Educação e os malefícios trazidos pelo computador
Carlos Eduardo T. de Oliveira, Ozir Fernandes, Youssef Shimon Wenger, Valdemir Fernandes, Orlei Pombeiro
Grupo de Pesquisas em Informática, Desenvolvimento Web,
Sociedade Paranaense de Ensino e Informática - Faculdades SPEI
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Resumo – A grande evolução trazida pela introdução do computador e também pela criação da Internet na educação
das pessoas e no modo como os alunos pesquisam e utilizam computador e Internet como complemento ou recurso para
auxiliar no seu aprendizado e pesquisas, assim como as facilidades e “armadilhas” oriundas da presença da tecnologia
dentro de nossas vidas, além de outras questões como o impacto causado na escrita, são assuntos abordados dentro deste
artigo, de maneira a tentar expor principalmente os malefícios trazidos junto destas maravilhas do tempo moderno. O
modo com que computadores e a Internet estão presentes hoje na educação, de uma forma geral, pode ser visto por
muitos como uma evolução natural do homem, mas é preciso tomar cuidado, e principalmente, ensinar as pessoas e em
especial as crianças e jovens, a utilizar estes recursos de tal forma que venham a contribuir e acrescentar algo, e não
como pode-se observar hoje, em que na maioria dos casos, alunos simplesmente copiam trabalhos ou pedaços de
pesquisas que são feitas sem nenhum critério nos mais diversos buscadores existentes, sem sequer checar a veracidade e
confiabilidade das fontes, além dos inúmeros sites e serviços disponíveis com trabalhos prontos, que vão desde simples
trabalhos de ginásio até monografias de graduação. O impacto desta entrada avassaladora destes recursos na vida das
pessoas pode ser notada até mesmo na escrita, desde erros como a abreviação indevida de palavras até a letra cursiva em
si. Indagamos sobre como será o futuro diante de tudo isso, e apresentamos algumas pesquisas encontradas dentro do
assunto.
Palavras-chave: malefícios do computador, educação e computador, pesquisa na Internet, malefícios da Internet,
estudante moderno, trabalhos prontos, malefícios da pesquisa na Internet, educação e Internet.
Introdução
O Estudante Moderno
Solução ou problema? Afinal de contas o
computador veio auxiliar na educação das pessoas, ou
trouxe mais problemas para a execução desta tarefa cada
dia mais árdua e intrigante de educar.
Alguns autores afirmam que o computador e
especialmente a Internet serão responsáveis por uma
revolução na educação e no sistema de ensino dentro de
alguns anos. E alguém dúvida disto? Computadores e
Internet são realidades no ensino, na vida pessoal e na
vida profissional de milhões de pessoas pelo mundo,
mas e como fomos ou estamos sendo afetados por toda
esta transformação que veio de forma tão rápida e
devastadora, alterando conceitos, formas de pesquisa,
métodos de ensino e até mesmo nosso vocabulário e
escrita.
As novas tecnologias são sempre úteis e bemvindas nos mais diversos setores e para os mais variados
fins, a utilização da tecnologia como suporte à educação
e que esta poderá acrescentar muito na evolução de
pesquisas e até mesmo atingir cada vez mais pessoas
também é inegável, mas e os males que o computador e
a Internet trouxeram para a educação de seus filhos e
para sua própria educação? É sobre isto que este artigo
estará discutindo.
Estudo de Caso
Primeiramente foi a simples troca das
máquinas de escrever pelo computador, o poder de
salvar um trabalho, ou de corrigir erros antes de
imprimir estava agora em nossas mãos. Na década de 90
popularizou-se o desktop juntamente com os sistemas
operacionais voltados para o usuário comum (ou usuário
final), com todas as suas facilidades de uso, e
finalmente surgiu então a Internet e seus infinitos
recursos e sua incrível rede de comunicação.Com tudo
isto em um período tão curto de tempo e com uma
adesão tão grande, não há como negar: o perfil do
estudante moderno não é mais o mesmo.
O estudante de hoje tem uma fonte de pesquisa
que seus educadores, em sua maioria, não tinham.
Segundo estimativas da Universidade de Berkeley,
EUA, em 2003 existiam mais de 500 bilhões de
documentos na Internet [1]. Agora somem a esta
infinidade de informações, buscadores com algoritmos
capazes de através da digitação de uma palavra-chave
trazer centenas, milhares de documentos em segundos,
ou ainda em décimos de segundos, basta um simples
clique e pronto, a informação esta na sua frente.
Na rede mundial de computadores não se
encontra apenas uma enciclopédia, mas várias delas e
muito mais do que isto, em diversas línguas e a qualquer
momento. Páginas dedicadas a assuntos específicos,
sites com grande variedade de informações, conteúdos
educativos, informativos, pesquisas e muita coisa ruim
também. Mas a questão é: e você como faz sua
pesquisa? E os alunos da atualidade como buscam a
informação?
Em um rápido levantamento realizado entre
estudantes da faculdade Spei e famílias da classe média,
observou-se que a Internet é a principal fonte de
pesquisa para praticamente todas as pessoas
entrevistadas e que o nosso fiel amigo “Tio Google” é a
“biblioteca” mais visitada na hora de realizar uma
pesquisa, seja ela qual for.É uma espécie de Delivery de
Informação, rápido e fácil. Mas isto é bom?
A era da informação gerou em nossa sociedade
uma ansiedade pela informação, porém, para obter esta
informação é necessário coletar dados.O que acontece
hoje, muitas vezes, é que a pesquisa do “tio Google” é
supervalorizada, e ao invés do estudante ler todo o
material, analisar a fonte e então tirar suas próprias
conclusões, seu texto é formado pela simples transcrição
dos dados coletados na pesquisa, às vezes, formando um
agrupamento de parágrafos sem ligação, o famoso
trabalho copy e paste[2].
O fato é que isto sempre existiu, mesmo sem a
Internet, trabalhos já eram feitos desta forma, mas não
há dúvida que com a facilidade que a rede mundial de
computadores nos trouxe este vicio multiplicou-se
consideravelmente. Sem contar com os trabalhos
prontos, isto mesmo, prontinhos, como em uma loja
com prateleiras cheias de trabalhos, e o melhor não se
cobra nada pelo trabalho, é só acessar, escolher o tema e
imprimir.
Para finalizar este assunto fica a pergunta: e
depois de finalizado o trabalho?
Após os estudantes copiarem, colarem e imprimirem sua
pesquisa, será que a informação coletada é verídica
mesmo? A fonte, o site são com certeza confiáveis?
Será que essa tal de Internet nos trouxe tantas
soluções mesmo... Ou seriam problemas?
Os gráficos abaixo demonstram o resultado de uma
pesquisa feita junto a pais sobre a influência da Internet
na educação de seus filhos [3]:
Melhor Influência para as
crianças
30%
Internet
Televisão
70%
Fonte: AOL/Roper ASW
Qualidade da lição de casa dos
filhos
23%
Melhorou
Piorou
77%
Fonte: AOL/Roper ASW
Trabalhos Prontos
Há cerca de doze anos atrás, praticamente
todos os trabalhos escolares eram executados dentro de
bibliotecas, feitos a mão, com livros e enciclopédias
gigantes, pois o uso da internet para esse fim era muito
restrito. Com o avanço da tecnologia, essa restrição
acabou, e a internet virou meio de vida.
Atualmente a única coisa que se pesquisa é o
campo destinado ao tema, e para tanto existem inúmeros
sites que facilitam ainda mais as cópias, ou seja,
trabalhos escolares prontos, que podem servir desde o
ensino fundamental até para monografias de graduação.
E o pior, vários alunos não se dão ao menos o trabalho
de ler o que esta diante dos olhos para certificar se é o
tema proposto. Uma vez que a praticidade pode, muitas
vezes, ser tentadora, levando o aluno a acomodar-se
diante de um tema proposto para pesquisa. Ao invés do
esforço inerente ao aprendizado, a rapidez e a facilidade
da cola on-line. As pessoas cada vez mais se tornam
escravos dessa preguiça que assola os estudantes,
futuros formadores de opinião em nosso país. Até onde
essa facilidade contribuirá para uma sociedade sem
perspectiva de vida, onde uma simples copia de
conteúdo seja chamado de trabalho? Uma sociedade
sem ação? Sem cultura, Talvez.
O que se sabe é que cada vez mais, a leitura e a
escrita são deixadas de lado enquanto os sistemas de
busca eletrônica de conteúdo para o trabalho que não
interessa a pesquisa, mas sim a copia aumentam.
Uma Pesquisa na Carolina do Norte, nos EUA,
mostra que 97% dos estudantes já colaram e, destes,
15% copiaram trabalhos da internet. [15]
Além de cópia, a compra de trabalhos também
tem um lugar de destaque Waldo Luís Viana [16], que
se intitula o mais caro do Brasil, cobra R$ 1.000 por
uma monografia de 50 páginas e R$ 2 mil por uma
dissertação de mestrado. “Não sou vigarista. Recebo
para escrever. O que o aluno vai fazer com minha obra é
problema dele”, diz Viana.
A professora e antropóloga Eunice Durham
[17] diz que os trabalhos são fundamentais para a
formação dos estudantes. “Eles são importantes para
que o aluno exercite seu conhecimento”, afirma. “Quem
apresenta trabalho comprado é falsificador, não tem
outra qualificação.” Para o criminalista Paulo Ramalho,
[18], porém, a prática não configura nenhum crime: “A
proteção é ao direito do autor. A partir do momento em
que este autoriza a cópia, não há crime”, diz Ramalho,
que admite ter escrito discursos para amigos na
universidade.
Digitando as palavras-chave “trabalhos
prontos” no Google são encontrados cerca de 1.160.000
registros para este assunto, isto em apenas cinco
centésimos, esta incrível quantidade de informação em
um tempo desprezível pode ser utilizada como uma
fonte de pesquisa quase que inesgotável ou pode-se
também, simplesmente salvar o trabalho pronto em seu
computador, alterar o nome e entregar para o professor,
a escolha é sua.
Prejuízos causados pelo computador na escrita
Quando trata-se da escrita, sabemos que
principalmente crianças e adolescentes serão os
prejudicados pelo uso excessivo do computador, as
palavras são comprimidas em poucas letras e existe o
uso excessivo da gíria sem nenhum controle. Os emails, por exemplo, pode-se notar a deturpação da
linguagem, não existe mais aquela linguagem usada na
correspondência escrita tradicional, colocando o local
onde o remetente está escrevendo, saudar a pessoa e
despedir-se dela, isso seria uma maneira de tratar o
receptor com respeito. Mas como podemos falar de
respeito quando se trata de pessoas virtuais ? Em emails não há a manifestação pessoal da escrita cursiva,
que é totalmente individual [4].
Aquele movimento harmônico das mãos e
dedos foi substituído por movimentos mecânicos de
apertar teclas.[4] A maneira como apertamos a tecla do
teclado não vai fazer diferença nos resultados obtidos,
sempre será o mesmo, quando as pessoas estão
digitando na frente do computador, principalmente em
salas de bate-papo ou e-mails, o costume é tanto que
automaticamente as palavras são abreviadas, esse
“costume” de certa forma acaba levando a pessoa a
escrever errado quando vai redigir um documento ou
algum outro texto.
E não podemos nos esquecer da caligrafia,
como é possível treinar a escrita quando se utiliza o
teclado do computador para escrever? Infelizmente é
difícil achar alguém com uma caligrafia bonita, devido
ao uso excessivo da máquina, as pessoas não possuem o
hábito de escrever textos, presencia-se hoje muitas
redações de vestibulares que simplesmente os
professores não conseguem executar a correção devido
a estas redações estarem “ilegíveis”, isso nos mostra o
mal que o computador está causando na escrita.
Existe escola que introduz o computador muito
cedo. O que essa criança vai fazer com o computador?
Fazer trabalhos escolares é um absurdo. Ela tem de
fazer os trabalhos à mão para caprichar, aprender a
desenvolver letra bonita, desenvolver a escrita fluente
que é uma das coisas mais importantes que a escola tem
que desenvolver. Como fazer isso se a criança ou jovem
podem usar um editor de texto, que permite toda
indisciplina? Não é preciso nem pensar mais na
ortografia correta, pois o corretor ortográfico do
computador sugere as alternativas corretas.
Talvez em um futuro o computador passe a ser
um material escolar, destes pedidos em uma lista todo
começo de ano letivo, mas enquanto isso não ocorre,
devemos educar nossas crianças, pais, professores e
todos os envolvidos na educação e nos preocupar
porque não, com a escrita delas, pois ainda hoje é uma
das melhores formas de comunicação entre os seres
humanos.
Discussão e Conclusões
A informática surgiu para resolver problemas
que antes não existiam. Tal afirmativa pode ser
considerada verdadeira ou falsa? Como todas as
premissas, é necessário analisar os “dois lados da
moeda” para só então chegar-se a uma conclusão.
O ser humano é um ser social em constante
transformação. Cria instrumentos para facilitar sua vida
diária e, conseqüentemente, acaba criando necessidades,
muitas vezes tornando-se escravo de suas próprias
invenções.
Não se consegue mais imaginar a vida sem
celular, e-mail, Ctrl+C, Ctrl+V! Mas até que ponto a
tecnologia está a nosso serviço? Será que não estamos
sendo escravos dessas facilidades?
O homem não é mais o mesmo depois do
computador. A introdução dessa máquina no cotidiano
trouxe benefícios e malefícios. È inegável que o acesso
à informação ficou mais “democratizado”, mas o
problema é: o que fazer com tanta informação? Tem-se
as ferramentas, mas não se sabe construir nada. E se
acaba a luz? Acabam-se as idéias também? Pode-se
fazer aqui uma analogia à escola Iluminista e
redescobrir que o verdadeiro conhecimento ainda estpa
na máquina mais poderosa que existe: o cérebro!
Referências
[1] Yahoo;MANUAL DE BUSCA NA INTERNET,
Acedido em 25 de Maio de 2006, em:
http://br.buscaeducacao.yahoo.com/mt/manual
[2] Éric Eroi Messa; EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA,
revista Ensino Superior, Ano 2005, pp. 18-19
[3] Redação Terra, EDUCAÇÃO NA INTERNET,
Acedido em 25 de Maio de 2006, em:
http://tecnologia.terra.com.br/internet10anos/intern
a/0,,OI542326-EI5026,00.html
[4] Fonte – Revista Época , Edição 205 22/04/2002, Editora
globo, Acedido em 25 de Maio de 2006, em:
http://epoca.globo.com/edic/205/socia.htm
[5] Waldo Luís Viana, escritor. Depoimento publicado pelo
site da Revista Época -Edição 205 22/04/2002, Editora
globo, Acedido em 25 de Maio de 2006, em:
http://epoca.globo.com/edic/205/socia.htm
[6]- Eunice Durham - integrou o Conselho Nacional de
Educação do Ensino Superior do MEC – opinião publicada
pelo site da Revista Época - Edição 205 22/04/2002, Editora
globo., Acedido em 25 de Maio de 2006, em:
http://epoca.globo.com/edic/205/socia.htm
[7] - Paulo Ramalho, criminalista. Opinião publicada pelo
site da Revista Época -Edição 205 22/04/2002, Editora
globo, Acedido em 25 de Maio de 2006, em:
http://epoca.globo.com/edic/205/socia.htm
[8] Valdemar W.Setzer; MISÉRIAS DEVIDAS AO
USO DO COMPUTADOR NA EDUCAÇÃO – NO
LAR E NA ESCOLA; Escrito em 1/5/05; publicado na
revista discutindo Ciência, Ano 1, No. 2, pp. 59-61, na
seção "Debate: O computador na educação: ajuda ou
atrapalha?" com o título "As misérias que pode causar";
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