PLANO DE MANEJO DA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO – UC SERRA DAS AREIAS
- VOLUME III -
DIAGNÓSTICO MEIO BIÓTICO
Construindo o Plano de Manejo da UC Serra das Areias
de forma participativa e sustentável
Aparecida de Goiânia – Goiás
2015
Plano de Manejo UC Serra das Areias
i
BRANDÃO, Divino; SIQUEIRA, N. Mariana e MATTOS
& CÍMACO LTDA. Plano de Manejo da Unidade
Conservação - UC Serra das Areias. Diagnóstico do
Meio Biótico, Aparecida de Goiânia, 2015.
A MATTOS E CLIMACO LTDA E A PREFEITURA MUNICIPAL DE APARECIDA
DE GOIÂNIA, autorizam a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para estudos de pesquisa, desde que citada à fonte. Nenhum uso
desta publicação pode ser feito para revenda ou fins comerciais, sem prévia autorização por
escrito das referidas instituições.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
ii
APRESENTAÇÃO DA EQUIPE TÉCNICA DO MEIO BIÓTICO
COORDENAÇÃO:
Biól. Divino Brandão
Universidade Federal de Goiás-UFG
Mestre em Ecologia
Universidade de Brasília- UnB
Doutor em Ecologia
Universidade de Campinas- UNICAMP
CFB 00466/04 - D
Coordenação do Meio
Biótico
Biól. Mariana Nascimento Siqueira
Universidade Federal de Goiás-UFG
Mestre em Geografia – UFG
Universidade Federal de Goiás-UFG
Doutoranda em Ciências Ambientais
Universidade Federal de Goiás-UFG
CRBio -044524/04-D
Coordenação do Meio
Biótico
RESPONSABILIDA TÉCNICA:
GRUPO TAXONÔMICO:
Biól. Luiz Gonzaga Alves Mendonça
Especialista em Educação Ambiental - PUC-GO
Mestre em Ecologia e Produção Sustentável - PUC-GO
Avifauna
Biól. Leonardo Lima Bergamini
Mestre em Ecologia e Evolução - UFG
Doutorando em Ecologia Evolução – UFG
Entomofauna
Biól. Raísa Romênia Silva Vieira
Mestre em Ecologia e Evolução – UFG
Herpetofauna
Biól. Renan Nunes Costa
Mestre em Ecologia e Evolução – UFG
Doutorando em Ecologia e Conservação da
Biodiversidade – UESC
Herpetofauna
Biól. Bruno Bastos Gonçalves
Mestre em Ecologia e Evolução - UFG
Doutorando em Aqüicultura –UNESP
Ictiofauna
Plano de Manejo UC Serra das Areias
iii
Biól. Maysa Farias de Almeida Araújo
Mestranda em Ecologia e Conservação dos Recursos
Naturais – UFU
Macroinvertebrados
aquáticos
Biól. Túlio Max Oliveira Guimarães
Mestre em Ecologia e Evolução – UFG
Mastofauna
Biól. Walter dos Santos Araújo
Mestre em Ecologia e Evolução - UFG
Doutorando em Ecologia Evolução – UFG
Flora
Biól. Carlos de Melo e Silva Neto
Mestre em Biodiversidade Vegetal - UFG
Doutorando em Agronomia – UFG
Flora
Biól. Mariana Nascimento Siqueira
Mestre em Geografia – UFG
Doutoranda em Ciências Ambientais – UFG
Flora
PARTICIPAÇÃO:
GRUPO TAXONÔMICO:
Alessandro Martins de Moura
Guilherme Teodoro de Souza
Jéssica Ribeiro Gonçalves
Avifauna
Avifauna
Avifauna
Bárbara Araújo Ribeiro Bergamini
Entomofauna
Arthur Gomes Bauer
Herpetofauna
Raphael Pires de Campos
Ictiofauna
Maysa F. Almeida Araújo
Alexandre Ferreira Righi
Macroinvertebrados
aquáticos
Fernanda Loyola Junqueira
Bruno Cavalcante Gomes
Mastofauna
Mastofauna
Pedro Henrique Coelho Ramos
Mastofauna
Plano de Manejo UC Serra das Areias
iv
Julio Miguel Grandez Rios
Maísa Priscila Peres
Rodolph Delfino Sartin
Marco Antônio Pires Ferreira do Padro
Flora
Flora
Flora
Flora
COLABORAÇÃO:
Guarda Municipal do Município de Aparecida de Goiânia
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Apoio Logístico e de Segurança
v
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Localização das duas Unidades da Serra que comportam uma maior conservação
dos recursos naturais (em vermelho) e, fora dessas unidades, a localização de uma
área com predomínio de atividades antrópicas. Em preto está o limite da Unidade
de Conservação Serra das Areias............................................................................13
Figura 2: Áreas estudadas em vermelho .................................................................................14
Figura 3: Localização dos pontos amostrados para cada grupo ..............................................16
Figura 4: Coleta manual de himenópteros visitantes florais. ..................................................18
Figura 5: Armadilha de essência, que atrai machos da tribo Euglossini.................................18
Figura 6: Armadilha do tipo Pit-fall, com isca de fígado bovino suspensa pela tampa plástica...18
Figura 7: Armadilha luminosa do tipo CDC, que captura insetos hematófagos atraídos pela
luz. ..........................................................................................................................18
Figura 8: Exemplos de pontos amostrados nas áreas (1) mais conservadas e elevadas e (2)
mais planas e antropizadas na Unidade de Conservação Serra das Areias. ...........21
Figura 9: Distribuição dos pontos amostrados nas áreas elevadas e mais conservadas
(contorno vermelho) e mais planas e antropizadas (contorno preto) na Unidade de
Conservação Serra das Areias ................................................................................22
Figura 10: Métodos de amostragem da herpetofauna. .............................................................23
Figura 11:Pontos amostrais de ictiofauna na Unidade de Conservação Serra das Areias. As
linhas vermelhas representam os limites das unidades mais elevadas e conservadas
da Unidade de Conservação. A linha preta representa o contorno da UC Serra das
Areias. P1, P2 e Ponto Lagoa são os pontos de coleta da ictiofauna......................25
Figura 12:Biólogos realizando a pesca através de rede de arrasto..........................................26
Figura 13:Biólogo capturando peixes através de uso de puçá de mão....................................26
Figura 14:Pesagem e medição dos peixes...............................................................................27
Figura 15:Pontos de coleta na Unidade de Conservação Serra das Areias, situado no
munícipio de Aparecida de Goiânia – Goiás. Córrego da Mata (à esquerda) e
Córrego Santo Antônio (à direita). .........................................................................28
Figura 16:Amostragem de invertebrados aquáticos, utilizando amostrador do tipo súber, nas
áreas de influência da UC Serra das Areias............................................................28
Plano de Manejo UC Serra das Areias
vi
Figura 17:Imagem de Satélite da delimitação da UC Serra das Areias (preto) e respectivas
Unidades Topográficas Elevadas (vermelho), contendo os transectos feitos a pé
(amarelo) e de camionete (azul), além de pontos onde as espécies foram
encontradas .............................................................................................................30
Figura 18:Mapa de Vegetação da Unidade de Conservação Serra das Areias, em Aparecida
de Goiânia...............................................................................................................33
Figura 19:Detalhe do mapeamento fitofisionomico................................................................34
Figura 20:Biólogos realizando o levantamento florístico da vegetação. ................................34
Figura 21:Vista geral de uma parcela de amostragem em cerrado típico. ..............................36
Figura 22:Detalhe da amostragem fitossociológica. ...............................................................36
Figura 23:Ilustração de três espécies de aves registradas na Unidade de Conservação Serra
das Areias. ..............................................................................................................42
Figura 24:Mata de Galeria no Jardim Monte Sinai.................................................................43
Figura 25:Mata de Galeria do Córrego da Mata em vermelho ...............................................44
Figura 26 Adolescentes caçadores de aves na Unidade de Conservação Serra das Areias. ...44
Figura 27:Cerrado próximo à torre, onde foram realizados o levantamento de aves nas
unidades topográficas elevadas na Unidade de Conservação Serra das Areias .....46
Figura 28:(a) Áreas de Pastagem na unidade topográfica plana que foi avaliada quanto à
riqueza da Avifauna, na Unidade de Conservação Serra das Areias e, (b) Área
Crítica (provável corredor ecológico), sendo o corredor de vegetação restrito ao
córrego da Mata que une as duas unidades topográficas elevadas .........................48
Figura 29: Redes de interação entre Himenópteros polinizadores e plantas nas Unidades
Topográficas Elevadas. As fileiras superiores de retângulos representam as espécies
de himenópteros, e as fileiras inferiores as espécies de plantas As espécies que
interagiram são conectadas por retângulos cinza, com larguras proporcionais ao
número de interações observadas. São mostrados os nomes das três espécies com mais
interações para cada grupo. Painel superior – UTE-1, campanha 1, Painel do meio –
UTE 1, campanha 2, Painel inferior – UTE 2, campanha 2.......................................58
Figura 30:Riqueza de taxa de artrópodes de solo encontrada em cada uma das fisionomias
amostradas, e números de taxa compartilhados entre as fisionomias.....................59
Figura 31:Redes de interação entre Himenópteros polinizadores e plantas nas Unidades
Topográficas Planas (UTP). As fileiras superiores de retângulos representam as
espécies de himenópteros, e as fileiras inferiores as espécies de plantas As
espécies que interagiram são conectadas por retângulos cinza, com larguras
proporcionais ao número de interações observadas. São mostrados os nomes das
Plano de Manejo UC Serra das Areias
vii
três espécies com mais interações para cada grupo. Painel superior – UTP-1,
campanha 1, Painel do meio – UTP 1, campanha 2, Painel inferior – UTP 2,
campanha 2.............................................................................................................62
Figura 32:Thalestria spinosa, espécie de abelha cleptoparasita de abelhas do gênero Oxaea.
Aumento de aprox.. 10 vezes..................................................................................65
Figura 33:Apis melífera, espécie exótica amplamente distribuída no Brasil. .........................65
Figura 34:Sphecini sp.01.........................................................................................................65
Figura 35:Augochloropsis sp.01. Aumento de 10 vezes .........................................................65
Figura 36:Mesocheira bicolor. Aumento de 10 vezes ............................................................66
Figura 37:Coelioxys assumptionis. Aumento de 10 vezes ......................................................66
Figura 38:Algumas das espécies registradas na UC Serra das Areias. A. Rhinella rubescens;
B. Barycholos ternetzi; C. Ameerega flavopicta; D. Dendropsophus minutus; E. D.
cruzi; F. Hypsiboas lundii; G. Pseudis bolbodactyla; H. Leptodactylus
podicipinus; I. Scinax fuscomarginatus; J. Elachistocleis cesarii; K. Tropidurus
sp.; L. Oxyrhopus trigeminus. ................................................................................69
Figura 39:Riqueza observada (rarefação) e estimada (estimador Jackknife) de anfíbios na UC
Serra das Areias. As barras representam o intervalo de confiança para a riqueza
estimada. .................................................................................................................70
Figura 40:Riqueza observada (rarefação) e estimada (estimador Jackknife) de répteis na UC
Serra das Areias. As barras representam o intervalo de confiança para a riqueza
estimada. .................................................................................................................71
Figura 41:Espécies de peixes encontradas nos pontos 1, 2 e ponto lagoa na Serra das Areias,
Aparecida de Goiânia-GO. a) Astyanax altiparanae; b) Astyanax fasciatus; c)
Knodus moenkhausii; d) Piabina argentea; e) Characidium zebra; f) Hoplias
malabaricus; g) Hoplias sp.; h) Apareiodon sp.; i) Parodon nasus; j) Poecilia
reticulata; k) Cichlasoma paranaense; l) Tilapia rendalli; m) Rhamdia quelen ...79
Figura 42:Mapa de vulnerabilidade de espécies de peixes da Unidade de Conservação Serra
das Areias, Aparecida de Goiânia, GO...................................................................82
Figura 43:Mapa de potencialidades de espécies de peixes na UC Serra das Areias, Aparecida
de Goiânia, GO .......................................................................................................84
Figura 44:Comparação da riqueza de espécies entre os pontos amostrados na Serra das
Areias, Aparecida de Goiânia-GO..........................................................................85
Figura 45:Abundância de EPT nos córregos da Mata e Santo Antônio, durante a estação
chuvosa (Março de 2014), situados nas áreas de influência da UC Serra das Areias,
Aparecida de Goiânia, Goiás. .................................................................................88
Plano de Manejo UC Serra das Areias
viii
Figura 46:Riqueza de Espécies estimada pelo método Jackknife de primeira ordem (Jack 1,
intervalo de confiança a 95%) e Riqueza Observada (Sobs - curva de acumulação
de espécies) da região da Serra das Areias - Município de Aparecida de Goiânia.94
Figura 47:Detalhe da fitofisionomia campo sujo. .................................................................107
Figura 48:Detalhe da fitofisionomia cerrado sensu stricto. ..................................................108
Figura 49:Detalhe dos subtipos de cerrado sensu stricto. A) cerrado ralo e B) cerrado
rupestre. ................................................................................................................109
Figura 50:Detalhe da fitofisionomia vereda..........................................................................109
Figura 51:Detalhe da fitofisionomia cerradão.......................................................................110
Figura 52:Detalhe da fitofisionomia mata seca semidecídua................................................111
Figura 53:Detalhe da fitofisionomia mata de galeria............................................................111
Figura 54:Exemplares da flora da Unidade de Conservação Serra das Areias: A.
Wunderlichia mirabilis; B. Palicourea rígida; C. Palicourea coreacea; D.
Mandevilla sp.; E. Indigofera sp.; F. Hirtella sp.; G. Helicteres brevispira; H.
Galactia peduncularis; I. Caryocar brasiliense; J. Bromelia goyazense; K.
Aldama sp.; L. Agyphylla sp.................................................................................127
Figura 55:Exemplares da flora na Unidade de Conservação Serra das Areias: A. Diplusodon
sp.; B. Banisteriopsis megaphylla; C. Harpalyce brasiliana; D. Oxalis densifolia;
E. Convolvulaceae sp.; F. Chamaecrista neesiana; G. Aspilia foliacea; H.
Kielmeyera rubriflora; I. Trimezia juncifolia. .....................................................128
Figura 56:Exemplares da flora na Unidade de Conservação Serra das Areias: A. Davilla
flexuosa; B. Bionia sp.; Cambessedesia cf. hilariana; D. Pavonia grandiflora; E.
Ipomoea squamisepala; F. Dyckia sp.; G. Camarea hirsuta; H. Lessingianthus
onopordioides; I. Odontadenia lutea; J. Polygala tenuis.....................................128
Figura 57:Riqueza e abundância das 10 famílias mais representativas na Unidade de
Conservação Serra das Areias. .............................................................................133
Figura 58:Atividade de motocross desenvolvida na Serra das Areias. .................................135
Figura 59:Lixo deixado pelo publico próximo a área de banho............................................135
Figura 60:Quantidade de espécies da flora da Serra das Areias de acordo com diferentes tipos
potenciais de uso...................................................................................................136
Figura 61:Pastagem fazendo parte da paisagem da Serra das Areias. ..................................138
Figura 62:Fragmento de vegetação natural circundado por pastagem..................................138
Plano de Manejo UC Serra das Areias
ix
Figura 63: Corredor de vegetação (seta) formado pela mata de galeria do Córrego da Mata..... 138
Figura 64: Vista de cima da Serra das Areias, mostrando construções que margeiam a unidade....139
Figura 65:Quantidade de espécies da flora da Serra das Areias de acordo com diferentes tipos
de habitos das plantas. ..........................................................................................140
Figura 66:Comparação da diversidade florística entre as Unidades Topográficas Elevadas e
Plana. ....................................................................................................................141
Figura 67:Área com potencial para a criação de um corredor ecológico (em amarelo) para
ligação entre as duas áreas topográficas elevadas e mais conservadas ................145
Plano de Manejo UC Serra das Areias
x
LISTA DE TABELAS
Tabela 1:
Pontos amostrados nas áreas topograficamente elevadas (conservadas) e planas
(antropizadas) na Unidade de Conservação da Serra das Areias.........................19
Tabela 2:
Pontos amostrais de ictiofauna na Unidade de Conservação Serra das Areias. ..24
Tabela 3:
Sistema de classificação da qualidade de água estabelecido para os córregos da
Mata e Santo Antônio, localizados nas áreas de influência da UC Serra das
Areias, Aparecida de Goiânia, Goiás (De acordo com Alba-Tercedor & SánchezOrtega, 1988). ......................................................................................................29
Tabela 4:
Caracterização fitofisionômica e coordenada de localização das 50 parcelas de
amostragem de flora. ...........................................................................................34
Tabela 5:
Distribuição do número de parcelas por tipo de fitofisionomia. .........................35
Tabela 6:
Dados Gerais do registro de aves na Unidade de Conservação Serra das Areias,
em relação à época de registro e as áreas amostradas. ........................................38
Tabela 7:
Lista de espécies registradas, suas respectivas famílias, nomes populares e total
de indivíduos por campanha (Março e Julho/2014) na Unidade de Conservação
Serra das Areias. ..................................................................................................38
Tabela 8:
Lista dos táxons de himenópteros polinizadores registrados na Serra das Areias.
Ni: número de indivíduos; UTP: Unidades topográficas planas; UTE: Unidades
topográficas elevadas...........................................................................................50
Tabela 9:
Lista dos táxons de artrópodes de solo registrados na Serra das Areias. Ni:
número de indivíduos; UTP: Unidades topográficas planas; UTE: Unidades
topográficas elevadas...........................................................................................54
Tabela 10: Lista dos táxons de vetores registrados na Serra das Areias. Ni: número de
indivíduos; UTP: Unidades topográficas planas; UTE: Unidades topográficas
elevadas ...............................................................................................................56
Tabela 11: Medidas estruturais das redes de interação Himenópteros-Plantas em cada um
dos locais amostrados, por campanha..................................................................64
Tabela 12: Medidas de abundância, diversidade alfa, beta e gama de artrópodes de solo
amostrados nas UTE e UTP. ...............................................................................64
Tabela 13: Lista das espécies representantes da Herpetofauna registradas nas unidades
topográficas elevadas (UTE) e planas (UTP) da Unidade de Conservação Serra
das Areias. LC= pouco preocupante; DD= deficiente de dados; NL= não listada.
* Endemismo segundo Valdujo et al. 2012 e Nogueira et al. 2011. ...................66
Plano de Manejo UC Serra das Areias
xi
Tabela 14: Lista de espécies de peixes amostradas na serra das areias nas duas campanhas
(seca e chuva), sua respectiva classificação taxonômica (ordem e família), guilda
trófica a qual pertencem e estado de conservação segundo IUCN e Ministério do
Meio Ambiente. NE: Não avaliado; LC: Pouco preocupante. ............................78
Tabela 15: Táxons de Invertebrados Aquáticos amostrados nos córregos da Mata e Santo
Antônio, localizados no entorno da Unidade de Conservação Serras das Areias,
Aparecida de Goiânia - Goiás, 2014. Mata/M= córrego da Mata, coleta realizada
em março; SA/M= Santo Antônio, coleta realizada em março; Mata/J= córrego
da Mata, coleta realizada em julho; SA/J= Santo Antônio, coleta realizada em
julho.....................................................................................................................86
Tabela 16: Espécies encontradas na região de estudo por campanha (Chuva e Seca). .........91
Tabela 17: Espécies encontradas na região de estudo por campanha (Chuva e Seca). .........92
Tabela 18: Lista de espécies de mamíferos encontradas na região da Serra das Areias Município de Aparecida de Goiânia. Categorias de ameaça em toda a
distribuição da espécie pela União Internacional para Conservação da Natureza
(IUCN, 2014) e ameaça na distribuição apenas no território nacional pela lista
vermelha nacional de 2003 e livro vermelho da fauna ameaçada de extinção do
Ministério do Meio Ambiente (MMA 2008).......................................................93
Tabela 19: Espécies de mamíferos encontradas na região da Serra das Areias delimitada
como unidades topográficas elevadas. ................................................................95
Tabela 20: Espécies de mamíferos encontradas na região da Serra das Areias delimitada
como Unidade Topográfica Plana. ....................................................................105
Tabela 21: Check list das espécies vegetais registradas na Serra das Areias, tanto nas
unidades topográficas elevadas, como nas planas. ............................................113
Tabela 22: Comparação da riqueza de espécies vegetais entre diferentes unidades de
conservação municipais, estaduais e federais de Goiás e Distrito Federal........129
Tabela 23: Parâmetros fitossociológicos das espécies arbóreas registradas na Unidade de
Conservação Serra das Areias. ..........................................................................130
Tabela 24: Parâmetros fitossociológicos das 10 espécies arbóreas mais representativas
registradas nas Unidades Topográficas Elevadas da Unidade de Conservação
Serra das Areias. ................................................................................................135
Tabela 25: Parâmetros fitossociológicos das 10 espécies arbóreas mais representativas
registradas nas Unidades Topográficas Planas da Unidade de Conservação Serra
das Areias. .........................................................................................................137
Plano de Manejo UC Serra das Areias
xii
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO AO MEIO BIÓTICO...............................................................................1
1.1. Avifauna ..............................................................................................................................2
1.2 Entomofauna.........................................................................................................................3
1.3 Herpetofauna ........................................................................................................................4
1.4 Ictiofauna ..............................................................................................................................5
1.5 Macroinvertebrados Aquáticos.............................................................................................6
1.6 Mastofauna ...........................................................................................................................7
1.7 Flora....................................................................................................................................10
2. METODOLOGIA DO DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO MEIO BIÓTICO ..........12
2.1 Avifauna .............................................................................................................................14
2.2 Entomofauna.......................................................................................................................15
2.3 Herpetofauna ......................................................................................................................18
2.4 Ictiofauna ............................................................................................................................23
2.5 Macroinvertebrados Aquáticos...........................................................................................27
2.6 Mastofauna .........................................................................................................................29
2.7 Flora....................................................................................................................................31
3. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO MEIO BIÓTICO ..................................................37
3.1 Avifauna .............................................................................................................................37
3.1.1 Unidades Topográficas Elevadas ....................................................................................45
3.1.2 Unidades Topográficas Planas ........................................................................................47
3.1.3 Entorno da Unidade de Conservação...............................................................................49
3.1.4 Heterogeneidades.............................................................................................................49
3.2 Entomofauna.......................................................................................................................49
3.2.1 Unidades Topográficas elevadas e com vegetação contínua...........................................56
3.2.2 Unidades Topográficas Planas e antropizadas ................................................................60
3.2.3 Entorno da Unidade de Conservação...............................................................................63
3.3 Herpetofauna ......................................................................................................................66
3.3.1 Unidades de Topográficas elevadas ................................................................................71
3.3.2 Unidades Topográficas Planas ........................................................................................74
3.3.3 Heterogeneidade .............................................................................................................76
3.4 Ictiofauna ............................................................................................................................77
3.4.1 Unidades Topográficas baixas.........................................................................................77
3.4.2 Área do entorno da Serra das Areias ...............................................................................83
3.4.3 Heterogeneidades.............................................................................................................85
3.5 Macroinvertebrados Aquáticos...........................................................................................85
3.5.1 Unidades topográficas baixas ..........................................................................................85
3.5.2 Área do entorno da Serra das Areias ...............................................................................90
3.5.3 Heterogeneidades.............................................................................................................90
3.6 Mastofauna .........................................................................................................................91
3.6.1 Unidades Topográficas elevadas .....................................................................................94
3.6.2 Unidades Topográficas Planas ......................................................................................104
Plano de Manejo UC Serra das Areias
xiii
3.6.3 Entorno ..........................................................................................................................106
3.6.4 Heterogeneidade ............................................................................................................106
3.7 Flora..................................................................................................................................106
3.7.1 Fitofisionomias ..............................................................................................................106
3.7.2 Diversidade florística.....................................................................................................112
3.7.3 Estrutura da vegetação...................................................................................................129
3.7.4 Unidades Topográficas Elevadas ..................................................................................134
3.7.5 Unidades Topográficas Planas ......................................................................................136
3.7.6 Entorno ..........................................................................................................................140
3.7.7 Heterogeneidade ............................................................................................................141
4. ESTRATÉGIAS PARA CONSERVAÇÃO DO MEIO BIÓTICO..............................142
4.1 Avifauna ...........................................................................................................................142
4.2 Entomofauna.....................................................................................................................143
4.3 Herpetofauna ....................................................................................................................143
4.4 Ictiofauna ..........................................................................................................................145
4.5 Macroinvertebrados Aquáticos.........................................................................................146
4.6 Mastofauna .......................................................................................................................146
4.7 Flora..................................................................................................................................147
CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................................149
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................................151
Plano de Manejo UC Serra das Areias
xiv
1. INTRODUÇÃO AO MEIO BIÓTICO
A Lei Nº 9.985, de 18 de julho de 2000 que institui o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação (SNUC), foi regulamentada pelo Decreto Nº 4.340, de 22 de agosto de 2002
e, prevê que a função legal de Unidade de Conservação está vinculada ao objetivo de
conservação do espaço territorial e seus recursos ambientais, que sejam legalmente instituídos
e delimitados pelo Poder Público, ficando esse espaço e seus recursos naturais sob o regime
especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.
Diante desse contexto e de acordo com o SNUC (2000), a contextualização e
proposição do objetivo “conservação da natureza”, inserido dentre as demais funções
ambientais de Unidade de Conservação, vem de encontro ao “manejo do uso humano da
natureza, compreendendo a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a
restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa produzir o maior
benefício, em bases sustentáveis, às atuais gerações, mantendo seu potencial de satisfazer as
necessidades e aspirações das gerações futuras, e garantindo a sobrevivência dos seres vivos
em geral”.
O SNUC determina a elaboração de um Plano de Manejo para esses espaços
territoriais protegidos nas duas categorias de Unidades de Conservação: as de uso sustentável
e as de proteção integral. Ambas as categorias devem apresentar seus Planos de Manejo
elaborados em até 5 anos após o seu ato de criação. Deste modo, esse documento referente ao
planejamento da Unidade de Conservação resultará em um zoneamento ambiental que
definirá normas que devem ser aplicadas para o uso da área e o manejo dos recursos naturais
existentes. Este documento deve abranger tanto os limites legais da unidade de conservação,
mas também sua zona de amortecimento e os corredores ecológicos, propondo medidas
necessárias à assegurar a integração da unidade territorial protegida à vida econômica e social
das comunidades vizinhas.
Esse Instrumento das Políticas Públicas, o SNUC tem os seus objetivos detalhados no
Artigo 4º da Lei que o institui e estes premeiam: “contribuir para a manutenção da
diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas
jurisdicionais; proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional;
contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;
Plano de Manejo UC Serra das Areias
1
promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais; promover a
utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de
desenvolvimento; proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica;
proteger as características relevantes de natureza geológica, geomorfológica, espeleológica,
arqueológica, paleontológica e cultural; proteger e recuperar recursos hídricos e edáficos;
recuperar ou restaurar ecossistemas degradados; proporcionar meios e incentivos para
atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; valorizar econômica e
socialmente a diversidade biológica; favorecer condições e promover a educação e
interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico;
proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais,
respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e
economicamente.”.
Portanto, a integração do conhecimento sobre os Recursos Ambientais de uma
Unidade de Conservação, no caso a Serra das Areias, devem considerar situações além de um
diagnóstico ambiental integrado entre os meios físico, socioeconômico e o biótico. Cabe, no
que se refere ao levantamento dos recursos naturais para a conservação da biodiversidade,
levantar detalhadamente os principais grupos taxonômicos da fauna e flora dependentes
daquele espaço territorial em todo o seu ciclo de vida ou parcialmente, de modo a descrever a
qualidade de seu habitat, a sua integração com as questões socioambientais, apontando
potencialidades, fragilidades e vulnerabilidades do grupo estudado, bem como as medidas
necessárias para sua conservação frente às condições atuais observadas.
1.1. Avifauna
As aves são importantes componentes ecológicos, uma vez que desempenham papel
fundamental na cadeia alimentar, alimentando-se de diversos itens. Neste sentido, alguns
serviços ecológicos são prestados por estes animais, uma vez que podem atuar no controle
populacional de vetores de pragas e dispersão de sementes e frutos. Adicionalmente, ressaltase que a ocorrência de espécies de aves se dá em uma escala de paisagem, portanto, é
provável diferentes fragmentos florestais possam ser utilizados por estas espécies durante as
suas atividades de forrageio.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
2
O Brasil é um país com extensão continental e que apresenta a maior diversidade de
aves no mundo, uma vez que aproximadamente 1700 espécies podem ser encontradas (Marini
& Garcia, 2005). O Cerrado é o segundo maior domínio fitogeográfico do Brasil, o qual foi
considerado como uma prioridade de conservação por Myers et al. (2000). Neste sentido, a
diversidade de aves neste domínio é de aproximadamente 840 espécies, das quais 4% são
consideradas endêmicas do Cerrado (Marini & Garcia, 2005). No estado de Goiás, os estudos
com aves tem se destacado nas últimas décadas, portanto, atualmente, é possível encontrar
neste estado aproximadamente 600 espécies de aves (Ferreira et al. 2008).
As aves como vários outros animais estão suscetíveis a qualquer alteração no
ambiente, por isso desenvolvem um importante papel como bioindicadores e, para Vieira
(2006) devido a aves estarem em um nível trófico elevado e ocupando diferentes nichos
ecológicos, elas são potenciais indicadores de contaminação nos ambientes aquáticos e na
cadeia alimentar. Além de várias funções na cadeia alimentar, as aves possuem papeis
notórios e essenciais para a flora, sendo dispersores de sementes, agente de quebra de
dormência, polinizadores, entre outras.
Estudos envolvendo a avifauna brasileira têm ganhado uma importância significativa
nos últimos anos, tal como em parques, praças publicas, clubes recreativos e lagos dentro de
cidades, abrangendo tanto aspectos faunísticos, abundância, padrões de riqueza, diversidade e
frequência de ocorrência, da avifauna estudada analisando a ação antrópica nessas
comunidades. Estudos com aves são muito importantes para entender e registrar interferências
na qualidade de vida das cidades, uma vez que aves silvestres tendem migrar cada vez mais
para o meio urbano, principalmente aves insetívoras devido a grande oferta de alimento,
afirma Blamires et al (2001). O processo de urbanização transforma ambientes naturais em
ambientes com pouca diversidade biológica, embora aves façam parte da paisagem urbana,
nas ultimas décadas tem sido mais estudados.
1.2 Entomofauna
Compreendendo a maior parte da biodiversidade conhecida da Terra (Oodegard 2008),
invertebrados terrestres são de extrema importância por exercerem papéis fundamentais em
inúmeros processos ecológicos (Kevan & Baker 1983, Moore et al. 1988, Huntly 1991, Gratz
Plano de Manejo UC Serra das Areias
3
1999). Por esse motivo, conhecer a diversidade de artrópodes e sua distribuição é um passo
importante no entendimento do funcionamento dos ecossistemas e indispensável para o
direcionamento de esforços e manejo de áreas para a conservação da biodiversidade.
Para representar alguns dos diferentes processos ecológicos em que os insetos
participam amostramos três grupos que estão diretamente relacionados a importantes
processos ecológicos – polinizadores, artrópodes de solo e mosquitos hematófagos. Os insetos
são os principais agentes polinizadores biológicos (Kevan & Baker 1983) e dentre eles os
himenópteros, em especial da superfamília Apoidea, se destacam com grande importância
para espécies de plantas silvestres e cultivadas.
Artrópodes de solo, como formigas, aranhas e besouros participam de complexas teias
tróficas, que se baseiam principalmente na energia proveniente da matéria orgânica morta,
contribuindo para sua particularização e promovendo a ciclagem dos nutrientes. Finalmente,
os mosquitos hematófagos são de interesse médico, por agirem como vetores de vários
patógenos causadores de doenças em humanos e outros vertebrados.
1.3 Herpetofauna
Os anfíbios e répteis são elementos-chave nas cadeias ecológicas, principalmente
como controladores de insetos e pequenos vertebrados. Segundo a mais recente listagem de
espécies realizada pela Sociedade Brasileira de Herpetologia (SBH, 2012) são conhecidas 946
espécies de anfíbios e 744 espécies de répteis no Brasil. No entanto, novas espécies foram e
estão sendo descobertas recentemente, aumentando a riqueza conhecida no país. Apesar da
alta riqueza de espécies, diversos pesquisadores têm relatado declínios populacionais e até
mesmo extinções locais de anuros, as quais podem ser oriundas de ações naturais ou em
função de ações antrópicas (Bastos et al. 2003).
O Cerrado apresenta uma Herpetofauna biodiversa, sendo conhecidas 209 espécies de
anfíbios, 107 serpentes, 47 lagartos, 15 anfisbenas, 10 quelônios e cinco jacarés, o que
representa cerca de 22% das espécies de anfíbios e 25% das espécies de répteis do Brasil
(Colli et al. 2002, Valdujo 2012). Do total de espécies conhecidas, aproximadamente 50% das
anfisbenas, 26% dos lagartos, 10% das serpentes e 51% dos anfíbios são endêmicos. Neste
caso, devido ao alto número de espécies endêmicas e ao acelerado processo de redução e
Plano de Manejo UC Serra das Areias
4
perda de hábitats naturais, o Cerrado é considerado um hotspot de biodiversidade (Myers et
al. 2000).
A ocupação e o uso do solo do Cerrado modificam as características naturais e podem
prejudicar a relação entre os representantes da Herpetofauna e o meio natural, acelerando o
processo de perda de diversidade biológica. Estimativas recentes mostram que cerca de 50%
da cobertura vegetal nativa foi destruída e menos de 5% da área restante está protegida na
forma de unidades de conservação (Ratter 1991, Dias 1992, Lapola et al. 2014).
No presente estudo, o objetivo foi realizar o levantamento e a identificação da riqueza
de espécies de anfíbios e répteis na Unidade de Conservação Serra das Areias e em áreas
adjacentes, contribuindo com a elaboração do plano de manejo da Unidade de Conservação e
com a aquisição de novas áreas para a conservação.
1.4 Ictiofauna
Os peixes são animais do filo Chordata e são divididos em duas classes:
Chondrichthyes que são os peixes cartilaginosos e os Osteichthyes que são os peixes ósseos
(STORER et al., 1998). Existem aproximadamente 25.000 espécies de peixes descritas para o
meio aquático, das quais 40% são encontradas em ambientes de água doce (MELO et al.,
2007). Na região Neotropical são conhecidas 8.000 espécies de peixes de água doce. O Brasil
é conhecido pela sua alta diversidade de espécies, inclusive quando se trata de peixes. A bacia
hidrográfica com maior diversidade de espécies de peixes do Brasil é a Amazônica, onde
foram descritas 2000 espécies (Schaefer, 1998; Reis et al., 2003; Winemiller et al., 2005).
Em Goiás, estão as principais nascentes de três bacias hidrográficas importantes:
Araguaia, Tocantins (fazem parte da grande bacia amazônica) e Paraná (desagua no rio
Paraguai). Isso torna o estado de Goiás e o bioma Cerrado fundamentais quando se trata de
conservação, não só de peixes, como de todos as outras formas de vida que dependem dessas
bacias para sua sobrevivência.
Com o grande desenvolvimento de atividades agrárias no estado de Goiás, as
nascentes destas bacias e seus cursos d’água principais, assim como a biota associada, podem
estar ameaçadas por tais atividades econômicas. Com isso, faz-se necessário o estudo dessas
bacias, assim como dos organismos, que fazem parte de seu contexto, e seu monitoramento,
Plano de Manejo UC Serra das Areias
5
para que os recursos animais, vegetais e minerais ainda estejam disponíveis com qualidade
para a população e para suas gerações futuras, como prevê a constituição federal de 1988,
artigo 225: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”
Apesar de existir uma forte pressão antrópica na continuidade dos peixes, e de toda a
biota em geral, o homem, reconhecendo seu impacto danoso, tenta estabelecer medidas
mitigatórias, como a criação de parques com objetivos preservacionistas. O cercamento de
determinadas áreas para impedir a ação do homem e preservar o que há nessa área envolve
uma série de estudos para responder algumas questões como: Qual o tamanho da área a ser
preservada? Quais taxa pretende-se conservar naquela área? Em que contexto sócioeconômico aquela área está inserida? Qual a relação da área preservada com outros
fragmentos preservados?
É evidente que a preservação de determinadas áreas contribuem para a preservação da
assembleia de peixes, principalmente devido ao fato de conservar a mata ciliar dos riachos,
que, de acordo com Vannote (1980) possui íntima relação com organismos que vivem em
riachos. Portanto, a criação e manutenção de parques conservacionistas torna-se de elevada
importância para o manejo e preservação desse táxon.
1.5 Macroinvertebrados Aquáticos
A preservação dos ambientes aquáticos é fundamental para a sustentabilidade dos
recursos naturais. Diante disso, o monitoramento ambiental torna-se um aliado para a
avaliação do estado de preservação e/ou degradação desses ambientes naturais, auxiliando
na elaboração de planos de manejo e recuperação das áreas degradadas (Guereschi, 2004).
Na resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 357 de 17 de março
de 2005 já são feitas algumas referências a esta técnica de monitoramento ambiental,
segundo o Art. 8º, § 3º, “a qualidade dos ambientes aquáticos poderá ser avaliada por
indicadores biológicos, quando apropriado, utilizando-se organismos e/ou comunidades
aquáticas” (MMA, 2005).
Plano de Manejo UC Serra das Areias
6
O método de monitoramento ambiental de qualidade da água tem destaque para o uso
dos invertebrados aquáticos, pois eles apresentam adaptações a variadas condições ambientais
e apresentam limite de tolerância a diferentes perturbações. Esses organismos variam de
“sensíveis” a “tolerantes”, os sensíveis são aqueles que não suportam grandes variações no
ambiente e os tolerantes são aqueles que resistem a condições adversas no ambiente, tais
como grande acúmulo de matéria orgânica, pouco oxigênio dissolvido, entre outras
adversidades e, portanto, refletem algum tipo de contaminação ou perturbação que possa
haver no ambiente (Alba-Tercedor, 1996).
O uso dos invertebrados aquáticos como bioindicadores deve-se a fatores como: (a)
tamanho do corpo relativamente grande; (b) ciclo de vida suficientemente longo; (c) fácil
amostragem; (d) custo relativamente baixo; (e) diversidade de espécies e; (f) técnicas
padronizadas (Alba-Tercedor, 1996). Além disso, já são conhecidos índices de avaliação da
qualidade da água, utilizando os invertebrados aquáticos, tais como o índice BMWP
(Biological Monitoring Working Party). Tal índice é o somatório das pontuações que cada
família que ocorre no local possui e é bastante utilizado em estudos de monitoramento de
fauna em ambientes aquáticos, no entanto, é necessário adaptação deste índice às diferentes
ecorregiões do globo (Monteiro et al. 2008).
Diante disso, apresentaremos os resultados da avaliação de dois riachos situados no
entorno da Unidade de Conservação Serra das Areias, no munícipio de Aparecida de GoiâniaGO utilizando os invertebrados aquáticos como bioindicadores da qualidade da água.
1.6 Mastofauna
Os impactos ambientais diretos causados por alterações na paisagem resultam na
perda de biodiversidade em toda a região tropical. Esses impactos são causados pelo
desenvolvimento de infraestruturas em grande escala; conversão dos usos da terra; energia e
mineração; ações humanas não sustentáveis; poluição; urbanização e turismo (Brandon et
al., 2005).
O Brasil está entre os maiores países do mundo, líder em diversidade biológica
(Mittermeier et al. 1997, Costa et al. 2005), e representa cerca de 13% da biota mundial
(Lewinsohn & Prado 2005), possuindo a maior diversidade de mamíferos (Costa et al. 2005),
Plano de Manejo UC Serra das Areias
7
com cerca de 658 espécies descritas (652 nativas e 6 exóticas) (Reis et al. 2006). Segundo
estimativas da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), cerca de 735
táxons de plantas e animais brasileiros estão ameaçados de extinção (Paglia et al. 2004).
Destes, cerca de 69 são mamíferos (Reis et al. 2006, MMA 2008). Porém, acredita-se que
esse número representa uma subestimativa do estado de ameaça real no qual o Brasil se
encontra, tendo em vista que muitos grupos taxonômicos não foram apropriadamente
avaliados (Paglia et al. 2004). A ameaça às espécies não se encontra distribuída de forma
homogênea pelo território nacional, ao passo que os dois hotspots de biodiversidade
brasileiros (Mata Atlântica e o Cerrado) (Mittermeier et al. 1999, Myers et al. 2000)
respondem por cerca de 78% dos táxons ameaçados (Paglia et al. 2004).
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro e ocupa cerca de 21% do território
nacional, sendo superado em área apenas pela Amazônia. Nos últimos 35 anos mais da
metade dos seus 2 milhões de Km² originais foram cultivados com pastagens plantadas e
culturas anuais (Klink & Machado, 2005). O termo Cerrado é comumente utilizado para
designar o conjunto de ecossistemas (savanas, matas, campos e matas de galeria) que ocorrem
no Brasil Central, distribuindo-se também como manchas de pequenas extensões na Mata
Atlântica, Floresta Amazônica e Caatinga (Ribeiro & Walter 2008; Eithen, 1977). Em virtude
dessa heterogeneidade de hábitats, diversas espécies de animais encontram abrigo no bioma
(Dias, 1992), distribuindo-se conforme a preferência por hábitats específicos e de acordo com
os recursos disponíveis (Alho, 1981).
A fauna do Cerrado é rica e diversificada, com muitas espécies endêmicas, raras e/ou
ameaçadas de extinção. Os mamíferos correspondem ao segundo grupo mais diverso entre os
vertebrados terrestres no bioma, totalizando aproximadamente 15% das espécies conhecidas
(Aguiar et al., 2004), representados por cerca de 194 espécies (Marinho-Filho et al., 2002), e
inclui representantes das ordens Didelphiomorphia, Pilosa, Cingulata, Primates, Carnivora,
Chiroptera, Rodentia, Perissodactyla, Cetartiodactyla e Lagomorpha (Reis et al., 2006), sendo
que estes se apresentam extremamente influenciados pelas ações antrópicas e suas
consequências na paisagem (Costa et al., 2005). Cerca de 23% de todos os mamíferos estão
sob ameaça de extinção, porém perdas populacionais, que são um grande sinal da perda de
biodiversidade, chegam a 50% (Ceballos & Ehrlich, 2002).
Plano de Manejo UC Serra das Areias
8
Os mamíferos representam o grupo de vertebrados mais derivado do ponto de vista
evolutivo, sendo compostos por cerca de 5488 espécies distribuídas pelo mundo (Wilson &
Reeder 2005). São caracterizados por possuírem glândulas mamárias que produzem
substâncias nutritivas com a finalidade de alimentar os filhotes em seu tempo de vida inicial
pós-nascimento (Storer et al. 2003). Outra característica principal destes animais são os pelos,
apêndices cutâneos que possuem diversas funções como a camuflagem, comunicação,
sensação e isolamento térmico (Pough et al. 2008). Dentro do grupo existe uma variação
muito grande de tamanho corpóreo, hábitos de vida e preferência de habitat.
A mastofauna silvestre brasileira dificilmente é vista na natureza, e isto se deve,
principalmente, ao fato de terem hábitos discretos, crepusculares e noturnos. Entretanto,
durante as suas várias atividades, esses animais frequentemente deixam sinais típicos no
ambiente, como rastros, fezes, tocas e restos alimentares; vestígios que fornecem através de
observações indiretas uma identificação segura do animal que os produziu, além de
informações sobre sua ecologia (Becker & Dalponte, 1991;Vendramim et al., 2005). Por isso,
pesquisas e inventários requerem a utilização de várias metodologias específicas para
diferentes grupos de espécies (Pardini, 2003) podendo ser separadas em métodos diretos e
indiretos. Os métodos diretos englobam a captura através de armadilhamento (Pardini, 2003)
e observação direta utilizando censos visuais através de transectos lineares (Cullen, 2000),
enquanto os métodos indiretos direcionam o esforço de amostragem na busca por sinais
típicos deixados pelos animais no ambiente. Deste modo, a utilização de indicadores indiretos
da presença de mamíferos é mais rápida e de fácil observação no campo, comparados com os
métodos diretos (Scoss, 2004).
Alguns grupos de mamíferos podem ser usados como indicadores de qualidade
ambiental e características como presença ou ausência podem indicar sustentabilidade
ambiental do lugar (Carvalho Jr. & Luz, 2008). Mamíferos são animais geralmente elusivos,
noturnos e ocorrem em baixas densidades. Dessa forma, o trabalho de levantamento é uma
tarefa bastante complexa. Apesar de ser um grupo bastante conhecido ainda há muito que se
inventariar. Listas de ocorrência de espécies são necessárias e essas lacunas dificultam
atitudes de conservação (Brito, 2004).
Plano de Manejo UC Serra das Areias
9
1.7 Flora
Importantes pesquisas têm apontado que o Cerrado abriga algo entre 20 e 50% das
espécies brasileiras, dependendo do grupo de organismos avaliado (Klink & Machado 2005),
sendo este destacado como uma região prioritária para a conservação da diversidade no
planeta (Myers et al. 2000). Boa parte da diversidade do Cerrado está relacionada à alta
diversidade florística e fitofisionômica que a região apresenta. Segundo Ribeiro & Walter
(2008) o Cerrado apresenta mais de 12.000 espécies de plantas vasculares distribuídas em três
grandes grupos de vegetações: campestres, savânicas e florestais.
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro ocupando uma área de 2 milhões de
km2, o que corresponde a 23% do território nacional, abrangendo estados em todas as regiões
do país (Oliveira & Ratter 2002). Nas últimas décadas a diversidade florística e faunística do
Cerrado têm sofrido grandes perdas devido à fragmentação e a perda de habitat causados
pelos avanços antrópicos, como crescimento dos centros urbanos e avanço da fronteira
agropecuária (Klink & Machado 2005). No Estado de Goiás, a fragmentação da paisagem
natural também se deve à expansão da fronteira agrícola proveniente da região Sul e Sudeste
do Brasil e se intensificou a partir dos anos 60 com a construção de Brasília (GOIÁS 2002).
Em um trabalho pioneiro Cunha et al. (2007), realizaram o mapeamento da
composição e fragmentação do bioma Cerrado em Goiás, estimando que existem no estado
3.470.039 fragmentos, que correspondem a 21% do seu território. Segundo os autores 21,87%
da área remanescente de vegetação nativa de Goiás é constituída por savanas (cerrado típico),
17,68% é constituída por matas e 8,76% por fitofisionomias campestres. Ainda segundo eles,
das áreas remanescentes, mais de 82% apresentam tamanho menor do que 1 ha. Esses dados
indicam que além de poucas áreas naturais, as existentes estão muito fragmentadas e
desconexas.
Por apresentar um elevado grau de desenvolvimento socioeconômico e uma elevada
taxa de ocupação humana, a região de Goiânia e seu entorno é o maior centro urbano de
Goiás, e também uma das regiões onde existe a maior densidade de fragmentos de vegetação
(Cunha et al. 2007). Nesse contexto, a área da Unidade de Conservação Serra das Areias, com
mais de 2.800 ha, representa um importante remanescente de vegetação natural do Cerrado,
em uma região altamente fragmentada, justificando a implantação de estratégias específicas
Plano de Manejo UC Serra das Areias
10
para o manejo e conservação da unidade. Desse modo, o objetivo do presente trabalho foi
fornecer subsídios para a elaboração do Plano de Manejo da unidade, no que diz respeito ao
grupo biótico de Flora. Os resultados apresentados correspondem à caracterização
fitofisionomia da área, bem como o inventário florístico quantitativo e qualitativo da
comunidade arbóreo-arbustiva da Unidade de Conservação Serra das Areias.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
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2. METODOLOGIA DO DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO MEIO BIÓTICO
O levantamento de dados referente ao Meio Biótico da Unidade de Conservação Serra
das Areias ocorreu em dois momentos sazonais específicos que contemplaram os meses de
março e julho de 2014. A questão da sazonalidade, com dois períodos de estações específicas,
visa contemplar períodos reprodutivos distintos da vegetação e também da fauna. A
sazonalidade influencia o comportamento de forrageamento de grupos de fauna e até mesmo o
avistamento dos indivíduos. Adicionalmente, em relação a determinados grupos de fauna, a
sazonalidade influencia na presença ou ausência da espécie no ambiente estudado.
O meio biótico contempla sete grupos distintos, que trabalharam em coletas de dados
com suas metodologias próprias. Assim, o Plano de Trabalho proposto para a Unidade de
Conservação estudada, buscou trabalhar, no que se refere ao Meio Biótico, com metodologias
e metas que apontassem: (1) os principais tipos ou formações (feições) da vegetação
(fitofisionomia) com individualização (localização) das unidades presentes no âmbito da
Unidade de Conservação e sua Zona de Amortecimento (lista geral das espécies de flora
amostradas, lista das espécies mais comuns, bioindicadoras, endêmicas, e importância
econômica, raras, ameaçadas de extinção, invasoras, exóticas, que sofrem pressão de extração
e coleta) com comparações com classificações locais ou regionais; (2) as paisagens florestais
do ponto de vista ecológico estabelecendo suas interações com o entorno da Unidade de
Conservação; (3) as espécies relevantes da flora local com pesquisa e identificação botânica
das espécies existentes; (4) as atividades e ações de manejo que devem ser implantadas na
Unidade de Conservação objetivando a manutenção das áreas de vegetação conservadas e a
melhoria e recuperação da vegetação degradada; (5) a fauna existente no âmbito da Unidade
de Conservação e sua Zona de Amortecimento com levantamento sistemático das espécies
mais comuns existentes, inclusive de espécies endêmicas, espécies ameaçadas de extinção,
espécies migratórias, invasoras, exóticas, que sofrem pressão de pesca, caça e captura; (6) as
relações e correlação de ocorrência de espécies da fauna com tipo de vegetação existente, seu
grau e conservação e as implicações para o manejo da UC, por exemplo, espécies
características de ambientes abertos ou só e matas; (7) as espécies de vegetação típicas da
dieta alimentar de uma ou mais espécies e fauna; (8) as atividades e ações de manejo que
devem ser implantadas na Unidade de Conservação com vistas à manutenção e ou melhoria
do atual status de conservação da fauna local.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
12
Os levantamentos do meio biótico se deram nas Unidades Representativas no que se
refere ao habitat do grupo estudado, dividindo-se em duas unidades diferenciadas do ponto de
vista da conservação dos atributos bióticos, sendo uma unidade mais conservada e compatível
com as unidades topográficas elevadas (UTE) e, outra unidade já bastante alterada das
condições originais, como predomínio de uso do solo antrópico e, compatível com as
unidades topográficas mais planas (UTP) e baixas (Figura 1).
Figura 1: Localização das duas Unidades da Serra que comportam uma maior conservação
dos recursos naturais (em vermelho) e, fora dessas unidades, a localização de uma área com
predomínio de atividades antrópicas. Em preto está o limite da Unidade de Conservação Serra
das Areias.
Fonte: Mattos e Climaco Ltda, 2014
Plano de Manejo UC Serra das Areias
13
2.1 Avifauna
O presente estudo foi realizado em duas fitofisionomias distintas nas proximidades da
Serra das Areias (16°50'57.05"S e 49°20'34.56"O), no município de Aparecida de Goiânia,
sendo Mata de Galeria e Cerrado Típico (unidades topográficas elevadas e plana) e, em áreas
antropizadas com predomínio de pastagem que também foram amostradas (unidades
topográficas planas) (Figura 2). As fitofisionomias correspondem às unidades topográficas
elevadas e, o uso antrópico por pastagem corresponde a área topográfica plana da Unidade de
Conservação Serra das Areias.
A metodologia utilizada foi o levantamento através de transectos lineares nos quais
foram empregadas caminhadas intermitentes. Os transectos ocorreram no período matutino
iniciando as 06:00 hs e concluídos aproximadamente as 11:00 hs, sendo que o mesmo
procedimento ocorreu com as visitas do período vespertino, quando estas aconteceram das
14:00 hs até às 18:30 hs. Foram realizadas 06 campanhas com duração de 04 horas cada,
totalizando assim, 24 horas de levantamentos nos meses de março e julho de 2014.
Figura 2: Áreas estudadas em vermelho
Fonte: Google Earth, 2014
Plano de Manejo UC Serra das Areias
14
O procedimento de registro das espécies foi baseado em Biby et al (2000). Foi
estabelecida uma transecção de aproximadamente 3 km no perímetro de cada área estudada
totalizando aproximadamente 18 km de extensão.
Os registros foram feitos considerando um raio de 50m a fim de analisar a presença de
aves do local. Para a identificação das espécies foi adotado o uso de binóculos 12x36 mm e
registros sonoros tomando-se o máximo de cuidado para não registrar um mesmo indivíduo
mais de uma vez.
A identificação das espécies seguiu o método descrito por Sick (1997). Os nomes
científicos e a classificação taxonômica empregada neste estudo seguiram a listagem do
Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2014). Os dados referentes á
abundância de cada espécie foram extraídos do total de encontros com os indivíduos
registrados ao longo dos turnos e áreas de coleta.
Em relação ao estado de conservação das espécies, foram consultadas as listas oficiais,
sendo o livro vermelho da fauna ameaçada de extinção do Ministério do Meio Ambiente
(MMA, 2008; Olmos, 2005) e as categorias de ameaça da União Internacional para
Conservação da Natureza (IUCN, 2014; Baillie et al, 2004).
2.2 Entomofauna
Área de estudo
A região amostrada localiza-se na Unidade de Conservação Serra das Areias, sendo
nas (1) Unidades Topográficas mais Conservadas e elevadas e, nas (2) Unidades planas e com
o uso do solo antrópico predominando, em sete pontos amostrais representando três
fitofisionomias – Mata de Galeria, Cerrado strictu-sensu e Campo Sujo (Figura 3). Foram
utilizados quatro métodos de coleta, sendo elas, coleta ativa com puçá (Figura 4), armadilha
com essência (Figura 5), pit-fall (Figura 6), e armadilha luminosa (tipo CDC, Sudia &
Chamberlain, 1962) (Figura 7).
Plano de Manejo UC Serra das Areias
15
Figura 3: Localização dos pontos amostrados para cada grupo
Fonte: Google Earth, 2014
Himenópteros polinizadores
As coletas ativas com puçá tiveram o objetivo de amostrar himenópteros
potencialmente polinizadores, coletados durante visitas a flores. Material botânico foi
coletado para posterior identificação. As fitofisionomias amostradas foram Cerrado strictusensu na unidade mais conservada e Campo Sujo na unidade plana e mais antropizada, em
dois pontos de amostragem na estação chuvosa e em quatro pontos de amostragem na estação
seca. Dois coletores realizaram coletas com total de aproximadamente 10 horas cada na
unidade elevada e na unidade plana, caminhando a passo lento em trilhas pré-existentes e em
meio à vegetação à procura de plantas floridas nas quais os himenópteros visitantes foram
coletados. Sempre que possível a identificação foi realizada em campo, e a espécie do
polinizador, da planta visitada e o horário foram anotados. As coletas restringiram-se a
momentos não chuvosos, sempre no fim da manhã, em média, entre 9:30h e 12:00h, e à tarde,
entre 14:00h e 16:30h, na segunda quinzena de Março (primeira campanha) e na primeira
Plano de Manejo UC Serra das Areias
16
quinzena de Julho (segunda campanha) de 2014. No total, 41 horas foram amostradas.
Adicionalmente, foram amostradas abelhas da tribo Euglossini, utilizando-se armadilhas de
essência. As essências utilizadas foram eucaliptol, vanilina e salicilato de metila. Por não ter
atraído abelhas na primeira campanha a essência do tipo eucaliptol não foi utilizada na
segunda. As armadilhas foram instaladas em dois pontos da unidade elevada e em dois pontos
da unidade plana, nas duas campanhas. Em cada ponto amostral, duas armadilhas de cada
essência foram instaladas às 9:30h e removidas às 16:30h.
Artrópodes de solo
Para a amostragem de artrópodes de solo, com ênfase em decompositores, foram
utilizadas armadilhas do tipo pit-fall cobertas e iscadas com pedaços de fígado bovino. As
armadilhas foram instaladas em dois pontos da unidade elevada e em um ponto da unidade
plana, nas duas campanhas. Em cada ponto amostral, foram estabelecidas quatro parcelas,
com distância de 50 metros entre elas.
Em cada uma delas foram instaladas quatro armadilhas, separadas entre si por
aproximadamente cinco metros, totalizando 48 armadilhas por campanha. As armadilhas
ficaram instaladas por 48h, para potencializar a atratividade das iscas. Uma solução salina foi
utilizada nas armadilhas para preservação dos espécimes. Os espécimes foram triados
inicialmente em peneira de 1,5mm antes da triagem em laboratório.
Mosquitos hematófagos
A armadilha luminosa teve o objetivo de amostrar insetos hematófagos. As armadilhas
foram instaladas em um ponto da unidade elevada e em dois pontos da unidade plana, nas
duas campanhas, em áreas de Mata de Galeria onde há presença de pessoas que fazem uso dos
corpos d’água. As armadilhas foram instaladas no período crepuscular, cerca de 17:00h, e
removidas no dia seguinte às 9:00h.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
17
Figura 4: Coleta manual de himenópteros
visitantes florais.
Figura 5: Armadilha de essência, que
atrai machos da tribo Euglossini.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014.
Figura 6: Armadilha do tipo Pit-fall, com
isca de fígado bovino suspensa pela tampa
plástica.
Figura 7: Armadilha luminosa do tipo
CDC, que captura insetos hematófagos
atraídos pela luz.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014.
2.3 Herpetofauna
Área de estudo
A Unidade de Conservação Serra das Areias se localiza no município de Aparecida de
Goiânia, Goiás. Áreas adjacentes importantes para a ampliação da Unidade de Conservação, e
que apresentam a mesma formação fitofisionômica abrangem parte do município de
Hidrolândia, Goiás. A região está inserida no bioma Cerrado e se caracteriza pela presença de
duas formações montanhosas separadas por uma área mais baixa, a qual não apresenta
Plano de Manejo UC Serra das Areias
18
vegetação contínua. Devido ao relevo acidentado, há um predomínio de corpos d’água lóticos
associados à Mata de Galeria. Foram amostrados 17 pontos no interior das unidades elevadas
e nove pontos nas unidades plana, totalizando 26 pontos (Tabela 1, Figuras 8 e 9). Os pontos
foram selecionados buscando abranger as diferentes fitofisionomias da Unidade de
Conservação, priorizando áreas com a presença de corpos d’água e com fragmentos de
vegetação nativa, além de áreas alagadas de origem antrópica (e.g. poços artificiais).
Tabela 1: Pontos amostrados nas áreas topograficamente elevadas (conservadas) e planas
(antropizadas) na Unidade de Conservação da Serra das Areias.
Ponto
P1
P2
P3
P4
P5
Descrição do Ambiente
Cerrado rupestre e Cerrado Sensu
Stricto
Área antropizada com rochas
expostas pela exploração de
cascalho
Vereda
Tipo de unidade
Unidade Elevada
Corpo d’água lêntico em área
antropizada
Cerrado Sensu Stricto
Unidade Plana
Unidade Plana
Unidade Plana
Unidade Elevada
P6
Corpo d’água lêntico (artificial)
na borda de Mata de Galeria
Unidade Elevada
P7
Cerradão
Unidade Plana
P8
Riacho no interior de Mata de
Galeria
Corpo d’água lêntico em área de
Campo Cerrado
Riacho em Mata de Galeria com
influência de atividades
recreativas (clube)
Borda externa de Mata de Galeria
com influência de pastagem
Unidade Elevada
P9
P10
P11
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Unidade Elevada
Unidade Plana
Unidade Elevada
Coordenadas
S 16º50’28.8”
W 49º19’32,2”
S 16º50’42.5”
W 49º19’47.4”
S 16º50’26.4”
W 49º19’41.3”
S 16º49’57.7”
W 49º18’12.5”
S 16º50’19.4”
W 49º18’43.2”
S 16º51’45.2”
W 49º21’08.2”
S 16º51’09.5”
W 49º20’25.1”
S 16º51’12.9”
W 49º20’57.2”
S 16º52’00.8”
W 49º19’58.7”
S 16º51’19.7”
W 49º20’24.2”
S 16°52’48.4”
W 49°19’55.5”
19
Cont. Ponto
P12
Tipo de unidade
Unidade Plana
P18
Descrição do Ambiente
Riacho permanente em área
aberta
Riacho no interior de Mata de
Galeria
Riacho permanente no interior
de Mata de Galeria
Corpo d'água lêntico
temporário (quase seco)
Cerrado rupestre em topo de
morro
Riacho temporário (quase
seco) em área transicional
entre Cerrado rupestre e Mata
de Galeria
Campo Cerrado
P19
Riacho associado ao brejo
Unidade Elevada
P20
Riacho em Mata de Galeria
(Cachoeira) - Fazendo do
Cléber
Corpo d'água lêntico na borda
interna de Mata (Poço
artificial) - Fazenda do Cléber
Riacho associado ao brejo
Unidade Elevada
P23
Corpo d'água lêntico em área
com influência de pastagem
Unidade Plana
P24
Corpo d'água lêntico na borda
externa de Mata de Galeria
com influência de pastagem
Riacho em Mata de Galeria
(Cachoeira)
Mata de Galeria
Unidade Elevada
S 16°50’58.4”
W 49°18’04.1”
Unidade Elevada
S 16°50’50.3”
W 49°18’36.3”
S 16°50’50.9”
W 49°18’24.8”
P13
P14
P15
P16
P17
P21
P22
P25
P26
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Unidade Plana
Unidade Elevada
Unidade Plana
Unidade Elevada
Unidade Elevada
Unidade Elevada
Coordenadas
S 16°53’02.7”
W 49°19’54.3”
S 16°52’57.0”
W 49°20’32.2”
S 16°52’57.0”
W 49°19’57.9”
S 16°51’21.2”
W 49°21’53.7”
S 16°51’31.4”
W 49°22’05.7”
S 16°51’25.8”
W 49°21’59.1”
S 16° 51’40.5”
W 49°21’40.0”
S 16°51’25.0”
W 49°21’47.4”
S 16°52’22.9”
W 49°20’47.4”
Unidade Elevada
S 16°52’19.9”
W 49°20’46.9”
Unidade Elevada
S 16°51’58.2”
W 49°20’57.8”
S 16°51’33.5”
W 49°20’36.3”
Unidade Elevada
20
Ponto 14
Ponto 15
Ponto 17
Ponto 18
Ponto 21
Ponto 25
Figura 8: Exemplos de pontos amostrados nas áreas (1) mais conservadas e elevadas e (2)
mais planas e antropizadas na Unidade de Conservação Serra das Areias.
Fonte: Mattos e Climaco Ltda, 2014
Plano de Manejo UC Serra das Areias
21
Figura 9: Distribuição dos pontos amostrados nas áreas elevadas e mais conservadas
(contorno vermelho) e mais planas e antropizadas (contorno preto) na Unidade de
Conservação Serra das Areias
Fonte: Google Earth, 2014
Coleta de dados
Foram realizadas duas campanhas, sendo uma na estação chuvosa (17 a 20 de abril de
2014) e outra na estação seca (10 a 14 de julho de 2014). A busca ativa de répteis e anfíbios
foi realizada no período vespertino (14:00 às 18:00) e noturno (19:00 às 24:00), utilizando os
métodos de “amostragem por encontros visuais” (Crump e Scott 1994) e “transectos
auditivos” (Zimmerman 1994) (Figura 10). O esforço amostral foi direcionado aos sítios
reprodutivos e possíveis áreas de refúgio com duração de 60 minutos em cada ambiente. As
espécies encontradas foram registradas através de recursos fotográficos (máquina fotográfica)
e acústicos (gravador portátil). Espécies encontradas durante o deslocamento entre pontos e as
espécies relatadas por moradores da região (entrevista) também foram consideradas.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
22
Busca ativa diurna
Busca ativa noturna
Figura 10: Métodos de amostragem da herpetofauna.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014.
Análise de dados
Para avaliar a eficiência da coleta foi construída uma curva do coletor e uma curva de
riqueza estimada pelo método Jackknife de primeira ordem para cada grupo, separadamente
(anfíbios e répteis). Este método não paramétrico permite produzir intervalos de confiança
para a riqueza de espécies com base nas espécies raras encontradas durante a amostragem
(Krebs 1999). As analises foram realizadas utilizando o software ESTIMATES 9.1 (Colwell
2000) com 100 aleatorizações.
2.4 Ictiofauna
Pontos Amostrais
Foram amostrados três pontos localizados na Unidade de Conservação Serra das
Areias (Tabela 2; Figura 11). Os pontos foram escolhidos visando, além da acessibilidade,
amostrar os principais cursos d’água da respectiva Unidade de Conservação, que são:
Ribeirão Santo Antônio (afluente do rio Meia Ponte) e Córrego da Mata (Afluente do rio
Dourado que, por sua vez, é afluente do rio Meia Ponte), que por apresentarem maior volume
de água, coincidem com a unidade mais plana da Unidade de Conservação.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
23
Tabela 2: Pontos amostrais de ictiofauna na Unidade de Conservação Serra das Areias.
Ponto
LOCAL
LATITUDE
LONGITUDE
P1
Ribeirão Santo Antônio
16º49'44,9''S
49º18'46,0''W
P2
Córrego da Mata
16º51'17,7''S
49º20'14,3''W
Ponto lagoa
Córrego da Mata
16°51'50.87"S 49°21'15.20"W
Procedimentos em campo
Os pontos foram amostrados no dia 13/03/2014 e 14/07/2014, sendo que o P1
(Ribeirão Santo Antônio) e Ponto lagoa foi amostrado pela manhã e o P2 (Córrego da Mata)
foi amostrado no período da tarde.
Devido ao fato de os pontos amostrais serem cursos d’água de baixa ordem, segundo
Strahler (1957), os peixes foram coletados através de redes de arrasto de malha, percorrendo
algumas vezes um trecho de 50 metros (5 mm; figura 12), peneiras, puçás (Figura 13), e
batendo tarrafas (principalmente no ponto lagoa), padronizando esforço amostral de uma hora.
Também foi deixado uma câmera subaquática da marca GoPRO® em uma região de cada
ponto amostral, durante meia hora, no intuito de constatar espécies que não foram coletadas
(espécies raras).
Os peixes capturados foram identificados taxonomicamente, com ajuda de chaves de
identificação (Graça & Pavanelli, 2007 e Britski et al. 1988), pesados através de uma balança de
bolso de precisão de 0,1g e medidos com uma fita métrica (Figura 14), onde foram retirados o
comprimento total (comprimento do focinho até o final da nadadeira caudal) e comprimento
padrão (comprimento que vai desde o focinho até o pedúnculo caudal) e devolvidos ao curso
d’água. Todos os dados foram anotados e transferidos para planilhas no software Excel®.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
24
Figura 11: Pontos amostrais de ictiofauna na Unidade de Conservação Serra das Areias. As linhas vermelhas representam os limites das
unidades mais elevadas e conservadas da Unidade de Conservação. A linha preta representa o contorno da UC Serra das Areias. P1, P2 e Ponto
Lagoa são os pontos de coleta da ictiofauna
Fonte: Google Earth, 2014.
25
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Figura 12: Biólogos realizando a pesca através de rede de arrasto.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014.
Figura 13: Biólogo capturando peixes através de uso de puçá de mão.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
26
Figura 14: Pesagem e medição dos peixes.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014.
2.5 Macroinvertebrados Aquáticos
Área Amostral
A primeira coleta de invertebrados aquáticos ocorreu nos dias 22 e 23 de março de
2014, onde foram amostrados os córregos Santo Antônio (16º49’44,9”S, 49º18’46,0”W) e
da Mata (16º51’17,7”S, 49º20’14,3”W) (Figura 15). A campanha seguinte ocorreu no dia
14 de julho de 2014, durante o período de seca. Os córregos da Mata e Santo Antônio
foram escolhidos para verificar se há diferenças entre as comunidades bentônicas e qual a
melhor forma de manejo para essas comunidades aquáticas. A coleta dos invertebrados
aquáticos ocorreu, nos mesmos pontos que a coleta da Ictiofauna, em unidade plana,
portanto, visualizados na figura 11, do ítem Metodologia do diagnóstico ambiental do
meio biótico: Ictiofauna.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
27
Figura 15: Pontos de coleta na Unidade de Conservação Serra das Areias, situado no
munícipio de Aparecida de Goiânia – Goiás. Córrego da Mata (à esquerda) e Córrego Santo
Antônio (à direita).
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014.
Amostragem dos Invertebrados Aquáticos
Em cada córrego foi determinado um trecho de aproximadamente 100 metros, no qual
foram realizadas dez sub-amostras aleatórias de substrato (folhiço e areia). A amostragem foi
realizada com amostrador do tipo Súber, com área de fundo de 0,1m² (Figura 16). O material
coletado foi condicionado em frascos plásticos, fixados com álcool 70% e encaminhado para
triagem, identificação e quantificação em laboratório com microscópio estereoscópio.
Figura 16: Amostragem de invertebrados aquáticos, utilizando amostrador do tipo súber, nas
áreas de influência da UC Serra das Areias.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
28
Análise dos Dados
A identificação dos táxons foi realizada até o menor nível taxonômico possível. Foram
realizados os cálculos de abundância total dos táxons em cada córrego, índice de diversidade
de Shannon-Wiener (H’), índice de equitabilidade de Pielou (J’) e riqueza taxonômica para
cada ponto amostral, nas diferentes estações seca/chuvosa.
Para a avaliação da água utilizando os invertebrados aquáticos como bioindicadores,
foi utilizado o índice BMWP (Biological Monitoring Working Party) adaptado por Monteiro
et al. (2008). O índice adaptado por Monteiro e colaboradores é o mais indicado para uma
avaliação mais precisa no estado de Goiás, uma vez que a pontuação atribuída por ele é mais
condizente com a sensibilidade dos táxons amostrados já que o estudo foi realizado também
no estado de Goiás. Só foi atribuído pontuação às famílias que se encontravam no índice, as
demais famílias amostradas foram excluídas da análise.
Como o método BMWP não faz referência a um sistema de classificação da qualidade
da água, foram utilizadas faixas de pontuação para determinar as classes de qualidade da água
dos pontos amostrados, conforme proposto por Alba-Tercedor & Sánchez-Ortega (1988). Esta
classificação é baseada no somatório das famílias encontradas nos locais à partir do índice
BMWP e cada ponto recebe então uma classe de classificação da água, que pode ser:
excelente, boa, satisfatória, ruim e muito ruim (Tabela 3).
Tabela 3: Sistema de classificação da qualidade de água estabelecido para os córregos da
Mata e Santo Antônio, localizados nas áreas de influência da UC Serra das Areias, Aparecida
de Goiânia, Goiás (De acordo com Alba-Tercedor & Sánchez-Ortega, 1988).
Classe
Somatório da pontuação
I
II
III
IV
V
≥ 150
149 – 100
99 – 60
59 – 20
≤19
Qualidade
Excelente
Boa
Satisfatória
Ruim
Muito Ruim
2.6 Mastofauna
A amostragem de mamíferos na região da Serra das Areias – Município de Aparecida
de Goiânia - foi realizada durante duas estações do ano – chuvosa e seca - entre os dias 17 e
Plano de Manejo UC Serra das Areias
29
22 de março de 2014 e entre os dias 7 e 11 de julho de 2014, totalizando onze dias de coletas.
Devido às características da região como tamanho, segurança e presença contínua de
visitantes/moradores, além do curto período disponível para a realização das coletas, evitamos
a utilização de métodos diretos de amostragem, como a utilização de armadilhamento (e.g.
fotográfico, gaiolas) para alguns grupos (pequenos, médios e grandes mamíferos terrestres).
Tais métodos, além de muito caros, possuem um sucesso de captura relativamente baixo e são
frequentemente danificados por vândalos. Assim, optamos por uma amostragem extensiva
baseada em métodos indiretos (busca por rastros, fezes, tocas e outros vestígios), a fim de
cobrir a maior área possível da região. A busca por esses vestígios ocorreu em transectos
condicionados à existência de trilhas, com especial cuidado na observação dos cursos d’água
presentes em suas proximidades (localidades para dessedentação), que são locais mais
propícios de serem encontrados sinais deixados pelos animais, devido ao tipo de solo ali
presente. Desta forma, os transectos foram conduzidos a pé no período diurno, percorrendo-se
a maior distância possível durante quatro horas diárias (08:00-12:00). Deste modo, buscamos
realizar uma amostragem que apresentasse maior representatividade dos ambientes
encontrados na região de estudo (Figura 17).
Figura 17: Imagem de Satélite da delimitação da UC Serra das Areias (preto) e respectivas
Unidades Topográficas Elevadas (vermelho), contendo os transectos feitos a pé (amarelo) e de
camionete (azul), além de pontos onde as espécies foram encontradas
Fonte: Google Earth, 2014
Plano de Manejo UC Serra das Areias
30
Os vestígios encontrados foram fotografados com uma câmera fotográfica Nikon
D7100 sendo utilizada uma escala de medida (trena ou algum objeto) nas fotos. Os vestígios
foram identificados à partir de Guias Específicos (Becker & Dalponte 2013, Borges & Tomás
2004) e os pontos de ocorrência foram marcados com o auxílio de um GPS Garmin GPSMap
76CSx. Essa metodologia apresentou um esforço amostral de cerca de 40 horas.
Durante o período noturno (20:00-00:00/01:00) foram realizados transectos (método
direto) de quarenta minutos cada e com intervalos de vinte minutos, aproximadamente, a fim
de se visualizar indivíduos. Os transectos foram realizados tanto de camionete pelas estradas
de acesso, a uma velocidade média de 20 km/h e utilizando um cilibrim Coleman Spotlight,
quanto a pé, percorrendo as trilhas da região. Do mesmo modo, locais de avistamento de
indivíduos foram marcados com auxílio do GPS. De forma similar aos transectos diurnos,
esse método apresentou esforço amostral de cerca de 40 horas.
Com relação ao grupo de mamíferos voadores, utilizamos um método direto de
armadilhamento por redes de neblina. Selecionamos sete pontos, condicionados à
proximidade de cursos d’água, matas/corredores e em locais com maior influência antrópica
(clube abandonado, antigas construções e pequenos fragmentos florestais). Em cada ponto
foram montadas cerca de oito redes de neblina Zootech (dez metros de comprimento por três
metros de altura), seguindo padrões diversos a fim de aumentar a área de coleta (maior
sucesso de captura). Em cada noite, as redes permaneceram montadas durante 4-5 horas, e
foram vistoriadas a cada hora. Os morcegos coletados foram identificados no menor nível
taxonômico, utilizando a chave de identificação (e.g. Gardner, 2007) e importantes medidas
foram coletadas (medidas de antebraço; peso) com o auxílio de equipamentos de precisão
(paquímetro e balança digital), a fim de auxiliar na identificação das espécies.
2.7 Flora
A caracterização da vegetação da unidade de conservação foi feita em duas
campanhas, sendo uma no período chuvoso (março de 2014) e uma no período seco (julho de
2014). O presente estudo compreendeu tanto áreas mais conservadas e elevadas quanto as
áreas planas e com uso do solo antrópico. A amostragem foi feita basicamente através da
caracterização fitofisionômica, florística e fitossociológica da região, cujos detalhes são
descritos a seguir.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
31
Metodologia para levantamento fitofisionômico
Utilizou-se do Mapa de Vegetação da área, produzido por Rosa (2014), para orientação
quanto as principais formações da vegetação existentes na Unidade de Conservação (Figura 18).
Portanto, para devido à escala do mapa produzido por Rosa (2014) e diante da formação em
mosaicos da vegetação de Cerrado, foi utilizada a vistoria em toda a área da unidade para uma
avaliação das principais características da vegetação (Figura 19), incluindo a categorização das
fitofisionomias, como baseados na estrutura da vegetação (densidade de plantas, medidas do
porte da vegetação e altura do dossel) e composição das espécies de plantas. As fitofisionomias
foram categorizadas de acordo com Ribeiro & Walter (2008).
Metodologia para levantamento florístico
A listagem de espécies de plantas (amostragem qualitativa) foi feita através do método
de caminhamento (transect), onde foram feitos o registro fotográfico e a catalogação das
espécies de plantas herbáceas, arbustivas e arbóreas ocorrentes na vegetação (Figura 20). Em
alguns casos, foi feita a coleta de material reprodutivo (flores e frutos) ou vegetativo (folhas e
ramos), para identificação em laboratório bem como para o depósito em herbário. O material
coletado foi preparado e montado em exsicatas para posterior depósito no Herbário da
Universidade Federal de Goiás. Como uma forma de complementar a listagem de espécies
registradas na área, bancos de dados de flora nacionais e internacionais, bem como
publicações especializadas, foram inspecionados na tentativa de compilar registros de
ocorrência de espécies vegetais para a Unidade de Conservação.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
32
Figura 18: Mapa de Vegetação da Unidade de Conservação Serra das Areias, em Aparecida de Goiânia.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014.
33
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Figura 19: Detalhe do mapeamento
fitofisionomico.
Figura 20: Biólogos realizando o
levantamento florístico da vegetação.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014.
Metodologia para levantamento fitossociológico
Para o levantamento fitossociológico (amostragem quantitativa) da vegetação foram
estabelecidas 50 parcelas de 10x10 m em diferentes fitofisionomias da unidade (Tabela 4). A
quantidade de parcelas alocadas nas fitofisionomias foi estabelecida buscando acompanhar a
representatividade de cada tipo de fisionomia no contexto geral da unidade (Tabela 5). As
parcelas foram demarcadas de maneira permanente com estacas de madeira de 1m e as plantas
amostradas foram marcadas com plaquetas metálicas de 2x2cm, com o intuito de fornecer
subsídios para o monitoramento da vegetação e o desenvolvimento de futuras pesquisas.
Tabela 4: Caracterização fitofisionômica e coordenada de localização das 50 parcelas de
amostragem de flora.
Parcela Fitofisionomia
22k
UTM
Parcela
Fitofisionomia
22k
UTM
1
Cerrado ralo
675868 8135988
26
Cerrado típico
679377
8137144
2
Cerrado ralo
675861 8135994
27
Cerrado típico
679370
8137135
3
Cerrado ralo
675879 8135983
28
Cerrado típico
679380
8137129
4
Campo sujo
675810 8135920
29
Cerrado típico
679375
8137125
5
Campo sujo
675809
813592
30
Cerrado típico
679366
8137132
6
Campo sujo
675803 8135929
31
Cerrado típico
678283
8136099
7
Campo sujo
675803 8135921
32
Cerrado típico
678287
8136107
8
Mata de galeria
677107 8135678
33
Cerrado típico
678381
8136142
Plano de Manejo UC Serra das Areias
34
Cont. Parcela Fitofisionomia
22k
UTM
Parcela
Fitofisionomia
22k
UTM
9
Mata de galeria
677114 8135689
34
Cerrado típico
678378
8136148
10
Mata de galeria
677113 8135699
35
Cerrado típico
678127
8135848
11
Cerradão
676823 8135916
36
Cerrado típico
678134
8135855
12
Cerradão
676828 8135907
37
Cerrado típico
675226
8134901
13
Cerradão
676824 8135896
38
Cerrado típico
675220
8134906
14
Cerradão
676822 8135889
39
Cerrado típico
675213
8134911
15
Cerrado rupestre
678442 8136944
40
Cerrado típico
675208
8134918
16
Cerrado rupestre
678452 8136943
41
Cerrado típico
675201
8134927
17
Cerrado rupestre
678465 8136948
42
Mata de galeria
675544
8134785
18
Cerrado rupestre
678477 8136948
43
Mata de galeria
675548
8134793
19
Cerrado rupestre
678485 8136948
44
Mata de galeria
675552
8134800
20
Cerrado típico
679756 8137489
45
Mata de galeria
675559
8134799
21
Cerrado típico
679749 8137499
46
Cerrado típico
675969
8134746
22
Cerrado típico
679748 8137508
47
Cerrado típico
675964
8134751
23
Cerrado típico
679746 8137515
48
Cerrado típico
675958
8134757
24
Cerrado típico
679740 8137526
49
Cerrado típico
675952
8134760
25
Cerrado típico
679384 8137135
50
Cerrado típico
675945
8134777
Tabela 5: Distribuição do número de parcelas por tipo de fitofisionomia.
Tipo de formação
Quantidade de parcelas
Representatividade
4
11
35
8%
22%
70%
Campestre
Florestal
Savânica
Em cada parcela (Figura 21) foram amostrados todos os indivíduos arbóreo-arbustivos
com circunferência maior que 15 cm à altura do peito (CAP) para as vegetações florestais e à
altura de 30 cm do solo (CNS) para as vegetações savânicas (Figura 22). Cada indivíduo
amostrado foi identificado em espécie (quando possível), fotografado e teve sua altura
anotada. Para se ter uma ideia da taxa de mortalidade em cada parcela amostrada também
foram coletados dados de todos os indivíduos mortos em pé. Os dados coletados foram
anotados em planilha de campo para posterior análise.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
35
Figura 21: Vista geral de uma parcela de
amostragem em cerrado típico.
Figura 22: Detalhe da amostragem
fitossociológica.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014.
A partir dos dados coletados em campo foram calculados diferentes parâmetros
fitossociológicos, como densidade, frequência, dominância, índice de valor de importância e
de cobertura e índices de diversidade e equitabilidade. Essas análises identificam os
parâmetros quantitativos da comunidade vegetal, definindo parâmetros de abundância e
relações de dominância e importância relativas; o que permite ainda inferências sobre a
distribuição espacial de cada espécie (Imaña-Encinas et al. 2009). Isso possibilita determinar
quais espécies são mais importantes para a composição da comunidade vegetal, bem como
estudar o agrupamento das plantas e sua inter-relação e dependência de fatores bióticos.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
36
3. DIAGNÓSTICO AMBIENTAL DO MEIO BIÓTICO
De maneira geral a Unidade de Conservação Serra das Areias apresenta duas situações
distintas do ponto de vista da conservação dos recursos naturais, sendo: (1) duas unidades
topográficas elevadas e movimentadas, com vegetação contínua, mas também com a presença
de áreas com degradação ambiental; (2) uma unidade topográfica plana e bastante modificada
do ponto de vista da cobertura vegetal original, porém apresentando fragmentos essenciais à
manutenção da biodiversidade das unidades mais conservadas.
É na unidade plana que estão inseridos os principais corredores de biodiversidade,
sendo um corredor entre as unidades topográficas elevadas através do córrego da Mata e,
outros corredores conectando a Unidade de Conservação à zona rural de Aragoiânia e
Hidrolândia. Portanto, apesar das unidades planas estarem mais alteradas do ponto de vista
dos recursos naturais, ela também apresenta habits importantes, especialmente aqueles
florestais. Some-se a isto uma diversidade de organismos vivos também utilizam de áreas
antropizadas em seus nichos ecológicos, ressaltando a importância de controlar as atividades
antrópicas nas unidades planas da Unidade de Conservação.
Diante das duas situações bem distintas do ponto de vista da conservação de habitats,
o diagnóstico do meio biótico contempla as principais particularidades de ambas, com
exceção dos organismos cujo habitat é aquático, ficando tais grupos (ictiofauna e
macroivertebrados aquáticos) diagnosticados apenas nas unidades topográficas planas, onde
os cursos d’água apresentam uma maior vazão e disponibilidade de recursos hídricos.
Além da descrição dos habitas, identificação de espécies, quantificação de espécimes,
dentre outras informações ecológicas dos grupos estudados, buscou-se apontar as
vulnerabilidades, fragilidades e potencialidades de cada grupo em relação ao habitat inserido
na Serra das Areias.
3.1 Avifauna
Nas duas campanhas realizadas nos meses de março e julho de 2014, foram registrados
um total de 618 indivíduos, sendo 252 indivíduos na campanha de março e 366 na campanha de
julho (Tabela 6). Estes estavam distribuídas em 80 espécies e 30 famílias (tabela 7). Não houve
registro de espécies ameaçadas conforme as listas oficiais consultadas (IUCN e MMA). As
Plano de Manejo UC Serra das Areias
37
informações contidas neste diagnóstico de aves retratam a distribuição das áreas levantadas da
seguinte forma: (1) Mata de Galeria, Cerrado Típico e áreas antropizadas (pastagens) e, (2)
áreas topográficas elevadas e topográficas planas. Esta última, bastante antropizada e com
predomínio de pastagem. Alguns indivíduos foram registrados na figura 25.
Tabela 6: Dados Gerais do registro de aves na Unidade de Conservação Serra das Areias, em
relação à época de registro e as áreas amostradas.
REGISTROS
MARÇO
JULHO
TOTAL POR ÁREA
Mata de Galeria
Cerrado Típico
Áreas Antropizadas
TOTAL
102
95
55
252
131
152
83
366
233
247
138
618
Tabela 7: Lista de espécies registradas, suas respectivas famílias, nomes populares e total de
indivíduos por campanha (Março e Julho/2014) na Unidade de Conservação Serra das Areias.
FAMÍLIA/NOME CIENTÍFICO
TINAMIDAE
Crypturellus parvirostris (Wagler, 1827)
Crypturellus tataupa (Temminck, 1815)
Nothura maculosa (Temminck, 1815)
Rhynchotus rufescens (Temminck, 1815)
THRESKIORNITHIDAE
Mesembrinibis cayennensis (Gmelin, 1789)
Theristicus caudatus (Boddaert, 1783)
CATHARTIDAE
Coragyps atratus (Bechstein, 1793)
ACCIPITRIDAE
Rupornis magnirostris (Gmelin, 1788)
Buteo brachyurus (Vieillot, 1816)
Ictinia plumbea (Gmelin, 1788)
RALLIDAE
Porzana albicollis (Vieillot, 1819)
CHARADRIIDAE
Vanellus chilensis (Molina, 1782)
COLUMBIDAE
Columbina talpacoti (Temminck, 1811)
Columbina squammata (Lesson, 1831)
Leptotila verreauxi (Bonaparte, 1855)
Plano de Manejo UC Serra das Areias
NOME COMUM
coró-coró
curicaca
Março
2
1
1
-
Julho
2
2
3
2
1
urubu-de-cabeça-preta
2
5
gavião-carijó
gavião-de-cauda-curta
sovi
2
1
-
4
1
sanã-carijó
-
-
quero-quero
4
6
rolinha - roxa
fogo-apagou
juriti-pupu
13
12
3
8
11
4
inhambu-chororó
inhambu-chintã
codorna-amarela
perdiz
38
Cont. FAMÍLIA/NOME CIENTÍFICO
Patagioenas picazuro (Temminck, 1813)
Zenaida auriculata (Des Murs, 1847)
Patagioenas cayennensis (Bonnaterre, 1792)
Patagioenas speciosa (Gmelin, 1789)
CUCULIDAE
Piaya cayana (Linnaeus, 1766)
Crotophaga ani Linnaeus, 1758
Guira guira (Gmelin, 1788)
Tapera naevia (Linnaeus, 1766)
NYCTIBIIDAE
Nyctibius griseus (Gmelin, 1789)
TROCHILIDAE
Phaethornis pretrei (Lesson & Delattre, 1839)
Eupetomena macroura (Gmelin, 1788)
Colibri serrirostris (Vieillot, 1816)
MOMOTIDAE
Momotus momota (Linnaeus, 1766)
GALBULIDAE
Galbula ruficauda (Cuvier, 1816 )
BUCCONIDAE
Monasa nigrifrons (Spix, 1824)
Nystalus chacuru (Vieillot, 1816)
RAMPHASTIDAE
Ramphastos toco Statius (Muller, 1776)
PICIDAE
Picumnus albosquamatus d'Orbigny, 1840)
Colaptes melanochloros (Gmelin, 1788)
Veniliornis passerinus (Linnaeus, 1766)
Dryocopus lineatus (Linnaeus, 1766)
Colaptes campestris (Vieillot, 1818)
CARIAMIDAE
Cariama cristata (Linnaeus, 1766)
FALCONIDAE
Herpetotheres cachinnans (Linnaeus, 1758)
Caracara plancus (Miller, 1777)
Falco sparverius (Linnaeus, 1758)
Milvago chimachima (Vieillot, 1816)
PSITTACIDAE
Plano de Manejo UC Serra das Areias
NOME COMUM
pombão
pomba-de-bando
pomba-galega
pomba-trocal
Março
10
10
-
Julho
25
4
1
1
alma-de-gato
anu-preto
anu-branco
1
10
9
-
3
4
10
1
mãe-da-lua
1
-
rabo-branco-acanelado
beija-flor-tesoura
beija-flor-de-orelha-violeta
1
1
2
2
2
8
udu-de-coroa-azul
3
4
ariramba-de-cauda-ruiva
2
2
chora-chuva-preto
joão-bobo
9
-
2
6
tucanuçu
7
2
pica-pau-anão-escamado
pica-pau-verde-barrado
picapauzinho-anão
pica-pau-de-banda-branca
pica-pau-do-campo
2
1
1
1
-
1
1
2
4
7
seriema
2
2
acauã
caracará
quiriquiri
carrapateiro
2
3
1
-
2
2
1
4
39
Cont. FAMÍLIA/NOME CIENTÍFICO
Ara ararauna (Linnaeus, 1758)
Psittacara leucophthalmus (Statius Muller, 1776)
Aratinga auricapillus (Kuhl, 1820)
Brotogeris chiriri (Vieillot, 1818)
TYRANNIDA
Tyrannus melancholicus (Vieillot, 1819)
Camptostoma obsoletum (Temminck, 1824)
Myiarchus swainsoni Cabanis & Heine, 1859
Pitangus sulphuratus (Linnaeus, 1766)
Philohydor lictor (Lichtenstein, 1823)
Myiodynastes maculatus (Statius Muller, 1776)
Griseotyrannus aurantioatrocristatus (d'Orbigny
& Lafresnaye, 1837)
Myiarchus ferox (Gmelin, 1789)
DENDROCOLAPTIDAE
Lepidocolaptes angustirostris (Vieillot, 1818)
VIREONIDAE
Cyclarhis gujanensis (Gmelin, 1789)
CORVIDAE
Cyanocorax cyanopogon (Wied, 1821)
HIRUNDINIDAE
Progne tapera (Vieillot, 1817)
Progne chalybea (Gmelin, 1789)
Pygochelidon cyanoleuca (Vieillot, 1817)
Riparia riparia (Linnaeus, 1758)
TROGLODYTIDAE
Pheugopedius genibarbis (Swainson, 1838)
POLIOPTILIDAE
Polioptila dumicola (Vieillot, 1817)
TURDIDAE
Turdus leucomelas (Vieillot, 1818 )
MIMIDAE
Mimus saturninus (Lichtenstein, 1823)
THRAUPIDAE
Lanio pileatus (Wied, 1821)
Lanio cucullatus (Statius Muller, 1776)
Tangara sayaca (Linnaeus, 1766)
Nemosia pileata (Boddaert, 1783)
Tangara cayana (Linnaeus, 1766)
Plano de Manejo UC Serra das Areias
NOME COMUM
Março
arara-canindé
periquitão-maracanã
jandaia-de-testa-amarela
periquito-de-encontro-amarelo
6
Julho
8
10
15
suiriri
risadinha
irré
bem-te-vi
bentevizinho-do-brejo
bem-te-vi -rajado
8
7
2
4
2
1
11
5
7
12
2
peitica-de-chapéu-preto
2
1
maria-cavaleira
6
3
arapaçú-do-cerrado
-
2
pitiguari
-
3
gralha-cancã
4
6
andorinha-do-campo
andorinha-doméstica-grande
andorinha-pequena-de-casa
andorinha-de-barranco
5
2
5
-
3
5
2
14
garrinchão-pai-avô
2
2
balança-rabo-de-máscara
2
5
sabiá-barranco
1
4
sabiá-do-campo
5
7
tico-tico-rei-cinza
tico-tico-rei
sanhaçu-cinzento
saíra-de-chapéu-preto
saíra-amarela
2
4
4
6
5
4
4
9
6
8
40
Cont. FAMÍLIA/NOME CIENTÍFICO
Volatinia jacarina (Linnaeus, 1766)
Saltatricula atricollis (Vieillot, 1817)
Tersina viridis (Illiger, 1811)
Sporophila nigricollis (Vieillot, 1823)
Emberizoides herbicola (Vieillot, 1817)
Dacnis cayana (Linnaeus, 1766)
Sicalis flaveola (Linnaeus, 1766)
Sicalis luteola (Sparrman, 1789)
CARDINALIDAE
Piranga flava (Vieillot, 1822)
FRINGILLIDAE
Euphonia chlorotica (Linnaeus, 1766)
NOME COMUM
tiziu
bico-de-pimenta
saí-andorinha
baiano
canário-do-campo
saí-azul
canário-da-terra-verdadeiro
típio
Março
7
10
4
8
2
2
8
-
Julho
6
8
6
12
6
8
sanhaçu-de-fogo
2
3
fim-fim
TOTAL
4
252
6
366
Piranga flava
sanhaçu-de-fogo
Dacnis cayana
saíra-azul
Dryocopus lineatus
pica-pau-de-banda-branco
Vanellus chilensis
Quero-quero
Plano de Manejo UC Serra das Areias
1
41
Crotophaga ani
Anu-preto
Guira guira
Anu-branco
Theristicus caudatus
Curicaca
Lepidocolaptes angustirostris
Arapaçu-do-cerrado
Coragyps atratus
Urubu-de-cabeça-preta
Colaptes campestris
Pica-pau-do-campo
Figura 23: Ilustração de três espécies de aves registradas na Unidade de Conservação Serra
das Areias.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014 Plano de Manejo UC Serra das Areias
42
Área de Mata de Galeria
Legalmente as matas de galeria são áreas consideradas de proteção integral. Foram
feitas campanhas em duas áreas de Mata de Galeria em locais diferentes. Uma área próxima
às torres nas imediações do setor Jardim Monte Sinai (16º49’48.30 S 49º18’52.82” O) e, outra
na região do córrego da Mata (16º51’17.55”S) conforme figura 24 e 25.
Foram registrados 233 espécimes nas duas áreas com 102 indivíduos distribuídos
em 35 espécies na campanha do mês de março e 131 indivíduos distribuídos em 43
espécies na segunda campanha de julho. Na área de Mata de Galeria próxima ao setor
Jardim Monte Sinai foram encontrados adolescentes caçadores de aves portando
“estilingues” (Figura 26). Possivelmente tal fato indique a necessidade de campanhas de
Educação Ambiental na região.
Figura 24: Mata de Galeria no Jardim Monte Sinai
Fonte: google earth, 2014
Plano de Manejo UC Serra das Areias
43
Figura 25: Mata de Galeria do Córrego da Mata em vermelho
Fonte: Google Earth, 2014
Figura 26: Adolescentes caçadores de aves na Unidade de Conservação Serra das Areias.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014 Plano de Manejo UC Serra das Areias
44
Há também sinais da presença humana através de material descartável em vários
pontos ao longo do curso do córrego. Há sinais da presença humana, como trilhas e
vasilhames descartáveis nas margens e no leito do córrego. Os sinais encontrados indicam que
possivelmente, o local é utilizado para lazer, pesca, caça e outros fins.
Apesar das degradações ambientais, nos ambientes de Matas de Galeria foram
registrados 131 indivíduos distribuídos em 44 espécies das quais 5 delas são muito sensíveis a
alterações ambientais por apresentarem na sua maioria um comportamento especializado
quanto à sua dieta e comportamento reprodutivo.
Estudos mostram que a avifauna de ambientes de mata de galeria são aves na sua
maioria especialistas que dependem muito da conservação do ecossistema preservado
(PIROVANI, 214). Algumas aves não visitam áreas abertas e sendo assim são espécies
restritas a esse tipo de ambiente. Geralmente as matas de galeria servem como refúgios para
espécies para alocação de recursos alimentares bem como campos de nidificação. A caça de
aves nesses locais interfere significantemente no decréscimo da maioria das espécies. Outro
aspecto importante a ser observado é o fato dos ambientes de matas de galeria serem
utilizados como corredores migratórios. Muitas aves não migram por áreas abertas, mas pelas
matas. Dentre as aves mais sensíveis às alterações nos ambientes de mata de galeria pode-se
destacar: udu-de-coroa-azul (Momotus momota) e alma-de-gato (Piaya cayana), ambas
presentes nas duas campanhas.
3.1.1 Unidades Topográficas Elevadas
As áreas elevadas, nas proximidades das torres de telecomunicações (16°50'30.15"S
49°19'8.42"O) (figura 27) apresentam características típicas de cerrado sentido restrito,
apresentando além de vegetação arbustivo-arbórea, vegetação herbácea e gramíneas presentes.
É considerável a presença de sinais de ações antrópicas ao longo de todo o percurso onde foi
feito o transecto. Trilhas de ciclismo são comuns no local. Contudo a vegetação apresenta-se
preservada na sua maioria. Nessa área foram registradas 95 indivíduos distribuídos em 37
espécies na primeira campanha (março de 2014) e, 152 espécimes distribuídos em 33 espécies
Plano de Manejo UC Serra das Areias
45
na segunda campanha (julho de 2014), totalizando 247 registros para as duas campanhas
(Tabelas 6 e 7).
Figura 27: Cerrado próximo à torre, onde foram realizados o levantamento de aves nas
unidades topográficas elevadas na Unidade de Conservação Serra das Areias
Fonte: Google earth, 2014 Fragilidades
Algumas espécies desse tipo de ambiente podem ser consideras vulneráveis em função
do encolhimento dos seus sítios de alimentação e reprodução. Dentre as espécies mais
vulneráveis encontradas destacam-se: joão-bobo (Nystalus chacuru) e sanhaço-de-fogo
(Piranga flava), respectivamente. Não houve registrode espécies ameaçadas conforme as
listas oficiais consultadas (IUCN e MMA).
Vulnerabilidades
Muitas aves não conseguem viver em áreas antropizadas, pois as mudanças ambientais
interferem diretamente em seu ciclo, mudando e prejudicando seu período de reprodução e
dificultando a captura de alimentos em virtude da escassez do mesmo ou da dificuldade em
Plano de Manejo UC Serra das Areias
46
capturá-lo. Ambientes fragmentados ilustram a interferência na dieta e os perigos devido à
exposição do animal, a busca que ele trava muitas vezes em rodovias, entre outros. A área
estudada apresenta significativas alterações provocadas principalmente pela presença de
práticas de ciclismo e motociclismo (trilhas). Essas práticas provocam erosões do solo nas
trilhas trafegadas além de causar alto índice de poluição sonora o que prejudica drasticamente
as comunidades de aves sensíveis a ambientes antropizados.
Potencialidades
Algumas aves, dentre elas os beija flores (Trochilidae), voam acompanhando os
recursos oferecidos em cada estação do ano, acompanhando os ciclos de floração. Algumas
espécies fazem migrações sazonais, variando a floração anual de certas plantas. A maioria das
espécies endêmicas habita campos rupestres, e também fazem deslocamentos entre as bordas
das matas de galerias, cerrados e jardins (Sigrist, 2009). A avifauna compõe um dos mais
relevantes grupos de dispersores de sementes das plantas zoocóricas em florestas tropicais
(Soto e Anjos, 2009).
3.1.2 Unidades Topográficas Planas
Foram feitos 138 registros de aves na área de pastagem (Figura 28a) somando as
duas campanhas, sendo 55 indivíduos distribuídos em 22 espécies no mês de março e 83
indivíduos distribuídos em 27 espécies no mês de julho (Tabelas 6 e 7). Este estudo
permite sugerir que tanto as áreas topograficamente elevadas quanto a área topográfica
plana carecem de um trabalho significante no que se refere a Educação Ambiental, pois
esta é uma ferramenta muito importante na conscientização ecológica das pessoas. É
notório que o espaço entre as duas unidades topográficas elevadas, constituído de matas
de galeria e áreas abertas, permitem compreender a importância destes ambientes para a
manutenção da vida e para troca de informações genéticas entre as espécies que vivem no
alto das serras (Figura 28b).
Plano de Manejo UC Serra das Areias
47
b
a
Figura 28: (a) Áreas de Pastagem na unidade topográfica plana que foi avaliada quanto à
riqueza da Avifauna, na Unidade de Conservação Serra das Areias e, (b) Área Crítica
(provável corredor ecológico), sendo o corredor de vegetação restrito ao córrego da Mata que
une as duas unidades topográficas elevadas
Fonte: Google Earth, 2014
Fragilidades
As áreas de pastagem são, na sua maioria, ambientes habitados por espécies
generalistas muito bem adaptadas aos ambientes antropizados e apresentam alto grau de
antropização. Dentre as espécies mais vulneráveis destacam-se: codorna-amarela (Nothura
maculosa) e perdiz (Rhynchotus rufescens), amplamente caçadas para consumo humano. De
uma forma geral as áreas de proteção integral apresentam consideráveis alterações nos seus
ecossistemas naturais. Nestas unidades planas também não houve registrode espécies
ameaçadas conforme as listas oficiais consultadas (IUCN e MMA).
Vulnerabilidades
A antropização tem imposto a adaptação de diversas espécies de aves e extinção de
algumas. Algumas espécies típicas do Cerrado se tornaram mais abundantes em áreas
urbanas, e demonstraram uma excelente adaptação ao ambiente dominado pelo homem.
Sobretudo, grandes partes das aves brasileiras estão no Cerrado (Sigrist, 2009). A intervenção
humana se tornou a principal ameaça para as aves brasileiras, através de deteriorações de seus
hábitats naturais, deixando nítida a fragmentação dos mesmos (Marini, 2005). Tudo indica
que as áreas são utilizadas por pessoas que procuram esses ambientes para explorar ou até
mesmo acampar e praticar atividades de lazer sem maiores cuidados, o que traz sérios riscos
para a conservação da avifauna no local. O mesmo acontece com os ambientes de cerrado
Plano de Manejo UC Serra das Areias
48
onde andarilhos, ciclistas e motociclistas exploram de forma desordenada as trilhas
favorecendo o processo de erosão no solo com o consequente assoreamento das nascentes da
região e córregos da região.
3.1.3 Entorno da Unidade de Conservação
Possivelmente existam corredores migratórios (matas ciliares) nos ambientes
antropizados como pastagens e lavouras que servem para interligar os territórios que formam
o complexo da Serra das Areias. Tais corredores carecem ser mapeados e preservados através
de um esforço popular onde o poder público e população em geral assumam a
responsabilidade pela preservação desses ambientes.
3.1.4 Heterogeneidades
A dispersão de sementes geralmente é mais significante em ambientes com vegetação
mais fechada. Entretanto algumas espécies de aves dispersam sementes voando por áreas
abertas. Identificar as espécies potencialmente disseminadoras de sementes nas Unidades
Topográficas Planas possibilitará a elaboração de ações que visem a manutenção do equilíbrio
ambiental local.
As Unidades Topográficas Elevadas visitadas apresentam um mosaico de vegetação
variando entre mata, cerradão, cerrado ralo e cerrado sujo. Essas diferentes fitofisionomias
permitem a sobrevivências de várias espécies de aves desses ambientes mais preservados.
Interferir nesses ecossistemas pode alterar a distribuição dessas espécies isolando-as de forma
a empobrecer seu fluxo gênico na dinâmica do equilíbrio populacional.
3.2 Entomofauna
Considerando os limites territoriais da Unidade de Conservação Serra das Areias,
foram registrados 146 táxons de himenópteros polinizadores distribuídos em 11 famílias
(tabela 08), 70 táxons de artrópodes de solo registrados em 11 ordens (tabela 09) e apenas três
táxons de vetores distribuídos em três gêneros (tabela 10).
Plano de Manejo UC Serra das Areias
49
Tabela 8: Lista dos táxons de himenópteros polinizadores registrados na Serra das Areias. Ni:
número de indivíduos; UTP: Unidades topográficas planas; UTE: Unidades topográficas
elevadas.
Família/Morfoespécie
Andrenidae
Oxaea flavescens
Apidae
Alepidosceles sp.01
Apis mellifera
Bombus morio
Centris aenea
Centris fuscata
Centris sp.01
Centris sp.02
Centris sp.03
Centris sp.04
Centris tarsata
Centris varia
Ceratina sp.01
Ceratina sp.02
Diadasina sp.01
Diadasina sp.02
Epicharis analis
Epicharis bicolor
Epicharis flava
Epicharis iheringi
Eufriesea nigrescens
Euglossa imperialis
Euglossa sp.
Euglossa sp.01
Euglossa sp.02
Euglossa sp.03
Euglossa sp.04
Eulaema cingulata
Eulaema nigrita
Exomalopsis auropilosa
Exomalopsis fulvofasciata
Florilegus melectoides
Frieseomelitta sp.01
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Ni UTP
Ni UTE
Ni Total Geral
4
4
1
1
17
1
17
1
4
1
2
4
2
1
11
3
2
3
1
1
5
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
3
2
1
2
38
1
7
6
18
2
13
4
1
2
4
2
1
11
3
3
4
1
1
5
1
1
1
2
1
2
1
3
2
1
2
56
3
7
6
13
50
Cont. Família/Morfoespécie
Ni UTP
Ni UTE
Ni Total Geral
1
11
2
4
1
1
1
1
4
6
Geotrigona sp.01
Melipona quinquefasciata
Mesocheira bicolor
Mesoplia sp.01
Paratetrapedia fervida
Paratetrapedia gr. Flavipennis
Paratetrapedia gr. lineata
Paratetrapedia sp.01
Paratrigona lineata
11
2
4
1
Partamona cupira
Tetragonisca angustula
Tetrapedia sp.01
Tetrapedia sp.02
Thalestria spinosa
Trichocerapis mirabilis
Trigona sp.01
Trigona sp.02
Xylocopa grisescens
Xylocopa hirsutissima
Xylocopa ordinaria
Xylocopa subcyanea
1
Crabronidae
Astatini sp.01
Bembecinus sp.01
Bembicini sp.02
Bembicini sp.03
Bembicini sp.04
Bembicini sp.05
Bembicini sp.06
Cerceris sp.01
Cerceris sp.02
Larrini sp.01
Larrini sp.02
Sphecius spectabilis
Halictidae
Augochlora sp.01
Plano de Manejo UC Serra das Areias
1
2
1
4
4
3
1
1
1
1
1
3
2
2
6
2
1
1
4
1
4
12
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
3
2
1
1
3
1
1
1
1
5
15
1
3
2
7
3
1
1
2
5
2
1
1
1
1
3
2
1
51
Cont. Família/Morfoespécie
Ni UTP
Augochlorella sp.01
Augochloropsis sp.01
Augochloropsis sp.02
Augochloropsis sp.03
Dialictus sp.01
Temnosoma sp.01
Thectochlora alaris
1
4
6
Ni UTE
Ni Total Geral
5
2
1
2
1
1
9
8
1
2
1
2
1
1
1
1
1
10
1
2
1
2
1
2
1
2
Ichneumonidae
Ichneumonidae sp.01
Megachilidae
Ananthidium sp.01
Anthidiini sp.01
Anthidium latum
Coelioxys assumptionis
Coelioxys sp.01
Coelioxys sp.02
Coelioxys sp.03
Coelioxys sp.04
Coelioxys sp.05
Coelioxys sp.06
Coelioxys sp.07
Coelioxys sp.08
Lithurgus huberi
Megachile laeta
Megachile sp.01
Megachile sp.02
Megachile sp.03
Megachile sp.04
Megachile sp.05
Megachile sp.06
Megachile sp.07
Megachile sp.08
Megachile sp.09
Megachile sp.10
Megachile sp.11
Megachile sp.12
Megachile sp.13
Plano de Manejo UC Serra das Areias
1
10
1
2
1
2
1
1
1
1
1
1
1
1
2
2
1
2
1
1
8
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
2
3
1
10
1
1
1
1
1
1
1
1
1
52
Cont. Família/Morfoespécie
Ni UTP
Ni UTE
Ni Total Geral
Pompilidae
Austrochares gastricum
Notocyphus sp.01
Paracyphononyx sp.01
Paracyphononyx sp.02
3
4
1
2
1
5
5
1
1
1
Scoliidae
Campsomeris sp.01
Campsomeris sp.02
Campsomeris sp.03
1
1
2
Sphecidae
Ammophilini sp.01
Sphecini sp.01
Sphecini sp.02
Sphecini sp.03
Sphecini sp.04
Sphecini sp.05
3
1
2
1
1
4
3
1
1
2
1
6
2
2
2
3
5
Tiphiidae
Myzinum sp.01
Myzinum sp.02
Myzinum sp.03
2
1
1
2
1
1
4
2
2
17
5
1
22
1
2
2
4
1
1
6
2
5
2
2
2
1
9
2
Vespidae
Agelaia sp.01
Agelaia sp.02
Agelaia sp.03
Agelaia sp.04
Ancistroceroides sp.01
Ancistroceroides sp.02
Brachygastra lecheguana
Chartergus sp.01
Chartergus sp.02
Chartergus sp.03
Chartergus sp.04
Chartergus sp.05
Eumenes sp.01
Eumenes sp.02
Metapolybia sp.01
Monobia sp.01
Plano de Manejo UC Serra das Areias
2
1
4
1
3
1
1
1
7
2
1
1
1
5
2
2
1
1
1
1
2
2
1
3
2
53
Cont. Família/Morfoespécie
Ni UTP
Ni UTE
Ni Total Geral
1
1
1
2
1
1
1
5
4
1
1
2
1
2
Montezumia sp.01
Myschocyttarus sp.01
Pachodynerus sp.01
Pachodynerus sp.02
Pachymenes sp.01
Polistes sp.01
Polistes sp.02
Polistes sp.03
Polistes sp.04
Polistes sp.05
Polistes sp.06
Trimeria americana
Total Geral
4
2
1
2
1
2
1
1
1
1
187
470
1
1
283
Tabela 9: Lista dos táxons de artrópodes de solo registrados na Serra das Areias. Ni: número
de indivíduos; UTP: Unidades topográficas planas; UTE: Unidades topográficas elevadas.
Ordem/Táxon
Aranaeomorpha
Araneidae
Dysderidae
Lycosidae
Oxyopidae
Salticidae
Theridiidae
Thomisidae
Trocanteridae
Uloboridae
Blattodea
Blattidae
Coleoptera
Aphodiinae
Canthon
Carabidae
Curculionidae
Dendropaemon
Dynastinae
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Ni UTP
Ni UTE
Ni Total Geral
1
1
2
1
1
1
12
4
3
2
1
1
3
13
34
47
2
1
1
1
2
2
8
1
1
1
1
4
2
8
2
3
2
1
2
7
1
54
Cont. Ordem/Táxon
Ni UTP
Ni UTE
Ni Total Geral
Histeridae
Leiodidae
Nitidulidae
Scarabaeidae
Staphylinidae
Tenebrionidae
Collembola
Entomobryidae
Diptera
Cecidomyidae
Drosophilidae
Phoridae
Hemiptera
Aradidae
Cercopidae
Cicadellidae
Cydnidae
Largidae
Lygaeidae
Membracidae
Nabidae
Pentatomidae
Reduviidae
Thaumastaneis
Hymenoptera
Acromyrmex
Agelaia
Anochetus
Asteca
Atta
Brachymyrmex
Camponotus
Cephalotes
Crematogaster
Dinoponera
Dolichoderus
Dorymyrmex
Ectatomma
Geotrigona
Odontomachus
1
2
1
4
2
3
5
3
1
4
2
7
14
Plano de Manejo UC Serra das Areias
4
9
1
1
1
2
10
3
1
1
1
5
1
1
4
356
91
674
392
8
68
19
1
2
44
1
1
1
1
2
46
2
8
11
1
4
1
10
1
1
6
1
2
9
6
1
1
1
566
446
1085
25
120
2
43
140
41
451
2
6
1
5
1
922
537
1759
25
512
10
43
208
60
451
3
9
1
1
55
Cont. Ordem/Táxon
Ni UTP
Ni UTE
Ni Total Geral
1
782
11
1
92
1
19
1534
4
3
6
175
20
2316
15
4
98
1
175
13
35
1
2
10
13
35
1
2
10
Pachycondyla
Pheidole
Pogonomyrmex
Pseudomyrmex
Solenopsis
Sphecidae
Trachymyrmex
Isoptera
Cornitermes
Nasutitermes
Syntermes
Termitidae
Velocitermes
Mantodea
Mantidae
Mygalomorphae
Dipluridae
Theraphosidae
Orthoptera
Acrididae
Gryllidae
Romalaeidae
Total Geral
1
1
18
14
1
2611
1
1
1
1
9
8
27
22
1
7504
4893
Tabela 10: Lista dos táxons de vetores registrados na Serra das Areias. Ni: número de
indivíduos; UTP: Unidades topográficas planas; UTE: Unidades topográficas elevadas
Morfoespécie
Culex (Anaedioporpa) sp.01
Mansonia sp.01
Uranotenia sp.01
Total Geral
Ni UTB
3
1
1
5
Ni UTE
1
1
Total Geral
4
1
1
6
3.2.1 Unidades Topográficas elevadas e com vegetação contínua
Himenópteros polinizadores
Nas unidades mais conservadas e topograficamente elevadas (UTE), foram observadas
ao todo 187 interações entre himenópteros e flores, compreendendo 73 espécies de
Plano de Manejo UC Serra das Areias
56
himenópteros em 28 plantas (Figura 29). Das 73 espécies registradas na Serra das Areias,
61% foram exclusivas das unidades topográficas elevadas. Apesar da presença marcante de
impactos antrópicos como a abertura de trilhas e a presença de gado em um dos pontos, a
riqueza observada foi consideravelmente alta. A vegetação ao longo das trilhas amostradas
nas UTE consistia principalmente de Cerrado stricto-sensu, com pequenos trechos de floresta
de galeria e Campo Sujo. As plantas visitadas foram principalmente herbáceas das famílias
Asteraceae e Lamiaceae que ocorreram em grandes abundâncias nas formações vegetais mais
abertas. Nas armadilhas de essências foram coletadas três morfoespécies, sendo duas
morfoespécies do gênero Euglossa e a espécie Eulaema nigrita.
A presença de espécies exóticas, como Apis melifera, no interior das UTEs é
preocupante, devido aos possíveis impactos sobre a comunidade de plantas e polinizadores
nativos (Aizen et al., 2014), embora a verdadeira extensão desses efeitos negativos ainda não
seja bem estabelecida empiricamente (Paini, 2004).
Dentre as espécies de himenópteros encontradas nas unidades Topográficas elevadas,
os Meliponíneos Frieseomelitta sp.01, Tetragonisca angustula e Trigona sp.02 se destacam
por serem espécies sociais que dependem da presença de árvores grandes para a construção
dos seus ninhos, o que as torna mais susceptíveis às alterações do habitat. Além disso, a coleta
de colônias para extração de mel pode ser uma ameaça importante para essas abelhas
(Carvalho-Zilse e Nunes-Silva, 2012) e por esse motivo, a presença de acessos e trilhas no
interior das UTE pode representar uma ameaça por facilitar o acesso dos habitantes locais aos
ninhos. Por outro lado, a implantação de programas de manejo e criação das espécies de
meliponíneos nativas da região possibilitaria o uso sustentável dessa fauna, através da
exploração de diversos produtos como o mel, própolis e colônias destinadas à polinização de
culturas em estufa (Contrera et al., 2011). Além do serviço de polinização, os himenópteros
da superfamília Vespoidea, encontrados em abundância na UTE, são importantes inimigos
naturais de outros artrópodes (Richards, 1971) e apresentam potenciais usos no controle
biológico de pragas (Santana et al., 2012).
Uma vez que as duas UTE se encontram separadas por áreas ocupadas por agricultura
e pastagem, a manutenção dos remanescentes de vegetação nativa ainda existentes na unidade
topográfica plana (UTP) é importante para facilitar o fluxo de indivíduos entre elas.
Adicionalmente, como a maioria das espécies de himenópteros visitantes florais ocorre
naturalmente em áreas abertas, áreas de pastagem abandonada ou mesmo a vegetação ruderal
também facilitam a conexão entre as áreas.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
57
Figura 29: Redes de interação entre Himenópteros polinizadores e plantas nas Unidades
Topográficas Elevadas. As fileiras superiores de retângulos representam as espécies de
himenópteros, e as fileiras inferiores as espécies de plantas As espécies que interagiram são
conectadas por retângulos cinza, com larguras proporcionais ao número de interações observadas.
São mostrados os nomes das três espécies com mais interações para cada grupo. Painel superior –
UTE-1, campanha 1, Painel do meio – UTE 1, campanha 2, Painel inferior – UTE 2, campanha 2.
Fonte: Mattos e Climaco Ltda, 2014
Plano de Manejo UC Serra das Areias
58
Artrópodes de solo
Nas duas fisionomias amostradas nas UTE foram encontrados ao todo 4893 indivíduos
distribuídos em 57 taxa de artrópodes de solo. Cerrado e mata tiveram cada um 11 taxa
exclusivos, e 19 compartilhados entre si (Figura 30). Mesmo se considerando a baixa
resolução taxonômica, a similaridade na composição das faunas dos dois ambientes (UTE e
UTP) foi alta.
Figura 30: Riqueza de taxa de artrópodes de solo encontrada em cada uma das fisionomias
amostradas, e números de taxa compartilhados entre as fisionomias.
Fonte: Mattos e Climaco Ltda, 2014
As formigas foram o grupo mais representativo, representando 76% dos indivíduos
amostrados na área de mata e 96% dos indivíduos na área de Cerrado. Dentre os taxa
exclusivos da área de mata, Geotrigona sp.01 merece destaque por também ter sido amostrado
nas coletas ativas, evidenciando que esta espécie de abelha utiliza tanto as áreas florestais
como as áreas de cerrado adjacentes. O taxa exclusivo da área de Cerrado com maior
abundância foi o Gênero de cupim Cornitermes, um importante agente na ciclagem de
nutrientes e uma espécie-chave para a ecologia das comunidades de Cerrado (Redford, 1984).
Plano de Manejo UC Serra das Areias
59
Mosquitos hematófagos
Apenas um indivíduo foi coletado durante a amostragem no interior da UTE, sendo
uma fêmea da morfoespécie Culex (Anoedioporpa) sp. Os estágios imaturos deste subgênero
de Culex se criam em habitats fitotelmatas, principalmente em buracos em árvores, mas
também são ocasionalmente encontrados em recipientes artificiais. Os adultos são
encontrados em florestas e raramente em áreas peri-urbanas. As fêmeas não costumam atacar
humanos, e por isso, não são de importância epidemiológica (Berlin e Belkin, 1980).
3.2.2 Unidades Topográficas Planas e antropizadas
Himenópteros polinizadores
Nas unidades topográficas planas (UTP), foram observadas ao todo 310 interações
entre himenópteros e flores, compreendendo 100 espécies de himenópteros em 25 plantas
(Figura 31). Das 100 espécies 66% foram exclusivas das unidades de uso sustentável. A
vegetação ao longo das trilhas amostradas nas UTP consistia principalmente de pastagens
abandonadas e Campo Sujo, com pequenos trechos de Cerrado stricto-sensu. As plantas mais
visitadas nestas áreas também pertenciam às famílias Lamiaceae e Asteraceae, com várias
espécies que também ocorreram nas UTE’s, principalmente na amostragem da estação seca.
Nas armadilhas de essência foram coletadas também três espécies – Eulaema nigrita,
Eulaema cingulata e Euglossa imperialis.
Dentre as espécies exclusivas das UTP, as abelhas solitárias de médio porte como as
dos gêneros Megachile e Centris se destacam por apresentarem maior diversidade e
abundância nessas áreas. Esses foram os dois gêneros mais ricos encontrados neste trabalho,
com 14 e 8 morfoespécies, respectivamente, e apresentaram várias morfoespécies com
poucos indivíduos coletados. Outro grupo de abelhas que merece destaque são as abelhas
coletoras de óleo. Compreendendo principalmente espécies das tribos Centridini,
Tetrapediini e Tapinotaspidini, essas abelhas possuem uma estreita relação com plantas
produtoras de óleo (Buchmann, 1987), principalmente da família Malpighiaceae, sendo
Plano de Manejo UC Serra das Areias
60
importantes polinizadoras destas plantas e, por sua vez, dependendo da presença destas
espécies para sua conservação.
Apesar de ocorrerem em áreas já impactadas pela presença humana, os himenópteros
encontrados nas UTP dependem da manutenção da diversidade de plantas como fonte de
recursos tanto para os adultos como para as larvas. Além disso, a presença de sítios de
nidificação também é imprescindível para a dinâmica dessas populações. Portanto, a
manutenção da diversidade de plantas observada e da heterogeneidade de fisionomias
presentes é importante para a conservação da biodiversidade de abelhas e vespas. Assim
como o comentado para as UTE, a presença de espécies invasoras, tanto de insetos como de
plantas, pode gerar graves impactos nas comunidades nativas ao alterar a estrutura das redes
de interação.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
61
Figura 31: Redes de interação entre Himenópteros polinizadores e plantas nas Unidades
Topográficas Planas (UTP). As fileiras superiores de retângulos representam as espécies de
himenópteros, e as fileiras inferiores as espécies de plantas As espécies que interagiram são
conectadas por retângulos cinza, com larguras proporcionais ao número de interações
observadas. São mostrados os nomes das três espécies com mais interações para cada grupo.
Painel superior – UTP-1, campanha 1, Painel do meio – UTP 1, campanha 2, Painel inferior
– UTP 2, campanha 2.
Fonte: Mattos e Climaco Ltda, 2014
Nas UTP também foram encontradas espécies de meliponíneos e uma grande
diversidade de vespas sociais e solitárias. Como já discutido para as UTE, ambos os grupos
apresentam potenciais benefícios, principalmente nestas áreas mais próximas das atividades
humanas. Além disso, todas as espécies contempladas neste estudo contribuem em maior ou
menor grau ao serviço de polinização das espécies nativas e potencialmente de espécies
cultivadas também.
Artrópodes de solo
Na UTP foram coletados 2611 indivíduos de 43 taxa (Figura 30). Entre os 13 taxa,
exclusivamente encontrados na UTP, se encontram várias famílias de aranhas e alguns
Hemípteros, principalmente associados à vegetação formada predominantemente por
gramíneas. Novamente as formigas foram o grupo mais representativo, com um total de 76%
dos indivíduos amostrados.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
62
Mosquitos hematófagos
Apenas cinco indivíduos de mosquitos hematófagos foram coletados nas UTP, sendo
dois machos e uma fêmea da morfoespécie Culex (Anoedioporpa) sp., já discutida
anteriormente, uma fêmea da morfoespécie Mansonia sp. e uma fêmea da morfoespécie
Uranotaenia sp. Mosquitos do Gênero Uranotaenia utilizam diversos tipos de criadouros e,
apesar de algumas espécies atacarem humanos, nenhuma está envolvida na transmissão de
patógenos (Galindo et al., 1954). As larvas do Gênero Mansonia se desenvolvem em corpos
d’água com presença de vegetação. Apesar de serem agressivos e atacarem prontamente
humanos não são vetores de doenças endêmicas no Brasil (Consoli e Oliveira, 1994), sendo
também de baixo interesse epidemiológico.
3.2.3 Entorno da Unidade de Conservação
A Unidade de Conservação Serra das Areias é inserida em uma matriz composta
principalmente por áreas urbanas ao norte e áreas rurais ao sul. Apesar de intensamente
fragmentadas, as áreas rurais apresentam vários remanescentes de vegetação nativa, formados
principalmente por áreas de vegetação de galeria e áreas de Cerrado nas regiões de relevo
mais acidentado. A preservação dessas áreas facilitaria o fluxo biológico entre a UC Serra das
Areias e outros locais com maior área de vegetação nativa, como o Morro Feio, situado a
sudeste da Unidade de Conservação. Como já discutido anteriormente, mesmo as áreas de
pastagem com pouco uso são capazes de sustentar uma razoável diversidade de plantas
herbáceas que fornecem recurso para entomofauna em geral e para os himenópteros visitantes
florais em particular.
3.2.4 Heterogeneidade
Himenópteros polinizadores
As redes de interação entre Himenópteros polinizadores e plantas apresentaram baixos
valores de conectância e aninhamento, com valores moderados a altos de especialização, tanto
nas UTE quanto nas UTP (Tabela 11, Figuras 29 e 31). Isso indica que as redes de ambas as
Plano de Manejo UC Serra das Areias
63
áreas são compostas por uma grande propoção de espécies raras que interagem com poucos
parceiros. A presença abundante de Apis mellifera em todos os pontos indica que as redes de
ambas as áreas sofrem influência desta espécie invasora, principalmente nas áreas mais
próximas do perímetro urbano de Aparecida de Goiânia (UTE-1 e UTP-2). Apesar disso, os
valores de riqueza não foram baixos, ressaltando o valor de conservação tanto das UTE
quanto das UTP.
Tabela 11: Medidas estruturais das redes de interação Himenópteros-Plantas em cada um dos
locais amostrados, por campanha.
UTE-1
UTE-2
UTP-1
UTP-2
Campanha
1
2
1
2
1
2
1
2
Conectância
9.70%
12%
-
14%
11%
18%
-
12%
Aninhamento (wNODF)
8.66
7.16
-
16.7
20.28
8.04
-
3.55
Especialização (H2)
0.72
0.76
-
0.48
0.53
0.62
-
0.95
Proporção Apis
48%
0%
-
5.7%
8.3%
3.4%
-
45%
Artrópodes de solo
Apesar das diferenças na composição de espécies entre as UTE e as UTP, várias
medidas ecológicas apontam para uma situação similar nas duas áreas (tabela 12), mostrando
que mesmo as comunidades de áreas abertas também suportam uma grande diversidade de
artrópodes.
Tabela 12: Medidas de abundância, diversidade alfa, beta e gama de artrópodes de solo
amostrados nas UTE e UTP.
Medidas Ecológicas
UTE
UTP
Abundância média por parcela (indivíduos)
92.32
90.03
Proporção de espécies exclusivas
40%
37%
Riqueza média por armadilha (α)
6
7.4
0.753
0.755
38
43
Dissimilaridade média entre parcelas (β)
Riqueza média por fisionomia (γ)
Plano de Manejo UC Serra das Areias
64
Mosquitos hematófagos
Em ambas as unidades a taxa de captura de mosquitos hematófagos foi baixa, e apenas
espécies sem grande interesse médico foram encontradas. Portanto, o potencial
epidemiológico da fauna silvestre da região é baixo e não gera maiores preocupações.
Ilustração de espécies amostradas
As figuras 32 à 37 ilustram alguns exemplares identificados na Unidade de
Conservação.
Figura 32: Thalestria spinosa, espécie de
abelha cleptoparasita de abelhas do gênero
Oxaea. Aumento de aprox.. 10 vezes.
Figura 33: Apis melífera, espécie exótica
amplamente distribuída no Brasil.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Figura 34: Sphecini sp.01
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Figura 35: Augochloropsis sp.01.
Aumento de 10 vezes
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Plano de Manejo UC Serra das Areias
65
Figura 36: Mesocheira bicolor. Aumento de
10 vezes
Figura 37: Coelioxys assumptionis.
Aumento de 10 vezes
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
3.3 Herpetofauna
Considerando todos os pontos amostrados, foram registradas 37 espécies, sendo 28
espécies de anfíbios e nove espécies de répteis (Tabela 13, Figura 38). Do total, 32,4% das
espécies foram registradas nas duas unidades (topográficas elevadas – UTE e topográficas
planas - UTP). Quanto aos tipos de registros, 81% das espécies foram registradas através do
método de busca ativa noturna, 5,4% foram encontradas exclusivamente pelo método de
transecção linear no período diurno e 13,51% através de entrevistas com moradores da região.
Tabela 13: Lista das espécies representantes da Herpetofauna registradas nas unidades
topográficas elevadas (UTE) e planas (UTP) da Unidade de Conservação Serra das Areias.
LC= pouco preocupante; DD= deficiente de dados; NL= não listada. * Endemismo segundo
Valdujo et al. 2012 e Nogueira et al. 2011.
ORDEM/Família/Espécie
Pontos de
registro
Unidade
Registro
IUCN End.*
ANURA
Bufonidae
Rhinella rubescens
Rhinella schneideri
Plano de Manejo UC Serra das Areias
P12
P8, P10,
P15, P24
UTP
Ambos
Visual e acústico
Visual e acústico
LC
LC
Sim
Não
66
Cont. ORDEM/Família/Espécie
Pontos de
registro
Unidade
Registro
IUCN End.*
Craugastoridae
Barycholos ternetzi
P17
UTE
Visual
LC
Sim
Dendrobatidae
Ameerega flavopicta
P17
UTE
Visual
LC
Sim
P6, P12,
P23
P2, P3, P4,
P9, P12,
P15, P19,
P22, P23,
P24
P2
P2, P3
P2, P6, P14
P8, P13,
P14, P15,
P21, P25
P23, P24
Ambos
Visual e acústico
LC
Sim
Ambos
Visual e acústico
LC
Não
UTP
UTP
UTE
Ambos
Visual e acústico
Visual e acústico
Visual e acústico
Visual e acústico
LC
LC
LC
LC
Não
Sim
Não
Sim
Ambos
Visual
LC
Não
P3, P4
P2, P20
P19, P24
P8
UTP
Ambos
UTE
UTE
Visual e acústico
Visual
Visual
Acústico
LC
LC
LC
DD
Não
Não
Não
Sim
P5, P6
P2, P4, P6,
P12, P13
P4, P12
P21, P24
P2, P3, P4
UTE
Ambos
Visual e acústico
Visual
LC
LC
Não
Não
UTP
UTE
UTP
Visual
Visual e acústico
Visual e acústico
LC
LC
LC
Não
Não
Não
P2, P3, P4
P12
P14, P19
P2, P5, P6,
P9
P3, P19
UTP
UTP
UTE
Ambos
Visual e acústico
Visual
Visual
Visual e acústico
LC
LC
LC
NL
Não
Não
Sim
NL
Ambos
Visual
NL
NL
Hylidae
Dendropsophus cruzi
Dendropsophus minutus
Dendropsophus nanus
Dendropsophus rubicundulus
Hypsiboas albopunctatus
Hypsiboas lundii
Hypsiboas raniceps
Scinax fuscomarginatus
Scinax fuscovarius
Scinax similis
Phyllomedusa azurea
Leptodactylidae
Leptodactylus fuscus
Leptodactylus labyrinthicus
Leptodactylus latrans
Leptodactylus podicipinus
Physalaemus cuvieri
Pseudis bolbodactyla
Pseudopaludicola mystacalis
Pseudopaludicola saltica
Pseudopaludicola sp.1
Pseudopaludicola sp.2
Plano de Manejo UC Serra das Areias
67
Cont. ORDEM/Família/Espécie
Pontos de
registro
Unidade
Registro
IUCN End.*
P2, P3
UTP
Visual
NL
Não
P12, P13,
P21
P10, P14,
Ambos
Acústico
LC
Sim
Ambos
Acústico
LC
Sim
P16
Não consta
UTE
Não consta
Visual
Entrevista
NL
NL
NL
NL
P1, P10,
P16
Ambos
Visual
NL
NL
Boa constrictor
Não consta
Não consta
Entrevista
NL
Não
Colubridae
Spilotes pullatus
Não consta
Não consta
Entrevista
NL
Não
P17
UTE
Visual
NL
Não
Não consta
Não consta
Não consta
Não consta
Entrevista
Entrevista
NL
LC
NL
Não
P22
UTE
Visual
NL
NL
Microhylidae
Elachistocleis cesarii
Odontophrynidae
Odontophrynus cultripes
Proceratophrys goyana
P17, P20,
P25
SQUAMATA
Teidae
Kentropyx sp.
Salvator cf merianae
Tropiduridae
Tropidurus sp.
SERPENTES
Boidae
Dipsadidae
Oxyrhopus trigeminus
Viperidae
Bothrops sp.
Crotalus durissus
TESTUDINES
Chelidae
Plano de Manejo UC Serra das Areias
68
Figura 38: Algumas das espécies registradas na UC Serra das Areias. A. Rhinella rubescens;
B. Barycholos ternetzi; C. Ameerega flavopicta; D. Dendropsophus minutus; E. D. cruzi; F.
Hypsiboas lundii; G. Pseudis bolbodactyla; H. Leptodactylus podicipinus; I. Scinax
fuscomarginatus; J. Elachistocleis cesarii; K. Tropidurus sp.; L. Oxyrhopus trigeminus.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Plano de Manejo UC Serra das Areias
69
Na curva de acumulação de espécies rarefeita e na curva de espécies estimadas de
anfíbios, percebe-se que há uma tendência à estabilização (Figura 39). Por outro lado,
analisando a curva de acumulação de espécies rarefeita e a de espécies estimadas de répteis,
percebe-se que não há tendência à estabilização, o que sugere que muitas espécies ainda
podem ser encontradas com a continuidade dos trabalhos de amostragem na área (Figura 40).
50
Riqueza observada (Rarefação)
Riqueza estimada (Jackknife1)
40
Número de espécies
30
20
10
0
-10
-20
1
3
5
7
9
11
13
15
17
Número de amostras
19
21
23
25
27
Figura 39: Riqueza observada (rarefação) e estimada (estimador Jackknife) de anfíbios na
UC Serra das Areias. As barras representam o intervalo de confiança para a riqueza estimada.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Plano de Manejo UC Serra das Areias
70
26
Riqueza observada (Rarefação)
Riqueza estimada (Jackknife1)
24
22
20
18
Número de espécies
16
14
12
10
8
6
4
2
0
-2
-4
-6
1
3
5
7
9
11
13
15
17
Número de amostras
19
21
23
25
27
Figura 40: Riqueza observada (rarefação) e estimada (estimador Jackknife) de répteis na UC
Serra das Areias. As barras representam o intervalo de confiança para a riqueza estimada.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
3.3.1 Unidades de Topográficas elevadas
Considerando apenas as unidades topográficas elevadas (UTE) foram registradas 23
espécies, sendo 19 espécies de anfíbios e quatro espécies de répteis (Tabela 13).
Conhecidamente, a ocorrência da maioria das espécies de anfíbios no Cerrado está associada à
presença de corpos d’água lênticos e áreas brejosas em áreas abertas. Esses tipos de ambientes
são relativamente escassos no interior da área topográfica elevada, a qual é bem representada
por riachos inseridos em Mata de Galeria e áreas altas com predomínio de Cerrado Rupestre,
Cerrado Sensu Stricto e Campo Cerrado. Dentre os corpos d’água lênticos amostrados, a
maioria é de hidroperíodo temporário e depende do volume de chuvas na região. Há um
predomínio de riachos temporários que secam totalmente na época de estiagem. Em
contrapartida, esses riachos temporários e permanentes no interior de Mata de Galeria e as
áreas altas com afloramentos rochosos abrigam espécies de anuros que apresentam
Plano de Manejo UC Serra das Areias
71
especificidade de habitat e de sítios reprodutivos (e.g. Ameerega flavopicta, Hypsiboas lundii,
Proceratophrys goyana), além de fornecerem uma grande quantidade de abrigos específicos
aos répteis, como buracos em barrancos, sob as pedras e no folhiço (Duellman e Trueb 1994,
Haddad e Prado 2005, Martins e Molina 2008). Entretanto, o baixo número de répteis
registrados no estudo pode estar subestimado em relação ao potencial da área topográfica
elevada e que, provavelmente, é resultante da pouca eficiência do método utilizado.
Fragilidades naturais do grupo
Do total de espécies registradas na área topográfica elevada, nenhuma está na Lista
Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (Instrução Normativa MMA
nº 03, de 27 de maio de 2003). Igualmente, não há espécies ameaçadas segundo a
classificação da IUCN (2014). Foram registradas 10 espécies de anfíbios consideradas
endêmicas do Cerrado de acordo com Valdujo et al. (2012). Não houve registros de répteis
endêmicos ao bioma segundo Nogueira et al. 2011 (Tabela 13). Todas as espécies registradas
são comuns no estado de Goiás, sendo que apenas a espécie Proceratophrys goyana apresenta
certo grau de raridade e não ocorre em toda a extensão do estado (Frost 2014). Não foi
possível confirmar a identidade de algumas espécies potencialmente interessantes (e.g.
Kentropyx sp. e um representante da família Chelidae), pois, não houve a captura dos
indivíduos.
Anfíbios são organismos com características ecofisiológicas específicas (e.g.
respiração cutânea, pele permeável, ovos não-amnióticos) que os tornam bastante sensíveis às
alterações ambientais. Sua distribuição é restrita a habitats úmidos e seu potencial de
dispersão é limitado (Duellman e Trueb 1994; Wells 2007). Igualmente, os répteis também
são sensíveis às variações microclimáticas dos ambientes. Espécies florestais de menor porte
são as mais vulneráveis por serem incapazes de suportar as altas temperaturas de formações
abertas (Rodrigues, 2005). A maioria das espécies de répteis é especialista de habitat e tem
sua ocorrência restrita a determinados ambientes.
De modo geral, os representantes da herpetofauna, especialmente os anfíbios, são bons
modelos bioindicadores de integridade ambiental (Blaustein e Wake, 1995), pois são sensíveis
ao estresse e podem ser negativamente influenciados pela redução e fragmentação de habitats
(Silvano e Segalla, 2004, Marques et al., 2010). Igualmente, fatores como o ruído sonoro, a
Plano de Manejo UC Serra das Areias
72
poluição, animais domésticos e a contaminação podem contribuir com a redução da
abundância e do número de espécies. Dessa forma, identificamos alguns pontos de maior
fragilidade dentro dos limites da área de proteção integral considerando a ocorrência de
espécies com maior especificidade de habitat e seus respectivos pontos de ocorrência que
apresentam maior pressão antrópica (Pontos P1, P5, P9, P11, P14, P15, P16, P17 e P18).
Vulnerabilidade às atividades antrópicas
A destruição e alteração dos habitats naturais são as maiores ameaças aos dois grupos,
aumentando a vulnerabilidade das espécies. Essas alterações oriundas de atividades antrópicas
foram registradas ao longo de toda a região. Para tanto, identificamos uma série de fatores
contribuintes ao estresse ambiental e destacamos pontos e regiões na área de proteção integral
com maior influência destas variáveis antrópicas. (1) A deposição de lixo às margens dos
corpos d’água e a consequente contaminação pode afetar primariamente os organismos mais
vulneráveis, como as larvas de anfíbios (pontos P25 e P26). (2) O ruído sonoro e a abertura de
trilhas por ciclistas e motociclistas (pontos P15, P16, P17, P18 e P19) tem modificado
drasticamente o ambiente natural, aumentando a possibilidade de atropelamentos,
especialmente de serpentes e lagartos. (3) Igualmente, a abundância de animais domésticos
pode reduzir as populações de anfíbios e répteis na região. (4) Em outros pontos,
principalmente nas bordas da área de proteção integral, a pressão é resultante do avanço de
áreas de pastagem e do pisoteio do gado que altera a composição física dos ambientes
reduzindo a quantidade de refúgios e de sítios reprodutivos (Pontos P11, P14 e P24).
Potencialidades do grupo
Os anfíbios anuros fazem parte da dieta de uma série de vertebrados e invertebrados e
tem um importante papel ecológico como predadores, controlando as populações de insetos
que podem ser vetores ou não de doenças (Duellman e Trueb, 1994). A facilidade em capturar
e manusear anuros também favorece estudos científicos, principalmente experimentais,
permitindo testar hipóteses de como as espécies interagem na natureza. Além do grande
potencial farmacêutico oriundo de compostos químicos liberados em sua pele, como nas
espécies Rhinella schneideri (Pontos P8, P10, P15, P24) e Ameerega flavopicta (Ponto P17).
Plano de Manejo UC Serra das Areias
73
Considerando as relações predador-presa, os répteis tem grande importância ecológica e estão
entre os principais responsáveis pela manutenção da homeostase ambiental, além de
contribuir com a dispersão de sementes e no consumo de matéria vegetal, como no caso de
algumas espécies de lagartos e quelônios herbívoros (Martins e Molina 2008). A extração de
toxinas dos répteis, especialmente de serpentes peçonhentas, também aumenta o potencial
econômico e o interesse das indústrias farmacêuticas para a produção de remédios (Martins e
Molina 2008), o que pode colaborar com argumentos favoráveis para a conservação da área e
do grupo.
Corredores ecológicos
Entre as duas áreas topográficas elevadas há um maior impacto antrópico decorrente
do aumento das áreas de pastagem em propriedades particulares e das estradas que podem,
através de dessecação, atropelamentos, entre outros fatores, dificultar o deslocamento de
anfíbios e répteis. Ambas as áreas são parcialmente interligadas por um único e estreito
corredor oriundo da Mata Ripária que acompanha um riacho (ponto P10). No entanto, nesta
área que, teoricamente, ocorreriam a maior parte dos deslocamentos, há um clube de lazer que
recebe visitantes com bastante frequência. Neste mesmo ponto, foi observado o excesso e a
falta de cuidado com o lixo, barulho e movimentação de pessoas, além do barramento e
desvio do riacho para formação de um balneário.
Além de utilizarem estes corredores riacho-dependentes para deslocamento, os
anfíbios e répteis são considerados “moradores de corredores” (corridor dwellers) e se
reproduzem nestas áreas (Beier e Lowe, 1992). Dessa forma, as características físicas dos
corredores, principalmente a pequena largura e a existência de atividades humanas podem
limitar sua utilidade (Harrison 1992), prejudicando a entrada ou saída de espécimes das áreas
de proteção integral.
3.3.2 Unidades Topográficas Planas
Nas unidades topográficas planas foi registrado um total de 21 espécies, sendo 20
espécies de anfíbios e uma espécie de réptil (Tabela 13). Apesar do baixo nível de integridade
em escala local e da supressão da vegetação nativa, registramos um número de espécies
Plano de Manejo UC Serra das Areias
74
aproximado à riqueza registrada nas unidades topográficas elegadas. Entretanto, a maioria das
espécies é comum, amplamente distribuídas no Cerrado e são facilmente encontradas em
áreas abertas e com influência de pastagem (Valdujo et al. 2012, Rodrigues 2005). A maioria
dos poços lênticos amostrados nestas unidades de uso sustentável são de origem antrópica e
localizados em áreas abertas, favorecendo o aparecimento de espécies que conseguem
colonizar estes ambientes. Em longo prazo, espécies que colonizam facilmente as áreas
abertas, como a cascavel (Crotallus durissus) podem se tornar mais comuns à medida que
surgem novas áreas decorrentes da derrubada da vegetação nativa (Marques et al. 2004).
Provavelmente, este é um fator contribuinte para a abundância de serpentes relatada pelos
moradores da região, especialmente as serpentes peçonhentas. Além disso, espécies que
melhor se adequam às condições não naturais e que são predadores vorazes de anfíbios e
répteis podem aumentar sua abundância significativamente e excluir outras espécies. Em
suma, as unidades de uso sustentável apresentam um número considerável de propriedades
particulares, nas quais acontecem diferentes tipos de uso do solo, restando ainda poucos
remanescentes de Cerrado que estão sendo suprimidos pelas pastagens e outros tipos de uso.
Fragilidades naturais do grupo
Nenhuma das espécies registradas nas Unidades Topográficas Planas está na Lista
Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção (Instrução Normativa MMA
nº 03, de 27 de maio de 2003) e não há espécies ameaçadas segundo a classificação da IUCN
(2014). Seis espécies de anfíbios são endêmicos do Cerrado de acordo com Valdujo et al.
(2012) e não há registros de répteis endêmicos (Tabela 13). A espécie Proceratophrys goyana
foi encontrada em apenas um riacho adjacente à área de proteção integral (Ponto P10) e é a
única espécie que apresenta certo grau de raridade. Dentre as áreas de maior fragilidade
identificamos os pontos P7 e P10 por estarem sofrendo forte pressão antrópica e o ponto P3
por se tratar de uma Vereda.
Vulnerabilidade às atividades antrópicas
(1) A enorme deposição lixo e entulho no decorrer das estradas de acesso às
propriedades. (2) Extração de cascalho (P2 e P3). (3) A abundância de animais domésticos.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
75
(4) A pressão agropastoril na maior parte das unidades de uso sustentável, isolando
parcialmente as áreas de proteção integral. (5) As recorrentes queimadas não naturais
relatadas pelos moradores.
Potencialidades do grupo
O potencial dos anfíbios e répteis registrados é o mesmo das espécies encontradas nas
áreas topográficas elevadas, com maior ênfase aos serviços ecossistêmicos oriundos do
controle biológico.
Corredores ecológicos
A localidade P10 é considerada um ponto de fragilidade na área de uso sustentável e
que necessita de esforços direcionados, visto que é o único corredor que liga as duas unidades
topográficas elevadas. Considerando as observações em campo e as imagens de satélite, os
corredores na borda externa dos limites da área topográfica plana mantêm o formato padrão
dos demais observados no interior dessa unidade e apenas seguem os cursos d’água,
aparentemente respeitando a largura mínima exigida pelo Código Florestal Brasileiro na
maior parte dos cursos d’água. No entanto, a pressão agropastoril que reduz a quantidade e
qualidade da vegetação ripária, a proximidade com o centro urbano e a existência de rodovias
compromete a eficiência destes corredores.
3.3.3 Heterogeneidade
A destruição e fragmentação de hábitats são os principais responsáveis pela perda de
espécies de anfíbios e répteis no Brasil e no mundo (Gibbons et al. 2000, Silvano e Segalla
2004, Becker et al. 2007). Habitats contínuos e preservados permitem o deslocamento e
podem reduzir o risco de predação, o dessecamento (no caso dos anfíbios), atropelamento e
outros fatores que afetam negativamente a herpetofauna. As unidades topográficas elevadas
apresentam, em sua maior parte, áreas altas com predominância de Cerrado Rupestre e riachos
Plano de Manejo UC Serra das Areias
76
no interior de Mata de Galeria. Estes tipos de ambientes, principalmente áreas altas, são raros
nas unidades topográficas planas, ressaltando a importância das unidades topográficas
elevadas para a manutenção destas formações fitofisionômicas.
Devido ao seu relevo acidentado, estas áreas elevadas dificultam ou inviabilizam o
plantio e a criação de animais, o que favorece a manutenção de fragmentos com vegetação
contínua. Nestes ambientes há registros de espécies com maior especificidade de habitat (e.g.
Ameerega flavopicta, Barycholos ternetzi, Hypsiboas lundii, Proceratophrys goyana) e que não
suportam áreas abertas ou corpos d’água lênticos. A retirada de vegetação nativa nestes pontos
pode ser irreparável. Para tanto, a manutenção da integridade das áreas topográficas elevadas
evita a degradação destes ambientes singulares e que abrigam espécies sensíveis e especialistas.
Em contrapartida, corpos d’água lênticos, veredas e brejos em áreas abertas são mais
comuns nas unidades topográficas planas e favorecem a ocorrência de muitas espécies que
não utilizam riachos e campos de altitude. É possível observar através de imagens de satélite
recentes que as regiões que não estão associadas aos corpos d’água foram suprimidas por
pastagem ou algum tipo de uso do solo de origem antrópica. A manutenção de fragmentos de
vegetação nativa próximo aos corpos d’água é extremamente importante, pois, muitas
espécies, principalmente de anfíbios, utilizam ambientes aquáticos durante o período
reprodutivo e áreas florestais para abrigo e/ou alimentação após este período (Becker et al.
2007). Neste caso, a fragmentação e a supressão dos corredores que ligam áreas aquáticas
com áreas florestais podem comprometer os deslocamentos de espécies que possuem
diferentes fases de vida em cada tipo de ambiente, afetando negativamente a riqueza de
espécies e levando a um efeito conhecido como “habitat split” (Becker et al. 2007). Além
disso, a fragmentação e redução de habitats nas unidades topográficas planas podem reduzir o
“escoamento” de espécies para as áreas adjacentes à reserva e entorno, comprometendo
processos migratórios e o fluxo gênico.
3.4 Ictiofauna
3.4.1 Unidades Topográficas baixas
Foram encontradas 13 espécies de peixes, distribuídas em sete famílias e quatro ordens
(Tabela 14; Figura 41), sendo que apenas a Tilápia (Tilapia rendalli) foi analisada pela IUCN
Plano de Manejo UC Serra das Areias
77
e classificada como pouco preocupante. Nenhuma outra espécie foi analisada e classificada
quanto ao estado de conservação pela IUCN e lista de espécies vermelhas do Ministério do
Meio Ambiente. A maioria das espécies encontradas são onívoras (38%) e, portanto,
generalistas. Espécies generalistas são consideradas resistentes à impactos ambientais, por
possuírem maior plasticidade alimentar. Porém, também foram encontradas espécies
insetívoras (23%), piscívoras (16%), herbívoras (16%) e algívoras (7%). Espécies insetívoras
e herbívoras são intimamente relacionadas com a mata ciliar e dependem diretamente delas
para sobreviver. Portanto, a preservação da mata ciliar dos cursos d’água amostrado são
essenciais para a continuidade da assembleia de peixes amostrada.
Tabela 14: Lista de espécies de peixes amostradas na serra das areias nas duas campanhas
(seca e chuva), sua respectiva classificação taxonômica (ordem e família), guilda trófica a
qual pertencem e estado de conservação segundo IUCN e Ministério do Meio Ambiente. NE:
Não avaliado; LC: Pouco preocupante.
Ordem
Characiforme
Família
Characidae
Espécie
Astyanax altiparanae
Guilda trófica
Onívoro
IUCN
NE
MMA
NE
Characiforme
Characidae
Astyanax fasciatus
Onívoro
NE
NE
Characiforme
Characidae
Knodus moenkhausii
Herbívoro
NE
NE
Characiforme
Characidae
Piabina argentea
Onívoro
NE
NE
Characiforme
Crenuchidae
Characidium zebra
Insetívoro
NE
NE
Characiforme
Erythrinidae
Hoplias malabaricus
Piscívoro
NE
NE
Characiforme
Erythrinidae
Hoplias sp.
Piscívoro
NE
NE
Characiforme
Parodontidae
Apareiodon sp.
Herbívoro
NE
NE
Characiforme
Parodontidae
Parodon nasus
Algívoro
NE
NE
Poeciliidae
Poecilia reticulata
Insetívoro
NE
NE
Perciforme
Cichlidae
Cichlasoma paranaense
Insetívoro
NE
NE
Perciforme
Cichlidae
Tilapia rendalli
Onívoro
LC
NE
Siluriforme
Heptapteridae
Rhamdia quelen
Onívoro
NE
NE
Cyprinodontiformes
Plano de Manejo UC Serra das Areias
78
Figura 41: Espécies de peixes encontradas nos pontos 1, 2 e ponto lagoa na Serra das Areias,
Aparecida de Goiânia-GO. a) Astyanax altiparanae; b) Astyanax fasciatus; c) Knodus
moenkhausii; d) Piabina argentea; e) Characidium zebra; f) Hoplias malabaricus; g) Hoplias
sp.; h) Apareiodon sp.; i) Parodon nasus; j) Poecilia reticulata; k) Cichlasoma paranaense; l)
Tilapia rendalli; m) Rhamdia quelen
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Os pontos amostrais encontravam-se relativamente bem preservados, com mata ciliar
respeitando o previsto em lei. A mata ciliar é de grande importância para riachos, pois, além
de proteger o leito do rio de assoreamento, é fonte de alimento e funciona como corredor
ecológico para espécies migradoras, que utilizam esse sistema (riachos) para a desova. Porém,
nos três pontos amostrados a interferência humana era evidente.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
79
No ponto 1, há residências inseridas dentro do perímetro de mata ciliar, indicando
intenso uso do curso d’água para abastecimento doméstico e despejo de resíduos. Além disso,
foram construídas barragens ao longo do ribeirão Santo Antônio, criando barreiras
intransponíveis para os peixes, podendo reduzir o tamanho efetivo populacional, já que se
criam subpopulações parcialmente isoladas, impedindo o fluxo gênico, podendo afetar a sua
permanência.
Já no ponto 2, a influência humana no ponto de coleta é menor, pois está inserida em
uma propriedade que restringe o acesso, apesar de termos visto a população local utilizar o
local para recreação. Porém, um pouco a jusante do ponto amostral, existe um clube que é
amplamente utilizado para recreação e criação de espécies de peixes.
No ponto lagoa, o impacto antrópico é de maior proporção. O riacho foi represado e
foi destinado à criação de peixes como o Cará (Cichlasoma paranaense) e a Tilápia (T.
rendalli), que são peixes com grande valor comercial. Essa última é considerada como espécie
exótica de grande impacto ambiental (Froese & Pauly, 2014), devido à sua alta
competitividade por recursos, agressividade e sucesso reprodutivo.
Vulnerabilidade
Foram encontrados três pontos de vulnerabilidade nos dois principais cursos d’água da
Serra das Areias (Figura 42). No ponto lagoa, foram encontradas espécies exóticas. Espécies
exóticas são consideradas um problema, pois alteram todo o equilíbrio ecológico do sistema,
pois ocupam o nicho de outras espécies, criando competição interespecífica, podem ser
predadores muito eficientes (como é o caso da tilápia), causando perda de biodiversidade e de
funções ecológicas.
O ponto 2 encontra-se bastante preservado, com mata ciliar abundante, além de o
proprietário controlar a entrada de pessoas no local. Porém, foi classificado como ponto de
vulnerabilidade, pois mesmo com o controle de entrada, foram vistos alguns turistas
recreando no local. Além disso, aproximadamente a 500 metros a jusante do ponto, existe um
centro de recreação. A recreação, desde que com responsabilidade e consciência ambiental,
causa poucos danos à biodiversidade. Porém, é preciso estabelecer limites de visitação,
possuir um projeto de infraestrutura para evitar que turistas poluam o local com lixo e
Plano de Manejo UC Serra das Areias
80
substâncias químicas. Além disso, a simples presença humana é causador de estresse nos
animais (Rubio et. al, 2010), que podem causar a morte dos mesmos.
Já no ponto 1, a mata ciliar do curso d’água encontrava-se relativamente bem
preservada. Porém, nas proximidades do ponto, existe atividade intensa de agricultura. Esse
tipo de atividade pode deteriorar a biodiversidade aquática devido ao uso de defensivos
agrícolas, que acidentalmente vão parar no corpo d’água. Portanto, a preservação da mata
ciliar próximo a essas atividades é de extrema importância, pois exerce função de barreira
física para agrotóxicos, evitando que alcancem os rios e riachos.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
81
Figura 42: Mapa de vulnerabilidade de espécies de peixes da Unidade de Conservação Serra das Areias, Aparecida de Goiânia, GO
Fonte: Google Earth, 2014
82
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Potencialidades do Grupo
Os peixes, normalmente, são de grande interesse para o ser humano. Principalmente
para alimentação e aquarismo. Espécies com potencial comercial foram encontradas em todos
os pontos (Figura 7). No ponto lagoa, encontramos a Tilápia (T. rendalli), o cará (C.
paranaense) e a Traíra (H. malabaricus), que são bastante apreciados para alimentação. No
ponto 2, foram encontradas lambaris (P. argentea, A. fasciatus e K. moenkhausii) que são
usados tanto para alimento quanto para isca de pesca. No ponto 1, além do lambari (A.
altiparanae) e da traíra (Hoplias sp.), existe o Guppy (P. reticulata) que bastante apreciado
para aquarismo, devido à sua ornamentação.
Além de importância econômica, os peixes apresentam função ecológica
fundamental no fluxo de matéria e energia. Percebe-se que existem diferentes guildas
tróficas no local (onívoros, piscívoros, insetívoros, e herbívoros), onde cada guilda contribui
com os processos ecológicos existentes, permitindo a continuidade da vida ao longo do
tempo nos corpos d’água.
3.4.2 Área do entorno da Serra das Areias
Os corpos d’água analisados nascem na região da Serra das Areias, mas continuam seu
curso até desaguarem no rio Meia Ponte. Até atingirem esse rio, passam por ambiente urbano
na região norte/nordeste da Unidade de Conservação e por ambiente rural nas demais áreas.
Frequentemente, áreas urbanas e rurais deterioram o curso d’água através depósito de lixo,
despejo de esgoto, produtos químicos, pisoteamento por animais e retirada da mata ciliar.
Portanto, a preservação do corpo d’água em toda a sua extensão, na íntegra (mata ciliar +
corpo d’água) torna-se importante, pois muitos peixes transitam entre ambientes de nascentes
(cursos d’água do interior da Serra das Areias) e leitos de rios, seja para reprodução ou
forrageamento.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
83
Figura 43: Mapa de potencialidades de espécies de peixes na UC Serra das Areias, Aparecida de Goiânia, GO
Fonte: Google Earth, 2014
84
Plano de Manejo UC Serra das Areias
3.4.3 Heterogeneidades
Os pontos amostrados possuem estruturas de assembleias de peixes bem diferenciados,
com algumas espécies sendo encontradas apenas em um local e em outro não. Na verdade, a
única espécie que ocorreu em dois pontos (P1 e P2), foi a P. reticulata, as demais espécies
tiveram ocorrência apenas nos seus locais de coleta. Esse fato demonstra a alta
complementariedade das áreas, e a conservação simultânea delas.
Apesar de o ponto 2 ocorrer fora do limite das áreas mais conservadas vinculadas as
unidades topográficas elevadas, é o que apresentou maior diversidade de espécies (Figura 44),
maior quantidade de guildas tróficas e ausência de espécies exóticas. Portanto, do ponto de
vista conservacionista, esse ponto é de grande importância para a conservação da ictiofauna
do córrego da Mata (principal curso d’água da Serra das Areias).
Figura 44; Comparação da riqueza de espécies entre os pontos amostrados na Serra das
Areias, Aparecida de Goiânia-GO.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
3.5 Macroinvertebrados Aquáticos
3.5.1 Unidades topográficas baixas
A amostragem dos macroinvertebrados aquáticos se deu em cursos d’água mais
representativos, os quais estão nas unidades topográficas planas, assim como a amostragem da
Plano de Manejo UC Serra das Areias
85
ictiofauna. Ao longo de todas as campanhas, foram amostrados 4235 invertebrados bentônicos,
distribuídos em 51 táxons, pertencentes a oito ordens de insetos aquáticos (Tabela 15).
Tabela 15: Táxons de Invertebrados Aquáticos amostrados nos córregos da Mata e Santo
Antônio, localizados no entorno da Unidade de Conservação Serras das Areias, Aparecida de
Goiânia - Goiás, 2014. Mata/M= córrego da Mata, coleta realizada em março; SA/M= Santo
Antônio, coleta realizada em março; Mata/J= córrego da Mata, coleta realizada em julho;
SA/J= Santo Antônio, coleta realizada em julho.
Ordem
Diptera
Coleoptera
Ephemeroptera
Família
Ceratopogonidae
Chironomidae
Empididae
Simuliidae
Tabanidae
Tipulidae
Dryopidae
Dysticidae
Elmidae
Gyrinidae
Hydrophilidae
Noteridae
Staphylinidae
Torrindicolidae
Baetidae
Leptohyphidae
Gênero
Leptohyphes
Traverhyphes
Leptophlebiidae
Farrodes
Hagenulopsis
Terpides
Ulmeritoides
Hemiptera
Megaloptera
Belostomatidae
Naucoridae
Nepidae
Noteridae
Notonectidae
Pleidae
Veliidae
Corydalidae
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Corydalus
Mata/M Mata/J SA/M
5
13
2
299
997
363
8
28
1
6
24
2
0
2
0
2
6
0
0
2
2
0
1
0
71
185
7
0
11
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
2
157
104
1
18
110
0
2
0
0
2
9
0
17
61
0
1
2
0
6
12
1
0
4
0
0
1
0
0
0
1
15
17
3
0
0
0
0
1
0
0
1
0
0
19
0
9
3
13
0
2
0
SA/J
46
872
15
123
0
7
47
2
21
4
4
1
3
2
11
2
0
0
0
0
0
0
0
1
0
1
0
0
0
7
2
86
Cont. Ordem
Odonata
Plecoptera
Trichoptera
Família
Calopterygidae
Coenagrionidae
Gomphidae
Libellulidae
Perlidae
Calamoceratidae
Hydropsychidae
Hydroptilidae
Leptoceridae
Odontoceridae
Philopotamidae
Polycentropodidae
Abundância Total
Riqueza
Índice de Shannon
Equitabilidade
Gênero
Anacroneuria
Phylloicus
Leptonema
Macronema
Macrostemum
Smicridea
Neotrichia
Oxyethira
Nectopsyche
Oecetis
Marilia
Chimarra
Cernotina
Cyrnellus
Polyplectropus
Mata/M Mata/J SA/M
0
8
3
0
8
0
2
1
1
1
19
2
11
14
0
1
8
1
0
12
0
0
8
0
0
11
0
0
2
0
4
7
0
1
0
0
0
26
0
12
0
0
0
2
0
2
5
0
0
1
0
0
2
0
1
0
0
1
1
0
654
2404
406
25
42
17
1.779
1.85
0.5872
0.5527
0.49
0.2073
SA/J
8
9
8
54
9
13
102
3
6
8
27
2
0
0
0
0
5
0
0
0
1831
32
1.68
0.48
A ordem mais representativa em ambos os riachos foi Diptera, com 2821 indivíduos,
representada basicamente pela família Chironomidae (2531 indivíduos). Os insetos desta
ordem formam um dos grupos mais importantes de insetos aquáticos, as larvas apresentam
uma elevada capacidade adaptativa e, portanto, são considerados um grupo bastante tolerante
as perturbações no ambiente, com representantes de todos os grupos tróficos funcionais.
Chironomidae é uma das famílias mais diversas dentro da ordem Diptera, reunindo um
total de aproximadamente 355 gêneros, que ocorrem nos mais diversos habitats aquáticos,
somente no Brasil são registradas aproximadamente 379 espécies (Mendes & Pinho, 2014). A
sua resistência às adversidades do ambiente está relacionada principalmente com a sua
capacidade de respiração, uma vez que as suas larvas respiram oxigênio dissolvido na água
Plano de Manejo UC Serra das Areias
87
através da superfície corporal e, além disso, a hemoglobina participa da respiração quando há
pouca concentração de oxigênio dissolvido (Trivinho-Strixino, 2014).
O período de seca foi o mais representativo em ambos os riachos (córrego da Mata e
Ribeirão Santo Antonio), com um total de 3175 indivíduos amostrados (75% do total de
indivíduos) e com maior riqueza de táxons também observada neste período (Tabela 15). Este
resultado era esperado, uma vez que, durante a estação seca há maior estabilidade dos habitats
e por isso, é também o período mais recomendado para estudos de avaliação de impactos
sobre o grupo estudado (Buss et al., 2004; Diniz-Filho et al., 1998).
A diversidade de Shannon, abundância, equitabilidade de Pielou e riqueza observada
variaram mais entre os dois riachos durante a estação chuvosa, com o córrego da Mata
apresentando maior diversidade e equitabilidade durante este período. Durante a estação de
seca esses valores não diferiram muito entre os dois riachos (Tabela 15). Isto mostra no
córrego da Mata há maior representatividade de insetos resistentes a perturbações no
ambiente, em comparação com o Ribeirão Santo Antônio. Esse fato pode ser observado
comparando a abundância das ordens consideradas como intolerantes - Ephemeroptera,
Plecoptera e Trichoptera - a perturbação no ambiente aquático, durante a estação chuvosa
(Figura 45) (Callisto, 2004).
Figura 45: Abundância de EPT nos córregos da Mata e Santo Antônio, durante a estação
chuvosa (Março de 2014), situados nas áreas de influência da UC Serra das Areias, Aparecida
de Goiânia, Goiás.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Plano de Manejo UC Serra das Areias
88
O resultado do Índice BMWP, que avalia a qualidade da água de acordo com as
famílias de invertebrados amostradas, mostrou que o córrego da Mata apresenta-se em melhor
estado de conservação, sendo classificado como boa a qualidade da água (121 pontos). Já o
Ribeirão Santo Antônio apresentou qualidade da água satisfatória (94 pontos). O fato de o
córrego da Mata apresentar-se com melhor qualidade da água pode estar relacionado com a
qualidade da vegetação no entorno e menor perturbação no ambiente aquático. Diversos
estudos confirmam que os fatores que mais influenciam a estrutura das comunidades de
insetos aquáticos são a sazonalidade (Oliveira et al., 1997; Bispo & Oliveira, 1998, Callisto,
2004), diversidade de habitats (Galdean et al., 2000; Callisto et al., 2001) e estado de
conservação das matas no entorno do riacho (Aguiar et al., 2002, Vannote et al., 1980).
Vulnerabilidades
O Ribeirão Santo Antônio encontra-se mais vulnerável à perturbação em relação ao
córrego da Mata. A área no entorno do córrego de Santo Antônio encontra-se mais
antropizada o que pode ter influenciado a qualidade da água apresentar resultado satisfatório.
Como está situado próximo as áreas delimitadas como de uso sustentável, especial atenção
deve ser dada a este riacho dentro da Unidade de Proteção, uma vez que a jusante já encontrase com extensivas ações antrópicas no entorno.
Já o córrego da Mata apresenta alta diversidade e abundância de táxons sensíveis a
perturbação ambiental (Figura 45), pois abriga uma fauna única, característica de ambientes
bem preservados. Atividades de recreação foram observadas no local e desde que realizadas
de forma consciente não oferecem grandes riscos à biota aquática. No entanto, o lixo
resultante dessas atividades dentro e no entorno do riacho pode vir a ser um problema para as
comunidades aquáticas.
Potencialidades do Grupo
Os invertebrados aquáticos, apesar de não possuírem valor econômico direto, são a
base da alimentação de pequenos peixes e outros vertebrados aquáticos e quando emergem,
servem de alimento para outros invertebrados e aves. Perturbações na biota de invertebrados
Plano de Manejo UC Serra das Areias
89
aquáticos pode ter efeito tanto no ambiente aquático quanto no terrestre, uma vez que eles
fazem parte da cadeia trófica de ambos os ecossistemas (Baxter, et al. 2004).
3.5.2 Área do entorno da Serra das Areias
O córrego da Mata coneta as duas unidades topográficas elevadas e mais
conservadas da Serra das Areias, portanto, já é um corredor de biodiversidade natural
entre estas unidades. Esse curso d’água permite a capacidade de movimentação de
organismos aquáticos por uma ampla área preservada dentro da Unidade Territorail da
Serra e dessa Unidade para a Zona Rural do município de Hidrolândia ao desaguar em
outros cursos d’água, corroborando sua qualidade ambiental mais significativa em relação
ao outro curso d’água estudo. Porém a capacidade de fluxo de organismos e matéria no
córrego da Mata fica sujeito às ações negativas do manejo inadequado do curso d’água em
algmas propriedades.
Já o Ribeirão Santo Antônio tem a qualidade de seu curso d’água perturbado por
atividades urbanas (e.g. assoreamento, barramentos d’água, ocupação irregular da Área de
Preservação Permanente (APP), horticultura, lixo doméstico, dentre outros) já nos limites
da Unidade de Conservação com o entorno, comprometendo a qualidade do curso d’água e
a manutenção da comunidade de macroinvertebrados aquáticos por um gradiente extenso
do Ribeirão.
3.5.3 Heterogeneidades
O diagnóstico da riqueza e da abundância de espécies apontou que o córrego da Mata
apresenta uma qualidade ambiental mais expressiva em relação ao Ribeirão Santo Antônio no
que se refere aos macroinvertebrados aquáticos, fato que é consequência das diferenças de uso
do solo e medidas de conservação ao longo dos dois cursos d’água. Como o córrego da Mata
conecta as duas unidades topográficas elevadas, apresentando extensas áreas preservadas ao
longo de seu percurso, essa situação corrobora a relevância da conservação dos habitats
terrestres para a qualidade dos habitats aquáticos.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
90
3.6 Mastofauna
Foram encontradas 14 espécies de mamíferos na região da Serra das Areias, município
de Aparecida de Goiânia, conforme as tabelas 16 e 17 a seguir, que trazem respectivamente,
(1) as espécies encontradas na região de estudo por campanha, sendo 12 espécies no período
de chuva e 7 espécies no período de seca e, (2) a lista de espécies amostradas por método,
considerando que foram utilizados transectos diurno/rastros (7 espécies) e transecto noturno
(3 espécies) e rede de neblina (7 espécies).
A tabela 18 traz a lista de espécies de mamíferos encontradas na região da Serra das
Areias, Município de Aparecida de Goiânia com as categorias de ameaça de cada espécie
conforme a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, 2014), a lista
vermelha nacional de 2003 e o livro vermelho da fauna ameaçada de extinção do Ministério
do Meio Ambiente (MMA, 2008), em que a espécie Myrmecophaga tridactyla é categorizada
como vulnerável e, Chrysocyon brachyurus como quase ameaçada.
Tabela 16: Espécies encontradas na região de estudo por campanha (Chuva e Seca).
Campanha
Chuva
Seca
Classe
Mammalia
Ordem
Carnivora
Família
Canidae
Cetartiodactyla
Chiroptera
Cervidae
Phyllostomidae
Didelphimorphia
Lagomorpha
Pilosa
Carnivora
Vespertilionidae
Didelphidae
Leporidae
Myrmecophagidae
Canidae
Chiroptera
Vespertilionidae
Didelphimorphia
Pilosa
Didelphidae
Myrmecophagidae
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Espécie
Cerdocyon thous
Chrysocyon brachyurus
Mazama gouazoubira
Anoura caudifer
Artibeus obscurus
Carollia perspicillata
Desmodus rotundus
Glossophaga soricina
Eptesicus diminutus
Didelphis albiventris
Sylvilagus brasiliensis
Myrmecophaga tridactyla
Cerdocyon thous
Chrysocyon brachyurus
Eptesicus diminutus
Myotis nigricans
Didelphis albiventris
Myrmecophaga tridactyla
Tamandua tetradactyla
91
Tabela 17: Espécies encontradas na região de estudo por campanha (Chuva e Seca).
Campanha
Redes de
Neblina
Classe
Ordem
Família
Espécie
Mammalia
Chiroptera
Phyllostomidae
Anoura caudifer
Artibeus obscurus
Carollia perspicillata
Desmodus rotundus
Glossophaga soricina
Eptesicus diminutus
Myotis nigricans
Vespertilionidae
Transecto
Diurno/Rastros Mammalia
Carnivora
Canidae
Didelphimorphia
Cetartiodactyla
Pilosa
Didelphidae
Cervidae
Myrmecophagidae
Cerdocyon thous
Chrysocyon brachyurus
Didelphis albiventris
Mazama gouazoubira
Myrmecophaga tridactyla
Tamandua tetradactyla
Transecto
Noturno
Mammalia
Lagomorpha
Leporidae
Sylvilagus brasiliensis
Carnivora
Didelphimorphia
Pilosa
Canidae
Didelphidae
Myrmecophagidae
Cerdocyon thous
Didelphis albiventris
Myrmecophaga tridactyla
Plano de Manejo UC Serra das Areias
92
Tabela 18: Lista de espécies de mamíferos encontradas na região da Serra das Areias - Município de Aparecida de Goiânia. Categorias de
ameaça em toda a distribuição da espécie pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN, 2014) e ameaça na distribuição apenas
no território nacional pela lista vermelha nacional de 2003 e livro vermelho da fauna ameaçada de extinção do Ministério do Meio Ambiente
(MMA 2008).
Classe
Mammalia
Ordem
Família
Carnivora
Canidae
Cetartiodactyla
Chiroptera
Cervidae
Vespertilionidae
Phyllostomidae
Didelphimorphia
Lagomorpha
Pilosa
Didelphidae
Leporidae
Myrmecophagidae
Cerdocyon thous
Chrysocyon brachyurus
Mazama gouazoubira
Eptesicus diminutus
Myotis nigricans
Desmodus rotundus
Carollia perspicillata
Glossophaga soricina
Anoura caudifer
Artibeus obscurus
Didelphis albiventris
Sylvilagus brasiliensis
Myrmecophaga tridactyla
Tamandua tetradactyla
Categoria de Ameaça
(IUCN)
Pouco Preocupante
Quase Ameaçada
Pouco Preocupante
Deficiente de Dados
Pouco Preocupante
Pouco Preocupante
Pouco Preocupante
Pouco Preocupante
Pouco Preocupante
Pouco Preocupante
Pouco Preocupante
Pouco Preocupante
Vulnerável
Pouco Preocupante
Categoria de Ameaça
(MMA)
não consta
Vulnerável
não consta
não consta
não consta
não consta
não consta
não consta
não consta
não consta
não consta
não consta
Vulnerável
não consta
93
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Espécie
Apesar do comportamento assintótico apresentado pela curva de acumulação de
espécies (ou riqueza observada), que representaria suficiência amostral, que é a riqueza de
espécies da região foi encontrada durante o período coletado (onze dias), nota-se uma
divergência com relação ao estimador Jackknife de primeira ordem. Este estimar (figura 46)
prevê que a riqueza que seria esperada na região, baseado na riqueza observada, seria cerca de
duas vezes o número de espécies encontradas dentro do período amostrado, e ainda com
comportamento não assintótico. Deste modo, seria ideal que houvesse continuidade de
monitoramento da fauna da região, a fim de se conhecer a verdadeira representatividade da
unidade com relação à mastofauna típica do Cerrado.
Figura 46: Riqueza de Espécies estimada pelo método Jackknife de primeira ordem (Jack 1,
intervalo de confiança a 95%) e Riqueza Observada (Sobs - curva de acumulação de espécies)
da região da Serra das Areias - Município de Aparecida de Goiânia.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
3.6.1 Unidades Topográficas elevadas
Foram encontradas nas Unidades Topográficas elevadas (áreas mais conservadas e
com menor restrição de uso e ocupação do solo), treze das quatorze espécies encontradas em
toda a região, conforme tabela 19 a seguir.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
94
Tabela 19: Espécies de mamíferos encontradas na região da Serra das Areias delimitada como unidades topográficas elevadas.
Classe
Ordem
Família
Espécie
Nome Popular
Mammalia
Carnivora
Canidae
Cerdocyon thous
Cetartiodactyla
Cervidae
Chrysocyon brachyurus
Mazama gouazoubira
Chiroptera
Vespertilionidae
Phyllostomidae
Didelphimorphia
Lagomorpha
Pilosa
Didelphidae
Leporidae
Myrmecophagidae
Cachorro-domato
Lobo-Guará
Veado
Catingueiro
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Morcego
Gambá
Tapiti
TamanduáBandeira
TamanduáMirim
Eptesicus diminutus
Anoura caudifer
Artibeus obscurus
Desmodus rotundus
Carollia perspicillata
Glossophaga soricina
Didelphis albiventris
Sylvilagus brasiliensis
Myrmecophaga tridactyla
Tamandua tetradactyla
Estado de Ameaça
(MMA)
não consta
Quase Ameaçada
Pouco Preocupante
Vulnerável
não consta
Deficiente de Dados
Pouco Preocupante
Pouco Preocupante
Pouco Preocupante
Pouco Preocupante
Pouco Preocupante
Pouco Preocupante
Pouco Preocupante
Vulnerável
não consta
não consta
não consta
não consta
não consta
não consta
não consta
não consta
Vulnerável
Pouco Preocupante
não consta
95
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Estado de Ameaça
(IUCN)
Pouco Preocupante
Ordem Carnivora
Os carnívoros são importantes para os ecossistemas naturais e para a conservação da
biodiversidade em geral. Por serem predadores, regulam as populações de suas presas e
estruturam as comunidades naturais com base na predação, sendo por isso consideradas
espécies-chave. Como necessitam de grandes áreas para manter populações viáveis,
esforços para manter áreas suficientes à conservação de carnívoros acabam por preservar
também as outras espécies da comunidade. Nesse caso, os carnívoros estariam exercendo
papel de espécies “guarda-chuva”. São também animais carismáticos, o que permite sua
utilização como símbolos em projetos de conservação, sendo considerados “espéciesbandeira” (MMA, 2008).
Visto que são animais que ocupam o topo da pirâmide alimentar, e por consequência
necessitando de grandes áreas para forrageamento/reprodução, a destruição, fragmentação e
alteração de habitats representam a principal causa de ameaça para todas as espécies deste
grupo. O abate ou retirada de indivíduos da natureza é, atualmente, a segunda principal
causa de ameaça para as espécies de carnívoros, seja para animais de estimação, ou em
retaliação à predação de animais domésticos. Em décadas anteriores, a caça para o comércio
de peles (juntamente com a perda de hábitat) foi o principal fator responsável pela
depauperação e consequente ameaça às populações naturais dos carnívoros.
Os atropelamentos também afetam populações de várias espécies, em especial as
de lobo-guará e cachorro-do-mato. Para mitigar essas ameaças, várias ações específicas
podem ser efetivadas, mas as principais dizem respeito à proteção de habitats, com a
criação de Unidades de Conservação, além da efetiva proteção daquelas já existentes,
procurando sempre promover a conectividade entre habitats protegidos. Dentro da
perspectiva de crescente destruição e fragmentação de ambientes naturais e de seus
requerimentos de área, a conectividade entre populações é fundamental para a
conservação de carnívoros (MMA, 2008).
Plano de Manejo UC Serra das Areias
96
Espécies encontradas:
Nome Científico: Cerdocyon thous
Nome Popular: Cachorro-do-mato
Habitat:
Ocupa
grande
variedade
de
tipos
fitofisionômicos, desde matas de galeria e florestas
estacionais a áreas de campo sujo. Adapta-se facilmente
a regiões desflorestadas e convertidas em plantações.
Ameaças: Atropelamentos e doenças disseminadas por canídeos e outros domésticos. Em
regiões antropizadas, a espécie também sofre perseguição humana por predar aves domésticas.
Nome Científico: Chrysocyon brachyurus
Nome Popular: Lobo-Guará
Habitat:
Habitam,
preferencialmente,
habitats
abertos, como campos, cerrados, veredas e campos
úmidos. Embora não existam muitas informações
quanto à tolerância a áreas alteradas, o lobo-guará
também tem sido visto com maior frequência em
terras cultivadas para agricultura e pastagens.
Ameaças: Atualmente, o crescimento desordenado de centros urbanos e a consequente perda
de hábitat têm resultado em processos negativos à conservação da espécie, mesmo que ela
seja mais tolerante a algumas atividades antrópicas, como a agricultura. A drástica redução de
ambientes tem sido apontada como o fator principal de redução de populações. Essa ameaça é
ainda mais potencializada quando se observa que grande parte da área de ocorrência da
espécie já está convertida em campos agricultáveis e em campos destinados à pecuária.
Verifica-se, também, grande número de animais vítimas de atropelamentos, na maioria
jovens, provavelmente em fase de dispersão. Em algumas populações, estima-se que os
atropelamentos sejam responsáveis pela morte de um terço à metade da produção anual de
filhotes. Outro impacto é a contaminação epidemiológica de patógenos advindos do contato
com animais domésticos, sobretudo onde a zona de contato é grande. Lobos-guará estão
sujeitos a várias doenças transmitidas por cães, cujo impacto na natureza pode ser
significativo. Além dessas ameaças, a mitificação da espécie como principal responsável pela
predação de aves domésticas em comunidades rurais tem sido um motivo significante para a
Plano de Manejo UC Serra das Areias
97
perseguição e abate deste animal. Considerada como Vulnerável pela Lista Nacional de
espécies Ameaçadas e como Quase Ameaçada pela Lista Mundial da IUCN.
Ordem Cetartiodactyla
Os representantes da família Cervidae possuem papel funcional nas comunidades
ligado à dispersão de sementes, visto que possuem hábito alimentar herbívoro/frugívoro. Na
cadeia alimentar, os cervídeos servem de presas para grandes carnívoros e controlam
populações de gramíneas, através do pastejo.
Espécies encontradas:
Nome Científico: Mazama gouazoubira
Nome Popular: Veado-Catingueiro
Habitat: Ocorre desde regiões úmidas a mais secas, nas quais
existem cobertura arbóreo/arbustiva. A espécie evita áreas florestais
densas,
utilizando
apenas
suas
margens.
São
encontradas
forrageando em áreas abertas e plantações.
Ameaças: Apesar de ser a espécie de cervídeo mais abundante no
Brasil, apresenta uma tendência de declínio populacional, decorrente
em grande parte da perda e fragmentação de hábitats, caça e, em
áreas altamente antropizadas, morte por cães domésticos.
Ordem Chiroptera
Quirópteros são um dos grupos de mamíferos mais diversificados do mundo, com
dezoito famílias, 202 gêneros e cerca de 1120 espécies (com tendência crescente a partir de
métodos moleculares de classificação). Isso representa aproximadamente 22% das espécies
conhecidas de mamíferos. No Brasil é a segunda ordem em riqueza de espécies, sendo
superada somente pela ordem Rodentia. Os quirópteros, se por um lado algumas entre suas
espécies frugívoras são capazes de provocar danos em pomares, e as hematófagas de
disseminar o vírus da raiva, por outro (e a balança pende significativamente a seu favor), são
importantíssimos no controle dos insetos, que as formas insetívoras consomem às toneladas
em cada noite, na polinização de inúmeras espécies de plantas florestais, que desapareceriam
sem o concurso das formas nectarívoras, e na disseminação de sementes pelas frugívoras,
Plano de Manejo UC Serra das Areias
98
tanto pelo abandono das sementes maiores após devorarem a polpa, como pela eliminação das
menores junto com as suas fezes (Reis et. al, 2007). Além da perseguição e do extermínio
constante, tendo em vista sua associação com o vírus da raiva, a alteração de hábitat é uma
das principais ameaças aos morcegos. Além disso, biomas como o Cerrado e a Amazônia
estão sofrendo rápida substituição de sua vegetação nativa por áreas para pasto e agricultura.
Nessas áreas, observa-se um ciclo de extermínio, primeiro pelo desmatamento e depois pela
ameaça ao gado. Esses biomas, assim como o Pantanal e a Caatinga, são ainda pouco
conhecidos em relação à sua diversidade de espécies, fato este que gera a necessidade de
maior número de inventários (MMA, 2008).
Espécies Encontradas:
Nome Científico: Eptesicus diminutus
Nome Popular: Morcego
Habitat: De hábito insetívoro, habita áreas abertas,
urbanas e sub-urbanas.
Ameaças: Perseguição e extermínio, perda e
alteração de hábitat (pouco conhecimento a respeito
da espécie).
Nome Científico: Anoura caudifer
Nome Popular: Morcego
Habitat: Encontrada em todos os biomas brasileiros,
essa espécie tem sido comumente reportada em
inventários locais, ocorrendo em áreas de floresta
primária e secundária, bananais associados a
florestas, pastos e áreas rurais e urbanas. Abriga-se
em cavernas, furnas e locas de pedra, cavidades em
árvores caídas, e uma variedade de construções humanas, como residências abandonadas e
bueiros sob rodovias. Alimenta-se de néctar de plantas de várias famílias, frutos, pólen e ainda
de insetos. Desta forma, esta espécie apresenta um importante papel funcional na comunidade
como dispersor, polinizador e controlador de populações de insetos, como vetores de doenças.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
99
Ameaças: Perseguição e extermínio, perda e alteração de hábitat (pouco conhecimento a
respeito das ameaças à espécie).
Nome Científico: Artibeus obscurus
Nome Popular: Morcego
Habitat: Endêmica à América do Sul, pouco se sabe
sobre a ecologia da espécie. Esta espécie parece estar
bem associada a ambientes de floresta primária e a
ambientes úmidos, embora possa ser observada
também em áreas urbanas. Abriga-se sob folhagem e
em saliências de cascas de troncos não totalmente
desprendidas das árvores, além de folhas de palmeiras. De hábito frugívoro, alimenta-se de
frutos de Ficus e sementes de Cecropia.
Ameaças: Perseguição e extermínio, perda e alteração de hábitat (pouco conhecimento a
respeito da espécie).
Nome Científico: Desmodus rotundus
Nome Popular: Morcego vampiro
Habitat: Hematófagos, são biogeograficamente
limitados a regiões de clima quente. São encontrados
em grandes colônias desde regiões áridas a úmidas
dos trópicos e subtrópicos. Habitam cavernas,
buracos de árvores e construções abandonadas. O
fato de ter alimentação exclusivamente de sangue o torna potencial vetor do vírus rábico.
Ameaças: Perseguição e extermínio, perda e alteração de hábitat.
Nome Científico: Carollia perspicillata
Nome Popular: Morcego
Habitat: Largamente distribuído por diversos tipos de
ambientes ao longo da região Neotropical. Possuem hábito
alimentar frugívoro/nectarívoro, consumindo preferencialmente frutos da família Piperaceae (o que o torna um
importante dispersor desta família). Porém, sabe-se que esta
espécie alimenta-se ainda de frutos de pelo menos outras
Plano de Manejo UC Serra das Areias
100
trinta e oito famílias botânicas, de pólen e néctar e ainda de insetos. Desta forma, esta espécie
apresenta um importante papel funcional na comunidade como dispersor, polinizador e
controlador de populações de insetos, como daqueles vetores de doenças.
Ameaças: Perseguição e extermínio, perda e alteração de hábitat.
Nome Científico: Glossophaga soricina
Nome Popular: Morcego
Habitat: Encontrado nos mais diversos tipos de
hábitat, incluindo florestas primárias e secundárias,
pomares e pequenos fragmentos florestais. Também é
comum em meio rural e em áreas urbanas, incluindo
grandes cidades onde, não raro, adentra residências.
Morcegos dessa espécie têm sido encontrados em
cavernas, ocos de árvores, fendas em rochas, túneis,
minas, casas abandonadas, interior de cisternas, dutos
de ventilação, poço de elevador, sob pontes, telhas e forros. Possuem hábito nectarívoro,
alimentando-se de néctar de plantas de diversas famílias botânicas.
Ameaças: Perseguição e extermínio, perda e alteração de hábitat.
Grande Grupo dos Pequenos Mamíferos (Marsupiais e Roedores)
Os pequenos mamíferos têm papel importante nas cadeias alimentares e na dispersão
de sementes. Muitos deles estão envolvidos em problemas de saúde pública como hospedeiros
de parasitas. Em alguns casos, podem ser capazes de manter a parasitose mesmo sem a
presença humana, como a esquistossomose e as leishmanioses. Em geral, suspeita-se que as
alterações de hábitat sejam as principais responsáveis ameaças as suas populações. Várias das
espécies são florestais, muitas delas arborícolas. Sendo o desflorestamento e a fragmentação
um dos principais problemas ambientais do país, essa alteração é considerada a maior ameaça
à viabilidade dessas espécies. A expansão das áreas protegidas é a recomendação imediata
para manutenção das suas populações (MMA, 2008).
Plano de Manejo UC Serra das Areias
101
Ordem Didelphimorphia
Espécies Encontradas:
Nome Científico: Didelphis albiventris
Nome Popular: Gambá
Habitat: Encontrada em grande variedade de
habitats, desde florestas estacionais e matas de
galeria, a regiões desflorestadas, de plantações e
zonas urbanas. Frugívora-onívora consome roedores
e aves de pequeno porte, herpetos, insetos e frutos,
apresentando importante papel funcional no ambiente (dispersor, controle de pragas). É
frequentemente associado à predação de aves domésticas.
Ameaças: Perseguição e extermínio, perda e alteração de hábitat.
Ordem Lagomorpha
Espécies Encontradas:
Nome Científico: Sylvilagus brasiliensis
Nome Popular: Tapiti
Habitat: Habitam regiões de mata até campos, sendo
típicos de regiões de transição entre bosques e áreas
mais abertas ou bordas de cursos d’água, bem como
zonas alagadas. Durante o dia permanecem escondidos
sob raízes expostas, interior de troncos ou diretamente
abaixo da vegetação. Alimentam-se de folhas, frutos,
talos, sementes e raízes, possuindo papel funcional de dispersor de sementes.
Ameaças: Perda e fragmentação de hábitat e caça. Em áreas antropizadas pode ser predada
por cães domésticos, além do próprio homem.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
102
Ordem Pilosa
Espécies Encontradas:
Nome Científico: Myrmecophaga tridactyla
Nome Popular: Tamanduá-Bandeira
Habitat: Encontrado em floresta tropical úmida,
matas secas, e vegetação arbóreo/arbustiva.
Alimentam-se principalmente de formigas e
cupins.
Ameaças: Em algumas áreas são caçados para
alimentação humana e sua pele é utilizada na produção de artigos de couro, além de
aplicações medicinais. Naturalmente é uma espécie rara devido à sua biologia (um filhote por
ano e maturidade sexual atingida por volta dos dois anos de idade). Perda e fragmentação de
habitats, atropelamentos, caça e fogo tem afetado substancialmente as populações da espécie
nos ultimos dez anos, com muitos registro de extirpação da mesma em algumas localidades.
Algumas vezes são mortos por cães domésticos, além de humanos (devido ao dito popular
referente ao “abraço” dos indivíduos pertencentes a esta espécie). São também caçados para
comércio ilegal em algumas regiões da sua distribuição. É considerada como Vulnerável tanto
pela lista nacional de espécies ameaçadas quanto pela Lista Mundial da IUCN.
Nome Científico: Tamandua tetradactyla
Nome Popular: Tamanduá-Mirim
Habitat: Encontrada em todos os biomas
brasileiros,
utilizando
tanto
ambientes
savânicos como ambientes florestais (matas de
galeria e florestas estacionais). Alimentam-se
geralmente de cupins, formigas, mel e
abelhas.
Ameaças: Captura para criação como Pet, caça para consumo humano, uso de pele para
confecção de artigos de couro e tráfico são algumas das ameaças enfrentadas pela espécie.
Além disso, a espécie sofre predação por cães domésticos em regiões antropizadas. Porém as
maiores ameaças a espécie são a perda e fragmentação de hábitats, incêndios e
Plano de Manejo UC Serra das Areias
103
atropelamentos. Apesar de não constar na Lista Nacional de espécies ameaçadas de extinção e
possuir estado Pouco Preocupante pela Lista Mundial da IUCN, a espécie é considerada como
Vulnerável em alguns estados Brasileiros. Vale lembrar que Goiás não possui nenhuma lista
de espécies ameaçadas.
3.6.2 Unidades Topográficas Planas
Foram amostradas nas Unidades Topográficas Planas e mais alteradas do ponto da
substituição dos habitas naturais por uso do solo antrópico, seis das quatorze espécies
encontradas em toda a área de estudo, conforme tabela 20 a seguir.
Ordem Chiroptera
Nome Científico: Myotis nigricans
Nome Popular: Morcego
Habitat: Encontrado em ambientes de mata,
capoeiras, plantações, trilhas e também em
construções humanas. Classificado como
insetívoro aéreo de florestas e clareiras, atua
no controle de pragas.
Ameaças: Perseguição e extermínio, perda e alteração de hábitat.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
104
Tabela 20: Espécies de mamíferos encontradas na região da Serra das Areias delimitada como Unidade Topográfica Plana.
Classe
Mammalia
Nome
Estado de Ameaça
Estado de Ameaça
Popular
(IUCN)
(MMA)
Pouco Preocupante
não consta
Morcego
Pouco Preocupante
não consta
Eptesicus diminutus
Morcego
Deficiente de Dados
não consta
Phyllostomidae
Desmodus rotundus
Morcego
Pouco Preocupante
não consta
Didelphimorphia
Didelphidae
Didelphis albiventris
Gambá
Pouco Preocupante
não consta
Pilosa
Myrmecophagidae
Myrmecophaga
Tamanduá-
tridactyla
Bandeira
Vulnerável
Vulnerável
Ordem
Família
Espécie
Carnivora
Canidae
Cerdocyon thous
Chiroptera
Vespertilionidae
Myotis nigricans
Cachorro-domato
*Para maior descrição das espécies, vide seção anterior.
105
Plano de Manejo UC Serra das Areias
3.6.3 Entorno
Na região do entorno da Serra das Areias foi encontrada somente uma espécie, sendo o
Cachorro-do-Mato (Cerdocyon thous – vide seções anteriores para mais detalhes sobre a
espécie). Portanto, devido a capacidade de locomoção por áreas mais abrangentes, os
mamíferos registrados na Serra das Areias podem ocorrer no entorno, especialmente nas áreas
com características rurais, em que há conexão através de Matas de Galeria e pequenos
remanescentes que servem de suporte para esse grupo.
3.6.4 Heterogeneidade
Ao compararmos os resultados encontrados em cada uma das duas categorias de
Unidades dentro da Serra das Areias, notamos que a riqueza de espécies encontrada nas
Unidades Topográficas Elevadas (UTE) (treze espécies) corresponde a mais do que o dobro
daquela encontrada nas Unidades Topográficas Planas (UTP) (seis espécies). Além disso, foi
encontrada uma espécie na ultima unidade, e que não foi encontrada na primeira.
De forma geral, as espécies encontradas na UTP se apresentaram como uma subamostra daquelas encontradas nas UTE. Apesar dessa observação, e do fato de as UTE
possuírem maior quantidade de tipos vegetacionais preservados do que as UTP, não se devem
retirar conclusões precipitadas a respeito destes resultados. Mamíferos são animais bastante
móveis e com grandes áreas de vida, fato esse que justifica a não restrição das espécies a uma
ou outra categoria de unidade de proteção. Além disso, como os esforços de amostragem
foram conduzidos de forma extensiva, os tipos de unidades topográficas não foram
amostrados de forma equitativa.
3.7 Flora
3.7.1 Fitofisionomias
A Serra das Areias apresenta uma grande variedade de fitofisionomias, sendo
representadas por formações do tipo campestre (campo sujo), savânica (cerrado sensu stricto e
Plano de Manejo UC Serra das Areias
106
vereda) e florestal (cerradão, mata semidecídua e mata de galeria). Para classificação das
fitofisionomias foram utilizados os critérios e categorias da EMBRAPA (Ribeiro & Walter
1998).
Campo sujo
O campo sujo é uma vegetação campestre caracterizada por uma camada herbácea
(Figura 47), principalmente constituída por gramíneas, intercalada com arbustos bem esparsos
(RIBEIRO & WALTER, 2008). A composição florística do campo sujo, principalmente nas
comunidades ou faixas afastadas da vegetação de interflúvio, possui grande similaridade com
a dos estratos inferiores das formas de cerrado sensu stricto, sendo muitas as espécies comuns
a essas duas fitofisionomias. Essas semelhanças, por vezes, fazem com que o campo sujo seja
confundido com o cerrado ralo, entretanto essa última formação apresenta cobertura e
densidade arbóreo-arbustiva superior, típica das formações savânicas.
Figura 47: Detalhe da fitofisionomia campo sujo.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Cerrado sensu stricto
O cerrado sensu stricto, também denominado de sentido restrito, é a fitofisionomia
savânica predominante do bioma Cerrado (Figura 48), e é a formação vegetal predominante
Plano de Manejo UC Serra das Areias
107
na Unidade de Conservação Serra das Areias. Essa formação é caracterizada por vegetação
arbóreo-arbustiva aberta, com árvores e arbustos tortuosos e espaçados, de casca grossa,
folhas grandes e escleromorfas (Ribeiro & Walter 2008). É constituído por aproximadamente
300 a 450 espécies de plantas vasculares por hectare, atrás apenas das florestas tropicais
úmidas (Eiten 1993). Segundo Silva et al. (2002), este tipo de cerrado apresenta um estrato
arbóreo-arbustivo variando em torno de 6 a 7m e um estrato rasteiro mais ou menos contínuo.
Figura 48: Detalhe da fitofisionomia cerrado sensu stricto.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Dependendo de suas características, o cerrado sensu stricto pode ser subdividido em
cerrado ralo, quando apresenta baixa densidade de árvores por unidade de área, ou ainda
cerrado rupestre, quando apresenta afloramentos rochosos.
O cerrado ralo (Figura 49a) é a forma mais baixa e menos densa de cerrado sensu
stricto constituída de árvores e arbustos, com cobertura arbórea de 5% a 20% e altura média
de dois a três metros (Ribeiro & Walter, 2008). Já o cerrado rupestre é o subtipo de cerrado
típico que ocorre sore solos predominantemente rochosos (Figura 49b). Nessa formação
vegetal as árvores concentram-se nas fendas entre as rochas, e a densidade arbórea é variável
e dependente do volume de solo (Ribeiro & Walter 2008).
Plano de Manejo UC Serra das Areias
108
Figura 49: Detalhe dos subtipos de cerrado sensu stricto. A) cerrado ralo e B) cerrado
rupestre.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Vereda
A vereda ou burizital é um tipo de vegetação onde há uma camada arbustivo-herbácea
acompanhando o buriti (Mauritia flexuosa), sem a formação de uma cobertura contínua
(dossel) e sem um trecho de campo associado (Figura 50). O dossel dessa vegetação possui
altura variável de 12 a 20 metros e forma uma cobertura quase homogênea ao longo do ano,
variável de 40% a 70% (Ribeiro & Walter, 2008). Por ser geralmente encontrada em locais
associados a cursos d’água, como nascentes ou áreas com lençol freático superficial, a vereda
é fundamental para a manutenção dos recursos hídricos.
Figura 50: Detalhe da fitofisionomia vereda.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Plano de Manejo UC Serra das Areias
109
Cerradão
O cerradão é a uma formação florestal do bioma Cerrado com características
esclerofilas e xeromórficas (Figura 51), caracterizado pela intercalação de espécies que
ocorrem no cerrado sensu stricto e também por espécies de florestas, particularmente as de
matas secas (Ribeiro & Walter, 2008). Do ponto de vista fisionômico é uma floresta, mas
floristicamente se assemelha mais ao cerrado sentido restrito. O cerradão apresenta dossel
contínuo e cobertura arbórea que pode oscilar de 50 a 90%, sendo maior na estação chuvosa e
menor na seca. A altura média da camada de árvores varia de 8 a 15m, proporcionando
condições de luminosidade que favorecem a formação de camadas de arbustivas e herbáceas
diferenciadas.
Figura 51: Detalhe da fitofisionomia cerradão.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Mata Seca Semidecídua
Essa é a designação das formações florestais no bioma Cerrado que não possuem
associação com cursos de água, caracterizadas por níveis intermediários de queda das folhas
durante a estação seca (Figura 52). A queda de folhas contribui para o aumento da matéria
orgânica no solo, e por isso esse tipo de mata pode ser encontrada em solos desenvolvidos em
rochas básicas de alta fertilidade (terra roxa estruturada ou cambissolos), e de média
fertilidade em (latossolos roxo e vermelho-escuro) (Ribeiro & Walter, 2008). A altura média
da camada de árvores (estrato arbóreo) varia entre 15 e 25 metros.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
110
Figura 52: Detalhe da fitofisionomia mata seca semidecídua.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Mata de Galeria
Esse tipo de vegetação florestal acompanha os rios de pequeno porte e córregos do
Cerrado, formando galerias sobre o curso de água (Figura 53). Geralmente localiza-se nos
fundos dos vales ou nas cabeceiras de drenagem onde os cursos de água ainda não escavaram
um canal definitivo. Essa formação foi encontrada associada ao Córrego da Mata e outros
cursos d’água da região. Esse tipo de formação mantém permanentemente as folhas
(perenifólia), não apresentando queda significativa das folhas durante a estação seca (Ribeiro
& Walter 2008). A altura média do estrato arbóreo varia entre 20 e 30 metros, apresentando
uma superposição das copas, que fornecem cobertura arbórea de 70 a 95%.
Figura 53: Detalhe da fitofisionomia mata de galeria.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Plano de Manejo UC Serra das Areias
111
3.7.2 Diversidade florística
Em toda a Serra das Areias foram registradas 290 espécies vegetais pertencentes a 79
famílias botânicas (Tabela 21). As figuras 54, 55 e 56 ilustram algumas dessas espécies em
período reprodutivo. As famílias mais representativas em número de espécies foram Fabaceae
com 45, Rubiaceae com 18, Asteraceae com 16, Malvaceae com 11, Malpighiaceae e
Melastomataceae com 10 espécies cada. Dentre as espécies registradas merecem destaque seis
espécies protegidas por lei que foram Anadenanthera peregrina (angico), Astronium
fraxinifolium (gonçalo-alves), Caryocar brasiliense (pequi), Handroanthus ochraceus (ipêdo-cerrado), Handroanthus serratifolius (ipê-amarelo-da-mata), Myracroduon urundeuva
(aroeira) e Tabebuia alba (ipê-amarelo). A Portaria 113/95 do IBAMA estabelece restrições
ao corte do pequi enquanto as demais espécies são protegidas pela Lei Estadual 12.596. Além
das espécies protegidas merece destaque a espécie Bromelia goyazensis (bromélia) que é
endêmica do estado de Goiás. Das 290 espécies apenas duas são listadas como ameaçadas de
extinção de acordo com a lista do Ministério do Meio Ambiente que são Camarea hirsuta
(camarea) e Ocotea odorifera (canela).
Plano de Manejo UC Serra das Areias
112
Tabela 21: Check list das espécies vegetais registradas na Serra das Areias, tanto nas unidades topográficas elevadas, como nas planas.
Família Botânica
Nome Científico
Autor
Origem dos Dados
Status de
Conservação
Importância
Habito
Coleta ativa
*
Ornamental
Arbusto
Coleta ativa
*
Ornamental
Arbusto
Coleta ativa
*
Ornamental
Arbusto
Acanthaceae
Justicia cf. eranthemantha
Acanthaceae
Justicia lanstyakii
Acanthaceae
Justicia sp.
Acanthaceae
Ruellia costata
Hiern
Coleta ativa
*
Ornamental
Arbusto
Acanthaceae
Ruellia incomta
(Nees) Lindau
Coleta ativa
*
Ornamental
Arbusto
Acanthaceae
Ruellia neesiana
(Mart. ex Nees) Lindau
Coleta ativa
*
Ornamental
Arbusto
Acanthaceae
Ruellia nitens
(Nees) Wassh
Coleta ativa
*
Ornamental
Arbusto
Alstroemeriaceae
Bomarea edulis
(Tussac) Herb.
Species link
*
Ornamental
Erva
Amaranthaceae
Gomphrena sp.
Species link
*
Pirofiticas
Erva
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Árvore
Coleta ativa
Frutos para consumo humano
Árvore
Madeira
Árvore
Madeira
Árvore
Rizzini
Anacardiaceae
Anacardium sp.
Anacardiaceae
Anacardium humile
Anacardiaceae
Astronium fraxinifolium.
Anacardiaceae
Myracrodon urundeuva
Allemão
Coleta ativa
*
Protegida pela lei
estadual
Protegida pela lei
estadual
Anacardiaceae
Tapirira guianensis
Aubl.
Coleta ativa
*
Pioneira
Árvore
Anemiaceae
Anemia sp.
Coleta ativa
*
Indicadora
Erva
Annonaceae
Annona crassiflora
Mart.
Coleta ativa
*
Frutos para consumo humano
Árvore
Annonaceae
Annona coriacea
Mart.
Coleta ativa
*
Frutos para consumo humano
Árvore
Annonaceae
Emmotum nitens
(Benth.) Miers.
Coleta ativa
*
Pioneira
Árvore
Annonaceae
Coleta ativa
*
Pioneira
Árvore
Annonaceae
Xylopia sp.
Xylopia aromatica
(Lam.) Mart.
Coleta ativa
*
Pioneira
Árvore
Apiaceae
Eryngium sp.
Coleta ativa
*
Pirofiticas
Erva
Apocynaceae
Aspidosperma sp.
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Coleta ativa
113
Plano de Manejo UC Serra das Areias
A.St.-Hil.
Cont. Família Botânica
Nome Científico
Autor
Origem dos Dados
Status de
Conservação
Importância
Habito
Apocynaceae
Aspidosperma macrocarpon
Mart.
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Apocynaceae
Aspidosperma tomentosum
Mart.
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Apocynaceae
Hancornia speciosa
Gomes
Coleta ativa
*
Frutos para consumo humano
Árvore
Apocynaceae
Mandevilla cf. hirsuta
Coleta ativa
*
Erva trepadeira
Apocynaceae
Mandevilla sp.
Coleta ativa
*
Erva trepadeira
Apocynaceae
Odontadenia lutea
(Vell.) Markgr
Coleta ativa
*
Erva trepadeira
Apocynaceae
Rauwolfia sellowii
Species link
*
Árvore
Araliaceae
Schefflera macrocarpa
Coleta ativa
*
Pioneira
Árvore
Araliaceae
Schefflera morototoni
Müll Arg.
(Cham. & Schltdl.)
Frodin
(Aubl.) Maguire,
Steyerm. & Frodin.
Coleta ativa
*
Pioneira
Árvore
Araliaceae
Schefflera sp.
Araliaceae
Schefflera vinosa
(Cham. & Schltdl.)
Frodin & Fiaschi
Arecaceae
Mauritia flexuosa
L.
Aristolochiaceae
-
Aristolochiaceae
Aristolochia claussenii
Asteraceae
Aldama sp.
Asteraceae
Aspilia foliacea
Asteraceae
Bidens sp.
Asteraceae
Chromolaena chaseae
Asteraceae
Cosmos sp.
Asteraceae
Echinocoryne holosericea
(Spreng.) Baker.
(B.L.Rob.) R.M.King &
H.Rob
(Mart. ex Mart.) H.Rob
*
Pioneira
Árvore
Coleta ativa
*
Pioneira
Árvore
Coleta ativa
*
Coleta ativa
*
Borda
Erva trepadeira
Coleta ativa
*
Borda
Erva trepadeira
Coleta ativa
*
Erva
Coleta ativa
*
Erva
Coleta ativa
*
Erva
Species link
*
Erva
Coleta ativa
*
Erva
Species link
*
Erva
Árvore
114
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Duch.
Coleta ativa
Cont. Família Botânica
Nome Científico
Autor
Origem dos Dados
Status de
Conservação
Importância
Habito
Asteraceae
Elephantopus hirtiflorus
DC.
Species link
*
Arbusto
Asteraceae
Eremanthus erythropappus
(D.C.) MacLeish
Coleta ativa
*
Arbusto
Asteraceae
Lessigianthus sp.1
Coleta ativa
*
Arbusto
Asteraceae
Lessigianthus sp.2
Coleta ativa
*
Arbusto
Asteraceae
Lessingianthus bardanoides
(Less.) H.Rob.
Coleta ativa
*
Arbusto
Asteraceae
Lessingianthus onopordioides
(Baker) H.Rob
Coleta ativa
*
Arbusto
Asteraceae
Piptocarpha rotundifolia
(Less.) Baker
Coleta ativa
*
Árvore
Asteraceae
Praxelis sp.
Species link
*
Arbusto
Asteraceae
Trixis sp.
Coleta ativa
*
Erva
Asteraceae
Wunderlichia mirabilis
Riedel ex Baker
Coleta ativa
*
Árvore
Balanophoraceae
Langsdorffia hypogaea
Mart.
Species link
*
Parasita
Erva parasita
Begoniaceae
Begonia sp.
Coleta ativa
Ornamental
Erva
Bignoniaceae
Handroanthus ochraceus
(Cham.) Mattos
Coleta ativa
Madeira
Árvore
Bignoniaceae
Handroanthus serratifolius
(Vahl) S. O.. Grose
Coleta ativa
Madeira
Árvore
Bignoniaceae
Tabebuia alba
(Cham.) Sandwith
Coleta ativa
*
Protegida pela lei
estadual
Protegida pela lei
estadual
Protegida pela lei
estadual
Madeira
Árvore
Bignoniaceae
Zeyheria montana
Mart.
Species link
*
Pioneira
Arbusto
Bixaceae
Cochlospermum regium
(Mart. et Schr.) Pilger,
Coleta ativa
*
Pioneira
Arbusto
Blechnaceae
Blechnum sp.
Coleta ativa
*
Indicadora
Erva
Coleta ativa
*
Coleta ativa
*
Boraginaceae
Euploca salicoides
Boraginaceae
Varronia sp.
Erva
Frutos para fauna
Arbusto
115
Plano de Manejo UC Serra das Areias
(Cham.) J.I.Melo &
Semir
Cont. Família Botânica
Nome Científico
Autor
Origem dos Dados
Status de
Conservação
Importância
Habito
Bromeliaceae
Aechmea bromeliifolia
(Rudge) Baker
Coleta ativa
*
Ornamental
Bromélioide
Bromeliaceae
Bromelia goyazensis
Mez
Coleta ativa
Endêmica
Ornamental
Bromélioide
Bromeliaceae
Dyckia sp.1
Species link
*
Ornamental
Bromélioide
Bromeliaceae
Dyckia sp.2
Coleta ativa
*
Ornamental
Bromélioide
Cactaceae
Coleta ativa
*
Callophylaceae
Hueria speciosa
Cardiopetalum calophyllum
Schltdl.
Coleta ativa
Cariocaraceae
Caryocar brasiliense
Cambess
Coleta ativa
*
Protegida pela lei
federal
Caryophyllaceae
Polycarpaea corymbosa
(L.) Lam.
Species link
*
Celastraceae
Plenckia populnea
Reissek
Coleta ativa
*
Celastraceae
Salacia crassifolia
Salacia sp.
(Mart.) Peyr
Celastraceae
Chrysobalanaceae
Cacto
Madeira
Árvore
Frutos para consumo humano
Árvore
Erva
Pioneira
Árvore
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Árvore
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Árvore
Hirtella sp.
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Árvore
Clusiaceae
Clusia sp.
Coleta ativa
*
Indicadora
Árvore
Clusiaceae
Kielmeyera coriacea
Mart.
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Clusiaceae
Kielmeyera rubriflora
Camb.
Coleta ativa
*
Clusiaceae
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Clusiaceae
Kielmeyera sp.
Kielmeyera speciosa
A. St.-Hil.
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Combretaceae
Terminalia brasiliensis
(Cambess.) Eichler
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Combretaceae
Terminalia sp.
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Connaraceae
Connarus sp.
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Connaraceae
Connarus suberosus
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
116
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Planch.
Árvore
Cont. Família Botânica
Nome Científico
Autor
Origem dos Dados
Status de
Conservação
Importância
Habito
Coleta ativa
*
Ornamental
Erva trepadeira
Convolvulaceae
Ipomoea sp.
Convolvulaceae
Ipomoea squamisepala
O'Donell
Coleta ativa
*
Ornamental
Erva trepadeira
Convolvulaceae
Jacquemontia gracillima
(Choisy) Hallier f.
Species link
*
Ornamental
Erva trepadeira
Cucurbitaceae
Cayaponia espelina
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Erva trepadeira
Cucurbitaceae
Melothria campestris
(Silva Manso) Cogn.
(Naudin) H. Schaef. &
S.S.Renner
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Erva trepadeira
Cunoniaceae
Lamanonia ternata
Vell.
Coleta ativa
*
Pioneira
Árvore
Cyperaceae
Bulbostylis sp.
Species link
*
Pirofiticas
Erva
Cyperaceae
Eleocharis squamata
Boeckeler
Species link
*
Indicadora
Erva aquática
Dilleniaceae
Curatella americana
L.
Coleta ativa
*
Frutos para fana
Árvore
Dilleniaceae
Davilla flexuosa
A.St.-Hil.
Species link
*
Frutos para fauna
Arbusto
Dilleniaceae
Davilla elliptica
A.St.-Hil.
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Arbusto
Dioscoriaceae
Dioscorea cf. orthogoneura
Coleta ativa
*
Borda
Erva trepadeira
Dioscoriaceae
Dioscorea sp.
Coleta ativa
*
Borda
Erva trepadeira
Droseraceae
Drosera sp.
Coleta ativa
*
Indicadora
Erva
Ebenaceae
Diospyros sp.
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Árvore
Eriocaulaceae
Paepalanthus chiquitensis
Species link
*
Indicadora
Erva
Eriocaulaceae
Syngonanthus cf. sp.
Coleta ativa
*
Indicadora
Erva
Erythroxylaceae
Erythroxylum campestre
Species link
*
Frutos para fauna
Árvore
Erythroxylaceae
Erythroxylum sp.1
Coleta ativa
Frutos para fauna
Árvore
Erythroxylaceae
Erythroxylum suberosum
Coleta ativa
*
*
Frutos para fauna
Árvore
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Árvore
Erythroxylaceae
Erythroxylum tortuosum
A. St.-Hil.
A. St.-Hil.
Mart.
117
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Herzog
Cont. Família Botânica
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Euphorbiaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Nome Científico
Chamaesyce sp.
Croton chaetocalyx
Croton grewioides
Euphorbia lycioides
Manihot tripartita
Maprounea guianensis
Microstachys corniculata
Microstachys hispida
Acosmium dasycarpum
Aeschynomene histrix var. histrix
Aeschynomene paniculata
Aeschynomene sp.
Fabaceae
Anadenanthera peregrina
Fabaceae
Andira sp.
Andira paniculata
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Baill.
Boiss.
Müll. Arg.
Aublet
(Vahl) Griseb.
(Mart.) Govaerts
Acosmium sp.
Fabaceae
Fabaceae
Mull.Arg.
Pterodon sp.
Fabaceae
Fabaceae
Autor
Apuleia leiocarpa
(Vogel) Yakovlev
Poir
Willd. Ex Vogel
(L.) Speng
Benth.
(Vogel) J.F.Macbr.
Bauhinia sp.
Bionia sp.
Calliandra calycina
Coleta ativa
*
Arbusto
Species link
*
Arbusto
Species link
*
Erva
Species link
*
Arbusto
Coleta ativa
*
Coleta ativa
*
Arbusto
Coleta ativa
*
Arbusto
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Pioneira
Arbusto
Coleta ativa
*
Pioneira
Arbusto
Coleta ativa
*
Pioneira
Arbusto
Coleta ativa
Madeira
Árvore
Coleta ativa
Protegida pela lei
estadual
*
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Species link
*
Pioneira
Arbusto
Coleta ativa
*
Species link
*
Importância
Habito
Arbusto
Frutos para fauna
Árvore
Erva trepadeira
Pioneira
Arbusto
118
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Benth
Species link
Status de
Conservação
*
Origem dos Dados
Cont. Família Botânica
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Nome Científico
Centrosema angustifolium
Chamaecrista blanchetii
Chamaecrista diphylla
Chamaecrista flexuosa
Chamaecrista neesiana
Chamaecrista setosa
Fabaceae
Chamaecrista sp.
Fabaceae
Copaifera langsdorffii
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Crotalaria retusa
Crotalaria sp.
Dimorphandra mollis
Galactia eriosematoides
Galactia lamprophylla
Galactia peduncularis
Harpalyce brasiliana
Hymenaea courbaril.
Hymenaea stignocarpa
Indigofera bongardiana
Inga alata
Inga sp.
(Kunth) Benth
(Benth.) Conc.
(L.) Greene
(L.) Greene
(Mart. ex Benth.) HS
Irwin & Barneby
(Vogel) H.S. Irwin &
Barneby
Desf.
L.
Benth.
Harms
Harms
(Benth.) Taub.
Benth
L.
L.
(Kuntze) Burkart
Benoist
Species link
Status de
Conservação
*
Ornamental
Arbusto
Species link
*
Pioneira
Arbusto
Coleta ativa
*
Pioneira
Arbusto
Coleta ativa
*
Pioneira
Arbusto
Pioneira
Arbusto
Origem dos Dados
Importância
Habito
*
Coleta ativa
*
Coleta ativa
Pioneira
Arbusto
Coleta ativa
*
Pioneira
Arbusto
Coleta ativa
*
Medicinal
Árvore
Coleta ativa
*
Pioneira
Arbusto
Species link
*
Pioneira
Arbusto
Coleta ativa
*
Medicinal
Árvore
Species link
*
Pioneira
Arbusto
Species link
*
Pioneira
Arbusto
Coleta ativa
*
Pioneira
Arbusto
Coleta ativa
*
Pioneira
Arbusto
Coleta ativa
*
Frutos para consumo humano
Árvore
Coleta ativa
*
Frutos para consumo humano
Árvore
Coleta ativa
*
Pioneira
Arbusto
Coleta ativa
*
Frutos para consumo humano
Árvore
Coleta ativa
*
Frutos para consumo humano
Árvore
119
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Autor
Cont. Família Botânica
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Fabaceae
Nome Científico
Mimosa ursina
Periandra coccinea
Plathymenia reticulata
Plathymenia sp.
Pterodon sp.
Pterodon emarginatus
Senna rugosa
Stryphodendron adstringens
Autor
Mart.
(Schrad.) Benth
Benth.
Vogel
(G. Don) H. S. Irwin &
Barneby
(Mart.) Coville.
Species link
Status de
Conservação
*
Pioneira
Arbusto
Coleta ativa
*
Pioneira
Arbusto
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Origem dos Dados
Importância
Habito
*
Coleta ativa
Pioneira
Arbusto
Coleta ativa
*
Medicinal
Árvore
Coleta ativa
Madeira
Árvore
Fabaceae
Tachigali sp.
Tachigali vulgaris
*
Gomes da Silva & Lima
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Fabaceae
Zanthoxylum rhoifolium
Lam
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Species link
*
Pioneira
Erva
Coleta ativa
*
Pioneira
Árvore
Coleta ativa
*
Ornamental
Erva
Species link
*
Erva
Coleta ativa
*
Erva
Species link
*
Erva
Coleta ativa
*
Ornamental
Erva
Coleta ativa
*
Ornamental
Erva
Ornamental
Erva
Fabaceae
Fabaceae
Flacourtiaceae
Gentianaceae
Gentianaceae
Gentianaceae
Gentianaceae
Iridaceae
Iridaceae
Iridaceae
Zornia villosa
Casearia sylvestris
Calolisianthus speciosus
Deianira chiquitana
(Malme) Herter
Sw.
Gilg
Herzog
Deianira sp.
Schultesia sp.
Cipura paludosa
Cipura xanthomelas
Trimezia juncifolia
Mart. ex Klatt
(Klatt.) Benth. & Hook.
f.
*
Coleta ativa
120
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Aubl.
Cont. Família Botânica
Iridaceae
Lamiaceae
Lamiaceae
Lamiaceae
Lauraceae
Lauraceae
Lauraceae
Lauraceae
Loranthaceae
Lycopodiaceae
Lythraceae
Lythraceae
Nome Científico
Autor
Trimezia sp.
Hypenia sp.
Hyptis lanata
Pohl ex Benth
Lippia sp.
Nectandra cuspidata
Nees & Mart.
Nectandra sp.
Ocotea odorifera
Persea willdenovii
Psittacanthus dichrous
Lycopodiella caroliniana
Diplusodon hirsutus
Lafoensia pacari
(Vell.) Rohwer
Kosterm
Mart.
(L.) Pic. Serm.
(Cham. & Schltdl.) DC.
A. St.-Hil.
Coleta ativa
Status de
Conservação
*
Ornamental
Erva
Coleta ativa
*
Medicinal
Erva
Species link
*
Medicinal
Erva
Species link
*
Medicinal
Erva
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Species link
*
Madeira
Árvore
Species link
*
Madeira
Árvore
Species link
*
Parasita
Erva parasita
Species link
*
Indicadora
Erva
Species link
*
Ornamental
Arbusto
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Origem dos Dados
Importância
Habito
Malpighiaceae
Banisteriopsis megaphylla
(A. Juss.) B. Gates
Coleta ativa
*
Ornamental
Erva trepadeira
Malpighiaceae
Byrsonima coccolobifolia
Kunth
Coleta ativa
*
Frutos para consumo humano
Árvore
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Arbusto
Coleta ativa
*
Frutos para consumo humano
Árvore
Frutos para consumo humano
Árvore
Malpighiaceae
Malpighiaceae
Byrsonima sp.
Byrsonima verbascifolia
Rich. Ex. Juss.
Malpighiaceae
Byrsonima pachyphylla
A.Juss.
Coleta ativa
*
Malpighiaceae
Camarea hirsuta
A.St. Hil
Coleta ativa
Malpighiaceae
Heteropterys byrsonimifolia
A. Juss
Coleta ativa
Vulnerável - VU
*
Erva trepadeira
Coleta ativa
*
Erva trepadeira
Species link
*
Erva trepadeira
Malpighiaceae
Malpighiaceae
Heteropterys campestris
Lepidaploa rufogrisea
(A. St.-Hil.) H.Rob.
121
Plano de Manejo UC Serra das Areias
A.Juss.
Árvore
Cont. Família Botânica
Malpighiaceae
Malvaceae
Malvaceae
Malvaceae
Malvaceae
Malvaceae
Malvaceae
Malvaceae
Malvaceae
Nome Científico
Pterandra pyroidea
Eriotheca gracilipes
Eriotheca pubescens
Autor
A. Juss
(K. Schum.) A. Robyns
(Mart. & Zucc.) Schott
& Endl
Eriotheca sp.
Helicteres brevispira
Luhea grandiflora
A.St.-Hil.
Mart.
Luhea sp.
Pavonia grandiflora
A.St.-Hil.
Peltaea sp.
Species link
Status de
Conservação
*
Coleta ativa
*
Origem dos Dados
Coleta ativa
Ornamental
Arbusto
Coleta ativa
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Ornamental
Arbusto
Species link
*
Ornamental
Arbusto
Ornamental
Coleta ativa
*
Malvaceae
Triumfetta sp.
Coleta ativa
*
Melastomataceae
Melastomataceae
Melastomataceae
Melastomataceae
Melastomataceae
Melastomataceae
Clidemia hirta
(Kunth) DC.
(L.) D. Don.
Clidemia sp.
Miconia albicans
Miconia ferruginata
Miconia nervosa
Microstachys sp.
DC.
Triana
Árvore
Arbusto
Arbusto
Invasora
Arbusto
*
Coleta ativa
Ornamental
Arbusto
Coleta ativa
*
Ornamental
Arbusto
Coleta ativa
*
Indicadora
Arbusto
Coleta ativa
*
Indicadora
Arbusto
Coleta ativa
*
Indicadora
Arbusto
Coleta ativa
*
Indicadora
Árvore
Species link
*
Indicadora
Arbusto
Species link
*
Arbusto
122
Plano de Manejo UC Serra das Areias
(Sw.) Steud.
Árvore
*
Coleta ativa
Cambessedesia cf. hilariana
Ornamental
Coleta ativa
Sida sp.
Melastomataceae
Árvore
*
Sida linifolia
Cambessedesia cf. espora
Ornamental
Coleta ativa
Malvaceae
Melastomataceae
Arbusto
*
Malvaceae
(A.St.-Hil. ex Bonpl.)
DC.
Habito
*
*
Juss. ex Cav.
Importância
Cont. Família Botânica
Melastomataceae
Melastomataceae
Menispermaceae
Moraceae
Moraceae
Myristicaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Myrtaceae
Nome Científico
Pterolepis perpusilla
Autor
(Naudin) Cogn.
Tibouchina sp.
Cissampelos ovalifolia
Brosimum gaudichaudii
DC.
Trecul
Ficus sp.
Virola sebifera
Blepharocalyx salicifolius
Aubl.
(Kunth) O.Berg.
Campomanesia sp.
Eugenia klotzschiana
Psidium myrsinoides
Berg,
O.Berg
Psidium sp.
Coleta ativa
Status de
Conservação
*
Indicadora
Arbusto
Coleta ativa
*
Ornamental
Árvore
Species link
*
Frutos para fauna
Arbusto
Coleta ativa
*
Frutos para consumo humano
Árvore
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Árvore
Coleta ativa
*
Pioneira
Árvore
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Árvore
Coleta ativa
*
Frutos para consumo humano
Arbusto
Coleta ativa
*
Frutos para consumo humano
Arbusto
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Árvore
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Árvore
Árvore
Origem dos Dados
Importância
Habito
Coleta ativa
Nyctaginaceae
Guapira sp.
Guapira noxia
*
(Netto) Lundell
Coleta ativa
*
Árvore
Nyctaginaceae
Neea theifera
Oerst.
Coleta ativa
*
Árvore
Coleta ativa
*
Árvore
Coleta ativa
*
Árvore
Coleta ativa
*
Árvore
Coleta ativa
*
Árvore
Species link
*
Epifita
Species link
*
Ornamental
Epifita
Species link
*
Ornamental
Epifita
Nyctaginaceae
Ochnaceae
Ochnaceae
Ochnaceae
Ochnaceae
Orchidaceae
Orchidaceae
Orchidaceae
Ouratea sp.
Ouratea spectabilis
Ouratea hexasperma
Engl.
(A. St.-Hil.) Baill.
Ouratea sp.
Galeandra junceoides
Habenaria edwallii
Habenaria rodeiensis
Cogn
Barb. Rodr.
123
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Barb.Rodr.
Cont. Família Botânica
Orchidaceae
Orchidaceae
Orobanchaceae
Oxalidaceae
Oxalidaceae
Phyllanthaceae
Piperaceae
Poaceae
Poaceae
Polygalaceae
Polygalaceae
Polygalaceae
Nome Científico
Autor
Habenaria sp.
Koellensteinia tricolor
(Lindl.) Rchb. f.
Buchnera sp.
Oxalis densifolia
Mart.
Oxalis sp.
Phyllanthus orbiculatus
Rich.
Piper sp.
Axonopus sp.
Urochloa decumbens
Polygala longicaulis
Polygala minima
Polygala monosperma
(Stapf.) Webster
Kunth
(Chodat) Marques
A.W. Benn.
Coleta ativa
Status de
Conservação
*
Species link
*
Coleta ativa
*
Erva
Coleta ativa
*
Arbusto
Coleta ativa
*
Arbusto
Species link
*
Coleta ativa
*
Arbusto
Species link
*
Erva
Coleta ativa
*
Species link
*
Erva
Species link
*
Erva
Species link
*
Erva
Erva
Origem dos Dados
Importância
Habito
Ornamental
Epifita
Ornamental
Epifita
Medicinal
Invasora
Erva
Erva
Polygalaceae
Polygala rhodoptera
Mart. ex A.W. Benn
Species link
*
Polygalaceae
Polygala tenuis
DC.
Coleta ativa
*
Erva
Species link
*
Erva
Coleta ativa
*
Árvore
Species link
*
Árvore
Coleta ativa
*
Species link
*
Erva
Species link
*
Arbusto
Species link
*
Polygalaceae
Proteaceae
Rhamnaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Polygala violacea
Roupala montana
Colubrina glandulosa
Alibertia edulis
Aublet
Aubl.
Reitzii
L. Rich
Borreria sp.
Chomelia ribesioides
Coccocypselum lanceolatum
(Ruiz & Pav.) Pers.
Frutos para fauna
Árvore
Erva
124
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Benth. ex A.Gray
Frutos para fauna
Cont. Família Botânica
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Rubiaceae
Sapindaceae
Sapindaceae
Sapotaceae
Sapotaceae
Sapotaceae
Simaroubaceae
Simaroubaceae
Nome Científico
Autor
Coccocypselum sp.
Diodella cf. apiculata
Galianthe grandifolia
Himatanthus obovatus
Mitracarpus hirtus
Palicourea coriacea
Palicourea rigida
Psychotria prunifolia
(Willd.) Delprete
E. L. Cabral
(Müll.Arg.) Woodson
(Linnaeus) Candolle
(Cham.) K. Schum
Kunth
(Kunth) Steyerm
Psychotria sp.
Sabicea brasiliensis
Wernham
Spermacoce sp.
Spermacoce tenella
Tocoyena formosa
Kunth
(Cham. & Schltdl.) K.
Schum.
Tocoyena sp.
Cupania sp.
Serjania velutina
Pouteria ramiflora
Cambess
Radlk
Pouteria sp.
Pouteria torta
(Mart.) Radlk.
Simarouba sp.
Simarouba versicolor
Coleta ativa
*
Erva
Species link
*
Arbusto
Coleta ativa
*
Species link
*
Coleta ativa
*
Ornamental
Arbusto
Coleta ativa
*
Ornamental
Árvore
Species link
*
Arbusto
Coleta ativa
*
Arbusto
Coleta ativa
*
Arbusto
Coleta ativa
*
Erva
Species link
*
Erva
Importância
Habito
Frutos para fauna
Erva
Madeira
Árvore
Erva
*
Coleta ativa
Frutos para fauna
Árvore
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Árvore
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Species link
*
Borda
Erva trepadeira
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Árvore
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Árvore
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Árvore
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
125
Plano de Manejo UC Serra das Areias
A. St.-Hill.
Coleta ativa
Status de
Conservação
*
Origem dos Dados
Cont. Família Botânica
Siparunaceae
Solanaceae
Solanaceae
Solanaceae
Styracaceae
Styracaceae
Turneraceae
Ulmaceae
Velloziaceae
Velloziaceae
Verbenaceae
Vitaceae
Nome Científico
Siparuna guianensis
Solanum grandiflorum
Solanum thomasiifolium
Styrax ferruginea
Styrax pohlii
Trema micrantha
Cissus erosa
Qualea multiflora
Xyridaceae
A. DC.
(L.) Blume
Aegiphila sp.
Vochysiaceae
Vochysiaceae
Nees & Mart
Vellozia sp.
Qualea sp.
Vochysiaceae
Sendtner
Barbacenia sp.
Qualea grandiflora
Vochysiaceae
Ruiz & Pav.
Turnera sp.
Vochysiaceae
Vochysiaceae
Aublet
Solanum sp.
Vochysiaceae
Vochysiaceae
Autor
Qualea parviflora
Salvertia convallariodora
Vochysia haenkeana
Vochysia rufa
Vochysia sp.
Xyris sp.
Mart.
Mart.
Mart.
A. St.-Hi
Mart.
Mart.
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Árvore
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Arbusto
Species link
*
Frutos para fauna
Arbusto
Coleta ativa
*
Árvore
Coleta ativa
*
Árvore
Coleta ativa
*
Erva
Coleta ativa
*
Árvore
Species link
*
Arbusto
Coleta ativa
*
Ornamental
Arbusto
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Árvore
Coleta ativa
*
Frutos para fauna
Erva trepadeiro
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Madeira
Árvore
Coleta ativa
*
Árvore
Coleta ativa
*
Árvore
Coleta ativa
*
Árvore
Coleta ativa
*
Arbusto
Species link
*
Importância
Habito
Indicadora
Erva
126
Plano de Manejo UC Serra das Areias
Rich
Coleta ativa
Status de
Conservação
*
Origem dos Dados
Figura 54: Exemplares da flora da Unidade de Conservação Serra das Areias: A.
Wunderlichia mirabilis; B. Palicourea rígida; C. Palicourea coreacea; D. Mandevilla sp.; E.
Indigofera sp.; F. Hirtella sp.; G. Helicteres brevispira; H. Galactia peduncularis; I.
Caryocar brasiliense; J. Bromelia goyazense; K. Aldama sp.; L. Agyphylla sp..
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Plano de Manejo UC Serra das Areias
127
Figura 55: Exemplares da flora na Unidade de Conservação Serra das Areias: A. Diplusodon
sp.; B. Banisteriopsis megaphylla; C. Harpalyce brasiliana; D. Oxalis densifolia; E.
Convolvulaceae sp.; F. Chamaecrista neesiana; G. Aspilia foliacea; H. Kielmeyera
rubriflora; I. Trimezia juncifolia.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Figura 56: Exemplares da flora na Unidade de Conservação Serra das Areias: A. Davilla
flexuosa; B. Bionia sp.; Cambessedesia cf. hilariana; D. Pavonia grandiflora; E. Ipomoea
squamisepala; F. Dyckia sp.; G. Camarea hirsuta; H. Lessingianthus onopordioides; I.
Odontadenia lutea; J. Polygala tenuis.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Plano de Manejo UC Serra das Areias
128
A diversidade de espécies registradas na Unidade de Conservação Serra das Areias é
bem elevada quando comparada a outras unidades de conservação de Goiás e Distrito Federal
(Tabela 22). Uma riqueza maior do que na Unidade de Conservação Serra das Areias só foi
registrada no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros (412 spp.), Estação Ecológica de
Água Emendadas (351 spp.) e APA de Cafuringa (319 spp.), todas com área total superior a
10 mil hectares. Algumas unidades também bem maiores do que a Serra das Areias, como
Parque Nacional de Brasília (46.230 ha), Parque Estadual da Serra de Caldas Novas (12.315
ha) e Parque Estadual de Serra Dourada (30.000 ha) tiveram riqueza de plantas bem inferior
com 236, 214 e 94 espécies, respectivamente. Embora o esforço amostral e as metodologias
empregadas nos diferentes levantamentos florísticos tenham sido diferentes, esses resultados
elucidam que a Serra das Areias é uma importante unidade de conservação da diversidade
florística do bioma Cerrado.
Tabela 22: Comparação da riqueza de espécies vegetais entre diferentes unidades de
conservação municipais, estaduais e federais de Goiás e Distrito Federal.
Unidade de Conservação
Município
Área (ha)
Riqueza
Referência
Unidade de Conservação Serra das Areias
Aparecida de Goiânia
2.800
290
Este estudo
Parque Estadual da Serra de Caldas Novas
Caldas Novas
12.315
214
Junqueira (2011)
Floresta Nacional de Silvânia
Silvânia
466
244
Francener et al. (2012)
Parque Estadual de Serra Dourada
Goiás
30.000
94
Miranda et al. (2007)
Parque Nacional da Chapada dos
Veadeiros
Alto Paraíso
65.514
412
Felfili et al. (2007a)
Parque Nacional das Emas
Mineiros
13.294
95
Jardim Botânico de Brasília
Brasília
5.000
223
Batalha & Martins
(2002)
Chacon et al. (2009)
Reserva Ecológica do IBGE
Brasília
1.300
288
Pereira et al. (2002)
Estação Ecológica de Água Emendadas
Brasília
10.000
351
Felfili et al.(2007b)
APA de Cafuringa
Brasília
46.510
319
SEMAHA (2005)
Parque Nacional de Brasília
Brasília
46.230
236
Santos (2008)
3.7.3 Estrutura da vegetação
Ao longo das 50 parcelas de amostragem fitossociológica foram registrados 841
árvores pertencentes a 112 espécies e 44 famílias (Tabela 23). A família Fabaceae foi a que
teve a maior riqueza com 19 espécies e o maior número de indivíduos registrados com 89
Plano de Manejo UC Serra das Areias
129
(Figura 57). A segunda família mais importante foi Vochysiaceae com sete espécies e 89
indivíduos registradas. Em terceiro lugar esteve Malpighiaceae que teve seis espécies e 64
indivíduos registrados.
Tabela 23: Parâmetros fitossociológicos das espécies arbóreas registradas na Unidade de
Conservação Serra das Areias.
Espécie
N
U
AB
DA
DR
FA
FR
DoA
DoR
VC
VC (%)
VI
VI (%)
Morta
86 37 0,73 172 10,23
74
7,28
1,45
10,45 20,68
10,34
27,96
9,32
Miconia ferruginata
92 22 0,78 184 10,94
44
4,33 1,57
11,29 22,23
11,11
26,56
8,85
Qualea parviflora
50 22 0,42 100
5,95
44
4,33
6,04
5,99
16,32
5,44
0,84
11,99
Byrsonima pachyphylla
47 24 0,18
94
5,59
48
4,72 0,35
2,53
8,12
4,06
12,84
4,28
Psidium myrsinoides
30 21 0,14
60
3,57
42
4,13
0,28
2,04
5,61
2,80
9,74
3,25
Indeterminada
21 12 0,17
42
2,5
24
2,36
0,34
2,44
4,94
2,47
7,30
2,43
Salacia crassifolia
24 11 0,12
48
2,85
22
2,17
0,23
1,68
4,54
2,27
6,70
2,23
Ouratea hexasperma
20 11 0,14
40
2,38
22
2,17
0,28
1,98
4,36
2,18
6,52
2,17
Davilla sp.
20 15 0,06
40
2,38
30
2,95
0,13
0,92
3,30
1,65
6,25
2,08
Miconia albicans
16 11 0,13
32
1,9
22
2,17
0,27
1,93
3,83
1,92
6,00
2,00
Luehea grandiflora
8
4
0,28
16
0,95
8
0,79
0,57
4,08
5,03
2,52
5,82
1,94
Xylopia aromatica
22
8
0,09
44
2,62
16
1,57 0,18
1,27
3,89
1,94
5,46
1,82
Fabaceae
6
6
0,19
12
0,71
12
1,18
0,38
2,74
3,46
1,73
4,64
1,55
Pterodon emarginatus
14
6
0,11
28
1,66
12
1,18 0,22
1,60
3,26
1,63
4,44
1,48
Acosmium sp.
12 10 0,07
24
1,43
20
1,97
0,14
1,00
2,42
1,21
4,39
1,46
Hymenaea stigonocarpa
14
7
0,08
28
1,66
14
1,38 0,17
1,20
2,86
1,43
4,24
1,41
Caryocar brasiliense
8
8
0,11
16
0,95
16
1,57
0,22
1,61
2,56
1,28
4,13
1,38
Anacardium sp.
9
8
0,09
18
1,07
16
1,57
0,18
1,31
2,38
1,19
3,96
1,32
Qualea grandiflora
10
8
0,08
20
1,19
16
1,57
0,17
1,18
2,37
1,19
3,95
1,32
Tachigali vulgaris
7
3
0,17
14
0,83
6
0,59
0,34
2,45
3,28
1,64
3,87
1,29
Copaifera langsdorffii
3
2
0,20
6
0,36
4
0,39
0,41
2,94
3,29
1,65
3,69
1,23
Davilla eliptica
10
7
0,08
20
1,19
14
1,38
0,15
1,08
2,27
1,13
3,65
1,22
Qualea multiflora
10
9
0,04
20
1,19
18
1,77
0,08
0,59
1,78
0,89
3,55
1,18
Piptocarpa rotundifolia
10
8
0,05
20
1,19
16
1,57
0,10
0,75
1,94
0,97
3,51
1,17
Nectandra cuspidata
5
4
0,13
10
0,59
8
0,79
0,27
1,92
2,51
1,25
3,30
1,10
Heteropteryx byrsonimifolia
10
7
0,05
20
1,19
14
1,38
0,10
0,73
1,92
0,96
3,30
1,10
Vochysia rufa
11
6
0,05
22
1,31
12
1,18
0,11
0,76
2,07
1,04
3,25
1,08
Aspidosperma macrocarpum
7
7
0,06
14
0,83
14
1,38
0,13
0,90
1,73
0,87
3,11
1,04
Pterodon sp.
7
7
0,05
14
0,83
14
1,38
0,11
0,78
1,61
0,81
2,99
1,00
Kielmeyera sp.
8
6
0,06
16
0,95
12
1,18
0,11
0,81
1,77
0,88
2,95
0,98
Lafoensia pacari
6
6
0,06
12
0,71
12
1,18
0,12
0,86
1,57
0,79
2,75
0,92
Alibertia edulis
7
6
0,05
14
0,83
12
1,18
0,10
0,73
1,57
0,78
2,75
0,92
Campomonesia sp.
8
5
0,06
16
0,95
10
0,98
0,11
0,81
1,76
0,88
2,74
0,91
Cardiopetalum calophyllum
12
3
0,05
24
1,43
6
0,59
0,10
0,68
2,11
1,05
2,70
0,90
Plano de Manejo UC Serra das Areias
130
Cont. Espécie
N U
AB
DA
DR
FA
FR
DoA
DoR
VC
VC (%)
VI
VI (%)
Schefflera macrocarpa
6
4
0,08
12
0,71
8
0,79
0,16
1,17
1,88
0,94
2,67
0,89
Anadenanthera peregrina
1
1
0,15
2
0,12
2
0,20
0,30
2,15
2,27
1,13
2,47
0,82
Kielmeyera coriacea
9
4
0,04
18
1,07
8
0,79
0,08
0,61
1,68
0,84
2,46
0,82
Aspidosperma sp.
6
4
0,07
12
0,71
8
0,79
0,13
0,95
1,66
0,83
2,45
0,82
Annona crassiflora
4
3
0,09
8
0,48
6
0,59
0,18
1,29
1,76
0,88
2,36
0,78
Salvertia convallariodora
5
5
0,05
10
0,59
10
0,98
0,10
0,70
1,30
0,65
2,28
0,76
Pouteria ramiflora
4
2
0,08
8
0,48
4
0,39
0,17
1,19
1,66
0,83
2,06
0,69
Emmotum nitens
5
3
0,04
10
0,59
6
0,59
0,08
0,58
1,18
0,59
1,77
0,59
Ouratea sp.
6
3
0,03
12
0,71
6
0,59
0,06
0,45
1,17
0,58
1,76
0,59
Virola sebifera
5
4
0,02
10
0,59
8
0,79
0,04
0,30
0,89
0,45
1,68
0,56
Rubiaceae
4
4
0,02
8
0,48
8
0,79
0,05
0,33
0,80
0,40
1,59
0,53
Handroanthus ochraceus
5
3
0,03
10
0,59
6
0,59
0,05
0,37
0,96
0,48
1,55
0,52
Tachigali sp.
3
3
0,04
6
0,36
6
0,59
0,08
0,59
0,94
0,47
1,53
0,51
Acosmium dasycarpum
3
3
0,04
6
0,36
6
0,59
0,08
0,59
0,94
0,47
1,53
0,51
Aspidosperma tomentosa
4
4
0,02
8
0,48
8
0,79
0,04
0,25
0,73
0,36
1,51
0,50
Hymenaea courbaril
5
3
0,02
10
0,59
6
0,59
0,04
0,32
0,91
0,46
1,50
0,50
Byrsonima coccolobifolia
4
4
0,02
8
0,48
8
0,79
0,03
0,21
0,69
0,34
1,48
0,49
Anacardium humile
4
3
0,03
8
0,48
6
0,59
0,05
0,39
0,86
0,43
1,46
0,48
Nectandra sp.
4
2
0,04
8
0,48
4
0,39
0,08
0,57
1,05
0,52
1,44
0,48
Guapira sp.
3
3
0,03
6
0,36
6
0,59
0,07
0,47
0,83
0,41
1,42
0,47
Stryphodendron adstringens
3
2
0,04
6
0,36
4
0,39
0,09
0,61
0,97
0,48
1,36
0,45
Maprounea guianensis
4
2
0,03
8
0,48
4
0,39
0,05
0,38
0,86
0,43
1,25
0,42
Alibertia sp.
3
3
0,02
6
0,36
6
0,59
0,04
0,30
0,66
0,33
1,25
0,42
Roupala montana
3
3
0,02
6
0,36
6
0,59
0,04
0,29
0,65
0,32
1,24
0,41
Aspidosperma filamentosa
4
2
0,02
8
0,48
4
0,39
0,05
0,35
0,83
0,41
1,22
0,41
Kielmeyera speciosa
4
3
0,01
8
0,48
6
0,59
0,02
0,15
0,63
0,31
1,22
0,41
Dimorphandra mollis
3
3
0,02
6
0,36
6
0,59
0,03
0,23
0,59
0,30
1,18
0,39
Eriotheca pubescens
2
2
0,04
4
0,24
4
0,39
0,07
0,53
0,77
0,38
1,16
0,39
Styrax ferruginea
3
3
0,01
6
0,36
6
0,59
0,03
0,18
0,54
0,27
1,13
0,38
Ouratea spectabilis
3
3
0,01
6
0,36
6
0,59
0,02
0,15
0,51
0,25
1,10
0,37
Tapirira guianensis
4
2
0,02
8
0,48
4
0,39
0,03
0,22
0,70
0,35
1,09
0,36
Neea theifera
3
2
0,02
6
0,36
4
0,39
0,04
0,32
0,68
0,34
1,07
0,36
Myrtaceae
2
2
0,03
4
0,24
4
0,39
0,06
0,43
0,67
0,34
1,07
0,36
Platymenia reticulata
3
2
0,02
6
0,36
4
0,39
0,04
0,30
0,66
0,33
1,05
0,35
Eriotheca gracilipes
2
2
0,03
4
0,24
4
0,39
0,06
0,40
0,64
0,32
1,03
0,34
Hancornia speciosa
3
2
0,02
6
0,36
4
0,39
0,03
0,21
0,57
0,29
0,96
0,32
Handroanthus serratifolius
3
2
0,02
6
0,36
4
0,39
0,03
0,21
0,57
0,28
0,96
0,32
Apuleia leiocarpa
1
1
0,05
2
0,12
2
0,20
0,09
0,64
0,76
0,38
0,96
0,32
Diospyros sp.
3
2
0,01
6
0,36
4
0,39
0,03
0,20
0,55
0,28
0,95
0,32
Guapira noxia
2
2
0,02
4
0,24
4
0,39
0,04
0,31
0,54
0,27
0,94
0,31
Plano de Manejo UC Serra das Areias
131
Cont. Espécie
N
U
AB
DA
DR
FA
FR
DoA
DoR
VC
VC (%)
VI
VI (%)
Eremanthus erythropappus
2
2
0,02
4
0,24
4
0,39
0,04
0,29
0,53
0,26
0,92
0,31
Siparuna sp.
2
2
0,02
4
0,24
4
0,39
0,04
0,25
0,49
0,25
0,89
0,29
Curatela americana
2
2
0,02
4
0,24
4
0,39
0,03
0,24
0,48
0,24
0,87
0,29
Schefflera vinosa
2
2
0,02
4
0,24
4
0,39
0,03
0,23
0,47
0,24
0,87
0,29
Terminalia brasiliensis
1
1
0,04
2
0,12
2
0,20
0,07
0,51
0,63
0,32
0,83
0,28
Pouteria torta
2
2
0,01
4
0,24
4
0,39
0,03
0,19
0,42
0,21
0,82
0,27
Vochysia sp.
2
2
0,01
4
0,24
4
0,39
0,02
0,14
0,38
0,19
0,77
0,26
Xylopia sp.
2
2
0,01
4
0,24
4
0,39
0,02
0,12
0,35
0,18
0,75
0,25
Plenckia populnea
2
2
0,01
4
0,24
4
0,39
0,02
0,11
0,35
0,17
0,74
0,25
Tocoyena formosa
2
2
0,01
4
0,24
4
0,39
0,02
0,11
0,35
0,17
0,74
0,25
Erythroxylum sp.
2
2
0,01
4
0,24
4
0,39
0,01
0,10
0,34
0,17
0,73
0,24
Zanthoxylum rhoifolium
2
2
0,01
4
0,24
4
0,39
0,01
0,10
0,33
0,17
0,73
0,24
Vellozia sp.
2
2
0,01
4
0,24
4
0,39
0,01
0,09
0,33
0,16
0,72
0,24
Palicourea rigida
2
2
0,01
4
0,24
4
0,39
0,01
0,07
0,30
0,15
0,70
0,23
Qualea sp.
1
1
0,02
2
0,12
2
0,20
0,05
0,35
0,47
0,23
0,66
0,22
Tabebuia alba
1
1
0,02
2
0,12
2
0,20
0,05
0,33
0,45
0,23
0,65
0,22
Casearia sylvestris
2
1
0,01
4
0,24
2
0,20
0,02
0,13
0,37
0,19
0,57
0,19
Eriotheca cardiophyllum
1
1
0,02
2
0,12
2
0,20
0,03
0,24
0,36
0,18
0,56
0,19
Simarouba sp.
1
1
0,02
2
0,12
2
0,20
0,03
0,22
0,34
0,17
0,54
0,18
Byrsonima sp.1
1
1
0,01
2
0,12
2
0,20
0,03
0,20
0,32
0,16
0,52
0,17
Styrax pohlii
2
1
0,00
4
0,24
2
0,20
0,01
0,06
0,30
0,15
0,49
0,16
Annona coriacea
1
1
0,01
2
0,12
2
0,20
0,02
0,17
0,28
0,14
0,48
0,16
Byrsonima sp.2
1
1
0,01
2
0,12
2
0,20
0,02
0,15
0,27
0,13
0,46
0,15
Pouteria sp.
1
1
0,01
2
0,12
2
0,20
0,02
0,14
0,26
0,13
0,46
0,15
Psidium sp.
1
1
0,01
2
0,12
2
0,20
0,02
0,13
0,25
0,13
0,45
0,15
Meneia sp.
1
1
0,01
2
0,12
2
0,20
0,02
0,12
0,24
0,12
0,43
0,14
Cosmos sp.
1
1
0,01
2
0,12
2
0,20
0,01
0,10
0,22
0,11
0,41
0,14
Inga sp.
1
1
0,01
2
0,12
2
0,20
0,01
0,10
0,22
0,11
0,41
0,14
Terminalia sp.
1
1
0,01
2
0,12
2
0,20
0,01
0,10
0,22
0,11
0,41
0,14
Himatanthus obovatus
1
1
0,01
2
0,12
2
0,20
0,01
0,09
0,21
0,10
0,41
0,14
Clusia sp.
1
1
0,01
2
0,12
2
0,20
0,01
0,08
0,20
0,10
0,40
0,13
Schefflera morototomi
1
1
0,01
2
0,12
2
0,20
0,01
0,08
0,20
0,10
0,39
0,13
Connarus sp.
1
1
0,01
2
0,12
2
0,20
0,01
0,07
0,19
0,09
0,38
0,13
Hueria speciosa
1
1
0,01
2
0,12
2
0,20
0,01
0,07
0,19
0,09
0,38
0,13
Blepharocalyx salicifolius
1
1
0,00
2
0,12
2
0,20
0,01
0,06
0,18
0,09
0,38
0,13
Byrsonima verbascifolia
1
1
0,00
2
0,12
2
0,20
0,01
0,06
0,18
0,09
0,38
0,13
Andira paniculata
1
1
0,00
2
0,12
2
0,20
0,01
0,06
0,17
0,09
0,37
0,12
Connarus suberosos
1
1
0,00
2
0,12
2
0,20
0,01
0,05
0,17
0,08
0,37
0,12
Inga alata
1
1
0,00
2
0,12
2
0,20
0,01
0,05
0,17
0,08
0,37
0,12
Erythroxylum tortuosum
1
1
0,00
2
0,12
2
0,20
0,01
0,04
0,16
0,08
0,36
0,12
Plano de Manejo UC Serra das Areias
132
Cont. Espécie
N
U
AB
DA
DR
FA
FR
DoA
DoR
VC
VC (%)
VI
VI (%)
Lamanonia ternata
1
1
0,00
2
0,12
2
0,20
0,01
0,04
0,16
0,08
0,35
0,12
Sapindaceae
1
1
0,00
2
0,12
2
0,20
0,01
0,04
0,16
0,08
0,35
0,12
Trema micrantha
1
1
0,00
2
0,12
2
0,20
0,01
0,04
0,16
0,08
0,35
0,12
Andira sp.
1
1
0,00
2
0,12
2
0,20
0,01
0,03
0,15
0,08
0,35
0,12
Ficus sp.
1
1
0,00
2
0,12
2
0,20
0,01
0,03
0,15
0,08
0,35
0,12
Schefflera sp.
1
1
0,00
2
0,12
2
0,20
0,01
0,03
0,15
0,08
0,35
0,12
Astronium sp.
1
1
0,00
2
0,12
2
0,20
0,00
0,03
0,15
0,07
0,34
0,11
1
1
0,00
2
0,12
2
0,20
0,00
0,03
0,15
0,07
0,34
0,11
841
50
6,95
1682
100
1016
100,0
13,9
100,0
200,0
100,0
300,0
100,0
Cupania sp.
TOTAL
Legenda: N = número de indivíduos; U = número de parcelas; AB = área basal; DA = densidade absoluta; DR =
densidade relativa; FA = frequência absoluta; FR = frequência relativa; DoA = dominância absoluta; DoR =
dominância relativa; VC = índice de valor de cobertura; VC (%) = índice de valor de cobertura relativo; VI =
índice de valor de importância; VI (%) = índice de valor de importância relativo.
Figura 57: Riqueza e abundância das 10 famílias mais representativas na Unidade de
Conservação Serra das Areias.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
As espécies mais representativas foram Miconia ferruginata, Qualea parviflora,
Byrsonima pachyphylla e Psidium myrsinoides, conforme mostra seus Índices de Valor de
Importância (IVI) que foram 8,8%, 5,4%, 4,2% e 3,2%, respectivamente (Tabela 23). Juntas
essas quatro espécies somam 21,8% da importância total da comunidade e representam 26%
do total de indivíduos registrados. As árvores mortas em pé também foram bastante
representativas na área com IVI de 9,3% e 86 indivíduos registrados.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
133
A densidade total (DA) para área foi de 1682 indivíduos por hectare (Tabela 23).
Levantamentos feitos em outras localidades do Cerrado brasileiro encontraram densidades
que variam entre 628 e 1396 indivíduos por hectare (Felfili et al. 2004), mostrando que o
valor encontrado para a Serra das Areias é alto. A espécie Miconia ferruginata foi a que
apresentou a maior densidade (184), seguida por árvores mortas (172) e Qualea parviflora
(100). É importante ressaltar que dentre as espécies mais representativas na comunidade
vegetal arbórea da Serra das Areias não são encontradas espécies endêmicas, ameaçadas ou
protegidas por lei.
A partir dos valores de riqueza e abundância registrados, o índice de diversidade de
Shannon calculado para a área foi H’ = 3,97. Já o valor do índice de equitabilidade de Pielou
foi J’ = 0,83. A Serra das Areias apresenta um elevado valor do índice de diversidade quando
comparado a outros estudos do bioma Cerrado. Por exemplo, em uma comparação feita por
Felfili et al. (2004) em diferentes comunidades vegetais de Cerrado os valores de Shannon
encontrados variaram entre 3,44 e 3,73. Em outro estudo, Silva & Scariot (2003), encontraram
um valor de Shannon de 2,99 em um estudo em florestas estacionais no estado de Goiás.
Quanto ao valor do índice de equitabilidade Felfili et al. (2004) encontrou valores entre 0,75 e
0,88, mostrando que o valor encontrado no presente estudo é mediano.
3.7.4 Unidades Topográficas Elevadas
Por estarem localizadas nas porções de relevo mais movimentado, as unidades
topográficas elevadas da Serra das Areias são constituídas predominantemente por vegetação
savânica e campestre. Nessas unidades foram estabelecidas 37 das 50 parcelas e foram
registrados 609 indivíduos e 100 espécies vegetais. Isso representa uma média de 16,4
indivíduos e 2,7 espécies por parcela. As espécies mais representativas nas Unidades
Topográficas Elevadas foram Miconia ferruginata, Qualea parviflora e Byrsonima
pachyphylla, com IVI de 7,9%, 5,5% e 4,8%, respectivamente, conforme mostra a Tabela 24.
Árvores mortas em pé tiveram IVI de 7,99%. O índice de diversidade de Shannon para essas
unidades foi H’=3,91 e o índice de equitabilidade de Pielou foi de J’=0,85.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
134
Tabela 24: Parâmetros fitossociológicos das 10 espécies arbóreas mais representativas
registradas nas Unidades Topográficas Elevadas da Unidade de Conservação Serra das
Areias.
Espécie
N
U
Morta
51
Miconia ferruginata
AB
DA
DR
FA
FR
DoA
DoR
VC
VC (%)
VI
VI (%)
27 0,392
137,838
8,37
72,97
6,99
1,06
8,6
16,973
8,49
23,968
7,99
56
18 0,449
151,351
9,2
48,65
4,66
1,214
9,85 19,047
9,52
23,71
7,9
Qualea parviflora
37
18 0,265
100
6,08
48,65
4,66
0,715
5,81 11,881
5,94
16,544
5,51
Byrsonima pachyphylla
38
19 0,147
102,703
6,24
51,35
4,92
0,399
3,24
9,475
4,74
14,397
4,8
Psidium myrsinoides
25
17 0,125
67,568
4,11
45,95
4,4
0,337
2,74
6,842
3,42
11,246
3,75
Ouratea hexasperma
20
11 0,138
54,054
3,28
29,73
2,85
0,372
3,02
6,3
3,15
9,15
3,05
Salacia crassifolia
23
10 0,107
62,162
3,78
27,03
2,59
0,288
2,34
6,118
3,06
8,708
2,9
Davilla sp.
20
15 0,064
54,054
3,28
40,54
3,89
0,173
1,4
4,687
2,34
8,573
2,86
Miconia albicans
16
11 0,134
43,243
2,63
29,73
2,85
0,362
2,94
5,566
2,78
8,416
2,81
Indeterminada
16
8
43,243
2,63
21,62
2,07
0,407
3,3
5,931
2,97
8,003
2,67
TOTAL
609 37 4,559 1645,946 100 1043,24 100 12,322
100
200
100
300
100
0,151
A vegetação das Unidades Topográficas Elevadas apresenta-se relativamente bem
conservada, com cobertura vegetal contínua. Entretanto, alguns pontos apresentam solo exposto
com início de erosões, principalmente causados por atividades de jeepcross e motocross na
região (Figura 58). Além disso, no interior dessas unidades são localizadas algumas cachoeiras,
que atraem a visitação que não ocorre de forma planejada, acarretando impactos ambientais
facilmente identificados nas áreas, como deposição de lixo (Figura 59), depredação da
vegetação e restos de fogueiras. Esses sinais de impactos humanos também são facilmente
observados nas áreas da base do morro localizadas próximo aos bairros que circundam a Serra.
Figura 58: Atividade de motocross
desenvolvida na Serra das Areias.
Figura 59: Lixo deixado pelo publico
próximo a área de banho.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Plano de Manejo UC Serra das Areias
135
A flora da Serra das Areias é constituída por uma série de espécies com grandes
potencialidades (Figura 60). Por exemplo, foram registradas 46 espécies usadas para extração
de madeira com, por exemplo, aroeira (Myracrodon urundeuva), angico (Anadenanthera
peregrina) e garapa (Apuleia leiocarpa). Espécies usadas na ornamentação urbana ou de
jardins, também foram bastante abundantes, tais como, as orquídeas (família Orchidaceae).
Além disso foram registradas espécies utilizadas na alimentação humana e da fauna nativa,
como pequi (Caryocar brasiliense), caju (Anacardium humile) e murici (Byrsonima
pachyphylla), bem como outros usos potenciais. Essas espécies merecem atenção especial por
ocorrerem tanto na área de proteção integral quanto na área de uso sustentável, inclusive
porque algumas dessas espécies são protegidas por legislação específica, com as madeiras de
lei anteriormente comentadas.
Figura 60: Quantidade de espécies da flora da Serra das Areias de acordo com diferentes
tipos potenciais de uso.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
3.7.5 Unidades Topográficas Planas
As unidades topográficas planas e com maior uso do solo antrópico na Serra das
Areias foram amostradas através de 13 parcelas. Nelas foram registrados 232 indivíduos e 60
espécies arbóreas, representando uma média de 17,8 indivíduos e 4,6 espécies por parcela.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
136
Seguindo o padrão, a espécie mais importante nessas unidades foi Miconia ferruginata com
IVI de 10,9% (Tabela 25). A principal diferença foi Luehea grandiflora que não apareceu
entre as 10 espécies mais representativas nas unidades topográficas elevadas, porém nas
unidades topográficas planas ficou em segundo lugar com IVI de 5,7%. Esse resultado se
deve ao fato das unidades planas apresentarem boa representatividade de vegetações
florestais, como cerradão e mata de galeria, onde essa espécie é comum. Em terceiro lugar
esteve Qualea parviflora com IVI de 5,1%. As parcelas dessa unidade apresentaram o maior
número de árvores mortas em pé, que somaram 12,4% do IVI da comunidade. O índice de
diversidade observado para as unidades planas foi o menor da Serra das Areias (H’=3,34),
padrão também observado para o índice de equitabilidade (J’=0,82), mostrando que nessas
áreas há uma maior dominância das espécies mais importantes sobre a comunidade.
Tabela 25: Parâmetros fitossociológicos das 10 espécies arbóreas mais representativas
registradas nas Unidades Topográficas Planas da Unidade de Conservação Serra das Areias.
Espécie
N
U
AB
DA
DR
FA
FR
DoA
DoR
VC
VC (%)
VI
VI (%)
Morta
35
10
0,334
269,231
15,09
76,92
8,2
2,57
13,99
29,07
14,54
37,27
12,42
Miconia ferruginata
36
4
0,335
276,923
15,52
30,77
3,28
2,57
14,03
29,54
14,77
32,82
10,94
Luehea grandiflora
7
3
0,278
53,846
3,02
23,08
2,46
2,14
11,64
14,65
7,33
17,11
5,71
Qualea parviflora
13
4
0,155
100
5,6
30,77
3,28
1,19
6,49
12,09
6,05
15,37
5,12
Xylopia aromática
17
5
0,068
130,769
7,33
38,46
4,1
0,52
2,86
10,18
5,09
14,28
4,76
Tachigali vulgaris
7
3
0,17
53,846
3,02
23,08
2,46
1,31
7,12
10,14
5,07
12,6
4,2
Copaifera langsdorffii
2
1
0,196
15,385
0,86
7,69
0,82
1,511
8,22
9,08
4,54
9,9
3,3
Cardiopetalum calophyllum
12
3
0,047
92,308
5,17
23,08
2,46
0,364
1,98
7,15
3,58
9,61
3,2
Byrsonima pachyphylla
9
5
0,028
69,231
3,88
38,46
4,1
0,216
1,17
5,05
2,53
9,15
3,05
Qualea grandiflora
5
5
0,063
38,462
2,16
38,46
4,1
0,484
2,64
4,79
2,4
8,88
2,96
232
13
2,39
1784,615
100
938,46
100
18,38
100
200
100
300
100
A paisagem das unidades planas é bem heterogênea. Na área são observados, por
exemplo, grandes porções destituídas de vegetação natural e predomínio de pastos (Figura
61), intercaladas com fragmentos de vegetação natural (Figura 62). Nessas unidades estão
localizas porções importantes de fragmentos de mata, como por exemplo, a mata de galeria
que margeia o Córrego da Mata na interfase entre as duas Unidades Topográficas Elevadas
(Figura 63). Essa área é de fundamental importância para a manutenção tanto da diversidade
florística quanto faunística da Serra, dado que funciona como um corredor ecológico natural
que liga as duas unidades de proteção integral, onde estão contidas as maiores porções de
Plano de Manejo UC Serra das Areias
137
vegetação natural. Desse modo, essas vegetações de mata devem ser mantidas, inclusive com
a necessidade de recuperação em alguns pontos onde não atingirem as especificações
previstas em lei.
Figura 61: Pastagem fazendo parte da
paisagem da Serra das Areias.
Figura 62: Fragmento de vegetação natural
circundado por pastagem.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Figura 63: Corredor de vegetação (seta) formado pela mata de galeria do Córrego da Mata.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Na área das unidades mais elevadas são encontradas porções principalmente marginais
à Serra, onde a ocupação humana é elevada, com construções e ocupações irregulares (Figura
64). Além disso, na unidade há uma grande incidência de espécies exóticas e invasoras de
Plano de Manejo UC Serra das Areias
138
habitats, como o capim-braquiária (Urochloa decumbens), frequentemente usada nas
pastagens. Essa espécie pode invadir a vegetação natural e compete com as gramíneas nativas
e influenciam na diversidade da flora original, principalmente da flora herbácea que é mais
vulnerável às alterações e impactos naturais e antrópicos (Pires et al., 2012). Praticamente
todas as unidades de conservação brasileiras (reservas biológicas, parques, etc.) encontram-se
atualmente, em maior ou menor grau, invadidas por espécies exóticas (Pivello, 2005).
Figura 64: Vista de cima da Serra das Areias, mostrando construções que margeiam a unidade.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
Como comentado anteriormente a área topográfica plana é constituída por uma série de
espécies com potencialidades de uso, que tornam as torna vulnerável à extração e exploração
não planejada. Nesse contexto, é importante que nessas zonas onde o contato da população com
a Unidade de Conservação é maior haja também um maior esforço para implantação de
medidas específicas de manejo da flora, bem como uma maior fiscalização. Um fator
importante que deve ser controlado é a questão do fogo. Muitos habitantes têm o habito de
colocar fogo em lixos próximos à vegetação, o que pode acarretar riscos para a vegetação,
principalmente nos períodos secos. Embora a vegetação do Cerrado esteja historicamente
adaptada ao fogo, queimadas muito frequentes e em intervalos muito curtos, podem
comprometer seriamente a estrutura da vegetação, principalmente reduzindo a quantidade de
árvores e arbustos que é um dos estratos mais importantes da Serra das Areias (Figura 65).
Plano de Manejo UC Serra das Areias
139
Figura 65: Quantidade de espécies da flora da Serra das Areias de acordo com diferentes
tipos de habitos das plantas.
Fonte: Mattos e Clímaco Ltda, 2014
3.7.6 Entorno
Por estar inserido em uma zona urbana e semi-urbana, o entorno da Unidade de
Conservação Serra das Areias encontra-se altamente fragmentado. A situação é mais crítica na
porção norte da Serra, voltada para Aparecida de Goiânia, onde se encontram bairros como
Independência Mansões, Colina Azul e Jardim Tiradentes, que tem uma grande densidade
populacional. Nessa região há poucos fragmentos de vegetação nativa e a impermeabilidade
da matriz urbana dificulta a conexão desses com a Unidade de Conservação.
A fragmentação da paisagem causa sérios problemas ecológicos para as espécies
decorrentes do isolamento entre as populações. Fragmentos muito pequenos, por exemplo,
podem não apresentar disponibilidade de recursos suficientes para a manutenção das
populações, principalmente de animais, o que pode levar à significativa redução do tamanho
populacional e por consequência, à extinção local das espécies. Além disso, a
desconectividade entre os fragmentos pode causar redução da variabilidade genética das
populações, tanto de fauna quanto de flora, levando à diminuição da sobrevivência e ao
aumento da vulnerabilidade.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
140
Na porção sul da Unidade de Conservação, voltada para Nova Fátima, a situação é
um pouco mais amena tendo em vista que é constituída predominantemente por zona rural.
Essa configuração torna menos difícil a conexão das populações da fauna e flora da Serra
das Areias com outros fragmentos de vegetação natural. As matas de galeria que margeiam
cursos d’água que nascem na Serra e saem da área da UC, bem como fragmentos de Área de
Proteção Permanente e Reserva Legal das propriedades rurais do entorno, podem funcionar
com corredores ecológicos e áreas de trampolim que conectam as diferentes populações
remanescentes.
3.7.7 Heterogeneidade
Como comentado anteriormente das 122 espécies registradas, 100 foram registradas na
Unidade Topográfica Elevada (UTE) e 60 na Unidade Topografica Plana (UTP), sendo que as
duas unidades tiveram 38 espécies compartilhadas (Tabela 26). A primeira unidade
apresentou 72,4% do total de árvores amostrados com 609 indivíduos, contra 27,6% (232) da
segunda. Na UTE 62% das espécies foram exclusivas, ou seja, não ocorreram no outro tipo de
unidade. Na UTP apenas 36% das unidades foram exclusivas.
Figura 66: Comparação da diversidade florística entre as Unidades Topográficas Elevadas e
Plana.
Elevada
100 (81,9)
Abundância
(%)
609 (72,4)
Plana
60 (49,1)
232 (27,6)
Unidade
Riqueza (%)
Espécies
compartilhadas (%)
38 (38%)
Espécies
exclusivas (%)
62 (62%)
Índice de
diversidade
3,91
38 (64%)
22 (36%)
3,34
A comparação dos índices de diversidade entre os dois tipos de unidade mostra que a
UTE é mais diversa (H’=3,91) do que a UTP (H’=3,34). Esses resultados comparativos
mostram que os núcleos elevados são bem mais representativos para a conservação da flora da
Serra das Areias, inclusive englobando 64% das espécies arbóreas ocorrentes nas áreas de uso
sustentável. Consequentemente, reforçam sua importância para dos demais grupos de
organismos vivos estudados, devido a grande disponibilidade habitat.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
141
4. ESTRATÉGIAS PARA CONSERVAÇÃO DO MEIO BIÓTICO
Atualmente o aumento da perda de vegetação natural através da fragmentação e
supressão de habitats naturais tem sido considerado como as maiores ameaças para a
biodiversidade (Tabarelli e Gascon, 2005). Como o Bioma Cerrado apresenta um alto índice
de espécies endêmicas submetidas a um elevado nível de degradação ambiental é
considerado um dos 34 hotspots de biodiversidade (Mittermeier et al. 2004). Admite-se que
devido a degradação elevada do Cerrado, este bioma esteja perdendo espécies ainda não
conhecidas pela ciência (Diniz-Filho et al. 2005). Portanto, é necessário o estabelecimento
de ações prioritárias relacionadas à conservação, preservação e recuperação da cobertura
vegetal, especialmente em unidades territoriais já protegidas.
Essas ações conservacionistas, de preservação e até de recuperação ambiental só são
alcançadas quando demandamos um esforço em conhecer a realidade ambiental do local,
suas principais potencialidades, mas também as principais ameaças à biodiversidade em
escala local. Feito este diagnóstico, torna-se viável propor as medidas necessárias para
alcançar as metas vinculadas às funções legais de Unidades de Conservação.
Tais medidas podem ainda, alcançar as diversas zonas da Unidade de Conservação
de maneiras distintas, podendo existir desde zonas voltadas à recuperação ambiental da área
degradada, até zonas de visitação pública vinculadas à atividades de educação ambiental.
Portanto, cabe a cada grupo de organismo estudado apontar as principais medidas de
conservação e manutenção da diversidade encontrada na Serra das Areias.
4.1 Avifauna
As medidas mais eficazes na preservação de ecossistemas naturais geralmente vão no
sentido oposto ao entendimento da grande maioria das pessoas. Limitar ao máximo a presença
de intrusos por um certo tempo seria uma das medidas que possibilitaria uma recomposição
das comunidades de aves no local. Outra medida necessária é o inventário ambiental mais
apurado tanto nas serras quanto nas suas imediações, pois sem o conhecimento da riqueza real
de espécies de aves que existe no local, torna subjetivo pensar em preservação. Isso porque
Plano de Manejo UC Serra das Areias
142
determinadas espécies requerem cuidados específicos, pois apresentam desde hábito
alimentares até locais de nidificação que podem estar ameaçados pelas atividades antrópicas
que vem degradando a Unidade de Conservação.
4.2 Entomofauna
Apesar dos impactos que o uso antrópico da região tem gerado sobre a fauna de
insetos, a Unidade de Conservação Serra das Areias apresenta um grande potencial de
conservação, servindo de refúgio para uma grande diversidade de espécies. A principal
recomendação para a manutenção destas comunidades é a preservação dos remanescentes
das Unidades Topográficas Planas, permitindo a conexão e fluxo de organismos entre as
unidades topográficas elevadas e entre estas e o entorno da Unidade de Conservação.
Além disso, uma vez que mesmo áreas abertas como pastagens com pouco uso contribuem
para a manutenção das populações de insetos, práticas de manejo que permitam uma
regeneração periódica da vegetação herbácea como pastejo rotativo podem ser benéficos
para esse grupo.
4.3 Herpetofauna
A região da Serra das Areias está sob forte pressão antrópica, principalmente pelo
alto número de visitantes nas belezas naturais e pelos proprietários que exploram a área de
forma inconsciente. Dessa forma, a região pode ser considerada uma área de
vulnerabilidade, principalmente por estar localizada na região periférica de um grande
centro urbano. Outros proprietários, com uma visão mais ambientalista, visam à proteção da
área e o uso sustentável da terra. No entanto, estas práticas sustentáveis devem ser revistas e
devem funcionar de forma efetiva, buscando a integridade e conservação dos diferentes
representantes da fauna e da flora na região. Para tanto, a educação ambiental, sustentada
por treinamentos e cursos aos moradores, pode ser uma forma de inserir a população na
realidade e nas atividades atribuídas à reserva e que vai abranger, de forma direta e indireta,
a conservação de todos os grupos estudados. Neste mesmo sentido, faz-se necessário uma
Plano de Manejo UC Serra das Areias
143
política de gestão e coleta do lixo deixado na região, principalmente às margens dos corpos
d’água. Esta estratégia pode gerar resultados efetivos com a participação ativa dos
proprietários da região.
As características vegetais, a abundância de corpos d’água temporários e o relevo
acidentado da região, têm potencial para abrigar uma riqueza de espécies da herpetofauna
maior do que esta foi registrada. Outro fator contribuinte é o pouco tempo de amostragem e a
realização de apenas duas campanhas (uma na estação seca e outra na chuvosa). Neste caso,
para o real conhecimento da herpetofauna da região, especialmente dos répteis,
recomendamos o aumento do tempo de amostragem e o uso de métodos mais eficientes de
captura, como as armadilhas de interceptação e queda (Pitfall traps).
No interior das unidades topográfica elevadas é comum o predomínio ou a presença de
pastagem. Controlar o avanço do pasto em remanescentes de Cerrado é uma tarefa difícil e
custosa. Para tanto, limitar o avanço e pisoteio do gado às áreas topográficas planas e já
modificadas contribuirá para a manutenção da vegetação nativa rasteira no interior das áreas
de proteção integral, além de reduzir o custo de um posterior manejo. Somado à contenção do
avanço bovino, a criação de uma zona de amortecimento no entorno das unidades
topográficas elevadas podem auxiliar neste processo.
Por fim, o ponto mais delicado e que aparenta ser de grande importância para a
movimentação dos representantes da herpetofauna entre as áreas elevadas e mais conservadas
se localiza em uma área de intensa atividade antrópica. A preservação deste corredor
ecológico (Ponto P10) é importante para manter uma comunicação entre as áreas. Uma
alternativa inicial seria a conscientização do proprietário do clube para que realize a limpeza
do local e limite a frequência e número de visitantes. Em longo prazo, a ampliação e/ou
criação de outro corredor adjacente (Figura 7) poderia fortalecer a conectividade entre as
áreas topográficas elevadas. Além disso, faz-se necessário o reflorestamento de áreas com
solo exposto e nas margens de corpos d’água, especialmente nas áreas próximas às Veredas
(Pontos P3 e P15), facilitando o deslocamento das espécies e restaurando a barreira natural de
proteção dos recursos hídricos.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
144
Figura 67: Área com potencial para a criação de um corredor ecológico (em amarelo) para
ligação entre as duas áreas topográficas elevadas e mais conservadas
Fonte: Google Earth, 2014
4.4 Ictiofauna
Para a preservação das espécies de peixes dos cursos d’água da Serra das Areias, é de
extrema importância que se faça a educação ambiental dos residentes da Serra das Areias.
Este programa educacional deve abordar aspectos como a importância da mata ciliar para os
cursos d’água (e toda a comunidade aquática), consequências de introdução de espécies
exóticas (e até mesmo do “peixamento”), utilização de agrotóxicos e destinação adequada de
resíduos sólidos.
Também é necessário a implantação de projetos de recuperação de mata ciliar também
será necessária para a manutenção da biodiversidade aquática. Apesar de os pontos
amostrados não apresentarem séria degradação da vegetação marginal, vários outros pontos
apresentaram ausência da mata ciliar, inclusive com fortes erosões. Portanto, uma das
prioridades é a restauração desses sistemas.
Recomenda-se também que a área mais conservada (hoje restrita as unidades
topográficas elevadas) seja expandida através do zoneamento, afim de alcançar as principais
Plano de Manejo UC Serra das Areias
145
nascentes do córrego da Mata (próximo ao ponto P2). Essa região mostrou-se com grande
diversidade de espécies e de grupos tróficos. Além disso, expandindo a área destinada à
conservação integral, ela envolverá os diferentes pontos dos cursos d’água, contribuindo para
a conservação da biodiversidade como um todo, tendo em vista que os pontos possuem
bastante complementariedade.
Por último, também é importante aprimorar o sistema de fiscalização na Serra das
Areias para que todas as medidas tomadas sejam realizadas efetivamente e permanentemente,
sem que degradações de meios aquáticos ocorram ao longo do tempo.
4.5 Macroinvertebrados Aquáticos
Os riachos analisados nascem na região da Unidade de Conservação Serra das Areias e
continuam seu curso até desaguarem no rio Meia Ponte. As nascentes e cursos d’água de
pequenas ordens, como é o caso dos riachos amostrados, merecem especial atenção, pois
qualquer impacto nas cabeceiras pode refletir à jusante. Nas áreas delimitadas como
topograficamente planas e mais antropizadas recomenda-se que atividades recreativas
realizadas dentro e no entorno nos corpos d’água sejam realizadas de forma consciente,
acompanhadas de Educação Ambiental e com número de visitantes limitado. A presença
humana por si só já pode ser considerada um fator de impacto sobre a biota, no entanto, o
principal impacto sobre a diversidade de invertebrados bentônicos nas áreas de uso
sustentável pode ser a poluição e destruição das matas no entorno.
Além disso, recomenda-se que as áreas no entorno dos riachos sejam restauradas
quando necessário e que as áreas de proteção integral incluam as nascentes dos riachos,
principalmente do córrego da Mata, que se encontra mais preservado. O monitoramento da
fauna de invertebrados aquáticos deve ser realizado periodicamente mesmo após a
implantação do plano de manejo, para acompanhar se os métodos adotados estão sendo
eficientes para preservar a biodiversidade da região.
4.6 Mastofauna
A ocorrência de determinados mamíferos em um ambiente, muitas vezes, constitui-se
como excelentes indicadores de qualidade ambiental, e a presença de espécies-bandeiras (i.e.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
146
Myrmecophaga tridactyla, Chrysocyon brachyurus) e espécies do ápice da pirâmide ecológica
numa determinada área (i.e grandes felídeos) já a caracteriza como prioritária para a
conservação da diversidade (Jorge et al, 2001). Desta forma, seria necessária e justificada uma
maior rigorosidade na preservação de todos os remanescentes da região, focando na
preservação de diversos tipos vegetacionais, e com especial cuidado com relação às matas
ciliares e corredores de dispersão para as espécies. É válido ressaltar que corredores de
dispersão de espécies (corredores ecológicos) não são sempre formados por formações
florestais e de matas de galeria, visto que algumas espécies são relacionadas a áreas abertas.
Observou-se também que algumas espécies presentes na região possuem histórico de conflitos
com o homem, como pela predação de animais domésticos (galinhas, gado). Alguns
moradores relataram a presença de onças na região, e mesmo que não tenhamos encontrado
confirmações maiores, observamos alguns indicativos da presença desses grandes felinos.
Desta forma, há muito vem se observado a crescente perseguição e matança desses animais
silvestres por parte de moradores de regiões rurais. Esse fato se torna um indicativo e um
alerta a respeito da manutenção da diversidade de mamíferos na região da Serra das Areias,
indicando que esforços (campanhas de educação ambiental, controle e fiscalização da caça)
devem ser empenhados em mitigar tais impactos.
Observamos também a presença recorrente de lixo e entulhos por toda a região de
estudo e que são deixados por moradores ou por turistas/trilheiros. Esse lixo pode causar
danos de diversas formas, como pela contaminação de cursos d’agua, ingestão pelos animais e
até início de incêndio (latas e vidros). Desta forma, faz-se necessário um maior controle do
acesso dentro das Unidades.
4.7 Flora
A partir da integração dos dados obtidos nos levantamentos realizados concluiu-se que
a Unidade de Conservação Serra das Areias é uma unidade de conservação fundamental para
a manutenção da diversidade florística da região. Contudo, o diagnóstico evidencia a necessita
da adoção de medidas que assegurem a efetividade da unidade na manutenção da flora.
Medidas que viabilizem a recomposição das APPs e permitam a sua expansão, destacam-se
nesse contexto, uma vez que, as atividades humanas (e.g. pastagens, moradias, etc.) são
Plano de Manejo UC Serra das Areias
147
frequentes na Unidade de Conservação, inclusive por vezes muito próximas aos limites das
áreas de proteção integral, ameaçando a flora nativa.
Desse modo, recomenda-se que o acesso do público às áreas mais conservadas e
topograficamente elevadas seja diminuído, por exemplo, através da criação de um plano de
visitação que estabeleça os locais e períodos que a visitação possa ocorrer sem prejuízos a
diversidade local. Além disso, é necessário que as áreas que não estão de acordo com os
preceitos da legislação ambiental sejam recompostas. As áreas prioritárias para a
recomposição são as APPs, principalmente ao longo do Córrego da Mata já nas unidades
topográficas planas, de modo a criar corredores ecológicos que permitam conectar os dois
núcleos de proteção integral, bem como a Serra das Areias os demais fragmentos de
vegetação natural da região.
Plano de Manejo UC Serra das Areias
148
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As análises ambientais referentes ao meio biótico apontaram algumas percepções em
comum dentre os principais grupos estudados (avifauna, entomofauna, ictiofauna,
herpetofauna, macroinvertebrados aquáticos, mastofauna e flora), sendo a principal delas a
elevada diversidade para cada grupo. Adiconalmente observou-se ainda outros aspectos em
comum aos grupos da biota, sendo eles:
(1)
Existem duas unidades topográficas no Parque da Serra das Areias do ponto de vista
da preservação ambiental, sendo uma unidade mais conservada e elevada; outra,
mais antropizadas e baixa;
(2)
A diversidade de espécies foi maior nas unidades elevadas e mais conservadas,
porém nas unidades baixas e mais antropizadas existem habitats naturais com
características ambientais relevantes e que não estão presente nas unidades elevadas;
(3)
As unidades baixas e antropizadas apresentam remanescentes fundamentais para a
manutenção e fluxo gênico da diversidade entre as unidades mais conservadas e,
entre estas e as áreas adjacentes, especialmente através das Matas de Galeria dos
cursos d’água;
(4)
As unidades elevadas e mais conservadas também apresentam impactos antrópicos
como o uso dos recursos naturais para lazer sem planejamento e sem consciência
ambiental, a presença de animais domésticos, a deposição de lixo doméstico, a
pratica de esportes impactantes como enduro, motocross, jeep cross e mountain bike
em trilhas clandestinas e sem manejo adequado, dentre outros;
(5)
As unidades baixas e mais antropizadas apresentam os mesmos impactos ambientais
que as unidades elevadas, porém somados a outros impactos ainda mais intensos
como a fragmentação de habitas, o avanço da pastagem sobre áreas nativas,
extrações de solo e cascalho, atropelamentos de animais, deposição de lixo
doméstico e da construção civil, ocupações sem planejamento, dentre outros;
(6)
O entorno da UC apresenta duas feições distintas. Uma delas é bastante urbanizada,
com bairros populosos em sua maior parte, infraestrutura urbana e poucos habitats
naturais, estando estes restritos, em sua maior parte, às matas de galerias dos cursos
Plano de Manejo UC Serra das Areias
149
d’água. Já o entorno que é limítrofe à zona rural apresenta maiores remanescentes de
habitat natural que o entorno urbano e, os habitats alterados desse entorno rural
permitem que grande parte da biota conviva com algumas atividades antrópicas de
pastagem e cultivos (avifauna, entomofauna, herpetofauna, mastofauna).
Em síntese, as análises do meio biótico revelam áreas mais conservadas que outras e
que coincidem com as unidades topográficas elevadas. Porém, ressalta a importância de
ambas as áreas para a conservação da diversidade biológica da Unidade de Conservação Serra
das Areias, deixando clara a existência de áreas que precisam ser recuperadas em ambas as
unidades topográficas.
Destaca-se que a maior parte da UC está preservada, porém apresentando carência de
atividades de fiscalização, educação e controle ambiental. Assim, ao passo que as atividades
necessárias ao equilíbrio ambiental da área forem implementadas, será possível atingir os
anseios de uma Unidade de Conservação previstos no Sistema Nacional de Unidades de
Conservação.
Assim faz-se necessário a sobreposição da situação do meio biótico em relação ao
meio físico e socioeconômico, promovendo a projeção do zoneamento ambiental da Unidade
de Conservação, que estão dispostos em volume próprio neste Plano de Manejo. O produto
dessa compilação de dados e o zoneamento ambiental irá possibilitar a definição da categoria
mais adequada da Unidade de Conservação, assim como os programas ambientais necessários
para a melhor efetivação das atividades de fiscalização, educação e controle ambiental.
Também serão necessários e a capacidade de carga ou restrições ambientais de determinadas
áreas que são necessários.
Aparecida de Goiânia, 25 de janeiro de 2015
MATTOS & CLÍMACO LTDA
CREA 6098/RF
DIVINO BRANDÃO
Biólogo, Doutor em Ecologia
CFB 00466/04-D
Plano de Manejo UC Serra das Areias
MARIANA NASCIMENTO
Bióloga, Doutoranda em C. Ambientais
CRBio -044524/04-D
150
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