8º Simposio de Ensino de Graduação
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: O PAPEL DO PROFESSOR NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Autor(es)
VANESSA MARQUES DA HORA
Co-Autor(es)
TATIANA ZAGO DA COSTA
Orientador(es)
ELINE PORTO
1. Introdução
No ano de 1996 a Educação Física Escolar sofreu uma reformulação com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB no. 9.394/96). Após a lei ter sido sancionada, as discussões e debates acerca da Educação Física nas séries iniciais
vêm se intensificando. Segundo a chamada nova LDB (Art. 26, §3o), “A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é
componente curricular da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos
cursos noturnos”. Mesmo com esse significativo avanço é importante que façamos uma reflexão quanto ao real espaço e importância
da educação física nos primeiros ciclos da educação.
O interesse pela Educação Física nas séries iniciais do ensino fundamental surgiu durante nossa enriquecedora vivência nas aulas de
educação física nas escolas onde realizamos o nosso estágio obrigatório. As experiências que tivemos durante as aulas nos fizeram
atentar ao fato de como a postura e o grau de comprometimento do professor pode influenciar tanto de forma positiva como de forma
negativa o desempenho do aluno.
Entendemos que esse tema torna-se relevante à medida que a educação física escolar vem sofrendo diversas transformações ao longo
dos anos e, neste caminho de grandes mudanças Fontoura (1992) ressalta que os aspectos ligados as questões sociais, econômicas,
políticas e culturais da sociedade estão ocorrendo num ritmo acelerado, e estas modificações podem ser observadas no grande número
de atribuições e exigências as quais um professor é submetido.
2. Objetivos
Tratando especificamente da Educação Física Escolar, e tendo em vista os debates e discussões ocorridos ao longo do curso, o
presente trabalho tem como objetivo discorrer sobre a importância e o papel do professor nas aulas de Educação Física nas séries
iniciais do ensino fundamental.
3. Desenvolvimento
Para que se compreenda o papel atual da Educação Física, torna-se necessário uma breve passagem por suas origens e tendências que
fizeram parte de sua história ao longo dos anos. Segundo Darido e Sanches Neto (2005) é importante analisarmos as características
principais de cada tendência que contextualizam a educação física escolar, uma vez que se torna imprescindível discutir sobre tais
questões que fazem parte da atividade de ensino, buscando coerência entre o que professor esta realizando e o que de fato realiza.
A prática pedagógica do professor torna-se significativa para o educando quando o professor tem em mente qual é, efetivamente, o
seu papel social e sua importância no processo de aprendizagem. A partir dessa colocação surgem então alguns questionamentos no
sentido de entendermos quem é o professor e como deve ser desempenhado seu papel no interior da escola? Quais as características de
um bom educador? Quais os aspectos didáticos que o mesmo deve dominar para atender melhor as expectativas dos alunos? O que é a
Educação Física na escola?
A educação física tem diversas abordagens que visam dar uma identidade pra esse componente curricular e, fazendo uma passagem
por toda a sua historia, consideramos a importância de todas essas abordagens e, embora muitas delas se mesclem em alguns aspectos
o que devemos considerar é quem se movimenta, e não apenas o movimento. O aluno é dotado de cultura, sentimentos, desejos e
peculiaridades que fazem dele um ser único e, mesmo que eventualmente possua características comuns aos outros, ele não deve ser
considerado como uma maquina que se pode programar de acordo com padrões e esperar que o resultado seja o mesmo para todos.
O aluno em seu processo de aprendizagem deve ser pensado em sua totalidade e a Educação Física Escolar tem papel extremamente
importante no sentido de fazer com que o educando explore e vivencie aspectos que vão muito além de apenas movimentar-se. Junto
com a cultura corporal também há que se almejar a compreensão da solidariedade, o respeito, dando ao aluno desde cedo subsídios
para que se torne um cidadão consciente do seu papel na sociedade. O conhecimento de si mesmo e o sentimento de confiança em
suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social, ajudarão o educando a agir com
perseverança na busca de conhecimento e no exercício da cidadania, conhecendo, organizando e interferindo no espaço de forma
autônoma (BRASIL, 1996).
Segundo Neira (2003), a criança adquire controle sobre seu corpo e se apropria das possibilidades de interação com o mundo a partir
do momento que nascem e se movimentam. Ainda segundo o autor, as crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos ao
movimentar-se, e isso amplia as possibilidades dos gestos e posturas corporais, não considerando o movimento apenas como um
simples deslocamento.
Em todo esse processo o professor é o ponto de ligação entre o aluno e a aprendizagem, a atuação do professor é indispensável visto
que é dele também o papel de estruturar o caminho para a aquisição do conhecimento de seus alunos, é ele quem ajuda e organiza as
idéias do educando a fim de provocar determinados estímulos que os levem ao desenvolvimento. Ele antes de qualquer coisa deve ter
consciência e comprometimento com a sua prática pedagógica, visto que sua ação possui influência direta no processo da
aprendizagem.
Freire (1996) diz ser fundamental que o professor leve a sério a sua formação e que busque a competência profissional para que se
sinta seguro no exercício da função, ainda segundo o autor deve estar atrelado a isso a generosidade que facilita a aproximação do
aluno. O sucesso da prática docente está, diretamente, ligado a postura do professor. A formação do mesmo não pode ser ao acaso, ele
deve ter o pleno domínio e discernimento de suas atitudes e das formas de intervenção.
4. Resultado e Discussão
Os estudos realizados até agora nos levam a acreditar na importância de se trabalhar a educação física nas séries iniciais do ensino
fundamental e, neste sentido o professor exerce papel fundamental para uma ampla aprendizagem. Observamos que a escola ao longo
do seu processo histórico privilegiou os conteúdos escolares que estavam, diretamente, ligados a produção, colocando a Educação
Física por diversas vezes em segundo plano. À medida que área ganha status de componente curricular obrigatório, é importante que
se estabeleçam princípios didáticos para que a formação do educando se dê de forma integral.
Desse modo, um conteúdo curricular com seu conteúdo especifico justifica-se na medida que contribui, enquanto parte, para a
apropriação, pelos alunos, de uma totalidade de conhecimentos que lhes possibilita a leitura critica do mundo que os cerca (SOARES
et al.1992, p.212).
Ainda segundo Soares et al (1992, p.212), a educação física, sendo um conteúdo do currículo escolar possui as mesmas tarefas da
escola em geral e, sendo assim deve-se exigir de sua prática as mesmas responsabilidades dos demais componentes.
A Educação Física deve desenvolver a consciência da importância do movimento humano, suas causas e objetivos, e criar condições
para que o aluno possa vivenciar o movimento de diferentes formas, tendo cada uma um significado e uma relação com seu cotidiano.
Para que se valorize mais a Educação Física na escola é preciso ainda que o professor tenha consciência da sua importância na escola
e na vida dos alunos (ETCHEPARE, 2003)
O professor de educação física pode e deve construir um bom ambiente e criar maneiras adequadas para estimular e motivar as
crianças. Segundo Canfield (2000) é importante se trabalhar o aspecto motor no decorrer da infância do ser humano; e a escola sendo
um meio educacional tem a função de proporcionar essa experiência que é determinante para o processo de desenvolvimento do
aluno.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1998), no ensino fundamental a criança se encontra numa fase em que esta
adquirindo autonomia e ampliando o conhecimento de si, dos outros e da sociedade em que esta inserida. E neste sentido o professor
de educação física pode possibilitar diversas vivências onde os movimentos ganham novos sentidos.
Nesse momento da escolaridade, os alunos têm grande necessidade de se movimentar e estão ainda se adaptando à exigência de
períodos mais longos de concentração em atividades escolares. Entretanto, afora o horário de intervalo, a aula de Educação Física é,
muitas vezes, a única situação em que têm essa oportunidade (BRASIL, 1997).
E é neste cenário que entra a figura de um bom professor de educação física. Cabe ao professor fazer dessas poucas oportunidades,
algo realmente significativo para o desenvolvimento do aluno.
5. Considerações Finais
Até o momento o que fora realizado no presente trabalho através de levantamento e seleção das obras, analise interpretativa e textual,
problematização e síntese, não nos permite emitir as considerações finais, visto que o presente trabalho encontra-se ainda esta em
desenvolvimento.
Referências Bibliográficas
BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional – LDB 9394/06 de 20 de dezembro de 1996. Brasília, DF: MEC/SEF, 1996.
BRASIL, Ministério da Educação e Desporto. Secretaria do Ensino Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/
SEF, 1997 (Área: Educação Física; Ciclos 1 e 2).
CANFIELD, M. S. A Educação Física nas séries iniciais: paralelo entre 15 anos. Revista Kinesis, Santa Maria, n. 23, p. 87-102, 2000.
DARIDO, Suraya Cristina; SANCHES NETO, Luiz. O contexto da educação fí-sica na escola. IN: DARIDO, Suraya Cristina;
RANGEL, Irene Conceição Andra¬de (coord). Educação física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2005. p. 50-61. (Coleção Educação Física no Ensino Superior).
ETCHEPARE, L. S. A avaliação escolar da Educação Física na rede municipal, estadual, particular e federal de ensino de Santa
Maria. 2000. Dissertação (Mestrado em Ciência do Movimento Humano) – Centro de Educação Física e Desportos, Universidade
Federal de Santa Maria, Santa Maria.
FONTOURA, M.M. Fico ou vou-me embora? In: NÓVOA, A. (Org.). Vidas de professores. Porto: Porto Editora, 1992. p.171-198.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
MOREIRA, W.W.; SIMÕES, R. (organizadores) Educação Física: intervenção e conhecimento científico. Piracicaba: UNIMEP,
2004.
NEIRA, M. G. Educação Física: desenvolvendo competências. São Paulo: Phorte, 2003.
SOARES, C.L.; TAFFAREL, C.N.Z; ESCOBAR, M.O. A Educação Física Escolar na perspectiva do século XXI. In MOREIRA
(org.). Educação Física & Esportes: perspectivas para o século XXI. Campinas, SP: Papirus, 1992, p.212.
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