AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS
SOBRE A SUSTENTABILIDADE EM PRODUTOS
AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS
SOBRE A COMUNICAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE
EM PRODUTOS: O MODELO PERSUS
Dissertação de Mestrado
IVAN MOTA SANTOS
IVAN MOTA SANTOS
Belo Horizonte
2012
Belo Horizonte
2012
S237a
Santos, Ivan Mota.
Avaliação da percepção dos usuários sobre a comunicação da sustentabilidade em
produtos: o modelo persus.
[manuscrito] / Ivan Mota Santos. – 2012.
104 f. il. color. fots. tabs.; 31 cm.
Orientadora: Lia Krucken
Coorientadora: Sebastiana Luiza Bragança Lana
Dissertação (mestrado) – Universidade do Estado de Minas Gerais.
Programa de Pós-Graduação em Design.
Bibliografia: f. 102-103
1. Desenho Industrial – Percepção – Teses. 2. Designers – Percepção –
Teses. 3. Ecodesign – Desenvolvimento sustentável - Teses. I. Krucken, Lia.
II. Lana, Sebastiana Luiza Bragança. III. Universidade do Estado de Minas
Gerais. Escola de Design. IV. Título.
CDU: 7.05
Ficha Catalográfica: Cileia Gomes Faleiro Ferreira CRB 236/6
!
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AGRADECIMENTOS
Primeiramente, gostaria de agradecer a todos os professores do Programa de
Pós-graduação em Design (PPGD) da Escola de Design da Universidade do Estado de
Minas Gerais (UEMG), principalmente à Professora Lia Krucken, minha orientadora e
mentora no aprendizado e crítica do design desde o período da graduação. Agradeço
também à minha coorientadora, Professora Sebastiana Lana, à Professora Regina
Álvares, que despertou em mim o interesse pelo estudo da Percepção aplicado ao
design. E, ainda, aos demais professores do programa e ao Rodrigo, por toda ajuda e
atenção. Aos professores, colegas e funcionários da Escola de Design, principalmente
os Professores Carlos Miranda, Paulo Miranda e Heleno Polisseni.
À minha família: minha mãe, companheira inseparável e melhor amiga, minha
“irmãzona” pelos conselhos e exemplo de força e determinação. Ao meu pai, que
desde cedo me ensinou a importância e o prazer da leitura. Aos primos, tios e à Vovó
Maria, meu muitíssimo obrigado. Agradeço à Ester, meu refúgio de tranquilidade e
carinho, sempre disposta a ouvir lamúrias e alegrias e, acima de tudo, dividir este
sonho.
Agradecimento especial ao Instituto Niten e ao Sensei Jorge Kishikawa, não só
pelos ensinamentos, mas pelo apoio concedido durante todo o período deste estudo.
Também aos coordenadores e amigos, Adeval Santana, Alessandro Fonseca, Matheus
Drawin e Bernardo Carvalho, e ao meu “padrinho”, Celso Bolivar. Além destes, todos
os outros colegas que compartilham a vontade de se superar e aprender sempre.
A todos os participantes do estudo experimental que dedicaram o seu tempo a
este projeto. E também aos amigos inseparáveis da turma, Risada, Big Ron, Thiago,
Dudu, Bastieri, Cabeças e Léo, e aos amigos da Miho, Pedrinho, Piva e Geraldão.
Por fim, gostaria de dedicar este trabalho a duas pessoas muito importantes na
minha vida, que compartilham desta minha vitória de um plano distante: ao meu avô,
Antônio Ferreira, professor da arte de viver, e ao Professor Romeu Dâmaso, exemplo
de dedicação ao ensino do design.
Muito obrigado!
!
#!
RESUMO
Nas últimas décadas, a sustentabilidade vem se configurando como uma preocupação
central em projetos de design, como se pode observar pelo crescente número de
projetos de design e estudos acadêmicos sobre o tema. Este trabalho,
especificamente, visa contribuir para a investigação relacionada à comunicação de
produtos, considerando a forma como o usuário percebe as estratégias de
sustentabilidade adotadas no seu desenvolvimento. De fato, uma das questões
norteadoras deste trabalho é: como as estratégias de sustentabilidade adotadas no
desenvolvimento de produtos são percebidas pelos usuários e como os usuários
comunicam e expressam seu conhecimento acerca desses recursos? Neste sentido, o
objetivo geral é apresentar um modelo experimental de métodos da Percepção
aplicada ao Design de Produto, visando coletar informações relevantes sobre o
processo de comunicação de estratégias e recursos de design para a sustentabilidade
a partir da interação direta com usuários e da avaliação de produtos selecionados na
bibliografia. Foram conduzidos três experimentos a partir de questionários baseados
em métodos de pesquisa da percepção, sendo o primeiro deles virtual, com 30
usuários participantes. Para o segundo e o terceiro experimentos foram selecionados
22 usuários, entre eles alguns com conhecimento em desenvolvimento de produtos. Os
resultados revelam tendência dos participantes a entender a sustentabilidade em
produtos com enfoque acentuado nas medidas adotadas na produção para reduzir os
impactos ambientais. Além disso, os usuários apresentaram aceitação da utilização de
materiais reciclados e reutilizados como recursos válidos para tal finalidade. Pôde-se
também identificar que a experiência e o contato com o produto e com as informações
sobre os recursos e estratégias de design adotadas para garantir o perfil sustentável
dos produtos alteraram a impressão inicial dos usuários. Esse método mostrou-se
capaz de contribuir para o entendimento sobre a percepção dos usuários dos recursos
adotados no desenvolvimento de produtos e para a melhoria dos modelos de
comunicação de sustentabilidade.
Palavras-chave: Design e Sustentabilidade. Comunicação. Usuário.
!
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ABSTRACT
In recent decades, sustainability has emerged as a central concern in design projects,
as can be seen by the increasing number of design projects and academic studies on
the subject. This study aims to contribute to research products communication process,
considering how the user perceives sustainability strategies adopted in their
development. In fact, one of the guiding questions of this study is: how users perceive
sustainability strategies adopted in the development of products, and how users
communicate and express their knowledge about these resources? In this sense, the
overall goal is to present an experimental model of perception methods applied to
product design in order to collect relevant information about the strategies and design
features for sustainability communication process through direct interaction with users
and the evaluation of selected products in the bibliography. The main stages of the
research are structured as: a) theoretical bases, b) analysis of communication models
of sustainability, c) conducting an experimental study, followed by d) analysis of the
results. The main expected results are: 1) identification of the descriptive terms used by
most users in the definition of sustainable products across the board and when
questioned about the products found in the literature, 2) analysis of communication
patterns present in the literature regarding these products and research of actual
contact between them and the users, 3) comparison of the impression of users on the
communication of sustainability in the products when they have models of
communication and without the use of this resource, 4) glossary of resources and
design strategies for sustainability. Three experiments were conducted from
questionnaires based on research methods of perception, being the first virtual applied
with 30 users. For the second and third experiment were selected among them 22 users
, some with expertise in product development. The results show a tendency for
participants to understand sustainability in products with a strong focus on measures
taken in production to reduce environmental impacts. Moreover, users had an
acceptance of the use of recycled and reused materials as valid resource for this
purpose. It might also identify that the experience and contact with the product and
information about resources and design strategies adopted to ensure the sustainable
nature in products, changed the initial impression of the users. This method was able to
contribute to the understanding of the users' perception of the features adopted in
product development and improvement of communication models of sustainability.
Keywords: Design and Sustainability. Comunication. User.
!
%!
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEBDS
Conselho Empresarial Brasileiro do Desenvolvimento Sustentável
ICSID
International Council of Societies of Industrial Design
MP3
Miniplayer 3
PPGD
Programa de Pós-graduação em Design
UEMG
Universidade do Estado de Minas Gerais
UNEP
United Nation Enviromental Programme
!
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
!
Figuras
FIGURA 1 - (a) O produto como meio de comunicação; (b) a pesquisa do
usuário no fluxo de informações para o designer.....................................
14
FIGURA 2 - Informação e sustentabilidade.................................................... 15
FIGURA 3 - Fases gerais da pesquisa........................................................... 22
FIGURA 4 - As forças que influenciam o processo de design.......................
27
FIGURA 5 - Influência das novas tecnologias no processo de design..........
28
FIGURA 6 - Cadeira Wassily modelo B32 de Marcel Breuer......................... 29
FIGURA 7 - Cadeira Lounge Chair Wood de Charles Eames.......................
30
FIGURA 8 - Nova configuração do Triple Bottom Line com o aspecto
subjetivo.................................................................................................... 34
FIGURA 9 - Estrela de valor: dimensões de valor de produtos e serviços
39
FIGURA 10 - Comunicação em garrafa da Coca-Cola..................................
44
FIGURA 11 - Comunicação no site da Apple................................................. 45
FIGURA 12 - Camiseta, embalagem e catálogo - coleção Miho, 2008.......... 46
FIGURA 13 - Representação do processo de produção das peças de moda. 49
FIGURA 14 - "Case" da coleção 2010...........................................................
49
FIGURA 15 - Representação do processo produtivo dos "cases".................
50
FIGURA 16 - Futon da coleção 2010.............................................................
50
FIGURA 17 - Representação da cadeia de valor do futon............................. 51
FIGURA 18 - Produto analisado pelo modelo de Proctor (2009)...................
52
FIGURA 19 - Ícones do modelo de Barbero e Cozzo (2009)......................... 53
FIGURA 20 - Produto analisado pelo modelo de Fuad-Luke (2009).............
54
FIGURA 21 - Produtos selecionados para o experimento.............................
58
FIGURA 22 - Comparação de modelos de comunicação de sustentabilidade
– Softbowls, Mio........................................................................................ 59
FIGURA 23 - Comparação de modelos de comunicação de sustentabilidade
– Softseating, Molo.................................................................................... 59
FIGURA 24 - Recursos e estratégias de design para a sustentabilidade - 61
Softbowls..................................................................................................
!
'!
FIGURA 25 - Recursos e estratégias de design para a sustentabilidade –
Softseating................................................................................................
62
FIGURA 26 - Comparação entre produtos..................................................... 63
FIGURA 27 - Características importantes da interação produto-usuário....... 67
FIGURA 28 - Experimento 1 do modelo Persus (Avaliação Preliminar da
Percepção da Sustentabilidade em Produtos).......................................... 70
FIGURA 29 - Experimento 2 do modelo Persus (Avaliação Subjetiva do
Perfil de Sustentabilidade do Produto).....................................................
73
FIGURA 30 - Experimento 3 do modelo Persus (Avaliação Sensorial e
Emocional do Perfil de Sustentabilidade do Produto)............................... 75
FIGURA 31 - Imagem representativa do círculo de emoções de Desmet.....
76
FIGURA 32 - Estrutura geral do modelo Persus............................................
79
FIGURA 33 - Termos utilizados pelos usuários para descrever a
sustentabilidade em produtos...................................................................
82
FIGURA 34 - Quantidade de menções dos termos utilizados pelos
usuários para descrever a sustentabilidade em produtos........................
83
FIGURA 35 - Produtos mais citados pelos usuários como sendo
sustentáveis (papel reciclado, sandália Goóc e sacola "ecológica")........
84
FIGURA 36 - Aceitação do perfil de sustentabilidade dos produtos
estudados.................................................................................................
85
FIGURA 37 - Fatores de impressão positiva sobre o perfil de
sustentabilidade dos produtos..................................................................
86
FIGURA 38 - Comparação entre a impressão de leigos e designers para o
produto Softbowls.....................................................................................
87
FIGURA 39 - Comparação entre a impressão de leigos e designers para o
produto Softseating................................................................................... 88
FIGURA 40 - Livre associação de recursos de design para a
sustentabilidade........................................................................................
89
FIGURA 41 - Livre associação de grupos de recursos de design para a
sustentabilidade do produto da Mio..........................................................
90
FIGURA 42 - Livre associação de grupos de recursos de design para a
sustentabilidade do produto da Molo........................................................
91
FIGURA 43 - Livre associação de recursos de design para a
sustentabilidade após contato com produtos e glossário de informações 92
!
(!
FIGURA 44 - Livre associação de grupos de recursos de design para a
sustentabilidade do produto da Mio..........................................................
93
FIGURA 45 - Livre associação de grupos de recursos de design para a
sustentabilidade do produto da Molo........................................................
94
FIGURA 46 - Aceitação e fatores de impressão positiva sobre o perfil de
sustentabilidade dos produtos..................................................................
95
FIGURA 47 - Autoavaliação emocional dos participantes sobre o produto
da Mio.......................................................................................................
96
FIGURA 48 - Autoavaliação emocional dos participantes sobre o produto
da Molo.....................................................................................................
97
FIGURA 49 - Autoavaliação comparativa das impressões dos usuários nos
dois momentos do experimento................................................................ 98
FIGURA 50 - Momentos da aplicação dos experimentos..............................
99
Quadros
QUADRO 1 - Fases e atividades da pesquisa...............................................
21
QUADRO 2 - Tipologias de estratégias de design para a sustentabilidade... 41
QUADRO 3 - Fatores mercadológicos e recursos de ecodesign................... 47
QUADRO 4 - Requisitos ambientais e sustentabilidade................................
47
QUADRO 5 - Informações de recursos de ecodesign...................................
48
QUADRO 6 - Perfil dos produtos selecionados.............................................
68
QUADRO 7 - Questões norteadoras e resultados esperados: coleta de
termos descritivos da sustentabilidade em produtos................................
71
QUADRO 8 - Questões norteadoras e resultados esperados: avaliação
comparativa da aceitação do perfil sustentável de produtos....................
72
QUADRO 9 - Questões norteadoras e resultados esperados: associação
de recursos de design para a sustentabilidade........................................
74
QUADRO 10 - Questões norteadoras e resultados esperados: terceira 78
etapa do estudo experimental..................................................................
QUADRO 11 - Dados da amostragem...........................................................
81
!
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SUMÁRIO1
1 INTRODUÇÃO
1.1 Problematização e contexto da pesquisa
1.2 Justificativa e pressupostos
1.3 Questões norteadoras
1.4 Objetivos
1.4.1 Objetivo geral
1.4.2 Objetivos específicos
1.4.3 Resultados esperados
1.5 Estrutura do documento
2 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
2.1 Referencial metodológico
2.2 Procedimentos gerais da pesquisa
2.3 Estrutura geral da pesquisa
2.4 Amostra
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................... 24
3.1 Design e desenvolvimento sustentável....................................................
25
3.1.1 Antecedentes históricos e a contribuição das abordagens do século
XX................................................................................................................... 25
3.1.2 Desenvolvimento sustentável e o papel do design no século XXI........
31
3.1.3 Recursos e estratégias de design para a sustentabilidade................... 36
3.2 Comunicação, design e sustentabilidade................................................. 41
3.2.1 Comunicação de estratégia de design para a sustentabilidade e
consumo: estudo de caso..............................................................................
42
3.2.2 Modelos de comunicação de estratégias de design para a
sustentabilidade.............................................................................................
52
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
1
Este trabalho foi revisado de acordo com as novas regras ortográficas aprovadas pelo Acordo
Ortográfico assinado entre os países que integram a Comunidade de Países de Língua Portuguesa
(CPLP), em vigor no Brasil desde 2009. E foi formatado de acordo com a ABNT NBR 14724 de
17.04.2011 e o Manual de Formatação da UEMG.
!
*+!
4 ANÁLISE DOS MODELOS EXISTENTES DE COMUNICAÇÃO DE
ESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE.................................................... 56
4.1 Critérios de seleção de produtos.............................................................. 56
4.2 Análise dos modelos de comunicação por produtos selecionados.......... 58
4.3
Comparação
dos
recursos
e
estratégias
de
design
para
a
sustentabilidade por produtos selecionados................................................... 60
4.4 Elaboração de glossário com estratégias e recursos de design para a
sustentabilidade.............................................................................................. 63
5 PROPOSTA DO MODELO DE AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE
USUÁRIOS: MODELO PERSUS.................................................................... 65
5.1 A interação produto-usuário...................................................................... 66
5.2 Perfil dos produtos avaliados.................................................................... 67
5.3 Perfil do usuário........................................................................................ 68
5.4 Experimento 1: avaliação preliminar da percepção da sustentabilidade
em produtos...................................................................................................
69
5.4.1 Termos descritivos da sustentabilidade em produtos...........................
70
5.4.2 Questões norteadoras e resultados esperados....................................
70
5.4.3 Avaliação comparativa da aceitação do perfil sustentável de produtos. 71
5.4.4 Questões norteadoras e resultados esperados....................................
72
5.5 Experimento 2: avaliação subjetiva do perfil de sustentabilidade do
produto...........................................................................................................
72
5.5.1 Associação de recursos de design para a sustentabilidade.................
73
5.5.2 Questões norteadoras e resultados esperados....................................
74
5.6 Experimento 3: avaliação sensorial e emocional do perfil de
sustentabilidade do produto...........................................................................
75
5.6.1 Técnica de avaliação............................................................................. 76
6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS...........................
80
6.1 Amostragem.............................................................................................
80
6.2 Experimento 1: avaliação preliminar da percepção da sustentabilidade
em produtos..............................................................................................
81
6.2.1 Coleta de termos descritivos.................................................................
81
6.2.2 Produtos citados.................................................................................... 83
!
**!
6.2.3 Análise comparativa da aceitação perfil sustentável de produtos......... 84
6.2.4 Comparação entre impressões de leigos e profissionais...................... 86
6.3 Experimento 2: avaliação subjetiva do perfil de sustentabilidade do
produto...........................................................................................................
88
6.3.1 Associação de recursos de design para a sustentabilidade.................
88
6.4 Experimento 3: avaliação sensorial e emocional do perfil de
sustentabilidade do produto...........................................................................
91
6.4.1 Análise sensorial e emocional: associação de recursos de design
para a sustentabilidade..................................................................................
91
6.4.2 Avaliação da aceitação perfil sustentável de produtos.........................
94
6.4.3 Análise emocional da sustentabilidade em produtos............................
95
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................
100
7.1 Em relação aos objetivos.........................................................................
100
7.2 Em relação aos resultados esperados.....................................................
101
7.3 Proposta para outras pesquisas............................................................... 101
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 102
APÊNDICES................................................................................................... 104
!
*"!
1 INTRODUÇÃO
1.1 Problematização e contexto da pesquisa
O início do século XXI é marcado pela valorização dos processos de design, da
sua forma de abordar problemas e da sua natureza crítica e criativa. Do ponto de vista
da sustentabilidade, a contribuição do design para o desenvolvimento de produtos,
serviços e sistemas que visam a reduzir os impactos negativos, gerados pelo modelo
de consumo atual, é imprescindível para a evolução rumo a uma sociedade realmente
sustentável. Pode-se perceber, em diversas obras relevantes, a constatação da
contribuição do design para a construção de um cenário futuro mais promissor.
O design imaginativo será um fator crucial para a decretação da
sustentabilidade na vida diária das pessoas. As práticas de design atuais ainda
estão presas em ciclos consumistas de inovação e produção, dificultando
nossa percepção sobre como devemos desenvolver uma cultura material mais
significativa e sustentável (WALKER, 2011).
Nesse contexto, torna-se cada vez mais importante entender como a relação
entre o ciclo que envolve designer, produto e usuário pode ser mais bem compreendida
e otimizada para contribuir ao desenvolvimento dessa cultura material mais significativa
e sustentável. Esse ciclo faz com que a produção de bens de consumo evolua e reflete
diretamente os valores e a forma de interação com os objetos de uma sociedade. Para
Crilly e Clarkson (2006), o produto se torna um meio de comunicação entre designers e
usuários e ainda gera um componente retroalimentar para o contínuo melhoramento e
atualização do produto pelo designer, com a pesquisa direcionada ao usuário (FIG. 1).
!
*#!
FIGURA 1 - (a) O produto como meio de comunicação; (b) a pesquisa do usuário no
fluxo de informações para o designer
Adaptado de Crilly e Clarkson (2006, p. 1).
Fonte: Dias (2009).
Considerando que se pode entender o produto como um meio de comunicação
entre o designer e o usuário, ampliam-se as possibilidades de utilizar esse canal
comunicativo como uma forma de contribuir para o desenvolvimento sustentável,
extrapolando as decisões técnicas envolvidas na concepção do produto, podendo
aprofundar seu papel de forma a informar e orientar o consumo consciente. Vários
autores, como Reis (2010), Walker (2006, 2011) e Proctor (2009), sinalizam que a
contribuição do design para a sustentabilidade pode encontrar limites no modelo de
consumo atual. Para os autores, fica claro que o desenvolvimento de produtos com
apelo cada vez mais maduro do ponto de vista da sustentabilidade, com qualidade e
personalidade, mas inseridos no modelo de consumo atual, corre o risco de contribuir
para a inserção destes no modelo defasado de consumo e produção insustentável que
é mantido até o presente. Dessa forma, Vezzoli (2010) afirma ser crucial o papel do
designer na formação de novos estilos de vida sustentáveis, a partir da conscientização
e da mudança de comportamento e consumo incentivados por bons produtos, serviços
e sistemas.
O Manual de Comunicação e Sustentabilidade desenvolvido pelo Conselho
Empresarial Brasileiro do Desenvolvimento Sustentável (CEBDS, 2011) prevê o uso da
comunicação como um forte agente de informação e mudança (FIG. 2). Essa
publicação corrobora a visão dos autores citados em relação ao processo de contínuo
aprimoramento do canal de comunicação entre empresas e consumidores, a fim de
possibilitar o consumo consciente a partir da transparência dos processos empresariais
e da construção de modos de consumo cada vez mais sustentáveis pelos usuários
mobilizados.
!
*$!
FIGURA 2 - Informação e sustentabilidade
Fonte: CEBDS (2011, p. 22).
Percebe-se então, como a comunicação e o design se tornam importantes nesse
cenário. Obras como as de Fuad-Luke (2009), Proctor (2009) e Barbero e Cozzo (2009)
associam aos produtos, a comunicação das estratégias de design para a
sustentabilidade, a fim de ampliar o conhecimento do usuário sobre os aspectos
sustentáveis da produção de bens de consumo. Por meio de modelos informacionais
dedicados, os autores indicam caminhos para utilizar o próprio produto como canal de
informação e incentivo ao consumo consciente.
Nesse sentido, este trabalho propõe um estudo dessa interface entre o produto
como agente comunicador e o usuário, contribuindo para o entendimento da percepção
do destinatário da mensagem e a eficácia desses modelos para a construção de uma
cultura material sustentável, na medida em que contribui para a orientação do consumo
e do desenvolvimento de novos e melhores processos e produtos.
!
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!
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*%!
1.2 Justificativa e pressupostos
A pesquisa se revela importante no contexto do design e do desenvolvimento
sustentável a partir do enfoque no usuário como fonte de coleta de impressões sobre a
percepção da sustentabilidade em produtos. Conforme visto na contextualização do
trabalho, a inserção do usuário no processo de comunicação de recursos e estratégias
adotadas pelas empresas para promover o desenvolvimento sustentável é um
instrumento valioso para mobilizar e educar o consumo, de forma a alterar o
comportamento em relação à cultura material. Deste modo, o estudo baseia-se nos
seguintes pressupostos:
•
A investigação sobre a contribuição do design para a sustentabilidade encontrase difundida entre estudos metodológicos, históricos e sobre o ensino do design,
(interface com a produção), mas ainda existem poucos trabalhos dedicados à
comunicação desses recursos e estratégias desenvolvidos pelos designers aos
usuários (interface com o consumo);
•
os produtos cumprem etapas do processo de comunicação de recursos
sustentáveis, influenciando a identidade da cultura material onde se inserem;
•
as estratégias de design adotadas no desenvolvimento de produtos são
portadoras de significados e podem influenciar as escolhas e preferências dos
usuários;
•
o usuário possui uma imagem formada, baseada em “conhecimento popular”
sobre características de sustentabilidade dos produtos de seu cotidiano. Esse
conhecimento é culturalmente influenciado, sendo parcialmente obtido através
das interações com vetores de informação e se relaciona a significados
atribuídos ao produto que os contém;
•
uma vez portador desse conhecimento, o usuário é capaz de explicitá-lo, seja na
forma de expressões ou comportamento de consumo, bem como é capaz de
atuar como agente participante na significação dos produtos.
!
*&!
1.3 Questões norteadoras
Mediante a apresentação da problemática, do contexto e dos pressupostos da
pesquisa, formulam-se as seguintes questões:
•
Como as estratégias de sustentabilidade adotadas no desenvolvimento de
produtos são percebidas pelos usuários? Como os usuários comunicam e
expressam seu conhecimento acerca desses recursos?
•
A informação sobre o produto influencia o julgamento do mesmo? Informar os
usuários acerca das características técnicas relevantes pode alterar sua
percepção sobre um produto?
•
Como definir quais atributos são relevantes para o design de produtos
sustentáveis quando levados em conta aspectos subjetivos da percepção dos
usuários?
•
Como incorporar informações e impressões subjetivas dos usuários no processo
de desenvolvimento de produtos e na produção de novos produtos
sustentáveis?
1.4 Objetivos
1.4.1 Objetivo geral
Este estudo tem como objetivo geral apresentar um modelo experimental de
métodos da Percepção aplicada ao Design de Produto capaz de identificar informações
relevantes sobre o processo de comunicação de estratégias e recursos de design para
a sustentabilidade.
1.4.2 Objetivos específicos
•
Coletar dados referentes à percepção dos usuários em relação aos recursos de
design adotados em projetos de produtos sustentáveis.
•
Analisar como a comunicação de estratégias de design contribui para a
construção de valor percebido em produtos, considerando a diferença perceptiva
!
*'!
entre usuários de diferentes formações e o acesso a diferentes modelos de
comunicação.
•
Investigar como a comunicação dessas estratégias pode dotar o usuário de
informações relevantes para a decisão de escolha.
1.4.3 Resultados esperados
•
Revisão das principais bibliografias relacionadas ao tema do design e do
desenvolvimento sustentável, evidenciando as estratégias de projeto de design,
levando em consideração aspectos teóricos e práticos.
•
Apresentação de breve entendimento histórico (séculos XX e XXI) acerca da
evolução da participação do design para o desenvolvimento sustentável a fim de
identificar quais recursos e estratégias foram desenvolvidos ao longo das últimas
décadas.
•
Proposta de uma fonte de dados em língua portuguesa – em forma de glossário
– referente a recursos de design com foco em sustentabilidade para estudantes,
profissionais de design e empresas.
•
Apresentação de um estudo experimental dos métodos relacionadas à
Percepção no entendimento da relação entre o usuário e o projeto, a partir de
sua aplicação em produtos reais, no caso específico em análise, ou seja, a
sustentabilidade.
1.5 Estrutura do documento
O capítulo 1 dedica-se à apresentação do contexto da pesquisa, evidenciando
as questões norteadoras, pressupostos e objetivos do trabalho. O segundo capítulo
tem como foco as considerações metodológicas, explicitando os procedimentos e a
estrutura da pesquisa.
No capítulo 3 descrevem-se a fundamentação teórica e a revisão da bibliografia.
No quarto capítulo encontram-se a análise dos modelos de comunicação estudados, os
critérios de seleção dos produtos e a elaboração do glossário de recursos e estratégias
de design para a sustentabilidade. No capítulo 5 serão apresentados o modelo
!
*(!
proposto, os experimentos e as atividades realizadas. O capítulo 6 relata e discute os
resultados do estudo experimental e o sétimo capítulo traz as considerações finais.
!
*)!
2 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS
2.1 Referencial metodológico
Esta pesquisa, por sua natureza, caracteriza-se como uma pesquisa aplicada
que, segundo Silva (2005), objetiva gerar conhecimentos – para aplicação prática –
dirigidos à solução de problemas específicos e propõe-se a coletar dados a serem
aplicados na prática do desenvolvimento de produtos, no âmbito do design sustentável.
Quanto aos objetivos, ela se enquadra nas características da pesquisa
exploratória, que, de acordo com Gil (1996), visa a proporcionar mais familiaridade com
o problema, com vistas a torná-lo explícito. No caso desta proposta, considera-se a
possibilidade de se observar e analisar como os usuários percebem as estratégias de
sustentabilidade ao interagirem com os produtos projetados pelos designers e se os
modelos de comunicação, quando associados a essa interação, geram mudanças na
percepção. Trata-se, portanto, de um estudo que visa a inserir o usuário numa
comunicação mais participativa no processo de produção e desenvolvimento de
recursos sustentáveis. Acredita-se que:
O desenvolvimento e a avaliação de um produto devem romper com o tradicional
processo – centrado na mera transmissão de informações –, segundo o qual o
emissor é o único sujeito ativo da relação, uma vez que este é fundado numa
lógica fechada, linear e unívoca, entre dois polos: o emissor, que codifica e envia
as mensagens, e o receptor, que recebe e decodifica as informações
transmitidas (DIAS, 2009, p. 11).
!
2.2 Procedimentos gerais da pesquisa
A presente pesquisa é composta de três fases inter-relacionadas, conforme
mostra a FIG. 3, sendo a primeira referente à fundamentação teórica dedicada
inicialmente à compreensão dos elementos fundamentais da relação entre o design e o
desenvolvimento sustentável do ponto de vista histórico e metodológico. Num segundo
momento, há a revisão dos aspectos relacionados à comunicação e percepção das
estratégias de design para a sustentabilidade, com a análise dos modelos
apresentados pela literatura de referência. A análise desses modelos, a construção da
!
"+!
informação, iconografia utilizada e produtos apresentados fornecem dados e critérios
para a construção dos experimentos.
A terceira fase engloba a estruturação do método de avaliação da percepção
dos usuários das estratégias de design para a sustentabilidade e realização de um
estudo experimental. Nessa fase serão referenciados os estudos da percepção
utilizados como modelo, bem como os resultados esperados e atividades referentes a
cada experimento.
Para melhor compreensão da pesquisa, foi estruturado o QUADRO 1
relacionando as atividades básicas de cada uma das fases da pesquisa.
QUADRO 1 - Fases e atividades da pesquisa
FASES
ATIVIDADES
1.1 Referencial teórico e estado da arte
Fase 1:
Fundamentação
teórica
1.2
Identificação
de
fatores
históricos
da
relação
sustentabilidade
1.3 Identificação de fatores metodológicos da relação entre design e
sustentabilidade
1.4 Identificação de fatores de comunicação em produto-usuário
Fase 2:
2.1 Análise dos modelos apresentados
Análise dos
2.2 Análise dos recursos e estratégias apresentados
modelos de
2.3 Análise da iconografia
comunicação de
2.4 Seleção dos produtos para o experimento
sustentabilidade
2.5 Seleção de métodos da percepção para o experimento
Fase 3:
3.1 Definição dos participantes do estudo experimental
Modelagem e
3.2 Realização dos testes
aplicação do estudo 3.3 Processamento e analise de dados
experimental
Fonte: Do autor.
!
!
!
!
!
!
design-
3.4 Finalização da dissertação
!
"*!
2.3 Estrutura geral da pesquisa
A estrutura geral da pesquisa e do estudo experimental é apresentada na FIG. 3.
Pode-se perceber o caráter interdependente das fases da pesquisa. A primeira e a
segunda fase fornecem base de dados e questões norteadoras importantes para o
desenvolvimento e aplicação do método de avaliação da percepção. Os aspectos
relacionados às técnicas de avaliação da percepção e da relação produto-usuário
serão apresentados na terceira fase do trabalho. Após a aplicação do método em
estudo experimental serão descritos e analisados os resultados.
FIGURA 3 - Fases gerais da pesquisa
Fonte: Do autor.
!
""!
2.4 Amostra
O primeiro experimento contou com a participação de 30 usuários. Como este
experimento foi realizado virtualmente, a partir de uma plataforma digital buscou-se
diversificar a amostragem, abrangendo diversas faixas etárias, interesses e perfis.
Para
a
realização
dos
demais
experimentos,
foram
selecionados
22
participantes entre usuários dotados de conhecimento no desenvolvimento de produtos
e leigos.
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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A fundamentação teórica foi desenvolvida de forma a contemplar aspectos
importantes para a definição das demais etapas do trabalho. Tendo como principal
objetivo a investigação das informações balizadoras do estudo experimental a ser
realizado posteriormente, essa primeira fase da pesquisa foi dividida em três grandes
áreas dedicadas a averiguar questões relacionadas a: a) o design e o desenvolvimento
sustentável; b) a comunicação de produtos de design com foco em sustentabilidade.
Dessa forma, foram estruturados os temas relevantes a cada uma das
temáticas, conforme se vê:
1. Design e desenvolvimento sustentável
•
Antecedentes históricos e a contribuição das abordagens do século
XX
•
Desenvolvimento sustentável e o papel do design no século XXI
•
Recursos e estratégias de design para a sustentabilidade
2. Comunicação, design e sustentabilidade
•
Comunicação de estratégia de design para a sustentabilidade e
consumo: estudo de caso
•
Modelos
de
comunicação
de
estratégias
de
design
para
a
sustentabilidade
Os principais autores abordados: Ashby e Johnson (2002), Barbero e Cozzo
(2009), Bistagnino (2008), Chapman (2005), Crul e Diehl (2006), Fiell e
Charlotte (2006), Fuad-Luke (2009), Krucken e Trussen (2009), Manzini e
Vezzoli (2002), Moraes (2010), Proctor (2009), Reis (2010), Vezzoli (2010) e
Walker (2006, 2011).
!
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3.1 Design e desenvolvimento sustentável
Na última década, pôde-se observar significativo aumento da produção de
trabalhos de pesquisa em design que investigam a relação entre o design e o
desenvolvimento sustentável, a partir da seleção e classificação de produtos. As
bibliografias referentes ao tema têm se mostrado extremamente dedicadas a contribuir
construtivamente para definir os aspectos do papel do design para uma nova
configuração do consumo, principalmente apresentando projetos desenvolvidos no
cenário atual.
Deste modo, pode-se perceber que as mudanças cada vez mais rápidas e a
evolução e maturidade das soluções de design para a sustentabilidade se devem a
uma constante busca da prática do design aplicada às atuais preocupações referentes
ao desenvolvimento sustentável. Vezzoli (2010) destaca, ainda, uma mudança na
maneira como o design tem se portado perante o tema, apresentando soluções ligadas
a novos sistemas de produção e consumo, superando as soluções isoladas e, ainda,
aumentando a complexidade das questões envolvidas no projeto, sejam elas
ambientais ou sociais em uma perspectiva mais madura.
Esta abordagem permite compreender a dimensão de mudança contínua em
que está inserida a cultura material e como o design tem respondido às demandas
atuais. O acompanhamento das bibliografias revela um momento único de
convergência global de informações e, segundo Reis (2010), ressalta uma verdadeira
revolução sustentável no design de produtos.
3.1.1 Antecedentes históricos e a contribuição das abordagens do século XX
Esta parte do estudo pretende identificar como o processo de design se insere
na conformação da cultura material. Nesse sentido, será apresentada uma visão de
como os bens de consumo podem ser entendidos a partir do seu contexto de criação e
de como se podem entender os valores e ideários de determinado período histórico. A
partir do repertório de materiais, processos e formas que formatam os produtos
desenvolvidos, veem-se os aspectos mercadológicos, tecnológicos e os referenciais
envolvendo o processo de desenvolvimento de produtos.
Nesse cenário, também se encontram os aspectos ligados ao uso de recursos
!
"%!
naturais e a compreensão sobre a relação do homem com o planeta. Assim, pode-se
observar a evolução da linguagem de produtos e dos recursos utilizados para promover
a sustentabilidade e o consumo consciente.
Partindo-se do princípio de que o foco deste trabalho encontra-se na análise dos
recursos e soluções de design para sustentabilidade encontrados nos produtos
contemporâneos, torna-se necessário dedicar-se ao entendimento dos métodos
aplicados ao desenvolvimento de produtos no último século, que levaram ao
aperfeiçoamento dessas estratégias. A preocupação com o desenvolvimento
sustentável, além dos outros fatores que influenciam o desenvolvimento de produtos,
como os mercadológicos e tecnológicos em escala global, vão afetar diretamente a
configuração dos métodos de design.
Ashby e Johnson (2002) colocam a sustentabilidade como um dos fatores que
influenciam os métodos de design na atualidade, juntamente com: o clima do mercado,
a linguagem estética vigente, os desejos do consumidor e as disponibilidades
tecnológicas e científicas. A partir dessa abordagem (FIG. 4) pode-se perceber a
extensão e a complexidade referentes aos desafios do desenvolvimento sustentável
associado ao mercado, ao consumo e à cultura material.
!
"&!
FIGURA 4 - As forças que influenciam o processo de design
Fonte: Adaptado de Ashby e Johnson (2002, p. 8).
A preocupação com os impactos ambientais advindos da produção de bens de
consumo vem alterando a maneira como designers abordam o desenvolvimento de
produtos, fazendo com que métodos e estratégias de design com foco na
sustentabilidade sejam cada vez mais aprofundados e consigam atender cenários
complexos. Também se nota que o aumento da produção de produtos ecologicamente
coerentes e de ferramentas de projeto mudou a prática e cultura do design,
reconfigurando aspectos de consumo e, consequentemente, nossa cultura material.
Percebe-se que a proposta do modelo de Ashby e Johnson (2002) das cinco
forças que influenciam o processo de design pode ser compreendida como um modelo
dinâmico que coloca os materiais e processos como o repertório para que os designers
desenvolvessem novas linguagens em produtos (FIG. 5).
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"'!
FIGURA
5
-
Influência
das
novas
tecnologias no processo de
design
Fonte: Adaptado de Ashby e Johnson (2002, p. 9).
Nesse panorama, entender o século XX e o caminho percorrido pelo design
nesse período torna-se essencial para o entendimento dos antecedentes desses
recursos de ecodesign contemporâneos. Adota-se aqui o entendimento de Fiell e
Charlotte (2006), que apresentam uma abordagem da história do design a partir dos
recursos de linguagem dos designers, neste caso: estilos, materiais e concepção.
Isso posto, percebe-se a relação direta dos recursos tecnológicos e
metodológicos disponíveis em cada período da história e os bens de consumo
provenientes desses aspectos temporais. Fuad-Luke (2009), por exemplo, defende que
a produção de bens sustentáveis, conforme entendido hoje, é anterior à Revolução
Industrial. Para ele, os móveis e utensílios produzidos nos períodos históricos
anteriores à Revolução Industrial seguiam uma lógica de produção local que valorizava
os recursos disponíveis e os processos de produção não degradantes.
Fuad-Luke (2009) ainda acentua uma relação direta entre o nascimento da
preocupação com o meio ambiente e com o advento dos processos industriais. Ele
afirma que os fundadores do Movimento Britânico Arts and Crafts já notavam a
!
"(!
degradação ambiental associada às novas práticas industriais desenvolvidas entre as
décadas de 1850 e 1910.
As décadas de 1920 e 1930, segundo ele, foram dominadas pelo discurso
modernista que defendia o uso de formas associadas à função e ao desenvolvimento
de produtos de fácil produção em massa, alta qualidade, duráveis e de baixo custo,
contribuindo, assim, para a reforma social. Nesse sentido, a economia e o uso racional
de materiais e energia andavam de mãos dadas com o funcionalismo e modernismo.
O desenvolvimento de materiais e processos também acompanhou a mesma
lógica e, segundo o próprio autor, o principal exemplo do período foi o uso do metal
tubular no desenvolvimento do mobiliário. A cadeira Wassily modelo B32 de Marcel
Breuer (FIG. 6), é uma referência direta desse ideário, presente também na escola
Bauhaus, de onde Breuer é oriundo.
FIGURA 6 - Cadeira Wassily modelo B32 de Marcel Breuer
Fonte: www.puracal.pt, em dezembro de 2011.
O exemplo comprova a hipótese apresentada por Ashby e Johnson (2002), vista
anteriormente, relacionada à evolução de materiais e processos tendo como resultado
produtos mais leves, duráveis, baratos e com menos impacto ambiental.
Nas décadas de 1930 e 1940 percebe-se que esses princípios modernistas
foram somados à utilização de materiais orgânicos, com economia de energia, alta
durabilidade, satisfazendo necessidades ergonômicas e emocionais dos usuários.
!
)*!
Como exemplo, Fuad-Luke (2009) mostra as peças de compensado de madeira de
Charles e Ray Eames (FIG. 7).
FIGURA 7 - Cadeira Lounge Chair Wood de Charles Eames
Fonte: www.darioalarez.net, em dezembro de 2011.
Nas décadas de 1950 e 1960, dois diferentes movimentos influenciaram a
maneira de vestir, pensar e agir. O primeiro movimento é o Streamline, que valorizou a
aerodinâmica e influenciou o desenvolvimento de produtos nos setores ligados aos
meios de transporte, como aeronaves e locomotivas. O segundo é o movimento hippie,
que valorizava o consumo consciente e o equilíbrio com a natureza.
Nesse período, a aceleração e propagação dos processos industriais levaram a
questão ambiental a ser entendida como o impacto da produção e consumo no
equilíbrio do sistema ecológico (VEZZOLI, 2010), gerando discussões e investigações.
Assim, na década de 1970 foram publicados os primeiros estudos científicos sobre o
tema.
Durante os anos 1980, segundo o autor:
Os debates internacionais sobre a questão ambiental se tornaram mais
intensos e tiveram maior propagação. [...] as instituições assumiram uma
conduta pautada por uma série de normas políticas e ecológicas, as quais se
baseavam no princípio do poluidor-pagador, e a partir das quais se analisavam
as atividades produtivas (VEZZOLI, 2010, p. 20).
!
)+!
Dessa forma, as décadas de 1980 e 1990 foram caracterizadas como as
definidoras dos conceitos, legislações internacionais e criação dos programas
internacionais de desenvolvimento sustentável, como a United Nation Enviromental
Programme (UNEP), Programa Ambiental das Nações Unidas.
Como foi visto nesta etapa, os recursos metodológicos de design para a
sustentabilidade e as estratégias utilizadas pelos designers para alcançar as metas do
desenvolvimento sustentável têm evoluído de acordo com diversos fatores que
influenciam o processo de design. Esses fatores podem ser entendidos historicamente
a partir de movimentos estéticos e conceituais, desenvolvimento de materiais e
processos e abordagens sistêmicas relacionadas ao processo de desenvolvimento e
fabricação de produtos.
Consegue-se averiguar que o século XX forneceu aos designers uma série de
recursos e estratégias ligados à preocupação ambiental, principalmente referente à
redução do uso de materiais, utilização de materiais biodegradáveis, desenvolvimento
de linguagens estéticas e aumento da vida útil dos produtos. Esse novo cenário
permitiu ao design assumir importante papel na busca pelo desenvolvimento
sustentável e por novos estilos de vida e no consumo.
3.1.2 Desenvolvimento sustentável e o papel do design no século XXI
Esta etapa tem como objetivo apresentar como as bibliografias especializadas
têm percebido a aproximação do design com a sustentabilidade e como seu processo
influencia ou pode ser influenciado pelas diretrizes do desenvolvimento sustentável.
Serão vistas as obras que o aproximam do desenvolvimento sustentável a partir de
diversos ângulos.
Seja do ponto de vista metodológico, histórico ou teórico, o ponto crucial desse
olhar sobre o design é a evolução da participação dessa área do conhecimento
humano nas ações dedicadas ao desenvolvimento de produtos e serviços sustentáveis,
que se apresentam de forma cada vez mais variada e complexa. Essa variedade e
complexidade podem ser entendidas como fruto de uma exploração cada vez mais
intensa dos métodos de design na busca pelo direcionamento ao desenvolvimento
sustentável
!
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Na investigação das contribuições à teoria do design, no que diz respeito a
modelos teóricos ligados à sustentabilidade, pode-se verificar um enfoque com caráter
ecológico recorrente. Para Bistagnino (2008), um tratamento sistêmico e maduro da
atuação desse profissional pode ser baseado nos modelos naturais de relação entre os
reinos biológicos. A coordenação, interdependência e o equilíbrio encontrado entre
esses reinos na natureza são resultado de uma interação que não deixa qualquer
resíduo, elemento, energia ou material resultante. Assim, os modelos industriais e de
consumo humano, da mesma maneira, deveriam ser equilibrados, a fim de garantir que
resíduos advindos de certas atividades (outputs) fossem utilizados como recursos em
outras (inputs).
Esse modelo teórico deveria ainda, segundo o autor, colocar o homem como o
ator e motivador central desse processo, fazendo com que todas as decisões de
projeto levassem em consideração a melhoria da condição humana no planeta. Dessa
maneira, seria garantida a participação do design na construção de um novo
humanismo, ou seja, o desenvolvimento de projetos ampliados, sistêmicos, tendo como
foco o homem. Ainda segundo Bistagnino (2008), esses sistemas devem abrir caminho
para uma nova percepção humanística, que direcione práticas sustentáveis em uma
nova necessidade da relação entre o homem e os recursos naturais. Dessa forma, o
desenvolvimento de um produto inserido nesse panorama abrange todas as atividades
referentes à cadeia de valor envolvida e todo o ciclo de vida desses produtos e/ou
serviços.
Chapman (2005) refere uma miopia em relação ao conceito de progresso,
geralmente ligado ao incremento e aumento da produção e dos ciclos de consumo.
Essa visão é apresentada como causa do desequilíbrio na relação entre os meios
produtivos industriais e a manutenção dos recursos naturais como acontece hoje e a
resultante dos impactos gerados por esse sistema.
Como se pode inferir, em quase todas as obras aqui apresentadas há a
constatação da finitude dos recursos do planeta e da necessidade imediata de
mudanças na forma como é entendido nosso papel no ecossistema, a partir da
reestruturação da nossa forma de produzir e consumir produtos e serviços. Um desses
modos de tratamento, contudo, assume uma visão peculiar sobre a relação do design
com a cultura material, de forma a colocar a prática e a experimentação a favor de uma
nova visão da contribuição do design para o tema.
!
))!
Walker (2006) propõe um questionamento à maneira sobre como o design se
posiciona na busca pela contribuição ao desenvolvimento sustentável, apresentando
evidências
de
que
a
atuação
desses
profissionais
ainda
é
marcada
por
comportamentos típicos do modelo defasado de produção e consumo inconsequentes.
O autor busca uma visão antropológica do processo de design e direciona a teoria e a
prática para uma avaliação que visa a reconfigurar os preceitos teóricos e práticos.
Posteriormente, Walker (2011) apresenta o resultado dessas explorações
teóricas e práticas, buscando ampliar a percepção dos conceitos de sustentabilidade
utilizados como alicerces do desenvolvimento sustentável. Para o autor, a sociedade
atual ainda está inábil para conseguir imaginar como seria uma sociedade plenamente
sustentável. Assim, torna-se necessário abrir espaço para o desenvolvimento de
alternativas humanísticas que permitam ao indivíduo participar do processo de
mudança plena de nossa cultura material. Walker (2011) sugere uma reestruturação do
conceito do triple bottom line1, que define as dimensões ambiental, social e econômica
do desenvolvimento sustentável. O autor defende um ponto de fraqueza do modelo
atual no que diz respeito à participação individual na construção de uma produção de
bens sustentáveis.
De acordo com Walker (2011), da maneira como é apresentado até o momento,
as diretrizes são coletivas e amplas, não tendo qualquer tipo de espaço para a
interpretação pessoal e a criação de significados subjetivos, ponto-chave na atuação
do profissional de design. Assim, o autor apresenta uma nova configuração que
também inclui o fluxo de informações como componente importante, como será
apresentado na FIG. 8.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
1
Tripé da sustentabilidade: aspectos econômico, social e ambiental.
!
)#!
FIGURA 8 - Nova configuração do Triple Bottom Line com o aspecto subjetivo
Fonte: Adaptado de Walker (2011, p.190).
Pode-se perceber, até aqui, constante reposicionamento que salienta o processo
de aprendizado atual e, além disso, como o design está contribuindo para a discussão
sobre o tema. Porém, falta ainda averiguar se os aspectos ligados à prática do design
estão gerando estratégias e soluções válidas para essa nova configuração dos
produtos e serviços sustentáveis.
Percebe-se, então, como esses novos enfoques afetam os métodos de design e
ampliam a necessidade da pesquisa e desenvolvimento com foco no usuário. Esses
modelos mostrarão o quão vasta e variada pode ser a interação entre o design e as
diretrizes de sustentabilidade no desenvolvimento de projetos.
Entre as diversas obras que apresentam estudos metodológicos que relacionam
o design e a sustentabilidade, focou-se naquelas da última década do século XX e da
primeira década do século XXI. Percebe-se que, nesse período, além de uma profusão
de novos produtos e serviços com apelo sustentável, houve um aparecimento periódico
de novas aplicações práticas dos métodos de design, o que ampliou sua participação
nas ações para o desenvolvimento sustentável, principalmente no processo de
desenvolvimento de produtos, mas, também, em métodos de pesquisa científicos.
!
)$!
Na obra dedicada ao design e sua relação com os materiais, Ashby e Johnson
(2002) apresentam uma visão em que o processo estaria centrado em meio a fatores
que influenciariam sua condução, a tomada de decisões e as especificações de
produção, uso e descarte de produtos. Como visto anteriormente, a sustentabilidade
está diretamente ligada às preocupações ambientais, porém as interações entre os
aspectos sociais, culturais e econômicos já são estabelecidas como determinantes
para todo o processo de design, bem como no modelo de Walker (2011). Soma-se a
esse contexto a preocupação com a identificação, pelo indivíduo, dos objetos que
consome e o poder da significação desses bens de consumo no quadro econômico.
Como se pode perceber, os autores já inter-relacionam a linguagem estética e
os valores da sociedade com a prática do design. Essa evidência é confirmada quando
se definem os materiais e processos (tecnologias) como recursos de linguagem para
que o profissional possa atuar na formação da cultura material, conforme reforçado por
Fuad-Luke (2009).
Desse modo, o cruzamento entre a obra de Ashby e Johnson (2002) e as de
Walker (2006, 2011) atesta espaço para a atuação do design como um dos atores
encarregados de contribuir para a conformação de uma nova cultura material.
Porém, não foram apresentadas, ainda, todas as abordagens metodológicas que
colocam o desenvolvimento sustentável nos métodos de design. Haja vista que uma
revisão de todos os procedimentos metodológicos seria inaplicável ao estudo,
selecionou-se um exemplo para ilustrar o quadro geral. Para tal escolha, foram
revisados métodos que utilizam checklists ou diretrizes para garantir o perfil sustentável
dos produtos.
O Metaprojeto, ou Metadesign, por exemplo, segue parâmetros de projeto como
checklists, ou linhas-guia, para conformação do projeto nas exigências estipuladas pelo
desenvolvimento sustentável. Segundo Moraes (2010), os aspectos ambientais
também se relacionam de forma sistêmica com outros fatores que ampliam a visão
metaprojetual, sendo eles: os fatores mercadológicos, o sistema produto/design, as
influências socioculturais, as tecnologias produtivas e materiais empregados e os
fatores tipológicos, formais e ergonômicos.
Podem-se encontrar as diretrizes ou linhas-guia, também, em Manzini e Vezzoli
(2002), sempre com o foco no desenvolvimento de produtos industriais, como: análise
de ciclo de vida do sistema-produto, desenvolvimento do projeto do ciclo de vida,
minimização dos recursos, escolha de recursos e processos de baixo impacto
!
)%!
ambiental, otimização da vida dos produtos, extensão da vida dos materiais e
facilitação da desmontagem.
Verificam-se
nesses
direcionadores
do
desenvolvimento
de
produtos
preocupações com a separação de componentes de materiais diversos, desmontagem
e manutenção, medidas para facilitação de reciclagem de materiais poliméricos e
metálicos, fatores que reduzem a utilização de recursos e ampliam o ciclo de vida de
produtos e materiais que estão sendo consumidos em escala global.
Como se pode perceber, diversas diretrizes de design para a sustentabilidade
evoluíram dos ideários do século XX, devido à necessidade de se atender a um cenário
mais complexo. Essas diretrizes demonstram as diversas soluções, recursos e
estratégias de design para a sustentabilidade possíveis. A partir desses preceitos uma
variedade de propostas surgiu e ainda poderão surgir muitas outras com vista a
acelerar o percurso à configuração de uma nova sociedade plenamente sustentável.
Nesse sentido, tornou-se importante olhar o passado, para investigar como a cultura
material evoluiu no último século e como o design atuou neste aspecto.
Nesse momento, diferentemente, serão estudados os resultados práticos dessas
experiências advindas dos métodos aplicados do design. Será apresentado um
panorama geral do início do século XXI referente a trabalhos que expõem os recursos
e estratégias de design mais utilizados para promover o desenvolvimento sustentável.
Os principais trabalhos bibliográficos referentes ao tema coletaram produtos de
diversas partes do mundo, a fim de indicar e classificar as soluções desenvolvidas,
como será visto a seguir.
!
3.1.3 Recursos e estratégias de design para a sustentabilidade
As últimas décadas apresentaram uma gama de estratégias para o
desenvolvimento sustentável advindas do uso do design como instrumento de criação
de alternativas em diversos setores. Este capítulo tem como objetivo apresentar as
principais referências dedicadas ao tema e investigar como o design pode contribuir
para o desenvolvimento sustentável com soluções criativas e, além disso, a
importância do estudo dessas estratégias para o processo de design.
Nesse sentido, procurou-se estudar exaustivamente a produção referente ao
tema, pois é importante identificar quais são essas estratégias e como se pode adotar
métodos científicos para ampliar sua utilização e melhorar continuamente. Será visto
!
)&!
que dois dos caminhos possíveis são a indexação e a classificação, utilizada hoje nas
academias para o ensino e prática do design sustentável. Porém, com um número cada
vez mais alto de produtos com apelo sustentável, também caberá aos designers
orientar o consumo consciente, para que a iniciativa não se torne mais um elemento do
ciclo de produção e consumo insustentável que é mantido atualmente.
Nas últimas décadas evidencia-se o crescimento da produção de bens de
consumo com perfil sustentável. Na mesma direção, da década de 1970 até os dias de
hoje, um número exponencialmente mais alto de estudos tem mostrado a importância
do tema e a compreensão de que é preciso uma saída para o modelo de consumo
atual (VEZZOLI, 2010).
Nesse cenário, o design tem assumido importante papel, principalmente no
desenvolvimento de estratégias para o desenvolvimento de produtos. Esse fato fez
com que diversos estudiosos fossem a campo coletar exemplos de trabalhos
desenvolvidos por designers e apresentá-los de forma ampla para enriquecer as
discussões sobre o tema. No início do século XXI, então, consegue-se facilmente
encontrar referências que visam a apresentar o estado da arte da contribuição prática
do design para o desenvolvimento sustentável.
Reis (2010) afirma que esse fenômeno prova que a sustentabilidade não é um
efeito passageiro e as pessoas estão constantemente buscando mais informação,
produtos e inovações nessa área. E isso fez com que designers respondessem com
bens elegantes, eficientes e de baixo impacto, que olham para um futuro sustentável.
Em sua obra podem-se encontrar mais de 100 projetos divididos em oito setores:
eletrônicos, energia, mobiliário, utensílios e casa, iluminação, produtos de varejo,
esportivos e vestuário, entre diversos outros.
Barbero e Cozzo (2009) apresentam também mais de uma centena de projetos
dedicados a aproximar a prática projetual em design das diretrizes do desenvolvimento
sustentável. As autoras mostram que o design é um dos fatores importantes para se
revisitar os conceitos de crescimento e desenvolvimento, que não correspondem mais
à maneira como eram tratados anteriormente. O sistema econômico atual encontrou
barreiras relacionadas à finitude dos recursos naturais e ao aumento exponencial do
impacto gerado ao ecossistema, o que demandou uma busca por novas soluções que
direcionassem a produção de produtos e serviços para outros modelos menos
impactantes.
!
)'!
São revisitados diversos aspectos econômicos, geográficos e produtivos, pois
uma nova forma de pensar a cultura material estaria se formando a partir de
necessidades latentes. Esse novo cenário prevê o uso adequado de recursos locais e
resgate, melhoria e desenvolvimento de novas formas de produção artesanais, como
enfatizaram Proctor (2009) e Fuad-Luke (2009).
Assim, em várias dessas obras há a preocupação em adaptar o processo de
design a setores não industriais, a fim de garantir o desenvolvimento de sistemas
capazes de alargar-se de tal forma a atingir novos tipos de conhecimento técnico
referente ao ciclo de vida desses produtos e à cadeia de valor envolvida (REMMEN;
JENSEN; FRYDENDAL, 2007).
Se a sustentabilidade vista a partir da atividade
projetual deve levar em consideração aspectos diferenciados das economias nacionais
em que está inserida (CRUL; DIEHL, 2006), também as peculiaridades da produção
artesanal devem ser estudadas para tal objetivo.
Pode-se
perceber
que
aspectos
referentes
à
metodologia
de
design
desenvolvida no século XX, e representada, principalmente, pela contribuição da tríade
Bürdek (2006), Baxter (2003) e Löbach (2001) foram ampliados para atender a novos
desafios.
Para Baxter (2003), a inovação é um ingrediente vital para o sucesso dos
negócios e as empresas precisam introduzir continuamente novos produtos, para
impedir que empresas mais agressivas acabem tomando parte de seu mercado. Esses
novos produtos devem buscar a inovação superando o maior desafio do design
contemporâneo nessa nova visão sistêmica. Segundo Krucken (2009a, p. 5):
Desenvolver e/ou suportar o desenvolvimento de soluções a questões de alta
complexidade, que exigem uma visão alargada do projeto, envolvendo
produtos, serviços e comunicação, de forma conjunta e sustentável.
Essa averiguação não se deve somente aos fatores ligados a uma reflexão
sobre os impactos gerados pela produção de bens de consumo aos recursos naturais,
do ponto de vista da produção. Percebe-se também a necessidade de se entender
esse cenário do ponto de vista dos consumidores. Krucken e Trussen (2009) propõem
as dimensões relacionadas ao consumo de produtos, representadas na “estrela de
valor” (FIG. 9).
KK9K<AE=FKq=KHG<=EK=JJ=HJ=K=FL9<9KF9S=KLJ=D9<=N9DGJU
#!
!
)(!
FIGURA 9 - Estrela de valor: dimensões de valor de produtos e serviços
#!/,KLJ=D9<=N9DGJ<AE=FKq=K<=N9DGJ<=HJG<MLGK=K=JNAhGK
Fonte: Krucken e Trussen (2009).
GFL=%,/%(9<9HL9hgG<GK9MLGJ=K
Essas dimensões definem o significado desses bens para os consumidores e
)KN9DGJ=KK==KL9:=D=;=E<=>GJE9AFL=?J9<9=<AFeEA;9*G<=K=;GFKA
usuários
e influenciam diretamente as formas de consumo. Dessa forma, torna-se
inviável pensar um modelo de criação de novos produtos e serviços no processo de
<=J9JHGJL9FLGIM=9IM9DA<9<=J=KMDL9<GEG<G;GEGGHJG<MLGiHJG<MRA<G
design, que não leve em consideração o usuário. Krucken, Trussen e Santos (2012)
=;GFKMEA<G=FNGDN=GKAKL=E9<=HJG<MhgG=<=;GFKMEGHJG<MLGJ=K;GF
mostram que a inclusão e a comunicação das soluções de projeto devem sempre
KMEA<GJ=K=LG<99J=<=IM=K=<=K=FNGDN==ELGJFG<GHJG<MLGGMK=JNAhG
envolver os consumidores e usuários.
-=;GFKA<=J9JEGKME99:GJ<9?=E9EHD9<=KMKL=FL9:ADA<9<=G:K=JN9EGK
Pode-se perceber, assim, a relação entre a complexidade envolvendo o
IM=LG<9K9K<AE=FKq=K<=N9DGJ<=HJG<MLGKGMK=JNAhGK=KLgGAFL=JJ=D9;AG
processo de design apresentada pela autora com as forças que o influenciam,
conforme visto anteriormente no trabalho de Ashby e Johnson (2002). Como foi
F9<9K);GFKMEA<GJ9G9<IMAJAJHJG<MLGK<=>GJE9;GFK;A=FL=<=K=EH=F@9
explicitado, o modelo atual apresenta uma conjuntura de fatores que fizeram emergir
H9H=D>MF<9E=FL9DF9N9DGJAR9hgG=HJ=K=JN9hgG<=KK9K<AE=FKq=K<=IM9DA
uma série de projetos de design com foco em sustentabilidade. Esses trabalhos foram
<9<=GF>GJE=J=>GJh9E'9FRAFA"1)9KJ=D9hq=K=FLJ=9IM9DA<9<=
apresentados de forma abrangente por autores como Barbero e Cozzo (2009), Fuad<GKHJG<MLGKF9KKM9K<AN=JKA<9<=K:AGDn?A;9K=;MDLMJ9AK=GKHJG<MLGJ=K=
Luke (2009), Proctor (2009) e Reis (2010). Porém, essa enorme quantidade de
=FLJ=GKDG;9AK<=HJG<MhgG=GK;GFKMEA<GJ=KHJ=;AK9EK=JJ=;GF@=;A<9K
exemplos distintos e de diversas tipologias, setores produtivos e países diferentes
poderia confundir o entendimento do seu objetivo e de sua natureza.
definição de!design
atualmente utilizada
International
Council of
/-/Na#/-4.)#!1
2423%.3!"),)$!$%
$%pelo
01/$43/2
% 2%15)?/2
Societies of Industrial Design (ICSID) (Conselho Internacional de Sociedades de
Design Industrial) e desenvolvida em 2005:
G9N9DA9JMEHJG<MLG9KH=KKG9K:MK;9EAF>GJE9hq=KIM=HGKK9E9LM9J
;GEGS?9J9FLA9KU GMSHAKL9KU 9 A<=FLA>A;9hgG <GK HJG<MLGJ=K GK =D=E=FLGK
<9@AKLnJA9<GHJG<MLGE9J;9<GJ=K<=A<=FLA<9<==AF<A;9<GJ=K<=IM9DA<9<=
KG;AG9E:A=FL9D<GHJG;=KKG<=HJG<MhgGKK9KAF>GJE9hq=K9BM<9E9H=J;=
!
#*!
O design é uma atividade criativa cujo objetivo é estabelecer as qualidades
multifacetadas de objetos, processos, serviços e seus sistemas em todo o ciclo
de vida. Assim, o design é o fator central de humanização inovadora de
tecnologias e fator crucial de trocas econômicas e culturais (ICSID, 2011).
Nesse
conceito
já
se
pode
detectar
a
influência
dos
conceitos
de
sustentabilidade e do triple bottom line na construção da definição da prática do design
como entendido hoje, ou seja, englobando desempenho econômico, social e ambiental.
Porém, a produção global de bens não acompanha, de maneira simultânea, os
avanços vistos nos fóruns internacionais, congressos acadêmicos e projetos
conceituais dedicados à sustentabilidade. Anteriormente, foi visto um histórico que
mostrou que essas mudanças acontecem em ritmos diferentes nos espaços científicos,
acadêmicos e no mercado. Assim, torna-se necessário definir o que são as estratégias
ou recursos de design para a sustentabilidade, como se pode encontrar nas
bibliografias citadas, que adiantam possibilidades e prospectam caminhos futuros.
Barbero e Cozzo (2009) afirmam que o design voltado para o desenvolvimento
sustentável é caracterizado por uma vibrante habilidade criativa para procurar
estratégias alternativas de sistemas, tecnologias e produção e que produtos projetados
dessa maneira são flexíveis e duráveis, modulares ou multifuncionais e adaptáveis ou
recicláveis. Essa visão reforça o entendimento de Ashby e Johnson (2002),
apresentado no início deste estudo.
Nessas obras, percebe-se a amplitude das soluções possíveis. Fuad-Luke
(2009) sugere mais de 170 recursos de design para a sustentabilidade. O autor dedica
mais atenção às fases do processo de design e situa os recursos ligados à
sustentabilidade em relação às fases do projeto e do ciclo de vida do produto. Já
Barbero e Cozzo (2009) e Proctor (2009) exibem tipologias que classificam esses
recursos de acordo com a natureza da solução de projeto adotada. Em ambas as obras
as autoras desenvolvem nove tipologias diferentes, mas visam a recomendar diretrizes
para as estratégias de desenvolvimento de produto que, quando conjugadas, geram
variado repertório de possibilidades. A síntese das tipologias é apresentada no
QUADRO 2.
!
#+!
QUADRO 2 - Tipologias de estratégias de design para a sustentabilidade
BARBERO e COZZO (2009)
PROCTOR (2009)
1. Design de componentes
1. Biodegradável
2. Redução de materiais e design para
2. Comércio justo
desmontagem
3. Uso de monomateriais e biomateriais
3. De origem local
4. Reciclagem e reuso
4. Baixo consumo Energético
5. Miniaturização
5. Poucos resíduos
6. Design de serviços
6. Sem substâncias tóxicas
7. Tecnologias sustentáveis
7. Reciclável
8. Design sistêmico
8. Reciclado
9. Ecocomunicação
9. Boa gestão de recursos
Fonte: Barbero e Cozzo (2009); Proctor (2009).
As bibliografias atuais apresentam um leque de soluções de design para a
sustentabilidade. Nesse contexto, as práticas de design geram um novo capítulo na
história da cultura material, que abre possibilidades para um futuro cenário totalmente
sustentável. As soluções atuais, porém, não deixam de ser válidas; em vez disso, elas
devem ser utilizadas como repertório para aprofundar ainda mais a atuação do design
como promotor de estratégias para o desenvolvimento sustentável.
3.2 Comunicação, design e sustentabilidade
Nesta etapa será apresentado como os autores organizam e classificam os
diversos recursos de design para a sustentabilidade a fim de apresentá-los aos
usuários. Foram estudadas as principais referências dedicadas a simplificar a
comunicação desses recursos ao usuário, utilizando-se de modelos de informação que
podem ampliar o entendimento das estratégias de design para a sustentabilidade.
Destaca-se como os autores avaliam e entendem os recursos de design para a
sustentabilidade utilizados nos produtos. Dessa forma, a informação é sintetizada e
facilitada. Serão averiguadas, também, as diferenças de cada modelo.
Existem diversos trabalhos dedicados a estudar os aspectos de sustentabilidade
com o foco do processo de design, como o de Reis (2010), Manzini e Vezzoli (2002) e
!
#"!
Benson, Stephens e Stephens (2009). Porém, a revisão foi direcionada para o
entendimento dos trabalhos que se dedicam exclusivamente ao projeto de produtos,
sendo os principais autores: Barbero e Cozzo (2009), Fuad-Luke (2009), Proctor (2009)
e Reis (2010).
3.2.1 Comunicação de estratégia de design para a sustentabilidade e consumo: estudo
de caso
O estudo de caso foi realizado durante o desenvolvimento de alguns produtos na
empresa Miho, de Belo Horizonte. A colaboração de profissionais das áreas de design
gráfico e de design de produto com interesse na prática e no estudo das teorias do
Ecodesign foi de suma importância para o desenvolvimento do projeto. Porém, não
será apresentado aqui o processo de desenvolvimento dos produtos, e sim aspectos
relacionados
à
validação
dos
recursos
metodológicos
de
design
para
a
sustentabilidade, sendo utilizados como informação para a criação de valor dos
produtos.
Nesse sentido, essas informações foram tratadas como fatores de grande valia,
para que o usuário compreendesse as estratégias adotadas pela empresa para garantir
o desenvolvimento de produtos de alta qualidade com redução e controle dos impactos
ambientais. O estudo mostra como foram selecionadas e apresentadas as estratégias
de ecodesign em manuais de venda, web site e outras mídias.
Viu-se que a relação entre o processo de desenvolvimento de produtos e as
questões ambientais é hoje um importante foco de estudo no design. Como foi
apresentado anteriormente, para Ashby e Johnson (2002), as questões relacionadas à
redução de impacto ambiental no projeto de um produto são uma das forças que
influenciam um projeto. Pode-se averiguar coerência com outros autores, como Reis
(2010), que demonstra a mudança da percepção das questões ambientais. Para o
autor, nas últimas décadas a melhoria constante no entendimento da questão
associada ao desenvolvimento de tecnologias, métodos e ferramentas vem causando
uma revolução de produtos sustentáveis. Vezzoli (2010) reporta que o design deixou de
atuar de maneira pontual para o desenvolvimento de sistemas produto/serviço,
estratégias e estilos de vida sustentáveis.
!
#)!
Em sua obra sobre o Metaprojeto, Moraes (2010) menciona as questões
referentes à sustentabilidade socioambiental como um dos aspectos contemporâneos
mais importantes em relação ao design. Porém, como o autor apresenta uma
abordagem sistêmica, as decisões projetuais dedicadas à sustentabilidade devem estar
em consonância com outros fatores que, conjugados, formam as forças que irão
influenciar
e
configurar
o
planejamento
sistêmico
do
projeto:
tendências
mercadológicas, estratégias, tecnologias e linguagem estética. Entende-se, então, que
o projeto de design tangencia vários aspectos normalmente direcionados a diferentes
áreas, mas cumprindo importante papel na formação dos atributos dos produtos e da
marca. No caso citado, Santos e Ribeiro (2011) salientam como a empresa interpreta
esses atributos e os apresenta aos usuários:
A coleção “O Mundo Descartável” propõe uma reflexão a respeito da
superficialidade das relações, dos objetos que são inutilizados rapidamente e
da falta de significados mais constantes e duradouros. É sobre as escolhas
conscientes, relativas - ou não - ao consumo; sobre as relações do homem
com o mundo contemporâneo e de sua incapacidade sensitiva. A intenção é
levantar questionamentos e reflexões, além de contribuir com a função prática
destes produtos, provando que é possível fazer moda contemporânea de
maneira sustentável. Os produtos da coleção “O Mundo Descartável” foram
todos desenvolvidos a partir de matéria-prima residual, orgânica e reciclada.
Em todo o conceito da coleção foi utilizada a estética do excesso e o objetivo é
chamar a atenção para como as coisas são dispensadas no planeta, para a
maneira que se vive conectado ao presente sem cogitar resultados das ações
em um futuro próximo. É uma coleção propositalmente sem datações ou
referências temporais justamente por propor uma moda mais durável, que não
se desatualize com as estações (MIHO, 2010).
Pode-se concluir que uma empresa que se configura como escritório de design
que atua nas áreas de gráfico, de produto e de moda e que trabalha conjugando esses
serviços ao conceito do design consciente (termo usado pela empresa para denominar
o direcionamento de seus processos, produtos, metodologias e serviços, que estão
estritamente voltados para o desenvolvimento sustentável) deve voltar todas as
decisões para o baixo impacto ambiental gerado em todos os seus processos. Assim,
as informações presentes nos canais de comunicação da empresa confirmam os
preceitos
propostos
por
Moraes
(2010),
porém
não
existe
uma
estrutura
comunicacional referente ao projeto de design focado na informação a ser transmitida,
principalmente
a
transformação
desses
recursos
de
design
voltados
para
sustentabilidade em valor percebido para os usuários.
Encontram-se atualmente no mercado diversos exemplos da comunicação de
soluções concentrados no perfil sustentável de produtos, de forma a ampliar a
!
##!
percepção de valor dos consumidores e usuários. No caso das grandes empresas e
multinacionais que operam globalmente, a própria necessidade de uma linguagem
comunicacional comum gera organização do discurso e da imagem corporativa,
facilitando o reconhecimento dos públicos de relacionamento da marca, das soluções
sugeridas. Para micro e pequenas empresas, por sua vez, a tarefa pode ser
considerada mais difícil.
Nos casos ilustrados a seguir pode-se visualizar como diferentes setores
apresentam
suas
soluções
de
sustentabilidade
para
os
consumidores.
Independentemente das soluções, a mensagem é inserida no contexto comunicativo da
marca, adotando suas características visuais como tipografia, cores e formas, por
exemplo.
FIGURA 10 - Comunicação em garrafa da Coca-Cola
Fonte: Web Site da empresa Coca-Cola.
Percebe-se que as soluções dedicadas a ampliar o perfil de sustentabilidade de
produtos são utilizadas como forma de aumentar o valor percebido sobre o produto,
mas também sobre a marca. No caso da embalagem de refrigerante (FIG. 10), a
comunicação acompanha o próprio produto, sendo impressa no rótulo, além de
veiculada em outras mídias como a televisão, internet, entre outros. Mas no caso de
outros setores, com outras tipologias de produtos e formas de consumo, a
comunicação pode adotar técnicas variadas. No caso da Apple, fabricante de produtos
eletroeletrônicos, por exemplo, a comunicação desses recursos é encontrada no site
(FIG. 11).
!
#$!
FIGURA 11 - Comunicação no site da Apple
Fonte: Web site da empresa Apple.
Diversos dados referentes à política de redução de impactos ambientais são
expostos ao público em forma de gráficos e relatórios. Mais uma vez nota-se que as
diretrizes de comunicação da marca assumem a forma como a comunicação é
planejada, fazendo desses dados técnicos mais um atrativo de vendas para a marca.
No caso da primeira coleção da empresa Miho, já se levava em consideração
diversos desses aspectos, como foi averiguado anteriormente. Assim, as informações
sobre matérias-primas, processos e estratégias comerciais, como parcerias, eram
apresentadas em manuais e no site da empresa de forma descritiva:
As garrafas utilizadas na produção das embalagens são recolhidas diretamente
após o uso pelos próprios fornecedores (buffets e adegas). Este vidro é
recolhido e levado ao parceiro instituto Kairós, que faz a limpeza e o corte dos
anéis. A folha de fibra de bananeira e sua viscose são produzidas no instituto
Kairós. Seu processo de produção é 100% artesanal, desde a colheita das
folhas em cultura até o seu cozimento e secura ao sol. Fabricado pela empresa
Menegotti, a malha utilizada nas roupas (linha Ecologic) é 100% de algodão
orgânico e seu tingimento é feito por pigmentos naturais, como a clorofila,
imbuia, cebola, ipê roxo e cedro rosa, entre outros. A tinta utilizada nas
estampas é produzida industrialmente, constitui-se de pigmento orgânico e
fixador ainda químico. O catálogo manteve o conceito. Produzido pela empresa
sul-americana com papel Silprint 120 g/m 100% reciclado (MIHO, 2010) (FIG.
12).
!
#%!
FIGURA 12 - Camiseta, embalagem e catálogo
- coleção Miho, 2008
Fonte: Miho (2010).
Todas as informações sobre os materiais, processos, parceiros e produção são
encontradas no site da empresa, bem como nas demais mídias impressas, como
manuais de venda, catálogos e editoriais. Porém, essa informação ainda não possuía
uma abordagem informacional planejada, só aparecendo em forma de texto, apesar de
estrategicamente conter todos os elementos aludidos por Fuad-Luke (2009) em sua
legenda: pré-fabricação, fabricação, uso e pós-uso. Dessa forma, utilizou-se da
organização dessas informações de maneira a garantir coerência entre os recursos de
sustentabilidade e os fatores mercadológicos relevantes (QUADRO 3).
!
#&!
QUADRO 3 - Fatores mercadológicos e recursos de ecodesign
O QUE É A EMPRESA?
Um escritório de design sustentável
Uma empresa de moda sustentável
Um empreendimento de ecodesign
FATORES MERCADOLÓGICOS
Desenvolvimento de métodos e abordagens coerentes aos princípios do
desenvolvimento sustentável.
Exemplo: seleção de materiais e insumos.
Colaboração de profissionais de design, artes visuais e marketing.
Exemplo: soluções de uso e linguagem estética.
Valorização de parcerias e desenvolvimento de núcleos de produção artesanal.
Exemplo: seleção e desenvolvimento de processos.
Fonte: Santos e Ribeiro (2011).
!
Neste sentido, percebe-se que o principal benefício da empresa é a oferta de
produtos e serviços com utilização de processos e recursos de sustentabilidade. Essa
ideia deve ser clara e direta para que os consumidores possam entender o que se trata
e como os produtos e serviços são pensados de maneira sustentável.
Com o propósito de analisar requisitos ambientais de projeto, foi adotada a
proposta de check-list para mensuração básica dos impactos gerados pelo processo de
produção dos produtos (QUADRO 4).
QUADRO 4 - Requisitos ambientais e sustentabilidade
REQUISITOS AMBIENTAIS
SIM
Utilização de matérias-primas recicladas, recicláveis, reutilizadas
X
Utilização de poucos componentes no mesmo produto
X
Fácil desmembramento dos componentes
X
Extensão da vida útil dos produtos
X
NÃO
Utilização de insertos metálicos
X
Utilização de adesivos informativos
X
Fonte: Santos e Ribeiro (2011).
Nota-se que o benefício principal agregado à empresa resulta da busca por
processos, materiais e estratégias sustentáveis. Essas ferramentas têm se tornado
importantes para empresas que buscam comunicar suas atividades referentes à
!
#'!
contribuição para o desenvolvimento sustentável. Dessa maneira, o design vem
assumindo posição de destaque no desenvolvimento de recursos metodológicos,
linguagens estéticas e modelos de comunicação que transformem essas informações
em valor agregado aos produtos.
Para a apresentação do estudo de caso, destacam-se alguns dos produtos
idealizados e produzidos pela empresa e apresentado o resultado do processo de
desenvolvimento da informação ligado à organização e comunicação da cadeia de
valor como ferramenta educacional e informacional de recursos de design voltados
para a sustentabilidade. São evidenciados três produtos neste estudo: um acessório,
um objeto utilitário e uma peça de moda. Entender-se-á, assim, a estrutura utilizada
para comunicar de maneira clara e unificada os recursos de sustentabilidade e a cadeia
de valor como forma de estimular o consumo consciente.
Para tal, foram selecionados os principais aspectos relacionados aos métodos
de design e às estratégias de sustentabilidade adotadas pela empresa: materiais
(orgânicos, reciclados, reutilizados), linguagem estética (estampas, design de
superfície) e processos produtivos. Essas informações foram organizadas conforme o
QUADRO 5.
QUADRO 5 - Informações de recursos de ecodesign
INFORMAÇÕES DE RECURSOS DE ECODESIGN
Seleção de
Soluções
Processos de
Produto
materiais
de uso
produção
final
Fonte: Santos e Ribeiro (2011).
Após a seleção das informações, os ícones referentes a cada material, processo
ou solução de uso são desenvolvidos e organizados de forma a representar a cadeia
de valor do referido produto. A FIG. 13 mostra a aplicação desse modelo em uma
camiseta, um dos principais produtos da empresa.
!
#(!
FIGURA 13 - Representação do processo de produção das peças de moda
Fonte: Miho (2010).
A linha de acessórios, por sua vez, utiliza recursos diferentes cujo impacto é
diverso ao dos produtos de moda. Assim, o material utilizado é o principal fator de
redução de impacto dos acessórios, por exemplo, um porta-celular ou Miniplayer 3
(MP3) (FIG. 14).
FIGURA 14 - "Case" da coleção 2010
Fonte: Miho (2010).
Toda a linha de acessórios foi desenvolvida a partir do uso do Ecoprene,
material similar ao Neoprene, mas com menos impacto de produção devido ao uso de
resíduos deste último para sua fabricação. Esse material é trabalhado pelo grupo de
costura parceiro da empresa de forma artesanal, garantindo o impacto estético
característico das peças da empresa (FIG. 15).
!
$*!
FIGURA 15 - Representação do processo produtivo dos "cases"
Fonte: Miho (2010).
O futon (FIG. 16), uma das peças da coleção dedicadas ao uso doméstico,
igualmente, teve seu processo de produção representado como forma de aproximar o
usuário dos conceitos de sustentabilidade assumidos pela marca. Nesse caso, uma
característica peculiar foi a reutilização de espuma de poliuretano doada por empresa
parceira e utilizada inicialmente como preenchimento de embalagens de itens
eletrônicos importados.
FIGURA 16 - Futon da coleção 2010
Fonte: Miho (2010).
Essas espumas são unidas e forradas com um tecido produzido a partir de
polímero reciclado e resíduo de algodão. Finalmente, a costura artesanal é utilizada
para acabamento das peças (FIG. 17).
!
$+!
FIGURA 17 - Representação da cadeia de valor do futon
Fonte: Miho (2010).
A informação sintetizada e iconográfica representada pelas FIG. 10 a 17 é
inserida posteriormente em manuais de venda, web site, loja on-line, editoriais e
demais mídias impressas ou digitais. O propósito é aproximar o usuário do processo de
produção, fazendo-o entender os diversos recursos que garantem a natureza
sustentável do bem de consumo. Dessa maneira, a decisão de compra é influenciada
positivamente, tanto pelo entendimento de soluções intangíveis e, muitas vezes,
imperceptíveis, mas também devido à confiabilidade gerada pela sensação de
transparência em relação a todo o processo de transformação.
A partir do estudo de caso, pode-se averiguar como a abertura do processo de
produção de produtos sustentáveis pensada como uma forma de aproximar o usuário
da marca pode cumprir importante papel no processo de percepção de valor de
produtos. Seja ela percebida como uma preocupação global inevitável, seja como uma
maneira de incentivar o consumo consciente, apresentar os recursos de design para a
sustentabilidade adotados no projeto de produtos é uma estratégia eficaz de
comunicação dos valores da marca.
A escolha da representação da cadeia de valor foi determinante para a postura
da empresa frente a seus consumidores. Ela permite que o usuário entenda e perceba
o uso de recursos de sustentabilidade desenvolvidos a partir do design para a redução
dos impactos ambientais da produção dos produtos e age de forma informativa,
aumentando a valorização da marca.
A escolha da representação da cadeia de valor de forma simplificada foi
direcionada pela abordagem escolhida pela empresa, que já utilizava a descrição dos
processos como um recurso de comunicação, ainda que pouco eficaz. O impacto
gerado pela estruturação e sistematização da informação fez com que a valorização
dos produtos, aparentemente simples num primeiro contato, fosse consideravelmente
!
$"!
elevada. Recursos e decisões projetuais antes ignorados pelo usuário passam a se
tornar fatores de decisão de compra e, além disso, fatores de fidelização de clientes.
3.2.2 Modelos de comunicação de estratégias de design para a sustentabilidade
Os modelos de comunicação de recursos de sustentabilidade encontrados na
literatura de referência para projetos de produto possuem semelhanças importantes.
Todas seguem preceitos básicos do design da informação e visam a sintetizar e
hierarquizar quais fatores devem ser comunicados, a fim de otimizar a captação da
mensagem, de forma direta pelo receptor.
Nesses casos, muitas das informações seriam intangíveis, a princípio, a
usuários sem conhecimento relacionado ao desenvolvimento de produtos. Mesmo no
caso de usuários com tal conhecimento, muitas dessas estratégias seriam
imperceptíveis, pois fazem parte de pontos de decisão na fase do projeto do produto.
Nessa fase do trabalho apresentam-se alguns exemplos encontrados que serão
posteriormente analisados para a construção do modelo experimental.
FIGURA 18 - Produto analisado pelo modelo de Proctor (2009)
Fonte: Proctor (2009).
!
$)!
O modelo de Proctor (2009), por exemplo (FIG. 18), é constituído de nove
categorias de recursos de design para a sustentabilidade, conforme mencionado
anteriormente. Nele, a autora utiliza ícones referentes a cada uma dessas tipologias
para fazer visíveis as credenciais ecológicas dos produtos avaliados. No caso do
produto mostrado, a autora emprega cinco recursos usados no projeto para garantir
sua natureza ecológica: o uso de material biodegradável, produção com poucos
resíduos resultantes, produto reciclável, utilização de material reciclado e o uso de
materiais de fontes geridas, boa gestão de recursos.
O modelo de Barbero e Cozzo (2009), por sua vez, também é constituído de
nove categorias de recursos de design para a sustentabilidade diferente. As autoras
também associam cada uma delas a ícones, como também foi exposto anteriormente.
Como exemplo, foram evidenciados os ícones de dois recursos de design para a
sustentabilidade: uso de biomaterial e redução de volume (FIG. 19).
FIGURA 19 - Ícones do modelo de Barbero e Cozzo (2009)
Fonte: Barbero e Cozzo (2009).
O modelo de Reis (2010), por sua vez, é dotado de dois grupos de informações
distintos: o primeiro apresenta a empresa produtora, a empresa/ designer responsável
pelo projeto e as certificações e prêmios obtidos pelos produtos. No segundo, dois
ícones sinalizam blocos textuais que irão detalhar, respectivamente: a intenção da
empresa ou os objetivos do projeto de design e a descrição de quais recursos foram
utilizados pelos designers responsáveis para atingir os requisitos de sustentabilidade.
Assim como na obra de Benson, Stephens e Stephens (2009), esse modelo só
apresenta blocos textuais, contendo informações encontradas nos sites dos escritórios
de design e/ou produtores, constatando-se pouca relevância dessa referência para o
estudo em questão.
Já o modelo de Fuad-Luke (2009) é formado por uma tabela com cinco grupos
de informações, respectivamente: nome e localidade de designers/ produtores e
designers, nome e localidade da empresa produtora (se necessário), materiais e
componentes de reduzido impacto ambiental, estratégias de design para
!
$#!
sustentabilidade adotadas no projeto e, por fim, certificações e prêmios que
reconheçam o caráter sustentável do produto.
Esse modelo conta, além dos ícones referentes aos cinco grupos de
informações, com indicação de número de páginas em cada um dos recursos
apresentados. Essa indicação é feita, pois a obra permite uma referência cruzada
rápida com a descrição de cada um dos recursos e estratégias que, organizados no fim
da obra, permitem aos leitores encontrar diretamente todas as informações indicadas
pelos ícones.
FIGURA 20 - Produto analisado pelo modelo de Fuad-Luke (2009)
Fonte: Fuad-Luke (2009).
Nota-se que o modelo de Fuad-Luke (2009) (FIG. 20) possui indexação mais
complexa, permitindo aos leitores uma referência direta sobre diversas informações
referentes ao produto. No que se refere aos aspectos de sustentabilidade, como o
autor não agrupa os recursos em categorias como os demais, os recursos indicados
por ele são: material renovável, materiais reutilizados e/ou reciclados, produto
leve, durável e de embalagem plana.
Como se pode perceber, muitos dos recursos e estratégias de design para a
sustentabilidade apresentados pelos autores são semelhantes ou complementares.
Novamente, nota-se o presente momento histórico como de aprendizado e essas
!
$$!
diferentes interpretações só atestam a importância de se transformar essas
abordagens práticas em bases de dados científicos para ampliarem-se as soluções de
projeto.
Os modelos de comunicação para recursos e estratégias de design para a
sustentabilidade são importantes para a comunicação de informações e valores
intangíveis que podem orientar o consumo de produtos. Assim, apresenta-se como as
bibliografias especializadas interpretam e classificam esses recursos.
Para melhor demonstrar os diferentes modos de tratamento apresentados,
selecionaram-se exemplos de cada uma das referências estudadas. Assim, pode-se
entender como as diferentes formas de tratar a informação podem gerar resultados
diversos. Nos próximos itens será estudado como a área da Percepção pode ser
utilizada para ajudar a entender como essas informações podem informar o usuário
nesse cenário de novos produtos com foco em sustentabilidade.
!
$%!
4 ANÁLISE DOS MODELOS EXISTENTES DE COMUNICAÇÃO DE
ESTRATÉGIAS DE SUSTENTABILIDADE
A segunda fase do trabalho foi desenvolvida de forma a contemplar aspectos
importantes para a definição do estudo experimental, tendo como principal objetivo a
investigação das tipologias dos modelos de comunicação de estratégias de design para
a sustentabilidade. Dessa forma, foram estruturados os temas relevantes em cada uma
das temáticas, conforme:
Análise dos Modelos de Comunicação de Estratégias de Sustentabilidade
1. Critérios de seleção de produtos
2. Análise dos modelos de comunicação por produtos selecionados
3. Comparação dos recursos e estratégias de design para a
sustentabilidade por produtos selecionados
4. Elaboração de glossário com estratégias e recursos de design para
a sustentabilidade
Os principais autores abordados: Barbero e Cozzo (2009), Fuad-Luke (2009)
e Proctor (2009).
4.1 Critérios de seleção de produtos
Para analisar como os modelos de comunicação podem ser utilizados no
experimento, faz-se necessário traçar um ponto de comparação claro entre autores e
entre produtos, a fim de se avaliar todas as questões propostas para o modelo
experimental. Assim, foram estabelecidos alguns critérios de seleção para a escolha
dos produtos a serem utilizados, visto que a seleção destes numa primeira etapa do
processo ajudaria na definição de diversos aspectos do estudo.
Desse modo, foram traçados os seguintes parâmetros e os produtos
selecionados devem ser:
!
$&!
•
Referenciados pelos três autores selecionados: Barbero e Cozzo (2009), Proctor
(2009) e Fuad-Luke (2009), a fim de gerar base de comparação entre os
modelos de comunicação;
•
dotados de tipologias e usos diferentes, a fim de comparar impressões sobre
produtos de diferentes setores;
•
utilizados por número amplo de culturas, ou seja, rejeitando produtos exclusivos
de certas culturas;
•
acessíveis para aquisição, para possibilitar o contato dos usuários para
avaliação sensorial completa.
Foram selecionados, primeiramente, todos os produtos que aparecem nas
bibliografias estudadas. Em seguida, fez-se a separação desses produtos por setores
de produção ou tipologias de uso, como móveis, eletrônicos, adornos, a fim de se
avaliar as opções possíveis. Posteriormente, foram selecionados os setores com maior
número de opções e mais variedade de nacionalidades de produtores e designers, para
ampliar a chance de o produto ter aspectos globais de referências, pontos de venda e
acessibilidade. Depois dessa etapa, foram selecionados os setores de mobiliário e
utensílios domésticos e, então, uma busca pelos produtos que poderiam ser adquiridos
foi iniciada.
Os produtos selecionados (FIG. 21) foram os utensílios Softbowls da empresa
americana Mio Culture e os bancos Softseating da empresa canadense Molo. Ambos
são explorados pelos principais autores, possuem tipologias e usos diferentes e são
dotados de características importantes para o estudo. Podem ser adquiridos via
internet globalmente, ou seja, são exemplos de usos característicos em diversas
culturas (mobiliário e utensílio), são relativamente fáceis de se adquirir e, além disso,
foram idealizados por equipes de designers em empresas que apresentam forte perfil
sustentável.
!
$'!
FIGURA 21 - Produtos selecionados para o experimento
Fonte: Do autor.
4.2 Análise dos modelos de comunicação por produtos selecionados
Como apresentado, modelos de comunicação adotados pelos autores
selecionados (BARBERO; COZZO, 2009; FUAD-LUKE, 2009; PROCTOR, 2009), para
a apresentação dos recursos ou estratégias de design para a sustentabilidade
possuem suas peculiaridades e faz-se necessário nesse momento compará-las em
relação aos produtos escolhidos.
!
$(!
FIGURA 22 - Comparação de modelos de comunicação de sustentabilidade –
Softbowls, Mio
Fonte: Do autor.!
FIGURA 23 - Comparação de modelos de comunicação de sustentabilidade Softseating, Molo
Fonte: Do autor.
Como se pode perceber nas FIG. 22 e 23, o primeiro modelo difere-se dos
demais apresentados em sua estrutura. Conforme análise anterior, a definição do
!
%*!
design de informação e a estrutura do modelo comunicacional afetam diretamente sua
apresentação. Porém, faz-se necessária uma interpretação dessas informações
representadas iconograficamente, para o entendimento das semelhanças e diferenças
das interpretações dos autores em relação aos produtos. Assim, as informações foram
comparadas e niveladas para melhor atender às necessidades e peculiaridades do
estudo.
4.3 Comparação dos recursos e estratégias de design para a sustentabilidade por
produtos selecionados
O primeiro produto selecionado foi avaliado de forma muito semelhante pelos
autores. Como foi exposto anteriormente, a primeira abordagem, de Fuad-Luke (2009),
foi mais ampla que as seguintes, porém, não há conflito entre as interpretações dos
autores que se complementam (FIG. 24).
•
As principais características identificadas pelos autores, nesse produto,
dizem respeito ao material utilizado.
•
A primeira abordagem mostra-se mais completa.
•
Não há conflito entre as informações apresentadas.
!
%+!
FIGURA 24 - Recursos e estratégias de design para a
sustentabilidade - Softbowls
Fonte: Do autor.
Na análise seguinte encontra-se um cenário muito semelhante ao anterior
(FIG. 25) e é importante salientar novamente que as interpretações mais amplas,
como as de Barbero e Cozzo (2009) e Proctor (2009), podem gerar ambiguidades,
mesmo não sendo errôneas, como, por exemplo, o fato da primeira abordagem
citada unificar as categorias monomateriais e biomateriais. Nesse caso, pode-se
perceber que um produto monomaterial não é necessariamente produzido a partir
de biomateriais, assim como o inverso também é válido. Além disso, é facilmente
percebido que o produto não é produzido por um só material, isto é, além do feltro
notam-se a linha, a etiqueta e o fechamento.
Outro aspecto relevante que deve ser salientado é que a abordagem
classificatória mais ampla, de Barbero e Cozzo (2009), é exatamente a mesma para os
dois produtos selecionados. A classificação de Proctor (2009) difere parcialmente e a
de Fuad-Luke (2009) difere totalmente. Nesse sentido:
•
Não há conflitos entre as interpretações dos autores.
•
A primeira e terceira abordagens mostram-se mais completas.
•
As características citadas dizem respeito a materiais e processos.
!
%"!
FIGURA 25 - Recursos e estratégias de design para a sustentabilidade Softseating
Fonte: Do autor.
Quando é proposta a comparação entre produtos, nota-se que o primeiro
modelo, por suas características citadas anteriormente, permite uma classificação mais
precisa em relação aos demais, que, diferentemente, acabam por classificar de forma
ampla e semelhante produtos diferentes, apresentando seu caráter generalista.
Assim,
confirma-se
a
impressão
adquirida
anteriormente,
durante
o
desenvolvimento do referencial teórico, que o modelo de Fuad-Luke (2009) permite
melhor compreensão particular e dedicada a cada projeto apresentado, enquanto as
abordagens de Barbero e Cozzo (2009) e Proctor (2009) possuem perfil classificatório
mais generalista.
Complementando essa investigação, comparam-se os dois produtos em relação
à interpretação dos autores (FIG. 26), para deixar ainda mais clara como cada um dos
trabalhos possui peculiaridades.
!
%)!
FIGURA 26 - Comparação entre produtos
Fonte: Do autor.
Novamente, entende-se que o modelo de Fuad-Luke (2009), por dedicar-se aos
inúmeros
recursos
individualizados
por
projeto
apresentado,
distancia
as
características dos produtos analisados, enquanto Barbero e Cozzo (2009) e Proctor
(2009) assemelham-se em seus trabalhos, caracterizando amplamente os projetos,
associando-os.
4.4 Elaboração de glossário com estratégias e recursos de design para a
sustentabilidade
Assim como foi visto na fundamentação teórica, o início do século XXI marca um
momento peculiar na história do design de produtos. Nesse momento, a preocupação
com os aspectos econômicos, ambientais, sociais e culturais une-se de forma a gerar
uma característica comum à produção de cultura material do período: produtos dotados
de recursos e estratégias sustentáveis.
Como se trata de uma evolução contínua, ainda em processo, mostra-se
importante acompanhá-la e tornar a participação do design ainda mais valiosa e
!
%#!
impactante a partir da inserção desses recursos e estratégias nas academias. Assim,
fazê-las acessíveis a estudantes e professores tornou-se uma das metas possíveis
deste trabalho.
O glossário de recursos e estratégias de design para a sustentabilidade tem
como objetivo apresentar esse conteúdo coletado em referências estudadas, em sua
maioria em língua inglesa, e apresentá-las em português. O glossário desenvolvido
encontra-se no APÊNDICE A.
!
%$!
5 PROPOSTA DO MODELO DE AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO DE
USUÁRIOS: MODELO PERSUS!
A terceira fase do trabalho foi desenvolvida levando em consideração métodos
de percepção aplicados ao design, tendo como principal objetivo a investigação da
percepção dos usuários dos produtos dotados de estratégias de design para a
sustentabilidade e o processo de comunicação dessas estratégias. Desta maneira, foi
estruturado o modelo de avaliação dividido em três experimentos.
Serão apresentados, para cada atividade do trabalho, os objetivos e resultados
esperados, referenciando outros estudos de percepção aplicados ao design. Essa fase
do projeto encontra-se detalhada da seguinte forma:
Modelo Persus
1. A interação produto-usuário
2. Perfil dos produtos avaliados
3. Perfil do usuário
4. Experimento I: Avaliação preliminar da percepção da sustentabilidade
em produtos
5. Experimento II: Avaliação subjetiva do perfil de sustentabilidade do
produto
6. Experimento III: Avaliação sensorial e emocional do perfil de
sustentabilidade do produto
Os principais autores abordados: Dias (2009), Karana (2009), Chang, Lai e
Chang (2006) e Desmet (2002, 2004).
O modelo prevê três experimentos que acontecem em duas fases distintas, uma
realizada virtualmente e contendo o primeiro experimento do método e a segunda
presencial, contendo os dois experimentos finais.
!
%%!
5.1 A interação produto-usuário
Uma variedade de fatores, incluindo forma e função do produto, características
do usuário e o contexto de uso, pode influenciar a experiência com produtos. Diversos
estudos consideram os efeitos desses fatores na relação produto-usuário com
diferentes enfoques, como, por exemplo, Desmet (2002) e Govers (2004). O perfil de
sustentabilidade pode também ser entendido como um fator da relação de experiência
com o produto e pode ser utilizado pelos designers para transmitir ideias e significados
pretendidos. Assim, os recursos e estratégias para a sustentabilidade são uma parte da
experiência do produto e possuem importante papel nessa relação.
No estudo da literatura de referência, consegue-se identificar diversos métodos
de pesquisa da percepção aplicados ao processo de design, ou seja, voltados para a
investigação de aspectos relevantes para a teoria e prática do design. Não é objetivo
deste trabalho, porém, exaurir a discussão sobre o tema, mas buscou-se identificar
instrumentos viáveis para a coleta dos dados referentes às metas propostas para esta
pesquisa.
Nos trabalhos de Dias (2009) e Karana (2009) encontram-se análises de
diversos métodos de investigação da percepção com foco no usuário. Seja com foco
nos aspectos sensoriais ou emocionais, baseados nos aspectos objetivos e/ou
subjetivos, essas análises permitem o entendimento dos procedimentos de pesquisa de
diversos autores, apresentando a natureza investigativa de cada instrumento.
Para o desenvolvimento do método de pesquisa proposto para este trabalho
leva-se em consideração a relação produto-usuário e os atributos objetivos e subjetivos
envolvidos. Os atributos objetivos podem ser caracterizados como sendo, por exemplo,
a cor ou a forma do produto, a estrutura do material, ou seja, aquilo que existe
fisicamente. O atributo subjetivo refere-se à interpretação desses elementos existentes
pelos órgãos dos sentidos e processada por meio das áreas correspondentes do
cérebro, formando a impressão do usuário, a significação dada por ele ao produto.
Levando-se em consideração os objetivos do trabalho, buscou-se utilizar
métodos que pudessem identificar e qualificar aspectos ligados à percepção dos
usuários em relação a aspectos de sustentabilidade. Esses instrumentos devem
auxiliar a coleta de impressões ligadas à sustentabilidade, aos aspectos particulares
dos diferentes produtos avaliados e à interpretação destes pelos usuários (FIG. 27).
Entre os métodos encontrados nota-se a capacidade de medição de características
!
%&!
sensoriais, medição da expressão e significado e, por fim, medição da reação
emocional.
FIGURA 27 - Características importantes da interação produto-usuário
Fonte: Do autor.
5.2 Perfil dos produtos avaliados
Conforme apresentado anteriormente, os produtos selecionados para o
experimento foram analisados de acordo com as principais referências encontradas
sobre a sustentabilidade e o design. Foi então desenvolvido um perfil de informações
sobre cada produto, incluindo os recursos e estratégias de design, que serão foco
deste estudo.
!
%'!
QUADRO 6 - Perfil dos produtos selecionados
Produto Selecionado 1
Produto Selecionado 2
Nome: Softbowls
Nome: Softseating
Empresa: Mio Culture
Empresa: Molo
Origem: Estados Unidos da América
Origem: Canadá
Principal Material: feltro de lã
Principal Material: papel
Recursos e estratégias de design Recursos e estratégias de design
para a sustentabilidade
para a sustentabilidade
Material renovável
Multifuncional / flexível,
Utilização de processos existentes Leve / uso eficiente de materiais
para novos propósitos
Sem elementos tóxicos
Baixo consumo energético
Monomateiral / biomaterial
Manutenção
de
bases
locais
de Redução de tamanho/peso
produção
Biodegradável
Monomateiral / biomaterial
Poucos resíduos
Redução de tamanho/peso
Reciclável
Biodegradável
Reciclado
Reciclável
Fonte: Do autor.
5.3 Perfil do usuário
Conforme já explicitado, as características dos usuários são importantes quando
se investiga a interação destes com produtos. Diferentes perfis de interesse podem
indicar aspectos importantes para a diferenciação da significação dada a um produto.
Neste trabalho, por se tratar de um estudo experimental para o desenvolvimento de um
modelo, não se limitou a participação a determinado perfil de idade, renda ou
interesses, em disso, com exceção das características que serão apresentadas,
buscou-se abranger uma variedade de características. Algumas dessas características
estão listadas a seguir: idade, gênero, escolaridade, ocupação, renda, interesses,
conhecimento prévio dos produtos e rejeição prévia dos produtos.
Em outros estudos que investigam a percepção de usuários sobre outros
aspectos dos produtos, como o trabalho de Karana (2009) sobre materiais, é verificada
!
%(!
a importância de contrapor a opinião de usuários com o conhecimento sobre o
processo de desenvolvimento de produtos dos que são desprovidos dessa
característica. Assim, no estudo experimental entendeu-se importante realizar tal
comparação. Os usuários com conhecimento sobre o processo de desenvolvimento de
produtos serão destacados como designers e os usuários que não possuem esse
conhecimento, como leigos.
Outras questões importantes referem-se ao fato da escolha de participantes que
não conhecem previamente o produto, presencialmente ou fisicamente, e que não
apresentam rejeição imediata aos produtos. Esses aspectos garantem que nenhum dos
participantes tenha experiências prévias, positivas ou negativas com os produtos.
5.4 Experimento !: avaliação preliminar da percepção da sustentabilidade em
produtos
A primeira atividade do estudo proposto acontece virtualmente, com o objetivo
de coletar uma impressão geral sobre aspectos importantes para o desenvolvimento de
outras atividades do modelo. Essa primeira avaliação visa a investigar como os
usuários entendem a sustentabilidade quando associada à produção de bens de
consumo. Assim, foram empregadas duas técnicas para avaliar de forma ampla como
os usuários percebem aspectos importantes e iniciais para a pesquisa em questão
(FIG. 28). Uma mídia digital foi disponibilizada na web, no site www.persus.com.br, no
qual usuários foram convidados a responder às atividades e fornecer informações
básicas sobre atuação profissional, idade, formação e interesses. Como visto
anteriormente, essas características podem ajudar a definir grupos de interesse para
outros experimentos.
!
&*!
FIGURA 28 - Experimento 1 do modelo Persus (Avaliação Preliminar da
Percepção da Sustentabilidade em Produtos)
Fonte: Do autor.
5.4.1 Termos descritivos da sustentabilidade em produtos
A primeira técnica a ser utilizada pelo método é a coleta de categorias
descritivas ou modos de expressão. Conforme encontrado nos trabalhos de Karana
(2009) e Chang, Lai e Chang (2006), esse método visa a estimular os participantes a
descrever e se expressar em relação a um estímulo, seja ele um produto ou um
conceito. Ele permite a organização e classificação de termos descritivos utilizados,
para definir como os participantes entendem o objeto estudado, e a mensuração das
interpretações subjetivas. Cenários e hipótese podem ser formulados a partir da
identificação dos termos e palavras mais utilizados pelos avaliados para descrever e
caracterizar o tema investigado.
5.4.2 Questões norteadoras e resultados esperados
O primeiro experimento é de caráter individual. Inicialmente, coletam-se os
termos descritivos mais utilizados pelos usuários para descrever os produtos que, em
seu entendimento, sejam sustentáveis. Posteriormente, os participantes relatam quais
produtos consideram sustentáveis, indicando, se possível, nome e marca do produto
citado. Os participantes passam por essa fase da pesquisa virtualmente, ou seja,
!
&+!
respondendo às questões numa plataforma digital. Na literatura de referência, por
exemplo DIAS (2009, p.159) foram encontradas menções a amostras que vão de no
mínimo 16 participantes ao máximo de 40 avaliados. O QUADRO 7 apresenta as
questões norteadoras e os resultados esperados da atividade.
QUADRO 7 - Questões norteadoras e resultados esperados: coleta de termos
descritivos da sustentabilidade em produtos
Questões norteadoras
Resultados esperados
1. Quais são os termos descritivos mais
a) Identificar os termos descritivos mais
utilizados por usuários para descrever
utilizados por usuários para descrever
produtos sustentáveis?
produtos sustentáveis.
2. Quais são os produtos sustentáveis
b) Identificar
mais citados pelos usuários ?
quais
considerados
produtos
sustentáveis
são
pelos
usuários.
Fonte: Do autor.
5.4.3 Avaliação comparativa da aceitação do perfil sustentável de produtos
Os participantes são convidados a demonstrar seu grau de concordância em
relação ao perfil de sustentabilidade dos produtos a partir de imagens dos mesmos. A
escala utilizada para a avaliação é baseada na escala Likert. A referida escala Likert
permite tornar objetivas as respostas subjetivas dos participantes, a partir da utilização
de alternativas de respostas ímpares, de 3, 5 ou 7 pontos, conforme apresentado a
seguir. Nessas escalas podem-se utilizar contagens positivas e negativas a partir de
um ponto central nulo ou uma ordenação crescente/ decrescente, como, por exemplo:
(- _ _ _ +), (-2_ -1_ 0_ +1_ +2_), (1_ 2_ 3_ 4_ 5_ 6_ 7_) ou (2_ 1_ 0_ 1_ 2_).
Além desse método associativo em escala, a associação livre de itens
comparativos, questões abertas e semiabertas pode ser encontrada nos trabalhos de
referência, principalmente o de Karana (2009).
!
!
!
&"!
5.4.4 Questões norteadoras e resultados esperados
O QUADRO 8 apresenta as questões norteadoras e os resultados esperados da
avaliação comparativa da aceitação do perfil de sustentabilidade dos produtos.
QUADRO 8 - Questões norteadoras e resultados esperados: avaliação comparativa da
aceitação do perfil sustentável de produtos
Questões norteadoras
Resultados esperados
1. Os usuários consideram os
a) Investigar
se
os
usuários
produtos apresentados como
caracterizam os produtos como
sustentáveis?
sustentáveis.
2. Quais
estratégias
sustentabilidade
são
de
b) Identificar
os
fatores
mais
mais
utilizados
por
usuários
para
notadas pelos usuários entre
descrever o perfil sustentável
as possíveis para todo o ciclo
dos produtos selecionados, a
de vida do produto?
partir de imagens dos mesmos.
3. Existem diferenças perceptivas
entre
produtos
de
c) Investigar
as
diferenças
perceptivas
entre
produtos
diferentes setores, usos ou
sustentáveis
de
diferentes
tipologias?
setores e usos.
Fonte: Do autor.
Os participantes são questionados se consideram o(s) produto(s) sustentável(is),
um de cada vez, e, neste caso específico, as respostas possíveis em ordem
decrescente foram: sim, certamente (muito positivo); acredito que sim (positivo);
não sei dizer (neutro); acredito que não (negativo); não, certamente (muito
negativo).
Depois de completada esta etapa, os usuários são convidados a identificar quais
os principais fatores conferem essa impressão ao produto. Entre as alternativas
possíveis apuradas estavam: materiais, processo produtivo, uso, transporte e
estocagem, descarte.
5.5 Experimento 2: avaliação subjetiva do perfil de sustentabilidade do produto
!
&)!
No segundo experimento do estudo, os participantes utilizam imagens de dois
produtos específicos para avaliação subjetiva em escala visual. Pretende-se avaliar
como produtos diferentes afetam a percepção do usuário, principalmente em relação à
escala (contato visual ou contato físico) e, de forma secundária, pela impressão do
usuário sobre os possíveis fatores determinantes do perfil sustentável do produto,
como o uso, materiais e fatores estéticos, por exemplo.
Diferentemente do primeiro experimento, os dois últimos são conduzidos
presencial e imediatamente em seguida um ao outro. Pretende-se, assim, averiguar
a validade dos recursos informacionais na construção de valor percebido e no impacto
sobre a assimilação de informação, além dos efeitos das propriedades sensoriais na
significação de produtos (FIG. 29).
FIGURA 29 - Experimento 2 do modelo Persus (Avaliação Subjetiva do Perfil
de Sustentabilidade do Produto)
Fonte: Do autor.
5.5.1 Associação de recursos de design para a sustentabilidade
As atividades investigativas propostas para esta etapa do modelo de avaliação
preveem a livre associação de recursos e estratégias de design coletados nas
bibliografias estudadas e associadas aos produtos avaliados. Esses recursos são
apresentados aos participantes em dois momentos. E somente baseadas nas imagens
e no entendimento primário dessas estratégias, as decisões têm de ser tomadas pelos
usuários.
!
&#!
Num primeiro momento eles têm de associar livremente os 14 recursos
apresentados aos produtos avaliados, podendo escolher para cada recurso ambos, um
ou nenhum dos produtos em questão.
Posteriormente, os recursos são agrupados conforme os trabalhos de referência:
Proctor (2009), Barbero e Cozzo (2009) e Fuad-Luke (2009). Esses grupos de recursos
devem ser associados aos produtos de acordo com a impressão dos usuários de qual
grupo ser o mais assertivo para descrever o perfil de sustentabilidade dos produtos.
Para finalizar essa atividade, os usuários foram reunidos em grupo para avaliar as
atividades e discutir as opiniões e impressões sobre os produtos estudados.
5.5.2 Questões norteadoras e resultados esperados
O QUADRO 9 evidencia as questões que norteiam a atividade, bem como os
resultados esperados.
QUADRO 9 - Questões norteadoras e resultados esperados: associação de recursos
de design para a sustentabilidade
Questões norteadoras
1. Quais
estratégias
sustentabilidade
são
Resultados esperados
de
mais
usuários
para
as
dos produtos selecionados, a
apresentadas
pela
partir de imagens dos mesmos.
b) Investigar qual dos grupos de
de sustentabilidade são mais
estratégias
notadas pelos usuários entre
consideram mais assertivos para
as
descrever
apresentadas
literatura?
Fonte: Do autor.
!
por
descrever o perfil sustentável
Quais grupos de estratégias
!
indicadas
notadas pelos usuários entre
literatura?
!
a) Identificar as estratégias mais
pela
os
o
usuários
perfil
sustentabilidade dos produtos.
de
!
&$!
5.6 Experimento 3: avaliação sensorial e emocional do perfil de sustentabilidade
do produto
No último e terceiro experimento, os usuários têm contato direto com os
produtos estudados, mudando a escala de avaliação que anteriormente era somente
visual para uma avaliação sensorial completa. Para diferenciar aspectos relacionados
ao conhecimento de processos produtivos e de desenvolvimento de produtos,
continuaram sendo utilizados indivíduos dotados de experiência ou estudo na área do
design, sustentabilidade e desenvolvimento de produtos em todos os experimentos. Os
participantes também tiveram acesso ao glossário de recursos de design para a
sustentabilidade explicitando as soluções recomendadas pela literatura para cada um
dos produtos e foram convidados a responder novamente às questões do primeiro e do
segundo experimentos (FIG. 30).
FIGURA 30 - Experimento 3 do modelo Persus (Avaliação Sensorial e
Emocional do Perfil de Sustentabilidade do Produto)
Fonte: Do autor.
!
&%!
5.6.1 Técnica de avaliação
Os métodos de avaliação emocional são bem explorados pelos autores
estudados e têm como principal referência Desmet (2002). Entre os estudos avaliados
selecionou-se como principal ferramenta o uso do círculo de emoções de três níveis.
Trata-se de uma ferramenta de autoavaliação, simplificada, dotada de 14 emoções
(FIG. 31). O método foi desenvolvido e testado para ser aplicado a produtos, o que
confere mais credibilidade para a mensuração de reações à interação e
experimentação de produtos.
Outro aspecto positivo da técnica é a ausência da necessidade de equipamentos
caros, softwares e treinamento de aplicadores, como outras técnicas encontradas que
também avaliam os aspectos emocionais na interação com produtos.
FIGURA 31 - Imagem representativa do círculo
de emoções de Desmet
Fonte: Adaptado do original por Dias (2009).
!
&&!
As ferramentas de avaliação emocional são importantes para investigar a
aceitação de materiais, cores e até soluções de uso referentes a produtos. O
componente emocional também pode ser considerado um dos principais fatores de
decisão em um processo de compra, seleção e escolha de um produto para um
usuário. Ele pode ser percebido nas forças que influenciam o processo de design de
Ashby e Johnson (2002) e na estrela de valor de Krucken (2009b).
Também são colhidas as impressões referentes às emoções citadas de cada um
dos produtos para comparação. Os grupos de profissionais e leigos são mantidos para
a realização de grupos de foco e coleta de impressões em grupo, permitindo a troca de
informações e discussão entre os participantes. As questões que norteiam essa
atividade final encontram-se apresentadas no QUADRO 10.
Por fim, as conclusões e resultados dos experimentos podem direcionar o
melhoramento dos modelos de comunicação a partir de sua adequação às informações
coletadas.
!
&'!
QUADRO 10 - Questões norteadoras e resultados esperados: terceira etapa do estudo
experimental
Questões Norteadoras
1. Os
produtos
Resultados Esperados
selecionados
a) Identificar diferenças perceptivas na
conseguem comunicar por si sós
comunicação de estratégias para a
as estratégias de design para a
sustentabilidade a partir do contato
sustentabilidade adotadas em seu
com o produto.
desenvolvimento?
b) Identificar diferenças perceptivas na
2. Qual dos modelos é entendido
pelos
usuários
como
o
mais
coerente?
3. Os
sustentabilidade a partir do contato
com o produto e com os modelos de
modelos
ampliam
comunicação de estratégias para a
o
de
comunicação
entendimento
dos
informação.
c) Identificar
como
os
usuários
usuários das estratégias de design
valorizam e determinam o preço do
para a sustentabilidade adotadas?
produto e se o produto os agrada
após o contato com o mesmo.
d) Identificar
como
os
usuários
valorizam e determinam o preço o
produto, e se o produto os agrada
após o contato com o mesmo e com
os modelos de informação.
Fonte: Do autor.
!
Assim, a estrutura geral do modelo prevendo todos os experimentos pode ser
visualizada na FIG. 32.
!
!
!
!
!
!
&(!
FIGURA 32 - Estrutura geral do modelo Persus
Fonte: Do autor.
!
'*!
6 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A apresentação e discussão dos resultados está organizada da seguinte forma:
Apresentação e discussão de resultados
1. Amostragem
2. Experimento I: Avaliação preliminar da percepção da sustentabilidade em
produtos
3. Experimento II: Avaliação subjetiva do perfil de sustentabilidade do
produto
4. Experimento III: Avaliação sensorial e emocional do perfil de
sustentabilidade do produto
5. Considerações finais
6.1. Amostragem
Os participantes do primeiro experimento somaram trinta usuários, sendo
dezoito deles leigos. Para os dois experimentos seguintes foram selecionados vinte e
dois participantes, sendo nove deles designers ou profissionais com experiência em
desenvolvimento de produtos. Conforme mencionado, essa diferenciação mostrou-se
importante em outros estudos referenciados, por isso buscou-se investigá-la.
No QUADRO 11 podem-se verificar alguns dados da amostragem dos dois
últimos experimentos, como faixa etária e outras questões importantes, como o
conhecimento dos produtos e a postura em relação ao consumo de produtos
sustentáveis.
!
'+!
QUADRO 11 - Dados da amostragem
Conhece os produtos
Dá importância a aspectos de
Possui produto que
selecionados para o
sustentabilidade ao adquirir
considere
estudo
produtos
sustentável
0
18
14
Faixa etária
18 a 25 anos: 4 (18%)
41 a 50 anos: 3 (14%)
26 a 30 anos: 8 (36%)
51 a 60 anos: 1 (5%)
31 a 40 anos: 5 (23%)
Mais de 60 anos: 1 (5%)
Fonte: Do autor.
6.2 Experimento 1: avaliação preliminar da percepção da sustentabilidade em
produtos
6.2.1 Coleta de termos descritivos
A coleta de termos descritivos realizada a partir da descrição de produtos
sustentáveis pelos participantes apresentou as principais ideias associadas, pelos
usuários, à sustentabilidade. O experimento investigou quais os aspectos formam a
opinião de um grupo de pessoas sobre a sustentabilidade em produtos, possibilitando o
estabelecimento
de
características
consideradas
importantes
pelos
indivíduos
avaliados.
O estudo realizado com a participação de 30 pessoas apresentou 22 termos que
abrangem aspectos ligados à produção, características de materiais, descarte e
qualidade de produtos até a mão-de-obra, saúde e aspectos sociais. Esses termos
podem ser divididos em quatro grupos de acordo com o número de citações de cada.
Utilizando o aplicativo Wordle (www.wordle.com), foi gerada uma imagem para
demonstrar, a partir do tamanho da fonte empregada em cada palavra, o peso dos
termos declarado pelo grupo de usuários participantes do estudo sobre a
sustentabilidade (FIG. 33).
!
'"!
FIGURA 33 - Termos utilizados pelos usuários para descrever a sustentabilidade
em produtos
Fonte: Do autor.
!
Os dois termos mais citados pelos participantes referem-se à relação entre a
produção de bens de consumo e o meio ambiente. O segundo grupo de termos mais
citados refere-se aos materiais utilizados na produção e o descarte dos produtos. O
terceiro grupo foi composto pelos termos: social, impacto e reutilização. E o quarto
grupo foi composto pelos demais termos coletados, que não tiveram o mesmo nível de
repetições.
Nota-se que os dois primeiros grupos se sobressaíram dos demais termos por
significativa diferença. Pode-se inferir que o grupo de usuários avaliados associou o
conceito de sustentabilidade aplicado a produtos às soluções para os danos gerados
ao meio ambiente pela produção industrial. O material empregado nos produtos e os
recursos de reciclagem e reutilização foram percebidos como opções viáveis para
amenizar o descarte de bens e matérias-primas empregados (FIG. 34).
!
')!
FIGURA 34 - Quantidade de menções dos termos utilizados pelos usuários para
descrever a sustentabilidade em produtos
Termos Descritivos
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Fonte: Do autor.
6.2.2 Produtos citados
Quando questionados a indicar quais produtos poderiam ser citados como
sustentáveis, dos 30 participantes 20 conseguiram citar produtos específicos e 1
participante mencionou um serviço. A variedade de produtos foi a principal
característica do experimento. Foram citados de produtos do cotidiano a materiais
beneficiados e certificados. Alguns produtos foram referidos mais de uma vez e
destacam-se aqui alguns deles, a fim de se ponderar algumas questões importantes.
Na FIG. 35, o papel reciclado foi um dos produtos ressaltados pelos
participantes. É um produto de uso cotidiano, em casa ou no trabalho, e se enquadra
no cenário ilustrado pelo experimento da coleta de termos descritivos. Reciclado, ele se
apresenta como uma alternativa ao papel branco e é vendido como uma opção menos
impactante por utilizar resíduos da produção de outros papéis na sua composição.
O calçado da empresa Goóc, por sua vez, é um acessório de moda que também
foi aludido pelos usuários como um produto com perfil sustentável e que utiliza o
emprego de materiais descartados por outros setores para a confecção de sandálias e
outros produtos. Percebe-se novamente que o emprego de materiais reutilizados como
uma solução para a redução de impactos ao meio ambiente, realçado pela atividade
!
'#!
anterior, realmente pode ser comprovado pelas citações de produtos pelos usuários.
Outros produtos reportados foram as chamadas sacolas ecológicas, utilizadas para a
substituição de sacolas plásticas descartáveis em lojas, padarias e supermercados.
Deve-se salientar o fato de o experimento ter sido realizado com usuários de Belo
Horizonte, cidade onde, recentemente, uma lei proibiu a distribuição gratuita de sacolas
plásticas no comércio, tornando popular o uso de sacolas de tecido, lona e outros
materiais para substituir a forma de transporte de compras cotidianas, ou seja,
representando o panorama dos participantes.
FIGURA 35 - Produtos mais citados pelos usuários como sendo sustentáveis
(papel reciclado, sandália Goóc e sacola "ecológica")
Fonte: Do autor.
6.2.3 Análise comparativa da aceitação perfil sustentável de produtos
A atividade realizada para investigar a aceitação do perfil de sustentabilidade
dos produtos foi conduzida em duas etapas: a primeira indicava como os usuários
aceitavam o perfil sustentável dos produtos; o segundo, quais fatores conferiam esse
perfil ao produto, entre: material, processo produtivo, uso, transporte e estocagem e
descarte. Os dois produtos avaliados foram percebidos pelos usuários como
sustentáveis. O produto da Mio, apesar de ter sido avaliado positivamente em relação
ao perfil sustentável, foi marcado pela neutralidade da posição dos avaliados (50%). O
produto da Molo, por sua vez, foi avaliado positivamente pela maioria dos usuários
participantes (FIG. 36).
!
'$!
FIGURA 36 - Aceitação do perfil de sustentabilidade dos produtos estudados
Fonte: Do autor.
O produto da Mio obteve 14 impressões positivas, enquanto o produto da Molo
obteve 27. Os participantes que avaliaram positivamente os produtos foram convidados
a revelar quais fatores garantiam o perfil sustentável dos produtos, entre: material,
processo produtivo, uso, transporte e estocagem e descarte. O produto da Molo obteve
quase o dobro de votos positivos que o produto da Mio, mesmo assim, pode-se avaliar
quais fatores influenciaram essas impressões para ambos os produtos. Na FIG. 37, os
materiais adotados são o principal fator de impressão dos usuários para os dois
produtos. As soluções de uso vêm logo em seguida. Todos os critérios foram
selecionados pelos usuários, não havendo algum fator que fosse rejeitado para os
produtos e deve-se ressaltar que o produto da Molo se destacou pelo material, que
recebeu aceitação unânime dos participantes.
!
'%!
FIGURA 37 - Fatores de impressão positiva sobre o perfil de sustentabilidade
dos produtos
Fonte: Do autor.
6.2.4 Comparação entre impressões de leigos e profissionais
Com o objetivo de comparar as impressões entre leigos e profissionais com
conhecimento na área de desenvolvimento de produtos, foram contrapostas as
avaliações dos produtos para esses dois perfis de usuários.
No caso dos utensílios de feltro, nota-se tendência dos profissionais a
manterem-se neutros, talvez devido à falta de informações necessárias para uma
avaliação mais precisa. Para os dois grupos de usuários, os materiais foram o principal
fator de sustentabilidade mencionado. Avaliando-se os gráficos do produto da Molo,
não são notadas diferenças significativas entre os dois grupos avaliados. O resultado
referente ao produto da empresa Mio, por sua vez, apresentou praticamente a mesma
curva no gráfico, mas deslocada para o posicionamento neutro dos participantes
profissionais (FIG. 38).
!
'&!
FIGURA 38 - Comparação entre a impressão de leigos e designers para o
produto Softbowls
Fonte: Do autor.
O mobiliário estudado, por sua vez, não mostrou percepções díspares entre os
grupos. Nessa avaliação os designers não optaram pela neutralidade e os fatores
ressaltados por eles foram os mesmos identificados pelos leigos. O material, mais uma
vez, foi eleito o principal fator para a aceitação do perfil sustentável do produto (FIG.
39).
!
''!
FIGURA 39 - Comparação entre a impressão de leigos e designers para o produto
Softseating
Fonte: Do autor.
6.3 Experimento 2: avaliação subjetiva do perfil de sustentabilidade do produto
6.3.1 Associação de recursos de design para a sustentabilidade
A primeira atividade referente à análise estética dos produtos buscou desvendar
a qual produto os usuários associavam certos recursos de design para a
sustentabilidade realçados pelos autores adotados. Todos os recursos apresentados
foram associados aos produtos estudados. O da Molo, porém, obteve o maior número
de associações em 12 dos 14 recursos. O da Mio só superou o mobiliário de papel no
recurso leve/uso eficiente de materiais (FIG. 40). O resultado confirma a aceitação do
perfil de sustentabilidade conseguido pelo produto da Molo no experimento anterior.
!
'(!
FIGURA 40 - Livre associação de recursos de design para a sustentabilidade
Fonte: Do autor.
Quando os recursos são agrupados de acordo com os trabalhos de referência,
pode-se
analisar
como
os
usuários
avaliam
as
estratégias
adotadas
no
desenvolvimento do produto associadas entre si. Os usuários adotaram a definição de
Barbero e Cozzo (2009) como a mais adequada para definir o produto de feltro da
empresa Mio, seguido pela definição de Fuad-Luke (2009), que quase se equiparou à
anterior. A definição de Proctor (2009) foi a menos associada ao produto pelos
participantes. Assim, o grupo de recursos escolhido como o mais assertivo na
descrição das estratégias de design para a sustentabilidade para esse produto foi:
monomaterial, biodegradável, redução de tamanho/peso (FIG. 41).
!
(*!
FIGURA 41 - Livre associação de grupos de recursos de design para a
sustentabilidade do produto da Mio
Fonte: Do autor.
A definição de recursos de Fuad-Luke (2009) foi eleita pelos usuários como a
mais assertiva para caracterizar o produto da Molo (FIG. 42). Para 15 dos 22
participantes, os recursos de design para a sustentabilidade apresentados pelo autor
foram os mais adequados para definir o produto, mostrando supremacia em relação
aos outros dois grupos apresentados. Um dos participantes não ressaltou algum dos
grupos apresentados como definidores do perfil do produto analisado.
!
(+!
FIGURA 42 - Livre associação de grupos de recursos de design para a
sustentabilidade do produto da Molo
Fonte: Do autor.
6.4 Experimento 3: avaliação sensorial e emocional do perfil de sustentabilidade
do produto
6.4.1 Análise sensorial e emocional: associação de recursos de design para a
sustentabilidade
Após o contato com os produtos e as definições dos recursos de design para a
sustentabilidade, a associação de recursos com os produtos apresentou um cenário
consideravelmente diverso. O produto da Mio conseguiu superar o mobiliário da Molo
em seis critérios, cinco a mais que no experimento realizado sem o contato com o
produto. A partir do contato com as informações e com exemplares dos objetos, os
usuários conferiram uma percepção mais positiva do produto da Mio (FIG. 43).
Diversos participantes justificaram não ter tido contato prévio com produtos de feltro
com o aspecto colorido e amigável do Softbowl, assim, ficaram com a impressão
errônea de que o produto poderia ser feito de polímero. Quando apresentados a ele,
sentiram-se positivamente surpresos.
!
("!
FIGURA 43 - Livre associação de recursos de design para a
sustentabilidade após contato com produtos e glossário de
informações
Fonte: Do autor.
Quanto aos grupos de recursos definidores do perfil sustentável dos produtos,
também se averiguou mudança na percepção dos usuários. Para os vasos de feltro,
houve migração da impressão antes primordialmente voltada para os recursos listados
por Barbero e Cozzo (2009) para o grupo de recursos de Fuad-Luke (2009) (FIG. 44).
Muitos dos participantes justificaram não concordar com o recurso monomaterial, já
que entendiam que a linha de nylon, a fita de acabamento e a etiqueta configuravam
outros materiais da composição do produto. E, ainda, não tinham o mesmo perfil do
feltro, que se constitui em material de menos impacto ambiental. Alguns usuários, todos
leigos, justificaram a permanência no segundo grupo de recursos por entenderem que
esses outros materiais eram elementos adjacentes à proposta do produto de feltro e
que consideravam o material estrutural mais importante para a caracterização. Esse
aspecto apresenta importante diferença entre os dois grupos de usuários avaliados,
pois os profissionais tendem a ser mais exigentes em relação a detalhes e a soluções
relevantes para a configuração geral do produto.
!
()!
FIGURA 44 - Livre associação de grupos de recursos de design para a
sustentabilidade do produto da Mio
Fonte: Do autor.
Para o mobiliário da Molo, todavia, o grupo de recursos mais citado no primeiro
estudo manteve-se o mais assertivo, de acordo com os usuários. Porém, houve
migração de impressões para o grupo de recursos de Proctor (2009) (FIG. 45). A
proposta da autora é mais simples que a de Fuad-Luke (2009), mas para quase um
terço dos participantes ela foi considerada a mais assertiva para definir os aspectos
sustentáveis do produto. Mais uma vez o recurso monomaterial, salientado pelas
autoras italianas, foi fator de rejeição para os participantes avaliados, pois o produto,
além do papel, é composto por um imã e pela cola de contato.
!
(#!
FIGURA 45 - Livre associação de grupos de recursos de design para a
sustentabilidade do produto da Molo
Fonte: Do autor.
6.4.2 Avaliação da aceitação perfil sustentável de produtos
A análise da aceitação do perfil sustentável dos produtos avaliados, com o
acesso a exemplares dos objetos e o glossário de definições dos recursos de
sustentabilidade, apresentou-se diferente da investigação estética anterior. A
avaliação continuou positiva para ambos os produtos, mas os resultados se
equilibraram para os dois produtos e revelaram aumento das impressões negativas
(FIG. 46). O móvel de papel ainda obteve mais alto número de impressões positivas,
mas seguido de perto pelo utensílio de feltro da Mio, que anteriormente despertou
posicionamento neutro pela maioria dos avaliados.
!
($!
FIGURA 46 - Aceitação e fatores de impressão positiva sobre o perfil de
sustentabilidade dos produtos
Fonte: Do autor.
A diferença foi de apenas quatro votos positivos entre os produtos, indicando
que a falta de acesso a informações realmente pode ser entendida como um fator que
levou os usuários a manter posição de neutralidade no estudo preliminar. Outro
aspecto importante diz respeito ao declínio de impressões em relação aos materiais
como maior fator de caracterização do perfil sustentável dos produtos. No caso do
produto da Mio, as soluções de uso foram as mais influentes, seguidas das melhorias
para transporte e estocagem. O produto da Molo, por sua vez, também foi percebido
como um bom exemplo de solução para transporte e estocagem para 14 dos 15
participantes que atestam o perfil sustentável do mobiliário, seguido do material
empregado e das soluções de uso.
6.4.3 Análise emocional da sustentabilidade em produtos
O produto da Mio foi o alvo de mais mudança de impressões nos experimentos
com acesso ao produto e às informações sobre as estratégias de design adotadas.
Esse aspecto pode ser um fator importante para a avaliação da reação emocional dos
!
(%!
usuários às mudanças de impressões sobre os produtos. Separaram-se novamente as
impressões de usuários leigos e profissionais para analisar as possíveis diferenças de
impressão e os fatores responsáveis.
Os usuários leigos tenderam a considerar mais positivamente sua experiência
com o produto de feltro da Mio, enquanto os profissionais mostraram-se mais
decepcionados com aspectos específicos das soluções de projeto do utensílio, como
se vê na FIG. 47. Muitos dos participantes, profissionais e leigos, destacaram o uso da
linha de nylon e a fita de acabamento como um problema para o perfil sustentável do
produto. Muitos deles relataram, ainda, tratar-se de um problema de fácil solução e se
sentiam decepcionados pelo fato de uma mudança tão facilmente realizada não ter sido
pensada pela empresa produtora dos objetos.
FIGURA 47 - Autoavaliação emocional dos participantes sobre o produto da Mio
Fonte: Do autor.
O produto da Molo, todavia, foi avaliado de forma muito semelhante pelos dois
grupos de usuários, não apresentando diferença considerável entre a percepção dos
grupos (FIG. 48). Todos os participantes tiveram impressões predominantemente
positivas sobre o produto, mas vários se manifestaram decepcionados pelo fato de o
!
(&!
produto utilizar alta quantidade de material estrutural e por não ser unicamente feito de
papel. Contudo, o móvel da empresa Molo obteve resposta bastante positiva dos
participantes
do
experimento,
mantendo
a
boa
impressão
conseguida
nos
experimentos anteriores.
FIGURA 48 - Autoavaliação emocional dos participantes sobre o produto da Molo
Fonte: Do autor.
As impressões dos participantes relacionadas aos dois momentos da avaliação
foram colocadas em gráficos para visualização (FIG. 49). Os usuários mostraram sua
percepção dos produtos apresentados nos estudos estéticos e posteriormente, quando
tiveram acesso a mais informações e dotados da capacidade para experimentar os
objetos pessoalmente.
Os vasos de feltro da Mio, no primeiro momento das atividades, dividiu a opinião
dos participantes entre a positividade e a neutralidade. Após o contato com o produto,
porém, as opiniões mantiveram-se divididas e houve mudança para impressões
negativas, geralmente associadas aos materiais adotados anteriormente.
!
('!
FIGURA 49 - Autoavaliação comparativa das impressões dos usuários nos dois
momentos do experimento
Fonte: Do autor.
O outro produto avaliado teve resultado diferente. O móvel da Molo, que teve
desempenho positivo no primeiro momento dos estudos, recebeu votos negativos após
o contato dos participantes com o produto. Os produtos pareceram desapontar alguns
dos participantes nos aspectos ligados à sustentabilidade, principalmente em relação
ao emprego de materiais de naturezas diferentes, como biodegradáveis e reciclados,
com matérias-primas virgens e produtos sintéticos ou derivados de petróleo. Os fatores
de uso e outras soluções ligadas às fases da vida do produto, todavia, foram muito
elogiados. Nota-se, ainda, que a falta de informação quanto aos processos de
reaproveitamento, separação e reciclagem de materiais foi motivo para que os usuários
opinassem de forma neutra ou negativa no tocante aos produtos estudados. Isso
confirma, mais uma vez, a hipótese de que o acesso a informações faz com que os
usuários tomem decisões com mais convicção e assumam postura ativa na melhoria
dos produtos que consomem.
A FIG. 50 apresenta momentos da aplicação do experimento, desde a projeção
das imagens no experimento 2, contato com os produtos e realização de grupos foco.
!
((!
FIGURA 50 - Momentos da aplicação dos experimentos
Fonte: Do autor.
!
+**!
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa realizada apresentou-se capaz de revelar como os usuários
entendem a sustentabilidade em produtos e como percebem as estratégias de design
adotadas em seu desenvolvimento. Além disso, pôde-se notar como os usuários
comunicam esse conhecimento e quais fatores tornam-se mais facilmente identificados
e valorizados baseados em seu repertório. O contato com informações sobre
características técnicas também pôde ser entendido como um fator capaz de alterar a
percepção dos usuários sobre produtos. O estudo foi capaz, ainda, de salientar que
existem atributos que podem ser mais valorizados por certos indivíduos devido a
aspectos subjetivos da percepção.
7.1 Em relação aos objetivos
Quanto aos seus objetivos, a investigação comprovou a capacidade do método
de evidenciar informações relevantes sobre o processo de comunicação de estratégias
de design para a sustentabilidade. A avaliação dos produtos mostrou-se eficiente na
identificação de características sobre a percepção dos usuários sobre esses recursos e
estratégias e também indiciou a importância do acesso à informação para os usuários.
O estudo experimental também pôde realçar as diferenças perceptivas entre
leigos e profissionais com experiência no desenvolvimento de produtos e detectar que
o contato com informações sobre estratégias adotadas no desenvolvimento dos
produtos pode alterar a impressão geral sobre um produto, para os dois perfis de
usuários estudados.
!
+*+!
7.2 Em relação aos resultados esperados
Foram revisadas as principais referências relacionadas à coleta de exemplos da
aplicação prática dos recursos e estratégias de design para a sustentabilidade, além de
trabalhos dedicados aos aspectos teóricos, principalmente relacionados à cultura
material e metodologia do ecodesign. O estudo também foi capaz de apresentar breve
ensaio dedicado ao entendimento histórico da evolução da contribuição do design para
a sustentabilidade, principalmente relacionado ao século XX e primeira década do
século XXI.
O glossário de estratégias de design para a sustentabilidade, em língua
portuguesa, baseado nas três principais referências encontradas, também foi
concluído, possibilitando o acesso direto aos recursos estudados pelos autores. Por
fim, o modelo de estudo da percepção foi realizado e provou-se capaz de reunir
métodos de pesquisa da percepção aplicados ao design com foco no usuário de
maneira satisfatória. O estudo experimental foi capaz de coletar os dados propostos e
as informações levantadas atingiram as metas em relação ao entendimento das
questões que nortearam o trabalho.
7.3 Propostas para outras pesquisas
É importante salientar que o modelo focado no entendimento da sustentabilidade
em produtos manteve-se restrito aos aspectos relevantes para o seu contexto de
pesquisa. Assim, sugerem-se, para estudos futuros, outros ensaios dedicados aos
aspectos ligados a outros elementos de contato entre a marca e o usuário, como
embalagens, sites, expositores, lojas e manuais. Todas essas mídias são parte do
branding, ou seja, da construção do entendimento da marca. Nesse sentido, outras
pesquisas dedicadas ao design gráfico, principalmente, podem ser realizadas a fim de
se ampliar o entendimento sobre a percepção dos usuários sobre a sustentabilidade.
Outro enfoque que pode ser sugerido refere-se à comparação da percepção de
usuários de diferentes localidades em relação a produtos consumidos globalmente.
Esses parâmetros poderiam ajudar a identificar e entender diferenças entre padrões de
percepção relacionados à nacionalidade e ao repertório cultural dos participantes.
!
+*"!
REFERÊNCIAS
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+*)!
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Earthscan, 2006.
WALKER, S. The spirit of design: objects, enviroment and meaning. London:
Earthscan, 2011.
!
+*#!
APÊNDICES
Apêndice A – Glossário de Estratégias e Recursos de Design para a
Sustentabilidade.
Apêndice B – Imagens do Site www.persus.com.br e Interface do Experimento 1.
Apêndice C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Apêndice D – Questionário do Experimento 2.
Apêndice E – Questionário do Experimento 3.
!
Classificação de estratégias - Proctor, 2009.
1. Biodegradável –
7. Reciclável –
Se aplica a produtos cuja natureza orgânica permite que possam ser devolvidos a
terra ao fim de sua vida útil com a intenção de que organismos vivos os
Produtos que podem se converter em fonte de matéria prima ao final de sua vida
útil. Muitos materiais como o vidro, o papel, o metal, o plástico, tecidos e
decomponham.
componentes eletrônicos são recicláveis. A reciclagem requer grande gasto de
energia.
2. Comércio Justo –
8. Reciclado –
Se refere a produtos que sejam sido desenvolvidos em um entorno que garanta
condições dignas de trabalho, uma remuneração justa e o desenvolvimento
Produtos desenvolvidos para utilizar a grande quantidade de materiais descartados
sustentável de postos de trabalho para artesãos e outros trabalhadores
envolvidos.
em produtos usados e/ou que atingiram o final de sua vida útil, com a intenção de
prevenir que matérias primas potencialmente úteis sejam descartadas.
Os produtos podem receber certificações como a da Fairtrade Foundation.
9. Boa Gestão de Recursos –
3. De Origem Local –
Gestão de recursos naturais de forma a manter um ritmo de uso que permita sua
O emprego de materiais de origem local evita o transporte aéreo, economiza
energia e reduz materiais de embalagem, além de favorecer o fomento a indústrias
regeneração. Produtos com materiais de fonte renovável certificados se aplicam a
definição. Exemplo: FSC – Forest Stewardship Council.
locais. Muitas pessoas são conscientes dos benefícios implicados ao consumo de
alimentos de origem local, os mesmos benefícios podem ser ampliados ao
emprego de materiais.
4. Baixo Consumo Energético –
Produtos desenvolvidos de forma a garantir que durante o processo de fabricação
e uso economizam os gastos de energia.
5. Poucos resíduos –
Produtos desenvolvidos com a preocupação de gerir a quantidade de desperdício.
Utilizam-se técnicas de reutilização, reciclagem e otimização de cortes para reduzir
o volume de resíduos da produção.
6. Sem Substâncias Tóxicas –
Produtos fabricados com materiais de cultivo ecológico ou produtos que não
contém componentes químicos danosos a saúde e ao meio-ambiente.
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
Glossário de estratégias e recursos de design para a sustentabilidade.
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
Pré-produção - Referência Fuad-Luke, 2009.
!
1. Projetos Adaptáveis –
9. Desmaterialização –
Artefatos / espaços projetados de forma a garantir sua fácil adaptação frente às
eventuais mudanças futuras.
Processo de converter produtos em serviços.
"!
10. Durabilidade –
2. Participação Ativa de Cidadãos –
Projetos que encorajam cidadãos a tornarem-se proativos ao lidarem com
Projetos com foco na facilitação da manutenção ou reparo de produtos de
usabilidade ampliada ou com aumento da vida útil.
problemas contemporâneos desafiadores, sejam sociais, ambientais, econômicos
e/ou políticos.
11. Eco consciência –
3. Ante-modismo –
Projetos que buscam ampliar a consciência do usuário sobre problemas sociais e
ambientais.
Projetos que evitam estilos modistas temporários.
12. Eficiência energética e/ou energeticamente autossuficiente –
4. Ante-obsolescência –
Produtos e serviços que minimizem o consumo de energia durante o ciclo de vida.
Um projeto que prevê o fácil reparo, manutenção e melhoria para evitar a
obsolescência devido a mudanças tecnológicas ou estético-formais.
13. Melhorias ergonômicas –
5. Tecnologia apropriada/intermediada –
Encorajar melhor utilização, funcionalidade e acesso universal.
Projetos que utilizam níveis tecnológicos apropriados para as condições
14. Estendendo ou expandindo tradições culturais e/ou artesanais –
econômicas, políticas, ambientais e sócio-culturais locais.
Projetos desenvolvidos sobre narrativas locais e tradições que gerem baixo
6. Unicidade –
impacto nas condições sociais e ambientais locais.
Garante caráter distinto ao projeto diferenciando-o de projetos de produção em
15. Análise do Ciclo de Vida –
massa assim, criando um valor distinto.
7. Projetos Carbono Neutro ou Zero Carbono –
Cálculo das principais áreas de impacto ambiental de um produto ou edificação e
subsequente esforço para minimizá-los durante o desenvolvimento do projeto.
Projetos com emissões nulas de dióxido de carbono em todo seu ciclo de vida.
16. Economia local / foco em empregabilidade –
8. Design Clássico –
Criação de produtos ou edificações que geram empregos locais e/ou nutram a
economia local usando de suas matérias primas e recursos.
Criação voltada para a durabilidade sócio-cultural.
17. Produto Inacabado ou produto participativo –
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
!
!
#!
!
Projetos que insiram a contribuição do usuário para montagem, finalização ou
Utilização de medidas alternativas aos combustíveis fósseis, devido ao impacto
execução do produto. O objetivo é aprofundar os laços entre o usuário e o produto
a partir da participação desse no processo de construção.
subsequente e o aumento de valor destes perante a diminuição das reservas
globais.
18. Uso de sistemas naturais e mimetismo –
25. Re-humanização tecnológica –
Projetos que utilizam-se da biomimética, biônica, ecologia, sistemas naturais e/ou
Assegurar-se que tecnologias sejam dotadas de traços de revitalização das
baseiem-se nos ciclos naturais.
dimensões da vida humana experienciais e emocionais.
19. Processo aberto ou Open Source –
26. Retenção de técnicas artesanais / habilidades manuais –
Projeto acessível a um grande público. Aberto para garantir que o projeto possa ser
Projetos que estimulem uma base de processos diversificada.
$!
melhorado a partir da contribuição da comunidade envolvida, facilitando a inovação.
27. Produto reutilizável –
20. Personalização –
Permitir a personalização de produtos pelo usuário afim de criar uma ligação
Produto que possa ser reutilizado no fim de sua vida útil de forma idêntica, similar
ou para novo uso.
emocional mais duradoura e ampliar a vida do produto.
28. Design de serviços –
21. Sistema produto-serviço –
Substituição de produtos por serviços, principalmente sob demanda, ao invés de
Criação de serviços associados a produtos de forma a ampliar o uso, facilitar a
produtos de propriedade individual.
melhoria e reduzir impacto ambiental durante o ciclo de vida.
29. Design social –
22. Produto Retornável –
Aumentar o convívio social, interação, coesão e regeneração de indivíduos e
Um sistema em que produtores aceitam receber de volta produtos que tenham
comunidades.
atingido o fim de sua vida útil para que componentes e/ou materiais possam ser
reutilizados ou reciclados. Esta estratégia pode mudar efetivamente a essência do
projeto de produto fazendo com que mediadas como o design para desmontagem e
30. Redes sociais –
o design para montagem sejam estudadas.
Projetos que estimulem a troca social de ideias, técnicas e objetos aumentando o
capital social e a capacidade de indivíduos e comunidades.
23. Aumento de informações –
31. Design sinérgico e simbiótico –
Informar sobre nossas condições sociais e ambientais.
Projetos que que encontram sinergia ou simbiose na natureza e ajudam a
24. Reduzir a dependência em combustíveis fósseis –
regeneração de da ecologia e ecossistemas locais.
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
!
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
!
!
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Pré-produção / Seleção de Materiais - Referência FuadLuke, 2009.
32. Design universal –
1. Materiais 100% reciclados –
Aplicação de práticas, componentes, materiais e tecnologias amplamente aceitas
Projetos que utilizam-se totalmente de materiais reciclados, não usando materiais
para a ampliação do uso a uma vasta gama de usuários finais.
33. Uso de capacidade de produção existente –
Utilização de tecnologias, materiais e processos de produção existentes e dotados
de baixo impacto ambiental para produção de novos produtos.
virgens e, assim, conservando recursos (finitos) e minimizando o esgotamento dos
mesmos.
2. Materiais abundantes da litosfera/geosfera –
Materiais inorgânicos como rochas, argila, minerais e metais da crosta terrestre.
3. Materiais Biodegradáveis –
Decompostos pela ação de microrganismos como bactérias e fungos.
4. Culturas de Biomassa –
Materiais biológicos baseados em carbono derivados de organismos vivos ou
recentemente vivos.
5. Biopolímeros –
Plásticos derivados de plantas. Biopolímeros podem ser compostados e retornar a
natureza.
6. Materiais Bioregionais –
Materiais encontrados na bio-região local, reduzindo distancias de transporte e o
uso de materiais de outras regiões com capacidades ecológicas diferentes; pode-se
ampliar trocas econômicas para comunidades locais.
7. Fontes certificadas –
Materiais independentemente certificados e rotulados como originários de fontes
sustentavelmente geridas, de materiais reciclados ou de acordo com selo de
sustentabilidade nacional/internacional.
8. Materiais livres de agentes químicos –
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Materiais livres de agentes químicos comprovadamente nocivos, poluentes ou
16. Ficha de Dados de Segurança de Material (Material Safety Data Sheets - MSDS)
tóxicos, como compósitos orgânicos voláteis.
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9. Materiais compostáveis –
Materiais cujas especificações foram definidas em conferencias internacionais
reconhecidas.
Podem ser decompostos por microrganismos como bactérias ou fungos para
liberação de nutrientes e matéria orgânica.
17. Monomaterial ou material único –
10. Materiais Duráveis / Extremamente Duráveis –
Uso de um único material para um produto ou componente facilitando a reciclagem
no fim do ciclo de vida do produto.
Materiais resistentes projetados para não quebrar ou estragar e sobreviver a toda
vida útil do produto e além.
18. Materiais não tóxicos e não danosos –
11. Materiais Certificados Ecologicamente –
Materiais cujo processo extrativo ou processamento não gerem risco a vida ou
saúde humana ou a degradação de ecossistemas.
Matérias primas brutas ou processadas certificadas de acordo com legislação
reconhecida nacional ou internacionalmente.
19. Materiais preciosos –
12. Materiais comercializados de forma justa (Fairtrade) –
Materiais que podem servir para assegurar a longevidade sociocultural de um
produto ou edificação.
Materiais brutos gerados a partir de sistemas de produção ou entidades aliadas a
Fundação de Comércio Justo ou afiliados, com a intenção de apoiar os produtores e
20. Materiais recuperados regenerados –
comunidades locais.
Materiais recuperados de demolições e/ou mudanças do ambiente construído para
13. Materiais leves –
reuso.
Materiais com alto índice na relação resistência X peso, ou seja, materiais mais
21. Materiais recicláveis –
leves e mais duráveis.
Materiais utilizados em componentes de produtos que possam ser utilizados em um
14. Materiais de fontes locais –
novo produto.
Materiais originários de localidades próximas ao local de produção.
22. Reciclagem –
15. Materiais com pouca energia embarcada –
Material feito totalmente ou parcialmente a partir de reciclagem de matérias
primas.
Materiais que necessitam de pouco gasto energético em sua extração e
processamento.
23. Materiais Reciclados –
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Materiais que foram processados (limpos, classificados, desfiados, misturados) e,
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30. Materiais Sustentáveis / de fontes sustentáveis –
então remanufaturados.
24. Conteúdo reciclado –
Materiais originários de fontes com capacidade de longa duração e/ou geridas de
forma a garantir produção adequada sem limitar sua capacidade futura e/ou
certificadas como fontes comprovadamente renováveis.
Materiais que incluem conteúdo parcialmente reciclado em associação com
materiais virgens. Se o material possui 100% de conteúdo reciclado é denominado
Material 100% reciclado.
31. Materiais residuais –
Materiais feitos a partir de resíduos industriais, da agricultura ou pós-consumo.
25. Redução de uso de materiais –
Redução do número de materiais necessários para atender todas as especificações
funcionais requeridas pelo projeto.
26. Materiais renováveis –
Material que possa ser extraído de fontes que absorvam energia solar para
sintetizar ou criar matéria. Estas fontes incluem produtores primários como
plantas e bactérias, e secundários como peixes e mamíferos.
27. Simplicidade e veracidade em materiais –
Quando o material comunica ao usuário sua origem, natureza e essência, assim,
agregando valor ao objeto.
28. Fontes Geridas –
Materiais advindos de fontes certificadas e com gestão da cadeia de suprimentos.
29. Gestão da cadeia de suprimentos ( Contratos Publicamente ecológicos) –
É o processo de especificação que comprova que bens de consumo ou materiais de
fornecedores alcancem padrões mínimos de impacto ambiental. A especificação
deve prever que os produtos venham de fontes certificadas reconhecidas como
selos ecológicos nacionais e internacionais, conselhos, legislações, padrões de
qualidade ambiental, padrões de associações de comercio. Exemplos: FSC – Forest
Stewardship Council, ISO 14001.
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Fabricação / Produção - Processos de Produção Referência Fuad-Luke, 2009.
1. Ausência de substâncias tóxicas ou danosas –
Evitar o uso de substâncias potencialmente danosas a vida humana e a
ecossistemas vivos.
2. Produção personalizada: focada para as necessidades do indivíduo –
Melhoria de utilidade, função e prazer para o usuário, e, assim, estendendo a vida do
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Método de racionalização e padronização de componentes para facilitar sua união e
fixação durante o processo de produção.
9. Design para Desmontagem –
Método de desenvolvimento de produtos que facilita, reduz custos e evita a quebra
de componentes durante a separação de materiais no fim da vida de produtos, para
que possam ser reciclados ou reutilizados.
produto.
10. DIY – “Do it Yourself” / Faça você mesmo –
3. Bio-manufatura –
Técnicas que utilizam projetos gratuitos ou existentes para execução própria, como
Usar a natureza ou sistemas naturais para auxiliar a produção de produtos.
projetos baixados da internet.
Exemplo: utilização de plantas para produção de biopolímeros (plásticos naturais).
11. Projetos Baixados da Internet –
4. Produção Limpa –
Projetos que podem ser encontrados na internet, com planos de corte e/ou vídeos
instrucionais para que usuários possam executá-los.
Sistemas organizados para reduzir o impacto dos bens manufaturados minimizando
os resíduos e emissões no solo, água e atmosfera.
12. Uso eficiente de materiais –
5. Certificação de Gerenciamento de Sistemas Ambientais –
Redução de materiais utilizados e minimização de resíduos de produção.
Assim como ISO 14001, asseguram padrões específicos com objetivo de minimizar
impactos ambientais de sistemas produtivos.
13. Uso de componentes existentes –
6. Produção com ciclo totalmente fechado –
Uso de componentes existentes como alternativa ao desenvolvimento de novos
componentes.
Processo de reinserção de resíduos no sistema produtivo num ciclo continuo sem
desperdício, resultando em uma produção mais limpa.
14. Revitalização de tecnologias tradicionais de baixo impacto –
7. Produção /Construção Fria –
Métodos que não necessitam de fontes de calor ou pressão e diminuem o consumo
de energia e facilitam a desmontagem.
8. Design para Montagem –
Utilização de tecnologias artesanais, tradicionais e inerentemente de baixo impacto
de forma inovadora e atualizada.
15. Construção leve –
Manutenção de aspectos técnicos com redução de materiais utilizados.
16. Produção / Construção / Montagem / Técnicas de baixo consumo energético –
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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A montagem final é feita pelo usuário, assim, reduzindo a energia utilizada no
Redução de energia requerida para fazer componentes ou produtos.
processo de produção e transporte e aumentando o vinculo emocional e a
experiência do usuário com o produto.
17. Não tóxico –
25. Construção simples de baixo custo –
Uso de materiais e acabamentos naturais, biodegradáveis e não-tóxicos.
18. Consumo reduzido de recursos –
Produção simples, com ferramental acessível e processos de baixo gasto
energético.
Redução de materiais utilizados, principalmente matérias primas extraídas do meio
26. Apoio a iniciativas e comunidades locais –
ambiente.
Escolha de processos locais, bases locais de produção.
19. Redução de energia abarcada em materiais e construção –
27. Produção sem resíduos –
Considerando o processo produtivo como um fluxo de energia, pode-se tentar
reduzir a energia total utilizada.
Eliminação total de resíduos no processo de produção.
20. Redução de materiais de consumo –
Reduzir materiais de consumo usados durante o processo de produção.
21. Redução de resíduos de produção –
Atingido através de projetos ou processos mais eficientes, reduzem custos, tempo
de produção, e desperdício.
22. Condescendência a regulações e padrões legais –
Respeito aos padrões estabelecidos para o setor, e as normas e legislações
ambientais vigentes.
23. Edificações reutilizáveis –
Edificações modulares desmontáveis, que podem ser transportadas e remontadas
em outras localidades.
24. Automontagem –
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Fabricação / Produção - Reciclagem e Reuso - Referência
Fuad-Luke, 2009.
1. Design para a Reciclabilidade –
É uma filosofia de projeto que busca maximizar os atributos positivos de um
produto em relação ao meio ambiente, como a sua capacidade de fácil
desmontagem, manutenção, reutilização ou remodelagem sem afetar
negativamente sua performance ou usabilidade.
2. Design para a Reciclagem –
Considera os melhores métodos para permitir a reciclagem de matérias primas e
componentes através da facilitação da montagem e desmontagem, assegurando
que materiais não sejam misturados e que sejam devidamente rotulados e
identificados.
3. Identificação de Materiais –
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Componentes formalmente produzidos para uso específico são reaplicados em
outros produtos.
8. Objetos de reuso ou de segunda vida –
Qualquer objeto completo reutilizado em um novo produto.
9. Componentes de material único –
Componentes feitos de um só material (monomaterial).
10. Uso de produtos/componentes produzidos em massa –
Componentes feitos para um produto, reutilizados em um produto novo ou
diferente.
Ferramenta muito útil para reciclagem pois identifica os materiais aptos a
reciclagem.
4. Materiais reciclados na fonte –
Uso de resíduos domésticos, de escritórios e fábricas para produção de outros
objetos de uso, em loco.
5. Reuso de componentes de fim de vida (remanufatura) –
Aproveitar componentes e/ou produtos antigos ou descartados e retrabalha-los de
forma a renová-los e retornar ao mercado.
6. Reuso de Materiais –
Reuso de materiais sem alteração de seu estado original. Por comparação, a
reciclagem comumente envolve a destruição parcial ou reconfiguração do material
seguida de uma etapa de reconstrução.
7. Reuso de componentes redundantes –
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Distribuição /Transporte - Referência Fuad-Luke, 2009.
Uso - Benefícios Sociais - Referência Fuad-Luke, 2009.
1. Produtos de embalagem plana / “flat-pack” –
1. Moradia de custo baixo –
Produtos que podem ser estocados de forma plana, maximizando o uso do espaço
de estocagem e transporte.
Moradia de alta qualidade para setores da sociedade que necessitam de suporte.
2. Meios de transportes alternativos para melhores escolhas de mobilidade –
2. Produtos mais leves –
Produtos projetados para serem mais leves, sem detrimento de características
Reduz a dependência em produtos de alto impacto ambiental, como carros, e auxilia
na ampliação de opções de transporte para grupos específicos.
funcionais e desempenho e, como resultado, requerem menos energia para
transporte.
3. Produtos que auxiliem o crescimento planejado da população –
3. Redução do uso de energia durante o transporte –
Ajuda a manter o equilíbrio entre a população e a oferta de recursos e, assim,
diminui a degradação do meio ambiente, a exclusão social e outros problemas de
Pode ser atingida por um projeto criterioso do produto maximizando a capacidade
caráter público.
de estocagem de unidades por área e reduzindo o peso geral dos produtos.
4. Propriedade compartilhada –
4. Embalagens Reutilizáveis –
Encoraja a propriedade compartilhada de produtos ao invés da individual,
Embalagens que ofereçam proteção adequada a produtos em mais de uma viagem.
melhorando a eficiência do uso dos produtos.
5. Automontagem –
5. “Design for need” Design para a necessidade –
A montagem final é feita pelo usuário, assim, otimizando o uso do espaço de
Conceito que emergiu nos anos 70 promovido principalmente por Victor Papanek. O
estocagem e transporte.
design para a necessidade se concentra no desenvolvimento de projetos de acordo
com as necessidades sociais colocando-as acima da necessidade de bens de
consumo baseados em modismos.
6. Provisão emergencial / distribuição de água limpa, potável –
Produtos desenvolvidos para reduzir a mortalidade e o índice de doenças e
contaminações.
7. Apoio ao comércio local Projetos que encorajem o usuário a utilizar o comércio local.
8. Apoio a reciclagem –
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Produtos desenvolvidos de forma a facilitar a reciclagem.
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Produtos desenvolvidos de forma a minimizar a perturbação e perigo causados por
barulhos excessivos.
9. Autossuficiência –
17. Design democrático –
Produtos planejados de forma a facilitar a autossuficiência.
Produtos que encorajem as pessoas a examinar e implementar suas próprias
10. Acesso comum a fontes de informação –
habilidades para idealizar ou construir objetos e produtos.
Produtos que permitam e/ou possibilitem a grupos específicos e minorias, o acesso
18. Ferramentas para comunicação e educação –
a fontes de informação.
11. Acesso comum a serviços públicos –
Projetos que são pro si só, ferramentas par ampliar possibilidades de educação e
comunicação.
Produtos que possibilitem acesso total a serviços públicos, como o transporte, a
grupos específicos e minorias.
12. Melhoria das condições de saúde Produtos que melhorem a qualidade do ambiente local ou pessoal através da
remoção de substancias toxicas, purificação do ar, etc.
13. Contratação ao invés de propriedade –
Produtos desenvolvidos para serem contratados ou alugados ao invés de vendidos
a uma pessoa, gerando um uso mais eficiente.
14. Interação –
Produtos que convidem o usuário a interagir, modificar e/ou reformar o projeto
original, ampliando a relação ou experiência entre o usuário e o produto.
15. Personalização –
Produtos que possam ser facilmente modificados pelo usuário para que satisfaçam
a sua personalidade ou seu próprio instinto criativo.
16. Redução de poluição sonora –
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Uso - Redução de emissões, poluição e toxinas Referência Fuad-Luke, 2009.
Uso - Melhoria da funcionalidade - Referência Fuad-Luke,
2009.
1. Sem CFC’s ou HCFC’s –
1. Customizáveis –
Produtos, geralmente associados ao uso de refrigeradores, que não utilizam
Descreve um produto que o usuário possa alterar de acordo com sua própria
clorofluorcarbonos (CFCs), que são gases de efeito estufa, e também hidro
vontade ou necessidade.
clorofluorcarbonos (HCFCs), que são gases de efeito estufa e de depreciação do
ozônio.
2. Dupla-função –
2. Poder híbrido –
Produtos com duas funções primárias.
Ao menos uma parte da energia utilizada pelo produto/serviço sejam provenientes
de fontes renováveis.
3. Fácil limpeza –
Otimização de tempo e de materiais de consumo, podendo estender a vida útil do
3. Redução ou anulação de emissões e poluição da água –
produto.
Produtos cuja produção e uso evitam ou minimizam emissões de substâncias
4. Produtos emocionalmente duráveis –
tóxicas ou nocivas na água.
Produtos cuja ligação com o usuário geram um vinculo mais profundo e duradouro
4. Redução ou anulação de emissões e poluição do ar –
devido ao uso de recursos como a customização, personalização, interação ou
modificação.
Produtos cuja produção e uso evitam ou minimizam emissões de substâncias
tóxicas ou nocivas no ar, incluindo gases do efeito estufa, hidrocarbonetos,
5. Ergonomia Melhorada –
partículas sólidas e substâncias cancerígenas.
Produtos que sejam mais fáceis ou confortáveis de usar.
5. Redução ou anulação de substâncias tóxicas ou nocivas –
6. Melhoria da segurança e saúde –
Produtos que sejam seguros para o uso por não conter substancias toxicas ou
nocivas. Existem listas nacionais e internacionais de substancias banidas, incluindo
Produtos que não coloquem em risco a saúde e a segurança do usuário ou promova
pesticidas e agentes químicos. Algumas empresas emitem suas próprias listas
somando substancias além das relacionadas nas listas a que legalmente estão
melhoria da qualidade de vida.
submetidas. Ser seguro para o uso humano não quer dizer que o produto seja
7. Melhoria do bem estar social –
seguro para plantas, animais, etc.
Produtos que encorajem a interação social ou aprofundem experiências de uso.
6. Sem emissões –
8. Melhoria da relação produto-usuário –
Refere-se a produtos que não produzem emissões como gases do efeito estufa ou
partículas sólidas
Produtos com interface simplificada, mais fáceis de se entender e mais divertidos
de se usar.
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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9. Melhoria da funcionalidade –
Produtos que sejam fáceis de se alterar buscando a melhoria através da troca ou
Produtos que sirvam a seu proposito de forma mais ampla que produtos
anteriores.
reposição de componentes. Especialmente importante em produtos tecnológicos.
10. Interatividade / envolvimento do usuário –
Engajar as habilidades do usuário no produto ou edificação para melhorar a
experiência de uso.
11. Modularidade –
Produtos que possam ser configurados de várias formas para se adaptar ao uso
devido ao arranjo de módulos.
12. Multifuncional –
Um produto capaz de realizar mais de duas funções primárias.
13. Espaço multiuso –
Espaço que pode ser utilizado de varias formas assumindo diversos tipos de
funções.
14. Portáteis –
Produto que seja facilmente transportado para permitir o uso em diferentes locais.
15. Produtos seguros ( não tóxicos ou danosos) –
Produtos sem efeitos colaterais a saúde humana.
16.Design universal / inclusivo –
Projetos que permitam o acesso a diversos tipos de usuários com habilidades ou
restrições variadas.
17. Produtos que possam ser melhorados/aprimorados –
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Uso – Aumento da longevidade / vida útil do produto Referência Fuad-Luke, 2009.
Uso – Redução do consumo de energia - Referência FuadLuke, 2009.
1. Design para facilitar a manutenção –
1. Conservação de energia –
Produtos com boas instruções e fácil acesso para manutenção.
Produtos projetados para prevenir o desperdício de energia.
2. Produtos Duráveis –
2. Eficiência energética –
Produtos que sejam duradouros, através de materiais fortes e alta qualidade de
Produtos projetados para usar a energia de forma eficiente.
produção, assim resistentes durante o uso.
3. Selos de padrões de energia –
3. Design para facilitar o reparo –
Produtos certificados em níveis de conservação de energia, autossuficiência
Produtos de fácil montagem / desmontagem para facilitar o reparo em caso de
energética e eficiência energética.
quebra ou mau funcionamento de um componente.
4. Energia neutra –
Produtos que geram a quantidade de energia que necessitam para funcionamento.
5. Produtos movidos a energia humana –
Produtos que utilizam energia fornecida pelo corpo humano.
6. Híbridos –
Produtos que combinam duas ou mais fontes de energia.
7. Eficiência energética melhorada –
Produtos que ampliam o resultado de uso ou funcionalidade por unidade de energia
utilizada.
8. Sistemas de controle energéticos integrados –
Conservação, geração, ou eliminação de energia utilizada em produto a partir do
uso de sistemas de controle baseados em sistemas integrados.
9. Sistemas de transporte inteligentes ou integrados –
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Sistemas de transporte que permitam que uma gama de produtos de mobilidade
Uso – Reciclagem e redução de desperdício na produção Referência Fuad-Luke, 2009.
seja utilizada, oferecendo escolhas aos usuários.
1. Embalagens /containers recicláveis –
10. Voltagem baixa –
Embalagens e containers feitos de materiais que possam ser reciclados.
Produtos capazes de operar em suplementos energéticos de 12v ou 24v ao invés de
2. Redução do uso de materiais de consumo –
voltagens mais altas.
Produtos que reduzam o suo de materiais de consumo como papéis, tintas, baterias
11.Iluminação natural –
e pilhas, óleos e detergentes.
Produtos que incentivem o uso da iluminação natural ao invés do consumo de
energia.
3. Embalagens / containers reutilizáveis –
Embalagens e containers que possam ser utilizados para repetidas viagens.
12. Recarregáveis –
Produtos que incentivem a reutilização de baterias e pilhas através de recarga
reduzindo descartes e consumo de materiais.
13. Energia renovável –
Eletricidade gerada por produtos que convertem a energia do sol, ventos, água ou
calor geotermal da crosta terrestre.
14. Energia solar (passiva) –
Produtos que produzem calor ou luz a partir da energia do sol.
15. Energia solar (geração) –
Produtos que gerem eletricidade pela absorção da energia do sol. Geralmente
incluem produtos equipados com painéis fotovoltaicos.
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
Uso – Aprimoramento do uso da água - Referência FuadLuke, 2009.
Descarte / Fim de vida / Nova vida - Referência FuadLuke, 2009.
1. Conservação da agua –
1. Conservação de espaços de aterro –
Produtos que reduzam o uso da água e/ou facilite a sua coleta.
Produtos que se decomponham ou que possam ser reciclados, reutilizados ou
remanufaturados evitando o envio a aterros.
2. Geração de água (água fresca) –
2. Cradle2Cradle ( do berço ao berço) –
Produtos que gerem água fresca através de superfícies contaminadas ou lençóis
subterrâneos, água marinha ou água saturada do ar.
Protocolo estabelecido por William McDonough Braungart Chemistry (WMBC), EUA,
que certifica a extensão do ciclo de vida e o fim da vida estratégicos para atingir
produção limpa, reciclagem e gestão de esgotamento de recursos.
3. Extensão da vida do produto –
Dar a um produto/objeto existente uma nova concessão de vida por renovação,
adicionando novos elementos, reparando, reconfigurando ou outras abordagens de
design que permitam ao produto não ser descartado.
4. Encorajar compostagem local / biodegradação local de resíduos –
Produtos que possam decompostos localmente pelo usuário, assim, economizando
a energia de transporte para a coleta de resíduos e amenizando o impacto nos
aterros de despejo.
5. Responsabilidade de produção / Produto retornável –
Um sistema em que produtores concordam em aceitar o retorno de produtos que
tenham atingido o fim da sua vida útil, assim, podendo ser desmontados e
componentes ou materiais possam ser reutilizados ou reciclados.
6. Reciclagem –
Produtos que sao desenvolvidos para ser facilmente reciclados, através do uso de
um so material, ou por ser facilmente desmontados em componentes ou materiais
que possam ser reciclados.
7. Remanufaturados –
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Produtos que sejam facilmente desmontados para renovação ou para configurar
Outras estratégias – Gestão Ambiental e sistemas
corporativos - Referência Fuad-Luke, 2009.
novos produtos.
1. Produtos Certificados
8. Reutilização –
2. Selos ambientais
Produtos que possam ser facilmente reutilizados para o mesmo propósito ou para
Selos que confirmem que os produtores estão coerentes a padrões certificados de
um propósito novo, ou sejam facilmente desmontáveis para a coleta de
componentes ou materiais para serem reutilizados.
redução de impacto ambiental para produção de determinado produto.
3. Selos e certificações independentes
Variedade de selos dedicados a produtos que se enquadrem em padrões
específicos de redução de impacto ambiental, inclusão de materiais reciclados,
materiais e componentes de fontes geridas e renováveis.
4. Politicas ambientais corporativas
Afirmação escrita pela empresa, definindo sua postura em relação ao meio
ambiente com regular avaliação ao longo do tempo. A existência de uma politica
ambiental corporativa geralmente indica a inclusão de sistemas de gestão ou o uso
de técnicas e estratégias ambientais para o dia-a-dia.
5. Gestão ambiental e auditorias EMAS
Sistema de gestão ambiental independente que opera na União Europeia.
6. ISO 14001
Padrão internacional para gestão ambiental mantido pela Organização de Padrões
Internacionais (ISO) em Genebra, na Suíça. Novos padrões estão sendo
desenvolvidos para Avaliação do Ciclo de Vida (ISO 14040) e selos ambientais e
ecológicos (ISO 14021).
7. ISO 9001
Padrão internacional de qualidade mantido pela Organização de Padrões
Internacionais.
8. Produtos amigos dos animais
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Produtos produzidos sem causar danos a saúde de animais.
9. Conservação de recursos da terra
Uso de espaços urbanos subutilizados, ou locações não produtivas, ao invés de
Classificação de estratégias de Design para a
Sustentabilidade - Referência Proctor, 2009.
1. Biodegradável –
Se aplica a produtos cuja natureza orgânica permite que possam ser devolvidos a
terra ao fim de sua vida útil com a intenção de que organismos vivos os
construir novas instalações em áreas virgens, rurais ou de agricultura.
decomponham.
10. Encorajamento da produção de comida
2. Comércio Justo –
Produtos que promovam a produção caseira de comida.
Se refere a produtos que sejam sido desenvolvidos em um entorno que garanta
11. Encorajamento da conservação e biodiversidade
condições dignas de trabalho, uma remuneração justa e o desenvolvimento
sustentável de postos de trabalho para artesãos e outros trabalhadores
Produtos que auxiliem ou promovam a conservação e diversidade como resultado
Os produtos podem receber certificações como a da Fairtrade Foundation.
de uma politica ambiental corporativa ou da gestão da cadeia de suprimentos ou,
envolvidos.
ainda, do uso de materiais de fontes geridas.
3. De Origem Local –
12. Pegada ecológica reduzida
O emprego de materiais de origem local evita o transporte aéreo, economiza
Redução de inputs e outputs de materiais e energia per capita para um produto.
locais. Muitas pessoas são conscientes dos benefícios implicados ao consumo de
alimentos de origem local, os mesmos benefícios podem ser ampliados ao
13. Não uso de materiais geneticamente modificados
emprego de materiais.
Não utilização de culturas geneticamente modificadas ou de derivados.
4. Baixo Consumo Energético –
14. Proteção contra a erosão do solo
Produtos desenvolvidos de forma a garantir que durante o processo de fabricação
Produtos utilizados para evitar ou reduzir a erosão do solo a partir da agua ou do
energia e reduz materiais de embalagem, além de favorecer o fomento a indústrias
e uso economizam os gastos de energia.
vento.
5. Poucos resíduos –
15. Economia de espaço
Produtos desenvolvidos com a preocupação de gerir a quantidade de desperdício.
Minimizar os requisitos de espaço per capita.
o volume de resíduos da produção.
Utilizam-se técnicas de reutilização, reciclagem e otimização de cortes para reduzir
6. Sem Substâncias Tóxicas –
Produtos fabricados com materiais de cultivo ecológico ou produtos que não
contém componentes químicos danosos a saúde e ao meio-ambiente.
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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#%!
7. Reciclável –
Produtos que podem se converter em fonte de matéria prima ao final de sua vida
útil. Muitos materiais como o vidro, o papel, o metal, o plástico, tecidos e
componentes eletrônicos são recicláveis. A reciclagem requer grande gasto de
energia.
8. Reciclado –
Produtos desenvolvidos para utilizar a grande quantidade de materiais descartados
em produtos usados e/ou que atingiram o final de sua vida útil, com a intenção de
prevenir que matérias primas potencialmente úteis sejam descartadas.
9. Boa Gestão de Recursos –
Gestão de recursos naturais de forma a manter um ritmo de uso que permita sua
regeneração. Produtos com materiais de fonte renovável certificados se aplicam a
definição. Exemplo: FSC – Forest Stewardship Council.
Apêndice A – Glossário de Recursos e Estratégias de Design para a Sustentabilidade.
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Apêndice B – Imagens do Site e da Interface do Experimento 1.!
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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado para participar, como voluntário, em uma pesquisa para um
trabalho acadêmico em nível de mestrado. Após ser esclarecido das informações a seguir,
no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento.
Em caso de recusa você não participará da pesquisa.
Estudo Experimental do Modelo Persus – A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
Aluno Mestrando: Ivan Mota Santos | Orientadora: Profª Lia Krucken
RG: MG.12.654.366
Matrícula 1-11205 – PPGD – Ed/UEMG
Contato: 31-9776.5515 – 31-3504.8089
[email protected]
Objetivos e esclarecimentos da pesquisa
O objetivo desta pesquisa é desenvolver um modelo para avaliar a percepção dos usuários a
respeito de recursos de design para a sustentabilidade presentes em produtos.
Para avaliar a eficiência deste modelo, estamos realizando um estudo experimental que tem
o propósito de avaliar produtos de design selecionados para a pesquisa, sendo: um
mobiliário e um utensílio. Os participantes responderão a dois questionários.
Garantimos resguardar suas informações pessoais, não as divulgando de nenhuma forma.
As imagens serão utilizadas para fins acadêmicos, ou seja, para ilustrar o experimento no
documento de dissertação do mestrado e artigos técnico-científicos. Entretanto, a
identificação pessoal dos participantes será preservada, não aparecendo rostos ou outros
sinais pessoais característicos.
Eu, ____________________________________, RG nº__________________ ,
abaixo assinado, concordo voluntariamente em participar do estudo acima descrito. Declaro
ter sido devidamente informado e esclarecido sobre os objetivos e procedimentos da
pesquisa. Foi-me garantido que não sou obrigado a participar da pesquisa e posso desistir a
qualquer momento, sem qualquer penalidade.
Belo Horizonte, ___ de ______________de 2012. _________________________
(Assinatura - Participante Voluntário)
Apêndice C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido!
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Questionário 1 – Perfil, Interesse e Experiência
Estudo Experimental do Modelo Persus – A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
Mestrando: Ivan Mota Santos | Orientadora: Profª Lia Krucken
Matrícula 1-11205 – PPGD – Ed/UEMG
Workshop
Persus
____________________________________________________________________________
Experimentos desenvolvidos para Designers e Usuários avaliarem os
aspectos sustentáveis das estratégias de design adotadas em produtos.
1. Sexo: ☐ Feminino ☐ Masculino
☐ Viúvo
2. Qual sua idade?
☐ 18 a 25 anos
☐ 26 a 30anos
☐ 31 a 40 anos
☐ 41 a 50 anos
☐ 51 a 60 anos
☐ mais de 60 anos
6. Você Reside:
☐ Sozinho
☐ Com amigos
☐ Com meus pais
☐ Com meu esposo(a) e filhos
☐ Outros_________________
3. Grau de Instrução:
☐ Sem escolaridade
☐ 1º Grau
☐ 2º Grau
☐ Técnico.
Área:______________
☐ Tecnólogo.
Área:____________
☐ Superior
Incompleto__________
☐ Superior
Completo___________
☐ Especialização____________
☐ Mestrado_______________
☐ Doutorado______________
☐ Outros_________________
4. Qual sua ocupação ou
profissão?
_______________________!
Nome:
5. Estado Civil:
☐ Solteiro
☐ Casado
☐ Desquitado
☐ Separado
☐ Divorciado
E-mail:
Apêndice D – Questionário do Experimento 2!
Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
7. Sua renda familiar mensal é:
☐ menos de R$ 1.000,00
☐ de R$ 1.001,00 a R$ 3.000,00
☐ de R$ 3.001,00 a R$ 6.000,00
☐ de R$ 6.001,00 a R$ 12.000,00
☐ mais de 12.000,00
8. Você dá importância a aspectos
de sustentabilidade ao adquirir
produtos? ☐ Sim ☐ Não
9. Você possui algum produto que
considere sustentável?
☐ Sim ☐ Não _____________
10. Tenho interesse em:
☐ Livros de design
☐ Livros de Sustentabilidade
☐ Sites e blogs de design
☐ Sites e blogs de sustentabilidade
☐ Novidades em design
☐ Novidades em sustentabilidade
☐ Tenho pouco interesse nestes
assuntos
☐ Outros interesses_________
Apêndice D – Questionário do Experimento 2!
Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
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3.1 – Observe os recursos listados no quadro e os produtos apresentados
abaixo. Na sua opinião, a qual produto os recursos listados estão
associados? ( 1 = Mio ; 2 = Molo )
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a) Material de fonte renovável.
!
b) Material reciclável.
!
c) Monomaterial (material único).
!
d) Material biodegradável.
!
e) Material reciclado.
!
f) Utilização de processos existentes
para novos propósitos.
!
g) Baixo consumo energético.
!
h) Manutenção de bases locais de
produção.
!
i)
Redução de tamanho.
!
j)
Biodegradável.
!
k) Multifuncionalidade / Flexibilidade.
!
l)
!
m) Sem elementos tóxicos.
!
n) Poucos Resíduos.
!
3.2. - Qual dos conjuntos de características abaixo descreve, de maneira
mais assertiva, o produto abaixo?
!
a) Biodegradável,
reciclável;
b) Monomaterial,
Biodegradável,
Redução de
tamanho/peso;
Leve / Uso eficiente de materiais.
!
!
!
!
Apêndice D – Questionário do Experimento 2!
Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
c) Material de Fonte
Renovável, Utilização
de processos
existentes para novos
propósitos, Baixo
Consumo Energético,
Manutenção de bases
locais de produção;
!
Apêndice D – Questionário do Experimento 2!
Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
!
3.2. - Qual dos conjuntos de características abaixo descreve, de maneira
mais assertiva, o produto abaixo?
!
a) Biodegradável,
Poucos Resíduos,
Reciclável, Reciclado;
!
4.1 – Observe os recursos listados no quadro e as fases do ciclo-de-vida de
um produto. Na sua opinião, a qual fase do ciclo-de-vida do produto os
recursos listados estão associados?!
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N°
b) Monomaterial,
Biodegradável,
Redução de
tamanho/peso;
!
!
!
!
c) Material Reciclado e
Reciclável,
Multifuncional /
Flexível, Leve / Uso
eficiente de materiais,
Sem elementos
tóxicos;
1.
2.
3.
4.
5.
Pré-fabricação / Planejamento
Processo de Fabricação
Transporte / Estocagem
Uso
Descarte
Recursos!
!
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a) Material de fonte renovável.
!
b) Material reciclável.
!
c) Monomaterial (material único).
!
d) Material biodegradável.
!
e) Material reciclado.
!
f)
!
g) Baixo consumo energético.
!
h) Manutenção de bases locais de produção.
!
i)
Redução de tamanho.
!
j)
Biodegradável.
!
k) Multifuncionalidade / Flexibilidade.
!
l)
!
m) Sem elementos tóxicos.
!
n) Poucos Resíduos.
Utilização de processos existentes para novos propósitos.
Leve / Uso eficiente de materiais.
!
Apêndice D – Questionário do Experimento 2!
Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
Apêndice D – Questionário do Experimento 2!
Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
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Glossário de Recursos de Design para a Sustentabilidade:
MONOMATERIAL – Utilização de apenas um material no produto.
BIODEGRADÁVEL – Característica que permite a um material ser decomposto pelos
microorganismos usuais no meio-ambiente.
Estudo Experimental do Modelo Persus – A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
Mestrando: Ivan Mota Santos | Orientadora: Profª Lia Krucken
Matrícula 1-11205 – PPGD – Ed/UEMG
Atividade Final
Persus
____________________________________________________________________________
Este questionário deverá ser preenchido levando em conta o Glossário
anexado associado ao contato direto com os produtos estudados.
Leia atentamente as descrições contidas no glossário e manuseie os
produtos livremente para melhor compreensão.
RECICLADO - Materiais que foram processados (limpos, classificados, desfiados,
misturados) e, então remanufaturados.
RECICLÁVEL – Materiais que possam ser processados (limpos, classificados, desfiados,
misturados) e, então remanufaturados.
MATERIAL DE FONTE RENOVÁVEL - Material que possa ser extraído de fontes que
absorvam energia solar para sintetizar ou criar matéria. Estas fontes incluem produtores
primários como plantas e bactérias, e secundários como peixes e mamíferos.
REDUÇÃO DE PESO / TAMANHO – Melhoria de características físicas do produto como peso
e volume para aumentar capacidade de transporte e estocagem, economizando espaço e
energia utilizada para deslocamento.
POUCOS RESÍDUOS – Gestão responsável de resíduos gerados durante a produção, seja pela
redução significativa ou pela reutilização destas sobras em outros componentes ou
produtos. Atingido através de projetos ou processos mais eficientes, reduzem custos,
tempo de produção, e desperdício.
UTILIZAÇÃO DE PROCESSOS EXISTENTES PARA NOVOS PROPÓSITOS - Utilização de
tecnologias artesanais, tradicionais e inerentemente de baixo impacto de forma inovadora e
atualizada.
BAIXO CONSUMO ENERGÉTICO - Redução de energia requerida para fazer componentes ou
produtos.
MANUTENÇÃO DE BASES LOCAIS DE PRODUÇÃO - Escolha de processos locais, bases
locais de produção.
Nome:
SEM ELEMENTOS TÓXICOS - Produtos que sejam seguros para o uso por não conter
substâncias tóxicas ou nocivas.
E-mail:
MULTIFUNCIONAL / FLEXÍVEL - Um produto capaz de realizar mais de duas funções
primárias ou capaz de otimizar seu uso para diferentes ocasiões / necessidades.
LEVE / USO EFICIENTE DE MATERIAIS - Produtos projetados para serem mais leves, sem
detrimento de características funcionais e desempenho e, como resultado, requerem menos
energia para transporte.
Apêndice E – Questionário do Experimento 3!
Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
Apêndice E – Questionário do Experimento 3!
Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
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3.1 – Observe os recursos listados no quadro e os produtos apresentados
abaixo. Na sua opinião, a qual produto os recursos listados estão
associados? ( 1 = Mio ; 2 = Molo )
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a) Material de fonte renovável.
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b) Material reciclável.
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c) Monomaterial (material único).
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d) Material biodegradável.
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e) Material reciclado.
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f) Utilização de processos existentes
para novos propósitos.
!
g) Baixo consumo energético.
!
h) Manutenção de bases locais de
produção.
!
i)
Redução de tamanho.
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j)
Biodegradável.
!
k) Multifuncionalidade / Flexibilidade.
!
l)
!
m) Sem elementos tóxicos.
!
n) Poucos Resíduos.
!
3.2. - Qual dos conjuntos de características abaixo descreve, de maneira
mais assertiva, o produto abaixo?
!
a) Biodegradável,
reciclável;
b) Monomaterial,
Biodegradável,
Redução de
tamanho/peso;
Leve / Uso eficiente de materiais.
c) Material de Fonte
Renovável, Utilização
de processos
existentes para novos
propósitos, Baixo
Consumo Energético,
Manutenção de bases
locais de produção;
!
!
!
!
Apêndice E – Questionário do Experimento 3!
Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
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Apêndice E – Questionário do Experimento 3!
Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
!
3.2. - Qual dos conjuntos de características abaixo descreve, de maneira
mais assertiva, o produto abaixo?
!
4.1. - Você considera o produto apresentado na imagem um produto
sustentável? Em caso positivo, quais destes recursos conferem ao produto
seu caráter sustentável?
!
!
o Sim, com certeza.
a) Biodegradável,
Poucos Resíduos,
Reciclável, Reciclado;
o Acredito que sim.
o Não sei dizer.
o Acredito que não.
o Não, com certeza.
b) Monomaterial,
Biodegradável,
Redução de
tamanho/peso;
c) Material Reciclado e
Reciclável,
Multifuncional /
Flexível, Leve / Uso
eficiente de materiais,
Sem elementos
tóxicos;
Apêndice E – Questionário do Experimento 3!
Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
o
Material.
o
Processo Produtivo.
o
Uso.
o
Transporte /
Estocagem.
o
!
!
!
!
Descarte.
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Apêndice E – Questionário do Experimento 3!
Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
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5.1. – Como você se sente ao experimentar o produto abaixo?
4.1. - Você considera o produto apresentado na imagem um produto
sustentável? Em caso positivo, quais destes recursos conferem ao produto
seu caráter sustentável?
A figura abaixo contém 14 diferentes emoções positivas e negativas.
Por favor marque um “X” em uma ou mais como no exemplo:
NÃO DEMORE A RESPONDER, SUA OPINIÃO DEVE SER IMEDIATA.
!
o Sim, com certeza.
o Acredito que sim.
o Não sei dizer.
o Acredito que não.
o Não, com certeza.
o
Material.
o
Processo Produtivo.
o
Uso.
o
Transporte /
Estocagem.
o
Descarte.
Apêndice E – Questionário do Experimento 3!
Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
Apêndice E – Questionário do Experimento 3!
Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
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5.1. – Como você se sente ao experimentar o produto abaixo?
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6.1. – Como você avalia sua percepção em relação aos aspectos sustentáveis
dos produtos antes e depois de experimentá-los?
A figura abaixo contém 14 diferentes emoções positivas e negativas.
Por favor marque um “X” em uma ou mais como no exemplo:
Marque nos diagramas abaixo o grau de impacto positivo ou negativo em relação aos
aspectos de sustentabilidade envolvidos.
NÃO DEMORE A RESPONDER, SUA OPINIÃO DEVE SER IMEDIATA.
Antes
Muito
Negativo
Negativo
Neutro
Positivo
Muito
Positivo
Negativo
Neutro
Positivo
Muito
Positivo
Negativo
Neutro
Positivo
Muito
Positivo
Negativo
Neutro
Positivo
Muito
Positivo
Depois
Muito
Negativo
Antes
Muito
Negativo
Depois
Muito
Negativo
Apêndice E – Questionário do Experimento 3!
Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
Apêndice E – Questionário do Experimento 3!
Questionário Persus - A Percepção da Sustentabilidade pelo Usuário
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avaliação da percepção dos usuários sobre a comunicação da