Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
Jornal:
Uol.com.br
Cidade:
Brasil
Gerência de Comunicação
Data:
18/12/2012
Página:
WEB
Seção:
Ex-catadora de caranguejo se forma bióloga com curso a distância e busca vaga no mestrado
Ex-catadora de caranguejo no município fluminense de São Francisco de Itabapoana (a 322 km do Rio de
Janeiro), Marina Barretos Silva, 47, se formou bióloga com graduação a distância, curso que completou em
2009. Agora tenta o mestrado.
Pegava as apostilas no polo do curso de biologia e esclarecia as dúvidas com os tutores durante a
semana.
Não sabia que gostava tanto de biologia até que comecei a estudar. Quanto mais estudo, mais gosto.
Marina Barretos Silva, bióloga
Como a mãe, hoje aposentada, Marina catou caranguejo "praticamente a vida toda", inclusive na época em
que estudava a distância. "É desumano o trabalho no manguezal. É muito puxado e ruim, mas me ajudou a
sobreviver", diz.
Dos oito filhos, somente ela tem ensino superior. "Não queria deixar minha mãe e meus irmãos e morar em
outro lugar. Parei de estudar entre o ensino fundamental e o médio, que só retomei entre 2001 e 2003,
quando já estava casada e tinha quatro filhos."
Durante os estudos do ensino médio, soube da graduação a distância pelo Cederj (consórcio de
instituições públicas de ensino superior do Rio de Janeiro), que oferece mais de 6 mil vagas anualmente.
"Alguém me falou do curso a distância. Fui lá para conferir. Chegou na hora certa, na hora que eu
precisava", lembra.
Hoje com quatro filhos e duas netas, a bióloga tenta um mestrado na UENF (Universidade Estadual do
Norte Fluminense), na área de biociência e biotecnologia. Em janeiro de 2013, presta a prova de admissão
com a esperança de ser aprovada para pedir uma bolsa de estudos.
"Queria muito entrar na área de pesquisa. Gosto de trabalhar em laboratório. A única desvantagem do EAD
que fiz é que não tinha um", diz ela, que começou a trabalhar no laboratório da UENF, em Campos dos
Goytacazes, em abril de 2011, como estagiária não remunerada.
Três horas por dia
Marina cursou biologia, dedicando diariamente de duas a três horas para os estudos. "Cuidava da casa,
mas não tinha emprego formal. Não sabia que gostava tanto de biologia até que comecei a estudar. Quanto
mais estudo, mais gosto."
O marido, que é pescador, sempre a apoiou. "Ele foi se acostumando com a ideia e sentia a minha
aptidão", conta. "[Quando estava] no ensino médio, chegou a falar: ‘Eu já sei que você nunca vai parar de
estudar’."
"Não tinha computador e usava muito pouco esse recurso. Até hoje não gosto de usar. Pegava as apostilas
no polo do curso[o Cederj mantém um polo de ensino a distância no município em São Francisco de
Itabapoana] e esclarecia as dúvidas com os tutores durante a semana. Foi ótimo, estudava nas horas de
folga e em casa."
Além da mudança de vida de Marina, a familia tem outro motivo para comemorar. A filha mais velha vai se
formar também pelo curso a distância do Cederj em biologia.
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Fundação Estadual Norte Fluminense Assessoria de