterização da biodiversidade faunística
da região estudada.
64
Material e métodos
O presente estudo desenvolveu-se na Ilha
Comprida (latitude Sul 23°03’17”e longitude Oeste
44°36’51”), na baía da Ilha Grande, Paraty, RJ,
que pertence à Unidade de Conservação da
Estação Ecológica de Tamoios (ESEC de
Tamoios). Nela foi observado o infralitoral do
costão da praia localizada nesta ilha.
A observação foi realizada no mês de agosto
de 2009, no infralitoral do costão da praia; a alga
foi coletada a uma profundidade de dois metros,
onde foi utilizado um quadrado de 1m² contendo
dezesseis subquadrados de 25cm². Este quadract
foi colocado em locais onde houvesse
comunidades de algas da espécie Caulerpa
racemosa; estas foram coletadas aleatoriamente
escolhendo um dos 16 quadrados. As algas foram
removidas manualmente utilizando-se sacos
plásticos para envolvê-las; posteriormente, foram
acondicionadas em recipientes plásticos contendo
água do mar e solução anestésica de Cloreto de
Magnésio a 10%. As amostras foram
devidamente etiquetadas e transportadas para o
Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos,
CECETEN, da Universidade Severino Sombra.
No laboratório, o processamento das amostras
envolveu lavagens sucessivas das plantas em
bandejas de plástico, e a macrofauna foi triada
com o auxilio de uma lupa e pinça e,
posteriormente, acondicionadas em formol 4%,
Resultados
Foi encontrado no presente estudo, associado
a alga Caulerpa racemosa, um total de 54
indivíduos representantes do Filo Mollusca
(classe Gastropoda - 35,18%), Filo Annelida
(classe Polychaeta - 20,37%) e do Filo
Arthropoda (subfilo Crustacea – Decapoda e
Amphipoda - 44,44%).
Os
gastrópodes,
totalizando
19
indivíduos, pertencem ao grupo de moluscos mais
numerosos e diversificados do filo Mollusca,
representando mais de 4/5 das espécies
(HICKMAN et al., 2004).
O seu tamanho é muito variado, desde
minúsculos caracóis aquáticos com 1 mm a uma
espécie australiana com 70cm de comprimento.
Habitam água doce, salgada, ambientes úmidos e
sombreados. São distinguidos por um pé
muscular rastejante chato utilizado para
locomoção
e
uma
cabeça
fracamente
desenvolvida. A maioria dos indivíduos apresenta
concha calcárea dorsal em forma de escudo
secretada pela parede corporal adjacente (o
manto) (HICKMAN et al., 2004).
Com relação aos Polychaetas verificou-se a
presença de 11 indivíduos. São em sua maioria
marinhos podendo ser encontrados em grandes
profundidades dos oceanos, flutuando próximos
da superfície ou enfiados em rochas ou na areia
das praias. Pensa-se que são também os
organismos mais primitivos do Filo Annelida.
Possuem o corpo segmentado interna e
externamente, com segmentos ou somitos
numerosos. Cabeça distinta do corpo, sexos
separados,
com
fecundação
externa
e
desenvolvimento indireto (com larva trocófora).
São quase exclusivamente marinhos. Possuem
parapódios (um par por segmento) que são
conjuntos de cerdas que se assemelham a patas
e possuem tentáculos na zona cefálica. As suas
dimensões podem ir desde alguns milímetros até
3 metros em comprimento (HICKMAN et al.,
2004).
Os Crustáceos apresentaram-se em maior
quantidade, pois possuem representantes das
ordens Amphipoda com 18 representantes e
Decapoda com 6 representantes, sendo esses
todos caranguejos jovens. Os anfípodas são
crustáceos pequenos, consumidores primários em
muitas cadeias alimentares, sendo de grande
importância em habitats pelágicos e bentônicos.
Possuem olhos compostos, um par de
maxilípedes e ausência de carapaça. Seu corpo é
comprido lateralmente. Desenvolvimentpo direto.
Os decápodes possuem três pares de
maxilípedes e cinco pares de apêndices
ambulatórios, cujo primeiro par é modificado em
vários grupos para formar quelas (pinças). São
representados pelos caranguejos, lagostas, siris,
camarões e lagostins (HICKMAN et al., 2004).
Discussão
O quatro táxons aqui encontrados associados
a C. racemosa, isto é, Gastropoda, Polychaeta,
Decapoda e Amphipoda, também são comuns em
fitais compostos por outras algas (TARARAM,
1977; TARARAM & WAKABARA, 1981; DUTRA,
1985; SANTOS & CORREA, 1995).
A comparação de fitais de diversos mares do
mundo, mostrou que anfípodas e moluscos são
os grupos mais abundantes da macrofauna neste
ambiente, provavelmente pelo fato destes
organismos se alimentarem do substrato,
enquanto que bivalves e decápodas procuram
abrigo entre os talos, provavelmente contra
predadores (MASUNARI, 1998). A presente
pesquisa corrobora os resultados de MASUNARI
(1998).
Conclusões
O grande número de espécies e espécimes
de macrofauna associados a Caulerpa racemosa
em relação a outras algas, pode estar relacionado
com a morfologia da fronda desta alga, que por
65
ser muito ramificada oferece maior disponibilidade
de microhabitats para estes animais.
Os costões rochosos do Estado do Rio de
Janeiro ainda necessitam de muito estudo. O
presente estudo enseja uma maior investigação
sobre a mcrofauna associada de fital.
Agradecimentos : Agradecemos à FUNADESP
pelo apoio financeiro para o desenvolvimento do
Projeto PAE; à USS, pelo transporte terrestre
mensal; à ESEC Tamoios pelo transporte
marítimo mensal.
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TARARAM, A.S. A fauna vágil de Sargassum
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Amphipoda).
Dissertação
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TARARAM, A. S. & WAKABARA, Y. The mobile
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NUNES, W.H. 242 pp. 2006.
SANTOS, C.G. & CORREA, M.D. Fauna
associada ao fital Halimeda opuntia (Linnaeus)
66
SUSTENTABILIDADE EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: ESTAÇÃO ECOLÓGICA
DE TAMOIOS
Pedro Paulo Leite Frisoni¹, Vania Filippi Goulart Carvalho Pereira², Katia Cristina Garcia³
1
Universidade Severino Sombra/Centro de Ciências Exatas e da Natureza/[email protected]
²Universidade Severino Sombra/Centro de Ciências Exatas e da Natureza/[email protected]
³Universidade Federal do Rio de Janeiro/[email protected]
Resumo. O presente trabalho apresenta os resultados da primeira etapa do projeto de pesquisa “Avaliação
e Educação Ambiental (Pae) da Estação Ecológica de Tamoios (RJ)”, desenvolvido na Universidade
Severino Sombra, que teve como objetivo identificar a percepção de diferentes atores sociais em relação à
sustentabilidade da Unidade de Conservação (UC). Para tal foram aplicados questionários semiestruturados e realizadas entrevistas com diversos atores sociais locais, que permitiram identificar vários
problemas enfrentados pela ESEC Tamoios, sendo os principais a falta de divulgação da UC e dos
trabalhos de conservação ambiental realizados, além da precariedade da fiscalização. Os resultados obtidos
auxiliarão na segunda etapa do projeto de pesquisa, quando será realizado o mapeamento das variáveis
que compõe a sustentabilidade da ESEC Tamoios e a avaliação da sustentabilidade da UC considerado
diferentes cenários de desenvolvimento da região.
Palavras-chave: Unidade de Conservação, Sustentabilidade, Percepção, atores sociais
Área do conhecimento: 90193000 ENGENHARIA/TECNOLOGIA/GESTÃO
1 Introdução
Em 1987, o Relatório “Nosso Futuro Comum”,
conhecido como o Relatório de Brundtland,
cunhou oficialmente o termo “desenvolvimento
sustentável”, prevendo a garantia de recursos
naturais para as gerações futuras (CMMAD, 1987).
A partir de então, planejar o desenvolvimento
configura-se em um desafio que abrange
simultaneamente
as
três
dimensões
da
sustentabilidade: social, ambiental e econômica
(GARCIA et al., 2007).
De acordo com AGARDY (1994), muitas áreas
de unidades de conservação foram estabelecidas
como reservas de uso múltiplo, acomodando
muitos usuários diferentes. Entre os vetores de
pressão sobre a diversidade biológica de ilhas e
seu entorno destaca-se a exploração das espécies
de interesse econômico, a introdução de espécies
exóticas, o lixo, a especulação imobiliária, a
poluição e a pesca predatória.
Alguns destes vetores de pressão também
puderam ser observados na Estação Ecológica de
Tamoios (ESEC de Tamoios), a partir da
identificação da percepção dos diferentes atores
sociais (membros do comitê gestor, turistas, donos
de
pousadas,
moradores,
comerciantes)
consultados na primeira etapa do projeto de
pesquisa “Avaliação e Educação Ambiental (Pae)
da Estação Ecológica de Tamoios (RJ)”. A
identificação da percepção de cada um destes
atores sociais em relação à sustentabilidade da
UC em termos de seus aspectos ecológicos,
econômicos e sociais, servirá de referência para a
segunda etapa do projeto, de mapeamento das
variáveis que compõe a sustentabilidade da UC e
avaliação da sustentabilidade da UC nos
diferentes cenários de desenvolvimento previstos
para a região. A metodologia de pesquisa e os
resultados obtidos na primeira etapa são
apresentados a seguir.
2 A Estação Ecológica de Tamoios
A Estação Ecológica de Tamoios, criada pelo
o
Decreto n 98.864 de 23 de janeiro de 1990, está
situada no Estado do Rio de Janeiro, nos
municípios de Angra dos Reis e Paraty (22º 58’
54’’ a 23º 12’ 23’’ latitude sul e 44º 17’ 44’’ a 44º
41’ 19’’ longitude oeste). Foi criada visando à
realização de pesquisas básicas e aplicadas de
Ecologia, a proteção do ambiente natural e o
desenvolvimento da educação conservacionista
nas 29 ilhotas, ilhas, lajes e rochedos, situados na
baía da Ribeira, em Angra dos Reis, e na baía da
Ilha Grande, em Paraty. Sua sede situa-se na
Rodovia BR-101 Km 536, Mambucaba, Paraty, RJ,
A Estação Ecológica possui uma área total de
8.699,7460 ha, sendo 3,36% (292,6226 ha)
terrestre e 96,64% (8.407,1234 ha) marítima,
assim discriminados na Figura 1 (AMORIM H.B. &
NUNES, W.H., 2006).
De acordo com o Plano de Manejo (AMORIM
H.B. & NUNES, W.H., 2006), o seu Bioma terrestre
é dominado por floresta tropical (Mata Atlântica) e
o seu ecossistema marinho é representado por
regiões estuarinas. Os principais atributos naturais
dessa Estação são as paisagens e a rica fauna e
flora local. Por esta razão a área da Estação
Ecológica de Tamoios possui grande potencial
turístico, até mesmo em nível internacional,
relacionado à observação da natureza, passeios e
67
turismo subaquático. Constitui-se em uma área de
grande beleza cênica.
3 Materiais e Métodos
A metodologia utilizada para atender ao
objetivo da pesquisa seguiu os seguintes
presupostos:
- Pesquisa aplicada, predominantemente
qualitativa;
- Pesquisa exploratória e descritiva - pois
envolveu levantamento bibliográfico, análise de
exemplos, trabalhos de campo e entrevistas
Quanto aos procedimentos adotou-se a
pesquisa bibliográfica, elaborada a partir de
materiais já publicados, constituído principalmente
de artigos de periódicos e a pesquisa de campo,
para fins de levantamento de dados. Nesta
pesquisa foram utilizadas como técnicas de
coletas de dados a observação, pesquisa
documental e entrevistas com atores sociais da
região, membros e não membros do comitê gestor
da ESEC Tamoios. Foram utilizados questionários
que visavam obter informações relativas à ESEC
Tamoios e à percepção dos atores sociais. A
aplicação dos questionários e realização das
entrevistas ocorreu após preenchimento individual
do Termo de Consentimento, de acordo com a
orientação do Conselho de Ética da Universidade
Severino Sombra.
Os questionários foram formulados visando um
estudo dos impactos e problemas ambientais
existentes na Estação Ecológica, e a percepção
das pessoas em relação a estes problemas e
possíveis soluções para minimização dos
mesmos. Para tal, os questionários foram divididos
em duas categorias: um para o comitê gestor da
ESEC Tamoios, com o objetivo de obter uma visão
da percepção interna; e outro para os não
membros do comitê gestor.
Para o preenchimento dos questionários e
entrevistas, foram realizadas uma série de
trabalhos de campo nas seguintes localidades:
Paraty, Tarituba, Mambucaba, Angra dos Reis,
Perequê e Ilha do Sandri.
4 Resultados
A partir das entrevistas realizadas e do
preenchimento dos questionários com os “não
membros” do comitê gestor da ESEC Tamoios,
observou-se uma deficiência nos trabalhos de
esclarecimento e divulgação para a comunidade
sobre a existência da UC. Este é um ponto
bastante problemático, uma vez que a
conservação ambiental das UC está fortemente
relacionada com o conhecimento da existência
legal da área protegida por parte da população
que vive e ou que desfruta dos atrativos naturais
existentes no local.
Quando os não membros do comitê tomaram
conhecimento, no decorrer das entrevistas, sobre
a existência da UC, foi perguntado a eles quais os
problemas que eles acreditavam serem os
principais enfrentados pela ESEC Tamoios e suas
respostas foram
coerentes com a falta de
conhecimento sobre a existência da ESEC
Tamoios, uma vez que são apontados como
problemas a falta de fiscalização e a falta de
programas de educação ambiental com a
população visando incentivar a conservação da
área protegida. Em relação a esta última questão,
cabe mencionar que o próprio IBAMA já havia
identificado a necessidade de uma maior interação
com a população e até mesmo vislumbrado a
possibilidade de ampliar os trabalhos de educação
ambiental tanto com os moradores, como com a
população visitante da UC.
Por meio das entrevistas feitas com o
preenchimento dos questionários com membros
do comitê gestor da Unidade, observou-se que o
maior atrativo é a paisagem, principalmente pelo
fato da área possuir uma biodiversidade muito rica.
A percepção do comitê gestor em relação às
alterações positivas observadas no decorrer do
tempo em termos de conservação desta rica
biodiversidade desde a criação da Unidade de
Conservação foram evidênciadas.
Como os não membros do comitê gestor, os
membros apontam a falta de fiscalização como o
principal problema, seguido pela pouca divulgação
e interação com a população, e falta de infraestrutura para recebimento de visitantes e também
para realização de programas de educação
ambiental com a população fixa e flutuante na UC.
As principais atitudes que foram sugeridas nas
entrevistas com o comitê gestor, para minimizar os
problemas enfrentados pela ESEC Tamoios foram:
ampliação da divulgação da existência da UC,
bem como da importância de sua biodiversidade e
de seus atrativos ambientais, seguida pelo
aumento da fiscalização e fortalecimento da
gestão interna da UC.
5 Discussão
A pesquisa bibliográfica realizada mostrou que
os problemas identificados pelos membros e não
membros do comitê gestor da ESEC Tamoios
apresentados nas Figuras 4 e 6 também foram
evidenciados em outras UC, como na Unidade de
Conservação Parque Estadual de Jacupiranga
(PEJ) em São Paulo e na APA de Guaraqueçaba.
Da mesma forma, a deficiência na fiscalização e a
falta de infra-estrutura dessas UC são os principais
problemas apontados por WATANABE (2004) e
TEIXEIRA (2005), mostrando que estes são hoje
problemas comuns nas UC do Brasil.
68
6 Conclusão
Nesta primeira etapa do projeto de pesquisa
“Avaliação e Educação Ambiental (Pae) da
Estação Ecológica de Tamoios (RJ)” foi possível
observar que, apesar do Brasil ter avançado
bastante em termos de conservação da
biodiversidade e estabelecimento de áreas
protegidas desde a criação da primeira UC federal
e promulgação da Lei do SNUC, existem ainda
diversos pontos de fragilidade que precisam ser
trabalhados para que se possa garantir a
sustentabilidade das áreas protegidas existentes
no país.
Referências bibliográficas apontam problemas
de fiscalização e gestão em diferentes UC no
Brasil. Problemas que também foram apontados
pela população e membros do comitê gestor da
Estação Ecológica de Tamoios, objeto de estudo
desta pesquisa. A aplicação de questionários
semi-estruturados e a realização de entrevistas
permitiu identificar a percepção dos atores sociais
em relação à sustentabilidade da UC. Com os
resultados apresentados pode-se concluir que a
Estação Ecológica precisa incentivar e ampliar
mais os trabalhos de Educação Ambiental,
passando assim, a informar a população sobre a
sua existência e também conscientizar a
população sobre o seu papel para a melhoria das
condições
ambientais
da
Unidade
de
Conservação. A estação ecológica precisa ainda
fortalecer a sua gestão e aumentar a fiscalização,
para garantir que o trabalho de conservação seja
executado e mantido. A fiscalização juntamente
com o maior envolvimento e conscientização da
população são caminhos complementares para
garantir a preservação ambiental da região e
alcançar uma maior eficiência nos processos de
gestão da ESEC Tamoios, assim como sua
sustentabilidade.
Na próxima etapa do projeto de pesquisa, os
resultados apresentados neste artigo serão
utilizados como orientação para o mapeamento
das variáveis que compõe a sustentabilidade da
ESEC Tamoios e definição de um modelo de
avaliação da sustentabilidade da UC considerado
diferentes cenários de desenvolvimento da região.
- BRASIL, Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC). Lei No 9.985, de 18 de
Julho de 2000.
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de 1981.
69
REGISTRO DA COMUNIDADE DE AMPHIPODA (CRUSTACEA) DAS PRAIAS
ARENOSAS DE DUAS ILHAS DA ESEC TAMOIOS, RJ
1
2
Virgínia Paola de Souza Abreu Marques , Greiciane França Bronzato de Almeida , Tereza Aparecida
3
3
4
Ferreira , Fabiana Bilio Barreto , Vania Filippi Goulart Carvalho Pereira
1
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Aluna de Iniciação Científica, [email protected]
2
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Aluna de Iniciação Científica
3
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Professoras
4
USS/CECETEN/Ciências Biológicas/Orientadora
Resumo – As praias arenosas podem ser identificadas conforme seu grau de exposição, sendo assim
consideradas desde muito expostas, onde não há predominância de ilhas na sua frente, a muito protegidas,
com proteção de diversas ilhas. O presente trabalho foi desenvolvido na Estação Ecológica de Tamoios
(ESEC Tamoios), RJ. Foi objetivo de esta pesquisa registrar e organizar um banco de dados das espécies
da ordem Amphipoda da comunidade das praias arenosas das ilhas do Sandri e Comprida (Tarituba). As
coletas foram realizadas do supralitoral ao infralitoral nos meses de março, maio, junho e julho de 2008, e
fevereiro e abril de 2009. O material coletado foi triado no Laboratório de Estudos Biológicos e Ecológicos,
onde se encontra conservado em álcool 80%. No presente estudo foi identificado duas espécies
pertencentes à Família Talitridae: Platorchestia monodi (Mateus, Mateus & Afonso, 1986) e
Atlantorchestoidea brasiliensis (Dana, 1853). Ambas foram encontradas na zona de varrido do supralitoral
das praias estudadas, sendo que P. monodi nas praias protegidas e semi expostas e A. brasiliensis
somente na praia semi exposta.
Palavras-chave: Amphipoda, banco de dados, ESEC Tamoios, praias arenosas.
Área do Conhecimento: Taxonomia de Grupos Recentes.
Introdução
Segundo McLACHLAN (1980) as praias
podem ser identificadas conforme seu grau de
exposição, sendo assim consideradas desde
muito expostas, onde não há predominância de
ilhas na sua frente, a muito protegidas, com
proteção de diversas ilhas; isso faz com que a
variabilidade física seja resultante da combinação
de características das ondas e granulometria do
sedimento. A diversidade de espécies está
relacionada
com
fatores
associados
à
morfodinâmica, como inclinação da praia e
tamanho de partículas de sedimento que indicam,
pelo tamanho do grão, o quanto mais íngrime
estará o perfil da praia. Se o grão apresentar
maior diâmetro junto com um alto declive, a
diversidade e abundância de espécies serão
menores (McLACHLAN, 1983). De acordo com
BROWN & MACLACHLAN (1990), a macrofauna
da zona entremarés de praias é caracterizada por
apresentar uma comunidade com baixa
diversidade de espécies, com elevado número de
indivíduos de uma única espécie, quando
comparada a regiões submersas.
Os crustáceos são animais do filo
Arthropoda, no qual a ordem Amphipoda constitui
o maior grupo da Superclasse Peracarida,
apresentando uma grande diversidade, cerca de
5.700 espécies já foram descritas no mundo. No
Brasil foram registradas até agora cerca de 130
espécies marinhas. Os anfípodas podem ser
considerados bem sucedidos, tanto em número
de indivíduos como de espécies, e parte deste
sucesso pode ser atribuído à proteção da prole
(BOROWSKY,
1980).
Os
AmphipodaGammaridea constituem um grupo muito grande e
diversificado de espécies predominantemente
marinhas, distribuídas por 69 famílias. Existem
representantes na água doce e uma única família
(Talitridae) reúne as espécies terrestres
(BUCKUP & BOND – BUCKUP, 1999). As pulgasde-praia, como são popularmente chamados,
vivem debaixo de seixos ou rochas ou escavam
na praia próximos a marca da maré alta, mas os
saltadores dos detritos de folhas do Hemisfério
Sul são encontrados no húmus e na terra úmidos,
longe do litoral (RUPPERT & BARNES, 1996).
O presente trabalho foi desenvolvido na
Estação Ecológica de Tamoios (ESEC Tamoios),
localizada na Baía da Ilha Grande, nos municípios
de Angra dos Reis e Paraty, Estado do Rio de
Janeiro, sob a responsabilidade do Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade. A
ESEC Tamoios é uma área de proteção integral
composta de 29 ilhas (PLANO DE MANEJO,
2006). Esta pesquisa corresponde aos primeiros
resultados sobre um dos objetivos do “PROJETO
DE AVALIAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL
(PAE)
DA
ESTAÇÃO
ECOLÓGICA
DE
TAMOIOS”,
desenvolvido
na
USS,
que
compreende o estudo da biodiversidade das ilhas
do Sandri e Comprida (Tarituba) - ESEC Tamoios.
Foi objetivo desta pesquisa analisar os
aspectos taxonômicos e ecológicos dos
exemplares
da
ordem
Amphipoda,
da
70
comunidade das praias das ilhas do Sandri e
Comprida (Tarituba), com a finalidade de fazer
um banco de dados dos macroinvertebrados dos
locais de estudo.
Material e métodos
As coletas foram realizadas nas três praias da
ilha do Sandri (latitude Sul 23º 02’ 20’’ e longitude
Oeste 44º 29’ 40’’) – Praia do Coelho, Praia do
Engenho e Praia do Su, e na única praia da ilha
Comprida (latitude Sul 23º 03’ 17’’ e longitude
Oeste 44º 35’ 51’’), ambas na baía da Ilha
Grande, RJ, que pertence à Unidade de
Conservação da Estação Ecológica de Tamoios
(ESEC de Tamoios). As amostragens foram
realizadas nos meses de março, maio, junho e
julho de 2008, e fevereiro e abril de 2009. Em
cada arco praial foram demarcados quatro
transectos perpendiculares à linha d’água,
eqüidistantes entre si. Cada transecto foi dividido
em quatro níveis paralelos à linha d’água, sendo o
nível 1 no supralitoral, os níveis 2 e 3 no
médiolitoral e o nível 4 no infralitoral. De cada
nível foi retirada uma amostra utilizando um
amostrador de 15cm de diâmetro, que era
enterrado 25cm de profundidade. A amostra era
lavada na água do mar com uma rede de 0,3mm
de entre-nós e, posteriormente, acondicionada em
sacos plásticos previamente etiquetados e com
Cloreto de Magnésio a 10%. As amostras foram
transportadas para o Laboratório de Estudos
Biológicos
e Ecológicos, CECETEN, da
Universidade Severino Sombra. No laboratório, as
amostras foram acondicionadas em formol 4%,
onde foram triadas e os espécimes de Amphipoda
foram identificados sempre que possível até
espécie. Todo o material se encontra conservado
em álcool 80% e acha-se depositado na coleção
do laboratório. Alguns espécimes foram enviados
para especialistas para a devida taxonomia.
Resultados
Neste trabalho foram identificadas duas
espécies pertencentes à ordem Amphipoda.
Ambas as espécies, Platorchestia monodi
(Mateus,
Mateus
&
Afonso,
1986)
e
Atlantorchestoidea brasiliensis (Dana, 1853),
pertencem à família Talitridae Rafinesque, 1815.
Os espécimes foram coletados no supralitoral
(Nível 1) e no mediolitoral (Nível 2), sempre na
linha de deixa, sob algas de arribação.
Platorchestia monodi foi encontrada em todas as
praias
estudadas,
enquanto
que
Atlantorchestoidea brasiliensis foi encontrada
somente na praia do Su, na ilha do Sandri, praia
esta do tipo semi-exposta.
Filo Arthropoda. Subfilo Crustacea. Classe
Malacostraca. Ordem Amphipoda Subordem
Gammaridea. Família Talitridae.
Platorchestia monodi (Mateus, Mateus &
Afonso, 1986)
Orchestia monodi Mateus, Mateus & Afonso, 1986) : 100-110,
figs. 1-7.
Orchestia platensis – Oliveria, 1953: 329, figs. 10-12; Soares,
1979: 98.
Platorchestia platensis (Kroyer, 1845) forma monodi (Mateus,
Mateus & Afonso, 1986) – Stock & Biernbaum, 1994: 796-800,
fig. 1.
Platorchestia monodi _ Morino & Ortal, 1995: 825, figs. 1-3;
Stock, 1996: 150, figs. 2-4 (part).
De acordo com SEREJO (2004), P. monodi
caracteriza-se por apresentar como principais
características a palma do gnatópodo 2 do macho
em V, pedúnculo da antena 2 intumescido), ramo
externo do urópode sem espinho, gnatópodo 1 do
macho com lobos entumecidos e gnatópodo 1 da
fêmea com palma pequena.
Atlantorchestoidea brasiliensis (Dana, 1853)
Orchestia (Talitrus) brasiliensis Dana, 1853: 857, pl. 57, fig. 2ªg.
Orchestoidea Brasiliensis _ Bate, 1862: 13, pl. 2, fig. 4.
Orchestoidea brasiliensis _ Stebbing, 1906a: 529;
Schellenberg, 1938: 209, fig 3; Oliveira, 1953: 335, figs. 13-14.
“Orchestoidea” brasiliensis _ Bousfield, 1982: 24-44.
Pseudorchestoidea brasiliensis _ Cardoso & Veloso, 1996: 11;
Gomez & Defeo, 1999: 209; Cardoso, 2002, 167
Segundo SEREJO (2004), A. brasiliensis
caracteriza-se por apresentar como principais
características os olhos grandes e com pouca
pigmentação, cerdas diferenciadas no pereopodo
5, gnatópodo 1 simples tanto na fêmea como no
macho, gnatópodo 2 do macho com palma
obliqua e cabeça com ângulo anterior.
Discussão
A família Talitridae possui, até a presente
data, 50 gêneros com cerca de 200 espécies,
sendo o único grupo de anfípoda-gamarideo que
vive em ambiente terrestre (SEREJO, 2004).
As duas espécies encontradas nesta
pesquisa foram coletadas sempre na marca da
maré mais alta, o que corrobora os trabalhos de
RUPPERT & BARNES (1996) e SEREJO (2004).
A reação dos espécimes no momento da
coleta era a mesma descrita por RUPPERT &
BARNES (1996), isto é, muitos saltavam até 1m
para frente e outros escavavam o substrato a fim
de se ocultarem. Para este comportamento os
indivíduos apresentavam o 4º e 5º pares de
pereópodes bem desenvolvidos e os pleópodes
vestigiais, conforme descrito por BUCKUP &
BOND – BUCKUP (1999).
Segundo CARDOSO & VELOSO (1996), a
espécie A. brasiliensis é típica de praias expostas
o que corrobora o fato de ter sido encontrada na
única praia semi-exposta dos locais de estudo, a
praia do Su, na ilha do Sandri. Além da praia do
71
Su, P. monodi foi encontrada nas outras praias
estudadas, isto é, a praia da ilha Comprida
(Tarituba) e as praias do Coelho e do Engenho,
da ilha do Sandri, que são praias protegidas.
No Brasil, P. monodi foi resgistrada para os
Estados de Pernambuco, Alagoas, Espírito Santo,
Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa
Catarina.O Estado do Paraná foi o único em que
a espécie foi encontrada numa ilha, a ilha do Mel.
No mundo, sua presença é comum em diversas
ilhas do oceano Atlântico (SEREJO, 2004). A
espécie A. brasiliensis é endêmica do Brasil, onde
foi encontrada nas praias continentais dos
Estados do Rio Grande do Norte, Santa Catarina,
São Paulo e Rio de Janeiro, sendo que neste
último, também foi encontrada numa ilha, a ilha
Grande (SEREJO, 2004).
Conclusões
No presente estudo, registra-se a presença
dos
talitrídeos
Platorchestia
monodi
e
Atlantorchestoidea brasiliensis na comunidade de
zona de varrido do supralitoral das praias das
ilhas do Sandri e da Comprida (Tarituba), ambas
localizadas na ESEC Tamoios, Estado do Rio de
Janeiro.
South African Journal of Zoology. V. 46, p.
137-138. 1980.
McLACHLAN, A. Sandy beach ecology. A review.
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Coordenação Geral: AMORIM H.B. &
NUNES, W.H. 242 pp. 2006.
RUPPERT, E. E. & BARNES, R.D. Zoologia dos
Invertebrados. Sexta edição. Editora Roca.
1996.
SEREJO,
C.
S.Talitridae
(Amphipoda,
Gammaridea) from the Brazilian coastline.
Zootaxa 646, 1-29. 2004.
Agradecimentos : Agradecemos à FUNADESP
pelo apoio financeiro para o desenvolvimento do
Projeto PAE; à Dra. Cristiana S. Serejo (UFRJ)
pela identificação de espécies de anfípodas; à
USS, pelo transporte terrestre mensal; à ESEC
Tamoios pelo transporte marítimo mensal.
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1969). J. exp. mar. Biol. Ecol. V. 42. n.3: p.
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McLACHLAN, A. The definition of sand beaches
in relation to exposure: a simple rating system.
72
COLEOPTEROFAUNA E HYMENOPTEROFAUNA EPÍGEA, COLETADA ATRAVÉS DE
ARMADILHAS DE SOLO EM FRAGMENTO DE FLORESTA ATLÂNTICA*
Caio Dias Martini Alves Nascimento¹, Caio Palmeira Teixeira¹, Arthur Moreira
Cardozo¹ & William Costa Rodrigues²
* Projeto coordenador pelo primeiro autor e fomentado pela FUSVE/Funadesp.
Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências Exatas Tecnológicas e da Natureza/Curso de
Engenharia Ambiental, e-mail: [email protected], [email protected],
[email protected]
2
Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências Exatas Tecnológicas e da Natureza/Curso de
Engenharia Ambiental e Methodos Consultoria Ambiental, e-mail: [email protected]
1
Resumo- O presente estudo teve como objetivo identificar e quantificar a coleopterofauna e
himenopterofauna em fragmento de floresta atlântica, comparando os pontos de coleta, estratos, quanto a
ocorrência destes pontos. Sendo realizado em um fragmento de floresta atlântica com 19 ha, pertencente
ao Instituto Zoobotânico de Morro Azul (IZMA) (www.izma.org.br), situado nas coordenadas geográfica de
22°29'41.51"S e 43°34'3.14"O, distrito de Morro Azul, município de Eng. Paulo de Frontin, RJ. O período de
estudo foi de 12 meses, compreendendo quatro estações do ano, tendo início em abril de 2008 e término
em fevereiro de 2009, com coletas trimestrais, sempre no mês central. Verificou-se no período de estudo
que os himenópteros foram os mais freqüentes, quando comparados com os coleópteros. Em geral os dois
grupos tiveram freqüência maior nos meses mais quentes do período de estudo, mas quando comparado os
estratos (pontos de coleta) verificou-se um antagonismo entre os grupos, onde coleópteros estão mais
presentes em locais equilibrados e himenópteros presentes em locais perturbados.
Palavras-chave: Bioindicadores, Diversidade, Insecta, Pitfall.
Área do Conhecimento: 2.05.03.00-8 – Ecologia Aplicada
Introdução
Coleópteros e himenópteros são indicadores
biológicos (CABRERA, et al. 1998, OSBORN et
al., 1999; DURAES et al., 2005, HERNANDEZHERNANDEZ, et al., 2008, ROVEDDER, et al.
2009), podendo ser utilizados como instrumentos
dentro do monitoramento ambiental.
A Mata Atlântica de hoje se apresenta como
um mosaico composto por poucas áreas
relativamente extensas, principalmente na região
sul e uma porção bem maior composta de áreas
em diversos estágios de graduação (GUATURA,
et al., 1996).
Os insetos são excelentes organismos para
avaliar o impacto da formação de fragmentos
florestais, pois são altamente influenciados pela
heterogeneidade do habitat (THOMANZINI e
THOMAMZINI, 2000).
Para se conhecer a magnitude dos efeitos
impactantes, indicadores de qualidade do solo têm
sido
largamente
utilizados
em
estudos
comparativos (MERLIN, 2005; SANTOS et al.,
2008). Dentre tais indicadores, populações da
pedofauna têm se destacado devido à
sensibilidade
a
modificações
no
meio,
respondendo a estas com relativa rapidez,
comparativamente a outros indicadores de
qualidade do solo como propriedades físicas e
conteúdo de matéria orgânica do solo (REICHERT
et al., 2003).
O objetivo do estudo foi identificar e quantificar
a coleopterofauna e himenopterofauna em
fragmento de floresta atlântica, comparando os
pontos de coleta, estratos, quanto a ocorrência
destes pontos.
Material e Métodos
O estudo foi realizado em fragmento de floresta
atlântica, com 19 ha, pertencente ao Instituto
Zoobotânico
de
Morro
Azul
(IZMA)
(www.izma.org.br), situado nas coordenadas
geográfica de 22°29'41.51"S e 43°34'3.14"O,
distrito de Morro Azul, município de Eng. Paulo de
Frontin, RJ.
O período de estudo foi de 12 meses,
compreendendo quatro estações do ano, tendo
início em abril de 2008 e término em fevereiro de
2009, com coletas trimestrais, sempre no mês
central de cada estação, evitando assim “efeito
borda”.
O experimento foi dividido em oito áreas, com
diferentes estratos, em cada área foram instaladas
seis armadilhas 12 cm de diâmetro, volume de 500
ml e contendo 150 mL de solução de água (90%),
detergente neutro (9%) e formol (1%), as
armadilhas foram dispostas em um transecto,
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
73
onde distavam 10 m entre si. A permanência das
armadilhas foi de 48 horas, reduzindo o esforço
amostral.
Nos períodos de maior pluviosidade as
armadilhas receberam cobertura de arame e
plástico evitando assim transbordo.
Cada ponto de coleta foi selecionado de acordo
com as características edáficas e florísticas do
local, sendo esta avaliação realizada visualmente
e no campo.
Após a coleta, o material foi encaminhado para
o laboratório de zoologia da Universidade
Severino Sombra, para triagem e identificação em
nível de ordem. Os insetos foram acondicionados
em tubos de ependorff contendo solução alcoólica
a 70%, para melhor conservação e posterior
identificação em nível taxonômico menores.
Resultados e Discussão
Foram coletados 9574 artrópodes, sendo
destes 2.065 coleópteros e 3.556 himenópteros,
21,57% e 37,14% dos artrópodes coletados.
O Ponto com maior coleta de coleópteros foi o
ponto IV com 415 coleópteros (µ= 103,75 ±
91,3104) e o ponto com menor número foi o II,
com 100 coleópteros (µ=25,0 ± 17,9072) (Figura
1). O ponto com maior ocorrência de coleópteros
está situado em um estrato transitório entre borda
e “mata fechada”, portanto um local onde há,
possivelmente,
perturbações
externas
ao
fragmento, de forma mais efetiva, quando se
compara o interior do fragmento. Já o ponto com
menor número de espécimes coletados, está
localizado em estrato muito perturbado, e com
vegetação rasteira e poucas árvores, tendo um
aspecto de borda. Neste local há a presença
predominante da Cyperacaee Hypolytrum pungens
Vahl, vulgarmente conhecida navalha-de-macaco
ou capim navalha, um indicador de áreas
degradadas (KLUMPP, et al. 2001).
Figura 1. Média de coleópteros coletados por ponto no
período de abril 2008 a fevereiro de 2009 em fragmento
de Floresta Atlântica.
O Ponto com maior coleta de himenópteros foi
o ponto II com 723 himenópteros (µ= 180,75 ±
55,8114) e o ponto com menor número foi o VIII,
com 203 coleópteros (µ= 50,75 ± 19,4143) (Figura
2).
Figura 2. Média de hymenopteros coletados por ponto
no período de abril 2008 a fevereiro de 2009 em
fragmento de Floresta Atlântica.
Antagonicamente aos coleópteros o ponto com
maior número de himenópteros e neste caso,
maior número de formicídeo (Hymenoptera,
Formicidae), provavelmente pela competição ou
por serem os himenópteros, mais oportunistas que
os coleópteros. Desta forma, a transição de uma
floresta para uma pastagem ou após a derrubada
florestal comparada a um ambiente de pastagem
apresentam redução na diversidade de espécies
(VASCONCELOS, 2001). E com o declínio da
qualidade do solo ou o incentivo à sua degradação
promove redução de biodiversidade animal
afetando a manutenção dos ecossistemas
terrestres como um todo (AZEVEDO, 2004).
Quando avaliado o ponto de meno ocorrência
da hymenopterofauna, verifica-se que este está
localizado no centro do fragmento, com
característica de solo com cobertura de
serrapilheira e presença de árvores de grande
porte. O que pode indicar uma maior diversidade
em detrimento do número de indivíduos ou um
ambiente
equilibrado
indicando
maior
equitabilidade.
Segundo
THOMANZINI
&
THOMANZINI (2002) o número de ordens, famílias
e espécies de insetos diminuem com a elevação
do nível de antropização do ambiente.
Como a fauna do solo e da serapilheira
apresentam alta diversidade e rápida capacidade
de reprodução, são excelentes bioindicadores, e
suas propriedades ou funções indicam e
determinam a qualidade ou o nível de degradação
do solo (WINK, 2005).
Quando comparadas as épocas do ano,
verificou-se que os coleópteros ocorrem com
maior freqüência no outono (38,64%) e no verão
(27,31%), sendo no outono uma freqüência de
7,17%. Já os himenópteros praticamente não
tiveram variação, entretanto no verão verificou-se
valor ligeiramente maior (32,28%) e no inverno a
freqüência foi de 19,18% (Figura 3).
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
74
O estudo demonstra que através de do
monitoramento de insetos, é possível verificar uma
variação da ocorrência entre estratos, num
existente fragmento, e mesmo estimar a diferença
entre as ocorrências, nas épocas do ano, assim
percebe-se que não só a variação sazonal, mas o
nível de perturbação pode interferir na dinâmica
populacional dos coleópteros e himenópteros
presentes no fragmento estudado.
Figura 3. Porcentagem de coleóptero e himenópteros,
coletados por ponto no período de abril 2008 a fevereiro
de 2009 em fragmento de Floresta Atlântica.
Referências
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VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
75
CORRELAÇÃO ENTRE A PRESSÃO EXPIRATÓRIA MÁXIMA E O PICO DE FLUXO
EXPIRATÓRIO MÁXIMO EM INDIVÍDUOS SAUDÁVEIS
1
2
2
2
Nunes, Lidiane A. Santana, Gondim, Fernanda Francisquini, Gomes, Mariana de Sá, Figueira,
2
n
Letícia Reis, Brandão, Paulo Vitor C. Nagato, Akinori Cardozo
1
Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde,
[email protected]
2
Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde
[email protected]
2
Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde
[email protected]
2
Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde,
[email protected]
2
Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde,
[email protected]
n
Docente da USS/Centro de Ciência da Saúde,
[email protected]
Resumo
A fisioterapia respiratória baseada em
evidências é uma realidade e ganha cada vez
mais adeptos; atualmente as técnicas de medida
da função pulmonar estão alicerçadas nas
pesquisas científicas.
A tosse é um mecanismo de higiene
brônquica que desencadeia alto fluxo expiratório,
empregando energia cinética da musculatura
expiratória e da retração elástica pulmonar.
(Aquino et al, 2008).
Embora o indivíduo que apresenta maior
força expiratória teoricamente possui um maior
fluxo expiratório, porém, esse dado ainda não
possui comprovação científica. Portanto neste
estudo correlacionamos à pressão expiratória
máxima e o fluxo expiratório máximo.
Palavras-chave: Indivíduos saudáveis, pico de
fluxo expiratório, pressão expiratória máxima e
tosse.
Área do Conhecimento: Fisioterapia
Introdução
Nas últimas décadas, os fisioterapeutas
têm buscado fundamentação científica para
nortear a prática clínica e subsidiar a escolha das
suas intervenções. (Fonseca, 2004).Tais objetivos
estende-se desde as práticas relacionadas a
avaliação clínica até os procedimentos e técnicas
terapêuticas A primeira etapa (avaliação clínica),
no entanto, permite ao profissional, por meio de
testes e medidas de qualidade, a identificação de
alterações funcionais dos diferentes sistemas
orgânicos, o planejamento do tratamento, bem
como a documentação de sua eficácia e a
reivindicação da credibilidade científica dos
procedimentos (Hristara-Papadopoulou, 2008).
A tosse, como mecanismo fisiológico, tem
fundamental importância na remoção das
secreções respiratórias, constituindo, assim, um
dos mecanismos de defesa pulmonar (Jacomelli
et al, 2003). A avaliação deste mecanismo inclui
medidas de pressões inspiratórias e expiratórias
máximas, pico de fluxo da tosse (PFT),
capacidade vital (CV) e capacidade de inspiratória
(Kang et al, 2005).
Este trabalho tem como objetivo
investigar a correlação entre a pressão expiratória
máxima e o pico de fluxo expiratório em
indivíduos saudáveis.
Materiais e Métodos
O estudo transversal foi realizado na
Universidade Severino Sombra (USS), cidade de
Vassouras-RJ, no segundo semestre de 2009.
Participaram do estudo 81 indivíduos adultos
saudáveis, com idades de 18 e 30 anos, de
ambos os gêneros.
Os indivíduos foram submetidos ao
Questionário Respiratório sugerido pela American
Thoracic Society-Division of Lung Diseases (ATSDLD) (Diaz et al, 2003) para investigação dos
parâmetros clínicos e
avaliação da função
ventilatória pulmonar para caracterização dos
indivíduos saudáveis.
Foram realizadas avaliação clínica com a
aferição dos sinais vitais, dados antropométricos
e
avaliação
pulmonar
utilizando
a
manovacuometria (manovacuômetro - Marshall
Town® Estados Unidos), para a medida da
76
pressão expiratória máxima (Pe máx) –
solicitando uma inspiração máxima seguida de
expiração contra o sistema aéreo fechado; e
medida do pico de fluxo expiratório (Peak Flow
Meter® - Assess, Estados Unidos)– solicitando
uma inspiração profunda seguida de expiração
rápida e forçada. Para ambas as técnicas foram
utilizadas um clipe nasal, e três mensurações
consecutivas com intervalo regular de um minuto.
Os dados foram apresentados em média
± erro padrão da média. A análise de correlação
entre as variáveis numéricas foram analisadas
pela Correlação de Pearson, obtendo nível de
significância estabelecido com P<0,001.
Resultados
Foram avaliados 81 indivíduos adultos
saudáveis, sendo 55 do gênero feminino com
média de idade 22,69 ± 0,41 anos e 26 do gênero
masculino com média de idade 23,11 ± 3,51
anos. Os valores da pressão expiratória máxima
variaram 60 a 120 cmH2O, com média de 97,85
±16,72 e os valores do pico de fluxo
expiratório,variaram de 290 a 880 L/min, com
média de 392,90 ± 116,25 L/min.
Foi
observada
uma
correlação
fortemente, positiva entre os valores da pressão
expiratória máxima e o pico de fluxo expiratório
máximo, apresentando nível de significância
estabelecido de p<0,001.
Discussão
Muitos laboratórios de função pulmonar
ainda se baseiam em observações empíricas
para a estimativa de valores relacionados à prova
de função pulmonar. Isto não permite o real
conhecimento científico ou entendimento de suas
origens e limitações.
A função pulmonar, constitui-se em
exame imprescindível na prática clínica no
manejo de pacientes portadores de doenças
respiratórias (Pereira et. al., 2007).
De acordo com os resultados da presente
pesquisa,
foram
encontradas
correlações
fortemente positiva entre Pe máx e pico de fluxo
expiratório (PFE). Obtiveram valores aumentados
de PFE, formando uma curva exponencial, o que
mostra que quem tem mais força na musculatura
ventilatória apresenta maior fluxo.
A capacidade de produzir o pico de fluxo
de tosse (PFT) está diretamente relacionada com
a geração de pressão expiratória, pacientes que
apresentam valores significativamente menores
de pressão expiratória máxima (Pe máx), não
conseguem atingir um PFT eficiente, dessa
forma, de acordo com a literatura, valores de Pe
máx menores que 45 cmH2O não produzem PFT
eficaz, valores acima de 60 cmH2O garantem a
produção de PFT e, assim, um mecanismo de
tosse eficiente. Portanto, a medida de Pe máx é
um indicador da capacidade de gerar PFT. O PFT
correlaciona-se diretamente com a capacidade de
remover secreções do trato respiratório, valores
abaixo de 160L/min têm sido associados à
ineficiência da tosse em realizar o clearance
mucociliar. Valores acima de PFT 160L/ min.
podem não garantir tosse eficaz devido à
deterioração da musculatura respiratória durante
períodos de infecção respiratória. Por isso,
valores de PFT acima de 270L/min. são utilizados
para identificar pacientes que são capazes de
produzir PFT e consequentemente garantir um
mecanismo de tosse eficiente e uma higienização
adequada do trato respiratório (Dalmonch em
2009).
Referências
-FONSECA,
S.T.
Informação
versus
conhecimento: O papel da pós-graduação
[editorial]. Rev Bras Fisiot. 2004;8.
-JACOMELLI, Marcia
et al. Abordagem
diagnóstica da tosse crônica em pacientes nãotabagistas.J Pneumol 29(6) – 2003.
-AQUINO ES, COELHO CC, MACHADO MGR.
Terapia pró-tussígena não farmacológica. In:
Machado MGR. Bases da fisioterapia respiratória
terapia intensiva ereabilitação. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan; 2008.p. 55-64.
-HRISTARA-PAPADOPOULOU, A., et al., Current
devices of respiratory physiotherapy. Hippokratia,
2008. 12(4): p. 211-20.
- KANG SW, Kang YS, Moon JH, Yoo TW.
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patients with duchennemuscular dystrphy. Yonsei
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-DIAZ et al. Respiratory Symptoms Among HIVSeropositive Individualsdoi: CHEST June 2003
vol. 123 no. 6 1977-1982.
-PERREIRA,
Verônica
et
al.
Pressões
respiratórias máximas: valores encontrados e
preditos em indivíduos saudáveis. Revista
Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, vol. 11, n.
5, p.361-368, set./out., 2007.
-DALMONCH,
Renata
Menezes.
Função
Respiratória E Mecanismo Da Tosse na Distrofia
Muscular de Duchenne Rbps 2009; 22 (2): 113119.
77
COMPARAÇÃO DO PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO EM PACIENTES ASMÁTICOS E NÃO ASMÁTICOS
1
2
2
2
Gomes, Mariana de Sá, Gondim, Fernanda Francisquini, Nunes, Lidiane A. Santana, Figueira,
2
n
Letícia Reis, Brandão, Paulo Vitor C. Nagato, Akinori Cardozo
1
Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde,
[email protected]
2
Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde
[email protected]
2
Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde
[email protected]
2
Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde,
[email protected]
2
Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde,
[email protected]
n
Docente da USS/Centro de Ciência da Saúde,
[email protected]
Resumo
Introdução
Sistema Respiratório é dividido em: trato
respiratório superior (nariz, boca, faringe, laringe
e cavidades sinusais da cabeça) e trato
respiratório
inferior
(traquéia,
brônquios,
diafragma e pulmões). O pulmão tem como
função primordial a troca gasosa. Ele possibilita
que o oxigênio se mova a partir do ar para dentro
do sangue venoso e o dióxido de carbono se
mova para fora, mantendo os gases sangüíneos
dentro de valores de normalidade. Ele também
executa outros trabalhos, como o de metabolizar
alguns compostos, filtrar materiais tóxicos da
circulação, e atua como um reservatório de
sangue, além de controlar e organizar os
movimentos
respiratórios.
Os
pulmões
apresentam quatro volumes distintos os quais,
somados, representam o maior volume que
podem atingir quando expandidos e quatro
capacidades pulmonares que podem ser
consideradas como dois ou mais volumes em
conjunto. (Guyton & Hall.,2008).
A asma brônquica é uma das doenças crônicas
mais comuns e afeta todas as idades. Apesar das
dificuldades conhecidas no estabelecimento de
uma definição precisa desta doença, dadas as
múltiplas utilizações do termo (sintomas,
exacerbações, anormalidades das vias aéreas), é
entendida como uma doença inflamatória crônica
das vias aéreas que se expressa por episódios
recorrentes de dispnéia, aperto torácico e tosse
de intensidade variável. Estes sintomas estão
normalmente associados a uma obstrução
generalizada das vias aéreas, a qual é reversível
espontaneamente ou por tratamento. (Matos e
Machado., 2007).
Para avaliar os volumes pulmonares,
podem ser utilizados desde testes simples como
a espirometria e o peak flow. Os volumes
pulmonares não avaliam diretamente a função
pulmonar, entretanto, alterações nos volumes
pulmonares estão associadas com condições
respiratórias patológicas. Por essa razão esses
testes oferecem informações que auxiliam no
diagnóstico e tratamento de pacientes com
doença cardiopulmonar (Boaventura et al., 2007).
Palavras-chave: Pico de fluxo expiratório,
Capacidades e Volumes Pulmonares, Peak Flow,
Espirometria.
Área do Conhecimento: Fisioterapia
Atualmente, esta doença representa um
problema social de magnitude considerável que
se reflete em custos financeiros elevados tanto
para o doente como para a sociedade. Em termos
individuais, pelas suas características clínicas
(cursando com agudizações), a doença asmática
torna-se um desafio diário à capacidade de
adaptação destes doentes, exigindo ajustamentos
contínuos no seu funcionamento cotidiano que
permitam regular o impacto e o curso da doença
(Matos e Machado., 2007).
O diagnóstico funcional é feito através do
Pico de Fluxo Expiratório (PFE), que permite
avaliar o grau de obstrução brônquica e facilitam
o diagnóstico. O PFE representa o fluxo máximo
gerado durante uma expiração forçada, realizada
com a máxima intensidade, partindo do nível
máximo de insuflação pulmonar, ou seja, da
capacidade pulmonar total. Ele é considerado um
indicador indireto da obstrução das grandes vias
aéreas e é afetado pelo grau de insuflação
pulmonar,
pela
elasticidade
torácica
e
musculatura abdominal e pela força muscular do
78
asmático. É dependente do esforço e, por isso,
requer a colaboração do indivíduo.
Os medidores do PFE podem ser usados
para determinar a severidade da asma; verificar a
resposta ao tratamento durante um episódio
agudo de asma; monitorizar o progresso no
tratamento da asma crônica e fornecer
informações para qualquer possível ajuste nos
exercícios; detectar a piora na função pulmonar e
evitar uma possível crise severa com uma
intervenção precoce e, diagnosticar asma
induzida por exercício. (Azevedo.,2002).
Este trabalho tem como objetivo
investigar a comparação entre o pico de fluxo
expiratório em pacientes asmáticos e não
asmáticos.
Materiais e Métodos
O estudo será realizado no segundo
semestre letivo no período de setembro à
novembro do ano de 2009, na Universidade
Severino Sombra, cidade de Vassouras – RJ.
Participarão do estudo 8 indivíduos adultos do
gênero feminino: 4 asmáticos com idade média
de 18 à 28 anos e 4 não asmáticos com idade
média de 15 a 30 anos ambos acadêmicos desta
Instituição.
Os indivíduos serão submetidos ao
Questionário Respiratório baseado no III
Consenso Brasileiro no Manejo da Asma (2002).
Na avaliação clínica será realizado: anamnese,
constando dados de identificação pessoal -iniciais
do nome e idade; obtenção de dados
antropométricos - peso e altura.
Para avaliação da função ventilatória
pulmonar, será realizado primeiro a cirtometria,
Em seguida, para a realização da medida do fluxo
espiratório será utilizado um pequeno aparelho
portátil feito de material plástico claro, contendo
um sistema graduado de medidas PFE (Peak
Flow Meter - Assess, Estados Unidos). A
espirometria
será
realizada
através
do
espirômerto portátil (Graham-Field, Estados
Unidos). em seguida realizada a ventilometria,
com o paciente ventilando normalmente, com o
uso do clip nasal no período de um minuto,
(ventilômetro - Ferraris Mark 8, Inglaterra).
Resultados
Foram avaliados 8 indivíduos adultos,
todos do gênero feminino com média de idade
entre 18 e 28 anos. Os valores do pico de fluxo
expiratório variaram entre 150 e 360 L/min, os
valores da espirometria variaram entre 600 e
2710 ml e os valores da ventilometria variaram
entre 6.950 e 18.750ml.
Foi
observada
uma
correlação
fortemente, positiva entre os valores do pico de
fluxo expiratório máximo, da ventilometria e da
espirometria apresentando nível de significância
estabelecido de p<0,001.
Discussão
A função pulmonar, constitui-se em
exame imprescindível na prática clínica no
manejo de pacientes portadores de doenças
respiratórias (Pereira et. al., 2007).
De acordo com os resultados da presente
pesquisa,
foram
encontradas
correlações
fortemente positiva entre os valores do pico de
fluxo expiratório máximo, da ventilometria e da
espirometria.
A capacidade de produzir o pico de fluxo
de tosse (PFT) está diretamente relacionada com
a geração de pressão expiratória. Pode-se
observar
que
os
pacientes
asmáticos
apresentaram valores significativamente menores
do Pico de Fluxo Expiratório em relação aos
pacientes não asmáticos. O PFT correlaciona-se
diretamente com a capacidade de remover
secreções do trato respiratório, valores abaixo de
160L/min têm sido associados à ineficiência da
tosse em realizar o clearance mucociliar. Valores
acima de PFT 160L/ min. podem não garantir
tosse eficaz devido à deterioração da musculatura
respiratória durante períodos de infecção
respiratória. Por isso, valores de PFT acima de
270L/min. são utilizados para identificar pacientes
que são capazes de produzir PFT e
consequentemente garantir um mecanismo de
tosse eficiente e uma higienização adequada do
trato respiratório (Dalmonch em 2009).
Referências
- GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Fisiologia
humana e mecanismos das doenças. 6ª ed. Rio
de Janeiro. Guanabara Koogan. 2008.
-PERREIRA,
Verônica
et
al.
Pressões
respiratórias máximas: valores encontrados e
preditos em indivíduos saudáveis. Revista
Brasileira de Fisioterapia, São Carlos, vol. 11, n.
5, p.361-368, set./out., 2007.
-DALMONCH,
Renata
Menezes.
Função
Respiratória E Mecanismo Da Tosse na Distrofia
Muscular de Duchenne Rbps 2009; 22 (2): 113119.
- BOAVENTURA, Cristina de Matos, et al. Valores
de referência de medida de pico de fluxo
expiratório máximo em escolares. Arq Med ABC.
Uberlândia. pp. 30-34. Novembro 2007.
79
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Cláudia Cardoso. Influência das Variáveis
Biopsicossociais na Qualidade de Vida em
Asmáticos. Psic.: Teor. e Pesq., Brasília, Vol. 23.
n. 2, pp. 139-148 Abr-Jun 2007.
- AZEVEDO, Andréa Maria Pires et al. Perfil
nutricional e avaliação do pico de fluxo expiratório
de crianças asmáticas. Paraíba. Outubro 2002.
80
AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DAS INFECÇÕES ASSOCIADAS À
VENTILAÇÃO MECÂNICA
Bernardo de França Paula1, Akinori Cardozo Nagato2, Cristian Cremonez Vogas3,
Jaqueline Travassos de Melo4, Frank da Silva Bezerra5, Marco Aurélio dos Santos Silva6
Rose Brandão Honório7
1
Universidade Severino Sombra/ Serviço Curso de graduação em Enfermagem
[email protected]
2
Universidade Severino Sombra/Fisioterapia
3
Hospital Universitários Sul Fluminense/Unidade de Terapia Intensiva
4
Hospital Universitários Sul Fluminense/Laboratório de Microbiologia
5
Universidade Severino Sombra /Coordenação do curso de Fisioterapia – USS
6
Universidade Estadual do Rio de Janeiro/Mestrado de Biologia Experimental
7
Hospital Universitários Sul Fluminense /Serviço de controle de Infecção Hospitalar
RESUMO – trata-se de um estudo retrospectivo com o objetivo de identificar quais os
microrganismos foram encontrados na secreção de pacientes submetidos à ventilação
mecânica na Unidade de Terapia Intensiva adulto do Hospital Universitário Sul
Fluminense com diagnóstico de Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAVM).
Foram analisado prontuários de 19 pacientes com diagnostico clínico e laboratorial de
PAVM. Foram isolados 27 microrganismos no estudo, classificados em dois grupos de
acordo com a coloração Gram sendo (11) 40,74% Gram positivas e (16) 59,25% Gram
negativas. O microrganismos de maior prevalência foi Acinetobacter sp. aparecendo em
(10) 52,63% das infecções, seguida de Staphylococcus aureus (09) 47,36%. O estudo
demonstrou alta resistência e baixa sensibilidade de Acinetobacter sp. aos antibióticos
testados.
Palavras-chave: Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica, avaliação microbiológica,
resistência e sensibilidade.
Área do Conhecimento: Ciências biológicas
Introdução
As infecções hospitalares constituem
hoje um grave problema de saúde pública
no país. A pneumonia associada à
ventilação mecânica (PAVM) é a infecção
hospitalar que mais comumente acomete
pacientes internados em unidades de
terapia intensiva (TEIXEIRA, 2004;
ZEITOUN, 2001). Sua incidência pode
variar entre 6 e 52% dependendo da
população estudada e dos critérios de
diagnostico (MACHADO, 2006). Com a
instalação de tal infecção os pacientes
permanecem mais tempo internados o
que gera um aumento nos custos
hospitalares (VIERA, 1999).
Vários fatores podem levar ao
surgimento da PAVM: relacionados ao
hospedeiro como idade avançada,
desnutrição, tabagismo, etilismo e uso de
drogas intravenosas, cirurgia prévia e
entrada na unidade de terapia intensiva;
relacionado com o ambiente como
infecção cruzada pela equipe que cuida,
medicações; e fatores mecânicos como
sondanasogástrica e refluxo nasogástrico.
(ZEITOUN, 2001; MACHADO, 2006;
NAFZIGER, 2003) A utilização de critérios
microbiológicos através de avaliação
quantitativa
permite
uma
melhor
especificidade no uso de antibióticos
(BERGMANS, 2004)
81
Com a introdução da ventilação
mecânica invasiva aumentaram os riscos
de
desenvolvimento
de
infecção
hospitalar. O paciente com Ventilação
Mecânica Invasiva (VMI) tem um risco
relativo de 3,44 para a PAVM que o não
ventilado (SILVA, 2003). Neste contexto
ressaltamos
a
importância
do
desenvolvimento de pesquisas por parte
das instituições visto que em cada setor e
hospital, há um perfil diferente de
microrganismos, pacientes, patologias e
profissionais gerando uma peculiaridade.
Baseado neste contexto o objetivo do
presente estudo é identificar quais os
microrganismos foram encontrados na
secreção de pacientes submetidos à
ventilação mecânica na Unidade de
Terapia Intensiva adulto PAVM.
Materiais e Métodos
O estudo foi realizado na Unidade de
Terapia Intensiva (UTI) do Hospital
Universitário Sul Fluminense (HUSF)
Foram analisados 19 prontuários do
acervo UTI-HUSF, onde apenas 19 (06 do
sexo feminino e 13 do sexo masculino)
apresentavam
registro
sobre
o
desenvolvimento
de
pneumonia
associada à ventilação mecânica (PAVM),
e, portanto, foram incluídos no estudo.
Os prontuários incluídos nas análises
foram
organizados
segundo
seus
respectivos números de registro no
HUSF, e em seguida foram coletados
dados referentes: ao diagnóstico de
internação, sexo, tempo de internação na
UTI, tempo (em dias) de ventilação
mecânica, presença ou ausência de
doenças
associadas,
antibióticos
utilizados e tempo de antibioticoterapia.
Foi considerado PAVM os pacientes que
desenvolveram pneumonia após 48-72
horas da intubação endotraqueal e
instituição
da
ventilação
mecânica
invasiva (VMI). Para a determinação
diagnóstica de PAVM foram utilizados os
critérios do Clinical Pulmonary Infection
Score (CPIS, Escore Clínico de Infecção
Pulmonar), A cultura do aspirado traqueal
foi considerada positiva (+) quando a
unidade formadora de colônia (UFC) foi ≥
106/ml sem antibioticoterapia; ou ≥105/ml
com antibioticoterapia.
A cultura e
a bacterioscopia foram realizadas no
Laboratório de Microbiologia do HUSF,
semeadas nos meios de cultura em Ágar
Sangue (para bactérias em geral) e Ágar
Mc Conkey (para bastonetes Gram
Negativos).
Resultados
No que se refere ao diagnóstico de
base, as doenças que prevaleceram
foram Traumatismo Crânio Encefálico (06)
31,5%, Acidente Vascular Encefálico (04)
21%, Insuficiência Respiratória (04) 21%,
Politraumatismo (03) 15,7% e outras (02)
10,8%.
Foram isolados 27 microrganismos no
estudo, classificados em dois grupos de
acordo com a coloração Gram sendo (11)
40,74% Gram positivas e (16) 59,25%
Gram negativas. O microrganismos de
maior prevalência foi Acinetobacter sp.
aparecendo em (10) 52,63% das
infecções, seguida de Staphylococcus
aureus (09) 47,36%.
Dos 19 episódios de PAVM (12) 63,1%
foram
causados
por
apenas
01
microorganismo, (06) 31,5% por 02
microrganismos e (01) 5,2% por 03
microrganismos.
O microrganismo Acinetobacter sp, em
04 infecções foi resistente à (17) 89,47%
dos antibióticos testados, em 01 infecção
foi resistente à (18) 94,74% e em 05
infecções foi resistente à (16) 84,21% dos
antibióticos.
Discussão
O estudo demonstrou que há um
predomínio de microrganismos Gram
negativos, corroborando com os estudos
de Teixeira (2004). A prevalencia de
Acinetobacter
sp
seguida
de
Staphylococcus aureus revela que o perfil
82
das UTI`s pode se assemelhar no que diz
respeito à incidência de bactérias por sitio
de infecção (SILVA, 2003).
A
multirresistencia
bacteriana
encontrada no estudo demonstrou ter um
impacto significante na mortalidade dos
pacientes internados (TEIXEIRA, 2004).
Referências
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of hospital acquired pneumonia and
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nosocomial infections and survival
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30, n. 6, dez. 2004
− VIEIRA, L. A. et al. Colonização
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pneumonia associada à ventilação
mecânica
em
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submetidos
à
aspiração
endotraqueal pelos sistemas aberto
e fechado: estudo prospectivo –
dados preliminares. Rev. latino-am.
enfermagem - Ribeirão Preto - v. 9
- n. 1 - p. 46-52 - janeiro 2001
83
MATRICÍDIO: UM ESTUDO DE CASO DE PACIENTE COM TRANSTORNO BIPOLAR
Marília Joly1, Flávia Obana2,Luis Eugênio Prado Rocha3, Mariana Amaral Reis4,
Alexandre Valença5
1
Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected]
Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected]
3
Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected]
4
Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected]
5
Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected]
2
Resumo- Matricídio é o assassinato de uma mãe pelo filho ou filha, uma forma de homicídio raramente
vista na prática psiquiátrica. Estudos de casos de matricídio têm revelado a presença de transtornos
mentais, tais como esquizofrenia transtorno bipolar, transtornos de personalidade e alcoolismo, assim como
casos em que não há evidência de transtorno mental.Tem-se como objetivo relatar o caso de uma mulher
com transtorno bipolar que assassinou a sua genitora, e que foi avaliada em perícia psiquiátrica para
avaliação da responsabilidade penal. Foi realizada entrevista psiquiátrica, sendo o diagnóstico psiquiátrico
estabelecido com base na entrevista e observação dos registros periciais e hospitalares, utilizando-se os
critérios diagnósticos DSM-IV-TR. A examinanda foi considerada inimputável, em virtude da presença de
doença mental, que afetou inteiramente o seu entendimento e determinação em relação ao delito praticado.
Ela cumpre medida de segurança em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico há dois anos.
Palavras-chave: violência, homicídio, transtorno mental, transtorno do humor.
Área do Conhecimento: medicina, psiquiatria, psiquiatria forense.
Introdução
O matricídio é definido como o assassinato
de uma mãe pelo filho ou filha, sendo uma das
formas mais raras de homicídios, com taxas que
variam de 1% a 4% de todos os homicídios
(GREEN e col., 1981). Alguns estudos realizados
com amostras de instituições psiquiátricas
sugeriram que o matricídio seria cometido
especialmente por homens esquizofrênicos.
Entretanto, casos judicialmente confirmados de
indivíduos não hospitalizados, têm revelado a
presença de outros transtornos mentais, tais como
transtorno bipolar, transtornos de personalidade e
alcoolismo, assim como casos em que não há
evidência de psicopatologia (CLARK, 1993). Na
literatura há poucos estudos sobre a associação
entre matricídio e transtorno bipolar.
Em estudo canadense sobre parricídio
(assassinato de pais por filhos), realizado em
período de 15 anos (1990 a 1995), através de
consultas a arquivos e inquéritos policiais de
mortes suspeitas e a registros psiquiátricos,
Bourget e col. (2007) encontraram 64 casos,
sendo 37(57,8%) de patricídio e 27 (42,1%) de
matricídio. Para ambas as ofensas, o transtornos
mentais do eixo I mais frequentes foram a
esquizofrenia e outros transtornos psicóticos
(54,2% de matricídios e 46% de patricídios),
seguidos de depressão (16,7% de matricídios e
13,9% de patricídios) e intoxicação por
substâncias psicoativas (4,2% de matricídios e
5,6% de patricídios). Dos perpetradores, apenas
quatro (6,3%) eram mulheres, sendo que três
cometeram matricídio. Destas, duas apresentavam
transtornos psicóticos e uma intoxicação por
substância psicoativa.
Investigando o mesmo tema, Graz e col.
(2009) revisaram os registros de ofensas criminais
perpetradas por 1561 pacientes com transtorno
bipolar tratados entre 1990 e 1995 em um hospital
em Munich, na Alemanha. Encontraram que 65
pacientes (4,16%) tinham sido condenados após
sete a doze anos de alta hospitalar. A taxa de
comportamento criminoso foi maior no grupo de
pacientes que apresentavam sintomas maníacos
agudos, sendo que 5,6% dos pacientes deste
grupo foram condenados por crimes violentos. Um
histórico de abuso de substâncias foi encontrado
em 21,2% da amostra total (329 de 1561), o que
destaca a importância desta comorbidade em
pacientes bipolares que apresentaram conduta
criminosa ou violenta.
Material e Métodos
Foi selecionada para esta pesquisa uma
paciente com diagnóstico de transtorno bipolar
que estava cumprindo medida de segurança em
Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico do
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
84
Rio de Janeiro por infração ao artigo 121 do
Código Penal do Brasil (homicídio ou tentativa de
homicídio). A paciente em questão foi acusada de
assassinar a sua genitora. O diagnóstico
psiquiátrico final foi estabelecido com base na
entrevista psiquiátrica e observação dos registros,
utilizando-se os critérios diagnósticos do Manual
Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais4ª. edição texto revisado (DSM-IV-TR- 2000). A
paciente assinou um Termo de Consentimento
para participar voluntariamente do estudo
(consentimento livre e esclarecido). O estudo foi
aprovado por parte do Comitê de Ética e Pesquisa
do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Esse estudo faz parte de
projeto de pesquisa sobre a associação entre
violência e doença mental.
Resultados
A, sexo feminino, 28 anos, natural do Rio
de Janeiro, cor branca, solteira, sem profissão, 1º.
grau incompleto, aposentada.
A examinanda foi submetida a avaliação
psiquiátrica pericial (incidente de insanidade
mental) no Hospital de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico Heitor Carrilho, no Rio de Janeiro, no
ano de 2007. De acordo com informações dos
autos do processo criminal, consta na denúncia,
que no ano de 2006, a examinanda atingiu a sua
genitora, com quem vivia, com vários golpes de
instrumento cortante, provocando a morte da
mesma.
A examinanda afirma que seus problemas
psiquiátricos começaram quando a mesma
contava com vinte anos de idade, no ano de 1998,
ocasião em que não conseguia dormir, andava
despida pelas ruas, quebrava objetos de casa,
tinha o pensamento muito rápido e falava de forma
ininterrupta, inclusive dirigindo-se a pessoas
desconhecidas. Nesta ocasião foi internada em
uma clínica psiquiátrica, pela primeira vez. No
mesmo ano foi hospitalizada pela segunda vez,
por novo episódio de alteração do humor, com
características semelhantes ao já descrito. Afirma
que entre os anos de 1999 e 2005 fez
acompanhamento em centro de atenção
psicossocial, usando clorpromazina e lítio,
permanecendo
assintomática
durante
este
período. No ano de 2006, após interromper o
tratamento medicamentoso, voltou a apresentar
novo episódio de exaltação do humor, logorréia e
agitação psicomotora, sendo novamente internada
em clínica psiquiátrica.
A examinanda relatou ainda que quando
fazia uso regular de medicamentos, seu
relacionamento com a genitora “era ótimo”, porém
quando interrompia o uso de medicamentos
“ficava agressiva com ela”. Afirma que tinha
interrompido uso de medicação um mês antes do
delito (assassinato da genitora), ocasião em que
voltou a apresentar novo episódio de humor
irritado, hiperatividade, logorréia, insônia global e
escuta de vozes, cujo conteúdo diz não lembrar.
Não havia histórico ou relato de uso de álcool e/ou
substâncias psicoativas. Informa que a avó
materna “tinha problemas de cabeça”, tendo sido
internada em diversas ocasiões em clínicas
psiquiátricas. Afirma ainda que ela e a genitora,
com quem residia, eram pessoas pobres, vivendo
de um salário mínimo, proveniente da
aposentadoria da examinanda, por doença mental,
a partir dos 24 anos de idade. A examinanda
interrompeu seus estudos na 6ª. série, em virtude
dos problemas psiquiátricos relatados. Nunca
trabalhou ou teve profissão especializada. Referiu
ter tido poucos namorados, apesar de ser uma
pessoa “muito falante”. Tinha poucos amigos,
porém costumava freqüentar bailes, porque
gostava muito de dançar.
Durante a avaliação pericial (Laudo de
Exame de Sanidade Mental), relatou: “estava
doente da cabeça e fui no baile e conheci um
rapaz e levei lá para minha casa e ele pediu a
minha mão em casamento e minha mãe não
deixou e ele mandou eu enfiar a faca nela, aí eu
fiz isso”. Apresentava, de acordo com a avaliação
pericial, humor exaltado e irritado, logorréia e
aceleração do curso do pensamento. Nesta perícia
psiquiátrico-forense foi considerada inimputável,
em virtude de ser inteiramente incapaz de
entender o caráter ilícito de suas ações ou de
determinar-se de acordo com este entendimento,
à época dos fatos, por doença mental. Cumpre
medida de segurança, na forma de internação no
Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
Heitor Carrilho, há dois anos.
No exame psiquiátrico atual a examinanda
apresenta pessoal cuidada, colaborativa, fala
rápida, humor irritado e levemente exaltado, sem
nenhuma sintomatologia psicótica no momento
deste exame. Afirma sentir-se muito arrependida
em relação ao delito: “eu gostava muito dela, não
sei porque fiz isso”.
O diagnóstico psiquiátrico final foi
estabelecido com base na entrevista psiquiátrica e
observação dos registros periciais e hospitalares,
utilizando-se os critérios diagnósticos do Manual
Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais4ª. edição texto revisado (DSM-IV-TR- 2000). A
examinanda em questão preencheu critérios
diagnósticos para Transtorno Bipolar tipo I,
episódio mais recente maníaco: recentemente em
episódio maníaco (redução da necessidade do
sono; mais loquaz que o habitual e pressão por
falar;
experiência
subjetiva
de
que
os
pensamentos
estão
correndo;
agitação
psicomotora;
envolvimento
excessivo
em
atividades prazerosas com um alto potencial para
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
85
conseqüências dolorosas) – critério A; houve,
anteriormente, episódio maníaco – critério B; os
episódios do humor não são melhor explicados por
transtorno esquizoafetivo nem estão sobrepostos
a esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme,
transtorno delirante ou transtorno psicótico sem
outra especificação – critério C.
Discussão
No Brasil, o critério adotado pelo nosso
código penal para avaliação da responsabilidade
penal é o biopsicológico: a responsabilidade só é
excluída, se o agente, em razão de doença mental
ou retardamento mental, era, no momento da
ação, incapaz de entendimento ético-jurídico e
auto-determinação. O método biopsicológico exige
a averiguação da efetiva existência de um nexo de
causalidade entre o estado mental anômalo e o
crime praticado, isto é, que este estado,
contemporâneo à conduta, tenha privado parcial
ou completamente o agente de qualquer das
mencionadas capacidades psicológicas (seja a
intelectiva ou a volitiva). Em um episódio maníaco
típico,
tanto
o
pensamento
quanto
o
comportamento e volição, apresentam-se muito
alterados, devido a uma aceleração de todos os
processos psíquicos, bem como distúrbios
psicopatológicas da afetividade e vontade,
afetando inteiramente o entendimento e a
determinação,
daí
a
inimputabilidade
da
examinanda.
A conexão entre transtorno bipolar e
violência parece ser maior durante os episódios
agudos do transtorno. Pacientes maníacos
apresentaram
comportamento
violento
na
comunidade durante as duas semanas que
antecederam a admissão hospitalar, tiveram taxas
mais elevadas de violência durante os três
primeiros dias de hospitalização (McNEIL e col.,
1988). Os pacientes maníacos frequentemente se
tornam violentos quando se sentem restritos ou
quando limites são colocados pela equipe de
atendimento. O risco de violência no transtorno
bipolar é maior na fase maníaca do que na
depressiva. No caso apresentado, o fator
precipitante imediato do crime parece ter sido um
desentendimento verbal da examinanda com a
sua genitora.
Variáveis
psicopatológicas
parecem
também ter importância no comportamento
violento ou homicida de indivíduos com
transtornos afetivos graves. Pacientes maníacos
podem apresentar violência não premeditada,
súbita e grave, decorrente de ideação persecutória
ou frustração diante da colocação de limites, como
no caso apresentado. Apesar de alguns estudos
descreverem a importância de uma dinâmica
familiar perturbada na causa do matricídio, este
aspecto não foi ilustrado no presente caso, já que
a examinanda afirmou ter bom relacionamento
com a vítima, sua genitora. Não podemos deixar
de levar em consideração que todos os dados do
caso apresentado foram colhidos apenas com a
própria examinanda.
Diversos estudos têm encontrado um
padrão duradouro de rompimento do contato com
serviços de saúde mental, enquanto em outros o
homicídio parece ocorrer logo após o início do
transtorno mental, antes do ofensor ter
estabelecido um contato com estes serviços. A
examinanda em questão não estava em
tratamento
psiquiátrico
ou
em
uso
de
psicofármacos antes do delito. É importante que
os serviços de saúde mental trabalhem para
prevenir a perda de contato e não aderência ao
tratamento, que freqüentemente precedem o
homicídio cometido por pessoas com transtornos
mentais graves. Também é fundamental que a
sociedade e autoridades governamentais atenuem
barreiras de acesso a tratamento psiquiátrico e
psicossocial.
Referências
- AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION.
Diagnostic and Statistical Manual of Mental
th
Disorders 4 Edition (Text-Revision). American
Psychiatric Publishing, Washington, D.C., 2000.
- BOURGET, D., GAGNÉ P. Parricide: a
comparative study of matricide versus patricide. J
Am Acad Psychiatry Law. V. 35, p. 306-312, 2007.
- CLARK SA. Matricide: the schizophrenic crime?
Med Sci Law. V.33, p. 325-328,1993.
- GRAZ, C., ETSCHEL, E., SCHOECH H., SOYKA
M. Criminal behavior and violent crimes in former
inpatients with affective disorder. J Affect Disord.
In press, 2009.
- GREEN, CM. Matricide by sons. Med Sci Law. V.
21, p.207-214, 1981.
- McNEIL, D.E., BINDER, R.L., GREENFIELD T.K.
Predictors of violence in civilly committed acute
psychiatric patients. Am J Psychiatry. V.145, p.
965-970, 1988.
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
86
DOENÇA MENTAL E VIOLÊNCIA: UM ESTUDO DE SÉRIE DE CASOS DE
PSICÓTICAS HOMICIDAS
Marília Joly1, Flávia Obana2,Luis Eugênio Prado Rocha3, Mariana Amaral Reis4,
Alexandre Valença5
1
Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected]
Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected]
3
Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected]
4
Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected]
5
Universidade Severino Sombra, CCS, email: [email protected]
2
Resumo- O objetivo desse estudo foi avaliar amostra de todas as mulheres com diagnóstico de transtorno
psicótico primário que receberam medida de segurança e estavam em Hospital de Custódia e Tratamento
Psiquiátrico do Rio de Janeiro, em regime de internação (n=8), em virtude de homicídio ou tentativa de
homicídio (Artigo 121 do Código Penal Brasileiro). Foi realizado um levantamento retrospectivo de dados
através de registros periciais e pareceres de equipes de assistência. O diagnóstico psiquiátrico final foi
realizado com base na entrevista psiquiátrica e observação dos registros, utilizando-se os critérios
diagnósticos do DSM-IV-TR. Sete pacientes receberam diagnóstico de esquizofrenia e uma de transtorno
esquizoafetivo. A maioria das vítimas (n=6, 60%) era membro familiar das pacientes. Cinco (62,5%)
pacientes da amostra total apresentavam sintomatologia psicótica no momento da avaliação pericial. As
alucinações auditivas foram os sintomas psicóticos mais comuns. O estudo de fatores motivadores do
comportamento homicida pode fornecer conhecimentos para o estabelecimento de intervenções
terapêuticas.
Palavras-chave: agressão, homicídio, transtorno mental, esquizofrenia.
Área do Conhecimento: medicina, psiquiatria, psiquiatria forense.
Introdução
Material e Métodos
A violência cometida por indivíduos com
transtornos mentais graves tem se tornado um
crescente foco de interesse entre médicos,
autoridades policiais e população em geral.
Diversos estudos na última década têm mostrado
uma associação entre transtornos mentais e
comportamento violento (HODGINS et al., 1996;
SWANSON et al., 1990). Uma das principais
abordagens para estudar esta relação são as
pesquisas com indivíduos homicidas, uma vez que
o homicídio é considerado uma expressão mais
grave da violência.
A associação entre esquizofrenia e
comportamento violento é um achado robusto: tem
sido descrito por vários grupos de pesquisadores
independentes que trabalham em países
industrializados (SWANSON et al., 1990) e em
países em desenvolvimento (VOLAVKA et al.,
1997), com diferentes culturas, serviços sociais e
de saúde e sistemas de justiça criminal, em
estudos examinando diferentes amostras e
utilizando metodologias diversas. Estes achados
implicam em grande sofrimento tanto para as
vítimas quanto para os perpetradores, além de um
custo financeiro alto para a sociedade.
Foram selecionadas para esta pesquisa
todas as pacientes com diagnóstico de transtorno
psicótico primário que estavam cumprindo medida
de segurança em Hospital de Custódia e
Tratamento Psiquiátrico do Rio de Janeiro por
infração ao artigo 121 do Código Penal do Brasil
(homicídio ou tentativa de homicídio) (n=8). Tratase de um estudo de série de casos. Os transtornos
psicóticos primários foram definidos como sendo
esquizofrenia,
transtorno
esquizoafetivo
e
transtorno
delirante.
Foi
realizado
um
levantamento de dados de registros periciais e
pareceres de equipe de assistência do manicômio
judiciário, onde as examinandas se encontravam
internadas. O diagnóstico psiquiátrico final foi
estabelecido com base na entrevista psiquiátrica e
observação dos registros, utilizando-se os critérios
diagnósticos do Manual Diagnóstico e Estatístico
dos Transtornos Mentais- 4ª. edição texto revisado
(DSM-IV-TR- 2000). Também houve aplicação da
escala das Síndromes Positiva e Negativa
(PANSS),
no
grupo
de
pacientes
que
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
87
apresentaram
diagnóstico
de
transtornos
psicóticos primários (n=8).
Após concordância das pacientes em
participar da pesquisa, houve aplicação de
entrevistas estruturadas e questionários pelos
pesquisadores do presente projeto. Não houve
nenhuma interferência em relação ao tratamento
recebido pelas pacientes, por parte das equipes
de assistência da instituição mencionada. As
pacientes assinaram um Termo de Consentimento
para participar voluntariamente do estudo
(consentimento livre e esclarecido). O estudo foi
aprovado por parte do Comitê de Ética e Pesquisa
do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal
do Rio de Janeiro.
Resultados
A amostra foi composta por oito pacientes
do sexo feminino, acusadas de homicídio (n=5,
62,5%) ou tentativa de homicídio (n=3, 37,5%).
Todas as pacientes aceitaram participar do
estudo. Foi encontrado que 37,5% (n=3) das
pacientes
tinham
história
prévia
de
comportamento violento. No que diz respeito ao
grau de imputabilidade relacionado ao delito, a
maioria das pacientes (n=7, 87,5%) foi
considerada inimputável.
No total houve dez vítimas agredidas, já
que uma das pacientes tentou afogar seus três
filhos menores de idade. A maioria das vítimas
(n=6; 60%) era membro familiar das pacientes. Os
principais instrumentos utilizados para a prática do
delito foram os cortantes (n=3; 37,5%). De acordo
com a avaliação da perícia psiquiátrica inicial,
cinco (62,5%) pacientes da amostra total (n=8)
apresentavam
sintomatologia
psicótica
no
momento desta avaliação. Observou-se que as
alucinações auditivas (n=4, 50%) foram os
sintomas psicóticos mais comuns neste grupo.
Ainda em relação ao grupo estudado, a
média e desvio padrão em relação aos escores de
sintomas positivos e negativos medidos através da
Escala PANSS foi 12 + 8,92 e 38,5 + 10, 91,
respectivamente.
Discussão
Em nosso estudo realizamos uma
avaliação psiquiátrico-forense de amostra de oito
pacientes com transtornos psicóticos primários
que estavam cumprindo medida de segurança em
Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico,
por homicídio (n=5) ou tentativa de homicídio
(n=3), na cidade do Rio de Janeiro. A maior parte
destas apresentava baixo nível de escolaridade,
eram solteiras (87,5%), não tinham atividade
profissional (50%) e tinham baixa renda familiar, à
época do delito. Sete (87,5%) pacientes
receberam diagnóstico de esquizofrenia e uma
(12,5%) de transtorno esquizoafetivo.
Uma história passada de violência tem
sido consistentemente considerada como preditiva
de violência subseqüente, em diversas populações
de pacientes (STEINERT, 2002). Da amostra do
presente estudo, três pacientes (37,5%) tinham
história prévia de comportamento violento, sendo
que duas estavam envolvidas em dois processos
criminais e outra em cinco processos criminais.
O estudo da média e desvio padrão de
escores de sintomas positivos e negativos neste
grupo, através da escala PANSS, mostrou uma
pontuação mais baixa dos primeiros (12 ± 8,92),
em relação aos últimos (38,5 ± 10,91), achado
possivelmente relacionado à evolução deste
transtorno mental grave, havendo predomínio de
sintomas negativos.
A relação entre transtornos mentais graves
e criminalidade é mais complexa do que uma
simples causalidade. Fatores como idade, gênero,
status sócio-econômico e criminalidade prévia são
importantes,
assim
como
outros
fatores
potencialmente tratáveis como abuso de
substâncias, transtornos de personalidade e uso
regular de medicamentos. A comorbidade com
abuso de substâncias aumenta o risco de
comportamento violento naqueles com transtornos
mentais graves (HODGINS et al., 1996;
SWANSON et al., 1990). Neste aspecto,
encontramos em nossa amostra que três de oito
pacientes (37,5%) usaram álcool nos dias
anteriores ao delito e uma delas, além de álcool,
também utilizou cannabis sativa e cocaína,
previamente ao delito. Curiosamente, duas
pacientes que tinham envolvimento em mais de
um processo criminal tinham história de abuso de
álcool. Uma delas, envolvida em cinco processos
criminais, além de álcool também utilizava
cannabis sativa e cocaína
Em nosso estudo cinco (62,5%)
pacientes da amostra total (n=8) apresentavam
sintomatologia psicótica no momento da avaliação
pericial inicial (Laudo de Exame de Sanidade
Mental). Verificou-se que as alucinações auditivas
(n=4 pacientes, 50%) foram os sintomas psicóticos
mais comuns neste grupo, ainda de acordo com a
avaliação pericial. Quando as próprias pacientes
deste grupo (n=8) foram questionadas no
momento do presente estudo sobre a existência
de sintomatologia psicótica à época do delito,
quatro (50%) referiram alucinações auditivas.
Certamente este último dado tem valor limitado e
fidedignidade incerta, por depender da lembrança
das pacientes. Nosso estudo também ilustra a
importância da sintomatologia psicótica antes da
manifestação do comportamento violento.
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
88
Embora as evidências estatísticas e
empíricas apontem para uma relação positiva
entre
transtornos
mentais
graves
e
comportamento
violento,
isto
certamente
representa uma pequena proporção da violência
ocorrida na comunidade. Em países com altos
índices de violência, como no Brasil, onde a
violência e criminalidade têm intensa associação
com a precariedade de condições sócioeconômicas, o percentual
de homicídios
associados transtornos mentais talvez seja ainda
menor. O objetivo de pesquisas sobre a
associação entre violência e transtornos mentais
não é estigmatizar, e sim compreender melhor os
fatores que contribuem para esta associação, bem
como propor políticas de saúde mental e
intervenções terapêuticas para pacientes com
transtornos mentais e comportamento violento.
Apesar da amostra estudada não poder
ser considerada representativa de todas as
mulheres com transtornos psicóticos que
cometeram homicídio, acreditamos que o mesmo
poderá contribuir para o entendimento e ilustração
da relação entre homicídio e transtornos mentais,
nas mulheres. Certamente o estudo de fatores
motivadores do comportamento homicida pode
fornecer conhecimentos para o estabelecimento
de intervenções terapêuticas em mulheres com
transtornos mentais que apresentem risco para
este ou outros comportamentos violentos.
Referências
- AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION.
Diagnostic and Statistical Manual of Mental
th
Disorders 4 Edition (Text-Revision). American
Psychiatric Publishing, Washington, D.C., 2000.
- HODGINS S., MEDNICK S. A., BRENANN P.A.,
SCHULSINGER F., ENGBERG M. Mental disorder
and crime. Evidence from a Danish birth cohort.
Arch Gen Psychiatry.V. 53, n.6, p. 489-96, 1996.
- STEINERT T. Prediction of inpatient violence.
Acta Psychiatr Scand. V. 106, suppl. 412, p. 133141, 2002.
- SWANSON J.W., HOLZER C.E., GANJU V.,
JONO R.T. Violence and psychiatric disorder in the
community: evidence from the Epidemiologic
Catchment Area Surveys. Hosp Community
Psychiatry. V. 41, n.7, p. 761-70, 1990.
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
89
INCIDÊNCIA DE ERLIQUIOSE NO HOSPITAL VETERINÁRIO DE CORRÊAS –
PETRÓPOLIS, RJ.
Vinícius Marins Carraro1, Renata Silvestre1, Bárbara Cruz Tavares de Macedo
Fernandes1
1
Universidade Severino Sombra – USS/Centro de Ciências da Saúde – CCS,
[email protected]
Resumo - A presente pesquisa tem por objetivo obter a incidência de Erliquiose Canina,
diagnosticada durante o atendimento médico veterinário no Hospital Veterinário de
Corrêas, no Município de Petrópolis, do estado do Rio de Janeiro. O diagnóstico foi
realizado através do exame clínico, avaliando sintomas e sinais apresentados pelos
animais acometidos, bem como exames laboratoriais. Os dados obtidos foram baseados
em fichas-controle de exames realizados no laboratório do Hospital Veterinário e por
fichas cadastrais dos animais atendidos. A análise de suspeita clínica e de casos clínicos
positivos foi realizada no período de abril de 2008 a abril de 2009.
Palavras-chave: Erliquiose, Erhlichia canis, Rhipicephalus sanguineus.
Área do conhecimento: Protozoologia
mialgias e sintomas gastrointestinais e o
Introdução
tratamento com antibiótico a base de
tetraciclina confere resultados satisfatórios
(BARR apud STORTI, 2003).
A Erliquiose Canina é uma doença
Os caninos soropositivos para
transmitida por carrapato, causada pelo
Ehrlichia Canis foram identificados em
parasita intracelular obrigatório Ehrlichia
muitas regiões do mundo e na maior parte
spp. As espécies que naturalmente
infectam os cães são E. canis, E. equi, E.
dos Estados Unidos, mas a maioria dos
risticii, E.platys e E. ewingii (ANDEREG E
casos ocorre em áreas com altas
concentrações
de
Rhipicephalus
PASSOS, 1999). E. Canis é a espécie
sanguineus, como é o caso do Brasil, fato
mais comum e causa a doença clínica
que
justifica
a
realização
de
mais grave, sendo mantida no ambiente
através da transmissão pelos carrapatos
levantamentos da ocorrência da infecção
da espécie Rhipicephallus sanguineus
em nosso país.
aos cães (NELSON et al., 2006). Os
O presente trabalho teve o objetivo
principal de verificar a ocorrência de
achados patológicos em cães incluem
edema e enfisema pulmonares, ascite,
casos de Erliquiose Canina na população
canina atendida no Hospital Veterinário de
glomerulonefrite, hepatoesplenomegalia e
linfadenopatia. Podem ser encontradas
Corrêas, Petrópolis, RJ, além de avaliar
hemorragias no sistema urogenital,
possíveis predisposições quanto ao sexo,
intestinos e narinas. Há também presença
idade e raça dos animais acometidos.
de petéquias na gengiva, conjuntiva
ocular, bucal e nasal (CORRÊA E
Material e métodos
CORRÊA apud STORTI, 1992).
A doença é uma zoonose e pode
Foram obtidas fichas-controle dos
ser transmitida ao homem da mesma
exames hematológicos de animais
forma que é transmitida ao cão, tendo,
clinicamente suspeitos, realizados no
portanto, uma importância relevante em
laboratório do Hospital Veterinário de
saúde pública. Os sinais clínicos em
Corrêas.
humanos incluem febre, dor de cabeça,
Foram
realizados
exames
90
laboratoriais em 186 cães com suspeita
de
Erliquiose
Canina,
os
quais
apresentavam as principais manifestações
clínicas da doença, como mucosas
pálidas, linfoadenopatia generalizada,
hipertemia,
caquexia,
ixodidiose
recorrente, petéquias, esplenomegalia e
hepatomegalia, não havendo distinção de
sexo, idade ou raça. As amostras de
sangue colhidas eram encaminhadas para
realização de hemograma (eritrograma e
leucograma), e um esfregaço de sangue
realizado para a pesquisa de Ehrlicha
canis.
Resultados
Dos
186
esfregaços
de
sangue
realizados, 168 (90,30%) foram negativos
e 18 (9,67 %) positivos para a presença
de E. Canis. Do total de animais positivos,
12 (67%) eram machos e 6 (33%) eram
fêmeas. Em relação à raça dos animais,
observou-se positividade para a presença
do hemoparasito em 7 (38,88%) animais
sem raça definida (SRD), 3 (16,66%) da
raça Retriever Labrador, 3 (16,66%) da
raça Pastor alemão e 5 (27,77%) animais
pertencentes a outras raças. O índice de
positividade foi mais elevado nos animais
até 5 anos de idade (44%). Nas demais
faixas etárias, verificou-se que 5 (28%)
tinham entre 5 e 10 anos, e 5 (28%) de 10
a 15 anos de idade.
Os animais positivos para o
hemoparasita submetidos ao tratamento
antiricketisial, de acordo com a dose
terapêutica estipulada pelo médico
veterinário. Desses, 13 (72,22 %)
responderam bem ao tratamento com
doxiciclina e dipropionato de imidocard
(Imizol) e 5 (27,78%) vieram a óbito, dos
quais 1 deles tinha menos de 1 ano, e os
outros 4 mais de 10 anos.
Discussão
Segundo Fernandes e colaboradores
(1998), a forma crônica da doença parece
ser mais severa nos pastores alemães e
dobermans, o que corresponde aos dados
obtidos que demonstram a raça Pastor
Alemão como a segunda mais acometida
por Ehrlichia canis. A raça não parece ser
um fator predisponente para a ocorrência
de hemoparasitas, porém alguns autores
sugerem que os animais criados à solta
podem estar mais expostos aos vetores
transmissores da enfermidade. No
presente trabalho, temos um percentual
de 38,88% de animais SRD que
adquiriram o parasito, índice que supera
as demais raças, e corrobora com a
literatura.
A prevalência de casos de erliquiose nos
meses de novembro de 2008 condiz com
Nelson e colaboradores (2006), que
descrevem que a fase aguda da doença é
mais frequentemente reconhecida na
primavera e no verão, quando o carrapato
vetor é mais ativo, correspondendo,
portanto, à pesquisa realizada.
Os animais mais jovens foram os mais
acometidos, provavelmente por ainda não
contarem com seu sistema imunológico
completamente desenvolvido. Os adultos
parasitados correspondem aos que vivem
em ambientes mais propícios à presença
do vetor e que não são tratados
profilaticamente para o controle dos
ectoparasitos.
Agradecimentos: FUNADESP
Referências
ANDEREG, P. I.; PASSOS, L. M. F.
Erliquiose
canina: revisão.
Clínica
Veterinária. v. 4, n. 18, p. 31-38, 1999.
BARR, S. C. Erlichiosis. The 5 minute
veterinary consult. p. 538-539, 1997
FERNANDES, P. V. B. JERICÓ, M. M.;
LOPES, P. A.; MOREIRA, M. A. B.;
91
SULTANUM, C. A. R; ZORZI, V. B.;
MACHDO, F. L. A.; CANTAGALLO, K. L.
Alterações hematológicas e bioquímicas
em cães soropositivos para Ehrlichia
Canis no período de 2002 a 2008. Manual
Saunders:
Clínica
de
Pequenos
Animais. p. 139-142, 2008.
CORRÊA, W. M.; CORRÊA, C. N. M.
Outras
rickettsioses.
Enfermidades
infecciosas
dos
mamíferos
domésticos. 2ª ed. Rio de Janeiro, 1992,
cap.48, p.477-483.
NELSON. R.W.; COUTO. C. G. Medicina
Interna de pequenos animais. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2006. p. 991-999.
92
LEVANTAMENTO DOS DIAGNÓSTICOS HISTOPATOLÓGICOS EM BIÓPSIAS DE
PELE EM UM LABORATÓRIO DE ANATOMIA PATOLÓGICA NO ANO DE 2008
1
2
3
Henrique Magalhães de Souza Lima , Gabriela Cauper de Carvalho Pereira , Ellene Papazis Alquati ,
4
5
6
7
Natália de Paiva Abrahão , Lília Tomaz Godoi , Ludmilla Silva Oliveira , Renato de Oliveira Flores ,
8
9
10
Fernanda Miranda Rezende , Anelise de Souza Silva , Carlos Henrique de Souza Lima
1 – Autor, Universidade Severino Sombra, [email protected]
2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 – Co-autor, Universidade Severino Sombra
10 – Orientador, Universidade Severino Sombra
Resumo: Este trabalho relaciona todos os diagnósticos encontrados nas biópsias de pele recebidas para
exame histopatológico em um laboratório de anatomia-patológica e citopatologia durante o ano de 2008.
Pode-se observar a freqüência de diferentes alterações da pele e anexos cutâneos. Fica clara a grande
diversidade de alterações dermatológicas presentes na prática clínica, bem como a importância do
histopatológico como exame complementar de grande valor na investigação e confirmação diagnóstica
quando bem indicado.
Palavras-chave: Biópsia, Dermatologia, Histopatologia, Pele
Área do Conhecimento: Medicina: Dermatologia; Anatomia Patológica
Introdução
Resultados
Por muitas vezes se faz necessário na
prática dermatológica a solicitação de exames
complementares, para se chegar a um diagnóstico
preciso. Dentre estes exames, o histopatológico é
freqüentemente utilizado para confirmação de
hipóteses diagnósticas. O exame consiste na
análise microscópica de cortes histológicos de
tecido obtido por biópsia, após as devidas
preparações histológicas e técnicas de coloração.
É importante reconhecer a sensibilidade e a
especificidade deste método diagnóstico, que se
alteram de acordo com a doença em questão.
Este trabalho objetiva observar os
diagnósticos mais usuais em biópsias de pele na
prática de um serviço de anatomia-patológica,
para fins estatísticos e epidemiológicos.
Dos
282
exames
histopatológicos
analisados, foram encontrados os seguintes
resultados, aqui agrupados: Neoplasias epiteliais
(34,0%); Cistos e neoplasias mesenquimais
(9,6%); Neoplasias melanocíticas (9,2%); Doenças
virais (8,2%); Dermatites (7,8%); Afecções
vasculares (5,0%); Doenças eritematoescamosas
(2,5%); Dermatoses basicamente papulosas
(2,1%); Dermatoses pré-cancerosas (1,8%);
Fotodermatoses (1,4%); Discromias (0,7%);
Dermatoses atróficas e escleróticas (0,7%);
Afecções granulomatosas de etiologia nãoinfecciosa
(0,7%);
Micobacterioses
(0,7%);
Micoses
superficiais
(0,7%);
Metástases
carcinomatosas (0,7%); Doenças basicamente
eritematosas (0,3%); Doenças vésico-bolhosas
(0,3%); Dermatoses Neutrofílicas (0,3%); Prurigos
(0,3%); Doenças metabólicas (0,3%); Afecções
dos pêlos (0,3%); Hipodermites (0,3%); Outros
(2,1%).
No grupo das Neoplasias Epiteliais há 42
diagnósticos de Carcinoma Basocelular, 31 de
Ceratose Seborréica, 9 de Ceratoacantoma, 7 de
Hiperplasia
Sebácea,
5
de
Carcinoma
Espinocelular, 2 de Carcinoma Indiferenciado.
Nos Cistos e Neoplasias Mesenquimais há
10 Cistos Epidérmicos, 10 Dermatofibromas, 4
Fibromas Moles, 1 Cisto Triquilemal, 1 Lipoma e 1
Quelóide.
Nas Neoplasias Melanocíticas temos 25
Nevos e 1 Melanoma.
Nas Doenças Virais há 13 Verrugas, 8
Papilomas e 2 Condilomas Acuminados.
No grupo das Dermatites encontram-se 22
casos.
Material e Métodos
Para selecionar a amostra de biópsias
pertinentes ao estudo, foram isoladas do montante
de exames histopatológicos realizados, durante o
ano de 2008, por um laboratório privado de
anatomia-patológica e citopatologia de Volta
Redonda - RJ, todas as biópsias de pele, as quais
somaram um total de 282 exames.
Para o desenvolvimento do trabalho
apenas houve acesso aos laudos histopatológicos,
ficando preservada a identidade dos pacientes.
As entidades cuja etiologia é multifatorial
foram enquadradas dentro do grupo de maior
relevância.
93
Nas
Afecções
Vasculares
há
8
Hemangiomas, 3 Angioqueratomas, 2 Vasculites e
1 Perivasculite.
Nas Doenças eritematoescamosas há 3
Psoríases, 2 Pitiríases Róseas, 1 Parapsoríase e 1
Eritrodermia Esfoliativa.
Nas Dermatoses basicamente papulosas
há 4 Líquens simples crônicos e 2 Líquens planos.
Nas Dermatoses pré-cancerosas há 4
Ceratoses Actínicas e 1 Corno Cutâneo.
Nas Fotodermatoses há 4 casos de
Elastose Solar.
Nas Discromias há 2 casos de Vitiligo.
Nas Dermatoses atróficas e escleróticas
há 2 Líquens Esclero-Atróficos.
Nas Afecções granulomatosas de etiologia
não-infecciosa listam-se 2 Granulomas Anulares.
Entre
as
Micobacterioses
está 1
Hanseníase Indeterminada e 1 Hanseníase
Virchowiana.
Nas Micoses Superficiais há 1 Pitiríase e 1
Tinea corporis.
Como Doença basicamente eritematosa
temos 1 Eritema Fixo.
Nas Doenças vésico-bolhosas há 1
Penfigóide Bolhoso.
Nas Dermatoses neutrofílicas há 1
Pustulose Subcórnea.
No grupo dos Prurigos foi identificado 1
Prurigo Melanótico.
Nas
Doenças
metabólicas
há
1
Amiloidose.
Como Afecção dos pêlos há 1 Alopecia
Areata.
Nas Hipodermites há 1 Eritema Indurado
de Bazin.
Como “outros” estão incluídos 2 casos de
Cicatriz, 2 casos de Disidrose, 1 caso de Fibroma
e 1 caso de Hiperceratose.
Foram
identificadas
52
neoplasias
malignas, o que corresponde a 18,4% do total.
Dentre estas neoplasias malignas, 94,0%
correspondem a câncer de pele não-melanoma e
3,8% a metástase carcinomatosa de outros
órgãos.
Constataram-se
9,6%
de
exames
inconclusivos, por motivos diversos, totalizando 27
exames.
Nota-se que no campo da Dermatologia há
um grande leque de diagnósticos possíveis, o que
requer tanto do clínico quanto do patologista
elevado nível de conhecimento sobre o tema. A
falta de informações clínicas, por exemplo, é um
fator limitante, responsável por significativa
parcela dos laudos inconclusivos. Outras vezes
porém, não consegue-se firmar o diagnóstico
histopatológico por falta de características
específicas da patologia em questão, embora a
suspeita possa ser iminente, o que talvez justifique
a repetição da biópsia, caso clinicamente seja
necessário. A experiência do patologista o permite
sugerir e/ou afastar diagnósticos mais específicos,
bem como limitar o espectro de entidades
hipoteticamente diagnosticáveis. A semiologia
dermatológica e o histopatológico complementamse. O ideal é que o médico dermatologista e o
patologista atuem de forma coesa, afim de melhor
conduzir os pacientes a um tratamento adequado.
Referências
- AZULAY, R.D.; AZULAY D.R.; AZULAYABULAFIA, L. Dermatologia. 5.ed. Guanabara
Koogan, 2008.
- SAMPAIO, S.A.P.; RIVITTI, E.A. Dermatologia.
3.ed. Artes Médicas, 2007.
- ELDER, D.; ELENITSAS, R.; JOHNSON JR, B.;
IOSSREDA, M.; MILLER, J.J.; MILLER III, O.F.
Histopatologia da Pele de Lever: Manual e
Atlas. Editora Manole, 2001.
Discussão
A etiologia das entidades supracitadas é a
mais variada, e apesar de não ser objetivo deste
trabalho entrar em seus pormenores, cabe aqui
um destaque à alta taxa de neoplasias epiteliais
observadas, as quais podem estar em grande
parte relacionadas à exposição solar, reforçando
então a importância do hábito de fotoproteção.
94
Autoridade Médica x Rua do Povo: entre a crise humana e social.
Ádamo Katsuhiro de Andrade Yoshiki¹, Francisco Buraneli², Gustavo Marttins de Almeida³, Marcelo
4
5
6
Cristiano Corrêa Cardoso , Pedro Victor P. Kegel Heitor Mansor Coleti , Henrique Junqueira
7
8
9
10
Garcia G. Marques , Patrícia Sayuri Ueno , Loruama Nogueira , Elisa Maria Amorim da Costa
1
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
2
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
3
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
4
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
5
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
6
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
7
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
8
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
9
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
10
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
Resumo: A gripe A trouxe a tona não apenas uma enorme reflexão quanto ao atual nível da saúde
pública no Brasil, como também sobre a organização de espaços físicos, o relacionamento entre
pessoas e hábitos de higiene. As primeiras medidas a serem tomadas envolveram a suspensão
de atividades de restaurantes e escolas, ou seja, lugares com grande circulação e aglomeração de
pessoas com o objetivo de evitar a disseminação da doença. Com isso, as pessoas passaram a
reunirem-se na rua. Lugar comum a todos os cidadãos. A pergunta q ficou sem sua respectiva
resposta foi: a quem pertence à rua, as autoridades que podem impedir com que as pessoas
circulem ou ao povo que a utiliza?
Palavras: Crise humana, social
Área de conhecimento: Ciências da Saúde
Introdução:
Em 1933, Le Corbusier, afirmou:
"Precisamos matar a rua”, esta colocação de
um dos grandes expoentes da arquitetura
moderna gerou reflexões acerca da rua
enquanto local da sociabilidade humana.
Para o olhar antropológico a rua é
recortada em seus variados pontos de vista
por olhares distintos fundamentados na
multiplicidade de seus usuários, sua cultura,
seu tempo-espaço e suas distintas formas de
ocupação. Às vezes é vitrine, às vezes é
palco e, em sua condição funcional, deixa de
ser apenas espaço físico de fluxo e se
permuta em outras essências: vira trajeto de
devoto em dia de procissão, local de protesto
em dia de passeata, local de trabalho, ponto
de encontro, moradia, cenário onde processa
a vida coletiva, enfim.
Materiais e métodos:
Como método, foi utilizado da
observação e avaliação da questão de forma
crítica e objetiva devido à importância do
tema proposto.
Resultado:
A questão da rua enquanto espaço de
sociabilidade voltou a ganhar destaque na
atualidade nacional com a Epidemia da”
Gripe Suína”(GripeA), quando
escolas,
shoppings, pontos comerciais em sua
variedade, foram fechados. O argumento da
aglomeração humana enquanto mecanismo
primordial de propagação do vírus tornou-se,
segundo as autoridades, irrevogável na
justificação de limitar a presença do cidadão
95
nas ruas. Até que ponto limitar o fluxo em
espaços públicos é medida eficaz contra o
combate das epidemias?Até que ponto as
autoridades tem direito de influir na liberdade
do cidadão de ocupar as ruas, espaço
indispensável da sociabilidade humana?
Limitar o fluxo pode se tornar, de fato,
medida incoerente, pois quando desprovida
de esclarecimento a população deixa de
freqüentar
os
locais
previamente
estabelecidos, porém continua a utilizar-se
da rua enquanto espaço social, ou seja,
deixa de freqüentar escolas e igrejas, porém
com tempo livre passa-se a freqüentar bares,
praças e demais locais de convívio público.
Por outro lado, as autoridades no atributo de
seus deveres possuem, de fato, o direito
constitucional de limitar o fluxo de
Indivíduos com o intuito de resguardar a
integridade do coletivo. Cabe ressaltar, no
entanto que esta medida mostrou-se
incoerente com a prática cotidiana no caso
da
Gripe,
logo
novamente
torna-se
importante discutir até que ponto de fato “a
rua é do povo”.
Então, do ponto de vista pragmático,
como de fato as autoridades deveriam agir
no caso da Pandemia da Gripe A, que no
Brasil atingiu dimensões de caráter de
problemática social? Parece inerente ao
espírito humano buscar justificar o fim pelos
meios, sobretudo nos casos que envolvem o
risco da vida humana, contudo medidas
heróicas parecem ter surtido pouco ou
nenhum efeito na contenção da doença. É
irrevogável o preceito de que com a epidemia
muitas das diretrizes protocoladas pelo
ministério da Saúde foram absorvidas pela
população e permitiram uma permuta
qualitativa dos hábitos de higiene e convívio
coletivo.
Entre estas medidas para a contenção de
surtos
em
comunidades
fechadas
preconizou-se a difusão de orientações sobre
as medidas de prevenção não farmacológica
da doença, se a ótica de análise for imparcial
(tarefa árdua!), nota-se que as medidas que
foram adotadas no o dia a dia com a gripe
foi, sobretudo a higiene básica nos afazeres
cotidianos, ou seja, no momento em que a
autoridade de saúde, personificada na figura
do médico, exigiu que medidas profiláticas
fossem efetivadas, na prática ela promoveu
um grande processo de Educação em Saúde
como poucas vezes foi visto na história do
país. Em outras palavras “passou-se a lavar
as mãos”, a ter higiene nos atos diários,
sendo que para isso não se precisou colocar
o exército nas ruas, como ocorreu na
Reforma Sanitária. O bom senso foi
despertado e hoje é latente no que tange a
higiene pessoal.
O aspecto negativo da autoridade
sanitária
também
é
facilmente
referenciado,quando o Ministério preconizou
a garantia do sigilo da identidade nos casos
confirmados e fez com que se evitasse
conduta discriminatória do mesmo, logo
veículos de comunicação em sua diversidade
deveriam resguardar o interesse coletivo
enquanto ferramenta informativa, fator
utópico no contexto atual, em que cada novo
caso descoberto expunha o doente enquanto
personagem de uma triste história da
deficiência do Sistema de Saúde na
resolução do problema. De fato, foi inócuo o
esforço das autoridades medicas em manter
sigiloso o crescimento da pandemia, neste
sentido seria mais viável um diálogo mais
coerente e conciso com a população. Ficou
claro que nosso Povo é tão marginalizado de
informação quanto de conhecimento acerca
de sua saúde e da importância de sua
manutenção.
Discussão:
Este amplo contexto da pandemia da
gripe A, cheio de incoerências e incertezas,
levou a uma divagação mais profunda e
relevante e que certamente já deveria ter
feito parte da realidade sociológica nacional
desde tempos remotos: Qual é de fato a
autonomia que possui o Médico enquanto
autoridade sanitária para a resolução de uma
questão de saúde social?O Médico em seu
direito constitucional de autoridade está
preparado de fato para tomar as decisões
necessárias? Em outras palavras, o
profissional de saúde é um gestor de saúde
no seu labutar cotidiano, mesmo em
dimensões menores?
Embora a importância da discussão seja
evidente neste contexto, respostas objetivas
que norteiem para um horizonte de resolução
parecem estar muito distantes da realidade.
Por quê?Porque sempre pensamos desta
forma, parece ser intrínseca a nossa cultura,
que qualquer discussão político-social jamais
chegará a uma resolução real.
É fato que a autoridade médica é a
autoridade mais apta a compreender e julgar
96
os mecanismos necessários de qualquer
intervenção da saúde pública, porém o
academicismo mostra-se pouco prático e
eficiente quando o aspecto médico esta
desvinculado do mecanismo de gestão da
saúde pública.
Falando um português mais claro e
imediatista, o médico deixa a faculdade com
um grande conhecimento técnico, porém a
aplicabilidade deste conhecimento no campo
social é falha e incoerente.
As deficiências no controle de qualquer
problema de saúde pública são reflexo da
incapacidade de coesão do aspecto científico
e social; esta epidemia da Gripe A apenas
salientou este ponto em a trama de retalhos
foram mal costurados em muitos anos de
saúde pública nacional.
Constatar que uma Pandemia tornou o
povo mais higiênico e informado a respeito
de doenças infecciosas demonstra que ele
não carece apenas de informação, mas
carece, sobretudo de gestores capacitados
em realizar o básico no tangente a saúde
publica do país.
Discutir a autonomia do médico enquanto
autoridade
Sanitária
e
reavaliar
a
constitucionalidade de suas ações são tarefa
árdua, porém de extrema coerência e
necessidade. Por outro lado, amparar o
médico nesta frágil condição em que se
encontra é medida mais efetiva e
transcendente, mais do que isso é buscar
incondicionalmente um processo de reforma
social baseado na saúde enquanto direito
básico da causa humana. Tornar concreta
uma discussão que antes era tão abstrata e
intuitiva é de fato o primeiro passo para que
um dia se possa , ao menos , almejar um
horizonte de resolução da questão da saúde
pública,tendo a autoridade médica como
principal personagem deste longo trajeto.
A gripe A, sobretudo em seu aspecto
de mecanismo de quarentena trouxe esta
discussão, permitiu que o povo se colocasse
diante da Autoridade Sanitária e pedisse:
“Deixe-nos ver através de seus olhos,
permita que este instante seja um instante de
abandono de sua individualidade, permita
que suas decisões sejam reflexos de nossos
mais sinceros anseios”. O que se deve
buscar, em síntese, é o abandono gradativo
deste isolamento em que se encontra a
autoridade médica, trazer à luz da discussão
social problemas simples e de elevada
complexidade
na
saúde,
lutar
incansavelmente para que o Médico não seja
o centro das polêmicas, mas seja o elemento
capaz de nortear as diretrizes resolutivas de
qualquer problemática da saúde social.
Se o lutar por esta necessidade
inerente ao espírito humano não alcançar
sequer o inicio desta longa caminhada, se
nem ao mesmo for reconhecido o caminho,
ocorrerá uma crise social de difícil reversão,
porém, se não se der o primeiro passo, a
crise humana será irreversível. Urge lutar,
antes que seja tarde, antes que seja ontem.
Referências:
- COSTA, Elisa Maria Amorim; CARBONE,
Maria Herminda. Saúde da família : uma
abordagem interdisciplinar. Rio de Janeiro:
Rubio, 2004
- Os Urbanistas:
Antropologia Urbana
revista
digital
de
97
SAÚDE DO HOMEM: UM DESAFIO NECESSÁRIO
Amanda Thaís Thomé de Morais¹, Ana Amélia David Geraldes², Mariah de Paula Leite³, Juliana Portella
4
5
6
7
Veiga Drumond , Fernanda Correa Chaves , Magdalene Salomão da Fonseca , Cláudia Correard de Lima ,
8
Elisa Maria Amorim da Costa
1
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
3
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
4
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
5
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
6
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
7
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
8
Universidade Severino Sombra/ Ciências de Saúde, [email protected]
2
Resumo- O foco específico na relação homens e saúde vem ocorrendo, nos últimos anos, tanto nos meios
acadêmicos quanto no âmbito dos serviços de saúde. Incluir a participação do homem nas ações de saúde
é, no mínimo, um desafio por diferentes razões. O presente estudo problematiza aspectos da sexualidade
masculina que, se não devidamente abordados, poderão comprometer a saúde do mesmo; assim como
uma real necessidade de uma melhoria nos programas de saúde que tem o homem como foco principal.
Visto a maior presença feminina observada na demanda aos serviços de saúde, muito provavelmente, está
associada a fatores culturais ou sociais. As estratégias de prevenção e promoção da saúde tem de levar em
conta a mudança comportamental, em toda a população, tendo em mente as diferenças de gênero em
relação aos seus hábitos e doenças prevalentes.
Palavras-chave: Saúde do Homem,
masculinidade, sexo e gênero.
Área do Conhecimento: Ciências da Saúde
Introdução
Tradicionalmente a construção do que é
ser homem, contraposta ao que é ser mulher, tem
sido hegemonicamente associada a um conjunto
de idéias e práticas que caracterizam essa
identidade à virilidade, à força e ao poder da
própria constituição biológica sexual. As
diferenças entre os sexos no adoecimento e na
morte sempre foram consideradas naturais, e as
explicações estavam ligadas a biologia e ao
gênero. A maioria dos indicadores de saúde
mostra, com clareza, a existência desse
diferencial, sendo maior a mortalidade masculina
em praticamente todas as idades e para quase a
totalidade das causas. O foco específico na
relação homens e saúde vem ocorrendo, nos
últimos anos, tanto nos meios acadêmicos quanto
no âmbito dos serviços de saúde. Incluir a
participação do homem nas ações de saúde é, no
mínimo, um desafio, por diferentes razões. Uma
delas refere-se ao fato de, em geral, o cuidar de
si, a valorização do corpo no sentido da saúde e
também, o cuidar de terceiros, não serem
questões colocadas na socialização dos homens.
Por outro lado, alguns homens quando promovem
o cuidado de seu corpo, apresentam um extremo
fisiculturismo, e o cuidar de si transforma-se em
risco de adoecimento.
Durante muito tempo, os homens foram
estudados
com
base
numa
perspectiva
essencialista,
como
se
a
biologia
predeterminasse seu comportamento, como se
fossem todos iguais. Tal perspectiva foi
paulatinamente superada, à medida que os
estudiosos passaram a considerar importante
distinguir e inter-relacionar constantemente a
masculinidade, como um princípio simbólico.
Quando usamos a expressão “saúde do
homem”, podemos nos chocar com uma política
que preconiza a superação do modelo de mulher
e saúde para o de gênero e saúde. Na atualidade,
a medicina preventiva é essencial para a
qualidade e longevidade, contudo o sexo
masculino permanece defasado. No âmbito dos
programas de saúde, o programa de saúde da
mulher possui um acesso simplificado, assim
como um maior enfoque, fato este observado na
mídia de um modo geral. O sexo masculino,
independente da idade, raça e hábitos de vida,
constitui um fator de risco para a doença
cardiovascular,
entretanto,
não
existem
campanhas voltadas ao atendimento deste
preferencialmente. Os exemplos supracitados são
alguns motivos para se criar novos projetos,
visando uma melhoria da saúde do homem em
diversos aspectos. Nesse sentido, uma proposta
de saúde com o enfoque de gênero é pertinente,
visando uma maior atenção a saúde do homem.
A partir dessa perspectiva, o presente
estudo objetiva problematizar aspectos da
sexualidade masculina que, se não devidamente
abordados, poderão comprometer a saúde do
mesmo; assim como a necessidade de uma
melhoria nos programas de saúde que tem o
homem como foco principal.
98
Material e Métodos
Como método, optou-se pelo desenho de
ensaio, compreendido como um exercício
exploratório e crítico em torno do tema de
reflexão, o qual mostra-se necessário nos dias
atuais.
Resultados
A maior presença feminina observada na
demanda aos serviços de saúde, muito
provavelmente, está associada a fatores culturais
ou sociais. Em virtude de uma sociedade ainda
predominantemente machista, observamos num
contexto atual, que os homens possuem maior
propensão
as
doenças
sexualmente
transmissíveis, mantendo uma alta incidência no
sexo masculino. Assim como nos casos de
homens com ejaculação precoce, o qual estes
não admitem seu problema, e o tem como motivo
de ignomínia.
O fato de caber à mulher, em geral,
acompanhar crianças, adolescentes e idosos a
esses serviços de saúde, além de, em
determinado período de sua vida, freqüentar o
pré-natal, faz com que ela se torne,
provavelmente, mais predisposta à utilização
desses serviços, o que faz com que a mulher
freqüente muito mais e utilize os serviços que a
ela são oferecidos. Estes fatores, associados a
influência exercida pela mídia, levam a uma maior
abrangência da informação sobre cuidados
necessários a sua respectiva faixa etária.
Juntamente abordando a crise da masculinidade
e sexualidade do homem em geral.
Os
estudos
sobre
homens
e
masculinidades
têm
trazido
contribuições
importantes ao problematizar aspectos cruciais
para reflexão sobre a dominação masculina e as
relações de gênero. Aspectos relacionados à
percepção ou não da crise da masculinidade, em
específico, e aos sentidos atribuídos à
sexualidade masculina, em geral, produzem
reflexos no campo da saúde, revelando
dificuldades, principalmente, no que se refere à
promoção de medidas preventivas. Poderíamos
citar vários exemplos para problematizar a
dificuldade de promovermos medidas preventivas
que demandem a discussão da representação da
sexualidade masculina. Entre eles, podemos
focalizar a nossa atenção para a prevenção do
câncer de próstata. O toque retal é, relativamente,
uma medida preventiva de baixo custo e
essencial nos dias atuais. No entanto, é um
procedimento que mexe com o imaginário
masculino, a ponto de afastar inúmeros homens
da prevenção do câncer de próstata. Fazer o
toque retal é uma prática que pode suscitar no
homem o medo de ser tocado na sua parte
"inferior". Esse medo pode se desdobrar em
inúmeros outros, onde a mentalidade masculina
se redobra e imagina o que os outros vão pensar,
ou ele próprio quando fizer o exame de toque.
Para o profissional de medicina, investido
numa racionalidade que a clínica demanda, não
cabe a possibilidade de que o toque tenha essas
interpretações. Mas não podemos desconsiderar
que tal profissional também sofra influências de
aspectos que circulam no imaginário social
ligados a questões da sexualidade masculina.
Discussão
Nesse sentido, mesmo tendo consciência
dos possíveis problemas, nem sempre, os
profissionais de saúde que se voltam para a
prevenção do câncer de próstata estão
devidamente preparados para lidar com os
aspectos simbólicos envolvidos nessa prevenção.
Podemos dizer isso não só para aqueles que
realizam o toque retal, mas também para aqueles
que planejam as campanhas de prevenção.
Assim, no campo da saúde pública, é de
fundamental importância que sejam promovidas
discussões voltadas para a sexualidade
masculina, não só a prevenção do câncer de
próstata, mas diversas outras ações tangenciadas
por tais sentidos atribuídos possam ser melhor
abordadas.
O
aspecto
comportamental
influi
significantemente na saúde humana, sendo que a
expressão estilo de vida vem sendo cada vez
mais utilizada, e o estilo do homem, sob várias
ópticas, se diferencia daquele da mulher.
A estratégia de prevenção e promoção da
saúde tem de levar em conta a mudança
comportamental, em toda a população, tendo em
mente as diferenças de gênero em relação ao
hábito de fumar, alcoolismo, tipo de dieta, ao
ambiente de trabalho, à atividade física, ao peso
corporal, entre outros. Fica bastante claro que a
presença de muitas doenças que afetam a
população, muitas vezes mais acentuadamente a
masculina, tem mecanismos bastante conhecidos
e aceitos cientificamente; o difícil, muitas vezes, é
incorporar a atenção à saúde do homem à
prática diária dos serviços de saúde.
Referências
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homem: uma nova etapa da medicalização da
sexualidade?. Ciênc. saúde coletiva 2005, vol.10,
n.1, pp. 19-22 .
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saúde do homem: proposta para uma discussão.
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99
SCHRAIBER,
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100
A SOLIDÃO DO JARDINEIRO
( AS DIFICULDADES DE CUIDAR DE QUEM CUIDA)
Amanda Thaís Thomé de Morais¹, Ana Amélia David Geraldes², Mariah de Paula Leite³, Juliana Portella
4
5
6
7
Veiga Drumond , Fernanda Correa Chaves , Magdalene Salomão da Fonseca , Cláudia Correard de Lima ,
8
Heitor Mansor Coleti , Henrique Junqueira G.G.Marques9;Marcelo Cristiano C. Cardoso10,Pedro Victor P.
Kegel11, Francisco Buraneli12,Gustavo Marttins de Almeida13, , Patrícia Sayuri Ueno14, Loruama
Nogueira15, Ádamo Katsuhiro de Andrade Yoshiki16, Elisa Maria Amorim da Costa17
1
USS / Ciências de Saúde, [email protected]
USS / Ciências de Saúde, [email protected]
3
USS/ Ciências de Saúde, [email protected]
4
USS / Ciências de Saúde, [email protected]
5
USS/ Ciências de Saúde, [email protected]
6
USS/ Ciências de Saúde, [email protected]
2
USS / Ciências de Saúde, [email protected]
8USS/ Ciências de Saúde, [email protected]
9USS / Ciências de Saúde, [email protected]
10USS/ Ciências de Saúde, [email protected]
11USS/ Ciências de Saúde, [email protected]
12USS/ Ciências de Saúde, [email protected]
13USS / Ciências de Saúde, [email protected]
14USS / Ciências da Saúde, [email protected]
15USS/ Ciências de Saúde,[email protected]
16USS/Ciências da Saúde, [email protected]
17USS / Ciências da Saúde, [email protected]
Palavras-chave: Saúde do Idoso, cuidador,
saúde da família.
Área do Conhecimento: Ciências da Saúde
tarefas básicas como tomar banho, vestir-se,
alimentar-se e, até mesmo, levantar-se ou deitarse(4).
Quando essa ajuda inclui tarefas que
exigem conhecimentos específicos, esforço físico
e desgaste emocional, quem as executa recebe a
denominação de cuidador(4).
O cuidador é considerado formal quando
esta é a sua profissão e informal quando se trata
de um familiar ou amigo que assume a função.
No Brasil, 80% dos cuidadores são
informais (geralmente esposas ou filhas, donas
de casa ou desempregadas, solteiras ou
separadas) e assumem o trabalho sozinhos, por
não poderem arcar com os custos da contratação
de profissionais e porque a rede de apoio
oferecida pelo Estado é quase inexistente.
Cuidam por amor e afinidade, mas, às vezes, por
falta de opção já que não existe ninguém para
dividir a tarefa.
Em uma sociedade cada dia mais
individualista e longeva, é de se esperar que mais
pessoas venham a viver até o ponto de
necessitarem de algum tipo de ajuda em suas
tarefas diárias e que menos pessoas estejam
disponíveis para ajudar. A opção por internações
em asilos ou similares vem sendo questionada
por seu custo, dificuldades de manutenção e/ou
obtenção
de cuidado personalizado e
humanizado.
Nos países ricos, os adultos já passam
mais tempo cuidando dos pais que dos filhos. No
Brasil, segundo o IPEA 40% do tempo vivido
pelos idosos se dá sem saúde(3)
.
O trabalho do familiar-cuidador é
invisível nas estatísticas brasileiras, porém
calcula-se que cerca de l milhão de pessoas
estejam ajudando um parente dentro de casa.
O processo que transforma um filho
adulto ou um cônjuge em cuidador é doloroso, a
começar por razões práticas: os sentimentos se
2
Introdução
Os idosos, particularmente os mais
longevos, são hoje a parte que mais cresce na
população brasileira. Entre l991 e 2000, o número
de habitantes acima dos 60 anos cresceu de 2 a
4 vezes mais que o restante da população
brasileira(2,5).
Atualmente, os idosos representam
cerca de 10% da população geral brasileira, e são,
em geral, na sua maioria, mulheres viúvas e com
baixas escolaridade e renda(76.
No plano social, o fato da medicina e
das mudanças na qualidade de vida estarem
levando mais pessoas a conviverem por vários
anos com as conseqüências da decadência física
própria, ou de algum familiar já foi chamado de “o
malogro de nosso êxito¨ (5). Em 2000, 24% das
famílias brasileiras já possuíam pelo menos um
idoso em sua casa(6,3).
O aumento da longevidade tem feito
surgir várias investigações, principalmente nos
Estados Unidos, sobre o relacionamento entre
idosos e seus filhos, pessoas maduras e às vezes
já entrando na velhice, assim como relações entre
uma terceira e quarta idade, como são chamados
os muito velhos. Com esta temática, pode-se citar
os trabalhos de Johnson, Bursk (1982) ; Long,
Martini (2000) ; Feedmanet. Al. (1991); Fingerman
(2000) e Lye (1996), entre outros.
Segundo o IBGE, cerca de 40% das
pessoas com 65 ou mais anos de idade precisam
de algum tipo de ajuda para realizar pelo menos
uma tarefa como fazer compras, cuidar das
finanças ou preparar as refeições. Dentro desse
grupo, cerca de l0% requer ajuda para realizar
101
tornam contraditórios, a troca de papéis na
relação do filho-cuidador com seus pais é
perturbadora e muitos tem dificuldade em aceitála(3,4).
O grupo de pesquisa em
Epidemiologia do Cuidador da PUC-SP descreve
as principais dificuldades encontradas por
cuidadores: isolamento, incapacidade de cuidar
da própria saúde, abandono dos afazeres
anteriores e risco de adoecimento, entre outros
(Karsch,2003).
Material e método:
Este trabalho pretende conhecer a
realidade dos cuidadores de idosos de Vassouras
e buscar uma forma de integrá-los ao Saúde da
Família , para que este sirva de suporte à sua
tarefa.
Este trabalho, tem o objetivo de
acompanhar qualitativamente uma coorte de
cuidadores de idosos do Município de VassourasRJ, identificar suas dificuldades materiais e
emocionais e aproxima-los das Unidades de
Saúde da Família.
No total, 20 cuidadores estão sendo
acompanhados com visitas quinzenais, há 18
meses e o total de tempo previsto é de 24
meses. .
Resultados e discussão:
Concordando com dados da literatura,
a maioria dos cuidadores pertence ao sexo
feminino ( 90% ) e é esposa (35%) ou filha (35%)
do(a) cuidado(a). Neste estudo, a maioria dos
cuidadores abdicou de seu trabalho habitual
apenas para se dedicar à nova função (90%) e ,
reforçando
a
importância
do
seu
acompanhamento pelos Serviços de Saúde de
forma diferenciada, 70% deles se encontram com
elevado grau de stress e são portadores de
doenças crônico-degenerativas tão ou mais
incapacitantes a longo prazo que a dos próprios
cuidados.
Neste estudo, apenas 10 % dos
cuidadores não consideram o acompanhamento
das Unidades de Saúde da Família como
satisfatório, embora o sentimento de solidão seja
constante e próprio da função que exercem. Ao
longo do tempo de acompanhamento houve a
perda de dois casos, um por óbito e outro por
asilamento.
Cuidar de pessoas queridas sabendo
que não existe perspectiva de melhora e que o
fim é inexorável causa permanente angústia e
sentimento de culpa constante, seja por qualquer
instabilidade de humor apresentada, seja por se
sentir responsável por qualquer agravamento do
quadro do cuidado.
Conviver com a finitude e fragilidade do
outro leva o indivíduo a questionar o próprio
sentido da existência e abdicar da própria vida em
função do outro o afasta da individualista
realidade dos indivíduos da sociedade moderna.
Conclusão:
Tem se mostrado frustrante o fato de
não se conseguir institucionalizar programas que ,
de fato, amenizem as dificuldades do cuidador e
possibilitem que ele possa ter uma vida próxima à
normalidade. Em que pese a existência de
Centros de Convivência, as atividades de lazer
programadas para esta faixa etária e os cursos
organizados para cuidadores, nada diminui a
solidão de cuidar. À medida que se verifica
aumento das incapacidades e agravamento no
adoecer, mais cuidado e cuidador se isolam do
convívio com a sociedade e com os próprios
serviços de saúde.
Junto com as dificuldades de
sistematizar
a
assistência
aos
idosos
dependentes e seus cuidadores, um fato tem
chamado a atenção : qual a perspectiva de vida
do cuidador, quando o cuidado cessar?
Certamente terá deixado de viver inúmeros anos
de tranqüilidade e alegria e adquirido doenças
crônicas inerentes ao envelhecimento próprio e,
se não for mito apoiado, seu destino será passar
de cuidador a cuidado e irá interromper a vida de
outro parente. Será esse o destino do ser
humano?
Referências
l - Alves, M G de M. Versão resumida da
“jobstress scale”:adaptação para o português.
Ver de Saúde 2004; 38(2): 164 -71.
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Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2002. p. 957-645
3 - Johnson E S, Bursk B J. O
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In: Wagner - Cadernos do Curso de Gerontologia
Social. São Paulo: Instituto Sedes Sapientiae;
l982.
4 - Karsch U M S. Idosos dependentes:
família e cuidadores. Cad. Saúde Pública 2003;
jun 19(3): 861-866.
5 - Neri A L. Palavras-chave em
Gerontologia. Campinas: Alínea, 2001.
6 - Sluzki, C E. A rede social na prática
sistêmica: Alternativas Terapêuticas. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 1997.
102
ESTUDO COMPARATIVO DO IMC, ATIVIDADE FÍSICA E DIETA DE ESTUDANTES DO
ENSINO MÉDIO DE ESCOLAS PÚBLICAS DO MUNICIPIO DE VASSOURAS-RJ (UMA
ANÁLISE POR GÊNERO)
Gislaine Calabar Severino ¹, Julia Graciela Gama Valentim Ramos ², Paola Cristina Ormindo de Castro ³,
4
5
6
Wallace Soares da Silva , Willian Raibolt Cabral , Elisa Maria Amorim da Costa , Marcos Antonio
7
8
Mendonça , Viviane Lopes Vaccaro
1
USS-Projeto Jovens Talentos / Ciências de Saúde, [email protected]
USS-Projeto Jovens Talentos / Ciências de Saúde, [email protected]
3
USS-Projeto Jovens Talentos / Ciências de Saúde, [email protected]
4
USS-Projeto Jovens Talentos / Ciências de Saúde, [email protected]
5
USS-Projetos Jovens Talentos / Ciências de Saúde, [email protected]
6
USS-Projeto Jovens Talentos / Ciências de Saúde, [email protected]
7
USS-Projeto Jovens Talentos / Ciências de Saúde, [email protected]
8 USS-Projeto Jovens Talentos / Ciências de Saúde, [email protected]
2
Palavras-chave: estilo de vida, IMC, sexo e
gênero.
Área do Conhecimento: Ciências da Saúde
Introdução
A obesidade é considerada um dos mais
importantes problemas de saúde pública dos dias
atuais (1), segundo a Organização Mundial de
Saúde. Esta verdadeira pandemia já foi estudada
em países em desenvolvimento, onde o problema
se torna mais grave devido à baixa qualidade da
atenção à saúde, principalmente em termos de
prevenção (2,3,4).
Principalmente quando iniciada na infância e na
adolescência, a obesidade está associada a um
futuro com alto risco de hipertensão arterial,
cardiopatias, osteoartrite, diabetes tipo 2 e alguns
tipos de neoplasias (1,5).
A obesidade na infância e adolescência se
associa também a uma baixa auto-estima e, até
mesmo, a discriminação social.(6)
Atualmente o Indice de Massa Corporal é o índice
mais utilizado para identificar a obesidade, por
sua simplicidade de cálculo e baixo custo.
As mudanças nos hábitos alimentares da
população brasileira e a diminuição da atividade
física da maioria dos jovens de hoje em dia têm
favorecido a ascenção do Índice de Massa
Corporal, com suas consequências físicas e
emocionais.
O tratamento da obesidade requer uma equipe
multidisciplinar e a motivação do próprio
individuo, o que torna muito mais fácil a sua
prevenção, através do desenvolvimento de
hábitos saudáveis de vida do que a sua cura.
Definição de termos:
Os termos-chave
definidos:
do
estudo
foram
assim
Adolescência- período da vida que vai dos 10 aos
19 anos, 11 meses e 29 dias, segundo critérios
da Organização Mundial de Saúde.
Obesidade- quantidade de gordura relativa à
massa corporal se iguala ou excede a 30% em
mulheres e a 25 % em homens.
IMC- peso( em kg ) dividido pelo quadrado da
altura ( em metros), desenvolvido no século
passado por Lambert Adolphe Jacques Quetelet,
matemático belga (7).
Sobrepeso I- IMC entre 25 e 29,9
Sobrepeso II- IMC entre 30 e 39,9
Sobrepeso III- IMC 40 ou mais.
Material e Métodos
Estudo transversal onde foram verificadas as
variáveis peso, estatura, sexo e idade e
estabelecido o IMC para verificação da presença
ou não de sobrepeso e obesidade. O peso e a
estatura foram verificados com auxílio de balança
antropométrica convencional, e os cálculos e
tabelas feitos com auxílio de programas
computacionais adequados.
Os hábitos alimentares, a atividade física, a data
de nascimento e o sexo foram retirados de
questionário de auto-preenchimento.
Os critérios de inclusão compreenderam : ser
aluno dos colégios incluidos no estudo, estarem
na faixa etária da adolescência e terem , eles ou
seus pais, assinado o termo de consentimento
livre e escolhido.
A escolha dos colégios deveu-se ao fato de
serem os locais de estudo dos jovens bolsistas de
Iniciação Científica, o que facilita a atuação dos
“jovens talentos”.
O tratamento estatístico foi efetuado através de
planilhas Excell.
103
Para os esclarecimentos necessários quanto ao
uso da escala de correção, cada avaliador
recebeu uma folha de instruções.
Resultados
Apesar das inúmeras tentativas feitas
para incentivar a participação do alunado, apenas
20% dos alunos do Ensino Médio das duas
escolas-alvo
efetivamente
preencheram
o
requisito inicial para ingresso no estudo que era o
preenchimento do termo de consentimento pelos
pais ou responsáveis. A amostra ficou, então,
representada por 70 alunos , sendo que 60%
deles pertencentes ao sexo masculino e com
idade entre 16 e 18 anos.
A quase totalidade dos participantes
(80%), pertencem a famílias com renda até 3
salários
mínimos,
possuem
pais
com
escolaridade compatível com nível fundamental
completo e se declaram informados sobre temas
relacionados à saúde. A preocupação dos pais
com a saúde dos filhos se fez presente em todos
os casos e o nível de preocupação com a vida
educacional e social dos filhos foi inversamente
proporcional à idade dos mesmos.
O número de refeições diárias variou
entre 2 e 4, sendo que 80% declararam realizar
um café da manhã, almoço e jantar. Os alimentos
de maior ingesta citados foram arroz, feijão,
saladas e carne.
Ainda não foram calculados todos os
Indices de Massa Corporal, porém 100% dos
pesquisados do sexo feminino e 90% dos do sexo
masculino se dclararam satisfeitos com a imagem
corporal, independentes de se auto-classificarem
como portadores de peso ideal, sobrepeso ou
baixo peso.
A atividade física é igualmente distribuida
em ambos os sexos, talves devido à prática
desportiva na escola, porém as mulheres se
exercitam mais vezes na semana (3 vezes), com
relação ao declarado por 80% dos homens(1
vez).
Todos conhecem os fatores de risco a
que estão expostos.
Discussão
Notou-se nítido desinteresse dos jovens
em discutir questões ligadas à alimentação,
atividade física e saúde.Apesar da Organização
Mundial de Saúde apontar para a existência cada
vez mais precoce do sobrepeso e da obesidade e
suas consequências para a saúde, estilo de vida
não é uma questão que preocupe os jovens
pesquisados.
As
razões
parecem
estar
relacionadas à centralização do interesse em
temas ligados à sexualidade, ao baixo nível sócioeconômico da maioria das famílias e ao alto grau
de satisfação ou indiferença com a imagem
corporal que os entrevistados demonstraram.
Até que ponto este desinteresse está
colocando em risco a saúde dos participantes,
poderá ser melhor calculado após a tabulação
final da pesquisa.
Conclusões:
Tendo em vista que um estilo de vida
saudável é o fator mais ao alcance dos individuos
no tocante à própria saúde e considerando o
desinteresse
demonstrado
pelos
jovens
estudados com esta questão, faz-se necessário
que se promovam programas de Saúde Escolar
mais efetivos, além de se abordar temas
correlatos nas atividades didáticas e de se
procurar uma forma de diálogo que realmente
sensibilize essa população.
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obesidade
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estratos sociais: Nordeste e
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e
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antropométrica
de estado nutricional. In:
Epidemiologia
da
Obesidade (R. Sichieri,
org.), pp. 43-63, Rio de
Janeiro: EdUERJ.
.
.
105
AVALIAÇÃO DA PROLIFERAÇÃO DE MICROORGANISMOS ORAIS EM TRÊS TIPOS
DE MATERIAIS REEMBASADORES DE PRÓTESE TOTAL SUBMETIDOS À CICLAGEM
DE PH
-ESTUDO PILOTOGalvão, YFS1; Bello, RF2; Riberto, FC3; Goyatá, FR4.
1
2
3
4
Universidade Severino Sombra/ Centro de Saúde, yvna_galvã[email protected]
Universidade Severino Sombra/Centro de Saúde, [email protected]
Universidade Severino Sombra/Centro deSaúde, [email protected]
Universidade Severino Sombra/Centro de Saúde, [email protected]
.
Resumo: Os materiais reembasadores promovem estabilidade e retenção às próteses totais. O objetivo
deste trabalho será avaliar a influência da ciclagem de ph na proliferação de microorganismos orais em três
materiais reembasadores de prótese total (Soft Comfort, Soft Comfort Denso e Dura Soft). Serão
confeccionados 10 corpos de prova para cada material sendo que em 05 corpos de prova e aplicado o glaze
após polimerização completa do material e em 05 corpos de prova não será aplicado o glaze. Inicialmente
05 corpos de prova de cada grupo serão submetidos à contaminação por bactérias do tipo streptococcus e
lactobacilos e posterior contagem microbiana. Num segundo momento promoveremos o envelhecimento
dos corpos de prova com a ciclagem de Ph (Solução de Shinkai), nova contaminação e contagem
bacteriana. Serão analisados os padrões de contaminação, determinando-se valores de unidades
formadoras de colônia por milímetro.
Palavras-chaves: ciclagem de Ph, microorganismos orais, material reembasador
Área do Conhecimento: 40209008 materiais odontológicos.
Introdução
Os materiais reembasadores surgiram na
odontologia, mais especificamente na área da
prótese dentária, em função da necessidade de
um material que proporcionasse conforto e
estabilidade às próteses reduzindo os esforços
mastigatórios transmitidos para a base acrílica
da prótese e a fibromucosa de sustentação
(Ring, 1998).
Estes materiais passaram a ser muito
utilizados clinicamente com objetivo de
minimizar as forças deletérias sobre os
rebordos e a mucosa de revestimento em
pacientes com próteses totais duplas (Amim et
al., 1981; Turano & Turano, 2002).
O objetivo deste trabalho é observar e
avaliar se a aplicação do glaze após a
polimerização
final
dos
materiais
reembasadores promoveu um aumento na
rugosidade superficial e como conseqüência
um aumento no acúmulo de microorganismos
orais
sobre
os
materiais
estudados.
Realizaremos uma ciclagem de pH para
promover um envelhecimento nos materiais
reembasadores testados e verificiar a influência na
rugosidade superficial dos materiais.
Materiais e Métodos
Serão utilizados três materiais reembasadores
distribuídos em seis grupos teste com n: 10: GI:
Soft Confort, GII: Soft Confort Denso, GIII: Dura
Soft Confort, GIV: Soft Confort após Ciclagem pH,
GV: Soft Confort Denso após Ciclagem de pH e
GVI: Dura Soft Confort após Ciclagem de pH.
Os corpos de prova serão confeccionados com
auxílio de uma matriz metálica cilíndrica em aço
inoxidável com diâmetro de 1,5 mm e 1,2mm de
espessura.
O
material
reembasador
será
manipulado e inserido na matriz e em cada lado
dela um papel celofane transparente e uma placa
de vidro para planificar a superfície dos corpos de
prova. Aguardaremos o tempo de polimerização de
cada material de acordo com as recomendações do
fabricante.
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
106
Para os materiais Soft Confort e Soft
Confort Denso será realizado um banho em
água 100º C durante 10 minutos de acordo com
as instruções do fabricante. Para o material
Dura Soft Confort um banho em água 10º C por
10 minutos. Em seguida, realizaremos o
acabamento dos corpos de prova com tesoura
ou lâmina de bisturi e aplicação do glaze,
sendo duas camadas para o Soft Confort e três
camadas para o Soft Confort Denso
aguardando-se o tempo de polimerização de 2
minutos.
Os corpos de prova serão inseridos em
placas de petri e submetidos à contaminação
bacteriana
e
posterior
contagem
dos
microorganismos.
Para ciclagem de pH serão preparadas
duas soluções, uma desmineralizante e outra
remineralizante.
Os corpos de prova serão submetidos a 8
ciclos de desmineralização e remineralização a
temperatura 37°C. Cada ciclo será de 4 horas
de imersão em solução de desmineralizate
seguido de 20 horas em solução de
remineralizante e posterior contaminação e
contagem bacteriana.
Discussão
A porosidade das resinas acrílicas tem
sido definida como um fenômeno
complexo, de origem multifatorial, que
depende, em parte, do próprio material, da
técnica de inclusão e do método de
polimerização.
Esta porosidade localizada no interior das
bases de próteses, além de reduzir suas
propriedades físicas, deixa-as vulneráveis à
distorção e empenamento. Já a porosidade
superficial,
favorece
a
aderência
de
microorganismos, dificultando sua remoção por
meios mecânicos de limpeza, favorecendo a
deposição de cálculos e aderências de
substâncias.
Resultados
As tabelas abaixo representam as médias
obtidas, no estudo piloto, para cada material a
partir da contagem das placas utilizadas.
Os resultados foram expressos em unidades
formadoras de colônia ( UFC/ml).
Antes da Ciclagem
de pH
Material
Reembasador
Dura Soft
Soft Confort
Soft
Confort
Denso
Com Glaze
135
509
Sem
Glaze
310
646
370
466
Após Ciclagem de
pH
Material
Sem
Reembasador
Com Glaze
Glaze
Dura Soft
66
2076
Soft Confort
388
1115
Soft
Confort
Denso
683
1129
1. AMIN, W. M.; FLETCHER, A. M.; RITCHIE,
G. M. The nature of the interface between
polymethyl methacrylate denture base
materials and soft lining materials. J Dent,
v. 9, n. 4, p. 336-46, Dec. 1981.
2. BELL, J. R.; CAUL, H. J. “LINERS” for
dentures. J Am Dent Assoc, v. 33, n. 2, p.
305-18, Mar. 1946.
3. BERGENDAL, T. Status and treatment of
denture stomatitis patients: a 1-year followup study. Scand J Dent Res, v.90, n.3,
p.227-238, June 1982.
4. BUDTZ-JORGENSEN, E. Material and
methods for cleaning dentures. J Prosthet
Dent, v.42, n.6, p.619-23, 1979.
5.
OLIVEIRA, R.; BRUM, S.C.; OLIVEIRA,
R.S.; GOYATÁ,F.R. Aspectos Clínicos
Relacionados à Estomatite Protética. Int J
Dent, v.6, n. 2, p. 42- 51, 2007.
6. WRIGHT, P. S. Soft lining materials: their
status and prospects. J Dent. Bristol, v. 4,
n. 6, p. 247-56, Nov. 1976.
Referências
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
107
AVALIAÇÃO DOS APARELHOS FOTOPOLIMERIZADORES DOS CONSULTÓRIOS
PARTICULARES DA CIDADE DE VASSOURAS/RJ: ESTUDO PILOTO
Rachel Ferreira Bello1, Thalyta dos Reis Furlani Zouain-Ferreira2,Rodrigo Simões de
Oliveira3, Frederico dos Reis Goyatá4
1
Universidade Severino Sombra/Acadêmica do Curso de Odontologia - Centro de ciências da
Saúde,[email protected]
2
Universidade Severino Sombra/Professora do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da
Saúde,[email protected]
3
Universidade Severino Sombra/Professor do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde,
[email protected]
4
Universidade Severino Sombra/Professor do Curso de Odontologia - Centro de ciências da Saúde,
[email protected]
Resumo- O sucesso clínico das resinas compostas depende da eleição correta do aparelho
fotopolimerizador, sua intensidade de luz, condutas de manutenção e aferição da potência. Este trabalho
tem o objetivo de avaliar a intensidade de luz emitida pelos aparelhos fotopolimerizadores (Led e Lâmpada
Halógena) dos consultórios particulares na cidade de Vassouras/RJ e os cuidados de manutenção.
Acadêmicos do Curso de Odontologia da Universidade Severino Sombra, previamente calibrados, visitaram
os consultórios com um questionário, que pontuava informações técnicas e cuidados gerais de manutenção
dos aparelhos; e um radiômetro para aferir a intensidade de luz de lâmpada Halógena e Led, da marca
ECEL, modelo RD-7. Foi observado que 77,7% dos aparelhos de Luz Halógena e 80% dos aparelhos Led,
2
2
obtiveram valores entre 160mw/cm e 400mw/cm , sendo considerados insuficientes. Concluiu-se que
muitos cirurgiões-dentistas apesar de terem ciência da importância quanto à correta intensidade de luz dos
aparelhos fotopolimerizadores, desconhecem sobre a intensidade da luz emitida pelos seus aparelhos. O
uso do radiômetro ainda não está inserido na realidade clínica de muitos profissionais.
Palavras-chave: Aparelhos Fotopolimerizadores, Resina Composta, Cirurgiões- dentistas.
Área do Conhecimento: Odontologia
Introdução
As resinas compostas para a confecção de
restaurações estéticas tanto em dentes anteriores
como em dentes posteriores são os materias mais
utilizados pela odontologia nos dias atuais hoje. O
sucesso destas restaurações fundamenta-se
principalmente na seleção do material, a técnica
de
inserção
e
os
cuidados
com
a
fotopolimerização, como protocolo de uso e
manutenção
do
aparelho
fotopolimerizador
(PEREIRA et al., 2003).
Uma resina composta com polimerização
insuficiente influenciará no resultado final da
restauração, podendo ocasionar microinfiltração
marginal, sensibilidade pós-operatória, fraturas,
problemas estéticos como manutenção das
restaurações e danos ao tecido pulpar (BRISO et
al., 2006).
O radiômetro é um importante instrumento
auxiliar para avaliar a intensidade de emissão de
luz dos aparelhos fotopolimerizadores. Entretanto
um pequeno número de cirurgiões-dentistas
possui o radiômetro em sua clínica e muitos ainda
desconhecem sobre a importância da medição da
potência do aparelho (NETO et al., 2007)
Considerando-se que eleger corretamente
um aparelho fotopolimerizador e determinar
condutas periódicas de manutenção e aferição da
potência é de importante conhecimento na prática
clínica para a fotoativação de compósitos e
cimentos resinosos, este artigo tem o propósito de
identificar o tipo de aparelho fotopolimerizador
mais utilizado pelos cirurgiões-dentistas nos
consultórios particulares no município de
Vassouras/RJ e ainda avaliar a intensidade de luz
emitida por eles e cuidados dos profissionais com
sua manutenção.
Material e Métodos
Foram selecionadas aleatoriamente clínicas
odontológicas e consultórios particulares na
cidade de Vassouras/RJ com auxílio de uma
pesquisa na base de dados do Cadastro Nacional
de Estabelecimentos de Saúde (CNES), por meio
de acesso ao site www.datasus.gov.br
Após aprovação pelo comitê de ética em
pesquisa da Universidade Severino Sombra Vassouras-RJ (nº028/2009-01). Acadêmicos do
curso de Odontologia da Universidade Severino
Sombra – Vassouras-RJ, previamente calibrados,
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
108
realizaram as visitas aos profissionais e com
auxílio de um questionário que pontuava o tipo de
aparelho e marca comercial bem como avaliação
dos cuidados gerais de manutenção, mensuração
da intensidade de luz, procedimento de assepsia e
freqüência de realização.
A intensidade da luz dos aparelhos foi
mensurada com um radiômetro digital apropriado
para aferir a intensidade de luz Halógena e LED,
da marca ECEL, modelo RD-7(Ecel, Ribeirão
Preto, Brasil).
Antes de proceder à mensuração, o
aparelho fotopolimerizador foi testado acionando-o
três vezes. Em seguida o aparelho foi acionado
durante 1(um) minuto com a ponta luminosa
posicionada sobra a superfície fotossensível do
radiômetro. Este procedimento foi executado 4
(quatro) vezes e o valor considerado foi a média
aritmética das quatro leituras.
Foi observado que 77,7% dos aparelhos
de Luz Halógena e 80% dos aparelhos Led,
2
2
obtiveram valores entre 160mw/cm e 400mw/cm ,
sendo considerados insuficientes para uma
polimerização adequada por incrementos com 2
(dois) mm de resina composta pelo tempo de 40
segundos.
Tabela 1: Aparelhos Fotopolimerizadores
mensurados.
Discussão
Figura1: Aparelho radiômetro utilizado.
Resultados
Em um universo de aproximadamente 26
consultórios particulares localizados na cidade de
Vassouras/RJ, foram avaliados 14(catorze)
fotopolimerizadores, sendo 9 (nove) de Luz
halógena e 4 (quatro) Luz LED.
Todos os aparelhos de luz halógena já
haviam passado por manutenção técnica e troca
de luz por pelo menos uma vez, de acordo com o
relato dos cirurgiões-dentistas entrevistados.
A maior e a menor média de intensidade
encontrada nos aparelhos de luz halógena foram
respectivamente, 457,3 mw/cm² e 180 mw/cm².
2,
Apresentado uma média de 277,8 mw/cm sendo
considerada insuficiente.
Para os aparelhos fotopolimerizadores de
2
luz LED foram encontrados 255,75 mw/cm e
2
477,5 mw/cm como a menor e maior média de
intensidade encontrada. Apresentando média de
2
intensidade de 355,8 mw/cm (tabela 1) .
Os aparelhos de luz halógena apresentam
componentes que interferem no processo de
polimerização dos compósitos com o decorrer do
tempo devido à diminuição da intensidade de luz
emitida (HASLER et al., 2006 e SILVA ET AL.,
2007).
Em decorrência dos diversos problemas
apresentados pelos aparelhos de luz halógena,
uma nova tecnologia foi proposta, a partir de 1995,
para a polimerização dos compósitos, os
aparelhos LEDs (light-emitting diodes). Esses
aparelhos oferecem vantagens sobre os aparelhos
de lâmpada halógena, como expectativa de vida
útil da lâmpada superior, emissão de luz no
espectro de absorção da canforoquinona,
ausência de filtros e tamanho compacto do
aparelho(VIEIRA; ERHANDT e SHROEDER, 2000
e SILVA et al.,2008).
O controle da qualidade da intensidade de luz
dos aparelhos fotopolimerizadores deve ser
cuidadoso e, com a utilização dos radiômetros
possibilitou maior previsão e eficiência na aferição
dos aparelhos. No mercado são encontrados
aparelhos com um radiômetro embutido na sua
base, o que possibilita ao profissional uma
averiguação constante.
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
109
Desta forma é de extrema importância a
constante mensuração da intensidade dos
aparelhos fotopolimerizadores, a fim de obter um
resultado clínico satisfatório nas restaurações com
resina composta.
Referências
- BRISO, A. L. F.; FEDEL, T. M. ;PEREIRA, S. M. ;
MAURO, S. J.; SUNDEFELD, R. H.;SUNDEFELD,
M. L. M. M. Influence of light curing source on
microhardness of composite resins of different
shades. J. Appl. Oral Sci. v.14, n.1, Bauru Jan.
/Feb. 2006.
- HASLER, C.; ZIMMERLI, B.; LUSSI, A. Curing
Capability of Halogen and LED light Curing Units in
Deep Class II Cavities. Oper Dent.v.3, n.31,
p.354-63, May-Jun, 2006.
- PEREIRA, S. K. ; PASCOTTO, R. C.;
CARNEIRO, F. P. Avaliação dos aparelhos
fotoativadores
utilizados
em
clínicas
odontológicas. J Bras. Dent. Estét. v.5,n.2,p.2935, jan-mar, 2003.
- NETO, E. R.; ELOSSAIS, A. A.; MUÑOZ
CHAVEZ, O. F.; PEREIRA, N. R. S.;SILVA, P. G.;
SAAD, J. R. C. Estudo comparativo de aparelhos
fotopolimerizadores para determinar o grau de
conversão de resinas compostas utilizando o
espectrofotômetro de infravermelho. RGO, Porto
Alegre, v. 55, n.4, p. 357-361, out./dez. 2007.
- SILVA, P. C. G. ;PORTONETO, S. T.;LIZRELLI,
R. F. Z.; BACNATO, V. S. Orthodontic bracts
removal under shear and tensile Bond strength
resistance tests- a comparative test between light
sources. Laser Phys Lett. v.3, n.5, p.1-7, 2007.
- SILVA, M. A. B.; OLIVEIRA, G. J. P. L.;
FONTANARI, L. A.; REIS, J. I.L.;SANTOS, L. M.
Avaliação dos Aparelhos Fopolimerizadores
Utilizandos em Consultórios Particulares da
Cidade de Maceió-AL. Dental Science: clínica e
pesquisa integrada.v.7, n.2, p.176-181,2008.
- VIEIRA, R. S.;ERHANDT, A. E. ; SHROEDER, L.
F.
Intensidade
de
luz
de
aparelhos
fotopolimerizadores e utilizados em consultórios
particulares. J. Bras. Clin. Odontol. v.22, n.4,
p.42-6, 2000.
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
110
AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA FLEXURAL DE RESINAS COMPOSTA
REFORÇADAS POR FIBRA
Gabriella Francisco Manta1, Thalyta dos Reis Furlani Zouain Ferreira2,
Rodrigo Simões de Oliveira3, Nadine Vibian Taira4, Taciana Barcellos
Carvalheira5 e Frederico dos Reis Goyatá6
1
Universidade Severino Sombra/Odontologia, [email protected]
2
UniversidadeSeverinoSombra/Odontologia, [email protected]
3
Universidade Severino Sombra/Odontologia, [email protected]
4
Universidade Severino Sombra/Odontologia, [email protected]
5
Universidade Severino Sombra/Odontologia, [email protected]
6
Universidade Severino Sombra/Odontologia, [email protected]
Resumo- Este trabalho avaliou a resistência flexural de duas resinas
compostas microhíbridas associadas a dois sistemas de fibras de vidro para
reforço estrutural, utilizando-se o teste de três pontos. Os corpos de prova
foram distribuídos em seis grupos teste (n=10): GI: resina Grandio; GII: resina
Opallis; GII: resina Grandio e fibra Superfiber; GIV: resina Grandio e fibra
Interlig; GV: resina Opallis e fibra Superfiber; GVI: resina Opallis e fibra Interlig.
O teste de resistência flexural foi realizado em uma máquina de ensaios
universais (EMIC DL-2000). Os resultados obtidos foram tabulados e
submetidos à análise estatística. Os grupos III, V e VI apresentaram as maiores
médias de resistência flexural, sendo o grupo III o de maior valor. Concluiu-se
que a associação da resina Grandio com a fibra Superfiber foi mais efetiva do
ponto de vista biomecânico.
Palavras-chave: Resina composta. Material Dentário. Dentística Operatória
Área de Conhecimento: Dentística
Introdução
A utilização das fibras de
reforço (fibras de vidro ou de
polietileno) associadas às resinas
compostas tem proporcionado um
aumento significativo na resistência
flexural dos compósitos, conferindo
um resultado clínico mecânico bem
superior quando as resinas são
utilizadas sem nenhum reforço
estrutural (VALLITU, 2000).
Existe
uma
grande
dificuldade dos cirurgiões-dentistas
em realizar um planejamento
correto e selecionar uma fibra de
reforço adequada para associar às
resinas compostas de acordo com a
indicação clínica específica para
sua
aplicação
(ROSENTRITT,
2007).
Este trabalho tem como
objetivo avaliar a resistência flexural
de
duas
resinas
compostas
microhíbridas associadas a duas
fibras de vidro para reforço
estrutural.
Materiais e Métodos
Os materiais utilizados foram
às resinas compostas microhíbridas
Grandio (VOCO) e Opallis (FGM) e
as fibras de vidro para reforço
estrutural Superfiber (Superdont) e
Interlig (Ângelus).
Os grupos teste foram
distribuídos de acordo com a
associação resina composta e fibra
111
de vidro, totalizando seis grupos
com n=10: GI: resina Grandio; GII:
resina Opallis; GII: resina Grandio e
fibra Superfiber; GIV: resina Grandio
e fibra Interlig; GV: resina Opallis e
fibra Superfiber; GVI: resina Opallis
e fibra Interlig.
Foram confeccionadas 10
amostras
para
cada
grupo
utilizando-se uma matriz metálica
bipartida com dimensões de 25 X 2
X 2 mm (ISO 4049). Padronizou-se
a cor A2 para as resinas compostas
utilizadas.
A resina foi inserida na matriz
metálica em incremento único com
espátula metálica (Suprafill nº1- SS
White, Brasil). Uma placa de vidro
de 1 mm espessura foi posicionada
sobre o incremento de resina
composta
para
planificar
a
superfície do corpo de prova. Para a
fotoativação das resinas, utilizou-se
um aparelho de lâmpada halógena
Optlight II (Gnatus, Brasil) com 400
mW/cm2 de potência de luz. Foi
utilizado um tempo de 20 segundos
para fotoativação das resinas.
Após a confecção do corpo
de
prova,
realizou-se
uma
fotoativação adicional por 40
segundos. Para o acabamento
foram utilizados discos de lixa
granulação média (Diamond Flex –
FGM, Brasil).
As fibras de vidro foram
recortadas com uma tesoura em
comprimento de 23mm. Para a
confecção dos corpos de prova
(GIII; GIV; GV e GVI) inseriu-se uma
camada de resina composta na
matriz metálica, posicionou-se a
fibra de vidro e inseriu-se mais uma
camada de resina composta e
posterior fotoativação por 20
segundos.
Os corpos de prova foram
armazenados
em
recipientes
plásticos com água destilada, sem
interferência de luz, a uma
temperatura de 26ºC, por um
período de 48 horas.
A resistência flexural foi
determinada com o teste de três
pontos em uma máquina de ensaio
Universal (EMIC DL-2000) com uma
carga de 100N.
Os corpos de
prova foram posicionados sobre um
suporte com 21 mm de distância
entre dois garfos. Um dispositivo em
forma de cinzel adaptado à parte
superior da máquina realizou uma
força de compressão sobre a
amostra até a sua fratura. A
velocidade
de
carregamento
aplicada é de 0,5 mm/min.
Os resultados obtidos foram
tabulados e submetidos à análise
estatística.
Resultados
Aplicou-se
os
testes
estatísticos de ANOVA e Kruskal
Wallis com nível de significância de
0,5%.
De acordo com os valores de
média encontrados, para a resina
composta Grandio apenas a fibra de
reforço Superfiber foi eficiente para
elevar sua resistência flexural, de
59,00 MPa para 98,68 MPa. Para a
resina composta Opallis ambas as
fibras de reforço utilizadas elevaram
os valores de resistência flexural
deste compósito testado, de 23,57
MPa para 43,22 e 51,92 MPa
respectivamente
Superfiber
e
Interlig.
(Tabela 1): Valores de Média e Desvio Padrão:
Grupos
Média
Desvio Padrão
GI
59,00
14,02
GII
23,57
9,79
GIII
98,68
44,02
GIV
34,05
14,13
GV
43,22
18,59
GVI
51,92
24,27
112
Discussão
Neste estudo utilizaram-se
duas fibras de vidro com indicação
clínica para reforço estrutural
Superfiber (Superdont) e Interlig
(Ângelus) e que demonstraram
serem eficientes para prover maior
resistência flexural aos compósitos
resinosos, embora para a resina
composta Grandio a fibra de vidro
Interlig mostrou-se ineficaz para
aumentar sua resistência flexural,
confirmando alguns relatos na
literatura que reforçam o propósito
clínico da utilização das fibras de
vidro para reforço (RODRIGUES,
2007).
Alguns fatores interferem na
resistência flexural do compósito
quando associado às fibras de vidro
para reforço estrutural: orientação
das fibras, quantidade de fibras,
impregnação da fibra com matriz
resinosa, adesão da fibra à resina
(UCTASLI, 2008 e ROSENTRITT,
2007).
As fibras de vidro utilizadas
com os compósitos atuam como
uma
infra-estrutura
interna
aumentando significantemente a
sua resistência à fratura e à flexão o
que se observou neste estudo, com
os grupos grupo III- Grandio/
Superfiber e VI- Opallis/ Interlig, o
que diferiu dos grupos sem
associação com as fibras de vidro
grupo I- Grandio/ Voco e grupo IIOpallis/FGM (RODRIGUES, 2007 e
AL DARWISH, 2007).
Fibras
pré-impregnadas,
como a utilizada neste estudo,
representada pela fibra de vidro
Interlig não apresentaram vantagem
sobre aos resultados de resistência
flexural quando comparados às
fibras não pré-impregnadas (DELLA
BONA, 2008).
É extremamente importante o
cirurgião-dentista
realizar
uma
seleção correta do compósito
restaurador a ser utilizado bem
como as fibras de vidro para reforço
estrutural, poderá conferir um
melhor prognóstico e longevidade
no tratamento.
Referências
- AL DARWISH, M.; HURLEY, R.;
DRUMMOND, J. L. Flexural strength
evaluation of a laboratory-processed
fiber-reinforced composite resin. J.
Prosthet. Dent. 2007;97(5):266-70.
- DELLA BONA, A.; BENETI, P.;
BORBA, M.; CECCHETTI, D.
Flexural and diametral tensile
strength of composite resins. . Braz.
Oral Res. 2008;22(1):84-9
- RODRIGUES, J.R.S.A.; ZANCHI,
C.H.; CARVALHO R.V.; DEMARCO,
F.F. Flexural strength and modulus
of elasticity of different types of
resin-based composites. Braz. Oral
Res. 2007;21(1): 16-21.
- ROSENTRITT, M. ET AL.
Experimental design of FDP made
of all-ceramics and fiber reinforced
composite.
Dent.
Mater.
2007;16(2):159-65.
- UCTASLI, M.B.; ARISU, H.D.;
LASILA, L.; VALLITTU, P.K. Effect
of preheating on the mechanical
properties of resin composites.
Eur.J.Dent. 2008;2:263-68.
- VALLITU, P.K.; SEVELIUS, C.
Resin-bonded,glass fiber reinforced
composite fixed partial dentures:a
clinical study. J.Prosthet.Dent.
2000; 84:413-18.
113
AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DE MICROORGANISMOS EM MATERIAIS
REEMBASADORES DE PRÓTESE TOTAL
Paula Aparecida Monfardini Gonçalves¹, Rachel Ferreira Belo², Natália Guedes
Ferreira³, Thales Guedes Ferreira4, Frederico dos Reis Goyatá5, Leonardo Gonçalves
Cunha6, Thalyta dos Reis Furlani Zouain Ferreira7, Shana de Mattos de Oliveira
Coelho8
¹Severino Sombra/Acadêmica do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde,
[email protected]
²Universidade Severino Sombra/Acadêmica do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde,
[email protected]
³Severino Sombra/Acadêmica do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde
4
Severino Sombra/Acadêmico do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde
5
Universidade Severino Sombra/Professor do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde,
[email protected]
6
Universidade de Taubaté/Professor do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde
7
Universidade Severino Sombra/Professora do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde,
[email protected]
8
Universidade Severino Sombra/Professor do Curso de Odontologia - Centro de Ciências da Saúde
Resumo: Este trabalho tem como objetivo avaliar a presença de microrganismos orais na
superfície de materiais reembasadores com e sem a aplicação do glaze. Os corpos de
prova foram distribuídos em quatro grupos: G1-Soft Confort sem glaze, G2-Soft Confort
com glaze, G3-Soft Confort Denso sem glaze, G4-Soft Confort Denso com glaze. Colônias
de Streptococcus spp e Lactobacillus spp foram cultivadas formando uma suspensão
bacteriana de aproximadamente 106 Unidades Formadoras de Colônias (UFC/ml) onde os
corpos de prova foram imersos e posteriormente foram diluídos em solução salina. As
placas de petri com ágar foram incubadas a 37ºC por 24 horas contendo 100ml desta
solução para posterior contagem de bactérias. As médias encontradas foram: GI=3,5
UFC/mL, GII=2,3 UFC/mL, GIII=6,1 UFC/mL, GIV=2,8 UFC/mL. Concluiu-se que os
materiais reembasadores com glaze obtiveram menor acúmulo de microrganismos orais.
Palavras-chaves: Prótese Total, Materiais Reembasadores, Microrganismos Orais.
Área do Conhecimento: Prótese
Introdução
O tratamento reabilitador com as
próteses totais removíveis requer um
planejamento
adequado
e
uma
seqüência clínica e laboratorial criteriosa
para
restabelecer
uma
função
mastigatória e estética adequadas aos
pacientes e conseqüentemente minimizar
a velocidade de reabsorção óssea
alveolar decorrente do edentulismo total.
Os
materiais
reembasadores
proporcionam estabilidade e retenção às
próteses
temporariamente
até
a
confecção de uma nova reabilitação.
Estes materiais são considerados
materiais
provisórios,
pois
sofrem
alteração superficial levando ao aumento
contínuo de sua rugosidade que facilita a
retenção de placa bacteriana. Este
aspecto influencia negativamente tanto
para a superfície dos dentes como para
os tecidos moles, determinando um
potencial irritante químico e biológico,
que
favorece
o
acúmulo
de
microorganismos.
Desta forma, este trabalho tem como
objetivo realizar uma análise quantitativa
de microrganismos orais na superfície de
dois materiais reembasadores macios
114
para próteses totais com e sem a
aplicação do glaze.
Materiais e Métodos
Foram selecionados dois tipos de
material reembasador macio para
próteses totais: Soft Confort e Soft
Confort
Denso
(Dencril,
Brasil)
manipulados de acordo com as
instruções do fabricante. Para obtenção
dos corpos de prova foi utilizada uma
matriz metálica em aço inoxidável com
dimensões de 1,5mm X 1,2mm. Após a
polimerização química do material, os
corpos de prova foram imersos em água
destilada a 60º C por 10 minutos. Em
seguida aplicaram-se duas camadas de
glaze para o Soft Confort e três camadas
para o Soft Confort Denso conforme
instruções do fabricante.
Os corpos de prova foram distribuídos
em quatro grupos teste com n: 5: GI: Soft
Confort sem Glaze; GII: Soft Confort com
Glaze; GIII: Soft Confort Denso sem
Glaze; GIV: Soft Confort Denso com
Glaze. Todos os corpos de prova foram
esterilizados em luz ultravioleta por 20
minutos.
Colônias de Streptococcus spp e
Lactobacillus spp orais foram cultivadas
em ágar Infusão de Cérebro e Coração
(BHI) durante 24 horas a 37ºC (em aero e
anaerobiose) e posteriormente repicadas
em caldo BHI e incubadas por 18hs,
formando uma suspensão bacteriana de
aproximadamente 106 UFC/mL (unidade
formadora de colônia por mililitro),
segundo a escala de Mc Farland.
Cada corpo de prova foi imerso na
suspensão bacteriana por 10 segundos e
mantidos suspensos por 30 segundos
para que pudesse ocorrer a retirada do
excesso de bactérias. Após esta etapa,
os corpos foram submersos em 9 ml de
solução salina, e cada tubo contendo
esta solução foi agitado para que as
bactérias agregadas ao corpo de provem
pudessem se liberar.
Foram realizadas duas diluições (10-1
e 10-2) e um volume de 100 ml foi
inoculado na superfície do ágar BHI
através da técnica de spread plate com
auxílio da alça de Drigalski. As placas
foram incubadas a 37ºC por 24 horas, em
condições de aerobiose e anaerobiose,
para posterior contagem bacteriana.
Os resultados obtidos foram descritos
pela média de UFC/mL de cada grupo.
Resultados
Após o tempo de incubação realizouse a contagem das colônias nas placas
que foram semeadas com a diluição 10-2.
As médias de unidades formadoras de
colônias
(UFC/ml)
encontram-se
descritas abaixo:
GI = 3,5 UFC/ml
GII = 2,3 UFC/ml
GIII = 6,1 UFC/ml
GIV = 2,8 UFC/ml
Discussão
Em prótese total, os materiais
reembasadores possuem o objetivo de
reduzir
as
forças
mastigatórias
transmitidas à base da prótese e os
tecidos de suporte adjacentes. Possuem
uma função clínica temporária de conferir
estabilidade e retenção até a confecção
definitiva de novas próteses (EDUARDO,
1997). Já Wright et al. 1998 os materiais
reembasadores observa-se um aumento
da rugosidade superficial em função do
tempo de uso clínico do material, pois, as
alterações constantes da temperatura
bucal bem como a ação de alimentos e
bebidas ácidas favorecem a perda do
agente plasticizante presente no material
e que tem a função de proteger sua
superfície.
De acordo com Waltimo, Vallitu e
Haapasalo em 2001, as próteses devem
apresentar superfícies lisas e bem
polidas com o objetivo de reduzir e
minimizar
a
presença
dos
microorganismos
orais
e
115
consequentemente a ocorrência de
doenças na cavidade bucal, além de
facilitar o processo de higiene e limpeza
das
próteses
pelos
pacientes
concordando com Dhir et al. 2007, que
afirmam que a rugosidade superficial
aumenta a área disponível para adesão
de microorganismos orais promovendo
maior formação e maturação destes sob
a base das próteses e com Cunha et al.
2009, que relatam que em superfícies
irregulares, as bactérias fixadas, podem
sobreviver mais tempo porque estarão
protegidas das forças naturais de
remoção e das medidas de higiene bucal.
Pinto et al. 2002 e Miranda et al. 2006,
afirmam que para a utilização dos
materiais reembasadores é ideal que se
realize uma impermeabilização superficial
do material com a utilização do glaze
após a aplicação e reembasamento na
boca para promover uma superfície mais
lisa e regular minimizando o acúmulo de
microorganismos
orais
e,
como
consequência, impedindo a instalação de
infecções orais concordando com os
resultados presentes neste estudo, o qual
a aplicação do glaze diminuiu a
quantidade de microrganismos presentes
na superfície da prótese.
Int J Prosthodont.V.16, n.6, p.465-472,
2007.
- Eduardo, J.V.P. Materiais Macios
Usados em Base de Prótese Total para
Reembasamento Direto e Indireto.
Revista da APCD. V.51, n.6, p. 531-533,
1997.
- Miranda, A.M.F., Okuyama, A.O.,
Eduardo, J.V.P., Machado, M.S.S.,
Araújo, M.B. Modificação de Técnica de
Inclusão de Material Resiliente em
Próteses Totais e Parciais Removíveis.
PCL. V.8, n.39, p.81-88, 2006.
- Pinto, J.R.R., Mathias, A.C., Eduardo,
J.V.P., Sinhoreti, M.A.C., Mesquita, M.F.
Estudo dos Materiais Resilientes em
Prótese Total. Revista da APCD. V.56,
n.2, p.131-134, 2002.
- Waltimo, T., Vallitu, P., Haapasalo, M.
Adherence of candida species to newly
polymerized and water-stored denture
base polymers. Int J Prosthodont. V.14,
n.5, p.457-460, 2001.
- Wright, D.S., Young, K.A., Riggs, P.A.,
Parker, S., Kalachandra, S. Evaluation
the effect of soft lining materials on the
growth of yeast. J Prosthet Dent. V.79,
p.404-409, 1998.
Conclusão
Concluiu-se
que
os
materiais
reembasadores
que
receberam
a
aplicação de glaze apresentaram um
menor acúmulo de microrganismos orais.
Referências
- Cunha, T.R., Regis, R.R., Bonatti, M.R.,
Souza, R.F. Influence of incorporation of
fluoroalkyl methacrylates on roughness
and flexural strength of a denture base
acrylic resin. J Appl Oral Sci. V.17, n.2,
p.103-107, 2009.
- Dhir, G., Berzins, D.W., Dhuru, V.B.,
Periathamby, A.R., Dentino, A. Physical
properties of denture base resins
potentially resistant to candida adhesion.
116
RESISTÊNCIA À FRATURA DE RAÍZES FRAGILIZADAS E RECONSTRUÍDAS COM
DIFERENTES TÉCNICAS ADESIVAS
Santos, VRSS1, Manta, GF2, Taira, NV, Goyatá, FRn
1
Universidade Severino Sombra/ CCS- Odontologia, [email protected]
Universidade Severino Sombra/ CCS- Odontologia, [email protected]
Universidade Severino Sombra/ CCS- Odontologia, [email protected]
n
Universidade Severino Sombra/ CCS- Odontologia, [email protected]
2
Resumo- Este trabalho terá o propósito de avaliar a resistência à fratura pelo teste de compressão
em 45 graus, de diferentes técnicas para preenchimento radicular em raízes de incisivos bovinos
fragilizadas e sugerir a melhor técnica de restauração para raízes tratadas endodonticamente e fragilizadas.
Serão preparadas 40 raízes, subdivididas em 04 grupos (n:10) : GI - núcleo metálico fundido em Ni-Cr; GII pino de fibra de vidro White Post DC 2 (FGM); GIII – pino de fibra de vidro White Post DC 2 (FGM) e pinos
de fibra de vidro acessórios White Post DCE 0,5 (FGM); GIV – pino anatômico modelado com resina
composta microhíbrida Opallis (FGM) e pino de fibra de vidro White Post DC 2 (FGM) As raízes serão
tratadas endodonticamente e obturadas com cimento de inonômero de vidro e posteriormente preparadas
com brocas de peeso número 4, simulando uma situação clínica de fragilidade de remanescente dentinário
radicular e serão mantidos 2mm de remanescente coronário cervical e padronizadas com 16mm de
comprimento. Após confecção das amostras, estas serão armazenadas por 7 dias em água destilada à
temperatura de 37 graus Celsius e realizado o teste de compressão (ISO 4049) na máquina de ensaios
universal Versat 2000, com carga de 50N e velocidade de 1mm/min.
Palavras-chave: Resistência. Raízes Fragilizadas. Técnicas Adesivas.
Área do Conhecimento: Materiais Dentários
Introdução
As restaurações indiretas totais ou parciais em
dentes tratados endodonticamente normalmente
necessitam
de
um
núcleo
intra-radicular
funcionando como um retentor para a futura
prótese.
Diversos estudos (Brandal et al, 1987)
(Martinez-Insua et al, 1998) (Heydecke et al, 2001)
convergem para a utilização de núcleos diretos ou
indiretos fibro-resinosos como uma opção clínica
para dentes tratados endodonticamente com
grande destruição coronária. Torna-se importante
observar que a quantidade de remanescente
coronário cervical é fundamental para adesão do
material de preenchimento e como dissipação das
tensões advindas da mastigação (Al-Ali et al,
2003).
Os pinos de fibra de vidro associados às
resinas compostas têm sido uma opção clínica
bastante utilizada pelos cirurgiões-dentistas, pois,
constituem-se
como
um
procedimento
relativamente simples e de baixo custo,
proporcionando um resultado clínico mais rápido e
eficiente,
com
benefícios
biomecânicos
importantes ao remanescente dental (Braga et al,
2006) (Moura et al, 2006).
Material e Métodos
Serão preparadas 40 raízes de incisivos
bovinos inferiores, subdivididas aleatoriamente em
04 grupos. As raízes serão preparadas com
brocas de Peeso número 4 do kit de pinos de fibra
de vidro White Post (FGM), simulando uma
situação clínica de fragilidade de remanescente
dentinário radicular e serão mantidos 2mm de
remanescente coronário cervical. As raízes serão
padronizadas com 16mm de comprimento, sendo
cortadas com disco diamantado dupla face em
baixa rotação com refrigeração.
Grupo 1 - Núcleo Metálico Fundido em Ni-Cr;
Grupo 2 - Pino de Fibra de vidro White Post DC 2
(FGM); Grupo 3 – Pino de Fibra de vidro White
Post DC 2 (FGM) e pinos de fibra de vidro
acessórios White Post DCE 0,5 (FGM); Grupo 4 –
Pino Anatômico modelado com resina composta
microhíbrida Opallis (FGM) e Pino de Fibra de
vidro White Post DC 2 (FGM) (Figura 1).
As raízes serão incluídas em resina acrílica
autopolimerizável incolor com auxílio de uma
matriz cilíndrica e um delineador para padronizar a
posição das raízes. Os condutos serão preparados
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
117
com broca peeso número 4 para simular um
alargamento do canal radicular.
Após o preparo do conduto radicular com broca
de Peeso, será realizado um condicionamento do
conduto radicular e remanescente coronário com
ácido fosfórico por 30 segundos, seguido de
lavagem e secagem com cones de papel
absorvente e aplicação de um sistema adesivo de
dois passos (Optibond FL- Kerr).
Para o grupo 1, será realizada uma cimentação
convencional com cimento de fosfato de zinco
(Elite- GC America) após jateamento do
componente radicular do núcleo com óxido de
alumínio 50 micrometros (Microjato -Bio Art).
A cimentação dos pinos e núcleos (G2, G3 e
G4) será feita com cimento resinoso dual (All Cem
– FGM) seguindo as instruções do fabricante.
Após confecção das amostras, as amostras
serão armazenadas por 7 dias em água destilada
a temperatura de 37 graus Celsius e realizado o
teste de compressão (ISO 4049) na máquina de
ensaios universal Versat 2000, com carga de 50N
e velocidade de 1mm/min.
Os dados serão tabulados, avaliados quanto à
homogeneidade de variância e analisados ao nível
de 5% de significância.
Odont. Bras., v. 20, Suplemento (Anais da 23ª
Reunião Anual da SBPQO) 2006.
- BRANDAL, J.L.; NICHOLLS, J.I.; HARRINGTON,
G.W. A Comparison of three restorative techniques
for endodontically treated anterior teeth. J.
Prosthet. Dent. v.8 p.161-165.
- GOYATÁ, F.R. et al. Avaliação da resistência
flexural de uma resina composta microhíbrida
reforçada por pinos de fibra de vidro. Int J Dent.
2008; 7(1):2-7.
- O’ KEEFE, K.L.; POWERS, J.M. Adhesion of
Resin Composite Core Materials to Dentin. Int. J.
Prosthod. v.14, n.5, p.451-456, 2001.
- RAMALHO, ACD et al. Estudo comparativo da
resistência radicular à fratura em função do
comprimento e da composição do pino. RFO, v.
13, n. 3, p. 42-46, 2008.
- SALGUEIRO, et al. Resistência à tração de pinos
de fibra paralelos e cônicos cimentados com
diferentes proporções de catalisador de um
cimento de dupla ativação. Revista de
Odontologia da UNESP. 2008; 37(3): 243-248.
Figura 1- Kit de Pinos de Fibra de Vidro
(WhitePost DC)
Referências
- ALBUQUERQUE, R. C. Estudo da Resistência
à Fratura de Dentes Reconstruídos com
Núcleos de Preenchimento. Efeito de Materiais
e Pinos (Dissertação). Araraquara: Universidade
Estadual Paulista, 2005.
- AL-ALI K.; YOUSEF T.; ABDULJABBAR T.;
OMAR R. Influence of Timing of Coronal
Preparation on Retention of Cemented Cast Posts
and Core. Int. J. Prosthod. v.16, n.3, p.290-293,
2003.
- BRAGA, A.S.P.; ROCHA, P.V.B.; MENDES, V.
Estudo da Resistência à Fratura de Caninos
Superiores
Tratados
Endodonticamente
Restaurados por dois Sistemas de Núcleos. Pesq.
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
118
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
119
PERCEPÇÃO DOS LÍDERES COMUNITÁRIOS SOBRE PARTICIPAÇAO POPULAR
NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Bernardo de França Paula1, Margarida Maria Donato dos Santos2
1
Universidade Severino Sombra / Curso de graduação em Enfermagem
[email protected]
2
Universidade Severino Sombra / docência do curso de enfermagem
RESUMO – O presente estudo consiste em um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
que aborda a percepção dos líderes comunitários sobre a participação popular no Sistema
Único de Saúde (SUS). A presente pesquisa tem por objetivo conhecer a percepção dos
líderes comunitários sobre as ações de participação popular em saúde. Trata-se de uma
pesquisa do tipo qualitativa direcionada aos presidentes de associação de moradores do
município de Vassouras. Os resultados apontam que os líderes apresentam uma visão
reducionista de assistência à saúde em nível local, o que provalmente reflete a opinião da
sociedade como um todo.
Palavras-chave: Líderes comunitários, participação popular, Sistema Único de Saúde.
Área do Conhecimento: Saúde Pública
Introdução
O presente estudo consiste em um
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC)
que aborda a percepção dos líderes
comunitários sobre a participação popular
no Sistema Único de Saúde (SUS). A
participação da população é um dos eixos
principais na estruturação do Sistema
Único de Saúde (SUS), representando um
componente central e prioritário na
formulação do setor de saúde. “O sucesso
na implementação de qualquer nova
política depende de diversos elementos,
entre eles, os interesses e opiniões dos
atores principais envolvidos e que nem
sempre são considerados” (VAZQUEZ,
2003).
A participação do usuário nos serviços
de saúde é garantida pela Lei nº 8.142,
que dispõe sobre a participação da
comunidade na gestão do SUS e sobre as
transferências intergovernamentais de
recursos financeiros na área da Saúde
(Lei nº 8.142,1990). Baseado no conteúdo
exposto algumas questões se fazem
necessárias para nortear este estudo: o
usuário compreende qual o seu papel em
relação aos profissionais que os
assistem? Quais ações desempenham no
desenvolvimento das ações do SUS? E
quais as concepções pertinentes a sua
participação popular e cidadania?
Mediante esse contexto a presente
pesquisa tem como objeto de estudo a
visão dos líderes comunitários sobre a
participação popular em saúde e por
objetivos conhecer a percepção dos
líderes comunitários sobre as ações de
participação popular em saúde e analisar
os conceitos e atitudes dos diferentes
atores sociais em relação à participação
da população na gestão dos serviços de
saúde em nível local.
Materiais e Métodos
Trata-se de uma pesquisa do tipo
qualitativa
direcionada
aos
líderes
comunitários (associações de moradores)
do município de Vassouras. Segundo
MINAYO (2001) a pesquisa qualitativa
“trabalha com o universo de significados,
motivos, aspirações, crenças, valores e
atitudes, o que corresponde a um espaço
120
mais profundo das relações, dos
processos e dos fenômenos”, o que
justifica a adoção deste método. Foi feita
uma entrevista semi-estruturada com
aspectos relacionados à temática. O
diálogo foi gravado em mp3 e transcrito
para análise. Será oferecido um termo de
consentimento
afim
de
que
os
participantes
estejam
cientes
dos
objetivos do estudo. A pesquisa foi
encaminha ao comitê de ética, de acordo
com a resolução 196/96 sem ônus nem
prejuízo à saúde do entrevistado. Sendo
garantido seu anonimato. A análise foi
feita sob a ótica das políticas públicas de
saúde e sob o método de análise de
conteúdo (BARDIN, 2000).
Resultados
O estudo foi feito com presidentes de
associações dentro do município de
Vassouras, com um total de 6 líderes.
33,33% (02) dos entrevistados eram do
sexo feminino e 66,67% (04) do sexo
masculino.
Em relação à idade dos sujeitos, 50%
(03) pertenciam a faixa etária de 40-50
anos, 16,66% (01) a faixa etária de 51-60
anos e 33,34% (02) a faixa etária de 6170 anos.
Os líderes procuravam as Unidades
Básicas de Saúde para resolver situações
alheias, porém todas relacionadas à
consultas, exames e medicamentos.
Num geral, a maioria dos entrevistados
(66,67%) dos entrevistados não conhecia
mecanismos institucionais de participação
como o conselho municipal de saúde. Foi
perceptível que os participantes faziam
várias
criticas
ao
SUS
quando
questionado em relação ao seus direito e
deveres.
Discussão
O fato de os lideres recorrem ao
serviço de saúde à nível local com o
intuito
de
resolver
pendências
relacionadas à consultas, exames e
medicamentos pode ser explicado pela
desconhecimento das políticas publicas
de saúde. Portanto é fundamental que o
profissional de saúde crie mecanismo de
participação popular que envolvam cogestão, abordando outros aspectos além
dos
acima
citados
(CAMPOS
&
WENDHAUSEN, 2007)
Um outro fator agravante que deve ser
levado em consideração ao discutir
participação comunitária é o fato de a
cidade ser interiorana, podendo ocorrer a
presença
de
características
como
paternalismo e clientelismo (BISPO
JUNIOR & SAMPAIO, 2008)
Referencias
− BARDIN, Laurence. Análise de
conteúdo. Lisboa: Edições 70,
2000. 225 p.
− BISPO JUNIOR, José Patrício;
SAMPAIO, José Jackson Coelho.
Participação social em saúde em
áreas rurais do Nordeste do Brasil.
Rev Panamericana de Saúde
Pública, Washington, v. 23, n.
6, Junho 2008
− BRASIL, 1990b. Lei 8.142, de 28
de dezembro de 1990. Dispõe
sobre
a
participação
da
comunidade na gestão do Sistema
Único de Saúde - SUS e sobre as
transferências intergovernamentais
de recursos financeiros na área da
saúde e dá outras providências.
Brasília: Diário Oficial da República
Federativa do Brasil, no 249, de 31
dez., pp. 25694-25695.
− CAMPOS,
Luciane;
WENDHAUSEN,
Agueda.
Participaçãoem saúde: concepções
e práticas de trabalhadores de uma
equipe da estratégia de Saúde da
Família.
Texto
contexto
enfermagem, Florianópolis, v. 16,
n. 2, Junho 2007.
− MINAYO, Maria Cecília de Souza.
Pesquisa social: teoria, método e
criatividade. 18. ed. Petrópolis:
121
Vozes, 2001. pág. 21-22.
− VAZQUEZ, Maria Luisa et al.
Participação social nos serviços de
saúde: concepções dos usuários e
líderes comunitários em dois
municípios do Nordeste do Brasil.
Cad. Saúde Pública,
Rio de
Janeiro, v. 19, n. 2, Abril. 2003.
122
VIII ENIC – USS 2009
AVALIAÇÃO DA ADEQUAÇAO DA ROTULAGEM DE CREME DE LEITE UHT
COMERCIALIZADOS NO MUNICÍPIO DE TRÊS RIOS - RJ, BRASIL
Tainá Silvestre ¹, Sheila Ventura ², Pedro H. N. Resende2, Marcone R. S. Mendes2,
Lucas C. Feres2, Marjorie Toledo Duarte ³
¹ Universidade Severino Sombra/ Curso de Ciências Biológicas, [email protected]
² Universidade Severino Sombra/ Curso de Medicina Veterinária
³ Universidade Severino Sombra/ Curso de Medicina Veterinária
Resumo- A demanda de creme de leite UHT tem aumentado significativamente. Diversas empresas
diversificaram e aumentaram sua produção, visto que o consumidor, cada vez mais exigente, almeja cremes
com ampla faixa de teor de gordura. O objetivo do presente estudo foi verificar a adequação da rotulagem
de 10 amostras de creme de leite comercializados em estabelecimentos varejistas da cidade de Três RiosRJ frente à legislação vigente. Em relação à lista de ingredientes, conteúdo líquido, identificação de origem,
nome ou razão social, CNPJ, endereço e categoria do estabelecimento fabricante, carimbo oficial da
inspeção federal, prazo de validade, instruções de conservação, marca comercial e composição do produto,
verificou-se conformidade para todas as amostras. A apresentação incorreta ou a ausência do lote foi
observada em 6 amostras. Quanto à data de fabricação, apenas 1 amostra não apresentava a mesma.
Associam-se também não conformidades em 2 amostras, os itens referentes às informações sobre
denominação de venda e medida caseira.
Palavras-chave: creme de leite, rotulagem, legislação.
Área do Conhecimento: tecnologia de produtos de origem animal.
Introdução
A qualidade dos produtos alimentícios e
sua influência sobre a nutrição e saúde humana
vêm merecendo lugar de destaque no meio
científico (SILVA e NASCIMENTO, 2007). Dentre
estes, destaca-se o creme de leite, uma emulsão
de gordura em leite. Produto de composição
muito similar a do leite integral, exceto pela alta
quantidade de gordura de leite que é adicionada
para caracterizar o tipo de creme a ser produzido.
Com a demanda de creme de leite UHT
crescente, diversas empresas diversificaram e
aumentaram sua produção para agradar ao
consumidor que almeja cremes com maior
variedade de faixas de teor de gordura. O creme
com baixo teor de gordura (12-18%) pode ser
adicionado ao café e o com alto teor de gordura
(35-48%) pode ser utilizado no preparo de doces
e sobremesas (MOURA, 2001).
A ampla variedade do produto disponível
no mercado atual requer uma rotulagem eficaz e
precisa, que ofereça ao consumidor subsídios
para a correta escolha do alimento e identificação
da presença de possíveis riscos à saúde,
dependendo de sua condição fisiológica ou
patológica.
O objetivo do presente estudo foi verificar
a adequação da rotulagem de creme de leite UHT
comercializados em estabelecimentos varejistas
da cidade de Três Rios-RJ segundo à legislação
vigente.
Material e Métodos
As amostras foram selecionadas ao
acaso, sendo adquiridas no comércio varejista da
cidade de Três Rios-RJ, no período de setembro
de 2009.
Analisaram-se 10 rótulos de amostras de
creme de leite UHT de procedência nacional e de
diferentes fabricantes e marcas. As amostras
foram identificadas com pequenas etiquetas
brancas numeradas de modo a não serem
confundidas. As etiquetas foram fixadas em locais
sem descrições do produto ou outros detalhes
importantes da embalagem. Após a identificação
das amostras, verificou-se a concordância da
rotulagem
destas
com
os
parâmetros
estabelecidos pela Instrução Normativa nº. 22, do
Ministério
da
Agricultura,
Pecuária
e
Abastecimento – MAPA (BRASIL, 2005),
Resolução da Diretoria Colegiada nº. 359 e 360,
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária –
ANVISA (BRASIL, 2003) e a Portaria nº. 146, do
Ministério
da
Agricultura,
Pecuária
e
Abastecimento – MAPA (BRASIL, 1996).
Resultados
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
Em relação à lista de ingredientes,
conteúdo líquido, identificação de origem, nome
ou razão social, CNPJ, endereço e categoria do
estabelecimento fabricante, carimbo oficial da
inspeção federal, prazo de validade, instruções de
conservação, marca comercial e composição do
produto, verificou-se conformidade para todas as
amostras. A apresentação incorreta ou ausência
do lote foi observada em 6 amostras. Quanto à
data de fabricação, apenas 1 amostra não
apresentava a mesma. Associam-se também em
não conformidades em 2 amostras, os itens
referentes às informações sobre denominação de
venda e medida caseira.
Discussão
Um dos grandes anseios do consumidor,
ao adquirir produtos, por qualquer razão que seja,
é estes serem confiáveis; para isto, é preciso que
as informações apresentadas pelos fabricantes
sejam fidedignas. Se, ao contrário, estas
informações forem falsas, ambíguas, confusas ou
vagas, o consumidor será lesado moral e
financeiramente, além de sofrer riscos à sua
saúde (GIESEL, 2009).
Silva e Nascimento (2007), avaliando
rótulos de iogurtes, verificaram que em 5% das
amostras não havia a data de fabricação ou prazo
de validade. Cabe ressaltar, que ambas as
informações podem ser relevantes para o
consumidor.
Castro (2008), analisando rótulos de doce
de leite, constatou que das 14 marcas
observadas, 9 apresentavam o selo da Inspeção
Federal (SIF). Registram-se nesse serviço os
estabelecimentos que comercializam produtos
entre estados ou para exportação.
Silva e Nascimento (2007), verificaram
também que, no caso específico dos iogurtes, a
apresentação incorreta do lote foi observada em
70% das amostras. De acordo com a Instrução
Normativa nº. 22, esta informação deverá ser
descrita com um código - chave precedido pela
letra “L”. A identificação do lote é importante para
facilitar a rastreabilidade do produto, caso
ocorram quaisquer problema que tornem
necessário o recolhimento dos mesmos.
Referências
- BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Instrução Normativa nº. 22, de 24
de novembro de 2005. Aprova o regulamento
técnico para rotulagem de produto de origem
animal embalado. Diário Oficial da União,
Brasília, DF, 25 nov.2005, Seção 1, p. 15.
- BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional
de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº. 359,
de 23 de dezembro de 2003. Aprova regulamento
técnico sobre porções de alimentos embalados
para fins de rotulagem nutricional. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 26 dez. 2003b. Disponível
em:
<http://elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=
9058&word=>. Acesso em: 20 set. 2009.
- BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional
de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº. 360,
de 23 de dezembro de 2003. Aprova regulamento
técnico sobre rotulagem nutricional de alimentos
embalados, tornando obrigatória a rotulagem
nutricional. Diário Oficial da União, Brasília, DF,
26 dez. 2003c. Disponível em: <http://elegis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=
9059&word=>. Acesso em: 20 set. 2009.
- BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. Portaria nº 146, de 7 de março de
1996. Regulamento técnico de qualidade e
identidade de creme de leite. Disponível em:
http://extranet.agricultura.gov.br/sislegisconsulta/servlet/VisualizarAnexo?id=4327.
Acesso em: 20 set. 2009
- CÂMARA, M.C.C.; MARINHO, C.L.C.; GUILAM,
M. C.; BRAGA, A.M.C.B. A produção acadêmica
sobre a rotulagem de alimentos no Brasil. Revista
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23, n. 1, p. 52-58, jan. 2008.
- CASTRO, P. L.; BRANDÃO,C.O.; LEAL, D.I. B.;
MORAES, T.P.N.; COSTA, P.A.; MACEDO, N.A.
Avaliação da conformidade dos rótulos de doce
de leite comercializados no município de
Teresina- PI, 2008. Universidade Federal do
Piauí, 2008.
Disponível em
http://www.sovergs.com.br/combravet2008/anais/
cd/resumos/ro740-1.pdf. Acesso em: 21 set.
2009.
- GIESEL, T.; Análise de rotulagem de leite
integral UHT comercializado no Distrito
Federal. Brasília, 2009. 37 f. Trabalho de
conclusão de curso (Curso de Pós - graduação
em Vigilância Sanitária e Controle de Qualidade
dos Alimentos) – Universidade Castelo Branco/
Quallitas, Brasília, 2009.
- SILVA, E.B.; NASCIMENTO, K.O. Avaliação da
adequação da rotulagem de iogurtes. CERES, v.
2, n. 1, p. 9-14, 2007.
AVALIAÇÃO DO FRESCOR DE CORVINA (Micropogonias furniere) E PEIXEESPADA (Trichiurus lepturus) E SUAS CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO
Sheila de F. Ventura1, Lucas C. Feres2, Tainá Silvestre3, Marcone R. S. Mendes2,
Pedro Henrique N. Resende2, Marjorie T. Duarte4
1
Universidade Severino Sombra/Medicina Veterinária, [email protected]
2
Universidade Severino Sombra/Medicina Veterinária
3
Universidade Severino Sombra/Ciências Biológicas
4
Universidade Severino Sombra/Medicina Veterinária
Resumo - As condições sanitárias na comercialização de pescados nem sempre estão inseridas dentro dos
padrões adequados de higiene para garantir a segurança alimentar do consumidor e qualidade do produto.
Um estudo sobre o frescor de Corvina (Micropogonias furniere) e peixe Espada (Trichiurus lepturus) assim
como suas condições de armazenamento para venda, foi realizado no mês de setembro de 2009 em
estabelecimentos varejistas no município de Barra do Piraí – RJ, Brasil. Pôde observar que um dos
estabelecimentos estava em desacordo com a legislação vigente quanto às condições higiênico-sanitárias e
o aspecto sensorial dos pescados em questão.
Palavras chave: condições higiênico-sanitárias, análise sensorial, pescado
Área do conhecimento: Inspeção Sanitária de Produtos de Origem Animal
Introdução
Entre os alimentos de origem animal, o
pescado caracteriza-se pelo elevado potencial de
deterioração se exposto a condições inadequadas
de armazenamento (Leitão et al. 1997). Portanto,
é recomendável conservá-lo em condições
adequadas de higiene e em temperatura próxima
a 0ºC, a fim de manter a qualidade microbiológica
e sensorial por maior período de tempo (Agnese
et al. 2001).
A comercialização inadequada de produtos de
origem animal aumenta os riscos de consumo
para o homem. Quando o alimento em questão é
o pescado, devido a sua natureza extremamente
perecível, são exigidos cuidados especiais em
relação a sua manipulação, que deve iniciar no
processo de captura, até a estocagem e
comercialização (GALVÃO, 2006).
Diante deste relato, este trabalho teve como
objetivo avaliar o grau de frescor de Corvina
(Micropogonias furniere) e peixe Espada
(Trichiurus lepturus), assim como suas condições
de venda em estabelecimentos varejistas que
comercilaizam pescado no município de Barra do
Piraí – RJ, Brasil.
Material e Métodos
A pesquisa fundamentou-se em análise
investigativa, através de observação e avaliação
dos pescados nos estabelecimentos identificados
como A e B. Utilizou-se como ferramenta de
apoio um “check-list” baseado no item 4 da
portaria nº185, de 13 de maio de 1997 do MAPA
e na RDC nº216 de 15 de setembro de 2004 da
ANVISA.
A fonte de dados foi coletada através de uma
visita técnica aos estabelecimentos supracitados.
Como fonte de dados primários avaliou-se as
condições higiênico-sanitárias do ambiente e
manipulador, produtos utilizados no setor e se os
estabelecimentos adotavam boas práticas de
fabricação. Como dados secundários analisaramse as condições sensoriais do frescor de Corvina
e Peixe-espada através dos seguintes itens:
aparência da pele, olhos, guelras, abdome, união
das escamas e consistência da carne.
Resultados
Quanto às condições higiênico-sanitárias:
estabelecimento A: 1-setor: era bem organizado,
limpo, sem presença de animais ou moscas,
possuía controle de pragas e vetores eficiente e
os materiais utilizados no setor eram permitidos
pela legislação. 2-manipuladores: estes tinham
asseio
pessoal
e
utilizavam
todos
os
equipamentos de proteção individual como luvas,
gorro, máscara, avental e roupas adequadas e
limpas. Não foi observado nenhum tipo de adorno
nos manipuladores. 3-higiene do alimento: a
refrigeração era realizada através de gelo picado
coberto por todo produto acondicionado em
caixas plásticas em ótimo estado de conservação,
obedecendo
à
legislação
vigente;
estabelecimento B: 1-setor: desorganizado devido
à comercialização de doces e outros produtos
VIII ENCONTRO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNIVERSIDADE SEVERINO SOMBRA - 2009
125
cárneos, não havia lixeira no setor, a água
utilizada para lavagem do pescado, das mãos e
utensílios era a mesma e se encontrava
acondicionada em um tambor de cem litros.
Observou-se também presença de materiais e
produtos não permitidos pela legislação como
panos de pia, sabão em pó e detergente, o
estabelecimento não adotava um controle de
pragas e vetores, era abundante a presença de
dípteros. 2-manipuladores: os dois funcionários
do setor não utilizavam nenhum equipamento de
proteção individual, faltava-lhes asseio pessoal e
possuíam adornos, não respeitando à legislação.
3-higiene do alimento: o pescado não era
refrigerado, pois se encontrava armazenado em
um freezer horizontal, desligado, sem gelo e
aberto ficando exposto à atividade de moscas.
Em relação aos aspectos sensoriais de Peixeespada (Trichiurus lepturus): estabelecimento A:
aparência da pele com pigmento vivo sem
descoloração; escamas unidas entre si e bem
aderidas à pele, translúcida e com brilho metálico;
os olhos abaulados, com pupila negra e viva e
córnea transparente; guelras de coloração viva
sem presença de muco; abdome tenso sem
diferença externa com a linha ventral e carne
firme e elástica com superfície macia. O pescado
estava fresco e seguro para alimentação.
Estabelecimento B: a pele se apresentava com
hematomas e rupturas; olhos convexos de pupila
negra e baça e córnea ligeiramente opalescente;
as guelras acinzentadas em descoloração;
abdome flácido; carne mole com superfície
rugosa. Neste estabelecimento (B) o pescado
estava deteriorado e impróprio para o consumo.
Quanto aos aspectos sensoriais da Corvina
(Micropogonias furniere): estabelecimento A:
aparência da pele com pigmento vivo, mas sem
brilho; olhos convexos, com pupila negra e baça e
córnea ligeiramente opalescente; escamas
ligeiramente unidas entre si e menos brilho
metálico; guelras de coloração menos viva com
muco transparente; abdome ligeiramente flácido e
carne menos elástica. Observou-se que o
pescado em questão estava em estágio de início
deterioração. Estabelecimento B: aparência da
pele com manchas e rupturas; escamas sem
brilho e soltas; olhos côncavos no centro, pupila
cinzenta e córnea leitosa; guelras amareladas;
abdome flácido; e carne flácida e rugosa. Nota-se
que não é seguro a compra deste pescado no
estabelecimento (B).
Discussão
RODRIGUES et. ao avaliar corvinas em dois
supermecados observou que das 24 amostras
seis estavam com os olhos inadequados (25%),
cinco com abdome flácido (20,83%), seis
desprendendo escamas com facilidade (25%).
Quatro apresentavam todas as alterações
concomitantes (16,7%). Os demais apresentavam
- se em condições organolépticas adequadas.
comercialização de pescados se deve às
condições de armazenamento do produto.
Pela portaria nº185 de 13/05/1997 do MAPA
os materiais que são utilizados para acondicionar
os pescados devem ser armazenados em
adequadas condições higiênico-sanitárias e não
deverão transmitir ao produto substâncias que
alterem suas características próprias.
Leitão et al. (1983), relataram a importância do
armazenamento
em
temperaturas
de
refrigeração no processo de formação de
histamina, uma vez que estas em condições
inadequadas e contendo substrato e temperatura
tem sua formação relativamente alta, no qual
concordamos, se fazendo necessário avaliar os
métodos de obtenção do pescado, a fim de
comprovar os problemas ligados à captura e
principalmente, ao armazenamento.
A conservação do pescado fresco era
realizada com gelo em escamas e em
abundância, sendo a procedência do gelo
conhecida e este era adquirido de fábricas de
gelo devidamente registrados no Serviço de
Vigilância Sanitária Municipal ou de Indústrias de
Beneficiamento de Pescado sob de Inspeção
Federal. (FARIAS, 2006).
A RDC nº216 de 15/09/2007 preconiza que os
manipuladores
possuam
asseio
pessoal,
apresentando-se com uniformes compatíveis à
atividade, conservados e limpos.
Referências
- AGNESE, A.P., OLIVEIRA, V.M., SILVA, P.P.O.
e OLIVEIRA, G.A. 2001. Contagem de bactérias
heterotróficas aeróbias mesófilas e enumeração
de coliformes totais e fecais em peixes frescos
comercializados no município de Seropédica –
RJ. Revista Higiene Alimentar 15: 67-70.
- BRASIL, Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento. Portaria Nº 185 de 13/05/97.
Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade
de Peixe Fresco (Inteiro e Eviscerado). Brasília –
DF, 1997.
- BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de
Vigilância Sanitária. Resolução RDC n° 216, de
15 de setembro de 2004. Regulamento Técnico
de Boas Práticas para Serviços de Alimentação.
Disponível em: www.anvisa.gov.br
- FARIAS, M. C. Avaliação das condições
higiênico-sanitárias do pescado beneficiado
em indústrias paraenses e aspectos relativos
à exposição para consumo em Belém – Pará.
2006. 67 f. Dissertação ( Mestrado em Ciência
animal) - Universidade Federal do Pará. Belém
- Pará, 2009.
- GALVÂO, J. A. Boas Práticas de Fabricação: da
despesca ao beneficiamento do
pescado.Disponívelem<ftp://ftp.sp.gov.br/ftppesca
/IIsimcope/oficina_juliana_galvao.pdf>
Acesso em: setembro de 2009.
LEITÃO,
M.F.F.,
RIOS,
D.P.F.A.,
GUIMARÃES, J.G.L., BALDINI, V.L.S. &
MAINARDES PINTO, C.S.R. 1997. Alterações
químicas e microbiológicas em Pacu (Piaractus
mesopotamicus) armazenado sob refrigeração a
5ºC. Ciência e Tecnologia de Alimentos 17:
160-166.
- RODRIGUES, et. al. Avaliação das condições
sensoriais do pescado comercializado em
supermercados da Cidade do Rio de Janeiro.
Anais do II Congresso Latino-americano de
Higienistas de Alimentos - VIII Congresso
Brasileiro de Higienistas de Alimentos e do I
Encontro Nacional de Centros de Controle de
Zoonozes, Búzios, 2005.
VIII ENIC – USS 2009
INFLUÊNCIA DA PRESENÇA DO BEZERRO NO MOMENTO DA ORDENHA SOBRE O
DESEMPENHO PRODUTIVO DE VACAS MESTIÇAS HOLÂNDES- ZEBU
Tainá Silvestre ¹, Sheyla Ventura ², Marjorie Toledo Duarte ³, Marcos Macedo
Junqueira 4
¹ Universidade Severino Sombra/ Curso de Ciências Biológicas, [email protected]
² Universidade Severino Sombra/ Curso de Medicina Veterinária
³ Universidade Severino Sombra/ Curso de Medicina Veterinária
4
Embrapa Gado de Leite
Resumo- A produção de leite, como qualquer atividade produtiva, deve gerar lucro ao produtor, de modo a
mantê-lo na atividade. O lucro da atividade é função da produtividade, dos custos de produção e do preço
do leite pago ao produtor, principalmente. O objetivo do presente estudo foi avaliar a presença do bezerro
no momento da ordenha sobre a produção de leite de vacas mestiças Holandês- Zebu. Foram utilizadas 30
vacas multíparas, distribuídas em dois tratamentos: T1) vacas ordenhadas com a presença constante do
bezerro e T2) vacas ordenhadas sem a presença do bezerro. No sistema de aleitamento natural (15 vacas),
o bezerro permanecia ao lado da vaca antes a após a ordenha. No aleitamento artificial (15 vacas), os
bezerros eram apartados ao nascimento, sendo aleitados a balde. A produção de leite total no T1 foi de
247,9 kg/leite, representando uma média de 16,52 kg/vaca/dia. Já no T2, a produção de leite total foi de
149,9 kg/leite, correspondendo a uma média de 9,99 kg/vaca/dia.
Palavras-chave: produção de leite, ordenha com e sem bezerro.
Área do Conhecimento: produção animal.
Introdução
Grandes desafios são postos para a
humanidade neste século XXI, entre eles o de
produzir alimentos para uma população em
constante crescimento, sem degradar os recursos
naturais e o meio ambiente. A produção de leite,
como qualquer atividade produtiva, deve gerar
lucro ao produtor, de modo a mantê-lo na
atividade. (CORDEBELLA, 2003).
Em sistemas de produção de leite
utilizando raças especializadas, como a
Holandesa, cuja as vacas produzem leite
normalmente na ausência da cria, predomina o
aleitamento artificial do bezerro, sendo estes
separados das mães após o nascimento e
aleitados a balde ou mamadeira. Já em rebanhos
mestiços Holandês- Zebu, predominantes no
Brasil, a presença do bezerro no momento da
ordenha (apojo), é a prática mais usual.
(CAMPOS et al. 1993a; MADALENA et al. 1997).
De acordo com Bar - Peled et al. (1995),
a permanência do bezerro durante a ordenha
estimula a produção de ocitocina endógena,
resultando em uma maior produção láctea, e o
contato do bezerro após o término da ordenha
contribui para a retirada do leite residual da
glândula mamária (ARAÚJO, et al. 2009;
BRANDÃO et al. 2008).
O objetivo do presente estudo foi avaliar a
presença do bezerro no momento da ordenha
sobre a produção de leite de vacas mestiças
Holandês-Zebu.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no Campo
Experimental do Centro Nacional de Pesquisa de
Gado de Leite (CNPGL), Barão de Juparanã- RJ,
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,
no período de agosto de 2008.
Foram utilizadas 30 vacas mestiças
Holandês- Zebu, multíparas, distribuídas em dois
tratamentos:
aleitamento
natural
(T1)
e
aleitamento artificial (T2).
As vacas do T1 foram ordenhadas com a
presença constante do bezerro, ou seja, ele foi
levado à vaca para promover a descida do leite,
iniciando-se a ordenha com o bezerro
permanecendo amarrado ao seu lado até o final.
Já as vacas do T2, eram ordenhadas sem a
presença dos bezerros, que recebiam leite em
baldes. Após cada ordenha, as vacas eram
levadas para os pastos, enquanto os bezerros
eram reconduzidos às suas instalações.
Para tal avaliação, foi realizado o controle
leiteiro mensal dos animais.
Resultados
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
Os dados de produção de leite no mês de
agosto são apresentados na tabela 1. A produção
de leite total e a produção média diária foram
influenciados pela presença do bezerro na sala
de ordenha.
Tabela 1- Produção total de leite (kg) e produção
média diária de leite (kg) de vacas mestiças
Holandês-Zebu submetidas a diferentes manejos
durante a ordenha
Grupos
experimentais
Produção
total de leite
(kg)
Produção
média
diária de
leite (kg)
T1- presença
do bezerro
247,9
16,52
T2- ausência
do bezerro
149,9
9,99
Discussão
A produção de leite depende de diversos
fatores, como potencial genético da vaca, que
deve estar associada a uma dieta de boa
qualidade
e
adequada
disponibilidade
(BRANDÃO et al. 2008).
Vários autores (EVERITT et al., 1968;
UGARTE e PRESTON, 1973; PEREZ et al., 1983;
ARAÚJO et al. 2009) verificaram maior produção
de leite para vacas que amamentavam, em
relação àquelas sem bezerro ao pé (CAMPOS et
al. 1993a).
Por outro lado, González et al. (1986) não
encontraram diferenças significativas na produção
de leite(CAMPOS et al. 1993a).
Agradecimento: Embrapa Gado de Leite
Referências
- ARAÚJO, W.A.G.; CARVALHO, C.G.V.;
MARCONDES, M.I.; SACRAMENTO, A.J.R.;
LANA, R.P. Ocitocina exógena na produção,
qualidade e composição do leite em vacas meio
sangue (holandês x gir) com e sem a presença do
bezerro. In. Anais 46º Reunião Anual da
Sociedade Brasileira de Zootecnia, Maringá,
PR, 2009.
- BRANDÃO, F.Z.; RUAS, J.R.M.; FILHO, J.M.S.;
BORGES, L.E.; FERREIRA, J.J.; CARVALHO, B.
C.; NETO, A.M.; AMARAL, R. Influência da
presença do bezerro no momento da ordenha
sobre o desempenho produtivo e incidência de
mastite subclínica de vacas mestiças
Holandês- Zebu e desempenho ponderal dos
bezerros. Revista Ceres, v. 55, n.6, p. 525-531,
2008
- CAMPOS, O.F.; LIZIEIRE, R.S.; DEREZ, F.
Sistemas de aleitamento natural controlado ou
artificial. I. Efeitos na performance de vacas
mestiças holandês- zebu. Rev. Bras. Zootec., v.
22, n.3, p. 413-423, 1993.
- CORDEBELLA, A. Contagem de células
somáticas e produção de leite em vacas
Holandês confinadas. 2003. 99f. Tese
(Doutorado) – Escola Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz, Piracicaba, 2003.
- MADALENA. F.E.; ABREU, F.E.; SAMPAIO,
I.B.M. Práticas de cruzamentos em fazendas
leiteiras afiliadas à Cooperativa Central de
Produtores Rurais de Minas Gerais. Rev. Bras.
Zootec., v.26, n.5, p. 924-934, 1997.
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES ELETROCARDIOGRÁFICAS NOS PACIENTES
ADMITIDOS COM DOR TORÁCICA
Autor: Rafael Ricardo da Silva Miranda Zapata
Co-autor: Octávio Drummond Guina
Orientador: Marlon M. Vilagra
Universidade Severino Sombra/Liga de Cardiologia e UDT, [email protected]
Resumo
Vários estudos demonstram que a sensibilidade do eletrocardiograma(ECG) para o
diagnóstico de IAM, na admissão da emergência, é de 45-60% quando utilizamos o
supradesnivelamento do segmento ST como critério de diagnóstico. Este fato comprova
que muitos exames de ECG não apresentam alterações significantes nos pacientes
infartados. Por isso, a grande importância de realizar ECGs seriados, afim de aumentar a
sensibilidade do exame. Este estudo, realizado na Unidade de Dor Torácica(UDT) do
Hospital Universitário Sul-Fluminense teve como objetivo analisar os ECG realizados em
pacientes que apresentavam dor anginosa ou provavelmente anginosa na admissão. O
estudo provou que do total de 202 pacientes, 76(32,2%) apresentavam o ECG normal.
Este dado reafirma a importância do ECG seriado, já que muitos pacientes com o ECG
normal poderiam estar apresentando Infarto Agudo do Miocárdio e não serem
diagnosticados.
Palavras-chave: Cardiologia, Eletrocardiograma, IAM.
Área do Conhecimento: Medicina 40100006
Cardiologia 40101100
Introdução
Material e Métodos
Vários estudos demonstram que a
sensibilidade do eletrocardiograma(ECG)
para o diagnóstico de IAM, na admissão
da emergência, é de 45-60% quando
utilizamos o supradesnivelamento como
critério de diagnóstico, indicando que
perto da metade dos pacientes com
infarto não são diagnosticados com um
único eletrocardiograma na admissão. A
sensibilidade aumentará para cerca de
70% se utilizarmos alterações do ECG do
tipo infradesnivelamento de ST e
alterações isquêmicas de onda T.
Aumentará ainda para 95% se utilizarmos
ECGs seriados, com intervalos de 3-4
horas, nas primeiras 12 horas de
internação na unidade de emergência.
Foram analisadas 202 anamneses de
pacientes com dor torácica que deram
entrada ao serviço de emergência do
Hospital Universitário, a partir destas
foram classificados em dor tipo A
(tipicamente
anginosa)
e
tipo
B
(provavelmente anginosa) e analisados os
traçados
eletrocardiográficos
destes.Todos os pacientes assinaram um
termo
de
consentimento
livre
e
esclarecido para a participação do
trabalho científico.
Resultados
Dos 202 pacientes, 75(37,1%) foram
classificados como dor tipo A e
127(62,9%) como dor tipo B. Do total de
ECGs realizados, 76(32,2%)
1
apresentaram traçado normal, 78(34,1%)
tiveram
supradesnivelamento
do
segmento ST, 29(12,7%) apresentaram
infradesnivelamento do segmento ST,
20(8,7%) apresentaram inversão de onda
T, 20(8,7%) obtiveram bloqueio de ramo
esquerdo e outros 6(2,6%) apresentaram
onda T inespecífica.
Discussão
Analisando os resultados, uma taxa
significativa
dos
ECG
obtiveram
resultados normais, fato este que
demonstra a importância da realização de
ECGs seriados afim de aumentar a
sensibilidade
e
especificidade
do
diagnótico de IAM, já que o ECG normal
de admissão não exclui tal diagnóstico.
Além disso, as diferentes alterações no
ECG, juntamente com a clínica e enzimas
cardíacas influenciam na terapêutica
adotada.
Período de 1999 a 2003, Ischemic Heart
Disease Lethalities in the State of Rio de
Janeiro between 1999 and 2003. Número
2 – Volume 86 – Ano 2006.
-National Heart Attack Alert Program
Coordinating Committee 60 Minutes to
Treatment Working Group. Emergency
department: rapid identification and
treatment
of
patients
with
acute
myocardial infarction. Ann Emerg Med
1994; 23:311-29.
Referências
-III Diretriz sobre Tratamento do Infarto
Agudo do Miocárdio; Arquivos Brasileiros
de Cardiologia - Volume 83, Suplemento
IV, Setembro 2004.
-Anderson HV, Willerson JT. Thrombolysis
in acute myocardial infarction. N Engl J
Med 1993; 329: 703-9.
-Bassan, R.; Unidades de Dor Torácica.
Uma forma moderna de manejo de
pacientes com dor torácica na sala de
Emergência. Número 2 - Volume 79 - Ano
2002.
-Boersma E, Maas AC, Deckers JW,
Simoons ML. Early thrombolytic treatment
inacute myocardial infarction: reappraisal
of the golden hour. Lancet 1996 Sep
21;348(9030):771-5.
-Letalidade por doenças Isquêmicas do
Coração no Estado do Rio de Janeiro no
131
AVALIAÇÃO EPIDEMIOLOGICA DOS CASOS DE TUBERCULOSE PULMONAR NO
MUNICÍPIO DE VASSOURAS-RJ
Janine Capobiango Martins1, Priscilla Rodrigues Moreira2, Aline Damazio do Vale3,
Priscila C. Barbosa Ferreira4, Wevelin S. de Matos5, Diego Santa Rosa Santos6,
Marina S. Song7, Fernanda Coelho8, Mariana Frizzera9, Paula Pitta de Resende
Côrtes10.
1
Universidade
Severino
Sombra,
Centro
de
Ciências
da
Saúde,
[email protected]
2
Universidade
Severino
Sombra,
Centro
de
Ciências
da
Saúde,
[email protected]
3
Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências da Saúde, [email protected]
4
Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências da Saúde, [email protected]
5
Universidade
Severino
Sombra,
Centro
de
Ciências
da
Saúde,
[email protected]
6
Universidade
Severino
Sombra,
Centro
de
Ciências
da
Saúde,
[email protected]
7
Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências da Saúde, [email protected]
8
Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências da Saúde, [email protected]
9
Universidade Severino Sombra, Centro de Ciências da Saúde, [email protected]
10
Universidade
Severino
Sombra,
Centro
de
Ciências
da
Saúde,
[email protected]
Palavras-chave: Tuberculose pulmonar, alcoolismo, epidemiologia e prevenção.
Área de conhecimento: Saúde Pública.
RESUMO
A Tuberculose é uma doença infecto-contagiosa causada pelo Micobacterium
tuberculosis, que tem na localização pulmonar sua forma mais freqüente. Nos últimos
anos, vem representando um grave problema de saúde pública. O objetivo deste trabalho
é avaliar os índices epidemiológicos referentes aos casos de tuberculose pulmonar no
município de Vassouras (RJ) para a formatação de uma conduta preventiva de maior
impacto. Foi realizado estudo descritivo e progressivo dos anos de 2003 a 2008, com
dados fornecidos pelo Sistema de Informação de Agravo de Notificação deste município,
analisando sexo, idade, raça e agravos associados à tuberculose pulmonar. A incidência
de tuberculose pulmonar foi maior no sexo masculino, na raça branca e na faixa etária de
31 a 40 anos. Apesar do HIV ser o maior fator de risco, neste estudo o maior fator
relacionado à doença foi o alcoolismo. Desta forma, neste município as campanhas de
prevenção à tuberculose deverão estar associadas com o combate ao alcoolismo.
INTRODUÇÃO
A Tuberculose é uma doença
infecto-contagiosa
causada
pelo
Micobacterium tuberculosis, que tem na
localização pulmonar sua forma mais
freqüente. Esteve sob controle até
meados da década de 1980, quando
então ressurgiu com grande número de
casos. Segundo a OMS, anualmente são
registrados 8 milhões de casos e 2
milhões de óbitos no mundo, sendo a
grande
maioria
em
países
subdesenvolvidos e em desenvolvimento.
Nos últimos anos, vem representando um
grave problema de saúde pública,
principalmente com o surgimento da
132
AIDS. No Brasil, é evidente o
recrudescimento da enfermidade, por
vários fatores, incluindo o déficit nos
programas de controle da tuberculose.
O objetivo deste trabalho é avaliar os
índices epidemiológicos referentes aos
casos de tuberculose pulmonar no
município de Vassouras (RJ) para a
formatação de uma conduta preventiva de
maior impacto.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado estudo descritivo e
progressivo dos anos de 2003 a 2008,
com dados fornecidos pelo Sistema de
Informação de Agravo de Notificação
(SINAN) do município de Vassouras,
região sul-fluminense do estado do Rio de
Janeiro.
Foram
contabilizados
e
analisados: sexo, idade, raça e agravos
associados à tuberculose pulmonar.
RESULTADOS
Número de casos e percentual por
sexo: masculino(101; 70,2%), feminino
(43; 29,8%),por raça: branca (69; 47,9%),
negra (51; 35,4 %) e parda (24; 16,7%),
por faixa etária: de 0 a 10 anos (6; 4,2%);
de 11 a 20 anos (5; 3,5%); 21 a 30 anos
(17; 11,8%); de 31 a 40 anos( 34 ;
23,6%); de 41 a 50 anos(31; 21,5%); de
51 a 60 anos (32 ; 22,2%); de 61 a 70
anos (9 ; 6,3%) e; de 71 a 80 anos (10;
6,9%),
em
relação
aos
agravos
associados: AIDS (20), alcoolismo (44);
diabetes mellitus (11); doença mental (6);
casos ignorados (54) e outros (16).
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Ficou demonstrado o predomínio
da incidência de tuberculose pulmonar no
sexo masculino, de acordo com outros
estudos realizados em outras regiões do
Brasil e em outros países. Esta
prevalência pode ser explicada por fatores
genéticos, pelo predomínio de homens
envolvidos com os casos de AIDS e com
o alcoolismo. A faixa etária mais
acometida foi a de 31 a 40 anos, que
também condiz com a literatura. A faixa
etária pode estar relacionada aos hábitos
de vida de adultos jovens, onde a
promiscuidade e permissividade são
maiores
com
conseqüente
maior
exposição ao M. tuberculosis e ao vírus
HIV. Este dado condiz com o de países
em desenvolvimento como o nosso, onde
a população prevalente dos doentes é a
de pessoas economicamente ativas. A
raça branca foi predominante, fato
discordante com a maioria dos estudos,
que demonstram a prevalência duas
vezes maior de tuberculose pulmonar em
negros. Vale ressaltar que mais de 30%
dos casos de tuberculose estão na África,
continente com predomínio da raça negra,
o que pode ser um fator importante na
definição do número total de casos de
tuberculose em indivíduos da raça negra
no mundo. Apesar do HIV ser o maior
fator
de
risco
relacionado
ao
desenvolvimento da tuberculose, no
nosso estudo o maior fator relacionado à
doença foi o alcoolismo. Temos que levar
em consideração que o estudo realizado
se refere a uma cidade com poucos
habitantes onde a incidência de HIV é
baixa e a falta de entretenimento
predispõe ao hábito de ingestão de
bebidas alcoólicas. A caquexia decorrente
ao etilismo favorece a um quadro de baixa
imunidade, sendo então o álcool um
importante fator de risco para infecção
pelo M. tuberculosis principalmente em
sua forma pulmonar.
Conclui-se que os resultados
encontrados no município de Vassouras
estão de acordo com os dados
encontrados no Brasil e no mundo, exceto
a predominância em indivíduos da raça
branca. Além disso, apesar do HIV ser o
maior fator de risco relacionado ao
desenvolvimento da tuberculose, os
resultados demonstraram o alcoolismo
como principal fator relacionado à doença.
Desta forma, no município de
Vassouras, as campanhas de prevenção
133
à tuberculose pulmonar deverão estar
associadas a campanhas de combate ao
alcoolismo.
REFERÊNCIAS
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calamidade negligenciada. Rev Soc
Bras Med Trop. 2002; 35(1):51-8.
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http://www.pneumoatual.com.br/
9. http://www.scielo.br/scielo.php?script=
sci_arttext&pid=S180637132007000300013&tlng=pt
10. http://www.scielo.br/scielo.php?script=
sci_arttext&pid=S180637132004000200011&lng=en&nrm=is
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134
ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE DENGUE NA CIDADE DE VASSOURAS
NO ANO DE 2008
Wevelin Santos de Matos1, Priscilla Rodrigues Moreira2, Aline Damazio do Vale3,
Priscila C. Barbosa Ferreira4, Janine Capobiango Martins5, Diego Santa Rosa
Santos6, Marina S. Song7, Fernanda Coelho8, Mariana Frizzera9, Paula Pitta de
Resende Côrtes10.
1
USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected]
USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected]
3
USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected]
4
USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected]
5
USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected]
6
USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected]
7
USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected]
8
USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected]
9
USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected]
10
USS, Centro de Ciências da Saúde, [email protected]
2
Palavras-chave: Dengue clássica, dengue hemorrágica, epidemiologia.
Área de conhecimento: Saúde Pública.
RESUMO
A dengue vem sendo considerada um grave problema de saúde pública
internacional, ocorrendo em áreas tropicais e subtropicais, pela adaptação do mosquito
transmissor Aedes aegypti. Consiste em doença febril aguda causada por quatro subtipos
do vírus. Comum em núcleos urbanos, devido a maior quantidade de criadouros naturais
ou resultantes da ação humana. O controle da dengue é uma tarefa difícil para os serviços
de saúde em razão da ampla capacidade de dispersão do vetor, da mobilidade das
populações, do contingente populacional nas cidades e da complexidade dos problemas
sociais e políticos que afetam a qualidade de vida e o ambiente. O objetivo do estudo foi
descrever e quantificar a ocorrência de casos de dengue autóctone segundo: sexo, idade
e local provável de infecção, visando ao aprimoramento da vigilância e controle da doença
no município. Com os resultados podemos concluir que o mapeamento permite melhores
estratégias para os trabalhos de controle do vetor, diminuindo a incidência de casos.
INTRODUÇÃO
Doença
viral,
arbovirose,
transmitida por mosquito hematófago,
Aedes aegypti, cuja incidência aumentou
30 vezes nos últimos 50 anos. Atualmente
a dengue vem sendo considerada como
um grave problema de saúde pública
internacional,
ocorrendo
em
áreas
tropicais e subtropicais. Consiste em
doença febril aguda causada por quatro
subtipos antigenicamente distintos do
vírus da dengue.
Tem sido observado um padrão
sazonal de incidência coincidente com o
verão, devido à maior ocorrência de
chuvas e aumento da temperatura nessa
estação. É mais comum nos núcleos
urbanos, onde é maior a quantidade de
criadouros naturais ou resultantes da
ação humana. No Brasil o nível endêmico
de dengue já alterou os indicadores de
morbidade, e a magnitude destas
incidências nos últimos anos superou a de
todas as outras doenças de notificação
compulsória.
O controle da dengue é uma das
tarefas mais difíceis para os serviços de
saúde em razão da ampla capacidade de
135
dispersão do vetor, da mobilidade das
populações, do contingente populacional
nas cidades e da complexidade dos
problemas sociais e políticos que afetam a
qualidade de vida e o ambiente. A
avaliação de exposições diferenciadas
aos fatores envolvidos na transmissão
permite identificar áreas geográficas com
maior
risco
de
infecção,
sendo
imprescindível para a elaboração de
programas preventivos e de controle de
dengue. Neste sentido, o mapeamento de
doenças vem sendo instrumento básico
no campo da saúde pública.
O presente estudo teve por objetivo
descrever e quantificar a ocorrência de
casos de dengue autóctone segundo
sexo, faixa etária e local provável de
infecção, visando ao aprimoramento da
vigilância e controle da doença no
município.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado estudo analisando
dados fornecidos pelo Sistema de
Informação de Agravo de Notificação
(SINAN), referente aos casos de Dengue
notificados no ano de 2008. É importante
ressaltar que os nomes e endereços dos
pacientes não foram acessados durante o
estudo. Os dados analisados foram: sexo,
idade, critério de confirmação da doença
(laboratorial ou clínico-epidemiológico),
mês de notificação, procedência do caso
(autóctone ou não-autóctone), bairro,
Unidade de Saúde da Família ou Hospital
notificante, classificação da Dengue
(clássica
ou
hemorrágica)
e
a
necessidade de internação.
RESULTADOS
Foram notificados 54 casos da
doença no município em 2008, segundo o
SINAN, porém ao analisarmos os dados,
encontramos 65 casos confirmados. O
sexo masculino predominou sobre o
feminino por um caso de diferença. O mês
com maior número de notificações foi o
mês de Abril com 34 casos notificados.
Pacientes de 11 a 20 anos predominam
com a doença no município. O bairro mais
acometido foi o da Residência, com 23
notificações, confirmando outros estudos
que afirmam que o saneamento básico
aumenta decisivamente o risco da
doença. Os casos não autóctones
notificados (3 casos) foram descartados
para análise dos bairros mais acometidos
pela doença. Dentre as Unidades de
Saúde da Família, a responsável por
maior número de notificações foi a USF
Dr. Eloi Pereira Serra, localizada no bairro
da Residência. Averiguamos apenas um
caso de Dengue Hemorrágica, porém 10
casos com complicações e necessidade
de internação para acompanhamento.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
O primeiro resultado que se destaca
é em relação ao período do ano que se
concentra os casos notificados, entre os
meses de março e maio, dado este
também expresso na literatura como
afirma Donalísio e Glasser (2002) “uma
forte associação foi estabelecida entre a
incidência do dengue e as estações
chuvosas, altas temperaturas, altitudes e
ventos. Desde 1954-58, epidemias no
Sudeste Asiático, assim como no México,
Brasil, Caribe, na década de 80 e 90,
foram registradas em estações chuvosas”.
Neste mesmo trabalho, Donalísio e
Glasser confirmam que, embora o dengue
seja uma doença urbana registrada
principalmente em áreas superpovoadas,
com freqüência são notificados surtos em
regiões rurais, com menor concentração
populacional, como visto nos distritos de
Ferreiros e Massambará. De acordo com
o estudo de Ribeiro et al (2006), a maioria
dos casos de dengue foi registrada na
área central do município em São
Sebastião/SP, firmando o encontrado em
Vassouras.
Quando se analisa sexo, percebe-se
que não há diferença entre homens e
mulheres em relação ao contágio e em
136
relação a idade. A faixa mais acometida
para ambos os sexos está entre 11 e 20
anos e 41 e 50 anos, o que discorda do
observado por Ribeiro et al que diz ser o
sexo feminino o mais acometido e ser as
faixas etárias entre 20 e 29 anos e 30 e
39 anos agruparem o maior número de
casos.
Conforme a Secretaria de Saúde do
Estado da Bahia, a proporção de
pacientes do município de Jequié de
acordo com a forma clínica da doença tem
sido maior para a Febre Hemorrágica do
Dengue, inclusive com sorologia positiva,
38%, seguido da forma Clássica 36% e
posteriormente
a
Clássica
com
complicações, 26%, indo contra os dados
encontrados na cidade de Vassouras/RJ
em que a maioria dos casos encontrados
do Dengue foi na sua forma clássica e
apenas um caso de dengue hemorrágica.
Os procedimentos adotados pelo
estudo, não complexos e baseados em
notificações,
podem
ser
utilizados
rotineiramente
pelos
serviços
responsáveis pela vigilância e controle da
dengue para identificação de áreas de
risco.
O mapeamento feito, principalmente
em relação aos bairros mais acometidos
nos permite um melhor direcionamento
para os trabalho de controle do vetor, o
que por sua vez, gera a necessidade de
mais pesquisas com o intuito de
descobrirem-se minúcias que levam essas
áreas a números discrepantes às outras
da mesma cidade.
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Bahia. Núcleo Hospitalar de
Epidemiologia – NHE. Hospital
Geral Prado Valadares. 2009
137
Um Estudo das Morbidades Atendidas no Pronto-Socorro do
Hospital Universitário Sul Fluminense (HUSF) no ano de 2008
Acadêmico: Fábio Farias Ferreira – [email protected]
Prof. Sebastião Jorge da Cunha Gonçalves - [email protected]
Resumo – Este artigo tem como objetivo abordar as morbidades atendidas no pronto-socorro
do HUSF, caracterizando os atendimentos por acidentes e violência. Os dados foram obtidos,
revisando os boletins de atendimento médico (BAM). As conseqüências dos acidentes e
violências para o sistema de saúde e para a sociedade apontam a necessidade de
aprimoramento dos sistemas de informações de morbimortalidade por causas externas,
visando subsidiar políticas públicas de prevenção e melhoria no atendimento às vítimas.
Palavras-Chave – Acidente; Violência; Morbidade; Causas externas, Emergência.
assistenciais em várias especialidades médicas e
desempenha a função de capacitação e
qualificação para alunos de graduação e de pósgraduação, além de ser centro de programação e
manutenção de ações voltadas à saúde das
comunidades locais e regionais e desenvolver
programas
específicos
de
assistência,
devidamente integrada à rede regional de saúde.
Foram analisados os BAMs, de janeiro a até
dezembro de 2008.
Materiais e Métodos
Realizado um estudo do tipo exploratóriodescritivo
com
abordagem
quantitativa.
Analisadas e coletadas todas as ocorrências do
ano de 2008, sendo separadas por mês e
morbidades, divididas entre janeiro a dezembro
de 2008.
Para este estudo foram coletados os seguintes
dados:
acidente
automobilístico,
acidente
motociclistico, atropelamento, perfuração por
arma branca (P A B), perfuração por arma de
fogo (P A F), tentativa de suicídio, agressão
física, estupro, afogamento, corte (auto-lesão),
queda de bicicleta, queimadura, queda de cavalo
e queda da própria altura.
Análise e discussão dos resultados
Conforme mostra o gráfico abaixo, no mês de
janeiro o atendimento as ocorrências de agressão
física foram 30 casos no total.
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Introdução
No Brasil, as mortes por acidentes e
violências, que recebem da Organização Mundial
da Saúde (OMS) o nome genérico de “causas
externas”, ocupam o segundo lugar no perfil da
mortalidade geral e é a primeira causa de óbitos
na faixa etária de 5 a 49 anos. Entre 1991 e 2000,
cerca de 1.118.651 pessoas morreram por esses
motivos em nosso país. Desse total, 369.068
foram a óbito por homicídios; 62.480, por suicídio
e 309.212, por acidentes e violências no trânsito e
nos transportes (Brasil, 2005), essas causas
externas passaram a ser reconhecidas como um
importante problema de saúde pública.
As principais causas de mortalidade na
população, na faixa entre 15 e 49 anos, são
decorrentes de acidentes, envenenamentos e
violências. Essas causas, mesmo consideradas
em
conjunto,
superam
as
doenças
cardiovasculares e neoplasias, levando perdas
econômicas,
previdenciárias
e
grandes
dispêndios em tratamentos de complicações na
saúde dos pacientes (Brasil, 2001).
Com a modificação do perfil epidemiológico da
morbi-mortalidade e crescimento das causas
externas, o atendimento de urgência ganha maior
relevância. Conforme observam Camargo et al.
(1995), “Uma das mais importantes alterações
que vêm ocorrendo no perfil brasileiro de causas
de morte é o crescimento relativo e absoluto da
mortalidade por acidentes e violências”.
Whitaker e colaboradores (1998) afirmam que
os custos sociais decorrentes do trauma aliados à
elevação dos índices de mortalidade por
acidentes e violência têm apontado a
necessidade de ações de prevenção e
assistência em todos os níveis de atendimento
para minimizar essa problemática.
O cenário da pesquisa foi o pronto-socorro
(PS) do hospital universitário Sul Fluminense em
Vassouras, certificado como de ensino, e
referência terciária para os atendimentos de alta
complexidade para municípios na sua área de
abrangência. Essa instituição presta serviços
Figura 1 – Estatística de janeiro.
138
Em fevereiro houve um crescimento no
atendimento das ocorrências de agressão física
em 30 casos.
35
Em junho os acidentes motociclísticos
ultrapassaram as ocorrências de agressão física,
ficando em torno de 19 casos.
Em março houve um crescimento significativo
nas ocorrências de agressão física batendo o
recorde do ano de 2008, ficando 34 casos.
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Figura 2 – Estatística de fevereiro.
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Figura 6 – Estatística de junho.
Em julho os acidentes motociclístico tiveram
um aumento de 22 casos e as agressões físicas
em 19 casos, sendo um possível reflexo das
festividades juninas e jovens em férias.
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Já em abril o acidente automobilístico
aumentou em torno de 24% ficando em segundo
lugar a agressão física em 20% dos casos
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Figura 3 – Estatística de março.
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Figura 7 – Estatística de julho.
Em agosto os acidentes motociclísticos
tiveram um grande aumento de 34 casos,
possível reflexo dos jovens em férias.
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Figura 4 – Estatística de abril.
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Em maio os acidentes automobilísticos e as
agressões físicas ficaram na mesma proporção
em torno de 20 casos.
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Figura 8 – Estatística de agosto.
25
Em setembro reinaram os acidentes de
transito ficando os acidentes automobilísticos em
26 casos e os acidentes motociclísticos em 25
casos.
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Figura 5 – Estatística de maio.
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Figura 9 – Estatística de setembro.
Em outubro os acidentes motociclísticos
ficaram em 19 casos e a agressão física em 18
casos.
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria
Executiva. Urgência e Emergência: sistemas
estaduais de Referência hospitalar para
atendimento de urgência e emergência. Brasília,
DF, 2001. 28p.
Al
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Anualmente foram 176 casos de acidentes
automobilísticos e os acidentes motociclísticos
em 200 casos anuais.
Houveram 103 atendimentos as vítimas de
agressão física num período de 12 meses. As
vítimas de atropelamento ficaram em 64 casos
anuais. Enquanto a violência por arma branca
foram 11 casos e os ferimentos por arma de fogo
em 12 casos anuais. As tentativas de suicídio
demonstram 15 casos anuais. Observa-se que
entre os meses de setembro a dezembro
houveram 5 casos de estupro. O afogamento foi
somente 1 caso anual.
Outras ocorrência ficaram em torno de 72
casos anuais.
Figura 10 – Estatística de outubro.
Em novembro as agressões físicas ficaram em
24 casos e os acidentes motociclísticos em 23
casos.
30
25
20
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
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M
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fase pré-hospitalar. Revista da Associação
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As agressões físicas em dezembro ficaram em
torno de 20 casos, possivelmente devido as
festividades de fim de ano e consumo de bebidas.
25
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Figura 12 – Estatística de dezembro.
140
TÍTULO: A SEXUALIDADE NA SENILIDADE: DIANTE À AIDS.
1-Ceruli, Cleyder Delgado
2-Gonçalves, Sebastião J.C.
1- Acadêmico de Enfermagem da Universidade Severino Sombra.
2- Enfermeiro, Mestre em Psicologia, Professor Titular da Universidade Severino Sombra,
Coordenador de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Vassouras-RJ.
RESUMO:
O desconhecimento do significado do envelhecer vem a ressaltar a concepção da velhice perante
as perdas como a inatividade sexual, dado esse desconhecimento há o estereotipo do fim da vida
sexual na senilidade, fato esse errôneo devido aos avanços da medicina moderna.Dados
estatísticos do SINAN, utilizado o método quantitativo sobre os índices e comparativos dos anos
referentes a Aids na terceira idade.
Palavras-chave: Sexualidade- Senilidade- AIDS.
Área do Conhecimento: Epidemiologia, Saúde Pública.
Introdução:
A velhice ser um fenômeno biológico, a
forma como cada pessoa envelhece está
determinada
por
questões
subjetivas,
condicionadas às questões da hereditariedade,
do social e do cultural, incluindo-se aí a sua
história de vida (Santos, 2003). Por isso, há
diversas formas e modos de se encarar a
velhice, há pessoas que a aceitam e se
adaptam no dia-a-dia e há certos grupos que
continuam sua vida normalmente, mas
aceitando que seu corpo não responde como
respondia na juventude. Deste modo, não há
uma velhice e sim velhices que diferem no
modo em que se encara a chegada dos anos
e o modo como eles chegaram, trazendo
experiência e sabedoria.
No Brasil existem pesquisas que mostram
como os próprios idosos simplificam o
envelhecimento humano, a partir das perdas,
representando
o
processo
com
predisposições desfavoráveis, estereótipos
negativos e preconceitos. Em estudo
desenvolvido por Santos (1990) acerca da
influência
da
aposentadoria
sobre
a
identidade do sujeito, foi observado que nas
sociedades modernas a ênfase continua
sendo dada à juventude e à capacidade de
produção, ou seja, "ser velho representa um
afastamento do mundo social"(Santos 1990).
Em contrapartida, Debert (1999) aponta para
a abertura de espaços para que diversas
experiências
de
envelhecimento
bem
sucedidas possam ser vividas coletivamente,
como, por exemplo, os grupos de convivência
de idosos, os grupos de terceira idade, os
bailes de terceira idade entre tantos outros.
Neste sentido, de acordo com Néri (1993),
é o desconhecimento do que significa ser
velho que induz as práticas com foco
ideológico,
que
contribuem
para
a
manutenção e propagação de mitos,
estereótipos negativos e preconceitos acerca
da velhice. A concepção da velhice enquanto
perdas e limitações ou a incapacidade de
procriação, a morte do cônjuge, a inatividade
sexual
e
abdicação
compromete
o
entendimento de outras possibilidades de
trajetórias, pautadas no reconhecimento do
envelhecimento
como
experiência
diversificada e sujeita à influência de
diferentes contextos sociais, levando a velhice
a
um
processo
de
fragilização
e
vulnerabilidade frente às vicissitudes de
algumas doenças.
Devido a esse desconhecimento temos o
estereotipo de que idosos não praticam mais
sexo, estereotipo esse que devido aos
avanços da medicina e farmacológicos estão
errôneos, uma vez que quaisquer idosos, que
possua situação financeira boa para se dispor
a fazer uma operação para colocar prótese
peniana ou caso não tenha uma situação tão
boa assim, mas que possa dispor de dinheiro
para fazer uso de viagra, levitra e outros vaso
dilatadores que tem função de ajudar na
obtenção de uma ereção podem manter uma
vida sexual ativa e continua. E somados a
esses novos métodos vem a Aids, que é o
141
principal tema em discursam nesse trabalho.
No Brasil, dos 371.827 casos notificados de
1980 até junho de 2005, o número de pessoas
entre 50 e 59 anos representou 6,2% da
totalidade dos casos e em indivíduos com 60
anos ou mais: 2,1% do total entre os sexos.
Especialmente nos últimos anos, observa-se
que a porcentagem dos pacientes com 50
anos ou mais no diagnóstico de Aids
aumentou progressivamente de 7% em 1996
para 13% em 2004.
O crescimento do número de infecções
por HIV/Aids em pessoas com 60 anos ou
mais resulta na mais nova característica da
epidemia. A Aids vem se confirmando como
uma ameaça à saúde pública e a tendência
sugere que, em pouco tempo, o número de
idosos contaminados pelo HIV será ampliado
significativamente, principalmente devido à
vulnerabilidade física e psicológica, pouco
acesso a serviços de saúde, além da
invisibilidade com que é tratada sua exposição
ao risco, seja por via sexual ou uso de drogas
ilícitas (IBGE/NPDA, 2005; Lieberman, 2000).
A deficiência de informações destinadas
aos idosos faz com que esta população esteja
geralmente menos informada sobre o HIV e
menos consciente de como se proteger
(Feitoza, Souza e Araújo, 2004). Estes fatores,
associados à similaridade dos sintomas da
Aids com a sintomatologia inerente à velhice,
levam a que os profissionais de saúde não
solicitem o teste HIV nos exames de rotina,
ocasionando diagnóstico tardio, atrasando o
tratamento com antiretrovirais e diminuindo a
sobrevida dessas pessoas (Vieira, 2004).
Diante da perspectiva do aumento do
número
de
idosos
infectados
faz-se
necessário se conhecer características
regionais dessa população já comprometida.
O objeto de estudo é a incidência da
Aids entre os idosos e uma comparação
estatística dos valores anteriores para os
atuais, a fim de fazer uma reflexão sobre o
caso e discutir sobre seu aumento ou
diminuição.
Objetivos: O trabalho buscou discutir
os dados estatísticos do DATASUS, sobre
Aids e terceira idade. Identificar os valores
estatísticos sobre idoso que convivem com a
Aids.
Metodologia: Em março de 2008 iniciei as
atividades de reconhecimento do tema.
Primeiramente realizei o levantamento dos
dados no site, trabalho utilizado o método
quantitativo no levantamento dos índices e
posteriormente será comparado dos anos
anteriores dos casos de Aids na terceira
idade.
Foram considerados os casos registrados
no Estado do Rio de Janeiro, através do site
do DATASUS, num período de 2003 a 2006,
os valores referentes a esse período foram
de 756 pessoas num total de homens e
mulheres, com 60 anos ou mais de idade,
atendidos e notificados pelo SUS.
As variáveis abordadas nesse estudo
foram as seguintes: sexo, idade e Etnia.
Dentro dessas variáveis estão inclusas os
pacientes que se tratam com o coquetel antiretrovirais e os que não fazem o tratamento.
O cenário utilizado para coleta dos dados foi
através de pesquisas nos site do Sistema
Único de Saúde no dia 14/04/2008 às 21:44,
onde foram colhidos os dados referentes a
doentes dos anos de 2003 a 2006, o total de
homens e mulheres portadoras de HIV.
“A questão do quantitativo traz a reboque
o tema da objetividade. Isto é, os dados
relativos à realidade social seriam objetivos
se produzidos por instrumentos padronizados,
visando a eliminar fontes de propensões de
todos os tipos e a apresentar uma linguagem
observacional neutra. A linguagem das
variáveis forneceria a possibilidade de
expressar generalizações com precisão e
objetividade” ( Minayo, 1998).
“A questão da objetividade é então
colocada em outro nível. Dada à
especificidade das ciências sociais, a
objetividade não é realizável. Mais é possível
a objetivação que inclui o rigor no uso de
instrumental teórico e técnico adequado, num
processo interminável e necessário de atingir
a realidade ” ( Minayo, 1998).
A coleta dos dados foi no período de abril
a setembro de 2008, desses dados foram a
Internet, Biblioteca da Universidade Severino
Sombra, Sistema de Informação da Atenção
Básica, Secretaria Municipal de Saúde de
Vassouras (Sistema de Informação de
Agravos Notificáveis – SINAN) e DATASUS.
A análise e discussão dos dados foi
feita através de gráficos mostrando os
valores referentes ao número de pacientes
seu sexo, idade e etnia. A discussão será
encima do aumento dos índices e da
comparação dos valores anteriores para os
atuais e dos conteúdos inerentes ao tema.
Este estudo ocorreu após a leitura de um
artigo referente ao tema, “A Aids na Terceira
Idade na Perspectiva dos Idosos, Cuidadores
e Profissionais de Saúde” dos autores
Saldanha e Araújo(2006). Por ser um tema
142
de importância para a pesquisa à
Sexualidade e o ato de cuidar de pessoas na
terceira idade.
Análise e Discussão dos Dados
Utilizei para a análise dos dados gráficos
e tabulações utilizados na discussão do
aumento da epidemia e qual é o seu novo
rumo, descrevo os valores encontrados no
DATASUS no período de 2003 a 2006.
120
100
80
60
Homens
40
Mulheres
20
0
2003
2004
2005
2006
Gráfico Referente aos casos de Aids entre os
sexos.
60
50
40
30
20
10
0
Homem
Mulher
Ignorada
Referências Bibliográficas:
Negra
Gráfico das Etnias de 2003
60
Homem
40
Mulher
20
0
Ignorada
Branca
Negra
Parda
Gráfico das Etnias de 2004
50
40
Homem
30
Mulher
20
10
0
Ignorada
Branca
Negra
Parda
Amarela
Gráfico das Etnias de 2005
50
40
Homem
30
Mulher
20
10
0
Ignorada
Branca
Negra
A Aids vem rompendo as barreiras que
há anos existiam em sua volta relacionadas
ao preconceito contra homossexuais, e hoje
mais do que nunca o grupo mais suscetível à
doença é o grupo dos heterossexuais, tanto é
que a doença já esta atingindo uma faixa
etária considerada inativa na vida sexual, a
senilidade hoje está mais vulnerável ao vírus,
do que quando eram mais jovens, devido à
promiscuidade e aos medicamentos que
possibilitam uma melhor qualidade de vida,
tanto na questão saúde quanto na questão
de satisfação dos desejos e prazeres que a
muito eram ditos como finalizados com a
chegada do tempo.
Concluindo,
com
a
pesquisa
os
alarmantes índices de idosos portadores de
HIV, há o incentivo de realizar pesquisa
comportamental
relacionado
à
vulnerabilidade dos idosos em relação à
infecção pelo HIV. A fim de possibilitar uma
visão do comportamento sexual dos idosos
diante do risco com vista na prevenção e
promoção da saúde e assim reduzir e impedir
a continuidade dessa epidemia que esta
causando grande morbimortalidade por Aids
na terceira idade.
Parda
Gráfico das Etnias de 2006
DEBERT, G.G. (1999). A reinvenção da
velhice. São Paulo: FAPESP.
Feitoza, A.R.; Souza, A. R. & Araújo, M.F.M.
(2004). A magnitude da infecção pelo HIVAids em maiores de 50 anos no município de
Fortaleza-CE. J Brasil. Doenças Sex.
Transm.,16 (4):32-37.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (2002). Relatório do Perfil dos
Idosos responsáveis por domicílios no Brasil.
Rio de Janeiro: IBGE.
LIEBERMAN, R. (2000). HIV in older
Americans: an epidemiologic Perspective.
Journal of Midwifery & Women’s Health, 45,
(2).
NÉRI, A. L. (1993). A qualidade de vida e
Idade madura. Campinas:Papirus.
O desafio do conhecimento pesquisa
qualitativa em Saúde, Maria Cecília de Souza
MINAYO; 5ª Edição São Paulo: Hucitec Abrasco, 1998.
SANTOS, M. F. (1990). Identidade e
aposentadoria. São Paulo: EPU
SANTOS, S.S. (2003). Sexualidade e Amor na
Velhice. Porto Alegre: Sulina.
Considerações Finais:
143
Título: Estudando A Incidência Do Papiloma Vírus Humano (Hpv) Na
Unidade Da Família Pedro Casimiro Alves.
TEIXEIRA, RODRIGO DA SILVA¹.
CÉSAR, THIAGO PONTES DE OLIVEIRA².
GONÇALVES, SEBASTIÃO JORGE DA CUNHA³.
COSTA, SILÉIA COELHO4.
Universidade Severino Sombra/Centro De Ciências Da Saúde.
[email protected]
Universidade Severino Sombra/Centro De Ciências Da Saúde.
[email protected]
Universidade Severino Sombra/Centro De Ciências Da Saúde.
[email protected]
Prefeitura Municipal De Vassouras/Secretaria Municipal De Saúde.
[email protected]
Resumo: O câncer do colo uterino é a
neoplasia maligna mais freqüente do trato
1
genital feminino no Brasil . No mundo é a
2
quarta causa de morte por câncer . A incidência
varia de 5 a 42 por 100.000 mulheres por ano.
Este estudo visa á produção do papiloma vírus
com relação ao câncer do colo uterino (HPV) os
pressupostos de Ganong (1987). Estes dados
epidemiológicos têm sido relacionados com a
maior incidência de câncer do colo uterino há
algum tempo. O projeto tem como base de
pesquisa a comunidade do bairro do Grecco,
em parceria com a equipe de saúde da família
do bairro, inaugurado em 1998.
Palavras chave: Enfermeiro, Papilomavírus
humano, Prevenção
Área do Conhecimento: Epidemiologia.
Introdução: Este estudo visa á produção do
papiloma vírus com relação ao câncer do colo
uterino (HPV) os pressupostos de Ganong
(1987). A amostra foi composta por 50
pacientes atendidas, na unidade Estratégia
Saúde da Família do bairro do Grecco, no
período de Março de 2009 a maio de 2009.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer
(INCA, 2006), o câncer do colo do útero é a
terceira neoplasia mais comum entre as
mulheres, sendo a quarta causa de morte por
câncer, apesar de ser uma das poucas
neoplasias preveníveis. É uma doença de longa
evolução, podendo ser detectada em fases
precoces. O pico de incidência do câncer do
colo uterino ocorre em média 10 a 20 anos
após a infecção pelo HPV. As estimativas da
incidência de câncer no Brasil apontam a
ocorrência de 19.260 casos novos de câncer do
colo uterino para o ano de 2006. O câncer do
colo uterino é a neoplasia maligna mais
1
freqüente do trato genital feminino no Brasil .
No mundo é a quarta causa de morte por
2
câncer . A incidência varia de 5 a 42 por
100.000 mulheres por ano. As menores
incidências são encontradas na América do
Norte, Austrália, noroeste da Europa, Israel e
Kuwait (em torno de 10 por 100.000 mulheres
por ano) e as mais altas incidências são
encontradas na África, América do Sul e
sudoeste da Ásia, com incidência em torno de
1,2,3
40 por 100.000 mulheres . Existe uma
variabilidade entre mulheres brancas e negras
dentro de uma mesma população, sendo mais
3
freqüentes
nas
últimas .
Estudos
epidemiológicos sugerem a ligação entre coito e
neoplasia escamosa. A idade precoce no
primeiro coito, multiplicidade de parceiros
sexuais, freqüência de coito e multiparidade
1,4,5
aumentariam o risco para esta neoplasia .
Estudos recentes em outros países tem
demonstrado que a multiparidade e o início
precoce da atividade sexual continuam sendo
fatores de risco para o câncer do colo
6,7,8
6
uterino . Biswas et al. demonstraram que, na
Índia, o início precoce das relações sexuais
aumenta a incidência de câncer do colo uterino.
Outro
estudo, também
na Índia,
demonstrou o aumento de incidência de câncer
do colo uterino com a multiparidade, menarca
9
precoce e a má higiene genital .
Estes dados epidemiológicos têm sido
relacionados com a maior incidência de câncer
do colo uterino há algum tempo. Entretanto,
questiona-se se a idade precoce na primeira
relação sexual, o número de gestações e a
paridade ainda são fatores de risco para a
neoplasia maligna do colo uterino em nosso
país. Portanto, o objetivo deste trabalho foi
144
analisar é estudar a incidência do câncer do
colo uterino das amostra coletadas.
O projeto teve como base de pesquisa a
comunidade do bairro do Grecco, em parceria
com a equipe de saúde da família do bairro,
inaugurado em 1998. A comunidade tem como
característica baixo poder social e baixa
escolaridade. A comunidade possui acesso ao
serviço de saúde, a unidade possui uma equipe
mínima.
Material e Métodos:
Segundo Gil (1996), pesquisa é um
procedimento racional e sistemático que tem
como objetivo proporcionar respostas aos
problemas que são propostos. No presente
trabalho, optou-se por uma parceria entre a
equipe da unidade básica de saúde (Pedro
Casemiro Alves) e acadêmicos de enfermagem
do 5º período, aplicou-se um questionário
informativo sobre o preventivo/HPV/Câncer de
colo do útero, seguido de informações e coleta
do material citopatológico.
O estudo foi realizado na unidade básica
de saúde, composta de equipe mínima, em um
momento de rastreamento de todas as
mulheres na faixa etária de 18 a 60 anos de
idade. A pesquisa foi realizado no período de
março a maio de 2009, atingindo as metas
pactuadas pelo pacto da saúde promovendo e
prevenindo a saúde (coleta de Preventivo),
tendo sido apreciado por 50 mulheres.
Os sujeitos da pesquisa mulheres de 18
a 60 anos de idade, que não tinham acesso a
unidade, devido as suas ocupações como o
trabalho, o que mantinha baixo as estatísticas
do exame preventivo.
Na campanha esperava-se uma faixa de
60 a 80 mulheres, compareceu a unidade 50, a
campanha favoreceu o contato com os sujeitos
da pesquisa, equipe da unidade e acadêmicos,
já a técnica é adequada para a obtenção de
informações acerca do que as pessoas sabem,
crêem, esperam, sentem ou pretendem fazer,
tornando-se uma forma de interação social.
Com os resultados dos exames, foi possível
diagnosticar problemas precocemente e tratar
problemas detectados nos sujeitos da pesquisa.
Resultados:
Na pesquisa, foram realizados 50
exames de citopatológicos e foi observado um
percentual de mulheres de diversas idades.
Sendo entre vinte e vinte e cinco anos um total
de 12 (24%), vinte e seis a trinta anos 8 (16%),
trinta e um a trinta e cinco 6 (12%), trinta e seis
a quarenta 4 (8%), Quarenta e um a quarenta e
cinco 5 (10%), quarenta e seis a cinqüenta 6
(12%), cinqüenta e um a cinqüenta e cinco 2
(4%), cinqüenta e seis a sessenta 1 (2%),
sessenta e um a sessenta e cinco 2 (4%),
sessenta e seis a setenta 1 (2%), setenta e um
a setenta e cinco 1 (2%).
Quanto ao grau de microbiologia, detectou-se
uma faixa 14 (28%) de mulheres com
lactobacilos sp, apresentando níveis normais 31
(62%), apresentando guardenerella 5 (10%) dos
sujeitos.
De
acordo
com
os
resultados
dos
citopatológicos,
12
(24%)
apresentaram
inflamação, 1 (2%) mulher apresentou lesão
epitelial de alto grau, 2 (4%) inflamação e
metaplasia escamosa imatura, 2 (4%) atrofia
com inflamação e sendo que 33 (66%) se
mantiveram em níveis normais.
Discussão:
De acordo com a pesquisa foi constatado
um resultado satisfatório, porém também foi
encontrado um grande número preocupante
comparado com o número de mulheres
pesquisadas. Com os resultados obtidos podese diagnosticar precocemente e tratar os
sujeitos, contra as infecções apresentadas.
Pode-se
também
ter
um
aspecto
epidemiológico da comunidade, conhecer a
mesma, servir como estimulo aos serviços de
saúde local, para prevenção e a promoção da
saúde da mulher. De acordo com os
profissionais de saúde local, a campanha e
pesquisa teve um resultado positivo, pois serviu
de estimulo para outras pessoas procurarem a
unidade de saúde da família.
Referências:
1. Salum R. Etiopatogenia, diagnóstico e
estadiamento do câncer do colo do útero. In:
Abrão FS, editor. Tratado de Oncologia Genital
a
e Mamária. 1 ed. São Paulo: Roca; 1995. p.
269-82.
2. Pisani P, Parkin DM, Ferlay J. Estimates of
the worldwide mortality from eighteen major
cancers in 1985. Implications for prevention and
projections of future burden. Int J Cancer 1993;
55: 891-903.
3. Parkin DM, Muir CS, Whelan SL, Gao YT,
Ferlay J, Powell J. Cancer incidence in five
continents. Lyon: France: International Agency
for Research on Cancer (WHO)/ International
Cancer Association of Cancer Registries, 1992.
p. 6.
5. Kvale G, Heuch I, Nilssen S. Reproductive
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prospective study, Br J Cancer 1988; 58: 820-4.
6. Biswas LN, Manna B, Maiti PK, Sengupta S.
Sexual risk factors for cervical cancer among
rural Indian women: a case-control study. Int J
Epidemiol 1997; 26: 491-5.
7. Cataneda-Iniguez MS, Toledo-Cisneros R,
Aguilera-Delgadilho M. risk factors for cervicouterine cancer in women in Zacatecas. Salud
Publica Mex 1998; 40: 330-8.
145
8. Gawande V, Wanab SN, Zodpey SP,
Vasudeo ND. Parity as a risk factor for cervical
cancer. Indian J Med Sci 1998; 52: 147-50.
146
ANÁLISE DA FREQUÊNCIA DE ATENDIMENTOS E DO TEMPO DE ESTIRAMENTO NA FACILITAÇÃO
NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA
1
2
2
2
Gondim, Fernanda Francisquini, Gomes, Mariana de Sá, Nunes, Lidiane A. Santana, Figueira,
2
2
n
.
Letícia Reis, Lacerda, Adriana, Brandão, Paulo Vitor Costa, Ramos, Seliane Silva
1
Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde,
[email protected]
2
Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde,
[email protected]
2
Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde,
2
[email protected]
Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde,
[email protected]
2
Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde,
[email protected]
2
Discente do 10° do Curso de Fisioterapia da USS/Centro de Ciência da Saúde,
[email protected]
n
Docente da USS/Centro de Ciência da Saúde,
[email protected]
Resumo
As técnicas de alongamento mais
utilizadas no treinamento da flexibilidade são:
Estática ou Passiva, Balística ou Dinâmica e
Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva. O
alongamento estático consiste em realizar o
alongamento de uma determinada musculatura
até a sua extensão máxima de movimento, e ao
chegar neste ponto, permanecer por um período
que varia de 30 a 60 segundos. O alongamento
dinâmico corresponde a habilidade de se utilizar a
ADM, na performance de uma atividade física em
velocidades rápidas. Utiliza-se de vários esforços
musculares ativo assistidos, na tentativa de maior
alcance
de
movimento.
A
facilitação
neuromuscular proprioceptiva vem sendo utilizada
para melhorar o desempenho e a performance
física de atletas, sedentários saudáveis ou
portadores
de
disfunções
orgânicas,
principalmente em recuperação neuromuscular. A
resistência aplicada nas técnicas de FNP tem
como função facilitar a habilidade do músculo em
se contrair, aumentar o controle motor, ajudar o
paciente a adquirir consciência dos movimentos e
aumentar a força muscular. A quantidade de
resistência aplicada durante os padrões deve
estar de acordo com as condições do paciente e
com os objetivos do padrão. Em humanos,
flexibilidade inadequada é um fator contribuinte
para as lesões musculares, especialmente
quando se trata dos músculos isquiotibiais. Em
alguns estudos, o efeito imediato do alongamento
pode ser explicado pelas características
viscoelásticas dos componentes musculares e
pelas
mudanças
em
curto
prazo
na
extensibilidade muscular. Entretanto, outras
pesquisas revelam que a efetividade das técnicas
de alongamento se deve mais às mudanças na
tolerância do indivíduo ao alongamento que às
alterações na elasticidade dos músculos.
Palavras-chave: Facilitação Neuromuscular
Proprioceptiva, músculos isquiotibiais.
Área do Conhecimento: Fisioterapia
Introdução
A
Facilitação
Neuromuscular
Proprioceptiva (FNP) é um método que se baseia
nos princípios da estimulação máxima do
aparelho neuromuscular, com o auxílio de
padrões de movimentos diagonais e aplicação de
estímulos sensoriais, como os auditivos, visuais,
cutâneos e proprioceptivos. As técnicas utilizam
contrações musculares concêntricas, excêntricas
e estáticas, combinadas com resistência
graduada
e
procedimentos
facilitatórios
adequados, todos ajustados para atingir as
necessidades individuais (PEREIRA et al., 2003).
As técnicas de FNP usualmente
envolvem a pré-contração máxima do grupo
muscular a ser alongado ou do grupo muscular
antagonista, por um período de 5 a 30 segundos.
As mais utilizadas são as de contraçãorelaxamento, onde os músculos a serem
alongados são primeiramente maximamente
contraídos e, então alongados como no
alongamento estático (CARNEIRO et al., 2003).
Esta técnica vem sendo utilizada para
melhorar o desempenho e a performance física
de atletas, sedentários saudáveis ou portadores
147
de disfunções orgânicas, principalmente em
recuperação neuromuscular (MORENO et al,
2005). Os procedimentos básicos desta são:
resistência; irradiação e reforço; contato manual;
posição corporal e biomecânica; comando verbal;
visão; tração e aproximação; estiramento;
sincronização de movimentos e os padrões de
facilitação (ADLER et al.,1999).
Todavia,
o
conhecimento
sobre
freqüência em alongamento passivo não deve ser
simplesmente aplicado às técnicas que utilizam
FNP. Por isso, devido à importância do ganho de
amplitude no ambiente esportivo e terapêutico,
torna-se necessário o conhecimento sobre os
efeitos da variação da freqüência do alongamento
com inibição ativa (GAMA et al., 2007).
O objetivo deste trabalho é correlacionar
o tempo de estiramento na técnica Facilitação
Neuromuscular Proprioceptiva com amplitude de
movimento da articulação coxofemoral.
Materiais e Métodos
O estudo contará com a participação de 8
voluntários adultos do gênero feminino saudáveis
e sem disfunções de locomoção, com idade
média de 33,6 ± 12,8 anos.
Os voluntários serão divididos em 2
grupos (n=4 / grupo). Os grupos foram chamados
de Número de Atendimentos e Tempo de
Estiramento,
onde
os
voluntários
serão
submetidos à técnica de FNP com dias de
atendimentos e tempo de estiramento variando. O
grupo Número de Atendimentos terá dias de
atendimento variando + tempo de estiramento
mantido e o grupo Tempo de Estiramento dias de
atendimento mantido + tempo de estiramento
variando. O grupo Número de Atendimentos será
segmentado em dois subgrupos de 2 voluntários
cada, grupo 1 (3 atendimentos / semana) e grupo
2 (2 atendimentos / semana), ambos submetidos
a 30 segundos de estiramento para cada série de
FNP. O grupo Tempo de Estiramento, também
será subdividido em grupo 1 (15 segundos de
estiramento para cada série de FNP) e grupo 2
(30 segundos de estiramento para cada série de
FNP) ambos submetidos a 3 atendimentos /
semana. O grupo Número de Atendimentos e
Tempo de Estiramento serão submetidos a 5 e 6
atendimentos com um intervalo de 24 horas.
Os voluntários serão instruídos sobre
todos os procedimentos antes do atendimento,
sendo posicionadas em uma maca em decúbito
dorsal realizando flexão ativa da articulação
coxofemoral com dorsiflexão até o seu limite,
permanecendo por 10 segundos nesta posição.
Em seguida o fisioterapeuta acoplará sua mão
posteriormente ao tornozelo e a outra sobre a
patela estabilizando a extensão de joelho. Através
de comando verbal solicitará extensão de
coxofemoral contra a sua mão acoplada no
tornozelo por 10 segundos, logo após esta etapa
será solicitado relaxamento da musculatura e
fisioterapeuta passivamente realizará uma flexão
de coxofemoral para estirar em tempos
diferentes,
de
acordo
com
os
grupos
experimentais, os músculos isquiotibiais. Estas
fases do FNP serão seriadas três vezes com
intervalos de um minuto bilateralmente.
Para analisar o comprimento dos
segmentos do membro inferior será usada uma
fita antropométrica para achar braço de força e
braço de resistência, esta será dada por meio de
caneleiras. A força (kg) será determinada através
da equação f x bf = r x br e denominada como
força F₁ (antes do FNP) e força F₂ (depois do
FNP). O torque (T) será encontrado através da
equação T = f + bf (HAMILL et al., 2008).
Os dados serão expressos em média ±
desvio padrão e para a análise de variância dos
valores antes e após o atendimento com FNP
será utilizado o teste t de Student com diferença
significativa quando o valor de p<0,05.
Resultados
O grupo Número de Atendimentos com
três dias de atendimento variando + tempo de
estiramento mantido obteve melhor valor
significativo do que em relação ao de dois
atendimentos.
Em relação ao grupo tempo de
estiramento, o tempo de 15” não houve valor
significativo, o que confirmam alguns dados da
literatura.
Discussão
As
técnicas
de
FNP
confiam,
principalmente,
na
estimulação
dos
proprioceptores para aumentar a demanda feita
ao mecanismo neuromuscular, para obter e
simplificar suas respostas. O tratamento através
destas técnicas é muito compreensível e envolve
a aplicação dos princípios de Facilitação
Neuromuscular Proprioceptiva em todos os
aspectos e em todas as fases de reabilitação
(NOGUEIRA et al., 2009).
Este método utiliza-se da influência
recíproca entre o fuso muscular e o órgão
tendinoso de Golgi, de um músculo entre si e com
os do músculo antagonista obter maiores
amplitudes de movimento. O método de FNP foi
desenvolvido inicialmente pro Hermán Kabat, em
1952 com fins terapêuticos. A partir de 1967,
Laurence Holtz desenvolveu um processo de
flexionamento, baseado no método Kabat, para
148
aplicação em ginastas, nadadores e bailarinos
(DELGADO et al., 2006).
É uma excelente técnica para treino de
força muscular, pois é baseada na aplicação de
resistência para facilitar a contração muscular. É
funcional para pacientes com lesões do neurônio
motor superior acompanhadas de espasticidade,
mas também pode ser utilizado para iniciar
contração muscular em casos de lesão periférica
e fraqueza muscular de qualquer etiologia
(RODRIGUES et al., 2006).
Estudos indicam que o ganho de
flexibilidade pode ocorrer com diferentes
intervalos entre as sessões, por exemplo,
programas de alongamento diário, sete vezes por
semana, cinco, três e até mesmo em programas
com
apenas
duas
sessões
semanais.
Imediatamente após uma sessão de alongamento
ocorre aumento de flexibilidade, que parece ser
perdido totalmente poucos minutos após o
término de uma sessão. Por isso, o intervalo de
tempo após o estímulo de alongamento parece
ser um fator que age contra o ganho de
flexibilidade. Por outro lado, foi observado que um
ganho residual persiste 24 horas depois de uma
manobra de alongamento; contudo, o ganho
residual obtido em uma única sessão não é
estatisticamente significativo (GAMA et al., 2009).
-GAMA,
Zenewton
Influência
da
utilizando
André
da
Silva
freqüência
de
alongamento
facilitação
et
al.
neuromuscular
proprioceptiva na flexibilidade dos músculos
isquiotibiais. Rev Bras Med Esporte. Vol. 13, n
1. Jan-Fev, 2007.
-HAMILL, Joseph; KNUTZEN, Kathleen M. Bases
biomecânicas do movimento humano. São
Paulo. Editora Manole. 2008.
-NOGUEIRA, Carlos José et al. Efeito agudo do
alongamento submáximo e do método de
Facilitação
Neuromuscular
Proprioceptiva
sobre a força explosiva. HU Revista. Juiz de
Fora, vol. 35, n. 1, p. 43-48, Jan-Mar. 2009.
-DELGADO,
Leonardo.
Treinamento
da
flexibilidade. Rev. bras. Educ. Fís. Esp., São
Paulo. Vol. 36, n.1, p.68-71. Out-Nov, 2006.
-RODRIGUES,
neuromuscular
Tiago
Caetano.
proprioceptiva
Facilitação
na
marcha
atáxica em paciente com esclerose múltipla uma proposta fisioterapêutica. . Rev. bras.
Referências
-PEREIRA, Rafaela Araújo Lins et al. Estudos
teórico-práticos da facilitação neuromuscular
proprioceptiva como atividade de monitoria.
Fisioterapia em Movimento. Curitiba. Vol.18, n.2,
p. 53-61. Abr.-Jun. 2003.
-CARNEIRO, Ricardo Luiz et al. Treinamento da
fisioter. São Carlos. Vol.8, n.2. Jun-Jul. 2006.
-GAMA,
Zenewton
André
da
Silva
et
al.
Influência do intervalo de tempo entre as
sessões
de
alongamento
no
ganho
de
flexibilidade dos isquiotibiais. Rev Bras Med
Esporte. Vol. 15, n 2 . Mar-Abr, 2009.
flexibilidade estática. Rev Bras Med Esporte.
Vol. 8, n 1. Mar-Abr , 2003.
-MORENO, Marlene Aparecida et al. O efeito das
técnicas
de
facilitação
neuromuscular
proprioceptiva - método Kabat - nas pressões
respiratórias
máximas.
Fisioterapia
em
Movimento, Curitiba. Vol.18, n.2, p. 53-61. AbrJun, 2005.
-ADLER, Susan; BECKER, Dominiek; BUCK,
Math.
Facilitação
Neuromuscular
Proprioceptiva. 1° edição, São Paulo. Editora
Manole. 1999.
149
A ESCOLA COMO ESPAÇO PARA O RESGATE
DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E NATURAL DE MARICÁ
Bernadete Collares Barroso Bento¹, Hermes Ferreira da Silva Filho², Ana Maria Leal
Almeida³
1
USS/Maricá/Discente/Pedagogia, [email protected]
USS/Maricá/Docente/Pedagogia, [email protected]
³USS/Maricá, [email protected]
2
Resumo- Trata-se de um projeto de pesquisa sobre a cidade de Maricá, realizada a partir de pressupostos
históricos e antropológicos. Nesse sentido, volta-se para aspectos relacionados à Cultura, à Sociedade e à
Economia, buscando integrar alunos e pesquisadores dos cursos de graduação da Universidade Severino
Sombra/Maricá. A pesquisa proposta visa a coletar dados sobre Maricá, que possam servir de referência
para estudos e pesquisas tanto no âmbito acadêmico, quanto nos sistemas de ensino fundamental e médio.
O intuito deste trabalho é estabelecer uma relação entre a comunidade de Maricá com a Universidade
Severino Sombra, organizando um acervo sobre os períodos e desenvolvimento do município, assim como
um levantamento de todo o seu patrimônio cultural, material e imaterial. Tal empreendimento justifica-se em
virtude dos restritos materiais empíricos disponíveis sobre a cidade.
Palavras-chave: Maricá, História, Memória e Patrimônio.
Área do Conhecimento: Ciências Humanas: Antropologia, Educação e História.
Introdução
O presente projeto tem como objetivo principal
o resgate histórico e cultural da memória
maricaense,
permeando
os
significativos
momentos políticos, econômicos e sociais da
cidade desde a sua formação até os dias atuais,
com a finalidade de articular as possibilidades de
construção formal de conhecimento acadêmico
com a memória e sabedoria popular.
As origens de Maricá remontam ao período da
colonização do Brasil e como diz Cezar Brum em
Contando a História de Maricá, “no ano de 1627
os Beneditinos receberam uma faixa de terras que
ficava junto à Barra da Lagoa. A partir de 1634 a
propriedade começa a estender-se pelo atual
Município de Maricá, formando um grande
latifúndio, estendendo-se por mais de uma légua
em Ponta Negra, no ano de 1635”.
A importância de identificar o patrimônio de
Maricá, perceber sua cultura e reconhecer sua
identidade pode fazer toda a diferença para o
futuro desta cidade que hoje se vê totalmente
envolvida por especulação imobiliária e pela
modernidade que é cada vez mais reivindicada por
sua população.
Com este trabalho, pretendemos compreender
o processo histórico e cultural do povoamento de
Maricá. Tal empreendimento justifica-se mediante
as várias lacunas existentes com relação ao
estudo da cidade, posto que as fontes existentes
não primam pelo rigor acadêmico e, nem
tampouco, foram produzidas com este intuito.
Consideramos ainda a importância do projeto, na
medida em que, pela integração das áreas de
conhecimento, viabilizará um cruzamento entre as
pesquisas historiográficas e antropológicas.
Material e Métodos
Os pressupostos metodológicos da nossa
pesquisa integram as áreas de conhecimento
histórico e antropológico. Nesse sentido, serão
realizadas pesquisas documentais e históricas,
etnografias (escrita das culturas), entrevistas,
descrições densas (documentos de atuação),
trabalhos de campo, oficinas entre outros.
As oficinas vêm se constituindo como uma das
principais metodologias de nossas ações.
Nesse sentido, se apresentam como uma rica
ferramenta para a circularidade de saberes entre a
universidade e a educação básica, oportunizando
outros saberes e conhecimentos que possam
responder de forma efetiva aos desafios de uma
educação patrimonial.
Resultados
Os resultados obtidos através dos encontros e
oficinas que tem sido levados a efeito nas escolas
da rede municipal, seja nas escolas públicas ou
privadas, surpreendem o grupo seja pelos
depoimentos ou mesmo pelas descobertas que
vem sendo feitas, tais como:
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
153
Em cada encontro que se realiza temos como
prática antes de mais nada, até mesmo a título de
descontração, identificar os maricaenses natos.
Surpreende-nos o fato de que ainda não houve um
encontro, curso ou palestra onde os maricaenses
fossem a maioria;
Os professores, quando participam das oficinas,
apropriam-se das idéias apresentadas e as
incorporam em seus planejamentos;
Geralmente saímos de alguns
encontros com a indicação de pessoas da cidade
sugeridas como fontes orais de informações sobre
algum aspecto da história da cidade;
Ao apresentarmos fotos de fazendas,
monumentos, pontos de atração turística, etc., um
número significativo de presentes revela total
desconhecimento;
A partir do momento em que os grupos
entendem o objetivo do projeto passam a enviar
mais informações para enriquecer nosso trabalho
de pesquisa.
Até mesmo porque o projeto está em
desenvolvimento: ainda não estão mapeados
metodologicamente os resultados finais. Tais
resultados são fruto muito mais do processo,
informações que vamos coletando e acumulando
para reflexões e que, de certa forma, interferem e
até redefinem o curso das nossas ações.
Referências
- BRUM, Cezar. Contando a História de Maricá.
GBN Designer’s, 2004.
- CUCHE, Renys. A noção de cultura nas ciências
sociais. Bauru: Edusc, 2002.
- GARAEIS,
Vitor Hugo.2000. Educação
patrimonial,: práticas alternativas, memórias,
identidades e representações. Revista de Letras e
História. Nº11, janeiro/junho 2005.
- GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas.
Rio de Janeiro: LTC- Livros Técnicos e Científicos
Editora S.A, 1989.
- TUAN, Yi-Fu. Espaço e Lugar. São Paulo: Difel,
1983.
Discussão
Os conceitos de identidade e de patrimônio
estão intimamente ligados, e com o advento da
globalização
eles
precisam
ser
bem
compreendidos para que possamos preservar o
que vem sendo construído socialmente ao longo
dos séculos, e que nos parece, corre risco de ser
destruído. Podemos dizer que Maricá passa por
uma crise de identidade, uma vez que seus novos
moradores não conhecem sua história e nem sua
cultura. Segundo Cuche (2002) “a identidade
permite que o indivíduo se localize em um sistema
social e seja localizado socialmente”.
Uma proposta de se resgatar a história
através dos bairros de nossa cidade remete à
construção de cidadania através do sentimento de
pertencimento ao local onde se vive, pois “aquele
que nos dá o sentimento de pertencer e
concretizar fornece raízes à nossa identidade”
(Tuan, 1983).
Interagindo com o presente é possível construir
uma visão de futuro com o resgate da memória. “A
preservação do patrimônio pressupõe um projeto
de construção do presente e, por isso, revela-se
essencial, na medida em que este patrimônio
esteja vivo no presente...” (Garaeis, 2005).
VIII Encontro de Iniciação Científica da Universidade Severino Sombra - 2009
154
VIII ENIC - USS 2009 – TURISMO ACESSÍVEL: UMA FERRAMENTA DE INCLUSÃO
Luciana Oliveira Henriques1, Marcio Roberto Palhares Nami2
1
Universidade Severino Sombra / , [email protected]
2
Universidade Severino Sombra/, [email protected]
Resumo – Este artigo aborda a questão das pessoas que tem algum tipo de deficiência, e por causa de
suas limitações e da falta de estrutura em pontos turísticos, hotéis, restaurantes, entre outros
estabelecimentos ligados a área, acabam sendo excluídas da prática do turismo.
Essas pessoas têm necessidades comuns a todo ser humano e através do turismo adaptado, elas podem
desfrutar junto de suas famílias e amigos, de momentos de diversão e lazer, conhecendo novos lugares. A
pessoa com deficiência é um cidadão com direitos e deveres e representa um potencial para o turismo. Este
deve oferecer facilidades criando nos estabelecimentos a acessibilidade necessária a esta demanda.
Para isso, é necessário um planejamento específico, onde o desenho universal é um dos elementos
principais.
Palavras-chave: Turismo, acessibilidade, inclusão
Área do Conhecimento: Turismo, Administração, Administração de Setores Específicos
Introdução
Segundo a Associação Brasileira de Normas
Técnicas - ABNT, nas Normas Brasileiras - NBR,
número 9050 (2004), acessível é o “espaço,
edificação, mobiliário, equipamento urbano ou
elemento que possa ser alcançado, acionado,
utilizado e vivenciado por qualquer pessoa,
inclusive aquelas com mobilidade reduzida” Assim,
acessibilidade é a “possibilidade e condição de
alcance, percepção e entendimento para a
utilização com segurança e autonomia de
edificações, espaço, mobiliário, equipamento
urbano e elementos” (ABNT, 2004).
Ao falar em acessibilidade no turismo, é
necessário pensar na adequação de um ciclo de
produtos e serviços, desde a oferta até o retorno
do turista ao local de origem. Para receber bem
esse turista, pontos de visitação turística,
pousadas,
hotéis,
bancos,
restaurantes,
comércios, hospital, transporte, entre outros,
deverão ser adaptados ou já serem construídos
num desenho universal que é “aquele que visa
atender à maior gama de variações possíveis das
características antropométricas e sensoriais da
população” (ABNT, 2004). “Por meio do desenho
universal
temos
projetos
e
ambientes
desenvolvidos de maneira que contemplem toda a
diversidade humana” (SCHWARZ, HABER, p. 13,
2009).
Segundo o Manual de Orientações Turismo e
Acessibilidade do Ministério do Turismo (2006), o
acesso de todos à experiência turística depende
de condições ideais, sustentáveis e inclusivas de
modo a permiti-lo. “É o caminho para uma
sociedade que reconhece que somos todos
diferentes, porém ao mesmo tempo, iguais em
direito” (SCHWARZ, HABER, p. 13, 2009).
Segundo o Plano Nacional de Turismo - PNT
2007/2010 - uma viagem de inclusão, “o turismo,
hoje, já é o quinto principal produto na geração de
divisas em moeda estrangeira para o Brasil,
disputando a quarta posição com a exportação de
automóveis”. Isso faz com que ele seja valorizado
como atividade econômica capaz de gerar
riquezas e promover a distribuição de renda. Essa
inclusão proposta pode “ser alcançada por duas
vias: a da produção, por meio da criação de novos
postos de trabalho, ocupação e renda, e a do
consumo, com a absorção de novos turistas no
mercado interno.” (PNT 2007/2010)
Material e Método
O método utilizado foi pesquisas bibliográficas,
documentais, além de questionários com atores
ligados ao setor turístico e também a
acessibilidade.
Através de questionários abertos, foi analisado
com a coordenadora de Acessibilidade da cidade
da Prefeitura Municipal da Estância de Socorro/SP
e com o secretário de Cultura e Turismo da
Prefeitura Municipal da cidade de Vassouras/RJ,
como a acessibilidade turística é abordada em
cada cidade.
Resultados
“No Brasil, o turismo para pessoas com
deficiência ainda está aquém do que podemos
chamar de acessível para esse grupo da
população” (SCHWARZ, HABER, 2009).
De acordo com o censo do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística - IBGE, de 2000,
aproximadamente, 24,6 milhões de pessoas, ou
14,5% da população total, apresentaram algum
tipo de incapacidade ou deficiência.
Por vários séculos, as pessoas com deficiência
foram submetidas a exclusão social “Antigamente
elas eram consideradas inválidas, sem utilidade
para a sociedade e incapazes para trabalhar”
SASSAKI (2005, p.30).
155
Segundo SASSAKI (p.70, 2005), foi por volta
de 1950 que começaram a ser incluídas pessoas
deficientes no mercado de trabalho competitivo.
Ainda segundo SASSAKI (2005, p. 31), foi mais
ou menos a partir do final da década de 60 que o
movimento de integração social começou a inserir
as pessoas com deficiência nos sistemas sociais
gerais como a educação, o trabalho, a família e o
lazer.
Porém “teve maior impulso a partir da década
de 80, com o surgimento da luta pelos direitos das
pessoas com deficiência” (SASSAKI, p. 33, 2005).
Hoje em dia, percebe-se que a acessibilidade
passou a ter uma maior importância na sociedade.
Com base nas pesquisas realizadas nas cidades
de Vassouras/RJ e Socorro/SP, foi possível
constatar que a primeira cidade percebe a
importância do tema, porém ainda não começou a
se adaptar e ainda não existem projetos públicos
para essa adaptação.
Já a cidade paulista, se tornou a primeira
brasileira a ser adaptada para receber pessoas
com algum tipo de deficiência.
“A Estância Hidromineral de Socorro, em São
Paulo, é destino referência no segmento.
Desenvolvido em parceria com o Ministério do
Turismo (MTur), o projeto Socorro Acessível está
adequando acessos e atividades da cidade, bem
como a rede hoteleira e os estabelecimentos
comerciais” (Ministério do Turismo, 22/09/09).
Discussão
“Cabe, portanto, à sociedade eliminar todas as
barreiras
arquitetônicas,
programáticas,
metodológicas, instrumentais, comunicacionais e
atitudinais para que as pessoas com necessidades
especiais possam ter acesso aos serviços,
lugares, informações e bens necessários ao seu
desenvolvimento pessoal, social, educacional e
profissional” (SASSAKI, p. 45, 2005)
“A legislação brasileira que regulamenta os
direitos das pessoas com deficiência é apontada
como uma das mais avançadas do mundo”
(SHWARZ, HABER, p.314, 2009)
“A acessibilidade é hoje considerada um
quesito a mais na qualidade que atende às
necessidades de segurança e conforto das
pessoas em geral” (Verônica Camisão em Turismo
social: diálogos do turismo – uma viagem de
inclusão, 2006).
Já foi possível perceber que o tema
acessibilidade é muito amplo e que há uma grande
preocupação nos últimos anos em incluir pessoas
com algum tipo de deficiência nas atividades
comuns do dia a dia.
A prática do turismo, como forma de lazer, para
uns, ou como forma de reabilitação ou motivação
para outros, são novos conceitos a serem
analisados por gestores tanto públicos quanto
privados.
E todo esse processo de adaptação pode ser
bem simples.
A cidade de Vassouras/RJ no momento, não
está adaptada nem para a população local poder
transitar nas suas ruas. Barreiras arquitetônicas,
buracos nas calçadas, além de degraus, fazem do
dia a dia de pessoas com algum tipo de deficiência
um transtorno.
Também é preciso pensar em bares,
restaurantes, hotéis, transporte público municipal e
interurbano, para começar a se planejar um
turismo acessível, já que a acessibilidade deve
começar na origem do turista.
Referências
ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS. ABNT Acessibilidade de pessoas
portadoras de deficiências a edificações,
espaço, mobiliário e equipamentos urbanos:
NBR 9050. 2. ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
ALERJ - ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Acessibilidade
para todos: Uma cartilha de orientação. Rio de
Janeiro: Núcleo Pró Acesso, UFRJ/FAU/PROARQ,
2004.
SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES
SOBRE DEFICIÊNCIA – SICORDE. Agenda
social: direitos de cidadania pessoas com
deficiência. Brasília: SICORDE, 2007.
SCHWARZ, Andrea; HABER, Jaques. Guia Brasil
para todos: Roteiro turístico e cultural para
pessoas com deficiência. São Paulo: Áurea, 2009.
IBGE
:
Disponível
em
<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/
noticia_visualiza.php?id_noticia=438&id_pagina=1
> visitado em 09 de junho de 2009.
SASSAKI, Romeu. Inclusão: Construindo uma
Sociedade para Todos. 6.ed., Rio de Janeiro:
WVA, 2005.
SASSAKI, Romeu. Inclusão no Lazer e Turismo:
Em Busca da Qualidade de Vida. São Paulo:
Áurea, 2003.
Jornal
Hoje:
Disponível
em
http://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL112768216022,00TO+DE+FOLGA+TURISMO+E+AVENTURA+NA+
CIDADE+DE+SOCORRO.html visitado em 16 de
maio de 2009.
Ministério
do
Turismo:
Disponível
em
<http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_
noticias/20090106.html> visitado em 28 de
setembro de 2009.
Ministério
do
Turismo:
Disponível
em
<http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_
noticias/200708163.html> visitado em 28 de
setembro de 2009.
Ministério
do
Turismo:
Disponível
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<http://www.turismo.gov.br/turismo/noticias/todas_
156
noticias/200909225.html> visitado em 28 de
setembro de 2009.
ONG Aventura Especial: Disponível em
<http://www.aventuraespecial.org.br/telas/aventura
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BRASIL. MINISTÉRIO DO TURISMO. Plano
Nacional de Turismo: uma viagem de inclusão
2007/2010. Brasília: Ministério do Turismo, 2006.
Prefeitura Municipal de Socorro/SP: Disponível
em
<http://www.estanciadesocorro.com.br/socorro_ac
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MOLINA, Sérgio. Turismo: metodologia e
planejamento. São Paulo: EDUSC, 2005.
BRASIL.
MINISTÉRIO
DO
TURISMO.
SECRETARIA NACIONAL DE POLÍTICAS DE
TURISMO. Turismo e acessibilidade: manual de
orientações. Ministério do Turismo, Coordenação Geral de Segmentação. 2. ed. Brasília: Ministério
do Turismo, 2006.
BRASIL. MINISTÉRIO DO TURISMO. Turismo
social: diálogos do turismo – uma viagem de
inclusão / Ministério do Turismo, Instituto Brasileiro
de Administração Municipal. Rio de janeiro: IBAM,
2006.
157
VIII ENIC - USS 2009 – A CONTRIBUIÇÃO DA FESTA DE SÃO JORGE COMO
INCREMENTO DA ATIVIDADE TURÍSTICA NO VALE DO CAFÉ
Aline Aparecida Pina Gomes1, Maria Elisa Carvalho Bartholo2
1
Universidade Severino Sombra / , [email protected]
Universidade Severino Sombra/, [email protected]
2
Resumo – O presente artigo aprofunda a relação entre as festas populares de carácter religioso e o
turismo, a partir da análise da Festa de São Jorge, Valença-RJ, e seu potencial como incremento da
atividade turística na região do Vale do Café. Também estuda como o turismo de bases comunitários
influencia na oferta da demanda turística e no crescimento do turismo nas regiões que se faz esse tipo de
inserção.
Palavras-chave: Turismo, São Jorge
Área do Conhecimento: Turismo religioso, Patrimônio material e imaterial e turismo em bases comunitárias
Introdução
A Festa de São Jorge, realizada há 54 anos em
Barão de Juparanã, distrito de Valença,
movimenta cerca de 5.000 turistas/pessoas de
diferentes lugares do Estado do Rio de Janeiro.
As manifestações populares, sejam de cunho
religioso ou não, possuem um caráter ideológico
uma vez que comemorar é, conservar algo que
ficou na memória coletiva (Paiva Moura, 2001).
Para o turismo, como um sistema aberto (Beni,
1997), que se move pela oferta variada em
determinados
destinos,
tais
manifestações
culturais podem formar parte de um produto,
desde que sejam conectados de forma direta ou
complementar aos serviços turísticos.
O interesse de exploração turística de
determinada manifestação cultural se deve a
fatores como o potencial, a originalidade do evento
e de uma divulgação consistente da mesma
através da imagem que se queira projetar. No
caso das festas religiosas a sua concepção está
centrada nos devotos e nos grupos de atores
sociais que permeiam o universo sacro e ao
mesmo tempo profano de tais manifestações.
Material e Método
O método utilizado foi pesquisas bibliográficas,
documentais, além de questionários com atores
sociais ligados a manifestações culturais e
religiosas
Através
de
entrevistas
com
com
o
representante da igreja e a população envolvida
nas festividades, foi analisado como a população
está inserida na festa de São Jorge e como a
atividade turística contribui para as melhorias do
município.
Resultados
De acordo com Ballart (1997), “o patrimônio
não é só o legado que é herdado, mas o legado
que, através de uma seleção consciente, um
grupo significativo da população deseja legar ao
futuro.” Dessa forma pode-se identificar uma
escolha cultural subjacente à vontade de legar o
patrimônio cultural a gerações futuras. Daí a
noção de que “o patrimônio surge quando um
indivíduo ou um grupo de indivíduos identifica
como seus um objeto ou um conjunto de objetos”
(BALLART, 1997: 17).
As festas populares expressão as formas
identitárias de grupos locais, onde o motivo de
encontro, de fé ou simplesmente de celebrar atrai
e identifica a devotos e indivíduos de mesma
identidade. Neste caso, o turismo pode causara
estranhamento nos locais, uma vez que não seja
negociada a participação e pior ainda se não
forem negociados os papéis de cade grupo
envolvido.
Desta forma é importante entender que para o
Turismo ser uma atividade bem sucedida, ela
precisa estar estritamente ligada a comunidade,
onde a população participa das tomadas de
decisões, fazendo uma gestão compartilhada. Se
não for assim o turismo agrega fatores negativos o
que vem a prejudicar toda uma comunidade.
Discussão
Para que a Festa de São Jorge seja
considerada como um produto turístico é preciso
analisar. Quais as contribuições da festa para a
atividade turística? O evento é capaz de atrair
outros segmentos além dos devotos? A festa
contribui para melhorar as condições de vida da
população?
Referências
MURTA, Stela e GOODEY, Brian. A
interpretação do patrimônio para o turismo
sustentável:
um
guia.
Belo
Horizonte:
Sebrae/MG, 1995.
BALLART, Josep. El Patrimonio Histórico y
Arqueológico: Valor y Uso. Barcelona, 1997.
158
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ETC. El Turismo Urbano y la Cultura: la
experiencia europea. Madrid: OMT, 2005.
MARCONI, Maria de Andrade e LAKATOS, Eva
Maria. Fundamentos de metodologia científica.
6. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e
relatórios de pesquisa em administração. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 2000.
FUNARI, Pedro Paulo e PINSKY, Jaime
(Orgs.). Turismo e patrimônio cultural. 3ª ed.
São Paulo: Contexto, 2003.
SILVA JR, José Luiz M. da. Turismo e
Patrimônio
Cultural
no
Município
de
Vassouras-RJ: Um caso de amor e ódio.
Vassouras, 2008
GOLDNER, C. R. et alli. Turismo, princípios,
práticas e filosofias. 8ª. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2002.
GANDARA, J.M.G.G.; CAMPOS, C. J.;
CAMARGO, L. A. R.; BRUNELLI, L.H.
Viabilizando a Relação entre Cultura e Turismo:
diretrizes para o estabelecimento de políticas
públicas entre os dois setores. Anais do VIII
Encontro Nacional de Turismo com Base Local
(cd-rom). Curitiba: 3 a 6 de novembro de 2004.
159
Download

Anais do VIII ENIC Encontro de Iniciação Científica