Shabbat Table Talk
Parashat Beha’alotekha – Erev Shabbat 24 de Maio
Semana de 20 a 25 de maio
Porção da Torah: Nm. 8:1-12:16
Haftarah: Zc. 2:14-4:7
A parashah de hoje começa quando os israelitas estão prontos para deixar o acampamento no Monte Sinai e seguem
mais fundo em direção ao deserto conforme retomam sua jornada à Terra Prometida. Seus versos marcam um
movimento de antecipação do atrito, no momento em que o povo desafia tanto o Eterno quanto Moisés (11:1-12:16).
O desafio inicial ao Eterno está contido logo no primeiro verso (11:1). O povo “levou reclamações amargas
diante do Eterno” e eles foram punidos. Um comentarista sugere que o pecado do povo estava exatamente no ato de
reclamar. Um outro, Abrabanel, sugere que estas reclamações ascenderam a calúnias contra o Eterno, enquanto outros,
como Ramban parecem sugerir que as reclamações foram justificadas pelo “grande e terrível deserto” (veja Dt 1:19)
para o qual os israelitas estavam se dirigindo “parecendo-lhes como a uma armadilha de morte” (Freedman, 853). O
segundo desafio começa sem demora e ocupa o restante do capítulo 11 (vv. 4-35). Imediatamente lemos: A
gentalha/ralé no meio deles sentiu um desejo insaciável; e então os israelitas choraram e disseram, “Se ao menos
tivéssemos carne para comer” [literalmente, “quem nos dará carne para comer]!” (11:4, NJPS)
Quem era a ralé (asafsuf literalmente “povo reunido”) supostamente ao centro deste desafio ao Eterno,
instigando dissidentes entre os israelitas? A palavra asafsuf vem do verbo asaf, “recolher”) e refere-se a “multidão
misturada” que deixou o Egito junto com os israelitas (Ex 12:38). Em Stone Chumash (789) os asafsuf são descritos
como a “ralé” que “agora mostrou suas verdadeiras cores” agitando os israelitas e provocando-os a reclamar uma vez
mais. Um grupo dissidente, claramente diferenciado dos israelitas, levou-os ao erro. Plaut (968-9), entretanto, afirma
que esta leitura é na verdade o julgamento das gerações posteriores e é “projetado para desculpar a maioria do povo.”
Os asafsuf, como estrangeiros, tornaram-se os bodes expiatórios. Plaut reivindica que asafsuf eram, na verdade, “povo
desfavorecido da base da pirâmide social do Egito, que se juntaram aos israelitas libertos.” Eles eram refugiados,
exatamente como os israelitas. Plaut questiona a tração que as queixas desta minoria poderia ter tido sobre a maioria, a
menos que já houvesse um “sentimento popular” dissidente entre os israelitas.
Qual então era o pecado dos asafsuf e dos israelitas? A resposta começa com a pergunta no verso 4, “Quem
nos dará carne?” Ela continua com a releitura da experiência egípcia que ocultava a dura realidade da escravidão (v. 5).
Os israelitas não estavam desejosos de sustento, pois eles tinham isto no maná: que seria suficiente para suas
necessidades. O que então eles desejavam? A tradução do v. 6 do Stone Chumash oferece uma dica: “Mas agora a vida
está seca, não há nada; nada temos que antecipar só o maná!” Poderia ser que o desejo, além da necessidade, estaria no
centro deste pecado? A tradução NJPS do v. 4 usa até o adjetivo guloso, que não está no hebraico, para descrever o
desejo deles. Vale a pena observar que os israelitas tinham rebanhos (Nm 32:1; Ex 12:38), que poderiam ser usados
para suplementar a dieta deles. Também vale observar que estes rebanhos poderiam ter sido propriedade dos ricos
(Freedman, 854). Isto pode ser comovente se a dissidência ascendeu daqueles na base da sociedade (veja Plaut acima).
Finalmente, o Eterno satisfaz o desejo deles em excesso (vv. 19-20) fornecendo a carne que eles desejam, que o povo
vorazmente devorou até que se engasgassem em sua ganância (vv. 32-33; Plaut, 964). Pode o pecado do povo ser
encontrado no nome conferido ao lugar do desafio, Kibroth-hattaavah (“túmulos de desejo”) Por que foi aqui que o
desejo deles os consumiu.
Para Reflexão e Discussão: 1. Quem são os asafsuf em nossas sociedades ou comunidades que culpamos por
causarem problema ou dissidência? 2. Plaut (964) oferece a observação que o nome “túmulos de desejo” poderia
indicar que os que cobiçaram foram enterrados lá ou que o desejo deles é que foi enterrado. Poderíamos usar esta
história para examinar que o desejo voraz da espécie humana neste ponto da história continua a devorar vorazmente os
recursos da Terra? Que túmulos nos aguardam?
Bibliografia: Chumash – Stone Edition (Artscroll, Mesorah Publications 2000); Eskenazi (Ed.), The Torah, A Women’s
Commentary (URJ Press, New York, 2008); Freedman, The Torah (Jerusalem, 1999); Plaut (Ed.), The Torah, A Modern
Commentary, Revised Edition (URJ, New York 2005).
O comentário desta semana foi preparado por
Mark David Walsh, B.A., B.Theol., Grad. Dip. R.E., M.R.E., Bat Kol alum ‘01, ‘02, ‘04
Melbourne, Australia (Email: [email protected])
[Copyright © 2013]
e traduzido por
Maria Cecília Piccoli, Colégio Nossa Senhora de Sion – Curitiba, Brasil Bat Kol Alumna, 2006, 2007
[Copyright © 2013]
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