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A REALIDADE SOCIAL DOS TRABALHADORES DO CORTE DE CANA E O
TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL
Mirlaine Morais Da Silva
RESUMO
O presente trabalho tem o intuito de propor uma análise do trabalho rural, principalmente
aquele que se origina da cultura canavieira, e de como o profissional do Serviço Social pode
interagir proporcionando novas perspectivas de atuação profissional nesse setor da
agroindústria. Este campo requer uma visão da totalidade para que se possa ter um
posicionamento crítico acerca das formas administrativas de controle do capital e de
exploração de força de trabalho migrante e barata para movimentar a economia rural local.
Promove-se, assim, a mediação, propondo articulações entre políticas e lutas sociais que
estrategicamente darão legitimidade na forma de reivindicação e de gestão sobre o assunto.
Para o trabalho profissional do Serviço Social e para o Assistente Social torna-se relevante
este trabalho no sentido da disponibilização de um novo material de pesquisa, já que, como
este é um campo pouco explorado, o presente estudo pode contribuir para a formação
acadêmica e profissional do Assistente Social, possibilitando uma maior compreensão e
conhecimento específico da realidade social e das contradições estruturais geradas pelo
capitalismo no campo. Esse trabalho caracteriza-se pela natureza exploratória, utilizando-se
a Revisão de Literatura como procedimento de coleta de dados. As reflexões em torno das
contradições entre capital e trabalho, exploração, mais valia e lucro oportuniza o
crescimento de estratégias para o combate e enfrentamento das desigualdades sociais e da
condição de opressão do trabalhador rural em relação ao agronegócio, auxiliando a classe
trabalhadora e seus movimentos sociais com informações necessárias para a luta contra as
injustiças sociais e pela ampliação da sua cidadania e dignidade por meio de políticas
públicas. O reconhecimento dos direitos dos trabalhadores rurais se situa em um espaço de
colisão de interesses opostos, causados pelo conflito capital e trabalho. Envolvem lutas por
redistribuição de terras e o duelo por poder dos grandes latifundiários contra os pequenos
produtores que se tornaram assalariados. As reivindicações dos trabalhadores buscam
estratégias de enfrentamento das diversas expressões da questão social que marcam a vida
no campo e a luta pela reconquista da terra perdida, desde o início da colonização do Brasil.
Nesse contexto, o Serviço Social se insere como profissão extremamente necessária, voltada
à defesa e medição destes interesses e dos direitos humanos e a consolidação das leis
trabalhistas. Este trabalho propôs uma discussão sobre o trabalho rural e o capital, já que há
uma nova configuração para as várias formas de exploração, exclusão social e novas
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propostas de ampliação da cidadania dos migrantes trabalhadores rurais. Além disso,
permitiu a reflexão do assistente sobre a sua maneira de agir com o empregador e o
empregado, percebendo o jogo de forças políticas que atravessam a vida social do
trabalhador rural no Brasil. Sendo esta pesquisa baseado materialismo dialético, utilizando
como metodologia a pesquisa exploratória e a revisão de literatura.
Palavras-chave: Estado capitalista brasileiro. Questão agrária. Trabalhadores rurais. Canade-açúcar. Condomínio rural. Serviço Social.
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa verificar e conhecer a realidade social daqueles que
trabalham no corte da cana-de-açúcar, empregados por condomínios rurais, suscitando
reflexões acerca das suas demandas em relação ao trabalho, moradia, relações familiares e
comunitárias, acesso a serviços e políticas públicas, dentre outras. O trabalho rural abrange
os serviços braçais e a lida com as inovações tecnológicas que vem sendo introduzidas no
meio agrário. O que de fato ocorre é que não se pode, entretanto, abrir mão da mão de obra
humana, que é bastante empregada para produção de certos gêneros alimentícios e
monoculturas.
Dessa forma, surgem novas necessidades básicas de consumo, conforme o
desenvolvimento intelectual e material do homem, que traz consigo as várias formas de agir
e pensar dos sujeitos, as mudanças de comportamento diante da divisão da sociedade e suas
riquezas. Assim, no capitalismo, há interesses antagônicos entre as duas principais classes –
burguesia e o proletariado. O trabalhador torna-se alienado, visto que prevalece o valor dos
produtos criados pela força de trabalho do homem desvalorizando a humanidade. Em
consequência ocorre a concentração das propriedades rurais, fazendo com que haja
exploração e expropriação do trabalho humano.
Desde a antiguidade o trabalho rural faz parte da economia e das relações sociais. A
produção de cana de açúcar, por exemplo, no Brasil, gera centenas de empregos diretos e
indiretos. Nos lugares em que ocorre essa monocultura são oferecidas oportunidades de
emprego, incentivando a migração de trabalhadores que buscam melhores condições de
vida para si e suas famílias.
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Atualmente uma das formas utilizadas para empregar os cortadores de cana-deaçúcar são os condomínios rurais. Essa atividade é um meio de que se utilizam os
empresários do agronegócio para que possam contar com mais mão-de-obra, por um custo
menor, em períodos curtos de tempo. O que justifica esse empreendimento é a alegação de
que a contratação permanente e direta de trabalhadores tem maior custo tributário e que o
setor da agricultura está em um processo dinâmico e, diante disso, para que se alcancem
novos padrões de qualidade, sendo que há períodos de safra e entressafra durante todo o
ano, é preciso que seja adotada uma modalidade mais versátil de contratação de
trabalhadores.
Os condomínios são mais presentes nos casos dos pequenos produtores, que se
unem formando grupos agrícolas e que passam a prestar serviços às usinas de cana-deaçúcar ou para o próprio condomínio.
Esta forma de contratação poder ocasionar, entretanto, situações em que o
trabalhador não permanece por muito tempo no grupo rural, desvincula-se e perde seus
benefícios trabalhistas, tendo que migrar para outra região para que possa procurar outros
condomínios rurais para se instalar e conseguir meios para sobreviver. Isso ocorre porque tal
tipo de contratação é caracterizado por trabalhos temporários de curta duração, já que são
para períodos de safra ou até quando o empregador achar necessário. É, pois, uma
estratégia do capital para reduzir o valor investido na força de trabalho rural, ampliar a sua
exploração e aumentar o lucro do empregador rural sobre a produção final. (BARRETO,
2009).
Assim, o presente trabalho tem como objetivo geral analisar a precarização do valor
da força de trabalho do cortador de cana-de-açúcar empregado por condomínios. Para
amadurecer tal discussão tem como objetivos específicos levantar a história de formação da
estrutura fundiária brasileira, enfocando na questão agrária no Estado capitalista; descrever
as atuais condições de trabalho dos cortadores de cana-de-açúcar, apontando os reflexos de
tal atividade na vida social dos mesmos para, somente assim entender o seu processo legal
de contratação e tentar obter a identificação dos reflexos legais dessa atividade na
exploração da sua força de trabalho e poder refletir sobre as possibilidades de trabalho do
Serviço Social na questão agrária.
Tornou-se interessante a abordagem sobre este tema devido à três experiências
dessa pesquisadora: primeiro como estagiária em uma usina de cana de açúcar que provoca
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um forte fluxo migratório para os municípios que a circunscreve; segundo, quando
funcionária de um escritório que prestava serviços aos condomínios rurais no município de
Pirajuba, cuja principal atividade econômica é o corte de cana; e, por fim, o fato de ter em
minha família um certo vínculo com a luta pela Reforma Agrária, em que familiares fazem
parte do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra.
OS SENTIDOS DO TRABALHO: ONTOLOGIA, PRÁXIS E ALIENAÇÃO
Sabe-se que a sociedade passou e passa por transformações históricas na sua forma
de organização. O presente estudo é estruturado e sistematizado tendo como base as
particularidades da organização societária capitalista contemporânea. Nesse sentido, iniciase a discussão sobre a categoria trabalho na sociedade do capital, pois, como afirma Marx
(2006), para entender essa forma de sociedade é preciso conhecer a relação entre o homem
e a natureza na mediação do trabalho para produção e distribuição de bens socialmente
necessários à vida humana.
É importante, portanto, destacar a análise de Marx (2006) sobre a sociedade
capitalista que situa a mercadoria como a célula da sociedade, concretizando toda sua
riqueza. A mercadoria é entendida como:
[...] um objeto externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaz
necessidades humanas, seja qual for a natureza, a origem delas, provenham do
estômago ou da fantasia. Não importa a maneira como a coisa satisfaz a
necessidade humana, se diretamente, como meio de subsistência, objeto de
consumo, ou indiretamente, como meio de produção. (MARX, 2006, p.57).
Assim, para se entender essa essência da mercadoria no capitalismo, é preciso
apontar a discussão marxiana sobre o duplo caráter do trabalho. O trabalho pode ter duplo
sentido, trabalho concreto, aquele útil e específico na produção do valor de uso e o trabalho
abstrato, trabalho humano alienado que cria o valor que a mercadoria recebe na sociedade
capitalista.
O trabalho concreto é aquele que pode satisfazer as necessidades humanas de
várias formas, pois aponta como resultado um valor de uso que pode ser aproveitado para
melhor servir as pessoas, isto é, para ser útil à existência concreta e “espiritual” do homem.
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Além disso, o objeto ou bem produzido pelo trabalho concreto pode ser usado de diversas
maneiras, já que é um bem útil para a sociedade, possuindo assim suas próprias
características que determinam seu valor de uso na divisão social do trabalho no sistema
capitalista.
Esse processo se dá com a humanização da natureza e do próprio homem, pois
este, por meio do trabalho, intervém na natureza para produzir os bens necessários à sua
sobrevivência. Isso só é possível pela capacidade ontológica do homem de criar e recriar sua
própria história, isto é, o homem é um ser teleológico, diferentemente dos outros animais,
e, portanto, tem a capacidade de previamente projetar suas ações antes de concretizá-las,
analisando inclusive as condições concretas de materialização do trabalho humano.
O homem como um ser social visa o trabalho como sua maior ligação com toda a
natureza, pois é com ele que as matérias naturais se transformam em instrumentos para
suas necessidades, e transformam assim a realidade vivida. O homem é capaz de inovar
sempre que idealiza algum objeto, suas idéias e a forma como as coloca em pratica é sua
maior característica e sua maior diferença entre os outros animais, sendo a evolução da
mente humana algo sem fronteiras para a ciência e para o convívio social em qualquer época
que esteja à sociedade.
Contudo, essa forma de trabalho útil ou trabalho concreto é subsumido na
sociedade capitalista pelo trabalho abstrato, considerado aquele que objetiva a produção de
mercadorias ou a criação de valor, independentemente da especificidade da sua utilidade
para existência humana.
Assim, entende-se por trabalho abstrato todo o trabalho exercido pelo homem nas
formas e condições determinadas pela lógica da sociedade capitalista, ou seja, o que antes
era útil, agora desaparece, e todas as formas de trabalho se tornam uma só, sem distinção e
sem valor nenhum para a sociedade.
E isso só foi possível com a redução do trabalho criativo à apenas ao dispêndio da
força de trabalho em um determinado tempo socialmente necessário para produção de
mercadorias. (MARX, 2006). Dessa forma, o sentido do trabalho na sociedade capitalista
torna-se abstrato, pois se engendram esforços para anular a capacidade criativa do homem
na sua relação com a natureza.
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Nesse sentido, tanto homem, quanto a natureza são transformados em
mercadorias primárias e essenciais à produção e reprodução do capital, o que demonstra o
interesse da classe dominante em mudanças que geram acumulação de riquezas para a
burguesia, sendo assim a classe proletária que possui apenas sua força de trabalho fica
esperando por um “milagre”, mas é preciso combater a opressão com planejando projetos
de uma sociedade revolucionária e com a união da classe trabalhadora.
É também a partir do trabalho que estruturam-se as classes sociais na sociedade
capitalista. Na teoria marxiana, a posição do homem no processo de produção é fator
determinante para estruturação das principais classes na sociedade capitalista. Dessa forma,
no sentido abstrato do trabalho, a sociedade foi organizada em duas principais classes:
burguesia e proletariado, sendo que aquela detém os meios de produção, o capital e a
mercadoria e esse, o trabalhador, possui apenas sua força de trabalho, cuja realização
somente ocorre com sua venda, como mercadoria, à burguesia. (MARX, 2006).
Mesmo que se entenda que o trabalho seja de fundamental importância para a vida
em sociedade, seja ele o ponto central de toda articulação entre as duas classes sociais,
burguesia e proletariado, o capital direciona todas as relações sociais de produção e
reprodução social a seu favor para conter os trabalhadores que buscam consolidar seus
direitos.
E para se viver em sociedade, a forma mais comum e civilizada de adquirir
convivência, é pelo trabalho, no entanto há uma divisão neste que provoca mais
desigualdades, já que essa divisão é injusta e desigual seja em capital quanto em
conhecimentos na sociedade do capital.
A burguesia, com todo seu aparato político-ideológico, tenta minimizar as
desigualdades sociais inerentes ao capitalismo. Pois é preciso ter em mente que a classe
burguesa pensa em suas ações antes de por em prática, sabendo os possíveis resultados, e
formas de como alterá-las caso precise mudar seus planos caso a classe trabalhadora saia de
seu controle.
A burguesia estabelece os meios materiais para impor seus interesses e riquezas em
exclusividade, para que haja concentração de bens e serviços prestados aos donos dos meios
de produção. Ela também cria condições para que se possam integrar na sociedade,
condições de classe, que a caracterizam como burguesa, seja em qualquer época. E a classe
trabalhadora, a classe dos despossuídos de riquezas, fica subordinada ao domínio da
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burguesia, o que faz com que suas condições de vida já estejam predeterminadas: servir e
obedecer à ordem burguesa.
Dessa maneira pode-se dizer que a sociedade capitalista nada mais é do que a
gestora da economia que engloba os operários da classe trabalhadora, assumindo um papel
de destaque em diferentes contextos da realidade social, desvalorizando o homem como ser
social e coisificando-o nada mais em uma mercadoria. Para tanto, a burguesia usa de várias
estratégias de manipulação para obter um controle social, fazendo com que este
trabalhador apenas reproduza as ações, sem que tome consciência do que realmente esteja
fazendo, que seja um ser alienado, não criticando e nem questionando nenhuma ordem
imposta pela burguesia.
Na sociedade burguesa, então, tudo vira uma mercadoria, até mesmo o próprio
homem, havendo assim a mercantilização da sociedade. O homem vale o quanto produz
para o capital por meio da exploração da sua força de trabalho. A mais-valia, que é o
trabalho excedente, aquele não pago ao trabalhador e apropriado pelo burguês, que tira
proveito do único meio de sobrevivência do operário, sua força de trabalho para lucrar cada
dia mais. Assim o homem se torna uma coisa sem sentido algum, sem subjetividade, apenas
um objeto, que sendo bem manuseado, dará ao seu patrão a riqueza desejada, isto é um ser
alienado.
A força de trabalho do homem é seu maior e único bem, pois é dela que irá tirar
seus meios para sobreviver na sociedade capitalista, e esta é a mercadoria que o capital mais
procura para conseguir suas riquezas. A força de trabalho ou capacidade do trabalho
corresponde às idéias e atitudes que o corpo e a forma de pensar do homem o faz
concretizar no sentido de buscar os materiais úteis às suas necessidades básicas. O trabalho
deveria ser algo que faz crescer e emancipar o homem, entretanto, não é isso que se
percebe. A mecanização do trabalho, automático das práticas deixa o homem alienado; o
deixa escravo, e este passa a não reconhecer seu papel de ser social e sua própria identidade
como ser coletivo.
A força de trabalho do homem corresponde ao quanto ele produz e à qualidade
com que produz um bem material. Entretanto, os baixos salários impedem que o trabalho
proporcione uma vida digna a ele e sua família, já que o dinheiro que lhe é pago não
equivale ao preço que seria justo por exercer tanto esforço e perder sua identidade como
ser social.
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A alienação do homem moderno está muito mais explicita devido aos valores da
sociedade atual, condições político-econômicas enfrentadas e à posição social que o
individuo ocupa no capitalismo. Com isso, o homem perde a inspiração, o entusiasmo de
participar das relações sociais, o que acaba gerando um ser isolado, mecanizado e objetivo,
sem essência de vida.
A EXPLORAÇÃO DO TRABALHO NO CAMPO E NA CULTURA CANAVIEIRA
2.2.1 As origens da exploração do trabalho no campo e a questão agrária
A questão agrária no Brasil está intrinsecamente vinculada ao modelo de
distribuição, ou melhor, de concentração de terras que foi iniciado com a colonização
brasileira – o latifúndio.
O início da colonização do território brasileiro se fez com a doação de grandes
extensões de terras a particulares, denominadas sesmarias. Daí surgiram os
latifundiários escravistas: a necessidade de exportar em grande escala e a escassez
de mão de obra na colônia uniram se a existência de um rentável mercado de
trafico de escravo. (SILVA, 1990, p.22-23).
Na sociedade capitalista, a preservação da concentração de terras deve ser
entendida como uma das formas de proteção à propriedade privada, o que
consequentemente reproduz a dominação e o poder da classe dominante. Isso porque,
nesse tipo de organização social, toda ação política e ideológica da burguesia está
direcionada para manter intocável a propriedade privada, característica essencial para
garantir a reprodução ampliada do capital. (LESSA, 2007).
Há, portanto, a concentração da propriedade de terras no domínio de poucos e , em
contrapartida, a grande parte das pessoas que vivem e sobrevivem do trabalho no campo
não detêm qualquer meio de subsistência própria.
Dessa forma, mesmo que sejam terras improdutivas, os latifundiários,
representantes do capital agrário, não abrem mão dela àqueles que vivem ou ate morrem
por ela. Para Minc (1985), a proposta de Reforma Agrária vincula-se à necessidade de
transformação da agricultura e da sociedade brasileira e, por isso, muitos acreditam que
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essa proposta de mudança para o desenvolvimento agrário seja inalcançável devido ao
conservadorismo da classe dominante, detentora do poder econômico e político da
sociedade brasileira.
A questão agrária torna-se, então, uma polêmica discussão quando é debatida com
a questão do avanço industrial, pois, para o processo de instituição e consolidação do modo
de produção capitalista, o campo era considerado um obstáculo para o progresso urbano. A
cidade ou o espaço urbano foi, portanto, um elemento fundamental para o arranque da
industrialização capitalista. (FERREIRA, 1970).
Assim começa a luta pela terra, pela própria sobrevivência, é um despertar de
conhecimento e de consciência que estimula a inclusão de movimentos que buscam os seus
direitos sociais para obter trabalho e uma vida digna, gerando resistência aos grandes
empresários do campo e pressionando o Estado para a implantação e execução de políticas
públicas que efetivem a reforma agrária. Somente desta maneira poderá estes trabalhadores
adquirirem recursos que garantam o seu poder social e o acesso aos serviços que lhe são de
direito.
Entretanto, a questão agrária não foi esquecida por aqueles que da terra tiram sua
vida, sua sobrevivência, mas foi deixada de lado pela burguesa. Assim, percebe-se que a
questão agrária nada mais é do que uma questão política direcionada para atender aos
interesses de uma classe dominante que reproduz uma relação de produção organizada de
forma desigual e se apropria da renda familiar, emprego e produtividade, sem qualquer
preocupação com a vida humana digna no campo, com os direitos dos trabalhadores rurais.
Os representantes agrários dessa classe dominante apenas preocupam com o que e
o quanto se produz. Mesmo atualmente, vemos que não se pode tratar abertamente da
questão agrária devido às forças políticas e as relações de poder entre sociedade rural e
Estado, pois as relações capitalistas são as que comandam todo o campo. (SILVA, 1990).
Desta maneira, em se tratando do processo de industrialização e urbanização e da
visão que o Estado e a sociedade capitalista concebiam o campo como um atraso, muitos
trabalhadores foram expulsos de suas terras e obrigados a partir para os subempregos do
nascente espaço urbano através das migrações, o que, consequentemente, produziu e
reproduziu situações de misérias por várias cidades.(SILVA, 1990).
Os novos trabalhadores, por não terem para onde ir e a quem recorrer, foram
perdendo sua cidadania, sua dignidade, seus direitos, suas esperanças por uma vida melhor,
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e suas vidas passaram ser comandadas pelos donos dos meios de produção, pois houve uma
vasta expansão da empresa capitalista sobre toda a sociedade (meio urbano e rural),
destruindo diversas propriedades de pequeno e médio porte que faziam deste trabalhador
um homem digno e de posses, hoje um bóia fria sem perspectivas de vida. (SILVA, 1990).
Até mesmo na forma de plantar e colher uma lavoura, com o desenvolvimento do
capital na produção agrícola há transformações intensas. Sendo assim, os pequenos e
médios produtores não conseguem custear os produtos utilizados, o que acarretara perdas e
prejuízos na produção. Consequentemente, os que vivem em agricultura familiar se
submetem à venda de sua força de trabalho para suprir suas necessidades básicas, e aos
poucos as relações sociais de produção no campo vão se industrializando e homem se
distancia do trabalho criativo.
A agricultura familiar tem como base o trabalho entre os membros da família, que
participam da gestão e do investimento. Assim, cada indivíduo contribui para a
sobrevivência de todos, entretanto, nem sempre a terra, o principal instrumento de
trabalho, não pertence à família, que, consequentemente, precisa procurar outras atividades
como a pesca, artesanato, a pecuária para complementar a renda mensal.
Nesse tipo de agricultura, a organização das atividades econômicas é administrada
de acordo com os recursos ambientais, culturais, financeiro, humanos e sociais que cada
família possui disponíveis para sua sobrevivência. Além do mais para que haja um bom
desempenho da agricultura familiar é preciso ter apoio dos governantes, movimentos sociais
e de toda a sociedade que pensa em um país mais justo.
O desenvolvimento do capital no campo tem suas particularidades e a fonte de toda
sua riqueza e discórdia é a terra, bem natural insubstituível, que é a verdadeira fonte de
riquezas e produção industrial agrária. Logo o setor industrial vai se instalando e assumindo
o controle sob a economia, resultando no aumento do capital da burguesia, fazendo assim,
que o interesse pela agricultura esteja em segundo plano, e que seus trabalhadores fiquem
na escuridão da pobreza.(SILVA, 1990).
As configurações da exploração do trabalho no campo e as particularidades do desgaste do
trabalho assalariado no canavial
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Foi no período da colonização que se iniciou o cultivo da cana de açúcar no Brasil,
uma planta que logo se adaptou ao clima e ao solo brasileiro, fazendo nascer daí, alguns
anos depois, uma das principais fontes de combustível (etanol) e de alimento (açúcar), além
de gerar renda para empresários e a exploração da força de trabalho dos trabalhadores
rurais.
O cultivo da cana-de-açúcar, dos antigos engenhos até as grandes usinas, passou
por muitas mudanças do plantio a colheita dos produtos finais, observando na atualidade a
industrialização da produção canavieira. É com certeza um processo de revolução industrial
da agricultura e de incentivo à monocultura, à preservação do latifúndio e de reprodução e
acirramento das explorações da força de trabalho.
Acrescenta-se, também, que, nesse processo, verifica-se a reprodução da miséria
entre um e outro canavial e as condições precárias que se encontram não só os
trabalhadores, mas também suas famílias. Essa situação se agrava diante do fetiche das
formas legais e jurídicas de regulamentação do trabalho, pois as ações de enfrentamento a
essas condições precárias de trabalho são tratadas superficialmente sendo apenas
maquiadas. Porém, a raiz da questão é muito mais grave do que se percebe nos canaviais e
nos alojamentos, pois o trabalho no capital é concebido como valor de troca, mantendo-se
como mercadoria enquanto serve como força de trabalho, isto é, somente enquanto
conseguir cortar a cana-de-açúcar.
O exaustivo esforço que os trabalhadores precisam fazer e a precariedade nas
condições de trabalho, moradia, salários e principalmente de saúde, transformam-nos em
“objetos” de exploração de seus patrões, que ignoram suas condições de seres humanos,
sujeitos de direitos e de dignidade. Dessa forma, os serviços canavieiros são tão degradantes
que são até comparados a situações análogas à escravidão. (BARRETO, 2009).
O setor da atividade canavieira, uma das mais antigas plantações da economia
brasileira, atualmente expandiu-se por todo território nacional expressando a contradição
entre os avanços tecnológicos e a exploração do homem. Sabe-se que as desigualdades
sociais são inerentes ao desenvolvimento do modo de produção capitalista e, apesar das
riquezas produzidas ficarem concentradas nas mãos de poucos, os empregadores ainda
precisam de trabalhadores que saibam como cortar a cana-de-açúcar, pois é uma atividade
rústica e pesada que, porém exige técnica e preparo físico.
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Os rurícolas trazem pouca bagagem, apenas o necessário para o período
determinado, entretanto carregam dentro de si uma vasta experiência cultural, as mais
diversas e dos mais diferentes locais do país. Fazem parte de um grupo dos trabalhadores
mais explorados pela sociedade capitalista e marginalizados do cotidiano da vida social, pois
aonde vão sempre serão criticados, tachados por sua baixa escolaridade, suas vestes, seu
modo de falar. Enfim, são indivíduos sociais que parecem ocupar uma outra dimensão do
espaço para que possam sobreviver.
Mesmo com a modernização da economia canavieira, percebe-se que esse mercado
de trabalho remonta traços dos períodos coloniais como o trabalho escravo e as condições
subumanas a que estes trabalhadores são submetidos, tais como a informalidade nos
contratos de trabalho que favorecem a supervalorização do capital, defendendo os grandes
grupos empresariais e coisificando o trabalhador em uma mera mercadoria a domínio dos
grandes senhores. A partir daí, o homem coisificado vale o que e o quanto produz para seu
patrão e tem que sobreviver do resto que lhe é dado como se fosse um favor, tendo que ser
grato pelo pouco que é lhe oferecido.
Este trabalhador falido de direitos e de qualificações profissionais tem somente sua
força de trabalho para vender por inteiro ao capitalista e conseguir o mínimo para
sobreviver em meio a tantas contradições nas relações sociais de trabalho.
O processo capitalista de produção supõe a existência do trabalhador inteiramente
despossuído dos meios de vida necessários à sua reprodução e de sua família.
Liberto, ainda, de outros laços de dependência pessoal, que não a mera
dependência econômica. O trabalhador, livre proprietário de si mesmo, e portanto,
de sua força de trabalho, vê-se constrangido, para sobreviver, a vender por um
determinado período de tempo aos proprietários dos meios e condições de
trabalho, a sua própria energia vital, sua capacidade de trabalho inscrita em sua
corporalidade física e mental. A venda desta mercadoria é contrapartida necessária
para a obtenção do equivalente em dinheiro à sua subsistência e educação, além
da reprodução da família, fonte de oferta permanente de força de trabalho
necessária à continuidade do movimento de produção capitalista. (IAMAMOTO,
2001, p.67).
O trabalho é uma forma de lutar para sobreviver por melhores condições de vida e
acesso aos bens e serviços essenciais a vida humana que lhe são de direito, entretanto
pouco executados, já que são desrespeitados a todo momento em razão das relações de
força e poder que permeiam toda a sociedade. Assim, o homem vai perdendo sua essência,
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sua subjetividade, alienado ao mundo do trabalho, se dando por inteiro ao capitalismo e aos
seus meios de exploração, que o deixam refém das várias expressões da questão social.
A dominação do capitalista sobre o trabalhador é, portanto, o domínio da coisa
sobre o homem, do trabalho morto sobre o trabalho vivo. E o processo de
produção e reprodução do capital é o processo de produção e reprodução dessa
alienação. (IAMAMOTO, 2001, p.77).
O trabalhador do corte de cana precisa migrar para conseguir sobreviver, já que fica
temporariamente em cada região, até o termino da safra. São trabalhadores que se encontra
em processo de proletarização com o desenvolvimento e o progresso de uma pequena parte
da sociedade que consegue, por meio da mais-valia, apropriar-se da riqueza socialmente
produzida por grande parte da sociedade que é desprovida de riquezas.
O processo de proletarização supõe, pois, um processo contraditório de
transformação cultural, pois o capital, ao revolucionar o universo do trabalho,
produz mudanças políticas e culturais no conjunto da vida social dos trabalhadores.
Entretanto, as mudanças materiais e subjetivas transcorrem numa temporalidade
que não é idêntica nem linear, verificando-se um desenvolvimento desigual entre
as transformações das forças produtivas, as relações sociais e as expressões
culturais dessas mesmas transformações presentes na vida dos indivíduos sociais.
(IAMAMOTO, 2001, p.193).
Verifica-se que com a migração estes trabalhadores vão aos poucos perdendo sua
cultura de origem, buscando se adequar à cultura local da comunidade que estão por uma
temporada e, cansados de tanto ir e vir sem parada, ficam mais presos a estranhos do que a
sua família.
Os migrantes sazonais vivem o contínuo trânsito entre tempos, relações e
contradições sociais diferentes, apoiadas em específicas formas de propriedade e
de alienação coexistentes e integradas na experiência de vida dos mesmos
indivíduos sociais, ingressados na formação da materialidade e subjetividade de
suas vidas. Forjam também o terreno cultural no qual elaboram sua pratica social –
suas experiências, representações, sentimentos e lutas sociais. (IAMAMOTO, 2001,
p.189).
Em um ritmo de trabalho acelerado entre os canaviais, estes trabalhadores ficam
diariamente expostos a céu aberto, sob sol ou chuva, frio ou calor, a longas jornadas de
trabalho, ferimentos das ferramentas e a insetos peçonhentos, buscando sempre se
superarem no corte de cana-de-açúcar para terem maior produtividade no salário, já que
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ganham por produção e precisam garantir a sobrevivência. Assim, tem que produzir para seu
patrão e para si próprio já que vivem disso para suprir suas necessidades.
O TRABALHO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL E AS DEMANDAS
ADVINDAS DA QUESTÃO AGRÁRIA E DA EXPLORAÇÃO DO TRABALHO
CANAVIEIRO
As demandas apresentadas ao Serviço Social dos municípios recebem estes trabalhadores,
em geral, são oriundas do conflito gerado entre o capital e o trabalho, revelados na
exploração da força de trabalho, no não acesso a direitos, no desemprego, na falta de
moradia, alimentação, saúde, dentre outros problemas vinculados, como a exclusão social, a
baixa qualidade de vida, a exploração da força de trabalho e as diversas formas de violência
que sofre essa classe.
Para que os profissionais do Serviço Social possam intervir na questão agrária em
sua prática cotidiana e institucional, é necessário aproximar, dessa realidade, a questão
social e suas varias expressões, sendo assim, possível e pertinente a construir novas
estratégias de influência profissional, com outros profissionais, sem perder o conhecimento
característico da profissão. Possivelmente, nestes momentos de transformações constantes,
havendo movimentos antagônicos é que o Serviço Social vai intervir, apropriando-se de
alguns instrumentos, entre eles a mediação.(PONTES, 1997). O Assistente Social irá agir
fazendo que os deveres dos empregadores e os direitos dos trabalhadores sejam executados
conforme a lei trabalhista e o contrato de trabalho.
A questão agrária é, portanto, uma questão social que se torna um campo de
mercado aberto para o exercício profissional do assistente social, seja na área da assessoria
a movimentos sociais ou nos próprios condomínios rurais como uma equipe interdisciplinar.
Para, entendermos esta questão, devemos entender que a questão agrária está
entre as relações de poder econômico e político entre duas classes antagônicas com
interesses opostos, por isso que a propriedade da terra no sistema capitalista mesmo
passando por vários períodos históricos ainda apresenta situações de tensões que envolvem
trabalhadores rurais e proprietários de terras fazendo que haja manifestações no campo por
redistribuição da terra, por renda por direitos iguais. (IAMAMOTO, 2001).
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Essa luta desigual pela terra que existe entre as duas classes sociais: de um lado os
latifundiários e o Estado e, de outro, trabalhadores rurais e pequenos produtores que ficam
expostos a diversos tipos de violências físicas e psicológicas, gerando pobreza e miséria e
bloqueando as oportunidades de desenvolvimento eqüitativo e justo da agricultura em
âmbito nacional. Nesse contexto, a questão social e suas várias expressões são matéria
prima do trabalho do assistente social, no entanto temos que fazer o campo mais um espaço
de trabalho pensando em trazer oportunidades para a classe trabalhadora, e até mesmo
para a própria categoria.
Existe uma certa resistência do Serviço Social à questão agrária devido às raízes da
historia da profissão e da maneira como foi institucionalizada e legitimada. Suas fontes de
legitimação têm apoio dos grandes senhores, da igreja católica e do Estado, o conjunto que
dominavam os trabalhadores antigamente, implantando suas formas de controle social.
(MARTINELII, 2006).
A tendência, entretanto, é que seja superado o conservadorismo e seja iniciada
uma nova etapa visando a construção de novos conhecimentos, estratégias e instrumentos
técnico-operativos de trabalho nessa área, que precisa sem duvida nenhuma, de apoio das
lutas e conquistas da classe trabalhadora para que possa ser revertida toda a historia de
domínio e fracassos diante da burguesia. Isto é, propõe-se o fortalecimento da aproximação
do Serviço Social à questão agrária, o que sem duvida, conforme os princípios ético-politico
da profissão, depende da aproximação do Assistente Social ás lutas e projetos da classe
trabalhadora.
O Serviço Social, sendo uma profissão que busca a emancipação social do homem,
deve mudar sua postura em relação à questão agrária nos assentamentos rurais, nas usinas
de cana de açúcar ou nos condomínios rurais, para que possa trabalhar unidos aqueles que
constroem princípios como justiça social no cotidiano profissional (IAMAMOTO, 2000).
O profissional do Serviço Social inserido na Questão Agrária deve tentar propor
medidas cautelosas, porém assecuratórias do processo de reivindicações dos direitos e
deveres de todos no campo, e contribuir para o fortalecimento dos sindicatos rurais,
mobilizar e debater com os diferentes grupos existentes frente às relações sociais de
trabalho que englobam diversas categorias de trabalhadores (posseiros, pequenos
proprietários, assalariados, etc.) e seus vários opositores.
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A atividade do assistente social é a de desvelar a trama das relações que perpassam
e definem a questão agrária brasileira, mediando os processos de “negociações” cabíveis
para ambas as partes, pois com um trabalho conjunto é possível chegar a avançar as
mudanças e novas conquistas na qualidade de vida e trabalho de todos.(IAMAMOTO, 2000).
É preciso respeitar a cultura dos trabalhadores para conseguir sua confiança e
deixar as informações mais transparentes, uma vez que eles são os principais agentes da
atividade no campo. Por isso, as usinas e os condomínios rurais devem reorganizar sua
estrutura e gestão para que possam redesenhar a forma de execução de suas atividades e
focar mais esforços e recursos em atividades que valorizem o trabalhador rural.
O Assistente Social deverá também trabalhar em prol de que seja cumprida a
legislação trabalhista, por exemplo, em articulação com os sindicatos dos trabalhadores
rurais, já que ainda existe o trabalho escravo no campo, principalmente no cultivo da cana
de açúcar. Assim, é preciso que se possa garantir um emprego digno a estes trabalhadores
(as), pois é da terra que retiram sua renda, e a sua vida tem que ser preservada com os
direitos básicos que estão definidos na Constituição Federal.(IAMAMOTO, 2001).
É necessário, ainda, desvelar os impactos dos fluxos migratórios no planejamento e
desenvolvimento dos recursos e serviços sociais prestados nos municípios do entorno do
condomínio rural, pois a população fica completamente exposta à escassez de recursos da
política de educação, saúde, habitação e assistência social, principalmente, já que se tornam
insuficientes para atender a todos que precisam dela.
E os condomínios e as usinas não se preocupam em garantir os direitos dos
trabalhadores, apenas exploram sua força de trabalho, e eles não têm como custear seus
gastos pelo pouco que ganham e sabendo que os municípios ficam com pouco recurso para
prestar assistência a todos os moradores migrantes ou não.
Já se sabe que a agricultura é o ponto forte do país, e que o cultivo da cana de
açúcar também está a cada dia se intensificando devido ao etanol. O aumento do
agronegócio brasileiro para abastecer o mercado estrangeiro e o aumento da lucratividade
do sistema capitalista vêm acompanhados por modernização de técnicas e pela mecanização
das lavouras em substituição do emprego da força de trabalho. Dessa maneira, o
desemprego chega para aqueles que sobrevivem com o trabalho rural manual e que na
maioria das vezes tem um baixo nível de escolaridade, o que aumenta suas chances de não
17
conseguir outro trabalho levando sua vida a um clico sem volta para a miséria e o abandono
de direitos por parte da sociedade capitalista. (IAMAMOTO, 2001).
A situação, entretanto, convive com grandes problemas burocráticos. O Assistente
Social passa a ter uma série de dificuldades em relacionar o seu trabalho com o setor da
agricultura. Uma das possibilidades de melhora imediata na qualidade de vida destes é a
viabilizada pelos programas governamentais como o Bolsa Família, PETI e PROJOVEM, estes
programas complementam a renda familiar e proporciona a inclusão social dos membros da
família do trabalhador rural na sociedade capitalista, tem por objetivo fazer com exista
socialização entre as pessoas
que sofrem com toda a exploração do capitalismo na
sociedade. Esses projetos têm como pré-requisito a inscrição no (Cadastro Único para
Programas do Governo Federal) CadÚnico, somente a partir do cadastramento é possível o
trabalhador ou um membro da família ser beneficiário de algum programa governamental,
sendo este cadastro feito junto à Assistência Social dos municípios. Pode haver auxílio direto
na renda familiar e o trabalhador poderá conseguir suprir suas necessidades básicas diárias,
e temos que considerar que muitas famílias, logo depois que acaba a safra de cana de
açúcar, sobrevivem apenas da renda dos programas sociais. Essas medidas, entretanto, são
assistenciais e não resolvem o básico dos problemas na questão agrária (BRASIL, on-line).
É possível, entretanto, através desses programas, conhecer a família do
trabalhador, suas maiores necessidades e como podem ser auxiliadas. O Assistente Social
acompanha as realidades familiares por meio de visitas domiciliares e relatórios atualizando
sempre os dados durante o período em que se encontram no município a trabalho, pois os
trabalhadores rurais geralmente representam o pilar de sustentação do núcleo familiar,
provedor das despesas.
Mesmo com um vasto conhecimento na lavoura, de uma vida inteira dedicada ao
trabalho penoso, esses trabalhadores rurais não têm valor algum para o capital; coisificamse no valor de sua mão de obra, materializada durante o processo de aumento da riqueza
dos grandes latifundiários. Os cortadores de cana-de-açúcar desconhecem os direitos que
possuem, as responsabilidades do poder público e os meios adequados para buscar suas
garantias frente ao Estado. O Assistente Social deve tratar o trabalhador rural como
qualquer outro usuário de uma política social, buscando assegurar o mínimo necessário e
suficiente para sua segurança e melhores condições de trabalho nos condomínios rurais e
usinas.
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É notável que, a cada ano, há maior evasão do campo e que as famílias vão para as
cidades em busca de melhorias, mas sem nenhuma especialização dificilmente conseguem
um bom emprego. Com isso, existe um aumento das famílias pobres urbanas.
Profissionalmente, o Assistente Social deve superar os limites burocráticos impostos ao seu
trabalho e acreditar em sua capacidade de superação, de forma a oferecer também a
oportunidade de melhorar sua vida através da esperança de condições objetivas e subjetivas
que não o façam desistir de sonhar, que pensam que há um futuro melhor sempre (SILVA,
1979).
A luta por políticas públicas para fazer valer melhorias nas condições de vida desses
trabalhadores e de suas famílias evidencia a extrema importância da mediação entre
trabalhador e direitos nos programas sociais para a sobrevivência dos mesmos diante das
dificuldades enfrentadas.
O assistente social deve implantar e desenvolver políticas, atentando-se aos prazos
para se obter respostas as mais rápidas possíveis para o usuário que necessita dos serviços,
garantido a participação de todos em prol de justiça, e que todos sejam aceitos como são, se
socializando em meio às diferenças que há na sociedade, porém sabendo refletir
criticamente sobre a realidade dada.(IAMAMOTO, 2001).
É preciso trabalhar as políticas sociais tanto no meio urbano quanto no meio rural,
pois o mau atendimento de alguma das partes afeta o desenvolvimento da outra, já que
vemos atualmente uma superpopulação urbana que sofreu perdas no campo e que sofre
com o descaso urbano, o que gera as várias expressões da questão social, afetando toda a
sociedade e principalmente as relações sociais de produção, que ficam expostas a todo tipo
de exploração e decompondo o homem trabalhador, onde este fica fraco e oprimido por
humilhações e ofensas.
Desse modo é preciso buscar a promoção da interação homem, natureza, trabalho
e sociedade para que haja no campo a tão almejada reforma agrária, confiando que é
possível tornar realidade a redistribuição de terras em um país tomado pelas desigualdades
sociais, tentar romper com as divisões dos grupos sociais, somente assim seremos capazes
de alcançar este objetivo que perpassa por gerações na historia da luta pela terra.
Pensando desta forma é que se pode chegar à frente e direcionar os trabalhadores
rurais em um movimento capaz e suficiente para debater com os proprietários das grandes
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propriedades de terra e mudar o cenário onde há o aumento do desemprego, as relações
sociais de trabalho estão precárias e falta dignidade.
É preciso traçar metas para se chegar ao objetivo tão esperado: a reforma agrária.
Para tanto, é necessário reorganizar a sociedade de um modo geral, ampliando a visão do
Estado e da sociedade do meio rural brasileiro, de como se dá e de como estão as condições
de trabalho do homem do campo. Só, assim, um importante passo será dado na direção do
desenvolvimento socioeconômico e das políticas sociais que constituem a democracia da
sociedade brasileira no processo de produção e no qual estes trabalhadores sobrevivem,
sendo dominados e dependentes dos instrumentos usados pelos capitalistas. Entretanto, o
Assistente Social deve analisar e propor melhorias na estrutura social de produção destes
trabalhadores, compreendendo as condições de vida, saúde, moradia, entre outros e
viabilizar o acesso às políticas publicas sociais.(IAMAMOTO, 1998).
A questão da reforma agrária deve fazer parte do trabalho profissional do assistente
social, já que se trata de uma questão clara sobre os diferentes interesses entre duas classes
sociais (burguesia e proletariado), onde ambas possuem vínculos com o capital e com o
trabalho, lógico que com motivos diferentes, porem que não deixam de serem interligados,
portanto não deixa de haver um envolvimento com o trabalho do Serviço Social na
sociedade contemporânea.
Mas para que se consiga trabalhar com estes trabalhadores rurais e com a questão
agrária, é preciso que a categoria de profissionais do Serviço Social assuma que esta é uma
das expressões da questão social, somente assim pode-se envolver e iniciar as
transformações no campo. É preciso dar incentivo e estar mais presente nas lutas com os
movimentos sociais a que estes trabalhadores pertencem; é preciso fazer desta discussão
uma das questões de trabalho no cotidiano profissional.
Deve-se levar a idéia para os condomínios rurais e para as usinas da importância de
se envolverem na fiscalização na qualidade das condições de trabalho e de vida dos
trabalhadores, não só a geração de emprego importa, mas também como está o
desenvolvimento desse processo. Esta na hora das usinas e dos condomínios rurais
assumirem algumas responsabilidades sob estes trabalhadores que migram sem garantias de
um emprego certo e de uma moradia digna, além de outros diretos fundamentais como
saúde e educação, pois são jogados nos cantos como ratos de esgoto, vivendo nas piores
condições de trabalho.
20
Certamente é preciso analisar as particularidades da realidade do trabalho rural na
perspectiva da ampliação da qualidade e das condições de trabalho. O Assistente Social pode
consolidar novos conhecimentos para sua atuação na sociedade que é envolvida pelas
contradições originadas pelas lutas das classes sociais antagônicas movidas pelo capital.
Além do mais, é preciso atuar para que os próprios trabalhadores se unam, que sejam fortes
para formar uma organização política e construir argumentos capazes de permitir uma
redistribuição de terra justa para todos.
O Assistente social deve ter compromisso com estes trabalhadores de acordo com
seu projeto ético- político, além de promover discussões sobre as situações desumanas de
vida e trabalho, da situação de extrema pobreza que passam estes trabalhadores rurais. Isto
significa um envolvimento maior dos profissionais com as forças políticas de forma que se
possa chegar a resultados concretos e determinantes desta expressão da questão social.
A cidadania e a dignidade dos trabalhadores rurais não podem ser atropeladas no
processo de acumulação de capital, ninguém é obrigado a se submeter à indignidade em
virtude da ausência de infraestrutura trabalhista para o setor.
O assistente social deve ser capaz de concretizar suas propostas e objetivos através
da instrumentalidade do trabalho do Serviço Social. Ele deve ter competência para
transformar as relações sociais existentes no cotidiano da burguesia e do proletariado, tendo
toda sua visão critica da totalidade da realidade social que abrange trabalhadores e
empregadores.
Neste aspecto é necessário refletir e compreender a estrutura social, as formas de
exploração, o conjunto de todas as atividades que submetem o trabalhador a
constrangimentos, domínio e manipulação em beneficio do próprio patrão no processo de
trabalho. Assim, é possível construir a consciência de que todos os homens são capazes de
construir uma opinião própria em relação ao processo de valorização do capital e da
utilização mão de obra humana. E para que isso aconteça, porem, deve-se implantar
projetos tanto na administração dos condomínios rurais e usinas, quanto no próprio campo,
e trabalhar numa perspectiva de mudanças com as famílias que migram à procura de
trabalho por diversas partes do país.
5 CONSIDERAÇÕES
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Sabe-se que a luta pela redistribuição de terras e melhores condições de trabalho
no Brasil atravessa gerações, principalmente quando caracterizada pela luta das relações de
força entre Estado, burguesia e trabalhadores rurais. O latifúndio e as condições materiais
retidas pelos donos dos meios de produção fazem com que grande parte da sociedade fique
excluída do direito de viver e trabalhar com mais qualidade, já que é da terra que tiram o seu
sustento.
Um grande obstáculo encontrado no processo de lutas pela redistribuição de terras
para se chegar à reforma agrária, diz respeito às políticas efetivadas pelo Estado, que age em
beneficio da elite agrária e despreza o fato das origens das desigualdades sociais. O processo
de redistribuição de terras trata também da efetivação dos direitos básicos, valorizando a
condição de que todo trabalhador tem direito a terra para sua sobrevivência para conseguir
instalar sua família na sociedade com mais dignidade, pois se trata de um processo de apoio
ao crescimento econômico, político, social e cultural do país, para que se construa uma
identidade nova aqueles perderam o significado de viver.
Os condomínios rurais tentam formalizar o trabalho do corte de cana, porém
deixam a desejar na questão das condições de serviço, já que o trabalho temporário faz com
que os empregados fiquem desgastados devidos a migração, com as jornadas exaustivas de
corte, com a falta de implementação de direitos sociais básicos.
Assim, o surgimento dos Condomínios Rurais vem com o propósito de formalizar a
contratação de trabalhadores rurais, são grupos formados por produtores/fornecedores de
cana de açúcar para as usinas que se unem afim de dividirem as despesas de contratação,
portanto o lucro também é dividido. No entanto, ainda deixam a desejar nas condições de
trabalho que não tem uma boa qualidade, pois o trabalho nos canaviais já é bem
desgastante e sem os devidos cuidados torna-se um trabalho torturante, ainda mais para os
trabalhadores que migram em busca de condições dignas de sobrevivência.
Os conflitos entre empregado e empregador tendem a aumentar, tendo em vista as
contradições existentes quando se trata de materiais ou riquezas para a produção de
mercadorias e de trabalho, levando em consideração a grande concentração de
propriedades privadas que existem no Brasil. De um lado ficam os trabalhadores
desprovidos de riquezas e de outro os latifundiários com todo o seu poder econômico e
político, mantendo-os reféns em busca de melhores condições de vida.
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É preciso a união dos trabalhadores rurais para fazer movimentos sociais em busca
da efetivação da política de reforma agrária, com o propósito de redistribuir a terra e, com
isso, a renda. Conseqüentemente, busca-se a ampliação dos direitos sociais e da qualidade
de condições de trabalho, promovendo-se a emancipação desses trabalhadores rurais,
especialmente quanto à concretização de seus direitos. Apesar das constantes
transformações na realidade social deve haver uma mobilização organizada pela classe
trabalhadora para que os direitos fundamentais sejam, de fato, respeitados.
Inserido em uma sociedade capitalista em que duas classes com interesses
antagônicos atuam, o Assistente Social deve trabalhar atuando de acordo com os principio
do Código de Ética da profissão e seu projeto ético-politico, para atender com seu devido
compromisso com a classe trabalhadora. A atuação profissional do Assistente Social na
sociedade capitalista media-se entre os interesses daqueles seus verdadeiros usuários, que
são os trabalhadores rurais explorados pelos donos dos bens de produção, e os capitalistas
que mantém este profissional no mercado e que lhe oportuniza o espaço e recursos de
trabalho.
Deve o profissional buscar a realização de uma sociedade com justiça social, que
proteja os direitos sociais. Em vários setores do mercado de trabalho o Assistente Social
pode se inserir como um mediador, tendo uma formação generalista, sendo assim, pode agir
como mediador no processo de contratação dos cortadores de cana, já que o setor de
agronegócio e a produção de cana de açúcar estão crescendo a cada dia no país, fazendo
este profissional destacar suas qualidades nas relações sociais de produção.
As relações sociais geradas no meio rural desperta a atenção do Assistente Social
para que se obtenha a construção de novos horizontes de conhecimento profissional e a
superação das precárias condições de trabalho enfrentadas pela classe trabalhadora que
sofre com as explorações da burguesia são alguns dos objetivos a serem alcançados para que
se possa ter qualidade nas condições de trabalhos dos mesmos.
O contexto de dissonância entre o texto da Constituição Federal de 1988, e a
vulnerabilidade da classe trabalhadora, que tem dificuldade no acesso aos serviços públicos
e não têm os seus direitos sociais efetivamente assegurados no plano prático, contrastam
com a tentativa de amenização da situação que se encontram estes trabalhadores através de
políticas sociais e a criação de projetos sociais nos condomínios rurais e nas usinas e o
23
acompanhamento dos contratos de trabalho para combater ou amenizar as precárias
condições de trabalho e vida que os cortadores de cana convivem.
Ao Assistente Social cabe lutar por seus princípios, conhecer a realidade social e
suas demandas e acompanhar as transformações sócio-históricas do homem e do trabalho
profissional. É preciso tentar eliminar qualquer forma de discriminação e exclusão social.
Para tanto, se faz necessário repensar sobre a redistribuição de renda, e refletir sobre as
formas de forcejar a luta pela erradicação da desigualdade social, sempre tendo em mente
seu compromisso com a classe trabalhadora.
Conclui-se, portanto que a superação dessas inquietações oriundas das
contradições entre o capital e o trabalho somente será possível através da interação e
trabalho conjunto da classe trabalhadora e de outros profissionais, a fim de mudar essa
realidade e defender os direitos de todos. A valorização do sujeito enquanto pessoa, de sua
subjetividade e da qualidade de vida é essencial para que seja garantida a dignidade que é
própria da pessoa humana.
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A realidade social dos trabalhadores do corte de cana e - cress-mg