A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DE SUSTENTABILIDADE NA
GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DA CIDADE DE RIACHÃO DO
DANTAS-SE
Elenaldo Fonseca de Oliva Júnior1
RESUMO
O atual modelo de desenvolvimento, baseado no consumo exacerbado, coloca em
segundo plano a preservação dos recursos naturais. A degradação ambiental decorrente
da poluição dos recursos naturais através dos resíduos sólidos urbanos é um dos
principais problemas que afeta a população do planeta na atualidade. Diante disso, o
trabalho em questão tem como objetivo apresentar novos caminhos para tentar minimizar
os impactos ambientais causados ao meio ambiente utilizando a educação ambiental
como ferramenta de sustentabilidade na gestão dos resíduos sólidos urbanos.
Palavras-chave: Consumo. Recursos naturais. Resíduos sólidos.
ABSTRACT
The current development model based on excessive consumption, puts in the background
to conserve natural resources. Environmental degradation from pollution of natural
resources through the municipal solid waste is a major problem that affects the planet's
population today. Thus, the work in question is aimed at presenting new ways to try to
minimize environmental impacts caused to the environment by using education as a tool
for environmental sustainability in the management of municipal solid waste.
Keywords: Consumption. Natural resources. Solid waste
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas houve um aumento significativo do consumo em todo mundo,
provocado pelo crescimento populacional, e com isso o consumo de alimentos e outros
bens aumentaram de forma significativa. Ao lado do crescimento do consumo, vê-se a
consequente produção de resíduos sólidos que, para o seu destino final, encontra uma
série de dificuldades (SOBRAL et al., 2006). A geração de resíduos apresenta um papel
importante dentro da atual preocupação ambiental, que passou a ganhar maiores
destaques na década de 1970, a partir das transformações no debate “meio ambiente -
1
Graduado em Geografia pela Faculdade José Augusto Vieira – FJAV; Pós – Graduado em Território,
desenvolvimento e Meio Ambiente pela mesma instituição. E-mail: [email protected];
124
desenvolvimento” que passaram então a apontar a finitude no interior do modo de
produção capitalista e seus impactos globais(JACOBI, 2005).
Atualmente vivemos em um modelo de desenvolvimento no qual a preocupação
com a preservação dos recursos naturais e com a capacidade de absorção do impacto
produzido pelas atividades humanas é uma questão secundária. Sendo assim, torna-se
clara a necessidade de repensar as formas de consumo, já que o planeta dá evidentes
sinais de cansaço e esgotamento de algumas fontes. É preciso modificar a maneira como
as pessoas se relacionam com o ambiente, já que muitas vezes o ser humano não se
percebe integrado ao meio que o cerca e também é necessário que ele reveja e altere a
visão simplista da natureza, que nos diz que o homem é algo externo a ela e isso é
reforçado a cada vez que nos liberamos das nossas responsabilidades ambientais
(SOBRAL et al.,2006).
As causas da degradação ambiental e da crise na relação sociedade/natureza não
emergem apenas de fatores conjunturais ou do instinto perverso da humanidade, e as
consequências de tal degradação não são consequências apenas do uso indevido dos
recursos naturais: são, sim, de um conjunto de variáveis interconexas, derivadas das
categorias: capitalismo / modernidade / industrialismo / urbanização / tecnogracia
(GUIMARÃES et al., 2012). “Desse modo, a Educação ambiental crítica volta-se para uma
práxis de transformação da sociedade em busca de uma sustentabilidade calcada em
novos paradigmas”. (GUIMARÃES, 2012, p.83)
Desta forma se faz necessário à necessidade emergente no cenário mundial de
buscar a alteração na gestão e no tratamento dos resíduos sólidos, e também a forma de
como a população em geral se relaciona e se posiciona diante desta situação, que vem se
tornando uma crescente, evidenciando a necessidade de ações sensibilizadoras de cunho
ambiental transformador.
Os projetos ambientais vinculados às atividades educativas tornam-se uma
possibilidade de transformação dos hábitos e costumes da sociedade moderna, já que a
educação é uma ferramenta importante, se não essencial, para a eficiência e efetividade
de qualquer programa que busque uma compreensão da realidade e alterações da
postura e da forma como os indivíduos se relacionam com o meio ambiente, propostas
em programas de sensibilização. Assim a Educação Ambiental surge na atualidade de
forma transversal como uma possibilidade de formação e transformação.
125
Segundo Dias (1998), somente fomentando a participação comunitária de forma
articulada e consciente, um programa de educação ambiental atingirá seus objetivos.
Para tanto, ele deve prover os conhecimentos necessários à compreensão do seu
ambiente, de modo a suscitar uma consciência social que possa gerar atitudes capazes
de afetar comportamentos e promover o entendimento das relações do cidadão com a
cidade, enfatizando como ele afeta e é afetado pelo sistema urbano, regional e mundial,
indo além do estudo dos sintomas ambientais, explorando as raízes da causa da
degradação ambiental.
A maioria dos pequenos municípios já apresentam sinais de preocupação com a
deposição final dos resíduos sólidos produzidos por suas populações, só que os mesmos
esbarram em inúmeras dificuldades para encontrar locais adequados para depositá-los. O
que na maioria das vezes as áreas que servem de depósitos ficam localizadas próximas
aos perímetros urbanos ou nas proximidades de rios, córregos e etc., ocasionando
inúmeros problemas ambientais no local. Não diferente destes, no município de Riachão
do Dantas a área onde são depositados os resíduos sólidos fica localizado próximo ao
perímetro urbano da cidade, num local que pertence à escola agrícola do município que
se encontra desativada, e as margens do córrego que passa nas proximidades da área,
pois o mesmo se encontra nos dias atuais com um alto grau de poluição oriundo dos
dejetos que são depositados nas margens, que quando ocorrem as chuvas parte destes
tende a ser transportado até o curso fluvial do córrego provocando a poluição da água.
Portanto, este trabalho buscará através da Educação Ambiental novos caminhos
para a gestão dos resíduos sólidos urbanos a fim de promover a conscientização através
do processo participativo, onde o indivíduo atua ativamente no diagnóstico dos problemas
ambientais, buscando as possíveis soluções, tornando-se um agente transformador,
através do desenvolvimento de habilidades e formação de atitudes com uma conduta
ética condizente ao exercício da cidadania (MORAES, 2004). Nesse contexto, o propósito
de educar, considerando atividades sustentáveis, é buscar valores e atitudes que
possibilitem uma convivência harmoniosa do ser humano com as demais espécies do
planeta, auxiliando o educando a compreender e analisar criticamente a participação do
homem no meio ambiente.
126
A Educação Ambiental e a Sustentabilidade na Gestão dos Resíduos Sólidos
A necessidade de abordar o tema da complexidade ambiental decorre da
percepção sobre o incipiente processo de reflexão acerca das práticas existentes e das
múltiplas possibilidades de, ao pensar a realidade de modo complexo defini-la como uma
nova racionalidade e um espaço onde se articulam natureza, técnica e cultura. Refletir
sobre a complexidade ambiental abre uma estimulante oportunidade para compreender a
gestação de novos atores sociais que se mobilizam para a apropriação da natureza, para
um processo educativo articulado e compromissado com a sustentabilidade e a
participação, apoiado numa lógica que privilegia o dialogo e a interdependência de
diferentes áreas do saber. Mas também questiona valores e premissas que norteiam as
praticas sociais prevalecentes, implicando mudança na forma de pensar e transformar o
conhecimento e as práticas educativas.
A noção de sustentabilidade implica uma inter-relação necessária de justiça social,
qualidade de vida, equilíbrio ambiental e a ruptura com o atual padrão de
desenvolvimento (JACOBI, 1997), sendo que a relação entre o meio ambiente e a
educação para a cidadania assume um papel cada vez mais desafiador, demandando a
emergência de novos saberes para apreender processos sociais que se complexificam e
riscos ambientais que se intensificam.
O desafio é, pois, o de formular uma educação ambiental que seja crítica e
inovadora, em dois níveis: formal e não formal. Assim a educação ambiental deve ser
acima de tudo um ato político voltado para a transformação social. E a instituição
educacional (escola, universidade etc.) deve ser inserida nesse contexto pois participa
dessa rede “como instituição dinâmica com capacidade de compreender e articular os
processos cognitivos com os contextos da vida” (TRISTÃO, 2002) a educação insere-se
na própria teia de aprendizagem e assume um papel estratégico nesse processo, e,
parafraseando REIGOTA, podemos dizer que:
...a educação ambiental na escola ou fora dela continuará a ser concepção
radical de educação, não porque prefere ser a tendência rebelde do
pensamento educacional contemporâneo, mas sim porque nossa época e
nossa herança histórica e ecológica exigem alternativas radicais, justas e
pacificas. (1998, p,43)
127
Portanto a educação ambiental deve ser vista como um processo permanente de
aprendizagem que valoriza as diversas formas de conhecimento e forma cidadãos com
consciência local e planetária. Atualmente o grande desafio que está colocado em pauta
não é o de só reconhecer o problema ambiental, mas estimular práticas que reforcem a
autonomia dos atores sociais que atuem articuladamente numa perspectiva de
cooperação nas comunidades locais, como o caso referenciado neste trabalho tendo em
mente a importância da responsabilidade de cada um para construir uma sociedade mais
equitativa e ambientalmente sustentável.
Um dos principais problemas que afeta as zonas urbanas está ligado diretamente
ao modo de vida de uma sociedade capitalista consumista que a cada dia consome mais
do que necessita, e o resultado desse consumo descontrolado é a grande produção de
resíduos sólidos. Antes do processo de desencadeamento da Primeira Revolução
industrial, o lixo produzido nas residências era basicamente composto de matéria
orgânica, dessa forma, era mais fácil eliminá-los. Além disso, a cidade e os seus
contingentes populacionais era menores. Com o avanço das técnicas no decorrer dos
anos e com o processo de industrialização ganhando força nas grandes áreas urbanas,
acelerando o aumento do contingencial nesses lugares, principalmente na segunda
metade do século XX, desencadeou um aumento significativo na quantidade de resíduos
sólidos e suas diversas composições.
Hoje, com a globalização em um estágio avançado e com o advento da tecnologia
presente cotidianamente na vida da sociedade e nos meios de comunicações (radio,
televisão, internet, celular etc.) acabaram facilitando a dispersão de mercadorias em nível
mundial, estimulando o consumo. Uma vez que o sistema capitalista domina, controla e
estimula as nações com as suas propagandas que leva a população a acreditar quanto
mais consumir e acumular bens mais felizes será. Que para MARANHO e RIBEIRO (2008,
p.4)
A lógica capitalista apresenta-se fundamentada em dois pilares: a
produção e o consumo; e a sociedade contemporânea está imersa nessa
dicotomia, que contrapõe o ato de produzir, selvagem e impessoal, e o
consumir, cada vez mais customizado, sedutor, belo e idealizado.
A era moderna, fascinada pela produtividade com base na força humana, assiste
ao aumento considerável do consumo, já que todas as coisas se tornaram objetos a
128
serem consumidos. Como membros de uma sociedade de consumidores, na atual fase do
capitalismo, vivemos num mundo em que a economia se caracteriza pelo desperdício,
onde todas as coisas devem ser usadas e abandonadas tão rapidamente como surgem, e
em que as coisas surgem e desaparecem “sem jamais durarem tempo suficiente para
conter em seu meio o processo vital” (ARENDT, 1997, p. 147 apud SILVA e SANTOS,
2012, p. 234).
O consumo nos atinge em todos os lugares do planeta e de todas as formas, nunca
o ditado popular “A propaganda é a alma do negócio” esteve presente na nossa vida
como está sendo posto em prática tão intensamente através do sistema capitalista com o
auxilio da publicidade para atingir os seus objetivos.
A publicidade sem dúvida é o principal meio para o capitalismo atingir o seu
objetivo. Ela é mais do que uma simples forma de divulgar um produto ou um serviço para
torná-lo conhecido do público e, portanto vendável; ela divulga através dessa mercadoria
um estilo, um padrão de vida, de beleza e de comportamento que traduzem determinados
valores e expectativas. Este método para atingir os consumidores com certeza é o mais
eficaz, e podemos dizer, mais lucrativo para as empresas anunciantes. É verdade que
alguns segundos na televisão em horário nobre custam muito dinheiro, porém, torna-se
uma quantia desprezível se comparada ao efeito que esta traz em retorno. Pois sabemos
queo propósito essencial da propaganda é a persuasão:
A propaganda não é uma arte nem uma ciência (...) Ela é uma técnica,
manipulativa (...) Seu propósito essencial, capital, não é interpretar,
explicar ou dignificar – mas persuadir, manipular. (BARRETO, apud.
ROCHA, 1995)
Diante disso nota-se que a relação publicidade, marketing e propaganda são os
combustíveis que impulsionam a indústria, o comércio e qualquer outra atividade. Mas, a
nossa comunicação de massa, nosso sistema de marketing, publicidade e propaganda; as
etiquetas, marcas, anúncios, slogans, embalagens, nomes, rótulos, jingles e tantos outros
elementos distintivos, realizam este trabalho amplo e intenso de dar significado,
classificando a produção e socializando para o consumo. Dessa forma, o consumo se
humaniza e se tona cultural, influenciando o modo de vida da sociedade.
Por outro lado, ao adquirirmos um novo produto subentende-se que outro será
descartado já que seu tempo de uso para o consumidor tenha chegado ao fim. E para
129
onde vai esse produto que deixou de ser utilizado? Será que ele terá um local adequado
para o seu tratamento final? Na maioria dos casos não, pois em nosso país segundo
dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, realizada pelo IBGE em 2000, 64%
dos municípios brasileiros depositam seus resíduos em lixões. Apenas 14% possuem
aterros sanitários e 18% possuem aterros controlados.
A temática inerente aos impactos ambientais causados pelos resíduos sólidos,
como os demais problemas ambientais, tornou-se uma questão que excede à capacidade
dos órgãos governamentais e necessita da participação da sociedade para sua solução.
Uma das possibilidades para reduzir o problema do lixo é a implantação da coleta
seletiva, que consiste na segregação de tudo o que pode ser reaproveitado, como papéis,
latas, vidro, plástico, entre outros - enviando-se esse material para reciclagem. A
implantação de programas de coleta seletiva não só contribui para a redução da poluição
causada pelo lixo, como também proporciona economia de recursos naturais - como
matérias-primas, água e energia - e, em alguns casos, pode representar a obtenção de
recursos, advindos da comercialização do material.
Sabe-se que variadas são as composições e classificações que diz respeito aos
resíduos sólidos. Para a Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do documento
Agenda 21 (SÃO PAULO, 2003a), define-se o lixo ou resíduo(s) sólido(s) da seguinte
forma:
Os resíduos sólidos compreendem todos os restos domésticos e resíduos
não perigosos, tais como os resíduos comerciais e institucionais, o lixo da
rua e os entulhos de construção. Em alguns países, o sistema de gestão
dos resíduos sólidos também se ocupa dos resíduos humanos, tais como
excrementos, cinzas de incineradores, sedimentos de fossas sépticas e de
instalações de tratamento de esgoto. Se manifestarem características
perigosas, esses resíduos devem ser tratados como resíduos perigosos.
No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio da Norma
Brasileira Registrada (NBR) nº. 10.004, apresenta a seguinte definição para resíduos
sólidos:
Resíduos nos estados sólidos e semi-sólido que resultam de atividades da
comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial,
agrícola, de serviços de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos
provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como
130
determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável seu
lançamento na rede pública de esgotos ou corpos d’água, ou exijam para
isso soluções técnica e economicamente inviáveis, em face à melhor
tecnologia disponível.(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1987, p. 2).
Diante desses conceitos e classificações expostas acima, o município de Riachão
do Dantas deposita todos esses tipos de resíduos em um único local, sem nenhum tipo de
separação ou tratamento do mesmo. O lixão municipal fica a céu aberto, exposto a ação
dos agentes externos do planeta, colocando em risco não só o meio ambiente como
também a saúde da população que reside nas proximidades, precisamente no conjunto
Albano Franco, e de alguns catadores que frequentam o local em busca de algum
material que possa ser reutilizado, sendo estes expostos a doenças, e ao risco de
acidentes no manuseio de materiais perfuro-cortantes, despejados junto com o lixo
doméstico pelo hospital e postos de saúde do município, que também são encontrados no
local, como mostra a (Figura 1,3).
Figura1: Lixão a céu aberto.
Fonte: Elenaldo F. de Oliva Jr. 2013.
131
O Lixão é uma forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, que se
caracteriza pela simples descarga do lixo sobre o solo, sem medidas de proteção ao
meio ambiente ou à saúde pública (IPT, 1995).
Vale ressaltar que os lixões contêm uma gama de materiais perigosos, que
oferecem sérios riscos à saúde humana e ao meio ambiente, como baterias de veículos,
pilhas e baterias comuns e de celulares, embalagens de produtos químicos, tóxicos e/ou
corrosivos etc. Além de atrair inúmeros animais transmissores de doenças.
No Lixão do município de Riachão do Dantas não existe nenhum controle quanto
aos tipos de resíduos depositados e quanto ao local de deposição dos mesmos. Nesses
casos, resíduos domiciliares e comerciais de baixa periculosidade são depositados
juntamente com os industriais e hospitalares, de alto poder poluidor. Como mostra as
(figuras 2 e3).
Figura 2: Inúmeros tipos de materiais depositados no lixão.
Córrego
Fonte:Elenaldo F. de Oliva Jr. 2013.
132
Se faz importante relatar que inúmeros materiais foram encontrados ao longo da
visita a área de estudo desde o depósito de entulhos, oriundos de construções civil, até
lixo hospitalar que são depositados nas margens de um pequeno córrego que corta a área
onde fica localizada o lixão. As principais degradações perceptíveis foram o chorume
proveniente do lixo mal alocado, infiltrava o subsolo e seu destino final é o lençol freático,
contaminando assim o solo e os recursos hídricos, sendo agravado ainda mais pelo
processo de lixiviação, provocado pela água da chuva, aumentando assim a área de
contaminação pelo chorume que ao se misturar com a água é transportado por longas
distâncias.
Figura 3: Resíduos hospitalares encontrados no local.
Fonte: Elenaldo F. de Oliva Jr. 2013.
Embora existam tratamentos mais adequados para o descarte dos resíduos
hospitalares, a incineração, que não é obrigatória ainda, é a mais indicada para o
tratamento de resíduos oriundos de clinicas e hospitais. Pois reduz, drasticamente o
133
volume de resíduos, sobrando apenas uma apequena quantidade de cinzas. Mas diante
do que foi observado os resíduos hospitalares ficam expostos juntamente com os demais
tipos de materiais que são depositados na área.
Foram encontrados ao longo da visita ao local de estudo inúmeros fatores de
inadequação para o funcionamento do lixão municipal naquela área onde hoje se
encontra instalado. O primeiro deles é que o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
recomenda uma distância mínima de 500 metros de residências isoladas e de 2000
metros de áreas urbanizadas para instalações de lixões. Sendo que o local em que está
localizado o lixão municipal, está em uma distancia média de 1,3 km do perímetro urbano
da cidade, fora dos padrões adequados, no que diz respeito à distância de áreas urbanas,
como atesta a figura 4.
Figura 4: Vista aérea da Cidade de Riachão do Dantas – SE
Fonte: Google Earth, 2013.
Vale ressaltar que ao longo do período da pesquisa de campo alguns catadores
que preferiram não se identificar, relataram que quando a quantidade de lixo presente no
134
local se torna muito grande, funcionários do serviço de coleta ateiam fogo nos resíduos,
como forma de diminuir a grande quantidade de lixo existente. Os resíduos aos serem
queimados acabam liberando inúmeros gases tóxicos para a atmosfera, causando danos
irreparáveis ao meio ambiente.
A figura 5 a seguir ilustra o esquema de um lixão a céu aberto (Proin/Capes
&Unesp/IGCE, 1999).
Figura 5: Imagem ilustrativa do lixão a céu aberto.
Fonte: Proin/Capes &Unesp/IGCE, 1999.
Diante da problemática ambiental que enfrenta a área e o município, algumas
medidas poderiam ser tomadas a fim de diminuir e reaproveitar alguns destes materiais
que são depositados no lixão. Tais como, projetos de cunho ambiental voltado para a
população como forma de abordar a importância da separação do lixo, e do
reaproveitamento de alguns materiais. E através da Secretaria Municipal do Meio
135
Ambiente, estabelecer parcerias com órgãos públicos (escolas, associações de
moradores etc.) privados (empresas de reciclagens) e ONGS que tratem da questão do
lixo urbano para que possam buscar auxílio para a criação de programas e oficinas de
reciclagem e reaproveitamento de materiais que não são utilizados pela população. A fim
de reduzir a alta carga de resíduos que é destinada ao lixão municipal e os impactos
ambientais na área.
Nesse sentido (SANTOS e PINHEIRO 2010, p.101-102) compreende a reciclagem,
juntamente com a prática da educação ambiental como instrumentos fundamentais a
serem utilizados na realidade de qualquer município, e reitera também, sobre as
contribuições destas para com o meio ambiente, na medida em que colabora para a
economia e controle ambiental, e elencam-se alguns motivos que tratam da importância
que a reciclagem representa para a sustentabilidade ambiental, segundo o Projeto
Terapia de Vida (2010).
A Importância de Reciclar:
- porque há excesso de lixo e é preciso fazer alguma coisa para diminuir
este volume excessivo que se acumula em aterros sanitários e no próprio
ambiente poluindo rios, mares, solos e o ar;
- porque prolonga a vida útil dos aterros;
- porque diminui a proliferação de doenças e a contaminação de alimentos;
- porque reduz a contaminação ambiental provocada por rejeitos;
- porque queimar o lixo significa poluir o ar;
- porque é uma questão de bom gosto. A reciclagem remove o lixo,
transformando-o em produtos úteis novamente;
- porque reciclar é um processo rápido e geralmente econômico. A
reciclagem, na maioria dos materiais, é mais barata que enterrar e
incinerar;
- porque podemos salvar os recursos naturais. Os recursos naturais são
finitose precisam ser conservados e preservados;
- porque aumenta a vida útil das reservas naturais;
- porque reciclar influencia na conservação de energia, ocorrendo um baixo
consumo de energia por unidade produzida;
- porque ocorre a economia de divisas, em substituição dos materiais
importados;
- porque diminui os custos de produção, com o aproveitamento de
recicláveis pelas indústrias;
- porque acaba diminuindo também o desperdício;
- porque gera empregos;
- porque cria uma oportunidade de fortalecer organizações comunitárias.
136
Entretanto, (SANTOS e PINHEIRO 2010, p.102) evidencia-se que “a reciclagem
tem enorme relevância quando tratada como instrumento para a prática de educação
ambiental no contexto escolar, e compete aos profissionais envolvidos na educação, a
incumbência de despertar o desejo pela temática nos alunos e de fato produzir ações, as
quais possam provocar o processo de conhecimento e reflexão, resultante da
conscientização do aluno em relação à preservação do meio ambiente”.
Pois, dessa forma, entende-se a escola como um dos equipamentos sociais que,
por missão, tem o dever de trabalhar com a reelaboração crítica e reflexiva do aluno, a fim
de prepará-lo para a vida em sociedade. Nesse contexto, a temática educação ambiental,
perpassada pelo viés da reciclagem, está intrinsecamente ligada ao papel social da
escola, quando se tem por incumbência propiciar a formação de cidadãos conscientes e
ativos rumo à sustentabilidade do planeta.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo ora apresentado buscou propor novos caminhos para a gestão dos
resíduos sólidos produzidos pela população urbana da cidade de Riachão do Dantas/SE.
Um dos instrumentos a serem utilizados no âmbito social é a prática de Educação
Ambiental em todas as instituições de ensino e órgãos comunitários. Buscando através da
Secretaria de Meio Ambiente municipal estabelecer parcerias com as escolas,
universidades, ONG’s e empresas privadas as quais atuam na referida temática, a fim de
buscar alternativas para uma melhor gestão dos resíduos sólidos produzidos pela
população.
Sendo que, a cada dia que se passa aumenta o nível de degradação ambiental na
área, uma vez que a quantidade de resíduos sólidos depositado no local se torna uma
crescente constante, sem nenhuma preocupação por parte da população e do poder
público municipal para com a preservação e recuperação da área degradada. Os
resultados apresentados ao longo deste trabalho demonstram que a sociedade atual
carece de iniciativas e de projetos de cunho ambiental, os quais possam conciliar teoria e
prática, de modo a promover reflexão, mudança de comportamento e atitude dos
envolvidos, para com as questões ambientais e de qualidade de vida.
Por isso salienta-se que a prática de Educação Ambiental aliada à reciclagem são
iniciativas que representam grande relevância não só ambiental, mas também social, para
137
diminuir a problemática na área, mas para que isso aconteça não basta apenas formar
cidadãos conscientes dos problemas ambientais sem se tornar também um cidadão ativo,
crítico e participativo. Em outras palavras, o comportamento dos cidadãos em relação ao
meio ambiente é indissociável do exercício da cidadania para a construção e um ambiente
saudável e equilibrado, buscando o bem comum da sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARENDT, H. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1997, 338p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. Resíduos Sólidos:
Classificação - NBR 10004. Rio de Janeiro, ABNT, 1987.
DIAS, G. F. Educação Ambiental Princípios e Práticas – 5ª edição – São Paulo: Global,
1998. 400p.
GUIMARÃES,M. Sustentabilidade e Educação Ambiental. In: CUNHA, S.B.; GUERRA,
A.J.T.(Org.) A Questão Ambiental: Diferentes Abordagens. Rio de Janeiro 7ª ed.
Bertrand Brasil, 2012.
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO (IPT).
Lixo Municipal: manual de gerenciamento integrado. São Paulo: IPT/CEMPRE. 1995.
278p.
JACOBI, P. Meio ambiente urbano e sustentabilidade: alguns elementos para a
reflexão. In: CAVALCANTI, C. (Org.). Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e
políticas públicas. São Paulo: Cortez Editora, 1997.
_____. Educação Ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico,
complexo e reflexivo. Universidade de São Paulo, 2005.
MORAES, M.C. Pensamento Eco-sistêmico: educação aprendizagem e cidadania no
século XXI. Petrópolis: Vozes, 2004, 342 p.
PROJETO TERAPIA DA VIDA. A importância da reciclagem para o meio ambiente.
Disponível em: http://www.terapiadavida.com.br/. Acesso em 18 de janeiro de 2013.
REIGOTA, M. Desafios à educação ambiental escolar. In: JACOBI, P. et. (orgs).
Educação, meio ambiente e cidadania : reflexões e experiências. São Paulo: SMA,
1998. P. 43-50.
ROCHA, Everardo Pereira. A sociedade do sonho: comunicação, cultura e consumo.
Rio de Janeiro: Mauad, 1995.
SANTOS, André Michel dos; PINHEIRO, Damaris Kirsch. A reciclagem como
instrumento para a prática de educação ambiental na realidade escolar: estudo de
138
caso Associação de Recicladores Pôr do Sol – Arps. In: La Salle - Revista de
Educação, Ciência e Cultura | v. 15 | n. 2 | jul./dez. 2010.
SÃO PAULO (Estado) Secretaria do Meio Ambiente. A cidade e o lixo. São Paulo:
SMA/CETESB, 1998.
______. Agenda 21 Global: Capítulo 21 - Manejo ambientalmente saudável dos resíduos
sólidos e questões relacionadas com os esgotos. Disponível
em:<http://www.ambiente.sp.gov.br/agenda21/ag21.htm>. Acesso em: 21 jan. 2003a.
SANTOS, E. C.; SILVA,K. N. O consumismo e a questão ambiental numa abordagem
da complexidade e da perspectiva geográfica. Revista Geonorte, Edição Especial,
V.3, N.4, p. 230-239, 2012.
SOBRAL, C. R. S.; KEMP, V. H.; DIAS, T. N.; AVILA, P.; MONTEIRO, R.. Práticas da
educação ambiental e contribuição para a transformação de hábitos e identidades.
In: 3° Congresso Brasileiro de Extensão Universitária, 2006, Florianópolis. 3° Cbeu, 2006.
TRISTÃO, M. As dimensões e os desafios da educação ambiental na sociedade do
conhecimento. In: RUSHEINSKY, A. (orgs). Educação ambiental: abordagens
múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 2002. P. 27-32.
RIBEIRO , F. V.; MARANHO, G.A publicidade e o consumo. Fundação Universidade
Estadual de Maringá. PDE, 2008.
<http://www.ibge.com.br.htm> Acesso em: 22 jan. 2013
139
Download

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DE