26° Simpósio Espírita Instituição Beneficente “A Luz Divina” A Doutrina Espírita e seus Postulados O mês de abril é um mês de comemorações para nós espíritas. Há 155 anos, em 18 de abril de 1857, foi lançada em Paris, na França, a primeira edição de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec. Deu-se a apresentação da Doutrina Espírita ao mundo. O tema nesta tarde de 09/04/2012 é “A Doutrina Espírita e seus Postulados”, então vamos começar falando do homem que a codificou, que a organizou, para que seus ensinamentos chegassem até nós. “O Livro dos Espíritos” contém todos os princípios da Doutrina Espírita.Trata ele da imortalidade da alma, a natureza dos espíritos e suas relações com os homens, as leis morais, a vida presente, a vida futura e o futuro da humanidade. Tudo conforme o ensino dado pelos Espíritos Superiores, com o auxílio de vários médiuns, colhidos e ordenados por Allan Kardec, pseudônimo de Hippolyte Léon Denizart Rivail. Nascido na França, educado na Suíça, formado em Medicina, Kardec gostava muito dos estudos filosóficos, religiosos e pedagógicos. Foi professor e recebeu muitos diplomas, a maioria entre 20 e 30 anos de idade. Isso revela uma inteligência invulgar e uma vontade poderosa. Hippolyte Rivail era um homem de bem, mesmo antes de se tornar espírita e sua moral era irrepreensível. Espírito altamente consciente de sua função perante a sociedade. Era um homem sereno e compenetrado. Desempenhou sua função muito bem, sem orgulho e agiu sempre como mestre, ensinando. Por isso pode realizar a sua imensa tarefa, para a qual foi chamado pela Espiritualidade. Após 1857, surgem outras obras: O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese, obras que compõem o “pentateuco kardequiano”. Allan Kardec retornou ao plano espiritual em 31 de março de 1869, aos 65 anos de idade. Rompeu-se o aneurisma e ele caiu fulminado... Quando informado pelos Espíritos Superiores a respeito de sua missão, lançou-se ao trabalho e cumpriu retamente seus deveres com Deus, com a Humanidade e com sua própria consciência. Os termos Espiritismo e Espírita foram criados por ele, para designar a doutrina propriamente dita e seus adeptos. Nos dias de hoje, com a vida atribulada, muitas pessoas não se interessam ou não têm tempo para refletir sobre os problemas fundamentais da existência. As preocupações são outras, são os negócios, os prazeres, os casos particulares. Enquanto tudo vai bem, os dias se sucedem entre trabalho e divertimentos. As pessoas se preparam melhor para ganhar uma promoção. Perguntam: “qual será a moda no inverno”... “o point do momento para as badalações”....E a vida segue seu curso. Ah! E também para ficar “numa boa” com Deus, lembram de fazer uma oração, uma ação de caridade... Mas de repente, podemos ser surpreendidos por problemas diferentes daqueles enfrentados no dia a dia. É o filho que vai mal na escola, relacionamentos que terminam, trânsito; um ente querido que parte; ouvir do médico um diagnóstico que não queríamos ouvir; as finanças que se desequilibram ruinosamente. Aí vêm as noites em claro, a vida vira de ponta cabeça e chega, quase sempre, o desespero. Como faremos para enfrentar essas pedras enormes em nossos caminhos com fé, coragem entendimento e resignação? “Meu Deus me ajuda!” E se aguçarmos “nossos ouvidos de ouvir”, uma voz dentro de nós vai nos falar: “Filho, tem coragem, há solução para isso. Liberte-se dos imediatismos da vida material e se conheça como ser eterno, criado por Mim, construtor do seu destino e responsável por ele. Portanto, tome a iniciativa de abrir a porta que te mantém prisioneiro na ignorância, não tenha preguiça...” A Doutrina Espírita é, portanto, um meio adequado para que realizemos essa mudança em nós. Ela vai suavizar nossa jornada de espíritos a caminho da luz, abreviando ou eliminando dores, pois favorece o nosso entendimento das Leis Divinas. Kardec disse que a Doutrina Espírita é a “Ciência do Infinito”. Também alertou que ela não seria fácil de aprender, que precisaria de estudo contínuo. Como são necessários muitos anos para se formar um médico, como pretender que em algumas horas adquiríssemos a “ciência do infinito”. Mas, quem nada sabe da Doutrina Espírita ou sabe muito pouco, talvez se pergunte o que há nela de tão importante assim? Como ela vai me dar “colo” quando meus problemas se tornarem “pedras em meu caminho?” Kardec responde em um artigo publicado em 1865, na Revista Espírita, do qual citaremos alguns trechos: “O que nos ensina o Espiritismo”: - dá a prova da existência e da imortalidade da alma; - pela firme crença que desenvolve, exerce ação poderosa sobre o moral do homem, leva-o ao bem, consola-o nas aflições, dá-lhe força e coragem nas provações da vida; - retifica todas as falsas idéias que se tivessem sobre o futuro da alma, sobre o céu, o inferno, as penas e recompensas. Dá-nos a conhecer a vida futura e a mostra racional e conforme a justiça de Deus; - dá a conhecer o que se passa no momento da morte, sem mistérios. Esta tão temida passagem, que hoje já conhecemos suas particularidades. Esse conhecimento interessa a todos, pois todos os corpos físicos morrem; - pela teoria dos fluidos perispirituais dá-nos a conhecer o mecanismo das sensações e percepções da alma, explica assim os sonhos, o sonambulismo, as visões; - provando as relações existentes entre os mundos corporal e espiritual, mostra que o mundo espiritual é uma das forças ativas da natureza, um poder inteligente e dá a razão de uma porção de efeitos atribuídos a causas sobrenaturais, que alimentam muitas superstições; - deu-nos a conhecer as verdadeiras condições da prece e seu modo de ação, revelando a influência recíproca entre espíritos encarnados e desencarnados. Estas são algumas razões e nós vemos que Kardec tinha razão em denominá-la como “Ciência do Infinito”. Em seu tríplice aspecto: O Espiritismo é ciência, pois estuda à luz da razão os fenômenos mediúnicos O Espiritismo é filosofia, pois responde aos nossos questionamentos íntimos. O Espiritismo é religião, pois tem por finalidade a transformação moral do homem, retomando os ensinos de Jesus para serem aplicados no cotidiano. Mas é uma religião diferente das tradicionais: - sem dogmas - sem símbolos - sem sacerdócios - sem cultos exteriores. O culto espírita se reduz a prece e a concentração mental. A Doutrina Espírita consiste na: - crença em Deus; - na aceitação da existência dos espíritos superiores que velam pelo nosso destino na Terra; - na crença da sobrevivência e imortalidade do ser humano como espírito; - na possibilidade de comunicação entre vivos e mortos; - na aceitação do princípio da pluralidade dos mundos habitados; - no princípio da reencarnação. Desses princípios básicos decorrem outros e juntos nos respondem as questões filosóficas como: - Quem sou? - De onde venho e para onde vou após a morte? - Para que existo e o que estou fazendo aqui? - Quais as causas das desigualdades, dos destinos tão diferentes entre os seres que habitam este planeta. - Por que sofro tanto? - “Por que comigo?” – Ah! Essa é demais! Um dos postulados da Doutrina Espírita - a reencarnação - nos explica estas últimas questões. O espírito criado simples e ignorante decide e cria seu próprio destino. Tem para isso o livre arbítrio, ou seja, a capacidade de escolher entre o bem e o mal. Vai assim se desenvolvendo e se tornando cada vez melhor. Mas essa evolução requer aprendizado e o espírito só vai poder alcançar esse aprendizado, encarnando e desencarnando no mundo, quantas vezes forem necessárias para adquirir conhecimento. Certamente, hoje, estamos corrigindo enganos cometidos contra alguém, sofrendo as consequências do que fizemos de errado, ontem. A reencarnação é a oportunidade de reparação. E como Deus nos ama muito, a Sua Misericórdia não permite que nos lembremos das vidas que já tivemos. “Já imaginaram conviver em família, sabendo dos comprometimentos que tivemos em vidas passadas?” O Espiritismo, como o Cristianismo Redivivo, vai se impondo ao mundo de maneira irresistível. O mundo se renova constantemente porque o seu destino é a evolução. É a lei do progresso. Através das formas, a vida cresce, se expande e exige novos instrumentos de manifestação. As civilizações, como as plantas, os animais e os homens nascem, crescem, se desenvolvem, atingem apogeu, entram em declínio e morrem. Mas não apenas morrem, porque renascem também. Muitas civilizações já passaram pela Terra, suas estruturas desapareceram, mas os espíritos que as animavam ressurgiram nas civilizações seguintes e melhores. Os ideais do Cristianismo não puderam desenvolver-se em plenitude em tempo passado, mas suas transformações continuam em desenvolvimento e Jesus que previu tudo isso, anunciou a vinda de um “novo Consolador”. A vinda do Paráclito, o Espírito da Verdade. (João, 16:5-15) O Espiritismo é o cumprimento dessa promessa – é o Consolador prometido. Acrescenta a idéia que Jesus nos passou, da vida futura e a revelação da existência do mundo invisível que nos cerca e povoa o espaço. Fundamenta-se no princípio da reencarnação e estabelece as consequências morais da conduta humana frente às leis divinas. Mostra que a causa dos nossos sofrimentos, muitas vezes, está em existências anteriores, como já falamos, e mais uma vez reforça que Deus é justo e bom e não nos castiga. A Doutrina Espírita tem muito mais a nos oferecer, e o que falamos aqui, tão brevemente, nos dá uma pálida idéia do que ela representa para nossa educação como seres eternos que somos. Fica, então, o convite para que a estudemos e, a moral que ela adota, que é a do Evangelho de Jesus, realiza o nosso progresso individual, colaborando com o progresso coletivo, porque apesar das tribulações do mundo que vivemos, esse é um processo natural de evolução e no final, tenhamos certeza que nenhuma ovelha se perderá pois todas ouvirão e atenderão o chamado do pastor que as chama – Jesus! Stella Maris Petitto de Assis Palestra proferida em 09 de abril de 2012, na Instituição Beneficente “A Luz Divina”. Bibliografia consultada: Revista O Reformador, edição de março de 2002. O Finito e o Infinito, de Herculano Pires. O Principiante Espírita, de Allan Kardec. Curso Básico de Espiritismo, edição FEESP. Revista Espírita, 1865. Obras Póstumas, FEB. Instituição Beneficente “A Luz Divina” 26º Simpósio Espírita – de 02 a 28/04/2012