PDS não vai comprar
a briga dos grandes \
JOÁO EMÍLIO FALCÃO
Repórter Especial
pesar de estar com
a bancada bastante
reduzida — 32 deputados e cinco senadores —
o PDS encontra-se dividido entre os que pretendem uma oposição agressiva ao presidente José
Sarney e os que a desejam "responsável e confia vel",
como o expresidente Tancredo Neves definia o comportamento de seu partido, o
PP.
Liderando os drusos do
PDS, o deputado Bonifácio de And rada (MG), conhecido direitista, já conseguiu o apoio de 14 pedessistas para a defesa
da soberania absoluta da
Constituinte,
reivindicada pelos xiitas do PMDB.
Com enfoque mais politico, a deputada
Miriam
Portella (PI) observa:
— Nós não temos nada
a ver com essa briga entre o PMDB e o PFL por
fatias de poder. Nós temos ê que lutar peia nova
Constituição.
A
,,i ESTILOS
A divisão do PDS. que a
cada dia se acentua, decorre mais do relacionamento
com
o
expresidente do partido, o
atual Presidente da República. O chamado grupo de ex-ministros — senadores Jarbas Passarinho (PA) e Roberto Campos (MT) e o deputado
Delfim Netto (SP) — lidera os que não pretendem
envolver
o
presidente
Sarney na campanha oposicionista.
O melhor exemplo dessa atitude tem sido dado
por Delfim Netto, um
crítico mordaz da política
económica, mas que sempre desculpa o Presidente
da República
frisiando
que não é bem informado,
foi traído etc. O senador
Jarbas Passarinho é, no
partido, um dos poucos
que tentam garantir o
mandato de seis anos para o presidente
Sarney,
ressaltando a necessidade do respeito à Constituição em vigor.
Passarinho
tem sido
criticado pelos deputados
mais novos por sua amizade a Sarney. Nesta semana, ele disse claramente a vários pedessitas
que não sairá da convicção de que a oposição deve ser responsável e confia vel, nem que isto represente a sua saída da
presidência do PDS. O
que ele deseja è um partido firme, sem demagogia, com posições sinceras nem que sejam menos
politicas.
LIMBO
Na divisão do PDS, original é a posição do líder
da bancada,
deputado
Amaral Netto. Em 86,
quando o partido estava
em desagregação, foi decisivo para salvar o que
restava, exercendo uma
oposição veemente. Neste
período nunca poupou a
Nova República, a começar pelo presidente Sarney.
Amaral, porém,
está
mais voltado hoje para as
denúncias contra o ministro da Fazenda, a quem
tem chamado de corrupto. Seu grande êxito neste
primeiro mês de Constituinte foi ter metido medo
no PMDB, ao anunciar
que entraria em sua reu-
nião para interpelar o ministro da Fazenda, já que
este não tinha coragem
de comparecer ao plenário da Constituinte. Cauteloso, o PMDB desistiu
de convocar o ministro.
No que Amaral chocase contra os drusos é na
defesa intransigente
da
predominância da Constituição contra a soberania
da Constituinte, com o
que está colocando-se a
favor dos que desejam
preservar o Presidente
da República de qualquer
redução
imediata
do
mandato ou transformação do regime.
VANGUARDA
Os drusos consideramse os progressistas
do
PMDB. Como enfatiza a
deputada Míriam Porteila, eles querem acelerar
a elaboração da nova
Constituição
porque a
atual não corresponde às
necessidades da sociedade. Na sua opinião, as
transformações
exigidas
não podem demorar. Se
atingirá ou não o Presidente da República, isto
não lhes preocupa.
Para eles, a disputa em
torno do parágrafo 7, art.
57 do Regimento
Interno
da Constituinte — permite modificar a Constituição por maioria absoluta
— decorre, apenas, do
confronto entre o PMDB e
o PFL em torno de cargos, vantagens,
concessões de rádio etc. O PDS,
como oposição, não tem
nada a ver com isto e não
deve ajudar nem o PFL,
nem o PMDB. Deve é lutar pela soberania da
Constituinte, colocando-a
acima de tudo.
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