UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI
LEONARDO D’AQUINO PEREIRA DE CAMPOS VERGUEIRO
A NOVA TELA:
Programação Audiovisual em Dispositivos Móveis
SÃO PAULO
2009
LEONARDO D’AQUINO PEREIRA DE CAMPOS VERGUEIRO
A NOVA TELA:
Programação Audiovisual em Dispositivos Móveis
Dissertação de Mestrado apresentada à
Banca Examinadora, como exigência para
a obtenção do título de Mestre do
Programa de Mestrado em Comunicação,
área de concentração em Comunicação
Contemporânea
da
Universidade
Anhembi Morumbi, sob a orientação do
Prof. Dr. Vicente Gosciola.
SÃO PAULO
2009
LEONARDO D’AQUINO PEREIRA DE CAMPOS VERGUEIRO
A NOVA TELA:
Programação Audiovisual em Dispositivos Móveis
Dissertação de Mestrado apresentada à
Banca Examinadora, como exigência para
a obtenção do título de Mestre do
Programa de Mestrado em Comunicação,
área de concentração em Comunicação
Contemporânea
da
Universidade
Anhembi Morumbi, sob a orientação do
Prof. Dr. Vicente Gosciola.
Aprovado em 14 / 10 / 2009
___________________________________
Prof. Dr. Vicente Gosciola
___________________________________
Prof. Dr. Gelson Santana Penha
___________________________________
Prof. Dr. Almir Antônio Rosa
A todas as pessoas que de alguma maneira
colaboraram para realização deste estudo
.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha família pelo amor, incentivo e apoio em todos os momentos da
minha vida.
À minha esposa Priscila Maranho por fazer minha vida mais feliz e por todo auxílio
durante o desenvolvimento da dissertação. Sem a sua ajuda teria sido impossível.
Aos professores do Mestrado em Comunicação da Universidade Anhembi pelas
aulas que colaboraram muito no enriquecimento do trabalho.
Ao meu orientador Professor Vicente Gosciola pelas indicações bibliográficas e
direcionamentos precisos nos desenrolar da produção da dissertação.
À Professora Bernadette Lyra por oferecer um curso tão gratificante e bem
estruturado.
Aos Professores Almir Almas e Marcello Tassara pelas excelentes observações e
dicas na banca de qualificação e que contribuíram muito para a conclusão da
dissertação.
RESUMO
A presente dissertação tem como objetivo agrupar e analisar os recentes
acontecimentos em torno da produção audiovisual assistida em dispositivos portáteis
tais como aparelhos celulares e outros. Para tanto, procurei percorrer o caminho que
a telecomunicação fez até aqui para tentar desvendar o panorama atual. Diante
desta base de novidades me deparei com uma reduzida produção teórica a respeito
dentre os quais os pensamentos de Henry Jenkins e Ana Lúcia Damasceno Moura
Fé foram fundamentais. O primeiro por entender as mudanças radicais do mundo da
comunicação sob a ótica convergente, e a segunda pela seriedade e profundidade
com que trata o assunto até então pouco explorado no campo acadêmico. Este
estudo foca na na questão da mobilidade por considerar a inovação uma boa
representação de todas as alterações que tem acontecido. O aparelho celular é o
principal objeto de estudo, pelo simples fato de que nem um outro dispositivo portátil
alcança a abrangência que ele tem. Assim sendo, esta análise procura percorrer as
características dos celulares, frisar a força do universo televisivo, entender mais
detalhadamente sobre as tecnologias disponíveis, definir melhor o comportamento
do usuário diante desse novo cenário e quais tem sido as estratégias do mercado
em relação a estes novos modelos de negócio que vem surgindo com as
tecnologias. O objetivo desta pesquisa não é prioritariamente o de traçar conclusões
definitivas sobre o tema, mas sim o de colaborar ao entendimento do processo no
qual estamos vivendo neste exato momento que altera de forma profunda a
comunicação desde a sua transmissão, produção e até mesmo o acesso a ela.
Embora sem nenhum modelo de negócios claro, em meio a indefinições
tecnológicas e legislativas, os meios portáteis têm potencial para se tornarem tão
importantes quanto a TV convencional foi até aqui.
Palavras-chave: Tecnologias Móveis. Dispositivos Móveis. Aparelhos Celulares.
Convergência. TV Móvel.
ABSTRACT
This paper intents to cluster and analyze the recent events surrounding the
audiovisual production watched in portable devices such as cell phones and other
equipment. To do so, I followed the history of telecommunication to try to understand
the current scene. During the study I came across a small theoretical production
about it among them the thoughts of Henry Jenkins and Ana Lucia Damasceno
Moura Fé were fundamental. The first author was important because he understands
the radical changes in the world of communication in a converging way, and the
second because the seriousness and thoroughness how she treats the subject in the
academic world so deficient about it. This study focuses in mobility because I have
considerate this particular innovation as a good representation of all the changes that
we are seeing. The handset is the main object of study just because any other device
cannot be popular as it is. Therefore, this analysis seeks to go through the features of
cell phones, underlining the strength of the television, understand in detail about the
available technologies, define the users behavior and what has been the market
strategies for these new model of business that have emerged with the technology.
The main purpose of this research is not to bring definitive conclusions for the
subject, but first of all, the intention is to collaborate to understand the process in
which we are living. Communication is changing drastically since the transmission,
production and even access to the media are no longer only in company’s hands.
Although no clear business model, in the middle of technological and legal
uncertainties, the portable media has the potential to become as important as the
conventional TV was until now.
Key-words: Mobile technologies. Mobile Devices. Mobile Phones. Convergence.
MobileTV
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Nível de satisfação com a programação ofertada pelas emissoras de TV
por idade.....................................................................................................................58
Quadro 2: Porcentagem global de consumidores que assistem algum tipo de
programação audiovisual em computadores .............................................................58
Quadro 3: Porcentagem global de consumidores que assistem algum tipo de
programação audiovisual em telefones celulares......................................................59
Quadro 4: Relação entre canais e programas de TV assistidos por consumidores..59
Quadro 5: Quantidade de programas vistos semanalmente em dispositivos
suplementares(telefones celulares, PDAs e computadores)......................................61
Quadro 6: Consumidores interessados receber programação audiovisual em
telefones celulares......................................................................................................61
Quadro 7: Consumidores interessados receber programação audiovisual em
telefones e computadores..........................................................................................62
Quadro 8: Consumidores que pagariam por downloads de programação audiovisual
em telefones celulares e computadores.....................................................................62
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Preferência global sobre a programação vista em telefones celulares e
computadores.............................................................................................................60
SUMÁRIO
Introdução.................................................................................................................09
Capítulo 1 - Características do Meio.......................................................................12
1.1 Portabilidade.........................................................................................................12
1.2 Conectividade.......................................................................................................14
1.3 Audiovisual Móvel.................................................................................................16
1.4 Tecnologias para recepção de conteúdo audiovisual em telefones
celulares.....................................................................................................................17
1.4.1 TVs e Canais de Vídeos das Operadoras de Telefonia Móvel.........................18
1.4.2 TV Aberta Analógica e Dispositivos Móveis......................................................24
1.4.3 TV Digital e Dispositivos Móveis.......................................................................25
1.4.4 Web TV e IPTV..................................................................................................27
1.5 Conteúdo de Programação Audiovisual Móvel....................................................28
1.5.1 Gêneros e Formatos.........................................................................................28
Capítulo 2 – O Mercado............................................................................................35
2.1 Como o Mercado está atendendo o Consumidor e cria oportunidades de
negócio.......................................................................................................................35
2.2 A Tecnologia Move o Mercado.............................................................................38
2.3 Quem é o Usuário e Quem é o Consumidor........................................................40
2.4 Novos Negócios – Tendências e Possibilidades..................................................43
2.5 Conteúdo Gerado por Usuários............................................................................45
2.6 Produção de Conteúdo Audiovisual.....................................................................49
Capítulo 03 - O Usuário............................................................................................51
3.1 A Força da TV, o Meio Consagrado.....................................................................51
3.2 Da TV Convencional para a Tela Portátil.............................................................53
3.3 A Relevância dos Fóruns na Cultura Digital.........................................................55
3.4 Convergência.......................................................................................................57
3.5 Um novo comportamento.....................................................................................63
3.6 Pesquisa com early adopters brasileiros..............................................................65
Conclusão.................................................................................................................70
Bibliografia...............................................................................................................72
INTRODUÇÃO
No momento em que o assunto programação audiovisual para dispositivos
móveis foi definido como tema desta pesquisa, percebi que iria começar a estudar
um assunto muito relevante no atual momento em que vivemos. Estes aparelhos
evoluíram muito em um curto período de tempo e atualmente são capazes de
realizar tarefas que até pouco tempo atrás somente computadores de última geração
eram capazes de realizar. Além da característica agregadora de tecnologias que os
dispositivos móveis possuem hoje, são únicos em diversos aspectos: estão sempre
ligados e em poder do usuário, são os primeiros aparelhos pessoais de mídia de
massa e também possibilitam que o usuário também gere conteúdo.
O conteúdo dos meios muda, migra se populariza, ou se elitiza, está em um
constante processo de reinvenção de si mesmo. O teatro passou de uma atividade
popular para atingir a elite, os noticiários e as novelas se tornaram mais presentes
na televisão do que no rádio, que por sua vez se especializou cada vez mais em
música, mas um não elimina o outro: cinema, teatro, fotografia, televisão, rádio,
internet, jornais coexistem. E é por conta desta convivência forçada entre meios que
opto por entender como funciona a convergência entre eles, este é o caminho que
escolho para estudar as alterações presentes no nosso dia a dia. A mídia móvel
envolve e afeta desde os usuários até as mega corporações de entretenimento
passando por operadoras de telefonia, emissoras de TV e produtoras de conteúdo.
Henry Jenkins, cujo pensamento norteia todo este estudo, elabora de maneira muito
elucidativa a questão da convergência como no decorrer da dissertação. Ele vai
contra a previsão de que os meios de comunicação estarão no futuro todos
funcionando num só aparelho, em resumo, o autor acredita que o hardware está
divergindo e o conteúdo convergindo. Para explicar, Jenkins criou a teoria que
denomina “Falácia da Caixa Preta” que diz que mais cedo ou tarde todo conteúdo de
mídia estará contido em um único dispositivo seja ele um aparelho de TV na sala de
estar ou um celular. Uma das coisas que faz o conceito da caixa preta ser uma
inverdade é que ele diminui o processo, pois desconsidera os processos culturais
entendendo as transformações dos meios de comunicação somente no nível
tecnológico. De qualquer maneira, como cita o autor, as “caixas pretas” não estão
9
em menor quantidade na nossa vida. Laptops, celulares, mp3 players, games,
tocadores de áudio e vídeo, computadores, rádio, TV, são inúmeras as caixas pretas
com que convivemos e nos relacionamos. De maneira geral, temos preferências
pessoais quanto ao seu uso, diferindo de pessoa para pessoa e de ocasião, o fato é
que temos cada vez mais “caixas pretas” disponíveis e, estamos usando-as cada
vez mais.
Apesar de já possuirmos a tecnologia necessária para recepção de
programação audiovisual nos telefones celulares desde 1999 esta, até hoje, ainda
não conseguiu conquistar um número expressivo de usuários.
O objetivo desta pesquisa é examinar o canal de recepção e transmissão de
conteúdo audiovisual por três ângulos distintos que juntos pretendem mostrar um
panorama de como está se delineando o progresso da nova tela. Considero
importante comunicar que diversos casos apresentados na dissertação abordam a
programação audiovisual disponível na internet, que é muito vasta e relevante, tendo
em vista que os dispositivos móveis estão aptos para acessar a rede mundial de
computadores e receber a programação audiovisual disponível nela. Durante a
pesquisa senti certa dificuldade em encontrar uma literatura específica que
abordasse a questão do telefone celular como meio de acesso a programação
audiovisual móvel e segundo a pesquisadora Ana Lúcia Damasceno Moura Fé, em
sua tese de Doutorado “Tecnologias móveis e vida pessoal”, “A ausência de reflexão
nessa área, a propósito, não é exatamente uma surpresa, haja vista que o telefone
celular, em que pese protagonizar uma revolução tecnológica tão ou mais
avassaladora do que a promovida pela Internet, curiosamente não provocou no meio
acadêmico e intelectual o mesmo entusiasmo nem a mesma quantidade de
pesquisas que gerou a Web” (MOURA FÉ, 2008, p.16).
O primeiro capítulo descreve o funcionamento da programação audiovisual no
celular disponível até o momento, abordando os modelos de negócio e tecnologias
para a recepção de conteúdo, os formatos e gêneros de programação disponíveis
aos usuários e como estes conteúdos se integram a outros recursos dos dispositivos
buscando trazer a tona questões sobre as características ligadas à mobilidade e
conectividade do meio de recepção de conteúdo audiovisual e seus diferentes
modos de acesso à programação. Termino o capítulo abordando os gêneros e
formatos disponíveis na nova tela e faço considerações a respeito do atual modelo
10
que operadoras de telefonia e produtoras de conteúdo tem empregado na utilização
da nova mídia.
No segundo capítulo, que busca abordar o assunto através da óptica do
mercado de telecomunicações e radiodifusão, examino as estratégias de veiculação
das produtoras de conteúdo, operadoras de telefonia e também dos próprios
usuários que mesmo que na maioria das vezes de maneira amadora também estão
produzindo e distribuindo conteúdo; expando a pesquisa observando os aspectos
tecnológicos que podem acelerar ou frear a popularização da nova mídia, busco
entender como o mercado enxerga e se relaciona com o usuário e com o
consumidor além de trazer quais são as tendências, em relação ao uso e
comercialização de dispositivos e serviços que podem ser trabalhadas com a nova
mídia.
No terceiro e último capítulo direciono a pesquisa ao olhar do usuário,
tentando observar como ele tem feito uso da mídia televisiva e também dessa nova
possibilidade que é utilizar dispositivos móveis para recepção de conteúdos
audiovisuais; além do novo uso, da mídia e do dispositivo, também verifico como
este, também novo usuário, se comporta e se relaciona tendo como objetivo ter
acesso à programação audiovisual móvel; entro na questão da convergência de
mídias, levando em consideração que ela altera o modo como o usuário consome
produtos audiovisuais, ocasionando uma mudança no comportamento de consumo.
Termino o capítulo trazendo dados de uma pesquisa realizada por mim entre
usuários do tipo early adopters sobre os usos do telefone celular como dispositivo
para recepção de programação audiovisual.
11
Capítulo 1 – Características do Meio
1.1 Mobilidade
Acredito que a criação de um sistema que deu à telefonia mobilidade é,
depois da internet, o mais importante advento que representa a comunicação
instantânea do século XXI. A telefonia móvel mudou a maneira de nos relacionarmos
com nossos familiares, trabalho, amigos. A conectividade imediata e irrestrita a
qualquer hora do dia ou da noite alterou completamente o modo como acessamos
informações, alterou nosso tempo e nossa maneira de nos comunicar.
Antes dos aparelhos telefônicos celulares, nós nos conectávamos a um
aparelho em um determinado local, caso o sujeito tivesse saído para almoçar, por
exemplo, teríamos que esperar e fazer uma nova chamada mais tarde, ou seja, as
possibilidades de comunicação eram bem mais limitadas. Agora é como se nós, ao
fazer um telefonema, nos conectemos diretamente ao indivíduo, aonde quer que ele
esteja. Se lembrarmos dos pagers1, eles foram sem dúvida o anúncio de que era
preciso uma comunicação bem mais instantânea que o telefone fixo e que rompesse
a barreira do espaço. Não importa mais se você está no alto de um andaime, dentro
de um ônibus ou restaurante, você pode estar sempre disponível e conectado,
estreitando todos os seus laços de relacionamentos.
O recurso da mobilidade, somado a todas as demais facilidades e
conveniências que se obtêm com o uso dos aparelhos de
comunicação sem fio, colocou as tecnologias móveis, em especial o
celular, no centro da existência humana. O fato é corroborado pelo
crescimento explosivo da telefonia móvel nas últimas décadas (como
mencionado, em 2002, o celular superou, em número de linhas, a
telefonia fixa convencional no mundo), o que ocorre em todas as
regiões do globo, com altos índices de adoção nos mais diferentes
países e camadas sociais, independentemente de sexo ou idade.
(SRIVASTAVA, 2004 apud MOURA FÉ, 2008, p. 63)
1
Um pager (ou bip/bipe no Brasil, em Portugal também chamado de radiomensagem, ou raramente
radioprocura) é um dispositivo eletrônico usado para contactar pessoas através de uma rede de
telecomunicações. Ele precedeu a tecnologia dos telefones celulares, e foi muito popular durante os anos 1980
e 1990, utilizando transmissões de rádio para interligar um centro de controle de chamadas e o destinatário.
Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Pager>
12
Não tenho como objetivo mensurar as alterações psicológicas que esta
tecnologia implementou no homem contemporâneo, mas mesmo de maneira
superficial, é fácil entender que no plano imaterial nós temos artifícios para estarmos
em contato o tempo todo com quem quisermos, dentro do bolso sempre tem
“alguém” que você conhece, alguém com quem você precisa ou quer se comunicar.
Sendo os telefones móveis tão difundidos no mercado de hoje, ainda é cedo para
falar em superação dessa tecnologia. O caminho mais provável já esta sendo
desenhado com base na aglutinação de meios, serviços e tecnologias em um único
aparelho pequeno, móvel e sem fio.
Embora uma enorme quantidade de usuários tenha um telefone fixo em casa
e no local de trabalho, o número de usuários de aparelhos celulares cresce
vertiginosamente em todo o mundo. Segundo a UIT (União Internacional de
Telecomunicações), órgão ligado à ONU que realiza pesquisas nas áreas de
telecomunicações, entre os anos de 2000 a 2005 o número de usuários de telefonia
móvel no mundo cresceu 137%. No Brasil, segundo a Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações), até Junho de 2009 existiam 150 milhões 613 mil e 507 linhas
telefônicas móveis em operação. Em The Mobile Communication Society, de 2004,
Manuel Castells e colaboradores desenvolveram uma pesquisa que buscava discutir
quais os efeitos da comunicação sem fio na nossa sociedade. No início do livro ele
apresenta estatísticas sobre a penetração da comunicação sem fio em diferentes
áreas do planeta. Em escala global, desde 1991, ano a partir do qual a pesquisa trás
dados a respeito dos números de linhas telefônicas fixas e móveis em uso, fica claro
que o crescimento é contínuo, porém a linha que mostra o avanço da penetração da
telefonia fixa, de 1991 até 2003 tem um desenho de crescimento suave e
coordenado, enquanto a linha de crescimento que mostra o número de linhas de
telefones móveis tem um desenho acentuadamente íngreme. A expansão do uso de
telefones celulares aconteceu de maneira muito rápida e em 2002 o número de
linhas telefônicas portáteis já superava a quantidade de telefones fixos. Atualmente
mais de 50% da população mundial já faz uso de telefones celulares e segundo
dados disponibilizados em 2007 pela UIT, de cada 100 habitantes de países
desenvolvidos, 97 possuíam telefones móveis e em países em desenvolvimento este
número era de 45 linhas telefônicas móveis para cada 100 habitantes.
13
1.2 Conectividade
Através de uma pesquisa sobre o mercado de consumo realizada entre Abril e
Junho de 2009 pelo Instituto Provar (Programa de Administração do Varejo) em
parceria com a FIA (Fundação Instituto de Administração) descobriu-se que os
computadores e notebooks2 são os principais produtos na lista de desejos dos
brasileiros, com intenção de compra nos próximos três meses, totalizando 15% da
preferência dos consumidores. Atualmente 31% dos lares brasileiros possuem um
computador e essa popularidade se deve em grande parte pela possibilidade de se
conectar a internet. A conectividade que os computadores e mais recentemente os
telefones celulares possibilitam, o ato de se comunicar com todo um universo de
possibilidades de entretenimento e informação remota realmente impulsiona o
desejo em todas as classes sociais e diversas faixas etárias de estar conectado.
Um estudo realizado pela Integrated Media Measurement Inc. (IMMI) revelou
que um quinto dos americanos assiste TV pela Internet. Isto representa um número
significativo de norte americanos que estão substituindo seus controles remotos
pelos mouses. A pesquisa abrangeu 3 mil pessoas nas cidades de Nova York,
Chicago, Los Angeles, Miami, Houston e Denver. Todas tiveram sua navegação na
Internet monitorada por um software instalado pela IMMI. Metade dos pesquisados
buscam ver programas recém disponibilizados demonstrando que estão realmente
trocando os aparelhos de TV pela Web. A outra metade usa a rede para assistir
programas perdidos na TV convencional ou para revê-los. O maior grupo de
pessoas que assistem TV pela Internet é composto por mulheres brancas, que
trabalham, de alto poder aquisitivo na faixa etária de 25 a 44 anos. Como era de se
esperar, nos EUA, berço da tecnologia da informação e da comunicação de massa,
as mudanças mais radicais de comportamento se iniciam no topo da pirâmide social.
O fato de que são preferencialmente as mulheres (que trabalham) que estão
optando por se libertar da grade das emissoras, é uma evidente indicação que
praticidade (mobilidade) pode ser um fator decisivo no comportamento dos usuários
na maneira como buscam informação.
2
Computador portátil
14
Aqui no Brasil este mesmo comportamento do espectador foi analisado no
estudo de Maria Regina Mota, doutora em comunicação midiática pela PUC-SP, a
partir de dados do Datafolha.
A pesquisa revela que 98% dos jovens assistem à TV 3,4 horas por
dia, embora esse veículo venha caindo na preferência dos jovens e a
internet esteja subindo. Esse número não me impressiona, pois não
significa que o jovem passe todo esse tempo na frente da televisão
sem fazer outra coisa. Ele pode deixar a TV ligada enquanto navega
na internet. O que acontece é que, com a disponibilidade dos meios,
o jovem se tornou multimídia, diz Mota. (MOTA, 2008)
Em comparação com dados do Datafolha de 2000, a porcentagem dos
entrevistados
que
declara
usar
a
Internet
como
principal
veículo
(não
necessariamente assistir TV) subiu de 11 para 26%. A média de tempo gasto na
web diariamente era de 2,5 horas.
Para os jovens das classes A e B, a internet é o meio de comunicação
principal, com larga vantagem em relação à TV (43% a 26%). Muito longe da faixa
etária declarada na pesquisa americana, aqui no Brasil, jovens do sexo masculino,
com idades entre 16 a 21 anos são os que preferem a internet (entre 31 a 33%). É
fácil observar que historicamente os aparatos tecnológicos vão tornando-se cada
vez mais acessíveis e populares e que a tendência é o aumento do número de
usuários e a diminuição do custo das novas tecnologias. Assim sendo, podemos
pensar num futuro em que todos nós lançaremos mão de tecnologia, provavelmente
instaladas no aparelho de celular para pagarmos contas, ouvirmos música, tirarmos
fotos, enviarmos arquivos, navegar na Internet em alta velocidade em aparelhos
portáteis. Será o fim das mídias e dos fios, sem CDs, sem DVDs, sem cartões de
crédito, tudo será transmitido, como dado, via Bluetooth, já é assim, a materialização
da pós-modernidade liquida, onde a informação flui como água atingindo tudo e
todos que se conectam de alguma maneira. Esta realidade ainda um pouco distante
da maioria da população brasileira, muito possivelmente, com o passar dos anos
estará disponível a todas as classes sociais.
A consultora Comscore Networks divulgou em 2007 uma pesquisa global que
colocou o Brasil no ranking de 11º do mundo em número de usuários da rede com
quase 15 milhões de pessoas com algum tipo de acesso a Internet. O
Ibope/Netratings divulgou no início do mesmo ano que o número de usuários de
banda larga no Brasil dobrou em dois anos, chegando a o número de 10,7 milhões
15
em novembro de 2007. A pesquisa ainda revelou que 74% dos 14,4 milhões de
usuários ativos da Internet brasileira usavam uma conexão de alta velocidade para
navegar na Internet. As projeções em relação ao número de acessos a Banda Larga
no Brasil para os próximos 10 anos, segundo a Anatel, são de crescimento
vertiginoso, tanto para acesso fixo quanto móvel. Até 2011 contaremos com mais de
20 milhões de acessos no país sendo que pouco mais da metade será feita através
de aparelhos celulares. A partir do ano seguinte, 2012, a Anatel considera que os
números de acessos a banda larga móvel superará os acessos via computadores de
um modo irreversível, chegando a mais de 120 milhões em 2015 até bater a marca
de 160 milhões de acessos em 2018.
1.3 Audiovisual Móvel
Em toda a America Latina, o número de usuários de 3G3 chega a 3 milhões, sendo
que o Brasil representa mais da metade dessa soma. A Anatel divulgou que até
Maio de 2009 o Brasil totalizou 5.502.863 de acessos 3G através de telefones
celulares e conexões de banda larga a internet. O fato é que a banda larga móvel
está crescendo em todas as suas modalidades, (netbooks4, smartphones5 e
modems6 3G para computadores e notebooks). Para que as projeções da Anatel se
tornem realidade, tanto os planos oferecidos pelas operados quanto o custo dos
aparelhos devem diminuir consideravelmente nos próximos anos. Até então, de
todos os aparelhos celulares existentes no Brasil, apenas 1,3% usa a tecnologia de
acesso à banda larga móvel.
O celular passa a ser um “teletudo”, um equipamento que é ao
mesmo tempo telefone, máquina fotográfica, televisão, cinema,
3
Terceira geração de tecnologia de telefonia móvel.
Termo utilizado para descrever uma classe de computadores portáteis com dimensões pequenas que
geralmente são utilizados apenas para funções baseadas na internet, tais como navegação na rede e envio de
e-mails. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Netbook>
5
Termo utilizado para descrever telefones com recursos de edição de textos e planilhas, conexão à internet e
leitura de e-mails. Da língua inglesa, telefone inteligente.
6
Dispositivo eletrônico utilizado para conectar computadores, notebooks e netbooks à internet. No caso dos
modems 3G, conectam os dispositivos a rede de telefonia móvel de terceira geração afim de prover acesso à
internet.
16
4
receptor de informações jornalísticas, difusor de e-mails e SMS,
WAP, atualizador de sites (moblogs), localizador por GPS, tocador de
música (MP3 e outros formatos), carteira eletrônica. Podemos agora
falar, ver TV, pagar contas, interagir com outras pessoas por SMS,
tirar fotos, ouvir música, pagar o estacionamento, comprar tickets
para o cinema, entrar em uma festa e até organizar mobilizações
políticas e/ou hedonistas (caso das smart e flash mobs) [...] De media
de contato interpessoal, o celular está se transformando em media
massivo. (LEMOS, 2004 apud MOURA FÉ, 2008, P.57)
A TV Móvel está dentro de um "pacote" de possibilidades que estão
ambientados no aparelho celular. Este é apenas um, entre dezenas de serviços que
estes telefones oferecem. Repletos de recursos, são atrativos por diversas razões,
como câmera, música, conexão a redes sem fio, vídeo, etc. A maneira como se dá a
interação entres todas estas possibilidades é que personaliza o seu uso, a
característica agregadora do dispositivo, faz com que uma nova tecnologia não
anule uma anterior e sim, absorva o maior número de características possíveis do
que já foi criado, difundido, aceito e incorporado na sociedade. Esta propriedade é a
chave mestra do sucesso e da permanência dos dispositivos móveis que utilizamos
para nos comunicar, produzir, assistir e compartilhar conteúdo.
1.4 Tecnologias para recepção de conteúdo audiovisual em telefones
celulares.
Este sub-capítulo visa levantar as opções atualmente disponíveis de
programação audiovisual para aparelhos telefônicos móveis e comparar as
diferentes linguagens, formatos, duração dos programas e tempos de intervalos
comerciais. Existem basicamente cinco opções de modelos de recepção de
conteúdo audiovisual em aparelhos celulares. São elas, TV aberta convencional, TV
aberta digital, Web TV acessadas diretamente através de navegadores de internet,
aplicativos específicos para conteúdo áudio visuais no aparelho celular como o
Youtube e o Joost, e os serviços de vídeos disponibilizados pelas operadoras de
telefonia móvel.
Em base a TV, Telefone e Internet o que vemos é a integração de uma à
outra criando novas mídias, novas possibilidades, vindas das bases da comunicação
moderna. Este movimento de integração de tecnologias é tão forte que pode sugerir
17
um novo título para o próximo passo: depois da Revolução Tecnológica, a
Integração Tecnológica.
Mesmo ainda no início, podemos perceber que a disputa pela audiência
móvel vai ser acirrada quando a TV digital móvel e os canais de vídeos
disponibilizados pelas operadoras estiverem planamente habilitados. A concorrência
será entre os canais e não entre as duas modalidades já que são complementares.
A TV digital móvel é a TV aberta que temos hoje em dia e os canais de TV
disponibilizados pelas operadoras funcionam como a TV por assinatura que
recebemos em casa atualmente.
1.4.1 TVs e Canais de Vídeos das Operadoras de Telefonia Móvel
Desde 2006 nós já podemos assistir TV no celular, mas com a crescente
implantação da rede 3G no país, possibilitando altas velocidades de transmissão de
dados para dispositivos móveis as operadoras de telefonia vêm investindo na
atualização da rede de transmissão para que os usuários possam usufruir desta
novidade tecnológica comprando novos pacotes de serviços. As maiores operadoras
de telefonia móvel, entre elas a VIVO, TIM, Claro e Oi oferecem alguma opção de
programação audiovisual. Todas estas operadoras possuem aplicativos que
possibilitam seus usuários assistir em tempo real ou fazer downloads de vídeos com
seus aparelhos celulares.
O usuário precisa fazer o download do aplicativo através do próprio aparelho,
instalá-lo no celular, "sintonizar" em algum dos canais disponíveis e começar a
assistir a programação. Este é o modelo broadcast7 de TV móvel o usuário não tem
a opção de salvar o conteúdo e nem de escolher qual programa do canal ele quer
assistir. É um simples streaming8 transmitido nos mesmos moldes da TV
convencional.
7
Processo de transmissão utilizado pelas rádios e emissoras de TV. Se caracteriza por entregar a mesma
programação para todos os usuários.
8
Streaming (fluxo, ou fluxo de mídia em português) é uma forma de distribuir informação multimídia numa
rede através de pacotes. Ela é frequentemente utilizada para distribuir conteúdo multimídia através da
Internet. Em streaming, as informações da mídia não são usualmente arquivadas pelo usuário que está
recebendo a stream. A mídia geralmente é constantemente reproduzida à medida que chega ao usuário se a
sua conexão for suficiente veloz para reproduzir a mídia em tempo real. Disponível em
<http://pt.wikipedia.org/wiki/streaming>
18
A programação broadcast oferecida pelas operadoras de telefonia é bastante
similar, poucos canais são exclusivos de uma operadora específica. A tabela abaixo
apresenta todos os canais disponíveis nas quatro principais operadoras de telefonia
móvel que atuam em território brasileiro.
Band Mobile
OI
CLARO
*
*
Rede TV
TIM
VIVO Play
*
ESPN
*
MTV
*
*
*
*
*
*
Cartoon
Network
Woohoo
*
Discovery
Móvel
*
*
*
*
*
*
Esporte
Interativo
TV
*
Sexy
Clube
*
CNN
*
Discovery
Kids
Planet Green
Canal Oi
*
*
*
*
*
19
Terra
*
Pé na Rede
WTN
*
*
Nickelodeon
TV Ratimbum
100% Cristão
TV Estadão
*
*
*
*
Canal TIM
VH1
*
*
Fashion TV
Playboy TV
Hustler
Buttman
*
*
*
*
*
*
Já a modalidade unicast9 que possibilita o download de vídeos tem um
mecanismo de funcionamento mais próximo ao que temos na internet. O usuário ao
sintonizar um dos canais disponíveis pode escolher qual vídeo deseja assistir e tem
a opção de salvá-lo no seu telefone celular. Este modelo de negócio abre um leque
de opções maior para o usuário permitindo que o mesmo seja o produtor do
conteúdo que vai estar disponível para que outras pessoas possam assistir e
comprar uma programação desenvolvida por ele. Todas as grandes operadoras de
9
Método de transmissão em que o receptor tem a possibilidade de escolher qual programação deseja receber.
20
telefonia já desenvolveram plataformas para upload10 e download destes conteúdos
tanto através do telefone celular quanto do computador conectado à internet,
fazendo assim o cruzamento entre as plataformas. Nas tabelas abaixo descrevo as
características de cada modelo oferecido pelas operadoras de telefonia móvel que
atuam no Brasil.
Operadora Claro
Principais Características
Video Download
Duração
Categorias
O conteúdo pode ser comprado
Média de 30
R$1,29,
através do telefone celular do
segundos
Personagens
da TV,
Desenhos
Animados,
Adulto,
Carros,
Cinema, Datas
Comemorativas
Esportes,
Humor,
Música,
Revistas,
Seriados,
Temáticos,
Diversão,
Variedades,
A Fazenda
Comédia,
Games,
Esportes,
Gatas e Gatos,
Viagens e
Lugares,
Sensuais,
Animais,
Claro Curtas,
Clipes e
Animações,
Galera,
Crianças,
Carros e
Motos,
Diversos,
Religiosos,
Mães
dados
usuário ou no site Claro Idéias.
Vídeos curtos com destaques para
atualidades e programas
consagrados disponíveis na TV
aberta e fechada.
Claro
Video Maker
Vídeos caseiros produzidos em grande
Entre 15
parte com o próprio telefone celular do
segundos e
usuário que podem ser comprados
1 minuto e
através do telefone celular do usuário
meio.
ou no site Claro Idéias. O usuário faz o
upload do vídeo produzido por ele e
recebe dez centavos por cada
download que outros usuários fizerem
do vídeo que ele postou. O usuário
produtor pode solicitar o resgate em
dinheiro assim que acumular vinte
reais. Existem também promoções
relacionadas com datas comemorativas
e lançamentos cinematográficos.
10
Tarifas
R$2,49,
R$3,49 ou
R$4,49
mais o
tráfego de
R$ 1,29
mais o
tráfego de
dados.
Transferência de dados de um computador local para um servidor.
21
Portal de Vídeo
O usuário se conecta no portal
Em média 3
realizando uma vídeo chamada e
minutos
através do celular navega por
para os
menus por onde escolhe o vídeo
vídeo clipes
que deseja assistir. Não é feito
e videocasts
nenhum download para o aparelho
e entre 15
do usuário, todo conteúdo é
segundos e
transmitido em streaming.
1 minuto e
-Video Clipes
musicais
R$ 0,89 por
minuto
-Videocasts
sobre cinema,
esportes e
notícias
-Conteúdo do
Claro Vídeo
Maker
meio para o
conteúdo do
Claro Vídeo
Maker.
Youtube Mobile
Acesso ao conteúdo do portal de
Pré-pago,
vídeos Youtube
R$1,00 por
megabyte
Pós-pago
R$1,00 por
minuto
Minha TV
Acesso aos canais do Idéias TV no
Canais do
Assinatura
padrão Unicast, modo no qual o
Idéias TV
mensal,
usuário escolhe qual programa do
canal deseja assistir. Programação
acesso WEB
R$10,00 por
mês
com duração disponível para ser
Assinatura de
vista em dispositivos móveis e
pacote adulto
navegador WEB. Oferece tarifações
R$15,00 por
diferentes para acessos através de
mês
terminal fixo e dispositivo móvel.
Acesso pelo
celular
Pós-pago: R$
0,20 por
minuto de
vídeo
assistido.
Pré-pago:
R$1,00 por
Megabyte
trafegado.
22
Operadora Oi
Principais Características
Videos
Vc na tela
Duração
Categorias
Tarifas
O usuário tem a opção de baixar os
Em média
Os mesmos
Entre R$
vídeos direto pelo celular ou através
duração de
canais da Oi
0,99 e R$
do portal Oi, a compra feita através
30
TV Móvel,
5,99.
do portal direciona o download
segundos.
com a opção
direto para o dispositivo móvel do
de escolher
Não é
usuário.
programas
cobrado o
específicos de
tráfego de
cada canal
dados
Vídeos caseiros produzidos em
Entre 15
Música, Vídeo
Entre R$
grande parte com o próprio telefone
segundos e
cacetadas,
0,99 e R$
celular do usuário que podem ser
1 minuto e
esportes,
5,99.
comprados através do portal Oi na
meio
jogos,
internet ou direto pelo telefone
viagens,
celular. O usuário que disponibilizou
imitações,
o vídeo recebe 1 ponto que
erótico,
equivale a R$ 0,10 cada vez que
humor, carros
alguém realizar o download do
vídeo disponibilizado por ele
podendo resgatar o dinheiro
informando uma conta para
depósito.
23
Operadora TIM
Principais Características
Vídeo e Podcast
Duração
O download pode ser feito através
Entro 30
de mensagem de texto, diretamente
segundos e
no portal TIM diversão a partir de
3 minutos e
um dispositivo fixo conectado a
meio
internet e através do aparelho
celular via portal TIM WAP.
Youtube Mobile
TIM Studio
Categorias
Tarifas
Amor,
Bizarros,
Cassetadas,
Cinema e TV,
Esportes
Radicais,
Esportes,
Esotérico,
Futebol,
Gospel,
HighSchool
Musical,
Humor, MTV,
Músicas,
Motores,
Religiosos,
Surf,
Variedades,
Vídeo Dicas
R$ 3,99 ou
R$ 4,99
mais o
tráfego de
dados
Acesso ao conteúdo do portal de
R$ 2,10
vídeos Youtube através do portal
por
TIM WAP
Megabyte
Vídeos produzidos pelos usuários
Entre 15
da operadora. Somente usuários
segundos e
pré-pagos podem enviar vídeos que
1 minuto e
são convertidos em créditos de
meio
Não dispõe de
categorias,
funciona por
busca de
palavras.
R$ 0,99
mais
tráfego de
dados
minutos quando o usuário acumula
R$ 1,50.
1.4.2 TV Aberta Analógica e Dispositivos Móveis
Com o progresso da miniaturização de componentes eletrônicos, atualmente
é possível fabricar sintonizadores de TV que cabem dentro de dispositivos
telefônicos móveis. Empresas chinesas fabricam o que os usuários chamam de
24
MP9, um aparelho que agrega funções como telefone celular, MP3 e vídeo player,
Rádio, câmera fotográfica e também sintonizador de TV analógica.
Estes aparelhos, apesar da baixa qualidade de seus componentes e sistema
operacional, são bem completos e possuem quase todas as funções dos melhores
smartphones das maiores fabricantes de aparelhos celulares, com o diferencial de
serem os únicos a oferecer sintonizador de TV analógica e com preço bastante
reduzido. A maioria dos “MP9” copia o design dos aparelhos e logotipos das grandes
empresas fabricantes mas, são maiores em tamanho. A tela pode ser sensível ao
toque e ter até 3.5 polegadas, um detalhe curioso é que estes aparelhos possuem
uma antena parabólica para ajudar a sintonizar os canais TV aberta VHF. O que
considero mais relevante observar nestes aparelhos é o fato de os usuários
receberem uma programação desenvolvida para ser assistida em telas grandes em
um aparelho que cabe na palma da mão. Numa pesquisa de campo foi possível
perceber que a qualidade de recepção da imagem varia muito de lugar para lugar e
que a tela pequena não colabora para a leitura de caracteres, muito comuns em
programas jornalísticos, programas de auditório, etc. Portanto, mesmo ainda diante
do recém nascimento da TV móvel, já é possível prever que uma programação
especifica, adaptada, concebida para telas pequenas seria mais adequada para ver
assistida nos dispositivos móveis.
1.4.3 TV Digital e Dispositivos Móveis
As emissoras de TV brasileiras estão nesse exato momento ajustando sua
tecnologia para a captação e transmissão digital, no processo inverso da
miniaturização, nas salas, as telas são cada vez maiores e com mais qualidade de
recepção, e essa é a primeira aposta das emissoras. Vivemos então dois fenômenos
distintos e simultâneos: telas pequenas fora de casa no bolso e telas de mais de 40
polegadas dentro de casa. Será que veremos a mesma programação em ambas as
telas? Se depender do Ministério das Comunicações possivelmente não, já que em
Fevereiro de 2009, foi baixada uma norma que proíbe as emissoras de TV
25
comerciais e públicas estaduais de realizar a multiprogramação. Além do 1-seg11, se
as emissoras de TV fossem autorizadas a utilizar o espectro de transmissão digital,
dividindo-o em 4 sinais diferentes, poderíamos ter uma programação específica,
possivelmente toda ao vivo, que fosse calcada em uma programação voltada a
serviços para o usuário que está se movimentando pela cidade.
Na época em que o governo brasileiro estava estudando qual sistema de TV
digital seria implantado no Brasil, a maior disputa foi entre os sistemas japonês e
europeu, no final o sistema nipônico foi o escolhido, mas agora saem notícias de que
o sistema europeu, em sua versão móvel, o DVB-H12, deve aportar aqui no Brasil
fornecendo um sistema de TV digital móvel por assinatura, paralela à TV digital
aberta. Uma questão que deve ser levada em conta nessa questão são os telefones
celulares com capacidade de recepção de TV digital móvel. Atualmente o modelo
mais barato custa aproximadamente setecentos reais e só funciona no padrão
brasileiro de TV móvel, quando se fala em celulares com recepção em DVB-H a
única opção disponível é um
aparelho que custa em média dois mil reais, como
ainda não existe uma rede DVB-H em operação no Brasil o dispositivo vem de
fábrica com o sintonizador desabilitado, sendo necessária uma atualização do
software para desbloqueá-lo. Se no futuro a TV digital móvel por assinatura vir a ser
tornar uma realidade, possivelmente será uma joint venture13 entre uma operadora
de TV e uma fabricante de telefones celulares, oferecendo aparelhos subsidiados
por assinatura de TV. Ainda não existe um aparelho que receba os dois padrões de
sinal e é possível que ele nunca seja feito pois esta questão teria que envolver
empresas com objetivos diferentes.
Poucos celulares hoje já conseguem receber o conteúdo tanto da TV digital
móvel, como de terceira geração, que permite o acesso à internet banda larga pelo
celular. Depois do processo de informatização alterar completamente a sociedade
moderna, muito provavelmente, IPTV e webTV serão amplamente disseminadas nas
telas de poucas polegadas dos portáteis.
11
Tecnologia de transmissão digital de TV para dispositivos móveis desenvolvida no Japão. É a versão móvel da
TV digital japonesa e também da TV digital aberta brasileira.
12
Tecnologia de transmissão digital de TV para dispositivos móveis desenvolvida por empresas européias
lideradas pela fabricante finlandesa Nokia. Também conhecido como sistema europeu de TV digital móvel.
13
Associação de empresas para explorar determinado negócio sem que nenhuma delas abandone sua
personalidade jurídica.
26
1.4.4 Web TV e IPTV
O termo webtv comumente é associado com o ato de assistir algum tipo de
conteúdo audiovisual através da internet, o que de certa maneira, tal ato, faz jus a
ação. Mas, quando escutamos o termo IPTV, a associação ao ato de assistir TV na
internet não é tão imediata. IP é a sigla para internet protocol que quando vem
acompanhada por outra sigla, por exemplo TV, significa que a "TV" se utiliza da
estrutura da internet para ser transmitida. Para ser caracterizada como webtv, a
programação deve estar disponível dentro da world wide web, exemplos de webtv
não faltam; todos os principais portais de informação possuem suas TVs dentro da
grande rede de informação, o agregador de vídeos You Tube e os portais de video
podem ser considerados webtvs. Os modos de transmissão Unicast e Broadcast
também aparecem dentro da classificação das webtvs. O mais popular é o unicast,
mas temos exemplos de webtvs que transmitem em modo broadcast, por exemplo, a
brasileira All TV que funciona nos mesmos moldes de uma emissora de TV
tradicional com uma programação calcada em programas de entrevista e variedades
ao vivo e que faz bom uso da interatividade através de chats em tempo real com os
telespectadores dos programas. Outra possibilidade de webtvs que transmitem em
modo broadcast é vista no portal JustinTV. Este portal oferece a qualquer pessoa a
possibilidade de criar uma emissora de WebTV e transmitir em tempo real qualquer
conteúdo. Existem canais criados por usuários brasileiros que ficam 24 horas por dia
transmitindo o sinal das TVs abertas brasileiras buscando atingir a comunidade
brasileira que reside fora do país e também existem canais de pessoas que fazem
de sua vida um verdadeiro Big Brother14 transmitindo suas vidas através de uma
webcam15. Através da Justin TV qualquer vídeo armazenado no computador do
usuário pode ser transmitido pela internet possibilitando que qualquer pessoa possa
ser um programador de TV, existem diversos canais especializados que transmitem
vinte quatro horas por dia de um único seriado ou desenho animado.
14
Programa televiso do gênero de realidade onde os competidores ficam confinados em uma casa repleta de
câmeras de vídeo que ficam transmitindo 24 horas por dia o convívio dessas pessoas. O nome do programa é
inspirado no livro 1984 de George Orwell no qual, Big Brother é um líder mundial vigia a população através de
diversas telas.
15
Câmera de vídeo de baixo custo que quando conectada a um computador pode ser utilizada para transmitir
imagens através da internet.
27
Atualmente o usuário que quiser assistir a programação das Webtvs
broadcast no celular tem uma única opção, o navegador de internet Skyfire. A
maioria do conteúdo disponibilizado pelas Webtvs necessita que o equipamento de
recepção tenha o plugin flash player instalado, pois todo o conteúdo audiovisual é
convertido para o formato flash. Até agora, a Adobe, fabricante do flash player não
disponibilizou nenhuma versão específica para os navegadores de internet mobile.
Então como o Skyfire consegue rodar estes vídeos? Na realidade quando você
navega na internet com o Skyfire você está navegando através do servidor deles, a
página é carregada no servidor e uma “imagem” do que está rodando lá é
transmitida para o celular do usuário.
1.5 Conteúdo de Programação Audiovisual Móvel
O conteúdo digital, ainda tão pouco difundido em função do alto custo dos
aparelhos receptores, com certeza terá um futuro promissor na palma das nossas
mãos. A TV digital móvel garante excelência na transmissão do áudio e vídeo. Mas,
até o momento as duas principais características discutidas pela imprensa a respeito
do sistema de transmissão digital que o Brasil adotou em 2006 são as possibilidades
em relação a interatividade e a mobilidade. Mas como essas características se
inserem na nossa vida? Como vamos utilizá-las? Ainda estamos no começo do
processo, um caminho provável para responder essas questões é a analise do
conteúdo produzido no país.
1.5.1 Gêneros e Formatos
A programação televisiva disponível através da TV aberta é classificada
segundo a ABEPEC - Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e
Culturais em três categorias básicas. São elas: entretenimento, informação e
educação. É possível incluir mais uma categoria, a de “programas especiais" que
incorporam programas para públicos específicos e também as produções de
conteúdo exclusivo e inédito apresentadas pelas emissoras. Este método de
28
classificação não impede que as categorias se agrupem e que haja programas com
um caráter, por exemplo, de programa especial e educativo ao mesmo tempo.
Dentro das categorias de programas, ainda podemos distingui-los por gênero
e formato. José Carlos Aronchi de Souza em Gêneros e Formatos na Televisão
Brasileira nos traz uma curiosa correlação entre os estudos de gênero e formato na
televisão e biologia.
Assim como na biologia existem gêneros e espécies, em televisão
coexistem os gêneros e formatos. Pode-se fazer uma analogia, com
as devidas diferenças, entre as espécies da biologia e os formatos da
televisão. Na biologia, várias espécies constituem um gênero e os
gêneros agrupados formam uma classe. Em televisão, vários
formatos constituem um gênero de programa, e os gêneros
agrupados formam uma categoria. (ARONCHI, 2004: p. 45)
Ainda segundo Aronchi.
O formato de um programa pode apresentar-se de maneira
combinada, a fim de reunir elementos de vários gêneros e assim
possibilitar o surgimento de outros programas... Concluímos que o
termo formato é nomenclatura própria do meio para identificar a
forma e o tipo da produção de um gênero de programa de televisão.
Formato está sempre associado a um gênero, assim como gênero
está diretamente ligado a uma categoria (ARONCHI, 2004: p. 46).
Segundo Arlindo Machado em A Televisão Levada a Sério, diferentemente de
Aronchi que trabalha com categorias, foca o estudo somente nos gêneros e
formatos, definindo gênero como a intenção do programa, por exemplo ficcional,
informativo, etc, e o formato se relacionando com a forma que ele assume, por
exemplo documentário, novela, telejornal, etc. Existem também programas híbridos,
que misturam gêneros e formatos. Arlindo parafraseando o pensador russo Mikhail
Bakhtin diz que:
29
(...) gênero é uma aglutinadora e estabilizadora dentro de uma
determinada linguagem, um certo modo de organizar idéias, meios e
recursos expressivos, suficientemente estratificado numa cultura, de
modo a garantir a comunicabilidade dos produtos e a continuidade
dessa forma junto à comunidades futuras... é o gênero que orienta
todo o uso da linguagem no âmbito de um determinado meio, pois é
nele que se manifestam as tendências expressivas mais estáveis e
mais organizadoras da evolução de um meio (...) (MACHADO, p.68,
2000).
Uma questão que é colocada lado a lado do formato de um programa de
televisão é o conceito do mesmo, por exemplo, existem conceitos similares que dão
a origem a formatos diferentes como é o caso de reality shows que confinam
pessoas em ambientes. Big Brother, Casa dos Artistas e A Fazenda possuem o
mesmo conceito, mas diferem no formato. Como os programas de televisão são
sustentados por publicidade o formato procura facilitar ações que abram espaço
para veiculação de produtos que irão ser utilizados pelos participantes e
apresentadores do programa. Este tipo de ação publicitária, o merchandising16,
tende a se tornar cada vez mais comum no futuro quando todos vão poder controlar
e montar a sua própria programação televisiva A TV digital possibilitando interação
na própria tela abre espaço para novas oportunidades de ação publicitária que vão
se tornar necessárias para subsidiar o mercado.
O conjunto de programas de diversos gêneros e formatos define a
programação de uma emissora. No caso das emissoras abertas podemos perceber
que a programação é desenvolvida buscando atingir todas as classes sociais
através de um conjunto de programas de gêneros e formatos populares. Outra
característica facilmente perceptível nas emissoras de TV aberta é determinar um
horário fixo para cada gênero da programação criando assim o hábito de sempre
assistir em um determinado horário o mesmo gênero de programa. Este tipo de
programação é conhecida por horizontal.
A distribuição dos programas em horários planejados e previamente
divulgados pela emissora, desde o início da programação até o
encerramento das transmissões, cria um plano conhecido como
grade horária semanal (ARONCHI, 2004: p. 58).
16
Conjunto de ações de marketing que buscam dar visibilidade a produtos que estão à venda.
30
Nos canais que transmitem TV por assinatura a programação não segue o
padrão horizontal visto nas TVs abertas. Mesmo sendo broadcast a programação
tem caráter vertical. Isso significa que a programação é exibida em diversos horários
durante a semana para que consiga atingir o maior número possível de
telespectadores e tenha audiência em diversos horários. Em uma análise que será
apresentada mais para frente pude constatar essa característica na programação
broadcast do canal OI, canal desenvolvido especificamente para ser transmitido para
telefones celulares.
Num primeiro momento, o tamanho reduzido da tela dos aparelhos celulares
poderia ser um fator relevante para pensarmos na produção de um conteúdo
especifico para a nova mídia, mas ao fazer isso estaríamos ignorando um
comportamento que já está disseminado há alguns anos principalmente através do
portal de vídeos Youtube, onde, uma boa parcela do conteúdo assistido consiste em
programação desenvolvida pelas emissoras de TV para aparelhos convencionais
não portáteis; ou seja a programação convencional já faz sucesso em telas menores
antes mesmo do nascimento dos portáteis. Talvez este tenha sido nosso primeiro
contato mais intimo com telas menores, com vídeos de qualidade reduzida, nossa
pré-escola no aprendizado de um novo olhar, um comportamento mais atualizado.
Devemos lembrar que os games partiram para a mobilidade muito antes da
TV, mas estes contêm uma narrativa clara, um fio condutor a ser seguido por meio
da interação, são intenções são completamente diferentes, e, em termos de
conteúdo principal, diferem-se entre si totalmente. Portanto, vamos nos ater
especificamente ao conteúdo audiovisual (programas desenvolvidos para TV,
Filmes, seriados, novelas, etc). No momento, estamos em pleno desenvolvimento da
criação de um novo formato visual que possibilita atualizações em relação a, por
exemplo, procedência do conteúdo, a convergência entre mídias, interatividade,
possibilidades de escolha, de produção, divulgação, circulação, armazenamento,
descentralização da produção de conteúdo, e claro, o modo de transmissão e
recepção. Segundo, Henry Jenkins em A Cultura da Convergência (2008, p. 28) o
fluxo entre mídias não ocorre nos aparelhos, por mais sofisticados que estes
possam ser, e sim, dentro dos cérebros humanos, são as nossas intenções que
induzem ou não á conveniência, á interação. Afinal, ainda somos nós, os sereshumanos que optam por essa ou aquela mídia, somos nós que buscamos o
31
conteúdo desejado e decidimos o que fazer com ele. O que os aparatos tecnológicos
proporcionam cada vez mais no mundo contemporâneo é a ampliação do leque de
escolha. Mais formas de acesso, mais conteúdo, mais formatos, é diante desse
cenário que está se formando o novo olhar nas novas telas. Olhar este aqui atribuído
tanto para quem consome quanto para quem produz, uma vez que já não podemos
mais fazer distinção entres ambos. Pelo menos da maneira que fazíamos no
passado, não podemos mais falar em receptor e interlocutor.
A descentralização da produção de conteúdo causa muito mais que um ruído,
uma novidade na vida cotidiana, uma nova intervenção que amplia nossas
possibilidades e nossas experiências. Se por um lado a tela pequena restringe o
tamanho da imagem, ela amplia a experiência. A mobilidade e a imagem digital que
agora são completamente possíveis e viáveis, ainda estão no inicio e nem sequer
ainda estão incorporados no que conhecemos por Revolução Digital.
Ainda em a Cultura da Convergência, Jenkins cita a primeira exibição de um
longa- metragem inteiramente disponível para telefones celulares, antes mesmo da
implantação da rede 3G. O filme se chama Rok Sako To Rok Lo e ficou disponível
para ser assistido na integra no ano de 2004 na India, utilizando a tecnologia
EDGE17 via streaming. No Brasil, num movimento aparentemente contrário já foi
realizado, com patrocínio da fabricante de aparelhos celulares Nokia, que patrocinou
a produção de um reality show totalmente gravado com câmeras de telefones
celulares. O programa foi exibido na TV paga através do canal Multishow no
segundo semestre de 2007 e se chamou Retrato Celular. A operadora de telefonia
móvel Oi é a pioneira no país na produção de conteúdo especifico para ser assistido
no aparelho celular. O canal Oi em 2007 produziu a primeira série audiovisual
formatada especialmente para ser assistida no telefone celular. A série chamada
Parafina já teve três temporadas, além desta série a Oi também disponibiliza para
celular
as
esquetes
Humanóides,
uma
série
humorística
com
episódios
independentes e protagonistas caricatos.
Em uma entrevista que fiz com Rosane Svartmam, diretora da produtora
carioca Raccord, responsável pela produção de parte do conteúdo audiovisual
disponível na TV Oi, tive a oportunidade de perguntar como foram pensados
conceitualmente os programas. Rosane me explicou que como as esquetes dos
17
Tecnologia digital que melhora a transmissão de dados através da rede de telefonia móvel. Anterior a 3G
32
Humanóides são disponibilizadas por streaming de vídeo isso permitiu que fossem
produzidos episódios mais longos, ainda que sempre procurando manter a média
mundial de espectador VS tempo no dispositivo que era de três minutos. No caso do
seriado Parafina os episódios tem entre vinte e sessenta segundos pois eram feitos
através de download de vídeo.
Do ponto de vista técnico, não existe nenhuma restrição para que o mesmo
conteúdo recebido por aparelhos convencionais seja transmitido aos móveis. Muito
pelo contrário, em cidades como São Paulo no qual as pessoas passam uma boa
parte do seu tempo dentro de ônibus, carros, metrô e trens, TVs móveis são, sem
sombra de dúvida, muito bem-vindas. O que impulsiona a produção de um conteúdo
especifico, diz respeito ao formato da tela e ao seu uso. Como é, por exemplo,
acompanhar a bola em um jogo de futebol num aparelho celular, como prender a
atenção do espectador, o que fazer com textos escritos, estas são questões que só
podem ser resolvidas diante de uma nova produção ou de ao menos, uma
adaptação de conteúdo. Rosane me disse que em relação a essa adaptação de
linguagem houve um cuidado especial na seleção de cenas com poucos planos que
tinham movimentos bruscos, pois a maioria dos dispositivos celulares não tem um
processador de vídeo potente o suficiente para “tocar” um vídeo com cortes muito
rápidos sem “borrar” a tela.
A TV OI iniciada em 2007 ainda pela Brasil Telecom, disponibilizou tanto
conteúdo especifico quanto o conteúdo adaptado da TV por assinatura, no canal é
possível assistir a programação exclusiva de nove canais: CNN, Cartoon Network,
Discovery Channel, Discovery Kids, Band, Band News, MTV Brasil, Whoohoo e Sexy
TV.
O Mercado publicitário também deve repensar novas maneiras de anúncios
para TV móveis. Nos Estados Unidos, uma empresa chamada MyScreen criou um
modelo para TV Móvel, partindo do princípio que um usuário não está interessado
em pagar muito pela programação. Segundo a empresa, o usuário é quem define
quais categorias de propaganda direcionada ele está disposto a assistir no seu
celular e por quanto tempo. Diante dessas informações, a operadora seleciona os
anúncios e "paga" o usuário através de prêmios, descontos em serviços ou bônus de
minutos.
33
Atualmente a programação audiovisual que temos disponível na internet,
através das webtvs dos grandes portais de informação brasileiros, tais como IG,
Terra e Universo Online, é muito semelhante a programação disponibilizada pelas
operadoras de telefonia móvel. Esta programação pode ser considerada como uma
amostra do que o telespectador encontra na TV por assinatura, pois todos os
principais canais pagos disponibilizam através de parcerias programas formatados
especialmente para serem assistidos nas TVs dos portais. Warner, Fox e Viacom já
estão oferecendo documentários, séries, desenhos, filmes, vídeos musicais entre
outros gêneros através das TVs dos portais. A parceria normalmente funciona da
seguinte forma: os portais hospedam o conteúdo disponibilizado pelas produtoras e
ambas dividem os rendimentos conseguidos através da plataforma de publicidade
dos portais. A “plataforma de publicidade” é constituída através banners animados
nas páginas que veiculam os programas e de comerciais em vídeo que são
veiculados antes do início do programa selecionado. Este modelo de distribuição de
conteúdo
mostra
bem
como
vem
funcionando
o
consumo
midiático
na
contemporaneidade por enquanto.
34
CAPÍTULO 2 – O MERCADO
2.1 Como o mercado está atendendo o consumidor e cria oportunidades de
negócio.
Uma vez a tecnologia disponível e acessível é preciso descobrir os rumos que
a TV móvel irá tomar para que se sejam criados modelos de negócio eficientes. De
maneira resumida, é preciso oferecer a plataforma e o conteúdo que o consumidor
quer ver por um preço que ele está disposto a pagar. Numa tentativa de tornar o
negócio da televisão móvel viável, as empresas voltam seus olhos para o sucesso
dos vídeos na internet que já se tornaram alvo de investimento publicitário graças ao
crescimento dos índices de audiência depois da disseminação da banda larga no
país, ou seja, começam a gerar receitas significativas.
Um estudo de mídia coordenado pelo grupo Meio & Mensagem18 revelou que
a internet foi a mídia que mais cresceu em faturamento publicitário nos primeiros
quatro meses de 2009 em comparação com o mesmo período do ano passado,
25,6%. A televisão aberta, maior faturamento publicitário entre todas as mídias, teve
um crescimento de apenas 6 %.
Em relação a TV no celular, nada está definido ainda, mas se o caminho a se
percorrer for procurar nos vídeos on-line receitas de sucesso, já temos algumas
pistas dos próximos passos como, por exemplo, a preferência do consumidor por
conteúdo grátis e sob demanda. Um estudo realizado pela empresa TNS19, o GTI
2009 – Global Telecoms Insights revelou que 70% dos usuários brasileiros das
classes B e C e 57% da classe A expressaram o desejo de assistir TV pelo celular.
Claro que diferentes conteúdos, pagos ou gratuitos podem coexistir – mas o
que ainda não existe é a massificação do hábito de assistir vídeos na tela desses
pequenos aparelhos portáteis. As empresas buscam um modelo ideal para criar este
costume no seu consumidor, e a TV móvel aberta digital pode ser o primeiro passo
para que isso se concretize. Renato Ciuchini, diretor de planejamento e novos
18
Grupo formado pelas empresas: Editora M&M, que atua no ramo editorial, responsável pela revista Meio
Digital e Meio e Mensagem além de editar anuários, relatórios especiais e serviços on-line disponíveis na
internet; e M&M Eventos que promove seminários, congressos e feiras, ambas as empresas atuam no setor de
comunicação de marketing
19
Empresa multinacional de pesquisa de consumo e mercado.
35
negócios da TIM, defendeu no mesmo encontro que é com base nos dados do
IBOPE de que 70% dos assinantes de TV fechadas assistem também a TV aberta, e
apostando em diversidade de conteúdo é que estão sendo moldados os negócios da
empresa.
Para que o consumidor tenha a mesma experiência que encontra na internet
em seu celular, a publicidade precisa suportar os conteúdos para que os mesmos
possam chegar sem custo extra ao usuário, já que ele ou paga uma conta mensal ou
compra créditos para falar ao telefone. Leonardo Tristão, diretor de desenvolvimento
de negócios do Google, diz que busca patrocinada pode alavancar os negócios no
celular e que o Google já tem 40% de sua receita vindo através da internet móvel, o
que aponta para a possibilidade de que as apostas em mobilidade realmente se
tornem um negócio rentável.
No 8º encontro Tela Viva Móvel20 realizado em 2009, uma das principais
constatações foi que atualmente os grandes portais têm disponibilizado vídeos para
serem visualizados no celular, principalmente para usuários de IPhone21. Os portais
IG, UOL e Terra têm de alguma maneira, disponibilizado conteúdo audiovisual
específico para aparelhos celulares capazes de reproduzi-los. Segundo Ricardo
Ferro, gerente de mobile do IG, a principal diferença entre o conteúdo on-line para o
específico para ser visto nos celulares é a maneira como são feitos os destaques da
programação. Por enquanto somente os vídeos mais populares estão disponíveis
em formatos compatíveis com dispositivos móveis. A demanda para justificar este
tipo de ação é clara, hoje se sabe que o usuário de Iphone navega no portal feito
para celulares do Terra cinco vezes mais do que outro usuário, explicou Elisa Calvo,
responsável pela área de mobile do Terra no 8º Tela Viva Móvel. Essa constatação é
facilmente explicada, pois o telefone celular da Apple possibilita que qualquer
pessoa que saiba navegar na web possa assistir uma programação visual sem ter
que instalar nenhum outro software adicional ou até mesmo “hackear”22 o
dispositivo. O canal de esportes ESPN lançou no segundo semestre de 2008 um
portal específico para usuários Iphone com vídeos com média de um a três minutos
20
Evento promovido pela empresa Converge Comunicações que apresenta palestras e debates sobre o
mercado de telefonia móvel.
21
Telefone celular desenvolvido pela multinacional Apple, empresa da área de informática e equipamentos
eletrônicos, que agrega funções como tocador de música, câmera digital, navegador de internet, conexão sem
fio a redes e que dispõe de uma tela sensível ao toque.
22
Ato de modificar programas de computador para burlar chaves de segurança ou implementar novas
funcionalidades a dispositivos tecnológicos.
36
de duração editados especialmente para esta nova plataforma. Essa medida faz
parte de um conjunto de ações do canal que aposta no conceito multimídia para
levar sua programação ao usuário onde quer que ele esteja como rádio, portal
WAP23 e a mobile TV. O UOL tem feito versões de dois minutos de vídeos de sua
programação, subdivididos em entretenimento, notícias e esportes, para os
celulares. O portal aposta em agilidade na atualização desse material para manter
seu consumidor sempre com conteúdo “fresco”. Segundo o próprio site do
congresso, o portal UOL passou de 300 mil páginas visitadas em janeiro de 2008
para 7 milhões em 2009 através de dispositivos móveis, um crescimento enorme em
apenas um ano. No início de 2009 durante o Mobile World Congress24 realizado em
Barcelona, um ponto foi unânime entre as empresas do setor, a questão da
mobilidade. Apresentando números que mostravam que já existem 4 bilhões de
conexões móveis no mundo, as empresas através de diversas ações pretendem
reforçar no usuário idéias de um estilo de vida móvel oferecendo diversos serviços
que agreguem valor a vida do usuário.
A televisão em muitas casas é uma mídia coletiva e quando a TV digital
estiver totalmente implantada e dispondo de interatividade, diversos serviços na
própria tela estarão disponíveis para os usuários. Isso levanta uma questão que
deve ser pensada, pois abre uma outra oportunidade para a mídia móvel. Quando,
por exemplo, uma família estiver assistindo a uma mini-série e uma opção de
interatividade estiver disponível e for de interesse de um dos membros da família,
este vai querer buscar mais informações reduzindo o tamanho da tela para os outros
que acompanham o programa. Este tipo de atitude deve gerar descontentamentos,
pois as informações agregadas podem não fazer parte do que as pessoas estavam
desejando, que era somente assistir o programa, sem qualquer tipo de distúrbio.
Nessa hora pensamos na TV digital móvel como uma solução para esse tipo de
questão, pois ela é uma mídia propícia para ser consumida individualmente e a
pessoa interessada no detalhe interativo não irá incomodar os outros com
obstruções de imagem na tela. Penso que está característica tão inovadora será
muito difundida nos dispositivos móveis trazendo benefícios para os diferentes
setores que estarão envolvidos com a produção, veiculação e canal de retorno da
TV móvel digital.
23
24
Protocolo de aplicações sem fio que visa prover acesso à internet através de telefones celulares.
Feira e congresso da a área de telefonia móvel que reúne empresas do setor.
37
2.2 A Tecnologia Move o Mercado
No Brasil irão coexistir pelo menos dois modelos de TV móvel broadcast que
não utilizam a rede das operadoras de telefonia móvel, a já em operação TV digital
móvel aberta e a TV digital móvel por assinatura, é nesta última que ainda não
houve uma clara definição de qual tecnologia será adotada. Atualmente existem três
tecnologias: DVB-H, DMB25 e MediaFlo26. No âmbito mundial, as duas primeiras são
as que mais estão disputando mercado e por aqui a DVB-H sai na frente através de
grupos empresariais que já realizam testes de transmissão utilizando a tecnologia. O
principal motivo para que seja adotado outro modo de transmissão, fora das redes
3G de telefonia, é que esta ficaria sobrecarregada em pouco tempo se um grande
número de usuários ampliasse o hábito de assistir TV no modelo broadcast em seus
dispositivos móveis. A intenção das empresas é que a rede de telefonia sirva para
transmissões no modelo unicast e a programação broadcast seja transmitida por
outro tipo de tecnologia como por exemplo a DVB-H.
Porém, todos estes modos de transmissão precisam trafegar em algum
espectro de freqüência e é neste momento que surge uma questão que já está
sendo bastante discutida e que ainda vai gerar muita polêmica entre operadoras de
telefonia móvel e emissoras de TV aqui no Brasil. Qual tecnologia vai utilizar
determinado espectro de frequência? Por exemplo, a faixa de frequência de 700
Mhz27, que atualmente é destinada às emissoras de TV aberta e que em 2016,
quando a TV digital estiver totalmente implantada deverá ser devolvida à ANATEL,
que por sua vez ainda estuda o que vai fazer com ela. Uma das disputas começa
aqui, pois as emissoras não querem ceder a faixa de freqüência para as operadoras
de telefonia móvel que pensam em utilizá-la para a implantação da quarta geração
da rede de telefonia móvel, a 4G. Nesta nova rede, as operadoras pretendem
ampliar a oferta de TV móvel por assinatura e o serviço de acesso à internet através
de dispositivos móveis que segundo Luís Otavio Marcondes, diretor de assuntos
regulatórios da operadora Claro já em 2012, em grandes centros como a cidade de
São Paulo, já irá apresentar sinais de sobrecarga causando lentidão na rede, pois a
25
Tecnologia de transmissão digital de TV, rádio e dados para dispositivos móveis desenvolvida na Coréia. É a
versão móvel da TV digital coreana.
26
Tecnologia de transmissão digital de TV para dispositivos móveis desenvolvida pela empresa norteamericana Qualcomm.
27
Faixa de freqüência que vem sendo utilizada pelas emissoras de TV para propagação de programação
televisiva aberta.
38
previsão indica que até lá já sejam 8,6 milhões de usuários. Atualmente a rede 3G,
segundo dados da ANATEL, já conta com 4 milhões de usuários. Outra opção para
a 4G seria ser “instalada” na faixa de 2,5GHZ pois segundo Ricardo Tavares, vicepresidente
de
políticas
públicas
da
GSMA28
(Global
System
for
Mobile
Communications) as operadoras não poderiam esperar até o prazo máximo da
implantação da TV digital para lançar a quarta geração da telefonia móvel. O detalhe
é que a banda de 2,5GHZ atualmente é ocupada por empresas de TV por assinatura
que também a utilizam para fornecer acesso à internet, Ricardo completa que as
operadoras de telefonia gostariam de dividir o espaço na faixa de 2,5Ghz com as
empresas de TV por assinatura. Uma terceira opção específica para a TV móvel é
destinar algumas faixas de freqüência UHF29 para as operadoras de telefonia móvel,
este espaço no espectro foi destinado nos anos 80 para um sistema de TV por
assinatura que ofereceria somente um canal e que acabou não vingando. No Rio de
Janeiro a empresa Nova Comunicação e Radiodifusão que detém a licença deste
serviço especial de TV por assinatura foi comprada pela Participe TV, este grupo já
está negociando a compra de outras empresas que também possuem as licenças do
serviço em diversas cidades brasileiras para poder implementar o serviço de TV
móvel por assinatura. No caso da Participe TV o modelo de transmissão escolhido
foi DVB-H, versão móvel da TV digital européia.
No âmbito da computação e das telecomunicações, o paradigma da
mobilidade está consubstanciado em todas as situações em que
indivíduos compartilham infra-estrutura de rede, seja pública ou
privada, para comunicação de voz e dados por meio de dispositivos
portáteis e sem fio a partir de qualquer lugar (NURVITADHI, 2002
apud MOURA FÉ, 2008, p.63)
O grupo Nokia Siemens Networks30 defende que o modelo DVB-H é o que
melhor serve para transmitir programação ao vivo e para um grande número de
usuários simultaneamente, é o mais difundido em escala global, permitindo que o
custo dos aparelhos receptores seja mais baixo, e oferecendo uma maior
28
Entidade que defende os interesses da indústria de comunicação móvel no mundo.
Faixa de freqüências entre 300MHz e 3GHz utilizada para a propagação de sinais de televisão, rádio,
transceptores e telefonia celular.
30
Empresa resultante da junção do braço Siemens Communications da empresa alemã Siemens AG com o
braço Nokia’s Network Business Group da finlandesa Nokia que oferecem soluções para empresas de
telecomunicações em aproximadamente duzentos países.
39
29
capacidade de transmissão de diferentes sinais (canais de TV) em um único espaço
de largura de banda.
As operadoras de telefonia móvel argumentam que precisam de mais espaço
para poder oferecer um serviço de maior qualidade e que atenda os anseios dos
usuários, fica claro que para isso ela precisa comprar duas grandes brigas, com as
emissoras de TV aberta e TV por assinatura a não ser que elas trabalhem em algum
sistema de parceria. O ideal seria que a ANATEL (Agência Nacional de
Telecomunicações) mediasse estas discussões para fazer valer o que for melhor
para nós consumidores sem se deixar levar por interesses comerciais de um ou
outro segmento de mídia de massa
Parece certo que a TV móvel, em todas as suas modalidades, irá fazer parte
do nosso cotidiano no futuro próximo, porém, por que nenhum dos modelos já
disponíveis há algum tempo ainda não deslanchou? A jornalista Christina Dinne,
responsável pelo blog da fabricante finlandesa de telefones celulares Nokia, aponta
para a falta de um modelo de negócio claro, poucos aparelhos disponíveis a um
custo acessível, a briga por direitos de transmissão e a disputa entre as várias
tecnologias disponíveis como principais fatores que estão colaborando para o
atraso.
No caso da TV aberta digital móvel, mesmo se não for autorizada a multiprogramação e ela realmente estacionar no papel de “espelho” das emissoras, uma
questão é concreta, a já alta penetração da programação televisiva irá aumentar e
isso agrega mais valor ao meio. Octávio Florisbal, diretor-geral da TV Globo acredita
que em 5 anos o número de telefones celulares que recebam TV aberta chegue a 60
milhões. Até agora o que mais vem atrapalhando a difusão da TV aberta móvel é o
preço dos aparelhos, diferentemente das outras tecnologias, ela não gera nenhuma
receita para as operadoras de telefonia móvel e por isso estes aparelhos não
costumam receber subsídios para facilitar a compra.
2.3 Quem é o Usuário e Quem é o Consumidor
Durante o desenvolvimento da chamada cultura digital o mercado vem junto
estabelecendo uma relação bastante complexa com o consumidor. Há momentos
40
em que um fomenta o outro inventando juntos a nova comunicação, em outros, é o
usuário quem indica o caminho e ainda quando uma nova plataforma é
disponibilizada comercialmente é ele quem garante ou não o sucesso do processo.
Esta relação cíclica e contínua de criação e aprimoramento vai deixando para trás a
comunicação de massa calcada na ausência de feedback. A partir deste ponto,
estamos diante da comunicação do indivíduo, sujeito da própria história,
desenvolvedor de conteúdo, comunicador, ora seguindo o mercado, ora criando
tendência. Nesse sentido, é difícil estabelecer um limite claro entre quem é usuário,
consumidor e detentor dos meios.
A respeito desse processo Henry Jenkins elucida que a convergência é tanto
um processo coorporativo como um processo de consumidor. Segundo ele,
empresas de mídia procuram disponibilizar seu conteúdo de maneira cada vez mais
rápida em um número cada vez maior de plataformas ao mesmo tempo atingindo
cada vez mais pessoas, isto é, ampliando seus mercados (JENKINS, 2008, p. 44).
Ainda, citando Ithiel De Sola Pool31, Jenkins (2008, p.36)
entende que o
surgimento de novas tecnologias midiáticas possibilitaram a fluidez de um conteúdo
para vários canais em diferentes formas. O que nada mais é do que a digitalização.
Segundo o autor, ainda na década de 1980 o surgimento de novos padrões de
propriedade cruzada de meios de comunicação, no que ele denomina como primeira
fase de um longo processo de concentração desses meios, já se desenhava um
desejo das empresas de abandonar o uso de um único suporte midiático para
distribuir conteúdos para diversas mídias. “A digitalização estabeleceu as condições
para a convergência.” (JENKINS, 2008 p. 36). Para elucidar estes dois últimos
conceitos cito Claudio Prado, Francisco Caminati e Thiago Novaes.
Entendemos por digitalização o processo de captura de qualquer tipo
de documento, como textos, imagens e áudios, para permitir o
gerenciamento e acesso facilitado a essas informações através de
recursos da informática. Além disso, essa passagem garante a
reprodutibilidade das obras sem perda de qualidade e representa o
elemento técnico que possibilita a universalização dos acessos antes
extremamente limitados e controlados (PRADO, CAMINATI e
NOVAES, 2005, p. 28)
31
Pesquisador norte-americano, já falecido, que liderou pesquisas sobre tecnologias e seus efeitos na
sociedade. Foi Pool quem cunhou o termo convergência para descrever os efeitos das grandes inovações
tecnológicas na sociedade e na indústria midiática.
41
Um ambiente midiático digitalizado proporciona uma oportunidade para que
os usuários tenham um controle maior sobre o fluxo da mídia e interagindo com
outros consumidores tem mais possibilidades tanto para se apropriar de um
determinado conteúdo como para compartilhá-lo.
Por convergência refiro-me ao fluxo de conteúdos através de
múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados
midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de
comunicação, que vão a qualquer parte em busca das experiências
de entretenimento que desejam. Convergência é uma palavra que
consegue definir transformações tecnológicas, mercadologicas,
culturais e sociais, dependendo de quem está falando e do que
imaginam estar falando. (JENKINS, 2008, p.27)
Neste estudo o termo convergência refere-se muito mais ao processo pelo
qual o conteúdo midiático está passando isto é, o seu “espalhamento” entre
plataformas anteriormente distintas mas que agora são capazes de receber o
mesmo material; tal processo tem inúmeras implicações no comportamento dos
usuários, sendo que em muitos momentos é a partir deles que tais processos
ocorrem no mercado.
A convergência representa uma mudança no modo como encaramos
nossas relações com as mídias. Estamos realizando essa mudança
primeiro por meio de nossas relações com a cultura, mas as
habilidades que adquirimos nessa brincadeira têm implicações no
modo como aprendemos, trabalhamos, participamos do processo
político e nos conectamos com pessoas de outras partes do mundo.
(JENKINS, 2008 p. 49).
Ana Lúcia Damasceno Moura Fé citando Eduardo Campos Pellanda
complementa dizendo que este é um “fenômeno em pleno desenvolvimento e cujas
definições, portanto, ainda carecem de amadurecimento, a convergência se dá,
segundo Pellanda (2006, p. 2) “quando em um mesmo ambiente estão presentes
elementos da linguagem de duas ou mais mídias interligados pelo conteúdo”. Ou
seja, a convergência promove uma mistura das linguagens originais de mídias
convencionais, como rádio ou televisão, levando a Internet e todas as três matrizes
lógicas da linguagem e pensamento para dentro dos dispositivos miniaturizados,
42
como celular e PDA32s. Conforme explica Santaella (2005, p. 20), tais matrizes não
abrangem apenas as linguagens verbal, visual e sonora, mas todos os seus
cruzamentos, desdobramentos e hibridismos que configuram a nova linguagem da
rede mundial, denominada hipermídia.(MOURA FÉ, 2008, p. 54).
Rosamary Tan, diretora de mobile entertainment, da Sony Pictures explica
que a empresa entende que o celular é uma tela igual a qualquer outra como a
televisão, o computador e o cinema. Rosamary deixa claro que a empresa está
muito focada na interação que o usuário pode ter com todas as telas, e é por isso
que eles estão desenvolvendo conteúdos multi-plataforma. Portanto qual é a tela e
por qual plataforma já não é mais uma questão central e sim como, isto é, de qual
maneira o conteúdo transita isto é, o foco está justamente neste trânsito. Nessa
tendência de mercado divergente a respeito das telas cada vez maiores para uso
dentro de casa, e cada vez menores para carregar no bolso, o ponto que permanece
comum é o conteúdo que estará fluindo entre todas as telas.
2.4 Novos Negócios – Tendências e Possibilidades
Segundo Tommy Eomiahonen autor do livro “Mobile As 7 th of the mass
media: Cellphone, cameraphone, Iphone, smartphone.” Nós estamos começando a
ver sinais de que o telefone celular é o centro da convergência entre o mundo virtual
e o físico (EOMIAHONEN, 2008, p.27).
Em uma reportagem do dia 05 de julho de 2009, publicada no Jornal Folha de
São Paulo foi apontado um comportamento por parte do usuário brasileiro
praticamente ignorado pelo mercado local. Segundo a matéria, o consumidor de
baixa renda de grandes cidades brasileiras é cada vez mais adepto do uso de
aparelhos celulares contrabandeados da China, com múltiplas funções e baixo custo
atraídos principalmente pela possibilidade de assistir TV analógica. Como foi citado
no primeiro capítulo, a qualidade da recepção de imagem destes “mpx” é bem
inferior se comparada ao da transmissão digital, mas preços reduzidos e as longas
distâncias percorridas entre a casa e o trabalho vem tornando-os cada vez mais
32
Sigla que em inglês significa Personal Digital Assistent, o PDA é considerado um computador de mão, dotado
de funções como agenda e editor de textos e planilhas também podem se conectar a internet através de redes
sem fio.
43
populares nas mão de trabalhadores brasileiros. Diante desse quadro, a EUTV é
uma das empresas interessadas em oficializar esse mercado trazendo para o Brasil
celulares feitos na China com TV analógica, produto que não tem concorrentes
similares produzidos pelas grandes marcas. Um modelo produzido pela chinesa ETechco, está sendo comercializado por 599 reais mas, nas lojas de produtos
contrabandeados pode ser encontrado por um preço até 50% menor.
Quando Jenkins prevê que haverá mídias em todos os lugares, talvez não
estivesse certo que ela (a mídia) seria portátil, assim, seria mais correto dizer que
carregaremos a mídia para todos os lugares. Está claro que a convergência entre
mídias é uma tendência bastante importante no mercado como diretriz para o
lançamento de novos produtos, tanto de hardwares como programas midiáticos.
Atualmente não é exagero afirmar que todo programa de televisão dos canais
abertos brasileiros tem espaço garantido em sites oficiais na internet e
possivelmente comunidades colaborativas não oficiais. A convergência atinge
inclusive o desenvolvimento de produtos que integram oficialmente mídias
diferentes, um exemplo disso é o recente lançamento da empresa LG que colocou
no mercado um player blue-ray33 que acessa o portal de vídeos Youtube.
Se do ponto de vista da popularidade o Youtube é um fenômeno em
números de usuários, a empresa fundada em fevereiro de 2005 e adquirida pelo
Google em 2006, por 1,65 bilhões de dólares, em termos comerciais ainda não gera
lucro pois o gasto com investimentos em softwares, tráfego de dados e servidores é
maior do que o que o faturamento com parcerias comerciais e links patrocinados.
Segundo o analista de mercados da Credit Suisse34 Spencer Wang, estima-se que o
investimento necessário para manter o site funcionando seja de 332 milhões de
dólares por ano, enquanto que as receitas não passam de 241 milhões de dólares.
Com números astronômicos de visitantes e de vídeos disponíveis, o Google que no
ano passado obteve um lucro de 4,2 bilhões de dólares, pode continuar investindo
no site até que a verba gerada com o portal passe a dar lucro. Parcerias como esta,
entre a LG e o Youtube, mostram que cada vez mais o conteúdo visto na web migra
para outras mídias, seja na sala de nossas casas, para nossos bolsos ou de
qualquer outro tipo. Do ponto de vista comercial, colocar o conteúdo do Youtube nos
33
Tecnologia que está substituindo o DVD como mídia para reprodução, distribuição e armazenamento de
dados e mídias.
34
Banco de investimentos que atua na área de gestão de recursos de terceiros.
44
televisores é um ótimo negócio para o portal, pois a publicidade inserida na internet
custa menos do que a veiculada na TV. Deste modo, quando todos os lares tiverem
acesso à internet nas TVs, o preço dos anúncios no Youtube poderá ser bem mais
alto e possivelmente ele não dê mais prejuízo.
Em meados de 2009 o website aldeiaviral.com.br elaborado para a empresa
Oi é outro exemplo dessa convergência de mídias. No site o conteúdo de áudio e
vídeo é enviado pelo internauta via web ou celular. Este material uma vez recebido e
publicado no website pode ter desdobramentos no canal Oi de TV por assinatura e
nos celulares dos assinantes da operadora. Comprovando que ações onde os
conteúdos fluem entre as diferentes plataformas é uma aposta do mercado que
segue o comportamento introduzido pelo usuário que muitas vezes grava o conteúdo
da TV aberta, o disponibiliza na internet e também carrega consigo em seu telefone
celular ou em num outro dispositivo móvel.
2.5 Conteúdo Gerado por Usuários
Retomo agora um assunto apresentado no primeiro capitulo da dissertação,
no qual descrevo todas as modalidades de transmissão unicast e apresento dados
que mostram que todas as operadoras oferecem espaço para a disseminação de
conteúdo criado pelo usuário. Fica explícito que no atual contexto o usuário produtor
e as operadoras de telefonia vêm desenvolvendo uma parceria que visa garantir a
satisfação mútua. Este modelo de negócio é muito lucrativo para as empresas, pois
a remuneração feita ao usuário/produtor na maioria das vezes é realizada em
créditos de minutos e os valores pagos e cobrados têm diferenças discrepantes. O
usuário que quiser baixar um vídeo paga em média três reais por vídeo baixado,
mesmo preço dos vídeos profissionais produzidos por grandes empresas de
telecomunicação, e o usuário “dono” do vídeo só recebe dez centavos de real por
cada download que fizerem do vídeo postado por ele. Mesmo assim é interessante
perecer que o espaço cedido ao usuário é bastante significativo e como estes vídeos
amadores têm um enorme apelo comercial.
45
A convergência exige que as empresas midiáticas repensem antigas
suposições sobre o que significa consumir mídias, suposições que
moldam tanto decisões de programação quanto de marketing. Se os
antigos consumidores eram tidos como passivos, os novos
consumidores são ativos... Se o trabalho de consumidores de mídia
já foi silencioso e invisível, os novos consumidores são agora
barulhentos e públicos. (JENKINS, 2008 p. 45)
Essa característica da convergência de mídias, em trabalhar com conteúdos
colaborativos, foi pauta durante o 100 Fórum Brasil35 – Mercado Internacional de
Televisão. Adriana Alcântara, gerente de conteúdo da TV Oi argumentou que o
conteúdo desenvolvido para celular e internet ainda não dá retorno financeiro e que
trabalhar com conteúdo colaborativo e de baixo custo é uma opção sensata no
momento atual. Este direcionamento do mercado é muito perceptível quando
verificamos a pesquisa apresentada no guia Net Size Guide36 pela empresa
comScore M:Metrics37 que mostra que nos EUA os vídeos amadores ocupam a
primeira colocação em consumo de vídeos on demand, deixando para trás na
sequência: video clipes musicais, esquetes de comédia, trailers dos lançamentos do
cinema, programas completos de TV, programas jornalísticos, programas de
entretenimento, programas de esporte, destaques da programação de TV e por
último previsão do tempo.
As empresas de telefonia se enquadram no que Henry Jenkins chama de
corporações que adotaram o termo “participação”, elas imaginam a participação
como algo que podem iniciar e parar, canalizar e redirecionar, transformar em
mercadoria e vender.(JENKINS, 2008 p.228).
O conteúdo produzido por usuários disponível na web e acessível através de
telefones celulares tem uma aceitação e um poder de venda muito grande,
recentemente foram disponibilizados serviços e aplicativos para que qualquer
pessoa com um telefone que faça vídeos e que esteja conectado à internet possa
transmitir em tempo real vídeos para portais específicos na internet, nos mesmos
35
Fórum de debates sobre o mercado internacional de televisão que reúne executivos de Televisão, produtores
independentes, operadores de cabo e Telecom, distribuidores de conteúdo, jornalistas, consultores e
acadêmicos.
36
Pesquisa anual que verifica como está se desenvolvendo globalmente as questões relacionadas a conteúdos
para dispositivos móveis e serviços oferecidos pelas empresas do setor.
37
comScore é a empresa líder em medição de audiência relacionada a mídias digitais que também atua com
planejamento de estratégias de marketing digital. Em 28 de Maio de 2008 a comScore comprou a empresa
M:Metrics que também atuava no mesmo segmento.
46
moldes do JustinTV só que com a mobilidade oferecida pelo telefone celular.
Imagine que já podemos ir a um show e transmitir todo o evento para pessoas que
não estão tendo a oportunidade de estar pessoalmente no evento. Este tipo de
serviço preocupa até o portal Youtube que enxerga que pode perder espaço se não
começar a oferecer um serviço semelhante.
Além de assistir cada vez mais vídeos no celular as pessoas também se
beneficiam da mobilidade que o dispositivo oferece e estão produzindo e
disponibilizando cada vez mais conteúdo. Assim que foi lançado, o Iphone 3G que
permite gravar, editar e postar vídeos no Youtube fez aumentar em 400% o número
de vídeos postados com o dispositivo da Apple, e se olháramos um pouco mais para
trás, nos últimos seis meses, a quantidade de vídeos postados no Youtube através
de telefones celulares aumentou em 1700%. Segundo os executivos do Google este
crescimento é representado por três fatores simultâneos: o crescimento da oferta de
telefones celulares aptos a realizar gravações em vídeo, melhorias no fluxo de
upload para postar vídeos no Youtube através de telefones celulares e um
mecanismo que permite que os usuários facilmente distribuam o vídeo postado no
Youtube em diversas redes sócias disponíveis na internet.
Esta facilidade em poder gravar, editar e postar vídeos através de telefones
celulares, principalmente utilizando o Iphone causa certa preocupação em alguns
jornalistas norte-americanos, pois os recursos que o dispositivo proporciona
possibilitam que usuários cubram qualquer acontecimento em questão de segundos,
editem um vídeo e o postem em algum portal de vídeo na internet. Esse tipo de
preocupação reflete a incerteza no modo como as emissoras pensam em competir
com o conteúdo audiovisual disponível na internet e por consequência também com
o usuário que produz conteúdo. Analisando a história recente podemos chegar a
conclusão de que haverá espaço para todos e os profissionais do meio sempre terão
seu espaço, a disseminação da tecnologia está mais rápida e barata porém ela
ainda chega nas mãos dos especialistas antes. É possível ver que se os grandes
conglomerados das mídias souberem explorar bem a tecnologia, somente mais
oportunidades irão surgir para elas e com certeza estarão fazendo parte cada vez
mais parte do cotidiano das gerações futuras.
Outro método que foi apropriado da produção de vídeos amadores pelas
empresas, são os vídeos virais. Uma definição clara do são estes vídeos está
47
implícita no nome, eles se espalham como um vírus, através de links em blogs,
anexos em e-mails, posts no Youtube e através de boca-a-boca. São inúmeros
casos de vídeos amadores que se espalharam pelo mundo e alcançaram números
de acesso impressionantes, como o vídeo em que dois homens misturam balas
mento’s e refrigerante coca-cola diet e a reação química da mistura dos dois
produtos gera uma espuma. As empresas buscando ganhar este tipo de penetração
e espalhar sua marca e seus conceitos gratuitamente tentam “emplacar” vídeos que
transitem em diversas mídias. Segundo Garret LoPorto, consultor criativo sênior da
ONG True Majority Action38 que fez um vídeo viral com o objetivo de aumentar a
participação do eleitor norte-americano na eleição presidencial de 2004, a essência
de um vídeo viral é levar a idéia certa às mãos certas na hora certa. Segundo ele,
um vídeo tem chances de se tornar viral quando a idéia que você quer passar se
aproxima do que as pessoas já conhecem e acreditam.
Os modelos de negócio puramente suportados na publicidade com
veiculação de produtos grátis estão completamente sujeitos as intempéries da
economia mundial. As empresas de comunicação preferem acreditar que os
modelos de conteúdo disponibilizados com exclusividade para assinantes são mais
seguros e viáveis.
No Brasil, a TV aberta tem 60% da verba destinada à publicidade e não quer
perder nem 1% dessa porcentagem. Assim sendo, a internet e o celular precisam
demonstrar muita força para conquistar o anunciante e garantir sua parte do
mercado publicitário, porém uma pesquisa também apresentada no congresso TV
2.0 acalmou as grandes emissoras de TV, desmistificando a substituição do uso da
TV pela internet para assistir vídeos, pelo menos por enquanto. Essa pesquisa traz
dados das transmissões da última olimpíada respondidas por espectadores on-line
que aferiu que 50 % estavam assistindo o conteúdo na internet pois não haviam
conseguido assistir na TV, 40% queriam rever algum conteúdo que tinham visto na
TV e 2% utilizou somente a internet para acompanhar as olimpíadas
38
Organização não governamental norte-americana criada com o intuito de fortalecer os direitos dos cidadãos
que acreditam em justiça social, proteção do meio ambiente e que querem que os EUA trabalhe em
cooperação com o restante do mundo.
48
2.6 Produção de Conteúdo Audiovisual
No momento presenciamos o desenvolvimento de um esboço do que será a
TV móvel no Brasil. Ao que tudo indica, as operadoras de celular devem entrar no
negócio da produção audiovisual. A operadora Claro promoveu o festival “Claro
Curtas” e criou um serviço de vídeo streaming no modelo unicast, “Minha TV” cujo
conteúdo pode ser acessado através de uma assinatura mensal que custa 10 reais.
Em outro produto da mesma operadora, o “Idéias TV” a programação é exibida em
tempo real.
A OI investe na seleção de conteúdo criado entre produtoras brasileiras para
que possam ser exibidos nas plataformas de internet, telefone móvel e TV por
assinatura, os conteúdos buscam principalmente atingir o público jovem, como é o
caso das esquetes desenvolvidas para celular, Humanóides.
No último Mip TV39, ocorrido entre os meses de Março e Abril deste ano em
Cannes, na França, a distribuição de conteúdo em múltiplas plataformas foi tema
nas discussões entre produtoras e exibidoras. Segundo a revista Tela Viva do mês
de Abril de 2009, o discurso geral do encontro deixava claro que o conteúdo on-line
não é uma ameaça para os negócios de televisão; as discussões são, de maneira
geral para descobrir como usá-lo para impulsionar a audiência televisiva. A realidade
atual, os vídeos on line em sua imensa maioria não geram receita, mas as empresas
acreditam que este jogo tende a virar. Joe Michaels, diretor de desenvolvimento da
MSN40, declarou no encontro que o que falta para o vídeo on-line se tornar fonte de
lucros no mundo dos negócios é uma ação que crie novos paradigmas, segundo ele
falta uma aposta expressiva como por exemplo, uma agência que investisse a
metade de sua verba pra publicidade em novas mídia. Um tanto quanto pessimista
Vinton Gray Cerf, engenheiro que criou o protocolo TCP/IP41, e que atualmente
trabalha para o Google, em entrevista concedida a revista Meio Digital prevê que o
modelo broadcast de TV que conhecemos hoje passará a deixar de fazer sentido.
39
Evento realizado em Cannes na França, voltado ao comercio, financiamento e distribuição de conteúdos
audiovisuais. Ao mesmo tempo em que ocorre a feira, debates e palestras tratam de assuntos relacionados a
mercado global TV e mídias digitais.
40
Conglomerado de sites e serviços disponibilizados pela desenvolvedora de programas de computador
Microsoft. Seu principal produto é o comunicador instantâneo Messenger.
41
Grupo de protocolos de comunicação entre computadores em rede. A sigla é a junção TCP (Transmission
Control Protocol - Protocolo de Controle de Transmissão) e o IP (Internet Protocol - Protocolo de Internet).
Sucintamente o protocolo TCP/IP é responsável por pemitir que várias pequenas se conectem formando uma
grande rede, que é hoje a internet.
49
Ele argumenta que este modelo só servirá para a programação transmitida ao vivo e
explica que com a constante ampliação da velocidade de transmissão de dados
através da internet, possibilitará que tenhamos, por exemplo, um vídeo do Youtube
totalmente baixado e salvo em nossos dispositivos antes mesmo de termos
conseguido assistir ele ao vivo enquanto o baixamos. Vinton termina dizendo que o
modelo atual de grade de programação e o horário nobre da TV tende a
desaparecer, pois as pessoas já não precisaram mais estar na frente do aparelho na
hora em que a emissora quiser para assistir a programação.
Ao contrário da declaração da executiva da OI citada anteriormente, Alberto
Magno, presidente da M1nd Lab, empresa desenvolvedora de tecnologia e soluções
para a indústria TV móvel, espera aumentar em mais de 200% o faturamento de
2009 em relação ao ano anterior. Ele declarou também para a revista Tela Viva em
março deste ano que está nos planos da empresa alterar o modelo de negócios
vigente na TV Móvel brasileira que, segundo a visão da M1nd, deve deixar de ser
bancado quase que unicamente por assinantes e passar a ser sustentado por
publicidade sendo oferecido de graça para os usuários. Eles criaram uma solução
para inserir vinhetas comercias com duração de 5 segundos para serem exibidas
durante o tempo que o player necessita para mudar de canal. A empresa também
declara apostar na disponibilização de conteúdo sob demanda.
A TIM no Brasil após disponibilizar gratuitamente para 4,3 milhões de
usuários selecionados conteúdo de vídeo gratuito passou a oferecer pacotes com
assinaturas semanais que custam entre R$ 1,99 a R$ 9,99. A empresa declara ter
hoje aproximadamente 200 mil assinantes em planos pra TV móvel que são
disponibilizados por 30 minutos, 120 minutos ou 24 horas.
50
CAPÍTULO 03 - O USUÁRIO
3.1 A força da TV, o meio consagrado
O pesquisador Walter Teixeira Lima Júnior, em seu artigo para o livro
“Televisão Digital: desafios para a comunicação” da COMPÓS 2009 lembra que a
junção de áudio e vídeo foi somente o primeiro grande impacto cognitivo causado
pela televisão, com a adição do controle remoto o tato também foi ativado. Foram
exatamente essas possibilidades sensoriais inerentes a este meio que a tornou o
principal meio convergente de representação da realidade por tanto tempo:
A tecnologia embutida no televisor (televisão), artefato com grande
impacto cognitivo, é uma tecnologia convergente, apesar desse
termo ser exclusivamente empregado nas tecnologias digitais. A
televisão é um meio convergente da realidade. A tese Clash of the
Titans: Impact of Convergence and Divergence on Digital Media,
defendida no Massachusetts Institute of Technology (MIT) por Willian
Che-Leong, revela que a convergência de dados existe em dois
níveis: convergências de mídias e de domínio. Há convergência de
mídias, quando a luz, o som, e o movimento formam-se em mídia
(vídeo, áudio, imagem, texto). Todos esses elementos estão na mídia
televisão. É essa convergência que fornece a “força” que a televisão
tem na sociedade atual. Willian Che-Leong, menciona também a
convergência de domínio, que é a mais citada, geralmente, somente
com o termo convergência, pois é a conversão entre domínio
analógico (freqüência e físico) e domínio digital (bits), que possibilitou
um novo patamar de produção e distribuição de conteúdo
informativo, pois estrutura os novos modelos de construção da
representação da realidade (LIMA JUNIOR; PEPE, 2008 apud LIMA
JUNIOR, 2009, p.369).
Walter conclui que as características da TV analógica que a fazem ser a
representação da realidade ganham força na sua versão digital com a melhora da
qualidade de imagem e som e alguns recursos de interatividade. Resta saber qual
será o peso da mobilidade.
O sociólogo francês Dominique Wolton é rápido ao responder qual a força da
televisão? “Seu sucesso popular” (WOLTON, 2007, p. 62). Em seu estudo “Internet e
depois? Uma teoria crítica das novas mídias”, o autor entende que seu sucesso
popular se dá muito por causa do conteúdo generalista e que a TV ao longo de mais
de 50 anos de história nunca se aproximou muito das elites culturais. Segundo ele o
51
caráter essencialmente popular da televisão sempre foi entendido como uma
ameaça às classes dominantes que temiam perder sua hierarquia cultural. Assim, a
TV não era vista por eles como uma oportunidade de disseminação da cultura de
massa e sim de uma espécie de enfraquecedor cultural que nivela todas as coisas
por baixo. Mais adiante, em sua reflexão sobre o valor social das novas tecnologias
ele complementa:
O sucesso, no entanto, é inegável há cinqüenta anos: o
surgimento do cabo, seguido dos canais temáticos, não
colocou em questão a economia geral da televisão que se
divide em três partes desiguais: uma maioria para a televisão
generalista, os serviços a cabo, a multimídia. De todas as
maneiras a televisão fascina, pois ela ajuda milhões de
indivíduos a viver, se distrair, e compreender o mundo.
(WOLTON, 2000, p. 62)
Da natureza da televisão, algumas propriedades podem se alterar na sua
versão de bolso. Será que iremos optar por uma programação generalista e
popular? Será que iremos acompanhar as novelas no aparelho celular, por
exemplo? A TV móvel ganha em possibilidades, mas tem tamanho reduzido e isso
terá implicações cognitivas, mas é certo que ela advém de modelos consagrados
seja há mais de cinco décadas, como é o caso da TV convencional, como novidades
recentes “tomando emprestado” a incrível popularidade dos vídeos on-line. Ainda
não é possível saber qual aura a pequena tela irá assumir, poderá ser, como no
primeiro caso citado acima, canal de interpretação do real e do popular, ou rápida,
fugaz, como no segundo ou ainda, uma terceira versão entre as telas com
características únicas.
Como disse Arlindo Machado em A Televisão levada a sério – “Televisão é
um termo muito amplo, que se aplica a uma gama imensa de possibilidades de
produção. Distribuição e consumo de imagens e sons eletrônicos: compreende
desde aquilo que ocorre nas grandes redes comerciais, estatais e intermediárias...
ou o que é produzido por produtores independentes” (2000, p. 70). Para falar de
televisão é preciso definir o corpus, cujo ainda não está formado no caso da TV
móvel, pois, ainda não temos uma base sólida de experiências para que se possa
defini-la. O autor sugere uma análise a partir do conteúdo audiovisual que a
televisão produz e veicula. Diferente da abordagem mais comum de estudos
52
anteriores que seguem a concepção de que ela deve ser vista como um serviço, e o
mais importante não é o que está sendo transmitido na tela, mas sim o sistema
político e tecnológico no qual ela funciona. Claro que no caso deste estudo, a
tecnologia móvel é fator primordial de entendimento, é a partir dela que se estrutura
o pensamento desta nova tela e deste novo usuário. Porém, tudo que a televisão já
foi, todo o caminho que trilhou é importante para que se possa traçar diretrizes
futuras. Arlindo Machado faz uma breve retrospectiva histórica sobre o assunto
fazendo uma distinção entre os pensamentos de Adorno e McLuhan. Segundo ele,
Adorno quando resolve adentrar ao universo da televisão, opta por um exame
generalista e superficial, ignorando a diversidade da programação que já existia em
seu tempo. Arlindo lembra ainda da dificuldade naquela época (1954) em se reunir o
material para a análise, haja vista que o video-teipe não estava disponível em escala
comercial, deixando à disposição somente roteiros escritos para a estruturação de
um ataque a televisão. (2000, p.17) Em suma, para Adorno, a televisão é má não
importando efetivamente o ela esteja veiculando. No lado oposto, McLuhan, na visão
de Arlindo Machado, entende que a televisão é essencialmente boa, e, mesmo que
nesse caso o autor conheça melhor seu objeto de estudo, ambos, Adorno e
McLuhan, na opinião de Arlindo Machado, atingem um resultado teórico equivalente
no sentido que nos dois casos a televisão foi analisada como se fosse uma estrutura
abstrata, ignorando a diversidade de programas existentes. (2000, p. 18).
3.2 Da TV Convencional para a Tela Portátil.
Não há duvidas quanto as mudanças que estão acontecendo. Novas mídias
abrem espaço para novos comportamentos. Alterações profundas, tanto nos
negócios das empresas de comunicação mundial, como no comportamento do
consumidor, são irrefutáveis. Para que se possa entender este período de transição
é bom ter em mente a diferenciação entre os meios de comunicação em si, e as
ferramentas que usamos para ter acesso a determinado conteúdo. Como Henry
Jenkins assinala: o primeiro, não está necessariamente condenado a morte, já o
segundo, o LP, o CD, a VHS, O DVD, os arquivos de MP3, enfim, as ferramentas
que o autor chama de tecnologias de distribuição, estas sim, se tornam obsoletas e
53
estão fadadas a extinção. Para tornar claro estes conceitos, Jenkins recorre a
historiadora Lisa Gitelman:
... Lisa Gitelman, que oferece um modelo de mídia que trabalha em
dois níveis: no primeiro, um meio é uma tecnologia que permite a
comunicação; no segundo, um meio é um conjunto de “protocolos”
associados ou práticas sociais e culturais que cresceram em torno
dessa tecnologia. Sistemas de distribuição são apenas e
simplesmente tecnologias; meios de comunicação são também
sistemas culturais. Tecnologias de distribuição vem e vão o tempo
todo, mas os meios de comunicação persistem como camadas
dentro estrato de entretenimento e informação cada vez mais
complicado. (JENKINS, 2008, p. 39).
Algumas dessas alterações são mais evidentes no decurso: como por
exemplo, a perda da hegemonia da TV aberta no Brasil, que reinou absoluta até
então. No mesmo artigo já citado no início do capítulo, Walter Teixeira Lima Júnior
deixa claro que um grande esforço político, por parte dos grupos de mídia detentores
dos canais de retransmissão, foi aplicado no momento de implantação da TV digital
no Brasil. A idéia era tentar manter a dimensão sócio comunicacional que já havia
sido conquistada com a TV analógica, demonstrando assim um temor que o público
migrasse para outras telas: o celular e o computador.
Considerada como a ‘janela para o mundo’ a interface televisoranalógico arrebatou consumidores no Brasil e em todo planeta.
Aparato de destaque na sala de estar, que depois se espalhou pra
outros cômodos da casa, o aparelho convencional de TV, por
décadas fez parte do ‘mobiliário’ residencial. Ele serve como fonte de
informação e entretenimento de baixo custo, mas com alto poder de
impacto sensorial. Substituindo o rádio como aparato tecnológico
comunica-cional central da família, o televisor analógico, baseado no
tubo de raios, reinou eficientemente nos lares brasileiros nos últimos
50 anos, começando com a estréia da TV Tupi (canal 3), em São
Paulo, em 18 de setembro de 1950. (LIMA JUNIOR, 2009, p.367.)
Esse modelo de negócios criado pela TV Aberta influenciou o comportamento
dentro do núcleo familiar do usuário de maneira profunda. O aparelho, fixo, interno
está completamente inserido aos hábitos da vida privada, reforçando a tendência a
interiorização ao retiro à vida doméstica.
54
“Marshall McLuhan, em Os meios de Comunicação como extensões
do homem, assinalava que a televisão, como tecnologia, realizou
uma revolução ‘em casa’ analisando que a TV poderia ajudar na
educação dos mais jovens. ‘Pensamos na TV como um auxiliar
incidental’, quando em verdade ela já transformou o processo de
aprendizado dos jovens, independente da escola e dor lar.”
(McLuhan, 2005 apud LIMA JUNIOR, 2009, p. 368).
Os adventos tecnológicos de novos meios de comunicação alteram nossos
processos mentais, a cultura, linguagem e os costumes das sociedades modernas
vão sendo reconstruídos: foi assim na transição da Era do Rádio para a Televisão e,
dessa para a recém Revolução Tecnológica e provavelmente será também com a
TV móvel.
3.3 A Relevância dos Fóruns na Cultura Digital
De que habilidades as crianças precisam para se tornar participantes
plenos da cultura da convergência? Neste livro já identificamos várias
– a capacidade de unir seu conhecimento ao de outros, numa
empreitada coletiva (como o spoiling de Survivor), a capacidade de
compartilhar e comparar sistemas de valores por meio da avaliação
de dramas éticos (como ocorre na fofoca em torno dos reality
shows), a capacidade de formar conexões entre pedaços espalhados
de informação (como ocorre quando consumimos matrix), a
capacidade de expressar suas interpretações e sentimentos em
relação a ficções populares por meio de sua própria cultura
tradicional (como ocorre no cinema de fã de guerra nas estrelas) e a
capacidade de circular suas as criações através da internet, para que
possam ser compartilhadas com outros. (JENKINS, 2008, p. 235)
A respeito da importância do comportamento do usuário, Henry Jenkins em
Cultura da Convergência lembra que Pierre Lévy já havia argumentado que as
pessoas estabelecem uma ordem de relação do conhecimento pessoal para
objetivos comuns. “Ninguém sabe tudo. Todo conhecimento reside na humanidade”.
(LÉVY, 1998 apud JENKINS, 2008 p.54). No cyber espaço definido antes por Pierre
Lévy o conhecimento se coletivo encontra imensas possibilidades de se aglutinar,
agregar e divulgar expertise nas comunidades virtuais que por sua vez tem
capacidade de impulsionar o relacionamento entre seus membros.
55
É a organização de espectadores no que Lévy chama de
comunidades de conhecimento permite-lhes exercer maior poder
agregado em suas negociações com produtores midiáticos. A
emergente cultura do conhecimento jamais escapará completamente
da influência da cultura de massa, assim como a cultura de massa
não pode funcionar totalmente fora das restrições do Estado-nação.
(JENKINS, 2008, p.54)
Jenkins lembra também que Lévy sugere que esta inteligência coletiva muito
bem colocada nas comunidades virtuais é quem irá, pouco a pouco, alterar o modo
no qual a cultura de massa opera. Estas novas relações ocorrem e se fortalecem ao
mesmo tempo em que antigos vínculos sociais vão se rompendo. No trato das
relações humanas, núcleos familiares e barreiras geográficas, por exemplo, já não
tem mais o mesmo significado, nossas relações entre vizinhos, amigos, familiares,
nações estão sendo remodeladas, redefinidas. As novas comunidades e fóruns de
discussão virtuais são baseadas no compartilhamento, criação e difusão de
conhecimentos específicos. Ambos são bastante libertários, não exigem de seus
participantes fidelidade, constância nem freqüência mínima. O sujeito fica livre para
mudar de interesse, criar e participar de outras comunidades. Claro que códigos de
ética e até mesmo legislatórios estão surgindo à medida que as comunidades
virtuais vão se tornado cada vez mais populares na sociedade contemporânea, mas
ainda assim, o comportamento dos usuários nelas tem uma liberdade de
relacionamento sem precedentes. É possível escolher em quantas comunidades e
quando participar. É justamente essa liberdade que fez das comunidades uma
espécie de termômetro de comportamento e opiniões. Empresas, jornalistas,
estudiosos, toda a sociedade volta seus olhos para essas ferramentas quando quer
conhecer o que determinados grupos estão pensando a respeito de assuntos
específicos.
A cultura digital representa um conjunto de transformações radicais
na esfera social, e não uma mera conversão de artefatos analógicos
para equivalentes digitalizados. Essas Transformações afetam
também a esfera da comunicação. Antigos conceitos, como o da
difusão de idéias de um ator social para muitos receptáculos
passivos, não valem mais. Os recursos tecnológicos possibilitados
pela digitalização resgatam a noção de comunicação bidirecional, de
todos para todos, no lugar da informação unidirecional. Novos
conceitos, como o da produção colaborativa do conhecimento,
suplantam a idéia de caixa-preta. Sem mudar o olhar, não é possível
compreender a mudança de paradigma em curso. (CAMINATI;
NOVAES; PRADO, 2005, p.25)
56
3.4 Convergência
A convergência das mídias é mais do que apenas uma mudança
tecnológica. A convergência altera a relação entre tecnologias
existentes, indústrias, mercados, gêneros e públicos. A convergência
altera a lógica pela qual a indústria midiática opera e pela qual os
consumidores processam a notícia e o entretenimento. Lembrem-se
disso: A convergência refere-se a um processo, não a um ponto
final... Graças a proliferação de canais e à portabilidade das novas
tecnologias de informática e telecomunicações, estamos entrando
numa era que haverá mídias em todos os lugares... Prontos ou não,
já estamos vivendo numa cultura de convergência.” (JENKINS, 2008,
p.41)
Caso estivéssemos numa corrida entre TV aberta, internet e vídeo sob
demanda, mesmo sabendo que a primeira tem larga vantagem sobre as outras,
apontar um vencedor seria uma aposta de alto risco. A pesquisa Television in
Transition realizada no inicio de 2008 pela Accenture Media and Entertaiment, a
respeito dos hábitos dos consumidores de mídias audiovisuais aponta muito mais
para uma convergência do que para uma competição. O estudo foi feito com 7 mil
entrevistados de oito diferentes países (Estados Unidos, México, Brasil, Reino
Unido, Espanha, Itália, Alemanha e França). A faixa etária dos entrevistados variou
conforme a maioridade estabelecida em cada país: sendo entre 16 e 54 anos na
Itália e Espanha, 16 e 64 , na França, Alemanha e Reino Unido. No México e Brasil
as entrevistas foram feitas por telefone com adultos entre 18 e 64 anos.
A pesquisa indica que as principais mudanças de comportamento do
espectador de mídias audiovisuais acontecem especialmente entre pessoas com
menos de 25 anos, grupo que se declara como o mais insatisfeito ao assistir TV
convencional, em todos os países nos quais o estudo foi feito.
57
Quadro 1: Nível de satisfação com a programação ofertada pelas emissoras de TV por
idade.
Esse também é o grupo que se mostra mais entusiasmado em consumir
conteúdo via celulares e computadores. Assim, são os jovens usuários quem estão
determinando o ritmo de aderência das novas tecnologias. O grupo de entrevistados
entre 25 e 34 anos também segue a tendência do primeiro e também se declara
propenso a assistir programas de TV no computador.
Quadro 2: Porcentagem global de de consumidores que assitem algum tipo de programação
audiovisual em computadores.
58
E em telefones celulares.
Quadro 3: Porcentagem global de de consumidores que assistem algum tipo de programação
audiovisual em telefones celulares.
Embora seja o grupo dos mais jovens que esteja liderando a migração para
novas plataformas, a lealdade ao conteúdo e não ao canal é uma característica
comum em todas as idades entrevistadas.
Quadro 4: Relação entre canais e programas de TV assistidos por consumidores
59
Mais de um terço das pessoas que participaram da pesquisa assistem em
média mais de seis canais e programas todas as semanas. As pessoas não estão
escolhendo um canal para assistir, e sim estão em busca de um conteúdo
específico, comportamento este que corrobora com a convergência entre mídias.
Por esta pesquisa percebemos claramente que o antigo telespectador está se
tornando cada vez mais um usuário multi-plataforma. A pesquisa também diferencia
qual é o tipo de conteúdo preferido para ser acompanhado pelo celular e pelo
computador.
Tabela 1: Preferência global sobre a programação vista em telefones celulares e
computadores.
No celular os assuntos por ordem de preferência são: informações de
utilidade pública, conteúdo produzido pelo usuário, programação específica que não
encontrada na televisão, destaques, versões reduzidas de programas de TV. No
computador: episódios completos de séries televisivas, informações de utilidade
pública, programação específica que não encontrada na televisão, conteúdo
produzido pelo usuário, destaques e finalmente, versões reduzidas de programas de
TV.
60
Entrevistados dos oito países participantes assistem em média, 70.6 horas de
conteúdo audiovisual por semana sendo que somente 23% desse montante é visto
em aparelhos tradicionais de televisão. Três de cada dez pessoas assistem
programação audiovisual em uma nova plataforma.
Quadro 5: Quantidade de programas vistos semanalmente
suplementares(telefones celulares, PDAs e computadres).
em
dispositivos
Numa classificação por países, o Brasil ocupa o terceiro lugar em interesse
por recepção de conteúdos audiovisuais em telefones celulares.
61
Quadro 6: Consumidores interessados receber programação audiovisual em telefones
celulares.
Bem como através de computadores.
Quadro 7: Consumidores interessados receber programação audiovisual em telefones
computadores
E também estariam dispostos a pagar por conteúdo baixado através da
internet e de telefones celulares.
Quadro 8: Consumidores que pagariam por downloads de programação audiovisual em
telefones celulares e computadores.
62
3.5 Um novo comportamento
No congresso TV 2.0 de 2008, Alex Banks, gerente para a América Latina
para a empresa de pesquisas comScore, apresentou dados que mostram o Brasil
ocupando o 14º lugar em média de visitas a sites multimídias entre 32 outros países.
Já especificamente no Youtube, somos o 7º no ranking sendo que somente durante
o mês de Julho de 2009, 21,2 milhões de brasileiros acessaram o portal. Ainda
segundo o executivo, o portal globo.com teve um crescimento de 35% em número
de acessos e completou declarando que a estratégia utilizada nas novas mídias tem
foco na questão da preservação do público e que 20% dos usuários de internet são
considerados heavy-users42 de vídeo, 30% são usuários médios e o restante pouco
acessam vídeos na internet. No mercado norte-americano os vídeos on-line são um
sucesso e Banks aposta que no Brasil isso se repetirá. Afinal, com uma menor
penetração da banda larga em relação aos Estados Unidos, o Brasil já apresenta
números muito expressivos em termos de acesso aos vídeos na internet. Uma
demonstração desse potencial pôde ser observado no recém atualizado portal de
emissora de TV “Rede TV” que hoje transmite na rede simultaneamente a
programação exibida na TV e que atingiu 350 mil acessos durante a exibição do
programa “Pânico na TV”. As outras emissoras brasileiras ainda não transmitem ao
vivo na internet sua programação na íntegra, mas disponibilizam alguns programas
em versões completas ou reduzidas e também apostam em conteúdo exclusivo
desenvolvido para seus sites, mas com alguma conexão clara ao conteúdo exibido
na emissora. Ou seja, não há um traçado claro do caminho do conteúdo audiovisual
on-line, ainda não existe um modelo claro de sucesso entre os maiores portais e
sites das grandes emissoras brasileiras, a Rede Record por exemplo tem mais
audiência nos vídeos que são disponibilizados na íntegra com média de
permanência de uma hora e vinte minutos no site.
Nos Estados Unidos, o digital video recorder43 (DVR) é bastante popular, ele é
um sistema que permite a gravação doméstica da programação transmitida via cabo
ou satélite. As imagens ficam armazenadas em forma de dados num disco rígido
para que possam ser reproduzidas quando o espectador quiser. Esta tecnologia já
42
Usuários que consomem muito e com muita freqüência determinado produto ou serviço.
Equipamento que conectado ao televisor grava em sua memória a programação selecionada que é exibida
pelas emissoras de TV.
63
43
existe nos aparelhos de televisão fixos de última geração, mas não nos portáteis. De
qualquer maneira, seu uso cada vez mais comum quer dizer que o usuário é o
senhor da sua programação. As operadoras de TV oferecem serviços de DVR pagos
e bloqueados somente para assinantes. Outra possibilidade existente de
armazenagem ou captura de imagens são os gravadores de DVD de mesa e quando
existe a disponibilidade do conteúdo on-line, normalmente está disponível, o usuário
realiza o download e pode levá-lo para ser assistido onde quiser. Como no Brasil a
penetração do DVR e dos gravadores de DVD de mesa ainda não é significativa e
os serviços de armazenagem oferecidos pelas operadoras de TV a cabo ainda
possuem um custo muito elevado, pode-se concluir que a maior parte dos
“programadores” organize seu conteúdo via web. Para o mercado, a pirataria
sinaliza que o usuário busca conteúdo gratuito e sob demanda.
Quando entramos na questão da pirataria ou downloads ilegais de conteúdos
protegidos por direitos autorais tanto através do celular como de pontos fixos de
acesso a internet, vemos ações que buscam agradar usuários e empresas. Como
por exemplo, a operadora canadense Rogers Cable, que está preparando um portal
de vídeo na internet que vai disponibilizar para seus assinantes de TV a mesma
programação que ele recebe pelo cabo na internet. Oferecendo esse conteúdo ondemand, direto na rede, vai possibilitar uma reconstrução da grade de programação
da operadora. Este modelo adiciona valor à assinatura de TV a cabo agradando o
usuário e permite que a operadora tenha mais um veículo para vender publicidade.
Este tipo de serviço é a clara demonstração de que a convergência de mídias é um
caminho sem volta, que já vinha se desenhando informalmente nas mãos dos
usuários. Um exemplo disso é a enorme quantidade de séries e programas de TV
disponibilizados nos sites de troca de arquivos infringindo as leis de direitos autorais.
A ação da operadora canadense visa coibir a circulação ilegal deste material e
também obter lucro através de publicidade inserida na nova mídia, mesmo quem
assina TV a cabo tem o costume baixar seus programas favoritos para assisti-los na
hora e no dispositivo que lhe for mais conveniente. É difícil medir a quantidade de
arquivos que são baixados na internet, mas é possível se ter uma idéia deste
montante pelas medidas governamentais que são tomadas todos os anos através de
campanhas ou até medidas que visam coibir estas ações. Como foi citado no
capítulo 02 a respeito do mercado, numa pesquisa encomendada pela Futuresource
64
Consulting44 mostra que aproximadamente 8% dos usuários na Alemanha, Estados
Unidos, França e Grã-Bretanha admitem fazer download ilegal de vídeo. Entre os
norte-americanos, 15% declararam que ao menos uma vez na vida assistiram algum
produto audiovisual no computador adquirido através de download não oficial.
No meio digital, nunca foi tão democrático a disseminação de produtos
culturais e de entretenimento. Extra-oficialmente é possível assistir filmes,
programas de TV, instalar aplicativos, ler livros, escutar audiolivros45, baixar
conteúdo de revistas, músicas e jogos. Tudo de graça, e sem respeitar nenhum
direito autoral, tudo ao alcance de um clique. No meio digital, nunca foi tão difícil
comercializar conteúdo, pois, como já foi dito, com o processo de digitalização, fica
praticamente impossível designar os “donos” do material. Uma vez digitalizado, sem
corpo físico, o conteúdo flui com muita rapidez chegando a lugares nunca antes
imaginados.
3.6 Pesquisa com early adopters brasileiros
O termo early adopter foi cunhado por Everett Rogers e apareceu pela
primeira vez em seu estudo Diffusion of Innovations de 1962 no qual apresenta uma
teoria de como, porque e em qual intensidade novas tecnologias e conceitos são
absorvidos pela sociedade. Os early adopters são, segundo as idéias de Rogers, a
categoria de usuários que ocupa o segundo lugar em velocidade de adoção destes
novos paradigmas, ficando atrás dos Innovators, grupo que primeiro adota e cria as
tendências. Citando Rogers em uma tradução minha, “Early Adopters são jovens, de
classes mais abastadas, com nível de escolaridade mais alto que a média e mais
aptos à socialização do que pessoa que não adotam a novidade tão rapidamente”
(ROGERS, 1962, p. 185).
Criei um breve questionário, a respeito do interesse por vídeos para assistir
no celular, direcionado a um grupo específico de early adopters. A pesquisa foi
realizada entre os membros da comunidade N95 & N95 8GB46 do Orkut, que
44
Empresa de pesquisa e consultoria com sede no Reino Unido especializada em tecnologia e audiovisual.
Gravação dos conteúdos de um livro lidos em voz alta que podem ser disponibilizados na internet ou
comercializados por editoras.
46
Modelos de smartphone fabricado pela empresa finlandesa Nokia
45
65
possuía 58.425 membros até Julho de 2009. A principal característica da
comunidade, que é especializada no modelo de celular N95 da Nokia, é a utilização
de aplicativos para o dispositivo, os usuários discutem e trocam informações sobre
como explorar melhor as características do aparelho dadas pelo fabricante; entre
elas como assistir TV e vídeos no celular.
Considero muito relevante observar como eles estão utilizando a tecnologia, pois
cada vez mais são os usuários que apontam quais caminhos podem ser seguidos
pelas empresas, nunca foi tão importante saber como o usuário se comporta, quais
são seus desejos e para qual direção ele está apontando.
Os resultados com a pesquisa indicam que estes usuários específicos, os
early adopters, da tecnologia móvel indicam que os mais participativos são pessoas
do sexo masculino. Dos 158 entrevistados, 97% são homens e somente 3% são
mulheres. Em relação a faixa etária, a pesquisa apontou que a maioria desses
usuários tem entre 18 e 25 anos representando 47% dos questionários respondidos,
em segundo lugar está o grupo entre 26 e 35 anos, totalizando 27%, em terceiro
lugar o grupo de usuários com idade entre 12 e 17 anos participando com 20%;
pessoas com 36 anos ou mais totalizam 6% do grupo e os com menos de 11 anos
representam 1 % da pesquisa.
Foi perguntado a todos os participantes qual a principal atividade realizada
através do telefone celular além de conversar por voz e enviar e receber mensagens
de texto. Surpreendentemente, navegar na internet é a principal atividade, em
segundo lugar os jogos instalados no dispositivo, em terceiro o uso do GPS e em
quarto lugar assistir TV ou vídeos. Navegação da internet e jogos no celular quase
empatam. O primeiro ficou com 40% da preferência dos usuários e o segundo com
35%. A utilização do sistema de GPS representou 14% e os que assistem mais TV e
vídeos no telefone do que quaisquer outras atividades representaram 11% dos
participantes.
A próxima pergunta da pesquisa questionava se o usuário assistia TV ou
vídeo no celular e quanto tempo por dia ele o fazia. Somente 16% ou 25 usuários,
ainda não tem o costume de assistir conteúdos audiovisuais no telefone celular, uma
indicação clara que a grande maioria dos early adopters realmente estão fazendo
uso desta nova possibilidade de programação audiovisual. Porém, as respostas
indicam que o uso para a maioria deles ainda é esporádico e exclusivo em pequenos
66
momentos do dia quando o usuário está por exemplo, no transporte público ou pelo
tempo reduzido quando vai ao banheiro, utilizando o dispositivo em substituição as
revistas. Os resultados mostram de 50% ou 79 dos 158 participantes da pesquisa
assistem menos de 30 minutos por dia de programação audiovisual nos seus
dispositivos móveis; 26% que representam 41 entrevistados responderam que
assistem entre 30 e 60 minutos por dia; e somente 8%, que equivalem a 13
pesquisados, assistem mais de 60 minutos de TV ou vídeos no celular durante um
dia. Interessante pensar que a média de tempo gasto assistindo de TV aberta
convencional pelo brasileiro, segundo dados do IBOPE chegou a quatro horas e
quarenta e dois minutos em 2008 e que a média de horas gastas com TV móvel
obtida através desta pesquisa não chega a trinta minutos por dia, denota claramente
que a TV móvel mesmo já fazendo parte do cotidiano do grupo, ainda pode
aumentar muito sua penetração e isso deve acontecer quando os preços dos planos
de dados e dispositivos que recebem os diferentes modos de recepção de TV móvel
estiverem mais acessíveis.
O questionamento que veio em seguida abordou a tecnologia utilizada para
recepção do conteúdo audiovisual, qual modelo de recepção é o mais utilizado para
assistir a programação? Foram apresentadas as seguintes alternativas: web TV (
Youtube e outros portais de vídeo), canais de TV em streaming oferecidos pela
operadoras (modelo broadcast), download de conteúdos on demand das
operadoras, TV aberta analógica e TV aberta digital. O modo de recepção mais
utilizado pelos usuários da pesquisa foi web TV, 62% (98 usuários), muito
possivelmente, por causa da enorme quantidade e variedade de vídeos do portal
Youtube e também por causa da facilidade e economia, pois o usuário ao assinar
um plano de dados, pode navegar no portal de vídeo que quiser e assim usufruir de
conteúdos distintos. O segundo modo de recepção mais popular apontado pela
pesquisa foram os canais de TV das operadoras disponibilizados em streaming,
totalizando 25% da preferência (39 usuários), este modelo oferecido pelas
operadoras se assemelha com a TV paga convencional (broadcast), porém cada
canal é vendido separadamente e atrai os usuários pelo conteúdo específico e
orientado a cada tipo de pessoa, a facilidade em adquirir o serviço também
influencia bastante o usuário na hora de decidir por este modelo. O download de
vídeos direto das operadoras ficou em terceiro lugar na preferência dos usuários
67
pesquisados com somente 7% (11 usuários) este modelo é pouco vantajoso para o
usuário pois ele pagaria caro, em média três reais por vídeos que não chegam a 1
minuto de duração, para ter o vídeo no telefone celular. Esse dado demonstra que
entre o grupo pesquisado outras alternativas para ter o “vídeo do momento”, que na
maioria das vezes está disponível em diversas plataformas, não passa pelo
download on demand das operadoras, o usuário pode baixar o vídeo através da
internet, converte-lo em seu computador para o formato específico aceito pelo
dispositivo móvel e transferi-lo para o celular sem precisar pagar pelo conteúdo para
a operadora. Entre outros grupos de usuários esta modalidade tem uma melhor
aceitação pois, por enquanto, não são todas as pessoas que possuem um
computador conectado à internet à disposição e que tenham o domínio técnico para
realizar este procedimento. Por último aparecem TV aberta analógica com 5% (8
usuários) e TV aberta digital com 1% (2 usuários), estes dados provavelmente estão
aparecendo na última colocação pois os usuários da comunidade pesquisada, são
especialistas no modelo de telefone N95 da Nokia que não recebe os sinais de TV
aberta, possivelmente se a pesquisa tivesse sido realizada entre usuários que
utilizam um telefone que recebe sinal de TV aberta, elas figurariam em uma posição
mais privilegiada dado ao custo zero e facilidade de uso. O último questionamento
levantado pela pesquisa gira em torno do conteúdo audiovisual mais assistido nos
dispositivos móveis. Foram elencadas as seguintes opções: desenhos, novelas,
séries, conteúdos adultos, notícias, esportes e filmes. O conteúdo mais assistido,
com 28% (44 usuários) foi filmes, reforçando a característica que estes usuários
preferem baixar o conteúdo gratuitamente na internet, converte-lo para o formato
aceito pelo celular e transferi-lo para o mesmo, tendo em vista que as operadoras
ainda não oferecem filmes completos ao usuário. Este comportamento sugere outra
questão, já que a maioria dos usuários declararam que não assistem mais de 30
minutos de vídeo no celular por dia, eles devem assistir os filmes de maneira
fragmentada nos momentos de folga, do mesmo jeito que costumamos ler um livro.
Em segundo lugar na pesquisa, com 25% (40 usuários) da preferência do usuário
figurou esportes, o gênero esportivo na TV, sucesso de audiência na TV aberta
reflete sua popularidade também na programação móvel, por sua alta penetração,
tanto operadoras como usuários disponibilizam vídeos com os gols da rodada,
melhores momentos dos jogos e vídeos editados que mostram os melhores
68
momentos de jogadores e esportes específicos, inclusive esportes inusitados e
radicais, por esse motivo, fica difícil determinar por onde o usuário recebe esse
conteúdo. Notícias e séries empataram na preferência dos pesquisados com 14%
(22 usuários), os seriados de TV não são oferecidos nos pacotes disponibilizados
pelas operadoras, então eles vão para o celular dos usuários do mesmo modo que
os filmes; já os noticiários circulam tanto através dos canais das operadoras como
nas web TVs, possibilitando que os conteúdos sejam vistos por usuários que
assinam os pacotes de dados que possibilitam acesso às TVs na internet e também
por quem compra a assinatura de canais de notícias direto com a operadora de
telefonia móvel. Na sequência, aparece o conteúdo adulto com 10% (16 usuários),
que pode ser assinado através de canais específicos das operadoras, em modelos
unicast e broadcast, baixado no PC e transferido para o telefone celular e também
assistido através de web TVs gratuitas. Depois do conteúdo adulto, o gênero mais
assistido nos dispositivos móveis são os desenhos animados com 9% (14 usuários)
também devido a sua popularidade, o gênero está disponível tanto através das
operadoras, em modelos unicast e broadcast, como para ser baixado na internet e
visto em web TVs gratuitas.
69
CONCLUSÃO
Ao longo deste estudo pude perceber que o futuro da TV móvel no Brasil é bastante
promissor. Em resumo, ela é a união de características que vão de encontro com o
que o usuário moderno busca: mobilidade unida à tão consolidada TV. Outro ponto
que foi se revelando nesta pesquisa é a questão da programação sob demanda;
diversas pesquisas e estudiosos são unânimes em afirmar que o usuário quer
decidir sua programação, sem estar “amarrado” às grades de horários das
emissoras. Pessoalmente, eu acredito que a demanda de downloads ilegais de
conteúdo audiovisual é um forte indício de que cada vez mais, o consumidor força
uma desconstrução das estruturas fixas de horários das emissoras.
Outro indício bastante relevante de que a TV móvel terá um nível de alcance bem
sucedido é a questão do crescimento da telefonia móvel no país. Exatamente no
momento das conclusões finais desta dissertação, a ANATEL divulgou que três
importantes capitais brasileiras ultrapassaram a marca de um celular por habitante.
São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul desde agosto de 2009 já possuem
mais de uma linha telefônica móvel por habitante. Até então somente o Distrito
Federal tinha atingido este grau de teledensidade. Caso a tecnologia que permite a
TV móvel em aparelhos celulares seja popularizada nos mesmos, a TV móvel viverá
uma penetração sem precedentes. A mais recente pesquisa referente a abrangência
da TV móvel publicada dia 19 de agosto de 2009 conclui que ainda este ano a
modalidade deva chegar a marca de 54 milhões de usuários pelo mundo. O que
indica que o assunto TV móvel está somente no início, e, qualquer pretensão de
esgotar o tema seria muito mal sucedida. A questão que começa a ser desenrolada
aqui diz respeito à importância mobilidade nos dias de hoje. Haja vista as taxas de
crescimento que a telefonia móvel experimentou nos últimos anos. Comunicação
com mobilidade e conexão à internet, se tornaram valores sociais extremamente
desejados, independente de divisões sociais como vimos ao longo deste trabalho.
Em muitos casos, os usuários fazem uso da tecnologia independente de como o
mercado a disponibiliza, rompendo regras e até mesmo barreiras legais, muitos
deles buscam diariamente por novidades tecnológicas que ampliaram ainda mais a
experiência da comunicação móvel. Entendo que estas novidades, são facilitadores
70
do processo, também estão em muitos casos repletos de valores sociais, agregando
status ao usuário. Seja como for, é interessante observar como os aparelhos
portáteis se tornaram um dos principais objetos de desejo atual, pois, antes de mais
nada eles são essencialmente, comunicação e mobilidade, acrescidos de todo tipo
de entretenimento e funcionalidades. A união da TV com a mobilidade é realmente
promissora, existe nessa idéia a sensação de aproveitamento de tempo e liberdade.
Nos últimos instantes deste trabalho, foi publicado um levantamento feito pela
empresa de pesquisas e comportamento In-Stat
desenvolvida para a Telegent
Systems, fabricante de componentes para TV móvel, a respeito dos usos da TV
móvel. A pesquisa realizada no Brasil, Turquia, Colômbia e Indonésia revelou que
em todos estes países, a maioria dos usuários prefere assistir TV móvel quando
estão se locomovendo, reforçando a questão do aproveitamento do tempo “ocioso”.
Todas as questões levantadas sobre a indefinição de um modelo de negócio
rentável podem estar começando a se delinear neste exato momento, em que
diversos executivos apontam para uma TV móvel gratuita impulsionando a adesão
de um modelo pago, ambos coexistindo e fomentando-se mutuamente. Porém, a TV
móvel possibilita um novo uso dos conteúdos audiovisuais e ele realmente já está
acontecendo, talvez não do modo mais organizado, do jeito que emissoras de TV,
operadoras de telefonia e produtoras de conteúdo gostariam, pois a digitalização, o
conhecimento coletivo e os processos tecnológicos já não mais permitem o total
controle por parte delas. Atualmente o usuário já pode definir o que quer ver, quando
quer ver e se quer pagar por ele. O modelo de negócio ideal para a TV móvel, seja
qual for, provavelmente não será eterno, pois para uma parcela de usuários, que
dominam a tecnologia e que não para de crescer, o conteúdo e a programação é
livre.
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