UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
A influência dos investimentos no crescimento econômico
brasileiro: estudo de caso nas empresas da construção pesada no
período de 2002 a 2006
GILMAR OLIVEIRA DE BRITO
Rio de Janeiro
2009
1
GILMAR OLIVEIRA DE BRITO
A influência dos investimentos no crescimento econômico
brasileiro: estudo de caso nas empresas da construção pesada no
período de 2002 a 2006
Dissertação apresentada à Universidade
Estácio
de
obtenção
Sá
do
Administração
como
grau
e
exigência
de
ORIENTADOR: PROF. LUIZ FERREIRA XAVIER BORGES
Rio de Janeiro
2009
em
Desenvolvimento
Empresarial.
UNESA
Mestre
para
2
B862
Brito, Gilmar Oliveira de
A influência dos investimentos no crescimento econômica brasileiro: estudo de
caso nas empresas de construção pesada no período de 2002 a 2006 - RJ. / Gilmar
Oliveira de Brito. - Rio de Janeiro, 2009.
104 f.
Dissertação (Mestrado em Administração e Desenvolvimento Empresarial)Estácio de Sá, 2009.
1. Administração financeira. 2. Investimentos, Brasil. 3.
Brasil, desenvolvimento econômico. I. Título.
3
4
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Professor Dr. Luiz Ferreira Xavier Borges, que contribuiu
para a elaboração dessa dissertação através de seu largo conhecimento,
objetividade e seu senso de prática que somou ao meu conhecimento e prática.
Ao Professor Dr. Luiz Martins de Melo, que contribui através de seus
conhecimentos de economia industrial e me orientou no ínicio desse estudo.
Aos Professores do mestrado e o corpo de funcionários que foram
participativos e solícitos.
A todos os colaboradores do IBGE que respeitaram e apoiaram a conclusão
deste estudo.
E, principalmente, ao Senhor Jesus Cristo que me deu a vida, sabedoria, a
força e a garra para conseguir alcançar meus objetivos nessa vida.
5
Lista de Tabelas
Tabela 1: Valor das obras e serviços da construção por classes..........................
13
Tabela 2: Participação dos setores públicos e privados no investimento..............
15
Tabela 3: A cadeia produtiva da construção civil e o mercado de insumos em
2004....................................................................................................................... 18
Tabela 4: Valor da obra e serviços da construção.................................................
19
Tabela 5: Formação Bruta de Capital Fixo por setores da construção pesada.....
39
Tabela 6: Previsão e realização de investimentos da União por classes da
construção pesada................................................................................................. 55
Tabela 7: Participação no valor adicionado, segundo classes e atividades no
período de 2002 a 2006......................................................................................... 67
Tabela 8: Participação do BNDES no financiamento da construção pesada........
71
Tabela 9: Cadeia da construção pesada no período de 2002 a 2006...................
79
Tabela 10: Emprego e salário na construção pesada e no Brasil no período de
2002 a 2006........................................................................................................... 81
Tabela 11: Variação do crescimento econômico e da Formação Bruta de
Capital Fixo no período de 2002 a 2006................................................................ 84
Tabela 12: Obras executadas, produtividade do trabalho e pessoal ocupado
com 5 ou mais pessoas para os anos de 2002, 2004 e 2006 na construção
pesada................................................................................................................... 86
Tabela 13: A lucratividade das empresas de construção pesada, segundo tipos
de produtos, para os anos de 2002, 2004 e 2006................................................. 87
6
Lista de Figuras
Figura 1: Função progresso técnico, segundo Kaldor (1956).................................... 28
Figura 2: Investimento direto de estrangeiros no Brasil............................................ 46
Figura 3: Financiamento do BNDES em construção pesada.................................... 49
Figura 4: Taxa de investimentos da União em transportes em relação ao PIB......... 50
Figura 5: Demanda das obras viárias por tipo de cliente.......................................... 51
Figura 6: Participação dos meios de transportes para o escoamento da produção
brasileira em 2002..................................................................................................... 52
Figura 7: A construção do Produto Interno Bruto brasileiro....................................... 65
Figura 8: Participação no percentual na composição do PIB pela demanda final no
período de 2002 a 2006............................................................................................. 66
Figura 9: Taxa Selic, fixada pelo Copom, no período de 2002 a 2006...................... 68
Figura 10: BNDES e CIDE como financiadores das empresas de construção
pesada e suas relações com as obras executadas no período de 2002 a 2006....... 69
Figura 11: Balança comercial do Brasil no período de 2002 a 2006.......................... 70
Figura 12: Necessidade de financiamento do setor público brasileiro em relação
percentual do PIB....................................................................................................... 72
Figura 13: A relação entre as empresas de construção pesada e os investimentos
no período de 2002 a 2006, a nível Brasil.................................................................. 73
Figura 14: Taxa de investimento das empresas por atividades da construção
pesada e o PIB no período de 2002 a 2006............................................................... 74
Figura 15: Fluxograma da cadeia produtiva da construção pesada........................... 78
Figura 16: Percentual dos tipos de obras da construção pesada na composição da
formação bruta de capital fixo no período de 2002 a 2006........................................ 83
7
Resumo
Na literatura econômica, a influência dos investimentos em construção pesada no
crescimento econômico está estabelecida tanto em nível de pesquisa empírica e na
teoria. A partir dos artigos de Ferreira (1996), Bielschowsky (2002) e Cândido
(2006), desenvolveram pesquisas que tiveram resultados, variando conforme a fonte
de dados e metodologias utilizadas, o impacto dos investimentos em construção
pesada é relevante no crescimento econômico. Podemos citar Ferreira (1996), que
utilizando séries de dados de investimento em energia elétrica, transportes e
telecomunicações no período de 1980 a 1993, verificou a existência de uma forte
relação entre capital investido em construção pesada e a produção no longo prazo.
No campo teórico, Keynes (1982) e Hirschman (1958) desenvolveram teorias em
que o investimento público gera investimento privado na construção pesada, tendo
como consequencia direta um retorno na produção. Hirschman (1958) através de
cadeia produtiva confirma que o investimento em construção pesada gera
downstream (retrospectiva) que são os insumos para construção dessa atividade e
upstream (prospectivas) que é a sua utilização (logística, energia elétrica,
telecomunicação e outros). Esses estudos empíricos e teóricos mostram que o
efeito produtivo da construção pesada é significativo e expressivo para o
crescimento econômico. Essa dissertação abordará de modo a destacar a
importância das influências dos investimentos na construção pesada, utilizando-se
de um estudo de caso nas empresas de construção pesada no período de 2002 a
2006.
Palavras chave: investimento, construção pesada e crescimento econômico
brasileiro.
8
Abstract
The economic literature, the influence of heavy investment in construction in
economic growth is established both at the level of empirical research and theory.
From the articles of Ferreira (1996), Bielschowsky (2002) and Cândido (2006), which
had developed search results, varying according to the source data and
methodologies used, the impact of heavy investment in construction is important in
economic growth. These include Ferreira (1996), that series using data from
investment in energy, transport and telecommunications in the period 1980 to 1993,
found a strong relationship between capital invested in heavy construction and
production in the long term. In field theory, Keynes (1982) and Hirschman (1958)
developed theories that public investment generates heavy investment in
construction, resulting in a direct return on production. Hirschman (1958) through the
production chain confirms that the investment in heavy construction generates
downstream (back) are the inputs to construction activity and the upstream (forward)
is that its use (logistics, power, telecommunications and others). These theoretical
and empirical studies show that the effect of productive heavy construction is
significant and significant for economic growth. This dissertation will address in order
to highlight the importance of the influence of heavy investment in construction, using
a case study on heavy construction companies in the period 2002 to 2006.
Key Words: investment, heavy construction and economic growth Brazil.
9
SUMÁRIO
1 Introdução.........................................................................................................
1.1 Crescimento e investimento............................................................................
1.2 Contextualização do problema........................................................................
1.3 Justificativa da pesquisa..................................................................................
1.4 Abrangência da pesquisa................................................................................
1.5 Objetivos da pesquisa.....................................................................................
1.6 Relevância científica........................................................................................
1.7 Delimitadores da pesquisa..............................................................................
2 Embasamento Teórico.....................................................................................
2.1 Investimento e crescimento em Keynes..........................................................
2.2 Investimento e crescimento pós-Keynesiano..................................................
2.3 Investimento e crescimento em Hirschman.....................................................
2.4 Pesquisas sobre o impacto do investimento em construção pesada no PIB..
3 Construção pesada..........................................................................................
3.1 Obras viárias ..................................................................................................
3.2 Demais obras de construção pesada..............................................................
4 Metodologia......................................................................................................
4.1 Tipo de pesquisa.............................................................................................
4.2 Tipo de estudo e argumento............................................................................
4.3 Etapas do desenvolvimento............................................................................
4.4 Coleta de dados..............................................................................................
4.5 Análise de resultados......................................................................................
5 Análise de resultados.......................................................................................
5.1 Construção pesada: construção do PIB, financiamento e investimento..........
5.2 Cadeia produtiva, variáveis primárias, derivadas e crescimento econômico...
5.3 Indicadores econômicos da construção pesada e pesquisas econométricas.
6 Conclusão e considerações finais..................................................................
6.1 Visão Keynesiana e a cadeia produtiva da construção pesada......................
6.2 Pesquisas econométricas................................................................................
6.3 Considerações finais.......................................................................................
7 Recomendações e sugestões para futuras pesquisas.................................
Referências..........................................................................................................
Anexo A Questionário da Pesquisa Anual da Indústria da Construção 2006........
10
13
16
17
19
20
20
21
22
22
26
32
36
43
49
54
57
57
58
59
60
61
63
65
77
85
89
89
90
91
92
93
96
Anexo B Classificação Nacional de Atividades Econômicas ................................
102
Anexo C Insumos da construção pesada..............................................................
103
10
1 Introdução
A indústria da construção civil constitui o mais antigo segmento econômico na
história da humanidade, encontrada no início organização da vida do homem, que
com o crescimento da sociedade, foi sendo cada vez mais exigida à construção de
infraestrutura para melhor atender as condições humanas, essas demandas
impostas pela sociedade fizeram surgir “produtos” da engenharia, fazendo parte
cada vez mais do nosso dia a dia.
A indústria da construção pesada é definida pela Classificação Nacional de
Atividades Econômicas (CNAE) 1, como sendo as seguintes atividades econômicas:
grandes movimentações de terra, obras viárias, obras de artes especiais, obras de
outros tipos, obras para geração e distribuição de energia elétrica e obras de
telecomunicações. A indústria da construção possui dois aspectos básicos: o técnico
e o econômico, que formam a base para classificação em utilidade pública e serviço
público. A utilidade pública é o “pulmão” do crescimento e compreende a energia
elétrica, telecomunicações e saneamento. Os serviços públicos são a logística que
compreende as obras viárias, movimentação de terra entre outros
Por isso, a indústria da construção pesada2 distingue-se dos demais
segmentos por suas características intrínsecas, extrínsecas e pelo caráter provisório
e nômade, por sua classificação em subsetores e pelo seu papel na economia.
1 A CNAE é administrada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
2
A indústria da construção pesada é um ramo contido na infraestrutura.
11
Então, descrever a indústria da construção significa verificar o comportamento
do crescimento da sociedade em decorrência de seu efeito multiplicador de
emprego, sua baixa dependência dos produtos importados e a importância social de
seu produto, por isso sofre grande influência das perspectivas econômicas de médio
e longo prazo, uma vez que as decisões de produção são tomadas com base numa
expectativa de retorno de investimento em prazos mais amplos.
Sendo assim, é uma poderosa alavanca para o crescimento, impactando a
produção, os investimentos e o emprego, pois tem importante participação no
Produto Interno Bruto (a indústria da construção em 2004 participa com 8,31% e a
pesada 2.50%) 3 e possui extraordinária capacidade de realização de investimentos.
No que tange a história brasileira no segmento da construção pesada, a
década de 50 do século XX foi um marco importante, por causa dos investimentos
realizados pelo Estado na consolidação da infraestrutura, liberação da entrada para
o capital estrangeiro e a criação da Petrobrás.
No período entre 1967 e 1973, em sintonia com o crescimento econômico, o
governo disponibilizou financiamentos internos, beneficiado pelo excesso de liquidez
internacional, que favoreceram o fluxo de capital externo.
No governo Geisel (1974 a 1979), com a crise do petróleo e o início da
recessão econômica, a construção pesada não teve muito avanço.
No governo Figueiredo (1980 a 1985) seguiu o governo anterior com baixos
investimentos devido ao agravamento da crise econômica.
No governo Sarney (1986 a 1990) ficou marcado pela moratória por causa da
alta inflação, implementando o congelamento dos preços e a desvalorização do real
3 Esses dados foram retirados do IBGE/CONAC, considerando o PIB da construção e sua relação
com a construção pesada, tendo como base à relação com a PAIC 2004.
12
liberando o câmbio. Na construção pesada, o segmento teve um impacto negativo,
principalmente em decorrência ao aumento das dívidas externa e interna.
No governo Collor (1991 a 1992) e depois Itamar (1993 a 1994), a crise do
segmento continuou, não trouxe melhorias no cenário de investimento em
construção pesada.
No governo de Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002), marcou a era das
privatizações nos seguintes setores: rodovia, energia elétrica e telecomunicação
ocasionando uma fuga de empresas do segmento, para diversificarem suas
atividades, atuando no setor de concessões de serviços.
No primeiro mandato do governo Lula (2003 a 2006), tendo como base a
Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), no período de 2002 a 2006,
podemos afirmar que começa com uma retração nos anos de 2002 e 2003, mas
com o retorno do crescimento, impulsionado principalmente com a elevação do
Produto Interno Bruto (PIB), no período de 2004 a 2005, fazendo com que o
governo federal amplie, modestamente, os investimentos para suportar o
crescimento médio de 4%, tendo como marco a melhoria da logística,
principalmente no transporte rodoviário, e ampliação dos portos para suportar as
crescentes exportações nas indústrias. A partir do início de 2005, o governo com a
iniciativa privada4, ampliou os investimentos em logística, telecomunicação e energia
elétrica.
No início do segundo mandato do governo Lula, acompanhado pela
valorização do real e o aumento da renda, o consumo de bens duráveis cresceu,
principalmente, automobilística e imobiliária, fazendo com que a indústria tenha
recorde de produção, conforme tabela1.
4 A lei 1105 (2004) definiu a parceria pública-privada–PPP como modalidade de engenharia financeira
que permite substituir o investimento direto do Estado pela iniciativa privada.
13
Tabela 1: Valor das obras e serviços da construção por classes
Grupo de produtos e/ou
serviços da construção (1)
Empresas com 5 ou pessoas ocupadas
Valor das obras/serviços
2005
Total
2006
Variação
2006/2005 (%)
84 975 788
100 690 195
18,5
Obras Residenciais
Edificações industriais, comerciais e outras
edificações não-residenciais
Obras de infra-estrutura
17 546 309
19 199 998
9,4
18 330 829
22 034 345
20,2
30 620 050
36 906 518
20,5
Outras obras
18 478 601
22 549 334
22,0
Fonte: IBGE/PAIC 2005-2006. Valor constante em R$1.000.
(1) Obras novas, reformas e manutenção. Valores constantes.
Conclui-se que resolver os gargalos da construção pesada é condição
necessária para economia, permitindo que todos tenham acesso a serviços básicos
como: a eletricidade, comunicações, transporte urbano e saneamento, ao mesmo
tempo, a ampliação de infraestrutura promove a redução de custos, aumento da
produtividade, aprimoramento da qualidade dos bens e serviços da estrutura
produtiva e consolidação da integração regional.
1.1 Crescimento e investimento
Após a segunda guerra mundial foi criada a CEPAL (Comissão Econômica
para América Latina e Caribe), que foi um marco importante para a economia
brasileira, no qual Furtado (1967) elaborou um estudo sobre crescimento econômico
que serviu como base para o plano de metas do governo Juscelino Kubitschek.
Essa comissão tem um grande papel para debates da teoria de crescimento
econômico da América Latina.
O crescimento econômico parece estar relacionado diretamente com a
existência de infraestrutura eficiente e eficaz, que atenda a população e a indústria,
14
fazendo com que todos tenham acesso a serviços básicos e comuns como: energia
elétrica, telecomunicação e logística. A oferta de serviços nesse segmento caminha
na frente da demanda, para que não se torne um fator de interrupção do ciclo
econômico.
Bresser (2006) cita, no Brasil, duas correntes para o crescimento econômico: a
primeira defende a acumulação de capital e a segunda dá ênfase na formação do
capital humano, na acumulação de conhecimento e geração de novas tecnologias.
A política fiscal está ligada à política tributária, gastos públicos e déficits
orçamentários.
Os investimentos em construção pesada, que são objeto desta pesquisa, estão
diretamente ligados aos investimentos em energia elétrica, transportes e
telecomunicações. Estes investimentos elevam o produto final e aumentam a
5
produtividade dos investimentos privados, diminuindo o custo Brasil , fazendo com
que o retorno do investimento cresça, estimulando novos investimentos.
Liberalização financeira é a permissão que agentes residentes ou não no país
negociem ativos financeiros por uma taxa de câmbio pré-definido pelo mercado
juros.
Os investimentos podem ser públicos e privados. Os investimentos públicos
estão ligados as obras públicas como, no caso desta pesquisa, construção de
rodovias, ferrovias, aeroportos, barragens entre outros, mas no segundo plano, não
objeto desta pesquisa, tem como exemplos escolas e hospitais. Para que o Brasil
possa aumentar seus investimentos precisa ter uma política fiscal, cambial e
tributária estabilizada, portanto, conter os gastos públicos relativos às despesas
5
O autor desta dissertação define o custo Brasil de forma qualitativa e sendo um conjunto de
dificuldades estruturais e econômicas que encarecem o investimento e a produção.
15
correntes (consumo do governo, transferências, juros e subsídios) é a meta a ser
alcançada.
Os investimentos privados ou a formação bruta de capital fixo, das empresas e
famílias, estão ligados diretamente às taxas de juros e o risco do retorno do capital.
Fatores como dívida externa, inflação descontrolada, freqüentes mudanças cambiais
e monetárias são responsáveis pela retração dos investimentos privados. Estes
investimentos afetam o nível de produto, pois é elemento da demanda agregada
trazendo como conseqüência emprego, renda e crescimento econômico. São
investimentos privados a compra de máquinas, equipamentos e construções, ou
seja, bens de capital.
A participação das empresas públicas (tabela 2) vem caindo com o passa do
tempo em decorrência da privatização dos setores de telecomunicação e energia
elétrica, trazendo como conseqüência à queda da Formação Bruta de Capital Fixo
em relação ao investimento total público e privado.
Tabela 2: Participação dos setores públicos e privados no investimento
Itens \ ano
1995
1996
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Taxa de Investimento - FBCF como porcentagem do PIB (a preços constantes)
Investimento Total
1. Setor Público
a.Administração Publica
b.Empresas Públicas
2.Setor Privado
Investimento Total
1.Setor Público
a.Administração Publica
b.Empresas Públicas
2.Setor Privado
Fonte: IBGE/SCN (2003).
21,00
20,70 21,91 21,81 20,07 20,09
4,85
4,95
4,95
4,86
3,20
3,01
2,59
2,48
2,18
3,11
1,84
1,97
2,26
2,47
2,77
1,75
1,36
1,04
16,15
15,75 16,96 16,95 16,87 17,08
Participação na FBCF - (porcentagem do Total)
100
23,11
12,36
10,75
76,89
100
23,92
11,99
11,94
76,08
100
22,61
9,97
12,64
77,39
100
22,26
14,23
8,03
77,74
100
15,97
9,15
6,82
84,03
100
15,03
9,85
5,18
84,97
20,05
3,60
2,27
1,33
16,45
18,85
3,92
2,27
1,65
14,93
17,78
2,96
1,70
1,26
14,82
100
17,93
11,30
6,63
82,07
100
20,80
12,01
8,79
79,20
100
16,65
9,56
7,09
83,35
16
1.2 Contextualização do problema
O Brasil apresenta uma expectativa de crescimento econômico sólido e
contínuo, a partir de 2002, com base em uma política macroeconômica estável,
tendo como alicerce os investimentos em construção pesada para fomentar o
aumento da produção.
Para que isso ocorra, há necessidade de disponibilizar financiamentos para
ampliar a infraestrutura (logística, telecomunicações e energia elétrica) e o governo
destinar maiores recursos no orçamento para incentivar a iniciativa privada a
investir. O governo é o maior demandante da construção pesada, por causa do seu
alto custo e baixo retorno.
É certo que os programas de crescimento econômicos brasileiros esbarram no
orçamento, balança comercial e nos déficits primários, mas os investimentos
públicos são necessários para o aumento da produção.
A análise dos resultados definida, neste trabalho, permite observar que a
construção pesada tem um impacto direto no consumo de insumos no Brasil e,
também, constitui um importante segmento para a construção do PIB (produto
interno bruto). A tabela 3 permite verificar a cadeia produtiva da construção civil,
tendo uma participação de quase 9% no ano de 2004 nas principais variáveis
6
estudadas, que são: valor adicionado , consumo intermediário, valor bruto da
produção e pessoal ocupado7.
6 Valor adicionado é a diferença entre o Valor bruto da produção e o COI (somatório do total dos
custos da atividade, aluguéis e arrendamentos, propagandas, prêmio de seguro, royalties e
assistência técnica, serviços prestados por terceiros e despesas não operacionais).
7 O número de pessoas ocupadas no último dia do ano de referência da PAIC.
17
A importância desta pesquisa pode ser observada pelo fato da construção
pesada corresponder a 35% de toda atividade de construção civil no Brasil,
significando assim 2,5% de tudo que foi produzido no país, conforme tabelas 3 e 4.
Coloca-se como principal foco do trabalho, conhecer o segmento da
construção pesada no Brasil e a influência dos investimentos para o crescimento
econômico brasileiro, no período de 2002 a 2006.
Neste contexto, coloca-se o seguinte problema:
O investimento na construção pesada influência positivamente no crescimento
econômico brasileiro?
1.3 Justificativa da pesquisa
A justificativa para essa pesquisa está relacionada diretamente pela
importância desse segmento, por ser chave para a geração do desencadeamento
de outras atividades da indústria da transformação, como por exemplo, construção
de geradores, cabos e concreto, fazendo com que sua demanda construa milhares
de empregos indiretos em outros setores da economia industrial, conforme tabela 3.
18
Tabela 3 : A Cadeia da Construção e o mercado de insumos em 2004
em R$1.000.000
ELOS DA CADEIA
VALOR
CONSUMO
VALOR DA
ADICIONADO INTERMEDIÁRIO PRODUÇÃO
Fornecedores da indústria de materiais
Indústria de materiais
Construção
Segmento formal (PAIC)
Outras obras
Serviços da construção
Aluguel de equipamentos
Incorporação de imóveis
Engenharia e arquitetura
Comércio de materiais da construção
Atacado
Varejista
Totais da cadeia
Economia brasileira
(%) da cadeia
9.009
34.810
84.868
51.038
33.830
5.104
243
1.581
3.281
7.362
1.432
5.930
141.153
1.666.258
8,47%
PESSOAL
OCUPADO
23.567
32.576
1.233.139
41.436
76.246
596.066
72.504
157.372
5.613.659
44.592
95.630
1.539.965
27.912
61.742
4.073.694
2.456
7.560
108.040
178
421
8.428
522
2.103
25.740
1.756
5.036
73.872
4.514
11.876
627.915
1.306
2.738
77.455
3.208
9.138
550.460
144.476
285.629
8.178.819
1.769.628
3.435.886 88.244.954
8,16%
8,31%
9,27%
Fonte: "A Cadeia Produtiva da Construção e o Mercado de Materias-Agosto/2007". ABRAMAT e FGV Projetos.
Elaboração: Banco de Dados-CBIC
A logística é fundamental para baratear o custo do transporte, e investir em
rodovias, portos e aeroportos para o escoamento da produção são importantes para
o crescimento econômico e criam condições para instalação de empresas. Estes
são os produtos da construção pesada e o investimento neles gera os insumos
importantes para a indústria, como exemplo, concreto, brita, asfalto, ferro,
geradores, torres, cabos entre outros.
Esses insumos formam um desencadeamento para trás (downstream),
conforme tabela 3, nas indústrias que irão produzi-los e para frente (upstream), a
produção vai para o consumidor do atacado (consumidor das lojas de materiais de
construção, entre outros).
19
Tabela 4: Valor das obras e serviços da construção
Empresas com 5 ou mais pessoas ocupadas
Grupo de produtos e/ou
serviços da construção (1)
Valor constante das obras e serviços da construção
(1 000 R$)
2003
Total
2004
2005
2006
65 573 340
71 716 355
72 504 939
81 071 010
Obras Residenciais
15 279 556
15 291 433
14 971 254
15 458 936
Edificações industriais, comerciais e outras
edificações não-residenciais
13 470 026
15 668 244
15 640 639
17 741 018
Obras de infra-estrutura
21 830 038
25 493 452
26 126 322
29 715 393
Outras obras
14 993 720
15 263 226
15 766 724
18 155 663
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Indústria, Pesquisa Anual da Indústria da Construção 2003-2006
(1) Obras novas, reformas e manutenção
Já a tabela 4 relata o peso da construção pesada dentro da construção civil no
período de 2003 a 2006, em termos nominais, comprovando que este grupo tem
influência para fomentar o segmento da construção civil no Brasil.
Assim, descrever o segmento da construção pesada pode ser um instrumento
para verificar a relação dos investimentos com o crescimento econômico.
1.4 Abrangência da pesquisa
Esta pesquisa tem abrangência em todo território brasileiro, tendo como base
às empresas de construção pesada selecionada pela Pesquisa Anual da Indústria
da Construção (PAIC), no período de 2002 a 2006. A amostra total da construção
8
pesada atinge quase 97% das empresas selecionáveis.
8 O dado refere ao ano da PAIC 2006.
20
1.5 Objetivos da pesquisa
Há um objetivo geral e três objetivos específicos, listados a seguir.
Objetivo geral
Descrever o segmento da construção pesada no período de 2002 a 2006 e seu
impacto no crescimento econômico brasileiro.
Objetivos específicos
Analisar a influência dos investimentos na construção pesada.
A geração de emprego e renda como conseqüência dos investimentos.
Através de indicadores, acompanhar o papel da construção pesada na
economia do Brasil.
1.6 Relevância científica
Este estudo permite verificar o impacto positivo e relevante sobre o
crescimento do PIB no longo prazo, através das políticas de investimentos em obras
de construção pesada no Brasil e seus efeitos downstream e upstream, que podem
ser aplicados para estimular o aumento da produtividade do trabalho. Pode-se servir
de base para construção de futuras pesquisas, utilizando modelos econométricos,
para mensurar a influência dos investimentos na construção pesada no crescimento
da economia brasileira.
21
1.7 Delimitadores da pesquisa
A necessidade de um foco preciso para o objeto desta dissertação levou à
exclusão de descriminar outros segmentos da construção pesada. Assim também, a
necessidade de focar este trabalho nos dados mais disponíveis limitou a pesquisa
ao território brasileiro.
A característica descritiva adotada nesta dissertação não permite a obtenção
de resultados como os que seriam encontrados através da utilização de um modelo
econométrico. Isso aumenta a subjetividade das conclusões, mas permite, ainda
assim, um resultado com valor acadêmico e pode servir de base para futuros
estudos que buscam testá-los. O período de estudo (2002 a 2006) deriva da
metodologia da PAIC que foi escolhida para a dissertação. A limitação em 2006
deve-se ao fato que a PAIC 2007 está na fase de coleta com previsão de divulgação
em julho/2009.
Esta dissertação foi estruturada em sete capítulos, incluindo esta introdução.
No segundo capítulo, como forma de desenvolvimento do raciocínio, foram
escolhidas como forma de focar o estudo do investimento a abordagem Keynesiana,
pós-Keynesiana e Hirschman, além dos trabalhos empíricos adiante mencionados
que demonstram o impacto do investimento em construção pesada no PIB. No
terceiro capítulo, será definido o que essa dissertação entende como construção
pesada. No quarto capítulo, será descrita a metodologia da pesquisa.
No quinto capítulo será feita a análise de resultados. No sexto capitulo será descrito
a conclusão e as considerações finais e, por último, o sétimo capítulo as
recomendações e sugestões para futuras pesquisas.
22
2 Embasamento teórico
Para o desenvolvimento deste estudo, escolheu-se a abordagem Keynesiana,
pós-Keynesiana e Hirschman sobre a influência do investimento no crescimento
econômico. Para contextualizar esta pesquisa, segue-se uma análise de diferentes
trabalhos empíricos sobre o impacto do investimento em construção pesada no PIB,
considerados relevantes para a dissertação.
Este capítulo não teve a intenção de esgotar ou mesmo de apresentar uma
análise econômica aprofundada, mas contextualizar os dados utilizados, para
mostrar pontualmente a importância da construção pesada no crescimento
econômico.
2.1 Investimento e crescimento em Keynes
A teoria Keynesiana deu inicio a moderna macroeconomia com a finalidade
de evitar descompassos nos preços, produtos e empregos em que os agentes
econômicos não conseguem resolver sozinhos, esses descompassos decorrente a
insuficiência da demanda e, por isso, precisam da participação do Governo.
Portanto, Keynes (1982) escreveu a Teoria Geral do emprego, do juro e da
moeda, preocupando-se com o sistema econômico e determinando as variáveis da
9
macroeconomia .
Keynes (1982) revela a importância da participação do governo na
regulamentação do mercado para atenuar possíveis ciclos de desemprego e para
garantir essa correção através do poder público. A Teoria Geral trata diversos
9
As variáveis macroeconômicas são: renda, produção, emprego, investimento e poupança.
23
assuntos relativos ao emprego, renda e juros tendo como conseqüência direta o
aumento da produção (crescimento econômico), no qual para essa dissertação, darse-á maior ênfase para as variáveis que compõem.
A variável consumo das famílias ou privado tem uma relação direta com o
emprego e renda, no qual para manter harmonia entre essas variáveis o governo
precisa ter políticas fiscais e monetárias estáveis, pois assim mantém o baixo nível
de desemprego, no qual o elemento gasto público ou consumo do governo tem um
grande peso nessa relação. Assim sendo, o gasto público em obras de construção
pesada é importante para aumentar a renda e gerar emprego, tendo como
conseqüência imediata o aumento de consumo e produção, para suprir essa
demanda
Keynes (1982) evidencia a taxa de juros como sendo a variável de grande
peso para determinar à decisão de investimento devido ao fato de determinar o
retorno pretendido na aplicação em ativos fixos ou financeiro, considerando os
riscos pertinentes as duas aplicações. Defendendo que para aumentar a taxa de
investimento, há necessidade de diminuir a taxa de juros reais, melhorar a
expectativa dos agentes econômicos, que os preços vão estar sempre em baixa, e
incentivar o crédito para o setor produtivo.
Keynes (1982) na Teoria Geral capítulo 17, página 183, evidencia os juros e
sua relação com o dinheiro e a importância da determinação dos juros para
produção como sendo:
[...] um aumento da taxa monetária de juros retarda a produção de riquezas
em todos os ramos em que ela é elástica, em estimular a produção da moeda
(que, por hipótese, é perfeitamente inelástica).
Podemos concluir que as rendas recebidas (considerando os riscos da
produção) no investimento em capital fixo em longo prazo deve ser maior que o
24
recebido pela aplicação ativos monetários ou financeiros para que os empresários
apliquem na produção e o governo tem um papel importante, mantendo a taxa de
juros estável e baixa. Quanto maior a taxa de juros menor será o investimento em
capital fixo.
Reforçando essa afirmação, Feijó (2007), no seu artigo “O investimento
industrial no Brasil-1990: 2005 uma interpretação à luz da teoria de investimento
Keynes-Minsky”, relata os obstáculos dos ativos financeiros e monetários para a
produção, devido a sua liquidez imediata, enquanto que os bens de capital por não
ter essa liquidez fazem com que seus rendimentos devam ser muito superiores para
compensar os riscos.
Então para a construção pesada, a política monetária e fiscal tem um grande
peso para decisão do empresário em investir no capital fixo ou ativo financeiro.
Keynes (1982) na Teoria Geral capítulo 11, página 115, descreveu a curva da
demanda por investimento, ou seja, a eficiência marginal do capital como sendo:
[...] a expectativa da renda e do preço de oferta corrente do bem capital. Ela
depende da taxa de retorno que se espera obter do dinheiro investido num bem
recentemente produzido; e não do resultado histórico obtido por um investimento
em relação ao seu custo original, quando examinado retrospectivamente ao fim de
sua vida.
Keynes (1982) trata a demanda pela moeda como sendo transacional,
precaução e especulação. A transacional está relacionada diretamente a moeda em
circulação ativa e pode ser por dois motivos: a renda e o giro transacional das
empresas. A precaução é decorrente de ter uma reserva da moeda à incerteza
(despesas imprevistas). Especulação está relacionada às mudanças futuras na taxa
de juros que quanto maior for à expectativa da taxa menor será a demanda pela
moeda.
25
Na proporção que a despesa de investimento vai se realizando, o dinheiro
utilizado torna-se, disponível para a implementação do projeto. Sendo assim a
moeda possui um papel essencial na tomada de decisão, devido ao seu impacto na
produção e no emprego. Os empresários decidem se possuem estratégicas
produtivas ou especulativas.
O principal modelo de crescimento econômico Keynesiano foi criado por
Harrod – Domar (1939) que retrata o crescimento econômico utilizando as variáveis
poupança e produtividade do capital, acreditando que o crescimento da economia
depende, principalmente, da quantidade de emprego e capital.
Harrod (1939) dividia o investimento em investimento induzido (resultante de
recentes aumentos de demanda ou lucro) e investimento autônomo (inovações,
expectativas, investimento público etc).
Atestando o modelo Harrod e Domar (1939) na economia desenvolvida,
verifica-se que a poupança e investimento são considerados independentes, por
causa de a renda per capita ser um importante determinante na oferta da poupança.
A relação capital-produto pode ser considerada um coeficiente tecnológico, devido
uma variedade de projetos com algum tipo de distribuição equilibrada de
coeficientes, que entram em operação.
Já na economia subdesenvolvida, a decisão de poupança e investimento é
amplamente interdependente, devido às somas das poupanças dependerem mais
das maiores oportunidades de investimento e da remoção de vários obstáculos à
atividade de investimento do que o aumento da renda. A relação capital-produto tem
a produtividade do capital freada por escassez ou gargalos.
As variáveis utilizadas pela teoria keynesiana descrita acima não tem o intuito
de esgotar o assunto, mas para dar suporte a pesquisa a ser realizada.
26
2.2 Investimento e crescimento pós-Keynesiana
A teoria econômica pós-Keynesina mencionada aqui tem o fundamento de
reforçar a teoria Keynesiana em relação ao investimento, crescimento econômico e
a participação do Estado na economia. O papel do Estado no contexto econômico
deve ser permanente para estabelecer equilíbrio e estabilização macroeconômico.
Portanto, o papel do Estado não substitui a ação do mercado privado no
sentido amplo de investimento, apenas adota medidas para aumentar o nível da
demanda agregada com a finalidade de criar uma ambiente estável para que os
empresários possam manter e realizar novos investimentos para que gere mais
empregos e aumente a capacidade produtiva. Essa teoria segue a visão que o
mercado não resolve tudo, mas depende do Governo para manter o crescimento
econômico com políticas macroeconômicas de curto prazo (cambial e monetária) e
longo prazo (tecnologia, comércio exterior e educação).
Já Carvalho (1997) confirma a relação da afirmação anterior, que os
empresários são estimulados a investir em ativo de capital e o governo influência
sem sobrepor a esfera privada:
A política macroeconômica ideal por Keynes inflaria a demanda agregada,
expandindo a economia como um balão, e deixando a cargo dos agentes privados
as decisões de como os recursos disponíveis seriam empregados. Estimular a
demanda agregada reduz os riscos e, assim, deve aumentar os preços de
demanda do ativo de capital em relação à moeda.
Minsky (1975) confirma a afirmação do parágrafo anterior e do Carvalho (1997)
e relata que a principal característica da escola pós-Keynesiana é demonstrar,
através de modelos, que uma economia quando deixada ao livre jogo das forças do
mercado, é incapaz de alcançar uma posição de pleno emprego da força de
27
trabalho, isto é, os mercados não se auto-equilibram, tendo como consequências, o
desemprego e o desequilíbrio na distribuição da renda.
Oreiro (2006) citou, segundo Carvalho (1992, pp. 44-49), os 6 princípios
teóricos fundamentais que definem o conceito de economia monetária de produção
que são: princípio da produção, princípio da estratégia dominante, princípio da nãoergodicidade, princípio da coordenação, princípio da propriedade da moeda e
principio da temporariedade dos processos econômicos. Esses princípios serviram
de base para a criação de diversos modelos analíticos, tendo como referências os
pressupostos teóricos dos modelos pós-keynesiana de crescimento e distribuição de
renda que Oreiro (2006, pp. 14-16) define no projeto de pesquisa “Crescimento,
Distribuição de Renda e Progresso Técnico Endógeno em Modelos Dinâmicos PósKeynesianos”.
Portanto, conclui-se, segundo Oreiro (2006), que esses pressupostos teóricos
dos modelos pós-keynesianos foram aceitos por duas correntes: a primeira que
defende o crescimento econômico em longo prazo como um fenômeno endógeno e
a segunda que defende a relação entre crescimento econômico e a distribuição de
renda. A corrente que defende crescimento da produção em longo prazo teve como
marco a “função progresso técnico” desenvolvida por Kaldor (1956), conforme figura
10
1. A segunda corrente teve como marco a equação de Cambridge .
10
A equação de Cambridge demonstrou a relação entre crescimento e distribuição da renda, segundo
Oreiro (2006, pp 16)
28
Figura 1: Função de progresso técnico, segundo Kaldor (1956)
Ganhos de produtividade y= Y/N
P
Y/N = f(K/N) =Produtividade marginal do trabalho
Intensidade do capital K/N
Fonte: Kaldor (1956).
Onde:
K=capital;
N= trabalho;
Y/N=produtividade marginal do trabalho11;
K/N=Stock de capital por trabalhador;
P=ponto de equilíbrio.
O principal objetivo da função progresso de Kaldor (1956) é mensurar através
da função capital e trabalho, o impacto da alteração da tecnologia com a
incorporação de novas máquinas e a relação da utilização da taxa de crescimento
do produto per capita com a taxa de crescimento do estoque de capital per
capita.Pode-se concluir que o ponto de equilíbrio é atingindo em longo prazo com
uma linha imaginária de 45º, tal que as taxas se igualem.
11 É o aumento do produto decorrente a utilização do trabalho adicional.
29
Minsky (1975) escreveu reforçando os conceitos básicos da macroeconomia
dentro da proposta original da Teoria Geral do emprego, do juro e da moeda de
Keynes (1982) com atualizações com o princípio de incorporar o desenvolvimento
das reflexões teóricas para os dias de hoje, fazendo uma ligação entre as pesquisas
empíricas de crescimento econômico e a teoria keynesiana, mas sem deixar de
realizar comparações com outros modelos econômicos não keynesianos.
Sendo assim, as pesquisas empíricas elaborada por Minsky (1975) relatam
que o crescimento econômico dentro do modelo capitalista não depende apenas
das boas perspectivas econômicas criadas para o futuro, mas para que haja uma
nova onda de investimentos precisa aumentar o nível de produção e gerando, como
conseqüência, mais emprego; para que isso ocorra, o Estado deve criar mecanismo
para regular o acumulo de riquezas privadas. Esse fato novo gera a necessidade do
Estado regular as instituições financeiras com a finalidade de controlar a inflação,
garantindo assim, o emprego e a renda das famílias.
Assim, Minsky (1975) escreve uma complementação teórica a teoria
Keynesiana, incluindo ao investimento, a variável “instabilidade do mercado
financeiro”, no qual essa variável causa ciclos econômicos, afetando os agentes
econômicos.
Conclui-se que a economia capitalista tem como fundamento uma base nas
financias privada, caracterizada em curto prazo para os bens correntes e em longo
prazo para os bens do ativo de capital que nesta visão passa a incorporar os riscos,
incertezas quanto a sua realização e principalmente a volatilidade do mercado.
30
Voltando ao assunto investimento e dividindo em duas partes: a primeira como
investimento público e a segunda como investimento privado. O investimento
público é todo gasto em capital fixo e o investimento privado como ampliação da
capacidade produtiva das indústrias. O investimento privado pode ser considerado
como as rendas pretendidas pelo empresário para os equipamentos de capital em
relação ao investimento financeiros. Assim temos duas funções de investimento
desejado e de estoque de capital.
Investimento desejado:
IDt = KDt - K t-1
Onde:
IDt =investimento desejado;
KDt =estoque desejado no período;
K t-1 =estoque observado no período anterior.
Estoque de capital:
KDt = α0 K t-1 + α1 (PDt/PSt)-1; se (PDt) > (PSt)
Onde:
PDt = razão do estoque de capital desejado;
a0 K t-1, caso
contrário;
PSt=custo de reposição.
31
O valor presente dos rendimentos do equipamento de capital, supondo que os
lucros futuros serão iguais aos lucros obtidos tem:
Valor do preço da demanda do equipamento:
D
P t = (1- τ) m t-1 P t-1 Y
t-1
/ dt
Onde:
r=alíquota do imposto sobre rendimentos não salário;
m t-1 =participação nos lucros na renda no período;
P t-1 =é o nível geral de preço do período;
Y t-1 =é a renda real do período;
dt=é a taxa de desconto aplicada aos rendimentos esperados do equipamento do
capital.
O custo de reposição do equipamento de capital é dado pela expressão:
PSt = P t-1 K t-1
Verificado o investimento desejado, as empresas podem avaliar o máximo de
endividamento
aceitável
para
seus
recursos
próprios
disponível
para
o
financiamento, concluindo que a restrição financeira ao investimento é igual ao
acréscimo de endividamento junto às instituições financeiras.
Conclui-se que o nível da produção é em função da demanda por bens e
serviços, na ótica da demanda efetiva, também é válido quando ocorre capacidade
ociosa, no qual as empresas atendam a qualquer variação da demanda por
intermédio do nível da produção.
32
Steindl (1952) reforça está teoria confirmando que as firmas desejam operar
com certa capacidade excedente em longo prazo, isso é devido à ocorrência de
indivisibilidade na decisão de investimento em capital fixo, indivisibilidade esta que
faz com que a capacidade instalada cresça na frente da demanda.
2.3 Investimento e crescimento em Hirschman
A teoria do pesquisador Hirschman será utilizada para a construção da cadeia
produtiva da construção pesada e verificar sua importância para outras atividades
econômicas, além de ter seus fundamentos keynesiano, esta teoria está baseada
em investimentos em construção pesada.
Hirschman (1958) define a construção pesada como serviços básicos
facilitadores do crescimento da atividade produtiva e devem ser mantidos ou
fiscalizados pela administração pública, visto que o volume desses investimentos
serem estratégicos e de elevada razão capital e produto. Esses investimentos
podem ser totalmente cobertos por meio de cobranças de impostos e taxas de
utilização, mas demanda longo tempo de recuperação.
A construção pesada tem papel importante, na teoria de Hirschman (1958),
devido à definição com base no nível de oferta destes serviços (telecomunicação,
energia elétrica e transportes), construindo dois importantes cenários de
industrialização que conduz o Brasil ao crescimento que são: o excesso e a
escassez de infraestrutura, frente á atividade produtiva.
A estratégia baseada no excesso da infraestrutura seria a expansão com
externalidades positivas para as indústrias, viabilizando novos empreendimentos.
33
A estratégia baseada na escassez de infraestrutura evidencia carência e
empurram os novos investimentos para iniciativa privada, evidenciando carência na
infraestrutura gerando, também, pressões sobre as autoridades públicas.
Conclui-se que as duas estratégicas geram investimentos induzidos,
dependendo da intensidade das externalidades geradas pelos novos investimentos
em cada estratégica. A primeira estratégica tem um caráter estritamente permissivo,
pois cria condições favoráveis para novos investimentos, tornando-se evidente nos
países em desenvolvimento. Isso é confirmado devido à falta de habilidade para
investir e os sinais econômicos emitidos pelo excesso de infraestrutura não são
suficientemente fortes.
No Brasil, a construção pesada está num nível mínimo necessário para
sustentar um crescimento médio, devido à explicação que há presença de gargalos
na construção pesada, nesse sentido, deve-se não induzir a expansão da atividade
produtiva a partir dos efeitos dos investimentos públicos em construção pesada,
mas sim prover o país de certo nível de infraestrutura que permita operar continua e
sistematicamente.
Portanto, ao verificar a funcionalidade da relação entre a construção pesada
e outras atividades da cadeia produtiva, podemos notar uma forte relação entre a
necessidade dos produtos como: logística, telecomunicação, energia elétrica e
outros produtos da construção pesada e a necessidade de diferentes ramos da
indústria de reduzir seus custos através desses produtos. Esses produtos da
construção pesada são basicamente investimentos públicos que, na realidade, faz
com que a iniciativa privada complemente seus investimentos em máquinas e
equipamentos, desenvolvendo assim, outras atividades industriais, no qual atinge
mais emprego, salário e consequentemente, crescimento de consumo e produção.
34
Conclui-se que a função do investimento pode ser geradora de renda e
aumento da capacidade da indústria, mas podemos mencionar outra função que é
de ser investimento adicional. Esse termo de investimento adicional é bastante
utilizado nas teorias econômicas como sendo o investimento direto aumentando
investimento em outras atividades produtivas, expandindo assim a capacidade
produtiva, tendo como, conseqüência, aumento de renda e gerando mais poupança
para a economia.
Assim sendo, quando os investimentos são realizados em certo período de
tempo (a construção pesada leva mais de um exercício contábil para sua realização)
gera investimentos públicos e privados para outros períodos como forma de
complementaridade do investimento. Isto ocorre tanto para economia desenvolvida
e em desenvolvimento. Para o Brasil, esse efeito reforça a intenção da necessidade
do investimento, buscando novas fontes de energia para aumentar o crescimento
econômico, sendo fundamental que seja uma prática dos governantes. Nos países
desenvolvidos e em desenvolvimento esse efeito resulta num aumento imediato na
produção e na capacidade produtiva, tendo impacto direto no crescimento
econômico. Há uma forte relação entre consumo, renda e crescimento econômico.
A teoria do desenvolvimento não equilibrado é defendida pelo Hirschman
(1958) no seu livro “Estratégia do desenvolvimento econômico” no capítulo 4 para
ser aplicado, principalmente, nas economias em desenvolvimento; é abordado os
processos de crescimento econômicos, baseando-se sob formas de downstream
(indústrias de insumos, no caso da construção pesada) e upstream (utilização dos
produtos realizados), abaixo segue a citação:
[...] o desenvolvimento não equilibrado figura bem o assunto. Quando
surgem dificuldades de oferta no curso de desigual progresso de setores- tais
como educação e utilidade pública em que a empresa privada não atua, as
autoridades públicas são fortemente pressionadas a tomar alguma providencia [...]
35
O downstream tem a finalidade de incentivar outros setores que fornecem a
matéria-prima principal necessária por outras atividades, enquanto que upstream
induz a criação de outras atividades que utilizavam a matéria-prima da atividade
proposta. A principal fonte de crescimento seria dada por atividades que utilizam
diversas matérias-primas para forçar a produção, emprego e salário em outras
atividades, devido ao fato que o downstream é imediato e o upstream é longo prazo.
A importância desse modelo econômico é que o downstream e o upstream são
operacionais e podem ser mensuradas através de matrizes insumo-produto,
gerando, também, pesquisas empíricas sobre a atividade as cadeias produtivas e
sua relação como o crescimento econômico.
O efeito dos encadeamentos pode ser mensurado pela construção da cadeia
produtiva da atividade proposta desta dissertação, que é a construção pesada. A
funcionalidade dessa teoria é que o downstream e o upstream geram atividades
consideradas produtivas como a indústria da transformação (asfalto, concreto e
vergalhão). A necessidade de matéria-prima gera a demanda para a atividade não
primária da cadeia que aumentar a capacidade para atender essa atividade
(gerando mais investimentos, emprego, salário e crescimento econômico) e o
upstream induzirá outras atividades para utilizar como matéria-prima, na construção
pesada, como: utilização das rodovias, telecomunicação, energia elétrica entre
outros.
A dependência de uma atividade meio para fim pode ser mensura, a seguir:
1. A proporção da sua produção que representa compras vindas de outras
indústrias (downstream).
2. A proporção da sua produção total que não vai para a demanda final e sim
para outras indústrias (upstream);
36
A aplicabilidade dos conceitos de downstream e upstream são útil numa
economia tanto desenvolvida como em desenvolvimento, pois reativa e aumenta a
produção de uma economia.
Conclui-se que a idéia de dowstream e upstream é um modelo que pode ser
perfeitamente aplicado nessa dissertação, no qual essa atividade envolve grandes
somas de recursos que demandam matéria-prima em diversas atividades produtivas
que para fornecê-los, podemos citar a construção de um aeroporto gera uma
demanda por asfalto (pista), concreto, cimento, brita entre outros e vai gerar um
efeito upstream (utilização) na facilidade de escoamento da produção para o
mercado interno e externo, diminuindo assim o custo da produção, além de
aumentar a produtividade das atividades.
2.4 Pesquisas sobre o impacto do investimento em construção pesada no PIB
Ferreira (1996) utilizando séries de dados de investimento em energia,
transporte e telecomunicações, referentes ao período de 1980 a 1993, compõe duas
séries de investimentos: investimentos das empresas estatais do setor de
infraestrutura e o total dos investimentos das estatais e das administrações públicas.
A partir destas duas séries e usando taxas de depreciação de 6, 8 e 10%, e a série
do PIB, Ferreira estima a relação entre estoque de capital de infraestrutura e capital
público e o PIB real, através do método da co-integração. Os resultados da série
construída a partir dos investimentos das empresas estatais do setor de
infraestrutura mostram uma elasticidade-renda variando entre 0,34 e 1,12. As
estimativas para o total do capital público revelaram uma elasticidade-renda entre
37
0,71 e 1,05, sendo em média mais alta. Estes resultados mostram que existe uma
forte relação entre o capital investido em infraestrutura e o PIB no longo prazo.
Ferreira e Malliagros (1998) também calculam as elasticidades-renda do capital
em infraestrutura e o do investimento em infraestrutura. Utilizando faixas de
depreciação de 6, 8 e 10%, e a estimação de máxima verossimilhança seguida de
cointegração, encontraram coeficientes entre 0,55 e 0,61 para o estoque de capital
em infraestrutura, e uma estimativa que um aumento de 10% no investimento em
infraestrutura gera um acréscimo de 3,9% no PIB no longo prazo.
A justificativa para os coeficientes acima serem inferiores ao trabalho de
Ferreira (1996) seria o fato dele não ter incluído setores importantes, como o setor
elétrico estadual, o rodoviário federal e os aeroportos nas séries de infraestrutura.
Por outro lado, estes coeficientes continuam acima das estimativas na literatura para
outros países. Uma explicação seria que a relativa escassez de infraestrutura,
durante o período de 1960 a 1994 (mais especificamente a partir dos anos 80)
provocaria um impacto maior sobre o produto.
Ao analisar as estimativas da elasticidade-renda de longo prazo do capital de
infraestrutura desagregado, Ferreira e Malliagros (1998) descobrem que o setor de
energia é o que apresenta o maior coeficiente, 0,68; seguido do setor de transporte
com 0,57 e das telecomunicações com 0,43. E dentro do setor de transportes, a
ferrovia apresenta a maior elasticidade-renda do capital de 0,64 contra 0,40 da
rodovia. É interessante esse resultado, pois logo o setor de transportes, e mais
especificamente a ferrovia, que não tem recebido os devidos investimentos por parte
do governo, ter um efeito tão relevante sobre o crescimento de longo prazo do PIB.
Passando a análise da elasticidade-renda do investimento desagregado por
setor de infraestrutura. O setor de transporte apresenta o maior coeficiente com
38
0,46, seguido do setor de energia com 0,36 e telecomunicações com 0,28. Sendo
que desta vez, dentro dos transportes, a maior elasticidade-renda do investimento é
das rodovias (0,58), seguido pelas ferrovias (0,33), com os portos (0,32) em último
lugar. Porém, mais uma vez se destaca a importância dos investimentos nos setores
de energia elétrica e transportes para o crescimento do PIB no longo prazo. Os
autores alertam que os subinvestimentos no setor de transporte na década de 90
irão influenciar negativamente o futuro crescimento do PIB.
Cury (1998) verificou através de um modelo que o aumento na produtividade
provocada por novos investimentos em construção pesada, no setor rural, gera
aumento real no produto e investimento privado de 0,51% e 1,51%, enquanto que,
nos segmentos de serviços, transportes e comércio elevaram o PIB em 1% e, nos
investimentos privados, em 2,17%.
Bielschowsky (2002), junto a 730 grandes empresas, revelou que a onda de
investimentos, ocorridos no período de 1995 a 1997, teve como objetivos a
reposição de equipamentos, a desobstrução de gargalos e a eliminação de
desperdícios, ou seja, uma modernização buscando apenas a redução de custos.
A explicação para esse tipo de comportamento, é que o investimento fixo em
eficiência operacional proporcionou um rendimento elevado, uma vez que aumentou
a eficiência de todo o estoque de capital preexistente. Isto explicaria os motivos que
teriam levado a indústria a aumentar substancialmente sua taxa de investimentos
em circunstâncias de baixa rentabilidade (associada à taxa de câmbio valorizada),
incertezas (provocada pelos aspectos desfavoráveis) e juros elevados. A eficiência
marginal do capital foi elevada o suficiente para superar o alto custo de
oportunidade das elevadas taxas de juros pagas pelos títulos públicos em torno 20%
ao ano no triênio 1995-1997.
39
Esse alto rendimento é explicado por três motivos: a obsolescência relativa do
parque produtivo previamente instalado; o fato de a modernização acontecer sobre
um parque produtivo que acabava de passar por uma intensa racionalização; e a
queda acentuada nos preços dos equipamentos em virtude da abertura comercial e
da valorização cambial.
Tabela 5: Formação Bruta de Capital Fixo por setores da construção pesada
Itens \ ano
1970-80 1981-89 1993-94
1995
1996
1997
1998
1999
2000
Investimento total
5,42
3,62
2,01
1,62
2,15
2,38
3,17
2,63
2,58
a.Telecomunicações
0,80
0,43
0,55
0,53
0,79
0,80
1,18
1,10
1,07
b.Energia elétrica
2,13
1,47
0,69
0,47
0,57
0,69
0,89
0,77
0,67
c.Transportes
2,03
1,48
0,54
0,42
0,53
0,61
0,75
0,56
0,63
d.Saneamento
0,46
Fonte: Bielschowsky (2002).
0,24
0,23
0,20
0,26
0,28
0,35
0,20
0,21
Cândido (2006) utilizando testes de cointegração para a Argentina, Brasil e
Chile, referentes o período de 1970 a 2000, encontrou uma relação positiva e
relevante entre o investimento público e o PIB no longo prazo. Os coeficientes das
elasticidades são bastante próximos para a Argentina (0,56) e para o Brasil (0,58).
No caso do Chile a elasticidade encontrada foi de 4,47, ou seja, sete vezes maior
comparada com os outros dois. Uma explicação pode estar na causalidade
bidirecional entre o investimento público e PTF, ampliando o efeito do investimento
sobre o PIB, além de um estoque de capital de infraestrutura superior em
quantidade e qualidade ao encontrado no Brasil e Argentina, tornando o
investimento público mais eficiente no Chile. Este estoque de capital superior é
resultado de uma elevação das taxas de investimento em infraestrutura de 2,34
pontos percentuais, atingindo a média de 5,6% do PIB no período de 1996 a 2001,
40
enquanto o Brasil e a Argentina diminuíram seus investimentos em 2,8 e 1,5% do
PIB, respectivamente, comparando com o período de 1980 a 1985.
Os maiores investimentos em infraestrutura e a profundidade das reformas
estruturas, conduzindo a acumulação de capital e ganhos de produtividade,
explicam um crescimento do PIB per capita da economia chilena de 3,5% contra as
reduzidas taxas de 0,43% da economia brasileira e 0,01% da Argentina, entre o
período de 1981 a 2000.
Ferreira e Araújo (2006) investigam a relação entre o investimento de
infraestrutura e as variações no estoque de capital de infraestrutura. Eles fazem
essa análise, pois consideram que o dinheiro investido ou considerado como
investimento não necessariamente altera o estoque de infraestrutura, como
geralmente é considerado na literatura, na razão de um-para-um entre o
investimento e crescimento do estoque de capital. Isto porque pode ocorrer perda no
processo, ineficiências ou até mesmo a corrupção. Existem evidências no caso
brasileiro nos projetos como o Programa Nuclear, a Rodovia Transamazônica e a
Ferrovia do Aço.
Realizando algumas análises econométricas simples, considerando a variável
dependente a mudança anual de uma das três medidas físicas de infraestrutura:
estradas asfaltadas, linhas de telefone instaladas e capacidade geradora; e como
variáveis independentes às respectivas séries de investimentos.
Os resultados insinuam que aumento de 1% na quantia investida em estradas
gera um aumento entre 0,37% e 0,48% nas extensões de estradas asfaltadas
novas. Esses coeficientes mais baixos entre relação aos outros setores da
infraestrutura poderiam sugerir que os investimentos tenham usos diferentes da
41
pura extensão de comprimento de estrada, como manutenção, melhorias, adição de
pistas extras, ou o investimento no setor é menos eficiente que em outros.
Para o setor de telecomunicações, a elasticidade foi calculada entre 0,75 e
0,98, revelando que o número de linhas de telefone novas é altamente sensível à
quantia investida no setor. Em relação ao setor de energia elétrica, foram realizadas
duas regressões: uma relacionando o investimento total em energia elétrica e a
variação da capacidade geradora, mostrando elasticidade entre 0,72 e 0,83; e a
outra relacionando os investimentos em capacidade geradora e variação da
capacidade geradora, com elasticidade entre 0,62 e 0,80. Os autores interpretam
esses últimos resultados como indicando que o aumento da capacidade geradora
não só depende de investimento direto em geração, mas também dos investimentos
em transmissão e em distribuição.
Após concluir que as elasticidades estimadas do estoque de infraestrutura com
respeito aos fluxos de investimentos são grandes e significantes. Ferreira e Araújo
passam a investigar as relações entre o capital de infraestrutura pública e o PIB. Os
resultados das correlações de níveis entre o capital de infraestrutura desagregado
por setor e o PIB (e também o PIB per capita) para os três setores são próximas de
1. As correlações de primeira diferença são menores, com a capacidade geradora
de energia apresentando os maiores valores (0,485 e 0,421, para o PIB e PIB per
capita) , seguida da telefone linha fixa (0,303 e 0,301) e depois da variação de
estradas asfaltadas (0,255 e 0,256). Indicando uma ligação positiva entre produção
e capital público de infraestrutura.
Posteriormente, acrescentando na análise o estoque privado (de máquinas e
equipamento), o capital humano e utilizando as estimativas de cointegração, foi
confirmada uma relação de longo prazo entre produção (PIB) e capital público, com
42
a estimativa que uma variação de 10% no estoque de infraestrutura pública está
associada à variação de 2,2% de produção por trabalhador, considerando o período
de 1960 a 1996.
Por último, Ferreira e Araújo estimam a resposta da produção per capita e do
capital privado para um choque infraestrutura pública que corresponde a 1% de PIB.
O resultado estimado é um aumento da produção per capita de 10% no longo prazo
e de quase 20% no estoque privado de máquinas e equipamento. Após o seu
choque inicial de 1%, a própria infraestrutura pública aumenta no final das contas
quase 8%.
Finalmente, após utilizarem conjuntos de dados e metodologias diferentes, os
vários autores concluem que o impacto produtivo de infraestrutura no Brasil é
relevante, e podemos concluir também que as reduzidas taxas de crescimento do
PIB nas décadas de oitenta, noventa e na primeira metade dos anos 2000, foram
um reflexo dos baixos níveis de investimento em infra-estrutura no Brasil após os
anos70.
43
3 Construção pesada
A construção pesada é definida pela CNAE 1.0 como sendo os grupos
mencionados na introdução (capítulo 1). Na literatura, Biehl (1988) lista os recursos
que compõem essa classe, partindo da ideia que a mesma é uma parte do capital
global e tem como característica a combinação do capital e produto, sendo assim, o
enfoque de bem público é definido pela suas características e não pela forma como
são providas. O governo tem um papel importante e permanente para estabelecer
políticas no sentido de coordenar interações sociais, com a finalidade de melhorar o
desempenho dos serviços.
O Banco Mundial (1994) define que a construção pesada representa o motor
e as rodas da atividade econômica. Utilizando-se de tabelas de insumo-produto
mostraram que as economias do Japão e dos EUA, por exemplo, utilizam-se de
telecomunicação, eletricidade e água no processo de produção de quase todos os
setores.
Já Coutinho e Ferraz (1994) definem que a construção pesada tem um elevado
papel para a promoção do crescimento por conta da elevação da produtividade,
gerando aumento da produção, pois a mesma desempenha com êxito as funções de
apoio ao crescimento.
Conclui-se que a construção pesada tem como principal característica à
representação de um conjunto de serviços que são básicos, mas relevantes ao
crescimento econômico. A mesma foi criada através de investimentos (boa parte
44
públicos)
12
que representam simultaneamente as propriedades do bem de capital e
de uso público.
Com isso, o uso do critério público, a construção pesada pode ser distinguida
de bem privado, e com o critério do capital pode ser distinguida dos bens de
consumo. Utilizando-se do critério de capital, implica que a construção pesada
compreende um conjunto de serviços, os quais devem ser criados por um processo
de longo prazo, comparando-se com outros investimentos, por isso o critério de bem
público implica que a mesma não pode ser provida somente pelo mercado, sendo
um meio de resguardar o bem-estar comum.
Ao verificar as maiores empresas de construção do Brasil13, a construção
pesada tem grande peso, pois representam 55,30% das empresas e seu tamanho
médio é de 230 pessoas ocupadas. A maior demanda por obras desse segmento é
da administração pública. Está contida em diversos setores, constituindo-se a pedra
angular e inicial de qualquer atividade empresarial brasileira, representando o
escoamento da produção e geração de empregos.
Portanto, os serviços oferecidos podem ser obtidos com a combinação de
insumo, capital e trabalho, a mão-de-obra deve ser grande e qualificada para que
haja um perfeito funcionamento dos equipamentos, por exemplo, na construção de
rodovia, a mão-de-obra tem maior participação e os trabalhadores não precisam de
grande escolaridade, mas para operação de equipamentos há necessidade de
instrução.
A participação pública e privada para o desempenho dessas funções é
definida, segundo Haddad (1994), como sendo algumas atividades que podem ser
executadas pela iniciativa privada ou associações e novas relações entre o governo
12 São considerados públicos todos os investimentos obtidos através de órgãos e/ou empresas
ligadas a Administração pública.
45
e a iniciativa privada estão sendo buscadas, através na forma de gestão, que no
14
Brasil é chamada de parceria pública e privada , tendo como pioneira a Ponte RioNiteroi no Rio de janeiro.
Já Musgrave e Musgrave (1980) discordam dessa teoria e afirma que, em um
mundo teórico, pode-se sempre obter uma melhor combinação dos elementos
públicos e privados, mas na prática essa combinação pode ocorrer falhas no
sistema de mercado, prejudicando o conceito de eficiência. Essa teoria foi
confirmada por Azzoni e Vieira (1989) tendo o mercado privado funcionando sem
falhas, não há garantia de que as decisões públicas de investimentos sejam boas,
distorçam o mercado e as decisões de investimentos da iniciativa privada.
As parcerias públicas privadas foram implantadas como a finalidade de
retomar o crescimento da indústria da construção pesada, que é responsável por
2,5% do PIB (considerando a cadeia produtiva de 2004), dá um novo fôlego ao
setor, que demitiu em 2003 quase 200mil, e tem como característica suprir carência
de recursos para investir em projetos de construção pesada. As empresas de
construção pesada vêm com bons olhos essa parceria, pois esse projeto poderá ser
um instrumento de grande utilidade para alavancar a infraestrutura do Brasil, é
viável desde que o governo conceda uma linha de crédito com taxas acessíveis,
suprir carências de investimento do Estado e uma alternativa para redução nos
custos das obras. Essas parcerias englobam, principalmente, as seguintes áreas de
atuação: transportes, energia elétrica e telecomunicação.
13 A base de cálculo é obras executadas pesquisada na PAIC 2006.
14 Lei 11.079 de 30/12/2004.
46
Figura 2: Investimento direto de estrangeiros no Brasil
35
2000
30
25
2001
20
2004
2002
15
2006
2005
2003
10
5
0
Fonte: Banco Central do Brasil, 2000 a 2006. Valor em U$1.000.000.000.
Essa transferência de financiamento para a iniciativa privada pode ser
comprovada pela figura 2, no qual os investimentos estrangeiros têm ajudado na
melhoria
da
infraestrutura
no
Brasil,
que
segundo
o
Banco
Nacional
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Brasil registrou, em 2006, um
montante de 18.8 bilhões de dólares em investimentos diretos, chamados de
investimentos produtivos. Notoriamente, verificamos, nessa figura, uma queda de
investimentos no período de 2001 a 2003 devido à crise brasileira decorrente aos
descasamentos cambiais (definidos como dívidas cambiais líquidas de ativos
cambiais e derivativos de câmbio) de empresas brasileiras de capital aberto entre
2000 e 2003 que ocorreram nesse período, no qual chamamos de crise cambial
brasileira de 2002, que resultou na depreciação do real em 53% em relação ao
dólar.
47
Essa crise teve como cenário macroeconômico à combinação do racionamento
de energia elétrica (2001), crise da Argentina (moratória), a recuperação lenta da
economia norte americana e eleições que teve como principais reflexões o aumento
do endividamento público, elevação da inflação e o câmbio. O racionamento de
energia elétrica retraiu o processo de licitação de hidrelétricas, estradas e outras, no
setor de construção pesada.
Conclui-se que a partir de 2004, há um retorno do financiamento externo, mas
sua retornada definitiva ocorre a partir de 2005, confirmados pelo cenário externo e
cenário interno, principalmente, com o início dos preparativos para a realização dos
Jogos do Pan Americano no Rio de Janeiro e o início da parceria pública e privada,
gerando um crescimento na indústria da construção pesada, devido à criação da
estrutura para os jogos. Já a parceria pública e privada teve como fundamento à
criação de condições básicas da construção pesada para atender a demanda do
crescimento anual previsto de 4% do PIB, para o período de 2002 a 2006, em
parceria com a iniciativa privada, descentralizada os investimentos por regiões.
No ano de 2006, com base nesses números de financiamentos, o papel que o
mercado internacional tem desempenhado para as construtoras é de suma
importância, pois verifica que cada vez mais há um número crescente de contrato
para execução de obras no exterior, devido à reconhecida qualidade e experiência
dos nossos serviços prestados nesse segmento.
48
Figura 3: Financiamento do BNDES em construção pesada
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
2 000
200 1
20 02
2 003
200 4
20 05
2006
Fonte: Banco Central do Brasil, 2002 a 2006. Valor constante em R$1.000.000.
Já o mercado interno, teve um financiamento direto do BNDES em 2006, de
15,4 bilhões de reais, superando o ano anterior em 50%, conforme figura 3. Esses
financiamentos foram, principalmente, para o segmento de rodovias, portos e
hidrelétricas, que são os setores que demandam da necessidade de máquinas e
equipamentos para suas cadeias produtivas, pois são utilizadas em todo o processo.
Analisando o financiamento interno, verifica-se que segue a curva polinômio
dos investimentos externos devido, principalmente, a crise interna brasileira no
mesmo período (2000-2003), tendo pouca linha de crédito e demanda dos
investimentos públicos.
A atividade de construção depende e muito do financiamento para suas
atividades e o maior financiador da atividade imobiliária é a CEF (Caixa Econômica
Federal), principalmente, financiamento para casas populares. Já para construção
pesada é o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
49
tendo como principal demandante da atividade, as entidades públicas, fazendo com
que o cenário macroeconômico tenha uma influência direta nessa atividade.
Quando há um maior endividamento público seja interno e/ou externo, o
investimento tende a ser menor devido à transferência de recursos para pagamento
de juros da dívida; a taxa de câmbio, também tem a influência dos dados da
construção pesada devido ao maior valor para a aquisição das máquinas e do custo
de capital para financiamento.
Conclui-se que o financiamento (linha de crédito interno e/ou externo), o
cenário macroeconômico e a propensão do governo de investir são as principais
condições para o crescimento deste segmento.
3.1 Obras viárias
As obras viárias são consideradas, segundo a CNAE 1.0, como sendo as obras
e/ou serviços relativos à construção de rodovia, ferrovia, aeroportos, túneis, viadutos
e a urbanização de ruas, praças e calçadas. O histórico dessa classe é que a
qualidade desta infraestrutura é altamente importante à competitividade sistêmica
da economia brasileira.
Bielschowsky (2002) pesquisou a malha rodoviária brasileira e verificou que,
em 2002, o transporte predominante de cargas no Brasil é o rodoviário com um
percentual de 62% e sua malha rodoviária são 164 mil Km pavimentada (asfaltada),
sendo que a mesma está sob a administração do DNIT (Departamento Nacional de
Infraestrutura), na esfera federal.
50
O DNIT, em seu relatório anual de 2006, relata que dentro das estradas
federais, apenas 10 mil Km estão sob regime de concessão, sendo que são 36
concessões e a maioria estão na região sul e sudeste.
O crescimento deste setor é essencial para economia do Brasil, sem o
escoamento da produção, não chegariam até seus consumidores, às indústrias não
teriam acesso às matérias-primas e nem teriam condições de escoar sua produção.
As obras viárias viabilizam todos os setores da economia é, também, importante
para a integração do Brasil, pois fortalece a produção brasileira, conseguindo
diminuir custos, refletindo em preços mais competitivos aos produtos e gerando
maior crescimento econômico.
Figura 4: Taxa de investimento da União em transportes em relação ao PIB
0,9
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0
1987
1990
1992
1995
1998
1999
2001
2003
2005
Fonte: IBGE e ANTT.
Analisando a figura 4, os investimentos públicos foram pequenos e irrisórios
frente à necessidade da demanda deste setor. O quadro vem piorando, pois a
51
estrutura atual da malha brasileira trás limitações à expansão e vem se agravando
ao longo do tempo (duas décadas). Os problemas estruturais do setor
comprometem a eficiência operacional, a instalação das indústrias e o crescimento
econômico e social. A falta de infraestrutura compromete indiretamente o orçamento
da União por causa dos acidentes, ineficiência operacional e roubos de cargas,
ocasionado perdas significativas econômicas e de competitividade, tendo como
reflexo direto o aumento do custo da produção. Na figura 6, mostra a falta de
planejamento e de investimentos no setor de transportes implicando numa
incapacidade de acompanhar a demanda e, em 2002, 62% do transporte de carga
foi rodoviário, sobrecarregando ainda mais esse tipo de transporte.
As obras viárias que são as responsáveis pela manutenção e/ou construção
das obras que dão suporte ao transporte de carga, segundo a tabela 5, tem como
principal demandante o governo, devido ao alto custo para construir as estradas e
seu baixo retorno de investimento (30 anos).
Figura 5: Demanda das obras viárias por tipo de cliente
12.000
demanda pública
10.000
8.000
6.000
4.000
demanda privada
2.000
0
2002
2003
2004
2005
Fonte: elaboração própria, a partir dos dados do IBGE. Valor constante em R$1.000.000.
2006
52
A demanda pela atividade da construção de obras viárias está representada
pela figura 5, no qual a entidade pública tem representatividade de 80%
comprovando que a iniciativa é do governo por causa do grande volume de
investimento e a entidade privada acompanha esse investimento, geralmente com a
manutenção decorrente a concessão dos meios de transporte. Fica comprovada a
importância do poder público para o investimento e crescimento desse segmento.
Figura 6: Participação dos meios de transporte para o escoamento da
produção brasileira em 2002
Aér eo (4%)
A quaviá rio (13% )
Ferro vi ário (25 %)
Rodo viá rio (62% )
Fonte: IBGE, ANTT e Bielschowsky.
O sistema de transportes ferroviários iniciou sua privatização em 1992 com a
RFFSA (Rede Ferroviária Federal) que na época possuía cerca de 22 mil Km de
trilhos (o total Brasil era cerca de 29mil) e teve sua privatização concluída em 1997.
Considerando a extensão do território brasileiro, a quantidade da malha ferroviária é
mínima e com desempenho ruim considerando sua participação (25%).
Segundo Bielschowsky (2002), a privatização da malha ferroviária não
alcançou os objetivos desejados (aumento da participação da rede ferroviária no
53
transporte de cargas) devido ao seguinte fato: quem ganhou as licitações foram às
empresas que utilizavam as ferrovias e as mesmas dominavam suas atividades
(siderúrgica e mineração) e não tinham interesses de atrair outros clientes.
O escoamento da produção via porto é viável no Brasil por causa da sua
extensão territorial banhado pelo mar, sendo possível receber embarcações ao
longo da costa.
A lei dos Portos em 1993 teve como fundamento melhorar o escoamento da
produção, no qual foi criada medidas para que, posteriormente, em 1995 (lei das
Concessões) desse início a delegação aos estados a sua administração e
exploração.
Com isso, os estados estimularam o investimento privado nos terminais
(através de concessões) e em áreas fora do porto (armazenagem), fazendo com
que aumentassem os investimentos e tornando os mesmos mais equipados e
produtivos.
Apesar disso, a administração dos portos continua sendo feita pela Companhia
Docas que é uma empresa de economia mista, tendo o governo federal como
principal acionista, prejudicando assim a Lei dos Portos.
Em relação aos investimentos (público e privado), os mesmos são diferentes.
O público está concentrado na linha de manutenção dos acessos dos navios
(dragagem) e o privado na melhoria de equipamentos, isto é, um complementa o
outro.
O grande gargalo ficou por conta da falta de integração entre o transporte
ferroviário e/ou rodoviário com os portos, fazendo com que o custo de transporte até
o embarque fique em nível alto, sem contar a estrutura da tarifa.
54
Esse gargalo e a ineficiência do transporte são mencionados pelo
Bielschowsky (2002) como sendo o fator responsável pelo maior custo da
movimentação de carga no Brasil.
O transporte portuário teve outro marco importante em 2001 com a criação da
ANTAQ (Agência Nacional Transporte Aquático) com a finalidade de regular e
fiscalizar as atividades portuárias.
Já o setor aéreo não houve privatizações e nem mudanças ficando a cargo da
Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (INFRAERO) sua administração,
tendo 67 aeroportos, 80 unidades de apoio à navegação e 32 terminais de logística
de carga no qual se destacam o Aeroporto de São Paulo, terminal de Campinas,
Manaus e Galeão, nessa ordem.
3.2 Demais obras de construção pesada
Nesse grupo, compreendem obras para geração e distribuição de energia
elétrica e para telecomunicações, construção de redes de abastecimento de água,
coleta de esgoto e de dutos (oleodutos, gasodutos e minerodutos). Muitos acreditam
que este grupo é o pulmão do crescimento econômico, visto que suas atividades
são essenciais para setor produtivo. A obra de construção pesada tem uma relação
direta com o crescimento econômico e a oferta da energia elétrica, relacionando-se
gerando um círculo virtuoso, pois maior oferta de energia elétrica estabelece
condições básicas para expansão da economia. Esta relação foi confirmada em
2001, com o racionamento de energia, que um corte de 20% de energia nos seis
primeiros meses apontou para um PIB menor de 1,5%, queda na criação de
55
empregos e arrecadação tributária, segundo a Fundação Getúlio Vargas de São
Paulo; isto confirma que a falta da energia elétrica é um grande limitador do
crescimento econômico.
Tabela 6: Previsão e realização de investimentos da União por classes de
Construção pesada
Investimentos
Setores das obras de construção pesada Realizado Previsto
2003-2006 2008-2011
Total
112,6
205
Energia elétrica
40,9
101
13,4
48
Saneamento
Telecomunicação
58,3
56
Taxa
Crescimento
(em %a.a)
13,2
19,8
29
-0,8
Fonte: Banco Central do Brasil Valores em R$1.000.000.000.
A tabela 6 mostra que dentro do segmento de obras de construção pesada, o
segmento de energia elétrica é o de maior investimento sendo que a previsão para o
período de 2008-2011 há um aumento de 150% confirmando a necessidade de
investimentos e a intenção do governo de crescimento econômico.
A lei 9427/96 instituiu a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) com a
finalidade de fiscalizar e regulamentar o setor.
A reformulação do setor de energia elétrica teve como marco a crise de
abastecimento em 2001 e tendo como proposta a lei 10848 de 2004, para expandir
o sistema e garantir o menor risco possível entre a produção, transmissão e venda.
Então foi criado um modelo de administração que teve como conseqüência
um equilíbrio entre a geração de energia elétrica e o consumidor final. Essa ligação
foi intermediada pela Empresa de pesquisa Energia (EPE), Câmara de
56
Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e o Comitê de Monitoramento do Setor
elétrico (CMSE).
Segundo Afonso, Araújo e Biasoto (2005) numa simulação do BNDES, que
tem como base um crescimento médio anual de 4,5%, caso a economia cresça
4,5% anual, todas as atividades relacionadas à energia requererão investimentos
projetados de 20,4 bilhões por ano em média, mais de 1% do PIB, então como o
governo possui 65% da capacidade de geração, a maior parte dos investimentos
deve partir do governo.
Já telecomunicação teve um grande período de investimentos, entre 2003 a
2006 (tabela 6), impulsionados pela estagnação, antes das privatizações, e pelo fato
do mercado absorver os investimentos feitos na universalização da telefonia fixa e
da móvel. Nesse período, destacam-se os investimentos na 3ª geração de telefonia
móvel com o objetivo de fornecer serviços de dados com alta transmissão, na TV
digital e acesso a banda larga sem fio. Esses investimentos chegaram a 51,7% dos
investimentos realizados nesse grupo.
57
4 Metodologia
Neste capítulo, serão apresentadas as escolhas metodológicas que
fundamentarão o desenvolvimento da pesquisa e a análise empírica dos dados, a
forma da coleta de dados e todas as premissas da dissertação. A primeira fase é o
tipo de pesquisa e sua relação com o estudo; a argumentação tem o respaldo nos
teóricos em metodologia da pesquisa. A segunda fase está relacionada ao
fluxograma da pesquisa que são as etapas de desenvolvimento, coleta de dados e
análise de resultado.
4.1 Tipo de pesquisa
Em relação ao tipo da pesquisa desenvolvida, os procedimentos são
classificados como pesquisa qualitativa e estudo de caso.
No estudo de caso, segundo Creswell (2007), o pesquisador preocupa-se em
estudar em profundidade um evento, uma atividade ou um processo, ao longo de um
período de tempo durante o qual serão coletados dados por meio de diversas
técnicas. O motivo pela a escolha do estudo de caso é que tem a vantagem de
responder às perguntas “como” e “por que” sobre crescimento econômico.
Na visão de Cooper & Schindler (2003, p. 130),
[...] os estudos de caso colocam mais ênfase em uma análise contextual
completa de poucos fatos ou condições e suas inter-relações. Embora as
hipóteses sejam frequentemente usadas, basear-se apenas em dados qualitativos
torna o suporte ou a rejeição mais difícil. Uma ênfase em detalhes fornece
informações valiosas para soluções de problemas, avaliação e estratégia. Esse
detalhe é obtido de fontes múltiplas de informação. Permite que as provas sejam
verificadas e evita a perda de dados.
58
Na relevância da pesquisa, o estudo de caso é mais apropriado devido às
justificativas e os objetivos que norteiam a pesquisa, pois a metodologia aplicada
promoverá uma melhor compreensão da relação da construção pesada com o
crescimento econômico brasileiro, sob a ótica da teoria keynesiana, pós-keynesiana
e Hirschman.
4.2 Tipo de estudo e argumento
A pesquisa a ser apresentada será descritiva para descobrir as respostas para
as perguntas descritas no estudo de caso e os argumentos apresentados serão
dedutivos, pois explicam através de tabelas e figuras o conteúdo e apresenta
posteriormente a conclusão dos dados investigados.
Cooper & Schindler (2003) define o caso descritivo como sendo popular em
administração em razão da sua versatilidade entre as várias disciplinas. A resposta
para pergunta “como” atingem questões relacionadas à quantidade, custo,
eficiência, eficácia e adequação. Os estudos descritivos são normalmente
estruturados como hipóteses ou questões investigativas claramente declaradas e
atendem a diversos objetivos de pesquisas, a seguir:
Descrições de fenômenos ou características associadas com a populaçãoalvo (de quem, que, quando, onde e como de um tópico); estimativas das
proporções de uma população que tenha essas características; e descoberta de
associação entre diferentes variáveis (Cooper & Schindler, 2003, p. 136).
O argumento utilizado é o dedutivo tendo como base às abordagens
Keynesiana, pós-Keynesiana e Hirschman, além dos trabalhos empíricos sobre
investimento no capítulo 2 e aceita pelo meio acadêmico, essa aceitação é a priori
de uma verdade “o crescimento econômico está ligado diretamente à construção
59
pesada” conforme Feijó (2007). O conjunto de conclusões é aceitável, visto que a
base secundaria dos dados ser retirada de instituto reconhecido (IBGE).
Na visão de Cooper & Schindler (2003, p. 48),
A dedução é uma forma de inferência que parece ser conclusiva – a
conclusão deve necessariamente partir das razões dadas. Diz-se que essas
razões implicam a conclusão e representam uma prova. Isso é um laço muito mais
forte e diferente entre razões e conclusões do que aquele encontrado na indução.
Para que uma dedução seja correta ela deve ser verdadeira e válida.
4.3 Etapas do desenvolvimento
O desenvolvimento do trabalho, a que se propõe esta pesquisa, inicia-se com
uma revisão, no embasamento teórico, da influência do investimento no crescimento
econômico nas visões Keynesiana, pós-Keynesiana e Hirschman e apresentou os
trabalhos empíricos no Brasil que comprovam essa relação. Após o embasamento
teórico, descreveu a atividade da construção pesada que é o estudo de caso.
A etapa de análise de resultados será verificada o comportamento das
variáveis derivadas como: VA (valor adicionado), PIB (produto interno bruto), FBCF
(Formação Bruta de Capital Fixo) e taxa de investimento (fatores de produção
privada); e variáveis primárias como: PO (pessoal ocupado), salários, obras
executadas; depois verificará se há relação direta com o crescimento econômico.
60
4.4 Coleta de dados
A fonte dos dados para elaboração da pesquisa será secundária assim
definida por Cooper & Schindler (2003, p. 223),
São interpretação de dados primários, enciclopédias, livros, manuais, artigos
de revistas e jornais e a maioria das notícias são consideradas fontes secundarias
de informação.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou-se como um
banco de dados brasileiro socioeconômicos, sendo assim confiável para a coleta
secundária de dados da construção pesada, através da PAIC (Pesquisa Anual da
Indústria da Construção). Os dados relativos à produção serão retirados da
consolidação das pesquisas estruturais do IBGE com dados externos de produção –
PIB.
A Pesquisa Anual de serviço (PAS) será consultada para a retirada dos dados
relativos à prestação de serviço de transportes (rodoviário, aquático e aéreo) e de
telecomunicação para alcançar a formulação de uma tabela para o fim da atividade
primária de construção pesada neste segmento.
A Pesquisa Anual da Indústria (PIA) será consulta para a formulação dos
principais insumos para a atividade de construção pesada.
No decorrer da dissertação, novos dados e informações atualizadas dentro do
enfoque do estudo serão incorporados a pesquisa, sendo assim, fonte secundária
para elaboração da análise e conclusão.
61
4.5 Análise de resultados
A análise de resultados será apresentada na forma de tabelas e figuras com
comentários fundamentados nas teorias do Hirschman, Keynesiana e póskeynesiana e sua relação com o crescimento econômico. Para atingir o objetivo
principal e os específicos desta dissertação, teremos como pressupostos para a
formulação da análise de resultados os seguintes pontos:
• O investimento em construção pesada tem impacto positivo no crescimento
da economia brasileira em longo prazo;
• O financiamento é o propulsor para o crescimento da construção pesada e
não a poupança, visão Keynesiana;
• O efeito para frente e para trás do investimento estimula o crescimento
econômico alavancando a produção de insumos demandados e os investimentos
privados, visão Hirschman;
• Observar os trabalhos econométricos, do embasamento teórico, sobre a
influência direta do investimento no crescimento econômico brasileiro e sua
aplicabilidade.
Com base nos modelos Keynesiano, pós-keynesiano, Hirschman e nos
trabalhos econométricos podemos estruturar a análise do estudo de caso nas
empresas de construção pesada, conforme a seguir:
• Relação das empresas de construção pesada na construção do PIB brasileiro
e suas influências no crescimento econômico. Será adotada a visão Keynesiana
para essa análise com dados secundários das Contas Nacionais, PAIC e MDIC
(Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). A base será a
62
localização da construção pesada na construção do PIB e os principais fatores que
influenciam seu crescimento (financiamento e governo);
• Descrever as variáveis derivadas do segmento da construção pesada e sua
cadeia produtiva, visão de Hirschman, no tempo;
• Construção dos indicadores econômicos da construção pesada confrontando
com o crescimento econômico.
63
5 Análise de resultados
A análise de resultados será dividida em três seções: a primeira seção será
apresentada as variáveis e suas participações na composição do PIB brasileiro na
ótica da demanda final. Após a análise da composição do PIB, vamos acompanhar
a participação da construção pesada na elaboração do valor adicionado nacional.
O financiamento tem grande importância para esse segmento, por isso serão
analisados os fatores que contribuem para o financiamento da atividade de
construção pesada (sem ter a intenção de esgotar o assunto no ramo econômico)
como: a taxa Selic, linha de crédito do BNDES (participação no total dos
investimentos), balança comercial do Brasil e a necessidade de financiamento do
setor público. Para atingir o êxito na análise desta seção, iremos construir a relação
entre o segmento da construção pesada e os investimentos, tendo como base a
taxa de investimentos e o PIB brasileiro.
Essa primeira seção tem a finalidade de verificar os seguintes pressupostos:
•
O investimento em construção pesada tem impacto positivo no
crescimento da economia brasileira em longo prazo; e
•
O financiamento é o propulsor para o crescimento da construção
pesada e não a poupança, visão Keynesiana.
Os objetivos a serem atingidos, nessa seção de análise, serão descritos a
seguir:
•
Descrever o segmento da construção pesada, no período de 2002 a
2006, e sua relação com o crescimento econômico; e
64
•
Analisar a influência dos investimentos na construção pesada.
Na segunda seção será elaborada a cadeia produtiva da construção pesada
(visão de Hirschman), analisadas as variáveis primárias: emprego e salário e, a
variável derivada FBCF. Esta segunda seção tem a finalidade de verificar os
pressupostos:
•
Os efeitos downstream e upstream do investimento estimulam o
crescimento
econômico,
alavancando
a
produção
de
insumos
demandados e os investimentos privados, visão Hirschman; e
•
O investimento em construção pesada tem impacto positivo no
crescimento da economia brasileira em longo prazo.
Os objetivos a serem atingidos, nessa seção de análise, serão descritos a
seguir:
•
Descrever o segmento da construção pesada no período de 2002 a
2006 e sua relação com o crescimento econômico; e
•
A geração de emprego e salário como conseqüência dos investimentos.
Na terceira seção serão construídos os indicadores econômicos da
construção pesada e suas relações com o crescimento do PIB. Para atingir esse
objetivo, serão verificadas se há relação entre os indicadores com o crescimento
econômico.
Esta terceira seção tem a finalidade de verificar o pressuposto:
65
Observar os trabalhos econométricos do embasamento teórico sobre a
•
influência direta do investimento no crescimento econômico brasileiro e
sua aplicabilidade.
O objetivo a ser atingido, nessa seção da análise, será descrito a seguir:
Através de indicadores, acompanhar o papel da construção pesada na
•
economia do Brasil.
5.1 Construção pesada: construção do PIB, financiamento e investimento
A figura 7 relata a construção do PIB brasileiro através das pesquisas
industriais (são os fluxos de bens e serviços), fluxo de renda, fluxo de capitais e
operações financeiras. As empresas de construção pesada estão no fluxo de bens e
serviços da atividade produtiva, relacionadas ao segmento da construção civil, que é
coletada pela PAIC.
Figura 7: A construção do Produto Interno Bruto brasileiro
Área de cobertura das pesquisas econômicas
FLUXO DE BENS
E SERVIÇOS
VALOR DA
PRODUÇÃO
(VP)
FLUXO DE
RENDA
ATIVIDADE
PRODUTIVA
CONSUMO
INTERM.
IMPORTAÇÃO
(M)
RENDA RECEBIDA
DO EXTERIOR (RR)
(CI)
CONSUMO
(C)
DISTRIBUIÇÃO
SECUNDÁRIA
DA RENDA
MERCADO
EXPORTAÇÃO
(X)
RENDA ENVIADA
P/EXTERIOR (RE)
TRANSF.
ENVIADAS
AO
EXTERIOR
FORM. BRUTA
CAPITAL (FBC)
POUPANÇA
(S)
OPERAÇÕES
FINANCEIRAS
TRANSFERÊNCIAS
RECEBIDAS
DO EXTERIOR
FLUXOS
FINANCEIROS
SAÍDA DE CAPITAIS
ENTRADA DE K
FLUXO DE
CAPITAIS
IDE, Portifólio, Empréstimos
Fonte: elaboração própria a partir da metodologia da construção do PIB pelo IBGE.
66
O crescimento da economia é um assunto de grande interesse dentro da
economia e é definido como o aumento da produção real ao longo de um ano.
Dentro das variáveis que influenciam o crescimento econômico em maior ou menor
grau de importância, pode-se citar: investimento em construção pesada, Formação
Bruta de Capital Fixo, progresso tecnológico, poupança interna, capital humano,
comércio internacional, política monetária, política fiscal, reforma tributária e
assegurar os direitos de propriedades, segundo a linha do “Consenso de
Washington” 15.
Figura 8: Participação percentual na composição do PIB pela demanda final no
período de 2002 a 2006
70,00
60,00
50,00
Investimento
Con sumo- famílias
40,00
Governo
30,00
Importações
Expor tações
20,00
10,00
0,00
200 2
200 3
2004
20 05
20 06
Fonte: elaboração própria a partir dos dados IBGE.
A figura 8 apresenta a composição do PIB, pela ótica da demanda final, o
qual o consumo final responde por cerca de 80% do PIB, em média, no período de
15
O termo foi inicialmente utilizado por John Williamson ao se referir às medidas a serem
implementadas para o crescimento dos países da América Latina.
67
2002 a 2006, no qual 60% são de responsabilidade apenas do consumo das
famílias e 20% ficou a cargo do consumo do governo.
O
investimento
privado,
que
é
um
dos
importantes
indicadores
macroeconômicos, ficou em média de 16,70%.
Já a balança comercial (diferença entre exportações e importações), ficou na
média de 3,5% do PIB.
Tabela 7: Participação no valor adicionado, segundo classes e atividades no
período de 2002 a 2006
Classes e atividades
Total
Agropecuária
Indústria
Petróleo e gás natural
cimento
Máquinas e equipamentos
construção pesada
Construção (demais atividades)
Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana
Outras atividades (somátorio de 34 atividades)
Serviços
Comércio
Serviços imobiliários e aluguel
Administração pública e seguridade social
Serviços prestados às empresas
Outras atividades (somátorio de 10 atividades)
Fonte: IBGE/DPE/CONAC.
Participação a preços básicos (%)
2002
2003
2004
2005
2006
100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
6,60
7,40
6,90
5,70
5,50
27,10
27,80
30,10
29,30
28,80
1,00
1,10
1,10
1,60
2,10
0,20
0,30
0,20
0,10
0,20
1,00
1,00
1,00
0,90
1,00
1,90
1,70
1,80
1,70
1,70
3,40
3,00
3,30
3,20
3,00
3,30
3,40
3,90
3,80
3,80
16,30
17,30
18,80
18,00
17,00
66,30
64,80
63,00
65,00
65,80
10,20
10,60
11,00
11,20
11,50
10,20
9,60
9,10
9,00
8,70
9,90
9,70
9,60
10,00
10,10
4,40
4,50
4,50
4,60
4,80
31,60
30,40
28,80
30,20
30,70
A tabela 7 tem como objetivo acompanhar a participação das empresas de
construção pesada no contexto das atividades econômicas. Segundo essa
participação no valor adicionado, verifica-se que a posição da construção pesada é
de destaque no segmento industrial, contribuindo em média de 1,8% na produção
econômica, mas em relação às atividades econômicas é pequena.
Na próxima seção da análise (5.2), ao elaborar a cadeia produtiva da
construção pesada, veremos que sua participação na construção do PIB é relevante
e de grande peso para economia brasileira, além de ser um segmento que gera
68
investimentos para dar suporte à instalação das indústrias e escoamento da
produção.
Figura 9: Taxa Selic fixada pelo Copom no período de 2002 a 2006
30,00
25,00
25,00
20,00
17,50
17,75
18,00
15,00
13,25
10,00
5,00
0,00
2002
2003
2004
2005
2006
Fonte: elaboração própria a partir dos dados do Banco Central do Brasil, 2002 a 2006.
A figura 9 é a posição da taxa Selic16, medida pelo Copom17, no período de
2002 a 2006, que apresentou no ano de 2002 a taxa final de 25% enquanto que no
ano de 2006 terminou com 13,25%.
Sabemos que o impacto da taxa de juros é apenas um sinal que o governo
está enviando aos empresários para investir na produção (visão Keynesiana) e que
o resultado da queda ou aumento da taxa de juros tem um impacto no mercado
financeiro acima 6 meses, os investimentos em construção pesada depende do
16
A taxa Selic é a taxa média dos financiamentos diários no lastro em títulos federais apurados no
sistema especial de liquidação e custódia.
17
Copom é o comitê de política monetária do Banco Central do Brasil e possui a função de definir as
diretrizes da política monetária brasileira e a fixação da taxa básica de juros.
69
financiamento de longo prazo, portanto a taxa de juros e relevante para a tomada de
decisão.
Nos anos de 2004 e 2006, no qual o Brasil obteve o maior crescimento da
série 5,7% e 4,0% respectivamente, a taxa de juros alcançaram 17,75% e 13,25%
verificando uma iniciativa dos investidores em iniciar os investimentos privados,
principalmente, na construção pesada, quando as taxas são menores.
Figura 10: BNDES E CIDE como financiadores das empresas de construção pesada
e suas relações com as obras executadas, no período de 2002 a 2006
40
35
Obras executadas
30
25
20
BNDES
15
10
5
0
2002
2003
2004
2005
CIDE
2006
Fonte: IBGE, MDIC e BNDES. Valor constante em R$1.000.000.
A figura 10 tem o fundamento de verificar a relação entre as fontes de
financiamento BNDES e CIDE e as obras executadas, dentro do regime de
competência. Verifica-se que a disponibilização de financiamento para construção
pesada contribui positivamente para o aumento da execução do segmento, isso
70
ocorre devido da necessidade de recursos para financiar as grandes obras de
construção pesada.
Partindo da visão Keynesiana (a decisão de investir depende do financiamento
e não do produto não consumido, isto é, a poupança é o resultado do investimento)
e comparando o financiamento do BNDES18 (maior financiador da construção
pesada no Brasil) e o CIDE
19
com as obras executadas das empresas de construção
pesada, conforme a figura 10, conclui-se que há uma tendência de crescimento da
demanda, quando há um aumento de financiamento.
Figura 11: Balança comercial do Brasil no período de 2002 a 2006
50.000
45.000
40.000
35.000
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
2002
2003
2004
2005
2006
Fonte: MDIC. Valor em U$1.000.000.
A figura 11 relata um crescimento do superávit na balança comercial, no qual é
importante para manter a confiança de investidores e financiadores estrangeiros,
18
Fonte retirada do site www.bndes.gov.br com acesso no dia 18/03/2009.
O CIDE é a Contribuição de Intervenção sobre Domínio Econômico e foi criada com as finalidades
de financiar projetos ambientais, construção pesada e subsídios para preços dos combustíveis, pela
lei 10.336.
19
71
mas para demonstrar uma solidez na economia é necessário uma política cambial
estável e um crescimento da produção constante.
O principal fator para ter um crescimento na balança comercial é aumentar as
exportações e não diminuir as importações (queda pode significar necessidade para
fechar a balança de pagamento). O aumento nas exportações gera a necessidade
de aumentar a estrutura brasileira através de novas obras viárias (escoamento da
produção), telecomunicação e energia elétrica, podendo trazer mais investimentos
em construção pesada.
No período pesquisado, o saldo positivo vem crescendo ao longo do tempo, no
qual a consequência direta pode ser a injeção de mais recursos para as
exportações, gerando um impulso para diminuição do custo da produção e aumento
dos investimentos em construção pesada para escoar a produção.
Reforçando a necessidade de financiamento, a balança comercial favorável
tem uma posição de destaque como propulsor do investimento, gerando a entrada
de recursos estrangeiros para financiamento da economia.
Tabela 8: Participação do BNDES no financiamento da construção pesada
Investimentos
Total
OGU (1)
Outros (privado e público)
Financ. BNDES
Percentual do BNDES
Anos
2002
32,60
2003
27,20
2004
35,80
2005
44,10
2006
47,60
3,80
1,40
3,00
4,60
6,10
28,80
25,80
32,80
39,50
41,50
6,80
7,80
13,40
16,00
17,00
20,86%
28,68%
37,43%
36,28%
35,71%
Fonte: Ministério do Planejamento, BNDES (relatório de setembro de 2007), IBGE (setores da
construção pesada). (1) OGU (orçamento geral da União). Valores em R$1.000.000.000.
A tabela 8 relata a participação do BNDES como fonte de financiamento das
empresas de construção pesada, que cresceu 80% no período de 2002 a 2006,
72
enquanto que o governo federal, através do orçamento, aumentou sua participação
apenas em 10%. Essa tendência confirma que o BNDES é a principal fonte para
financiar as obras de construção pesada no Brasil e evidência a posição do governo
de abrir créditos para aumentar ou melhorar a construção pesada impulsionada pela
necessidade de crescimento econômico.
Figura 12: Necessidade de financiamento do setor público brasileiro em relação
percentual do PIB
12,00
10,00
Juros nominais
8,00
6,00
4,00
Superávit primário
2,00
0,00
Resultado nominal
-2,00
-4,00
-6,00
2002
2003
2004
2005
2006
Fonte: Banco Central do Brasil 2002 a 2006.
A figura 12 considera o setor público como um todo, incluindo as empresas
públicas, os resultados reproduzem o cenário de superávit primário
20
crescente na
média de 4%. No ano de 2005 alcançou o melhor resultado da série, 4,84% porém o
20
Superávit primário é a “poupança” feita para o pagamento de juros da dívida de um governo. É a
diferença do orçamento doméstico, isto é, as contas públicas de receitas e despesas.
73
fardo das dívidas também subiu para 8,13%, como conseqüências, o setor público
21
produziu déficits nominais .
Já a construção pesada sofre a influência direta em decorrência deste cenário
de déficit nominal, pois o governo gera um processo de ajuste fiscal com a
finalidade de acabar ou diminuir com o déficit nominal, fazendo cortes,
principalmente, em investimentos públicos responsáveis direto para diminuir o custo
da
produção,
para
que
consiga
manter
equilibrado
os
fundamentos
macroeconômicos.
Figura 13: A relação entre as empresas de construção pesada e os investimentos no
período de 2002 a 2006, a nível Brasil
60
In ve stimen to s
50
2005
40
2 004
30
20
20 06
ob ras e xe cu ta das
2002
2 003
10
0
Fontes: IBGE e C.R. Frischtak, BNDES. Valor constante em R$1.000.000.000.
A figura 13 relata a tendência da evolução dos investimentos em conjunto
com o segmento da construção pesada no período pesquisado, tendo dois
momentos distintos: o primeiro (2002 a 2003) há uma queda de investimentos e da
produção (construção pesada) influenciada pelas privatizações realizadas em anos
anteriores, fazendo com que aumente de imediato a capacidade dos segmentos de
21 O resultado nominal é a diferença entre o superávit primário e os juros nominais.
74
telecomunicação, distribuição de energia elétrica e uma parte da logística; há
também, a crise da Argentina (2001) que teve como consequência menor crédito
externo e diminuição das exportações
22
por causa do peso da Argentina. No
segundo momento (2004 a 2006), há um crescimento constante devido aos
preparativos para o Pan-americano e, também, a necessidade da retomada de
investimentos na ampliação e melhoria no transporte rodoviário e ferroviário, para
atender a crescente demanda das exportações, visto que os investimentos têm
crescimento constante no período de 2005 e 2006 que refletiram de imediato na
construção pesada no período pesquisado, no qual esses investimentos
concentraram, principalmente, em obras viárias e as mesmas ocupam vários
exercícios contábeis para sua execução.
Figura 14: Taxa de investimento das empresas por atividade da construção pesada
e o PIB no período de 2002 a 2006
6,00
5,00
4,00
Investimento Total
Telecomunicação
3,00
Energia elétrica
Obras viárias
2,00
Outras grandes obras
1,00
0,00
PIB
2002
2003
2004
2005
2006
Fonte: elaboração própria a partir dos dados do IBGE.
Na figura 14, comparando a expansão do PIB com a taxa de investimentos,
verifica-se a ocorrência de uma pequena variação pró-cíclica dos investimentos no
período de 2002 a 2003, que pode ser justificado pela tendência do baixo
22
A Argentina ocupa a terceira posição nas exportações brasileiras, segundo o Banco Central do
Brasil.
75
crescimento econômico e depois um crescimento nos investimentos pro-cíclica no
período de 2004 a 2006 com a recuperação da econômica, apesar de o crescimento
23
ser abaixo do PIB mundial , nesse período, os investimentos não acompanharam o
crescimento do PIB, na mesma proporção, isso pode ser justificado com a tendência
principalmente, da forte retração nos investimentos nas atividades em que o
governo é o principal investidor como transportes, energia elétrica (geração) e
saneamento (outras grandes obras). Os segmentos de energia elétrica (distribuição)
e telecomunicação, devido às privatizações, têm como principais investidores à
iniciativa privada que sofrem oscilações devido à demanda do setor e ao crédito.
A energia elétrica (geração), no qual o governo ainda se apresenta como
sendo o maior investidor, apesar do movimento de concessão iniciado em 2006, tem
no período de 2002 a 2005 estagnação de investimento acompanhando a tendência
da produção econômica, mas há uma recuperação em 2006 em decorrência do
aumento da demanda do setor.
A atividade de telecomunicação teve seu ciclo de expansão no primeiro
período pós-privatização (não objeto da dissertação) e no período de 2002 a 2006
registra a tendência apenas de manutenção ou atualização das redes, que garanta
maior estabilidade, apresentando desaceleração até que surja novo ciclo de
atualização tecnológico. O segmento das empresas de construção pesada, em
energia elétrica, segue na incerteza, dependendo do governo para a realização dos
projetos. Tem grande relevância para o crescimento econômico em longo prazo,
mas sofre a influência direta do crescimento da renda, taxa de juros e do câmbio
(fatores domésticos), além do risco ambiental, devido à construção das plantas
hidrelétricas, por isso seu crescimento foi estável no período (2002 a 2006). A
23
O PIB mundial do período de 2004 a 2006 foi: 2004 (5,3%), 2005 (4,9%) e 2006 (5,1%).
76
logística (obras viárias) que é fundamental para o escoamento da produção e do
custo da produção. A tendência de crescimento, verificada pela figura 11, confirma o
empenho do governo em recuperar e construir novas estradas, portos e aeroportos
acompanhando o crescimento econômico.
Portanto verificando a tabela 8 e figuras 13 e 14, verificamos que os
investimentos e crescimento econômico mostram uma tendência de relação direta.
Os dados da economia brasileira (investimentos e crescimento econômico)
confirmam forte relação de investimentos e crescimento econômico e mostra que as
taxas de crescimento do PIB foram, no período, acompanhadas por mudanças que
proporcionaram investimentos. A importância dos investimentos para determinar a
trajetória do crescimento foram realizados no conjunto dos dados da tabela 8 e da
figura 14, revelando que os mesmos vêm ganhando participações no cenário
brasileiro.
Já nas figuras 9 a 14, pode-se verificar uma correlação do aumento das
obras das empresas de construção pesada com o aumento dos investimentos,
financiamentos e, principalmente, com o crescimento econômico (PIB) na série
pesquisa, criando argumentos que os investimentos e construção pesada andam
juntos para crescimento econômico.
O objetivo “analisar a influência dos investimentos na construção pesada” foi
verificado com base na figura 13 onde há uma forte tendência a relação direta da
atividade de construção com os investimentos relacionados no período.
Enquanto que o objetivo “descrever o segmento da construção pesada no
período de 2002 a 2006 e sua relação com o crescimento econômico” foi verificado
em parte, devido ao fato que a descrição de toda a atividade de construção
englobando também o emprego e salário será na segunda seção, mas em relação a
77
sua influência no PIB, foi verificada essa relação com base nas figuras 8
(localização da construção pesada no PIB) e 14, associando o crescimento do PIB
com das obras executadas das empresas de construção pesada.
O pressuposto “o financiamento é o propulsor para o crescimento da
construção pesada”, também, foi levantado com base nas figuras 9, 10, 11 e 12 e
tabela 8. Os principais dados macroeconômicos contribuem para aumentar os meios
de financiamentos da atividade.
Já o pressuposto “o investimento em construção pesada tem impacto positivo
no crescimento da economia brasileira em longo prazo” foi verificado uma tendência
apesar do tempo de estudo (5 anos), e conforme figura 14 verificando a influência
direta desses investimentos para fomentar a atividade de construção pesada.
5.2 Cadeia produtiva, variáveis primárias e derivadas da construção pesada
O propósito da cadeia produtiva é analisar o impacto da construção pesada
na construção das contas nacionais, desenvolvendo uma visão prospectiva e
retrospectiva, utilizando-se do conhecimento da teoria de Hirschman (1958). A visão
prospectiva tem a finalidade de configurar para o intervalo de 2002 a 2006, os elos
dos segmentos da construção pesada e suas ligações com outras atividades
econômicas upstream, mostrando quanto da produção da construção pesada é
utilizado pelos demais setores da economia. A visão retrospectiva revela as ligações
downstream que o setor tem com outros setores da economia, ou seja, quais as
demandas que o setor de construção pesada para com os outros setores da
economia ao nível de insumos. O objetivo é verificar o peso da construção pesada
no contexto da economia brasileira e sua relação direta com o crescimento
econômico.
78
Considerando a visão de Hirschman (1958) para a construção pesada, a
atividade de construção pesada representa grandes investimentos e demanda
volumes considerados de matéria-prima como, por exemplo, a construção de uma
hidrelétrica movimenta insumos na indústria da transformação e sua utilização tem
efeitos em longo prazo atingindo toda cadeia produtiva brasileira e os consumidores
finais.
Os dados relacionados à construção pesada serão extraídos da PAIC
(universo de 15.913 empresas) que representam a construção civil formal do Brasil.
Já os dados relacionados aos insumos, virão da Pesquisa Industrial Anual (PIA) e os
dados dos serviços e comércios serão retirados da Pesquisa Anual do Serviço
(PAS), Pesquisa Anual do Comércio (PAC) e do Sistema de Contas Nacionais.
Figura 15: Fluxograma da cadeia produtiva da construção pesada
Downstream
Central
Upstream
Fonte: elaboração própria.
A cadeia produtiva foi construída com três elos:
•
Downstream: fornecedores de insumos;
•
Central: obras executadas da construção pesada (produção);
•
Upstream: utilização dos serviços através de tarifa e/ou comercialização.
Foram adotados os seguintes critérios para a elaboração da cadeia produtiva:
79
•
Fornecedores de insumos: são considerados insumos os geradores de
conformação, não incluídos os serviços acoplados. Exemplos: asfalto brita
concreto, vergalhão, entre outros (vide lista em anexo c);
•
Obras executadas da construção pesada: toda a atividade de construção
pesada. Exemplos: as CNAE da construção pesada, como obras viárias,
telecomunicações, energia elétrica, entre outras (vide a classificação em
anexo b);
•
Utilização: são as outras atividades econômicas (comércio e serviços) que
utilizam a construção pesada para gerar suas produções. Exemplos:
escoamento da produção, telefonia, energia elétrica, saneamento entre
outros.
Tabela 9: Cadeia da construção pesada no período de 2002 a 2006
ELOS DA CADEIA
Insumos
Valor Bruto da Produção
2002
2003
2004
2005
2006
18.435
16.643
16.984
19.043
18.477
33.620
26.388
34.293
33.253
35.289
179.657
161.663
158.033
149.998
136.701
Logística
14.715
12.834
12.294
11.154
9.008
Telecomunicação
58.144
52.743
50.595
47.762
43.862
Energia elétrica
88.883
81.127
80.577
77.993
72.658
17.915
14.959
14.567
13.089
11.173
231.712
204.694
209.310
202.293
190.468
Construção pesada
Serviços e/ou comercialização
Outros
Totais da cadeia
PIB brasileiro
1.477.822 1.511.065 1.578.454 1.671.003 1.693.922
(%) cadeia produtiva
15,68
13,55
13,26
12,11
11,24
Fonte: elaboração própria a partir dos dados do IBGE, a valores constantes. Valor em R$1.000.000.
A tabela 9 revela a importância da construção pesada no contexto da
construção do PIB brasileiro, contribuindo em média de 13,60%, na série.
80
Analisando o downstream, verifica-se que os insumos têm uma representação
(55%) menor quando comparado com o upstream, no qual a representação chega a
77% de toda cadeia produtiva, isto prova que o investimento em construção pesada
gera subsídios para o escoamento da produção, à instalação de indústrias e
comércios a longos prazos, devido à durabilidade desses investimentos.
Verificando esses investimentos no sentido restrito de prazos, podemos afirmar
que o impacto no PIB é, em relação ao insumo (downstream), imediato e em longo
prazo para sua utilização (upstream).
Devido ao impacto da visão prospectiva ser em longo prazo e o objetivo de
pesquisa ser de cinco anos, não podemos fazer uma comparação de curto prazo do
crescimento econômico com esta visão, mas podemos fazer a comparação com a
visão retrospectiva.
A visão retrospectiva mostra que, em termos reais, o crescimento de insumos
no período ficou em 2% enquanto que o valor bruto da produção 4%. Há uma
relação direta, devido à absorção desses insumos serem, por causa da sua
atividade, para a construção pesada, enquanto que uma porção menor é
comercializada para outras atividades industriais.
O crescimento do PIB ficou, em termos reais, em 14% seguindo a tendência do
setor da construção pesada, contudo não podemos afirmar que esse crescimento
está diretamente associado aos investimentos neste setor, em decorrência ao ótimo
desempenho do país na balança comercial (superávits comerciais) que reflete
positivamente nos indicadores de dívida e reservas externas, nesse período.
A metodologia utilizada para elaboração da tabela 10 (segmento da construção
pesada nas variáveis emprego e salário) foi levantar todos os salários, empregos e
81
24
média salarial
dos empregados na construção pesada e de todos os segmentos
formais ou não, a nível Brasil. Entende-se por salários toda remuneração recebida a
título de vencimento, horas extra e outros benefícios que integram a folha de
pagamento das empresas.
O emprego é o número de pessoas com vínculo empregatício em 31/12 do ano
de referência da pesquisa e é remunerado pela empresa. Não está incluído o
autônomo e o terceirizado.
Tabela 10: Emprego e salário na construção pesada e no Brasil no período
de 2002 a 2006.
ANO
VARIÁVEL
2002
2003
2004
2005
2006
431.388
367.461
406.390
360.411
369.283
Emprego (BRASIL)
82.629.067
84.034.981
88.252.473
90.905.673
93.246.963
Salário (PAIC)
3.769.769
4.034.625
4.382.788
3.710.915
4.351.460
Salário (BRASIL)
47.511.713
48.391.244
49.222.369
51.366.472
54.237.306
Média salarial (PAIC)
873,87
1.097,97
1.078,47
1.029,63
1.178,35
Média Salarial (BRASIL)
575,23
575,84
557,74
565,05
581,65
0,53
0,44
0,46
0,39
0,39
7,22
8,02
Emprego (PAIC)
(%) Emprego
(%) Salário
7,93
8,34
8,90
Fonte: elaboração própria a partir dos dados do IBGE, a valores constantes.
Verifica-se que a construção pesada empregou no período pesquisado cerca
de 0,5% do total nacional, mas em relação aos salários ficou com 8% do total
nacional, comprovando que esse segmento tem grande importância para a geração
de salário e em relação à média salarial, pagou-se o dobro da média nacional.
24
Entende-se por média salarial a razão entre salários pagos e número de empregados.
82
Não há relação direta do crescimento do emprego com o salário, no qual o
emprego caiu 17% e o salário cresceu 15%. Já a nível Brasil, o emprego cresceu
13% e o salário seguiu a mesma tendência de 14%. Essa comparação sofre a
influência da sazonalidade da atividade de construção pesada, no qual a
contratação e a demissão convivem de acordo com a abertura e fechamento do
canteiro de obra e, também, da informalidade do segmento, que não faz parte dessa
pesquisa.
Pode-se reforçar essa tese a falta de relação do emprego e salário, o fato do
setor demandar um nível de maquinário maior que as outras atividades da
construção, além da tecnologia estar em constantes mudanças, tornando-se o
colaborador cada vez mais especializado tendo como retorno salários maiores.
Outro ponto que referência essa tese é a terceirização de equipamentos e
pessoal para construção de etapas de obras por intermédio de consórcios.
Comparando o salário e emprego com o crescimento da atividade, verifica-se
que segue a tendência de crescimento da atividade num todo para o período de
2005 a 2006 e uma oscilação no período de 2002 a 2004, conforme a turbulência da
economia brasileira devido ao fim do mandato do presidente Fernando Henrique
Cardoso e início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas ao nível
de Brasil o movimento tende acompanhar a posição da econômica brasileira, seja
de crescimento ou não.
Conclui-se ao comparar, a nível Brasil, o salário e emprego com o
crescimento do PIB, verifica-se que há uma tendência na relação de crescimento
direta entre essas variáveis, ou seja, o emprego e salário puxam para cima o
crescimento da economia brasileira. O salário, a nível Brasil, cresce devido,
principalmente, a política de reajustes diferenciada e acima da inflação para o
83
salário mínimo que apesar de não está indexado com a economia gera um efeito
cascata no aumento nos salários na maioria dos setores econômicos.
Figura 16: Percentual dos tipos de obras da Construção Pesada na composição da
Formação Bruta de Capital Fixo no período de 2002 a 2006
50,00
45,00
40,00
35,00
30,00
Obras viárias
25,00
Obras de artes especiais
20,00
Geração de energia
Distribuição de energia elétrica
15,00
Telecomunicação
10,00
Outros Transportes
5,00
0,00
Movimentação de terra
2002
2003
2004
2005
2006
Outras obras (saneamento)
Fonte: elaboração própria a partir dos dados do IBGE.
A figura 16 reflete o segmento da construção pesada em relação à Formação
Bruta de Capital Fixo seguindo a posição da economia brasileira no período
pesquisado, tendo como destaque às obras viárias, movimentação de terra e obras
para transportes fluviais, marítimo e outros que demandam grande quantidade de
maquinário e é o propulsor para escoamento da produção. O grupo de outras obras
está contido as obras de saneamento, dragagem, aterro hidráulico, irrigação, entre
outros; esse grupo abrange vários outros tipos de obras que tem como função de
etapas de obras de outras atividades econômicas.
A telecomunicação tem a influência direta das privatizações ocorrida na
década de 90, no qual, a conseqüência foi um grande volume de investimentos e,
84
após este, o movimento foi de apenas manutenção dos investimentos realizados.
Neste período, a posição é de estagnação, com pequenas variações.
A geração e distribuição de energia elétrica iniciaram um processo de
parceria publica de privada a partir de 2004, sendo que os investimentos ainda
estão tímidos em decorrência da falta de licitações e, principalmente, pela
concessão do alvará ambiental para realização da obra que pode demorar anos.
Nos anos de 2005 e 2006, esta atividade teve uma elevação impulsionada pelo
consumo das famílias e das empresas, devido ao aumento de renda e produção.
Tabela 11: Variação do crescimento econômico e da Formação Bruta de Capital
Fixo no período de 2002 a 2006
Variação real anual (%)
Ano\dados
PIB
FBCF
2002
2,7
(- )5,2
2003
1,1
(-) 4,6
2004
5,7
9,1
2005
3,2
3,6
2006
4,00
9,8
Fonte: IBGE-Contas Nacionais
A tabela 11 relaciona a variação do PIB com a FBCF como proxi para o
investimento. Ao confrontar esses percentuais, verificamos que nos anos em que a
variação real percentual da FBCF foi positiva e relevante (2004, 2005 e 2006), o
Brasil apresentou um crescimento econômico também positivo e relevante.
Já quando a variação real da FBCF foi negativa ou muito baixa, a economia
ficou praticamente estagnada nos anos de 2002 e 2003. Confirmando a forte
relação entre crescimento econômico e investimentos.
85
O movimento das indústrias na aquisição de bens tangíveis (máquinas e
equipamentos) gera perspectiva de aumento de produção e FBCF, no qual
influência diretamente o PIB, emprego, salário, aumento de arrecadação e maior
liberdade do governo em investir na construção pesada para dar subsídios a esse
aumento.
Os objetivos propostos e os pressupostos foram confirmados em decorrência
da elaboração da cadeia produtiva e a Formação Bruta de Capital Fixo, no qual o
crescimento econômico acompanha os resultados das empresas de construção
pesada.
Já o salário tem relevância nacional quando comparado com o nível Brasil
diferente do emprego, pois a pesquisa só contempla a formalidade.
5.3 Indicadores econômicos da construção pesada e pesquisas econométricas
Nessa seção vamos dar ênfase aos indicadores de produtividade e
lucratividade na atividade de construção pesada para alcançar o objetivo de
“acompanha esse segmento” e, também, verificar através das pesquisas
econométricas “a relação entre investimento e crescimento econômico brasileiro
para o período de 2002 a 2006” sem, contudo, elaborar modelos econométricas. A
metodologia adotada para o cálculo da produtividade e lucratividade segue abaixo:
•
Produtividade - a metodologia adotada, basea-se na relação do pessoal
ocupado na atividade e as obras executadas para o universo de 5 ou mais
pessoas. O número de pessoas ocupado é todas ligadas diretamente e
indiretamente à construção;
86
•
Lucratividade - utiliza-se como base à receita bruta de vendas da atividade e
o lucro gerado antes do imposto de renda, participações e contribuição social
sobre o lucro.
O espaço de tempo utilizado para a comparação será de 24 meses, tendo
como referencial o ano de 2002.
Tabela 12: Obras executadas, produtividade do trabalho e pessoal ocupado com 5
ou mais pessoas para os anos de 2002, 2004 e 2006 na construção pesada
Pessoal ocupado
Obras executadas
Produtividade do trabalho
Produtos da construção pesada
Grandes movimentações de terra
Obras viárias
2002
2004
2006
32.838
24.907
27.727
2002
1.653.488
2004
1.605.034
2006
2002
2004
2006
2.128.408 50,35 64,44
76,76
118.435 155.850 160.079 11.415.272 11.670.408 13.802.534 96,38 74,88
86,22
Obras de arte especiais
34.185
21.296
19.257
3.182.487
1.679.417
2.060.761 93,10 78,86
107,01
Obras de outros tipos
83.394
88.382
94.698
6.211.069
6.046.584
7.522.385 74,48 68,41
79,44
117.579
95.788
55.492
1.478.494
5.128.990
3.507.011 12,57 53,55
63,20
44.957
20.166
12.029
1.789.804
1.358.163
1.255.133 39,81 67,35
104,34
Obras para telecomunicações
Obras para energia elétrica
Fonte: elaboração própria a partir dos dados do IBGE. A produtividade do trabalho e as obras
executadas estão em R$1.000.
A tabela 12 mostra um crescimento na produtividade em todos os tipos de
produtos da construção pesadas nos anos de 2004 e 2006, no qual tem como
destaques os produtos de obras para telecomunicações e obras para energia
elétrica devido à forte utilização de tecnologia e pouca utilização de mão-de-obra.
Na pesquisa econométrica de Cury (1998) realizada na década de 90 foi
verificada que o aumento de produtividade é provocado por novos investimentos em
construção pesada e esta fica estendida para esses anos investigados (2002, 2004
e 2006), no qual ao comparar com os investimentos e, principalmente, os
financiamentos há uma crescente nesses anos, conforme as figuras 10 e 12, e
ainda, há uma tendência de crescimento econômico. Essa relação com a pesquisa
87
de Cury (1998) é apenas com a finalidade de acompanhar essa tendência, para o
período desta pesquisa, pois não temos o enfoque de realizar pesquisa
econométrica.
Nessa série, o ano de 2006 apresentou crescimento de produtividade para
todos os produtos, acompanhando o crescimento econômico (tabela 11), Formação
Bruta de Capital Fixo (figura 16), emprego e salário (tabela 10).
Tabela 13: A lucratividade das empresas de construção pesada, segundo tipos de
produtos, para os anos de 2002, 2004 e 2006
Lucro Líquido
Produtos da construção pesada
Grandes movimentações de terra
Obras viárias
Receita bruta de vendas
2002
2004
2006
180 288
177.811
298 285
1 712 929 1.108.095
2002
1.889.727
2004
1.644.930
2006
Lucratividade
2002
2004 2006
2.155.801
0,10
0,11
0,14
1 922 713 12.106.419 12.107.773 14.098.727
0,14
0,09
0,14
Obras de arte especiais
698 112
201.602
183 163
3.220.285
1.723.719
2.363.011
0,22
0,12
0,08
Obras de outros tipos
637 982
457.835
576 205
7.607.479
6.166.695
7.463.310
0,08
0,07
0,08
27 937
674.363
299 288 10.827.763
6.971.844
3.514.559
0,00
0,10
0,09
- 16 508
290.175
1.885.834
1.284.238
-0,01
0,15
0,07
Obras de energia elétrica
Obras para telecomunicações
92 282
1.868.914
Fonte: elaboração própria a partir dos dados do IBGE. Valores constantes em R$1.000.
A tabela 13 revela que a lucratividade do setor é instável, devido à longa
maturação de seus produtos, no qual a sua execução pode durar vários exercícios
contábeis. O único produto que apresentou estabilidade foi “Outros tipos de obras”.
A lucratividade é menor devido ao valor agregado ao produto, no qual as obras de
construção pesada possuem margem de lucro pequena em comparação com as
demais atividades de construção civil.
As pesquisas realizadas sobre o impacto do investimento em construção
pesada no PIB, através de modelos econométricos, feitas pelos pesquisadores
citados no embasamento teórico tiveram os seguintes resultados para os anos
88
pesquisados, no qual o enfoque é apenas de estender para o campo da análise,
através de tabelas e figuras, sem constituir um modelo econométrico:
•
Ferreira (1996) – A relação do investimento em construção pesada e o PIB
seguem a tendência do período de 1980 a 1993, no qual a tabela 11 e figuras
13, 14 e 16 relatam que o investimento em construção pesada gera um
impacto positivo no PIB;
•
Ferreira e Malliagros (1998) – Esta pesquisa estima um percentual de
investimento que gera um acréscimo no PIB. Nesta dissertação não foi
possível avaliar devido a não utilização de modelo econométrico;
•
Bielschowsky (2002) – Bielschowsky pesquisou os investimentos entre 1995
a 1997 e confirmou que teve como objetivo a modernização da logística.
Nessa dissertação não foi possível avaliar que o investimento foi apenas para
a modernização, mas podemos afirmar que os investimentos foram para
atender a demanda das indústrias impulsionadas pela expansão da economia
brasileira;
•
Cândido (2006) – Utilizou-se de testes de cointegração para Argentina, Brasil
e Chile no período de 1970 a 2000, tendo como resultado a relação positiva
entre investimento público e o PIB em longo prazo. A figura 6 confirma que a
maior parte dos investimentos em construção pesada parte dos órgãos
públicos, no qual a iniciativa privada segue essa tendência. O aumento do
investimento público gerou um aumento no PIB devido à cadeia produtiva da
construção pesada, mas este é apenas um fator para o crescimento do PIB;
•
Ferreira e Araújo (2006) – A pesquisa é sobre o investimento em construção
pesada e as variações no estoque de capital. Este modelo econométrico só
89
foi utilizado como base para a verificação do impacto do investimento para a
econômica brasileira.
Os objetivos propostos e os pressupostos foram confirmados através das
tabelas 12 e 13, além das pesquisas econométricas realizadas pelos pesquisadores
citados no embasamento teórico.
6 Conclusão e considerações finais
A dissertação que se encerra foi feita com o propósito de acompanhar e
verificar, sob a visão Keynesiana e Hirschman, o impacto dos investimentos no
crescimento econômico nas empresas de construção pesada.
Para alcançar este propósito, partiu-se em busca na literatura acadêmica
apropriada para esse fim e, aos objetivos pretendidos sendo o mesmo, estudo de
caso nas empresas de construção pesada brasileira no período pesquisado, devido
a sintetização dos dados econômicos.
A apresentação das conclusões desta dissertação foi organizada em três
seções: a primeira seção será descrita a pesquisa relacionada a visão Keynesiana
de investimento como o propulsor do crescimento econômico através do
investimento público e, também, a visão Hirschman com a cadeia produtiva. A
segunda seção será verificada os modelos econométricos e sua relação com o
crescimento econômico. A terceira seção, que são as considerações finais, será
uma visão do estudo realizado e sugestões para futuras pesquisas.
6.1 Visão Keynesiana e a cadeia produtiva da construção pesada
Este estudo teve uma abordagem do modelo Keynesiano e o do modelo de
Hirschman (1958) para analisar a relação dos investimentos em construção pesada
90
e seu impacto para a economia brasileira. Ficou constatado, através do modelo de
Hirschman, que ao elaborar a cadeia produtiva, a construção pesada tem um grande
impacto na construção do valor bruto de produção e na formação da produção
nacional.
A cadeia produtiva foi aplicada para verificar os efeitos para trás
(downstream) e para frente (upstream) do investimento tanto para o investimento
produtivo privado (ADP) como para o investimento público em logística, eletricidade,
telecomunicações e outros grupos, estimulando o crescimento econômico brasileiro
através da produção dos insumos demandados e os efeitos que são os
investimentos privados pelo aumento da produtividade do capital e trabalho.
6.2 Pesquisas econométricas
As pesquisas econométricas reforçam a teoria de Hirschman (1958) que “o
investimento público em construção pesada possui um positivo e relevante impacto
sobre o crescimento econômico brasileiro”, mas precisamos do investimento privado
e, para isso, o governo precisa dar maior incentivo para superar os riscos, no qual a
lucratividade é baixa e o retorno é de longa maturação.
Portanto, nossa defesa é estimular o investimento privado através do
investimento público, fazendo assim com que o investimento em construção pesada
estimule o crescimento econômico, pois aumenta o retorno dos insumos privados,
trazendo novos investimentos e elevando o nível de emprego e salários. Sabemos
que para que isso ocorra dependemos da estabilidade nas finanças públicas, tendo
como conseqüências um aumento no investimento público e diminuição de gargalos
91
em construção pesada que seja o maior obstáculo para o crescimento dos
investimentos privados.
A representatividade do emprego e salário na construção pesada teve boa
participação a nível Brasil e contribuiu para fomentar a economia, principalmente, o
salário que alcançou um patamar na média de 8% do total pago a nível Brasil,
enquanto que o emprego girou em torno de 0,5%, confirmado com o índice de
produtividade do setor, que manteve em alta na série.
Os estudos econométricos neoclássicos foram realizados acima de 5 anos,
constituindo longo prazo enquanto que essa pesquisa teve a base de 5 anos; apesar
de o período ser curto e não ter um modelo econométrico, os dados divulgados nas
tabelas e figuras confirmam a influência do impacto positivo do investimento no
crescimento econômico brasileiro, com ressalva que este impacto não foi objeto de
mensuração.
6.3 Considerações finais
A influência do investimento na construção pesada impactando o crescimento
econômico brasileiro é um tema complexo para ser trabalhado de forma analítica e
sem um modelo econométrico para mensurar o real impacto na produção nacional.
Esse estudo realizado levou em consideração os dados econômicos, a visão da
teoria econômica Keynesiana, incluindo Hirschman, e pesquisas econométricas para
verificar essa influência. Sendo assim, ao definir as minhas conclusões, evidencio
que o estudo não tem a pretensão de mensurar quanto de investimento pode gerar
um percentual de crescimento e nem o prazo para isso.
92
Por fim, tive a intenção de confirmar que o investimento público gera
investimento privado na construção pesada e influencia positivamente o crescimento
econômico brasileiro.
7 Recomendações e sugestões para futuras pesquisas
A presente pesquisa revela que existem espaços para futuros estudos sobre
esse tema desenvolvido e abordado, especialmente em função de poucas
dissertações e teses sobre os investimentos aplicados diretamente na construção
pesada. Sugiro a realização de pesquisas com modelos econométricos atingindo
todas as variáveis da composição do PIB para mensurar o impacto dos
investimentos.
93
Referências
-AFONSO, J. R; ARAÚJO, E. A. e BIASOTO Jr, G. - Fiscal Space and Public Sector Investments in
Infrastructure: A Brazilian Case-study. – IPEA, Texto para discussão nº 1141, Brasília, 2005.
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2002.
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-FEIJÓ, C. O Investimento industrial no Brasil 1990 - 2005: uma interpretação à luz da teoria de
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-HADDAD, P.R. Reforma e modernização do estado na América latina – reflexões a partir da
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Texto
apresentado
no
Seminário
internacional sobre
reformas
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-HIRSCHMAN, A. Estratégia do desenvolvimento econômico. Rio de janeiro: Fundo da cultura,
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-_____________. Política econômica na América latina. Editora Fundo de Cultura, 1965.
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volumes de 2002 a 2006.
-IBGE. Pesquisa Industrial Anual. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de Janeiro,
volumes de 2002 a 2006.
-IBGE. Pesquisa Anual da Indústria da Construção. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística,
Rio de Janeiro, volumes de 2002 a 2006.
-IBGE. Sistemas de Contas Nacionais. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Rio de
janeiro,volumes de 2002 a 2006.
-JONES, C. Introdução à Teoria do Crescimento Econômico. Ed. Campus, Rio de Janeiro, 2000.
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Brasil. Editora Campus. Rio de Janeiro: 2002.
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-Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio exterior. Disponível em < www. mdic.gov.br
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-MUSGRAVE, R. A; MUGRAVE, P.B. Finanças públicas, teoria e prática. São Paulo: Ed. USP,
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-OREIRO, J.L. Crescimento, Distribuição de Renda e Progresso Técnico Endógeno em Modelos
Dinâmicos Pós-Keynesianos. Universidade Federal do Paraná, fev 2006.
-POSSAS,M. DWECK,E. A multisetorail micro macrodynamic model. Revista econômica, ANPEC,
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-ROMER, P. Increasing returns and long-run growth. Journal of Political Economy, 94, p. 10021037, 1986.
-RICHARDSON, H.W. Elementos de economia regional. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 1973.
-SICSÚ, J. Planejamento Estratégico do Desenvolvimento e as Políticas Macroeconômico-IPEA,
Texto para Discussão n° 1346, Brasília, 2008.
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-THIRLWALL, A.P. A natureza do crescimento econômico. IPEA, Brasília, 2005.
96
ANEXO A: Questionário da Pesquisa Anual da Indústria da Construção
– 2006
IBGE
01
IDENTIFICAÇÃO (Uso do órgão regional)
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA
01 - CÓDIGO DA AGÊNCIA !__!__! !__!__!__!__!__! !__!__!
Diretoria de Pesquisas
02 - CÓDIGO DO MUNICÍPIO !__!__!__!__!__! !__!__!
Departamento de Indústria
03 - CADASTRO DO TÉCNICO !__!__!__!__!__!__!__!__!
PESQUISA ANUAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO - 2006
04-PASTA:
05-QUESTIONÁRIO:
OBRIGATORIEDADE E SIGILO DAS INFORMAÇÕES - A legislação vigente mantém o caráter obrigatório e confidencial atribuído às informações coletadas
pelo IBGE, as quais se destinam, exclusivamente, a fins estatísticos e não poderão ser objeto de certidão e nem terão eficácia jurídica como meio de prova.
I - INFORMAÇÕES CADASTRAIS
02
IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA
Firma ou Razão Social: ____________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________________
CNPJ: !_!_!_!_!_!_!_!_! !_!_!_!_! !_!_!
RAIZ
03
SUFIXO
DV
ALTERAÇÕES NOS DADOS CADASTRAIS DA EMPRESA
01 Firma ou Razão Social:
02 CNPJ !_!_!_!_!_!_!_!_! !_!_!_!_! !_!_!
03 Logradouro:
04 Número:
05 Complemento:
06 Bairro/Distrito:
07 USO DO IBGE
Município:
08 CEP:
09 DDD:
04
01
10 Telefone:
!__!__! !__!__!__!__!__! !__!__!
11 FAX:
12 CNAE !_!_!_!_!_!
DADOS CADASTRAIS COMPLEMENTARES
SITUAÇÃO CADASTRAL:
!_!
1 - Em operação, com informação de construção
3 - Extinta, com informação de construção
2 - Paralisada, com informação de construção
MÊS
02 DATA DE OCORRÊNCIA:
ANO
!__!__!
03 MUDANÇAS ESTRUTURAIS: !_!
!__!__!__!__!
1 - Fusão ou cisão total
2 - Cisão parcial
04 CNPJ DE LIGAÇÃO DA EMPRESA:
1 - !_!_!_!_!_!_!_!_!-!_!_!_!_!-!_!_!
3 - Incorporação de/por outra empresa
4 - Alteração de CNPJ por outros motivos
2 - !_!_!_!_!_!_!_!_!-!_!_!_!_!-!_!_!
3 - !_!_!_!_!_!_!_!_!-!_!_!_!_!-!_!_!
continua
97
INFORMAÇÕES CONTÁBEIS: Devem referir-se às de competência do ano civil (janeiro a dezembro) e serem prestadas
de acordo com a Legislação Societária.
FORMAS DE PREENCHIMENTO: Registre os dados com clareza, à máquina ou à caneta esferográfica, em letras de
imprensa, sem rasura, em duas vias, ficando uma de posse da empresa e a outra entregue ao técnico credenciado do
IBGE. O preenchimento de valores deve ser em Real. NÃO UTILIZE CENTAVOS. Quando o dado não existir, registre " " (traço) no campo correspondente.
Antes de iniciar o registro das informações, leia as instruções para o preenchimento do questionário.
II - INFORMAÇÕES ECONÔMICAS DA EMPRESA
A - PESSOAL OCUPADO E SALÁRIOS, RETIRADAS E OUTRAS REMUNERAÇÕES NO ANO
PESSOAL OCUPADO
SALÁRIOS, RETIRADAS E
OUTRAS REMUNERAÇÕES NO
ANO
EM 31/12/2006
Valores em Reais
Pessoal assalariado
Ligado à construção
20
1
24
5
Não ligado à construção
21
2
25
6
22
3
26
7
23
4
27
8
Pessoal não assalariado
Proprietários, sócios, inclusive membros da família sem remuneração
Total
Número de pessoas ocupadas no último dia de cada mês
32
9
Janeiro
37
33
10
Fevereiro
11
Março
35
12
Abril
36
13
Maio
38
15
Julho
39
16
Agosto
40
17
Setembro
41
18
Outubro
42
19
Novembro
37
14
Junho
43 Dezembro
20
B - DEMONSTRATIVO DA RECEITA NO ANO
Esta empresa optou pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições (SIMPLES)?
B1 - RECEITA LÍQUIDA
Receita bruta
319 !__! Sim
320 !__! Não
Valores em Reais
Obras e/ou serviços da construção executados
44
22
Serviços técnicos de escritório, de campo e de laboratório
45
23
Venda de materiais de construção e de demolição
Revenda de imóveis
24
46
25
Locação de mão-de-obra
26
Outras atividades (serviços, industria, etc.)
48
27
Deduções
( - ) Vendas canceladas e descontos incondicionais
28
( - ) Impostos e contribuições incidentes sobre os serviços e vendas (ISS, PIS, CONFINS, SIMPLES, etc.)
51
29
Total da Receita Líquida: (22 + 23 + 24 + 25 + 26 + 27 - 28 - 29)
30
51
B2 - OUTRAS RECEITAS
Valores em Reais
Receita de arrendamento e alugueis de imóveis, equipamentos, etc.
57
31
Receitas financeiras (juros, descontos obtidos, etc.)
58
32
Variações monetárias ativas
59
33
Resultados positivos de participações societárias e em sociedade em cota de participação
60
34
Demais receitas operacionais
Receitas não-operacionais
61
35
Total: (31 + 32 + 33 + 34 + 35 + 36)
36
62
63
37
B3 - RECEITAS DE OBRAS E/OU SERVIÇOS DA CONSTRUÇÃO NO EXTERIOR
Valores em Reais
Caso a empresa execute obras e/ou serviços da construção no exterior, informe as receitas dos:
Países do MERCOSUL
38
51
Outros Países
39
51
continua
98
C - CUSTOS E DESPESAS NO ANO
C1 - GASTOS DE PESSOAL
Valores em Reais
Salários retiradas e outras remunerações (inclusive 13º salário, férias, gratificações, horas extras, participações
nos lucros, etc.) - valor igual ao Capítulo A, item 8.
40
Contribuições para previdência social (parte do empregador)
41
66
FGTS
42
68
66
Contribuições para previdência privada (parte do empregador)
43
68
66
Indenizações trabalhistas e por dispensas incentivadas
Benefícios concedidos aos empregados (transporte, alimentação, auxílio-educação, plano de saúde, auxíliodoença, seguro de vida em grupo, etc.)
44
68
66
Total: (40 + 41 + 42 + 43 + 44 + 45)
45
66
67
46
C2 - CUSTOS DAS OBRAS E/OU SERVIÇOS DA CONSTRUÇÃO
Valores em Reais
Consumo de combustíveis e lubrificantes
56
47
Consumo de materiais de construção (incluir fretes referentes as compras)
57
48
Obras e/ou serviços contratados a terceiros
Serviços de manutenção e reparação de máquinas e equipamentos ligados à atividade, prestados por terceiros
(incluir peças e acessórios)
58
49
Terrenos (informar somente a parte apropriada no ano)
Total: (47 + 48 + 49 + 50 + 51)
60
36
59
51
59
50
60
52
C3 - OUTROS CUSTOS E DESPESAS
Valores em Reais
Aluguéis e arrendamentos (máquinas, equipamentos, veículos e imóveis - incluir taxas de condomínios)
59
36
60
53
Despesas com arrendamento mercantil no ano (leasing de máquinas, equipamentos e veículos)
59
36
60
52
54
Depreciação, amortização e exaustão
59
36
60
52
55
Despesas com propaganda pagas ou creditadas a terceiros
59
36
60
52
56
Fretes e carretos pagos ou creditados a terceiros
59
36
60
52
57
Impostos e taxas (IPTU, IPVA, ITR, etc. - não inclua os impostos constantes do Capítulo B1, item 29)
59
36
60
52
58
Prêmios de seguros (imóveis, veículos, etc.)
Royalties e assistência técnica
36
60
52
59
Variações monetárias passivas
Despesas financeiras (incluir factoring )
59
36
60
52
61
59
36
52
60
60
62
63
58
Resultados negativos de participações societárias e em sociedade em cota de participação
Serviços prestados por terceiros (informática, auditoria, advocacia, consultoria, limpeza, vigilância, manutenção de
imóveis e equipamentos não ligados a atividade, etc.)
59
58
50
64
Demais custos e despesas operacionais (correios, telefone, material de expediente, comissões, água e esgoto,
etc. - não inclua gastos de pessoal e provisões para IRPJ)
59
65
Despesas não-operacionais
Total: (53 + 54 + 55 + 56 + 57 + 58 + 59 + 60 + 61 + 62 + 63 + 64 + 65 + 66)
66
59
36
60
60
67
D - RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DA DISTRIBUIÇÃO DE PARTICIPAÇÕES, DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E DA PROVISÃO
PARA O IMPOSTO DE RENDA
Valores em Reais
Lucro
59
36
60
68
Prejuízo
69
59
36
60
52
E - AQUISIÇÃO E BAIXAS DE ATIVOS TANGÍVEIS REALIZADAS NO ANO E TOTAL DO ATIVO
E1 - AQUISIÇÕES (exceto leasing), PRODUÇÃO PRÓPRIA E MELHORIAS
AQUISIÇÕES DE TERCEIROS
PRODUÇÃO PRÓPRIA REALIZADA
PARA O ATIVO IMOBILIZADO
MELHORIAS
Valores em Reais
Valores em Reais
Valores em Reais
Terrenos e edificações
70
59
75
59
79
59
Máquinas e equipamentos
71
66
59
36
60
76
66
59
36
60
80
66
59
36
60
Meios de transporte
72
66
59
36
60
Outras aquisições (móveis,
microcomputadores, etc.)
73
66
59
36
60
77
66
59
36
60
Total
74
78
81
66
59
36
60
60
82
66
59
36
83
E2 - BAIXAS
Valores em Reais
Terrenos e edificações
84
59
Máquinas e equipamentos
85
66
59
36
60
Meios de transporte
86
66
59
36
60
Outras baixas (móveis, microcomputadores, etc.)
Total: (84 + 85 + 86 + 87)
87
66
59
36
60
E3 - TOTAL DO ATIVO (circulante + realizável a longo prazo + permanente)
89
59
36
60
88
66
83
59
36
60
F - TREINAMENTO DE PESSOAL
Qual a proporção de empregados submetidos a treinamento em 2002?
(coloque zero se nenhum trabalhador tiver sido treinado)
Qual a proporção de gastos com treinamento em relação ao gasto total com pessoal?
(coloque zero se não foram feitos gastos com treinamento)
90 !__!__!__! %
91 !__!__!__! %
continua
99
III - INFORMAÇÕES DA ATIVIDADE DE CONSTRUÇÃO NO PAÍS
G - MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CONSUMIDOS
Asfalto
Cimento
Concreto
Tijolos
Vergalhões
Total: (92 + 93 + 94 + 95 + 96)
92
93
94
95
96
97
Valores em Reais
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
H - VALOR INCORRIDO NO ANO, NA EXECUÇÃO DAS OBRAS E/OU SERVIÇOS DA CONSTRUÇÃO POR TIPO DE CLIENTE
Valores em Reais
98 !____!____!____!____!
99 !____!____!____!____!
100 !____!____!____!____!
Entidades públicas
Entidades privadas e/ou pessoas físicas
Total: (98 + 99)
I - VALOR INCORRIDO NO ANO, NA EXECUÇÃO DOS SEGUINTES TIPOS DE OBRAS E/OU SERVIÇOS DA CONSTRUÇÃO
Como contratante única
ou principal
Valores em Reais
Como sub-contratada
Valores em Reais
Trabalhos prévios da construção
Demolição
Canteiros de obras
Sondagens e perfurações
Fundações (estaqueamento)
Movimentação de terra (terraplenagem)
Drenagem
Rebaixamento de lençol freático
Derrocamentos
101
102
103
104
105
106
107
108
Edificações (obras novas, reformas e manutenção)
Edificações residenciais
Edificações industriais (galpões, edifícios, etc)
109 !____!____!____!____!
110 !____!____!____!____!
164 !____!____!____!____!
165 !____!____!____!____!
111 !____!____!____!____!
166 !____!____!____!____!
112
113
114
115
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
167
168
169
170
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
116
117
118
119
120
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
171
172
173
174
175
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
Edificações comerciais (shoppings, supermercados, lojas, etc)
Outras edificações não-residenciais (escolas, hospitais, hotéis,
garagens, etc)
Partes de edificações (telhados, caixas d'água, etc)
Instalações desportivas (piscinas, quadras, pistas, etc)
Montagem de edificações pré-fabricadas
Obras viárias (obras novas e manutenção)
Rodovias (inclusive pavimentação)
Ruas, praças, calçadas ou estacionamentos
Aeroportos (inclusive pistas)
Vias férreas e metropolitanos
Pontes, elevados, túneis e outras obras de arte especiais
Obras marítimas e fluviais (portos, marinas, barragens, diques,
terminais e semelhantes)
Sinalização não-elétrica em ruas, estacionamentos, rodovias ou
aeroportos
Obras de infra-estrutura para energia elétrica e
telecomunicações (obras novas e manutenção)
Barragens e represas para geração de energia elétrica
Usinas, estações e subestações hidrelétricas, termelétricas e
nucleares
Redes de transmissão e distribuição de energia elétrica
Redes e instalações de torres de telecomunicações de longa ou
média distância
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
156
157
158
159
160
161
162
163
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
!____!____!____!____!
121 !____!____!____!____!
176 !____!____!____!____!
122 !____!____!____!____!
177 !____!____!____!____!
123 !____!____!____!____!
178 !____!____!____!____!
124 !____!____!____!____!
125 !____!____!____!____!
179 !____!____!____!____!
180 !____!____!____!____!
126 !____!____!____!____!
181 !____!____!____!____!
continua
100
I - VALOR INCORRIDO NO ANO, NA EXECUÇÃO DOS SEGUINTES TIPOS DE OBRAS E/OU SERVIÇOS DA CONSTRUÇÃO
Como contratante única
principal
ou
Como sub-contratada
Valores em Reais
Outras obras de engenharia civil (obras novas e manutenção)
Redes de distribuição de água
Redes de esgotos, interceptores ou galerias pluviais
Dutos (oleodutos, gasodutos, minerodutos, etc)
Plantas industriais (para refinarias, siderúrgicas, indústria química e
outras)
Plantas para mineração
Instalação de cabos submarinos
Montagem de estruturas metálicas
Montagens industriais (tubulações, redes de facilidades, etc)
Montagem e desmontagem de escoramentos, andaimes,
arquibancadas, passarelas e outras estruturas
Irrigação ( inclua barragens, canais, etc)
Poços de água
Dragagem e aterro hidráulico
Obras e/ou serviços de instalações (inclusive reparação e
manutenção)
Instalações elétricas e de telecomunicações
Instalações de sistemas de ar condicionado, de ventilação,
refrigeração e aquecimento
Instalações hidráulicas, sanitárias, de gás
Instalação de elevadores, escadas ou esteiras rolantes
Instalação de sistemas de iluminação ou sinalização elétrica em vias
públicas, rodovias, portos ou aeroportos
Isolamentos térmicos ou acústicos
Obras de acabamentos (inclusive reparação e manutenção)
Alvenaria, gesso ou estuque
Impermeabilização (paredes, caixas d'água, etc)
Pintura (interna ou externa)
Instalação de esquadrias de metal, madeira ou outros materiais
Revestimentos em pisos e paredes
Trabalhos de madeira em interiores
Instalação de cozinhas e outros mobiliários incorporados à
construção
Aluguel de equipamentos de construção e demolição com
operador
Valores em Reais
127 !____!____!____!____!
128 !____!____!____!____!
129 !____!____!____!____!
182 !____!____!____!____!
183 !____!____!____!____!
184 !____!____!____!____!
130
131
132
133
134
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185
186
187
188
189
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135
136
137
138
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190
191
192
193
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139 !____!____!____!____!
194 !____!____!____!____!
140 !____!____!____!____!
141 !____!____!____!____!
142 !____!____!____!____!
195 !____!____!____!____!
196 !____!____!____!____!
197 !____!____!____!____!
143 !____!____!____!____!
144 !____!____!____!____!
198 !____!____!____!____!
199 !____!____!____!____!
145
146
147
148
149
150
200
201
202
203
204
205
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!____!____!____!____!
151 !____!____!____!____!
206 !____!____!____!____!
152 !____!____!____!____!
207 !____!____!____!____!
Administração de obras
153 !____!____!____!____!
208 !____!____!____!____!
Outras obras e/ou serviços (discrimine abaixo)
154 !____!____!____!____!
209 !____!____!____!____!
155 !____!____!____!____!
210 !____!____!____!____!
_________________________ !____!____!____!____!
_________________________ !____!____!____!____!
_________________________ !____!____!____!____!
Total
continua
101
IV - REGIONALIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES DO ANO DE 2006
Deve ser informado pela empresa o somatório do pessoal ocupado e o percentual relativo ao total dos salários, retiradas e
outras remunerações; ao total dos custos das obras e/ou serviços da construção; ao total do valor incorrido na execução das
obras e/ou serviços da construção executadas em cada Unidade da Federação.
UNIDADES DA FEDERAÇÃO
PESSOAL OCUPADO
EM 31/12/2006
SALÁRIOS,
RETIRADAS E
OUTRAS
REMUNERAÇÕES
TOTAL
211
212
213
214
215
216
217
218
219
220
221
222
223
224
225
226
227
228
229
230
231
232
233
234
235
236
237
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Soma igual ao item 04
VALOR INCORRIDO
NA EXECUÇÃO DAS
OBRAS E/OU
SERVIÇOS DA
CONSTRUÇÃO
percentual
número de pessoas
Rondônia
Acre
Amazonas
Roraima
Pará
Amapá
Tocantins
Maranhão
Piauí
Ceará
Rio Grande do Norte
Paraíba
Pernambuco
Alagoas
Sergipe
Bahia
Minas Gerais
Espirito Santo
Rio de Janeiro
São Paulo
Paraná
Santa Catarina
Rio Grande do Sul
Mato Grosso do Sul
Mato Grosso
Goiás
Distrito Federal
CUSTOS DAS
OBRAS E/OU
SERVIÇOS DA
CONSTRUÇÃO
(não incluir decimais)
238 !__!__!__! %
239 !__!__!__! %
240 !__!__!__! %
241 !__!__!__! %
242 !__!__!__! %
243 !__!__!__! %
244 !__!__!__! %
245 !__!__!__! %
246 !__!__!__! %
247 !__!__!__! %
248 !__!__!__! %
249 !__!__!__! %
250 !__!__!__! %
251 !__!__!__! %
252 !__!__!__! %
253 !__!__!__! %
254 !__!__!__! %
255 !__!__!__! %
256 !__!__!__! %
257 !__!__!__! %
258 !__!__!__! %
259 !__!__!__! %
260 !__!__!__! %
261 !__!__!__! %
262 !__!__!__! %
263 !__!__!__! %
264 !__!__!__! %
Soma igual a 100%
do item 08
265 !__!__!__! %
266 !__!__!__! %
267 !__!__!__! %
268 !__!__!__! %
269 !__!__!__! %
270 !__!__!__! %
271 !__!__!__! %
272 !__!__!__! %
273 !__!__!__! %
274 !__!__!__! %
275 !__!__!__! %
276 !__!__!__! %
277 !__!__!__! %
278 !__!__!__! %
279 !__!__!__! %
280 !__!__!__! %
281 !__!__!__! %
282 !__!__!__! %
283 !__!__!__! %
284 !__!__!__! %
285 !__!__!__! %
286 !__!__!__! %
287 !__!__!__! %
288 !__!__!__! %
289 !__!__!__! %
290 !__!__!__! %
291 !__!__!__! %
Soma igual a 100%
do item 52
292 !__!__!__! %
293 !__!__!__! %
294 !__!__!__! %
295 !__!__!__! %
296 !__!__!__! %
297 !__!__!__! %
298 !__!__!__! %
299 !__!__!__! %
300 !__!__!__! %
301 !__!__!__! %
302 !__!__!__! %
303 !__!__!__! %
304 !__!__!__! %
305 !__!__!__! %
306 !__!__!__! %
307 !__!__!__! %
308 !__!__!__! %
309 !__!__!__! %
310 !__!__!__! %
311 !__!__!__! %
312 !__!__!__! %
313 !__!__!__! %
314 !__!__!__! %
315 !__!__!__! %
316 !__!__!__! %
317 !__!__!__! %
318 !__!__!__! %
Soma igual a 100%
do item 100
concluído
102
ANEXO B: Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE
Seção Divisão Grupo
Classe
F
Denominação
CONSTRUÇÃO
45
CONSTRUÇÃO
45.1
PREPARAÇÃO DO TERRENO
45.11-0 Demolição e preparação do terreno
45.12-8 Sondagens e fundações destinadas à construção
45.13-6 Grandes movimentações de terra
45.2
CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS E OBRAS DE
ENGENHARIA CIVIL
45.21-7 Edificações (residenciais, industriais, comerciais e de
serviços)
45.22-5 Obras viárias
45.23-3 Obras de arte especiais
45.25-0 Obras de montagem
45.29-2 Obras de outros tipos
45.3
OBRAS DE INFRAESTRUTURA PARA ENGENHARIA
ELÉTRICA E DE TELECOMUNICAÇÕES
45.31-4 Obras para geração e distribuição de energia elétrica
45.33-0 Obras para telecomunicações
45.4
OBRAS DE INSTALAÇÕES
45.41-1 Instalações elétricas
45.42-0 Instalações de sistemas de ar condicionado, de
ventilação e refrigeração
45.43-8 Instalações hidráulicas, sanitárias, de gás e de sistema
de prevenção contra incêndio
45.49-7 Outras obras de instalações
45.5
45.50-0
45.6
OBRAS DE ACABAMENTO
Obras de acabamento
ALUGUEL DE EQUIPAMENTOS DE CONSTRUÇÃO E
DEMOLIÇÃO COM OPERÁRIOS
45.60-8 Aluguel de equipamentos de construção e demolição
com operários
103
ANEXO C: Insumos da construção pesada
Descrição
Pedras britadas
Asfalto de petróleo, cimento asfáltico
Conexões, juntas, cotovelos, flanges e outros acessórios de plásticos para tubos.
Tubetes, tubos, canos e mangueiras flexíveis de plásticos (inclusive eletrodutos)
Tubos, canos e mangueiras de plásticos, com ou sem acessórios, exceto flexíveis
Cimentos Portland, exceto brancos
Elementos pré-fabricados para construção civil de cimento ou concreto.
Massa de concreto preparada para construção; concreto usinado
Painéis, ladrilhos, telhas de fibrocimento, cimento-celulose ou semelhantes não contendo amianto
Cimentos, argamassas, concretos (betões) refratários e composições semelhantes
Tijolos, placas, ladrilhos e outras peças de cerâmica refratária para construção
Misturas betuminosas fabricadas com asfalto ou betumes
Vergalhões de aços ao carbono
Arames e fios de aços inoxidáveis ou de outras ligas de aços
Arames e fios de aços ao carbono
Arames farpados de aços
Tubos de aços com costura, utilizados em oleodutos ou gasodutos
Tubos e perfis de ferro fundidos
Tubos flexíveis de ferro e aço
Estruturas de ferro e aço, em chapas ou em outras formas
Pontes e elementos de pontes, de ferro e aço
Torres, inclusive de telegrafia, e pórticos (pilares), de ferro e aço
Cordas, cabos, tranças e artefatos semelhantes de alumínio, com alma de aço, não isolados
Grampos, armelas, percevejos, tachas, pregos e semelhantes, de ferro e aço
Telas metálicas tecidas, de fios de ferro e aço, inclusive revestidas
Ferragens para linhas elétricas (braçadeiras, suportes, olhais ou anéis, etc.)
Chicotes elétricos para transmissão de energia, exceto para veículos
Fios, cabos e condutores elétricos com capa isolante, para tensão superior a 1000v
Fios, cabos e condutores elétricos com capa isolante, para tensão menor ou igual a 1000v
Download

A influência dos investimentos no crescimento econômico brasileiro