Por que elas simplesmente não vão embora?
Área: Serviço Social
Categoria: PESQUISA
Camila Mizuno – [email protected]
Jaqueline Aparecida Fraid – [email protected]
Latif Antonia Cassab – [email protected]
Faculdade Estadual de Ciências Econômicas de Apucarana
RESUMO
A violência à mulher está engendrada historicamente na realidade brasileira, e trás cruéis
seqüelas sociais não só para as mulheres mas para toda a família que vivência tal situação. A
violência contra a mulher não distingue classe social, gênero ou etnia e ocorre no âmbito
doméstico, quase sempre de forma silenciada, distante dos olhares estranhos. Assim nossa
proposta investigativa foi a de conhecer quais são os fatores e/ou aspectos que contribuem
para a permanência da mulher em situação de violência doméstica, cometida pelo seu cônjuge
e/ou parceiro. O objeto construído no processo investigativo revelou os motivos e/ou as
causas que engendram a permanência da mulher no espaço doméstico, ou seja, a se manter em
um contexto de violência praticada pelo seu companheiro. Em tal situação, o espaço
doméstico enquanto um lugar seguro e de união, permeado por carinho e companheirismo,
torna-se um espaço perverso, onde os direitos humanos da mulher são infringidos. A casa, o
lar, que deveria ser de segurança passa a ser de insegurança, e o companheiro a quem se tem,
ou teve, carinho e amor agora causa medo e pavor. Neste sentido, esta pesquisa buscou
penetrar no universo de mulheres que vivenciam, ou já vivenciaram relacionamentos
violentos. Quanto ao suporte metodológico, recorremos a História Oral e, desta, a técnica do
relato de vida. O relato de vida propiciou apreender um “pedaço” da vida dos sujeitos da
pesquisa, no qual ocorrem os fatos que temos interesse em conhecer. Quanto aos sujeitos e
ambiência investigativa, esta foi realizada com três mulheres, indicadas pelo Instituto de
Atenção a Mulher Apucaranense (IAMA) constando de um termo de consentimento e sigilo
quanto as identidades. Mesmo perante toda dor e sofrimento vivenciados pelas mulheres,
múltiplos e complexos são os motivos que as levam a permanecerem nessa relação.
Palavras-chave: Violência à mulher. Espaço Doméstico. Relação Afetiva.
INTRODUÇÃO
Transigência
“Sou mestra em me ressuscitar das mortes e suicídios,
pago o preço de olhar atenta as cicatrizes,
o sangue coagulado é sempre alerta em se desmanchar
os suores secam e voltam a molhar
os ossos fraturados se apóiam somente entre si,
não me peço compaixão, nem mereço
se renasço sempre é porque eu mesma, covardemente
nunca morri.”
Dora Vilela
A violência contra a mulher que permeia as relações familiares atinge de forma
brutal a saúde física, psicológica e social das mulheres, impedindo muitas vezes o seu
desenvolvimento e a construção da cidadania. O rompimento com o agressor se torna algo
complexo e difícil devido ao vínculo afetivo existente entre eles.
A compreensão da violência - que está intrínseca nas relações vivenciadas pelas
mulheres de forma tão dolorosa -, sua trajetória de retomada e reconstrução, não só de suas
vidas, mas também de sua subjetividade, se faz de suma importância para a compreensão
deste trabalho.
A violência contra a mulher, como uma grave expressão das relações sociais,
causa danos muitas vezes irreparáveis, não só às mulheres que a vivenciam mas também, em
seus filhos que estão inseridos nessa relação conflituosa. Mas é vista na sociedade, muitas
vezes de forma naturalizada, presente em nosso cotidiano e reafirmada pelo conjunto de
representações e papéis atribuídos para homens e mulheres.
Os papéis sociais desempenhados aos homens e às mulheres em nossa sociedade
marcada pelo patriarcalismo são postos de forma diferenciada: ao homem é permitido o poder
de decisão e, conseqüentemente, à mulher, quase sempre, o de ser subjulgada. Nesta relação,
o homem faz uso de formas violentas para alcançar e satisfazer seus objetivos. Tal condição
expressa as diferenças de gênero e justifica os motivos pelos quais as mulheres permanecem
nesta trama de poder e horror.
Os motivos para a permanência nessa relação são inúmeros. Podemos citar a
dependência emocional e econômica, a valorização da família, a preocupação com os filhos, a
idealização do amor e do casamento, o desamparo diante da necessidade de enfrentar a vida
sozinha, a ausência de apoio social, entre outros.
O interesse por estudar essa temática, surgiu a partir de nossa inserção no Projeto
de Extensão Universitária “Identidade: Mulher. A intervenção comunitária para a violência
contra a mulher no âmbito familiar”, do Programa Universidade sem Fronteiras – SETI/Pr1,
no ano de 2008, na condição de bolsistas extensionistas.
No âmbito deste trabalho, procuramos desenvolver uma pesquisa de natureza
compreensiva, em uma perspectiva materialista histórica, cuja proposta investigativa foi
conhecer quais são os fatores e/ou aspectos que contribuem para a permanência da mulher em
situação de violência doméstica, cometida pelo seu cônjuge e/ou parceiro. Desta forma, o
objeto a ser construído no processo investigativo foi os motivos e/ou as causas que engendram
a permanência da mulher, no espaço doméstico, ou seja, a se manter em um contexto de
violência praticada pelo seu companheiro.
Neste sentido, esta pesquisa buscou penetrar no universo de mulheres que
vivenciam, ou já vivenciaram relacionamentos violentos. Quanto ao suporte metodológico,
recorremos a História Oral e, desta, a técnica do relato de vida.
O relato de vida propiciou apreender um “pedaço” da vida dos sujeitos da
pesquisa, no qual ocorrem os fatos que temos interesse em conhecer.
Neste sentido, as entrevistas efetuadas foram temáticas, um assunto específico, ou
seja, a permanência da mulher na condição de violência. Também, as entrevistas tiveram a
1
O Programa Universidade Sem Fronteiras, elaborado e desenvolvido pela Secretaria de Estado da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, é hoje, em investimento financeiro e capital humano a maior ação
de extensão universitária em curso no Brasil. Desde outubro de 2007, equipes multidisciplinares compostas
por educadores, profissionais recém-formados e estudantes das universidades e faculdades públicas do
Estado do Paraná, trabalham em centenas de projetos, presentes hoje, em mais de 200 municípios. O critério
fundamental que orienta a proposição e seleção dos projetos, é o seu desenvolvimento nos municípios
socialmente mais críticos, identificados a partir da mensuração do seu Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH). Disponível em: http://www.seti.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=27. Acesso em:
27 maio 2009.
formatação semi-estruturada, ou seja, houve a elaboração prévia de um roteiro de questões
abertas e fechadas a serem realizadas.
A História Oral, enquanto método investigativo não prescinde de outros suportes,
assim, também recorremos ao uso da documentação indireta, constituída pela pesquisa em
arquivos públicos, no caso a Secretaria da Mulher e Assuntos da Família de Apucarana
(SEMAF), e a pesquisa bibliográfica, com diversos tipos de materiais e a fontes estatísticas.
Desta forma, nosso fazer se constituiu: primeiramente em uma pesquisa com
levantamento teórico, através de websites, como: Patrícia Galvão, da Fundação Perseu
Abramo, entre outros. Também, foram utilizados diversos livros de autores como: Saffioti,
Barlach, Velho, Bourdieu, entre outros.
Quanto a pesquisa empírica, esta foi realizada com três mulheres, indicadas pelo
Instituto de Atenção à Mulher Apucaranense (IAMA) e ocorreram no início do mês de
outubro, constando de um termo de consentimento. Às entrevistadas foram atribuídos
pseudônimos para manter o sigilo de sua identidade, como sujeitos da pesquisa tivemos Flor
(nome fictício), trinta e sete anos, separada, um filho, manteve durante doze anos uma relação
de violência. Rosa (nome fictício), cinqüenta e seis anos, casada a trinta e cinco anos, três
filhos e, atualmente, em processo de separação judicial, porém ainda convive com o agressor.
A terceira e última entrevistada é Ana (nome fictício), quarenta anos, um filho e convive com
seu agressor há mais de vinte anos.
Através dos relatos orais, conseguimos captar informações que, interpretados à luz
do constructo teórico, preliminarmente estudado, nos possibilitou desvendar, mesmo que de
forma reduzida, os fatores e/ou condições que motivam e/ou obrigam a permanência de
mulheres, no caso, as mulheres partícipes da pesquisa, a permanecerem por um longo período,
ou muitas vezes, sem dela sair, numa relação de violência.
A Declaração sobre a Eliminação da Violência contra a Mulher, adotada pela
Assembléia Geral das Nações Unidas, em 1993, define a violência contra a mulher como:
Todo ato de violência baseado em gênero que tem como resultado possível
ou real um ano físico, sexual ou psicológico, incluídas as ameaças, a coerção
ou a privação arbitrária da liberdade, seja a que aconteça na vida pública ou
privada. Abrange sem caráter limitativo a violência física, sexual e
psicológica na família incluídos os golpes, o abuso sexual às meninas a
violação relacionada à herança, o estupro pelo marido a mutilação genital e
outras práticas tradicionais que atendem contra a mulher a violência exercida
por outras pessoas – que não o marido – e a violência relacionada com a
exploração física, sexual e psicológica e ao trabalho em instituições
educacionais e em outros âmbitos, o tráfico de mulheres e a prostituição
forçada e a violência física sexual psicológica perpetrada ou tolerada pelo
Estado, onde quer que ocorra. (OMS/OPS, 1998) 2.
A violência contra a mulher apresenta-se como uma grave expressão das relações
sociais, com seqüelas, muitas vezes, irreparáveis, não atingindo somente as mulheres que a
vivenciam, mas também, seus filhos, inscritos nessa relação conflituosa. Essa violência pode
se expressar de diversas formas como podemos analisar no Art. 7º, da Lei nº11. 340 de 7 de
agosto de 2006, a Lei Maria da Penha3 onde diz que a violência se constitui em: Violência
física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.
2
SILVA, Luciane Lemos da. CEVIC: a violência denunciada. 2005. Dissertação (Mestrado em Saúde
Pública) – Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública,
Florianópolis.
3
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do
art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade
ou saúde corporal;
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano
emocional e diminuição da auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e
decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento,
vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização, exploração e
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde
psicológica e à autodeterminação;
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a
presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação,
ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo,
a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou
manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho,
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os
destinados a satisfazer suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia,
difamação ou injúria.
A agressão tanto física como psicológica, sexual, patrimonial e moral contra a
mulher é vista na sociedade, quase sempre, de forma naturalizada, presente no cotidiano e
reafirmada pelo conjunto de representações e papéis atribuídos aos homens e mulheres. Tais
papéis sociais, em nossa sociedade, são marcados pelo patriarcalismo, e postos de forma
diferenciada: aos homens é permitido o poder de decisão e, conseqüentemente, à mulher, o de
ser subjugada. Nesta relação, o homem faz uso de formas violentas para alcançar e satisfazer
seus objetivos.
Tal condição expressa às diferenças de gênero e justifica, equivocadamente, os
motivos pelos quais as mulheres permanecem nesta trama de poder e horror.
Quanto mais frágil, mais desprotegida e sem recursos é a mulher, mais dependente
se apresenta do marido, principalmente enquanto seu protetor e, imprimindo à casa – um
espaço compartilhado por ambos –, como um lugar seguro.
Quando essa ordem natural das coisas se rompe e o perigo passa a viver dentro de
casa pelas mãos desse protetor, instala-se na mulher o pânico – como se o chão lhe fugisse
debaixo dos pés e a vida perdesse seu rumo.
as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe
sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo
Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Secretaria especial de políticas para
as mulheres. Presidência da República. Lei Maria da Penha. Lei nº. 11.340 de 7 de agosto de 2006. Coíbe a
violência doméstica e familiar contra a mulher. Brasília, 2006.
Por que elas não vão embora?
A violência à mulher atinge, indistintamente, todas as classes sociais, etnias e
religiões e, a partir da década de 1970, no Brasil, ganha visibilidade com o trabalho do
Movimento Feminista. Na década 1980, com engajamento e mobilização de um maior
contingente de mulheres o Movimento demonstra à sociedade que a violência contra a mulher
não é algo natural, mas sim, uma construção histórica que pode ser desconstruída.
A mulher que se encontra enlaçada numa relação de dominação vive em freqüente
insegurança, sempre a espera que algo possa lhe acontecer, que a qualquer momento será
agredida novamente, e mais uma vez.
Mesmo não conseguindo romper com essa relação, as mulheres não expressam
prazer em vivenciar essa situação de violência, pelo contrário, os sentimentos que as
acompanham são o medo e a impotência diante da situação.
No início de nossa pesquisa, o motivo pelos quais muitas mulheres vítimas de
violência permaneciam nessa situação se mostrou um enigma para nós, pois seguindo um
raciocínio lógico se as situações vivenciadas são de tal forma cruéis e desumanas causando
tanto sofrimento, elas deveriam se separar e denunciar o agressor.
Mesmo desconhecendo tais motivos que levam a tal permanência, desde o início
não aceitamos a idéia de que as mulheres gostam de apanhar, mas, são levadas a se manter na
relação por motivos afetivos-emocionais, seus planos e projetos afetivos em relação ao
casamento e ao companheiro.
Você se sente quando é agredida, a pior coisa do mundo sabe? Eles fazem
de tudo pra derrubar mesmo, pra você se sentir um lixo mesmo. (Ana)
Só que você acha que é a ultima bolacha do pacote e que você muda a
pessoa depois do casamento, ninguém muda, isso eu aprendi e falo pra
quem quiser ouvir e isso é certeza, ninguém muda ninguém, as pessoas
mudam por si só ou quando querem, né? por elas mesmas não por
ninguém, então eu falava depois que ele casar ele muda....ilusão.(Flor)
Enquanto que as pessoas casam e vivem “um mar de rosas”, eu casei e vivi
um inferno, literalmente um inferno mesmo.(Ana)
“[...] você tenta tenta tenta tenta dar certo um casamento, você faz de tudo,
porque eu fiz, fiz de tudo pra dar certo recorri ao chirstimam eu né?
Porque ele não ia, então eu fiz tudo que eu devia fazer pra manter o
casamento, então quando eu vi que fiz de tudo pra salvar porque a gente
casa pra ser feliz e não por bonito [...]” (Flor)
Quando você gosta de uma pessoa você quer evitar de ver os defeitos
dela.(Ana)
Na primeira fala podemos evidenciar que as mulheres não apanham porque
gostam, mas sim, sofrem por esta situação, sentem envergonhadas e humilhadas. Em suas
falas, Flor relata primeiramente a esperança de mudanças das atitudes de seu companheiro
após o casamento, pois é difícil para uma mulher admitir que as suas expectativas de um
casamento feliz foram frustradas. Porém Flor relata que com o passar do tempo percebeu que,
[...] ninguém muda ninguém, as pessoas mudam por si só ou quando
querem.
No entanto, as mulheres fazem de tudo para manter seu casamento sempre na
perspectivas de mudança.
Também foram apontados como fatores pelas mulheres: ciúmes, a recusa em
manterem relações sexuais com os maridos/companheiros, etc.
O ciúme é um dos motivos relatados por nossas entrevistadas como capaz de
desencadear a violência. As cenas de ciúmes aparecem como o cenário preferido das
violências, praticadas contra as mulheres, pois muitas vezes se apropriam disso como pretexto
para que isso ocorra.
[...] já trabalhei muito é ele falava muita coisa, falava que eu fazia coisa que
eu não fazia né? que eu andava atrás de outra pessoa sendo que eu nunca fiz
isso, então eu acho que a coisa já esta assim na minha vida [...]” (Rosa)
E, consequentemente, expressa essa violência sofrida – entre outras formas –
através do isolamento, pois, não são raros os casos onde são proibidas de fazer amizades, de
frequentar a casa dos familiares, ficando confinadas ao lar, sentindo-se sozinhas e tristes, e
não raras vezes, sendo consideradas como objeto sexual, à mercê da satisfação do homem.
Sobre tal condição, nossos sujeitos da pesquisa relatam,
[...] ele fazia muita chantagem, e eu me afastei do meu irmão, dos meus
pais. Você se afasta de tudo sabe? Por que toda vez que se encontrava em
reunião de família, ele aprontava alguma. Arrumava encrenca com um,
queria brigar com outro. Então o que você faz? Você se afasta daí eu me
afastei tanto da minha família quanto da dele. [...] Eu fiquei quatro anos...
Eu larguei a faculdade, ai eu fiquei quatro anos em casa só cuidando da
casa e da minha filha, ai passaram quatro anos ai eu consegui arrumar um
trabalho, depois de dez anos que eu consegui voltar para um banco de sala
de aula, fazer uma faculdade, ai depois passaram mais tempo... Então foram
coisas que foram acontecendo bem devagar.(Ana)
Quando eu casei com ele, ele me fechava dentro de casa, não deixava eu
sair, ia sair para trabalhar e deixava eu fechada, não podia pedir socorro
pra ninguém, eu cheguei até a passar fome por causa disso, porque ele saia
pra trabalhar e não vinha almoçar porque era longe do serviço dele né? Ai
já aconteceu de eu ficar em casa o dia inteiro, acabou o gás da minha casa e
eu não podia sair porque eu estava trancada lá dentro né? daí quando ele
chegou eu tava ruim com dor de cabeça, tive que ir até para o médico.
(Rosa)
Nas narrativas supracitadas, se evidencia, através das palavras de Rosa, o quanto o
seu companheiro a privava do espaço público mantendo-a em cárcere privado para que não
tivesse nenhum contato com outras pessoas e estabelecesse uma rede social a qual poderia
ajudá-la a superar a condição de violência. No caso de Ana, o agressor a obrigou a abandonar
seus estudos, a faculdade, e vivesse em função da casa, dos filhos e do marido, impedindo-a
até mesmo de se relacionar com sua família.
Mas, por que diante de tamanho desrespeito e sofrimento as mulheres
simplesmente não vão embora? Em resposta a esta questão, a pesquisa constatou que muitos
são os motivos que conduzem as mulheres a permanecerem na relação, na condição de
violência, o medo de perder a guarda dos filhos, o constrangimento perante os amigos e
família, a culpa por não conseguir manter sua relação, a falta de capacitação profissional para
sobreviver sozinha, a dependência emocional/afetiva que tem de seu companheiro, as
ameaças que sofrem quando dizem que vão embora, mas como principal argumento posto nas
entrevistas realizadas, estava à falta de recursos financeiros para deixar o companheiro, porém
a essa questão está atrelada a subsistência dos filhos e não de si mesmas.
As mulheres muitas vezes se submetem a uma relação de violência por não terem
condições de manter um nível adequado de vida ou até mesmo de subsistência para os
mesmos. Como podemos observar nos relatos de nossas entrevistadas.
É, para mim o que foi mais difícil é que para você sair também não é fácil,
né? Ainda mais com filho, mas para mim, era setor financeiro, não sai
porque não tinha como me manter, depois que eu consegui tudo o que eu
achava necessário para sair de casa, ai eu...um abraço pro gaiteiro. [...]
Então você fala assim: epa isso não da mais para mim, então você vai
buscar meios de sobrevivência, eu até sai de casa, a primeira vez eu sai de
casa, porque você não agüenta esse tipo de coisa né?Ai sai com uma mão
na frente e outra atrás, tinha um emprego que ganhava um salário mínimo,
ou dava para eu pagar o aluguel ou para comer, e eu e meu filho, ai o que
eu fiz, tive que voltar porque você passar necessidade é uma coisa, seu filho
é outra. Então, eu peguei e falei para ele que estava voltando porque não
tinha onde cair morta, mas que eu não gostava mais dele, e eu precisava
voltar, então foi isso que aconteceu, mas que eu não gostava mais dele, e eu
precisava voltar, então foi isso que aconteceu. (Flor).
[...] o que impedia é que às vezes quando eu tinha meus filhos pequenos eu
não tinha apoio de ninguém, então eu ficava com medo de me separar dele,
porque eu não podia trabalhar né? Mais ele trabalhava e pelo menos a
comida para eles ele dava né? Então eu tinha medo de separar e sair com
eles pra qualquer lugar né? Por causa das crianças e não por causa de mim
né? (Rosa).
No relato de Flor, ela expõe o motivo pelo qual acabou voltando com o seu
companheiro mesmo sofrendo inúmeras e diversificadas situações de violência, ou seja, a
questão de dependência financeira atinge não somente a ela, mas, a partir do momento que
constata o sofrimento de seu filho, pelas necessidades sentidas, abnega se de sua
independência em favor do filho. Para Rosa, os filhos também foram fatores fundamentais,
desde o princípio, para que esta continuasse a se submeter a uma relação violenta.
Os sentimentos envolvidos neste processo, para os que se sentem agredidos,
oscilam entre o medo em relação ao agressor e a vergonha, principalmente quando os
episódios acontecem em público. Também, muitas vítimas explicitam um sofrimento imediato
à agressão, relatando, inclusive, choro e angústia, principalmente quando os filhos estão
envolvidos nas ocorrências violentas.
As vítimas de violência conjugal, em geral, convivem com o isolamento social e o
silêncio, imposto por mecanismos psicológicos de defesa diante da violência, contra
sentimentos de fragilidade e impotência diante do abuso de força física e psicológica pelo
parceiro masculino. Na maioria das vezes, sem protestos, sendo agredida, só lhe resta
resignar-se frente à própria situação. Para as mulheres, o pior da violência não é somente a
violência em si, mas a tortura mental e a convivência com o medo e o terror, onde através de
palavras e atos aniquilam-se a auto-estima da vítima, deixando cicatrizes na alma, difíceis de
serem apagadas.
Percorrendo a literatura sobre a violência contra a mulher, encontra-se quase que
unanimemente, o registro de que a mulher se silencia por um longo período até se sentir a
vontade para falar sobre a violência – o que se pode supor pela responsabilidade de
preservação da família, socialmente a ela atribuída; pela dependência social e financeira e, por
tratar-se de uma relação afetiva com as implicações que lhe são peculiares.
Outra explicação para a sustentação de relações afetivo-conjugais violentas por
parte da mulher é a Teoria do Ciclo da Violência o qual é representado visualmente pelo
gráfico a seguir.
Gráfico 1 – Ciclo de Violência.
Fonte: BRASIL. Programa de Prevenção, Assistência e Combate à Violência Contra a Mulher – Plano
Nacional/ Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. Brasília, 2003. p.58.
Nesse ciclo de violência, são constatadas quatro fases4: a acumulação de tensão;
explosão violenta; lua-de-mel; e escalada e reinício do ciclo.
• Fase
de
“acumulação
de
tensão”
A irritabilidade do homem vai aumentando sem razão compreensível e
aparente para com a mulher. Intensificam-se as discussões por questões
irrelevantes e as agressões verbais.
4
Disponível em: http://manualmediavd.blogspot.com/2005/03/fases-do-ciclo-de-violncia-domstica.html. Acesso
em: 20 de maio de 2009.
•
•
•
Fase
de
“explosão
violenta”
O homem descontrola-se e concretiza os actos violentos. Insulta e bate na
companheira, atira e parte objectos, embebeda-se, permanece calado vários
dias, agride emocionalmente. O homem trata de demonstrar a sua total
superioridade em relação à mulher.
Fase
da
“lua-de-mel”
Na verdade não é correcto chamar a este período de “lua-de-mel”, já que
este bom momento pode não ser tão idílico: “ele” decide quando começa e
quando é que termina. Pode ser o tempo mais difícil para a mulher, que se
sente confusa e desorientada. Seria mais adequado chamar-lhe período de
“manipulação afectiva” porque o agressor se sente contrariado depois de
cometer o abuso. Neste momento de “desdobramento emocional”, sente
remorsos pelas suas atitudes. Pede perdão, chora, promete mudar, ser
amável, bom marido e bom pai. Esta atitude costuma ser convincente
porque o agressor se sente culpado. E a vítima tende a acreditar numa
mudança.
Fase
de
“escalada
e
reinício
do
ciclo”
Uma vez perdoado pela companheira, começa de novo a fase da
irritabilidade, a tensão aumenta e termina a fase relativamente agradável.
Quando ela tenta exercer a autonomia recém-conquistada, ele sente de
novo a perda de controlo sobre ela. Tem início uma nova discórdia e com
ela o reiniciar do ciclo da violência.
As narrativas a seguir revelam não apenas a existência do ciclo da violência na
vida destas mulheres, mas o reconhecimento deste pelas mesmas. E ainda, que tais fases do
ciclo de violência podem ocorrer da forma como foram descritas pelos autores, como podem
sofrer alterações, ou, até mesmo, se manter em apenas uma das fases, e esta ser a própria
violência em si, como ilustra os depoimentos a seguir.
Ah sim. Nossa os teóricos estão corretíssimos. É mais uma situação de lua
de mel mesmo. Pode-se considerar como isso mesmo. Por que era assim,
batia, agredia, e depois queria, por exemplo, comprar remédio, para
passar nos hematomas, sabe? Ficava com aquele carinho depois: “eu vou
te levar pra almoçar fora, para você não ter que fazer nada”, “não precisa
se preocupar com coisas da casa” sabe? É bem isso mesmo. Só que isso daí
não dura muito sabe? Ele dura lá, por exemplo, uma semana, cinco dias,
no caso do meu marido. Quando ele voltava a beber, ai ele voltava...
Porque quando ele ficava sem beber ele ficava digamos assim... nessa
situação de arrependimento sabe? Juramentos: “olha, nunca mais vou por
a mão em você”, “olha, eu te prometo”. Então essas promessas que “eu
nunca mais vou por a mão em você” isso ai são coisas que você ouve sabe?
(Ana).
É não...ele assim ameaçou...porque são fases, essa pessoa com esse nível de
problema são fases, primeiro ele fica desesperado e chora, e fala que não
vai fazer isso e mais aquilo e fica bonzinho, ai depois que ele vê que por
esse lado não conseguiu ai ele começa com ameaça, se você não voltar
você não vai ter nada, que eu não vou te dar nada, piriri pororó...ai...acho
que é isso mesmo. (Flor).
Desta forma, percebemos que a realização do ciclo é apenas um padrão geral que,
em cada caso, vai se manifestar de modo diferenciado, onde os próximos incidentes poderão
ser ainda mais violentos e se repetir com maior freqüência e intensidade, podendo terminar
muitas vezes, em assassinato.
Assim, as mulheres sentem-se presas nessa relação de fases, pois, logo depois da
agressão e das brigas o companheiro se mostra amoroso, arrependido, com juras de que nunca
mais irá agredi-la, desculpando-se, com o intuito da mulher se sentir fortalecida para
manutenção da relação. Nesta ciranda, a mulher, busca salvar a relação e se submete,
acreditando no arrependimento do companheiro e desistindo de deixá-lo. Em pouco tempo, a
relação volta a ficar tensa até o momento em que as agressões se reiniciam.
As ameaças se apresentam de formas variadas podendo ser contra si próprio –
muitos homens colocam à companheira que se os deixar irão cometer suicídio ou agressões
contra seus filhos. Neste período, em que sente que poderá perdê-la, o risco à integridade
desta mulher assume proporções assustadoras. Ao sentir que a está perdendo, por deixá-lo,
torna-se ainda mais agressivo, mais violento. Trata-se de um período muito critico de toda a
caminhada para a separação e, nessa fase, muitas mulheres são assassinadas.
As formas de enfrentamento/reação à violência variam muito de acordo com a
subjetividade e a história de vida de cada mulher.
Enquanto mulheres e acadêmicas, passamos a ser conhecedoras do difícil
processo de sofrimento, angústia e questionamentos, pelos quais passam as mulheres vítimas
de violência.
Muitas mulheres vítimas de violência quando questionadas sobre como são
atingidas por cada tipo de violência enfocam que apesar da violência física ser predominante,
a violência psicológica esta sempre presente, podendo ser em alguns casos um fator que
acarrete uma atitude violenta, podendo machucar muito mais do que uma agressão física,
pois, as atingem moralmente, ferindo a imagem que têm de si próprias.
A violência psicológica é extremamente destrutiva, embora não cause lesões nem
escoriações físicas, destrói a auto-estima da mulher, e por ser invisível é de difícil combate,
muitas vezes ela nem se dão conta que sofrem esse tipo de violência.
Uma mulher com sua auto-estima abalada terá muito mais dificuldades de se
desvincular de uma relação violenta, ou até mesmo de criar limites em uma relação, quem não
confia em si não tem coragem de reagir a uma agressão mesmo verbal, porque acredita que se
ouviu algo de seu companheiro é por merecimento, se ele a trata mal, a chama de burra deve
ser porque ela realmente é. Assim a mulher acaba fechando os olhos para as agressões e
desrespeito de seu companheiro e se deixa humilhar, por medo de reagir ou por medo de
perder o companheiro e ficar sozinha.
Além da física, a psicológica, porque a dor passa, o machucado passa, mas
o que ele fez, o que a pessoa faz, as palavras que são ditas, o que você vê
aquela coisa acontecendo, você não esquece nunca mais na vida. Então eu
acho que ela é muito maior que a dor física. (Flor)
“[...] igual quando ele passou a mão até na minha empregada de casa, ele
falou assim:“foi só uma passadinha de mão”, como se uma passadinha não
fosse nada, né? cara de pau, Deus me livre...(risos)”. (Flor)
Psicológica não sei muito bem explicar não. É aquela que a gente fica
magoado para a vida inteira? A então eu já to com isso já faz é tempo né,
violência psicológica eu acho que já estou carregando ela há muitos anos.
(Rosa)
Em muitos casos, como podemos observar nas falas de Flor e Rosa a violência
psicológica e moral ferem muito mais que a violência física, deixando profundas marcas e
ressentimentos e, muitas vezes, inesquecíveis e irreparáveis. Muitas mulheres que sofrem
violência acabam desenvolvendo depressão, essas mulheres passam a ter sentimentos
inapropriados de desesperança, desprezando-se com pessoa, se inferiorizando e tendo sua
auto-estima dilacerada por seus companheiros, muitas vezes essas mulheres se culpam por
sua doença e até mesmo pelo problema dos outros, sentindo-se um peso para a família, que já
se encontra adoecida pela violência vivenciada.
Conclusão
Expor a violência sofrida, não é algo fácil de se fazer, principalmente pelos
conflitos que acompanham tal situação. Se de um lado existe uma exposição e a denúncia, e
com isso pode ocorrer uma compaixão e solidariedade por parte de algumas pessoas, por
outro lado, pode ocorrer um desmonte de uma imagem idealizada, construída sobre si mesma
ou também sobre a própria relação, perante a família, a sociedade.
O processo de separação, para a mulher, é permeado por inúmeros
questionamentos e dúvidas, como: será que devo deixá-lo agora? Para onde vou com as
crianças? E se ele vier atrás de nós? Como vou sustentar meus filhos sem ele? E se ele
conseguir a guarda das crianças? O que a família e amigos vão dizer? Como vou provar a
violência?
As pessoas postadas fora de uma relação de violência doméstica, muitas vezes não
conseguem conceber tais questões, acreditando serem estes subterfúgios para a mulher não se
separar do companheiro, porém, para quem tem em seu cotidiano uma relação violenta essas
perguntas se revestem de fundamental importância.
Na investigação realizada, constatamos que as mulheres vítimas de violências
demoraram meses e até anos para romper com essa relação, demonstrando que o caminho
para o desenlace é complexo e cheio de idas e vindas, dúvidas e medos e, muito dependente
do grau de envolvimento emocional, dos riscos a serem enfrentados e, sobretudo, do apoio
recebido dos familiares, amigos e profissionais, com quem mantém contato.
A superação da situação de violência requer, necessariamente, uma rede de apoio
e proteção, traduzida em serviços, que a auxiliem nesse processo. Neste sentido, a Lei Maria
da Penha traz medidas protetivas muito importantes para a segurança da mulher. Através de
um requerimento jurídico, o Juiz poderá pedir medidas protetivas de urgência como:
encaminhar a vitima e seus dependentes a Programas oficiais e comunitários de proteção e/ou
de atendimento; determinar a recondução da mulher e de seus dependentes ao respectivo
domicílio, após afastamento do agressor, determinar separação de corpos. Mas, outras
medidas são necessárias, como as Casas Abrigos, cujos espaços oferecem proteção e moradia
provisória, dentro de um clima residencial e com atendimento técnico para pequenos grupos
de mulheres e seus filhos, sem apartá-los da comunidade e utilizando recursos sociais básicos,
como escolas, centros médicos, áreas de lazer entre outros. Esses serviços à mulher, vítima de
violência doméstica, deve ser feito de forma articulada entre os profissionais das mais
diversas áreas, além de proteger é preciso auxiliá-la concedendo-lhe alternativas de
enfrentamento a violência e de fortalecimento, não só no que tange ao financeiro com
alternativas socioeconômicas, mas, também, sua condição emocional, para que se fortaleça e
tenha uma melhor auto-estima, que a faça compreender como se estabelece em seu cotidiano
a violência e possa, a partir daí, realizar a travessia para a superação dessa condição.
A discussão pública da violência contra a mulher não é uma ação de amparo a
mulher apenas, mas, a oportunidade de homens e mulheres criarem um novo pacto
absolutamente essencial para a sobrevivência da própria espécie. Bem como, a discussão
sobre a crise de valores que vem sendo vivida e, que tem demonstrado cada vez mais que os
valores considerados femininos são essenciais ã sobrevivência de todos, sendo alguns deles: o
cuidado, a atenção, o abrir-se à compaixão, a intuição e a sensibilidade.
Conhecer, para enfrentar a violência cometida à mulher, pelo seu companheiro, no
âmbito doméstico, pressupõe, ainda, um longo caminho a ser construído, com a necessidade
de novos conhecimentos, com dados mais contundentes sobre este problema social que assola,
indiscriminadamente a mulher, na perspectiva da construção de políticas públicas que não
apenas coíbam ou punam o agressor, mas também o inclua em procedimentos que possibilite
a superação das diferenças postas, historicamente, nas relações entre homens e mulheres,
buscando, desta forma, a igualdade na diferença entre os gêneros.
A luta contra o fenômeno da violência contra a mulher não é apenas um trabalho
combativo e de prevenção exclusivo do Estado, também existe a necessidade da sociedade
tomar conhecimento e auxiliar a respeito do mesmo, pois a partir do momento que a
sociedade silencia a sua dor, automaticamente ela se torna cúmplice dessas vivências e
contribui para que sua incessante forma impunitiva seja dominante. Permitir a continuidade
da situação de violência é compactuar com o agressor, permitindo que ele avance de forma
cada vez mais grave.
Investigar e propiciar discussões acerca da violência doméstica, além de ser um
exercício de estudos e conhecimentos que contribuem para nossa formação, gera uma
condição – através dos conhecimentos obtidos – a imprescindível para superarmos a ordem
estabelecida na relação de gênero, neste quadro histórico em que vivemos. Não há mais como
permanecer somente na condição da indignação, quando nos é noticiado as agressões e mortes
violentas a que milhares de mulheres são submetidas.
O investimento em pesquisa, com esta temática, se faz urgente, não apenas para
desvelar um retrato borrado pelo sangue feminino, e com nefastas seqüelas para filhos e
demais parentes, como também, para toda sociedade. O conhecimento adquirido, pela via da
pesquisa, tem o grande compromisso de subsidiar políticas de enfrentamento a tal condição,
seja na área social, da saúde, mas principalmente, na área da educação fundamental, média e
do terceiro grau – urge iniciativas de natureza que elevem a sociedade a um outro patamar de
civilidade, através da educação formal, onde a relação de gênero seja pautada na liberdade,
igualdade e respeito.
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