RELATÓRIO DE ATIVIDADES
2 0 1 1 - 2 0 1 2
inct
Biodiversidade e
Uso da Terra na
Amazônia
INCT Biodiversidade e Uso da Terra
Sede: Museu Paraense Emílio Goeldi
Av. Magalhães Barata, 376 - São Braz
CEP: 66040-170 - Belém - PA - Brasil
Fone: +55 (91) 3182-3247
Visite: http://saturno.museu-goeldi.br/inct
INCT BIODIVERSIDADE E USO DA TERRA NA AMAZÔNIA:
RELATÓRIO DE ATIVIDADES 2011/2012
Edição Eletrônica
Coordenação Geral
Ima Célia Guimarães Vieira
Organização, elaboração, revisão e edição de textos
Brenda Taketa
Joice Bispo Santos
Ima Célia Guimarães Vieira
Criação de arte
Jéssica Vasconcelos
Fotos
Claudia Leonor López Garcés
Marcia Maués
Toby Gardner
Andrew Whittaker
Jos Barlow
Márcia Maués
Rodrigo Peixoto
Os textos referentes aos subprojetos foram submetidos por seus respectivos coordenadores, cujos contatos
encontram-se listados no decorrer das seções que compõem esta publicação.
A Amazônia e a possibilidade de um novo mundo.
Com mais Ciência & Tecnologia
Em um lugar como a Amazônia, dispor de informações de qualidade é
essencial a quem toma decisões, atua em projetos ou quer entender um pouco mais
das diversas realidades que a fazem uma região socioeconômica, cultural e
ambientalmente diversa.
Aqui, presente e futuro dependem do entendimento das trajetórias passadas,
da celeridade em acompanhar os processos em tempo real, projetando cenários
futuros compatíveis com as diversas possibilidades do agora, bem como da
capacidade de pensar, de forma dinâmica e criativa, em propostas e alternativas
inovadoras à solução dos problemas históricos e à necessidade de um
desenvolvimento mais favorável às pessoas, ao uso e manutenção inteligente dos
diversos recursos naturais assim como da valorização das suas variadas formas de
vida e riquezas.
Como efeitos de atividades econômicas diversas e de ações, as definições dos
planos e modelos de desenvolvimento resultam de interesses e embates políticos por
diferentes grupos em instâncias também variadas, formais ou não, a devastação
das áreas de floresta, o desperdício dos bens naturais e a depredação da
biodiversidade só podem ser devidamente combatidos e evitados com o
entendimento, cada vez mais acurado, das múltiplas realidades encontradas na
região.
É trabalhosa e desafiante a tarefa de associar conhecimento e ação, cujo
esforço não deve se restringir às universidades e institutos de pesquisa, mas
alastrar-se por outras entidades públicas e privadas, em um movimento que permita
a criação de novas tecnologias, experiências, transformações, diretrizes e medidas
realmente estratégicas, capazes de orientar um novo futuro para a região.
Nesse sentido, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Biodiversidade
e Uso da Terra na Amazônia, sediado no Museu Paraense Emilio Goeldi, foi criado
como uma rede de pesquisa interdisciplinar e multi institucional com a missão de
produzir pesquisas que permitam fornecer as bases científicas para práticas
econômicas sustentáveis, educação para sustentabilidade e apoio a políticas
públicas para a região do Arco do Desmatamento.
Seu eixo de atuação é a análise dos impactos socioambientais e sociais e o
desenvolvimento de estratégias de uso sustentável para a região, que envolvem
ampla articulação com diversos segmentos da sociedade, incluindo gestores,
produtores, trabalhadores e escolas.
Por meio dessa publicação, apresentamos à sociedade o nosso Segundo
Relatório de Atividades, referente ao período 2011- 2012, indicando por eixo de
atuação e subprojetos as principais ações, com destaque aos resultados de impacto,
à produção científica e à formação de pessoal.
A abertura de cada subeixo desse documento carrega uma citação da
geógrafa Bertha Becker, para lembrar as suas essenciais contribuições na definição
das principais diretrizes e agenda de pesquisa deste INCT.
Entre outros efeitos, uma agenda política nos moldes do que Charles Clement
propôs como “Revolução Beckeriana” resultaria em um modelo de desenvolvimento
fortemente pautado por Ciência e Tecnologia aplicadas à valorização e
beneficiamento da biodiversidade nacional, e, em especial, da amazônica.
Becker, em seu mais recente artigo intitulado “Amazônia: crise mundial, projetos
globais e interesse nacional", publicado na Revista Territórios, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, aponta que avanços nessa direção dependem em parte
da renovação do quadro institucional de C&T da região.
Em complemento a medidas como a implantação do INCT Biodiversidade e Uso
da Terra, ainda é necessário reforçar os investimentos em pesquisa e focar em
prioridades como a criação de um Instituto do Coração Florestal, que agregue
instituições para fortalecer um pensamento estratégico amazônico, de parques
tecnológicos orientados a estudos e aplicações efetivas sobre a biodiversidade,
assim como estimular arranjos destinados à organização da cadeia produtiva da
madeira.
Ima Célia Guimarães Vieira
Coordenadora Geral do INCT Biodiversidade e Uso da Terra
Dezembro de 2012
SUMÁRIO
AMAZÔNIA
10
Amazônia: Patrimônio singular, região plural
12
Fronteiras do desmatamento
AVANÇANDO SOBRE NOVAS FRENTES: CIÊNCIA COMO NORTE DO
DESENVOLVIMENTO REGIONAL
13
O que é um INCT?
14
Função de um INCT aplicado à biodiversidade e ao uso da terra
15
Sobre o INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia
15
Tipos de informações produzidas
17
Parcerias
SUBEIXO 1: IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE A BIODIVERSIDADE
20
O papel das alterações climáticas e de paisagem na evolução passada e
futura de espécies de vertebrados e plantas superiores de especial interesse
para a conservação na Amazônia
SUBEIXO 2: IMPACTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS DO USO DA TERRA
33
A perda da biodiversidade no Centro Endemismo Belém
39
Análise custo-benefício entre conservação e desenvolvimento na Amazônia
Brasileira / Custos sociais e ambientais de queimadas na Amazônia
53
64
Serviços ecossistêmicos e sustentabilidade das paisagens agrosilvipastoris da
Amazônia Oriental
Dinâmica de uso da terra no Leste do Pará
SUBEIXO 3: DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS DE USO SUSTENTÁVEL DE CURTO,
MÉDIO E LONGO PRAZOS
78
Uso de Recursos e Recuperação da Produtividade Agrícola das Terras do
Leste do Pará
83
Elaboração de mapas de populações tradicionais, conflitos e usos da
biodiversidade na área da BR-163 (PA)
89
Laboratório de práticas sustentáveis em Terras Indígenas próximas ao arco
de desmatamento
94
Recuperação de Áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente
99
Ebio - Escola da Biodiversidade Amazônica
106
Programa de Formação e Capacitação de Profissionais em Biodiversidade
Amazônica
O INCT EM NÚMEROS
115
Bolsas concedidas
119
Publicações
A Amazônia não é só uma questão regional – é também nacional,
continental e global. Tem uma história e uma geografia diferente daquelas
do Brasil após a colonização europeia. Foi e é uma fronteira-mundi, com
processo de ocupação mais tardio e com maior abertura para o exterior do
que o do Brasil. Faz parte de sua história o contato contínuo com os grandes
avanços da ciência e da tecnologia que impulsionam a economia-mundo
desde o século XV, mas avanço esse sempre serviu a interesses externos à
região, que foi incorporada aos processos globais como periferia
exportadora de recursos.
[...] É preciso, portanto, sustar a continuidade do modelo baseado na
economia de fronteira. O desenvolvimento e a integração efetiva da
Amazônia no Estado Nação brasileiro requerem hoje conhecimento
científico e tecnológico de ponta, mas com o olhar para ela direcionado.
Essas condições são hoje possíveis graças à revolução científico-tecnológica
que a partir dos anos 1970 valorizou duplamente a natureza amazônica –
como capital natural e como condição de sobrevivência do planeta –, e
criou possibilidades de lidar com esse fantástico patrimônio com novas
formas de produção.
(Bertha Becker, 2012, em “Amazônia: Crise Mundial, Projetos Globais e
Interesse Nacional”)
Amazônia
Amazônia: patrimônio singular, região plural
Diversidade biológica, reservas de recursos naturais variados, populações e
grupos de múltiplas origens, tradições e modos de viver que desempenham
atividades produtivas de acordo com os diferentes históricos e incentivos,
governamentais ou não, são alguns dos elementos que compõem as muitas
“Amazônias” existentes em uma região que se distribui em mais de 6,8 milhões de
quilômetros quadrados, por nove países sul-americanos, entre os quais o Brasil se
destaca por compreender 60% dessa área.
Ela congrega 40% das florestas tropicais que ainda existem em todo o mundo,
desempenhando um papel fundamental na regulação climática continental e na
manutenção dos ciclos biogeoquímicos globais.
Vivem na região aproximadamente 20 milhões de pessoas. Combinações
entre aspectos climáticos, bioquímicos, geológicos e humanos resultam em diferentes
paisagens, que compreendem a maior variedade de animais e vegetais do planeta,
cujas estimativas alcançam um mínimo de 40 mil espécies de plantas superiores e
outras 425 de mamíferos, 1,3 mil de aves, 371 de répteis, 427 de anfíbios e 3,5 mil
de peixes de água doce (Mittermeier et al., 2003; Hubert & Renno; 2006).
Entre 1988 e 2010, quase 1,6 milhões de hectares de suas florestas primárias
foram alterados anualmente, o que contribuiu para o registro das maiores taxas
absolutas de desmatamento de floresta tropical e de degradação florestal por
fogo e exploração madeireira.
10
FAUNA
3.813 espécies
Com o apoio do INCT, o Museu Goeldi
criou o Censo da Biodiversidade, com
o objetivo de informar a sociedade
sobre a riqueza da biodiversidade
amazônica ao longo dos anos. Só no
Pará o número de espécies alcança os
seguintes números:
FLORA
Já o Censo das Árvores, cujas fontes de referência são a Amazon Tree Diversity
Network (ATDN), aponta a riqueza da cobertura vegetal da região:
Na Amazônia
O estudo em uma área de 1.133 hectares permitiu estimar a presença de
aproximadamente 600.000 indivíduos e 5.000 espécies de árvores na região.
Fonte: Amazon Tree Diversity Network
No Pará
No Pará, a investigação sobre 218 hectares de parcelas permanentes de
levantamentos florísticos projetou a existência de 28.220 indivíduos e 1.696
espécies de árvores.
Fonte: Amazon Tree Diversity Network/Museu Paraense Emilio Goeldi
11
Fronteiras do desmatamento
A exemplo do que tem sido feito por governos, instituições de pesquisa e
entidades não-governamentais, é possível subdividir todo o espaço que
compreende o bioma amazônico por fronteiras baseadas em critérios políticos,
geográficos, biológicos, socioculturais e econômicos, entre outros.
No Brasil, onde as políticas de desenvolvimento regional dos últimos 40 anos
resultaram em um processo contínuo de avanço e destruição sobre as áreas
florestais. A região do “Arco do Desmatamento” foi definida para caracterizar a
faixa relativamente estreita, quando consideradas as extensões regionais, em que
esse processo tem se concentrado na região.
Espraiando-se pelo sul da região amazônica, do oeste do Maranhão ao
interior do Acre, essa porção de território abrange 524 municípios, cuja população
somada ultrapassa os 10 milhões de habitantes (MPEG, CI 2003). No Arco do
Desmatamento, estão também inseridas 36 unidades de conservação federais e
estaduais, sendo 25 de uso sustentável, 11 de proteção integral, além de 99 Terras
Indígenas.
Nesse contexto, o estado do Pará, que do leste ao sul apresenta
historicamente extensas áreas em processo de desmatamento, representa um
espaço rico e diverso para a produção de informações essenciais à tomada de
decisões em diferentes níveis de governo e setores da sociedade e à garantia de
processos de desenvolvimento inclusivos e sustentáveis do ponto de vista
socioeconômico e ambiental.
12
Avançando sobre novas frentes: ciência como norte
do desenvolvimento regional
O que é um INCT?
Em âmbito nacional, um Plano de Aceleração do Crescimento em Ciência,
Tecnologia e Inovação foi criado para garantir a excelência nas atividades
brasileiras de pesquisa, garantindo-lhe o reconhecimento em nível internacional,
maior interação com o setor empresarial, melhoria da educação científica e
participação mais equilibrada das diferentes regiões do país nessa área.
Entre os anos de 2008 e 2009, foram selecionados 123 projetos que resultaram
na formação e consolidação de Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT),
em uma iniciativa conduzida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
(MCTI) com o apoio de outros ministérios, entidades de fomento nacionais e
estaduais e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Metas ambiciosas e abrangentes foram então estabelecidas com o objetivo de
mobilizar e agregar, de forma articulada, os melhores grupos em áreas
acadêmicas e espaços estratégicos para o desenvolvimento sustentável do país,
assim como impulsionar a pesquisa científica básica e fundamental competitiva
internacionalmente, estimular o desenvolvimento de conhecimento e tecnologia de
ponta, associando-os a aplicações inovadoras, em estreita ligação com as
empresas vinculadas ao Sistema Brasileiro de Tecnologia.
13
Qual a função de um INCT aplicado à biodiversidade
e uso da terra?
Um centro de excelência para o estudo da biodiversidade e da paisagem
amazônica deve ajudar a melhor compreender e a projetar cenários futuros sobre
o estado de conservação de áreas prioritárias em termos de riquezas biológicas,
por exemplo, e as consequências ambientais e sociais das diferentes possibilidades
de uso da terra na região.
Por ajudar a antever problemas, riscos e possibilidades e a estimular soluções
de modo estratégico e eficaz, essas informações deverão subsidiar e estimular
práticas econômicas sustentáveis, atividades de educação, incluindo a formação de
novos pesquisadores, e apoiar a gestão de políticas públicas na região do Pará
inserida no Arco do Desmatamento, reconhecida por seus altos índices de
depredação das áreas florestais.
Biodiversidade
Como "bio" é o termo em latim para definir "vida", biodiversidade remete à rica
variedade de formas de vida que podem ser encontradas na Terra.
Essa diversidade pode ser considerada do ponto de vista genético, já que os indivíduos
de uma mesma espécie não são geneticamente idênticos entre si; orgânico, na medida em que a
história evolutiva muda entre as espécies; e ecológico, porque a distinção entre biomas e
paisagens depende das inúmeras formas de interação entre as populações da mesma espécie e
as de outras, que formam a partir disso comunidades cujas relações com o ambiente resultam
nos ecossistemas.
Fonte: Museu Goeldi
Uso da terra na Amazônia
A pecuária, a exploração ilegal de madeira e a agricultura mecanizada estão entre as
atividades responsáveis por aproximadamente 80% do desmatamento detectado na
Amazônia até hoje. Apenas o restante pode ser atribuído à agricultura itinerante de pequena
escala.
14
O que é então o INCT Biodiversidade e Uso da Terra?
O INCT Biodiversidade e Uso da Terra é uma rede de organizações e
profissionais com a missão de gerar informações e abordagens científicas inéditas
que compatibilizem os potenciais e necessidades de desenvolvimento econômico,
inclusão social e conservação da biodiversidade na Amazônia.
Os trabalhos realizados apoiam-se em uma abordagem interdisciplinar
capaz de produzir efeitos sobre o planejamento territorial, a definição de áreas
prioritárias para a conservação, o estímulo das dinâmicas econômicas mais
eficientes e sustentáveis do ponto de vista socioambiental e o compartilhamento das
informações produzidas com toda a sociedade, especialmente os gestores públicos
e privados.
Informação como combustível das práticas ambiental e
economicamente sustentáveis
Partindo da premissa de que a ampliação e a difusão do conhecimento sobre
a biodiversidade são fatores-chave para uma adesão cada vez maior às soluções
sustentáveis de manejo dos recursos naturais e de que é essencial avaliar as práticas
de uso da terra, por meio de indicadores de sustentabilidade elaborados de forma
crítica e em diferentes escalas temporais, o INCT deve garantir:
- A avaliação da suscetibilidade de espécies de especial interesse para a
conservação, como as ameaçadas de extinção e as endêmicas, diante do quadro
de mudanças climáticas previstas pelo IPCC;
- O estudo e a quantificação dos padrões de transformação da paisagem criados
pela conversão de florestas na Amazônia;
- A medição da perda de biodiversidade associada a diferentes usos da terra;
15
- A avaliação das respostas da biodiversidade e dos ecossistemas a queimadas e
incêndios florestais;
- A criação de cenários sobre flora e fauna futuras da Amazônia;
- O desenvolvimento de estratégias produtivas que minimizem os impactos
negativos das mudanças de uso da terra;
- A concepção e o teste de modelos de restauração florestal para as áreas de
preservação permanente e reserva legal;
- A produção de informações sobre os custos de oportunidades de conservação
ambiental e atividades produtivas;
- O fortalecimento de abordagens interdisciplinares entre os grupos de pesquisas e
nos cursos de Pós-graduação;
- A maior visibilidade pública às alternativas de sustentabilidade;
- A qualificação cada vez maior de profissionais nas universidades e institutos de
pesquisa, por meio de cursos de formação e disseminação técnico-científica em
temáticas especializadas;
- O aperfeiçoamento de metodologias e práticas de ensino sobre a biodiversidade
no sistema escolar;
- A implantação do Laboratório de Práticas Sustentáveis na região do Arco do
Desmatamento;
- A colaboração com os programas de desenvolvimento de políticas públicas para
a Amazônia, com ênfase no estado do Pará.
16
Parcerias
Sob a coordenação do Museu Paraense Emílio Goeldi, instituições brasileiras e
internacionais formam a rede de parceiros do INCT, sob o compromisso de produzir
com excelência dados técnico-científicos que apoiem a gestão de políticas
orientadas ao desenvolvimento regional, tendo em vista a necessidade de propor
as melhores alternativas aos problemas socioambientais e de entender os cenários
futuros possíveis para cada decisão tomada no presente.
Integram também os projetos desenvolvidos pelo INCT Biodiversidade e Uso da
Terra mais de 100 pessoas, entre pesquisadores, técnicos de laboratório e pesquisa
e profissionais de educação e comunicação.
17
“Os dois maiores problemas a serem solucionados são a mudança
climática rumo a um aquecimento global e a perda de biodiversidade. [...]
A biodiversidade e os serviços ecossistêmicos precisam ser entendidos
como os mais fundamentais componentes do desenvolvimento
econômico verde, cujos serviços exportados e importados devem ser
incluídos num sistema de contas da riqueza”.
(Bertha Becker, 2012, em “Amazônia: Crise Mundial, Projetos
Globais e Interesse Nacional”)
18
SUB-EIXO 1: IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS SOBRE
A BIODIVERSIDADE
O 4° Relatório Mundial do IPCC, divulgado em 2007, é incisivo ao apontar
que o aumento da média de temperatura mundial desde meados do século XX se
deve muito provavelmente ao aumento das concentrações de gases do efeito estufa
na atmosfera, provocadas em sua maior parte pelo uso de combustíveis fósseis. De
acordo com o documento, de 12 anos analisados (período de 1995 a 2006), 11
figuraram entre os mais quentes nos registros de temperatura do ar desde 1850,
sendo que o aumento da temperatura entre 1906 e 2005 foi estimado em 0,74°C.
Além disso, as influências humanas seriam responsáveis não apenas pelo
aumento da média da temperatura mundial, mas também pela interferência em
outros aspectos ambientais, como os sistemas hidrológicos, os ecossistemas terrestres
e marítimos, além das calotas polares e terrenos congelados.
Estudiosos também apontam que essa combinação entre o aumento de
temperatura e o decréscimo da água do solo pode provocar em meados deste
século alterações ou reordenamentos na distribuição das florestas tropicais e
mesmo a sua substituição por savanas em algumas áreas.
Lançado em 2006, o relatório Stern confirmou os prognósticos do IPCC,
apontando a iminência de riscos de aumento da temperatura mundial acima do
considerado aceitável para a segurança dos ecossistemas planetários. O estudo
também revelou que, caso as emissões permaneçam nos níveis atuais, a
concentração de GEE na atmosfera elevará os índices pré-industriais em duas vezes
até meados deste século. Nesse caso, a projeção de aumento da temperatura pode
variar de dois a cinco graus celsius ou até mais (STERN, 2006, p. 48).
19
O papel das alterações climáticas e de paisagem na evolução
passada e futura de espécies de vertebrados e plantas
superiores de especial interesse para a conservação
na Amazônia
Coordenação:
Alexandre Aleixo (Museu Paraense Emilio Goeldi - MPEG) - [email protected]
Ana Albernaz (Museu Paraense Emilio Goeldi - MPEG) - [email protected]
Como reagirá a biodiversidade da região do Arco do Desmatamento diante
do aumento da temperatura, previsto pelas mudanças climáticas globais, e da
manutenção das atividades econômicas que pressionam as áreas florestais?
Com base no histórico evolutivo dos animais vertebrados e plantas superiores
existentes na região, usualmente considerado em escalas de milhões de anos, é
possível relacionar os efeitos que as alterações no clima e as diferentes formas de
uso da terra terão sobre a paisagem e as espécies, projetando nos cenários futuros
as possíveis extinções e os impactos sobre cada ecossistema.
Nessa análise do grau de suscetibilidade natural das espécies em relação às
mudanças climáticas, foram priorizadas as que são consideradas vulneráveis em
função da forte pressão humana sobre os seus habitats, bem como as ameaçadas
de extinção.
Estudos filogeográficos e qualificação de profissionais
na região
A rede de pesquisa formada a partir desse subprojeto incluiu 29 estudos
filogeográficos sobre linhagens amazônicas de aves, insetos, mamíferos e répteis,
por meio do Laboratório de Biologia Molecular do Museu Goeldi.
Feita por alunos ligados aos programas de pós-graduação em Zoologia da
Universidade Federal do Pará e em Recursos Naturais da Universidade Federal de
Roraima, a maior parte destes estudos têm comprovado que a última máxima
glacial - de aproximadamente 21.000 anos atrás - exerceu uma grande
perturbação na paisagem florestal amazônica, alterando de forma significativa a
distribuição das espécies florestais.
20
No entanto, esse rearranjo aparentemente não implicou na separação de
populações e na geração de novas espécies ou linhagens nesse período, já que a
maior parte dos organismos estudados pode ser considerada mais antiga.
Futuro
As análises permitirão construir modelos baseados em diferentes cenários de
governança relacionados ao uso da terra, o que inclui considerar a presença e a
ausência de políticas públicas (incentivos, comando-controle, proibições, entre
outros instrumentos), por meio dos quais será possível prever as possíveis e
prováveis mudanças na paisagem, assim como visualizar como as espécies de
mamíferos, aves, répteis, anfíbios e plantas superiores serão espacialmente
distribuídas de acordo com as condições ecológicas passadas, atuais e futuras.
Metas alcançadas:
1. Produzidos e validados modelos biogeoclimáticos de impactos sobre a
biodiversidade da região amazônica a partir de diferentes cenários de mudanças
ambientais passadas e previstas para o futuro;
2. Com ferramentas da biologia molecular, a história evolutiva recente das
espécies amazônicas foi reconstruída, por meio da modelagem dos nichos e áreas
em que elas estão geograficamente distribuídas, o que permitiu a avaliação do
efeito das mudanças climáticas passadas sobre a fauna e a flora local.
21
Pessoas qualificadas e conhecimento produzido:
- Cerca de 50 alunos e pesquisadores espalhados por várias instituições da
Amazônia, do Brasil e do exterior fazem parte desse subprojeto, que já resultou na
defesa de nove dissertações de mestrado até outubro de 2012.
- Encontram-se em fase de elaboração: um trabalho de conclusão de curso, cinco
dissertações de mestrado e nove teses de doutorado.
- Foram publicados 11 artigos científicos em periódicos indexados, com a previsão
de pelo menos mais de 16 para submissão em 2013.
- Nos anos de 2011 e 2012 os resultados do projeto foram apresentados em um
congresso internacional, o “IX Neotropical Ornithological Congress”, por meio de
11 atividades e na reunião magna da Academia Brasileira de Ciências, realizada
no Rio de Janeiro em maio de 2012.
Resultados Divulgados
TRABALHOS PUBLICADOS
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Climáticas e a Biodiversidade dos Biomas Brasileiros: Passado, Presente e Futuro. Natureza &
Conservação, v. 8, p. 194-196, 2010.
ALEIXO, A. ; POLETTO, F. ; LIMA, M. F. C. ; CASTRO, M. ; PORTES, C. E. B. ; MIRANDA, L. S. . Notes
on the vertebrates of northern Pará, Brazil, a forgotten part of the Guiana Region. I. Avifauna..
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AVILA-PIRES, T. C. S. ; HOOGMOED, M. S. ; ROCHA, W.A. . Notes on the Vertebrates of northern
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DERRYBERRY, E. P. ; CLARAMUNT, S.; DERRYBERRY, G.; CHESSER, R. T. ; CRACRAFT, J. ; ALEIXO, A. ;
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SANCHEZ, C. . No evidence for widespread bird declines in protected South American forests.
Climatic Change, v. 108, p. 383-306, 2011.
STURARO, M. J.; AVILA-PIRES, T. C. S. Taxonomic revision of the geckos of the Gonatodes
concinnatus complex (Squamata: Sphaerodactylidae), with description of two new species. Zootaxa
(Online), v. 2869, p. 1-36, 2011.
23
Pesquisas Realizadas
Tipo
Mestrado
Autor
Valdenice Barros da
Silva Moscoso
Título
Modelagem da distribuição de
doze espécies vegetais (seis
madeireiras e seis palmeiras) na
Amazônia, usando dados de
coleções e de inventários. 2012.
Dissertação (Mestrado em
Botânica)
Filogenia molecular e taxonomia
do grupo Anolis Chrysolepis
Duméril & Bibron, 1837
(Squamata, Polychrotidae)
Variação geográfica e
taxonomia do lagarto
Ptychoglossus brevifrontalis
Boulenger, 1912 (Squamata,
Gymnophthalmidae)
Variação Geográfica e
Taxonomia de Gonatodes do
grupo concinnatus (Reptilia:
Squamata)
Instituição
Universidade Federal
Rural da Amazônia
Luciano Jorge Serejo
dos Anjos
Modelagem de Distribuição da
Avifauna Ameaçada do Leste do
Pará
Universidade Federal
do Pará
Victor Fonsêca da
Silva
Variação morfológica e
molecular dos sagüis de face
com pêlos da Amazônia oriental,
Saguinus midas (Linnaeus, 1758)
e Saguinus niger (É. Geoffroy,
1803)
Variação morfológica no
tamanduá-mirim, Tamandua
Tetradactyla (Linnaeus, 1758)..
2011. Dissertação
Universidade Federal
do Pará
Gregory Thom e
Silva
Testando hipóteses de
diversificação na Amazônia:
filogeografia da espécie
politípica Thamnophilus aethiops
Sclater, 1858 (Aves:
Thamnophilidae)
Universidade Federal
do Pará
Denise Mendes
Martins
Sistemática Molecular e
Filogeografia do gênero
Phoenicircus Swainson, 1832
(Aves: Cotingidae)
Universidade Federal
do Pará
Annelise Batista
D'Angiolella
Pedro Luiz Vieira del
Peloso
Marcelo José Sturaro
José Abílio Barros
Ohana
24
Universidade Federal
do Pará
Universidade Federal
do Pará
Universidade Federal
do Pará
Universidade Federal
do Pará e Museu Emílio
Goeldi
Tipo
Mestrado
Autor
Shirliane de Araújo
Sousa
Romina do Socorro
da Silva Batista
Leonardo Moura dos
Santos Soares
Lucas Eduardo
Araújo da Silva
Leonardo de Sousa
Miranda
Silvia Tereza de
Carvalho
Tiago Sousa Neves
Título
Filogeografia e limites interespecíficos no gênero Corythopis
(Aves: Tyrannidae)
Filogeografia e limites interespecíficos em Dendrocolaptes
certhia (Aves: Dendrocolaptidae)
Filogenia e limites
interespecíficos de Micrastur
gilvicollis (Vieillot, 1817) e
Micrastur mintoni (Whittaker,
2002), (Aves Falconidae)
Filogeografia de Phaethornis
bourcieri (Aves: Trochilidae):
implicações taxonômicas e
biogeográficas
Molecular, morphological, and
vocal variation and species limits
in the Ihering´s Antwren
Myrmotherula iheringi
(Thamnohilidae), with the
description of a new species
Filogeografia e limites interespecíficos no complexo
Percnostola rufifrons (Aves:
Thamnophilidae)
História biogeográfica e
diversificação do complexo de
aves neotropicais Xiphorhynchus
pardalotus/ocellatus
25
Instituição
Universidade Federal
do Pará
Universidade Federal
do Pará
Universidade Federal
do Pará
Universidade Federal
do Pará
Universidade Federal
do Pará
Universidade Federal
do Pará
Universidade Federal
do Pará
Análise genealógica e de genética populacional dos jacamins
para entender a diversificação de espécies em áreas de
floresta amazônica nos últimos três milhões de anos
Fonte: RIBAS, C. C.; ALEIXO, ALEXANDRE ; NOGUEIRA, A. C. R. ; MIYAKI, C. Y. ; CRACRAFT, J.
26
Análise genealógica e de genética populacional dos jacamins
para entender a diversificação de espécies em áreas de
floresta amazônica nos últimos três milhões de anos
Com base em uma análise genealógica e de genética populacional
dos jacamins, esse modelo apresenta uma possível justificativa para a
diversificação de espécies terrestres associadas a florestas de terra-firme na
Amazônia nos últimos três milhões de anos (Aves: Psophiidae, Psophia spp.;
Ribas et al. 2012).
No primeiro mapa, de letra “a”, fica claro que, até o Plioceno (03 a 2.7
milhões de anos atrás), o gênero Psophia era provavelmente restrito aos
escudos brasileiro e das guianas, também ausente das bacias sedimentares do
oeste e centro da Amazônia, ocupadas por um complexo de rios e lagos em
terreno não apropriado para o desenvolvimento de florestas de terra-firme.
Na imagem seguinte, que demonstra o momento de continuação do
soerguimento dos Andes e o começo do soerguimento da porção sudoeste das
bacias sedimentares, as condições se tornam mais favoráveis ao
desenvolvimento da moderna bacia hidrográfica amazônica e do rio
Amazonas, provocando o aparecimento da primeira espécie do gênero
Psophia, que hoje apresenta uma idade estimada entre 2.7 a 2 milhões de
anos.
É na Amazônia ocidental, com a progressiva substituição do ambiente
de rios e lagos por florestas de terra-firme, que acontecem os primeiros
episódios de colonização das bacias sedimentares da Amazônia central e
ocidental por linhagens associadas a florestas de terra-firme provenientes dos
escudos brasileiro e das guianas.
27
Análise genealógica e de genética populacional dos jacamins
para entender a diversificação de espécies em áreas de
floresta amazônica nos últimos três milhões de anos
Já na imagem “d”, referente ao período seguinte, entre 02 e 01 milhão
de anos atrás, no qual o rio Madeira se encontra formado, são criadas as
condições para o surgimento da segunda espécie do grupo, a Psophia
leucoptera.
Em seguida, entre 1.3 e 0.8 milhões de anos, com o estabelecimento do
rio Tapajós, registra-se a formação da terceira espécie do grupo, a Psophia
viridis. Nesse mesmo período, a espécie Psophia napensis é dividida,
provavelmente por um paleo-rio, que a separa daquelas populações do
escudo das guianas.
Entre 1 e 0.7 milhões de anos, conforme a imagem “e”, uma barreira
associada ao baixo curso do rio Negro provoca a origem de novas espécies, a
Psophia ochroptera, que ocupa a área de endemismo Negro, e a Psophia
crepitans, da área de endemismo Guiana.
O último mapa (f) demonstra que, entre 0.8 e 0.3 milhões de anos, o
desenvolvimento das bacias dos rios Xingu e Tocantins leva novamente ao
surgimento de uma nova espécie, com três novas linhagens de Psophia: P.
dextralis, P. interjecta e P. obscura.
Fonte: RIBAS, C. C.; ALEIXO, ALEXANDRE ; NOGUEIRA, A. C. R. ; MIYAKI, C.
Y. ; CRACRAFT, J. . A palaeobiogeographic model for biotic diversification
within Amazonia over the past three million years. Proceedings - Royal
Society. Biological Sciences (Print), v. 279, p. 681-689, 2012.
28
Nova espécie de ave
Uma nova espécie de ave foi descoberta na região paraense próxima
ao município de Alta Floresta, fortemente pressionada por atividades
econômicas e cortada pelas rodovias Transamazônica e BR-163, entre os rios
Madeira e Xingu.
O reconhecimento do Torom-de-alta floresta (Hylopezeus whittakeri),
que vive entre populações do Torom-carijó (Hylopezeus macularius), mas que se
diferencia dele pelo canto e pela plumagem, entre outros aspectos, demonstra
como os esforços de pesquisa precisam ser ainda mais intensos para alcançar
a riqueza biológica da região.
O anúncio da nova espécie endêmica – característica daquele local - foi
feito por meio do artigo “Systematic evision of the Spotted Antpitta
(Grallariidae: Hylopezeus macularius), with description of a cryptic species from
brazilian amazonia”, publicado na revista da União Americana de
Ornitólogos, em abril de 2012.
Para identificá-la, os pesquisadores analisaram mais de 100 gravações
com 310 sons distintos, provenientes de 51 localidades, com atenção à
frequência, ritmo e duração das notas no canto de cada individuo. Também
foram examinadas 97 exemplares de coleções do Brasil e do exterior, além
do sequenciamento do DNA mitocondrial de 28 indivíduos.
29
O isolamento geográfico é uma das explicações para o surgimento
desse novo pássaro, já que a região em que ele se encontra é entremeada por
rios e rodovias com intenso movimento, que funcionam como barreiras.
Uma análise de vulnerabilidade executada em conjunto com técnicos do
Centro Nacional de Migração de Aves, ligado ao Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade, revelou que, apesar das fortes pressões
sobre as áreas de floresta onde vive o torom-de-alta-floresta, a nova espécie
não se encontra ameaçada. Esta situação pode mudar em curto prazo,
principalmente com a consolidação dos novos conglomerados hidrelétricos nas
bacias dos rios Madeira, Tapajós e Xingu.
Assinam o trabalho de identificação da nova espécie os pesquisadores
do Museu Goeldi e da Universidade Federal do Pará: Lincoln Carneiro, Luiz
Gonzaga, Péricles Rêgo, Iracilda Sampaio, Horácio Schneider e Alexandre
Aleixo.
30
“O problema do desflorestamento da Amazônia só será resolvido com um
novo paradigma de desenvolvimento. E o da degradação do planeta
somente com um novo regime de acumulação. Em vinte anos de
negociações nas convenções sobre o clima e a biodiversidade, passou-se
de uma questão do meio ambiente a uma questão de desenvolvimento
sustentável, de justiça redistributiva entre Norte e Sul, de construção de um
novo regime de crescimento econômico. A mudança de paradigma
traduz-se hoje em termos de crescimento verde ou bioeconomia na luta
contra a depressão econômica; passar de uma questão ambiental e de
poluição ao horizonte de um novo regime de acumulação, a partir de um
paradigma tecno-econômico mais verde, coloca-se como o desafio
maior. E das próprias políticas climáticas passa-se à ideia que um
desenvolvimento mais sustentável pode contribuir fortemente para a
atenuação da mudança climática”.
(Bertha Becker, 2012, em “Amazônia: Crise Mundial, Projetos
Globais e Interesse Nacional”)
31
SUB-EIXO 2: IMPACTOS SOCIAIS E AMBIENTAIS DO
USO DA TERRA
A construção de indicadores de sustentabilidade socioambiental permite
avaliar, entre outros aspectos, a qualidade e a eficiência das diferentes formas de
uso da terra praticadas na Amazônia.
Com eles, é possível construir diagnósticos das regiões estudadas, o que
permite a indicação das atividades merecedoras de incentivo e as que precisam de
limites ou correções, para que se tornem mais condizentes com um modelo de
desenvolvimento mais adequado à região.
Agricultura familiar, manejo florestal, pecuária e produção agrícola
destinada à fabricação de biocombustíveis são algumas das práticas cujos
impactos sobre os ambientes e as sociedades locais carecem de especial atenção
dos centros de pesquisa.
Os resultados dos estudos são de alta relevância e interesse aos gestores
públicos, técnicos de governo, estudiosos e empresários, que, conhecendo mais e
melhor os conflitos e os casos bem-sucedidos de repartição e uso dos recursos
existentes, assim como os atributos de cada atividade produtiva estudada, terão
condições de planejar outros tipos de programas, políticas, projetos e ações social,
econômica e ambientalmente sustentáveis para a região.
32
A perda da biodiversidade no Centro Endemismo Belém
Coordenação:
Marlúcia Martins (Museu Paraense Emilio Goeldi - MPEG) - [email protected]
Márcia Maués (EMBRAPA/CPATU) - [email protected]
Dentro do Arco do Desmatamento, o Centro de Endemismo Belém, que
concentra todas as áreas de florestas e ecossistemas situados ao leste do rio
Tocantins somados à Amazônia Maranhense, chama a atenção por sua ampla e
peculiar biodiversidade, ameaçada pelo avanço humano.
Para relacionar a perda da biodiversidade aos diferentes graus de
degradação dos habitats, levantamentos e registros nos remanescentes florestais
de áreas públicas e privadas são associados a dados de coleções cientificas
anteriores e a séries temporais da dinâmica florestal.
Figura - Mosaico das classes de cobertura vegetal e uso da terra do Centro de Endemismo Belém.
Fonte: SIPAM-IBGE, 2008/MPEG/Cenários, 2012.
33
As espécies de drosófilas, mamíferos, abelhas, aranhas, serpentes, aves,
briófitas, pteridófitas, formigas, mariposas e minhocas são analisadas por suas
características morfológicas, com técnicas moleculares e também pelos traços
biológicos que possam torná-las suscetíveis às alterações ambientais.
Com base em dados de coleções biológicas, até o início do projeto havia o
registro para o Centro de Endemismo Belém de 1.447 espécies pertencentes aos
seguintes grupos biológicos: abelhas-das-orquídeas, aranhas, aves, briófitas,
drosófilas, mamíferos terrestres e arborícolas, mamíferos voadores (morcegos),
pteridófitas e répteis, além de 137 gêneros de formigas.
Após inventários realizados em oito sítios distribuídos ao longo do Arco do
Desmatamento, foram coletadas 670 espécies, das quais 348 e 35 gêneros
representam novos registros para essa área. Além disso, 38 são espécies endêmicas
e 133 têm o status de espécies vulneráveis.
No momento, três espécies novas também se encontram em fase de descrição.
O avanço no conhecimento da biota do Centro de Endemismo Belém, que é o mais
antropizado da Amazônia, representa um esforço para chamar a atenção dos
tomadores de decisão quanto à necessidade de conter o desmatamento na região,
como é o caso da Reserva Biológica do Gurupi, onde foram registradas diversas
espécies novas para a ciência.
Figura - Sítios de Amostragem em fragmentos de floresta do Centro de Endemismo Belém
Fonte: MPEG/Cenários/INCT, 2012.
34
Pessoas qualificadas, trabalho em rede e conhecimento
produzido:
- 75% das áreas previstas para estudo do projeto já foram visitadas, 60% dos
grupos de espécies foram levantados em todas as áreas e 40% foram coletados
parcialmente.
- Além do envolvimento de 14 pesquisadores, do Brasil e do exterior, integram o
projeto 21 estudantes e 21 bolsistas, sendo dois de doutorado e um de mestrado.
- Parcerias estabelecidas para a realização das pesquisas com instituições como o
Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente
do Pará, o Campo Experimental do Moju da Embrapa Amazônia Oriental, o
Sindicato dos Produtores Rurais de Paragominas e vários proprietários rurais.
- Três artigos publicados em 2012 e pelo menos 12 trabalhos sendo preparados
para a submissão em 2013.
Divulgação científica:
- Duas exposições temporárias foram criadas para divulgar os resultados do
projeto e circularam no município de Açailândia (MA), em São Luís (MA), durante a
SBPC; e na V Feira Estadual de Ciência e Tecnologia do Pará, em Belém (PA);
- Um livro sobre a Amazônia Maranhense foi publicado em 2011, em parceria com
o Programa de Pesquisa em Biodiversidade da Amazônia Oriental;
- Os resultados também foram divulgados por meio de seminários científicos do
mesmo programa em Santarém (PA) e Macapá (AP). O tema “Perda de
Biodiversidade no Centro de Endemismo Belém” gerou entrevistas para rádio,
televisão e jornal impresso, além de três colóquios com estudantes e professores de
ensino médio e fundamental nos estados do Pará e Maranhão.
35
Desdobramentos políticos:
Informações fundamentais têm apoiado o processo de consolidação do plano
destinado à recuperação da REBIO do Gurupi e à revisão de seu plano de manejo,
além da participação efetiva da coordenação do projeto no grupo de trabalho
que organiza o conselho consultivo da unidade. A reintegração da REBIO Gurupi é
o principal resultado do projeto na área de política ambiental.
Pesquisas realizadas:
Tipo
Autor
Aperfeiçoamento Rozijane Santos
Fernandes
Título
Instituição
Museu
Paraense
Emílio Goeldi
Osvanda Silva Briófitas no Centro de Endemismo Museu
de Moura
Belém
Paraense
Emílio Goeldi
Luiz Armando
Licófitas e Monilófitas no Centro Museu
Paraense
de Araújo Góes de Endemismo Belém
Emílio Goeldi
Neto
Eline Tainá
Garcia
Rosângela
Santa Brígida
Licófitas e Monilófitas no Centro
de Endemismo Belém
Briófitas no Centro de Endemismo Museu
Belém: Paragominas, Pará
Paraense
Emílio Goeldi
Perda de Biodiversidade de
Museu
Drosofilídeos no Arco de
Paraense
Desmatamento da Amazônia
Emílio Goeldi
Alessandra
Monteiro Lopes
Perda de Biodiversidade de
Esfingídeos no Arco de
Desmatamento da Amazônia
Museu
Paraense
Emílio Goeldi
Marcília
Gabriela
França Tavares
Estudo das formigas
(Hymenoptera: Formicidae) dos
Centros de Endemismo Belém,
Xingu e Tapajós
Museu
Paraense
Emílio Goeldi
Mariana
Taniguchi
Diversidade e riqueza de
Euglossina no Centro de
Endemismo Belém
Embrapa
Amazônia
Oriental
Leonardo
Trevelin
Mastofauna de médio - grande
porte e de pequenos mamíferos
voadores no Centro de
Endemismos Belém
Museu
Paraense
Emílio Goeldi
36
Tipo
Autor
Título
Instituição
Mestrado
Manoel Barros
Aguiar Neto
Riqueza e composição de aranhas
(Ctenidae e Araneidae) em
remanescentes florestais
Universidade
Federal do Pará
Luciana Priscila
Costa Macedo
Briófitas no Centro de Endemismo
Belém, Boa Vista do Acará, Pará
Museu Paraense
Emílio Goeldi
Avaliação da variabilidade
morfológica nas espécies de
Drosophilidae
UFPA/MPEG
Doutorado Ivaneide
Furtado
Resultados divulgados:
Trabalhos apresentados em eventos
Evento
Ano
Título
VII Simpósio de Ecologia, Genética e
Evolução de Drosophila., BELEM. VII
Simpósio de Ecologia, Genética e
Evolução de Drosophila
2011
Espécies de Drosophilidae (Diptera)
registradas no Centro de
Endemismo
16º Seminário de Iniciação Científica
da Embrapa
2012
Comparação de faunariqueza de
espécies de abelhas euglossina
(hymenoptera, apidae) em dois
fragmentos florestais inseridos no
arco do desmatamento amazônico,
no estado do Pará
X Encontro sobre Abelhas de Ribeirão
Preto
2012
Orchid-bee fauna (hymenoptera:
apidae: euglossina) in two forest
fragments in the state of Pará
37
Artigos publicados
TRABALHOS PUBLICADOS
BRITO, E. da S.; ILKIU-BORGES, A.L. A new species of Ceratolejeunea Jack & Steph.
(Lejeuneaceae, Jungermanniopsida) from a remnant of Amazonian forest in Maranhão,
Brazil. Nova Hedwigia , v. 95, p. 423-428, 2012.
MOURA, O. S. de; ILKIU-BORGES, A.L.; Reiner-Drehwald, M. E. . A new species of
Lejeunea Lib. (Lejeuneaceae) from Low Várzea forest in lower Amazon (Pará, Brazil).
Nova Hedwigia , v. 95, p. 197-202, 2012.
BRITO, E. da S. ; ILKIU-BORGES, A. L. . Brioflora da Ilha do Marajó, Pará, Brasil: Soure
e Cachoeira do Arari. Acta Botanica Brasílica, 2012. No prelo.
MOURA, O.S.; ILKIU-BORGES, A.L.; Brito, E.S. Brioflora (Bryophyta e Marchantiophyta)
da ilha do Combu, Belém, Pará, Brasil. Hoehnea. No prelo.
38
Análise custo-benefício entre conservação e desenvolvimento
na Amazônia Brasileira / Custos sociais e ambientais de
queimadas na Amazônia
Coordenação:
Toby Gardner (Universidade de Cambridge) - [email protected]
Jos Barlow (Lancaster University) - [email protected]
Dentro do segundo subeixo do INCT, dois projetos são desenvolvidos com um
objetivo central: demonstrar como a conversão da cobertura vegetal por diversas
formas de uso da terra influencia nas dinâmicas ecossistêmicas e nos padrões da
biodiversidade amazônica.
Para entender os processos de desmatamento e as mudanças quanto ao uso da
terra, por exemplo, são considerados os processos históricos, como os incentivos, os
programas e as políticas governamentais que impulsionaram as migrações das
populações rurais e urbanas no decorrer dos últimos séculos, bem como as dinâmicas
dos mercados de commodities globais mais recentes.
Por meio de pesquisas que articulam ciências naturais e sociais, o que é essencial
para abordar a complexidade das transformações nas paisagens amazônicas, os
esforços colaborativos desenvolvidos nos últimos três anos resultaram na criação da
Rede Amazônia Sustentável, que congrega parceiros de diferentes instituições,
entre centros de pesquisa, governos e entidades da sociedade civil organizada,
assim como produtores rurais e tomadores de decisão.
Rede de pesquisas sobre sustentabilidade
Entre os principais objetivos da Rede Amazônia Sustentável, estão:
1) Quantificar e entender melhor as consequências ecológicas do
desmatamento, da degradação florestal e das mudanças nos sistemas agrícolas,
incluindo a pecuária e a silvicultura em múltiplas escalas, priorizando a avaliação
dos impactos locais e paisagísticos e também o legado dos impactos históricos sobre
esses ecossistemas;
39
2)
Avaliar os fatores que determinam os padrões de uso da terra, a escolha do
tipo de manejo e a produtividade agrícola, assim os custos de oportunidade para
conservação e os padrões de bem-estar dos produtores rurais. Além dos fatores
geofísicos, econômicos, geográficos, verificar a influência dos socioculturais em
relação ao comportamento de uso da terra, incluindo a região de origem do
produtor, o apoio técnico, o acesso ao crédito, o capital social e a importância da
gestão da cadeia logística (“supply chain”);
3) Aplicar o levantamento multidisciplinar para avaliar relações entre objetivos
de conservação e desenvolvimento, assim identificando trade-off e sinergia
potenciais de cada uma delas, com ênfase à identificação dos custos e benefícios
relativos de diferentes usos da terra e sistemas de manejo, do potencial para
feedbacks, das interações multiescala, assim como das dependências e resultados
perversos.
4) Apoiar futuras iniciativas de pesquisa a partir da avaliação de diferentes
variáveis, desenho de amostragem, priorização de perguntas de pesquisa,
maneiras de interagir com atores e institutos locais, além de divulgar resultados
relacionados a variadas escolas de pensamento.
Pessoas qualificadas, parcerias estabelecidas e conhecimento
produzido:
- 99 alunos e pesquisadores envolvidos,
- Dez alunos em intercâmbio com universidades no exterior e um participante do
programa Ciência sem Fronteiras lotado no Museu Goeldi, em Belém;
- Pesquisadores sêniores dedicados a atividades como visitas técnicas, workshops e
participação em reuniões e apresentações de resultados no exterior;
- Até outubro 2012, foram defendidos três trabalhos de graduação, quatro de
mestrado e um de doutorado;
- O projeto oferta um total de 39 bolsas de pesquisa, sendo 08 de graduação, 08
de mestrado, 18 de doutorado e 05 de pós-doutorado, entre 34 instituições de
cinco países. Dos bolsistas que ainda produzem atualmente pesquisas, oito devem
defender em 2013 e outros 11 nos dois anos seguintes.
40
- Duas organizações não-governamentais também integram a rede de trabalho;
- Dez artigos publicados e outros 20 manuscritos em fase de elaboração para
serem submetidos em 2013;
- Desde fevereiro de 2009, foram organizadas 26 oficinas, simpósios e cursos
dirigidos ao refinamento do projeto e interpretação dos dados.
Articulação com instituições
Dentre as parcerias estabelecidas pela Rede Amazônia Sustentável, destacam-se
acordos e variadas formas de interação com a empresa Cikel Brasil Verde, situada
em Paragominas; a Cooperativa Mista da Floresta Nacional do Tapajós, que atua
na região Oeste paraense; e diversos sindicatos de produtores rurais atuantes no
estado.
Cikel Brasil Verde
Com uma área de 140 mil hectares, a Cikel Brasil Verde responde por um dos únicos
grandes remanescentes de floresta primária na região estudada pela rede de
pesquisa e no Centro de Endemismo de Belém, sendo o outro remanescente florestal
uma área de reserva indígena.
Para o cumprimento dos objetivos do projeto, a assinatura de um termo de
cooperação técnica permitiu o estudo em duas microbacias com alta proporção de
cobertura florestal na área da empresa.
COOMFLONA
Em Santarém, a articulação foi realizada com a empresa COOMFLONA localizada
na Floresta Nacional do Tapajós.
Junto a essa organização, que produz e comercializa produtos florestais
madeireiros e não-madeireiros de três associações compostas por 22 comunidades,
foi possível realizar ampla pesquisa socioeconômica e investigar a sua formação, a
produção florestal, os custos-benefícios das atividades empreendidas, entre outros
aspectos.
41
Sindicatos
Por meio da interação com sindicatos, a Rede Amazônia Sustentável articulou uma
rede com mais de 500 parceiros, entre grandes, médios e pequenos produtores
rurais do estado.
Foram firmados termos de cooperação com entidades que representam centenas
de produtores rurais, incluindo alguns dos proprietários dos maiores
empreendimentos de grãos e gado do estado, e outras que congregam
trabalhadores e pequenos proprietários rurais de Santarém, Mojuí dos Campos,
Belterra e Paragominas.
Tais parcerias foram essenciais não apenas para garantir o acesso às áreas de
estudo e a dados socioeconômicos das propriedades, mas também para construir o
relacionamento com os públicos que poderão usufruir dos resultados da pesquisa.
42
Pesquisas realizadas e em andamento
Tipo
Graduação
Mestrado
Autor
Título
Instituição
Débora Reis de
Carvalho
Relação entre habitat físico, uso Universidade Federal
e ocupação do solo e riqueza de de Lavras
espécies de peixes em igarapés
da região de Santarém, Pará
Amanda Cardoso
Nunes Cordeiro and
Maria de Fátima
Lopes Almeida
Incêndio florestal e a
Universidade do Estado
Inflamabilidade de paisagens no do Pará
município de Paragominas, Pará
Lilian Natália
Ferreira de Lima
Contribuição dos cipós para os
estoques de carbono em
florestas sob diferentes níveis de
degradação em Paragominas
Universidade do Estado
do Pará
Williams Ávila
Estimando a recuperação dos
nutrientes do solo e condição
física através da regeneração
de florestas secundárias em
áreas degradadas na Amazônia
brasileira
Universidade Rural de
Amazonia
Ruan Carlo Stulpen
Veiga
A importância das palmeiras
Universidade Federal
Attalea maripa e Attalea
Fluminense
speciosa na estimativa de
Estoque de Carbono ao longo do
gradiente de degradação
florestal.
Fabio Frazao
Spill-over in tropical forest
communities - theoretical
importance and practical
implications for conservation
Universidade Federal
de Lavras and
Lancaster University
Evelyn Pereira
Brandão
Insetos aquáticos em igarapés
sob influência do desmatamento
na região do baixo amazonas
(Pará)
Centro Universitário do
Norte
Victor Oliveira
Usos múltiplos da paisagem
Amazônica e a comunidade de
escarabeíneos
Universidade Federal
de Lavras
Ana Carolina
Oliveira Fiorini
A importância da madeira morta Universidade Federal
para avaliar estoques de
de Rio de Janeiro
carbono em projetos de redução
de emissão por desmatamento e
devastação florestal
43
Tipo
Mestrado
Doutorado
Autor
Título
Instituição
Amanda Estefania
de Melo Ferreira
A influência do fomento florestal Universidade Federal
nos aspectos ambientais e
do Pará
socioeconômicos em
estabelecimentos rurais na
Amazônia
Carla Daniele
Furtado da Costa
Vulnerabilidade ao fogo de
florestas intactas e degradadas
na região de Santarém -Pará
Fabiane Campos
Trocas gasosas de CH4 e N2O
Universidade Federal
entre solo e atmosfera em
do Oeste do Pará
diferentes tipos de cobertura nos
municípios de Belterra e
Santarém, Pará
Mariana Durigan
Mudanças nos estoques de
carbono e nitrogênio do solo em
função da conversão do uso da
terra no Pará
Escola Superior de
Agricultura Luiz de
Queiroz/Universidade
de São Paulo
Miercio Junior
Avaliação do impacto dos
diferentes usos do solo nas
emissões de c-co2 na região de
planalto de Santarém, Pará
Universidade Federal
do Oeste do Pará
José Max Barbosa
de Oliveira Junior
Libélulas neotropicais (Insecta:
Odonata) como potencias
bioindicadores de qualidade
ambiental
Universidade do Estado
de Mato Grosso
Erika Berenguer
Estimating carbon stocks and
vegetation change along a
gradient of forest degradation
across eastern Amazon.
Lancaster University
Victor Oliveira
Assessing the relative importance
of present and past
environmental changes to
patterns of biodiversity
Universidade Federal
de Lavras / Lancaster
University
Cecilia Gontijo Leal
Padrões de diversidade e
organização funcional de peixes
e integridade física de riachos
brasileiros
Universidade Federal
de Lavras / Lancaster
University
44
Universidade Federal
do Pará
Tipo
Doutorado
Autor
Leandro Juen
Título
Instituição
Grandes rios e a distribuição de
Odonata na
Amazônia:similaridade de
composição, limitação à
dispersão e endemismo
Resposta da comunidade de
formigas a diferentes sistemas
de uso do solo na Amazônia
Central
Estrutura da comunidade de
insetos aquáticos de igarapés
submetidos a diferentes tipos de
uso da terra na Amazônia
Oriental (Pará)
Avifauna dynamics in different
land use in Santarém and
Paragominas, Brazilian
Amazonia
Trajetórias tecnológicas sob a
ótica do ferramental
geotecnológico: uma abordagem
nas regiões de Paragominas e
Santarém Pará
Determinantes da atividade e
consumo de caça em região de
fronteira agrícola na Amazônia
Oriental
Organização funcional de
assembleias de peixes em
riachos Amazônicos: Efeitos em
múltiplas escalas espaciais e
respostas ao uso da terra
Land use changes in the Brazilian
Amazon and its effects on insects
diversity across the landscape
Universidade Federal
de Goais
Rodrigo Fagundes
Braga
Distúrbios associados ao uso do
solo amazônico e seus impactos
na comunidade e funções
ecológicas de Scarabaeinae
(Coleoptera: Scarabaeidae)
Universidade Federal
de Lavras
Sâmia Nunes
A landscape restoration model
for reducing forest
fragmentation, enhancing carbon
uptake and restoring
biodiversity: a case study of
Paragominas, Brazil
Lancaster University
Danielle de Lima
Braga
Janaina Gomes de
Brito
Nárgila Moura
Nicola Saverio
Holanda Tancredi
Patricia Carignano
Torres
Rafael Leitão
Ricardo Solar
45
Universidade Federal
de Lavras
Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia
(INPA)
Museu Emilio Paraense
Goeldi
Universidade Federal
do Pará
Universidade de Sao
Paulo
INPA
Universidade Federal
de Vicosa
Resultados Divulgados
TRABALHOS PUBLICADOS
Lees, A.V., de Moura, N.G., Santana, A., Aleixo, A., Barlow, J., Berenguer, E., Ferreira, J.
and Gardner, T.A. in press. A quantitative baseline of an Eastern Amazonian avifauna.
Ornitologia Neotropical
Gardner, T.A. (in press). The Amazon in transition: the challenge of transforming the
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Addressing Tipping Points, Eds. O'Riordan, T., Lenton, T., and Christie, I. Oxford
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Barlow, J., Parry, L., Gardner, T.A., Ferreira, J., Aragao, L.E.O.C., Carmenta, R.,
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of considering fire in REDD+ programs. Biological conservation, 154, 1-8
Gardner, T.A., Burgess, N.D., Aguiar-Amuschastegui, N., Barlow, J., Berenguer, E.,
Clements, T., Danielsen, F., Ferreira, J., Foden, W., Kapos, V., Khan, S.M., Lees, A.C.,
Parry, L., Roman-Cuesta, R.M., Schmitt, C.B., Strange, N., Theilade, I., Vieira, I.C.G. 2012.
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Biological Conservation, 154, 61-81
Ferreira, J., R. Pardini, J. P. Metzger, C. R. Fonseca, P. S. Pompeu, G. Sparovek, and J.
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Lees, A.C., de Moura, N.G., Andretti, C.B., Davis, B.J.W., Lopes, V.L.L, Henriques, L.M.P.,
Aleixo, A.L.P, Barlow, J., Ferreira, J., and Gardner, T.A. in press. One hundred and thirtyfive years of avifaunal surveys around Santarém, central Brazilian Amazon. Neotropical
Ornithology
Gardner, T.A., Ferreira, J.F., Parry, L., Barlow, J., Lees, A., Vieira, I. and 84 collaborators
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tropical land-uses at multiple scales: the Sustainable Amazon Network. Philosophical
transactions of the Royal Society (Series B).
Barlow, Jos and Silveira, Juliana M. and Mestre, Luiz A. M. and Andrade, Rafael B. and
D'Andrea, Gabriela Camacho and Louzada, Julio and Vaz-de-Mello, Fernando Z. and
Numata, Izaya and Lacau, Sebastien and Cochrane, Mark A. (2012) Wildfires in
Bamboo-Dominated Amazonian Forest: Impacts on Above-Ground Biomass and
Biodiversity. PloS ONE, 7 (3)
de Andrade, Rafael Barreto and Barlow, Jos and Louzada, Julio and Vaz-de-Mello,
Fernando Zagury and Souza, Mateus and Silveira, Juliana M. and Cochrane, Mark A.
(2011) Quantifying responses of dung beetles to fire disturbance in tropical forests:the
importance of trapping method and seasonality. PLoS ONE, 6 (10)
Carmenta, Rachel and Parry, Luke and Blackburn, Alan and Vermeylen, Saskia and
Barlow, Jos (2011) Understanding human-fire interactions in tropical forest regions:a
case for interdisciplinary research across the natural and social sciences. Ecology and
society, 16 (1)
46
Trabalhos apresentados em eventos:
Evento
Ano
Título
Inaugural seminar for Cambridge
Conservation Initiative Seminar Series
2011
Trade-offs, team work and the
challenge of translating
conservation science into policy:
some lessons and thoughts from
the Amazon
Invited presentation to the Environmental
Change Institute; Oxford University
2011
Trade-offs, team work and the
challenge of translating
conservation science into policy:
some lessons and thoughts from
the Amazon
Student Conference on Conservation Science
(http://www.sccs-cam.org/)
2012
The Importance of Degradation
for Tropical Forests
Planet Under Pressure
2012
(http://www.planetunderpressure2012.net/)
Land-use sustainability in the
Brazilian Amazon: trade-offs and
opportunities for conservation
and development
International Society for Ecological
Economics (http://www.isee2012.org/)
2012
Integrating disciplines in studies
of land-use sustainability:
methodological approach of the
Sustainable Amazon Network
(Projeto Amazonia Sustentavel) in
Brazil
International Society for Ecological
Economics (http://www.isee2012.org/)
2012
Towards a better understanding
of motivations for environmental
compliance in the Brazilian
Amazon
International Society for Ecological
Economics (http://www.isee2012.org/)
2012
From red to green: achieving an
environmental pact at the
municipal level in Paragominas
(Pará, Brazil)
Association for Tropical Biology and
Conservation annual meeting
(http://www.atbc2012.org/)
Association for Tropical Biology and
Conservation annual meeting
(http://www.atbc2012.org/)
2012
The end of slash-and-burn by
Amazonian smallholders?
2012
Temporal patterns of road
network development in the
Brazilian Amazonia
47
Association for Tropical Biology and
Conservation annual meeting
(http://www.atbc2012.org/)
2012
Supply chain configurations and
land use in the Brazilian Amazon: a
comparative analysis of two
soybean frontiersÂ
Association for Tropical Biology and
Conservation annual meeting
(http://www.atbc2012.org/)
2012
Biodiversity mapping to identify
priorities for conservation and
restoration in human-modified
landscapes of the eastern Amazon.
Association for Tropical Biology and
Conservation annual meeting
(http://www.atbc2012.org/)
Association for Tropical Biology and
Conservation annual meeting
(http://www.atbc2012.org/)
2012
The Importance of Degradation in
Tropical Forests
2012
Avian responses to Amazonian
land-use change
Association for Tropical Biology and
Conservation annual meeting
(http://www.atbc2012.org/)
2012
Recovery of forest biodiversity and
carbon stocks following
degradation and natural
regeneration in the Amazon
Association for Tropical Biology and
Conservation annual meeting
(http://www.atbc2012.org/)
2012
Responses of insect diversity and
function to Amazonian landscape
change
Association for Tropical Biology and
Conservation annual meeting
(http://www.atbc2012.org/)
2012
Biotic condition of freshwater
systems in human-modified
Amazonian landscapes
Association for Tropical Biology and
Conservation annual meeting
(http://www.atbc2012.org/)
2012
Fire and the future of the Amazon
Association for Tropical Biology and
Conservation annual meeting
(http://www.atbc2012.org/)
2012
Quantifying landscape
degradation at a deforestation
frontier in the Brazilian Amazon
Association for Tropical Biology and
Conservation annual meeting
(http://www.atbc2012.org/)
2012
Association for Tropical Biology and
Conservation annual meeting
(http://www.atbc2012.org/)
2012
Changing patterns of soil fertility
and below ground carbon in
human-modified amazonian
landscapes
Decreasing dung beetle diversity
with changes in forest structure and
diversity
Association for Tropical Biology and
Conservation annual meeting
(http://www.atbc2012.org/)
2012
48
Dung beetles as indicators of land
use change and implications for
conservation in the Brazilian
Amazonia
Association for Tropical Biology and
Conservation annual meeting
(http://www.atbc2012.org/)
Association for Tropical Biology and
Conservation annual meeting
(http://www.atbc2012.org/)
2012
The Importance of Degradation in
Tropical Forests
2012
Environmental correlates of hunting
and bushmeat consumption in the
Amazonian agricultural frontier
Cambridge Science Festival
2012
Conservation-development tradeoffs and the challenge of
translating conservation science into
policy: some insights from the
Brazilian Amazon
University of Goettingen; Landscape
Ecology Department; Germany
2012
Environment-developmment tradeoffs in Amazonia: provisional
findings from the Sustainable
Amazon Network
Annual conference of the Ecological
Society of Germany; Austria and
Switzerland (http://www.gfoe2012.de/)
2012
Conservation-development tradeoffs and the challenge of
translating conservation science into
policy: some insights from the
Brazilian Amazon
XXIV Seminário internacional de política
econômica da UFV: Mudanças
ambientais globais e desenvolvimento
econômico sustentável
(http://www.ufv.br/der/eventos/sipe/)
2012
Conservation-development tradeoffs and the challenge of
translating conservation science into
policy: some insights from the
Brazilian Amazon
XIII Congresso Brasileiro de Limnologia
2012
Insetos aquáticos em igarapés sob
influência de diferentes tipos de
uso da terra na região do baixo
amazonas (Pará)
XXIX Congresso Brasileiro de Zoologia
2012
Ephemeroptera, Plecoptera e
Trichoptera em igarapés sob
influência de diferentes tipos de
uso da terra nos municípios de
Santarém e Belterra, Pará.
21st Global Steering Meeting of the
ASB-Alternatives to Slash-and-Burn
Group
2012
Slash-and-burn agriculture,
ecosystem services and sustainable
development in Eastern Amazon:
provisional findings from the
Sustainable Amazon Network (RAS)
49
Os impactos da degradação sobre as florestas amazônicas
Muito se fala sobre o desmatamento na Amazônia. O que nem todos
sabem é que há diferença conceitual entre desmatamento e degradação
florestal, sendo possível que hoje, conforme apontam as estimativas, a área de
floresta degradada por atividades humanas nos trópicos chegue a ser maior
que a área já desmatada.
A degradação florestal é causada principalmente por extração de
madeira, fogo e fragmentação da floresta. A despeito da crescente
necessidade de desenvolver modelos acurados de acompanhamento e
avaliação das mudanças relacionadas à biodiversidade e aos estoques de
carbono retidos pela vegetação, poucos estudos têm quantificado os impactos
dos processos de degradação na estrutura e composição biológica das
florestas.
Após a realização de pesquisas em duas regiões distintas no estado do
Pará, mais precisamente nos municípios de Paragominas e Santarém,
pesquisadores associados ao INCT Biodiversidade e Uso da Terra formaram
uma base de dados única sobre os impactos da degradação florestal sobre a
biodiversidade e os serviços ecossistêmicos. O trabalho resultou em uma
profunda avaliação da degradação florestal por imagens de satélite e
levantamentos de campo intensivos ao longo de dois anos para quantificar os
impactos da degradação na biota da floresta Amazônica e os serviços
ecossistêmicos que essa diversidade apoia.
50
Os impactos da degradação sobre as florestas amazônicas
Avaliando uma série temporal de imagens de satélite desde 1988, a
equipe mostrou que, apesar de um declínio na taxa de desmatamento durante
os últimos anos, a área de floresta degradada está crescendo nas regiões de
estudo. A hipótese proposta é que regiões que foram sujeitas à exploração
madeireira mais intensa, como o caso de Paragominas, são mais vulneráveis às
queimadas e que a frequência de queimadas vem crescendo com a expansão
agrícola e o aumento da população rural.
Além disso, foram encontradas evidências de que as áreas de
degradação florestal, causada principalmente por fogo, são maiores nos anos
mais secos, indicando o potencial de efeitos sinergéticos entre exploração
madeireira, atividades agrícolas e mudanças climáticas.
Ao reunir os dados do maior levantamento florestal já feito em florestas
degradadas na Amazônia, o grupo de pesquisadores quantificou grandes
perdas nos estoques de carbono causadas pela degradação florestal. Esses
resultados mostram que, juntos, os impactos da exploração madeireira e do
fogo têm um efeito muito mais marcante do que separados. A perda média no
estoque de carbono das árvores em Paragominas é de 32% em florestas
simplesmente exploradas e 55% em florestas impactadas pelos dois fatores.
O impacto foi também mais drástico em relação às árvores maiores, que
atuam como espécies-chave no funcionamento do ecossistema florestal.
51
Os impactos da degradação sobre as florestas amazônicas
Sobre a biodiversidade, os efeitos tendem a ser ainda mais marcantes
do que os observados nos estoques de carbono. Levantamentos das espécies
de árvores, aves e insetos em mais de 250 sítios de estudo mostram que a
composição de espécies nas florestas degradadas por exploração e fogo fica
mais próxima a das florestas secundárias, enquanto as áreas submetidas
apenas ao corte raso possuem mais chances de se regenerarem.
Uma floresta altamente degradada
por exploração madeireira antiga
e múltiplas queimadas
Floresta degradada por exploração
madeireira intensa
52
Serviços ecossistêmicos e sustentabilidade das paisagens
agrosilvipastoris da Amazônia Oriental
Coordenação:
Izildinha Miranda (Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA) [email protected].
Políticas públicas e investimentos empresariais destinados ao uso sustentável
dos recursos naturais amazônicos exigem informações sobre a eficiência produtiva
e os impactos socioambientais dos diferentes tipos de agricultura.
Para fazer tal avaliação, a Rede Serviços Ecossistêmicos e Sustentabilidade
das Paisagens Agrosilvipastoris da Amazônia Oriental, conhecida como Amaz, com
o apoio técnico e financeiro do INCT, ampliou e fortaleceu as pesquisas realizadas
em três sítios na região paraense do Arco do Desmatamento: (1) Projeto de
Assentamento Agroextrativista em Nova Ipixuna; (2) Travessão da Rodovia
Transamazônica, em Pacajá; (3) Projeto de Assentamento Palmares II em
Parauapebas.
Localização da localidade de Maçaranduba. Os mapas de ocupação dos solos correspondem a
uma composição colorida de Landsat TM 5 do 2 julho 2007 (vermelho – PIR – MIR)
Fonte: Projeto
53
Localização da localidade de Pacajá. Os mapas de ocupação dos solos correspondem a uma
composição colorida de Landsat TM 5 do 2 julho 2007 (vermelho – PIR – MIR)
Fonte: Projeto
Localização da localidade de Palmares. Os mapas de ocupação dos solos correspondem a uma
composição colorida de Landsat TM 5 do 2 julho 2007 (vermelho – PIR – MIR)
Fonte: Projeto
54
Cada um deles corresponde a um tipo de realidade que se diferencia pelo
histórico da ocupação, pelo tamanho das propriedades e pelos sistemas de
produção, sendo todos afetados diretamente por projetos de desenvolvimento
financiados por agências regionais e federais.
Considerando os princípios conceituais de cada área disciplinar junto com as
metodologias utilizadas, esse subprojeto pode ter as suas atividades distribuídas
entre seis temas: 1) Socioeconomia e políticas públicas, 2) Paisagens, 3)
Biodiversidade e biomassa, 4) Serviços Ecossistêmicos, 5) Modelagem, 6) Troca de
Saberes.
Socioeconomia e políticas públicas
Estudos sobre os ciclos de vida das frentes pioneiras amazônicas e das três
localidades pesquisas, a origem das famílias, o processo de colonização, os
sistemas agrários locais, as características das populações locais e os indicadores
de qualidade de vida possibilitaram a geração de resultados referentes à
influência e aos efeitos produzidos por cada um desses fatores sobre as diferentes
realidades abordadas pelo subprojeto.
Da mesma forma, a análise dos grupos dominantes, da influência das
coalizões de interesses, das políticas públicas, das forças de mercado, da dinâmica
predatória e da agricultura familiar ajudou a apontar outras decisões
governamentais necessárias ao desenvolvimento rural da região amazônica com
bases mais sustentáveis do ponto de vista social, econômico e ambiental.
55
Paisagem
Uma abordagem geográfica baseada na análise de paisagens amazônicas
foi estabelecida com as imagens de satélite das três áreas de estudo. A ideia era
qualificar e quantificar o impacto das atividades agrícolas dos últimos 20 anos.
A escolha por diferentes modelos produtivos pelos agricultores pressupõe a
atuação sobre funções ecológicas também distintas, o que provoca influência direta
sobre os elementos que determinam a estrutura espacial da paisagem das áreas
florestais.
Para qualificar e quantificar estes processos espaciais, foram selecionados
vários indicadores sintéticos, que permitiram a construção de cronossequências no
período de 1990 a 2007, responsáveis pelas mudanças da paisagem encontrada
apenas no último ano de referência.
Esse tipo de análise permitiu incorporar ao projeto tanto a dinâmica da
ocupação do solo quanto a estrutura da paisagem.
Biodiversidade e Biomassa
Realizadas em ambientes acadêmicos e políticos sobre como mitigar as
mudanças climáticas e valorar os serviços ambientais prestados pela floresta, as
discussões entre especialistas, técnicos e gestores públicos apontam para a
necessidade de definir métodos que ajudem a entender como as diferentes
espécies vegetais se comportam quanto à fixação de carbono, assim como de medir
o quanto de gases do efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono, é retido
pela biomassa, incluindo a das raízes.
Entre outros resultados, os estudos acenam que os variados tipos de uso da
terra, que geram na prática diferentes níveis de coberturas vegetais, tendem a
provocar também uma grande diferenciação na quantidade de biomassa
encontrada nos locais estudados.
Com base nessas informações, é possível prever os impactos do desmate e da
queima sobre as áreas de cultivo e de florestas, o que deve ajudar a avaliar a
qualidade e os efeitos climáticos e ecológicos produzidos pelas diferentes
atividades.
56
Serviços ecossistêmicos
Os mecanismos de compensação defendidos nas negociações internacionais
para a Redução de Emissões de gases do efeito estufa por Desmatamento e
Degradação (REDD), assim como os créditos de carbono relacionados ao plantio de
floresta, necessitam do conhecimento a respeito dos estoques de carbono nos solos e
na vegetação, bem como das variações decorrentes do uso da terra.
O solo possui funções ecossistêmicas que vão da regulação do clima pelo
sequestro de carbono e do ciclo d'água ao controle da erosão do solo e à oferta de
produtos agrícolas e florestais. Na Amazônia, a capacidade do solo de assegurar
esses serviços de maneira sustentável é uma condição essencial à permanência dos
pequenos agricultores em terras por eles desmatadas.
Entre outros processos, a água da precipitação se infiltra no solo,
reconstituindo o lençol freático e a reserva utilizável pelas plantas, em vez de
escoar pela superfície e aumentar o risco de erosão a montante e de inundações a
jusante. Além disso, para manter ou mesmo melhorar a sua capacidade produtiva, é
necessário avaliar e comparar os impactos sobre os componentes da fertilidade,
assim como as práticas de sucessões vegetais e agrossilvopastoris.
Os resultados apontam que as contínuas mudanças no uso da terra afetam
mais fortemente as variáveis químicas e morfológicas do solo do que a função de
armazenar o carbono nele retido, que também não é capaz de compensar
significativamente a redução substancial do estoque contido na biomassa lenhosa.
A cobertura vegetal, por sua vez, varia em função quantidade de carbono
relacionada aos tipos de uso da terra e manejo florestal em cada área.
Os serviços hídricos do solo, particularmente o processo de infiltração e o
armazenamento da água, são muito afetados nas pastagens, o que aumenta de
forma considerável o risco de erosão. A vegetação secundária, quando existente,
facilita a reversão das alterações nas propriedades físicas e hidrodinâmicas dessas
pastagens. A queima da floresta melhora a baixa fertilidade química desse tipo de
solo, mas a eficiência dos processos de ciclagem de nutrientes pelo ecossistema
florestal tende a explicar e resolver esse problema.
57
Modelagem
Baseado em um sistema multi-agente (SMA), um modelo foi criado para a
avaliação de cenários ligados à integração Lavoura-Pecuária-Floresta nas frentes
pioneiras. É possível comparar assim as diferentes estratégias de utilização do solo
e os impactos de cada uma sobre o funcionamento ecossistêmico e os serviços
ambientais prestados. Os resultados da avaliação permitem, entre outros objetivos,
projetar situações em que são diminuídos os impactos ambientais das atividades
agrícolas, com a preservação das reservas florestais e das matas ciliares, a
recuperação das áreas degradadas e geração de empregos, renda e melhores
condições de trabalho ao produtor rural.
Complementam o trabalho duas abordagens conhecidas como “Modelagem
participativa do funcionamento das propriedades agrícolas” e “Modelagem
espacial das frentes pioneiras”.
Troca de saberes
Políticas de proteção à biodiversidade e de valorização dos serviços
ecossistêmicos exigem a maior articulação entre os saberes das populações locais e
os produzidos por instituições formais de ensino e pesquisa. Também é
imprescindível aumentar a visibilidade dessas informações diante de quem concebe
as políticas públicas e as práticas que permitem o uso sustentável dos recursos
naturais dentro dos sistemas de produção.
Com essa perspectiva, durante todo o projeto, o pessoal envolvido cumpriu a
tarefa de discutir as principais questões tratadas em seu escopo, a partir de
diferentes escalas e grupos, principalmente os de agricultores, pesquisadores e
tomadores de decisões.
58
Rede envolvida
- As atividades apoiadas pelo INCT complementam as ações da rede AMAZ, que
resulta da parceria em âmbito internacional entre o Centro de Cooperação
Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (CIRAD), o Instituto
de Pesquisa para o Desenvolvimento da França, a Universidade de Rouen e o
Centro Nacional de Pesquisa Científica, todos da França; e na escala regional, a
Universidade Federal Rural da Amazônia, o Museu Paraense Emílio Goeldi e a
Universidade Federal do Pará;
- Ao todo, 64 profissionais integram a rede de pesquisa, sendo 27 pesquisadores,
04 doutorandos, 08 mestrandos, 22 estudantes de graduação e 03 técnicos.
Bolsas de pesquisa concedidas
Nível de Formação
Número
Pós-Doutorado
01
Doutorado
05
Mestrado
08
Iniciação Científica
09
Estagiários
13
59
Pesquisas realizadas
Tipo
Pós
Doutorado
Autor
Oszwald Johan
Luiz Gonzaga da
Silva Costa
João Carlos
Medeiros
Doutorado
Mariana Nascimento
Delgado Oliveira
Tâmara Thaiz
Santana Lima
Título
Etude des processus dynamiques
à l'interface nature/société à
partir des outils de la
géomatique; rôle de leurs
interactions sur le fonctionnement
des systèmes complexes,
amenant à une meilleure gestion
intégrée des territoires
Biomassa aérea e Carbono em
Projetos de Assentamentos no
Arco do Desmatamento, Estado
do Pará
Funções de pedotransferência
em estudos do funcionamento
hídrico do solo da região
sudeste do Estado do Pará
Influência do uso da terra sobre
o funcionamento do solo e na
sustentabilidade dos sistemas
agroextrativistas da Amazônia
Oriental
Biomassa de raízes finas em
Projetos de Assentamentos no
Arco do Desmatamento, Estado
do Pará
60
Instituição
Université de Rennes,
France
Universidade Federal
Rural da Amazônia
Universidade de São
Paulo
Escola Superior de
Agricultura Luiz de
Queiroz, Universidade
de São Paulo
Universidade Federal
Rural da Amazônia
Tipo
Autor
Billard Cécile
Mariana Nascimento
Delgado Oliveira
Heraldo Costa Silva
Alessio Moreira dos
Santos
Liliane Nunes Castro
Mestrado
Igor do Vale
Gonçalves
Stéphanie Tselouiko
Sterphane Araújo de
Matos
Tipo
Autor
Amanda Estefania
de Melo Ferreira
Mário Vitorino
Graduação
Gladson José Xavier
de Paulo
Título
Analyse de signature paysagère
dans trois contextes de front
pionniers au Brésil (Para)
Impactos da mudança do uso da
terra de floresta para pastagem
no sudeste do Pará: abordagens
físicas e micromorfológicas do
solo
Mudanças da biodiversidade
vegetal após práticas agrícolas
em uma área rural de Pacajá,
Pará
Consequências das práticas
agrícolas na diversidade vegetal
em Parauapebas, Para
Riqueza de plantas herbáceas
em Projetos de Assentamentos no
Arco do Desmatamento, Estado
do Pará
Padrões de regeneração
arbórea em mosaicos agrícolas
do sudeste do Pará
De l’éc hange des savoirs pour
une gestion interactive des
territoires ? Etude
ethnographique d’un projet de
développement chez une
communauté d’agriculteurs
familiaux du Km 338 sud de la
Transamazonienne, municipalité
de Pacajá- Pa (Brésil)
Plantas medicinais nos quintais
de agricultores familiares de
uma localidade da
Transamazônica, Município de
Pacajá, Pará, Brasil: uso,
conhecimento e valorização
Título
Ocorrência de fungos
micorrízicos arbusculares em
horizonte antrópico (Terra Preta
do Indio) em Altamira – Pará
Diversidade de fungos
micorrízicos arbusculares e
descrição de aspectos fisicoquimicos de solos sob pastagem
na vicinal 338 Sul, Pacajá, Pará
Ocorrência de fungos
micorrízicos arbusculares em
61
Instituição
Universidade de
Freiburg
Universidade Federal
Rural da Amazônia
Universidade Federal
Rural da Amazônia
Universidade Federal
do Pará
Universidade Federal
Rural da Amazônia
Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia
École des hautes études
en sciences sociales
Universidade Federal
Rural da Amazônia
Instituição
Universidade Federal
do Pará
Universidade Federal
do Pará
Universidade Federal
do Pará
Resultados divulgados
Artigos publicados
TRABALHOS PUBLICADOS
OSZWALD J., Gond V., DECAËNS T. et Lavelle P. Production d'indicateurs d'usage du sol
en forêts tropicales pour renseigner les dynamiques spatiales de biodiversité au Brésil
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OSZWALD, J. ; ARNAULD DE SARTRE, X.; DECAENS, T. ; GOND, V. ; GRIMALDI, M. ;
LEFEBVRE, A. ; FREITAS, R. L. A. ; SOUZA, S. L. ; MARICHAL, R. ; VEIGA, I. ; VELASQUEZ,
E. ; LAVELLE, P. Utilisation de la télédétection et de données socio-économiques et
écologiques pour comprendre l'impact des dynamiques de l'occupation des sols à Pacajá
(Brésil). Revue Française de Photogrammétrie et de Télédétection, v. 198-199, p. 8-24,
2012.
OSZWALD, J., LEFEBVRE, A., ARNAUD DE SARTRE, X., GOND, V., THALES, M., FRETAS, R.
Analyse des directions de changement des états de surface végétaux pour renseigner la
dynamique du front pionnier de Maçaranduba (Brésil) entre 1997 et 2006.
Télédétection, 9: 97-111. 2010.
MARICHAL, R. ; GRIMALDI, M.; MATHIEU, J. ; BROWN, G. G. ; DESJARDINS, T.; SILVA
JÚNIOR, M. L. da; PRAXEDES, C. ; MARTINS, M. B. ; VELASQUEZ, E.; LAVELLE, P.. Is
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SAMPAIO, S. M. N. . Spatialisation de la biodiversité en Amazonie brésilienne pour
appréhender l influence de la colonisation des terres et des politiques publiques.
VertigO - la revue électronique en sciences de l´environnement, v. 14, p. 1, 2012.
Artigos submetidos
TRABALHOS PUBLICADOS
MATOS, S. A. ; COELHO-FERREIRA, M. R. ; DE ROBERT, P. Plantas medicinais nos quintais
de agricultores familiares de uma localidade da Transamazônica, Município de Pacajá,
Pará, Brasil. Manuscrito 27p. Submetido à Acta Amazônica.
COSTA, L. G. da S. ; MIRANDA, I.S. ; GRIMALDI, Michel ; SILVA JÚNIOR, Mario Lopes da
; MITJA, D. ; Desjardins, T.; LIMA, T.T.S. . Carbon in different types of land use in the
Brazil s arc of deforestation. Em preparação.
62
COSTA, L. G. da S. ; MIRANDA, I.S. ; GRIMALDI, Michel ; SILVA JÚNIOR, Mario Lopes da
; MITJA, D. ; Desjardins, T.; LIMA, T.T.S. . Quanto de carbon existe nas vegetações
antropizadas do Arco do Desmatamento. Em preparação.
LIMA, T.T.S.; MIRANDA, I.S. ; GRIMALDI, Michel ; SILVA JÚNIOR, Mario Lopes da ;
COSTA, L. G. da S.; Desjardins, T.;. Raízes finas nas vegetações antropizadas do Arco
do Desmatamento. Em preparação.
Trabalhos apresentados em eventos
Evento
Ano
Título
Avaliação da atividade enzimática
de solos de sistemas de floresta
primária-pastagem de Marabá
(PA)
9º Seminário Anual de Iniciação
Científica da UFRA – Belém (PA)
2011
62º Congresso Nacional de Botânica –
Fortaleza (CE)
2011
Relação biomassa vegetal aérea e
cobertura vegetal em paisagens
agrícolas na região do arco do
desmatamento no estado do Pará
XXXIII Congresso Brasileiro de Ciência
do Solo – Uberlândia (MG)
2011
Caracterização micromorfológica
de solos sob floresta e pastagens
na Amazônia oriental
9º Seminário Anual de Iniciação
Científica da UFRA – Belém (PA)
2011
Propriedades químicas do solo sob
diferentes sistemas de uso e manejo
em Pacajá (PA)
62º Congresso Nacional de Botânica –
Fortaleza (CE)
2011
Biomassa de raízes finas e suas
relações com a cobertura vegetal e
paisagens agrícolas na região do
arco do desmatamento no estado
do Pará
X Congresso de Ecologia do Brasil –
São Lourenço (MG)
2011
Biomassa de raízes finas em
paisagens agrícolas na região do
arco do desmatamento no estado
do Pará em relação âs
características do solo e paisagem
X Congresso de Ecologia do Brasil –
São Lourenço (MG)
2011
Biomassa aérea vegetal em função
da paisagem e do solo em
paisagens agrícolas na região do
arco do desmatamento no estado
do Pará
XXXIII Congresso Brasileiro de Ciência
do Solo – Uberlândia (MG)
2011
Caracterização micromorfológica
de solos sob florestas e pastagens
na Amazônia Oriental
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Dinâmica de uso da terra no Leste do Pará
Coordenação:
Ima Vieira (Museu Paraense Emilio Goeldi - MPEG) - [email protected]
Reforçada por incentivos governamentais e empresariais que objetivam o
fortalecimento da sua cadeia produtiva, a expansão do dendê é hoje realidade na
região leste do Pará, onde se verifica a implantação de grandes áreas particulares
de cultivo e, mais recentemente, o fomento à produção em menor escala por
estabelecimentos rurais de pequeno e médio portes.
As políticas públicas que envolvem a gestão desse tipo de atividade
apresentaram nos anos recentes avanços consideráveis, a exemplo do Zoneamento
Ecológico e Econômico e das linhas de financiamento para pequenos produtores,
entre outros. No entanto, ainda são muitas as ações necessárias ao alcance de uma
produção social e ambientalmente adequada à região.
Nesse contexto, o INCT Biodiversidade e Uso da Terra optou por estudar esse
processo ao realizar análises da dinâmica da paisagem e das consequências
ecológicas, bem como das modificações socioambientais provocadas por esse tipo
de produção, para gerar informações essenciais à tomada de decisões pelos
governos e empresas e ao acompanhamento e controle de políticas pelos
movimentos sociais e sociedade civil organizada.
As principais metas propostas e parcialmente executadas incluíram: 1) a
análise da dinâmica da paisagem em duas microbacias de Moju nos anos de 1985
a 2009; 2) a identificação e caracterização das Áreas de Preservação Permanente
de Moju; 3) o diagnóstico das florestas de APPS degradadas e intactas; 4) a
avaliação dos indicadores de sustentabilidade da bacia do Acará-Mirim, em ToméAçu; 5) a avaliação da capacidade de gestão ambiental em Moju; 6) a avaliação
dos impactos do dendezeiro na biodiversidade, com ênfase às aves e árvores.
64
Diretrizes de C&T identificadas em Colóquio sobre Dendezeiro
Pesquisadores que atualmente estudam a expansão da cultura do dendê na
Amazônia reuniram-se em um evento realizado pelo INCT Biodiversidade e Uso da
Terra em dezembro de 2012 para relatar experiências e os resultados dos seus
trabalhos. Como desdobramento do encontro, intitulado "Colóquio de Parcerias
sobre as pesquisas econômicas, ambientais e sociais da expansão do dendezeiro na
Amazônia", os organizadores definiram algumas diretrizes prioritárias à produção
de conhecimento sobre o tema, essenciais à criação de um programa
interinstitucional para a realização de novos estudos na região.
Um artigo foi então elaborado com recomendações às agências de fomento
de C&T para o investimento e a superação das lacunas de informações existentes.
Entre os principais pontos identificados como necessidades estão:
a) Estudar os custos de produção dos agricultores familiares, das médias e grandes
empresas que se dedicam ao cultivo e beneficiamento do dendezeiro no estado do
Pará em comparação com outros grandes países produtores (Malásia e Indonésia);
b) Verificar os impactos ambientais decorrentes da expansão do cultivo do
dendezeiro no estado do Pará concernentes à flora e a fauna, aos aspectos legais
com relação ao novo Código Florestal e às restrições do comércio internacional
emanadas da Roundtable on Sustainable Palm Oil, Mercado Verde, entre outros;
c) Avaliar os impactos sociais e econômicos decorrentes da expansão do cultivo do
dendezeiro, considerando o processo de substituição de áreas agrícolas, mudança
no uso da terra, mercado de mão-de-obra, relações trabalhistas, migrações intra e
interregionais, adaptação dos agricultores familiares no processo produtivo,
relação produtor versus empresas beneficiadoras, Selo de Combustível Social;
d) Estudar os impactos das novas tecnologias atualmente utilizadas, como o
dendezeiro híbrido resultante do cruzamento do caiauê com o dendezeiro africano,
resistente ao amarelecimento fatal; e as que buscam maior resistência à seca, o
menor porte, o maior teor de óleo insaturado, incluindo os custos de se fazer a
polinização manual, exigido por algumas dessas variedades. Sistemas de colheita
altamente penosos deverão sofrer processos de mecanização futura, o que também
trará impactos ao setor produtivo;
65
e) Analisar os impactos sociais, econômicos e ambientais do óleo de dendê quanto à
viabilidade de inserção no Programa de Selo de Combustível Social, já que em
janeiro de 2010 o país atingiu a meta de mistura de 5% de óleo (B5) vegetal com
óleo diesel, prevista para 2013. Essa mistura, que em 2011 era constituída com
81% de óleo de soja, 13% de sebo bovino, 3% de óleo de algodão e 3% com
outros óleos, fez com que praticamente um quinto da produção brasileira de soja
fosse destinado ao programa de biodiesel. Este programa envolve mais de 104 mil
agricultores familiares, 89,1% com Selo de Combustível Social;
f) Levantar quais seriam as implicações sobre o mercado de óleo de dendê
paraense caso se reproduzam aqui as recentes tendências de arrendamento de
terra verificada na África, por países como a China, a Coréia do Sul, do Oriente
Médio e da Europa para a produção de alimentos e, também, de grandes plantios
de dendezeiros e de pinhão manso;
g) Ampliar as pesquisas sobre os benefícios econômicos e sociais da polinização,
que constitui preocupação mundial da FAO, com relação à necessidade de
alimentos e matérias-primas e a destruição dos ecossistemas nos quais os
polinizadores coabitam. Este tema de pesquisa constitui a novidade nos centros
avançados da Inglaterra, França e África do Sul, realçando a importância dos
polinizadores e dos impactos econômicos, sociais e ambientais da sua redução;
h) Verificar os efeitos econômicos, sociais e ambientais com relação à política de
exportação de óleo de dendê para fins energéticos, quando existe um grande
mercado doméstico formado pela necessidade de cumprir as metas de reduções
voluntárias de emissão de gases do efeito estufa de 36,1% a 38,9% para 2020,
prometidas pelo governo brasileiro em 2009 durante a COP 15, em Copenhague;
i) Analisar a viabilidade econômica dos cultivos de dendezeiros, considerando as
taxas de juros, prazo de carência, tamanho dos plantios, análise de riscos
envolvendo preços e produtividade, inserção de outros cultivos, entre outros;
j) Relacionar as políticas de carbono, balanço energético, pegada ecológica, REDD
e indicadores de sustentabilidade à cadeia produtiva do cultivo do dendezeiro.
66
Extensão atual da cobertura florestal, dos principais usos da terra e dos
desmatamentos até 2012 nos municípios de Moju, Tailândia e Acará
Fontes: Terraclass/Prodes/Deter-INPE
Publicado o Dossiê Florestas secundárias tropicais: ecologia
e importância em paisagens antrópicas
Os pesquisadores Ima Vieira e Toby Gardner
organizaram esse dossiê, publicado no Boletim do Museu
Paraense Emilio Goeldi de Ciências Naturais, como uma
contribuição do INCT Biodiversidade e Uso da Terra às
discussões sobre a importância das florestas secundárias em
um momento considerado politicamente crítico para a
política ambiental brasileira. Assinado por pesquisadores
do Brasil e de outros países, um conjunto de sete artigos e
uma nota de pesquisa abordam diversos aspectos
relacionados ao tema no período em que as instâncias legislativas discutem as
mudanças do Código Florestal brasileiro e o estado do Pará organiza um Grupo de
Trabalho para discutir normas ambientais referentes às florestas do estado.
A publicação está disponível na internet, pelo endereço http://www.museugoeldi.br/editora/naturais/index.html.
67
Criado sistema de informações sobre florestas para a elaboração de
normas e organização produtiva
Um resultado de grande relevância para esse subprojeto foi a criação do
Sistema de classificação do estágio sucessional da vegetação secundária,
conhecido como “Sistema Capoeira Class”, que deve gerar informações essenciais
ao subsídio de políticas públicas regionais, especialmente no que se refere à
elaboração de leis e normas sobre usos da terra, com ênfase no estado do Pará.
Em geral, as florestas secundárias da Amazônia com potencial produtivo
podem ser classificadas em três estágios sucessionais: inicial, intermediário e
avançado. Como não há na literatura científica modelo ou sistema de classificação
desse tipo nem na legislação brasileira o detalhamento do que deva ser
considerado nas avaliações técnicas, as secretarias e órgãos de meio ambiente têm
dificuldades de realizar, de forma adequada e precisa, o licenciamento de áreas
para fins de supressão, manejo e conservação da vegetação nativa.
Foi assim que surgiu a proposta de instituir pelo projeto um sistema de
classificação do estágio sucessional da vegetação secundária, com base em
trabalhos de campo em três municípios paraenses e na revisão da literatura
existente.
Metodologia - Foram realizados então inventários – levantamentos e registros das
espécies encontradas em campo – em 128 parcelas de 0,16 hectares por sítio de
estudo e usados 18 descritores florístico-estruturais da vegetação.
As parcelas dos estágios inicial (40 unidades), intermediário (48 unidades) e
avançado (40 unidades) foram submetidas a uma análise discriminante, por meio
da qual os três estágios sucessionais foram relacionados a dezesseis medidas
florístico-estruturais, ao invés de considerar estritamente o tempo de abandono da
área, o que por si não leva à correta classificação.
As diferentes comunidades arbóreas encontradas nos três estágios
sucessionais corroboram a necessidade de considerar adequadamente as
estruturas florestais secundárias na legislação específica e nas políticas para a
recuperação de áreas degradadas prioritárias aos programas de restauração
florestal.
68
Áreas de Proteção Permanente (APPs) mapeadas
Estudos iniciais relacionados a esse subprojeto indicam também que no
município de Moju, um dos que mais desmatam na Amazônia, as áreas de cultivo e
expansão do dendê, localizadas ao leste, sobretudo as que fazem limite com
Tailândia, são as que mais apresentam degradação de Áreas de Preservação
Permanente (APP) e de nascentes d'água de pequeno porte.
Segundo os levantamentos, restam nesse município cerca de 60% das
florestas originais, grande parte delas em processo de degradação. Considerando
as regras do Código Florestal, o município também possui 66% de APPs em situação
irregular, principalmente quanto às matas ciliares, que foram igualmente destruídas
ou fortemente perturbadas por cortes seletivos ou pelo fogo.
Usos da Terra e Cobertura Vegetal mapeados em Moju, Pará.
Fonte: Almeida et al, não publicado.
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CATEGORIAS
APP
com
%
vegetação
28,0
natural
APP irregular
Ocupada com floresta
24,4
degradada e sucessional
Ocupada com pasto
23,7
Ocupada com culturas
10,1
agrícolas e queimadas
Ocupada com dendê
7,9
Total de APP irregular
66,1
Sem classificação
5,4
Tabela - Características das Áreas de Preservação Permanentes - APPs do município de Moju, Pará.
Fonte: Adaptado de Almeida et al, em preparação.
Entre os tipos de florestas protegidas, as APPs merecem atenção especial, em
razão da sua importância na prestação de serviços ambientais.
Essas áreas, cobertas ou não por vegetação nativa, possuem a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica,
a biodiversidade, o fluxo gênico da fauna e da flora, proteger o solo e assegurar o
bem-estar das populações humanas .
O conhecimento sobre a composição florística e da estrutura das florestas
ciliares é um pré-requisito de grande importância aos projetos de recomposição da
cobertura vegetal de áreas marginais a rios, córregos e nascentes, com finalidades
de conservação. No entanto, estudos detalhados e específicos da ecologia das
comunidades arbóreas das matas ciliares ainda são escassos na Amazônia e,
particularmente, na região do baixo Tocantins, onde se localiza o município de
Moju.
Entre os resultados preliminares do estudo, os diagnósticos florísticos das APPs
regulares com florestas e das irregulares com vegetação degradada mostram que
há alterações estruturais entre essas áreas.
70
Os primeiros levantamentos demonstram que há diferenças significativas na
estrutura de florestas conservadas e degradadas, conforme demonstrado na
tabela abaixo.
Estrato
(1) DAP = 10 cm
Florestas de APP
Conservadas
1.494
Florestas de APP
Degradadas
1.364
705
265
752
242
(2) DAP = 5,0 cm e = 9,99 cm
Biomassa aérea (t/ha)
Tabela - Abundância de indivíduos arbóreos e biomassa aérea para florestas
conservadas e florestas degradadas de APPs m 3 diferentes estratos,
município de Moju, Pará.
Redes de instituições e pesquisadores envolvidas
- O projeto é realizado por um grupo formado por 20 pesquisadores e estudantes
de pós-graduação;
- Quatro teses de doutorado e quatro dissertações de mestrado estão em
andamento;
- Representantes do projeto têm participado ativamente de reuniões com
tomadores de decisão: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES), Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Secretaria de Estado de Meio
Ambiente do Pará (Sema-PA).
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Pesquisas realizadas
Tipo
Mestrado
Autor
Título
Madson Antonio
Benjamin Freitas
Alterações Estruturais, Florísticas
e de Biomassa em Várzea
Manejada para a Produção de
Açaí no Estuário Amazônico
Sustentabilidade de
Assentamentos Rurais no Pará:
Uma análise através do
Barômetro da Sustentabilidade
Diagnóstico Florístico-estrutural
de Florestas Conservadas e
Degradadas de Áreas de
Preservação Permanente de
Moju
Universidade Federal
Rural da Amazônia
Andreza Cardoso
Sustentabilidade e Gestão
Ambiental do Município de
Moju-PA
Universidade Federal
do Pará
Ricardo Folhes
Arranjos institucionais e
dinâmicas sócio-ambientais na
Amazônia brasileira
Universidade Federal
do Pará
Arlete Silva de
Almeida
Dinâmica da paisagem e
sustentabilidade do uso da terra
no município de Moju, estado do
Pará
Universidade Federal
do Pará
Wanja Janayna de
Miranda Lameira
Planejamento de Territórios
Sustentáveis aplicado à bacia
do rio Acará Mirim, estado do
Pará
Universidade Federal
do Pará
Veríssimo César
Sousa da Silva
Juan Cardoso de
Oliveira
Doutorado
Instituição
Universidade Federal
do Pará
Universidade Federal
Rural da Amazônia
Resultados divulgados
Artigos e livros publicados
TRABALHOS PUBLICADOS
Aguiar, A. P. D. ; Ometto, J. P.; NOBRE, Carlos; Lapola, D. M. ; Almeida, C.;Vieira, Ima
C. G.; Soares, J. V.; Alvala, R.; Saatchi,S. ; Valeriano,D.;Castilla-Rubio, J. C. . Modeling
the spatial and temporal heterogeneity of deforestation-driven carbon emissions: the
INPE-EM framework applied to the Brazilian Amazon. Global Change Biology, v. 18, p.
3346-3366, 2012.
Vieira, I.C.G ; Toledo, P.M ; Araújo, R.A; Coelho, A. ; Baião, P. . Amazônia. In: F.
Scarano; I. Santos;A. Cecilia Martins;J.M.C. Silva ; A. Guimarães; R. Mittermeir. (Org.).
Biomas Brasileiros: Retratos de um País Plural. 1ed. Rio de Janeiro: Editora Casa da
Palavra, v. , p. 129-164.2012.
72
Amaral, D. D.; Vieira, I C G ; Salomão, R P ; Almeida, A. S. ; Jardim, M. A. S. The status
of conservation of urban forests in eastern Amazonia. Brazilian Journal of Biology
(Impresso), v. 72, p. 257-265, 2012.
Salomão, R. P.; Vieira, I.C.G.;. Brienza Junior, S.; Amaral. D.D. & Santana, A. C. 2012.
Sistema Capoeira Classe: uma proposta de sistema de classificação de estágios
sucessionais de florestas secundárias para o estado do Pará. Boletim do Museu
Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais 7(3) (no prelo). 2012.
Hayashi, S. N.; Vieira, I. C. G. Carvalho, C. J. R. & Davidson, E.Linking nitrogen and
phosphorus dynamics in litter production and decomposition during secondary forest
succession in the eastern Amazon. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências
Naturais 7(3):
Vliet, N. van; Adams, C. Vieira, I.C.G. & Mertz, O. Changes in land use and in the
livelihoods of forest frontier farming communities across the Brazilian Amazon. Human
ecology. no prelo. 2013.
VIEIRA, I C G. Uso da Terra e Biodiversidade na Amazônia. In: Moyses Nussenzveig.
(Org.). O Futuro da Terra. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2011.
Artigos submetidos
TRABALHOS
PUBLICADOS
REFERÊNCIA
Homma, A.K. O. & Vieira, I C G. Colóquio sobre Dendezeiro: prioridades de pesquisas
econômicas, sociais e ambientais na Amazônia. Revista Amazônia Ciência e
Desenvolvimento. Belém-Pará.
Ferreira, E. de M. F.; Parry, L.; Barlow, J; Vieira. I. C. G. Morello. T. F. Fomento
florestal e sua função socioeconômica: estudo de caso no município de Almeirim (PA).
Revista Ambiente e Sociedade. Campinas.
Resumos apresentados em eventos
Evento
Ano
Título
54º Congresso Internacional de
Americanistas - Viena (Áustria)
2012
Land Use Sustainability in the
Amazon: problems and Challenges
http://ica2012.univie.ac.at/fileadmi
n/user_upload/DOEVL_events/ICA/
54ICA_Programme_Print.pdf
73
Evento
Planet under Pressure – Londres
(Inglaterra)
Ano
Título
Mar-12
Minimizing conflicts of scale using an
environmentally-driven public policy
framework under an agenda of
green economy, regional
development and sustainability: a
study case from the State of Para,
Brazilian Amazon.
http://elsevier.conferenceservices.net/reports/template/onete
xtabstract.xml?xsl=template/onetext
abstract.xsl&conferenceID=2808&a
bstractID=571930
Análise do Uso da Terra e Cobertura
Vegetal no Centro de Endemismo
Xingu.
VI Encontro Nacional da ANPPAS –
Belém (PA)
2012
VI Encontro Nacional da ANPPAS –
Belém (PA)
2012
VI Encontro Nacional da ANPPAS –
Belém (PA)
2012
VI Encontro Nacional da ANPPAS –
Belém (PA)
2012
A influência do fomento florestal em
estabelecimentos rurais da Amazônia
VI Encontro Nacional da ANPPAS –
Belém (PA)
2012
Dinâmica socioambiental no
município de Moju em tempos de
biodiesel
Usos da Terra e Biodiversidade da
Amazônia: Desafios para a
sustentabilidade regional
IV Conferência Regional sobre
Out-11
Mudanças Climáticas Globais: O Plano
Brasileiro para um Futuro Sustentável
– São Paulo (SP)
Análise Espacial da Dinâmica do Uso
da Terra e Cobertura Vegetal no
Município de Mãe do Rio Estado do
Pará. Centro de Endemismo Xingu
Análise da Cobertura Vegetal no
Centro de Endemismo Belém
Seminário Clima, Dinâmica e
Biodiversidade de Florestas
Amazônicas – Belém (PA)
Jun-12
Dinâmica de Usos da Terra na
Amazônia e a Expansão do óleo de
Palma
Seminário Amazônia + 20 – Belém
(PA)
Jun-12
Educação e Ciência para um futuro
sustentável da Amazônia.
Seminário Pará+20 – Belém (PA)
Jun-12
Biodiversidade, Recursos Genéticos e
Populações Tradicionais
74
Artigo em jornal
TRABALHOS PUBLICADOS
VIEIRA, I CG. Ciência e Tecnologia são estratégicas para a
Amazônia?. Revista Amazônia Viva, Belém, p.36 - 36, 12
jan. 2012.
Políticas públicas
- Elaborada a nota técnica “Bases científicas para a definição de parâmetros para
fins de licenciamento de áreas com vegetação secundária para uso agrícola”, de
autoria de Rafael de Paiva Salomão, Silvio Brienza Junior e Ima Vieira para
subsidiar a Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará na formulação de
normas para uso e supressão de florestas secundárias no estado;
- Publicado o trabalho “A framework for integrating biodiversity concerns into
national REDD+ programmes. Biological Conservation, 154, 61-71”, distribuído
como um documento de informação oficial em inglês, francês e espanhol na última
Convenção Internacional de Diversidade Biológica.
75
’’É hora de retomar o significado de futuro ao propor um para a
Amazônia. Futuro é entendido como um processo de construção
humana, como um tempo refletido, sonhado, desejado. Construção
humana a partir de um poderoso recurso estratégico que é a
imaginação de cada um. Imaginação que não se reduz a devaneios,
ela corresponde a uma forma de consciência. A transformação desse
futuro possível em realidade dependerá do conhecimento científicotecnológico e de inovações que repousarão em grande parte em
vocês, jovens brasileiros, esperança da nação.’’
(Bertha Becker, Um Futuro para a Amazônia, 2008)
76
SUB-EIXO 3: DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS DE USO
SUSTENTÁVEL DE CURTO, MÉDIO E LONGO PRAZOS
Mostrar à sociedade que é possível conciliar avanços econômicos, medidas
ambientalmente sustentáveis e benefícios sociais é o objetivo do terceiro sub-eixo
do INCT Biodiversidade e Uso da Terra, criado também para reforçar alianças
destinadas à conservação da biodiversidade amazônica.
Um laboratório de práticas sustentáveis, ações de educação ambiental e
formação e qualificação de pessoas para lidarem com o que faz da região
biologicamente rica e diversa estão entre as formas de valorizar o papel das
pessoas e da diversidade cultural nos processos de desenvolvimento da região.
77
Uso de Recursos e Recuperação da Produtividade Agrícola
das Terras do Leste do Pará
Coordenação:
Lourdes Ruivo (Museu Paraense Emilio Goeldi - MPEG) - [email protected]
Cristine Amarante (Museu Paraense Emilio Goeldi - MPEG) - [email protected]
Grupos especializados em pedologia, matéria orgânica, microbiologia e
bioquímica de solos tropicais avaliam a sustentabilidade do uso do solo em sistemas
florestais e agroflorestais no estado do Pará.
Além de definir indicadores para avaliar a qualidade do solo em diversos tipos
de cultivos, o grupo também se dedica à seleção de sistemas de uso da terra mais
adequados à realidade local, buscando os que mais se aproximam da área de
referência estudada, sob a forma de capoeira ou floresta, testando também a
possibilidade de aumentar ou manter a fertilidade pelo uso de terra preta nova.
Produzidas novas tecnologias para a recuperação de solos
degradados
- Por meio de uma experiência com a empresa Tramontina Belém, foi possível
aperfeiçoar, validar e valorar práticas alternativas de recuperação de áreas
alteradas em sistemas diferenciados de cultivos agrícolas, florestais, agroflorestais
e silviculturais, associando-as a orientações administrativas, econômicas e sociais.
Um exemplo foi o uso do soro do curauá para a melhoria da qualidade do solo sob
plantio agroflorestal;
78
- No estudo sobre a aplicação de resíduos da indústria madeireira na recuperação
de áreas alteradas ou em sistemas florestais e agroflorestais, foi concluído que os
resultados mais efetivos são obtidos quando se usam métodos que reúnem a
decomposição do material orgânico, níveis de elementos químicos trocáveis,
modificações no solo e em componentes biológicos;
- A análise dos sistemas de cultivo agrícola, florestal, silvicultural e agroflorestal
inseridos em áreas de vegetação secundária manejadas com e sem queima
permitiu a obtenção dos seguintes resultados:
1. com base na coleta de serapilheira, foram analisados os níveis de nutrientes
da matéria vegetal com diversos tratamentos de corte, queima e raleamento para
identificar qual apresentaria maior eficácia quanto ao funcionamento e produção
de nutrientes em períodos de estiagem e chuva. As conclusões apontaram que o
total de macronutrientes avaliados é maior no sistema agroflorestal sem queima; no
período chuvoso, a concentração de macronutrientes é maior, com variação sazonal
entre os sistemas; o sistema com queima apresenta maior concentração de
nutrientes na estiagem, mas parece não ser favorecido no aumento da
concentração; e a concentração de micronutrientes não apresenta influência
sazonal.
2. na produção de Terra Preta Nova como alternativa para elevação e
sustentabilidade da fertilidade do solo, foram utilizados resíduos de serraria,
carvão e açougue em um experimento de longo prazo (25 anos), instalado em
2003 em Tailândia (PA). As análises indicaram que, em relação à morfologia, houve
variação quanto à coloração e a estrutura do solo, além de variação na vegetação
espontânea; em relação à geoquímica, a principal fonte de elementos químicos
trocáveis (P, Ca, Mg, K, Zn e Mn) e de matéria orgânica foram os resíduos de
açougue, aplicados sob a forma de ossos queimados e triturados.
79
Conhecimento repassado às empresas parceiras do projeto
Com a participação na rede de pesquisa, as empresas parceiras
redimensionam sua importância no contexto produtivo e ambiental de Tailândia,
recebendo maior reconhecimento do público e legitimidade nas ações que
empreendem. Foram realizados ciclos de informações para estimular o
desenvolvimento de produtos locais favoráveis a inovações tecnológicas e
associados aos sistemas de manejo conservacionistas.
Resultados divulgados
Artigos publicados
TRABALHOS
PUBLICADOS
REFERÊNCIA
MATOS, F O ; CASTRO, R.M.S. ; RUIVO, M L P ; MOURA, Q. L. . Teores de nutrientes do
solo sob sistemas agroflorestais manejado com e sem queima no estado do Pará.
Floresta e Ambiente, v. 19(3), p. 1-10, 2012.
AMARANTE, C. B.; SILVA, J. C.; MÜLLER, A.H.; MÜLLER, R.C.S.; Avaliação da composição
mineral do chá da folha senescente de Montrichardia linifera (Arruda) Schott (Araceae)
por espectrometria de absorção atômica com chama (FAAS). Química Nova, v.34, n.3,
419-423, 2011.
AMARANTE, C.B.; MÜLLER, A. H.; PÓVOA, M. M.; DOLABELA, M. F. Estudo fitoquímico
biomonitorado pelos ensaios de toxicidade frente à Artemia salina e de atividade
antiplasmódica do caule de aninga (Montrichardia linifera). Acta Amazonica, v.41, n.3,
p.437-440, 2011.
AMARANTE, C. B.; SOLANO, F. A. R.; LINS, A. L. F. A.; MÜLLER, A. H.; MÜLLER, R. C. S.
Caracterização física, química e nutricional dos frutos da aninga. Planta Daninha, v.29,
n.2, p.295-303, 2011.
CASTRO, R.M.S. ; RUIVO, M L P ; SILVA, M. F. . Disponibilidade de serapilheira em
sistema agroflorestal com queima e sem queima e capoeirão, no minicípio de Bragança,
Pará. Revista FAFIBE On Line (Online), v. IV(4), p. 1-6, 2011.
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80
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55-68.
Capítulos de livros assinados
TRABALHOS
PUBLICADOS
REFERÊNCIA
AMARANTE, C. B.; SILVA, J. C.; MÜLLER, A.H.; MÜLLER, R.C.S.; Avaliação da composição
mineral do chá da folha senescente de Montrichardia linifera (Arruda) Schott (Araceae)
por espectrometria de absorção atômica com chama (FAAS). Química Nova, v.34, n.3,
419-423, 2011.
AMARANTE, C.B.; MÜLLER, A. H.; PÓVOA, M. M.; DOLABELA, M. F. Estudo fitoquímico
biomonitorado pelos ensaios de toxicidade frente à Artemia salina e de atividade
antiplasmódica do caule de aninga (Montrichardia linifera). Acta Amazonica, v.41, n.3,
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AMARANTE, C. B.; SOLANO, F. A. R.; LINS, A. L. F. A.; MÜLLER, A. H.; MÜLLER, R. C. S.
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81
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Floresta e Ambiente, v. 19(3), p. 1-10, 2012.
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NEVES, PAFG ; BATISTA, R. J. R. ; PICCININ, J L ; RUIVO, MLP ; AMARANTES, C. B.
Determinação de Fe, Mn, Zn e Cu Disponível em amostras de terra preta nova do
município de Tailandia (PA). Enciclopédia biosfera, v. 8(14), p. 1135-1142, 2012.
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Aproveitamento de resíduos de madeira na formação de Terra Preta Nova: estudo de
caso no experimento ao reflorestamento de Paricá (Schizolobium amazonicum). In:
MENDES, A.C.; PROST, M.T.; CASTRO, E.. (Org.). Ecossistemas amazônicos: dinâmicas,
impactos e valorização dos recursos naturais. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi,
2011, v. 1, p. 239-258.
RUIVO, MLP ; AMARAL, I. G. ; DUTRA, F. C. ; SALES, M E C . Caracterização física e
química do Latossolo Amarelo da Estação Experimental Urbana do Mocambo. In:
MENDES, A.C.; PROST, M.T.; CASTRO, E.. (Org.). Ecossistemas amazônicos: dinâmicas,
impactos e valorização dos recursos naturais. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi,
2011, v. 1, p. 67-78.
82
Elaboração de mapas de populações tradicionais, conflitos
e usos da biodiversidade na área da BR-163 (PA)
Coordenação:
Rodrigo Peixoto (Museu Paraense Emilio Goeldi) - [email protected]
Ao reconhecer que os agravos ao meio ambiente provocam impactos
negativos diretos sobre os meios de vida das pessoas que nele habitam e que as
populações tradicionais podem ser decisivas para frear o avanço sobre as florestas
e no manejo dos seus recursos de forma ambientalmente sustentável, esse
subprojeto foi criado para mapear os territórios, os conflitos e os usos da
biodiversidade na área de influência da BR-163, mais precisamente na porção
paraense situada no chamado Arco do Desmatamento.
Seu objetivo foi estabelecer bases para aproximar o saber das populações
tradicionais e o conhecimento científico e tecnológico. Particularmente no que diz
respeito à Terra Indígena Maró, criou formas de trabalho conjunto com os Borari e
Arapium, situados nas aldeias de Novo Lugar, Cachoeira do Maró e São José, por
meio do qual foram elaboradas publicações sobre as histórias e cartografias
dessas etnias, material posteriormente destinado à educação escolar indígena.
Atividades realizadas
- Na Terra Indígena Maró, assim como em comunidades da Resex Tapajós-Arapiúns,
foram realizadas oficinas e elaborados mapas coletivos;
- Na TI Maró, foram realizadas atividades como inventário dos recursos naturais,
entrevistas, coleta de dados e elaboração de material didático;
83
- Promovido o debate com os indígenas sobre biodiversidade e critérios para a
investigação científica na TI Maró em contribuição ao projeto Farmácia Viva,
proposta pelas lideranças Borari da aldeia de Novo Lugar, como forma de
articulação do saber indígena com a pesquisa científica;
- Realizado o encontro de entidades do movimento social da região para planejar
o mapa dinâmico dos interesses e conflitos territoriais na região do baixo Tapajós,
mostrando terras indígenas, projetos de assentamento, unidades de conservação,
assim como projetos hidrelétricos, de exploração mineral e madeireira, avanço da
soja e pecuária;
- Entrevistas feitas com lideranças comunitárias e pesquisadores para a elaboração
de relatório sobre as atividades de reposição florestal na Resex Tapajós-Arapiuns;
- Levantamento dos anseios nas aldeias para a composição de plano de ação dos
indígenas da TI Maró intitulado “a vida sobre o território”;
- Produzidos relatórios antropológicos para apoiar o reconhecimento e a definição
de territórios indígenas no município de Altamira.
84
Relacionamento com a sociedade:
Comunidades
Em parceria com as populações locais, foram elaboradas as cartografias das
aldeias de Novo Lugar, Cachoeira do Maró e São José III, localizadas na Terra
Indígena Maró; e das comunidades Anã e São Pedro, da Resex Tapajós-Arapiúns;
Governo
Em parceria com a Universidade do Oeste do Pará (Ufopa) e a Associação
dos Produtores da Margem Esquerda do Tapajós (APRUSPEBRAS), o subprojeto
resultou em uma proposta de reposição florestal ao Instituto de Desenvolvimento
Florestal do Estado do Pará (Ideflor), por meio da qual os moradores da Resex
Tapajós-Arapiuns seriam qualificados para reflorestar as terras em que vivem com
espécies nativas de árvores, para então comercializar créditos de carbono e
produtos florestais não-madeireiros, como óleos, sementes e frutos.
Universidades e ONG
Também foram realizadas parcerias para o desenvolvimento de ações junto
com as Universidades de Marburg (Alemanha), de Nevada, Reno (Estados Unidos) e
com o projeto não-governamental Saúde e Alegria.
85
Resultados divulgados
Trabalhos apresentados em eventos
Evento
Data
Título
VII Conferência da SALSA – Belém
(PA)
2011
Índios resistentes se movimentam por
identidade e território no baixo
Tapajós
II Encontro Globalização, Políticas
Territoriais, Meio Ambiente e
Conflitos Sociais - Vassouras (RJ)
2012
Terra Indígena Maró:conflito,
conquista e vida no território
28º
Reunião
Brasileira
Antropologia - São Paulo (SP)
de 2012
3º Encontro da Região Norte da 2012
Sociedade Brasileira de Sociologia:
Amazônia e Sociologia: fronteiras do
século XXI
O movimento indígena no baixo
Tapajós:
resistência,
conflitos,
conquistas e contestações
Amazônia e Sociologia: fronteiras do
século XXI
REFERÊNCIAS
TRABALHOS
PUBLICADOS
PEIXOTO, R.; FIGUEIREDO, K.; ARENZ, K. O Movimento Indígena no Baixo Tapajós:
etnogênese, território, Estado e conflito. Novos Cadernos do NAEA.
86
O conflito no oeste do Pará
No Baixo Tapajós a exploração madeireira avança disputando espaço
com unidades de conservação, projetos de assentamento extrativista e terras
indígenas. O Estado pavimenta estradas, projeta um complexo de
hidrelétricas no rio Tapajós e promove grandes projetos de mineração. O
agronegócio sobe pela BR-163 desde o Mato Grosso em direção ao Pará em
busca de terras férteis. Essa frente capitalista vem com disposição diversa da
população local no trato com a natureza, visando negócios nem sempre
idôneos nessa fronteira de expansão, espécie de faroeste, onde a lei vige
precariamente. Os conflitos opõem formas contraditórias de utilização do
espaço. Por um lado, ainda a ideia de vazio demográfico, de uma região à
espera de ser ocupada pelo capital. Por outro, o empenho em afirmar
territórios de identidade, espaços de superação do desencontro entre os
homens e a natureza.
O movimento indígena se manifesta na Flona Tapajós, na Resex TapajósArapiuns e no PAE Lago Grande - unidades federais - mas também na Gleba
Nova Olinda que compõe um conjunto de cinco terras arrecadadas e
matriculadas em nome do estado do Pará, formando as glebas MamurúArapiuns, que reúnem a maior quantidade de áreas florestais não destinadas
no Pará, disputadas por diversos interesses. Na Gleba Nova Olinda está
incrustada a Terra Indígena Maró. Ali os conflitos dizem respeito a diferentes
significados atribuídos à natureza. Objeto de exploração por um lado,
ambiente de vida e interação por outro. Os conflitos iniciaram-se com a
chegada de grileiros e madeireiros no início de 2000 e são motivados pela
extração irregular da madeira.
87
O conflito no oeste do Pará
Há, pois, uma contradição importante no que diz respeito à ocupação do
espaço. Os conflitos ocorrem na medida em que grupos sociais enraizados no
território, tendo-o como valor existencial, têm suas bases materiais de vida
ameaçadas por apropriações que tomam o território para possuí-lo e
explorá-lo economicamente, com pouco apreço pela natureza. Os conflitos
assinalam justamente onde esse tipo de desenvolvimento predatório está
provocando impactos sociais e ambientais negativos. Os grupos sociais e
étnicos resistem às agressões. Além de adotar a noção de território para
designar o espaço onde eles se reproduzem cultural, econômica e socialmente,
os comunitários e indígenas tomaram consciência de que o meio onde habitam
deve ser fiscalizado por eles próprios, na falta de uma ação mais efetiva do
Estado. A resistência das chamadas populações tradicionais é importante,
porque sem ela a remoção dos seus territórios e o seu desaparecimento
implicaria grave perda de conhecimento e diversidade biológica. Portanto, as
disputas territoriais marcam o contexto do Baixo Tapajós. As relações sociais,
as representações de identidade e as ações coletivas que dão sentido ao
movimento social e indígena são produzidas nesse contexto conflituoso
principalmente em função da terra e dos seus significados. Uma das
estratégias de luta dos indígenas e das comunidades é a de elaborar
cartografias que os situam no mapa. De fato, o coletivo indígena que constitui
a TI Maró se mapeou e conquistou um lugar no ordenamento territorial
produzido pelo Estado.
Texto: Rodrigo Peixoto
88
Laboratório de práticas sustentáveis em Terras Indígenas
próximas ao arco de desmatamento
Coordenação:
Claudia López (Museu Paraense Emilio Goeldi - MPEG) - [email protected]
No ano de 2007, em reconhecimento à importância das populações indígenas
na gestão e preservação das áreas florestais, um projeto buscou identificar, junto
ao povo indígena Ka´apor, alternativas de geração de renda baseadas em
práticas ambientalmente sustentáveis.
O levantamento dos saberes sobre o manejo da floresta por esse grupo foi
então realizado ao mesmo tempo em que era incentivada a produção de mudas
com espécies tradicionalmente usadas, por meio de viveiros instalados em duas das
aldeias, criados para apoiar o reflorestamento de áreas da Terra Indígena (TI) Alto
Turiaçú, no estado do Maranhão.
Considerando a importância de estabelecer conexões entre os conhecimentos
científicos e os saberes tradicionais dos povos indígenas sobre o uso e o manejo dos
recursos naturais, e agora trabalhando também com o povo indígena MebêngôkreKayapó, no estado do Pará, esse subprojeto do INCT deu continuidade às
atividades de pesquisa-ação nas aldeias Moikarakô, na TI Kayapó (PA); Xiepihurena e Paracui-rena, da TI Alto Turiaçú (MA); além de iniciar ações junto à aldeia Las
Casas (PA), situada em uma TI de mesmo nome.
Por meio de metodologias participativas, foi possível realizar o levantamento
do estado atual dos recursos naturais e a análise das relações entre os povos
indígenas Ka'apor e Mebêngôkre- Kayapó e o meio ambiente, a fim de entender
como as diferentes formas de apropriação desses recursos podem contribuir com a
conservação da biodiversidade regional.
Entre as práticas cultural e ambientalmente sustentáveis com potencial de
estímulo entre essas populações estão o manejo e a comercialização de produtos
florestais não-madeireiros, bem como a confecção de produtos artesanais a partir
desses produtos.
89
Atividades de pesquisa realizadas
Terra Indígena Las Casas - PA
- Levantamento de recursos não-madeireiros com potencialidade comercial;
- Início de inventário do babaçu (Attalea speciosa Mart ex Spreng.);
- Levantamento das plantas medicinais reconhecidas e utilizadas pelo pajé da
aldeia Las Casas;
- Registro da história local e pesquisa documental sobre o posto indígena Las Casas.
Terra Indígena Kayapó- PA: Aldeia Moikarakô
- Levantamento de recursos vegetais usados no artesanato;
- Aspectos históricos e sociais da comercialização de artefatos indígenas;
- Estudo etnohistórico e da cultura material Mebêngôkre, assim como da história do
contato de grupos Mebêngôkre como os Iranh Amraire.
Terra Indígena Alto Turiaçú -MA: Aldeias Xiepihu-rena e Paracui-rena
- Levantamento da produção de artefatos indígenas Ka´apor com fins comerciais;
- Levantamento etnobotânico das espécies usadas na elaboração de artefatos com
fins comerciais.
- Registro da história oral sobre conflitos territoriais.
Acervos constituídos
Registro fotográfico e audiovisual:
- Acervo com mais de 5000 fotografias das aldeias Las Casas e Moikarakô (etnia
Mebêngôkre- Kayapó) e das aldeias de Alto Turiaçu (etnia Ka'apor).
90
Criação de Base Cartográfica:
- Aldeia Las Casas: foram levantadas áreas de concentração de recursos naturais
com potencial comercial e elaborados mapas de localização de algumas áreas de
coleta de babaçu e buriti;
- Aldeias Xie e Paracui (TI Alto Turiaçú-MA): georreferenciamento dos usos da terra
nessas áreas com a identificação dos campos de cultivo, pastos e desmatamentos.
Resultados divulgados
CAPÍTULOS DE LIVROS PUBLICADOS
CHAVES, C.;A força que vem das cobras: a bordunakayapó/La force
vientdesserpents » :lamassue Kayapó. Índios no Brasil. Bruxelas: Ludion, Europalia-Brasil,
2011, p.98-99.
LOPEZ GARCÉS, C. “Bijoux de plumes” Lesperuresfémenines Ka’apor. Índios no Brasil.
Bruxelas: Ludion, Europalia-Brasil, 2011, p. 100-102.
ROBERT, P. Conflitos, alianças e recomposições territoriais em projetos de
desenvolvimento sustentável: experiências da Terra Indígena Kayapó (Sul do Pará). In:
Araujo, R; Léna, P. (Org.). Desenvolvimento Sustentável e Sociedade na Amazônia.
Belém: MPEG, 2010, p. 333-354.
KAYAPO, B. & ROBERT, P. Mapas do diálogo. Experiências de mapeamento
participativo em Moikarakô, Terra Indígena Kayapó, Pará. In Kawhage, C e Marinha,
H. (org.) Situação socioambiental das Terras Indígenas do Pará. Desafios para a
elaboração de políticas de gestão territorial e ambiental. SEMA, Belém,2011 p. 127136.
ROBERT, P. Kax, hotte de protege Kayapó, leplusboeupanierdesfemmes. Índios no Brasil.
Bruxelas: Ludion, Europalia-Brasil, 2011, p. 83-85.
91
ARTIGOS PUBLICADOS
LÓPEZ GARCÉS, C. L. ; DE ROBERT, P. El legado de DarrellPosey: de las investigaciones
etnobiológicas entre los Kayapó a la protección de los conocimientos indígenas. Boletim
do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, Bogotá D.C., v. 7, p. 565-580,
2012.
DE ROBERT, P; LÓPEZ GARCÉS, C. L. ;LAQUES, A.E; FERREIRA, M . A beleza das roças:
agrobiodiversidadeMebêngôkre- Kayapó em tempos de globalização. Boletim do
Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, Rio de Janeiro, v. 7, n.2, p. 339-369,
2012.
GONZÁLEZ, S. E.;FERREIRA, M. ; DE ROBERT, P.; LÓPEZ GARCÉS, C. L. . Conhecimentos e
usos do babaçu (Attaleaspecioda Mart. e AttaleiaAchleri (Drude) A J Hend) entre os
Mebêngôkre- Kayapó da terra Indígena Las Casas, estado do Pará, Brasil. Acta
Botanica Brasílica (Impresso), v. 26, p. 295-308, 2012.
NO PRELO
GONZÁLEZ-PÉREZ, DE ROBERT & COELHO-FERREIRA, M; Sementes utilizadas no
artesanato Kayapó das aldeias Moikarakô e Las Casas no Estado do Pará, Brasil.
Artigo submetido e aceito para a publicação na revista EconomicBotany.
SANTOS, R., GONZÁLEZ-PÉREZ, S., COELHO-FERREIRA, M. & LÓPEZ, C.;Espécies úteis
em aldeias indígenas Kayapó, Pará, Brasil. Artigo submetido e aceito para a
publicação na revista Acta amazônica em abril de 2012.
92
Saberes indígenas
Em parceria com o Museu do Índio e a Fundação Nacional do Índio FUNAI, sede Marabá, foi realizada na aldeia Las Casas uma primeira oficina
de transmissão de saberes tradicionais sobre os aspectos mais importantes da
cultura Mebêngôkre- Kayapó.
Durante a dinâmica, foram registradas as atividades capazes de gerar
renda às populações indígenas de forma sustentável, como os trabalhos
artesanais com miçangas, enfeites de crianças, tecelagem em linha de
algodão, para posterior publicação de um catálogo.
Os choros femininos e a pintura corporal caracterizam-se como ofícios
próprios das mulheres Mebêngôkre enquanto peças construídas em fibra de
buriti e folhas de babaçu, a exemplo das cestas e máscaras, como atividades
dos homens.
O objetivo é prosseguir com a realização de oficinas nas demais aldeias
associadas ao projeto, contribuindo com a reflexão e o estímulo de práticas
sustentáveis, com base na motivação das próprias comunidades.
Próximo ao enfoque do etnodesenvolvimento, o Laboratório busca
levantar alternativas de desenvolvimento local ao mesmo tempo em que as
suas ações reafirmam os sentidos culturais e o direito à diferença,
favorecendo assim a proposição de modelos especializados de políticas
públicas.
93
Recuperação de Áreas de Reserva Legal e de Proteção
Permanente
Coordenação:
Silvio Brienza (Embrapa/CPATU) - [email protected]
Rafael Salomão (Museu Paraense Emilio Goeldi - MPEG) - [email protected]
A recuperação do passivo ambiental amazônico pode ser facilitada pela
oferta de alternativas econômica e ambientalmente viáveis de produção florestal
a governos e produtores rurais.
Para propor tais soluções, um subprojeto foi criado para testar três modelos,
instalados em áreas distintas de empresas privadas do Pará também distintas, nas
quais critérios de eficiência e sustentabilidade ecológica estão sendo
experimentados. Os resultados ajudarão a estimular o aumento da produtividade
nas terras de quem optar pelo plantio de árvores.
Os sistemas de plantio florestais foram implantados por meio de faixas de
espécies cujas distâncias se diferenciam de acordo com a proposta ofertada a
cada empresa.
As espécies utilizadas destinam-se a dois fins comerciais de alta importância
econômica: produção madeireira (paricá - Schizolobium parahyba var.
amazonicum, castanha – Bertholletia excelsa, andiroba – Carapa guianensis e
copaíba – Copaifera duckei) e geração de energia (taxi-branco – Sclerolobium
paniculatum).
Empresas envolvidas
Empresa
Propriedade
Município
(PA)
Data de Plantio
AFLORESPA
Fazenda Nevada
Ulianópolis
Fev/2012
Vale Florestar S.A.
Fazenda Preciosa
Dom Eliseu
Mar/2012
Pampa Exportações Ltda.
Fazenda Pampa
Vigia
Abr/2012
94
Mediações realizadas
Avaliações de crescimento em altura são realizadas a cada três meses, tendo as
suas médias, calculadas em centímetros, descritas abaixo.
Tabela - Médias de crescimento em altura (cm) das espécies do modelo de produção
energético-madeireiro.
Local
Espécie
Altura (cm)
(3 meses)
Fazenda Nevada
(taxi-branco; 3 m x 2 m)
Andiroba
Castanha
Paricá
taxibranco
78,55
106,17
94,08
41,85
Fazenda Preciosa
(taxi-branco; 3 m x 2 m)
Castanha
Copaíba
Paricá
taxibranco
73,21
64,15
57,56
17,90
Fazenda Preciosa
(taxi-branco; 3 m x 3 m)
Castanha
Copaíba
Paricá
taxibranco
56,58
50,61
54,28
16,51
Fazenda Pampa
(taxi-branco; 3 m x 2 m)
Andiroba
Castanha
Paricá
taxibranco
50,67
38,63
51,61
21,04
Fonte: Projeto
95
Impactos avaliados
- Diversidade: as áreas estudadas podem ser consideradas como redutos de
biodiversidade, com resultados semelhantes à riqueza das florestas secundárias ou
as de histórico similar de uso da terra, cuja vegetação nativa está em
desenvolvimento com idades entre 3,5 e 5 anos.
- Banco e dispersão de sementes: estudada durante seis meses em casa-devegetação, a riqueza do banco de sementes do solo mostrou um total de 2.750
indivíduos, representados por 79 espécies, distribuídas em 34 famílias botânicas.
Os principais tipos de dispersão de sementes foram zoocoria (38%) e anemocoria
barocoria (ambos 29%).
- Composição florística: o índice de heterogeneidade de Shannon-Weaver variou
entre 2,75 e 3,02, indicando uma alta diversidade da composição florística das
quatro áreas estudadas.
- Similaridade florística: o índice de Sorensen variou entre 619 e 778, o que indica
a existência de similaridade florística entre os pares formados pelas quatro áreas
de estudo. Em todas elas, houve uma maior predominância de vegetação herbácea
(acima de 50%).
- Biomassa: a biomassa de árvores, arbustos e trepadeiras lenhosas variou de 36%
para 49%.
- Sucessão ecológica: a sucessão ecológica foi caracterizada principalmente por
espécies pioneiras (66%) e secundária inicial (23%).
Pessoas qualificadas com o apoio de bolsas
TIPO
Quantidade
Iniciação Científica
Mestre
Doutor
Pós-Doutor
Bolsistas
Embrapa/FAPESPA/CNPq/Empresa
04
03
02
96
Encerrados
1
Em
andamento
04
02
02
Resultados divulgados
Artigos publicados
TRABALHOS
PUBLICADOS
REFERÊNCIA
SALOMÃO, R. P.; SANTANA, A. C.; BRIENZA JÚNIOR, S.; GOMES, V.H.F. Análise
fitossociológica de floresta ombrófila densa e determinação de espécies-chave para
recuperação de área degradada através da adaptação do índice de valor de
importância. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Naturais, v. 7, p. 57102, 2012.
OCHOA-OUTINHO, C. H.; BASTOS, A. P. V.; BRIENZA JÚNIOR, S. Forestry regeneration
in Eastern Amazon and new challenges for de-regulated areas: steps towards REDD+?.
In: Incentive of Local Community for REDD and Semi-domestication of Non-timber Forest
Products, 2012, Kyoto. The Proceedings of The Workshop on Incentive of Local
Community for REDD and Semi-domestication of Non-timber Forest Products. Kyoto:
Kyoto University, 2012
No Prelo
TRABALHOS
PUBLICADOS
REFERÊNCIA
SALOMÃO, R. de P.; SANTANA, A. C. ; BRIENZA JÚNIOR, S. Seleção de espécies chave
da floresta ombrófila densa e indicação da densidade de plantio na restauração
florestal de áreas degradadas na Amazônia. Ciência Florestal (UFSM. Impresso), 2012.
SALOMÃO, Rafael P.; BRIENZA JÚNIOR, S.; SANTANA, A. C. Análise da florística e
estrutura de floresta primária visando a seleção de espécies-chave, através de análise
multivariada, para a restauração de áreas mineradas em unidades de conservação.
Revista Árvore (Impresso), 2012.
97
Resumos publicados em eventos
Evento
Ano
International Research on Food
2012
Security, Natural Resource
Management and Rural Development
– Goettingen (Alemanha)
Título
Dynamics of growth of Schizolobium
parahyba var. amazonicum in two
models of production in the Brazilian
Oriental Amazonia
International Research on Food
2012
Security, Natural Resource
Management and Rural Development
– Goettingen (Alemanha)
Soil Seed Banks in Degraded Pastures
Recovered by Forest Plantations in the
Eastern Amazon, Brazil
International Research on Food
2012
Security, Natural Resource
Management and Rural Development
– Goettingen (Alemanha)
Floristic Composition of Soil Seed Bank
in Forest Plantations in the Eastern
Amazon, Pará, Brazil
Floristic Composition of Soil Seed
Bank in Forest Plantations in the
Eastern Amazon, Pará, Brazil
Floristic Composition of Soil Seed
Banks in Degraded Agriculture Areas
Recovered by Forest Plantations,
Brazil
98
COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO
Ebio - Escola da Biodiversidade Amazônica
Coordenação:
Maria de Jesus Ferreira Fonseca (Universidade do Estado do Pará – UEPA) [email protected]
Joice Santos (Museu Paraense Emilio Goeldi - MPEG) - [email protected]
Como o próprio nome sugere, a Escola da Biodiversidade Amazônica - Ebio é
um espaço que conecta pensamento e experiência, comunicação e educação,
ensino, criatividade e o prazer de aprender. Seu programa tem como foco a
riqueza e a diversidade refletidas na natureza, na cultura e nas realidades
socioeconômicas das diversas regiões amazônicas.
Sua proposta pedagógica é construir redes com base nos saberes das
pessoas que vivem na Amazônia, considerando os seus costumes e práticas, assim
como promover formas de educar sobre a diversidade biológica a partir do
contato com esta riqueza, valorizando atitudes de cuidado e preservação do
patrimônio natural.
Aliada aos processos educativos, os processos de comunicação foram
importantes tanto para facilitar o relacionamento do INCT Biodiversidade e Uso da
Terra com os seus públicos, quanto para tornar acessível o conteúdo científico em
diferentes plataformas, ampliando o alcance dos processos de divulgação de
resultados científicos.
99
Através do projeto LabCom Móvel, a Ebio experimentou linguagens e
formatos enquanto são desenvolvidos produtos de comunicação da ciência para
web, rádio e mídias locativas como telefones celulares e tablets. Com o
Necaps/UEPA, a Ebio testou diferentes práticas pedagógicas. As estratégias de
mobilização integraram eventos presenciais, documentação digital, redes sociais e
produtos virtuais.
Durante três anos de atuação, a Escola criou oportunidades formais e
informais de interação entre educadores, comunicadores e universo escolar,
estimulando as escolas envolvidas a aproveitarem os contextos ambientais aos
quais se inserem, bem como a troca de experiências entre pesquisadores, alunos e
professores, a realização de oficinas de capacitação, o uso de tecnologias digitais
de baixo custo e a formação de redes de educadores.
Atividades realizadas
- Quatro páginas na internet criadas e mantidas
INCT Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia
http://saturno.museu-goeldi.br/inct/
Prêmio José Marcio Ayres para Jovens Naturalistas
http://marte.museu-goeldi.br/marcioayres/
Escola da Biodiversidade Amazônica
http://escolabioamazonica.blogspot.com.br/
Agência Tubo de Ensaio
http://agenciatubodeensaio.blogspot.com.br/
100
- Fórum Permanente de Educadores Ambientais instalado em 2010;
- Cerca de 40 eventos realizados, incluindo exposições, jornadas itinerantes, ciclos
de formação de educadores, oficinas, palestras, trilhas, videotrilhas, bazar
ecológico e um simpósio regional;
- Cerca de 140 produtos de comunicação e divulgação científica criados, entre
materiais didáticos, hotsite de eventos, blogs, podcasts, slideshows, vídeos de
bolsos, ensaio e registros fotográficos, logotipos de projetos, mapa interativo,
material gráfico (folder, cartaz, banner, convite, impressos e virtuais), kits e um
protótipo de aplicativo para celular.
- Dez eventos transmitidos pela tecnologia streaming;
- Aproximadamente 150 entrevistas em vídeo, reportagens e matérias multimídias
produzidas.
- 5ª Edição do Prêmio Márcio Ayres Para Jovens Naturalistas promovida:
Ciclos de palestras e oficinas com cerca de 20 atividades, quinze municípios
mobilizados, 40 escolas participantes e sete finalistas. Depois de uma jornada de
16 meses de trabalho, a quinta edição do Prêmio José Márcio Ayres para Jovens
Naturalistas terminou com o anúncio dos primeiros colocados, alunos do ensino
médio e fundamental de escolas públicas, cujo interesse culminou na realização de
pesquisas e na elaboração de artigos sobre a biodiversidade amazônica.
O envolvimento de pelo menos três mil pessoas foi garantido pela elaboração de
materiais educativos, da websérie “Naturalistas do Século XXI”, pela transmissão
de eventos ao vivo e pela digitalização de conteúdos, além de campanhas
informativas em jornais locais e nas mídias sociais.
Junto com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), os apoiadores da
última edição do Prêmio Márcio Ayres incluíram o jornal O Liberal, a Fundação de
Telecomunicações do Pará (Funtelpa), a Secretaria de Estado de Educação (Seduc)
e a Fundação Amazônia Paraense (Fapespa).
101
- Lançado o projeto Agência Tubo de Ensaio:
Resultante da parceria entre o Museu Paraense Emílio Goeldi, a Universidade
Federal do Pará, a Embrapa Amazônia Oriental, a Secretaria de Estado de
Ciência, Tecnologia e Inovação, a Associação Fotoativa e quatro escolas públicas
de Belém, o projeto Tubo de Ensaio consiste em uma agência de notícias formada
por estudantes adolescentes, que usam dispositivos móveis como telefones celulares
e máquinas fotográficas para conhecer e experimentar de outra forma os assuntos
científicos e relacionados ao próprio conteúdo escolar.
Textos, vídeo, spots de rádio e fotos foram produzidos de forma experimental pelos
alunos, sob a instrução de universitários e profissionais de Comunicação Social, e
disponibilizados em um blog, durante a V Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação,
realizada em Belém durante a Semana Nacional de C&T.
Os estudantes participaram de todo o processo de planejamento, registro e edição
do conteúdo informativo para a cobertura jornalística do evento.
Atualmente, o projeto encontra-se em fase do planejamento destinado à sua
continuidade, o que inclui mobilizar novos parceiros e apoiadores e captar recursos
para financiar as suas ações.
- Realizado levantamento “Saberes Necessários para Inclusão de Temas
Ambientais em Contextos Escolares”:
Os resultados da pesquisa feita com 28 professores e 120 alunos da sexta à nona
série do ensino fundamental, todos da Região Metropolitana de Belém, ajudarão a
EBio a conhecer melhor os seus públicos e entender mais a história, os saberes e as
expectativas dessas pessoas em relação às temáticas trabalhadas pelo INCT,
especialmente no que se refere à biosociodiversidade. Entre outras funções, esses
dados servirão para orientar a confecção de materiais didáticos para a Educação
Básica.
102
Pesquisas realizadas
Tipo
Autor
Título
Neriane Nascimento
da Hora,
Nária Elane da Silva
Borralho
Biodiversidade e Conservação :
os planos de cursos e os
saberes dos licenciados em
Biologia
Luena Mitié Takada
Barros
A memória no ciberespaço: usos Universidade Federal
de mídias locativas para a
do Pará
valorização de memórias sobre
o Museu Emílio Goeldi.
Paola Maira Gomes
Caracciolo
Webséries – estratégias
narrativas para a ciência: uma
análise da experiência com
mídias móveis no Museu
Paraense Emílio Goeldi
Universidade Federal
do Pará
Especialização
Jéssica de Almeida
Francês Vasconcelos,
Michael Richard de
Medeiros Ferreira
Comunicação, Design e
Educação: uma proposta de
interface para aplicativo sobre
as espécies do centro de
endemismo Belém – Amazônia
Brasileira
Instituto de Ensinos
Superiores da
Amazônia
Mestrado
Celene da Silva
Carvalho
Saberes e Prática Pedagógica
sobre Biodiversidade: um
estudo na IV Edição do Prêmio
José Márcio Ayres para Jovens
Naturalistas
Universidade do
Estado do Pará
José Tadeu de Brito
Nunes
Elementos Visuais da
Biodiversidade Amazônica no
Pensar-fazer dos joalheiros de
Belém- PA. Programa de PósGraduação em Educação
Universidade do
Estado do Pará
Graduação
103
Instituição
Universidade do
Estado do Pará
Resultados divulgados
Referências de artigos publicados
JÚNIOR, JRC ;FONSECA, M. J. C. F. ; NAKAYAMA, L. ; SANTANA, A. R. . O
Conhecimento Etnoecológico dos Pescadores Yudjá, Terra Indígena Paquiçamba, Volta
Grande do Rio Xingu. Tellus (UCDB), v. 21, p. 1-16, 2011.
FONSECA, M. J. C. F. ; Oliveira,I. Apoluceno . Cinco anos do PPGED-UEPA na Amazônia:
trajetórias, avanços e possibilidades acadêmicas. Revista Cocar (UEPA), v. 09, p. 07-16,
2011.
FONSECA, M. J. C. F. ; Nakayama, L. . Narrativas para ensinar-aprender a Amazônia:
uma contribuição à educação ambiental em contextos educacionais diversos. Revista de
Estudos Universitárias (Sorocaba), v. 36, p. 143-153, 2010.
Livros publicados, organizados ou editados
OLIVEIRA, A.C.M., SANTOS, J.B., SANTOS-COSTA, M.C. Os Animais da Tanguro, Mato
Grosso: diversidade na zona de transição entre a Floresta Amazônica e o Cerrado. –
Belém: MPEG, UFPA, IPAM, 2010, 115 p.
FONSECA, M. J. C. F.França, MSAF ; Oliveira,I. Apoluceno ; SANTOS, T. R. L. ; ; MOTA
NETO, J. C. ; SILVA, M. G. ; Santos, Ana Paula Cunha ; SILVA. M.J.L. da ; LIMA, M. S. P.
Educação em classes multisseriadas na Amazônia: singularidade, diversidade e
heterogeneidade. 1. ed. Belém: EDUEPA, 2011. v. 1. 167p .
FONSECA, M. J. C. F.Oliveira,I. Apoluceno ; França, MSAF ; SANTOS, T. R. L. ; MOTA
NETO, J. C. ; SILVA. M.J.L. da ; SILVA, M. G. ; LIMA, M. S. P. ; Santos, Ana Paula Cunha .
. Educação em classes multisseriadas na Amazônia: singularidade, diversidade e
heterogeneidade. 1. ed. Belém: EDUEPA, 2011. v. 2. 168p.
104
Resumos publicados em eventos
Evento
Data
Título
III Congresso Brasileiro de Educação
– Bauru (SP)
2011
Articulação
Old Meets New: Media in Education
Proceedings of the 61st International
Council for Educational Media and
the XIII International Symposium on
Computers in Education
(ICEM&SIIE'2011) Joint Conference –
Aveiro (Portugal)
2011
Desenvolvendo competências com
software livre: fazendo arte e
estimulando a imaginação para a
compreensão
de
conteúdos
matemáticos
II Congresso Nacional de Educação
Ambiental e IV Encontro Nordestino
de Biogeografia, João Pessoa (PB)
2011
A Construção de Jogos Educativos no
Estudo da Biodiversidade
II Congresso Nacional de Educação
Ambiental e IV Encontro Nordestino
de Biogeografia, João Pessoa (PB)
2011
A Mediação dos Textos Informativos
na Re-construção do Conceito
X Congresso Brasileiro de Ciências
da Comunicação da Região Norte Intercom Norte 2011, Boa Vista (RR)
2011
Videoblog da Cotia
XI Congresso de Ciências da
Comunicação da Região Norte,
Palmas (TO)
2012
Memórias do Museu: registrando com
mídias locativas o Museu Emílio Goeldi
XI Congresso de Ciências da
Comunicação da Região Norte,
Palmas (TO)
2012
Ensaio fotográfico Jovens Naturalistas
XI Congresso de Ciências da
Comunicação da Região Norte,
Palmas (TO)
2012
Plano de comunicação integrada
Prêmio José Márcio Ayres para Jovens
Naturalistas
XXXV Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação, Fortaleza
(CE)
2012
Práticas de Comunicação da Ciência
na Era da Convergência Midiática
XXXV Congresso Brasileiro de
Ciências da Comunicação, Fortaleza
(CE)
2012
Youtube como plataforma para
produção independente de webséries
entre
universidade
e
escola: promovendo a inclusão digital
105
COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO
Programa de Formação e Capacitação de Profissionais em
Biodiversidade Amazônica
Coordenação:
Anna Ilkiu (Museu Paraense Emilio Goeldi - MPEG) - [email protected]
Ubiratan Santos (Museu Paraense Emilio Goeldi - MPEG) - [email protected]
A falta de conhecimento pode ser considerada um dos fatores limitantes à
conservação da biodiversidade. Com a velocidade do avanço humano sobre as
áreas de florestas, muitos organismos podem ser extintos sem que antes se estude as
suas peculiaridades e funções ecológicas ou ambientais, entre outras.
Atualmente, a Amazônia congrega apenas dois cursos de pós-graduação em
Botânica, que dão subsídios à pesquisa da biodiversidade vegetal, o que ainda é
pouco representativo diante da extensão da área e da diversidade biológica da
região.
Além disso, a maioria dos programas nessa área está concentrada nas
regiões Sudeste e Sul do Brasil, distantes da realidade local e ainda assim
insuficientes para estudar a sua flora.
Como o número de pesquisadores dedicados à Taxonomia Vegetal pode ser
considerado muito aquém das necessidades de mapas, diagnósticos e informações,
torna-se imprescindível qualificar regionalmente pessoas e garantir investimentos
para a realização de estudos, equipar ou otimizar laboratórios, assim como
promover o intercâmbio com outros centros de excelência nacionais onde a pesquisa
avançou consideravelmente nos últimos anos.
Um programa foi assim criado por meio da parceria entre a Universidade
Federal Rural da Amazônia e o Museu Paraense Emílio Goeldi com o objetivo de
produzir conhecimento sobre a biodiversidade vegetal amazônica a partir de dois
aspectos: 1) Morfologia, Sistemática e Evolução de Plantas; e 2) Ecologia, Manejo e
Conservação.
106
Resultados obtidos durante todo o período do projeto
Metas alcançadas
Defesa de dissertação
35
Participação em eventos
40
Artigos publicados
28
Cursos e palestras realizados
06
Banca com participação de professores vinculados a instituições
16
de outros estados
Pesquisas realizadas
Ano
2011
Aluno/Orientador
Título da dissertação
Ana Carla Feio Dos Santos
“Estudos anatômicos em três espécies de
Elaphoglossum
Schott
ex
J.
SM.
(Dryopteridaceae - Samambaias): uma
contribuição
taxonômica”
Ana Kelly Koch
“Bromeliaceae e Orchidaceae Epífitas da
Floresta Nacional de Caxiuanã, Pará,
Brasil.”
Laíce Fernanda Gomes de
Lima dos Santos
“Flórula fanerogâmica das restingas do
Estado do Pará: Melastomataceae Juss. e
Memecylaceae
DC.”
Maira Dos Santos Rodrigues
“Caesalpinieae
(LeguminosaeCaesalpinoideae) do campo experimental
da Embrapa Amazônia Oriental, Município
de Moju, Estado do Pará, Brasil.”
107
Ano
2011
Aluno/Orientador
Título da dissertação
Fábio dos Reis Ribeiro de
Araújo
“Diversidade de usos e conhecimento local
sobre palmeiras (Arecaceae) na Amazônia
Oriental.”
Eliete da Silva Brito
“Riqueza e aspectos ecológicos das
briófitas do município de Soure e
Cachoeira do Arari, Ilha do Marajó, Pará,
Brasil”
Alice Lima Hiura
“Euphorbiaceae
sensu
stricto,
Phyllanthaceae, Picrodendraceae
e
Putranjivaceae do campo experimental da
Embrapa Amazônia Oriental, município de
Moju,
Pará.”
Mônica Falcão da Silva
“Flórula fanerogâmica das restingas do
Estado do Pará.
Leguminosae –
Papilionoideae.”
Simone Albarado Rabelo
“Distribuição, florística, estrutura e efeito
do fogo em comunidades de plantas em
savanas no estado do Pará: subsídios para
o manejo e criação de unidades de
conservação”
Maria Isabel de Sena Nery
“Caracterização morfoanatômica do eixo
vegetativo aéreo de Ayapana triplinerves
(Vahl.) R.M. King & Rob. (Asteraceae):
Planta Medicinal da Amazônia, Pará,
Brasil.”
Luiz Armando de Araújo
Góes Neto
“Licófitas e samambaias do corredor de
biodiversidade do norte do Pará, Brasil.”
Sol Elizabeth González Pérez “Produtos florestais não madeireiros em
Terras Indígenas Kayapó no estado do
Pará: Diversidade, uso e manejo”
Sterphane Araújo de Matos
“Plantas nos quintais de agricultores
familiares do travessão 338 Sul, Pacajá,
Pará, Brasil: Uso, conhecimento e
valorização”
Luiz Henrique Monteiro dos
Santos
“Estudo do comportamento morfofisiológico
de faveira (Parkia multijuga Benth.) sob
níveis
de
sombreamento.”
108
Ano
2011
Aluno/Orientador
Título da dissertação
Jamerson Rodrigo dos
Prazeres Campos
“Comportamento de Eschweilera ovata
(Cambess) Mart. Ex Miers em uma floresta
de terra firme explorada seletivamente no
município
de
Moju,
Pará.”
Heraldo Costa Silva
“Mudanças da Biodiversidade Vegetal
após práticas agrícolas em uma área rural
de
Pacajá,
Pará”
Luana Moraes da Luz
“Respostasecofisiológicas e bioquímicas de
plantas jovens de Hymenaea Courbaril L. E
H. Stigonocarpa Mart. submetidas à
deficiência
hídrica
e
reidratação”
Christiane Silva da Costa
“A Família Polygalaceae Na Ilha De
Marajó”
Tarcymara Barata Garcia
“Anatomia Dos Órgãos Vegetativos Aéreos
De Três Espécies De Theobroma (Malvaceae
S.L.) Com Ênfase Nas Estruturas Secretoras:
Estrutura
E
Histoquímica”
Fernando da Costa Brito
Lacerda
“Dinâmica Das Plantas Espontâneas Em
Sistemas Agroflorestais No Município De
Tomé-Acu,
Estado
Do
Pará”
Paulo Marcos Ferreira da
Silva
“Anatomia foliar de duas espécies de
Leguminosae-Papilionoideae
ocorrentes
naAmazônia
Brasileira”
Ana Maria Moreira
Fernandes
“Mudanças na composição e diversidade
da vegetação de duas florestas no estuário
amazônico nos últimos 50
anos”
Luciana Priscila Costa
Macedo
“Brioflora (Marchantiophyta e Bryophyta)
da Reserva Biológica do Gurupi,
Maranhão,
Brasil”
Wanderson Luis da Silva e
Silva
“Leguminosae em savanas do estuário
amazônico
brasileiro”
2012
109
Ano
2012
Aluno/Orientador
Título da dissertação
Eduardo Oliveira Silva
“Passifloraceae da área de Proteção
Ambiental
de
BelémPA”
Carolina Santos da Silva
“O gênero Myrciaria O.Berg (Myrtaceae)
na
Amazônia
brasileira”
Julieta Pallos Pinto de
Araújo Góes
“Licófitas e samambaias da serra do
Itauajuri, Município de Monte Alegre,
Estado
do
Pará,
Brasil”
Paulo José de Souza Sousa
“Revisão sinóptica de Micrandra Benth
(Euphorbiaceae
s.
s.)”
Marleide de Sousa Chaves
Rêgo
“Anatomia foliar de duas espécies de
Clusia L. (Clusiaceae Lindley): estratégias
adaptativas para a restinga do Crispim,
Marapanim,
PA”
Priscilla Prestes Chaves
“Florística e estrutura da comunidade de
plantas dos campos rupestres da Floresta
Nacional de Carajás na Amazônia
Oriental”
Ronan Gomes Furtado
“Fungos
Causadores
de
Ferrugens
(Pucciniales) em Plantas de Áreas da
Floresta Nacional do Amapá e Entorno,
Brasil”
Rosiane Marcos de Santana
“Dinâmica de regeneração natural de
Sterculia pruriens (Aubl.) K.Schum, no
período de doze anos em clareiras
causadas pela exploração florestal seletiva
em
floresta
de
terra
firme”
Valdenice Barros da Silva
Moscoso
“Modelagem da distribuição geográfica de
doze espécies vegetais (seis madeireiras e
seis palmeiras) na Amazônia Brasileira,
usando dados de coleções e de inventários”
Fabiane Késia Silva da Silva “Sinopse e composição química dos óleos
essenciais de espécies de myrtaceae
comercializadas como Pedra-ume-caá em
Belém-PA”
Eline Tainá Garcia
“Briófitas (Bryophyta e Marchantiophyta)
de
Remanescentes
Florestais
no
Reservatório de Tucuruí, Pará, Brasil”
110
Trabalhos apresentados em eventos
Evento
Ano
Título
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Distribuição Vertical de Bromélias
Epífitas em uma floresta de várzea
na área de Proteção Ambiental
Ilha do Combú, Belém, Pará, Brasil
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Diversidade de Bromélias Epífitas
na área de Proteção Ambiental
Ilha do Combú, Belém, Pará, Brasil
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
A família Plygalaceae na Ilha de
Marajó
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Anatomia foliar de Clusia
columnaris Engl. (Clusiaceae) e
distribuição das estruturas
secretoras
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Anatomia foliar de Clusia fokeana
Miq. e Clusia palmicida Rich.
(Clusiaceae), ocorrentes na restinga
de Marapanim-PA
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Estruturas secretoras em folhas de
Clusia fokeana Miq. e Clusia
palmicida Rich. (Clusiaceae) em
vegetação de restinga da costa do
Estado do Pará
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Riqueza, diversidade e estrutura
da vegetação de uma floresta de
várzea na Floresta nacional de
Caxiuanã, Pará
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Influência do estresse hídrico
artificial em uma comunidade de
Lianas do sub-bosque na floresta
de terra firme da Floresta Nacional
de Caxiuanã na Amazônia oriental
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Checklist das Leguminosae em áreas
abertas da Ilha do Marajó, Pará,
Brasil – Dados preliminares
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Anatomia foliar de Theobroma
grandiflorum (Willd. Ex Spreng) K.
Schum. (Malvaceae) – Cupuaçu
111
Evento
Ano
Título
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Fungos Poliporóides do sítio de
estudo do Programa de Pesquisa
em Biodiversidade da Amazônia
Oiental (PPBIO), na Floresta
Nacional do Amapá
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Anatomia foliar de Theobroma
grandiflorum (Willd. Ex Spreng) K.
Schum. (Malvaceae) – Cupuaçu
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Anatomia foliar de Costus Spicatus
(Jacq.) Swartz e C. Spiralis (Jacq.)
Roscoe. (Costaceae): Ervas
Medicinais da Amazônia Brasileira
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Estrutura e composição florística do
banco de sementes do solo e da
vegetação espontânea em sistemas
agroflorestais no município de
Tomé-Açú, nordeste do estado do
Pará
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Relação biomassa vegetal aérea e
cobertura vegetal em paisagens
agrícolas na região do arco do
desmatamento no Estado do Pará
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Avaliação florística e ecológica de
briófitas (Marchantiophyta e
Bryophita) em parcelas da reserva
Biológica do Gurupi, Maranhão,
Brasil
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Comunidades de briófitas
(Bryophita e Marchantiophyta) de
remanescentes florestais no
reservatório de Tucuruí, Pará
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Anatomia Foliar de Mezilaurus
mahuba (A. Samp.) van der Werff
(Lauraceae): com ênfase nas
estruturas secretoras
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Estruturas secretoras em Mansoa
standleyi (Steyerm.) A. H. Gentry
(Cipó dálho): Ontogênese e
Estrutura
112
Evento
Ano
Título
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Anatomia foliar da aromática
medicinal Siparuna guianensis
Aublet (Monimiaceae)
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
62° Congresso Nacional de Botânica,
Fortaleza
2011
Anatomia do eixo vegetativo aéreo
de Polygala spectabilis DC
(Polygalaceae): Erva medicinal da
Amazônia, Pará, Brasil
Passifloraceae do parque
Municipal de Utinga, Belém-PA,
Brasil: Resultados parciais
63° Congresso Nacional de Botânica,
Joinville (SC)
2012
Morfologia de frutos, sementes e
plântulas de três espécies
de Macrolobium Schreb
63° Congresso Nacional de Botânica,
Joinville (SC)
2012
63° Congresso Nacional de Botânica,
Joinville (SC)
2012
63° Congresso Nacional de Botânica,
Joinville (SC)
2012
Seis novos registros de fungos
anamorfos (Hifomicetos) para o
Brasil
Diversidade e aspectos ecológicos
de fungos da Ordem Pucciniales em
remanescentes florestais da Região
Metropolitana de Belém, Pará,
Brasil
Fitoterápicos em drogarias da
Região Metropolitana de BelémPA
63° Congresso Nacional de Botânica,
Joinville (SC)
2012
Plantas medicinais comercializadas
em mercados públicos de BelémPará
63° Congresso Nacional de Botânica,
Joinville (SC)
2012
Florística e distribuição espacial de
epífitas vasculares em formações
florestais de restinga, Maracanã,
Pará, Brasil
63° Congresso Nacional de Botânica,
Joinville (SC)
2012
Comportamento
biofísico
e
concentração de ácido abscísico em
plantas jovens de Ipê-Amarelo
(Handroanthus serratifolius (Vahl) S.
O. Grose) em condições de déficit
hídrico e alagamento
113
Evento
Ano
Título
63° Congresso Nacional de Botânica,
Joinville (SC)
2012
Alterações metabólicas em plantas
jovens de Jatobá (Hymenaea
courbaril L.) cultivadas sob dois
períodos: “chuvoso” e “seco”, no
Município Igarapé-Açú-PA
63° Congresso Nacional de Botânica,
Joinville (SC)
2012
Inventário dos tricomas glandulares
de duas espécies da Tribo
Bignonieae: Stizophyllum riparium
(Kunth) Sandwith e Amphilophium
magnoliifolium (DC.) L.G.Lohmann
63° Congresso Nacional de Botânica,
Joinville (SC)
Nov 2012
Descrição anatômica comparada
das
folhas
de Hibiscus acetosella Welw.
ex
Hiern
E H. sabdariffa L.
(Malvaceae)
63° Congresso Nacional de Botânica,
Joinville (SC)
Nov 2012
Alocação de carbono e área foliar
específica em mudas de Parkia
Gigantocarpa Ducke e Schizolobium
Amazonicum Huber ex Ducke
cultivadas sob sombreamento
63° Congresso Nacional de Botânica,
Joinville (SC)
Nov 2012
Fotossíntese, atividade cambial e
diâmetro do coleto de mudas de
Parkia Gigantocarpa Ducke e
Schizolobium Amazonicum Huber ex
Ducke sob sombreamento
63° Congresso Nacional de Botânica,
Joinville (SC)
Nov 2012
Aspectos ecológicos das briófitas
(Marchantiophyta e Bryophyta) da
Reserva Ecológica Radini, Municipio
de Abaetetuba, Pará, Brasil
63° Congresso Nacional de Botânica,
Joinville (SC)
Nov 2012
Checklist de hepáticas e musgos do
estado do Amapá (AP)
114
O INCT EM NÚMEROS
Bolsas Concedidas
Investimento total em Qualificação de Pessoas – Bolsas do INCT
A gestão do recurso destinado à qualificação de pessoal buscou abranger o
maior número de bolsistas possível assim como atender aos interesses e objetivos
dos subprojetos, independente do tempo de duração das pesquisas.
Até o momento, foram implementadas 41 bolsas do INCT, incluindo
renovações, sendo que as modalidades implementadas foram:
- DTI-2: 12 cotas (10 bolsistas)
- DTI-3: 24 cotas (21 bolsistas)
- Apoio Técnico Nível Superior: 06 cotas (05 bolsistas)
Tipo
bolsa
de Quantidade
Duração (meses)
Implementadas
DTI-2
05
36
12 cotas (10 bolsistas)
DTI-3
07
36
24 cotas (21 bolsistas)
AT-NM
02
36
06 cotas (05 bolsistas)
Volume total de recursos em bolsas (R$)
685.400,00
115
Cotas e valores
Em períodos que variaram entre 02 e 36 meses, 36 bolsistas já foram
contemplados com bolsas de pesquisa em 14 áreas de interesse.
Bolsa
DTI – 2
DTI – 3
Apoio Técnico
Quantidade
12
24
5
Meses
177
260
46
Áreas de interesse
Recuperação de áreas alteradas
Monitoramento da biodiversidade
Socioeconomia
Biodiversidade do solo
Genética de aves
Biomassa
Fitossociologia
Nicho ecológico e distribuição de aves
Inventário de briófitas e pteridófitas
Cartografia
Etnobotânica
Artesanato indígena
Apoio ao Ensino sobre Biodiversidade
Preparo de coleção de invertebrados
116
Bolsas DTI-2 implementadas e especialidade
Bolsas DTI-2 implementadas e especialidade
117
Bolsas AT-NS implementadas e especialidade
EDUCAÇÃO E TREINAMENTO (PESSOAL ENVOLVIDO)
Iniciação Científica
33
Mestrado
66
Doutorado
38
Pós-doutorado
06
Total
143
Total com bolsa INCT-MPEG
41
118
PUBLICAÇÕES 2011-2012
Artigos publicados (total)
66
Artigos publicados em periódicos nacionais
30
Artigos publicados em periódicos internacionais
36
Livros e capítulos de livros
28
Apresentações em congressos nacionais
75
Apresentações em congressos internacionais
37
Total
206
119
REFERÊNCIAS
AMAZON TREE DIVERSITY NETWORK - ATDN. The Amazon Tree Diversity Network:
barcoding the Amazon. 2013.
BECKER, B-K. “Amazônia: Crise Mundial, Projetos Globais e Interesse Nacional”.
Disponível em <http://berthabecker.blogspot.com.br/2012/12/amazonia-crisemundial-projetos-globais.html>. Último acesso: 01.01.2013.
BECKER, B-K.; STENNER, C. Um Futuro para a Amazônia. São Paulo: Oficina de
Textos, 2008. Série “Inventando o futuro”. 150 p. ISBN 978-85-86238-77-2
MITTERMEIER, R. A., C. G. MITTERMEIER, T. M. BROOKS, J. D. PILGRIM, W. R.
KONSTANT, G. A. B. FONSECA & C. KORMOS. Wilderness and biodiversity
conservation. Proceedings of the National Academy of Science 100: 10309103013.
HUBERT, N. & J-F. RENNO. Historical biogeography of South American freshwater
fishes. Journal of Biogeography 33: 1414-1436.
MUSEU PARAENSE EMÍLIO GOELDI. Censo da biodiversidade. Disponível em
<http://marte.museu-goeldi.br/biodiversidade/censo/aplicacao/>. Último
acesso: 01.01.2013.
PAINEL INTERGOVERNAMENTAL DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS - IPCC. Cambio
climático 2007: Informe de síntesis. Contribución de los Grupos de trabajo I, II y III al
Cuarto Informe de evaluación del Grupo Intergubernamental de Expertos sobre el
Cambio Climático [Equipo de redacción principal: Pachauri, R.K. y Reisinger, A.
(directores de la publicación)]. IPCC: Ginebra, 2007.
STERN, Nicholas. Stern Review on the economics of climate change: executive
summary / Sir Nicholas Stern. London: 2006.
INCT - Biodiversidade e Uso da Terra na Amazônia
Realização
Patrocínio
Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico
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Amazônia - Museu Paraense Emílio Goeldi