ADMINISTRAÇÃO DE RISCOS FINANCEIROS E A TEORIA DAS OPÇÕES REAIS
Douglas Sad Silveira1
Gláucia de Paula Falco2
A administração de riscos financeiros está direcionada à concepção e à
incorporação de procedimentos para identificar, medir e administrar riscos
financeiros. Qual é o principal trabalho que deve desempenhar um administrador
financeiro de riscos?
Limitar as perdas potenciais, mesmo quando os negociadores estão a tomar
posições no mercado. Isto é, o gerenciador de risco deve mitigar ou controlar o risco
nas decisões tomadas pelos traderse estabelecer limites para controle das perdas
(prejuízos) acumuladas diante de uma decisão tomada. Alguns bens podem
apresentar riscos extremos e outros podem ser livres de risco. O que o administrador
de riscos precisa saber é de que maneiras os instrumentos financeiros respondem
aos fatores de risco bem como as possíveis variações desses fatores.
Métodos clássicos de avaliação de projetos como a TIR e o VPL são
construídos em cenários determinísticos, isto é, são baseados no pressuposto de
que os fluxos de caixa seguem um padrão rígido e que podem ser previstos até um
futuro distante. A análise convencional de projetos de investimento considera que a
empresa possui um gerenciamento passivo e as decisões são estáticas. Isto é, sem
a possibilidade de flexibilidade gerencia. Deste modo, as escolhas das firmas não
são revisadas ao longo do tempo (KESWANI & SHACLETON, 2006).
1
Economista pelas Faculdades Integradas Vianna Júnior
Economista, Doutora em Engenharia Elétrica e profa. do curso de Economia e Administração das
Faculdades Integradas Vianna Júnior.
2
O ambiente empresarial atual é caracterizado pela forte competição entre as
empresas, pela inovação tecnológica constante e, principalmente no caso dos
países emergentes, pela desregulamentação dos mercados (que os tornam
voláteis). Diante deste cenário a capacidade de adaptação e de antecipação a
mudanças pode viabilizar ou inviabilizar uma empresa. Em uma só palavra, a
flexibilidade gerencial se tornou uma arma poderosa na condução dos negócios. É
neste contexto que está inserida a teoria de opções aplicada a projetos de
investimento. A análise pelo fluxo de caixa descontado pode, em muitos casos,
subestimar o valor de um projeto porque não consegue capturar adequadamente os
benefícios da flexibilidade gerencial.
De acordo com Dixit & Pindyck (1994), o investimento num cenário de
incerteza envolve características como: irreversibilidade, incerteza e timing. Todo
investimento é ao menos parcialmente irreversível dado que parte do seu custo
inicial pode ser considerado como um custo afundado. Isto significa que, ao longo do
período de desenvolvimento do projeto, se a alternativa mais viável for suspender a
decisão de financiar o investimento, parte do que foi gasto não pode ser recuperado.
Logo, a opção de esperar para investir é muito valiosa, já que a espera é reversível.
Portanto, opções reais têm a ver principalmente com flexibilidade. Se preferir,
elas dão flexibilidade à tomada de decisão. Entre os tipos de flexibilidade podemos
destacar a opção de adiar um investimento, de expandir ou contrair a escala de
produção, de abandonar temporária ou definitivamente um projeto etc. As opções
reais são as equivalentes corporativas das opções financeiras. O dono de uma
opção, chamado de titular, tem o direito de fazer algo, esse direito, porém, não
precisa ser exercido. A opção dá um direito. O dono da opção só vai exercer o seu
direito se lhe for conveniente.
Diante do exposto até aqui, podemos entender que qualquer situação que
apresente a possibilidade de mudança de curso em função de diferentes cenários, é
uma situação onde podemos incorporar esta técnica. Passamos a entender que o
valor de um projeto inclui tanto o valor dos seus fluxos de caixa como as opções
reais embutidas nele.
Portanto, a fim de esclarecer o sentido de usar a teoria de opções reais e
seus conceitos intrínsecos para a construção da nova metodologia de valoração de
projetos financeiros, a apresentação será dividida da seguinte forma: i)
considerações gerais sobre a relevância da análise de investimento nas decisões da
empresa; ii) colocar os aspectos essenciais da teoria tradicional de finanças; iii)
enfatizar os pontos fortes da teoria de opções reais que tornam este aporte teórico
atraente para fundamentar as análises das decisões em determinados momentos.
REFERÊNCIAS
DIXIT, A. & PINDYCK, R. Investment Under Uncertainty. Princeton: Princeton
University Press, 1994.
GITMAN, L.J. Princípios de Administração Financeira. Bookman. 2.d. 2001.
KESWANI, A. & SHACKLETON, M. B. How real option disinvestment flexibility
augments project NPV. EuropeanJournalofOperationalResearch. V. 168(240 –
252). 2006.
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