Juízes ativistas e a ideologia homossexual: o “ópio dos
intelectuais”
Luiz Sérgio Solimeo
“
U
m fantasma ronda a Europa – o fantasma do comunismo,” assim começava o
Manifesto Comunista de Marx e Engels, em 1848. Adaptado para os dias de hoje,
poderíamos dizer: “Um fantasma ronda o mundo – o fantasma da ideologia
homossexual.”
A ideologia homossexual o novo “ópio dos intelectuais”
Com efeito, assim como o comunismo exerceu uma atração quase mágica sobre os
intelectuais do Ocidente, a ponto de ser qualificado como O Ópio dos Intelectuais, o
mesmo parece estar se dando agora com a ideologia homosexual, muito afim com os
pressupostos filosóficos do marxismo.
Ao que parece, sob efeito desse novo ópio dos intelectuais, os juízes da Suprema Corte
do Brasil, imitando seus colegas de outras plagas, legalizaram, por via judicial, a união
homossexual e abriram o caminho para o chamado “casamento” entre duplas do mesmo
sexo.
Interpretando a Constituição à luz da ideologia
Nos dias 4 e 5 de maio últimos, por unanimidade , os juizes da mais alta corte brasileira
decidiram dar uma nova interpretação a dois artigos da Constituição do país, fazendo
com que tais artigos legitimassem a união homosseuxal.
O Art. 226, § 3º da Constitução Federal estatuia: “Para efeito da proteção do Estado, é
reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo
a lei facilitar sua conversão em casamento.” Já o Art. 1.723 declarava: “É reconhecida
como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de
constituição de família.”
Segundo o a nova interpretação, a expressão “entidade familiar” em tais dispositivos
não deve mais ser entendida de modo a definir tão-somente a união estável entre homem
e mulher, com o fim de fundar uma família, mas também a “união contínua, pública e
duradoura entre pessoas do mesmo sexo.” A partir de agora, as uniões homossexuais
devem ser reconhecidas “segundo as mesmas regras e com as mesmas consequências da
união estável heteroafetiva”
A abrindo o caminho para o “casamento” homossexual
Como ressaltou o Pe. Lodi da Cruz, benemérito lutador em defesa da família contra o
aborto e o homosseuxalismo, “Uma das consequências imediatas do reconhecimento da
‘união estável’ entre pessoas do mesmo sexo é que tal união poderá ser convertida em
casamento, conforme o artigo 1726 do Código Civil: ‘A união estável poderá
converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no
Registro Civil’. De um só golpe, portanto, o Supremo Tribunal Federal reconhece a
‘união estável’ e o ‘casamento’ de homossexuais!”
A reação moderada da Conferência dos Bispos
A decisão do Supremo Tribunal Federal, que golpeou a fundo princípios básicos da
moral natural e da Doutrina Católica, ocorreu justamente durante a assembléia anual da
Conferência dos Bispos do Brasil. No entanto, essa questão de suprema importância,
não estava na pauta da assembléia para ser discutida pelos bispos.
No final da reunião, a entidade episcopal publicou um comunicado lamentando a
decisão e lembrando a doutrina católica sobre o casamento. Mas, infelizmente, o fez
num tom frio e burocrático, sem convocar os católicos à luta para restaurar a correta
interpretação da Constituição. Estranhamente, tampouco fez menção ao pecado que
representa uma união homossexual, a fortiori uma “união estável,” tenha ela o nome de
“parceria,” “união civil, “casamento” ou o que quer que seja. Tomando o terrível
golpe contra o casamento e a instituição da família como um fato consumado, a nota da
Conferência episcopal termina com uma vaga promessa dos bispos de “renovar o nosso
empenho por uma Pastoral Familiar intensa e vigorosa.”
É bem evidente que a posição da Conferência dos Bispos não representa o pensamento
de inúmeros membros do Episcopado nacional, os quais têm tomado posição mais
combativa.
“Não fazer nenhuma cruzada”
Durante a mesma reunião, como de praxe, alguns bispos foram designados diariamente
para falar com a imprensa. Questionados a respeito da decisão do Supremo Tribunal,
suas declarações manifestaram a mesma falta de combatividade, chegando mesmo a
serem ambíguas em relação à legitimidade das uniões homossexuais.
Assim, por exemplo o bispo diocesano de Camaçari (BA), dom João Carlos Petrini,
embora tenha criticado a posição do Supremo, declarou que os bispos “não vão fazer
nenhuma cruzada” contra a decisão judicial, mas continuarão a defender o conceito
deles de família.
Também por essa ocasião, o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta,
deu a entender aos repórteres que não era contrário à “união homossexual” mas apenas
ao “casamento” homossexual. Relata um jornal: “Para ele, ‘faz parte do direito da
pessoa humana’ ter acesso a heranças e outros benefícios, como prevê a manifestação
dos ministros, mas ‘outra coisa é formar a família humana, dentro do que nós vemos
que faz parte do direito natural’.” Ainda segundo a mesma publicação ele teria
acrescentado: “Nós somos a favor da vida, somos contra qualquer discriminação.
Somos contra as pessoas viverem, assim, umas contra as outras.”
“Só não chamem de ‘casamento’!”
Mais explícito ainda na aceitação da iníqua decisão judicial foi dom Edney Gouvêa
Mattoso, bispo de Nova Friburgo (RJ), que declarou: “Uma coisa é a união civil. A
outra é o casamento, que é um sacramento da Igreja. O direito de duas pessoas
constituírem patrimônio é consenso, mas não devemos chamar isso de casamento.”
“Teólogo da libertação” apoia “casamento” homossexual
O padre carmelita frei Gilvander Moreira, de Belo Horizonte, professor de Teologia
adepto da Teologia da Libertação, fez declarações escandalosas. Perguntado como ele
tinha reagido à decisão dos juízes respondeu:
“Com alegria, pois é uma vitória dos movimentos e dos grupos que historicamente vêm
lutando pelo direito à liberdade sexual homossexual. … Há famílias tradicionais;
famílias só com mãe e filhos … famílias só ‘marido e mulher’, sem filhos. Por que não
pode haver também famílias homossexuais?”
Uma pesquisa, em 16/17 de maio, no site da Conferência dos Bispos, no site de sua
Ordem e em outros sites noticiosos, não constatou nenhuma punição, nem mesmo
repreensão, ao referido religioso.
Pelo contrário, um dos juizes-legisladores saudou efusivamente a escandalosa
declaração do frade carmelita, teólogo da libertação, o qual foi aplaudido por
representantes do movimento homossexual.
Preparando a “lei da mordaça”
A intervenção ditatorial dos juizes ativistas, legislando a partir da tribuna, vem
favorecer a aprovação pelo Congresso de uma lei que estabelece a ditadura homossexual
no Brasil. Trata-se da chamada “lei da mordaça” que está para ser votada nestes dias
no Senado, e que visa coibir e penalizar manifestações contrárias à prática homossexul
em locais públicos e privados, qualificando-as de crime de homofobia. Este é
equiparado, para efeitos legais e de punição, ao crime de racismo, crime inafiançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão.
“Resistir fortes na fé”
Em que pese a força do poderoso partido homossexual, bem como a intoxicação de
vastos setores por esse novo ópio dos intelectuais − a ideologia homossexual − e,
sobretudo, a falta de liderança daqueles que deviam ser os primeiros a conclamar a uma
luta, dentro dos ditames da lei e da moral, contra a implantação do total amoralismo
num país católico, nós, com a ajuda divina, devemos seguir o conselho de São Pedro e
resistir fortes na fé.
Que a isso nos ajude a Santíssima Virgem que, em Fátima, prometeu a vitória de seu
Imaculado Coração.
————————————————————[1] Cf. Raymond Aron, O Ópio dos Intelectuais, Unb, 1980.
[2] Cf. TFP Committee on American Issues, Defending A Higher Law – Why We Must
Resist Same-Sex “Marriage” and the Homosexual Movement, (The American Society
For the Defense of Tradition Family and Property, Spring Grove, Penn., 2004, pp. 1520.
[3] Um dos juízes, embora favorável à medida, estava impedido de se pronunciar, por
razões técnicas.
[4] Cf. Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz, Supremo absurdo – Contrariando o texto da
Constituição, STF reconhece “união estável” entre pessoas do mesmo sexo
12, maio, 2011, at http://www.ipco.org.br/home/noticias/supremo-absurdo.
[5] Idem.
[6] Informa Carolina Iskandarian, do G1-SP: “Polêmico, o assunto foi abordado por
jornalistas na entrevista, por volta de 15h30, em que quatro bispos estavam presentes. O
porta-voz do evento e arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, tomou o
microfone e lembrou que o tema ‘não é assunto da assembleia’ e não está na pauta do
encontro, que vai até o dia 13 de maio.” (http://g1.globo.com/saopaulo/noticia/2011/05/bispos-criticam-uniao-gay-em-dia-de-votacao-do-tema-nostf.html).
[7] Nota da CNBB a respeito da decisão do Supremo Tribunal Federal quanto à
união entre pessoas do mesmo sexo, at
http://www.cnbb.org.br/site/eventos/assembleia-geral/6533-nota-da-cnbb-a-respeito-dadecisao-do-supremo-tribunal-federal-quanto-a-uniao-entre-pessoas-do-mesmo-sexo.
[8] G1 São Paulo, ‘Não vamos fazer nenhuma cruzada’, diz bispo em SP sobre
união gay, 06/05/2011 18h14 – Atualizado em 06/05/2011 18h51,
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/05/nao-vamos-fazer-nenhuma-cruzada-dizbispo-em-sp-sobre-uniao-gay.html.
[9] Idem.
[10] Carolina Iskandarian, G1 SP, em Aparecida, 05/05/2011 17h26 – Atualizado em
05/05/2011 17h41
Bispos criticam união gay em dia de votação do tema no STF,
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/05/bispos-criticam-uniao-gay-em-dia-devotacao-do-tema-no-stf.html.
[11] Chico Otávio, Por que não famílias homossexuais? Padre contraria CNBB e
elogia Supremo por legalizar união de casais gays no Brasil, Publicada em 12/05/2011
às 23h42m, http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/05/12/padre-contraria-cnbb-elogiasupremo-por-legalizar-uniao-de-casais-gays-no-brasil-924449881.asp
[12] Evandro Éboli, Ayres Britto elogia padre Gilvander por sua defesa da união
homoafetiva, O Globo
13/05/2011, http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/05/13/ayres-britto-elogia-padregilvander-por-sua-defesa-da-uniao-homoafetiva-924460768.asp#ixzz1Md3qXXbG.
[13] Cf. Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, Senado adia votação do PLC 122/2006: a
lâmina da guilhotina permanece suspensa, 13, maio, 2011, at
http://www.ipco.org.br/home/noticias/senado-adia-votacao-do-plc-1222006-a-laminada-guilhotina-permanece-suspensa ; Luiz Sérgio Solimeo, The World Watches as Brazil
Advances Toward a Homosexual Dictatorship, July 24, 2008, at http://www.tfp.org/tfphome/news-commentary/the-world-watches-as-brazil-advances-toward-a-homosexualdictatorship.html
[14] “Sede sóbrios e vigiai. Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o
leão que ruge, buscando a quem devorar. Resisti-lhe fortes na fé. Vós sabeis que os
vossos irmãos, que estão espalhados pelo mundo, sofrem os mesmos padecimentos que
vós.”(1 Pet 5:8-9). 
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