UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM CUIDAR DO SER
CURSO DE FORMAÇÃO DO TERAPEUTA COM ABORDAGEM
TRANSDISCIPLINAR E HOLÍSTICA
MARIA ISABEL DA ROCHA MENDES
A INFLUÊNCIA DE UM AMBIENTE NA HARMONIA E SAÚDE DO
SER: OIKOS, UM ESTUDO DE CASO
CRICIÚMA, JUNHO DE 2005
MARIA ISABEL DA ROCHA MENDES
A INFLUÊNCIA DE UM AMBIENTE NA HARMONIA E SAÚDE
DO SER: OIKOS, UM ESTUDO DE CASO
Monografia apresentada à Diretoria de Pósgraduação da Universidade do Extremo Sul
Catarinense- UNESC, para a obtenção do título
de especialista em Cuidar do Ser, Curso de
Formação do Terapeuta com Abordagem
Transdisciplinar e Holística.
Orientador: Prof.(Dr, MSc). Mauro Pozatti
CRICIÚMA, JUNHO DE 2005
Às redes e teias da vida. Àqueles
que acreditam e lutam por um mundo
melhor no aqui e agora em especial a
Unipaz.
Aos filhos Lucas Luís e Vitor
Augusto pela confiança e compreensão da
caminhada.
AGRADECIMENTO
Agradeço de coração e com toda a
minha
inteireza
a
todos
aqueles
que
colaboraram, colaboram e acreditam neste
sonho materializado – Oikos.
Em
especial
Manoel
Mendes,
parceiro e com-pão-heiro de fé, de caminhada,
na
busca
pela
realização
dos
nossos
propósitos, no nosso Ser.
À luz, a clareza e a força do mestre
Mauro Pozatti.
“Sonho que se sonha só
é só um
Sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto
é realidade”.
Raul Seixas
RESUMO
Este trabalho apresenta o Oikos – Lar de Com-vivências e suas relações. Um centro
construído em um terreno rural à 6 km do centro de Criciúma, numa área degradada
pela extração de argila e da mata nativa. Neste espaço foram realizados a maioria
dos encontros dos cursos de Formação Holística de Base da Universidade Holística
Internacional - Unipaz e do Cuidar do Ser convênio entre Universidade do Extremo
Sul Catarinense – UNESC e Unipaz-Sul, além de outras atividades voltadas ao
crescimento e inteireza do ser humano; o trabalho relata a relação dos objetivos
destes cursos com os valores, propósitos, ações e realizações do Oikos. Um
encontro da visão holística e transdisciplinar com a prática. Destaca de que maneira
um centro contribui para a harmonia, saúde e qualidade de vida das pessoas. Ainda,
a história detalhada do Oikos destacando o que foi feito, o que está sendo feito e
sonhado.
Palavras-chave: Oikos, lar, ecologia, harmonia, saúde, qualidade de vida.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Programação resumida 2002/2003.......................................................... 26
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 8
2 OIKOS, LAR DE ENCONTROS E DE RE-ENCONTROS..................................... 10
2.1 A realidade não existe, o sonho é a realidade ............................................... 19
3 PARADIGMAS TRANSDISCIPLINARES E HOLÍSTICOS ................................... 32
3.1 Saúde individual, coletiva, ambiental e espiritual ......................................... 39
3.2 Terapias ambientais ......................................................................................... 43
4 MENSAGENS: COM A PALAVRA OS VISITANTES ........................................... 45
5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 54
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 55
APÊNDICE ............................................................................................................... 56
ANEXOS................................................................................................................... 66
8
1 INTRODUÇÃO
Um espaço harmônico contribui para a harmonia e saúde dos seres e do
planeta. O Oikos foi construído com esse foco, utilizando conhecimentos do Feng
Shui, da permacultura e dentro das possibilidades e realidades locais. Foi feito o
possível dentro da consciência vigente a cada momento, passo por passo, obra por
obra, ação por ação. Foi assim e assim continua.
Um sonho compartilhado entre um casal que se colocou aberto e desperto
para ser “instrumento” de materialização de um sonho que acreditam ser maior do
que eles e do que podem interpretar. Mas eles tinham e têm clareza de algumas
questões essenciais: o desprendimento e entrega, a simplicidade voluntária e o
conforto
essencial,
valores
humanos,
visão
transdisciplinar
e
holística,
espiritualidade, inteireza.
O que buscaram Manoel e Isabel foi um espaço para viver de forma
harmônica com seus dois filhos, receber e compartilhar com amigos a alegria de
viver e compartilhar momentos do cotidiano. Mas ninguém dá o que não tem, afinal
de contas, antes de tudo, é importante a harmonia consigo mesmo, para depois
busca-la com os outros e com a natureza. São as denominadas pelo reitor da
Unipaz, Pierre Weill, Ecologia pessoal, social e ambiental.
Os empreendedores pautaram suas ações no Oikos baseadas em valores
que desde sempre procuram vivenciar: paz e não violência, espiritualidade,
cooperação, ecologia e sustentabilidade. E estabeleceram já de início como missão
o slogan “co-evoluir em harmonia”. Para eles, que evolução é esta que deixa atrás
9
de si um rastro de destruição? E o propósito do Oikos é de ser um local de
convivência (com-vivências) buscando a transcendência do ser.
Este trabalho de conclusão de curso de pós-graduação apresenta a
história detalhada do Oikos, os sonhos, as parcerias, as materializações. Importante
capítulo, com depoimentos registrados no livro de mensagens, registra o olhar, as
expressões e sentimentos de algumas pessoas que estiveram no Oikos. Através de
uma avaliação iluminativa, uma seqüência de fotos comentada, fica mais clara e
ilustrada a história, o processo. A imagem fotográfica remete ao momento, ao
espaço e envolve ainda mais às pessoas.
A teia das relações, a teia da vida, oportunizou que estivessem junto com
alguns grupos e instituições para oferecer a base para formação e interiorização de
diversos cursos, como Formação Holística de Base, Cuidar do Ser, Guerreiros do
Coração, Tenda da Terra, Reiki dentre outros.
Aqui, mister se faz perguntar: O que une? O que tem em comum? Este
trabalho, portanto, pretende descrever cada ponto e desvelar os movimentos que
hoje tem um endereço: rodovia Antônio Just, 1400, Bairro Santa Luzia, 88806-005,
Criciúma, SC. Telefone: (48) 437.8869; e-mail: [email protected].
Desta forma, ficará escrita e ilustrada, do ponto de vista dos
empreendedores, a história do Oikos, que é por onde passa a construção de uma
nova sociedade, do novo mundo. Assim, oportuniza, para quem interessar possa,
que seja abreviado o processo de ideação e estruturação de novas comunidades,
centros e espaços criativos e saudáveis.
10
2 OIKOS, LAR DE ENCONTROS E RE-ENCONTROS
Desde dezembro de 2001 está funcionando em Criciúma um local para
encontros, palestras, seminários, debates, vivências, todos voltados para a
espiritualidade, ecologia, visando à transcendência e inteireza do ser humano. Tratase do Oikos – Lar de Convivência, que possui uma história bastante peculiar.
O Oikos é a materialização do sonho pessoal dos professores Manoel
Mendes e Maria Isabel da Rocha Mendes. Como casal, já que por 15 anos viveram
maritalmente, eles tiveram juntos uma caminhada de busca interior muito próxima,
desde os tempos de juventude, quando participaram de grupos de jovens da igreja
católica, até adultos, quando fizeram faculdade (ele jornalismo e ele engenharia
civil), mestrado (ele ciência política e ela engenharia econômica) e a Formação
Holística de Base da Unipaz – Universidade Holística Internacional. Hoje, eles
continuam na busca, não mais como casal, mas cada um no seu caminho.
Dois sinais foram determinantes para que eles construíssem este centro e
tudo isso ocorreu na Unipaz.
O primeiro ocorreu no ano de 2000 em um seminário facilitado pelo
médico Mauro Pozatti e pela professora Lúcia Torres, ambos diretores da UnipazSul. Neste, durante uma vivência onde se trabalhava os sonhos, o propósito de vida,
orientados pela respiração e acompanhado por músicas e danças. Manoel teve uma
visão de um local para abrigar muitas pessoas no meio de uma floresta com telhado
em forma de uma pirâmide.
O segundo sinal foi quando Manoel e Isabel fizeram a formação de
facilitadores do seminário “A Arte de Viver em Paz”, que faz parte do Programa
11
Beija-Flor, também da Unipaz. Depois de participarem dos encontros com a
professora Glorinha Sobrinho, eles estavam aptos a iniciar o trabalho. Mas faltava
um local aconchegante e acolhedor para isso. O casal foi em busca de alternativas
que acabaram aparecendo; os gratuitos eram locais freqüentados com festas
tradicionais (bebidas alcoólicas, churrasco etc), ou os mais apropriados eram locais
pagos, o que inviabilizaria inicialmente o seminário.
Foi quando surgiu concretamente a necessidade de se ter um local
agradável, aconchegante, harmonioso onde pudessem facilitar o seminário da
Avipaz e até acolher outras programações que viessem ao encontro da prática
sugerida a partir deste seminário. O Oikos estava surgindo.
O seminário da Avipaz se tornou a materialização de um caminho de vida
iniciado há anos pelo casal Manoel e Isabel, já que em 1999 eles iniciaram, em
Florianópolis, a Formação Holística de Base, curso formado por 22 seminários, um a
cada mês. Foram dois anos participando com outros aprendizes da Turma II da
Unipaz-Sul na capital de Santa Catarina, sempre de seminários voltados para a
visão holística. E esta oferece subsídios para que o aprendiz faça seu caminho
considerando e incluindo a cultura e a arte, a filosofia, as tradições sapienciais e a
ciência. Ou seja, uma visão do todo, nunca uma visão fragmentada.
Era o que faltava para o casal se decidir naquele momento, pois como
empresários da comunicação, já vinham se questionando do seu papel como pais,
como trabalhadores e como seres humanos. Eles tinham uma vida econômica
relativamente tranqüila, dentro dos moldes tradicionais. Contudo, para eles não era
tão tranqüilo assim, pois aquilo que tinham criado para viver em paz, estava
justamente tirando a paz. De uma outra forma: aquilo que eles estavam construindo
para ter uma vida mais digna e liberta, estava usurpando a qualidade de vida deles e
12
os tornando escravos daquilo que haviam criado. Foi a gota d’água. Em dezembro
de 2000, eles, enfim, vendem a empresa depois de uma série de tentativas sem
sucesso de repasse e/ou venda.
Este processo de venda da empresa e mudança de vida ocorreu num
prazo de cerca de quatro anos, ou seja, de 1999 a 2002. A venda da empresa se
deu em dezembro de 2000 e a compra do terreno onde foi edificado o Oikos,
iniciada há mais de um ano, somente se concretizou após a negociação da
empresa. Assim, depois de visitar dezenas de opções, o casal Manoel e Isabel optou
em adquirir um terreno próximo a Universidade do Extremo Sul Catarinense –
UNESC – em março de 2001.
Vários foram os motivos pelos quais eles escolheram este terreno de seis
hectares. Dentre eles, cita-se que era próximo ao colégio das crianças, CAP
(Colégio de Aplicação da UNESC), próximo ao trabalho dos proprietários, já que
ambos são professores universitários, está distante seis quilômetros do centro de
Criciúma, dos quais somente 1,4 km de estrada de chão, estava com um preço
dentro das expectativas.
Diante dos pontos favoráveis, também se apresentavam elementos
desfavoráveis como terreno com poucas árvores (foram cortadas tinha oito anos),
área degradada pela cerâmica (figura 1, ver Apêndice). Mesmo assim, o casal
acreditou na potencialidade do terreno e fechou o negócio. Mas as surpresas
continuariam mesmo depois de adquirir o terreno: “Nossa, um buraco!”, observavam.
“Tudo bem, vamos fazer um açude”, logo pensavam. Dias depois, outra surpresa:
”Outro buraco!”. Mas logo vinha outra idéia: ”Tudo bem, vamos construir o Lar de
Meditação!” E assim foi. A cada caminhada pelo terreno uma descoberta, uma
constatação e um acomodar a realidade aos sonhos. “Estamos tentando e
13
conseguindo fazer de um limão uma limonada”, não cansam de repetir os
empreendedores.
Em março de 2001 Manoel e Isabel, enfim, adquirem por um pouco mais
de R$ 70.000,00 os seis hectares onde futuramente seria edificado o que meses
mais tarde eles denominariam de Oikos - Lar de Convivência cujo slogan é “coevoluir em harmonia”. A inspiração veio quando Manoel estava lendo o livro “A Teia
da Vida”, de Fritjof Capra.
Adquirido o terreno, o próximo passo era conhecê-lo mais e melhor. Foi
assim que um grupo de amigos foi convidado para caminhar no espaço (figura 2, ver
Apêndice).
Foram
engenheiros,
arquitetos,
economistas,
artistas
plásticos,
professores, enfim, um grupo heterogêneo que passou quase um sábado inteiro
conhecendo o terreno, discutindo o projeto, projetando sonhos. Como ainda não
existia nenhuma estrutura básica no local, esta foi feita na casa dos vizinhos Pedro e
Magda Savi.
Depois deste trabalho inicial, optou-se pelo levantamento topográfico da
parte frontal do terreno (figura 3, ver Apêndice), que era onde se pretendia fazer as
construções. Também se decidiu pela escolha dos arquitetos: Norberto Zaniboni,
pela sensibilidade, amizade e pelos conhecimentos que tinha da sua área; e Paulo
Oliveira, também arquiteto, só que com conhecimentos em Feng Shui. De certa
forma, os empreendedores acreditavam que os dois profissionais se completavam e
quem ganharia com isso era o local, pois seria resultado da visão dos dois
empreendedores e de dois profissionais com visões diferentes e complementares.
Manoel e Isabel sabiam que o que estavam edificando era mais do que uma
construção comum era algo inovador que incluía corpo, coração, mente e espírito. “É
uma obra, um ponto de luz a serviço da humanidade”, diziam.
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A decisão de envolver os dois arquitetos mostrou-se oportuna e, de certa
forma, influenciou positivamente no estado de espírito das pessoas que freqüentam
o Oikos. É o exemplo da estudante Maria de Fátima Gambalomba1, “Puxa, que lugar
harmonioso”, disse ela ao entrar no Lar de Encontros. Já George Henrique Virtuoso2
declara que “estar no Oikos é participar de um modo de vida hoje tão desejado, mas
que poucas pessoas conseguem”. E finaliza: “No Oikos o respeito à natureza, a
humildade e simplicidade alimentam a linha da vida”.
Como uma sincronia vinda de Fontes Superiores, o Oikos ia se
materializando a passos largos, repetidamente comentados pelos visitantes. “Puxa,
mas as obras estão indo num ritmo muito rápido”. Paralelo a isso, as vidas dos
empreendedores tomando novos rumos.
Em maio de 2001 Manoel e Isabel participam do último seminário da FHB
da Unipaz e no mês seguinte, dia 30 de maio, partem para Espanha com um grupo
de amigos a fim de fazer o Caminho de Santiago, uma das trilhas que recebe mais
peregrino no mundo. Antes, Manoel faz um vôo com uma aeronave do aeroclube de
Criciúma com o objetivo de fotografar a situação do local antes de se iniciarem as
obras (figura 4, ver Apêndice). Ele ficou surpreso com a quantidade de argila a céu
aberto e com o grande número de buracos deixado pela extração daquele minério.
Mas nada os desanimava, pelo contrário.
Antes da viagem a Europa, Manoel e Isabel também tiveram reuniões com
os arquitetos (figura 5, ver Apêndice) que ficaram encarregados de estudar o terreno
e, a partir do levantamento topográfico, sugerir um mapa de zoneamento do local.
Assim foi feito.
1
2
a
estudante da 4 . série do ensino fundamental de uma escola de Içara.
29 anos, acadêmico da quinta fase do curso de Ciências Contábeis.
15
Um dado importante ocorrido no Caminho de Santiago, que se iniciou em
1o de junho de 2001 e terminou no dia 29, foi relevante para que os arquitetos
decidissem pela forma da primeira construção do Oikos, que foi o Lar de Encontros.
Foi o fato dos empreendedores cantarem na primeira semana do caminho em uma
igreja octogonal (figura 6, ver Apêndice). “Foi muito emocionante”, comentaram. Este
relato aos arquitetos os influenciou na decisão de planejar o Lar de Encontros
também em forma octogonal. Assim foi feito; antes disso, os quatro ainda visitaram a
Fundação Gaia, no Rio Grande do Sul, com o objetivo de conhecer construções
alternativas daquele espaço.
Antes de iniciar a obra, Manoel, Isabel, Norberto e Paulo se reuniam
quase que semanalmente para discutir o projeto até que o primeiro esboço ficou
pronto. Foi o zoneamento do terreno (Anexo 1), que previa a construção de um Lar
de Encontros para 100 pessoas, de um Lar de Descanso (alojamento) para 30
pessoas e de um Lar de Meditação. Importante ressaltar que uma das
características das edificações no Oikos é justamente “ouvir o terreno”. Jamais as
construções foram pensadas levando em consideração terraplanagem ou outro
serviço complementar. “Como o homem deixou o terreno é como devemos agir,
nada de abrir mais feridas”, era o pensamento. E isto fez uma grande diferença.
Depois de oito meses de levantamentos, viagens, estudos, discussões,
avaliações e reavaliações, enfim o projeto do Lar de Encontros estava pronto e
aprovado no início de novembro. O local escolhido era justamente a parte mais baixa
do terreno, onde a obra seria construída em forma de “palafitas”, suspensa no ar, à
quase 4 metros de altura. O local tinha “naturalmente” a forma de garganta, o que
ofereceu aos arquitetos a oportunidade de assentar a obra em dois barrancos
colocando ali duas portas de acesso, a principal no lado norte, e a secundária no sul.
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Tudo estava perfeito, inclusive a inclinação solar era estratégica batendo sol o dia
inteiro em toda a construção.
O próximo passo era criar as condições de infraestrutura e escolher o
grupo de profissionais para iniciar a obra.
No final do mês de setembro, o trator de esteira entrou lentamente no
terreno com um objetivo: reabrir as estradas já fechadas pelos quase 10 anos sem
uso (figura 7, ver Apêndice). A máquina entrou pelo antigo acesso usado pela família
que morava no local e até pela empresa que extraiu argila e retirou as árvores. Tudo
minuciosamente calculado para que nenhum metro de estrada saísse do antigo
caminho; o cuidado era para que nenhuma “ferida” fosse aberta já que tantas
estavam à mostra. Até os antigos moradores foram consultados para saber se
aquele era realmente o antigo trajeto.
Como na família tinha dois meninos que gostavam de esportes,
aproveitou-se a presença do trator no local para preparar a base para um campo de
futebol em dimensões reduzidas, mas que oferecesse as condições para práticas
desportivas. Tanto é assim que o campo ficou pronto muito antes do Lar de
Encontros, já que a grama foi plantada em forma de leivas (figura 8, ver Apêndice).
Em outubro de 2002, quando foi comemorado o aniversário de 10 anos de do Vitor
Augusto, segundo filho de Manoel e Isabel, o campo pode ser inaugurado com
muitas brincadeiras.
Depois de quase duas semanas de trabalho e de vários problemas com a
máquina, enfim esta parte tinha chegado ao final. Era necessário continuar, pois
muito ainda havia que fazer, muito ainda tinha que avançar, muito ainda haveria de
ocorrer. Era só o começo.
17
Saiu o trator, deixando para trás a estrada de barro a céu aberto, sem
nenhum capeamento. Mesmo sabendo que naquelas condições ficava difícil o
tráfego de automóveis e caminhões, tão intensos numa obra, acabou-se
descobrindo que até o trânsito de pedestre ficava praticamente inviável. Era
necessário, urgentemente, um produto para solar a estrada e dar condições de
tráfego.
Depois de algumas semanas, enfim, conseguiu-se alguns caminhões de
seixo, o que melhorou sobremaneira as condições do local. Contudo, o material foi
colocado somente nos 100 primeiros metros, ficando os outros 200 metros de
estrada sem nenhum produto. O que aconteceria só mais tarde, precisamente no
mês de janeiro de 2002, desta vez, o material era resto de lajotas que ofereceu ao
local uma harmonia pela sua cor avermelhada. Este produto de difícil acesso é o que
ainda hoje é usado nas estradas e caminhos do Oikos, carinhosamente chamado
por alguns de “caminhos vermelhos”.
Final de novembro chega o primeiro caminhão com todo material
necessário para construir o barraco de armazenagem dos equipamentos, máquinas
e produtos que seriam usados na construção da primeira obra: o Lar de Encontros.
O trabalho iniciou-se em dezembro de 2001, mas de forma lenta, pois as primeiras
ações eram a abertura dos buracos para fazer as sapatas, onde se sustentaria o
espaço denominado Lar de Encontros.
O processo de convivência com a empresa contratada para edificar a
primeira obra não foi dos mais tranqüilos, mas, hoje, passados três anos do final dos
trabalhos, percebe-se que apesar de alguns desentendimentos, o que ocorreu ainda
é considerado “normal”. Isto porque, mesmo que no acabamento a empresa ficou
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devendo em qualidade, ela entregou a obra no tempo acordado e em condições
ainda aceitáveis e dentro dos parâmetros.
Estradas iam sendo abertas, obra em andamento, foi então que se sentiu
necessidade da contratação de um profissional que ajudasse nos trabalhos externos
do Oikos, por isso em dezembro de 2001 a contratação de Juarez Manoel que foi se
oferecer para trabalhar e foi de imediato aceito. Um excelente profissional que só
deixou o espaço depois de pouco mais de dois anos, porque quis voltar para sua
terra natal, a localidade de Guatá, em Lauro Müller, Santa Catarina.
Juarez foi o responsável direto no apoio total no início de todo o processo
do Oikos. Junto com o professor Manoel, percorreu todo o espaço, que conhecia
como a palma da mão. O fez abrindo os quase dois quilômetros de trilha, plantando
quase duas mil árvores nativas, das quais umas 400 frutíferas, uma pequena parte
comprada, mas a grande maioria cedida pelo horto florestal da Universidade do
Extremo Sul Catarinense, umas das primeiras parceiras do espaço. Também
levantando 600 metros de cerca na divisa sul do terreno, terra esta que estava em
litígio familiar e que, portanto, se mostrava necessário um limite, pois de tempos em
tempos observava-se movimentos de pessoas estranhas. As demais extremas, tanto
com a família Savi - no setor norte - quanto com o professor Dourival Giassi – no
setor leste, até hoje é mantida sem cerca; esta só existe onde se faz necessário,
para que o gado não ultrapasse a divisa e comprometa o plantio.
Paralelo a construção do Lar de Encontros (Anexo 2) que se desenvolveu
normalmente em 2002, em meados daquele ano iniciou-se também outras
construções, que foram o Lar do Cuidador (Anexo 3) e os dois Lares de Descanso
(Anexo 4) (Lar do Guerreiro, para os homens, e Lar da Mestra, para as Mulheres).
Importante ressaltar que o planejamento previa a construção de quatro casinhas
19
com o mesmo projeto, só que a disposição delas de acordo com as direções é que
mudaria. Por isso construiu-se as duas primeiras e os nomes seguem as indicações
dos portais xamânicos, ou seja, Norte (Lar do Guerreiro) e Oeste (Lar da Mestra).
O sistema de construção foi alterado em relação ao Lar de Encontros,
onde foi usado muito concreto. Para as demais construções, optou-se em edificar as
casas de pinos e eucalipto, portanto mais ecológico, e para isso foi contratada uma
madeireira ao invés de uma construtora. A empresa executou as construções a partir
do projeto criado pelo arquiteto Norberto Zaniboni, que planejou as construções
especificamente para o Oikos a partir das indicações do terreno e dos
direcionamentos dados pelos empreendedores.
Diferente do Lar de Encontros, cuja obra completa levou 12 meses para
ser concluída, as casas de madeira seguiram num prazo bastante rápido. As bases
destas três construções iniciaram em outubro de 2001 com a contratação dos
vizinhos André, Pedro Paulo e Demi, que deixaram a agricultura e passaram a ser
respeitados profissionais da construção civil. Desta vez foi uma decisão ponderada e
o relacionamento fluiu de forma tranqüila e em um clima de bastante respeito e
amizade. Eles trabalharam inicialmente no Lar do Cuidador e depois passaram para
os dois Lares de Descanso. Para só depois dar atenção ao Lar na Árvore.
2.1 A realidade não existe, o sonho é a realidade
As obras começaram a chegar ao seu fim. No início de dezembro de 2002
a construtora entregou o Lar de Encontros com alguns pequenos detalhes que
depois foram finalizados. Faltavam, agora, os acabamentos como vidros, pintura,
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instalação elétrica, limpeza do local etc. Importante ressaltar que a pintura já havia
iniciado antes mesmo da construtora finalizar o seu trabalho.
Lá estava, portanto, uma vistosa obra, descansando numa garganta de
argila, que se colocava a serviço da humanidade como ponte, a ser voz de uma
nova forma de ser e de viver (figura 9, ver Apêndice). E foi assim que a primeira
programação aberta foi justamente com o grupo denominado “Guerreiros do
Coração” que focalizou um trabalho para jovens entre 10 e 14 anos. Era o prenúncio
do que estava por vir.
Finalizado o Lar de Encontros em dezembro de 2002, a (figura 10, ver
Apêndice), para onde Manoel, Isabel e seus dois filhos - Lucas e Vítor - se mudaram
na páscoa, exatamente nos dias 18,19 e 20 de abril. Em julho de 2003 foi a vez dos
Lares de Descanso serem entregues pela madeireira, contudo, eles ficaram
finalizados (figura 11, ver Apêndice) no mês seguinte, só depois dos trabalhos de
acabamento como vidros, pintura, instalação elétrica.
Com a vivência direcionada para jovens guerreiros (figura 12, ver
Apêndice), que também acabou envolvendo os pais e padrinhos, estava dado o
início, portanto, das ações no Oikos. Já se pensava em outras programações para
2003.
Tudo no Oikos procura seguir o ritmo da natureza, por isso as construções
foram edificadas tendo como base à vocação do terreno, que em todas as ocasiões
foram resultados da interferência do homem. Também a água no espaço seguiu esta
tendência.
Como a Companhia de Água e Saneamento de Santa Catarina – Casan –
não chega até onde está edificado o Oikos – a adutora está a um pouco mais de
1000 metros distante – fez-se necessário o desenvolvimento de ações internas para
21
resolver o problema de abastecimento de água e de tratamento do esgoto. Assim,
durante um ano, o professor Manoel passou estudando o fluxo da água no espaço.
Anotava os momentos de cheia, de seca e procurou cruzar as informações com o
levantamento topográfico e dar um sentido para as águas. Para ele, a água não se
controla, se conduz. E foi o que tentou fazer.
Estudado, portanto, em detalhes a performance da água nas quatro
estações, decidiu-se por um projeto de condução da água. A partir daí contratou-se
um operador de retroescavadeira que trabalhou com sua máquina por quase dois
meses colocando este plano em prática. Foi assim que o açude atrás do campo foi
aberto, além de aprofundado aquele que fica defronte ao Lar de Meditação.
A retroescavadeira serviu também para abrir o círculo onde os carros
fazem o retorno, exatamente no meio do terreno, denominado Anel da Amizade.
Aqui, inclusive, está reservado um espaço para a construção de uma comunidade
com algumas famílias que edificariam as suas casas, umas de frente para as outras,
como nas civilizações tradicionais, obedecendo ao anel que já estava no terreno.
A retroescavadeira deu suporte em outros pequenos trabalhos também
como o acabamento dos patamares que ficam a direita da entrada do Oikos. Aqui,
desde o início houve a tentativa de plantação de grama e outras plantas rasteiras,
com o objetivo de evitar que a terra fosse retirada com as grandes enxurradas. Este
local é um dos poucos espaços que a argila ainda está exposta, quase sem
nenhuma proteção, apesar das muitas tentativas.
Importante lembrar que o trabalho da retro foi pago com um terreno que
Manoel e Isabel tinham no vizinho município de Forquilhinha.
Mencionar a água, também é mencionar os três poços abertos em cada
construção onde se fizeram necessários, ou seja, Lar de Encontros e Lar de
22
Alimentação (que será mencionado logo em seguida), Lar do Cuidador, Lares de
Descanso. Antes de abrir cada um foi consultado o senhor Caetano, morador no
município de Içara que, com uma forca de galho de pessegueiro, passeou pelo
terreno sugerindo os melhores locais onde devesse abrir os poços (figura 13, ver
Apêndice). Seguiu-se suas sugestões e, até o momento, elas se mostraram corretas.
Exceto logo no início da abertura dos poços, já que era um período de seca e o nível
havia baixado para situações consideradas limite, dificultando a reposição do líquido.
Este problema de abastecimento, sentido na construção principal, foi
resolvido definitivamente com a construção de uma cisterna em outubro de 2003
(figura 14, ver Apêndice), que armazena cerca de 24 mil litros de água. Este líquido
é usado para todas as atividades, como banheiro, lavar carro, calçadas, molhar
canteiros. A água da cisterna só não é usada para consumo humano.
A história do Oikos também está bem estreita com os animais e aves.
Dentre os animais o que mais se evidenciam são os cachorros, já que dificilmente
passa o mês sem que pelo menos um chegue ao local. Foi assim com a
Companheira, Dona Maria e Simpático, os três cães que até a pouco estavam no
espaço. Até a pouco porque há semanas o Simpático desapareceu.
E é sempre assim, eles chegam, são alimentados, alguns cuidados com
vacina, vermicida e depois se vão. Os cachorros são soltos pelos donos e chegam
ao Oikos depois de perambular vários dias e em estado de saúde bastante
complicado. Depois de um tempo já estão bons e prontos para seguir seus
caminhos.
De todos que passaram, e foram muitos, dois ainda permanecem, sendo
que só um animal está desde o início da construção. Trata-se da cachorra
Companheira, que chegou ao local com mais três filhos, todos doados. Contou o
23
vizinho Luiz Savi que a cachorra foi deixada no asfalto por um automóvel com quatro
filhotes, mas que um foi logo atropelado pelo primeiro carro que passou, restando a
ela deixar o local e encontrar um abrigo seguro pra si e seus filhotes.
Depois de andar sem destino pela rodovia Antônios Just, estrada que
passa defronte ao Centro, a família chegou no Oikos. Manoel e os trabalhadores da
construção se solidarizaram com os animais e começaram a trazer comida e até dar
seus restos de alimentos para os cachorros que, famintos, devoravam tudo. Era o
sinal que eles precisaram para fazer do local seu novo lar. E assim foi feito.
A companheira está no local há quase quatro anos e ali já deu a luz a 10
cachorros em duas gestações, uma com seis e a outra com quatro filhotes. Também,
todos foram doados a amigos que visitavam o local e se afeiçoavam com os animais.
A cachorra companheira leva este nome justamente porque segue todo grupo que
vai conhecer o espaço, acompanhando as pessoas nos diversos lugares, inclusive,
já guiou um grupo que se perdeu nas trilhas. “Vamos seguir a companheira”,
pensaram. E deu certo. Ela vive solta no espaço e não entra em nenhuma
construção, permanecendo sempre nas portas dos locais onde existem pessoas. Ela
também não estraga os canteiros, sempre os contornando, e jamais escondeu um
sapato, chinelo ou coisa parecida. Ela é uma excelente guardiã, avisando sempre
que há algo estranho, principalmente à noite: quando ela late, são pessoas
chegando ou são os animais noturnos.
Além da companheira, o outro animal que vive atualmente no Oikos, é a
cachorra Dona Maria. Quando chegou ao espaço, há mais de um ano, ela mancava,
pois a perna direita estava com uma séria ferida. Magra, fraca e sem tratamento, o
local infeccionou e criou bicheira, obrigando os moradores a tratar com vacina e
remédios todos os dias. Do local exalava um cheiro insuportável que, aos poucos, foi
24
diminuindo, até que sarou por completo. Hoje, Dona Maria descansa em sua casinha
próxima ao Lar das Ferramentas, junto aos patos e gansos.
Além dos cachorros, também no Oikos vivem outros tipos de aves como
os três gansos sinaleiros. O espaço foi presenteado com um casal de ganso no final
de 2003 e em 2004 a família aumentou, ficando assim com duas fêmeas e um
macho.
Além dos gansos, existe um casal de pato branco, a Filomena e o
Godofredo. Deste casal, a fêmea foi substituída depois que a primeira sofreu um
ataque de lagartos quando chocava na ilha dos Coelhos. Os coelhos permaneceram
no local por quase dois anos, mas em 2005 foram todos doados.
Os gansos, tanto quanto os patos vivem soltos a beira do açude ao lado
do Lar do Fogo, perto do Lar de Encontros. Mas ali próximo, presos no Lar dos
Animais, também existem galinhas e codornas cultivadas para postura e os ovos
usados na mesa em forma de pão, bolo, salada, farofa. Este local foi planejado num
espaço de 4x4 com quatro divisões. A água servida aos animais é coletada da chuva
e a cama de esterco (mistura de fezes das galinhas e cepilho) é colhida a cada
semana e usada na horta. O resto de comida que sobra das galinhas, também é
recolhido e depositado num tambor que fica disposto defronte ao local para fazer a
compostagem.
Na construção do Lar dos Animais foi criado um espaço planejado
especialmente para as codornas, onde suas fezes ficam depositadas numa espécie
de gaveta que é limpa duas vezes por semana. Como as codornas caminham em
cima de telas, suas fezes caem na gaveta debaixo, mas em cima de jornais
estrategicamente dispostos. A limpeza, portanto, é feita puxando a gaveta e
retirando os jornais, substituindo por outros. Dali, todo material recolhido vai para um
25
setor de composto, onde é misturado a outros materiais como cinza do fogão, cinza
preta – da casca de arroz – material da compostagem, churume etc.
A plantação do Oikos é um capítulo à parte, pois, como foi dito, o espaço
está num local onde até há menos de 10 anos foi extraída argila para cerâmica
vermelha, usada na fabricação de telhas e tijolos. Portanto, o barro vermelho está à
mostra em boa parte do espaço onde foram edificadas as construções, nos primeiros
três hectares do terreno, num total de seis. Como se sabe, não existe matéria
orgânica na argila e, sem isso, fica impossível plantar e, conseqüentemente, colher.
Mas existem alternativas. Todo problema traz em si a solução.
Sempre existem outros caminhos, é só procurar. E eles chegaram via
permacultura incentivada pelo amigo Itamar Vieira (figura 15, ver Apêndice). Hoje,
colhe-se em cima do terreno argiloso praticamente todos os tipos de verdura numa
qualidade e quantidade quase suficientes para o abastecimento do Lar de
Alimentação (figura 16, ver Apêndice), sendo que, às vezes, o excedente é
comercializado entre amigos. Importante dizer o óbvio, afinal de contas, às vezes o
óbvio deve ser dito: não se usa nada de agrotóxico e nada de químico no espaço,
para nenhum tipo de plantação.
Atualmente, colhe-se no Oikos: alface, rúcula, brócolis, cenoura,
beterraba, rabanete, salsinha, cebolinha, batata doce, aipim, milho, abóbora,
abobrinha, chuchu, dentre outros. Entre as árvores frutíferas, destacam-se as
laranjas (diversos tipos), araçá, goiaba, mamão. Até o ano de 2005, foram plantadas
quase três mil árvores nativas no espaço, sendo que destas, cerca de 400 são
frutíferas como ameixa e pitanga.
Também o palmito tem tido uma atenção especial, pois é um dos
principais alimentos dos tucanos, ave esta que há dois anos sobrevoou o espaço e
26
fora vista pelo Manoel. “Desejo que um dia eles permaneçam aqui e não passem
direto como estão fazendo”. Mas para isso é necessário ação, coisa que está sendo
feita. Muitas mudas plantadas no Oikos são feitas no próprio espaço, mas outras são
compradas e a maioria veio do horto da UNESC, fruto literal da parceria entre as
duas instituições.
Às vezes parece que tudo o que o espaço está precisando a cura vem por
intermédio dos cursos ali desenvolvidos. Principalmente no primeiro ano de atividade
quando as programações se encaixavam e se viabilizavam com certa leveza. Foi
assim com o Curso de Permacultura (figura 17, ver Apêndice), com o Curso de Reiki
I e II, Curso de Jogos Cooperativos, dentre outros conforme tabela abaixo (figura 18,
19, 20, 21e 22, ver Apêndice).
Tabela 1 - Programação resumida 2002/2003
OIKOS - Lar de Convivências
Ano Meses
Programação
2002 Dezembro Guerreiros do coração para jovens
2003 Fevereiro Início da Formação Holística de Base (desenvolveu-se no Oikos até junho/04)
Março
Palestra de permacultura com Jorge Timmerman
Abril
Maio
Mudança da Família para o Oikos
Início do Curso de Permacultura (desenvolveu-se no Oikos até setembro)
Aniversário de 13 anos do Lucas Luís
Início do Cuidar do Ser (desenvolveu-se no Oikos até junho de 2005)
Junho
Julho
Agosto
Trabalho com a prefeitura de Torres e de Orleans
I Julhoikos – Férias para Jovens
Oficina de Tambor (Jeverson Reichow e Elenice Sais)
Reiki I
Setembro Reiki II
Conchas da Água Doce (Érica Brandt)
Outubro Encontro com Susan Andrews
Novembro Oficina de Jogos Cooperativos (Fábio Broto)
Xamanismo – Cuidar do Ser (Stanley Krippner)
Fonte: da pesquisadora
27
Mas a sincronia dos cursos sintonizado com a cura do espaço iniciou
muito antes dele começar a se materializar, haja vista que o octógono – Lar de
Encontros – foi inspiração de Manoel e Isabel quando tiveram uma vivência
marcante numa igreja Octogonal logo no início da trilha de 29 dias entre San-JeanPied-De-Port (França) e Santiago de Compostela (Espanha). E as sincronias não
pararam por aí.
Em julho de 2002, Manoel, Isabel e o amigo Jair Cabral viajaram a São
Paulo onde participaram, em Nazaré Paulista, do I Treinamento em Ecovilas do
Brasil, com apoio das Nações Unidas e da Findhorn Fundation, da Escócia. O
propósito era aprofundar o tema Ecovila, pois a idéia inicial era formar um grupo de
famílias que vivessem de forma comunitária no Oikos e que tivessem envolvimento
direto com a organização, manutenção e atividades do espaço. Em São Paulo, o
objetivo foi alcançado e até ido além, pois naqueles dias conheceram o arquiteto
Edson Hiroshi, referência na Bioconstrução hoje no Brasil e no exterior. Além dele, o
técnico em argamassa Eldimar Torres.
O contato com a bioconstrução foi forte para o casal que deixou quase
certa a visita de Torres a Criciúma para desenvolver alguns projetos no Oikos. Foi o
que se configurou meses mais tarde com a viagem de Torres e de sua companheira
Ângela a Criciúma. Na cidade, eles ficaram por 10 dias orientando o processo de
construção de uma piscina de tratamento da água preta (vaso sanitário) para o Lar
de Encontros (figura 23, ver Apêndice) e do teto do Lar de Meditação (figura 24, ver
Apêndice) –ambos em ferrocimento. O trabalho foi iniciado com o acompanhamento
de Torres, mas, devido a necessidade de dar atenção a trabalhos iniciados em
outras regiões do país, foi finalizado sem a presença dele. Além da piscina de
tratamento por zonas de raízes, construída para filtrar naturalmente a água preta do
28
Lar de Encontros, também foi construída outra piscina para filtrar as águas pretas
dos Lares de Descanso e do Lar do Cuidador. Desta vez com o acompanhamento e
o dimensionamento da EPAGRI (Empresa de Pesquisa e Extensão Rural de Santa
Catarina).
A finalização de uma etapa sempre provoca o movimento de outras
seguintes. No Oikos, este movimento foi facilmente perceptível quando em
dezembro de 2002 foi finalizado o Lar de Encontros. A construção estava finalizada
e agora não tinha mais como voltar atrás e nem se movimentar lentamente. Foi
necessário ação.
Era necessário terminar os poços de abastecimento de água porque não
existia possibilidade da CASAN (Companhia de Água e Saneamento de Santa
Catarina) oferecer o líquido pela distância e falta de pressão; era necessário dar
condições de acesso ao Lar de Encontros porque ao redor do espaço o barro estava
à mostra; era necessário fazer uma limpeza geral ao redor da construção, abrir as
trilhas, enfim, o trabalho estava só iniciando.
Além disso, a construção estava vazia sem nenhum móvel. Era necessário
conseguir desde cadeiras, mesas até pratos e talheres, xícaras, pires, ou seja, todo
o material necessário para o desenvolvimento do curso, seja ele no Lar de Encontros
ou nos lanches e refeições. Como em todas as ocasiões, o Grande Mistério se
manifesta e praticamente todos este material chega ao Oikos. É que a irmã de
Isabel, Maria Inês, estava se mudando de Praia Grande, onde tinha uma pousada,
para trabalhar em Criciúma. Ela trouxe toda mobília que foi prontamente usada,
tanto no Lar de Encontros, como mais tarde nos Lares de Descanso e no Lar de
Alimentação. Eram cadeiras, mesas, colchões, fogão a gás e a lenha, almofadas,
geladeira etc.
29
Dadas às condições de funcionamento do Lar de Encontros, logo se sentiu
a necessidade de um Lar de Alimentação apropriado e de Lares de Descanso
confortáveis para homens e mulheres. Enquanto se pensava nestas opções, o
arquiteto Norberto Zaniboni e os empreendedores já estavam no processo de
definição do projeto do Lar do Cuidador, espaço onde a família cuidadora, no caso
Manoel, Isabel e os dois filhos, iria morar. Decidido, a construção iniciou no verão de
2003 e a mudança ocorreu na páscoa daquele ano.
Logo depois de finalizar o Lar do Cuidador, foram iniciadas as obras dos
Lares de Descanso. O Lar da Mestra (porta para o oeste) e o Lar do Guerreiro (porta
para o norte), sendo que cada casinha conta com 16 camas para cada lar e um
banheiro com dois chuveiros e um vaso sanitário. Estas construções terminaram em
novembro de 2003.
Um capítulo interessante no Oikos foi justamente o processo de
construção do Lar de Alimentação. Afinal de contas, um espaço como o Oikos,
necessitava de um uma cozinha onde fossem preparados as refeições e também um
refeitório. No início de 2003 a solução encontrada pelos amigos Zenaide, Ju e Bel
Nietto, que trabalharam na cozinha, foi montar um espaço embaixo do Lar de
Encontros (figura 25, ver Apêndice). Ali, no meio de restos de construção e chão
batido, eles faziam o milagre da alquimia. Brincavam que eram os “sem teto” porque
a cozinha tinha ganhado paredes de lona preta. “Estamos acampados”, brincavam.
Depois de terminados o Lar do Cuidador e os Lares de Descanso, mesmo
sem ter disponibilidade financeira, os empreendedores decidiram encarar a
construção do Lar de Alimentação em janeiro de 2004 justamente onde não se havia
planejado: embaixo do Lar de Encontros. Em abril daquele ano a obra foi terminada
e para surpresa dos empreendedores, o restante da mobília que faltava veio da
30
disponibilidade da mudança dos pais de Manoel, Martinho e Eugênia, que naquela
época estavam fechando um apartamento alugado em Criciúma.
O ano de 2004 também seguiu o ritmo das descobertas e das realizações
com
algumas
obras
e
algumas
programações
interessantes.
Dentre
as
programações, destaca-se o estágio da Unipaz (Anexo 5), que foi aberto ao público,
onde os participantes tiveram noções básicas da permacultura, e participaram de
oficinas de produtos naturais (figura 26, ver Apêndice) (alimentação, produtos de
limpeza e de higiene pessoal). Também neste período houve um grupo de
Guerreiros do Coração (homens) e da Tenda da Terra (mulheres). Também na
campanha do candidato a vereador, Jair Cabral, membro do grupo de amigos do
Oikos, o espaço foi usado para vivências e mencionado como referência da
sociedade e organização próxima da que se deseja para a humanidade. Tudo pela
sua espiritualidade e respeito. Jair tinha como slogan de campanha “em defesa da
vida”.
Nestes 30 meses de funcionamento, já passaram mais de 1 mil pessoas, seja
participando de encontros, palestras, debates, vivências direcionadas a grupo de
auto-conhecimento, espiritualistas e religiosos, seja para pessoas que, por
curiosidade, acabam visitando o local (figura 27, 28, 29, 30, 31 e 32, ver Apêndice).
Os recados deixados no livro de assinaturas demonstram uma variedade de
conclusões e diferentes sentimentos.
O sonho de Manoel e Isabel, visualizado ainda quando eram aprendizes
da Unipaz não é mais sonho. Está materializado num conjunto de obras edificadas a
partir do “ouvir” a vocação do terreno. O sonho deles está contagiando centenas de
pessoas que, ao terem contato com o espaço, percebem a importância de uma vida
simples, baseadas na ecologia, na espiritualidade e no trabalho.
31
Como escreveu o artista plástico Alexandre Rocha, de Araranguá, em
março de 2003: “A realidade não existe... os sonhos existem. Estou encantado...
obrigado por serem ousados nos seus sonhos”.
32
3 PARADIGMAS TRANSDICIPLINARES E HOLÍSTICOS
O
ser
humano se
diferencia
dos
outros
animais
por
diversas
características, dentre elas é que é um ser inteiro, formado por corpo, coração,
mente e espírito. Contudo, seu processo de degeneração mental tem tornado sua
mente obtuso para questões complementares fundamentais, principalmente a de
que é um ser inteiro, e não fragmentado. Esse desvio, o leva a viver dentro dos
padrões vigentes da sociedade onde reina o consumo, o individualismo ancorado no
faz de conta “respeito às individualidades”, sem questionar. Vive, portanto, dentro de
uma visão mecanicista, materialista e reducionista da realidade. É um sujeito
“normal”; normótico.
Normose, no dizer de Roberto Crema (2005), é a dificuldade de ver o
óbvio; propaga-se por um instrumento efetivo, subliminar. Passa a idéia de
liberdade; a ilusão de que tudo é de verdade.
Este é o paradigma vigente e considerado “normal”. Mas isso não ocorre
quando a grande maioria dos freqüentadores do Oikos conhece detalhadamente o
espaço, suas construções, seu funcionamento e vivencias. “Elas chegam ao Oikos
para uma visita ou vivência e saem balançadas, mexidas”, comentam os
empreendedores.
Neste contexto, o Oikos surge como um espaço que contribui para paz, a
saúde e a inteireza do ser. O olhar é estruturador dos seres e todos os sentidos
sensoriais: audição, olfato, paladar e tato o que conecta ao presente. O Oikos, por
assim dizer, propõe que as pessoas se remetam a viver o presente e assim o
“presente” é estar alinhado aos propósitos, a missão, a essência da vida.
33
Aqui, como já vimos, não chega água da companhia estadual de
saneamento, o abastecimento é feito por água de poços artesanais e água da chuva
que são coletadas e armazenadas numa cisterna e nos açudes. Também é feito o
tratamento de água preta (água dos vasos sanitários) através de piscinas de
tratamento de esgoto usando “zona de raízes”. A água cinza (água dos chuveiros e
pias) vai para os círculos de bananeira e retornam para a terra.
No Oikos, existe um convite, que é o da introspecção, do silêncio. Um
espaço de mata em regeneração e respeitado já é um grande motivo para tal,
mesmo que muito próximo do centro da cidade.
Mas os convites não param por aí. Eles vão além, pois se completam
quando a idéia é vivenciar valores e hábitos no espaço que são:
- tirar os calçados que são usados no ambiente externo para entrar nos
ambientes internos;
- seleção do lixo;
- evitar fotografias (viver o momento);
- usar telefone celular fora dos ambientes internos;
- evitar fumar; senão fumar apenas nos locais indicados;
- não usar bebida alcoólica;
- não usar refrigerantes;
- alimentação o mais natural possível;
- usar sabão, sabonetes produzidos no local;
- autogerir-se: lavar louças, apagar lâmpadas...
- economia de água (evitar qualquer desperdício);
- consagrar o momento da alimentação.
34
Estes aspectos proporcionam o despertar para a possibilidade de realizar
ações fora do “normal” e que proporcionam bem estar de um grupo, de cada ser.
Invariavelmente as pessoas acatam o convite sem questionar e se entregam na
busca do novo. Raríssimas exceções têm-se observado na não vivências dos
valores citados acima, o que para os cuidadores do Oikos, trata-se de um grande
início, “quase uma tendência”, de que as pessoas mais do que buscar estão
desejando o novo, estão abertas e querendo vivenciar.
“Educar é dar exemplos”, pensam Manoel e Isabel. Neste sentido eles se
sentem educadores e questionadores da normose.
A questão urgente a ser revista em todo este processo é a educação. A
educação vigente é amputada; limita-se a repassar conceitos e conhecimentos que
não proporcionam encanto ou a indignação, nem ampliação da visão e consciência.
A educação necessita de uma revisão de conceitos (sentido das palavras), mitos e
crenças. E a grande saída é o exemplo, a vivência comprometida com a
espiritualidade e a ecologia.
Este tempo presente é momento em que a ciência se esgotou... os mais
profundos estudos chegam ao ilimitado, ao infinito; a religião se esgotou... não há
mais dogma que suporte a amplitude e a busca dos seres.
Um novo mundo é possível, através de uma nova educação, novas
práticas, mas que seja vivenciados amorosa e abertamente. Práticas essas
pautadas na revitalização e reinvenção da educação.
A Unipaz é um exemplo desta nova maneira de educar e ancora sua
prática na visão transdisciplinar e holística. O Manual do Aprendiz da FHB da
Universidade Holística Internacional (1998, p. 5).define este novo paradigma.
35
Conforme definição contida na Carta Magna da UnHi Paris, o novo
paradigma holístico considera que “cada elemento de um campo como um
evento que reflete e contém todas as dimensões do campo. É uma visão
na qual o todo e cada uma de suas sinergias estão estreitamente ligados
em interações constantes e paradoxais.
Já um dos renomados pensadores da transdisciplinariedade, o francês
Basarab Nicolescu apud Jean Yves Leloup (2005, p. 95), diz que:
A abordagem transdisciplinar aponta para uma realidade multidimensional,
que se estrutura numa pluralidade de níveis, o que transcende,
definitivamente a unidimensionalidade da visão clássica. Há nesta unidade
aberta, diversos níveis de realidade, com suas naturezas intrínsicas, leis
próprias e lógicas distintas. No mínimo, três se destacam: o nível
macrofísico, o microfísico e o cyber-espaço-tempo, juntamente com as
duas supercorda.
Representantes da ciência, filosofia, arte e tradição; os cientistas que
fazem a ciência de ponta estão abertos ao transcendente, que vai além da lógica
formal. Consideram os vários níveis de consciência coexistindo e interferindo na
realidade de cada ser deste universo quântico.
Indo ao encontro desta visão, o Manual do curso de pós-graduação
denominado “Cuidar do Ser” da Universidade Holística Internacional (2003, p.11) em
convêncio com a Unesc, ainda complementa:
Numa visão transdisciplinar e holística da realidade, podemos ter uma
percepção integradora de tudo, onde a totalidade se distribui de maneira
hologramática em todos os hólons que a compõem. O ser humano, como
um hólon, também é um ser inteiro sendo, porém, ao mesmo tempo uma
parte da totalidade. Quando o hólon humano busca a sua inteireza, sua
harmonia consigo mesmo, com os outros, com sua realidade e se percebe
como parte de uma totalidade, passa a gerar saúde. Nesse sentido,
podemos conceituar, então, a saúde humana como a consciência de bem
estar resultante de um processo contínuo de harmonização entre os
aspectos físicos, psíquicos, sociais, culturais, ambientais (em seu nível de
realidade) e espirituais (entre níveis de realidade).
Percebe-se que a proposição desta visão é arrojada e indica um caminho
de integridade e inteireza. É desafiadora quando conceitua a saúde humana
considerando os diversos aspectos do ser e indicando harmonia.
Por certo esta é uma nova visão; uma visão que quebra muitos
paradigmas vigentes e busca reconectar com a vida. O caminho para se construir
36
essa nova realidade, de seres saudáveis e harmônicos conta com a educação. É
preciso aprender.
Para uma educação em direção à inteireza do Ser, existe uma contribuição
muito significativa que é a proposta da UNESCO para a educação do III
milênio, divulgada num documento conhecido como Relatório Delors. Neste
documento, são propostas quatro maneiras de aprender, necessárias para
o novo milênio: aprender a conhecer; aprender a conviver com os outros,
aprender a fazer, e aprender a ser.
[Aqui, na avaliação do professor Mauro Pozatti, talvez uma conclusão]
utilizando-se do mapa da inteireza do Ser, talvez seja possível acrescentar
mais uma maneira de aprender: aprender a amar. (POZATTI apud
TEIXEIRA; MÜLLER; SILVA, 2004, p. 203)
A Formação Holística de Base da Unipaz tem como objetivos
fundamentais à educação para a inteireza do ser e o despertar da consciência para
uma cultura de harmonia e de paz. Este curso se iniciou em Criciúma em maio de
2002.
Os primeiros encontros foram realizados no Instituto Sagrada Família, na
cidade vizinha de Criciúma, denominada Nova Veneza. Quando os coordenadores
do núcleo da Unipaz de Criciúma e também idealizadores do Oikos, Manoel e Isabel,
receberam a programação e calendário do ano de 2003 da Unipaz-Sul e foram
agendar no Instituto, as datas já estavam ocupadas. O “Lar de Encontros” do Oikos
já estava concluído e então os encontros passaram a acontecer no Oikos de forma
natural.
O curso de pós-graduação em Cuidar do Ser, parceria entre a UNESC e a
Unipaz-Sul, teve início em julho de 2002. Esse curso tem como objetivo principal
desenvolver uma formação complementar a preparação de terapeutas com uma
consciência transdisciplinar e holística da realidade. Os primeiros seminários
aconteceram todos na UNESC, mas no ano de 2003 alternaram a realização dos
encontros entre UNESC e Oikos. Em 2004 quase todos os encontros aconteceram
no Oikos e em 2005 todos os encontros aconteceram no Oikos.
37
O Oikos foi o espaço de realização dos encontros facilitando holologia e
principalmente holopráxis. A prática desta nova educação, integradora, envolvente,
encantadora.
Esses grupos da FHB e do Cuidar do Ser acompanharam as construções,
os movimentos e trabalhos realizados no Oikos. Participaram de muitas vivências
explorando o potencial do espaço, o potencial humano e a potencialização desses
potenciais.
No grupo do Cuidar do Ser é unânime a conclusão de que os aprendizes
que ficam alojados no Oikos tiveram uma vivência muito distinta daqueles que só
participam dos módulos e acabam indo dormir em suas residências. As trocas, os
sonhos, as partilhas, as noitadas, ... os encontros... é muito forte e muito rico. É o
propósito pelo qual o Oikos foi construído se manifestando.
No espaço, são respeitadas todas as práticas e discussões religiosas,
espirituais, artísticas, culturais, filosóficas, científicas... são acolhidos encontros que
reúnem pessoas de diversas tradições, desde que se adeqüem as diretrizes
propostas pelo espaço. Todos os grupos convivem harmonicamente dentro dos
valores e hábitos do espaço e percebe-se que são criados e reforçados os vínculos
dos grupos e a abertura interna de cada ser.
Na Unipaz e no Oikos está clara a tarefa da integração do mais básico ao
mais transcendente.
O ser humano tem a missão de Pontifex – construtor de pontes. Essa
missão não termina nunca; dize-se que estamos sempre diante de novos portais.
O Oikos é um espaço de muitas pontes, literalmente; nas trilhas se passa
por muitas delas e sempre se encontra novos caminhos a percorrer, são feitas
muitas ligações; é a teia da vida.
38
A arte da integração pode sempre ser aprofundada.
Aprender é uma tarefa encantadora. É possível tornar-se pleno pela arte
integrativa, tecendo as redes entre toda a diversidade de maneira harmônica. Na
verdade, já está tudo ligado é só perceber os links.
Também é necessário assumir a função de transmissão, transmitir o que
se aprende através dos atos, ações e palavras. Quanto mais o ser humano retém,
mais persiste e fica estagnado. Quanto mais doa mais o milagre acontece. É o que
sabidamente ensina São Francisco de Assis, um dos anjos protetores do Oikos:
Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz
Onde houver ódio que eu leve o amor
Onde houver ofensa que eu leve o perdão
Onde houver discórdia que eu leve a união
Onde houver dúvida que eu leve a fé
Onde houver erro que eu leve a verdade
Onde houver desespero que eu leve a esperança
Onde houver tristeza que eu leve a alegria
Onde houver trevas que eu leve a luz
Oh Mestre
Fazei que eu procure mais
Consolar que ser consolado
Compreender que ser compreendido
Amar que ser amado
Pois é dando que se recebe
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É perdoando que se é perdoado
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
Diz Eduardo Galeano (2005) “O sonho de uma vida compartilhada pode
ter lugar nos olhos de quem a admira. Não só é realista quem pinta o que conhece;
é realista quem pinta o que sonha porque no ventre de cada um tem um novo
mundo”.
3.1 Saúde Individual, Coletiva, Ambiental e Espiritual
No Oikos se entende que o critério da saúde é o critério da consciência. O
Ser consciente se responsabiliza pelo seu contato, pela sua resistência. O próprio
espaço já é um convite individual numa vivência coletiva de praticar a saúde coletiva
a partir da harmonia individual, seja na prática corporal desenvolvidas pelas manhãs,
pela harmonização e limpeza dos espaços feitos coletivamente, seja nas meditações
nos finais das tardes, enfim, existe uma série de atividades onde a amplitude de
saúde é vivenciada.
Tudo indica que saúde é estar em contato.
Em suma, uma educação transdisciplinar e holística, voltada para o
desenvolvimento de uma qualidade de vida harmônica e orientada pelo
mapa da inteireza do Ser, inclui a harmonização dos seguintes aspectos do
hólon humano:
Aspectos físicos: implica o aprendizado da inteligênciasensorial; a
percepção da unicidade de tudo; é o aprendizadode como é tecida a teia
da vida; é o aprender a tocar e ser tocado, estando atento ao que tem
coração e significado. É o aprender a amar;
Aspectos psíquicos: implica a inclusão de práticas pedagógicas que
envolvam trabalhos em grupo, psicoterapia individual e grupal, a
participação em grupos de diferentes níveis sociais, culturais e ambientais.
Implica o aprender sobre o desenvolvimento humano, suas transformações
e passagens. Aprender a lidar com os sentimentos, seus e dos outros e,
especificamente, o desenvolvimento da tolerância e do respeito às
diferenças. É o aprender a conviver;
Aspectos sociais: implica o saber ser líder de si mesmo; desenvolver
estudos e práticas dos métodos terapêuticos, aprendendo a utilizá-los;
40
aprender a agir eticamente; abrange, também, o trabalho e a pesquisa
transdisciplinar. É o aprender a fazer;
Aspectos culturais: implica o conhecimento de diferentes visões de
mundo que acompanharam a humanidade, suas culturas, suas verdades;
inclui, igualmente, estudos sobre a visão de mundo que vem se formatando
após o advento da física quântica e a utilização da inteligência intuitiva na
busca de verdades que possam ampliar os horizontes da consciência
humana. É o aprender a conhecer;
Aspectos ambientais: implica o conhecimento sobre a busca de equilíbrio
com a realidade (meio ambiente) em que vivem os humanos, com o
planeta que habitamos, seus seres, seus ciclos, sua saúde e sua doença e,
principalmente, como tudo isto afeta o seu processo saúde/doença. É o
aprender a ser humano;
Aspectos espirituais: implica o resultado harmonioso dos demais
aspectos. Implica o desenvolvimento do terapeuta equilibrado, centrado,
flexível, transformador e, sobretudo, consciente. Reflete o estudo e o
aprendizado dos diferentes caminhos do conhecimento e o
desenvolvimento de práticas de conexão espiritual com o sagrado. Implica,
fundamentalmente, um aprendizado da harmonia em dançar a vida e
desenvolver uma cultura de paz. É o aprender a ser parte do Ser.
(POZATTI apud TEIXEIRA; MÜLLER; SILVA, 2004, p. 204, grifo meu),
O Oikos oferece todas as condições para os aspectos da saúde holística,
acima ressaltados, sejam trabalhados. Oferecendo a alimentação natural, orgânica;
muita diversidade de ervas e plantas medicinais; espaço para práticas corporais e
pessoas que possam orientar práticas diversificadas. Trilhas para caminhadas e o
Lar de Cooperação (campo) que são chamados aos movimentos individuais e dos
grupos. Importante ressaltar que a maioria das vivências inclui o relaxamento, que é
uma prática básica para trabalhar os aspectos físicos.
É denominado: Oikos – Lar de Com-vivências. Isto destaca os aspectos
coletivos, emocionais, psíquicos. Todos os trabalhos envolvem grupos, a
introspecção e a exposição de sentimentos; essas práticas fortalecem os vínculos, o
respeito e acolhem todos e cada um com suas diferenças, seus dons, sua inteireza.
Uma das buscas e proposta do Oikos é a sustentabilidade e o autogoverno; isto remete à ação, o cuidado e responsabilidade que cada um deve ter
consigo mesmo e com o espaço onde está inserido. É preciso ser agente de
transformação, de paz, tomar as rédeas do seu próprio desenvolvimento. Alguns
41
hábitos dão ênfase a este aspecto social, como o de cada um lavar, secar e guardar
todo material usada individualmente nas refeições.
O espaço oportuniza o respeito e ampliação das visões culturais, incluindo
aspectos da permacultura, do feng shui, de viagens, panfletos e revistas. Influencia
na mudança de hábitos alimentares, sono, sonhos, respeito à vida, a água, a terra, o
ar e o fogo. Ainda, já receberam facilitadores e outros visitantes de culturas diversas
que reuniram e agregaram pessoas às suas vivências. Susan Andrews, Mamur Bá e
o filho Cheikh Bá, Dada Jnãnananda e Didi Topomaya, amigos da Califórnia Dana e
esposo mexicano, Rogério do norte, Ernst Götsch vivenciando agrofloresta, Stanley
Krippner norte americano facilitando xamanismo.
Todo o espaço é um grande exemplo do olhar terapêutico aos aspectos
ambientais; é um convite, um chamado às pessoas a estarem juntas na missão de
“co-evoluir em harmonia”, no Oikos e fora dele. É sem sentido este “desenvolvimento
normótico” que deixa um rastro de destruição e compromete a vida no planeta.
O Oikos foi construído numa área devastada e degradada com um claro
propósito de antes de qualquer ação “ouvir o terreno”. Desta maneira vem
percebendo bons resultados.
Ecologia é um dos valores que orientam o espaço. Todos os que chegam
são convidados a vivenciar os hábitos e se colocar nesta caminhada que tem muito
a ver com os aspectos ambientais, de vida, de ser humano.
O Lar de Meditação é um chamado específico à espiritualidade, as
características construtivas, o formato. Qualquer adulto, para entrar, precisa abaixar,
numa posição de reverência, e descer para ser acolhido pela Mãe Terra em seu
útero. É uma oportunidade de silenciar e acolher o sagrado, o divino. Fazer contato
com o Ser que faz Ser.
42
O Lar de Encontros, segundo a linha do feng shui, apresenta muitos
aspectos que reforçam a espiritualidade. A prática de iniciar e finalizar todos os
encontros em círculo que incluam todos os participantes com a proposta de
centramento nos propósitos e no presente também leva à espiritualidade.
O estágio da Unipaz no Oikos é muito integrador de todos esses aspectos
é denominado “Ecologia, a espiritualidade na prática”. No estágio acontecem
oficinas de produtos de limpeza, de higiene pessoal, de alimentação, todas
ecologicamente corretas. Também pode-se saber o que é e como aplicar a
permacultura na vida.
Durante a programação, estão incluídas práticas corporais, todos as
manhãs, meditações nos finais de tarde e celebrações as noites. Assim se
denomina o estágio no Oikos: “Ecologicamente correto, espiritualmente alinhado”.
Os participantes do estágio realizado em 2004 expõem suas idéias:
“Gostei muito da programação. Iniciando com a permacultura e depois
práticas mais direcionadas que nos ajudam ou que irão nos ajudar em nosso dia-adia”. Elis T. Cofcewicz, Santa Maria/RS
“É um trabalho de grande valia para um mundo melhor, para pessoas
melhores, que possam contribuir e espalhar sementes de amor neste mundo com
tanta carência”. Cleusa Vieira, Criciúma/SC
“O estágio aconteceu de forma harmoniosa. A paz que existe no ambiente
com certeza acontece pela energia especial do local. O espaço é abençoado”.
Eldíria Venturi, Rio do Sul/SC
43
3.2 Terapias Ambientais
A cura de um espaço repercute na cura do planeta, dos seres que o
habitam.
Em defesa da vida, dos sistemas vivos, têm-se voltado os olhares,
sabedorias e consciências à comunhão. Todos os seres, todas as espécies,
respeitando as individualidades e o papel de cada parte no todo e do todo na parte.
Assim a Permacultura e o Feng Shui tem um importante papel como
terapia de espaços, resgate da essência de cada elemento deste corpo vivo, Gaia.
Uma das primeiras atividades do Oikos foi uma palestra aberta à
comunidade sobre permacultura e depois um curso aberto de quatro finais de
semana, o que envolveu cerca de 25 novos permacultores. A partir daí é que se
pode iniciar o trabalho de recuperação do terreno a partir da permacultura.
De acordo com a Revista Brasileira de Permacultura, Permacultura foi
criada na Austrália no final da década de 70, a Permacultura foi elaborada
pelo cientista Bill Mollison em parceria com David Holgren como resultado
da criação e desenvolvimento de pequenos sistemas produtivos
organicamente integrados. A Permacultura associa práticas ancestrais às
descobertas da ciência moderna a partir da elaboração, implantação e
manutenção de ecossistemas produtivos que mantenham a diversidade e a
estabilidade dos ecossistemas naturais.
O projeto permacultural resulta na integração harmoniosa entre as pessoas
e a paisagem, provendo alimentação, energia e habitação, entre outras
necessidades, de forma sustentável.
A palavra Permacultura ainda não existe nos dicionários brasileiros. Como
campo de trabalho, a Permacultura é uma carreira transdiciplinar
reconhecida internacionalmente em várias instituições de ensino superior,
embora não seja reconhecida como profissão no Brasil. (Rede Permear,
2005)
Desta forma, o que já tem implantado são duas espirais de ervas, os
canteiros normais direto na terra e os canteiros instantâneos, além dos cuidados
com água, incluindo círculos de bananeira.
A técnica mais usada na horta próxima às construções é a de canteiros
instantâneos de palha. Ela consiste em empilhar as palhas provenientes das
44
roçadas em quadros em forma de canteiro numa altura de aproximadamente 20
centímetros. Feito isso, o próximo passo é abrir buracos dentro desta palha e ali
depositar um composto. A tarefa a seguir é plantar a mudinha neste local e molhar
com água do açude ou da chuva, armazenada na cisterna.
Outra “ferramenta” que contribuiu para a harmonia do local foi às consultas
baseadas no Feng Shui.
O Lar de encontros foi projetado com a forma do baguá, de oito lados, um
octógono, com expansão na área da espiritualidade, onde fica uma área de apoio
que serve para fomentar. Foi projetado por dois arquitetos, Norberto Zaniboni e
Paulo Oliveira, este especialista em Feng Shui.
O projeto foi analisado pela instrutora e consultora de Feng Shui, Marilda
Romero (Anexo 6). Ela esteve no Oikos, quando facilitou um dos módulos do curso
do Cuidar do Ser.
Recentemente falando sobre o Oikos comentou: “No Oikos a relação de
tempo é outra. Tem um novo relógio. O dia preenche o seu espaço, a noite preenche
o seu espaço. Isso é bem claro na geografia do local”.
45
4 MENSAGENS – COM A PALAVRA OS VISITANTES
Tão logo foi aberto ao público e a realização de programações externas,
os cuidadores do Oikos trataram de dispor aos visitantes o “Livro de Mensagens”
que está estrategicamente colocado em cima de uma mesa de fácil localização. A
idéia é que os participantes que queiram, deixem suas mensagens escritas. São
quase 500 depoimentos dos mais variados sendo que, abaixo, foram transferidos
alguns:
“Que todos que aqui chegarem sejam felizes. Que todos que aqui
chegarem tenham paz”. Sheila Mondardo. 9/2/2003 (aprendiz FHB).
“Meus queridos! Mesmo que vocês não saibam, sou um grão de areia
incrustrado nestas paredes deste “Oikos” e pretendo me transformar num ponto
brilhante para auxiliar a iluminação deste “Lar”. Que Deus me permita participar de
muitos encontros aqui”. Com carinho. Catarina. 9/2/2003. (aprendiz FHB)
“Oikos para a natureza e a sociedade é um exemplo de vida.” 2/03,
Ermelita (Nena).
“A felicidade, muito mais que a surpresa fez-se presente em meu coração.
Vosso merecimento foi, é e será sempre reconhecido pela sabedoria do grande
espírito. Parabéns e obrigado.” Wilson. 21/02/03 (facilitador FHB e Cuidar Ser)
46
“Aqui senti harmonia e sincronia com o “Cosmos”, confirmando que com
amor, trabalho e sabedoria vivemos imersos na fonte da vida! Parabéns! Que
possamos todos compartilhar este espaço maravilhoso que a mãe terra nos ofertou.
Saudações Energéticas!!” Salette 21/02/03 (facilitadora Unipaz)
“Como é gostoso compartilhar luz! Sentir a energia brotando da terra, se
espalhando e se expandindo... colorindo e alegrando a raiz do nosso ser. Que esta
luz nos acompanhe... e nos conduza na caminhada do “aqui e do agora”...depois e
sempre. Este espaço de luz é sagrado! Obrigada! Parabéns aos “parteiros”da trilha
“Cuidadores do Ser”. Com carinho. Anne, 03/03 (aprendiz do Cuidar do Ser)
Criando pontes, escadas, trilhas... Caminhos que nos levam ao âmago da
alma. Que bom ter uma escada ou uma ponte para passar, para subir, para descer
para crescer!! Parabéns pela missão! Conte comigo, Beijos.
Emara 8/04/03 (amiga da FHB Floripa)
“Luz, paz, amor, armonia... Palabras ao escribir...
Pero es lo que senti cuando convivi este espacio este momento junto a
uma tibu llamada humanizacion y juntos a todo los que hicieron posible este citio
Oikos... Gracias”. Esteban. (amigo do Integria, da rede de ecovilas)
“Momentos únicos são poucos vivenciados. Esta noite será inesquecível
em nossas mentes”. Cris. 5/03
47
“Isto tudo aqui é uma benção da vida! Obrigada! Merecemos!” Ana
.01/06/03 (aprendiz da FHB)
“Este lugar com certeza vai ser de grande ajuda para algumas pessoas”.
Tamili. 4ª série CAP. 2/6/03
“Bel, Maneca e filhos! Foi boníssima a energia que encontrei no Oikos. Fui
toda ouvidos, cabeça, corpo e ...alma. Energia. Com muita energia zen de nós para
vocês”. Helenara. 20/06/03.
“Parabéns aos organizadores e realizadores do curso de Reiki. O espaço
Oikos é maravilhoso! Mas o mais importante e especial deste espaço é a
receptividade, a dedicação e a sabedoria do casal Bel e Manoel. Adorei! Um
abração”. Cristiane, 3/08/03
“Posso sentir que hoje após dois dias aqui no Oikos, sou uma pessoa
melhor. Que sejam abençoados Bel, Maneca e seus companheiros por estarem
concretizando este espaço magnífico. Espero que todos que passarem por aqui
sintam o que senti. Obrigada”. Juliana Nunes. 3/08/03
“Lar é onde está o coração da gente. Neste espaço reencontrei o meu.
Satyan Vimal”.3/08/03
48
“Jamais havia encontrado ou estado em um lar que emanasse tanto
AMOR. Deus é AMOR. O universo é AMOR. Maneca, Bel, Lucas e Vitor são AMOR”.
Maria Cristina Ronsani
“Adorei estes momentos de encontros para aumentarmos nossas
capacidades interiores. E sem contar esse lugar que é maravilhoso, e de uma paz
enorme. Um grande beijo a vocês Maneca e Bel, filhos”. Luciane Furlanetto
“Adorei conhecer esse lugar maravilhoso onde encontrei paz, amor e um
espaço de muita harmonia. Agradeço a todas as pessoas que contribuíram para
esse maravilhoso local’’. Carol
“Oikos’não é tão somente viver em harmonia. “Oikos” é nascer para um
novo mundo, para um novo Eu. Luciane de Souza. 10/08/03
“Nós da prefeitura de Orleans, ficamos felizes por esta oportunidade que
vocês nos deram. Vamos levar para nosso trabalho e para nossas vidas muito bons
exemplos destes dois dias. A todos, especialmente ao casal Bel e Maneca, nosso
abraço e muito obrigado”. 9/08/03 Gelson Padilha – prefeito e colaboradores.
“Gostei de conhecer vocês e este lugar, onde Deus fica mais próximo de
nós. Obrigado pela oportunidade. Que Deus proteja vocês”. Deise. CAP. 2003.
“Vitor parabéns pelo seu lar é um paraíso desde já agradeço por tudo.
Deus que abençoe todos”. Jéssica
49
“Maneca, Bel, Lucas e Vitor. São mãos que se encontram em conchas,
cultivando as terras internas dos que aqui chegam e assim, na com-vivência, abremse corações e mentes, viajam além do silêncio, possibilitando o deslumbramento do
Novo Amanhecer. Beijos”. Érica Nelly Brandt. 19/10/03”.
“Maneca e Bel: Vocês são maravilhosos, receptivos, entregues ao servir.
Eu adoro vir nesse lugar maravilhoso e sentir as vibrações deste lugar. Muita luz,
força, amor nas suas vidas”. Sônia. Gravatal. 22/10/2003
“A natureza é uma dádiva de Deus. Estou feliz por conhecer pessoas
como vocês que respeitam, preservam e valorizam este lugar”. Beijos. Claudete
(Criciúma)23/10/03
“Maravilhoso este lugar, espero voltar outras vezes para alimentar o meu
espírito e minha alma”. Abraços. Clara. 23/10/2003
“Aqui superei alguns medos”. Rosiane D. de Albuquerque. 23/10/2003
“Há muitos anos que eu andava procurando um lugar onde eu pudesse ter
sossego nos meus ouvidos. Hoje encontrei. Este silencio me fez muito bem eu
preciso disto de vez em quando”. Eu: Filomena. Filó.
“Bel e Maneca, este é o lugar que eu queria ter mesmo que fosse só como
freqüentadora. Tenho certeza que ele é abençoado por Deus. Muito obrigado”.
Lourdes. 31/10/2003
50
Uma passagem de luz é um caminho que nos leve a descoberta do nosso
eu em relação ao eu do próximo. O caminho que vocês criaram é uma passagem de
luz. Agradeço a Deus por todos colocados no meu caminho na minha passagem
neste instante no universo. Desejo que nossa luz se cruze novamente. Beijos. Noeli.
31/10/03
Há muito tempo que eu não me sentia tão bem; tempo somente para
cuidar de mim não existia; esse lugar é mágico. Que Deus os abençoe. Felicidades.
Beijos. Chantele. 01/11/03
Senti muita paz e energia quando entrei aqui, e levo comigo o sentimento
de amizade e riqueza dos valores importantes para nossas vidas “partilha”. Eliane
Alexandre (Nani)
Que alegria!
Que paz!
Que ambiente gostoso!
Que gente feliz!
Wilson
Este lugar é mágico, onde espírito, mente e corpo realmente se
encontram.
A absorção é muito positiva trazendo uma paz interior e reconhecendo o
valor do cooperativismo. Sabrina
51
A natureza agradece e nós seres deste planeta a apreciamos. Obrigada
por nos fazer ver o valor deste meio, com serenidade, paz e união. Júlia. 16/02/04
Parabéns vocês criaram um ambiente maravilhoso para pararmos e ver o
verdadeiro valor da vida. Cris. 16/02/04
Parabéns pela beleza e amorosidade deste lugar. É muito lindo ver que
sonhos podem se tornar realidade. Um abraço. Renate. 26/03/04
Um lugar iluminado com pessoas iluminadas... Puxa! Como sou feliz em
compartilhar esses momentos com todos e tudo que aqui estão! Beijos mil. Marilda.
16/04/04
Fui abençoada mais uma vez Deus é bom, pude constatar mais uma vez.
A força especial que recebi neste recinto. Grupo de idosos da Naspolini.
Parabéns pelo lugar lindo e pelos cuidados com a vida natura. Alcinéia da
Silva. 13/09/04
Gostei muito de tudo... da natureza pura, do gosto pela liberdade, do
espírito que nos transmite algo inexplicável! Jane Leite. 13/09/04
Aqui encontramos aquilo que gostaríamos de encontrar em todos os
lugares, paz e muita harmonia, e saber cuidar da natureza que é nosso futuro?
52
Parabéns Bel e Maneca e seus seguidores. Um abraço de seu irmão Márcio.
13/09/04
Parabéns por tudo Bel, Maneca e colaboradores por esse lugar
maravilhoso e cheio de luz, energia, harmonia; que Deus derrame sobre vocês as
mais ricas bênçãos para continuar este sonho lindo e maravilhoso. Obrigado. Joeleir
de Mello.
Falo em nome da esperança de um mundo melhor, que este lugar (Oikos)
cheio de paz, harmonia, esperança, liberdade nos traz o sentimento de igualdade e
vitória. Por isso que deixo-lhes meus agradecimentos e que este sentimento seja
passado para o mundo lá fora o mais breve possível. Obrigado. João (Doio).
14/09/04
Um jeito diferente de olhar e sentir a vida. José Mauro.
Oikos: um lugar diferente, especial, um lugar de paz, um lugar de amor.
Oikos o lugar de todos!...!...! Isabel (filha da Eliana) .15/11/04
Manoel, Bel, família e equipe: parabenizo e orgulho-me como cidadão, por
termos um espaço deste e com esta intenção, aqui em Criciúma. Precisamos fazer
com mais pessoas e principalmente líderes de nossa comunidade passem a ter
estes sentimentos. Obrigado. Renato Costa. 10/04/05
53
Bel fiquei apaixonada pela receptividade, pelo ambiente, não imaginava
que em Criciúma tivesse um ambiente tão iluminado, lindo, harmônico; gostaria de
voltar aqui mais vezes. Obrigada. Beijos. Teresinha e Richarles
“Neste ambiente a gente dá uma mãozinha e ele responde de forma
exuberante, autêntica”, comenta Bel.
54
5 CONCLUSÃO
Para o casal empreendedor do Oikos, Manoel e Isabel, a idéia de
realmente tentar ser o discurso foi uma das molas mestras que os impulsionou e até
o momento os impulsiona a levar adiante suas vidas nesta existência. Estar no
caminho, ser o discurso exige muito; requer vontade, atitude, mudança de hábitos.
Mais requer sonho, requer utopia.
Baseados nisso, Manoel e Isabel, citam o escritor português, José
Saramago (2005), em uma das suas participações no Fórum Social Mundial,
realizado em Porto Alegre. Discorrendo sobre utopia, o escritor lusitano afirma que
“necessito de muitas coisas, sou consciente de que não posso ter agora, mas terei
um dia. Não podemos nos fixar no equívoco de imaginar que esta utopia (o que
desejamos) é possível daqui a 150 anos. O único lugar que isso tem efeito é o dia do
amanhã e hoje trabalhamos para vivermos a esperança de viver o amanhã”. E ele
finaliza com maestria: “Se fossemos cada momento cumprindo nossas utopias não
seria utopia, sim caminho, meio”.
O Ser consciente é convocado à ação no aqui e agora, a viver e agir
alinhado com a retidão e verdade da consciência.
Neste momento atual, todos são desafiados a cada instante. As pessoas
têm dificuldade de reconhecer as suas verdades. O mundo impõe ideologias e
verdades e as pessoas acabam pensando que são delas, principalmente em relação
ao ter, ao consumismo.
O Oikos com simplicidade oportuniza a reconecção com os princípios
vitais e convida a viver neste novo mundo. Vivendo “de verdade” vive-se a harmonia,
saúde e inteireza do ser.
55
REFERÊNCIAS
LELOUP, Jean Yves et al. Transcomunicação em Terapia: caminhos da escuta.
In:____. Os anjos falam: tempos antigos e atuais. Brasília: Letrativa, 2005. p. 93 –
111.
POZATTI, M. L. Educação, qualidade de vida e espiritualidade. In: TEIXEIRA, E.
F.B.;MÜLLER, M. C. E.; SILVA, J. D. T. (Org.) Espiritualidade e qualidade de vida.
Porto Alegre: Edipucrs, 2004.
REDE PERMEAR. Revista Brasileira de Permacultura, Brasil. Disponível em:
<[email protected]>. Acesso em: 08 jun. 2005.
SARAMAGO, José; MONET, Ignácio; MAYOR, Frederico; GALEANO, Eduardo.
Quixotes hoje: utopia e política. In: Fórum Social Mundial, 2005, Porto Alegre.
UNIVERSIDADE HOLÍSTICA INTERNACIONAL. Formação holística de base –
manual do aprendiz. Porto Alegre, 1998. 52 p.
______. Cuidar do ser: curso de formação do terapeuta com abordagem
transdisciplinar e holística – manual do aluno. Porto Alegre, 2003. 27 p.
56
APÊNDICE
FOTOS
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
ANEXOS
67
ANEXO 1
ZONEAMENTO DO TERRENO
68
69
ANEXO 2
PLANTA BAIXA DO LAR DE ENCONTROS
70
71
ANEXO 3
PLANTA BAIXA DO LAR DO CUIDADOR
72
73
ANEXO 4
PLANTA BAIXA DOS LARES DE DESCANSO
74
75
ANEXO 5
PLANTA BAIXA DO LAR DE ALIMENTAÇÃO
76
77
ANEXO 6
PROGRAMAÇÃO DO ESTÁGIO E RITMO
78
Programa de Estágio no OIKOS
Quarta-feira (7)
14:00h às 18:00h – Recepção/ acomodação
18:30h – Jantar
19:30h – Valores do Oikos (Bel)
20:00h - Re-conhecendo o grupo (Sidnei Soares)
22:30h – Recolhimento
23:00h - Silêncio
Quinta-feira (8)
7:00h - Despertar
7:15h – Prática Corporal (Bel)
8:15h – Café
9:00h – Introdução à
Permacutura (Itamar Vieira)
10:30h – Lanche
10:45h – Introdução à
Permacutura
12:30h – Almoço
14:00h – Introdução à
Permacutura
16:00h – Cafezinho
16:15h – Introdução à
Permacutura
17:30h – Horário Livre
(banho)
18:30h – Meditação (Adriana
Pizzetti e Régis J. Borba)
19:00h – Com-versa (Saúde,
inteireza do ser ), com Adriana
Pizzetti.
20:00h – Jantar
20:45h – Celebração
(Alimentação para uma nova
América – Régis J. Borba)
22:30h – Recolhimento
23:00h – Silêncio
Sexta-feira(9)
7:00h - Despertar
7:15h – Prática Corporal
(Marisa Barbosa Hertel)
8:15h – Café
9:00h – Introdução à
Permacutura (Itamar Vieira)
10:30h – Lanche
10:45h – Introdução à
Permacutura
12:30h – Almoço
14:00h – Oficina de Produtos
18:30h - Meditação
naturais (Maria Bernadete
19:00h – Com-Versa (Mente,
Perius e Marley W.
Corpo e Espírito), com
Alborghetti)
Jeverson Reijow
17:30h – Horário Livre
20:00h – Jantar
(banho)
20:45h – Celebração (Jornada
Xamânica) com Jeverson
Reijow
22:30h – Recolhimento
23:00h – Silêncio
79
Sábado (10)
7:00h - Despertar
14:00h – Oficina de Produtos
7:15h– Prática Corporal (Zeca
Naturais
Bonotto )
17:30h – Horário Livre
8:15h – Café
(banho)
9:00h – Oficina de Produtos
Naturais
10:30h – Lanche
10:45h – Oficina de Produtos
Naturais
12:30h – Almoço
18:30h - Meditação
19:00h – Com-Versa Aberta
20:00h – Jantar
20:45h – Celebração (Danças
Circulares) com Marisa
Barbosa Hertel
22:30h – Recolhimento
23:00h - Silêncio
Domingo (11)
7:00h - Despertar
7:15h – Prática Corporal (Manoel
Mendes )
8:15h – Café
9:00h – Alimentação natural
(Denise Rodrigues)
10:30h – Lanche
10:45h – Alimentação natural
(Denise Rodrigues)
12:30h – Almoço
14:00h - Alimentação natural
(Denise Rodrigues)
17:00h – Encerramento Conselho Final
80
RITMO
(Estágio no OIKOS)
7:00h – Despertar
7:15h – Prática corporal
8:15h – Café
9:00h – Oficina
10:30h – Cafezinho
10:45h - Oficina
12:30h – Almoço
14:00h – Oficina
16:00h – Lanche
16:15h – Oficina
17:30h – Livre (banho)
18:30h – Meditação
19:00h – Com-versa
20:00h – Jantar
20:45h – Celebração
22:30h – Recolhimento
23:00h – Silêncio
81
ANEXO 7
TEXTO DE MARILDA ROMERO – CONSULTORA DE FENG SHUI
82
Contando histórias antigas ...
(um breve histórico de que os movimentos de rotação e a energia circular criam
conexões entre os continentes, as histórias pessoais, e o tempo)
Tradução literal de Feng = Vento • Shui = Água.
Assim como em nosso corpo, o vento corresponde à respiração e a água corresponde a
circulação, estes dois movimentos da energia dos elementos essenciais à vida também estão
associados aos ambientes construídos que habitamos, onde criamos um corpo, orgânico, que
nos protege e responde de forma sutil.
O Feng Shui é uma arte oriental chinesa e tibetana de harmonização de ambientes, através da
colocação consciente e responsável de formas e elementos em equilíbrio com a geografia e
natureza de um terreno, e com as atividades a que o espaço se propõe.
Milenar, esta arte foi transmitida através de gerações e atravessou continentes, após a
Revolução Cultural da China. Monges e sábios, conhecedores das práticas de Feng Shui
tornaram-se fugitivos políticos. Muitos foram mortos e outros foram exilados na Índia,
Europa e Estados Unidos, reorganizando o conhecimento e introduzindo-o no Ocidente, a
partir das décadas de 60 e 70.
Nos anos 80, chegou ao Brasil e desenvolveu-se através de profissionais ligados à área de
arquitetura e design de interiores. Na década de 90, a Unipaz-Sul criou em Porto Alegre o
primeiro curso de extensão no segmento de Feng Shui, oportunizando o estudo da arte e da
técnica através da facilitadora Mukti Renate Dittrich.
Como conhecimento, o Feng Shui atravessou milênios, continentes, transmissão oral de
antigos mestres do passado, literatura contemporânea impressa em livros e no coração dos
buscadores do equilíbrio e harmonia com todas as formas da natureza. Circulou pelo mundo
todo através dos tempos e passou, também, a fazer parte da geografia de Criciúma, no Oikos
– Lar de Com-Vivências.
Aplicação do Feng Shui de forma prática – Posicionamento Dinâmico
No Oikos, através de consultas junto aos arquitetos, o Feng Shui foi utilizado como um
recurso instrumental para posicionamento dinâmico das formas construídas.
O Posicionamento Dinâmico é uma forma de aplicação que contempla as necessidades do
espaço, adequação à geografia e a natureza, e à beleza e simplicidade funcional.
O Lar de Encontros foi projetado e executado com a forma do Ba-Guá, uma figura
octogonal, geométrica, que contém em seus limites externos os princípios do círculo, da roda.
Cada linha reta desta figura corresponde a uma área importante de desenvolvimento de nossas
vidas: carreira (missão), espiritualidade (estudo), família (ancestralidade), prosperidade
(abundância), sucesso (fama), relacionamento/equilíbrio das polaridades Yin e Yang
(parcerias), criatividade (horizontes), colaboradores (amigos).
O vento (Feng) ao passar pelo lado de fora da construção, move as linhas girando a “roda”,
criando um movimento circular, externo e fluído para a energia de todas estas áreas.
As pessoas quando se movem internamente no ambiente criam os movimentos internos da
energia. É uma metáfora aos nossos movimentos externos e internos, compartilhando com as
formas, volumes e cores a experiência de vivenciar o momento presente de forma integrada à
natureza de todas as coisas.
Na entrada, o deck cria uma “ponte” de ligação entre o terreno e a área correspondente a
carreira, a missão. Precisamos atravessar a ponte para nos encontrarmos.
Na área que corresponde à espiritualidade na construção, há uma expansão de forma circular,
criando um avanço para localização da área de apoio às vivências, com a cozinha e o bar, cuja
simbologia no Feng Shui são os afetos, os “pulmões” da construção, responsáveis pelas
virtudes da coragem e da confiança e apoio ao desenvolvimento.
83
Banheiros, geralmente um capítulo à parte no Feng Shui - por ser responsável pelo contato
com o meio externo através dos dejetos - e estar ligado à energia de expulsão do que não
precisamos mais guardar junto ao corpo físico, foi colocado “entre” as áreas da espiritualidade
e família. Esta posição, embora ideal, não é comum nos projetos onde a técnica é aplicada.
Na área da família (ancestralidade) há uma expansão do lado externo, ampliando os
horizontes das nossas construções interna e externa, de onde podemos contemplar passado,
presente e futuro, através de nossos encontros.
Na área de prosperidade e abundância há o espaço para crescer e compartilhar da fonte
infinita, da convivência e do conhecimento.
A área correspondente ao sucesso corresponde às realizações, aos acontecimentos, às
manifestações do mundo concreto. O facilitador geralmente escolhe este ponto para
compartilhar seu conhecimento.
A lareira fica na área das parcerias, “aquecendo” os relacionamentos e “transformando -os”,
através do fogo. O crescimento interno pessoal e dos grupos fica favorecido, pois a “luz”
criada oportuniza a aproximação, os relacionamentos e o Caminhar.
Sendo a área dos relacionamentos regida pelo elemento terra, é receptiva, apóia as sementes e
estabiliza as emoções, naturais aos relacionamentos humanos e que se transformam no
conhecimento transdisciplinar.
As áreas de criatividade e amigos também possuem expansões externas, formando um
“Caminho”, uma direção que leva a Praça Circular, ambiente externo ligado à espiritualidade.
Se traçarmos uma linha paralela entre a área correspondente ao Apoio/Bar/Cozinha e a área
final do deck da criatividade teremos uma ligação entre as duas construções: uma, de caráter
interno; outra, de caráter externo. As duas, em forma de círculo, que favorecem e fortalecem o
crescimento espiritual.
Em todas as aberturas com as áreas externas (portas-janela) há uma comunicação com a área
interna, favorecendo a convivência e o contato com a natureza.
O Lar de Alimentação corresponde à nutrição. Para nos alimentarmos fisicamente, o
alimento precisa entrar em nossa boca e “descer” para criar o seu ciclo de alimenta ção e
circulação da energia. Por isso, “descemos” através das escadas, que representam o
movimento. Somos transformados pelo tipo de pensamentos que alimentamos e pelas
escolhas alimentares que fazemos, diversas vezes ao dia, durante toda a nossa existência.
Áreas de alimentação estão ligadas aos pulmões e as trocas afetivas, pois através do alimento
também nos encontramos. O círculo de expansão, neste andar, está na área da família, criando
movimentos fluídos. A área da família, no Feng Shui, é a nossa primeira área de convivência,
ligando nosso passado-presente-futuro através da rede de pessoas que convivemos, tecendo a
tapeçaria cósmica, num delicado sistema de equilíbrio. Lá está a cozinha, onde os alimentos
transformam-se na alquimia da combinações de elementos, para nutrir nosso corpo, mente e
espírito; e a despensa para mantimentos. O fogão à lenha nutre e aquece esta área.
Novamente “entre áreas” (espiritualidade e família) estão localizados os banheiros, na parte
mais externa à construção, de forma a permitir que a energia da nutrição (cozinha) não se
misture com a energia da eliminação (banheiros).
Os Lares de Descanso (Lar da Mestra e Lar do Guerreiro) são construídos com eucalipto, que
promove a energia de expansão dos pulmões, influenciando positivamente a respiração
durante o sono e o repouso, reforçando a coragem e a confiança.
O ambiente propicia o encontro e os momentos de convivência. O posicionamento das camas
oferece segurança energética, pois todas as camas estão colocadas com as cabeceiras
encostadas nas paredes, de forma que todos possam se enxergar ao deitar, permitindo que uma
energia cuide da outra, de forma natural e equilibrada. Os limites, normalmente muito
expressivos em outros tipos de convivência, aqui se tornam suaves e flexíveis, promovendo a
harmonia dos relacionamentos.
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Uma nova relação com o tempo e espaço
O Oikos – Lar de Com-Vivências é um espaço criado para o encontro e o desenvolvimento.
Sua geografia foi observada e preparada para promover as sementes do conhecimento, o
crescimento das espécies, a preservação dos valores ecológicos e para a convivência pacífica
entre os seres.
Sua localização em meio à natureza permite o acesso à cidade e à vida urbana, mas preserva
os horizontes e os contornos da terra e das árvores, para experimentar formas naturais de comviver. Os sentidos são potencializados para o sentido da vida.
Um relógio biológico é acionado pela contemplação do dia e da noite, pela dança das
estações, pelos movimentos do sol e da chuva, pela respiração, pelo ir e vir das pessoas e de
seus universos. Com atenção refletida sobre os acontecimentos externos e suas influências,
cria condições internas para o desenvolvimento e progresso dos ciclos, tornando a experiência
do tempo e do espaço uma oportunidade de auto-conhecimento.
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