CAPA
Fotografia e Produção Gráfica: Talita Mendes
Design de Brush Digital: Sahir Khan (www.sahirkhan.com)
Todos os direitos reservados
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS
LINGUÍSTICOS
GRUPO DE PESQUISA O CORPO E A IMAGEM NO
DISCURSO
CADERNO DE RESUMOS E PROGRAMAÇÃO
II CID – II Colóquio Nacional e I Colóquio
Internacional do Grupo de Pesquisa o Corpo e a
Imagem no Discurso
Corpo, arte, cinema e outras mídias
Uberlândia/MG
Dezembro-2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS
LINGUÍSTICOS
GRUPO DE PESQUISA O CORPO E A IMAGEM NO
DISCURSO
Reitor
Prof. Dr. Alfredo Júlio Fernandes Neto
Vice-Reitor
Prof. Dr. Darizon Alves de Andrade
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Prof. Dr. Alcimar Barbosa Soares
Pró-Reitor de Graduação
Prof. Dr. Waldenor Barros Moraes Filho
Pró-Reitor de Extensão, Cultura e Assuntos Estudantis
Prof. Dr. Alberto Martins da Costa
Diretora do ILEEL
Profª. Drª. Maria Inês Vasconcelos Felice
Coordenadora do PPGEL
Profª. Drª. Dilma Maria de Mello
Apoio
UFU, FAPEMIG, ILEEL, PPGEL, PROPP, PROGRAD,
PROEX, HOTEL SAN DIEGO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS
LINGUÍSTICOS
GRUPO DE PESQUISA O CORPO E A IMAGEM NO
DISCURSO
Comissão Organizadora
Presidente da Comissão Organizadora
Prof. Dr. William Mineo Tagata (UFU)
Vice-Presidente da Comissão Organizadora
Profa. Dra. Simone Tiemi Hashiguti (UFU)
Secretaria Geral
Danilo Corrêa Pinto (Pós-Graduando, UFU)
Pós-Graduandos
Ana Flora Schlindwein (UNICAMP)
Talita Mendes (UNICAMP)
Graduandos
Giovanna Monique Alelvan (UFU)
Patricia Helena Baruffi Gomes (UFU)
Pedro de Freitas Salomão (UFU)
Yara Oliveira Diniz (UFU)
Comitê Científico
Profa. Dra. Fernanda Costa Ribas (UFU)
Prof. Dr. João Carlos Biela (UFU)
Prof. Dr. Sérgio Ifa (UFAL)
Profa. Dra. Walkyria Monte Mor (USP)
Sumário
Apresentação/Foreword ............................................................................... 2
Grupo de Pesquisa ....................................................................................... 3
Programação Geral ...................................................................................... 4
Programação das sessões de comunicação ................................................ 10
Programação dos painéis ........................................................................... 19
Resumo da conferência de abertura ........................................................... 23
Resumos das comunicações orais .............................................................. 25
Resumos dos painéis.................................................................................. 85
Resumos das exposições............................................................................ 95
Release dos artistas .................................................................................... 98
Índice remissivo....................................................................................... 101
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
1
Apresentação
Como o corpo pode ser materializado, fragmentado e reorganizado
em diferentes formas de arte e mídia? Como essas diferentes formas
de linguagem ajudam a estabilizar e manter a memória? Como
compreendemos textualidades híbridas e multimodais? Qual é o
efeito da estrutura linguística para a constituição dos sentidos das
imagens? Em um tempo em que o conceito de memória coletiva
(HALBWACHS, 1966) pode deslocar-se para o de memória
midiática (NEIGER, MEYERS and ZANDBERG, 2011) e em que
produções culturais seguem movimentos globais, ao mesmo tempo
em que são profundamente teorizadas por disciplinas que conduzem
à especialização e à fragmentação do conhecimento, este evento visa
a discutir e refletir sobre tais questões, contribuindo para sua
teorização e para a discussão sobre seus métodos de análise.
Profª. Dr.ª Simone Tiemi Hashiguti
Líder do Grupo de Pesquisa O Corpo e a Imagem no Discurso
Foreword
How can the body be materialized, fragmented, reorganized in the
different forms of arts, in the different forms of media? How do these
different forms of language help establish and maintain memory?
How do we perceive hybrid, multimodal textualities? What is the
effect of the linguistic structure for the constitution of meanings of
images? In a period when the concept of collective memory
(HALBWACHS, 1966) may slide to the concept of media memory
(NEIGER, MEYERS and ZANDBERG, 2011) and when cultural
productions follow global movements as much as they are deeply
theorized by disciplines that lead to the specialization and
fragmentation of knowledge, this event aims at discussing and
reflecting on such issues as to contribute to the theorization and
discussion of the methods of analysis of such objects.
Dr. Simone Tiemi Hashiguti
Coordinator of the Research Group Body and Image in Discourse
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
2
Grupo de Pesquisa
O Grupo de Pesquisa: O corpo e a Imagem no discurso nasce
em uma conversa informal em 2007, quando um grupo de
pesquisadoras, algumas recém-doutoras ou doutorandas, outros
já docentes ou pesquisadores de carreira e de diferentes
instituições, chegam à conclusão de que, além das inquietações
comuns de pesquisa, materializadas nas apresentações em
eventos e nas discussões através delas incitadas, havia também
uma demanda e um espaço para construir reflexões teóricas
conjuntas e o desejo de uma discussão mais sistematizada, que
permitisse uma maior produção e circulação de idéias, um
retorno para a teoria e metodologia de análise discursiva.
Assim, primeiramente com as Profas. Dras. Simone Tiemi
Hashiguti (UFU) e Ivânia Neves (UNAMA), com a doutoranda
Ana Flora Schlindwein (UNICAMP) e a Pesquisadora Dra.
Cláudia Marinho Wanderley (UNICAMP), a proposta do
Grupo emerge, e é institucionalizada pela CAPES em 2008. A
partir disso, o grupo se propõe a: 1) analisar e teorizar o corpo e
outras materialidades visuais (fotos, imagens, filmes, dentre
outras, opticamente apreensíveis) a partir de uma perspectiva
discursiva, em seus diálogos com outras disciplinas; 2) analisar
as especificidades dessas materialidades e a sua relação com o
verbal; 3) compreender a relação do sujeito com essas
materialidades nos processos de produção de sentido e de
subjetivação; 4) contribuir com as reflexões para a teoria
discursiva e para as teorias semiológicas e em cultura visual.
Essas propostas perpassam os projetos de pesquisa e atividades
acadêmicas dos membros do grupo.
www.cecle.ileel.ufu.br/cid
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
3
PROGRAMAÇÃO GERAL
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
4
Data: 03/12/2012
Locais:
Campus Santa Mônica
Universidade Federal de Uberlândia
Casa da Cultura de Uberlândia
Praça Coronel Carneiro, 89
Fundinho
8h
Credenciamento
Local: Sala 205 Bloco G – Campus Santa Mônica
9h
Sessão Solene de Abertura
Local: Anfiteatro G bloco 5OA – Campus Santa Mônica
 Prof.ª Dr.ª Maria Inês Vasconcelos Felice (Diretora do
ILEEL)
 Prof.ª Dr.ª Dilma Maria de Mello (Coordenadora do
Programa de Pós Graduação em Estudos Linguísticos)
 Prof. Dr. William Mineo Tagata (Presidente da
comissão organizadora)
 Prof.ª Dr.ª Simone Tiemi Hashiguti (Líder do Grupo de
Pesquisa O Corpo e a Imagem no discurso)
9h30
Coffee-break e Atividade Cultural
Local: Saguão inferior bloco 5OA – Campus Santa Mônica
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
5
10h
Palestra de Abertura
Local: Anfiteatro G bloco 5OA – Campus Santa Mônica
O corpo como locus de subjetividade e alteridade
 Prof. Dr. Lynn Mario Trindade Menezes de Souza
(USP)
12h
Almoço
13h30
Sessões de Comunicações (1,2,3,4)
Local: Salas do Bloco G – Campus Santa Mônica
16h
Coffee-break
Local: Sala 216 Bloco G – Campus Santa Mônica
16h30
Sessão de Painéis
Local: Sala 216 Bloco G – Campus Santa Mônica
17h30
Transporte para a Casa da Cultura
Local: Estacionamento do Bloco U – Campus Santa Mônica
18h
Conferência de Abertura
Local: Casa da Cultura de Uberlândia
BETWEEN: transdisciplinary dialogues on the body and
visual culture
 Dr. Karen Ingham (Artist and Reader in Art and Science
Interactions Swansea Metropolitan University UK)
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
6
19:30
Abertura de Exposições Artísticas
Local: Casa da Cultura de Uberlândia
BETWEEN: Embodiment and Identity
Artistas:
 Karen Ingham (Swansea Metropolitan University)
 Susan Aldworth (Swansea Metropolitan University /
London Metropolitan University / Institute of
Neuroscience at Newcastle University)
Passagens: Corpos e Imagens Fugidias
Artistas:
 Talita Mendes (UNICAMP)
 Ronaldo Souza (UNICAMP)
 Lívia Diniz (UNICAMP)
20h
Lançamento de livros
Local: Casa da Cultura de Uberlândia
20h30
Coquetel de Abertura
Local: Casa da Cultura de Uberlândia
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
7
Data: 04/12/2012
Local: Campus Santa Mônica Universidade Federal de Uberlândia
9h
Mesa-redonda 1
Local: Anfiteatro G bloco 5OA – Campus Santa Mônica
Discurso e corpo: práticas de subjetivação e audiovisual
 Prof. Dr. Nilton Milanez (UESB)
 Profª. Dr.ª Ivânia Neves (UNAMA)
 Prof.ª Dr.ª Simone Tiemi Hashiguti (UFU)
11h30
Almoço
13h30
Sessões de Comunicação (5,6,7,8)
Local: Salas do Bloco G – Campus Santa Mônica
16h
Coffee-break
Local: Sala 216 Bloco G – Campus Santa Mônica
16h30
Mesa-redonda 2
Local: Anfiteatro G bloco 5OA – Campus Santa Mônica
Corpos e culturas em conflito: figurações da alteridade no
cinema
 Prof. Dr. Leonardo Francisco Soares (UFU)
 Prof. Dr. William Mineo Tagata (UFU)
 Doutoranda Ana Flora Schlindwein (UNICAMP)
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
8
18h
Plenária Final
Local: Anfiteatro G bloco 5OA – Campus Santa Mônica
19h
Happy hour por adesão
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
9
PROGRAMAÇÃO DAS SESSÕES DE COMUNICAÇÃO
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
10
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1
Data: 03/12/2012 – 13h30-16h
Sala: G 235
Coordenadoras:
Prof.ª Dr.ª Ivânia Neves (UNAMA)
Doutoranda Ana Flora Schlindwein (UNICAMP)
13h3013h50
13h50
-14h10
A subjetivação dos corpos na
performance: “o que não vaza é
pele
Dança: um acontecimento do corpo
14h1014h30
Sexualidade e corpo: uma análise
do filme cisne negro
14h3014h50
A regulação da imagem em capas
de álbuns musicais e os efeitos de
pertencimentos a estilos
14h5015h10
Confissões do corpo: a beleza negra
nas tramas do discurso
15h1015h30
As cadeiras enquanto corpos
15h3015h50
Aspectos conceituais no estudo da
discursividade do design gráfico:
preliminares para um quadro de
análise
Geison de Almeida Bezerra
da Silva(UFMG)
Alessandra Rodrigues
Santos Brandes
(UNICAMP)
Jaciane Martins Ferreira
(UFU)
Lucas Martins Gama
Khali(UFU)
Amanda Braga
(UFPB/UFSCAR)
Mariana Resende Corrêa
(UFU)
Cláudia Maria França da
Silva (UFU)
Ricardo Augusto Silveira
Orlando (UFOP)
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
11
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2
Data: 03/12/2012 – 13h30-16h
Sala: G 231
Coordenadores:
Prof.ª Dr.ª Simone Tiemi Hashiguti (UFU)
Prof. Dr. Nilton Milanez (UESB)
13h3013h50
Nu impotente à espreita: sobre
uma figura de melancolia na arte
contemporânea
13h50
-14h10
Corpos femininos produzidos pelo
discurso da mídia para os desfiles
de escolas de samba do carnaval
carioca
Danilo Corrêa Pinto
(UFU)
14h1014h30
Ode ao corpo ou ódio ao corpo?
Uma perspectiva filosófica acerca
da imagem do corpo veiculada pelo
discurso da grande mídia
Cecília de Sousa Neves
(UFU)
14h3014h50
O olho duplo do Jigsaw: sujeito e
materialidade repetível em “jogos
mortais”
Ciro Renan Oliveira
Prates (UESB)
14h5015h10
O discurso fílmico de horror em
duas produções francesas
contemporâneas: um lugar para o
“quem somos nós?” Diante do
poder-corpo do sarkozismo
iminente.
15h1015h30
Mídia e lugares históricos de
constituição do corpo
Cláudia Maria França
da Silva (UFU)
Alex P. de Araújo (UESB)
Denise Gabriel Witzel
(UNICENTRO)
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
12
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 3
Data: 03/12/2012 – 13h30-16h
Sala: G 246
Coordenadores:
Prof. Dr. Leonardo Francisco Soares (UFU)
Prof. Dr. William Mineo Tagata (UFU)
13h3013h50
13h50
-14h10
14h1014h30
Espaço de confinamento e poder:
O corpo homoerótico e seus
mistérios
A pele que habito: a reconstrução
do corpo
“Traumnovelle” e “Eyes wide
shut”: o subconsciente entre a
literatura e o cinema
Veridiana Mazon Barbosa
da Silva (UFG)
Franciele Magalhães
Crosara (IFG)
Naira Rosana Dias da
Silva (IFG)
Tassia Kleine (UFPR)
14h3014h50
O corpo na telenovela: um estudo
do sujeito e das estratégias de
produção das imagens da vinheta de
o astro
Victor Pereira Sousa
(UESB
14h5015h10
Diálogos entre literatura, cinema e
televisão: algumas considerações
acerca do processo de adaptação
Tamiris Batista Leite
(UNESP)
15h1015h30
Leitores machadianos na rede
digital: novas formas de se ler o
cânome nacional
15h3015h50
A representação do corpo feminino
na ficção de Fernanda Yang
Marina Leite Gonçalves
(UNIMONTES)
Marta Maria Bastos
(UFG)
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
13
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 4
Data: 03/12/2012 – 13h30-16h
Sala: G 223
Coordenadores:
Prof. Dr. Fábio Figueiredo Camargo (UFU)
Prof. Dr. João Carlos Biella (UFU)
13h3013h50
Lua Cambará: corporeidade, mito e
tragédia nos sertões, de Ronaldo
Correia de Brito
Gustavo Henrique
Ferreira (UFU)
13h50
-14h10
A eficácia estética na criação de
Desmundo de Ana Miranda
Solange Zorzo (UNB)
14h1014h30
Representações do corpo no
romance “Inocência”, de Visconde
de Taunay
Edinília Nascimento
Cruz (UNIMONTES)
14h3014h50
Inscrições corporais: cicatrizes
como memórias em Rubem Fonseca
e Adriana Lisboa
Carlos Henrique Bento
(IFMG)
14h5015h10
A imagem do corpo na poesia de
Herberto Helder: uma dissolução
de sentidos
Dulcirley de Jesus
(UFMG)
15h1015h30
Processos de dessemantização e
(re)ssemantização gestual na
poética de Alfred Cortot
Marina Maluli César
(USP)
15h3015h50
Poéticas hipertextuais: redes de
sentido da tradição e da memória
em A rosa do povo e A hora
vagabunda
Vanessa Leite Barreto
(UNIMONTES)
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
14
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 5
Data: 04/12/2012 – 13h30-16h
Sala: G 235
Coordenadores:
Profa. Dra. Marisa Martins Gama-Khalil (UFU)
Prof. Dr. Cleudemar Alves Fernandes (UFU)
13h3013h50
Dos pecados da carne: fé e
sexualidade nos usos do corpo e na
ordem do discurso
O discurso fílmico e as posições
discursivas da mulher em
Entrevista com Vampiro
Maíra Fernandes Martins
Nunes (UFCG)
14h1014h30
Michel Foucault, o poder e o corpo:
uma reflexão acerca da atualidade.
Karina Luiza de Freitas
Assunção (UFU)
14h3014h50
A construção do corpo no discurso
da pastoral da juventude: expressão
de fé, poder e governamento
Edilair José dos Santos
(UFG)
14h5015h10
Contra-efeito discursivo no corpo:
um cuidado de si contemporâneo de
corpos resistentes?
Nirce Aparecida Ferreira
Silvério (UFU)
13h50
-14h10
Jamille da Silva
Santos(UESB)
15h1015h30
Sujeito de direito: o corpo da
norma
Fábio Ramos Barbosa
Filho (UNICAMP)
15h3015h50
Corpo e ditadura em ciências
morales: construções e
micropolíticas que sobrevivem
Inês Skrepetz (UFSC)
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
15
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 6
Data: 04/12/2012 – 13h30-16h
Sala: G 231
Coordenadoras:
Prof.ª Dr.ª Maria Aparecida Ottoni (UFU)
Doutoranda Ana Flora Schlindwein (UNICAMP)
13h3013h50
Fotografia, aparelho fotográfico e
olhar contemporâneo: a opacidade
da desaparição
13h50
-14h10
A velhice em “As bicicletas de
Belleville”: esteriotipia e
pregnância de sentidos
Talita Mendes(UNICAMP)
Flávia Motta de Paula
Galvão (UFU)
Cármen Agustini (UFU)
14h1014h30
As metamorfoses do Diabo em
“Hoje é dia de Maria”.
14h3014h50
Entre cores, corpos e discurso: uma
análise imagética do homossexual
na revista Veja.
Maria Aparecida Conti
(UFU)
Maria Aparecida Resende
Ottoni(UFU)
Isley Borges Silva Júnior
(UFU)
14h5015h10
Análise semiótica e discursiva das
camisas de formatura do ensino
médio
15h1015h30
Body, mind and beauty – we are
not slaves to culture
Pedro Malard Monteiro
(UFU)
Gabriel Malard Monteiro
(UFMG)
15h3015h50
Relações (hiper)corporais no
ciberespaçoo entre-lugar do eu
Everton Vinicius de Santa
(UFSC)
Denise Giarola Maia
(UFSJ)
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
16
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 7
Data: 04/12/2012 – 13h30-16h
Sala: G 246
Coordenadores:
Prof. Dr. Lynn Mario Trindade Menezes de Souza (USP)
Prof. Dr. William Mineo Tagata (UFU)
13h3013h50
The cannibalistic redemption in
Margaret Atwood’s the edible
woman
André Pereira Feitosa
(UNIFEI)
Maria Elizabete Villela
Santiago (UNIFEI)
13h50
-14h10
Corpo-imagem e(m) discurso: arte
e anatomia no site pornceptual
Maria do Socorro Correia
de Lima (UNB)
14h1014h30
Apresentação de si e imaginários
sociodiscursivos: duas abordagens
Fernanda Silva Chaves
(UFMG)
14h3014h50
Corpo clássico e corpo
homoerótico: uma construção
intericônica.
Emilia Mendes (UFMG)
14h5015h10
Agora você tem um pai de peitos:
uma análise sociointeracional de
performances de gênero em um
programa de auditório
Daniel Mazzaro Vilar de
Almeida (UFMG)
Leandro da Silva Gomes
Cristóvão (PUC-Rio)
15h1015h30
Figurativizações do corpo em
êxtase na gênese do cinema
pornô americano.
Odair José Moreira da
Silva (USP)
15h3015h50
Uma leitura intersemiótica de
Daisy Miller: representações do
feminino no romance de Henry
James e no filme de Peter
Bogdanovich
Linda Catarina Gualda
(FATEC)
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
17
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 8
Data: 04/12/2012 – 13h30-16h
Sala: G 223
Coordenadoras:
Prof.ª Dr.ª Ivânia Neves (UNAMA)
Prof.ª Dr.ª Simone Tiemi Hashiguti (UFU)
13h3013h50
O discurso publicitário imagético de
escolas de idiomas
Evelyn Cristine Vieira
(UFG)
13h50
-14h10
Self exhibition through the
presential of body image before
social networking sites (snss):
contextualizing the question of “self
& identity”
Santosh K. Patra
(Mudra Institute of
Communications MICA)
14h1014h30
O (des)habitar de si
14h3014h50
Corpo-língua(gem): a
(des)territorialização de si e do outro
14h5015h10
A leitura do não-verbal em livros
didáticos: reflexões a partir de um
olhar discursivo.
15h1015h30
Mídia, violência e corpo: o caso do
“Maníaco de Luziânia”.
Carlos Alberto
Casalinho (UNICAMP
/ UEMG)
Mariana Rafaela
Batista Silva Peixoto
(UNICAMP)
Érica Daniela de Araujo
João de Deus Leite
(UFU)
Erislane Rodrigues
Ribeiro (UFG
Raquel Divina Silva
(UFG)
15h3015h50
As famílias na mídia – um estudo
discursivo de peças publicitárias
Sílvia Maria Alencar
Silva (UESB)
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
18
PROGRAMAÇÃO DOS PAINÉIS
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
19
PAINÉIS
Data: 03/12/2012 – 16h30-17h30
Sala: G 216
Debatedores:
Prof.ª Dr.ª Simone Tiemi Hashiguti (UFU)
Prof. Dr. William Mineo Tagata (UFU)
1.
A pesquisa em dança e as
possibilidades de
interdisciplinaridade
Ana Carolina da Rocha
Mundim (UFU)
2.
Vozes em diálogo: o efeito da
discursivização das vozes no
romance a força do destino, de
Nélida Piñon
Ana Marta Ribeiro Borges
Rodovalho (UFG)
Antônio Fernandes Júnior
(UFG)
3.
Fantásticas simbologias:
personagens femininas na ficção de
Augusta Faro
Camila Aparecida Virgílio
Batista(UFG)
Luciana Borges (UFG)
4.
Memória das imagens, das cores e do
corpo: posicionamento da mulher em
“Blood Feast”
5.
Discurso, memória e corpo: o filme
Gore americano na década de 60
Danilo Dias (UESB)
6.
As imagens alegóricas dos contos
“My Kinsman, Major Molineaux” e
“Young Goodman Brown” de
Nathaniel Hawthorne
Elaine Guimarães Santos
(UFMG)
7.
A virgem dos lábios de mel, a
princesa da Disney e a protagonista
de blockbuster
Heloize Moura (UFU)
8.
Corpo, alma e nação: elementos
pulsantes na obra Lucíola, de José
Luciana Aparecida Silva
Ceres Alves Luz (UESB)
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
20
de Alencar
9.
O “ideal erótico” em ensaios
sensuais fotográficos nas revistas
TRIP e TPM
10. Concepções identitárias na produção
poética de Arnaldo Antunes: um
estudo da canção Ninguém
11.
O sujeito criança no envolvimento
com as mídias digitais:
singularidades e pluralidades da
infância contemporânea
12.
O corpo e as possibilidades
discursivas no Gore: análise de “Two
Thousand Maniacs, de Herchell
Gordon Lewis, de 1964
(UFU)
Maira Guimarães
(UFMG)
Miriane Gomes de Lima
(UFG)
Rosimeire Maria de Souza
Francischetto (UFES)
Thalyta Botelho Monteiro
(UFES)
Ueslei Pereira de Jesus
(UESB)
Nilton Milanez (UESB)
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
21
RESUMOS
Obs.: A revisão ortográfica e gramatical dos resumos é de inteira
responsabilidade do(s) autor(es).
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
22
Conferência de Abertura
BETWEEN: TRANSDISCIPLINARY DIALOGUES ON
THE BODY AND VISUAL CULTURE
Dr. Karen Ingham
(Artist and Reader in Art and Science Interactions Swansea Metropolitan
University UK)
[email protected]
http://kareningham.org.uk
How do we define notions of the ‘self’ in an age of increasing
disembodiment
and
digitization? The
philosophical
tensions between mind and body and between human
embodiment and identity, are being rapidly redefined by
advances in anatomical knowledge, represented and interpreted
by extraordinary digitized medical imaging technologies. As an
artist and theorist questions of identity have fascinated me for
two decades. I have explored these themes through
interdisciplinary collaborative partnerships, examples of which
I will discuss in this presentation, in order to share what might
broadly be referred to as my practice-led research. I will also
make reference to other artists working in this area to illustrate
some of the processes involved in collaborative,
interdisciplinary practice across art, anatomy, and
contemporary biological imaging, as evidence of the shift from
the art-historical notion of ‘the nude’ to a more contemporary
reading of ‘the body’. I will discuss the concepts underpinning
the research project ‘Between: embodiment and identity’ made
in collaboration with artist Susan Aldworth, which forms the
basis of the accompanying conference exhibition.That the body
is of such interest to artists comes as no surprise when we
consider the array of imaging technologies that contemporary
bioscience has at its disposal, and the rich and layered history
of anatomical representation that artists can draw on. That the
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
23
body can now be anatomized ‘live’ and ‘performing’ through
the processes of non-invasive medical imaging technologies
implies that we have reached a stage where we no longer
require the practice of dissection in the search for medical
knowledge. Are we nearing the stage where digital technology
reduces the body to an ‘impossible body’, a downloadable
body, like that of the ‘Visible Human Project’, that can only
exist as fragments of code and pixels of information?
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
24
Resumo das Comunicações Orais
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 1
Data: 03/12/2012 – 13h30
Sala: G 235
Coordenadoras:
Prof.ª Dr.ª Ivânia Neves (UNAMA)
Doutoranda Ana Flora Schlindwein (UNICAMP)
A SUBJETIVAÇÃO DOS CORPOS NA
PERFORMANCE: “O QUE NÃO VAZA É PELE”
Geison de Almeida Bezerra da Silva (FALE-UFMG)
A dependência do corpo para a arte performática é inegável,
tanto a presença do corpo do performer quanto a dos corpos dos
espectadores. Nesse sentido, a presente comunicação pretende
discorrer sobre os possíveis sentidos e funções que o corpo
adquire na performance, "O que não vaza é pele", composta
pelos artistas: Alexandre de Sena, Byron O"Neill, Gustavo
Bones, Mariana Maioline, Jésus Lataliza e MC Matéria Prima.
De caráter híbrido, que mescla várias linguagens como o hiphop e o teatro, "O que não vaza é pele" constrói uma fábula a
partir de um fato ocorrido com o ator Alexandre de Sena na
cidade de Blumenau, SC, em 2011. Nessa montagem, porém,
não se busca apresentar apenas uma roupagem ao fato, mas
discutir, a partir da violência sofrida pelo ator, o racismo, a
ocupação do espaço urbano, o abuso de poder entre outras
tensões presentes nas grandes cidades. A performance transita
entre o fictício e o factual; os atuantes são personagens e
testemunhas; documentos, criações e imagens ocupam o
mesmo espaço. O que está em jogo nessa performance
ultrapassa a denúncia de um ato de violência. A moléstia
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sofrida pelo ator, sua exposição e montagem funcionam como
manifesto/testemunho para tantas outras violências que sofrem
determinadas pessoas e grupos dentro de uma cidade. Portanto,
pretende-se discutir, ao longo desta comunicação, tanto as
especificidades corporais (como a cor tematizada pela
performance), quanto a subjetivação dos corpos que define os
lugares e os espaços, dentro dos centros urbanos, que um
sujeito deve ocupar.
DANÇA: UM ACONTECIMENTO DO CORPO
Alessandra Rodrigues Santos Brandes (UNICAMP)
Neste trabalho, visamos abordar o corpo tomando-o como
materialidade significante e como condição de produção
primeira para a dança. Uma das formas mais antigas de
expressão humana é sem dúvida a dança. A dança não é
somente expressão ou forma de comunicação, mas, também é
arte e, sobretudo, uma forma de linguagem na história. Na
literatura que trata sobre a dança, encontramos, por exemplo,
estudos que abordam a dança relacionada a rituais religiosos e
outros aspectos culturais, a uma lógica biomecânica e/ou a
técnicas artísticas. O nosso trabalho, também aborda a dança,
mais especificamente o corpo que dança pela perspectiva da
linguagem. É fundamental ressaltar aqui, que trabalhamos sob
a perspectiva da Análise de Discurso de linha Francesa, uma
vez que tomamos a constituição do discurso na relação entre
língua/sujeito/história e o sentido como um efeito de um
trabalho simbólico também afetado pela história. Ao olhar
para a relação corpo-dança, não nos detemos apenas aos
aspectos biofísicos, mas também olhamos para as questões
histórico-ideológicas e os diferentes discursos - seja político,
estético, religioso, entre outros, - constituídos de sentidos que
se movem na história e que atravessam tal materialidade.
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Portanto, pensamos o corpo em relação às posições históricas
constituídas por/em uma memória discursiva, determinadas
por condições de produção. Dessa maneira, o corpo que
dança, olhado discursivamente, nos permite refletir sobre os
discursos que circulam sobre o que é dançar, como são
constituídos os sentidos de um corpo que dança e como a
dança se constitui em/instaura um acontecimento do corpo.
SEXUALIDADE E CORPO: UMA ANÁLISE DO FILME
CISNE NEGRO
Jaciane Martins Ferreira (UFU)
Neste trabalho, pretendemos refletir sobre a forma como se
constrói a relação entre a sexualidade e a busca da sensualidade
no filme Cisne Negro, como também sua ligação com os
instrumentos de disciplina, biopoder e a morte. Esse filme é
categorizado como suspense e drama. A personagem principal
Nina Sayers, interpretada por Natalie Portman, é bailarina de
uma companhia estadunidense e luta para chegar ao ponto
máximo de sua carreira, ser a bailarina principal da companhia.
Nina precisa estar apta a interpretar o Cisne Branco e Negro. O
Cisne Branco exige a leveza de uma virgem, enquanto o Cisne
Negro exige o máximo de sensualidade da bailarina. Além do
que vive na relação com outras personagens, há toda a
imposição da mãe com relação à disciplina, do diretor com
relação à sensualidade, pensamos, a partir daí, nas estratégias
do poder institucional fazendo gestão sobre esse corpo. Há,
portanto, um luta no interior da personagem Nina, com isso
uma constante busca de si. Seria o que Foucault (2006) pontua
sobre a busca do homem pela sua individualidade, busca de
uma verdade sobre seu ser, ou seja, o princípio conhece-te a ti
mesmo (gnôthiseautón). Na tentativa de alcançar nossos
objetivos, vamos observar algumas cenas do filme, tomando a
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imagem como um enunciado por ela estabelecer-se em um
campo associado, no qual pode haver a retomada de outros
enunciados e por formar o que chamamos de arquivo em meio
a esse campo associado.
A REGULAÇÃO DA IMAGEM EM CAPAS DE ÁLBUNS
MUSICAIS E OS EFEITOS DE PERTENCIMENTOS A
ESTILOS
Lucas Martins Gama Khalil (UFU)
Este trabalho é um recorte da pesquisa de Mestrado intitulada
Efeitos de sentido produzidos a partir de versões nacionais de
canções anglófonas. O foco principal da pesquisa é discutir o
aspecto da atribuição qualitativo-estilística de canções
nacionais que, ao aproveitarem a estrutura melódica de canções
anglófonas consideradas rock pela mídia, são taxadas de
“brega” por parte considerável da recepção. Defendemos que as
atribuições de estilo musical são determinadas por uma
exterioridade constitutiva e não por uma “realidade” intrínseca
dos produtos culturais. Considera-se, para tal abordagem, a
perspectiva teórica da Análise do Discurso francesa, sobretudo
o método de análise de enunciados proposto por Michel
Foucault em A arqueologia do saber. Devido ao tema do
evento, o recorte realizado para a apresentação refere-se a
materialidades que, a nosso ver, ajudam a constituir os entornos
das canções, fazendo parte, portanto, da constituição de seus
efeitos de sentido, inclusive aqueles ligados à atribuição
estilística: trata-se das capas de álbuns e outras imagens que
constroem determinadas posturas dos artistas diante do público.
Entendemos que a regulação da imagem dos artistas nessas
materialidades, por meio de recursos gráficos ou aspectos como
a focalização do corpo, cria efeitos de pertencimento a estilos
musicais específicos, processo que tende a “naturalizar” ou
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“estabilizar
logicamente”
os
estilos
musicais
em
compartimentos demarcados. Nas análises sobre tais questões,
torna-se fundamental o conceito de intericonicidade,
desenvolvido por Jean-Jacques Courtine.
CONFISSÕES DO CORPO: A BELEZA NEGRA NAS
TRAMAS DO DISCURSO
Amanda Braga (UFPB/UFSCAR)
Como se sabe, os modos de representação permanecem por
muito tempo absolutos antes de serem relativizados e
ressignificados. Os sentidos atribuídos ao corpo num
determinado momento histórico se desfazem em momentos
seguintes, transformam-se, carregam novos sentidos, produzem
novos padrões, apresentam-se e materializam-se de modos
distintos. Mas é preciso afirmar, no entanto, que esse trânsito
traz memórias e, portanto, continuidades em relação ao
momento anterior. Assim, considerando não apenas os
discursos sincreticamente materializados, mas considerando,
ainda, a construção de um corpus heterogêneo em si mesmo,
nosso intuito é empreender uma análise discursiva sobre o
corpo negro no Brasil a partir das memórias que temos desses
padrões e dos acontecimentos discursivos que ressignificam
essas memórias na atualidade. Mais especificamente,
discutiremos o modo como o corpo da mulher negra se faz
significar – guardadas suas continuidades e descontinuidades –
nas tramas da história, principalmente no que diz respeito ao
seu quadril. Para tanto, partiremos dos discursos produzidos na
atualidade, mais particularmente do modo como a grande mídia
constrói sentidos acerca desse corpo. Num momento posterior,
a fim de oferecer uma espessura histórica a tais discursos, é
nosso objetivo aportar às margens de um Brasil escravocrata,
onde uma série de corpos negros desfilam em anúncios de
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jornais, ávidos por descrever-lhes as feições e as curvas. Por
fim, interessa-nos os relatos e imagens produzidos em uma
França do século XIX, fervilhante por seu colonialismo
científico, responsável por apresentar ao mundo não apenas as
nádegas da Vênus Hotentote, mas também seus respectivos
estudos e catalogações. O trabalho que ora apresentamos tem,
portanto, o intuito de mostrar as descontinuidades de uma
história que se move na medida em que oferece novos olhos às
mesmas práticas. É nosso objetivo analisar os deslocamentos
discursivos e examinar as verdades produzidas em cada
período. Para tanto, pautamo-nos numa Análise do Discurso
que aceita as contribuições de Michel Foucault e, do mesmo
modo, que se pauta nas discussões empreendidas por JeanJacques Courtine, mais particularmente no que diz respeito à
noção de intericonicidade – que nos oferece base para pensar
uma memória das imagens –, bem como a proposta de uma
Semiologia Histórica aliada aos estudos do discurso, que
estende o alcance da visada discursiva na medida em que nos
impele à análise de um discurso que é sincrético e que reclama
sua espessura histórica no momento próprio da análise.
AS CADEIRAS ENQUANTO CORPOS
Mariana Resende Corrêa (UFU)
Cláudia Maria França da Silva(UFU)
A presente comunicação versa sobre o uso de objetos do
mobiliário – especificamente cadeiras, as quais são percebidas e
compreendidas pelo artista visual como matrizes objetuais, com
as quais ele realiza trabalhos de teor híbrido. Esse hibridismo se
apresenta de várias maneiras: desde a destruição e
recomposição de partes do objeto-matriz ao acoplamento de
elementos que alteram a sua função e sua forma. Pensando que
as cadeiras, enquanto objetos funcionais, são o resultado de
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estudos ergonômicos com a função de cumprir da maneira mais
confortável o repouso do corpo humano, existe uma referência
ao corpo em sua visualidade imediata e, porque não, uma
referência ao sujeito que habita esse corpo. Nesse sentido, as
cadeiras podem ser metáforas de corpos, ou seja, sendo objetos
de uso comum, usadas para conter o corpo, elas já detêm em
sua materialidade o corpo humano implícito, funcionando como
uma contiguidade física e conceitual do ser humano. As
operações que alguns artistas fazem sobre essas matrizes
podem ser análogas às operações e situações do viver
contemporâneo. Pretendemos, portanto, apresentar imagens e
discutir trabalhos de três artistas brasileiros: Farnese de
Andrade, José Bento e Nino Cais, os quais promoveram
transformações interessantes em cadeiras. Por meio dessa
apresentação, pretendemos discutir operações artísticas e
sentidos de corporeidade na constituição desses “novos
corpos”, valendo-nos do pensamento de Chantal Boulanger e
Eliane Robert Moraes.
ASPECTOS CONCEITUAIS NO ESTUDO DA
DISCURSIVIDADE DO DESIGN GRÁFICO:
PRELIMINARES PARA UM QUADRO DE ANÁLISE
Ricardo Augusto Silveira Orlando (UFOP)
O design assume papel cada vez mais fundamental na
enunciação jornalística dos diários e revistas a partir dos anos
1990, integrando de forma densa o modo de dizer e produzir
sentido nestes periódicos. Este trabalho busca as bases
conceituais para a abordagem discursiva do design, ainda
pouco estabelecida, tomando como horizonte a linha de
estudos trilhada por Dominique Maingueneau. Com a análise
do discurso no horizonte, considera o design pela ótica do
interdiscurso, como partícipe da produção de sentido da
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matéria jornalística, parte de uma fala de caráter histórico e
social, em meio a uma economia dos modos de circulação de
enunciados na mídia impressa. O design no jornal é como
dispositivo em uma rede de dispositivos (Foucault). Ele
ocorre e ganha existência na rede de necessidades, coerções,
instituições, processos etc. que ajudam a conformá-lo em
práticas discursivas e não discursivas. Como abordar o design
de imprensa viés da análise de discurso? A proposta desta
comunicação é apresentar uma revisão de conceitos com os
quais se deve lidar e as condições a estabelecer para seguir na
perspectiva da AD. Dos pressupostos teóricos da AD na linha
de Maingueneau, busca-se uma primeira grade de leitura dos
conceitos que fundamentam a análise da produção discursiva
tendo como foco a comunicação visual. O trabalho aqui
proposto liga-se à primeira etapa da pesquisa que busca
mapear as condições de investigação do design pela AD. Por
um lado, os estudos do discurso têm mais ênfase nas análises
do texto escrito e há ainda pouca produção na abordagem da
visualidade e seus problemas. Por outro, o design é pensado
com frequência a partir de linhas que privilegiam sua
textualidade e menos pelo seu viés de produção e circulação
de discursos.
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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 2
Data: 03/12/2012 – 13h30
Sala: G 231
Coordenadores:
Prof.ª Dr.ª Simone Tiemi Hashiguti (UFU)
Prof. Dr. Nilton Milanez (UESB)
NU IMPOTENTE À ESPREITA: SOBRE UMA FIGURA
DE MELANCOLIA NA ARTE CONTEMPORÂNEA
Cláudia Maria França da Silva (IARTE/UFU)
De acordo com Francisco Ortega, vivemos hoje em uma
“cultura somática”. Nela, exacerbamos os cuidados com o
corpo enquanto forma e saúde, ao ponto de sua
“desnaturalização”. Nesse extremo culto ao corpo, revelamos
uma “suspeita (...) que se transfigura em “pavor da carne”,
desconfiança da materialidade corporal e desejo de sua
superação” (ORTEGA, 2008: 13). Ortega refere-se ao modo
contemporâneo de vida como um tipo de “biossociabilidade”
em que a saúde e os cuidados corporais tornaram-se valores
que suplantaram outros aspectos de conduta moral, deixando
de ser meios para serem fins em si mesmos. A “cultura
somática” de Ortega equivale-se à expressão “extremo
contemporâneo”, de David Le Breton. A expressão refere-se
ao conjunto de discursos contemporâneos entusiastas de uma
ideia de que o corpo tende a ser melhor, se submetido às
novas tecnologias. O extremo contemporâneo “faz do corpo
um lugar a ser eliminado ou a ser modificado” por meio de
um conjunto de “empreendimentos hoje dos mais inéditos, os
que já têm um pé no futuro naquilo que se refere ao cotidiano
ou à tecnociência, os que induzem rupturas antropológicas
que provocam a perturbação de nossas sociedades”. (LE
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BRETON, 2003:15). Nossa proposta de comunicação vai em
direção oposta ao “extremo contemporâneo”, pelo interesse
em figuras da melancolia nas artes visuais no mundo
contemporâneo. Elegemos apresentar o trabalho “Big Man”
(2000) do escultor australiano Ron Mueck em cruzamento
com o texto de Franz Kafka, “O artista da fome” (1922).
Ambos, cada qual à sua maneira, apresentam-nos
corporeidades que problematizam o corpo potente e viril dos
discursos da cultura somática. São corpos jacentes e
melancólicos: lembram-nos que a impotência, a morte e o
grotesco consubstanciam nossa frágil existência.
CORPOS FEMININOS PRODUZIDOS PELO
DISCURSO DA MÍDIA PARA OS DESFILES DE
ESCOLAS DE SAMBA DO CARNAVAL CARIOCA
Danilo Corrêa Pinto (UFU)
Embasados pela Análise do Discurso de linha francesa,
compreendemos que o corpo é uma materialidade simbólica
que pode - por sua visibilidade, por sua possibilidade
interpretativa e pela interpelação de uma subjetividade dos
discursos - produzir sentidos antes nunca “explorados”, pois,
conforme Hashiguti (2008) “há diferentes identificações
sociais em movimento no discurso, bem como em diferentes
discursos, diferentes são as formas de olhar os corpos e
posicioná-los”. Dessa forma, o presente trabalho propõe uma
análise de algumas imagens midiáticas produzidas pela
Revista Manchete e pela Rede Globo de Televisão sobre a
festa carnavalesca brasileira, mais especificamente os desfiles
de escolas de samba da cidade do Rio de Janeiro. Este tipo de
festa carrega um imaginário de representação nacional que foi
constituído pelos discursos produzidos para essa manifestação
artística, ritualística e popular. Portanto, buscamos responder
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
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à seguinte questão: como o discurso da mídia produz sentidos
para o corpo feminino que desfila na avenida? Nosso corpus
se compõe de imagens (materialidades não-verbais); mas
imagens que nos destacam um objeto específico: o corpo
feminino. Assim, lançamos um “olhar discursivo” para o
corpo feminino, pois acreditamos que o corpo, ao longo da
história do homem e das teorizações e manifestações
subjetivas e objetivas sobre ele, bem como no próprio
carnaval, possibilitaram a construção de um saber desta
materialidade orgânica, linguística e opticamente apreensível.
ODE AO CORPO OU ÓDIO AO CORPO? UMA
PERSPECTIVA FILOSÓFICA ACERCA DA IMAGEM
DO CORPO VEICULADA PELO DISCURSO DA
GRANDE MÍDIA
Cecília de Sousa Neves (UFU)
Dificilmente a alguém pareceria absurda a ideia de que nossa
cultura atual foi o palco de uma mudança significativa na
história do discurso sobre o corpo, através da qual este se
tornou o mais importante centro irradiador de sentido dos
vários discursos que nos atravessam e definem, a todo
instante, nossos padrões de comportamento, de pensamento e
de valores. A naturalidade com a qual reconhecemos a ideia
de que vivemos em uma cultura do “culto ao corpo”, o que
implica um pacto cada vez mais compulsório com as
consequências práticas desta asserção, longe de esclarecer ou
delinear algum aspecto ou atributo importante desta mesma
cultura, apenas atesta a onipresença do recurso a belas
imagens de corpos na linguagem das mais diversas mídias e
discursos, sobretudo, dos meios de comunicação de massa.
Porém, não é preciso muito esforço para ver desmoronar a
percepção de uma valoração positiva da corporalidade. Basta
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
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levantarmos a questão acerca da realidade desse corpo, o que
significa perguntar: Esse corpo tal como apresentado pela
grande mídia efetivamente existe? Embora simples, a
pergunta não é inocente, porque revela os pés de barro de um
discurso cujo poder prescritivo e repressor se apoia em uma
virtualidade, um ideal, uma ficção. Trata-se de uma cultura
que cultua um corpo que não existe, prova disso são os
tratamentos de imagens convertidos em pressupostos
indispensáveis aos veículos de comunicação em massa. Nesse
sentido, propomos uma reflexão a partir de referenciais
teóricos da história da filosofia acerca dos significados e
implicações da paradoxal coexistência entre um discurso
implícito de ode ao corpo e a recepção generalizada de
imagens de corpos impossíveis, ou ainda, nas palavras de
Platão, aparências ilusórias, simulacros ou ficções distorcidas
da realidade.
O OLHO DUPLO DO JIGSAW: SUJEITO E
MATERIALIDADE REPETÍVEL EM “JOGOS
MORTAIS”
Ciro Renan Oliveira Prates (UESB)
Esse trabalho é resultado dos estudos realizados no interior dos
projetos Materialidades do corpo e do horror e Análise do
discurso: discurso fílmico, corpo e horror, no quadro de
pesquisas do Laboratório de Estudos do Discurso e do Corpo –
Labedisco/UESB. Nosso objetivo, aqui, é analisar
discursivamente o dispositivo fílmico de extratos de três filmes
da série Jogos Mortais, procurando evidenciar a constituição do
sujeito Jigsaw e do sujeito criminoso a partir de planos que
exibem seus olhos. Esse objetivo concentra-se sobre os
preceitos foucaultianos, que organizam um regime discursivo
baseado nos encadeamentos, justaposições, associações e
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
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aglutinações, deslocando-os para o estudo da materialidade
imagética fílmica. Investigamos o dispositivo fílmico sob a
perspectiva de materialidades que se repetem nos seus sete
exemplares, apontando regularidades discursivas que reforçam,
basicamente, dois tipos de discursos: a) o discurso da
soberania, da mesma forma como era regido pelos reis que
tinham direito de vida e morte sobre seus súditos, como nos
explica Foucault no final de sua História da Sexualidade I; e b)
o suplício dos corpos como forma de punição e controle da
população a partir do posição do soberano, sob a perspectiva
foucaultiana em Vigiar e Punir. Os olhos, nesse estudo,
constituem a materialidade repetível referente ao lugar
discursivo do sujeito Jigsaw e do sujeito criminoso, em que um
é marcado pela oposição com o outro e em que ambos
relacionam-se ao jogo entre disciplina e transgressão. Nesse
sentido, buscamos compreender um lugar para o sujeito
contemporâneo e suas formas de controle no escopo
cinematográfico à luz do discurso, mobilizando a imagem em
sua existência histórica e o corpo como lugar de produção de
conhecimento sobre nossa época.
O DISCURSO FÍLMICO DE HORROR EM DUAS
PRODUÇÕES FRANCESAS CONTEMPORÂNEAS: UM
LUGAR PARA O “QUEM SOMOS NÓS?” DIANTE DO
PODER-CORPO DO SARKOZISMO IMINENTE
Alex P. de Araújo (UESB)
Este trabalho faz parte do Grupo de Estudos sobre o Discurso e
o Corpo (GRUDIOCORPO/ UESB), lugar onde tomamos os
estudos foucaultianos como suporte para nossa prática analítica
em nossos trabalhos. Aqui, a discussão que apresento resulta
das reflexões realizadas em torno das questões relacionadas à
biopolítica do corpo, sobretudo, daquelas ligadas à estatização
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
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do biológico e do racismo do Estado, que aparecem nos
trabalhos de Michel Foucault, e que, aqui, evocamos para
analisar o corpo enquanto objeto discursivo analisável dessa
biopolítica em duas produções francesas de horror de 2007, Frontière(s) e em À l’interieur – que exibem imagens dos
tumultos de Outubro de 2005, acontecimento marcado pelos
protestos contra a política de perseguição aos sans-papiers que
vitimou três jovens de origem africana. É a partir daí que
retomarei a discussão do “quem somos nós”, em Foucault, para
refletir sobre o sujeito, a menoridade e a liberdade na
estatização do corpo, um lugar da memória nacional em meio
ao Sarkozismo iminente que ameaça os ideias de liberdade,
fraternidade e igualdade da França, país berço dos Direitos
Humanos. Assim, sob o prisma das escavações arqueológicas
feitas por Foucault desde As palavras e as coisas (1966) e pelos
trabalhos situados no campo das teorias da cinematografia, a
exemplo dos realizados por Michel Chion em sua Audio-visão
(1990), por Jacques Aumont em Estética do filme (2009) e n’A
estética da montagem, trabalho realizado por Vincent Amiel
(2010) que podemos ver nas duas produções, um discurso
fílmico para focarmos no corpo e no filme enquanto suportes
para a materialidade discursiva na análise aqui proposta.
MÍDIA E LUGARES HISTÓRICOS DE CONSTITUIÇÃO
DO CORPO
Denise Gabriel Witzel ( UNICENTRO)
Ancorado na arqueologia foucaultiana, mais precisamente nas
formulações entorno dos conceitos de formação discursiva,
prática discursiva, arquivo e memória, este trabalho analisa a
constituição do corpo feminino na história da beleza, fabricado
discursivamente. Percorre um itinerário descontínuo que
conduz a um mundo dominado pelo belo e pelo desejável, em
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
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cujo cerne vislumbra-se a irrupção do ser mulher atrelado à
provocação e ao deleite estético. O intuito, em tal percurso, é
dar relevo às formas e às imagens definidas historicamente em
referência a modelos específicos amplamente valorizados e
disseminados pela mídia publicitária. Assim, buscando as
articulações entre a materialidade e a historicidade dos
enunciados, em vez de sujeitos fundadores, continuidade,
totalidade, as reflexões dão visibilidades aos efeitos discursivos
de peças publicitárias que (re)atualizam a imagem de uma das
mais famosas estrelas hollywoodianas, uma referência de
sensualidade, beleza e popularidade: Marilyn Monroe. Se,
como propõe Michel Foucault, é o dizer que fabrica as noções,
os conceitos, os temas de um momento histórico, as análises
deste estudo mostram que a relação entre o dizer e a produção
de uma verdade sobre a beleza é um fato histórico, advindo da
formação de saberes agenciados em certo momento e em certo
lugar sobre o corpo feminino. Corpo delineado e definido em
sua relação com as práticas de sujeições que regularam há
muito as emergências de discursos sobre a feiúra e sobre a
beleza.
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 3
Data: 03/12/2012 – 13h30
Sala: G 246
Coordenadores:
Prof. Dr. Leonardo Francisco Soares (UFU)
Prof. Dr. William Mineo Tagata (UFU)
ESPAÇO DE CONFINAMENTO E PODER:
O CORPO HOMOERÓTICO E SEUS MISTÉRIOS
Veridiana Mazon Barbosa da Silva (UFG)
Este artigo pretende propor uma desmistificação da
representação do corpo homoerótico no começo do século
vinte através de elementos do movimento literário
decadentista, observando assim, como o escritor carioca e
amante da rua João do Rio descreve o ser homoerótico, suas
moléstias, monstruosidades e nevroses. Neste sentido, o
trabalho tem como objetivo principal demonstrar através da
análise do conto “O monstro” (1910), contido na coletânea
Dentro da noite, como João do Rio denuncia a opressão e o
preconceito da sociedade ocidental em relação à imagem de
monstruosidade e doença que a figura do homossexual evoca.
Para isso, será apresentado um breve panorama do
homossexualismo na História, contextualizando assim, a
escrita de João do Rio no que concerne a essa temática e as
questões que envolvem o corpo homoerótico e as identidades
sexuais como forma de compreender como este escritor se
utiliza de seu ambiente de questionamento identitário para
discutir além da experiência homoerótica, a marginalidade
com que o corpo e a imagem do homossexual é associada.
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
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A PELE QUE HABITO: A RECONSTRUÇÃO DO
CORPO
Franciele Magalhães Crosara (IFG)
Naira Rosana Dias da Silva (IFG)
“Sou Vicente” é o enunciado que encerra o filme A pele que
habito (La piel que habito, 2011), do cineasta espanhol Pedro
Almodóvar. Tal enunciado não precisaria ser utilizado para a
apresentação pessoal da personagem Vicente (Jan Cornet) para
sua mãe, se ele ainda apresentasse a aparência do corpo
biológico com o qual nascera. Discute-se a reconstrução do
corpo e da nova identidade imposta a Vicente que,
transformado em Vera (Elena Anaya), é obrigado a habitar um
corpo de aparência diferente do seu biológico e a vivenciar sua
sexualidade como se realmente fosse uma mulher. Como
Almodóvar representou a construção discursiva da personagem
Vicente-Vera e sua relação corpórea do ponto de vista
imagético? Sendo os sujeitos definidos cultural e
historicamente pela aparência de seus corpos, podendo estes
sofrer intervenções de acordo com as tecnologias que estejam
em voga, são avaliadas questões de gênero e de identidade da
personagem Vicente-Vera sob uma perspectiva foucaultiana,
tendo como base a análise fílmica e a linguagem
cinematográfica de La piel que habito.
“TRAUMNOVELLE” E “EYES WIDE SHUT”: O
SUBCONSCIENTE ENTRE A LITERATURA E O
CINEMA
Tassia Kleine (UFPR)
Em seu livro Mito e Tragédia na Grécia Antiga, Vernant
define e exemplifica o conceito de universo espiritual,
admitindo-o como indissociável das práticas humanas.
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
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Segundo o autor, as produções científicas, artísticas e
culturais não teriam o objetivo de meramente representar
categorias de pensamentos, sistemas de valores e formas de
sensibilidade pré-existentes: fariam parte do processo
construtivo dessas modalidades, paulatinamente modificadas
por leituras que se impõem sobre postulações prévias. O
presente trabalho foi desenvolvido com o intuito de analisar
de que forma o romance Traumnovelle, de Arthur Schnitzler,
e a sua adaptação fílmica Eyes Wide Shut, dirigida por
Stanley Kubrick, corporificam a substância onírica e relativa
ao subconsciente não de modo a exclusivamente simulá-la,
inserindo novas possibilidades sígnicas a uma matéria
cristalizada, mas também de modo a ampliar as possibilidades
significativas, ou seja, o próprio sistema que se representa.
Procurou-se, aqui, analisar os procedimentos pelos quais
temas caros à psicanálise são lançados ao processo mimético,
focando-se principalmente nas abordagens possibilitadas pelas
figurações do espaço ficcional no texto literário e no filme.
O CORPO NA TELENOVELA: UM ESTUDO DO
SUJEITO E DAS ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO DAS
IMAGENS DA VINHETA DE O ASTRO
Victor Pereira Sousa (UESB)
A telenovela constitui um suporte para a circulação de uma
prática efetivamente humana: a contação de história. E, ao
pensá-la, logo nos vem à mente a sua vinheta de abertura, que é
configurada pela conjunção de imagens e som, evidenciando, a
cada novo capítulo, elementos inerentes à temática da narrativa,
ao mesmo tempo em que apresenta os créditos iniciais. Assim,
a proposta deste estudo está pautada numa análise discursiva da
vinheta de abertura da segunda versão de O Astro, exibida pela
Rede Globo em 2011, pensando a sua relação com a
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
42
exterioridade, bem como com as memórias ativadas pela
mesma. Acionamos o pensamento foucaultiano em sua
Arqueologia do Saber e tomamos o discurso como uma
constituição daquilo que é dado a ver num lugar específico e
num momento determinado. Ainda em Foucault, sabemos que o
discurso também é constituído por um conjunto de
procedimentos de controle capaz de determinar que nem tudo
pode ser dito, coagindo-nos a ser o que somos. Para
compreendermos o audiovisual à luz da teoria do discurso,
utilizamos as estratégias de produção das imagens da vinheta
enquanto materialidades, pois analisamos os tipos de planos,
enquadramento, ângulo, encadeamento, posições em que o
personagem aparece na câmera, as cores e o som funcionando
como enunciados, sendo produtos de sujeitos posicionados em
lugares institucionais específicos, que se correlacionam e são
determinados por regras sociais e históricas. Dessa feita, o
conceito de corpo, enquanto lugar de produção de
conhecimento, ganha relevância nessa discussão, uma vez que é
a regularidade, da maneira em que algumas partes são
mostradas, que abre vias para identificarmos a posição de
sujeito que está constituída na vinheta, bem como a maneira
pela qual nos marca enquanto sujeitos inscritos na história.
DIÁLOGOS ENTRE LITERATURA, CINEMA E
TELEVISÃO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ACERCA
DO PROCESSO DE ADAPTAÇÃO
Tamiris Batista Leite (UNESP/IBILCE)
Tomando-se como pressuposto a existência de um diálogo
criativo e crítico entre textos de natureza literária, de natureza
cinematográfica e de natureza televisual, propomos uma
reflexão sobre a adaptação enquanto “processo”, alçando
provocar uma discussão que ultrapasse aquelas visões que se
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
43
pautam pela régua da fidelidade. Partindo dos estudos A
literatura através do cinema (2008) de Robert STAM e Uma
teoria da adaptação (2011) de Linda HUTCHEON, serão
tecidas algumas considerações sobre alguns termos comumente
empregados nos estudos de adaptação como “leitura”,
“transposição” e “texto de segundo grau”. Para o estudo das
características inerentes a linguagem televisual e ao “processo”
de adaptação neste suporte, mobilizaremos as reflexões de
BRADY (1994) e CARDWELL (2003; 2005; 2007). Nesse
percurso trabalharemos com o romance Grande sertão: veredas
e suas leituras em dois suportes textuais distintos: o
cinematográfico e o televisual. No “texto adaptado” temos um
narrador que, no “presente-presente” da diégese, relata o curso
épico de suas aventuras resgatadas de um “presente-passado”.
Aquele tempo, formado por camadas da memória advindas de
um “tempo vivo” passado que é recobrado pelo personagem,
traz para o texto uma intensidade porque atualiza o passado da
mesma forma que o faz a nossa consciência. No processo de
adaptação atentaremos para o modo como dialogam entre si a
linguagem cinematográfica e televisual na releitura que fazem
desse construto narrativo literário.
LEITORES MACHADIANOS NA REDE DIGITAL:
NOVAS FORMAS DE SE LER O CÂNOME NACIONAL
Marina Leite Gonçalves (UNIMONTES)
Pierre Lévy (1999) afirma que, “as novas tecnologias da
inteligência individual e coletiva estão modificando
profundamente os dados do problema da educação e da
formação.” A literatura não fica de fora dessas
transformações, ela se constrói em novos espaços de
conhecimentos. Na sociedade globalizada, atravessada por
estímulos audiovisuais, a leitura das obras literárias ganha
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
44
novos contornos. Nessa perspectiva, das incessantes
possibilidades de cruzarmos as trilhas do nosso bosque com as
trilhas de outros processos de leitura, que se disseminam pela
rede da tecnologia digital, é que se resolveu visitar o site de
vídeos www.youtube.com em busca de adaptações de obras
da literatura clássica nacional. A intenção maior desse estudo
reside na tentativa de verificar como obras do cânone literário
brasileiro estão sendo recepcionadas no universo criado pelas
recentes tecnologias computacionais que invadem a realidade
cultural do país. A pesquisa optou por vídeos amadores da
literatura de Machado de Assis e resultou em uma rede
hipertextual em diálogo com a ficção do escritor carioca do
século XIX. Escolheu-se para análise o vídeo amador “Dom
Casmurro: Uma Visão Atual”. A produção do vídeo nasceu da
paixão de jovens estudantes, entre dezessete e dezoito anos,
pelo audiovisual e do incentivo da professora de literatura,
que propiciou o contato desses alunos com os textos do
escritor Machado de Assis, permitindo que os mesmos
fizessem suas próprias leituras. A leitura despretensiosa
desses jovens que nunca tiveram contato com um curso
regular sobre técnicas cinematográficas e que produziram seu
texto sem equipamento profissional, instiga uma reflexão
sobre a gama de saberes (pragmáticos, técnicos, comunitários)
que circulam e dão existência ao cotidiano da sociedade
contemporânea.
A REPRESENTAÇÃO DO CORPO FEMININO NA
FICÇÃO DE FERNANDA YANG
Marta Maria Bastos (UFG)
Este trabalho objetiva refletir a respeito de questões da
representação feminina, tendo como foco principal o corpo
refletido. Para tanto, será apresentado o conto Janela, do
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
45
escritor goiano Miguel Jorge, extraído do livro Urubanda
(1985). No conto Janela, o escritor apresenta a figura feminina
ao final da era moderna, encerrada no espaço doméstico,
totalmente submissa ao marido. Uma mulher mergulhada em
solidão, dentro da subjetividade de sua imensidão íntima, sem
direito a liberdade e a qualquer vaidade, apenas objeto de
prazer. Opondo-se a essa mulher, aprisionada ao marido e ao
espaço doméstico, a escritora carioca Fernanda Young
apresenta em seu romance A Sombra das Vossas Asas (1997)
uma imagem feminina da contemporaneidade, considerada a
partir de certos postulados sobre a estética corporal,
perpassados pelos procedimentos estéticos impostos, de forma
ditatória, pela sociedade que cultua o corpo. Essa cultura faz
surgir, na mulher atual, o constante desejo pela busca de uma
imagem perfeita, que é disseminada pelos padrões de beleza da
atualidade, no intuito de fazê-la parecer mais jovem, bela e
sexualmente mais atraente. A mulher contemporânea do
romance A Sombra das Vossas Asas (1997), também se
encontra encerrada em seu espaço doméstico, mergulhada em
solidão, e insatisfeita com sua imagem refletida.
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
46
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 4
Data: 03/12/2012 – 13h30
Sala: G 223
Coordenadores:
Prof. Dr. Fábio Figueiredo Camargo (UFU)
Prof. Dr. João Carlos Biella (UFU)
LUA CAMBARÁ: CORPOREIDADE, MITO E
TRAGÉDIA NOS SERTÕES, DE RONALDO CORREIA
DE BRITO
Gustavo Henrique Ferreira (UFU)
Norteando a presente investigação através da paralaxe do real,
com o amparo dos estudos interartes e ainda sob os auspícios
de Friedrich Nietzsche – sobretudo com as suas teses do
eterno retorno, ou seja, mediante as suas perspectivas da
tragédia (ou do trágico) – o estudo parte da seguinte reflexão:
em quais dimensões (ou condições) se consolida(m) o(s)
corpo(s) de Lua Cambará? Destacando que este mito
sertanejo, nativo da região de Inhamuns (e que traz consigo
uma série de vestígios, de traços e de tramas universais) será
abordado, principalmente, a partir dos relatos assentados (e
inspirados) na obra de Ronaldo Correia de Brito. Mediando
com esta narrativa a partir do texto elaborado, em forma de
conto, por parte do autor citado; bem como nas formas de
cinema de ficção, tanto por meio de Lua Cambará (1977)
narrativa assinada por Ronaldo Correia de Brito (roteiro e
direção), Assis Lima (roteiro) e Horácio Carelli (direção);
quanto pelo filme realizado por Rozemberg Cariry, a saber,
Lua Cambará – Nas escadarias do palácio (2001). Entretanto,
ainda tendo em vista as adaptações (do referido mito
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
47
sertanejo) para espetáculos de dança, também inspirados pelo
conto e pelo filme de Ronaldo Correia de Brito, por ocasião,
abordaremos essa linguagem, qual seja, a dança, tanto a partir
das reminiscências de algumas montagens realizadas pela
Produtora Sopro-de-Zéfiro, com coreografia de Zdenek
Hampel; quanto da videoarte, realizada por Marcelo Pinheiro
e Lírio Ferreira, e que foi filmada como uma espécie de ópera
balé sertaneja. Logo, diante de tudo isso, se pretende pensar o
corpo (como suporte tanto de amor ou de afeto quanto de ódio
ou de maldições) mediante as situações de violência e de
desejo, de beleza e de intempéries, de fertilidade e de seca; do
físico ao suprassensível.
A EFICÁCIA ESTÉTICA NA CRIAÇÃO DE
DESMUNDO DE ANA MIRANDA
Solange Zorzo (UNB)
Este trabalho é o resultado das discussões efetuadas na
disciplina Crítica Literária ministrada pela professora Ana
Laura dos Reis a partir de estudos dos textos do professor
Hermenegildo Bastos e do teórico húngaro György Lukács.
Como ponto de partida deste trabalho, levantamos o seguinte
questionamento: como se produz a eficácia estética na obra de
Ana Miranda “Desmundo”? Discutimos neste texto como que
aparece o fato e o modo de eficácia de sua validez estética em
alguns elementos essenciais que determinam decisivamente as
relações do homem com seu mundo circundante e do homem
com a criação literária. A arte é a linguagem trabalhada pelo
poeta. O escritor trabalha com as palavras e media a imediatez
pela arte, captando a vida no seu movimento em uma relação
sujeito-objeto. É através dessa mediação subjetiva que a obra
vai atingir o homem inteiramente através da catarse. É nesse
momento que ocorre a eficácia estética. Há, em Desmundo, o
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
48
realismo latente. O realismo no fato da obra dar a ver o seu
funcionamento da sociedade brasileira, não só do tempo da
colonização nem do tempo que vive Ana Miranda, mas do
tempo brasileiro, do modo de ser brasileiro, da forma da
sociedade brasileira. Isso, segundo Bastos (2006, p. 96) é a
captação da sociedade em movimento. O que Lukács designa
de “reflexo estético”. A eficácia estética na criação da obra
Desmundo que ocorre por seus vários elementos que
constituem a totalidade da obra. A começar pela dialética
presente no título: um mundo chamado Brasil e que representa
a negação de um mundo. Em seguida, pelo diálogo de toda a
obra com o excerto da carta do padre Manoel da Nóbrega à
Dom João. Em completude, há os vários discursos e as ações
das personagens no interior da obra – mimetizando o Brasil
do século XVI.
REPRESENTAÇÕES DO CORPO NO ROMANCE
“INOCÊNCIA”, DE VISCONDE DE TAUNAY
Edinília Nascimento Cruz (UNIMONTES)
Este trabalho propõe realizar uma leitura reflexiva em torno do
corpo da personagem central do romance Inocência de (1872).
Nesse romance a protagonista vive em um espaço de coerção.
O corpo é apresentado de forma submissa, fragilizado, doente e
reprimido, aprisionado dentro do quarto e do sistema de rigidez
patriarcal. As relações simbólicas, sociais e culturais
materializam os discursos que inscrevem e questionam a
condição de dominação e afeto a que a personagem está
vinculada. Faremos análise da produção do corpo nesse
romance a partir dos conceitos que evidenciam o espaço
marginalizador destinado à mulher na sociedade rural do Brasil
oitocentista.
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
49
INSCRIÇÕES CORPORAIS: CICATRIZES COMO
MEMÓRIAS EM RUBEM FONSECA E ADRIANA
LISBOA
Carlos Henrique Bento (IFMG)
Este trabalho propõe uma leitura das marcas corporais
presentes e duas narrativas da literatura brasileira: o conto Dia
dos Namorados, de Rubem Fonseca, e o romance Sinfonia em
Branco, de Adriana Lisboa. No primeiro, encontra-se Viveca,
uma travesti que se prostitui e que corta o próprio corpo com
uma navalha com o objetivo de chocar e assustar os clientes, a
fim de conseguir mais dinheiro. No segundo, a personagem
Clarice exibe cicatrizes nos pulsos, resultantes de tentativas de
suicídio. Nos dois casos, trata-se de indivíduos que exibem
essas marcas como testemunhas de suas histórias trágicas.
Viveca é travesti, exibindo um corpo que em si já funciona
como arquivo de experiências liminares em relação à própria
subjetividade. Um corpo que é modificado para atingir um
padrão estético que se relaciona com uma identidade
específica e marginal. Menor de idade, tem que se prostituir.
Nos encontros com os clientes, ela os rouba, e termina por
cortar o próprio corpo, criando um ambiente dramático
exacerbado. O conto narra a existência de várias cicatrizes em
seu corpo, que podem ser pensados como uma forma de
registro dessas experiências radicais. Clarice foi vítima de
violência sexual, estuprada pelo pai na infância. Isso cria um
trauma que condiciona as várias experiências que vive,
especialmente as tentativas de envolvimento amoroso. Ela
tenta suicídio, que não se completa. Segue a vida, exibindo as
marcas altas, como pulseiras coladas em seu corpo. A
proposta deste trabalho é analisar a presença dessas cicatrizes
como arquivos que se relacionam com essas experiências
viscerais, de pessoas que vivem em um limite perigoso e
desconfortável da constituição subjetiva de suas identidades.
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
50
A IMAGEM DO CORPO NA POESIA DE HERBERTO
HELDER: UMA DISSOLUÇÃO DE SENTIDOS
Dulcirley de Jesus (UFMG)
Dentre os diversos nós temáticos que emergem da poesia de
Herberto Helder, o corpo destaca-se como tema por ser um
elemento orgânico que, associado a múltiplas imagens, se
movimenta em um devir que coopera para a complexificação
da obra desse autor; tanto no que se refere às significações
que esta alcança, quanto no que se refere à estrutura. O
processo de construção dessa imagem, dentre as várias
perspectivas de abordagem, pode ser analisado com base em
noções que dialogam com a pintura, com a imagem
cinematográfica, entre outras formas de expressões artísticas,
como
é
o
caso
do
conceito
de
intervalo.
Em um artigo intitulado “Herberto Helder e Jean-Luc Godard:
Sobre a Visibilidade e a Legibilidade das Imagens”, (2011),
Novas Miranda afirma que Helder privilegia “particularmente
o intervalo como interrupção e disrupção, como meio de
desvio e de impossibilidade da forma.” (p.146), (2011). Desse
modo, a inapreensão de significados na poesia desse autor
seria justificada pelo intervalo entre duas ou mais imagens
que, quando relacionadas, provocam uma perturbação de
sentidos: “(...) Entram [crianças] / pelos séculos / entre
cardumes frios, como o corpo espetado nas luzes / e o olhar
infinito de quem não possui alma.” (p.67). Nesses versos de
Ou o poema contínuo, (2004), por exemplo, é notório como a
associação de imagens se dá em um ritmo cinematográfico,
bem como a relação entre “crianças”, “cardumes frios”,
“corpo”,
“luzes”
se
dá
como
montagem.
Desse espaço, que é o intervalo entre imagens, emana o fluxo
de significações que caracteriza a poesia helderiana. Nesse
sentido, este artigo visa à análise de como o processo de
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
51
montagem da imagem do corpo com outras imagens da poesia
de Helder culmina em uma dissolução de sentidos, ligando-se
à noção poesia, de casa e de mundo.
PROCESSOS DE DESSEMANTIZAÇÃO E
(RE)SSEMANTIZAÇÃO GESTUAL NA POÉTICA DE
ALFRED CORTOT
Marina Maluli César (USP)
O objetivo deste trabalho é relacionar algumas das
considerações feitas por Greimas no texto Condições para uma
semiótica do mundo natural (1975, p. 46), referentes ao tema da
gestualidade, à análise dos “exercícios preliminares” escritos
por Alfred Cortot e publicados nas Éditions de Travail do
Estudo op. 25 n. 6 de Frédéric Chopin. Segundo Greimas, o
termo sentido não designa apenas aquilo que as palavras, aqui
no caso as notas, frases e gestos querem nos dizer, mas ele
também pode significar uma direção, uma finalidade e uma
intencionalidade. Assim, tomando como ponto de partida o
papel ocupado pela presença da intencionalidade nos processos
de dessemantização e (re)ssemantização gestual de um texto
musical assim como o caráter tensivo de tais operações
semânticas, proporemos neste trabalho que alguns aspectos
daquilo que denominamos por interpretação de uma obra
musical possa ser encontrado justamente neste modo de “dosar”
a passagem entre o foco, de caráter intenso, e a apreensão, de
caráter extenso. Esta passagem é feita de modo diferente por
diferentes intérpretes de acordo com o trecho da peça que
escolhemos para análise. Em outras palavras, ao seguir as
indicações feitas na partitura pelo compositor através de
expressões como leggiero, cantabile, dolce etc o instrumentista
modifica também o modo de execução dos gestos presentes em
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
52
tais trechos, conferindo a estes uma interpretação particular.
Finalmente realizaremos a análise de alguns dos exercícios
propostos por Cortot, retomando assim alguns pontos
desenvolvidos ao longo do trabalho.
POÉTICAS HIPERTEXTUAIS: REDES DE SENTIDO
DA TRADIÇÃO E DA MEMÓRIA EM A ROSA DO
POVO E A HORA VAGABUNDA
Vanessa Leite Barreto (UNIMONTES)
Este trabalho postula apresentar um estudo das poéticas
hipertextuais que se travam em A Rosa do Povo, de C.D.A., e o
curta-metragem A hora vagabunda, de Rafael Conde,
observando que as relações hipertextuais favorecem a
preservação da memória e da tradição em leitores
contemporâneos. Como suporte teórico, estudamos conceitos
básicos para a compreensão dos signos hipertexto, tradição,
memória, mídia. O estudo foi ancorado com apontamentos e
comprovações das hipóteses de que as aproximações entre
múltiplas artes e diferentes mídias têm gerado muitas pesquisas
que se imbricam em torno do formato de novos textos
literários, bem como dos processos de recepção de um novo
tecido. Verificamos que as novas possibilidades de ampliação e
renovação da literatura por meio de releituras, em especial, por
meio do cinema, possibilitam maior autonomia e liberdade na
construção do ground, da interpretação, para o leitor.
Refletimos aqui como tais estratégias geram amplas redes de
sentido e favorecem verdadeiros arquivos da memória cultural
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
53
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 5
Data: 04/12/2012 – 13h30
Sala: G 235
Coordenadores:
Profa. Dra. Marisa Martins Gama-Khalil (UFU)
Prof. Dr. Cleudemar Alves Fernandes (UFU)
DOS PECADOS DA CARNE: FÉ E SEXUALIDADE NOS
USOS DO CORPO E NA ORDEM DO DISCURSO
Maíra Fernandes Martins Nunes (UFCG)
Segundo Michel Foucault, a sexualidade não é um dado da
natureza, mas um dispositivo. Sendo assim, é uma construção
histórica, emaranhada numa rede de práticas e discursos, que a
elaboram, modificam, normatizam, tecendo vontades de
verdade. Na heterogeneidade dessa rede, são múltiplas as
práticas que intervêm, passando por ingerências de ordem
religiosa e médica. Dessa maneira, esta pesquisa busca
compreender a sexualidade como uma construção discursiva
que incide sobre os usos do corpo, os modos de subjetivação e
a construção de identidades no limite das práticas e discursos
que compõem o dispositivo da sexualidade no mundo
contemporâneo. Assim, é nosso propósito analisar a
complexidade desse dispositivo a partir da constituição
histórica de movimentos que reivindicam os direitos de
minorias sexuais a partir do discurso da “diversidade sexual”.
De que maneira pleiteia uma legitimidade na ordem sexual,
insurgindo-se contra uma norma de comportamento
heterossexual? E, sobretudo, de que forma esse discurso se
amplia, circula e ganha visibilidade nas mídias, atuando na
constituição das identidades homossexuais? Observamos que a
condição de emergência desse discurso e sua luta política em
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
54
torno do reconhecimento jurídico dessas práticas e da conquista
de direitos esbarra na ordem do discurso religioso. No Brasil,
encontramos uma arena de embates discursivos, por exemplo,
entre o Movimento LGBT e a bancada evangélica. Foucault nos
demonstra, na História da Sexualidade, que a religião exerceu
um domínio quase absoluto sobre a sexualidade até meados do
século XVIII, quando campos de saber como a medicina e o
direito passam a produzir novos discursos. Verificamos,
contemporaneamente, a força do discurso religioso no controle
da sexualidade dos seus fieis, entretanto, evidentemente, em
outra configuração histórica. Portanto, objetivamos analisar a
inserção do discurso religioso nos embates travados nesse
cenário, buscando compreender como se fabulam, através
dessas narrativas midiáticas, os jogos de poder e os modos de
subjetivação que operam ora na denegação, ora na afirmação da
construção das identidades homossexuais.
O DISCURSO FÍLMICO E AS POSIÇÕES
DISCURSIVAS DA MULHER EM ENTREVISTA COM
VAMPIRO
Jamille da Silva Santos(UESB)
O presente trabalho vem sendo desenvolvido dentro do quadro
de estudos do LABEDISCO-Laboratório de Estudo do
Discurso e do Corpo, no interior do projeto de pesquisa
“Materialidades do corpo e do horror”, com o objetivo de
compreender as posições discursivas ocupadas pela figura da
noiva no discurso fílmico. Para tanto, tomaremos como corpus
a figura da mulher no filme “Entrevista com Vampiro” (1994)
escrito por Neil Jorden. Como referencial teórico,
consideraremos os pressupostos de Michel Foucault, da
maneira como o compreendemos na Análise do Discurso
praticada no Brasil, e os postulados de Lovecraft segundo os
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
55
quais a noiva morta é um dos dispositivos causadores de horror.
Neste sentido, pensaremos a noiva morta como uma
transgressão da moral e, assim, como um elemento do
sobrenatural pertencente ao domínio do interdito.
Investigaremos tais posições discursivas por meio da descrição
e análise do encadeamento dos planos no interior da narrativa
fílmica indicada. Para tanto, refletiremos também sobre a
construção da figura da mulher no âmbito histórico-social a
partir da perspectiva de Michelle Perrot. Assim, apontaremos
os entrelaçamentos entre corpo, cinema de horror e discurso
para evidenciar posições da mulher como sujeito nos dias de
hoje.
MICHEL FOUCAULT, O PODER E O CORPO: UMA
REFLEXÃO ACERCA DA ATUALIDADE
Karina Luiza de Freitas Assunção (UFU)
Na atualidade observamos que o corpo é constantemente
vigiado. Isso ocorre tanto em espaços públicos ou privados.
Essa vigilância é constituída por intermédio de relações de
poder que sempre esteve presente em todos os períodos
históricos, entretanto, geralmente nem sempre damos a devida
atenção para essa problemática. Com o objetivo de discutir
quem somos nós, o estudioso Michel Foucault desenvolveu um
trabalho profícuo sobre como as relações de poder corroboram
para a nossa constituição. Segundo Foucault (2005), o poder é
exercido em rede, na medida em os sujeitos se subordinam ao
poder, mas também o exercem. Ele transita entre esses sujeitos
e sofre a todo instante movência e deslocamento. Foucault
(2007) afirma que o poder não é encontrado em uma posição ou
pessoa, ele se espraia por toda a sociedade através de
microrrelações e de pequenos detalhes aos quais muitas vezes
não damos a devida importância. Fundamentados nas
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
56
considerações foucaultianas, na presente apresentação,
procuraremos discutir como se articula a constituição das
relações de poder e como tais relações corroboram para a
constituição das subjetividades e consequentemente para a
construção de corpos dóceis que são vigiados e analisados
constantemente. Em nossa análise, tomamos emprestados
alguns fragmentos das obras 1984 (1974) e A caverna (2000),
que trazem à tona algumas situações de vigilância, controle dos
corpos que boa parte dos sujeitos, em algum momento, já
vivenciou. Concluímos que muitos dos dispositivos de poder
adotados na proteção e vigilância dos corpos, ou mesmo em
momentos de descontração, já foram e são usados em outras
situações com sentidos díspares aos encontrados nas primeiras.
A CONSTRUÇÃO DO CORPO NO DISCURSO DA
PASTORAL DA JUVENTUDE: EXPRESSÃO DE FÉ,
PODER E GOVERNAMENTO
Edilair José dos Santos (UFG)
Para a Igreja Católica (IC) o corpo é um invólucro da fé, pois
através dele expressa-se os sentimentos movidos pela fé. De
acordo com o catecismo da Igreja o corpo (matéria) é humano e
vivo graças à alma espiritual. Logo, a autoflagelação é uma
forma de purificação da alma. Através da dor redime-se dos
pecados. Segundo Foucault (1996), através do poder disciplinar
produz-se exercício sobre o corpo. Para Foucault (1997), as
relações de poder incidem, de forma direta, sobre o corpo e o
sujeito. Nesse sentido, propomos analisar a construção de
discursos sobre o corpo e o sujeito a partir das ações da Pastoral
da Juventude (PJ) da IC, pois, de acordo com os postulados
dessa instituição religiosa, o corpo demonstra o que somos,
sonhamos, desejamos ou recusamos. Ao inserir-se na PJ o
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
57
jovem passa por um processo de subjetivação, pois é levado a
se constituir como um sujeito formado pelos princípios da
Pastoral, podendo, inclusive, assumir a condição de líder,
posicionando-se como um porta-voz do discurso da PJ. Dessa
forma, a Pastoral visa dar respostas para o jovem,
transformando o seu jeito de olhar e de ser visto pelo mundo,
subjetivando-o. Para Judith Revel (2005), a subjetivação é o
processo pelo qual se obtém a constituição de um sujeito,
assim, a PJ é lugar (locus) de constituição de sujeitos. Segundo
Foucault (1997) a utilidade do corpo, como força produtiva, só
se efetiva, mediante práticas de sujeição do indivíduo a um
dispositivo disciplinador, ao qual se filia. Nesse sentido, este
trabalho se propõe a refletir sobre as relações de governo do
corpo e as práticas de subjetivação da juventude da PJ. Para
isso analisaremos as abordagens da PJ do/sobre o corpo.
CONTRA-EFEITO DISCURSIVO NO CORPO: UM
CUIDADO DE SI CONTEMPORÂNEO DE CORPOS
RESISTENTES?
Nirce Aparecida Ferreira Silvério (UFU)
Os estudos foucaultianos apontam para as relações entre corpo,
sujeito e poder; o corpo é valorizado como objeto de saber e
como elemento nas relações de poder, sendo entendido, então,
como “corpo que produz e consome” (FOUCAULT, 1988, p.
101). Corpo e sujeito são frutos de produções históricas,
submetem-se ao cuidado de si, que se engendra em cada
sociedade, e por relações intrínsecas, no discurso. O sujeito é
produzido, historicamente, por coerções de poder, contudo,
desfruta, a todo momento, da possibilidade de liberdade, para
se constituir neste mesmo poder, mas em suas brechas,
compondo assim exercícios de poder resistentes. A partir destas
prerrogativas e dos estudos de análise do discurso, nos
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
58
propomos a analisar uma discursividade literária advinda da
obra de Manoel de Barros, em que há constituição do corpo
árvore, do corpo sujo, o que suscita uma possibilidade de
relação com corpos que circulam e são produzidos na mídia.
Caso esta relação se apresente como viável, em nosso estudo,
podemos sugerir que esta discursividade é mostra de um
contra-efeito de poder, um poder resistente. Podemos pensar
assim, pois a caracterização do corpo como árvore e como
corpo sujo, o insere numa reestruração de uma memória
discursiva do corpo exposto ao desapego material, que parece
ser memória histórica em interdiscurso com o campo literário.
Há ainda nesta discursividade a relação entre imagens que
funcionam como ilustração dos livros, produz-se, então, um
sujeito/corpo que instiga a visão, a audição e o olfato
materializados no discurso. Pensando as relações entre corpo,
sujeito e poder, os analisamos nesta discursividade literária e
questionamos: são desencadeadores de um cuidado de si?
Trata-se de um cuidado de si contemporâneo?
SUJEITO DE DIREITO: O CORPO DA NORMA
Fábio Ramos Barbosa Filho (UNICAMP)
Neste trabalho, parto de uma premissa fundamental: a formasujeito da sociedade capitalista é a forma-sujeito de direito. Já
no séc. XIX, Engels e Kautsky, no célebre “Socialismo
jurídico”, apontam que a mudança fundamental operada pela
revolução burguesa é a transformação de uma concepção
religiosa para uma concepção jurídica do mundo. Dando
consequência a essa reflexão no interior do marxismo, os
filósofos Bernard Edelman e Louis Althusser buscaram
aproximar o funcionamento do aparelho jurídico ao
funcionamento contraditório da formação social burguesa,
situando o direito como uma estrutura derivada das relações
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
59
sociais de produção e, sobretudo, relacionando-o à complexa
conjuntura de produção e circulação das mercadorias.
Gostaria, a partir desses marcos teóricos, de discutir uma
questão pontual: pensar a categoria (jurídica) de sujeito de
direito enquanto espaço de funcionamento do aparelho
jurídico, compreendendo a categoria de sujeito de direito
como a materialidade da ideologia jurídica (ou jurídicomoral). Tomo como corpus alguns recortes do que chamo de
“práticas de resistência na cidade”, ou seja, práticas ilícitas,
não normatizadas ou em processo de normatização, buscando
compreender o funcionamento contraditório entre o sujeito
determinado pela injunção do aparelho jurídico e o real da
cidade.
CORPO E DITADURA EM CIÊNCIAS MORALES:
CONSTRUÇÕES E MICROPOLÍTICAS QUE
SOBREVIVEM
Inês Skrepetz (UFSC)
Em Ciencias morales (2006), romance do autor argentino
Martín Kohan que foi transcriado no filme La mirada invisible
pelo cineasta Diego Lerman (2010), é possível perceber a
agudeza do discurso literário sobre as políticas do corpo,
tendo a crise da ditadura argentina como um dos focos da
abordagem narrativa. Podemos dizer que a ficção de Kohan
“desconstrói” o estado mórbido do período ditatorial, que
culmina com a Guerra das Malvinas (1982), bem como deixa
transparecer as marcas, visíveis e invisíveis, do regime
autoritário, sua inscrição na memória e nos corpos. Nessa
perspectiva, a concepção foucaultiana de biopoder, que é
desdobrada na reflexão do pensador argentino Raul Garcia
(2000), em sua obra Micropolíticas del cuerpo. De la
conquista de América a la última dictadura militar, torna-se
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
60
pertinente para que possamos abordar as relações entre corpo
e poder. O resgate da memória na obra de Kohan não
permanece somente na escala dos acontecimentos da última
ditadura argentina, por ser trabalhada de maneira crítica, ela
também resgata a memória corporal. O período ditatorial e as
políticas do corpo são pensados enquanto confluências e
disseminações de uma longa trajetória de colonização,
exploração, opressão (isso é normatização e/ou domesticação,
como diria Sloterdijk). Em outras palavras, a política corporal
difundida durante a ditadura militar argentina foi o ápice de
micropolíticas que já estavam penetradas nos subterrâneos das
relações de poder do país, da própria história e
desenvolvimento da América Latina.
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
61
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 6
Data: 04/12/2012 – 13h30
Sala: G 231
Coordenadores:
Profa. Dra. Maria Aparecida Resende Ottoni (UFU)
Doutoranda Ana Flora Schlindwein (UNICAMP)
FOTOGRAFIA, APARELHO FOTOGRÁFICO E OLHAR
CONTEMPORÂNEO: A OPACIDADE DA
DESAPARIÇÃO
Talita Mendes(UNICAMP)
Objetiva-se discutir as relações entre o olhar/modos de ver e a
produção imagética contemporânea, a tecnologia e seu impacto
sobre a memória, através de uma perspectiva que considera a
imagem, o ato e o aparelho fotográficos (Dubois, Flusser,
Schaeffer). Como ponto de desdobramento está a produção da
artista Rosângela Rennó. Interessa-nos o modo de produção de
sentidos de algumas de suas obras a partir da inscrição em
espaços discursivos específicos — tais como o espaço
expositivo da instituição de arte —, o recurso da artista ao
verbal e ao não-verbal, bem como ao desaparecimento da
imagem na fotografia e da própria fotografia enquanto objeto
materializado. Tais direcionamentos evocam questões acerca de
um impulso obssessivo, melancólico e alegórico na interação
entre o olhar e o fotográfico na contemporaneidade — marcada
por uma percepção acelerada do tempo-espaço. Enquanto
fragmento ou cena, a fotografia está fadada a ser registro do
que desapareceu, nasce como ruína e demanda olhar
melancólico para o passado, porque a escavação arqueológica
deste exige movimento dialético: aproximação que já é
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
62
distanciamento. Se uma fotografia exige do sujeito o gesto
compulsivo de gerar outras tantas na busca pela totalidade do
evento, tem-se o ato fotográfico acrítico (?), apenas despertado
pelo incessante desejo de registrar tudo o que está prestes a
desaparecer e pela vontade de um estado de constante vigília?
O fenômeno original/autêntico é o que falha nesta busca e
emerge como sintoma que a condiciona, dando abertura para
reflexões acerca das noções de arquivo: virtual e aquele
entendido em sua positividade/exterioridade (Derrida,
Foucault). Considera-se, também, o verbal e o não-verbal
atravessados pelo silêncio, aqui tratado como a própria
condição do significar.
A VELHICE EM “AS BICICLETAS DE BELLEVILLE”:
ESTERIOTIPIA E PREGNÂNCIA DE SENTIDOS
Flávia Motta de Paula Galvão (UFU)
Cármen Agustini (UFU)
Este trabalho faz parte de uma pesquisa que está sendo
desenvolvida com o objetivo de problematizar e analisar a
representação de idoso em dois longas-metragens indicados ao
Oscar, a saber: As Bicicletas de Belleville (2003) e Up Altas
Aventuras (2009). Vale ressaltar, ainda, que essa pesquisa está
vinculada à nossa participação no Grupo de Pesquisa e Estudos
em Linguagem e Subjetividade (GELS), alocado no Instituto de
Letras e Linguística, da Universidade Federal de Uberlândia
(ILEEL/UFU). Nessa pesquisa, propomo-nos a realizar uma
análise discursiva que permita compreender e explicitar as
relações de sentidos predominantes na constituição das
representações de idoso nos longas-metragens, o que configura,
para nosso trabalho, a produção de uma análise sobre uma
questão social específica calcada no estudo da linguagem. Para
esta apresentação, centramo-nos na análise do filme As
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
63
Bicicletas de Belleville, a partir de pressupostos teóricos da
Análise de Discurso (AD) de linha francesa, mais
especificamente, nos estudos de Michel Pêcheux (1969; 1975;
1983). A Análise de Discurso possibilita ao pesquisador, na
condução da pesquisa nesse campo teórico e metodológico,
construir uma visão articulada do objeto investigado e sua
relação com os aspectos socioculturais, políticos e econômicos.
Nesse sentido, buscamos analisar de que modo a velhice é
significada no filme e os efeitos de sentido que dela podem
circular socialmente, na produção de efeitos-leitores. Parecenos que, no filme As bicicletas de Belleville, a velhice é
significada de modo a produzir certo movimento na
representação de idoso, alçando-a ao inusitado, ao cômico. Esse
parece ser o aspecto que permite ao idoso ocupar o lugar de
personagem protagonista e heroína no referido filme. O
alçamento ao cômico funciona porque subjaz a ele um
estereótipo de idoso cujo aspecto marcante é a fragilidade e a
debilidade de sua potencialidade física, o que pode promover o
riso. O idoso também é, em certo sentido, o índice de uma
crítica direcionada ao valor que, aparentemente, os norteamericanos teriam da velhice.
AS METAMORFOSES DO DIABO EM “HOJE É DIA DE
MARIA”
Maria Aparecida Conti (UFU)
A partir da questão da dualidade, que povoou o pensamento
racionalista desde as concepções filosóficas gregas, nos
embrenhamos nesse estudo para questionarmos o retorno, em
termos discursivos, do diabo (como representante do mal) e da
criança (como representante do bem) na minissérie Hoje é dia
de Maria. A partir do entendimento da questão apontada,
tentamos argumentar as implicações desse pensamento no
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
64
âmbito da criação de mitos sobre o diabo presentes na cultura
brasileira; a desconstrução desses mitos socioculturais e a
consequente reconstrução teórica desse quadro (diabo) a partir
dos procedimentos de análise dos discursos presentes na
minissérie. Nessa apresentação atentamo-nos para as diversas
representações discursivo-imagéticas dos diabos representados
na minissérie com o intuito de analisar discursivamente alguns
aspectos das imagens.Pretendemos discutir como a
representação sobre o diabo ganha, no objeto em questão, uma
textualização. Focados nessa questão, partimos em busca do
entendimento de como verdades sobre o diabo foram
construídas, em nossa sociedade ao longo dos anos e por que,
na minissérie, essas representaçõe parecem serem
desconstruídas. Utilizamos como base de nossos estudos os
pressupostos teóricos da Análise do Discurso francesa
(doravante AD) para o desenvolvimento das análises.
ENTRE CORES, CORPOS E DISCURSO: UMA
ANÁLISE IMAGÉTICA DO HOMOSSEXUAL NA
REVISTA VEJA
Maria Aparecida Resende Ottoni (UFU)
Isley Borges Silva Júnior (UFU)
Este trabalho corresponde a um recorte da pesquisa UMA
ANÁLISE DISCURSIVA CRÍTICA DA REPRESENTAÇÃO
E IDENTIFICAÇÃO DO HOMOSSEXUAL NA REVISTA
VEJA, financiada pela FAPEMIG, subsumida ao projeto
Gêneros, discursos e identidades na mídia brasileira,
coordenado pela Profa. Dra. Maria Aparecida Resende Ottoni, e
vinculada ao Grupo de Pesquisas e Estudos em Análise de
Discurso Crítica e Linguística Sistêmico-Funcional do
ILEEL/UFU. Nosso objetivo é investigar como o homossexual
é representado e identificado discursivamente e como ele se
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
65
representa e se identifica em três edições da revista Veja: 1636,
1838 e 2164, dos anos 2000, 2003 e 2010, respectivamente.
Para isso, nosso aporte teórico são os construtos da Análise de
Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2001, 2003) e alguns
estudos sobre identidade de gênero e homossexualidade
(LACAN, 1999; FREUD, 1972; FOUCAULT, 1990; BUTLER,
2003). Neste recorte, focalizamos a análise imagética das três
reportagens. Nas reportagens, a revista procura materializar um
processo de transformação e, nesse sentido, destaca, na foto
principal da primeira reportagem, um homossexual alegre,
rodeado por sua família, evidenciando a importância para o
homossexual da revelação de sua orientação sexual para a
família. Na segunda, o foco recai na força da comunidade
homossexual. As imagens retratam as várias paradas do
orgulho gay que aconteceram pelo mundo. Além disso,
apresentam os casais homossexuais em seu cotidiano, lendo
revistas, no supermercado, nas aulas de dança, com filhos no
colo ou fazendo compras no shopping. Na terceira, as imagens
contribuem para afirmar que as pessoas estão assumindo, cada
vez mais cedo, sua orientação homossexual, rompendo
preconceitos e lidando com naturalidade com o “diferente”.
ANÁLISE SEMIÓTICA E DISCURSIVA DAS CAMISAS
DE FORMATURA DO ENSINO MÉDIO
Denise Giarola Maia (UFSJ)
O vestuário pode ser descrito como um modo semiótico, pois a
maneira como usamos as vestimentas produz significados que
são estabelecidos, partilhados e reconhecidos pelos membros de
uma comunidade. Além disso, seu uso é influenciado pelo
sistema da moda que enquanto discurso constitui certas
identidades e representações. É possível ainda estabelecer uma
relação entre a instância da moda e o corpo, já que este é
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
66
constantemente transformado, devido ao desejo das pessoas em
consumir os produtos exibidos nas vitrines e publicidades. (cf.
SANTAELLA, 2004) Recentemente, o vestuário também vem
sendo apresentado como um suporte que abriga gêneros
textuais, como é o caso da camiseta. Assim, o presente trabalho
é uma síntese de um capítulo da dissertação “A constituição das
representações sobre o último ano do ensino médio no texto
multimodal de camisas de formatura”, que teve como objeto de
estudo algumas camisas confeccionadas por turmas de algumas
instituições escolares do estado de Minas Gerais, e cujo
objetivo foi discutir os estudos acerca do vestuário e analisar
como os alunos se identificam e são identificados através da
camiseta e dos elementos verbais e visuais que nela são
estampados. Para isso, utilizamos como referencial teórico
trabalhos, tais como, Barthes (2005), Fairclough (2005), Kress
e van Leeuwen (2006), van Leeuwen (2006), Marcuschi
(2003), os quais nos permitiram considerar que essas camisas
de formatura acabam por criar um traço de identificação de um
grupo. Por meio delas, os alunos se identificam e são
identificados como os formandos do terceiro ano de uma dada
instituição escolar, como a turma vitoriosa, já que estão
concluindo a Educação Básica, e como o “time” mais bem
preparado para enfrentar o processo seletivo do vestibular.
BODY, MIND AND BEAUTY – WE ARE NOT SLAVES
TO CULTURE
Pedro Malard Monteiro (UFU)
Gabriel Malard Monteiro (UFMG)
This paper seeks to provide a definition of body by discussing
the traditional division of mind and body and some of its
philosophical implications. We shall contrast the Cartesian
dualism of the body and mind with the view in neuroscience
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
67
and neurobiology that both body and mind are matter produced
by evolution. We then critique the notion of the mind as a blank
slate that is written or shaped by forces like culture and society.
Such notion, we argue, can accommodate any random form of
beauty, pleasure, etc. In our view, the body is not simply a
supple object that can be readily molded by culture, that it
simply accumulates within it the signs of social, artistic and
cultural practices. The body is the generative source of all these
practices. By discarding the view of the body and mind as
separate entities, we can talk about the psychological processes
that enable culture and group living. We discard the notion of
the body as a slave to fashion, society and cultural trends. The
limitations imposed by culture and society might be seen as
stricter than our biological boundaries. We are not total slaves
to culture perhaps because there are biological limits to our
cultural enslavement. We do not discard or reject cultural and
social forces, of course, since we shall consider how the body
as an aesthetic object varies from one generation to the next.
We call this variation the culture of beauty. But the notions of
beauty, we intend to show, vary a lot less than it might be
supposed. Or rather, the variations are completely coherent
with the idea that we are a biological body, and that there can
be no society that is disinterested in sex, for example, to name
only one of many human universals.
RELAÇÕES (HIPER)CORPORAIS NO CIBERESPAÇOO
ENTRE-LUGAR DO EU
Everton Vinicius de Santa (UFSC)
De fato, o comportamento dos sujeitos envolvidos e imersos
nos ambientes virtuais configuram novos paradigmas diante de
ferramentas midiáticas e dos textos literários em meio digital.
Nesse sentido, é importante compreender como essa relação
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
68
transforma as percepções dos sujeitos envolvidos nesse
ambiente de possibilidades múltiplas que é o ciberespaço e que
vem se constituindo diante de uma relação sujeito-máquina.
Desse modo, este ensaio propõe-se a discutir relações entre a
cultura cibernética, sobre as relações interpessoais sob o viés
das redes sociais, pautado pela ideia de que caminhamos para
uma configuração de relações desterritorializadas e
hipercorporais que vão além do sujeito-eu do plano real.
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
69
SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 7
Data: 04/12/2012 – 13h30
Sala: G 246
Coordenadores:
Prof. Dr. Lynn Mario Trindade Menezes de Souza (USP)
Prof. Dr. William Mineo Tagata (UFU)
“THE CANNIBALISTIC REDEMPTION IN
MARGARET ATWOOD’S THE EDIBLE WOMAN
André Pereira Feitosa (UNIFEI)
Maria Elizabete Villela Santiago (UNIFEI)
Margaret Atwood is one of the most important contemporary
writers and artists in Canada. She is known for her concern
with the female body and its image in a misogynist world. In
her first novel, The Edible Woman, published during the
second wave of feminism in 1969, Atwood criticizes the
consumerist society in which the protagonist, Marian, finds
herself entrapped. She can either mold herself into a Barbie
doll, following the role models designed to attain what is
considered to be a perfect woman or she can find a different
reality of survival becoming a monster in the eyes of western
society, rejecting some artificial values of feminine
perfection. The female body in the novel is a battle ground in
which the options of survival are harsh and the more Marian
resembles a doll figure the more her body rejects such
characteristics, developing what doctors would call anorexia
nervosa. The final redemption comes at the end of the
narrative in which Marian symbolically cannibalizes the doll
image of a woman, eating with her lover a cake in the shape
of a woman. In The Edible Woman the female body comes
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
70
represented in two iconic figures which are a Barbie doll and
a cake, viewed by some as objects of pleasure in male hands.
Breaking down such artificial representations of the female
body is a grotesque way out of the straightjacket in which
Marian finds herself locked up. The feminist critics Margaret
Miles and Ewa Kuryluk, both theoreticians on the study of the
grotesque in art and literature, explicit that the grotesque is
usually represented by portraying the reverse of what is
sanctioned by society as perfect.
CORPO-IMAGEM E(M) DISCURSO: ARTE E
ANATOMIA NO SITE PORNCEPTUAL
Maria do Socorro Correia de Lima (UNB)
Um corpo musculoso, forte e viril vem histórica e
culturalmente se tornando ponto de referência de corporeidade
masculina, enquanto corpos que se desviam deste padrão
estético são em geral ridicularizados ou, até mesmo, excluídos
dos meios de comunicação. Qualquer imagem faz parte de uma
memória visual do sujeito e as relações exteriores dela
denominam-se como intericonicidade. Segundo Courtine
(2005) quando estamos diante de uma imagem devemos
destacar nela os seus elementos semióticos, recuperando
imagens semelhantes, ou ainda, interrogando suas condições de
produção e circulação. Para a elaboração deste estudo, foram
analisados alguns recortes dos ensaios fotográficos de homens
focalizados no site Pornceptual que, de certa forma, ajudam a
compreender a cenografia concebida para exibir/expor os
corpos dos modelos. As fotografias que compuseram o corpus
deste estudo estão sob os auspícios do fotógrafo Chris Phillips,
cuja proposta seria unir arte, fotogradia e nudez. Em geral, as
personagens focalizadas nos ensaios imagéticos são encarnadas
por sujeitos anônimos. Como não é meu objetivo, nesta
investigação, analisar todas as imagens focalizadas no âmbito
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
71
do site Pornceptual, escolhi as imagens dos ensaios retratados
nos ensaios Abiotic, Vegetarianism e Tino C. Nessa ótica, o
corpo dialoga com outras vozes, é perpassado por uma
memória discursiva e, neste sentido, constituído por um
movimento exterior a si. Vozes e memória inevitavelmente são
evocadas para se pensar a construção dos discursos e os modos
de subjetivação dos sujeitos no e face ao corpo. Cabe ao
sujeito-interlocutor seguir alguns sinais deixados pelos corpos e
imagens e(m) discurso, e escolher outros percursos, pois os
caminhos do dizer do corpo estão em contínuo movimento.
APRESENTAÇÃO DE SI E IMAGINÁRIOS
SOCIODISCURSIVOS: DUAS ABORDAGENS
Fernanda Silva Chaves (UFMG)
Nossa proposta tem por objetivo refletir especificamente sobre
três importantes fundamentos que permeiam o discurso “das
imagens” presentes no vídeo do Projeto #eusougay, postado no
canal exclusivo do próprio Projeto, no Youtube.
(http://www.youtube.com/user/projetoeusougay?feature=watch
). Segundo os dizeres do próprio vídeo, a produção surgiu como
resposta ao apelo dos idealizadores do Projeto de que pessoas
de todo o mundo - independente de orientação sexual, raça,
credo e sotaque, etc – que acreditem na tolerância, compaixão e
respeito pelo próximo, postassem fotos pessoas com uma só
mensagem: #eusougay. O vídeo é um mosaico dessas imagens,
animado com uma trilha sonora. O que nos move é a percepção
de que além da mensagem que unifica a proposta dos
respondentes do vídeo, há nas imagens desses sujeitos a
projeção de éthes que, nos termos de Amossy (2005),
correspondem às “imagens de si” projetadas na enunciação.
Além do mais, esses muitos ethos convocam na sua
apresentação
imaginários
sociodiscursivos
que,
no
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
72
entendimento de Charaudeau (2007) representam formas de
apreensão do mundo que nascem justamente da mecânica das
representações sociais, responsáveis pela significação do
mundo.Como base teórica para a nossa análise, utilizaremos as
contribuições de estudiosos da Análise do Discurso como:
Charaudeau (2006, 2009, 2010), Maigueneau (2008, 2009),
Amossy (2001, 2005) e Mendes (2011). Como base
metodológica para discorrer sobre nossa análise, utilizaremos a
esquematização da relação entre identidade, ethos, imaginário e
representações propostas por Mendes (2011).Pretendemos, ao
final desse artigo, apontar outros caminhos para os estudos do
discurso não verbal, sobretudo em canais midiáticos de grande
projeção como o Youtube: um leque de possibilidades de
estudos para a Análise do Discurso, ainda pouco explorado.
Acreditamos, sobretudo, no caráter multidisciplinar da Análise
do Discurso como elemento imprescindível para a reflexão das
novas formas de inscrição do homem em nossa complexa
contemporaneidade.
CORPO CLÁSSICO E CORPO HOMOERÓTICO: UMA
CONSTRUÇÃO INTERICÔNICA
Emilia Mendes (UFMG)
Daniel Mazzaro Vilar de Almeida (UFMG)
O objetivo de nossa proposta é discutir de que maneira
encontramos relações entre o corpo da idade clássica
representado em obras de arte e o corpo homoerótico
construído na mídia. Para tal, nos valeremos do conceito de
intericonicidade desenvolvido por Courtine, na sua obra
Déchiffrer le corps: penser avec Foucault, de 2011. Para este
autor, toda imagem se inscreve em uma cultura visual que
pressupõe a existência, no indivíduo, de uma memória visual,
de uma memória das imagens na qual toda imagem encontra
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
73
um eco. Assim, a partir da análise de imagens (esculturas e
pinturas) ligadas à estética clássica (greco-romana), faremos
um levantamento de índices relativos ao ideal de beleza
clássico e mostraremos de que maneira esta construção cultural
da beleza do corpo se constrói de forma interdiscursiva. No que
tange ao corpo homossexual, contaremos com as contribuições
de Butler (1990, 1993, dentre outras obras) e sua teoria da
performatividade. Para a pesquisadora, gênero, sexo,
sexualidade e corpo são construções discursivas performáticas,
ou seja, esses conceitos não são naturais e se enquadram nas
construções culturais de normas que violentam os sujeitos que
não participam dessas construções. Assim sendo, a partir de
uma arqueologia do corpo, tal como propõe Courtine,
discutiremos como esta imagem de perfeição greco-latina,
depois de perpassar séculos, perdura ainda em nossos dias.
AGORA VOCÊ TEM UM PAI DE PEITOS: UMA
ANÁLISE SOCIOINTERACIONAL DE
PERFORMANCES DE GÊNERO EM UM PROGRAMA
DE AUDITÓRIO
Leandro da Silva Gomes Cristóvão (PUC-Rio)
Para esta apresentação, proponho que sejam pensadas as
construções dos sentidos de gênero em situações sociais
específicas. Retrato a interação ocorrida entre participantes de
um programa de auditório veiculado por um canal televisivo
brasileiro de grande audiência. A partir de uma perspectiva
interpretativista e de uma abordagem qualitativa dos dados
proponho que sejam problematizadas as seguintes questões:
(1) a partir de que pressupostos é possível entender a
categoria identitária de gênero na contemporaneidade?; (2)
como é negociada essa categoria entre indivíduos que
interagem em um programa de auditório cujo tema se refere
às transformações do corpo que resignificam os sentidos de
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
74
gênero?; (3) que alinhamentos e enquadres são construídos na
interação entre tais indivíduos no decorrer de suas
performances de gênero? Na tentativa de responder a tais
questões, organizo o trabalho a partir do cruzamento dialético
dos pressupostos da Teoria Queer (Butler, 2010) e de
desdobramentos da Sociolinguística Interacional (Goffman,
1979; Gumperz, 1982).
FIGURATIVIZAÇÕES DO CORPO EM ÊXTASE NA
GÊNESE DO CINEMA PORNÔ AMERICANO
Odair José Moreira da Silva (USP)
No início da década de 1970, o cinema pornográfico
americano, como um gênero a se consagrar, apresenta três
filmes que, de certa maneira, fundam um modo determinante
para a representação das relações sexuais nas telas dos
cinemas: Garganta profunda (1972); O diabo na carne de Miss
Jones (1973), ambos de Gerard Damiano; e Atrás da porta
verde (1972), dos irmãos Mitchell. Nesses três filmes, em que
questões acima do esperado são apresentadas, o corpo da
mulher é visto como algo além do prazer físico, que
transcende a função do orgasmo, levando o espectador a uma
reflexão mais minuciosa acerca da exposição sexual dos
corpos de outrem, a partir da figurativização do êxtase dos
atores discursivos. A insatisfação, a inocência, a curiosidade,
e a incompletude, entendidas como percursos temáticos
abstratos, fazem parte da figurativização dos corpos das
protagonistas, imersas em uma busca, voluntária ou
involuntária, da completude carnal. Para a semiótica de linha
francesa, a figurativização é um processo importante na
fundamentação de um discurso qualquer: trata-se de um
procedimento semântico em que conteúdos percebidos como
mais “concretos” (pois remetem a um mundo natural)
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
75
recobrem os percursos temáticos mais “abstratos”. Nosso
propósito é verificar, por meio da semiótica discursiva, como
tais percursos temáticos abstratos são concretizados,
figurativizados para transmitir um efeito de sentido pretendido
pelo enunciador, além de investigar a representação do corpo
projetada no texto fílmico. A partir desses três filmes do
erotismo em excesso, pretendemos lançar as bases para a
fundação de uma semiótica da representação sexual no
cinema pornô, cuja figurativização do corpo em êxtase, no
enunciado, torna-se ponto crucial para o estabelecimento
desse gênero de filme.
UMA LEITURA INTERSEMIÓTICA DE DAISY
MILLER: REPRESENTAÇÕES DO FEMININO NO
ROMANCE DE HENRY JAMES E NO FILME DE
PETER BOGDANOVICH
Linda Catarina Gualda (FATEC)
A comunicação objetiva discutir as representações do feminino
a partir das relações entre literatura e cinema da obra de Henry
James Daisy Miller e sua respectiva tradução fílmica de Peter
Bogdanovich tendo como ponto de partida a protagonista Daisy
Miller. Acreditamos que tais representações – a literária e
fílmica – equivalem, no contexto das obras a uma apropriação
do olhar masculino – the male gaze – sobre o corpo feminino.
Os signos do cinema hollywoodiano estão carregados de uma
ideologia patriarcal que sustenta as estruturas sociais e constrói
a mulher de uma maneira específica refletindo as necessidades
e o inconsciente patriarcal. A partir de uma leitura
intersemiótica que rejeita a noção de fidelidade e vê a obra alvo
como uma tradução do texto de partida, propomos uma reflexão
a respeito da identidade de gênero criada e veiculada sob uma
ótica masculina.
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
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SESSÃO DE COMUNICAÇÕES 8
Data: 04/12/2012 – 13h30
Sala: G 223
Coordenadoras:
Prof.ª Dr.ª Ivânia Neves (UNAMA)
Prof.ª Dr.ª Simone Tiemi Hashiguti (UFU)
O DISCURSO PUBLICITÁRIO IMAGÉTICO DE
ESCOLAS DE IDIOMAS
Evelyn Cristine Vieira (UFG)
Este trabalho tem como objetivo discutir o discurso
publicitário imagético acerca do ensino de Inglês como língua
estrangeira. Nesse sentido, partimos de imagens utilizadas em
panfletos, outdoors e outros meios de divulgação de escolas
de idiomas, que fazem uso da imagem para vender seus
cursos. Este trabalho faz parte de uma pesquisa que visa
analisar como as escolas de idiomas veiculam a noção de
fluência, especificamente em relação ao Inglês. Propomos
aqui, portanto, um recorte que trata do uso de imagens, com
vistas a analisar os efeitos de sentidos produzidos no universo
de ensino e aprendizagem de idiomas. A pesquisa se
configura no entremeio entre a Linguística Aplicada e a
Análise Dialógica do Discurso, baseada nos pressupostos de
Bakhtin, como uma proposta de verificar como a noção de
fluência é relacionada com única e exclusivamente a
habilidade de fala. Sabemos que o ensino de línguas
estrangeiras no Brasil passou por diversas transformações
metodológicas para atender as necessidades da economia do
mercado, pois vivemos em uma sociedade cada vez mais
exigente no quesito curricular, o que tornou a busca pelo
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
77
domínio do idioma maior. Essa corrida pelo domínio do
Inglês, por exemplo, reflete nos processos midiáticos de
divulgação das escolas de idiomas, em relação à
argumentação para convencer os alunos sobre o tempo
destinado ao alcance da fluência, sucesso profissional, formas
de pagamento, revolução metodológica, garantia de
aprendizado etc. Dessa forma, justifica-se o estudo do
discurso publicitário imagético a fim de verificar sua
produção e circulação de sentidos na sociedade moderna, em
que o tempo passou a ser o foco, em que a rapidez da
informação é uma necessidade, percebendo como isso afeta a
vida das pessoas inseridas em tal sociedade.
SELF EXHIBITION THROUGH THE PRESENTIAL OF
BODY IMAGE BEFORE SOCIAL NETWORKING
SITES (SNSs): CONTEXTUALIZING THE QUESTION
OF “SELF & IDENTITY”
Santosh K. Patra (Mudra Institute of Communications - MICA)
In this paper I would like to make an attempt to understand
how adding to the existing forms of social space the Internet
revolution contributed to the development of a new kind of
space what has been growing day by day and accommodating
generations together. The primary concern of the paper is to
analyse the growing Social Network Sites (SNSs) turn out to
provide a new ground for users' self-exhibition before their
social networks and offer thereby a distinctive manner of
individuality and sociability expression through the
presentation of their body image. As part of the main issues
on digital identities, self-exhibition practices appear to have
different tendencies and utilities depending on the amount and
the nature of personal information published through the
presentation of body images on a users' webpage. Although
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
78
the discussion primarily revolves around various societal
relationships within the “new communication” framework, the
paper is specifically concerned with exploring the interplay
and impact of Internet on the change in the society away from
groups and towards newly attained identities of network
individualism. This change is not only perceptible at the
interpersonal level but can be seen evolving at various other
levels such as the societal, the community, inter-community
as well. There is a paradigm shift which has occurred within
the concept and phenomena of identity as well as new forms
of communications have evolved.
O (DES)HABITAR DE SI
Carlos Alberto Casalinho (UNICAMP / UEMG)
Encontramos hoje uma parcela da sociedade que vive nas
ruas; atores sociais que, além de enfrentarem o desemprego, a
fome, a violência, esses seres humanos convivem, também,
com o descaso dos outros seres humanos: são os moradores de
rua. Por não terem domicílio fixo, os moradores de rua são
considerados “invisíveis” por uma sociedade que, por medo,
faz com que o homem encare o morador de rua como alguém
que não deve ser visto, não deve ser olhado. Temos
dificuldade de lidar com os “estranhos”, acusados de serem
portadores de desordem e degradação urbana. Miséria,
abandono, violência e negligências fazem parte de seu
cotidiano, vítimas do preconceito e de um processo de
exclusão, o morador assume o estigma lançado sobre si,
sentindo-se fracassado. Moram em lugares de risco, transitam
pelas ruas, usam drogas, têm sérias dificuldades econômicas
que os levam, muitas vezes, para a criminalidade como fonte
de sobrevivência. Temos na contemporaneidade a prática da
abrigagem como forma de solucionar os problemas de
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
79
abandono, violência, degradação e miséria e quando
manifestam comportamentos considerados fora do normal,
tornam-se casos clínicos. Podemos compreender a prática de
retirar moradores da rua como uma tecnologia de poder, que
tem como alvo garantir a segurança da população. Alvo que
tem uma dupla face, uma vez que, encaminhar para um abrigo
é um ato que nos é apresentado como uma forma de garantir a
segurança desses seres sofridos, mas podemos entender,
também, como uma forma de garantir a segurança da
sociedade. Como habitam espaços periféricos e sempre em
trânsito não estabelecem apropriação nem identidade com
relação aos lugares que os acolhem temporariamente. As
instituições constroem uma nova forma de significação,
marcando, assim, uma nova forma de significá-los, uma nova
forma de exclusão, só que com palavras não pejorativas. Para
permanecem no abrigo ou nas casas de passagem
(des)habitam-se de si, seu discurso passa a ser cada vez mais
anônimo, pois que fala é a instituição. O abrigo passa a
constituir-se como um registro colado no corpo de cada um
deles. O corpo vai tomando a cara da instituição, alimenta-se,
dorme, transita e respira a instituição.
CORPO-LÍNGUA(GEM): A
(DES)TERRITORIALIZAÇÃO DE SI E DO OUTRO
Mariana Rafaela Batista Silva Peixoto (UNICAMP)
Neste estudo, visamos a trazer algumas considerações parciais
acerca de nossa pesquisa de mestrado, em andamento,
intitulada “Identidades em trânsito: ser-estar entre línguasculturas”. O corpus desta pesquisa constitui-se de excertos
discursivos extraídos de dez entrevistas orais semiestruturadas realizadas com imigrantes albergados em uma
casa de passagem localizada na cidade de São Paulo, a Casa
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
80
do Migrante. Uma vez que esta pesquisa busca melhor
compreender de que maneira a língua-cultura do outro, a
língua dita estrangeira, incide na constituição identitária de
imigrantes albergados, apresentaremos alguns resultados de
análise possíveis de serem depreendidos de nosso primeiro
eixo temático, intitulado “Corpo-língua(gem)”. No que se
refere às representações de língua-cultura que permeiam o
material linguístico-discursivo, estas apontam para uma visão
utilitarista de língua, como aquilo que permitiria ao imigrante
conseguir trabalho, bem como deslocar-se espacialmente. As
representações de aprendizagem da língua-cultura dita
estrangeira, por sua vez, parecem estar atreladas a uma
imagem do contexto formal de aprendizagem de línguas,
como se a inscrição de si na língua-cultura do outro se desse
somente no espaço discursivo da sala de aula. Ao trazermos
estas considerações, objetivamos problematizar o modo pelo
qual corpo e língua-cultura se imbricam na constituição
identitária do sujeito imigrante albergado. Do ponto de vista
teórico, este trabalho situa-se na interface dos estudos do e
sobre o discurso, via Michel Foucault, da desconstrução, via
Jacques Derrida e da psicanálise, via Sigmund Freud e
Jacques Lacan.
A LEITURA DO NÃO-VERBAL EM LIVROS
DIDÁTICOS: REFLEXÕES A PARTIR DE UM OLHAR
DISCURSIVO
Érica Daniela de Araujo (UFU)
João de Deus Leite (UFU)
Neste trabalho, filiados à perspectiva teórica da Análise do
Discurso de linha francesa pecheutiana, propomo-nos a analisar
de que modo as práticas metodológicas de ensino, propostas
nos livros didáticos da educação básica da edição direcionada
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
81
ao professor (manual do professor), abordam o trabalho sobre a
leitura e sobre a interpretação do não-verbal. Nestes livros,
muitas vezes, verificamos um mero repasse da linguagem nãoverbal para o verbal, o que, dado o aporte teórico a que nos
filiamos, aponta para um reducionismo; isso porque
coadunamos com a perspectiva de que entre essas formas de
linguagem há uma hiância estrutural, uma opacidade que
produzirá efeitos para o próprio ato de interpretar. Diante disso,
intentamos analisar dois livros didáticos direcionados ao
professor, adotados atualmente em escolas públicas da rede
estadual de ensino do estado de Minas Gerais, especificamente,
do segundo ciclo do ensino fundamental, com vistas a refletir
em que medida o trabalho sobre a leitura e sobre a
interpretação da linguagem não-verbal ganha operacionalização
no que concerne aos aspectos metodológicos sobre os quais os
professores
geralmente
se
embasam.
Para
tanto,
privilegiaremos algumas categorias conceituais da Análise do
Discurso, tais como: discurso, memória discursiva,
interdiscurso, de modo a sustentarmos a perspectiva de que, a
partir de uma visada discursiva, algumas (im)possibilidades de
trabalho de leitura e interpretação sobre a linguagem não-verbal
podem ser, de certo modo, enfrentadas no fazer do professor.
MÍDIA, VIOLÊNCIA E CORPO: O CASO DO
“MANÍACO DE LUZIÂNIA”
Erislane Rodrigues Ribeiro (UFG)
Raquel Divina Silva (UFG)
A mídia tem como função estabelecer a mediação entre
público e realidade. Como é impossível ter acesso direto ao
real, os meios de comunicação interpretam-no, fazendo valer
o seu posicionamento sócio-ideológico. Quando os fatos da
realidade dizem respeito a acontecimentos violentos, como os
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
82
desencadeados por serial killers, há uma espetacularização
pela mídia, a qual reitera sentidos produzidos em outros
momentos da história, movimentando uma rede de
interdiscursos que se intercruzam e se renovam. Partindo
destas considerações, neste trabalho, temos por objetivo
analisar os efeitos de sentido produzidos por meio da
publicação de imagens dos corpos de personagens envolvidos
no caso do “maníaco de Luziânia”. Serão analisadas, sob a
perpectiva teórico-metodológica da Análise do discurso de
linha francesa, imagens do corpo do agressor, de suas vítimas
e de familiares dos jovens assassinados, publicadas pelo jornal
Correio Braziliense, as quais apontam para uma exposição
diferenciada destes corpos. Enquanto não apenas o corpo do
agressor é exposto em close, já que se expõem as algemas que
o prendem e o carro da polícia em que ele é aprisionado, por
exemplo, no caso das vítimas, há uma preocupação em
resguardar o seu corpo, seja com imagens tratadas para
preservar a identidade, no caso de quem sobreviveu, seja por
meio de imagens que dizem pouco acerca das vítimas fatais.
No caso dos familiares, são imagens de corpos compadecidos
ou dilacerados pelo sofrimento os que a mídia veicula. Em
todos os casos, as análises possibilitam concluir que a
representação dos corpos destas personagens pela mídia ajuda
na composição de um quadro em que certas identidades são
constituídas.
AS FAMÍLIAS NA MÍDIA – UM ESTUDO DISCURSIVO
DE PEÇAS PUBLICITÁRIAS
Sílvia Maria Alencar Silva (UESB)
Durante muito tempo, prevaleceu na mídia o conceito de
família cuja estrutura era composta por pai, mãe e filho(s), mas
com o passar do tempo, a esse formato foram se juntando
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
83
outros, como a família chefiada pela mãe ou as famílias
homoafetivas, dentre outros. Algumas marcas do discurso
religioso, tão presente na cultura ocidental, são visivelmente
percebidas nesses grupos familiares. Seja na figura materna,
sempre relacionada à figura de Nossa Senhora; seja no
significado de família presente na memória de todos, que tem
como espelho a Sagrada Família do discurso religioso. Nos
vídeos que formam o corpus desta pesquisa se materializa um
enunciado sobre a família, que está preso a uma rede de outros
enunciados “neles se apoiando ou deles se distinguindo”
(Foucault, 2008, p.112). Ele traz à tona o discurso da família
cristã, (formada por pai, mãe e filho), e se liga a ele quando
prioriza determinado formato de família em detrimento de
outros, mas propõe uma mudança quando apresenta uma forma
nova desses indivíduos se relacionarem, reatualizando o
conceito de família. Segundo Foucault, todo enunciado de
alguma forma reatualiza outros enunciados (Foucault, 2008).
Seguindo o conceito foucaultiano de enunciado, buscaremos
identificá-lo e descrevê-lo para darmos início a nossa análise.
Focaremos aquilo que fez dele não um acontecimento
passageiro mas uma materialidade repetível dentro de uma
rede. Ao falarmos de enunciado, delinearemos três coisas:
quem fala; de onde fala, sendo o lugar, o que dará ao enunciado
o caráter de verdade; e quais as posições que o sujeito ocupa
“em relação aos diversos domínios ou grupos de objetos”
(Foucault, 2008, p.58). Como estamos falando de imagens em
movimento, nos apoiaremos nos estudos de Milanez e nas
noções de imagem fílmica de Aumont.
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
84
Resumos dos painéis
Data: 03/12/2012 – 16h30
Sala: G 216
A PESQUISA EM DANÇA E AS POSSIBILIDADES DE
INTERDISCIPLINARIDADE
Ana Carolina da Rocha Mundim (UFU)
O presente trabalho visa compartilhar os procedimentos
desenvolvidos pelo grupo de pesquisa em Dança “Dramaturgia
do Corpo-Espaço e Territorialidade” e suas possibilidades de
ações interdisciplinares, na conexão com a Arquitetura, a
Música e o Teatro. A proposta é demonstrar como, através de
processos de improvisação e composição em tempo real, faz-se
possível a interrelação entre docentes, discentes e técnicos de
áreas distintas de conhecimento na produção e na criação em
Dança. Para isso, visamos expor um conjunto de ações de
pesquisa e extensão que realizamos, desde 2010, juntos ao
Curso de Dança da Universidade Federal de Uberlândia, que
incluem a organização de instrumentais técnico-criativos, a
produção bibliográfica, apresentações, a produção videográfica
e a produção didático-pedagógica.
VOZES EM DIÁLOGO: O EFEITO DA
DISCURSIVIZAÇÃO DAS VOZES NO ROMANCE A
FORÇA DO DESTINO, DE NÉLIDA PIÑON
Ana Marta Ribeiro Borges Rodovalho (UFG)
Antônio Fernandes Júnior (UFG)
Este estudo pretende mobilizar conceitos da Análise do
Discurso de linha francesa como recurso de leitura para o texto
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
85
literário. A aproximação entre o campo dos Estudos Literários e
dos Estudos do Discurso, mais especificamente da Análise do
Discurso (AD) requer, inicialmente, que se considere o caráter
interdisciplinar vinculado a ambas as áreas de estudos da
linguagem: tanto um quanto outro são, em sua constituição,
atravessados por perspectivas teóricas oriundas de outros
campos do saber. Nesse sentido, em primeiro momento,
propomos-nos a efetivar essa discussão para, em seguida,
desenvolver a análise do romance A força do destino, de Nélida
Piñon. Essa obra apresenta-nos uma versão parodística da ópera
italiana La fuerza del destino, de G. Verdi. Trata-se de um
romance que traz, em sua tessitura, um intenso embate de vozes
discursivas. Considerando o efeito da discursivização,
instaurado a partir do dialogismo entre essas vozes num espaço
tensivo, dialógico e polifônico, o cerne da nossa proposta é
delinear a discursivização dessas vozes no funcionamento
enunciativo discursivo de A força do destino. Para tanto, nossa
análise filia-se à perspectiva teórica da AD e em autores outros
cujos estudos estabelecem interface com essa disciplina.
FANTÁSTICAS SIMBOLOGIAS: PERSONAGENS
FEMININAS NA FICÇÃO DE AUGUSTA FARO
Camila Aparecida Virgílio Batista(UFG)
Luciana Borges (UFG)
Neste trabalho temos como objetivo apresentar alguns tópicos
referentes ao desenvolvimento dos estudos relacionados à
Literatura de autoria feminina produzida em Goiás, a partir da
obra da escritora Augusta Faro, A Friagem (1999). Tentaremos
evidenciar e compreender as relações de gênero em meio a uma
constante elaboração e reelaboração de símbolos femininos que
as constituem, bem como o processo de elaboração das
personagens femininas, considerando também a utilização dos
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
86
elementos fantásticos. Para realização deste trabalho, foi feita a
seleção do corpus de análise entre os textos ficcionais da
autora, explicitamente o conto A Friagem, que também é
utilizado para intitular o livro. O conto foi analisado a partir de
pressupostos teóricos que abordam conteúdos sobre estudos de
gênero e de obras de autoria feminina, como Butler (2003),
Bourdieu (2007), Colasanti (1997), entre outros, e estudos
críticos de obras femininas goianas. Esperamos, com este
estudo, contribuir para a discussão teórica sobre a literatura
produzida em Goiás e para dar maior visibilidade à obra da
escritora goiana no contexto nacional.
MEMÓRIA DAS IMAGENS, DAS CORES E DO CORPO:
POSICIONAMENTO DA MULHER EM “BLOOD
FEAST”
Ceres Alves Luz (UESB)
Neste trabalho, fazemos uma análise discursiva do filme Blood
Feast (1963), de Gordon Lewis. Nosso objetivo é pensar acerca
da constituição de um discurso que determina uma posição de
sujeito para a mulher. Para tanto, utilizamos, como arcabouço
teórico, os postulados de Michel Foucault dentro da Análise do
Discurso e as discussões sobre corpo feitas por Milanez.
Veremos, pois, como as mulheres são subjetivadas e
posicionadas em um lugar discursivo que é o da mulher
perfeita. Observamos o dispositivo fílmico para entendermos
como esses discursos emergem dos corpos das mulheres
mostradas. Tomamos o conceito de intericonicidade para poder
relacioná-las com os corpos das mulheres nas representações
bíblicas, ou seja, um discurso da perfeição que é atravessado
pelo discurso religioso cristão.
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
87
DISCURSO, MEMÓRIA E CORPO: O FILME GORE
AMERICANO NA DÉCADA DE 60
Danilo Dias (UESB)
Vinculado ao projeto “Materialidades do Corpo e do Horror”
do Laboratório de Estudos do Discurso e do Corpo
(LABEDISCO/UESB), este trabalho faz uma análise do
discurso fílmico, a partir dos postulados de Michel Foucault,
materializado em Collor Me Blood Red de Herschell Gordon
Lewis (1965), produção caracterizada pela mistura de horror
gore com comédia de humor negro do mestre do cinema
sangrento. Para tanto, focarei nas questões cromáticodiscursivas pensadas por Milanez, para tomar a cor vermelha
como elemento discursivo que se apresenta em quase todas as
tomadas. Assim, busco compreender de que forma a cor
aparece nos planos, produzindo um certo saber nesse discurso
fílmico e a qual campo e memória se associam.
AS IMAGENS ALEGÓRICAS DOS CONTOS “MY
KINSMAN, MAJOR MOLINEAUX” E “YOUNG
GOODMAN BROWN” DE NATHANIEL HAWTHORNE
Elaine Guimarães Santos (UFMG)
O presente trabalho tem por objetivo apresentar as imagens
alegóricas contidas em dois contos do escritor norte-americano
Nathaniel Hawthorne e contextualizar tais imagens de acordo
com o período em que se passam as narrativas. É importante
analisar tais alegorias a partir do tempo em que se passam as
estórias, para que possamos, portanto, ter um suporte para
compreensão dos aspectos puritanos que o autor retrata em seus
textos. Trabalho apresentado inicialmente na Universidade de
Coimbra, em Portugal, no primeiro semestre de 2011, para a
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
88
disciplina Literatura Norte-Americana, sob o título: A
representação da alegoria nos contos Young Goodman Brown e
My Kinsman, Major Molineux de Nathaniel Hawthorne.
A VIRGEM DOS LÁBIOS DE MEL, A PRINCESA DA
DISNEY E A PROTAGONISTA DE BLOCKBUSTER
Heloize Moura (UFU)
Este trabalho destina-se a tecer algumas reflexões sobre o livro
Iracema (1865), de José de Alencar, e elucidar as semelhanças
existentes entre essa obra, representante do Romantismo, e
produções cinematográficas contemporâneas, como Pocahontas
(Disney, 1995) e Avatar (20th Century Fox, 2009).
Procuramos semelhanças “genéticas” entre as obras, assim
como traços característicos de seu “DNA”. Iracema (1865) é
um romance romântico indianista ˗ portanto voltado à exaltação
das origens nacionais ˗ escrito por José de Alencar. Cabe
ressaltar que nos basearemos em uma edição da Editora
Moderna, que data de 1993, possui orientação pedagógica do
professor Douglas Tufano e, além das notas de rodapé originais
de José de Alencar, traz outras, mais explicativas, elaboradas
pela escritora Márcia Kupstas. Além do caráter pedagógico da
obra de Alencar tendo por objetivo levar os brasileiros a
exaltarem suas nobres origens trabalharemos com uma edição
bastante didática, destinada a atrair os leitores contemporâneos
a essa obra e auxiliá-los a “extrair dela o prazer da leitura”
(Iracema, 1993, p. 3). Sendo assim, ao falarmos em leitores
contemporâneos e em extrair prazer na leitura de obras tidas
como “antigas”, nos propomos a relacionar a obra Iracema a
obras cinematográficas contemporâneas, a saber, Pocahontas
(Disney, 1995) e Avatar (20th Century Fox, 2009). Pocahontas
(1995) apresenta-se como uma típica produção da Disney:
permeada por canções, tendo como protagonista uma
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
89
“princesa” altamente comerciável e com uma bela moral.
Contudo, essa versão se distancia da história verdadeira,
segundo a qual Pocahontas, em 1607, então com 10 ou 11 anos,
impediu a morte do inglês John Smith por sua tribo sem, ao
contrário do retratado no filme, ter um relacionamento amoroso
com ele. Quanto a Avatar (20th Century Fox, 2009), esta é uma
história totalmente fictícia que se passa no ano de 2154, em um
futuro onde os humanos, por terem poluído demais o planeta
em que habitam, exploram outro planeta, Pandora, que possui
as mesmas características da Terra. Lá, um ex-fuzileiro
paraplégico, chamado Jake Sully, é convocado a participar de
um projeto governamental, em que assume a forma de um
Na’vi (habitante de Pandora), e durante uma pesquisa de campo
conhece Neytiri, a protagonista feminina (ou nesse caso,
fêmea). Procuramos por semelhanças entre obras a princípio
bastante diferentes: feitas em outras épocas, com abrangência
diversa e objetivos igualmente variados. No entanto, quando
objetivamos despertar o interesse por leituras como Iracema,
devemos ter em mente que leituras como essas já estão por aí,
com outras roupagens, atraindo o interesse e despertando o
prazer de seu público; cabe, porém, na medida do possível,
tecer a árvore genealógica dessas produções e chegar às suas
origens, pois conhecendo o início, entendemos melhor o
desfecho.
CORPO, ALMA E NAÇÃO: ELEMENTOS
PULSANTES NA OBRA LUCÍOLA, DE JOSÉ DE
ALENCAR
Luciana Aparecida Silva (UFU)
O presente trabalho tem como objetivo analisar as facetas da
personagem Lúcia (Lucíola) e as implicações da dicotomia
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
90
corpo erótico x virgindade de coração na sociedade
aristocrática e patriarcal do Rio de Janeiro durante o Segundo
Império. O livro faz um retrato bastante verossímil da
contraditória burguesia fluminense de meados do século XIX,
a mesma que ao mesmo tempo em que recrimina, alimenta os
vícios mundanos. Na sociedade oitocentista, o papel da
mulher enquanto mantenedora da ordem burguesa e da família
é claramente definido, assim como as virtudes que lhe são
imprescindíveis. Embora Lucíola tenha um forte caráter
psicológico e o intuito do autor ao escrevê-lo fosse o de
caracterizar “um perfil de mulher”, Alencar explicita seu ideal
nacionalista, destacando a superioridade do que é
genuinamente nacional e reverenciando as inúmeras belezas
do Rio de Janeiro. Ademais, como bem afirmou Foucault
(2000), “não se pode falar de qualquer coisa em qualquer
época” e o autor não se atreveu a ir contra a ordem social
vigente. Em uma sociedade preconceituosa e conservadora,
em que a mulher deveria ser pura, honesta e de uma moral
ilibada, é inadmissível que uma cortesã seja merecedora do
amor conjugal. Ainda que seu ingresso no mundo da
prostituição tenha ocorrido por motivos nobres, seu ventre não
é digno de abrigar um novo ser; sua alma pura não suplanta
um corpo de cortesã que foi entregue ao prazer carnal. Mais
que isso, não lhe é permitido sequer viver: a prostituta devassa
torna-se vítima dos discursos da sociedade da época e morre
pelo bem da nação, em prol da identidade nacional.
O “IDEAL ERÓTICO” EM ENSAIOS SENSUAIS
FOTOGRÁFICOS NAS REVISTAS TRIP E TPM
Maira Guimarães (UFMG)
O estudo tem por objetivo a análise das imagens etóticas e
icônicas presentes nos ensaios sensuais fotográficos das
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91
revistas Trip (público masculino) e TPM (público feminino)
publicadas no mês de abril de 2012. O referencial teórico e
metodológico foi fornecido pela Análise do Discurso nos
trabalhos de Charaudeau (2006), Mendes (2005) e (2010) e
Maingueneau (2010). Na revista Trip, o padrão de sexualidade
feminina é retratado pela nudez do corpo da mulher. No ensaio
da revista TPM, observa-se que a sexualidade masculina não se
pauta na exploração total da nudez. A análise retrata que a
mídia impressa reafirma os imaginários sociodiscursivos sobre
o erotismo ao mesmo tempo em que cria um “ideal erótico” e
um “padrão de sexualidade”.
CONCEPÇÕES IDENTITÁRIAS NA PRODUÇÃO
POÉTICA DE ARNALDO ANTUNES: UM ESTUDO DA
CANÇÃO NINGUÉM
Miriane Gomes de Lima (UFG)
A poesia brasileira contemporânea, produzida a partir da
década de 80 do século XX, vem se caracterizando, cada vez
mais, por um pluralismo de dicções e vozes poéticas oriundas
de diferentes lugares do país, conforme nos ensina Carlos
Eduardo Capella (2006) e Heloisa Buarque de Hollanda (1998).
Nesse contexto, a produção poética de Arnaldo Antunes
destaca-se, de forma muito singular, sobretudo pela conciliação
de diferentes linguagens (verbal, visual e sonora), pelo uso de
diferentes suportes (livro, vídeo e CD) e pelos
experimentalismos linguísticos (criações e fusões lexicais)
adotados na composição dos textos. Como recorte dessas
questões, o presente trabalho pretende abordar a construção do
corpo e do sujeito na letra da canção “Ninguém”, lançada no
disco homônimo em 1995, focalizando como determinados
procedimentos de escrita do texto possibilitam a apreensão de
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
92
diferentes posições identitárias. Para tanto, analisaremos a letra
dessa canção observando a relação corpo e subjetividade, tendo
em vista o aporte teórico de Michel Foucault (2004). Com isso,
pretendemos propor reflexões sobre questões identitárias
produzidas na atualidade, a partir dos elementos acionados pelo
poeta na composição do texto.
O SUJEITO CRIANÇA NO ENVOLVIMENTO COM AS
MÍDIAS DIGITAIS: SINGULARIDADES E
PLURALIDADES DA INFÂNCIA CONTEMPORÂNEA
Rosimeire Maria de Souza Francischetto (UFES)
Thalyta Botelho Monteiro (UFES)
O presente artigo objetiva analisar o envolvimento do sujeito
criança com as mídias digitais a fim de refletir as
singularidades e as pluralidades deste com o processo de
criação que relacionam recursos tecnológicos. Busca
compreender os conceitos de Experiência e Mediação em
Benjamin e Vigotski respectivamente. Visa enfatizar também, o
conceito de Memória Coletiva de Maurice Halbwachs no qual
os indivíduos fazem parte de uma rede de experiências, onde a
memória não pode ser tratada de forma individual, mas sim
num contexto de coletividade. Faz-se necessário uma
articulação com as ideias de Zygmunt Baumam e Fredrich
Jameson no que se refere à Pós-modernidade, a liquidez dos
laços humanos, ao uso das mídias e a sociedade da imagem
para assim refletirmos o sujeito criança e a infância
contemporânea.
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
93
O CORPO E AS POSSIILIDADES DISCURSIVAS NO
GORE: ANÁLISE DE “TWO THOUSAND MANIACS”,
DE HERCHELL GORDON LEWIS, DE 1964
Ueslei Pereira de Jesus (UESB)
Nilton Milanez (UESB)
Analisar o corpo discursivamente é aqui evidenciar os sujeitos
quanto às suas produções discursivas, inseridas em um lugar
onde se posiciona historicamente. Através do filme “Two
Thousand Maniacs”, 1964, de Herschell Gordon Lewis e da
maneira como os corpos são apresentados serão aqui
investigados os discursos que possibilitam a construção do
horror no corpus em questão, enunciando formas jurídicas, o
Estado e a memória da morte mesclada ao riso.
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
94
Resumo das exposições
BETWEEN: EMBODIMENT AND IDENTITY
Karen Ingham (Swansea Metropolitan University)
Susan Aldworth (Swansea Metropolitan University / London
Metropolitan University / Institute of Neuroscience at
Newcastle University)
‘Between: Embodiment and Identity’ is an exhibition by UK
artist’s Karen Ingham and Susan Aldworth, which explores the
richness and complexity of scientific research into how we
deconstruct and re-configure concepts and images of mind and
body in an age of increasing disembodiment and digitization.
Exhibiting together for the first time, the artist’s present works
that cross-reference contemporary science, digital imaging
techniques, philosophy and the humanities, to explore emerging
and enriched images of the Self.
PASSAGENS: CORPOS E IMAGENS FUGIDIAS
Talita Mendes (UNICAMP)
Ronaldo Souza (UNICAMP)
Lívia Diniz (UNICAMP)
'Passagens: Corpos e Imagens Fugidias' apresenta
parte da produção de três artistas brasileiros que desenvolvem
pesquisas envolvendo os usos da imagem fotográfica e a
desconstrução da ideia de fotografia como índice de verdade.
Entre o excesso de informações da sociedade contemporânea, a
ausência da identidade fixa dos sujeitos e os espaços
discursivos da fotografia transitam imagens que não se fixam,
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
95
já que apenas idealizadas, e a representação de corpos
irreversivelmente fragmentados.
Na série O meu olhar, o seu olhar (2009), a artista
Talita Mendes trabalha com a memória/história individual
como um constructo, utilizando-se da fotografia como meio e
suporte. Ao conceber a série fotográfica e sua configuração no
espaço expositivo como um arquivo incompleto e
reconfigurável narrativamente, explora, por intermédio das
ausências deste arquivo, a construção de realidades pelo
sujeito/espectador. Para tanto, a artista joga com a concepção
de fotografia como “espelho com memória” partindo dos
registros de seus olhos e os de sua mãe. Ao articulá-los como
indicativos da passagem abrupta do tempo, parecem referir-se a
uma única personagem feminina e indeterminada fotografada
em épocas distintas de sua vida. Os fragmentos das marcas de
envelhecimento epitelial desta personagem intercalam-se com
registros de objetos que remetem à infância e que funcionam
narrativamente como reminiscências imagéticas artificialmente
evocadas e encarnadas como lembranças fixas. O registro do
olho, então enfatizado por seu caráter de espelhamento, foi
pensado, no processo de construção da obra, como película
sensível de impressão sobre a qual é perceptível a projeção de
imagens do mundo, remetendo à própria materialidade da
fotografia. O olho fecunda a idéia da câmera como extensão do
corpo humano, daquele que opera o aparelho fotográfico, ainda
que sendo, paradoxalmente, uma descontinuidade deste. Para a
artista, as imagens fugidias são aquelas que buscamos como a
verdade de um acontecimento, que falhamos em encontrar e
que se “anarquivam”, para usar um expressão de Jacques
Derrida.
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
96
Em Carpete cinza (2006), o fotógrafo Ronaldo Souza
trabalha com o espelhamento na imagem fotográfica,
considerando o registro do objeto-espelho. Enfatiza a ação de
nos dirigirmos ao espelho para nele encontrar um reflexo
identitário. O sujeito do reflexo, no entanto, ao perceber-se
incompleto, busca encontrar sua identidade não na visualidade
de um corpo em sua generalidade, mas em seus fragmentos. O
espelho disposto sobre um carpete e assim registrado opera
como o prolongamento do corpo de um Narciso nu, que, por
vezes, confunde-se com sua imagem refletida, ao diluirem-se os
limites entre o detalhe corporal fotografado e o reflexo deste no
objeto especular. As fotografias assemelham-se aos estilhaços
de um espelho quebrado, a partir dos quais o corpo
fragmentado não se recompõe.
Na série Entidades (2011), realizada por Lívia Diniz, a
fratura identitária do sujeito na atualidade é representada
através da reconfiguração da superfície facial de seus autoretratos, sobre os quais, em alguns casos, elementos externos
são agregados ao suporte fotográfico. Segundo a artista “Ente,
ser e indivíduo são três momentos, três situações diferentes que
refletem sobre questões atuais: o culto à própria imagem e sua
superexposição às outras pessoas, fatores potencializados, por
exemplo, pela internet”. Nas sociedades de consumo, aliadas ao
grande acesso à informação, crenças e seus objetos
representativos são também comercializados, de modo que a
artista não deixa de explorar esta relação na obra que ora se
apresenta.
Texto de Talita Mendes
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
97
Release dos artistas
Susan Aldworth’s work engages with neuroscience and
philosophy to explore medical, personal and scientific
narratives that develop an understanding of human identity. She
is showing three films, Going Native (2006), Lines of Thought
(2006) and Out of Body (2009) made during her residency at
the Gordon Museum of Pathology in London. She will also be
exhibiting a number of prints from the series Cogito Ergo Sum
(2006).
http://susanaldworth.com
Karen Ingham’s interest lies in juxtaposing the narratives
behind scientific objects, language and images conferring new
meaning onto the notion of embodiment. The digital films
exhibited are Narrative Remains (2009), made in collaboration
with The London Hunterian Museum and Variance (2011) in
collaboration with The Francis Galton Collection at University
College London. Vanitas: Seed Head (2005) and the digital
prints from the Piece of Mind Mask series (2012), were made
with the assistance of the Cardiff Neuroscience Research
Group.
http://kareningham.org.uk
Talita Mendes é graduada pela Unicamp nos cursos de
licenciantura (2009) e bacharelado em Artes Visuais (2011).
Atualmente desenvolve a pesquisa de mestrado intitulada
“Rosângela Rennó: fotografia, deslocamentos e desaparição na
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
98
arte contemporânea brasileira” ― financiada pela FAPESP ―
no Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto
de Artes da mesma universidade. Em seus trabalhos artísticos
explora a fotografia e temáticas a ela relacionadas, nos quais
estão presentes questões acerca de identidade, memória e
coleção/arquivo. Algumas exposições das quais participou:
Intersecções Poéticas entre Corpo e Fotografia (2011 –
UFU/Uberlândia–MG), exposição associada ao I CID;
Gramatura 32 (2010 – MACC e Galeria de Arte da
Unicamp/Campinas–SP); Artes Visuais 2010 (2010 – Museu
Solar do Barão/Jundiaí–SP); 2ª, 3ª, 4ª e 5ª edições do Salão de
Artes Visuais (2009, 2010, 2011 e 2012 – Espaço Cultural Casa
do Lago e Galeria de Arte da Unicamp/Campinas–SP)
organizadas pelo Festival do Instituto de Artes da Unicamp; 1º
Salão Universitário de Arte Contemporânea da Unicamp (2007
– Galeria de Arte da Unicamp/Campinas–SP).
Ronaldo Ferreira de Souza é natural de Santa Bárbara
D’Oeste, São Paulo, concluiu sua graduação no ano de 2006 na
Unesp de Bauru, onde cursou Educação Artística – Habilitação
em Artes Plásticas, apresentando um Trabalho de Conclusão de
Curso que abordou o hibridismo de linguagem na fotografia
contemporânea brasileira. Depois de graduar-se passou a atuar
como professor no Governo do Estado, produzindo suas obras
paralelamente ao magistério. No ano de 2011 ingressa no
Mestrado em Multimeios do Instituto de Artes da Unicamp,
continuando com suas pesquisas no universo da fotografia,
desta vez abordando os trabalhos das artistas norte-americanas
Nan Goldin e Cindy Sherman. Suas exposições mais recentes
são a coletiva do “Mapa Cultural Paulista” em 2011, no Centro
de Documentação Histórica da Fundação Romi, em Santa
Bárbara D’Oeste, e a também coletiva “Leituras e Conceitos –
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
99
Fotografia Contemporânea”, no ano de 2010, no MIS – Museu
da Imagem e do Som de Campinas.
Lívia Diniz Ayres de Freitas nasceu em Ribeirão Preto - SP,
em 1985. Vive e trabalha em Campinas – SP. Graduou-se em
Bacharelado e Licenciatura em Artes Visuais pela Unicamp, em
2010. Atualmente é mestranda do Programa de Pós-Graduação
em Artes Visuais do Instituto de Artes, na linha de Poéticas
Visuais e Processos de Criação, na mesma instituição.
Desenvolve trabalhos nas áreas de Gravura, Fotografia e
Desenho. Participou da exposição coletiva “Residência” e do
“III Salão de Artes do FEIA”, ambas realizadas na Galeria de
Artes da Unicamp, 2010. Participou da exposição coletiva
"Foto em Campo" - com curadoria de Luiz Carlos Sollberger
Jeolás (Nenê Jeolás) e Lygia Eluf, na Galeria de Arte da
Unicamp, 2011; da exposição coletiva “ex|certo”, no Espaço
Expositivo do SESC-Campinas, 2011 e também da exposição
coletiva “Arte Postal - Os Livros”, na Livraria, Editora e Centro
Cultural Alpharrabio, Santo André/SP, 2011 e na Galeria
Gravura Brasileira, 2012.
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
100
Índice Remissivo
A
Alessandra Rodrigues Santos
Brandes, 11, 26
Alex P. de Araújo, 12, 37
Amanda Braga, 11, 29
Ana Carolina da Rocha Mundim, 20,
85
Ana Flora Schlindwein, 4, 3, 8, 11,
16, 25, 62
Ana Marta Ribeiro Borges
Rodovalho, 20, 85
André Pereira Feitosa, 17, 70
Antônio Fernandes Júnior, 20, 85
C
Camila Aparecida Virgílio Batista,
20, 86
Carlos Alberto Casalinho, 18, 79
Carlos Henrique Bento, 14, 50
Cármen Agustini, 16, 63
Cecília de Sousa Neves, 12, 35
Ceres Alves Luz, 20, 87
Ciro Renan Oliveira Prates, 12, 36
Cláudia Maria França da Silva, 11,
12, 30, 33
Cleudemar Alves Fernandes, 15, 54
D
Daniel Mazzaro Vilar de Almeida 73
Danilo Corrêa Pinto, 4, 12, 34
Danilo Dias, 20, 88
Denise Gabriel Witzel, 12, 38
Denise Giarola Maia, 16, 66
Dilma Maria de Mello, 3, 5
Dulcirley de Jesus, 14, 51
E
Edilair José dos Santos, 15, 57
Edinília Nascimento Cruz, 14, 49
Elaine Guimarães Santos, 20, 88
Emilia Mendes, 17, 73
Érica Daniela de Araujo, 18, 81
Erislane Rodrigues Ribeiro, 18, 82
Evelyn Cristine Vieira, 18, 77
Everton Vinicius de Santa, 16, 68
F
Fábio Figueiredo Camargo, 14, 47
Fábio Ramos Barbosa Filho, 15, 59
Fernanda Silva Chaves, 17, 72
Flávia Motta de Paula Galvão, 16,
63
Franciele Magalhães Crosara, 13,
41
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
101
G
Gabriel Malard Monteiro, 16, 67
Geison de Almeida Bezerra da Silva,
11, 25
Gustavo Henrique Ferreira, 14, 47
H
Heloize Moura, 20, 89
I
Inês Skrepetz, 15, 60
Isley Borges Silva Júnior, 16, 65
Ivânia Neves, 3, 8, 11, 16, 18, 25, 77
J
Jaciane Martins Ferreira, 11, 27
Jamille da Silva Santos, 15, 55
João Carlos Biella, 14, 47
João de Deus Leite, 18, 81
K
Karen Ingham, 6, 7, 23, 95, 98
Karina Luiza de Freitas Assunção,
15, 56
L
Leandro da Silva Gomes Cristóvão,
17, 74
Leonardo Francisco Soares, 8, 13,
40
Linda Catarina Gualda, 17, 76
Lívia Diniz, 7, 95, 97, 100
Lucas Martins Gama Khalil, 11, 28
Luciana Aparecida Silva, 20, 90
Luciana Borges, 20, 86
Lynn Mario Trindade Menezes de
Souza, 6, 17, 70
M
Maíra Fernandes Martins Nunes, 15,
54
Maira Guimarães, 21, 91
Maria Aparecida Conti, 16, 64
Maria Aparecida Resende Ottoni, 16,
62, 65
Maria do Socorro Correia de Lima,
17, 71
Maria Elizabete Villela Santiago, 17,
70
Maria Inês Vasconcelos Felice, 3, 5
Mariana Rafaela Batista Silva
Peixoto, 18, 80
Mariana Resende Corrêa, 11, 30
Marina Leite Gonçalves, 13, 44
Marina Maluli César, 14, 52
Marisa Martins Gama-Khalil, 15, 54
Marta Maria Bastos, 13, 45
Miriane Gomes de Lima, 21, 92
N
Naira Rosana Dias da Silva, 13, 41
Nilton Milanez, 8, 12, 21, 33, 94
Nirce Aparecida Ferreira Silvério,
15, 58
O
Odair José Moreira da Silva, 17, 75
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
102
P
Pedro Malard Monteiro, 16, 67
R
Raquel Divina Silva, 18, 82
Ricardo Augusto Silveira Orlando,
11, 31
Ronaldo Souza, 7, 95,99
Rosimeire Maria de Souza
Francischetto, 21, 93
S
Santosh K. Patra 18, 78
Sílvia Maria Alencar Silva, 18, 83
Simone Tiemi Hashiguti, 4, 2, 3, 5, 8,
12, 18, 20, 33, 77
Solange Zorzo, 14, 48
Susan Aldworth, 7, 23, 95, 98
T
Talita Mendes, 1, 4, 7, 16, 62, 95, 96,
98
Tamiris Batista Leite, 13, 43
Tassia Kleine, 13, 41
Thalyta Botelho Monteiro, 21, 93
U
Ueslei Pereira de Jesus, 21, 94
V
Vanessa Leite Barreto, 14, 53
Veridiana Mazon Barbosa da Silva,
13, 40
Victor Pereira Sousa, 13, 42
W
William Mineo Tagata, 4, 5, 8, 13,
17, 20, 40, 70
II CID: CORPO, ARTE, CINEMA E OUTRAS MÍDIAS
103
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Caderno de programação e resumos