“Em Portugal, os
hospitais públicos
não têm grande
tradição de
associativismo”,
lamentou o Dr.
Francisco Matoso,
Vogal da Direcção da
APDH e
Coordenador
Nacional do
Programa de
Intercâmbio da
HOPE
4 | Fevereiro | 2014
Texto:
Carlos Gamito
[email protected]
Fotografia:
Rita Santos
Paginação e Grafismo:
Marisa Cristino
[email protected]
O Dr. Francisco Matoso, Vogal da Direcção da APDH e Coordenador Nacional do Programa de Intercâmbio da
HOPE, observou com detalhe as vantagens oferecidas pelas acções de formação fomentadas pela Federação
Europeia dos Hospitais
Francisco Matoso, Administrador Hospitalar, para além de membro fundador da APDH –
Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Hospitalar (criada em 2002), integra o corpo
directivo da Associação com o cargo de Vogal, e é, também, desde 1999, o Coordenador
Nacional do Programa de Intercâmbio da HOPE – Federação Europeia dos Hospitais.
Nitidamente detentor de largos conhecimentos sobre a temática que envolve a formação
profissional no sector da saúde, num primeiro momento o Dr. Francisco Matoso lançou um olhar
ao trabalho que tem sido desenvolvido pela APDH e começou por nos afirmar que em Portugal,
uma Associação de hospitais é sempre confrontada com constrangimentos pelo facto dos
hospitais serem públicos e sem grande tradição de associativismo. E sublinhou: «As eventuais
limitações da APDH centram-se sobretudo no facto da mensagem que encerra o nosso trabalho
não chegar abertamente à maioria dos pontos nevrálgicos, que são os estabelecimentos de
saúde públicos.» Mas por falta de divulgação? «Podemos considerar que sim, mas não tanto por
responsabilidade da Associação mas antes pela ausência dessa cultura por parte dos hospitais.
Mesmo considerando as acentuadas dificuldades com que nos debatemos, teremos que criar
mecanismos que despertem mais o interesse dos nossos hospitais, nomeadamente procurar
vias de melhor propagação das muitas e profícuas acções que, com assiduidade, vamos
desenvolvendo a nível internacional e que não se têm repercutido nos hospitais portugueses.»
O PROGRAMA DE INTERCÂMBIO DA HOPE É AMPLAMENTE REQUERIDO POR CANDIDATOS NACIONAIS E
ESTRANGEIROS
Acerca das actividades da HOPE, começámos por registar que a Federação Europeia dos
Hospitais é representada em Portugal pela Prof.ª Doutora Ana Escoval, cabendo ao Dr.
Francisco Matoso a coordenação do Programa de Intercâmbio entre profissionais de todos os
ramos da saúde.
Instado sobre se as acções de formação promovidas pela Federação têm sido objecto de
procura por parte dos profissionais, o Dr. Francisco Matoso foi peremptório: «A melhor resposta
2
a essa sua pergunta é encontrada nestes números: desde 1999, ou seja, há quinze anos a esta
data, temos seleccionado, em média, dez a doze pessoas por ano para as acções de formação
decorridas no estrangeiro, o que no total equivale a mais de centena e meia de profissionais
escolhidos neste período de tempo, mas permita-me acrescentar que o número de candidaturas
corresponde, regra geral, ao dobro dos lugares disponíveis.» E observou: «No que concerne às
formações organizadas no nosso País, temos verificado que nos últimos dois a três anos as
candidaturas de profissionais estrangeiros também têm superado o número de lugares que
conseguimos disponibilizar, o que não deixa de reflectir o valor do trabalho desenvolvido em
Portugal.»
Para um melhor enquadramento desta informação, adiantou-nos o Dr. Francisco Matoso que
para o ano em curso (2014) foram recebidos catorze pedidos de inscrição, mas o programa
nacional só comporta nove vagas.
Ainda de acordo com o Coordenador Nacional do Programa de Intercâmbio da HOPE, as acções
de formação têm uma duração de quatro semanas e decorrem sempre entre Abril e Maio ou
Maio e Junho de cada ano, sendo que as acções formativas transcorrem em simultâneo nos
vinte e um países da Europa que contam com representação da HOPE.
Segundo este alto responsável da APDH, o vasto e proficiente trabalho que tem sido desenvolvido pela Associação,
tanto a nível nacional como internacional, não tem ecoado devidamente junto dos hospitais públicos portugueses
FORMAÇÕES ENRIQUECEDORAS A TODOS OS NÍVEIS
Relativamente ao formato utilizado nas acções de formação promovidas pela Federação,
explicou-nos o Dr. Francisco Matoso: «As formações desenvolvidas pela HOPE apresentam-se
sob uma matriz pautada pelo estágio de observação e de intercâmbio, sempre de acordo com a
profissão de cada formando. Não são estágios técnicos ou que envolvam execução de tarefas de
trabalho prático no âmbito de cada profissão. Ou seja, estas acções decorrem sobretudo no
pendor da gestão, independentemente da função de cada uma das pessoas. Podem ser
médicos, enfermeiros, técnicos de diagnóstico, administrativos ou outros, o importante é
3
apresentarem interesses e conhecimentos na área da gestão.» E exemplificou: «Um enfermeiro,
por exemplo, que faça a sua formação num hospital fora do seu país, vai colher novos
conhecimentos sobre a forma de gerir e organizar um Serviço hospitalar, isto para além de
muitas outras vantagens, como a rede de contactos que estabelece com colegas de profissão,
cujos são sempre uma mais-valia ao longo da sua carreira profissional. Paralelamente a estes
factores, também deve ser considerado o contacto com novas realidades, novas soluções, novos
potenciais mercados de trabalho, afinal razões que no seu todo se mostram experiências
manifestamente enriquecedoras não só a nível profissional como pessoal.»
AGENDA PARA 2014
A terminar, o Dr. Francisco Matoso informou-nos que estas acções de formação estão abertas a
todos os profissionais que exerçam na área da saúde, verificando-se ultimamente uma maior
procura por parte do pessoal de enfermagem.
O Programa de Intercâmbio da HOPE correspondente a 2014 terá início no próximo dia 28 de
Abril e terminará a 26 de Maio, sendo que Portugal vai receber nove formandos, cinco dos quais
a serem colocados em hospitais da região de Lisboa e os restantes quatro na região do Porto.
No final do Programa terá lugar uma reunião europeia de avaliação que contará com a presença
dos cento e sessenta participantes e que decorrerá na cidade de Amesterdão (Holanda), na qual
será debatido o tema seleccionado para este ano: “Primado da QUALIDADE! Cuidados de
Saúde em Mudança”.1
Convirá atentar aos muitos e substantivos benefícios propiciados pelas formações ministradas pela HOPE e aqui
sublinhados pelo Dr. Francisco Matoso
1
Para informações mais detalhadas, consultar os endereços electrónicos: www.apdh.pt e www.hope.be ou através de e-mail
[email protected]
4
Download

Entrevista Dr. Francisco Matoso