Economia
17/10/2012 11h58- Atualizado em 17/10/2012 13h14
EPE diz que está mantida previsão de
redução de 20% no custo de energia
'Por enquanto está mantido o porcentual', disse
Maurício Tolmasquim.
14 usinas não aderiram a plano do governo para
redução da conta de luz.
Lilian Quaino
Do G1, no Rio
Tolmasquim falou nesta quarta (17) na Câmara de
Comércio Americana (Foto: Lilian Quaino/G1)
O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, disse
nesta quarta-feira (17) que, apesar de 14 empresas do setor de energia não terem
demonstrado interesse em renovar suas concessões, o governo ainda mantém a projeção
de uma redução de 20% do custo da energia para o consumidor.
Em palestra na Câmara de Comércio Americana, no Rio, ele disse que o governo
trabalha com esse mesmo percentual de redução, uma vez que o calculo foi estimado
com folgas para levar em conta imprevistos. "Por enquanto está mantido o porcentual" ,
disse Tolmasquim.
Segundo Tolmasquim, a lei é clara ao dizer que a União poderia ou não renovar as
concessões ao fim dos 30 anos. Ele explicou que a União ofereceu a renovação dentro
de outras condições.
"O governo está fazendo o que é melhor para aumentar a competitividade do país.
Existe um pleito muito grande dos industriais em relação ao custo de energia, que vem
sendo elemento importante na perda de competitividade do país. É claro que o governo
tem que tomar medidas necessárias para retomar a competitividade da economia
brasileira e isso está sendo feito com o princípio básico de não ferir contratos nem
direitos adquiridos", disse.
Ele disse que o estudo que prevê a renovação de concessões com redução de custos para
o consumidor foi feito de forma cautelosa. Tolmasquim disse que uma hidrelétrica é um
bem público e que a regra é clara:
"A União concede aquele bem público para um privado operar durante determinado
tempo, mas ele não vira proprietário eterno. Tem um novo contexto, uma nova lei. Uma
hidrelétrica tem seu investimento amortizado em pouco tempo, e depois, para operar e
manter a usina, tem muito pouco custo. A população se pergunta por que tem que pagar
tão alto se essa usina já foi paga", disse.
Belo Monte vai abastecer o equivalente a uma Argentina
Ele defendeu a usina de Belo Monte explicando que o que vai ser gerado de energia pela
usina vai atender a 60 milhões de pessoas e significa todo o consumo da Argentina.
O presidente da EPE explicou que, no Rio Xingu, o setor energético decidiu construir
somente uma usina, com isso, abandonando parte do potencial energético do rio.
Tolmasquim disse ainda que a área é de pastagem, sem floresta, e que a população de
cinco mil famílias que lá vivem e serão realocadas moram em sua maioria em palafitas.
"Essas famílias vão receber recursos e terão a opção de viver em vilas planejadas com
infraestrutura sanitária. A usina tem que ser um vetor do desenvolvimento", disse.
Segundo Tolmasquim, o projeto de Belo Monte atingia três comunidades indígenas e
para não prejudicá-las o projeto foi revisto. Para isso construiu-se um canal maior do
que o Canal do Panamá para evitar que essas comunidades fossem inundadas.
"Foi construído um canal de R$ 6 bilhões para evitar que 225 indígenas fossem
afetados, o que é justo, pois é preciso defender nossas minorias. O que é injusto é
quando se alega que não se está cuidando deles", disse Tolmasquim.
Ele disse ainda que considera possível aproveitar o potencial hidrelétrico da Amazônia e
preservar a região.
"Do potencial hidrelétrico a ser explorado 60% está no bioma Amazônia, onde esta a
grande riqueza de biodiversidade. Tem que preservar os recursos naturais, tem que
preservar a Amazônia. Mas é possível aproveitar esse potencial hidrelétrico", disse.
Ele explicou que as terras indígenas e as unidades de conservação representam 50% do
bioma Amazônia.
"Já as usinas planejadas e existentes ocupam menos de 0,5% do bioma para continuar
uma matriz energética renovável e com baixa emissão de gases de efeito estufa".
Indústria do petróleo
Ele comparou a indústria do petróleo no Brasil à agência espacial americana Nasa. "O
petróleo tem que ter papel de desenvolver outros setores como a Nasa. Hoje já vemos no
parque tecnológico da Ilha do Fundão empresas brasileiras e internacionais se
instalando em torno da indústria do petróleo", disse.
Tolmasquim chamou a atenção para o "consumo perdulário do petróleo".
Ele afirmou que como um ativo natural, o petróleo vai se esgotar, por isso, a geração de
hoje, ao usar o petróleo, tem que saber que tem que deixar algo para as gerações futuras:
"Seja em termos de conhecimento ou de tecnologia, de valor equivalente ao recurso que
foi esgotado. Não pode haver consumo perdulário".
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