O PROJETO EDUCACIONAL DE SIMÓN BOLÍVAR NO SÉCULO XIX E A
CONTRIBUIÇÃO DO EDUCADOR INGLÊS JOSEPH LANCASTER
Alex de Novais Dancini, UEM, [email protected]
José Joaquim Pereira Melo, UEM, [email protected]
RESUMO: Esse texto se propõe a analisar qual a importância que uma educação universal tinha para
a formação e consolidação das repúblicas recém-fundadas na América espanhola logo após a
conquista da independência em relação à Espanha. A partir desta análise, passa-se a refletir sobre a
participação de Joseph Lancaster e seu método de ensino na organização de escolas lancasterianas na
Venezuela. Com a intenção de formar uma consciência coletiva que pudesse legitimar os novos
valores da vida republicana e dinamizar os conhecimentos utilitários que servissem ao
desenvolvimento da economia venezuelana, Bolívar propôs uma educação pública, gratuita e universal
para a Venezuela da alvorada do século XIX. No interior de sua proposta educacional teve papel
importante o educador inglês Joseph Lancaster (1788 – 1838), que morou em Caracas durante três
anos e tentou organizar escolas a partir de seu famoso método de ensino, o Método Mútuo.
Palavras-chave: Educação; independência da América espanhola; Educação pública.
INTRODUÇÃO
Este texto revela algumas considerações de uma pesquisa de doutorado em andamento, cuja
finalidade, de modo geral, é compreender os processos sociais e históricos da América Latina, de
modo específico os educacionais, tendo como pressupostos teóricos e metodológicos a ação humana
como princípio de toda abstração epistemológica.
A reflexão que se busca aqui tem como tempo histórico o início do século XIX, período em
que a América espanhola vivenciou uma experiência de guerra e liberdade, portanto, de destruição,
reconstrução e conflitos entre os novos costumes e posturas econômicas, culturais e políticas que
irrompiam e as velhas práticas coloniais que se resignavam em sair de cena. Neste período,
destacaram-se pessoas de diversos setores da sociedade latino-americana que se dispuseram a lutar
pela independência política da colônia espanhola. Privilegia-se para esta análise, a ação política de
Simón Bolívar, líder da guerra de independência.
No interior do setor criollo gestou-se o projeto independentista, cujo objetivo principal era
abrir caminhos para o comércio que até então sofria impedimentos de expansão devido ao Pacto
Colonial. No entanto, dificilmente este projeto teria tido êxito sem a contribuição dos negros, índios e
mestiços que, vendo, momentaneamente, uma possibilidade de reduzir sua exploração, aderiram à luta
de boa parte dos setores dominantes da época.
Durante a guerra e, sobretudo, após a conquista da liberdade, a educação se tornou objeto de
discussões e de preocupação por parte dos Estados nacionais que davam seus primeiros passos. Como
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principal representante político das transformações ocorridas no início do século XIX na América
espanhola, Simón Bolívar é uma figura importante para se compreender como os setores dirigentes
projetavam a educação para a nova realidade política da antiga colônia espanhola.
Em um período de completo analfabetismo e sem a mínima organização de escolas, currículos
e métodos de ensino para as massas, Bolívar propôs um sistema educacional público e gratuito, além
de delimitar como a educação de jovens e crianças deveria ocorrer e o que lhes deveria ser ensinado. É
neste ambiente de contestação das práticas coloniais e de construção de uma sociedade pautada nos
valores da democracia republicana que surgem as propostas educacionais de Bolívar. Nesse período,
participa também da história da educação latino-americana o educador inglês Joseph Lancaster e seu
popular Método Mútuo.
Esse texto se propõe a analisar qual a importância que uma educação universal, como a
proposta por Bolívar, tinha para a formação e consolidação das repúblicas recém-fundadas. A partir
desta análise, passa-se a refletir sobre a participação de Joseph Lancaster e seu método de ensino na
organização de escolas lancasterianas na Venezuela. Não é proposta deste texto discutir os benefícios
e/ou os malefícios que o Método Mútuo traria para a educação das massas das nascentes repúblicas,
até porque, o mesmo método foi defendido e utilizado na educação de crianças pertencentes aos
setores dominantes da época, como mostra o estudo de Marcelo Caruso e Eugenia Roldán Vera (2011)
sobre la Compañía Lancasteriana de la ciudad de México, la sociedad Lancasteriana de Buenos Aires,
la Sociedad de Damas de Beneficencia de la misma ciudad y el grupo de apoyo a la llegada de Joseph
Lancaster en Caracas. Esse debate ficará para outra oportunidade.
O PAPEL DA EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DAS REPÚBLICAS
O primeiro contato entre Simón Bolívar e as ideias de Lancaster ocorreu em 1810, na
Inglaterra, quando o militar venezuelano chefiava uma missão cujo objetivo era conquistar o apoio
inglês e, assim, iniciar a guerra contra a Espanha. Na casa do general venezuelano Francisco de
Miranda, na época extraditado, Bolívar ouvia do próprio educador inglês a exposição de seu método,
naquele momento, em ascensão (ROJAS, 1976, p. 60). Mas a atuação prática de Lancaster na América
espanhola ocorreria somente cerca de 14 anos depois, quando, a convite de Bolívar, veio residir em
Caracas.
Mesmo antes do início da guerra independentista, os intelectuais criollos e mesmo aqueles que
não pertenciam a este setor, mas que tinham formação filosófica reconhecida como é o caso de Simón
Rodríguez, discutiam a necessidade de que a educação deveria romper com os padrões
segregacionistas e escolásticos da época. O ensino do trívio e do quadrívio não interessava mais à
realidade vivida pelos criollos fortemente influenciados pelos avanços técnicos da Europa. Na mesma
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linha de raciocínio, Simón Rodríguez criticava o ensino eclesiástico, mas, ao mesmo tempo, defendia a
instrução para os pobres. Vivendo nesse meio de debates sobre temas sociais de seu tempo, Bolívar
sentiu a necessidade de intensificar a popularização da educação durante os anos da guerra e,
principalmente, após a independência.
A formação intelectual de Bolívar tinha lhe dado a oportunidade de ler os mais variados
autores da literatura universal, desde os da antiguidade até os iluministas de sua época. Formou-se,
portanto, no interior dos debates que envolviam as principais correntes filosóficas dos séculos XVII e
XVIII. Conforme foi amadurecendo, Bolívar utilizou sua formação intelectual, que o havia permitido
transitar desde filósofos a economistas, para refletir sobre a situação política da América espanhola e
as mudanças que vinham ocorrendo no mundo moderno (PÉREZ VILA, 1979, p. 15).
Destacando-se como o líder do exército independentista, sendo, também, o líder político de
quase todo o movimento separatista, uma de suas principais preocupações era disseminar a instrução
pública. Para Bolívar, a importância da educação estava diretamente ligada à formação de uma
consciência que pudesse resultar no apoio incondicional dos cidadãos à república. A liberdade
conquistada pelas armas tinha de ser mantida pela luta no campo da consciência. Por isso, a educação
era, para ele, o elemento central na formação e consolidação da democracia.
Para Prieto Figueroa,
Bolívar, heredero de esa tradición intelectual optimista del siglo XVII y de la
Enciclopedia, del “siglo de las luces”, pensaba también en el poder ilimitado de la
educación. La conducta humana es susceptible de perfeccionamiento, el progreso
encuentra camino expedito, ilimitado, en la educación. No hay felicidad ni destino
seguro sin la educación (PRIETO FIGUEROA, 2006, p. 67).
Essa maneira de entender o papel da educação na formação das repúblicas já era perceptível
nos escritos de Bolívar de 1812, um ano após a proclamação da independência da Venezuela. Em
1812, os espanhóis recuperaram Caracas e retomaram o poder político do país. Embora na reflexão
conhecida como Manifesto de Cartagena, Bolívar não discuta explicitamente sobre o tema educação,
deixa pressuposto, por outro lado, que as formas de pensar contrárias à independência e à construção
de um governo centralizado faziam parte do universo ideológico tanto de parte dos setores dirigentes
(criollos) quanto dos setores pobres da Venezuela desse período (BOLÍVAR, 1990). A divisão entre
venezuelanos que apoiavam a independência e os que não a apoiavam foi, para ele, a principal causa
da queda da primeira república.
Essa constatação revela que, mesmo sem refletir especificamente sobre o problema da
educação, ele havia detectado que a aceitação do projeto político republicano gestado no interior dos
interesses criollos era um dos principais pontos negativos na construção da independência, pois a
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ruptura com a Espanha não era unanimidade nem nos setores dominantes e muito menos entre as
esferas das camadas populares. Essa mudança de consciência política seria mais rápida e eficaz de
acordo com a capacidade de se expandir a educação pública e atuar ideologicamente na legitimação de
tal projeto.
Nos anos da guerra, pouco se pôde fazer em favor da educação senão reflexões sobre sua
importância na formação do cidadão em contraponto à formação do súdito. As análises educacionais
realizadas por Bolívar e por outros intelectuais da independência, durante o período das batalhas,
tratavam de opor a educação doméstica realizada na colônia, àquela que poderia ser desenvolvida na
república, a educação pública e universal. Dentre esses intelectuais, havia uns mais e outros menos
preocupados com a inserção de índios, negros e mestiços nas escolas. Simón Bolívar e Simón
Rodríguez são dois exemplos dos que pensavam a educação republicana na Venezuela disponibilizada
a todo indivíduo que fizesse parte da pátria.
O projeto de disseminar a instrução e concretizar, por meio da educação, a independência
política da América espanhola começou logo após o término da batalha que confirmou a vitória do
exército patriótico em Ayacucho ( hoje, Peru), em dezembro de 1824.
O PROJETO BOLIVARIANO E LANCASTER
Esse projeto bolivariano ganhou o apoio do educador inglês Joseph Lancaster. Em meados de
1824, em 15 de maio, ele chegava a Caracas (ROJAS, 1976), trazendo o entusiasmo de disseminar
pela América espanhola seu método de ensino. A crença no poder libertador da educação se
assemelhava em Bolívar e Lancaster:
Convencido estoy, por cuanto veo y oigo que la emancipación de la mente en la
juventud de tu ciudad natal y de tu patria, es la única medida que al parecer falta
para coronar las libertades con la plenitud de la gloria y el honor. La educación
solamente puede efectuar esa tarea, y espero que ya que mi sistema excito en tu
mente un interés tan vivo y poderoso cuando estabas en Londres, recibirá ahora tu
aprobación decidida y tu apoyo personal (LANCASTER, 1973, p. 311).
O método de ensino de Joseph Lancaster, após conseguir sua aceitação na Inglaterra,
espalhou-se rapidamente por diversos países da Europa, além de outros continentes, como são
exemplos o Africano e o Americano. Na América central, já em 1814 verifica-se a existência de
escolas lancasterianas, sendo que, na América do Sul, a primeira escola lancasteriana de que se tem
notícia foi implantada no Uruguai, em 1815 (BASTOS, 2011, pp. 141-142).
A aceitação de disseminação do Método Mútuo se deu, em grande parte, pela função que tinha
de instruir um grande número de crianças, utilizando-se de poucos professores, já que a maior parte do
trabalho seria realizado pelos alunos mais destacados que seriam chamados de monitores. Assim, o
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alcance da instrução era considerável porque para aquela época, final do século XVIII e início do XIX,
em que o analfabetismo era regra e não exceção, tanto na Europa e, principalmente, nos continentes
periféricos do modo de produção capitalista, importava mais o aspecto quantitativo do que a qualidade
do ensino, haja vista que o método de Lancaster foi mais utilizado na instrução dos pobres (SAVIANI,
2008).
Após a chegada do educador inglês em terras venezuelanas, os decretos em favor da
organização de escolas lancasterianas começaram. No momento em que Lancaster chegou à
Venezuela, Bolívar estava no Peru, ocupando a presidência daquela república. Residindo em Lima,
elaborou um decreto destinado à República da Grã-Colômbia (hoje, Colômbia, Venezuela e Equador),
no qual ordenava que, na capital de cada Província, fosse estabelecida uma Escola Normal, de acordo
com o Método Lancasteriano. Este decreto contém algumas características basilares do pensamento
educacional bolivariano, que podem ser resumidas no caráter estatal do sistema educacional, sua
universalidade e sua gratuidade, além de enaltecer a eficácia do Método de Lancaster para as
condições sociais daquele momento. Diz Bolívar:
I – Considerando que el sistema lancasteriano es el único método de promover
pronta y eficazmente la enseñanza pública, decreto: 1º. Se establece en la capital de
cada Departamento una Escuela Normal, según el sistema de Lancaster. 2º. Los
prefectos, poniéndose de acuerdo con las municipalidades de su respectiva capital,
determinarán con precisión sobre los fondos necesarios a este establecimiento. 3º.
Cada provincia mandará a la escuela de su Departamento seis niños, cuando menos,
para que éstos difundan después la enseñanza en la capital y demás pueblos de su
provincia. 4º. Los intendentes, de acuerdo con las municipalidades, designarán los
niños de más capacidad que deban mandarse a la Escuela Normal. De los fondos
destinados a la instrucción pública se proveerá a la subsistencia de los que fueren
pobres (BOLÍVAR, 1973, p. 321, grifos nossos).
Ainda no primeiro quarto do século XIX, Bolívar já optava pela educação pública dada a
importância que ele depositava na educação no processo de formação das repúblicas. Por educação
pública, neste período e de acordo com o pensamento bolivariano, seria o contraponto à educação que
ocorria no interior das próprias famílias, sobretudo daquelas com maior poder econômico, e
geralmente sob a tutela de preceptores. Ele pensava em uma educação universal, no sentido de que
fosse destinada a todas as pessoas. Não apenas para os criollos, setor de comerciantes e proprietários
de terras da época, mas a todos os cidadãos. Vale ressaltar que as condições históricas da época
inviabilizavam a participação e o interesse dos mais pobres em frequentar as escolas. Entretanto, a
questão central desta reflexão é a proposta educacional de Simón Bolívar neste período que
compreendeu quase que a totalidade das repúblicas da América espanhola.
Com a chegada de Lancaster, Bolívar procurou colocar em prática as reflexões que fazia sobre
a educação do cidadão enquanto ainda liderava o exército nas batalhas. Uma vez derrotado o exército
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espanhol, era o momento de a educação formar o cidadão zelador das virtudes democráticas,
respeitador das leis e amante da pátria. Formar nos indivíduos tais virtudes representava educar a
opinião pública (de todos os setores da sociedade) em favor da república, fator imprescindível,
segundo ele, para a constituição da liberdade republicana (BOLÍVAR, 1992).
O líder da independência tinha convicção de que sem uma formação diferente da que se tinha
no período colonial, que pudesse valorizar a conquista da liberdade por meio das virtudes, do respeito
às leis e à pátria, o que se configura como ação política, era grande a chance de se perderem as
conquistas criollas. A atitude patriótica do cidadão jogava um papel fundamental na legitimação
política da república: “A posição dos moradores do hemisfério americano foi, por séculos, meramente
passiva: sua existência política era nula” (BOLÍVAR, 1992, p. 61). Mais que um sabedor de seus
novos direitos, para Bolívar, era preciso que o indivíduo os valorizasse. Diante dessa necessidade de
valorização e afirmação da liberdade, o conhecimento era importante, à medida que a virtude do
cidadão só seria alcançada por meio da atitude que este teria que ter para conhecer a própria liberdade.
À educação cabia a função de levar este conhecimento aos que, após a independência, faziam parte da
república. Sem essa prerrogativa, para ele, a tirania não tardaria a voltar:
A escravidão é filha das trevas; um povo ignorante é um instrumento cego de sua
própria destruição: a ambição e a intriga abusam da credulidade e da inexperiência
de homens alheios a todo conhecimento político, econômico ou civil. Adotam-se
como realidade meras ilusões. [...] Um povo pervertido, se alcança rapidamente sua
liberdade, logo volta a perdê-la, porque é inútil tentar mostrá-lo que a felicidade
consiste na prática da virtude; que o império das leis é mais poderoso que o dos
tiranos. [...] Com membros inchados pelos grilhões, a vista enfraquecida pelas
sombras das masmorras e aniquilados pelas pestilências servis, serão capazes de
caminhar com passos firmes rumo ao augusto templo da liberdade? Serão capazes de
admirar de perto seus esplêndidos raios e de respirar sem opressão o ar puro que ali
reina? (BOLÍVAR, 1992, p. 85, grifos nossos).
Esta era a reflexão que o líder independentista fazia sobre a necessidade de se conhecer o
conjunto das leis que regem, segundo ele, o convívio feliz dos cidadãos livres. Em primeiro plano, está
a compreensão, por parte dos cidadãos, da diferença entre ser governado “sem existência política” e
ser governado tendo conhecimento do seu papel ativo nas decisões políticas da sociedade. A educação
era condição precípua para a preparação do exercício político de todo cidadão, já que, para Bolívar,
para exercer tal função na sociedade não era necessário ter bens, mas, saber ler e escrever (ROJAS,
1976).
As indagações feitas por ele na citação acima teriam uma resposta positiva de acordo com a
realização de um sistema educacional eficaz, no sentido de formar os cidadãos para a virtude da
liberdade. Por isso, Bolívar dizia que “a educação popular deve ser o cuidado primogênito do amor
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paternal do Congresso. Moral e luzes são os pólos de uma república; moral e luzes são nossas
primeiras necessidades” (BOLÍVAR, 1992, p. 102). O sucesso da independência articulava-se ao da
popularização da educação:
La nación será sabia, virtuosa, guerrera si los principios de su educación son sabios,
virtuosos y militares: ella será imbécil, supersticiosa, afeminada y fanática si se la
cría en la escuela de estos errores. Por esto es que las sociedades ilustradas han
puesto siempre la educación entre las bases de sus instituciones políticas
(BOLÍVAR, 1973, p.374).
Acreditando que a instrução pública era o caminho mais seguro e eficaz para salvaguardar a
liberdade dos povos formalmente livres (BOLÍVAR, 1973, p. 259), o líder da independência viu no
Método Mútuo um instrumento necessário e adequado às situações da América espanhola daquele
período. O método do educador inglês Joseph Lancaster já se difundira pela Inglaterra e outros países
da Europa, mas, em pouco tempo, passou a enfrentar críticas de outros educadores pelo seu caráter
mecânico (BASTOS, 2011, p.141), principalmente, quando Lancaster se propôs a inserir seu método
no ensino superior. Enfrentando alguns problemas na Inglaterra, o educador embarcou para a
Venezuela com o objetivo de difundir o sua proposta de ensino pela América.
No início do século XIX, a popularização da educação era uma novidade para as recémfundadas repúblicas da América espanhola (SALCEDO-BASTARDO, 1976), e, embora fosse uma
proposta defendida por alguns intelectuais venezuelanos da época, as condições objetivas não
favoreciam a participação dos setores pobres daquele período. Dentre esses intelectuais, um bom
exemplo é Simón Rodríguez que, além de defender o caráter público da educação, primava também
pela inserção dos setores pobres no mundo das letras (RODRÍGUEZ, 1990).
Se as condições históricas daquele momento não favoreciam a universalização da educação
nas repúblicas da América espanhola, não há como deixar de considerar esta prerrogativa do conjunto
de ideias políticas de Bolívar, no qual, a educação tinha evidente privilégio (PRIETO FIGUEROA,
2006, p. 79).
Outro problema que as condições históricas da época apresentavam em relação ao projeto de
uma educação popular1 era a falta de pessoas capacitadas – professores, mestres. Nesse sentido, o
Método Mútuo seria mais que adequado e necessário para a disseminação da instrução pública, uma
1
Educação popular, aqui, não tem a conotação de um projeto educacional direcionado apenas para as massas e
com um conteúdo e currículo que se difere daqueles apresentados pelo sistema escolar estatal. O conceito de
educação popular com o qual se trabalha atualmente significa a contraposição e a adequação da educação de
setores da sociedade que são educados com uma perspectiva ideológica elaborada pela classe social
economicamente dominante. Por isso, a ideia de se criar uma “educação popular” no sentido de elaborar um
currículo que, ideologicamente, identifique-se com a classe trabalhadora.
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vez que ele permitia que um mestre, com a ajuda de monitores (alunos que se destacavam entre os
demais) pudesse atender a milhares de crianças (SALCEDO-BASTARDO, 1976).
Desse modo, o pensamento que Bolívar tinha em relação à educação da Grã-Colômbia
identificava-se com os anseios do próprio Lancaster, na medida em que o propósito de Lancaster,
desde a Inglaterra, era o de levar a instrução aos setores mais pobres da sociedade (BASTOS, 2011),
cuja ideia também estava presente no pensamento bolivariano.
A segunda comunicação estabelecida entre Bolívar e Lancaster ocorreu em 16 de março de
1825, quando, de Lima, o Presidente do Peru e da Grã-Colômbia respondeu ao educador inglês,
dando-lhe total apoio financeiro por parte do Estado. Na carta, o estadista ofereceu vinte mil duros
para que Lancaster iniciasse seus trabalhos em Caracas (SALCEDO-BASTARDO, 1973). Também
apresentou seu entusiasmo e crença no projeto que então se iniciava, colocando-se à disposição para
custear a proposta educacional lancasteriana em Caracas e, posteriormente, em toda a república
colombiana: “la educación pública llamará mi preferencia en el reparto de este fondo. Por lo mismo no
tengo el menor inconveniente en promover la mejora de los establecimientos de educación que Ud.
Dirige con su hermoso genio (BOLÍVAR, 1973, p. 323).
As relações políticas pós-independência dos países que haviam sido libertados, tendo como
líder militar e político Bolívar, jamais foram desprovidas de conflitos (AGUIRRE, 1985). Durante a
guerra, as vitórias credenciavam Bolívar a exercer o poder sem consideráveis enfrentamentos por parte
de seu corpo militar e político. Mas, ao passo em que seus generais foram ocupando os cargos de vicepresidentes das repúblicas nas quais Bolívar, como presidente, não poderia estar ao mesmo tempo, as
coisas foram mudando.
Quando os generais que haviam lutado ao lado de Bolívar chegaram ao poder, foi uma questão
de tempo para que o líder independentista fosse perdendo espaço político e enfrentasse sérios
problemas com a traição de seus antigos companheiros de armas (GONZÁLES, 1975). Joseph
Lancaster foi uma vítima deste contexto político. Mesmo tendo completo apoio do principal líder
político da Grã-Colômbia, o educador inglês sofreu com alguns líderes políticos de Caracas, os quais
trataram de criar obstáculos ao desenvolvimento do projeto lancasteriano.
De Caracas, em carta de 7 de janeiro de 1826, Lancaster escreveu a Bolívar, que estava ainda
no Peru, reclamando das ações do Cabildo de Caracas em relação ao seu trabalho:
Respetado amigo: sobre asuntos de educación poco tengo que decir, debido a la
conducta del Cabildo de Caracas de 1825, que según parecía, se propuso arruinar y
deshacer sistemáticamente todo lo que sus predecesores de 1824 habían tratado
laboriosamente de establecer; negándome todos los materiales de instrucción y
reteniendo la parte que les tocaba dar de mi sueldo, cuya suma con atrasos monta a
2.200 pesos fuertes (LANCASTER, 1973, p.385).
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Os percalços políticos em Caracas acompanharam Lancaster até os últimos dias em que esteve
na Venezuela. Sua dedicação devia-se muito ao apoio que tinha de Bolívar e, de um modo geral, da
opinião pública2 de Caracas que também aprovava seu trabalho. Em resposta à carta de Lancaster, que
portava as reclamações do educador, Bolívar respondeu ao Cabildo de Caracas que o projeto
lancasteriano era extremamente útil à juventude daquela cidade e que, por isso, nenhum aborrecimento
deveria ser causado ao educador. E completa:
Por esta consideración es que al fin me he determinado a dirigirme a V.S.I. con el
objeto de reclamar contra un abuso que aún no puedo creer, y a interesar el celo y
patriotismo de esa Municipalidad a fin de que, lejos de oponerse a las miras
verdaderamente benéficas del señor Lancaster, les preste toda aquella protección que
es su deber dar a los establecimientos que tienden a la propagación de las luces, y
que interesan tan inmediatamente al Pueblo que ella tiene el honor de representar
(BOLÍVAR, 1973, p. 394).
Lancaster estava em Caracas há praticamente dois anos e sua persistência, apesar das
dificuldades, parecia dar resultados. Havia construído uma biblioteca com materiais traduzidos por
intelectuais ingleses que o ajudavam na propagação do Método Mútuo. Eram obras de Geografia,
História Antiga e Moderna, Astronomia, Aritmética, Geometria, Química, sobre Moral, Agricultura
“Indústria rural”, além de máquinas, instrumentos elétricos, pneumáticos, de laboratório e uma prensa
(imprensa) (LANCASTER, 1973, p. 400). Estes materiais eram importantes, mas não substituíam os
materiais e os locais amplos necessários para a execução das aulas, o que pareciam ser os maiores
problemas para o educador.
Francisco de Paula Santander, então vice-presidente da Venezuela, cumprindo as orientações
do então presidente Bolívar, decretava a 3 de outubro de 1826 que o Método lancasteriano seria
utilizado também nas escolas militares e estipulava três datas que deveriam ser levadas em
consideração para a abertura de novas escolas de ensino mútuo no país. Segundo o decreto, até 19 de
abril de 1827, todas as capitais de províncias da Venezuela deveriam ter uma escola de ensino mútuo;
em 20 de julho do mesmo ano, todas as principais cidades das províncias deveriam ter uma escola
lancasteriana; e, 25 de dezembro de 1827, era a data limite para que todas as cidades da República
venezuelana tivessem uma escola de ensino mútuo (ROJAS, 1976, grifos nossos).
Era um plano educacional audacioso para as características sociais da época. Contudo, há que
se reconhecer o empenho em levar a instrução pública a todas as regiões do país. O que predomina em
torno dessa questão é a concepção de universalizar a instrução que tinha aspectos bastante limitados
no período colonial. É com intelectuais como Simón Rodríguez e políticos como Bolívar que a
2
Trata-se dos setores dirigentes, os quais tinham voz na sociedade da época.
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educação adquire contornos e possibilidades, ainda que no campo das ideias, de se popularizar na
Venezuela. Por isso, a contribuição de Joseph Lancaster à educação venezuelana foi considerável e se
encaixou nos projetos políticos bolivarianos para a educação daquela época.
Porém, o ano de 1827 marcou o fim da experiência de Lancaster na Venezuela. Ao longo de
três anos, ele enfrentou problemas políticos e críticas ao seu método. Intelectuais venezuelanos
entendidos em educação não aceitavam a disseminação do Método Mútuo no país, devido a seu caráter
extremamente empírico e mecânico (SALCEDO-BASTARDO, 1973). Além disso, segundo Maria
Helena Camara Bastos, “vários fatores contribuíram para a inviabilização do seu projeto: o idioma, a
falta de locais adequados para estabelecer escolas para um grande número de alunos, a falta de
materiais necessários para por em prática o método e, por fim, sua enfermidade” (2011, p. 144).
O final da trajetória do educador inglês na Venezuela foi completamente oposta ao entusiasmo
e cordialidade vividos na sua chegada em 1824. A relação entre Lancaster, Bolívar e algumas
personalidades políticas venezuelanas foi se tornando cada vez mais difícil. Por um lado, Lancaster
não tinha o apoio efetivo do qual necessitava para realizar seus trabalhos. Os decretos e a boa vontade
política de Bolívar chocavam-se com a burocracia e a oposição política que enfrentava em Caracas,
fato que atrasava a liberação de dinheiro, que já era pouco, para a implantação de novas escolas e a
compra de materiais, e comprometia a comunicação entre Lancaster e Bolívar. Estando no Peru,
Bolívar acompanhava o trabalho de Lancaster pelos informes que La Municipalidad de Caracas lhe
passava.
Em 3 de março de 1827, o Secretário de Estado José Rafael Revenga escreveu uma carta ao
Intendente de Caracas para que as autoridades emitissem o passaporte solicitado por Joseph Lancaster
para sua saída da Venezuela, além de saudar a dívida que, segundo e educador inglês, era de 250
pesos. Na ordem que emite, Bolívar revela certo descontentamento em relação ao trabalho de
Lancaster: “S.E. [Bolívar] ve con sentimento que el señor Lancaster se retire sin dejar instruída una
sola persona que pudiera sustituirle y desea que US. proponga los medios que crea adoptables para que
el establecimiento no deje de existir” (BOLÍVAR, 1973, p. 427).
Não atendido em sua primeira solicitação, Lancaster pede novamente a emissão de seu
passaporte. A Municipalidade de Caracas afirmava que o educador tinha dívidas com o Cabildo, por
não ter apresentado relatórios sobre a aplicação do dinheiro que havia recebido para desenvolver seu
trabalho educativo. Em resposta à La Municipalidad de Caracas, Bolívar, por meio de seu secretário
Revenga, diz:
Ignora S.E. [Bolívar] el estado de la cuenta entre Lancaster e la Municipalidad: pero
queriendo evitar que aquel lleve consigo motivo ninguno de desagrado al salir de
este país, y movido también de lo que de justicia se le debe, ha dispuesto S.E. que
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haga US. que la Municipalidad le satisfaga lo que quiera que le deba (BOLÍVAR,
1973, p. 428).
Os problemas que ocorreram ao longo da estada de Lancaster em Caracas e que o levaram a
deixar o país não diminuíram a admiração do líder independentista por ele. Por outro lado, era preciso
dar satisfações sobre os investimentos destinados ao trabalho do educador, uma vez que o dinheiro
partia do Estado peruano, que, mesmo tendo melhores rendas que a Venezuela, também havia sido
destruído pela guerra e enfrentava problemas com as finanças públicas. Devido à falta de informações
sobre os investimentos feitos no trabalho de Lancaster, Bolívar ordenou que o educador inglês só
poderia sair de Caracas depois de prestar contas dos 20.000 pesos direcionados à implantação das
escolas de ensino mútuo em Caracas (BOLÍVAR, 1973).
A última correspondência que tratava do caso de Lancaster data do dia 30 de março de 1827,
na qual Bolívar ordenava ao Intendente de Caracas para que conferisse se as informações de Lancaster
estavam corretas no que dizia respeito à compra de livros e materiais, objetos oriundos dos
investimentos públicos destinados à implantação de escolas lancasterianas na Venezuela.
De um entusiasta bolivariano, Lancaster tornou-se um crítico do governo colombiano (da GrãColômbia) (SALCEDO-BASTARDO, 1973). Posteriormente, mudou-se para Montreal e depois para
Nova York, onde morreu em 1838. O educador que havia chamado a atenção de todo o mundo para o
seu método de ensino voltado à massificação da instrução na alvorada do século XIX, terminou sua
vida sem muitas alegrias. Para produzir sua subsistência, nos últimos anos de sua vida, Lancaster
recorreu a trabalhos manuais (ROJAS, 1976).
Segundo Salcedo-Bastardo (1973), Joseph Lancaster, depois de ter sido duramente criticado
em seu país de origem, tempos depois de ter popularizado seu método, tinha tudo para refazer seu
prestígio quando veio para a América espanhola, mas encontrou um ambiente social e político muito
diferente do europeu.
Os conflitos políticos de uma república recém-fundada em que as posições ideológicas ainda
não estavam bem definidas e a precariedade das finanças públicas prejudicaram objetivamente a
difusão das escolas de ensino mútuo na Venezuela e em toda a Grã-Colômbia foram os principais
obstáculos de Lancaster.
Mesmo com a saída de Lancaster da América espanhola, o Método Mútuo continuou sendo o
sistema de ensino mais utilizado pelos governos republicanos da Grã-Colômbia, tornando-se, em
alguns casos, o sistema de ensino oficial do Estado (BASTOS, 2011).
A morte de Simón Bolívar em 1830 colocou fim ao seu projeto de popularizar a educação após
a independência dos países da América espanhola. As características históricas que produziram uma
América Latina economicamente dependente deixaram também, e não poderia ser diferente, suas
IX EPCT – Encontro de Produção Científica e Tecnológica
Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014
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marcas na educação. O ideário republicano da luta pela independência da trouxe consigo o pressuposto
de uma educação popular, no sentido de ser direcionada a todos aqueles que faziam parte da
democracia republicana (BELTRÁN; FIGUEROA, 1990, p. 10). Segundo Bolívar, o Estado
democrático deveria garantir a educação, mas, ao mesmo tempo, obrigar a presença de crianças de 0 a
12 anos na escola (BOLÍVAR, 1973). Sua morte precoce o impediu de trabalhar para colocar suas
ideias de estadista em prática ou, ao menos, trabalhar na tentativa de efetivá-las. A universalização da
educação que compreende a idade entre 0 e 12 anos ainda é um obstáculo a ser superado pela maioria
dos países da América Latina, fato que oferece uma dimensão da importância do projeto bolivariano
para a educação latino americana do século XIX.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde 1810 até o ano de sua morte, Bolívar percorreu seu objetivo de universalizar a educação
na Venezuela e nas repúblicas das quais foi presidente. Esse objetivo era parte essencial de seu projeto
político independentista, o qual conduziu com considerável destreza militar durante o período em que
os exércitos patrióticos travavam batalhas contra os espanhóis. Além disso, tratou também da
condução da organização política dos Estados nacionais recém-fundados. Na história da América
Latina, a educação encontra em Bolívar um defensor de sua universalização como forma de
legitimação dos direitos republicanos. Para um momento histórico em que se acabava de sair da
dominação colonial depois de praticamente 13 anos de uma guerra contra a Metrópole que destruiu
boa parte da América espanhola, a proposta educacional bolivariana assume um caráter de reforma
social, pois contribui para a formação de uma consciência segundo a qual a educação deve ser pública,
gratuita e universal.
A ação política bolivariana não tinha a pretensão de transformar a estrutura social da América
espanhola. Sua ação tem como norte reformas que eram necessárias para a consolidação do projeto
criollo, o qual se resumia, em grandes linhas, na consolidação do livre comércio com países que
despontavam na cena histórica capitalista. Diante desta realidade social e política, a educação assumiu
a função precípua de legitimação e conformação ideológica do Estado nacional. A república trazia
consigo novos valores e direitos, embora fortemente influenciados pela imensa desigualdade social
existente. A proposta pedagógica bolivariana tem sua importância para a América Latina na medida
em que coloca a educação como direito universal, de responsabilidade do Estado. Esta proposta, para o
início do século XIX, trazia para a antiga colônia espanhola a possibilidade de se popularizar a
educação ou, ao menos, exigi-la aos setores mais pobres e marginalizados, os quais sempre estiveram
à margem de qualquer processo de escolarização.
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REFERÊNCIAS:
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