Revista Eletrônica Aboré Publicação da Escola Superior de Artes e Turismo - Edição 03/2007
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O PANORAMA DAS ARTES PLÁSTICAS EM MANAUS
Luciane Viana Barros Páscoa1
RESUMO:
Este texto procura estabelecer uma visão panorâmica do movimento das artes plásticas na
cidade de Manaus, reunindo as informações existentes até o momento sobre os artistas, suas
obras e suas concepções estéticas. As expressões artísticas abordadas foram as seguintes:
fotografia, pintura, escultura e decoração. O período de estudo compreende desde a segunda
metade do século XIX até meados da década de 70 do século XX, com destaque para a
produção referente ao ciclo da borracha e ao movimento artístico e literário Clube da
Madrugada e seus desdobramentos.
PALAVRAS-CHAVE: Artes Plásticas Manaus
Séculos XIX e XX.
ABSTRACT:
This paper aims to show a landscape approach for visual arts movement in Manaus,
amounting informations about artists, their works and aesthetic conceptions. It includes
painting, sculpture, photograph, and decorative arts. The period analyzed envolves from the
middle of XIXth century to 70s, featuring issues from Rubber Boom cycle and Clube da
Madrugada movement with later consequences.
KEYWORDS: Visual arts Manaus
19th century and 20th century
As informações sobre as artes plásticas no Amazonas (pintura, escultura, arquitetura,
fotografia e assemelhados) começam no alvorecer dos tempos provinciais, por volta de 1850,
quando Hipólito Marinette tirava imagens em daguerreótipo na capital amazonense. Depois
dele vieram outros fotógrafos, tais como Marco de Panigai, que manteve até 1910 o seu
Atelier do Fotógrafo (PÁSCOA, 1997, p. 234). Mas particularmente interessante é o italiano
Arturo Luciani, chegado a Manaus no fim do período imperial. Seus primeiros trabalhos
foram como pintor decorativo de casas e prédios públicos, pois desde 1887 já se anunciava
como decorador e pintor. Alguns imóveis em Manaus ainda conservam trabalhos semelhantes,
ainda que não se confirme a autoria. Mas Luciani também se dedicou ao desenho artístico,
chegando a ocupar o cargo de professor desta habilidade no Instituto de Educandos Artífices,
1
Doutora em História Cultural pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto (Portugal), Mestre em
História História da Arte pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), licenciada em artes
plásticas e música pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista «Júlio de Mesquita Filho» (UNESPSP). É professora de Estética e História da Arte e Filosofia da Arte no curso de Música da Escola Superior de
Artes e Turismo da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).
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entre 1889 e 1899, e na Academia de Belas Artes, no departamento de Artes Objetivas por
volta de 1900 (Op. Cit, p. 96).
No começo do século XX, Luciani chegou a representar o Amazonas em uma
exposição nacional, levando consigo dezenas de telas em que estavam figuradas sobretudo as
paisagens amazônicas e algumas personalidades locais. Um pouco depois disto o italiano
empreenderia os trabalhos artístico-decorativos no velho teatro Éden, que chamar-se-ia então
Eldorado. Por volta desta mesma época abriu seu ateliê fotográfico em Manaus, restando
alguns exemplares de seu trabalho em mãos particulares e em museus na Itália. (PÁSCOA,
1997, p. 167).
Ilustração 1. Arturo Luciani. Arturo Furlai. Albumina, 162 x 107 mm. Biblioteca dell'Archiginnasio Fondo Cervi, Bologna. (Frente)
Ilustração 2: Arturo Luciani. Arturo Furlai , albumina, 162 x 107mm, Biblioteca dell' Archiginnasio Fondo Cervi, Bologna. (Verso)
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Entretanto, os mais afamados fotógrafos em atividade no Amazonas foram os sócios
George Hübner e Libânio do Amaral. Eles já haviam comprado a célebre Fotografia Fidanza,
do Pará, ainda no século XIX, e também possuíam uma casa comercial semelhante no Rio de
Janeiro. Em Manaus fundaram a Photographia Alemã em 1900, cuja existência chegou a
meados do século XX, já sob outra direção. Libânio do Amaral, que viveu em Manaus algum
tempo, era irmão do famoso pintor e decorador Crispim do Amaral (1858-1911) (PÁSCOA,
1997, p. 19). Este, por seu turno, envolveu-se com o Amazonas bem mais cedo. Começou a
estudar desenho e pintura em Pernambuco com o francês León Chapelin. Dedicando-se
inicialmente à cenografia, transferiu-se em 1876 para Belém e mais tarde fixou-se em
Manaus, realizando trabalhos destinados às companhias teatrais nestas duas cidades.
Permaneceu no norte durante oito anos, e depois residiu por cinco anos em Paris, onde
estudou e trabalhou. De volta ao Brasil, realizou trabalhos importantes de decoração e mesmo
de concepção visual e artística do Teatro Amazonas. Nos seus últimos anos estava no Rio de
Janeiro, onde exerceu a atividade de caricaturista em publicações como «O Malho», «A
Avenida» (1903-05), «O Pau» (1905) e «O Século» (LEITE, 1988-b, p.142).
Para desenvolver o trabalho das pinturas do Salão Nobre e do plafond do Teatro
Amazonas, Crispim do Amaral indicou o artista italiano Domenico de Angelis (1853-1900),
oriundo da antiga e renomada Academia di San Luca em Roma, fundada no século XVI. De
Angelis associou-se com o pintor Giovanni Capranesi (c.1851-1936), com quem manteve um
ateliê de artes decorativas De Angelis/Capranesi situado na Praça Vittorio Emanuele em
Roma (VALADARES, 1974, p.81). Juntos, estes artistas realizaram vários trabalhos de
grande importância na Itália, tais como a decoração de uma sala do Palácio Ferri, do Salão do
Banco da Itália, do interior da Capela do Sagrado Coração na Igreja de São Inácio, para
mencionar alguns. A equipe de De Angelis e Capranesi contava ainda com os pintores
assistentes Adalberto de Andreis e Francesco Alegiani, além do arquiteto Sílvio Centofanti,
todos vindos da Itália. Pode-se afirmar que a elaboração das pinturas do Teatro Amazonas é o
resultado de um trabalho coletivo. (PÁSCOA, 1997, p.22)
Sílvio Centofanti ganhou notoriedade em Manaus, onde viveu durante algum tempo
com um escritório de arquitetura, chegando mesmo a lecionar na Academia Amazonense de
Belas Artes por volta de 1908. É de sua autoria a pavimentação da praça de São Sebastião e
são atribuídas a este artista a execução das pinturas murais da Igreja de São Sebastião e a
montagem dos altares da Catedral Metropolitana de Manaus (Igreja Matriz de Nossa Senhora
da Conceição) (VALADARES, 1974, p.95).
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O grupo de esculturas em gesso do Salão Nobre do Teatro Amazonas são obras do
toreuta Enrico Quatrini, que também trabalhou com De Angelis em dois monumentos de sua
concepção, o da Abertura dos Portos do Amazonas, na praça de São Sebastião e o monumento
ao Bispo do Pará, Dom Caetano Brandão no Largo da Sé em Belém, concebidos e erigidos
entre 1899 e 1900.
São atribuídos a De Angelis e seus assistentes a criação dos panos de boca e parte do
teto do foyer do Teatro Amazonas, além do painel que representa a fuga de Peri e Ceci,
personagens do romance «O Guarani» de José de Alencar, que inspirou a ópera homônima de
Carlos Gomes. O Teatro Amazonas é uma obra eclética que corresponde à belle époque,
revivendo estilos passados na História da Arte (VALADARES, 1974, p.56). Em Belém,
Domenico De Angelis também executou a pintura dos tetos do foyer (destruído pela
infiltração da chuva) e da sala de espetáculos do Theatro da Paz, bem com os painéis dos
altares laterais (Madalena, São Jerônimo e São Sebastião), o teto da nave e o painel do coro da
Catedral da Sé, além da pintura realizada no antigo Paço Municipal, representando a morte de
Carlos Gomes.
No início do século XX, Manaus abrigou ainda alguns outros artistas importantes,
como os pintores acadêmicos Fernandes Machado (1895-19--?), Aurélio de Figueiredo (18561916) e Antônio Parreiras (1860-1937). Fernandes Machado foi pintor e decorador, estudou
na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro com Rodolfo Amoedo, Henrique
Bernardelli e Modesto Brocos. Recebeu em 1901 o prêmio Viagem ao Estrangeiro, através do
qual aperfeiçoou-se em Paris na Académie Julien, onde estudou com Jules Lefebvre, Robert
Fleury e Jean-Paul Laurens. Realizou uma exposição no Amazonas em 1907, encontrando-se
no acervo da Pinacoteca do Estado do Amazonas algumas de suas melhores pinturas
históricas, como A Glória Coroando Gonçalves Dias (s.d) e Primeiro Vôo de Santos Dumont
(c.1906-07). (PONTUAL, 1969, p.326)
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Ilustração 3: Joaquim Fernandes Machado. O primeiro vôo de Santos Dumont. Óleo sobre tela, c.1906. 228
x 164 cm. Coleção Pinacoteca do Estado do Amazonas.
Aurélio de Figueiredo, irmão de Pedro Américo, foi paisagista, retratista, caricaturista
e desenhista. Estudou na Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro e completou
seus estudos em Florença, especializando-se em pintura de história, gênero e retratos. Uma
obra de caráter histórico deste artista pode ser apreciada atualmente no interior do prédio da
Biblioteca Pública do Amazonas, intitulada A Lei Áurea. No acervo da Pinacoteca do Estado
do Amazonas estão as telas O Último Baile da Ilha Fiscal (1905) e O Banho de Ceci (s.d).
Sobre a obra O Último Baile da Ilha Fiscal, Araújo Viana comentou:
É uma concepção alegórica: irrompendo das nuvens e aos primeiros clarões
da alvorada, marcha como um sonho glorioso, o carro triunfal da República, que iria
ser proclamada no dia seguinte. É um tema magnífico. Embaixo, à luz das
gambiarras e dos archotes, agita-se todo um brilhante mundo prestes a soçobrar, o
Imperador e os grandes do império, alheios, no tumulto jovial da festa, ao perigo
iminente que se anuncia nos longes do horizonte político. (VIANA apud LIMA,
p.851)
No Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas existem duas telas da autoria de
Aurélio de Figueiredo, a saber, um retrato da Princesa Isabel e um retrato de Dom Pedro II.
Este artista esteve em Manaus realizando exposições em algumas ocasiões, em 1888, 1907 e
19092. Na sua estada de 1907 na cidade, chegou também a integrar o corpo docente da
Academia Amazonense de Belas Artes (PÁSCOA, 1997, p.97). Sobre a recepção do artista
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Conferir o periódico Diário do Amazonas, em 18 de março de 1910.
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em Manaus, sobreviveu um relato a partir das memórias do pintor, registradas por sua filha
Heloysa de Figueiredo Cordovil:
No Amazonas, principalmente, foi alvo de manifestações de grande apreço
que lhe prestaram os conterrâneos ali residentes, que lhe ofereceram um banquete na
residência do Major Juvêncio França, na Praça da Saudade, nº 11. Nele tomaram
parte, entre outras personalidades de destaque, o Coronel Camilo Amora, o Senhor
General Marques Porto, ladeados pelos Senhores Dr. Moreira Alves, Juiz da
Comarca do Acre, Coronel Egydio Pinheiro, Comandante do Regimento Militar do
Estado [...] (1985, p.20).
No acervo da Pinacoteca do Estado do Amazonas figuram duas obras de Antônio
Parreiras: são duas pinturas a óleo, intituladas Quarta-feira de Cinzas (1904) e Caçador
Furtivo (1903). Provavelmente estas obras foram adquiridas pelo Governo do Estado do
Amazonas durante uma exposição individual deste artista em Manaus, no Palácio Rio Negro,
em 1905. António Parreiras iniciou seus estudos na Academia Imperial de Belas Artes no Rio
de Janeiro em 1883, foi membro do Grupo Grimm e em 1888 complementou seus estudos na
Academia di Belle Arti di Venezia. Em 1905, este artista esteve em Belém para aprofundar
seus estudos sobre a paisagem amazônica e expôs no Theatro da Paz, retornando a esta cidade
em 1908, quando entregou ao Governo do Estado do Pará a tela A Conquista da Amazônia
encomendada pelo governador Augusto Montenegro, no ano de 1905. Esta obra é considerada
sua composição histórica de maior formato. (LEITE, 1988, p.386-388)
Ilustração 4: Antônio Parreira. Quarta-feira de Cinzas, 1904. Óleo sobre tela, 200 x 150 cm. Coleção
Pinacoteca do Estado do Amazonas.
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Neste mesmo período, Manaus possuía uma plêiade de artistas nacionais e estrangeiros,
especialmente italianos, como os escultores da marmoraria Ítalo-Amazonense, cujas obras
mais interessantes que sobreviveram até nossos dias encontram-se no secular cemitério São
João Batista.
O ensino das artes plásticas por sua vez desenvolveu-se tanto em escolas públicas,
como o Gymnasio Amazonense, onde o professor Salvador Carlos de Oliveira teve por
discípulo o ainda pequeno Manoel Santiago, como na citada Academia Amazonense de Belas
Artes, com corpo docente mais vasto, mas de atividade mais curta. O ensino de artes visuais
nesta Academia era feito no Ateliê de Artes Objetivas, que oferecia as matérias de Desenho,
Filosofia e História da Arte, onde empregava muito dos italianos acima citados (PÁSCOA,
1997, p.98).
Manoel Santiago (1897-1987), nascido em Manaus e falecido no Rio de Janeiro é um
dos artistas amazonenses de experiência internacional e de renome nacional, cuja formação
acadêmica se deu na Escola Nacional de Belas Artes (RJ) e depois no ateliê de Eliseu
Visconti, completando-se na Europa (após ganhar o Prêmio Viagem ao Estrangeiro em 1927,
concedido pelo Salão Nacional de Belas Artes), onde recebeu influências da Escola de Paris,
adotando um estilo impressionista tardio, de paleta luminosa e vibrante.
Ilustração 5: Manoel Santiago. O curupira, 1934. Óleo sobre tela, 64 x 54 cm. Coleção Pinacoteca do
Estado do Amazonas.
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O período posterior à primeira Guerra Mundial trouxe uma redução dos acontecimentos
artísticos e culturais no Amazonas. Era o fim de um tempo rico em realizações culturais e
econômicas, que correspondia ao ciclo da borracha. Somente nos anos 40 despontou um
nome. Branco Silva (1896-1959), nascido em Manaus e formado pelo Liceu de Artes e
Ofícios de Lisboa. Seu estilo acadêmico é dotado de um realismo mágico presente nas suas
obras paisagísticas e na retratística. Como pintor de retratos, destacou-se ao pintar o
presidente Getúlio Vargas, obra que se encontra no Museu da República (RJ). Destacou-se
também na elaboração de obras sacras, ganhando duas menções honrosas do Vaticano.
(PÁSCOA, 2001)
Pouco depois, a partir de 1945, despontaria Moacir Andrade (1927-), pintor autodidata
dotado de excelente domínio técnico, Em 1954, juntamente com poetas e escritores tais como
Antísthenes Pinto, Alencar e Silva e Jorge Tuffic, além de outros artistas plásticos
amazonenses, Afrânio de Castro, Oscar Ramos e Anísio Mello, fundou o Clube da
Madrugada. Sua trajetória pessoal foi marcada por diversas exposições no Brasil e no
estrangeiro. A obra pictórica de Moacir Andrade transitou entre o figurativismo
expressionista, a abstração lírica, o realismo fantástico tropicalista e o paisagismo naturalista,
com fortes implicações telúricas relacionadas com a região amazônica.
Ilustração 6: Moacir Andrade. O fazedor de bonecos de barro, 1964. Óleo sobre tela. Coleção Particular.
A partir de 1954 com o movimento cultural iniciado pelo Clube da Madrugada,
promoveram-se debates literários, cursos, palestras, festivais de cinema e exposições de artes
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plásticas. Com um caráter ideológico anárquico-libertário, o Clube da Madrugada realizou
várias ações vanguardistas nos anos 60 e 70. No campo específico das artes plásticas, realizou
o I e II Salões Madrugada, as I, II e III Feiras de Artes Plásticas, além de patrocinar
exposições coletivas e individuais de diversos artistas, dentre eles Afrânio de Castro, Álvaro
Páscoa, Horácio Elena, Getúlio Alho, Moacir Andrade, Marcos Vila, Gualter Batista, Óscar
Ramos, Paulo D Astuto, Jair Jacquemont, José Maciel, Marianne Overbeck, Paolo Ricci,
dentre outros (PÁSCOA, 2006, p.223).
Esta efervescência cultural culminou nos anos 60, com a criação Pinacoteca do Estado
do Amazonas pelo governador Arthur César Ferreira Reis. Instalada no prédio da Biblioteca
Pública, a Pinacoteca do Estado do Amazonas abrigou um acervo museológico significativo
da arte amazonense e brasileira. Os professores que lá ensinaram, foram de grande
importância para as artes. Eram ministrados cursos de desenho (Manoel Borges), pintura
(Moacir Andrade), História da Arte e Xilogravura (Álvaro Páscoa). Cabe aqui destacar o
talento retratístico de Manoel Borges (1944-1987), pintor, desenhista e fotógrafo, cujo estilo
realista e naturalista aproximou-se mais do aspecto acadêmico.
Ilustração 7: Manoel Borges. Cabocla, 1985. Aquarela sobre papel. 51 x 43cm. Coleção Pinacoteca do
Estado do Amazonas.
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A vertente expressionista e neo-realista faz-se presente nas obras do escultor,
entalhador, gravurista e professor Álvaro Reis Páscoa (1920-1997), artista português
naturalizado brasileiro, radicado em Manaus desde 1958. Iniciou sua formação artística no
Porto, onde tomou contato com movimento neo-realista e participou das atividades
vanguardistas do Teatro Experimental do Porto. Além de atuar no Clube da Madrugada e
contribuir para o suplemento literário Caderno Madrugada com xilogravuras e outras
ilustrações, exerceu durante sua trajetória um importante papel na política cultural do Estado
do Amazonas nos anos 70. Sua atividade pedagógica na Pinacoteca do Amazonas formou
uma geração de artistas plásticos, dentre eles Hahnemann Bacelar (1948-1971), Enéas Valle
(1951-), Zeca Nazaré (1952-), Van Pereira (1952-), Thyrso Muñoz (1952-), Jair Jacquemont
(1947), dentre outros que continuam ativos atualmente. (PÁSCOA, 2006, p.246-257)
Ilustração 8: Álvaro Páscoa. Mãe embalando filho. 1967. Xilogravura, 23 x 12 cm. Coleção Pinacoteca do
Estado do Amazonas.
Hahnemann Bacelar, jovem talento premiado em 1966, destacou-se na pintura e foi
profundamente influenciado pelo caráter expressionista de seu mestre Álvaro Páscoa. A
temática dominante de sua obra é a figura humana e a denúncia social, com colorido intenso e
vibrante.
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Ilustração 9: Hahnemann Bacelar. Miséria, 1968. Óleo sobre tela, 98 x 77cm. Coleção Pinacoteca do
Estado do Amazonas.
Van Pereira (1952 -), desenhista, pintor e ilustrador, integrou o Clube da Madrugada
nos anos 70, para o qual colaborou com inúmeras ilustrações de livros. Das mostras coletivas
que participou, destacam-se as seguintes: I Salão de Artistas Jovens do Pará, Belém (1971),
Bienal Nacional de São Paulo, São Paulo (1974) e Paço das Artes, São Paulo (1979). Em
1991, foi convidado pela Editora Fukuinkan de Tókio, Japão, para realizar uma série de
ilustrações para um livro da escritora japonesa Suma Jinnai, trabalho que o projetou
internacionalmente.
Ilustração 10: Van Pereira. Sem Título, 1974. Óleo sobre duratex, 65 x 51 cm. Coleção Pinacoteca do
Estado do Amazonas.
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Da geração mais recente, a figura mais destacada, tanto pela composição da obra
quanto pela difusão, é a de Roberto Evangelista. A partir da década de 70 contribuiu ao
panorama local com criações nas tendências da arte conceitual e land art no Amazonas.
Participou de diversas exposições no Brasil e no exterior, tais como na XIV Bienal
Internacional de São Paulo (1977), na Clocktower Gallery em (Nova York, 1989) e no Royal
Museum of Fine Arts (Bélgica, 1992), com destaque para a sua participação na XXIII Bienal
Internacional de São Paulo, no segmento Universalis Brasil em 1996.
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CORDOVIL, Heloysa de Figueiredo. Aurélio de Figueiredo:meu pai. Rio de Janeiro:
Gráfica Vida Doméstica, 1985.
LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário Crítico da Pintura no Brasil. Rio de Janeiro:
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________________________. Pintores Negros do Oitocentos. São Paulo, Ed. Emanoel
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LIMA, Herman. História da Caricatura no Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1963.
PÁSCOA, Luciane. Relações Culturais e Artísticas entre Porto e Manaus através da
obra de Álvaro Páscoa, em meados do século XX. Porto: Faculdade de Letras da
Universidade do Porto, 2006. (Tese de Doutorado)
PÁSCOA, Márcio. A Vida Musical em Manaus na Época da Borracha (1850-1910).
Manaus: Imprensa Oficial do Estado do Amazonas/FUNARTE, 1997.
PÁSCOA, Márcio. Branco e Silva. Série Memória nº 78.Manaus: Governo do Estado do
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PONTUAL, Roberto. Dicionário de Artes Plásticas no Brasil. Rio de Janeiro, Civilização
Brasileira, 1969.
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SAMPAIO, Patrícia; SANTOS, Francisco. (Org.) Estado do Amazonas em Verbetes,
Manaus: Governo do Estado do Amazonas, 2001.
TUFIC, Jorge. Clube da Madrugada: 30 anos. Manaus: Imprensa Oficial, 1984.
VALADARES, Clarival do Prado. Restauração e Recuperação do Teatro Amazonas.
Manaus: Governo do Estado do Amazonas, 1974.
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