MANUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
ÁGUA
Manual de Educação Ambiental – Água
Este manual foi criado em 2006 como apoio para o projeto CONTRIBUIÇÃO PARA MELHORIA DA
QUALIDADE DA ÁGUA CONSUMIDA EM COMUNIDADES DO SERTÃO DO PAJÉU, financiado
pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), e não representa as
atitudes desta entidade nem da Universidade Federal de Pernambuco, instituição realizadora do
projeto.
Confeccionado por: Verena Schäuble (University of Applied Sciences Bremen, Alemanha)
Traduzido por: Verena Schäuble
Corrigido por: Marília Lourenço dos Santos (Graduando Biología, UFLA), Ana Paula Valentim, Profa
Glícia Maria Torres Calazans (Departamento de Antibióticos, UFPE)
2
Manual de Educação Ambiental – Água
PREFÁCIO
O Brasil, como muitos outros países no mundo, está encontrando problemas sérios de pobreza e
degradação ambiental. Com a educação muitas vezes precária o ambiente é explorado de maneira
irreversível. Estamos sentindo as primeiras conseqüências mundialmente com o aquecimento do
clima. Em alguns lugares do mundo ocorre falta de chuva, em outras inundações inesperadas e as
calotas polares, nossa reserva maior de água doce, estão se descongelando. O exaurimento da
reserva de água potável já é um problema crítico em muitos lugares do mundo e atinge milhões de
famílias, que sofrem tendo quilômetros de caminho até a próxima fonte de água e a perda de vidas
ocasionadas pelas infecções com doenças transmitidas pela água biologicamente ou quimicamente
poluída.
Para garantir às gerações seguintes uma base de vida, precisamos conservar toda e qualquer das
nossas reservas de água. Prevenir a poluição das poucas fontes que temos e manejá-las de maneira
adequada, não só para manter uma boa qualidade de água para nosso próprio uso, mas também
para proteger os ecossistemas.
O primeiro e mais importante passo reside na conscientização da população. A falta de livros e
acesso a informações é um problema em muitos lugares do mundo, assim como a falta de tempo e
recursos para preparar um programa de educação ambiental para integrar ao currículo das escolas.
Com este manual estou tentando criar uma guia para professores, que disponibiliza as informações
gerais sobre água em seus diversos aspetos, assim como mostrar um programa ativo de fácil
aplicação e integração no currículo escolar como contribuição para a resolução dos problemas
ambientais nas próprias comunidades.
Verena Schäuble
Graduação em Biologia Aplicada e Tecnológica
Universidade de Ciências Aplicadas, Bremen/Alemanha
3
Manual de Educação Ambiental – Água
CONTEÚDO
INTRODUÇÃO
5
OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
6
COMO USAR O MANUAL
6
PARTE INFORMATIVA
7
POEMA DA ÁGUA
O CICLO HIDROLÓGICO
A SITUAÇÃO GLOBAL E LOCAL DA ÁGUA
FONTES DE ÁGUA
AMEAÇAS À ÁGUA
TRANSMISSÃO DE PATOGÊNICOS PELA ÁGUA
LEGISLAÇÃO
PROVIDÊNCIAS
PARA MAIS INFORMAÇÕES
7
8
10
12
13
15
17
19
22
PARTE DIDÁTICA
23
A IDADE DE SER FELIZ
ATIVIDADE N° 1: HISTÓRIA DE PINGUINHO E MARIA
PINGUINHO NA BUSCA DE MARIA
ATIVIDADE N° 2: EVAPORAÇÃO DA ÁGUA
ATIVIDADE N° 3: POLUIÇÃO
ATIVIDADE N° 4: EXPLORAR E MELHORAR NOSSO AMBIENTE
ATIVIDADE N° 5: FAZER ADUBO ORGÂNICO
ATIVIDADE N° 6: A REDE DA VIDA
23
24
24
27
27
29
32
33
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
36
4
Manual de Educação Ambiental – Água
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas tem existido uma preocupação mundial com a disponibilidade e qualidade da
água. Isto decorre do fato de que não tem sido raro enfrentar períodos ou ameaças de escassez, por
ocorrência de seca ou pela impossibilidade de consumo em virtude da ação poluidora do homem.
No semi-árido de Pernambuco a situação se agrava com a falta de chuvas e a contaminação que
atinge as poucas fontes existentes de água potável, junto com a falta de conscientização da
população mais carente, que não usa de nenhuma forma de tratamento ou cuidados com a água
consumida. É espantoso o risco a que estão submetidas as comunidades mais carentes do sertão
pernambucano. A maioria dessas comunidades não possui rede de abastecimento de água, nem
rede de esgotos. 1
A situação crítica do meio ambiente e do abastecimento com água potável, não somente no Sertão
de Pernambuco, mas mundial, mostra a falta de ações e consciência da humanidade no tratamento
das poucas fontes de água que tem. Sustentabilidade torna-se sempre mais importante quando
tratamos de recursos naturais e é inevitável se quisermos mantê-los para as próximas gerações. É
importante que toda pessoa comece a viver de um jeito responsável, não só para o bem do seu
próximo, mas também para ter uma influência em seu ambiente presente e assim manter ou melhorar
a sua qualidade de vida. Mas só poucas pessoas neste mundo sabem como viver de maneira
sustentável e porque é preciso fazer isso. Aqueles, cujas vidas estão diretamente influenciadas por
uma qualidade inferior da água, raramente têm acesso às informações necessárias.
Os mais afetados pelos impactos da poluição e da falta de água, originadas pelas gerações
anteriores, são os jovens, e geralmente o comportamento dos pais, cujos padrões são baseados no
desconhecimento, fica transmitido a eles. Precisamos interromper esse ciclo, para que a situação
local e global não piore.
Questionar comportamento dos adultos e recomendar ou introduzir um outro é difícil necessitando-se
de uma metodologia muito delicada. Mudá-lo de forma duradoura é quase impossível, pois se precisa
de muito tempo ainda porque, também existe, normalmente, uma reversão aos hábitos anteriores
depois de um dado período. Por esses motivos é mais efetivo começar a inserir tais objetivos na
educação infantil. Crianças são abertas a novos temas levando seus novos conhecimentos para as
suas casas e comunidades onde têm mais influência com os membros mais velhos da família do que
professores desconhecidos.
Isso são alguns argumentos que ilustram que se deve começar com a educação ambiental, a
educação para a proteção do meio ambiente, na infância.
Neste manual estão em resumo os fatos gerais e atuais da água bem como exemplos de como
colocá-los em prática e integrá-los de um jeito pedagógico no programa de ensino. Assim sua função
será a de possibilitar e simplificar ao usuário de como informar-se sobre o tema água e os problemas
globais e locais, sem muito gasto de tempo. Ademais, os experimentes e ações dadas como exemplo,
podem ser usados como sugestão para uma formação ativa e atual de aulas, com o objetivo de
1
CALAZANS, G. M. T. (2004)
5
Manual de Educação Ambiental – Água
ensinar os alunos de maneira lúdica e experimental. Isso permite aos alunos examinar os seus
próprios hábitos relativos à água e eventualmente terem a intenção de desenvolver alternativas.
Para tal, o manual não só dispõe de conhecimento básico, mas também procura elucidar a água, em
seus diversos aspetos, e possibilitar a todos uma forma de ensino participativo e ativo. Para o
entendimento dos respectivos conteúdos é importante que a informação seja transmitida de um jeito
prático, o que faz o assunto ser percebido por todos os sentidos. Apenas uma criança que se
aprofunda e penetra numa teoria duma maneira lúdica vai encarnar os valores transferidos e viver
segundo eles.
OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Educação ambiental é a idéia do ensino das relações ecológicas pela experiência prática com e na
natureza. Ela objetiva despertar o interesse das pessoas e o prazer com nosso ambiente, e
conscientizar que as ações humanas e seus impactos devem ser limitados. A educação ambiental
tem como objetivo levar a população a um comportamento ecologicamente conveniente. O meio
ambiente não apenas nos envolve, não é algo em que estamos vivendo fora, e sim algo do qual
fazemos parte. Nós como parte do meio-ambiente e o meio-ambiente sendo parte de nós. Com a
destruição dele a humanidade acaba com sua base de vida. Essa deveria ser a mensagem da
educação ambiental.
A educação ambiental promove:
™ Consciência para temas e problemas ambientais
™ Conhecimento necessário
™ Valores e ideais que dão a motivação de participar ativamente na conservação do ambiente
™ Habilidade para identificação e solução dos problemas ambientais
™ Participação ativa na solução dos problemas
COMO USAR O MANUAL
Este manual está estruturado em duas partes: a primeira é a parte informativa, a qual disponibiliza o
conhecimento fundamental sobre a água em diversos aspectos e serve como base para a parte
seguinte, onde o estudo mais aprofundado da matéria está desenvolvido. A segunda parte
disponibiliza uma coleção de idéias didáticas que visam à maneira ativa de ensino como, por
exemplo, jogos e experimentos. Na parte informativa encontram-se avisos dos métodos sugeridos
que podem ser encontrados na parte didática.
Os temas da parte informativa assim como os exemplos da parte didática podem ser utilizados
isolados nas aulas correspondentes ou de forma consecutiva e cronológica como elemento livre do
programa de ensino.
6
PARTE INFORMATIVA
POEMA DA ÁGUA
Sou cristalina e fresca,
Salgada e doce.
Todos dependem de mim;
Sou vida.
Existo nas nuvens em forma de gotas,
E quando caio me chamam de chuva.
Existo nos rios, nos lagos, nos mares,
Nas geleiras e até nos lençóis subterrâneos.
Corro nos leitos e pulo de altas quedas;
Banho-te todos os dias e mato sua sede;
Alegro as plantas quando as rego,
E balanço os barcos nos mares.
Você acha que sou farta, por isso me desperdiça.
Você me polui, me maltrata.
Estou morrendo e você nem percebe.
Poema de Kátia Silva Pereira
Funcionária do SINDAE
7
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE INFORMATIVA
O CICLO HIDROLÓGICO
Por que o mar não extravasa embora inúmeros rios deságüem nele
continuamente? De onde vêm a água dos rios e da chuva? Questões
que todas pessoas que habitam nosso planeta sempre perguntavam.
A resposta se ancora no ciclo hidrológico (q.v. figura 1):
Devido às diferentes e particulares condições climáticas, em nosso
planeta a água pode ser encontrada em seus vários estados: sólido,
líquido e gasoso.
Através da energia solar a água dos oceanos, rios, lagos, etc.
evaporam-se, passando para a atmosfera sob a forma de vapor de
água onde se esfria e condensa, formando as nuvens. O vento leva
parte das nuvens por cima da terra firme, onde elas soltam a
Vejá atividade n°1 e 2:
umidade, especialmente por causa das montanhas – que não as
PINGUINHO
deixam passar - sob a forma de chuva ou orvalho (nos lugares mais
HISTÓRIA
DE
EVAPORAÇÃO
DA
ÁGUA
frios como neve ou granizo também).
Parte da precipitação evapora ainda na atmosfera e o resto segue
caminhos diferentes. Parte esgota-se superficialmente como córrego
ou rio e volta assim para o mar. A outra parte penetra nos solos,
infiltrando-se e umedecendo a terra e indo para o reservatório das
águas subterrâneas, onde fica armazenada e muitas vezes saem
como fonte e cria um rio. Pode escoar de maneira difusa nos rios
também.
Os homens captam a sua água da superfície ou do subsolo, pelos
poços e a usam de forma doméstica ou industrial.
8
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE INFORMATIVA
Formação das Núvens
Precipitação
Escorrimento Superficial
Evaporação
Infiltração
OCEANO
Água Subterrânea
ÁGUA DOCE
Figura 1: O ciclo hidrológico
ÁGUA SALGADA
2
Parte da água dos lagos e rios evapora ainda antes que chegue no
mar. E as plantas liberam vapor de água pela transpiração.
O sol, o vento e a gravidade são as forças que impulsionam o ciclo
hidrológico. A energia para a transformação da água em vapor vem
do calor do sol. Para a evaporação de um litro de água é necessária
uma energia de 2500 quilojoule. Dos mares há a evaporação de 1
bilhão de metros cúbicos por minuto3
A área dos mares é muito maior que a dos continentes, por isso a
quantidade de água que dele evapora é muito maior do que a que
ocorre nos continentes. Nós homens fazemos parte do ciclo quando
pegamos as águas subterrâneas ou superficiais para o uso em
finalidades diferentes. Esta água não é (?) gasta, mas volta e
continua o ciclo através da transpiração ou como esgoto.
A quantidade de água no planeta é a mesma há milhões de anos,
mas mesmo assim, ela vem sendo chamada como “recurso finito”.
2
3
Por analogia com uma figura do site www.ambiente.sp.gov.br
Vereinigung Deutscher Gewässerschutz e.V. 2005
9
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE INFORMATIVA
Este fato alarmante se justifica pela maior demanda e pelo tratamento
inadequado que damos à água: hoje em dia a população humana é
muito maior que em séculos atrás e cada um, especialmente nas
nações industriais, utiliza sempre mais. As poucas fontes de água
estão ameaçadas pela poluição industrial e doméstica. Assim o
recurso água que realmente está disponível para nosso uso, está
sempre diminuindo.
A SITUAÇÃO GLOBAL E LOCAL DA ÁGUA
Visto de fora, o nosso planeta parece ter um nome errado, pois
“terra”, como nós o chamamos, há comparativamente pouco: cerca de
Vejá atividade n° 3:
POLUIÇÃO (ampliação)
dois terços do planeta está coberto por água – um mar azul e enorme
que envolve as poucas ilhas de continentes com água líquida. Cerca
de 97% da água do mundo se encontra nos oceanos (q.v. figura 2). A
pequena quantidade restante pode ser encontrada em forma de água
doce em lagos, rios, águas subterrâneas, geleiras e nas calotas
polares, sendo que apenas 0,3% destes 3% consistem em água doce
disponível para beber (em lagos ou rios)4 os outros 2,7% se encontra
nos lençóis freáticos e aqüíferos, nas calotas polares, geleiras, neve
permanente e outros reservatórios. Esta quantidade é suficiente para
atender de 6 a 7 vezes o mínimo anual que cada habitante do planeta
precisa. A água parece abundante, mas esse recurso é escasso.
A DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO MUNDO
água salgada
97 %
água
doce
3%
disponível
para consumo
humano
Æ
0,3 %
Figura 2: A distribuição da água no mundo
4
Vereinigung Deutscher Gewässerschutz e.V. 2005
10
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE INFORMATIVA
Se em termos globais a água doce é suficiente para todos, é
importante considerar que sua distribuição é irregular no território. Os
fluxos estão concentrados nas regiões intertropicais, que possuem
50% do escoamento das águas. Nas zonas temperadas, estão 48%,
e nas zonas áridas e semi-áridas, apenas 2%. Além disso, as
demandas de uso também são diferentes, sendo maiores nos países
desenvolvidos.5
O cenário de escassez se deve não apenas à irregularidade na
distribuição da água e ao aumento das demandas - o que muitas
vezes pode gerar conflitos de uso – mas também ao fato de que, nos
últimos 50 anos, a degradação da qualidade da água aumentou em
níveis alarmantes. Atualmente, grandes centros urbanos, industriais e
áreas de desenvolvimento agrícola com grande uso de adubos
químicos e agrotóxicos já enfrentam a falta de qualidade da água, o
que pode gerar graves problemas de saúde pública.5
Estudiosos prevêem que em breve a água será a causa principal de
conflitos entre nações. Há sinais dessa tensão em áreas do planeta
como Oriente Médio e África. Mas também os brasileiros, que sempre
se consideraram dotados de fontes inesgotáveis, vêem algumas de
suas cidades sofrerem com a falta de água. A distribuição desigual é
causa maior de problemas. Entre os países, o Brasil é privilegiado
com 12% da água doce superficial no mundo, encontrada
principalmente na bacia do Amazonas.5 Duas outras fontes de água
doce que são de maior importância no Brasil são o aqüífero Guarani,
a maior reserva subterrânea de água doce do mundo, situado no sul
do país e se alongando aos países vizinhos, e o rio São Francisco
que nasce no sul de Minas Gerais e percorre Bahia, Sergipe,
Pernambuco e Alagoas antes de desaguar no oceano atlântico.
O rio Pajeú, que dá nome ao Sertão do Pajeú, é um dos afluentes do
rio São Francisco, que atravessa o sul do estado Pernambuco. O
Pajeú é uma das poucas fontes superficiais e naturais de água no
interior do estado, acrescendo á escassez geram-se problemas
progressivos pela falta de chuvas e poluição dos recursos. Segundo o
Ministério do Meio Ambiente o Sertão do Pajeú já é considerado uma
área com alto risco de desertificação.6 É importante, além do
gerenciamento
dos
recursos
hídricos,
a
conscientização
população.
5
6
www.socioambiental.org
MMA – Ministério do Meio Ambiente 2004
11
da
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE INFORMATIVA
FONTES DE ÁGUA
A água ocorre em várias formas e tipos: ela pode ser líquida, gasosa
ou sólida e pode formar mares, lagos, rios e glaciares. Mas ela
também pode se encontrar no subsolo. Nós homens a usamos como
alimento, para lavar, nadar ou transportar cargas.
A utilidade mais importante e essencial é como alimento – o nosso
próprio e o das plantas e animais.
A água potável, aquela que usamos para beber, nós recebemos
principalmente de duas fontes: a água superficial e a água
subterrânea.
Águas superficiais são aqueles corpos de água que se encontram na
superfície do nosso planeta. Eles podem ocorrer de forma natural
como mar, lago ou rio, ou de forma artificial como açude ou canal. Os
últimos são feitos para ganhar energia ou uma maior fonte de água,
seja para irrigação ou bebedoura.
A água do mar (97% da água total) é salgada e por isso não potável.
Assim as fontes superficiais reduzem-se às poucas fontes de água
doce, que, por causa da poluição jamais são potáveis e precisam de
um tratamento anterior para poder ser consumidas pelo homem.
Apenas 1% da água doce encontra-se na superfície, 77% nas calotas
polares e geleiras e 22% no subsolo.
A água subterrânea é definida como parcela de água que permanece
no subsolo. Ela flui lentamente até descarregar em um corpo de
água, é absorvida pelas raízes, mantém a umidade do solo e é
extraída pelos poços.
A maior reserva de água subterrânea do mundo é o aqüífero Guarani,
situado no sul do Brasil. Um aqüífero é definido como águas
subterrâneas contidas nos solos e formações geológicas permeáveis.
Há cinco tipos diferentes de aqüíferos (porosos, cársticos, fissurais,
confinados, e livres) dependendo da condição e das fraturas nas
rochas. As funções mais importantes são: a estocagem e a
capacidade filtrante e de depuração biogeoquímica do maciço natural
permeável. A água subterrânea normalmente tem uma boa qualidade
e pode ser usada pelo homem. Na Europa, por exemplo, três quartos
do abastecimento de água vem do subsolo, e no Brasil o
fornecimento é estimado com 43 bilhões m3.
12
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE INFORMATIVA
Mas apesar de ser abundante, águas subterrâneas são recursos
naturais esgotáveis por causa de vários fatores: a razão do volume
retirado e volume armazenado, efeitos sazonais, demanda da
população, taxa de reposição natural, e outros. Pela explotação há
um rebaixamento do lençol freático, e a qualidade é comprometida
por perfurações em áreas poluidoras em potencial (zona litorânea,
infiltrações do poço ao aqüífero, distritos industriais, agricultura
tradicional, postos de gasolina e lava-jato, aterros sanitários,
cemitérios e fossas sépticas).
AMEAÇAS À ÁGUA
A preocupação com a água não se limita somente à quantidade, mas
também à qualidade. Nossas reservas de água estão poluídas, em
vários casos irreversívelmente.
Uma água poluída contém concentrações de substâncias prejudiciais
e indesejáveis que fazem da água imprópria para o uso humano.
Mas, também os animais e plantas sofrem em conseqüências do
habitat poluído.
As causas fundamentais da poluição das águas subterrâneas
ocasionada pela atividade humana podem ser separadas em três
grupos dependendo da atividade humana:
¾
Poluição Urbana e Doméstica
¾
Poluição Agrícola
¾
Poluição Industrial
As substâncias que contaminam a água procedem principalmente de
esgotos domésticos e industriais, de resíduos domésticos e
industriais, e de adubos agrícolas. Há ainda a utilização do ambiente
– o ar, a água e o solo – como fossa para nossos dejetos e lixo.
Assim as águas superficiais (lagos, rios, córregos) e subterrâneas e
os ecossistemas ficam prejudicialmente afetados e podem até
“morrer” como aconteceu com vários rios apenas no Brasil. O rio
Tietê, por exemplo, que corta o estado São Paulo é bastante
degradado e castigado pela poluição. A poluição pelos esgotos é
chamada “direta”. A poluição “difusa” ocorre com a degradação do
lixo, dos resíduos e
13
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE INFORMATIVA
diversos tipos de materiais sólidos que são levados aos rios com a
enxurrada.
As causas da poluição podem estar em nível local, regional ou global
e tem várias categorias diferentes, entre os danos: poluentes
orgânicos
e
químicos, poluentes
patogênicos
e
microbianos,
sobrecarga de nutrientes, salinização causada pela atividade
agrícola, acidificação pela precipitação de chuvas contaminadas com
a poluição do ar, metais pesados, tóxicos, e assim por diante.
Os efluentes domésticos são principalmente material orgânico (fezes
com
microorganismos
fecais),
sabão,
produtos
de
limpeza,
detergente, xampu, pasta de dentes e lixo de qualquer tipo.
No nível industrial a poluição está relacionada com a eliminação de
resíduos de produção, que são liberados na atmosfera, nas águas
subterrâneas e superficiais e no solo.
Os principais problemas da poluição por atividades agrícolas são a
Veja atividade n° 3:
má utilização de fertilizantes e de pesticidas em zonas com solos
POLUIÇÃO
permeáveis e aqüíferos, e o uso de estrume em zonas vulneráveis. A
má irrigação pode desequilibrar a salinização dos solos. Outra
ameaça à água são as atividades pecuárias, introduzidas próximas
aos corpos d´água.
Um outro grande problema, também no Sertão é a desertificação, já
focado no capitulo anterior. As maiores causas da desertificação são:
¾
A erosão, originada no desmatamento da caatinga e mata
ciliar que protegem as margens dos rios e lagos. Com a falta
da cobertura vegetal e proteção das raízes das árvores, as
margens dos corpos d´água perdem a sua proteção natural e
começam a perder sua superfície e passam a formar buracos
de corrosão. Assim, em longo prazo, o corpo d’água carrega
materiais das margens que comprometem a qualidade da
água e podem causar assoreamento. Outra causa é o
posicionamento errado de áreas agrícolas
¾
A salinização, causada pela irrigação com águas de
salinidade alta, pela falta de drenagem e a elevação do nível
do lençol freático.
¾
O desmatamento, provocado pela necessidade de áreas
agrícolas.
Estes três processos afetam a qualidade da água.
14
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE INFORMATIVA
TRANSMISSÃO DE PATOGÊNICOS PELA ÁGUA
Como aprendemos, a água é essencial para toda vida no nosso
planeta. Mas, água não só dá vida, ela também pode trazer a morte.
Água, saneamento e higiene são três fatores relacionados, tanto se
tratando do ambiente como de cada um de nós. Saneamento
insuficiente é um fator muito crítico que aumenta muito a ocorrência
de microrganismos na água para beber.
Segundo a UNICEF7 1,8 bilhões de pessoas (43% da população
mundial) não contam com serviços adequados de saneamento
básico. Diante desses dados, temos a triste constatação de que dez
milhões de pessoas morrem anualmente em consequência de
doenças intestinais transmitidas pela água. Estas doenças são
contraídas através da ingestão, inalação ou pelo contato direto
com a água poluída. A transferência acontece através da comida, no
contato interpessoal, pelo ar ou pelo inadequado comportamento de
higiene.
É diferenciado a transmissão hídrica, quando a água somente é o
veículo infeccioso, das doenças de origem hídrica, que podem ser
causadas por substâncias químicas, orgânicas ou inorgânicas
presentes em concentrações inadequadas (natural ou resultado de
poluição).8
Mas o perigo de contágio não só depende das características físicas,
químicas e biológicas da água, também da morbidez da pessoa –
estado de saúde, idade – e das condições higiênicas.
Graves contaminações microbiológicas geralmente ocorrem em
países em desenvolvimento ou países limiares.
Os patógenos biológicos transmitidos pela água pertencem aos
grupos de bactérias, vírus e parasitos. A água pode ser
contaminada diretamente na fonte, durante o tratamento ou dentro do
sistema de distribuição.
Mas, muitos patógenos comuns não são transmitidos apenas através
da água, também seguem outros caminhos infecciosos. Práticas
pobres de higiene geral são, freqüentemente, fontes significantes de
infecção. Além disso, há contaminação secundária da água de beber
devido à manipulação incorreta.
Uma infecção é veiculada pelo consumo de uma água contaminada
ou do caminho oro-fecal. Determinante para uma infecção é o estado
7
8
Fundo das Nações Unidas para Crianças
CALAZANS et.al. (2004)
15
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE INFORMATIVA
imune do hospedeiro, o número do microrganismo patógeno e a sua
virulência.Há uma grande variedade de microorganismos envolvidos.
Outro fator importante é a habilidade dos agentes patógenos em
sobreviver no ambiente.
Além da bactéria Escherichia coli (E. coli), encontrada em números
altos nos intestinos do homem e animais de sangue quente,
auxiliando a digestão de alimentos, há as bactérias Vibrio cholerae,
Shigella spp., Salmonella thyphii e outras espécies de Salmonella
que se constituem nos mais importantes agentes transmitidos pela
água.
Através
da
ingestão
elas
causam
doenças
gastrointestinais,
acompanhadas de grave desidratação como resultado de diarréia
séria.
Parasitas como helmintos e protozoários podem causar, também,
problemas crônicos de digestão e desnutrição. Os agentes mais
comuns são Giardia spp. e Cryptosporidium spp. Eles são muito
resistentes ás influências ambientais e podem sobreviver por muito
tempo fora de qualquer hospedeiro. 9
— Escherichia coli: Ocorre naturalmente na flora intestinal de
homens e demais animais onde colabora em digerir os
alimentos. Fora do intestino tem um efeito patogênico e é
desencadeador de infecções graves, como por exemplo,
infecção urinária, meningite ou doenças gastrointestinais
como diarréia. E.coli é capaz de sobreviver por muito tempo
fora do corpo, e por essa razão ela é usada como indicador
para contaminação da água.
— Vibrio cholerae: É o agente da cólera. Sua contaminação
apresenta como sintomas: diarréia profunda e vômito, o que
causa desidratação e desnutrição. Cerca de 70% dos casos
são letais. A bactéria ocorre onde não há abastecimento e
saneamento básicos, e se transfere pela água de beber,
comida mal lavada ou fezes.
— Shigella spp.: Ocorrem no intestino do homem e primatas.
Podem se incorporar nas fibras do intestino e assim causar
infecções acompanhadas de diarréia e febre. O caminho da
transmissão é pela água, alimentos ou moscas.
9
MEIERHOFER R., WEGELIN M. (2002)
16
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE INFORMATIVA
Como as outras bactérias mencionadas acima, elas ocorrem
— Salmonella
spp.:
Há
no intestino humano e animal e são capazes de sobreviver
somente
duas
fora deste habitat por muito tempo. Elas são agentes de
espécies
do
muitas
gênero
doenças
diferentes,
mas
sempre
transmitidas
diretamente pelo animal portador ou por alimentos e água
Salmonella,
S.
poluída. A espécie mais conhecida é a Salmonella thyphi que
enterica
S.
causa tifo, uma grave doença infecciosa. Os sintomas são:
mas
dor de cabeça, inicialmente obstrução intestinal, febre alta e
e
bongori,
várias
ao final diarréia. Sem tratamento adequado pode ser letal.
subespécies.
— Giardia spp: São parasitas unicelulares que acometem
homens e os demais animais (freqüentemente em gatos).
São transmitidos pela água contaminada ou moscas. Giardia
pode ocorrer como protozoário ativo no intestino do
hospedeiro, onde esta se reproduzindo continuamente. Os
cistos,
produtos
desta
reprodução
são
excretados
e
conseguem sobreviver por alguns meses fora do hospedeiro.
Através de alimentos ou mãos não lavados o cisto chega
novamente no intestino de um outro hospedeiro onde se
transforma no estado ativo. Sintomas de giardíase são:
diarréia, flatulência, febre e má nutrição, mas também pode
ficar despercebida pela falta de sintomas.
— Cryptosporidium spp.: É um parasita do intestino delgado
de mamíferos que causa diarréia e é transmitido pelos
alimentos ou água contaminada.
LEGISLAÇÃO
Considerando que a saúde e o bem-estar humano, bem como o
equilíbrio ecológico aquático, são afetados e ameaçados pela
deterioração das águas, precisa-se de regulamentações oficiais para
a sua manutenção.
No Brasil há principalmente duas leis que se referem à qualidade de
água:
A RESOLUÇÃO N° 357, aprovada no dia 17 de março de 2005 pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, que “Dispõe sobre
a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu
enquadramento, bem como estabelece
17
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE INFORMATIVA
as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras
providências.” 10
Nesta resolução estão definidos as condições e padrões gerais e as
exigências que um corpo de água deve atender para ser classificado
num determinado estado. São incluídos os parâmetros orgânicos e
inorgânicos e o lançamento de efluentes. Para informações mais
exatas – no site www.mma.gov.br/conama/res/res05/res35705.pdf
encontra-se a resolução completa.
A potabilidade de uma água no Brasil é determinada pela PORTARIA
N° 518, aprovada no dia 25 de março 2004 pelo Ministério de Saúde.
Ela estabelece os procedimentos e responsabilidades relativas ao
controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e
seu padrão de potabilidade, e dá outras providências.
A Portaria define a água potável como aquela destinada para
consumo
humano,
cujos
parâmetros
microbiológicos,
físicos,
químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não
ofereça riscos á saúde. Segundo ela, uma água para consumo
humano determina a ausência da bactéria E. coli e outros coliformes11
termotolerantes12 (em 100 ml). Uma água na saída do tratamento não
deve conter coliformes totais em 100 ml e a água tratada no sistema
de distribuição (reservatórios e rede) não pode conter E. coli ou
coliformes totais em 100 ml.
Em complementação a portaria recomenda a inclusão de uma
pesquisa de organismos patogênicos, dentre outros, de: enterovírus,
cistos de Giardia spp. e oocistos de Cryptosporidium sp., que não
podem estar presentes numa água considerada potável. Para mais
informações: www.saude.gov.br.
10
Ministerio do Meio Ambiente - MMA, CONAMA resolução n° 357
Ao grupo coliforme pertencem os bacilos aeróbios ou anaeróbios
facultativos, Gram negativos, não esporulantes, móveis ou imóveis que
fermentam lactose produzindo ácidos e gases (geralmente ácidos láctico e
acético, CO2 e H2), dentro de 48 horas, a 35oC. (Calazans et. Al. 2004)
12 Coliformes termotolerantes são aquelas que são capaz de sobreviver uma
temperatura de 44,5°C por um certo periodo.
11
18
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE INFORMATIVA
PROVIDÊNCIAS
Numa visão global, quase 2 milhões de falecimentos são causados
por diarréia (90% desses casos são criança abaixo de 5 anos)
referem-se ao abastecimento/saneamento de água e a higiene. Um
melhoramento ou mais segurança nesta área poderiam diminuir estes
números alarmantes em 50%. Somente a prevenção simples como o
hábito de lavar as mãos com água e sabão depois de defecar poderia
abaixar o risco de uma infecção com diarréia em 33%.13
Há dois caminhos principais da infecção: pela qualidade inferior da
água ou pela falta de higiene pessoal e doméstica.
Um passo muito importante para evitar uma infecção é o tratamento
da água antes de bebê-la. A maneira mais simples de tratamento é
por adição de cloro14 (hipoclorito ou água sanitária), pois a partir de
Vejá atividade n° 4:
EXPLORAR E MELHORAR
NOSSO AMBIENTE
uma quantidade adequada o cloro mata os microrganismos. É
importante não colocar muito cloro para não causar um efeito
negativo à própria saúde – normalmente é recomendado colocar uma
gota de cloro por cada litro de água (dependendo da gravidade da
contaminação).
Se
a
água
é
turva
esta
quantidade
dada
provavelmente não bastará. Outro, e mais seguro, modo de
tratamento é a fervura da água antes de consumir, que irá eliminar os
microrganismos.
Também poderá ser utilizada a filtração da água com filtro de
cerâmica que melhora a qualidade da água, mas não garante uma
ausência de microrganismos. Por isso é melhor adicionar cloro numa
água já filtrada.
O tratamento da água é a medida mais importante para a prevenção de
doenças.
Para prevenir a contaminação da água no nível doméstico
normalmente um comportamento higiênico já pode ser suficiente (q.v.
figura 3).
Os três comportamentos seguintes de higiene já levam a excelentes
resultados:
1. Lavar as mãos com sabão ou outro meio desinfetante: após
13
Organização das Nações Unidas
Substância química que mata as bactérias e microorganismos presentes na
água.
14
19
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE INFORMATIVA
defecar e urinar, fazer jardinagem, ter contato com animais ou
qualquer outra ação que suje as mãos. É importante lavar as mãos
antes de preparar uma refeição ou alimentos também como lavar os
últimos antes de consumi-los.
2. Para evitar contaminação ao redor da casa é importante a coleta
segura de fezes em latrinas, se não tiver vaso sanitário com
descarga. Assim, evita-se primeiramente uma contaminação da água
no subsolo, mas também a distribuição das bactérias pelas moscas
que normalmente usam fezes para sua oviposição e assim levam os
microrganismos para outros lugares.
3. Por último, é importante o uso correto e armazenamento da água.
Normalmente o manuseio da água pela família é o principal ponto de
contaminação da água de cisternas, já que a água é transportada
para o interior das residências em baldes ou latas, que muitas vezes
são inapropriados, ou ficam guardados, em alguns casos, próximos
aos animais.15
No entanto, a água provavelmente, já entra na
cisterna de forma contaminada, especialmente quando a chuva é
coletada pela (ou pela calha?) calçada ou telhado. A chuva já leva
poeira da atmosfera e quando cai em cima do teto lava a sujeira que
se acumulou entre as calhas e a cisterna. É importante deixar a
tampa fechada, limpar o telhado e adaptar ao cano um filtro que não
deixará o sujo grosso entrar na cisterna.
Além disso, também é necessário fazer a limpeza da cisterna de
modo
periódico
para
evitar
uma
contaminação
grave
com
microrganismos.
A longo prazo o melhor método de manter uma boa qualidade de
água é a conservação: sem um comportamento poluente os corpos
de água naturalmente mantém a sua qualidade, contanto que não
tenham sido poluídos, anteriormente.
Para a conservação da
natureza é importante evitar todos os atos que a ameaçam e
perturbam os processos naturais do ecossistema. As principais
ameaças são explicadas no capítulo AMEAÇAS À ÁGUA.
Cada um não só deve começar a tomar mais cuidados com a higiene,
bem como também, deve manter o melhor comportamento em
relação ao meio ambiente. Por exemplo, pela disposição correta e
segura de lixo: deste jeito evita-se uma contaminação que acontece
durante a degradação dos resíduos, que libera substâncias químicas
prejudiciais.
15
É
muito
importante
não
XAVIER R. (2006)
20
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE INFORMATIVA
jogar lixo de qualquer tipo na água ou armazena-lo perto de alguma
fonte de água.
Outra atitude de fácil execução é o uso econômico, ou seja, em
pequenas quantidades, de detergente, sabão e qualquer outro tipo de
preparado para limpeza, seja doméstico ou pessoal. Assim cada um
limita a quantidade de contaminantes que entram nos ecossistemas
Vejá atividade n° 5:
FAZER ADUBO
ORGÂNICO
e, consequentemente, no ciclo hidrológico.
Ao invés de usar fertilizantes químicos para a produção vegetal podese usar terriço16, que é de fácil preparação e utilização.
MELHORAMENTO SANITÁRIO
Fezes
Vaso Sanitário
Vaso Sanitário VIP com
Descarga
Fluidos Campos Moscas Dedos
Tratamento de
Água
Mãos
Limpas
Comida HIGIENE MELHORADA
ÁGUA COM QUALIDADE
MELHORADA
Intestino
Fig. 317: Caminhos da infecção e como evitá-la
16
Adubo constituído por terra misturada às substâncias animais e vegetais
que nela se decompuseram; humo, terra vegetal; terra preta
17 Por analogia com: Windblad U. e Dudley E. 1997 (visto em MEIERHOFER R.,
WEGELIN M. 2002)
21
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE INFORMATIVA
PARA MAIS INFORMAÇÕES
— Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
Pernambuco: www.cprh.pe.gov.br/
— Agência Nacional de Água (ANA): www.ana.gov.br/
— Agência Nacional de Água – PROÁGUA – Sertão:
www.ana.gov.br/proagua/
— Articulação no Semi-Arido Brasiliero: www.asabrasil.org.br/
— Conselho Nacional de Recursos Hídricos: www.cnrhsrh.gov.br/
— Direito Ambiental: http://www.lei.adv.br/
— Governo de Pernambuco: www.pe.gov.br/
— Informações basicas sobre a água, legislação, bacias
hidrográficas, situação no nordeste:
www.comciencia.br/reportagens/aguas/aguas10.htm
— Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA: www.ibama.gov.br/
— Ministério do Meio Ambiente: www.mma.gov.br/
— Ministério de Saúde: www.saude.gov.br
— Como fazer compostagem:
http://www.planetaorganico.com.br/composto2.htm
— Rede das Águas: www.rededasaguas.org.br
— Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente
Pernambuco: www.sectma.pe.gov.br/
— Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Água – SINDAE:
www.sindae.org.br/
— Sistema Nacional de Informacoes sobre Recursos Hídricos:
http://hidroweb.ana.gov.br/
— Socioambiental: www.socioambiental.org/esp/agua
— Socioambienta Æ Legislação Meio Ambiente
http://www.socioambiental.org/inst/leg/amb.shtm
— Universidade da Água: www.uniagua.org.br/
— Portal de informações ambientais (Aqüífero Guaraní e outros
recursos hídricos): http://www.riosvivos.org.br/
22
PARTE DIDÁTICA
A IDADE DE SER FELIZ
Existe somente uma idade para a gente ser feliz, somente uma época na vida de cada pessoa em
que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los a despeito de todas as
dificuldades e obstáculos.
Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com
toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer.
Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e
vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores e entregar-se a todos os amores sem
preconceito nem pudor.
Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta
com toda disposição de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso.
Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que passa.
Mário Quintana
23
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE DIDÁTICA
ATIVIDADE N° 1: HISTÓRIA DE PINGUINHO E MARIA
Objetivo: Conhecer o princípio do ciclo hidrológico
Tempo necessário: período de uma hora
Material: papel e lápis de cor
Descrição das atividades:
1) Ler/narrar a história de Pinguinho (modifique se acha necessário)
2) Discutir sobre o conteúdo da história.
3) Deixar os alunos fazerem uma história deles ou desenharem uma estação do ciclo hidrológico
PINGUINHO NA BUSCA DE MARIA
Essa é a história de Pinguinho, a pequena gota de água, que apesar de já ter vivido há muitos anos e
em vários lugares diferentes, se sentia melhor quando estava com Maria, uma menina que vivia no
interior do Brasil. Ela era uma menina muito alegre e viva e todo mundo gostava muito dela.
Pinguinho conheceu Maria quando ela estava brincando no córrego com as outras crianças. Eles
estavam brincando tão exaltados (sugestão usar: animados, que é mais popular em lugar de
exaltados) que, sem querer, quando Maria mergulhou engoliu um pouco de água, incluindo
Pinguinho.
Pouco tempo depois daquele dia no córrego, Maria ficou com muita dor de barriga.
Tão forte que chorou muitas lágrimas enormes – e uma delas foi Pinginho. Ele escorregou de sua
face e caiu no chão.
“Não se preocupe Maria” ele chamou, “eu vou voltar logo para te consolar!”, e sumiu na terra.
Lá encontrou muitas raízes que tentaram absorvê-lo de maneira voraz, mas ele consegui esquivar-se
com grande habilidade e começou a descer mais fundo na terra. Lá estava muito escuro e mais frio
do que na superfície. Ele passou por pedras grandes e pequenas e encontrou mais outras gotas.
“Vem conosco!” elas chamavam, “nós vamos para a fonte!”, e fluíram com ele, todas na mesma
direção. Feliz que não estava mais só, Pinguinho se juntou aos outros e finalmente chegaram à fonte:
a terra se abriu repentinamente e elas se jorraram na luz do sol.
Mas a viagem continuava.
De uma fonte nasceu um regato pequeno e todas nadavam juntas pela paisagem, passavam por
sítios e comunidades, encontravam mulheres lavando roupas na beira e crianças brincando
despreocupadas.
24
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE DIDÁTICA
Cada vez que o regato se juntava com um outro ficava maior e ao final tinha o tamanho de um rio.
Ele passou por cidades e infelizmente do esgoto recebeu muita água suja. Aquela água cheirava
muito mal e Pinguinho sentiu dó das gotas que estavam vivendo nesta água suja.
Finalmente o rio desaguou no mar. Isso foi um bom tempo depois. Lá tudo estava em movimento,
estava estremecendo e estalando e ele encontrou tantas outras gotas como nunca tinha visto antes –
algumas delas ele já tinha conhecido em outro lugar, mas a maioria delas era desconhecida e
Pinguinho se perguntou o que talvez elas já tivessem vivido.
Algumas delas contaram que já tinham passado um tempo congeladas numa geleira, e algumas
estiveram até no sangue de um dinossauro!
Isso foi muito empolgante e todas conviveram por um tempo muito bacana.
Uma vez, por exemplo, passou um navio enorme e as outras gotinhas chamaram “vamos balançálo!”, e juntas com o vento elas balançaram o navio de um lado para o outro e o empurraram para
navegar mais rápido.
Mas, Pinguinho nunca deixou de se lembrar de Maria e ficou muito cansado com tanta agitação. Ele
se deitou um pouco na superfície d’água para descansar. O sol brilhava e o mar tinha ficado muito
calmo. Pinguinho olhou para o céu, para as nuvens e pensou em Maria, desejando estar com ela
para consolar aquela menina que normalmente estava tão alegre e que fazia todo mundo sorrir com
sua presença.
De repente, ele lembrou-se das histórias das outras gotas e encontrou a resposta do que fazer para
vê-la de novo: ele ficou no sol até que ficou com muito calor. Imediatamente se sentiu mais leve e
começou a se elevar no ar. Ele subiu mais e mais e finalmente aterrissou suavemente numa nuvem.
Alí também havia muitas outras gotas que sabiam contar muitas histórias incríveis: algumas delas
contaram que foram absorvidas pelas raízes das plantas e viveram muito tempo numa árvore ou flor
bonita, mas quando passaram por um dia quente numa folha, evaporaram e chegaram na nuvem
depois de um vôo pelo ar.
Enquanto conversavam a nuvem pairava sobre o mar indo para a terra firme, sobrevoou praias,
cidades grandes e aldeias isoladas, colinas arborizadas e um mundão de campo com cana de
açúcar. E sempre se juntavam mais gotas a ela.
De repente Pinguinho reconheceu uma comunidade que parecia com a de Maria e a saudade dele
ficou tão grande que ele decidiu deixar seus novos amigos. Os outros o empurraram e alguns deles o
acompanharam para conhecer aquela menina maravilhosa.
Eles caíram como chuva, indo para o chão e aterrissaram perto da casa de Maria.
A terra seca os absorveu e alguns se deixaram absorver pelas raízes das plantas.
Pinguinho se esquivou e desceu tão fundo que chegou num lugar muito escuro e estreito onde tinha
muitas outras gotas.
“Creio que estão esperando o calor do verão passar” - Pinguinho pensou.
Mas antes que conseguisse perguntar, foi sugado por um tubo que o transportou para cima e o
derramou na cisterna da comunidade de Maria.
Pinguinho ficou muito feliz por ter chegado tão perto de sua meta e sabia o que precisava fazer: na
proxima vez que a mãe de Maria fosse buscar água da cisterna ele tinha que pular no balde dela!
Isso realmente aconteceu e quando chegaram na casa de Maria sua mãe despejou a água numa
25
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE DIDÁTICA
panela e a colocou no fogo. Isso era muito quente e normalmente Pinguinho deveria ter fugido para o
ar como muitas das outras gotas, mas ele foi corajoso e se agarrou no rebordo da panela.
Quando a água ferveu a mãe de Maria fez um chá e Pinguinho finalmente poderia vê-la de novo!
Ela ainda parecia um pouco doente e triste. Sua mãe deu-lhe um copo com o chá e disse que com
ele, ela iria se sentir muito melhor. Maria esvaziou o copo inteiro. Assim Pinguinho voltou para Maria.
Ele se aconchegou no corpo dela e sentiu que ela começava a se sentir melhor, e em pouco tempo a
dor de barriga tinha passado e ela podia brincar com as outras crianças, sorrindo o seu riso lindo
como antes.
Discussão:
1) Por que Maria ficou com dor de barriga?
2) Em que lugares Pinguinho já viveu?
3) Em que lugares pode-se encontrar água?
4) Sob quais formas a água pode aparecer?
5) Por que Maria começou a se sentir melhor?
6) Você já ficou com muita dor de barriga? Sabe por quê?
Tarefas:
1) Desenhe uma das estações da viagem de Pinguinho
2) Explique o ciclo hidrológico com desenho ou palavras
3) Deixar os alunos escreverem uma história sobre uma gota de água (em grupos ou sozinhos)
Ampliação:
Ensaiar uma apresentação “da pequena gota de água e suas aventuras”. Convide os pais para
assistir à peça!
26
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE DIDÁTICA
ATIVIDADE N° 2: EVAPORAÇÃO DA ÁGUA18
Objetivo: Observar como água evapora
Tempo necessário: Um período de uma hora
Materiais:
-
Dois copos pequenos com água
-
Dois copos maiores ou tigelas (de vidro)
Descrição das atividades:
1) Encher os dois copos pequenos com a mesma quantidade água
2) Colocar um deles no sol, o outro na sombra
3) Tapar os dois com um dos copos maiores/ tigelas, para que cubram os copos pequenos
completamente.
4) Deixar um no sol e o outro na sombra por uns 20 minutos ou mais.
5) Observe o que aconteceu
.
Discussão:
1) O que aconteceu?
2) Qual a diferença entre os acontecimentos dos dois copos?
3) Qual a quantidade de água que evaporou no sol? E na sombra?
ATIVIDADE N° 3: POLUIÇÃO19
Objetivo: Compreender a dimensão da poluição da água
Tempo necessário: um período de uma hora ou menos
Materiais:
-
Recipientes para água (baldes etc.)
-
Sabão, xampu, detergente, óleo (e outros materiais que poluam a água)
18
Por analogia com: IRMA ALLEN (2000) Teachers Environmental Education Handbook
19
Concepção própria, apoiando se em STADELHOFER C. (1994)
27
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE DIDÁTICA
Descrição das atividades:
1) Encher os recipientes com água (com cerca de 60% do seu próprio peso com a quantidade
de água – por exemplo, 36 litros para uma pessoa que pesa 60 quilos)
2) Explicar aos alunos que a quantidade de água nos recipientes corresponde à quantidade de
água que eles têm no corpo (cerca de dois terços do corpo humano compõem-se de água)
3) Colocar na água sabão, detergente, xampu e outras coisas que nós usamos freqüentemente.
Discussão: Discuta com os alunos se eles gostariam de beber e conter esta água nos seus corpos.
Ampliação: Mostre com um globo a quantidade de água no nosso planeta. Mesmo que pareça muito,
a profundidade dos mares é de apenas cinco quilômetros em média e o diâmetro da Terra apenas
12.750 quilômetros. Relacione com a quantidade de esgotos que os 6 bilhões de pessoas que
habitam este planeta devem produzir e o que provavelmente entra no mar diariamente. Falar sobre
estes fatos e pensar em soluções.
PIADA
Encontram-se dois pescadores num boteco.
O primeiro diz: “Ontem peguei um surubim de cinquênta
centímetros!” Diz o outro: “Isso é absolutamente nada! Pois
ontem quando estive na beira do rio de repente tive um
bocado bem pesadinho no anzol. E quando tirei da água
descobri que era uma bicicleta ainda com candeeiro ligado!”
“Fala sério!” Diz o primeiro e o outro responde: “Ta bom,
vamos fazer um compromisso: você faz o seu peixe 40
centímetros mais curto e eu apago a luz da minha bicicleta...”
Apoiando-se em uma fonte desconhecida
28
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE DIDÁTICA
ATIVIDADE N° 4: EXPLORAR E MELHORAR NOSSO AMBIENTE20
Objetivos:
-
Conscientizar os alunos sobre o meio ambiente, incluindo água, solo, plantas e animais.
-
Observar algumas das interações entre água, solo, plantas, animais e pessoas.
-
Entendimento por parte dos alunos de como estão interagindo com o meio ambiente, no
sentido positivo e negativo.
-
Caracterizar posturas diferentes de atuação que possam melhorar o ambiente.
-
Analisar problemas e desenvolver planos para resolvê-los.
Tempo necessário: três períodos de uma hora (três horas)
Materiais:
-
Questionários (abaixo)
-
Caneta e papel
Discussão:
Lidere uma discussão sobre recursos naturais. O que são recursos naturais? Quem sabe nomear
alguns deles? Faça uma lista no quadro com as palavras-chave e depois explique aos alunos que
quase todos os recursos podem ser divididos em quatro categorias: água, solo, plantas e animais.
Pergunte a eles como dependemos destes recursos.
Proponha que eles explorem o ambiente, estudando os recursos naturais no entorno da escola.
Forme quatro equipes para isso, cada uma vai tendo que responder um dos questionários durante a
excursão. Um aluno por equipe pode ser responsável por escrever e gerenciar as respostas dos seus
colegas.
Descrição das atividades:
Primeira hora:
1) Dividir os alunos em quatro equipes: água, solo, plantas, animais
2) Entregar a cada grupo uma lista com perguntas que eles devem responder durante a
excursão ao redor da escola/comunidade, observando o ambiente natural.
20
Por analogia com: IRMA ALLEN (2000) Teachers Environmental Education Handbook
29
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE DIDÁTICA
Questionário equipe ÁGUA:
-
Observe atentamente o meio ambiente rodeando sua escola e designe todos os tipos/
fontes diferentes de água que encontrar.
-
Onde estão localizados? (tente desenhar um mapa)
-
Como as pessoas estão usando estas diferentes fontes? (para tomar banho, lavar
roupas, beber, regar plantas, etc.) Pense em quantos usos diferentes podem ter as fontes
de água!
-
Como as pessoas abusam da água?
-
Você acha que existem problemas com a água e o uso dela?
-
O que você poderia fazer para resolver estes problemas?
Questionário equipe SOLO:
-
Observe atentamente o solo em áreas diferentes rodeando sua escola. Existe diferença
nos tipos de solo? E como estão se distinguindo? (cor, umidade, textura)
-
Em que lugares o solo está coberto por vegetação e onde não? Tente desenhar um mapa
que mostre estes lugares.
-
Observe as características dos solos que estão cobertos de plantas e os que não estão e
explique como são diferentes.
-
Nomeie as diferentes formas como as pessoas estão usando o solo. Há diferença entre
os solos que as pessoas utilizam pra fazer cada coisa? (construir, usar para agricultura,
etc)
-
Você encontrou alguma área onde existam problemas com o solo? Onde o estão usando
de maneira errada?
-
O que você poderia fazer para resolver estes problemas?
Questionário equipe PLANTAS:
-
Observe atentamente as plantas ao redor da escola. Você encontra plantas diferentes?
(árvores, arbusto, gramíneas, plantas para uso humano,...) Quais você conhece?
-
Desenhe algumas das plantas que está vendo e onde você pode encontrá-las.
-
Como as pessoas estão usando os diferentes tipos de plantas?
-
Como as pessoas estão abusando dos diferentes tipos de plantas?
-
Você encontrou alguma área onde existam problemas com plantas ou que não tenha
plantas?
-
Como você poderia resolver estes problemas?
Questionário equipe ANIMAIS:
30
Manual de Educação Ambiental – Água
-
PARTE DIDÁTICA
Observe atentamente no ambiente a presença de animais. Olhe para o céu, nas árvores,
num corpo de água, em baixo duma pedra e faça uma lista de todos os animais que você
encontrou e onde você os encontrou.
-
Desenhe alguns dos animais em seus habitats.
-
Como os diferentes animais podem nos ajudar?
-
Como nós ajudamos esses animais?
-
Como pessoas podem machucar ou abusar dos animais?
-
Você encontrou algum problema com os animais silvestres/selvagens?
-
Como você poderia resolver estes problemas?
Segunda hora:
1) Os grupos devem organizar suas respostas
2) Depois de cinco minutos cada grupo irá apresentar suas respostas e desenhos às outras
equipes. O orientador/professor deve verificar se todas as perguntas foram respondidas.
3) O orientador/professor deve fazer questões adicionais e encorajar os outros alunos em
perguntar também.
Terceira hora:
1) Os alunos organizam-se em seus mesmos grupos
2) Saem para observar os mesmos lugares (água, solo, plantas, animais) como antes.
3) Desta vez eles vão olhar mais atentamente em função dos problemas anteriormente
descobertos e discutidos:
Água: água suja/poluída, falta de água, etc.
Solo: erosão causada pelo vento ou água, solo infértil, etc.
Plantas: desflorestamento, falta de sombra, falta de lenha, etc.
Animais: muito ou poucos insetos, falta de habitat, diminuição no número de animais com o
passar do tempo, etc.
4) Deixar os alunos discutirem os problemas nos grupos
5) Depois propor que eles reflitam como as pessoas podem resolver os problemas, tentando até
ver se eles conseguem até identificar uma estratégia.
6) Quais regras poderiam propor para resolver os problemas?
7) Como a escola ou comunidade poderia enfocar essas regras? Por exemplo, o que poderia
ser um castigo adequado para quem não segue as regras?
8) Eles deverão recordar n° 3-7 no quadro:
9) Os alunos deverão apresentar seus resultados ao resto da turma. Os outros poderiam
perguntar, sugerir melhoras ou dar alternativas, mas também mencionar o que eles
concordam nas idéias dos seus colegas.
31
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE DIDÁTICA
Perguntas para mais discussões:
-
Por que água e solo são tão importantes? Como nós, plantas e animais dependem da água e
do solo? Como eles nos afetam?
-
Precisamos cuidar do solo e da água? Por quê? Como?
-
Há leis que protegem os recursos naturais?21
-
As leis são importantes? Por quê?
-
Discuta as leis que protegem os recursos que tenham a ver com o tema do grupo. Existe
alguma lei? Existem áreas protegidas e não protegidas? É necessário proteger com leiss?
Por quê?
-
O que alunos e professores e pessoas da comunidade podem fazer para que outros
respeitem as leis?
-
Os alunos podem apresentar seus resultados ao diretor para ver se é possível implementar
tais regras na escola.
ATIVIDADE N° 5: FAZER ADUBO ORGÂNICO22
Objetivos:
-
Receber o conhecimento duma forma alternativa de disposição e adubação. Sugestão:
“Desenvolver o conhecimento sobre disposição e adubação de uma forma alternativa”.
-
Aprender a compostagem, a arte de transformar o lixo em adubo orgânico.
-
Produzir sua própria cultura vegetal
Tempo necessário: dois períodos para preparação, algumas semanas para:
Material:
-
Qualquer tipo de plantas, pastos, ervas, cascas, folhas verdes e secas
-
Palhas
-
Todas as sobras de cozinha que sejam de origem animal ou vegetal: sobras de comida,
cascas de ovo, entre outros (mas é melhor não usar alimentos cozidos que podem atrair
animais como ratos, gatos ou cachorros)
-
Qualquer substância
que seja parte de
animais ou plantas:
pêlos, lãs, couros,
Problema:
Causa(s):
Solução:
Regras:
Fortalecimento:
folhas ou até esterco
21
22
Olhar no capítulo PARA MAIS INFORMAÇÕES
www.planetaorganico.com.br/
32
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE DIDÁTICA
de animais
-
Sementes, seria melhor usar de jerimum (abóbora), porque cresce muito rápido e é fácil
perceber as mudanças.
Æ Observação: Quanto mais variados e mais picados (fragmentados) os componentes usados,
melhor será a qualidade do composto e mais rápido o término do processo de compostagem.
Descrição das atividades:
-
Escolher um lugar com sombra onde haja bastante espaço no chão para coletar lixo orgânico
-
Deixar cada um dos alunos trazer uma sacola com lixo orgânico (talvez a cozinha da escola
tenha sobra de materiais.
-
Juntar todo o lixo naquele lugar escolhido – no caso será melhor construir uma lâmina com
material grosso e esparso (por exemplo: folhagens e galhos) seguido de material fino. (Isso é
para a melhor aeragem do material e assim produção mais rápida do produto final, o húmus
maduro).
-
Tente continuar a amontoar (acogular) o lixo reunido ou murundu (murundu = monte de lixo
ou coisas misturadas), formando um cogulo ou monte, por algumas semanas.
-
Molhar com água quando necessário para que não seque por dentro
-
De vez em quando tirar um pouco do material de baixo para ver se já se transformou em
húmus (Todo este processo acontece em etapas, nas quais fungos, bactérias, protozoários,
minhocas, besouros, lacraias, formigas e aranhas decompõem as fibras vegetais e tornam os
nutrientes presentes na matéria orgânica disponíveis para as plantas)
-
Quando está pronto cavar o murundu e fazer um canteiro com ele
-
Plantar sementes (de jerimum)
ATIVIDADE N° 6: A REDE DA VIDA23
Objetivos:
-
Entendimento por parte dos alunos do conceito de ecossistemas
-
Identificação de interações entre dois ou mais ecossistemas.
-
Identificação das maneiras positivas e negativas de como o homem pode influenciar nos
ecossistemas.
Tempo necessário: de meia até uma hora.
Materiais:
23
Por analogia com IRMA ALLEN (2000) Teachers Environmental Education Handbook
33
Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE DIDÁTICA
-
Papel, tesoura, caneta
-
Uma área livre para que todos tenham espaço para se mexer.
-
O professor deve preparar dois cartões e escrever em cada um o nome de um ecossistema:
ecossistema aquático, ecossistema terrestre (por exemplo, Caatinga)
-
Depois fazer muitos cartões menores, cada um com uma das palavras seguintes: ar, solo,
água, homem, árvores, gramíneas, insetos, larvas, peixe, rato, roedores, cobra, lagarto,
pássaro (garcinha branca, socozinho), cachorro do mato, sapo (pode aumentar ou
adaptar a lista com outros animais ou plantas do ecossistema local)
Descrição das atividades:
1) Escolher dois alunos e dar um dos cartões grandes para cada um deles. Deixar eles
em pé, mostrando o cartão aos outros.
2) Dar os cartões pequenos para os outros alunos e falar para cada um se posicionar ao
lado do ecossistema a que ele pertence.
3) Quando todos se decidirem, chamar cada uma das crianças (com seus cartões), e
perguntar a todos se o aluno está no ecossistema certo. Ajude a discutir e decidir –
eles devem descobrir que algumas das espécies pertencem aos dois ecossistemas
(por exemplo ar, solo, água, homem, insetos, sapo). Os alunos com os cartões
correspondentes devem andar em círculos em torno de todos.
4) Pergunte aos alunos sobre alguma atividade humana que esteja influenciando, ou
ameaçando qualquer das coisas/espécies.
5) O resto da atividade é melhor explicada pelo exemplo. Sempre vai ser diferente
porque depende dos alunos e suas idéias, mas a atividade deve seguir o exemplo.
6) Exemplo: uma atividade humana que eles devem nomear é, por exemplo, cortar
árvores. O professor deve perguntar o que acontecerá se muitas árvores forem
cortadas (desmatamento). O aluno com o cartão “árvore” deixa o círculo e se senta.
Aí o professor pergunta o que acontece se muitas árvores forem cortadas (menos
árvores e erosão). O aluno com o cartão “solo” vai se sentar. Depois o professor deve
explicar que muitas plantas não são capazes de existir em solos menos férteis (o
cartão “gramínea” se senta) e solo vai entrar nos açudes e rios. Provocando o
aparecimento de muito sedimento na água, e em conseqüência, os peixes, sapos e
as larvas dos insetos não vão mais poder viver lá. Os cartões correspondentes se
sentam (água, peixe, sapo, larvas do inseto). Assim, o socozinho e a garcinha branca
não vão mais poder se alimentar. Existem espécies que dependem das árvores para
comer ou construir ninhos e sem árvores também vão morrer. Ratos, roedores,
insetos e pássaros se sentam. Olhe os cartões restantes: sem roedores o cachorro
do mato não tem bastante comida, a cobra precisa de ratos e sapos para comer, as
lagartas de insetos (todos se sentam). Depois é para considerar o ar: sem árvores vai
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Manual de Educação Ambiental – Água
PARTE DIDÁTICA
faltar oxigênio (“ar” se senta). Aí o único restante vai ser o “homem”. Pergunte a ele
se pode sobreviver sem os outros (não!!!) e o que ele precisaria fazer para evitar esta
situação (não cortar tantas árvores e plantas). Quando se identificar a ação corretiva
as “árvores” voltam. E com as árvores todo o processo vai ser reverso!
Perguntas para mais discussões:
-
Converse sobre os ecossistemas diferentes da região e fale dos animais e das plantas que
vivem neles. Como cada um depende dos outros? Quais as interações? Como humanos
dependem das outras espécies? Como mudar nosso comportamento para viver em harmonia
com o ecossistema?
-
Como plantas, animais, solo e água são influenciados pela agricultura?
-
Converse sobre a responsabilidade do uso sustentável e manejo de recursos naturais. Como
você enxerga a diferença de como nós e os outros animais atuam no ambiente? Invente uma
discussão sobre nossa habilidade de prever as conseqüências das nossas ações, e por que
isso nos faz responsáveis pelo ambiente.
Atividade adaptada ao tema água:
Exemplo: Uma atividade humana que polui água é eliminar óleo na natureza. Isso polui a água dos
lençóis freáticos e o solo. Essa água subterrânea pode entrar nos corpos de água e assim matar
larvas e peixes. Sem as larvas não se tem mais insetos e anfíbios e, portanto falta alimento para
pássaros, cobras e assim por diante. Solo poluído não é um bom substrato para a vida das plantas.
Sem plantas faltam alimentos para pássaros, insetos, roedores, e até às vacas e aos homens.
Pensando nesse ciclo, ninguém pode viver sem água limpa!
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Manual de Educação Ambiental – Água
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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comunidades do Sertão do Pajeú. Proposta aprovada. Documento do Projeto, Recife/Brasil
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da água. Departamento de Antibióticos, Recife
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PAN-Brasil. Brasília, DF: MMA/SRH. 225p
MINISTERIO DA SAÚDE – MS (2005): Portaria nº 518, de 25 de março de 2004. Governo do Brasil,
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Hintergrundwissen für einen bewusst(er)en Umgang mit Wasser. 1. Auflage. Talheim.
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intestinais em águas de consumo nas comunidades rurais do município de Tuparetama-PE.
Monografia apresentada ao curso de Biomedicina. UFPE, Brasil. S. 56
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